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APRESENTAÇÃO 5
INTRODUÇÃO 7
CONTEÚDO 8
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 9
PRINCÍPIO DA MORALIDADE 11
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 12
OUTROS PRINCÍPIOS INFORMADORES DO DIREITO ADMINISTRATIVO: PRINCÍPIO DA
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E INDISPONIBILIDADE DO MESMO PELA
ADMINISTRAÇÃO 14
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA 16
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO 17
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS 20
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 20
ATIVIDADE PROPOSTA 21
REFERÊNCIAS 21
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 22
INTRODUÇÃO 26
CONTEÚDO 27
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 27
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA – DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO 27
CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS 28
ENTES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (PERSONALIDADE PRÓPRIA – DL 200/67) 29
AUTARQUIA 29
CARACTERÍSTICAS DAS AUTARQUIAS 29
PRERROGATIVA FISCAL 30
PRERROGATIVAS PROCESSUAIS 31
FUNDAÇÕES PÚBLICAS 32
2
CONCEITO 33
CLASSIFICAÇÃO 35
CRIAÇÃO E EXTINÇÃO 35
LEI AUTORIZATIVA PARA CRIAR FUNDAÇÕES: LEI ORDINÁRIA 38
LEI DEFINIDORA DAS ÁREAS DE ATUAÇÃO: LEI COMPLEMENTAR ÚNICA OU DE CADA
ENTE FEDERATIVO? 38
PERANTE O CÓDIGO CIVIL 40
ATIVIDADE PROPOSTA 41
REFERÊNCIAS 42
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 42
INTRODUÇÃO 47
CONTEÚDO 47
CONCEITO DE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 50
CRIAÇÃO E EXTINÇÃO 51
SUBSIDIÁRIAS 53
PERSONALIDADE JURÍDICA 53
FINALIDADE DAS ESTATAIS 56
IMPERATIVO DE SEGURANÇA NACIONAL E RELEVANTE INTERESSE COLETIVO 56
O CASO POLÊMICO DA EBCT 58
ATIVIDADE PROPOSTA 64
REFERÊNCIAS 64
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 65
INTRODUÇÃO 71
CONTEÚDO 72
A JUSTIFICATIVA DA ORIGEM DA CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO A
PARTICULARES PELO PODER PÚBLICO 72
O ATUAL FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA CONCESSÃO E PERMISSÃO 72
EXTINÇÃO DA CONCESSÃO 74
ADVENTO DO TERMO CONTRATUAL 74
ENCAMPAÇÃO 76
LEI AUTORIZATIVA ESPECÍFICA 78
3
FUNDAMENTO DA ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 80
PRÉVIO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO 82
ESSA INDENIZAÇÃO INCLUI DANOS EMERGENTES E LUCROS CESSANTES? 83
CADUCIDADE 83
A INDENIZAÇÃO DEVIDA NA CADUCIDADE 85
ATIVIDADE PROPOSTA 87
REFERÊNCIAS 87
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 88
CHAVES DE RESPOSTA 93
AULA 1 93
ATIVIDADE PROPOSTA 93
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 96
AULA 2 97
ATIVIDADE PROPOSTA 97
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 98
AULA 3 100
ATIVIDADE PROPOSTA 100
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 100
AULA 4 102
ATIVIDADE PROPOSTA 102
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 102
CONTEUDISTA 105
4
O Estado brasileiro sofreu profundas alterações, diminuindo seu tamanho,
empurrando para a iniciativa privada atividades que não são essenciais, como
é o caso das concessões, da concessão especial de serviços públicos –
Parcerias Público-Privadas (PPPs).
5
1. Compreender o perfil dos Princípios da Administração Pública à luz da
Constituição, envolvendo os conceitos de direitos do homem, direitos
humanos e direitos fundamentais;
2. Entender a dinâmica e estruturação da Administração Pública
Brasileira, conforme estabelecido pela Constituição de 1988;
3. Descrever visão dos Serviços Públicos, bem como as fontes
normativas - constitucional e infraconstitucional da Concessão de
Serviços Públicos.
6
Introdução
Para que exista uma sociedade, é fundamental que haja uma comunhão de
valores regida pelo ethos e a visão de mundo, pois estes lhe darão o
arcabouço, permitindo-lhe a manifestação. Os valores, portanto, são
construções que devem ser vistas através do confronto das partes com o todo
e vice-versa – indivíduo/sociedade e lei/partes (artigos e preceitos) – e
deverão ser entendidos dentro de uma visão dialética, com objetivos bem
definidos, propiciando-lhes o esclarecimento recíproco, como é comum no
estudo de qualquer estrutura social. Cabe ao direito a administração e
operacionalização desses valores. O direito, em seu propósito de realizar a
justiça, buscará operacionalizar esses valores. A partir daí, surge o
ordenamento jurídico como um conjunto de normas que expressam os
valores da sociedade.
Em virtude de sua generalidade e caráter prima facie, os princípios obrigam a
adequação das normas secundárias e das condutas aos valores que
incorporam. As regras jurídicas estabelecem o dever ser, ou seja, regulam
especificamente o comportamento e a conduta social; dizem-nos como
devemos agir em determinadas situações específicas, por elas próprias
previstas. Já os princípios estabelecem direções em que deveriam situar-se as
normas. Assim, cabe aos princípios, enquanto proposições fundamentais,
orientar concretamente o direito, qualificando as normas dentro de
determinados padrões axiológicos.
Objetivo
1. Compreender a importância do estudo dos princípios constitucionais
expressos e reconhecidos como instrumento de integração das regras
e colmatação de lacunas, consoante às últimas interpretações dos
nossos Tribunais Superiores (STJ e STF).
7
Conteúdo
Regime jurídico administrativo/constitucional e seus princípios orientadores:
Princípio da legalidade e da submissão da administração pública ao direito.
8
apenas concretiza a vontade popular expressa pelo Legislativo. Essa é a visão
clássica.
Por fim, é importante frisar que o Estado de Direito está ligado à legalidade e o
Estado Democrático, à legitimidade, ou seja, deve-se respeitar o limite do
razoável, e um exemplo para isso seria aquele que, hipoteticamente, um
prefeito resolvesse desapropriar visando construir um aeroporto para discos
voadores a fim de incentivar o turismo, e isto porque a Lei Geral da
Desapropriação (DL nº 3.365/41) prevê a desapropriação para construção de
pista de pouso. Nesse caso hipotético, note-se que o ato é legal, mas não
legítimo, por ter ferido a razoabilidade.
Princípio da impessoalidade
O segundo princípio constitucional enunciado à Administração Pública é o
princípio da impessoalidade, que, em última análise, visa a dar
tratamento igualitário a todos que se encontrem em idêntica
situação jurídica. Mas, no Direito Administrativo, em especial,
impessoalidade tem duas acepções distintas.
9
A segunda acepção do princípio da impessoalidade não tem a ver com o
princípio da isonomia, mas com a estrutura interna da Administração.
Impessoalidade, nesse sentido, significa que os atos da Administração Pública
não são imputáveis, não são atribuíveis aos agentes públicos que os praticam.
10
admissão a cargo ou emprego público, muito embora possa a lei estabelecer
critérios diferenciados quando a natureza do cargo o exigir.
Princípio da moralidade
Moral, como se sabe, é algo mais fácil de ser sentido do que propriamente
definido. Trata-se de conceito eminentemente variável, que sofre acréscimos,
ajustes e supressões conforme os critérios de ordem sociológica vigente no
meio em que se desenvolve sua análise, critérios estes que variam de acordo
com os costumes e padrões de conduta delimitadora da ética que alicerçam
um determinado grupo social, e que se adaptam com o passar do tempo.
11
serviço. Ainda que, do ponto de vista da legalidade estrita o ato fosse
inatacável, seria inválido, por imoral.
No exemplo exposto, existe uma norma específica que foi violada; o princípio
da finalidade. Todo ato administrativo, além de ter um agente competente,
uma forma, um objeto e um motivo, tem que ter uma finalidade. E esta
finalidade do ato de relotação, que seria atender ao melhor interesse do
serviço, foi contrariada aqui. Portanto, o ato seria ilegal e não imoral, em
sentido amplo.
Princípio da publicidade
Publicidade é a divulgação oficial do ato administrativo para conhecimento
público e início de seus efeitos externos, porquanto a Administração não pode
atuar, em regra, secretamente, “por baixo dos panos”; ela tem que se
mostrar para a sociedade.
12
hipóteses de sigilo legal, quando a própria publicidade pode causar lesão à
finalidade de interesse público a ser atendido.
1
Sobre o tema, assim decidiu o Superior Tribunal de Justiça: [...] 3. O ato administrativo, como de
resto todo ato jurídico, tem na sua publicação o início de sua existência no mundo jurídico,
irradiando, a partir de então, seus legais feitos, produzindo, assim, direitos e deveres. 4. Agravo
regimental improvido (AgRg no RMS 15350/DF, STJ - Sexta Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido).
13
poderá retratar-se. Diferentemente da situação desse servidor acordar no dia
seguinte e o ato já se encontrar publicado no Diário Oficial, mesmo que o
servidor manifeste seu desejo de desistência, esta não mais poderá ser
concretizada porque, se o ato foi publicado, já produziu sua eficácia2.
2
Nesse sentido: “ADMINISTRATIVO. CARGO PÚBLICO. APOSENTADORIA. RETRATAÇÃO DO
PEDIDO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ATO. RETORNO AO STATUS QUO ANTE.
POSSIBILIDADE, l - Regida a Administração pelo princípio da publicidade de seus atos, estes
somente têm eficácia depois de verificada aquela ocorrência, razão pela qual, retratando-se o
servidor, antes de vir a lume o ato de aposentadoria, sua situação funcional deve retornar ao
status quo ante, vale dizer, subsiste a condição de funcionário ativo. 2 - Recurso em
mandado de segurança provido” (STJ, RMS na 5164/SP Rel. Min. Fernando Gonçalves, Sexta
Turma).
14
função é tão somente de geri-los, conservá-los e por eles zelar. Por esta
razão, a lei prevê a forma como podem ser alienados bens públicos e exige
licitação para contratos administrativos, uma vez que a alienação de bens
públicos é uma forma excepcional de gestão patrimonial. Por isso, ainda que
se admita que os bens e o interesse público sejam indisponíveis, já decidiu o
Supremo Tribunal Federal que eles o são com ressalvas3.
3
STF, RE 253.885. “Há casos em que o princípio da indisponibilidade do interesse público deve ser
atenuado, mormente quando se tem em vista que a solução adotada pela Administração é a que
melhor atenderá à ultimação desse interesse”.
4
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. Rio de
Janeiro: Aide, 2013. p. 37-39.
15
Em outras palavras, as competências administrativas, constitucionais ou
legalmente fixadas, são irrenunciáveis, pois todo o poder atribuído à
Administração é sempre um poder-dever. Sendo assim, os poderes
administrativos de ação, quando não exercitados, devem ter essa inação
devidamente justificada, devidamente motivada pela Administração Pública.
Portanto, em regra, o fato de não agir gera responsabilidade do servidor
público.
Princípio da autotutela
Um dos mais importantes corolários do princípio da legalidade é a autotutela,
que vem a ser um princípio informativo do Direito Administrativo de fácil
entendimento, vez que já traz em sua própria nomenclatura a noção básica
de seu significado, qual seja: se tutela é sinônimo de controle, logo, quando
se fala em autotutela, fala-se em autocontrole. Daí, partindo, autotutela
administrativa significa o controle interno que a Administração Pública exerce
sobre a sua própria atuação, sobre seus próprios atos.
16
Assim, por ser o Estado o guardião da legalidade, ao se deparar com algum
vício de legitimidade, seja uma ilegalidade expressa, seja um vício de
moralidade, ou até mesmo um equívoco de interpretação da lei, não pode a
Administração Pública andar de braços dados com a ilegalidade, ou ficar de
braços cruzados, se assim se preferir dizer, sob pena de ferir o art. 37 da
Constituição Federal.
Princípio da motivação
Tal postulado foi desenvolvido primeiramente no Direito Administrativo alemão,
visto que, por lá, a motivação consta de cláusulas do rol constitucional de
direitos e garantias individuais. Assim, de acordo com o Direito alemão, esse
17
princípio estaria implícito na ideia de que todo cidadão deve ter conhecimento
das razões pelas quais os direitos lhe são conferidos ou negados. E mais do
que isso: do ponto de vista da defesa desses direitos, individuais e coletivos,
seria um desdobramento das cláusulas do devido processo legal e das
garantias do contraditório e da ampla defesa.
18
incisos IX e X do art. 93, ambos com redação dada pela EC nº 45, de 2004,
como se pode apreciar, in verbis:
19
Princípio da continuidade dos serviços públicos
O serviço público só se justifica se ele atender ao interesse público, ele há de
ser prestado com regularidade, sob pena de sua interrupção implicar em
apuração de responsabilidade objetiva do Estado.
Princípio da Proporcionalidade
Sempre seguindo o entendimento da doutrina majoritária, passa-se agora a
examinar um pouco mais a fundo o Princípio da Proporcionalidade, posto que,
diferentemente da ideia de razoabilidade, ele teria se desenvolvido no
Tribunal Constitucional alemão a partir da cláusula constitucional do Estado
de Direito, como no Brasil se consagra o Estado Democrático de Direito.
Material complementar
20
Atividade proposta
Leia o texto a seguir e responda à questão formulada:
No cenário da política brasileira, fez-se necessária a inovação legislativa com
a ampliação do rigor para a condição de elegibilidade política, cabendo
destacar que a alteração legislativa foi fruto de demanda da sociedade, que
recebeu o nome de “Lei da Ficha Limpa”. O Supremo Tribunal Federal, por
maioria apertada, decidiu que as novas regras de inelegibilidade,
contempladas na Lei Ficha Limpa, não seriam aplicadas para as eleições de
2010, em observância ao princípio da anualidade eleitoral, já que a lei foi
sancionada em junho do ano eleitoral. Diante do fato concreto acima
apresentado, identifique os princípios constitucionais que embasam a
divergência.
Referências
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
26. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2013.
21
Exercícios de fixação
Questão 1
Márcio ingressou com processo administrativo na Prefeitura de seu Município
com a finalidade de ver aprovada a reforma de seu prédio residencial. Após
análise, o Município expediu ato decisório com, simplesmente, o seguinte
teor: "Indefiro". Tal ato foi oficialmente publicado no diário oficial municipal.
Márcio protocola pedido de vistas do processo, o qual lhe é negado sob o
argumento de que o princípio da publicidade já foi devidamente atendido com
a feitura da publicação oficial. Márcio, então, ingressa com medida judicial
reivindicando a invalidação dos dois atos administrativos (indeferimento do
projeto e do pedido de vistas) por serem contrários ao direito. Marque a
alternativa correta, em consonância com a corrente predominante do STF:
22
denegação do pedido de vistas, deverá ser invalidado pelo Judiciário
por violação ao princípio da publicidade, visto que a publicação oficial
não esgota os deveres decorrentes deste princípio de envergadura
constitucional.
e) Deve ser mantido o indeferimento do projeto, porque a motivação é
essencialmente discricionária, consoante determinação constitucional.
Questão 2
Na hipótese de Prefeito que delibera desapropriar área de seu desafeto para
edificar hospital municipal, verifica-se, do ponto de vista material, ofensa ao
seguinte princípio da Administração Pública:
a) Motivação.
b) Moralidade.
c) Legalidade.
d) Devido processo legal.
e) Eficiência.
23
Questão 3
O Prefeito de Pindorama, procurando melhorar sua imagem perante a
população local, aproveitou-se da inauguração de uma escola municipal para
espalhar pela cidade uma série de cartazes com seu nome e fotografia, na
qual, sorridente, mostrava o novo estabelecimento de ensino. Nesta hipótese,
é correto afirmar que o Prefeito agiu:
24
Questão 4
O diretor-geral de determinado órgão público federal exarou despacho
concessivo de aposentadoria a um servidor em cuja contagem do tempo de
serviço fora utilizada certidão de tempo de contribuição do INSS, falsificada
pelo próprio beneficiário. Descoberta a fraude alguns meses mais tarde, a
referida autoridade tornou sem efeito o ato de aposentadoria. Na situação
hipotética considerada, o princípio administrativo aplicável ao ato que tornou
sem efeito o ato de aposentadoria praticado é o da:
Questão 5
É princípio comezinho de direito público que as despesas previstas devem ser
liquidadas no pertinente contrato, antecedido, em regra, de licitação.
Atualmente, a imprensa veiculou notícias sobre o uso indevido de cartões de
crédito corporativos por agentes políticos em supermercados. Free Shops,
restaurantes, até para saques em dinheiro em caixas eletrônicos. Cuida-se de
evidente desrespeito ao princípio da:
a) Tutela.
b) Continuidade.
c) Impessoalidade.
d) Transparência.
e) Proporcionalidade.
25
Introdução
O Estado existe para promover o bem-estar da sociedade, através da
prestação dos serviços públicos. Então, tem-se o poder-dever de agir do
Estado, sempre visando ao interesse público, que é condição vinculante do
agir do Estado.
Objetivo:
1. Compreender a dinâmica e estruturação da Administração Pública
Brasileira, conforme estabelecido pela Constituição, identificando os
setores que compõem a estrutura da Administração Pública Brasileira.
26
Conteúdo
A Administração Pública
No sentido subjetivo, o correto seria dizer que a Administração Pública é “o
conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que tenham a incumbência
de executar as atividades administrativas”, como magistralmente professou
José dos Santos Carvalho Filho5.
Por essa razão, órgãos e mais órgãos são criados e organizados de maneira
hierarquizada no âmbito de cada poder e, também, no âmbito de cada ente
da Federação.
5
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 26. ed. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 11.
27
desconcentração. Esse fenômeno, é bom que se diga, ocorre internamente,
sem que se transfira a uma outra pessoa as referidas incumbências.
28
Entes da administração indireta (personalidade própria – dl
200/67)
As entidades da Administração Indireta são criadas para prestarem serviços
públicos ou de interesses públicos delegáveis.
Autarquia
Na realidade, as autarquias são quase que um prolongamento personalizado
da Administração Pública direta, um prolongamento do Estado, exercendo,
assim, somente, atividades típicas do próprio Estado.
29
Há distinção entre atividade típica e atípica do Estado? O que se chama de
atividade típica só pode ser explicada como as atividades que o Estado deve
realizar diretamente, dada a transcendência. Então, serviço de segurança
pública é uma atividade típica, razão pela qual o Estado não pode delegar a
terceiros.
Prerrogativa Fiscal
As autarquias têm imunidade tributária recíproca, ou seja, o Estado não pode
cobrar tributo dele próprio ou de entes federativos diferentes. A União não
pode cobrar tributos federais dos estados e municípios, assim como não pode
cobrar tributos das suas autarquias nem das autarquias estaduais ou
municipais e vice-versa.
Além disso, sobre os bens das autarquias não podem incidir quaisquer
impostos, dada a extensão da imunidade recíproca pelo art. 150, § 2.º, da
Constituição da República, desde que não sejam empregados em atividades
de natureza econômica, hipótese em que a imunidade não protege os bens
autárquicos da tributação por meio de impostos.
30
renda locatícia seja aplicada na manutenção de seus objetivos institucionais,
como prevê o art. 14 do Código Tributário Nacional (CNT). Como se vê, a
imunidade para as autarquias tem natureza condicionada.
Repetindo, mais uma vez, que o § 2º do art. 150, cia Lei Fundamental da
República, estende às autarquias a vedação prevista no inciso VI, alínea a, do
mesmo artigo, de instituírem os entes públicos impostos sobre renda,
patrimônio ou serviços uns dos outros. Todavia, essa vedação não se estende
às taxas, em decorrência da regra da interpretação sistemática e restritiva da
norma constitucional tributária, o que vale dizer, a imunidade recíproca não
compreende as taxas (por exemplo: taxa de limpeza pública, taxa de
iluminação pública etc), limitando-se aos impostos.
Prerrogativas Processuais
As prerrogativas processuais são importantíssimas, pois tais prerrogativas são
privativas da Fazenda Pública, não sendo prerrogativas exclusivas das
autarquias.
31
6830/80, possuindo procedimento específico para executar os créditos
aos quais ela for titular;
II. Quando a Fazenda é devedora, há um procedimento específico, pois
não há que se falar em penhora de bens da Fazenda Pública. Ou seja,
suas dívidas são pagas através dos precatórios, previstos no artigo 100
da Constituição Federal e nos artigos 730 e 731 do Código de Processo
Civil;
III. Quando a Fazenda Pública está em juízo, possui prazo em quádruplo
para contestar (responder) e prazo em dobro para recorrer, conforme
consta no art. 188 do Código de Processo Civil;
IV. A Fazenda Pública tem duplo grau de jurisdição obrigatório ou reexame
necessário, em conformidade com o art. 475, III, do Código de
Processo Civil;
V. As despesas processuais são pagas ao final do processo, de acordo
com o artigo 27 do Código de Processo Civil. E isso não é isenção. A
Fazenda paga as custas judiciais, só que ao final do processo;
VI. A Fazenda Pública não está sujeita ao concurso de credores. A Fazenda
não participa da Falência (concurso de credores mercantis) nem da
insolvência Civil (concurso de credores não mercantis). Isso não está
previsto no atual Código Civil, pois não há nenhuma regra expressa
sobre esta prerrogativa. Mas, majoritariamente, há que prevalecer o
princípio da supremacia do interesse público. Tanto isso é verdade
que, na nova Lei de Falência, a Fazenda tem privilégio. Com exceção
dos créditos trabalhistas, os créditos da Fazenda serão pagos antes
dos outros.
Fundações públicas
O tema das fundações públicas é um daqueles temas de direito administrativo
em que o direito público e o direito privado se tangenciam a todo o momento.
Como boa parte dos institutos de direito administrativo, também as fundações
públicas surgiram de uma adaptação de um instituto que veio do direito civil.
Boa parte de nossa disciplina surgiu de exorbitâncias, como dizem os
32
franceses, e adaptações do direito civil às necessidades da administração
pública por criação do ente administrativo jurisprudencial, que era o Conselho
de Estado francês.
Conceito
A legislação administrativista oferece uma definição dessa espécie de pessoa
jurídica. Entretanto, essa definição não é a aceita pela doutrina e nem mesmo
pela jurisprudência.
Outro ponto que merece ser destacado é o referente ao objeto das fundações
públicas, que, segundo as definições acima referidas, é daqueles que não
exigem personalidade jurídica de direito público para ser executado. Ou seja,
não se poderia relacionar as fundações públicas com as atividades
administrativas que somente podem ser desempenhadas, por sua
particularidade, por um ente com as características estatais (personalidade
jurídica de direito público).
33
Alguns autores, assim como ocorreu com o Supremo Tribunal Federal, para
não causarem confusão em razão de uma inadequada terminologia, passaram
a chamar essas fundações públicas de direito público de “fundações
autárquicas” ou “autarquias fundacionais”, por sua semelhança com as
autarquias.
6
O Supremo Tribunal Federal (RE n.º 101.126-RJ), com base nesse entendimento, submeteu as
denominadas fundações autárquicas ou autarquias fundacionais às limitações à acumulação de cargos
fixadas no § 2.º do art. 99 da Constituição de 1967, que tinha a seguinte redação: “Art. 99 - É vedada a
acumulação remunerada de cargos e funções públicas, exceto: I - a de juiz com um cargo de professor;
II - a de dois cargos de professor; III - a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; ou
IV - a de dois cargos privativos de médico. (...). § 2.º - A proibição de acumular estende-se a cargos,
funções ou empregos em autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista”.
7
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito societário. 6. Rio de Janeiro: Ed. Renovar, 2001. p. 3.
8
Nas palavras do ilustre prof. Caio Mário da Silva Pereira (Instituições de Direito Civil, vol. 1, 19. Ed.,
Forense, 2000. p. 223), “Análoga às sociedades e associações nos resultados da personalização, delas
difere a fundação, essencialmente, na sua constituição, que não se origina, como aquelas, de uma
aglomeração orgânica de pessoas naturais. O que se encontra, aqui, é a atribuição de personalidade
jurídica a um patrimônio, que a vontade humana destina a uma finalidade social”.
34
Classificação
Vamos analisar como as fundações podem ser classificadas, verificando o que
existe na Constituição Federal e nas leis esparsas sobre a matéria, para
concluir com o que o atual Código Civil dispõe sobre as fundações.
Criação e extinção
Diferentemente do que acontece com as autarquias – embora antes da edição
da Emenda Constitucional n.º 19, de 04 de junho de 1998, ambas estivessem
sujeitas à mesma forma de criação –, as fundações não são criadas
diretamente pela lei, funcionando esta apenas como instrumento de
autorização para a sua criação, que se dá por ato do Poder Executivo. É o que
se extrai do disposto no art. 37, XIX, da Constituição da República, ipsis
litteris:
“Art. 37 - .................................. .
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação”. (grifamos)
35
Urge, então, descobrir qual o instrumento a ser utilizado pelo Chefe do Poder
Executivo para criar a fundação pública. Seria adequada sua criação por meio
de decreto ou, como se extrai do art. 24 do Código Civil, por meio do registro
de escritura pública no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, nos termos do art.
114, I, da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973?
36
autarquias, diferente do que faz o professor Diogo de Figueiredo Moreira
Neto 9 . Ora, a regra da criação direta pela lei somente serve para as
autarquias e somente se aplicaria às chamadas fundações autárquicas se
estas fossem espécies de autarquias. Como pode, então, o ilustre mestre
considerá-las espécies de fundações e deixar de aplicar a regra destinada a
essas pessoas jurídicas para aplicar a regra referente às autarquias?
9
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo (Curso ..., p. 247/8) diz que existem, do ponto de vista do
regime a que se submetem, autarquias ordinárias, especiais, territoriais, fundacionais e corporativas,
conceituando as fundacionais como as “entidades instituídas por lei, com personalidade jurídica de
direito público, que recebem a denominação de ‘fundações’ pelo fato de assemelharem-se, de algum
modo, a fundações de direito privado”.
37
Se a instituição for de Fundação de Direito Privado, será materializada através
de uma autorização legal. Nessa hipótese, a lei não cria a Fundação de Direito
Privado, apenas autoriza a sua criação. É importante mencionar que a aludida
autorização em lei não estará vinculando o chefe do Poder Executivo a criá-la
e vai depender de um juízo de conveniência e oportunidade do chefe do
Executivo, tudo em conformidade com o art. 37, XIX, da Constituição Federal.
38
ordinárias não pudessem sempre modificar a lei genérica definidora das áreas
de atuação das fundações. Por isso a exigência de uma lei complementar.
39
princípio federativo, parece que a interpretação mais correta é a de que é lei
complementar de cada ente federativo e não uma lei complementar nacional.
Aqui a questão é boa para revisarmos como deve ser interpretado esse art.
5º, § 3º, do Decreto-lei nº 200/67. O que ele diz é que não se submetem as
fundações públicas de direito privado às demais normas do Código Civil sobre
fundações. Só assim pode ser interpretado: restritivamente. As demais
normas de direito privado são a base do regime jurídico de qualquer pessoa
jurídica de direito privado, salvo as derrogações constitucionais e legais que
semi-publicizam o regime dessas entidades.
Então, quer dizer que você vai recorrer às normas de direito privado, normas
gerais, e não às normas específicas sobre fundações constantes do Código
Civil?
40
públicas, por sua vez, já estão submetidas a um grau elevado de controle,
porque são instituídas e mantidas pelo poder público.
Material complementar
Atividade proposta
Leia o texto a seguir e responda à questão formulada:
41
espécie organizacional se aplicam as regras próprias do direito privado, não
lhe seria exigível a realização de concurso público.
Referências
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
26. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2013.
Exercícios de fixação
Questão 1
Um veículo foi furtado do estacionamento da Câmara Municipal. Em ação de
indenização, quem deverá figurar no polo passivo é:
42
Questão 2
Lei de iniciativa da Assembleia Legislativa determina a criação de um novo
órgão de controle com atribuições de fiscalização dos gastos públicos,
principalmente após a constatação de irregularidades pelo Tribunal de Contas
do Estado. Indignado, o Governador intenta ação objetivando a
inconstitucionalidade da referida lei, ao fundamento de que se trata de
afronta ao princípio da separação dos poderes. Diante do caso concreto
narrado, assinale a opção correta.
43
Questão 3
A Câmara Legislativa do Município de Glorioso promulgou Emenda à Lei
Orgânica municipal incluindo entre as atribuições privativas da referida Casa
Parlamentar a escolha e aprovação, por voto secreto, após arguição pública,
dos presidentes de todas as entidades que integram a Administração Pública
Indireta do Município. O Prefeito determina a arguição de
inconstitucionalidade da Emenda. Com relação à análise da
constitucionalidade do referido dispositivo legal, à luz dos princípios que
regem a atuação da Administração Pública, marque a opção correta.
44
Questão 4
A União Federal, ao encaminhar projeto de lei para o poder legislativo,
pretende a criação do Ministério da Pesca, o qual, após passar pelo processo
legislativo pátrio, teve sua lei aprovada e sancionada. No artigo 1º da referida
lei, o mesmo menciona que tal ministério será órgão assessor do Presidente
da República na área da pesca, visando atender aos interesses públicos. Após
tal situação, foi criada também, por lei, uma comissão do referido ministério
para dar andamento aos trabalhos, também com características de órgão.
Diante da hipótese, assinale a resposta correta da forma de organização
administrativa adotada pelo Ente Político Federal para desempenhar suas
funções.
a) Descentralização.
b) Administração Indireta.
c) Autarquia.
d) Fundação.
e) Desconcentração.
45
Questão 5
O município de Araripe possui uma autarquia, legalmente constituída,
encarregada dos serviços locais de água e esgoto. Esse órgão da
Administração Municipal, quando da manutenção da rede de um determinado
bairro da cidade, acabou causando danos a uma série de moradores. No
intuito de cobrar os prejuízos sofridos, os moradores ajuizaram ação contra o
Município. Está correto o ajuizamento dessa ação?
46
Introdução
Empresas públicas e sociedades de economia mista são, fundamentalmente e
acima de tudo, instrumentos de ação do Estado, na forma de auxiliares do
Poder Público; logo, são entidades voltadas, por definição, à busca de
interesses transcendentes aos meramente privados.
Ao mudar sua forma de atuar, ele busca uma maior eficiência nos setores de
prestação de serviços públicos e atividades econômicas, passando a atuar
como "Estado regulador", e não mais como “Estado interventor”, como
resultado de uma política descentralizadora. Esse novo modelo é baseado em
um modelo mediador e regulador.
Objetivo
1. Entender a execução de atividade atualmente desempenhada por
pessoas jurídicas de direito privado, com o intuito de executar
programa de governo envolvendo prestação de serviço de interesse
recíproco, em regime de cooperação, consoante previsão
constitucional.
Conteúdo
O traço nuclear das empresas estatais, isto é, das empresas públicas e
sociedades de economia mista, reside no fato de serem coadjuvantes de
47
misteres estatais. Nada pode dissolver este signo insculpido em suas
naturezas. Dita realidade jurídica representa o mais certeiro norte para a
intelecção dessas pessoas. Consequentemente, aí está o critério vetor para
interpretação dos princípios jurídicos que lhes são obrigatoriamente
aplicáveis, pena de converter-se o acidental – suas personalidades de direito
privado – em essencial, e o essencial – seu caráter de sujeitos auxiliares do
Estado – em acidental.
48
serviço público), a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só é permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.
Averbe-se, por mais, que, inclusive, o tema foi objeto de questão de Concurso
para Ingresso na Classe Inicial da Carreira do Ministério Público, nos
seguintes termos:
10
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. v. 7. p.
16.
49
Sem prejuízo do acima exposto, o Estado também pode agir
exercendo uma atividade econômica, contudo, o exercício estatal
dessa atividade não pode constituir-se em regra geral. Ao contrário,
a Constituição estabelece uma série de limites à atuação dessa
natureza, exatamente para preservar o princípio da liberdade de
iniciativa, concedido aos particulares em geral11.
Pois bem, a Constituição de 1988 é bem clara ao dispor que só será permitido
ao Estado explorar diretamente atividade econômica quando necessário aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo. Assim,
inclusive no caso das empresas estatais (gênero do qual são espécies as
sociedades de economia mista e as empresas públicas), forma usual de
intervenção do Estado no domínio econômico, faz-se necessário que o motivo
legitimador da criação esteja, necessariamente, revestido pelos pressupostos
trazidos ao final do referido artigo 173.
11
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo:
Atlas, 2013. p. 854.
50
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria
à União ou à entidade da Administração Indireta.
Criação e Extinção
Com o advento da Reforma Administrativa, veiculada pela Emenda
Constitucional n.º 19, de 04 de junho de 1998, a redação do art. 37, XIX,
passou a ser a seguinte:
“Art. 37 – (...) XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, sociedade de economia mista e
de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação”.
12
Parece-nos, portanto, equivocada a decisão do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do
Mandado de Segurança n.º 7.128-DF, que asseverou o seguinte: “... a formação de sociedade de
economia mista pode se dar pela desapropriação de ações de sociedade privada ...”, pois, assim, estar-
se-ia desprezando a função autorizativa do Poder Legislativo imposta pelo art. 37, XIX, da Constituição
da República. O legislativo não pode ficar alijado desse processo de inclusão das sociedades no âmbito
da administração indireta, sob pena de não passar de empresa de que o Estado participa. Não se inclui
nessa crítica, entretanto, a decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN n.º 1.840-
2/DF, cujo acórdão ficou assim ementado: “Constitucional. Sociedade de Economia Mista: Criação.
TELEBRÁS: Restruturação Societária: Cisão. Lei n.º 9.472, de 16.07.97, art. 189, inciso I. Decreto n.º
2.546, de 14.04.98, art. 3.º - Anexo. CF, art. 37, XIX. I. A Lei n.º 9.472, de 16.07.97, autorizando o
51
Além disso, é de se ver que não é qualquer lei que pode autorizar a criação
das empresas públicas e sociedades de economia mista. A Constituição exige,
no dispositivo em apreço, que essa autorização seja dada por lei específica.
Mas o que vem a ser uma lei específica?
Poder Executivo para a restruturação da TELEBRÁS (art. 187), a adotar a cisão, satisfaz ao que está
exigido no art. 37, XIX, da CF. II. Indeferimento do pedido de suspensão cautelar da expressão “cisão”,
no inciso I do art. 189 da Lei n.º 9.472, de 1997, bem assim das expressões “que fica autorizada a
constituir doze empresas que a sucederão como controladoras”, contidas no art. 3.º - Anexo, do
Decreto n.º 2.546, de 14.04.98”.
13
TORRES, Pereira Júnior Jessé. Da Reforma Administrativa Constitucional. ob. cit. p. 156.
14
SOUTO, Villela; JURUENA, Marcos. Desestatização, privatização, concessões e terceirizações. op. cit.,
p. 27/28.
52
Subsidiárias
Empresas subsidiárias são aquelas cujo controle e gestão das atividades são
atribuídos à empresa pública ou à sociedade de economia mista diretamente
criadas pelo Estado. Em outras palavras, o Estado cria e controla diretamente
determinada sociedade de economia mista (que podemos chamar de
primária) e esta, por sua vez, passa a gerir uma nova sociedade mista, tendo
também o domínio do capital votante. É esta segunda empresa que constitui
a sociedade subsidiária. Alguns preferem denominar a empresa primária de
sociedade ou empresa de primeiro grau, e a subsidiária, de sociedade ou
empresa de segundo grau. Se houver nova cadeia de criação, poderia até
mesmo surgir uma empresa de terceiro grau e, assim, sucessivamente.
Além disso, não se pode perder de vista que as subsidiárias são controladas,
embora de forma indireta, pela pessoa federativa que instituiu a entidade
primária. A subsidiária tem apenas o objetivo de se dedicar a um dos
segmentos específicos da entidade primária, mas como esta é quem controla
a subsidiária, ao mesmo tempo em que é diretamente controlada pelo Estado,
é este, afinal, que exerce o controle, direto ou indireto, sobre todas.
Personalidade Jurídica
As empresas públicas e as sociedades de economia mista possuem fortes
semelhanças no que tange às suas características, dispostas tanto no texto da
Lei Maior quanto em leis infraconstitucionais, a começar pela personalidade
jurídica de direito privado, cuja disposição legal encontra amparo no Decreto-
lei nº 200/67, em seu artigo 5º, incisos II e III.
53
Como já dissemos anteriormente, a atribuição de personalidade jurídica de
direito público a uma pessoa administrativa é capaz de lhe outorgar as
prerrogativas próprias do Estado, tudo em razão da supremacia do interesse
público que ele procura realizar. Por outro lado, a personalidade jurídica de
direito privado coloca as pessoas jurídicas num patamar inferior, ao lado dos
particulares, isto em razão de exercerem atividades próprias destes, de modo
que não podem gozar das prerrogativas estatais.
54
§ 2.º - As empresas públicas e sociedades de economia mista não
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor
privado.
Por isso, quando o Estado precisa exercer certas atividades com maior
celeridade, é como se ele se transformasse em outro personagem, e tomasse
emprestado as características típicas das empresas privadas para com elas
atuar.
15
Interessante notar, entretanto, desde já, que é com base nesses argumentos que se sustenta a não
recepção do art. 242 da Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que não permite a decretação de
falência das sociedades de economia mista, principalmente em face do disposto no art. 173, § 1.º, da
Constituição da República. Não obstante, foi somente com o advento da Lei n.º 10 que se pôs fim a
essa discussão, já que tal diploma normativo revogou expressamente o mencionado dispositivo legal.
Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça firmou no acórdão que julgou o Resp n.º 337.236-SP que as
sociedades de economia mista não se sujeitam ao prazo quinquenal de prescrição, mas sim ao prazo de
vinte anos.
55
jurídica é de direito público, diferentemente das demais. Isto a faz parecer
como “um peixe fora d’água”.
Esta conduta ambígua adotada pelas estatais, que em geral adotam a prática
tanto de atividades econômicas como de serviços públicos, extrapola a
disposição constitucional e infraconstitucional, pois que nem o art. 173 da
Constituição Federal, nem o art. 5º do Decreto-lei nº 200/67 fazem qualquer
menção à possibilidade da prestação de serviço público por essas empresas.
56
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
Resta-nos saber a sua natureza, se seria esta uma lei ordinária federal,
estadual, distrital ou municipal. Esta resposta, contudo, vai estar atrelada à
própria natureza do ente que tem competência para regular a atividade
econômica que será desenvolvida.
57
O artigo 21 elenca a competência da União; o artigo 23 fala da competência
comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios; o artigo 25 trata
da competência dos Estados federados e o 30 da competência dos
Municípios. Já os artigos 32 e 33 revelam as competências do Distrito Federal
e Território, respectivamente.
58
federal, tratando-se esta da EBCT – Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos em relação a seus débitos, buscando firmar que estes eram
impenhoráveis e que a entidade se submetia ao regime do precatório judicial,
que tem respaldo constitucional.
59
Diante dessa interpretação, asseverou que, quando as empresas públicas e as
sociedades de economia mista se dedicarem à exploração de atividade
econômica sob o regime próprio das empresas privadas, terão como norte o
artigo constitucional em destaque e, após, os dispositivos infraconstitucionais.
60
Já numa outra ação de Recurso Especial, em que um dos atores envolvidos
era a mesma empresa pública Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos -
EBCT, o Superior Tribunal de Justiça, pelo voto de um dos Ministros daquele
Tribunal, ratifica essa decisão.
61
Constituição tal impenhorabilidade, constando do informativo n.º 123 daquela
Corte a seguinte informação:
16
É de se ver, entretanto, que a 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal fez constar da ementa do
acórdão que julgou o Recurso Extraordinário n.º 220.907-5/RO que as empresas públicas prestadoras
de serviços públicos, como era o caso da ECT, integra o conceito de Fazenda Pública.
62
tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens,
rendas e serviços, quer no concernente a foro, prazos e custas
processuais.
Há quem entenda que, nos termos do art. 173, § 1°, da Constituição Federal,
as empresas públicas sujeitam-se ao regime próprio das empresas privadas e
que a concessão de privilégios de Fazenda Pública à ECT não pode ser aceita,
constituindo-se foco de tratamento desigual a uma empresa que possui
natureza privada.
63
Material complementar
Atividade proposta
Leia o texto a seguir e responda à questão formulada:
Recentemente, 3 (três) entidades privadas sem fins lucrativos do Município
ABCD, que atuam na defesa, preservação e conservação do meio ambiente,
foram qualificadas pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público. Buscando obter ajuda financeira do Poder Público
para financiar parte de seus projetos, as 3 (três) entidades apresentaram
requerimento à autoridade competente, expressando seu desejo de firmar um
termo de parceria.
64
MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração pública centralizada e
descentralizada. Tomo II. 12.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
Exercícios de fixação
Questão 1
O empregado de uma sociedade de economia mista que explora atividade
65
econômica em regime de concorrência com empresas privadas causou, no
desempenho de suas atividades, danos a terceiro. Em relação a isso, é
correto afirmar que:
Questão 2
Suponha que o Estado de Minas Gerais adquira ações suficientes para lhe
garantir a maioria do capital votante de sociedade anônima privada. O
66
restante do capital, incluindo ações preferenciais sem direito de voto, está
nas mãos de particulares. Não houve lei específica, em autorização legislativa,
tendo por objeto a aquisição dessas ações. Essa sociedade anônima, após a
aquisição de suas ações:
Questão 3
Atento à crescente especulação imobiliária, e ciente do sucesso econômico
obtido pelas construtoras do país com a construção de imóveis destinados ao
67
público de alta renda, o Estado “X” decide ingressar nesse lucrativo mercado.
Assim, edita uma lei autorizando a criação de uma empresa pública e, no
mesmo ano, promove a inscrição dos seus atos constitutivos no registro das
pessoas jurídicas.
Questão 4
O Presidente República, considerando necessária a realização de diversas
obras de infraestrutura, decide pela criação de uma nova Sociedade de
68
Economia Federal e envia projeto de lei para o Congresso Nacional. Após a
sua regular tramitação, o Congresso aprova a criação da Companhia "X".
Questão 5
O Estado pretende descentralizar a execução de atividade atualmente
desempenhada no âmbito da Administração direta, consistente nos serviços
69
de ampliação e manutenção de hidrovia estadual, em face da especialidade
de tais serviços. Estudos realizados indicaram que será possível a cobrança de
outorga pela concessão, a particulares, do uso de portos fluviais que serão
instalados na referida hidrovia, recursos esses que serão destinados a
garantir a autossuficiência financeira da entidade a ser criada. Considerando
os objetivos almejados, poderá ser instituída
70
Introdução
A prestação do serviço público pode ser delegada à iniciativa privada,
mediante contrato ou outro ato negocial. Para tanto, serve-se o Estado de
figuras jurídicas como a concessão e a permissão.
Objetivo
1. Compreender a concessão de serviço público como medida de
participação da sociedade na execução de determinados serviços
públicos não exclusivos do Estado, bem como a dinâmica contratual
das concessões.
71
Conteúdo
A justificativa da origem da concessão e permissão de serviço
público a particulares pelo poder público
A origem dos institutos da concessão e permissão do serviço público está
associada à crise do Capitalismo liberal e à consequente crise financeira do
Estado, momento histórico em que a suposta inesgotabilidade dos recursos
públicos passou a ser questionada, diante da ineficiência que se estampou,
direta ou indiretamente, perante os deveres do Estado enquanto prestador de
serviços públicos.
72
Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único – A lei disporá sobre:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão e permissão.
II – os direitos dos usuários
III – política tarifária
IV – a obrigação de manter serviço adequado.
Sobreleva ainda notar que, não obstante a existência dessa competência legal
para a prestação de serviço público, que é atribuída aos concessionários ou
permissionários, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, estas pessoas não
passam a fazer parte da organização administrativa do Estado, tampouco se
tornam seus órgãos.
73
Extinção da concessão
Em consonância com o art. 29, inciso IV, do Estatuto da Concessão, incumbe
ao Poder Concedente “extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e
na forma prevista no contrato”.
Já o art. 35 desse mesmo diploma legal dispõe, entre os incisos I e VI, sobre
as modalidades de extinção da concessão, que são: advento do termo
contratual, encampação, caducidade, rescisão, anulação, falência ou extinção
da concessionária.
74
Ressaltamos a hipótese em que não ocorrerá a automática extinção da
concessão findo o prazo do contrato, tão e somente se a esse evento final
precedeu a previsão editalícia de prorrogação do prazo, bem como o
manifesto interesse das partes neste sentido. Configurando-se este quadro,
há que se proceder ao aditamento prorrogatório do contrato, antes que se dê
o seu vencimento.
Deve ser ressaltado que esse caso de indenização quanto aos investimentos
não amortizados ou depreciados é uma exceção, sendo que a regra é a de
75
que a extinção do contrato de concessão pelo advento do termo contratual
por si só não gera direitos e deveres indenizatórios.
Encampação
A Encampação é a forma de extinção da concessão que se encontra prevista
no inciso II do art. 35, e cuja definição se esboça no art. 37, ambos da Lei de
76
Concessão e Permissão.
Nestes termos, fica claro que a discricionariedade para tal ato não será um
mero resultado do livre arbítrio do Poder Público, mas sim do indiscutível e
preponderante interesse público que rege as relações existentes em todo
contrato administrativo, e que se sobrepõe a qualquer interesse particular.
77
Interesse Público: É ele que norteará a medida de encampação, e não o
simples interesse isolado da Administração. Não obstante, há que ficar
comprovada a veracidade de tal alegação, sob pena de gerar ao particular o
direito de alegar a nulidade da encampação.
Deve-se atentar, contudo, para a exigência, na parte final do art. 37, de lei
autorizativa específica e prévio pagamento da indenização ao concessionário,
na forma do artigo 36, como fatores condicionantes para a efetivação da
encampação. Façamos uma breve análise sobre tais condicionantes.
Mediante isso, confirmamos que a Encampação não mais segue o rito normal
do ato administrativo para se formalizar. Sendo do entendimento do Chefe do
Executivo a necessidade de realizar uma determinada Encampação, deverá
este enviar uma mensagem ao Legislativo rogando a sua avaliação e a edição
da competente lei autorizativa específica.
78
Vale a ressalva de que essa lei terá a natureza de lei de efeito concreto, posto
não se tratar de uma lei em tese, ou de uma lei abstrata que se aplique a
todos indistintamente. Tal lei recairá tão somente sobre o concessionário e
será passível de Mandado de Segurança.
79
trazendo uma inequívoca violação ao princípio constitucional da separação
dos poderes, estatuído no art. 2º da nossa Lei Maior: ”São Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”.
80
contrato e o atingimento do interesse público. Entre essas modificações,
pode-se incluir até mesmo a extinção do contrato, seja por Encampação,
Caducidade, Rescisão ou Anulação do Contrato, entre outras medidas.
17
Ao final do seu voto, o Ministro Relator Eros Grau assim conclui: “A afronta ao princípio da harmonia
entre os poderes é evidente, na medida em que o Poder Legislativo pretende substituir o Executivo na
gestão dos contratos por este celebrados, introduzindo alterações unilaterais em contratos
administrativos. Permiti-me sublinhar a circunstância de aqui aludir não a uma improvável e
inconsistente “separação”--- que a doutrina atualizada sepultou há várias décadas --- mas à harmonia
entre os poderes, na linha do que afirmei em meu voto na ADI n. 3.367”
(...)
“Julgo improcedente o pedido formulado nesta ação direta e declaro inconstitucional a Lei 7.304/02 do
Estado do Espírito Santo”. (ADIN N. 2.733 / ES. Min. Rel. Eros Grau).
81
Prévio pagamento da indenização
O prévio pagamento da indenização pelo poder concedente à concessionária
também está previsto na parte final do art. 37, ao contrário do que ocorre na
Caducidade, em que o pagamento da indenização é a posteriori.
Contudo, vemos que a lei estabelece, em seu art. 37, que a forma do
pagamento da indenização na encampação será a mesma prevista no artigo
anterior, o art. 36, o qual dispõe sobre a reversão no advento do termo
contratual, “com indenização das parcelas dos investimentos vinculados a
bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados”.
82
Parece-nos também razoável poder incluir nessa indenização valores relativos
a investimentos não previsíveis no contrato de concessão, e cuja
obrigatoriedade foi imposta unilateralmente pelo poder concedente no curso
do contrato, com amparo no art. 65 da Lei 8.666/93, tal qual anunciado na
indenização do advento do termo contratual.
Caducidade
A Caducidade, prevista como forma de extinção da concessão no inciso III do
artigo 35, encontra no art. 38 toda a sua delineação e as hipóteses em que
83
poderá ser declarada pelo poder concedente, dentro dos incisos do seu
parágrafo 1º.
Com efeito, uma vez comprovada a falha na prestação do serviço por meio de
procedimento administrativo, caberá ao Poder Concedente declarar,
querendo, a caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais.
84
Este último, por seu turno, terá discricionariedade para acolher ou não a
proposta de caducidade da concessão de serviço público, não lhe recaindo,
por conseguinte, a obrigatoriedade para tal.
Ocorre que o poder concedente não retoma para si apenas o serviço, como
também os bens que se encontrarem vinculados a este no momento da sua
declaração. Trata-se de bens que foram regularmente adquiridos pela
concessionária para a prestação do serviço, e, por isso, torna-se razoável que
ele seja indenizado pelas suas perdas.
85
Diante disso, resta claro que o Poder Concedente estará compensando no
valor da indenização os prejuízos que se lhe recairiam por culpa da
concessionária.
86
depreende da leitura do art. 38, parágrafo 6º da Lei de Concessão e
Permissão.
Material complementar
Atividade proposta
Leia o texto a seguir e responda à questão formulada:
O Município de Vale do Sol delegou, à execução indireta, o serviço de
transporte coletivo, firmando contrato de concessão de serviços públicos. O
desenvolvimento do contrato, todavia, evidencia o descumprimento pelo
concessionário de diversas cláusulas atinentes à qualidade e segurança dos
serviços. O Município, diante de tais evidências, oferece direito à defesa, e ao
final, decreta a caducidade da concessão, dando por extinto o contrato sem
direito a qualquer reparação de danos, posto que decorrente de
comportamento culposo da concessionária. Inconformada, a concessionária
recorre administrativamente, alegando: 1) que a decisão de caducidade não
fora precedida de prévia intervenção – condição legal, nos termos da Lei
8987/95; e 2) que o dever de reparação em relação aos investimentos ainda
não recuperados subsiste, mesmo na inexecução culposa. Analise os
argumentos da concessionária, orientando à Administração.
Referências
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
26. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2013.
87
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
Exercícios de fixação
Questão 1
Suponha que, no caso, o Poder Concedente exija da concessionária a
adequação dos serviços prestados. A concessionárla, em resposta, afirma
que, com o atual nível tarifário, não será possível efetuar a correta
manutenção da rede de gás canalizado e pleiteia um aumento das tarifas. O
aumento:
88
Questão 2
Determinado município promoveu licitação para a concessão do serviço
público de transporte urbano de passageiros, vencida pela empresa ABC
Transportes Ltda. A concessionária assumiu como encargo da concessão,
devidamente previsto no edital e no contrato, a obrigação de arcar com os
custos da desapropriação de uma área de 10.000m² (dez mil metros
quadrados) para a instalação de um terminal de ônibus. A desapropriação:
89
Questão 3
O Estado de Roraima pretende ampliar a prestação de serviços públicos de
transporte ferroviário metropolitano, mediante a construção de novas linhas.
Não dispondo de recursos suficientes para realizar os investimentos
necessários, a alternativa mais adequada juridicamente consiste na
celebração do contrato de:
90
Questão 4
Uma determinada empresa concessionária transfere o seu controle acionário
para outra empresa privada, sem notificar, previamente, ao Poder
concedente, parte no contrato de concessão. Assinale a alternativa que
indique a medida que o Poder concedente poderá tomar, se não restarem
atendidas as mesmas exigências técnicas, de idoneidade financeira e
regularidade jurídica por essa nova empresa.
91
Questão 5
O Município do RJ, com o intuito de resolver a carência de linhas de ônibus
para o transporte coletivo intermunicipal, que atualmente é prestado por um
restrito número de empresas concessionárias do Estado, editou a Lei n.º
3.354/08, na qual autoriza a criação da Empresa de Transportes Rio
Maravilha para prestar esse tipo de serviço público no trajeto do Rio de
Janeiro a outras cidades do interior do Estado. Responda:
92
Aula 1
Atividade proposta
Como os princípios constitucionais administrativos desde há muito alçaram a
condição de norma de aplicação imediata e, diante disso, qualquer violação
deve ser coibida, temos que os princípios da MORALIDADE ADMINISTRATIVA,
DA PROBIDADE ADMINISTRATIVA, RAZOABILIDADE ADMINISTRATIVA E
EFICIÊNCIA foram efetivamente atingidos pelos candidatos que, ao serem
condenados por crimes que importam condutas inidôneas para administrar a
coisa pública, ainda que não tenha transitado em julgado a decisão, poderá o
STF com base nos princípios sem colidência entre eles, mas sim de acordo
com a ponderação que os rege, de forma a aplicar aquele que mais se
aproxima da efetiva aplicação da norma no contexto sociopolítico.
Quem tem o poder e a força do Estado, em suas mãos, não tem o direito de
exercer, em seu próprio benefício, a autoridade que lhe é conferida pelas leis
da República.
93
dela decorrem, tanto aquelas que se projetam no plano da criminalidade
oficial quanto as que se revelam na esfera civil (afinal, o ato de corrupção
traduz um gesto de improbidade administrativa) e, também, no âmbito
político-institucional, na medida em que a percepção de vantagens indevidas
representa um ilícito constitucional, pois, segundo prescreve o art. 55, § 1º,
da Constituição, a percepção de vantagens indevidas revela um ato
atentatório ao decoro parlamentar, apto, por si só, a legitimar a perda do
mandato legislativo, independentemente de prévia condenação criminal.
94
forma se estaria dando observância ao princípio constitucional da moralidade
administrativa, previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal.
Há que se fazer a ressalva que tais recursos não poderiam ser retirados de
verbas rubricadas para pagamento de precatórios (violação oblíqua da
isonomia), bem como só haveria possibilidade de transação quanto a direitos
patrimoniais disponíveis da Administração.
95
Exercícios de fixação
Questão 1 – D
Justificativa: Emanado da ideia de Estado democrático de direito, o princípio
da motivação é um dos mais revolucionários do Direito Administrativo, sendo
intensamente utilizado como garantia contra arbitrariedades dos governantes,
porquanto seu conteúdo principiológico exige, em regra, que todo
administrador público dê satisfação aos administrados das razões jurídicas e
fáticas que justificam a prática de todos os atos e decisões administrativas.
Questão 2 – B
Justificativa: A moralidade está ligada a alguns bens jurídicos. Quais são eles?
Lealdade, boa fé, decoro. Portanto, ao se ferir a lealdade, a boa fé, o decoro,
estamos ferindo a moralidade pública com a utilização do cargo, emprego e
função, independentemente de importarem enriquecimento ilícito ou de
causarem prejuízo material ao erário público. Foi o que exatamente ocorreu
na contextualização do caso em tela.
Questão 3 – D
Justificativa: Importante também é ressaltar que o princípio da
impessoalidade se encontra demonstrado internamente, ou seja, na própria
gestão administrativa, quando o art. 37, § 1o, da CF, dispõe que atos de
propaganda oficial de governo, como programas, obras, serviços e
campanhas devem ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, mas que dessa publicidade não podem constar nomes dos
governantes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal, podendo ser colocado, quando muito, por exemplo, “obra
patrocinada pelo Governo do Estado”, donde se conclui que, além de legal e
moral, o ato administrativo deve ser também impessoal, sendo vedada,
portanto, a publicidade por parte da entidade pública que implique promoção
pessoal de autoridades ou servidores. Logo, o administrador não poderá se
autopromover com seus atos, mesmo em caráter educativo, informativo.
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Questão 4 – B
Justificativa: Por ser o Estado o guardião da legalidade, ao se deparar com
algum vício de legitimidade, seja uma ilegalidade expressa, seja um vício de
moralidade, ou até mesmo um equívoco de interpretação da lei, não pode a
Administração Pública andar de braços dados com a ilegalidade, ou ficar de
braços cruzados, se assim se preferir dizer, sob pena de ferir o art. 37 da
Constituição Federal.
Questão 5 – C
Justificativa: O princípio que guarda relação com o caso narrado é o da
impessoalidade, porque importa em favorecimento indevido do agente
público. Por outro lado, há também violação aos princípios da moralidade e
da legalidade.
Aula 2
Atividade proposta
A submissão de uma determinada entidade da administração indireta ao
regime de direito privado, no sistema brasileiro, no afastamento integral do
regime público, mas em sua derrogação parcial. Há um núcleo de preceitos
constitucionais que seguem se aplicando, ainda que submetida a entidade –
in casu, a fundação estatal – ao regime de direito privado, entre os quais se
inclui, notadamente, aquele do concurso público. Essa afirmação deflui dos
97
termos do art. 37, II CF, que, aludindo à aplicabilidade do concurso público
aos empregos públicos, não distingue quais sejam esses últimos – o que
significa atrair o concurso a qualquer emprego público, mesmo aquele contido
nos quadros de uma fundação estatal de direito privado.
Exercícios de fixação
Questão 1 – D
Justificativa: Os órgãos públicos, tendo em vista serem eles pessoas
despersonalizadas que se constituem como parte integrante de uma
determinada pessoa jurídica, como regra geral, a capacidade processual é a
esta atribuída, e não aos órgãos em si. Isto se dá pelo fato de que os órgãos
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não podem ser considerados pessoas idôneas para tomar parte numa relação
processual, tendo em vista a falta de personalidade jurídica que os
invibializam, de acordo com o diploma processual vigente, de figurar como
parte juridicamente capaz.
Questão 2 – B
Justificativa: Assiste razão ao Governador, isto porque a referida lei feriu a
Constituição Federal. “Art.61, §1º, II, ‘e’ CF. A iniciativa das leis
complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos
casos previstos nesta Constituição. §1º São de iniciativa privativa do
Presidente da República as leis que: II- disponham sobre: e) criação e
extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública, observado o
disposto na art. 84, VI;” Portanto, a lei possui vício de iniciativa e, também,
feriu o princípio da separação dos poderes previsto no art. 2º da Constituição
Federal. Em aplicação do princípio da simetria, este dispositivo se refere
também aos Governadores e Prefeitos.
Questão 3 – A
Justificativa: O STF definiu que a aprovação, pelo Legislativo, da indicação
dos presidentes das entidades da Administração Pública Indireta restringe-se
às autarquias e fundações públicas. As sociedades de economia mista e as
empresas públicas que explorem atividade econômica em sentido estrito
estão sujeitas, nos termos do disposto no § 1º do artigo 173 da Constituição
do Brasil, ao regime jurídico próprio das empresas privadas. Distinção entre
empresas estatais que prestam serviço público e empresas estatais que
empreendem atividade econômica em sentido estrito.
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Questão 4 – E
Justificativa: A forma de organização é a da desconcentração, os órgãos,
compartimentos da administração pública, desmembram-se para melhor
desempenhar suas funções e atender ao interesse público.
Questão 5 – A
Justificativa: Não responde pelas obrigações da autarquia a Administração
Pública a que ela pertence, e sequer pelos danos causados pela autarquia a
terceiros, decorrentes da sua atuação ou de comportamento lesivo de seus
servidores. A autarquia é pessoa de direito e, como tal, deve responder pelas
responsabilidades assumidas e pelos danos que causar a alguém.
Aula 3
Atividade proposta
Resposta Correta: A
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) é a
qualificação jurídica conferida pelo Poder Público, por ato administrativo, às
pessoas privadas sem fins lucrativos e que desempenham determinadas
atividades de caráter social, atividades estas que, por serem de relevante
interesse social, são fomentadas pelo Estado. A partir de tal qualificação, tais
entidades ficam aptas a formalizar “termos de parceria” com o Poder Público,
que permitirá o repasse de recursos orçamentários para auxiliá-las na
consecução de suas atividades sociais.
Exercícios de fixação
Questão 1 – A
Justificativa: A regra da teoria objetiva está no Artigo 37, § 6.º da
Constituição Federal de 1988 “...de direito privado prestadoras de serviço
público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros”.
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serviço público. Então, pessoa jurídica de direito privado prestadora de
atividade econômica não se aplica à teoria objetiva.
Questão 2 – D
Justificativa: Integrará, sem dúvida, a Administração Pública Indireta, dotada
de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração
de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União ou à entidade da
Administração Indireta.
Questão 3 – C
Justificativa: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei (art. 173, caput, da CF). No caso em tela,
há ausência dos pressupostos da Constituição Federal.
Questão 4 – B
Justificativa: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
101
previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (Art.
173, § 1º, III, da Constituição Federal).
Questão 5 – E
Justificativa: Sociedade de Economia Mista - A entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para o exercício de
atividade de natureza mercantil, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União ou à entidade
da Administração Indireta (Art. 37, inciso XIX, da CF e art. 5o, inciso III, do
Decreto-Lei n° 200/67).
Aula 4
Atividade proposta
O procedimento de intervenção, insculpido na Lei 8987/95, constitui-se
prerrogativa do concedente – mas não se afigura como condição legal à
decretação da caducidade. Observado – como na hipótese, foi – o direito à
defesa à concessionária, tendo em conta a imputação que lhe é apontada,
não há que se falar em nulidade da decisão que não seja antecedida de
intervenção.
Exercícios de fixação
Questão 1 – C
102
Justificativa: De acordo com o art. 6°, § 2o Lei 8987/95, toda concessão ou
permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento
dos usuários, conforme estabelecido nesta lei, nas normas pertinentes e no
respectivo contrato. Portanto, em homenagem ao princípio da atualidade,
modernidade e contemporaneidade, o ente federativo contratante pode, sim,
fazer tal exigência.
Questão 2 – B
Justificativa: O art. 3º do Dec.-lei nº 3.365/41 assim dispõe:
Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de
caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão
promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei
ou contrato.
Questão 3 – B
Justificativa: Os parágrafos 1º e 2º do art. 2º, da Lei nº 11.079/04, dispõem
sobre concessão patrocinada. No que tange à concessão patrocinada,
estabelece o parágrafo 1º como sendo a concessão de serviços públicos de
que trata a Lei nº 8.987/95, quando envolver adicionalmente à tarifa cobrada
dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.
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Questão 4 – A
Justificativa: Pela dicção do art. 27, Lei 8987/95, somente poderá ocorrer a
transferência da concessão ou do controle societário da concessionária após a
prévia anuência do poder concedente, sob pena de se operar a caducidade da
mesma sem a manifestação de vontade do Poder Concedente, que deverá ser
motivado, tanto para deferir o pleito como para negá-lo. O fator
preponderante para o concedente é que o concessionário possua solvência,
seja idôneo, sério e capaz tecnicamente.
Questão 5 – A
Justificativa: A lei mencionada, nesse caso concreto, é inconstitucional, por
vício insanável de competência. O Município só tem competência para legislar
a concessão no reduto interno. Se o transporte coletivo passa por mais de um
município, intermunicipal, a competência é exclusivamente do Estado.
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José M. P. Madeira é Mestre em Direito do Estado, Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais e Pós-Doutorado pela Cambridge International University
(Inglaterra). Integrante de inúmeras bancas de Concurso Público. É autor de
vários livros jurídicos, tais como: Administração Pública – Tomo
I (11a edição); Administração Pública – Tomo II (11ª edição); Servidor
Público na Atualidade (8a edição) e colaborador das seguintes publicações
jurídicas: Revista Pró-Ciência, Revista Ibero-Americana de Direito Público,
Revista Forense, Revista Fórum, Revista da EMERJ, ADV Advocacia Dinâmica,
e Revista de Informação Legislativa.
Currículo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4205551Z3
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