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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

1ª EDIÇÃO/2022

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1

1. DIREITO TRIBUTÁRIO 2
1.2. CONSTITUIÇÃO COMO CENTRO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO 2

2. FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 3


2.1. FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 3
2.1.1. LEIS 4
2.1.2. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS 7
2.1.3. DECRETOS 8
2.2. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 8
2.2.1. ATOS NORMATIVOS 9
2.2.2. DECISÕES COM EFICÁCIA NORMATIVA 9
2.2.3. COSTUMES 9
2.2.4. CONVÊNIOS 10
2.2.5. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA 10

3. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 10

4. FINALIDADE DOS TRIBUTOS 11

5. CONCEITO DE TRIBUTO 13
5.1 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA EM MOEDA 14
5.2 PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA E INSTITUÍDA EM LEI 15
5.3 PRESTAÇÃO QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO 15
5.4 PRESTAÇÃO COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA: 17

6. NATUREZA JURÍDICA 18

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 1
1. DIREITO TRIBUTÁRIO

O Direito Tributário, conforme ensina o professor Eduardo Sabbag1, é parte do Direito Público e, tendo

natureza obrigacional, refere-se à relação de crédito e débito entre os sujeitos da relação jurídica. Ainda

conforme Eduardo Sabbag:

“Temos como ocupante do polo ativo (credor), nessa relação, os entes tributantes:

pessoas jurídicas de direito público interno (Fiscos: União, Estados, Municípios e o

Distrito Federal). No polo passivo, por sua vez, está o contribuinte (pessoas físicas

ou jurídicas).

Tendo em vista a natureza da tributação, o credor (fisco) vai ao encontro do

patrimônio do devedor (contribuinte) de maneira compulsória, objetivando a retirada

de valores, que são os tributos.”

1.2. CONSTITUIÇÃO COMO CENTRO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO

O Direito Tributário, em sua essência, acompanha o desenvolvimento da civilização. A partir do

momento que surgiram os primeiros modelos de governo, nasceu ao seu lado, a necessidade de angariar

recursos para fomentar suas atividades.

No que diz respeito ao direito tributário no Brasil, o professor Roberto Caparroz2, explica:

“Com o advento da Independência, em 1822, o Brasil passou a ser regido por normas

próprias, das quais a primeira grande manifestação foi a compilação de seus

princípios basilares na Constituição Política do Império, de 1824.”

Sendo assim, é importante analisar o direito tributário nacional com base na Constituição. Para Paulo

Caliendo3, "o poder de tributar está fundamentalmente ligado à ideia de Constituição, que deve ser entendida

como o conjunto de normas (princípios e regras) e valores normativos que estabelecem a estrutura

jurídico-política de uma sociedade organizada. Os valores normativos são distintos dos valores sociais ou

individuais. Aqueles são compartilhados por um grupo social, enquanto os valores individuais remetem à

subjetividade de um indivíduo. Por definição, são aqueles positivados em um determinado ordenamento.”

A ideia de Constituição para o direito tributário pode derivar de três pensamentos:

1
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
2
Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
3
Caliendo, Paulo. Curso de direito tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 2
■ Pensamento Conceitual;

■ Pensamento Normativista; e

■ Pensamento sistemático.

Paulo Caliendo4 apresenta os respectivos pensamentos no quadro resumido abaixo:

■ IDEIA DE CONSTITUIÇÃO: Política

PENSAMENTO CONCEITUAL ■ SENTIDO: Distribuição de poder

■ TRIBUTAÇÃO: Obrigação ex lege

■ IDEIA DE CONSTITUIÇÃO: Jurídico-formal

PENSAMENTO NORMATIVISTA ■ SENTIDO: Repartição de competências

■ TRIBUTAÇÃO: Norma jurídica

■ IDEIA DE CONSTITUIÇÃO: Jurídico-mental

PENSAMENTO SISTEMÁTICO ■ SENTIDO: Consagração de direitos fundamentais

■ TRIBUTAÇÃO: Dever fundamental

2. FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

“As fontes no direito representam o ponto de origem das normas e comandos destinados a regular a

sociedade, ou, em linguagem mais técnica, fontes são focos ejetores de regras jurídicas, como as define Paulo

de Barros Carvalho.5”

Denominam-se fontes formais o conjunto das normas no Direito Tributário. Tais normas podem ser

primárias ou secundárias. As fontes formais primárias estão previstas no art. 96 do CTN, por sua vez as fontes

secundárias estão previstas no art. 100 do mesmo diploma legal.

2.1. FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as

4
Caliendo, Paulo. Curso de direito tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022.
5
Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
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convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que

versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

2.1.1. LEIS

A expressão “leis” prevista no art. 96 do CTN, se refere a leis em sentido amplo que

compreende a Constituição Federal, emendas, leis ordinárias, medidas provisórias etc.

■ CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Nas palavras do professor Eduardo Sabbag6, “Na Constituição estão arrolados os princípios básicos e

as normas nucleares referentes aos tributos. A competência tributária dos entes jurídicos de direito público

interno é outorgada pela Carta Magna, que também dispõe sobre os limites ao poder de tributar (arts. 150 a

152 da CF) e sobre a repartição das receitas tributárias (arts. 157 a 162 da CF).”

■ LEIS COMPLEMENTARES

Conforme dispõe o art. 146, CF:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,

especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos

discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de

cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades

cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e

para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados

6
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I

e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá

instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:

I - será opcional para o contribuinte;

II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por

Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de

recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada

qualquer retenção ou condicionamento;

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos

entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.

■ Dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os

Estados, o DF e os Municípios;
EXIGE LEI
■ Regulamentação às limitações do poder de tributar;
COMPLEMENTAR
■ Estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária (definição de
PARA A
tributos e de suas espécies; obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
REGULAMENTAÇÃO
etc.);
DAS SEGUINTES

MATÉRIAS ■ Definição do tratamento diferenciado e favorecido para microempresas e para

empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados para o caso

do ICMS, da contribuição previdenciária e ao PIS.

⚠️ ATENÇÃO
“A lei a que o art. 146 da CF se refere é o Código Tributário Nacional, que foi aprovado como lei

ordinária e teve seu status elevado a condição de lei complementar, ainda durante a vigência da Constituição de

1967. Com base nisso, o CTN somente pode ser modificado por outra lei complementar ou por outras normas

hierarquicamente superiores”7.

7
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
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■ LEIS ORDINÁRIAS

“Leis Ordinárias correspondem à normalidade na instituição de matérias tributárias. Em outras

palavras, será a lei utilizada pelo cotidiano da União, Estados, Distrito Federal e Municípios quando não existir

reserva de matéria a outra espécie”8.

É o principal meio normativo que veicula o fenômeno tributacional, em virtude do princípio da

legalidade tributária9.

■ LEIS DELEGADAS

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que

deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. (...)

Eduardo Sabbag10 conclui: “No texto da Constituição, não há impedimento de que o Presidente legisle

sobre matéria tributária por meio de lei delegada, porém não é o que ocorre na prática, pois o Presidente pode

lançar mão de outros meios (medidas provisórias, decretos) para legislar sobre tributos.”

■ MEDIDA PROVISÓRIA

“As medidas provisórias são instrumentos jurídicos excepcionais, que devem ser utilizados em

face de situações de relevância e urgência, para as quais se exige pronta resposta do Estado, sem a

necessidade de, num primeiro momento, percorrer todas as etapas do processo legislativo”11. O art. 62 da CF

dispõe:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá

adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao

Congresso Nacional.

8
Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
9
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
10
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
11
Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
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■ DECRETOS LEGISLATIVOS

“O decreto legislativo é o decreto emanado do Congresso Nacional ao exercer sua competência. (...)

No âmbito do Direito Tributário, os decretos legislativos que mais importam são os da União, por serem os

meios corretos para a aprovação de tratados, acordos e atos internacionais, conforme o disposto no art. 49, I,

da CF.”12

■ RESOLUÇÕES

“As Resoluções serão editadas pela unidade do Congresso Nacional ou por cada casa (Senado Federal

ou Câmara dos Deputados). Em matéria tributária, destacam-se as Resoluções do Senado Federal sobre as

alíquotas dos impostos estaduais, visando padronizar a incidência e evitar guerra fiscal (art. 155, §§ 1º, IV, 2º, IV,

V, 6º, I, da CF)”13.

2.1.2. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

O Código Tributário Nacional estabelece, no art. 98:

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a

legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

Roberto Caparroz ensina:

“Assim, no campo tributário não se aplica o princípio de revogação por lei posterior,

pois o CTN determina que, após a introdução do tratado no direito brasileiro, as leis

nacionais deverão respeitar as suas disposições, mantendo-se compatíveis com as

obrigações assumidas no plano internacional.

Na hipótese de conflito, a lei ordinária interna restará prejudicada, pois não pode

inovar o sistema em detrimento do texto aprovado nos tratados.

O Supremo Tribunal Federal tem se manifestado nesse sentido, inclusive ressaltando

a necessidade de obediência ao tratado pelos Estados, Distrito Federal e Municípios,

pois a norma introduzida na seara tributária tem força de lei nacional e não pode ser

contrariada pelos entes federados.”14.

12
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial . Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2021.
13
Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
14
Almeida, Roberto Caparroz, D. e Pedro Lenza. Esquematizado - Direito Tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2021.
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2.1.3. DECRETOS

Inicialmente, vale destacar que, esses decretos são DIFERENTES dos decretos legislativos. Conforme

ensina o professor Rafael Novais, “os decretos aqui mencionados seriam aqueles expedidos pelos chefes do

Poder Executivo das esferas políticas (Presidente, Governador e Prefeito) como forma de regulamentar o

conteúdo das leis (art. 84, IV, da CF).15”

De acordo com o art. 99 do CTN:

Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função

das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de

interpretação estabelecidas nesta Lei.

Rafael Novais apresenta o seguinte exemplo: “a criação do ICMS por parte dos Estados e Distrito Federal

vai requerer a edição de lei, prevendo seus fatos geradores, bases de cálculo, contribuintes e alíquotas.

Contudo, a lei pode reservar a edição do decreto para regulamentação e definição da formação de notas

fiscais necessárias para emissão das operações comerciais.”16

2.2. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

As fontes formais secundárias, também denominadas de normas complementares estão dispostas no

art. 100 do Código Tributário Nacional:

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções

internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a

que a lei atribua eficácia normativa;

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios.

Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a

imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor

15
Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
16
Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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monetário da base de cálculo do tributo.

Sua função, como esclarece o caput do art. 100 do CTN, é complementar os tratados, decretos e as leis.

2.2.1. ATOS NORMATIVOS

“São atos exarados pelos órgãos do Poder Executivo com o objetivo de possibilitar a aplicação da lei de

forma reta, servindo de orientação aos contribuintes e de instrução aos servidores públicos.17”

2.2.2. DECISÕES COM EFICÁCIA NORMATIVA

Rafael Novais18 ensina:

"Por decisões normativas devemos compreender aquelas tomadas pelos órgãos

singulares ou coletivos de jurisdição administrativa quando a lei atribuir eficácia de

norma.

As decisões administrativas tomadas dentro do Processo Administrativo Tributário –

PAT apenas vinculam as partes nele integrantes (efeito inter partes), podendo a lei

atribuí-las efeitos normativos para aplicação abstrata em outras situações (atribuição

de efeitos erga omnes). Assim, atente-se, não será qualquer decisão administrativa

que se tornará norma complementar, mas apenas aquela que adquire efeito

normativo pela lei.”

2.2.3. COSTUMES

Os costumes administrativos em matéria tributária podem ser de três espécies:

■ Constitutivos;

■ Revogatórios;

■ Interpretativos.

Nas palavras de Paulo Caliendo: “Os costumes constitutivos criariam novas obrigações e direitos em

confronto com a lei; já os revogatórios seriam desconstitutivos de direitos ou obrigações preexistentes,

enquanto os costumes interpretativos seriam aqueles que apenas teriam a função de interpretar determinada

norma jurídica. Os costumes administrativos não podem criar nem extinguir obrigações tributárias, tarefa

17
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN, 2021.
18
Novais, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2022.
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reservada à lei. Eles podem afastar determinada obrigação acessória ou dever instrumental, penalidade ou

sanção tributária”19.

2.2.4. CONVÊNIOS

Os convênios são acordos administrativos, podem ser celebrados entre a União, Estados, DF e

Municípios, tem como finalidade a execução de leis, serviços, decisões, entre outros. Nas palavras de Eduardo

Sabbag:

“Os convênios estarão sempre subordinados à lei, não sendo admissível que a

revogue ou a desrespeite. Suas disposições se ligam a matérias da administração

tributária, tais como a arrecadação e a fiscalização dos tributos.”20

2.2.5. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

A DOUTRINA E A JURISPRUDÊNCIA NÃO SE CONSTITUEM FONTES FORMAIS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

“A doutrina é o elemento para a compreensão do direito e é resultado da interpretação da lei e da

pesquisa. Por sua vez, a jurisprudência é o conjunto das decisões tomadas reiteradamente e de forma

harmônica pelo Poder Judiciário”21.

⚠️ ATENÇÃO
A jurisprudência é de extrema relevância ao Direito Tributário, auxiliando no aprimoramento de

princípios e conceitos do Direito Tributário.

3. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

O Estado carece, no que diz respeito a atividade financeira, angariar recursos materiais para sustentar a

sua estrutura, proporcionando ao contribuinte os seus serviços com o fim de prover as necessidades

coletivas.

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Caliendo, Paulo. Curso de direito tributário. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022.
20
Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN, 2021.
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Sabbag, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Disponível em: Minha Biblioteca, (8th edição). Grupo GEN, 2021.
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Por tanto, a atividade financeira do Estado se faz por meio das receitas públicas, despesas públicas,

orçamento público e crédito público. No que tange às receitas públicas obtidas, se subdividem em dois grupos:

Receitas de Direito Privado e Receitas de Direito Público.

■ RECEITAS DE DIREITO PRIVADO (ORIGINÁRIAS): originam-se da exploração do próprio patrimônio

estatal, celebrando relações com o particular em condições de igualdade (horizontal).

■ RECEITAS DE DIREITO PÚBLICO (DERIVADAS): decorrem da exploração do patrimônio particular,

prevalecendo as regras do direito público, o que coloca o Poder Público em condições de superioridade

(vertical).

Ademais, são receitas públicas as reparações de guerra, as multas e os tributos. A cobrança de tributos

entendida como a principal fonte das receitas públicas, é direcionada a realização dos objetivos fundamentais

presentes no artigo 3º da Constituição Federal, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,

a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à redução das

desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem-estar da coletividade.

⚠️ ATENÇÃO
Nas finanças públicas modernas (que coincide com o período do Estado de bem estar social), o tributo

não tem apenas uma função neutra como fonte de receita, mas sim como um dos mecanismos que o Estado

tem para intervir em situações sociais e econômicas.

Assim, temos o nosso próximo ponto:

4. FINALIDADE DOS TRIBUTOS

A finalidade do tributo pode ser:

■ FISCAL: Finalidade de arrecadação aos cofres públicos.

■ EXTRAFISCAL: visa precipuamente intervir em alguma situação social ou econômica.

Segundo Rafael Novais22, mesmo havendo distinção entre as finalidades não há impedimento a sua

coexistência.

“A separação entre finalidades fiscal e extrafiscal não deve ser vista em caráter

absoluto, pois todas as espécies tributárias comportam a existência de ambos os fins.

Essa separação apenas objetiva demonstrar que, em algumas situações, ocorrerá a

22
NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Rio de Janeiro - RJ: Grupo GEN, 2022. 9786559645282. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645282/. Acesso em: 09 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 11
prevalência de uma finalidade em detrimento da outra. Isso, contudo, não significa a

ausência absoluta de uma delas. Existem espécies tributárias que detêm maior

finalidade fiscal (arrecadar) do que extrafiscal (proteger) e, em outras, ocorrerá o

inverso. Como exemplo, o Imposto sobre a Renda (IR). Classificado como tributo

federal de maior arrecadação (finalidade fiscal), comporta diferenciações em suas

alíquotas de acordo com a capacidade econômica e financeira dos contribuintes

(finalidade extrafiscal). Em sentido inverso, cito o Imposto sobre a Importação (II).

Conforme outrora mencionado, seu objetivo será proteger o mercado interno

(finalidade extrafiscal) não abrindo mão da arrecadação aos cofres públicos federais

(finalidade fiscal). “

Ainda, o ITR é exemplo previsto pela Constituição Federal23 no artigo 153, §4º. Resta claro a finalidade

do ITR de desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. A progressividade do ITR leva em

consideração o grau de utilização e a área do imóvel.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a

manutenção de propriedades improdutivas;

II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o

proprietário que não possua outro imóvel;

III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,

desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia

fiscal.

⚠️ ATENÇÃO
Quando se usa o tributo com finalidade extrafiscal, por vezes acarreta prejuízos em determinados

setores. Diante disso, por vezes o judiciário é demandado a se pronunciar quanto ao dever do Estado de

indenizar o prejuízo pela atuação estatal. O STF, entretanto, decidiu que não há responsabilidade do Estado

nesses casos, pois age em conformidade com o seu papel designado pelo próprio poder constituinte.

23
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 09 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 12
■ PARAFISCAL: Tem-se uma função primordial de arrecadação (fiscal). O que muda aqui é o destino

da arrecadação. No conceito clássico, o ente político que cria o tributo opta por repassar a outro ente político a

competência para fiscalizar, executar e arrecadar (capacidade tributária ativa) e, como consequência, este

ficaria com a arrecadação para aplicar em finalidades de direito público. O exemplo clássico é o Imposto

Territorial Rural (ITR). Entretanto, no conceito moderno, apenas o destino da arrecadação é para outra pessoa,

ou seja, não seria necessária a delegação da capacidade tributária ativa para existir parafiscalidade, mas apenas

a destinação.

5. CONCEITO DE TRIBUTO

De acordo com a Constituição Federal, compete à lei complementar a regulamentação desse ramo

jurídico:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,

especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos

discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de

cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades

cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para

as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no

caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e

§§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.

Neste sentido, o Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), apesar de ser formalmente lei ordinária,

foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei complementar e define que:

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Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor

nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e

cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

5.1 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA EM MOEDA

O CTN foi redundante quanto à prestação pecuniária em moeda, deixando claro que não é possível os

chamados tributos in natura (dação, entrega de bens) ou em labor. Assim, a finalidade da parte que diz “em cujo

valor nela se possa exprimir” seria a de permitir a utilização dos indexadores de moeda para permitir a

atualização dos valores tributários aplicando-se os índices oficiais de correção monetária.

⚠️ ATENÇÃO
O tributo não se confunde com a sua forma de quitação. Deste modo, é possível o pagamento do

tributo mediante dação de pagamento de bem imóvel. Portanto, desde a LC 104/2001, é permitida a dação

de bens imóveis, conforme a legislação de cada ente federado.

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

[...]

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições

estabelecidas em lei.

O tributo deverá ser pago por meio de moeda (dinheiro) ou a entrega de bens imóveis (art. 156, XI, do

CTN). Todavia, há a possibilidade que os entes adotem outras formas de extinção do crédito tributário como,

por exemplo, a dação de bens móveis, desde que não viole o princípio da licitação pública. Neste sentido,

Rafael Novais24 aduz que:

“Apesar da ausência de previsão expressa, o Supremo Tribunal Federal nas Ações

Diretas de Inconstitucionalidades 1.917/DF e 2.405/RS enfrentou o tema e, ainda que

indiretamente, referendou a possibilidade dos entes políticos tributantes (União,

Estados, Distrito Federal e Municípios) aceitarem também a entrega de bens móveis

para quitação dos tributos.

24
NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Rio de Janeiro - RJ: Grupo GEN, 2022. 9786559645282. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645282/. Acesso em: 14 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 14
Nesses específicos casos, os argumentos se vinculavam ao poder conferido aos entes

políticos em conceder o perdão do crédito tributário com o instituto da remissão (art.

156, IV, do CTN). No pensamento da corte, aquele que detém o poder de perdoar a

dívida também teria o poder de receber prestação diferente da originalmente devida,

afinal dentro do maior poder encontra-se o menor.

Ademais, comparando-se a nada receber (perdão), a aceitação de bem móvel como

forma de quitação traria menor prejuízo para a máquina pública, mostrando-se

coerente a criação dessa nova modalidade de extinção dos créditos tributários. “

5.2 PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA E INSTITUÍDA EM LEI

Não há, aqui, manifestação de vontade como existe no contrato. Logo, a obrigação é ex lege,

compulsória, de acordo com o princípio da legalidade tributária. Via de regra, os tributos serão instituídos por

Lei Ordinária (de maioria simples), cabendo Medida Provisória (Presidente da República, quando ocorrer

relevância e urgência). Contudo, em quatro espécies tributárias (Empréstimos Compulsórios – art. 148 da CF,

IGF – art. 153, VII da CF, Impostos Residuais – art. 154, I da CF e Contribuições Sociais Residuais – art. 195, §4º da

CF) apenas seriam possíveis de instituição mediante Lei Complementar (de maioria absoluta), tornando

inaplicável a utilização da Medida Provisória.

⚠️ ATENÇÃO
A contribuição sindical deixou de ser tributo desde a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017). O STF,

inclusive, decidiu ser constitucional essa alteração na CLT (ADI 5794 e ADC 55).

5.3 PRESTAÇÃO QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO

Essa característica diferencia o tributo da multa, pois a multa sempre terá por fato gerador algum

comportamento contrário ao Direito. Contudo, o tributo, cujo intuito é a manutenção da máquina pública, tem

como fato gerador um comportamento lícito (conduta compatível com o Direito).

⚠️ ATENÇÃO
Princípio do não-confisco prevê que o Estado não pode realizar a cobrança de um tributo que, de tão

excessivo, passe a ter efeito de confisco. Assim, mesmo diante do seu “poder de império”, o Estado deve realizar

a cobrança dos tributos de modo a preservar o direito de propriedade.

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 15
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à

União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

[...]

III - cobrar tributos:

[...]

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

⚠️ ATENÇÃO
Renda oriunda do tráfico de drogas e a incidência fiscal. Ressalta-se que o fato gerador do tributo

é sempre algo lícito. Todavia, o fato gerador pode decorrer da prática de ato ilícito.

Alguns entendem que o Estado, ao tributar rendimentos oriundos de atividades criminosas, estaria se

associando ao crime e obtendo recursos de uma atividade que ele mesmo proíbe. Entretanto, seria injusto

cobrar imposto daquele que trabalha honestamente e conceder uma verdadeira "imunidade" ao criminoso.

Nessa linha de raciocínio, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar um caso sobre tráfico ilícito de entorpecentes,

entendeu que, antes de ser agressiva à moralidade, a tributação do resultado econômico de tais atividades é

decorrência do princípio da isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética (Habeas Corpus 77.530-4/RS).

Neste sentido, Rafael Novais25 expõe que:

“A título exemplificativo, o sujeito que auferir receita por meio de atividades

criminosas (tráfico de drogas, venda de órgãos humanos ou animais silvestres,

exploração de jogos de azar etc.) estará sujeito à incidência do Imposto de Renda (art.

43 do CTN), como qualquer outra pessoa que receba rendimentos.

Ainda que as relações que originaram essas receitas venham a ser ilícitas, serão

submetidas à aplicação das normas tributárias. A lógica dessa incidência guarda

aproximação com o sentido de justiça fiscal, haja vista que aquele praticante de

atividades lícitas pagaria seus tributos normalmente, ao passo que o “criminoso”

gozaria de verdadeiro privilégio fiscal se não participasse da relação.

A doutrina aponta que a origem de tal tributação deriva do princípio romano do

“pecunia non olet”, traduzindo-se em princípio do “dinheiro não cheira”. “

25
NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado. Rio de Janeiro - RJ: Grupo GEN, 2022. 9786559645282. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645282/. Acesso em: 14 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 16
5.4 PRESTAÇÃO COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA:

Necessário cuidado quanto a expressão “vinculado”, pois tem mais de um sentido em Direito

Tributário. O primeiro é justamente o que se encontra no Art. 3º do CTN. Pelo que dispõe o artigo citado, a

atividade plenamente vinculada diz respeito ao oposto quanto à discricionariedade.

Assim, tem-se uma cobrança vinculada. Deve ser feita a cobrança independentemente de qualquer

juízo de discricionariedade. Não há margem de escolha dada ao fiscal para cobrança. Ademais, o segundo

sentido da expressão “vinculado” seria relativo ao fato gerador e o terceiro seria relacionado ao destino da

arrecadação.

⚠️ ATENÇÃO
Contribuição para o FGTS. O STJ entendeu que a contribuição não era tributo levando em

consideração não o disposto no artigo 9º da Lei 4.320/64 e não o artigo 3º do CTN.

Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público,

compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e

das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de

atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades.

Portanto, o STJ considerou a FINALIDADE da contribuição e, considerando a parte final deste

dispositivo, verificou que na contribuição ao FGTS o dinheiro se destinaria ao TRABALHADOR e, assim, não teria

natureza tributária.

Dessa forma, a Súmula nº 353 do STJ26:

“As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o

FGTS. “

A 1° Seção do STJ também aprovou a Súmula nº 64627, que assim dispõe:

26
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 353. As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS.
Disponível em: https://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/ stj-revista-sumulas-2012_31_capSumula353.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022.
27
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 646. É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição ao FGTS, visto
que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, §9º da Lei 8.212/91), em rol taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no
artigo 15, §6° da Lei 8.036/1990. Disponível em: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/12032021
-Primeira-Secao-aprova-duas-novas-sumulas-.asp. Acesso em: 14 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 17
“É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição

ao FGTS, visto que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, §9º da Lei 8.212/91),

em rol taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no artigo

15, §6° da Lei 8.036/1990. “

Este entendimento decorre do fato de o FGTS não possuir a mesma natureza jurídica das

contribuições previdenciárias, ainda que possuam bases de cobrança similares.

Na mesma linha é a orientação do Supremo Tribunal Federal, que analisando o Tema 608 sobre a

prescrição para a cobrança do FGTS, estabeleceu que aludida contribuição é um direito do trabalhador e não

um tributo.

Por fim, nos demais casos deve-se fazer o uso do artigo 3º do CTN para então determinar se é ou não

tributo. O CTN traz a primeira regra para se saber qual é o tributo:

6. NATUREZA JURÍDICA

O Código Tributário Nacional elege como extremamente relevante o FATO GERADOR e utiliza a

sistemática da prestação vinculada ou não, ou seja, aqui deve observar se o fato gerador é vinculado ou não.

Portanto, no tributo vinculado, o fato é do Estado (ele presta algo), enquanto no tributo não vinculado o fato é

isolado do contribuinte, ou seja, o Estado nada faz para ele.

Ademais, dispõe o CTN que:

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da

respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Quanto às espécies de tributos, ressalta-se duas teorias. A primeira, denominada Teoria da

Tripartição, encontra fundamento na literalidade do artigo 145 da Constituição Federal, bem como no artigo 5º

do CTN e prevê a existência de 3 tributos: Imposto, Taxa e Contribuições de melhoria. Todavia, esta teoria não

mais atende as necessidades atuais. Logo, surgiu uma segunda teoria e mais atual, a Teoria Pentapartida,

visto que a elaboração do CTN se deu em 1.966. Neste sentido, Eduardo Sabbag28 expõe que:

28
SABBAG, Eduardo. Direito Tributário Essencial. Rio de Janeiro / RJ: Grupo GEN, 2021. 9786559640317. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640317/. Acesso em: 15 jun. 2022.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 18
“Nas décadas seguintes, surgiram os empréstimos compulsórios e as contribuições.

Tais exações adaptavam-se ao art. 3.º do CTN, o que lhes dava fortes indícios de uma

feição tributária. Surgiu, assim, a teoria pentapartida, que hoje predomina na

doutrina e no STF, e prestigia os tributos finalísticos.

Assim, a doutrina e a jurisprudência entendem que, além das três espécies

mencionadas no art. 145 da CF, há que se considerar como “tributos” os empréstimos

compulsórios e as contribuições, totalizando cinco espécies tributárias, que ratificam a

existência da teoria prevalecente, à qual nos filiamos, isto é, a teoria pentapartida dos

tributos (STF, RREE 138.284-8 e 177.137). “

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS - 19

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