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Autores:
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor
De Luca
Aula 02
28 de Novembro de 2020
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Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 02
Sumário
1 – Considerações iniciais..................................................................................................................................................................1
2 – Do registro e do porte.................................................................................................................................................................7
3 - Crimes em espécie......................................................................................................................................................................17
4 - Liberdade provisória...................................................................................................................................................................71
5- Disposições Gerais.......................................................................................................................................................................73
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7 - Lista de Questões com comentários...........................................................................................................................................89
8 - Resumo.....................................................................................................................................................................................113
9 - Gabarito....................................................................................................................................................................................115
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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
É interessante iniciar essa aula mencionando que o porte ilegal de arma de fogo foi a priori previsto
no nosso ordenamento jurídico como uma mera contravenção penal estabelecida no art. 19 do Decreto-Lei
3688/41 (Lei das Contravenções Penais). Todavia, diante da crescente onda de violência instalada no nosso
país na década de 90, o legislador resolveu transformar tal conduta em crime, com a edição da Lei 9.437/97.
Ocorre que a Lei 9.437/97 mostrou-se insatisfatória em vários aspectos, inclusive redacionais, para melhor
disciplinar a posse e porte de arma de fogo no Brasil, motivo pelo qual o legislador infraconstitucional elabora
uma lei mais rigorosa, qual seja, a Lei 10.826/03, também conhecida como Estatuto do Desarmamento, que
representou um enorme avanço quando comparado com a legislação antecedente, notadamente por elevar
as penas para o crime de porte de arma, por tipificar também como crime o porte e posse de munição e o
tráfico internacional de armas, e ainda dar outras providências (regras de restrição à venda, registro e
autorização para o porte de arma de fogo, etc.). Vale ainda destacar que o art. 36 da Lei 10.826/03 revogou
expressamente a lei 9437/971.
A Lei 10826/03 (Estatuto do Desarmamento) versa sobre registro, posse e comercialização de armas
de fogo e munição, bem como acerca do Sistema Nacional de Armas – SINARM, define crimes e dá outras
providências.
A Lei 10826/03 possui 6 capítulos: a) O Capítulo I dispõe sobre o Sistema Nacional de Armas
(SINARM); b) Capítulo II – Do registro; c) Capítulo III – Do porte; d) Capítulo IV - Dos crimes e das penas; e)
Capítulo V – Disposições Gerais e f) Capítulo VI – Disposições finais. A lei 10826/03 ainda é regulamentada
por 3 Decretos: Decretos nºs 9847/19 (Decretos que regulamentam a Lei 10826/03, de 22 de dezembro de
2003 e dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional
de Armas – SINARM e define crimes) e Decreto nº 10030/2019 (Regulamento para a fiscalização de produtos
controlados, também conhecido como R-105).
O que é SINARM?
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Art. 36 da Lei 10826/03: É revogada a Lei 9437, de 20 de fevereiro de 1997.
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III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e
Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.
Reparem que as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares (Polícias Militares)
estão sob supervisão do SIGMA (SISTEMA DE GERENCIAMENTO MILITAR DE ARMAS), órgão
instituído no Ministério da Defesa, no âmbito do Exército, com circunscrição em todo o
território nacional, encarregado de manter cadastro geral, permanente e integrado das armas
de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA, e das armas
de fogo que constem dos registros próprios.
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Em resumo, há 2 sistemas:
O objeto da Lei nº 10826/03 é o SINARM, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e operado pela
Polícia Federal.
Notem ainda que o fechamento de empresas de segurança privada e transporte de valores também
deve ser comunicado ao SINARM. É também função do SINARM cadastrar os armeiros em atividade no país,
assim como conceder licença para exercer essa profissão. Lembre-se que armeiro é o profissional
encarregado de preparar, modificar, reparar e fabricar armas. Em resumo, armeiro é o mecânico de armas.
Questão: Quais são os bens jurídicos tutelados nas figuras típicas pela Lei 10826/03?
A segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses da coletividade, ou seja, de todo o
meio social. Por essa razão, o sujeito passivo desses crimes sempre é o Estado, a coletividade, ou seja, é um
crime vago (sujeito passivo é um ente sem personalidade jurídica). Eventualmente pessoas individuais
podem figurar também como sujeitos passivos (Ex: art. 13 do Estatuto do Desarmamento – Omissão de
cautela). Os delitos do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato, ou seja, para a sua configuração
não necessitam demonstrar a existência de um perigo no caso concreto.
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para apreciar os delitos descritos no Estatuto do
Desarmamento?
Em regra, a Justiça Estadual será a competente para processar e julgar os delitos do Estatuto do
Desarmamento, pois os bens jurídicos protegidos pelo Estatuto do Desarmamento não versam sobre
interesse da União Federal, nos termos do art. 109, da Constituição Federal. Excepcionalmente, a
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competência será da Justiça Federal quando a infração penal for praticada em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União e suas entidades autárquicas ou empresas públicas, ex vi do art. 109, IV, da
Constituição Federal. Exemplo: Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 do Estatuto do
Desarmamento2) será julgado pela Justiça Federal, pois nesse caso viola interesse da União Federal. Exemplo
2: Delito tipificado no Estatuto do Desarmamento praticado a bordo de navio ou aeronave (art. 109, IX, da
Constituição Federal) será julgado pela Justiça Federal.
Da mesma forma, o conceito de arma de fogo de uso restrito ou proibido é dado pelo art. 2º, II e III,
do Decreto nº 9847/2019. Essa definição é importante para a configuração do delito de posse ou porte ilegal
de arma de fogo de uso restrito (art. 16 do Estatuto do Desarmamento).
O objeto material dos delitos do Estatuto do Desarmamento são armas de fogo, munições e
acessórios. Em seguida, abordaremos esses conceitos sobre armas de fogo, munições e acessórios.
Arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas;
Arma controlada: arma que, pelas suas características de efeito físico e psicológico, pode causar
danos altamente nocivos e, por esse motivo, é controlada pelo Exército, por competência outorgada pela
União;
Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um
2
Art. 18 da Lei 10826/03: Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
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cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e
estabilidade ao projétil;
Arma branca: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou
oblonga. O conceito de arma branca é obtido por exclusão, ou melhor, é a que não é arma de fogo. É dividida
em 2 espécies: a) arma própria, isto é, aquela que tem como finalidade o ataque e a defesa. Exemplo: Espada,
punhal, etc; b) arma imprópria, por sua vez, é aquela que não tem como finalidade a realização de ataque
ou defesa, mas que pode ser utilizada para tais fins. Exemplos: Faca de cozinha, machado, etc.
Questão: O porte de arma branca (punhal, canivete) é tipificado como crime pela Lei 10826/03?
A resposta é negativa. O porte de arma branca é tratado como mera contravenção penal prevista
no art. 19 do Decreto-Lei 3688/413.
Armas de fogo de uso permitido são as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam:
a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova,
energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa;
ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída
do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules (art. 2º,
I, do Decreto nº 9847/19);
Armas de fogo de uso restrito são as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição
que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na
saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do
cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules (art. 2º, II,
do Decreto nº 9847/19);
Armas de fogo de uso proibido são as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e
tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou as armas de fogo
dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos (art. 2º, III, do Decreto nº 9847/19);
3
Art. 19 do Decreto-Lei nº 3688/41 (Lei das Contravenções Penais): Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem
licença da autoridade. Pena – prisão simples de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa, ou ambas cumulativamente.
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Acessório: engenho primário ou secundário que suplementa um artigo principal para possibilitar ou
melhorar o seu emprego.
Acessório de arma: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do
atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. Exemplo:
Mira telescópica.
Munição: cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora,
o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo (art. 2º, X, do Decreto nº 9847/19);
De acordo com o art. 3º, §3º, do Decreto nº 9.847/19, deverão ser registradas na Polícia Federal - e
cadastradas no SINARM - as armas de fogo adquiridas pelo cidadão comum e que tenham atendido às
disposições do art. 4º do Estatuto do Desarmamento, as armas de fogo das empresas de segurança privada e
de transporte de valores, as armas de fogo institucionais, constantes dos cadastros próprios, e dos integrantes
da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional de Segurança, das polícias civis dos
Estados e do Distrito Federal, dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, das guardas
municipais.
Serão registradas no Comando do Exército e cadastradas no SIGMA as armas de fogo listadas no art.
4º, §2º, do Decreto nº 9.847/19, as armas de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Competência para autorizar e fiscalizar a produção e comércio de armas de fogo: De acordo com
o art. 21, VI, da Constituição Federal, a União Federal, por meio do SINARM, com circunscrição em todo o
território nacional, tem competência para autorizar e fiscalizar a produção e o comércio das armas de fogo.
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2 – REGISTRO E PORTE
DO REGISTRO
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na
forma do regulamento desta Lei.
É obrigatório o registro da arma de fogo no órgão público competente. Vale dizer, as armas de fogo
de uso permitido devem ser registradas no SINARM (Sistema Nacional de Armas), ao passo que as armas de
fogo de uso restrito devem ser registradas no SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar das Armas).
Deste registro será expedido o denominado certificado de registro de arma pela Polícia Federal, com
autorização do SINARM. Esse certificado de registro de arma seria o equivalente ao documento de identidade
da arma de fogo e apresenta duas finalidades:
• Autorizar o titular (proprietário) a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência
ou domicilio, ou dependência desses, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja o proprietário ou
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa (art. 5º, caput, da Lei nº 10826/03).
OBS: O SINARM autoriza a aquisição da arma de fogo, ao passo que a expedição do certificado de
registro de arma de fogo é da Polícia Federal. Frise-se que a aquisição de arma de fogo fora dos critérios
legais caracteriza o delito do art. 14 da Lei 10826/03 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido).
A validade do registro da arma é de 10 anos. Encerrado esse prazo, o proprietário deverá providenciar
a renovação do registro da arma (art. 12, §§ 10 e 11, do Decreto nº 9.847/19). Observem que atualmente
todo registro de arma é precário, isto é, temporário. Não existe mais o registro de cunho vitalício. Lembre-
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se que os registros realizados antes do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) perderam o caráter
vitalício, porquanto o art. 5º, § 3º da citada lei4 também exigiu a sua renovação nesses casos.
Questão: Quais são os requisitos para adquirir arma de fogo de uso permitido?
Como já mencionado, a cada 3 anos o registro da arma deve ser renovado, com a demonstração dos
requisitos “c”, “d” e “e” (art. 5º, §2º, da Lei 10826/03).
O SINARM expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos legais, em
nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
Por sua vez, a aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma
registrada e na quantidade estabelecida no regulamento da Lei 10826 (art. 4º, §2º, do Estatuto do
Desarmamento).
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Art. 5º, §3º, da Lei 10826/03: O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão
estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei
deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de
identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das exigências
constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. OBS: O prazo a que se refere o art. 5º, § 3º, da Lei 10826/03 foi prorrogado
até 31 de dezembro de 2009, pela lei 11.922, de 13 de abril de 2009.
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Efetivada a venda, a empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições é obrigada a
comunicar o fato à autoridade competente, bem como manter detalhado banco de dados acerca das
características das armas vendidas e dos respectivos compradores (art. 4º, §3º, da Lei 10826/03).
A comercialização de armas de fogo acessórios e munições entre pessoas físicas também necessitará
de autorização do SINARM (art. 4º, §5º, da Lei 10826/03).
Como vimos, um dos requisitos cumulativos para a aquisição da arma de arma de fogo de uso permitido
é a declaração de efetiva necessidade, consoante determina o art. 4º, caput, da Lei 10826/03. Antes do referido
ato infralegal confeccionado em 2019, a Polícia Federal não considerava como válidas argumentações
genéricas (Exemplo: a notória violência urbana na cidade do Rio de Janeiro), devendo restar demonstrada no
plano concreto a efetiva necessidade da posse da arma de fogo. Pois bem. O Decreto nº 9847/19 torna mais
flexível o preenchimento desse pressuposto. Em primeiro lugar, o referido decreto traz consigo a presunção
de veracidade dos fatos aduzidos pelo requerente acerca da efetiva necessidade, ou seja, basta a pessoa alegar
que está sofrendo ameaça para que a Polícia Federal considere esse fato como verdadeiro, sendo despicienda
qualquer demonstração de ameaça na realidade. Além disso, esse Decreto estabeleceu que o indeferimento do
pedido para aquisição de arma de fogo será comunicado ao interessado em documento próprio e apenas poderá
ter como fundamento: I - a comprovação documental de que: a) não são verdadeiros os fatos e as circunstâncias
afirmados pelo interessado na declaração de efetiva necessidade; b) o interessado instruiu o pedido com
declarações ou documentos falsos; ou c) o interessado mantém vínculo com grupos criminosos ou age como
pessoa interposta de quem não preenche os requisitos para obtenção da aquisição da arma de fogo; II - o
interessado não ter a idade mínima de 25 anos de idade; III - a não apresentação de um ou mais documentos
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ligados à identificação pessoal, idoneidade moral, ocupação lícita e residência fixa, capacidade técnica e
aptidão moral.
A lei nº 13870/2019 introduziu o §5º no art. 5º do Estatuto do Desarmamento para melhor aclarar a
posse de arma para os proprietários de área rural. Segundo o art. 5º, 5º, do Estatuto do Desarmamento, aos
residentes em área rural, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do imóvel rural. Com isso,
o titular do certificado de Registro de Arma de Fogo tem o direito de ter a posse de arma não só na sede da
fazenda/sítio como em todo o restante da propriedade rural (terreno).
DO PORTE
O porte autoriza o agente a trazer consigo a arma em todos os lugares que estiver. Já o registro da
arma confere ao agente apenas a posse, ou seja, somente o direito de ter a arma em casa ou empresa da
qual é proprietário ou responsável legal. Em outras palavras, a posse autoriza o agente a manter a arma
intra muros, no interior de residência ou local de trabalho. Por sua vez, o porte autoriza o agente a manter
a arma extra muros, ou seja, fora da residência ou local de trabalho.
Como já falamos, em regra, a autorização para porte de arma de fogo de uso permitido, em todo
território nacional, é atribuição da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do SINARM,
salvo em 2 exceções:
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A regra consagrada no art. 6º, caput, do Estatuto do Desarmamento5 é pela proibição expressa de
alguém portar arma de fogo de uso permitido, salvo em situações expressamente previstas em lei em razão
da função desse agente ou após autorização obtida junto à Polícia Federal, após concordância do SINARM.
O porte legal ou funcional é aquele que decorre de expressa previsão legal. Nessa situação é
dispensada a autorização da polícia federal.
a) em tempo integral, isto é, mesmo fora do serviço. Exemplos: integrantes das Forças Armadas,
policiais civis ou militares, bombeiros, guardas municipais da capital do Estado ou de municípios com mais
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes.
b) apenas durante o serviço. Exemplos: integrante da guarda municipal dos Municípios com mais de
50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes; seguranças dos Tribunais do Poder
Judiciário e do Ministério Público, empregados das empresas de segurança privada e de transporte de
valores, integrantes das guardas municipais que integram regiões metropolitanas e outros.
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Art. 6º, caput, da Lei 10826/03: É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para casos previstos em
legislação própria e para:
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Art. 33 da LOMAN: São prerrogativas do magistrado: V – portar arma de defesa do pessoal;
7
Art. 42 da Lei nº 8625/93: Os membros do Ministério Público terão carteira funcional, expedida na forma da Lei Orgânica,
valendo em todo o território nacional como cédula de identidade, e porte de arma, independentemente, neste caso, de qualquer ato
formal de licença ou autorização.
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1. O Estatuto do Desarmamento estabelece que o registro do material bélico é obrigatório, nos órgãos
competentes (art. 3º da Lei 10.826/2003) proibindo o porte de arma em todo o território nacional, salvo para
os casos previstos em legislação própria (art. 6º da Lei 10.826/2003).
3. A Lei 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) garante o porte de arma,
independentemente de qualquer ato formal de licença ou autorização (art. 42), com similar prerrogativa aos
magistrados (art. 33 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional).
4. A capacidade técnica é um dos requisitos para o registro de arma de fogo, e não para o porte de arma. O
presente requisito técnico visa atestar que o interessando possui conhecimentos básicos, teóricos e práticos,
para o manuseio e uso de arma de fogo que se pretende adquirir. Não resta dúvida de que aquele que visa
adquirir arma de fogo deve ao menos conhecer o funcionamento do instrumento bélico, bem como as
normas de segurança sobre o uso e manuseio de arma de fogo.
5. O Superior Tribunal de Justiça, na Ação Penal 657/PB, teve a oportunidade de consignar que a Lei
10.826/2003 ‘não dispensa o respectivo registro de arma de
fogo, não fazendo exceções quanto aos agentes que possuem autorização legal para o porte ou posse de
arma’.
6. A mens legis do Estatuto do Desarmamento sempre foi o de restringir o porte e a posse de armas de fogo,
estabelecendo regras rígidas para este fim. Há também um procedimento rigoroso de registro e
recadastramento de material bélico”. (STJ — REsp 1.327.796/BA, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma,
julgado em 28/04/2015, DJe 04/08/2015).
O Supremo Tribunal Federal ao analisar a prerrogativa dos magistrados conferida no art. 33, V, da
LOMAN decidiu pela existência de um rito simplificado de registro de propriedade de armas de defesa
pessoal, com dispensa de teste psicológico e de capacidade técnica e da revisão periódica do registro. Esse
foi o julgado do Supremo Tribunal Federal:
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1. Insere-se na competência do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, n, da CF) a ação de mandado de
segurança coletivo, impetrado por entidades associativas de magistrados, visando a assegurar alegada
prerrogativa da magistratura (art. 33, V, da LOMAN) de obter a renovação simplificada dos registros de
propriedade de armas de defesa pessoal, com dispensa de teste psicológico e de capacidade técnica e da
revisão periódica do registro.
2. Agravo regimental a que se dá provimento, para julgar procedente a reclamação. (Rcl 11323 AgR,
Relator: Min. ROSA WEBER, Relator p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em
22/04/2015).
Todavia, ao analisar essa mesma questão em 2019, o Pretório Excelso entendeu que os magistrados não
estão dispensados da comprovação da capacidade técnica para manusear a arma, bem como da
demonstração da aptidão psicológica. Eis o julgado:
De acordo com o art. 6º do Estatuto do Desarmamento, é proibido o porte de arma de fogo em todo
o território nacional, salvo para casos previstos em legislação própria e para:
I – os integrantes das Forças Armadas. Poderão portar, em âmbito nacional, arma de fogo de propriedade
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço.
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II – os integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias
Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares e da Força Nacional de Segurança Pública.
Poderão portar, em âmbito nacional, arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço. OBS: O porte de arma de fogo a que têm direito os
policiais civis não se estende aos policiais aposentados (Informativo 554 do STJ).
III - Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
(quinhentos mil) habitantes. Poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço.
IV - Integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, bem como dos Municípios que integrem regiões metropolitanas,
quando em serviço.
V - Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Poderão portar, em
âmbito nacional, arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou
instituição, mesmo fora de serviço. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica.
VI – Integrantes da Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos Deputados. Poderão portar, em
âmbito nacional, arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou
instituição, mesmo fora de serviço. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica.
VII - Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de
presos e as guardas portuárias. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica.
VIII - Empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas. As armas utilizadas por
essas empresas são apenas para o serviço, e devem pertencer exclusivamente às empresas. O extravio e
a perda de arma devem ser comunicados pela diretoria ou gerência da empresa à Polícia Federal, que
enviará as informações ao SINARM a fim de que sejam tomadas as providências cabíveis. A omissão na
comunicação acarretará responsabilidade penal (art. 13, parágrafo único, da Lei 10826/03).
IX - Integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. É o caso dos
clubes de tiro. Nesse caso, o porte somente é autorizado no momento em que a competição é realizada.
X - Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho,
cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão
psicológica.
XI - Tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos
da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente
estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho
Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP. Os servidores do
quadro efetivo do Ministério Público e o Poder Judiciário que exercem funções de segurança podem portar
arma de fogo, de acordo com regulamento próprio. As armas de fogo utilizadas pelos servidores serão de
propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas
quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal
em nome da instituição.
XII - Integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço,
desde que estejam: a) submetidos a regime de dedicação exclusiva; b) sujeitos à formação funcional, nos
termos do regulamento; c) subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno;
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O porte de armas nas capitais dos Estados e nos Municípios com mais de 500.000 habitantes é
permitido em tempo integral.
O porte de armas será apenas durante o serviço nos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, bem como dos Municípios que integrem regiões
metropolitanas, quando em serviço.
Para o particular, a autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido é de competência da
Polícia Federal e só será concedida após autorização do SINARM (art. 10, caput, da Lei 10826/03). Para tanto,
será emitido um documento denominado porte de arma de fogo, que é pessoal, intransferível e revogável
a qualquer tempo, sendo válido apenas com relação à arma nele especificada e com apresentação do
documento de identificação do portador.
Os requisitos para a obtenção do porte de arma de fogo de uso permitido estão estampados no art.
10, §1º, do Estatuto do Desarmamento:
• Demonstrar a sua efetiva necessidade, por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à
integridade;
• Comprovar idoneidade e inexistência de inquérito policial ou processo criminal. Tal prova se faz por meio
de certidões negativas.
De acordo com o art. 20 do Decreto n. 9847/2019, a autorização não gera o direito de portar
ostensivamente a arma de fogo, ou de adentrar, ou com ela permanecer, em locais públicos, tais como
igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas, em razão
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de eventos de qualquer natureza. A não observância desse comando acarreta na cassação da autorização e
na apreensão da arma de fogo.
Outros casos: A) Caçadores de subsistência: Aos residentes em áreas rurais, que comprovem depender do
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar, será autorizado o porte de arma
de fogo na categoria "caçador" (art. 6º, §5º, da Lei 10826/03). Esse porte de arma de fogo de uso permitido
será concedido pela Polícia Federal.
B) Empresa de segurança privada e transporte de valores: o porte de arma será expedido pela Polícia Federal
em nome da pessoa jurídica, cujos empregados, nominal e trimestralmente relacionados, poderão portar
arma de fogo somente em serviço (art. 7º da Lei 10826/03).
Armas de brinquedo
Observe que muito embora o art. 26 do Estatuto do Desarmamento proíba essa conduta, o legislador
não estabeleceu como criminosa referida proibição. Assim, é correto dizer ser atípica a conduta de fabricar,
vender ou portar arma de brinquedo.
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3 – CRIMES EM ESPÉCIE
Art. 12 da Lei 10826/03: Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal, ou regulamentar, no interior de sua residência ou
dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal
do estabelecimento ou empresa:
Antes de iniciar o estudo desse crime, vamos relembrar a diferença entre posse e porte de arma.
O porte autoriza o agente a trazer consigo a arma em todos os lugares que estiver. Já o
registro da arma confere ao agente apenas a posse, ou seja, somente o direito de ter a arma em casa ou
empresa da qual é proprietário ou responsável legal. Em outras palavras, a posse autoriza o agente a manter
a arma intra muros, no interior de residência ou local de trabalho. Por sua vez, o porte autoriza o agente a
manter a arma extra muros, ou seja, fora da residência ou local de trabalho.
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Objeto Material8: arma de fogo de uso permitido, acessório ou munição. Se a arma de fogo,
acessórios ou munição for de uso restrito ou proibido, o delito será o do art. 16 do Estatuto do
Desarmamento (Posse ilegal de arma de fogo de uso restrito). Também será o crime do art. 16, parágrafo
único, IV, do Estatuto do Desarmamento se a arma de fogo, ainda que de uso permitido, estiver com a
numeração, marca, ou qualquer outro dado de identificação raspado, suprimido ou alterado9.
OBS: Partes da arma não é acessório. O cano da arma não é acessório, mas sim parte da arma.
Sujeito ativo: Na primeira parte do tipo penal do art. 12 do Estatuto do Desarmamento (no interior
de sua residência ou dependência desta), o crime é comum (ou geral), isto é, qualquer pessoa pode cometer
esse delito. Já na segunda parte do tipo penal do art. 12 do Estatuto do Desarmamento (no seu local de
trabalho), o delito é próprio, pois somente pode ser cometido pelo proprietário ou responsável legal do
estabelecimento ou empresa. Dessa forma, o crime será de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
(art. 14 do Estatuto do Desarmamento) se o crime for praticado por pessoa que não for o responsável legal
pela empresa e nem o proprietário. Em outras palavras, o empregado que não for o representante legal da
empresa responderá pelo art. 14 do Estatuto do Desarmamento.
Sujeito passivo: É a coletividade. É um crime vago (sujeito passivo é um ente sem personalidade
jurídica).
Tipo objetivo. São 2 as ações nucleares típicas: 1) Possuir significa ter a posse da arma de fogo de
uso permitido, acessório ou munição como possuidor ou proprietário, de maneira prolongada. Exemplo: O
8
Objeto Material: é a pessoa ou coisa em que recai a conduta criminosa.
9
Art. 16, parágrafo único, da Lei 10826/03:
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado.
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dono da arma de fogo de uso permitido que a possui no interior do cofre de sua residência, sem ter o
certificado de registro); 2) Manter significa conservar, guardar a arma sob seu cuidado em nome de terceiro,
por algum motivo. Exemplo: Sobrinho guarda a arma de seu tio, dentro do armário, enquanto este viaja.
Elemento espacial do tipo penal: O crime deve ser praticado na residência (local habitado pelo
agente) ou dependência desta (local vinculado a casa. Exemplos: quintal, celeiro, edícula, garagem, jardim,
etc.) ou no local de trabalho do agente, desde que este seja o seu proprietário ou responsável legal.
OBS: Fora desses locais, a posse de arma de fogo, acessório ou munição configurará o delito de porte ilegal
de arma de fogo de uso permitido (art. 14 do Estatuto do Desarmamento 10).
Questão: Configura o delito do art. 12 da Lei 10826/03 se o agente tiver a posse irregular de arma de
fogo em residência de terceiro?
A resposta é negativa, porquanto o fato não encontrará correspondência com o artigo 12 da Lei
10826, porém configurará um delito mais grave, qual seja, de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei
10826/03).
Questão: Por qual delito responde o taxista que, sem ter o certificado de registro, porta uma arma
no interior de seu táxi?
O tipo penal do art. 12 da Lei 10826/03 exige que a posse ilegal de arma ocorra intra muros, ou
melhor, no interior da residência ou no local do trabalho. Ocorre que o táxi não está inserido no conceito de
residência ou local de trabalho, devendo ser considerado um instrumento de trabalho. O local de trabalho
do taxista é a rua, por onde trafega o seu táxi. De tal arte, o transporte de arma no interior do táxi configura
o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14 da Lei 10826/03). Essa é a posição da
jurisprudência, in verbis:
10
Art. 14, caput, da Lei 10826/03: Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar:
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I. A possibilidade de dar-se provimento ao Recurso Especial, por decisão monocrática do Relator, encontra
apoio quando "a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior" (art. 557, § 1º-A, do Código de Processo
Civil), pelo que não há que se falar em ofensa ao princípio da colegialidade, na espécie.
II. Ademais, a reapreciação da matéria, quando do julgamento colegiado do Agravo Regimental, torna
superada a alegação de ofensa ao princípio da colegialidade.
III. A decisão impugnada não reexaminou o contexto fático- probatório da causa - providência vedada, em
sede de Recurso Especial, pela Súmula 7/STJ -, tendo realizado apenas a sua revaloração, na análise de fatos
incontroversos nos autos, julgados pela instância ordinária.
IV. Consoante a jurisprudência do STJ, "não se trata, portanto, de reexame do conjunto probatório, que
encontra óbice no enunciado nº 7 da Súmula desta Corte, mas, sim, de revaloração dos critérios jurídicos
utilizados na apreciação dos fatos incontroversos" (STJ, AgRg no REsp 902.486/RS, Rel. Ministro PAULO
GALLOTTI, SEXTA TURMA, DJe de 30/06/2008).
V. A conduta fática incontroversa do agente taxista que transporta, no veículo de sua propriedade (táxi),
arma de fogo de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
é suficiente para caracterizar o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, previsto no art. 14
da Lei 10.826/2003, afastando-se o reconhecimento do crime de posse irregular de arma de fogo de uso
permitido (art. 12 da Lei 10.826/2003), uma vez que o táxi, ainda que seja instrumento de trabalho, não pode
ser equiparável a seu local de trabalho.Precedentes do STJ.
VI. Agravo Regimental improvido. (AgRg no REsp 1341025/MG, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA
TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 13/05/2014).
Questão: O motorista de caminhão que, sem ter o certificado de registro, porta uma arma no interior
de seu veículo responderá pelo art. 12 do Estatuto do Desarmamento?
Muito embora o motorista passe muito tempo de sua vida no interior do caminhão, esse veículo não
pode ser considerado residência e nem local de trabalho. O local de trabalho do motorista de caminhão é a
estrada. O caminhão deve ser considerado o instrumento de trabalho por meio do qual o motorista
desempenha a sua profissão de forma regular. A grande questão a ser respondida é se a cabine do caminhão
estaria inserida no conceito legal de residência. Para os fins de tipificação do art. 14 do Estatuto do
Desarmamento, a resposta é negativa. De tal sorte, o transporte de arma no interior do caminhão configura
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o delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14 da Lei 10826/03). Essa é a posição da
jurisprudência, in verbis:
1. O caminhão é instrumento de trabalho do motorista, assim como, mutatis mutandis, a espátula serve ao
artesão. Portanto, não pode ser considerado extensão de sua residência, nem local de seu trabalho, mas
apenas um meio físico para se chegar ao fim laboral.
2. Arma de fogo apreendida no interior da boleia do caminhão tipifica o delito de porte ilegal de arma (art.
14 da Lei n. 10.826/2003).
3. Ante a impossibilidade de desclassificação do crime de porte de arma para o delito de posse, faz-se
superada a irresignação no tocante à incidência de abolitio criminis temporária, situação que ocorre
exclusivamente na hipótese de conduta relacionada ao crime de posse de arma de fogo, acessórios e
munição.
5. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes
de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada.
6. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1362124/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 10/04/2013)
Elemento normativo do tipo penal. Corresponde às expressões ”em desacordo com determinação
legal ou regulamentar”. Para a caracterização do tipo penal do art. 12 da Lei 10826/03 é necessário que as
ações de possuir ou manter sob guarda arma de fogo, acessórios ou munições sejam praticadas em
desrespeito aos requisitos descritos na Lei 10826/03 ou de seu Regulamento. Exemplos: 1) Posse de arma
de fogo sem o registro concedido pela autoridade competente (art. 5º, §1º, da Lei 10826/03); 2) posse de
arma de fogo com prazo de validade expirado (art. 5º, § 2º, da Lei 10826/03).
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Questão: O agente que não renova o seu registro de arma de fogo de uso permitido pratica a conduta
descrita no art. 12 da Lei 10826/03?
Esse assunto é deveras polêmico. A Sexta Turma do STJ entende que a situação acima caracteriza o
crime de posse irregular de arma de fogo (art. 12 da Lei 10826), porquanto o bem jurídico tutelado é a
incolumidade pública. Vejamos.
2. O cidadão, mesmo que previamente autorizado a adquirir arma de fogo de uso permitido, somente
poderá manter a posse do artefato mediante certificado de registro federal, documento temporário e
sujeito ao preenchimento dos requisitos previstos nos incisos I, II e III do art. 4° da Lei n. 10.826/2003,
que deverão ser comprovados periodicamente para fins de revalidação.
3. Em análise hipotética, a conduta do recorrente - de possuir, no interior de sua residência, várias armas
de fogo e munições de uso permitido, com os respectivos registros vencidos há mais de um ano e meio
- caracteriza, formalmente, o crime descrito no art. 12 da Lei n. 10.826/2003.
4. O fato foi praticado no período de 15/1/2013 a 17/7/2014, após a vacatio legis prevista para
regularização ou entrega da arma de fogo mediante indenização; não se aplica a causa de extinção da
punibilidade do art. 32 da Lei n. 8.136/2003, pois não houve entrega espontânea do armamento e, por
fim, os registros das armas de fogo estavam, há muito, vencidos, o que denota que o agente não praticou
a conduta no exercício regular de direito (art. 23, III, do CP).
6. É incabível a aplicação do princípio da adequação social, segundo o qual, dada a natureza subsidiária
e fragmentária do direito penal, não se pode reputar como criminosa uma ação ou uma omissão aceita
e tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo legal incriminador. Possuir
diversas armas de fogo e munições, de uso permitido, com certificados vencidos há mais de um ano e
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meio e que só vieram a ser apreendidas pelo Estado após cumprimento de mandado de busca e
apreensão exarado pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar, não é uma conduta adequada no
plano ético.
7. Por fim, sob a ótica do princípio da lesividade, o recorrente não preenche os vetores já assinalados
pelo Supremo Tribunal Federal para o reconhecimento do princípio da insignificância, tais como a mínima
ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade
do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada, ante a quantidade de armamento
apreendido (1 espingarda, 1 rifle, 9 munições calibre 38, 1 pistola, 2 carregadores e 8 munições calibre
380, 2 carregadores e duas outras munições calibre 44).
8. Recurso não provido. (RHC 60.611/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 15/09/2015, DJe 05/10/2015)
Todavia, a Quinta Turma do STJ possui entendimento diverso, segundo se observa do entendimento
abaixo:
Precedentes. Contudo, devem ser analisadas as questões suscitadas na inicial no intuito de verificar a
existência de constrangimento ilegal evidente - a ser sanado mediante a concessão de habeas corpus de
ofício -, evitando-se prejuízos à ampla defesa e ao devido processo legal.
2. O trancamento de ação penal na via estreita do writ configura medida de exceção, somente cabível nas
hipóteses em que se demonstrar, à luz da evidência, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou
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3. Todavia, no caso, a questão não pode extrapolar a esfera administrativa, uma vez que ausente a
imprescindível tipicidade material, pois, constatado que o paciente detinha o devido registro da arma de
fogo de uso permitido encontrada em sua residência - de forma que o Poder Público tinha completo
conhecimento da posse do artefato em questão, podendo rastreá-lo se necessário -, inexiste ofensividade
na conduta. A mera inobservância da exigência de recadastramento periódico não pode conduzir à
estigmatizadora e automática incriminação penal. Cabe ao Estado apreender a arma e aplicar a punição
administrativa pertinente, não estando em consonância com o Direito Penal moderno deflagrar uma ação
penal para a imposição de pena tão somente porque o indivíduo - devidamente autorizado a possuir a arma
pelo Poder Público, diga-se de passagem - deixou de ir de tempos em tempos efetuar o recadastramento do
artefato. Portanto, até mesmo por questões de política criminal, não há como submeter o paciente às
agruras de uma condenação penal por uma conduta que não apresentou nenhuma lesividade relevante aos
bens jurídicos tutelados pela Lei n. 10.826/2003, não incrementou o risco e pode ser resolvida na via
administrativa.
4. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido, de ofício, para extinguir a Ação Penal n. 0008206-
42.2013.8.26.0068 movida em desfavor do paciente, ante a evidente falta de justa causa.
(HC 294.078/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe
04/09/2014)
Em ação penal originária, a Corte Especial do STJ reforçou o posicionamento da Quinta Turma ao
enaltecer que a situação em apreço constitui mera irregularidade administrativa, não transbordando para a
seara criminal. Eis o julgado:
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responsabilidade pelo artefato; no segundo, para evitar a existência de armas irregulares circulando
livremente em mãos impróprias, colocando em risco a população. 2. Se o agente já procedeu ao registro da
arma, a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e
aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal. 3. Art. 16 do Estatuto do
Desarmamento é norma penal em branco que delega à autoridade executiva definir o que é arma de uso
restrito. A norma infralegal não pode, contudo, revogar direito previsto no art. 33, V, da Lei Complementar
n. 35/1979 - Lei Orgânica da Magistratura - e que implique ainda a criminalização da própria conduta. A
referida prerrogativa não faz distinção do direito ao porte de arma e munições de uso permitido ou restrito,
desde que com finalidade de defesa pessoal. 4. Não se trata de hierarquia entre lei complementar e
ordinária, mas de invasão de competência reservada àquela por força do art. 93 da Constituição de 1988,
que prevê lei complementar para o Estatuto da Magistratura (art. 93). Conflito de normas que se resolve em
favor da interpretação mais benéfica à abrangência da prerrogativa também em relação à munição de uso
restrito. 5. A Portaria do Comando do Exército n. 209/2014 autoriza membro do Ministério Público da União
ou da magistratura a adquirir até duas armas de uso restrito (357 Magnum e ponto 40) sem mencionar armas
e munições 9mm. É indiferente reconhecer abolitio criminis por analogia, diante de lei própria a conferir
direito de porte aos magistrados. 6. Denúncia julgada improcedente com fundamento no art. 386, III, do CPP.
(APn 686/AP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe
29/10/2015)
OBS: Em prova objetiva é recomendável seguir a posição da Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça. Todavia, nas fases subsequentes o candidato pode abordar a existência de divergência no próprio
Superior Tribunal de Justiça.
OBS 2: A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu, no julgamento da Ação Penal n.
686/AP, que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não caracteriza ilícito penal,
mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa (APn n.
686/AP, relator Ministro João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015). Tal entendimento,
todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei n. 10.826/2003),
não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003), muito menos ao
delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei n. 10.826/2003), cujas elementares são
diversas e a reprovabilidade mais intensa. Caracteriza ilícito penal o porte ilegal de arma de fogo (art. 14
da Lei n. 10.826/2003) ou de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei n. 10. 826/2003) com registro
de cautela vencido. (Informativo 671 do STJ - AgRg no AREsp 885.281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/04/2020, DJe 08/05/2020)
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Elemento subjetivo do tipo penal: É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar a conduta
de possuir irregularmente arma de fogo de uso permitido. Não há a modalidade culposa (art. 18, §único, do
Código Penal11)
Consumação: O delito de posse irregular de arma de fogo é consumado no momento em que a arma
ingressa na residência ou local de trabalho. Estamos diante de um crime permanente, ou seja, cuja
consumação se prolonga no tempo por vontade do agente. Logo, em razão disso, é possível a ocorrência da
prisão em flagrante a qualquer momento (art. 303 do CPP12).
Tentativa: Inadmissível. Ou o agente possui ou não possui arma de fogo de uso permitido nos locais
mencionados no art. 12 da Lei 10826/03. Ou o agente mantém a arma de fogo nos locais descritos no art. 12
da Lei 10826/03 ou não mantém.
Arma de fogo e prova pericial: Se a arma de fogo for totalmente imprestável para efetuar disparos
será considerada obsoleta. Nessa situação, o registro não é necessário e, por conseguinte, não há que se
falar no crime delineado no art. 12 do Estatuto do Desarmamento (posse irregular de arma de fogo de uso
permitido) e nem do art. 14 do mesmo diploma legal (porte irregular de arma de fogo). Será hipótese de
crime impossível por absoluta ineficácia do meio (art. 17 do Código Penal13). Todavia, se a arma for
relativamente imprestável para realizar disparos, o crime do art. 12 da Lei nº 10826/03 permanece intacto,
pois é possível, em algumas circunstâncias, ter disparo com a referida arma. Essa é lição do professor
Fernando Capez: Se a arma for totalmente inapta a efetuar disparos será considerada obsoleta, não havendo
que falar em registro, e, por conseguinte, em violação à norma do art. 12 (ou, conforme o caso, do 14) da Lei.
Sendo assim, a realização de prova pericial é imprescindível para aferir sua potencialidade lesiva. Sem a
perícia, não será tecnicamente possível saber se era ou não arma de fogo.
Arma totalmente inapta a disparar não é arma, caracterizando -se a hipótese de crime impossível pela
ineficácia absoluta do meio. Fato atípico, portanto, nos termos do art. 17 do CP. Sendo evidente a inexistência
do crime, em face da atipicidade da conduta, não poderá sequer ser instaurada a persecução penal. Deve-se
ainda salientar que, sendo a arma eventualmente ineficaz (às vezes dispara, às vezes não), existirá crime, não
havendo que falar em crime impossível. Convém notar que o CP, no art. 17, exige que a ineficácia seja
11
Art. 18, §único, do CP: Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o
pratica dolosamente.
12
Art. 303 do CPP: Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
13
Art. 17 do Código Penal: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime.
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absoluta, e não meramente relativa, pois adotou a teoria da objetividade temperada. Assim, se o sujeito tiver
consigo arma que, na linguagem popular, ‘às vezes picota, às vezes funciona’, estará incurso nos crimes
previstos nessa Lei”14.
Violência doméstica e posse irregular de arma de fogo de uso permitido: De acordo com o art. 22,
I, da Lei 11340/0615, o agente que tiver arma de fogo registrada em sua residência pode ter esse registro
suspenso pelo magistrado, caso pratique violência doméstica ou familiar contra a mulher. Lembre-se ainda
que essa suspensão pode ser decretada de maneira cautelar, pois tem por finalidade proteger a mulher do
perigo gerado pelo simples fato de o agente permanecer com arma em sua residência. Após a decisão judicial
decretando tal suspensão se o agente mesmo assim mantiver arma de fogo em casa incorrerá no delito do
art. 12 do Estatuto do Desarmamento.
Posteriormente, o registro tardio de arma de fogo de uso permitido foi estendido até o dia 31
de dezembro de 2.008 pela Lei 11.706/08 mas, depois, esse prazo foi prorrogado até 31 de dezembro
de 2.009, conforme art. 20 da lei 11.922/2009. Dessa forma, em virtude de regularização do registro,
doutrina e jurisprudência firmaram os seguintes posicionamento:
1) Os agentes que tenham sido flagrados desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento
até 23 de outubro de 2005 com a posse de arma de fogo de uso restrito no interior da própria
residência ou estabelecimento comercial, sem o respectivo registro, não podem ser punidas
14
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 373.
15
Art. 22 da Lei 11340/06: Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 10826, de 22 de
dezembro de 2003;
16
Art. 30 da Lei 10826/03: Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar
seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de
residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos
em direito, ou declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado
do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. (redação
dada pela Lei 11.706/2008)
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porque a boa-fé é presumida, de modo que se deve pressupor que iriam solicitar o registro da
arma dentro do prazo. Estamos diante da denominada abolitio criminis temporária, também
conhecida como vacatio legis indireta ou descriminalização temporária. A contar de 24 de outubro
de 2005, as pessoas flagradas com a posse de arma de fogo de uso restrito ou proibido no
interior de sua residência ou de seu estabelecimento comercial devem ser punidas como incursas
no art. 16, caput, do Estatuto do Desarmamento. Aliás, no ponto, destaca-se a Súmula 513
do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula 513 do STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime
de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
OBS: O porte em via pública não foi abrangido por esses prazos (que se referem apenas à
regularização do registro — que dá direito a ter a arma no interior da própria residência ou
estabelecimento comercial), de modo que, desde a entrada em vigor do Estatuto do
Desarmamento, a punição por porte ilegal já é possível.
2) As pessoas que tenham sido flagradas, desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento
até a data de 31 de dezembro de 2009, com a posse de arma de uso permitido não podem ser
punidas. Estamos diante da denominada abolitio criminis temporária, também conhecida como
vacatio legis indireta ou descriminalização temporária. Se o fato tiver ocorrido a partir de 01 de
janeiro de 2010, o agente responderá pela prática delitiva do art. 12 do Estatuto do
Desarmamento.
A abolitio criminis temporária não se refere ao porte de arma, mas tão somente à posse
irregular de arma.
Abolitio criminis de arma de fogo uso restrito - 2003 até 23 de outubro de 2005.
Abolitio criminis de arma de fogo de uso permitido – 2003 até 31 de dezembro de 2009.
Por oportuno, trago à lume um julgado do Superior Tribunal de Justiça que sintetiza muito bem
a questão em apreço.
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I - "É atípica a posse de arma de fogo, acessórios e munição, seja de uso permitido ou de uso
restrito, incidindo a chamada abolitio criminis temporária nas duas hipóteses, se praticada no período
compreendido entre 23 de dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005. Este termo final foi prorrogado
até 31 de dezembro de 2008 somente para os possuidores de armamentos de uso permitido (artigo 12),
nos termos da Medida Provisória 417 de 31 de janeiro de 2008, que estabeleceu nova redação aos artigos
30 a 32 da Lei 10.826/2003, não mais albergando o delito previsto no artigo 16 do Estatuto - posse de
arma de fogo, acessórios e munição de uso proibido ou restrito. Com a publicação da Lei 11.922, de 13
de abril de 2009, o prazo previsto no artigo 30 do Estatuto do Desarmamento foi prorrogado para 31 de
dezembro de 2009 no que se refere exclusivamente à posse de arma de uso permitido" (HC n.
346.077/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 25/5/2016 - grifei).
II - In casu, no conjunto de artefatos apreendidos, havia pelo menos uma arma de fogo de uso
restrito que não foi alcançada pela prorrogação dos prazos contidos nos arts. 30 e 32 da Lei n.
10.826/2003 dada pela medida provisória n. 419/2008. Desse modo, o termo final da abolitio criminis
para armas de fogo de uso restrito continuou sendo 23/10/2005. Agravo regimental não provido. (AgRg
nos EDcl no AREsp 995.154/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 22/08/2017,
DJe 28/08/2017)
Arma de fogo levada a registro depois de superado o prazo legal para regularização: Se o
proprietário da arma de fogo levá-la a registro fora do prazo à Delegacia não deve ser preso em flagrante
delito, porquanto é manifesto a atipicidade da conduta ante a ausência de dolo. Sobremais, o delito em
questão não prevê a modalidade culposa. Na espécie, resta evidente a boa-fé do agente, incompatível com
o ânimo de praticar o tipo penal do art. 12 do Estatuto do Desarmamento.
Classificação do crime A posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art.12 da Lei n.
10.826/2003) é crime de perigo abstrato, dispensando-se prova de efetiva situação de risco ao bem jurídico
tutelado. É ainda um crime de mera conduta, pois a consumação se perfaz com a prática da conduta,
independentemente da produção de qualquer resultado naturalístico. E também um delito permanente (aquele
em que a consumação se protrai no tempo por vontade do agente).
Cabimento de pena restritiva de direitos: O delito de posse irregular de arma de fogo de uso
permitido por ser cometido sem violência ou grave ameaça e, levando em conta o quantum de sua pena, admite
a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, se preenchidos os demais requisitos do
art. 44 do Código Penal.
Cabimento de sursis processual: Como se vê, a pena mínima cominada a esse delito não é superior
a 1 ano. Logo, é admissível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9099/95).
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Fiança: A autoridade policial pode conceder fiança para esse delito, pois a pena privativa de liberdade
máxima não é superior a 4 anos, nos exatos termos do art. 322 do CPP17.
OMISSÃO DE CAUTELA
Art. 13 da Lei 10826/03: Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18
(dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
posse ou que seja de sua propriedade:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Primeiramente, vale a pena destacar que o artigo 13 do Estatuto do Desarmamento, sob o nomen
iuris omissão de cautela, versa sobre dois crimes. O caput cuida do delito de omissão de cautela
propriamente dito, enquanto o parágrafo único do citado dispositivo legal trata da figura equiparada
também denominada de omissão de comunicação de perda ou subtração de arma de fogo.
Art. 13, caput, da Lei 10826/03: Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor
de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
17
Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
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Sujeito ativo: É um crime próprio, pois deve ser praticado por pessoa que tenha a posse ou a
propriedade da arma. É importante ainda destacar que não é necessário a existência de qualquer vínculo de
parentesco com o menor ou o deficiente mental.
Sujeito passivo: A coletividade, assim como o menor de 18 anos de idade e o deficiente mental. Não
há esse delito se a vítima for deficiente físico. A lei descreve apenas o deficiente mental.
Haverá o crime em apreço mesmo se a vítima for menor de 18 anos emancipado. O que vale é a idade
biológica para a configuração dessa espécie criminosa.
Núcleo do tipo penal: Deixar de observar as cautelas necessárias significa não tomar o cuidado
exigido do homem médio, negligenciar. É um crime omissivo próprio ou puro, pois o núcleo descreve uma
omissão. Exemplo: O investigador de polícia que deixa a sua arma no interior de uma gaveta da sala, sem
trancá-la, fato que facilitou o apoderamento da arma por seu filho (criança de 7 anos).
Objeto Material: O tipo penal faz menção apenas a arma de fogo. Logo, a omissão de cautela em
relação à munição e acessórios é fato atípico.
Questão: Por qual delito responde o agente que, agindo com dolo, deixa o menor de 18 anos
de idade se apoderar da arma?
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Se o ofendido for menor de 18 anos de idade restará concretizado o delito do art. 16, parágrafo
único, da Lei 10826/0318.
Consumação: É um crime material, pois haverá a consumação do delito com o efeito apoderamento
da arma de fogo pelo menor de 18 anos ou deficiente mental (esse é o resultado naturalístico do crime
culposo. Lembre-se que nos delitos culposo o resultado é involuntário). Dessa forma, se a arma de fogo for
esquecida em cima da mesa, porém, no lugar, não existir nenhum menor de 18 anos de idade ou deficiente
mental que possa ter acesso a ela, não há que se falar em crime, sendo a conduta atípica. É crime
instantâneo, pois a consumação se dá no exato instante em que o menor de 18 anos de idade ou deficiente
mental se apodera da arma de fogo. É também catalogado como crime de perigo abstrato, ou seja, não é
necessário que essa pessoa despreparada (deficiente mental ou menor de 18 anos de idade) tenha apontado
essa arma para alguém ou para ele próprio. Em resumo, não é necessário que alguém tenha sido exposto à
perigo para a configuração desse delito.
Concurso de crimes: Se uma pessoa, além de ter a posse irregular de arma de fogo, deixar uma arma
ao alcance de um deficiente mental, por negligência, responderá pelos delitos de posse ilegal de arma de
fogo (art. 12 do Estatuto do Desarmamento) e omissão de cautela (art. 13, caput, do Estatuto do
Desarmamento), em concurso material de crimes (art. 69 do Código Penal).
Conflito aparente de normas: O art. 19, §2º, ”c”, do Decreto-Lei (3688/41 – Contravenções Penais)19
ainda continua em vigor em relação às armas brancas e as de arremesso ou munição e em relação ao
inexperiente que se apodera da arma. Assim, responderá pela contravenção penal em questão se o agente
deixa de tomar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 anos ou alienado se apodere de
munição, de arma branca ou de arremesso. Da mesma forma, responderá por essa contravenção penal se o
agente deixar de tomar as cautelas necessárias para impedir que uma pessoa inexperiente se apodere de
arma de fogo. A pena será de prisão simples, de 15 dias a 3 meses, ou multa.
18
Art. 16, parágrafo único, da Lei 10826/03: Nas mesmas penas incorrem quem:
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório ou explosivo a criança ou adolescente;
19
Art. 19, §2º do Dec-Lei 3688/41: Incorre na pena de prisão simples, de 15 dias a 3 meses, ou multa, quem, possuindo arma ou
munição:
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado, menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
inexperiente em manejá-la.
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Questão: Configura o delito de omissão de cautela se o agente guarda a arma de fogo no armário do
quarto totalmente desmuniciada e guarda a munição em outro local?
A conduta é atípica. Ora, se a arma for guardada desmuniciada, com a munição armazenada em local
distinto, não há que se falar em omissão de cautela, pois o agente não violou o dever de cuidado objetivo.
Não há negligência. Assim, se o menor de 18 anos se apoderou tanto da arma como da munição não há
incidência do delito de omissão de cautela.
Pena: Detenção de 1 a 2 anos, e multa. É uma infração penal de menor potencial ofensivo (art. 61 da
Lei nº 9099/95), portanto, de competência do Juizado Especial Criminal. Logo, é cabível tanto a transação
penal como a suspensão condicional do processo.
Fiança: A autoridade policial pode conceder fiança para esse delito, pois a pena privativa de liberdade
máxima não é superior a 4 anos, nos exatos termos do art. 322 do CPP20.
Art. 13, parágrafo único, da Lei 10826/03: Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial
e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de
ocorrido o fato.
Repare que o delito de omissão de cautela (art. 13, caput, da Lei 10826/03) é um crime culposo, enquanto o
de omissão de comunicação de perda ou subtração de arma de fogo (art. 13, parágrafo único, da Lei
10826/03) é um delito doloso.
20
Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
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Também vale a pena relembrar que o art. 7º do Estatuto do Desarmamento preconiza que as armas
de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de transporte de valores serão
de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas. Além do mais, o certificado de
registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal são confeccionados em nome da empresa.
A empresa também deverá ainda apresentar ao SINARM a relação dos empregados habilitados, nos termos
da lei, que poderão portar armas. Esse porte de armas somente pode ocorrer em serviço.
Objetividade jurídica: O controle das armas de fogo, acessórios e munições em circulação no país. O
crime visa manter o cadastro de armas de fogo junto ao SINARM e do respectivo registro diante dos órgãos
competentes em contínua atualização.
Sujeito ativo: É um crime próprio, eis que somente pode ser cometido pelo proprietário ou diretor
responsável pela empresa de segurança e transporte de valores.
Sujeito passivo: É a coletividade, pois há interesse público na veracidade das informações dos
cadastros do SINARM. Vale dizer, essa informação não se restringe aos interesses da empresa de segurança
e transporte de valores. Estamos diante de um crime vago (sujeito passivo é um ente sem personalidade
jurídica)
Núcleo do tipo penal: Deixar de registrar a ocorrência e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição. Há uma dupla obrigação imposta
ao proprietário ou diretor responsável pela empresa de segurança e transporte de valores. Vale dizer, é
indispensável o registro da ocorrência em qualquer delegacia estadual e a comunicação à Polícia Federal.
De fato, a lei exige a dupla obrigação, pois o tipo penal utiliza a conjunção aditiva “e”, porém se o
agente cumpre apenas uma das obrigações (registra a ocorrência da Delegacia de Polícia ou comunica o fato
à Polícia Federal) mostra-se que não era a sua intenção esconder o fato do Poder Público, ou seja, não há
que se falar em dolo, podendo tal conduta ser resolvida na esfera da responsabilidade civil ou administrativa.
Essa também é a lição do professor Fernando Capez: “Entendemos que, a despeito de a interpretação literal
sugerir que ambas as providências devam ser tomadas, sob pena de haver o aperfeiçoamento típico, a
exigência é de cunho alternativo. Assim, caso o agente registre a ocorrência de furto da arma de fogo na
Delegacia de Polícia estadual, no prazo legal, tal atitude por si só basta para afastar o crime. Da mesma
forma se proceder à comunicação do furto somente à Polícia Federal. É que, na hipótese, cumpriu -se o
objetivo da Lei, qual seja, o de proporcionar às autoridades públicas a ciência imediata do desaparecimento
do bem, de forma a lhes facilitar a sua investigação e a imediata apreensão, impedindo, com isso, que os
artefatos fiquem por tempo demasiado nas mãos de criminosos. Comunicado o desaparecimento ou a
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subtração a um órgão público, incumbirá a este entrar em contato com seu congênere, não se podendo partir
da premissa de que a Polícia Estadual e a Federal são departamentos estanques, sem comunicação entre si.
O dever de entrosamento é do Poder Público, não se podendo delegar ao particular tal ônus. Feito isso, o bem
jurídico protegido não sofre qualquer lesão ou perigo de lesão, tornando -se o fato atípico”21.
Elemento subjetivo: É o dolo, ou seja, é indispensável que o agente tome ciência do furto, roubo,
perda ou extravio e se omita intencionalmente no dever de registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia e
de comunicá-lo à Polícia Federal no prazo de 24 horas.
Consumação: Estamos diante de um crime omissivo próprio que se consuma com a inércia do agente
em registrar a ocorrência e de comunicar o fato (perda, furto, roubo ou extravio) no prazo de 24 horas. Em
outros termos, ocorre a consumação com o escoamento do prazo de 24 horas mencionado no tipo penal.
Pena: Detenção de 1 a 2 anos, e multa. É uma infração penal de menor potencial ofensivo (art. 61 da
Lei nº 9099/95), portanto, de competência do Juizado Especial Criminal. Logo, é cabível tanto a transação
penal como a suspensão condicional do processo.
Fiança: A autoridade policial pode conceder fiança para esse delito, pois a pena privativa de liberdade
máxima não é superior a 4 anos, nos exatos termos do art. 322 do CPP22.
21
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 383 e
384.
22
Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
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Art. 14 da Lei 10826/03: Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma
de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Em que pese o nomen iuris do delito do art. 14 da Lei 10826/03 seja porte ilegal de arma de fogo de
uso permitido, o crime em apreço não se restringe à conduta de portar arma de fogo, acessório ou munição,
de uso permitido. Além de portar, as ações nucleares são deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar. Estamos diante de um crime de ação múltipla, também conhecido como de conteúdo variado ou
tipo misto alternativo, ou seja, a realização de mais de uma conduta típica, em relação ao mesmo objeto
material, constitui crime único, conforme determina o princípio da alternatividade.
Objetividade jurídica: É a incolumidade pública, eis que o sentido da norma penal é evitar que
pessoas armadas possam colocar em risco a tranquilidade social.
Sujeito ativo: É um crime comum (ou geral), porquanto pode ser cometido por qualquer pessoa. Se
o delito for praticado pelas pessoas citadas nos arts. 6º, 7º e 8º, da Lei 10826/03 ou se o agente for
reincidente específico em crimes dessa natureza, a pena é aumentada em metade (art. 20 do Estatuto do
Desarmamento23).
Objeto material: Arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido. Se a arma de fogo for de
uso restrito, o delito será o do artigo 16, caput, da Lei nº 10826/03. Se a arma de fogo, ainda que de uso
23
Art. 20 da Lei 10826/03: Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se: I - forem praticados
por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; II - o agente for reincidente específico em crimes dessa
natureza.
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permitido, estiver com a numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, o delito será o do artigo 16, IV, do Estatuto do Desarmamento. OBS: Portar arma de brinquedo,
simulacro ou réplica é fato atípico, vez que não é arma de fogo.
Núcleo do tipo penal: como já vimos, são 13 condutas que caracterizam esse crime de ação múltipla
ou de conteúdo variado, também chamado de tipo misto alternativo, ou seja, ainda que violado mais de um
verbo do tipo penal, na mesma situação fática, o delito será único, não havendo se falar em concurso de
crimes. Vejamos os núcleos do tipo penal do art. 14 do Estatuto do Desarmamento:
a) Portar: trazer a arma consigo sem a licença da autoridade competente. Exemplos: trazer a arma
na roupa, na maleta, etc. Há crime do art. 14 do Estatuto do Desarmamento se a arma é carregada
no interior da bolsa. Precedentes do STJ: REsp 930219-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
8/11/2007
b) Deter: ter, de forma transitória, por um curto período de tempo, sem o ânimo de posse ou
propriedade;
c) Adquirir: Obter, gratuita ou onerosamente. Exemplo: comprar uma arma de fogo; trocar a arma
por algo;
d) Fornecer: abastecer, dar, prover. Exemplo: dar arma de fogo para alguém. Não confunda com o
tipo penal do art. 17 do Estatuto do Desarmamento (comércio ilegal de arma de fogo), pois nessa
implica uma atividade econômica
e) Receber: aceitar.
f) Ter em depósito: Reter a arma para dela dispor quanto necessário. Exemplo: guardar arma de
fogo em um galpão.
g) Transportar: Levar a arma de um lugar para outro, por qualquer meio de transporte. Exemplo:
levar a arma no porta-malas do carro, em barco, etc.). Assim, transporte de arma de fogo no
interior do veículo configura o delito de porte ilegal de arma de uso permitido (art. 14 do Estatuto
do Desarmamento) e não o delito de posse (art. 12 do Estatuto do Desarmamento).
h) Ceder, ainda que gratuitamente: Permitir o uso, ainda que sem qualquer contraprestação ou
finalidade de lucro. Exemplo: Deixar o primo usar a arma de fogo.
i) Emprestar: Entregar a arma para alguém fixando prazo para a devolução. Exemplo: Emprestar a
arma para o tio durante o feriado.
j) Remeter: Enviar a arma de um local para o outro, sem acompanhar o objeto. Exemplo: Enviar a
arma pelo correio.
k) Empregar: Usar, utilizar. OBS 1: O emprego da arma poderá caracterizar outro delito autônomo
ou evidenciar o concurso de crimes entre o porte ilegal de arma de fogo e o outro delito (ex:
homicídio, ameaça, etc.). O delito de porte de arma será absorvido pelo crime de homicídio, desde
que o primeiro crime sirva como meio necessário para a prática do homicídio, sendo, assim,
considerado um ante factum impunível, com base no princípio da consunção. Em outras palavras,
o agente emprega a arma unicamente para cometer o delito de homicídio (crime mais grave),
aplicando-se na espécie o princípio da consunção. Todavia, haverá o concurso de crime caso o
porte não tenha sido o meio necessário para o homicídio. Exemplo: O agente, após cometer o
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delito de homicídio na data de 05 de maio de 2018, é encontrando com a mesma arma em via
pública na data de 07 de maio de 2018. OBS 2: Se o agente emprega a arma de fogo de uso
permitido para efetuar disparo em via pública. Nesse caso responderá apenas pelo delito mais
grave (art. 15 da Lei 10826/03). É certo que o delito de disparo de arma de fogo é expressamente
subsidiário, porém o princípio da subsidiariedade só tem aplicação ao crime mais grave. OBS 3:
Não há concursos de crime entre porte de arma e roubo quando forem praticados no mesmo
contexto fático, pois o emprego de arma de fogo já funciona como causa especial de aumento de
pena descrita no art. 157, §2º-A, I, do Código Penal (redação dada pela Lei nº 13.654/18). Logo, o
porte de arma fica absorvido pelo princípio da consunção, pois apresenta-se como ante factum
impunível, ou seja, há uma relação de dependência ou de subordinação entre as duas condutas.
Contudo, se forem praticados em contexto fático diverso, existirá o concurso de crimes entre o
porte de arma e o roubo (aplica-se o mesmo raciocínio já explicitado para o delito de homicídio).
l) Manter sob guarda: conservar a arma sob seu cuidado em nome de terceiro. Exemplo: Guardar a
arma para um amigo no armário da escola enquanto ele viaja.
m) Ocultar: esconder a arma. Exemplo: Enterrar a arma numa praça após matar alguém.
Questão: Por quanto(s) delito(s) responde o agente que portar mais de uma arma de uso permitido?
Responderá por um único delito de porte ilegal de arma de uso permitido (art. 14 do Estatuto do
Desarmamento), não se aplicando a regra do concurso formal de crimes, pois restará caracterizada uma
situação única de risco à coletividade. Todavia, o magistrado pode levar em conta a quantidade de armas no
momento da fixação da pena-base (circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal).
Questão: Haverá o reconhecimento de crime único se a pluralidade de armas envolver uma de uso
permitido e outra de uso restrito?
A resposta é negativa, pois diante de tipos penais diversos que atinge bens jurídicos diversos não há
que se falar em unicidade de crimes. Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça?
1. Há precedentes desta Corte no sentido de que a apreensão de mais de uma arma, munição, acessório ou
explosivo com o mesmo agente não caracteriza concurso de crimes, mas delito único, pois há apenas uma
lesão ao bem jurídico tutelado.
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2. Na presente hipótese, não pode ser aplicado tal raciocínio, pois, no caso, a conduta praticada pelo
agravante se amolda a tipos penais diversos, atingindo distintos bens jurídicos, o que inviabiliza o
reconhecimento de crime único e o afastamento do concurso.
3. Tem-se reconhecido a existência de crime único quando são apreendidos, no mesmo contexto fático,
mais de uma arma ou munição, tendo em vista a ocorrência de uma única lesão ao bem jurídico protegido.
Sucede que referido entendimento não pode ser aplicado no caso dos autos, porquanto a conduta
praticada pelo réu se amolda a tipos penais diversos, sendo que um deles, o do artigo 16, além da paz e
segurança públicas também protege a seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, razão pela
qual é inviável o reconhecimento de crime único e o afastamento do concurso material (HC n. 211.834/SP,
Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 18/9/2013).
4. O STJ firmou entendimento de que é possível a unicidade de crimes, quando, no porte ilegal, há
pluralidade de armas, equacionando-se a reprimenda na fixação da pena-base. Na espécie, contudo, a
pretensão não se justifica, dado se buscar o reconhecimento de crime único diante de imputações
distintas: arts.14 e 16, pár. único, da Lei 10.8.26/03 (HC n. 130.797/SP, Ministra Maria Thereza de Assis
Moura, Sexta Turma, DJe 1º/2/2013).
5. Agravo regimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1547489/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 03/08/2016)
Questão: Para existir condenação pelo delito de posse ou porte de arma de fogo é necessária a
apreensão e perícia da arma de fogo?
A resposta é negativa. O delito de porte de arma de fogo de uso permitido é de perigo abstrato.
Assim, conclui-se ser desnecessária prova de situação de risco a pessoa determinada para a configuração
desse delito. Essa é a posição do Superior Tribunal de Justiça.
2. Também é da jurisprudência iterativa deste Tribunal não ser necessária perícia para atestar potencialidade
lesiva do artefato, justamente em razão da natureza do delito.
3. Por via de consequência, fica evidente que não há falar em inconstitucionalidade do crime, até porque é
tema inapropriado ao veio do habeas corpus.
4. Ordem denegada.
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(HC 411.835/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 03/10/2017,
DJe 09/10/2017)
Questão: Haverá crime de porte de arma se o artefato não tiver potencialidade lesiva atestada por
perícia médica?
Para responder essa pergunta devemos destacar a existência de duas situações que terão soluções
diversas: a) A arma apresenta incapacidade relativa – é a arma com funcionamento imperfeito. Nesse caso
haverá o crime de porte de arma; b) A arma apresenta incapacidade absoluta para efetuar disparos. Na
espécie, estamos diante de um crime impossível, pois não há qualquer perigo ao bem jurídico tutelado ante
a absoluta ineficácia do meio (art. 17 do CP). Esse é o posicionamento atual do Superior Tribunal de Justiça,
in verbis:
1. A Terceira Seção desta Corte pacificou entendimento no sentido de que o tipo penal de posse ou porte
ilegal de arma de fogo cuida-se de delito de mera conduta ou de perigo abstrato, sendo irrelevante a
demonstração de seu efetivo caráter ofensivo.
2. Na hipótese, contudo, em que demonstrada por laudo pericial a total ineficácia da arma de fogo (inapta
a disparar) e das munições apreendidas (deflagradas e percutidas), deve ser reconhecida a atipicidade da
conduta perpetrada, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de
crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.
3. Recurso especial improvido.(REsp 1451397/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 01/10/2015)
Por ser um crime de perigo abstrato, o delito de porte de arma (de uso permitido e de
uso restrito) não necessita da apreensão do artefato e de sua perícia para a edição do
édito condenatório, pois presume-se, de modo absoluto, o risco à coletividade pelo
simples fato de alguém portar arma, acessório ou munição, sem autorização. Todavia,
se a arma for apreendida, ela deve ser periciada (art. 25, caput, do Estatuto do
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Desarmamento24) e caso o resultado pericial conclua pela ausência de potencialidade lesiva, a conduta será
considerada atípica.
Os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que é típica a conduta de portar arma
de fogo desmuniciada, em razão do delito de porte ilegal de arma ser crime de perigo abstrato ou presumido,
bastando, portanto, o mero porte de arma para a sua consumação, independentemente de qualquer
resultado anterior. Vejamos.
1. Esta Corte Superior de Justiça firmou a compreensão de que a previsão do delito descrito no art. 14 da Lei
nº 10.826/03 busca tutelar a segurança pública, colocada em risco com a posse ou porte de arma, acessório
ou munição de uso permitido à revelia do controle estatal, não impondo à sua configuração, pois, resultado
naturalístico ou efetivo perigo de lesão.
2. Na hipótese dos autos, a inexistência de comprovação do potencial lesivo do artefato, em razão de a arma
apreendida estar desmuniciada, não descaracteriza a natureza criminosa da conduta.
3.Apesar da favorabilidade das circunstâncias judiciais e a fixação da sanção final em patamar inferior a 04
(quatro) anos, inexiste ilegalidade no resgate inicial da reprimenda em regime semiaberto, porquanto o
sentenciado é reincidente na prática delitiva, circunstância que obsta o abrandamento do modo prisional
para o aberto, em consonância com o art. 33 do CP e a Súmula n. 269/STJ.
(STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1595187/RN, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
16/05/2017, DJe 24/05/2017)
24
Art. 25, caput, da Lei 10826/03: As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de
48 (quarenta e oito) horas, para a destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do
regulamento desta Lei.
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1. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que é de perigo abstrato o crime de porte ilegal
de arma de fogo, sendo, portanto, irrelevante para sua configuração encontrar-se a arma desmontada ou
desmuniciada.
3. A pena máxima, abstratamente cominada para o delito imputado ao paciente (art. 14 da Lei nº 10.826/03),
é de 4 (quatro) anos, razão pela qual seu prazo prescricional é de 8 (oito) anos (CP, art. 109, inciso V). Nessa
conformidade, considerando que o último marco interruptivo se deu com o recebimento da denúncia (CP,
art. 117, inciso I), em 18/6/04, é de se concluir que a prescrição foi alcançada aos 17/6/12.
4. Habeas corpus denegado. Ordem concedida de ofício para julgar extinta a punibilidade do paciente em
virtude da consumação da prescrição da pretensão punitiva estatal, com fundamento no art. 107, IV, do
Código Penal. (STF, HC 95861, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Relator p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI,
Segunda Turma, julgado em 02/06/2015)
A resposta é afirmativa (o raciocínio é o mesmo para o porte ilegal de arma desmuniciada), pois
estamos diante de um crime de perigo abstrato.
1. O delito do art. 14 da Lei 10.826/03 é crime de perigo abstrato, que visa proteger bens jurídicos
fundamentais - vida, patrimônio, integridade física, segurança e paz públicas -, a afastar a incidência do
princípio da insignificância, sendo irrelevante inquirir a quantidade de munição apreendida em poder do
agente.
2. Havendo jurisprudência pacificada neste Tribunal e não havendo uniforme tratamento diferenciado pela
Suprema Corte, é de ser mantida a interpretação jurisprudencial vigente, em atenção à segurança jurídica.
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3. Mostra-se adequada a aplicação do regime inicial fechado, considerando que além do quantum de pena
final (8 anos e 8 meses de reclusão) - imposta pela prática, em concurso material, de roubo majorado e porte
de munição -, restou evidenciada a presença de circunstâncias judiciais desfavoráveis, o que motivou a
fixação da pena-base acima do mínimo legal, além da reincidência.
(AgInt no REsp 1593404/GO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 22/03/2018, DJe
03/04/2018)
1.2. Modelo exigente de controle de constitucionalidade das leis em matéria penal, baseado em níveis de
intensidade: Podem ser distinguidos 3 (três) níveis ou graus de intensidade do controle de
constitucionalidade de leis penais, consoante as diretrizes elaboradas pela doutrina e jurisprudência
constitucional alemã: a) controle de evidência (Evidenzkontrolle); b) controle de sustentabilidade ou
justificabilidade (Vertretbarkeitskontrolle); c) controle material de intensidade (intensivierten inhaltlichen
Kontrolle). O Tribunal deve sempre levar em conta que a Constituição confere ao legislador amplas margens
de ação para eleger os bens jurídicos penais e avaliar as medidas adequadas e necessárias para a efetiva
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proteção desses bens. Porém, uma vez que se ateste que as medidas legislativas adotadas transbordam os
limites impostos pela Constituição – o que poderá ser verificado com base no princípio da proporcionalidade
como proibição de excesso (Übermassverbot) e como proibição de proteção deficiente (Untermassverbot) –
, deverá o Tribunal exercer um rígido controle sobre a atividade legislativa, declarando a
inconstitucionalidade de leis penais transgressoras de princípios constitucionais.
4. ORDEM DENEGADA. (HC 102087, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Relator p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 28/02/2012)
Questão: Haverá crime de porte de arma de fogo quando o agente age em legítima defesa ou estado
de necessidade?
A resposta é negativa, em razão da presença das causas excludentes de ilicitude. No caso, o ofendido
utilizou a arma no único intuito de se defender ou defender a terceiro.
Questão: A pessoa porta arma de fogo em virtude de estar ameaçada de morte. Haverá crime de
porte de arma de fogo quando o agente age em legítima defesa potencial?
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A resposta é positiva, pois nessa situação não há o requisito da agressão atual ou iminente descrita
no art. 25 do Código Penal25. Apesar da nomenclatura legítima defesa potencial, é cediço que não há legítima
defesa de agressão futura.
Elemento subjetivo do tipo: É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar qualquer uma
das 13 condutas referente ao porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido.
Elemento normativo do tipo: diz respeito à expressão “sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”. É consubstanciado na ausência de porte de arma de fogo (documento
expedido pela Polícia Federal) ou da autorização para o porte de trânsito (guia de tráfego expedido pelo
Comando do Exército).
Não confunda guia de tráfego com porte de arma. Para bem ilustrar essa diferença, trago à lume um
julgado do Superior Tribunal de Justiça:
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da ação penal por meio do habeas
corpus é medida excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da
atipicidade da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de
autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não se infere na hipótese dos autos.
2. Hipótese na qual os artefatos foram apreendidos fora da rota estabelecida nas guias de tráfego, qual seja,
entre clubes de tiro localizados nos Municípios de Presidente Prudente e de Monte Alto. Além disso, a guia
de tráfego expedida pelo Comando do Exército, que não se confunde com porte de arma de fogo, apenas
autorizava o transporte isolado da munição ou da arma, conforme se infere à fl.
67, sendo que os autos revelam que as armas estariam municiadas quando da prisão em flagrante do
recorrente, oportunidade na qual afirmou estar caçando, hipótese não amparada pelo referido guia.
3. Se as instâncias ordinárias, com base nas provas colacionadas aos autos, concluíram pela tipicidade da
conduta imputada ao réu, sem que tenha sido demonstrada a alegada ausência de justa causa para
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Art. 25 do Código Penal: Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
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4. Recurso desprovido.(RHC 78.695/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
09/03/2017, DJe 17/03/2017)
Consumação: É crime de mera conduta, que se consuma com a simples realização de uma das trezes
condutas previstas no tipo penal, independentemente da produção de qualquer resultado naturalístico.
I - Dispositivos impugnados que constituem mera reprodução de normas constantes da Lei 9.437/1997, de
iniciativa do Executivo, revogada pela Lei 10.826/2003, ou são consentâneos com o que nela se dispunha,
ou, ainda, consubstanciam preceitos que guardam afinidade lógica, em uma relação de pertinência, com a
Lei 9.437/1997 ou com o PL 1.073/1999, ambos encaminhados ao Congresso Nacional pela Presidência da
República, razão pela qual não se caracteriza a alegada inconstitucionalidade formal.
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II - Invasão de competência residual dos Estados para legislar sobre segurança pública inocorrente, pois cabe
à União legislar sobre matérias de predominante interesse geral.
III - O direito do proprietário à percepção de justa e adequada indenização, reconhecida no diploma legal
impugnado, afasta a alegada violação ao art. 5º, XXII, da Constituição Federal, bem como ao ato jurídico
perfeito e ao direito adquirido.
IV - A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de "porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido" e de "disparo de arma de fogo", mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta,
que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade.
V - Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18.
Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ex lege, em face dos
princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela
autoridade judiciária competente.
VI - Identificação das armas e munições, de modo a permitir o rastreamento dos respectivos fabricantes e
adquirentes, medida que não se mostra irrazoável.
VII - A idade mínima para aquisição de arma de fogo pode ser estabelecida por meio de lei ordinária, como
se tem admitido em outras hipóteses.
VIII - Prejudicado o exame da inconstitucionalidade formal e material do art. 35, tendo em conta a realização
de referendo.
IX - Ação julgada procedente, em parte, para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos
artigos 14 e 15 e do artigo 21 da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003. (ADI 3112, Relator: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 02/05/2007)
Pena: Reclusão de 2 a 4 anos, e multa. Não é uma infração penal de menor potencial ofensivo. Não
admite a transação penal e nem a suspensão condicional do processo.
Fiança: A autoridade policial pode conceder fiança para esse delito, pois a pena privativa de liberdade
máxima não é superior a 4 anos, nos exatos termos do art. 322 do CPP26.
26
Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
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Art. 15 da Lei 10826/03: Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a
prática de outro crime:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável (Vide ADI nº 3112)
Sujeito ativo: É crime comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. O art. 20 do Estatuto
do Desarmamento preconiza que a pena será aumentada em ½ (metade) se o crime for praticado por
integrantes dos órgãos, empresas ou entidades referidas nos arts. 6º, 7º e 8º, do Estatuto do Desarmamento
ou se o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Objeto material: Munição. A arma de fogo para ser disparada necessita estar com munição. Balas de
festim não caracteriza o crime em comento por não causarem perigo.
Núcleos do tipo penal: O delito de disparo de arma de fogo pode ser praticado de duas maneiras: a)
Disparo de arma de fogo significa atirar, fazer com que o projétil seja lançado pelo cano da arma de fogo de
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uso permitido27; b) acionar a munição significa deflagrar cartucho ou projétil de alguma outra forma ou
detonar a espoleta.
Elemento espacial do crime: O fato deve ser praticado “em lugar habitado ou suas adjacências” ou
“em via pública ou em sua direção”.
Lugar habitado: é o local onde residem as pessoas, ou seja, um lugar povoado. Exemplo: vila, cidade,
chácara, sítio, fazenda, distrito, etc.
27
OBS: Empregar arma de fogo de uso restrito é mais grave e tal conduta é catalogada no art. 16, caput, da Lei 10826/03.
28
Art. 16, parágrafo único, da Lei 10826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
regulamentar.
29
Art. 28, parágrafo único, do Decreto-Lei 3688/1941: Incorre na mesma pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois)
meses, ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade,
causa deflagração perigosa, queima fogos de artifício ou solta balão aceso. OBS: Essa contravenção penal continua em vigor
apenas em relação à conduta de queima de fogos de artifício. Vale dizer, em relação à conduta de soltar balões acesos, o art. 28,
parágrafo único, do Dec-Lei 3688/41 foi revogado pelo art. 42 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9605/98).
30
Art. 42 da Lei nº 9605/98: Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais
formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
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“Adjacências: local próximo àquele habitado. Não se exige que seja dependência de moradia ou local
contíguo, bastando que seja perto do local habitado. Por consequência, disparar em local descampado ou
em um floresta, não configura a infração.31”
Via pública: é o lugar aberto a qualquer pessoa. Exemplos: praça, avenida, rua, rodovia.
Em direção à via pública: O disparo é feito em direção à via pública, pouco importando o lugar de
onde a arma é disparada. Ex: O agente atira da janela de sua residência em direção à praça.
Não é necessário a presença de pessoas no momento do disparo, basta que o local seja habitado.
Exemplo: No momento em que o agente dispara a arma de fogo os habitantes de um pequeno vilarejo
estavam dormindo.
Em resumo, se o local não for habitado, a conduta será atípica, pois a segurança pública não foi
exposta à perigo de lesão.
Questão: O disparo efetuado para o alto configura o delito do art. 15 do Estatuto do Desarmamento?
Depende. Se o disparo for realizado em via pública ou em sua direção haverá o crime em apreço.
Todavia, se esse disparo for realizado em lugar não habitado (ex: lugar ermo, floresta, etc.), o fato será
atípico.
Elemento subjetivo do tipo: É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de disparar arma de fogo
ou acionar munição. Repare que o disparo acidental da arma de fogo não é punível, haja vista a inexistência
da figura culposa no art. 15 do Estatuto do Desarmamento, porém se tal conduta atingir alguém, esse agente
poderá responder pelo delito de lesão corporal culposa ou homicídio culposo.
Consumação: É crime de mera conduta. Dessa forma, o crime estará consumado no exato momento
em que ocorre o disparo da arma de fogo ou do acionamento da munição.
Tentativa: É possível. Exemplo: O agente é impedido por terceiro de puxar o gatilho no exato instante
que efetuaria o disparo.
31
BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo; RIOS GONÇALVES, Victor. Legislação Penal Esquematizado. 3ª ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2017, p. 237.
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Questão: Qual a diferença entre o disparo de arma de fogo (art. 15 do Estatuto do Desarmamento e
o delito de perigo de vida (art. 132 do Código Penal)?
Questão: O agente responde pelo delito de disparo de arma de fogo (art. 15 do Estatuto do
Desarmamento se agir em legítima defesa ou estado de necessidade?
A resposta é negativa. Não configura o delito, exclui-se a ilicitude. Exemplo: O agente efetua o disparo
de arma de fogo para impedir o estupro de sua companheira.
Disparo de arma de fogo e o porte ilegal de arma de fogo: Leciona o professor Gabriel Habib que “o
porte será considerado ante factum impunível, ficando absorvido pelo delito de disparo de arma de fogo, por
força do princípio da consunção, desde que o porte e o disparo ocorram no mesmo contexto fático. Caso o
disparo e o porte não ocorram no mesmo contexto fático, ou seja, dissociados um do outro, haverá concursos
de crimes, como no caso de o agente já portar a arma de fogo e depois efetuar os disparos 32”. Nesse sentido
também é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
32
HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 331.
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encontra óbice no enunciado n. 7 da Súmula do STJ. Agravo regimental desprovido. [AgRg no REsp 1331199,
Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP), julgado em 23/10/2014].
Pena: Reclusão de 2 a 4 anos, e multa. Não é uma infração penal de menor potencial ofensivo. Não
admite a transação penal e nem a suspensão condicional do processo.
Fiança: A autoridade policial pode conceder fiança para esse delito, pois a pena privativa de liberdade
máxima não é superior a 4 anos, nos exatos termos do art. 322 do CPP33.
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Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
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Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a
pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.”(Incluído pela Leinº 13.964/19)
Repare que os núcleos do tipo penal do art. 16, caput, do Estatuto do Desarmamento são os mesmos
dos tipos penais descritos nos arts. 12 e 14 do aludido Estatuto, porém o objeto material é diverso, vez que
estamos diante de arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito. Possuir (núcleo do tipo penal do art.
12 da Lei 10.826/03), deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar. Em resumo, art. 16,
caput, do Estatuto do Desarmamento unificou as condutas de posse (art. 12) e porte (art. 14), versando,
porém, sobre arma de fogo, acessório ou munição de usos restrito.
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Em que pese o nomen iuris do delito do art. 16 da Lei 10826/03 seja porte ilegal de arma de fogo de
uso restrito, o delito em análise não se restringe à conduta de portar arma de fogo, acessório ou munição,
de uso proibido ou restrito. Além de portar, as ações nucleares são possuir, deter, adquirir, fornecer, receber,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
sua guarda ou ocultar. Estamos diante de um crime de ação múltipla, também conhecido como de conteúdo
variado ou tipo misto alternativo, ou seja, a realização de mais de uma conduta típica, em relação ao mesmo
objeto material, constitui crime único, conforme determina o princípio da alternatividade.
Objetividade jurídica: É a incolumidade pública, eis que o sentido da norma penal é evitar que
pessoas armadas possam colocar em risco a tranquilidade social.
Sujeito ativo: É um crime comum (ou geral), porquanto pode ser cometido por qualquer pessoa. Se o
delito for praticado pelas pessoas citadas nos arts. 6º, 7º e 8º, da Lei 10826/03 ou se o agente for reincidente
específico em crimes dessa natureza, a pena é aumentada em metade (art. 20 do Estatuto do Desarmamento34).
Objeto material: Arma de fogo, acessório ou munição, de uso restrito. Se a arma de fogo for de uso
permitido, o delito será o do artigo 14 da Lei nº 10.826/03. Se a arma de fogo, ainda que de uso permitido,
estiver com a numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado,
o delito será o do artigo 16, §1º, IV, do Estatuto do Desarmamento. OBS: Portar arma de brinquedo,
simulacro ou réplica é fato atípico, vez que não é arma de fogo.
Pluralidade de armas de uso restrito: Responderá por um único delito de porte ilegal de arma de uso
restrito (art. 16 do Estatuto do Desarmamento), não se aplicando a regra do concurso formal de crimes, pois
restará caracterizada uma situação única de risco à coletividade. Todavia, o magistrado pode levar em conta
a quantidade de armas no momento da fixação da pena-base (circunstâncias judiciais do art. 59 do Código
Penal).
O delito de posse ou porte de arma de fogo de uso restrito, descrito no art. 16 da Lei 10826/03,
tentados ou consumados, passou a ser considerado crime hediondo com o advento da Lei nº 13.497/17, que
fez um acréscimo no art. 1º, parágrafo único, da Lei 8072/90. Contudo, com o ingresso da Lei nº 13.964/19 no
ordenamento jurídico pátrio, deixou de ser etiquetado como hediondo o delito de posse ou porte de arma de
fogo de uso restrito. No ponto, houve uma novatio legis in mellius, que terá eficácia retroativa. Vale dizer, será
hediondo apenas a posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido. Vale ainda destacar que a Lei
34
Art. 20 da Lei 10826/03: Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se: I - forem praticados
por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; II – o agente for reincidente específico em crimes dessa
natureza.
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13.964/19, conhecida como pacote anticrime, inseriu ainda mais dois delitos do Estatuto do Desarmamento no
rol dos crimes hediondos, quais sejam, comércio ilegal de armas de fogo (art. 17 do Estatuto do
Desarmamento) e tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição (art. 18 do Estatuto do
Desarmamento), segundo se infere do art. 1º, parágrafo único, incisos III e IV, da Lei nº 8.072/90.
Núcleo do tipo penal: como já vimos, são 14 condutas que caracterizam esse crime de ação múltipla
ou de conteúdo variado, também chamado de tipo misto alternativo, ou seja, ainda que violado mais de um
verbo do tipo penal, na mesma situação fática, o delito será único, não havendo se falar em concurso de
crimes. Vejamos os núcleos do tipo penal do art. 14 do Estatuto do Desarmamento:
a) Possuir: ter a posse da arma de fogo, acessório ou munição, de uso proibido ou restrito, como
possuidor ou proprietário, de maneira prolongada.
b) Portar: trazer a arma consigo sem a licença da autoridade competente. Exemplos: trazer a arma
na roupa, na maleta, etc.
c) Deter: ter, de forma transitória, por um curto período de tempo, sem o ânimo de posse ou
propriedade;
d) Adquirir: Obter, gratuita ou onerosamente. Exemplo: comprar uma arma de fogo; trocar a arma
por algo;
e) Fornecer: abastecer, dar, prover. Exemplo: dar arma de fogo para alguém. Não confunda com o
tipo penal do art. 17 do Estatuto do Desarmamento (comércio ilegal de arma de fogo), pois nesse
último há uma atividade econômica.
f) Receber: aceitar.
g) Ter em depósito: Reter a arma para dela dispor quanto necessário. Exemplo: guardar arma de
fogo em um galpão.
h) Transportar: Levar a arma de um lugar para outro, por qualquer meio de transporte. Exemplo:
levar a arma no porta-malas do carro, em barco, etc.). Assim, transporte de arma de fogo no
interior do veículo configura o delito de porte ilegal de arma de uso proibido ou restrito (art. 16
do Estatuto do Desarmamento) e não o delito de posse (art. 12 do Estatuto do Desarmamento).
i) Ceder, ainda que gratuitamente: Permitir o uso, ainda que sem qualquer contraprestação ou
finalidade de lucro. Exemplo: Deixar o primo usar a arma de fogo de uso proibido ou restrito.
j) Emprestar: Entregar a arma para alguém fixando prazo para a devolução. Exemplo: Emprestar a
arma para o tio durante o feriado).
k) Remeter: Enviar a arma de um local para o outro, sem acompanhar o objeto. Exemplo: Enviar a
arma pelo correio.
l) Empregar: Usar, utilizar. OBS 1: O emprego da arma poderá caracterizar outro delito autônomo
ou evidenciar o concurso de crime entre o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e outro
delito (ex: homicídio, ameaça, etc.). O delito de porte de arma será absorvido pelo crime de
homicídio, desde que o primeiro crime sirva como meio necessário para a prática do homicídio,
sendo, assim, considerado um ante factum impunível, com base no princípio da consunção. Em
outras palavras, o agente emprega a arma unicamente para cometer o delito de homicídio (crime
mais grave), aplicando-se na espécie o princípio da consunção. Todavia, haverá o concurso de
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crime caso o porte não tenha sido o meio necessário para o homicídio, tendo as condutas
ocorridas em contextos fáticos diversos. Exemplo: O agente, após cometer o delito de homicídio
na data de 05 de maio de 2018, é encontrando com a mesma arma em via pública na data de 07
de maio de 2018. OBS 2: Não há concursos de crime entre porte de arma e roubo quando forem
praticados no mesmo contexto fático, pois o emprego de arma de fogo já funciona como causa
especial de aumento de pena descrita no art. 157, §2º-A, I, do Código Penal (redação dada pela
Lei nº 13.654/18). Logo, o porte de arma fica absorvido pelo princípio da consunção, pois
apresenta-se como ante factum impunível, ou seja, há uma relação de dependência ou de
subordinação entre as duas condutas. O fato de o delito ora em análise não atrapalha em nenhum
momento a sua absorção pelo crime de roubo. Contudo, se forem praticados em contexto fático
diverso, existirá o concurso de crimes entre o porte de arma e o roubo (aplica-se o mesmo
raciocínio já explicitado para o delito de homicídio). OBS 3: Segundo jurisprudência do STJ, não
há que se falar em aplicação do princípio da consunção quando dos delitos de porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito e disparo de arma de fogo são praticados em momentos diversos, em
contextos distintos (Conflito de Competência de nº 134342/GO, julgado em 22/04/2015).
m) Manter sob guarda: conservar a arma sob seu cuidado em nome de terceiro. Exemplo: Guardar a
arma para um amigo no armário da escola enquanto ele viaja.
n) Ocultar: esconder a arma. Exemplo: Enterrar a arma numa praça após matar alguém.
Elemento subjetivo do tipo: É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar qualquer uma
das 14 condutas referente ao porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito.
Elemento normativo do tipo: diz respeito à expressão “sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”.
Questão: Conselheiro do Tribunal de Contas pode ter posse de munição de arma de uso restrito?
Essa questão foi enfrentada pelo Superior Tribunal de Justiça que entendeu não ter o conselheiro do
Tribunal de Contas cometido o delito do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, em razão de equiparação
aos magistrados descrita no art. 73, §3º, da Constituição Federal35. Assim, o caso é solucionado pelo art. 33,
V, da Lei Complementar de nº 35/79 (LOMAN) que garante aos magistrados o porte de arma para uso
pessoal, não fazendo qualquer distinção entre arma de uso permitido ou arma de uso restrito.
35
Art. 73, §3º, da CF: Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as
normas constantes do art. 40.
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1. O art. 16 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003) é norma penal em branco que delega à
autoridade executiva definir o que é arma de uso restrito. A norma infralegal não pode, contudo, revogar
direito previsto no art. 33, V, da Lei Complementar n. 35/1979 - Lei Orgânica da Magistratura - e que implique
ainda a criminalização da conduta.
2. A prerrogativa constante na LOMAN não faz distinção do direito ao porte de arma e munições de uso
permitido ou restrito, desde que com finalidade de defesa pessoal dos magistrados. Paralelismo entre
magistrado de segundo grau e conselheiro de tribunal de contas estaduais reconhecido constitucionalmente.
3. Não se trata de hierarquia entre lei complementar e ordinária, mas de invasão de competência reservada
àquela por força do art. 93 da Constituição de 1988, que prevê lei complementar para o Estatuto da
Magistratura. Conflito de normas que se resolve em favor daquela mais benéfica para abranger o direito
também em relação à arma e munição de uso restrito.
(APn 657/PB, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe
29/10/2015)
Consumação: Cuida-se de crime de mera conduta e de perigo abstrato. De tal arte, o crime se
consuma com a simples realização de uma das 14 (catorze) condutas descritas no tipo penal, independente
da produção de qualquer resultado naturalístico.
Tentativa: É possível. Exemplo: o agente tenta adquirir uma arma de fogo de uso restrito.
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Art. 16, §1º, da Lei 10.826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
Esse delito visa punir a ação do agente que dificulta a identificação do responsável por determinada
arma de fogo ou artefato. Logo, o bem jurídico tutelado é a veracidade do cadastro das armas no SINARM.
O Objeto material é a marca, numeração ou qualquer outro sinal de identificação de arma de fogo de
qualquer uso permitido e calibre ou de artefato (explosivo ou incendiário). Observe que o objeto material
também pode ser uma arma de fogo de uso permitido. Assim, no momento em que essa arma de fogo de
uso permitido é “raspada”, ela é equiparada à arma de uso restrito (art. 16, § único, I, da Lei 10826/03).
Essa figura típica pode ser cometida por qualquer pessoa (crime comum). O art. 16, § 1º, I, da Lei
10826/03 visa punir o autor da modificação ou alteração. Assim, se o agente não tiver sido o autor da
modificação ou alteração responderá pela prática delitiva descrita no art. 16, §1º, IV, da Lei 10826/03 (porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito).
Art. 16, §1º, da Lei 10.826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
A segunda conduta (modificar as características de arma de fogo para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz) protege a Administração da Justiça. Na verdade, o
agente pratica uma espécie de fraude processual, pois visa alterar as características da arma de forma a
dificultar o exame pericial. Exemplo: Trocar o cano da arma para dificultar o exame do confronto balístico. O
delito se aperfeiçoa ainda que o agente não consiga enganar as autoridades (policiais e judiciárias) ou perito.
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Cuida-se de um crime formal. É uma figura especial quando cotejada com o art. 347 do CP (fraude
processual36).
Art. 16, §1º, da Lei 10.826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Observe que o objeto material nessa figura típica não é arma de fogo, acessório ou munição, mas sim
artefato explosivo ou incendiário. Exemplo: granada, coquetel molotov, bomba de fabricação caseira, etc.
Essa figura típica derrogou o art. 253 do Código Penal37 no tocante ao artefato explosivo. Em outras
palavras, o art. 253 do CP continua em vigor no que se refere a gases tóxicos ou asfixiantes, bem como em
relação a substâncias explosivas (ex: tolueno), porquanto o Estatuto do Desarmamento diz respeito apenas
a artefato explosivo.
É importante ainda destacar que a granada de gás lacrimogêneo e a de gás de pimenta não se
enquadram no conceito de explosivo para os fins do presente tipo penal. Esse é o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça:
1. Explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que pode se decompor rapidamente,
formando produtos estáveis. Esse processo é denominado de explosão e é acompanhado por uma intensa
36
Art. 347 do CP: Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa, ou de
pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
37
Art. 253 do CP: Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo,
gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:
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liberação de energia, que pode ser feita sob diversas formas e gera uma considerável destruição decorrente
da liberação dessa energia.
2. Não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete e nem disperse
fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não possuindo, portanto, considerável
potencial de destruição.
3. Para a adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual seja, o
artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser tipificado neste crime a posse
de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, porém, não impedindo eventual tipificação em outro crime.
(REsp 1627028/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/02/2017,
DJe 03/03/2017)
OBS: Transporte de granada sem motivação política não configura crime contra a segurança
nacional. O agente que é preso com duas granadas de uso exclusivo do Exército que seriam utilizadas para
roubar um banco não pratica crime do art. 12 da Lei nº 7.170/83. Isso porque não há, no presente caso, a
motivação política, que consiste no "dolo específico" (elemento subjetivo especial do tipo) exigido para a
configuração dos crimes de que trata a Lei de Segurança Nacional. Se o sujeito praticar uma conduta
semelhante a esta, em tese, ele deverá responder pelo crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento (Lei
nº 10.826/2003) – Informativo 827 do STF
Art. 16, §1º, da Lei 10.826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.
Essa figura típica mostrou-se ser uma importante inovação legislativa, já que o diploma anterior (Lei
9437/97) somente criminalizava a conduta do agente responsável pela supressão da numeração (art. 16,
§1º, I, da Lei 10.826/03). De acordo com o Estatuto do Desarmamento, a mera conduta de o agente estar
com a arma de fogo com identificação prejudicada configura o ilícito penal, independente de não saber quem
realmente raspou a numeração da arma de fogo. Assim, a posse, ainda que em residência, ou o porte, de
arma de fogo com numeração raspada, por si só, caracteriza o crime em tela.
OBS: Ainda que a arma de fogo seja de uso permitido, o agente comete o delito do art. 16, §1º, IV,
da Lei 10.826/03 e não o delito do art. 12, da citada lei, se o artefato estiver com numeração raspada. Tema
já enfrentado pelo Superior Tribunal de Justiça: “Aquele que está na posse de arma de fogo com numeração
raspada tem sua conduta tipificada no art. 16, parágrafo primeiro, e não no art. 12, caput, da Lei 10826/03,
mesmo que o calibre do armamento corresponda a uma arma de uso permitido (Informativo 364 do STJ).
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Questão: Haverá a prática delitiva do art. 16, §1º, IV, da Lei 10826/03 se o agente portar arma de
fogo desmuniciada com sinal de identificação suprimido? A resposta é positiva, pois o delito é de perigo
abstrato, não sendo necessário demonstrar que o artefato é capaz de lesionar alguém. Vejamos um julgado
do STJ:
Objeto material: Arma de fogo (de uso permitido ou de uso restrito) e de qualquer calibre, com a
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado (rasurado), suprimido (eliminado) ou
adulterado (fraudado).
É um tipo misto alternativo, pois o cometido de duas ou mais condutas descritas no tipo não acarreta
concurso de crimes, respondendo o agente somente por um delito.
Cuida-se de crime de mera conduta, cuja consumação se perfaz no exato momento da pratica de uma
das condutas descritas no tipo penal.
Art. 16, §1º, da Lei 10.826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente.
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Inicialmente, vale destacar a figura típica em análise, por ser posterior, derrogou o art. 242 do Estatuto da
Criança e do Adolescente38, que continua aplicável a arma de outra natureza, que não seja de fogo. Exemplo:
Armas brancas.
(CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/ 2017) Analise o item a seguir: Aquele que fornece a
adolescente, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, ou munição de uso restrito ou proibido
fica sujeito à sanção prevista no ECA, em decorrência do princípio da especialidade.
Comentário: O item está errado. A questão é resolvida pela sucessão de leis no tempo. Na
espécie, a lei posterior (lei 10826/03) derroga (revoga parcialmente) o artigo 242 do ECA (lei anterior)
para obstar a aplicação desse último diploma legal quanto à arma for de fogo.
Repare que o tipo penal possui destinatário próprio, qual seja, a arma de fogo, acessório ou munição
têm que chegar ao menor de 18 anos de idade (criança e adolescente).
Questão: Quem deixa de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de idade ou
deficiente mental se apodere de arma de fogo, que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade,
responde por esse delito? A resposta é negativa. No caso, a conduta se amoldará ao delito do art. 13 do
Estatuto do Desarmamento, que é uma conduta culposa. Todavia, se quem apodera da arma é pessoa adulta
(maior de 18 anos), o fato é atípico.
Questão: Por qual delito responde o agente que fornece, empresta ou cede dolosamente arma de
fogo de uso permitido a pessoa maior de idade? Responderá pelo delito do art. 14 do Estatuto do
Desarmamento (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido).
Questão: Por qual delito responde o agente que fornece, empresta ou cede dolosamente arma de
fogo de uso proibido a pessoa maior de idade? Responderá pelo delito do art. 16, caput, do Estatuto do
Desarmamento (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido).
38
Art. 242 do ECA: Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
munição ou explosivo.
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Questão: Por qual delito responde o agente que fornece explosivo a pessoa maior de idade?
Responderá pelo delito do art. 253 do Código Penal. Todavia, se o destinatário for pessoa menor de 18 anos
de idade, o crime será do art. 16, §1º, V, do Estatuto do Desarmamento.
Art. 16, §1º, da Lei 10826/03: Nas mesmas penas incorre quem:
Essa figura típica foi uma inovação legislativa face à lei anterior (lei 9.437/97). Os núcleos do tipo são:
produzir (criar, elaborar), recarregar (dar nova carga), reciclar (reaproveitamento de alguma matéria),
adulterar (modificar). A munição e o explosivo despontam como objeto material.
Também é um tipo penal misto alternativo, isto é, a prática de duas ou mais condutas descritas no
tipo não gera concurso de crimes, respondendo o sujeito por somente um delito.
Consumação: É um crime de mera conduta. Assim, a consumação ocorre no exato instante da prática
das condutas descritas no tipo penal.
De acordo com a Lei nº 13.964/19, diploma legal responsável por inserir o §2º no art. 16 do
Estatuto do Desarmamento, se o objeto material da conduta descrita no caput ou no §1º desse
artigo for arma de uso proibido, a pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze). Trata-se de
uma qualificadora, incidente, portanto, na primeira etapa do cálculo trifásico da pena. É crucial
ainda destacar o magistério do professor Renato Brasileiro de Lima: Importantíssimo registrar
que o §2º do art. 16, aparentemente olvidando-se que as condutas previstas no caput e no § 1º
(incisos V e VI) do mesmo dispositivo legal abrangem não apenas armas de fogo, mas também acessórios e
munição, fez menção explícita apenas às armas de fogo de uso proibido. Destarte, na eventualidade de se
tratar de posse ou porte de acessório ou de munição de uso proibido, não nos parece possível tipificar tal
conduta no art. 16, §2º, da Lei nº 10.826/03, sob pena de indevida analogia in malam partem e
consequentemente violação ao princípio da legalidade. De fato, fosse essa a intenção do legislador, o §2º do
art. 16 deveria ter sido redigido nos seguintes termos: “ Se as condutas descritas no caput e no §1º deste
artigo envolverem arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro)
a 12 anos. Ante o vazio legislativo em relação ao acessório ou munição de uso proibido, e sem embargo de o
caput do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, com redação determinada pelo Pacote Anticrime, fazer
referência apenas aos artefatos de uso restrito, queremos crer que tais condutas deverão ser tipificadas nesta
figura do caput, fazendo-se, in casu, verdadeira analogia, porém in bonam partem39.
39
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Especial Criminal Comentada. 8ª ed. Salvador: Juspodivm, 2020, páginas 463/464.
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Art. 17 da Lei 10826/03: Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
§1º. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
residência.
§2º. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Inicialmente, cumpre destacar que a contar da data de 23 de janeiro de 2020, momento em que
passa a vigorar a Lei nº 13694/19, diploma legal conhecido como pacote anticrime, o delito em estudo estará
inserido no rol dos crimes hediondos, nos exatos termos do art. 1º, parágrafo único, III, da Lei nº 8.072.
Cumpre ainda destacar que a Lei nº 13.694/19 promoveu 2 grandes alterações no crime de comércio ilegal
de arma de fogo: 1) Majorou a pena de reclusão para 6 a 12 anos; 2) Previu a figura equiparada no art. 17,
§2º, do Estatuto do Desarmamento, incriminando a conduta de quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. ”
40
Art. 18 do Dec-Lei nº 3688/41: Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou
munição:
Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, ou ambas cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a
ordem política ou social.
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Objetividade jurídica: É a incolumidade pública. A intenção do legislador é evitar que armas ilegais,
acessórios ou munições circulem pelo país.
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, eis que o tipo penal exige uma qualidade especial do agente,
qual seja, ser comerciante ou industrial. Além do mais, o art. 17, parágrafo único, do Estatuto do
Desarmamento ampliou o conceito de atividade comercial ou industrial para equipará-las como qualquer
forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino.
Dessa forma, o armeiro que, sem a autorização competente, faz consertos de arma de fogo no quintal
de sua casa, responde também pelo crime, pois o parágrafo primeiro em comento incrimina qualquer forma
de prestação de serviço. Já o sujeito que não exerce atividade comercial, industrial ou de prestação de
serviço não responde por este delito, mas pode incidir nos crimes de posse ou porte de arma de fogo (art.
12, 14 e 16, todos do Estatuto do Desarmamento).
OBS: Se o delito for cometido por qualquer das pessoas enumeradas nos arts. 6º, 7º e 8º da Lei
10826/03 ou se o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza, a pena será aumentada em
metade.
Objeto material: Arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido ou proibido (restrito).
Contudo, se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso proibido ou restrito, incidirá a causa de aumento
em metade, nos moldes do previsto no art. 19 do Estatuto do Desarmamento41.
Núcleos do tipo penal: As condutas são aquelas típicas de comerciantes e industriais: Adquirir, Alugar
(ceder o uso e gozo por determinado período mediante pagamento de preço), Receber, transportar, conduzir,
ocultar, ter em depósito, desmontar (separar as peças), montar (unir peças isoladas para obter uma arma de
fogo), remontar (montar novamente aquilo que foi desmontado), adulterar, vender, expor à venda (exibir para
que alguém compre), utilizar (usar). Cuida-se de um tipo penal misto alternativo, ou seja, a prática de duas ou
mais condutas não acarreta o concurso de crimes, respondendo o agente por apenas um delito.
41
Art. 19 da Lei 10826/03: Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou
munição forem de uso proibido ou restrito.
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Elemento normativo do tipo: refere-se aos termos “sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”. Dessa forma, comete o crime o sujeito que não tem autorização para
vender arma, ou aquele que descumpre determinação legal ou regulamentar.
Elemento subjetivo do tipo: É o dolo, isto é, vontade livre e consciente de praticar qualquer conduta
envolvendo o comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição. Não existe a modalidade culposa.
Consumação: Cuida-se de crime de mera conduta, cuja consumação se dá no exato momento da ação,
independente do resultado.
Também estamos diante de um crime de perigo abstrato, pois essa figura criminosa dispensa a
demonstração que pessoa determinada tenha sido exposta a efetiva situação de risco.
Figura equiparada: Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. Trata-se de
importante inovação legislativa trazida pela Lei nº 13694/19, diploma legal conhecido como pacote anticrime,
com vigência prevista para 23 de janeiro de 2020. Por óbvio, essa norma não tem eficácia retroativa, por ser
uma novatio legis incriminadora, tudo em conformidade com o art. 5º, XL, da Constituição Federal.
Em primeiro lugar, observa-se a criação de uma nova técnica especial de investigação e também de
atuação do agente policial, qual seja, a figura do agente policial disfarçado, que não deve ser confundida com
o agente infiltrado42 e nem com o agente provocador43. Repare que a figura do agente policial disfarçado não
induz alguém a praticar crime (elemento existente no agente provocador) e tampouco necessita cativar a
confiança dos integrantes do grupo criminoso (elemento existente no agente infiltrado), caracterizando-se pelo
fato de o policial, sem relevar a sua verdadeira identidade, apresentar-se como um cidadão comum ao
criminoso e, em virtude dessa situação, conseguir dados de conduta criminosa preexistente do agente. O
pressuposto fundamental para que a validade dessa atuação policial é a demonstração de dados probatórios
42
Agente infiltrado é aquele que ingressa na sociedade criminosa com o escopo de colher informes com a finalidade de obter o seu
desmantelamento. O agente infiltrado não age com o indispensável animus associativo, pois visa justamente a destruição desse
grupo criminoso.
43
O agente provocador (teoria da armadilha ou entrapment) está relacionado com a situação do flagrante preparado (ou provocado
ou delito putativo por obra do agente provocador), ou seja, o agente induz os integrantes da organização criminosa à prática delituosa
e, simultaneamente, toma todas as precauções necessárias para que o delito não se consume, aplicando-se, no ponto, a súmula 145
do Supremo Tribunal Federal (Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação)
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aptos a revelar que o agente cometeu antes uma conduta criminosa, fato proporcionado pelo disfarce. A mens
legis dessa figura típica foi justamente incriminar a conduta do agente que vende ou entrega arma a um agente
policial disfarçado, sem que tal comportamento configure crime impossível ou flagrante preparado. Observa-
se que em nenhum momento a vontade do criminoso é viciada pelo agente estatal. Todavia, se a investigação
levada ao cabo pelo policial não revelar a conduta criminosa preexistente (ex: vendedor casual de objetos
ilícitos), é de se descartar a presente figura típica.
Art. 18 da Lei 10826/03: Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em
operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.”
Vale acentuar que a contar da data de 23 de janeiro de 2020, momento em que passa a vigorar a Lei
nº 13694/19, diploma legal conhecido como pacote anticrime, o delito em estudo estará inserido no rol dos
crimes hediondos, nos exatos termos do art. 1º, parágrafo único, IV, da Lei nº 8.072. Cumpre ainda destacar
que a Lei nº 13.694/19 promoveu 2 grandes alterações no crime de comércio ilegal de arma de fogo: 1)
Majorou a pena de reclusão para 8 a 16 anos; 2) Previu a figura equiparada no art. 18, parágrafo único, do
Estatuto do Desarmamento, incriminando a conduta de quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Sujeito ativo: Crime comum (ou geral), pois pode ser cometido por qualquer pessoa. De acordo com
o art. 20 do Estatuto do Desarmamento, se o delito for praticado por qualquer das pessoas elencadas nos
arts. 6º, 7º e 8º da Lei 10826/03 ou se o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza, a pena
será aumentada em metade.
Núcleos do tipo penal: Trata-se de tipo penal misto alternativo, isto é, a prática de duas ou mais
condutas previstas no tipo não acarreta em concurso de crimes, de modo de que o agente responde por
somente um crime. São essas as condutas: a) Importar – ingressar em território nacional por terra, água ou
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ar; b) Exportar – sair do território nacional por terra, água ou ar; c) favorecer a entrada ou saída do território
nacional significa prestar auxílio para a entrada ou saída dos limites do país.
Objeto material: Arma de fogo, acessório ou munição. Todavia, se a arma de fogo for de uso restrito
ou proibido, haverá a aplicação da causa de aumento em metade, nos exatos termos do art. 19 da Lei
10826/03.
Questão: Haverá esse crime do art. 18 da Lei 10826/03 se a arma for de brinquedo, simulacro ou
réplica de armas de fogo?
A resposta é negativa. Contudo, insta ressaltar que o art. 26 do Estatuto do Desarmamento proíbe a
fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de arma de fogo.
Em razão dessa previsão legal, a importação dessas mercadorias é proibida. Dessa forma, a importação de
brinquedos, réplicas e simulacros de arma de fogo caracteriza o delito de contrabando descrito no art. 334-
A do Código Penal44.
Questão: Responderá pelo delito do art. 18 do Estatuto do Desarmamento se o objeto material for
explosivo?
A resposta é negativa, haja vista que o art. 18 da Lei 10826/03 nada mencionou acerca de explosivo,
porém o agente responderá pelo crime de contrabando (art. 334-A do Código Penal).
44
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. §1o Incorre na mesma pena
quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa
de registro, análise ou autorização de órgão público competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada
à exportação; IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V - adquire, recebe ou oculta, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. § 2º - Equipara-se às
atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo,
marítimo ou fluvial.
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Elemento subjetivo: É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar qualquer conduta
referente ao tráfico internacional de armas. Não existe a figura culposa.
Art. 24 da Lei 10826/03: Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao
Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário
e o comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de
arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Competência: Esse delito será processado e julgado na Justiça Federal por existir interesse da União
Federal no tocante ao exercício de fiscalização sobre a zona alfandegária (art. 109, IV, da Constituição
Federal46).
Consumação: Cuida-se de crime de mera conduta. Logo, consuma-se no exato instante em que é
praticada cada uma das condutas descritas no tipo penal.
Tentativa: É possível.
Figura equiparada: Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.” Trata-se de
45
Art. 318 do CP: Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
46
Art. 109 da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral.
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importante inovação legislativa trazida pela Lei nº 13694/19, diploma legal conhecido como pacote anticrime,
com vigência prevista para 23 de janeiro de 2020. Por óbvio, essa norma não tem eficácia retroativa, por ser
uma novatio legis incriminadora, tudo em conformidade com o art. 5º, XL, da Constituição Federal.
Em primeiro lugar, observa-se o surgimento de uma nova técnica especial de investigação e também
de atuação do agente policial, qual seja, a figura do agente policial disfarçado, que não deve ser confundida
com o agente infiltrado47 e nem com o agente provocador48. Repare que a figura do agente policial disfarçado
não induz alguém a praticar crime (elemento existente no agente provocador) e tampouco necessita cativar a
confiança dos integrantes do grupo criminoso (elemento existente no agente infiltrado), caracterizando-se pelo
fato de o policial, sem relevar a sua verdadeira identidade, apresentar-se como um cidadão comum ao
criminoso e, em virtude dessa situação, conseguir dados de conduta criminosa preexistente do agente. O
pressuposto fundamental para que a validade dessa atuação policial é a demonstração de dados probatórios
aptos a revelar que o agente cometeu antes uma conduta criminosa, fato proporcionado pelo disfarce. A mens
legis dessa figura típica foi justamente incriminar a conduta do agente que vende ou entrega arma, em operação
de importação, a uma agente policial disfarçado, sem que tal comportamento configure crime impossível ou
flagrante preparado. Observa-se que em nenhum momento a vontade do criminoso foi viciada pelo agente
estatal. Todavia, se a investigação levada ao cabo pelo policial não revelar a conduta criminosa preexistente
(ex: vendedor casual de objetos ilícitos), é de se descartar a presente figura típica.
47
Agente infiltrado é aquele que ingressa na sociedade criminosa com o escopo de colher informes com a finalidade de obter o seu
desmantelamento. O agente infiltrado não age com o indispensável animus associativo, pois visa justamente a destruição desse
grupo criminoso.
48
O agente provocador (teoria da armadilha ou entrapment) está relacionado com a situação do flagrante preparado (ou provocado
ou delito putativo por obra do agente provocador), ou seja, o agente induz os integrantes da organização criminosa à prática delituosa
e, simultaneamente, toma todas as precauções necessárias para que o delito não se consume, aplicando-se, no ponto, a súmula 145
do Supremo Tribunal Federal (Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação)
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4 – LIBERDADE PROVISÓRIA
Dispõe o art. 21 da Lei nº 10826/03:
Art. 21 da Lei 10826/03: Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória.
O legislador quis proibir a liberdade provisória aos delitos de posse ou porte ilegal de arma de fogo
de uso restrito (art. 16 do Estatuto do Desarmamento), comércio ilegal de arma de fogo (art. 17 do Estatuto
do Desarmamento) e tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 do Estatuto do Desarmamento). Esse
julgamento foi bem explicado pelo professor Fernando Capez, in verbis:
Nesse panorama jurídico, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, acabou por
declarar, na data de 2 de maio de 2007, a inconstitucionalidade de três dispositivos do Estatuto do
Desarmamento, na ADIn 3.112, dentre eles o art. 21, que negava liberdade provisória aos acusados de posse
ou porte ilegal de arma de uso restrito, comércio ilegal de arma e tráfico internacional de arma. A Suprema
Corte considerou que o mencionado dispositivo legal constituía afronta aos princípios constitucionais da
presunção de inocência e do devido processo legal (CF, art. 5º, LVII e LXI).
Ressaltou -se que, não obstante a proibição da liberdade provisória tenha sido estabelecida para
crimes de suma gravidade, a Constituição não permite a prisão ex lege, sem motivação, a qual viola, ainda,
os princípios da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV). Além disso, os ministros anularam dois
dispositivos do Estatuto que proibiam a concessão de liberdade, mediante o pagamento de fiança, no caso
de porte ilegal de arma (parágrafo único do art. 14) e disparo de arma de fogo (parágrafo único do art. 15),
julgando desarrazoada a vedação, sob o argumento de que tais delitos não poderiam ser equiparados a
terrorismo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes ou crimes hediondos (CF, art. 5º, XLIII).
Considerou-se, ainda, que, por constituírem crimes de mera conduta, embora impliquem redução no nível de
segurança coletiva, não poderiam ser igualados aos delitos que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida
ou à propriedade.
Mencione-se, finalmente, que, a partir das alterações promovidas pela Lei n. 12.403/2011 na
sistemática da prisão e liberdade provisória, prevista no Código de Processo Penal, o agente que praticar
qualquer um dos crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18, poderá lograr o benefício da liberdade provisória com
fiança (CPP, arts. 322, 323 e 324) ou a liberdade provisória acompanhada de medidas cautelares diversas
(CPP, art. 321 c/c o art. 319). Assim, o agente poderá obter o benefício legal quando ausentes os motivos que
autorizam a prisão preventiva (CPP, art. 321). Desse modo, somente se admitirá a prisão antes da
condenação quando for imprescindível para evitar que o acusado continue praticando crimes durante o
processo, frustre a produção da prova ou fuja sem paradeiro conhecido, tornando impossível a futura
execução da pena, ou descumpra qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares
(CPP, art. 312, caput e parágrafo único). Quando não ocorrer nenhuma dessas hipóteses, não se vislumbra a
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existência de periculum in mora e não se poderá impor a prisão processual. Importante notar que a Lei n.
12.403/2011 tornou a prisão preventiva como o último recurso à disposição do magistrado, pois esta somente
será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (CPP, art. 282, § 6º,
c/c o art. 319)49.
49
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 453 e
454.
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5 – DISPOSIÇÕES GERAIS
Embora a Polícia Federal seja o órgão responsável pelos registros das armas de fogo e pela expedição
de autorizações para o porte, bem como o SINARM como o órgão encarregado do cadastro das armas de
fogo, a competência para julgar os delitos do Estatuto do Desarmamento, com exceção do delito de tráfico
internacional de armas (art. 18 da Lei 10826), é da Justiça Estadual, porquanto os crimes em análise não
violam bens, serviços ou interesses da União Federal, suas autarquias ou empresas públicas (art. 109, IV, da
CF).
As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
não interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército,
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às
Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei (art. 25 da Lei 10826/03).
Repare que mesmos as armas apreendidas que tenham sido empregadas como instrumento para a
prática de outros delitos devem ser endereçadas ao Comando do Exército, não se aplicando o art. 91, II, “a”,
do Código Penal, que determina a perda dos instrumentos do crime em favor da União, cuja detenção ou
porte constitua infração penal.
REFERENDO POPULAR
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A lei 13.694/19 criou o Banco Nacional de Perfil Balístico (art. 34-A do Estatuto do Desarmamento).
Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Perfis
Balísticos.
O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma de
fogo.
O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de munição
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais
federais, estaduais e distritais. Esse Banco será gerido pela unidade oficial de perícia criminal.
Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir
ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil,
penal e administrativamente.
É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do
Poder Executivo federal.
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B) majora-se a pena em caso de crime de comércio ilegal de arma de fogo mesmo que se trate de armamento
de uso permitido.
C) a arma de fogo desmuniciada afasta as figuras criminosas da posse ou do porte ilegal, considerando-se
que o objeto jurídico tutelado é a incolumidade física.
D) o porte de arma de fogo de uso permitido com a numeração raspada equivale penalmente ao porte de
arma de fogo de uso restrito.
E) o disparo de arma de fogo em via pública e o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido configuram
situações de inafiançabilidade.
II. Cadastrar as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, mantendo registro próprio.
III. Cadastrar as apreensões de armas de fogo, exceto as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais.
IV. Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade.
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4.(CESPE/Delegado de Polícia do Mato Grosso/2017) João, ao trafegar com sua moto, foi
surpreendido por policiais que encontraram em seu poder arma de fogo — revólver — de uso
permitido. João trafegava com a arma sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com o Estatuto
do Desarmamento e com o entendimento jurisprudencial dos tribunais superiores.
A) O simples fato de João carregar consigo o revólver, por si só, não caracteriza crime, uma vez que o perigo
de dano não é presumido pelo tipo penal.
B) Se o revólver estiver com a numeração raspada, João estará sujeito à sanção prevista para o delito de
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
D) O simples fato de João carregar consigo o revólver caracteriza o crime de posse ilegal de arma de fogo de
uso permitido.
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C) De acordo com a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, aquele que mantiver em seu poder uma
arma de fogo de calibre permitido com registro vencido, incorrerá na prática do crime de porte ilegal de
arma de fogo.
D) No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a pena é aumentada em um terço se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
E) O crime de omissão de cautela consiste em deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
menor de 14 (catorze) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que
esteja sob sua posse.
A arma de fogo desmuniciada e desmontada não serve para configurar o delito de porte ilegal de arma de
fogo.
_______________________________________________________________
a) constitui causa de aumento de pena, nos crimes de disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma de
fogo, sua prática por parte de integrantes das empresas de segurança privada e de transporte de valores.
b) o crime de omissão de cautela (art. 13 da Lei n. 10.826/03 — Lei do Desarmamento) sujeita o autor às
penas de um a dois anos de detenção, na hipótese de deixar de observar as cautelas necessárias para impedir
que qualquer cidadão se apodere de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua posse ou que
sejam de sua propriedade.
c) o crime de posse irregular de arma de fogo (art. 12 da Lei n. 10.826/03) não distingue, no seu apenamento,
se a arma, acessório ou munição são de uso permitido ou restrito.
d) com o advento da Lei n. 10.826/03, a contravenção de porte ilegal de arma, prevista no art. 19 da Lei das
Contravenções Penais, passou a ter como objeto apenas munições em geral e armas brancas.
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e) acionar munição em lugar habitado ou em via pública, desde que essa conduta não tenha como finalidade
a prática de outro crime, constitui a contravenção penal descrita no art. 28 da Lei das Contravenções Penais.
_______________________________________________________________
b) para a tipificação do crime de disparo de arma de fogo é necessário provar que determinada pessoa tenha
sido exposta a risco.
c) não poderá ser concedida liberdade provisória ao crime de comércio ilegal de arma de fogo.
d) para a tipificação do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não é necessário que o
armamento esteja municiado.
_______________________________________________________________
Jeremias foi abordado na via pública portando arma branca na cintura. Nessa situação dada a ausência de
tipificação penal na legislação específica para porte de arma branca, a conduta de Jeremias deve ser
considerada atípica, não configurando qualquer fato punível.
_______________________________________________________________
10. (VUNESP/Defensor Público de Alagoas/2008) Com relação aos crimes definidos na Lei nº 10826/03,
não admite a figura do artigo 14, II, do Código Penal, o de
D) produzir munição sem autorização legal (art. 16, parágrafo único, VI).
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11. (FUNDEP/ Juiz de Direito de Minas Gerais/2009-Adaptada) Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei
10826, de 2003), analise o item a seguir:
O crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido, tipificado no art. 12 da Lei 10826, de 2003, com
pena privativa de liberdade, abstratamente cominada em detenção de 01 a 03 anos, não comporta a
substituição por pena restritiva de direitos, consoante as regras do art. 44 do CP, em face da violência
intrinsicamente ligada ao comércio e utilização de armas de fogo em nosso país.
_______________________________________________________________
12. (VUNESP/Promotor de Justiça de São Paulo/2011) No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a
natureza jurídica do fato de ser a arma ou munição de uso proibido ou restrito constitui:
b) circunstância judicial.
d) circunstância qualificadora.
_______________________________________________________________
a) É proibida a conduta de portar arma de fogo de uso permitido ou proibido, não se punindo, no estatuto,
a conduta de portar ou possuir acessório ou munição para arma de fogo.
b) O porte de arma de fogo com numeração raspada, previsto no parágrafo único, inciso IV, do artigo 16,
refere-se tanto à arma de fogo de uso permitido como à arma de fogo de uso proibido/restrito.
c) O artigo 16 prescreve que é proibido possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo de uso permitido sem autorização legal.
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d) O crime de disparo de arma de fogo, previsto no artigo 15 do estatuto, é autônomo, sendo que, na
hipótese de o agente tentar matar a vítima com disparos de arma de fogo, responderá por tentativa de
homicídio e pelo crime de disparo de arma de fogo em concurso material de delitos.
e) A vedação à concessão de fiança prevista no parágrafo único do artigo 15 (disparo de arma de fogo) foi
declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de constitucionalidade.
_____________________________________________________________
Tales foi preso em flagrante delito quando transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois
revólveres de calibre 38 desmuniciados e com numerações raspadas.Acerca dessa situação hipotética,
julgue o item que se segue, com base na jurisprudência dominante dos tribunais superiores relativa a esse
tema.
O fato de as armas apreendidas estarem desmuniciadas não tipifica o crime de posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito em razão da total ausência de potencial lesivo da conduta.
_______________________________________________________________
15. (FUNCAB/ Delegado de Polícia de Rondônia/2014) De acordo com a Lei nº 10.826/2003, Estatuto do
Desarmamento, aquele que, em via pública, porta arma de fogo de uso permitido com numeração
suprimida responde:
a) como incurso nas penas do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disposto no artigo 14
do referido Estatuto.
b) como incurso nas penas do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disposto no
artigo 16 do referido estatuto.
c) como incurso nas penas do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, disposto no artigo
12 do referido Estatuto.
d) como incurso nas penas do crime de disparo de arma de fogo, disposto no artigo 15 do referido Estatuto.
e) como incurso nas penas do crime de omissão de cautela, disposto no artigo 13 do referido Estatuto.
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16. (CESPE/ Juiz de Direito de Sergipe/2008) Em relação ao Estatuto do Desarmamento, Lei nº 10.826/2003,
assinale a opção correta.
a) o agente que perambula de madrugada pelas ruas com uma arma de fogo de uso permitido, sem
autorização para portá-la, comete infração penal, independentemente de se comprovar que uma pessoa
determinada ficou exposta a uma situação de perigo.
b) Na hipótese de porte de arma absolutamente inapta a efetuar disparos, o fato é considerado típico,
porque se presume o risco em prol da coletividade, apesar de não haver exposição de alguém a uma situação
concreta de perigo.
c) o crime de deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor se apodere de arma de fogo
que esteja sob sua posse admite tentativa.
d) O porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável e hediondo, sendo irrelevante o fato de a
arma de fogo estar registrada em nome do agente.
e) No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a pena é aumentada se a arma de fogo, acessório ou munição
for de uso permitido.
_______________________________________________________________
17. (MOVENS/ Delegado de Polícia do Pará/2009) No que se refere à Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do
Desarmamento), assinale a opção correta:
a) As armas de fogo de uso restrito devem ser registradas nos departamentos de polícia civil dos estados.
b) Caberá à polícia federal autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito, exceto
em relação às aquisições pelas polícias civis estaduais.
d) Os auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil estão proibidos de portar arma de fogo no território
nacional.
_______________________________________________________________
18. (ACADEPOL/Delegado de Polícia do Rio Grande do Sul/2009). Analise as seguintes assertivas sobre a
Lei nº 10.826/03, que dispõe sobre as armas de fogo, e identifique a alternativa correta
a) O crime de possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa, admite a forma culposa.
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b) O objeto jurídico do crime de omissão de cautela, tipificado no art. 13 da Lei nº 10.826/03, é, em primeiro
lugar, a integridade física de menor, de deficiente físico ou mesmo de terceiro e, em segundo plano, a
segurança pública. Quanto à classificação, trata-se de delito omissivo e formal.
c) O ato de suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo recebe
o mesmo tratamento, quanto à pena, da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
d) O art. 14 da Lei nº 10.826/03, que tipifica o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não é norma
penal em branco.
e) A conduta de disparar arma de logo em via pública ou em direção a ela, com a finalidade de ferir ou mutilar
animal silvestre que ali se encontre, é típica de disparo de arma de fogo prevista no art. 15 da Lei nº
10.826/03.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
a) no tráfico internacional de arma de fogo, a pena é aumentada da metade apenas se a arma é de uso
exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas,
devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação especifica;
b) no tráfico internacional de arma de fogo, a pena é aumentada da metade apenas se a arma é de uso
proibido;
c) a importação de arma de fogo de uso permitido, sem autorização da autoridade competente, configura
crime de contrabando;
d) o tráfico internacional de arma de fogo inclui como objeto material estojos, espoletas, pólvora e projéteis.
_______________________________________________________________
21. (VUNESP/Juiz de Direito de Minas Gerais/2012) Com relação ao porte de arma de fogo em todo o
território nacional, podem portar arma de fogo os Integrantes das:
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II. guardas municipais dos Municípios com mais de 300 mil habitantes;
III. guardas municipais dos Municípios com mais de 50 mil e menos de 500 mil habitantes, quando em serviço;
IV. carreiras de auditoria da Receita Federal e de auditoria fiscal do Trabalho, cargos de auditor fiscal e
analista tributário.
a) l e ll.
b) ll e IV.
c) lll e IV.
d) l, ll e IV.
_______________________________________________________________
22.(TJ-RS/Juiz de Direito do Rio Grande do Sul/2012) Considere as assertivas abaixo sobre os crimes
definidos na Lei no 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento).
I - O Estatuto do Desarmamento faz distinção entre portar e possuir ilegalmente arma de fogo de uso
permitido, sendo que o primeiro possui pena mais severa.
II. O crime de posse ou porte Ilegal de arma de fogo de uso restrito é classificado como de perigo abstrato.
a) Apenas I;
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) l, ll e lll
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23. (CESPE/ Defensor Público do DF/2013) Conforme a jurisprudência pacificada do STF, o crime de porte
ilegal de arma de fogo é de perigo abstrato, de modo que não se exige demonstração de ofensividade real
para sua consumação.
_______________________________________________________________
24. (FCC/Defensor Público da Paraíba/2014) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, tratando-se de arma
de fogo de uso permitido, com numeração íntegra ou raspada, a chamada abolitio criminis temporária
teve seu prazo temporal respectivamente findo em
_______________________________________________________________
b) O crime de omissão de cautela (art. 13) se configura quando o possuidor ou proprietário deixa de
observar as cautelas necessárias para impedir que menor
c) O porte compartilhado de arma de fogo é circunstância legalmente prevista como agravante da pena.
d) Para efeito de tipificação dos crimes do Estatuto do Desarmamento, as réplicas e simulacros de armas de
fogo nunca se equiparam às armas de fogo.
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26. (FCC/Promotor de Justiça do Pará/2014) Com relação à legislação das armas de fogo,
a) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça, teve
como ·limite a data de 23 de outubro de 2005, após o que não ampara mais a conduta do possuidor de
qualquer arma de fogo.
b) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça,
abrangeu as condutas de posse e de porte ilegal de arma de fogo.
c) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça,
aplica-se aos ilícitos de posse ilegal de arma de fogo, inclusive de uso restrito, que tenham sido cometidos
até 31 de dezembro de 2010.
d) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça,
aplica-se aos ilícitos de posse ilegal de arma de fogo, desde que de uso permitido e de numeração, marca ou
outro sinal de identificação não raspado, nem suprimido ou alterado que tenham sido cometidos até 31 de
dezembro de 2011.
_______________________________________________________________
O delito de disparo de arma de fogo está configurado mesmo que seja praticado em local isolado,
desabitado e afastado de vias públicas.
_______________________________________________________________
28. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017) Analise o item a seguir: Aquele que fornece a adolescente,
ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, ou munição de uso restrito ou proibido fica sujeito à
sanção prevista no ECA, em decorrência do princípio da especialidade.
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Servidor público alfandegário que, em serviço de fiscalização fronteiriça, permitir a determinado indivíduo
penalmente imputável adentrar o território nacional trazendo consigo, sem autorização do órgão
competente e sem o devido desembaraço, pistola 380 de fabricação estrangeira deverá responder pelo
delito de facilitação de contrabando, com infração de dever funcional excluída a hipótese de aplicação do
Estatuto do Desarmamento.
_______________________________________________________________
Ronaldo foi preso em flagrante delito imediatamente após efetuar – com intenção de matar, mas sem
conseguir atingir a vítima – disparos de arma de fogo na direção de José. Nessa situação, Ronaldo cometeu
homicídio na forma tentada e disparo de arma de fogo em concurso formal.
_______________________________________________________________
Comete crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido cidadão que é pego mantendo sob sua
guarda, no interior do quarto de sua residência, embaixo da cama, uma pistola .40, de uso restrito e com
numeração suprimida.
_______________________________________________________________
32. (CESPE/Técnico Legislativo da Câmara dos Deputados/2014). Analise o item a seguir:
As armas de fogo apreendidas e periciadas e que não mais forem necessárias à persecução penal deverão
ser remetidas pelo juiz competente à autoridade policial que as apreendeu, para fins de destruição e
reciclagem.
_______________________________________________________________
A autorização de porte de arma aos responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ao
Brasil ou aqui sediados é da competência do Ministério da Justiça.
_______________________________________________________________
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35. (CESPE/Defensor Público do Espírito Santo/2012) Suponha que Tobias, maior, capaz, tenha sido
abordado por policiais militares quando trafegava em sua moto, tendo sido encontradas com ele duas
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armas de uso restrito e munições, e atestada, em exame pericial, a impossibilidade de as armas efetuarem
disparos. Nessa situação hipotética, resta caracterizado o delito de porte de arma de uso restrito, devendo
Tobias responder por crime único.
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Se o objeto mediante o qual for praticado o crime de posse de arma de fogo for uma arma de fogo com
numeração suprimida pelo sujeito, ocorrerá um concurso formal de delitos entre a posse e a supressão (Lei n.
10.826/2003).
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O crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo concreto.
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O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, ainda que
a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar disparos, configura delito de porte ilegal de
arma de fogo.
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O registro de arma de fogo na PF, mesmo após prévia autorização do SINARM, não assegura ao seu
proprietário o direito de portá-la.
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Nos termos do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), a conduta de emprestar a terceiro arma de
fogo, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, configura o crime de
b) omissão de cautela.
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B) majora-se a pena em caso de crime de comércio ilegal de arma de fogo mesmo que se trate de armamento
de uso permitido.
C) a arma de fogo desmuniciada afasta as figuras criminosas da posse ou do porte ilegal, considerando-se
que o objeto jurídico tutelado é a incolumidade física.
D) o porte de arma de fogo de uso permitido com a numeração raspada equivale penalmente ao porte de
arma de fogo de uso restrito.
E) o disparo de arma de fogo em via pública e o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido configuram
situações de inafiançabilidade.
Comentário: A alternativa correta é a letra D. De acordo com o art. 16, parágrafo único, do Estatuto
do Desarmamento, o porte de arma de fogo de uso permitido com a numeração raspada equivale
penalmente ao porte de arma de fogo de uso restrito.
Alternativa A está errada: Em que pese a redação do art. 21 do Estatuto do Desarmamento, não é demais
destacar que tal regra foi declarada como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 3112.
Alternativa B está errada: Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18 do Estatuto do Desarmamento, a pena é
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito (art. 19
da Lei nº 10826/03).
Alternativa C está errada: Em virtude de ser crime de perigo abstrato, os Tribunais Superiores firmaram
entendimento de que tanto a posse como o porte de arma de fogo desmuniciada merecem censura penal,
não sendo necessário qualquer demonstração de efetivo risco causado à coletividade para sua configuração.
Alternativa E está errada: Os delitos de porte de arma de fogo de uso permitido e de disparo de arma de fogo
comportam fiança, vez que os parágrafos únicos dos arts. 14 e 15, ambos da Lei 10826/03, foram declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Além, os crimes inafiançáveis foram expressamente
declarados na Constituição Federal, não tendo sido ali contemplados os delitos em comento.
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2. (IESES/Perito Criminal de Santa Catarina/2017). De acordo com a Lei 10.826/03, que dispõe sobre
registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição e sobre o Sistema Nacional de Armas
– Sinarm compete ao Sinarm, dentre outras atribuições:
II. Cadastrar as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, mantendo registro próprio.
III. Cadastrar as apreensões de armas de fogo, exceto as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais.
IV. Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença p ara exercer a atividade.
A alternativa II está errada, pois é competência do SIGMA cadastrar as armas de fogo das Forças Armadas
e Auxiliares, mantendo registro próprio.
A alternativa III está errada, pois é competência do SINARM cadastrar as apreensões de armas de fogo,
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais (art. 2º, VII, da Lei 10826/03).
A alternativa IV está correta, pois é competência do SINARM cadastrar os armeiros em atividade no País,
bem como conceder licença para exercer a atividade (art. 2º, VIII, da Lei 10826/03).
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Comentário: A alternativa correta é a letra D. A posse ilegal de arma de fogo de uso permitido consiste
em manter a arma intra muros, ou seja, no interior da residência ou local de trabalho. Esse crime
ocorrerá quando o agente possui ou mantém a guarda da arma de fogo de uso permitido, no interior
de residência ou dependência desta, ou no local de trabalho, na condição de titular ou responsável legal
do estabelecimento ou empresa, sem o devido registro.
Alternativa A está errada: A apreensão e o exame pericial não são necessários para a configuração do delito
do art. 12 do Estatuto do Desarmamento. Cuida-se de crime de perigo abstrato.
Alternativa B está errada: Segundo os Tribunais Superiores, a arma não precisa estar municiada para a
caracterização do delito do art. 12 do Estatuto do Desarmamento.
Alternativa C está errada: A licença para o porte da arma apreendida é imprescindível para o delito do art.
14 do Estatuto do Desarmamento, ao passo que para o art. 12 da citada lei é necessário o registro da arma.
A alternativa E está errada: O tipo penal do art. 12 da Lei nº 10826/03 não faz qualquer diferenciação entre
a zona (urbana ou rural) que deve situar essa residência, ou seja, basta que a arma de uso permitido sem
registro esteja no interior da residência ou dependência desta.
4. (CESPE/Delegado de Polícia do Mato Grosso/2017) João, ao trafegar com sua moto, foi
surpreendido por policiais que encontraram em seu poder arma de fogo — revólver — de uso
permitido. João trafegava com a arma sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com o Estatuto
do Desarmamento e com o entendimento jurisprudencial dos tribunais superiores.
A) O simples fato de João carregar consigo o revólver, por si só, não caracteriza crime, uma vez que o perigo
de dano não é presumido pelo tipo penal.
B) Se o revólver estiver com a numeração raspada, João estará sujeito à sanção prevista para o delito de
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
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D) O simples fato de João carregar consigo o revólver caracteriza o crime de posse ilegal de arma de fogo de
uso permitido.
Comentário: A alternativa correta é a letra B, pois se a arma, ainda que de uso permitido, tiver
numeração raspada, tal situação será equiparada ao porte de arma de uso restrito ou proibido, nos
termos do art. 16, parágrafo único, IV, da Lei 10826/03.
Alternativa A está errada: O delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é crime de perigo
abstrato, que dispensa a demonstração de perigo no caso concreto.
Alternativa C está errada, pois o parágrafo único do art. 14 da Lei 10826/03 foi declarado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 3112.
Alternativa D está errada, pois o fato de João carregar arma de fogo de uso permitido na via pública
caracteriza o delito do art. 14 do Estatuto do Desarmamento.
A alternativa E está errada: Segundo os Tribunais Superiores, arma desmuniciada também merece censura
penal, pois o delito em comento é crime de perigo abstrato, dispensando a necessidade de demonstração
de qualquer perigo à incolumidade pública.
C) De acordo com a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, aquele que mantiver em seu poder uma
arma de fogo de calibre permitido com registro vencido, incorrerá na prática do crime de porte ilegal de
arma de fogo.
D) No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a pena é aumentada em um terço se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
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E) O crime de omissão de cautela consiste em deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
menor de 14 (catorze) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que
esteja sob sua posse.
Comentários: A alternativa correta é a letra B, conforme se infere do art. 13, parágrafo único, do Estatuto
do Desarmamento. Esse delito também é conhecido como omissão de comunicação de perda ou subtração
de arma de fogo.
Alternativa A está errada: O Supremo Tribunal Federal na ADI 3112 declarou a inconstitucionalidade do
parágrafo único do art. 14 do Estatuto do Desarmamento, por entendê-lo desarrazoado, sob o fundamento
de que o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não poderia ser equiparado a terrorismo, tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e crimes hediondos (art. 5º, XLII, da CF). Entendeu ainda que por estarmos
diante de um crime de mera conduta não poderia esse ser igualado aos delitos que causam lesão ou ameaça
de lesão à vida ou à propriedade.
Alternativa C está errada: A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça nos Autos da Ação Penal Originária
nº 686, julgada em 21/10/2015, firmou o entendimento de que se o agente já procedeu ao registro da arma,
a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação
de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal.
Alternativa D está errada: De acordo com o art. 19 do Estatuto do Desarmamento, no crime de comércio
ilegal de arma de fogo apena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso
proibido ou restrito
Alternativa E está errada: O crime de omissão de cautela (art. 13, caput, do Estatuto do Desarmamento)
consiste em deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de
sua propriedade.
A arma de fogo desmuniciada e desmontada não serve para configurar o delito de porte ilegal de arma de
fogo.
Comentário: O item está errado. Segundo a jurisprudência do STJ, o porte ilegal de arma de fogo
desmuniciada ou desmontada configura hipótese de perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato
de levar consigo para a consumação do delito. Dessa forma, eventual nulidade do laudo pericial, ou até
mesmo a sua ausência, não impede o enquadramento da conduta (AgRg no REsp 1390999, rel Min.
Laurita Vez, julgado em 27/03/2014).
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a) constitui causa de aumento de pena, nos crimes de disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma de
fogo, sua prática por parte de integrantes das empresas de segurança privada e de transporte de valores.
b) o crime de omissão de cautela (art. 13 da Lei n. 10.826/03 — Lei do Desarmamento) sujeita o autor às
penas de um a dois anos de detenção, na hipótese de deixar de observar as cautelas necessárias para impedir
que qualquer cidadão se apodere de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua posse ou que
sejam de sua propriedade.
c) o crime de posse irregular de arma de fogo (art. 12 da Lei n. 10.826/03) não distingue, no seu apenamento,
se a arma, acessório ou munição são de uso permitido ou restrito.
d) com o advento da Lei n. 10.826/03, a contravenção de porte ilegal de arma, prevista no art. 19 da Lei das
Contravenções Penais, passou a ter como objeto apenas munições em geral e armas brancas.
e) acionar munição em lugar habitado ou em via pública, desde que essa conduta não tenha como finalidade
a prática de outro crime, constitui a contravenção penal descrita no art. 28 da Lei das Contravenções Penais.
Comentário: A alternativa correta é a letra A, pois constitui causa de aumento de pena, nos crimes de
disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo, sua prática por parte de integrantes das empresas
de segurança privada e de transporte de valores (art.20 do Estatuto dos Militares).
A alternativa B está errada, pois os destinatários do delito de omissão de cautela são os deficientes
mentais e os menores de 18 (dezoito) anos.
A alternativa C está errada, pois o crime será do art. 16 do Estatuto do Desarmamento se a arma,
acessório ou munição for de uso restrito.
A alternativa D está errada. A contravenção penal do art. 19 da Lei das Contravenções somente tem
aplicabilidade no tocante às armas brancas. O porte de munição é regulado pelo Estatuto do
Desarmamento.
A alternativa E está errada, pois acionar munição em lugar habitado ou em via pública constitui o delito
de disparo de arma de fogo (art. 15 do Estatuto do Desarmamento).
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b) para a tipificação do crime de disparo de arma de fogo é necessário provar que determinada pessoa tenha
sido exposta a risco.
c) não poderá ser concedida liberdade provisória ao crime de comércio ilegal de arma de fogo.
d) para a tipificação do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não é necessário que o
armamento esteja municiado.
Comentário: A alternativa correta é a letra D. Como já vimos, o delito de porte ilegal de arma de fogo é
crime de perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de levar consigo para a consumação do delito.
Dessa forma, eventual nulidade do laudo pericial, ou até mesmo a sua ausência, não impede o
enquadramento da conduta.
A alternativa B está errada. O delito de disparo de arma de fogo é crime de perigo abstrato, ou seja, não
necessita demonstrar a ocorrência de perigo para a sua caracterização.
A alternativa C está errada. O art. 21 do Estatuto do Desarmamento foi declarado inconstitucional pelo STF
na ADI 3112, razão pela qual não há que se falar numa vedação legal apriorística de liberdade provisória ao
crime de comércio ilegal de arma de fogo.
A alternativa E está errada. O art. 21 do Estatuto do Desarmamento foi declarado inconstitucional pelo STF
na ADI 3112, razão pela qual não há que se falar numa vedação legal apriorística de liberdade provisória ao
crime de tráfico internacional de arma de fogo.
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Jeremias foi abordado na via pública portando arma branca na cintura. Nessa situação dada a ausência de
tipificação penal na legislação específica para porte de arma branca, a conduta de Jeremias deve ser
considerada atípica, não configurando qualquer fato punível.
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Comentário: O item está errado. Embora a conduta de Jeremias não tenha correspondência no Estatuto
do Desarmamento, vale destacar que o caso em concreto está tipificado como contravenção penal no
art. 19 do Dec-Lei 3688/41.
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10. (VUNESP/Defensor Público de Alagoas/2008) Com relação aos crimes definidos na Lei nº 10826/03,
não admite a figura do artigo 14, II, do Código Penal, o de
D) produzir munição sem autorização legal (art. 16, parágrafo único, VI).
Comentário: A alternativa correta é a letra A. O delito de omissão de cautela não admite tentativa. Afinal
de contas, estamos diante de um crime culposo e omissivo próprio, delitos incompatíveis com a figura
tentada. Se o menor ou deficiente mental se apossar da arma, o delito estará consumado; se não o fizer, a
conduta será atípica.
As alternativas B, C, D estão erradas, porquanto os crimes dos artigos 16, parágrafo único, IV, 17 e 18, todos
da Lei 10826/03 admitem a tentativa.
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11. (FUNDEP/ Juiz de Direito de Minas Gerais/2009-Adaptada) Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei
10826, de 2003), analise o item a seguir:
O crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido, tipificado no art. 12 da Lei 10826, de 2003, com
pena privativa de liberdade, abstratamente cominada em detenção de 01 a 03 anos, não comporta a
substituição por pena restritiva de direitos, consoante as regras do art. 44 do CP, em face da violência
intrinsicamente ligada ao comércio e utilização de armas de fogo em nosso país.
Comentário: O item está errado. O delito de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12
do Estatuto do Desarmamento) não contém em seu tipo penal qualquer dado atinente a violência e
grave ameaça. Sobremais, o quantum da pena cominada, por não ser superior a 4 anos, autoriza a
substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, desde que presentes os demais
requisitos do art. 44 do Código Penal.
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12. (VUNESP/Promotor de Justiça de São Paulo/2011) No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a
natureza jurídica do fato de ser a arma ou munição de uso proibido ou restrito constitui:
b) circunstância judicial.
d) circunstância qualificadora.
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a) É proibida a conduta de portar arma de fogo de uso permitido ou proibido, não se punindo, no estatuto,
a conduta de portar ou possuir acessório ou munição para arma de fogo.
b) O porte de arma de fogo com numeração raspada, previsto no parágrafo único, inciso IV, do artigo 16,
refere-se tanto à arma de fogo de uso permitido como à arma de fogo de uso proibido/restrito.
c) O artigo 16 prescreve que é proibido possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo de uso permitido sem autorização legal.
d) O crime de disparo de arma de fogo, previsto no artigo 15 do estatuto, é autônomo, sendo que, na
hipótese de o agente tentar matar a vítima com disparos de arma de fogo, responderá por tentativa de
homicídio e pelo crime de disparo de arma de fogo em concurso material de delitos.
e) A vedação à concessão de fiança prevista no parágrafo único do artigo 15 (disparo de arma de fogo) foi
declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de constitucionalidade.
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Comentário: A alternativa correta é a letra B. Se a arma de fogo apresentar numeração raspada, pouco
importa se é de uso restrito ou permitido, o crime será do art. 16, parágrafo único, IV, do Estatuto do
Desarmamento.
A alternativa A está errada, pois o Estatuto do Desarmamento pune não só o porte de arma de fogo, mas
também os acessórios e munições.
A alternativa C está errada, pois o art. 16 diz respeito às armas de fogo, acessórios e munições de uso restrito.
A alternativa D está errada. O crime de disparo de arma de fogo é expressamente subsidiário. Assim, se o
agente desfere disparo de arma de fogo com o objetivo de matar outra pessoa, o delito de disparo (art. 15
do Estatuto do Desarmamento) é absorvido pelo homicídio.
A alternativa E está errada. O Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI de nº 3112 declarou a
inconstitucionalidade do art. 15, parágrafo único.
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Tales foi preso em flagrante delito quando transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois
revólveres de calibre 38 desmuniciados e com numerações raspadas.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, com base na jurisprudência dominante dos
tribunais superiores relativa a esse tema.
O fato de as armas apreendidas estarem desmuniciadas não tipifica o crime de posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito em razão da total ausência de potencial lesivo da conduta.
Comentário: O item está errado. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que é de perigo
abstrato o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 do Estatuto do Desarmamento),
sendo, portanto, irrelevante para sua configuração encontrar-se a arma desmontada ou desmuniciada (HC
95861).
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15. (FUNCAB/ Delegado de Polícia de Rondônia/2014) De acordo com a Lei nº 10.826/2003, Estatuto do
Desarmamento, aquele que, em via pública, porta arma de fogo de uso permitido com numeração
suprimida responde:
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a) como incurso nas penas do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disposto no artigo 14
do referido Estatuto.
b) como incurso nas penas do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disposto no
artigo 16 do referido estatuto.
c) como incurso nas penas do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, disposto no artigo
12 do referido Estatuto.
d) como incurso nas penas do crime de disparo de arma de fogo, disposto no artigo 15 do referido Estatuto.
e) como incurso nas penas do crime de omissão de cautela, disposto no artigo 13 do referido Estatuto.
Comentários: A alternativa correta é a letra B. Cuida-se do delito previsto no parágrafo único do art. 16,
parágrafo único, IV, da Lei 10826/03. É certo que, em regra, o porte de arma de fogo de uso permitido é
censurado pelo art. 14 do Estatuto do Desarmamento, porém quando essa arma de uso permitido tiver
numeração raspada equipara-se ao porte de arma de fogo de uso restrito, por força de lei.
As alternativas A está errada. O porte de arma de fogo de uso permitido quando tiver qualquer sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado é enquadrado na figura equiparada descrita no art. 16,
parágrafo único, do Estatuto do Desarmamento.
A alternativa C está errada, pois a posse consiste em manter a arma intra muros, ou seja, no interior da
residência ou local de trabalho. Também não há que se falar no delito do art. 12 do Estatuto do
Desarmamento se a arma, embora de uso permitido, for de numeração suprimida, sofrendo, no ponto, os
rigores do art. 16 da Lei 10826/03.
A alternativa D está errada, pois não há disparo de arma de fogo e tampouco acionamento de munição,
situação que afasta a incidência do art. 15 do Estatuto do Desarmamento.
A alternativa E está errada, pois não estamos diante do crime culposo delineado no art. 13 do Estatuto do
Desarmamento.
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16. (CESPE/ Juiz de Direito de Sergipe/2008) Em relação ao Estatuto do Desarmamento, Lei nº 10.826/2003,
assinale a opção correta.
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a) o agente que perambula de madrugada pelas ruas com uma arma de fogo de uso permitido, sem
autorização para portá-la, comete infração penal, independentemente de se comprovar que uma pessoa
determinada ficou exposta a uma situação de perigo.
b) Na hipótese de porte de arma absolutamente inapta a efetuar disparos, o fato é considerado típico,
porque se presume o risco em prol da coletividade, apesar de não haver exposição de alguém a uma situação
concreta de perigo.
c) o crime de deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor se apodere de arma de fogo
que esteja sob sua posse admite tentativa.
d) O porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável e hediondo, sendo irrelevante o fato de a
arma de fogo estar registrada em nome do agente.
e) No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a pena é aumentada se a arma de fogo, acessório ou munição
for de uso permitido.
A alternativa B está errada, porquanto segundo a posição dos Tribunais Superiores se a arma não tiver
potencialidade lesiva atestada em laudo pericial, o fato será atípico.
A alternativa C está errada. O delito de omissão de cautela (art. 13 do Estatuto do Desarmamento) não
admite tentativa. Cuida-se de crime culposo, omissivo próprio e unissubsistente, características
incompatíveis com a figura tentada. Ou o delito se consuma ou o fato é atípico.
A alternativa D está errada. O delito de porte de entorpecente não é hediondo e admite a concessão de
fiança, segundo entendimento firmado na ADI 3112, que declarou a inconstitucionalidade do art. 14,
parágrafo único. Cumpre ainda destacar que o delito de porte ou posse de arma de fogo de uso restrito
ou proibido passou a ser considerado hediondo pela lei 13497/17 (vide art. 1º, parágrafo único, da Lei
8072/90).
A alternativa E está errada. No crime de comércio ilegal de arma de fogo, a pena é aumentada da metade
se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso proibido ou restrito (art. 19 do Estatuto do
Desarmamento).
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17. (MOVENS/ Delegado de Polícia do Pará/2009) No que se refere à Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do
Desarmamento), assinale a opção correta:
a) As armas de fogo de uso restrito devem ser registradas nos departamentos de polícia civil dos estados.
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b) Caberá à polícia federal autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito, exceto
em relação às aquisições pelas polícias civis estaduais.
d) Os auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil estão proibidos de portar arma de fogo no território
nacional.
A alternativa A está errada. Segundo o art. 3º, parágrafo único, do Estatuto do Desarmamento, as armas de
fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento da citada lei.
A alternativa B está errada. Preconiza o art. 27 do Estatuto do Desarmamento que restará ao Comando do
Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito, com exceção das
aquisições feitas pelos Comandos Militares, ex vi do art. 7º, parágrafo único, do aludido diploma legal.
A alternativa D está errada, pois os integrantes das carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de auditor-fiscal e Analista Tributário têm porte de arma, nos termos do
art. 6º, X, da Lei 10826/03.
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18. (ACADEPOL/Delegado de Polícia do Rio Grande do Sul/2009). Analise as seguintes assertivas sobre a
Lei nº 10.826/03, que dispõe sobre as armas de fogo, e identifique a alternativa correta
a) O crime de possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa, admite a forma culposa.
b) O objeto jurídico do crime de omissão de cautela, tipificado no art. 13 da Lei nº 10.826/03, é, em primeiro
lugar, a integridade física de menor, de deficiente físico ou mesmo de terceiro e, em segundo plano, a
segurança pública. Quanto à classificação, trata-se de delito omissivo e formal.
c) O ato de suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo recebe
o mesmo tratamento, quanto à pena, da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
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d) O art. 14 da Lei nº 10.826/03, que tipifica o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não é norma
penal em branco.
e) A conduta de disparar arma de logo em via pública ou em direção a ela, com a finalidade de ferir ou mutilar
animal silvestre que ali se encontre, é típica de disparo de arma de fogo prevista no art. 15 da Lei nº
10.826/03.
Comentários: A alternativa correta é a letra C, pois o ato de suprimir ou alterar marca, numeração ou
qualquer sinal de identificação de arma de fogo recebe o mesmo tratamento, quanto à pena, da posse ou
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16, parágrafo único, inciso I da lei 10826/03.
A alternativa A está errada, porquanto o delito do art. 12 do Estatuto do Desarmamento não admite a figura
culposa, mas apenas a dolosa.
A alternativa B está errada, vez que não figura como objeto jurídico do delito a integridade do deficiente
físico, mas sim do deficiente mental.
A alternativa D está errada, haja vista que o art. 14 do Estatuto do Desarmamento é um típico exemplo de
norma penal em branco, cujo complemento do preceito primário advém de regulamento (ato do Poder
Executivo).
A alternativa E está errada, pois o crime do art. 15 do Estatuto do Desarmamento no caso em concreto
funcionou como crime meio para a prática delitiva descrita no art. 32 da Lei 9605/98.
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Comentário: O item está errado. De fato, a maioria dos delitos do Estatuto do Desarmamento não admite a
figura culposa. Contudo, o delito de omissão de cautela (art. 13 da Lei 10826/03) somente é praticado na
forma culposa pela negligência.
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a) no tráfico internacional de arma de fogo, a pena é aumentada da metade apenas se a arma é de uso
exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas,
devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação especifica;
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b) no tráfico internacional de arma de fogo, a pena é aumentada da metade apenas se a arma é de uso
proibido;
c) a importação de arma de fogo de uso permitido, sem autorização da autoridade competente, configura
crime de contrabando;
d) o tráfico internacional de arma de fogo inclui como objeto material estojos, espoletas, pólvora e projéteis.
Comentários: A alternativa correta é a letra D, pois o tráfico internacional de arma tem como objeto
material não só arma, mas também acessório ou munição, consoante preconiza o art. 18 do Estatuto do
Desarmamento.
A alternativa A está errada, pois o art. 19 do Estatuto do Desarmamento prevê a majorante de metade se
arma é de uso proibido ou restrito.
A alternativa B está errada, pois, em prol do princípio da especialidade, o delito de tráfico internacional de
arma descrito no art. 18 do Estatuto do Desarmamento (lei especial) afasta a incidência da regra geral (crime
de contrabando do art. 334-A do Código Penal).
A alternativa C está errada, pois a importação de arma de fogo de uso permitido caracteriza o crime do art.
18 do Estatuto do Desarmamento (tráfico internacional de armas).
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21. (VUNESP/Juiz de Direito de Minas Gerais/2012) Com relação ao porte de arma de fogo em todo o
território nacional, podem portar arma de fogo os Integrantes das:
II. guardas municipais dos Municípios com mais de 300 mil habitantes;
III. guardas municipais dos Municípios com mais de 50 mil e menos de 500 mil habitantes, quando em serviço;
IV. carreiras de auditoria da Receita Federal e de auditoria fiscal do Trabalho, cargos de auditor fiscal e
analista tributário.
a) l e ll.
b) ll e IV.
c) lll e IV.
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d) l, ll e IV.
O item I está errado, pois o art. 6º, III, do Estatuto do Desarmamento permite o porte de arma pelos
integrantes da Guarda Municipal das capitais dos Estados e dos municípios com mais de 500000 (quinhentos
mil) habitantes, nas condições estabelecidas no Regulamento.
O item II está errado, o Estatuto do Desarmamento não cuida especificamente de municípios com mais de
300000 (trezentos mil) habitantes.
O item III está correto, porquanto o art. 6º, IV, do Estatuto do Desarmamento prevê que os integrantes das
guardas municipais dos Municípios com mais de 50000 (cinquenta mil) e menos de 500000 (quinhentos mil)
habitantes, quando em serviço podem portar arma de fogo.
O item IV está correto, pois o art. 6º, X, do Estatuto do Desarmamento autoriza o porte de armas para os
integrantes das carreiras de auditor da Receita Federal do Brasil, de auditoria fiscal do trabalho, cargos de
Auditor Fiscal e Analista Tributário.
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22.(TJ-RS/Juiz de Direito do Rio Grande do Sul/2012) Considere as assertivas abaixo sobre os crimes
definidos na Lei no 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento).
I - O Estatuto do Desarmamento faz distinção entre portar e possuir ilegalmente arma de fogo de uso
permitido, sendo que o primeiro possui pena mais severa.
II. O crime de posse ou porte Ilegal de arma de fogo de uso restrito é classificado como de perigo abstrato.
a) Apenas I;
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) l, ll e lll
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Item I está correto, pois o delito de posse irregular de arma de fogo de uso permitido é tratado no artigo 12
do Estatuto do Desarmamento, com pena de 1 a 3 anos de detenção, além da multa. Já o crime de porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido é regulado no art. 14 do Estatuto do Desarmamento, com pena de
reclusão de 2 a 4 anos, e multa.
Item II está correto, os crimes dos arts. 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento são classificados como crimes
de perigo abstrato (presumido), isto é, delitos que dispensam a efetiva demonstração de dano à integridade
física de alguém, porquanto a lei presume de forma absoluta.
Item III está errado. De fato, após a entrada em vigor da Lei 10826/03 várias medidas provisórias e leis foram
editadas para impedir a punição dos possuidores de arma de fogo de uso permitido pela conduta delineada
no art. 12 da citada lei. Todavia, em nenhum momento, houve qualquer tipo de restrição à conduta de porte
ilegal de arma de fogo (art. 14 do Estatuto do Desarmamento).
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23. (CESPE/ Defensor Público do DF/2013) Conforme a jurisprudência pacificada do STF, o crime de porte
ilegal de arma de fogo é de perigo abstrato, de modo que não se exige demonstração de ofensividade real
para sua consumação.
Comentário: O item está correto. De acordo com a posição do Supremo Tribunal Federal, o crime de porte
ilegal de arma é crime de perigo abstrato. Assim, a sua consumação independe de qualquer demonstração
de potencialidade lesiva da arma ou das munições. A objetividade jurídica da norma é a incolumidade
pública, não só a pessoal.
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24. (FCC/Defensor Público da Paraíba/2014) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, tratando-se de arma
de fogo de uso permitido, com numeração íntegra ou raspada, a chamada abolitio criminis temporária
teve seu prazo temporal respectivamente findo em
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b) O crime de omissão de cautela (art. 13) se configura quando o possuidor ou proprietário deixa de
observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 14 (quatorze) anos se apodere de arma de
fogo.
c) O porte compartilhado de arma de fogo é circunstância legalmente prevista como agravante da pena.
d) Para efeito de tipificação dos crimes do Estatuto do Desarmamento, as réplicas e simulacros de armas de
fogo nunca se equiparam às armas de fogo.
Comentários: A alternativa correta é a letra D. É certo que o art. 26 do Estatuto do Desarmamento veda a
fabricação, a venda, a comercialização e a importação dos simulacros e réplicas de armas de fogo, porém,
em nenhum momento, a lei os equipara às armas de fogo.
A alternativa A está errada, pois o disparo de arma de fogo é crime doloso. Lembre-se que a figura culposa
deve constar expressamente na lei, conforme determina o art. 18, parágrafo único, do Código Penal.
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A alternativa B está errada. De acordo com o art. 13 da Lei 10826/03 tipifica a conduta omissiva de deixar de
observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de
deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade.
A alternativa C está errada. Não existe agravante de pena para o porte compartilhado de arma de arma de
fogo.
A alternativa E está errada. Na ADI de nº 3112, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 21 do Estatuto
do Desarmamento.
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26. (FCC/Promotor de Justiça do Pará/2014) Com relação à legislação das armas de fogo,
a) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça, teve
como ·limite a data de 23 de outubro de 2005, após o que não ampara mais a conduta do possuidor de
qualquer arma de fogo.
b) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça,
abrangeu as condutas de posse e de porte ilegal de arma de fogo.
c) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça,
aplica-se aos ilícitos de posse ilegal de arma de fogo, inclusive de uso restrito, que tenham sido cometidos
até 31 de dezembro de 2010.
d) a chamada abolitio criminis temporária, no entender hoje pacificado do Superior Tribunal de Justiça,
aplica-se aos ilícitos de posse ilegal de arma de fogo, desde que de uso permitido e de numeração, marca ou
outro sinal de identificação não raspado, nem suprimido ou alterado que tenham sido cometidos até 31 de
dezembro de 2011.
Comentários: A alternativa correta é a letra E. De acordo com a posição dos Tribunais Superiores, o porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido é crime de mera conduta e de perigo abstrato. O objeto jurídico
tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social, mas a segurança pública e a paz
social, sendo irrelevante estar a arma de fogo desmuniciada.
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deve ser analisado em 2 enfoques: a) posse de armas de fogo de uso permitido, sem qualquer alteração nos
sinais de sua identificação, que perdurou até 31/12/2009; b) posse de armas de fogo de uso permitido com
numeração suprimida ou de uso restrito, que perdura até 23/10/2005. Aliás, sobre o tema destaca-se a
súmula 513 do STJ: “A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10826/2003 aplica-se ao crime de posse
de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.” Registre-se ainda que a abolitio criminis
temporária não se aplica ao crime de porte irregular de arma de fogo, mas apenas à posse.
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O delito de disparo de arma de fogo está configurado mesmo que seja praticado em local isolado, desabitado
e afastado de vias públicas.
Comentário: O item está errado. O delito do art. 15 do Estatuto do Desarmamento preconiza que o disparo
da arma de fogo ou o acionamento da munição tem que ocorrer em local habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela. Vale dizer, se o local não for habitado, o fato será atípico, pois a
coletividade não corre perigo.
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28. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017) Analise o item a seguir: Aquele que fornece a adolescente,
ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, ou munição de uso restrito ou proibido fica sujeito à
sanção prevista no ECA, em decorrência do princípio da especialidade.
Comentário: O item está errado. A questão é resolvida pela sucessão de leis no tempo. Na espécie, a lei
posterior (lei 10826/03) derroga (revoga parcialmente) o artigo 242 do ECA (lei anterior) para obstar a
aplicação desse último diploma legal quando a arma for de fogo.
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Servidor público alfandegário que, em serviço de fiscalização fronteiriça, permitir a determinado indivíduo
penalmente imputável adentrar o território nacional trazendo consigo, sem autorização do órgão
competente e sem o devido desembaraço, pistola 380 de fabricação estrangeira deverá responder pelo
delito de facilitação de contrabando, com infração de dever funcional excluída a hipótese de aplicação do
Estatuto do Desarmamento.
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Comentário: O item está errado. Em prol do princípio da especialidade (lei especial afasta a aplicação da lei
geral), o artigo 18 da Lei 10826/03 (lei especial) afasta a incidência da norma geral, ou seja, o art. 318 do
Código Penal (facilitação de contrabando). Como se vê, o servidor favoreceu a entrada de arma no território
nacional, conduta considerada como tráfico internacional de arma de fogo, que será processada e julgada
na Justiça Federal, nos exatos termos do art. 109, IV, da Constituição Federal.
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Ronaldo foi preso em flagrante delito imediatamente após efetuar – com intenção de matar, mas sem
conseguir atingir a vítima – disparos de arma de fogo na direção de José. Nessa situação, Ronaldo cometeu
homicídio na forma tentada e disparo de arma de fogo em concurso formal.
Comentário: O item está errado. Como vimos em aula, o delito de disparo de arma de fogo é um crime
expressamente subsidiário, segundo se infere dos termos “desde que essa conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime”. Dessa forma, se o objetivo do disparo for a de praticar um homicídio
(art. 121 do CP), o agente responderá apenas por esse crime contra a vida, tentado ou consumado, em
homenagem ao princípio da subsidiariedade expressa.
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Comete crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido cidadão que é pego mantendo sob sua
guarda, no interior do quarto de sua residência, embaixo da cama, uma pistola .40, de uso restrito e com
numeração suprimida.
Comentário: O item está errado. A situação narrada no problema configura o delito de posse irregular de
arma de uso restrito (art. 16 do Estatuto do Desarmamento).
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32. (CESPE/Técnico Legislativo da Câmara dos Deputados/2014). Analise o item a seguir:
As armas de fogo apreendidas e periciadas e que não mais forem necessárias à persecução penal deverão
ser remetidas pelo juiz competente à autoridade policial que as apreendeu, para fins de destruição e
reciclagem.
Comentário: O item está errado. De acordo com o art. 25 do Estatuto do Desarmamento, as armas de fogo
apreendidas e periciadas e que não mais forem necessárias à persecução penal deverão ser remetidas pelo
juiz competente ao Comando do Exército (e não à autoridade policial).
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A autorização de porte de arma aos responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ao
Brasil ou aqui sediados é da competência do Ministério da Justiça.
Comentário: O item está correto. De acordo com o art. 9º do Estatuto do Desarmamento, compete ao
Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos
estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta
Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores
e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional.
_______________________________________________________________
Comentário: O item está errado. A comercialização de armas de fogo acessórios e munições entre pessoas
físicas também necessitará de autorização do SINARM (art. 4º, §5º, da Lei 10826/03).
_______________________________________________________________________
35. (CESPE/Defensor Público do Espírito Santo/2012)
Suponha que Tobias, maior, capaz, tenha sido abordado por policiais militares quando trafegava em sua
moto, tendo sido encontradas com ele duas armas de uso restrito e munições, e atestada, em exame
pericial, a impossibilidade de as armas efetuarem disparos. Nessa situação hipotética, resta caracterizado
o delito de porte de arma de uso restrito, devendo Tobias responder por crime único.
Comentário: O item está certo. De acordo com o STJ, para a caracterização do delito de porte de arma não
há necessidade da realização de exame pericial que ateste a eficácia do artefato, pois cuida-se de crime de
perigo abstrato. Todavia, se for realizado exame pericial que ateste a ineficácia da arma para efetuar
disparos, a conduta se torna atípica. No caso em apreço, Tobias responderá pelo porte das munições de uso
restrito (art. 16, caput, da Lei 10826/03).
_______________________________________________________________________________________
Se o objeto mediante o qual for praticado o crime de posse de arma de fogo for uma arma de fogo com
numeração suprimida pelo sujeito, ocorrerá um concurso formal de delitos entre a posse e a supressão (Lei n.
10.826/2003).
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Comentário: O item está errado. A situação em tela configura o crime único estampado no art. 16, §1º, IV,
do Estatuto do Desarmamento. Contudo, se o objeto material for arma de fogo de uso proibido, o delito será
qualificado, nos termos do art. 16, §2º, do citado diploma legal.
_______________________________________________________________________________________
O crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo concreto.
Comentário: O item está errado. Por ser um crime de perigo abstrato, o delito de porte de arma (de uso
permitido e de uso restrito) não necessita da apreensão do artefato e de sua perícia para a edição do édito
condenatório, pois presume-se, de modo absoluto, o risco à coletividade pelo simples fato de alguém portar
arma, acessório ou munição, sem autorização. Todavia, se a arma for apreendida, ela deve ser periciada (art.
25, caput, do Estatuto do Desarmamento50) e caso o resultado pericial conclua pela ausência de
potencialidade lesiva, a conduta será considerada atípica.
_______________________________________________________________________________________
O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, ainda que
a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar disparos, configura delito de porte ilegal de
arma de fogo.
Comentário: O item está certo. A apreensão e o exame pericial não são necessários para a configuração do
delito do art. 14 do Estatuto do Desarmamento. Cuida-se de crime de perigo abstrato.
_______________________________________________________________________________________
O registro de arma de fogo na PF, mesmo após prévia autorização do SINARM, não assegura ao seu
proprietário o direito de portá-la.
Comentário: O item está certo. Autorizar o titular (proprietário) a manter a arma de fogo exclusivamente no
interior de sua residência ou domicilio, ou dependência desses, ainda, no seu local de trabalho, desde que
50
Art. 25, caput, da Lei 10826/03: As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de
48 (quarenta e oito) horas, para a destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do
regulamento desta Lei.
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seja o proprietário ou responsável legal pelo estabelecimento ou empresa (art. 5º, caput, da Lei nº
10826/03).
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Nos termos do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), a conduta de emprestar a terceiro arma de
fogo, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, configura o crime de
b) omissão de cautela.
Comentário: A alternativa correta é a letra C. O fato em tela configura o delito de porte ilegal de arma, nos
exatos termos do art. 14 do Estatuto do Desamamento: Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
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RESUMO
SINARM: É um órgão instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em todo o território
nacional (art. 1º da Lei 10286/03), que tem por finalidade manter cadastro geral, integrado e permanente das armas de fogo
importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e o controle do registro dessas armas. Competências do
SINARM: I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante registro; II – cadastrar as armas de fogo
produzidas, importadas e vendidas no País; III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela
Polícia Federal; IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os
dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores; V – identificar
as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo; VI – integrar no cadastro os acervos policiais
já existentes; VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; VIII –
cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade; IX – cadastrar mediante registro
os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; X –
cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado,
conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante; XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o
cadastro atualizado para consulta.
SIGMA: É o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas, órgão instituído no Ministério da Defesa, no âmbito do Exército, com
circunscrição em todo o território nacional, encarregado de manter cadastro geral, permanente e integrado das armas de fogo
importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA, e das armas de fogo que constem dos registros próprios. As
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Os delitos de arma de fogo descritos no Estatuto do Desarmamento são exemplos de normas penais em branco heterogênea, eis
que o preceito primário da norma penal é complementado por um ato administrativo (fonte diversa da lei em sentido formal)
Armas de brinquedo: São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros
de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução,
ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.
Requisitos para a aquisição de arma de fogo: a) declarar efetividade necessidade; b) ter, no mínimo, vinte e cinco anos; c)
comprovar idoneidade e inexistência de inquérito policial ou processo criminal; d) comprovar ocupação lícita e residência certa; d)
comprovar, em seu pedido de aquisição e em cada renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo, a capacidade técnica
para o manuseio de arma de fogo; e) comprovar aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo. Cumpridos os requisitos
citados, o SINARM expedirá autorização para a aquisição das armas.
Posse irregular de arma de fogo: Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa. Pena: detenção de 1 a 3 anos. Admite a
suspensão condicional do processo.
Diferença entre posse e porte de arma: A posse pressupõe que a arma esteja no interior da residência ou no local de trabalho, ao
passo que no porte a arma deve estar fora do local de trabalho ou da residência do sujeito ativo.
Omissão de cautela: Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que o menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora
de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade. Pena: detenção de 1 a 2
anos, e multa. É crime culposo. Não admite tentativa. Cuida-se de crime de menor potencial ofensivo.
Omissão de comunicação de perda ou subtração de arma de fogo: Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
seja de sua propriedade. É crime culposo. Não admite tentativa. Cuida-se de crime de menor potencial ofensivo.
Porte de arma de uso permitido: Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
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Disparo de arma de fogo – Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências em via pública
ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa.
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito – Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão,
de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz ;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar,
de qualquer forma, munição ou explosivo.
Comércio ilegal de arma de fogo - Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo
com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente.”
Tráfico internacional de arma de fogo - Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título,
de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
SÚMULA:
Súmula 513 do Superior Tribunal de Justiça: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse
de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado,
praticado somente até 23/10/2005.
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GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D C D B B Errado A D Errado A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Errado C B Errado B A C C Errado D
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C D Certo D D E Errado Errado Errado Errado
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Errado Errado Certo Certo Certo Errado Errado Certo Certo C