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b) Atividades
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Designação Descrição realização de
trabalho
Conteúdo programático
Leitura reflexiva
desenvolvido e 1 hora
(obrigatória)
disponibilizado no Moodle
Direito e Processo Penal Prof. Doutor Armando Ramos
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LICENCIATURA EM SOLICITADORIA
Parte I – Aula 2
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL - NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
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Conteúdo programático desenvolvido
A lei penal não define crime. Assim, poderá encarar-se o crime sob uma
perspetiva formal, ou uma perspetiva material:
• o Código Penal de 18521, no seu artigo 1.º definia crime como “crime ou
delicto é o facto voluntario, declarado punivel pela lei penal”. Esta é uma
definição formal, que assenta a sua descrição numa definição positivista
a que corresponde, no limite, a afirmação de que crime é todo o facto
voluntário classificado como tal pelo legislador penal”
• Importância da definição - introduz o conceito de tipicidade (veremos
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O primeiro código penal português, a que se seguiu o Código Penal de 1886 e o atual, de
1982, com várias alterações.
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adiante)
• Perigo desta conceção formal de crime- Se esta definição bastasse,
poderíamos ter um direito penal ao
serviço dos interesses do Estado,
nomeadamente dos estados totalitários que estariam legitimados para
legislar sobre qualquer matéria.
• Nos estados de direito democráticos, a criação de crimes depende de
regras e têm de encontrar-se justificações que não sejam meramente
utilitárias, que sejam materiais, uma vez que o crime restringe
fortemente os direitos fundamentais. Caso contrário estaria em causa a
sua constitucionalidade.
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Conjunto de normas escritas que:
Regulado por:
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Portaria n.º 195-A/2010, de 8 de Abril - Altera a Portaria n.º 114/2008, de 6 de
Fevereiro, que regula vários aspetos da tramitação eletrónica dos processos
judiciais
POLÍTICA CRIMINAL;
CRIMINOLOGIA.
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§ Arquitetónicos, económicos, sociais
§
E que determinam o comportamento dos criminosos
v O que leva a que determinados crimes tenham mais
incidência.
§ De molde a suportar teoricamente as opções legislativas propostas
pela política criminal
• Estudo do criminoso: o que leva o criminoso a praticar o facto? entre
outras (dar exemplos).
1.ª ideia: ninguém é punido se não tiver praticado previamente um facto que
a lei considera como crime, mesmo que a comunidade pense que essa pessoa
possa eventualmente ser perigosa!
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Faculdade, poder que o Estado tem de:
Parte Especial
2. - Contém, ainda:
• artigos com definições de conceitos utilizados nos tipos legais (ex. art.
202.º ou 386.º);
• Causas de exclusão de ilicitude especiais (ex. art. 142.º que exclui a
ilicitude do aborto quando praticado nas circunstâncias previstas nessa
norma);
• Causa de exclusão do tipo (art. 150.º, n.º1)
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Parte Geral
Descrito como crime consumado. Poderá ser punido quem tente matar mas
não consiga consumar o crime? e, em caso positivo, como deverá ser punido?
a. Nem todos os atos praticados pelo agente são considerados tentativa, mas
apenas os atos de execução (que a lei define no n.º 2 do art. 22.º),
relativamente ao facto doloso
b. Que nem todas as tentativas são punidas (art. 23.º), mas apenas as que se
referirem a um facto cuja moldura penal seja superior a 3 anos ou, caso essa
moldura seja inferior a 3 anos, quando a lei diga que a tentativa é punida.
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Quem praticar atos de execução com dolo de matar, sem que venha a
consumar-se o facto, é punido com uma pena de prisão de: limite mínimo: 8
anos correspondentes ao crime consumado, deduzido 1/5 e limite máximo :
16 anos deduzido de 1/3 [segundo a alínea a) e b) do n.º 1 do art. 73.º da parte
geral do Código Penal]
• crime público
• crime semipúblico
• crime particular
Para que possa concluir-se que alguém praticou um crime, é necessário que
alguém praticou um facto criminoso, é necessário que se faça uma análise do
facto segundo uma técnica substantiva sucessiva, isto é, que se vá integrando
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facto nas várias categorias analíticas, segundo determinada ordem:
Se o facto não conseguir preencher uma das categorias, o agente não deverá
ser responsabilizado.
PREVISÃO + ESTATUIÇÃO
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DIREITO PENAL
OBJETO DO DIREITO PENAL
CONCEITO DE CRIME
PENAS
CRIME É O OBJECTO DO Sanções aplicáveis a imputáveis
DIREITO PENAL Fundamento: culpa
remissão
MEDIDAS DE SEGURANÇA
Aplicáveis a inimputáveis em razão de
anomalia psíquica
Fundamento: perigosidade
MEDIDAS DE CORRECÇÃO
DL 401/82, de 23 de Setembro
CULPOSO CULPA
PUNÍVEL
VANTAGENS
Curso de Solicitadoria Docente: Prof. Doutor Armando Ramos
CRIME EM SENTIDO MATERIAL
O Crime representa
Conteúdo programático desenvolvido
• Não basta saber a data de entrada em vigor de uma lei nova, nos
termos do art. 2.º ; é necessário ainda conhecer com precisão a data em
que uma infração se considera cometida, pois só assim se saberá se
deve ser punida ou que lei aplicar.
• O art. 3.º define o momento da prática do facto, e esclarece que é
irrelevante o momento da produção do resultado típico, adotando a
chamada teoria da ação.
• De notar, no entanto, que o art. 7.º, ao dispor sobre o lugar da prática
do facto, manda atender à produção do resultado como elemento
relevante na determinação desse lugar.
• A lei penal é feita para exercer a sua eficácia sobre uma determinada
parte do mundo;
• Face às diferentes legislações penais dos Estados é necessário delimitar
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territorialmente a eficácia das respetivas legislações ao facto delituoso;
• Em matéria de direito internacional penal existem 5 princípios
essenciais:
o Da territorialidade – a lei penal só tem aplicação no território do
Estado que a determinou, sem atender à nacionalidade dos
sujeitos ativo ou passivo, ficando excluída a aplicação da lei
penal de um país fora do seu território;
o Da nacionalidade – a lei penal do Estado é aplicável aos seus
cidadãos onde quer que se encontrem. O que importa é a
nacionalidade do sujeito – art. 5.º, n.º 1, e);
o Da defesa – toma em consideração a nacionalidade do bem
jurídico lesado pelo crime, independentemente do local da sua
prática ou da nacionalidade do sujeito ativo;
o Da justiça universal – cada Estado tem o poder de punir
qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e
da vítima, ou do local da sua prática, bastando-se a imposição
da pena com o encontrar-se o criminoso dentro do território de
um país.
o Da representação – a lei penal de determinado país é também
aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações
privadas, quando ocorridos no estrangeiro e aí não venham a
ser julgados.
• O art. 4.º consagra o princípio da territorialidade como princípio geral,
como o seu corolário, o princípio do pavilhão (aplicável aos factos
praticados a bordo de navios ou aeronave portuguesa)
• A lei penal portuguesa é ainda aplicável a quaisquer factos cometidos
fora do território português e que este esteja obrigado a julgar por
convenção internacional ou acordo no âmbito da cooperação judiciária
e deixará de ser aplicável quando, pelos mesmos meios, Portugal tenha
aceite a aplicação de uma outra lei penal.
TIPOS DE CRIMES:
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c. Formas do crime quanto ao número de infrações cometidas:
i. Crime unitário
ii. Concurso de crimes
iii. Crime continuado
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Conduta
- vontade – desejo de realizar o facto, i.é.,
conduta típica
- atividade – traduzida numa abstenção
(a chamada atividade negativa)
- resultado – consequência material da
CRIME omissão abstenção, exceto nos delitos de omissão
simples em que não há resultado
-nexo causal – ligação da omissão ao
resultado, exceto nos delitos de omissão
simples em que igualmente se não
produz qualquer resultado
2. Pressupostos da punição
a) - Ação e causalidade
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produza um resultado (quando este esteja compreendido no tipo).
• Quando o crime exige para a sua consumação a produção de um
resultado material torna-se indispensável, por um lado, que ele derive
de um comportamento humano e, por outro, que entre a conduta e o
resultado se estabeleça um nexo de causalidade.
• Cfr. art. 10.º, n.º 1 – quando um tipo legal de crime compreender um
resto resultado, o facto abrange não só a ação adequada a produzi-lo
como a omissão da ação adequada a evitá-lo, salvo se for outra a intenção
da lei.
• Vemos, assim, que o legislador equipara, em princípio, a omissão à ação,
desde que adequadas ao resultado que delas possa advir; por outro,
que se tomou opção pela teoria da causalidade adequada ou da adequação,
segundo a qual a causa de um determinado evento é a que for mais
adequada ou idónea para o produzir; e finalmente, que aquela
equiparação só não se verificará quando for outro o sentido da lei.
• Como acentua TERESA BELEZA “para efeitos do Direito Penal só se pode
dizer que o evento é consequência de uma certa actividade quando essa
consequência é típica, é normal, é previsível segundo as regras gerais da vida”.
• Portanto para o legislador omissão é ação, desde que o resultado se
adeque à conduta (seja ela comissiva ou omissiva), uma e outra têm a
mesma relevância em Direito Penal.
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vinculação da causa/efeito. VANTAGENS: Podemos fixar com clareza
a imputação de um resultado, mas é um critério que não deve ser
aplicado, por “pecar” por excesso. Ex.: A mata B a tiro. Existe nexo de
causalidade. Mas quem fez com que B fosse para aquele local? O C,
amigo de B, logo também há nexo de causalidade. Mas a arma foi
vendida ao A por um armeiro, logo também há nexo de causalidade,
etc.... Leva a uma cadeia quase infinita do nexo de causalidade porque
esta teoria refere que basta que exista uma ligação mínima.
Mas pode “pecar” por defeito, Ex.: A é amarrado a uma árvore e cinco
indivíduos disparam sobre o mesmo. Temos 5 tiros na cabeça: mas
questionamos: se B não tivesse disparado, A morria? A resposta é sim,
então não há nexo de causalidade em relação ao B e assim
sucessivamente. Não haveria, deste modo, responsabilidade para
nenhum dos 5 indivíduos. DONDE esta teoria não nos dá a resposta
adequada, por levar a resultados inaceitáveis.
v TEORIA DA CONDIÇÃO MAIS EFICAZ:
• É um aperfeiçoamento da teoria anterior. Foram praticados vários
factos, mas entre todos qual é que se revelou mais influente, decisivo e
mais eficaz para a contribuição daquele facto? Na prática causa muitas
dificuldades Ex.: Pelotão de fuzilamento.
v TEORIA DA CONDIÇÃO MAIS PRÓXIMA:
• É também uma correção à 1.ª teoria. Havendo vários atos, vários
comportamentos antecedentes, estabelecia-se o nexo de causalidade
relativamente ao último facto que antecedeu o resultado. MAS... por
vezes o último facto pode ser o menos eficaz. Ex.: A está a dar uma
tareia com um ferro durante horas em B e chega C e dá-lhe um pontapé
na cabeça, vindo B a falecer. O último facto foi o pontapé, terá sido este
o facto mais eficaz para a imputação objetiva do resultado?
OBS: Estas teoria corretivas são insuficientes e então a doutrina
constrói uma teoria que negasse as anteriores.
v TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:
• Obriga-nos a analisar a conduta e a verificar se a mesma é idónea para
produzir aquele resultado. A ideia de causalidade adequada é aferir se
o facto praticado foi causa adequada à produção daquele resultado.
Propõe-se para isso, com esta teoria, que se faça um juízo de prognose
póstuma. Ou seja, à posteriori (depois do facto ter acontecido) faz-se
um prognostico com base numa ideia de probabilidade. Perguntamos:
era provável ou previsível ter acontecido aquele resultado a partir
daquela conduta? O julgador quando se depara com um facto formula
a pergunta, mas a quem? Utilizando o padrão do homem médio, mas
reportando-se aquele agente, que vai padronizar o homem médio. Dito
de outra forma: se o homem médio, colocado na posição do agente,
poderia prever que tal resultado viesse a acontecer.
• Esta teoria foi adotada pela maioria dos ordenamentos jurídicos e pelo
nosso também (art. 10.º, n.º1).
• Mas esta teoria também cria alguns problemas: como aferir o padrão
do homem médio?
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• ROXIN, constrói, por isso, um critério para corrigir esta teoria. Surge a
teoria ou critério do risco.
v TEORIA OU CRITÉRIO DO RISCO:
• Defende ROXIN que existirá causalidade adequada sempre que o
agente, pela sua conduta, tenha criado, aumentado ou não diminuído o
risco proibido. Desta forma esta formulação imputa objetivamente ao
agente por ter criado ou aumentado o risco. O autor coloca aqui a ideia
de que o risco é sinónimo de perigo, que a norma tutela. Ter-se-á que
verificar se o agente criou ou aumentou o risco e só posteriormente se
estabelecerá o nexo de causalidade. Contudo o nexo de causalidade
deve ser apenas estabelecido ao risco que é proibido. Quando o risco é
perfeitamente lícito, permitido não podemos estabelecer o nexo de
causalidade adequada. Ex.: num circuito automóvel há uma curva
onde há muitos acidentes. A compra o bilhete para B, pessoa que quer
ver morta para herdar dela. Verificamos que não há nexo de
causalidade adequada.
• Se estiver em causa uma situação de perigo então não há nexo de
causalidade.
• Por vezes é a própria lei que no tipo de crime estipula que é um risco
previsível. Ex.: art. 279.º - Quem em medida inadmissível... há a
adaptação do conceito de risco que é tolerado pela ordem jurídica e há
um risco proibido.
• A construção desta teoria feita por ROXIN é bem mais complexa e
apesar de haver risco deverá atender-se a outros factores. É necessário,
por isso, que o resultado produzido se encontre dentro da esfera da
proteção da norma violada. Ex. um condutor atropela uma criança na
passadeira. A mãe assiste à morte do filho e tem uma paragem
cardíaca. Pergunta-se: a morte da mãe é imputável ao condutor?
• Outra composição formulada pelo autor, no sentido de correção da
teoria do nexo causalidade adequada, prende-se com o desvio do
processo causal, i.é., circunstâncias que produzem um determinado
resultado. Se o agente colocar em marcha um atuação e depois há um
fator exterior, estamos na presença de um desvio do processo causal.
Donde temos que analisar se o facto no desvio do processo causal é
relevante ou irrelevante, para apuramos a concretização. Ex. A é
atacado com umas facadas, vai para o hospital, onde se recusa a
receber tratamento hospitalar, e morre. O agente colocou em marcha
um processo causal, mas temos um desvio que é relevante. O mesmo
sucede no caso de um futebolista que parte a perna a um colega, num
jogo, e a caminho do hospital a ambulância sobre um acidente e a
vítima morre.
• Quando há um desvio que é relevante o resultado final não pode ser
imputado ao agente, porque a conduta que ele iniciou é desviada.
• E se for um desvio irrelevante? Ex.: A quer matar B leva-o para a ponte
25 de abril e manda-o dali a baixo. Na queda o B bate com a cabeça
num ferro, tendo este ficado imediatamente espetando, e morre. Houve
um desvio, mas este não alterou a conduta do agente, dando-se a
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mesma lesão do bem jurídico.
• OUTRO CRITÉRIO desta teoria: por vezes para o mesmo facto
concorrem duas causas, uma que é a causa real e outra que é a causa
virtual. Ex.: A quer matar um espião e coloca-lhe veneno na comida,
que atua em 24h. Contudo 5 horas depois B, que também quer matar o
espião, dá-lhe um tiro. Devemos assumir como REGRA que quando
perante uma situação destas no qual concorrem a causa hipotética e a
causa real, em princípio o agente não beneficia da causa hipotética ou
virtual. O autor da causa real (A) pratica o crime consumado, não
beneficiando da causa hipotética. O autor da causa hipotética (B) não é
responsabilizado como o principal autor, mas é punido pela tentativa.
• ÚLTIMO CRITÉRIO: o critério do comportamento lícito alternativo.
Em determinadas circunstâncias o agente atua ilicitamente mas veio-se
a apurar que se ele tivesse cumprido a conduta alternativa (lícita) o
resultado acontecia na mesma. Ex.: numa fabrica de pincéis usa-se pêlo
de cabra. O dono da fábrica não mandou lavar o pêlo e os funcionários
ficaram doentes. Realizada uma análise chegou-se à conclusão que a
composição do pêlo era diferente do normal e mesmo se fosse efetuada
uma pré-lavagem dava-se a mesma circunstância.
• Nesta circunstância não se deverá estabelecer um nexo de causalidade
e logo não há responsabilidade criminal.
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na Parte Especial e que exigem determinados elementos pessoais ou
uma atuação no próprio interesse, a pessoas em que esses elementos
típicos se não verificam, mas que, contudo, agiram como órgãos ou
representantes de pessoa que reunia tais elementos ou o referido
interesse próprio.
d) – Imputação do facto
i) - Culpabilidade
ii) - Dolo
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§ Dolo eventual – em que o agente ao atuar se conforma
com a possível realização do facto criminoso como
consequência da sua conduta. Ex.: o agente não tem o
propósito de tirar a vida ao ofendido, nem tão pouco
prevê que a sua ação possa conduzir fatalmente a esse
resultado. Aqui ele atua com indiferença pelo que possa
acontecer, tanto lhe fazendo que a morte ocorra como
não, e não lhe repugnando se ela vier a ter lugar.
iii) – Negligência
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o Art. 138.º, n.º 3
o Art. 141.º, n.º 1
o Art. 145.º
o Art. 152.º-A, nº. 3 e art. 152.º-B, n.º 3 e 4
o Art. 155.º, n.º 2
o Etc......
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restringir-se a uma mera defesa, que, de resto, está claramente
expressa na lei, quando o legislador se refere a “facto praticado
como meio necessário para repelir a ação”.
• Ao contrário do CP/1886 em que se previa a proporcionalidade entre
a agressão e a defesa, o atual código não prevê tal situação. Mas se
houver uma clara desproporcionalidade entramos na situação de
abuso de direito. Contudo o circunstancialismo concreto exige do
julgador uma ponderação equilibrada, da resposta que o defendente
deu à agressão.
• Embora no Código Penal não se faça referência à impossibilidade de
recurso á força pública, para que se possa justificar a legítima defesa,
certo é que o mesmo consta do art. 21.º da CRP.
• Exercício de um direito (direito de necessidade): é integrado pelo
complexo de atos que o titular do direito pratica para conseguir a
satisfação de um interesse que a lei tutela. Ex.: art. 70.º CC – proteção
contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade
física e moral. Exclui-se a ilicitude da conduta quando:
o A situação de perigo não tenha sido voluntariamente criada
pelo agente, a menos que se trate de proteger interesses alheios
o O interesse sacrificado seja sensivelmente inferior ao interesse
a preservar;
o For razoavelmente de impor ao lesado o sacrifício do seu
interesse face á natureza ou valor do interesse ameaçado.
• Cumprimento de um dever imposto por lei ou por ordem legitima de
autoridade: Ex.: a morte de inimigos pelos soldados em estado de
guerra
• Consentimento do titular do interesse lesado: Ex.: quando o dono da
casa permite a entrada nela a estranhos.
• Conflito de deveres: Quando o agente seja confrontado com a
concorrência de deveres jurídicos ou ordens legítimas da autoridade e
se lhe põe a opção de escolher, de entre eles, aquele ou aqueles que
deve sacrificar em detrimento dos demais. Com a ressalva que a
conduta do agente deixa de ser justificada quando implicar a prática
de um crime.
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ou susto não censuráveis (art. 33.º, n.º 2)
o Por estado de necessidade desculpante – quando o ato é praticado
para afastar um perigo atual e não removível de outro modo,
que ameace a vida, a integridade física, a honra ou a liberdade
do agente ou de terceiro (art. 35.º, n.º 1);
o Por obediência indevida desculpante – quando o ato resulta do
cumprimento de uma ordem por parte do funcionário,
desconhecendo que esse cumprimento conduz à prática de um
crime (art. 37.º)
• Erro sobre as circunstâncias do facto: por erro sobre os elementos de
facto e de direito ou sobre proibições cujo conhecimento for
indispensável para que se possa tomar conhecimento da ilicitude do
facto (art. 16.º)
• Falta de conhecimento da ilicitude não censurável: por
desconhecimento, não censurável, de que o facto era ilícito (art. 17.º, n.º
1).
4. Formas do crime
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especialmente atenuada (art. 23.º, n.º 3) segundo as regras do art. 73.º,
ou seja, diminuída nos seus limites máximo e mínimo, conforme as
diferentes situações aí previstas.
• Relativamente à tentativa impossível ou inidónea, mencionada no art.
23.º, n.º 3, não existe punibilidade. Existe tentativa impossível quando,
no caso concreto, a ação dirigida à realização de um tipo criminal não
pode consumar-se por razões fáticas ou jurídicas, o que sucederá, por
exemplo, no caso de inidoneidade do objeto, dos meios ou do sujeito,
ou ainda nas situações em que o objeto da ação previsto pelo agente
não se encontra no lugar da comissão do crime ou se encontra longe
dele, contra aquilo que o agente esperava. Ex.: tentativa de homicídio
num cadáver
• Desistência: deixa o crime de ser punível quando o agente abandone a
execução do delito.
• Para ser relevante tem que o agente:
o Abandonar voluntariamente e espontaneamente a execução do
crime – art. 24.º, n.º 1, primeira parte
o Impeça, voluntariamente e espontaneamente a consumação –
arrependimento ativo eficaz, art. 24.º, n.º 1, segunda parte
o Impeça a verificação do resultado não compreendo no tipo – art.
24.º, n.º 1, terceira parte.
o Faça um esforço sério para evitar a consumação do crime ou o
seu resultado – arrependimento ativo, mas ineficaz, art. 24.º, n.º
2. Ex.: A administra um veneno a B, com o intuito de lhe tirar a
vida, mas arrepende-se e procura um médico que lhe acuda, não
tendo a morte ocorrido porque, entretanto, um terceiro deu um
vomitório à vítima.
• De salientar que a desistência tem que ser espontânea, para ser
relevante. O que não sucede caso o agente tinha sido obrigado a
desistir.
• No caso de desistência em que há comparticipação, diferentemente do
que sucede na autoria singular, não basta que o desistente deixe de
prosseguir na execução, sendo necessário que impeça a consumação
ou a verificação do resultado, isto é, que a desistência seja sempre
ativa.
• Crime consumado: é o estádio último do inter criminis. É para ele que
a lei reserva, e sem restrições, a plenitude da censura penal, a menos
que se verifique, no caso, qualquer circunstância impeditiva da
ilicitude ou da culpa.
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o Executa o facto por si mesmo;
o Toma parte direta na sua execução, por acordo ou juntamente
com outro ou outros;
o Convence dolosamente outrem à prática do crime (determinado
crime), desde que esse crime tenha sido ou tenha começado a ser
executado.
• A autoria de um crime pode ser vista sob duas vertentes:
o Autoria imediata ou material – aquela em que o agente executa o
facto por si mesmo, diretamente por suas próprias mãos (art.
26.º, primeira parte);
o Autoria mediata, moral ou intelectual – aquela em que o agente
pratica o facto por intermédio de outrem, isto é, deixando-o
executar materialmente por outra pessoa, sem, todavia, perder
com isso o domínio do mesmo. Autor mediato é, assim, o que
comanda o facto.
• A instigação foi remetida, no âmbito do nosso Código Penal, para o
domínio da autoria mediata ou moral. Na instigação o agente,
dolosamente, determina outra pessoa à prática do facto. Aquela
determinação tem que poder ser concretamente limitada (ao menos a
título de dolo eventual) podendo ultrapassar a unidade, mas não
podendo ser geral e abstrata. Isto é, tem que se referir, pelo menos, a
um ato criminoso determinado, o que não se verifica quando, por
exemplo, se instiga alguém a prosseguir na senda do crime
(determinação abstrata).
• Coautoria ou comparticipação: quando o facto típico é compartilhado
por uma pluralidade de agentes, havendo conjugação de esforços no
sentido da consumação do facto ou factos típicos.
• Assim na coautoria a participação faz-se por uma de duas maneiras:
o Por acordo entre todos os comparticipantes – acordo este que
pode ser expresso ou tácito;
o Por participação direta na execução do facto juntamente com
outro ou outros. Ex.: a conduta do condutor do veículo onde se
deslocam os assaltantes de um banco.
• Há certos tipos de crimes que admitem coautoria mas onde se exige a
intervenção de pessoas com certas qualidades: casos dos crimes
próprios ou de mão própria, em que havendo comparticipação, não se
transmitem as qualidades exigidas no tipo.
• Contudo, na coautoria, a regra é a da comunicabilidade – ilicitude na
comparticipação.
• Diferentemente é o que diz respeito à culpa, no qual o legislador, no
art. 29.º, estabelece que cada participante é punido segundo a sua
culpa, independentemente da punição dos outros comparticipantes ou
do grau de culpa destes. Tal sucede por obediência ao princípio
consagrado no art. 13.º onde, “não há pena sem culpa e a culpa decide
da medida da pena”.
• Cumplicidade: consiste numa atividade extratípica acessória, de
auxílio ou colaboração com o autor, como no fornecimento de uma
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viatura, no empréstimo consciente de uma arma ou na vigilância dos
arredores. Na parte especial do CP só excecionalmente se criaram tipos
autónomos de cumplicidade (Ex.: art. 135.º, art. 349.º, art. 350.º)
• É cúmplice, nos termos do art. 27.º quem:
o Presta auxílio material ou moral à prática de um facto doloso
cometido por outrem;
o Fazendo-o dolosamente e utilizando qualquer meio.
• O cúmplice é punido na moldura correspondente ao facto típico
praticado pelo autor, sendo a pena especialmente atenuada, nos termos
do art. 72.º.
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§ Subsidiariedade – em que certas normas só se aplicam
subsidiariamente, ou seja, quando o facto não é punido
por uma norma mais grave (Ex.: usurpação de coisa
móvel – art. 215.º, apologia pública de um crime – art.
298.º)
§ Facto posterior não punível – os crimes que visam
garantir ou aproveitar a impunidade de outros crimes
(crimes de garantia ou aproveitamento) não são punidos
em concurso efetivo com o crime de fim lucrativo ou de
apropriação, salvo se ocasionarem um novo dano ao
ofendido ou se dirigirem contra um novo bem jurídico
(ex.: furto de uma coisa e sua posterior destruição para
afastar as suspeitas, em que só o primeiro é punível).
o Concurso efetivo, verdadeiro ou puro – em que entre os tipos
legais preenchidos pela conduta do agente se não dá uma
exclusão por via de qualquer das regras, como acontece com o
concurso ideal, aparecendo as diversas normas aplicáveis como
concorrentes na aplicação concreta (sendo a punição efetuada de
acordo com as prescrições constantes no n.º 1 a 4 do art. 77.º).
Ou seja, há concurso efetivo quando se comete mais que um
crime, quer através da mesma conduta, quer através de
condutas diferentes. Donde deveremos ainda distinguir:
§ Concurso ideal – quando mediante uma só ação se
violam diferentes tipos (concurso ideal heterogéneo – ex.:
agressão a uma pessoa que lhe provocou doença, e danos
em objetos de que se fazia acompanhar) – ou se viola
várias vezes o mesmo tipo (concurso ideal homogéneo –
Ex.: com um tiro agridem-se várias pessoas.
§ Concurso real – quando à pluralidade de crimes
cometidos corresponde uma pluralidade de ações.
• Crime continuado – verifica-se quando através de várias ações
criminosas se repete o preenchimento do mesmo tipo legal ou de tipos
que protegem o mesmo bem jurídico, usando-se de um procedimento
que se reveste de uma certa uniformidade e aproveita um
condicionalismo exterior que propicia a repetição, fazendo assim
diminuir consideravelmente a culpa do agente. É o que consta do art.
30.º, n.º 2 do CP.
• Os pressupostos do crime continuado são:
o Realização plúrima do mesmo tipo de crime (ou de vários tipos
que protejam fundamentalmente o mesmo bem jurídico);
o Homogeneidade da forma de execução;
o Unidade do dolo – as diversas resoluções devem conservar-se
dentro de “uma linha psicológica continuada”;
o Lesão do mesmo bem jurídico;
o Persistência de uma “situação exterior” que facilita a execução e
que diminui consideravelmente a culpa do agente.
• Nos termos do art. 79.º, n.º 1, o crime continuado é punido com a pena
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correspondente à conduta mais grave que integra a continuação.
17
DAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO CRIME
O direito penal define os pressupostos da responsabilização penal – define o que se entende por crime – e
estatui a correspondente sanção
Objecto do Direito Penal – F.D. «Conjunto de normas jurídicas que ligam a certos comportamentos
humanos, os crimes, determinadas consequências jurídicas privativas deste ramo do direito» as penas e
as medidas de segurança.
Então:
Crime é o objecto privilegiado do direito penal
Sentido formal de crime: todo a acção humana voluntária, típica, ilícita e culposa, que o ordenamento
comina com uma pena.
Sentido material de crime: todo o comportamento humano voluntário, que lese ou faça perigar bens
jurídicos.
O estudo da pena não é unitário, estende-se por várias áreas do direito penal enquanto sistema, dentro de
uma unidade funcional, segundo um trajecto: do geral – abstractamente aplicável a todos os infractores -
para o particular – individualizado no concreto agente que praticou o facto.
Assim:
• O Direito penal em sentido estrito - estuda os pressupostos de aplicação da pena nas suas várias
formas
• O direito processual penal contempla o regime jurídico de execução das penas – art. 369.º CPP –
determinação da sanção
• O direito penitenciário contempla o modo de cumprimento das penas
Porém, antes de vermos tipificadas na lei as sanções aplicáveis, houve todo um trabalho de política
criminal, que procedeu ao estudo das sanções adequadas à prática dos crimes, de acordo com as
finalidades que o sistema pretende alcançar.
• Penas – a mais importante das consequências – aplica-se a agentes que tenham actuado com
culpa.
• Penas principais: pena privativa da liberdade (prisão carcerária, prisão domiciliária – permanência
na habitação - prisão por dias livres e pena pecuniária ou de multa. (art. 41.º ss).
• Penas acessórias: aquelas que apenas podem ser cominadas na sentença se existir outra pena
principal (art. 65.º ss)
• Penas de substituição: penas que são aplicadas em vez das penas principais (ex. penas de multa
em substituição de penas de prisão não superior a um ano – art. 43.º).
• No caso dos jovens entre os 16 e os 21 anos, o DL 421/82 determina a possibilidade de aplicação
das medidas de correcção prescritas para os menores de 16 anos (art. 4.º), mas essa norma foi
revogada com a entrada em vigor da Lei tutelar educativa.
• Penas alternativas: Qualquer pena alternativa pode ser convertida em pena de prisão se não for
cumprida, porque a pena típica continua a ser a pena de prisão. As outras são alternativas.
A par das penas, existem outras reacções ou manifestações ou medidas penais: as medidas de segurança
Medidas de segurança
Medidas de segurança
Aplicáveis em primeira linha aos destinatários que não possam ser punidos com penas porque lhes são
insensíveis
• Aplicam-se a incapazes de culpa – i.e. a inimputáveis – mas apenas aos inimputáveis em razão de
anomalia psíquica
• (privativas ou não privativas de liberdade)
• (não em razão da idade, porque a esses não são aplicáveis penas, mas medidas de protecção - aos
menores com idade inferior aos 12 anos - ou medidas tutelares, aos menores entre 12 e 16 anos)
• art. 91.º ss – e pressupõem a periculosidade do agente.
• Têm carácter especialmente preventivo
• Sempre em situações pós-delituais, praticadas por quem não tem capacidade de culpa exemplo
• Porque no nosso sistema vigora o Princípio da culpa segundo o qual, a
quem não tiver capacidade de culpa, não pode ser aplicada uma pena
• Quanto mais censurável for o facto, maior será a pena a aplicar
Direito de mera ordenação social e direito penal (a aprofundar para o próximo semestre lectivo)
O direito penal está submetido a vários princípios, entre os quais o Princípio da protecção dos bens
jurídicos, o Princípio da ultima ratio e da proporcionalidade (art. 18.º/2 CRP e 40.º CP)
• D.m.o.s. é um direito recente
• Criado por necessidade de intervir em certos sectores que não exigiam a tutela penal, mas para os
quais a sanção civil não era suficiente
o Relaciona-se, ainda, com os bens jurídicos, pelo que é ainda ilícito penal
o B.j de menor dignidade
o Consequência: coima sanção administrativa
o Bens jurídicos tutelados
o Entidade que instrui o processo e aplica a sanção
o Tipo de sanção
o Recorribilidade para os tribunais das decisões administrativas
o Julgamento pelos Tribunais em caso de concurso entre ilícito criminal e ilícito de mera
ordenação social
A determinação das penas aplicáveis tem uma importância primordial, quer para o sistema, quer
para o delinquente
Nótulas:
A prisão apenas se generaliza como pena a partir do séc. XVIII porque exige, do Estado, meios logísticos de
que ele, atr então não pode dispor e porque não era aplicada como pena autónoma. Era uma pena utilitária,
para aplicação da pena principal. Servia para guardar o condenado e garantir que a pena lhe seria aplicada
a pena principal era aplicada em público, para servir de exemplo (ler Surveiller et punir - Vigiar e Punir, a
origem das prisões – Michel Foucault e Só Deus e nós)
1. Atos processuais
2. O tempo da prática dos atos processuais
3. Vícios dos atos processuais
1. ATOS PROCESSUAIS
• O processo constrói-se por atos. Estes atos têm um formalismo próprio e um tempo em que devem
ser praticados.
• A lei é rígida e determina o momento em que cada ato deve ser praticado.
• Há atos que são decisórios, ou seja, resolvem definitivamente uma questão (dentro daquele grau de
jurisdição). Ex.: Uma sentença (põe fim ao processo); certos despachos que podem ter efeito
decisório, tal como aceitar ou não uma prova.
• Todos os atos que ponham fim ao processo são atos decisórios (Ex. sentença, acórdão, despacho de
arquivamento....)
• Caraterística dos atos decisórios: têm que ser fundamentados sob pena de nulidade. Tal permite
conhecer a justiça do ato e principalmente permitir ao destinatário do ato que possa conhecer a
legalidade do mesmo (controle da legalidade).
• No quadro atual o processo é público, vigorando o Princípio da publicidade dos atos (art. 86.º, n.º 1
CPP). Contudo existem exceções.
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• O segredo de justiça não impede contudo que a autoridade judiciária possa em determinadas alturas,
por razões de segurança, prestar declarações públicas (art. 86.º , n.º 3 CPP).
• O segredo de justiça pode ser requerido pelo arguido, do assistente ou do ofendido ao JIC,
decidindo este por despacho irrecorrível (art. 86.º, n.º 2, CPP). Se o MP entender que os interesses
da investigação ou os direitos dos sujeitos processuais o justifiquem pode determinar a aplicação
do segredo de justiça ao processo, na fase de inquérito, ficando a decisão sujeita a validação do
JIC, no prazo de 72 horas (art. 86.º, n.º 3, CPP).
• Sendo o processo público qualquer pessoa pode assistir aos atos processuais, nos termos do art. 87.º
CPP.
• Contudo há atos que decorrem com exclusão da publicidade, tais como o primeiro interrogatório
judicial de arguido detido (art. 141.º, n.º 2, CPP). Só serão admitidas outras pessoas por questões
de segurança.
• Relação dos meios de comunicação e a justiça: os meios de comunicação podem dentro dos limites
da lei proceder à narração circunstanciada do teor dos atos processuais, que não se encontrem sob
segredo de justiça, art. 88.º, n.º 1, CPP. Sob pena de desobediência simples existem as proibições
referidas no art. 88.º, n.º 2, do CPP.
• Durante o inquérito o arguido, o assistente, o ofendido, o lesado e o responsável civil podem
consultar, mediante requerimento, o processo ou elementos dele constantes. Se o inquérito se
encontrar em segredo de justiça o MP pode-se opor por considerar que pode prejudicar a
investigação ou os direitos dos participantes ou das vitimas (art. 89.º, n.º 1, CPP). Neste caso a
decisão cabe ao JIC que decide, por despacho irrecorrível (art. 89., n.º 2, CPP).
• No caso de segredo de justiça todos os intervenientes processuais ficam vinculados ao segredo de
justiça. A violação do segredo de justiça é um crime doloso (art. 16.º, n.º 1, do CP).
• Terminado o inquérito o processo é público. Os sujeitos processuais mencionados anteriormente
podem consultar os autos fora da secretaria (confiança do processo judicial), no prazo
determinado pela autoridade judiciária (art. 89.º, n.º 4, CPP).
• As testemunhas prestam juramento perante as autoridades judiciárias e incorrem no crime de falsas
declarações se mentirem. Caso não queiram prestar juramento ocorrem no crime de obstrução à
justiça. Os peritos prestam compromisso. Os menores de 16 anos e os interpretes não prestam
juramento (art. 91.º CPP).
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de expediente (art. 103.º, n.º 1, CPP).
• Contudo há exceções que não podem ter limite temporal.(art. 103.º, n.º2, CPP).
• Limitações quanto ao interrogatório de arguido:
o Não pode ser interrogado entre as 00H00 e as 07H00, exceto em ato seguido à detenção
(art. 103.º, n.º 2, alínea g) )
o Não pode o arguido ser interrogado mais de 4 horas seguidas. Tem que existir um
intervalo mínimo de 1 hora. Tal fundamento prende-se com o respeito pela dignidade da
pessoa humana (art. 103.º, n.º 4, CPP), sob pena de nulidade (art. 103.º, n.º 5, CPP).
• Finalidades dos prazos processuais:
o Garantir a celeridade processual
o Garantias de defesa.
• Tipos de prazos:
o Dilatórios: marcam o momento a partir do qual um certo ato pode ser praticado. Ex.:
citação por edital, só pode acontecer quando se tiverem esgotado as outras formas de
citação.
o Perentórios: o prazo dado para praticar um ato.
o Meramente ordenadores: limitam um prazo para que o ato seja praticado, mas se o
prazo for ultrapassado e o ato não for praticado não há qualquer sanção. Ex.: O tribunal
tem um prazo para proferir a sentença, se não acontecer naquele prazo o ato não perde a
validade.
• Por regra o prazo para a pratica de atos processuais é de 10 dias, mas há exceções (art. 105.º, CPP),
Ex.: requerimento de abertura de instrução (art. 287.º, n.º 1, CPP).
• A contagem de prazos não está dependente de um ato formal e aplicam-se as disposições do
processo civil (art. 104.º, n.º 1, CPP). A contagem é efetuada de forma contínua (incluindo fins-
de-semana e feriados). Interrompem para férias judiais. OBS: Contudo há prazos que continuam a
contar nas férias judiciais (art. 103.º, n.º 2, a) e e) por força do art. 104.º, n.º 2, CPP).
• Aceleração processual: fundamento para requerer que os prazos não estão a ser respeitados.
Podem requerer a aceleração processual os sujeitos processuais e as partes civis (art. 109.º).
o Se o responsável for o MP requerimento para o PGR, que decide no prazo de 5 dias.
o Se o responsável for o Juiz requerimento para o Conselho Superior da Magistratura.
o Decisões art. 109.º, n.º 5, CPP.
o Pedido manifestamente infundado condenação do peticionante entre 6 e 20 UC (art.
110.º CPP).
• Falar de prazos implica a abordagem à prescrição:
o Do procedimento criminal, i. é., entre a prática do crime e o processo – varia quanto à
moldura penal dos crimes art. 118.º CP
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o Suspensão do prazo art. 120.º CP
• O prazo inicia-se a partir do dia em que o crime foi consumado. Atenção: for um crime continuado
inicia-se o prazo no momento em que se deu o último ato.
• Os atos processuais são comunicados aos sujeitos processuais (art. 111.º, n.º 3):
o Por mandado
o Por carta (precatória, se o ato a praticar for fora dos limites territoriais; rogatória, havendo
que concretizar-se no estrangeiro).
o Por ofício, ....
• Convocação para atos processuais – art. 112.º. Caso a pessoa falte e não justique a falta pode ser
condenado pelo Juiz numa sanção pecuniária – art. 116.º, n.º 1.
• A regra é que há atos feridos de irregularidade. Quando os atos são nulos a lei tem que o referir
expressamente.
• Efeitos dos atos inválidos:
o Nulidade insanável;
o Nulidade com necessidade de arguição;
o Irregularidades
• Nulidade Insanável: é de conhecimento oficioso, podendo o tribunal declarar a nulidade em
qualquer fase processual, desde que não tenha havido caso julgado. No caso de existir uma
sentença/acórdão transitado em julgado então a nulidade não pode ser declarada.
o Em obediência ao Princípio da tipicidade são as referidas no art. 119.º CPP.
• Consequências da nulidade insanável: afeta o ato e tudo o que depender dos mesmos – art. 122.º, n.º
1.
• Nulidade com necessidade de arguição: tem de ser arguida pelos interessados – art. 120.º :
o Antes que o ato termine, quando o interessado está presente;
o Tratando-se da falta de notificação até 5 dias após a notificação do despacho que designar
dia para a audiência;
o Se a nulidade dizer respeito ao inquérito ou à instrução, até ao encerramento do debate
instrutório ou, não havendo lugar a instrução, até 5 dias após a notificação do despacho
que tiver encerrado o inquérito;
o Logo no início da audiência nas formas de processo especiais.
• Não é de conhecimento oficioso.
• Consequências da nulidade dependente de arguição: afeta o ato e tudo o que depender dos mesmos
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– art. 122.º, n.º 1.
• Irregularidades: é a regra quanto ao ato a invocar pelos interessados.
• Devem ser invocadas quando o interessado se encontra presente no ato. Caso não esteja tem o prazo
de 3 dias para a invocar.
• Não é do conhecimento oficioso.
• Consequência da irregularidade: se não for arguida dentro do prazo produz os seus efeitos – art.
123.º.
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• A prova é sempre um elemento fundamental e serve para demonstrar que esses factos se
verificaram.
• Procura-se apurar no Proc. Penal a existência de um crime, se o arguido tem ou não
responsabilidade pelo crime e em caso afirmativo que pena aplicar.
• O Proc. Penal está centrado na preocupação de apurar os factos. A prova é o instrumento que leva
os factos ao processo.
• A nossa lei, em matéria de prova, estipula o Princ. da atipicidade, i. e., todas as provas são
admitidas, desde que não sejam proibidas (art. 125.º CPP).
• O Proc. Penal percorre o itinerário provatório (iter probatorium). No julgamento, através das
provas, apuram-se os factos.
• Há que distinguir duas situações distintas:
o Meio de prova – que serve para apurar os factos;
o Produção da prova – como se recolhem as provas, i.e., como se chega à prova.
• Todos os sujeitos processuais têm o dever de colaborar na produção da prova.
• As provas são produzidas e dirigidas a quem julga, na audiência de julgamento, de forma a formar a
convicção do julgador. Daí que o tribunal tenha que fundamentar como formou a sua convicção.
• A prova está condicionada pelo objeto do processo fixado na acusação ou despacho de pronúncia.
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• Quem têm o ónus da prova?:
o O ónus da prova não pertence a ninguém, uma vez que todos os sujeitos processuais têm
por missão carrear para o processo todos os factos provatórios, com vista à descoberta
da verdade material.
o Logo o tribunal também tem o ónus da prova.
• Há 2 elementos essenciais que condicionam o ónus da prova:
1. Presunção de inocência, consagrada constitucionalmente.
2. Princípio do in dubio pro reo, ou seja, caso não se faça prova dos factos, na dúvida
absolve-se o arguido dos factos que lhe são imputados.
• A prova distingue-se :
o Direta – nos casos em que o meio de prova se refere diretamente aquele facto que se quer
provar, ou seja, a partir da prova o facto revela-se. Ex.: A testemunha A diz “eu vi o B a
disparar uma arma de fogo contra C ”.
o Indiciária – quando a prova não demonstra o facto mas leva-nos a que tal facto se possa
ter verificado. Ex.: A diz que deu um tiro em B quando estava na casa de C. C vem dizer
que A nunca esteve em sua casa.
• As provas indiciárias em determinada fase do processo têm um efeito relevante, nomeadamente na
fase de inquérito. Nesta fase pretende-se demonstrar a presença de indícios, logo a prova
indiciária é suficiente (art. 277.º, n.º 2, a contrário).
3. LEGALIDADE DA PROVA
• Provas proibidas por lei – art. 126.º CPP. A proibição de prova está relacionada com o respeito
pelos direitos dos cidadãos, fundamentalmente pelo respeito da dignidade da pessoa humana.
• Se uma prova for obtida de modo proibitivo então ela é nula, sendo esta nulidade dependente de
arguição.
• A lei não prevê a admissibilidade ou não de se utilizarem determinados meios de prova, tais como
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o polígrafo (que tem uma validade científica). Contudo se for contra a vontade da pessoa não será
admissível o uso do polígrafo – art. 126.º.
• Se a pessoa se dispõe a utilizar este meio de prova, no nosso Código não existe um verdadeiro
fundamento para a sua proibição. Defende Prof. Costa Andrade que não está proibido o recurso a
este meio, em matéria de prova.
• A utilização de meios enganosos também é proibido na prova, tais como o uso de homem de
confiança ou de um polícia disfarçado que integra um cartel de droga. Contudo, em certas
circunstâncias a lei permite tais atos, tal como o previsto no regime do agente infiltrado.
• Há provas que são proibidas de se obter consoante a qualidade do agente. Ex.: art. 137.º.
• Existem proibições de prova relativa, ou seja, elas são proibidas, mas se forem ordenadas por certos
sujeitos processuais são permitidas. Ex.: o juiz ordena a realização de escutas telefónicas.
• As provas proibidas são nulas e aproveitam a todos os arguidos.
• Todos os atos processuais que tenham uma natureza decisória carecem de fundamentação (meio
para se controlar a legalidade e a convicção do juiz). O juiz tem que apresentar os fundamentos
com base:
o Nos factos
o Fundamentação de direito
o Apresentar os meios probatórios que levaram aquela decisão.
• A prova possuí ainda duas características:
o Imediação – contacto com a prova, nos termos do art. 355.º a prova produz-se em
audiência.
o Contraditório – todos os sujeitos processuais intervêm na produção da prova.
4. MEIOS DE PROVA
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DIREITO PROCESSO PENAL
Resumo do Conteúdo Programático
1. Competência Territorial
2. Desenvolvimento do Processo Penal
3. Processos Especiais
Conteúdo programático desenvolvido
1. Competência Territorial
A competência territorial do Tribunal é, por regra, o de 1.ª instância, aplicando-se as regras do Direito
Penal sobre a ocorrência dos factos decorrentes do Direito Penal (matéria já estudada).
Exceção para o caso em que os arguidos sejam magistrados que é competente o Tribunal da Instância
superior em relação aquele em que o magistrado desempenha funções. Ex. Se for um magistrado do
Tribunal da Relação será competente o STJ. (Cfr. art.º 11.º, n.º 4.º, a); art. 12.º, n.º 3, a) CPP)
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O processo penal nasce com a aquisição da notícia do crime, art. 241.º CPP. Consoante o tipo de crime o
Ministério Público (MP) deverá proceder à investigação. Assim temos:
Crimes Públicos – Aqueles que não necessitam de uma queixa formal, basta que chegue ao
conhecimento do MP para que este seja obrigado a proceder à investigação. Ex. Crime de
Homicídio.
Crimes Semipúblicos – Todos aqueles onde o legislador refere que o procedimento criminal
depende de queixa. Ex. Burla Informática (art. 221.º, n.º 4 CP). Se não existir queixa, até 6 meses
após o conhecimento do facto o procedimento criminal extingue-se e o MP nunca poderá dar início
à investigação, por falta de legitimidade.
Crimes Particulares – Todos os crimes onde se refere que o procedimento criminal depende de
queixa e de acusação particular. (ex. art. 188.º do CP). Nestes casos é obrigatório que o
queixoso/lesado se constituía assistente (art. 68.º do CPP). Caso não exista esta constituição o MP
não poderá proceder à investigação, por falta de legitimidade e terá que arquivar o processo
obrigatoriamente (art. 277.º, n.º 1 in fine).
Assim, o processo inicia-se na FASE DE INQUÉRITO. É a fase em que o MP procede por si mesmo, ou
delegando nos Órgãos de Polícia Criminal (OPC) a competência para a investigação. O INQUÉRITO é a
fase do processo penal destinada à investigação da existência de um crime, ao apuramento dos seus
agentes e respetivas responsabilidades, bem como à descoberta e recolha de provas relevantes que
sustentem a decisão sobre a acusação (art. 262.º, n.º 1 CPP).
A falta de INQUÉRITO constitui nulidade insanável, nos termos do art. 119.º, als. b), 1.ª parte e d) CPP.
Terminado o INQUÉRITO o MP pode arquivar o mesmo (art. 277.º e 280.º CPP), deduzir acusação (art.
283.º ) ou suspender provisoriamente o processo (art. 281.º).
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c) - ausência de aplicação anterior de suspensão provisória do processo por crime da mesma natureza;
d) - não haver lugar a medida de segurança ou internamento;
e) - ausência de um grau de culpa elevado;
f) - ser de prever que o cumprimento das injunções e regras de conduta responda suficientemente às
exigências de prevenção que no caso se façam sentir.
Segue-se a fase facultativa denominada INSTRUÇÃO. Esta fase é presidida pelo JIC que poderá praticar
todos os atos tendentes à descoberta da verdade material, incluindo diligências de prova. Tem o seu
regime jurídico regulado nos art. 286.º a 310.º. Após a acusação ou arquivamento ou o arguido ou o
assistente se conformam com a decisão do MP e o processo segue para a fase de JULGAMENTO ou não
se conformando podem requer a abertura da INSTRUÇÃO. O requerimento deverá ter lugar nos 20 dias
após a data da notificação do despacho de arquivamento ou da acusação. Se o processo se revelar de
excecional complexidade este prazo pode ser alargado até 30 dias ( art. 107.º, n.º 6 e 215.º, n.º 3, parte
final).
Terminada esta fase o JIC decide por despacho de não pronúncia (semelhante ao arquivamento do MP) ou
por despacho de pronúncia do arguido (semelhante à acusação do MP) e o processo segue para a fase de
julgamento.
Na fase de JULGAMENTO, uma das fases nucleares do processo penal, tem por objeto a decisão da causa
final. Vigoram aqui os princípios já estudados (rever – juiz natural, da vinculação temática, da
investigação ou da verdade material, do contraditório, da livre apreciação da prova, oralidade, imediação,
etc...).
TRIBUNAL COLETIVO (art. 15.º): constituído por 3 juízes. Julga todos os processo que não sejam da
competência do Tribunal Singular. à Este Tribunal decide por Acórdão.
Segue-se a FASE DE RECURSO e a FASE DE CUMPRIMENTO DA PENA (que não iremos estudar).
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3 . PROCESSOS ESPECIAIS
Quando não se enquadra em nenhuma forma especial (sumário, abreviado ou sumaríssimo) é aplicável a
forma de processo comum.
Não há lugar à fase de instrução nas formas de processos especiais (antes da reforma de 2007, existia a
possibilidade, na forma abreviada, de o arguido requerer a realização de um debate instrutório).
PROCESSO SUMÁRIO:
Forma de processo vocacionado para a média criminalidade e onde está subjacente o principio da
celeridade processual, designadamente porque o detido deve ser julgado no prazo máximo de 48h após a
detenção, sendo os atos e termos do julgamento reduzidos ao mínimo indispensável ao conhecimento e
boa decisão da causa (cfr. art.s 386.º, n.º 2, 387.º, n.º 1 CPP).
Requisitos:
• Os detidos em flagrante delito, nos termos do art. 255.º e 256.º (primeira parte do n.º 1, do art.
381.º) por crime punível com pena de prisão cujo limite máximo não seja superior a 5 anos,
mesmo em caso de concurso de infrações. (alteração efetuada pela Lei n.º 1/2016, de 25 fev).
Podem ainda ser julgados em processo sumário os detidos em flagrante delito com pena superior a
5 anos de prisão mas o MP na acusação deve mencionar que não deve ser aplicada, em concreto,
pena de prisão superior a 5 anos.
• Donde:
o Tratando-se de crime particular não há lugar à detenção em flagrante delito, mas apenas à
identificação do infrator (art. 255.º, n.º 4)
o Nos crimes semipúblicos a detenção é possível, mas só se mantém se, em ato seguido a
ela, o titular respetivo exercer o direito de queixa (art. 255.º, n.º 3). Se a queixa não for
apresentada após a detenção, o detido deve ser libertado.
o Nos crimes públicos a detenção é possível e o julgamento realiza-se sob a forma sumária
se forem observados os restantes requisitos previstos no art. 381.º.
• Se o crime não admitir pena de prisão não poderá haver detenção em flagrante delito (art. 255.º, n.º
1, a contrario).
• Quando à detenção tiver procedido qualquer autoridade judiciária ou entidade policial (al. a), do n.º
1, do art. 381.º).
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• E o início da audiência de julgamento ter lugar no prazo máximo de 48 horas após a detenção.
PROCESSO ABREVIADO
São julgados em processo abreviado os crime de média gravidade (públicos, semi-públicos e particulares).
Não obstante verificar-se uma substancial aceleração da tramitação nas fases preliminares, o julgamento
obedece às mesmas formalidades do processo comum
Requisitos:
• O crime for punível com pena de multa ou de prisão não superior a 5 anos;
• Existirem provas simples e evidentes de que resultem indícios suficientes de se ter verificado o
crime e de quem foi o seu agente. Com a reforma de 2007, entende-se que há provas simples e
evidentes, nomeadamente quando:
o O agente tenha sido detido em flagrante delito e o julgamento não possa efetuar-se sob
a forma de processo sumário (art. 391.º-A, n.º 3, al. a) )
o A prova for essencialmente documental e possa ser recolhida no prazo previsto para a
dedução da acusação (art. 391.º-A, n.º 3, al. b) )
o A prova assentar em testemunhas presenciais com versão uniforme dos factos (art.
391.º-A, n.º 3, al. c) )
• A audiência de julgamento deve ter início no prazo de 90 dias a contar da dedução da acusação.
PROCESSO SUMARÍSSIMO
Vigoram com especial intensidade os princípios da simplicidade, consensualidade e economia processual,
não havendo lugar a uma audiência formal e solene no sentido pleno do termo, já que a decisão do
tribunal é um despacho baseado no requerimento do MP e no acordo do arguido.
Trata-se de um processo facultativo para o MP (porque apenas promoverá se entender que ao caso deve
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Direito e Processo Penal Prof. Doutor Armando Ramos
ISCAL
ser concretamente aplicada pena ou medida de segurança não privativas da liberdade) e para o arguido,
visto que poderá recusar-se a aceitar as sanções propostas pelo MP ou pelo Juiz (cfr. arts 396.º, n.º 1, b) e
398.º.
É possível a constituição de assistente, mas não a intervenção das partes civis, sem prejuízo da
possibilidade de aplicação do disposto no art. 82.º-A, relativo à reparação da vítima em casos especiais.
Requisitos:
• O arguido assim o solicitar, ou
• Depois de o ter ouvido e entender que ao caso deva ser concretamente aplicada pena ou medida de
segurança não privativas da liberdade.