Você está na página 1de 239

@profalvaroveras

APRESENTAÇÃO 6
Sobre o CESPE 6
Dicas de estudo: 7
Um pouco sobre o método: 7
LEIS MELHORES DE CUSTO BENEFÍCIO DE LER (TAMANHO/QUANTIDADE) 8
DIREITO URBANÍSTICO 9
Outros julgados importantes 11
DESMEMBRAMENTO e LOTEAMENTO. 12
Estatuto da Cidade 12
DIREITO AMBIENTAL 13
1) PRINCÍPIOS AMBIENTAIS 14
2) COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS 15
MUNICÍPIO PODE LEGISLAR SOBRE DIREITO AMBIENTAL? 16
LEI MUNICIPAL E PROIBIÇÃO DA QUEIMA DA CANA DE AÇÚCAR/USO DE FOGO
EM ATIVIDADES AGRÍCOLAS 17
LEI ESTADUAL-MUNICIPAL QUE PERMITE PERFURAÇÃO DE POÇO ARTESIANO
SEM AUTORIZAÇÃO 18
LEI ESTADUAL - AMIANTO 19
CONSTITUIÇÃO/LEI ESTADUAL - SETOR NUCLEAR 20
ENTES LEGISLANDO POR MEIO DE MEDIDA PROVISÓRIA EM DIREITO
AMBIENTAL 21
LEI ESTADUAL - PROIBIÇÃO DA DESTRUIÇÃO DE BENS APREENDIDOS 22
EIA-RIMA 23
LICENCIAMENTO AMBIENTAL 26
LICENÇA PRÉVIA 27
LICENÇA DE INSTALAÇÃO 28
LICENÇA DE OPERAÇÃO 28
LC 140/2011. 29
OUTRAS DECISÕES IMPORTANTES SOBRE LICENCIAMENTO: 32
CONCESSÃO AUTOMÁTICA DE LICENÇA AMBIENTAL E
INCONSTITUCIONALIDADE 33
CRIAÇÃO DE MODALIDADE SIMPLIFICADA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 34
DISPENSA DE LICENCIAMENTO PARA DETERMINADAS ATIVIDADES POR
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL 36
COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL: 37
Competência municipal 37
Competência estadual 37
Competência federal 37
COMPETÊNCIA SUPLETIVA/SUBSIDIÁRIA 39
ESPAÇOS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS 40
APP 41
@profalvaroveras

ÁREA DE RESERVA LEGAL 46


OBRIGAÇÃO PROPTER REM DE REFLORESTAR 47
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 48
UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL 49
DE USO SUSTENTÁVEL 50
SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO 50
ZONA DE AMORTECIMENTO 50
MOSAICO 51
PLANO DE MANEJO 51
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL 57
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA 57
RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL 58
RESPONSABILIDADE E AQUISIÇÃO DE IMOVEL EM HASTA PUBLICA 60
OMISSÃO DO ESTADO NA FISCALIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE 61
IMPRESCRITIBILIDADE DO DANO AMBIENTAL 62
DANO MORAL COLETIVO AMBIENTAL 63
PUNITIVE DAMAGES NO DIREITO AMBIENTAL 63
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO DIREITO AMBIENTAL 65
RESPONSABILIDADE PENAL 66
ARTIGOS IMPORTANTES DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS: 67
TESES DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF 67
Outros julgados importantes de forma geral: 68
TESES DE REPERCUSSÃO GERAL 72
DIREITO ADMINISTRATIVO 80
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR 80
TEORIA DA INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS 81
POSSIBILIDADE DE DEMISSÃO EM PAD POR ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA 81
SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA 82
SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA E OBEDIÊNCIA À SV 14 DO STF 82
INÍCIO DE PAD COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA 83
NECESSIDADE DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO 84
PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DO PAD E DESNECESSIDADE DE EXPOSIÇÃO
DETALHADA DOS FATOS A SEREM APURADOS 84
PRESCRIÇÃO NO PAD 85
PROVAS NO PAD 85
NULIDADES NO PAD 86
MORTE DE SERVIDOR DURANTE O PAD. O QUE ACONTECE? 86
PENA EM PAD. 86
NORMA ESTADUAL E IMPOSSIBILIDADE DE EXONERAÇÃO/APOSENTADORIA DE
SERVIDOR QUE RESPONDE PAD 87
Outros temas: 88
@profalvaroveras

NORMA ESTADUAL QUE DETERMINA NO PAD APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPP


89
APLICAÇÃO DA PUNIÇÃO DE DEMISSÃO E AUSÊNCIA DE DISCRICIONARIEDADE
DA ADMINISTRAÇÃO 89
SERVIDOR EM LICENÇA-SAÚDE E PAD 90
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 90
Casos especiais de responsabilidade do Estado 93
LEI ESTADUAL E RESPONSABILIDADE POR DANOS NA DITADURA 94
RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS COMETIDOS POR PESSOAS
FORAGIDAS 94
RESPONSABILIDADE DO ESTADO - PROFISSIONAL DE IMPRENSA FERIDO 95
RESPONSABILIDADE CIVIL - NOTÁRIOS - ESTADO 95
EXCLUDENTE DE ILICITUDE PENAL E RESPONSABILIDADE ESTATAL 96
Outros julgados importantes: 97
PODER DE POLÍCIA 98
PODERES ADMINISTRATIVOS 101
PODER DISCIPLINAR 102
CARGOS EM COMISSÃO 103
SERVIDOR PÚBLICO E INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO À FORMA DE
REMUNERAÇÃO 106
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA 107
CONTRATAÇÃO SEM RESPEITO À REGRA DO CONCURSO E DIREITOS 109
DIREITO DE ACESSO A CARGOS, EMPREGOS, FUNÇÕES 110
DEMISSÃO EM CARGO E NÃO RETORNO AO SERVIÇO PÚBLICO 111
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E ABSORÇÃO DE CELETISTAS 112
SERVIDOR PÚBLICO E DIREITO AO SALÁRIO-MÍNIMO 113
SERVIDOR PÚBLICO E JORNADA REDUZIDA - FILHO COM DEFICIÊNCIA 114
VEDAÇÃO AO NEPOTISMO 115
DECISÕES JURISPRUDENCIAIS IMPORTANTES SOBRE O TEMA: 117
SERVIDORES ESTADUAIS E PREVISÃO DE LICENÇA NÃO REMUNERADA 118
DEVOLUÇÃO VALORES RECEBIDOS A MAIOR SERVIDOR PÚBLICO - ERRO DE
DIREITO E ERRO DE FATO - ENTENDIMENTO DO STJ 120
FÉRIAS DE 45 DIAS E ADICIONAL DE TERÇO 122
HORA DO INFORMATIVO 123
DIREITO DE INDENIZAÇÃO - SERVIDOR NOMEADO POR DECISÃO JUDICIAL 125
GREVE E SERVIDORES PÚBLICOS 126
GREVE E SERVIDORES NÃO ESTÁVEIS 126
ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE A GREVE 127
COMPETÊNCIA SOBRE GREVE 129
LICENÇA PARA PAI-SOLO 129
LICENÇA-ADOTANTE - IMPOSSIBILIDADE DE PRAZOS MENORES QUE A
LICENÇA-MATERNIDADE 129
@profalvaroveras

REVISÃO GERAL ANUAL 130


SERVIDOR PROCESSADO CRIMINAL - REDUÇÃO DE SALÁRIO/AFASTAMENTO 132
ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES 133
CONCURSOS PÚBLICOS 134
REGIME DE RECUPERAÇÃO FISCAL E CONCURSOS PÚBLICOS 134
TATUAGENS E CONCURSOS PÚBLICOS 135
GESTANTES, CONCURSO PÚBLICO E TESTE FÍSICO 136
DIREITO SUBJETIVO E PRIORIDADE NA NOMEAÇÃO 136
CONTROLE DE QUESTÕES DE CONCURSO PÚBLICO 138
CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO E TÍTULO ACIMA DO QUE EDITAL
EXIGE 139
DIREITO DOS CANDIDATOS COM DEFICIÊNCIA E PROVAS FÍSICAS DE
CONCURSOS PÚBLICOS 140
LEI ESTADUAL E VANTAGEM A QUEM OCUPA CARGO HÁ MAIS TEMPO EM
CONCURSO PÚBLICO 141
CONCURSOS PÚBLICOS, COTAS RACIAIS E COMISSÕES DE
HETEROIDENTIFICAÇÃO 142
CONCURSOS PÚBLICOS E INVESTIGAÇÃO SOCIAL 142
CONCURSO PÚBLICO E DIREITO DE REALIZAR PROVA EM HORÁRIO DISTINTO
146
RESPONSABILIDADE DO ESTADO - FRAUDE EM CONCURSO 147
INCONSTITUCIONALIDADE DA ISENÇÃO DA TAXA DE INSCRIÇÃO EM
CONCURSOS PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS 148
ATOS ADMINISTRATIVOS 150
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS 150
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 151
SILÊNCIO ADMINISTRATIVO 152
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES 152
PRAZO DECADENCIAL PARA ANULAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS 153
FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 153
CONVALIDAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO 154
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM 155
PROCESSO ADMINISTRATIVO 156
AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 156
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO 156
PROVAS DECLARADAS ILÍCITAS PELO PODER JUDICIÁRIO E IMPOSSIBILIDADE
DE SUA UTILIZAÇÃO EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS 159
PROCESSO ADMINISTRATIVO E APLICAÇÃO DA TEORIA DA CONTINUIDADE
DELITIVA 159
DIREITO SANCIONATÓRIO E RETROATIVIDADE 160
DELEGAÇÃO E AVOCAÇÃO DE COMPETÊNCIAS 161
Avocação de competência 161
Decisões importantes do STF no Informativo 1105 (01-09): 162
@profalvaroveras

SIGILO EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS 163


DECISÕES INTERESSANTES SOBRE PROCESSO ADMINISTRATIVO 165
ATOS DE IMPROBIDADE CULPOSOS 166
PESSOAS JURÍDICAS E SANÇÕES 166
POSSIBILIDADE DE TRANSMISSIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O
DANO 166
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSEM PREJUÍZO AO
ERÁRIO 167
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE OFENDEM OS
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 167
DAS PENAS 167
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA 167
DECLARAÇÃO DE BENS 169
APURAÇÃO DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 169
PEDIDO DE INDISPONIBILIDADE DE BENS 170
APLICAÇÃO DAS SANÇÕES 170
PRESCRIÇÃO - NOVAS REGRAS 171
RETROATIVIDADE DAS REGRAS DA LEI 14.230/2021 171
POSSIBILIDADE DE COLABORAÇÃO PREMIADA EM IMPROBIDADE 172
LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA NA DEFESA DE
SERVIDOR E IMPROBIDADE 173
LEGITIMIDADE DA FAZENDA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO DE IMPROBIDADE
174
MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS NA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 174
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 177
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 177
LICITAÇÕES 178
LEI MUNICIPAL - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS - RELICITAÇÃO 181
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 181
REQUISIÇÃO 181
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA 182
TOMBAMENTO 183
É possível o tombamento por meio de lei? 183
É possível o tombamento de um bem público? 184
DESAPROPRIAÇÃO 186
POSSIBILIDADE DE DESISTÊNCIA EM AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO 186
TREDESTINAÇÃO LÍCITA-ILÍCITA 188
Entendimentos importantes em desapropriação (Fonte: Buscador Dizer o Direito): 189
LINDB E DIREITO ADMINISTRATIVO: 191
Lei das PPPs - o que é essencial: 192
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA e temas importantes. 192
OAB E DEVER DE PRESTAR CONTAS AO TCU 192
@profalvaroveras

FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PRIVADO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO DE


SAÚDE 193
DIREITO CONSTITUCIONAL 193
PODER CONSTITUINTE 194
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 194
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E INTERVENÇÃO ESTADUAL 196
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 196
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ESPECIFICAMENTE CONSTITUCIONAIS 196
FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO 197
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL OU PODER CONSTITUINTE DIFUSO 198
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL 198
DUPLA VACÂNCIA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL E
AUTONOMIA DOS ESTADOS 198
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E PRAZO PARA PODER EXECUTIVO APRESENTAR
PL 199
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E CONVOCAÇÃO AUTORIDADES PODER
EXECUTIVO 199
CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO GOVERNADOR 201
AFASTAMENTO DO GOVERNADOR - RECEBIMENTO DE CRIME COMUM 201
POSSIBILIDADE DE INICIATIVA POPULAR NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL 202
PODER LEGISLATIVO 202
CPIs MUNICIPAIS E PODERES 204
MEDIDA PROVISÓRIA 205
Decisões importantes sobre Poder Legislativo: 209
PROCESSO LEGISLATIVO 211
SANÇÃO PRESIDENCIAL E VÍCIO DE INICIATIVA 211
POSSIBILIDADE DE INICIATIVA POPULAR EM CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS 212
INTERVALO MÍNIMO PARA TURNOS DE VOTAÇÃO EM APROVAÇÃO DE EMENDA
CONSTITUCIONAL 212
ADOÇÃO DO RITO DE URGÊNCIA E IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE PELO
PODER JUDICIÁRIO 212
ALCANCE DE NORMAS REGIMENTAIS DAS CASAS LEGISLATIVAS E
INTERPRETAÇÃO DO STF 213
EMENDAS PARLAMENTARES EM PROJETOS DE INICIATIVA DO EXECUTIVO 213
PODER DE VETO E DECURSO DO PRAZO DE 15 DIAS 213
JULGADOS IMPORTANTES 214
@profalvaroveras

APRESENTAÇÃO

Sou Álvaro Veras, professor, advogado e Procurador do Estado do Ceará. Já fui Procurador do
Estado do RN de 2016 a 2023, além de Defensor Público Federal de 2015 a 2016 (prova
CESPE). Fui aprovado/nomeado ainda nas provas da PGE-PI(CESPE), PGE-BA(CESPE),
DPE-CE, DPE-SP. Vou usar a experiência que tenho em concursos(já são 10 anos trabalhando
pelo menos com isso) para ajudar na aprovação de vocês :)

Sobre o CESPE
Tende a ser uma banca mais genérica na primeira fase! Claro que temas da Fazenda
Pública/relativos ao Estado têm uma maior probabilidade de serem cobrados, mas não
significa uma prova exclusivamente voltado à carreira
Assim, indico que vocês, ao fazer questões, usem como filtro não só as provas de Advocacia
Pública, mas também as provas da própria organizadora CESPE, ainda que de outras carreiras
de nível superior (Delegado, Juiz, Promotor, Defensor)
Sempre me preparei assim e sempre achei a forma mais produtiva.

Outra coisa: se decidirem fazer a prova, ESQUEÇAM CONCORRÊNCIA!!!!!!


É o melhor sempre a ser feito. NÃO são só 3 vagas. Vocês não sabem disso.
Muita coisa muda depois da homologação do concurso!!!
Vou dar um pequeno exemplo da minha vida: fui fazer a PGE-RN com apenas 9 vagas. Na
primeira fase, fiquei em 80 e poucos. Achei que seria impossível conseguir chegar nas vagas
imediatas/ser aprovado com tanta gente qualificada.
Na segunda fase, a prova ficou a 1 semana de distância da prova da DPE-CE. Acabei então
decidindo focar no estudo pra Defensoria, por ser no meu Estado. Mesmo assim, na fase
discursiva, acabei subindo mais de 40 posições e fiquei em 30 e tantos.
Continuei achando que seria impossível chegar nas 9 vagas.
Na última fase, que seria a do parecer/peça, caiu um parecer muito complicado. Sai da prova
achando que se eu fosse aprovado e ficasse na lista taria bom. Quando saiu o resultado, tirei
9,5, a maior nota da prova, metade dos candidatos foi eliminado, e terminei o concurso antes
dos títulos em 2o lugar. Enfim. Muita coisa acontece em concurso.
No final, a lista rodou pra caramba e não foram só 9 chamados.
Foram mais de 20 e a lista, diante da aprovação das pessoas em outras provas também, chegou
até quase a pessoa que estava em 60o lugar. de 9 VAGAS!
Ou seja: não são só 3 vagas. Dêem o melhor de vocês e se guiem por isso.

Dicas de estudo:
O que aprova é o básico, o essencial e a constância.
Não existe uma fórmula mágica e nem de uma fórmula que funcione necessariamente pra
você;
@profalvaroveras

Existem inúmeros métodos de estudar. Vocês têm que ter AUTOCONHECIMENTO e saber o
que é melhor pra vocês.

LIVROS/SINOPSE/DOUTRINA/AULAS
IDEIA CENTRAL: Um material por disciplina. Tudo que você estudar ter como revisar.

O estudo é múltiplo. As fontes de conhecimento são múltiplas. Com o tempo e com outros
estudos(questões de concursos passados, jurisprudência, cursos de primeira-segunda fase)
vocês agregam mais conhecimento e que se complementam.

Adotar um livro que seja de Concursos. Existem vários possíveis e vários que não são
recomendados. Livro de concurso é especializado nisso.

JURISPRUDÊNCIA
Montar um caderno de jurisprudência. Vai servir para TODAS as suas frases.
Como o que mais importava, a meu ver, era a cronologia, eu separava por informativo.
Lia pelo Dizer o Direito (@dizerodireito) - ou mesmo no Informativo resumido deles.
Anotar a conclusão do julgado e mais dois fundamentos(essencial para provas discursivas!)
Revisava sempre e antes de cada prova.

No caso da objetiva, por exemplo: você revisa mais a conclusão do julgado do que os
fundamentos em si.
Ler LEI SECA!!! Isso é essencial para vocês!! Cada um tem um jeito de ler/quantidade de
artigos. Têm diplomas que valem ou não a leitura completa.
Vou colocar aqui para vocês jajá os que acho que mais compensam.
O CADERNO DE ESTUDO DE QUESTÕES OBJETIVAS
Eu aponto o caderno a principal razão para minhas boas aprovações nas provas objetivas. Foi
essencial!

Um pouco sobre o método:

1) Pensando na forma do meu aprendizado na época do vestibular, eu percebi que eu sempre


gostava de um estudo com método ativo, fazendo questões e já vendo como eu aprendi na
prática.
Necessidade de montar uma estratégica para a prova da AGU - que fiz ainda na faculdade. Ela
foi:
a)estudar o que eu nunca tinha visto pelo menos por isoladas ou pequenas sinopses e após
fazer muitos exercícios;
b) do que já tinha estudado na vida, revisar e fazer muitas questões.
@profalvaroveras

Ou seja: o foco principal era nas questões. E eu vi que sempre se tinha um padrão no CESPE:
as questões se repetiam muito(!). E por vezes eu errava mais de uma vez. Decidi, então,
começar a anotar o que eu aprendia em cada uma dessas questões e montar um caderno de
questões.

Ele consiste, então, em:


a) Ser autoconsciente com o seu conhecimento sobre as matérias. Se você acertou sem certeza
a questão ou errou, você precisa parar e estudar sobre o tema, anotando, para que depois possa
revisar isso e não mais errar;
Necessidade de ser paciente. Não se preocupar se isso leva um pouco de tempo. Isso fica pra
vida de estudos. A verdade é que nesse caderno que eu iniciei em 2013 me ajudou a acertar
questões em 2019 quando voltei a fazer concursos públicos - e depois agora na última prova
que fiz, em 2022, da PGE-CE;

Olhar todas as alternativas. Se for ABCDE, muitas vezes ali temos mais de uma afirmação
que está sendo discutida e que pode ser aproveitada;
Separar por disciplina e assunto/tema. Exemplo: Direito Administrativo - e lá dividir entre
Responsabilidade Civil do Estado, Servidores Públicos, etc etc (...)
Escrever ou digitar (eu comecei a fazer eles físicos, mas ficaram muito grandes e depois
passei pro computador) o que você aprendeu com cada questão, de forma resumida, ainda que
seja letra de lei.

Ex:
art. 182 CF/88: o plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, e
não eleitores(se a questão tiver colocado que eram eleitores).
Na revisão final pra prova, esses cadernos vão ser sempre essenciais!
Passada essas dicas mais introdutórias também de métodos, vou agora à matéria em si.

LEIS MELHORES DE CUSTO BENEFÍCIO DE LER (TAMANHO/QUANTIDADE)


CTN
LEF
LRF
Parte Geral Código Civil
Lei nova de licitações - Indicarei posteriormente os artigos que mais tô vendo serem cobrados;
LEI DE ACP
LEI DO MS(Lei 12.016)
LEI 8.437
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
@profalvaroveras

ESTATUTO DA CIDADE
(vou indicar depois também os melhores artigos)

DIREITO URBANÍSTICO

→ Existe o poder-dever do Município de regularizar loteamentos clandestinos ou


irregulares. Esse poder-dever, contudo, fica restrito à realização das obras essenciais a
serem implantadas em conformidade com a legislação urbanística local (art 40, caput e §
5º da Lei nº 6.766/79).
Após fazer a regularização, o Município tem também o poder-dever de cobrar dos
responsáveis (ex: loteador) os custos que teve para realizar a sua atuação saneadora.
STJ. 1ª Seção. REsp 1164893-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 23/11/2016
(Info 651).
Tema já cobrado na 2a fase do CESPE na PGM-Salvador-2015!

→ 3. A aprovação de loteamento não implica, necessariamente, licença para construção.


Assim, quando da solicitação da referida licença, deve ser aplicada a lei de regulação da
ocupação do solo vigente no momento. (REsp 1374109/RS, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 18/6/2015, DJe 26/6/2015)
Outra decisão cobrada na PGM-Salvador de 2015.

EMENTA : RECURSO ESPECIAL. USUCAPIAO. FAIXA DE FRONTEIRA.


POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE REGISTRO ACERCA DA PROPRIEDADE
DO IMÓVEL. INEXISTÊNCIA DE PRESUNÇÃO EM FAVOR DO ESTADO DE
QUE A TERRA É PÚBLICA.
1. O terreno localizado em faixa de fronteira, por si só, não é considerado de domínio
público, consoante entendimento pacífico da Corte Superior.
2. Não havendo registro de propriedade do imóvel, inexiste, em favor do Estado,
presunção iuris tantum de que sejam terras devolutas, cabendo a este provar a
titularidade pública do bem. Caso contrário, o terreno pode ser usucapido.
3. Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp 674558/RS, Min. Rel. LUIS
FELIPE SALOMÃO - QUARTA TURMA)
Conclusão: Não se presume a titularidade do ente público de terrenos quando inexiste registro
de propriedade do imóvel. Deve, assim, efetivamente comprovar a sua propriedade, sob pena
de não incidir sobre o bem a vedação de aquisição por usucapião de bens públicos.
@profalvaroveras

→ “Município de Belo Horizonte. Pedido de licença de instalação de posto de revenda de


combustíveis. Superveniência de lei (Lei 6.978/1995, art. 4º, § 1º) exigindo distância
mínima de duzentos metros de estabelecimentos como escolas, igrejas e supermercados
(...). Requerimento de licença que gerou mera expectativa de direito, insuscetível –
segundo a orientação assentada na jurisprudência do STF –, de impedir a incidência das
novas exigências instituídas por lei superveniente, inspiradas não no propósito de
estabelecer reserva de mercado, como sustentado, mas na necessidade de ordenação
física e social da ocupação do solo no perímetro urbano e de controle de seu uso em
geradora de risco, atribuição que se insere na legítima competência constitucional da
municipalidade.” (RE 235.736, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 21-3-2000,
Primeira Turma, DJ de 26-5-2000.)
Conclusão: A mera confecção de pedido de licença gera expectativa de direito, podendo uma
lei nova superveniente exigir novos requisitos, o que também se justifica diante da
necessidade do Município de ordenar seu espaço físico e social de ocupação.

→ "Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas, microrregiões. CF, art. 25, § 3º.


Constituição do Estado do Rio de Janeiro, art. 357, parágrafo único. A instituição de
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de Municípios limítrofes, depende, apenas, de lei complementar
estadual.” (ADI 1.841, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 1º-8-2002, Plenário, DJ
de 20-9-2002.) No mesmo sentido: ADI 1.842, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes,
julgamento em 6-3-2013, Plenário, DJE de 16-9-2013.
Conclusão: A formação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões
necessita apenas de lei complementar estadual.

→ Constituição Estadual pode obrigar Municípios por terem mais de 10 mil habitantes a
terem Plano Diretor?
https://www.questoescritaseorais.com/direito-urbanistico/constituicao-estadual-pode-obrigar-
municipios-por-terem-mais-de-10-mil-habitantes-a-terem-plano-diretor/

→ Região metropolitana: Tema MUITO quente!!!


É inconstitucional norma que prevê a concentração excessiva do poder decisório nas
mãos de só um dos entes públicos integrantes de região metropolitana.
Nesse mesmo contexto, é inadmissível que a gestão e a percepção dos frutos da
empreitada metropolitana comum, incluídos os valores referentes a eventual concessão à
iniciativa privada, aproveitem a apenas um dos entes federados.
Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucionais normas que
concentravam no Estado de Alagoas o poder decisório nas instâncias deliberativas e
@profalvaroveras

executivas da Região Metropolitana de Maceió, resultando na violação da autonomia dos


municípios envolvidos.
O STF, no entanto, modulou os efeitos da decisão para que passe a valer em 24 meses,
período em que o legislativo estadual deverá reapreciar o desenho institucional da região
metropolitana.
STF. Plenário. ADI 6573/AL, ADI 6911/AL e ADPF 863/AL, Rel. Min. Edson Fachin,
julgados em 13/5/2022 (Info 1055). Fonte: Buscador Dizer o Direito.

→ É constitucional lei complementar, de iniciativa parlamentar, que inclui município


limítrofe na região metropolitana. A iniciativa para esse projeto de lei não é privativa do
chefe do Poder Executivo e essa inclusão não acarreta aumento de despesa, não violando
assim os arts. 61, § 1º e 63, I, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 2803/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/11/2014 (Info 766).
Fonte: Buscador Dizer o Direito.

Outros julgados importantes


→ TRIBUTÁRIO. IPTU E ITR. INCIDÊNCIA. IMÓVEL URBANO. IMÓVEL
RURAL.CRITÉRIOS A SEREM OBSERVADOS. LOCALIZAÇÃO E DESTINAÇÃO.
DECRETO-LEI Nº. 57/66. VIGÊNCIA. 1. Não se conhece do recurso especial quanto a
questão federal não prequestionada no acórdão recorrido (Súmulas n. 282 e 356/STF). 2.
Ao disciplinar o fato gerador do imposto sobre a propriedade imóvel e definir
competências, optou o legislador federal, num primeiro momento, pelo estabelecimento
de critério topográfico, de sorte que, localizado o imóvel na área urbana do município,
incidiria o IPTU, imposto de competência municipal; estando fora dela, seria o caso do
ITR, de competência da União. 3. O Decreto-Lei n. 57/66, recebido pela Constituição de
1967 como lei complementar, por versar normas gerais de direito tributário,
particularmente sobre o ITR, abrandou o princípio da localização do imóvel,
consolidando a prevalência do critério da destinação econômica. O referido diploma
legal permanece em vigor, sobretudo porque, alçado à condição de lei complementar, não
poderia será atingido pela revogação prescrita na forma do art. 12 da Lei n.5.868/72.4. O
ITR não incide somente sobre os imóveis localizados na zona rural do município, mas
também sobre aqueles que, situados na área urbana, são comprovadamente utilizados
em exploração extrativa, vegetal, pecuária ou agroindustrial.5. Recurso especial a que se
nega provimento.(STJ , Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de
Julgamento: 17/08/2004, T2 - SEGUNDA TURMA)

Ou seja: segundo o STJ, o ITR não incide somente sobre os imóveis localizados na zona rural
do município, mas também sobre aqueles que, situados na área urbana, são comprovadamente
utilizados em exploração extrativa, vegetal, pecuária ou agroindustrial.
@profalvaroveras

MUITO IMPORTANTE!
Já cobrado em diversas provas do CESPE!!!

DESMEMBRAMENTO e LOTEAMENTO.
Muita atenção para a distinção.
§ 1º - Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação,
com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento,
modificação ou ampliação das vias existentes.
Art. 2º, § 2º- considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a
edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na
abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou
ampliação dos já existentes.
Diferenciação prevista na Lei do Parcelamento do Solo Urbano.
É, sem dúvidas, um dos artigos que mais cai em Direito Urbanístico.

Estatuto da Cidade
Os artigos que eu entenderia como IMPRESCINDÍVEIS por serem muito cobrados:

Art. 5o e 6o - DECOREM TODO ELE E TODAS ESSES PRAZOS!


Art. 7o a art. 1o - MUITO importantes também!!!

DIREITO DE SUPERFÍCIE - Art. 21 a Art. 23 - MUITO importantes também

DIREITO DE PREEMPÇÃO - Art. 25 e 27 como mais importantes. Deixaria o art. 26 mais


de lado;

ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA - art. 36 a 38 - ESSENCIAIS!!


PLANO DIRETOR - ESSENCIAL!! Principalmente art. 39 a art. 42 - deixaria os outros
mais de lado;
Na CF/88:
Lembrar:
Art. 182 e 183 como IMPRESCINDÍVEIS!! Saber tudo deles.
O que entendo como indispensável em Direito Urbanístico para a prova de vocês é isso. Vou
colocar depois mais alguns temas que são correlacionados à matéria em outras matérias, como
por exemplo em Administrativo, Desapropriação/Tombamento, ou em Constitucional, sobre
regiões metropolitanas
Como vocês podem ver, o meu objetivo é focalizar o estudo de vocês com base no que eu
faria, no que eu já vi/estudei das últimas provas de CESPE-Procuradorias! Vamos nessa!
@profalvaroveras

Posso não ajudar vocês com todas as questões da prova, mas tenho certeza que com esse foco
que tô querendo botar pro estudo de vocês, dá pra ajudar demais no rendimento. Fazer o que é
importante/essencial é muito mais interessante do que ficar preso a um mundo de coisas. Eu
sempre brinco: tem questões que eu errava "com orgulho", por serem totalmente fora da
casinha. Tem que focar no que é essencial/imprescindível.

DIREITO AMBIENTAL

TEMAS PARA ESTUDAR EM DIREITO AMBIENTAL

1) Princípios ambientais;

2) Competências ambientais

3) EIA-RIMA;

4) Licenciamento ambiental;

5) Espaços especialmente protegidos:

a) Área de preservação permanente e reserva legal;

b) Lei 9.985/2000;

6) Responsabilidade administrativa, civil e penal;

7) Crimes ambientais(principalmente a parte mais introdutória, sem ser crimes em espécie em


si mesmo, que caem muito pouco - vou indicar os melhores artigos também)

Principalmente: 1, 3, 4, 5, 6

Tudo aqui eu vou enumerar o que é mais importante. Vocês vão ter um ótimo resumo de
Direito Ambiental para Procuradorias.

Eu SEMPRE estudei basicamente apenas esses temas. É o centro do centro em Direito


Ambiental.

1) PRINCÍPIOS AMBIENTAIS
Princípios ambientais mais importantes
@profalvaroveras

Feito com base no livro de Frederico Amado (Direito Ambiental Esquematizado).

a) Princípio da prevenção: Existência de base científica de que determinada atividade


produz danos ao meio ambiente. Risco certo, conhecido;

b)Princípio da precaução: previsto na Declaração do Rio 1992. Inexistência de certeza


científica do dano: ainda assim, existindo base científica razoável fundada em juízo de
probabilidade, empreendedor deverá ser compelido a adotar medidas de precaução para
elidir/reduzir riscos ambientais à população.
Adoção da tese do in dubio pro salute: na dúvida, em prol do meio ambiente.
Súmula 618, STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se nas ações de degradação ambiental.
Fundamento na precaução – aplicação do microssistema do CDC.

c) Princípio do desenvolvimento sustentável: implicitamente previsto no art. 225 da CF.


Desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Conciliar desenvolvimento econômico,
diminuição das desigualdades e preservação ambiental;

d) Poluidor-pagador: aquele que poluir tem que arcar com custos sociais de sua
atividade(externalidades negativas). Evitar privatização dos lucros e socialização das perdas.
Não deve ser interpretado sob a ótica do poluir mediante pagamento de preço. Previsão no art.
14 da Lei 6938: responsabilidade independentemente de culpa(objetiva, risco integral);
e)Princípio do usuário-pagador: todos as pessoas que utilizam recursos naturais, ainda que não
haja poluição e a atividade seja lícita, devem pagar pela sua utilização. Caso da água.
Racionalizar utilização dos recursos naturais;

f) Princípio do limite ou controle: dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que
instituam padrões de máximos de poluição.

g) Princípio do protetor-recebedor: outra face da moeda do poluidor-pagador. Pessoas


físicas ou jurídicas responsáveis pela preservação ambiental devem ser agraciadas com
benefícios de alguma natureza, já que ajudam com toda a coletividade. Adotado
expressamente na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010).

h) Princípio da vedação ao retrocesso ecológico ou efeito cliquet: “veda a supressão e a


alteração legislativa que diminuam a proteção já estabelecida no piano infraconstitucional aos
direitos fundamentais, dentre eles, o meio ambiente ecologicamente equilibrado”
(PGE-RO-FCC-2011). Vem sendo MUITO utilizado na fundamentação de decisões do STF
recentes sobre a temática ambiental.
@profalvaroveras

2) COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS

a) Competências concorrentes legislativas:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

b) Competências legislativas privativas da União:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

C) Competências materiais comuns:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

D) Sobre os municípios: art. 30, I e II, cabe a eles legislar sobre assuntos e interesse local e
suplementar à legislação ambiental

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Os mais importantes de se saber:


Art. 24, VI e VIII
Art. 22, I
@profalvaroveras

Art. 23, VI e VII

MUNICÍPIO PODE LEGISLAR SOBRE DIREITO AMBIENTAL?


De acordo com a Constituição Federal, sobre a competência para legislar sobre Direito
Ambiental:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

Boa parte das matérias de Direito Ambiental são, então, de competência concorrente(existem
temas que são de competência privativa da União).

De acordo, ainda, com a Carta Magna:

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Indaga-se: poderia o Município legislar sobre Direito Ambiental?


O STF, interpretando os dispositivos citados, decidiu a temática no RE 586224 no seguinte
sentido:

"município é competente para legislar sobre o meio ambiente, com União e Estado, no
limite de seu interesse local, e desde que tal regramento seja suplementar e harmônico à
disciplina estabelecida pelos demais entes federados.”

Passando agora ao mérito da decisão sobre o teor da lei municipal:

LEI MUNICIPAL E PROIBIÇÃO DA QUEIMA DA CANA DE AÇÚCAR/USO DE FOGO


EM ATIVIDADES AGRÍCOLAS

É constitucional lei municipal que proíbe a queima da cana-de-açúcar?

Revela-se necessário trazer o entendimento do art. 38 do Código Florestal (Lei 12.651/12)


@profalvaroveras

Art. 38: ‘‘É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações: I - em
locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas
agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental
competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que
estabelecerá os critérios de monitoramento e controle; II - emprego da queima
controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de
manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação,
visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características ecológicas
estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo; III - atividades de pesquisa
científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos
competentes e realizada por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia
aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama’’.

Como já vimos, de acordo com entendimento do STF, o Município é competente para legislar
sobre meio ambiente com União e Estado, no limite de seu interesse local e desde que tal
regramento seja e harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art.
24, VI c/c 30, I e II da CRFB.

No caso, ao estabelecer a proibição da queima da cana/uso de fogo em atividades agrícolas,


revela-se incompatível com a lei federal, que busca a sua eliminação progressiva.

Há, ainda, a necessidade de se ponderar a proteção ao meio-ambiente obtida com a proibição


imediata da queima da cana, e a garantia de emprego dos trabalhadores canavieiros.

Desse modo, entendeu o STF pela inconstitucionalidade da lei municipal que proíbe a queima
da cana de açúcar.

Obs: No caso, existia também uma Lei Estadual de SP, 11.241/02 prevê a redução gradual da
queima da cana-de-açúcar, dispondo sobre a extinção do método apenas para o ano de 2.031,
o que também não se compatibilizava com o disposto na lei municipal. Entendeu-se que tal lei
estadual deveria prevalecer, em face da maior compatibilidade com o disposto na lei federal, o
sopesamento dos interesses e com a CF-88.

O tema foi cobrado em 2022, na prova da PGE-RS-2a fase.

Cobrado, ainda, na PGM-FLORIPA-2022-FEPESE.

Questão cobrada na PGM-Porto Alegre-2022:


@profalvaroveras

O Tema 145 do STF está assim ementado: “O município é competente para legislar
sobre o meio ambiente com a União e o Estado, no limite do seu interesse local e desde
que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes
federados (Art. 24, VI, c/c 30, I e II, da Constituição Federal)”. Considerando a lei
municipal objeto da controvérsia que originou o Tema 145 do STF, bem como o teor da
respectiva decisão, assinale a alternativa correta. A) A afirmação da competência
municipal para legislar sobre o meio ambiente, reconhecida no Tema 145 do STF,
possibilita aos Municípios proibirem a queima de palha de cana de açúcar e o uso de
fogo em atividades agrícolas, por ser método rudimentar e primitivo. B) A existência de
Lei Federal sobre mesmo conteúdo da Lei Municipal afasta a competência municipal
para dispor sobre matéria com idêntico conteúdo, mesmo que Municípios tenham
competência para legislar sobre meio ambiente. C) A Lei Federal proíbe a queima da
palha da cana de açúcar, não abrindo espaço legislativo para o exercício de competência
estadual ou municipal, sendo a legislação local reforço do dispositivo federal. D) A Lei
Estadual do Estado de São Paulo criou uma forma progressiva de mecanização do
cultivo da lavoura de cana de açúcar, compatibilizando a redução ao máximo do aspecto
negativo ambiental com as repercussões sociais da mudança do modo de cultivo,
devendo ser aplicada a todos municípios paulistas. E) Sendo Tema do STF, a Lei
estadual paulista deve ser aplicada aos demais entes federativos brasileiros, dado a
repercussão geral de decisão desta espécie.

Gabarito: D

LEI ESTADUAL-MUNICIPAL QUE PERMITE PERFURAÇÃO DE POÇO ARTESIANO


SEM AUTORIZAÇÃO

Outro tema muito interessante e que já foi cobrado recentemente na prova da


AGE-MG-2022-FGV.

Uma lei estadual/municipal previa, de modo genérico, que seria possível a perfuração de
poços artesianos, sem exigência de autorização específica. Tal lei é constitucional?

Segundo o STF, não.

De acordo com a Corte, a Lei 9.433/1997(Política Nacional dos Recursos Hídricos)


condiciona a extração de água subterrânea - quer para "consumo final", quer como "insumo de
processo produtivo" - à prévia e válida outorga pelo Poder Público, o que se explica pela
notória escassez desse precioso bem, literalmente vital, de enorme e crescente valor
econômico, mormente diante das mudanças climáticas.
@profalvaroveras

Veja-se:

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de
recursos hídricos:
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo;

Assim, existe lei geral federal que de forma expressa legisla sobre o tema - devendo-se
ressaltar que, nos termos da CF/88, compete privativamente à União legislar sobre águas(art.
22, IV).

Desse modo, lei municipal/estadual que contrarie isso é inconstitucional.

Entendimento do STJ no EREsp 1335535-RJ, julgado em 26-09-2018.

LEI ESTADUAL - AMIANTO


Sem dúvidas, um dos temas mais cobrados em concursos públicos.

Amianto trata-se de uma substância muito usada no âmbito industrial - tem-se, no entanto, que
há muitas décadas discute-se o seu impacto na saúde dos trabalhadores e nos consumidores
que utilizam tais produtos, incluindo se aposentado como uma substância de natureza
cancerígena.

Inicialmente, entendia-se que as leis estaduais que versavam sobre a proibição do uso do
amianto eram inconstitucionais, pelo fato de a lei federal permitir(lei 9.055/1995).

Tem-se, no entanto, que o STF, na ADI 3937/SP, modificou substancialmente tal posição.

Segundo a Corte:

“a lei federal passou por um processo de inconstitucionalização, em razão da alteração


nas relações fáticas subjacentes à norma jurídica, e, no momento atual, não mais se
compatibiliza com a Constituição de 1988. Se, antes, tinha-se notícia dos possíveis riscos
à saúde e ao meio ambiente ocasionados pela utilização da crisotila, falando-se, na época
da edição da lei, na possibilidade do uso controlado dessa substância, atualmente, o que
se observa é um consenso em torno da natureza altamente cancerígena do mineral e da
inviabilidade de seu uso de forma efetivamente segura, sendo esse o entendimento oficial
dos órgãos nacionais e internacionais que detêm autoridade no tema da saúde em geral e
da saúde do trabalhador.”
@profalvaroveras

Destaca-se, inclusive, a Convenção 162 da OIT, ratificada pelo Brasil, que prevê, dentre seus
princípios gerais, a necessidade de revisão da legislação nacional sempre que o
desenvolvimento técnico e o progresso no conhecimento científico o requeiram (art. 3º, § 2).

A convenção também determina a substituição do amianto por material menos danoso, ou


mesmo seu efetivo banimento, sempre que isso se revelar necessário e for tecnicamente viável
(art. 10). Portanto, o Brasil assumiu o compromisso internacional de revisar sua legislação e
de substituir, quando tecnicamente viável, a utilização do amianto crisotila.

Inclusive, destaca-se que atualmente existem materiais alternativos recomendados pelo


Ministério da Saúde e ANVISA para substituir o amianto.

Assim, a permissão dada pela lei federal para uso do amianto deve ser considerada
inconstitucional(existência de inconstitucionalidade superveniente), em razão de: ofensa ao
direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88), ao dever estatal de redução dos riscos inerentes ao
trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88), e à
proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88).

Desse modo, ao existir a inconstitucionalidade da norma geral federal, os estados-membros


passam a ter competência legislativa plena sobre a matéria, nos termos do art. 24, § 3º, da
CF/88.

Assim, a lei estadual passa a valer. No caso, a lei estadual de SP não possui os mesmos vícios
de inconstitucionalidade material, estando então em consonância com os preceitos materiais
violados pela lei federal.

CONSTITUIÇÃO/LEI ESTADUAL - SETOR NUCLEAR

Constituição/lei estadual passa a dispor que é proibido no Estado que se implantem usinas
nucleares ou mesmo que se entrem, armazene ou se processe material radioativo no território
estadual.

Tal norma é constitucional? Segundo o STF, não. Padece de inconstitucionalidade formal.

Segundo a CF:

Art. 21. Compete à União:


@profalvaroveras

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer


monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

Assim, lei estadual não pode dispor sobre o tema, sendo inconstitucional.

ENTES LEGISLANDO POR MEIO DE MEDIDA PROVISÓRIA EM DIREITO


AMBIENTAL

Consoante entendimento do STF (Info 896), é possível editar MP sobre meio ambiente, desde
que favoráveis para veicular normas favoráveis à sua proteção.

Se for para diminuir a proteção, é necessária a edição de uma lei formal – já que com isso se
tem debate parlamentar e participação da sociedade, órgãos de defesa ambiental.

Temos, assim, uma forma de assegurar direito ao ambiente ecologicamente equilibrado.

Constitui, desse modo, a proteção ao meio ambiente como sendo um limite implícito à edição
de MPs, ainda que não conste especificamente nas limitações da CRFB/88.

O tema foi cobrado na prova do MPE-CE-2020-prova subjetiva-CESPE. Vejamos:

Com o objetivo de construir uma usina hidrelétrica com capacidade instalada superior a
quinhentos megawatts sobreposta a um parque estadual no estado do Ceará, o
governador do estado editou uma medida provisória para desafetar a área protegida
necessária à construção do empreendimento. No dia seguinte, o empreendedor solicitou
o licenciamento ambiental ao órgão ambiental responsável. Um mês depois, o órgão
ambiental analisou os estudos e concedeu a licença ambiental.
c) Apresente o posicionamento do STF acerca de medidas provisórias como a editada
pelo governador e o princípio constitucional envolvido nesse ato. [valor: 1,00 ponto]
O gabarito da banca nessa pergunta específica:
O STF firmou a posição de que as medidas provisórias não podem veicular norma que
altere espaços territoriais especialmente protegidos, sob pena de ofensa ao art. 225, § 1.º,
inc. III, da CF. As alterações promovidas pela referida medida provisória importaram
diminuição da proteção dos ecossistemas abrangidos pela unidade de conservação por
ela atingida, acarretando ofensa ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental
@profalvaroveras

(ou vedação ao retrocesso ambiental), pois atingiu o núcleo essencial do direito


fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da CF.
[ADI 4.717, rel. min. Cármen Lúcia, j. 5-4-2018, P, DJE de 15-2-2019.]Obs. Informado
sobre a inconstitucionalidade da medida provisória, o candidato pode fundamentar sua
respostas nos argumentos presentes da ADI 4.1717/DF.

LEI ESTADUAL - PROIBIÇÃO DA DESTRUIÇÃO DE BENS APREENDIDOS

Decisão bem recente! A cara de prova!

Lei Estadual previu que seria proibido a órgãos ambientais e a Polícia Militar destruir ou
inutilizar bens particulares apreendidos em operações e fiscalizações ambientais.

O STF decidiu pela inconstitucionalidade da norma.

Segundo o relator, ministro Gilmar Mendes, a União e os estados têm competência


concorrente para legislar sobre proteção do meio ambiente. Cabe à União cabe estabelecer as
normas gerais, para fins de padronização nacional, enquanto que aos estados e o Distrito
Federal podem suplementar a legislação federal, com base nas peculiaridades regionais.

No caso, a Lei de Crimes Ambientais (Lei federal 9.605/1998) prevê as sanções de apreensão
e destruição de produtos e instrumentos de infrações ambientais. Esses dispositivos foram
regulamentados pelo Decreto 6.514/2008, que disciplinou a atuação do agente responsável
pelas medidas.

Desse modo, a Lei estadual 5.299/2022 é incompatível com as diretrizes da legislação


nacional e ultrapassou os limites de sua atuação.

Outro aspecto inconstitucional: tal lei, ao impor a destinação a ser dada aos produtos e
instrumentos apreendidos em operações de fiscalização ambiental, usurpou competência
privativa da União para legislar sobre matéria de direito penal e processual penal.

STF, ADI 7203

EIA-RIMA
Aspectos importantes sobre EIA-RIMA:

De acordo com a CF-88:


@profalvaroveras

Art. 225. IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)

Note-se, então, que NÃO são todos os casos de atividades que exigem a realização de
EIA-RIMA, mas apenas aquelas POTENCIALMENTE causadoras de SIGNIFICATIVA
degradação do meio ambiente.

PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO: Já cobrada no CESPE(MPE-RR): o EIA-RIMA consagram


o princípio da PREVENÇÃO!

NATUREZA PRÉVIA DO EIA-RIMA: Segundo Frederico Amado(Direito Ambiental


Esquematizado, Editora Método), temos que a natureza prévia é decorrente dos princípios da
prevenção e precaução, pois deve ser realizado antes do início da atividade poluidora.

CARÁTER PÚBLICO: No que tange ao caráter público, aduz o autor que é com o objetivo
de permitir o pleno acesso da comunidade sobre seu conteúdo, visando conferir real eficácia
aos instrumentos de participação popular.

RESPONSABILIDADE PELOS CUSTOS DA CONFECÇÃO DO ESTUDO: Cabe


destacar que compete ao próprio proponente arcar com os custos da confecção do Estudo,
contratando uma equipe multidisciplinar, com habilitação técnica nos referidos Conselhos de
Classe.

DESNECESSIDADE DE DESVINCULAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DO


PROPONENTE DO PROJETO:

Atenção: ocorreu uma mudança na legislação infralegal (em 1997), com a revogação do artigo
7 da Resolução CONAMA 01/1986, no sentido de que não existe mais a necessidade de que
essa equipe profissional multidisciplinar seja independente do proponente do projeto(mudança
essa muito criticada por ambientalistas).

Assim, por exemplo, profissionais que têm vinculo empregatício com o empreendedor podem
fazer parte dessa equipe.

CASOS EM QUE SE REALIZA AUDIÊNCIA PÚBLICA

Resolução 09/1987 do CONAMA


Casos:
@profalvaroveras

a) sempre que o órgão ambiental julgar necessário;


b) solicitação de entidade civil, do MP ou por 50 ou mais cidadãos.

MUITO cobrado esse número de 50 cidadãos. ATENÇÃO!

POSSIBILIDADE DE DISPENSA DE EIA-RIMA EM CONSTITUIÇÃO ESTADUAL:

Outra pergunta: pode a Constituição Estadual dispensar de forma apriorística determinada


atividade de ser submetida ao EIA-RIMA?

No caso: CE de SC dispensou EIA-RIMA para atividade de florestamento ou reflorestamento


com fins empresariais. É constitucional?

Segundo entendimento do STF (ADI 1.086), não é constitucional tal norma, uma vez que cria
exceção incompatível com o disposto no inciso IV, parágrafo primeiro, art. 225, da CF/88.
Tem que ser avaliado o projeto no caso concreto para que o órgão ambiental decida se o
EIA-RIMA será exigível(caso preenchido requisito constitucional de atividade de potencial
degradação ambiental significativa).

Outro caso semelhante: Estado do MT criou lei que dispensou EIA-RIMA para obras
hidrelétricas que tinham potencial de 10 a 30MW e que tivessem determinada extensão de
área inundada.

Segundo o STF,

“o afastamento do licenciamento de atividades potencialmente poluidoras afronta o art.


225 da Constituição da República. Empreendimentos e atividades econômicas apenas
serão considerados lícitos e constitucionais quando subordinados à regra de proteção
ambiental. A atuação normativa estadual flexibilizadora caracteriza violação do direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e afronta a obrigatoriedade
da intervenção do Poder Público em matéria ambiental. Inobservância dos princípios da
proibição de retrocesso em matéria socioambiental, da prevenção e da precaução.
Inconstitucionalidade material caracterizada”

ADI 4529/MT

Cobrado na 1a fase da PGM-Niteroi-2023. Veja-se:


@profalvaroveras

Com o objetivo de aquecer a economia regional, o Estado Gama editou Lei


Complementar criando dispensa de licenciamento ambiental para atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente e dispensando
expressamente estudo de impacto ambiental (EIA) e seu correlato relatório de impacto
ambiental (Rima) para os empreendimentos e obras hidrelétricas com potencial de 10 a
30 MW e com determinada extensão da área inundada. Com base no texto da
Constituição da República de 1988 e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
norma estadual é: (A) constitucional, desde que o Município onde será instalado o
empreendimento contenha legislação local com a mesma permissão, atendo-se ao
federalismo cooperativo ecológico; (B) constitucional, pois atendeu ao princípio do
desenvolvimento sustentável, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico
e social com a sustentabilidade ambiental; (C) constitucional, pois atendeu ao princípio
da subsidiariedade, que permite a descentralização do sistema de competências
legislativas e administrativas ambientais, visando ao fortalecimento da autonomia dos
entes federativos; (D) inconstitucional, porque invadiu competência legislativa do
Município para editar normas dispondo sobre assunto de interesse preponderantemente
local; (E) inconstitucional, porque invadiu competência legislativa geral da União e
violou o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Gabarito: E

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL E EIA-RIMA

Tema cobrado na oral da PGE-ES-2023-CESPE.

Julgados cobrados:

“ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. FRIGORÍFICO DEVIDAMENTE


LICENCIADO. RENOVAÇÃO DE LICENÇA DE OPERAÇÃO. IMPOSIÇÃO DE
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL. IMPRESCINDIBILIDADE DE EIA/RIMA.
SÚMULAS N. 283 E 284/STF. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DE FUNDAMENTO
SUFICIENTE. NECESSIDADE DE ENFRENTAMENTO DE DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS, LEGISLAÇÃO ESTADUAL E ATO DE NATUREZA
NORMATIVA. DESCABIMENTO. SÚMULA 280/STF. I - Na origem trata-se de ação
movida por pessoa jurídica de direito privado contra o Estado de Minas Gerais e o
Instituto Estadual de Florestas pleiteando, em suma, a anulação de ato administrativo
que lhe impôs o pagamento de compensação ambiental como condicionante para a
renovação de licença de operação de frigorífico, sem que se tenha previamente realizado
EIA/RIMA. II - O Tribunal a quo manteve a sentença de procedência dos pedidos. III -
A ausência de impugnação de fundamento suficiente para manter a decisão recorrida,
no tocante à ilegitimidade da imposição de compensação ambiental sem a prévia
@profalvaroveras

realização de EIA/RIMA, atrai a incidência, por analogia, dos óbices das Súmulas n. 283
e 284, ambas do STF. IV - Eventual análise da pretensão tal como postulado,
demandaria incursão em disposições constitucionais, legislação estadual e até mesmo ato
de natureza normativa, que não equivale à lei federal para o fim colimado. Incidência da
Súmula n. 280/STF. V - Tanto a legislação federal quanto a estadual dispõem ser
imprescindível a prévia existência de EIA/RIMA para a imposição da condicionante de
compensação ambiental, exigência que não pode se dar a puro e simples critério de
conveniência e oportunidade do órgão ambiental. VI - É dever da autoridade ambiental
estadual, nos casos em que o empreendimento seja potencialmente causador de
significativa degradação ambiental, exigir que o empreendedor realize o EIA/RIMA e, a
partir dele e se necessário, exigir eventual compensação ambiental, o que não ocorreu.
VII - Agravo conhecido para não conhecer do recurso especial. (AREsp n.
1.186.280/MG, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em
14/9/2021, DJe de 23/9/2021)”.

“O controle judicial do ato administrativo deve se limitar ao exame de sua


compatibilidade com as disposições legais e constitucionais que lhe são aplicáveis, sob
pena de restar configurada invasão indevida do Poder Judiciário na Administração
Pública, em flagrante ofensa ao princípio da separação dos Poderes” (RMS 27566/CE,
rel. para acórdão min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe de 22/2/2010).

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Um dos temas mais importantes, sem dúvidas, em Direito Ambiental!

De forma resumida e simples: é o processo administrativo pelo qual se tem que passar para
emitir a licença ambiental.

“o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos


utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental” (art. 2o, inciso I, LC 140/2011)

PECULIARIDADES DA LICENÇA AMBIENTAL: Não é como no Direito


Administrativo - em que, de forma geral, quando ela for emitida passa a integrar o patrimônio
jurídica do titular como direito adquirido(Paulo de Bessa Antunes, mencionado por Frederico
Amado).
@profalvaroveras

Fiorillo, mencionado por Frederico Amado: “podemos afirmar que a licença ambiental -
enquanto licença - deixa de ser um ato vinculado para ser um ato com discricionariedade sui
generis”.

LEI ESTADUAL E EMISSÃO DE LICENÇA CONDICIONADA À PRÉVIA


AUTORIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA?

Segundo entendimento do STF(ADI 1.505), é inconstitucional tal disposição da CE, uma vez
que a concessão de autorização para desenvolvimento de atividade potencialmente danosa ao
meio ambiente consubstancia ato do poder de polícia, de exclusividade nesse caso do Poder
Executivo.

CASOS EM QUE LICENÇA PODE SER SUSPENSA/CANCELADA OU


CONDICIONANTES SEREM MODIFICADAS:

Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os
condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença
expedida, quando ocorrer:

I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais;


II - omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da
licença;
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

LICENÇA PRÉVIA

Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando


sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos
básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação(Resolução 27/1997, CONAMA).
Prazo não pode ser superior a 5(cinco) anos.
Pode ser prorrogada - desde que respeite esse prazo máximo.

LICENÇA DE INSTALAÇÃO
Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especifi cações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.(Resolução
27/1997, CONAMA)
Prazo não pode ser superior a 6 anos.
@profalvaroveras

Pode ser prorrogada - desde que respeite esse prazo máximo.

LICENÇA DE OPERAÇÃO

Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo


cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Mínimo de 4 anos e máximo de 10 anos.
Obs: O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade específicos para a
Licença de Operação (LO) de empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e
peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores.

Sobre a renovação: o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão motivada,


aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da
atividade ou empreendimento no período de vigência anterior - respeitado o limite total dos
prazos.

PRAZO PARA ANALISAR AS POSTULAÇÕES de LP, LI e LO:

6 meses (art. 14, Resolução 237/1997-CONAMA)

Pode ser prorrogado para 12 meses: em caso de audiência pública ou EIA-RIMA

Suspensão do prazo durante elaboração dos estudos ambientais complementares ou


preparação de esclarecimentos pelo empreendedor

LC 140/2011.

Buscou trazer regras para disciplinar competências administrativas comuns entre União,
Estados, DF e Municípios, especialmente sobre o licenciamento ambiental.

Duas definições MUITO importantes que ela traz:

ATUAÇÃO SUPLETIVA: Ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo


originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar.
Art. 2o, II, LC 140/2011.

Aqui, existe uma SUBSTITUIÇÃO. Só o outro ente atua.


@profalvaroveras

ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA: Ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho


das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. Art. 2o, II, LC
140/2011

Aqui, existe um AUXÍLIO. Os dois entes atuam conjuntamente.

Recentemente(ADI 4757, de dezembro/2022), tal lei foi declarada CONSTITUCIONAL pelo


STF. Segundo a Corte:

“A Lei Complementar nº 140/2011, em face da intrincada teia normativa ambiental, aí


incluídos os correlatos deveres fundamentais de tutela, logrou equacionar o sistema
descentralizado de competências administrativas em matéria ambiental com os vetores
da uniformidade decisória e da racionalidade, valendo-se para tanto da cooperação
como superestrutura do diálogo interfederativo.”

Duas regras sofreram interpretação conforme a Constituição. Vamos a elas:

1) A regra do art. 14, parágrafo quarto, dispõe que:

“§ 4o A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima


de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva
licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão
ambiental competente.”

Ou seja: caso a licença ambiental fosse requerida com antecedência mínima de 120 dias antes
de expirar o seu prazo de validade, ela ficaria automaticamente prorrogada até que se
manifestasse o órgão ambiental.

O STF entendeu que essa norma foi insuficiente em frente aos deveres de tutela do meio
ambiente, já que não prevê nenhuma consequência para a omissão/mora motivada ou
desproporcional do órgão ambiental.

Segundo a Corte, então, deveria ser aplicado o art. 15, sobre a competência supletiva, que é a
resposta adequada do sistema dada quando inexiste órgão ambiente fiscalizador em
determinada região. Assim, mesmo resultado normativo deve incidir para a omissão ou mora
imotivada e desproporcional do órgão ambiental diante de pedido de renovação de licença
ambiental, disciplinado no referido § 4º do art. 14.
@profalvaroveras

Entendeu o STF então que:

“ao § 4º do art. 14 da Lei Complementar nº 140/2011 para estabelecer que a omissão ou


mora administrativa imotivada e desproporcional na manifestação definitiva sobre os
pedidos de renovação de licenças ambientais instaura a competência supletiva dos
demais entes federados nas ações administrativas de licenciamento e na autorização
ambiental, como previsto no art. 15”

2) O fato de se ter o licenciamento por um órgão não exclui o poder de fiscalização dos
demais. Nesse sentido, o art. 17 da LC 140/2011:

§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por
órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
(Vide ADI 4757)

Tal artigo sofreu interpretação conforme pelo STF na já mencionada ADI 4757:

“As potenciais omissões e falhas no exercício da atividade fiscalizatória do poder de


polícia ambiental por parte dos órgãos que integram o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA) não são irrelevantes e devem ser levadas em consideração para
constituição da regra de competência fiscalizatória. Diante das características concretas
que qualificam a maioria dos danos e ilícitos ambientais de impactos significativos,
mostra-se irrazoável e insuficiente regra que estabeleça competência estática do órgão
licenciador para a lavratura final do auto de infração. O critério da prevalência de auto
de infração do órgão licenciador prescrito no § 3º do art. 17 não oferece resposta aos
deveres fundamentais de proteção, nas situações de omissão ou falha da atuação daquele
órgão na atividade fiscalizatória e sancionatória, por insuficiência ou inadequação da
medida adotada para prevenir ou reparar situação de ilícito ou dano ambiental. 12. O
juízo de constitucionalidade não autoriza afirmação no sentido de que a escolha
legislativa é a melhor, por apresentar os melhores resultados em termos de gestão,
eficiência e efetividade ambiental, mas que está nos limites da moldura constitucional da
conformação decisória. Daí porque se exige dos poderes com funções precípuas
legislativas e normativas o permanente ajuste da legislação às particularidades e aos
conflitos sociais.”
@profalvaroveras

Assim, realizando tal interpretação conforme, entendeu o STF que: “ao § 3º do art. 17 da Lei
Complementar nº 140/2011, esclarecendo que a prevalência do auto de infração lavrado
pelo órgão originalmente competente para o licenciamento ou autorização ambiental não
exclui a atuação supletiva de outro ente federado, desde que comprovada omissão ou
insuficiência na tutela fiscalizatória.”

Ou seja: pode-se exigir uma atuação supletiva(de acordo com a LC 140/2011,”ação do ente da
Federação que se substitui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas
hipóteses definidas nesta Lei Complementar;”), quando exista omissão/insuficiência na tutela
fiscalizatória.

Cobrada na objetiva da PGM-Niteroi-2023 FGV.

O empreendedor Alfa atua no ramo de posto de combustível e a licença ambiental que


lhe autoriza a operação vence amanhã. Para não haver descontinuidade de suas
atividades, há cinco meses, o empreendedor Alfa requereu a renovação da licença ao
órgão municipal licenciador competente. De acordo com a Lei Complementar federal nº
140/2011 e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o pedido de renovação de
licença foi feito pelo empreendedor Alfa: (A) observado o prazo legal de antecedência
mínima de noventa dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na licença, e, caso
haja omissão ou mora administrativa imotivada e desproporcional na manifestação
definitiva sobre os pedidos de renovação da licença pelo órgão municipal licenciador, a
licença será automaticamente prorrogada, vedada a instauração de competência
supletiva de licenciamento ambiental; (B) observado o prazo legal de antecedência
mínima de cento e vinte dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na licença, e,
caso haja omissão ou mora administrativa imotivada e desproporcional na manifestação
definitiva sobre os pedidos de renovação da licença pelo órgão municipal licenciador,
instaurar-se-á a competência supletiva de licenciamento ambiental prevista na citada lei;
(C) observado o prazo legal de antecedência mínima de cento e vinte dias da expiração
de seu prazo de validade, fixado na licença, e, caso não haja decisão do órgão licenciador
municipal no prazo legal, a licença ficará automaticamente prorrogada até a
manifestação definitiva desse órgão ambiental, vedada a instauração de competência
supletiva de licenciamento ambiental; (D) inobservado o prazo legal de antecedência
mínima de cento e oitenta dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na licença,
e, caso não haja decisão do órgão licenciador municipal em prazo razoável, a licença
ficará automaticamente prorrogada até a manifestação definitiva desse órgão ambiental,
vedada a instauração de competência supletiva de licenciamento ambiental; (E)
inobservado o prazo legal de antecedência mínima de cento e oitenta dias da expiração
de seu prazo de validade, fixado na licença, e, caso haja omissão ou mora administrativa
@profalvaroveras

imotivada e desproporcional na manifestação definitiva sobre os pedidos de renovação


da licença pelo órgão municipal licenciador, instaurar-se-á a competência supletiva
estadual de licenciamento ambiental.
Gabarito: B

OUTRAS DECISÕES IMPORTANTES SOBRE LICENCIAMENTO:

→ CONSTITUIÇÃO ESTADUAL NÃO PODE SUPRIMIR A COMPETÊNCIA DO


MUNICÍPIO PARA LICENCIAR ATIVIDADES DE IMPACTO AMBIENTAL LOCAL

A Constituição do Estado do Ceará trouxe a seguinte disposição:

Art. 264. Qualquer obra ou atividade pública ou privada, para as quais a


Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, exigir Estudo de Impacto
Ambiental, deverá ter o parecer técnico apreciado pelo Conselho Estadual do Meio
Ambiente – COEMA, com a publicação da resolução, aprovada ou não, publicada no
Diário Oficial do Estado.

O MDB (partido político) ajuizou ADI contra tal dispositivo. Segundo o relatório do julgado,
alegou-se que tal dispositivo, ao impor a anuência de órgãos estaduais para o licenciamento
ambiental, violou o princípio federativo e a autonomia municipal. Narrou, ainda, que o
Governo do Estado do Ceará, por meio de seus órgãos administrativos dotados de
competência ambiental e com fundamento no dispositivo impugnado, impôs ao Município de
Fortaleza a assinatura de convênio de cooperação técnica e administrativa para licenciamento
e fiscalização de atividades que tenham impacto ambiental local, sujeitando-o às normas de
caráter estadual.

Segundo a Corte, no tema 145/STF, o Município é competente para legislar sobre o meio
ambiente no limite do seu interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a
disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c 30, I e II, da CF)

No caso, então, o dispositivo deve ser aplicado apenas para as atividades que devem ser
licenciadas pelo Estado - e não de competência do Município. Cabe aos municípios promover
o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos possam causar impacto
ambiental de âmbito local.

Assim, julgou-se o pedido procedente, dando-se interpretação conforme, a fim de resguardar


a competência municipal para o licenciamento de atividades e empreendimentos de impacto
local.
@profalvaroveras

Firmou-se a seguinte tese de julgamento:

“É inconstitucional interpretação do art. 264 da Constituição do Estado do Ceará de


que decorra a supressão da competência dos Municípios para regular e executar o
licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos de impacto local”.

ADI 2142/CE, julgado em 27/06/2022

CONCESSÃO AUTOMÁTICA DE LICENÇA AMBIENTAL E


INCONSTITUCIONALIDADE

A Lei 11.598/2017 criou a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização


de Empresas e Negócios (REDESIM).

Dentre outras previsões, estabeleceu o seguinte:

“Art. 6º Sem prejuízo do disposto no inciso I do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de


2019, nos casos em que o grau de risco da atividade seja considerado médio, na forma
prevista no art. 5º-A, o alvará de funcionamento e as licenças serão emitidos
automaticamente, sem análise humana, por intermédio de sistema responsável pela
integração dos órgãos e das entidades de registro, nos termos estabelecidos em resolução
do Comitê Gestor da Redesim.

Ou seja: em determinados casos que se classificava a atividade como de risco médio,


emitia-se de forma automática, sem análise, a licença ambiental.

O PSB ajuizou ADI em face de tal dispositivo.

De acordo com entendimento do STF:

“a simplificação do procedimento para obtenção de licenças às atividades de risco médio


pelo argumento da desburocratização e desenvolvimento econômico, configura
retrocesso inconstitucional, afastando os princípios da prevenção e da precaução
ambiental.”

Ressaltou-se, ainda, que a dispensa de licenciamento ambiental é possível apenas após o


estudo de cada caso, devendo se dar decisão tecnicamente fundamentada do órgão ambiental,
havendo de se comprovar que a atividade específica não é potencial nem efetivamente
poluidora, nem agressiva ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
@profalvaroveras

Tal norma previu, ainda, que a vedação da coleta adicional pelos órgãos competentes à
realizada pelo sistema responsável pela integração para a emissão das licenças e alvarás para o
funcionamento do empresário ou da pessoa jurídica, sejam essas licenças ambientais ou não

De acordo com a Corte, tal vedação de se pedir dados adicionais pelos órgãos competentes
não tem fundamento constitucional válido, em especial quando se tratar de licenciamentos
ambientais. Retira-se, então, do órgão responsável, no momento da concessão da licença ou
alvará, se se mostrar necessário, a coleta de dados ou documentos que comprovem a
regularidade da empresa.

Assim, entende o STF que são inconstitucionais as normas no que tange às licenças
ambientais:

a) simplificação da obtenção de licença ambiental no sistema responsável pela integração


(Redesim) para atividade econômica de risco médio;
b) vedação da coleta adicional de informações pelo órgão responsável à realizada no
sistema Redesim para a emissão das licenças e alvarás para o funcionamento do
empresário ou da pessoa jurídica, referentes a empreendimentos com impactos
ambientais.

Julgou-se, então, o pedido parcialmente procedente para dar conforme à Constituição ao art.
6º-A e ao inc. III do art. 11-A da Lei n. 14.195/2021 no sentido de excluir a aplicação desses
dispositivos às licenças em matéria ambiental.

CRIAÇÃO DE MODALIDADE SIMPLIFICADA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Lei Estadual de Rondônia, dentre outros aspectos, criou uma modalidade simplificada de
licenciamento ambiental para atividade garimpeira. Veja-se:

Art. 3º. O Licenciamento Ambiental para Atividade de Lavra Garimpeira far-se-á por
meio de Licença de Operação Direta, a ser expedida pela Fundação Estadual do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos - FEMARH, devendo ser apresentado estudo ambiental
para análise técnica, conforme Termo de Referência constante no Anexo II desta Lei e
que dela é parte integrante.

Ajuizou-se ADI em face de tal previsão alegando inconstitucionalidade formal e


material(ofensa aos princípios da precaução, direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, dentre outras ofensas).
@profalvaroveras

De acordo com o STF, a competência legislativa concorrente cria o denominado “condomínio


legislativo” entre a União e os Estados-Membros, cabendo à primeira a edição de normas
gerais sobre as matérias elencadas no art. 24 da Constituição Federal; e aos segundos o
exercício da competência complementar – quando já existente norma geral a disciplinar
determinada matéria (CF, art. 24, § 2º) – e da competência legislativa plena (supletiva) –
quando inexistente norma federal a estabelecer normatização de caráter geral (CF, art. 24, §
3º).

Assim, a possibilidade de complementação da legislação federal para o atendimento de


interesse regional (art. 24, § 2º, da CF) não permite que Estado-Membro simplifique o
licenciamento ambiental para atividades de lavra garimpeira, esvaziando o procedimento
previsto em legislação nacional.

Salienta-se que compete privativamente à União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos
minerais e metalurgia (art. 22, XII, da CF).

Assim, é inconstitucional norma estadual que, a pretexto de regulamentar licenciamento


ambiental, regulamenta aspectos da própria atividade de lavra garimpeira.

ADI 6672, julgada em 14/09/2021

No mesmo sentido, em Santa Catarina, também se criou hipóteses de dispensa/licenciamento


simplificado ambiental em caso de atividades de lavra a céu aberto.

De acordo com a Corte, tal norma é inconstitucional, por esvaziar o procedimento de


licenciamento ambiental estabelecido na legislação nacional, em ofensa ao art. 24 da
Constituição da República.

Aduziu, ainda, que o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual


que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de
mineração afronta o caput do art. 225 da Constituição da República por inobservar o princípio
da prevenção.

ADI 6650/SC, julgada em 26/4/2021

DISPENSA DE LICENCIAMENTO PARA DETERMINADAS ATIVIDADES POR


CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
@profalvaroveras

Outro caso semelhante: Estado do MT criou lei que dispensou EIA-RIMA/licenciamento para
obras hidrelétricas que tinham potencial de 10 a 30MW e que tivessem determinada extensão
de área inundada.

Segundo o STF,

“o afastamento do licenciamento de atividades potencialmente poluidoras afronta o art.


225 da Constituição da República. Empreendimentos e atividades econômicas apenas
serão considerados lícitos e constitucionais quando subordinados à regra de proteção
ambiental. A atuação normativa estadual flexibilizadora caracteriza violação do direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e afronta a obrigatoriedade
da intervenção do Poder Público em matéria ambiental. Inobservância dos princípios da
proibição de retrocesso em matéria socioambiental, da prevenção e da precaução.
Inconstitucionalidade material caracterizada” ADI 4529/MT

Outro caso importante:

→É inconstitucional norma estadual que institui a obrigatoriedade de licenciamento


ambiental para a instalação de Rede de Transmissão de Sistemas de Telefonia e de
Estações Rádio Base (ERBs) e Equipamentos de Telefonia sem Fio em seu território
local.

Essa norma viola a competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (art.
22, IV, da CF/88) e a competência exclusiva da União para explorar esses serviços (art. 21,
XI).
Ainda que sob a justificativa de proteger, defender e conservar o meio ambiente local e seus
recursos naturais, a lei estadual impugnada, ao criar uma obrigação às empresas prestadoras
de serviços de telecomunicações e estipular critérios para a instalação de infraestruturas a ele
relacionadas, invadiu a competência da União para dispor sobre a matéria e interferiu
diretamente na relação contratual formalizada entre o Poder concedente e as concessionárias.
STF. Plenário. ADI 7.321/AL, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/6/2023 (Info 1097).
Fonte: Buscador Dizer o Direito.

COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL:

Tema MUITO importante!!

a) critério da dimensão do impacto do dano(impacto local - Município; impacto regional -


Estados/DF; impacto nacional - União);
b) critério da dominialidade do bem afetável (a depender de quem é o bem em que vai ser
realizada a atividade);
@profalvaroveras

c) Critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação, exceto em APAS.


Ou seja: se foi o Estado do Ceará que institui uma unidade de conservação, nesse território é
ele que vai licenciar as atividades;

AS MAIS IMPORTANTES PARA SABER:

Competência municipal
1) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
2) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental (APAs);

Competência estadual
Critério residual

Competência federal
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona
econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;

E no caso das APAs, quem licencia?

Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos


utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, e para autorização de supressão e
manejo de vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação
não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável pelo licenciamento e autorização
a que se refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas a, b, e, f e
h do inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea a do inciso XIV do art. 9o.”
@profalvaroveras

Não observa, então, o critério do ente federativo instituir da UC.

Será da União quando:

Art. 7o São ações administrativas da União:a) localizados ou desenvolvidos


conjuntamente no Brasil e em país limítrofeb) localizados ou desenvolvidos no mar
territorial, na plataformacontinental ou na zona econômica exclusivae) localizados ou
desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estadof) de caráter militar, excetuando-se do
licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no
preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97,
de 9 de junho de 1999h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo,
a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de
um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.

Será do Estado de forma residual.

Será do Município quando:

“Art. 9o São ações administrativas dos Municípios: (…).XIV – observadas as atribuições


dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o
licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:a) que causem ou possam
causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade”.

COMPETÊNCIA SUPLETIVA/SUBSIDIÁRIA

Supletiva: Aqui existe uma substituição. Só o ente que vai substituir atua. Ocorre quando não
existem órgãos capacitados no ente que é o detentor da competência.

Competência do Estado: Quando não existe no Estado/DF - competência da União;


Competência do Município: Quando não existe no Município, mas existe no Estado/DF -
competência do Estado/DF
Competência do Município - Quando não existe no Município e nem no Estado/DF -
competência da União.

Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações
administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
@profalvaroveras

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou


no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou
distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município,
o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e
no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em
um daqueles entes federativos.

SUBSIDIÁRIA:

Ocorre quando um ente, que é o competente para licenciar, solicita a ajuda de outro.

Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de
apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de
cooperação.
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente
detentor da atribuição nos termos desta Lei Complementar.

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES DA LC 140/2011 PARA ESTUDAR:

Art. 2o
Art. 7o, inciso XIV (com destaque para os casos de licenciamento da União que já destaquei)
e parágrafo ùnico
Art. 8o, inciso XIV, XV, XVI
Art. 9o, inciso XIV, XV
Art. 12
Art. 13
Art. 14
Art. 15
Art. 17

Obs: lembrar da interpretação conforme que eu falei que foi feita na ADI 4757 do art.
14, parágrafo quarto, da LC 140/2011.

“ao § 4º do art. 14 da Lei Complementar nº 140/2011 para estabelecer que a omissão ou


mora administrativa imotivada e desproporcional na manifestação definitiva sobre os pedidos
de renovação de licenças ambientais instaura a competência supletiva dos demais entes
federados nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, como
previsto no art. 15”
@profalvaroveras

ESPAÇOS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

Previsão constitucional:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção; (Regulamento)

Observação importante: ALTERAÇÃO/SUPRESSÃO apenas através de LEI!!!

Se for para aumentar - não precisa. Se for para alterar mantendo o que já estava protegido, aí
não precisa de lei.

Pode-se instituir um espaço ambiental por lei ou mesmo por via decreto. Nesse sentido, o
STF:

“EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. MEIO AMBIENTE. DEFESA.


ATRIBUIÇÃO CONFERIDA AO PODER PÚBLICO. ARTIGO 225, § 1º, III, CB/88.
DELIMITAÇÃO DOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS. VALIDADE DO
DECRETO. SEGURANÇA DENEGADA. 1. A Constituição do Brasil atribui ao Poder
Público e à coletividade o dever de defender um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. [CB/88, art. 225, §1º, III]. 2. A delimitação dos espaços territoriais
protegidos pode ser feita por decreto ou por lei, sendo esta imprescindível apenas
quando se trate de alteração ou supressão desses espaços. Precedentes. Segurança
denegada para manter os efeitos do decreto do Presidente da República, de 23 de março
de 2006.” (MS 26.064)

Mesmo que o espaço protegido seja instituído por meio de decreto, sua alteração diminuindo
algum espaço protegido/supressão somente vai se dar por lei.
@profalvaroveras

Sobre medida provisória, lembrando entendimento importante do STF - no sentido de que elas
não podem veicular norma que alterem espaços territoriais especialmente protegidos para
diminuí-los:

As medidas provisórias não podem veicular norma que altere espaços territoriais
especialmente protegidos, sob pena de ofensa ao art. 225, inc. III, da Constituição da
República. 4. As alterações promovidas pela Lei n. 12.678/2012 importaram diminuição
da proteção dos ecossistemas abrangidos pelas unidades de conservação por ela
atingidas, acarretando ofensa ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental,
pois atingiram o núcleo essencial do direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da Constituição da República. 5. Ação
direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nessa parte, julgada
procedente, sem pronúncia de nulidade.
(ADI 4717, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-031 DIVULG 14-02-2019 PUBLIC 15-02-2019)

APP

Previsão no Código Florestal.

Definição legal: MUITO cobrada

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por


vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem,
a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

Como ocorre a sua instituição?

Pode-se ter:
a) pela lei;
b) por decreto do Poder Executivo;
c) resoluções do CONAMA - importantes entendimentos do STF sobre revogação.

A) POR LEI:
Imposição legal do art. 4o - incidência ex lege - independente de alguma adoção de ação pela
Administração Pública.
@profalvaroveras

São consideradas limitações administrativas - ausência de direito como regra a ser indenizado,
a não ser que comprovem prejuízo - REsp 1.233.257 (Frederico Amado, Direito Ambiental
Esquematizado)

Obs: atenção à ADC 42 e ADI 4903 - fonte(Buscador Dizer o Direito):

O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu:


1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações
necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;
2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se
condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública,
à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta;
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV,
para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água
intermitentes configuram área de preservação permanente;
4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas
no art. 3º, parágrafo único;
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir
compensação apenas entre áreas com identidade ecológica;
6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a
afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas
de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos
ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes,
aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o
qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão
punitiva”.
Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais.
STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF,
Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 28/2/2018 (Info 892).

B) APPs do art. 6o

Possível que Poder Público, por meio das entidades políticas, instituam novas áreas de APP.
Bem específico nos casos (obs: dificilmente são cobradas em concurso tais hipóteses)

Agora, cria-se por meio de decreto do Prefeito, Governador e Presidente nos casos
especificados do art. 6o do Código Florestal
Fonte: Frederico Amado, Direito Ambiental Esquematizado
@profalvaroveras

C) Resoluções do CONAMA: principalmente 302/2002 e 303/2002 - estabeleciam critérios


também para APPs. Discutia-se muito se seria possível, com o Código Florestal, que tais
normas também fossem consideradas para instituírem APPs. O que aconteceu: o Poder
Executivo decidiu revogar tais normas. Ingressaram com ADI em face de tal revogação e o
STF entendeu pela inconstitucionalidade de tal revogação:

A revogação das Resoluções nºs 302/2002 e 303/2002 distancia-se dos objetivos definidos
no art. 225 da CF, baliza material da atividade normativa do CONAMA. Aparente
estado de anomia e descontrole regulatório, a configurar material retrocesso no tocante à
satisfação do dever de proteger e preservar o equilíbrio do meio ambiente, incompatível
com a ordem constitucional e o princípio da precaução. Precedentes. Aparente
retrocesso na proteção e defesa dos direitos fundamentais à vida (art. 5º, caput, da CF), à
saúde (art. 6º da CF) e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, caput, da
CF). Fumus boni juris demonstrado. 3. Elevado risco de degradação de ecossistemas
essenciais à preservação da vida sadia, comprometimento da integridade de processos
ecológicos essenciais e perda de biodiversidade, a evidenciar o periculum in mora. 4.
Liminar deferida, ad referendum do Plenário, para suspender os efeitos da Resolução
CONAMA nº 500/2020, com a imediata restauração da vigência e eficácia das
Resoluções CONAMA nºs 284/2001, 302/2002 e 303/2002. 5. Medida liminar
referendada. (ADPF 747 MC-Ref, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado
em 30/11/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-289 DIVULG 09-12-2020 PUBLIC
10-12-2020)

Argumentou-se, precisamente, retrocesso na proteção ambiental e que a atividade normativa


do CONAMA era regular.

SOBRE REGIME DE PROTEÇÃO:

Do Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente


Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida
pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado.
§ 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação
Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado
a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos
nesta Lei.
§ 2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso
de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
@profalvaroveras

§ 3º No caso de supressão não autorizada de vegetação realizada após 22 de julho de


2008, é vedada a concessão de novas autorizações de supressão de vegetação enquanto
não cumpridas as obrigações previstas no § 1º . (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide
ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902)

Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação


Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou
de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
§ 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente
poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
§ 2º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação
Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4º poderá ser autorizada,
excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja
comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em
projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas
ocupadas por população de baixa renda. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903)
§ 3º É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em
caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa
civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções
ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei.
Art. 9º É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente
para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental.

Artigos MUITO importantes!!

Não se pode como regra retirar a vegetação.


Parágrafo 1o e 2o do art. 7º - regime real para recompor - obrigação propter em;

Art. 8o - casos em que autorizada a retirada de vegetação:

UTILIDADE PÚBLICA
INTERESSE SOCIAL
BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Isso é MUITO cobrado!

Lembrar da decisão do STF na ADC 42, como já falado:


@profalvaroveras

(a) Art. 3º, inciso VIII, alínea ‘ b’, e inciso IX (Alargamento das hipóteses que
configuram interesse social e utilidade pública): As hipóteses de intervenção em áreas de
preservação permanente por utilidade pública e interesse social devem ser legítimas e
razoáveis para compatibilizar a proteção ambiental com o atendimento a outros valores
constitucionais, a saber: prestação de serviços públicos (art. 6º e 175 da CRFB); políticas
agrícola (art. 187 da CRFB) e de desenvolvimento urbano (art. 182 da CRFB); proteção
de pequenos produtores rurais, famílias de baixa renda e comunidades tradicionais; o
incentivo ao esporte (art. 217 da CRFB), à cultura (art. 215 da CRFB) e à pesquisa
científica (art. 218 da CRFB); e o saneamento básico (artigos 21, XX, e 23, IX, da
CRFB). O regime de proteção das áreas de preservação permanente (APPs) apenas se
justifica se as intervenções forem excepcionais, na hipótese de inexistência de alternativa
técnica e/ou locacional. No entanto, o art. 3º, inciso IX, alínea g, limitou-se a mencionar a
necessidade de comprovação de alternativa técnica e/ou locacional em caráter residual,
sem exigir essa circunstância como regra geral para todas as hipóteses. Essa omissão
acaba por autorizar interpretações equivocadas segundo as quais a intervenção em áreas
de preservação permanente é regra, e não exceção. Ademais, não há justificativa
razoável para se permitir intervenção em APPs para fins de gestão de resíduos e de
realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, sob pena de
subversão da prioridade constitucional concedida ao meio ambiente em relação aos
demais bens jurídicos envolvidos nos dispositivos respectivos; CONCLUSÃO : (i)
interpretação conforme à Constituição aos incisos VIII e IX do artigo 3º da Lei n.
12.651/2012, de modo a se condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse
social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à
atividade proposta, e (ii) declaração de inconstitucionalidade das expressões “gestão de
resíduos” e “instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais,
nacionais ou internacionais”, do artigo 3º, VIII, b, da Lei n. 12.651/2012;

Ou seja - entendeu o STF nesse caso que:

a) é inconstitucional intervir em APP para fins de gestão de resíduos e para realização de


competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, sob pena de subversão da
prioridade constitucional concedida ao meio ambiente em relação aos demais bens
jurídicos envolvidos nos dispositivos respectivo;
B) deve-se dar interpretação conforme no caso de intervenção em razão de utilidade
pública e interesse social para que somente sejam possíveis elas em caso de inexistência
de alternativa técnica e/ou vocacional à atividade proposta.

Tema cobrado na discursiva da PGE-CE-2022-CESPE!

Decisão recente nova e interessante sobre o tema (Fonte: Buscador Dizer o Direito)
@profalvaroveras

É inconstitucional lei estadual que legitime ocupações em solo urbano de área de


preservação permanente (APP) fora das situações previstas em normas gerais editadas
pela União

Os arts. 2º, III; 3º, II, “c”; e 17, da Lei nº 20.922/2013, do Estado de Minas Gerais,
ampliaram os casos de ocupação antrópica em áreas de preservação permanente previstos na
norma federal vigente à época (no caso, a Lei nº 11.977/2009, revogada pela Lei nº
13.465/2017).Com isso, essa lei estadual, além de estar em descompasso com o conjunto
normativo elaborado pela União, flexibilizou a proteção ao meio ambiente local, tornando-o
mais propenso a sofrer danos.A legislação mineira, ao flexibilizar os casos de ocupação
antrópica em áreas de Preservação Permanente, invadiu a competência da União, que já
havia editado norma que tratava da regularização e ocupação fundiária em APPs.STF.
Plenário. ADI 5675/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2021 (Info
1042).

ÁREA DE RESERVA LEGAL

Definição legal: Código Florestal

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo
sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação
dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o
abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;

Obs: apenas incidem reservas legais em áreas RURAIS! Isso é bastante cobrado.

Obs2: Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei
municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de Reserva Legal,
que só será extinta concomitantemente ao registro do parcelamento do solo para fins urbanos
aprovado segundo a legislação específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que
trata o § 1º do art. 182 da Constituição Federal.
Também se caracteriza como limitação administrativa - não gerando, como regra, direito à
indenização. (STJ, Resp 1.240.122)

PERCENTUAIS DE RESERVA LEGAL


Art. 12, I e II:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
@profalvaroveras

b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;


c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).

OBRIGAÇÃO PROPTER REM DE REFLORESTAR

Deveres associados às APPS e à Reserva legal têm natureza de obrigação propter em, ou seja,
aderem ao título de domínio ou de posse (Resp. 948.921)

COMPENSAÇÃO ENTRE ÁREAS E NECESSIDADE DE IDENTIDADE


IDEOLÓGICA

Buscador Dizer o Direito sobre a ADC 42:

interpretação conforme do art. 48, parágrafo segundo - deve-se dar interpretação conforme
a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas entre áreas com
identidade ecológica.

Veja o que diz a Lei:

Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa
jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo
adquirente.
(...)
§ 2º A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no
mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.

CRA é a sigla para Cota de Reserva Ambiental.


A compensação da Reserva Legal é um mecanismo previsto no Código Florestal segundo o
qual o proprietário ou possuidor que não estiver cumprindo os percentuais de Reserva Legal
em sua propriedade poderá regularizar a situação adquirindo (comprando) CRAs.
Quem tem uma propriedade que cumpre os percentuais de Reserva Legal e possui vegetação
excedente (“a mais” do que exige a lei) pode emitir CRA e quem tem déficit de Reserva Legal
pode compensá-lo comprando CRA.
Nesse sentido:
http://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/decisao-do-stf-sobre-o-novo-codigo-fl
orestal-enfraquece-a-cota-de-reserva-ambiental/.

O novo Código Florestal adotou o critério do bioma para fins de compensação da Reserva
Legal. Assim, o § 2º do art. 48 previu que a CRA pode ser utilizada para compensar Reserva
Legal de imóvel situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. Em outras
@profalvaroveras

palavras, o proprietário que quiser adquirir CRA deverá comprar de imóveis rurais situados
no “mesmo bioma”.
O STF entendeu que a aquisição de uma área no mesmo bioma é insuficiente como
mecanismo de compensação. Isso porque pode acontecer de, dentro de um mesmo bioma,
existir uma alta heterogeneidade de formações vegetais. Assim, pela redação legal, o
proprietário poderia, dentro de um mesmo bioma, “compensar” áreas com formações
vegetais completamente diferentes, já que, como dito, existe essa grande heterogeneidade.
Desse modo, o STF acolheu os argumentos técnicos no sentido de que as compensações
devem ser realizadas somente em áreas ecologicamente equivalentes, considerando-se não
apenas o mesmo bioma, mas também as diferenças de composição de espécies e estrutura dos
ecossistemas que ocorrem dentro de cada bioma.
Em outras palavras, não basta que a área seja do mesmo bioma, é necessário também que
haja identidade ecológica entre elas.

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Aqui, MUITO importante a leitura da lei. Saber o que é ou não de domínio público, o que
permite ingresso de pessoas, etc etc. Vou colocar aqui um resumo principal sobre o que eu,
particularmente, focava.

ÓRGÃOS DO SNUC E ATRIBUIÇÕES

MUITO importante saber!

Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama,
com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o
Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os
órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007)
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama,
unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a
peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser
satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas
características permitam, em relação a estas, uma clara distinção.
@profalvaroveras

Lembrar a distinção:

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Objetivo básico: preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos
naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. (Art. 7o, parágrafo primeiro)

Muito importante saber os grupos das unidades de Proteção Integral:

Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes


categorias de unidade de conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III - Parque Nacional;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.

As que são de posse e domínio público, desapropriando as áreas particulares incluídas:


Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional

Podem ser constituídas por áreas particulares, caso se compatibilizem os objetivos:


Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre

Proibição de visita pública, exceto com objetivos educacionais: Estação Ecológica, Reserva
Biológica

Visitação pública permitida, desde está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano
de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração,
e àquelas previstas em regulamento: Parque Nacional, Monumento Natural, Refúgio de Vida
Silvestre

DE USO SUSTENTÁVEL

Objetivo básico: § 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a


conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
@profalvaroveras

I - Área de Proteção Ambiental;


II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
III - Floresta Nacional;
IV - Reserva Extrativista;
V - Reserva de Fauna;
VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Obs: Importante saber também a definição de cada uma dessas unidades de conservação - isso
é bastante cobrado!

SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO

Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do ecossistema,
integram os limites das unidades de conservação. (Regulamento)

ZONA DE AMORTECIMENTO

Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva


Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando
conveniente, corredores ecológicos.(Regulamento)
§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas
regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos
corredores ecológicos de uma unidade de conservação.
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas
normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou
posteriormente.

MOSAICO

Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias


diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas
públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de
forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de
conservação, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da
sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.(Regulamento)
Parágrafo único. O regulamento desta Lei disporá sobre a forma de gestão integrada do
conjunto das unidades.
@profalvaroveras

PLANO DE MANEJO

Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo.


(Regulamento)
§ 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de
amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua
integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.
§ 2o Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas
Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção
Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse
Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente.
§ 3o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de
cinco anos a partir da data de sua criação.

O que se tem de jurisprudência importante (Fonte: Buscador Dizer o Direito):

A proprietária de uma pousada que existia no momento da criação do Parque Nacional


de Jericoacoara deve ser indenizada porque isso representou uma desapropriação

A transformação da área loteada por pousada no Parque Nacional de Jericoacoara se deu


por desapropriação e gera o dever do Estado de indenizar a proprietária do imóvel.Como
regra, a criação de Parque Nacional (arts. 8º e 11 da Lei 9.985/2000), importa
desapropriação indireta, considerando a transferência da propriedade do imóvel para o
expropriante, sendo reconhecido o direito à justa indenização.O § 1º do art. 1º da Lei nº
9.985/2000 assevera que “O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as
áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que
dispõe a lei”.Vale ressaltar, contudo, que o pagamento da indenização permitirá a afetação
do bem (pousada) ao domínio público, com todos os consectários decorrentes de tal ato,
como a translação do domínio no competente registro imobiliário.STJ. 1ª Turma.REsp
1.340.335-CE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/4/2023 (Info 772).

É inconstitucional a redução de unidade de conservação por meio de MP

É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos,


como é o caso das unidades de conservação, por meio de medida provisória. Isso viola o art.
225, § 1º, III, da CF/88.Assim, a redução ou supressão de unidade de conservação somente é
permitida mediante lei em sentido formal.A medida provisória possui força de lei, mas o art.
225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito.A proteção ao meio ambiente é um limite
material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do
@profalvaroveras

elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).

A qualificação de imóvel como estação ecológica limita o direito de propriedade, o que


afasta a incidência do IPTU.

A inclusão do imóvel do particular em Estação Ecológica representa uma evidente limitação


administrativa imposta pelo Estado, ocasionando o esvaziamento completo dos atributos
inerentes à propriedade,retirando-lhe o domínio útil do imóvel.
Além disso, o art. 49 da Lei nº 9.985/2000 estabelece que a área de unidade de conservação
de proteção integral é considerada zona rural para efeitos legais, motivo pelo qual não incide
IPTU, mas sim ITR,sendo este último tributo de competência tributária exclusiva da União.
STJ. 2ª Turma. REsp 1695340-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
17/09/2019 (Info 657).

O ART. 36 DA LEI 9.985/2000

O art. 36 da Lei n.º 9.985/2000 dispõe que

“Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto


ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em
estudo de impacto ambiental e respectivo relatório — EIA/RIMA, o empreendedor é
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de
Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.”

a) Qual princípio ambiental entende o STF que esse dispositivo materializa?

b) Natureza jurídica da compensação ambiental;

c) Parâmetros para a definição do quantum pago a título de compensação ambiental;

d) Danos ambientais abrangidos pela compensação;

e) Possibilidade de responsabilização civil posterior por dano ambiental que foi objeto de
compensação nos termos do art. 36 da Lei n. 9985/00.

Trata-se de tema cobrado na discursiva da PGE-AM-2016.


@profalvaroveras

De início, é preciso destacar que a Constituição Federal de 1988, no art.225 caput, impôs ao
Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações.

Ocorre que não é novidade que numerosos empreendimentos, em suas diversas etapas e fases,
acabam por muitas vezes atingirem de maneira prejudicial o meio ambiente.

Foi justamente no contexto de danos ambientais potencialmente irreversíveis que surgiu a


figura da compensação ambiental.

Assim, a compensação ambiental possui a finalidade de contrabalançar os impactos


ambientais previstos no licenciamento ambiental de determinado empreendimento causador
de degradação não mitigável. Em resumo, é um valor compensatório a ser pago em
decorrência de uma atividade que possua potencial de lesar, de maneira irreversível, o meio
ambiente.

Percebe-se, então, que a compensação possui origem na função socioambiental da


propriedade e será devida sempre que o uso da propriedade puder ultrapassar um determinado
limite, causando um impacto ambiental significativo e prejudicando o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado.

Diante de tal conceito, surgiu a discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a natureza


jurídica da compensação ambiental.

Primeiramente, surgiu o argumento de que seria um preço público, todavia, a compensação


ambiental não detém a finalidade de cobrança pelo uso de um bem público, pois o meio
ambiente não é um bem do Poder Público, mas sim um bem de uso comum do povo e um
direito fundamental de todos, cujo uso/degradação gera uma obrigação de reparação e
recuperação.

Outro argumento que ganhou destaque foi no sentido de reconhecer a natureza tributária do
instituto, mais precisamente da espécie taxa. Contudo, o valor atinente a compensação
ambiental não se confunde com a taxa cobrada pelo licenciamento ambiental, tendo em vista
que o licenciamento advém do exercício regular do poder de polícia, enquanto que a
compensação se compõe de uma forma de reparação de danos a que está sujeito o
empreendedor, independentemente, de uma atividade ou contraprestação exercida pelo Poder
Público.
Por fim, o entendimento mais aceito na doutrina e na jurisprudência é no sentido de que a
compensação ambiental possui natureza jurídica de obrigação econômica de reparação pelo
uso do meio ambiente.
@profalvaroveras

O próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3378/DF, reconheceu que o


citado instrumento ambiental é um reflexo do princípio do usuário-pagador, tendo em vista
que os recursos ambientais são bens da coletividade e seu respectivo uso exige uma
contrapartida financeira. Esse aspecto é muito cobrado em concursos públicos.

É interessante destacar que o citado princípio possui não só um caráter repressivo/reparatório,


mas também preventivo, pois legitima a cobrança de uma compensação desde a origem do
empreendimento, que será calculada de forma justa pelo respectivo órgão ambiental.

Com isso, as principais funções da compensação não se resumem a reparação dos danos
causados, com foco no passado e na responsabilidade civil, mas também objetivam a
prevenção de danos graves e, por vezes, irreversíveis, orientada para o futuro.

A título de curiosidade, alguns doutrinadores entendem que o princípio do poluidor-pagador


está contido no princípio do usuário-pagador, o que também autorizaria afirmar que a
compensação ambiental seria uma conseqüência daquele primeiro princípio, todavia, o STF se
ateve unicamente a fundamentar seu julgado no principio do usuário-pagador.

Obs: isso gera alguma divergência também em questões de concursos públicos - pois, por
vezes, as bancas apenas colocam o princípio do poluidor Em nossa opinião,

Desse modo, em provas, pode aparecer também que esse artigo concretiza o princípio do
poluidor-pagador(em nossa opinião, o mais correto seria usuário-pagador, uma vez que revela
a visão do STF).

Abordando a Lei 9.985/2000(SNUC), vejamos a compensação ambiental estabelecida na


redação do artigo 36:

Art. 36.Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo


impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com
fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, o
empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de
conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no
regulamento desta Lei.(Regulamento)
§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não
pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo
com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº
3.378-6, de 2008)
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem
beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o
@profalvaroveras

empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de


conservação.
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de
amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser
concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a
unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser
uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo.
§ 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse
público, ser cumprida em unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo
de Uso Sustentável, especialmente as localizadas na Amazônia Legal. (Incluído pela Lei
nº 13.668, de 2018)

Destaca-se a alteração inclusa em 2018 no parágrafo quarto, estabelecendo a possibilidade de


a compensação ser cumprida também em unidades de conservação de Uso Sustentável, caso
sejam de posse e domínio.

Além disso, observa-se que a dimensão do dano ambiental da atividade deverá ser calculada
pelo respectivo EIA/RIMA que, em conjunto com o licenciamento, fundamentará a fixação do
valor a ser pago pelo empreendedor.

Assim, o parâmetro do quantum devido será avaliado, caso a caso, pelo órgão licenciador nos
limites previstos no estudo técnico da obra/atividade, sendo inconstitucional qualquer
tentativa de antever esse montante, conforme destaca o STF ao afastar a constitucionalidade
da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento”, prevista no art. 36, §1º, da Lei 9.985/2000. É esse, então,
um outro aspecto muito cobrado em concurso!

Para consolidação dessa matéria tão importante em Direito Ambiental, é necessário ler com
atenção a jurisprudência do STF referente à ADI 3378/DF:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA


LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA
COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE
SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE
PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental de que
trata o art. 36 da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido
a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de
conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da separação dos
Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor
deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da
compensação, de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no
@profalvaroveras

relatório – EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio


usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da
responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4.
Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se
revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as
presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade
constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam
de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade
da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor da
compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto
ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa.
Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação
parcialmente procedente.
(STF – ADI: 3378 DF, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento: 09/04/2008,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008
EMENT VOL-02324-02 PP-00242)

E caso, posteriormente ao início da atividade, constatem-se novos danos? É possível a


responsabilização do empreendedor?

Sim! Entende-se que a compensação ambiental é um ponto de partida em relação à análise dos
danos causados, pois, posteriormente ao início da atividade, existirão possivelmente outros
impactos ambientais não previstos no EIA/RIMA, o que não excluirá a responsabilidade
objetiva do usuário/empreendedor, tendo em vista que vigora no Direito Ambiental a teoria do
risco integral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
– AMADO, Frederico. DIREITO AMBIENTAL, Sinopses para Concursos.7ª ed –
Salvador/BA: Juspodivm, 2019, p. 60-67.
– CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O erro na concessão de licença ambiental não
configura fato de terceiro capaz de interromper o nexo causal na reparação por lesão ao meio
ambiente. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ad8d3a0a0f0a084a97fad3
57c649438c>. Acesso em: 29/07/2021.
– STF – ADI: 3378 DF, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento: 09/04/2008,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008
EMENTA VOL-02324-02 PP-00242
@profalvaroveras

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL

Tríplice responsabilidade.
Independência de instâncias.

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

Trata-se de possibilidade em, no âmbito administrativo, aplicar-se multa/outras sanções aos


infratores do meio ambiente.

Previsto no art. 14 da Lei 6.938(Política Nacional do Meio Ambiente):

Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no
máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada
em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua
cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios
ou pelos Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.

→ Tema MUITO importante(inclusive o mais cobrado) sobre tal aspecto: qual a natureza de
tal responsabilidade? Objetiva ou subjetiva, com a necessidade de demonstração de
culpa/dolo?

De acordo com entendimento reiterado do STJ, de natureza SUBJETIVA, obedecendo á teoria


da culpabilidade.

De acordo com a Corte, no julgamento do REsp 1.251.697/PR:

"a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade


objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à
sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado
@profalvaroveras

transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo


causal entre a conduta e o dano".

Inclusive, argumenta-se que a parte que fala no parágrafo primeiro do art. 14 sobre a dispensa
da necessidade de se comprovar a culpa aplica-se apenas à responsabilidade civil. No que
cumpre à responsabilidade administrativa que, como vimos, está prevista no caput do art. 14,
não existe tal forma de isenção.

RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL

Trata-se da responsabilidade de reparar o dano/indenizar o dano causado.

Conceito de poluidor: pessoa física ou jurídica, direito público ou privado, causadora de


dano ambiental(Lei 6.938).

Obs: É solidária a responsabilidade entre poluidor direto e indireto? Existe litisconsórcio


necessário entre eles?

O conceito de poluidor estabelecido pela Lei 6.938/81(art. 3º, IV) é: a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado, responsável, diretamente ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental.”.

Ou seja: pode ser pessoa jurídica de direito público ou público e abrange os conceitos de
poluidor direto e indireto.

De acordo com a jurisprudência do STJ, manifestada no julgamento do REsp 771619


RR, a responsabilidade do poluidor direto ou indireto é solidária.

Ademais, entende-se que o litisconsórcio é facultativo(REsp 880.160) – ou seja, pode-se


interpor ação contra qualquer um deles.

Qual a natureza de tal responsabilidade? OBJETIVA! Não se precisa demonstrar


culpa/dolo. Baseada, ainda, no risco integral - não se admite caso fortuito/força maior.

Inclusive, segundo o STJ,(Resp 1.056/540), há a possibilidade de dispensa do nexo de


causalidade. Exemplo: danificação de imóvel, caso de APP. Adquirente responde ainda que
não tenha causado dano – obrigação propter rem.

Nesse sentido, editou-se Súmula do STJ:


@profalvaroveras

Súmula 623, STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do
credor

Na ação de responsabilidade civil ambiental é cabível a denunciação da lide?


Fundamente.

Tal tema foi cobrado na prova do MPE-SP-Promotor de Justiça-2015-subjetiva.

Consoante entendimento de Frederico Amado(Direito Ambiental Esquematizado, Editora


Método), visando à celeridade processual e à prática viabilidade da reparação, há forte
entendimento vedando a denunciação da lide (modalidade de intervenção de terceiros
provocada, com o fito de garantir o direito de regresso no mesmo processo) ou o chamamento
ao processo (intervenção provocada de codevedores) nos processos de reparação por danos
ambientais, sendo necessário o ajuizamento de ação própria contra os codevedores ou
responsáveis subsidiários. Existem, inclusive precedentes nesse sentido, como o do AgRg no
Ag 1.213.458 no STJ.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO


AMBIENTAL

Sobre desconsideração da personalidade jurídica - adoção da teoria MENOR. Segundo a lei


dos Crimes Ambientais:

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Cobrado na AGE MG 2022 FGV discursiva.

Questão 10 Em tema de responsabilidade civil ambiental, de forma fundamentadamente


objetiva, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, bem como os
ensinamentos doutrinários e à legislação de regência, responda aos itens a seguir. a)
Analise a natureza das obrigações ambientais em tema de responsabilização para o
anterior (na época da prática do ilícito ambiental) e/ou atual proprietário do imóvel em
que ocorreu o dano. Justifique. b) Indique a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica adotada em matéria ambiental. Justifique. Obs.: a simples menção a qualquer
dispositivo legal sem a correspondente correta fundamentação não confere pontuação.

Gabarito 1 (AGE-MG - MANHÃ - Q10) Itens = 2 De acordo com o Superior Tribunal de


Justiça, as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las
do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. 2.00 Adota-se em
@profalvaroveras

Direito Ambiental, a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, admitindo a


desconsideração mediante a simples insolvência da pessoa jurídica, pois a legislação dispõe
que poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo
ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Assim, não é
necessário se comprovar que, juntamente com a insolvência, restou configurado o desvio de
finalidade ou a confusão patrimonial (abuso da personalidade jurídica), requisitos próprios
da teoria maior da desconsideração.

RESPONSABILIDADE E AQUISIÇÃO DE IMOVEL EM HASTA PUBLICA

Responsabilidade ambiental e arrematação imóvel

No AgInt no REsp 1.869.374/PR9 o STJ disse que "a existência de boa-fé no ato de
arrematação não afasta a responsabilidade do novo proprietário do imóvel, em razão da
natureza propter rem das obrigações decorrentes de danos ambientais", ou seja, no
referido caso concreto o arrematante adquiriu em leilão judicial um bem imóvel onde
não constava nenhum ônus sobre o mesmo quando da aquisição, mas posteriormente o
adquirente veio a ser demandado e condenado pelos danos ambientais existentes na
propriedade adquirida, tendo em sequência, já no curso do cumprimento de sentença,
sido proferida decisão que determinou a "averbação na matrícula do imóvel adquirido
em hasta pública da obrigação de recuperação dos danos ambientais fixados no título
judicial".

Fonte:
https://www.migalhas.com.br/depeso/366964/a-arrematacao-de-bem-imovel-em-leilao-public
o-nao-e-um-kinder-ovo

Decisão cobrada na PGE-MS-2021-CESPE

Constatado dano ambiental em imóvel adquirido em hasta pública, o Estado, visando a


reparação, pretende ajuizar ação contra o atual proprietário. Nessa situação hipotética,
a responsabilidade do arrematante A dependerá da existência de má-fé no ato de
arrematação. B independerá da sua culpa, mas exigirá prova do prévio conhecimento do
dano. C dependerá de se comprovar que o antigo proprietário não possui meios de
reparar o dano. D independerá de ter sido ele o causador do dano constatado no imóvel
após a arrematação. E independerá da boa-fé, mas exigirá que o dano tenha se agravado
após a aquisição.

Gabarito: D
@profalvaroveras

OMISSÃO DO ESTADO NA FISCALIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE

Em caso de omissão estatal na fiscalização de atividades (particulares) causadoras de


dano ambiental, qual será a natureza da responsabilidade civil do Estado?

O Superior Tribunal de Justiça – STJ, em evolução jurisprudencial, passou a reconhecer como


objetiva a responsabilidade do Estado por danos ambientais, mesmo em se tratando de
omissão e/ou ineficiência na realização de atividades de controle, notadamente quando a falta
do cumprimento adequado do seu dever for determinante para a concretização e/ou
agravamento do dano.

Além disso, firmou-se o entendimento de que, em tais hipóteses, a responsabilidade estatal


será solidária àquela do poluidor direto (isto é, do particular que diretamente provocou a lesão
ao meio ambiente, por exemplo), porém de execução subsidiária (o que implica na existência
de uma ordem de preferência entre os devedores).

Para melhor compreensão dos significados e das consequências práticas das conclusões acima
pontuadas, oportuno conferir a elucidativa jurisprudência da Corte Superior:

“[…] Em suma, é objetiva, solidária e ilimitada a responsabilidadeambiental do Estado


em caso de omissão do dever-poder de controle e fiscalização; mas a sua execução é de
‘natureza subsidiária’ (com ordem ou benefício de preferência, o que não é o mesmo que
benefício-divisão, precisamente o resultado removido pelasolidariedade passiva).
[…]
A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o
título executivo sob a condição de, como ‘devedor-reserva’ (o que evita a
responsabilização ‘persaltum’), ser chamado só quando o degradador original, direto
oumaterial (= devedor principal) não quitar a dívida, seja por totalou parcial
exaurimento patrimonial ou insolvência, seja porimpossibilidade ou incapacidade, por
qualquer razão, inclusivetécnica, de cumprimento da prestação judicialmente
imposta,assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do CódigoCivil), com a
desconsideração da personalidade jurídica, conformepreceitua o art. 50 do Código
Civil” […]”. (STJ, REsp 1356992/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, j. em
17/11/2016)

Cabe destacar, inclusive, que a temática virou súmula do STJ recentemente:

Súmula 652 — A responsabilidade da administração por dano ao meio ambiente


decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de caráter solidário, mas de
execução subsidiária.
@profalvaroveras

Cabe destacar, ainda, decisão do STJ - Informativo 783(22-08-2023) que se relaciona ao tema:

"As razões que fundamentam a Súmula 652/STJ ("A responsabilidade civil da


Administração Pública por danos ao meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever
de fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução subsidiária") são aplicáveis à
tutela do patrimônio cultural." (REsp 1.991.456-SC)

IMPRESCRITIBILIDADE DO DANO AMBIENTAL


STF no Recurso Extraordinário 654833 / AC - decidido em sede de Repercussão Geral(Tema
999), entendeu que:

“A reparação do dano ao meio ambiente é direito fundamental indisponível, sendo


imperativo o reconhecimento da imprescritibilidade no que toca à recomposição dos
danos ambientais”

Destacou-se, ainda, na ementa que:

“Embora a Constituição e as leis ordinárias não disponham acerca do prazo


prescricional para a reparação de danos civis ambientais, sendo regra a estipulação de
prazo para pretensão ressarcitória, a tutela constitucional a determinados valores impõe
o reconhecimento de pretensões imprescritíveis.”

Outro tema importante:

Súmula 613, STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de
Direito Ambiental.

DANO MORAL COLETIVO AMBIENTAL

É possível a condenação em dano moral coletivo ambiental apenas se provados a dor e o


abalo psíquico sofridos pela comunidade atingida?

STJ, REsp 1.269.494:


@profalvaroveras

"O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo


massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a
repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado."

Já cobrado em concurso:

Aquele que causa dano ambiental amparado em licença ambiental válida e eficaz pode
ser demandado em ação civil pública para fim de reparar dano derivado dessa
atividade?

Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a
atividade econômica ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre
considerado responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a
exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo de terceiro ou força maior. No caso
concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida.
Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada – isso
não é causa excludente da responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo que
se considere que a instalação do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de
erro na concessão da licença ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do
empreendedor, que gera o risco concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há
possibilidade de eximir-se da obrigação de reparar a lesão verificada. STJ. 3ª Turma. REsp
1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info 671). Fonte: Buscador
Dizer o Direito.

PUNITIVE DAMAGES NO DIREITO AMBIENTAL

Como destaca Flávio Tartuce (Manual de Direito Civil, 2015, 497 p.), a natureza da
indenização por danos morais não é ponto pacífico na doutrina. Dentre as correntes
prevalecentes, existe aquela que aduz que a indenização tem um caráter eminentemente
punitivo ou disciplinador, tese que é adotada nos Estados Unidos da América, com o conceito
de punitive damages.

Pois bem, o Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.354.536, deixou
límpido que no caso de compensação de danos morais decorrentes de dano ambiental, a
função precípua da responsabilidade civil é a eliminação de fatores capazes de produzir riscos
intoleráveis, visto que a função punitiva cabe ao direito penal e ao administrativo, veja-se:

c) é inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter


punitivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e
administrativo; (REsp 1354536/SE, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
@profalvaroveras

SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/03/2014, DJe 05/05/2014). Grifo nosso. 5. Ante o


exposto, nego seguimento ao recurso especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 13
de abril de 2015. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO Relator (STJ, Relator:
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO)(grifou-se).

Dessa feita, não há se falar em prevalência do caráter de punitivo em compensação de danos


morais à luz do ordenamento jurídico brasileiro, o qual não consagra o instituto de direito
comparado dos danos punitivos (punitive damages).

Para fundamentar a sua posição, o Tribunal utilizou basicamente dois argumentos. O primeiro
é que a responsabilidade civil por dano ambiental prescinde de culpa, nos moldes do
estabelecido no §3º do artigo 225 da CRFB, observe-se:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
(…) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (grifou-se).

Ademais, caso a compensação revestisse caráter meramente punitivo haveria bis in idem, pois
a punição imediata é tarefa específica do direito administrativo e do direito penal.

Por fim, ressalta-se que o Tribunal asseverou que na fixação da indenização por danos morais,
é plenamente recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, proporcionalmente
ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos autores e, ainda, ao porte da empresa recorrida,
orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso.

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO DIREITO AMBIENTAL

Em primeiro lugar, impende destacar que o Código de Processo Civil como regra adotou a
chamada teoria estática de distribuição do ônus da prova, cabendo ao autor da ação o ônus de
provar os fatos constitutivos de seu direito e ao réu o ônus de provar a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

O artigo 6°, VIII, da Lei 8.078 (CDC), entretanto, no desiderato de garantir a facilitação da
defesa dos direitos do consumidor, conferiu a possibilidade de inversão do ônus probatório em
@profalvaroveras

favor deste, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

Em importante precedente da 2ª Turma do STJ, decidiu-se pela aplicabilidade do instituto da


inversão do ônus probatório em Ação Civil Pública (ACP) ajuizada para reparação de dano
ambiental, veja-se:

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL


– ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS PELO PARQUET – MATÉRIA
PREJUDICADA – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – ART. 6º, VIII, DA LEI 8.078⁄1990
C⁄C O ART. 21 DA LEI 7.347⁄1985 – PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO. 1. Fica prejudicada o
recurso especial fundado na violação do art. 18 da Lei 7.347⁄1985 (adiantamento de
honorários periciais), em razão de o juízo de 1º grau ter tornado sem efeito a decisão que
determinou a perícia. 2. O ônus probatório não se confunde com o dever de o Ministério
Público arcar com os honorários periciais nas provas por ele requeridas, em ação civil pública.
São questões distintas e juridicamente independentes. 3. Justifica-se a inversão do ônus da
prova, transferindo para o empreendedor da atividade potencialmente perigosa o ônus de
demonstrar a segurança do empreendimento, a partir da interpretação do art. 6º, VIII, da Lei
8.078⁄1990 c⁄c o art. 21 da Lei 7.347⁄1985, conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução. 4.
Recurso especial parcialmente provido.

Assim, com essa inversão do ônus da prova, o próprio empreendedor é que irá ter que
demonstrar que a sua atividade possui segurança.

É necessário destacar que, diferentemente do que ocorre no âmbito do Direito do Consumidor,


não é a hipossuficiência do autor da demanda em relação ao réu nem a verossimilhança das
alegações que autorizam, por si sós, a aplicação do instituto, mas sim o caráter público e
coletivo do bem jurídico tutelado.

Cabe salientar, ainda, que a menção feita ao art. 6o, VIII, da Lei 8.078, diz respeito à
aplicação do microssistema de tutela coletiva, da qual faz parte a legislação de Direito do
Consumidor. Buscam, então, esses sistemas se autocompletar em lacunas. (fundamentar
melhor depois)

Além disso, outro fundamento para legitimar a aplicabilidade do referido instituto é o


chamado princípio da precaução, o qual consta na Declaração do Rio e está insculpido no
artigo 225, V, da CRFB, veja-se:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
@profalvaroveras

(…) V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
Assim, diante da incerteza científica sobre o nexo causal entre uma determinada
atividade e um efeito ambiental nocivo, deve-se agir de forma cautelosa, de modo a
afastar algum tipo de risco ao meio ambiente, transferindo-se ao empreendedor da
atividade potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento.

O mencionado julgado evidencia o amadurecimento das ideias ambientais no direito


brasileiro, indo ao encontro de todos os preceitos constitucionais que visam a proteger o meio
ambiente, razão pela qual contou com os aplausos de grande parte dos doutrinadores pátrios.

Cabe destacar, ainda, que posteriormente o entendimento solidificou-se no âmbito do STJ,


inclusive com a prolação de súmula:

Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação


ambiental. STJ. Corte Especial. Aprovada em 24/10/2018, DJe 30/10/2018

RESPONSABILIDADE PENAL

CRIMES AMBIENTAIS/RESPONSABILIDADE PENAL

Deve-se aplicar a teoria da dupla imputação no que tange aos crimes ambientais cometidos
por pessoas jurídicas?

Essa teoria prega que é necessária a responsabilização concomitante da pessoa física e


empresa para que fosse possível responsabilizar, por crime ambiental, a pessoa jurídica. Em
outras palavras: a pessoa jurídica não poderia ser responsabilizada isoladamente no processo
criminal.

Após muita divergência, o STF pacificou entendimento sobre o tema:

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE DUPLA


IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS.
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu
nome. Conforme orientação da Primeira Turma do STF, “O art. 225, § 3º, da
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por
crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no
âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação”
(RE 548.181, Primeira Turma, DJe 29/10/2014). Diante dessa interpretação, o STJ
@profalvaroveras

modificou sua anterior orientação, de modo a entender que é possível a


responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes
citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma,
DJe 10/4/2014; e RHC 40.317-SP, Quinta Turma, DJe 29/10/2013. (RMS 39.173-BA, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015).

Assim, atualmente, os Tribunais Superiores não adotam a teoria da dupla imputação -


podendo então a pessoa jurídica ser responsabilizada isoladamente no âmbito criminal, sem
que seja necessária a existência de pessoa física no polo passivo.

ARTIGOS IMPORTANTES DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS:


Art 2o
Art 3o
Art 4o
Art 6o
Art 7o
Art 8o
Art. 9o a 14o
Art. 16 a 24
Art. 26 a 28

TESES DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF

1) No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos
nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e
eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora,
a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde, conforme
estabelece a Lei nº 11.934/2009. (Tema 479, RE 627189)

2) É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.(Tema 999, RE 654833)


Obs: abrange tanto o dano moral quanto o material.

3) Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que
envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil

4) O município é competente para legislar sobre o meio ambiente com a União e o Estado, no
limite do seu interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina
@profalvaroveras

estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c 30, I e II, da Constituição
Federal).(Tema 145, RE 586224)

5) Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que
envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.(Tema 648, RE 835558)

6) É constitucional - formal e materialmente - lei municipal que obriga à substituição de sacos


e sacolas plásticos por sacos e sacolas biodegradáveis.(Tema 970, RE 732686)

Outros julgados importantes de forma geral:

→ PODER EXECUTIVO E FUNCIONAMENTO DO FUNDO NACIONAL SOBRE


MUDANÇA DO CLIMA

O Fundo Nacional sobre a Mudança do Clima foi criado em 2009, por meio da Lei 12.114.
Veja-se:

Art. 1º Esta Lei cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima - FNMC, dispondo
sobre sua natureza, finalidade, fonte e aplicação de recursos e altera os arts. 6º e 50 da
Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, que dispõe sobre a Política Energética Nacional, as
atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política
Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências.

Art. 2º Fica criado o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima - FNMC, de natureza
contábil, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de assegurar
recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que
visem à mitigação da mudança do clima e à adaptação à mudança do clima e aos seus
efeitos.

Ajuizou-se, em 2020, uma ADPF alegando que a União manteve o Fundo Nacional sobre
Mudança do Clima (Fundo Clima) inoperante durante os anos de 2019 e 2020, deixando de
destinar vultosos recursos para o enfrentamento das mudanças climáticas.
De acordo com entendimento do STF, demonstrou-se que ocorreu uma efetiva omissão da
União durante os anos de 2019 e 2020, não alocando recursos, sendo essa uma decisão
deliberada do Executivo, até que fosse possível alterar a constituição do Comitê Gestor do
Fundo, de modo a controlar as informações e decisões pertinentes à alocação de seus recursos.

Entendeu-se que a medida se insere em quadro mais amplo de sistêmica supressão ou


enfraquecimento de colegiados da Administração Pública e/ou de redução da participação da
@profalvaroveras

sociedade civil em seu âmbito, com vistas à sua captura. Tais providências já foram
consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal em reiteradas decisões.

Nesse sentido: ADI 6121, Rel. Min. Marco Aurélio (referente à extinção de múltiplos órgãos
colegiados); ADPF 622, Rel. Min. Luís Roberto Barroso (sobre alteração do funcionamento
do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente – CONANDA); ADPF 623-MC, Relª.
Minª. Rosa Weber (sobre a mesma problemática no Conselho Nacional de Meio Ambiente –
CONAMA); ADPF 651, Relª. Minª. Cármen Lúcia (pertinente ao Conselho Deliberativo do
Fundo Nacional do Meio Ambiente - FMNA)

Destacou-se o dever constitucional, supralegal e legal da União e dos representantes eleitos,


de proteger o meio ambiente e de combater as mudanças climáticas. A questão, portanto, tem
natureza jurídica vinculante, não se tratando de livre escolha política. Determinação de que se
abstenham de omissões na operacionalização do Fundo Clima e na destinação dos seus
recursos. Inteligência dos arts. 225 e 5º, § 2º, da Constituição Federal (CF).

Firmou-se, então, o sentido de que é vedado contingenciar valores do Fundo Clima, em razão:

(i) do grave contexto em que se encontra a situação ambiental brasileira, que guarda
estrita relação de dependência com o núcleo essencial de múltiplos direitos
fundamentais; (ii) de tais valores se vincularem a despesa objeto de deliberação do
Legislativo, voltada ao cumprimento de obrigação constitucional e legal, com destinação
específica. Inteligência do art. 2º, da CF e do art. 9º, § 2º, da Lei de Responsabilidade
Fiscal - LC 101/2000 (LRF). Precedente: ADPF 347-MC, Rel. Min. Marco Aurélio.

Assim, julgou-se o pedido julgado procedente para:

(i) reconhecer a omissão da União, em razão da não alocação integral dos recursos do Fundo
Clima referentes a 2019;

(ii) determinar à União que se abstenha de se omitir em fazer funcionar o Fundo Clima ou em
destinar seus recursos;

(iii) vedar o contingenciamento das receitas que integram o Fundo.

Fixou-se, então, a seguinte tese:

“O Poder Executivo tem o dever constitucional de fazer funcionar e alocar anualmente


os recursos do Fundo Clima, para fins de mitigação das mudanças climáticas, estando
vedado seu contingenciamento, em razão do dever constitucional de tutela ao meio
@profalvaroveras

ambiente (CF, art. 225), de direitos e compromissos internacionais assumidos pelo Brasil
(CF, art. 5º, § 2º), bem como do princípio constitucional da separação dos poderes (CF,
art. 2º, c/c o art. 9º, § 2º, LRF).”

→ Direito à informação ambiental e obrigação do Estado com a transparência


Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro compreende:i) o
dever de publicação, na internet, dos documentos ambientais detidos pela Administração não
sujeitos a sigilo (transparência ativa);ii) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer
acesso a informações ambientais específicas não publicadas (transparência passiva); eiii)
direito a requerer a produção de informação ambiental não disponível para a Administração
(transparência reativa);
Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus
da Administração justificar seu descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos
seguintes termos:i) na transparência ativa, demonstrando razões administrativas adequadas
para a opção de não publicar;ii) na transparência passiva, de enquadramento da informação
nas razões legais e taxativas de sigilo; eiii) na transparência ambiental reativa, da
irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente;
Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o
imóvel, de interesse público, inclusive as ambientais;Tese D) O Ministério Público pode
requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de informações alusivas
a suas funções institucionais.STJ. 1ª Seção. REsp 1857098-MS, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 11/05/2022 (Tema IAC 13) (Info 737). (Fonte: Buscador Dizer o Direito)

→São inconstitucionais decretos que restrinjam a participação da sociedade civil em


órgãos ambientais.

São inconstitucionais as normas que, a pretexto de reestruturarem órgãos ambientais,


afastam a participação da sociedade civil e dos governadores do desenvolvimento e da
formulação de políticas públicas, bem como reduzem, por via de consequência, o controle e a
vigilância por eles promovidos.Com base nesse entendimento, o STF declarou a
inconstitucionalidade:• do art. 5º do Decreto nº 10.224/2020, que extinguiu a participação da
sociedade civil no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente; e• do
Decreto nº 10.239/2020, especificamente no ponto em que excluída a participação de
governadores no Conselho Nacional da Amazônia Legal; e• do inciso CCII do art. 1º do
Decreto nº 10.223/2020, especificamente no ponto em que se extinguiu o Comitê Orientador
do Fundo Amazônia.STF. Plenário. ADPF 651/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
28/4/2022 (Info 1052). (Fonte: Buscador Dizer o Direito)
@profalvaroveras

Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração ambiental não é
necessário que se comprove que o bem era utilizado de forma específica, exclusiva ou
habitual na prática de ilícitos ambientais

→ A apreensão do instrumento utilizado na infração ambiental, fundada no § 5º do art. 25 da


Lei nº 9.605/98, independe do uso específico, exclusivo ou habitual para a empreitada
infracional.Os arts. 25 e 72, IV, da Lei nº 9.605/98 estabelecem como efeito imediato da
infração a apreensão dos bens e instrumentos utilizados na prática do ilícito ambiental.A
exigência de que o bem/instrumento fosse utilizado de forma específica, exclusiva ou habitual
para a prática de infrações não é um requisito que esteja expressamente previsto na
legislação. Tal exigência compromete a eficácia dissuasória inerente à medida, consistindo
em incentivo, sob a perspectiva da teoria econômica do crime, às condutas lesivas ao meio
ambiente.STJ. 1ª Seção. REsp 1814944-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
10/02/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1036) (Info 685). (Fonte: Buscador Dizer o Direito)

→ O erro na concessão de licença ambiental não configura fato de terceiro capaz de


interromper o nexo causal na reparação por lesão ao meio ambiente

Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a
atividade econômica ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre
considerado responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a
exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo de terceiro ou força maior.No caso concreto,
a construção de um posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida. Mesmo
tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada – isso não é
causa excludente da responsabilidade do proprietário do estabelecimento.Mesmo que se
considere que a instalação do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro
na concessão da licença ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do
empreendedor, que gera o risco concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há
possibilidade de eximir-se da obrigação de reparar a lesão verificada.STJ. 3ª Turma. REsp
1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info 671). (Fonte: Buscador
Dizer o Direito)

→ O princípio da insignificância é inaplicável em sede de responsabilidade civil


ambiental.
STJ. 2ª Turma. AREsp 667867/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
17/10/2018.(Buscador Dizer o Direito)
@profalvaroveras

DICA FINAL: Ler o art. 225 da CF!! Importante demais!!

TESES DE REPERCUSSÃO GERAL

Leiam as teses de RG! Probabilidade altíssima de cair!!


https://portal.stf.jus.br/repercussaogeral/teses.asp

Entre 2022-2023, as que considero mais importantes(fazer adaptação às matérias que serão
cobradas):

0991
RE 1059819
Acórdão
Afronta o princípio da separação dos poderes a anulação judicial de cláusula de contrato de
concessão firmado por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em
observância aos marcos regulatórios estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de
reajuste de alguns itens tarifários em percentual superior ao do índice inflacionário fixado,
quando este não é superado pela média ponderada de todos os itens.
21/02/2022

1127
RE 1307334
Acórdão
É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, seja
residencial, seja comercial.
10/03/2022

0336
RE 630790
Acórdão
As entidades religiosas podem se caracterizar como instituições de assistência social a fim de
se beneficiarem da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição, que
abrangerá não só os impostos sobre o seu patrimônio, renda e serviços, mas também os
impostos sobre a importação de bens a serem utilizados na consecução de seus objetivos
estatutários.
21/03/2022

1157
ARE 1306505
Acórdão
@profalvaroveras

É vedado o reenquadramento, em novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração, de


servidor admitido sem concurso público antes da promulgação da Constituição Federal de
1988, mesmo que beneficiado pela estabilidade excepcional do artigo 19 do ADCT, haja vista
que esta regra transitória não prevê o direito à efetividade, nos termos do artigo 37, II, da
Constituição Federal e decisão proferida na ADI 3609 (Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal
Pleno, DJe. 30/10/2014).
28/03/2022

1207
RE 1322195
Acórdão
A promoção por acesso de servidor a classe distinta na carreira não representa ascensão a
cargo diverso daquele em que já estava efetivado, de modo que, para fins de aposentadoria, o
prazo mínimo de cinco anos no cargo efetivo, exigido pelo artigo 40, § 1º, inciso III, da
Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 20/1998, e pelos artigos 6º da
Emenda Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda Constitucional 47/2005, não recomeça a
contar pela alteração de classe.
01/04/2022

1213
RE 1367790
Acórdão
É inconstitucional a contagem do tempo pretérito à investidura no cargo efetivo, exercido
exclusivamente em cargo comissionado, para fins de incorporação de quintos como VPNI,
com fundamento no artigo 1º da Lei 15.138/2010 do Estado de Santa Catarina.
29/04/2022

0559
RE 614384
Acórdão
A EC nº 57/08 não convalidou desmembramento municipal realizado sem consulta
plebiscitária e, nesse contexto, não retirou o vício de ilegitimidade ativa existente nas
execuções fiscais que haviam sido propostas por município ao qual fora acrescida, sem tal
consulta, área de outro para a cobrança do IPTU quanto a imóveis nela localizados.
02/05/2022

1182
RE 1348854
Acórdão
À luz do art. 227 da CF, que confere proteção integral da criança com absoluta prioridade e do
princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da
@profalvaroveras

CF/88 e regulamentada pelo art. 207 da Lei 8.112/1990, estende-se ao pai genitor
monoparental.
12/05/2022

1079
RE 1224374
Acórdão
Não viola a Constituição a previsão legal de imposição das sanções administrativas ao
condutor de veículo automotor que se recuse à realização dos testes, exames clínicos ou
perícias voltados a aferir a influência de álcool ou outra substância psicoativa (art. 165-A e
art. 277, §§ 2º e 3º, todos do Código de Trânsito Brasileiro, na redação dada pela Lei
13.281/2016).
19/05/2022

1046
ARE 1121633
Acórdão
São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação
setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas,
independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que
respeitados os direitos absolutamente indisponíveis.
02/06/2022

0638
RE 999435
Acórdão
A intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dispensa em
massa de trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por parte da entidade
sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo.
08/06/2022

0900
RE 964659
Acórdão
É defeso o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao servidor
público, ainda que labore em jornada reduzida de trabalho.
08/08/2022

1199
ARE 843989
@profalvaroveras

Acórdão
1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos de
improbidade administrativa, exigindo-se - nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA - a presença do
elemento subjetivo - DOLO;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 - revogação da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa -, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem
tampouco durante o processo de execução das penas e seus incidentes;
3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado,
em virtude da revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo competente analisar
eventual dolo por parte do agente; 4) O novo regime prescricional previsto na Lei
14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos marcos temporais a partir da
publicação da lei.
18/08/2022

1231
RE 1359139
Acórdão
(I) As unidades federadas podem fixar os limites das respectivas requisições de pequeno valor
em patamares inferiores aos previstos no artigo 87 do ADCT, desde que o façam em
consonância com sua capacidade econômica. (II) A aferição da capacidade econômica, para
este fim, deve refletir não somente a receita, mas igualmente os graus de endividamento e de
litigiosidade do ente federado. (III) A ausência de demonstração concreta da
desproporcionalidade na fixação do teto das requisições de pequeno valor impõe a deferência
do Poder Judiciário ao juízo político-administrativo externado pela legislação local.
02/09/2022

1063
RE 929886
Acórdão
Os Advogados da União não possuem direito a férias de 60 (sessenta) dias, nos termos da
legislação constitucional e infraconstitucional vigentes.
05/09/2022

1235
ARE 1370232
Acórdão
É inconstitucional a Lei 13.756/2004 do Município de São Paulo, por configurar invasão à
competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações e radiodifusão (artigo
22, IV, da Constituição Federal).
@profalvaroveras

09/09/2022

0548
RE 1008166
Acórdão
1. A educação básica em todas as suas fases - educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio - constitui direito fundamental de todas as crianças e jovens, assegurado por normas
constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata. 2. A educação infantil
compreende creche (de zero a 3 anos) e a pré-escola (de 4 a 5 anos). Sua oferta pelo Poder
Público pode ser exigida individualmente, como no caso examinado neste processo. 3. O
Poder Público tem o dever jurídico de dar efetividade integral às normas constitucionais sobre
acesso à educação básica.
22/09/2022

0922
RE 820823
Acórdão
É inconstitucional o condicionamento da desfiliação de associado à quitação de débito
referente a benefício obtido por intermédio da associação ou ao pagamento de multa.
03/10/2022

0970
RE 732686
Acórdão
É constitucional - formal e materialmente - lei municipal que obriga à substituição de sacos e
sacolas plásticos por sacos e sacolas biodegradáveis.
19/10/2022

0699
RE 612686
Acórdão
É constitucional a cobrança, em face das entidades fechadas de previdência complementar não
imunes, do imposto de renda retido na fonte (IRRF) e da contribuição social sobre o lucro
líquido (CSLL).
03/11/2022

1004
RE 629647
Acórdão
Em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho em face de empresa
estatal, com o propósito de invalidar a contratação irregular de pessoal, não é cabível o
@profalvaroveras

ingresso, no polo passivo da causa, de todos os empregados atingidos, mas é indispensável


sua representação pelo sindicato da categoria.
03/11/2022

0221
RE 593448
Acórdão
No exercício da autonomia legislativa municipal, não pode o Município, ao disciplinar o
regime jurídico de seus servidores, restringir o direito de férias a servidor em licença saúde de
maneira a inviabilizar o gozo de férias anuais previsto no art. 7º, XVII, da Constituição
Federal de 1988.
05/12/2022

0919
RE 776594
Acórdão
A instituição de taxa de fiscalização do funcionamento de torres e antenas de transmissão e
recepção de dados e voz é de competência privativa da União, nos termos do art. 22, IV, da
Constituição Federal, não competindo aos Municípios instituir referida taxa.
05/12/2022

1238
ARE 1316369
Acórdão
São inadmissíveis, em processos administrativos de qualquer espécie, provas consideradas
ilícitas pelo Poder Judiciário.
09/12/2022

1239
RE 1400775
Acórdão
Não tem direito à indenização de férias prêmio o servidor estadual cujo vínculo com a
Administração Pública, decorrente da Lei Complementar mineira nº 100/2007, foi declarado
nulo, por inobservância dos princípios constitucionais que regem o ingresso no serviço
público.
16/12/2022

1240
RE 1394401
Acórdão
@profalvaroveras

Não se aplicam as Convenções de Varsóvia e Montreal às hipóteses de danos


extrapatrimoniais decorrentes de contrato de transporte aéreo internacional.
16/12/2022

1241
RE 1400787
Acórdão
O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição Federal incide sobre a
remuneração relativa a todo período de férias.
16/12/2022

0627
RE 658999
Acórdão
Em se tratando de cargos constitucionalmente acumuláveis, descabe aplicar a vedação de
acumulação de aposentadorias e pensões contida na parte final do artigo 11 da Emenda
Constitucional 20/98, porquanto destinada apenas aos casos de que trata, ou seja, aos
reingressos no serviço público por meio de concurso público antes da publicação da referida
emenda e que envolvam cargos inacumuláveis.
17/12/2022

1097
RE 1237867
Acórdão
Aos servidores públicos estaduais e municipais é aplicado, para todos os efeitos, o art. 98, § 2°
e § 3°, da Lei 8.112/1990.
17/12/2022

1172
RE 1288634
Acórdão
Os programas de diferimento ou postergação de pagamento de ICMS - a exemplo do
FOMENTAR e do PRODUZIR, do Estado de Goiás - não violam o sistema constitucional de
repartição de receitas tributárias previsto no art. 158, IV, da Constituição Federal, desde que
seja preservado o repasse da parcela pertencente aos Municípios quando do efetivo ingresso
do tributo nos cofres públicos estaduais.
18/12/2022

1096
RE 918315
Acórdão
@profalvaroveras

A enfermidade ou doença mental, ainda que tenha sido estabelecida a curatela, não configura,
por si, elemento suficiente para determinar que a pessoa com deficiência não tenha
discernimento para os atos da vida civil.
19/12/2022

0390
RE 636562
Acórdão
É constitucional o art. 40 da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais LEF), tendo
natureza processual o prazo de 1 (um) ano de suspensão da execução fiscal. Após o decurso
desse prazo, inicia-se automaticamente a contagem do prazo prescricional tributário de 5
(cinco) anos.
22/02/2023

0477
RE 1116485
Acórdão
1. A revogação ou modificação do ato normativo em que se fundou a edição de enunciado de
súmula vinculante acarreta, em regra, a necessidade de sua revisão ou cancelamento pelo
Supremo Tribunal Federal, conforme o caso.2. É constitucional a previsão legislativa de perda
dos dias remidos pelo condenado que comete falta grave no curso da execução penal
01/03/2023

0736
RE 796939
Acórdão
É inconstitucional a multa isolada prevista em lei para incidir diante da mera negativa de
homologação de compensação tributária por não consistir em ato ilícito com aptidão para
propiciar automática penalidade pecuniária.
20/03/2023

1246
ARE 1418846
Acórdão
O art. 268 do Código Penal veicula norma penal em branco que pode ser complementada por
atos normativos infralegais editados pelos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), respeitadas as respectivas esferas de atuação, sem que isso implique ofensa à
competência privativa da União para legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I).
25/03/2023
@profalvaroveras

DIREITO ADMINISTRATIVO

Temas prioridade para CESPE:

1) Responsabilidade civil do Estado;

2) Licitações e contratos administrativos;

3) Atos Administrativos;

4) Poderes Administrativos;

5) Servidores Públicos

6) Processo Administrativo Disciplinar

7) Improbidade Administrativa

Principalmente: 1, 2, 4 (destaque para poder de polícia), 5, 6 e 7

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Trata-se do procedimento utilizado pela Administração Pública para punir as faltas dos
servidores administrativamente

TEORIA DA INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS

Quando existe uma falta funcional de algum agente público, ele pode responder nas seguintes
esferas: administrativa, civil e penal.

Aplica-se a teoria da independência das instâncias: como regra, nenhuma decisão em uma
esfera faz interferência em outra uma não interfere na outra, como regra.

Absolvição criminal do agente público em matéria penal apenas gera repercussão nas esferas
administrativas se houver reconhecimento da negativa da autoria ou inexistência do fato.
@profalvaroveras

Obs: Nova lei de improbidade administrativa previu que:

§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão
colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com
todos os fundamentos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Vide ADI 7236)

O STF, no entanto, na ADI 7236, em decisão liminar dada pelo Min. Alexandre de Moraes,
entendeu que deveria prevalecer o princípio da independência de instâncias, suspendendo a
vigência do dispositivo por enquanto.

FALTA RESIDUAL

Possibilidade de punição administrativa pela denominada “falta residual” - que é quando,


apesar de o ato praticado pelo agente não constituir crime, ainda existe a possibilidade de
punição pela falta administrativa

Súmula 18, STF: “Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo
criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público.”

POSSIBILIDADE DE DEMISSÃO EM PAD POR ATO DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA

Prova de Delegado-PF-Oral-2018-CESPE:

O servidor poderá ser demitido, em processo administrativo, por infração disciplinar


grave que constitui ato de improbidade administrativa. É possível a demissão de
servidor por improbidade administrativa em processo administrativo disciplinar.
Infração disciplinar grave que constitui ato de improbidade é causa de demissão do
servidor, em processo administrativo, independentemente de processo judicial prévio.
(STJ. 3.ª Seção. MS 14.140-DF. Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012.)

É firme a orientação desta Corte que as instâncias sancionadoras são independentes e,


por isso, não cabe a suspensão do PAD em face da pendência de Ação Penal.
Precedente: MS 18.090/DF, Rel. Min.HUMBERTO MARTINS, DJe 21.5.2013.

SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA
@profalvaroveras

Temos, ainda, que se pode instaurar o PAD sem sindicância prévia(modo de apuração
preliminar dos fatos pela Administração Pública).

Lembrando que sindicância pode ser(Fonte: livro do Rafael Carvalho, Curso de Direito
Administrativo):

a) sindicância preliminar ao processo disciplinar principal(sindicância investigativa):


destinada à produção de elementos de provas quanto à infração e à autoria, servindo de
peça informativa para o processo administrativo principal; e
b) sindicância como processo sumário de aplicação de sanções(sindicância punitiva):
possibilidade de aplicação de sanções leves aos agentes, exigindo-se, neste caso, respeito
às garantias da ampla defesa e do contraditório.

Obs: de acordo com a própria avaliação da Administração Pública sobre a gravidade da


conduta/provas que já existem, o PAD pode ser desde logo instaurado sem sindicância prévia.

Entendimento importante:

Instaurado o competente processo administrativo disciplinar, fica superado o exame de


eventuais irregularidades ocorridas durante a sindicância.Precedentes: RMS 37871/SC.

SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA E OBEDIÊNCIA À SV 14 DO STF

Primeiramente, veja-se o teor da SV 14 do STF:

SV 14, STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.

Com base nessa súmula, buscou-se argumentar que se deveria ter acesso também de forma
integral às sindicâncias meramente investigatórias.

No caso da sindicância punitiva, como processo sumário de aplicar sanções, pode ela punir o
servidor com suspensão de até 30 dias(e, aqui, faz sentido se aplicar a súmula vinculante 14).

O STF, instado a se pronunciar sobre o tema, entendeu que tal súmula NÃO se aplica aos
procedimentos de sindicância meramente investigatória. Vejamos parte do julgado:
@profalvaroveras

“O Verbete 14 da Súmula Vinculante do STF (É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa) não alcança sindicância que objetiva
elucidação de fatos sob o ângulo do cometimento de infração administrativa. (Rcl 10771
AgR, Relator Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma, julgamento em 4.2.2014, DJe de
18.2.2014).

O principal argumento utilizado para tal decisão foi a de que o próprio verbete sumular deixa
bem claro que a sindicância administrativa não está incluída, notadamente porque não se trata
de procedimento de investigação realizado por órgão com competência de polícia judiciária.
Além disso, também se deixou consignado na medida cautelar relativa a tal processo que a
adequação do verbete está claro no próprio enunciado: há de existir acusado. Assim, simples
sindicância repousa em notícia de fatos a serem elucidados quanto à materialização de
infração administrativa, inclusive no tocante a indícios de envolvimento de servidores, por ora
indefinidos.

Como o tema já foi cobrado em concursos públicos?

(MP PE 2022 FCC) A Súmula Vinculante 14, do STF, que dispõe que é direito do
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova, por
analogia, é plenamente aplicável nos casos de sindicância, que objetiva elucidar o
cometimento de infrações administrativas.
Gabarito: 1. Incorreto. Nos casos de sindicâncias meramente investigativas, não se pode
aplicar tal enunciado.

INÍCIO DE PAD COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA

“Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é


permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia
anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à administração.” Súmula 611,
STJ.

NECESSIDADE DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não


ofende a Constituição. Súmula vinculante 5, STF.
@profalvaroveras

PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DO PAD E DESNECESSIDADE DE EXPOSIÇÃO


DETALHADA DOS FATOS A SEREM APURADOS

Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar


prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. STJ. 1ª Seção. Aprovada
em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.

Dizer o Direito:

O objetivo principal da portaria de instauração, prevista no art. 151, I, da Lei) é dar


publicidade à constituição da comissão processante, ou seja, informar quem serão os
servidores responsáveis pela instrução do feito.

Somente após a instrução probatória é que a Comissão Processante terá condições de fazer
um relato circunstanciado das condutas supostamente praticadas pelo servidor indiciado,
capitulando as infrações porventura cometidas.

Desse modo, a descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando o servidor for
indiciado (etapa de indiciamento), não sendo imprescindível que conste da portaria de
instauração.

Inclusive, Delegado-PF-Oral-2018-CESPE - gabarito da banca:

"A portaria de instauração do PAD dispensa a descrição minuciosa da imputação. Tal


exigência passa a existir após a instrução do feito, na fase de indiciamento, para que se
possa exercer o contraditório e a ampla defesa. A Portaria de instauração do Processo
Administrativo Disciplinar dispensa a descrição minuciosa da imputação, exigida tão
somente após a instrução do feito, na fase de indiciamento, o que é capaz de viabilizar o
exercício do contraditório e da ampla defesa. (STJ. 3.ª Seção. RO nos EDcl no MS
11.493/DF. Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 25/10/2017.)

COMISSÃO PROCESSANTE DO PAD

STF(RMS 32357):

A estabilidade prevista no art. 149 da Lei nº 8.112/90 deve ser no cargo, não sendo
suficiente que o membro da comissão goze de estabilidade no serviço público. Consagra
a imparcialidade no cargo o fato de ser membro de estabilidade no cargo - não ser alvo
fácil de pressões advindas de seus superiores.

Decisão MUITO importante do STF!


@profalvaroveras

A imparcialidade de membro de comissão não fica prejudicada tão somente por este
compor mais de uma comissão processante instituída para apuração de fatos distintos
que envolvam o mesmo servidor. Acórdãos MS 21773/DF, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2019, DJe 28/10/2019

PRESCRIÇÃO NO PAD

Ausência de disciplina da prescrição sobre falta disciplinar. O que se aplica?

3. As disposições editadas pela União na Lei n. 8.112/1990 aplicam-se quando há lacunas


na lei local, desde que haja compatibilidade entre elas sobre a questão. Precedentes. 4. A
jurisprudência do STJ reconhece a natureza vinculada à sanção quando eventual
conduta irregular do servidor esteja prevista em uma das hipóteses passíveis de
demissão. 5. Agravo interno não provido.(AgInt no RMS 54.617/SP, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe
12/03/2018)

PROVAS NO PAD

Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo


disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o
contraditório e a ampla defesa.
Economia processual;
Busca da verdade possível

Pode, inclusive, usar interceptação telefônica. Desnecessidade de transcrição integral, tal


como no processo criminal.

STJ(RMS 48.665/SP): Possibilidade de usar como prova em PAD mensagem do correio


eletrônico institucional do servidor público sem autorização judicial - quando atinente a
aspectos não pessoais, mas do interesse da Administração Pública e coletividade. Expressa
advertência sobre monitoramento e acesso para instruir processos administrativos.

NULIDADES NO PAD
@profalvaroveras

Caso concreto: foi instaurado PAD para apurar a conduta de João, servidor do INSS.
Pedro, outro servidor da autarquia que trabalhava no mesmo setor do investigado, foi
convocado para depor na condição de testemunha, tendo assinado termo de
compromisso de dizer a verdade. Ocorre que Pedro não apenas confirmou as imputações
feitas contra João, mas também confessou que participou dos ilícitos em apuração. Ao
final do PAD, João e Pedro foram demitidos. Pedro alegou que que o PAD que originou
sua demissão se encontraria eivado de ilicitude, considerando que foi obrigado a
produzir provas contra si mesmo. Não houve nulidade. Quando o servidor foi chamado,
ele não era investigado. Ele prestou voluntariamente seu depoimento e, em nenhum
momento, insurgiu-se contra isso, o que permite concluir que, também voluntariamente,
ele dispensou o uso da faculdade de não incriminar a si próprio. Logo, ele não pode,
posteriormente, invocar o direito ao silêncio considerando que, por sua própria vontade,
apontou, durante sua oitiva, fatos que atraíram para si a responsabilidade solidária
pelos ilícitos em apuração. STJ. 1ª Seção. MS 21.205-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 14/10/2020 (Info 682). Fonte: Buscador DoD.

Súmula 592, STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo


disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa

MORTE DE SERVIDOR DURANTE O PAD. O QUE ACONTECE?

Portanto, a morte do servidor processado administrativamente, como causa extintiva da


punibilidade, promoverá a extinção/conclusão do PAD (por perda do objeto, sem
julgamento de mérito) e consequente arquivamento, porém não é causa impeditiva para
propositura de ação de ressarcimento ou ação de improbidade administrativa para rever
o ressarcimento ao erário.(espelho da prova da PGM-Fortaleza-2017-CESPE)

PENA EM PAD.

EXECUÇÃO É IMEDIATA?

Sim! Atos administrativos gozam de auto-executoriedade. Recurso no âmbito administrativo


não gozam de efeito suspensivo como regra. (STJ. 1ª Seção. MS 19.488-DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 25/3/2015 - Info 559, Buscador DoD)

A conclusão da comissão processante vincula a autoridade julgadora?

A autoridade julgadora não está vinculada ao relatório da comissão processante, podendo dela
divergir, desde que o faça, obrigatoriamente, de modo fundamentado, e apontando provas nos
autos para sustentar seu posicionamento.(item certo, prova PGE MS-2014)
@profalvaroveras

NORMA ESTADUAL E IMPOSSIBILIDADE DE EXONERAÇÃO/APOSENTADORIA


DE SERVIDOR QUE RESPONDE PAD

Tema recentemente julgado pelo STF, no Informativo 1.092.

Segundo a tese do Supremo:

É constitucional norma estadual que impede a exoneração a pedido e a aposentadoria


voluntária de servidor que responde a processo administrativo disciplinar (PAD).
Contudo, é possível conceder a aposentadoria ao investigado quando a conclusão do
PAD não observar prazo razoável.

A lei do Estado da Bahia impugnada em sede de ADI dispunha o seguinte:

“Art. 240 – O servidor que responde a processo disciplinar só poderá ser exonerado a
pedido, ou aposentado voluntariamente, após a sua conclusão e o cumprimento da
penalidade, acaso aplicada. Parágrafo único – Ocorrida a exoneração de que trata o
artigo 46, o ato será convertido em demissão, se for ocaso.

Trata-se, inclusive, de réplica do que dispõe a Lei 8.112/90, em seu art. 172(o que inclusive é
bem comum).

O que o STF decidiu sobre a constitucionalidade desse dispositivo?

Segundo a Corte, a Administração Pública não tem discricionariedade para deixar de aplicar
penas disciplinares quando os fatos incidem no tipo legal – devendo então realizar a apuração
e a punição de condutas faltosas.

Por um outro lado, o tempo que se espera concluir o PAD pode ser exagerado e acabar
atingindo, ainda que de modo indireto, o direito à aposentadoria. Caso isso ocorra, deve-se
verificar no caso concreto, o real motivo da demora: desídia, abuso do direito de defesa,
complexidade do caso, necessidade de produção de provas.
A depender, então, do motivo, é possível que tal regra seja afastada e que se permita a
aposentadoria do servidor mesmo com a pendência do PAD.
STF, ADI 6.591/DF

Outros temas:
→ Na composição de comissão de processo administrativo disciplinar, é possível a
designação de servidores lotados em órgão diverso daquele em que atua o servidor
@profalvaroveras

investigado, não existindo óbice nas legislações que disciplinam a apuração das infrações
funcionais.Inexistência de previsão legal vedando e colocando isso como requisito. STJ:
MS 17796/DF.

→ ”jurisprudência desta Corte é a de que, estando o servidor representado por


advogado, é dispensável a sua intimação pessoal do ato de demissão, sendo suficiente a
publicação do ato no Diário Oficial.” (AgRg no REsp 1.223.297/DF, Rel. Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 29/10/2015) (grifo acrescentado)

→ A imparcialidade de membro de comissão não fica prejudicada tão somente por este
compor mais de uma comissão processante instituída para apuração de fatos distintos
que envolvam o mesmo servidor.Acórdãos MS 21773/DF, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2019, DJe 28/10/2019

→ A ausência de termo de compromisso de membro de comissão processante não


implica nulidade do PAD, uma vez que tal designação decorre de lei e recai,
necessariamente, sobre servidor público, cujos atos funcionais gozam de presunção de
legitimidade e de veracidade. MS 12803/DF Acórdãos Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe 15/04/2014

→ “ante a ausência de previsão legal, a falta de intimação do servidor público, após a


apresentação do relatório final pela comissão processante, em processo administrativo
disciplinar, não configura ofensa às garantias do contraditório e da ampla defesa” (MS
21.898/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe
01/06/2018).

Inclusive, tal entendimento foi reafirmado no Informativo 784(29/08/2023):

A falta de intimação do servidor público, após a apresentação do relatório final pela


comissão processante, em processo administrativo disciplinar, não configura ofensa às
garantias do contraditório e da ampla defesa, ante a ausência de previsão legal.(MS
22.750-DF)

NORMA ESTADUAL QUE DETERMINA NO PAD APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPP

A legislação do Paraná prevê o seguinte:

Art. 243. O processo disciplinar, obedecidos os princípios do contraditório e a ampla


defesa, será instaurado por determinação das autoridades referidas no artigo 238 e
@profalvaroveras

precederá a aplicação das penas de demissão, cassação de aposentadoria e de


disponibilidade.[…]§ 1º Aplicam-se ao processo disciplinar, no que couber, as disposições
previstas para a sindicância e, subsidiariamente, as normas do Código de Processo Penal
.
Alegando que o Estado do Paraná estava legislando sobre direito processual

(art. 22, I, CF/88, competência da União), ajuizou-se uma ADI impugnando tal lei.

O STF decidiu que tal lei é constitucional.

De acordo com a Corte, tal lei é meramente redundante. A aplicação subsidiária do CPP
decorre da própria LINDB, art. 4º, sendo método bastante utilizado no meio jurídico, a ponto
de ter recebido consagração legal há muitas décadas(inclusive por lei federal).

Desse modo, o Estado não legislou sobre direito processual, apenas tendo remetido a omissão
da lei local é colmatação da norma federal(o que a própria LINDB já determina).

APLICAÇÃO DA PUNIÇÃO DE DEMISSÃO E AUSÊNCIA DE


DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO

Súmula 650, STJ:


A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor
pena diversa de demissão quando caraterizadas as hipóteses previstas no art. 132 da Lei
n. 8.112/1990.

SERVIDOR EM LICENÇA-SAÚDE E PAD

O fato de o servidor público estar em gozo de licença médica não impede a aplicação da
penalidade de demissão. (MS 14.372/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2011, DJe 30/08/2011)

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


Vamos tratar hoje de algumas apostas em um dos temas mais cobrados em Direito
Administrativo em Procuradorias: responsabilidade civil do Estado.

Cenário atual da responsabilidade no BrasilAdoção da responsabilidade objetiva do Estado


nas ações(atenção ao Obs falado posteriormente).
@profalvaroveras

Teoria do risco administrativo.

Requisitos: conduta, dano, nexo causal. Admitem-se causas excludentes ou atenuantes de


responsabilidades: caso fortuito, força maior, culpa de terceiro ou culpa da vítima(concorrente
atenua a responsabilidade e exclusiva exclui a responsabilidade)

Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público – responsabilidade


objetiva tanto quanto a usuários quanto a não usuários. Mudança de orientação do
STF(591.874/MS): inexiste diferenciação do art. 37, parágrafo sexto, da CF/88;

Explicando melhor:

Responsabilidade civil do Estado já é um dos temas mais cobrados em concursos públicos –


essa decisão, então, referente à pergunta, é ainda mais cobrada.

De acordo com o art. 37, parágrafo 6o, da CF/88:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.

Tem-se, então, que se começou a questionar se a aplicação de tal artigo, no caso das pessoas
jurídicas prestadoras de serviços públicos, abrangeria pessoas que fossem também não
usuários deles no caso em concreto.

Exemplo: uma concessionária de ônibus acaba se envolvendo num acidente, atropelando um


pedestre. Esse pedestre pode ajuizar ação contra ela alegando que ela responde de modo
objetivo, sem precisar demonstrar dolo/culpa?

O STF entendeu que sim – a responsabilidade objetiva alcança sim terceiros não usuários.
Alegou que não existe diferenciação na norma legal, razão pela qual não se pode fazê-lá.

Definiu-se tese sobre o assunto(Tema 130 de Repercussão Geral):

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço


público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não usuários do serviço, segundo
decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal.

TEORIA DA DUPLA GARANTIA


@profalvaroveras

A vítima pode propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano? Entendimento
majoritário, do STJ e do STF (RE 327904): Não! Vítima apenas pode ajuizar a ação contra o
Estado - se este for condenado, ingressa com ação de regresso.

Por isso, entende-se que o Brasil adota a teoria dadupla garantia.

O que significa? Que se garante o particular, que ajuiza ação contra o Estado para discutir
responsabilidade objetiva, quanto também se garante o próprio servidor público, que apenas
depois de o Estado ser condenado é que pode ser instado a responder sobre os seus atos.

O CASO DAS OMISSÕES ESTATAIS

E o caso das omissões? Visão mais tradicional(omissão específica/ omissão genérica) - ainda
adotada em alguns precedentes do STJ e algumas bancas como a FCC.

Faz a diferença então entre uma omissão genérica(em que o Estado não atua como garante,
como por exemplo em um assalto) - aqui, adotaria a responsabilidade subjetiva, com base na
culpa administrativa(necessidade de demonstrar que o Estado falhou/se omitiu na prestação
do serviço)

Visão que vem ganhando força: responsabilidade é também objetiva.

Plus: para que haja a responsabilização do Estado, o nexo de causalidade entre a


omissão estatal e os danos sofridos pelos particulares só estará caracterizado nas
hipóteses em que o Poder Público tiver o dever legal específico de agir para impedir o
evento danoso e mesmo assim não cumpriu essa obrigação legal.

Na PGE-PB-2021-CESPE, item dado como certo:

“Segundo entendimento mais recentemente pacificado pelo STF, a responsabilidade civil


do Estado é objetiva até mesmo em conduta omissiva, quando violado um dever de agir
esperado.”

Na PGE-SC-2a Fase-FGV, cobrou-se:


Qual tem sido o entendimento recente do Supremo acerca da responsabilidade civil do Estado
em casos de omissão?

Gabarito:
@profalvaroveras

Segundo entendimento do STF, o Estado responde de forma objetiva pelas suas


omissões, desde que presente a obrigação legal específica de agir para impedir a
ocorrência do resultado danoso, em sendo possível sua atuação, sendo que a existência
de dever de agir genérico afasta o nexo causal. Esse entendimento pode ser extraído do
julgamento do RE 841526/RS que deu origem a tese do Tema 592

Inclusive, já foi adotada em vários precedentes de forma expressa pelo STF:

“O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em


concurso público organizado por pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da
CRFB/88), quando os exames são cancelados por indícios de fraude” RE 662405 / AL

Segundo o STF:

"1. A responsabilidade civil do Estado subsume-se à teoria do risco administrativo,


tanto para as condutas estatais comissivas quanto para as omissivas, na forma do artigo
37, § 6º, da Constituição Federal. 2. O Estado e as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causem a terceiros, quando comprovado o nexo de causalidade entre a
conduta e o dano sofrido pelo particular. 3. A pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público responde de forma primária e objetiva por danos
causados a terceiros, visto possuir personalidade jurídica, patrimônio e capacidade
próprios. 4. (...)Ao Estado, cabe somente a responsabilidade subsidiária, no caso de a
instituição organizadora do certame se tornar insolvente.

Outra tese importante fixada sobre o tema no RE 136.861:

"para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes
do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista violação de um dever jurídico
específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem
as cautelas legais, ou quando for de conhecimento do Poder Público eventuais
irregularidades praticadas pelo particular."

Casos especiais de responsabilidade do Estado

ATOS LEGISLATIVOS
@profalvaroveras

Função decorrente da soberania popular, como regra geral não gerando indenização.
Exceções: leis de efeito concretos e leis declaradas inconstitucionais;

ATOS JURISDICIONAIS

erros praticados no exercício da função jurisdicional como regra não são indenizáveis no
âmbito civil. No âmbito penal – aplicação do art. 5º, LXXV. Erro judiciário ou ficar preso por
tempo além do limite fixado na sentença.

STF(RE-Agr 429.518): quando réu for absolvido na decisão definitiva, prisão provisória não
gera indenização. Requisitos estavam ali presentes - não havendo que se falar como regra
geral em erro judiciário.

OUTROS CASOS:

STJ(Resp 1.333.609-PB): o termo inicial do prazo prescricional para ajuizar ação de


indenização ocorre no momento em que constada a lesão e seus efeitos, consoante o princípio
da actio nata. Caso dos danos médicos - em que, por exemplo, apenas se percebe
posteriormente que ocorreu um erro em uma cirurgia(ex: esquecimento de um bisturi no
abdomen de um paciente)

STF(ADI 1358): inconstitucional lei que preveja pagamento de pensão especial pelo Estado
em benefício de vítimas de crimes hediondos, independentemente de o autor do crime ser ou
não agente do Estado. Ampliação desarrazoada da responsabilidade do art. 37, parágrafo
sexto, da CF/88.

LEI ESTADUAL E RESPONSABILIDADE POR DANOS NA DITADURA

Imagine que no Estado X foi editada a lei A com o seguinte teor:

Art. 1o O Estado X indenizará, nos termos desta Lei, as pessoas que, presas ou detidas,
legal ou ilegalmente, por motivos políticos entre os dias 02 de setembro de l961 a 15.de
agosto de l979, que tenham sofrido sevícias ou maus tratos, que acarretaram danos
físicos ou psicológicos, quando se encontravam sob a guarda e responsabilidade ou sob
poder de coação de órgãos ou agentes públicos estaduais ou tenham sofrido perdas e
danos materiais, em razão de terem cerceados direitos inerentes ao exercício
profissional, por motivos políticos, no período mencionado neste artigo.

Segundo entendimento do STF, tal lei é constitucional?


@profalvaroveras

De acordo com o STF, tal lei é constitucional, pois estabelece a responsabilidade do ente
estatal que tenha causado danos a custodiado, ante a coação de órgão ou agente público. Não
se confunde, assim, com a responsabilidade da União, que responde nos casos em que atuou.

Tal norma é, ainda, harmônica com o art. 37, § 6o, da CF/88 e está em consonância com o
precedente da Corte IDH do caso “Gomes Lund”, mostrando a importância de apurar e
indenizar fatos ocorridos no contexto da institucionalização de políticas estatais de violência

RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS COMETIDOS POR PESSOAS


FORAGIDAS

Considere a seguinte situação hipotética: Manoel cumpria pena, em regime fechado, em um


presídio. Em 15/04/2021, ele fugiu e ficou na casa de um conhecido de forma escondida. Sete
meses depois da fuga, praticou, junto com uma organização criminosa, um roubo armado. No
roubo, atirou em uma das vítimas, a qual acabou falecendo. Dias depois, foi encontrado e
preso, tendo voltado à prisão. A família da vítima falecida ajuizou ação por danos morais
contra o Estado. Nesse caso, segundo entendimento do STF, cabe indenização?

De acordo com entendimento do STF, não há que se falar em direito à indenização nesse caso,
uma vez que não foi demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada. Nesse caso, destaca-se o intervalo entre o o fato administrativo e o crime e a
existência de causas supervenientes independentes que deram origem a novo nexo de
causalidade, como o ingresso de Manoel em organização criminosa.

Tese fixada:

Nos termos do artigo 37, § 6o, da Constituição Federal, não se caracteriza a


responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por
pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto
entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min.
Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020
(Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).(Buscador Dizer o Direito)

RESPONSABILIDADE DO ESTADO - PROFISSIONAL DE IMPRENSA FERIDO

Tese 1055 de Repercussão Geral fixada pelo STF:

“É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa


ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que
@profalvaroveras

haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da


responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o profissional de
imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em
que haja grave risco à sua integridade física”.

Cobrada na PGM-Recife-2022-CESPE:

É objetiva a responsabilidade civil do Estado em relação a profissional da imprensa


ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações nas quais
haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes, não sendo possível a incidência
de excludentes de responsabilidade.

Gabarito: Errado

RESPONSABILIDADE CIVIL - NOTÁRIOS - ESTADO

Tese 777 de Repercussão Geral do STF:

“O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que,
no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso
contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa”.

Cobrada na PGE-RS-2021:

O registrador de imóveis de uma cidade localizada no Rio Grande do Sul, comete um


equívoco e, por conta de tal erro, causa um dano considerável ao patrimônio de um
cidadão gaúcho. O prejudicado busca o Poder Judiciário para reaver o patrimônio ou,
alternativamente, para ser ressarcido pelas perdas e danos.
Considerando a jurisprudência consolidada e as disposições constitucionais, analise a
responsabilidade civil de registradores e tabeliães e quais, se houver, as consequências
para o Estado nesta situação. (15 Linhas)

Espelho:

O STF possui jurisprudência consolidada no sentido da responsabilidade objetiva do


Estado em casos envolvendo tabeliães e registradores de imóveis.

A natureza estatal das atividades exercida pelos serventuários de cartórios e registros de


imóveis faz com que seja atraída a responsabilidade estatal para estes casos.
@profalvaroveras

O fato de os serviços serem prestados por meio de delegação não é capaz de afastar a
responsabilidade objetiva do Estado em casos envolvendo tabeliães e registradores.

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite, em casos de caso de dolo ou


fraude, o direito de regresso perante o tabelião ou registrador.

EXCLUDENTE DE ILICITUDE PENAL E RESPONSABILIDADE ESTATAL

A excludente de ilicitude penal exclui a responsabilidade estatal? Não!

Cobrada na DPDF-CESPE-2019:

“Segundo a orientação jurisprudencial do STJ, está equivocada a atuação do ente


público, porque a administração pública pode ser condenada ao pagamento de
indenização pelos danos cíveis causados por uma ação de seus agentes, mesmo que
consequentes de causa excludente de ilicitude penal. Apesar de a legítima defesa ser a
causa que excluiu a responsabilidade penal dos policiais, ela não é capaz de afastar o
dever do Estado de indenizar os danos provocados pela conduta desses agentes, porque o
exame do elemento subjetivo dos policiais, embora fundamental para o reconhecimento
da excludente de ilicitude, é desnecessário para a análise de eventual responsabilidade
civil estatal objetiva.:”

Cobrada também na objetiva PGM-Manaus:

“A existência de causa excludente de ilicitude penal não impede a responsabilidade civil


do Estado pelos danos causados por seus agentes.” Gabarito: Correto

Outros julgados importantes:

→ No caso de vítima atingida por projétil de arma de fogo durante uma operação
policial, é dever do Estado, em decorrência de sua responsabilidade civil objetiva, provar
a exclusão do nexo causal entre o ato e o dano, pois ele é presumido.
STF. 2ª Turma. ARE 1382159 AgR/RJ, Rel. Min. Nunes Marques, redator do acórdão
Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/03/2023 (Info 1089).(Fonte: Buscador Dizer o
Direito)

→ Não há como responsabilizar a concessionária de rodovia pelo roubo com emprego de


arma de fogo cometido contra seus respectivos usuários, por se tratar de nítido fortuito
@profalvaroveras

externo (fato de terceiro), o qual rompe o nexo de causalidade, nos termos do art. 14, §
3º, II, do CDC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1872260-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
04/10/2022 (Info 752).
Cuidado. O STF já reconheceu a responsabilidade civil da concessionária que
administra a rodovia por FURTO ocorrido em seu pátio: STF. 1ª Turma. RE 598356/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).(Fonte: Buscador Dizer o
Direito)

→ O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de


forma determinante e específica para homicídio praticado em suas dependências,
responde objetivamente pela conduta omissiva.
Caso concreto: o hospital não possuía nenhum serviço de vigilância e o evento morte
decorreu de um disparo com arma de fogo contra a vítima dentro do hospital.A conduta
do hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança e, por conseguinte,
despreza o dever de zelar pela incolumidade física dos seus pacientes contribuiu de
forma determinante e específica para o homicídio praticado em suas dependências,
afastando-se a alegação da excludente de ilicitude, qual seja, fato de terceiro.STJ. 2ª
Turma.REsp 1708325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 24/05/2022 (Info
740).(Buscador Dizer o Direito)

Súmula 647, STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e
materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos
fundamentais ocorridos durante o regime militar.

PODER DE POLÍCIA

Tema que o CESPE ama!

Previsão legal(art. 78, CTN):

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
@profalvaroveras

Discursiva PF-2018-CESPE:

Art. 78 do CTN. (…)

De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (Direito Administrativo, 2017), o poder de polícia
é “a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em
benefício do interesse público”. Em resumo, o poder de polícia é o poder de que dispõe a
administração pública para, na forma da lei, condicionar ou restringir o uso de bens, o
exercício de direitos e a prática de atividades privadas, com vistas a proteger o interesse
público (Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo, 2016). São
exemplos do poder de polícia: licença para construir, autorização para porte de arma de
fogo, imposição de multas administrativas, apreensão de mercadorias etc

Quais são os limites? Discursiva PF-2021-CESPE:

Como toda competência estatal limitadora de direitos, o poder de polícia é condicionado


pelos princípios da legalidade e da proporcionalidade. O primeiro assegura que somente
a lei em sentido amplo crie limitações a direitos. A atividade de poder de polícia
administrativa não pode ser inovadora, deve se conformar à lei. Já o princípio da
proporcionalidade exige que qualquer limitação, para ser válida, seja a) adequada; b)
necessária; e c) compatível com os valores consagrados na Constituição e nas leis. A
adequação significa um vínculo de causalidade lógica entre a providência limitativa
adotada e o fim concreto que a justifica. A necessidade impõe a adoção da providência
menos onerosa possível dentre as diversas que se revelarem adequadas. A
compatibilidade com a Constituição e as leis impõe que as providências restritivas
jamais suprimam ou ofendam valores ou direitos fundamentais.

Discursiva PF-2018-CESPE:

Distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária


No que toca à distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária, alguns critérios
devem ser explicitados, conforme a doutrina do direito administrativo (Celso Antônio
Bandeira de Mello; Maria Sylvia Di Pietro; Diogo de Figueiredo): a) quanto ao objeto de
incidência: a polícia administrativa incide sobre bens, serviços ou atividades privadas; a
polícia judiciária incide sobre pessoas; b) quanto às infrações: a polícia administrativa
trata de infrações administrativas; a polícia judiciária, de infrações criminais; c) quanto
aos órgãos competentes: a polícia administrativa é exercida por órgãos administrativos
de caráter fiscalizador, integrantes dos mais diversos setores da administração; a polícia
judiciária é realizada por corporações específicas (polícia civil e Polícia Federal).
@profalvaroveras

Discursiva PF-2021-CESPE - contraste entre competência para exercer segurança


pública e competência para exercer poder de polícia administrativa.

O STF diferenciou as competências constitucionais atinentes a segurança pública e polícia


administrativa, em recurso extraordinário com repercussão geral. A segurança pública é
atribuição exclusiva das organizações policiais mantidas pela União e pelos estados (art.
144, CF/88). Envolve aspecto específico de preservação da integridade de pessoas e bens e
abrange também muitas atividades de poder de polícia administrativa. Todavia, há outros
órgãos que podem exercer poder de polícia administrativa, ainda que não possam exercer
atividades de segurança pública.

“Poder de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do primeiro não é
prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a Constituição outorgou, com
exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança pública. 2. A
fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente previstas,
embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia, não
havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais. (…) e fixação, em
repercussão geral, da seguinte tese: é constitucional a atribuição às guardas municipais
do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções
administrativas legalmente previstas” (RE 658.570, Pleno, Relator(a): min. Marco
Aurélio, rel. p/ acórdão min. Roberto Barroso, repercussão geral – mérito, j. 06.08.2015,
DJe 29/9/2015.)

Assim, guardas municipais podem impor sanções administrativas de trânsito.

OUTRO TEMA MUITO IMPORTANTE: DELEGAÇÃO DE PODER DE POLÍCIA A


PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO INTEGRANTES DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de


direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social
majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do
Estado e em regime não concorrencial.STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996). Fonte: Buscador DoD.

Apesar da substancialidade da tese, verifica-se que, em relação às estatais prestadoras de


serviço público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não há razão para
o afastamento do atributo da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob
@profalvaroveras

pena de esvaziamento da finalidade para a qual aquelas entidades foram criadas. (Buscador
DoD)

Essa decisão, inclusive, foi cobrada na prova subjetiva da PGE-AL-2021-CESPE e também


na oral da PGE-MS-2021.

Questão/Espelho dessa última:

Muito se discutiu sobre o exercício do poder de polícia por pessoa jurídica de direito
privado. Após intensos debates doutrinários e jurisprudenciais, o Supremo Tribunal
Federal estabeleceu as balizas para o manejo dessa modalidade de Direito
Administrativo Sancionador. Sob essa ótica, nos termos do que decido pela Corte
Constitucional, quais os requisitos para a utilização do poder de polícia por sociedade de
economia mista?

Espelho:

Segundo a jurisprudência da Suprema Corte, para que a sociedade de economia mista


possa exercer poder de polícia, devem ser obedecidos os seguintes requisitos: (i) a
delegação deve ser feita por lei; (ii) a pessoa jurídica de direito privado deve integrar a
administração pública indireta; (iii) a pessoa jurídica deve deter capital social
majoritariamente público; (iv) a pessoa jurídica deve prestar exclusivamente serviço
público de atuação própria do Estado e (v) em regime não concorrencial.Nesse sentido:
“É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a empresas estatais de
capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de
atuação própria do Estado e em regime não concorrencial”. (Repercussão geral – RE nº
633.782‐MG, julgamento em 24/10/2020).

PODERES ADMINISTRATIVOS

Além dos já citados, precedentes mais importantes sobre poderes administrativos (Fonte:
Buscador Dizer o Direito)

1) A Lei não pode estipular um prazo para que o chefe do Poder Executivo faça a sua
regulamentação

Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação estadual que
estabelece prazo para o chefe do Poder Executivo apresentar a regulamentação de
disposições legais.Exemplo: Art. 9º O Chefe do Poder Executivo regulamentará a matéria no
âmbito da Administração Pública Estadual no prazo de 90 dias.Essa previsão é
@profalvaroveras

inconstitucional.STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021
(Info 1037).

2) Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre calçadas sem a


regular aprovação estatal

Em cidades tomadas por veículos automotores, a maior parte deles a serviço de minoria
privilegiada, calçadas integram o mínimo existencial de espaço público dos pedestres, a
maioria da população.No Estado Social de Direito, o ato de se deslocar a pé, em segurança e
com conforto, qualifica-se como direito de todos, com atenção redobrada para a
acessibilidade dos mais vulneráveis, aí incluídos idosos, crianças e pessoas com
deficiência.Vale ressaltar que as calçadas são consideradas bens públicos, como bens de uso
comum do povo (art. 99, I, do Código Civil).A ninguém é lícito ocupar espaço público (no
caso, a calçada), exceto se estritamente conforme a legislação e após regular procedimento
administrativo.Se o apossamento do espaço urbano público ocorre ilegalmente, incumbe ao
administrador, sob risco de cometimento de improbidade e infração disciplinar, fazer a
imediata demolição de eventuais construções irregulares e a desocupação de bem turbado ou
esbulhado.STJ. 2ª Turma. REsp 1846075-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
03/03/2020 (Info 671).

PODER REGULAMENTAR

O poder regulamentar, consoante entendimento de Alexandre Mazza, pode ser definido como
sendo:

Decorrente do poder hierárquico, o poder regulamentar consiste na possibilidade de os


Chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos gerais e abstratos, ou gerais e
concretos, expedidos para dar fiel execução à lei. (MAZZA, Alexandre, Manual de
Direito Administrativo, 4a edição, 2014, Editora Saraiva, pág. 306).

Podemos dizer que existem dois tipos de regulamento: autônomo e executivo. A regra no
ordenamento jurídico brasileiro é o regulamento executivo, que complementa a lei e é seu
fundamento de validade. O autônomo, em sentido contrário, não depende de lei anterior e tem
na Constituição o seu fundamento de figura.

Hoje, a figura do regulamento autônomo é possível com a edição da EC 32/01, que alterou o
inciso VI, art. 84, CF/88. Atualmente, tal inciso diz que o Presidente da República pode,
mediante decreto, organizar e administrar a Administração Pública Federal, não implicando
aumento de despesa nem criação/extinção de órgãos públicos, além de poder também
extinguir cargos ou funções públicas quando vagas.
@profalvaroveras

SABER ESSAS HIPÓTESES!

Outra diferença entre eles, tratada na questão, é com relação à possibilidade de delegação. A
competência para expedir regulamento autônomo, ao contrário do que ocorre com o
regulamento executivo, é DELEGÁVEL a Ministro de Estado, PGR ou AGU, consoante ao
art. 84, parágrafo único da CF/88:

Art. 84. Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições


mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os
limites traçados nas respectivas delegações.

Obs: leis que ditam um prazo para o Executivo regulamentar uma determinada questão vem
sendo, há muito, declaradas inconstitucionais pelo STF, por violar a separação dos poderes.
Exemplo: ADI 4728/DF

PODER DISCIPLINAR

Consoante Rafael Carvalho, o poder disciplinar pode ser aplicado tanto a agentes públicos
quanto a particulares que estão na intimidade da Administração, traço importantíssimo para
diferenciá-lo do poder de polícia:

O poder disciplinar é a prerrogativa reconhecida à Administração para investigar e


punir, após o contraditório e a ampla defesa, os agentes públicos, na hipótese de infração
funcional, e os demais administrados sujeitos à disciplina especial administrativa. O
poder disciplinar é exercido por meio do Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
Fundado, normalmente, na hierarquia administrativa, o poder disciplinar relaciona-se
com as relações jurídicas especiais administrativas, englobando duas situações: a)
relações funcionais travadas com agentes públicos, independentemente da natureza do
respectivo vínculo jurídico – legal ou negocial (ex.: demissão do servidor público); eb)
particulares inseridos em relações jurídicas especiais com a Administração, mas que não
são considerados agentes públicos (ex.: aplicação de multa contratual à empresa
contratada pela Administração, sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos
usuários de biblioteca pública etc.).

Observe-se, ainda, a principal diferença entre poder de polícia e poder disciplinar:


@profalvaroveras

Tem-se, então, que enquanto o poder de polícia aplica-se quando existem relações genéricas
entre Estado e cidadão, o poder disciplinar existe quando existem vínculos jurídicos especiais
– como é o caso dos estudantes de escolas públicas.

SERVIDORES PÚBLICOS:

Passemos, então, a tratar desse tema por demais importante também para concursos de
Advocacia Pública: servidores públicos.

CARGOS EM COMISSÃO

Art. 37, V – destinação apenas às atribuições de chefia, direção e assessoramento;

Entedimento importante do STF: impossibilidade de criação de cargo em comissão para


natureza meramente técnica e operacional, que dispense a relação de confiança pessoal da
autoridade pública no servidor nomeado(STF - ADI 3.706, ADI 4.125).

Por exemplo: criação de cargo em comissão de médico - aqui, não seria possível, pois não
existe essa relação de confiança pessoal

Proporcionalidade entre servidores efetivos e cargos em comissão:

Necessidade de relação de proporcionalidade entre número de cargos efetivos e cargos em


comissão, sob pena de ofensa ao art. 37, II, CF/88 e princípio da moralidade(STF, RE
365.368-AgR). Não se pode, por exemplo, se ter numa Assembléia Legislativo 40
comissionados e 10 servidores efetivos.

Aprofundando o tema:

Em 2018, o STF(RE 1041210/SP) por por meio da Tese a seguir detalhada, os requisitos para
a constitucionalidade da criação de cargos em comissão, quais sejam:

1) as atribuições do cargo comissionado criado sejam adequadas às atividades de


direção, chefia ou assessoramento, não se podendo compreender nesse espectro
atividades meramente burocráticas, operacionais ou técnicas;
2) é imprescindível que exista um vínculo de confiança entre a autoridade nomeante e o
servidor nomeado para o desempenho da atividade de chefia ou assessoramento, fato
que legitima o regime de livre nomeação e exoneração;
@profalvaroveras

3) o número de cargos em comissão deve guardar estrita proporcionalidade: a) com a


necessidade funcional que sua criação visa suprir; e b) com o número de cargos de
provimento efetivo nos quadros do ente da Federação que os institui;
4) as atribuições dos cargos estejam previstas na própria lei que os criou, de forma clara
e objetiva, não havendo a possibilidade de que sejam fixadas posteriormente;

Com relação ao requisito 4 - destacou ainda a Corte que não basta ter, por exemplo, o nome de
“assessor” - tem que se ver especificamente as atribuições que se impõe a ele.

CARGOS EM COMISSÃO E APOSENTADORIA COMPULSÓRIA

No entendimento do STF, a idade para aposentadoria compulsória não se aplica aos cargos
comissionados (RE 786.540)

Os ocupantes de cargo em comissão não se submetem à aposentadoria compulsória que tem


como destinatários os servidores de provimento efetivo os quais estão inseridos no Regime
Próprio de Previdência Social. Desta feita, não há limite máximo de idade para nomeação de
cargo em comissão, que, lembrando, é demissível ad nutum.

JULGADO RECENTE DO STF: OMISSÃO LEGISLATIVA DO ART. 37, V, CF/88

Há omissão legislativa ou inércia do legislador ordinário quanto à edição de lei nacional que
discipline a matéria do inciso V do art. 37 da Constituição Federal?

Tema julgado pelo STF no Informativo 1.091, de 28 de abril de 2023.

Segundo a CF:

Art. 37. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes


de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas
às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

Tem-se, então, que a lei vai estipular condições e percentuais mínimos em que os cargos em
comissão serão ocupados por servidores efetivos.

Foi ajuizada uma ADO alegando que existia omissão legislativa em não se regular
nacionalmente o tema.

Segundo o STF:
@profalvaroveras

Não há omissão legislativa nem inércia do legislador ordinário quanto à edição de lei
nacional que discipline a matéria do inciso V do art. 37 da Constituição Federal,
cabendo a cada ente federado definir as condições e percentuais mínimos para o
preenchimento dos cargos em comissão para servidores de carreira, a depender de suas
necessidades burocráticas.

Segundo a Corte, a matéria relativa a regime jurídico-administrativo de servidor público


compete à União, mas, também, a cada ente da federação (CF/1988, art. 39, caput). Desse
modo, eventual lei nacional que disponha sobre os casos, condições e percentuais mínimos de
cargos em comissão pode vir a afrontar a autonomia e a competência de cada um dos entes da
Federação para tratar do tema e adequar a matéria às suas específicas necessidades.

No âmbito federal, inclusive, a matéria já é objeto de disciplina de atos normativos em vigor,


como o art. 27 do Decreto 10.829/2021, que regulamenta Lei 14.204/2021

ADO 44/STF.

Outro julgamento muito interessante, inclusive com repercussão geral:

é impossível que se use tempo de cargo comissionado anterior à investidura de servidor


efetivo para que se tenha aumento remuneratório. (Tema 1.213, RE 1367790)

Exemplo: servidor passa para ser técnico do TJ no Ceará. Quer usar tempo que antes exerceu
cargo em comissão de assessor para ter direito a quinto(aumento de acordo com número de
anos de serviço). O STF entende que isso não é possível.

Obs: Isso também acontece com quem exerce cargo temporário(que inclusive iremos falar
depois):

Investidura em cargo público efetivo, após aprovação em concurso. Alegado direito a


promoções e progressões funcionais, com base em tempo exercido em contratação
temporária. Inexistência. Tema 454 da repercussão geral.
[RE 1.384.699 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 16-8-2022, 1ª T, DJE de
19-8-2022.]

SERVIDOR PÚBLICO E INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO À FORMA DE


REMUNERAÇÃO
@profalvaroveras

Vamos imaginar que o servidor público adquiriu direito a uma determinada gratificação (como
por exemplo a um adicional a tempo de serviço).

Posteriormente, o Estado edita uma norma determinando, por exemplo, que a remuneração a
partir desse momento será por subsídio (que, em tese, não comporta essa espécie de
gratificação - pois é fixado em parcela única).

Obs: O STF (ADI 4941/AL) entendeu que o regime de subsídio não impede de modo absoluto
o pagamento de outras verbas além do subsídio. O que é impedido é o acréscimo injustificável
de outras espécies remuneratórias ordinárias, devidas em decorrência do trabalho normal de
servidor submetido ao subsídio. Nesse sentido, por ser modelo de remuneração por
performance com vistas à eficiência do servidor público, o STF declarou constitucional os
honorários advocatícios sucumbenciais percebidos pelos advogados públicos(ADI 6053).

Voltando ao caso tratado: o servidor público entende que foi prejudicado e ingressa com uma
ação. Possui ele direito adquirido ao adicional por tempo de serviço?

Consoante entendimento do STF, inexiste direito adquirido a regime funcional de servidor


público, notadamente no que tange à forma de composição de vencimentos.

Assim, o que irá acontecer com esse servidor: caso essa modificação legal tenha acarretado
em diminuição de vencimentos, em razão da garantia da irredutibilidade de vencimentos ele
passará a receber uma vantagem pessoal no valor dessa diferença, justamente em face da
garantia de irredutibilidade de vencimentos(art. 37, XV, CF/88).

Por outro lado, se essa modificação legal não tenha acarretado em diminuição de
vencimentos, ele não possui direito adquirido a continuar recebendo o adicional por tempo de
serviço.

Nesse sentido:

I - O art. 37, XIV, da Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional
19/1998, é autoaplicável;
II - Não há direito adquirido a regime jurídico, notadamente à forma de composição da
remuneração de servidores públicos, observada a garantia da irredutibilidade de
vencimentos.[Tese definida no RE 563.708, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 6-2-2013, DJE
81 de 2-5-2013, Tema 24.]

Trata-se, então, de suma importância para atuação das Procuradorias do Estado no dia-a-dia.
@profalvaroveras

CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA

A respeito da contratação temporária, dispõe a CF:

Art. 37. IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

O contratado temporário não ocupa nem cargo e nem emprego público – desempenha uma
função administrativa com regime próprio. De quem é a competência para julgar suas
demandas em face da Administração Pública? Segundo o STF, da Justiça Estadual(Rcl 4351
MC-Agr).

Obs: Caso distinto julgado recentemente pelo STJ(Fonte: Buscador Dizer o Direito):

Servidor celetista admitido antes da CF/88, sem concurso público, pede verbas
trabalhistas e a nulidade de contrato temporária: a competência é da Justiça do
Trabalho

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação trabalhista ajuizada por


servidor admitido sem concurso público e sob o regime celetista antes da CF/88, mesmo
que haja cumulação de pedidos referente ao período trabalhado sob o regime de
contratação temporária.STJ. 1ª Seção. CC 188950-TO, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 14/09/2022 (Info 749).

Servidores temporários têm direito a décimo terceiro salário e férias remuneradas?

"Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas
acrescidas do terço constitucional, salvo (I) expressa previsão legal e/ou contratual em
sentido contrário, ou (II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela
Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou
prorrogações”.

Tema de Repercussão Geral do STF - MUITO importante!

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL.


ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA.
DIREITO A DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS REMUNERADAS,
ACRESCIDAS DO TERÇO CONSTITUCIONAL. 1. A contratação de servidores
públicos por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional
@profalvaroveras

interesse público, prevista no art. 37, IX, da Constituição, submete-se ao regime


jurídico-administrativo, e não à Consolidação das Leis do Trabalho. 2. O direito a
décimo terceiro salário e a férias remuneradas, acrescidas do terço constitucional, não
decorre automaticamente da contratação temporária, demandando previsão legal ou
contratual expressa a respeito. 3. No caso concreto, o vínculo do servidor temporário
perdurou de 10 de dezembro de 2003 a 23 de março de 2009. 4. Trata-se de notório
desvirtuamento da finalidade da contratação temporária, que tem por consequência o
reconhecimento do direito ao 13º salário e às férias remuneradas, acrescidas do terço. 5.
Recurso extraordinário a que se nega provimento. Tese de repercussão geral:
"Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas
acrescidas do terço constitucional, salvo (I) expressa previsão legal e/ou contratual em
sentido contrário, ou (II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela
Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou
prorrogações”. (RE 1066677, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-165 DIVULG 30-06-2020 PUBLIC 01-07-2020)

CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA E LEI DO ENTE

Como se verifica no art. 37, IX, da CF/88, é necessária a edição de lei por cada ente federativo
para que possa ocorrer a contratação temporária – isso ocorre até pelo fato de ser uma exceção
à regra da obrigatoriedade do concurso público(art. 37, II, CF/88).

Quais são os requisitos dessa lei?

Segundo entendimento do STF (RE 658.026), em leading case:

“O conteúdo jurídico do art. 37, inciso IX, da Constituição Federal pode ser resumido,
ratificando-se, dessa forma, o entendimento da Corte Suprema de que, para que se
considere válida a contratação temporária, é preciso que: a) os casos excepcionais
estejam previstos em lei; b) o prazo de contratação seja predeterminado; c) a
necessidade seja temporária; d) o interesse público seja excepcional; e) a necessidade de
contratação seja indispensável, sendo vedada a contratação para os serviços ordinários
permanentes do Estado, e que devam estar sob o espectro das contingências normais da
Administração.”

Obs: Em julgado recente, publicado em 06/03, na ADI 6812,o STF adotou uma corrente mais
ampliava sobre a natureza da atividade, entendendo que que
@profalvaroveras

“A contratação por tempo determinado não depende da natureza da atividade


(temporária ou permanente), o importante é a existência de necessidade temporária de
excepcional interesse público que a justifique.”

Ou seja: tem que se ver se existe a necessidade de contratar excepcionalmente -


independentemente se a natureza da atividade for algo que o Estado sempre faz.

Outros julgados interessantes sobre o tema (Fonte: Buscador Dizer o Direito):

Não é compatível com a CF a norma que permita a convocação temporária de


profissionais, sem vínculo com a administração pública, para funções de magistério na
educação básica e superior do estado nos casos de vacância de cargo efetivo

É inconstitucional norma estadual que, de maneira genérica e abrangente, permite a


convocação temporária de profissionais da área da educação sem prévio vínculo com a
Administração Pública para suprir vacância de cargo público efetivo.STF. Plenário. ADPF
915/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2022 (Info 1055).

CONTRATAÇÃO SEM RESPEITO À REGRA DO CONCURSO E DIREITOS

Para além das exceções que não envolvem a necessidade de obediência da regra do
concurso(cargo em comissão, cargo temporário - processo seletivo simplificado), existem as
hipóteses em que a Administração Pública ofende, inegavelmente, a regra do concurso
público do art. 37, II. Nesses casos, quais são os direitos dessas pessoas que laboraram?

Segundo o STF, tais contratações são nulas e impõe sanções à autoridade responsável (CF,
art. 37, § 2º).

Sobre quem foi contratado, essas contratações ilegítimas não geram quaisquer efeitos
jurídicos válidos, a não ser o direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado
e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos efetuados no
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.

Tema decidido em Repercussão Geral, RE 705140, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI

DIREITO DE ACESSO A CARGOS, EMPREGOS, FUNÇÕES

O direito ao acesso aos cargos empregos e funções públicas:


@profalvaroveras

Art. 37, I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da
lei;

Entendimentos importantes do STF sobre tal artigo:

STF(RE 544.655): norma que confere direito ao estrangeiro não é autoaplicável – eficácia
limitada. Depende, assim, de legislação para que possa fazer efeito.

STF(RE 544.655 e AI 590.663 AgR): por não ser tal norma de competência privativa da
União, tem-se a possibilidade de iniciativa dos Estados membros. Ou seja: pode o Estado
legislar a respeito de como se dará o ingresso de estrangeiros como servidores públicos.

Obs: Entendimento recente do STF sobre o ingresso em universidades federais/instituto


de pesquisa federais.

Indaga-se: no caso de aprovação de estrangeiro em concurso em universidades federais ou


mesmo instituições de pesquisa científica e tecnologia federais, é possível que ele tome posse?

O tema foi recentemente debatido pelo STF no Tema 1.032 de RG(Informativo 1.088 do STF,
de 31/03).

Segundo a Corte:

“O candidato estrangeiro tem direito líquido e certo à nomeação em concurso público


para provimento de cargos de professor, técnico e cientista em universidades e
instituições de pesquisa científica e tecnológica federais, nos termos do art. 207, § 1º, da
Constituição Federal, salvo se a restrição da nacionalidade estiver expressa no edital do
certame com o exclusivo objetivo de preservar o interesse público e desde que, sem
prejuízo de controle judicial, devidamente justificada.”

No caso, observa-se que no âmbito federal já existe regulamentação sobre o tema – Lei
9.515/1997, dispondo sobre a admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros pelas
universidades e pelas instituições de pesquisa científica e tecnológica federais.

Assim, a negativa, além de não obedecer à legislação, também viola o princípio da isonomia
(CF/1988, art. 5º, “caput”).

DEMISSÃO EM CARGO E NÃO RETORNO AO SERVIÇO PÚBLICO


@profalvaroveras

De acordo com a Lei 8.112/90, que rege o estatuto jurídico dos servidores públicos federais:

“Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art.


117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.Parágrafo único. Não poderá retornar ao
serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI”

Como se visualiza, no parágrafo único, estabelecem-se hipóteses em que o servidor público


não poderia mais retornar ao serviço público.

Foi ajuizada ADI sobre o tema, alegando que tal dispositivo impugnado impõe pena de caráter
perpétuo aos servidores públicos federais, conduta supostamente vedada pela Carta Magna.
Assim, aduz que a proibição de retorno ao serviço público constitui pena de interdição de
direitos, devendo, portanto, obedecer ao comando de proibição de perpetuidade das penas.

O STF utilizou como parâmetro o disposto na CF:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
“Art. 5º. […] XLVII - não haverá penas: […]b) de caráter perpétuo;”

Segundo a Corte, tal norma constitucional encontra-se estabelecida enquanto garantia à


aplicação de sanções penais. Não obstante, a doutrina destaca a extensão dessa e das demais
garantias da pena às sanções administrativas, reconhecendo o vínculo entre essas duas esferas
do poder sancionatório estatal.

Destaca, ainda, o já decidido pelo STJ julgamento do Recurso em Mandado de Segurança


24.559, em que se estabeleceu:

"Consoante precisas lições de eminentes doutrinadores e processualistas modernos, à


atividade sancionatória ou disciplinar da Administração Pública se aplicam os
princípios, garantias e normas que regem o Processo Penal comum, em respeito aos
valores de proteção e defesa das liberdades individuais e da dignidade da pessoa
humana, que se plasmaram no campo daquela disciplina."

Aduz, ainda, que um critério razoável para a delimitação constitucional da atividade punitiva
parece ser a impossibilidade da imposição de sanções administrativas mais graves que as
penas aplicadas pela prática de crimes, já que os conceitos de subsidiariedade e da intervenção
penal mínima corroboram a afirmação de Nélson Hungria, quando afirma que o ilícito
administrativo seria um minus em relação às infrações penais.
@profalvaroveras

Assim, conclui-se que a norma constante do art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88 se aplica às sanções
administrativas para impedir a imposição de pena administrativa perpétua.

Desse modo, entendeu-se pela inconstitucionalidade da previsão da sanção perpétua prevista


no parágrafo único do art. 137 da Lei 8.112/90.

Recentemente, o tema voltou a ser discutido no STF, por meio de Embargos de


Declaração. Se a sanção perpétua de retorno ao serviço público federal é
inconstitucional, qual deve ser a pena aplicada?

Conforme decidido:

(ii) para esclarecer a aplicabilidade da sanção prevista no art. 137, caput, da Lei nº
8.112/1990 às situações previstas no seu parágrafo único, cuja inconstitucionalidade foi
declarada por este Tribunal, até que sobrevenha lei a dispor sobre a matéria.

Ou seja, nesses casos, vai ser aplicada a pena prevista no caput(5 anos de incompatibilização),
até ocorrer nova lei sobre o tema.

STF, ADI 2975

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E ABSORÇÃO DE CELETISTAS

A CE/Amapá dispunha o seguinte:

Art. 65-A. No caso de extinção, fusão, incorporação ou transferência de propriedade


para iniciativa privada ou para a União Federal, de empresa pública ou sociedade de
economia mista, que tenha sido constituída à época do extinto Território Federal do
Amapá e que tenha passado a integrar o patrimônio do Estado do Amapá, por força do
artigo 14, § 2º do ADCT da Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988 e do disposto
no artigo 16, da Lei Complementar 41 de 22 de dezembro 1981, o empregado que tenha
ingressado mediante prévio concurso público no quadro de pessoal de qualquer das
pessoas jurídicas elencadas, poderá, mediante opção ser aproveitado no quadro de
pessoal da administração pública estadual , nos termos da Lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 55, de 03.05.2017).”

Tal norma é constitucional?

Não.

De acordo com o STF, em tese fixada em Repercussão Geral:


@profalvaroveras

“É inconstitucional dispositivo de Constituição estadual que permite transposição,


absorção ou aproveitamento de empregado público no quadro estatutário da
Administração Pública estadual sem prévia aprovação em concurso público, nos termos
do art. 37, II, da Constituição Federal.”

De acordo com a Corte, tal norma ofende o princípio do concurso público(art. 37, II, CF/88),
uma vez que permite a mudança de cargo sem que seja feito um novo concurso.

Inclusive, o entendimento do STF é firmado no sentido de que tal princípio firma a


necessidade de observância da prévia aprovação em certame, seja no provimento originário,
seja no derivado.

Nesse sentido, a Súmula Vinculante 43:

É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,


sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.

STF, RE 1.232.885/AP, Tema 1.128 de Repercussão Geral

SERVIDOR PÚBLICO E DIREITO AO SALÁRIO-MÍNIMO

Imagine que um servidor público tenha carga horária, por lei, de 20h semanais. É possível que
ele receba valor inferior ao salário mínimo?

De acordo com o STF, não. Fixou-se a seguinte tese em Repercussão Geral(RE 964659 / RS:

”é defeso o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao servidor


público, ainda que labore em jornada reduzida de trabalho”

De acordo com a Corte, “o pagamento de remuneração inferior ao salário mínimo ao servidor


público civil que labore em jornada de trabalho reduzida contraria o disposto no art. 7º, inciso
IV, e no art. 39, § 3º, da CF, bem como o valor social do trabalho, o princípio da dignidade da
pessoa humana, o mínimo existencial e o postulado da vedação do retrocesso de direitos
sociais.”
Aduz, ainda, que art. 39, § 3º, da CF/88, ao estender o direito fundamental do salário mínimo
aos servidores públicos, não indicou em nenhum momento que poderia ser flexibilizado, seja
em razão de jornada reduzida ou mesmo por previsão em lei infraconstitucional.
@profalvaroveras

SERVIDOR PÚBLICO E JORNADA REDUZIDA - FILHO COM DEFICIÊNCIA

Tese de Repercussão Geral do STF - Tema 1.097:

“Aos servidores públicos estaduais e municipais é aplicado, para todos os efeitos, o art.
98, § 2° e § 3°, da Lei 8.112 /1990”.

Ou seja: servidor estadual e municipal responsável por pessoa com deficiência tem direito a
jornada reduzida

De acordo com o Min. Ricardo Lewandowski, na notícia do STF sobre o julgado, é


plenamente legítima a aplicação da lei federal aos servidores de estados e municípios, diante
do princípio da igualdade substancial, previsto na Constituição Federal e na Convenção
Internacional sobre o Direito das Pessoas com Deficiência. Para Lewandowski, a falta de
legislação infraconstitucional não pode servir justificar o descumprimento de garantias
constitucionais, sobretudo quando envolvem o princípio da dignidade humana, o direito à
saúde, o melhor interesse das crianças e as regras e diretrizes previstas na Convenção
Internacional sobre Direito das Pessoas com Deficiência.

SERVIDOR PÚBLICO E DIREITO À INDENIZAÇÃO - VALORES RELATIVOS À


EXONERAÇÃO

Entendimento importante do STJ no Informativo 784(29-08-2023):

Servidora pública que pede exoneração e fica inerte por mais de 3 anos até
ingressar com ação judicial requerendo declaração de nulidade do ato
administrativo e a consequente reintegração ao cargo, não tem direito à
indenização de valores retroativos à exoneração, por configurar enriquecimento
sem causa.

Na explicação do Informativo:

"A controvérsia limita-se à discussão quanto ao pagamento dos valores


retroativos a reintegração de servidora que pediu exoneração e depois de 3 anos
ingressou com ação judicial requerendo a declaração de nulidade do ato administrativo
de exoneração, com a consequente reintegração ao cargo público e a condenação da
Administração no recebimento dos vencimentos e direitos correspondentes desde a
data da exoneração.

Quanto ao ponto, não se desconhece a existência de jurisprudência dessa Corte


no sentido de que o servidor público que for reintegrado ao cargo, em virtude de
declaração judicial de nulidade do ato de demissão, tem como consequência lógica a
recomposição integral dos seus direitos, com o pagamento dos vencimentos e
vantagens que lhe seriam pagos durante o período em que esteve indevidamente
@profalvaroveras

desligado. Contudo, o caso em análise comporta peculiaridades que o distinguem desse


entendimento.

Com efeito, após a exoneração, a recorrida permaneceu inerte por quase 3


anos sem questionar o ato na seara administrativa ou judicial, tendo, inclusive,
conforme comprovado pelo Estado recorrente, desenvolvido atividades na esfera
privada durante alguns períodos deste interregno.

Outrossim, somente com a perícia judicial realizada nos autos, houve o


reconhecimento de que no momento do pedido de exoneração a recorrida
encontrava-se privada momentaneamente de capacidade, o que ampara a boa-fé da
Administração Pública naquele momento em que aceitou o pedido de exoneração de
ofício, em respeito à legalidade administrativa.

Portanto, a pretensão, após esse longo período que ultrapassa 20 anos, de


receber todas as vantagens que lhe seriam devidas caso não tivesse sido exonerada,
sem a devida contraprestação, caracteriza inequívoco enriquecimento sem causa por
parte da servidora pública.

Efetivamente, o direito a reintegração ao cargo já determinado pela Corte local,


não deve acompanhar indenização correspondente aos vencimentos pelo tempo não
trabalhado, ante as peculiaridades do caso concreto."

REsp 2.005.114-RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, por unanimidade,
julgado em 22/8/2023.

VEDAÇÃO AO NEPOTISMO

Nepotismo é característimo de uma Administração patrimonialista(confusão entre os


interesses públicos e privados).

Resolução 7 do CNJ foi editada para vedar tal prática, no que se seguiu o CNMP. O STF,
instado a se manifestar sobre o tema na ADC 12, definiu que: : a) não é inconstitucional tal
vedação; b)não se necessita de lei formal, sendo decorrente dos princípios republicanos como
igualdade, eficiência, moralidade e impessoalidade

Editou-se, assim, a SV 13:

Súmula vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha


reta, colateral ou por afinidade, até o TERCEIRO GRAU, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes
@profalvaroveras

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, COMPREENDIDO O


AJUSTE MEDIANTE DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, viola a Constituição Federal.”

Importantes observações:

1) Ao restringir aos parentes de terceiro grau, não se vedou a nomeação de primos, uma vez
que parentes de quarto grau;

2) O próprio STF fez uma restrição à aplicação dessa súmula – e vem a reafirmando RE
825.682: agentes políticos, como secretários estaduais e municipais, não estão submetidos à
tal vedação. São cargos de natureza política, não administrativa, caracterizados por ter um
munús decorrente da Constituição Federal. Caso que aconteceu no Ceará: Cid Gomes e Ciro
Gomes.

Exceção(Informativo 914, STF): poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se


tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado.

3) Os Conselheiros de Tribunais de Contas são considerados cargos administrativos, a eles


então também é aplicado a vedação nepotismo – decisão do STF na Rcl 6702. Exerce a
função de auxiliar o Legislativo no controle das contas públicas.

4) Vedação ao nepotismo cruzado – também incluído no teor da súmula.

DECISÕES JURISPRUDENCIAIS IMPORTANTES SOBRE O TEMA:

1) Na ADI 3745/GO, o STF decidiu que é inconstitucional lei que veda o nepotismo, porém
adiciona a exceção de que é permitida a nomeação de até dois parentes por autoridade do
Estado. Incidência verticalizada e direta do instituto em razão da CF/88(desnecessidade de lei
formal). Ofende o intuito moralizador do sistema;

2) No informativo 771, do STF, RE 570.392 foi decidido de que as leis que vedam o
nepotismo não são de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo. Decorrem diretamente da
CF e não precisaria nem de lei formal. Ou seja: pode um Município, por meio de lei de
iniciativa parlamentar, editar uma norma específica que vede novas formas de nepotismo(por
exemplo, no que tange à Licitações e contratos com empresas de sócios que são parentes de
autoridades);

3) MS 31697: STF decidiu que a SV 13 não esgotou todas possibilidades de nepotismo -


abrangendo, por exemplo, um caso de cessão de servidor.
@profalvaroveras

4) No Informativo 786 do STF, ADI 524, ficou decidido que impede o nepotismo não alcança
os servidores de provimento efetivo – poderia inibir o próprio provimento de cargos públicos
e viola o livre acesso aos cargos, empregos e funções públicas. Regra é constitucional para
cargos em comissão, função gratificada, de direção e de assessoramento. Inexiste proteção ou
apadrinhamento quando a pessoa é aprovada em concurso público.

5) Para o STF, no julgamento do RE 678.574, a vedação ao nepotismo não se aplica às


contratações realizadas pelos serviços notariais – exercem atividade estatal, mas não ocupam
cargo público. Podem contratar parentes pela CLT.

Tema cobrado na AGE/MG-discursiva-2023, elaborado pela FGV.

A Constituição do Estado Alfa, em matéria de nepotismo, contém norma prevendo que


“é vedado ao servidor público servir sob a direção imediata de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive.” A
Governadora do Estado Alfa, ao organizar seu secretariado, nomeou seu marido para
exercer o cargo de Secretário Estadual de Transportes. Na semana seguinte à publicação
do ato de nomeação no Diário Oficial, após receber inúmeras reclamações questionando
a validade da nomeação de seu marido, a Governadora solicitou à Procuradoria Geral
do Estado parecer sobre a juridicidade de seu ato. Sobre o caso em tela, com base na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, responda aos itens a
seguir. a) A norma constitucional estadual, que veda ao servidor público servir sob a
direção imediata de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, é compatível com a Constituição da República
de 1988? Justifique. b) Há alguma possibilidade de a nomeação promovida pela Chefe
do Executivo do Estado Alfa ser considerada ilegal? Justifique.

A1 – De acordo com jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deve ser dada à norma
estadual mencionada no enunciado interpretação conforme à Constituição da República. 1.00
A2 – A norma estadual referida no enunciado que veda o nepotismo deve incidir
exclusivamente sobre cargos de provimento em comissão, função gratificada (de confiança) e
cargos de direção e assessoramento, de maneira que não atinja os servidores públicos
ocupantes de cargo efetivo. 1.00 B1 – No parecer a ser lançado a pedido da Governadora,
deve ser indicado que, consoante orientação jurisprudencial do STF, em regra, é válida a
nomeação promovida pela Chefe do Executivo do Estado Alfa de seu marido para o cardo de
Secretário Estadual de Transportes, pois a proibição da Súmula Vinculante 13 do STF não se
aplica para cargos públicos de natureza política, como Secretário de Estado. 1.00 B2 – No
entanto, será considerada inválida a citada nomeação por nepotismo, caso reste demonstrada
a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação
técnica ou inidoneidade moral do nomeado.
@profalvaroveras

SERVIDORES ESTADUAIS E PREVISÃO DE LICENÇA NÃO REMUNERADA

Tema discutido no STF, com decisão final em 17/4/2023.

O Estado de Goiás previu em lei estadual o seguinte:

"é assegurado ao servidor estável o direito à licença sem remuneração para desempenho
de mandato em central sindical, confederação, federação, associação de classe de âmbito
estadual, sindicato representativo da categoria de servidores públicos estaduais ou
entidade fiscalizadora da profissão, regularmente registrados no órgão competente ”

A Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis – COBRAPOL ajuizou ADI


alegando que tal dispositivo era inconstitucional, por ter implicado em retrocesso ao direito
dos servidores que exercem mandatos classistas, já que prevê uma licença não remunerada.

Sustentou violação do disposto nos arts. 8º, inciso I, e 37, inciso VI, da Constituição, por
retirar o direito dos servidores estaduais de perceber licença remunerada para exercício de
mandato em central sindical, bem como aponta ofensa ao princípio da vedação ao retrocesso
social.

Sobre o tema, dispõe a CF:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:(…)
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;”

“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:I - a lei não


poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical;”

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
@profalvaroveras

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao


seguinte:(…)
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;”

O STF decidiu que a lei estadual é constitucional. Passo a juntar os argumentos elencados.

Segundo entendimento do relator, Min. Gilmar Mendes, de acordo com a Constituição,


compreende-se para o regular funcionamento das associações sindicais e profissionais, seus
integrantes não podem sofrer represálias ou repressões, muito menos ter sua participação ativa
em tais entidades limitada.

Contudo, isso não significa que o texto constitucional tenha conferido aos servidores o direito
de afastamento remunerado para o desempenho de mandato em entidade sindical.

Assim, a regulamentação do exercício de mandato classista por servidor não representa ofensa
aos direitos de livre associação e à autonomia sindical.

Inclusive, relembra-se que essa mudança no regime jurídico em Goiás foi feita para
uniformizar com o regime federal, em que a lei 8.112/90 já prevê tal licença sem
remuneração.

Além disso, segundo o STF, não há que se falar em retirada de direito dos servidores estaduais
de perceber licença remunerada para exercício de mandato em central sindical ou de
interferência do Poder Público na organização sindical. Há de se verificar, então, que a
atuação do Poder Público foi pautada nas diretrizes legais e não representa interferência ou
intervenção indevida à liberdade sindical.

Assim, tal lei estadual é constitucional.

STF, ADI 7242

DEVOLUÇÃO VALORES RECEBIDOS A MAIOR SERVIDOR PÚBLICO - ERRO DE


DIREITO E ERRO DE FATO - ENTENDIMENTO DO STJ

Tema bem importante e que vem sendo cobrado bastante em provas CESPE.

O STJ faz uma diferenciação entre erro de direito/erro de fato para falar sobre o direito de a
Administração Pública buscar de volta valores recebidos a maior por servidores públicos.

ERRO DE DIREITO: É aquele que se dá por meio de uma interpretação errônea de uma lei.
@profalvaroveras

Tema 531 de Recurso Repetitivo do STJ -

“Quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em


pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores
recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos,
ante a boa-fé do servidor público.”

ERRO DE FATO/OPERACIONAL: Aqui é um erro mesmo operacional por parte da


Administração - por exemplo: em um determinado mês, ao invés de depositar o salário de
técnico de um servidor, acaba-se depositando o salário de analista.

Tema 1009 de Recurso Repetitivo do STJ:

“Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo


(operacional ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da
lei pela Administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas as hipóteses em que o
servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com
demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido.”

Aqui, a presunção é que a devolução é devida. Pode ser, no entanto, considerando as


circunstâncias do caso, que o servidor comprove que não era possível que se constatasse por
ele o pagamento indevido.

PGE RO 2022 CESPE:

Determinado servidor público constatou ter recebido, no pagamento do mês atual, um


valor 30% maior do que o habitual. Ele não estava de férias, não havia recebido
qualquer indenização e não havia tido notícia de alteração legal. Em conversa sobre o
assunto com seus colegas de repartição, foi por eles orientado a permanecer inerte, já
que não havia feito nenhum pedido indevido nem prestado qualquer informação falsa ou
equivocada para o departamento responsável pelo pagamento. Não havia, pois, dado
causa ao pagamento adicional. Na folha de pagamento seguinte, a administração
constatou o equívoco e, considerando seu dever de agir à luz do princípio da legalidade,
da autotutela e da indisponibilidade do interesse público sobre o privado, interrompeu o
pagamento do valor excedente e solicitou a devolução do valor recebido a maior pelo
servidor. Considerando-se a aplicação do princípio da boa-fé objetiva à luz
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que, nessa situação
hipotética,
@profalvaroveras

A é devida a exigência de devolução dos valores pagos a maior pelo servidor beneficiado,
de forma solidária com os demais servidores que o orientaram a permanecer inerte,
sendo adequada a interrupção do pagamento do excedente na folha de pagamento.
B é indevida a exigência de devolução da quantia paga a maior pela administração, uma
vez que não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor, além
de ser exigível a manutenção do pagamento do excedente, já que o servidor não
concorreu para o erro e a remuneração é irredutível, por força de disposição
constitucional.
C é indevida a exigência de devolução da quantia paga a maior pela administração, uma
vez que não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor,
embora a administração possua a prerrogativa de corrigir o erro, no exercício do seu
poder de autotutela.
D é devida a exigência de devolução dos valores pagos a maior ao servidor,
independentemente de o pagamento ter ocorrido em razão de erro operacional, de
cálculo ou decorrente de incorreta ou inadequada interpretação da lei, podendo o erário
interromper o pagamento da parcela em excesso.
E é devida a exigência de devolução dos valores pagos a maior ao servidor, mesmo que
ele não tenha concorrido para o erro da administração, sendo também adequada a
interrupção do pagamento do excedente na folha de pagamento.

Gabarito: Trata-se, aqui, de nítido erro de fato, operacional, que o servidor logo constatou.
Assim, aplica-se o Tema 1009 - então o gabarito é E

FÉRIAS DE 45 DIAS E ADICIONAL DE TERÇO

STF no Informativo 1.080 (o primeiro de 2023):

“O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição Federal incide
sobre a remuneração relativa a todo período de férias.”

Lei do Município de Boa Viagem/CE prevê aos professores 45 dias de férias.

Nela, também se prevê que o acréscimo de 1/3 incide apenas sobre 30 dias.

O STF entendeu que é ilegal.

Segundo a Corte, o art. 7º, XVII, da CF/1988 assegura ao trabalhador o gozo de férias anuais
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal, sem limitar o tempo
da sua duração, razão pela qual esse adicional deve incidir sobre todo o tempo de descanso
previsto em lei.
@profalvaroveras

O tema foi cobrado na prova objetiva do TJ-MS-2023-FGV-objetiva:

João é servidor público ocupante do cargo efetivo de professor no Município Alfa. Não
obstante lei local em vigor desse Município preveja o direito de férias anuais de 45 dias
aos professores municipais, o atual prefeito, com base em parecer da Procuradoria Geral
do Município, determinou que tais servidores somente possuem direito a 30 dias de
férias por ano, período sobre o qual deve recair o pagamento do terço constitucional de
férias, com base na Constituição da República de 1988. Inconformado, João aforou ação
judicial visando a garantir seu direito de férias de 45 dias anuais, requerendo que sobre
esse período incida o terço constitucional de férias.Com base na jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal sobre o tema, o magistrado deve decidir que a pretensão de João é:

(A) procedente, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias é constitucional e o
terço adicional de férias incide sobre a remuneração relativa a todo o período de
férias;(B) improcedente, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias é
inconstitucional, haja vista que a Constituição da República de 1988 prevê que os
servidores públicos têm. direito de férias pelo período de 30 dias;(C) procedente em
parte, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias deve ser objeto de
interpretação conforme à Constituição da República de 1988, de maneira que os
servidores municipais podem gozar dos 45 dias de férias, mas o terço adicional incide
apenas sobre 30 dias;(D) procedente em parte, pois a norma municipal que prevê 45 dias
de férias deve ser objeto de interpretação conforme à Constituição da República de
1988, de maneira que os servidores municipais podem gozar apenas 30 dias de férias,
mas o terço adicional deve incidir sobre 45 dias;(E) improcedente, pois a norma
municipal que prevê 45 dias de férias é inconstitucional, haja vista que a Constituição da
República de 1988 prevê que os empregados celetistas têm direito de férias pelo período
de 30 dias e tal regra é aplicável por analogia aos servidores públicos.

Gabarito: A

HORA DO INFORMATIVO

Oi, gente! Vou tentar ficar colocando aqui para vocês os informativos que eu for lendo e
vendo o que é mais importante para a prova de vocês.

Hoje, foi divulgado o Informativo 1.104 do STF.

As decisões mais importantes para a prova de vocês:


@profalvaroveras

INFORMATIVO 1.104

1) É inconstitucional — por ultrapassar a prerrogativa pautada na mera reorganização


administrativa (CF/1988, art. 84, VI, “a” e “b”) e ofender o princípio da reserva legal
(CF/1988, art. 48, X, c/c o art. 61, § 1º, II, “a”) — norma estadual que autoriza a
transformação, mediante decreto ou outro ato normativo infralegal, de funções de confiança
em cargos em comissão ou vice-versa.
ADI 6.180/SE

2) Sociedades de economia mista, como o Metrô-DF, desde que prestem serviço público
essencial em regime de exclusividade (monopólio natural) e sem intuito lucrativo,
submetem-se ao regime constitucional de precatórios para o adimplemento de seus débitos
ADPF 524/DF

3) Configura omissão normativa quanto às obrigações referentes à ativação do Fundo


Amazônia, em patente inobservância ao art. 225, § 4º, da Constituição Federal de 1988, o
inadimplemento dos deveres constitucionais de tutela do meio ambiente pela União,
materializado na ausência de políticas públicas adequadas para a proteção da Amazônia Legal
e na desestruturação institucional daquelas formuladas em períodos antecedentes
ADO 59/DF

4) “É inconstitucional, por violação do art. 132 da CF, a criação de órgão ou de cargos


jurídicos fora da estrutura da Procuradoria do Estado, com funções de representação judicial,
consultoria ou assessoramento jurídico de autarquias e fundações públicas estaduais.”
RESUMO: É inconstitucional — por violar a unicidade orgânica da advocacia pública
estadual — a criação, por lei estadual, de órgão jurídico paralelo à Procuradoria-Geral do
Estado, com funções de representação judicial, consultoria e assessoramento jurídico de
fundação pública estadual.
ADI 7380/AM

Reafirmação do princípio da unicidade da representação do Estado!!

5) É constitucional — por não caracterizar investidura em cargo público nem formação de


novo vínculo jurídico concomitante com a inatividade (CF/1988, arts. 37, II, XVI e § 10; e 42,
§ 3º) — norma estadual que permite o aproveitamento transitório e por prazo certo de
policiais militares da reserva remunerada em tarefas relacionadas ao planejamento e
assessoramento no âmbito da Polícia Militar ou para integrarem a segurança patrimonial em
órgão da Administração Pública
ADI 3663/MA
@profalvaroveras

6) “É constitucional a disposição do Conselho Nacional de Justiça que prevê a facultatividade


de representação por advogado ou defensor público nos Centros Judiciários de Solução de
Conflitos e Cidadania (CEJUSCs).”
ADI 6234/DF

7) É inconstitucional — por violar o princípio da separação de Poderes e a autonomia dos


tribunais — iniciativa do Poder Legislativo que cerceia a atribuição dos Tribunais Regionais
do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho, derivada da própria função jurisdicional que
lhes é inerente, de estabelecer, alterar ou cancelar enunciados sumulares.
6188/DF

8) “Os Estados possuem autonomia relativa na solução normativa do problema da dupla


vacância da Chefia do Poder Executivo, não estando vinculados ao modelo e ao procedimento
federal (art. 81, CF), mas tampouco pode desviar-se dos princípios constitucionais que
norteiam a matéria, por força do art. 25 da Constituição Federal devendo observar: (i) a
necessidade de registro e votação dos candidatos a Governador e Vice-Governador por meio
de chapa única; (ii) a observância das condições constitucionais de elegibilidade e das
hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14 da Constituição Federal e na Lei
Complementar a que se refere o § 9º do art. 14; e (iii) que a filiação partidária não pressupõe a
escolha em convenção partidária nem o registro da candidatura pelo partido político; (iv) a
regra da maioria, enquanto critério de averiguação do candidato vencedor, não se mostra
afetada a qualquer preceito constitucional que vincule os Estados e o Distrito Federal.”
ADPF 969/AL

9) É inconstitucional — por violar os princípios do juiz natural, da razoabilidade e da


proporcionalidade — o inciso VIII do art. 144 do Código de Processo Civil (CPC/2015), que
estabelece que o magistrado está impedido de atuar nos processos em que a parte seja cliente
do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, ainda que essa mesma parte seja
representada por advogado de escritório diverso.
ADI 5953 DF

DIREITO DE INDENIZAÇÃO - SERVIDOR NOMEADO POR DECISÃO JUDICIAL

O Supremo Tribunal Federal possui precedente (RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 26.2.2015. Informativo 775) exarando o
entendimento de que na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial,
o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em
@profalvaroveras

momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante - uma vez que não existe o
exercício do cargo para que se possa falar em remuneração.

A Suprema Corte (RE 629392 RG/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8.6.2017.
Informativo 868) fixou, ainda, tese no sentido de que, além de não gerar direito a indenização,
salvo no caso de arbitrariedade flagrante, a nomeação tardia de candidatos aprovados em
concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito
às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempo e
modo, a nomeação.

Ou seja: entendeu o STF que não se pode conferir o direito a essas promoções, pois elas
pressupõem o próprio exercício do cargo, com a avaliação do servidor.

Cabe destacar, ainda, que essa inexistência de indenização também se aplica quando o próprio
erro for reconhecida pela Administração Pública. Segundo o Buscador Dizer o Direito:

"Esse entendimento do STF aplica-se mesmo que o erro tenha sido reconhecido
administrativamente pelo Poder Público (e não por decisão judicial).
Assim, a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito
à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria
Administração Pública.
STJ. 1ª Turma.REsp 1238344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 30/11/2017
(Info 617)."

GREVE E SERVIDORES PÚBLICOS

Um dos temas mais importantes em servidores públicos é sobre greve no serviço público.

Sobre o tema, a CF/88 dispõe que:

‘‘Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(…)
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica’’.

Assim, vislumbra-se que os servidores públicos possuem direito à greve. Ocorre que a lei
regulamentadora nunca foi editada, o que representava um entrave ao gozo desse direito.
Por meio de Mandado de Injunção, o STF (STF Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 25/10/2007) decidiu que os servidores públicos podem fazer greve, devendo ser
@profalvaroveras

aplicadas as leis que regulamentam a greve para os trabalhadores da iniciativa privada (Lei nº
7.701/88 e Lei nº 7.783/89).

No entanto, isso não se aplica a todos os servidores públicos.

O Supremo Tribunal Federal (ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 – repercussão geral – Info 860) fixou tese
em sede de repercussão geral que o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em
mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do
art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.

GREVE E SERVIDORES NÃO ESTÁVEIS

Imaginemos a seguinte hipotética: um determinado Estado elabora decreto no sentido de que


deve ser imediatamente exonerado servidor público não estável caso seja confirmada sua
participação em movimento grevista. É tal decreto constitucional?

Não! Tal decreto padece de inconstitucionalidade, na medida em que a greve é um direito


constitucional e não se pode considerar de forma automática como sendo falta grave para
ensejar exoneração mediante procedimento administrativo.

Ademais, revela inaceitável ofensa ao princípio da isonomia, uma vez que assegura
tratamento diferenciado entre servidores estáveis e não estáveis – diferenciação essa que não
possui previsão constitucional.

Nesse sentido, entendimento do STF em ADI contra decreto do Estado de Alagoas nesse
sentido:

(…) constata-se que o dispositivo impugnado padece de inconstitucionalidade, na


medida em que considera o exercício não abusivo de um direito constitucional – direito
de greve – como falta grave ou fato desabonador da conduta no serviço público, a
ensejar a imediata exoneração do servidor público em estágio probatório, mediante
processo administrativo próprio. (…) Além disso, o dispositivo impugnado explicita uma
diferenciação de efeitos do exercício do direito de greve entre servidores estáveis e não
estáveis, imputando consequência gravosa apenas aos primeiros, consubstanciada no ato
de imediata exoneração. A CF de 1988 não alberga nenhuma diferenciação nesse
sentido.[ADI 3.235, voto do rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 4-2-2010, P, DJE de
@profalvaroveras

12-3-2010.]Vide RE 226.966, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, j. 11-11-2008, 1ª T, DJE de


21-8-2009

ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE A GREVE

O Supremo Tribunal (STF Plenário RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
27/10/2016 – repercussão geral – Info 845) entende que o servidor público pode exercer seu
direito de greve, através da lei que rege a greve no setor privado, e que dessa forma estará
sujeito ao ônus que daí decorre, como os descontos dos dias parados, já que a movimento
paredista suspende o contrato de trabalho segundo o art. 7º da Lei 7.783/89.

‘‘Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende


o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas
pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho’’.

‘‘Administração Pública deve descontar os dias não trabalhados por servidor público em
greve. A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845)’’. Fonte: Dizer o
direito.

Pode ser realizado acordo entre o servidor público e a Administração para compensação dos
dias não trabalhados. Ressalte-se, no entanto, que no entendimento do STF, a Administração
Pública não é obrigada a fazer o acordo.

O desconto dos dias parados não tem nenhum aspecto punitivo, mas sim o objetivo de seguir a
legislação atinente ao tema, além de evitar o enriquecimento sem causa do servidor público.
Temos, contudo, uma exceção, bem destacada no julgamento – o desconto não será devido
quando o Poder Público agir de maneira abusiva provocando a greve. Dá-se o exemplo de ato
abusivo pelo Poder Público apto a gerar greve configurando-se como conduta ilícita o atraso
no pagamento dos servidores públicos.

Além disso, segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ – REsp: 1599098 MT


2016/0115858-0, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data de Publicação: DJ
05/04/2017), não é necessário processo administrativo para que o desconto seja realizado.
@profalvaroveras

No que tange ao parcelamento dos valores devidos pelos dias parados, o STJ (STJ. 2ª Turma.
RMS 49.339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 – Info 592) já havia
decidido que poderia ocorrer, não se mostrando razoável a possibilidade de desconto em
parcela única sobre a remuneração do servidor público dos dias parados e não compensados
provenientes do exercício do direito de greve, entendimento reafirmado pelo Tribunal no
recentíssimo REsp: 1599098 MT 2016/0115858-0, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO,
Data de Publicação: DJ 05/04/2017.

Sistematizando:

1) Os servidores públicos podem fazer greve que será regida, enquanto a lei específica
não é editada, pela lei nº 7.783/89.(STF Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 25/10/2007).
2) É constitucional o desconto dos dias parados em decorrência de greve.(STF Plenário.
RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 – repercussão geral – Info
845).
3) Pode haver acordo para a compensação das horas de trabalho. Sendo que a
Administração Pública não é obrigada a aceitar. (STF Plenário. RE 693456/RJ, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 – repercussão geral – Info 845).
4) Caso o Poder Público dê causa à grave com comportamento ilícito, o desconto dos dias
não trabalhados será indevido.(STF Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 27/10/2016 – repercussão geral – Info 845).
5) Não é necessário processo administrativo para que se proceda ao desconto. (STJ
REsp: 1599098 MT 2016/0115858-0, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data de
Publicação: DJ 05/04/2017).
6) Revela-se razoável o parcelamento do desconto pelos dias não trabalhos por conta do
movimento paredista.(STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão,
julgado em 6/10/2016 – Info 592).

Temos, então, que existem diversos importantes entendimentos sobre greve nos Tribunais
Superiores para serem cobrados.

COMPETÊNCIA SOBRE GREVE

Tese de Repercussão Geral do STF:

“A Justiça Comum Federal ou Estadual é competente para julgar a abusividade de


greve de servidores públicos celetistas da administração direta, autarquias e fundações
de direito público”.
@profalvaroveras

(RE 846854, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE
DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-022 DIVULG 06-02-2018 PUBLIC 07-02-2018)

LICENÇA PARA PAI-SOLO

Segundo o STF, a licença-paternidade do “pai solo” tem que ser igual à licença-maternidade.

“À luz do art. 227 da CF, que confere proteção integral da criança com absoluta
prioridade e do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no
art. 7º, XVIII, da CF/88 e regulamentada pelo art. 207 da Lei 8.112/1990, estende-se ao
pai genitor monoparental.”

Tema 1182 de Repercussão Geral

LICENÇA-ADOTANTE - IMPOSSIBILIDADE DE PRAZOS MENORES QUE A


LICENÇA-MATERNIDADE

Tese da repercussão geral do STF:

“Os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença gestante,
o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença adotante, não é
possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada”. (RE 778889,
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2016,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-159 DIVULG
29-07-2016 PUBLIC 01-08-2016)

Fundamentos: “Interpretação sistemática da Constituição à luz da dignidade da pessoa


humana, da igualdade entre filhos biológicos e adotados, da doutrina da proteção integral, do
princípio da prioridade e do interesse superior do menor.”

Cobrado na PGM-Recife-2022-CESPE:

O prazo de licença-maternidade da servidora adotante poderá ser inferior ao da


licença-maternidade da servidora gestante, observados os critérios da legislação.
Gabarito: Incorreto
@profalvaroveras

REVISÃO GERAL ANUAL

A revisão geral anual está prevista no inciso X do art. 37 da CF/88.

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(…)
X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39
somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
distinção de índices;”
Tem por objetivo beneficiar todos os servidores, repondo perdas inflancionárias.
A iniciativa legislativa é do Chefe do Poder Executivo:
“Art. 61. (…)
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
(…)
II – disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica
ou aumento de sua remuneração;”

Sobre a discussão de direito à indenização quando ela não acontece, entende o STF que:

“O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos


servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito
subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, pronunciar-se de forma
fundamentada acerca das razões pelas quais não propôs a revisão”. (RE 565089,
Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ROBERTO BARROSO,
Tribunal Pleno, julgado em 25/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL – MÉRITO DJe-102 DIVULG 27-04-2020 PUBLIC 28-04-2020)”

A respeito de outro assunto, o STF já também se pronunciou em Repercussão Geral:

A revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos depende,


cumulativamente, de dotação na Lei Orçamentária Anual e de previsão na Lei de
Diretrizes Orçamentárias. (Tema 864)
@profalvaroveras

Outro tema: é possível que lei que prevê a revisão geral anual contenha índices diferentes de
atualização a depender do cargo e da remuneração?

Vejamos a lei paraibana que previu isso:

Art. 2º – A isonomia será implantada gradativamente à medida que ocorrerem aumentos


gerais de vencimentos. (…)
§ 2º- Havendo diferença nos vencimentos pagos a cargos, de qualquer Poder ou Órgão,
que devem guardar isonomia entre si, os que estiverem recebendo os maiores valores,
serão reajustados, segundo critérios degradação estabelecidos pela Comissão
Interpoderes, em até (30%) do Índice aplicado ao menor, quando houver aumento geral
para todos os servidores.

O STF decidiu em 01/03 que tal forma de previsão ofende o art. 37, X, da CF/88 – que prevê
a a necessidade de não existir distinção de índices.

Segundo a Corte, nem se justifica, também, utilizar a revisão anual para que se busque
isonomia entre vencimentos de todos os Poderes(justificando, assim, tal forma de previsão
diferenciada). Ainda que seja relevante tal objetivo, não deve ser buscada por esse meio – e
sim por propostas legislativas específicas.

ADI 1156/PB

SERVIDOR PROCESSADO CRIMINAL - REDUÇÃO DE SALÁRIO/AFASTAMENTO

Imaginemos uma lei estadual que prevê o seguinte: em caso de um servidor estadual ser
processado criminalmente, os seus vencimentos serão reduzidos.

Prevê, ainda, que em caso de sua absolvição, os valores serão devolvidos.

Tal norma é constitucional?

Não!

Segundo entendimento do STF, tal norma ofende a presunção de inocência, ao gerar uma
antecipação de pena, e também o princípio da irredutibilidade dos vencimentos dos públicos.
Veja-se trecho da ementa:
EMENTA: ART. 2o DA LEI ESTADUAL 2.364/61 DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
QUE DEU NOVA REDAÇÃO À LEI ESTADUAL 869/52, AUTORIZANDO A
@profalvaroveras

REDUÇÃO DE VENCIMENTOS DE SERVIDORES PÚBLICOS PROCESSADOS


CRIMINALMENTE. DISPOSITIVO NÃO-RECEPCIONADO PELA
CONSTITUIÇÃO DE 1988. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA E DA IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS. RECURSO
IMPROVIDO. I – A redução de vencimentos de servidores públicos processados
criminalmente colide com o disposto nos arts. 5o, LVII, e 37, XV, da Constituição, que
abrigam, respectivamente, os princípios da presunção de inocência e da irredutibilidade
de vencimentos. II – Norma estadual não-recepcionada pela atual Carta Magna, sendo
irrelevante a previsão que nela se contém de devolução dos valores descontados em caso
de absolvição. (…) (RE 482006, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, julgado em 07/11/2007)

Imaginemos outro caso: Lei estadual do Paraná disponha o seguinte:

Art. 216. A responsabilidade penal abrange as infrações penais imputadas ao servidor


policial civil nessa qualidade.[…]§ 1º O Corregedor-Geral da Polícia Civil decidirá
fundamentadamente pelo afastamento temporário, ou não, do exercício do cargo ou das
funções, com supressão das vantagens previstas nesta lei , do servidor Policial Civil
processado criminalmente.

Ou seja: estabelecia-se a possibilidade de o servidor da Polícia Civil, por responder


criminalmente a processo, ser afastado do cargo com supressão de suas vantagens.

Tal norma é constitucional?

O tema chegou até o STF, na ADI 2926/PR.

De acordo com a Corte, tal norma é flagrantemente inconstitucional. Ao se prever que o


servidor criminalmente processado já poderá ficar sem remuneração em virtude de decisão de
autoridade administrativa, viola-se a cláusula do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV), pois
priva o servidor de um de seus direitos mais básicos da relação estatutária, que é o estipêndio,
antes mesmo da conclusão do processo criminal.

Cabe ressaltar, ainda, que no âmbito do STF o entendimento é no sentido de que a presunção
de não culpabilidade, emanada do art. 5º, LVII, da Constituição Federal, deve ser estendida
até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Assim, a tramitação do processo
criminal, por si só, não autoriza a supressão do pagamento do servidor público acusado de
crime.

Assim, o termo "com supressão das vantagens previstas em lei" foi declarado inconstitucional.
@profalvaroveras

Obs: O afastamento do servidor pode sim ser feito - o que não se pode é justamente retirar as
suas vantagens patrimoniais.

ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

Art. 37. XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso
XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98)
a) de dois cargos de professor;
b) de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;

Acumulação de cargos públicos: é possível que lei estadual limite a soma da carga horária
semanal desses cargos acumulados a 60h? Como deve auferir-se o teto remuneratório nesses
casos?

Mudando de entendimento anteriormente elaborado, o STF hoje entende pela possibilidade de


acumular mesmo que se ultrapassem 60h semanais, ainda que exista limites desse teor em leis
infralegais.

O que importa é que não existe esse requisito na CF: que optou por não disciplinar isso.
Apenas se exigiu a compatibilidade de horários(ou seja, que os horários não se choquem).

Outro tema interessante: nesses casos de acumulação de cargos públicos, como deve ser
observado o teto remuneratório? Aplica-se para a soma dos cargos ou para cada um
isoladamente?

Segundo entendimento do STF, deve-se considerar nesse caso cada cargo de forma isolada
para fins do teto remunerário. De acordo com a Corte, entender em sentido contrário seria
ofender a irredutibilidade de vencimentos e o princípio da igualdade.

Isso ocasionaria, inclusive, um desestímulo à acumulação de cargos, que é permitida pelo


próprio texto constitucional, o que traria notórios prejuízos para a eficiência administrativa.

Fixou-se, então, a Tese n. 384 de Repercussão Geral fixada pelo STF:

“Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e


funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de
@profalvaroveras

cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório


quanto ao somatório dos ganhos do agente público. STF. Plenário. RE 612975/MT e RE
602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 26 e 27/4/2017 (repercussão geral)”

Não confundam com a Tese 359 de RG do STF(aqui, existe uma pensão percebida pelo
servidor e não 2 cargos públicos):

“Ocorrida a morte do instituidor da pensão em momento posterior ao da Emenda


Constitucional nº 19/1998, o teto constitucional previsto no inciso XI do artigo 37 da
Constituição Federal incide sobre o somatório de remuneração ou provento e pensão
percebida por servidor”

CONCURSOS PÚBLICOS

Passando agora para o tema concursos públicos.

REGIME DE RECUPERAÇÃO FISCAL E CONCURSOS PÚBLICOS

Entendimento importante do STF no Informativo 1.101, ADI 6.930-DF:

“As vedações à reposição de vacâncias de cargos públicos durante a vigência do Regime


de Recuperação Fiscal afrontam a autonomia dos estados e municípios, o princípio da
proporcionalidade, bem como o princípio da continuidade do serviço público. Contudo,
a realização de concursos públicos e o provimento de cargos pelos entes aderentes devem
respeitar os requisitos legais usuais: (a) autorização da autoridade estadual ou municipal
competente; (b) avaliação das prioridades do ente político; e (c) existência de viabilidade
orçamentária na admissão.”

TATUAGENS E CONCURSOS PÚBLICOS

Trata-se de tema que foi discutido no RE 898.450, em que o STF entendeu que:

“editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo
situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais”.
@profalvaroveras

No que tange ao tema da obscenidade(tatuagens obscenas), deve ser aplicado o denominado


“miller-test”. É saber: qual o limite para uma tatuagem deixar de ser artística e virar obscena?
Segundo entendimento do STF:

“A tatuagem considerada obscena deve submeter-se ao Miller-Test, que, por seu turno,
reclama três requisitos que repugnam essa forma de pigmentação, a saber: (i) o homem
médio, seguindo padrões contemporâneos da comunidade, considere que a obra, tida
como um todo, atrai o interesse lascivo; (ii) quando a obra retrata ou descreve, de modo
ofensivo, conduta sexual, nos termos do que definido na legislação estadual aplicável,
(iii) quando a obra, como um todo, não possua um sério valor literário, artístico, político
ou científico.”

Tratam-se de critérios definidos pela Suprema Corte dos EUA no caso Miller vs Califórnia em
1973

Cobrado na DPE-RS-FCC-2018. Sobre liberdade de expressão:

“Liberdade de expressão (artigo 5o, incisos IV e IX, CF) – a tatuagem, para se


consubstanciar em liberdade de expressão, não deve violar valores constitucionais
protegidos e relacionados à função pública (0,10)”

GESTANTES, CONCURSO PÚBLICO E TESTE FÍSICO

Como regra geral: Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda
chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de
caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa
possibilidade. STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013
(repercussão geral) (Info 706) - Buscador DoD

Exceção: em caso de gestante.

Em atenção ao princípio da proteção à maternidade, dignidade da pessoa humana e para


diminuição da desigualdade de gênero, o STF entendeu que no caso da gestante é possível a
remarcação de prova de concurso público - independentemente de previsão no edital.
Informativo 924, STF. Tema 973 de Repercussão Geral

Decisão recente do STF(RE 1.357.064 AgR), inclusive, aplicou tal Tema de Repercussão
Geral também quando na realização de exames clínicos, foi considerada inapta para
@profalvaroveras

prosseguir no concurso, única e exclusivamente em razão de sua gestação – a qual inclusive


acabou interrompida. [RE 1.357.064 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 2-3-2022, 1ª T,
DJE de 8-3-2022.]

DIREITO SUBJETIVO E PRIORIDADE NA NOMEAÇÃO

STF(RE 598.099) – Princípio da força normativa do concurso público – aprovados em


concurso público e classificados nas vagas do edital possuem direito adquirido à nomeação.
Prestígio da segurança jurídica e boa fé.

Não se afasta o poder discricionário da Administração Pública para escolher livremente o


momento ideal para nomear os aprovados dentro do prazo de validade do certame, incluida
eventual prorrogação;

STF(RE 227.480): possibilidade de Administração Pública deixar de nomear os aprovados na


vaga em caso de situação superveniente, grave, originalmente imprevisível – necessidade de
solução drástica.

Inclusive, recentemente, o STJ teve precedente que relacionou o direito à nomeação e o


COVID-19:

Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em concurso


público devem ficar comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo
Tribunal Federal no RE 598.099/MS, não sendo suficiente a alegação de estado das
coisas - pandemia, crise econômica, limite prudencial atingido para despesas com
pessoal -, tampouco o alerta da Corte de Contas acerca do chamado limite prudencial.
A recusa à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas deve ser a
última das alternativas, somente sendo adotada quando realmente já não houver outra
saída para a Administração Pública.
STJ. 1ª Turma. RMS 66316-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado
do TRF da 5ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info 715). Fonte: Buscador Dizer o
Direito.

A respeito do surgimento do direito de ser nomeada, interessante trazer o RE mais importante


do STF:

STF(RE 837.311):
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo,
durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à
@profalvaroveras

nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as
hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada
por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato.

Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público


exsurge nas seguintes hipóteses:
1 – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
2 – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação;
3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada
por parte da administração nos termos acima.”

Existe ainda uma outra hipótese: STF(AgRg no RMS 41.031-PR): Direito de ser chamado de
candidato aprovado fora do número de vagas, mas que entrou nas vagas em razão de
desistências na sua frente.

Ocorre que essa desistência tem que ocorrer durante o prazo de validade do concurso para
que possa surgir esse direito subjetivo do outro candidato ser nomeado. Se for posteriormente,
não se terá esse direito - por ausência de previsão legal e também pelo próprio concurso ainda
não estar vigendo. Entendimento do STJ recente, em 2021, STJ, AgInt no RMS 63676/RS

Cabe destacar, ainda, que no Informativo Especial 8 do STJ, foi proferida decisão no seguinte
sentido:

“A prerrogativa da escolha do momento para a nomeação de candidato, aprovado


dentro das vagas ofertadas em concurso público, é da Administração Pública, durante o
prazo de validade do certame.”

CONTROLE DE QUESTÕES DE CONCURSO PÚBLICO

Como regra geral, prestigiando-se a separação de poderes, não cabe ao Poder Judiciário, no
controle jurisdicional de legalidade, substituir-se à banca examinadora do concurso público
para reexaminar os critérios de correção da prova e o conteúdo das questões formuladas (STF,
MS 27.260).
@profalvaroveras

Existem, no entanto, exceções em que a jurisprudência já admitiu o controle.

São esses os casos:

a)Erro grosseiro no gabarito (STF, MS 30.859);

b)Verificação das questões formuladas com o conteúdo programado no edital(RE


434.708). Ou seja: ver se o que a banca cobrou estava realmente no conteúdo programado no
edital. Exemplo: a banca cobrou, por exemplo, estado de sítio na prova e não existia previsão
de tal tema no edital: possível motivo para se anular tal questão;

Obs: Sobre atualizações legislativas, caso o tema esteja indicado no edital(como por exemplo,
no caso abaixo citado, “Poder Judiciário”) e não se vede expressamente a cobrança de
legislação superveniente, o STJ admite sim que elas sejam cobradas. Vejamos:

“De acordo com a jurisprudência desta Corte é cabível a exigência, pela banca
examinadora de concurso público, de legislação superveniente à publicação do edital,
quando este não veda expressamente tal cobrança. Desse modo, previsto no edital o tema
alusivo ao “Poder Judiciário”, é possível o questionamento sobre a Emenda
Constitucional 45/2004, promulgada justamente com o objetivo de alterar a estrutura do
Judiciário pátrio.” (AgRg no RMS 22.730/ES, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2010, DJe 10/05/2010)

c)O grave erro no enunciado – reconhecido pela própria banca examinadora – constitui
flagrante ilegalidade apta a ensejar a nulidade da questão(STJ, 2ª Turma, RMS 49.896-RS).
Segundo a decisão, explicando um pouco melhor a controvérsia:

“Na questão n. 2, a falha seria em decorrência de grave erro jurídico no enunciado, já


que a banca examinadora teria trocado os institutos da “saída temporária” por
“permissão de saída”, e exigido como resposta os efeitos de falta grave decorrentes do
descumprimento da primeira.”

CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO E TÍTULO ACIMA DO QUE EDITAL


EXIGE

Decisão importante do STJ:

Candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige
título de Ensino Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica,
@profalvaroveras

caso não seja portador desse título mas detenha diploma de nível superior na mesma área
profissional?

Ou seja: em tese, ele possui qualificação superior ao exigido no edital.

O STJ decidiu que sim! Destaca-se trecho importante da ementa, que inclusive fala sobre
análise econômica do direito(tão na moda) e o art. 20 da LINDB:

“Sob um prisma da análise econômica do Direito, e considerando as consequências


práticas da decisão – nos termos do art. 20 do Decreto-Lei nº 4.657/1942 (acrescentado
pela Lei nº 13.655/2018, que deu nova configuração à Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro - LINDB) –, não se pode deixar de registrar que a aceitação de
titulação superior à exigida traz efeitos benéficos para o serviço público e,
consequentemente, para a sociedade brasileira. Destaco os seguintes: 1) o leque de
candidatos postulantes ao cargo é ampliado, permitindo uma seleção mais abrangente e
mais competitiva no certame; 2) a própria prestação do serviço público é aperfeiçoada
com a investidura de servidores mais qualificados e aptos para o exercício da função
pública. 5. Tal postura se coaduna com a previsão do art. 37 da Constituição Federal,
que erige o princípio da eficiência dentre os vetores da administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

Fixou-se, então, a seguinte tese:

"O candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital,
exige título de Ensino Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área
específica, caso não seja portador desse título mas detenha diploma de nível superior na
mesma área profissional.".

STJ, REsp 1888049-CE

DIREITO DOS CANDIDATOS COM DEFICIÊNCIA E PROVAS FÍSICAS DE


CONCURSOS PÚBLICOS

Outro tema importantíssimo, agora decidido pelo STF - direito dos candidatos com
deficiência e provas físicas de concurso público.

Existiu um decreto que estabeleceu previsão no sentido de:


@profalvaroveras

“excluir a previsão de adaptação das provas físicas para candidatos com deficiência e
estabelecer que os critérios de aprovação dessas provas poderão seguir os mesmos
critérios aplicados aos demais candidatos”.

Ou seja, estabelecia que os critérios de aprovação das pessoas com deficiência em provas
físicas seria o mesmo dos outros candidatos.

Segundo o STF:

“De acordo com o art. 2º da Convenção de Direitos das Pessoas com Deficiência – CDPD,
a recusa de adaptação razoável é considerada discriminação por motivo de deficiência.
3. O art. 3º, VI, do Decreto nº 9.508/2018, estabelece uma faculdade em benefício do
candidato com deficiência, que pode utilizar suas próprias tecnologias assistivas e
adaptações adicionais, se assim preferir. É inconstitucional a interpretação que exclua o
direito desses candidatos à adaptação razoável.”

Ademais, a respeito da exigência dos mesmos critérios entre candidatos com e sem
deficiência:

“O art. 4º, § 4º, do Decreto nº 9.508/2018, que estabelece que os critérios de aprovação
nas provas físicas poderão ser os mesmos para candidatos com e sem deficiência,
somente é aplicável às hipóteses em que essa exigência for indispensável ao exercício das
funções próprias de um cargo público específico. É inconstitucional a interpretação que
submeta candidatos com e sem deficiência aos mesmos critérios nas provas físicas, sem a
demonstração da sua necessidade para o desempenho da função pública.”

Fixaram-se as seguintes teses:

“1. É inconstitucional a interpretação que exclui o direito de candidatos com deficiência


à adaptação razoável em provas físicas de concursos públicos; 2. É inconstitucional a
submissão genérica de candidatos com e sem deficiência aos mesmos critérios em provas
físicas, sem a demonstração da sua necessidade para o exercício da função pública”

Ou seja: decidiu-se que não se pode retirar a adaptação razoável nessa prova dos candidatos
com deficiência e a imposição mesmos critérios depende de que se demonstre a necessidade
disso para o exercício da função pública.

STF, ADI 6476


@profalvaroveras

LEI ESTADUAL E VANTAGEM A QUEM OCUPA CARGO HÁ MAIS TEMPO EM


CONCURSO PÚBLICO

Suponha a seguinte situação: a lei dos concursos públicos de um determinado Estado prevê
que, em caso de empate na pontuação entre dois candidatos, deveria ficar melhor colocado
aquele que tivesse mais tempo público prestado no Estado que estava elaborando o concurso.

Ou seja: imaginemos que seja um concurso no Ceará de Procurador do Estado. Ficam


empatados um candidato que não é ainda servidor público e outro que já é servidor de alguma
Secretaria no Estado do Ceará. Por essa lei, ficaria melhor colocado aquele que já é servidor
público no Ceará.

Essa lei é constitucional? Isso foi questionado no STF.

Segundo entendimento da Corte:

É inconstitucional a fixação de critério de desempate em concursos públicos que


favoreça candidatos que pertencem ao serviço público de um determinado ente
federativo.[ADI 5.358, rel. Roberto Barroso, j. 30-11-2020, P, DJE de 15-12-2020]

Assim, por entender que tal norma viola a CF/88, art. 19, inciso III, por criar preferências e
distinções entre brasileiros, foi ela declarada inconstitucional.

CONCURSOS PÚBLICOS, COTAS RACIAIS E COMISSÕES DE


HETEROIDENTIFICAÇÃO

Outro tema interessante: cotas raciais e comissões de heteroidentificação. Segundo a tese


firmada pelo STF na ADC 41:

“É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para
provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública
direta e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios
subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana
e garantidos o contraditório e a ampla defesa”

O STJ entendeu ainda, no RMS 62040-MG, que o candidato apenas pode ser excluído das
cotas com o contraditório e a ampla defesa.
@profalvaroveras

Decisão importante ainda sobre o tema:

Mandado de segurança não serve para questionar o parecer da comissão examinadora


de heteroidentificação, que não aceitou a autodeclaração de cotista em concurso

É inadequado o manejo de mandado de segurança com vistas à defesa do direito de


candidato em concurso público a continuar concorrendo às vagas reservadas às pessoas
pretas ou pardas, quando a comissão examinadora de heteroidentificação não confirma
a sua autodeclaração.STJ. 1ª Turma. RMS 58785-MS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 23/08/2022 (Info 746). Buscador Dizer o Direito.

Justificativa: o mandado de segurança precisa de prova pré-constituída - e, no caso, para se


intentar tal objetivo de desconstituir o parecer da banca examinadora, é necessária a produção
de mais provas.

CONCURSOS PÚBLICOS E INVESTIGAÇÃO SOCIAL

Outro tema decidido pelo STJ muito importante foi no AREsp 1806617-DF, em 2020.

É possível que em investigação social se exclua um candidato de concurso público pelo fato
de ter sido usuário de drogas há 7 anos?

Inicialmente, cabe destacar que se tratava de um concurso policial. Segundo o STJ:

“A jurisprudência do STJ sedimentou o entendimento de que, tratando-se da fase de


investigação social para cargos sensíveis, como são os da área policial, a análise realizada
pela autoridade administrativa não deve se restringir à constatação de condenações
penais transitadas em julgado, englobando o exame de outros aspectos relacionados à
conduta moral e social do candidato, a fim de verificar sua adequação ao cargo
pretendido.”

Ou seja: analisa-se de forma ampla o candidato, justamente para que a Administração Pública
possa selecionar candidatos aptos para essas carreiras tão sensíveis. No julgado, ainda se fala
que tal análise deve se pautar pela proporcionalidade e razoabilidade.

O STJ na ementa fala sobre como foi o caso concreto:


@profalvaroveras

“No caso, tem-se o relato de um fato pelo próprio candidato, no respectivo formulário de
ingresso na incorporação, de que foi usuário de drogas quando tinha 19 (dezenove) anos
de idade e que não mais possui essa adição há sete anos. Destaca-se, ainda, a informação
de que o referido candidato, atualmente, é servidor público do Distrito Federal,
exercendo o cargo de professor, não havendo qualquer registro sobre o envolvimento em
qualquer ato desabonador de sua reputação moral. E mais, há o registro de que esse
mesmo candidato foi aprovado na fase de investigação social no concurso para Soldado
da Polícia Militar do Estado do Maranhão. 5. Impedir que o recorrente prossiga no
certame público para ingresso nas fileiras da Política Militar do Distrito Federal, além
de revelar uma postura contraditória da própria Administração Pública, que reputa
como inidôneo um candidato que já é integrante dos quadros do serviço público distrital,
acaba por aplicá-lo uma sanção de caráter perpétuo, dado o grande lastro temporal
entre o fato tido como desabonador e o momento da investigação social.”

Ou seja: se considerou desrrazoável de concurso público na investigação social candidato que


confessou ter sido usuário de drogas há 7 anos atrás - por reputar a ele um pena de caráter
perpétuo.

Inclusive, ainda sobre essa questão de investigação social, em 2020 teve-se uma decisão
muito importante do STF(Fonte: Buscador Dizer o Direito):

Info 965 STF: Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima
a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples
fato de responder a inquérito ou a ação penal.
Fase de investigação social.

"A partir do voto do Min. Roberto Barroso, é possível que apontemos algumas
conclusões sobre o tema:
Em regra, não é permitida a eliminação de candidato a concurso público pelo simples
fato de ele responder a inquérito ou a ação penal. Isso viola os princípios da presunção
de inocência, da liberdade profissional e da ampla acessibilidade aos cargos públicos.
É possível, no entanto, que a lei preveja, para determinados cargos públicos, a exigência
de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato, como, por exemplo, as carreiras da
magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e
Defensoria Pública — e da segurança pública.
Para esses cargos, é possível que a lei preveja a eliminação do candidado que tenha
contra si condenação definitiva ou condenação de órgão colegiado (ainda que sujeita a
recurso). Vale ressaltar também que é necessário que exista uma relação de
incompatibilidade entre a natureza do crime e as atribuições do cargo. Logo, a lei não
@profalvaroveras

pode prever, de forma genérica, que toda condenação penal deva ensejar a proibição do
indivíduo de se candidatar a concurso público"

Dizer o Direito explica mais detalhadamente aqui:

Regras de ponderação dos valores

Diante desse conflito, o Min. Relator Luis Roberto Barroso apresentou duas regras para a
ponderação dos valores em jogo e a determinação objetiva de idoneidade moral, quando
aplicável ao ingresso no serviço público mediante concurso:

1ª regra: só se pode eliminar o candidato se houver condenação:

- definitiva (transitada em julgado); ou

- pelo menos a existência de condenação por órgão colegiado (ex: Tribunal de Justiça),
aplicando-se por analogia o que prevê a Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), critério que já foi
aplicado mesmo fora da seara penal.

2ª regra: é necessário que a necessidade de relação de incompatibilidade entre a natureza do


crime e as atribuições do cargo. Nem toda condenação penal deve ter por consequência direta
e imediata impedir alguém de se candidatar a concurso público.

Entretanto, para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por
meio de lei, a exigência de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as
carreiras da magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia
Pública e Defensoria Pública — e da segurança pública.

O relator concluiu que a solução mediante o emprego dessas regras satisfaz o princípio da
razoabilidade ou proporcionalidade, visto que é:

a) adequada, pois a restrição imposta se mostra idônea para proteger a moralidade


administrativa;
@profalvaroveras

b) não excessiva, uma vez que, após a condenação em segundo grau, a probabilidade de
manutenção da condenação é muito grande e a exigência de relação entre a infração e as
atribuições do cargo mitiga a restrição; e

c) proporcional em sentido estrito, na medida em que a atenuação do princípio da presunção


de inocência é compensada pela contrapartida em boa administração e idoneidade dos
servidores públicos.

Inclusive, o tema foi cobrado na objetiva da PGE-CE-1a Fase-CESPE-2021:

“Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de
edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de
responder a inquérito ou ação penal”.
A respeito dessa tese de repercussão geral, fixada pelo STF nos autos do RE 560.900,
assinale a opção correta.
A) No julgamento, o STF sinalizou uma tendência de mutação constitucional quanto ao
significado e ao alcance do princípio da presunção de não culpabilidade.
B) Ao julgar o caso, o STF reconheceu que o princípio da presunção de inocência
somente se aplica na seara penal.
C) O princípio da razoabilidade foi rechaçado como vetor de composição dos valores
constitucionais em tensão na hipótese em julgamento.
D) De acordo com a tese firmada, será inconstitucional lei estadual que vede a inscrição
de candidatos condenados criminalmente por órgão colegiado, sem o trânsito em
julgado.

Gabarito: Letra A - justamente por se ter permitido que candidatos condenados em órgão
colegiado, sem trânsito em julgado, fossem excluídos de concursos públicos com o
preenchimento dos requisitos acima delineados.

Obs: Julgado recente sobre o tema - inclusive solidificando o tema de que na investigação
social dos concursos policias a análise é mais efetiva:

A Primeira Turma (Rcl 47.586-AgR, red. do ac. Min. Alexandre de Moraes, sessão de
8/2/22) firmou o entendimento de que a mitigação da tese do Tema 22 da Repercussão
Geral é legítima quando o debate envolver certame para as carreiras policiais, mantendo
a exclusão do candidato feita por banca de concurso público quando justificada no
desabono da conduta social fundado em fatos narrados em inquérito policial ou ação
penal, em conformidade com a fase de investigação social prevista no edital do
respectivo concurso.
@profalvaroveras

[Rcl 48.525 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 11-4-2022, 1ª T, DJE de 13-5-2022.]
Vide RE 560.900, rel. min. Roberto Barroso, j. 6-2-2020, P, DJE de 17-8-2020, Tema 22

CONCURSO PÚBLICO E DIREITO DE REALIZAR PROVA EM HORÁRIO DISTINTO

Outro tema muito interessante do STF - inclusive, definido em RG com a fixação da seguinte
tese:

“Nos termos do art. 5º, VIII, da CF, é possível a realização de etapas de concurso público
em datas e horários distintos dos previstos em edital por candidato que invoca a escusa
de consciência por motivo de crença religiosa, desde que presente a razoabilidade da
alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus
desproporcional à Administração pública, que deverá decidir de maneira
fundamentada."

Trecho importante do acórdão:


"A tessitura constitucional deve se afastar da ideia de que a laicidade estatal,
compreendida como sua não-confessionalidade, implica abstenção diante de questões
religiosas. Afinal, constranger a pessoa de modo a levá-la à renúncia de sua fé representa
desrespeito à diversidade de ideias e à própria diversidade espiritual."

Decidiu-se, nos termos do acórdão, que o Estado deve implementar prestações positivas que
assegurem a plena vivência da liberdade religiosa, que não são apenas compatíveis, como
também recomendadas pela Constituição da República, a teor do inciso VII do art. 5º, CRFB,
que assegura a “prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva”, bem como do art. 210, §1º, CRFB, o qual dispõe que o “ensino religioso, de
matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental"

Destacou-se, ainda, que a laicidade imposta ao Estado não se confunde com laicismo(que
rejeita as influências de instituições religiosas).

Estabeleceu-se que o Estado deve proteger a diversidade, em sua mais ampla dimensão,
dentre as quais se inclui a liberdade religiosa e de culto - e que o próprio limite está no próprio
texto constitucional, nos termos do inciso VI do art. 5º.

Dessa forma, entendeu o STF que:


@profalvaroveras

"por motivos de crença religiosa do candidato em concurso público, de data e/ou horário
alternativos para realização de etapas do certame deve ser permitida, dentro de limites
de adaptação
razoável, após manifestação prévia e fundamentada de objeção de consciência por
motivos religiosos. Trata-se de prática a ser adotada pelo Estado, na medida em que
representa concretização do exercício da liberdade religiosa sem prejuízo de outros
direitos fundamentais."

RESPONSABILIDADE DO ESTADO - FRAUDE EM CONCURSO

Outro tema importante decidido pelo STF em sede de RG:

“O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em


concurso público organizado por pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da
CRFB/88), quando os exames são cancelados por indícios de fraude”
RE 662405 / AL

Segundo o STF:

"1. A responsabilidade civil do Estado subsume-se à teoria do risco administrativo,


tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, na forma do artigo
37, § 6º, da Constituição Federal. 2. O Estado e as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causem a terceiros, quando comprovado o nexo de causalidade entre a
conduta e o dano sofrido pelo particular. 3. A pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público responde de forma primária e objetiva por danos
causados a terceiros, visto possuir personalidade jurídica, patrimônio e capacidade
próprios. 4. (...)Ao Estado, cabe somente a responsabilidade subsidiária, no caso de a
instituição organizadora do certame se tornar insolvente.

INCONSTITUCIONALIDADE DA ISENÇÃO DA TAXA DE INSCRIÇÃO EM


CONCURSOS PÚBLICOS E SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS

Algumas leis estaduais previam que os servidores públicos estaduais teriam isenção da taxa de
inscrição em concursos públicos dos estados.
@profalvaroveras

Exemplo: um técnico do TJ-CE, por exemplo, teria isenção no concurso da PGE-CE, pelo fato
de ser servidor público do Estado do Ceará.

Foi ajuizada ADI no âmbito do STF.

Segundo o STF, tal norma é inconstitucional.

“Ao conceder a isenção a uma categoria que teria condições de arcar com os custos da
inscrição no certame, o Estado amplia a desvantagem daqueles que, por insuficiência de
recursos, não conseguem pagar tal quantia – e, portanto, nem sequer têm a chance de
concorrer a um cargo na administração estadual –, restringindo, consequentemente, o
acesso à via do concurso público. A porta de entrada para o concurso público deve ser
igualmente acessível a todos os cidadãos, sendo válidas as medidas que fomentem essa
igualdade de acesso, mas não as que ampliem a desigualdade entre os possíveis
candidatos.”

Há que ser feita, então, na visão da Corte, duas formas de tratamento diferenciado:

a) um que, com fulcro na igualdade material, dá benefício em favor de grupo social


desfavorecido(como por exemplo as cotas raciais);
B) as que quebram a igualdade entre os candidatos.

No caso, o STF reconheceu que a norma estadual se enquadrava na situação “b”, pois fazia o
agrupamento de candidatos em dois grupos bem distintos – os que já são servidores públicos e
os que não o são – e concede preferência apenas ao primeiro grupo, resultando em um
discrímen desarrazoado e desprovido de fundamento jurídico.
STF, ADI 3918

Outra decisões interessantes sobre concurso público:

A data do último ato administrativo reputado ilegal é o termo inicial do prazo


decadencial para impetração de Mandado de Segurança com objetivo de reclassificação
em concurso público em virtude de anulação de questões por decisão judicial após o
encerramento do prazo de validade do certame.
STJ. 2ª Turma. RMS 64.025-BA, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 04/10/2022
(Info 752). Buscador Dizer o Direito.
@profalvaroveras

Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público
realizado por órgãos e entidades da Administração Pública para contratação de
empregados celetistas

Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase


pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face
da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista
de contratação de pessoal.STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968).Modulação dos efeitosEm
15/02/2020, o STF decidiu modular os efeitos da decisão acima e estabeleceu um marco
temporal para a competência da Justiça Comum (federal ou estadual) para processar e julgar
ações ajuizadas por candidatos e empregados públicos na fase pré-contratual. De acordo
com a modulação, os processos que tiveram decisão de mérito (sentença) até 6/6/2018, data
em que foi determinada a suspensão geral dos casos com o mesmo tema, permanecem na
competência da Justiça do Trabalho até o trânsito em julgado e a sua execução.Foi fixada,
portanto, uma nova tese:Compete à Justiça Comum processar e julgar controvérsias
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade
do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que
adotado o regime celetista de contratação de pessoas, salvo quando a sentença de mérito
tiver sido proferida antes de 6 de junho de 2018, situação em que, até o trânsito em julgado e
a sua execução, a competência continuará a ser da Justiça do Trabalho.

STF. Plenário. RE 960429 ED-segundos, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em


15/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 992). Fonte: Buscador Dizer o Direito

ATOS ADMINISTRATIVOS

ATOS ADMINISTRATIVOS X ATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Ato administrativo significa uma manifestação de vontade, exercida pelo Estado, no exercício
de função administrativa.
Devem ser diferenciados os atos da administração dos atos administrativos. Segundo a
corrente majoritária, seguida também pelos concursos públicos, os atos da administração são
aqueles que a própria Administração elabora, seja de regime público seja de regime privado
possuindo, assim, um conceito amplo.
Quando forem elaborados sob o regime público, também serão considerados atos
administrativos.
@profalvaroveras

Ocorre que existem atos administrativos que também são elaborados por particulares,
submetidos ao regime de direito público. Esse é o caso dos atos praticados por
concessionárias e permissionárias.

ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

Segundo classificação clássica (MEIRELES, Hely. Direito Administrativo Brasileiro, Editora


Malheiros, 38ª edição, 2012), os atos administrativos podem ser classificados em 5 espécies:
Os atos normativos são aqueles que veiculam enunciados gerais e abstratos para viabilizar o
cumprimento de lei. Alguns consideram, inclusive, que tais atos podem ser considerados leis
em sentido material. Os decretos e as deliberações são exemplos.
Os atos negociais são aqueles que exigem a manifestação de vontade da Administração em
concordância com o interesse dos particulares. São exemplos as concessões e as licenças.
Os atos ordinatórios são tidos como as manifestações internas por parte da Administração
Pública para disciplinar o funcionamento dos órgãos e da conduta dos agentes públicos.
Exemplos: instruções e portarias.
Os atos enunciativos ou de pronúncia certificam ou atestam uma situação existente, não
ocorrendo manifestação de vontade por parte da Administração Pública. Exemplo: certidões,
pareceres e atestados.
Os atos punitivos são aqueles em que ocorre a aplicação de sanções a particulares ou
servidores que pratiquem condutas irregulares. Exemplos: multas e interdições de
estabelecimentos.

ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Cobrada na oral da PC-RO-2023-CESPE.

PADRÃO DE RESPOSTA

O ato administrativo é espécie de ato jurídico. Os atributos são as características que os


distinguem dos atos de direito privado e que permitem afirmar que o ato administrativo se
submete a um regime jurídico-administrativo ou a um regime jurídico de direito público.
São exemplos de atributos do ato administrativo:
Exequibilidade – efetiva disponibilidade que tem a administração para dar operatividade ao
ato, ou seja,executá-lo em toda a inteireza.
Autoexecutoriedade – o ato, tão logo praticado, pode ser imediatamente executado e seu
objetoimediatamente alcançado.
@profalvaroveras

Coercibilidade ou finalidade – obriga a todos que se encontrem no círculo de incidência do


ato.
Presunção de legitimidade – constitui o atributo presente nos atos administrativos que,
quando editados, trazem em si a presunção de que nasceram em conformidade com as devidas
normas legais.
Veracidade – presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela administração. Assim ocorre
com relação às certidões, aos atestados, às declarações e às informações por ela fornecidos,
todos dotados de fé pública.
Imperatividade – os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de
suaconcordância. Decorre da prerrogativa que tem o poder público de, por meio de atos
unilaterais, imporobrigações a terceiros.
Tipicidade – o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei
como aptasa produzir determinados resultados

Obs complementar: Tema que SEMPRE cai em concurso público.


Na autoexecutoriedade, existem dois aspectos que são diferentes: exigibilidade e
executoriedade. Sempre se vai ter a exigibilidade, mas nem sempre a
executoriedade(necessidade de lei ou urgência)
Exigibilidade x Executoriedade:
Exigibilidade: diz respeito a meios indiretos de coerção.
Executoriedade: meios diretos de coerção
Exemplo: apreender mercadorias.
A multa, por exemplo, não tem executoriedade - Administração Pública não pode tomar o
patrimônio do particular.

SILÊNCIO ADMINISTRATIVO

O silêncio no Direito Administrativo reside na falta de agir da Administração Pública em face


de um requerimento elaborado pelo particular.
No Direito Civil, consoante o art. 111 do CC, pode ser ele entendido como a manifestação de
vontade quando os usos e as circunstâncias o autorizarem.
No Direito Administrativo, a doutrina majoritária entende que a consequência deve ser tida
como diferente, notadamente em face do regime jurídico administrativo e do princípio da
legalidade.
Deve ser entendido, então, como sendo um nada jurídico, não produzindo efeitos, a não ser
que a lei expressamente determine os seus efeitos.
@profalvaroveras

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

Tema que diz respeito a ato administrativo e a sua motivação (um de seus elementos).
Segundo Alexandre Mazza (Manual de Direito Administrativo):

“A teoria dos motivos determinantes afirma que o motivo apresentado como


fundamento fático da conduta vincula a validade do ato administrativo. Assim, havendo
comprovação de que o alegado pressuposto de fato é falso ou inexistente, o ato torna-se
nulo. (…) Ainda nos casos em que a lei dispensa a apresentação de motivo, sendo
apresentada razão falsa, o ato deve ser anulado. É o caso, por exemplo, de ocupante de
cargo em comissão. Sua exoneração não exige motivação (exoneração ad nutum), mas, se
for alegado que o desligamento ocorreu em decorrência do cometimento de crime, tendo
havido absolvição na instância penal, a exoneração torna-se nula.”

Ou então: podemos ter um outro exemplo. A Administração Pública decide exonerar um


servidor ocupante exclusivamente de cargo comissionado alegando que ele ultrapassou a
idade para a aposentadoria compulsória. Ocorre que, no entendimento do STF, a idade para
aposentadoria compulsória não se aplica aos cargos comissionados (RE 786.540).
Assim, tal ato deve ser anulado. Ocorre que, posteriormente, como a exoneração é ad nutum,
o servidor pode ser depois exonerado sem apresentação de qualquer motivo.

PRAZO DECADENCIAL PARA ANULAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

Iremos tratar melhor do tema em Processo Administrativo. De todo modo, falo desde logo
dessa importante decisão do STF:

É constitucional lei estadual estabelecendo prazo decadencial de 10 anos para que se dê a


anulação de atos administrativos tidos como inválidos pela Administração Pública?

Não - viola o princípio da isonomia(maioria dos outros Estados considera prazo de 5).
STF, ADI 6019/SP

FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

1) Cumprimento dos seus efeitos. Exemplo: fim de licença-maternidade;

2) Desaparecimento de sujeito/objeto;
@profalvaroveras

3) Renúncia do beneficiário. Exemplo: renúncia de aposentadoria para acumular outro


cargo;

4) Revogação e anulação:

Revogação - atos discricionários - deixam de ser oportunos/convenientes.

apenas em atos discricionários;

Apenas se podem revogar atos válidos(caso não sejam válidos, devem-se anular);
vedado ao Poder Judiciário, em razão da separação de poderes, revogar um ato administrativo
quando estiver exercendo a jurisdição; realizá-lo no exercício de função jurisdicional;
Efeitos ex nunc(ou seja, eventuais projeções da revogação do ato são para o futuro);

Atos que não podem ser revogados: vinculados, aqueles que já tiveram seus efeitos exauridos,
meros atos administrativos, atos que integram procedimento, já que aqui com um novo ato
ocorre a preclusão do anterior.

Anulação - vícios dos atos - anulam - quando não se é possível convalidar.

incide sobre atos discricionários e vinculados;

Necessidade de respeito ao devido processo administrativo, com contraditório e ampla


defesa(RE 594.296/MG);

Produção em regra de efeitos ex tunc.

Poder Judiciário no exercício de função jurisdicional pode decretar.

5) E o que seriam a retirada, contraposição, cassação e caducidade do ato


administrativo?

Tema cobrado na prova do MP PR 2019. De acordo com o espelho:


Retirada é gênero de extinção do ato administrativo, que ocorre quando o Poder Público emite
ato concreto subsequente com efeito extintivo dos efeitos do anterior.
A cassação é uma das formas de retirada, justificada quando o destinatário do ato descumpre
condições que deveriam permanecer atendidas para desfrutar da situação gerada pelo ato. O
exemplo é a cassação de alvará se há desvirtuamento da finalidade do estabelecimento.
@profalvaroveras

Contraposição se verifica quando se emite ato, baseado em competência diversa daquela


utilizada para a prática do antecedente, cujos efeitos são contrapostos a este. Para ilustração,
cita-se a exoneração do servidor, que extingue os efeitos da nomeação.
A caducidade é a retirada em razão da superveniência de norma que tornou inadmissível a
situação antes permitida pelo ordenamento e autorizada pelo ato antecedente. O exemplo é a
retirada de permissão para exploração de parque de diversões em local que, por conta de nova
lei de zoneamento, tornou-se incompatível com esse uso.

CONVALIDAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO

Defina o que significa a convalidação de ato administrativo. É cabível em casos de ato com
desvio de finalidade?
Trata-se de questão realizada na prova do TCE-AP-FCC-2011.
Segundo o gabarito da banca:

Convalidação é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato


ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. Destina-se a aproveitar
atos administrativos com vícios superáveis, de forma a confirmá-los. Quando o ato
administrativo for praticado com vício de finalidade não é possível a convalidação. Isto
porque se o ato foi praticado contra o interesse público ou com finalidade diversa da que
decorre da lei, não é possível a sua correção. Ora, um ato cuja finalidade se encontra
desvirtuada é um ato que desatende ao fim em razão do qual foi editado, vale dizer, não
cumpre o objetivo jurídico próprio de sua categoria. Exemplo: a finalidade do ato que
interdita um prédio sem condições de segurança é a segurança pública. Assim, a
interdição de um prédio em condições de uso, por motivos de inimizade política,
constitui desvio de finalidade e não pode ser convalidada.

O tema foi cobrado ainda na prova oral da DP-DF-2013:


Discorra sobre a anulação e a convalidação do ato administrativo, apontando os vícios
passíveis de convalidação.

Temos, então, que a convalidação ocorre em vícios sanáveis(ligados à competência e forma);


No caso da competência – não são convalidados os casos de competência exclusiva.
No caso da forma – não é convalidável quando essencial à validade do ato.

VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM


@profalvaroveras

Primeiramente, o STJ já decidiu que se aplica, sim, o venire contra factum proprium contra os
atos da Administração Pública, pois a boa-fé objetiva irradia seus efeitos para todo o
ordenamento jurídico.

Consoante Rafael Carvalho, possui 3 requisitos:

a) identidade subjetiva e objetiva: o ato anterior e o ato posterior emanam da mesma


Administração e são produzidos no âmbito da mesma relação jurídica;
b) a conduta anterior é válida e unívoca: capaz de gerar a confiança (expectativa
legítima) na outra parte da relação jurídica; e
c) atuação contraditória: incompatibilidade do ato posterior com o ato anterior.

É possível mencionar alguns exemplos de aplicação da teoria dos atos próprios no Direito
Administrativo: nulidade da imposição de multa de trânsito por irregularidade no veículo,
constatada em fiscalização realizada pela Secretaria de Trânsito na saída do pátio de
DETRAN, logo depois de o veículo ser vistoriado e devidamente licenciado; imposição ao
Município de proceder ao loteamento dos imóveis alienados pelo próprio Ente municipal aos
particulares, sendo descabida a pretensão de anulação dos contratos de compra e venda.

PROCESSO ADMINISTRATIVO

Um tema bastante cobrado também em Procuradorias. No âmbito federal, o processo


administrativo é regido pela lei 9.784. Vou indicando alguns temas e pontos também bem
interessantes previstos na lei.

AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da
percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade
administrativa que importe impugnação à validade do ato.
@profalvaroveras

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.

Complementar esse tópico com o que já vimos ali em cima em atos administrativos sobre
anulação/revogação/convalidação. Súmulas importantes e sempre cobradas sobre o tema:

Súmula 346, STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.

Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo
decadencial para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública
federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente
norma local e específica que regule a matéria.

Tem-se, então, que o prazo decadencial pra a Administração Pública anular atos
administrativos tem prazo de decadência de 5 anos(art. 54, Lei 9.784). A própria lei já elenca
a má-fé como um caso em que esse prazo de 5 anos não vai se aplicar. Existe outro!
Exceções ao prazo decadencial de 5 anos:

a) má-fé;
b) ato que viole diretamente a Constituição Federal(nesse sentido, por exemplo, o MS
19.070-DF, STJ e o MS 29415/DF, STF)

Exemplos ainda de aplicação da exceção de ofensa à CF(Fonte: Buscador Dizer o Direito):

O decurso do lapso temporal de 5 (cinco) anos não é causa impeditiva bastante para
inibir a Administração Pública de revisar os atos de concessão de anistia a cabos da
Aeronáutica relativos à Portaria 1.104, editada pelo Ministro de Estado da Aeronáutica,
em 12 de outubro de 1964.
STJ. 1ª Seção. MS 17526-DF, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do
TRF da 5ª Região), julgado em 9/11/2022 (Info Especial 8).
@profalvaroveras

Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância


do cargo ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso público (art.
236, § 3º).
O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser
anulado afronta diretamente a Constituição Federal.
O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da
edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório
como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).

O tema aqui citado foi cobrado na oral da PGE-MS-2022:


https://www.questoescritaseorais.com/direito-administrativo/considerando-que-o-estado-de-m
ato-grosso-do-sul-nao-dispoe-de-uma-lei-que-discipline-oprocesso-administrativo-em-ambito-
estadual-responda-a-qual-o-prazo-decadencial-de-que-a-administracao-publica-e/

Obs: Um tema importante que aí é abordado: imagine que uma lei estadual tenha
colocado o prazo de 10 anos para que ocorra a decadência da Administração Pública de
anular seus atos ilegais. Tal lei é constitucional?

O espelho da questão retrocitada explica com maestria:

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 6019/SP (Relator: MARCO AURÉLIO, Relator
p/ Acórdão: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 12/05/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO Dje‐134 DIVULG 05‐07‐2021 PUBLIC 06‐07‐2021), compreendeu pela
inconstitucionalidade do artigo 10, inciso I, da Lei de Processo Administrativo do Estado de
São Paulo (Lei Estadual n.º 10.177, de 1998), que fixava o prazo decadencial de 10 (dez)
anos para anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração Pública
estadual.

No entendimento da Corte Constitucional, embora a matéria esteja inserida na competência


dos Estados‐membros para legislar sobre direito administrativo (art. 25, § 1º, CF/88), o
estabelecimento de um prazo decadencial de 10 (dez) anos seria inconstitucional, por
violação ao princípio da igualdade. Isso porque: (i) “o prazo quinquenal consolidou‐se com
marco temporal geral nas relações entre o Poder Público e particulares (v., e.g., o art. 1º do
Decreto nº 20.910/1932 e o art. 173 do Código Tributário Nacional)” e (ii) “os demais
estados da Federação aplicam, indistintamente, o prazo quinquenal para anulação de atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos administrados, seja por previsão em
lei própria ou por aplicação analógica do art. 54 da Lei nº 9.784/1999”7. Assim, não haveria
@profalvaroveras

fundamento constitucional que justificasse uma situação excepcional ao Estado de São Paulo,
revelando‐se necessário o tratamento igualitário nas relações Estado‐cidadão.

Seguindo essa linha de intelecção, conclui‐se que, à luz da jurisprudência firmada pelo
Supremo Tribunal Federal em caso análogo, seria inconstitucional que o Estado de Mato
Grosso do Sul fixasse o prazo decadencial de 10 (dez) anos para a anulação de atos
administrativos ilegais, por violação ao princípio da isonomia.

Ou seja: pela violação da isonomia, tal lei deve ser considerada inconstitucional.

Obs: Prazo para Tribunal de Contas anular aposentadoria. MUITO importante! Mudança de
Entendimento:

"Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais


de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo
à respectiva Corte de Contas". (Tese de Repercussão Geral)

PROVAS DECLARADAS ILÍCITAS PELO PODER JUDICIÁRIO E IMPOSSIBILIDADE


DE SUA UTILIZAÇÃO EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

Uma decisão MUITO importante!

No caso concreto, o CADE, através de um processo administrativo, condenou uma empresa


por fazer cartel, tendo isso sido baseado em interceptações telefônicas que já tinham sido
declaradas ilegais pelo STJ. Buscou-se, então, perante o STF, anular tal condenação, por
ter-se baseado em prova ilícita.

De acordo entendimento em Repercussão Geral fixado pelo STF(Tema 1238):

“São inadmissíveis, em processos administrativos de qualquer espécie, provas


consideradas ilícitas pelo Poder Judiciário ”

De acordo com a Corte, é inadmissível , em qualquer âmbito ou instância decisória, de provas


declaradas ilícitas pelo Poder Judiciário. Assim, não é dado a nenhuma autoridade pública
valer-se de provas ilícitas em prejuízo do cidadão, seja no âmbito de judicial, seja na esfera
administrativa, independentemente da natureza das pretensões deduzidas pelas partes.
@profalvaroveras

Estabeleceu, ainda, que não se pode aproveitar tais provas ilícitas em processo de fiscalização
inaugurado para apuração de suposta formação de cartel.

Aduziu que acolher semelhante raciocínio corresponderia a um grave atentado contra a


literalidade do art. 5º, inciso LVI, da Constituição da República, que preconiza a
inadmissibilidade, no processo, de provas obtidas com violação a normas constitucionais ou
legais e ensejaria uma afronta ao entendimento sedimentado nesta Corte, que estabelece
limites rígidos para o uso de prova emprestada em processos administrativos.

PROCESSO ADMINISTRATIVO E APLICAÇÃO DA TEORIA DA CONTINUIDADE


DELITIVA

Outro tema relevantíssimo - divulgado no Informativo Extraordinário 11, do STJ, de


18-07-2023. De acordo com a Corte:

“É possível a aplicação analógica da teoria da continuidade delitiva (art. 71 do CP) no


âmbito do processo administrativo".

No inteiro teor:

A controvérsia está em saber se em processo administrativo sancionador, realizado no


âmbito de agência reguladora, regido por legislação setorial específica, é possível a
aplicação analógica da teoria da continuidade delitiva, (art. 71 do Código Penal) no
âmbito administrativo. Há entendimento consolidado nesta Corte, segundo o qual a
sequência de várias infrações de mesma natureza, apurados em uma única autuação, é
considerada como de natureza continuada e, portanto, sujeita à imposição de multa
singular (AgInt no AREsp 1.129.674/RJ, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira
Turma, julgado em 8/3/2021, DJe de 11/3/2021).

DIREITO SANCIONATÓRIO E RETROATIVIDADE

No processo administrativo, vem ganhando força a ideia da retroatividade da norma mais


favorável.

(...)
II - O art. 5º, XL, da Constituição da República prevê a possibilidade de retroatividade
da lei penal, sendo cabível extrair-se do dispositivo constitucional princípio implícito do
@profalvaroveras

Direito Sancionatório, segundo o qual a lei mais benéfica retroage no caso de sanções
menos graves, como a administrativa. Precedentes.
(AgInt no REsp n. 2.024.133/ES, relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Turma, julgado em 13/3/2023, DJe de 16/3/2023.)

Obs: decisão do STF na improbidade e impossibilidade de retroatividade - cobrada na AGU


2023 CESPE

3 aplicação dos princípios constitucionais penais às ações de improbidade e recente


decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da aplicação da lei mais benéfica.
[valor: 3,50 pontos]

Questão cobrada na AGU-2023-CESPE. Segundo o espelho:


Por fim, a aplicação do direito sancionador à tutela da probidade administrativa, não
afasta a sua natureza cível, razão pela qual não cabe a aplicação de todos os princípios
constitucionais e reservas do direito penal à tutela civil da probidade administrativa. Há
diferenças significativas entre os respectivos regimes punitivos, em especial, quanto à
natureza jurídica dos ilícitos. Sob tal perspectiva, o plenário do Supremo Tribunal
Federal decidiu que o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica não tem
aplicação automática para a responsabilidade por atos ilícitos civis decorrentes de
improbidade administrativa quando do julgamento do ARE 843989/PR. Entendimento
semelhante pode ser extraído do Parecer nº BBL – 08, de 7 de outubro de 2022, da
Advocacia-Geral da União, de natureza vinculante para toda a Administração Pública
Federal, vez que assinado pelo Presidente da República, nos termos do disposto no art.
40, § 1º, da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

DELEGAÇÃO E AVOCAÇÃO DE COMPETÊNCIAS


Delegação: arts. 11 a 14 da Lei 9.784

Impossibilidade de delegação: atos de caráter normativo, decisão de recursos administrativos,


matérias de competência exclusiva. MUITO COBRADO!

Feita independentemente de hierarquia;

Especificação das matérias;

Delegação total de competência é vedada;

Súmula 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança.
@profalvaroveras

Avocação de competência

Fenômeno inverso;
Superior hierárquico traz para si uma competência;
Não cabe fora da linha hierárquica;
Providência excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados;
Temporária – não pode ser por tempo indeterminado.

Previsão legal desses institutos:

LEI 9784
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não
lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência
dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da
atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo
conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade
e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
inferior.

Decisões importantes do STF no Informativo 1105 (01-09):

1) São constitucionais os dispositivos da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992


- LIA) que ampliam o conceito de agente público, impõem obrigações no tocante às
informações patrimoniais para posse e exercício do cargo, bem como preveem sanções —
@profalvaroveras

independentemente das esferas penais, civis e administrativas — e o acompanhamento dos


respectivos procedimentos administrativos pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas.

Essa aqui é ESSENCIAL!! Improbidade administrativa é sempre uma boa pedida. As decisões
sobre a “nova” lei acabam sendo ainda mais!

ADI 4295-DF

2) É inconstitucional — por usurpar a prerrogativa legislativa conferida ao ProcuradorGeral


de Justiça e ofender a autonomia e a independência do Ministério Público (CF/1988, arts. 127,
§ 2º; e 128, § 5º) — norma estadual, de iniciativa parlamentar, que dispõe sobre a atuação do
Ministério Público nas operações policiais de cumprimento de medidas possessórias de
caráter coletivo.

ADI 3238-PE

3) É inconstitucional — por usurpar a competência privativa da União para legislar sobre


direito do trabalho (CF/1988, art. 22, I) — lei estadual que, ao criar o “estágio supervisionado,
educativo e profissionalizante” sob a forma de bolsa de iniciação ao trabalho ao menor que
frequente o ensino regular ou supletivo, constitui relação jurídica que se aproxima do instituto
do contrato de aprendizagem.

ADI 3.093-RJ

4) É constitucional — pois inserida dentro da competência comum dos entes federados para
proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, monumentos,
paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos (CF/1988, art. 23, III), e da competência
concorrente para legislar sobre esses temas (CF/1988, art. 24, VII) — a instituição, pela Lei
fluminense 5.198/2008, de feriado comemorativo do “Dia de São Jorge”.

ADI 4.092-RJ

5) As guardas municipais são reconhecidamente órgãos de segurança pública e aquelas


devidamente criadas e instituídas integram o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).

ADPF 995-DF

SIGILO EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS


@profalvaroveras

Trata-se de tema muito interessante julgado recentemente pelo STF e que vem sendo muito
cobrado em provas!
De acordo com o art. 78-B, da Lei 10.233/2001:

Art. 78-B. O processo administrativo para a apuração de infrações e aplicação de


penalidades será circunstanciado e permanecerá em sigilo até decisão final.

Tal lei dispõe, nessa parte, sobre os processos processos administrativos sancionadores
instaurados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT e pela Agência
Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ

Ajuizou-se ADI contra tal previsão(ADI 5371, julgada em 2022).

O que o STF decidiu? Pela inconstitucionalidade de tal norma

FIxou-se a seguinte tese de julgamento

“Os processos administrativos sancionadores instaurados por agências reguladoras


contra concessionárias de serviço público devem obedecer ao princípio da publicidade
durante toda a sua tramitação, ressalvados eventuais atos que se enquadrem nas
hipóteses de sigilo previstas em lei e na Constituição”.

De acordo com a ementa do julgado, a regra no Estado democrático de Direito inaugurado


pela Constituição de 1988 é a publicidade dos atos estatais, sendo o sigilo absolutamente
excepcional. Somente em regimes ditatoriais pode ser admitida a edição ordinária de atos
secretos, imunes ao controle social.

O regime democrático obriga a Administração Pública a conferir máxima transparência aos


seus atos. Essa é também uma consequência direta de um conjunto de normas constitucionais,
tais como o princípio republicano (art. 1º, CF/1988), o direito de acesso à informação detida
por órgãos públicos (art. 5º, XXXIII, CF/1988) e o princípio da publicidade (art. 37, caput e §
3º, II, CF/1988)

A Constituição ressalva a publicidade em apenas duas hipóteses:

(i) informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade (art. 5º,
XXXIII, parte final);

(ii) proteção à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas (arts. 5º, X e 37, § 3, II,
CF/1988)
@profalvaroveras

Assim, apenas em casos específicos, e com necessidade de grande ônuargumentativo a quem


o impõe, que é se pode decretar sigilo.

Desse modo, tal restrição em abstrato imposta pela lei não se encontra nessa exceção. Não se
vislumbra, em tese, nos processos administrativos instaurados pela ANTT e pela ANTAQ
para apuração de infrações e/ou aplicação de penalidades, nenhuma informação cujo sigilo
seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade ou que configure violação ao núcleo
essencial dos direitos da personalidade.
Decisão já cobrada várias vezes desde então: MP-AM-2023-CESPE, TJSC 2022,
DELEGADO PC SP 2022.

DECISÕES INTERESSANTES SOBRE PROCESSO ADMINISTRATIVO

Outras decisões interessantes sobre o tema(Fonte: Buscador Dizer o Direito):

No exercício de direito sancionador, a negativa da prova técnica requerida pelo acusado


pode afrontar o devido processo administrativo
Caso concreto: determinada empresa estava respondendo processo administrativo no
CADE por suposta infração da ordem econômica. A empresa requereu a produção de
perícia de natureza econômica, que foi indeferida.
O STJ entendeu que essa negativa afrontou o devido processo administrativo, por
violação aos arts. 2º, X, e 50, caput e inciso I, da Lei nº 9.784/99. Consequentemente, o
Tribunal determinou a anulação do julgamento do processo administrativo pelo CADE,
o qual deverá ser reiniciado a partir da produção da prova pericial de natureza
econômica requerida.
STJ. 1ª Turma. REsp 1979138-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/11/2022
(Info Especial 8).

Se o caso não envolve concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão, e sim da


revisão de ato administrativo que originou vantagem salarial, o prazo decadencial de 5
anos começa a ser contado da prática do ato (e não de eventual decisão do Tribunal de
Contas)
Nas hipóteses em que não haja exercício do controle de legalidade por Tribunal de
Contas, o prazo decadencial quinquenal previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99 transcorre
a partir da edição do ato pela Administração.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1761417-RS, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 20/06/2022 (Info 750).
Quando o interessado poderá ser notificado por edital no processo administrativo?
@profalvaroveras

Em processo administrativo, a notificação por edital reserva-se exclusivamente para as


hipóteses de:
a) interessado indeterminado;
b) interessado desconhecido; ou
c) interessado com domicílio indefinido.
STJ. 1ª Seção. MS 27227-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 27/01/2021 (Info 716).

Um dos temas que sempre foi muito cobrado e, agora, com "Nova Lei de Improbidade
Administrativa", que em verdade são grandes alterações feitas pela Lei 14.230, tem-se que
vem sendo ainda mais cobrado.

A leitura, então, de TODA a lei 8.429/92 é imprescindível. É uma daquelas leis que falo que
tem o custo-benefício excelente. Vou destacar aqui alguns pontos que considero mais
importantes e também trazer decisões dos Tribunais Superiores.

ATOS DE IMPROBIDADE CULPOSOS

Art. 1o. § 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas


tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito


tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Ou seja: NÃO existe mais atualmente a punição por atos culposos de improbidade.

PESSOAS JURÍDICAS E SANÇÕES

Art. 3o. § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de
improbidade administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração
pública de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
Importante dispositivo para evitar a punição dupla para a pessoa jurídica.
@profalvaroveras

POSSIBILIDADE DE TRANSMISSIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O


DANO

Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou que se enriquecer
ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do valor da
herança ou do patrimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também
na hipótese de alteração contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de
cisão societária. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da
sucessora será restrita à obrigação de reparação integral do dano causado, até o limite
do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
Lei decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou da incorporação,
exceto no caso de simulação ou de evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSEM PREJUÍZO AO


ERÁRIO
Art. 10
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou regulamentares não
implicar perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o
enriquecimento sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica não acarretará
improbidade administrativa, salvo se comprovado ato doloso praticado com essa
finalidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE OFENDEM OS PRINCÍPIOS


DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 11
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de que trata este artigo
pressupõe a demonstração objetiva da prática de ilegalidade no exercício da função
pública, com a indicação das normas constitucionais, legais ou infralegais violadas.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao bem
jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem do
reconhecimento da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes
públicos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
@profalvaroveras

§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte


dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade
ilícita por parte do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

DAS PENAS
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA

Segundo a lei:

Art. 12. § 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos incisos I e II do
caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza que o agente
público ou político detinha com o poder público na época do cometimento da infração,
podendo o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em caráter
excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a
gravidade da infração. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236)

Foi deferida liminar, no entanto, na ADI 7236. Vejamos a informação do Buscador Dizer o
Direito:

"Ocorre que a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp)


ajuizou a ADI 7236 contra esse e outros dispositivos inseridos pela Lei nº 14.230/2021.
No dia 27/12/2022, o Ministro Alexandre de Moraes, monocraticamente, concedeu
medida cautelar para suspender alguns dispositivos impugnados.
O Ministro suspendeu a eficácia desse § 1º do art. 12.
O art. 12, § 1º, da LIA, prevê que a perda da função pública atinge apenas o vínculo de
mesma qualidade e natureza do agente com o poder público no momento da prática do
ato. No entendimento do Ministro, a defesa da probidade administrativa impõe a perda
da função pública independentemente do cargo ocupado no momento da condenação.
Além disso, ele considerou que a medida pode eximir determinados agentes da sanção
por meio da troca de função ou no caso de demora no julgamento da causa."

Obs: O STF julgou, em agosto de 2023, a ADI 4295, que julgou a constitucionalidade de se
impõem sanções também à pessoa jurídica da qual o agente é sócio majoritário.

Segundo o SITE:

Intransmissibilidade da sanção
@profalvaroveras

O artigo 12 estende a punição do agente para pessoa jurídica da qual ele seja sócio
majoritário. Para o ministro Gilmar Mendes, a regra é razoável e necessária, para evitar
que o agente fraude a sanção imposta, obtendo benefícios fiscais ou celebrando contratos
públicos por meio de pessoa jurídica.

No informativo:
A proibição do responsável pelo ato de improbidade de contratar com o Poder Público,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica (LIA, art. 12, I, II e III), não viola o
princípio da incomunicabilidade das punições (CF/1988, art. 5º, XLV), pois, ao atuar
ostensivamente no controle e direcionamento da atividade empresarial, evita fraude à
sanção imposta.

DECLARAÇÃO DE BENS

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de


declaração de imposto de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido
apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada
no serviço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada
anualmente e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, do cargo,
do emprego ou da função. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o
agente público que se recusar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput
deste artigo dentro do prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

O STF declarou recentemente tal dispositivo constitucional, em agosto de 2023, na ADI 4295:
Imposto de Renda
O ministro também considerou válido o artigo 13, que obriga todo agente público a apresentar
declaração de Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza para posse e exercício do
cargo. Segundo ele, a finalidade é permitir que o patrimônio de todo servidor público seja
igualmente examinado, “sem lacunas ou distinções”.

No informativo:
A obrigatoriedade de todo agente público apresentar sua declaração de imposto de
renda e proventos de qualquer natureza (LIA, art. 13) visa assegurar mecanismos de
@profalvaroveras

fiscalização do patrimônio de agentes públicos, com o objetivo de resguardar a


moralidade e o erário

APURAÇÃO DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal


ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a
prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.

O STF declarou recentemente tal dispositivo constitucional, em agosto de 2023, na ADI 4295:

Ministério Público
Também foi validado o artigo 15, que prevê o acompanhamento do procedimento
administrativo sobre possível ato de improbidade pelo Ministério Público, por não
ofender a separação entre os Poderes, pois o mero acompanhamento do processo não
representa interferência em sua condução.

No informativo:
A intimação do Ministério Público e do Tribunal de Contas (LIA, art.15) não fere o
princípio da separação de Poderes. Em verdade, concretiza o princípio da eficiência
(CF/1988, art. 37, caput), notadamente porque cabe ao Parquet — como instituição
essencial à função jurisdicional do Estado — promover as medidas necessárias à
garantia de sua missão constitucional e de suas respectivas funções institucionais
(CF/1988, arts. 127 e 129).

PEDIDO DE INDISPONIBILIDADE DE BENS


Muito importante ler todo o art. 16.
Alterou diversos entendimentos jurisprudenciais - que já eram, inclusive, bem consolidados
no âmbito do STJ.

APLICAÇÃO DAS SANÇÕES

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:


@profalvaroveras

I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de


ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei
nº 14.230, de 2021)

O STF declarou recentemente tal dispositivo constitucional, em agosto de 2023, na ADI 4295:
Patrimônio público
Por fim, foi julgado constitucional o artigo 21, inciso I, segundo o qual a aplicação das
sanções previstas na lei independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.
Segundo o ministro Gilmar, a defesa da probidade administrativa não se restringe à proteção
do erário sob o prisma patrimonial.

No informativo:
Por fim, a defesa da probidade administrativa não se restringe à proteção do erário, sob
o prisma patrimonial. Portanto, dada a desnecessidade de comprovação do dano ao
patrimônio público para a configuração de determinados atos de improbidade, inexiste a
alegada violação ao devido processo legal.

Temas ainda muito importantes:

PRESCRIÇÃO - NOVAS REGRAS


Estudar as regras do art. 23. Importantes demais!

RETROATIVIDADE DAS REGRAS DA LEI 14.230/2021


Sobre entendimento jurisprudencial do STF e retroatividade:

1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos


de improbidade administrativa, exigindo-se — nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA — a
presença do elemento subjetivo — DOLO;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 — revogação da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa —, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º, inciso
XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da coisa
julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus incidentes;
3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em
julgado, em virtude da revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo
competente analisar eventual dolo por parte do agente;
4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO,
aplicando-se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei.
@profalvaroveras

STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/8/2022
(Repercussão Geral – Tema 1.199) (Info 1065). (Buscador Dizer o Direito)

Outra decisão relacionada muito importante(Fonte: Buscador Dizer o Direito):


Caso hipotético: João é réu em uma ação de improbidade administrativa.O juiz, antes
da Lei nº 14.230/2021, decretou a indisponibilidade de todos os seus bens.O réu interpôs
agravo de instrumento, mas a decisão foi mantida.Ainda inconformado, João ingressou
com recurso especial.
Daí entrou em vigor a Lei nº 14.230/2021 que promoveu diversas alterações na Lei de
Improbidade Administrativa. Essa lei alterou inclusive os pressupostos para se decretar
a indisponibilidade de bens do réu, tornando, em tese, mais restritiva a possibilidade de
sua decretação.
Diante disso, João pediu, ainda no STJ, que se fizesse a aplicação retroativa da Lei nº
14.230/2021 ao caso concreto e que se revogasse a indisponibilidade de bens, sob o
argumento de ser matéria de ordem pública, devendo-se, portanto, reconhecer que não
estão presentes os novos pressupostos.
O pedido de João foi deferido?Não. O STF, no Tema 1199, decidiu apenas pela aplicação
imediata da Lei nº 14.230/2021 no que tange aos atos de improbidade administrativa
culposos não transitados em julgado. O STF não tratou sobre as alterações relacionadas
com a indisponibilidade de bens.
Deve-se conferir interpretação restritiva às hipóteses de aplicação retroativa da Lei nº
14.230/2021, restringindo-se aos atos ímprobos culposos não transitados em julgado.
Diante disso, no caso concreto, o STJ indeferiu o pedido de João para aplicação
retroativa da Lei nº 14.230/2021.
STJ. 1ª Turma. PET no AgInt nos EDcl no AREsp 1.877.917/RS, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 23/5/2023 (Info 776).

POSSIBILIDADE DE COLABORAÇÃO PREMIADA EM IMPROBIDADE

Decisão muito importante do STF em julho de 2023. Tema 1043 de Repercussão Geral:

"É constitucional a utilização da colaboração premiada, nos termos da Lei 12.850/2013,


no âmbito civil, em ação civil pública por ato de improbidade administrativa movida
pelo Ministério Público"

Foi indicada a necessidade de observância das seguintes diretrizes:


@profalvaroveras

(1) Realizado o acordo de colaboração premiada, serão remetidos ao juiz, para análise, o
respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz
ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que
analisará os seguintes aspectos na homologação: regularidade, legalidade e
voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o
colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares, nos termos dos §§ 6º e 7º do
artigo 4º da referida Lei 12.850/2013; (2) As declarações do agente colaborador,
desacompanhadas de outros elementos de prova, são insuficientes para o início da ação
civil por ato de improbidade; (3) A obrigação de ressarcimento do dano causado ao
erário pelo agente colaborador deve ser integral, não podendo ser objeto de transação ou
acordo, sendo válida a negociação em torno do modo e das condições para a
indenização; (4) O acordo de colaboração deve ser celebrado pelo Ministério Público,
com a interveniência da pessoa jurídica interessada e devidamente homologado pela
autoridade judicial; (5) Os acordos já firmados somente pelo Ministério Público ficam
preservados até a data deste julgamento, desde que haja previsão de total ressarcimento
do dano, tenham sido devidamente homologados em Juízo e regularmente cumpridos
pelo beneficiado".

LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA NA DEFESA DE


SERVIDOR E IMPROBIDADE

De acordo com a Lei 14.230/2021, que modificou a Lei de Improbidade Administrativa(Lei


8.429/92):

Art. 17. § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia
dos atos administrativos praticados pelo administrador público ficará obrigada a
defendê-lo judicialmente, caso este venha a responder ação por improbidade
administrativa, até que a decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043)

A ANAPE, Associação Nacional dos Procuradores Estaduais, ajuizou ADI(7042) sobre o


tema.

De acordo com entendimento do STF, tal norma é inconstitucional – pois a previsão


obrigatoriedade de atuação da assessoria jurídica na defesa judicial do administrador público
ofende a autonomia dos Estados-Membros e desvirtua o desenho constitucional da Advocacia
Pública previsto no art. 131 e 132 da CF/88.

No entanto: tem-se que a possibilidade de os órgãos da Advocacia Pública autorizarem a


realização dessa representação judicial, nos termos de legislação específica.
@profalvaroveras

Decidiu-se, então:

declarar a inconstitucionalidade parcial, com interpretação conforme sem redução de


texto, do § 20 do art. 17 da Lei 8.429/1992, incluído pela Lei 14.230/2021, no sentido de
que não inexiste obrigatoriedade de defesa judicial; havendo, porém, a possibilidade de
os órgãos da Advocacia Pública autorizarem a realização dessa representação judicial,
por parte da assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos
atos administrativos praticados pelo administrador público, nos termos autorizados por
lei específica.

LEGITIMIDADE DA FAZENDA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO DE IMPROBIDADE

A Lei 14.230 promoveu uma série de alterações na Lei de Improbidade Administrativa(Lei


8.429/92), sendo denominada por alguns de Nova Lei de Improbidade Administrativa.

Dentre os legitimados para ajuizar a ação, encontrava-se a própria Fazenda Pública


interessada no caso. Essa nova lei retirou a legitimidade da Fazenda Pública.

A ANAPE, Associação Nacional dos Procuradores Estaduais, ajuizou ADI sobre o tema,
argumentando pela inconstitucionalidade de tal mudança.

De acordo com entendimento do STF(ADI 7042), é inconstitucional a modificação. Aduz que


existe uma vedação constitucional à previsão de legitimidade exclusiva do Ministério Público
para a propositura da ação por ato de improbidade administrativa, nos termos do artigo 129,
§1º da Constituição Federal e, consequentemente, para oferecimento do acordo de não
persecução civil. Veja-se tal artigo:

§ 1º – A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não
impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na
lei.

Inclusive, entendeu-se também que a legitimidade da Fazenda Pública para o ajuizamento de


ações por improbidade administrativa é ordinária, já que ela atua na defesa de seu próprio
patrimônio público, que abarca a reserva moral e ética da Administração Pública brasileira.

Desse modo, suprimir a legitimidade ativa das pessoas jurídicas interessadas para a
propositura da ação por ato de improbidade representa uma inconstitucional limitação ao
@profalvaroveras

amplo acesso à jurisdição (CF, art. 5º, XXXV) e a defesa do patrimônio público, com
ferimento ao princípio da eficiência (CF, art. 37, caput) e significativo retrocesso quanto ao
imperativo constitucional de combate à improbidade administrativa.

Ainda: a legitimidade para firmar acordo de não persecução civil no contexto do combate à
improbidade administrativa é decorrência lógica da própria legitimidade para a ação, razão
pela qual estende-se às pessoas jurídicas interessadas.

MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS NA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Julgado muito importante e que vem sendo bastante cobrado(Fonte - Buscador Dizer o
Direito):
É cabível a apreensão de passaporte e a suspensão da CNH no bojo do cumprimento de
sentença proferida em ação de improbidade administrativa.
Em regra, a jurisprudência do STJ entende ser possível a aplicação de medidas
executivas atípicas na execução e no cumprimento de sentença comum, desde que,
verificando-se a existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável,
tais medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha
fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do
contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade.
Na ação de improbidade administrativa, com ainda mais razão, há a possibilidade de
aplicação das medidas executivas atípicas, pois se tutela a moralidade e o patrimônio
público. No que diz respeito à proporcionalidade, o fato de se tratar de uma ação de
improbidade administrativa deve ser levado em consideração na análise do cabimento
da medida aflitiva não pessoal no caso concreto, já que envolve maior interesse público.
STJ. 2ª Turma, REsp 1929230-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 04/05/2021
(Info 695). (Buscador Dizer o Direito)

Outros julgados interessantes relativos à improbidade administrativa:

O acordo de não persecução cível pode ser celebrado mesmo que a ação de improbidade
administrativa já esteja em fase de recurso
É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de
improbidade administrativa em fase recursal.
STJ. 1ª Seção. EAREsp 102585-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 09/03/2022 (Info
728).
@profalvaroveras

É viável o prosseguimento de ação de improbidade administrativa exclusivamente


contra particular quando há pretensão de responsabilizar agentes públicos pelos
mesmos fatos em outra demanda conexa
O STJ possui o entendimento pacífico no sentido que é inviável o manejo da ação de
improbidade exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente
público no polo passivo da demanda. Essa posição continua a mesma e não mudou.
Caso adaptado: o DNIT contratou uma empresa para que ela fizesse a supervisão da
construção de uma rodovia federal. Ocorre que, em tese, foram praticados atos de
improbidade administrativa na execução desse contrato. Diante disso, foram propostas duas
ações de improbidade administrativa: 1ª) Ação de improbidade proposta pelo DNIT contra
João e Pedro, os agentes públicos envolvidos no contrato. 2ª) Ação de improbidade proposta
pelo MPF contra João e Pedro (os agentes públicos) e também contra Marcelo (o particular
envolvido no ato).
O juiz, ao analisar a ação proposta pelo MPF, recebeu a demanda apenas contra Marcelo (o
particular) e rejeitou a ação contra João e Pedro (os agentes públicos) sob o argumento de
que eles já respondem a demanda anteriormente ajuizada pelo DNIT, sendo os processos
conexos.
Diante dessa decisão, Marcelo interpôs agravo de instrumento e o TRF deu provimento ao
recurso e extinguiu a ação proposta pelo MPF sob o argumento de que não cabe ação de
improbidade administrativa tramitando unicamente contra particular.
Esse argumento não deve prevalecer. Isso porque os agentes públicos já respondem em outra
demanda conexa.
STJ. 1ª Turma. AREsp 1402806-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado
do TRF da 5ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info 714).

Mesmo que o juiz reconheça a prescrição das penas pela prática do ato de improbidade,
a ação poderá continuar para analisar o pedido de ressarcimento ao erário, não sendo
necessária uma ação autônoma apenas para discutir isso
Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento da
demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas
prescritas as demais sanções previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92.
STJ. 1ª Seção. REsp 1899455-AC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 22/09/2021
(Recurso Repetitivo – Tema 1089) (Info 710).

Não é permitido que Constituição Estadual institua foro por prerrogativa de função
para processos de natureza cível
@profalvaroveras

É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que disponha


sobre nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial relativo a ações
destinadas a processar e julgar atos de improbidade administrativa.
STF. Plenário. ADI 4870/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Info 1002).

Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei


de Improbidade Administrativa para o agente público.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/06/2019, DJe 17/06/2019.

Imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário em caso de atos de improbidade


praticados dolosamente

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato


doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.
STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão
Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910).

LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


começando com entendimentos do STJ-STF:
Fonte: Buscador Dizer o Direito

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

O regime de licitação e contratação previsto na Lei nº 8.666/93 é inaplicável às


sociedades de economia mista que explorem atividade econômica própria das empresas
privadas, concorrendo, portanto, no mercado.
Não é possível conciliar o regime previsto na Lei nº 8.666/93 com a agilidade própria
desse tipo de mercado que é movido por intensa concorrência entre as empresas que nele
atuam.
STF. Plenário. RE 441280/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2021 (Info 1008).

O edital de licitação não pode fixar um preço mínimo a ser oferecido pelos licitantes (art.
40, X, da Lei nº 8.666/93). Só um preço máximo. Essa vedação se justifica porque o objetivo
da licitação é o de selecionar a proposta mais vantajosa.
@profalvaroveras

Ocorre que algumas propostas apresentadas são claramente inexequíveis, ou seja, o licitante
não conseguirá custear o bem ou prestar o serviço e ainda ter lucro. Isso significa que, mais a
frente, haverá transtornos para a Administração Pública com a inexecução do contrato.
Diante disso, alguns entes públicos passaram a exigir algo que denominaram de “taxa de
administração”. Essa taxa é o percentual de remuneração que a empresa irá obter com aquela
venda ou serviço. Se a taxa for equivalente a zero ou mesmo negativa, a proposta é claramente
inexequível considerando que não haverá lucro para a empresa.
Assim, alguns editais passaram a exigir um percentual mínimo de taxa de administração (ex: a
empresa deverá demonstrar que, na planilha de custos que gerou o preço, está prevista a sua
remuneração em, no mínimo, 1%). Essa prática é válida? O ente público pode estipular
cláusula editalícia em licitação/pregão prevendo percentual mínimo de taxa de administração
como forma de se resguardar de eventuais propostas inexequíveis?
Não. A fixação de percentual mínimo de taxa de administração em edital de licitação/pregão
fere expressamente a norma contida no inciso X do art. 40 da Lei nº 8.666/93.
A taxa de administração é uma forma de remuneração do contratado pela Administração
Pública, integrando, portanto, o conceito de preço. Logo, ao exigir um percentual mínimo de
taxa de administração, o edital está fixando um preço mínimo.
Sendo o objetivo da licitação selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração (art.
3º da Lei nº 8.666/93), a fixação de um preço mínimo atenta contra essa finalidade.
A Lei de Licitações prevê outros mecanismos de combate às propostas inexequíveis em
certames licitatórios, permitindo que o licitante preste garantia adicional, tal como caução em
dinheiro ou em títulos da dívida pública, seguro-garantia e fiança bancária.
STJ. 1ª Seção. REsp 1840113-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/09/2020 (Recurso
Repetitivo – Tema 1038) (Info 683).

Tese firmada em Recurso Repetitivo:

"Os editais de licitação ou pregão não podem conter cláusula prevendo percentual
mínimo referente à taxa de administração, sob pena de ofensa ao artigo 40, inciso X, da
Lei nº 8.666/1993."

Sociedade empresária em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que


demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica.
STJ. 1ª Turma. AREsp 309867-ES, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 26/06/2018
(Info 631).

LICITAÇÕES
@profalvaroveras

É inconstitucional norma municipal que autoriza a celebração de contrato de parcerias


público-privadas (PPP) para a execução de obra pública desvinculada de qualquer
serviço público ou social.
Trata-se de previsão inconstitucional porque invade a competência privativa da União para
legislar sobre normas gerais de licitação e contrato (art. 22, XXVII, CF/88).
Caso concreto: o art. 5º, IV, da Lei nº 1.327/2007, do Município de Ariquemes (RO),
autorizou a celebração de contrato de parceria público-privada para a execução de obra
pública sem que essa obra estivesse vinculada à prestação de serviço público.
Ocorre que as parcerias público-privadas são disciplinadas pela Lei Federal nº 11.079/2004,
que veda expressamente a celebração de contratos de PPP unicamente para a execução de
obra pública sem vinculação à prestação de serviço público ou social. O art. 2º, § 4º, III, dessa
Lei afirma que é vedada a celebração de PPP que tenha como objeto único a execução de obra
pública.
STF. Plenário. ADPF 282/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2023 (Info 1094).

É indevida a cobrança promovida por concessionária de rodovia, em face de autarquia


prestadora de serviços de saneamento básico, pelo uso da faixa de domínio da via
pública concedida.
Embora cedido ao particular, o bem público de uso comum do povo não se desnatura,
permanecendo, portanto, afetado à destinação pública. Por esse motivo, mostra-se ilegítimo
exigir remuneração pela sua utilização, quando voltada a viabilizar a execução de serviço
público de saneamento básico prestado por entidade estatal, cuja configuração jurídica seja
adversa à lucratividade, ou seja, esteja fora do regime concorrencial.
STJ. 1ª Seção.REsp 1817302-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 08/06/2022
(Tema IAC 8) (Info 740).

Não contrariando a lei nem sendo abusivo, o contrato administrativo pode tratar de
renúncia a direito do contratado. Esta renúncia será eficaz e produzirá seus regulares
efeitos na hipótese em que houver expressa concordância do contratado.Especificamente
com relação aos advogados, o Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) dispõe serem do
advogado os honorários de sucumbência. Havia previsão expressa a respeito da
impossibilidade de retirar-lhes esse direito. Estava no art. 24, § 3º. Contudo, em 2009, o
STF declarou a inconstitucionalidade da regra, uma vez que se trata de direito
disponível e, por isso, negociável com o constituinte do mandato (ADI 1194, Relatora p/
Acórdão Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 20/05/2009).Nessa linha, não
se pode concluir pela abusividade ou ilegalidade da cláusula contratual que prevê a
renúncia do direito aos honorários de sucumbência, notadamente quando a parte
contratada, por livre e espontânea vontade, manifesta sua concordância e procede ao
@profalvaroveras

patrocínio das causas de seu cliente mediante a remuneração acertada no contrato.No


caso em análise, a parte autora manifestou, de forma expressa e consciente, a renúncia e
só procurou discutir a cláusula após o fim do contrato.STJ. 1ª Turma. AREsp
1825800-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022 (Info 733).

O art. 27 da Lei nº 8.987/95 permite que se transfira a concessão ou o controle societário


da concessionária para uma outra pessoa, desde que o poder público concorde e sejam
respeitados os requisitos legais.
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia
anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.
Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo o
pretendente deverá:
I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e
fiscal necessárias à assunção do serviço; e
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.
O STF decidiu que esse dispositivo é constitucional.
O parágrafo único do art. 27 prevê que, mesmo com essa transferência, a base objetiva do
contrato continuará intacta. Permanecem o mesmo objeto contratual, as mesmas obrigações
contratuais e a mesma equação econômico-financeira. O que ocorre é apenas a sua
modificação subjetiva, seja pela substituição do contratado, seja em razão da sua
reorganização empresarial.
Em nosso sistema jurídico, o que interessa à Administração é, sobretudo, a seleção da
proposta mais vantajosa, independentemente da identidade do particular contratado, ou dos
atributos psicológicos ou subjetivos de que disponha.
STF. Plenário. ADI 2946/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2022 (Info 1046).

É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição Estadual que preveja que o Estado


(poder concedente) terá até 25 anos para pagar a indenização decorrente da encampação
do serviço público que era prestado pela empresa concessionária.
STF. Plenário. ADI 1746/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/9/2014 (Info 759).

A empresa não possui garantia da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do


contrato de permissão de serviço de transporte público se o ajuste foi celebrado sem que
tenha havido prévia licitação.STJ. 2ª Turma. REsp 1352497-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 4/2/2014 (Info 535).
@profalvaroveras

Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausência de prévia


licitação, a Administração Pública, em regra, tem o dever de indenizar os serviços
prestados pelo contratado.
No entanto, a Administração Pública não terá o dever de indenizar os serviços prestados pelo
contratado na hipótese em que este tenha agido de má-fé ou concorrido para a nulidade do
contrato.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1394161-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
8/10/2013 (Info 529).

“É constitucional o ato normativo municipal, editado no exercício de competência


legislativa suplementar, que proíba a participação em licitação ou a contratação: (a) de
agentes eletivos; (b) de ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança; (c) de
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, de qualquer destes; e (d) dos demais servidores públicos municipais.”
Tema 1.001-RG

LEI MUNICIPAL - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS - RELICITAÇÃO


“É constitucional lei municipal que, ao regulamentar apenas o seu interesse local, sem criar
novas figuras ou institutos de licitação ou contratação, estabelece diretrizes gerais para a
prorrogação e relicitação dos contratos de parceria entre o município e a iniciativa privada.”
Informativo 1.096 STF

Adicionei, ainda, PDF com os artigos principais da Lei de Licitações e Contratos. Ver no
grupo :)

Daria destaque para: contratação direta, instrumentos auxiliares, contratos administrativos, das

😅
infrações e sanções administrativas
É o tipo do tema que vocês tem que ler a lei e não dá pra fugir muito disso

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

REQUISIÇÃO

A requisição é uma forma de intervenção do Estado na propriedade de modo restritivo.


Segundo a CF/88:
@profalvaroveras

Art. 5o. XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano;

Obs: Um grande tema que sempre é cobrado em provas é que a requisição pode versar
também sobre serviços(ao contrário, por exemplo, da desapropriação).

Imaginemos a seguinte situação: a União, para melhor desempenho de um serviço de saúde,


requisita um hospital público municipal. É possível?

Segundo entendimento do STF, a requisição de bens públicos possui caráter exepcional e


apenas pode ser declarada após a instalação de estado de sítio ou de defesa, sendo impossível
em casos de normalidade institucional.

Nesse sentido:

“Constitucional. Administrativo. Mandado de segurança. Município do Rio de Janeiro.


União Federal. Decretação de estado de calamidade pública no sistema único de saúde
no Município do Rio de Janeiro. Requisição de bens e serviços municipais. Decreto
5.392/2005 do Presidente da República. Mandado de segurança deferido. Mandado de
segurança, impetrado pelo Município, em que se impugna o art. 2º, V e VI (requisição
dos hospitais municipais Souza Aguiar e Miguel Couto) e § 1º e § 2º (delegação ao
Ministro de Estado da Saúde da competência para requisição de outros serviços de
saúde e recursos financeiros afetos à gestão de serviços e ações relacionados aos hospitais
requisitados) do Decreto 5.392/2005, do Presidente da República. Ordem deferida, por
unanimidade. Fundamentos predominantes: (…) (iii) inadmissibilidade da requisição de
bens municipais pela União em situação de normalidade institucional, sem a decretação
de Estado de Defesa ou Estado de Sítio.\” (MS 25.295, Rel. Min. Joaquim Barbosa,
julgamento em 20-4-2005, Plenário, DJ de 5-10-2007.)

Mais recentemente, isso restou confirmado pelo STF em caso versando sobre seringas/agulhas
compradas por Estado para imunização de vacinas no COVID:

É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados por


unidade federativa e destinados à execução do plano local de imunização, cujos
pagamentos já foram empenhados.
A requisição administrativa não pode se voltar contra bem ou serviço de outro ente
federativo. Isso para que não haja indevida interferência na autonomia de um sobre
outro.
STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
8/3/2021 (Info 1008). (Buscador Dizer o Direito).
@profalvaroveras

Também se colocou nesse julgado a exceção de caso de estado de defesa/estado de sítio.

Vejamos os comentários do prof. Márcio André(Buscador Dizer o Direito)

“Em regra, a União não pode requisitar bens integrantes do patrimônio público estadual
e municipal. A CF/88 só autorizou que isso ocorra em caso de estado de defesa (art. 136,
§ 1º, II, da CF/88) e estado de sítio (art. 139, VII)”

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
Sobre servidão administrativa, importante e recente julgado:

Não incide imposto de renda sobre a indenização recebida pela instituição de servidão
administrativa

Não incide imposto de renda sobre a compensação pela limitação decorrente da instalação de
linhas de alta tensão na propriedade privada - servidão administrativa.
O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica
decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN).
Os valores pagos a título de compensação por servidão administrativa não configuram
acréscimo patrimonial.
A servidão administrativa se dá quando o Poder Público intervém no direito de propriedade
do particular, fixando condições e limites ao seu livre exercício sem, contudo, privá-lo por
completo.
Nesse sentido, a compensação pela limitação decorrente da instalação de linhas de alta
tensão na propriedade privada possui nítido caráter indenizatório, cujo valor tem por
finalidade recompor o patrimônio, não gerando acréscimo patrimonial do proprietário do
imóvel.
STJ. 2ª Turma. REsp 1992514-CE, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 21/3/2023 (Info
769). Fonte: Buscador Dizer o Direito.

TOMBAMENTO

Intervenção restritiva na propriedade.


Previsão constitucional:

Art. 216. § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e


protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
@profalvaroveras

Temas sempre cobrados em concursos públicos:

É possível o tombamento por meio de lei?

Modificando entendimento anteriormente exposto de que seria competência privativa do


Poder Executivo estabelecer o tombamento, o STF passou a admitir o tombamento por meio
de lei (ACO 1208).

Passa a ser, então, apenas um tombamento provisório, que exige a implementação de


procedimentos ulteriores pelo Poder Executivo.

Segundo o relator Gilmar Mendes, explicitando tal possibilidade:

“Rememore-se que o procedimento do tombamento se divide em duas fases, quais sejam:


provisória e definitiva. A fase provisória constitui-se mediante ato de natureza
declaratória e ostenta caráter preventivo, de sorte que se consiste em etapa preparatória
para sua implementação posterior pelo Poder Executivo, que cientificará o proprietário
e dará sequência ao procedimento definitivo, a depender do caso (de ofício, voluntário
ou compulsório). (…) É nesse contexto de tombamento provisório que deve ser
interpretado o ato legislativo que considera relevante, do ponto de vista histórico ou
cultural, determinado bem. Ressalte-se, todavia, que, no caso de ato declaratório
legal,para a consecução do tombamento definitivo, é necessário que haja continuidade
do procedimento pelo Poder Executivo,competindo-lhe dar seguimento aos demais
trâmites do tombamento, a depender do tipo: de ofício (bem público – art. 5º),
voluntário (acordado com o proprietário – art. 7º) ou compulsório (independentemente
da aquiescência do proprietário – art. 8º e 9º). A lei ora questionada deve ser entendida
apenas como declaração de tombamento para fins de preservação de bens de interesse
local, que repercutam na memória histórica, urbanística ou cultural até que seja
finalizado o procedimento subsequente.
Sob essa perspectiva, o ato legislativo em questão (Lei 1.526/94), que instituiu o
tombamento, apresenta-se como lei de efeitos concretos, a qual se consubstancia em
tombamento
provisório – de natureza declaratória –, necessitando, todavia, de posterior
implementação pelo Poder Executivo, mediante notificação posterior ao ente federativo
proprietário do bem,nos termos do art. 5º do Decreto-Lei 25/37.“

Temos, então, que o Poder Legislativo pode, por meio de lei de efeitos concretos, decretar o
tombamento provisório de um bem – e aí, com a posterior implementação da notificação do
proprietário por parte do Poder Executivo, e com a conclusão dos demais procedimentos,
ter-se-á o tombamento definitivo.
@profalvaroveras

É possível o tombamento de um bem público?


Exemplo: Município tomba bem da União. Segundo entendimento do STJ, é SIM possível.

A respeito da desapropriação, cumpre observar o DL 3365, que traz restrições a respeito da


desapropriação entre entes públicos:

§ 2º Será exigida autorização legislativa para a desapropriação dos bens de domínio dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal pela União e dos bens de domínio dos
Municípios pelos Estados. (Redação dada pela Lei nº 14.620, de 2023)
§ 2º-A. Será dispensada a autorização legislativa a que se refere o § 2º quando a
desapropriação for realizada mediante acordo entre os entes federativos, no qual serão
fixadas as respectivas responsabilidades financeiras quanto ao pagamento das
indenizações correspondentes. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023)

Percebe-se que, no regramento das desapropriações, o legislador estabeleceu uma hierarquia


vertical no que tange à desapropriação de bens públicos, permitindo-se apenas a
desapropriação pelo ente maior de bens públicos pertencentes ao ente menor. A isso se dá o
nome de princípio da hierarquia verticalizada.

Obs.: Ressalte-se que parte da doutrina, argumentando que a CF/88 não admitiria tal
diferenciação em face da autonomia dos entes políticos, entende que tal artigo é
inconstitucional. Tem predominado, no entanto, o entendimento de que é ele constitucional
em razão do princípio da predominância do interesse.

Tal artigo deveria ser aplicado também ao tombamento? Consoante a doutrina majoritária e a
jurisprudência, tem-se que não.

O fato é que a desapropriação é uma intervenção supressiva, que implica transferência de


propriedade, o que não ocorre no que cumpre ao tombamento, já que se trata de uma
intervenção apenas restritiva.

Vejamos ementa que trata sobre o caso:

ADMINISTRATIVO – TOMBAMENTO – COMPETÊNCIA MUNICIPAL.


1. A Constituição Federal de 88 outorga a todas as pessoas jurídicas de Direito Público a
competência para o tombamento de bens de valor histórico e artístico nacional. 2.
Tombar significa preservar, acautelar, preservar, sem que importe o ato em
transferência da propriedade, como ocorre na desapropriação. 3. O Município, por
competência constitucional comum – art. 23, III –, deve proteger os documentos, as
@profalvaroveras

obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens


naturais notáveis e os sítios arqueológicos. 4. Como o tombamento não implica em
transferência da propriedade, inexiste a limitação constante no art. 1º, § 2º, do DL
3.365/1941, que proíbe o Município de desapropriar bem do Estado. (STJ, RMS
18.952/RJ).

Desse modo, é perfeitamente possível o tombamento de bem da União por parte de Estado, e
vice-versa (como também por Município).

Tombamento geral e individual.

Questão já cobrada no MP-PR-2017:

“Quanto à classificação, o tombamento geral distingue-se do individual porque naquele


o dever de conservação atinge uma generalidade de bens, os situados em um bairro ou
cidade, sem, entretanto, individualizá-los, enquanto este atinge um bem determinado.
Segundo a jurisprudência do STJ, quanto à natureza das obrigações que do ato
decorrem, inexiste distinção entre tombamento individualizado e geral: não é necessário
que o tombamento geral, como no caso de uma determinada Cidade, tenha
procedimento para individualizar o bem (art. 1º do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições
do art. 17 do mesmo Diploma Legal se aplicam a todos os que tenham imóvel na área
tombada”

Inclusive, cobrado na PGM-SP de 2023:

"Não é necessário que o tombamento geral tenha procedimento para individualizar o


bem - art. 1º do DL n. 25/37" (REsp 1.098.640, STJ)

DESAPROPRIAÇÃO

A desapropriação é uma espécie supressiva de intervenção em que o Estado transfere para si a


propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública ou necessidade pública, ou de
interesse social, em regra através do pagamento de justa e prévia indenização, conforme
declara o art. 5º, XXIV, da CF/88.

Em relação ao procedimento de desapropriação, é possível se prevê duas fases: administrativa


e judicial. Na primeira, há ainda a divisão em duas subfases: declaratória e executiva, sendo a
declaratória consistente na manifestação de intenção Poder Público de desapropriar o bem e a
@profalvaroveras

executória referente às providências voltadas à transferência do bem para o expropriante,


podendo se dá de forma administrativa na hipótese de haver acordo com o expropriado quanto
ao preço. Não havendo acordo, exigir-se-á a judicialização da desapropriação, pois a
transferência da propriedade demandará que o ente expropriante ingresse com a conhecida
ação de desapropriação.

Como visto acima, no procedimento em tela, o Poder Público declara expressamente sua
intenção em desapropriar determinado bem, podendo inclusive ingressar com demanda
judicial para concretizar tal objetivo.

POSSIBILIDADE DE DESISTÊNCIA EM AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO

É possível o ente expropriante desistir da ação de desapropriação? Resposta: SIM!

O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1368773-MS/2016, consolidou a


possibilidade do expropriante desistir da ação de desapropriação, declarando na ocasião que
referida postura poderia se dá a qualquer tempo, inclusive após o trânsito em julgado da
demanda, devendo, contudo, observar 2(dois) requisitos:
a) que não tenha havido o pagamento integral do preço, pois caso se tenha indenizado
completamente o expropriado, haveria por consolidada a transferência do bem para o ente
expropriante; e
b) que o bem ainda possa ser utilizado como antes, ou seja, que o mesmo seja devolvido sem
que tenha sido modificado de forma substancial ao ponto de desconfigurar suas características
originais. Entendimento acima foi fixado a partir do REsp 38.966/SP, Rel. Min. Antônio de
Pádua Ribeiro, Segunda Turma, julgado em 21/2/1994:

“(…) é possível a desistência da desapropriação, a qualquer tempo, mesmo após o


trânsito em julgado, desde que ainda não tenha havido o pagamento integral do preço e
o imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial que impeça que seja utilizado
como antes”. STJ- REsp 38.966/SP, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, Segunda
Turma, julgado em 21/2/1994.

Além disso, o STJ complementou seu entendimento, manifestando-se no sentido de ser do


expropriado o ônus probatório acerca da não observância dos requisitos indicados, ou seja, é
dever do expropriado demonstrar a existência de fato impeditivo do direito de desistência da
desapropriação. Veja-se trecho do REsp: 1368773 MS 2013/0039269-9, Relator: Ministro OG
FERNANDES, 06/12/2016:

“(…) Sendo a desistência da desapropriação direito do expropriante, o ônus da prova da


existência de fato impeditivo do seu exercício (impossibilidade de restauração do imóvel
@profalvaroveras

ao estado anterior) é do expropriado. Acórdão recorrido que não estabeleceu a


existência de prova da impossibilidade da devolução do imóvel às suas condições
originais. Não incidência da súmula 7/stj(…)”

Assim, é interessante destacar que a discussão em tela se relaciona com a observância do


artigo 373, II, do CPC/2015, pois cabe ao réu da ação comprovar fato impeditivo do direito do
autor:

“10. Por ser fato impeditivo do direito de o expropriante desistir da desapropriação, é


ônus do expropriado provar sua existência, por aplicação da regra que vinha consagrada
no art. 333, II, do CPC/1973, hoje repetida no art. 373 do CPC/2015”. STJ – REsp:
1368773 MS 2013/0039269-9, Relator: Ministro OG FERNANDES, 06/12/2016:
Ressalte-se por fim, que mesmo na hipótese de o réu concordar com a desistência da
demanda, é possível o ajuizamento de ação de indenização em face do expropriante, caso
tenha havido danos ou prejuízos no caso específico.
“(…) Como a regra é a possibilidade de desistência da desapropriação, o desistente não
tem de provar nada para desistir, cabendo ao expropriado requerer as perdas e danos a
que tiver direito por ação própria (…)” STJ – REsp: 1368773 MS 2013/0039269-9,
Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 06/12/2016

TREDESTINAÇÃO LÍCITA-ILÍCITA

Tema sempre cobrado, inclusive recentemente na PGM-SP-CESPE-2023.

Tal tema foi cobrado na prova subjetiva do MPE-PR-2014. Segue gabarito da banca:

A Tredestinação, assentada na ideia de desvio de finalidade, é a destinação desconforme


do bem expropriado com o plano inicialmente previsto. Ocorre quando o Poder Público
não aplica o bem, adquirido por desapropriação, à finalidade pública que suscitou o
desencadeamento de sua força expropriatória.
A Tredestinação lícita dá-se quando, persistindo o interesse público, o expropriante
dispensa ao bem desapropriado destino diverso do que planejara no início. A ilícita, à
sua vez, concretiza-se quando o Poder Público, em flagrante ofensa ao interesse público,
transfere a terceiro, por exemplo, o bem desapropriado ou pratica outro desvio de
finalidade pública, permitindo que alguém se beneficie de sua utilização.
A Retrocessão é um direito real segundo entendimento predominante (defende-se
minoritariamente ser direito pessoal), consistente em o ex proprietário poder reaver o
bem expropriado, mas não preposto à finalidade pública, sendo o meio pelo qual o
@profalvaroveras

expropriado pode reivindicar aludido bem e, diante da impossibilidade de fazê-lo,


postular em juízo a reparação pelas perdas e danos sofridos.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, em entendimento já consolidado, como no caso do


REsp 102.5801, a retrocessão apenas se dá em caso de grave desvio de finalidade no ato
estatal, o que configura tredestinação ilícita, não se aplicando, pois, à tredestinação lícita.
Ou seja: se tivermos a tredestinação lícita, em que o bem continua a ser aplicado em uma
finalidade pública (como por exemplo: ao invés de se construir um hospital, foi construída
uma escola), não se tem o direito de retrocessão do particular.

Nova lei que alterou o DL 3365:

§ 6º Comprovada a inviabilidade ou a perda objetiva de interesse público em manter a


destinação do bem prevista no decreto expropriatório, o expropriante deverá adotar
uma das seguintes medidas, nesta ordem de preferência: (Incluído pela Lei nº 14.620,
de 2023)
I - destinar a área não utilizada para outra finalidade pública; ou (Incluído pela Lei
nº 14.620, de 2023)
II - alienar o bem a qualquer interessado, na forma prevista em lei, assegurado o direito
de preferência à pessoa física ou jurídica desapropriada. (Incluído pela Lei nº 14.620,
de 2023)
§ 7º No caso de desapropriação para fins de execução de planos de urbanização, de
renovação urbana ou de parcelamento ou reparcelamento do solo, as diretrizes do plano
de urbanização ou de parcelamento do solo deverão estar previstas no plano diretor, na
legislação de uso e ocupação do solo ou em lei municipal específica. (Incluído pela Lei
nº 14.620, de 2023)

Entendimentos importantes em desapropriação (Fonte: Buscador Dizer o Direito):

Se o autor da ação de desapropriação não faz o depósito da quantia arbitrada, o juiz


deverá negar a imissão provisória na posse, mas não pode, por essa razão, extinguir o
processo
A ausência do depósito previsto no art. 15 do Decreto-Lei nº 3.365/41 para o deferimento
de pedido de imissão provisória na posse veiculado em ação de desapropriação por
utilidade pública não implica a extinção do processo sem resolução do mérito, mas, tão
somente, o indeferimento da tutela provisória.
STJ. 1ª Turma. REsp 1930735-TO, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 28/2/2023
(Info 767).

Se a parte desistir da ação de desapropriação, como serão calculados os honorários


advocatícios de sucumbência?
@profalvaroveras

Na hipótese de desistência da ação de desapropriação por utilidade pública, face a


inexistência de condenação e de proveito econômico, os honorários advocatícios
sucumbenciais observam o valor atualizado da causa, assim como os limites da Lei das
Desapropriações.
Ao considerar que não houve condenação e que a parte ré não obteve proveito
econômico nenhum, porque permaneceu com a mesma situação de antes da demanda,
isto é, proprietária do imóvel antes sujeito à pretensão desapropriatória, o parâmetro há
de ser o valor atualizado da causa.
STJ. 2ª Turma. REsp 1834024-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
10/05/2022 (Info 736).

É possível o ajuizamento de ACP alegando que o particular que recebeu a indenização


na desapropriação não era o seu real proprietário mesmo que já tenham se passado 2
anos do trânsito em julgado da ação de desapropriação
I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação
desapropriatória não obsta a propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio
público para discutir a dominialidade do bem expropriado, ainda que já se tenha
expirado o prazo para a Ação Rescisória;
II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só serão devidos
caso haja devido pagamento da indenização aos expropriados.
STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 26/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 858) (Info
1019).

O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em regra, de 10


anos; excepcionalmente, será de 15 anos caso de comprove que não foram feitas obras ou
serviços públicos no local
Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta?
Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002).
Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços
públicos no local.
Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação
indireta é de 10 anos porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público
realizou obras ou serviços públicos no local. Admite-se, excepcionalmente, o prazo
prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta e devidamente,
que não foram feitas obras ou serviços no local, afastando a presunção legal.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1575846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info
658).
@profalvaroveras

O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder


Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de
interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC.
STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020
(Recurso Repetitivo – Tema 1019) (Info 671).

Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação
indireta prescreve em vinte anos).

Julgado divulgado recentemente pelo STJ importante:

“As ações de desapropriação observam na fase de cumprimento de sentença, no que


couber, o regime do art. 27, § 1º, do Decreto-Lei n. 3.365/1941, o que inclui os seus limites
percentuais na fixação de honorários arbitrados com base em proveito econômico”
REsp 2.075.692-SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 8/8/2023, DJe 17/8/2023

LINDB E DIREITO ADMINISTRATIVO:


Tem sido muito cobrada. Recomendo demais a leitura da lei a partir do art. 20.

DESTAQUE PARA: art. 20, 21, 23, 24, 26, 28

Art. 28 - cláusula geral do erro administrativo

Inclusive, o tema LINDB e Direito Administrativo foi cobrado recentemente na discursiva da


PGE-RR-Discursiva-CESPE-2023, sobre consequencialismo.

Discorra acerca do consequencialismo jurídico, abordando, necessariamente, seu


conceito, sua matriz legal [valor: 3,00 pontos], a ratio legis [valor: 3,00 pontos] e os
riscos decorrentes de sua incorporação ao ordenamento jurídico brasileiro [valor: 1,60
pontos].

Espelho:

O consequencialismo jurídico é uma ferramenta hermenêutica que determina a


necessidade de consideração dos efeitos, das repercussões jurídicas e do mundo real para
a determinação de validade de atos jurídicos e administrativos. Nesse sentido, o
intérprete deverá buscar prever o impacto da sua decisão na sociedade e assumir uma
@profalvaroveras

postura pragmática, optando pela interpretação que produza os melhores resultados.


Deriva do utilitarismo e da progressiva incorporação da análise econômica do direito, no
ordenamento jurídico pátrio.

A regra hermenêutica foi incorporada na Lei de Introdução às Normas do Direito


Brasileiro (LINDB), especialmente a partir de seu art. 20.

Por meio do consequencialismo jurídico, objetiva-se analisar a potencial adequação do


ato na realidade concreta de interação humana com os valores do direito. Também visa
aferir como o sistema estatal reage frente ao cenário fático e jurídico formado a partir
de tal interação humana. A motivação do legislador foi reduzir o denominado “ativismo
judicial”, bem como o número de decisões que se fundamentam, exclusivamente, em
valores abstratos que ganharam força normativa com o pós-positivismo e
neoconstitucionalismo, diminuindo o risco de subjetivismo exacerbado e de vulneração
da segurança jurídica.

De outro lado, a implementação da racional eficiência econômica no sistema jurídico


guarda o risco de vulneração de seu maior objetivo que é a proteção dos direitos
fundamentais. Em outras linhas, o consequencialismo pode levar à relativização da
garantia dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana em favor de metas
econômicas (de eficiência) nem sempre verificáveis, tratando indivíduos como meios e
não como fins em si mesmos.

Lei das PPPs - o que é essencial:

Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na


modalidade patrocinada ou administrativa.

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de


que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à
tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a


Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de
obra ou fornecimento e instalação de bens.

§ 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a


concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de
@profalvaroveras

fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público


ao parceiro privado.

§ 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:

I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);


(Redação dada pela Lei nº 13.529, de 2017)

II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou

III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e


instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA e temas importantes.


OAB E DEVER DE PRESTAR CONTAS AO TCU
Sem dúvidas, um dos julgamentos mais importantes de 2023 (finalizado em 24/04).
De pronto, tem-se que o STF decidiu pela fixação da seguinte tese de repercussão geral:

"O Conselho Federal e os Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil não
estão obrigados a prestar contas ao Tribunal de Contas da União nem a qualquer outra
entidade externa ”.

Sempre cobrado - natureza jurídica da OAB: "Conforme a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil é entidade sui generis; um serviço
público independente, destituído de natureza autárquica."

FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PRIVADO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO


PÚBLICO DE SAÚDE

Tema importante também decidido recentemente pelo STF (ADI 4197-SE):

É constitucional a constituição de fundação pública de direito privado para a prestação


de serviço público de saúde”.

Segundo a ementa:

“As fundações públicas de direito privado podem se dedicar à prestação de serviços


públicos de saúde. Isso porque: (i) na ausência de um modelo de organização
administrativa pré-definido pela Constituição, deve prevalecer a autonomia de cada ente
@profalvaroveras

federativo; (ii) seria ilógico que a Constituição permitisse o exercício de atividades de


saúde por particulares, mas não por entidades privadas vinculadas ao poder público; e
(iii) esta Corte já afastou o argumento de que não seria possível a instituição de
fundações privadas pelo poder público.”

DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMAS PRIORIDADE PARA CESPE:


1) Controle de Constitucionalidade;
2) Poder Constituinte
Poder Constituinte decorrente
3) Concepções da Constituição
Princípios especificamente constitucionais
4) Direitos Fundamentais;
5) Organização do Estado Brasileiro
O Estado
O Município
6) Competência Legislativa

PODER CONSTITUINTE

PODER CONSTITUINTE DERIVADO

Outro tema muito importante: poder constituinte derivado

Mais especificamente: o poder constituinte derivado decorrente - poder que o Estado tem de
editar a sua própria Constituição

Não é inicial, não é ilimitado - assim, é condicionado, derivado da Constituição que o origina

Previsto no art. 25 da CF/88:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.

Pode ser dividido em dois:

a) O poder constituinte decorrente inicial:


@profalvaroveras

O poder que enseja a elaboração da Constituição de um Estado-membro da federação,


organizando o arcabouço constitucional daquela unidade federada, é denominado poder
constituinte derivado decorrente institucionalizador(PC-BA-2018-VUNESP).

b) O poder constituinte decorrente reformador: é aquele relativo às próprias alterações no


texto constitucional, emendando-a.

O STF(ADI 486), aplicando o princípio da simetria, entende que a Constituição Estadual deve
espelhar no que couber as regras para sua alteração de forma semelhante às postas na CF.

Ou seja: afirmou que por exemplo não podia a Constituição Estadual estabelecer um quórum
de 4/5 para reforma de seu texto.

Decisão de 2022 e que já vem sendo muito cobrada em concursos públicos.

Como já falamos, tal poder não é ilimitado. A própria norma do art. 25 da CF assevera que
devem os Estados observar os princípios estabelecidos na CF/88.

Quais são esses princípios? Como podem ser definidos?

Assevera a doutrina que são três as espécies de princípios: os sensíveis, os estabelecidos e os


extensíveis.

Segundo Pedro Lenza(Direito Constitucional Esquematizado), os princípios sensíveis são:

“terminologia adotada por Pontes de Miranda; encontram-se expressos na Constituição,


daí serem também denominados princípios apontados ou enumerados . Nesse sentido, os
Estados-membros, ao elaborar as suas constituições e leis, deverão observar os limites
fixados no art. 34, VII, “e”, da CF/88 , sob pena de, declarada a inconstitucionalidade da
referida norma e a sua suspensão insuficiente para o restabelecimento da normalidade,
ser decretada a intervenção federal no Estado”

Temos, então, que são aqueles mencionados para permitir a intervenção federal da União nos
Estados
Segundo Marcelo Novelino(Direito Constitucional, Editora Método, 5a Edição, pag. 612):

“Princípios constitucionais extensíveis: consagram normas organizatórias para a União


que se estendem aos Estados, seja por previsão constitucional expressa(CF, arts. 28 e 75),
ou implícita(CF, arts. 58, parágrafo terceiro, e 59 ss.);)
@profalvaroveras

Por último, os princípios estabelecidos - segundo Daniel Sarmento, são de natureza bem
variada, sendo difíceis de identificar.

Utiliza as lições de José Afonso da Silva:

"são normas que limitam a autonomia organizatória dos Estados; são aquelas regras
que revelam, previamente, a matéria de sua organização e as normas constitucionais de
caráter vedatório, bem como os princípios de organização política, social e econômica,
que determinam o retraimento da autonomia estadual."

Complementa Daniel Sarmento:

"esses princípios são de caráter vedatório ou mandatório, pois tanto podem proibir
como ordenar algo ao Estado-membro. Podem, ainda, ser de natureza expressa,
implícita e decorrente do sistema constitucional adotado."

Decisões importantes sobre como a Constituição Estadual deve disciplinar alguns temas:

a) Iniciativa de leis - deve o Estado seguir o modelo federal e as regras da iniciativa


privativa do Chefe do Executivo - Art. 61. § 1º, CF/88 - ADI 2.192. Regime jurídico de
servidores públicos, por exemplo
b) deve seguir o modelo federal - normas relativas à CPI - ADI 3.619
c) deve seguir o modelo federal - normas relativas à atividade fiscalizatória realizada
pelo Poder Legislativo. ADI 3046
d) devem seguir o modelo federal - normas relativas às competências dos Chefes do
Executivo - ADI 910/RJ

Fonte das considerações aqui traçadas: SARMENTO, Daniel. SOUZA NETO, Claudio
Pereira de. Direito Constitucional: teoria, história e métodos de trabalho. 2. ed. Belo
Horizonte: Editora Fórum, 2021.

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E INTERVENÇÃO ESTADUAL

Um tema interessante foi decidido recentemente pelo STF sobre a Constituição Estadual e
intervenção estadual:

A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes


daquelas que são elencadas no art. 35 da Constituição Federal.
As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88 são taxativas.
@profalvaroveras

Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição


do Estado do Acre, que previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios
quando: IV – se verificasse, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de
empréstimo garantido pelo Estado; V – fossem praticados, na administração municipal,
atos de corrupção devidamente comprovados.
STF. Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).
(Buscador Dizer o Direito)

O STF ainda reafirmou isso no precedente, em 2020, da ADI 2917 - entendendo de que as
hipótes trazidas pela CF são taxativas. Não pode, por exemplo, a CE de um Estado prever a
possibilidade desse Estado em Município em caso, por exemplo, de "atos de corrupção"

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ESPECIFICAMENTE CONSTITUCIONAIS

Princípios de interpretação especificamente constitucional


a) supremacia da Constituição(toda interpretação normativa vai ter como pressuposto a
superioridade jurídica e axiológica da Constituição);
b) presunção de constitucionalidade das leis;
c) interpretação conforme a Constituição;
d) unidade da Constituição(dever de harmonizar as tensões existentes entre as normas de uma
Constituição). Interpretação sistemática - Não se acolhe a teoria das normas constitucionais
inconstitucionais(Otto Bachof);
e) efeito integrador - primazia na resolução dos problemas constitucionais de critérios que
favoreçam a integração política e social produzindo um efeito criador e conservador da
unidade;
f) concordância prática (harmonização) - ligação com princípio da unidade - diferencia-se por
atuar não em contradições abstratas, mas sim concretas. Colisão entre princípios: intérprete
deve realizar redução proporcional do âmbito de validade deles;
g) convivência das liberdades públicas(relatividade): inexistência de princípios absolutos -
liberdades públicas não são incondicionais - devem se conviver harmoniosamente e observar
limites da CF;
h) força normativa da Constituição;
i) máxima efetividade - no âmbito dos direitos fundamentais - maior efetividade possível
visando à realização concreta de sua função social;
j) conformidade funcional(justeza): não se permite que órgãos que realizam interpretação
constitucional cheguem a um resultado que subverte o esquema organizatório-funcional;
@profalvaroveras

FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

Sociológica(Ferdinand Lassale): fundamentos sociológicos são os fatores reais de poder.


Constituição real x jurídica. “folha de papel”

Política(Carl Schimdt): fundamento está na vontade política concreta que a antecede.


Decisão política fundamental que modela o regime(democracia, ditadura, modelo capitalista) -
não se confunde com as leis constitucionais(Constituição escrita) - pode conter diversos
elementos que não sejam propriamente constitucionais, pois dissociados da decisão política.
Visão “decisionista” - resulta de ato de vontade - não sendo decorrência da razão nem de
nenhuma fonte de legitimação acima da realidade da vida política;

Jurídica(Hans Kelsen): Norma pura, puro dever-ser. Constituição em sentido lógico- jurídico
e em sentido jurídico positivo;
Lógico-jurídica: norma hipotética fundamental. “todos devem obedecer à Constituição”
Fundamento de validade de todas as normas de uma ordem jurídica
Jurídico-positiva: conjunto de normas que regula a produção de outras normas;

Concepção normativa(Konrad Hesse): debate com Ferdinand Lassale. Força normativa da


Constituição - possibilidade de alterar a realidade - nem sempre os fatores reais de poder
prevalecem sobre a Constituição

MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL OU PODER CONSTITUINTE DIFUSO

Outro tema que vem sendo muito cobrado pelo CESPE e dispõe sobre as questões de
interpretação constitucional: mutação constitucional ou poder constituinte difuso.

Primeiramente, mutação constitucional também pode ser denominada de poder constituinte


difuso. Diferentemente da emenda, processo formal de alteração da CF, a mutação ocorre por
meio de processos informais de modificação do significado da CF sem alterar o seu texto.

Resulta da possibilidade da incongruência entre a norma constitucional e a própria realidade


que ela está inserida. Possui, então, uma forte carga sociológica no seu próprio conceito e
aplicação - uma vez que, como falamos, interage de forma relevante com a realidade.

Não se pode deixar de notar que o tema da mutação envolve muita complexidade.Ao mesmo
tempo que se precisa de uma Constituição com estabilidade e rigidez, há que se conferir um
certo dinamismo à Constituição, possibilitando que ela se adapte à realidade (SOUZA NETO;
SARMENTO, 2021, p. 343).
@profalvaroveras

Ressalte-se que a mutação constitucional não pode ser considerada como sendo ilimitada.
Quando se ultrapassam os limites, diz-se que está se pretendendo uma mutação constitucional
inconstitucional ou exogenética(Canotilho).

O tema de mutação constitucional e limites foi cobrado na discursiva da


PGE-PI-2014-CESPE.
Pode-se estabelecer como limites: a) o próprio texto constitucional; b) o respeito ao
ordenamento jurídico constitucional considerado como um todo. Não é admissível, nessa
linha de raciocínio, uma mutação que implique desconsideração dos limites impostos pelo
sistema constitucional, delineados por meio de escolhas fundamentais(SOUZA NETO;
SARMENTO, 2021, p. 358) c) respeito mínimo aos limites das cláusulas
pétreas(SANT'ANNA, 2009).

Fontes citadas: SANT’ANNA, Adriano. Teoria da mutação constitucional: limites e


possibilidades das mudanças informais da Constituição a partir da teoria da concretização.
Tese de Doutorado, PUC-SP, 2009, Disponível em:
https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/8668. Acesso em 04 out. 2021.
SARMENTO, Daniel. SOUZA NETO, Claudio Pereira de. Direito Constitucional: teoria,
história e métodos de trabalho. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2021.

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
DUPLA VACÂNCIA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL E AUTONOMIA
DOS ESTADOS

Julgado interessante recente na ADPF 969-AL. Segundo a Corte:

“Os Estados possuem autonomia relativa na solução normativa do problema da dupla


vacância da Chefia do Poder Executivo, não estando vinculados ao modelo e ao
procedimento federal (art. 81, CF), mas tampouco pode desviar-se dos princípios
constitucionais que norteiam a matéria, por força do art. 25 da Constituição Federal
devendo observar: (i) a necessidade de registro e votação dos candidatos a Governador e
Vice-Governador por meio de chapa única; (ii) a observância das condições
constitucionais de elegibilidade e das hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14 da
Constituição Federal e na Lei Complementar a que se refere o § 9º do art. 14; e (iii) que
a filiação partidária não pressupõe a escolha em convenção partidária nem o registro da
candidatura pelo partido político; (iv) a regra da maioria, enquanto critério de
averiguação do candidato vencedor, não se mostra afetada a qualquer preceito
constitucional que vincule os Estados e o Distrito Federal.”
@profalvaroveras

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E PRAZO PARA PODER EXECUTIVO APRESENTAR PL

Tema muito interesse que tratam a respeito da separação de poderes e sua harmonia.

Existem alguns temas que são de iniciativa exclusiva do Poder Executivo para propor um lei.
Trazendo ao Presidente tal competência, ela está disposta no art. 84, III. Vejamos:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


III – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

Imaginemos que uma Constituição Estadual determine que ele deve apresentar um
determinado projeto de lei em, no máximo, 6 meses. Seria tal disposição constitucional?

Segundo entendimento do STF, não, por afetar a independência e a harmonia entre os poderes.
Vejamos:

É inconstitucional qualquer tentativa do Poder Legislativo de definir previamente


conteúdos ou estabelecer prazos para que o Poder Executivo, em relação às matérias
afetas a sua iniciativa, apresente proposições legislativas, mesmo em sede da
Constituição estadual, porquanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão
superior dada ao chefe daquele Poder. Os dispositivos do ADCT da Constituição gaúcha,
ora questionados, exorbitam da autorização constitucional de auto-organização,
interferindo indevidamente na necessária independência e na harmonia entre os
Poderes, criando, globalmente, na forma nominada pelo autor, verdadeiro plano de
governo, tolhendo o campo de discricionariedade e as prerrogativas próprias do chefe do
Poder Executivo, em ofensa aos arts. 2º e 84, II, da Carta Magna. (ADI 179, rel. min.
Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 28-3-2014).

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E CONVOCAÇÃO AUTORIDADES PODER


EXECUTIVO

Entendimento já consolidado no âmbito do STF, no sentido de que se deve aplicar a simetria


nas autoridades que podem ser convocadas pelo Poder Legislativo para prestar
esclarecimentos no Poder Legislativo - não se podendo ampliar o rol. Nesse sentido:

Por força do art. 22, I da CRFB/88, a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal se
consolidou no sentido de que o Estado-membro não está autorizado a ampliar o rol de
autoridades sujeitas à fiscalização direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de
responsabilidade.
@profalvaroveras

[ADI 6.640, rel. min. Edson Fachin, j. 22-8-2022, P, DJE de 2-9-2022.]

Aplica-se, também, a Súmula Vinculante 46, segundo a qual a definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da
competência legislativa privativa da União.

Explicação do Buscador Dizer o Direito para a competência privativa da União para legislar
nesses casos de crimes de responsabilidade:

“Porque o STF entende que definir o que seja crime de responsabilidade e prever as
regras de processo e julgamento dessas infrações significa legislar sobre Direito Penal e
Processual Penal, matérias que são de competência privativa da União, nos termos do
art. 22, I, e art. 85, parágrafo único, da CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
(...)
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as
normas de processo e julgamento.

Repare que a doutrina conceitua os crimes de responsabilidade como sendo “infrações


político-administrativas”. No entanto, o STF entende que, para fins de competência
legislativa, isso é matéria que se insere no direito penal e processual, de forma que a
competência é da União.
Daí o Supremo ter editado um enunciado destacando essa conclusão:
Súmula vinculante 46-STF: São da competência legislativa da União a definição dos
crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento.” CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional norma de
Constituição estadual (ou de Lei orgânica do DF) que atribui à Assembleia Legislativa
(ou à Câmara Distrital) o julgamento do Governador por crime de responsabilidade.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f4380fd29ac34f2610
014e8361d088fb>.Acesso em: 19/09/2023

Nesse sentido:
@profalvaroveras

A Constituição da República, em seu art. 50, caput e § 2º, prescreve sistemática de


controle do Poder Legislativo sobre o Poder Executivo que, em razão do princípio da
simetria, deve ser observada pelos Estados-membros. 2. Por força do art. 22, I da
CRFB/88, a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de
que o Estado-membro não está autorizado a ampliar o rol de autoridades sujeitas à
fiscalização direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade.
Precedentes. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente
para declarar a inconstitucionalidade do inciso XIX do art. 65 e para dar interpretação
conforme ao art. 31 ambos da Constituição do Estado de Rondônia a fim de restringir a
prerrogativa parlamentar de convocação aos cargos que estejam diretamente vinculados
ao Governador do Estado. (ADI 6639, STF).

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO GOVERNADOR

Impossibilidade de Estado legislar a forma como serão julgados. Nesse sentido, entendimento
já reiterado do STF:

“O Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na
Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de
responsabilidade é privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85 da CF/88.
As Constituições estaduais não podem prever que os Governadores serão julgados pela
Assembleia Legislativa em caso de crimes de responsabilidade. Isso porque o art. 78, § 3º
da Lei 1.079/50 afirma que a competência para julgar os Governadores de Estado em
caso de crimes de responsabilidade é de um “Tribunal Especial”, composto
especialmente para julgar o fato e que será formado por 5 Deputados Estaduais e 5
Desembargadores, sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça.
STF. Plenário. ADI 4791/PR, Rel. Min. Teori Zavascki; ADI 4800/RO e ADI 4792/ES,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgados em 12/2/2015 (Info 774). Buscador Dizer o Direito.”

AFASTAMENTO DO GOVERNADOR - RECEBIMENTO DE CRIME COMUM

Tema sempre muito cobrado.Vejamos a explicação do Buscador Dizer o Direito:

Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ


receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por
crime comum.
Em outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o
Governador do Estado seja processado por crime comum.
@profalvaroveras

Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja


processado criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional.
Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a instauração
de ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa
Legislativa.
Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará
automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual?
NÃO. O afastamento do cargo não se dá de forma automática.
O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma
fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do
cargo.
Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma
das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da
comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.).
STF. Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli,
red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863).
STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello,
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863). Buscador Dizer o
Direito.

POSSIBILIDADE DE INICIATIVA POPULAR NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

O STF permite que as Constituições Estaduais prevejam a possibilidade de iniciativa popular


na Constituição Estadual, em respeito à soberania popular:

“ É facultado aos Estados, no exercício de seu poder de auto-organização, a previsão de


iniciativa popular para o processo de reforma das respectivas Constituições estaduais,
em prestígio ao princípio da soberania popular (art. 1º, parágrafo único, art. 14, I e III, e
art. 49, XV, da CF). 4. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e,
nessa parte, julgada parcialmente procedente.
(ADI 825, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
25/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-139 DIVULG 26-06-2019 PUBLIC
27-06-2019)”

Obs: no âmbito federal, não existe a previsão de iniciativa popular para emenda
constitucional.
@profalvaroveras

PODER LEGISLATIVO

Um dos temas sempre cobrados: CPI

Art. 58. § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação


próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para
a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores.

Requisitos: (a) requerimento de um terço dos membros da Casa; (b) apuração de fato
determinado; (c) prazo certo de duração.

Natureza jurídica: Direito subjetivo das minorias - justamente por isso a CF previu o quorum
de 1/3 dos membros. STF(MS 26.441): essa exigência do requerimento deve ser examinada
no momento do protocolo do pedido perante a mesma Casa Legislativa, não sendo necessária
uma posterior ratificação.

Inclusive, recentemente(STF, MS 37760) - no caso da CPI da COVID-19 - entendimento de


que ela não se submete a instauração ao juízo discricionário seja do Presidente da casa
legislativa, seja do plenário da casa legislativa. Ou seja: preenchidos os requisitos, ela deve
ser instaurada

Tema importante: fatos novos podem ser investigados, desde que conexos (Inq. 2245/MG);

Segundo a CF/88, a CPI possui os poderes de investigação próprios da autoridade judiciária.


Devem se referir aos poderes instrutórios. Não detém, assim, o chamado poder geral de
cautela, inerente ao órgão jurisdicional.

a)Pode quebrar sigilo bancário, fiscal, telefônico e de dados (informáticos). Contudo, não
pode realizar interceptação telefônica.
b) Pode buscar e apreender documentos, desde que não estejam protegidos por sigilo, como o
de domicílio.
c) Pode conduzir coercitivamente para prestar depoimento. O STF já decidiu que uma CPI
não pode exigir a presença de indígena no Congresso Nacional, o que não impede de ouvi-lo
dentro da sua própria comunidade.
d) Pode determinar a realização de exames periciais
@profalvaroveras

Importante: a CPI pode determinar a quebra do sigilo telefônico(lista de ligações realizadas,


duração das ligações, etc.), mas não pode realizar por si só a interceptação telefônica
(conteúdo das ligações).

Pode acessar processos com segredo de justiça? Não. Cobrada na PGM-BH-CESPE-2018

A CPI tem o dever de fundamentar satisfatoriamente todas essas decisões, além de observar
princípio da colegialidade, o qual informa que as decisões devem ser tomadas pela maioria
dos votos e não isoladamente. STF, MS 24.817

Ou seja: requisitos para essas decisões - observar princípio da colegialidade + fundamentação


adequada

Uma decisão recente muito importante e que pode ser cobrada:

Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de estados-membros


da Federação por Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) instaurada pelo Senado
Federal.

A convocação viola o princípio da separação dos Poderes e a autonomia federativa dos


estados-membros.
STF. Plenário. ADPF 848 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/6/2021 (Info
1023). (Buscador Dizer o Direito)

Ou seja: em medida cautelar recente - referendada em Plenário - se entendeu pela


impossibilidade de se chamar Governador para depor em CPI federal.

CPIs MUNICIPAIS E PODERES

Consoante entendimento do STF, pode existir CPI municipal, notadamente em razão do


princípio da simetria.

Vejamos:

(Ministro Joaquim Barbosa, STF): “no modelo de separação de poderes da Constituição


Federal, de uma excepcional derrogação deste poder para dar a uma casa legislativa
poderes jurisdicionais, posto que instrutórios. Essa transferência de poderes
jurisdicionais não se pode dar no âmbito do município, exatamente porque o município
não dispõe de jurisdição nem de poder jurisdicional, a transferir, na área da CPI, do
Judiciário ao Legislativo” (voto na ACO 730, p. 82).
@profalvaroveras

Temos, então, que existe a particularidade pelo fato de não existir Poder Judiciário Municipal,
justificando que a CPI municipal possua poderes mais restritos do que CPI estadual e federal.

Oi, gente! Boa tarde! No informativo 787 do STJ, 2 decisões muito importantes em Direito
Ambiental:

As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo possível exigi-las, à


escolha do credor, do proprietário ou possuidor atual, de qualquer dos anteriores, ou de
ambos, ficando isento de responsabilidade o alienante cujo direito real tenha cessado
antes da causação do dano, desde que para ele não tenha concorrido, direta ou
indiretamente.
REsp 1.953.359-SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 13/9/2023. (Tema 1204).

REsp 1.962.089-MS, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, por


unanimidade, julgado em 14/9/2023. (Tema 1204).

A validade das multas administrativas por infração ambiental, previstas na Lei n.


9.605/1998, independe da prévia aplicação da penalidade de advertência.

REsp 1.984.746-AL, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 13/9/2023, DJe 19/9/2023. (Tema 1159).

REsp 1.993.783-PA, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 13/9/2023, DJe 19/9/2023 (Tema 1159).

Por serem temas de Recurso Repetitivo, altíssima a probabilidade de serem cobradas!!

MEDIDA PROVISÓRIA

Principais entendimentos jurisprudenciais(Fonte: Buscador Dizer o Direito):

O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória


quando a emenda estiver associada ao tema e à finalidade original da medida provisória

O Poder Legislativo pode emendar projeto de lei de conversão de medida provisória quando
a emenda estiver associada ao tema e à finalidade original da medida provisória.
É constitucional o art. 6º da Lei 14.131/2021, que simplificou o processo de concessão de
benefício de auxílio por incapacidade temporária.
@profalvaroveras

STF. Plenário. ADI 6928/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/11/2021 (Info 1038).

Não caracteriza afronta à vedação imposta pelo art. 62, § 1º, IV, da CF a edição de MP
no mesmo dia em que o Presidente sanciona ou veta projeto de lei com conteúdo
semelhante

É vedada a edição de medida provisória tratando sobre matéria já disciplinada em projeto de


lei aprovado pelo Congresso Nacional e que está pendente de sanção ou veto. Isso é proibido
pelo art. 62, § 1º, IV, da CF/88.
Assim, se o Presidente da República estiver com um projeto de lei aprovado pelo Congresso
na sua “mesa” para análise de sanção ou veto, ele não poderá editar uma MP sobre o mesmo
assunto.
Por outro lado, nada impede que o Presidente sancione ou vete esse projeto e, no mesmo dia,
edite uma medida provisória tratando sobre o mesmo tema. Neste caso, não haverá afronta ao
art. 62, § 1º, IV, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 2601/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/8/2021 (Info
1026).

É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de


medidas provisórias, no entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a
invalidação quando demonstrada a inexistência cabal desses requisitos

Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder


Judiciário no controle dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder
Executivo.
STF. Plenário. ADI 5599/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/10/2020 (Info 996).
A CF/88 prevê expressamente que é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de
medida provisória que tenha sido rejeitada

O STF declarou inconstitucional dispositivo da MP 886/2019, que transferia para o


Ministério da Agricultura a competência para realizar a demarcação de terras indígenas.
Essa disposição foi declarada inconstitucional porque o Congresso Nacional já havia
rejeitado uma outra proposta, com esse mesmo teor, prevista em outra medida provisória (MP
870), editada no mesmo ano/sessão legislativa (2019).
Assim, o STF entendeu que houve a reedição, na mesma sessão legislativa, de proposta que já
havia sido rejeitada pelo Congresso Nacional, o que violou o § 10 do art. 62 da CF/88:
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido
rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32/2001)
Nos termos expressos da Constituição Federal, é vedada a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada.
@profalvaroveras

STF. Plenário.ADI 6062 MC-Ref/DF, ADI 6172 MC-Ref/DF, ADI 6173 MC-Ref/DF, ADI 6174
MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 1º/8/2019 (Info 946).

Proibição de reedição de medidas provisórias na mesma sessão legislativa

É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida


provisória cujo conteúdo normativo caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa,
de medida provisória anterior rejeitada, de eficácia exaurida por decurso do prazo ou
que ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional dentro do prazo
estabelecido pela Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 5717/DF, ADI 5709/DF, ADI 5716/DF e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgados em 27/3/2019 (Info 935).

Se for editada MP revogando lei que está sendo questionada por meio de ADI, esta ação
poderá ser julgada enquanto a MP não for votada (enquanto a MP não for votada, não
há perda do objeto)

Determinada lei foi impugnada por meio de ação direta de inconstitucionalidade.


Foi editada medida provisória revogando essa lei.
Enquanto esta medida provisória não for aprovada, será possível julgar esta ADI.
Assim, se chegar o dia de julgamento da ADI, e a MP ainda não tiver sido votada, o STF
poderá apreciar livremente a ação, não tendo havido perda do interesse de agir (perda do
objeto). Isso, porque a edição de medida provisória não tem eficácia normativa imediata de
revogação da legislação anterior com ela incompatível, mas apenas de suspensão,
paralisação, das leis antecedentes até o término do prazo do processo legislativo de sua
conversão.
Embora seja espécie normativa com força de lei, a medida provisória precisa ser confirmada.
A medida provisória é lei sob condição resolutiva. Se for aprovada, a lei de conversão
resultará na revogação da norma.
Dessa maneira, enquanto não aprovada a MP, não se pode falar em perda de interesse (perda
do objeto).
STF. Plenário. ADI 5717/DF, ADI 5709/DF, ADI 5716/DF e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgados em 27/3/2019 (Info 935).

O § 11 do art. 62 da CF/88 deve ser interpretado com cautela, não se podendo protrair
indefinidamente a vigência de medidas provisórias rejeitadas ou não apreciadas

Determinada medida provisória foi editada criando a possibilidade de que empresas


instalassem Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros (CLIA), desde que autorizados pela
Receita Federal.
@profalvaroveras

Diversas empresas fizeram o requerimento pedindo a instalação desses Centros. Ocorre que,
antes que a Receita examinasse todos os pedidos, a MP foi rejeitada pelo Senado.
O Congresso Nacional não editou decreto legislativo disciplinando as situações ocorridas
durante o período em que a MP vigorou (§ 3º do art. 62 da CF/88).
Diante disso, as empresas defendiam a tese de que os requerimentos formulados deveriam ser
apreciados pela Receita Federal com base no § 11 do art. 62:
“§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e
decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.”
O STF não concordou e afirmou que os pedidos formulados pelos interessados durante a
vigência da MP 320/2006 não foram sequer examinados. Logo, não se pode dizer que havia
ato jurídico perfeito.
O simples fato de ter sido feito o requerimento não significa “relação jurídica constituída”,
de sorte que não se pode invocar o § 11 para justificar a aplicação da medida provisória
rejeitada.
O mero protocolo do pedido não constitui uma “relação jurídica constituída” de que trata o §
11.
STF. Plenário.ADPF 216/DF, Rel. Min. Cámen Lúcia, julgado em 14/3/2018 (Info 894).

Emenda parlamentar em medida provisória e contrabando legislativo

Durante a tramitação de uma medida provisória no Congresso Nacional, os parlamentares


poderão apresentar emendas?
SIM, no entanto, tais emendas deverão ter relação de pertinência temática com a medida
provisória que está sendo apreciada. Assim, a emenda apresentada deverá ter relação com o
assunto tratado na medida provisória.
Desse modo, é incompatível com a Constituição a apresentação de emendas sem relação de
pertinência temática com medida provisória submetida à sua apreciação.
STF. Plenário. ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 15/10/2015 (Info 803).
STF. Plenário. ADI 5012/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/3/2017 (Info 857).

Outros julgados muito importantes e que estão sendo cobrados em Poder Legislativo:

Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição


Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes
ao processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em
relação à interpretação do sentido e do alcance de normas meramente regimentais das
Casas Legislativas, por se tratar de matéria interna corporis.
@profalvaroveras

[RE 1.297.884, rel. min. Dias Toffoli, j. 14-6-2021, P, DJE de 4-8-2021, Tema 1.120, com
mérito julgado.]

É lícito ao Judiciário impor à administração pública obrigação de fazer, consistente na


promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos
prisionais. Supremacia da dignidade da pessoa humana que legitima a intervenção
judicial.
[RE 592.581, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 13-8-2015, P, DJE de 1º-2-2016. Tema
220, com mérito julgado.]

Existe, ainda, um precedente muito interessante sobre a denúncia de tratados - ADC 39-DF.

Veja-se a tese fixada:

“A denúncia pelo Presidente da República de tratados internacionais aprovados pelo


Congresso Nacional, para que produza efeitos no ordenamento jurídico interno, não
prescinde da sua aprovação pelo Congresso.”

No resumo do Informativo do STF:

“Em decorrência do próprio Estado Democrático de Direito e de seu corolário, o


princípio da legalidade, é necessária a manifestação de vontade do Congresso Nacional
para que a denúncia de um tratado internacional produza efeitos no direito doméstico,
razão pela qual é inconstitucional a denúncia unilateral pelo Presidente da República.
Contudo, esse entendimento deve ser aplicado somente a partir da publicação da ata do
presente julgamento, mantendo-se a eficácia das denúncias realizadas até esse marco
temporal.”

Nova Tese de Repercussão Geral do STF:

"O deferimento de sequestro de rendas públicas para pagamento de precatório deve se


restringir às hipóteses enumeradas taxativamente na Constituição Federal de 1988"
RE 840435, Tema 598

Decisões importantes sobre Poder Legislativo:

INCONSTITUCIONALIDADE DE SUBSÍDIO DE DEPUTADO ESTADUAL COMO


PERCENTUAL DE DEPUTADO FEDERAL

Trata-se de questão discutida na ADI 6545/SC – com julgamento finalizado em 12/04/2023.


Segundo a Constituição Federal:
@profalvaroveras

“Art. 27 […]
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia
Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em
espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.”

Tem-se, assim, que referido dispositivo constitucional estabelece o percentual de 75% (setenta
e cinco por cento) do subsídio dos deputados federais como limite máximo ao subsídio dos
deputados estaduais.
Pergunta-se: é possível que Emenda Constitucional estadual estabeleça que o subsídio dos
deputados estaduais será 75% do subsídio dos deputados federais?
Segundo o STF, não. O estabelecido na CF/88, não dá autorização para que a lei estabeleça
pura e simples vinculação do subsídio dos deputados estaduais ao subsídio dos deputados
federais, o que faria com que qualquer aumento no valor deste implique, automaticamente,
aumento daquele. A norma constitucional apenas estabelece um limite.
Assim, respeitados os limites constitucionais, os Estados federados possuem autonomia para a
fixação da remuneração de seus agentes políticos (art. 25, caput , CF).
Tem-se, ainda, que o art. 37, XIII, da Constituição Federal, veda a vinculação ou equiparação
de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público, objetivando impedir majorações remuneratórias em cadeia.

IMUNIDADES MATERIAIS E FORMAIS DOS DEPUTADOS ESTADUAIS


SEMELHANTES AOS DOS DEPUTADOS-SENADORES FEDERAIS

De acordo com o STF, é constitucional norma de Constituição Estadual que prevê que as
mesmas imunidades parlamentares dos membros do Congresso Nacional(deputados e
senadores) aos Deputados Estaduais.
Veja-se(ADI 5824-RJ):

“1. Segundo a posição majoritária do Tribunal, o legislador constituinte originário


estendeu expressamente aos deputados estaduais, no § 1º do art. 27, as imunidades dos
membros do Congresso Nacional. 2. É constitucional norma elaborada pelo constituinte
derivado que mantenha a estrita disciplina das regras de repetição obrigatória
referentes às imunidades parlamentares”

REELEIÇÃO NAS ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS

Teses fixadas pelo STF:


@profalvaroveras

(i) a eleição dos membros das Mesas das Assembleias Legislativas estaduais deve
observar o limite de uma única reeleição ou recondução, limite cuja observância
independe de os mandatos consecutivos referirem-se à mesma legislatura;
(ii) a vedação à reeleição ou recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa
diretora, não impedindo que membro da mesa anterior se mantenha no órgão de
direção, desde que em cargo distinto;
(iii) o limite de uma única reeleição ou recondução, acima veiculado, deve orientar a
formação da Mesa da Assembleia Legislativa no período posterior à data de publicação
da ata de julgamento da ADI 6.524, de modo que não serão consideradas, para fins de
inelegibilidade, as composições eleitas antes de 7.1.2021, salvo se configurada a
antecipação fraudulenta das eleições como burla ao entendimento do Supremo Tribunal
Federal.
STF. Plenário. ADI 6688/PR, ADI 6698/MS, ADI 6714/PR, ADI 7016/MS, ADI 6683/AP,
ADI 6686/PE, ADI 6687/PI e ADI 6711/PI, Rel. Min. Nunes Marques, julgados em
7/12/2022 (Info 1079). Fonte: Buscador Dizer o Direito

1. O art. 57, § 4º, da CF, não é norma de reprodução obrigatória por parte dos
Estados-membros.
2. É inconstitucional a reeleição em número ilimitado, para mandatos consecutivos, dos
membros das Mesas Diretoras das Assembleias Legislativas Estaduais para os mesmos
cargos que ocupam, sendo-lhes permitida uma única recondução.
STF. Plenário. ADI 6720/AL, ADI 6721/RJ e ADI 6722/RO, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgados em 24/9/2021 (Info 1031). Fonte: Buscador Dizer o Direito

NORMA ESTADUAL-MUNICIPAL E PODER DE REQUISIÇÃO INDIVIDUAL AO


DEPUTADO

O art. 101 da CE/RJ estabelecia que “a qualquer Deputado” seria permitido formular
requerimento de informação ao Poder Executivo, constituindo crime de responsabilidade, nos
termos da lei, o não atendimento no prazo de trinta dias, ou a prestação de informações
falsas.
O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “a qualquer Deputado” constante do
caput desse dispositivo.
O art. 49, X, da CF/88 é taxativo ao conferir exclusivamente às Casas do Poder Legislativo a
competência para fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Não se admite que norma estadual crie outras modalidades de controle ou inovem a forma de
exercício desse controle ultrapassando aquilo que foi previsto na Constituição Federal, sob
pena de violação ao princípio da separação dos poderes (art. 2º).
@profalvaroveras

STF. Plenário. ADI 4700/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2021 (Info 1041).
Fonte: Buscador Dizer o Direito

PROCESSO LEGISLATIVO

SANÇÃO PRESIDENCIAL E VÍCIO DE INICIATIVA

Tema sempre cobrado.

Cumpre observar o entendimento de Pedro Lenza:

Sanção presidencial convalida vício de iniciativa? Não.

Muito embora a regra contida na S. 5/STF, de 13.12.1963 (“a sanção do projeto supre a
falta de iniciativa. do Poder Executivo”), pode-se dizer que o seu conteúdo está superado
desde o advento da EC n. 1/69, nos termos de seu art. 57, parágrafo único, que fixava a
impossibilidade de emendas parlamentares a projetos de iniciativa exclusiva do
Presidente da República (cf. Rp 890, RTJ 69/625). Assim, sanção presidencial não
convalida vício de iniciativa. Trata-se de vício formal insanável, incurável. Em julgados
dos últimos anos, o STF vem confirmando o teor desse entendimento e da não aplicação
mais do entendimento sumulado, tendo inclusive já o cancelado. (LENZA, Pedro. Direito
Constitucional Esquematizado, 18a edição, 2014, Editora Saraiva, pag. 692)

POSSIBILIDADE DE INICIATIVA POPULAR EM CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS

O STF permite que as Constituições Estaduais prevejam a possibilidade de iniciativa popular


na Constituição Estadual, em respeito à soberania popular:

“ É facultado aos Estados, no exercício de seu poder de auto-organização, a previsão de


iniciativa popular para o processo de reforma das respectivas Constituições estaduais,
em prestígio ao princípio da soberania popular (art. 1º, parágrafo único, art. 14, I e III, e
art. 49, XV, da CF). 4. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e,
nessa parte, julgada parcialmente procedente.
(ADI 825, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
25/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-139 DIVULG 26-06-2019 PUBLIC
27-06-2019)”
@profalvaroveras

Obs: no âmbito federal, não existe a previsão de iniciativa popular para emenda
constitucional.

INTERVALO MÍNIMO PARA TURNOS DE VOTAÇÃO EM APROVAÇÃO DE EMENDA


CONSTITUCIONAL

O STF, instado a se pronunciar sobre o tema, entendeu que não, notadamente por a CF/88 em
nada dispor a respeito do tema:

“A Constituição Federal de 1988 não fixou um intervalo temporal mínimo entre os dois
turnos de votação para fins de aprovação de emendas à Constituição (CF, art. 60, § 2º),
de sorte que inexiste parâmetro objetivo que oriente o exame judicial do grau de solidez
da vontade política de reformar a Lei Maior. A interferência judicial no âmago do
processo político, verdadeiro locus da atuação típica dos agentes do Poder Legislativo,
tem de gozar de lastro forte e categórico no que prevê o texto da CF.” (ADI 4.425, rel. p/
o ac. min. Luiz Fux, julgamento em 14-3-2013, Plenário,DJE de 19-12-2013.)

ADOÇÃO DO RITO DE URGÊNCIA E IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE PELO


PODER JUDICIÁRIO

A adoção do rito de urgência em proposições legislativas é prerrogativa regimental


atribuída à respectiva Casa Legislativa e consiste em matéria “interna corporis”, de
modo que não cabe ao Poder Judiciário qualquer interferência, sob pena de violação ao
princípio de separação dos Poderes (art. 2º, CF/88).
STF. Plenário. ADPF 971/SP, ADPF 987/SP e ADPF 992/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgados em 29/05/2023 (Info 1096). Buscador Dizer o Direito.

ALCANCE DE NORMAS REGIMENTAIS DAS CASAS LEGISLATIVAS E


INTERPRETAÇÃO DO STF

Tema 1.120 de Repercussão Geral do STF:

"Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição


Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais, é defeso ao
Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e
do alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de
matéria interna corporis".
@profalvaroveras

EMENDAS PARLAMENTARES EM PROJETOS DE INICIATIVA DO EXECUTIVO

Não é permitida emenda parlamentar em projeto de lei do Executivo se provocar


aumento de despesa ou não tiver pertinência estrita com a proposta original

Embora possível a apresentação de emendas parlamentares a projetos de iniciativa


privativa do chefe do Poder Executivo, são inconstitucionais os atos normativos
resultantes de alterações que promovem aumento de despesa (art. 63, I, CF/88), bem
como que não guardem estrita pertinência com o objeto da proposta original, ainda que
digam respeito à mesma matéria.
É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, CF/88) — norma estadual que
dispõe sobre o reconhecimento e a validação de títulos acadêmicos obtidos no exterior.
STF. Plenário. ADI 6.091/RR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/05/2023 (Info 1096).
Fonte: Buscador Dizer o Direito.

PODER DE VETO E DECURSO DO PRAZO DE 15 DIAS

Tese de julgamento que foi firmada:

“O poder de veto previsto no art. 66, § 1º, da Constituição não pode ser exercido após o
decurso do prazo constitucional de 15 (quinze) dias”.

Veja-se trecho da ementa, que resume bem a demanda:

“No caso presente, o prazo para exercício da prerrogativa de vetar o projeto de lei de
conversão se entendeu até 14.07.2021. Nessa data, o Presidente da República editou
mensagem de veto e encaminhou o texto legal para publicação, sem manifestar a
intenção de vetar o art. 8º do projeto de lei. Foi somente no dia seguinte, quando o prazo
já havia expirado, que se providenciou a publicação de edição extra do diário oficial
para a divulgação de novo texto legal com a aposição adicional de veto a dispositivo que
havia sido sancionado anteriormente. 4. Ultrapassado o prazo de 15 (quinze) dias do art.
66, § 1º, da Constituição, o texto do projeto de lei é, necessariamente, sancionado (art.
66, § 3º), e o poder de veto não pode mais ser exercido. O fato de o veto extemporâneo
ter sido mantido na forma do art. 66, § 4º, da Constituição não altera a conclusão pela
sua inconstitucionalidade. O ato apreciado pelo Congresso Nacional nem sequer poderia
ter sido praticado. 5. Pedido julgado procedente, para declarar a inconstitucionalidade
do veto impugnado e, assim, restabelecer a vigência do art. 8º da Lei nº 14.183/2021.”
(ADPF 893, julgado em 21/06/2022)
@profalvaroveras

Nesse sentido, também, outro julgado:

Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada.


Manifestada a aquiescência do Poder Executivo com projeto de lei, pela aposição de
sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as etapas do processo legislativo,
sendo incabível eventual retratação.
STF. Plenário. ADPF 714/DF, ADPF 715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 13/2/2021 (Info 1005). Buscador Dizer o Direito

O tema foi cobrado recentemente na discursiva da PGM-Niterói-2023-FGV.

JULGADOS IMPORTANTES

É inconstitucional norma de iniciativa parlamentar que preveja a criação de órgão


público e organização administrativa
É inconstitucional, na acepção formal, norma de iniciativa parlamentar que prevê a criação
de órgão público e organização administrativa, levando em conta iniciativa privativa do
Chefe do
Executivo – arts. 25 e 61, § 1º, II, alíneas “b” e “e”, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998).
Buscador Dizer o Direito.

É constitucional lei de iniciativa parlamentar que cria conselho de representantes da


sociedade civil com atribuição de fiscalizar ações do Executivo.
Surge constitucional lei de iniciativa parlamentar a criar conselho de representantes da
sociedade civil, integrante da estrutura do Poder Legislativo, com atribuição de acompanhar
ações do Executivo.
STF. Plenário. RE 626946/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/10/2020 (Repercussão
Geral – Tema 1040) (Info 994). Buscador Dizer o Direito

A Constituição estadual só pode exigir lei complementar para tratar das matérias que a
Constituição Federal também exigiu lei complementar
A Constituição Estadual não pode ampliar as hipóteses de reserva de lei complementar, ou
seja, não pode criar outras hipóteses em que é exigida lei complementar, além daquelas que
já são previstas na Constituição Federal.
Se a Constituição Estadual amplia o rol de matérias que deve ser tratada por meio de lei
complementar, isso restringe indevidamente o “arranjo democrático-representativo
desenhado pela Constituição Federal”.
@profalvaroveras

Caso concreto: STF declarou a inconstitucionalidade de dispositivo da CE/SC que exigia a


edição de lei complementar para dispor sobre: a) regime jurídico único dos servidores
estaduais; b) organização da Polícia Militar; c) organização do sistema estadual de
educação e d) plebiscito e referendo. Esses dispositivos foram declarados inconstitucionais
porque a CF/88 não exige lei complementar para disciplinar tais assuntos.STF. Plenário. ADI
5003/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2019 (Info 962). Buscador Dizer o Direito.

Tema de Repercussão Geral do STF decidido essa semana - sobre marco temporal indígena -
muito bom para ser cobrado na objetiva:

STF decidiu o Tema 1.031 de Repercussão Geral. Confira a tese:

I – A demarcação consiste em procedimento declaratório do direito originário territorial


à posse das terras ocupadas tradicionalmente por comunidade indígena;
II – A posse tradicional indígena é distinta da posse civil, consistindo na ocupação das
terras habitadas em caráter permanente pelos indígenas, das utilizadas para suas
atividades produtivas, das imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e das necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo
seus usos, costumes e tradições, nos termos do §1º do artigo 231 do texto constitucional;
III – A proteção constitucional aos direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam independe da existência de um marco temporal em 5 de
outubro de 1988 ou da configuração do renitente esbulho, como conflito físico ou
controvérsia judicial persistente à data da promulgação da Constituição;
IV – Existindo ocupação tradicional indígena ou renitente esbulho contemporâneo à
promulgação da Constituição Federal, aplica-se o regime indenizatório relativo às
benfeitorias úteis e necessárias, previsto no art. 231, §6º, da CF/88;
V – Ausente ocupação tradicional indígena ao tempo da promulgação da Constituição
Federal ou renitente esbulho na data da promulgação da Constituição, são válidos e
eficazes, produzindo todos os seus efeitos, os atos e negócios jurídicos perfeitos e a coisa
julgada relativos a justo título ou posse de boa-fé das terras de ocupação tradicional
indígena, assistindo ao particular direito à justa e prévia indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, pela União; e quando inviável o reassentamento dos particulares,
caberá a eles indenização pela União (com direito de regresso em face do ente federativo
que titulou a área) correspondente ao valor da terra nua, paga em dinheiro ou em títulos
da dívida agrária, se for do interesse do beneficiário, e processada em autos apartados
do procedimento de demarcação, com pagamento imediato da parte incontroversa,
garantido o direito de retenção até o pagamento do valor incontroverso, permitidos a
autocomposição e o regime do art. 37, §6º da CF;
@profalvaroveras

VI – Descabe indenização em casos já pacificados, decorrentes de terras indígenas já


reconhecidas e declaradas em procedimento demarcatório, ressalvados os casos
judicializados e em andamento;
VII – É dever da União efetivar o procedimento demarcatório das terras indígenas,
sendo admitida a formação de áreas reservadas somente diante da absoluta
impossibilidade de concretização da ordem constitucional de demarcação, devendo ser
ouvida, em todo caso, a comunidade indígena, buscando-se, se necessário, a
autocomposição entre os respectivos entes federativos para a identificação das terras
necessárias à formação das áreas reservadas, tendo sempre em vista a busca do interesse
público e a paz social, bem como a proporcional compensação às comunidades indígenas
(art. 16.4 da Convenção 169 OIT);
VIII – A instauração de procedimento de redimensionamento de terra indígena não é
vedada em caso de descumprimento dos elementos contidos no artigo 231 da
Constituição da República, por meio de procedimento demarcatório até o prazo de cinco
anos da demarcação anterior, sendo necessário comprovar grave e insanável erro na
condução do procedimento administrativo ou na definição dos limites da terra indígena,
ressalvadas as ações judiciais em curso e os pedidos de revisão já instaurados até a data
de conclusão deste julgamento;
IX – O laudo antropológico realizado nos termos do Decreto nº 1.775/1996 é um dos
elementos fundamentais para a demonstração da tradicionalidade da ocupação de
comunidade indígena determinada, de acordo com seus usos, costumes e tradições, na
forma do instrumento normativo citado;
X – As terras de ocupação tradicional indígena são de posse permanente da comunidade,
cabendo aos indígenas o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e lagos nelas
existentes;
XI – As terras de ocupação tradicional indígena, na qualidade de terras públicas, são
inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis;
XII – A ocupação tradicional das terras indígenas é compatível com a tutela
constitucional ao meio ambiente, sendo assegurados o exercício das atividades
tradicionais dos indígenas;
XIII – Os povos indígenas possuem capacidade civil e postulatória, sendo partes
legítimas nos processos em que discutidos seus interesses, sem prejuízo, nos termos da
lei, da legitimidade concorrente da FUNAI e da intervenção do Ministério Público como
fiscal da lei”

Informativo 1109:

“Não ofende a Constituição Federal a previsão, em ato normativo estadual, de


obrigatoriedade de escolha do Procurador-Geral do Estado entre os integrantes
da respectiva carreira.” ADI 3.056/RN
@profalvaroveras

É inconstitucional — por invadir a competência privativa da União para legislar sobre


direito do trabalho (CF/1988, art. 22, I) — lei distrital que assegura funções de trabalho
aos atuais cobradores do Serviço de Transporte Público Coletivo de empresa de ônibus
que venha a implantar dispositivos de leitura e registro de oferta e demanda para a
cobrança de tarifas pelo sistema de bilhetagem eletrônica. ADI 3899/DF

Dada a proteção constitucional conferida ao direito à vida, à saúde e à boa-fé, o


segurado de plano de saúde está isento de devolver produtos e serviços prestados em
virtude de provimento jurisdicional para custear direitos fundamentais de natureza
essencial, ainda que, à época do provimento, o medicamento ou serviço não possuíssem o
respectivo registro nos órgãos competentes.- RE 1.319.935 AgR-ED/SP

Novo tema de Repercussão Geral do STF(Tema 1224):


"É constitucional o reajuste de proventos e pensões concedidos a servidores públicos
federais e seus dependentes não beneficiados pela garantia de paridade de revisão, pelo
mesmo índice de reajuste do regime geral de previdência social (RGPS), previsto em
normativo do Ministério da Previdência Social, no período anterior à Lei 11.784/2008”.

STF em 11-09:
É inconstitucional lei do Estado do RS que determinava a realização de consulta direta à
população para definir investimentos prioritários de interesse municipal e regional,
obrigando sua inclusão no orçamento estadual.
ADI 2037

Explicação no site do STF:


"Homologadores
Na ação, o governo estadual alegava que a Lei gaúcha 11.179/ 1998 havia criado uma
fase do processo de elaboração da lei orçamentária contrária à Constituição Federal.
Além disso, a inserção obrigatória das propostas no orçamento estadual tornaria o
Executivo e o Legislativo meros homologadores da proposta.

Iniciativa reservada
Em seu voto, o ministro Nunes Marques (relator) explicou que a lei orçamentária anual
é iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, podendo o Legislativo emendar a
proposta em tramitação. Portanto, o caráter vinculante atribuído às consultas populares
não está previsto na Constituição Federal nem nas normas gerais de direito financeiro
editadas pela União.

Norma infraconstitucional
@profalvaroveras

O ministro lembrou, ainda, que o STF já declarou a inconstitucionalidade de emenda à


Constituição do RS que tornava impositivos os resultados das consultas populares para a
elaboração do orçamento. Para o relator, seria incoerente que uma regra retirada da
constituição estadual mantenha sua validade como norma infraconstitucional."

Voltando, agora, a conversar um pouco sobre Direito Constitucional.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Um dos temas mais cobrados - diante da imensidão de decisões que envolvem o STF.

Dar uma lida na parte que trata do tema na CF-88(art. 20 a 24).

LEI ESTADUAL - REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA - SERVIÇO POSTAL EM CAIXAS


COMUNITÁRIAS

STF no Informativo 1.105:

Repartição de competências atinente ao serviço postal em caixas comunitárias - ADI 3.081/RJ

É inconstitucional — por invadir a competência da União exclusiva para manter o


serviço postal e privativa para legislar sobre a matéria (CF/1988, arts. 21, X; e 22, V) —
lei estadual que proíbe a entrega, em caixas postais comunitárias, das correspondências
que se enquadram como carta, cartão-postal e correspondência agrupada. A União, no
exercício de sua competência privativa para legislar sobre o serviço postal, disciplinou a
entrega de correspondências em caixas postais comunitárias e não autorizou os estados e
o Distrito Federal a normatizarem eventuais questões específicas que tratem do tema. O
serviço postal prestado como prerrogativa exclusiva do ente central é constituído pelas
atividades previstas na Lei 6.538/1978 , e se restringe aos conceitos de carta,
cartão-postal, impresso, cecograma, pequena-encomenda e correspondência agrupada.

É inconstitucional lei estadual que — em contrariedade ao que dispõe a legislação


federal que trata da matéria e sem demonstrar interesse particular ou justificativa
objetiva e precisa do respectivo ente federativo — proíbe a postagem, em caixas postais
comunitárias, de boletos de pagamento alusivos a serviços prestados por empresas
públicas e privadas. Com relação aos boletos de pagamento, o STF reconhece a
competência normativa concorrente dos estados e do Distrito Federal para regular a sua
postagem — com fundamento na proteção do consumidor (CF/1988, art. 24, VIII) —, a
qual admite tanto a suplementação ou repetição das normas gerais quanto a criação de
regime jurídico.
@profalvaroveras

LEI ESTADUAL - CONTRATO DE APRENDIZAGEM

STF no Informativo 1.105(ADI 3093/RJ):

“É inconstitucional — por usurpar a competência privativa da União para legislar sobre


direito do trabalho (CF/1988, art. 22, I) — lei estadual que, ao criar o “estágio
supervisionado, educativo e profissionalizante” sob a forma de bolsa de iniciação ao
trabalho ao menor que frequente o ensino regular ou supletivo, constitui relação jurídica
que se aproxima do instituto do contrato de aprendizagem.”

Na explicação do Informativo:

“ O contrato de aprendizagem possui majoritário propósito educativo direcionado à


inserção do aprendiz no mercado de trabalho, eis que a relação se forma sem a
participação de instituição de ensino, configurando relação de natureza trabalhista
especial. Diferencia-se do estágio, que tem caráter predominantemente educativo
relacionado ao projeto pedagógico do curso que o estagiário frequenta — tanto que a
instituição de ensino tem a responsabilidade de participar do vínculo —, motivo pelo
qual a atribuição normativa sobre o tema é concorrente, por se tratar de educação e
ensino (CF/1988, art. 24, IX).

Na espécie, a lei estadual impugnada prevê a constituição da relação jurídica


diretamente entre a empresa ou entidade de direito público e o menor de 14 a 18 anos
incompletos, sem a participação da instituição de ensino. Essa circunstância, aliada à
não exigência de termo de compromisso, afasta a natureza essencialmente educacional
capaz de configurar o pretendido estágio.”

LEI ESTADUAL - FERIADO DE SÃO JORGE

Tema importante decidido pelo STF também - constitucionalidade da lei do RJ que institui o
feriado de São Jorge.

Segundo o STF

“É constitucional — pois inserida dentro da competência comum dos entes federados


para proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,
monumentos, paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos (CF/1988, art. 23, III), e
da competência concorrente para legislar sobre esses temas (CF/1988, art. 24, VII) — a
@profalvaroveras

instituição, pela Lei fluminense 5.198/2008, de feriado comemorativo do “Dia de São


Jorge”.”

No Informativo:

A Lei federal 9.043/1995, que dispõe sobre feriados, não restringe a competência
legislativa dos estados e dos municípios apenas para os casos que elenca nem afasta o
exercício de proteção dos bens histórico-culturais imateriais pelos entes federados. Na
espécie, o Estado do Rio de Janeiro, nos moldes da proteção visada pela norma,
justificou a instituição de feriado de alta significação étnica ao demonstrar a relevância
religiosa e cultural do santo católico São Jorge. Assim, na linha de compreensão do
federalismo cooperativo e consoante a atual jurisprudência desta Corte, deve ser
reconhecida a legitimidade das razões invocadas pelo Poder Público estadual.
ADI 4092-RJ

LEI ESTADUAL - PARTICIPAÇÃO DO MP EM OPERAÇÕES POLICIAS DE MEDIDAS


POSSESSÓRIAS DE CARÁTER COLETIVO

Informativo 1.105 do STF:

"É inconstitucional — por usurpar a prerrogativa legislativa conferida ao Procurador


Geral de Justiça e ofender a autonomia e a independência do Ministério Público
(CF/1988, arts. 127, § 2º; e 128, § 5º) — norma estadual, de iniciativa parlamentar, que
dispõe sobre a atuação do Ministério Público nas operações policiais de cumprimento de
medidas possessórias de caráter coletivo."

No informativo, falando sobre competência:

"A jurisprudência desta Corte é firme no sentido da coexistência de leis gerais e


específicas na esfera estadual (1) A Lei Orgânica Nacional (Lei 8.625/1993) estabelece
normas gerais e garante a uniformidade entre os Ministérios Públicos das unidades
federadas (CF/1988, art. 61, § 1º, II, d). A Lei Orgânica do estado, por sua vez, delimita,
em lei complementar de iniciativa do Procurador-Geral de Justiça, a organização, as
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público (CF/1988, arts. 127, § 2º; e 128, § 5º).
Na esfera federal, o constituinte atribuiu ao Presidente da República e ao Procurador
Geral da República iniciativa concorrente para editar lei complementar dispondo sobre
a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União, atual LC
75/1993 (2). Desse modo, no tocante às referidas matérias, inexiste a possibilidade de
proposição legislativa de origem parlamentar (3), como ocorreu na espécie."
@profalvaroveras

LEI ESTADUAL - RESPONSABILIDADE POR DANOS NA DITADURA


Imagine que no Estado X foi editada a lei A com o seguinte teor:

Art. 1o O Estado X indenizará, nos termos desta Lei, as pessoas que, presas ou detidas,
legal ou ilegalmente, por motivos políticos entre os dias 02 de setembro de l961 a 15.de
agosto de l979, que tenham sofrido sevícias ou maus tratos, que acarretaram danos
físicos ou psicológicos, quando se encontravam sob a guarda e responsabilidade ou sob
poder de coação de órgãos ou agentes públicos estaduais ou tenham sofrido perdas e
danos materiais, em razão de terem cerceados direitos inerentes ao exercício
profissional, por motivos políticos, no período mencionado neste artigo.

Segundo entendimento do STF, tal lei é constitucional?

De acordo com o STF, tal lei é constitucional, pois estabelece a responsabilidade do ente
estatal que tenha causado danos a custodiado, ante a coação de órgão ou agente público. Não
se confunde, assim, com a responsabilidade da União, que responde nos casos em que atuou.
Tal norma é, ainda, harmônica com o art. 37, § 6o, da CF/88 e está em consonância com o
precedente da Corte IDH do caso “Gomes Lund”, mostrando a importância de apurar e
indenizar fatos ocorridos no contexto da institucionalização de políticas estatais de violência.

Assim:
Lei estadual e responsabilidade por atos praticados na ditadura: ADI 3738/ES
Compatibilidade com o art. 37, parágrafo sexto, da CF/88;
Estabelece a responsabilidade do ente estatal que tenha causado danos a custodiado, ante a
coação de órgão ou agente público;
Não se confunde, assim, com a responsabilidade da União, que responde nos casos em que
atuou;
Consonância com o precedente da Corte IDH do caso “Gomes Lund”(Guerrilha do Araguaia)
e mostra a importância de apurar e indenizar fatos ocorridos no contexto da
institucionalização de políticas estatais de violência.
STF, ADI 3738/ES

Como o tema já foi cobrado em provas?


(MP-PA-2023-CESPE) É inconstitucional lei estadual que responsabilize estado-membro
por danos causados a pessoas presas na ditadura.
Gabarito: 1. Errado

LEI ESTADUAL - PROIBIÇÃO DE TELEMARKETING PARA IDOSOS

Outro tema interessante: lei estadual do PR que proibiu instituições financeiras e similares de
realizar qualquer atividade de telemarketing ativo, oferta comercial, proposta, publicidade ou
@profalvaroveras

qualquer tipo de atividade tendente a convencer aposentados e pensionistas a celebrar


contratos de empréstimo de qualquer natureza.

O STF entendeu que essa lei é constitucional, estando abrangida pela competência
concorrente dos Estados em legislar sobre direito do consumidor.

Passagem do voto do Min. Marco Aurelio(relator):

A edição da norma em jogo não instituiu obrigações e direitos relacionados à execução


contratual da concessão de serviços de telecomunicações. Antes, buscou ampliar, como
bem apontado pela Procuradoria-Geral da República em parecer juntado ao processo, a
mecanismo de tutela da dignidade dos usuários – “destinatários finais”, na dicção do
artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor –, “muitas vezes assediado com cobranças
e propostas de vendas de forma incessante e capaz de interferir sobremaneira no
cotidiano do consumidor com telefonemas em horário avançado da noite ou nas
primeiras horas do dia, além de comprometer o descanso dos cidadãos”.

Entendeu-se, assim, que a lei estadual reforça uma classe especial de consumidores
vulneráveis: aposentados e pensionistas - sendo obrigação de todos, nos termos do art. 230 da
CF, protegê-los.

LEI ESTADUAL- OBRIGACAO DE PLANOS DE SAUDE COM PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA

Trata-se de tema decidido recentemente pelo STF, no Informativo 1.088 do STF, de 31 de


março de 2023.

Lei do Estado do MT determina:

“Art. 1º As empresas de seguro-saúde, empresas de medicina de grupo, cooperativas de


trabalho médico ou outras que atuam sob a forma de prestação direta ou intermediação
dos serviços médico-hospitalares e operam no Estado de Mato Grosso estão obrigadas a
garantir o atendimento integral e fornecer o tratamento adequado às pessoas com
deficiência, nos termos da Lei Federal nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, e da Lei
Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015, não podendo impor restrições de qualquer
natureza
a. § 1º Compreende-se por atendimento integral e tratamento adequado como aqueles
que cumprem total e integralmente a prescrição médica que definiu a melhor
intervenção terapêutica ou tratamento ao paciente pelo profissional de saúde que o
acompanha. § 2º As determinações desta Lei não incluem a busca ou fornecimento de
medicamentos de quaisquer naturezas. Art. 2º As prestadoras de serviço de saúde
@profalvaroveras

descritas no caput do art. 1° devem oferecer cobertura necessária para multiprofissional,


respeitando os termos do médico assistente que acompanha a pessoa com deficiência, sob
pena de serem compelidas a custear ou reembolsar integralmente as despesas com
profissionais não credenciados (...)

Observemos, então, que tal legislação estabelecia uma série de obrigações para as empresas
de plano de saúde - inclusive, em outros artigos posteriores, prevendo multa em caso de
desatendido de tais determinações.

Foi ajuizada ADI em face de tal lei.

De acordo com entendimento do STF, tal lei é inconstitucional, por ofensa à competência da
União - que regular mercado de planos de saúde, o que inclui a normatização da matéria
(CF/1988, art. 22, VII), bem como toda a fiscalização do setor (CF/1988, art. 21, VIII).
Veja-se:

Art. 21. Compete à União:


VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros
e de previdência privada;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

Como os planos de saúde são tipos de seguros, patente a competência da União.

A lei estadual, assim, interfere diretamente na regulação dos planos de saúde, mais
especificamente na relação jurídica entre as suas operadoras e usuários, matéria que já possui
vasta normatização federal, seja pela Lei 9.656/1998 ou pelas resoluções da ANS que regulam
o rol de procedimentos e eventos em saúde.

LEI ESTADUAL QUE APENAS REMETE AO REGRAMENTO DE LEI FEDERAL


SOBRE O TEMA

Trata-se de questão da prova discursiva de Defensor Público do Distrito Federal, realizada em


2019 pela CEBRASPE.

O gabarito da banca foi o seguinte:

“Tendo em vista a competência legislativa concorrente prevista no art. 24 da CF, o STF


possui entendimento de ser inconstitucional lei estadual que remeta o regramento à
regência da legislação federal. Segundo essa corte, isso configura renúncia do ente
@profalvaroveras

estadual ao exercício da competência legislativa concorrente, não cabendo ao ente


federado recusar-se ao implemento das providências pertinentes pelos meios próprios. A
corte fundamenta-se no federalismo cooperativo e na sua lógica, no sentido do
estabelecimento de normas gerais pela União e da atuação dos estados no atendimento
das peculiaridades regionais.”

LEI ESTADUAL - PARCELAMENTO MULTA TRÂNSITO

Lei do DF prevê:

Art. 1º As multas aplicadas aos veículos automotores, emitidas por órgão ou entidade
executiva de trânsito e executiva rodoviária do Distrito Federal, podem ser parceladas
em até 12 vezes.
Parágrafo único. A solicitação do parcelamento previsto no caput e o pagamento da
primeira parcela garantem ao proprietário do veículo a emissão do Certificado de
Registro e Licenciamento do Veículo.
Art. 2º Os débitos junto ao Departamento de Trânsito do Distrito Federal –
DETRAN-DF podem ser pagos com cartão de crédito, ficando a cargo dos usuários
todas as taxas cobradas pela respectiva operadora do cartão de crédito.
Observa-se, então, que a lei estadual prevê o parcelamento de multas de trânsito, além
de dispor sobre formas de pagamento.

Foi ajuizada ADI sobre o tema.

O STF, no Informativo 1.088, de 31 de março, entendeu que tal legislação é inconstitucional,


por violar a competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF/1988,
art. 22, XI).

Asseverou, ainda, que a Corte possui entendimento consolidado no sentido da


inconstitucionalidade de normas estaduais que disponham sobre as formas de pagamento das
multas aplicadas pelos órgãos de fiscalização de trânsito, bem como daquelas que, de algum
modo, inovem em matéria pertinente à disciplina normativa do trânsito.
ADI 6.578, DF

LEI ESTADUAL - PULVERIZAÇÃO AÉREA - AGROTÓXICOS

Trata-se de tema recentemente julgado pelo STF – em sessão virtual finalizada em 26-05.

O Estado do Ceará, por lei estadual, optou por normatizar restrições mais severas à utilização
de pesticidas no território, sujeitando o infrator à multa.
@profalvaroveras

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ajuizou ADI, alegando que tal
norma invadiu competência privativa da União, por estar legislando sobre navegação aérea e
proteção ao meio ambiente.

O STF entendeu pela constitucionalidade da norma.

A relatora do processo, Min. Carmen Lúcia, no âmbito material, entendeu pela


constitucionalidade da proibição, notadamente também por existirem estudos científicos
incluídos nos autos apontam os riscos dos agrotóxicos para a saúde humana e para o meio
ambiente. Relatou a existência de dados da Dados apresentados pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que comprovam a alta periculosidade da pulverização
aérea.

Inclusive, no âmbito da região da Chapada do Apodi, do Ceará, mostrou que os agricultores


da região têm até 6 vezes mais câncer do que os não agricultores em pelo menos 15 das 23
áreas estudadas.

No âmbito formal, relembrou a jurisprudência do STF no sentido de que podem sim os


estados editarem normas mais protetivas à saúde e ao meio ambiente em relação à matéria.
Assim, tem-se que compete à lei nacional traçar parâmetros gerais, podendo os estados
legislar sobre suas especificidades.

Quanto ao controle por agrotóxicos, relembrou que a jurisprudência do STF já admitiu normas
mais restritivas por estados/municípios:

“Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Direito Ambiental e Constitucional. 3.


Competência do Município para legislar sobre assuntos de interesse local: agrotóxico.
Competência implícita e suplementar. Interesse local na edição da legislação. 4. Negado
provimento ao agravo regimental. Sem fixação de verba honorária” (RE n. 761.056 AgR,
Relator o Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 13.3.2020, DJe
20.3.2020)
Ainda, de acordo com a ministra, sobre eventual violação da livre iniciativa:
“A livre iniciativa não impede a regulação de atividades econômicas pelo Estado, a qual
pode se mostrar indispensável para resguardar outros valores prestigiados pela
Constituição, como, por exemplo a dignidade da pessoa humana, a valorização do
trabalho humano, a livre concorrência, a função social da propriedade, a defesa do
consumidor e do meio ambiente e a busca do pleno emprego.“

LEI ESTADUAL QUE DISPÕE SOBRE VALIDAÇÃO DE TÍTULOS NO EXTERIOR


@profalvaroveras

Trata-se de tema recentemente julgado pelo STF, divulgado no Informativo 1.096.

Consoante entendimento da Corte:

“É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre


diretrizes e bases da educação nacional (CF/1988, art. 22, XXIV) — norma estadual que
dispõe sobre o reconhecimento e a validação de títulos acadêmicos obtidos no exterior.“

De acordo com o julgado, tem-se que as questões relacionadas à internalização de títulos


acadêmicos expedidos por instituições de ensino superior estrangeiras devem ser
regulamentadas por normas de caráter nacional, pois possuem interesse geral, o que acaba
ensejando a necessidade de um tratamento uniforme.

A lei estadual no caso impugnada dispôs que seria possível o aproveitamento de títulos e
diplomas de cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu obtidos em instituições
sediadas em países membros do Mercosul, e permitiu a sua equiparação com os cursos
oferecidos por instituições de ensino superior sediadas no Brasil com o consequente
pagamento de gratificação aos servidores a partir da data do requerimento.

Desse modo, tratou do tema de modo diverso do previsto na legislação federal (Lei
9.394/1996, arts. 44 e 48), que exige um processo de revalidação de tal diploma.

ADI 6.091/RR – julgamento finalizado em 26.05

LEI ESTADUAL QUE REGULA A PROFISSÃO DE DESPACHANTE

Em diversos Estados, normas estaduais passaram a regulamentar a atividade despachante


junto aos órgãos da Administração Pública, estabelecendo requisitos para tal exercício.

Foram ajuizadas ADIs sobre o tema, sob a justificativa de que a legislação ofendia a
competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho(art. 22, I, CF/88).

O que o STF decidiu?

Entendeu o STF, em diversas vezes, pela inconstitucionalidade de tal forma.

Entende, assim, que tal lei viola a competência legislativa da União, a quem compete
privativamente editar leis sobre direito do trabalho e sobre condições para o exercício de
profissões(art. 22, I, CF/88).
@profalvaroveras

Também entendeu que a norma de que trata o art. 5º, XIII, da Carta Magna, que assegura ser
“livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer”, deve ter caráter nacional, não se admitindo que haja
diferenças entre os entes federados quanto aos requisitos ou condições para o exercício de
atividade profissional.

Nesse sentido, o julgado na ADI 4387.

Em outro julgado, na ADI 5412, entendeu a Corte que aos Estados-membros e ao Distrito
Federal, em tema de regulamentação das profissões, cabe dispor apenas sobre questões
específicas relacionadas aos interesses locais e somente quando houver delegação legislativa
da União operada por meio de lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único), inexistente nos
casos.

Como o tema foi cobrado em concursos públicos?


(Delegado-PC-AM-FGV-2022-adaptada) A Lei nº XX do Estado Alfa, com o objetivo de
aumentar a eficiência da atuação administrativa, disciplinou a atividade de despachante
perante os órgãos públicos, tanto do Estado como dos Municípios situados em seu
território. Considerando os balizamentos estabelecidos, que se estendiam dos requisitos
de escolaridade e habilitação a serem preenchidos até a forma como os atos deveriam ser
praticados, houve grande insatisfação de parte da categoria. Instado a se pronunciar, um
advogado respondeu corretamente que a Lei nº XX é inconstitucional, pois compete
privativamente à União legislar sobre a matéria
(PGE-ES-2023-CESPE) É constitucional lei estadual que regule a atividade de
despachante perante os órgãos da administração pública estadual, estabelecendo
requisitos para o exercício dessa profissão.
Gabarito:
Correto
Errado

LEI ESTADUAL - REQUISIÇÃO DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO PELA


DEFENSORIA

Tema julgado pelo STF em 10/03, na ADI 4.346/MG:

É inconstitucional lei estadual mineira que confere à Defensoria Pública o poder de requisição
de instauração de inquérito policial.

Foi feito um distinguishing com relação ao poder de requisição de documentos e


diligências(já declarado constitucional, ADI 6.875).
@profalvaroveras

No caso da requisição de instauração de inquérito policial, dispõe o CPP:

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:


I – de ofício;
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Entendeu o Supremo que o CPP já disciplinou a matéria, no exercício de competência


normativa da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I, CRFB), delimitando tal
poder ao MP e à autoridade judiciária.

Tem-se, então, que o poder de requisição(quando o inquérito policial obrigatoriamente deve


ser aberto) compete apenas a tais autoridades.

Cobrado na oral do MP-MG-2023.

Atenção: nova Tese de Repercussão Geral do STF.

“A suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15 inciso III da Constituição


Federal - condenação criminal transitada em julgado enquanto durarem seus efeitos -
não impede a nomeação e posse de candidato aprovado em concurso público, desde que
não incompatível com a infração penal praticada, em respeito aos princípios da
dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (Constituição Federal, artigo
1°, incisos III e IV) e do dever do Estado em proporcionar as condições necessárias para
harmônica integração social do condenado, objetivo principal da execução penal, nos
termos do artigo 1° da Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/84). O início do efetivo
exercício do cargo ficará condicionado ao regime da pena ou à decisão judicial do Juízo
de Execuções, que analisará a compatibilidade de horários”.

Tema 1.190 do STF

"Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão
desta quarta-feira (4), que condenados aprovados em concursos públicos podem ser
nomeados e empossados, desde que não haja incompatibilidade entre o cargo a ser
exercido e o crime cometido nem conflito de horários entre a jornada de trabalho e o
regime de cumprimento da pena."

Outros julgados muito importantes/recentes sobre o tema da competência legislativa:

CONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL - DISTÂNCIA DE PRESÍDIOS


@profalvaroveras

“É constitucional — por ausência de afronta ao direito social à segurança (CF/1988, art.


6º), ao direito de propriedade (CF/1988, art. 5º, “caput” e XXII), ao princípio da
proporcionalidade, ou à competência da União para legislar sobre direito civil (CF/1988,
art. 22, I) — lei estadual que fixa distância mínima entre presídios e contingente máximo
da população carcerária.”

Informativo 1.011 do STF


ADI 2.402-ES

LEI ESTADUAL - PEÇAS DE ROUPA EM BRAILE

“É constitucional — pois não verificada violação aos princípios da livre iniciativa


(CF/1988, arts. 1º, IV; e 170, “caput”), da livre concorrência (CF/1988, art. 170, IV), da
propriedade privada (CF/1988, art. 170, II) e da isonomia (CF/1988, arts. 5º, “caput”; e
19, III), tampouco invasão à competência privativa da União para legislar sobre
comércio interestadual (CF/1988, art. 22, VIII) — lei estadual que obriga empresas do
setor têxtil a identificarem as peças de roupa com etiquetas em braile ou outro meio
acessível que atenda as pessoas com deficiência visual.”
ADI 6.989-PI

LEI ESTADUAL - PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E ESCOLAS

“É inconstitucional lei estadual que (a) reduza o conceito de pessoas com deficiência
previsto na Constituição, na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, de estatura constitucional, e na lei federal de normas gerais; (b)
desconsidere, para a aferição da deficiência, a avaliação biopsicossocial por equipe
multiprofissional e interdisciplinar prevista pela lei federal; ou (c) exclua o dever de
adaptação de unidade escolar para o ensino inclusivo.”
ADI 7.028-AP
Informativo 1101 STF

CONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL - MEIA-ENTRADA PARA


PROFESSORES DO MAGISTÉRIO DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

O Estado que edita lei concedendo meia-entrada para os professores das redes públicas
estadual e municipais de ensino atua no exercício da competência suplementar prevista
no art. 24, § 2º, da Constituição Federal.
@profalvaroveras

Ao não incluir no benefício da meia-entrada os professores pertencentes à rede privada e


aqueles vinculados às unidades federais de ensino, a legislação atacada não atuou de
forma anti-isonômica. Os professores da rede privada estão sob influência de outros
mecanismos de incentivo e os professores da rede pública federal estão dedicados quase
exclusivamente ao ensino superior e à educação profissional e tecnológica.
STF. Plenário. ADI 3753/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/4/2022 (Info 1050).
Buscador Dizer o Direito.

Cobrada na PGM-Maringá, 2022, CESPE


É constitucional lei estadual que conceda aos professores das redes públicas estaduais e
municipais de ensino o benefício da meia-entrada nos estabelecimentos de lazer e
entretenimento.
Gabarito: Correto.

LEI ESTADUAL - REGRAS SPC-SERASA


1) Lei estadual não pode exigir que o consumidor, antes de ser inserido no cadastro
restritivo, seja comunicado por meio de AR
A adoção de sistema de comunicação prévia a consumidor inadimplente por carta
registrada com aviso de recebimento configura desrespeito à Constituição Federal.
2) Lei estadual não pode exigir que seja dado ao consumidor um prazo de tolerância
antes da sua inserção no cadastro restritivo
É inconstitucional a previsão, por lei estadual, de “prazo de tolerância” a impedir que o
nome do consumidor inadimplente seja imediatamente inscrito em cadastro ou banco de
dados.
3) As empresas administradoras de bancos de dados e cadastros de consumidores não se
qualificam como entidades certificadoras da certeza, liquidez e exigibilidade dos títulos
de dívidas
A supressão da verificação prévia quanto à existência do crédito, exigibilidade do título e
inadimplência do devedor não caracteriza violação do princípio da vedação ao
retrocesso.
STF. Plenário. ADI 5224/SP, ADI 5252/SP, ADI 5273/SP e ADI 5978/SP, Rel. Min. Rosa
Weber, julgados em 8/3/2022 (Info 1046). (Buscador Dizer o Direito)

LEI ESTADUAL - EXPLORAÇÃO DE LOTERIA

A competência da União para legislar privativamente sobre sistemas de consórcios e


sorteios, inclusive loterias, não obsta a competência material (administrativa) para a
exploração dessas atividades pelos entes estaduais ou municipais, nem a competência
regulamentar dessa exploração.
@profalvaroveras

Os arts. 1º e 32, caput e § 1º, do Decreto-Lei 204/1967 não foram recepcionados pela
Constituição Federal de 1988.
STF. Plenário. ADPF 492/RJ, ADPF 493/DF e ADI 4986/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgados em 30/9/2020 (Info 993). (Buscador Dizer o Direito)

LEI ESTADUAL - OBRIGATORIEDADE EM ESCOLAS E BIBLIOTECAS


ESTADUAIS - BÍBLIA - INCONSTITUCIONALIDADE

É inconstitucional, por ofensa aos princípios da isonomia, da liberdade religiosa e da


laicidade do Estado, norma que obrigue a manutenção de exemplar de determinado
livro de cunho religioso em unidades escolares e bibliotecas públicas estaduais.
[ADI 5.258, rel. min. Cármen Lúcia, j. 13-4-2021, P, DJE de 27-4-2021.]

LEI ESTADUAL - DETERMINA OBRIGATORIEDADE DE PLANTÃO EM


UNIVERSIDADE

Pode projeto de lei estadual determinar que entidade universitária estadual, de natureza
autárquica, seja obrigada a prestar por meio de escritório de prática jurídica universitária, em
regime de plantão durante os finais de semana, serviço de assistência judiciária aos
necessitados presos em flagrante delito?

Cobrada na discursiva da PGE-PA-2022. Vejamos o gabarito:

O PL pretende atribuir à entidade universitária estadual atividade que é própria da


Defensoria Pública (art. 134 da CF). A Defensoria Pública pode firmar parceria com a
entidade universitária com vistas à otimização de seus serviços, mas sua atividade não
pode ser atribuída por lei estadual à entidade universitária.
“Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do
art. 5.º desta Constituição.” (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 80, de 2014)

LEI ESTADUAL - VENDA DE BEBIDA ALCOÓLICA NOS ESTÁDIOS

É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas nas


arenas desportivas e nos estádios.
@profalvaroveras

Trata-se de legislação sobre consumo, matéria de competência concorrente (art. 24, V, da


CF/88).
O art. 13-A, II, da Lei nº 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor) indica como “condições de
acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo”, entre outras, “não portar
objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática
de atos de violência”.
Não há, contudo, uma vedação geral e absoluta por parte do Estatuto do Torcedor, de
modo que o legislador estadual, no exercício de sua competência concorrente
complementar, observadas as especificidades locais, pode regulamentar a matéria,
autorizando, por exemplo, a venda de cerveja e chope (bebidas de baixo teor alcóolico)
nos estádios. Vale lembrar que isso já é autorizado nos grandes eventos mundiais de
futebol e outros esportes, inclusive na Copa do mundo organizada pela FIFA e nas
Olimpíadas.
STF. Plenário. ADI 6195, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/03/2020.

O Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) foi revogado pela Lei Geral do Esporte (Lei
nº 14.597/2023). A Lei Geral do Esporte não traz dispositivo semelhante ao revogado.
Isso apenas reforça o que o STF já decidiu. (Buscador Dizer o Direito)

Decisão cobrada na PGM-Maringá-2022,CESPE:


Invade a competência da União para o estabelecimento de normas gerais sobre consumo
e desporto a autorização e regulamentação, por estado-membro, da venda e do consumo
de bebidas alcoólicas em eventos esportivos.
Gabarito: incorreto

LEI ESTADUAL - ESTENDER PROMOÇÃO JÁ EXISTENTE A NOVOS


CONSUMIDORES

É inconstitucional lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviços de ensino
e de telefonia celular a obrigação de estender o benefício de novas promoções aos clientes
preexistentes.
STF. Plenário. ADI 5399/SP e ADI 6191/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
9/6/2022 (Info 1058).
STF. Plenário. ADI 6333 ED/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 9/6/2022 (Info 1058). Buscador Dizer o Direito.

LEI ESTADUAL - PERMISSÃO DE SACRIFÍCIO DE ANIMAIS EM RITUAIS


RELIGIOSOS DE MATRIZ AFRICANA
@profalvaroveras

É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa,


permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana.
[RE 494.601, red. do ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2019, P, DJE de 19-11-2019.]

LEI ESTADUAL - ASSINATURA FÍSICA DE IDOSOS


STF no Informativo 1.080:
É constitucional lei estadual que exige a assinatura física de idosos em contratos de
operação de crédito.
Matéria relacionada a direito do consumidor, prevenção de fraudes.
ADI 7027

LEI ESTADUAL QUE DISPENSA PAGAMENTO DIREITOS AUTORAIS

Compete privativamente à União legislar sobre direito civil, direito de propriedade,


direito autoral, bem como estabelecer regras substantivas de intervenção no domínio
econômico (art. 22, I, da Constituição Federal).
A legislação estadual, ao estipular hipóteses de isenção fora do rol previsto pelo art. 46
da Lei Federal nº 9.610/98, usurpou competência privativa da União e alijou os autores
das obras musicais de seu direito exclusivo de utilização, publicação e reprodução das
obras, bem como do reconhecimento por sua criação.
STF. Plenário. ADI 6151/SC, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 7/10/2022 (Info 1071).
Buscador Dizer o Direito.

Cobrada na objetiva da PGM-Niterói-2023-FGV.

LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE FOGOS BARULHENTOS

Entendimento do STF em Tema de Repercussão Geral(1.056). A tese sedimentada foi:

“É constitucional – formal e materialmente – lei municipal que proíbe a soltura de fogos


de artifício e artefatos pirotécnicos produtores de estampidos”.

Lei do Município de Lei Itapetininga (SP) proíbe, em toda zona urbana municipal, a soltura de
fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que produzam estampido.

O Min. Luis Fux aduziu que a jurisprudência do STF tem reconhecido a iniciativa legislativa
dos Municípios para proteger interesses locais, em face da competência legislativa
concorrente para tratar de proteção à saúde e ao meio ambiente.
@profalvaroveras

Ainda: rememorou que na ADPF 567 o STF validou lei da capital paulista que havia
implementado essa medida de proteção em razão dos impactos negativos documentados que
fogos com efeito sonoro ruidoso causam às pessoas autistas e a diversas espécies animais.

Destacou, ainda, que a Resolução Conama 2/90, que dispõe sobre o Programa Nacional de
Educação e Controle da Poluição Sonora, autoriza expressamente a fixação de limites de
emissão de ruídos em valores mais rígidos em níveis estadual e municipal. Desse modo, a lei
de Itapetininga está de acordo com a disciplina federal, tratando-se, na verdade, de
regulamentação mais protetiva, levando em conta os impactos negativos à saúde e ao meio
ambiente.

Foi feito, ainda, um juízo de proporcionalidade do caso. Entendeu-se que a vedação é


adequada e proporcional, pois busca evitar os malefícios causados pelos efeitos ruidosos da
queima de fogos a pessoas com hipersensibilidade auditiva no transtorno do espectro autista,
crianças, idosos e pessoas com deficiência, além dos animais.

Ainda: tem-se que a lei não inviabiliza o exercício de atividade econômica, pois a restrição se
aplica apenas aos artefatos que produzam efeitos ruidosos, permitindo espetáculos de
pirotecnia silenciosos.

MUNICÍPIO E PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA GRATUITA

É possível que os entes municipais prestem serviços de assistência jurídica à população


economicamente vulnerável?

O STF decidiu na ADPF 279 pela possibilidade de Município instituir serviços de assistência
jurídica à população economicamente vulnerável, sem que se possa falar em ofensa à
competência para atuar da Defensoria Pública.

Seguem trechos importantes do voto da Min. Carmen Lúcia:

“Pelos diplomas questionados, instituiu-se serviço público para auxílio da população


economicamente vulnerável do Município, facilitando a cada pessoa o acesso à
jurisdição. No caso, não se extrai das normas impugnadas interpretação pela qual se
pretenda, pelos serviços de assistência judiciária, substituir-se a atividade prestada pela
Defensoria Pública.”
“De realçar que os Municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de
interesse local, decorrência do poder de autogoverno e de autoadministração.”
@profalvaroveras

“Note-se, ademais, que entes até mesmo particulares, como faculdades de direito e
seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil formulam estruturas e prestam serviços
de assistência judiciária, sem jamais ter sido aventada a inconstitucionalidade daquela
atuação. Bem ao contrário, o que se tem é atuação que se solidariza na busca de maior e
melhor garantia de direitos para os que precisam ter acesso a consultas, assessoramentos
e serviços jurídicos”

CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO

A cláusula de reserva de plenário, ou regra do full of bench, está prevista no art. 97 da CF.

“Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público.”

Ocorre que tal regra possui diversas exceções. Muitas delas nem deveriam ser chamadas de
exceções, uma vez que nem se enquadram na regra geral.

Dentre tais exceções, podemos citar:

1) Turmas do STF no julgamento de RE: de acordo com as normas regimentais pertinentes ao


STF, as Turmas possuem competência para julgar RE. Não se aplica reserva de plenário: não
se trata um Tribunal no sentido fixo do art. 97 e é função precípua da Corte a declaração de
inconstitucionalidade. Nesse sentido:
“O STF exerce, por excelência, o controle difuso de constitucionalidade quando do
julgamento do recurso extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários competência
regimental para fazê-lo sem ofensa ao art. 97 da CF” (RE 361.829-ED, Rel. Min. Ellen
Gracie, j. 02.03.2010, 2.ª Turma, DJE de 19.03.2010);
2) Juízo monocrático de primeira instância: Ora, aqui por óbvio não se aplica a cláusula de
reserva de plenário, já que não se pode cogitar na sua caracterização como sendo Tribunal;
3) Interpretação conforme a Constituição: O STF já entendeu, no julgamento do RE 460.971,
de rel. do min Sepúlveda Pertence, que nesse caso não seria aplicável a reserva de plenário
porque a inconstitucionalidade estaria na interpretação incompatível com o teto
constitucional, e não na lei ou no ato normativo passíveis de serem interpretadas em harmonia
com a Constituição;
4) Turmas Recursais dos Juizados Especiais: embora considerados órgãos recursais, aqui
também não se pode exigir a reserva de plenário pelo fato de não serem consideradas
Tribunais;
5) Quando o Tribunal (órgão especial ou pleno) ou o pleno do STF já tiverem se pronunciado
anteriormente;
@profalvaroveras

6) Quando for decidida pela constitucionalidade da lei;


7) Normas pré-constitucionais: aqui não se trata de juízo de inconstitucionalidade, mas de
mera não-recepção;
8) Medida cautelar.

Como o tema foi cobrado em questões objetivas?

1.(TRF-5a Região-Juiz Federal substituto-2017) A cláusula de reserva de plenário se


aplica às turmas recursais dos juizados especiais.
2.(TRF-5a Região-Juiz Federal substituto-2017) A regra da reserva de plenário não se
aplica a julgamento de competência singular, podendo o juiz, mesmo de ofício, deixar de
aplicar preceitos normativos que considere contrários ao texto constitucional.
3.(DPE-PR-FCC-2017) Conforme o Supremo Tribunal Federal, a análise da recepção de
ato normativo anterior à Constituição ou emenda constitucional se submete à cláusula
de reserva de plenário.
4.(DPE-PR-2017) Há precedente do Supremo Tribunal Federal afirmando que, mesmo
sendo órgãos fracionários, as Turmas do Supremo Tribunal Federal não se submetem à
cláusula de reserva de plenário.
5.(MPE-SP-2019-VUNESP)A controvérsia em torno da incidência, ou não, do postulado
da recepção, por não envolver qualquer juízo de inconstitucionalidade, mas, sim,
quando for o caso, o de simples revogação de diploma pré-constitucional, dispensa a
aplicação do princípio da reserva de plenário, legitimando a possibilidade de
reconhecimento, por órgão fracionário do Tribunal, de que determinado ato estatal não
foi recebido pela nova ordem constitucional, além de inviabilizar, porque incabível, a
instauração do processo de fiscalização normativa abstrata.
6.(PGM-Sorocaba-2018-VUNESP) A cláusula de reserva de plenário não se aplica
quando o órgão fracionário de Tribunal julga constitucional o ato normativo sub judice
e quando aplica a técnica de interpretação conforme a constituição.
7.(MPE-AM-FMP Concursos-2015) A decisão por órgão fracionário de Tribunal
Estadual que atribuir à norma infraconstitucional interpretação conforme a
Constituição não dispensa o incidente de inconstitucionalidade em atenção ao art. 97 da
CF.
8.(PGM-SP-Procurador do Município-2014) A interpretação conforme a Constituição é
um princípio que se situa no âmbito do controle da constitucionalidade, sendo que o
Supremo Tribunal Federal, ao analisar a norma objeto da ação e lhe dar interpretação
conforme a Constituição, não precisa observar o princípio da reserva de plenário.
Gabarito. 1. Errado.
2. Correto.
3. Errado.
4. Correto.
5. Correto.
@profalvaroveras

6. Correto.
7. Errado.
8. Correto.

ART. 52, X, CF-88 E MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Cabe lembrar, inclusive, que existe uma discussão muito interesse a respeito do art. 52, X,
CF/88 e a decisão do Senado Federal de suspender norma declarada inconstitucional.
Argumenta-se que tal artigo teria sofrido uma mutação Constitucional.

Na prova do MP-CE-Subjetiva-2020-CESPE, temos que tal tema foi cobrado. Vejamos:

Discorra sobre a participação do Senado Federal no controle difuso.


A participação do Senado Federal no controle difuso de constitucionalidade é prevista
no inciso X do art. 52 da CF como um mecanismo de conversão dos efeitos inter partes
em erga omnes (contra todos). Somente as decisões definitivas que declararem a
inconstitucionalidade serão remetidas, não cabendo comunicar cautelares, liminares,
nem decisões pela constitucionalidade da norma. A comunicação pelo STF ao Senado
Federal é dever imposto pela CF: o Senado poderá suspender a execução da lei, no todo
ou em parte.

Obs. De acordo com entendimento do Supremo Tribunal Federal (ADI 3.406 e ADI
3.470, rel. min. Rosa Weber, j. 29-11-2017,Informativo 886), o artigo 52, X, da CRFB/88
sofreu mutação constitucional, motivo pelo qual o Senado Federal teria a função apenas
em dar publicidade às decisões tomadas pelo STF em controle difuso de
constitucionalidade e não mais suspender norma. Assim, também será aceita tal
argumentação, desde que o candidato fundamente devidamente sua resposta nesse novo
julgamento.

Inclusive, reafirmando tal entendimento, STF decidiu que:

Não compete ao Poder Legislativo de qualquer das esferas federativas suspender a


eficácia de lei ou ato normativo declarado inconstitucional em controle concentrado de
constitucionalidade(STF, ADI 5548/PE, 16/8/2021, Buscador Dizer o Direito)

Você também pode gostar