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DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL - DPPP

CEL PM RR CLÓVIS LOPES COLPANI


Apresentação da disciplina

• Os slides que seguem foram elaborados com base nas referências bibliográficas do Plano de Ensino
da Disciplina de Direito Penal e Processual Penal, as quais poderão ser utilizadas como forma de
reforço e complemento dos conteúdos.
• Em sala de aula daremos prioridade aos slides, pois estes facilitam a visualização de determinados
tópicos e permitem uma melhor organização do conteúdo em cada aula.
• Você observará que seguiremos sempre a sequência das unidades, itens e subitens dos Slides,
trazendo eventualmente outras fontes de estudo como as normas, jurisprudências, notícias,
documentos, fotos, vídeos, entre outros.
• Cada professor terá a liberdade de aprofundar os conteúdos conforme julgar necessário, mas as
avaliações serão restritas ao conteúdo programático do Plano de Ensino da Disciplina.
• Em caso de dúvida, questione seu Professor e ele, se entender necessário, levará à Coordenação
da Disciplina.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Estrutura da disciplina • Unidades do conteúdo programático

1. Elementos Introdutórios ao Direito Penal

2. Dos Crimes em Espécie

3. Direito Processual Penal

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • Estrutura da Unidade

1.1. Conceitos iniciais


1.2. Princípios Fundamentais do Direito Penal
1.2. Da aplicação da lei penal
1.3. Do crime e da imputabilidade penal
1.4. Do erro e do concurso de Pessoas

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

1.1.1. Conceito de Direito Penal


a) Formal: área do direito que estabelece ações ou omissões delitivas,
impondo-lhes consequências jurídicas. Exemplo: Art. 121 do Código Penal –
CP: “art. 121. Matar alguém” (ação). “Pena: reclusão de 6 a 20 anos”
(consequência jurídica).
b) Material: abrange o conceito formal, mas também refere-se a
reprovabilidade de determinadas condutas que afetam gravemente bens
jurídicos importantes para o convívio social. Exemplo: aplicação do princípio
da insignificância ao furto, situação qual ainda que formalmente
desrespeitada a regra do art. 155 do CP, entende-se que materialmente não
houve lesão ao bem jurídico protegido pelo CP.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

• Policial militar deve focar na tipicidade formal, pois ao deparar-se


com uma situação de flagrante de infrações penais que, em tese,
teriam excluída a tipicidade material, ainda assim deve adotar os
procedimentos previstos na normatização pertinente (leis, decretos,
portarias, diretrizes, procedimentos operacionais padrão, etc.).

• Entretanto, torna-se fundamental o conhecimento do conceito


material, especialmente em relação as medidas despenalizadoras
que nosso legislador vem adotando nas últimas décadas.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

• IMPORTANTE: O Sargento sempre deve lembrar aos seus subordinados


que o PM está apto a realizar um dos atos mais gravosos de uma
sociedade democrática que é prender alguém em flagrante delito,
estando assim habilitado para realizar atos menos gravosos,
especialmente nas medidas despenalizadoras, dentre as quais
destacamos as relacionadas ao Termo Circunstanciado.

• No entanto, algumas medidas despenalizadoras ainda são prerrogativa


de outras autoridades, sendo importante respeitar a legislação.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

• 1.1.2. Funções do Direito Penal

• Função de proteção de bens jurídicos – seleciona os bens jurídicos a


serem protegidos. Exemplos: vida, liberdade e patrimônio. O que é
crime hoje pode deixar de ser amanhã. O inverso também é verdadeiro,
ou seja, uma conduta que não é crime hoje pode passar a ser amanhã.

• Função de garantia – limites e mecanismos de atuação. Exemplo é o


princípio da legalidade (CF, art. 5º, XXXIX e CP, art. 1º), que garante
limites aos efeitos da alteração legislativa em Direito Penal.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

• Constituição Federal, art. 5º, XXXIX: “não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

• Assim, há possibilidade de alteração da lei para definir certas condutas


como crime ou deixar de considerar alguma como crime.

• Porém, tais alterações devem ser feitas mediante processo legislativo,


garantindo assim discussão e aprovação pelo Legislativo, sanção ou
veto pelo Presidente da República e publicação para ciência da
sociedade.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

• 1.1.3. Natureza do Direito Penal

• Constitutiva: autonomia conceitual. Cria conceitos próprios, diferentes


de outras áreas do Direito. Exemplo: as definições de todas as condutas
criminosas como estelionato, peculato, tergiversação, prevaricação, etc.

• Sancionatória: Se praticar uma conduta será aplicada uma a sanção.


Exemplo: Art. 121 do CP: “Matar alguém” (se acontecer a conduta
matar) “pena: reclusão de seis a vinte anos” (deve ser aplicada a
sanção de reclusão).
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.1. Conceitos iniciais

• 1.1.4. Legislação Penal comum e especial

• Legislação Penal Comum – composta pelo Código Penal (Decreto-lei 2.848/1940).

• Legislação Penal Especial – composta pela legislação penal especial ou


extravagante. Exemplos: Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e Lei
11.343/2006 (Lei de Drogas).

• Diferença existe em razão das características dos bens jurídicos tutelados e dos
procedimentos a serem adotados. Entretanto, pode gerar dificuldades de
identificação e compreensão dos tipos penais.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.1. Diferença entre princípio e regra:

• Princípios enunciam elementos gerais, que determinam as bases dos


procedimentos em determinadas áreas, como é o caso da hierarquia e
disciplina nas instituições militares (CF, art. 42).

• Regras enunciam elementos mais específicos, determinando os


procedimentos a serem adotados em situações concretas, como é o caso da
especificação dos graus hierárquicos estabelecidos pelo Estatuto dos Militares
Estaduais (Lei Estadual 6.218/83). Geralmente trazem de forma clara e direta as
consequências de seu descumprimento.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.2. Princípio da legalidade ou da reserva legal

• Proibição de leis vagas, indeterminadas ou imprecisas.

• Art. 5º, XXXIX da CRFB e art. 1º do CP.

• Vedação de medida provisória em matéria penal (CF, art. 62, § 1º, I, b).

• Formalidades para edição da norma também dizem respeito ao


princípio da legalidade (Processo Legislativo).

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.3. Princípio da intervenção mínima ou ultima ratio

• Direito Penal somente deve atuar quando os demais ramos do direito


revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes da vida do
indivíduo e da própria sociedade. Direito Penal tem avançado na proteção da
família no que diz respeito a violência doméstica, mas recuado em outras áreas
como é o caso do casamento.

• Fragmentariedade: é decorrente da intervenção mínima (está dentro dela) e


preconiza que o Direito Penal é um sistema descontínuo de proteção de bens
jurídicos, pois seleciona aqueles que irá proteger.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.4. Princípio da culpabilidade

• Não há responsabilidade objetiva ou só pelo resultado. Exemplo de


responsabilidade objetiva do Estado se dá no caso de morte de preso sob sua
custódia.

• Culpabilidade no sentido de que somente pode haver responsabilidade penal se


houve dolo ou culpa na conduta do agente.

• Não se confunde com culpabilidade, elemento estrutural do delito que será


abordado adiante.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.5. Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa

• Fenômeno da extra-atividade da lei penal.

• Lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu.

• Art. 5º, XL, CF.

• Art. 5º, XXXIX, CF e art. 1º CP.

• Ultra-atividade da lei mais benéfica – art. 2º CP.

• Lei excepcional ou temporária – art. 3º CP.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.6. Princípio da adequação social

• Condutas socialmente adequadas não poderiam ser crimes. Princípio serve


mais como um alerta ao legislador.

• Entendimento predominante é de que a adequação social da conduta não


afasta a tipicidade ou ilicitude, caso contrário, em determinados locais, seria
permitido o consumo e porte de maconha.

• Tem sido aplicado de forma excepcional pelo Judiciário, mas para o policial
militar prevalece a aplicação das normas.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.2. Princípios fundamentais

• 1.2.7. Princípio da insignificância

• A caracterização da tipicidade penal exige uma ofensa de certa gravidade aos bens
jurídicos protegidos.

• “A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o


reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão
jurídica” constituem, para o Supremo Tribunal Federal requisitos de ordem objetiva
autorizadores da aplicação do princípio da insignificância.

• Tem sido aplicada em crimes de furto, mas não deve ser confundido com o furto de
pequeno valor ou com o furto famélico.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• 1.3.1. Teoria na norma jurídico penal

• Normas penais têm a função de definir as infrações penais, proibindo


(comissivas) ou impondo (omissivas) condutas, sob ameaça expressa e
específica de pena.

• Preceito primário – descreve condutas “Art. 121. Matar alguém” (CP).

• Preceito secundário – cominação abstrata de pena “reclusão, de seis a


vinte anos” (CP).

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• 1.3.2. Fontes do Direito Penal

Imediatas, diretas 1. Princípios


ou primárias 2. Regras

FONTES DO
DIREITO PENAL 1. Costumes
Mediatas, 2. Doutrina
indiretas ou
secundárias 3. Jurisprudência
4.Tratados internacionais

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• 1.3.3. Norma penal em branco

• Nas normas penais em branco o preceito primário é incompleto, mas o secundário é


determinado.

• Art. 33 da Lei 11.343/06 – conceito de drogas é definido por Portaria da ANVISA. Norma
penal em branco heterogênea, pois o CP é norma hierarquicamente superior a portaria
da ANVISA.

• Arts. 235 a 237 do CP – conceitos referentes aos impedimentos matrimoniais estão no


art. 1521 do Código Civil (CC). Norma penal em branco homogênea, pois o CP e o CC são
de mesma hierarquia.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• 1.3.4. Validade e eficácia da Lei penal no Tempo e no espaço

• a. Anterioridade da lei penal

• O art. 1º do CP consagra tanto o princípio da anterioridade como da


legalidade.

• “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal”.

• Art. 5º, XXXIX, da CF tem a mesma redação.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• b. Lei penal no tempo

• Extra-atividade da lei penal – retroatividade (lei posterior aplicada a fatos anteriores e


posteriores a ela desde que benéfica) e ultra-atividade (lei anterior aplicada a fatos anteriores à
nova lei desde que benéfica).

• Art. 5º, XL da CF. Abolitio criminis e novatio legis (lei nova). Art. 2º do CP.

• c. Lei excepcional ou temporária

• Excepcional - vigência durante situações extraordinárias como as calamidades e guerras


(Código Penal Militar). Temporária – prazo pré-estabelecido de vigência. Nos grandes eventos,
como Copa e Olimpíada, poderiam ter sido editadas leis penais temporárias.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• d. Tempo do crime

• Teoria da atividade – crime considera-se praticado no momento da conduta


não importando o momento do resultado; é a adotada pelo art. 4º do CP.

• Teoria do resultado – o delito considera-se praticado no momento do


resultado.

• Teoria mista ou da ubiquidade – momento do crime é tanto o da conduta


quanto do resultado.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• e. Lugar do crime

• Teoria da atividade – lugar do crime é aquele em que foi praticada a conduta,


ou seja, os atos executórios.

• Teoria do resultado – lugar do crime considera-se aquele em que ocorreu o


resultado, ou seja, a consumação.

• Teoria mista ou da ubiquidade – local do crime é tanto o da conduta quanto o


do resultado; esta é a teoria adotada pelo art. 6º do CP.

• Regras gerais de definição da competência: art. 69 e seguintes do CPP.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• e. Territorialidade

• A regra é a territorialidade - art. 5º, caput e § 2º do CP.

• Território brasileiro por equiparação art. 5º, § 1º do CP.

• Imunidades diplomática (Convenção de Viena) e parlamentar (art. 53


da CF/88).

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• f. Extraterritorialidade

• Incondicionada – não depende de nenhuma condição – art. 7º, I do CP e art. 2º


da Lei 9.455/97.

• Condicionada – depende de algumas condições - art. 7º, II e §§ 2º e 3º do CP

• Pena cumprida no estrangeiro – art. 8º do CP - visa evitar a dupla punição.

• Eficácia da sentença estrangeira – art. 9º - homologação se dá pelo STJ,


consoante art. 105, I, i da CF/88.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.3. Aplicação da lei penal

• g. Contagem de prazo

• Prazo penal – arts. 10 e 11 do CP. Prazo processual art. 798, § 1º do CPP.

• Exemplo de contagem de prazo penal – uma pena de dois anos, dois meses e dez dias de
reclusão, cujo cumprimento iniciou-se às 23:00 horas do dia 02/09/16, irá terminar às
00:00 horas do dia 12/11/18.

• h. Legislação especial

• Art. 12 do CP: “As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso”. Exemplo é o art. 291 do Código de
Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97).
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• 1.4.1. Teoria do Delito

• a. Conceito de crime

• Utilizaremos como referencial teórico o conceito analítico de crime, a partir do qual


surge a concepção bipartida do delito.

• A análise do crime inicia pela tipicidade, passando-se em seguida para a ilicitude, sendo
que por fim verifica-se a culpabilidade.

• Para concepção bipartida crime é o fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade pressuposto
para aplicação da pena. Para maioria da doutrina no Brasil crime é fato típico e ilícito,
conforme artigos 1º, 23 e 26 do CP.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• b. Bem jurídico tutelado

• Conceito: são os bens jurídicos que o legislador seleciona para o direito penal
proteger (Ex: vida, saúde física e mental, honra, patrimônio e dignidade sexual).

• c. Infração penal

• Tipos de infrações penais: Crimes ou delitos: estão previstos no CP e na legislação


especial. Contravenções: estão previstas na Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei
3.688/41). Houve revogação de dispositivos pela Lei 14.132/2021.

• A diferença é de gravidade quanto ao bem jurídico lesado.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• 1.4.2. Classificação da infrações penais

• a. Sistemas Classificatórios

• Tripartido: crimes, delitos e contravenções. Equivaleria ao menor


potencial ofensivo, médio potencial ofensivo e elevado potencial
ofensivo). Alguns países definem a competência policial a partir destes
três níveis (municipal, estadual e federal).

• Bipartido: crimes ou delitos e contravenções. É o adotado no Brasil.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• b. Classificação quanto ao sujeito ativo do delito

• Crime comum: não há especificação do sujeito ativo. Ex: art. 121 do CP.

• Crime próprio: sujeito ativo determinado. Ex: art. 316 do CP.

• Crime de mão própria: somente pode ser praticado pelo próprio


agente. Ex: art. 342 do CP (falso testemunho em depoimento oral).

• Crime de concurso necessário: Ex: art. 288 do CP.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• c. Classificação quanto ao resultado

• Crime material: prevê um resultado e este é necessário para


consumação. Ex: art. 121 do CP.

• Crime formal: prevê um resultado, mas este não é necessário para


consumação do delito. Ex: art. 159 do CP.

• Crime de mera conduta: não prevê resultado. Ex: art. 150 do CP.

• Crime qualificado pelo resultado: Ex: art. 129, § 3º do CP.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• d. Classificação quanto à consumação

• Crime permanente: momento consumativo se alonga no tempo. Ex: art. 148 do


CP.

• Crime instantâneo: momento consumativo não se alonga no tempo. Ex: art.


140 do CP (injúria verbal).

• Crime instantâneo de efeitos permanentes: art. 121 do CP.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• 1.4.3. Do fato típico

• Fato típico: é o fato que corresponde exatamente aos elementos constitutivos do


tipo penal.

• Elementos:

• a) conduta dolosa ou culposa;

• b) resultado (só nos crimes materiais);

• c) nexo causal (só nos crimes materiais);

• d) tipicidade.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• a. Conduta: ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma


finalidade.

• Elementos da conduta:

• vontade – coação física exclui a vontade.

• finalidade – realizar busca em alguém pode ser crime se comprovado o desvio


de finalidade.

• exteriorização – há necessidade de ação ou omissão.

• consciência – erro de tipo exclui a consciência.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• Ato e conduta: conduta é a realização da vontade humana por meio de um ou


mais atos. Na conduta omissiva a vontade humana ocorre pela não realização
de atos que deveriam ter sido praticados.

• Formas de conduta: ação e omissão.

• Sujeitos da conduta típica: sujeitos ativo e passivo.

• Objetos jurídico – bem jurídico tutelado. Ex: Patrimônio no caso do furto.

• Objeto material – pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente. Ex:
no furto é o objeto subtraído.
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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• b. Resultado

• Conceito: modificação do mundo exterior provocada pela


conduta humana. Sob este ponto de vista, há crimes em
que não ocorre resultado.

• Crimes formal, material e de mera conduta.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• c. Relação de causalidade

• Conceito: é o meio pelo qual se comprova a ligação entre a conduta do agente


e o resultado naturalístico, sendo então possível afirmar se aquela deu ou não
causa a este.

• Teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non - Art. 13, caput,
2ª parte, do CP, consagra a teoria da equivalência das condições.

• Todo fator que contribui, de alguma forma, para a ocorrência do evento é


causa deste evento. Deve-se fazer o “juízo hipotético de eliminação”.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• d. Iter criminis

• Iter criminis é o caminho do crime, dividindo-se em cogitação,


preparação, execução e consumação.

• Art. 31 do CP.

• Crime consumado: é aquele em que foram realizados todos os


elementos constantes de sua definição legal - art. 14, I, CP.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• Tentativa (conatus): iniciada a execução o crime não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente. Art. 14, II, parágrafo único, CP.

• Formas de tentativa: imperfeita (fase de execução não se encerra); perfeita (fase de


execução se encerra).

• Desistência voluntária: Art. 15, 1ª parte, CP.

• Arrependimento eficaz: Art. 15, 2ª parte, CP.

• Arrependimento posterior: Art. 16 do CP.

• Crime impossível: art. 17 do CP.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• e. Do tipo penal nos crimes dolosos

• Dolo é o elemento psicológico da conduta, constituindo-se em um dos


elementos do fato típico.

• Elementos do dolo: consciência e vontade

• Dolo abrange todos os elementos do tipo.

• Fases da conduta: interna e externa.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• f. Do tipo penal nos crimes culposos

• Culpa: constitui-se no elemento normativo da conduta, sendo que sua


verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual não se sabe se ela
está ou não presente.

• Normativo é o sentimento médio da sociedade sobre o que é justo ou injusto.

• Dever objetivo de cuidado é a exigência de cuidado que todas as pessoas


devem ter.

• Tipo aberto: a conduta culposa não é descrita no tipo penal.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• Inobservância do dever de cuidado: é manifestado por meio de três


modalidades de culpa:

• Imprudência: ação.

• Negligência: omissão.

• Imperícia: falta de habilidade para o exercício de atividade ou função.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• 1.4.4. Da ilicitude

• A existência de uma causa de justificação faz da ação típica uma ação lícita ou
permitida.

• As causas justificantes ou excludentes da ilicitude, têm implícita uma norma


permissiva ou autorizante de caráter independente, que faz com que a conduta
proibida ou a não realização da conduta ordenada seja lícita.

• As expressas estão no art. 23 do CP.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• a. Estado de necessidade

• “Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não
era razoável exigir-se.” – CP.

• Requisitos subjetivos:

• Ciência da situação fática.

• Vontade ou ânimo de salvar o bem jurídico em perigo.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• Requisitos objetivos:

• Perigo atual e inevitável.

• Direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável exigir-se. Exceção do
art. 24, § 2º do CP.

• Não provocado pela vontade do agente.

• Inexistência do dever de enfrentar o perigo (CP, art. 24, § 1º). Policial Militar
por juramento previsto em lei tem o dever de enfrentar o perigo.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• b. Legítima defesa

• “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos


meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.”

• Requisito subjetivo: ciência da agressão e vontade de defender-se.

• Requisitos objetivos: Agressão atual ou iminente e injusta. Direito próprio ou


alheio. Meios necessários, empregados com moderação.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• ADPF 779 – Legítima defesa da honra foi considerada inconstitucional.

• Parágrafo único do art. 25: “Observados os requisitos previstos


no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a
vítima mantida refém durante a prática de crimes”.

• Doutrina discute a necessidade da previsão legal de tal situação, que já


seria uma decorrência do caput.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• c. Estrito cumprimento do dever legal

• Conceito: a ação se dá no estrito cumprimento de dever legal (CP, art. 23, III, 1ª parte), ou
seja, o agente cumpre exatamente aquilo que é prescrito pelo ordenamento jurídico,
sendo sua conduta considerada lícita.

• Colisão de deveres: o dever realizar a ação ordenada (prender em flagrante) e, por outro
lado, o dever de não realizar a ação proibida (não abusar dos meios), sempre devem ser
sopesados pelo agente.

• Requisito objetivo: cumprimento do dever nos limites estabelecidos pela norma.

• Requisito subjetivo: ciência do dever e vontade de cumpri-lo, no estrito limite da lei.


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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• d. Exercício regular de direito

• Conceito: exercício de uma faculdade em conformidade com o sistema


jurídico, sendo que não se pode considerar ilícita a prática de um ato
justificado ou permitido pela lei.

• Exemplos: intervenção cirúrgica e atividade desportiva.

• Requisito objetivo: atuação efetiva no exercício regular de direitos.

• Requisito subjetivo: conhecimento do direito e a vontade de exercitá-lo.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• e. Consentimento do ofendido

• O consentimento do ofendido não está expressamente previsto na legislação brasileira,


mas pode ser considerado causa de exclusão da ilicitude. Ocorre nas situações em que o
agente ofende ou põe em perigo um direito com o consentimento da pessoa que dele
pode validamente dispor.

• Consentimento pode ser escrito, verbal, expresso ou tácito. Exemplos: cirurgias estéticas
e de esterilização.

• Requisitos objetivos: capacidade de consentir; anterioridade do consentimento; atuação


nos limites do consentido. Requisito subjetivo: ciência do consenso e vontade de atuar
nos limites do consentido. Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• 1.4.5. Da culpabilidade

• a. Elementos que integram a culpabilidade:

• Imputabilidade.

• Possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato.

• Exigibilidade de obediência ao direito.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• b. Inimputabilidade e culpabilidade diminuída

• Imputabilidade é a capacidade de culpabilidade.

• Sistemas adotados: biológico, psicológico e biopsicológico.

• Sistema penal brasileiro adota prioritariamente o sistema


biopsicológico, com exceção dos menores de 18 anos
(biológico) - CF, art. 228 e CP, art. 27.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado


– Art. 26 do CP

• Doença mental são as psicoses dentro das quais incluem-se vários


estados mentais que demonstram a incapacidade do criminoso em
entender o caráter ilícito de sua conduta.

• Desenvolvimento mental incompleto é aquele que ainda não se


completou, como é o caso dos menores. Questão das deficiências e dos
indígenas inadaptados é polêmica.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• Culpabilidade diminuída: entre a imputabilidade e a inimputabilidade


existem gradações que exercem influência na capacidade de entender
e autodeterminar-se das pessoas. Art. 26, p. u. do CP.

• Estão nesta faixa os fronteiriços ou residuais de psicoses, de


oligofrenias e grande parte das personalidades psicopáticas.

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• c. Coação moral irresistível e obediência hierárquica:

• Coação moral irresistível – também é conhecida como grave ameaça, pois a


coação física (vis absoluta) exclui a própria ação sendo conduta atípica.

• É tudo aquilo que pressiona a vontade do agente, impondo determinado


comportamento a este, de forma a eliminar ou reduzir o poder de escolha.

• A irresistibilidade da coação é mensurada pelo mal ameaçado, devendo a


ameaça ser grave.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• A coação resistível não exclui a culpabilidade, podendo ser considerada


uma atenuante genérica (CP, art. 65, III, c, 1ª figura).

• Obediência hierárquica: há divergência se a hierarquia tem que derivar


de uma relação de direito público, ou se pode derivar também das
relações privadas.

• De qualquer forma entende-se hoje que a exclusão da culpabilidade


não precisa estar expressamente prevista na lei, podendo ser
supralegal.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• A exclusão da culpabilidade se dá em razão da subordinação


hierárquica, pois o subordinado cumpre ordem de superior, desde que
a ordem não seja manifestamente ilegal.

• Subordinação hierárquica no Código Penal Militar: não se discute a


ilegalidade, pois o militar tem o dever legal de obediência, sendo que
somente se escusa de cumprir a ordem se ela for manifestamente
criminosa (CPM, art. 38, § 2º).

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Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• d. Emoção e paixão

• “Emoção é uma viva excitação do sentimento. É uma forte e transitória


perturbação da afetividade a que estão ligadas certas variações
somáticas ou modificações particulares das funções da vida orgânica”
(BITENCOURT, 2021).

• “Paixão é a emoção em estado crônico, perdurando como um


sentimento profundo e monopolizante (ódio, vingança, fanatismo,
avareza, etc.)” (BITENCOURT, 2021).
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• A emoção e a paixão não excluem a culpabilidade (CP, art. 28, I),


podendo diminuir a pena.

• Os estados emocionais ou passionais somente poderão ser


excludentes de culpabilidade se forem manifestações de uma
doença mental, ou seja, se forem estados emocionais
patológicos.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• e. Embriaguez e substâncias de efeitos análogos – Art. 28, II do CP

• Entre as causas biológicas que podem excluir ou diminuir a


responsabilidade penal, está a embriaguez, desde que seja completa e
acidental.

• Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória provocada pela ingestão


de álcool ou de substância de efeitos análogos.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.4. Crime e imputabilidade penal

• A embriaguez é dividida em três estágios: inicial (de excitação),


intermediário (de depressão) e final (sono profundo ou coma).

• CP adotou a teoria da actio libera in causa, em relação a


responsabilidade penal no que se refere a embriaguez, ou seja, antes
de embriagar-se o agente deve ter dolo ou culpa não somente em
relação à embriaguez, mas também em relação ao fato delituoso
posterior.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• 1.5.1. Do erro de tipo e do erro de proibição

• a. Erro de proibição – art. 21 CP

• No erro de proibição o agente supõe permitida uma conduta proibida.

• O objeto do erro não é nem a lei nem o fato, mas a ilicitude, isto é, a
contrariedade do fato em relação à lei.

• O erro sobre a ilicitude do comportamento pode apresentar-se sob três


modalidades: erro de proibição direto, erro mandamental e erro de proibição
indireto.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• b. Erro de tipo – art. 20 do CP

• Conceito: é o erro que incide sobre as elementares ou circunstâncias


do tipo penal ou em relação a elementares de tipo permissivo. Pode
também incidir sobre aspectos irrelevantes para configuração do tipo
penal.

• Erro de tipo essencial: incide sobre elementares e circunstâncias,


impedindo que o agente saiba que está praticando um crime.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• Formas de erro de tipo essencial:

• invencível ou escusável (não poderia ter sido evitado mesmo com


diligência mediana);

• vencível ou inescusável (poderia ter sido evitado com diligência


mediana).

• Erro de tipo acidental: incide sobre dados irrelevantes da figura típica,


respondendo o agente pelo crime como se não houvesse erro.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• 1.5.2. Do concurso de pessoas

• a . Requisitos do concurso de pessoas

• 1º - Pluralidade de pessoas e condutas: duas ou mais pessoas e duas ou mais condutas


principais (coautoria) ou uma principal e outra acessória (autor e partícipe).

• 2º - Relevância causal de cada conduta: a conduta tem que contribuir de alguma forma para a
prática do delito.

• 3º - Liame subjetivo: há necessidade de que todos queiram contribuir para o resultado.

• 4º - Identidade do ilícito penal para todos: todos respondem pelo mesmo crime. Exceções são
encontradas na aplicação de legislação especial para alguns agentes, como é o caso do CPM.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• b – Conceitos de autoria, coautoria e participação

• Autor é todo aquele que tem o domínio do fato, enquanto que o


partícipe não tem esse domínio.

• Coautor é quem, de acordo com um plano delitivo, presta auxílio


independente, essencial à prática do delito, não necessitando ser na
execução do mesmo.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• Autor direto ou imediato: é aquele que pratica a ação delitiva pessoalmente, podendo
ser autor executor e autor intelectual.

• Autor mediato ou indireto: é aquele que, possuindo o domínio do fato, utiliza-se de


terceiro que atua como objeto para prática do delito.

• Autoria colateral ou acessória: não se trata de concurso de pessoas, ocorrendo nas


situações em que dois ou mais agentes produzem um resultado típico, agindo de modo
independente.

• Participação necessária imprópria: somente podem ser praticados com a participação de


mais de uma pessoa. Ex: delitos de rixa (CP, art. 137) e associação criminosa (CP, art. 288).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• Conceito de partícipe: Sem possuir o domínio do fato, o partícipe


contribui dolosamente em um fato criminoso praticado por outrem.

• Acessoriedade: para o partícipe responder é suficiente que o fato seja


típico e ilícito, não sendo necessário que seja culpável. Ex: maior de
idade que é partícipe de conduta não culpável praticada por
adolescente.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• c. Circunstancias incomunicáveis

• Circunstâncias e elementares - Art. 30 do CP

• Circunstâncias: “são dados acessórios, não essenciais para existência da figura


típica, que ficam a ela agregados, como função de influenciar na pena” (CAPEZ,
2018). Podem ser subjetivas (ou de caráter pessoal) e objetivas.

• Elementares: “provêm de elemento, que significa componente básico,


essencial, fundamental, configurando assim todos os dados fundamentais para
a existência da figura típica” (CAPEZ, 2018).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 1 Elementos Introdutórios ao Direito Penal • 1.5. Erro e concurso de pessoas

• d. Regras de incomunicabilidade

• 1ª - Circunstâncias subjetivas ou de caráter pessoal jamais se comunicam, mesmo que o


coautor ou partícipe tenha conhecimento da mesma, como é o caso da motivação do delito.

• 2ª - Circunstâncias objetivas comunicam-se desde que o coautor ou partícipe tenham


conhecimento delas. Referem-se por exemplo, aos meios de execução do delito.

• 3ª - As elementares, independente de serem objetivas ou subjetivas, sempre se comunicam aos


autores e partícipes do delito, desde tenham conhecimento delas. É o caso do particular que
pratica o delito de peculato (CP, art. 312) como coautor ou partícipe da conduta do funcionário
público.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • Estrutura da Unidade

• 2.1. Dos crimes contra pessoa

• 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• 2.5. Dos crimes contra a administração pública

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 2.1.1. Dos crimes contra a vida

• a. Homicídio – art. 121 CP

• Sujeitos ativo e passivo.

• Objeto jurídico – bem jurídico protegido.

• Objeto material – é o objeto da ação (pessoa morta).

• Elementos objetivos – objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios


empregados, o verbo, etc.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Elementos normativos – valoração jurídica, social, cultural, política, religiosa, etc.

• Elementos subjetivos – fim perseguido pelo autor do delito. Dolos específico e genérico.

• Ação ou omissão.

• Momento consumativo – crime instantâneo de efeitos permanentes. Mortes clínica,


biológica e cerebral.

• Tentativa: imperfeita – processo executório é interrompido; perfeita – processo


executório é finalizado.

• Concurso de pessoas: autor, coautor e partícipe.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Forma privilegiada – art. 121, § 1º

• Motivo de relevante valor social – interesse coletivo como o bem comum.

• Motivo de relevante valor moral – interesse nobre como a eutanásia.

• Domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.

• Emoção e paixão não patológicas (normais).

• Coexistência com circunstâncias qualificadoras: há entendimento de que é


possível se a qualificadora for de ordem objetiva (Ex: meio que tornou
impossível a defesa do ofendido).
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 2ª - Motivo fútil – art. 121, § 2º, II

• Qualificadora subjetiva.

• Motivo fútil é aquele desproporcional (para quem?).

• Exemplo: simples discussão de futebol.

• 3ª - Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio


insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum – art. 121, III

• Qualificadoras objetivas.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Veneno – condição de saúde da vítima tem relevância se for do conhecimento do


autor (meio insidioso).

• Fogo ou explosivo – fogo e explosão podem ser crimes de perigo comum.

• Asfixia – vítima pode ser estrangulada, enforcada, afogada, etc.

• Tortura – impõe-se à vítima um sofrimento desnecessário antes da morte. Crime de


tortura art. 1º, § 3º da Lei 9.455/97.

• Meio insidioso – envolve dissimulação. Meio cruel – grande sofrimento ou grande


brutalidade. Meio de que possa resultar perigo comum – provocar um acidente de
trânsito.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 4ª - Traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que


dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido – art. 121, § 2º, IV

• Qualificadoras objetivas.

• Traição – ataque de inopino ou inesperadamente.

• Emboscada – ataque realizado de surpresa por alguém que se esconde.

• Dissimulação – disfarce ou fingimento.

• Outro recurso – casos análogos.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 5ª - Cometido para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a


impunidade ou vantagem de outro crime – Art. 121, § 2º, V

• Qualificadoras subjetivas.

• Conexão com outro crime, que pode ou não ocorrer.

• Conexão teleológica – “assegurar a execução”.

• Conexão consequencial – “ocultação do crime”, “impunidade” e “vantagem”.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 6ª - Feminicídio - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino-


Art. 121, § 2º, VI.

• O § 2º-A estabelece: “§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo


feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II -
menosprezo ou discriminação à condição de mulher.”

• Não basta a simples condição de mulher da vítima, sendo necessário que o


homicídio seja praticado nas condições do § 2º-A.

• Qualificadora subjetiva.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 7ª - Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição


Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição - Art. 121, § 2º, VII.

• Quanto a natureza da qualificadora, se objetiva ou subjetiva, há divergência a


respeito, pois pode ocorrer no “exercício da função” ou “em decorrência dela”.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 8ª - Com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido- Art. 121, § 2º,
VIII.

• Definições de arma de fogo de uso restrito ou proibido estão previstas no


Decreto 10.030/2019.

• Qualificadora de ordem objetiva.

• Uso de arma de fogo também tem sido classificada como recurso que dificulta
ou torna impossível a defesa da vítima (art. 121, § 2º, IV).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Homicídio Culposo – art. 121, § 3º

• Dever de cuidado (normal) exigido das pessoas.

• Imprudência – ação

• Negligência – omissão

• Imperícia – falta aptidão ou capacidade para exercer profissão ou atividade.

• Culpa exclusiva da vítima e concorrência de culpas – não há compensação de


culpas.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Causa de aumento de pena - art. 121, § 4º, primeira parte:

• Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício;

• agente deixa de prestar imediato socorro à vítima;

• agente não procura diminuir as consequências do seu ato;

• agente foge para evitar prisão em flagrante.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Causa de aumento de pena do homicídio doloso – art. 121, § 4º, segunda


parte:

• Contra menor de 14 anos ou contra maior de 60 anos.

• Perdão judicial – art. 121, § 5º:

• É causa extintiva da punibilidade.

• Consequências da infração atingem de tal forma o agente que a aplicação da


pena é desnecessária.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• homicídio praticado por milícia privada ou grupo de extermínio

• § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for


praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.

• Causas de aumento de pena no feminicídio – art. 121, § 7º

• Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com


deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental.

• Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima.

• Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos


I, II e III do caput do art. 22 da Lei 11.340/2006.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• b. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação – art. 122

• Objetos jurídico e material.

• Elementos objetivos

• Elementos normativos: Induzir – fazer surgir a ideia. Instigar – encorajar. Prestar


auxílio – pode ser prestado antes ou durante o suicídio ou a automutilação.

• Formas qualificadas pelo resultado morte – art. 122, § 2º.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Causas de aumento de pena do art. 122, § 3º: se o crime é praticado por motivo
egoístico, torpe ou fútil e se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
causa, a capacidade de resistência.

• Causa de aumento do art. 122, § 4º: conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.

• A pena é aumentada em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de


rede virtual (art. 122, § 5º).

• Art. 122, §§ 6º e 7º: situações em que o agente responde pelos arts. 129, § 2º e
121.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• c. Infanticídio – art. 123

• Objeto jurídico e objeto material.

• Elementos objetivos – tempo (sob influência do estado puerperal, durante o parto ou


logo após), lugar, verbo “matar” e meios de execução.

• Elementos normativos – significados de matar e de estado puerperal.

• Sujeito ativo – mãe, que pode ter auxílio de terceiro.

• Sujeito passivo – ser humano durante o parto ou recém-nascido.

• Elemento subjetivo – Dolos direto e eventual. Havendo culpa poderá ser homicídio
culposo. Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• d. Aborto – arts. 124/126

• Objetos jurídico e material.

• Elementos objetivos – provocar aborto e consentir (art. 124) ) e provocar aborto e consentir
(arts. 125/126). Meios empregados e formas de execução.

• Elementos normativos – conceito médico de aborto e conceito psicológico de consentir.

• Elementos subjetivos – dolo direto e eventual. Não existe na forma culposa.

• Sujeito ativo. Sujeito passivo – produto da concepção que pode ser embrião ou feto (8
semanas). Nidação: implantação do óvulo no útero materno.

• Consuma-se com a morte do sujeito passivo. Tentativa é admissível.


Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Causas de especial aumento do aborto – art. 127 - Aplica-se somente aos arts. 125 e
126.

• Abortos permitidos pelo sistema jurídico brasileiro

• 1º - Aborto necessário ou terapêutico – art. 128, I:

• Trata-se de estado de necessidade. Vida da gestante deve correr perigo. Não existe
outro meio de salvá-la.

• 2º - Aborto humanitário ou sentimental – art. 128, II

• Gestante deve consentir. Deve existir prova do estupro. Para exclusão da punibilidade o
sujeito ativo deve ser médico.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 3º – Aborto eugênico

• Na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, o STF decidiu:

O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação
para declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a
interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos artigos 124,
126, 128, incisos I e II, todos do Código Penal, contra os votos dos Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello que, julgando-a procedente,
acrescentavam condições de diagnóstico de anencefalia especificadas pelo
Ministro Celso de Mello; e contra os votos dos Senhores Ministros Ricardo
Lewandowski e Cezar Peluso (Presidente), que a julgavam improcedente. Ausentes,
justificadamente, os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Dias Toffoli (STF – ADPF
54. Rel. Min. Marco Aurélio).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 2.1.2. Da lesão corporal, da periclitação da vida e da saúde e da rixa

• a. Lesão corporal – art. 129 CP

• Lesão corporal simples – art. 129, caput

• Sujeitos ativo e passivo

• Objeto jurídico – direito à integridade e saúde física e mental.

• Objeto material – pessoa sobre a qual recai a lesão corporal.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Elementos objetivos – ação nuclear (ofender) e meios de execução (crime de


forma livre).

• Elementos normativos – conceito jurídico de ofender – lesões esportivas e


intervenção médico-cirúrgica.

• Elementos subjetivos – dolo direto ou eventual.

• Tentativa – tem sido admitida em relação às lesões corporais leves, graves e


gravíssimas.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Lesão corporal grave – art. 129, § 1º

• Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias – exame


complementar.

• Perigo de vida – perigo concreto.

• Debilidade permanente de membro, sentido ou função – debilidade, perda e


inutilização.

• Aceleração de parto – necessidade de que o feto nasça e sobreviva.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Lesão Corporal gravíssima – art. 129, § 2º

• Incapacidade permanente para o trabalho – incapacidade física ou psíquica.

• Enfermidade incurável.

• Perda ou inutilização de membro, sentido ou função.

• Deformidade permanente – é aquela que não pode ser corrigida.

• Aborto – preterdolosa.

• Lesão corporal seguida de morte - § 3º: Lesão corporal (dolo no antecedente). Morte
(culpa no consequente).

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Lesão privilegiada - § 4º

• Mesmas circunstâncias do homicídio privilegiado.

• Substituição de pena - § 5º

• Possibilidade de substituição por multa nos casos em que as lesões forem leves
e privilegiadas ou recíprocas.

• Lesão corporal culposa - § 6º: imprudência, negligência ou imperícia.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Aumento de pena - § 7º: mesmas circunstâncias do art. 121, §§ 4º e 6º.

• Perdão judicial - § 8º: mesmas circunstâncias do art. 121, § 5º.

• Violência doméstica - §§ 9º, 10 e 11: especificam as situações em que a pena é agrava.


Súmula 589 STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

• Lesão contra militares e agentes de segurança pública e seus familiares – § 12: causa de
aumento de pena.

• Razões da condição do sexo feminino - § 13: forma qualificada.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• b. Da periclitação da vida e da saúde –art. 130 a 136

• Perigo de contágio de moléstia grave – art. 131

• Perigo concreto. Sujeitos ativo e passivo.

• Objeto jurídico – vida e saúde.

• Objeto material – pessoas sobre as quais recai a conduta.

• Elemento objetivo – verbo “praticar”, meio de execução deve ser apto a transmitir a
moléstia grave. COVID-19 pode gerar moléstia grave.

• Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual de perigo e não de dano.


Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Perigo para vida ou saúde de outrem – art. 132

• Objeto jurídico – vida e saúde. Crime de perigo concreto.

• Sujeitos ativo e passivo.

• Objeto material – pessoas sobre as quais recai a conduta.

• Elemento objetivo – verbo “expor”; meio de execução.

• Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual de perigo e não de dano.

• Causa de aumento do parágrafo único.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Abandono de incapaz – art. 133

• Crime de perigo concreto.

• Sujeitos ativo e passivo (incapaz de defender-se dos perigos do abandono).

• Objeto jurídico – segurança, vida e saúde.

• Objeto material – as pessoas sobre as quais recai a conduta.

• Elemento objetivo – verbo “abandonar”; forma de execução e tempo.

• Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual de perigo e não de dano.

• Formas qualificadas dos §§ 1º e 2º e causas de aumento do § 3º.


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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Omissão de socorro – art. 135

• Sujeitos ativo e passivo (específico).

• Objeto jurídico – segurança, vida e saúde.

• Objeto material – pessoa não socorrida.

• Elemento objetivo – ação nuclear: “não prestar socorro” e “não pedir socorro”.

• Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual de perigo.

• Causas de aumento do parágrafo único.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial – 135-A

• Sujeitos ativo e passivo. Objeto jurídico – segurança, vida e saúde.

• Objeto material – pessoa não atendida e pessoa em relação a qual se faz a exigência.

• Elemento objetivo – ação nuclear: “Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer


garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos”.

• Elemento subjetivo – dolo de fazer as exigências “como condição para o atendimento


médico-hospitalar emergencial”.

• Causas de especial aumento do parágrafo único.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Maus-tratos – art. 136

• Crime de perigo concreto. Sujeitos ativo e passivo.

• Objeto jurídico – vida e saúde. Objeto material – próprio sujeito passivo.

• Elemento objetivo – verbos “expor”, “privar”, “sujeitar” e “abusar”. Forma de execução.

• Elemento subjetivo – dolos direto ou eventual, mas de perigo. Crime de Tortura – Lei
9.455/97. Na tortura o objetivo é “fazer sofrer, por prazer, por ódio ou qualquer outro
sentimento vil" (TJSC - Ap. Crim. n. 1998.014413-2, de São José do Cedro).

• Formas qualificadas dos §§ 1º e 2º e causa de aumento de pena do § 3º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• c. Da Rixa – art. 137 CP

• Sujeitos ativo e passivo são os rixosos (três ou mais).

• Objeto jurídico – vida e integridade física e indiretamente a ordem pública.

• Objeto material – rixosos. Elemento objetivo – verbo “participar”.

• Elemento Normativo – conceito de rixa: vias de fato generalizada de três ou mais pessoas,
todos contra todos. Elemento subjetivo – dolo direto de participar.

• Parágrafo único: forma qualificada da participação na rixa quando ocorrer morte ou lesão
corporal grave.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 2.1.3. Dos crimes contra a honra – arts. 138/145

• a. Generalidades

• Tutela dirige-se a honra que é um bem imaterial.

• Honra objetiva – refere-se ao conceito que as pessoas têm de alguém quanto as suas
características físicas, intelectuais e morais. Honra subjetiva – opinião que as pessoas têm de si
mesmas.

• Dignidade - atributos de aspecto moral. Ex: honestidade e lealdade. Decoro - demais atributos
desvinculados da moral. Ex: inteligência e forma física.

• Tratam-se de crimes formais, pois independem da produção de resultado, que seria o dano a
reputação do ofendido. Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• b. Calúnia - art. 138

• Objeto jurídico – honra objetiva. Elemento objetivo – verbos “caluniar”, “imputar” e “propalar”.

• Sujeitos ativo e passivo. Calúnia contra os mortos - § 2º.

• Elemento subjetivo – dolo direto e eventual. Ânimos de brincar, de descrever, de defender-se,


de corrigir, de aconselhar e exaltação emocional.

• Consuma-se quando a imputação chega ao conhecimento de outra pessoa além do ofendido.


Tentativa – somente na forma escrita.

• Exceção da verdade – a falsidade da imputação é presumida, admitindo prova em contrário –


art. 138, § 3º c/c art. 523 do CPP.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• c. Difamação - art. 139

• Objeto jurídico – honra objetiva.

• Elemento objetivo – verbos “difamar” e “imputar”.

• Sujeitos ativo e passivo (inimputáveis e pessoas jurídicas).

• Elemento subjetivo – dolo direto e eventual.

• Consuma-se quando a imputação chega ao conhecimento de outra pessoa além do


difamado. Tentativa – somente na forma escrita.

• Exceção da verdade do parágrafo único.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• d. Injúria - art. 140

• Objeto jurídico – honra subjetiva. Elemento objetivo – verbos “injuriar”, “ofender”.

• Sujeitos ativo e passivo (inimputáveis e pessoas jurídicas).

• Elemento subjetivo – dolos direto ou eventual.

• Consuma-se quando a imputação chega ao conhecimento do ofendido. Tentativa –


somente na forma escrita.

• Não é admitida a exceção da verdade

• Injúria real – § 2º. Qualificadora do § 3º (Ver Lei 7.716/89).

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• e. Disposições comuns - arts. 141 a 145

• Causas de aumento de pena – art. 141 (alterado pelas Leis 13.964/2019 e


14.197/2021).

• Exclusão da ilicitude – art. 142.

• Retratação – art. 143.

• Pedido de explicações – art. 144 CP.

• Ação penal – art. 145.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• 2.1.4. Dos crimes contra a liberdade individual

• a. Dos crimes contra a liberdade pessoal

• Constrangimento ilegal – art. 146

• Objeto jurídico – liberdade de autodeterminação. Elemento objetivo – verbo constranger.

• Sujeitos ativo e passivo. Elemento subjetivo – dolo direto e eventual.

• Consuma-se quando ocorre o resultado.

• Causa de aumento do § 1º: penas de multa e detenção devem ser cumuladas e em dobro.

• Concurso material de crimes - § 2º. Exclusão da tipicidade - § 3º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Ameaça – art. 147

• Objeto jurídico – a tranquilidade psíquica.

• Elemento objetivo – verbo ameaçar.

• Elemento normativo – sentido de ameaçar e de mal injusto e grave.

• Sujeitos ativo e passivo.

• Elemento subjetivo – dolo direto e eventual.

• Consuma-se quando a vítima toma conhecimento da ameaça.

• Subsidiariedade implícita (somente será ameaça se não for crime mais grave).
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Perseguição – art. 147-A – Incluído pela Lei 14.132/2021

• Objeto jurídico – a tranquilidade psíquica, a privacidade e a liberdade de ir e vir.

• Elemento objetivo – ação de “perseguir”, “por qualquer meio” de forma reiterada, com as
condutas “ameaçando-lhe”, “restringindo-lhe”, “invadindo” e “perturbando”.

• Sujeitos ativo e passivo. Elemento subjetivo – dolo direto e eventual (difícil configuração).

• Consuma-se com a prática reiterada das condutas.

• Causas de aumento de pena do § 1º e concurso de crimes do § 2º.

• Ação pública condicionada a representação - § 3º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Violência psicológica contra a mulher – art. 147-B – Incluído pela Lei 14.132/2021

• Objeto jurídico – a tranquilidade emocional, a saúde psicológica e a autodeterminação.

• Elemento objetivo – ação de “causar dano emocional” a mulher, que “prejudique e perturbe
seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões”, mediante as ações especificadas ou qualquer outro meio.

• Sujeitos ativo e passivo (conceito de mulher). Elemento subjetivo – dolos direto e eventual.

• Consuma-se com a ocorrência do dano emocional nas condições especificadas no artigo.

• Subsidiariedade expressa: “se a conduta não constitui crime mais grave”.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Sequestro e cárcere privado – art. 148

• Objeto jurídico – Liberdade de ir e vir.

• Elemento objetivo – ação nuclear “privar alguém de sua liberdade”. Meios de execução.

• Sequestro: a vítima conserva certa liberdade de ir e vir apesar da restrição.

• Cárcere privado: a restrição de liberdade ocorre em recinto fechado.

• Sujeitos ativo e passivo. Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual (difícil configuração).

• Trata-se de crime permanente que se consuma quando a vítima é privada de liberdade.

• Qualificadoras - §§ 1º e 2º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• Tráfico de pessoas – art. 149-A

• Objeto jurídico – Liberdade em todos seus aspectos. É uma das atividades ilícitas mais
rentáveis ao lado do tráfico de drogas e armas. Refugiados são um alvo das organizações
criminosas que atuam no tráfico de pessoas.

• Elemento objetivo – ações nucleares.

• Sujeitos ativo e passivo. Atuação geralmente se dá por meio de organizações criminosas.

• Elemento subjetivo – dolo genérico e específico. Finalidades dos incisos.

• Causas de aumento de pena do § 1º. Redução de pena do § 2º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• b. Dos crimes contra inviolabilidade de domicílio – art. 150

• Objeto jurídico – Liberdade individual referente à intimidade e privacidade.

• Elementos objetivo e normativo. Elemento subjetivo – dolo direto.

• Sujeitos ativo e passivo (titular do bem tutelado). Divergência entre os moradores.

• Trata-se de crime de mera conduta, pois não existe resultado.

• Formas qualificadas do § 1º. Causas de exclusão da ilicitude do § 3º.

• Conceito de casa - §§ 4º e 5º. Art. 5º, XI, da CRFB.

• Nova Lei de abuso de autoridade (Art. 22 da Lei 13.869/2019).


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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.1. Dos crimes contra a pessoa

• c. Invasão de dispositivo informático – Arts. 154-A (alterado recentemente pela Lei


14.155/2021)

• Ação nuclear: invadir; com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações;
instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. Conduta equiparada do § 1º.

• Objeto material: dispositivo informático, conectado ou não a rede de computadores, bem


como os dados ou informações nele contidos.

• Sujeito ativo (qualquer pessoa) e sujeito passivo (usuário do dispositivo informático e


terceiro eventualmente prejudicado).

• Causas de aumento de pena dos §§ 2º a 5º. Art. 154-B – Ação penal.


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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.1. Considerações gerais sobre os crimes contra o patrimônio

• Bem jurídico tutelado ou objeto jurídico - é o patrimônio.

• Conceito de Patrimônio para fins penais - o conceito de patrimônio


para efeitos penais não é unicamente de ordem econômica, pois pode
abranger bens de valor afetivo. Exemplo: Uma foto de valor econômico
insignificante, mas de elevado valor afetivo pode ser objeto de furto.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Princípio da insignificância – A mínima ofensividade da conduta, a ausência de


periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica, constituem para o Supremo Tribunal Federal,
requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do princípio da insignificância.
Tem sido aplicado em crimes de furto, mas não deve ser confundido com o furto de
pequeno valor ou com o furto famélico.

• Consentimento do ofendido e os delitos contra o patrimônio - como causa justificante, o


consentimento do ofendido, que é elemento extrínseco ao tipo (não faz parte do tipo
penal), importa em renúncia da tutela do bem jurídico disponível. Se o consentimento
fizer parte da estrutura típica, sua existência exclui a tipicidade (arts. 171, III e 164).
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.2. Furto – art. 155

• Objeto jurídico: Patrimônio

• Objeto Material: Coisa móvel.

• Animais, cadáver, árvores, frutos, bens públicos, água, minerais, objeto abandonado e
coisa fora do comércio (algumas podem ser objeto material do furto).

• Res nullius (coisa de ninguém); res derelicta (coisa abandonada); res commune omniun
(coisa de uso de todos); res desperdicta (coisa perdida).

• Coisas equiparadas a móveis - § 3º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Elementos objetivo: ação nuclear – verbo subtrair.

• Elemento normativo: subtrair significa retirar de alguém coisa móvel,


sem sua autorização, com o fim de assenhoramento definitivo. Coisa
alheia – algo que é propriedade de outrem ou está em sua posse.

• Elemento subjetivo: dolo direto de assenhorear-se de coisa alheia


móvel com ânimo definitivo.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Atos preparatórios: quebrar uma janela e serrar um cadeado podem ser atos
preparatórios se não alcançam a ação nuclear que é subtrair, mas via de regra
caracterizam a tentativa.

• Tentativa: ocorre quando iniciada a ação nuclear, esta é interrompida por


circunstâncias alheias a vontade do agente.

• Desistência voluntária: art. 15.

• Momento consumativo: necessidade de posse tranquila do bem subtraído (há


divergência).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Concurso de crimes: Concursos material e formal e crime continuado. Concurso


aparente de normas: violação de domicílio e utilização do bem para cometer
estelionato.

• Furtos de uso e famélico: Furto de uso: não é crime pela falta do elemento
subjetivo. Furto famélico: não é crime em virtude do estado de necessidade do
agente.

• Furto noturno - § 1º: Repouso noturno e não noite. Necessidade da casa ser
habitada (há divergência). Prevalece o entendimento de que aplica-se somente
ao furto simples.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Furto privilegiado – § 2º

• Requisitos: primariedade e pequeno valor (salário mínimo é uma referência).

• Concomitância do privilégio com as formas qualificadas: possibilidade - Súmula


511 do STJ.

• Furto de energia - § 3º

• Energia elétrica ou qualquer outra de valor econômico como a atômica e a


solar.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Formas qualificadas do § 4º

• Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: Violência pode


ser antes, durante ou depois da subtração, mas em razão dela. Obstáculo. Exame
pericial: necessidade.

• Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza: Confiança:


necessidade de comprovação de uma relação de lealdade entre autor e vítima.
Fraude: é empregada para reduzir a vigilância da vítima (ver § 4º-B). Escalada:
agente emprega um esforço fora do comum para perpetrar a subtração. Destreza:
habilidade do agente que dificulta a percepção da subtração por parte da vítima.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Com emprego de chave falsa: Cópia da verdadeira, alterada e mixa ou


gazua. Emprego da chave verdadeira pode qualificar se foi empregada
fraude para sua obtenção.

• Mediante concurso de duas ou mais pessoas: Há divergência sobre a


necessidade de que pelo menos dois participem da execução.
Inimputáveis.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Forma qualificada do § 4º-A: emprego de explosivo ou de artefato


análogo que cause perigo comum.

• Forma qualificada do § 4º-B (Lei 14.155/2021):

• Fraude é praticada “por meio de dispositivo eletrônico ou informático,


conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de
mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo”.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Causas de aumento de pena do § 4º-C (Lei 14.155/2021):

• “A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do


resultado gravoso:

• I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é


praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional;

• II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado


contra idoso ou vulnerável.”
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Forma qualificada do § 5º: transporte de veículo automotor subtraído -


Conceito de veículo automotor (Anexo I do CTB).

• Forma qualificada do § 6º: subtração for de semovente domesticável de


produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.

• Semovente: é o bem móvel que possui movimento próprio.

• Semovente domesticável de produção: qualquer animal que seja apto a gerar


retorno econômico ao proprietário.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Forma qualificada do § 7º:

• Subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou


isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

• Furto de coisa comum do art. 156:

• Coisa fungível: é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie,
qualidade e quantidade - art. 85 do Código Civil.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.3. Roubo – art. 157

• Objeto jurídico: posse e propriedade, mas também a integridade física e a


liberdade.

• Ação nuclear: roubos próprio (caput) e impróprio (§ 1º).

• Meios de execução: grave ameaça, violência física ou qualquer outro meio que
impossibilite a resistência.

• Objeto material: coisa alheia móvel e a pessoa. Coisa de valor irrisório:


irrelevância.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Elemento subjetivo: dolo direto.

• Atos preparatórios: simples abordagem ou entrada na residência podem ser


atos preparatórios.

• Tentativa: prática da violência ou grave ameaça. Agentes preparados para o


roubo pode ser ato preparatório, mas cabe intervenção pelo porte ilegal. Posse
tranquila dos bens subtraídos (há divergência).

• Agente que após lesionar a vítima desiste de roubar ao verificar que esta nada
possuía: há divergência sobre desistência voluntária ou tentativa.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Consumação no roubo próprio - existem duas posições: 1ª - consuma-se com a


subtração; 2ª - necessidade da posse tranquila.

• Consumação no roubo impróprio: consuma-se com o emprego da violência ou


grave ameaça.

• Súmula 582 do STJ – “Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse


do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve
tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada”.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Concurso de duas ou mais pessoas - § 2º, II. Necessidade de participação na


fase de execução do delito – há divergência.

• Transporte de valores - § 2º, III: Vítima deve estar prestando o serviço


específico de transporte de valores (há divergência). Não se aplica ao roubo em
ônibus de transporte coletivo.

• Transporte de veículo automotor - § 2º, IV: mesmas regras do art. 155, § 5º.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Agente que mantém a vítima em seu poder - § 2º, V: Objetivo foi tornar mais
grave a conduta conhecida como “sequestro-relâmpago”.

• No entanto, o “sequestro-relâmpago” caracteriza o delito de extorsão (CP, art.


158, § 3º).

• A causa de aumento se aplica quando a restrição da liberdade objetiva a


realização da subtração ou a garantia da fuga.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,


possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego - § 2º, VI: mesmas
circunstâncias do art. 155, §7º.

• Violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca - § 2º , VII -


arma branca própria e imprópria, desde que tenha potencial de intimidar e
diminuir a resistência da vítima.

• Porte de arma branca e contravenção penal do art. 19 da Lei de Contravenções


Penais - LCP (Decreto-lei 3.688/41).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Emprego de arma de fogo - § 2º-A, I e § 2º-B

• Arts. 14 e 16 da Lei 10.826/03 têm outro objeto jurídico.

• Arma de brinquedo ou simulacro – revogação da Súmula 174 STJ. Não agrava,


mas pode intimidar a vítima para efeito de caracterização do roubo.

• Necessidade de emprego efetivo da arma.

• Definições de arma de fogo de uso restrito ou proibido estão previstas no


Decreto 10.030/2019.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de


explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum - § 2º-A, II.

• Roubo qualificado pelo resultado - § 3º: Se da violência resulta lesões corporais


graves ou morte.

• Súmula 610 do STF – “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,


ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima”.

• Ocorrendo o resultado morte trata-se de latrocínio consumado, independente


da subtração ser consumada ou tentada.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.4. Extorsão – art. 158

• Objeto jurídico: posse e propriedade, mas também a integridade física e a


liberdade.

• Ação nuclear: “constranger” a fazer, a tolerar que se faça ou a deixar de fazer


alguma coisa. Meios de execução: grave ameaça ou violência física.

• Objeto material: coisa alheia e a pessoa.

• Elemento subjetivo: dolo direto. Fim especial de obter vantagem econômica.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Momento consumativo: Súmula 96 do STJ: “O crime de extorsão consuma-se


independentemente da obtenção da vantagem indevida”.

• Causa de especial aumento de pena do § 1º.

• Qualificadora do § 2º.

• Qualificadora do § 3º - “sequestro-relâmpago”.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.5. Extorsão mediante sequestro – art. 159

• Objeto jurídico: posse e propriedade, mas também a integridade física e a liberdade.

• Ação nuclear: “sequestrar”. Meios de execução.

• Objeto material: a vantagem econômica obtida, a pessoa sequestrada e a que sofre o desfalque
patrimonial.

• Elemento subjetivo: dolo direto de sequestrar, com o fim especial de obter vantagem.

• Momento consumativo: crime formal que se consuma com o sequestro independentemente da


obtenção da vantagem. É crime permanente.

• Formas qualificadas dos §§ 1º a 3º. Delação premiada do § 4º.


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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.6. Dano – art. 163

• Objeto jurídico: posse e propriedade.

• Objeto material: coisa alheia móvel ou imóvel.

• Ação nuclear: “destruir”, “inutilizar” e “deteriorar”. Deteriorar é tornar pior,


estragar ou adulterar.

• Elemento subjetivo: Há divergência sobre a necessidade do fim especial de


causar prejuízo (animus nocendi).

• Dano qualificado – parágrafo único.


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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.7. Apropriação indébita - art. 168

• Objeto jurídico: direito a propriedade

• Objeto material: coisa alheia móvel.

• Ação nuclear: “apropriar-se”, ou seja, inverter o título da posse ou detenção do bem,


comportando-se como dono.

• Posse: art. 1.196 do CC. Detenção: arts. 1.198 e 1208 do CC. Detenção deve ser
desvigiada.

• Sujeito ativo: qualquer pessoa que detenha ou tenha a posse do bem de forma lícita,
podendo ser inclusive o sócio ou o condômino.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Elemento subjetivo - dolo de apropriar-se.

• Momento consumativo – ato de disposição e negativa de restituição.

• Causas de aumento de pena do § 1º.

• Divergência quanto a caracterização: adiantamento de dinheiro para trabalho


futuro; não restituição de bens objeto de contrato.

• Apropriação indébita (detenção desvigiada); furto (detenção vigiada);


estelionato (posse ou detenção ilícitas); peculato (funcionário público).

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.8. Estelionato - art. 171


• Objeto jurídico: patrimônio.
• Ação nuclear:
• Vantagem ilícita que deve ser de ordem patrimonial.
• Prejuízo alheio – além da obtenção da vantagem deve existir perda
patrimonial de alguém.
• Erro – equivocada interpretação de uma situação.
• Artifício – alteração material do meio fraudulento
• Ardil – fraude intelectual.
• Necessidade de que o meio fraudulento seja idôneo.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Fraude bilateral: prevalece o entendimento de que há estelionato.

• Estelionato privilegiado - § 1º.

• Formas equiparadas - § 2º, I a VI: Disposição de coisa alheia como


própria. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria.
Defraudação de penhor. Fraude na entrega da coisa. Fraude para
recebimento de indenização ou valor do seguro. Fraude no pagamento
por meio de cheque.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Fraude eletrônica §2º-A e §2º-B (Lei 14.155/2021)

• “Fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou


por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou
envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.”

• “Considerada a relevância do resultado gravoso”, a pena é aumentada de 1/3 a


2/3, “se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do
território nacional”.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Estelionato cometido em detrimento de entidade de direito público ou de


instituto de economia popular, assistência social ou beneficência - § 3º.

• Estelionato contra idoso ou vulnerável - §4º (Lei 14.155/2021) – sempre deve


ser “considerada a relevância do resultado gravoso”.

• Ação penal: regra é que dependa de representação, salvo se a vítima estiver


dentre as exceções previstas no § 5º.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.9. Receptação - art. 180


• Objeto jurídico: patrimônio obtido por meio de ilícito penal.
• Objeto material: a coisa alheia que foi obtida através de um crime anterior.
• Coisa recebida em garantia de dívida, encontro de coisa, recebimento de
cheques furtados e exposição para locação.
• Ação nuclear: receptação própria (caput, 1ª parte); receptação imprópria
(caput, 2ª parte).
• Sujeitos ativo e passivo: autor do primeiro crime - § 4º.
• Elemento subjetivo: dolo direto de receptar com o fim especial de obter
vantagem. Dolo subsequente pode descaracterizar o delito.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Momento consumativo: a própria é crime material; a imprópria é crime formal.


• Receptação Qualificada - § 1º - Sujeito ativo: §§ 1º e 2º. Elemento subjetivo:
“deve saber” é dolo direto ou eventual.
• Receptação Culposa - § 3º - Requisitos: natureza do objeto material,
desproporção entre valor e preço e condição de quem oferece. Ação nuclear:
“adquirir ou receber”.
• Perdão judicial - § 5º (1ª parte).
• Receptação privilegiada - § 5º (2ª parte): somente aplica-se às formas dolosas
previstas no caput.
• Causa de aumento de pena do § 6º: aplica-se somente à pena do caput.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.10. Receptação de animal - art. 180-A


• Objeto jurídico: bem obtido por meio de ilícito penal.
• Objeto material: “semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes”.
• Ação nuclear: “Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito
ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização”.
• Elemento subjetivo: sabe ou “que deve saber ser produto de crime”.
• Semovente: é o bem móvel que possui movimento próprio.
• Semovente domesticável de produção: qualquer animal que seja apto a gerar
retorno econômico ao proprietário.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• 2.2.11. Escusas absolutórias


• Imunidades absolutas - art. 181
• Crime em prejuízo do cônjuge – inciso I:
• Não se incluem o divorciado (a), o separado (a) judicialmente e o concubino
(a). A escusa absolutória aplica-se ao companheiro(a).
• Crime em prejuízo de ascendente ou descendente – inciso II.
• Somente é aplicável aos parentes em linha reta: Ascendentes: pai, avô,
bisavô, etc. Descendentes: filho, neto, bisneto, etc.
• Inaplicabilidade aos afins (sogros, genros, noras e cunhados).
Inaplicabilidade ao parentesco colateral (irmão, tio, sobrinho e primo).

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.2. Dos crimes contra o patrimônio

• Imunidades relativas - art. 182:


• Cônjuge separado judicialmente.
• Irmãos.
• Tio ou sobrinho com quem coabite.
• Hipóteses de inaplicabilidade das imunidades - art. 183
• Crime com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa – inciso I.
• Estranho que participa do crime – inciso II.
• Vítima com idade igual ou maior de 60 anos – inciso III.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.1. Considerações gerais


• Bem jurídico tutelado – dignidade sexual. Anteriormente tutelavam-se os
costumes.
• Questões relevantes
• Liberdade sexual e consentimento.
• Vulneráveis.
• Prostituição como profissão.
• Conceito de obscenidade.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.2. Estupro – art. 213


• Objeto jurídico: liberdade sexual.
• Ação nuclear: “constranger” (forçar, compelir) mediante violência ou grave
ameaça.
• Dissenso da vítima: nível de resistência.
• Sujeito passivo: qualquer pessoa. Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Elemento subjetivo: dolo direto.
• Consumação: prática da conjunção carnal ou outro ato libidinoso.
• Tentativa é admissível.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• Prova: vestígios da conjunção carnal, de outro ato libidinoso ou da violência


empregada; palavra da vítima tem muita relevância.
• Formas qualificadas dos §§ 1º e 2º: lesão corporal grave e morte (figuras
preterdolosas - resultados mais graves que ocorrem de forma culposa). Idade:
maior de 14 anos e menor de 18 anos.
• Concurso de crimes – Exemplos: arts. 121, 129 e 148.
• Crime continuado.
• Estupro é crime hediondo – art. 1º, V da Lei 8.072/90.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.3. Violação sexual mediante fraude – art. 215


• Objeto jurídico: liberdade sexual.
• Ação nuclear: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso” por meio
de “fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima”.
• Sujeitos ativo e passivo.
• Elemento subjetivo: dolo direto.
• Consumação: prática da conjunção carnal ou do ato libidinoso.
• Tentativa é admissível.
• Forma qualificada do parágrafo único.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.4. Importunação sexual – art. 215 –A


• Objeto jurídico: liberdade sexual.
• Ação nuclear: “Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso”.
• Sujeitos ativo e passivo.
• Elemento subjetivo: há dolo específico “com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro”.
• Consumação: com a prática do ato libidinoso.
• Tentativa é admissível.
• Subsidiariedade expressa na pena: “se o ato não constitui crime mais grave.”

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.5. Assédio sexual – art. 216 –A


• Objeto jurídico: liberdade sexual.
• Ação nuclear: “constranger”. Não há emprego de violência ou grave ameaça.
• Sujeito ativo: superior hierárquico ou que possua ascendência funcional.
• Sujeito passivo: subalterno do sujeito ativo.
• Elemento subjetivo: vontade livre e consciente de obter vantagem ou favor
sexual.
• Consumação: o delito consuma-se com o constrangimento, pois se trata de
crime formal. Tentativa é admissível.
• Causas de aumento de pena do § 2º

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.6. Registro não autorizado da intimidade sexual– art. 216 –B


• Objeto jurídico: intimidade sexual.
• Ação nuclear: “Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo
com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado”.
• Sujeitos ativo e passivo.
• Elemento subjetivo: vontade livre e consciente de praticar as condutas “sem
autorização dos participantes”.
• Consumação: consuma-se com a produção, fotografia, filmagem ou qualquer
registro de conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter
íntimo e privado.
• Parágrafo único: Montagem “com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo”.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.8. Crimes sexuais contra vulnerável – artigos 217-A/218-C


• a. Conceito de vulnerável para fins penais
• De acordo com o art. 217-A do Código Penal, são considerados vulneráveis:
• 1º - “menor de 14 (catorze) anos”;
• 2º - aquele que “por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato”;
• 3º - aquele que “por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”.
• Art. 218-B também inclui no capítulo dos crimes sexuais contra vulnerável os
menores de 18 anos.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• b. Estupro de vulnerável – art. 217-A


• Objeto jurídico: liberdade e dignidade sexual do vulnerável.
• Ação nuclear: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso”.
• Consentimento da vítima é irrelevante.
• Sujeito passivo: vulnerável.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Elemento subjetivo: dolo direto ou eventual.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• Consumação: prática da conjunção carnal ou outro ato libidinoso.


• Tentativa é admissível.
• Prova: vestígios da conjunção carnal, de outro ato libidinoso ou da
violência empregada; palavra da vítima.
• Formas qualificadas dos §§ 3º e 4º.
• §5º - penas aplicam-se independente do consentimento da vítima ou
do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime
• Crime continuado é possível.
• Estupro de vulnerável é crime hediondo: art. 1º, VI da Lei 8.072/90.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• c. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou


adolescente ou de vulnerável – art. 218-B
• Objeto jurídico: dignidade sexual do vulnerável.
• Ação nuclear: “Submeter” (impor), “Induzir” (levar) ou “atrair” vulnerável à
“prostituição” ou “ou outra forma de exploração sexual”; “facilitá-la”, “impedir” ou
“dificultar” que o vulnerável a abandone.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: vulnerável.
• Elemento subjetivo: dolo de praticar qualquer das condutas incriminadas no dispositivo.
• Consumação se dá com o início da prostituição ou outra forma de exploração sexual, bem
como pelo prosseguimento. Tentativa é admissível.
• Qualificadora do § 1º. Formas equiparadas do § 2º. Efeito obrigatório do § 3º.
• Art. 244-A do ECA - Há apenas o verbo “submeter” e não inclui os demais vulneráveis.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• d. Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo


ou de pornografia– art. 218-C
• Objeto jurídico: dignidade sexual do vulnerável.
• Ação nuclear: “Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio” [...] “fotografia, vídeo ou outro
registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que
faça apologia ou induza a sua prática”.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: vulnerável.
• Elemento subjetivo: dolo de praticar as condutas “sem o consentimento da vítima”.
• Consumação se dá com a efetiva prática das condutas. Tentativa é admissível.
• Aumento de pena do § 1º. Exclusão da ilicitude do § 2º.
• Art. 241 e 241-A do ECA - Não inclui os demais vulneráveis.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.9. Ação penal e causas de aumento


• Ação penal - art. 225
• Ação penal pública incondicionada.
• Aumento de pena – art. 226
• Inciso I - concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
• Inciso II – “agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela”.
• Inciso IV – Estupro coletivo e estupro corretivo.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.10. Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para fim de Prostituição ou outra


Forma de Exploração Sexual – arts. 227/232-A
• a. Mediação para servir a lascívia de outrem – art. 227
• Objeto jurídico: dignidade sexual.
• Ação nuclear: “Induzir” (levar) alguém a “satisfazer” a lascívia de outrem.
Lascívia: luxúria ou libidinagem.
• Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa (exceções § 1º).
• Elemento subjetivo: vontade livre e consciente de satisfazer a lascívia de
outrem.
• Consumação: prática do ato que satisfaça a lascívia. Tentativa é admissível.
• Qualificadoras dos §§ 1º, 2º e 3º.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• b. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual – art.


228
• Objeto jurídico: dignidade sexual.
• Ação nuclear: “Induzir” (levar) ou “atrair” alguém à “prostituição” ou “ou outra
forma de exploração sexual”; “facilitá-la”, “impedir” ou “dificultar” que alguém
a abandone.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: qualquer pessoa.
• Elemento subjetivo: vontade livre e consciente em praticar as condutas.
• Consumação se dá com o início da prostituição ou outra forma de exploração
sexual, bem como pelo prosseguimento. Tentativa é admissível.
• Qualificadoras dos §§ 1º, 2º e 3º.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• c. Promoção de migração ilegal – art. 232-A


• Objeto jurídico: dignidade sexual.
• Ações nucleares: “Promover, por qualquer meio” a “entrada ilegal de estrangeiro em
território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro”. Forma equiparada do § 1º:
“promover, por qualquer meio” a “saída de estrangeiro do território nacional para
ingressar ilegalmente em país estrangeiro”.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: brasileiro ou estrangeiro.
• Elemento subjetivo: vontade livre e consciente praticar as condutas “com o fim de obter
vantagem econômica”.
• Consumação se dá com a efetiva entrada em território nacional ou em país estrangeiro
nas figuras do caput e com a efetiva saída do território nacional no caso do § 1º.
• Causas de aumento do § 2º e aplicação de penas das infrações conexas (§ 3º).
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.11. Do ultraje público ao pudor


• Ato Obsceno – art. 233
• Objeto jurídico: dignidade sexual.
• Ação nuclear: “Praticar ato obsceno” em local público, ou aberto ou exposto ao público.
• É preciso que o ato obsceno possa ser visto, ainda que não venha a sê-lo, por um número
indeterminado de pessoas.
• Ato obsceno: é aquele de cunho sexual, capaz de ofender o pudor (elemento normativo).
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: coletividade.
• Elemento subjetivo: vontade consciente de praticar o ato obsceno.
• Consumação se dá com a prática do ato obsceno. Tentativa é de difícil configuração.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.3. Dos crimes contra a dignidade sexual

• 2.3.12. Disposições gerais


• Aumento de pena – art. 234-A
• “se do crime resulta gravidez”.
• “se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe
ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com
deficiência”.
• 3.2. Segredo de Justiça – Art. 234-B
• “Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em
segredo de justiça”.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• 2.4.1. Considerações gerais


• Bem jurídico tutelado: confiança que deve existir na moeda e nos
documentos que circulam, bem como na identificação das pessoas e coisas.
• Questões controvertidas:
• Falsidades como crimes meio.
• Conceito de documento.
• Art. 272, § 3º do Projeto de novo CP, traz a seguinte definição para documento
público: “§ 3º - Considera-se documento público qualquer papel, selo, sinal,
carimbo, marca, imagem, logotipo, assinatura, cifra, código, página ou registro
eletrônico ou outro item assemelhado de uso próprio de servidor público”.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• 2.4.2. Moeda falsa - art. 289


• Objeto jurídico: fé pública no que se refere à circulação monetária.
• Objeto material: moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
estrangeiro falsificados.
• Ação nuclear: “falsificar” (imitar com fraude); fabricando (manufaturar);
alterando (transformando).
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: O Estado e a pessoa lesada.
• Consumação: com a prática de uma das condutas, independente de colocá-las
em circulação (exceto § 1º última figura).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• Elemento subjetivo: dolo; não exige fim especial como o lucro.


• § 1º - formas equiparadas.
• § 2º - forma privilegiada.
• § 3º - forma qualificada - título é o nome e número cunhados e peso é a
quantidade de massa metálica.
• § 4º - desvio e circulação antecipada de moeda.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• 2.4.3. Falsidade documental


• a. Falsidade material – artigos 297 e 298
• Objeto jurídico: fé pública dos documentos.
• Objeto material: documentos públicos e particulares.
• Ação nuclear: “falsificar” (imitar com fraude); “alterar” (transformar); “no todo
ou em parte”.
• Há necessidade do exame pericial, pois a falsidade recai sobre a forma do
documento, de modo que seu aspecto externo é falsificado ou alterado.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a
pessoa prejudicada.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• Consumação: com a falsificação ou alteração. Tentativa é admissível.


• Elemento subjetivo: dolo; não exige fim especial.
• § 1º do art. 297 - forma majorada.
• § 2º do art. 297 - formas equiparadas.
• § 3º do art. 297 - falsidade ideológica de documento público previdenciário.
• § 4º do art. 297 – formas equiparadas ao § 3º do art. 297.
• Parágrafo único do art. 298 – falsificação de cartão de crédito e débito.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• b. Falsidade ideológica – art. 299


• Objeto jurídico: fé pública dos documentos.
• Objeto material: documentos públicos e particulares.
• Ação nuclear: “omitir” (deixar de mencionar) declaração que deveria constar;
“inserir ou fazer inserir” (introduzir), declaração falsa ou diversa da que deveria ser
escrita.
• O entendimento majoritário é de que não há necessidade do exame pericial, pois a
falsidade recai sobre a ideia que o documento transmite e não sobre sua forma.
• Diferença entre falsidade ideologia e material: na falsidade ideológica a falsidade
recai sobre a ideia que o documento transmite, já na material, a falsidade recai
sobre a forma do documento, uma vez que seu aspecto externo é forjado.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• Sujeito ativo: qualquer pessoa.


• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a pessoa prejudicada.
• Consumação: com a falsificação. Tentativa é admissível, exceto na conduta
omitir.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo fim especial de “prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.
• Parágrafo único - forma majorada.
• Ver art. 304 - uso de documento falso.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• c. Falsidade de atestado médico – art. 302


• Objeto jurídico: fé pública.
• Objeto material: atestado médico.
• Ação nuclear: “dar” (fornecer) o médico, no exercício da profissão, atestado
falso.
• Sujeito ativo: o médico (crime próprio).
• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a pessoa prejudicada.
• Consumação: com a entrega do atestado. Admite-se, teoricamente, a tentativa.
• Elemento subjetivo: dolo de fornecer o atestado falso. Fim especial está
previsto no parágrafo único.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• d. Uso de documento falso – art. 304


• Objeto jurídico: fé pública.
• Objeto material: documentos utilizados.
• Tipo penal “remetido”, pois remete a outros tipos penais.
• Ação nuclear: “fazer uso” (empregar, utilizar) os papéis falsificados dos arts.
297 a 302.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a pessoa prejudicada.
• Consumação: com o uso do documento. Admite-se, teoricamente, a tentativa.
• Elemento subjetivo: dolo de usar tendo consciência da falsidade.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• 2.4.4. Outras falsidades


• a. Falsa identidade – art. 307
• Objeto jurídico: fé pública, no que se refere à identidade pessoal.
• Ação nuclear: “atribuir” (imputar), a si mesmo ou a outrem, identidade falsa.
• Identidade: elementos de identificação das pessoas, seja no estado civil (idade, filiação,
matrimônio, etc.) ou socialmente (profissão, qualidades individuais).
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a pessoa prejudicada.
• Consumação: com a falsa atribuição, pois se trata de crime formal.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo o fim especial de obter vantagem, em proveito próprio
ou alheio, ou para causar dano a outrem.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• b. Uso, como próprio, de documento de identidade alheio – art. 308


• Objeto jurídico: fé pública, no que se refere à identidade pessoal.
• Objeto material: documento de identidade, assim entendido todo “título, certificado ou
atestado que seja admissível como meio de reconhecer seu portador” (NORONHA).
• Ação nuclear: “usar” (utilizar) documento de identidade alheio, ou “ceder” (entregar)
documento de identidade próprio ou alheio para que alguém dele se utilize.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a pessoa
prejudicada.
• Consumação: Na conduta de usar é crime de mera conduta não admitindo tentativa; na
conduta ceder é formal admitindo a tentativa.
• Elemento subjetivo: dolo de usar ou ceder.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• c. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor – art. 311


• Objeto jurídico: fé pública.
• Objeto material: número do chassi ou outro sinal identificador, componente ou
equipamento do veículo.
• Ação nuclear: “adulterar” (mudar); “remarcar” (voltar a marcar).
• Número de chassi: sinal identificador da estrutura do veículo.
• Sinal identificador: qualquer marca no veículo que o identifique, como a
numeração do chassi que consta dos vidros ou as placas.
• Componente é aquilo que entra na composição de algo; equipamento é o
objeto que agrega algo a outro objeto.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• Sujeito ativo: qualquer pessoa.


• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente a pessoa prejudicada.
• Consumação: com a adulteração ou remarcação. Admite-se, teoricamente, a
tentativa.
• Elemento subjetivo: dolo de adulterar ou remarcar; não exige fim especial.
• § 1º - forma majorada.
• § 2º - forma equiparada.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.4. Dos crimes contra a fé pública

• 2.4.5. Fraudes em certames de interesse público – art. 311-A


• Objeto jurídico: fé pública e sigilo no que se refere aos certames de interesse
público.
• Ação nuclear: “Utilizar ou divulgar, indevidamente” o “conteúdo sigiloso de: I -
concurso público; II - avaliação ou exame públicos; III - processo seletivo para
ingresso no ensino superior; ou IV - exame ou processo seletivo previstos em lei”.
• Elemento subjetivo: fins especiais de “beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame”.
• Forma equiparada do § 1º.
• Forma qualificada do § 2º. Causa de aumento de pena do § 3º.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• 2.5.1. Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração


em geral
• a. Conceito de funcionário público – art. 327
• Cargo Público: criado por lei e previsto na estrutura hierárquica da
administração pública, com denominação e critério de vencimentos próprios,
preenchido por agente público estatutário. Ex: delegado de polícia.
• Emprego Público: também é criado por lei e previsto na estrutura hierárquica
da administração pública, com denominação e critério de vencimentos
próprios, no entanto, preenchido por agente público celetista. Ex: funcionários
de empresas públicas.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• Função púbica: é aquele que atua junta à administração pública sem


ocupar cargo ou emprego público, de forma remunerada ou não. Ex:
contratados temporariamente sem concurso público.
• Entidade paraestatal: existem autores que sustentam ser apenas
aquelas que estão ”ao lado do Estado”, como os serviços sociais
autônomos (SESI, SENAC, etc.) ou as ONGs.
• O entendimento majoritário é no sentido de que a equiparação
restringe-se ao sujeito ativo do delito.
• Causa de aumento de pena do § 2°.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• b. Peculato – art. 312


• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e
moral.
• Objeto material: dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.
• Ação nuclear (caput): “apropriar-se” (comportar-se como proprietário);
“desviar” (modificar o destino) em proveito próprio ou de outrem. Nas
duas ações nucleares a posse deve ter se dado em razão do cargo.
• Ação nuclear (§ 1°): “subtrair” (tirar do proprietário ou possuidor sem
sua autorização); “concorre” (contribui); “embora não tendo a posse”.
• Sujeito ativo: funcionário público; particular pode ser coautor ou partícipe.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente o particular prejudicado.


• Consumação: no momento em que são praticadas as ações nucleares.
• Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; não se exigindo fim especial.
• Peculato culposo - § 2º: “Se o funcionário concorre culposamente para
o crime de outrem”.
• Reparação do dano - §3º.
• Súmula 599 STJ – “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes
contra a administração pública”.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• c. Peculato mediante erro de outrem – art. 313


• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e moral.
• Objeto material: dinheiro ou qualquer utilidade.
• Ação nuclear: “apropriar-se” (comportar-se como proprietário); de dinheiro ou
utilidade que recebeu no exercício do cargo.
• Sujeito ativo: funcionário público; particular pode ser coautor ou partícipe.
• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente o particular prejudicado.
• Consumação: no momento em que é praticada a ação nuclear. Tentativa é
admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; não se exigindo fim especial.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• d. Inserção de dados falsos em sistema de informações – art. 313-A

• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e moral.

• Objeto material: dados que constem de sistemas informatizados ou bancos de dados.

• Ação nuclear: “inserir” (introduzir) ou “facilitar” (tornar possível) a inserção de dados falsos;
“alterar” (modificar) ou “excluir” (retirar) indevidamente dados corretos.

• Sujeito ativo: funcionário público autorizado; particular pode ser co-autor ou partícipe.

• Consumação: com a prática das condutas independente da obtenção da vantagem ou da


ocorrência do dano. A tentativa é, teoricamente, admissível.

• Elemento subjetivo: fim especial de obtenção de vantagem indevida ou para causar dano.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• e. Modificação ou alteração não autorizada de sistemas de informações – art. 313-B

• Objeto jurídico: Administração Pública. Objeto material: sistema de informações e


programa de informática.

• Ação nuclear: “modificar” (dar novo conteúdo) ou “alterar” (dar nova configuração).

• Elemento normativo: sem autorização ou solicitação de autoridade competente.

• Consumação: com a prática das condutas independente de dano. A tentativa é,


teoricamente, admissível.

• Elemento subjetivo: dolo de praticar as condutas, não exigindo fim especial.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• f. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas – art. 315

• Objeto jurídico: Administração Pública.

• Objeto material: verbas (dinheiros especificamente destinados pela lei orçamentária a serviço
ou utilidade pública) e rendas (dinheiros percebidos pela Fazenda Pública seja qual for sua
origem legal).

• Ação nuclear: “dar aplicação” (empregar irregularmente), verbas ou rendas públicas.

• Sujeito ativo: funcionário que possa dispor das verbas e rendas. Sujeito passivo: Estado.

• Consumação: com a efetivação da destinação a fins diversos.

• Elemento subjetivo: dolo dar destinação diversa.


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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• g. Concussão e corrupção passiva – arts. 316 e 317


• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e moral.
• Objeto material: vantagem indevida.
• Ação nuclear na concussão: “exigir” (determinar ou ordenar).
• Ação nuclear na corrupção passiva: “solicitar” (pedir); “receber” (aceitar).
• “Direta ou indiretamente”; “ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela”.
• Sujeito ativo: funcionário público.
• Sujeito passivo: Estado. Secundariamente o particular prejudicado.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• Consumação: no momento em que se exige, solicita ou recebe a vantagem


indevida.
• Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo fim especial de destinar a vantagem para si
ou para outrem.
• Art. 316, §§ 1° e 2° - Excesso de exação.
• Art. 317, § 1° (qualificada) e § 2° (privilegiada).

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• h. Corrupção ativa – art. 333 (crime praticado por particular contra a administração em
geral)
• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e moral. Objeto
material: vantagem indevida.
• Ação nuclear: “oferecer” (propor); prometer (comprometer-se a dar algo); sempre para
determinar a “praticar”, “omitir” ou “retardar” ato de ofício (deve estar dentro da esfera
de atribuições do funcionário).
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que se oferece ou promete a vantagem indevida.
Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo fim especial de que o funcionário pratique, omita ou
retarde ato de ofício.
• Parágrafo único – causa de aumento de pena.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• i. Facilitação de contrabando ou descaminho – arts. 318


• Objeto jurídico: Administração Pública em seu interesse patrimonial.
• Objeto material: objetos do contrabando ou descaminho.
• Ação nuclear: “Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho”
• Contrabando e descaminho serão melhor definidos na abordagem dos delitos dos artigos
334 e 334-A.
• Sujeito ativo: funcionário público. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que o funcionário infringe o dever funcional facilitando o
contrabando ou o descaminho.
• Elemento subjetivo: dolo de infringir o dever funcional para facilitar o contrabando ou o
descaminho.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• j. Prevaricação – arts. 319


• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e moral.
• Objeto material: ato de ofício.
• Ação nuclear: “retardar” (tornar mais demorado); “deixar de praticar” (não realizar).
• Ato de ofício é aquele (deve estar dentro da esfera de atribuições do funcionário).
• Sujeito ativo: servidor público. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que o funcionário retarda, deixa de praticar ou pratica o
ato de ofício contra expressa disposição legal, independente da satisfação de interesse ou
sentimento pessoal. Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo fim especial de satisfação de interesse ou sentimento
pessoal.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• k. Prevaricação imprópria – art. 319-A


• Objeto jurídico: Administração Pública.
• Ação nuclear: deixar de vedar o acesso de preso a aparelho telefônico, de rádio ou similar.
• O aparelho deve permitir a comunicação dos presos entre si ou com o ambiente externo.
• Sujeito ativo: diretor de penitenciária ou agente público que tenham o dever de vedar o
acesso.
• Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que o sujeito ativo devia agir e não agiu. Tentativa é
inadmissível.
• Elemento subjetivo: dolo de deixar de cumprir o dever de vedar o acesso aos aparelhos.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• l. Condescendência criminosa - art. 320


• Objeto jurídico: Administração Pública.
• Ação nuclear: deixar de responsabilizar e não levar ao conhecimento da
autoridade competente, funcionário que cometeu infração no exercício do
cargo.
• Elemento normativo: infração penal e administrativa.
• Sujeito ativo: superior hierárquico. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que o superior deixa de tomar as providências
cabíveis. A tentativa é inadmissível.
• Elemento subjetivo: dolo de omitir; exige o fim especial de agir por indulgência
(clemência, condescendência).
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• m. Advocacia administrativa – art. 321


• Objeto jurídico: Administração Pública.
• Ação nuclear: “patrocinar” (defender); interesse privado é aquele que se confronta
com o interesse público, não necessitando ser ilícito ou antiético.
• Advocacia administrativa significa promover a defesa.
• Sujeito ativo: funcionário público.
• Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que ocorre a defesa do interesse, independente da
satisfação do interesse por parte do particular. Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo, não exigindo fim especial.

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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• n. Violação de sigilo funcional – art. 325


• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses patrimonial e moral.
• Objeto material: informação sigilosa.
• Ação nuclear: “revelar” (divulgar); “facilitar a revelação” (tornar menos custoso) , fato
que tem ciência em razão da função e que deva permanecer em sigilo. É uma variação do
delito do art. 154 do CP.
• Sujeito ativo: funcionário público. Sujeito passivo: Estado; secundariamente a pessoa
prejudicada.
• Consumação: no momento em que ocorre a revelação ou a facilitação da revelação,
independente da ocorrência de prejuízo para administração. Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; não exigindo fim especial.
• §1° - formas equiparadas. §2° - forma qualificada.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• 2.5.2. Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral


• a. Usurpação de função pública – art. 328
• Objeto jurídico: Administração Pública.
• Ação nuclear: “usurpar” (assumir ou exercer indevidamente) o exercício de
função pública.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que o sujeito ativo exerce pelo menos um ato
de ofício. Tentativa é admissível, embora de difícil configuração.
• Elemento subjetivo: dolo; vontade livre e consciente de usurpar a função
pública.
• Parágrafo único: forma qualificada.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• b. Resistência – art. 329


• Objeto jurídico: Administração Pública.
• Objeto material: pessoa agredida ou ameaçada.
• Ação nuclear: “opor-se” (oferecer resistência); mediante violência ou grave ameaça à
execução de ato legal.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que ocorre a oposição mediante violência ou grave
ameaça, independente de o ato realizar-se ou não. Tentativa é admissível, embora de
difícil configuração.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo o fim especial de não permitir que o ato seja
realizado.
• §1° - forma qualificada. §2° - concurso de crimes.
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Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• c. Desobediência – art. 330


• Objeto jurídico: Administração Pública.
• Objeto material: ordem dada.
• Ação nuclear: “desobedecer” (não cumprir); ordem legal de funcionário
público.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que ocorre a desobediência, independente de
ocorrer prejuízo à administração. Tentativa é, em tese, admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; não exigindo fim especial.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• d. Desacato – art. 331


• Objeto jurídico: Administração Pública em seus interesses material e moral.
• Objeto material: funcionário.
• Ação nuclear: “desacatar” (desprezar); funcionário público no exercício da função ou
em razão dela.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado; secundariamente o
funcionário.
• Consumação: no momento da ação que representa o desacato, não se exigindo o
efetivo desprestígio da função pública.
• Tentativa é de difícil configuração.
• Elemento subjetivo: dolo; não exigindo fim especial.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• e. Tráfico de influência – art. 332


• Objeto jurídico: Administração Pública principalmente em seu aspecto moral.
• Objeto material: vantagem quando mensurável materialmente.
• Ação nuclear: “solicitar, exigir, cobrar ou obter”; vantagem ou promessa de vantagem a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: no momento em que ocorre uma das ações nucleares, independente da
prática indevida de um ato administrativo. Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo; exigindo o fim especial de destinar para si ou para outrem a
vantagem.
• Parágrafo único – causa de aumento de pena.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• f. Descaminho – art. 334


• Objeto jurídico: Administração pública quanto aos interesses do erário em evitar a evasão
de renda.
• Ação nuclear: “iludir” (enganar, mascarar a realidade) o pagamento de direito ou
imposto.
• Elemento normativo: não pagamento de direito ou imposto.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: via aduana, com a liberação da mercadoria sem o pagamento do tributo; se
for em outro local, com a entrada ou saída do produto. Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo de praticar as condutas, não exigindo fim especial.
• Crimes equiparados a descaminho - § 1º. Equiparação a atividade comercial - § 2º.
• Causa de aumento do § 3º.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 2 – Dos crimes em espécie • 2.5. Dos crimes contra a administração pública

• g. Contrabando – art. 334-A


• Objeto jurídico: Administração pública quanto aos interesses do erário em evitar
importação ou exportação de mercadoria proibida.
• Ação nuclear: “importar” (fazer entrar no país) ou “exportar” (dele fazer sair) mercadoria
proibida.
• Elemento normativo: mercadoria proibida.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Estado.
• Consumação: quando a mercadoria proibida ingressa no país ou quando ultrapassa a
zona alfandegária. Tentativa é admissível.
• Elemento subjetivo: dolo de praticar as condutas, não exigindo fim especial.
• Crimes equiparados a contrabando - § 1º. Equiparação a atividade comercial - § 2º.
• Causa de aumento do § 3º.
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Unidade 3 – Direito Processual Penal • Estrutura da Unidade

3.1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal


3.2. Do inquérito policial
3.3. Da ação penal
3.4. Da prova
3.5. Dos sujeitos processuais
3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória
3.7. Dos atos processuais
3.8. Procedimento nos Juizados Especiais Criminais

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.1. Princípios Fundamentais de DPP

• 3.1.1. Devido processo legal: Trata-se do conjunto de garantias constitucionais


que permitem às partes o exercício de suas faculdades e poderes processuais,
sendo também fundamentais no adequado exercício da jurisdição, um vez que:
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal” (art. 5º, LIV, da CF).
• 3.1.2. Presunção de inocência: de acordo com o art. 5º, LVII da CF: “ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.
• 3.1.3. Juiz natural: somente pode exercer a jurisdição aquele órgão a que a
Constituição atribui o poder jurisdicional. Somente da Constituição pode
emanar o poder jurisdicional, de modo que não é dado ao legislador ordinário
criar juízes ou tribunais de exceção (art. 5°, XXX da CF).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.1. Princípios Fundamentais de DPP

• 3.1.4. Legalidade da prisão: a Constituição Federal, especialmente em seu art.


5º, incisos LXI a LXVIII, estabelece uma série de regras relacionadas a efetivação
da prisão, pois este de fato, num Estado Democrático de Direito, representa
um dos atos mais constritivos da liberdade das pessoas.
• 3.1.5. Publicidade: é uma garantia ao indivíduo no que se refere ao exercício da
persecução criminal. A presença do público nas audiências e a possibilidade do
exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento
de fiscalização popular sobre as atividades dos magistrados, promotores
públicos, advogados e policiais. A publicidade dos atos processuais está entre
as maiores garantias de independência, imparcialidade, autoridade e
responsabilidade do juiz.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.1. Princípios Fundamentais de DPP

• 3.1.6. Verdade real: o processo civil é norteado pela verdade formal (ou seja, aquilo que
resulta ser verdadeiro em face das provas carreadas aos autos). No processo penal o juiz
deve atender à averiguação e à descoberta da verdade real (ou verdade material), como
fundamentação para a julgamento. O juiz poderá determinar a produção antecipada de
provas antes de iniciada a ação penal ou no curso da instrução ou antes de proferir
sentença, determinar de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante
(CPP, art. 156, I e II).
• 3.1.7. Princípio do Livre Convencimento e da Persuasão Racional
• Persuasão Racional - o Juiz deve limitar-se as provas dos autos do processo.
• Livre Convencimento - as provas são relativas, não existe hierarquia das provas.
Todas tem o mesmo valor, desde que estejam em harmonia com o conjunto
probatório.
• Decisões Motivadas - Todas as decisões têm que ser motivadas pelo que dispõe o
artigo 93, IX da Constituição Federal
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.1. Princípios Fundamentais de DPP

• 3.1.8. Disponibilidade e da indisponibilidade


• Princípio da disponibilidade consiste na liberdade que as pessoas têm de exercer ou não
seus direitos em juízo. Esse poder (princípio da disponibilidade) é quase absoluto no
processo civil, exceto nas matérias correspondentes aos direitos pessoais, que por sua
natureza são indisponíveis. (Ex: estado da pessoa, paternidade e alimentos).
• No processo penal prevalece o princípio da indisponibilidade (obrigatoriedade). O crime é
uma lesão irreparável ao interesse coletivo. A vítima em última análise é a sociedade,
pela quebra da ordem jurídica. O Estado tem o poder/dever de punir.
• Todavia, os sistemas penais admitem algumas atenuações do princípio da
indisponibilidade, abrindo caminho para discricionariedade, regulada por lei, tais como:
nos crimes de ações penais privadas; nos crimes de ação pública condicionada; nos
crimes de menor potencial ofensivo (Lei 9.099/95). Também é importante citar o acordo
de não persecução criminal (CPP, art. 28-A) como forma de mitigação da
indisponibilidade.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.2. Do inquérito policial - IP

• 3.2.1. Do inquérito policial - IP


• O inquérito policial é peça investigativa que tem por objetivo dar
fundamentos ao oferecimento da queixa ou denúncia.
• Não está sujeito ao contraditório e a ampla defesa, podendo ser
sigiloso. Nomeação de defensor nos casos de “uso de força letal”
(CPP, art. 14-A e CPPM, art. 16-A). Orientação nº 003/Correg-G/
PMSC/2020 trata do assunto.
• O Inquérito não é indispensável, pois a denúncia ou queixa podem ser
oferecidas com base em outras informações.
• O inquérito é dispensável nas infrações penais de menor potencial
ofensivo.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.2. Do inquérito policial - IP

• As provas obtidas na fase policial podem ser consideradas em juízo.


• O inquérito pode ter seu início através de uma portaria ou de uma
prisão em flagrante.
• Pode também ser requisitado pelo juiz ou pelo promotor de justiça,
ou ainda por pedido da vítima.
• Prazo: 30 dias réu solto; 10 dias réu preso.
• Findo o inquérito a autoridade policial o encaminhará ao juiz
competente que dará vista ao Ministério Público.
• A autoridade policial não pode arquivar o inquérito.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.2. Do inquérito policial - IP

• 3.2.2. Juiz de garantias (CPP, arts. 3º-A a 3º-F): Antes mesmo do início do IP
existe a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário por meio do
denominado “Juiz de Garantias”.
• Há implicações na atividade policial militar, especialmente no contato mais
rápido e próximo em relação ao Poder Judiciário e Ministério Público, em
modelo que se assemelha ao Termo Circunstanciado (audiência de custódia –
CPP, art. 310).
• Boa parte das provas em crimes como roubo (CP, art. 157), são produzidas pela
intervenção policial militar, especialmente nas situações de prisão em flagrante.

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.3. Da ação penal

• 3.3.1. Fundamentos da Ação penal


• Conforme vimos, o crime um fato típico e antijurídico, com considerável
potencial lesivo à coletividade, encontrando sua previsão nos tipos penais
descritos na legislação e respectivas penas, surgindo assim a possibilidade de
punição por parte do Estado.
• A regra é que a ação penal seja pública, pois trata-se do direito/poder de obter
a manifestação jurisdicional do Estado, único responsável por eventual punição.
• A ação penal pode ser identificada a partir dos sujeitos que detêm a
legitimidade ativa, sendo assim classificada em iniciativa pública
incondicionada, pública condicionada a representação, condicionada a
requisição do Ministro da Justiça, de iniciativa privada e de iniciativa
privada subsidiária da pública.
Direito Penal e Processual Penal - DPPP
Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.3. Da ação penal

• 3.3.2. Ação penal pública incondicionada


• É exercida pelo Ministério Público.
• Basta que tenha notícia do crime e elementos suficientes ao
oferecimento da denúncia. Exemplo: homicídio doloso (CP, art. 121).
• 3.2.3. Ação penal pública condicionada
• Condicionada a representação do ofendido.
• A titularidade também é do Ministério Público. No entanto, há
necessidade de representação do ofendido.
• Exemplo: Ameaça (CP, art. 147).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.3. Da ação penal

• 3.3.4. Ação condicionada a requisição do Ministro da Justiça: Há


necessidade de requisição do Ministro da Justiça. Injuria contra o
Presidente da República (CP, art. 145, p.u.).
• 3.3.5. Ação penal de iniciativa privada: somente a vítima, seu
representante legal ou as pessoas autorizadas em lei podem ingressar
com a ação penal. Nos crimes contra a honra é a regra (CP, arts.
138/140).
• 3.3.6. Ação de iniciativa privada subsidiária da pública: O ofendido
toma a iniciativa em virtude de que o Ministério Público deixa escoar
o prazo para oferecimento da denúncia. Prazo: 5 dias réu preso; 15
dias réu solto.

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.3. Da ação penal

• 3.3.7. Acordo de não persecução criminal (CPP, art. 28-A)


• Não sendo caso de arquivamento do IP (CPP, art. 28) e “tendo o investigado
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou
grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime” (CPP, art. 28-A).
• Trata-se de mais uma medida despenalizadora implementada em nosso
sistema jurídico, sendo importante identificar o conceito de “médio potencial
ofensivo” inserido na pena mínima inferior a quatro anos.
• Tanto é assim que o legislador excluiu da aplicação do acordo de não
persecução criminal o “menor potencial ofensivo” (CPP, art. 28-A, § 2º, I).
• PM tem papel muito importante nas medidas despenalizadoras da Lei
9.099/95 e pode passar a ter nas demais.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• 3.4.1. Conceito de prova: Origina-se do latim probatio, que significa


ensaio, verificação ou inspeção.
• Há três sentidos para o termo prova:
• 1º Ato de provar: é o processo pelo qual se verifica a exatidão ou
verdade do fato alegado pela parte no processo
• 2º Meio: trata-se do instrumento pelo qual se demonstra a verdade
de algo (ex.: boletim de acidente de trânsito).
• 3º Resultado da ação de provar: é o produto extraído da análise
dos instrumentos de prova. (ex.: restou provado que fulano deu
causa ao acidente).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• Não são admitidas provas obtidas por meios ilícitos (CPP,


art. 157), como é o caso de escuta telefônica clandestina.
• Verdades formal e real
• formal é aquela que emerge do processo;
• real é a situada o mais próximo possível da realidade. É
a que interessa ao direito penal.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• 3.4.2. Do exame de corpo de delito, da cadeia de custódia e das perícias em


geral
• Quando a infração deixa vestígios será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto.
• Vestígio – “Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente,
constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.” (CPP, art. 158-A, §
3º).
• Exame de corpo de delito: é a verificação da prova da existência do
crime, feita por peritos, diretamente, ou por intermédio de outras
evidências. Ex.: DNA.
• Corpo de delito: é a prova da existência do crime.

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão realizados por


perito oficial, portador de diploma de curso superior (CPP, art. 159).
• A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito (CPP, art.
162).
• Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
encontrados. Também devem ser fotografadas todas as lesões
externas e vestígios deixados no local do crime (CPP, art. 164).
• Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a
falta (CPP, art. 167).

Direito Penal e Processual Penal - DPPP


Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• Exame complementar em caso de lesões corporais (CPP, art. 168).


• Preservação do local onde houver sido praticado o delito (CPP, art.
158-A).
• Uso do bafômetro.
• Crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa (CPP, art. 171)
• Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,
deterioradas ou que constituam produto do crime(CPP, art. 172)
• Incêndio (CPP, art. 173).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• Exame de reconhecimento de escritos (CPP, art. 174).


• Exame dos instrumentos utilizados para cometer a infração (CPP, art.
175).
• O juiz não ficará limitado ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo,
no todo ou em parte (CPP, art. 182).
• Confissão (CPP, arts. 197/200).
• Do ofendido (CPP, art. 201).
• Das testemunhas (CPP, arts. 202/225).
• Dos documentos (CPP, arts. 231/238).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.4. Da prova

• Cadeia de custódia (CPP, arts. 158-A/158-F):


• “Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os
procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do
vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e
manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
• § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime
ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a
existência de vestígio.
• § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
preservação.”

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.5. Dos sujeitos do processo penal

• Em regra, o processo tem como sujeitos o juiz, o autor e o réu (sujeitos


principais do processo). O juiz representa o Estado na aplicação da Justiça. Já as
partes estão em litígio.
• As posições do autor e do réu no processo são disciplinadas por três princípios:
a) princípio da dualidade das partes: segundo a qual é inadmissível um
processo sem que haja pelo menos dois sujeitos em posições processuais
contrárias, pois ninguém pode litigar consigo mesmo;
b) princípio da igualdade das partes, que lhes assegura paridade de
tratamento processual;
c) princípio do contraditório, que garante às partes a ciência dos atos e
termos do processo, com a possibilidade de impugná-los e com isso
estabelecer autêntico diálogo com o juiz.

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.5. Dos sujeitos do processo penal

• Ressalte-se ainda, que no processo há presença do Advogado para possibilitar a


igualdade e o contraditório entre as partes, além disso o advogado é
indispensável à administração da justiça.
• Em certos processos a Lei confere legitimação ao Ministério Público para oficiar
no processo, seja criminal ou civil.
• Também são classificados como sujeitos processuais terceiros que têm
interesse no processo (Exemplo: ofendidos e seus representantes legais), bem
como os servidores dos entes que atuam junto ao processo (Exemplo:
servidores do Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória

• 3.6.1. Disposições gerais


• Um dos grandes problemas enfrentados hoje pelos estabelecimentos penais, talvez
o mais grave, é sua superlotação. Grande parte dos estabelecimentos superlotados
é daqueles que abrigam presos provisórios.
• A este respeito o CPP, especialmente na última década, trouxe uma série de
alterações relacionadas à prisão provisória.
• Houve ampliação do rol de medidas cautelares alternativas à prisão, pois além da
fiança e da liberdade provisória, o art. 319 traz nove medidas cautelares diferentes
da prisão, para serem aplicadas com prioridade, antes de o juiz decretar a prisão
preventiva.
• A prisão preventiva é medida excepcional, sendo que a regra é a liberdade (art. 282
do CPP).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória

• Manutenção exclusiva das prisões preventiva e temporária: Não existem outras


modalidades de prisão cautelar além da prisão preventiva conforme artigos 312 e 313 do
CPP e prisão temporária, de acordo com a lei 7.960/89.
• Separação obrigatória de presos provisórios dos definitivamente condenados: Antes a
lei estabelecia “quando possível”, o preso provisório ficará separado do preso definitivo.
Essa condição aberta e facultativa não existe mais, surgindo para o Estado o dever de
separar os presos processuais dos presos definitivos – art. 300 do CPP.
• A prisão em flagrante não serve mais para manter ninguém preso durante a ação penal.
Ou o magistrado decreta a preventiva, de forma fundamentada ou aplica medidas
cautelares diversas da prisão, conforme artigo 319 do CPP, podendo em alguns casos,
conceder a liberdade provisória com ou sem fiança.
• Audiência de custódia (CPP, art. 310): “após receber o auto de prisão em flagrante, no
prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
promover audiência de custódia”.
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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória

• 3.6.2. Prisão preventiva


• Toda e prisão preventiva, mesmo a decorrente do descumprimento das demais
medidas cautelares devem ter amparo legal no artigo 312 do CPP: “§2º - A
decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada
em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos
que justifiquem a aplicação da medida adotada”.
• O limite para decretação da prisão preventiva é a pena privativa superior a 4
anos. Se o réu for primário, e a pena máxima prevista para o delito praticado
for igual ou inferior a 4 anos, o juiz não terá amparo legal para decretar a prisão
preventiva do indiciado/acusado(CPP, art. 313, I).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória

• Também é fundamento para decretação da prisão preventiva a condenação por


crime doloso (reincidência) e se o crime “envolver violência doméstica e familiar
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência,
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência”. (CPP, art. 313, II e III).
• Prisão domiciliar cautelar: Está no âmbito da ação penal e sua cautela. As hipóteses
legais justificam-se ou pela condição pessoal do agente, ou pela condição de
necessidade de seus dependentes – artigos 317 a 318-B.
• Prisão em flagrante: “Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a
infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade,
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.” (CPP, art. 302).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória

• 3.6.3. Medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319)


• Comparecimento periódico em juízo.
• Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares.
• Proibição de manter contato com pessoa determinada quando.
• Proibição de ausentar-se da Comarca.
• Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga.
• Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira.
• Internação provisória do acusado inimputável ou semi-imputável.
• Fiança e monitoração eletrônica.

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.6. Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória

• 3.6.4. Liberdade provisória (CPP, art. 321/350)


• “Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o
juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas
cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes
do art. 282 deste Código.”
• “Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro)
anos. Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.”
• Conforme ressaltado anteriormente a regra de nosso sistema jurídico passou a ser a
liberdade provisória e a prisão a exceção.

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.7. Dos atos processuais (citação e intimação)

• 3.7.1. Citação (CPP, art. 351/369)


• A citação deve ser feita “por mandado, quando o réu estiver no
território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado” (CPP, art.
351). Com a citação válida
• Requisitos formais do mandado de citação: "I - o nome do juiz; II - o
nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; III - o nome do réu,
ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV - a residência
do réu, se for conhecida; V - o fim para que é feita a citação; VI - o juízo
e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII - a
subscrição do escrivão e a rubrica do juiz” (CPP, art. 352).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.7. Dos atos processuais (citação e intimação)

• Requisitos da citação por mandado: “I - leitura do mandado ao citando pelo


oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II -
declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa” (CPP, art. 357).
• Citação do Militar será feita por intermédio do chefe do respectivo serviço
(CPP, art. 358).
• Citação do funcionário público: O dia designado para comparecer em juízo,
como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição
(CPP, art. 359).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.7. Dos atos processuais (citação e intimação)

• 3.7.2. Intimação (CPP, art. 370/372)


• Nas intimações “dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam
tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o
disposto no Capítulo anterior” (CPP, art. 370).
• “A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado”
(CPP, art. 370, § 1º).
• “A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal” (CPP,
art. 370, § 4º).

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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.8. Juizados Especiais Criminais (Termo Circunstanciado)

• 3.8.1. Fundamentos dos Juizados Especiais Criminais


• Os Juizados Especiais Criminais previstos na Lei 9.099/95 surgiram como forma
de implementação de políticas criminais de tendência despenalizadoras.
• O objetivo era evitar o encarceramento, direcionar as medidas penais mais
severas às infrações penais de maior gravidade e de certa forma evitar a
impunidade, especialmente pela prescrição decorrente de outros
procedimentos mais morosos.
• O conceito de infração penal de menor potencial ofensivo está no art. 61 da
Lei 9.099/95: “Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo,
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com
multa”.
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Unidade 3 – Direito Processual Penal • 3.8. Juizados Especiais Criminais (Termo Circunstanciado)

• A possibilidade de lavratura do termo circunstanciado (TC) pelas polícias


militares ainda é tema que gera polêmica em determinados âmbitos, mas o
fato é que boa parte das Corporações executa tal tarefa.
• Muitos foram (e continuam sendo) os embates travados nas esferas
administrativa e judicial a respeito do tema.
• Santa Catarina, um dos Estado precursores na lavratura do TC por parte da PM,
tem uma série normas regulamentando o procedimento, destacando-se o
Procedimento Operacional Padrão 201.20.1, que trata da lavratura do BO-TC.
• Assim, não cabe adentrarmos no detalhamento do POP 201.20.1, documento
consolidado na prática policial militar em Santa Catarina.

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