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Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

27ª PROMOTORIA DE INVESTIGAÇÃO PENAL


1ª CENTRAL DE INQUÉRITOS
RUA JOSÉ FIGUEIREDO, N.º 320 – BL 01 - GR. 04 – BARRA DA TIJUCA - CEP 22.793-170

EXM.ª SR.ª DR.ª JUÍZA DE DIREITO DA 20ª VARA CRIMINAL


COMARCA DA CAPITAL

Autos n.º 0182444-66.2018.8.19.0001


Inquérito Policial n.º 1.075/2018 – D.H.

O MINISTÉRIO PÚBLICO, pelo Promotor de Justiça infra-


assinado, vem, a presença de V.ª Ex.ª, com fulcro no inciso I, do artigo 129, da
Constituição da República, no inciso III, do artigo 25, da Lei n.° 8.625/93 e no
artigo 24, do Código de Processo Penal, ajuizar ação penal pública,
oferecendo a presente

DENÚNCIA

em face de:

1) LUCAS FERNANDES BATISTA, vulgo “Talibã”, brasileiro, nascido em


07/03/1998, filho de Wágner de Oliveira Batista e de Cristina
Fernandes Batista, portador do documento de identidade n.º
29.873.905-3, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado,
residente na Rua Ivonete, Travessa Betinho, Campo Grande, Rio de
Janeiro, RJ (fls. 375/380), estando atualmente ENCARCERADO (fl.
442);
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

2) LÍVIO BRUNO DA SILVA PINTO, vulgo “Sapacete”, brasileiro, nascido


em 28/05/1988, filho de Édison Avelino Pinto e de Mirian da Silva
Pinto, portador do documento de identidade n.º 21.460.345-8,
expedido pela SSP/Detran - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 119.848.417-
93, residente na Rua Marechal Marciano, n.º 1.748, Padre Miguel, Rio
de Janeiro, RJ (fls. 227/228), estando atualmente ENCARCERADO (fl.
436);
3) JORDAN DA SILVA, brasileiro, nascido em 03/01/2000, filho de pai não
declarado e de Viviane Carvalhosa da Silva, portador do
documento de identidade n.º 30.715.740-4, expedido pela
SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Tanganica,
n.º 05, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 229/230), estando
atualmente FORAGIDO;
4) RODRIGO DA CONCEIÇÃO, vulgo “Rodriguinho VK”, brasileiro,
nascido em 17/07/1993, filho de pai não declarado e de Sônia Maria
da Conceição Viana, portador do documento de identidade n.º
29.033.661-9, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado,
residente na Travessa Edinburgo, n.º 39, Vila Kennedy, Bangu, Rio de
Janeiro, RJ (fls. 394/395), estando atualmente ENCARCERADO (fl.
439);
5) WESLEY DE SOUZA, vulgo “Biju”, brasileiro, nascido em 25/01/1997,
filho de pai não declarado e de Adriana de Souza, portador do
documento de identidade n.º 26.391.863-3, expedido pela
SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Brazzaville,
n.º 12, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 385/387), estando
atualmente FORAGIDO;
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

6) MILLER FIRMINO DE MELLO, brasileiro, nascido em 03/06/1998, filho de


Mílton Seabra de Melo Filho e de Alessandra Magalhães Firmino,
portador do documento de identidade n.º 32.304.981-7, expedido
pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Jacques
Demoly, n.º 409, casa 2, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls.
396/397), estando atualmente FORAGIDO;
7) MARLON DA SILVA GOMES, vulgo “Marlinho”, brasileiro, nascido em
07/02/1993, filho de Ronaldo Sebastião Gomes Teixeira e de Patrícia
Alves da Silva, portador do documento de identidade n.º 26.778.176-
3, expedido pela SSP/Detran - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º
146.652.337-99, residente na Travessa Amazonas, Quadra 03, Lote 07,
Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 398/399), estando
atualmente ENCARCERADO (fl. 400);
8) DOUGLAS CARDOSO SANTANA, vulgo “Canelão”, brasileiro, nascido
em 14/04/1990, filho de Jorge Luís de Santana e de Célia Regina
Cardoso, portador do documento de identidade n.º 26.838.188-6,
expedido pela SSP/Detran - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 143.355.407-
01, residente na Rua Pedro Pomar, n.º 180, Vila Kennedy, Bangu, Rio
de Janeiro, RJ (fls. 370/372), estando atualmente ENCARCERADO (fl.
444); e
9) VÁGNER AMMENARA BATISTA, brasileiro, nascido em 28/08/1982, filho
de Alterite Ammenara Batista e de Vera Lúcia Alves Carvalhosa
Batista, portador do documento de identidade n.º 12.214.240-9,
expedido pelo IFP - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 100.559.207-13,
residente na Travessa Merida, n.º 09, Vila Kennedy, Bangu, Rio de
Janeiro, RJ (fls. 390/393), estando atualmente ENCARCERADO (fl.
391);

pelas condutas delituosas a seguir narradas.


Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

I) DA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

Desde data não precisada, sendo certo apenas que antes


do dia 20 de fevereiro de 2018, em lugar ainda não identificado na Vila
Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ, os denunciados (Lucas, Lívio, Jordan,
Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon, Douglas e Vágner), livre e conscientemente,
previamente acordados e em unidade de ações e desígnios criminosos, todos
agindo plurissubjetivamente, em integração do domínio final dos fatos, em
caráter estável e permanente, associaram-se para o fim específico de
cometimento de delitos de roubo circunstanciado e de latrocínio, formando a
horda denominada “Tropa do 22”.

Os 7 primeiros denunciados, juntamente com o 9º


denunciado (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Vágner),
efetuavam pessoalmente os roubos, com destaque para a realização de
“arrastões”, bem como de latrocínios, abordando as vítimas com suas armas
de fogo em punho, ameaçando-as gravemente durante todo o período da
ação criminosa, merecendo destaque, ainda, o fato de que, caso fosse
necessário, para assegurar a consumação dos delitos de roubo, assassinavam
os ofendidos.

Ao 8º denunciado (Douglas) cabia a indispensável


atribuição de emprestar armas para a realização dos roubos e latrocínios,
além de veículos para o deslocamento da malta, em troca de parte do
produto dos roubos e latrocínios, valendo ressaltar, ainda, o fato de que
sempre dava guarida e esconderijo para os demais membros quando
retornavam para a Vila Kennedy após a consumação das empreitadas
criminosas.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

II) DO LATROCÍNIO

No dia 20 de fevereiro de 2018, por volta de 5 horas, na


Estrada Rio – São Paulo, nas proximidades do número 4.375 e da Rua Dona
Elisa, Campo Grande, Rio de Janeiro, RJ, o falecido Marlon Brando Martins da
Silva, de maneira livre e consciente, previamente ajustado e em comunhão
de ações e desígnios criminosos com os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio,
Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas) e com o menor infrator
Lucas da Silva de Oliveira (de 17 anos de idade, eis que nascido no dia
03/05/2000 - fl. 388), mediante grave ameaça consistente na utilização de
pelo menos três armas de fogo, da espécie pistola (fl. 71), subtraiu para si e
para outrem, uma pistola da marca Taurus, n.º de série TKO65466, calibre .9
mm, pertencente à vítima Bruno Albuquerque Cazuca, 2º Sargento do
Exército Brasileiro.

No mesmo evento delituoso, o falecido Marlon Brando


Martins da Silva, de maneira livre e consciente, previamente ajustado e em
comunhão de ações e desígnios criminosos com os 8 primeiros denunciados
(Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas) e com o menor
infrator Lucas da Silva de Oliveira (de 17 anos de idade, eis que nascido no dia
03/05/2000 - fl. 388), de forma livre e consciente, com o objetivo de assegurar
a consumação do roubo em questão e com dolo de matar, efetuou disparos
de arma de fogo contra a vítima Bruno Albuquerque Cazuca, causando-lhe
as lesões corporais descritas no Laudo de Exame de Corpo de Delito de
Necropsia de fls. 176/180, que, por sua natureza e sede, foram causa eficiente
de sua morte.

Os 7 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo,


Wesley, Miller, Marlon e Douglas), de maneira livre e consciente, previamente
ajustados e em comunhão de ações e desígnios criminosos, concorreram
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

eficazmente para o crime de latrocínio em tela, considerando que chegaram


ao local (juntamente com o falecido Marlon Brando Martins da Silva) a bordo
de um Volkswagen Voyage e de outro automóvel desconhecido,
oportunidade em que com eles bloquearam a via e iniciaram a modalidade
de assalto conhecida como “arrastão”, ameaçando gravemente com suas
armas de fogo todas vítimas que lá se encontravam e exigindo a entrega de
seus bens.

Em seguida, após a vítima Bruno ter tentado fugir do


falecido Marlon Brando, este e um membro ainda não identificado da súcia,
a executaram impiedosamente, roubando sua pistola, assim como, ato
contínuo, os 7 primeiros denunciados roubaram os pertences de Renato,
Leomar e Felipe (roubos que serão descritos a seguir), tendo todos, depois do
término da ação criminosa, partido imediatamente em fuga para a Vila
Kennedy.

Insta destacar, neste ponto, que, durante a prática


delitiva, os 7 primeiros denunciados auxiliavam-se mutuamente, incentivando-
se reciprocamente, dando-se cobertura e dividindo tarefas para o sucesso da
empreitada criminosa.

Já o 8º denunciado (Douglas), de forma livre e consciente,


concorreu eficazmente para o crime de latrocínio em tela, considerando que
emprestou armas para a sua realização (em troca de parte do produto do
latrocínio), valendo ressaltar, ainda, que deu guarida e esconderijo para os 7
primeiros denunciados quando retornaram para a Vila Kennedy após a
consumação deste hediondo delito.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

Assim agindo, os denunciados participaram de um crime


de latrocínio, tendo a subtração (roubo) da pistola acima descrita e o
resultado morte sido efetivamente consumados.

III) DOS ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS

Outrossim, ainda no dia 20 de fevereiro de 2018, no mesmo


horário aproximado e local, os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan,
Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas), de maneira livre e consciente,
previamente ajustados e em comunhão de ações e desígnios criminosos entre
si e com o menor infrator Lucas da Silva de Oliveira (de 17 anos de idade, eis
que nascido no dia 03/05/2000 - fl. 388), mediante grave ameaça consistente
na utilização de pelo menos três armas de fogo, da espécie pistola (fl. 71),
subtraíram para si e para outrem, os bens adiante descritos, pertencentes às
seguintes vítimas:

1) Renato Luiz Evaristo dos Santos: (i) um veículo da marca Chevrolet,


modelo S 10, placa de identificação LSM – 5467 – RJ, ano 2015 (que estava em
sua posse, sendo de propriedade da UFRRJ); (ii) um aparelho de telefone
celular da marca LG, modelo ignorado; e (iii) uma carteira com documentos
e aproximadamente R$ 200,00 em espécie;
2) Leomar de Souza Nunes: (i) um automóvel da marca Honda,
modelo Civic, placa de identificação KOW – 3901 – RJ, ano 2012; (ii) um
aparelho de telefone celular da marca Samsung, modelo ignorado; (iii) R$
50,00 em espécie; (iv) uma CNH; e (v) um cartão de crédito; e
3) Felipe Bueno da Silva: um automóvel da marca Chevrolet,
modelo Agile, placa de identificação KXM – 4311 – RJ.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

Urge ressaltar, neste ponto, que, durante a prática delitiva,


os 7 primeiros denunciados auxiliavam-se mutuamente, incentivando-se
reciprocamente, dando-se cobertura e dividindo tarefas para o sucesso da
empreitada criminosa.

Já o 8º denunciado (Douglas), de forma livre e consciente,


concorreu eficazmente para os crimes de roubo circunstanciado em questão,
considerando que emprestou armas para a sua realização (em troca de parte
do produto dos roubos), valendo salientar, ainda, que deu guarida e
esconderijo para os 7 primeiros denunciados quando retornaram para a Vila
Kennedy após a consumação destes gravíssimos delitos.

IV) DA CORRUPÇÃO DE MENORES

Igualmente, ainda no dia 20 de fevereiro de 2018, no


mesmo horário aproximado e local, os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio,
Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas), de maneira livre e
consciente, previamente ajustados e em comunhão de ações e desígnios
criminosos, corromperam o menor Lucas da Silva de Oliveira, de 17 anos de
idade, eis que nascido no dia 03/05/2000 (fl. 388), com ele praticando os
crimes de latrocínio e os 3 delitos de roubo circunstanciado acima descritos.

V) CONCLUSÃO

Isto posto, subjetiva e objetivamente típicas e reprováveis


as condutas dos denunciados, que estão incursos nas penas:
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

1) 7 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo,


Wesley, Miller e Marlon): (i) do artigo 288, parágrafo
único, do Código Penal; (ii) do artigo 157, § 3º, in fine,
na forma do artigo 29, ambos do Código Penal, de
acordo com o previsto no artigo 1º, inciso II, da Lei n.º
8.072/90; (iii) do artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código
Penal, por TRÊS VEZES (porquanto foram 3 os patrimônios
ofendidos, das vítimas Renato, Leomar e Felipe); (iv) do
artigo 244-B, do ECA; (v) tudo na forma do concurso
material (artigo 69, do Código Penal);
2) 8º denunciado (Douglas): (i) do artigo 288, parágrafo
único, do Código Penal; (ii) do artigo 157, § 3º, in fine,
na forma do artigo 29, ambos do Código Penal, de
acordo com o previsto no artigo 1º, inciso II, da Lei n.º
8.072/90; (iii) do artigo 157, § 2º, incisos I e II, na forma
do artigo 29, ambos do Código Penal, por TRÊS VEZES
(porquanto foram 3 os patrimônios ofendidos, das
vítimas Renato, Leomar e Felipe); (iv) do artigo 244-B, do
ECA; (v) tudo na forma do concurso material (artigo 69,
do Código Penal); e
3) 9º denunciado (Vágner): do artigo 288, parágrafo
único, do Código Penal.

Diante do exposto, requer o Ministério Público o


recebimento da presente denúncia, com a posterior determinação de
citação dos denunciados para responder aos termos da ação penal, e, ao
final, seja julgada procedente a pretensão punitiva estatal, com as
CONDENAÇÕES dos acusados.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

Requer o Parquet, outrossim, a notificação/requisição das


pessoas adiante arroladas, a fim de depor sobre os fatos ora narrados.

Rol de testemunhas:

Rio de Janeiro, 14 de março de 2019.

BRUNO DE LIMA STIBICH


Promotor de Justiça
Matrícula n.º 2.369
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

27ª PROMOTORIA DE INVESTIGAÇÃO PENAL


1ª CENTRAL DE INQUÉRITOS
RUA JOSÉ FIGUEIREDO, N.º 320 – BL 01 - GR. 04 – BARRA DA TIJUCA - CEP 22.793-170

Autos n.º 0182444-66.2018.8.19.0001


Inquérito Policial n.º 1.075/2018 – D.H.

MM. JUIZ,

1) Denúncia em separado, com dez laudas impressas.

Deixa o Ministério Público de denunciar os acusados pela


prática do crime de associação ao tráfico ilícito de entorpecentes em função de ter
restado claro nestes autos que a associação criminosa por eles integrada visava
apenas a realização de delitos patrimoniais, fazendo mister ressaltar, ainda, que o I.P.
n.º 757/2018 – D.H. foi encaminhado à D.C.O.D., justamente para apurar a ocorrência
dos delitos definidos na Lei n.º 11.343/06 (fls. 426/427).

Destaca o Parquet, por fim, que a atribuição desta Promotoria


de Investigação Penal para oficiar no presente feito cessará no momento em que a
denúncia for recebida, de acordo com o determinado no artigo 2ª, da Resolução
GPGJ n.º 2.107/2017.

2) Requer o Ministério Público:

2.1) a vinda dos seguintes documentos:

a) Folhas de Antecedentes Criminais dos acusados,


provenientes do Instituto Félix Pacheco, devidamente
esclarecidas;
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

b) Certidões de Antecedentes Criminais dos denunciados,


oriundas dos Cartórios Distribuidores da Comarca da Capital,
devidamente esclarecidas; e
c) A vinda de uma via da Certidão de Nascimento de Lucas da
Silva de Oliveira (fl. 388).

2.2) a comunicação da deflagração da presente ação penal ao


DIC – DETRAN/RJ.

3) Verifica o Parquet, ainda, que é imprescindível a decretação


da prisão preventiva dos denunciados, conforme requerido pela autoridade policial,
pelos motivos a seguir expostos.

Com efeito, há prova da existência dos crimes e indícios


suficientes de autoria, conforme se verifica: (i) dos depoimentos de fls. 27/28, 29/30,
49/50, 93/94, 144/146, 213/215, 217/218, 221/223, 237/239, 281/283, 289, 308 e 310/311;
(ii) dos Autos de Reconhecimento de Objeto de fls. 219, 290, 309, 344/349 e 352, (iii)
da Recognição Visuográfica de Local de Crime de fls. 67/86; (iv) do Laudo de Exame
de Corpo de Delito de Necropsia de fls. 176/180; (v) do Laudo de Perícia
Papiloscópica de fls. 182/190; (vi) do Laudo de Exame de Arma de Fogo de fls.
191/193; e (vii) da confissão de fls. 341/343.

Ressalte-se, por oportuno, que o Ministério Público está


oferecendo denúncia neste momento em desfavor dos acusados, o que demonstra
de forma indubitável a existência de prova da materialidade delitiva e de indícios
suficientes de autoria.

Assim sendo, presente no caso em tela o fumus comissi delicti


exigido pela segunda parte, do artigo 312, do Código de Processo Penal.

No que tange à necessidade da prisão, nota-se que a ordem


pública (“...a paz, a tranquilidade no meio social”, Fernando da Costa Tourinho Filho,
Processo Penal, Volume 3, 25ª edição, página 490) tem de ser imediatamente
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

garantida, considerando que a periculosidade dos acusados é flagrante, tendo em


vista a enorme gravidade das infrações penais em referência, empreendidas com a
utilização de pelo menos três armas de fogo, além de terem sido praticadas com
extrema frieza, demonstrando total desrespeito e desprezo para com a vida, a
liberdade individual e o patrimônio alheios.

Nesse sentido, acolhendo a tese de que a gravidade do crime


praticado manifesta periculosidade de seu realizador, se manifestam os tribunais
superiores:

“STF: Esta Corte, por ambas as suas Turmas, já firmou o


entendimento de que a prisão preventiva pode ser
decretada em face da periculosidade demonstrada
pela gravidade e violência do crime, ainda que
primário o agente. (RT 648/347)”;

“STJ: A periculosidade do réu, evidenciada pelas


circunstâncias em que o crime foi cometido, basta,
por si só, para embasar a custódia cautelar, no
resguardo da ordem pública e mesmo por
conveniência da instrução criminal. (JSTJ 8/154)”.

Permanecendo no tema da garantia da ordem pública


(“necessidade de preservação da boa convivência social” - Marcellus Polastri Lima,
Curso de Processo Penal, Volume 2, 2ª edição, página 323), é imperioso consignar
que a periculosidade dos denunciados também é manifestada pela maneira de
execução dos delitos, empreendidos às escâncaras, na presença de várias pessoas e
câmeras de vigilância, em verdadeira ação digna de Hollywood, demonstrando suas
certezas de impunidade, fundamentada no pavor que causam nas demais pessoas,
pelas suas notórias condições de indivíduos perigosíssimos, estando a postos para o
cometimento de novos crimes.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

Ademais, vale realçar que os denunciados respondem a


inúmeras ações penais e inquéritos policiais, conforme se verifica de suas consultas
ao Portal da Segurança do Estado do Rio de Janeiro acostadas aos autos, não
existindo outro remédio senão o afastamento dos acusados do convívio social, única
medida com eficácia para trazer novamente a paz aos lares dos cidadãos afetados,
principalmente pela concreta e certa “possibilidade de cometimento de outros
crimes” (mesmo autor e obra citados no parágrafo anterior, página 327).

Destarte, nota-se perfeitamente que os acusados são verdadeiros


criminosos contumazes, possuindo personalidades distorcidas e voltadas para a
prática reiterada de delitos graves, o que denota, de forma definitiva, a necessidade
de se acautelar o meio social e a própria credibilidade da justiça, garantindo-se,
destarte, a ordem pública com a decretação de seus ergástulos cautelares
preventivos.

Percebe-se com clareza, ainda, que a decretação da prisão


cautelar dos denunciados é conveniente para a instrução criminal, eis que as vítimas
são as únicas testemunhas dos terríveis crimes praticados, sendo, destarte, o exclusivo
elo entre os meliantes e as infrações penais ora em análise.

Faz-se mister salientar, por oportuno, que referidas pessoas já


estão suficientemente apavoradas por terem sido gravemente ameaçadas com
pelo menos três armas de fogo pelos acusados, sendo o encarceramento dos
facínoras em questão o único e adequado remédio para devolver a tranquilidade
psíquica necessária ao escorreito transcorrer de seus depoimentos em juízo.

Desse modo, há fundado receio, quase certeza, de que os


acusados, uma vez em liberdade, irão, no mínimo, ameaçar os ofendidos, com base
nas suas notórias perversidades, causando intimidações e pressões, resultando em
grande prejuízo para a produção das provas em juízo, o que demonstra, de forma
cabal, as irremediáveis implicações que as suas liberdades trarão à instrução criminal
e, mais uma vez, as suas extremas periculosidades.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

Desta forma, flagrante a ocorrência do periculum libertatis na


hipótese ora em análise, previsto na primeira parte, do artigo 312, do Código de
Processo Penal, eis que é extremamente necessário garantir a ordem pública e
assegurar a realização da instrução criminal.

Vale observar, por fim, que os delitos de formação de associação


criminosa circunstanciada, roubo circunstanciado e latrocínio praticados pelos
denunciados são dolosos e punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 anos, satisfazendo, portanto, o requisito previsto no inciso I, do artigo 313,
do Código de Processo Penal.

Desta forma, ante o exposto, promove o Ministério Público pela


decretação da prisão preventiva dos acusados Lucas Fernandes Batista, Lívio Bruno
da Silva Pinto, Jordan da Silva, Rodrigo da Conceição, Wesley de Souza, Miller Firmino
de Melo, Marlon da Silva Gomes, Douglas Cardoso Santana e Vágner Ammenara
Batista, com fulcro nos artigos 312 e 313, do Código de Processo Penal.

4) A omissão de qualquer fato ou circunstância na descrição do


evento criminoso efetuada na denúncia não implica arquivamento implícito, tendo
em vista que o artigo 28, do Código de Processo Penal, exige “razões invocadas”
para tanto, protestando o Ministério Público, desde já, pela abertura de vista para a
realização de eventual aditamento objetivo e/ou subjetivo da peça inicial
acusatória, caso seja necessário.

Rio de Janeiro, 14 de março de 2019.

BRUNO DE LIMA STIBICH


Promotor de Justiça
Matrícula n.º 2.369

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