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1ª EDIÇÃO/2022
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1
1. DIREITO TRIBUTÁRIO 2
1.2. CONSTITUIÇÃO COMO CENTRO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO 2
5. CONCEITO DE TRIBUTO 13
5.1 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA EM MOEDA 14
5.2 PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA E INSTITUÍDA EM LEI 15
5.3 PRESTAÇÃO QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO 15
5.4 PRESTAÇÃO COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA: 17
6. NATUREZA JURÍDICA 18
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 1
1. DIREITO TRIBUTÁRIO
O Direito Tributário, conforme ensina o professor Eduardo Sabbag1, é parte do Direito Público e, tendo
natureza obrigacional, refere-se à relação de crédito e débito entre os sujeitos da relação jurídica. Ainda
“Temos como ocupante do polo ativo (credor), nessa relação, os entes tributantes:
Distrito Federal). No polo passivo, por sua vez, está o contribuinte (pessoas físicas
ou jurídicas).
momento que surgiram os primeiros modelos de governo, nasceu ao seu lado, a necessidade de angariar
No que diz respeito ao direito tributário no Brasil, o professor Roberto Caparroz2, explica:
“Com o advento da Independência, em 1822, o Brasil passou a ser regido por normas
Sendo assim, é importante analisar o direito tributário nacional com base na Constituição. Para Paulo
Caliendo3, "o poder de tributar está fundamentalmente ligado à ideia de Constituição, que deve ser entendida
como o conjunto de normas (princípios e regras) e valores normativos que estabelecem a estrutura
jurídico-política de uma sociedade organizada. Os valores normativos são distintos dos valores sociais ou
individuais. Aqueles são compartilhados por um grupo social, enquanto os valores individuais remetem à
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
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Caliendo, Paulo. Curso de direito tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 2
■ Pensamento Conceitual;
■ Pensamento Normativista; e
■ Pensamento sistemático.
“As fontes no direito representam o ponto de origem das normas e comandos destinados a regular a
sociedade, ou, em linguagem mais técnica, fontes são focos ejetores de regras jurídicas, como as define Paulo
de Barros Carvalho.5”
Denominam-se fontes formais o conjunto das normas no Direito Tributário. Tais normas podem ser
primárias ou secundárias. As fontes formais primárias estão previstas no art. 96 do CTN, por sua vez as fontes
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Caliendo, Paulo. Curso de direito tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022.
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Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 3
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que
2.1.1. LEIS
A expressão “leis” prevista no art. 96 do CTN, se refere a leis em sentido amplo que
■ CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Nas palavras do professor Eduardo Sabbag6, “Na Constituição estão arrolados os princípios básicos e
as normas nucleares referentes aos tributos. A competência tributária dos entes jurídicos de direito público
interno é outorgada pela Carta Magna, que também dispõe sobre os limites ao poder de tributar (arts. 150 a
152 da CF) e sobre a repartição das receitas tributárias (arts. 157 a 162 da CF).”
■ LEIS COMPLEMENTARES
especialmente sobre:
cálculo e contribuintes;
cooperativas.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 4
no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá
Estado;
Estados, o DF e os Municípios;
EXIGE LEI
■ Regulamentação às limitações do poder de tributar;
COMPLEMENTAR
■ Estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária (definição de
PARA A
tributos e de suas espécies; obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
REGULAMENTAÇÃO
etc.);
DAS SEGUINTES
⚠️ ATENÇÃO
“A lei a que o art. 146 da CF se refere é o Código Tributário Nacional, que foi aprovado como lei
ordinária e teve seu status elevado a condição de lei complementar, ainda durante a vigência da Constituição de
1967. Com base nisso, o CTN somente pode ser modificado por outra lei complementar ou por outras normas
hierarquicamente superiores”7.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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■ LEIS ORDINÁRIAS
palavras, será a lei utilizada pelo cotidiano da União, Estados, Distrito Federal e Municípios quando não existir
legalidade tributária9.
■ LEIS DELEGADAS
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
Eduardo Sabbag10 conclui: “No texto da Constituição, não há impedimento de que o Presidente legisle
sobre matéria tributária por meio de lei delegada, porém não é o que ocorre na prática, pois o Presidente pode
lançar mão de outros meios (medidas provisórias, decretos) para legislar sobre tributos.”
■ MEDIDA PROVISÓRIA
“As medidas provisórias são instrumentos jurídicos excepcionais, que devem ser utilizados em
face de situações de relevância e urgência, para as quais se exige pronta resposta do Estado, sem a
necessidade de, num primeiro momento, percorrer todas as etapas do processo legislativo”11. O art. 62 da CF
dispõe:
Congresso Nacional.
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Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
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■ DECRETOS LEGISLATIVOS
“O decreto legislativo é o decreto emanado do Congresso Nacional ao exercer sua competência. (...)
No âmbito do Direito Tributário, os decretos legislativos que mais importam são os da União, por serem os
meios corretos para a aprovação de tratados, acordos e atos internacionais, conforme o disposto no art. 49, I,
da CF.”12
■ RESOLUÇÕES
“As Resoluções serão editadas pela unidade do Congresso Nacional ou por cada casa (Senado Federal
ou Câmara dos Deputados). Em matéria tributária, destacam-se as Resoluções do Senado Federal sobre as
alíquotas dos impostos estaduais, visando padronizar a incidência e evitar guerra fiscal (art. 155, §§ 1º, IV, 2º, IV,
V, 6º, I, da CF)”13.
“Assim, no campo tributário não se aplica o princípio de revogação por lei posterior,
pois o CTN determina que, após a introdução do tratado no direito brasileiro, as leis
Na hipótese de conflito, a lei ordinária interna restará prejudicada, pois não pode
pois a norma introduzida na seara tributária tem força de lei nacional e não pode ser
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
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2.1.3. DECRETOS
Inicialmente, vale destacar que, esses decretos são DIFERENTES dos decretos legislativos. Conforme
ensina o professor Rafael Novais, “os decretos aqui mencionados seriam aqueles expedidos pelos chefes do
Poder Executivo das esferas políticas (Presidente, Governador e Prefeito) como forma de regulamentar o
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função
Rafael Novais apresenta o seguinte exemplo: “a criação do ICMS por parte dos Estados e Distrito Federal
vai requerer a edição de lei, prevendo seus fatos geradores, bases de cálculo, contribuintes e alíquotas.
Contudo, a lei pode reservar a edição do decreto para regulamentação e definição da formação de notas
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
Municípios.
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Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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monetário da base de cálculo do tributo.
Sua função, como esclarece o caput do art. 100 do CTN, é complementar os tratados, decretos e as leis.
“São atos exarados pelos órgãos do Poder Executivo com o objetivo de possibilitar a aplicação da lei de
forma reta, servindo de orientação aos contribuintes e de instrução aos servidores públicos.17”
norma.
PAT apenas vinculam as partes nele integrantes (efeito inter partes), podendo a lei
de efeitos erga omnes). Assim, atente-se, não será qualquer decisão administrativa
que se tornará norma complementar, mas apenas aquela que adquire efeito
2.2.3. COSTUMES
■ Constitutivos;
■ Revogatórios;
■ Interpretativos.
Nas palavras de Paulo Caliendo: “Os costumes constitutivos criariam novas obrigações e direitos em
enquanto os costumes interpretativos seriam aqueles que apenas teriam a função de interpretar determinada
norma jurídica. Os costumes administrativos não podem criar nem extinguir obrigações tributárias, tarefa
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN, 2021.
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Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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reservada à lei. Eles podem afastar determinada obrigação acessória ou dever instrumental, penalidade ou
sanção tributária”19.
2.2.4. CONVÊNIOS
Os convênios são acordos administrativos, podem ser celebrados entre a União, Estados, DF e
Municípios, tem como finalidade a execução de leis, serviços, decisões, entre outros. Nas palavras de Eduardo
Sabbag:
“Os convênios estarão sempre subordinados à lei, não sendo admissível que a
pesquisa. Por sua vez, a jurisprudência é o conjunto das decisões tomadas reiteradamente e de forma
⚠️ ATENÇÃO
A jurisprudência é de extrema relevância ao Direito Tributário, auxiliando no aprimoramento de
O Estado carece, no que diz respeito a atividade financeira, angariar recursos materiais para sustentar a
sua estrutura, proporcionando ao contribuinte os seus serviços com o fim de prover as necessidades
coletivas.
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Caliendo, Paulo. Curso de direito tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN, 2021.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN, 2021.
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Por tanto, a atividade financeira do Estado se faz por meio das receitas públicas, despesas públicas,
orçamento público e crédito público. No que tange às receitas públicas obtidas, se subdividem em dois grupos:
prevalecendo as regras do direito público, o que coloca o Poder Público em condições de superioridade
(vertical).
Ademais, são receitas públicas as reparações de guerra, as multas e os tributos. A cobrança de tributos
entendida como a principal fonte das receitas públicas, é direcionada a realização dos objetivos fundamentais
presentes no artigo 3º da Constituição Federal, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,
⚠️ ATENÇÃO
Nas finanças públicas modernas (que coincide com o período do Estado de bem estar social), o tributo
não tem apenas uma função neutra como fonte de receita, mas sim como um dos mecanismos que o Estado
Segundo Rafael Novais22, mesmo havendo distinção entre as finalidades não há impedimento a sua
coexistência.
“A separação entre finalidades fiscal e extrafiscal não deve ser vista em caráter
22
NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Rio de Janeiro - RJ: Grupo GEN, 2022. 9786559645282. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645282/. Acesso em: 09 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 11
prevalência de uma finalidade em detrimento da outra. Isso, contudo, não significa a
ausência absoluta de uma delas. Existem espécies tributárias que detêm maior
inverso. Como exemplo, o Imposto sobre a Renda (IR). Classificado como tributo
(finalidade extrafiscal) não abrindo mão da arrecadação aos cofres públicos federais
(finalidade fiscal). “
Ainda, o ITR é exemplo previsto pela Constituição Federal23 no artigo 153, §4º. Resta claro a finalidade
[...]
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia
fiscal.
⚠️ ATENÇÃO
Quando se usa o tributo com finalidade extrafiscal, por vezes acarreta prejuízos em determinados
setores. Diante disso, por vezes o judiciário é demandado a se pronunciar quanto ao dever do Estado de
indenizar o prejuízo pela atuação estatal. O STF, entretanto, decidiu que não há responsabilidade do Estado
nesses casos, pois age em conformidade com o seu papel designado pelo próprio poder constituinte.
23
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 09 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 12
■ PARAFISCAL: Tem-se uma função primordial de arrecadação (fiscal). O que muda aqui é o destino
da arrecadação. No conceito clássico, o ente político que cria o tributo opta por repassar a outro ente político a
competência para fiscalizar, executar e arrecadar (capacidade tributária ativa) e, como consequência, este
ficaria com a arrecadação para aplicar em finalidades de direito público. O exemplo clássico é o Imposto
Territorial Rural (ITR). Entretanto, no conceito moderno, apenas o destino da arrecadação é para outra pessoa,
ou seja, não seria necessária a delegação da capacidade tributária ativa para existir parafiscalidade, mas apenas
a destinação.
5. CONCEITO DE TRIBUTO
De acordo com a Constituição Federal, compete à lei complementar a regulamentação desse ramo
jurídico:
especialmente sobre:
cálculo e contribuintes;
cooperativas.
caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e
Neste sentido, o Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), apesar de ser formalmente lei ordinária,
foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei complementar e define que:
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 13
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
O CTN foi redundante quanto à prestação pecuniária em moeda, deixando claro que não é possível os
chamados tributos in natura (dação, entrega de bens) ou em labor. Assim, a finalidade da parte que diz “em cujo
valor nela se possa exprimir” seria a de permitir a utilização dos indexadores de moeda para permitir a
⚠️ ATENÇÃO
O tributo não se confunde com a sua forma de quitação. Deste modo, é possível o pagamento do
tributo mediante dação de pagamento de bem imóvel. Portanto, desde a LC 104/2001, é permitida a dação
[...]
estabelecidas em lei.
O tributo deverá ser pago por meio de moeda (dinheiro) ou a entrega de bens imóveis (art. 156, XI, do
CTN). Todavia, há a possibilidade que os entes adotem outras formas de extinção do crédito tributário como,
por exemplo, a dação de bens móveis, desde que não viole o princípio da licitação pública. Neste sentido,
24
NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Rio de Janeiro - RJ: Grupo GEN, 2022. 9786559645282. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645282/. Acesso em: 14 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 14
Nesses específicos casos, os argumentos se vinculavam ao poder conferido aos entes
156, IV, do CTN). No pensamento da corte, aquele que detém o poder de perdoar a
Não há, aqui, manifestação de vontade como existe no contrato. Logo, a obrigação é ex lege,
compulsória, de acordo com o princípio da legalidade tributária. Via de regra, os tributos serão instituídos por
Lei Ordinária (de maioria simples), cabendo Medida Provisória (Presidente da República, quando ocorrer
relevância e urgência). Contudo, em quatro espécies tributárias (Empréstimos Compulsórios – art. 148 da CF,
IGF – art. 153, VII da CF, Impostos Residuais – art. 154, I da CF e Contribuições Sociais Residuais – art. 195, §4º da
CF) apenas seriam possíveis de instituição mediante Lei Complementar (de maioria absoluta), tornando
⚠️ ATENÇÃO
A contribuição sindical deixou de ser tributo desde a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017). O STF,
inclusive, decidiu ser constitucional essa alteração na CLT (ADI 5794 e ADC 55).
Essa característica diferencia o tributo da multa, pois a multa sempre terá por fato gerador algum
comportamento contrário ao Direito. Contudo, o tributo, cujo intuito é a manutenção da máquina pública, tem
⚠️ ATENÇÃO
Princípio do não-confisco prevê que o Estado não pode realizar a cobrança de um tributo que, de tão
excessivo, passe a ter efeito de confisco. Assim, mesmo diante do seu “poder de império”, o Estado deve realizar
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 15
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
[...]
[...]
⚠️ ATENÇÃO
Renda oriunda do tráfico de drogas e a incidência fiscal. Ressalta-se que o fato gerador do tributo
é sempre algo lícito. Todavia, o fato gerador pode decorrer da prática de ato ilícito.
Alguns entendem que o Estado, ao tributar rendimentos oriundos de atividades criminosas, estaria se
associando ao crime e obtendo recursos de uma atividade que ele mesmo proíbe. Entretanto, seria injusto
cobrar imposto daquele que trabalha honestamente e conceder uma verdadeira "imunidade" ao criminoso.
Nessa linha de raciocínio, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar um caso sobre tráfico ilícito de entorpecentes,
entendeu que, antes de ser agressiva à moralidade, a tributação do resultado econômico de tais atividades é
decorrência do princípio da isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética (Habeas Corpus 77.530-4/RS).
exploração de jogos de azar etc.) estará sujeito à incidência do Imposto de Renda (art.
Ainda que as relações que originaram essas receitas venham a ser ilícitas, serão
aproximação com o sentido de justiça fiscal, haja vista que aquele praticante de
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NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Rio de Janeiro - RJ: Grupo GEN, 2022. 9786559645282. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645282/. Acesso em: 14 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 16
5.4 PRESTAÇÃO COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA:
Necessário cuidado quanto a expressão “vinculado”, pois tem mais de um sentido em Direito
Tributário. O primeiro é justamente o que se encontra no Art. 3º do CTN. Pelo que dispõe o artigo citado, a
Assim, tem-se uma cobrança vinculada. Deve ser feita a cobrança independentemente de qualquer
juízo de discricionariedade. Não há margem de escolha dada ao fiscal para cobrança. Ademais, o segundo
sentido da expressão “vinculado” seria relativo ao fato gerador e o terceiro seria relacionado ao destino da
arrecadação.
⚠️ ATENÇÃO
Contribuição para o FGTS. O STJ entendeu que a contribuição não era tributo levando em
dispositivo, verificou que na contribuição ao FGTS o dinheiro se destinaria ao TRABALHADOR e, assim, não teria
natureza tributária.
FGTS. “
26
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 353. As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS.
Disponível em: https://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/ stj-revista-sumulas-2012_31_capSumula353.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.
27
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 646. É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição ao FGTS, visto
que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, §9º da Lei 8.212/91), em rol taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no
artigo 15, §6° da Lei 8.036/1990. Disponível em: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/12032021
-Primeira-Secao-aprova-duas-novas-sumulas-.asp. Acesso em: 14 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 17
“É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição
ao FGTS, visto que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, §9º da Lei 8.212/91),
em rol taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no artigo
Este entendimento decorre do fato de o FGTS não possuir a mesma natureza jurídica das
Na mesma linha é a orientação do Supremo Tribunal Federal, que analisando o Tema 608 sobre a
prescrição para a cobrança do FGTS, estabeleceu que aludida contribuição é um direito do trabalhador e não
um tributo.
Por fim, nos demais casos deve-se fazer o uso do artigo 3º do CTN para então determinar se é ou não
6. NATUREZA JURÍDICA
O Código Tributário Nacional elege como extremamente relevante o FATO GERADOR e utiliza a
sistemática da prestação vinculada ou não, ou seja, aqui deve observar se o fato gerador é vinculado ou não.
Portanto, no tributo vinculado, o fato é do Estado (ele presta algo), enquanto no tributo não vinculado o fato é
Tripartição, encontra fundamento na literalidade do artigo 145 da Constituição Federal, bem como no artigo 5º
do CTN e prevê a existência de 3 tributos: Imposto, Taxa e Contribuições de melhoria. Todavia, esta teoria não
mais atende as necessidades atuais. Logo, surgiu uma segunda teoria e mais atual, a Teoria Pentapartida,
visto que a elaboração do CTN se deu em 1.966. Neste sentido, Eduardo Sabbag28 expõe que:
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SABBAG, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Rio de Janeiro / RJ: Grupo GEN, 2021. 9786559640317. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640317/. Acesso em: 15 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 18
“Nas décadas seguintes, surgiram os empréstimos compulsórios e as contribuições.
Tais exações adaptavam-se ao art. 3.º do CTN, o que lhes dava fortes indícios de uma
existência da teoria prevalecente, à qual nos filiamos, isto é, a teoria pentapartida dos
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 19