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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
i. teoria das fontes: aplicação da teoria dos princípios como espécie normativa;
jurisprudência como fonte do Direito, principalmente no que diz respeito à força
vinculativa dos precedentes; adoção mais frequente, na técnica legislativa, de cláusulas
gerais e conceitos jurídicos indeterminados.
ii. teoria da hermenêutica: distinção entre texto e norma; criatividade do julgador;
proporcionalidade e razoabilidade.
iii. relação do direito processual civil com o direito constitucional : força normativa da
Constituição (CPC, art. 1º); aplicação dos postulados da teoria dos direitos fundamentais
(dimensões objetiva e subjetiva); expansão da jurisdição constitucional.
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i) dispositivo;
ii) efetividade;
iii) eficiência ou economia processual;
iv) boa-fé e lealdade processual;
v) cooperação;
vi) promoção da solução consensual do conflito;
vii) primazia do julgamento de mérito;
viii) autorregramento da vontade das partes no processo;
ix) adequação;
x) proteção da confiança;
xi) instrumentalidade das formas.
Origem: Idade média – premissa de uma reação ao exercício desmedido do poder (combate à
tirania), de submeter o poder a um controle (submissão da autoridade ao Direito). Autolimitação do
Estado-juiz no exercício da própria jurisdição. A noção remonta ao Édito de Conrado II (Decreto Feudal
Alemão de 1.037, sec. XI) que inspirou a Magna Carta de 1215, na qual foi consagrada como “law of the
land”.
Conceito: cláusula geral consistente em um conjunto de garantias mínimas que foram sendo
incorporadas com o tempo, necessárias à noção de um processo justo (série de exigências para que o
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processo seja considerado devido). Esse conjunto de garantias decorre de um acúmulo histórico: foram
conquistas paulatinas ao longo do tempo, das quais não cabe retrocesso (proibição do retrocesso). Não
há um consenso sobre quais postulados efetivamente integram o conceito de devido processo legal.
Dinamarco: é um sistema de limitações ao poder, imposto pelo próprio Estado de Direito para a
preservação de seus valores democráticos. A doutrina tem muita dificuldade em conceituar o devido
processo legal e precisar os contornos dessa garantia - justamente porque vaga e caracterizada por uma
amplitude indeterminada e que não interessa determinar.
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Dimensões:
i) Formal: respeito às garantias formais impostas pelo direito para que o processo seja devido
(contraditório, juiz competente, motivação).
ii) Material (substancial/substantivo): exigência de que não apenas o processo, mas também a
decisão que dele resulta seja devida. Está ligada á proporcionalidade e razoabilidade, como
bvem entendendo o STF, e é corroborada pelo art. 8 do CPC/15.
a) Concepção norte-americana: necessidade de amparar constitucionalmente novos
direitos diante do rol diminuto de direitos fundamentais. DPL da CF americana
atribuía outros direitos – fonte implícita de direitos fundamentais.
b) Concepção brasileira (STF): a dimensão substancial do devido processo legal significa
ser este fonte dos deveres de proporcionalidade e razoabilidade (CPC, art. 8º). Assim,
abre caminho para uma função de controle de conteúdo dos atos do Poder Público.
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CF - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes
Dimensões:
i) Formal: caracteriza-se pelo binômio ciência e reação. Às partes deve ser garantida a
ciência dos atos decisórios bem como a possibilidade de reação.
ii) Substancial: direito de influenciar na decisão (participação efetiva). Inclui o direito à
prova (não adianta deixar alegar, mas não deixar provar). Por isso, mesmo em questões de
ordem pública, não pode o juiz decidir sobre elas sem antes oportunizar manifestação das
partes (não surpresa).
Por essa razão o STJ já decidiu que Ministro que não acompanhou o início do julgamento com
sustentação oral não pode participar de sua continuação (EREsp 1.447.624).
O STJ entende que o fundamento ao qual se refere o art. 10 do CPC/15 é o fundamento jurídico e
não o fundamento legal (STJ, EmbDcl no Resp 1.280.825)
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Ampla defesa: direito de acesso aos instrumentos para influenciar na decisão. Integra o
contraditório.
Contraditório x princípio dispositivo: o juiz decide nos limites do pedido, pois apenas nesse
campo há contraditório.
Liminares inaudita altera pars: não ferem o contraditório, porque são decisões provisórias.
Contraditório postergado.
Art. 9º do NCPC: não se proferirá decisão CONTRA uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida (mas pode-se decidir a favor de alguém sem ouvi-lo). Isso não se aplica às tutelas
provisórias, às tutelas de evidência previstas no art. 311, II e III e ao art. 701 (ação monitória) . O rol de
exceções do art. 9º é exemplificativo, existindo outras hipóteses no CPC, art. 77/81 (imposição de ofício
de multa), 332 (improcedência liminar do pedido), 335 (julgamento antecipado do mérito). Nesses casos
não há inconstitucionalidade, pois a intenção é privilegiar a efetividade da jurisdição.
Juris STF: é inconstitucional o §2º do art. 22 da Lei 12.016/2019 (MS) quando prevê a necessidade
de oitiva prévia do representante da pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão
de liminar em mandado de segurança coletivo, pois isso contrariaria o sistema referente à tutela de
urgência (ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes
julgado em 9/6/2021 (Info 1021)
Função do juiz – zelar (art. 7º do NCPC): compete ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Contraditório paritário. Partes devem ter as mesmas possibilidades de participação e influência. Juiz
tem o dever de equalizar desequilíbrios (dilata prazos e altera ordem das provas – art. 139, VI, NCPC).
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Art. 932 do NCPC: se o relator constatar a existência de fato superveniente ou questão cognoscível de
ofício, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 dias. Se a constatação ocorrer durante a sessão
de julgamento, esta será imediatamente suspensa.
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Doutrina considera que há uma única exceção, no próprio texto constitucional: Justiça
Desportiva.
ii) Reclamação (embora se exija o esgotamento da via administrativa e das vias ordinárias
judiciais, não impede o acesso do interessado ao Poder Judiciário, mas somente inabilita o ingresso de
uma espécie de ação; o acesso à jurisdição está garantido, não pelo caminho mais fácil da reclamação,
mas por meio de ação ou recurso impugnativo, conforme o caso). O mesmo raciocínio é aplicado ao MS,
no que diz respeito à proibição do seu manejo quando couber recurso com efeito suspensivo, sem
necessidade de preparo ou caução do lesado.
Lei do Processo Eleitoral (9504): reputa-se razoável o prazo de 1 ano para a duração de processo
para perda de mandato eletivo (art. 97-A), contado de sua apresentação à Justiça Eleitoral e
compreendida a tramitação em todas as instâncias da Justiça Eleitoral.
Se a demora advém das partes, há inúmeras medidas previstas pelo CPC, tais como: imposição
de multa por litigância de má-fé, o deferimento de tutela de evidência nos termos do art. 311 do CPC, o
indeferimento de medidas protelatórias e etc...
Conceito: exigência de que os atos de exercício da função estatal jurisdicional sejam realizados
por juízes instituídos pela própria Constituição e competentes segundo a lei, que deve adotar critérios
prévios e gerais para esse fim (Dinamarco). Juiz competente, independente, imparcial e aleatório.
Dimensão material: não basta que o juiz seja competente, é preciso que criar mecanismos que
garantam a sua imparcialidade. Por esse motivo existem as regras de distribuição dos processos, as
quais derivam de critérios prévios, objetivos e gerais.
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acontecimento de determinado fato); iii) julgamentos por juiz e não por outras pessoas ou funcionários,
sendo considerados juízes somente os integrantes dos órgãos enunciados pela Constituição Federal em
numerus clausus (art. 92 da CF);
Não violam o princípio do juiz natural: a) a covocação de juízes de 1º grau para substituírem
desembargadores, mutirão de julgamento, criação de Varas e Câmaras especializadas; Foro por
prerrogativa de função desde que decorram de regras abstratas, genéricas e impessoais: Varas e
Câmaras especializadas; Foro por prerrogativa de função.
Didier Jr. defende que o princípio também se aplica no âmbito administrativo (aos tribunais
administrativos e ao julgadores de requerimentos).
CF – art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos (...)
Conceito: imposição constitucional (11 NCPC e 93 CF) que garante o processo público com duas
dimensões:
Procedimento arbitral: pode ser sigiloso desde que a confidencialidade estipulada seja
comprovada perante o juízo. Não pode haver cláusula de confidencialidade na arbitragen que
envolvam o poder público (art. 2º, §3º lei 9.307/96).
Publicidade x motivação: relação íntima. A motivação demonstra como o poder é exercido, ali
está a prestação de contas para a sociedade.
CF – art. 93, IX –(...) e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (...)
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Conceito: imposição constitucional (93, IX, CF, e arts. 11 e 489, §1º, NCPC) que garante a
obrigatoriedade da exteriorização das razões de decidir (motivação, fundamentação), ou seja, da
exposição da conclusão formada pelo juiz a partir da cognição. Visa a conferir transparência ao exercício
do poder pelo juiz, para conhecimento pelas partes e possível controle pelos órgãos superiores da
Magistratura e pela própria opinião pública. Sua ausência gera nulidade absoluta (contudo, a coisa
julgada se impõe, porque a res judicata é a sanatória geral das nulidades do processo).
Art. 489, §1º, do NCPC: descreve as hipóteses em que, a senso contrário, uma decisão não se
considera adequadamente motivada.
Fundamentação per relationem x art. 489, §1º do CPC : “[...] a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, bem assim a do Supremo Tribunal Federal, admitem a motivação per relationem, pela qual se utiliza a
transcrição de trechos dos fundamentos já utilizados no âmbito do processo. Assim, descaracterizada a alegada
omissão e/ou ausência de fundamentação, tem-se de rigor o afastamento da suposta violação do art. 489 do
CPC/2015, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça [...]” (AgInt no AREsp n.
1.440.047/SP, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 11/6/2019, DJe de
14/6/2019.)
Súmula nº 123 do STJ: A decisão que admite, ou não, o recurso especial deve
ser fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais e constitucionais.
Conceito: tem dois significados distintos e desdobra-se em dois aspectos de especial relevância
na disciplina do exercício da jurisdição: (i) oferta de recursos a serem manejados pelo vencido,
possibilitando o acesso aos tribunais com suas irresignações em relação a decisões desfavoráveis, e (ii)
imposição, salvo casos excepcionais de competência originária dos tribunais, do processamento inicial
das causas por juízes inferiores, de 1º grau, para só depois, se houver recurso, legitimar-se o exercício da
jurisdição pelos tribunais (Dinamarco).
Embora não expressamente previsto na CF, decorre da estruturação do Poder Judiciário em dois
ou mais níveis ou graus, representados pelos juízes inferiores e pelos tribunais de várias posições na
hierarquia judiciária.
Apesar de o duplo grau ser a regra, há exceções, que, desde que legalmente previstas, não
padecem de inconstitucionalidade. Exemplos: causas de competência originária do STF; embargos
infringentes na execução fiscal (cabível contra sentença proferida nos embargos de valor pequeno,
julgados pelo mesmo juízo que prolatou a sentença); hipótese do art. 1.013, § 3°, CPC, em que, havendo
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apelação contra a sentença que julgou o processo extinto sem resolução de mérito, o tribunal,
encontrando nos autos todos os elementos necessários à sua convicção, poderá promover o julgamento
de mérito (teoria da causa madura).
Conceito: equilíbrio da disputa processual. Cabe ao juiz zelar por esse tratamento no tocante aos
direitos e faculdades processuais.
O NCPC tenta, em vários momentos, concretizar a igualdade. Exs.: prioridade para idosos,
competência do foro do alimentando, atuação do MP em favor do incapaz, dever de uniformizar a
jurisprudência, inversão do ônus da prova, prerrogativa do MP e Defensoria, Suspensão de prazo para
advogada gestante etc.
Na linha da igualdade em sua vertente material, pode haver tratamento diferenciado entre as
partes quando verificada determinada hipossuficiência que o justifique. Ex: distribuição dinâmica ou
inversão do ônus da prova (CPC, art. 373, §1º e CDC, art. 6º VIII); prerrogativas da Fazenda Pública
(desnecessidade de adiantamento das custas processuais – CPC, art. 91; prazo em dobro – CPC, art. 183;
remessa necessária – CPC, art. 496); prerrogativas do MP e da Defensoria Pública (citação e intimação
pessoal e prazo em dobro – CPC, art. 180 e 186); tramitação prioritária (CPC, art. 1048).
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III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos
termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).
(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas normas gerais de licitação e
contratação a que se refere o inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição
Federal. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Existem 3 motivos para isso: O juiz que inicia a demanda fica com a imparcialidade
comprometida, sacrificaria os meios alternativos de resolução de conflitos e o Juiz naõ pode transformar
um potencial conflito jurídico em um conflito social.
Sistema inquisitivo puro: o juiz é colocado como figura central do processo, cabendo a ele a sua
instauração e condução sem a necessidade de qualquer provocação das partes.
Sistema dispositivo: o juiz tem uma participação condicionada à vontade das partes, que
definem não só a existência e extensão do processo, como também o seu desenvolvimento.
Desdobramento do princípio da demanda: O juiz deve julgar a lide nos limites do objeto do
processo delimitado pelo autor (492 CPC). Regra da adstrição ou congruência. Também se aplica em
matéria recursal (1.013 CPC).
Conceito: o processo tem que produzir resultados e realizar o direito material. Processo devido é
processo efetivo. Impõe a necessidade de efetivação da decisão judicial. Relacionado ao direito à
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obtenção da solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa (art. 4º do NCPC). Solução +
Satisfação.
Fundo constitucional: apesar de não ter previsão na CF, é direito fundamental sucedâneo do
DPL.
Conceito: boa gestão do processo. O juiz deve obter o máximo possível dos recursos humanos e
financeiros disponíveis para administrar o processo e atingir o melhor resultado. Versão atualizada do
princípio da economia processual. Reforça a premissa de que o serviço jurisdicional é um serviço
público e, desse modo, deve ser prestado de modo eficiente. Previsão – art. 37, CF e art. 8º, NCPC.
Dimensões
i) Administrativa: voltada aos tribunais (entes da administração). CNJ criado para otimizá-
la.
ii) Dimensão processual: dirigido ao juiz que, ao conduzir o processo, é o gestor deste.
Efetividade X Eficiência: processo efetivo é aquele que realiza o direito material. É possível ser
efetivo e não eficiente. Processo eficiente é o processo efetivo com o menor uso de recursos possível.
Art. 5º, CPC: aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.
Conceito: dever de lealdade de quem participa do processo. Processo devido é aquele pautado
por comportamentos éticos dos sujeitos processuais (inclusive o juiz). Não tem previsão expressa na CF,
mas é um corolário do devido processo legal (devido processo leal).Art. 5º, CPC.
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É cláusula geral que foi sendo concretizada pela doutrina e pela jurisprudência. Abrange: i)
proibição de comportamentos dolosos; ii) impedimento do abuso de direito; iii) proibição de
comportamento contraditório (venire contra factum proprium – ex: juiz diz que é caso de julgamento
antecipado e julga improcedente por falta de provas); iv)interpretação de postulações e decisões (322,
§2º, e 489, §3º, CPC); v) fonte do princípio da cooperação (art. 6º); vi) influência na condução dos
negócios jurídicos processuais.
Funções da boa-fé (Judith Martins Costa – direito civil): i) interpretativa; ii) limitativa ou de
controle; iii) criativa (criação de deveres anexos/laterais).
Boa-fé objetiva X Boa-fé subjetiva: boa-fé objetiva é uma norma que impõe comportamentos
éticos (exame objetivo do comportamento, não da intenção). Boa-fé subjetiva é um fato, é o ânimo
interno da parte, a crença de agir corretamente.
i) Supressio: supressão de um direito pelo seu não exercício, gerando na outra parte a
legítima expectativa de que não o exerceria. Ex.: nulidade de algibeira –parte, embora
tenha o direito de alegar nulidade, mantem-se inerte durante longo prazo, de modo que a
sua alegação extemporânea viola a boa-fé processual. Art. 278, CPC.
ii) Surrectio: surgimento de um direito diante da supressão do direito de outrem. É o outro
lado da moeda da supressio.
iii) Exceptio doli: defesa da parte contra ações dolosas da outra. Boa-fé em matéria de defesa.
iii) Venire contra factum proprium: proibição do comportamento contraditório a violar
confiança e lealdade. Art. 1.000, CPC.
iv) Tu quoque: vedação ao comportamento inesperado. Parte não pode criar situações que
viciem o processo para alegar, após, a nulidade. Art. 276, CPC.
Conceito: todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Art. 6º do CPC.
A cooperação envolve (considerando que esse dever se estende a todos os sujeitos do processo):
Conceito: afasta a solução por adjudicação para buscar o consenso derivado do acordo entre as
partes. O Estado tem o dever de buscar primeiro a solução amistosa dos conflitos em relação à
adjudicação judicial. Art. 3º, §2º, CPC (repete o que antes dizia a Resolução 125 do CNJ). Base para o
desenvolvimento de políticas públicas de solução consensual de conflitos.
Premissa: prefere-se a solução consensual dos conflitos, ainda que haja a intermediação estatal. É
Política Pública que gera pacificação, diminui a reincidência e diminui custos processuais. O NCPC é
estruturado sob esse princípio. A primeira audiência é de autocomposição, antes de contestação.
Conceito: prioriza a solução do conflito, ou seja, a busca pela decisão de mérito com prioridade
sobre a extinção do feito por causas processuais, que devem ser corrigidas e sanadas. A solução de
mérito deve preponderar sobre a decisão que não é de mérito. Princípio espalhado por todo CPC. Art.
4º, CPC.
Manifestações: relator não pode deixar de conhecer recurso por questões formais (art. 932);
recurso especial recebido como recurso extraordinário (art. 1032); antes de indeferir a inicial, abre-se
oportunidade para emendá-la (art. 321); STF e STJ podem desconsiderar vício formal de recurso
tempestivo ou determinar a sua correção desde que não o reputem grave (art. 1028, §3º).
Conceito: o processo deve ser um ambiente propício para o exercício da autonomia privada
(poder de regular a própria vida, dimensão da liberdade). Processo devido é aquele em que não há
restrições irrazoáveis ou injustificadas ao exercício da autonomia da vontade. Transforma o processo em
um ambiente em que há liberdade negocial, sendo a vontade das partes fonte de norma. Não expresso
na primeira parte do CPC.
Limites: a extensão da autonomia privada possui limites, pois o processo é exercício de poder, da
jurisdição.
Manifestações no CPC: i) NCPC estruturado para estimular uma solução consensual (prestigia a
vontade); ii) postulações (ato de vontade) devem ser interpretadas – reconhece que postulação é um ato
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de vontade; iii) previsão de diversos negócios jurídicos consensuais (ex: escolha consensual do perito,
calendário processual); iv) art. 190 – cláusula geral de negócios processuais atípicos; v) expansão da
arbitragem.
i) Adequação objetiva: o processo deve ser adequado ao direito material discutido. Ex:
tratamento diferenciado entre crédito alimentar e outros créditos comuns; existência de
procedimentos especiais.
ii) Adequação subjetiva: adequação do processo às peculiaridades dos sujeitos. Também é
imposição do princípio da isonomia. Ex: prazos diferenciados para o poder público;
tramitação prioritária para os idosos.
iii) Adequação teleológica: processo deve ser adequado ao fim pretendido. Ex: fase de
produção de provas no processo de conhecimento, mas não na execução. As finalidades
distintas justificam a diferença no procedimento.
iii) Adequação negocial: feita pelas partes a partir da cláusula de negociação sobre o
processo. Autorregramento. Art. 190, CPC.
Conceito: dimensão do princípio da segurança jurídica, tem como objetivo proteger alguém que
confiou na observância de uma norma jurídica ou ato do poder público (expectativa legítima).
Pressupostos de aplicação: i) base da confiança: ato normativo produzido por quem tenha
competência; ii) confiança na base: alguém que tenha confiado naquele ato; iii) exercício da confiança:
sujeito se comportou a partir daquela confiança; iv) frustração da confiança: o poder público frustra, por
outro ato, a confiança gerada.
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Relação com o processo: o processo produz atos normativos, logo, produz a base da confiança.
Deve atuar a partir dos precedentes anteriores, ou seja, não praticar ato que confronte confiança gerada.
As pessoas se comportam de acordo com aquele precedente.
O STJ possui entendimento de que “[...] havendo alteração de entendimento jurisprudencial, o novo
posicionamento aplica-se aos recursos pendentes de análise, ainda que interpostos antes do julgamento que
modificou a jurisprudência.” (AgInt no AREsp 870.997/AL, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 22/08/2017, DJe 06/09/2017).
Conceito: ainda que a formalidade para a prática do ato processual seja importante em termos de
segurança jurídica, não é conveniente considerar o ato nulo somente porque praticado em
desconformidade com a forma legal. O essencial é verificar se tal desconformidade o afastou de sua
finalidade processual e se houve algum prejuízo para as partes.
O que é efetividade?
“Processo tem raízes constitucionais” – como se projeta essa frase para que não seja apenas uma
frase de efeito? Concretamente falando. Qual é o desdobramento?
Princípio da demanda – Ação judicial de usuários de planos de saúde. Ficou determinado que uma
certa prática seria ilegal. Se você fosse o juiz e havendo outros interessados em situação igual, aplicaria a
medida de ofício a esses interessados? (Considerando o Princípio da demanda).
Pedido de indenização/obrigação de fazer ou não fazer – em que credor não pediu astreintes. Como
juiz você pode de ofício estabelecer adoção da multa diária? (Considerando também o Princípio da demanda).
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Execução fiscal – pedido de penhora – Devedor justifica onerosidade excessiva e pede substituição
do bem por outro de menor liquidez. Credor não se opõe a esse pedido. Juiz – considerando atos já praticados
– poderia se opor que esse bem fosse penhorado?
ART. 932, parágrafo único: esta norma positiva algum princípio do Processo Civil? Aplica-se aos
tribunais superiores? Conhece posicionamento do tribunal a respeito disso?
i) salvo para a fase recursal (na fase recursal só há impulso oficial em remessa necessária);
ii) não impede a desistência;
iii) negócio processual: pode modular o impulso oficial em determinadas situações (ex:
suspensão negocial do processo).
A ciência do processo passou por três fases: i) sincretismo (praxismo); ii) processualismo; e iii)
instrumentalismo. Hoje: os autores consideram que a ciência vive a 4ª fase: neoprocessualismo.
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Processo não era visto como fenômeno distinto do direito material. As preocupações eram
eminentemente práticas (ex.: como fazer um recurso, uma petição inicial).
Segundo Dinamarco, nesta primeira fase não haveria verdadeira ciência do processo civil, “[...]
pois no sincretismo inicial os conhecimentos eram puramente empíricos, sem qualquer consciência de princípios,
sem conceitos próprios e sem a definição de um método.”
4.3. INSTRUMENTALISMO
Fase de maturidade da ciência processual. Surge em torno de 1960 (Livro clássico do Dinamarco:
“A Instrumentalidade do Processo”; “Acesso à Justiça”, de Mauro Cappellettti e Brian Garth). Neste último,
os autores sustentam uma reaproximação entre o direito material e o processual, com vistas a, sem
perder a autonomia do processo, torná-lo instrumento de acesso à justiça.
4.4. NEOPROCESSUALISMO
Para Fredie Didier, a ciência vive hoje uma quarta fase, que não nega as duas últimas, mas que se
vale das transformações da ciência jurídica contemporânea, incorporando repertório teórico novo.
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Os autores do Rio Grande do Sul desenvolveram uma terminologia própria para designarem o
neoprocessualismo: formalismo-valorativo ou ético (ou seja, um formalismo com conteúdo).
O direito constitucional passou por diversas transformações. Três pontos merecem destaque:
Há, pelo menos, 3 relações: i) o processo concretiza as normas constitucionais; ii) as normas
processuais devem ser interpretadas segundo a CF; iii) a constitucionalização do processo.
Nos últimos 50 anos se desenvolveu uma teoria jurídica dos direitos fundamentais. Passou a ser
uma disciplina autônoma e ganhou destaque a eficácia horizontal (entre os cidadãos).
Dimensão objetiva: direitos fundamentais são normas (constitucionais) que orientam a produção
de todas as outras normas inferiores a elas.
Qual a relação disso com o processo? Hoje se sabe que há normas processuais que têm natureza de
direito fundamental (direitos fundamentais processuais. Ex: contraditório, juiz natural). As normas
processuais têm de ser compatíveis com as normas de direitos fundamentais (dimensão objetiva). No
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que toca à dimensão subjetiva, por serem direitos, os direitos fundamentais podem constituir o objeto
de um processo. Quando isso acontece, o processo tem de ser adequado para a tutela de direitos
fundamentais.
“Processo tem raízes constitucionais” – como se projeta essa frase para que não seja
apenas uma frase de efeito? Concretamente falando. Qual é o desdobramento?
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