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MODELO DE RECURSO PARA MULTA POR POSSE DE HAXIXE/MACONHA

À ATENÇÃO DO SUBDELEGADO DO GOVERNO


EM ................................................
Número EXP ------------------

---------------, maiores de idade, residentes em ---------------, com D.N.I. Não.


-------------------, Apresenta-se perante esta Administração e, como melhor
procede em direito, DIZ:

Que tendo sido notificado de um acordo para dar início a um processo


sancionatório nos autos na margem referenciada, e no prazo legalmente
conferido para o mesmo, nele figuro e formulo o seguinte:

ALEGACIONES

PRIMEIRO.- Discordo totalmente da tipificação que a administração dá aos


factos imputados quando se refere no acordo de início do procedimento
sancionatório a prática do seguinte facto: "posse ilegal de droga tóxica ou
estupefaciente no dia ------------------------------------------".

Tal imputação é arbitrária, uma vez que não há provas que demonstrem que a
posse daquela substância (haxixe/maconha) era ilegal, mas esta parte comprova
a licitude da posse, uma vez que é motivada pelo seu uso terapêutico. retomado
pelo Supremo Tribunal quando, no seu acórdão de 4 de Fevereiro de 1987,
afirmou que o direito jurídico protegido em abstracto pelo crime contra a saúde
pública é precisamente a saúde pública ameaçada pelo consumo de
estupefacientes para fins não científicos ou médicos.

Apesar de este acórdão ser anterior à entrada em vigor da Lei de Segurança


Cidadã, que visa dotar as forças e organismos de segurança do Estado dos
meios necessários à proteção e prevenção do interesse geral, não é obviamente
possível passar despercebido que precisamente na referida Lei é sancionada a
posse ilegal, admitindo-se, assim, a existência de posse lícita, como já havia
sido demonstrado pela jurisprudência penal vigente, destinando-se a fins
médicos ou científicos.

Não se pode ignorar que o interesse geral cuja proteção é buscada pela Lei
de Segurança Cidadã tem dois aspectos:

1º.- Paz pública. A sanção de condutas como "consumo em locais, vias,


estabelecimentos ou transportes públicos" visa proteger a paz pública que possa
ser alterada pela exposição ou ostentação do uso de substâncias em locais
públicos, evitando assim a inferência da atuação de um cidadão na conduta de
outros cidadãos que o sejam em locais públicos (e isso sem em hipótese alguma
poder alegar que tal sanção visa impedir que o consumo a terceiros seja
favorecido, uma vez que tal ação já está devidamente sancionada na esfera
criminal).

2º.- Saúde pública. A sanção de "posse ilegal, ainda que não destinada ao
tráfico, de drogas tóxicas, entorpecentes ou substâncias psicotrópicas", sendo
uma conduta de conhecimento apenas do próprio possuidor e que não implique
exposição ou ostentação da posse das referidas substâncias (já que se houver
exposição a sanção virá determinado por ter consumido ou ostentado a referida
substância em locais públicos), vem a proteger a saúde pública, mas neste caso
a saúde pública do próprio titular numa acção do chamado Estado-mãe (é
evidente que a saúde pública do próprio consumidor só pode ser protegida
desde que no caso de reclamar a protecção doEstaríamos novamente diante de
uma inferência no campo da tutela penal), perdendo todo o seu sentido que
pretensa proteção da saúde pública do próprio titular quando a posse se destina
justamente a um uso científico, médico ou terapêutico que vise melhorar a
saúde do mesmo, desaparecendo a ilegalidade da posse e tornando-se então
uma posse perfeitamente lícita.

No caso em apreço, encontramos uma pessoa que não consumiu em público


nem ostentou a substância tóxica, possuindo-a legalmente para fins terapêuticos,
conforme documentado, de modo que a intervenção e apreensão da substância
realizada nestes autos carece de amparo legal, sendo obrigatório o retorno do
mesmo aos efeitos terapêuticos e proteção da saúde do abaixo assinado.

SEGUNDO.- A Suprema Corte lembrou (acórdão de 16 de dezembro de 1986


e 30 de março de 1998) que um dos princípios cardeais do Direito Penal
contemporâneo - material e processual - é aquele que proclama a presunção de
inocência de qualquer pessoa acusada de um delito até que sua culpa tenha sido
legalmente declarada, tudo isto de acordo com a definição oferecida pela
Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades
Fundamentais. Este princípio, incorporado em um lugar preferencial na arte. 24
CE, produz uma consequência processual imediata que consiste em transferir o
ónus da prova para o acusador e, no caso do poder sancionatório, para a
administração, uma vez que, como o Tribunal Constitucional salientou
reiteradamente, embora o artigo 24.° do CPC. Não se refere e-presa ao exercício
do poder sancionatório da Administração, as garantias processuais
estabelecidas no referido preceito são aplicáveis nos processos administrativos
sancionadores. Isso implica, é claro, que, para sancionar, será necessário provar
a situação fática a que o ordenamento jurídico vincula a consequência jurídica
que a administração pretende impor. A presunção de legalidade do ato
administrativo desloca sobre o administrado o ônus da ação para evitar a
produção dos efeitos da figura do ato consentido, mas, uma vez acionado, ou
seja, uma vez oposto ou recorrido o acordo sancionatório ou sancionatório, o
ônus da prova deve estar sujeito às regras gerais de que, em matéria
sancionatória, são as anteriormente e-puesta (acórdão de 21 de abril de 1989);
e, se o abaixo assinado se opuser ao início do procedimento sancionatório, o
referido procedimento é obrigado a cumprir o disposto nos arts. 24 do TCE
relativo às garantias processuais e à presunção de inocência.
Por outro lado, é evidente que há uma classificação pública dos fatos feita por
pessoas cujo depoimento goza de presunção de veracidade, devendo ser
diferenciada quanto ao alcance do valor dos mesmos entre os depoimentos
oferecidos pelos agentes da Guarda Civil sobre fatos cuja fixação é
predominantemente assimilada por via sensorial e sobre aqueles cuja
representação seja alcançada por presunções ou juízos de inferência (acórdãos
de 7 e 11 de Maio de 1992), presunções ou juízos de inferência que devem ser
sujeitos, em qualquer caso, ao juízo ponderado obtido a partir da comparação
dos referidos testemunhos com os outros elementos concomitantes de
conhecimento (acórdão de 8 de Outubro de 1990 e acórdão 76/1990), o que
significará a falência da presunção de veracidade dos referidos depoimentos em
relação às presunções ou juízos de inferência justamente em razão da existência
de elementos subjetivos concomitantes.

Assim, ainda que houvesse presunção de veracidade nas declarações dos


agentes quanto à existência da substância no interior do veículo - uma vez que
tal e-tremo poderia ser apreciado de forma sensorial e direta -, a classificação da
referida posse como ilícita seria alcançada por meio de presunções ou juízos de
inferência sobre os quais não é mais possível tal presunção seria aplicável,
devendo prevalecer nesse momento o disposto no nosso artigo 24.º da
Constituição espanhola. E isto porque o artigo 25.º, n.º 1, da Lei de Segurança
Cidadã pune a posse ilegal, e não a mera posse, sendo da responsabilidade de
quem acusa provar a ilegalidade da referida posse, sem que tenha sido exercida
qualquer atividade pela administração tendente a comprovar tal e-tremo e sem
aptidão, precisamente por aplicação dos arts. 24 da Constituição espanhola, a
possibilidade de concessão de presunção de ilícito a qualquer posse,
especialmente quando, como no presente caso, a posse se deve a razões
terapêuticas.

É um direito fundamental de todas as pessoas aceder a todos os tratamentos


que estejam ao seu alcance para aliviar as condições físicas ou mentais, sem
que se entenda, em caso algum, que é de interesse geral limitar esse acesso
como ocorreria no caso de se entender como ilegal a posse de uma substância
cujo uso terapêutico é reconhecido e aceito.

TERCEIRO.- O artigo 25.º, n.º 1, da Lei de Segurança Cidadã estabelece que


constituem infrações graves o consumo em locais, estradas, estabelecimentos
ou transportes públicos, bem como a posse ilegal, ainda que não destinada ao
tráfico, de drogas tóxicas, estupefacientes ou substâncias psicotrópicas. desde
que não constituam infração penal, bem como o abandono nos locais acima
mencionados de ferramentas ou instrumentos utilizados para consumo. Por seu
turno, o artigo 20.º da citada Lei dispõe no n.º 1 que "os agentes das Forças e
Corpo de Segurança podem exigir, no exercício das suas funções de
investigação ou prevenção, a identificação de pessoas e a realização das
verificações pertinentes na via pública ou no local onde o requisito, desde que o
conhecimento da identidade das pessoas requeridas seja necessário para o
exercício das funções de proteção de segurança confiadas aos agentes por esta
Lei, e pela Lei Orgânica das Forças e Corpo de Segurança".

No entanto, no caso ora processado extrapolou-se o disposto no referido


preceito, uma vez que, como resulta da denúncia da Guarda Civil, o arguido, não
estava a consumir droga, nem sequer tinha visível a diminuta quantidade de
substância que foi intervencionada, Menos ainda a ostentou; Pelo contrário, os
agentes tiveram que revistar os ocupantes do veículo e revistar para encontrar a
referida substância no porta-luvas dianteiro do carro.

Até o Supremo Tribunal Federal, em acórdão de 24-2-97, considerou


questionável a legitimidade da busca, como submissão às regras policiais de
vigilância e investigação, em defesa da legalidade, da ordem e da segurança
cidadã, acrescentando que se trata de um ato "em que a arbitrariedade e a
proporcionalidade constituirão definidoras da questão (...) ". E neste caso
específico há uma total arbitrariedade porque o veículo foi parado sem mais
delongas, pois sim, sem indicação ou motivo que levasse a crer que estava
sendo praticado um ilícito de qualquer natureza, nem mesmo uma infração de
trânsito, Há total falta de proporcionalidade entre o serviço realizado pelo casal
da Guarda Civil e o "registro" que foi feito ao veículo ocupado como
acompanhante pelo abaixo assinado e pelos próprios ocupantes sem causa
aparente que o justificasse.

QUARTO.- Que na data e local dos eventos foram celebradas as Festas da


Padroeira da cidade, onde foram encontradas mais de 200 pessoas, a maioria
jovens que, como ele, assistiram a um concerto musical com a mesma atitude
"suspeita". Que não houve qualquer indício que motivasse a busca - ou busca -
realizada pelos policiais, que não tivesse outro motivo ou justificativa que não as
suspeitas suscitadas pela vestimenta e aparência do sancionado, razões que por
seu próprio caráter discriminatório demonstram, por si só, a inconstitucionalidade
e ilegalidade das referidas buscas (uma vez que não houve "ato criminoso,
causar alarme social grave" não tem a intenção de "descobrir e prender" os
perpetradores). (Explique as circunstâncias reais, se necessário, e favoreça o
caso.)

Quinto.- Quero ressaltar que em nenhum momento resisti às exigências da


Polícia e que carreguei a substância considerando que não cometi nenhuma
infração porque estava indo para minha casa onde planejava consumi-la, já que
sou consumidor habitual da referida substância. Sabendo que o consumo de
drogas que não causam danos graves à saúde não é crime, entendi que poderia
circular com ele na rua, já que tinha acabado de comprá-lo e estava a caminho
de casa quando fui parado pela polícia para me identificar. Entendendo que, de
acordo com reiterada jurisprudência do nosso Supremo Tribunal Federal, os atos
integrais de autoconsumo (entre os quais é levá-lo para minha casa) são atípicos
e, portanto, impunes, e tal impunidade subsiste mesmo após a promulgação da
Lei Orgânica 1/92 de 21 de fevereiro sobre a proteção da Segurança Cidadã,
Não consigo compreender a existência deste procedimento sancionatório, uma
vez que não entendo que o autoconsumo é lícito, mas a posse para tal
autoconsumo não, devendo aplicar-se o princípio "in dubio pro libertate" no caso
em apreço e, dado que a mera posse não afecta um bem jurídico específico, A
incriminação da minha conduta não se justifica, uma vez que não pode haver
limitação à minha liberdade individual. Ou seja, na dialética liberdade-saúde, o
legislador sacrifica o primeiro direito ou bem jurídico no segundo campo das
drogas. Portanto, os danos que podem ser causados pelo medicamento à saúde
devem ser significativos. Nos casos em que não foi cientificamente comprovado
que o consumo de uma substância causa dano, o princípio "in dubio pro libertate"
e o da pesagem de bens exigem a não criminalização de condutas como essa.

Esta parte pretende fazer uso dos seguintes MEIOS DE PROVA que neste ato
propõe:

- Testemunha com inquirição das seguintes testemunhas:

- D. -----------------, com endereço em ------------------------------, que dirigia


o veículo onde a substância foi encontrada e que também foi submetido a
buscas e revistas.

- D. -----------------, psicóloga que vem tratando o abaixo assinado a fim de


Comprovar o uso terapêutico da referida substância.

- Documentário que consiste em reproduzir os documentos que acompanham


esta redação e comprovar o uso terapêutico da substância intervencionada
consistindo em laudo expedido pelo psicólogo sr. ------------------------------------ e
Diversos artigos de pesquisa publicados, contestando expressamente o
documento que inclui o perito impugnado que deu origem a este processo
sancionatório.

Por tudo isso a V.I. SOLICITO que, tendo apresentado este escrito, seja
servido para admiti-lo com os documentos e cópias que o acompanham, para ter
evacuado a tempo e forma o procedimento conferido e fazendo as alegações
nele contidas, bem como propondo os meios de prova que são detalhados,
concordando com a sua prática e, Antes dos procedimentos pertinentes, expedir
resolução pela qual fica acordado que não há imposição de qualquer sanção e
devolver ao assinante a substância apreendida indevidamente.

Tudo isso por ser da Justiça que peço em ----------------Para de

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