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DIREITO CONSTITUCIONAL

STF até Info 1041 e STJ até Info 721

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 1


LIBERDADE DE EXPRESSÃO 2
LIBERDADE RELIGIOSA 3
DIREITO DE REUNIÃO 3
DIREITO DE RESPOSTA 3
PUBLICIDADE 3

DIREITOS SOCIAIS 4
ASSOCIAÇÃO SINDICAL 4
DIREITO À SAÚDE 4
EDUCAÇÃO 7

DIREITOS POLÍTICOS 8

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 8

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 8

INTERVENÇÃO 13

PODER EXECUTIVO 14

PODER LEGISLATIVO 14
IMUNIDADES PARLAMENTARES 15
CPI 16
PROCESSO LEGISLATIVO 16
MEDIDA PROVISÓRIA 18
TRIBUNAL DE CONTAS 18

PODER JUDICIÁRIO 19
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 20
PRECATÓRIOS 22

MINISTÉRIO PÚBLICO 22

DEFENSORIA PÚBLICA 23

SEGURANÇA PÚBLICA 24

CULTURA 24

TEMAS DIVERSOS 24
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA 24
SIGILO PROFISSIONAL 25

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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

A Lei nº 10.835/2004 instituiu um programa denominado “renda básica de cidadania”. Segundo esse programa,
todas as pessoas residentes no Brasil, não importando a sua condição socioeconômica, deverão receber um
benefício cujo valor deve ser fixado pelo Poder Executivo. O pagamento do benefício deverá ser de igual valor
para todos, e suficiente para atender às despesas mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde.
Como esse programa ainda não havia sido implementado, em 2020 o Defensor Público-Geral Federal ajuizou
mandado de injunção contra o Presidente da República. O STF decidiu que, como está presente estado de mora
inconstitucional, deve ser fixado o valor da renda básica de cidadania para o estrato da população brasileira em
condição de vulnerabilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado, pelo Presidente
da República, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julgamento de mérito (2022). STF. Plenário. MI
7300/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

Os órgãos do SISBIN somente podem fornecer informações à ABIN quando comprovado o interesse
público e mediante decisão motivada para controle de legalidade pelo Poder Judiciário. O parágrafo único
do art. 4º da Lei 9.883/99 prevê que os órgãos que compõem o SISBIN deverão fornecer informações para a
ABIN: Art. 4º (...) Parágrafo único. Os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência fornecerão à
ABIN, nos termos e condições a serem aprovados mediante ato presidencial, para fins de integração, dados e
conhecimentos específicos relacionados com a defesa das instituições e dos interesses nacionais. O Plenário do
STF afirmou que esse dispositivo é constitucional desde que seja interpretado com base em quatro critérios
definidos pela Corte. Assim, o STF conferiu interpretação conforme à Constituição Federal ao parágrafo único do
art. 4º da Lei 9.883/99, para estabelecer que:
a) os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) somente podem fornecer dados e
conhecimentos específicos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quando comprovado o interesse público da
medida, afastada qualquer possibilidade de esses dados atenderem interesses pessoais ou privados;
b) toda e qualquer decisão que solicitar os dados deverá ser devidamente motivada para eventual controle de
legalidade pelo Poder Judiciário;
c) mesmo quando presente o interesse público, os dados referentes a comunicações telefônicas ou dados
sujeitos à reserva de jurisdição não podem ser compartilhados na forma do dispositivo em razão daquela
limitação, decorrente do respeito aos direitos fundamentais; e
d) nas hipóteses cabíveis de fornecimento de informações e dados à Abin, é imprescindível procedimento
formalmente instaurado e existência de sistemas eletrônicos de segurança e registro de acesso, inclusive para
efeito de responsabilização, em caso de eventuais omissões, desvios ou abusos. STF. Plenário. ADI 6529/DF, Rel.
Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021 (Info 1033)

É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro que demonstre
sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regência.
O estrangeiro que desejar regularizar sua situação no Brasil, pode fazê-lo por meio de um procedimento
chamado de “regularização migratória”. Exige-se o pagamento de uma taxa. Ocorre que muitos estrangeiros são
hipossuficientes e não conseguem pagar o valor exigido. Diante disso, indaga-se: é possível a dispensa do
pagamento dessa taxa caso o estrangeiro seja hipossuficiente? SIM. O STF decidiu que o estrangeiro com
residência permanente no Brasil, na condição de hipossuficiência, está dispensado do pagamento de
taxas cobradas para o processo de regularização migratória. Não se mostra condizente com a CF a exigência
de taxas em face de sujeito passivo evidentemente hipossuficiente. Fundamento: art. 5º, LXXVI e LXXVII, da
CF/88. Tese fixada pelo STF: É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória o

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estrangeiro que demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regência. STF. Plenário.
RE 1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/11/2021 (Repercussão Geral – Tema 988) (Info 1037).

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Ao restringirem a comercialização e o uso de testes psicológicos aos profissionais regularmente inscritos no


Conselho Federal de Psicologia (CFP), o inciso III e os §§ 1º e 2º do art. 18 da Resolução 2/2003-CFP acabaram
por instituir disciplina desproporcional e ofensiva aos postulados constitucionais relativos à liberdade de
manifestação do pensamento (art. art. 5º, IV, IX e XIV, da CF/88) e de liberdade de acesso à informação (art.
220, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 3481/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021 (Info 1008)

O princípio da reparação integral do dano, por si só, não justifica a imposição do ônus de publicar o inteiro
teor da sentença condenatória. Não é cabível a condenação de empresa jornalística à publicação do resultado
da demanda quando o ofendido não tenha pleiteado administrativamente o direito de resposta ou retificação de
matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social no prazo decadencial
estabelecido no art. 3º da Lei nº 13.188/2015, bem ainda, à adequação do montante indenizatório fixado. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.867.286-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 24/08/2021 (Info 706).

LIBERDADE RELIGIOSA

A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas públicas estaduais configura
contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da República de 1988.
STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).

DIREITO DE REUNIÃO

O art. 5º, XVI, da CF/88 prevê o direito de reunião nos seguintes termos:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;
Qual é o sentido de “prévio aviso” mencionado pelo dispositivo constitucional?
O STF fixou a seguinte tese:
A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação
de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para
que não frustre outra reunião no mesmo local.
STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003).

DIREITO DE RESPOSTA

A Lei nº 13.188/2015 disciplinou o exercício do direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria


divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.
O STF analisou três ações diretas de inconstitucionalidade propostas contra o diploma.
O art. 2º, § 3º; o art. 4º; o art. 5º, § 1º; e o art. 6º, incisos I e II, da Lei nº 13.188/2015 foram julgados
constitucionais. Por outro lado, foi declarada a inconstitucionalidade da expressão “em juízo colegiado
prévio” presente no art. 10 da Lei nº 13.188/2015:

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Art. 10. Das decisões proferidas nos processos submetidos ao rito especial estabelecido nesta Lei, poderá ser
concedido efeito suspensivo pelo tribunal competente, desde que constatadas, em juízo colegiado prévio, a
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.
O Poder Judiciário, tal qual estruturado no art. 92, caput e parágrafos, da Constituição Federal, segue escala
hierárquica de jurisdição, em que consta no topo o Supremo Tribunal Federal e, em seguida, tribunais
superiores, tribunais regionais/estaduais e juízes locais. Essa gradação hierárquica tem por pressuposto a
ampliação dos poderes dos magistrados à medida que se afastam da base dessa estrutura orgânico-funcional
em direção a seu topo.
Admitir que um juiz integrante de tribunal não possa ao menos conceder efeito suspensivo a recurso
dirigido contra decisão de juiz de primeiro grau é subverter a lógica hierárquica estabelecida pela
Constituição, pois é o mesmo que atribuir ao juízo de primeira instância mais poderes que ao magistrado
de segundo grau de jurisdição.
Ademais, o poder geral de cautela, assim compreendido como a capacidade conferida ao magistrado de
determinar a realização de medidas de caráter provisório, ainda que inominadas no Código de Processo
Civil, é ínsito ao exercício da jurisdição e uma forma de garantir a efetividade do processo judicial (art. 297
do CPC).
No caso, o poder geral de cautela se faz essencial porque o direito de resposta é, por natureza, satisfativo, de
modo que, uma vez exercido, não há como ser revertido.
Desse modo, a interpretação literal do art. 10 da Lei nº 13.188/2015, atribuindo exclusivamente a colegiado de
tribunal o poder de deliberar sobre a concessão de efeito suspensivo a recurso em face de decisão que tenha
assegurado o direito de resposta, dificultaria sensivelmente a reversão liminar de decisão concessiva do direito
de resposta, com risco, inclusive, de tornar ineficaz a apreciação do recurso pelo tribunal.
STF. Plenário. ADI 5415/DF, ADI 5418/DF e ADI 5436/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/3/2021 (Info 1009).

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É necessária a manutenção da divulgação integral dos dados epidemiológicos relativos à pandemia da


Covid-19.
A interrupção abrupta da coleta e divulgação de importantes dados epidemiológicos, imprescindíveis para a
análise da série histórica de evolução da pandemia (Covid-19), caracteriza ofensa a preceitos fundamentais
da Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os princípios da publicidade e da
transparência da Administração Pública e o direito à saúde.
STF. Plenário. ADPF 690/DF, ADPF 691/DF e ADPF 692 /DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em
13/03/2021 (Info 1009).

DIREITOS SOCIAIS

Compete ao STF julgar, com base no art. 102, I, “f”, da CF/88, ação cível originária que questiona a inércia da
Administração Pública federal relativamente à organização, ao planejamento e à execução do Censo
Demográfico do IBGE.
Configura-se ilegítima a escolha política que, esvaziando as dotações orçamentárias vocacionadas às
pesquisas censitárias do IBGE, inibe a produção de dados demográficos essenciais ao acompanhamento
dos resultados das políticas sociais do Estado brasileiro.
STF. Plenário. ACO 3508 TA-Ref/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/5/2021 (Info 1017).

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Não viola a Constituição Federal a exclusão dos aprendizes do rol de beneficiados por piso salarial
regional.
Caso concreto: Lei do Estado de São Paulo instituiu pisos salariais para os trabalhadores e, em determinado
artigo, afirmou que o piso salarial não se aplica para os contratos de aprendizagem. Essa previsão é
constitucional. Do ponto de vista formal, esse artigo é compatível com a Lei Complementar federal 103/2000,
que delegou para os Estados-membros e DF a competência para editarem leis fixando o piso salarial dos
profissionais (art. 22, parágrafo único, da CF/88). Do ponto de vista material, esse artigo também é constitucional
porque o contrato de aprendizagem é dotado de um regime jurídico peculiar, diferente do contrato de trabalho
comum. Logo, esse discrímen que fundamentou a opção do legislador estadual está em consonância com os
valores da ordem constitucional vigente. STF. Plenário. ADI 6223/SP, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 22/10/2021 (Info 1035).

ASSOCIAÇÃO SINDICAL

Os empregados de entidades sindicais podem associar-se entre si para a criação de entidade de representação
sindical própria
O parágrafo único do art. 526 da CLT proibia que os empregados de sindicato fossem filiados a sindicatos. A Lei
nº 11.295/2006 revogou esse parágrafo único a fim de permitir o direito de sindicalização para os empregados
de entidade sindical. A alteração promovida pela Lei nº 11.295/2006 é compatível com a liberdade de associação
sindical prevista no art. 8º da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3890/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 7/6/2021 (Info 1020)

DIREITO À SAÚDE

O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 3º, III, “d”,
da Lei nº 13.979/2020.
Ao fazer isso, o STF disse que o Poder Público pode determinar aos cidadãos que se submetam,
compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei nº 13.979/2020.
O Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei
(multa, impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a
imunização à força.
Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios têm autonomia para realizar
campanhas locais de vacinação.
A tese fixada foi a seguinte:
(A) A VACINAÇÃO COMPULSÓRIA NÃO SIGNIFICA VACINAÇÃO FORÇADA, por exigir sempre o
consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais
compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de
determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e
(i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes,
(iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas;
(iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e
(v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.

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STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020

STF determinou que a União enviasse ao Estado-membro as vacinas necessárias para a aplicação da segunda
dose dentro do prazo estipulado nas bulas dos fabricantes e autorizado pela Anvisa.
A súbita modificação da sistemática de distribuição dos imunizantes contra Covid-19 pela União — com abrupta
redução do número de doses — evidencia a possibilidade de frustração do planejamento sanitário estabelecido
pelos entes federados.
STF. Plenário. ACO 3518 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/9/2021 (Info 1029).

1) Em princípio, as vacinas a serem oferecidas contra a covid-19 são aquelas incluídas no Plano Nacional de
Operacionalização da Vacinação elaborado pela União;
2) Se o plano for descumprido pela União ou se ele não atingir cobertura imunológica tempestiva e suficiente
contra a doença, os Estados, DF e Municípios poderão dispensar (conceder) à população as vacinas que esses
entes possuírem, desde que tenham sido previamente aprovadas pela Anvisa;
3) Se a Anvisa não expedir a autorização competente, no prazo de 72 horas, os Estados, DF e Municípios poderão
importar e distribuir vacinas que já tenham sido registradas nos EUA (EUA), na União Europeia (EMA), no Japão
(PMDA) ou na China (NMPA). Além disso, tais entes poderão também importar e distribuir quaisquer outras
vacinas que já tenham sido aprovadas, em caráter emergencial (Resolução DC/ANVISA 444, de 10/12/2020), pela
ANVISA.
Nas exatas palavras do STF: Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no caso de descumprimento do
Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 ou na hipótese de cobertura
imunológica intempestiva e insuficiente, poderão dispensar às respectivas populações:
a) vacinas das quais disponham, previamente aprovadas pela Anvisa; e
b) no caso não expedição da autorização competente, no prazo de 72 horas, vacinas registradas por pelo
menos uma das autoridades sanitárias estrangeiras e liberadas para distribuição comercial nos
respectivos países, bem como quaisquer outras que vierem a ser aprovadas, em caráter emergencial.
STF. Plenário. ADPF 770 MC-Ref/DF e ACO 3451 MC-Ref/MA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
24/2/2021 (Info 1006).

O STF determinou que a União elaborasse plano de combate à Covid-19 para população quilombola, com a
participação de representantes da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas – Conaq.
Além disso, o STF deferiu pedido para suspender os processos judiciais, notadamente ações possessórias,
reivindicatórias de propriedade, imissões na posse, anulatórias de processos administrativos de titulação, bem
como os recursos vinculados a essas ações, sem prejuízo dos direitos territoriais das comunidades quilombolas
até o término da pandemia. STF. Plenário. ADPF 742/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 24/2/2021 (Info 1006)

A pretensão de que sejam editados e publicados critérios e subcritérios de vacinação por classes e subclasses no
Plano de Vacinação, assim como a ordem de preferência dentro de cada classe e subclasse, encontra arrimo:
• nos princípios da publicidade e da eficiência que regem a Administração Pública (art. 37, da CF/88);
• no direito à informação que assiste aos cidadãos em geral (art. 5º, XXXIII, e art. 37, § 2º, II);
• na obrigação da União de “planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas” (art. 21,
XVII);
• no dever incontornável cometido ao Estado de assegurar a inviolabilidade do direito à vida (art. 5º, caput),
traduzida por uma “existência digna” (art. 170); e
• no direito à saúde (art. 6º e art. 196).

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STF. Plenário. ADPF 754 TPI-segunda-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/2/2021 (Info 1007).

A prudência — amparada nos princípios da prevenção e da precaução — aconselha que continuem em vigor as
medidas excepcionais previstas nos arts. 3º ao 3º-J da Lei nº 13.979/2020, dada a continuidade da situação de
emergência na área da saúde pública.
STF. Plenário. ADI 6625 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/3/2021 (Info 1008)

É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados por unidade federativa
e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos já foram empenhados. A
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA NÃO PODE SE VOLTAR CONTRA BEM OU SERVIÇO DE OUTRO ENTE
FEDERATIVO. Isso para que não haja indevida interferência na autonomia de um sobre outro.
STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021 (Info 1008)

É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais
atividades religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço da pandemia da
Covid-19.
STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012).

Em condições de recrudescimento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), não é constitucionalmente


aceitável qualquer retrocesso nas políticas públicas de saúde, como a que resulta em decréscimo no
número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) habilitados (custeados) pela União.
STF. Plenário. ACO 3473 MC-Ref/DF, ACO 3474 TP-Ref/SP, ACO 3475 TP-Ref/DF, ACO 3478 MCRef/PI e ACO 3483
TP-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 7/4/2021 (Info 1012)

É possível que ente federado proceda à importação e distribuição, excepcional e temporária, de vacina
contra o coronavírus, no caso de ausência de manifestação, a esse respeito, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - ANVISA no prazo estabelecido pelo art. 16 da Lei nº 14.124/2021.
Caso concreto: no dia 08/04/2021, o Estado do Maranhão ingressou com pedido de tutela provisória incidental
alegando que a União estaria descumprindo o Plano Nacional de Vacinação, o que teria levado o Estado a
adquirir 4 milhões e meio de doses da vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. O Estado
afirmou que, para conseguir trazer regularmente as vacinas para o Brasil, protocolizou na Anvisa, no dia
29/03/2021, pedido de autorização excepcional de uso e de importação da Sputnik V. Ocorre que a agência ainda
não teria examinado o requerimento, a despeito da situação de urgência. Diante disso, o Estado do Maranhão
pediu ao STF, a título de tutela provisória incidental, que seja determinado à Anvisa que emita autorização
excepcional de uso e importação da vacina Sputnik V, conforme requerimento apresentado. O STF deferiu em
parte o pedido e determinou que a Anvisa, no prazo máximo de 30 dias, a contar de 29/3/2021, decida sobre a
importação excepcional e temporária da vacina Sputnik V. Fundamento legal para a decisão: art. 16, § 4º da Lei
nº 14.124/2021. STF. Plenário. ACO 3451 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 30/4/2021 (Info
1015)

É compatível com a Constituição Federal controle judicial a tornar obrigatória a observância, tendo em
conta recursos orçamentários destinados à saúde, dos percentuais mínimos previstos no artigo 77 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, considerado período anterior à edição da Lei Complementar nº
141/2012.
STF. Plenário. RE 858075/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
14/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 818) (Info 1017).

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Cabível o deferimento de tutela provisória incidental em arguição de descumprimento de preceito
fundamental para adoção de todas as providências indispensáveis para assegurar a vida, a saúde e a
segurança de povos indígenas vítimas de ilícitos e problemas de asúde decorrentes da presença de
invasores de suas terras, em situação agravada pelo curso da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus
(Covid-19). STF. Plenário. ADPF 709 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

Constatada a incapacidade financeira do paciente, o Estado deve fornecer medicamento que, apesar de não
possuir registro sanitário, tem a importação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para tanto, devem ser comprovadas a imprescindibilidade do tratamento e a impossibilidade de substituição por
outro similar constante das listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção terapêutica do Sistema
Único de Saúde (SUS).
Tese fixada pelo STF: Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não
possua registro na Anvisa, tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde
que comprovada a incapacidade econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a
impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de
medicamentos e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS. STF. Plenário. RE 1165959/SP, Rel. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161)
(Info 1022).

Se o hospital particular atender um paciente do SUS por força de decisão judicial ele deverá ser ressarcido com
base não na tabela do SUS nem com base nos valores de mercado; o ressarcimento ocorrerá com base na
tabela da ANS, aplicada por analogia. A tabela da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve servir de
parâmetro para o pagamento dos serviços de saúde prestados por hospital particular, em cumprimento de
ordem judicial, em favor de paciente do SUS. Tese fixada pelo STF: “O ressarcimento de serviços de saúde
prestados por unidade privada em favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem
judicial, deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de
Saúde por serviços prestados a beneficiários de planos de saúde”. STF. Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 30/09/2021 (Repercussão Geral – Tema 1033) (Info 1032).

É inconstitucional a Lei 13.454/2017, que havia permitido a comercialização de medicamentos anorexígeneos


(para emagrecer) mesmo depois de eles terem sido proibidos pela Anvisa. É incompatível com a Constituição
Federal ato normativo que, ao dispor sobre a comercialização de medicamentos anorexígenos, dispense o
respectivo registro sanitário e as demais ações de vigilância sanitária. STF. Plenário. ADI 5779/DF, Rel. Min. Nunes
Marques, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/10/2021 (Info 1034)

É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?


• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de medicamento para uso off
label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora da
bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA. O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para
utilização off label, salvo autorização da ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 10/11/2021 (Info 717)

STF determinou à União o restabelecimento dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 que
estavam custeados pelo Ministério da Saúde até dezembro de 2020, e que foram reduzidos nos meses de
janeiro e fevereiro de 2021.
A União deve prestar suporte técnico e apoio financeiro para a expansão da rede de UTI’s nos estados

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durante o período de emergência sanitária. STF. Plenário. ACO 3473/DF, ACO 3474/SP, ACO 3475/DF, ACO
3478/PI e ACO 3483/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 10/11/2021 (Info 1037).

EDUCAÇÃO

É inconstitucional lei estadual que inclui o pagamento de pessoal inativo nas despesas consideradas como
de manutenção e desenvolvimento do ensino. O art. 212 da CF/88 prevê o dever de aplicação de percentual
mínimo para investimentos na manutenção e desenvolvimento do ensino. A definição de quais despesas podem
ou não ser consideradas como manutenção e desenvolvimento de ensino é feita por meio de lei editada pela
União. A Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), em seus arts. 70 e 71, definiu quais
despesas podem ser consideradas como sendo destinadas à manutenção e desenvolvimento do ensino. As
despesas com encargos previdenciários de servidores inativos e os repasses efetuados pelo Estado para cobrir o
déficit no regime próprio de previdência não podem ser computados como aplicação de recursos na
manutenção e desenvolvimento de ensino, para os fins do art. 212 da CF/88. Logo, é inconstitucional lei estadual
que faça essa previsão. STF. Plenário. ADI 6049/GO, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/8/2021 (Info
1026).
Obs: a EC 108/2020 incluiu o § 7º no art. 212 da CF/88 e passou a vedar expressamente o uso dos recursos
destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino para o pagamento de aposentadorias e pensões:
Art. 212 (...) § 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º e 6º deste artigo para pagamento de
aposentadorias e de pensões.

Não é razoável exigir comprovação documental do motivo pelo qual o candidato faltou às provas do Enem 2020
como requisito para que ele possa obter isenção da taxa de inscrição do Enem 2021, tendo em vista que se vivia
um contexto de pandemia. Em razão do contexto de anormalidade decorrente da pandemia da Covid-19, é
descabida a exigência de “justificativa de ausência” às provas do ENEM 2020, como requisito para a
concessão de isenção da taxa de inscrição para o ENEM 2021. STF. Plenário. ADPF 874 MC/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 3/9/2021 (Info 1028)

É inconstitucional concessão de descontos lineares nas mensalidades das faculdades privadas na


pandemia da Covid-19.
São inconstitucionais as interpretações judiciais que, unicamente fundamentadas na eclosão da pandemia de
Covid-19 e no respectivo efeito de transposição de aulas presenciais para ambientes virtuais, determinam às
instituições privadas de ensino superior a concessão de descontos lineares nas contraprestações dos contratos
educacionais, sem considerar as peculiaridades dos efeitos da crise pandêmica em ambas as partes contratuais
envolvidas na lide. Tese fixada pelo STF: É inconstitucional decisão judicial que, sem considerar as
circunstâncias fáticas efetivamente demonstradas, deixa de sopesar os reais efeitos da pandemia em
ambas as partes contratuais, e determina a concessão de descontos lineares em mensalidades de cursos
prestados por instituições de ensino superior. STF. Plenário. ADPF 706/DF e ADPF 713/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgados em 17 e 18/11/2021 (Info 1038).

DIREITOS POLÍTICOS

Não existe no Brasil a candidatura nata, ou seja, o direito de o titular do mandato eletivo ser,
obrigatoriamente, escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição.
O indivíduo que já ocupa o cargo eletivo e vai em busca da reeleição possui o direito subjetivo de ser escolhido

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pelo partido como candidato? Ex: João, filiado ao Partido “X”, já é vereador; ele deseja concorrer à reeleição;
pelo fato de já ser vereador; o Partido “X” é obrigado a escolher João como sendo um dos candidatos da
agremiação? NÃO. O legislador tentou impor essa obrigatoriedade no § 1º do art. 8º da Lei nº 9.504/97: Art. 8º
(...) § 1º Aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que
tenham exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro
de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados. Isso foi denominado pela doutrina e
jurisprudência de “candidatura nata”. Assim, “candidatura nata” é o direito que o titular do mandato eletivo
possui de, obrigatoriamente, ser escolhido e registrado pelo partido político como candidato à reeleição. O STF,
contudo, entendeu que esse § 1º do art. 8º da Lei nº 9.504/97 é inconstitucional, não sendo possível a chamada
“candidatura nata”. O instituto da “candidatura nata” é incompatível com a Constituição Federal de 1988,
tanto por violar a isonomia entre os postulantes a cargos eletivos como, sobretudo, por atingir a
autonomia partidária (art. 5º, “caput”, e art. 17 da CF/88). STF. Plenário. ADI 2530/DF, Rel. Min. Nunes Marques,
julgado em 18/8/2021 (Info 1026).

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

É inconstitucional lei estadual que permita a criação, incorporação, fusão e desmembramento de


municípios sem a edição prévia das leis federais previstas no art. 18, § 4º, da CF/88. Pendente a legislação
federal prevista na redação atual do art. 18, § 4º, da Constituição Federal, são inadmissíveis os regramentos
estaduais que possibilitem o surgimento de novos municípios e que invadam a competência da União para
disciplinar o tema. É inconstitucional lei estadual que permita a criação, incorporação, fusão e desmembramento
de municípios sem a edição prévia das leis federais previstas no art. 18, § 4º, da CF/88, com redação dada pela
Emenda Constitucional nº 15/96. STF. Plenário. ADI 4711/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021
(Info 1028)

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

É inconstitucional a legislação estadual que estabelece a redução obrigatória das mensalidades da rede
privada de ensino durante a vigência das medidas restritivas para o enfrentamento da emergência de
saúde pública decorrente do novo Coronavírus. Essa lei viola a competência privativa da União para
legislar sobre Direito Civil (art. 22, I, da CF/88).
Ao estabelecer uma redução geral dos preços fixados nos contratos para os serviços educacionais, a leis alterou,
de forma geral e abstrata, o conteúdo dos negócios jurídicos, o que as caracteriza como norma de Direito Civil.
Os efeitos da pandemia sobre os negócios jurídicos privados, inclusive decorrentes de relações de consumo,
foram tratados pela Lei federal nº 14.010/2020. Ao estabelecer o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das
relações jurídicas de Direito Privado (RJET) para o período, a norma reduziu o espaço de competência
complementar dos estados para legislar e não contém previsão geral de modificação dos contratos de prestação
de serviços educacionais.
STF. ADI 6575, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

É formalmente inconstitucional lei estadual que concede descontos aos idosos para aquisição de
medicamentos em farmácias localizadas no respectivo estado.
STF. Plenário. ADI 2435/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/12/2020 (Info 1003).

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É inconstitucional lei estadual que fixa critério etário para o ingresso no Ensino Fundamental diferente
do estabelecido pelo legislador federal e regulamentado pelo Ministério da Educação.
STF. Plenário. ADI 6312, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

É possível que Município proíba o uso de fogos de artifício ruidosos. STF. Plenário. ADPF 567, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 01/03/2021.

Normas estaduais que disponham sobre obrigações destinadas às empresas de telecomunicações,


relativamente à oferta de produtos e serviços, incluem-se na competência concorrente dos estados para
legislarem sobre direitos do consumidor.
STF. Plenário. ADI 5962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/2/2021 (Info 1007).

É inconstitucional lei estadual que trate sobre o registro de diplomas de curso a distância por
universidades estaduais.
O STF julgou inconstitucional a Lei estadual 16.109/2009 do Paraná, que determinava que a Universidade
Estadual do Centro Oeste (Unicentro) e a Universidade Estadual de Ponte Grossa (UEPG) procedessem aos
registros dos diplomas de conclusão de cursos na área de Educação, na modalidade semipresencial, expedidos
pela Faculdade Vizinhança Vale do Iguaçu (Vizivali).
A lei paranaense, ao conferir validade nacional aos diplomas e restringir seu registro apenas à UEPG e à
Unicentro, descumpriu expressamente norma constitucional que confere à União a competência para legislar
sobre diretrizes e bases da educação.
Da análise da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal nº 9.394/96) e do Decreto nº
5.622/2005, depreende-se que a competência para credenciar instituições de ensino para oferta de cursos ou
programas de formação a distância é apenas do Ministério da Educação. Aos Conselhos Estaduais de Educação
compete unicamente autorizar, reconhecer e credenciar cursos das instituições de ensino superior na
modalidade presencial.
O STF, em outras ocasiões, tem reafirmado que a prerrogativa para credenciar instituições de ensino superior,
seja na modalidade a distância ou na semipresencial (que se apresentam como vertentes do mesmo tipo de
modalidade de ensino), é da União. Não se trata, no caso, do exercício de competência suplementar estadual,
pois a matéria já recebe tratamento uniforme em nível federal.
Ao impor à UEPG e à Unicentro a obrigação de registrar os diplomas expedidos pela Vizivali e determinar o
estabelecimento de convênio entre as instituições, a lei estadual também ofendeu os preceitos constitucionais
da autonomia didático-científica, administrativa e financeira das universidades, interferindo indevidamente na
gestão administrativa das instituições.
STF. Plenário. ADI 4257, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/02/2021.

É constitucional legislação estadual que proíbe toda e qualquer atividade de comunicação comercial
dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica.
STF. Plenário. ADI 5631/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/3/2021 (Info 1011)

São constitucionais as normas estaduais, editadas em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus,
pelas quais veiculados a proibição de suspensão do fornecimento do serviço de energia elétrica, o modo de
cobrança, a forma de pagamentos dos débitos e a exigibilidade de multa e juros moratórios.
STF. Plenário. ADI 6432/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info 1012).

É inconstitucional lei estadual que proíbe bloqueio de internet após consumo da franquia.

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A Lei nº 16.734 /2018, do Estado do Ceará, ao vedar às operadoras de telefonia móvel que procedam ao bloqueio
de acesso à internet quando esgotada a franquia de dados contratada, violou o art. 22, IV, da CF/88, que confere
à União a competência privativa para dispor sobre telecomunicações.
STF. Plenário. ADI 6089, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Min. Dias Toffoli, julgado em 08/02/2021.

É inconstitucional norma estadual que onere contrato de concessão de energia elétrica pela utilização de
faixas de domínio público adjacentes a rodovias estaduais ou federais.
Isso porque a União, por ser titular da prestação do serviço público de energia elétrica (art. 21, XII, “b” e art. 22,
IV, da CF/88), detém a prerrogativa constitucional de estabelecer o regime e as condições da prestação desse
serviço por concessionárias, o qual não pode sofrer ingerência normativa dos demais entes políticos.
STF. Plenário. ADI 3763/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info 1012).

É formalmente inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que, ao dispor sobre ensino a
distância, proíba a utilização do termo “tutor”, além de criar restrições e requisitos para exercício da
atividade de tutoria.
STF. Plenário. ADI 5997/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
16/4/2021 (Info 1013)

É inconstitucional lei municipal que estabeleça limitações à instalação de sistemas transmissores de


telecomunicações por afronta à competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações, nos
termos dos arts. 21, XI, e 22, IV, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADPF 732/SP, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

É inconstitucional a Lei Distrital que atribui autonomia administrativa e financeira aos respectivos
órgãos policiais.
STF. Plenário. ADI 6611, Rel. Min. Alexandre De Moraes, julgado em 17/05/2021.

É formalmente inconstitucional lei estadual que proíba a atividade de delivery de gasolina e etanol; isso
porque a competência para legislar sobre energia é privativa da União
É inconstitucional norma estadual que vede ao consumidor, pessoa física, o abastecimento de veículos em
local diverso do posto de combustível.
STF. Plenário. ADI 6580/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016).

É constitucional a proibição — por lei estadual — de que instituições financeiras, correspondentes


bancários e sociedades de arrendamento mercantil façam telemarketing, oferta comercial, proposta,
publicidade ou qualquer tipo de atividade tendente a convencer aposentados e pensionistas a
celebrarem contratos de empréstimo.
Essa lei trata sobre defesa do consumidor, matéria que é de competência concorrente (art. 24, V, da CF/88),
servindo para suplementar os princípios e as normas do CDC e reforçar a proteção dos consumidores idosos,
grupo em situação de especial vulnerabilidade econômica e social. STF. Plenário. ADI 6727/PR, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016).

Por usurpar a competência da União para legislar privativamente sobre direito civil e política de seguros,
é formalmente inconstitucional lei estadual que estabelece a possibilidade de o Poder Executivo proibir a
suspensão ou o cancelamento de planos de saúde por falta de pagamento durante a situação de
emergência do novo coronavírus (Covid-19).
STF. Plenário. ADI 6441/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/5/2021 (Info 1017).

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É inconstitucional lei estadual que reduziu o valor das mensalidades escolares durante a pandemia da
Covid-19
É inconstitucional lei estadual que estabeleça redução das mensalidades no âmbito da rede privada de ensino,
enquanto perdurarem as medidas temporárias para o enfrentamento da pandemia da Covid-19.
STF. Plenário. ADI 6445/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 28/5/2021
(Info 1019).

É constitucional lei estadual que proibiu o corte de energia elétrica durante a pandemia da Covid-19
Atendida a razoabilidade, é constitucional legislação estadual que prevê a vedação do corte do fornecimento
residencial dos serviços de energia elétrica, em razão do inadimplemento, parcelamento do débito, considerada
a crise sanitária.
STF. Plenário. ADI 6588/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/5/2021 (Info 1019)
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para testes de produtos cosméticos; a lei
estadual, contudo, não pode proibir a comercialização de produtos que tenham sido desenvolvidos a
partir de testes em animais
Não havendo norma federal disciplinadora, é constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para
desenvolvimento, experimento e teste de produtos cosméticos, higiene pessoal, perfumes, limpeza e seus
componentes. É inconstitucional norma estadual que vede a comercialização de produtos desenvolvidos a
partir de teste em animais, bem como a que determina que conste no rótulo informação acerca da não
realização de testes em animais.
STF. Plenário. ADI 5995/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/5/2021 (Info 1019).

É incompatível com a Constituição Federal ato normativo estadual que amplie as atribuições de fiscalização do
Legislativo local e o rol de autoridades submetidas à solicitação de informações
O art. 50, caput e § 2º, da CF/88 traduz norma de observância obrigatória pelos Estados-membros que, por
imposição do princípio da simetria (art. 25 da CF/88), não podem ampliar o rol de autoridades sujeitas à
fiscalização direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade.
STF. Plenário. ADI 5289/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/6/2021 (Info 1020)

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo de 24 horas para as empresas de plano de
saúde regionais autorizarem ou não solicitações de exames e procedimentos cirúrgicos em seus usuários
que tenham mais de 60 anos. Essa lei é inconstitucional por usurpar competência privativa da União para
legislar sobre Direito Civil e política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6452/ES, Rel. Min.
Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/6/2021 (Info 1021)

É inconstitucional legislação estadual que impeça as operadoras de planos de saúde de recusarem o


atendimento ou a prestação de alguns serviços, no âmbito de seu território, aos usuários diagnosticados
ou suspeitos de estarem com Covid-19, em razão de período de carência contratual vigente. Essa norma é
inconstitucional por usurpar competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil, Comercial e política
de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6493/PB, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2021
(Info 1021)

Os Municípios têm competência para legislar sobre assuntos de interesse local compreendendo o ordenamento
territorial, o planejamento urbano e a fiscalização de áreas de uso e ocupação do solo (art. 30, I e VII, da CF/88).
É formalmente inconstitucional norma estadual pela qual se dispõe sobre direito urbanístico em
contrariedade ao que se determina nas normas gerais estabelecidas pela União e em ofensa à

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competência dos Municípios para legislar sobre assuntos de interesse local, sobre os quais incluídos
política de desenvolvimento urbano, planejamento, controle e uso do solo.
De igual modo, é inconstitucional norma de Constituição estadual que, a pretexto de organizar e delimitar
competência de seus respectivos Municípios, ofende o princípio da autonomia municipal, previsto no art.
18, no art. 29 e no art. 30 da CF/88. STF. Plenário. ADI 6602/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/6/2021
(Info 1021).

Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que proíbe a caça em
seu respectivo território. STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022)

É formalmente inconstitucional portaria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) que dispõe sobre
condições para o exercício de atividade profissional. Caso concreto: o Detran/TO editou portaria
regulamentando a profissão de despachante de trânsito. ST’F. Plenário. ADI 6754/TO, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 25/6/2021 (Info 1023)

É formalmente inconstitucional ato normativo local que, a pretexto de prescrever regras de caráter
administrativo, regulamente o exercício da profissão de despachante junto a órgãos de trânsito. STF. Plenário.
ADI 6749/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/6/2021 (Info 1024).

É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas em eventos esportivos.
Não invade a competência da União para o estabelecimento de normas gerais sobre consumo e desporto a
autorização e regulamentação, por Estado-membro, da venda e do consumo de bebidas alcoólicas em eventos
esportivos. STF. Plenário. ADI 5112/BA, Rel. Min Edson Fachin, julgado em 16/8/2021 (Info 1025).

É constitucional lei municipal que disponha sobre a obrigatoriedade de instalação de hidrômetros


individuais em edifícios e condomínios. Compete aos municípios legislar sobre a obrigatoriedade de instalação
de hidrômetros individuais nos edifícios e condomínios, em razão do preponderante interesse local envolvido.
STF. Plenário. RE 738481/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 16/8/2021 (Repercussão Geral – Tema 849) (Info
1025)

É inconstitucional lei estadual que dispõe sobre a aceitação de diplomas expedidos por universidades
estrangeiras. Invade a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação
nacional lei estadual que dispõe sobre reconhecimento de diploma obtido por instituições de ensino superior de
países estrangeiros. STF. Plenário. ADI 6592/AM, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 (Info 1028).

É inconstitucional norma de constituição estadual que disponha sobre o depósito de lixo atômico e a
instalação de usinas nucleares.
Constituição do Estado do Piauí, ao estabelecer uma vedação ao depósito de resíduos nucleares no respectivo
território, violou a competência privativa da União para legislar sobre a matéria.
A Constituição do Estado do Ceará, ao possibilitar o embargo à instalação de reatores nucleares nos termos da
lei estadual, com exceção dos destinados exclusivamente à pesquisa e ao uso terapêutico, violou a competência
privativa da União para legislar sobre a matéria.
STF. Plenário. ADI 6909/PI e ADI 6913/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 17/9/2021 (Info 1030)

É inconstitucional norma de Constituição Estadual que disponha sobre o depósito de lixo atômico e a
instalação de usinas nucleares.
STF. Plenário. ADI 6895/PB, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 14/9/2021 (Info 1029).

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É inconstitucional lei municipal que dispõe sobre a autorização e exploração de serviço de radiodifusão
comunitária.
É inconstitucional lei municipal que:
a) institui direitos e obrigações das rádios comunitárias;
b) autoriza seu funcionamento e exploração no âmbito de seu território; e
c) estabelece infrações, sanções e o pagamento de taxa de funcionamento.
Essa lei apresenta vício de inconstitucionalidade formal porque trata de matéria de competência reservada à
União. STF. Plenário. ADPF 335/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/8/2021 (Info 1027).

Estado-membro possui competência para editar lei obrigando empresas de internet a apresentar na
fatura da conta a velocidade efetivamente oferecida no mês. É constitucional lei estadual que obriga as
empresas prestadoras de serviços de internet móvel e banda larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na
fatura mensal, gráficos sobre o registro médio diário de entrega da velocidade de recebimento e envio de dados
pela rede mundial de computadores. STF. Plenário. ADI 6893/ES, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021
(Info 1033).

Os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios foram autorizados a fazer a vacinação dos adolescentes,
mesmo havendo nota informativa do Ministério da Saúde em sentido contrário Covid-19. A decisão de
promover a imunização contra a Covid-19 em adolescentes acima de 12 anos, observadas as evidências
científicas e análises estratégicas pertinentes, insere-se na competência dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios. STF. Plenário. ADPF 756 TPI-oitava-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
8/10/2021 (Info 1033).

Lei de iniciativa parlamentar não pode conceder anistia a servidores públicos. É inconstitucional lei
estadual de iniciativa parlamentar que disponha sobre a concessão de anistia a infrações administrativas
praticadas por policiais civis, militares e bombeiros. STF. Plenário. ADI 4928/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, redator
do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Info 1033).

O proprietário de cão-guia ou seu instrutor/adestrador não estão obrigados a se filiarem, ainda que
indiretamente, a federação internacional.
Caso concreto: o art. 81 da Lei estadual nº 12.907/2008, do Estado de São Paulo, exigiu que a identificação do
cão-guia seja expedida por escola de cães-guia vinculada à Federação Internacional de Cães-Guia. De igual
modo, o art. 85 afirmou que os instrutores e treinadores, assim como as escolas de treinamento, devem ser
reconhecidos e filiados à Federação Internacional de Cães-Guia. O STF julgou inconstitucionais tais exigências. O
art. 24, XIV, da CF/88 prevê que compete à União editar normas gerais de proteção às pessoas com deficiência.
No exercício dessa competência, a União editou a Lei federal nº 11.126/2005, que dispõe sobre o direito do
portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de
cão-guia. Essa Lei – que é a norma geral sobre o tema – não exige essa filiação à Federação Internacional de
Cães-Guia. Além disso, tal exigência afronta o direito constitucional de livre associação garantido no art. 5º, XX,
da CF/88. STF. Plenário. ADI 4267/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/10/2021 (Info 1035)

É inconstitucional lei estadual que veda o corte do fornecimento de água e luz, em determinados dias,
pelas empresas concessionárias, por falta de pagamento.
Compete à União definir regras de suspensão e interrupção do fornecimento dos serviços de energia
elétrica. Em razão disso, é inconstitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias ou
permissionárias façam o corte do fornecimento de água, energia elétrica e dos serviços de telefonia, por falta de
pagamento, em determinados dias (ex: sextas-feiras, vésperas de feriados etc.). STF. Plenário. ADI 5798/TO, Rel.

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Min. Rosa Weber, julgado em 3/11/2021 (Info 1036). Obs1: vide Lei nº 14.015/2020, que alterou a Lei nº 8.987/95
e a Lei nº 13.460/2017.
Obs2: cuidado com o entendimento excepcional do STF durante o período da pandemia da Covid-19 (STF.
Plenário. ADI 6588/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/5/2021. Info 1019).

É constitucional lei estadual do trote telefônico.


É constitucional norma estadual que determine que as prestadoras de serviço telefônico são obrigadas a
fornecer, sob pena de multa, os dados pessoais dos usuários de terminais utilizados para passar trotes
aos serviços de emergência. STF. Plenário. ADI 4924/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/11/2021 (Info
1036).

É inconstitucional lei estadual que preveja que os serviços privados de educação são obrigados a
conceder, a seus clientes preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormente realizadas.
É inconstitucional lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviços de ensino a obrigação de
estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes. Lei fluminense dizia que os serviços
privados de educação prestados de forma contínua no Estado do Rio de Janeiro seriam obrigados a conceder, a
seus clientes preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormente realizadas. O STF declarou a
inconstitucionalidade dessa previsão. A norma estadual, ao impor aos prestadores de serviços de ensino a
obrigação de estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes, promove ingerência
indevida em relações contratuais estabelecidas, sem que exista conduta abusiva por parte do prestador.
Logo, afronta o art. 22, I, da CF/88. STF. Plenário. ADI 6614/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 12/11/2021 (Info 1037)

É inconstitucional lei estadual que proíbe a cobrança de juros, multas e parcelas vencidas de contratos de
financiamento.
Foi declarada a inconstitucionalidade da Lei nº 11.962/2021, do Estado da Paraíba, que previa o seguinte: Art. 1º
Fica vedada a cobrança de juros, multas e demais encargos financeiros, além da inscrição do consumidor junto
aos órgãos de proteção ao crédito, em razão do inadimplemento de contratos de financiamento, quando o
inadimplemento das parcelas decorrer de ação de boa-fé do consumidor no cumprimento de legislação vigente
a época do inadimplemento. STF. Plenário. ADI 6938/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/11/2021 (Info
1038)

É inconstitucional lei estadual que imponha obrigações às empresas seguradoras, sendo também
inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que imponha obrigações ao DETRAN.
É inconstitucional a lei estadual que disciplina, no âmbito do ente federado, aspectos das relações entre
seguradoras e segurados Esta lei estadual viola a competência privativa da União para legislar sobre direito civil,
seguros, trânsito e transporte (art. 22, I, VII e XI, da CF/88). São inconstitucionais normas estaduais que
disponham sobre relações contratuais securitárias, por consubstanciarem tema de direito civil e seguros, afetos
à competência legislativa privativa da União (art. 22, I e VII, CF/88). É inconstitucional lei estadual, de iniciativa
parlamentar, que atribua competências ao Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) Aplica-se, em âmbito
estadual, o art. 61, § 1º, da Constituição Federal, que consagra reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo
para iniciar o processo legislativo das matérias nele constantes. A criação de atribuições, por meio de lei
oriunda de projeto de iniciativa parlamentar, a órgão vinculado à estrutura do Poder Executivo revela-se
colidente com a reserva de iniciativa do Governador do Estado (arts. 61, § 1º, II, e, 84, VI, “a”, CF/88). STF.
Plenário. ADI 6132/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 26/11/2021 (Info 1039).

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INTERVENÇÃO

A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes daquelas que são
elencadas no art. 35 da Constituição Federal. As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da
CF/88 são TAXATIVAS
Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição do Estado do Acre, que
previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios quando: IV – se verificasse, sem justo motivo,
impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V – fossem praticados, na administração
municipal, atos de corrupção devidamente comprovados. STF. Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

PODER EXECUTIVO

Lei estadual pode prever que, em caso de dupla vacância para os cargos de Governador e Vice nos dois
últimos anos do mandato, a ALE realizará eleição indireta, de forma nominal e aberta. Os
estados-membros, no exercício de suas autonomias, podem adotar o modelo federal previsto no art. 81, § 1º,
da Constituição, cuja reprodução, contudo, não é obrigatória. No caso de dupla vacância, faculta-se aos
estados-membros, ao Distrito Federal e aos municípios a definição legislativa do procedimento de escolha do
mandatário político. No caso de realização de eleição indireta, a previsão normativa estadual de votação nominal
e aberta é compatível com a CF/88. Caso concreto: lei da Bahia afirmou que, se o Governador e o
Vice-Governador deixarem os cargos nos dois últimos anos do mandato, a Assembleia Legislativa deverá realizar
uma eleição indireta, de forma nominal e aberta. Para o STF, essa lei é constitucional, sob os pontos de vista
formal e material. STF. Plenário. ADI 1057/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/8/2021 (Info 1025)

É inconstitucional norma de constituição estadual que disponha sobre o processamento e julgamento de


Governador e Vice-governador nos casos de crime de responsabilidade.
O Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na Constituição
estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de responsabilidade é privativa da União,
nos termos do art. 22, I, e art. 85 da CF/88. Súmula vinculante 46-STF: São da competência legislativa da União a
definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento. Assim, é inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a competência da
Assembleia Legislativa para autorizar a instauração do processo e para jugar o Governador e o
Vice-Governador do Estado por crimes de responsabilidade. Também é inconstitucional a previsão contida
na Constituição Estadual afirmando que o Governador será suspenso de suas funções nos crimes de
responsabilidade, se admitida a acusação e instaurado o processo, pela Assembleia Legislativa. STF.
Plenário. ADI 4811/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2021 (Info 1041)

PODER LEGISLATIVO

Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para o
mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura.
Por outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em
caso de nova legislatura.

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Ex: o mandato de Presidente da Câmara e de Presidente do Senado é de 2 anos. Cada legislatura tem a duração
de 4 anos. Imagine que João foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016. Suponhamos que ele
foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2013-2014. Significa que João não poderá ser reeleito
como Presidente da Câmara para o biênio de 2015-2016. Isso porque seria uma reeleição dentro da mesma
legislatura.
Ex2: Pedro foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016. Suponhamos que ele foi escolhido para
ser Presidente da Câmara no período de 2015-2016. Em 2016, ele foi reeleito Deputado Federal para a
legislatura de 2017 a 2020. Significa que Pedro poderá ser novamente Presidente da Câmara para no biênio de
2017-2018. Isso porque seria uma reeleição para nova legislatura.
O fundamento para isso está no art. 57, § 4º da CF/88:
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da
legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos,
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
Havia uma tentativa de se dar interpretação conforme e dizer que o § 4º do art. 57 da CF/88 foi derrogado pela
Emenda Constitucional nº 16/97, que permitiu uma reeleição para os cargos do Poder Executivo. O STF, contudo,
não concordou com a alegação e manteve a literalidade do art. 57, § 4º.
STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2020 (Info 1003).

É possível a prorrogação da competência criminal originária do Supremo Tribunal Federal, quando o


parlamentar, sem solução de continuidade, encontrar-se investido, em novo mandato federal, mas em
casa legislativa federal diversa.
É dizer, admite-se a excepcional e exclusiva prorrogação da competência criminal originária do Supremo
Tribunal Federal, quando o parlamentar, sem solução de continuidade, encontrar-se investido, em novo
mandato federal, mas em casa legislativa diversa daquela que originalmente deu causa à fixação da
competência originária, nos termos do art. 102, I, “b”, da Constituição Federal.
STF. Plenário. Pet 9189, Rel. Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Edson Fachin, julgado em 12/05/2021.

O subsídio dos deputados estaduais deve ser fixado por lei em sentido formal (art. 27, § 2º, da CF/88). A
vinculação do valor do subsídio dos Deputados Estaduais ao quantum estipulado pela União aos deputados
federais é incompatível com o princípio federativo e com a autonomia dos entes federados (art. 18, da CF/88). É
vedada a vinculação ou a equiparação remuneratória em relação aos agentes políticos ou servidores
públicos em geral.
STF. Plenário. ADI 6437/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 28/5/2021 (Info 1019).

É proibido o pagamento de vantagem pecuniária a deputados estaduais por convocação para sessão
extraordinária. STF. Plenário. ADPF 836/RR, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 2/8/2021 (Info 1024).

É constitucional norma estadual que estabeleça o pagamento a parlamentar — no início e no final de cada
sessão legislativa — de ajuda de custo correspondente ao valor do próprio subsídio mensal. STF. Plenário. ADI
6468/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/8/2021 (Info 1024)

Constituições estaduais podem prever a reeleição de membros das mesas diretoras das assembleias
legislativas para mandatos consecutivos, mas essa recondução é limitada a uma única vez.
1. O art. 57, § 4º, da CF, não é norma de reprodução obrigatória por parte dos Estados-Membros. 2. É
inconstitucional a reeleição em número ilimitado, para mandatos consecutivos, dos membros das Mesas
Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais para os mesmos cargos que ocupam, sendo-lhes permitida

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uma única recondução. STF. Plenário. ADI 6720/AL, ADI 6721/RJ e ADI 6722/RO, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgados em 24/9/2021 (Info 1031).

Norma estadual ou municipal não pode conferir a parlamentar, individualmente, o poder de requisitar
informações ao Poder Executivo.
O art. 101 da CE/RJ estabelecia que “a qualquer Deputado” seria permitido formular requerimento de
informação ao Poder Executivo, constituindo crime de responsabilidade, nos termos da lei, o não atendimento
no prazo de trinta dias, ou a prestação de informações falsas. O STF declarou a inconstitucionalidade da
expressão “a qualquer Deputado” constante do caput desse dispositivo. O art. 49, X, da CF/88 é taxativo ao
conferir exclusivamente às Casas do Poder Legislativo a competência para fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Não se admite que norma estadual crie outras modalidades de controle ou inovem a forma de exercício
desse controle ultrapassando aquilo que foi previsto na Constituição Federal, sob pena de violação ao
princípio da separação dos poderes (art. 2º). STF. Plenário. ADI 4700/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
13/12/2021 (Info 1041)

IMUNIDADES PARLAMENTARES

O Deputado Federal Eduardo Silveira publicou vídeo no YouTube no qual, além de atacar frontalmente os
Ministros do STF, por meio de diversas ameaças e ofensas, expressamente propagou a adoção de medidas
antidemocráticas contra a Corte, bem como instigou a adoção de medidas violentas contra a vida e a segurança
de seus membros, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes.
Tais condutas, além de tipificarem crimes contra a honra do Poder Judiciário e dos Ministros do STF, são
previstas como crime na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/1973).
Não é possível invocar a imunidade parlamentar material (art. 53, da CF/88), neste caso. Isso porque a
imunidade material parlamentar não deve ser utilizada para atentar frontalmente contra a própria
manutenção do Estado Democrático de Direito.
As condutas criminosas do parlamentar configuram flagrante delito, pois verifica-se, de maneira clara e evidente,
a perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que o referido vídeo continuava disponível e acessível a
todos os usuários da internet.
Os crimes que, em tese, foram praticados pelo Deputado são inafiançáveis por duas razões:
1) porque foram praticados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, da CF/88;
art. 323, III, do CPP); e
2) porque, no caso concreto, estão presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva, de sorte que estamos diante de uma situação que não admite fiança, com base no art. 324, IV,
do CPP.
Encontra-se, portanto, configurada a possibilidade constitucional de prisão em flagrante de parlamentar pela
prática de crime inafiançável, nos termos do § 2º do art. 53 da CF/88. STF. Plenário. Inq 4781 Ref, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 17/2/2021 (Info 1006).

CPI

A instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito depende unicamente do preenchimento dos requisitos


previstos no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja:
a) o requerimento de 1/3 dos membros das casas legislativas;
b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e
c) a definição de prazo certo para sua duração.

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STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2021 (Info 1013).

São formalmente inconstitucionais os dispositivos da Lei nº 10.001/2000, de iniciativa do Poder Legislativo, que
tratam de atribuições do Ministério Público (art. 2º, caput e parágrafo único e art. 4º). A Constituição Federal
reserva ao Presidente da República e ao Chefe do Ministério Público o poder de iniciativa para deflagrar o
processo legislativo no que concerne a normas de organização e atribuições do Ministério Público. Além
disso, os arts. 2º e 4º da Lei nº 10.001/2000 são materialmente inconstitucionais por ofenderem a independência
e a autonomia funcional e administrativa do Ministério Público. Por outro lado, é constitucional o art. 3º da Lei nº
10.001/2000, que confere prioridade aos processos e procedimentos decorrentes de relatórios de Comissão
Parlamentar de Inquérito. STF. Plenário. ADI 5351/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

Governador não pode ser obrigado a depor em CPI instaurada no Congresso Nacional.
Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de estados-membros da Federação por
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal. A convocação viola o princípio da
separação dos Poderes e a autonomia federativa dos estados-membros. STF. Plenário. ADPF 848 MC-Ref/DF, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 25/6/2021 (Info 1023).

PROCESSO LEGISLATIVO

Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada.


Manifestada a aquiescência do Poder Executivo com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a
ocorrência de preclusão entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação. STF.
Plenário. ADPF 714/DF, ADPF 715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/2/2021 (Info 1005).

É permitida apenas uma reeleição (ou recondução) sucessiva ao mesmo cargo da mesa diretora de
assembleia legislativa estadual, independentemente de os mandatos consecutivos se referirem à mesma
legislatura.
Teses fixadas pelo STF:
i) a eleição dos membros das mesas das assembleias legislativas estaduais deve observar o limite de uma única
reeleição ou recondução, limite cuja observância independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma
legislatura;
ii) a vedação à reeleição ou recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa diretora, não
impedindo que membro da mesa anterior se mantenha no órgão de direção, desde que em cargo distinto; e
iii) o limite de uma única reeleição ou recondução, acima veiculado, deve orientar a formação das mesas das
assembleias legislativas que foram eleitas após a publicação do acórdão da ADI 6.524, mantendo-se inalterados
os atos anteriores.
STF. Plenário. ADI 6684/ES, ADI 6707/ES, ADI 6709/TO e ADI 6710/SE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do
acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).

A tramitação de projeto de lei por meio de sistema de deliberação remota não viola as normas do processo
legislativo. Isso porque o fato de as sessões deliberativas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados terem
acontecido por meio virtual não afasta a participação e o acompanhamento da população em geral. Ambas
as Casas Legislativas fornecem meios de comunicação de amplo e fácil acesso, em tempo real, em relação ao
exercício da atividade legislativa. Ademais, a circunstância de se estar diante de uma pandemia, cujo vírus se
revelou altamente contagioso, justifica a prudente opção do Congresso Nacional em prosseguir com suas
atividades por meio eletrônico.

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STF. Plenário. ADI 6442/DF, ADI 6447/DF, ADI 6450/DF e ADI 6525/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
13/3/2021 (Info 1009).

O controle judicial de atos “interna corporis” das Casas Legislativas só é cabível nos casos em que haja
desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo (arts. 59 a 69 da CF/88).
Tese fixada pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição
Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo,
é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do
alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna
corporis’.” STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema
1120) (Info 1021).

É constitucional a LC 179/2021, que conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil. É constitucional a Lei
Complementar nº 179/2021, que definiu os objetivos e conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil, além de
ter tratado sobre a nomeação e a exoneração de seu presidente e de seus diretores. Não ficou caracterizada
qualquer violação ao devido processo legislativo na tramitação do projeto que deu origem a essa lei, não tendo
havido afronta à iniciativa reservada do Presidente da República. A competência para legislar é, por
excelência, do Poder Legislativo. A reserva de iniciativa legislativa para o chefe do Poder Executivo
constitui-se em previsão excepcional e que, por isso, deve ser interpretada restritivamente. Os autores da
ADI alegaram que a matéria veiculada na LC 179/2021 seria enquadrada no art. 61, § 1º, II, “c” e “e”, da CF/88. Se
fosse acolhida essa afirmação, estaria sendo conferida uma interpretação extensiva da previsão constitucional.
Isso porque a LC 179/2021 não dispôs sobre o regime jurídico dos servidores públicos do Banco Central, que
continua a ser disciplinado pela Lei nº 8.112/90 e pela Lei nº 9.650/98. Não houve qualquer alteração normativa
nessas leis. A LC 179/2021 tampouco criou ou extinguiu ministérios ou órgãos da Administração Pública. O
Banco Central continua a existir, com natureza jurídica de autarquia especial federal. Na realidade, a LC nº
179/2021 transcende o propósito de dispor sobre servidores públicos ou criar órgão público. Ela dá configuração
a uma instituição de Estado – não de governo –, que tem relevante papel como árbitro neutro, cuja atuação não
deve estar sujeita a controle político unipessoal. STF. Plenário. ADI 6696/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 26/8/2021 (Info 1027).

É formal e materialmente constitucional a LC 144/2014 (de iniciativa parlamentar), que modificou a LC 51/85,
tratando sobre a aposentadoria dos policiais, com critérios mais favoráveis. É formalmente constitucional lei
complementar — cujo processo legislativo teve origem parlamentar — que contenha regras de caráter nacional
sobre a aposentadoria de policiais. É constitucional a adoção — mediante lei complementar — de requisitos e
critérios diferenciados em favor dos policiais para a concessão de aposentadoria voluntária. STF. Plenário. ADI
5241/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/8/2021 (Info 1027).

É inconstitucional, formal e materialmente, norma estadual que permite a participação de trabalhadores


inativos no sufrágio para a escolha de membros da diretoria de empresa pública. Caso concreto: no Rio
Grande do Sul, a Lei estadual nº 11.446/2000, de iniciativa parlamentar, alterou a lei que trata sobre a
Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE (empresa pública estadual) para dizer que os trabalhadores
inativos também deveriam participar da votação para a escolha de membros da diretoria da Companhia. Sob o
ponto de vista formal, a lei violou o art. 61, § 1º, II, “e”, da CF/88. Sob o ponto de vista material, a previsão, ao
incluir os aposentados, afrontou o art. 7º, XI, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2296/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 1/10/2021 (Info 1032).

O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória quando a emenda

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estiver associada ao tema e à finalidade original da medida provisória.
O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória quando a emenda estiver
associada ao tema e à finalidade original da medida provisória. É constitucional o art. 6º da Lei 14.131/2021, que
simplificou o processo de concessão de benefício de auxílio por incapacidade temporária. STF. Plenário. ADI
6928/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/11/2021 (Info 1038)

MEDIDA PROVISÓRIA

Não caracteriza afronta à vedação imposta pelo art. 62, § 1º, IV, da CF a edição de MP no mesmo dia em
que o Presidente sanciona ou veta projeto de lei com conteúdo semelhante. É vedada a edição de medida
provisória tratando sobre matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e que está
pendente de sanção ou veto. Isso é proibido pelo art. 62, § 1º, IV, da CF/88. Assim, se o Presidente da República
estiver com um projeto de lei aprovado pelo Congresso na sua “mesa” para análise de sanção ou veto, ele
não poderá editar uma MP sobre o mesmo assunto. Por outro lado, nada impede que o Presidente sancione
ou vete esse projeto e, no mesmo dia, edite uma medida provisória tratando sobre o mesmo tema. Neste caso,
não haverá afronta ao art. 62, § 1º, IV, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2601/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 19/8/2021 (Info 1026).

Durante a pandemia da Covid-19 ficou reconhecido que as medidas provisórias podem ser instruídas perante o
plenário das Casas, ficando excepcionalmente autorizada a emissão de parecer por um deputado e um
senador, em substituição à Comissão Mista. A tramitação de medidas provisórias pelo Sistema de Deliberação
Remota (SRD) — instituído em razão da pandemia do novo coronavírus e regulado pelo Ato Conjunto das Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal n. 1/2020 — não viola o devido processo legislativo. STF.
Plenário. ADI 6751/DF, ADPF 661/DF e ADPF 663/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 3/9/2021 (Info
1028).

TRIBUNAL DE CONTAS

Os Tribunais de Contas dos Estados são organizados pelas Constituições Estaduais. Contudo, por força do
princípio da simetria, as regras do TCU também são aplicadas, no que couber, aos TCE’s, conforme
determina o art. 75 da CF:
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros.
Vale ressaltar que o princípio da simetria previsto nesse art. 75 aplica-se:
• aos Tribunais de Contas Estaduais; e
• aos Tribunais de Contas dos Municípios. Por outro lado, essa simetria não abrange o Tribunal de Contas do
Município (TCM).
O preceito veiculado pelo art. 75 da Constituição Federal aplica-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal e dos Tribunais e Conselhos de Contas dos
Municípios, excetuando-se ao princípio da simetria os Tribunais de Contas do Município.
Dessa forma, não é obrigatória a instituição e regulamentação do Ministério Público especial junto ao
Tribunal de Contas do Município de São Paulo.
STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2021 (Info 1011).

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Os Estados não têm legitimidade ativa para a execução de multas aplicadas, por Tribunais de Contas
estaduais, em face de agentes públicos municipais, que, por seus atos, tenham causado prejuízos a
municípios.
Tese fixada pelo STF: “O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa
aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário
municipal”.
STF. Plenário. RE 1003433/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
14/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 642) (Info 1029).

É assegurada, aos membros do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, a prerrogativa de requerer
informações diretamente aos jurisdicionados do respectivo Tribunal, sem subordinação ao Presidente da Corte.
STJ. 1ª Turma. RMS 51.841/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 06/04/2021 (Info 691)

É constitucional a norma do Regimento Interno do Tribunal de Contas no sentido de haver reeleição do


Presidente e do Vice-Presidente.
É inaplicável o art. 93 da CF/88 e do art. 102 da LOMAN, considerada a organização, composição e
funcionamento dos Tribunais de Contas, os quais, enquanto órgãos auxiliares do Poder Legislativo, não guardam
tal relação de simetria com o Poder Judiciário.
Portanto, é constitucional a norma do Regimento Interno do Tribunal de Contas no sentido de haver reeleição do
Presidente e do Vice-Presidente.
STF. Plenário. ADI 3377, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 01/03/2021.

Auditores jurídicos e Auditores do controle externo são duas classes de servidores do Tribunal de Contas da
Bahia (TCE/BA). Essas duas carreiras não se confundem com o Auditor substituto de Ministro ou Conselho de
que trata o art. 73, § 4º, da CF/88.
Assim, não é possível a equiparação legislativa do cargo de Auditor Jurídico e de Auditor do Controle Externo do
TCE/BA com o cargo de Auditor previsto no art. 73, § 4º, da CF/88. Somente para este último é atribuída a
substituição de Ministros do TCU ou de Conselheiros do TCE e o exercício de atos da judicatura.
STF. Plenário. ADI 4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/4/2021 (Info 1013).

O conselheiro de TCE não está sujeito a notificação ou intimação para comparecimento como testemunha
perante comissão parlamentar de investigação, podendo apenas ser convidado.
Caso concreto: Câmara Municipal instaurou Comissão de Investigação para apurar possível quebra de decoro
parlamentar envolvendo Vereadores. Dois conselheiros do TCE foram intimados para depor como testemunhas
de defesa. O STJ não concordou com essa intimação. Os Conselheiros do TCE são equiparados a magistrados
(equiparados a Desembargador do TJ). Logo, não podem ser notificados ou intimados pela comissão, podendo
ser convidados a comparecer. Aplicam-se aos Conselheiros do TCE as garantias do art. 33, I e IV, da LOMAN (LC
35/79). STJ. Corte Especial. HC 590.436-MT, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/11/2021 (Info 718).

Cabe ACP para questionar nomeação para o Tribunal de Contas sob o argumento de que o nomeado não
preencheria os requisitos da idoneidade moral e reputação ilibada.
É juridicamente possível o pedido de anulação da nomeação e posse de Conselheiro de Tribunal de Contas de
Município, veiculado em ação civil pública, com fundamento na constatação de que este não preenche os
requisitos de idoneidade moral e reputação ilibada. STJ. 1ª Turma. REsp 1.347.443-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 19/10/2021, DJe 21/10/2021 (Info 714).

MPTC não possui iniciativa legislativa, sua organização não é tratada por lei complementar e a CF/88 não

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autoriza que seus vencimentos e vantagens sejam equiparados aos do MP comum.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas encontra-se estritamente vinculado à estrutura da Corte de
Contas e não detém autonomia jurídica e iniciativa legislativa para as leis que definem sua estrutura
organizacional. É inconstitucional a exigência de lei complementar para regular a organização do Ministério
Público especial. A Constituição não autoriza a equiparação de “vencimentos” e “vantagens” entre membros do
Ministério Público especial e membros do Ministério Público comum. STF. Plenário. ADI 3804/AL, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 3/12/2021 (Info 1040)

PODER JUDICIÁRIO

Servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público não podem exercer a advocacia.


São constitucionais as restrições ao exercício da advocacia aos servidores do Poder Judiciário e do Ministério
Público, previstas nos arts. 28, IV, e 30, I, da Lei nº 8.906/94, e no art. 21 da Lei nº 11.415/2006 (atual art. 21 da Lei
nº 13.316/2015). STF. Plenário. ADI 5235/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 11/6/2021 (Info 1021)

É inconstitucional a previsão de “controle de qualidade”, a cargo do Poder Executivo, para aferir os


serviços públicos prestados pelo Poder Judiciário. Caso concreto: Lei estadual previu a possibilidade de o
Poder Executivo fazer o controle de qualidade da prestação de serviços públicos prestados pelo Poder Judiciário
(exs: tempo médio de atendimento ao cidadão quando de demandas judiciais; índice de satisfação do cidadão
com os serviços de justiça; taxa de resolução de demandas de cidadãos por justiça em prazos inferiores a 90
dias). Tais dispositivos da lei estadual são inconstitucionais. A possibilidade de um órgão externo exercer
atividade de fiscalização das atividades do Poder Judiciário, sob pena de sanções pecuniárias e controle
orçamentário, ofende a independência e a autonomia financeira, orçamentária e administrativa do Poder
Judiciário, consagradas nos arts. 2º e 99 da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 1905/RS, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 16/8/2021 (Info 1025)

São inconstitucionais normas de regimento interno de tribunal local que, no processo de progressão na
carreira da magistratura, complementam a LOMAN com critérios de desempate estranhos à função
jurisdicional. É competência da União legislar sobre a organização da magistratura nacional, mediante Lei
Complementar de iniciativa reservada ao Supremo Tribunal Federal. Logo, deve ser reconhecida a
inconstitucionalidade formal de normas estaduais com conteúdo em desacordo com a legislação nacional. O art.
164, IV, “e” e “f”, do Regimento Interno do TJRO, exorbitou indevidamente ao estabelecido pela LOMAN,
desprezando o critério da precedência na carreira para efeito de promoção a entrância superior em prol dos
critérios do tempo de exercício de função pública, não especificamente como magistrado, e do tempo de serviço
prestado ao Estado de Rondônia. Assim, é inconstitucional norma do regimento interno do Tribunal de Justiça
que preveja como critérios de desempate no processo de promoção de magistrados: i) o maior tempo de serviço
público; ii) o maior tempo de serviço público prestado ao Estado. STF. Plenário. ADI 6766/RO, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 20/8/2021 (Info 1026).

É inconstitucional o art. 58, VI, da Lei nº 11.697/2008 (lei de organização judiciária do DF), que prevê o tempo de
serviço público efetivo como sendo um dos critérios de apuração da antiguidade dos magistrados. Compete ao
Supremo Tribunal Federal a iniciativa para propor projeto de lei que disponha sobre critério de desempate para
promoção na carreira da magistratura. É inconstitucional norma que adote tempo de serviço em qualquer cargo
público como critério de desempate para promoção na magistratura. A utilização do critério de tempo de serviço

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público favoreceria injustamente o magistrado com trajetória profissional exercida de modo preponderante no
setor público. STF. Plenário. ADPF 6779/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/8/2021 (Info 1027)

É inconstitucional lei ordinária que fixa idades mínima e máxima para ingresso na magistratura. É
inconstitucional norma estadual que estabelece limites etários para ingresso na magistratura. Normas
estaduais (sejam leis ou normas da Constituição Estadual), que disponham sobre o ingresso na carreira da
magistratura violam o art. 93, caput, da CF/88, por usurpar iniciativa legislativa privativa do STF: Art. 93. Lei
complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados
os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações,
à ordem de classificação; STF. Plenário. ADI 6794/CE, ADI 6795/MS e ADI 6796/RO, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 24/9/2021 (Info 1031).

Se, após elaborar a lista sêxtupla para o quinto constitucional, a OAB perceber que um dos indicados não
preencheu os requisitos, ela poderá pedir a desconsideração da lista ainda que já tenha havido a
nomeação do indicado.
A Ordem dos Advogados do Brasil possui autonomia para elaborar e revisar lista sêxtupla para indicação de
advogados para concorrer à vaga do quinto constitucional. STJ. Corte Especial. AgInt na SS 3.262-SC, Rel.
Presidente Min. Humberto Martins, julgado em 20/10/2021 (Info 716).

É inconstitucional norma de constituição estadual que, ao dispor a respeito da remoção de magistrados,


cria distinção indevida entre juízes titulares e substitutos.
Ao dispor sobre matéria própria do Estatuto da Magistratura, o dispositivo da constituição estadual violou,
formalmente, a reserva de lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, prevista no art.
93, caput, da Constituição Federal. Enquanto não editada a referida lei complementar, a uniformização do
regime jurídico da magistratura permanece sob a regência da LC 35/79, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional
(LOMAN), de modo que não é possível ao legislador estadual inovar sobre esse âmbito. Ademais, o dispositivo
impugnado ofendeu, materialmente, o princípio constitucional da isonomia ao estabelecer tratamento
diferenciado entre juízes titulares e substitutos. STF. Plenário. ADI 3358/PE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
22/10/2021 (Info 1035)

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A declaração de inconstitucionalidade em abstrato de normas legais, diante do efeito repristinatório que


lhe é inerente, importa a restauração dos preceitos normativos revogados pela Lei declarada
inconstitucional, de modo que o autor deve impugnar toda a cadeia normativa pertinente.
Em outras palavras, o STF exige a impugnação da íntegra da cadeia normativa incompatível com a Constituição,
para que a decisão atinja as leis que “exteriorizem os mesmos vícios de inconstitucionalidade que inquinam a
legislação revogadora”.
Por outro lado, o STF exige apenas a impugnação da cadeia de normas revogadoras e revogadas até o
advento da Constituição de 1988, porquanto o controle abstrato de constitucionalidade abrange tão
somente o direito pós-constitucional.
Nada obstante, admitiu-se o cabimento de ação direta de inconstitucionalidade nos casos em que o autor, por
precaução, incluiu, em seu pedido, também a declaração de revogação de normas anteriores à vigência do novo
parâmetro constitucional.
STF. Plenário. ADI 4711/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 28/09/2021.

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O STF admite o uso das ações do controle concentrado de constitucionalidade para o exame de atos
normativos infralegais, nos casos em que a tese de inconstitucionalidade articulada pelo autor propõe o
cotejo da norma impugnada diretamente com o texto constitucional.
No caso, a Resolução do Conselho não tratou de mero exercício de competência regulamentar, mas expressou
conteúdo normativo que lida diretamente com direitos e garantias tutelados pela Constituição. Por esse motivo,
cabe ADI para questionar a norma.
STF. Plenário. ADI 3481/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021 (Info 1008).

A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de controle da


inconstitucionalidade por omissão.
A ADPF pode ter por objeto as omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas ou não
normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em geral do poder público, desde
que essas omissões se afigurem lesivas a preceito fundamental, a ponto de obstar a efetividade de norma
constitucional que o consagra. STF. Plenário.
ADPF 272/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2021 (Info 1011)

Não é admitido o aditamento à inicial da ação direta de inconstitucionalidade após o recebimento das
informações dos requeridos e das manifestações do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da
República.
STF. Plenário. ADI 4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/4/2021 (Info 1013).

Governador de Estado afastado cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de denúncia por
crime comum — não tem legitimidade ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade.
STF. Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/4/2021 (Info 1015)

Não cabe ADI no TJ contra lei ou ato normativo municipal que viole a Lei Orgânica do Município. Ao
analisar dispositivos da Constituição do Estado de Pernambuco, o STF chegou a duas importantes conclusões:
I – Não cabe controle concentrado de constitucionalidade de leis ou ato normativos municipais contra a Lei
Orgânica respectiva. Em outras palavras, a Lei Orgânica do Município não é parâmetro de controle abstrato
de constitucionalidade estadual, uma vez que a Constituição Federal, no art. 125, § 2º, estabelece como
parâmetro apenas a Constituição Estadual. Assim, é inconstitucional dispositivo da Constituição estadual que
afirme ser possível ajuizar ADI, no Tribunal de Justiça, contra lei ou ato normativo estadual ou municipal sob o
argumento de que ele viola a Lei Orgânica do Município.
II – Não compete ao Poder Legislativo, de qualquer das esferas federativas, suspender a eficácia de lei ou
ato normativo declarado inconstitucional em controle concentrado de constitucionalidade. Desse modo, é
inconstitucional dispositivo da Constituição estadual que afirme que, se o Tribunal de Justiça declarar a
inconstitucionalidade de lei em ação direta de inconstitucionalidade (controle concentrado de
constitucionalidade), ele precisará comunicar essa decisão à Assembleia Legislativa (se for lei estadual) ou à
Câmara de Vereadores (se for lei municipal) a fim de que o órgão legislativo suspenda a eficácia dessa lei. STF.
Plenário. ADI 5548/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/8/2021 (Info 1025).

Ação de controle concentrado de constitucionalidade não pode ser utilizada como sucedâneo das vias
processuais ordinárias. Caso concreto: partido político ajuizou ADPF alegando que determinados discursos,
pronunciamentos e comportamentos do Presidente da República, de Ministros de Estado e de outros
integrantes do alto escalão do Poder Executivo federal representariam violação de preceitos fundamentais do
Estado Democrático de Direito e do direito à saúde. O autor pediu “que o Presidente da República, bem como
todos os seus Ministros e auxiliares imediatos pautem doravante seus atos, práticas, discursos e

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pronunciamentos em conformidade com os princípios constitucionais suprareferidos.” O STF não conheceu da
ADPF. Na ação, o partido pede, em síntese, que o STF profira comando judicial para que o Presidente da
República e seus auxiliares cumpram a Constituição. Ocorre que isso já é óbvio. À luz do constitucionalismo
contemporâneo, não há qualquer dúvida de que a supremacia constitucional é o postulado sobre o qual se
assenta a validade de todos os atos estatais. Mostra-se inócua e desprovida de qualquer utilidade provocar o
Poder Judiciário objetivando, única e exclusivamente, declarar que as autoridades públicas estão sujeitas à
ordem constitucional. Em um Estado Democrático de Direito, como o Brasil, nenhum ato jurídico pode ser
praticado validamente à margem da Constituição. Transgressões aos princípios e regras constitucionais
praticadas por autoridades públicas ou particulares, quando ocorrem, exigem a intervenção judicial, em caráter
preventivo ou repressivo, diante de situações concretas e específicas, e não por meio de uma ação de controle
concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADPF 686/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/10/2021
(Info 1034).

Tribunal de Justiça pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro a Constituição Federal,
desde que seja uma norma de reprodução obrigatória.
É constitucional o dispositivo de constituição estadual que confere ao tribunal de justiça local a prerrogativa de
processar e julgar ação direta de constitucionalidade contra leis e atos normativos municipais tendo como
parâmetro a Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados. STF.
Plenário. ADI 5647/AP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 3/11/2021 (Info 1036)

PRECATÓRIOS

Caesb – Companhia de Saneamento do Distrito Federal (sociedade de economia mista) está sujeita ao regime de
precatórios e não pode ter seus bens penhorados para pagamento de verbas trabalhistas.
São inconstitucionais os pronunciamentos judiciais que determinam bloqueios e outros atos de constrição sobre
bens e valores da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para o pagamento de verbas
trabalhistas. STF. Plenário. ADPF 890 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2021 (Info 1039)

MINISTÉRIO PÚBLICO

A Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB ajuizou ADI contra o art. 2º e o art. 91, V, da Lei Complementar
estadual nº 106/2003, do Estado do Rio de Janeiro. O art. 2º prevê autonomia financeira ao MP.
O art. 91, V, afirma que os membros do MP possuem direito à gratificação pela prestação de serviço à Justiça
Eleitoral, verba a ser paga pelo TRE.
A AMB possui pertinência temática para ajuizar ações que busquem o aperfeiçoamento e a defesa do
funcionamento do próprio Poder Judiciário.
Assim, o interesse dessa associação não se restringe às matérias de interesse corporativo.
O art. 2º é constitucional. É constitucional dispositivo de lei estadual que prevê a autonomia financeira do
Ministério Público. Fundamento: art. 127, § 1º e § 3º, da CF/88.
O art. 91, V é inconstitucional. É inconstitucional dispositivo de lei estadual que institui gratificação aos membros
do MP pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral a ser paga pelo Poder Judiciário. A previsão representa uma
inadequada ingerência na autonomia financeira do Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 2831/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/4/2021 (Info 1015)

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É inconstitucional norma que sujeita a escolha do Chefe do Ministério Público estadual à aprovação das
Assembleias Legislativas.
STF. Plenário. ADI 6608, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/06/2021.

É inconstitucional emenda à Constituição estadual que trate sobre normas gerais para a organização do
Ministério Público e sobre atribuições dos órgãos e membros do Parquet
Foi editada emenda à Constituição estadual afirmando que somente o PGJ poderia instaurar inquérito civil e
propor ACP contra membros do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas, do Ministério
Público e da Defensoria Pública. Essa emenda padece de vícios de inconstitucionalidade formal e material.
A referida emenda é formalmente inconstitucional porque:
a) usurpou a iniciativa reservada pela Constituição Federal ao Presidente da República para tratar sobre
normas gerais para a organização do Ministério Público estadual (art. 61, § 1º, II, “d”, da CF/88);
b) tratou sobre matéria que deve ser disciplinada por meio de lei complementar de iniciativa do chefe do
Ministério Público estadual (§ 5º do art. 128 da CF/88).
Além disso, constata-se inconstitucionalidade material na norma impugnada por ofensa à autonomia e à
independência do Ministério Público, asseguradas pelo § 2º do art. 127 e pelo § 5º do art. 128 da CF/88.
STF. Plenário. ADI 5281/RO e ADI 5324/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016).

É inconstitucional lei estadual que exige que o membro do Ministério Público comunique à Corregedoria
todas as vezes que for se ausentar da comarca onde está lotado.
É inconstitucional, por configurar ofensa à liberdade de locomoção, a exigência de prévia comunicação ou
autorização para que os membros do Ministério Público possam se ausentar da comarca ou do estado onde
exercem suas atribuições. STF. Plenário. ADI 6845/AC, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 22/10/2021 (Info 1035)

DEFENSORIA PÚBLICA

Defensor Público não precisa ser inscrito na OAB para exercer suas funções.
Não se harmoniza com a Constituição Federal o art. 3º da Lei 8.906/1994 ao estatuir a dupla sujeição ao regime
jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao da Defensoria Pública, federal ou estadual. Tese fixada
pelo STF: É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos quadros da Ordem dos
Advogados do Brasil. STF. Plenário. RE 1240999/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/11/2021
(Repercussão Geral – Tema 1074) (Info 1036).
Os Defensores Públicos não precisam estar inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para
desempenhar suas funções institucionais. STF. Plenário. ADI 4636/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
3/11/2021 (Info 1036)

Nos processos judiciais eletrônicos, a intimação dos atos processuais se aperfeiçoa com a consulta eletrônica
realizada pela parte, que deve ocorrer em até dez dias corridos, contados a partir da data de envio da
comunicação. Essa previsão se aplica inclusive às entidades que gozam da prerrogativa de notificação pessoal,
tal como a Defensoria Pública. Caso a consulta não ocorra dentro do prazo de dez dias corridos, considerar-se-á
intimada a parte, automaticamente, ao término do prazo.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1513473/AL, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/06/2021.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC n. 616.973/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020.

A Defensoria Pública pode prestar assistência jurídica às pessoas jurídicas que preencham os requisitos
constitucionais.

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A Defensoria Pública, por obrigação, deve prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos. Todavia, suas funções a essas não se restringem ao aspecto econômico. A Defensoria
Pública deve zelar pelos direitos e interesses de todos os necessitados, não apenas sob o viés financeiro, mas
também sob o prisma da hipossuficiência e vulnerabilidade decorrentes de razões outras (idade, gênero, etnia,
condição física ou mental etc.). Conclui-se que a Defensoria Pública, agente de transformação social, tem por
tarefa assistir aqueles que, de alguma forma, encontram barreiras para exercitar seus direitos. Naturalmente.
sua atribuição precípua é o resguardo dos interesses dos carentes vistos sob o prisma financeiro. Todavia não é
a única. Isso porque, como sabemos, as desigualdades responsáveis pela intensa instabilidade social não são
apenas de ordem econômica. Não há, em princípio, impedimento insuperável a que pessoas jurídicas
venham, também, a ser consideradas titulares de direitos fundamentais, não obstante estes,
originalmente, terem por referência a pessoa física. As expressões “insuficiência de recursos” e
“necessitados” podem aplicar-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas. Portanto, há a
possibilidade de que pessoas jurídicas sejam, de fato, hipossuficientes e, portanto, sejam assistidas pela
Defensoria Pública. STF. Plenário. ADI 4636/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2021 (Info 1036)

Municípios podem instituir a prestação de assistência jurídica à população de baixa renda.


A prestação desse serviço público para auxílio da população economicamente vulnerável não tem por objetivo
substituir a atividade prestada pela Defensoria Pública. O serviço municipal atua de forma simultânea.
Trata-se de mais um espaço para garantia de acesso à jurisdição (art. 5º, LXXIV, da CF/88). Os municípios detêm
competência para legislar sobre assuntos de interesse local, decorrência do poder de autogoverno e de
autoadministração. Assim, cabe à administração municipal estar atenta às necessidades da população,
organizando e prestando os serviços públicos de interesse local (art. 30, I, II e V). Além disso, a competência
material para o combate às causas e ao controle das condições dos vulneráveis em razão da pobreza e para a
assistência aos desfavorecidos é comum a todos os entes federados (art. 23, X). STF. Plenário. ADPF 279/SP, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/11/2021 (Info 1036)

SEGURANÇA PÚBLICA

Os institutos de criminalística dos Estados podem ser instituídos como órgãos próprios, com autonomia
formal, ou podem integrar os demais órgãos de segurança pública
Os Estados podem optar por garantir a autonomia formal aos institutos de criminalística ou podem integrá-los
aos demais órgãos de segurança pública, sem que isso importe ofensa material à Constituição. A existência, nos
quadros da Administração Pública estadual, de órgão administrativo de perícias não gera obrigação de
subordiná-lo à polícia civil.
STF. Plenário. ADI 6621/TO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 7/6/2021 (Info 1020).

CULTURA

São constitucionais a cota de tela, consistente na obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais nos
cinemas brasileiros, e as sanções administrativas decorrentes de sua inobservância.
A denominada “cota de tela” promove intervenção voltada a viabilizar a efetivação do direito à cultura, sem, por
outro lado, atingir o núcleo dos direitos à livre iniciativa, à livre concorrência e à propriedade privada, apenas
adequando as liberdades econômicas à sua função social.

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STF. Plenário. RE 627432/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 704) (Info
1010).

São constitucionais os procedimentos licitatórios que exijam percentuais mínimos e máximos a serem
observados pelas emissoras de rádio na produção e transmissão de programas culturais, artísticos e
jornalísticos locais, nos termos do art. 221 da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 1070522/PE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 1013) (Info
1010).

TEMAS DIVERSOS

AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA

O Presidente da República tem liberdade para escolher como Reitor qualquer um dos três nomes da lista a ele
encaminhada, não sendo obrigado a nomear o mais votado.
A Lei nº 5.540/68, com redação dada pela Lei nº 9.192/95, prevê que a Universidade, por meio do seu colegiado
máximo, irá encaminhar ao Presidente da República uma lista com três nomes de professores da instituição. A
partir dessa lista tríplice, o Presidente escolhe um nome e o nomeia para um mandato de 4 anos.
Essa opção legal pela escolha dos dirigentes máximos das universidades em ato complexo não ofende a
autonomia universitária, prevista no art. 207 da Constituição.
O ato de nomeação dos Reitores de universidades públicas federais, regido pela Lei nº 5.540/68, com a redação
dada pela Lei nº 9.192/95, não afronta o art. 207 da Constituição Federal, por não significar tal ato um
instrumento de implantação de políticas específicas determinadas pelo chefe do Poder Executivo, nem indicar
mecanismo de controle externo à autonomia universitária. Trata-se de discricionariedade mitigada que, a
partir de requisitos objetivamente previstos pela legislação federal, exige que a escolha do chefe do
Poder Executivo recaia sobre um dos três nomes eleitos pela universidade.
STF. Plenário. ADPF 759 MC-Ref/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

É inconstitucional emenda à Constituição Estadual que confere autonomia financeira e orçamentária


próprias de órgãos de Poder à universidade estadual.
É constitucional o repasse de recursos orçamentários para universidade estadual na forma de
duodécimos.
Não pode o Estado-membro, por meio de sua Constituição ou legislação, instituir procuradoria jurídica própria
para universidade estadual.
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que preveja que a Universidade Estadual
escolherá seu reitor sem qualquer participação do Chefe do Poder Executivo no processo.
Também é inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que preveja iniciativa privativa da
Universidade Estadual para propor projeto de lei que disponha sobre sua estrutura e funcionamento
administrativo, bem como sobre suas atividades pedagógicas.
STF. Plenário. ADI 5946/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021 (Info 1018)

A previsão de nomeação “pro tempore”, pelo Ministro da Educação, de dirigentes de instituições de ensino
federais viola os princípios da isonomia, da impessoalidade, da proporcionalidade, da autonomia e da
gestão democrática do ensino público.

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É cabível ação direta de inconstitucionalidade contra Decreto presidencial quando este assume feição
flagrantemente autônoma, ou seja, quando não regulamenta lei, apresentando-se como ato normativo
independente que inova na ordem jurídica, criando, modificando ou extinguindo direitos e deveres.
STF. Plenário. ADI 6543/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/3/2021 (Info 1011).

SIGILO PROFISSIONAL

Em processo de execução, juiz não pode determinar que o advogado do executado junte aos autos
contrato de prestação de serviços advocatícios para que se verifique o real endereço do devedor. Decisão
judicial que determina a apresentação do contrato de serviços advocatícios, com a finalidade de verificação do
endereço do cliente/executado, fere o direito à inviolabilidade e sigilo profissional da advocacia. Caso
concreto: em um processo de execução (cumprimento de sentença), o juiz determinou que o advogado do
devedor juntasse aos autos o contrato de serviços advocatícios para se verificar o real endereço do executado a
fim de que pudesse ser expedido mandado de penhora contra o devedor. O STJ cassou a decisão afirmando que
ela fere o direito à inviolabilidade e sigilo profissional da advocacia. STJ. 4ª Turma. RMS 67.105-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 21/09/2021 (Info 710).

Material extraído dos informativos (versão resumida), disponibilizados pelo prof. Márcio Cavalcante no site
https://www.dizerodireito.com.br, e destacados nas partes mais importantes pela equipe da Legislação Destacada.

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