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Resumo da Lei 10.

826/2003 – Estatuto do Desarmamento


Introdução
É sempre válido conhecer a intenção do legislador ao instituir uma lei, assim entenderemos que
a lei ter por objetivo dispor sobre:
Registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição
Sistema Nacional de Armas – Sinarm,
Crimes relacionados
Sistema Nacional de Armas
A Lei inicia instituindo o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), instituído no Ministério da
Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tendo circunscrição em todo o território nacional (Art.
1o).
Vejamos algumas das competências do Sinarm (Art. 2º)
Art. 2o Ao Sinarm compete:
I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro;
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
(….)
Ou seja, o Sinarm tem por competência manter o cadastro integrado das armas de fogos no país
e o controle do registro.
Obs. As armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares (PM, bombeiro e etc.) têm registro
próprio não sendo alcançado pelo Sinarm, mas sim pelo Sistema de Gerenciamento Militar de
Armas (Sigma), atenção!
Do registro
Da análise do artigo terceiro, devemos entender que é obrigatório o registro de arma de fogo
no órgão competente.
E que órgão competente seria esse? Simples:
Registro
Armas uso permitido -> Sinarm
Armas de uso restrito -> Sigma
Para que se possa adquirir uma adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado
deverá respeitar os requisitos* (Art. 4):
declarar a efetiva necessidade
comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes
criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar
respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios
eletrônicos;
apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica
Assim, o Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os
requisitos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta
autorização (§ 1o)
*Os requisitos deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3
anos (Art. 5, §2º).
Além disso, fica a empresa que comercializar obrigada a comunicar a venda, além
de responder legalmente pelas mercadorias enquanto não forem vendidas (Art. 4, §3º e §4º).
Superado os requisitos, a Polícia Federal (Art. 5, § 1o ) emitirá um certificado de Registro de
Arma de Fogo que autoriza o proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no
interior (Art. 5, caput):
sua residência, ou
seu local de trabalho
Do porte
Entende-se que em regra é proibido o porte de arma de fogo (Art. 6), entretanto encontramos
algumas exceções, que de forma resumida são:
Integrantes das Forças Armadas
Integrantes da PF; da PRF; da PFF; das PCs; das PMs e dos Corpos de Bombeiros Militares
Guardas municipais*
Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência
Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos Deputados
Agentes e guardas prisionais
Segurança privada e de transporte de valores apenas para o serviço
Integrantes das entidades de desporto (clube de tiro) no momento da competição
Integrantes das Carreiras de Auditoria
Tribunais do Poder Judiciário e MP
Integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais
*Vejamos algumas disposições que os professores Paulo Guimarães e Thais Poliana
apontam referente às guardas municipais:

Guardas Municipais – Resumo da Lei 10.826/2003


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Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos que comprovem depender do emprego
de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia
Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de
uso permitido, de tiro simples, com 1 ou 2 canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
16, desde que o interessado comprove a efetiva necessidade e a documentação
necessária (Art. 6, § 5o).
Autorização
Assim, a autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido
é competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do
Sinarm (Art. 10).
Ainda, a autorização poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada,
e dependerá de o requerente (Art. 10, § 1o):
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de
ameaça à sua integridade física;
II – atender às exigências da aquisição da arma de fogo do artigo 4º;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido
registro no órgão competente.
Atente-se que a autorização perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja
detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
alucinógenas (Art. 10, §2o).
Disposições gerais
Para finalizar o resumo da Resumo da Lei 10.826/2003 parte 1, vejamos as disposições gerais
da lei.
Obs. Deixaremos para ver os crimes elencados na lei no próximo artigo.
Competência do Comando do Exército
Competência do Comando do Exercício:
Propor ao Presidente a edição de ato normativo sobre a classificação das armas de fogo e
demais produtos controlados (Art. 23).
Autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação e o comércio de armas de fogo e
demais produtos controlados inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores, ressalvado as armas de atribuição do Sinarm (Art.
24).
Estabelecer condições para utilizar de réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado. Lembrando que se trata de uma utilização
excepcional, pois vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação
de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam
confundir (Art. 26).
Autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito (Art. 27).
Armas apreendidas
As armas de fogo apreendidas serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do
Exército para:
destruição, ou
doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas
As armas de fogo e munições apreendidas em decorrência do tráfico de drogas perdidas
em favor da União e encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser, após perícia
ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas com prioridade para os órgãos
de segurança pública e do sistema penitenciário da unidade da federação responsável pela
apreensão (§ 1º-A)
A entrega de armas
Quem deseja entregar sua arma para à Polícia Federal poderá fazê-lo, assim:
Arma com registro (Art. 31) -> mediante recibo e indenização
Arma independentemente de registro (Art. 32) -> mediante recibo, e, presumindo-se de boa-
fé, serão indenizados, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular
Banco Nacional de Perfis Balísticos
Trata-se de outra inovação do pacote anticrime, o Banco Nacional de Perfis Balísticos (Art.
34-A).
Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados nesse banco, com
objetivo de cadastrar armas de fogo e individualizar os projeteis (§1º), dessa forma será
possível subsidiar ações destinadas às apurações criminais utilizando armas de fogo (§2º).
O Banco será gerido pela unidade oficial de perícia criminal e seus dados terão caráter
sigiloso, e só poderão ser utilizados nos casos previstos em lei ou decisão judicial (§4º), nesse
sentido qualquer tipo de comercialização da base de dados é vedada (§ 5º).

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