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JUCIANO RAMOS
Banca Examinadora:
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DEDICATÓRIA
O pacto comissório até a vigência do Código Civil de 1916 se configurava numa cláusula
especial dos contratos de compra e venda, ajustada para pagamento em certo dia, em que
poderia o vendedor, não pago o preço, desfazer o negócio ou pedir o preço; nesse caso,
vencido o prazo de dez dias sem que o vendedor reclamasse o preço, a venda tornar-se-ia
desfeita de pleno direito. Porém, o novo ordenamento civil propôs uma série de
reformulações, entre elas a extinção de tal instituto. Nesse sentido, o presente trabalho se
propõe a verificar como vem sendo entendida essa questão pelos grandes estudiosos da
matéria, bem como pelos Cartórios de Notas e de Registro de Imóveis (aqui privilegiados),
tendo em vista que a discussão é bastante inovadora e permeada de inúmeras dúvidas e
questionamentos.
CC – Código Civil
CPC – Código de Processo Civil
STF – Supremo Tribunal Federal
TJRS – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
TJSC – Tribunal de Justiça de Santa Catarina
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SUMÁRIO
RESUMO
LISTA DE ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO 1
1 DO FATO JURÍDICO AO CONTRATO 3
1.1 FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO 3
1.2 MODALIDADES DOS NEGÓCIOSJURÍDICOS 7
1.3 CONTRATO 12
1.3.1 Princípios que regem a formação do contrato 14
1.3.2 Do contrato de compra e venda 18
2 DA EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 21
2.1 RESOLUÇÃO DOS CONTRATOS 21
2.2 ESPÉCIES DE RESOLUÇÃO 22
2.2.1 Cláusula resolutiva expressa 22
2.2.2 Cláusula resolutiva tácita 24
2.3 PRESSUPPOSTOS PARA SE OBTER A RESOLUÇÃO CONTRATUAL 29
3. PACTO COMISSÓRIO 32
3.1 CONCEITO 32
3.2 A EFICÁCIA E AS VANTAGENS DO PACTO COMISSÓRIO 36
3.3 O CÓDIGO CIVIL EM VIGOR 40
3.4 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELOS CARTÓRIOS 42
3.5 UMA ALTERNATIVA PARA SE EVITAR A INTERVENÇÃO JUDICIAL 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
ANEXOS 54
3
INTRODUÇÃO
traçando não só um perfil histórico deste instituto, mas também colocando em questão a sua
extinção pelo atual CC. Indagamos as conseqüências advindas da não recepcionalidade do
pacto comissório, dentre elas, destacaremos como vêm sendo lavrados os contratos de compra
e venda sem este instituto. Se as partes, amparadas pelo princípio da autonomia da vontade,
podem se valer de artigos correspondentes para se buscar o efeito resolutivo do extinto pacto
comissório. Procuramos, igualmente, saber qual a prática adotada pelos Cartórios de Notas e
de Registro de Imóveis de Florianópolis e de São José/SC.
Ao final deste trabalho, com fulcro nos temas abordados, serão esculpidas
considerações acerca do presente estudo, decorrentes das análises efetuadas, sem a pretensão
de esgotarmos o assunto, haja vista que a matéria é bastante inovadora no atual ordenamento
jurídico.
5
O conceito técnico-jurídico de fato para Plácido e Silva (2004, p. 599) é “(...) todo
acontecimento ou (...) todo ato, ou seja, (...) tudo que acontece, que se faz ou que é feito”. A
partir deste conceito, podemos dizer que todo e qualquer evento ou acontecimento é
denominado fato, como, por exemplo, uma simples chuva de verão. Esta simples chuva de
verão normalmente não produziria nenhum efeito na vida das pessoas. Mas, poderia tornar-se
uma tempestade. Sendo uma tempestade, ao contrário de uma simples chuva, produzirá
efeitos na vida das pessoas. Ela pode deixar rastros de destruição, como, por exemplo, matar
pessoas, ocasionar danos materiais e, conseqüentemente, a partir daí, produzir efeitos
jurídicos como um inventário – caso alguém venha a morrer ou indenização de seguro – caso
existam danos materiais.
Depois desses dois exemplos, podemos dizer que todo evento ou acontecimento
que produza efeitos no mundo do direito, criando ou modificando relações jurídicas, é um fato
jurídico.
Dantas (1979, p. 252) denomina fato jurídico como aquele capaz de produzir uma
relação jurídica, através de uma aquisição, modificação ou a extinção de um direito. No
mesmo sentido Venosa (2004, a, p. 378) conceitua fato jurídico como “todos os
acontecimentos que podem ocasionar efeitos jurídicos, todos os atos suscetíveis de produzir
aquisição, modificação ou extinção de direitos”.
6
Wald (1992, p. 165) faz uma correlação tridimensional entre fato jurídico, relação
jurídica e norma jurídica. Vejamos:
Enquanto a norma jurídica estabelece um princípio de conduta o de
composição de conflitos para um caso típico abstrato, a relação jurídica é a
concretização da norma na vida. A relação jurídica surge em virtude de fato
jurídico e como aplicação e decorrência da norma existente.
Outros autores corroboram para uma melhor conceituação como Abreu (1997, p.
04) que enfatiza que todo acontecimento que tenha repercussão no mundo do direito, estando
presente, ou não, à vontade do homem, é denominado de fato jurídico; e Bessone (1997, p.
01) vindo a complementar que fato jurídico é todo acontecimento oriundo pela ação da
natureza ou do homem, que produza conseqüências no campo do direito.
Nos conceitos de Abreu e Bessone, identificamos a vontade do homem como
causa a gerar conseqüências jurídicas. Porém, os fatos jurídicos podem ser classificados como
fatos naturais ou voluntários.
Para Ráo (1999, p. 29) são fatos naturais aqueles que:
provocados por forças da natureza ou acontecimentos humanos alheios à
vontade dos sujeitos cuja esfera jurídica, no entanto, atingem e dentro da
qual produzem o nascimento, a aquisição, a modificação, ou a extinção de
direitos ou obrigações.
Ficou claro a partir deste conceito que as repercussões jurídicas advindas dos fatos
naturais, independem da vontade do homem. Como bem colocou Ráo, os fatos naturais não
irão só decorrer de um desastre da natureza, mas, podem ser também, resultado de um ato
humano. A diferença entre esse ato humano para os fatos voluntários, que veremos adiante,
está na vontade. O ato do homem, nos fatos naturais, atinge juridicamente outras pessoas que
não emanaram a sua vontade, como, por exemplo, o nascimento.
Já os fatos voluntários ou atos jurídicos, segundo Ráo (1999, p. 37) “consiste na
declaração dispositiva e preceptiva da vontade autônoma do agente, dirigida direta e
7
1
Não adentraremos na conceituação e classificação de ato ilícito, uma vez que estas questões não têm relevância
para o trabalho.
2
Lícito: Derivado do latim licitus (legítimo, permitido, legal), de licere (ser permitido, ser possível), em sentido
rigorosamente jurídico, quer exprimir tudo aquilo que se pode fazer, porque não é vedado por lei. Nesta razão,
no ponto de vista do Direito, lícito é não somente o que está por lei autorizado, como o que não é por lei
proibido. É, assim, o justo, o legítimo, o legal, o permitido, o regular. Equivale, por vezes, ao sentido de jurídico,
pois que a licitude, qualidade ou condição de ser lícito, fundada no Direito ou decorrente de um direito, em
referência aos atos, é condição legal para que promovam a aquisição, o resguardo, a transferência, a modificação
ou a extinção de direitos, segundo desejo ou vontade do agente. Lícito. Em sentido lato, porém, quer significar
tudo o que é permitido ou não proibido, não somente pela lei, como pela moral ou pela religião. (De Plácido. e
Silva. Vocabulário Jurídico. São Paulo: Forense, 2004, p. 847).
8
não ter o intuito de vir a fazer um negócio jurídico com a sua obra, mas o simples fato de ele
pintar a tela, já ocasiona a existência de um valor jurídico protegido por lei.
Agora, se ele pinta para vender, existe então uma declaração de vontade com o
intuito negocial. Estamos falando, pois, de negócio jurídico. Messineo (apud Bessone, 1997,
p. 01) define negócio jurídico como “uma declaração de vontade, ou um complexo de
declarações de vontade, destinada à produção de determinados efeitos, que o ordenamento
jurídico reconhece e garante, enquanto lícitos, e correspondentes à vontade declarada”.
Nessa mesma direção, Fiúza (2004, p. 189) enfatiza que a vontade, condicionada à
satisfação de necessidades, é a principal fonte de efeitos. Ainda, segundo o referido autor,
negócios jurídicos são atos destinados à produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e
tutelados pela Lei.
Afirma Ráo (1999, p. 38) que o “negócio jurídico passa a ser um pressuposto de
algum fato, que contenha uma ou várias manifestações de vontade, e que seja regulado pelo
ordenamento jurídico, para que tenha sua produção de efeito reconhecido”.
Com base nessas conceituações, verificamos que a declaração de vontade no
negócio jurídico tem como objetivo produzir efeitos jurídicos, tanto para quem declara como
para o destinatário da declaração.
O contrato de compra e venda de imóvel, por exemplo, é um negócio jurídico por
excelência. Nele, haverá uma declaração de vontade, com o intuito negocial, cujo conteúdo
estará amparado pelo direito.
Trazemos aqui, uma ilustração para melhor visualização da trajetória do fato
jurídico até o negócio jurídico (Miranda, 1991, p. 22):
Ilícitos
Podemos classificar os negócios jurídicos sob várias categorias. Não sendo este
assunto o foco do presente trabalho, trouxemos apenas a classificação apontada por Bessone
(1997, p. 05) sendo que não adentraremos a fundo na especificidade de cada uma delas. Para
este autor, o negócio jurídico para a sua consecução obedece à seguinte classificação:
forma do ato (manifestação direita e indireta; pode ter caráter formal e não
formal); conteúdo (podem ser negócios familiares e patrimoniais, atos de
disposição e de obrigação), estrutura (simples e complexos ou de formação
sucessiva); participação subjetiva (unilateral, bilateral e plurilateral); causa
9
Não poderíamos seguir adiante sem antes falarmos, mesmo que sucintamente,
sobre os elementos que compõem os atos jurídicos, quais sejam: essenciais, naturais e
acidentais.
Os elementos essenciais, como nos ensina Ráo (1999, p. 89) subdividem-se em:
genéricos e específicos.
Essenciais dos atos jurídicos são, pois, os elementos que os compõem,
qualificam e distinguem dos demais atos, elementos, isto é, sem os quais ou
sem algum dos quais aqueles atos não se formam, nem se aperfeiçoam. Deles,
uns são genéricos porque a todos os atos jurídicos dizem respeito; específicos
são outros, por atinentes a cada tipo de ato particularmente considerado.
agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita
ou não defesa em lei”.
A capacidade do agente a que se refere o inciso I, é a capacidade da pessoa para
adquirir direitos ou contrair obrigações no universo negocial. Explica Diniz (2000, p. 286)
que: “Se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração da vontade, a capacidade do agente
é indispensável à sua participação válida na seara jurídica”. Porém, nem todos terão essa
capacidade. Os que possuírem incapacidade, seja ela absoluta ou relativa, deverão ser
representados pelo instituto da representação e assistência, respectivamente. Portanto, para a
validade do negócio jurídico, a lei requer agente capaz ou esteja ele devidamente representado
e assistido, como vimos anteriormente.
O segundo pressuposto elencado pelo art. 104 é o objeto, que deve,
obrigatoriamente, ser possível, lícito e suscetível de apreciação econômica. A fim de um
melhor entendimento sobre tal requisito, resguardaremos as valiosas contribuições de
Monteiro, (1956, p. 16-17), que ressalta:
A impossibilidade pode ser física ou legal. É física, também chamada
material, quando o contrato objetiva prestação que jamais poderá ser
obtida ou realizada por contrariar as leis da natureza, ultrapassar
forças humanas, ou ser irreal a sua existência (...). Ocorrerá a
impossibilidade legal ou jurídica, sempre que a estipulação se refira a
objeto prescrito ou condenado pelo direito (...). Não basta que seja
possível o objeto do contrato, é mister ainda que seja lícito, isto é,
conforme à moral, à ordem pública e aos bons costumes.
Sobre essa matéria, Bevilaqua (1983, p. 171), com muita propriedade, nos
transmite belíssima lição:
A declaração de vontade deve ser conforme aos fins éticos do direito,
que não pode dar apoio a intentos imorais, cercar de garantias
combinações contrárias aos seus preceitos fundamentais. O ato
jurídico há de ser lícito por definição. Conseqüentemente, se o objeto
do ato for lesivo à moral ou às leis de ordem pública, o direito não lhe
reconhece a validade.
E, por último, os negócios jurídicos terão que ter forma prescrita ou não defesa em
lei. Isto porque, segundo Venosa (2004, a, p. 422) “existem negócios jurídicos que dependem
de determinada forma para terem validade; são os atos formais ou solenes”. Isto quer dizer
que, alguns negócios jurídicos terão que seguir uma forma determinada por lei como, por
exemplo, uma escritura pública de compra e venda lavrada por um tabelião. Os negócios
jurídicos que não tiverem forma prescrita em lei poderão se revestir de forma livre, desde que
não proibidos por lei.
11
Art. 127: Se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará
o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão o direito por ele
estabelecido.
Art. 128: Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos,
o direito a que ela se opõe; mas se aposta a um negócio de execução
continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não
tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a
natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
O art. 127 regula que, implantada a condição no negócio jurídico o efeito deste,
ficará subordinado a evento futuro e incerto. O art. 128, primeira parte, apregoa que,
verificada a condição o negócio jurídico resolve-se. Com a resolução dos efeitos do negócio
jurídico, explica Miranda (1991, p. 71) “retornarão para a titularidade do devedor condicional
e este é que terá agora interesse em praticar atos conservatórios dos seus eventuais direitos
futuros”.
O efeito da condição resolutiva é ex tunc3, isto é, a cessação dos efeitos retroage ao
momento da celebração do negócio. A condição resolutiva poderá ser expressa ou tácita.
Quando for expressa, conforme o art. 474 do CC, resolve-se de pleno direito; a tácita
dependerá de interpelação judicial.
Num contrato de compra e venda de imóvel com cláusula resolutiva expressa, por
exemplo, sobrevindo a condição, a compra e venda desfaz-se, retornando o imóvel ao antigo
proprietário. É o que, segundo Miranda (1991, p. 71), denomina-se “eficácia real do efeito
retroativo da condição resolutiva”, co mo expressamente prevê o art. 1.359 do CC:
“Resolvida a propriedade pelo inadimplemento da condição ou pelo advento
do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na
sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode
reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha”. Sobre este
assunto, trataremos com mais propriedade nos próximos capítulos.
3
Ex tunc: “De então, ou desde então; com efeito retroativo”. ( De Plácido. e Silva. Vocabulário Jurídico.
São Paulo: Forense, 2004, p. 589).
13
1.3 CONTRATO
Logo, por contrato unilateral, entende-se aquele que somente uma das partes
contrai obrigação. Desta forma, faz-se necessário destacar que, quanto a sua formação, todo
contrato é bilateral, pois gera direitos e obrigações entre as partes como, por exemplo, uma
doação simples.
Nos contratos bilaterais, por sua vez, também denominados sinalagmáticos5,
Sampaio (2000, p. 34) esclarece:
obrigações recíprocas. (De Plácido. e Silva. Vocabulário Jurídico. São Paulo: Forense, 2004, p. 1.303).
17
Portanto, tal princípio faculta às partes total liberdade para concluir seus contratos
(estes, são vistos como fenômenos da vontade, desde que respeitados os limites da lei).
6
Intagiblidade: “s.f. Qualidade do que é intangível, impalpável”. (Enciclopédia e dicionário ilustrado.
Koogan/Houaiss. Rio de Janeiro: Delta, 1998, p. 874)
7
Mútuo consenso: É o consentimento recíproco ou o consentimento mútuo dos que participam da feitura de ato
ou de negócio jurídico. (De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 938).
8
Terceiro: “Relativamente aos contratos, terceiro é aquele que não participou do contrato, ou não teve nele
qualquer intervenção, pelo que, não sendo parte, não se liga nem é responsável por quaisquer das obrigações
derivadas do mesmo contrato. É um completo estranho.” (De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Rio de
Janeiro: Forense, 2004, p. 1.377)
20
mencionada pela doutrina, é o contrato com condição resolutiva. Podemos citar, como
exemplo, um instrumento público de compra e venda de imóvel com pagamento a prazo, em
que esteja convencionado uma condição resolutiva quanto ao seu não pagamento, e estando
devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Terceiro adquirente desse imóvel,
seria prejudicado caso a condição resolutiva sobreviesse; e nos termos do art. 128 primeira
parte, este contrato estaria resolvido. O terceiro adquirente não poderá alegar
desconhecimento, pois uma certidão de ônus e reipersecutória do imóvel, constaria
expressamente que este estaria sob condição resolutiva. Trataremos com mais propriedade
deste assunto no capítulo terceiro.
A relatividade dos contratos não se aplica somente em relação aos sujeitos, mas
também está conectado com o objeto do contrato. Segundo Gomes (1996, p. 44):
o contrato tem efeito apenas a respeito das coisas que caracterizam a
prestação. Se o objeto da prestação, recebido pelo credor em virtude de
contrato comutativo, tem defeito oculto que o torna impróprio ao uso a que é
destinado ou lhe diminui o valor, ou se dele vem a ser privado em virtude de
sentença que reconheça o direito de outrem, a eficácia do contrato estará
comprometida.
Desta forma, o contrato sobre bem não pertencente às partes contratuais não afeta
interesse de terceiros. Conclui-se que, o princípio da relatividade dos contratos, faz com que o
contrato somente produza efeitos entre os contratantes, ou seja, àqueles que manifestaram a
sua vontade.
9
Contraprestação: “Na terminologia jurídica, entende -se como contraprestação a prestação que pode ser
exigida do credor pelo devedor, antes que cumpra a sua obrigação”. (De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico.
Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 372).
10
Comutativo: “Determinativo de todo ato de troca ou permuta. Diz -se, particularmente, para designar os
contratos onerosos, em que os contratantes se obrigam a recíprocas prestações,umas equivalentes às outras. O
contrato de compra e venda é um contrato comutativo, pois, se uma das partes entrega a coisa comprada, a outra
se obriga a pagar o preço equivalente à coisa vendida”. (De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Rio de
Janeiro: Forense, 2004, p. 327).
22
11
Aleatório: “ (...) designa tudo o que se prende ao acaso ou ao jogo da sorte. Desse modo, a qualificação indica
sempre a condição imposta ou admitida em um contrato, mediante a qual o seu cumprimento, ou a exigibilidade
da obrigação decorrente, depende sempre da realização de evento futuro ou incerto” . (De Plácido e Silva.
Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 91).
12
Anulabilidade: “é a qualidade do ato que se praticou com vício ou defeito que pode ser suprido: é anulável,
assim, quando não se remova o vício”. (De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense,
2004, p. 115).
23
afirma Dantas (1979, p. 337), ocorrerá quando o efeito do negócio jurídico (in casu a compra
e venda) estiver subordinada a um evento futuro e incerto.
No próximo capítulo, estudaremos a extinção dos contratos por conseqüência da
resolução, bem como as cláusulas resolutivas expressa e tácita, seguindo a discussão proposta
neste trabalho.
24
A cláusula resolutiva expressa está prevista no CC, no art. 474, que assim
preconiza: “A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito (...)”.
É expressa, explica Venosa (2002, p. 503) quando as partes por livre e espontânea
vontade, estipularem no contrato que, no descumprimento de qualquer uma de suas cláusulas
haverá resolução. A cláusula resolutiva expressa também é conhecida por alguns
doutrinadores, como Aguiar Júnior, de cláusula convencional.
Convencional justamente porque depende única e exclusivamente da vontade das
partes. Nota-se que a vontade é o elemento fundamental para a existência dessa cláusula
porque os contratantes regularam o desfazimento do negócio.
Uma vez convencionada, a cláusula resolutiva expressa opera-se de pleno direito,
como prescreve o art. 474 do CC. Isto quer dizer que, sobrevindo o que está disposto na
referida cláusula, o contrato se desfaz automaticamente, independentemente de sentença
judicial, não havendo necessidade de notificação do devedor.
Mas, em alguns contratos como o de promessa de compra e venda de imóvel não
loteado (que não o caso aqui analisado), mesmo estando cláusula resolutiva expressa, pelo
Decreto 745/69, é indispensável uma prévia notificação, ficando o devedor com 15 (quinze)
dias para purgar a mora, como tem entendido o STF:
EMENTA: AÇÃO DE RESCISÃO DE COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA. 1) Cláusula resolutiva tácita e não expressa; 2) Mesmo nos casos
de imóveis não loteados, já se tranqüilizara a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal no sentido da indispensabilidade da notificação prévia para
a propositura da ação rescisória, mesmo nos casos em que houvesse cláusula
resolutiva expressa; 3) Caráter interpretativo do D.L. n 745, de 7.8.1969; 4)
Aplicação das Súmulas nºs 291 e 454; 5) Recuso Extraordinário não
Conhecido. Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário
70714/RJ. Primeira Turma.Relator Ministro Barros Monteiro. Julgado em
29.set.1970. Publicado em 23.out.1970.
26
13
A expressão comisso, segundoVENOSA: “significava pena; perda da coisa dada em penhor, em benefício do
credor, quando havia inadimplemento.” (Venosa, Silvio de Salvo. Contratos em espécie. São Paulo: Atlas,
2002, p. 93).
14
Juliano: “(Constantinopla, 331 – Mesopotânia, 363), imperador romano, sobrinho de Constantino”. (Koogan;
Houaiss. Enciclopédia e dicionário ilustrado. Rio de Janeiro: Delta, 1998.)
27
Acabamos de ver que a cláusula resolutiva tácita não chegou a existir no direito
romano, mas, a sua origem, deve-se à lex comissória romana. Pelo uso excessivo deste
instituto jurídico romano, acabou-se por subtender que em todos os contratos bilaterais estaria
implícita a cláusula resolutória por inadimplemento.
15
Pompônio: “jurisconsulto romano do séc. II d.C , freqüentemente citado no Digesto”. (Koogan; Houaiss.
Enciclopédia e dicionário ilustrado. Rio de Janeiro: Delta, 1998, p. 1.279)
16
Digesto: “Compilação das decisões dos jurisconsultos romanos, convertidas em lei por Justiniano, imperador
romano do Oriente, e que constitui uma das quatro partes do ´Corpus Juris Civilis´ (Corpo do Direito Civil).”
(Koogan; Houaiss. Enciclopédia e dicionário ilustrado. Rio de Janeiro: Delta, 1998, p. 524)
17
Texto original: “ Cum venditor fundi in lege ita caverit, si ad diem pecunia soluta non sit, fundus inemptus sit,
ita accipitur inemptus esse fundus, si venditur in emptum eum esse velit, quia id venditoris causa caveretur”
(RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Aplicado. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 56).
18
“No ano de 1.210, Ug oggione da Pisa foi o primeiro a traçar as características da resolução como instituto
jurídico, atribuindo ao inadimplemento do devedor a perda do seu direito e a conseqüente liberação do credor,
aplicável à generalidade dos contratos sinalagmáticos”.(AGU IAR Junior, Ruy Rosado de. Extinção dos
contratos por incumprimento do devedor-resolução. Rio de Janeiro: AIDE, 2004. p. 13).
19
Canonistas: “Título que se dá ao doutor ou bacharel formado em Direito Canônico”. (De Plácido. e Silva.
Vocabulário Jurídico. São Paulo: Forense, 2004, p. 248).
28
Portanto, em todo contrato bilateral, onde houver inexecução por uma das partes,
mesmo que isso não tenha sido ajustado no referido instrumento (cláusula resolutiva
expressa), enseja a parte lesada o direito de exigir o seu cumprimento ou optar pela resolução
do vínculo obrigacional.
Mas, para que o contratante prejudicado faça valer o seu direito, pedindo a
resolução do contrato ou a execução para o seu cumprimento, terá que se socorrer por meio de
um processo judicial. É o que determina o art. 474 do CC: “a tácita depende de interpelação
judicial”.
29
Como bem observa Rizzardo (1988, p. 410) a lei não deu à cláusula resolutiva
tácita o efeito legal de operar ipso jure20. Isto significa, que a parte lesada deverá notificar
judicialmente o contratante inadimplente, fixando prazo para que este cumpra com a prestação
que lhe compete, e só a partir daí, segundo observa Serpa Lopes (1996, p. 365), poderá o juiz
desconstituir o vínculo obrigacional.
Sobre a necessidade de interpelação judicial, tem a dizer Venosa (2002, p. 505),
que nos contratos bilaterais, onde está subtendida a cláusula resolutiva tácita, havendo o
descumprimento por um dos contratantes, a resolução deverá ser apurada pelo juiz.
Em resumo, conclui Rizzardo (1988, p.98) que se pressupõe a necessidade de
interpelação prévia, como condição para o ajuizamento do pedido de resolução. A resolução
pela cláusula resolutiva tácita (judicial) será com base no art. 475 supracitado. O vendedor
poderá pedir a resolução e com alternativa subdisiária fazer o cumprimento do contrato, caso
o juiz venha a julgar improcedente o pedido de resolução feito pelo vendedor. Essa
possibilidade de mudar de pedido no procedimento judicial acontece porque aqui a resolução
depende do julgamento do juiz e não da manifestação da vontade da parte. (Aguiar Júnior,
2004, p. 203).
Mas para que o juiz sentencie desconstituindo o vínculo contratual deverá antes,
como assinala Aguiar Júnior (2004, p. 56) se valer de alguns pressupostos. Dentre eles,
destaca o referido autor:
(...) incumbe ao juiz apreciar o comportamento das partes no contexto global
do contrato desde as tratativas; identificar o ponto de equilíbrio entre as
prestações correspectivas e interdependentes, à vista do princípio da
equivalência, que deve ser preservado não só na fase genética, mas também
na funcional; determinar as características e as finalidades do contrato, de
acordo com os elementos objetivamente fixados; determinar, se for o caso,
as regras de cuidado e de diligência que deveriam ter sido obedecidas, nas
circunstâncias; estabelecer os deveres de conduta derivados da boa-fé
objetiva; ponderar entre a substancialidade do adimplemento, que satisfaz o
credor e impede a resolução, e a gravidade do incumprimento, com violação
fundativa do interesse do credor, quando a prestação se tornou inútil para
ele, incapaz de satisfazer substancialmente à sua legítima expectativa,
deixando de alcançar o escopo objetivamente previsto no contrato; medir o
interesse econômico expresso no negócio e pensá-lo também como um fator
metajurídico relevante, subordinado ao interesse comum; finalmente, decidir
20
Ipso Iure: “ Traduzindo-se pelo próprio direito ou o direito em si mesmo, é a locução latina largamente
aplicada, na terminologia jurídica, para exprimir ou indicar o estado novo (novus status) , a nova situação
jurídica, ou a modificação e alteração, que possam ser trazidas aos direitos, independentemente de qualquer outra
vontade, pois que resultam de direito já existente ou adquirido. (De Plácido. e Silva. Vocabulário Jurídico. São
Paulo: Forense, 2004, p. 776).
30
Esse sistema de resolução mediante processo judicial21, adotado pelo nosso direito,
veio da França. Como vimos anteriormente, o Código de Napoleão já havia positivado a
resolução legal (judicial) no seu art. 1.184. No sistema francês, segundo Pereira (1999, p. 94):
(...) descumprido o contrato bilateral abre-se uma alternativa ao lesado para
exigir a sua execução ou resolvê-lo com perdas e danos. Mas não cabe a
atuação direta do interessado. Somente é admissível a resolução mediante
sentença, em que o juiz aprecia a conduta do contratante acusado. O que o
sistema francês concede ao interessado não é a resolução automática da
avença, porém a legitimidade “ ad causam” para iniciar o processo judicial
visando a este objetivo. O código francês vai mais longe, e ainda confere ao
juiz a faculdade de conceder ao réu um prazo conforme as circunstâncias.
21
A origem dessa característica judicializada, antecede ao direito francês. Não veio de Roma, mas do Direito
Canônico. O juiz eclesiástico apurava se o descumpridor cometera algum pecado contra a outra parte
independentemente da argüição da outra parte.
“Esse juí zo moral, fundado na violação de princípios éticos, sobre pairava ao interesse e ao entendimento das
partes, sendo, por isso, “o juiz investido da missão de conciliar não somente os interesses das partes entre elas,
mas a proteção delas com o interesse social.” (CASSIN apud AGUIAR Junior, Ruy Rosado de. Extinção dos
contratos por incumprimento do devedor-resolução. Rio de Janeiro: AIDE, 2004, p. 230)
22
Outras legislações dispensam a necessidade de um pronunciamento judicial para a resolução do contrato. O
Código Civil argentino, repele a cláusula resolutiva tácita, como nos mostra Venosa ( 2003 p. 503): “ (...) Pelo
art. 1.203 desse diploma, se as partes não dispuserem expressamente que o contrato se dissolve em caso de
31
inadimplemento, somente, se poderá pedir o seu cumprimento. Destarte, fica excluído o pacto comissório tácito
como um elemento presente em todos os contratos, conforme ocorre entre nós.”
Também na Inglaterra, a resolução por inadimplemento não é judicial: “ela deriva da vontade das partes e do seu
comportamento. O mecanismo é o seguinte: em lugar de executar, um dos contratantes se abstém de ministrar as
prestações que lhe incubem, ou as ministra incompletamente ou tão mal que o seu comportamento atenta contra
a própria essência do contrato. Os ingleses usam os termos de ‘o nervo, a raiz do contrato’, ‘the root of the
contract’. Então o outro contratante, o credor lesionado, pode tratar o contrato como resolvido. Se assim o faz o
contrato é efetivamente resolvido.” (GILSON apud AGUIAR Junior, Ru y Rosado de. Extinção dos contratos
por incumprimento do devedor-resolução. Rio de Janeiro: AIDE, 2004 p. 52/53)
32
E, ainda, que a mesma não decorre de um acordo tácito entre os contratantes, mas de lei,
como prescreve o art. 475 supracitado.
Tendo sido delimitado neste trabalho a extinção dos contratos de compra e venda
de imóvel pela via resolutiva, analisaremos neste item os pressupostos para resolução destes
contratos nos casos em que houver descumprimento definitivo por parte do comprador.
Dentre os pressupostos, analisaremos a necessidade da natureza bilateral do contrato, o
descumprimento da obrigação por parte do comprador, e o caso de não ser o vendedor
inadimplente. Passamos adiante, à análise destes pressupostos.
O instituto da resolução está presente no CC no capítulo da extinção dos contratos
(Título V, Capítulo II.). Os arts. 472 ao 480, que compreendem este capítulo, nada se referem
à bilateralidade do contrato como pressuposto para resolução. Ela continua sendo pressuposto
essencial apenas para a exceção do contrato não cumprido, prevista no art. 476.
Existem duas correntes doutrinárias acerca da resolução ser aplicada somente aos
contratos bilaterais. De um lado, Venosa (2004, b, p. 413) e Guilhermo A. Borda ( apud
Venosa, b, p. 413) entendem que a resolução é aplicada a todos os contratos em que existam
obrigações pendentes ou quando uma das partes tem interesse na resolução. Tomam, como
exemplo, os contratos unilaterais de empréstimo e o de comodato, afirmando que “tanto o
mutuante como o comodante, podem pedir a resolução do contrato e a restituição da coisa em
caso de seu descumprimento pelo mutuário ou pelo comodatário”.
Por outro lado, Aguiar Júnior (2004, p. 79) sustenta que “resolução é modo de
extinção da relação obrigacional estabelecida em contrato bilateral (..)”. O referido autor faz
uma interpretação extensiva ao art. 476 do CC: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.
Conclui o autor que na falta de regra expressa em sentido contrário, continua vigente o
princípio de que a resolução é modo de extinção de contratos bilaterais.
Entende Gomes (1996, p. 171) que a dependência mútua das obrigações nos
contratos bilaterais, justificaria a resolução, quando um dos contratantes viesse a se tornar
inadimplente.
O requisito principal da resolução é o descumprimento definitivo do comprador
(in casu contrato de compra e venda). Segundo Aguiar Júnior, (2004, p. 95) o
“incumprimento definitivo” (co mo prefere conceituar o autor) poderia se dar com culpa ou
33
sem culpa do comprador. Como estamos tratando da possibilidade de resolução por culpa do
comprador, nos centraremos a esse caso em específico.
Já que estamos falando de descumprimento do devedor, é importante fazermos
uma breve conceituação do que venha a ser inadimplemento, para o melhor entendimento da
matéria em questão.
Pelo conceito técnico jurídico de Plácido e Silva (2004, p. 719): “inadimplemento
quer significar o não cumprimento ou não satisfação daquilo a que se está obrigado, dentro do
prazo convencionado (...)”
Acentua Alvim (1980, p. 38) que o cumprimento da obrigação é a regra, o
inadimplemento é a exceção. Complementa essa afirmação Serpa Lopes (1959, p. 283) que
“O inadimplemento, n ão sendo a regra, produz um estado mórbido, exigindo pronto remédio,
o que se dá mediante a utilização de uma das modalidades do direito de impugnação, que é o
direito de resolução por inadimplemento”.
São gêneros do inadimplemento, segundo Alvim (1980, p. 39) inadimplemento
absoluto e mora. Segundo os autores Alvim (1980, p. 07) e Aguiar Júnior (2004, p. 96) o
inadimplemento poderá ser absoluto ou parcial. Trabalharemos, aqui, somente o
inadimplemento absoluto.
Para Aguiar Júnior (2004, p. 96) haverá inadimplemento absoluto quando o credor
perder o interesse de receber a prestação devida, ainda que possível de ser feita pelo devedor.
Inadimplemento absoluto não se confunde com mora, como enfatiza Alvim (1980,
p. 37). Segundo o referido autor, a distinção está na possibilidade ou na impossibilidade de
cumprir com a obrigação. Como acabamos de ver, no inadimplemento absoluto não há mais
possibilidade de ser cumprida a obrigação, enquanto que na mora essa possibilidade persiste.
O art. 394 do CC diz: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer”.
No mesmo sentido, Alvim (1980, p. 10) conceitua mora como “o retardamento
culposo no pagar o que se deve, ou no receber o que nos é devido”. Desse conceito,
entendemos que pode estar em mora tanto o comprador (como vimos agora) como o
vendedor, que passaremos a analisar a seguir.
O art. 476 do CC prescreve: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes,
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”. Este artigo se
refere a exceção do contrato não cumprido. Essa exceção é invocada pela parte acusada de
estar inadimplente, para afastar essa acusação.
34
Porém, Venosa (2004, b, p. 411) ressalta que, em regra, numa compra e venda
com pagamento parcelado, por exemplo, não se poderia exigir o adimplemento de uma
prestação futura, ainda não exercitável e inexigível. Isto só poderia acontecer, continua o
autor: “quando a lei ou o contrato não disser a quem cabe cumprir primeiramente a
obrigação”. Essa exceção está prevista no art. 477 do CC:
Se depois de concluído o contrato sobrevier a uma das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a
prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a quem incumbe fazer a
prestação em primeiro lugar, recusar-se a esta até que a outra satisfaça a que
lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Por esse julgado do TJSC, fica claro que em todos os contratos bilaterais a
reciprocidade das obrigações entre os contratantes. Havendo o descumprimento por parte de
35
um dos contratantes, a parte lesada poderá pedir a resolução, pois, a resolução só existe para
proteger a parte não-inadimplente da violação provocada pela outra.
36
3. PACTO COMISSÓRIO
3.1 CONCEITO
O ilustre jurista Monteiro (1984, p. 107) explica que: “em todos os contratos
sinalagmáticos existe sempre uma cláusula resolutiva expressa ou tácita, por força da qual
acordam os contratantes que o ato se desfaça, caso deixe um deles de cumprir as suas
obrigações”.
A cláusula resolutiva expressa, a que se refere o ilustre autor, também denominada
pacto comissório, fazia parte das cláusulas especiais à compra e venda, muito utilizado nas
transações imobiliárias. O pacto comissório não foi recepcionado pelo CC de 2002, mas
esteve previsto no art. 1.163 do CC de 191623 que assim ajustava:
Ajustado que se desfaça a venda, não se pagando o preço até certo dia,
poderá o vendedor, não pago, desfazer o contrato, ou pedir o preço.
Parágrafo Único: Se em 10 (dez) dias de vencido o prazo, o vendedor, em tal
caso, não reclamar o preço, ficará de pleno direito desfeita a venda.
Pacto comissório era uma modalidade de cláusula resolutiva expressa, inserida nos
contratos de compra e venda, cujo preço era parcelado em prestações futuras, e, que tinha
como finalidade, desfazer o negócio entre as partes quando o comprador viesse a se tornar
inadimplente.
Sendo uma modalidade de cláusula resolutiva, o pacto comissório tem sua origem
na lex comissória romana, como vimos no capítulo anterior. Naquele tempo, conforme ensina
Aguiar Júnior (2004, p. 182): “sendo o pagamento fixado por prestações independentes, o
vendedor, que confiara no comprador, estava sujeito a perder a coisa sem receber o preço, (...)
daí a utilidade da natureza resolutiva dada a lex comissória por Juliano”.
Esse caráter resolutivo foi conservado em legislações posteriores, como se observa
nas Ordenações Afonsinas24, no Livro IV, Título 60, Parágrafo 4º, em vernáculo da época
(Miranda, 1962, p. 198):
23
Antes de vigorar o Código Civil de 1916, o pacto comissório já estava previsto nas Consolidações das Leis
Civis, de Teixeira de Freitas, nos arts. 532 e 533: Art. 532. Terá lugar a ação resolutória da venda, se houver
condição de ficar a venda de nenhum efeito pela falta de pagamento do preço no prazo convencionado. Art. 533.
Mas, se depois de vencido o prazo, o vendedor exigir que o comprador lhe pague o preço, a ação resolutória não
é mais admissível. (RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Aplicado. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 56).
24
No período colonial foi aplicado no Brasil a legislação portuguesa que teve vigência no direito brasileiro até o
advento do Código Civil, em 1916. Na época colonial tínhamos vigorando as ordenações dos reis de Portugual,
37
A doutrina, a começar por Venosa (2002, p. 93) conceitua pacto comissório como
“uma cláusula inserida nos contratos de compra e venda a prazo ou de execução diferida, que
possibilita ao vendedor resolver o contrato, se o comprador não pagar o preço na data fixada.”
Serpa Lopes, assim se manifesta: “pacto comissório de um modo geral, é a
cláusula por força da qual se opera a extinção dos direitos contratuais da parte contratante que
não cumpre a sua prestação”. (1996, p. 364).
Wald (apud Rizzardo,1988, p. 404) nos ensina com bastante clareza que pacto
comissório: “É a condição resolutiva expressa em virtude da qual as partes previram a
rescisão de pleno direito da venda, independentemente de notificação judicial ou extrajudicial,
na hipótese de inadimplemento de uma das partes.”
Essa cláusula resolutiva expressa, quando inserida nos contratos de compra e
venda, poderia ter como redação o exemplo dado por Balbino Filho (1999, p. 534) que
trouxemos à baila como ilustração:
Dom Afonso, Dom Manuel e Dom Felipe, respectivamente denominadas de Ordenações Afonsinas, Manuelinas
e Filipinas. (FIUZA, 2004, p. 71).
38
25
Além dos instrumentos de quitação elencados nas alíneas “a” e “b”, poderia haver a possibilidade de o
cancelamento ser feito a requerimento do comprador em duas hipóteses, como demonstra Elvino Silva Filho
(apud Fioranelli, 2001, p. 491): “a) perda, pelo comprador, da quitação dada pelo vendedor; b) mudança de
endereço do vendedor e a impossibilidade de encontrá-lo para obter uma nova quitação ou declaração do
recebimento da totalidade do preço, bastando, para tanto, requerimento solicitando o cancelamento do pacto
comissório, instruído com certidão do cartório do distribuidor mencionado que o vendedor não ajuizou nenhuma
ação contra ele, principalmente de resolução da compra e venda e de reintegração de posse do imóvel.”
39
Não preferindo o vendedor em exigir o preço no pacto comissório, por ser uma
cláusula resolutiva expressa, a resolução se processava de pleno direito. Mas, não poderia o
vendedor, por livre arbítrio, requerer o cancelamento da transcrição sem ter um amparo de
uma sentença judicial. É pacífico o entendimento jurisprudencial e doutrinário nesse sentido.
Como bem coloca Fioranelli (2001, 492) a alegação do vendedor não poderia ser
verdadeira e, ainda, poderia ter ele optado em exigir o preço, não lhe assistindo, desta forma,
o direito de resolução. Encerrando essa matéria, trazemos mais um exemplo colocado por
Balbino Filho (1999, p. 534):
26
FIORANELLI, Ademar. Direito registral imobiliário. Porto Alegre: Fabris, 2001, p. 489.
27
FIDA, Orlando; CARDOSO, Edson Ferreira. Prática e jurisprudência dos contratos no direito brasileiro.
4. ed, vol. 1. São Paulo: LEUD, 1987, p. 333.
41
Mas, para que o pacto comissório tivesse eficácia resolutiva, era necessário que as
prestações e seus vencimentos estivessem claramente expressos, no momento em que o
atraso de uma delas acarretaria na resolução do contrato.
A doutrina é pacífica neste ponto. Monteiro (1984, p. 106) leciona que: “O pacto
comissório tem de resultar de convenção expressa; outro modo, ou em caso de dúvida, a
resolução contratual obedecerá à regra geral e comum”.
No mesmo sentido aponta Aguiar Júnior (2004, p.183):
28
FIDA, Orlando; CARDOSO, Edson Ferreira. Prática e jurisprudência dos contratos no direito brasileiro.
4. ed, vol. 1. São Paulo: LEUD, 1987, p. 334.
42
do pacto comissório, para que as certidões de ônus reais dêem conhecimento para terceiros
que desejam adquirir o imóvel em questão.
Neste sentido, enfatiza Carvalho (apud Fioranelli, 2001, p. 491):
Com o pacto comissório inserido nos contratos de compra e venda não se aplica o
princípio da relatividade, porque estando o referido instrumento devidamente registrado no
Cartório de Registro de Imóveis competente, não podem terceiros de boa-fé alegarem o seu
desconhecimento.
O pacto comissório era muito utilizado pelo mercado imobiliário na consecução de
contratos de compra e venda de imóvel, com reflexo direto nos atos notariais e nos assentos
registrais imobiliários, trazendo vantagens recíprocas para ambas as partes, comprador e
vendedor.
Para o comprador, o domínio da propriedade já se transferia com o título
devidamente transcrito no Cartório de Registro de Imóveis para o seu nome, tornando-se
oponível contra terceiros. Tinha também o comprador o benefício econômico, já que pagava
apenas um ato notarial para a lavratura da Escritura Pública de Compra e Venda, como
também um ato no Registro de Imóveis para registrar o referido instrumento público.
Dispensava-se a necessidade de se ter despesas para registrar previamente um Contrato
Particular de Promessa de Compra e Venda, e torná-lo oponível contra terceiros.
Para os autores Cardoso e Fida (1987, p. 284), o pacto comissório na verdade
funciona mais como uma cláusula protecionista em favor do vendedor porque, com o
inadimplemento do comprador, o contrato poderá ser rescindido se o vendedor assim o
desejar. Sua manifestação de vontade, neste sentido, tem eficácia suficiente para romper a
compra e venda e o juiz apenas declarar o efeito produzido.
Seguem os referidos autores dizendo:
29
Sentença Declaratória: “É a sentença que, sem condenar propriamente, reconhece, ou declara a existência o
a inexistência da relação jurídica, ou reconhece, ou declara a autenticidade, ou a falsidade de um documento”.
(De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 1.279)
30
Sentença Constitutiva: “ (...) a sentença constitutiva cria, modifica ou extingue um estado ou relação jurídica.
(De Plácido e Silva, 2004, 1.278).
44
exemplo. Esclarece ainda que, estando ausente o pacto comissório no CC, aplicam-se os
princípios gerais que regem as condições e o contrato, como preconiza o art. 476 deste
diploma, e o estabelecido como intenção das partes. Por fim, conclui Venosa, que nada
impede de as partes estipularem uma cláusula resolutiva expressa nos moldes de pacto
comissório.
Tais considerações mostram uma não uniformidade de interpretações sobre esta
questão, embora tal cláusula resolutiva fosse adotada na maioria dos contratos de compra e
venda de imóveis.
condição não seja contrária à lei (art. 12231). E prevê ainda, o referido diploma, através do art.
474, que a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito. Portanto, analisando a
conjugação destes artigos, resta-nos concluir, diante do exposto, a viabilidade das partes
estabelecerem uma condição resolutiva expressa em um contrato de compra e venda de
imóvel, tratando da resolução do contrato, de pleno direito, se o comprador se tornar
inadimplente.
Agora resta-nos saber: se concluído o contrato de compra e venda de imóvel
subordinando o seu efeito jurídico a evento futuro e incerto, poderá o mesmo ser passível de
registro ante o Cartório do Registro de Imóveis?
Sendo possível a lavratura de um contrato de compra e venda com condição
resolutiva, verifica-se agora a possibilidade de se registrá-lo no álbum imobiliário. Mas, antes,
cabe-nos fazer uma distinção entre a compra e venda pura e a condicional. A compra e venda
pura é aquela que não está sujeita a nenhuma condição, como reza o art. 482 do CC: “A
compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes
acordarem no objeto e no preço”. A compra e venda condicional é aquela em que as partes
pactuam uma condição resolutiva expressa, subordinando os efeitos do negócio jurídico a
evento futuro e incerto. (art. 121 do CC). A lei 6.216/7532 de Registros Públicos, no seu art.
167, I, trata de registros que serão feitos, além da matrícula e na alínea 29 do referido artigo,
dispõe: “da co mpra e venda pura e condicional”. Percebe -se que seja a compra e venda
regulada pelo revogado pacto comissório ou pela condição resolutiva, ambos tornariam a
compra e venda condicional. O art. 167 da lei 6.216/75 não se refere se a compra e venda
condicional deverá conter tal dispositivo legal. O que importa é a essência condicional.
Diante do exposto, vislumbra-se que a compra e venda de imóvel pactuada, com
cláusula resolutiva expressa, terá acesso ao registro imobiliário como compra e venda
condicional, conforme o art. 167, I, nº 29 da Lei 6.216/75.
31
Art. 122do CC: São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons
costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o
sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
32
A Lei nº 6.216 de 30.06.1975 alterou a Lei nº 6.015 de 31.12.1973, que dispõe sobre registros públicos.
46
Com base nas informações prestadas pelos referidos Cartórios, podemos observar
uma diversidade de formas no ato da lavratura de escrituras públicas de compra e venda de
imóvel com cláusula resolutiva.
Vimos anteriormente que, o pacto comissório quando inserido em uma escritura
pública de compra e venda, ocorrendo o inadimplemento do comprador, desfazia o negócio de
pleno direito, se assim o vendedor o quisesse, pois o art. 1.163 do CC de 1916 era taxativo:
Ajustado que se desfaça a venda, não se pagando o preço até certo dia,
poderá o vendedor, não pago, desfazer o contrato, ou pedir o preço.
Parágrafo Único: Se em 10 (dez) dias de vencido o prazo, o vendedor, em tal
caso, não reclamar o preço, ficará de pleno direito desfeita a venda.
Da Averbação e do Cancelamento
Art. 250 – Far-se-á o cancelamento:
I – (...)
33
A Lei nº 6.216 de 30.06.1975 alterou a Lei nº 6.015 de 31.12.73, que dispõe sobre registros públicos.
49
Pois, entendem os autores Souza e Braune (2004, p. 91): “que nada obsta que o
comprador admita sua inadimplência e, por conseqüência, opere a cláusula.”
A segunda, seria com base ao que diz o inciso III do art. 250 da Lei nº 6.216/75:
Da Averbação e do Cancelamento
Art. 250 – Far-se-á o cancelamento:
I – (...)
II –(...)
III - A requerimento do interessado, instruído com documento hábil (...);
Entendem os autores supracitados que o título hábil a que se refere o inciso III da
referida lei é o título de crédito. Isto porque, habitualmente, em uma compra e venda
condicional, as prestações futuras serão representadas por notas promissórias.
Os autores citam a Lei nº 9.492/9734 que delega aos cartórios de protestos não só
competências, como regula os serviços referentes aos protestos de títulos. Esta mesma lei
conceitua protesto como “ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o
descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívidas”
Pois bem, permitindo essa lei a possibilidade de se apresentar para protesto
documentos de dívida, uma escritura pública (título executivo extrajudicial por força do inciso
II do art. 585 do CPC35) condicional vinculada ao título de crédito, poder valer-se ao
procedimento previsto pela Lei nº 9.492/97, porque estará comprovada a existência de uma
relação creditícia, líquida e certa, como assinalam os autores.
Este procedimento se daria da seguinte forma, segundo os mesmos (2004, p. 91):
Lavrada escritura pública de compra e venda com cláusula resolutiva
expressa, poderá o vendedor apresentá-la (ou o título de crédito a ela
vinculado) ao tabelionato de protesto em hipótese de inadimplência do
comprador, quando poderá este pagar seu débito e receber a quitação ou,
inocorrendo pagamento, o título será protestado, ficando provada a
inadimplência do comprador.
34
A Lei nº 9.492/97 define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros
documentos de dívida e dá outras providências.
35
Art. 585 do CPC, II: “ (...) a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; (...)”.
50
(03) dias úteis para efetuar o pagamento, conforme determina os arts. 1436 e 1937 da Lei nº
9.492/97.
O protesto de título, explicam os referidos autores (2004, p. 92) abre alternativas
ao devedor: a primeira seria a oportunidade para o devedor pagar o débito; a segunda é a
possibilidade de manifestação para apresentar razões do não-pagamento ou de tentar-se buscar
judicialmente a sustação do protesto.
Por fim, concluem os autores, que tendo as partes liberdade para contratar e, por
conseqüência, fixar o conteúdo do contrato para melhor assegurar uma possível execução,
poderão ajustar que o cancelamento da compra e venda condicional poderá ser feito através da
apresentação do título extrajudicial devidamente protestado (escritura pública ou título de
crédito a ela vinculado).
36
Art. 14. Protocolado o título ou documento de dívida, o Tabelião de Protesto expedirá a intimação ao devedor,
no endereço fornecido pelo apresentante do título ou documento, considerando-se cumprida quando comprovada
a sua entrega no mesmo endereço.§ 1º A remessa da intimação poderá ser feita por portador do próprio tabelião,
ou por qualquer outro meio, desde que o recebimento fique assegurado e comprovado através de protocolo, aviso
de recepção (AR) ou documento equivalente. § 2º A intimação deverá conter nome e endereço do devedor,
elementos de identificação do título ou documento de dívida, e prazo limite para cumprimento da obrigação no
Tabelionato, bem como número do protocolo e valor a ser pago.
37
Art. 19. O pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto será feito diretamente no
Tabelionato competente, no valor igual ao declarado pelo apresentante, acrescido dos emolumentos e demais
despesas. § 1º Não poderá ser recusado pagamento oferecido dentro do prazo legal, desde que feito no
Tabelionato de Protesto competente e no horário de funcionamento dos serviços. § 2º No ato do pagamento, o
Tabelionato de Protesto dará a respectiva quitação, e o valor devido será colocado à disposição do apresentante
no primeiro dia útil subseqüente ao do recebimento. § 3º Quando for adotado sistema de recebimento do
pagamento por meio de cheque, ainda que de emissão de estabelecimento bancário, a quitação dada pelo
Tabelionato fica condicionada à efetiva liquidação. § 4º Quando do pagamento no Tabelionato ainda subsistirem
parcelas vincendas, será dada quitação da parcela paga em apartado, devolvendo-se o original ao apresentante.
51
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS