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ESPECIAL
Lei 10.826/2003
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. Histórico
• A Lei 9.437/97 foi a primeira lei a tratar de armas, sendo bastante criticada pela
desproporcionalidade das penas;
É aquela utilizada por qualquer pessoa que atenda aos requisitos da lei (estatuto
do desarmamento).
É aquela quer a posse ou o porte não pode ser concedido a nenhum particular.
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2. POSSE X PORTE
Art. 5º O CRAF, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
3.1. PREVISÃO
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IV – Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras
ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de
fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores;
V – Identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de
arma de fogo;
VI – Integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII – Cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos
policiais e judiciais;
VIII – Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para
exercer a atividade;
IX – Cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e
importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
X – Cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de
raiamento e de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes
obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
XI – Informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os
registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem
como manter o cadastro atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças
Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.
• O SINARM não faz controle de arma de fogo das Forças Armadas e Auxiliares;
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título,
de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 a 8 anos, e multa.
5. REGISTRO
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a
efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:
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I - Comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes
criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar
respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por
meios eletrônicos;
II – Apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
III – Comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma
de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
• Além dos requisitos acima, também é necessário possuir idade mínima de 25 anos
e apresentar declaração de efetiva necessidade, bem como cópia autenticada da
carteira de identidade;
• O requisito da idade poderá ser relativizado em caso dos cargos da área de
segurança pública preenchidos mediante concurso público (PM, PF, PRF etc.):
Art. 6, § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito
Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito
descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do
mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
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• Denomina-se registro precário aquele realizado em nome da empresa enquanto
não vende a arma;
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma
do regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove
estar autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser adquirida.
Art. 5o O CRAF, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
§ 1o O CRAF será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
6. PORTE
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos
previstos em legislação própria e para:
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I – os integrantes das Forças Armadas;
II- os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144
a Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais
de 500 mil habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50 mil e menos de
500 mil habitantes, quando em serviço;
Capital ou Município
Ainda que fora de serviço
Mais de 500 mil habitantes
Município
Apenas em serviço
Entre 50 e 500 mil habitantes
Município
Proibido
Abaixo de 50 mil habitantes
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§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
mesmo fora de serviço, desde que estejam:
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos
incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a
que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no
regulamento desta Lei.
ABIN
Polícia da Câmara e do Senado
Capacidade Técnica e
Guarda prisional, portuário e
Aptidão Psicológica
de escolta de presos
Carreira Fiscal e Trabalhista
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada
à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade
policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Comando do Exército.
Art. 6, § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos que comprovem depender do
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
PF o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso
permitido, de tiro simples, com 1 ou 2 canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16,
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão
ser anexados os seguintes documentos:
I - documento de identificação pessoal;
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes.
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Art. 6, § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo,
independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte
ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.
9. PORTE CIVIL
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território
nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do
Sinarm.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e
territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou
de ameaça à sua integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido
registro no órgão competente.
• Não é necessário exame pericial para saber o potencial lesivo da arma, mas, uma
vez realizado e comprovada sua inaptidão, será considerado fato atípico;
• A arma desmuniciada não descaracteriza o crime, servindo apenas para impor a
grave ameaça, não sendo majorante do crime - STF;
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• O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, pois trata-se de crime de
perigo abstrato (representa uma tutela penal antecipada);
• No porte simultâneo de 2 ou mais armas do mesmo calibre (permitido ou
restrito), o agente responde por crime único (não haverá concurso formal);
• No porte simultâneo de 2 ou mais armas de calibres distintos, o agente
responderá pelos crimes praticados (concurso formal impróprio – soma as penas);
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 a 3 anos, e multa.
• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum) e o sujeito passivo
é a coletividade (crime vago);
• A conduta de ocultar é enquadrada como porte de uso permitido (art. 14)
ou restrito (art. 16), a depender do calibre;
• Embora não seja infração de menor potencial ofensivo, admite a suspensão
condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95);
• A autoridade policial pode arbitrar fiança, já que a pena máxima é inferior a
4 anos (art. 322, CPP);
• A posse apenas da arma, desacompanhada da munição, é suficiente para
configurar o crime - STF/STJ;
• Os componentes da arma de fogo isoladamente configuram atipicidade da
conduta;
• Se a arma estiver quebrada (totalmente inoperante) e for comprovado
mediante exame pericial, caracteriza crime impossível por absoluta
impropriedade no meio de execução – STJ;
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 anos
ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob
sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 a 2 anos, e multa.
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• O sujeito passivo imediato é a coletividade (crime vago) e o mediato é o
menor de idade ou aquele que possui deficiência mental;
• Por ser IMPO, a competência para julgamento será do Juizado Especial
Criminal;
• Único crime culposo do Estatuto do Desarmamento, caracterizado na
modalidade negligência;
• Tendo em vista que se trata de um crime omissivo próprio e também
culposo, não cabe tentativa;
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum) e o sujeito passivo
é a coletividade (crime vago);
• Quando a arma de fogo é de uso restrito, posse e porte são tipificados no
mesmo tipo penal;
• Em regra, não admite prisão preventiva;
• É um crime de mera conduta, sendo irrelevante o a ocorrência do resultado;
• O porte de arma, ainda que desmuniciada, configura o crime – STF/STJ;
• O exame pericial não é necessário para comprovar a potencialidade lesiva da
arma, entretanto, se for reconhecida a absoluta ineficácia da arma e das
munições, a conduta será atípica – STJ;
• Não é necessário perícia para provar o porte ilegal, podendo ser provado
por outros meios – STJ;
• O porte de quantidade ínfima de munição afasta a tipicidade material – STJ;
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• Quanto ao porte simultâneo, se as armas forem de uso permitido,
caracteriza crime único. Se forem de uso restrito e de uso permitido,
configura 2 crimes em concurso formal – STJ;
• O homicídio e o roubo absorvem o porte ilegal se este for utilizado apenas
como meio para aqueles;
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de
fogo estiver registrada em nome do agente.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda
ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.
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• Se houver posse ou porte de calibre diferente, o agente responderá apenas
pelo crime mais grave (princípio da consunção);
• O porte ou a posse de arma com numeração raspada configura o crime
desse artigo, independentemente do calibre da arma;
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.
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10.7. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMAS
• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum) e o sujeito passivo
é a coletividade (crime vago);
• São objetos materiais desse crime tanto a arma de fogo quanto a munição
e o acessório;
• Se for um artefato explosivo, incendiário ou simulacro, não será tratado no
estatuto do desarmamento, sendo enquadrado pelo Código Penal como
contrabando;
• O servidor público alfandegário que facilitar a entrada de arma no território
nacional responde por tráfico internacional e não por facilitação de
contrabando/descaminho (princípio da especialidade);
• Admite fiança, mas, por ter pena máxima superior a 4 anos, deve ser
arbitrada pela autoridade judicial;
• A pena é aumentada pela metade se a arma, acessório ou munição for de
uso restrito/proibido;
• É competência da Justiça Federal, ainda que se consume no estrangeiro;
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6 o, 7o e 8o desta
Lei.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória.
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12. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada
aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz
competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48 horas, para destruição ou
doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento
desta Lei.
• Quando as armas de fogo apreendidas não forem mais úteis à persecução penal,
o Juiz Competente as encaminhará, no prazo de 48 horas, ao Comando do
Exército para que sejam destruídas ou doadas para os órgãos de segurança
pública;
Art. 28. É vedado ao menor de 25 anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes
das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei.
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