1ª CENTRAL DE INQUÉRITOS RUA JOSÉ FIGUEIREDO, N.º 320 – BL 01 - GR. 04 – BARRA DA TIJUCA - CEP 22.793-170
EXM.ª SR.ª DR.ª JUÍZA DE DIREITO DA 20ª VARA CRIMINAL
COMARCA DA CAPITAL
Autos n.º 0182444-66.2018.8.19.0001
Inquérito Policial n.º 1.075/2018 – D.H.
O MINISTÉRIO PÚBLICO, pelo Promotor de Justiça infra-
assinado, vem, a presença de V.ª Ex.ª, com fulcro no inciso I, do artigo 129, da Constituição da República, no inciso III, do artigo 25, da Lei n.° 8.625/93 e no artigo 24, do Código de Processo Penal, ajuizar ação penal pública, oferecendo a presente
DENÚNCIA
em face de:
1) LUCAS FERNANDES BATISTA, vulgo “Talibã”, brasileiro, nascido em
07/03/1998, filho de Wágner de Oliveira Batista e de Cristina Fernandes Batista, portador do documento de identidade n.º 29.873.905-3, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Ivonete, Travessa Betinho, Campo Grande, Rio de Janeiro, RJ (fls. 375/380), estando atualmente ENCARCERADO (fl. 442); Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
2) LÍVIO BRUNO DA SILVA PINTO, vulgo “Sapacete”, brasileiro, nascido
em 28/05/1988, filho de Édison Avelino Pinto e de Mirian da Silva Pinto, portador do documento de identidade n.º 21.460.345-8, expedido pela SSP/Detran - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 119.848.417- 93, residente na Rua Marechal Marciano, n.º 1.748, Padre Miguel, Rio de Janeiro, RJ (fls. 227/228), estando atualmente ENCARCERADO (fl. 436); 3) JORDAN DA SILVA, brasileiro, nascido em 03/01/2000, filho de pai não declarado e de Viviane Carvalhosa da Silva, portador do documento de identidade n.º 30.715.740-4, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Tanganica, n.º 05, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 229/230), estando atualmente FORAGIDO; 4) RODRIGO DA CONCEIÇÃO, vulgo “Rodriguinho VK”, brasileiro, nascido em 17/07/1993, filho de pai não declarado e de Sônia Maria da Conceição Viana, portador do documento de identidade n.º 29.033.661-9, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Travessa Edinburgo, n.º 39, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 394/395), estando atualmente ENCARCERADO (fl. 439); 5) WESLEY DE SOUZA, vulgo “Biju”, brasileiro, nascido em 25/01/1997, filho de pai não declarado e de Adriana de Souza, portador do documento de identidade n.º 26.391.863-3, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Brazzaville, n.º 12, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 385/387), estando atualmente FORAGIDO; Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
6) MILLER FIRMINO DE MELLO, brasileiro, nascido em 03/06/1998, filho de
Mílton Seabra de Melo Filho e de Alessandra Magalhães Firmino, portador do documento de identidade n.º 32.304.981-7, expedido pela SSP/Detran - RJ, C.P.F. não informado, residente na Rua Jacques Demoly, n.º 409, casa 2, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 396/397), estando atualmente FORAGIDO; 7) MARLON DA SILVA GOMES, vulgo “Marlinho”, brasileiro, nascido em 07/02/1993, filho de Ronaldo Sebastião Gomes Teixeira e de Patrícia Alves da Silva, portador do documento de identidade n.º 26.778.176- 3, expedido pela SSP/Detran - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 146.652.337-99, residente na Travessa Amazonas, Quadra 03, Lote 07, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 398/399), estando atualmente ENCARCERADO (fl. 400); 8) DOUGLAS CARDOSO SANTANA, vulgo “Canelão”, brasileiro, nascido em 14/04/1990, filho de Jorge Luís de Santana e de Célia Regina Cardoso, portador do documento de identidade n.º 26.838.188-6, expedido pela SSP/Detran - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 143.355.407- 01, residente na Rua Pedro Pomar, n.º 180, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 370/372), estando atualmente ENCARCERADO (fl. 444); e 9) VÁGNER AMMENARA BATISTA, brasileiro, nascido em 28/08/1982, filho de Alterite Ammenara Batista e de Vera Lúcia Alves Carvalhosa Batista, portador do documento de identidade n.º 12.214.240-9, expedido pelo IFP - RJ, inscrito no C.P.F. sob o n.º 100.559.207-13, residente na Travessa Merida, n.º 09, Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ (fls. 390/393), estando atualmente ENCARCERADO (fl. 391);
pelas condutas delituosas a seguir narradas.
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
I) DA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
Desde data não precisada, sendo certo apenas que antes
do dia 20 de fevereiro de 2018, em lugar ainda não identificado na Vila Kennedy, Bangu, Rio de Janeiro, RJ, os denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon, Douglas e Vágner), livre e conscientemente, previamente acordados e em unidade de ações e desígnios criminosos, todos agindo plurissubjetivamente, em integração do domínio final dos fatos, em caráter estável e permanente, associaram-se para o fim específico de cometimento de delitos de roubo circunstanciado e de latrocínio, formando a horda denominada “Tropa do 22”.
Os 7 primeiros denunciados, juntamente com o 9º
denunciado (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Vágner), efetuavam pessoalmente os roubos, com destaque para a realização de “arrastões”, bem como de latrocínios, abordando as vítimas com suas armas de fogo em punho, ameaçando-as gravemente durante todo o período da ação criminosa, merecendo destaque, ainda, o fato de que, caso fosse necessário, para assegurar a consumação dos delitos de roubo, assassinavam os ofendidos.
Ao 8º denunciado (Douglas) cabia a indispensável
atribuição de emprestar armas para a realização dos roubos e latrocínios, além de veículos para o deslocamento da malta, em troca de parte do produto dos roubos e latrocínios, valendo ressaltar, ainda, o fato de que sempre dava guarida e esconderijo para os demais membros quando retornavam para a Vila Kennedy após a consumação das empreitadas criminosas. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
II) DO LATROCÍNIO
No dia 20 de fevereiro de 2018, por volta de 5 horas, na
Estrada Rio – São Paulo, nas proximidades do número 4.375 e da Rua Dona Elisa, Campo Grande, Rio de Janeiro, RJ, o falecido Marlon Brando Martins da Silva, de maneira livre e consciente, previamente ajustado e em comunhão de ações e desígnios criminosos com os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas) e com o menor infrator Lucas da Silva de Oliveira (de 17 anos de idade, eis que nascido no dia 03/05/2000 - fl. 388), mediante grave ameaça consistente na utilização de pelo menos três armas de fogo, da espécie pistola (fl. 71), subtraiu para si e para outrem, uma pistola da marca Taurus, n.º de série TKO65466, calibre .9 mm, pertencente à vítima Bruno Albuquerque Cazuca, 2º Sargento do Exército Brasileiro.
No mesmo evento delituoso, o falecido Marlon Brando
Martins da Silva, de maneira livre e consciente, previamente ajustado e em comunhão de ações e desígnios criminosos com os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas) e com o menor infrator Lucas da Silva de Oliveira (de 17 anos de idade, eis que nascido no dia 03/05/2000 - fl. 388), de forma livre e consciente, com o objetivo de assegurar a consumação do roubo em questão e com dolo de matar, efetuou disparos de arma de fogo contra a vítima Bruno Albuquerque Cazuca, causando-lhe as lesões corporais descritas no Laudo de Exame de Corpo de Delito de Necropsia de fls. 176/180, que, por sua natureza e sede, foram causa eficiente de sua morte.
Os 7 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo,
Wesley, Miller, Marlon e Douglas), de maneira livre e consciente, previamente ajustados e em comunhão de ações e desígnios criminosos, concorreram Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
eficazmente para o crime de latrocínio em tela, considerando que chegaram
ao local (juntamente com o falecido Marlon Brando Martins da Silva) a bordo de um Volkswagen Voyage e de outro automóvel desconhecido, oportunidade em que com eles bloquearam a via e iniciaram a modalidade de assalto conhecida como “arrastão”, ameaçando gravemente com suas armas de fogo todas vítimas que lá se encontravam e exigindo a entrega de seus bens.
Em seguida, após a vítima Bruno ter tentado fugir do
falecido Marlon Brando, este e um membro ainda não identificado da súcia, a executaram impiedosamente, roubando sua pistola, assim como, ato contínuo, os 7 primeiros denunciados roubaram os pertences de Renato, Leomar e Felipe (roubos que serão descritos a seguir), tendo todos, depois do término da ação criminosa, partido imediatamente em fuga para a Vila Kennedy.
Insta destacar, neste ponto, que, durante a prática
delitiva, os 7 primeiros denunciados auxiliavam-se mutuamente, incentivando- se reciprocamente, dando-se cobertura e dividindo tarefas para o sucesso da empreitada criminosa.
Já o 8º denunciado (Douglas), de forma livre e consciente,
concorreu eficazmente para o crime de latrocínio em tela, considerando que emprestou armas para a sua realização (em troca de parte do produto do latrocínio), valendo ressaltar, ainda, que deu guarida e esconderijo para os 7 primeiros denunciados quando retornaram para a Vila Kennedy após a consumação deste hediondo delito. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Assim agindo, os denunciados participaram de um crime
de latrocínio, tendo a subtração (roubo) da pistola acima descrita e o resultado morte sido efetivamente consumados.
III) DOS ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS
Outrossim, ainda no dia 20 de fevereiro de 2018, no mesmo
horário aproximado e local, os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas), de maneira livre e consciente, previamente ajustados e em comunhão de ações e desígnios criminosos entre si e com o menor infrator Lucas da Silva de Oliveira (de 17 anos de idade, eis que nascido no dia 03/05/2000 - fl. 388), mediante grave ameaça consistente na utilização de pelo menos três armas de fogo, da espécie pistola (fl. 71), subtraíram para si e para outrem, os bens adiante descritos, pertencentes às seguintes vítimas:
1) Renato Luiz Evaristo dos Santos: (i) um veículo da marca Chevrolet,
modelo S 10, placa de identificação LSM – 5467 – RJ, ano 2015 (que estava em sua posse, sendo de propriedade da UFRRJ); (ii) um aparelho de telefone celular da marca LG, modelo ignorado; e (iii) uma carteira com documentos e aproximadamente R$ 200,00 em espécie; 2) Leomar de Souza Nunes: (i) um automóvel da marca Honda, modelo Civic, placa de identificação KOW – 3901 – RJ, ano 2012; (ii) um aparelho de telefone celular da marca Samsung, modelo ignorado; (iii) R$ 50,00 em espécie; (iv) uma CNH; e (v) um cartão de crédito; e 3) Felipe Bueno da Silva: um automóvel da marca Chevrolet, modelo Agile, placa de identificação KXM – 4311 – RJ. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Urge ressaltar, neste ponto, que, durante a prática delitiva,
os 7 primeiros denunciados auxiliavam-se mutuamente, incentivando-se reciprocamente, dando-se cobertura e dividindo tarefas para o sucesso da empreitada criminosa.
Já o 8º denunciado (Douglas), de forma livre e consciente,
concorreu eficazmente para os crimes de roubo circunstanciado em questão, considerando que emprestou armas para a sua realização (em troca de parte do produto dos roubos), valendo salientar, ainda, que deu guarida e esconderijo para os 7 primeiros denunciados quando retornaram para a Vila Kennedy após a consumação destes gravíssimos delitos.
IV) DA CORRUPÇÃO DE MENORES
Igualmente, ainda no dia 20 de fevereiro de 2018, no
mesmo horário aproximado e local, os 8 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo, Wesley, Miller, Marlon e Douglas), de maneira livre e consciente, previamente ajustados e em comunhão de ações e desígnios criminosos, corromperam o menor Lucas da Silva de Oliveira, de 17 anos de idade, eis que nascido no dia 03/05/2000 (fl. 388), com ele praticando os crimes de latrocínio e os 3 delitos de roubo circunstanciado acima descritos.
V) CONCLUSÃO
Isto posto, subjetiva e objetivamente típicas e reprováveis
as condutas dos denunciados, que estão incursos nas penas: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
1) 7 primeiros denunciados (Lucas, Lívio, Jordan, Rodrigo,
Wesley, Miller e Marlon): (i) do artigo 288, parágrafo único, do Código Penal; (ii) do artigo 157, § 3º, in fine, na forma do artigo 29, ambos do Código Penal, de acordo com o previsto no artigo 1º, inciso II, da Lei n.º 8.072/90; (iii) do artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, por TRÊS VEZES (porquanto foram 3 os patrimônios ofendidos, das vítimas Renato, Leomar e Felipe); (iv) do artigo 244-B, do ECA; (v) tudo na forma do concurso material (artigo 69, do Código Penal); 2) 8º denunciado (Douglas): (i) do artigo 288, parágrafo único, do Código Penal; (ii) do artigo 157, § 3º, in fine, na forma do artigo 29, ambos do Código Penal, de acordo com o previsto no artigo 1º, inciso II, da Lei n.º 8.072/90; (iii) do artigo 157, § 2º, incisos I e II, na forma do artigo 29, ambos do Código Penal, por TRÊS VEZES (porquanto foram 3 os patrimônios ofendidos, das vítimas Renato, Leomar e Felipe); (iv) do artigo 244-B, do ECA; (v) tudo na forma do concurso material (artigo 69, do Código Penal); e 3) 9º denunciado (Vágner): do artigo 288, parágrafo único, do Código Penal.
Diante do exposto, requer o Ministério Público o
recebimento da presente denúncia, com a posterior determinação de citação dos denunciados para responder aos termos da ação penal, e, ao final, seja julgada procedente a pretensão punitiva estatal, com as CONDENAÇÕES dos acusados. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Requer o Parquet, outrossim, a notificação/requisição das
pessoas adiante arroladas, a fim de depor sobre os fatos ora narrados.
Rol de testemunhas:
Rio de Janeiro, 14 de março de 2019.
BRUNO DE LIMA STIBICH
Promotor de Justiça Matrícula n.º 2.369 Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
27ª PROMOTORIA DE INVESTIGAÇÃO PENAL
1ª CENTRAL DE INQUÉRITOS RUA JOSÉ FIGUEIREDO, N.º 320 – BL 01 - GR. 04 – BARRA DA TIJUCA - CEP 22.793-170
Autos n.º 0182444-66.2018.8.19.0001
Inquérito Policial n.º 1.075/2018 – D.H.
MM. JUIZ,
1) Denúncia em separado, com dez laudas impressas.
Deixa o Ministério Público de denunciar os acusados pela
prática do crime de associação ao tráfico ilícito de entorpecentes em função de ter restado claro nestes autos que a associação criminosa por eles integrada visava apenas a realização de delitos patrimoniais, fazendo mister ressaltar, ainda, que o I.P. n.º 757/2018 – D.H. foi encaminhado à D.C.O.D., justamente para apurar a ocorrência dos delitos definidos na Lei n.º 11.343/06 (fls. 426/427).
Destaca o Parquet, por fim, que a atribuição desta Promotoria
de Investigação Penal para oficiar no presente feito cessará no momento em que a denúncia for recebida, de acordo com o determinado no artigo 2ª, da Resolução GPGJ n.º 2.107/2017.
2) Requer o Ministério Público:
2.1) a vinda dos seguintes documentos:
a) Folhas de Antecedentes Criminais dos acusados,
provenientes do Instituto Félix Pacheco, devidamente esclarecidas; Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
b) Certidões de Antecedentes Criminais dos denunciados,
oriundas dos Cartórios Distribuidores da Comarca da Capital, devidamente esclarecidas; e c) A vinda de uma via da Certidão de Nascimento de Lucas da Silva de Oliveira (fl. 388).
2.2) a comunicação da deflagração da presente ação penal ao
DIC – DETRAN/RJ.
3) Verifica o Parquet, ainda, que é imprescindível a decretação
da prisão preventiva dos denunciados, conforme requerido pela autoridade policial, pelos motivos a seguir expostos.
Com efeito, há prova da existência dos crimes e indícios
suficientes de autoria, conforme se verifica: (i) dos depoimentos de fls. 27/28, 29/30, 49/50, 93/94, 144/146, 213/215, 217/218, 221/223, 237/239, 281/283, 289, 308 e 310/311; (ii) dos Autos de Reconhecimento de Objeto de fls. 219, 290, 309, 344/349 e 352, (iii) da Recognição Visuográfica de Local de Crime de fls. 67/86; (iv) do Laudo de Exame de Corpo de Delito de Necropsia de fls. 176/180; (v) do Laudo de Perícia Papiloscópica de fls. 182/190; (vi) do Laudo de Exame de Arma de Fogo de fls. 191/193; e (vii) da confissão de fls. 341/343.
Ressalte-se, por oportuno, que o Ministério Público está
oferecendo denúncia neste momento em desfavor dos acusados, o que demonstra de forma indubitável a existência de prova da materialidade delitiva e de indícios suficientes de autoria.
Assim sendo, presente no caso em tela o fumus comissi delicti
exigido pela segunda parte, do artigo 312, do Código de Processo Penal.
No que tange à necessidade da prisão, nota-se que a ordem
pública (“...a paz, a tranquilidade no meio social”, Fernando da Costa Tourinho Filho, Processo Penal, Volume 3, 25ª edição, página 490) tem de ser imediatamente Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
garantida, considerando que a periculosidade dos acusados é flagrante, tendo em
vista a enorme gravidade das infrações penais em referência, empreendidas com a utilização de pelo menos três armas de fogo, além de terem sido praticadas com extrema frieza, demonstrando total desrespeito e desprezo para com a vida, a liberdade individual e o patrimônio alheios.
Nesse sentido, acolhendo a tese de que a gravidade do crime
praticado manifesta periculosidade de seu realizador, se manifestam os tribunais superiores:
“STF: Esta Corte, por ambas as suas Turmas, já firmou o
entendimento de que a prisão preventiva pode ser decretada em face da periculosidade demonstrada pela gravidade e violência do crime, ainda que primário o agente. (RT 648/347)”;
“STJ: A periculosidade do réu, evidenciada pelas
circunstâncias em que o crime foi cometido, basta, por si só, para embasar a custódia cautelar, no resguardo da ordem pública e mesmo por conveniência da instrução criminal. (JSTJ 8/154)”.
Permanecendo no tema da garantia da ordem pública
(“necessidade de preservação da boa convivência social” - Marcellus Polastri Lima, Curso de Processo Penal, Volume 2, 2ª edição, página 323), é imperioso consignar que a periculosidade dos denunciados também é manifestada pela maneira de execução dos delitos, empreendidos às escâncaras, na presença de várias pessoas e câmeras de vigilância, em verdadeira ação digna de Hollywood, demonstrando suas certezas de impunidade, fundamentada no pavor que causam nas demais pessoas, pelas suas notórias condições de indivíduos perigosíssimos, estando a postos para o cometimento de novos crimes. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Ademais, vale realçar que os denunciados respondem a
inúmeras ações penais e inquéritos policiais, conforme se verifica de suas consultas ao Portal da Segurança do Estado do Rio de Janeiro acostadas aos autos, não existindo outro remédio senão o afastamento dos acusados do convívio social, única medida com eficácia para trazer novamente a paz aos lares dos cidadãos afetados, principalmente pela concreta e certa “possibilidade de cometimento de outros crimes” (mesmo autor e obra citados no parágrafo anterior, página 327).
Destarte, nota-se perfeitamente que os acusados são verdadeiros
criminosos contumazes, possuindo personalidades distorcidas e voltadas para a prática reiterada de delitos graves, o que denota, de forma definitiva, a necessidade de se acautelar o meio social e a própria credibilidade da justiça, garantindo-se, destarte, a ordem pública com a decretação de seus ergástulos cautelares preventivos.
Percebe-se com clareza, ainda, que a decretação da prisão
cautelar dos denunciados é conveniente para a instrução criminal, eis que as vítimas são as únicas testemunhas dos terríveis crimes praticados, sendo, destarte, o exclusivo elo entre os meliantes e as infrações penais ora em análise.
Faz-se mister salientar, por oportuno, que referidas pessoas já
estão suficientemente apavoradas por terem sido gravemente ameaçadas com pelo menos três armas de fogo pelos acusados, sendo o encarceramento dos facínoras em questão o único e adequado remédio para devolver a tranquilidade psíquica necessária ao escorreito transcorrer de seus depoimentos em juízo.
Desse modo, há fundado receio, quase certeza, de que os
acusados, uma vez em liberdade, irão, no mínimo, ameaçar os ofendidos, com base nas suas notórias perversidades, causando intimidações e pressões, resultando em grande prejuízo para a produção das provas em juízo, o que demonstra, de forma cabal, as irremediáveis implicações que as suas liberdades trarão à instrução criminal e, mais uma vez, as suas extremas periculosidades. Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Desta forma, flagrante a ocorrência do periculum libertatis na
hipótese ora em análise, previsto na primeira parte, do artigo 312, do Código de Processo Penal, eis que é extremamente necessário garantir a ordem pública e assegurar a realização da instrução criminal.
Vale observar, por fim, que os delitos de formação de associação
criminosa circunstanciada, roubo circunstanciado e latrocínio praticados pelos denunciados são dolosos e punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos, satisfazendo, portanto, o requisito previsto no inciso I, do artigo 313, do Código de Processo Penal.
Desta forma, ante o exposto, promove o Ministério Público pela
decretação da prisão preventiva dos acusados Lucas Fernandes Batista, Lívio Bruno da Silva Pinto, Jordan da Silva, Rodrigo da Conceição, Wesley de Souza, Miller Firmino de Melo, Marlon da Silva Gomes, Douglas Cardoso Santana e Vágner Ammenara Batista, com fulcro nos artigos 312 e 313, do Código de Processo Penal.
4) A omissão de qualquer fato ou circunstância na descrição do
evento criminoso efetuada na denúncia não implica arquivamento implícito, tendo em vista que o artigo 28, do Código de Processo Penal, exige “razões invocadas” para tanto, protestando o Ministério Público, desde já, pela abertura de vista para a realização de eventual aditamento objetivo e/ou subjetivo da peça inicial acusatória, caso seja necessário.