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Salvador
2008
4
INDICE
1 DIREITO CONSTITUCIONAL: ORIGEM E CONCEITO
1.3 HISTÓRICO
1.4 CONSTITUCIONALISMO
1.6 TIPOLOGIA
2 O SISTEMA CONSTITUCIONAL
b) DA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA
c) DA INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
5.1 A RECEPÇAO
5.2 A REPRISTINAÇÃO
6 O PREÂMBULO CONSTITUCIONAL
A CONSTITUIÇÃO DE 1824
8 O PODER CONSTITUINTE
9.1 ORIGEM
9.2 CONCEITUAÇÃO
10 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
10.1 FUNDAMENTOS
I – A SOBERANIA:
II – A CIDADANIA;
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA:
IV - OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA:
V - O PLURALISMO POLÍTICO:
11.3 DA IGUALDADE
11.36 DA EXTRADIÇÃO
14 DA NACIONALIDADE
16 DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
16.2.1 DA UNIÃO
17 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
18.1.2.7 DA RESOLUÇÃO
19 DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
20.3 DA ADVOCACIA
24 ORDEM SOCIAL
24.3 DA SAÚDE
24.6 DA EDUCAÇÃO
24.7 DA CULTURA
24.8 DO DESPORTO
24.12 DA FAMÍLIA
ANEXOS
I - LEGISLAÇÃO
II – MODELOS
BIBLIOGRAFIA
16
DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito
Origem
VOLTAR
VOLTAR
1.3 HISTÓRICO
1
LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1998.
2
HESSE, Konrad. A Força Normativa da Constituição. Porto Alegre: Safe, 1991.
3
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Revista dos Tribunais, São Paulo, p. 103, 2003,
18
VOLTAR
1.4 CONSTITUCIONALISMO
Conceito
4
BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no Pensamento de Emanuel Kant. Brasília: UNB, 1997, p. 15.
19
1.6 TIPOLOGIA
VOLTAR
VOLTAR
7
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. São Paulo: Atlas, 2001. p. 37.
21
2 O SISTEMA CONSTITUCIONAL
VOLTAR
VOLTAR
23
Vale dizer, a matéria constitucional foi devidamente regulada, mas a sua aplicação
está condicionada a prévia existência de outra lei específica que a discipline, assim previsto
expressamente. Exemplo: “Art. 5o, XIII: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam
“aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses
interesses após uma normatividade ulterior que lhe desenvolva a aplicabilidade”.
Isto quer dizer que esse tipo de norma constitucional, para entrar em vigor, vale
dizer, para ter aplicabilidade prática, depende de uma lei posterior que a regulamente.
Ao lado da classificação de José Afonso da Silva, adotada pela maioria dos nossos
doutrinadores, temos as chamadas “normas programáticas”, que não têm aplicação ou
execução imediata, mas se constituem em comandos-regras, pois explicitam comandos-valor.
Jorge Miranda12, mestre português da Universidade de Coimbra, diz que as
normas programáticas
conferem elasticidade ao ordenamento constitucional; têm como destinatário
primacial – embora não único – o legislador, a cuja opção fica a ponderação do
tempo e dos meios em que vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a
discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as
invoquem já (ou imediatamente após a entrada em vigor da Constituição), pedindo
aos tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver quem afirme que os
direitos que delas constam, máxime os direitos sociais, têm mais natureza de
9
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais.Revista dos Tribunais, São Paulo, p. 89-91,
1998.
10
MORAES, Alexandre. Direito constitucional. São Paulo: Atlas, 2001. p. 39.
11
Ibid., p. 39.
12
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra Editora, 1997. v. 4.
24
Assim, na prática, verificamos que as normas programáticas são aquelas que não
regulam diretamente interesses ou direitos nelas consagrados, mas, ao contrário, limitam-se a
traçar preceitos que devem ser cumpridos pelo Poder Público.
Tércio Sampaio Ferraz Jr.13, afirma que “a eficácia técnica, neste caso, é limitada.
E a eficácia social depende da própria evolução das situações de fato. Daí resulta uma
aplicabilidade dependente.”
São exemplos de normas programáticas os arts. 21, IX, 23, 170, 205, 211, 215 e
218, da Constituição Federal.
VOLTAR
13
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Interpretação e estudos da Constituição de 1988. São Paulo: Atlas, 1990.
25
14
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Revista dos Tribunais, São Paulo, p. 103, 2003,
15
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2002. p. 138.
16
SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição Federal. RJ: Lúmen Juris, 2002. p. 100.
17
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 1997. p.232.
26
É por meio dessa visão unitária que fica consagrada a interdependência entre as
normas constitucionais.
Este princípio postula que haja uma relação simétrica entre as normas jurídicas da
Constituição Federal e as regras estabelecidas nas Constituições Estaduais, e mesmo
Municipais. Isto quer dizer que no sistema federativo, ainda que os Estados-Membros e os
Municípios tenham capacidade de auto-organizar-se, esta auto-organização se sujeita aos
limites estabelecidos pela própria Constituição Federal.
Assim, pelo princípio da simetria, os Estados-Membros se organizam obedecendo
ao mesmo modelo constitucional adotado pela União. Por este princípio, por exemplo, as
unidades federativas devem estruturar seus governos de acordo com o princípio da separação
de poderes.
VOLTAR
18
BARBOSA, Rui. Comentários à Constituição Federal Brasileira. São Paulo: Saraiva, 1993, p. 495, 506 e 516,
v.5.
27
VOLTAR
d) Interpretação autêntica
e) Interpretação Doutrinária
19
BATTAGLIA, Felice. Curso de filosofia del derecho. Madrid, 1951. p. 151. v. 2.
20
FRIEDE, Reis. Lições Objetivas de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 73.
21
BONAVIDES, Paulo. Direito constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1986. p. 270.
28
f) Interpretação Judicial
VOLTAR
Meio através do qual busca-se aferir o significado literal da norma jurídica por
meio de uma interpretação que leve em consideração o exame das palavras e das regras
gramaticais vigentes à época da elaboração do texto legal.
É meio fundamental como etapa preliminar a toda interpretação jurídica, não
devendo ser utilizado unicamente, contudo, como meio de interpretação.
O Juiz Black, da Suprema Corte dos Estados Unidos, foi um dos principais
defensores da interpretação literal, dizendo que tal meio de interpretação visava restringir “o
apetite de alguns juízes em extrapolar os limites constitucionais e impor suas próprias
preferências, utilizando-se de argumentos retirados do direito natural ou do devido processo
legal”.22
22
ZIMMERMANN, 2002, p. 144.
23
BONAVIDES, 1986, p. 272.
29
g) Da Interpretação Sistemática
h) Da Interpretação Histórica
Busca interpretar as leis com vistas a sua melhor aplicação na sociedade. Este tipo
de interpretação, no dizer de Zimmermann,
por esta razão, deve ser sempre observado em último lugar, evitando os elevados
riscos de que o intérprete acabe por se confundir com o próprio legislador, criando
normas jurídicas onde não existam ou, no mínimo, deturpando o verdadeiro
significado das já existentes. 26
VOLTAR
24
FRIEDE, Reis. Ciência do direito, norma, interpretação e hermenêutica jurídica. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 158.
25
ZIMMERMANN, 2002, p. 146.
26
FRIEDE, op.cit., p. 159.
30
Com os anos, a norma constitucional, como qualquer norma jurídica, pode ser alterada
ou mesmo substituída por outra.
O surgimento de nova norma constitucional pode levar, mas não leva,
necessariamente, à revogação da legislação anterior. Tal fato gera três fenômenos jurídicos
distintos que dizem respeito à aplicabilidade das novas normas constitucionais no tempo, em
contraponto às normas constitucionais anteriores à sua existência: a recepção, a repristinação
e a desconstitucionalização.
VOLTAR
31
6 O PREÂMBULO CONSTITUCIONAL
Entre nós, Luiz Pinto Ferreira considera o preâmbulo constitucional como parte
integrante da Constituição, porque, segundo ele, “revelaria a verdadeira intenção do
legislador” 28.
O professor e doutrinador Paulino Jacques tem entendimento diferente ao acima
esposado, pois considera o preâmbulo constitucional um mero princípio constitucional, e não
como norma jurídica, pois, segundo o Mestre, “ninguém poderá ingressar em juízo com ação
fundada, única e exclusivamente, no preâmbulo, que não contém normas jurídicas, mas
princípios que não autorizam a ação judiciaI.”
VOLTAR
27
Espiritu y pratica de la constitución argentina, p. 53.
28
ZIMMERMANN, 2002, p. 71
29
ZIMMERMANN, 2002, p.154.
32
A Constituição de 1824
31
BELLO, José Maria. História da República. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1954, p. 83.
32
ZIMMERMANN, 2002, p. 168.
35
33
BONAVIDES, Paulo. Política e Constituição: os caminhos da democracia. Rio de Janeiro: Forense, 1985. p.
320-321.
36
“conquistas sociais” para os trabalhadores, ainda que de forma ditatorial, reforçando, assim, o
seu desprezo pela democracia e, ao mesmo tempo, a imagem paternalista e personificadora do
Poder Estatal.
Assim, a outorga dos direitos sociais, que não foram introduzidos graças à luta
política, mas por obra e vontade do ditador, acabou por gerar o saudosismo popular para com
as ditaduras; fenômeno reforçado com o regime militar.34
VOLTAR
34
ZIMMERMMAN, 2002, p. 173-174.
35
PINTO FERREIRA. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 57.
37
36
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 56.
38
do Senado Nereu Ramos que empossou o Presidente eleito em 31/01/1956 e que cumpriu
mandato até 31/01/1961. Jânio da Silva Quadros, Presidente eleito em 15/11/1960, assumiu
em 31/01/1961 governando até 25/08/1961, quando, tentando aplicar um autogolpe, renunciou
à Presidência, e levou o País a uma crise institucional que culminou com a implantação do
regime parlamentarista.
As Forças Armadas e setores conservadores da República não queriam que o
Vice-Presidente João Goulart assumisse a Presidência, ao argumento de que ele era
esquerdista e discípulo de Getúlio Vargas, criando, assim, uma grave crise institucional.
O vice-presidente, quando da renúncia de Jânio Quadros, encontrava-se em
viagem diplomática à China, e os militares tentaram impedir o seu retorno ao País para
assumir a Presidência. Contra essa tentativa de golpe de estado levantou-se a população,
estimulada pela “cadeia da legalidade”, criada pelo governador Leonel Brizola, do Rio
Grande do Sul, que defendia a posse do Presidente e a normalidade democrática.
Para resolver esse impasse, editou-se a Emenda Constitucional nº 4, de 2 de
setembro de 1961, instituindo o regime parlamentarista, sendo escolhido como Primeiro-
Ministro o então deputado federal por Minas Gerais, Tancredo Neves.
O parlamentarismo foi, assim, a saída encontrada e aceita pelas partes para que o
Presidente João Goulart pudesse assumir o poder central.
Assumindo o governo, Jango – apelido de João Goulart –, com excepcional
maestria, conseguiu convocar um plebiscito logo para o ano imediatamente seguinte para que
o povo decidisse soberanamente sobre o regime de governo, se parlamentarista ou
presidencialista, vencendo este último, que culminou com a edição da Emenda Constitucional
nº 6, de 23 de janeiro de 1963, trazendo de volta o velho presidencialismo.
Em 31 de março de 1964, os militares insatisfeitos com o governo nacionalista de
Jango – que, dentre outras coisas, nacionalizou a exploração do petróleo e estatizou
instituições financeiras – coadjuvados pela velha oligarquia política de Minas Gerais e São
Paulo, além de políticos oportunistas, deram um golpe de estado e afastaram o Presidente
João Goulart.
Os militares, no dia 1o de abril, vale dizer, no dia seguinte ao golpe, assumiram o
poder e impuseram o Ato Institucional nº 1, institucionalizando o Regime Militar de forma a
ordenar os plenos poderes constituintes que passaram a possuir, e fortalecendo o Poder
Executivo centralizando a administração. Era a primeira de uma série de medidas arbitrárias.
Para dar foros de legalidade à situação, de forma subserviente e covarde, o então
Presidente do Senado Federal Auro de Moura Andrade, mesmo sabedor que Jango
encontrava-se em território brasileiro, mais precisamente no Rio Grande do Sul, de onde
pretendia reagir ao golpe, no dia 2 de abril de 1964, declarou a vacância do cargo, ao
argumento de que o Presidente teria deixado espontaneamente o País.
Deu-se início, a partir de então, a mais uma ditadura, com a supressão das
liberdades, já agora sob o jugo dos militares.
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37
BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a eficácia de suas normas – limites e possibilidades da
constituição brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 42.
41
8 O PODER CONSTITUINTE
É a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e
juridicamente organizado.38
O Poder Constituinte tem por objetivo a elaboração de normas jurídicas de
conteúdo constitucional.
Daí dizer-se que “a compreensão de um Poder Constituinte é contemporânea à
idéia de Constituição escrita.39
Para Reis Friede,
é fato inconteste que foi somente a partir da Constituição entendida em seu sentido
formal que a afirmação pela existência de uma norma fundamental e, por efeito, de
um Poder Constituinte – como genuína fonte do Texto Constitucional – passou a ser
compreendida [...] em sua exata dimensão, tornando explícita [...] uma autêntica
teoria sobre a própria origem das Constituições.40
38
MORAES, 2001, p.52.
39
ZIMMERMMAN, 2002, p. 119.
40
FRIEDE, p. 78.
41
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 20.
42
ZIMMERMMAN, op.cit., p. 122.
42
Esse artigo “O Federalista”, n.78, dispunha, ainda, que todo ato emanado de uma
autoridade delegada (Poder Constituído) contrário aos termos da Comissão (Poder
Constituinte) é nulo.
De igual modo, salientou Hamilton (HAMILTON apud ZIMMERMMAN, 2002,
p.123):
todo ato do corpo legislativo contrário à Constituição, não pode ter validade, porque
negar isto seria o mesmo que dizer que o delegado é superior ao constituinte, o
criado ao amo, os representantes do povo ao povo que representam; ou que aqueles
que obram em virtude de poderes delegados tanto autoridade têm para o que estes
poderes autorizam como para o que eles proíbem.
43
MORAES, 2001, p. 52.
43
44
MORAES, 2001, p. 54.
44
45
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 173.
45
justa, embora no regime capitalista; e, por fim, o intervencionismo estatal, que reconhece que
o estado deve intervir no meio econômico e social de modo a proteger as classes menos
favorecidas, dentro de um regime capitalista, o que faz acentuar a ideologia das desigualdades
e das injustiças sociais.
VOLTAR
9.2 CONCEITUAÇÃO
46
SILVA, 2002, p. 179.
46
47
SILVA, 2002, p. 182.
48
Constitucionalista, filósofo e político italiano, falecido recentemente.
49
MORAES, 2001, p. 58.
50
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 57.
47
10 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Os princípios constitucionais fundamentais são aqueles que sistematizam a
Constituição escrita, de modo a facilitar a sua compreensão e a minimizar aparentes
contradições existentes no texto constitucional. Isto porque, para a observação da lógica
inteireza do ordenamento jurídico, esses princípios atuam servindo de critérios de
interpretação das normas constitucionais na medida em que dispõem sobre valores
considerados fundamentais pelo legislador constituinte.
Para Celso Ribeiro Bastos51, sem os princípios fundamentais a Constituição se
pareceria mais com um aglomerado de normas que só teriam em comum o fato de estarem
juntas no mesmo diploma jurídico, do que com um todo sistemático e congruente.
Manoel Messias Peixinho52, assume que os princípios constitucionais
fundamentais “ocupam o mais alto posto na escala normativa, se identificam com os valores
supremos previstos em todas as Constituições, expressos em valores culturais, poéticos, que
traduzem nas intenções que formam o núcleo material da Constituição. Denotando as
dimensões normativo-materiais fundamentais da Constituição, estes princípios estão, sem
dúvida, numa posição hierarquicamente superior às outras normas constitucionais, porque,
sendo os princípios o húmus fecundo de que se alimenta todo o projeto constitucional, aquelas
dependem destes como fonte diretiva da missão política do estado”.
Podemos, assim, afirmar que os princípios fundamentais são aqueles que
representam a manifestação primeira dos valores constitucionais, e que trazem, dentro de si,
as emoções e os sentimentos dos legisladores constituintes no momento mesmo da sua
elaboração.
Os princípios constitucionais são por demais importantes para a hermenêutica
constitucional, porque, segundo Augusto Zimmermman53, se traduzem em autênticos valores
fundamentais a serem devidamente compreendidos pelo intérprete da Constituição, quando da
aplicação das demais normas constitucionais e infraconstitucionais.
Para Daniel Sarmento54 os princípios constitucionais representam o fio-condutor
da hermenêutica jurídica. Dirigindo o trabalho do intérprete em consonância com os valores e
interesses por eles abrigados.
Em caso de inexistência de norma constitucional específica sobre determinada
matéria ou assunto, estes princípios, por disporem de força supletiva, devem ser utilizados
pelo julgador no momento da sua decisão.
Ensina-nos, a propósito, o eminente jurista português, das Universidades de
Lisboa e de Coimbra, J.J. Gomes Canotilho, que esses princípios fundamentais podem revelar
normas que não são expressas por qualquer enunciado legislativo, possibilitando aos juristas,
sobretudo aos juízes, o desenvolvimento, integração e complementação do direito.55
Os princípios constitucionais fundamentais da Constituição Federal brasileira de
1988 encontram-se elencados nos artigos 1o ao 4o. São os assim também chamados de
preceitos básicos da organização constitucional.
Vamos ao seu exame individualizado:
51
BASTOS, 1999, p. 154.
52
PEIXINHO, Manoel Messias. A interpretação da Constituição e os princípios fundamentais: elementos para
uma hermenêutica constitucional renovada. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2000. p. 112-113.
53
ZIMMERMANN, 2002, p. 189.
54
SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição Federal. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,
2000. p. 55.
55
BOBBIO, Norberto. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 1997. p. 173.
48
10.1 FUNDAMENTOS
56
BOBBIO, Norberto. Democracia e liberalismo. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 44.
57
REALE, Miguel. O estado democrático de direito e o conflito de ideologias. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 2.
49
estado dentro do seu território, com o reconhecimento desta sua soberania por todos as outras
nações.
Essa soberania não pode ser vista em termos absolutos porque a ordem
internacional externa vem, cada vez mais, trazendo limitações para a ordem interna, em todos
os países do mundo civilizado, através de tratados e convenções, com vistas ao bem comum, a
boa convivência entre os povos e o respeito aos direitos humanos. São exemplos disso os
tratados de não proliferação de armas nucleares, e o de respeito ao meio ambiente (Tratado de
Kyoto), dentre outros.
II – A Cidadania: é atributo ou qualidade do indivíduo que possui direitos
políticos e civis. Essa cidadania pode ser ativa e passiva. Cidadania ativa consiste na
existência de direitos civis e políticos ativos, referente à capacidade de ser eleitor; a cidadania
passiva consubstancia-se na capacidade que tem o cidadão de ser votado, de ser eleito. Todo
cidadão passivo é, também, cidadão ativo, mas nem todo cidadão ativo é, também, passivo.
Exemplo: o analfabeto.
III – A Dignidade da pessoa humana: a ninguém é dado o direito de violar os
direitos do homem, e cabe ao Estado a proteção desses direitos e a garantia do exercício das
liberdades individuais.
A dignidade, no dizer de Alexandre de Moraes, é um valor espiritual e moral
atinente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e
responsável da própria vida, e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais
pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar,
de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos
direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas
as pessoas enquanto serem humanos58.
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: segundo Miguel Reale, é
graças a essa norma constitucional que é vedada toda e qualquer opção ideológica que
redunde, por um lado, na estatização da economia, em dano da livre iniciativa, e, por outro,
vise a dar à nossa sociedade civil configuração outra que não resultante dos valores sociais do
trabalho, gerando privilégios parasitários nocivos ao bem público. Para esse grande Mestre, o
valor social do trabalho e a livre iniciativa conferem um efetivo sentido ideológico à nossa
Constituição, que nitidamente faria consagrar o social-liberalismo, segundo o qual o Estado
também atua como agente normativo e regulador da atividade econômica, muito embora sem
se tornar empresário, a não ser em casos excepcionalíssimos, por imperativos de segurança
nacional ou relevante interesse coletivo definido em lei59.
O Pluralismo político: demonstra os anseios básicos da democracia pelo
legislador constituinte originário, de forma a eliminar toda e qualquer tentativa de
autoritarismo e a afirmar a ampla e livre participação do povo nos destinos do País,
garantindo a possibilidade de organização e participação de partidos políticos no processo
democrático.
O parágrafo único do artigo 1o da Constituição Federal do Brasil de 1988 consagra
o princípio democrático, ínsito do Estado Democrático de Direito, que consagra o povo como
a única origem de poder, e determina através de quem esse poder é exercido.
Esse princípio, no dizer de Virgílio de Jesus Miranda Carvalho60, exprime
fundamentalmente a exigência da integral participação de todos e de cada uma das pessoas na
vida política do país.
VOLTAR
58
MORAES, 2001, p.48.
59
REALE, 1999, p. 4 e 45.
60
CARVALHO, Virgílio de Jesus Miranda. Os valores constitucionais fundamentais: esboço de uma análise
axiológico-normativa. Coimbra: Coimbra Editora, 1992. p. 22.
50
VOLTAR
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes [...].
VOLTAR
VOLTAR
61
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva,
1989, p. 45. v.2.
62
MORAES, 2001, p. 61.
52
11.3 DA IGUALDADE
VOLTAR
11.4 DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES
63
BASTOS; MARTINS, 1989, p. 13.
53
Assim, a obediência dos particulares deve se dar para com o Legislativo, que
elabora as leis às quais ficam eles, particulares, vinculados. Os outros poderes, o Executivo e
o Judiciário, somente compelem o particular a fazer ou deixar de fazer alguma coisa na
medida em que aplicam a vontade da lei, vedada, contudo, a imposição ao indivíduo de
obrigações calcadas na sua exclusiva autoridade.
Em verdade, fazendo-se uma observação mais acurada, verifica-se que o princípio
da legalidade se aproxima mais de uma garantia constitucional do que propriamente de um
direito individual, uma vez que ele não tutela, de forma específica, um bem da vida, mas
assegura ao particular o direito de repelir as injunções que lhe sejam impostas por qualquer
outro meio que não através da lei. Esta, a lei, é elevada, pelo princípio da legalidade, à
condição de veículo supremo da vontade do Estado.
É de se ter atenção para não se confundir o princípio da legalidade, acima tratado,
com o princípio da reserva legal. Este consiste, tão-só, em definir, informar, que a
regulamentação de determinados assuntos deverá ser feita através de lei formal, escrita.
A reserva legal é prevista constitucionalmente sob dois aspectos:
> da reserva legal absoluta – quando a norma constitucional exige para sua
regulamentação a edição de lei formal, editada pelo Congresso Nacional de acordo com o
devido processo legislativo constitucional, estabelecido no Título IV, Capítulo I, Seção VIII;
> da reserva legal relativa – quando a norma constitucional, apesar de exigir a
edição de uma lei em sentido formal, admite que esta estabeleça apenas os parâmetros de
atuação para um determinado órgão administrativo a quem comete poderes para
complementá-la através de ato infralegal, respeitados os limites e/ou requisitos estabelecidos
na própria legislação. Esta hipótese deve estar expressamente contida no Texto
Constitucional.
VOLTAR
64
SILVA, 2002, p. 368
65
BASTOS; MARTINS, 1989, p.23.
54
Assim, a pessoa que exprime o seu pensamento, a sua opinião, deve assumir a
responsabilidade pelos danos que vier a causar.
O anonimato, além de ilegal – vedado expressamente –, fere o senso ético,
configurando-se na mais torpe via de expressão do pensamento, pois revela o terrível vício
moral da falta de coragem.
A identificação do autor das opiniões e/ou juízos emitidos é condição
indispensável para o desenvolvimento de atos jurídicos posteriores para a sua
responsabilização.
Na hipótese dos editoriais ou matérias jornalísticas não assinadas, a
responsabilidade, segundo a lei, é da direção do órgão de informação responsável pela
publicação.
VOLTAR
66
BASTOS; MARTINS, 1989, p.55.
57
67
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. 2.ed. São Paulo:
Saraiva, 1989-1995. p. 35
68
MORAES, 2001, p. 78.
58
quando um indivíduo pratica o delito fora da casa e nela adentra para se refugiar. Neste caso,
é de se observar a ocorrência do flagrante, vale dizer, é necessário que a autoridade policial
esteja na perseguição do criminoso logo em seguida à prática do delito. Caso tenha ocorrido a
quebra do flagrante desaparece a permissão constitucional para a invasão.
Por desastre deve-se entender qualquer evento de caráter catastrófico, o que
significa dizer: um acidente de grandes proporções69. Exemplos: um incêndio, uma
inundação, que ponham em risco a vida dos moradores.
A terceira hipótese que dá ensejo ao ingresso sem a autorização do morador e sem
determinação judicial é a que trata da prestação de socorro.
Este permissivo legal deve ser interpretado de forma restritiva, com muito rigor,
do contrário, teremos invasões domiciliares sob uma infundada alegação de prestação de
socorro.
Com efeito, inicialmente deve ser verificado se há uma efetiva necessidade de
socorro, vale dizer, se há alguém correndo sério risco de morte. E mais, se a pessoa que
necessita da ajuda está impossibilitada de, por seus próprios meios, fazer um apelo. Somente
na ocorrência cumulativa dessas duas situações a Lei autoriza o ingresso sem anuência do
morador para prestação de socorro.
No que diz respeito ao ingresso por determinação judicial, e apenas durante o dia,
este dispositivo traz em si uma sensível alteração em relação ao direito anterior, que reservava
à lei ordinária a definição sobre as hipóteses de intrusão domiciliar diurna. É que vigia, à
época, o princípio da reserva legal da lei. Atualmente, vige o princípio da reserva
jurisdicional, segundo o qual o juiz deverá analisar se está diante ou não de caso que comporte
invasão domiciliar. Caso ele entenda que sim, o fará dentro de uma ampla discricionariedade
que a Constituição lhe confere.
Por outro lado, é forçoso reconhecer que deixou de existir a possibilidade de
invasão por decisão de autoridade administrativa, de natureza policial ou não, como por
exemplo, nos casos de medidas profiláticas ou de higiene e combate às doenças infecto-
contagiosas. É necessária uma ordem judicial para tanto, sendo certo, contudo, que esta
decisão deve ser proferida dentro do maior informalismo processual possível.
Por fim, esclarecendo o que pretendeu dizer o legislador na locução durante o dia,
o Professor José Celso de Melo Filho fala que isto deve ser entendido segundo o critério
físico-astronômico, como o intervalo de tempo entre a aurora e o crepúsculo.
Já para José Afonso da Silva, entendimento dominante entre os doutrinadores, “o
princípio é que para tal fim a noite se estende das dezoito às seis horas, e o dia, ao contrário,
das seis as dezoitos horas”.
Mas, e quando o País estiver com horário diferenciado, como por exemplo, o
horário de verão? Neste caso, havendo mudança na hora oficial, haverá e necessidade de
alterar-se, também, a definição horária do que seja dia e noite. De qualquer sorte, será sempre
inconstitucional uma invasão feita quando já não houver luminosidade solar, ainda que por
invocação de uma hora oficial se possa concluir ser dia.
VOLTAR
69
BASTOS; MARTINS, 1989, p. 68.
59
70
MELO FILHO, José Celso de. Constituição Federal anotada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 441.
60
71
BASTOS; MARTINS, 1989, p.77.
61
dignidade humana, dá ensejo à indenização por danos materiais e morais, além, como já
vimos, do direito de resposta.
De outro lado, assegura o texto constitucional o sigilo da fonte quando necessário
ao exercício profissional. Aplica-se à prática jornalística, de forma a preservar o responsável
pela matéria ou artigo, mas, também, a fonte, vale dizer, aquele que prestou a informação,
mas que não quer ou não pode ter o seu nome revelado.
Este inciso assegura ao jornalista o direito de não informar o nome do seu
informante, da sua fonte, até mesmo em juízo.
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sua atividade produtiva. Esta proteção não se aplica quaisquer outras dívidas assumidas sem
que os recursos tenham sido aplicados na propriedade.
VOLTAR
de fato uma proteção cabal ao direito do autor não se pode dar sem a inclusão destas
situações mais complexas, em que a autoria da obra intelectual, artística ou científica
não cabe em uma única pessoa, mas sim a uma conjugação de esforços provindos de
diferentes fontes, sobretudo a criação científica, que não se dá pelo trabalho isolado
de um pesquisador, mas sim, por um trabalho de equipe no qual, inclusive, tem de se
levar em conta a proveniência dos fundos que remuneram estes trabalhos.73
72
BASTOS; MARTINS, 1989, p. 142.
73
BASTOS; MARTINS, 1989, p. 143-144.
65
O direito à sucessão tem, pois, dois sujeitos: aquele que dele faz uso pela morte,
escolhendo seu herdeiro, ou sendo obedecida a ordem legal.74
A sucessão é o chamamento de alguém para substituir o falecido em todos os seus
direitos e deveres, ou, na lição de Maria Helena Diniz,
74
BASTOS; MARTINS, 1989, p. 148.
75
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva. p. 49. v. 6
67
Trata este inciso do chamado direito de petição, que é aquele que tem por objetivo
apresentar um pleito de interesse pessoal ou coletivo, com vistas à obtenção de uma medida
satisfativa, condizente com o interesse público.
Este direito pode ser exercido por qualquer pessoa, física ou jurídica, e é voltada
para a defesa de interesse pessoal, mas pode, também, ser exercido em defesa da própria
Constituição, das leis ou do interesse público, independentemente de qualquer lesão de
interesses próprios.
No que respeita ao direito de obtenção de certidões, a única inovação que o texto
de 1988 introduziu em relação aos anteriores foi a isenção do pagamento de taxas.
As repartições públicas têm o dever de, caso solicitado, atestar tudo o que conste
de seus registros e arquivos. A certidão tem caráter declaratório e não constitutivo de direitos,
e poderá versar sobre fatos ou sobre direitos já constituídos anteriormente.
Este inciso mantém estreita correlação com o anterior, pois ambos se inserem
dentro de uma preocupação única de tornar a Administração acessível juridicamente ao
particular.
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Por ato jurídico perfeito se entende aquele que se aperfeiçoou porque reuniu todos
os elementos necessários a sua formação, e não pode ser alcançado pelas oscilações que
decorram de leis novas que venham a se editadas.
Este princípio do ato jurídico perfeito se aplica em relação às leis de ordem
pública, mas inexiste qualquer previsão constitucional de aplicabilidade em relação a
particulares entre si.
Coisa julgada, por seu turno, nada mais é do que o resultado de uma decisão
judicial transitada em julgada, ou seja, da qual não caiba mais qualquer recurso.
A coisa julgada incorpora o direito assegurado judicialmente ao patrimônio do seu
titular.
A coisa julgada pode ser de duas naturezas: a) coisa julgada formal, aquela que
acontece dentro do processo, e os seus efeitos restringem-se unicamente a este processo; b)
coisa julgada material é aquela que produz efeitos para fora, para terceiros.
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Os crimes dolosos contra a vida são julgados pelo Tribunal do Júri, instituição de
caráter democrático e participativo, onde o cidadão é convocado a prestar esse que é
considerado um serviço de relevante valor social.
Os crimes contra a vida cujos julgamentos não serão efetuados pelo tribunal do
júri, vale dizer, as exceções, estão previstas expressamente na CF, como por exemplo, os
praticados por autoridades que gozam de foro especial.
Nos julgamentos pelo tribunal do júri, como em qualquer outro julgamento, é, ou
deve ser, assegurada a plenitude da defesa e do estabelecimento do contraditório.
Após a apresentação das teses da defesa e da acusação, esta, a cargo do Ministério
Público, os jurados são recolhidos à sala de votação onde cada um deles, sem nada conversar,
sem nada comentar com o outro jurado, responderá os quesitos que lhes forem submetidos
pelo juiz, e colocará as respostas numa urna, a fim de que ninguém, absolutamente ninguém,
saiba qual foi a sua decisão.
O juiz, observada a decisão do júri, aplicará a sentença, não podendo, de nenhuma
forma, modificar a decisão dos jurados, uma vez que esta é soberana.
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XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
É o princípio da “lei melhor”, segundo a qual uma lei somente pode retroagir se
for para beneficiar o réu.
Assim, se alguém comete hoje um ato que não é típico e nem é antijurídico, e
amanhã esse ato, por força de determinação legal, é acoimado de ilegal, a lei não poderá ser
aplicada de forma retroativa.
Se ocorrer o contrário, aplica-se-lhe em benefício do réu.
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Dispôs o constituinte originário que não será admitida qualquer discriminação que
atente ou venha a atentar contra os direitos e garantias fundamentais, substrato do Estado
Democrático de Direito.
Qualquer tentativa neste sentido será declarada judicialmente como
inconstitucional, e não produzirá qualquer efeito jurídico.
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A pena será aplicada sempre de forma individualizada, sendo vedada uma espécie
de “catalogação” de espécie de criminosos.
Na aplicação da pena, o Juiz deverá levar em consideração, inicialmente, as penas
mínimas e máximas impostas pela lei. Ao depois, como se observa na “Exposição de
Motivos” do Código Penal,
o juiz ao fixar a pena não deverá ter em conta somente o fato criminoso, nas suas
circunstâncias objetivas e conseqüências, mas também o delinqüente, a sua
personalidade, seus antecedentes, a intensidade do dolo ou grau de culpa e os
motivos determinantes. O réu terá de ser apreciado através de todos os fatores,
endógenos e exógenos, de sua individualidade moral e da maior ou menor
intensidade da sua mens rea ou da sua maior ou menor desatenção à disciplina social
[...].
Este comando constitucional tem por objetivo colaborar, ou, pelo menos, não
tentar impedir a recuperação do criminoso com o cumprimento da pena.
O objetivo perseguido pelo legislador constituinte jamais será alcançado se se
colocar em um mesmo estabelecimento prisional pessoas de grande periculosidade junto com
réus primários, ou em um mesmo estabelecimento homens e mulheres.
Para que haja a recuperação, a ressocialização do indivíduo, mister se faz seja
respeitada a individualização da pena, e, conseqüentemente, não se misturar réus perigosos
com aqueles de menor potencial ofensivo, ou de idade muito diferentes, ou, ainda, de sexos
diferentes.
Para tanto, é necessária a existência de estabelecimentos autônomos, inteiramente
separados, de modo a se evitar o contato e a influência de uns sobre outros.
11.36 DA EXTRADIÇÃO
76
MELLO FILHO, 1986, p. 456-457.
77
As provas obtidas através de meios ilícitos não são admitidas e nem têm nenhuma
relevância processual.
Este dispositivo é novo em nível de direito constitucional no Brasil, pois regulada
nos artigos 332 e 383 do Código de Processo Civil, que muito antes da CF já inadmitia as
provas ilícitas.
Segundo Alexandre de Moraes, as provas ilícitas não se confundem com as provas
ilegais e as ilegítimas. Para o mestre paulista, as provas ilícitas são aquelas obtidas com
infringência ao direito material, as provas ilegítimas são as obtidas com desrespeito ao direito
processual, e as provas ilegais seriam o gênero do qual as espécies são as provas ilícitas e as
ilegítimas.
Em contraposição ao caráter aparentemente peremptório e definitivo do texto
constitucional, objetivando corrigir distorções que a rigidez da exclusão poderia provocar em
casos de excepcional gravidade, a doutrina passou a atenuar a vedação das provas ilícitas
adotando o princípio da proporcionalidade, segundo o qual as provas ilícitas podem, em
caráter excepcional e em casos extremamente graves, ser utilizados, posto que nenhuma
liberdade pública é absoluta, existindo situações em que se observa que o direito a ser tutelado
– por exemplo, o direito à ampla defesa – é mais importante que o direito à intimidade, ao
segredo, à liberdade de comunicação, etc.
De qualquer sorte, a regra geral deve ser a
78
Todo aquele registrado civilmente, ou seja, que possua RG, não poderá ser
identificado criminalmente. Isto porque já dispõe o Poder Público da identificação da pessoa,
e a identificação criminal se constituiria em uma medida vexatória imposta ao cidadão
indiciado, presumivelmente inocente.
Em caso de descumprimento deste comando constitucional a medida cabível é o
habeas corpus, de modo a afastar esse constrangimento constitucional.
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal;
77
Ministro Celso de Melo: STF, E. Extr. nº 251.445-4/GO.
79
O réu, sujeito da defesa, não tem obrigação nem dever de fornecer elementos de
prova que o prejudiquem. Pode calar-se ou até mentir. Ainda que se quisesse ver no
interrogatório um meio de prova, só o seria em sentido meramente eventual, em face
da faculdade dada ao acusado de não responder. A autoridade judiciária não pode
dispor do réu como meio de prova, diversamente do que ocorre com as testemunhas;
deve respeitar sua liberdade, no sentido de defender-se como entender melhor,
falando ou calando-se, e ainda advertindo-o da existência da faculdade de não
responder. Por isso é que Cordero afirma categoricamente que a única arma do
interrogante é a persuasão [...]. Como bem aponta Grevi, do silêncio ou da mentira
do réu podem deduzir-se presunções que superem a presunção de inocência,
solenemente proclamada no art. 9º da Declaração Universal dos Direitos do Homem
e do Cidadão, ou que superem o princípio in dubio pro reo.78
Este princípio constitucional derrogou os arts. 186, 191 e 198, do CPP que dizia
que o réu deveria ser advertido de que o seu silêncio podia ser interpretado em prejuízo da
própria defesa, e que o silêncio do acusado poderia constituir elemento para a formação do
convencimento do juiz.
O direito à assistência da família é por demais importante para que o preso possa
valer-se da ajuda dos familiares para assegurar-lhe conforto material e moral, inclusive para
contratar defensor para elaborar a sua defesa.
Por fim, a garantia do direito de assistência de advogado é corolário do princípio
da ampla defesa, e teve origem na Emenda VI da Constituição americana que estabeleceu o
privilégio ao preso “de ter assistência de um patrono para a sua defesa”.
a liberdade individual demanda que só deve existir a prisão depois de o réu ter sido
condenado com decisão transitada em julgado. De fato, antes dessa, deve prevalecer
a presunção de inocência, que só pode ser infirmada diante de decisão jurisdicional
definitiva.79
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
A pena civil já não se justifica nos tempos atuais, quando o credor tem a
possibilidade de executar o patrimônio do responsável pela dívida. Esta é a regra geral.
A CF excepciona, apenas, duas possibilidades de prisão civil: a) inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia – neste caso a prisão não configura o
cumprimento de pena, mas, tão-só, a sujeição do devedor a um meio de coerção diante do
qual não terá ele outra opção que não a de honrar com a sua obrigação para com o
alimentando. Paga a pensão, a prisão é automaticamente relaxada; b) inadimplemento
voluntário e inescusável do depositário infiel – aqui se trata do direito de alguém de ver
restituída a coisa depositada em mãos de terceiros – a prisão aqui tem caráter somente
79
BASTOS, 1999, p.302-303.
82
dissuasório, objetivando fazer com que o depositário restitua a coisa ao seu verdadeiro dono.
Existem duas modalidades de depósito: a convencional, na hipótese do empréstimo; e a
judicial, quando o depositário é nomeado pela Justiça para guardar e proteger determinado
bem até o adimplemento de uma obrigação de pagar ou de fazer.
VOLTAR
VOLTAR
83
O dispositivo, então, deve ser entendido com as ressalvas devidas, que as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata sempre que possível.
Destarte, terão aplicabilidade imediata todos aqueles direitos e garantias
fundamentais que não façam referência expressa à necessidade de uma lei que os
regulamente, quer anterior – eficácia contida – quer posterior – eficácia limitada.
Celso Ribeiro Bastos, sintetizando a matéria, afirma que
A Constituição brasileira consagra a visão dos direitos explícitos, aqueles que são
estabelecidos expressamente no texto constitucional, mas permite a existência de outros
direitos que estariam através dele implicitamente compatibilizados. É o que determina o §2o,
do artigo 5o, da Constituição Federal, verbis: “Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Estes direitos implícitos têm inspiração no constitucionalismo americano, que
dispõe na sua 9a (nona) Emenda, de 1789, que a enumeração de direitos daquela Carta não
deve ser interpretado no sentido da negação dos demais direitos não explicitamente
mencionados.
A ação civil pública foi introduzida no direito brasileiro pela Lei nº 7.347, de 24
de julho de 1985, sob a denominação de “Ação Civil Pública de Responsabilidade”,
objetivando a prevenção ou a composição de danos morais e patrimoniais causados ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
Para Hely Lopes Meirelles80,
dando, pois, à ação civil pública, âmbito análogo ao da ação popular (v. art. 5º,
LXXIII). Por outro lado tornou meramente exemplificativa uma numeração que era
taxativa. Note-se que a regra constitucional se refere ao outros interesses difusos e
coletivos”.83.
80
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de injunção,
habeas data. 18.ed. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
81
Id., Mandado de segurança. 18.ed. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 1997. p. 118-119.
82
GALVÃO, Ilmar. Revista Ciência Jurídica, n.102, p.32-39, nov. /dez.2001.
83
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição brasileira de 1988. São Paulo: Saraiva,
1995. v. 4.
88
Mas o que vem a ser “outros interesses difusos e coletivos”, a que se refere a lei
maior?
A Constituição Federal não define o que seja, e nem, muito menos, a própria Lei
nº 7.347. Foi o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) quem, na verdade,
uniformizou o processo da ação civil pública ao dispor que as normas nela contidas deveriam
ser aplicadas a toda e qualquer ação coletiva (art. 117), determinando, ainda, que fosse
acrescida à Lei nº 7.347/85, o seguinte dispositivo, renumerando-se o artigo seguinte:
OBJETIVO
A ação civil pública poderá ter por objetivo, na responsabilização por danos
morais e patrimoniais causados, a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer alguma coisa ou de não fazer.
No que respeita à obrigação de fazer ou não fazer, como por exemplo, para
impedir que alguém cause dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, antes da ação
principal poderá ser ajuizada ação cautelar, cuja liminar, inaudita altera pars, vale dizer,
concedida sem a oitiva da parte contrária, impedirá a prática do ato, até que se discuta o
mérito da ação principal, que deverá ser proposta em até 30 dias da concessão da liminar, nos
termos dos artigos 796 a 811, 822 a 825, 846 a 851, todos do Código de Processo Civil.
VOLTAR
Podem ser titulares da ação aqueles elencados no artigo 5º, da Lei 7.347/85, a
saber: o Ministério Público, a União, os Estados, os Municípios, as autarquias, empresas e
fundações públicas, as sociedades de economia mista ou associação entre particulares
constituída, nos termos da lei civil, há pelo menos 1 (um) ano, e que tenha dentre as suas
finalidades institucionais a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Assim, afora as pessoas jurídicas de direito público e o Ministério Público, as
associações privadas somente têm o dominus litis se do seu objeto e finalidade constar,
expressamente, a proteção aos direitos que menciona a lei.
O Ministério Público tem a sua legitimidade determinada pela Constituição
Federal, que no seu artigo 129 elenca as funções institucionais do MP, dentre elas, no inciso
III, a promoção do inquérito civil e a ação civil pública.
A questão que se coloca é se o MP tem legitimidade apenas para propor ação civil
pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos, ou se, ao contrário, tem legitimidade ilimitada para agir.
90
O Ministério Público poderá ser provocado por qualquer pessoa, e deverá sê-lo
por servidor público, através de informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil
com a indicação dos elementos de convicção. De igual sorte, os juízes e tribunais, no
exercício de suas funções, que tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
propositura da ação civil deverão remeter as peças para o MP para que este adote as
providências cabíveis.
VOLTAR
91
DA PETIÇÃO INICIAL
O art. 14 dispõe que o juiz poderá (faculdade) conferir efeito suspensivo aos
recursos para evitar dano irreparável à parte. Trata-se de uma atitude de cautela do magistrado
que, recebendo o recurso da parte, pode emprestar-lhe efeito suspensivo, vale dizer, suspende
os efeitos da sentença até que o recurso seja julgado pelo tribunal competente.
No caso de ação proposta por associação, decorridos 30 dias do trânsito em
julgado da decisão condenatória sem que esta lhe promova a execução, o MP deverá fazê-lo,
facultada a iniciativa a qualquer dos legitimados do artigo 5º. É a exegese do art. 15.
A sentença civil condenatória fará coisa julgada erga omnes – para todos – nos
limites da competência territorial do órgão prolator. Se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, qualquer outro legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova (art. 16).
Na hipótese de litigância de má-fé, vale dizer, no caso de a associação promover a
ação mesmo sabendo que está errada, que a outra parte não causou nenhum dano moral ou
patrimonial descrito no art. 1º, será ela e os seus diretores condenados ao pagamento do valor
correspondente a 10 vezes o valor das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e
danos (art. 17).
Observar que a hipótese de litigância de má-fé somente se aplica às associações,
mas não se aplica aos demais legitimados.
Na ACP somente serão cobradas as custas e emolumento, honorários periciais e
outras despesas em caso de comprovada má-fé, hipótese que a associação autora será
condenada, também, no pagamento de honorários de advogado (art. 18).
VOLTAR
DO PROCESSAMENTO
Aplica-se à Ação Civil Pública o Código de Processo Civil, naquilo que não
contrarie as suas disposições (art. 19).
O art. 21 da lei sob exame foi introduzido pela Lei nº 8.078/90, que instituiu o
Código de Defesa do Consumidor, determinando que se aplicam à defesa dos direitos e
interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, as disposições específicas do
Código de Defesa do Consumidor.
VOLTAR
CF. art. 5º
....................................................................................................
Este inciso trata do chamado direito de petição, que é aquele que tem por objetivo
apresentar um pleito de interesse pessoal ou coletivo, com vistas à obtenção de uma medida
satisfativa, condizente com o interesse público.
93
Este direito pode ser exercido por qualquer pessoa, física ou jurídica, e é voltada
para a defesa de interesse pessoal, mas pode, também, ser exercido em defesa da própria
Constituição, das leis ou do interesse público, independentemente de qualquer lesão de
interesses próprios.
No que respeita ao direito de obtenção de certidões, a única inovação que o texto
de 1988 introduziu em relação aos anteriores foi a isenção do pagamento de taxas.
As repartições públicas têm o dever de, caso solicitado, atestar tudo o que conste
de seus registros e arquivos. A certidão tem caráter declaratório e não constitutivo de direitos,
e poderá versar sobre fatos ou sobre direitos já constituídos anteriormente.
Este inciso mantém estreita correlação com o anterior, pois ambos se inserem
dentro de uma preocupação única de tornar a Administração acessível juridicamente ao
particular.
VOLTAR
CF. art. 5º
....................................................................................................
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Cuida este inciso da ação popular, que, na lição do Mestre Hely Lopes Meirelles,
é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a
invalidação de atos ou contratos administrativos – ou estes equiparados – ilegais e
lesivos do patrimônio federal, estadual ou municipal, ou de suas autarquias,
entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos.84
84
MEIRELLES, 1997, p.87.
94
As raízes do habeas corpus podem ser encontradas na Magna Carta, de João Sem
Terra, de 1215, documento de fundamental importância para o mundo jurídico.
Há quem fale, ainda, que o habeas corpus teve a sua origem na Petition of Rights,
que culminou com o Habeas Corpus Act, de 1679, sendo que, nessa época, ele era utilizado
unicamente quando se tratava de acusado de crime. Somente em 1816 o novo Habeas Corpus
Act inglês ampliou o campo de atuação e incidência deste instituto de modo a promover a
defesa rápida e eficaz do acusado com vistas à sua liberdade.
No Brasil o instituto do habeas corpus foi introduzido expressamente através do
Código de Processo Criminal, de 1832, tendo sido elevado a preceito constitucional na
Constituição de 1891.
Trata-se de cláusula pétrea insusceptível de ser suprimido do nosso ordenamento
jurídico.
O habeas corpus é, sem sombra de dúvidas, a mais destacada das medidas de
garantia da liberdade pessoal do indivíduo. Protege a liberdade, no dizer de Celso Ribeiro
Bastos, “no que ela tem de preliminar ao exercício de todos os demais direitos e liberdades.
Defende-a na sua manifestação física, isto é, no direito de o indivíduo não poder sofrer
constrição na sua liberdade de locomover-se em razão de violência ou coação”.85
VOLTAR
DA NATUREZA JURÍDICA
85
BASTOS, 1999, p. 312.
86
MORAES, 2001, p. 136.
95
força jurisdicional, vale dizer, ser tido como uma autêntica garantia constitucional do direito
de liberdade de locomoção.
Para Fernando da Costa Tourinho Filho87, esclarecendo definitivamente a natureza
jurídica do HC, “recurso é a medida pela qual se impugna uma decisão. Por meio do habeas
corpus pode ser impugnada uma sentença, simples ato administrativo (como a prisão) e, até
mesmo, [...] atos restritivos da liberdade ambulatória, cometido por particulares.”
VOLTAR
DA GARANTIA E FINALIDADE
na apreciação de habeas corpus, o órgão competente para seu julgamento não está
vinculado à causa de pedir e pedido formulados. Havendo, pois, a convicção sobre a
existência de ato ilegal não veiculado pelo impetrante, cumpre-lhe afastá-lo, ainda
que isto implique concessão de ordem em sentido diverso do pleiteado, conforme se
depreende do art. 654, §2º, do Código de Processo Penal.
Assim, na defesa da liberdade de locomoção, cabe ao Poder Judiciário considerar ato
de constrangimento que não tenha sido apontado na petição inicial. Da mesma
forma, pode atuar no tocante à extensão da ordem, deferindo-a aquém ou além do
que pleiteado.
O habeas corpus, inserido no inciso LXVIII, do artigo 5º, da CF, garante o direito
de locomoção, sendo limitado, contudo, em tempos de guerra, em razão da segurança nacional
e da integridade do território brasileiro (ver arts. 136 – Estado de Defesa – e 139 – Estado de
Sítio).
Concluímos com Alexandre de Moraes quando diz que a liberdade de locomoção
engloba quatro situações:
direito ao acesso e ingresso no território nacional;
direito à saída do território nacional;
direito à permanência no território nacional;
direito ao deslocamento no território nacional.
O habeas corpus pode ser utilizado, ainda, como meio processual adequado para
fazer cessar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção do acusado-preso em
decorrência do excesso prazal na instrução processual penal.
O habeas corpus pode ser impetrado concomitantemente com recurso ordinário,
devendo ser apreciados em separado, muito embora eventualmente a decisão em um possa
influenciar a decisão do outro.
VOLTAR
DA LEGITIMIDADE ATIVA
LEGITIMIDADE PASSIVA
ESPÉCIES
o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com
capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de
direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.88
VOLTAR
ESPÉCIES
NATUREZA JURÍDICA
VOLTAR
LEGITIMIDADE ATIVA
88
MEIRELLES, 1997, p. 3.
98
VOLTAR
LEGITIMIDADE PASSIVA
VOLTAR
DA MEDIDA LIMINAR
O mandado de injunção somente pode ser aplicado nos casos de: a) falta de norma
reguladora de uma previsão constitucional (omissão do Poder Público) – aplicável unicamente
às normas constitucionais de eficácia limitada – b) inviabilização do exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania, por omissão normativa do Poder Público no que respeita às normas de conteúdo
programático vinculadas ao princípio da legalidade, por dependerem de atuação normativa
reguladora para garantir a sua aplicabilidade.
O mandado de injunção pode ser impetrado por qualquer pessoa que tenha
inviabilizado um seu direito, uma liberdade ou prerrogativa constitucional, por falta de norma
reguladora da Constituição Federal.
O STF entendeu que, conquanto a CF não preveja expressamente, é possível o
mandado de injunção coletivo, por analogia com o mandado de segurança coletivo (STF –
mandado de injunção nº 361-1 – Diário da Justiça, 17/06/94, p. 15.705).
O sujeito passivo do mandado de injunção será somente o ente estatal, o Poder
Público. Assim, se a omissão for legislativa federal, o mandado de injunção é de ser proposto
contra o Congresso Nacional, salvo se a iniciativa da lei for privativa do Presidente da
república, hipótese em que o mandado de injunção deverá ser proposto contra este.
A competência para processar e julgar o mandado de injunção é do Supremo
Tribunal Federal – STF –, por força do disposto no artigo 102, I, q, da Constituição Federal,
ou, ainda, do Superior Tribunal de Justiça – STJ –, na hipótese prevista expressamente no art.
105, I, h, da Constituição Federal, e do Tribunal Superior Eleitoral – TSE –, na ocorrência da
hipótese estabelecida no artigo 121, §4º, V, da CF.
O mandado de injunção, no âmbito estadual, é admitido desde que os Estados-
membros, no exercício do poder constituinte derivado decorrente, estabeleçam em suas
constituições estaduais a competência para processá-lo e julgá-lo contra ação ou omissão do
Poder Público estadual em relação às normas constitucionais estaduais.
O mandado de injunção nunca foi regulamentado pelo Congresso Nacional,
aplicando-se-lhe, no que couber, as normas do mandado de segurança.
VOLTAR
O artigo 6º, da Constituição Federal, determina que são direitos sociais os direitos
à educação , a saúde90, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança91, a previdência social92, a
89
O artigo 7º cuida dos “direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social”.
Os direitos sociais contidos neste artigo 7º são exemplificativos, vale dizer, não
são numerus clausus, pois não esgotam os direitos constitucionais dos trabalhadores, que se
89
CF, art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
90
CF, art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
91
CF, art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I –
polícia federal; II – polícia rodoviária federal; III – polícia ferroviária federal; IV – polícias civis; V - polícias
militares e corpos de bombeiros militares.
92
CF, art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos
da lei, a:
I – cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II – proteção à maternidade,
especialmente à gestante; III – proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV – salário-
família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V – pensão por morte do segurado,
homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º.
93
CF, art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
102
VOLTAR
95
Diário da Justiça, Seção I, 20/9/96, p. 34.531.
96
RTJ 162/877 e STF Pleno – Adin nº 1.458-DF, Diário da Justiça, Seção I, 20/9/1996, p. 34.531.
104
profissionais têm o piso salarial definido em lei específica, como por exemplo, os advogados
(Lei 8.906/94), os médicos (Lei 3.999/61), e os engenheiros e afins (Lei 5.194/66).
VOLTAR
Essa forma de remuneração não tem efeitos salariais, vale dizer, não integram o
salário.
VOLTAR
VOLTAR
Este inciso VIII busca defender o empregado mais atuante na organização sindical
de perseguição injusta por parte do empregador, concedendo-lhe estabilidade provisória,
desde o registro da candidatura ao cargo de direção sindical, e, eleito, mesmo que suplente,
até 1 (um) ano após o final do mandato, somente podendo ser demitido por falta grave,
apurada na forma da lei.
VOLTAR
Este artigo regulamenta o direito de greve e sua liberdade de expressão dentro dos
limites permitidos em lei específica considerando as necessidades inadiáveis da comunidade.
A greve, como direito do trabalhador, encontra-se fundamentada no princípio da
liberdade do trabalho, mesmo porque ninguém pode ser constrangido a trabalhar contra a
própria vontade.
Para Amauri Mascaro Nascimento97 “é o princípio da liberdade individual que
também se aplica ao plano coletivo”.
Ao empregador é vedado, em razão de greve, rescindir o contrato de trabalho do
seu empregado em greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, com exceção
daqueles casos em que a greve poderá trazer prejuízos irreparáveis, ou, ainda, o abuso no
exercício de tal direito, assim reconhecido por decisão judicial.
97
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1992, p. 412.
108
14 DA NACIONALIDADE
Cuida este artigo da definição dos nacionais e dos nacionalizados e dos direitos e
vedações a eles inerentes.
Em sentido jurídico, nacionalidade é o liame jurídico-político que une um
indivíduo a um estado (nação).
Celso Ribeiro Bastos ao estabelecer a diferenciação entre o nacional e o
estrangeiro, afirma que o primeiro é todo
aquele que se encontra preso ao Estado por um vínculo jurídico que o qualifica
como seu integrante (vínculo que o acompanha, inclusive em seus deslocamentos no
espaço, quando se encontrar no âmbito territorial de outros Estados), ao passo que o
estrangeiro é aquela pessoa a que o direito do Estado não atribui a qualidade de
nacional98.
98
BASTOS, 1999, p. 267.
110
99
MORAES, 2001, p. 214-215.
100
Ibid., p. 216.
111
Art. 14 – A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
§ 1º – O alistamento eleitoral e o voto são:
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º – Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º – São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º – São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º – O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal,
os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos
poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.
§ 6º – Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º – São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito
ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º – O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e,
se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º – Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de
sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o
exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
§ 10 – O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de
quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 – A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”.
A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
Têm o “direito” de votar todos os maiores de dezoito anos, os analfabetos, os
maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Em verdade, o que deveria ser “um direito” é, na prática, um dever, posto que o
voto em nosso País é obrigatório, exceto para os maiores de setenta e os menores de dezesseis
e maiores de dezoito, e para os analfabetos. Em outras palavras, é “um direito” para as
exceções, e um “dever”, para a regra geral.
Por outro lado, têm direito de ser votado todos aqueles que possuem as condições
de elegibilidade, vale dizer, aqueles que podem ser eleitos.
VOLTAR
SUFRÁGIO
Sufrágio é o direito que todos os que estão em pleno gozo dos seus direitos
políticos têm de votar e ser votado.
Apresenta-se, pois, sob dois aspectos:
a) capacidade eleitoral ativa (direito de votar – alistabilidade);
b) capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado – elegibilidade)
VOLTAR
101
COSTA, Adriano Soares. Inabilitação para o mandato eletivo. Belo Horizonte: Edições Ciência Jurídica,
1998.
114
CAUSAS DE INELEGIBILIDADE
102
C.F., arts. 8o e 142, V; Ac. no 11.314, de 30.8.90, rel. Min. Otávio Gallotti.
103
Resolução TSE n° 20.561, de 02.03.2000, art. 9o, §§5o, 6o e 7o
104
MASCARENHAS, Paulo. Lei Eleitoral Comentada. 6ª ed. São Paulo: Editora RCN, 2004 .
115
nos três anos seguintes ao término do seu mandato ou do período de sua permanência no
cargo – LC 64/909, art. 1o, I, alínea h. Essa causa de inelegibilidade alcança todos os
servidores públicos que tenham incorrido em abuso de poder econômico e/ou político. Aplica-
se, também, ao servidor público que não é candidato, mas que, com este, colabore na ação
ilegal. Aquele que, após investigação em processo eleitoral ou em ação de impugnação de
mandato eletivo, tenha sido considerado beneficiário direto ou autor de benefício indevido em
razão de abuso de poder econômico ou político, será declarado inelegível nos três anos
subseqüentes ao término do mandato que desempenhava ou da sua permanência no cargo que
ocupava;
os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, tenham sido
ou estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido,
nos 12 meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou
representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade – LC 64/90, art.
1o, I, i. A inelegibilidade perdurará até que sejam declarados, por sentença, inocentes.
A competência para conhecer e decidir as argüições de inelegibilidade é da Justiça
Eleitoral.
A argüição de inelegibilidade será manejada no Tribunal Superior Eleitoral,
quando se tratar de candidato a Presidente ou Vice-Presidente da República; nos Tribunais
Regionais, quando se tratar de candidato a Senador, Governador, Vice-Governador, Deputado
Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital (Distrito Federal); nos juízes eleitorais,
quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores.
O §10 cuida da única ação constitucional propriamente dita, porque não amparada
em nenhum outro diploma legal: a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo – AIME –,
dizendo do prazo para a sua interposição, do termo inicial e das provas.
Dispõe a Carta Política que o mandato eletivo pode ser impugnado no prazo de 15
dias contados da diplomação dos eleitos, instruindo-se a ação com as provas de abuso de
poder econômico, corrupção ou fraude. Vale dizer, somente cabe AIME em caso de abuso de
poder econômico, de corrupção ou de fraude, devendo as provas, ou, pelo menos, indícios
delas, serem apresentadas juntamente com a ação – são provas pré-constituídas, coletadas
após a realização das eleições. Se não for caso de abuso de poder econômico, de corrupção ou
de fraude não há que se falar em ação de investigação de mandato eletivo.
VOLTAR
Essa AIME tramita em segredo de justiça, vale dizer, somente as partes têm
conhecimento e acesso ao processo, daí muitas vezes a população ser tomada de surpresa com
uma decisão afastando o mandatário eleito, comumente Prefeito eleito, por abuso de poder
econômico, corrupção – envolvendo captação de sufrágio – ou fraude na eleição.
Se a AIME é proposta de forma temerária ou com evidente má-fé, tão somente
para prejudicar politicamente o adversário, com provas adredemente produzidas, o autor pode
ser responsabilizado, na forma da lei. Mas que lei é essa? É a Lei Complementar nº 64/90, que
no seu artigo 25, assim dispõe:
117
o feito se processará perante o Juiz da Zona Eleitoral respectiva, com recurso para o
Tribunal Regional Eleitoral (recurso de apelação, nos termos do CPC, enquanto não
houver lei disciplinando a matéria). Cuidando-se de mandatos estaduais, a
competência será do Tribunal Regional Eleitoral, com recurso para o TSE; e, por
fim, do TSE quando a impugnação recair sobre a diplomação de eleitos no âmbito
federal (presidente, vice).
oferecidas por meio de documentos, ou indicações de suas fontes, junto com a inicial. Há que
haver um mínimo de fumus boni juris para o ajuizamento da ação.”
VOLTAR
Trata este parágrafo do único caso de perda dos direitos políticos e dos casos de
sua suspensão.
Inicia o texto do parágrafo vedando a cassação dos direitos políticos. Essa
vedação veio em contra-posição ao regime anterior à Carta Política, quando os
Presidentes/Ditadores, utilizando-se de Atos Institucionais, instrumentos do arbítrio e da
prepotência com uma roupagem jurídica que lhe emprestava força de emenda constitucional,
cassavam os direitos políticos daqueles que ousavam se contrapor ao regime, em uma
perseguição política e social mesquinha e covarde, porque arbitrária.
Hoje, a Constituição Federal somente prevê a possibilidade de perda dos direitos
políticos para aqueles que tiverem a sua naturalização cancelada por sentença judicial, com
trânsito em julgado, e nos casos da chamada escusa de consciência, vale dizer, do direito
reconhecido ao objetor de não prestar o serviço militar nem de engajar-se no caso de
convocação para a guerra, sob o fundamento de que a atividade marcial fere as suas
convicções religiosas ou filosóficas. Neste caso, perderá o agente os seus direitos políticos se
não cumprir a prestação alternativa para o caso do serviço militar obrigatório (inciso IV);
Nos demais casos o que existe é uma suspensão dos direitos políticos por tempo
determinado, enquanto subsistirem os motivos que não permitem ao indivíduo a retomada da
sua plena capacidade civil:
Por condenação criminal transitada em julgado, durante os seus efeitos (inciso
III);
Pela prática dos chamados atos de improbidade administrativa – Lei nº
8.429/92 – aqueles praticados contra a Administração, as Finanças e o Patrimônio Públicos,
cujas penas implicam na suspensão dos direitos políticos por até oito anos, a perda da função
pública – aplicável aos agentes públicos, nomeados ou eleitos –, a indisponibilidade dos bens,
o ressarcimento dos danos causados ao erário, e mais, multa e proibição de contratar com o
Poder Público, sem prejuízo da ação penal cabível.
No que diz respeito à incapacidade civil absoluta, esta tanto pode gerar a perda
como a suspensão dos direitos políticos, a depender de cada situação. Deve-se, neste caso,
observar se a questão é temporária ou definitiva.
VOLTAR
119
Art. 16 – A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua
vigência.
Este artigo trata do princípio da anualidade das leis eleitorais. Isto quer dizer que a
lei eleitoral, para ter aplicabilidade, necessita ser publicada até 1 (um) ano antes das eleições.
15.5 DOS PARTIDOS POLÍTICOS
NATUREZA JURÍDICA
O partido político é pessoa jurídica de direito privado, constituído na forma da lei
civil.
As decisões internas do partido político somente podem ser objeto de apreciação
pelo Poder Judiciário se forem adotadas contrariamente às normas contidas no estatuto
partidário.
VOLTAR
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121
16 DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
A classificação dos tipos de estado pode ser feita de acordo com os critérios de
forma de governo, localização geográfica, dimensão, regime político, o modo como o poder
se encontra distribuído territorialmente, dentre outros.
Para o nosso estudo utilizaremos este último critério, qual seja, o modo de
distribuição do poder dentro do território.
16.2.1 DA UNIÃO
VOLTAR
107
MORAES, 2004, p. 270.
123
IPTU; transmissão intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis,
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; serviços de qualquer natureza
(ISS), exceto sobre prestações de serviço de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicações.
VOLTAR
108
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Júri, 2002. p. 358.
125
autogoverno (art. 32) e auto-administração (art. 34), sendo-lhe vedada, expressamente, a sub-
divisão em municípios.
O Distrito Federal, portanto, não é estado e nem é município, mas tem todas as
competências legislativas e tributárias, como os demais entes federativos, à exceção da regra
prevista no inciso XVII, do art. 22, CF.
A sua auto-organização é garantida pela sua Lei Orgânica, votada em dois de
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por 2/3 da Câmara Distrital, que a
promulgará, atendidos os preceitos da CF. Posteriormente, pelas leis distritais, editadas no
exercício de sua competência legislativa.
O autogoverno se consubstancia na eleição de governador e vice-governador,
como nos estados-membros, e dos seus deputados distritais (o DF não tem deputados
estaduais e nem vereadores), integrantes da sua Câmara Legislativa (Distrital), com mandatos
de quatro anos.
O governador e o vice-governador podem ser reeleitos para um único período
subseqüente.
A capacidade de auto-administração deriva da possibilidade do DF de exercer
suas competências administrativas, legislativas e tributárias constitucionalmente deferidas,
sem ingerência da União, a exemplo dos estados e municípios.
VOLTAR
O novo desenho geopolítico do Brasil não contempla nenhum território, desde que
os antigos Territórios do Amapá e Roraima foram transformados em estados e o de Fernando
de Noronha incorporado ao estado de Pernambuco, por força dos arts. 14 e 15 dos Atos das
Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.
Muito embora inexistam atualmente, novos territórios podem ser criados (CF, art.
18, §3º).
VOLTAR
STF – quanto do Tribunal Superior Eleitoral, é no sentido de que por população diretamente
interessada entende-se tanto a do território que se pretende desmembrar, quanto a do que
sofrerá o desmembramento.
VOLTAR
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127
17 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A CF, no seu artigo 37, dispõe que a administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá
aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Este último princípio, o da eficiência, foi introduzido pela Emenda Constitucional
nº 19, de 5/6/98.
Legalidade –
a legalidade, como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que o
administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos
mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou
desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar,
civil e criminal, conforme o caso109.
Impessoalidade –
109
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 21. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. p.82.
110
Idem.
111
MORAES, 2001, p. 315.
128
Publicidade –
publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início dos
seus efeitos externos. Daí por que as leis, atos e contratos administrativos que
produzem conseqüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem exigem
publicidade para adquirirem validade universal, isto é, perante partes e terceiros.113
112
HAURIOU, Maurice. Derecho público y constitucional. 2. ed. Madrid: Editora Reus, 1927.
113
MEIRELLES, op.cit., p. 83.
114
DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito Administrativo. 10ª edição. São Paulo: Atlas, 1998, p. 73/74.
129
115
MASCARENHAS, Paulo. Improbidade administrativa e crime de responsabilidade de prefeito. 3ª edição.
São Paulo: Editora RCN, 2004.
132
VOLTAR
136
VOLTAR
Como afirmado retro, o Poder Legislativo não se limita à elaboração das leis, mas
exerce, também, função fiscalizadora sobre os atos do estado, através de controle externo (art.
70, CF).
O Tribunal de Contas da União – TCU – é órgão auxiliar do Congresso Nacional,
composto de 9 (nove) ministros, que, conquanto não devam ser considerados magistrados,
gozam das mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens do
Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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LIMITAÇÕES:
FORMAIS (art. 60, caput, §2º e 3º): decorrem do modelo rígido da nossa
Constituição que somente pode ser emendada através da iniciativa de um 1/3 da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal. Demais disso, pode ser de iniciativa do presidente da
República, e por mais da metade das Assembléias Legislativas dos estados-membros,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
A proposta de emenda constitucional necessita ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros. É dizer, necessita ter 3/5 dos votos favoráveis
da Câmara dos Deputados e 3/5 dos votos favoráveis do Senado Federal.
Aprovada a emenda constitucional, ela é levada à fase imediatamente seguinte, de
promulgação conjunta pelas duas casas legislativas, com o respectivo número de ordem, e
publicação, não cabendo veto e nem sanção presidencial.
116
BASTOS, 1999, p.357.
117
MORAES, 2001, p. 563.
141
120
ZIMMERMANN, 2002, p.415.
121
MORAES, 2001, p.577.
144
18.1.2.7 DA RESOLUÇÃO
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Ente autônomo que tem como objetivo a aplicação contenciosa das leis aos casos
particulares122. É a sua função típica. As suas funções atípicas são aquelas de natureza
administrativa – cuidar da sua própria administração, conceder férias aos seus integrantes,
elaborar orçamento, etc – e legislativa – propor leis de interesse do Poder Judiciário, como por
exemplo, as normas regimentais.
O Poder Judiciário é o sustentáculo do Estado Democrático de Direito, pois é
quem garante a devida separação entre os poderes e a proteção dos direitos individuais e
coletivos.
Conceito de Magistrado: é aquele que, a título perpétuo ou temporário, encontra-se
investido do poder de julgar. É o aplicador da lei, sendo o seu objetivo precípuo a realização
da justiça.
O Poder Judiciário brasileiro encontra-se organizado no título IV, capítulo III, da
Constituição Federal, com as alterações introduzidas pela Emenda Constitucional n° 45, de
8/12 2004.
O capítulo IV, complementar ao capítulo III, versa sobre os órgãos promotores dos
interesses múltiplos e juridicamente protegidos, ou seja, o Ministério Público, a Advocacia
Pública (da União), e Advocacia e a Defensoria Pública.
Diferentemente do que ocorre na França, onde o Ministério Público integra o
Poder Judiciário, entre nós o Ministério Público é órgão do Poder Executivo, embora
expressamente reconhecido como essencial no exercício da função jurisdicional do estado.
O Poder Judiciário brasileiro, mantendo a tradição federalista inaugurada com a
Constituição de 1891, encontra-se disposto em um duplo aspecto federal e estadual. Em razão
122
ZIMMERMANN, 2002, p. 451.
148
Para que os magistrados possam exercer tão importantes atribuições e deveres faz-
se necessária a existência de garantias constitucionais de modo a salvaguardar a sua
independência e imparcialidade.
Essas garantias do Judiciário podem ser divididas em garantias institucionais do
Poder e garantias aos membros do próprio Poder.
As garantias institucionais dizem respeito à independência do Poder Judiciário nas
suas relações com os demais Poderes.
Alexandre de Moraes, a respeito das garantias institucionais da magistratura, assim
define:
Tão importante são as garantias do Poder Judiciário, que a própria constituição
considera crime de responsabilidade do Presidente da República atentar contra seu
livre exercício, conforme o art. 85, pois como afirma Carlos S. Fayt, as imunidades
da magistratura não constituem privilégios pessoais, mas relacionam-se com a
própria função exercida e o seu objeto de proteção contra os avanços, excessos e
abusos dos outros poderes em benefício da Justiça e de toda a Nação. A magistratura
se desempenha no interesse geral e suas garantias têm fundamento no princípio da
soberania do povo e na forma republicana de governo, de modo que todo avanço
sobre a independência do Poder Judiciário importa em um avanço contra a própria
constituição123.
a) garantias de liberdade:
123
MORAES, 2001, p.467.
149
deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, quando condenado
em processo judicial através sentença transitada em julgado;
2) Inamovibilidade – é a garantia que tem o magistrado de não ser destituído,
removido e nem promovido sem que haja o seu consentimento.
A exceção à regra é o chamado interesse público, quando, pelo voto de 2/3 dos
votos do órgão competente, mediante escrutínio secreto e com direito a ampla defesa, um
magistrado pode ser removido ou promovido ex officio;
3) Irredutibilidade de subsídios – é a garantia que têm os magistrados de não
sofrerem redução alguma nos seus vencimentos, salvo no que respeita à incidência de
impostos.
b) garantias de imparcialidade:
É o órgão máximo do Poder Judiciário, a sua mais alta Corte de Justiça, que tem
como competência maior a guarda da Constituição, não obstante tenha um sem número de
competências originárias e recursais ordinárias.
É composto de 11 membros, divididos em duas Turmas de cinco membros cada,
ambas no mesmo plano hierárquico – o presidente apenas participa das sessões plenárias, vale
dizer, conjuntas das duas Turmas – e tem a sua sede em Brasília.
Os membros do STF são nomeados pelo presidente da República após prévia
escolha da maioria absoluta do Senado Federal, dentre aqueles brasileiros natos e no gozo dos
seus direitos políticos, com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico
e reputação ilibada.
As competências do Supremo Tribunal Federal são divididas em originárias e
recursais.
No exercício da sua competência originária, compete ao STF processar e julgar:
ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
nas infrações penais comuns, o Presidente e o Vice-Presidente da República, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-
Geral da República;
nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
ressalvado o disposto no art. 52, I (julgamento pelo Senado Federal dos crimes
de responsabilidade), os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas a a
c do inciso I, do art. 102; o mandado de segurança e o habeas data contra atos
do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e
do próprio Supremo Tribunal Federal;
o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o
Estado, o Distrito Federal ou o Território;
as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito
Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
administração indireta;
a extradição solicitada por estado estrangeiro;
o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou
o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
diretamente à jurisdição em uma única instância;
a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade
de suas decisões;
a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a
delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de
origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer
tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
151
É o guardião das leis federais, ou, como afirma Alexandre de Moraes, “o guardião
do ordenamento jurídico federal”.
É composto de, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo presidente da República
dentre brasileiros, natos ou naturalizados, com mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade,
de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal, devendo ser observadas as seguintes regras:
> 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais (TRF’s) e 1/3 de
desembargadores dos Tribunais de Justiça Estaduais, indicados em lista tríplice elaborada
pelo próprio Tribunal;
> 1/3 assim divididos: 1/6 de advogados e 1/6 de membros do Ministério Público
Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente.
A criação do STJ objetivou desafogar o STF que, no passado, julgava também
recursos ordinários originários das Justiças federal e estadual.
A competência do STJ, que pode ser originária ou recursal está definida no
artigo 105 da CF.
Originariamente compete-lhe processar e julgar:
nos crimes comuns e de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais
de Justiça dos Estados e do DF, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do DF, os membros dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os dos Conselhos ou Tribunais de Contas
dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante
tribunais;
os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado,
dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
Tribunal;
154
VOLTAR
É exercida pelos juízes estaduais, inclusive pelos Juizados Especiais (art. 98, II),
no primeiro grau de jurisdição, e pelo Tribunal de Justiça, que é o órgão jurisdicional
superior.
159
19 DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Controle de constitucionalidade é a verificação da adequação de um ato jurídico à
Constituição.
Isto porque é a própria Constituição quem determina o modo de produção da
norma infraconstitucional para que seja aprovada e introduzida no ordenamento jurídico, tanto
no que diz respeito às regras de competência, quanto no que respeita ao procedimento
legislativo.
O controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repressivo.
VOLTAR
124
MORAES, 2001, p. 606.
161
VOLTAR
VOLTAR
VOLTAR
A Constituição Federal, em seu Título VIII, Capítulo IV, define como funções
essenciais à Justiça aquelas exercidas pelo Ministério Público, pelos advogados e pela
Defensoria Pública, reconhecendo, assim, a importância de cada uma dessas instituições para
a administração da Justiça.
O Ministério Público, segundo dispõe o artigo 127 da CF, é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
A nova Carta Constitucional ao Ministério Público incumbe a guarda do
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro, fundado no Estado Democrático de Direito,
atuando na defesa da lei, e não dos governantes. Daí o legislador constituinte, reconhecendo
esse papel do Ministério Público, conceder aos seus membros as mesmas garantias
constitucionais conferidas aos magistrados, de vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade de vencimentos (art. 128, §5º, I, a, b e c).
VOLTAR
VOLTAR
125
MORAES, 2001, p. 518.
126
DECOMAIN, Pedro Roberto. Comentários à lei orgânica nacional do Ministério Público. Florianópolis:
Obra jurídica, 1996. p. 19.
166
20.3 DA ADVOCACIA
VOLTAR
168
INTRODUÇÃO
QUADRO COMPARATIVO:
ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO127
Estado de sítio
Estado de Defesa Estado de Sítio
Previsão legal Art.136, caput Art. 137, II
Art. 137, I
1. ordem pública ou paz 1. declaração de guerra;
Hipóteses ameaçada; 1. comoção nacional; 2. Resposta a agressão
2. instabilidade armada estrangeira.
constitucional; 2. ineficácia do Estado de
3. calamidade natural. defesa
Competência Presidente da República Presidente da República (
(art.84, IX) Presidente da República art. 84, IX)
(art.84, IX)
Procedimento O presidente verifica a O Presidente verifica a
hipótese legal, solicita O presidente verifica a hipótese legal, solicita
pareceres dos Conselhos hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos
da República (CF, art. 89) pareceres dos Conselhos da República (CF, art. 89)
e de Defesa Nacional da República (CF, art. 89) e de Defesa Nacional (CF,
(CF, art. 91). Com os e de Defesa Nacional art. 91). Com os
pareceres, decidirá se (CF, art. 91). Com os pareceres, solicita ao
decreta ou não o Estado pareceres, solicita ao Congresso Nacional
de Defesa. Congresso Nacional autorização para
127
Alexandre de Moraes: Direito Constitucional. Atlas. 16a edição.SP.p. 671
171
VOLTAR
também, se candidatar a cargo eletivo, devendo, neste caso, ser agregado pela autoridade
superior caso conte com menos de dez anos de serviço. Eleito, o militar passará para a reserva
(inatividade) no ato da diplomação (CF, art. 14, §8o, I e II).
Quem é militar tem direito à aposentadoria, e, no caso dos oficiais,
VOLTAR
A polícia federal tem por finalidade a função de polícia judiciária da União quando
128
BASTOS; MARTINS, p.16.
129
ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 9.ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 451.
176
próprio das empresas privadas, a teor do art. 173, §1o, II, da Constituição Federal), e, também,
“a não-sujeição a qualquer restrição estatal, senão em virtude da lei”130.
VOLTAR
130
ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 9.ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 452.
177
aqueles que estão sem trabalho e sem renda mínima indispensável para o seu sustento.
Caracteriza-se, também, pela busca do estado do bem-estar social;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país: este princípio da ordem
econômica, estabelecido no artigo 170 da Constituição Federal, busca privilegiar, sob o ponto
de vista tributário e financeiro, a criação e a exploração, em território brasileiro, de micro e
pequenas empresas, estimulando a sua criação e funcionamento. Esse “tratamento
privilegiado” para as micro e pequenas empresas encontra-se regulado pelas Leis 9.317/96,
que trata do “Regime Tributário das Microempresas” e 9.841/99, o assim chamado “Estatuto
da Microempresa”. A esse respeito estabelece, também, o artigo 179, da Constituição Federal,
que
A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios dispensarão às
microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei.
VOLTAR
131
ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 9.ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 458.
179
Determina a Constituição Federal que toda cidade com mais de vinte mil
habitantes deverá ter um plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, que disciplinará
toda a sua política de desenvolvimento e de expansão urbana (art. 182, §1º).
Demais disso, estabelece a Constituição Federal que a função social da
propriedade urbana somente se concretiza quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor, vale dizer, coloca o plano diretor como um
vetor indispensável para o efetivo cumprimento da função social da propriedade urbana (art.
182, §2º).
O parágrafo 3º deste artigo 182 cuida das desapropriações de imóveis urbanos,
dispondo que somente poderão ser levadas a efeito mediante prévia e justa indenização em
dinheiro. A desapropriação poderá se dar por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social (Desapropriação: Decreto-lei n° 3.365/1941; Lei n° 4.132/1962; Lei n°
6.602/1978; Decreto-lei n° 1.075/1970; Lei Complementar n° 76/1993; Lei n° 9.875/1999, e
Lei n° 10.406/2002, art. 1.228, §3º).
O Poder Público poderá, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir que do proprietário do solo urbano não edificado, que esteja subutilizado ou
não utilizado, é dizer, que não esteja cumprindo a chamada função social da propriedade, que
promova o seu uso de forma adequada, sob pena de: I – parcelamento ou edificação
compulsórios; II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo; III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais
(art. 182, §4º).
O artigo 183 da Constituição Federal trata do usucapião urbano de imóveis de
particulares, sendo vedado o de imóveis públicos.
Dispõe a Constituição Federal que aquele que possuir como sua, sem oposição e
por cinco anos ininterruptamente, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
VOLTAR
propriedades produtivas (CF, art. 185, II), ou seja, aquelas que são exploradas racional e
adequadamente (CF, art. 186, I).
VOLTAR
132
ZIMMERMANN, 2002, p.659.
133
MORAES, 2001, p. 685.
183
24 ORDEM SOCIAL
24.3 DA SAÚDE
A Constituição Federal, no seu art. 6º, incluiu a saúde como um direito social,
integrante, portanto, dos assim chamados Direitos e Garantias Fundamentais, previstos no seu
Título II.
Consoante preceito constitucional (art. 196), a saúde é direito de todos e dever do
estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de
doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada, constituindo um sistema único, financiado com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de outras
fontes, e estão organizadas de acordo com as seguintes diretrizes: I – descentralização, com
direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da
comunidade (através dos Conselhos de Saúde, em todos os níveis) – art. 198, I ao III.
A emenda constitucional n° 51, de 14/02/2006, com o objetivo de assegurar uma
maior eficiência às ações públicas de saúde, inclusive no que diz respeito ao combate às
endemias, estabeleceu a possibilidade de admissão de agentes comunitários de saúde e de
agentes de combate às endemias através de processo seletivo público, de acordo com a
natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação, com
regime jurídico específico, determinando, ademais, que o servidor que ora exerce funções
equivalentes à de agente comunitário de saúde ou de agente de combate a endemias poderá
perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o
seu exercício.
A mencionada emenda 51 prevê, ainda, no seu art. 2º, que após a promulgação da
presente Emenda Constitucional, os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às
endemias somente poderão ser contratados diretamente pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios através da seleção pública acima referida, e que aqueles profissionais
que, na data da sua promulgação, e a qualquer título, desempenharem as atividades de agentes
comunitários de saúde e agentes de combate a endemias, na forma da lei, ficam dispensados
de se submeterem ao processo seletivo a que se refere no §4º, desde que tenham sido
contratados a partir de anterior processo de seleção pública efetuado por órgãos ou entes da
administração direta ou indireta de Estado, Distrito Federal ou Município ou por outras
instituições com a efetiva supervisão e autorização da administração direta dos entes da
federação.
Prevê a Carta Constitucional, ainda, que a assistência à saúde é livre à iniciativa
privada, a qual, contudo, somente pode participar do sistema único de saúde através de
instituições de caráter filantrópico ou sem fins lucrativos, mediante contrato de direito público
ou de convênio firmado com essa finalidade (CF, art. 199, caput e §1º).
A Constituição prevê, ainda, vedação à destinação de recursos públicos para
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos, assim como a participação
de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos
em lei (art. 199, §§ 2 e 3º).
185
134
ZIMMERMANN, 2002, p. 564.
135
ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 9.ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 473.
186
24.6 DA EDUCAÇÃO
24.7 DA CULTURA
24.8 DO DESPORTO
o desporto praticado unicamente como forma de lazer e que objetiva integrar os seus adeptos
na vida social, na promoção da saúde coletiva e na proteção ao meio ambiente.
As práticas desportivas formais implicam em direito de cada um e dever do
estado, como forma de promoção e integração dos indivíduos na sociedade. Nas práticas
desportivas não formais o papel do Poder Público é o de criar e preservar áreas públicas de
lazer, como parques e jardins públicos, como forma de favorecer a prática de esportes.
As regras para o desporto nacional estão previstas em quatro incisos do artigo
217:
I – autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento – isto quer dizer que as entidades desportivas têm
liberdade para elaborar os seus estatutos, inclusive no que diz respeito à eleição dos
seus dirigentes e aos recursos financeiros da entidade;
II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento –
entendido este como o desporto que tem por finalidade a competição e a integração
das diversas comunidades do país e deste com outras nações, como por exemplo, as
Olimpíadas, os Jogos Pan-americanos, os campeonatos mundiais, etc.;
III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-profissional;
IV – a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
24.12 DA FAMÍLIA
137
MORAES, 2001, p.711.
194
ANEXOS
ANEXO I
ANEXO II
ANEXO I – LEGISLAÇÃO
196
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por
danos morais e patrimoniais causados (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994):
I – ao meio ambiente;
II – ao consumidor;
III – à ordem urbanística (Inciso incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001);
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (Inciso renumerado pela Lei nº
10.257, de 10.7.2001);
V – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990) (Inciso
renumerado pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001).
VI – por infração da ordem econômica e da economia popular (Inciso renumerado pela Lei nº 10.257, de
10.7.2001) (Redação dada pela MP nº 2.180-35, de 24.8.2001);
VII – à ordem urbanística (Inciso renumerado pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001) (Redação dada pela MP nº
2.180-35, de 24.8.2001).
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos,
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS – ou outros fundos de natureza
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados (Redação dada pela MP nº 2.180-35,
de 24.8.2001).
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá
competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (Redação dada pela MP nº 2.180-35, de
24.8.2001).
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer.
Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001).
Art. 5º A ação principal e a cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, pelos estados e
municípios. Poderão também ser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia
mista ou por associação que:
I – esteja constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil;
II – inclua entre suas finalidades institucionais a proteção ao meio ambiente ao consumidor, à ordem econômica,
à livre concorrência, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (Redação dada pela
Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se
como litisconsortes de qualquer das partes.
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou
outro legitimado assumirá a titularidade ativa (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990).
§ 4. ° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido
(Parágrafo incluído pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990).
§ 5. ° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos
estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.078, de
11.9.1990)
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Parágrafo
incluído pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990)
197
Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público,
ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de
convicção.
Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar
a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.
Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que
a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.
Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de
fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
informativas, fazendo-o fundamentadamente.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer
em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção
de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério
Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000
(mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN –, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados
técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o
cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de
requerimento do autor.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde,
à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo
recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas
julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao
autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um
Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e
representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento
oficial de crédito, em conta com correção monetária.
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados
(Redação dada pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990).
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator,
exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (Redação dada pela Lei nº 9.494,
de 10.9.1997).
Art. 17. Em caso de litigância de má fé, a danos, a associação autora e os diretores responsáveis pela
propositura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade
por perdas e danos. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990)
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má fé, em honorários de
advogado, custas e despesas processuais. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990)
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado pela Lei nº
5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições.
198
Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regulamentado pelo Poder Executivo no prazo de 90
(noventa) dias.
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os
dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. (Redação dada pela Lei nº
8.078, de 11.9.1990)
Art 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação (Renumerado pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990).
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário (Renumerado pela Lei nº 8.078, de 11.9.1990).
Brasília, em 24 de julho de 1985; 164º da Independência e 97º da República.
JOSÉ SARNEY
Fernando Lyra
VOLTAR
199
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de
atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas,
de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a
União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
públicos.
§ 1º Consideram-se patrimônio público, para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de
valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
§ 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação ou custeio o tesouro público
concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas, as conseqüências patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a
repercussão deles sobre a contribuição dos cofres públicos.
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda.
§ 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este artigo, as
certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das mesmas.
§ 5º As certidões e informações, a que se refere o parágrafo anterior, deverão ser fornecidas dentro
de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão ser utilizadas para a
instrução de ação popular.
§ 6º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo, poderá
ser negada certidão ou informação.
§ 7º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta desacompanhada das
certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e salvo em se
tratando de razão de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em
segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado de sentença condenatória.
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos
casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente
que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento
ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades
mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis,
segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles.
Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer
das pessoas ou entidades referidas no art. 1º:
200
§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação,
poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao
interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e
promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese,
assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação
popular.
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil,
observadas as seguintes normas modificativas:
I – Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público;
b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido
referidos pelo autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos
fatos, fixando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.
§ 1º O representante do Ministério Público providenciará para que as requisições, a que se refere o
inciso anterior, sejam atendidas dentro dos prazos fixados pelo juiz.
§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser oferecidos nos prazos assinalados, o juiz
poderá autorizar prorrogação dos mesmos, por prazo razoável.
II – Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo de 30
(trinta) dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital
do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3
(três) dias após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.
III – Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, cuja existência ou
identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira instância,
deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de
provas. Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior.
IV – O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento
do interessado, se particularmente difícil à produção de prova documental, e será comum a todos os interessados,
correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em
edital.
V – Caso não requerida, até o despacho saneador, a produção de prova testemunhal ou pericial, o
juiz ordenará vista às partes por 10 (dez) dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48
(quarenta e oito) horas após a expiração desse prazo; havendo requerimento de prova, o processo tomará o rito
ordinário.
VI – A sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser
proferida dentro de 15 (quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz.
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão
em lista de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção por
antigüidade, de tantos dias quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e
comprovado perante o órgão disciplinar
Art. 8º Ficará sujeita à pena de desobediência, salvo motivo justo devidamente comprovado, a
autoridade, o administrador ou o dirigente, que deixar de fornecer, no prazo fixado no art. 1º, § 5º, ou naquele
que tiver sido estipulado pelo juiz (art. 7º, n. I, letra “b”), informações e certidão ou fotocópia de documentos
necessários à instrução da causa.
Parágrafo único. O prazo contar-se-á do dia em que entregue, sob recibo, o requerimento do
interessado ou o ofício de requisição (art. 1º, § 5º, e art. 7º, n. I, letra “b”).
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais
nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao
representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.
Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato
impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele,
ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e
demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o
dos honorários de advogado.
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide
manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
202
Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado na sentença; se depender
de avaliação ou perícia, será apurado na execução.
§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer pagamento, a condenação imporá o
pagamento devido, com acréscimo de juros de mora e multa legal ou contratual, se houver.
§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simulada ou irreal de contratos, a condenação
versará sobre a reposição do débito, com juros de mora.
§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução far-se-á por desconto em
folha até o integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao interesse público.
§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a seqüestro e penhora, desde a
prolação da sentença condenatória.
Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência da lei penal ou a prática de falta
disciplinar a que a lei comine a pena de demissão ou a de rescisão de contrato de trabalho, o juiz, “ex officio”,
determinará a remessa de cópia autenticada das peças necessárias às autoridades ou aos administradores a quem
competir aplicar a sanção.
Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda
instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a
promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.
Art. 17. É sempre permitido às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam
contestado a ação, promover, em qualquer tempo, e no que as beneficiar, a execução da sentença contra os
demais réus.
Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver
sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo
grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação
procedente, caberá apelação, com efeito suspensivo.
§ 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento.
§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá
recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.
Art. 20. Para os fins desta lei, consideram-se entidades autárquicas:
a) o serviço estatal descentralizado com personalidade jurídica, custeado mediante orçamento
próprio, independente do orçamento geral;
b) as pessoas jurídicas especialmente instituídas por lei, para a execução de serviços de interesse
público ou social, custeados por tributos de qualquer natureza ou por outros recursos oriundos do Tesouro
Público;
c) as entidades de direito público ou privado a que a lei tiver atribuído competência para receber e
aplicar contribuições parafiscais.
Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.
Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não
contrariem os dispositivos desta lei, nem a natureza específica da ação.
Brasília, 29 de junho de 1965; 144º da Independência e 77º da República – H. Castello Branco –
Milton Soares Campos.
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203
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação.
Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo.
Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual competir o conhecimento do
recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que
presida.
Art 17. Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos demais Tribunais caberá ao relator a
instrução do processo.
Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o
mérito.
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas corpus e
mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir
à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.
Parágrafo único. O prazo para a conclusão não poderá exceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.
Art. 20 – O julgamento do habeas data compete:
I – originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II – em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais
Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição
e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;
III – mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição.
Art 21. São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para
anotação de justificação, bem como a ação de habeas data.
Art 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 12 de novembro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Íris Rezende
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205
CAPÍTULO X
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa;
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem
impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:
I – ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição;
II – aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou
interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de
Polícia.
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual
ou superior jurisdição.
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro
ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais,
salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão
exceder o prazo legal.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em
conflito com os fundamentos daquela.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas custas a autoridade
que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser
promovida a responsabilidade da autoridade.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como
pelo Ministério Público.
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência,
coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda
o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação
das respectivas residências.
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso
de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou
policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da
prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a
um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que
julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal
Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as multas.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará
que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será
processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em
juízo.
206
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:
I – grave enfermidade do paciente;
II – não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III – se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado por
motivo de doença.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o
pedido.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24
(vinte e quatro) horas.
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser
mantido na prisão.
§ 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal
ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor
desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem
anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao
paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua
disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo.
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a
ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no
art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal.
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas corpus será
apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da
turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, requisitará da
autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o
presidente mandará preenchê-lo, logo que lhe for apresentada a petição.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o habeas corpus
deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a
respeito.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo,
entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado
parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao
paciente.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma,
será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o
constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o processo e
julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária.
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo Tribunal Federal,
bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias de habeas corpus, observar-se-
á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal
estabelecer as regras complementares.
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207
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Art. 1º – Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-
corpus, sempre que, ilegalmente ou com abuso do poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-
la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
§ 1º – Consideram-se autoridades, para os efeitos desta lei, os representantes ou administradores das entidades
autárquicas e das pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas do Poder Público, somente no que
entender com essas funções. (Redação dada pela Lei nº 9.259, de 09/01/96).
§ 2º – Quando o direito ameaçado ou violado couber a varias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado
de segurança.
Art. 2º – Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o
qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela união federal ou pelas entidades autárquicas federais.
Art. 3º – O titular de direito liquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro, poderá
impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, em prazo razoável,
apesar de para isso notificado judicialmente.
Art. 4º – Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos desta lei, impetrar o mandado de segurança
por telegrama ou radiograma ao juiz competente, que poderá determinar seja feita pela mesma forma a
notificação a autoridade coatora.
Art. 5º – Não se dará mandado de segurança quando se tratar:
I – de ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução.
II – de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso previsto nas leis processuais ou possa ser modificado
por via de correção.
III – de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de
formalidade essencial.
Art. 6º – A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos artigos 158 e 159 do Código do Processo
Civil, será apresentada em duas vias e os documentos, que instruírem a primeira, deverão ser reproduzidos, por
cópia, na segunda.
Parágrafo único. No caso em que o documento necessário à prova do alegado se acha em repartição ou
estabelecimento publico, ou em poder de autoridade que recuse fornecê-lo por certidão, o juiz ordenará,
preliminarmente, por oficio, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará para
cumprimento da ordem o prazo de dez dias. Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria
coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. O escrivão extrairá cópias do documento para
juntá-las à segunda via da petição. (Redação dada pela Lei nº 4.166, de 04/12/62).
Art. 7º – Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
I – que se notifique o coator do conteúdo da petição entregando-se-lhe a segunda via apresentada pelo requerente
com as cópias dos documentos a fim de que, no prazo de quinze dias, preste as informações que achar
necessárias. (Redação dada pela Lei nº 4.166, de 04/12/62)
II – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido quando for relevante o fundamento e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida.
Art. 8º – A inicial será desde logo indeferida quando não for caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum
dos requisitos desta lei.
Parágrafo único. De despacho de indeferimento caberá o recurso previsto no art. 12.
Art. 9º – Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica do
ofício endereçado ao coator, bem como a prova da entrega a este ou da sua recusa em aceitá-lo ou dar recibo.
Art. 10 – Findo o prazo a que se refere o item I do art. 7º e ouvido o representante do Ministério Público dentro
em cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz, independente de solicitação da parte, para a decisão, a qual
deverá ser proferida em cinco dias, tenham sido ou não prestadas as informações pela autoridade coatora.
Art. 11 – Julgado procedente o pedido, o juiz transmitirá em ofício, por mão do oficial do juízo ou pelo correio,
mediante registro com recibo de volta, ou por telegrama, radiograma ou telefonema, conforme o requerer o
peticionário, o inteiro teor da sentença a autoridade coatora.
208
Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica, radiofônica ou telefônica, deverão ser
apresentados a agência expedidora com a firma do juiz devidamente reconhecida.
Art. 12 – Da sentença, negando ou concedendo o mandado cabe apelação. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de
27/12/73).
Parágrafo único. A sentença, que conceder o mandado, fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, podendo,
entretanto, ser executada provisoriamente (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 03/07/74).
Art. 13 – Quando o mandado for concedido e o Presidente do Tribunal, ao qual competir o conhecimento do
recurso, ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que
presida. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 27/12/73).
Art. 14 – Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos demais tribunais caberá ao relator a
instrução do processo.
Art. 15 – A decisão do mandado de segurança não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus
direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.
Art. 16 – O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito.
Art. 17 – Os processos de mandado de segurança terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas
corpus. Na instância superior deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir a data em que,
feita a distribuição, forem conclusos ao relator.
Parágrafo único. O prazo para conclusão não poderá exceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.
Art. 18 – O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos cento e vinte dias contados da
ciência, pela interessado, do ato impugnado.
Art. 19 – Aplicam-se ao processo do mandado de segurança os artigos do Código de Processo Civil que regulam
o litisconsórcio. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 03/07/74).
Art. 20 – Revogam-se os dispositivos do Código do Processo Civil sobre o assunto e mais disposições em
contrario.
Art. 21 – Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação.
Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1951; 130º da Independência e 63º da República.
VOLTAR
209
ANEXO II – MODELOS
211
↕ (9 espaços duplos)↕
O representante do Ministério Público, com fundamento no art.5° da Lei n° 7347, de 24.07.1985, vem, à
presença de V. Exa., propor a presente
1. A Empresa Requerida adquiriu a chácara denominada (...), localizada na Rua (...), nº (...), Bairro (...), Cidade
(...), Cep. (...), neste Estado, onde pretende instalar oficina de conserto de suas máquinas e depósito de material e
destroços de veículos acabados.
2. O local, número (...), da rua (...), é dos mais aprazíveis do bairro, composto de vivendas ajardinadas, algumas
antigas, com arborização feita a capricho, ali funcionando duas escolas, justamente confinantes com o terreno da
Empresa.
3. A obra construenda é perfeita agressão ao meio ambiente, à estética e à paisagem da rua da fonte, agressão
verificável do simples exame das fotografias ora exibidas.
4. Regem-se pela Lei n° 7347, de 1985, as ações de responsabilidade por danos causados:
I – ao meio ambiente;
II – ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (art.1º).
a) A citação da Requerida, na pessoa de seu representante legal para responder, sob pena de revelia, aos termos
da presente ação, que visa1 à obrigação de não fazer a obra indicada no item 1º.
b) Sejam liminarmente e por cautela suspensos os serviços de reparo da construção.
c) Seja a Requerida, a final, condenada a abster-se da realização do ato danoso aos interesses da comunidade e a
pagar as custas e honorários de advogado.
Protesta por prova pericial e oral.
Dá a causa o valor de R$ (... ) (valor expresso)
Pede deferimento.
(Local, data e ano).
VOLTAR
212
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ____ Vara da Fazenda Pública da Comarca do Salvador, estado da Bahia.
↕ (9 espaços duplos) ↕
NOME DO REQUERENTE (ou Autor, Demandante, Suplicante), (Nacionalidade), Advogado, (Estado Civil),
portador da OAB nº (xxx), com escritório profissional à Rua (...), nº (...), Bairro (...), nesta Cidade, Cep. (...),
vem respeitosamente à presença de V. Exa., propor a presente
AÇÃO POPULAR
nos termos do art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal e Art. 4º, I da Lei 4.717/65 em face do PREFEITO DO
MUNICÍPIO DO SALVADOR, o Ilmo. Sr. (...), pelos motivos que passa a expor:
1. Como demonstram as publicações anexas (Docs. 01/05), a municipalidade, por seu órgão executivo máximo,
contratou com a Construtora (...) a construção de um grupo escolar e de um mercado-modelo nos locais
denominados (...). O custo das duas obras é, respectivamente, de R$ (...) (valor expresso) e R$ (...) (valor
expresso), importâncias obviamente superiores aos preços de mercado e aos recursos ordinários da Prefeitura,
cujo "sacrifício" só é explicável por se tratar de obras inventadas em tempo de eleição.
2. Os atos são nulos porque realizados sem a necessária concorrência pública, com infração, portanto, do art. (...)
da Lei Municipal n° (...), de (.../.../...). Além disso, os beneficiários, de idoneidade financeira duvidosa, não têm
firma registrada, o que põe em dúvida sua idoneidade técnica.
3. Destarte, os contratos, nulos, de difícil execução, prenunciam graves prejuízos ao erário público. Nesse
sentido, qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
ao patrimônio dos Municípios (arts. 1º e 2º da Lei n° 4.717 de 29.05.1965):
4. Com efeito, para o êxito da ação popular é necessário que o ato, além de ilegítimo, seja também lesivo ao
patrimônio público (ac. da 3ª Câmara Cível do TJMG, Revista Forense, vol. 297, p. 203).
Face o exposto, REQUER:
a) A citação do Prefeito Municipal e interessados para, sob pena de revelia, responder aos termos da presente
ação, em que se pleiteia e espera a decretação da nulidade dos atos impugnados
b) A condenação dos réus nas custas e honorários advocatícios.
Dá-se a causa o valor de R$ (...) (valor expresso).
Pede deferimento.
(Local data e ano).
(Nome e assinatura do advogado).
VOLTAR
213
Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da ____ Vara da Seção Judiciária do Estado da Bahia.
↕ (9 espaços duplos)↕
nos termos do art. 5º, LXXII, da Constituição Federal de 1988, contra ato praticado por funcionário
deste juízo, pelos fatos e fundamentos que a seguir expõe:
1. O Requerente exerce há (...) anos o cargo de escrivão da (...ª) Vara Federal. Objetivando
concorrer a outro cargo público está organizando curriculum vitae, e precisa ter conhecimento do que consta em
sua folha de assentamentos na Secretaria do Tribunal de Justiça, informações que estão sendo negadas
injustificadamente pelo funcionário (...), conforme se verifica do requerimento, negado.
2. A Constituição da República, de 1988, concede Habeas Data para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro de entidade publica. A regra constitucional
está assim enunciada:
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa o impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo”;
Pede deferimento.
Nota: As ações de habeas data serão gratuitas, conforme artigo 5º, LXXVII da CF/88, c/c art. 21 da Lei
9.507/97.
VOLTAR
214
↕ (9 espaços duplos)↕
FULANO DE TAL, brasileiro, casado, advogado devidamente inscrito na OAB-BA sob o nº ...,
com escritório na cidade e Comarca de Salvador, na avenida ..., ao final assinado, vem, por esta e na melhor
forma de direito, respeitosamente à honrosa presença de Vossa Excelência, para impetrar a presente:
ORDEM DE HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR
em favor do Paciente ... (nome completo), ... (nacionalidade), ... (estado civil), ... (profissão), RG
no ..., CPF/MF no ..., residente e domiciliado na cidade e Comarca de ..., na ... (endereço completo: rua (av.), no,
complemento, bairro, cidade, CEP, UF), com supedâneo no inciso LXVIII do art. 5o da Constituição da
República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, e nos arts. 647, 648, I, do Código de
Processo Penal e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, contra ato do MM. JUIZ DE DIREITO DA
....ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ..., ESTADO DA BAHIA, ora apontado como Autoridade
Coatora, pelos seguintes motivos de direito e de fato, a saber:
DOS FATOS:
Que o Paciente foi denunciado perante a D. Autoridade Coatora, em ......... (dia, mês e ano), em tese
por infração ao disposto no art. ....... do Código Penal e que teria sido cometida em .......... (dia, mês e ano), nos
autos do Processo Crime no ............, da ..... a Vara Criminal de ............ .
Que a denúncia foi ofertada nos seguintes termos: ................................................... (copiar os
termos da denúncia).
Que ao oferecer a denúncia, o Ilustre Representante do Ministério Público, houve por bem
representar perante a D. Autoridade Coatora, pela decretação da prisão preventiva do Paciente, nos seguintes
termos abaixo transcrito: ............................................. (copiar os termos da representação de decretação da prisão
preventiva).
Conclusos os autos, em ............... (dia, mês e ano) a D. Autoridade Coatora, recebeu a denúncia e
decidiu decretando a prisão preventiva do Paciente.
Que o mandado de prisão preventiva foi expedido, e cumprido na mesma data, com a maior
facilidade, porquanto o Paciente se encontrava trabalhando.
Preso, foi citado e teve designado o seu interrogatório para o dia ........ (dia, mês e ano). Após o seu
interrogatório foi designada a audiência de início de instrução para o .......... (dia, mês e ano).
Que na data aprazada, foram ouvidas as testemunhas de acusação. Em ..……… (dia, mês e ano),
por meio deste Impetrante o Paciente pleiteou a revogação de sua prisão preventiva, cujo pedido foi autuado em
apenso. Com vistas ao Representante do Ministério Público este se manifestou pelo indeferimento do pedido nos
seguintes termos: ......................................... (copiar os termos da cota ministerial).
Novamente conclusos os autos, a D. Autoridade Coatora houve por bem indeferir o pedido de
revogação da prisão preventiva, por respeitável despacho prolatado em ......... (dia, mês e no) e assim despachou:
.............. (copiar os termos do indeferimento do pedido)
DO DIREITO
1. DA LEGISLAÇÃO PERTINENTE:
A Constituição da República Federativa do Brasil, a respeito da garantia constitucional ora
pretendida, assim dispõe:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se os brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
§1o As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§2o Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
“Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa;
[...]
VI – quando o processo for manifestamente nulo; ”
2. DOS FUNDAMENTOS:
Por respeitável despacho acima transcrito, a D. Autoridade Coatora houve por bem decretar a
prisão preventiva do Paciente, atendendo requerimento do Nobre Representante do Ministério Público para
garantia da ordem pública, para assegurar a aplicação da lei penal e por conveniência da instrução criminal.
Apesar do enorme esforço demonstrado pelo eminente Magistrado, na fundamentação da
decretação da medida extrema, cremos que a medida deva ser revista.
A materialidade do delito, ao contrário do lançado no respeitável decreto de custodia, está coberta pelo
manto da dúvida e da incerteza, e só após a instrução é que se poderá descortinar, eventualmente, a verdade real buscada
nos autos.
Com efeito, Nobres Magistrados, não se verifica nos autos, máxime após a oitiva das testemunhas
de acusação, e a vítima da imputada infração, a necessidade da manutenção da custódia preventiva do Paciente
por conveniência da instrução criminal.
Assim, venia concessa, em sede de conveniência da instrução criminal, não se revela mais
necessária a manutenção da custódia preventiva do Paciente.
Por outro lado, no que concerne à garantia da ordem pública, cremos que também não merece
subsistir a prisão preventiva do Paciente, porquanto o simples fato de ter sido denunciado, e recebida a denúncia,
por ................, (descrever a conduta do paciente tida como criminosa) não basta para classificar de hediondo o
crime praticado, porquanto só o veredicto soberano do Tribunal de Pares, pode, eventualmente, reconhecer
eventuais qualificadoras.
Por outro lado, os recortes de jornais acostados aos autos da ação penal, não bastam para
demonstrar eventual perplexidade da comunidade, máxime considerando-se que as poucas notícias veiculadas na
imprensa, datam da época dos fatos, ocorridos há mais de 8 meses da data da decretação da prisão preventiva.
De qualquer forma, como já referido, o Paciente tem residência fixa, exerce profissão lícita, não se
vislumbra que a sua liberdade representa risco para a ordem pública, não se justificando, pois, em termos de
necessidade, a sua segregação para garantia da ordem pública.
Resta a análise da necessidade de sua prisão preventiva para garantia da futura aplicação da lei
penal.
Em resumo, concessa venia, dúbio o fumus boni iuris, e ausente o periculum in mora, não se
justifica, na hipótese dos autos, sob nenhum aspecto a manutenção da prisão preventiva do Paciente cuja
revogação é medida da mais pura e cristalina Justiça.
Assim, se impõe a concessão da presente Ordem de Habeas Corpus, para a revogação da prisão
preventiva do Paciente, porquanto não estão presentes nenhum dos requisitos e nenhuma das condições a que se
refere o artigo 312 do Código de Processo Penal.
Há de convir esta Colenda Câmara, que é uma pena alta demais por um eventual delito, a ser paga
por quem é primário, não tem antecedentes criminais, é pessoa radicada na cidade e Comarca de ................... .
Por isso o presente pedido, justificando-se a concessão de medida liminar, determinando a
expedição de imediato alvará de soltura em favor do Paciente, já que presentes os requisitos legais do fumus boni
iuris e do periculum in mora, e também determinado na Carta Magna de 1988, em seu art. 5o, inciso LXV, que a
prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária, fundamento maior da possibilidade da
concessão de medidas liminares em sede de hábeas corpus.
3. DO PEDIDO:
Isto posto, impetra-se a presente Ordem de Habeas Corpus para, LIMINARMENTE, determinar-
se a expedição de alvará de soltura, em favor do Paciente, e, ao final, depois de prestadas as devidas informações
e colhido o parecer da Procuradoria Geral da Justiça, conceder a ordem, para o fim de revogar-se o decreto de
prisão preventiva do Paciente, tornando, em qualquer caso, definitiva a liminar concedida, atendendo-se,
destarte, aos reclamos da mais pura e cristalina Justiça.
Pede deferimento.
Salvador, .... de ..................... de 2004.
Nome do advogado
OAB-BA
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216
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ____ Vara do Trabalho da Comarca de Salvador
↕ (9 espaços duplos)↕
MANDADO DE INJUNÇÃO
nos termos do artigo 5º, LXXI da Constituição Federal de 1988, perante a Justiça do Trabalho,
pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
2. Sua mulher deu à luz uma criança no dia (.. /../....) do corrente ano, consoante certidão de
nascimento em anexo (doc. 05) e acha-se em gozo de licença à gestante. No entanto, o Reclamante para dar
assistência à mulher e ao filho solicitou ao empregador licença-paternidade, direito que lhe assegura o art. 7°,
XIX, da Constituição Federal, pedido que lhe foi negado.
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...].
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;”
4. Pelo exposto, recebida e protocolada esta reclamação (em duas vias), REQUER:
a) Seja notificado o Reclamado para comparecer à audiência de julgamento que for designada, na forma do
art. 841 da Consolidação das Leis do Trabalho.
b) Espera que este D. juízo, em sua alta sabedoria, supra a omissão e lhe assegure o gozo da pleiteada
licença.
c) Provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente a juntada de novos
documentos, pericial e depoimento pessoal do Reclamado.
Dá se à causa o valor de R$ (...) (valor expresso).
Pede deferimento.
(Local, data e ano).
A
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL
DA COMARCA DE ... .
↕ (9 espaços duplos)↕
Excelentíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública da Comarca de ... .
↕ (9 espaços duplos)↕
.., brasileira, casada, ..., Prefeito Municipal de ... (doc. 01 e 02, respectivamente Diploma e Ata de
Posse), por seu advogado infrafirmado, com escritório profissional na Avenida ... (procuração em anexo, doc.
03), vem impetrar MANDADO DE SEGURANÇA, com pedido de liminar, com fulcro no art. 5o, LXIX da
Constituição Federal, c/c o art. 1o, da Lei nº 1533/51, contra atos do Presidente da Mesa da Câmara Municipal
de ..., e da Comissão Processante que impulsiona o Processo..., representados, respectivamente, pelos
Presidentes ... e ..., órgãos de logo apontados como autoridades coatoras, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:
DA AUTORIDADE COATORA
Pondera a impetrante ante V. Exa que a autoridade dita coatora, para efeito de Mandado de
Segurança, em se tratando de Poder Legislativo, será sempre o Órgão Diretor do Parlamento, quer seja em face
de ilegalidade praticada pela Mesa da Câmara ou mesmo pela Comissão Processante.
A doutrina amplamente majoritária assim leciona, com Tito Costa:
“Assim, se a Comissão Processante praticar ato contrário à lei, no curso das investigações, ou se, por qualquer
meio, cercear o direito de defesa do acusado, as medidas judiciais que se pleitearem em relação a essas práticas
deverão ser dirigidas contra a Câmara, como tal, ou contra a Mesa ou seu Presidente; não contra a comissão que
nada mais é que um prolongamento da edilidade, agindo em nome desta e sob sua responsabilidade” (COSTA,
2000, p.252) – [grifo nossos]
Na mesma esteira de entendimento, o Professor Alfredo Buzaid assim entende:
“Que se deve entender por autoridade responsável do Poder Legislativo? A nosso ver, a autoridade responsável
do Poder Legislativo, havida como sujeito passivo do mandado de segurança, é aquela que toca a direção dos
trabalhos dos corpos legislativos. Esta idéia emerge do art. 102, I, ‘d’, da Constituição da República, ao
preceituar que: ‘Compete ao Supremo Tribunal Federal: I – processar e julgar, originariamente: d) ...; o
mandado de segurança e o habeas data contra atos ... das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal...” (BUZAID, 1989, p.126) – [grifo nosso].
219
A própria Constituição do Estado da Bahia também coloca como sujeito passivo do mandado de
segurança a Mesa da Assembléia Legislativa:
“Art. 123 – Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição:
I – processar e julgar, originariamente:
b) os mandados de segurança contra atos ..., da Mesa da Assembléia Legislativa, [...]” – [grifo nosso].
Assim, a Mesa Diretora da Câmara Municipal é a autoridade coatora nos Mandados de
Segurança impetrados contra os atos praticados pela edilidade:
“Quando o ato emana do Órgão Colegiado, coator é o próprio colegiado. O endereçamento do pedido de
informações ou até sua prestação pelo presidente do Órgão não tem o condão de transformá-lo em autoridade
coatora. Até porque, na formação da vontade do grupo, poderá ele ter sido vencido, o que não o despe do dever
de sustentar o ato, se trazido à apreciação judicial. Em suma, o Presidente apenas representa o colegiado, mas
não personifica sua decisão.
Autoridade constritora é o Órgão que executa o procedimento. Autoridade que o preside apenas o
representa, mas as decisões a ela não pertencem singularmente” (FERRAZ, p.61-62) – [grifo nosso].
Trata-se, pois, de norma processual de matriz constitucional, Federal e Estadual, cuja competência legiferante
é da União (art. 22, I, da CF), que indica a autoridade coatora, que deve responder em juízo nos mandados de
segurança impetrados contra o colegiado parlamentar, dispositivo que se estende aos Estados e aos Municípios,
em face dos princípios da simetria e do paralelismo das formas, tanto mais porque, seja pela Lei Orgânica de
..., seja pelo Regimento Interno da Câmara de Vereadores, a Edilidade é composta por uma Mesa Diretora docs.
05 e 06, respectivamente, Lei Orgânica de ... e Regimento Interno da Câmara Municipal de ...).
Todavia, com o fito de afastar quaisquer dúvidas, a impetrante também indica como autoridade
coatora a Comissão Processante, representada pelo seu Presidente o Vereador ... .
DAS ILEGALIDADES
A impetrante demonstrará, à saciedade, a V. Exa. que desde o início do processo .../02, emergem
ilegalidade de toda a sorte, ensejadoras da sua nulidade, sendo certo que com o Parecer da Comissão
Processante (doc. 07), dando seqüência à denúncia e ao processo, com a rejeição sumária e infundada das razões
introduzidas na defesa, mais evidente ainda se afigura a violação a direito subjetivo líquido de certo da Prefeita
Municipal.
Requer, pois, seja declarada a nulidade do recebimento da denúncia, arquivando, por via de
conseqüência, o processo nº ....
DA AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO.
É de entendimento doutrinário moderno, que a denúncia, para ser apreciada pelo plenário da
Edilidade, pressupõe defesa prévia por parte do acusado.
Este entendimento conduz a interpretação do art. 5º, II, do Decreto Lei nº 201/67, conforme o art.
5º, LIII, LIV e LV, da Constituição Federal.
Como se vê, o art. 5º, II, do Decreto Lei nº 201/67, haverá de ser interpretado de acordo com a
Constituição de 1988 tal qual a interpretação que se empresta ao art. 14 da Lei nº 1079/50, consoante
entendimento já esposado pelo STF no MS nº 20.941-1/DF.:
“No MS nº 20.941-1-DF, o Supremo Tribunal Federal assentou, voto do Ministro Aldir Passarinho: ‘Não nos
parece possível, portanto, que a denúncia de qualquer cidadão, como admite o artigo 14 da Lei nº 1.079/50,
possa ser levada de plano, sem qualquer instrução prévia, à apreciação do plenário da Câmara dos Deputados,
para decidir sobre a instauração do processo, no Senado, com a conseqüente suspensão das suas funções, sem
que, ao Presidente da República, ao Vice-Presidente, ou aos Ministros, nos crimes conexos, lhes seja dado o
direito de exercer qualquer defesa. Não há como deixar-se de aplicar, em caso de tal natureza, a garantia do
due process of law, que, em tal hipótese, transcende ao próprio interesse individual daquelas altas autoridades,
para projetar-se muito além, no interesse da coletividade, e da própria Nação, pela perturbação da normalidade
política, que o afastamento da Chefe de Governo inegavelmente acarretaria.
A necessidade de prévia instauração de processamento inicial para que possa haver autorização da Câmara dos
Deputados a fim de ser instaurado o processo no Senado Federal, com a conseqüente suspensão de suas funções,
do Presidente da República, se releva patente e indeclinável.’
Tenha-se, outrossim, a fundamentação do Ministro Célio Borja: ‘o ato de recebimento em termos processuais
não significa simplesmente um protocolo de entrega de um determinado documento à Câmara dos Deputados.
Ele implica uma análise prévia para se verificar se o documento preenche as condições básicas para tramitar.
Assim se procede com todas as proposições que dão entrada na Casa, conforme se verifica no art. 144, §3o, do
Regimento Interno.” (COSTA, 2000, p.21) – [grifo nosso].
Este é o momento no qual se abre a oportunidade para apresentação da defesa prévia, já que a
defesa definitiva se encontra prevista no art. 5º, III, do Decreto Lei nº 201/67, não podendo esta última ser
confundida, portanto, com as razões finais a que se refere o inciso V do mesmo artigo.
Aliás, o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal se estende ao caso sub judice, uma
vez que não se trata de aplicação de lei local, decorrente da autonomia municipal, mas de interpretação que
deve ser desenvolvida junto aos dispositivos do Decreto-Lei 201/67, em respeito ao artigo 5o, LIII, LIV e
LV, da Carta da República.
Significa dizer, portanto, que jamais poderá haver recebimento de denúncia sem prévia defesa, sob
pena de violação àqueles dispositivos constitucionais.
“Sem embargos, apresentada a denúncia, o Presidente da Câmara deverá, antes de submeter a matéria a votação,
assegurar a audição do denunciado, Prefeito ou Vereador, para que possa manifestar-se sobre os aspectos
técnicos, regularidades da denúncia e fatos apontados. De observar que o processo de cassação uma vez iniciado
causa disfunção nas atividades de governo e provoca abalos morais. O exercício de prévia defesa corporifica
atendimento do princípio constitucional do devido processo legal; com o amplo direito de defesa (art. 5º, LIII,
LIV e LV da CF) (COSTA, 2000, p. 20) – [grifo nosso].
O recebimento da denúncia, sem defesa prévia, importa em nulidade do processo por vulneração
aos art. 5º, LIII, LIV e LV da CF.
Sem dúvida possível é, neste momento da defesa prévia, que o acusado poderá argüir
ausência de pressuposto de admissibilidade da denúncia formulada, juntamente com os documentos que a
acompanham, a fim de evitar disfunção nas atividades de governo, como bem se referiu a doutrina acima
transcrita.
Em face do exposto, requer seja declarada nulidade do processo a partir do recebimento da
denúncia, que não foi precedida de defesa prévia.
VIII, do Dec. Lei nº 201/67, que aliás defere a Câmara competência para processar e julgar Prefeito por infração
político-administrativa.
Na verdade, o superfaturamento de despesa não guarda abstratamente e em tese qualquer relação
com o dispositivo contido no art. 4º, VIII, do Dec. Lei nº 201/67, que se reporta à figura do Chefe do Executivo
quando este se omite ou negligencia na defesa de bens, renda, direito ou interesse do Município.
A imputação, portanto, em tese, não diz respeito a ato omissivo, mas a ato comissivo, e
estaria, tal como foi descrita, enquadrada no art. 1º, V e XI, do Dec. Lei nº 201/67.
Sem dúvida possível, superfaturar despesas nada tem a ver com omissão ou negligência, mas com
ordenação ou realização de despesas não autorizadas por lei e, portanto, efetuadas em desacordo com as normas
financeiras pertinentes.
É, pois, conduta tradutora, em tese, de crime de responsabilidade, sujeito ao julgamento do
Poder Judiciário, através a sua Câmara Especializada do Tribunal de Justiça, e não da Câmara de
Vereadores de ... data venia, porque não se refere a infração Político-Administrativa.
Desse modo, ainda que não existissem os vícios no ato de recebimento da denúncia, já apontados
nas preliminares acima, não poderia a Edilidade imprimir curso ao processo porque não detém o Parlamento de
competência para conhecer e julgar os fatos objeto da imputação.
Em face do exposto, requer seja declarada nulidade do processo a partir do recebimento da
denúncia, por incompetência absoluta da Câmara de Vereadores para conhecer, processar e apreciar a
denúncia formulada.
DO PEDIDO LIMINAR
realizada no dia 23/09/02, ao acolher o Parecer do Relator, fez tabula rasa de todas as justificativas e argumentos
jurídicos desenvolvidos na defesa apresentada pela impetrante.
Isto posto, requer a V. Exa. que se digne, em caráter de urgência, conceder, inaudita altera
pars, liminar em favor da impetrante, determinando, em conseqüência, a suspensão e sustação imediata do
Processo .../02, até o julgamento em definitivo do presente mandamus.
DO PEDIDO DEFINITIVO
Concedida a liminar, requer sejam citadas as autoridades indigitadas coatoras, nas pessoas dos seus
representantes legais, retro indicados, que podem ser encontrados na Praça dos Três Poderes, s/n, Centro, nesta
cidade de ..., para que prestem informações no prazo de dez (10) dias, tudo para que ao final seja proferida
sentença declarando a nulidade do Processo nº ..., desde o recebimento da denúncia, formulada pela Sr. ..., até a
data da sentença, em razão do vício de raiz que o contamina.
Requer, ainda, seja intimada a ilustre representante do Ministério Público para funcionar no feito,
custos legis.
Dá à presente o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).
Pede deferimento.
Cidade e data
Nome do Advogado
OAB-BA.
VOLTAR
223
Bibliografia
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