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Noções de

Direito Penal
e Processo Penal
Princípios e Fontes do Direito Penal

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Rodrigo de Souza Marin

Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Princípios e Fontes do Direito Penal

• Introdução;
• Princípios;
• Fontes.


OBJETIVO

DE APRENDIZADO
• Tratar dos princípios que regem o Direito Penal e suas fontes (Material e Formal).
UNIDADE Princípios e Fontes do Direito Penal

Contextualização
O ano de 2020 é diferente de tudo o que já conhecemos até os nossos dias atuais,
a pandemia que chegou vinda da China, trouxe incertezas a todos os campos de atu-
ação da sociedade, e o Direito não escaparia desse processo. É agora, mais do que
nunca, que os princípios do Direito deverão ser preservados.

Os princípios do Direito nos auxiliam a tomar as decisões e entender o que está


se passando em um processo. Devemos buscar a lei acima de tudo, mas a pena para
alguns crimes não pode ser maior que o próprio crime. Esse novo cenário de reces-
são nos trará muitos problemas de infrações contra as leis, e as leis penais também
deverão estar fortes e com os seus princípios funcionando mais do que nunca.

As jurisprudências deverão estar embasadas em análises e interpretações positi-


vas e que determinem com exatidão como deverá a lei se portar.

Vamos buscar esse conhecimento e entender como o Direito se comporta em re-


lação aos seus princípios, a suas fontes, e que a doutrina nos auxilie a seguir sempre
com boas definições e entendimentos.

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Introdução
O Direito Penal é um dos itens mais estudados do Direito, isso por conta, muitas
vezes, de filmes e séries americanos a que assistimos quando crianças e mais velhos;
o Direito Penal desperta o interesse de todos dentro do ordenamento jurídico.

Dentro desse processo, vamos aprender muito sobre o Direito Penal; esta unidade
nos conduzirá a conhecer os princípios que norteiam o Direito Penal e que nos
ajudam a entender como as leis devem ser respeitadas, principalmente buscando a
correta análise das provas e a coerência nesse processo.

Vamos entender que o Direito Jurídico é composto de costumes, jurisprudências,


doutrinas e as leis, propriamente ditas, e, com esses itens em conjunto, vão balizar a
ação dos juristas em busca das melhores práticas do Direito Penal.

Esse direito, que tanto nos encantou quando assistíamos aos seus desdobramentos
na televisão, agora está em nossas mãos, e vamos buscar agregar cada vez mais o
conhecimento necessário para que o Direito Penal deixe de ser um bicho de sete
cabeças e passe a ser um animal doméstico que entendemos e admiramos.

Mas não desvalorize o Direito Penal, é nele que, basicamente, buscamos as regras
da sociedade e o seu controle.

Vamos conhecer esse novo mundo e liberar a mente para esse novo conhecimento.

Princípios
Dentro do sistema jurídico, temos diversos princípios que são fundamentais para
o ordenamento jurídico, e para que possamos entender e verificar qual caminho
seguir em determinadas situações, esses princípios podem ter base constitucional ou
ser somente jurisprudências adotadas ao longo do tempo.

Esses princípios, para o Direito Penal, são de extrema importância, visto que,
com base neles, podemos entender os direitos dos réus, a limitação do Estado em
punir, garantir a liberdade dos indivíduos, entre outros importantes temas.
Convém distinguir entre princípios de natureza penal constitucional –
princípios penais propriamente ditos (v.g., princípios de legalidade, de
culpabilidade, de individualização e da personalidade da pena) previstos
na Constituição e princípios constitucionais gerais que versam a matéria
penal. Os primeiros integram o ordenamento penal positivo “em razão
do próprio conteúdo, têm, ademais, características substancialmente
constitucionais, enquanto se circunscrevam dentro dos limites do poder
punitivo que situam a posição da pessoa humana no âmago do sistema
penal; em seguida, vincam os termos essenciais da relação entre indiví-
duo e Estado no setor delicado do Direito Penal”, e outros princípios de
conteúdo não especificamente penais (de caráter geral ou heterogêneo),
também consagrados no texto constitucional, que versam sobre matéria

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UNIDADE Princípios e Fontes do Direito Penal

penal (v.g., princípios de proporcionalidade, de igualdade, de necessi-


dade). Estes últimos se referem à matéria de relevância constitucional,
estabelecendo quase sempre suas diretrizes. Sua influência no Direito
Penal moderno pressupõe, em certa medida, seu caráter sancionatório,
“enquanto (...) condicionam, com prevalência, o conteúdo, a matéria pe-
nalmente disciplinados, e não a forma penal de tutela, o modo de disciplina
penalística”. (PRADO, 2019, on-line)

Temos doze princípios aos quais temos que nos atentar para o nosso estudo, e
agora vamos passar por cada um.

Princípio de legalidade ou de reserva legal


Este princípio é de extrema importância dentro da nossa sociedade, ele visa ga-
rantir que ninguém possa ser pego por algo que não existia até então. Para que se
possa ser punido, a lei deve existir.

Para que alguém possa ser punido por um crime, esse crime deve estar previs-
to em lei formal anteriormente aprovada dentro da sociedade e dos ordenamentos
jurídicos. Isso garante que o Estado não vá agir de forma autoritária e sem funda-
mento e com um poder punitivo exacerbado, com isso, a lei se torna um processo
constitucional completo; é tido como a principal base do Estado de Direito moderno,
desempenhando garantia individual e segurança jurídica para o Estado.

Esse princípio é tão amplo em sua série de consequências e garantias que chega até
a ter subprincípios dentro do seu contexto. Agora vamos entender esses subprincípios.
• Garantias criminal e penal: Não existe crime nem punição, se isso não estiver
previsto em lei;
• Garantias jurisdicional e penitenciária ou de execução: Dentro desses sub-
princípios temos as garantias aos réus que, com base, principalmente, no artigo 5º
da Constituição Federal, tem suas garantias;
• Princípio de irretroatividade da lei e sua exceção: Aqui tratamos que a lei
não vai retroagir, desde que seja para beneficiar o réu;
• Princípio de determinação ou de taxatividade: Nesse processo, tudo deve
ser descrito da melhor e mais correta maneira possível para que não apareçam
dúvidas dentro do processo punitivo.

Esse princípio e seus subprincípios são peças fundamentais no contexto de ana-


lisarmos e buscarmos sempre a legalidade dentro do processo penal, para que não
suscite dúvidas da função do juiz e de todos no processo penal.

Princípio de dignidade da pessoa humana


Dentro desse princípio, o acusado deixa de ser simplesmente uma pessoa e passa
a ser um cidadão, que tem direitos e que não pode ser simplesmente julgado sem que
esses direitos sejam respeitados, tanto direitos no sentido jurídico quanto direitos no

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sentido de que não pode sofrer, não pode ter um julgamento arbitrário e que toda a
questão de Direitos Humanos deverá ser respeitada e seguida.

A dignidade deve ser preservada sempre, o humano deve ser tratado como hu-
mano e não como coisa. Por isso toda a lei que não cumpra o seu papel e fira o
conceito de dignidade deve ter o seu caráter como inconstitucional, e não poderá
gerar efeitos.

Princípio de proporcionalidade
Esse princípio trata da pena, o quanto uma pena pode ser dada a determinado
indivíduo, busca o consenso para determinar que não haja abusos quando da defini-
ção dessas penas, pois os indivíduos só podem ser limitados ao seu direito de ir e vir
quando as provas estiverem de forma corretamente estruturadas.

Dentro desse princípio temos três subprincípios, que são:


• Adequação ou idoneidade; 
• Necessidade ou exigibilidade; 
• Proporcionalidade em sentido estrito.

O que se busca é o prejuízo correto ao autor do delito, garantindo-lhe os direitos


fundamentais que lhe são cabidos, desde que as evidências sejam maiores do que a falta
delas, assim como descrito na Declaração dos Direitos humanos, em seu artigo oitavo:
“a lei só deve estabelecer penas estritamente e evidentemente necessárias (...)”.

Para que a pena seja pensada de modo justo, todos os sentidos devem ser exauri-
dos; a questão da proporcionalidade, da idoneidade e da própria necessidade devem
ser verificados, a fim de não se aplicar uma pena maior do que o próprio crime.

Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU definiu a lei dos direitos humanos, lei que deve
garantir a todas as pessoas direitos e liberdades básicas, como por exemplo, nascer livre, ter
direito de expressão, crença, entre outros. Sendo decorrência lógica dessa evolução histó-
rica dos direitos humanos, chegamos ao princípio da proporcionalidade penal. Leia o texto
completo, disponível em: https://bit.ly/38tFXmC

Princípio de culpabilidade e de imputação subjetiva


Esse princípio trata, basicamente, da proporcionalidade da culpa. A pena não
pode ser maior que o crime, a pena deve ser do tamanho do crime cometido, e não
ser um ato sem cabimento jurídico.

Da mesma forma que estudamos anteriormente, aqui tratamos e respeitamos a


dignidade humana.
A exigência de responsabilidade subjetiva quer dizer que, em havendo
delito doloso ou culposo, a consequência jurídica deve ser proporcional

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ou adequada à gravidade do desvalor da ação representado pelo dolo ou


culpa, que integra, na verdade, o tipo de injusto e não a culpabilidade.
(PRADO, 2019, on-line)

Aqui devemos tratar o fato meramente em si, sem os pesos psicológicos que po-
dem vir atrelados ao crime, simplesmente devemos encarar o dano que foi causado
para assim aplicar a pena cabível.

Princípio de exclusiva proteção de bens jurídicos


Dentro desse princípio defende-se que não há perigo ou lesão sem que isso ocor-
ra a um bem jurídico determinado. A defesa aos bens jurídicos é de extrema impor-
tância dentro das normas jurídicas.

Bem jurídico: Trata-se do valor ou interesse de alguém que é protegido por lei, sendo a base
do Direito Penal para criar normas penais incriminadoras, ou seja, quem atentar contra ele,
será punido. No homicídio, por exemplo, o bem jurídico tutelado é o direito à vida humana.

Fonte: https://bit.ly/3fFI7SM

Na sequência, trarei uma tabela sobre as principais funções que são desempenha-
das pelos bens jurídicos.

Tabela 1 – Funções do bem jurídico


É função, por assim dizer, doutrinária de reconhecimento do
sistema penal vigente. Consiste ela na valorização do papel
Função Dogmática
central que ocupa o bem jurídico na formação do delito, e sua
consideração de modo prevalentemente objetivo.
O bem jurídico vem erigido como conceito limite na dimensão
Função de Garantia ou de Limita- material da norma penal. Em relação a esta função, alude-se
ção ao Direito de punir do Estado que o legislador é formalmente livre de penalizar ou não uma
conduta, mas não substancialmente é árbitro da sua escolha.
Como um critério de interpretação dos tipos penais, que con-
Função Teleológica diciona seu sentido e alcance à finalidade de proteção de certo
ou Interpretativa bem jurídico. Implica buscar a compreensão do significado do
tipo legal abstratamente previsto.
Opera numa perspectiva metajurídica que utiliza o conceito
de bem jurídico como parâmetro de critérios orientadores no
Função de Orientação
plano da política criminal. O conceito de bem jurídico opera
Política-criminal
como critério de legitimação da norma penal, de matiz político
liberal e democrático.
Como critério de medição da pena, no momento concreto de
sua fixação, levando-se em conta a gravidade da lesão ao bem
jurídico. Esta função nãodeixa de ser também função de garan-
Função Individualizadora
tia, consistente em reconstruir a concreta ofensa a um interesse
merecedor de tutela, legitimando assim a incriminação de uma
conduta na perspectiva de um Direito Penal do fato.

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Como elemento classificatório decisivo na formação dos gru-
pos de tipos da parte especial do Código Penal. os próprios títu-
Função Sistemática los ou capítulos da parte especial são estruturados com lastro
ou Classificadora no critério do bem jurídico. Essa função aparece como guia ao
reagrupamento dos delitos em uma ordem legal representati-
va de uma hierarquia de valores.
Fonte: Adaptado de PRADO, 2019

A questão de bem jurídico é um importante conceito a que devemos nos aten-


tar sempre que estamos estudando o Direito Penal e seus desdobramentos dentro
da sociedade.

Princípios de intervenção mínima e de fragmentariedade


Por esse princípio entende-se que o Estado, em sua mão vinda do Direito Penal,
deve interver o mínimo possível para garantir o direito de todos, o uso excessivo da
sanção criminal não garante maior proteção de bens, pelo contrário, condena o sis-
tema penal a uma função meramente de ente sem valor nenhum dentro do processo.
Desse modo, opera-se uma tutela seletiva do bem jurídico, limitada àquela
tipologia agressiva que se revela dotada de indiscutível relevância quanto à
gravidade e intensidade da ofensa. Esse princípio impõe que o Direito Penal
continue a ser um arquipélago de pequenas ilhas no grande mar do penal-
mente indiferente. Isso significa que o Direito Penal só se refere a uma peque-
na parte do sancionado pelo ordenamento jurídico, sua tutela se apresenta
de maneira fragmentada, dividida ou fracionada. Noutro dizer: fragmentos
de antijuridicidade penalmente relevantes. (PRADO, 2019, on-line)

O ordenamento jurídico deve se preocupar com o todo e, dessa maneira, evitar


arbitrariedades dentro do seu processo de sanções aplicadas a pessoas naturais.

Princípios de pessoalidade e de individualização da pena


Este princípio é muito claro em definir quem deve ser o apenado dentro do con-
texto jurídico, somente o autor do delito pode sofrer as consequências de seus atos,
desta maneira, a pena não pode ser transferida a ninguém, nem a pais, filhos ou
quem quer que seja.

Da mesma maneira, o julgador irá somente poder penalizar o autor do crime, e


esse julgamento deve seguir todos os princípios e o código penal brasileiro em con-
junto com todos os ordenamentos jurídicos disponíveis para tal.

A pena deve ser descrita de forma única, com toda a imparcialidade, o julgador
deve analisar o dano ao bem jurídico e, dessa maneira, colocar a pena a pessoa
única, sem que isso possa ser passado de pessoa para pessoa e que somente quem
cometeu a falha seja responsabilizado pelos seus atos.

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Princípio de humanidade
Princípio que trata de tentar, de maneira humana, punir os réus que atentam
contra os bens jurídicos. É importante entender que isso é algo que as sociedades
têm se cobrado constantemente; saímos de uma questão de punição com morte para
penas que restringem o réu de estar em sociedade, até penas que são meramente
alternativas, como multas, prestações de serviço à comunidade.

Aqui buscamos o tratamento humano de todos, independentemente do crime.


A dignidade tem que ser preservada, assim como descrito na Declaração dos Direi-
tos do Homem de 1948: toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal” (art. III), e “ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo
cruel, desumano ou degradante” (art. V).

A pessoa será punida pelos seus crimes, mas não poderá ser incorrida por tortura
ou qualquer prática que atente contra a sua dignidade e contra a sua humanidade, e a
lei, da mesma maneira, será punida se ocorrer gerando crimes tanto quanto os do réu.

Princípio de adequação social


Esse princípio preza que as questões da sociedade devem ser observadas para se
determinar o processo de adequação social de um indivíduo dentro desse processo.
Nas hipóteses de adequação social não se vislumbra um desvalor do re-
sultado, ainda que possa se verificar um desvalor do estado de coisas.
Isso quer dizer que, mesmo em não havendo um desvalor do resultado
penalmente típico, pode ocorrer um resultado desvalioso perante o res-
tante do ordenamento jurídico, com a produção de efeitos tais como a
indenização ou a compensação. (PRADO, 2019, on-line)

Adequação social não pode ser confundida com risco permitido dentro da so-
ciedade. Prado (2019) ainda nos elucida sobre a comparação entre os dois pontos:
adequação social e o critério do risco permitido. Ambos servem como fundamento à
existência de um resultado prejudicial e analisam sua repercussão no que diz respeito
à valorização da ação.

Para os princípios da insignificância, ne bis in idem e o princípio da segurança


jurídica, vamos nos atentar ao quadro a seguir.

Tabela 2 – Princípios da insignificância, ne bis in idem e da segurança jurídica


Conceitos Princípios
O princípio de insignificância potula que devem ser tidas como
atípicas as ações ou omissões que afetem infimamente um
bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do bem jurídico prote-
Princípio de Insignificância gido não justifica a imposição de uma pena, devendo excluir-
-se a tipicidade da conduta em caso de danos de pouca impor-
tância ou quando afete infimamente um bem jurídico-penal.

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Conceitos Princípios
O princípio de ne bis in idem veda a incidência de mais de uma
punição individual pelo mesmo fato (tríplice identidade en-
tre sujeito, fato e fundamento). É postulado essencialmente
Princípiode ne bis in idem de natureza material ou substancial – conteúdo material re-
lativo à imposição de pena –, ainda que se manifeste também
no campo processual ou formal, quando diz respeito à impos-
sibilidade das persecuções múltiplas.
Postulado basilar de estabilidade das relações jurídicas, o
princípio da segurança jurídica visa refutar qualquer imprevi-
sibilidade ou incerteza no que diz respeito ao controle formal-
Princípio da -legal a que o indivíduo se encontra submetido. A partir desse
paradigma de Estado, a segurança jurídica assume perfis bem
Segurança Jurídica definidos: condição do Direito, não apenas como legalidade
positiva, mas decorrente dos direitos fundamentais, que las-
treiam a ordem constitucional, e função do Direito, que per-
mite e assegura a realização das liberdades.
Fonte: Adaptado de PRADO, 2019

Você Sabia?
O STF reconheceu bis in idem e anulou a condenação transitada em julgado no caso de
uma policial militar condenada à prisão por tortura.
Leia mais sobre o caso em: https://bit.ly/3gwrPf3

Fontes
Quando tratamos das fontes do Direito Penal, devemos entender isso como as
bases de onde vêm as fundamentações do Direito. Quando tratamos disso, temos
que as leis são denominadas as principais fontes do Direito, enquanto as doutrinas,
as jurisprudências, os costumes e o direito comparado são as fontes secundárias.

Segundo Assis, Fraga, Massarutti e Teixeira,  2018 existem dois tipos de fontes:
• Fonte material: também chamada de fonte de produção ou fonte substancial,
remete ao órgão incumbido de produzir a lei penal. No Brasil, incumbe à União
a elaboração da lei penal;
• Fonte formal: também chamada de fonte de cognição ou de conhecimento, diz
respeito ao modo pelo qual o Direito Penal se exterioriza. Subdivide-se em fonte
imediata e fonte mediata. A fonte imediata é a lei.

As fontes são as normas que devemos seguir dentro do ordenamento jurídico, é como
elas são criadas, definidas e determinadas dentro do contexto mais amplo da sociedade.

Vamos tratar de Costume, Jurisprudência, Doutrina e Lei.

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Costume
Os costumes normalmente vêm antes da lei. Eles dividem com a lei a função de
coordenar a sociedade e podem ser descritos como regras de conduta que foram
determinadas pela consciência dos povos ao longo dos tempos.

O costume tem base em dois importantes elementos:


• Objetivo: Com uso constante e prolongado;
• Subjetivo: Convencimento da sociedade sobre sua importância.

O costume, ainda perante a lei, pode ter três importantes visões, ele pode ser
de acordo com a lei, quando ele é previsto em lei e todos realmente conhecem e
seguem; pode ser na falta da lei, que supre problemas encontrados nas leis e, dessa
maneira, as complementa; e os costumes que são contra as leis, que são os costu-
mes que aparecem na sociedade em contrariedade às leis vigentes.

O costume só pode ser usado juridicamente se ele for favorável ao réu. A produ-
ção de defesa com base em costumes é válida dentro do contexto jurídico, já o con-
trário não é aceito, então se o Estado se beneficiar de costumes para tentar provar
um delito, isso não terá validade jurídica.

Jurisprudência
A jurisprudência, pode-se dizer, é o que de mais moderno existe no Direito, pois
se trata das interpretações mais recentes das leis pelos juízes de direito e suas con-
tribuições são de extrema importância para se formar o que conhecemos como
ordenamento jurídico.

Não podemos determinar que a jurisprudência seja tomada como lei, isso não
seria correto, pois dentro do sistema brasileiro existem instituições determinadas à
criação das regras e leis que devem ser seguidas, mas as jurisprudências são impor-
tantes ferramentas para que se tomem decisões com interpretações corretas e novas
sobre determinados assuntos.

Jurisprudência não é lei, muitas vezes ela acaba se impondo com características
de lei, mas isso não é obrigatório nem de forma absoluta.

Podemos determinar que a jurisprudência eleva o conhecimento do Direito no


país, pois determina estudo e aperfeiçoamento de diversas leis, e pode levar a mu-
danças em leis antigas e que podem estar de alguma maneira ultrapassadas, então,
sim, é um ferramenta sem igual para a criação de um Estado de direito bom e com
leis importantes e renovadas.

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Doutrina
A doutrina pode ser definida como um guia para o julgador buscar e elevar o
conhecimento sobre determinada matéria que está analisando e buscando o conhe-
cimento para o correto julgamento.

Trata-se de um conjunto de estudos feitos pelos juristas para sistematizar as nor-


mas jurídicas e seus pontos de forma a elaborar conceitos, interpretação de leis,
emitir juízos de valor a respeito de disposições legais e determinar pontos que devem
ser tratados em reformas das leis e normas.

Tem papel predominante para o ensino e para pesquisas científicas da área jurídi-
ca, buscando a formação de grandes profissionais no meio jurídico e determinando a
melhora constante do ordenamento jurídico e de todo o seu contexto de salvaguardar
a sociedade.

No link a seguir, você encontra o tutorial para pesquisar jurisprudências no site do STJ,
“Tutorial Pesquisa de Jurisprudência”: https://youtu.be/rS7nXRYLJBs

Lei
Lei é um preceito que é criado e se espera que seja seguido, é uma ordenação
jurídica que significa uma obrigação imposta e que todos estão abaixo dessa mesma
lei, por isso as leis devem ter um conceito muito bem definido para que a sua vigência
seja correta e que todos a sigam sem questionar, deve ser ética e exprimir a norma
jurídica como uma conduta exemplar.
Não obstante, toda norma de determinação (norma de conduta), de cará-
ter geral e abstrato, arranca de um substrato cultural (valor), isto é, de an-
teriores atos cognoscitivos e axiológicos, de modo que o seu destinatário,
no exercício de sua liberdade, pode livremente escolher certa alternativa.
(PRADO, 2019, on-line)

A lei deve ser o instrumento da norma jurídica, que deve ser seguida e ser buscado
o seu detrimento, e que todos sigam e não falhem nesse sentido, com risco de as pena-
lidades impostas nessas leis serem colocadas a cada cidadão que falhar nesse contexto.

Saiba mais sobre o significado de costumes no texto a seguir, “O que são os Costumes?”,
disponível em: https://bit.ly/2Oz0YTq

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Sites
Garrastazu Advogados
https://bit.ly/2C8jkZd

 Livros
Direito Penal Tributário: Crimes contra a Ordem Tributária e contra a Previdência Social
FILHO, A.; OLIVEIRA, E. Direito Penal Tributário: crimes contra a ordem
tributária e contra a previdência social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

 Vídeos
Direito Penal para Iniciantes
https://youtu.be/N1nGSYiqDy8

 Leitura
Coletânea Temática de Jurisprudência: Direito Penal e Processual Penal
https://bit.ly/2WtNGwa

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Referências
ANDREUCCI, R. A. Manual de Direito Penal. 14. ed. São Paulo: Saraiva Educa-
ção, 2020.

ASSIS, M. de; FRAGA, P. F.; MASSARUTTI, E. A. S.; TEIXEIRA, F. K. M. Direito


penal I. Porto Alegre: SAGAH, 2018

CONJUR. STF reconhece bis in idem e anula condenação transitada em julga-


do. 12 jun. 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-jun-12/stj-reco-
nhece-bis-in-idem-anula-condenacao-transitada-julgado>. Acesso em: 19/04/2020.

DINO. Direito Penal x Direitos Humanos: os limites para penas excessivas. Terra, 13
dez. 2016. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/dino/direito-penal-x-
-direitos-humanos-os-limites-para-penas-excessivas,b8ca89644c2359cc9b48ea4fff9
2d92bpbtbnf0l.html>. Acesso em: 19/04/2020.

GONÇALVES, V. R. Direito Penal Parte Geral. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
v. 7. (Coleção sinopses jurídicas).

PRADO, L. R. Curso de Direito Penal Brasileiro. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.

Sites Visitados
SIGNIFICADOS. Costumes. Disponível em: <https://www.significados.com.br/cos-
tumes/>. Acesso em: 19/04/2020.

YOUTUBE. Tutorial Pesquisa de Jurisprudência. Disponível em: <https://www.you-


tube.com/watch?v=rS7nXRYLJBs>. Acesso em: 19/04/2020.

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