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Ao juízo da 3° vara do trabalho de Alfenas/MG,

Autos n°: xxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx

Magazine Chica da Silva S.A., qualificação completa, vem, por meio de seu
advogado, conforme procuração em anexo, apresentar
Contestação
com fundamento no art. 847, da CLT, em face de Thomas Müller, já devidamente
qualificado nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

Da suposta discriminação
Trata-se de processo seletivo interno feito pela reclamada, oferecendo cargo
de gerente comercial de suas lojas físicas, sendo que teve como um dos requisitos
para admissão ser o candidato autodeclarado negro ou pessoa trans ou travesti. O
reclamante alegou sofrer discriminação por se identificar como homem, branco, cis,
hétero e católico, caso em que sua inscrição foi indeferida pela comissão
examinadora.

Do direito
Não há o que se falar em indenização por danos morais ao reclamante, visto
que o mesmo se encontra em posição de privilégios sociais na sociedade, sendo
que historicamente faz parte de um grupo dominante, que sempre teve diversas
oportunidades e sem muita dificuldade para a sobrevivência. Nesse sentido, a
cláusula está amparada pelos princípios constitucionais da dignidade da pessoa
humana e valores sociais previstos no art. 1°, incisos III e IV da CF/88, pois os
candidatos alvos da seletiva, são aqueles menos favorecidos.
Ademais, os requisitos do processo seletivo estão amparados pelo art. 3°, I e
IV, CF, visando garantir a construção de uma sociedade justa e solidária e erradicar
a pobreza e os preconceitos, bem como pelo art. 5° caput e inciso I também da
Constituição, que dispõe sobre o princípio da isonomia que trata os iguais como
iguais, e os desiguais como desiguais na medida de sua desigualdade.
Nesse sentido, a Convenção 111 Contra a discriminação no Mundo do
Trabalho em seu art. 2° e a Convenção Interamericana Contra o Racismo, em seu
artigo 5°, dispõem que os Estados que fazem parte delas, deve promover ações
para tentar garantir igualdade às minorias desfavorecidas. Tal entendimento é
reforçado pela Declaração de Yogyakarta que trata sobre princípios
anti-discriminatórios.
Desse modo, medidas como o processo seletivo em questão, não configura
prática discriminatória juridicamente relevante devendo ser rejeitados todos os
pedidos da inicial.
Dos honorários advocatícios
Conforme o disposto no art. 791-A, da CLT, requer a condenação do
reclamante ao pagamento de honorários de sucumbência, pelo percentual a ser
fixado sobre o valor da liquidação da sentença.
Dos pedidos
Ante o exposto, requer:
a) Seja recebida da presente defesa, visto ser tempestiva;
b) rejeição integral dos pedidos contidos na inicial;
c) condenação do autor ao pagamento dos honorários de sucumbência.

Requer a produção de provas, em especial documental e testemunhal.

Local/data
Advogada/OAB

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