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Leonardo dos Santos Arpini


Aula 01
Direito Penal para Soldado da PM BA

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Fato Típico e seus Elementos

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Sumário
TEORIA GERAL DO DELITO. 3

INTRODUÇÃO. 3
Conceito de crime. 3

FATO TÍPICO 7

Conduta e seus elementos. 7


Omissão penalmente relevante. 10
Resultado. 13
Nexo de causalidade. 14
Tipicidade. 16
Crime doloso e crime culposo. 17
Consumação e tentativa. 24
Espécies de tentativa. 27
Arrependimento posterior e crime impossível. 30
Erro de tipo e erro de proibição. 33

ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE. 40

Estado de necessidade. 40
Legitima defesa. 42
Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. 46

CULPABILIDADE 48

Imputabilidade: 48
Potencial consciência da ilicitude. 50
Exigibilidade de conduta diversa. 51

DAS PENAS. 55

Penas alternativas 58

CONCURSO DE PESSOAS. 68

CONCURSO DE CRIMES. 74

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. 79

LIVRAMENTO CONDICIONAL. 84

EFEITOS DA CONDENAÇÃO. 88

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 92

DA GRAÇA, ANISTIA E INDULTO. 95

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 97

LISTA DE QUESTÕES. 115

GABARITO. 125

RESUMO DIRECIONADO. 126

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TEORIA GERAL DO DELITO.


INTRODUÇÃO.
Olá, meu amigo(a), dando início ao nosso encontro, hoje trataremos alguns dos pontos mais importantes do
direito penal dentro da ‘Parte Geral’ do código. É, a partir da teoria geral do delito e seus desdobramentos, que
podemos entender toda a estrutura do crime.

Para tanto, uma das principais características do Direito Penal é a sua fragmentariedade.

Em que pese tenhamos inúmeros atos ilícitos existentes no mundo fenomênico (acontecimentos da vida),
apenas uma parcela de todos os atos interessa ao Direito Penal, sendo principalmente aqueles que atentam
contra os bens jurídicos mais importantes para o convívio social. Dessa forma, podemos afirmar que o Direito Penal
se ocupa apenas de uma fração dos inúmeros atos ilícitos existentes.

Portanto, o caráter fragmentário desenvolve-se a partir do conceito de ultima ratio (última razão) do
Direito Penal. Em outras palavras, meu(a) caro(a) estudante, o Direito Penal será chamado a atuar quando nenhum
outro ramo jurídico (Administrativo, Civil, Tributário, Ambiental, Difusos e coletivos e etc...) abarcar uma solução
ao ilícito do mundo fenomênico.
Feita essa breve e necessária introdução, é chegado o momento de mergulharmos definitivamente no
campo do estudo do crime.
Venha comigo!

Conceito de crime.
Antes de adentramos no conteúdo propriamente dito, é necessário que façamos uma pequena distinção
entre crime e contravenção penal.

Conforme o artigo 1º da LICP (Lei de introdução do Código Penal – Decreto-Lei n. 3.914/41), constitui crime
a infração penal apenada com reclusão ou detenção, acompanhada ou não de multa, e a contravenção aquela
punida com prisão simples (juntamente com multa) ou somente pena de multa.

Em resumo:

CRIME CONTRAVENÇÃO PENAL

Apenado com reclusão ou detenção, acompanhada Apenada com prisão simples (juntamente com multa)
ou não de multa ou somente multa.

Avante!

Antigamente, meu amigo(a), no tempo em que vigorava no Brasil o Código Criminal do Império (1830) e,
logo em seguida, em 1890 o Código Penal Republicano, a própria legislação se encarregava de trazer-nos o
conceito de crime.

O art. 2º, §1º, do Código Criminal do Império assim conceituava o crime:

Art.2º. Julgar-se-á crime ou delicto:

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§1º Toda acção ou omissão voluntaria ás leis penaes (redação original).

Já, o Código Penal Republicano de 1890, assim dizia:

Art. 2º. A violação da lei penal consiste em acção ou omissão; constitue crime ou contravenção (redação
original).

Entretanto, nos dias atuais, a partir do Código Penal de 1940 e suas posteriores alterações, nosso legislador
infraconstitucional não mais se preocupou em trazer um conceito de crime, deixando assim, a tarefa para àqueles
que se dedicam ao estudo do Direito Penal.

A partir de então, inúmeros doutrinadores iniciaram a difícil tarefa de classificação do conceito de crime.
Passado um longo período de tempo, a partir dos ensinamentos da doutrina clássica e, também, da doutrina
moderna, os estudiosos do direito penal nos presentaram com, pelo menos, três conceitos que ensejam outros
desdobramentos no estudo do crime:

Conceito
Analítico

Conceito
de Crime

Conceito Conceito
Material Formal

Certo, caríssimo! Passemos, então, ao estudo de cada um dos conceitos:

Conceito Material É baseado na essência de um comportamento


penalmente relevante.

Conceito Formal Crime é a conduta vedada por lei, com ameaça de


pena criminal.

Conceito Analítico Crime é toda a ação ou omissão, consciente e


voluntária, estando previamente definida em lei,

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que cria um risco juridicamente proibido e


relevante.

Ocorre que, dentro do conceito analítico de crime (o mais aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro), há
outra divisão, vejamos:

Conceito Análitico

Teoria
Teoria Bipartida/Dicotômica
Tripartida/Tricotômica
Crime = Fato Típico + Ilícito
Crime = Fato Típico + Ilícito
(antijurídico)
(antijurídico) + Culpável.

Assim, caríssimo, essas duas são as teorias mais aceitas no Brasil para explicar a estrutura do crime e, entre
as duas, a teoria tripartida é a que tem mais força, sendo adotada pela maioria dos estudiosos do Direito Penal e,
também, pelas Cortes Superiores.

“Certo, Arpini! Mas e agora, o que é o crime? Afinal, ele é fato típico e antijurídico ou fato típico, antijurídico e
culpável?”

Certo, meu(a) jovem! Vamos por partes!

Inicialmente você deve saber que o conceito analítico de crime (que se divide nas teorias bipartida e
tripartida) busca identificar os elementos que compõem o crime. Para tanto, conforme mencionei a você
anteriormente, a definição de crime mais aceita no direito brasileiro é a de que o crime é fato típico + antijurídico
+ culpável. E é com essa teoria que trabalharemos, pois certamente será a cobrada de você nos concursos.

Por outro lado, há aqueles que reconhecem ser o crime apenas fato típico + antijurídico, tratando a
culpabilidade como pressuposto de aplicação da penal.

Então, dessa forma a estrutura do crime é a seguinte:

CRIME

FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPAVÁVEL

Ocorre que, a partir da estrutura do crime, precisamos verificar quais são os elementos que a compõem, para
que, logo em seguida, estudemos cada um deles pormenorizadamente.

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Força, guerreiro (a)! Vamos adiante.

Verifiquemos, então, quais são os elementos:

CRIME

FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPAVÁVEL

• Dolosa/Culposa Obs.: Quando o agente não age • Imputabilidade

Conduta
em: • Potencial consciência da
• Estado de necessidade ilicitude
• Comissiva/Omissiva • Exigibilidade de conduta
• Legítima Defesa
Resultado diversa
• Estrito cumprimento do
Nexo de causalidade dever legal “IMPOEX”
• Exercício regular de um
Tipicidade
direito

Quando não houver o


consentimento do ofendido como
causa supralegal de exclusão da
ilicitude

Agora que apresentei a você todos os elementos que compõe a estrutura do crime, quero dar-lhes outra dica
valiosa!

Imprima esse quadro-resumo da estrutura do crime e cole em um local que você possa visualizá-lo
diariamente. Garanto que mais cedo ou mais tarde você irá memorizar toda essa estrutura e terá uma base sólida
para resolver qualquer questão que envolva o tema.
Dessa forma, chegou o momento de analisarmos cada um dos elementos de forma separada!

Vamos adiante, guerreiro(a)!

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FATO TÍPICO
Conduta e seus elementos.
Veja, caríssimo(a), a conduta é o primeiro dos elementos que compõe o fato típico (formador da estrutura
do crime).

Para tanto, a conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.
Então, de qualquer modo, sua existência está condicionada a um comportamento humano.

Ainda, a partir do conceito que acabamos de construir, é possível verificarmos as formas pelas quais se dá a
conduta humana, quais sejam: ação e omissão.
Vejamos:

AÇÃO OMISSÃO

É toda conduta positiva, que nasce a partir de um É a conduta negativa, consubstanciada na indevida
movimento corpóreo. abstenção de um movimento obrigatório.

A grande maioria das figuras típicas do ordenamento


jurídico descreve uma conduta positiva, p.ex. “matar;
subtrair; apropriar-se; ameaçar”.

Então, caríssimo(a), somente haverá conduta quando houver uma exteriorização do pensamento, através de
um movimento corpóreo ou uma abstenção indevida. Assim, vale dizer, o direito penal não pune nenhum
pensamento, por mais criminoso que ele possa ser.
Desse modo, enquanto a empreitada criminosa não irradiar para fora do pensamento do agente, por pior
que esse seja, não poderá haver reprimenda criminal sob o ato.
Imaginemos uma situação do cotidiano: Austin, indignado depois de ver seu time de futebol perder para o maior
rival, imbuído de raiva, trama em sua mente, a morte de um torcedor rival da forma mais cruel possível. Entretanto,
digerida a derrota e mais calmo após a partida, Austin esquece o plano e segue adiante sua vida.

Veja, caríssimo(a), desse modo, por mais que o pensamento seja moralmente reprovável, para o Direito
Penal ele é irrelevante, pois encontra-se no claustro psíquico de Austin, que não exteriorizou nenhum ato com a
finalidade de matar o desafeto.

Sendo assim, somente entram no campo da ilicitude os atos conscientes. Então, podemos concluir que os
atos praticados involuntariamente são penalmente atípicos, ou seja, não interessam para o Direito Penal.

“Professor, mas ato involuntário, como assim?”


Suponhamos que o agente pratique um ato sob o efeito de hipnose ou sonambulismo. Sendo o ato praticado
nessas condições, estamos diante de uma conduta involuntária do agente, razão pela qual, o ato é penalmente
irrelevante.
Agora que já dissertamos bastante acerca do tema, vamos testar nosso conhecimento?

Vejamos como os concursos estão questionando acerca do tema:

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Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

De acordo com o conceito analítico de crime, é um dos elementos do fato típico:

A) imputabilidade.

B) conduta.

C) exigibilidade de conduta diversa.


D) exercício regular de um direito.

E) potencial consciência da ilicitude.

Resolução: veja, meu(a) caro(a) estudante, a partir da tabela que formulamos anteriormente, é perfeitamente
possível respondermos o que a banca nos indaga.

a) a imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade;


b) a conduta é um dos elementos que compõe o fato típico;

c) a exigibilidade de conduta diversa é um dos elementos da culpabilidade;


d) exercício regular de um direito é uma excludente de antijuridicidade;

e) a potencial consciência da ilicitude compõe a culpabilidade.

Gabarito: Letra B.

Conhecimento adquirido, vamos a mais uma questão!

Avante, guerreiro(a)!

Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que tem em
Welzel seu maior expoente.
A) Ação típica, antijurídica e culpável.

B) Ação típica, antijurídica e voluntária.

C) Ação típica e juridicamente relevante.

D) Ação típica, antijurídica e dolosa.


E) Ação típica e culpável.

Resolução: de acordo com o nosso estudo até o momento, verificamos que a maioria dos penalistas e, também,
os Tribunais Superiores, utilizam a definição da teoria tripartida para a qualificação do conceito analítico do crime,
ou seja, caríssimo, o crime é fato típico + antijurídico/ilícito + culpável.

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“Mas professor, a questão fez menção a Welzel. Qual foi a contribuição dele para a teoria finalista?”

Welzel foi o idealizador da teoria finalista da ação. Ademais, trago a lição do Professor André Estefam1 acerca
da teoria finalista da ação.

“Teoria finalista da ação: ação é a conduta humana consciente e voluntária dirigida a uma finalidade
(Welzel). Ação e finalidade são conceitos inseparáveis. Esta é a espinha dorsal daquela. Isso porque o
homem, sendo conhecedor dos diversos processos causais que pode desencadear, dirige seus
comportamentos buscando atingir algum objetivo” (ESTEFAM, André. p. 214).

Quero que você fixe muito bem essa matéria, então, antes de avançarmos, fecharemos com mais uma
questão.

Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Infração penal significa:

A) Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante.
B) Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo, a
ilicitude e a culpabilidade.

C) Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por se
revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.
D) Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico, considerado
em seu conjunto.
E) Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil.

Resolução: faremos um comentário geral que servirá para a resolução como um todo da referida questão. A
primeira informação que precisamos ter em mente, meu(a) jovem, é que infração penal é gênero, enquanto crime
e contravenção penal são espécies desse gênero. Desse modo, a infração penal, que se transfigura em crime ou
contravenção penal, é todo comportamento que causa lesão ou risco de lesão a um bem jurídico, levando em conta
o elemento subjetivo do tipo (dolo ou culpa), a ilicitude (contrariedade ao direito) e a culpabilidade
(imputabilidade; potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).

Gabarito: Letra B.

Assim, fechamos essa primeira parte do nosso estudo!

1
ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (art. 1º a 120) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.

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Dessa forma, a partir do que analisamos anteriormente, conseguimos verificar que a conduta que descreve
uma ação é praticamente dominante dentro do ordenamento jurídico. Então, cabe-nos analisar com um pouco
mais de profundidade as condutas omissivas.

Preparado?

Avante, guerreiro(a)!

Omissão penalmente relevante.


Dentro do conceito de omissão penalmente relevante, há duas teorias que explicam o objeto do nosso
estudo.

São elas: a teoria naturalística e a teoria normativa.

TEORIA NATURALÍSTICA/CAUSAL TEORIA NORMATIVA/JURÍDICA

A partir dessa teoria, a omissão (abstenção) produziria Para essa corrente, a omissão é um nada, logo, não
um resultado que estaria intimamente ligado (nexo pode causar coisa alguma. Quem se omite nada faz,
causal) ao fato do agente se abster de realizar um razão pela qual, nada causa. Dessa forma, a
determinado comportamento. possibilidade de se atribuir ao agente criminoso
(omitente) o resultado de sua abstenção, dar-se-á a
partir de uma obrigação jurídica anterior à omissão
(“dever jurídico de agir”). Impondo ao agente o dever
de evitar o resultado.

Meu amigo(a), eu sei que os conceitos não são fáceis, por isso, peço encarecidamente que, se for necessário,
leia novamente o quadro acima.
Para tanto, o direito penal adotou a teoria normativa/jurídica para tratar dos crimes omissivos, e isso vem
exposto pelo artigo 13, §2º, do Código Penal.

Façamos uma leitura atenciosa!

Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado

Feita nossa leitura, caríssimo(a), preste bem atenção na redação do §2º - “a omissão é penalmente relevante
quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”.

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Dessa forma, a conduta omissiva só terá relevância (será de interesse do direito penal) quando o omitente (o
agente que se omite) devia e podia agir para evitar o resultado. Ainda, logo em seguida, o §2º nos diz: “o dever de
agir incumbe a quem:” e nos traz um rol daqueles que possuem o dever de evitar o resultado.

“Professor, pode nos dar um exemplo?”

Com certeza, meu amigo(a).


Imaginemos a seguinte situação: Austin é exímio nadador e convida seu amigo Caracas, com poucas
habilidades de nado, a juntos fazerem uma travessia nadando de uma praia a outra. Iniciada a travessia, Caracas
começa a se afogar. Iniciado o afogamento, teremos duas situações:
a) na primeira delas Austin retorna até Caracas e consegue salvá-lo de um afogamento.

b) na segunda, Austin não salva seu amigo Caracas e este vem a falecer.

Perceba que, em ambas as situações Austin tem o dever legal de evitar o resultado, pois foi ele que, com seu
comportamento anterior (convite para fazer uma travessia de uma praia a outra a nado) criou o risco da ocorrência do
resultado (afogamento de Caracas), pois sabia que seu amigo não era um nadador habilidoso.

Sendo assim, quando Austin salva Caracas, ele cumpre seu dever legal e não responderá por crime algum. Já
na segunda situação, ao não salvar o amigo, responderá pelo crime de homicídio (não por ter praticado
diretamente a conduta de matar) mas por sua omissão ser penalmente relevante em não ter evitado o resultado
(afogamento-morte) por um risco criado através do convite da travessia. Essa é a situação que vem disciplinada
na alínea “c” do art. 13, §2º, do CP.
Agora, imaginemos outro exemplo: Austin e toda a sua família estão na praia com os filhos e a babá. Passado
um tempo, Austin e sua esposa saem a caminhar pela areia da praia e, desse modo, pedem para que a babá tome
conta das crianças para que não entrem no mar. A babá, de plano, responde positivamente ao casal para o cuidado
das crianças. Então, nesse caso, se eventualmente as crianças vierem a se afogar por descuido da babá, que
assumiu a responsabilidade de impedir o resultado, é pacífico que poderemos imputar o homicídio culposo do
artigo 121, §3º, a babá. Essa é a que situação está disciplinada na alínea “b” do art. 13, §2º, do CP.

Quanto à alínea “a”, podemos usar o mesmo exemplo das crianças na praia, basta apenas trocarmos a babá
pelos próprios pais. Suponha que Austin e sua esposa vejam seus filhos se afogando e nada fazem, serão
responsabilizados pelo homicídio dos filhos, pois tem por lei o dever de cuidado e vigilância dos filhos e, ao se
omitirem para com o afogamento, é perfeitamente possível imputarmos a eles a figura do homicídio do art. 121, do
CP. Essa é a situação que está disciplinada na alínea “a” do art. 13, §2º, do CP.

Então, para fecharmos esse tópico, todas as situações hipotéticas que narrei a você são mais conhecidas no
âmbito do direito penal como crimes comissivos por omissão.

Quer ver como isso vem caindo em provas?

Olha só, meu amigo(a):

Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil
JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar.
Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a
salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu

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inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo.
Em relação ao caso, qual das alternativas abaixo está CORRETA?

A) O salva-vidas responde por homicídio doloso por omissão.

B) O salva-vidas responde por omissão de socorro.

C) O surfista responde por homicídio doloso por omissão.


D) A conduta do surfista é atípica.

E) O surfista responde por homicídio culposo.

Resolução: assim como em questões anteriores, nesse questionamento, faremos um comentário geral que
abarcará toda a resolução da questão. Então, atente-se aos seguintes fatos: I – o salva-vidas assumiu a
responsabilidade de impedir o resultado, ao assumir a profissão. Desse modo, no caso que nos é apresentado o
salva-vidas, ao se omitir e causar a morte do seu desafeto, responderá por homicídio doloso. II – quanto ao surfista,
poderíamos imputar a ele o crime do art. 135 do CP, que trata da omissão de socorro, mas em nenhuma hipótese
será responsabilizado por homicídio (tanto doloso como culposo), pois ele não ostenta nenhuma das condições
necessárias que estão dispostas nas alíneas “a” a “c” do art. 13, §2º, CP.

Gabarito: Letra A.

Tudo entendido?! Certo!

Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

Segundo o Código Penal brasileiro, “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”

Assinale a alternativa correta que completa o enunciado a seguir:

A omissão é penalmente relevante (...)


A) quando o omitente, independentemente da preexistência de qualquer dever de sua parte, podia agir para evitar
o resultado.

B) somente nos crimes omissivos próprios.

C) quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.

D) sempre que o omitente tiver o dever jurídico de evitar o resultado.

Resolução: veja que o CP ao tratar da omissão penalmente relevante, imputa o resultado criminoso a quem devia
e podia agir para evitar o resultado e, o §2º do art.13, elenca quem são as pessoas que possuem o dever de agir.

Gabarito: Letra C.

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Agora que fechamos mais uma parte do nosso estudo, passemos ao estudo de mais um dos elementos do
fato típico.

Resultado.
No tocante ao resultado, meu(a) jovem, assim como na omissão penalmente relevante, há duas teorias
norteadoras do resultado.

Vejamos cada uma delas:

TEORIA NATURALÍSTICA TEORIA JURÍDICA

Para a teoria naturalística, considera-se resultado Para a teoria jurídica, considera-se resultado toda a
toda a modificação no mundo fenomênico provocado lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado
pela ação ou omissão (p.ex. a perda patrimonial no pelo direito penal. Todo crime tem resultado jurídico
furto, a morte no homicídio, a conjunção carnal no porque sempre agride um bem jurídico tutelado.
estupro e etc.) (p.ex. o homicídio atinge o bem da vida, o furto e o
roubo atingem o patrimônio).

Desse modo, nos resta analisarmos a classificação dos crimes quanto ao seu resultado naturalístico.

Quanto ao resultado os crimes podem ser divididos em resultado naturalístico e resultado jurídico.
Preste atenção na tabela abaixo:

CRIMES QUANTO AO RESULTADO CRIMES QUANTO O RESULTADO JURÍDICO


NATURALÍSTICO

CRIME MATERIAL – aqui, meu amigo(a), o tipo penal CRIME DE DANO OU DE LESÃO – aqui, a
descreve a conduta e o resultado material, razão pela consumação exige que o bem jurídico seja lesionado
qual, para a existência do crime é necessária a pela conduta do agente, p.ex. o crime de homicídio
produção do resultado. P.ex. para que ocorra o
homicídio, é necessário a morte da vítima; para que
ocorra o furto, é necessária a perda patrimonial da
vítima.

CRIME FORMAL – já nessa classificação, o crime CRIME DE PERIGO – a consumação ocorre quando o
descreve conduta e resultado. Entretanto, o crime é de bem jurídico é exposto à risco, p.ex. o crime de
consumação antecipada, perfazendo-se apenas com a contágio venéreo do art. 130 do CP; posse (art. 12) ou
conduta, sem que o resultado ocorra. P.ex. o crime de porte (art. 14 o 16) de arma de fogo (Estatuto do
ameaça. O simples fato de ameaçar a vítima já é Desarmamento).
suficiente para o crime se consumar, não necessitando
que as ameaças venham a se concretizar.

CRIME DE MERA CONDUTA – aqui, caríssimo(a), o


tipo penal prevê apenas a conduta, sem fazer menção

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a nenhum resultado no mundo exterior. P.ex. o crime


de omissão de socorro (art. 135, do CP).

CRIMES MATERIAIS CRIMES FORMAIS E DE MERA CONDUTA

Os crimes materiais se compõem de: Os crimes formais e de mera conduta são compostos
de: Conduta + Tipicidade.
Conduta + Tipicidade + Nexo Causal + Resultado.

Guarde bem esses conceitos, pois eles serão de suma importância para continuarmos avançando em nosso
estudo.

Passemos ao estudo do próximo elemento do fato típico.

Nexo de causalidade.
Inicialmente, é necessário que façamos a leitura atenta do artigo 13, caput, do Código Penal.

Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

A partir da leitura concentrada que acabamos de realizar, quero que você saiba que o direito penal brasileiro
adotou a teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual) para explicar a relação de causalidade entre conduta
e resultado.

Em outra palavras, meu amigo(a), haverá relação de causalidade em qualquer fator que possa anteceder o
resultado e nele tiver alguma relação. É o elo de ligação que une a conduta praticada pelo agente ao resultado
produzido.

Desse modo, se não houver o vínculo que liga o resultado à conduta perpetrada pelo agente, não poderemos
falar de relação de causalidade e, assim, o referido resultado não poderá ser atribuído ao agente, tendo em vista
não ter sido ele o seu causador.

Entretanto, faz-se uma crítica no tocante a teoria da equivalência dos antecedentes, no sentido de que,
havendo a necessidade de regressar ao passado em busca de todas as causas que contribuíram para o resultado,
chegaríamos a uma regressão ao infinito.
Preste atenção nesse exemplo do professor Damásio de Jesus:

“Suponhamos que A tenha causado a morte de B. A conduta típica do homicídio possui uma série de
fatos, alguns antecedentes, dentre os quais poderíamos sugerir os seguintes: 1º) produção do revólver
pela indústria; 2º) aquisição da arma pelo comerciante; 3º compra do revólver pelo agente; 4º)
refeição tomada pelo homicida; 5º) emboscada; 6º) disparo dos projéteis na vítima; 7º resultado
morte. Dentro dessa cadeia, excluindo-se os atos sob os números 1 a 3, 5 e 6, o resultado não teria

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ocorrido. Logo, dele são considerados causa. Excluindo-se o fato sob o nº 4 (refeição), ainda assim o
evento teria acontecido. Portanto, sob a refeição tomada pelo sujeito não é considerada como sendo
causa do resultado. (JESUS, Damásio, vol I., p.218).

Perceba que, partindo dessa premissa, no homicídio ora descrito poderíamos imputar o crime até mesmo
para o proprietário da empresa encarregada da produção das armas e das munições e, também aos seus pais por
terem o colocado no mundo e, assim sucessivamente.

Então, para frear o regresso ao infinito surge o juízo de eliminação hipotética.

“Certo, professor! Mas como funciona o juízo de eliminação hipotética?”


Presta atenção na lição do colega André Estefam:

“Sob o enfoque da conditio sine qua non, haverá relação de causalidade entre todo e qualquer fator
que anteceder o resultado e nele tiver alguma interferência. O método utilizado para se aferir o nexo
de causalidade é o da eliminação hipotética, vale dizer, quando se pretender examinar a relação
causal entre uma conduta e um resultado, basta eliminá-la hipoteticamente e verificar, após, se o
resultado teria ou não ocorrido exatamente como se dera. Assim, se depois de retirado mentalmente
determinado fator, notar que o resultado não se teria produzido (ou não teria ocorrido exatamente do
mesmo modo), poder-se-á dizer que ente a conduta (mentalmente eliminada) e o resultado houve
nexo causal. Por outro lado, se a conclusão for a de que, com ou sem a conduta (hipoteticamente
retirada) o resultado teria se produzido do mesmo modo como se deu, então ficará afastada a relação
de causalidade” (ESTEFAM, André, p. 219/220).

Tudo entendido, meu amigo(a)? Certo! Então, antes de avançarmos, vejamos, pelo menos, uma questão
sobre a matéria.

Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
Nos termos do Código Penal considera-se causa do crime
A) a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

B) a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente da sua relação com o resultado.
C) exclusivamente a ação ou omissão que mais se relaciona com a intenção do autor.

D) a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente de qualquer causa superveniente.

E) exclusivamente a ação ou omissão que mais contribui para o resultado.

Resolução: a questão nos indaga acerca do texto legal expresso no artigo 13 do Código Penal, que retrata a figura
da teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual), que considera como causa, toda ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido.

Gabarito: Letra A.

Vamos avançando, caríssimo!

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Tipicidade.
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a), a mais um tópico da nossa aula 03.

Nesse momento, trataremos da tipicidade, o último elemento que compõe o fato típico.

Dessa forma, a tipicidade é conceituada com o a relação de encaixe/enquadramento entre um fato concreto
(ocorrido no mundo fenomênico) e um tipo penal previsto de forma abstrata (aspecto formal), em conjunto com a
lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (aspecto material).

“Professor, um exemplo, por favor!”

Mas é claro, meu(a) jovem!

Suponha que Austin dirija-se até o estacionamento de um supermercado e lá subtraia, para si, uma Ferrari
que se encontrava no pátio de estacionamento. Veja que, desse modo, a conduta perpetrada por Austin no mundo
exterior se encaixa (formalmente) ao tipo penal do art. 155 do Código Penal, que trata do crime de furto. Perceba
também que, materialmente há o encaixe da conduta ao tipo penal do furto, tendo em vista que para a
configuração do crime de furto somente poderá ocorrer de forma dolosa, pois não existe furto culposo.
Fácil, não é mesmo?!
Essa é a definição de tipicidade.
Um sinônimo que você poderá encontrar durante sua caminhada de estudos é a expressão “adequação
típica”.
Para tanto, a adequação típica se divide em direta e indireta.

DIRETA INDIRETA

Nesse caso, a conduta praticada pelo agente Já na adequação típica indireta, a conduta do agente
criminoso se amolda perfeitamente ao tipo penal criminoso precisa de uma norma de extensão para se
descrito abstratamente pela lei, sem depender de uma amoldar a lei penal. Retornemos ao exemplo do furto.
norma de extensão. Lembre-se do furto de Austin, pois Suponha que Austin, ao tentar arrombar a porta da
se trata de uma adequação típica direta. Ferrari, é surpreendido pelo segurança do
supermercado e empreende fuga do local sem
conseguir subtrair o automóvel. Veja, meu caro, nesse
caso, estamos diante de um furto tentado, pois não se
consumou por circunstâncias alheias à vontade de
Austin. Assim, para que possamos amoldar a conduta
de Austin a norma penal incriminadora, é necessário
conjugarmos o artigo 155, do Código Penal com o
artigo 14, inciso II, que trata da figura da tentativa.

Assim, caríssimo, com a informação que acabamos de verificar acerca das circunstâncias alheias à vontade
do agente, é possível resolvermos à seguinte questão:

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma

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A) por circunstâncias alheias à vontade do agente.

B) por inabilidade do agente.

C) por desistência do agente.

D) pela deterioração do objeto.

E) em razão da atipicidade da conduta.

Resolução: veja, caríssimo(a), várias são as modalidades de crime tentado, a qual analisaremos
pormenorizadamente ao longo do nosso estudo. Entretanto, perceba que, conforme mencionei a você
anteriormente, ocorrerá a tentativa, segundo o art. 14, inciso II, do CP, quando o agente não conseguir consuma-
lo por circunstâncias alheias à sua vontade.

Gabarito: Letra A.

Dessa forma, fechamos mais um tópico do nosso estudo!

Vamos adiante!

Crime doloso e crime culposo.


Salve salve, meu(a) caro(a) estudante!
A partir desse momento, vamos iniciar o estudo do dolo e da culpa, elemento subjetivo que está integrado a
conduta do agente, compondo o fato típico do conceito analítico de crime.
Para isso, vamos ver como o Código Penal tratou do dolo e da culpa.

Art. 18 - Diz-se o crime:


Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente

Agora que já lemos atentamente o artigo 18, vamos para a nossa análise detalhada.

O primeiro ponto que quero deixar como curiosidade para você, é que para classificar o dolo existem várias
espécies. Entretanto, a que nos interessa para o estudo do concurso e que certamente é a mais cobrada, é o dolo
direto e o dolo eventual.

Dolo Direto (art. 18, inciso I, primeira parte). Dolo Eventual (art. 18, inciso I, segunda parte).

“Quando o agente quis o resultado”. “Quando o agente assumiu o risco de produzi-lo”.

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DOLO DIRETO (ART. 18, INCISO I, PRIMEIRA PARTE).

DOLO DIRETO DE 1º GRAU DOLO DIRETO DE 2º GRAU.

O dolo direto de 1º grau consiste na vontade de O dolo direto de 2º grau é aquele que abrange os
produzir as consequências primárias do crime, ou efeitos colaterais da prática delituosa, ou seja, as suas
seja, meu amigo(a), é a busca na produção do consequências secundárias, que originariamente não
resultado típico visado. são desejadas pelo agente. Aqui, o autor não
pretende produzir o resultado, mas percebe que não
pode chegar ao resultado pretendido sem causar os
referidos efeitos acessórios.

Veja esse exemplo do professor Fernando Capez2:

Querendo obter fraudulentamente o prêmio do seguro (dolo de primeiro grau), o sujeito dinamita um barco
em alto-mar, entretanto, acaba por tirar a vida de todos os seus tripulantes, resultado pretendido apenas
porque inevitável para o desiderato criminosos (dolo de segundo grau). (CAPEZ, 2013, p.229).

DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO

Nesse caso, o agente não quer diretamente o resultado, porém, aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo
eventual) ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo).

Veja esse exemplo do professor Magalhães Noronha3:


“A namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com a outra e, revoltada, joga uma granada no
casal, querendo matá-los ou feri-los. Ela quer produzir um resultado e não ‘o’ resultado. No dolo eventual,
conforme já dissemos, o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente atingi-lo, pouco se
importa com a sua ocorrência (‘eu não quero, mas se acontecer, parar mim tudo bem, não é por causa deste rico
que vou parar de praticar minha conduta – não quero, mas também não me importo com a sua ocorrência’).
(NORONHA, p.135)

Perceba, caríssimo(a), que a previsão do dolo alternativo se encontra no fato de querer “matá-los ou feri-los”.

2
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120) – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2013
3
NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. 30. ed. São Paulo, Saraiva v.1.

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A partir dessa definição é necessário, também, que você saiba que várias são as teorias que se desenvolveram
ao longo da história para a explicar o que é o dolo. Porém, saber cada uma delas fica à título de curiosidade, caso
você queira, fazer um estudo mais aprofundando quando tiver tomado posse, combinado?!

As que nos interessam, para nosso estudo para concurso é que, o Código Penal adotou uma teoria para o
dolo direto e uma para o dolo eventual.
Para o dolo direto (art. 18, inciso I, primeira parte), o CP adotou a teoria da vontade, que diz ser o dolo a
vontade dirigida ao resultado. Dessa forma, age dolosamente a pessoa que, tendo consciência do resultado,
pratica sua conduta com a intenção de produzi-lo.
Para o dolo eventual (art. 18, inciso I, segunda parte), o CP adotou a teoria do consentimento/assentimento,
ou seja, aquele que, prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, age dolosamente.

“Professor, poderia me dar um exemplo de dolo direto e dolo eventual?”

Mas é claro, preste atenção nos seguintes exemplos: Suponhamos que Austin quer matar seu desafeto
Caracas. Para tanto, adquire uma arma de fogo (meio tido como necessário e suficiente para a empreitada
criminosa). Quando Caracas passa pelo local onde Austin havia se colocado de tocaia, este efetua o disparo que
causa a morte da vítima. Assim, é possível concluirmos que o dolo de Austin era direto, pois dirigido a produzir o
resultado morte, elencado no art. 121 do Código Penal.

Quanto ao dolo eventual, podemos nos utilizar do mesmo exemplo: imagine que Austin, munido da arma de
fogo, efetua disparados contra Caracas, querendo feri-lo ou matá-lo. Desse modo, quando Austin direciona sua
conduta a fim de causar lesões ou a morte de Caracas, não se importa com a ocorrência de um ou de outro
resultado, e se o resultado mais grave vier a acontecer este ser-lhe-á imputado a título de dolo eventual.

Desse modo, encerramos o estudo do crime doloso, porém, ainda nos resta analisarmos o crime culposo,
previsto no artigo 18, inciso II, do CP.

A partir de tudo que estudamos até o momento, já formamos a base que nos permite tirarmos a seguinte
conclusão: a conduta humana que interessa para o direito penal é aquela que ocorre de duas formas, quais
sejam, quando o agente atua dolosamente, querendo ou assumindo o risco de produzir o resultado, ou, de outro
lado, o agente age culposamente, dando causa a um resultado através de imprudência, negligência ou imperícia.

Outra informação importante acerca dos crimes culposos, é que saibamos quais são os elementos que o
compõe:

1. Conduta voluntária
2. Resultado involuntário
3. Nexo causal
4. Tipicidade
5. Quebra do dever de cuidado objetivo por imprudência, negligência
ou imperícia
6. Previsibilidade objetiva do resultado
7. Relação de imputação objetiva.

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A partir dessas informações que acabamos de visualizar, já conseguimos resolver algumas questões sobre o
tema.

Vamos conferir?!

Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
NÃO é um elemento do tipo culposo de crime:
A) Conduta involuntária.

B) Inobservância de dever objetivo de cuidado.

C) Previsibilidade objetiva.

D) Tipicidade.

Resolução: perceba, caríssimo(a) que, a partir do elementos acima expostos, que compõe o crime culposo, o único
que não faz parte do rol é a conduta involuntária. Ademais, você deve lembrar que, conforme estudamos no início
da nossa aula, condutas involuntárias ou atos reflexos não são aptos a caracterizar uma conduta e, por isso, está
ausente um dos elementos do fato típico, fazendo com que o fato não seja considerado crime (atípico).

Gabarito: Letra A.

Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:

A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.


B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.
C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal.

D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso
provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.

E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado
criminoso por ele não desejado.

Resolução:

a) um dos elementos que compõe o crime culposo é justamente a previsibilidade objetiva do resultado.

b) é indispensável a verificação do nexo de causalidade, pois o nexo é inerente ao fato típico.

c) o art. 18, inciso I, trata da figura do crime doloso

d) essas mortes ocorrerão à título de dolo, e não à título de culpa.


e) haverá culpa quando houver a quebra do dever de cuidado objetivo.

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Gabarito: Letra E.

Agora que já analisamos quais são os elementos que compõe o tipo penal culposo, é necessário debruçarmos
sobre as modalidades de culpa.

Vejamos:

IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA

Ocorre concomitantemente com a Essa ocorre quando o sujeito se Trata-se da falta de aptidão para o
ação, se manifestando de forma porta sem a devida cautela, se exercício de arte ou profissão.
ativa. Assim, consiste em agir sem manifestando de forma omissa e, Assim, a imperícia deriva da
precaução, precipitadamente. ocorrendo antes da conduta. P.ex. prática de uma atividade, seja
P.ex. o indivíduo que durante sua o indivíduo que, verificando que os comissiva (ação) ou omissiva, por
pilotagem, ultrapassa veículo em pneus do seu automóvel estão indivíduo incapacitado ao ofício,
local proibido. gastos, inicia uma viagem longa por falta de conhecimento acerca
com os pneus nessa condição e do ato ou por inexperiência. P.ex.
vem a causar um acidente. um engenheiro que projeta um
imóvel sem base suficiente e acaba
provocando a morte do futuro
morador.

Vejamos uma questão sobre o tema:

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Considera-se crime culposo quando


A) o agente atinge o resultado delitivo requerido.
B) o agente impede que resultado delitivo se conclua.

C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.


D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.

E) o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

Resolução: perceba, meu(a) caro(a) colega, que a questão nos exige ter conhecimento acerca das três
modalidades de culpa que acabamos de estudar, que vêm elencadas no artigo 18, inciso II, do Código Penal. Não
esqueça do que sempre digo a você: se familiarize com a letra seca da lei!

a) é a definição do crime consumado;

b) é o instituto do arrependimento eficaz (art. 15, segunda parte, do CP);

c) é a definição de dolo eventual;


d) traz as modalidades de crime culposo;

e) é a definição do crime pretrodoloso, aquele que é agravado pelo resultado (art. 19, CP).

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Gabarito: Letra D.

Agora que estudamos as modalidades de culpa e as exemplificamos, você precisa ter em mente, meu
amigo(a), que no crime culposo há uma quebra do dever de cuidado objetivo, ou seja, o fundamental não é mera
provocação do resultado, mas a maneira como ele ocorreu, isto é, se o resultado derivou de alguma das
modalidades que acabamos de analisar.

O dever de cuidado objetivo é completado com a noção de previsibilidade objetiva (um elemento do fato
típico do crime culposo). Para saber qual a postura esperar do agente, devemos ter em mente o critério do
“homem-médio”. Sendo assim, é preciso verificar, antes, se o resultado, dentro daquelas condições, era
objetivamente previsível (segundo o que normalmente acontece).

Sendo assim, caríssimo(a), não havendo previsão, ou seja, imprevisibilidade do resultado, o agente que age
culposamente é isento de responsabilidade, tornando o fato atípico.

Agora, para fecharmos o estudo do crime culposo, você deve saber que o crime culposo é um dos que não
admite a tentativa, salvo na culpa imprópria.

“Certo, professor! Mas o que é a culpa imprópria?”

A culpa imprópria é também conhecida por “culpa por equiparação”. Nesse caso, a culpa surge através de um
erro de tipo inescusável (logo mais estudaremos pormenorizadamente) e, também no excesso culposo nas causas
excludentes de ilicitude. A culpa imprópria tem essa denominação pelo fato de o agente criminoso praticar uma
conduta dolosa, mas, por decorrência da lei, responde pelo resultado à título de culpa.

Outra diferenciação importantíssima que não podemos nos confundir é sobre a linha tênue entre culpa
consciente e dolo eventual. Essa diferenciação é muito cobrada em provas, então, vejamos o que às diferencia.

CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL

Há previsão do resultado Há previsão do resultado

O agente, prevendo o resultado e, confiando O agente, prevendo o resultado, mostra-se


levianamente em suas habilidades, acha que será indiferente com a sua ocorrência, assumindo o risco
capaz de evitar o resultado. de produzi-lo.

Há, também, a chamada culpa inconsciente, que é a modalidade de culpa na qual o agente não prevê o que
era previsível.

Por fim, para fecharmos o presente tópico e avançarmos com nosso estudo, outra informação
importantíssima diz respeito ao princípio da excepcionalidade do crime culposo.
Por este princípio, um crime só pode ser punido como culposo quando houver expressa previsão legal (art.
18, p.ú, do CP). No silêncio da legislação, a infração penal somente será punida à título de dolo.
Veja essa questão acerca do tema:

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia

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“Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se
_________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso,
mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.”
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas.

A) dolo indireto ... dolo alternativo


B) dolo eventual ... culpa consciente

C) culpa inconsciente ... culpa consciente

D) culpa consciente ... dolo eventual


E) culpa inconsciente ... dolo eventual

Resolução: ao lermos atentamente o enunciado da questão, podemos perceber que, quando o agente prevê o
resultado, mas espera, sinceramente que não ocorrerá, é o retrato da culpa consciente. Por outro lado, quando o
agente, prevê que o resultado possa ocorrer, assume a possibilidade de sua produção, é o retrato do dolo
eventual.

Gabarito: Letra D.

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial

Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o
resultado não se verificará e, portanto, não admite previamente a possibilidade de o resultado advir, comete crime

A) premeditado.

B) doloso.
C) tentado.

D) intencional.
E) culposo.

Resolução: perceba, meu amigo(a), que o enunciado da questão nos traz a seguinte informação: “... ele pode
ocorrer, mas acredita, sinceramente que o resultado não se verificará”. Ao nos depararmos com essa frase,
podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que estamos diante de um crime culposo.

Gabarito: Letra E.

Então, fechamos assim o estudo do dolo e da culpa.

Vamos adiante!

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Consumação e tentativa.
Chegou o momento de tratarmos de um tema de suma importância para o Direito Penal.

Assim, como já é conhecido por você aqui no nosso curso, iniciaremos esse tópico a partir da leitura do art.
14 do Código Penal.

Art. 14 - Diz-se o crime:


Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Realizada nossa leitura atenta, gostaria que você se lembre do exemplo do furto de Austin.
No momento em que Austin consegue subtrair a Ferrari e empreender fuga do estacionamento do
supermercado, o crime de furto (art. 155, caput, do CP), está consumado.

“Professor, como assim? Ainda não entendi...”

Veja, caríssimo, o inciso I do art. 14 do Código Penal está assim redigido: “consumado, quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição”.
Agora, preste atenção da redação do artigo 155, caput, do CP: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel”.
Desse modo, quando Austin, subtrai, para si, a Ferrari (coisa alheia móvel) que estava no estacionamento, o
agente criminoso reuniu todos os elementos da definição legal do crime de furto, razão pela qual, o crime está
automaticamente consumado!

Fácil, não é mesmo?! Vejamos, então, a figura da tentativa!

Perceba que anteriormente, narrei a você a hipótese em que Austin, ao iniciar o arrombamento da porta da
Ferrari, foi surpreendido pelo segurança do supermercado, que fez com que o agente criminoso empreendesse
fuga do local.

Então, no momento em que Austin empreende fuga do local, ele não consegue consumar o furto por
circunstâncias alheias à sua vontade, razão pela qual, o furto ficará na esfera da tentativa.

Ficando o crime de furto na esfera da tentativa, Austin terá direito a um redutor de pena que, conforme o
parágrafo único do artigo 14, do CP, varia de um a dois terços.
“Mas professor, como faço para saber a fração que deverá ser utilizada como redutor?”
É ótimo ver que você está completamente concentrado em nossa aula!

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Para sabermos qual a fração utilizar como critério do redutor, precisamos analisar, no caso concreto, o quão
perto o agente criminoso chegou da consumação do crime. Em outra palavras, meu amigo(a), quanto mais
distante o criminoso ficar da consumação, o redutor será maior, quanto mais perto o criminoso ficar da
consumação do crime, menor será o redutor.

Preste atenção nessa questão:

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial

Dispõe o parágrafo único do art. 14 do CP que o crime tentado é punido, salvo exceção, com a pena

A) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um a dois terços.

B) igual à do crime consumado.


C) correspondente à metade da prevista para o crime consumado.

D) livremente estabelecida pelo Juiz, mas em patamar obrigatoriamente inferior à correspondente à prevista para
o crime consumado.

E) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um ano.

Resolução: conforme visualizamos anteriormente, a pena do crime tentado equivale a do crime consumado,
aplicando-se o redutor do parágrafo único do art. 14, do CP, que fará com que ela seja diminuída de 1 a 2/3.

Gabarito: Letra A.

Uma informação que é de extrema relevância para toda a sua trajetória no ramo dos concursos, é ter o
conhecimento acercadas infrações penais que não admite a tentativa.

Para isso, vou elaborar uma tabela para que possa ficar mais fácil a sua memorização!
Preste atenção:

CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

Crime culposo – Salvo na culpa imprópria (art. 20, §1º e 23, do CP)

Crimes unissubssistente – são aqueles em que a conduta praticada pelo agente não admite fracionamento.
Ou o agente realiza o verbo nuclear e o crime está automaticamente consumado, ou não realiza o verbo e não
há crime. P.ex. o crime de injúria do art. 140 do CP. Ou o agente emprega a injúria e o crime está consumado,
ou não há injúria, e consequentemente, não há crime.

Crimes omissivos puros – aqueles em que a lei penal descreve um não fazer, como, p.ex. a omissão de socorro
do art. 135, do CP. A impossibilidade de tentativa decorre do fato de que tais crimes são considerados
unissubssistente e de mera conduta.

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Contravenções penais – o famoso “crime anão”, conforme o art. 4º da LCP não é punível. Entretanto, é
possível, em tese, no mundo fenomênico a tentativa de contravenção penal, p.ex. uma tentativa de vias de
fato (art. 21, da LCP). Porém, a própria LCP resolver não ser objeto de punição as tentativas de contravenção.

Crimes habituais – são as infrações penais em que, para se chegar a consumação, é necessário que o agente
criminoso pratique a conduta de forma reiterada/habitual. Ou o agente comete uma série de condutas e o
crime está consumado, ou ele não pratica e não há crime, como, p.ex. o crime do art. 284, do CP
(curandeirismo).

Crimes preterdolosos – art. 19, CP – é quando o agente atua com dolo na sua conduta e o resultado agravador
advém de culpa.

Crimes de atentado/empreendimento – exemplo dessa modalidade de crime, é o artigo 352, do CP, não
importando se o agente consiga evadir-se ou somente tenha tentado evadir-se, pois a lei penal, para as duas
situações, equipara a tentativa com a consumação.

Então, vejamos a seguinte questão:

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia
Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que

A) os crimes unissubsistentes admitem tentativa.

B) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal
incriminadora.

C) só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.

D) há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é lesionado.

E) não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

Resolução:

a) os crimes unissubsistentes são aqueles em que a conduta do agente não comporta fracionamento, razão pela
qual, crimes dessa natureza não comportam a tentativa.
b) os crimes omissivos impróprios só se consumam quando, quem devia e podia agir, deixa de fazer alguma coisa
para evitar o resultado (conduta comissiva por omissão).
c) não necessariamente, tendo em vista as classificações de crime que visualizamos anteriormente, o crime formal
(consumação antecipada) não necessita da produção do resultado naturalístico, basta apenas que haja a conduta
do agente no mundo fenomênico.

d) a tentativa cruenta/vermelha é quando o objeto material é atingido. Quando o objeto material não for atingido,
a tentativa será chamada de branca/incruenta.
e) perceba como é importante a memorização da tabela que analisamos anteriormente. Desse modo, podemos
verificar que os crimes de empreendimento ou de atentado, a exemplo do art. 352, do CP, não admitem a tentativa.

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Gabarito: Letra E.

Dessa forma, fechamos mais um tópico do nosso estudo.

Avançando no conteúdo, passaremos a estudar as espécies de tentativa mais cobradas em concursos.

Vamos adiante!

Espécies de tentativa.
Salve, meu amigo(a).

Dando seguimento a nossa caminhada, é preciso que você saiba que dentro do ordenamento jurídico-penal
há várias espécies de tentativa. Entretanto, nosso objetivo é otimizar seu estudo e direcioná-lo para sua prova.
A partir desse momento, passaremos a analisar, então o art. 15, do Código Penal.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz


Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados

Agora que analisamos o dispositivo legal, para que adentremos nas figuras da desistência voluntária e
arrependimento eficaz, é necessário que, primeiro, vejamos o iter criminis.

“Iter criminis, professor?”


Isso mesmo, meu amigo(a)! Vamos estudar o caminho do crime.

Dessa forma, vejamos a tabela que preparei para você:

ITER CRIMINIS – CAMINHO DO CRIME.

COGITAÇÃO – é a elaboração mental do crime. Quando o agente inicia, na sua mentalidade, a formulação da
empreitada criminosa. Nesse momento, o pensamento criminoso do agente não possui relevância para o
Direito Penal.

PREPARAÇÃO – quando o agente começa a desenvolver o plano. Nesse momento, em regra, não há que se
falar em punição. Os atos preparatórios só são puníveis, de forma excepcional, quando o legislador resolve
antecipar a tutela penal, como ocorre através da Lei Antiterrorismo (que pune os atos preparatórios para o
terrorismo) e, também, o crime do artigo 34 da Lei 11.343/06 (petrechos para o tráfico).

EXECUÇÃO – é quando o agente põe em prática o crime que havia planejado. Por exemplo, efetua os disparos
de arma de fogo contra a vítima.

CONSUMAÇÃO – ocorre com a reunião de todos os elementos da definição legal do crime, p.ex. a morte da
vítima.

Desse modo, saiba que a esfera da tentativa se encontra entre a execução e a não consumação do crime.

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Punibilidade.

A punibilidade, meu amigo(a), nada mais é do que a possibilidade jurídica de imposição da sanção penal
(leia-se, pena privativa de liberdade ou medida de segurança)!

Desse modo, a punibilidade nasce com a prática da infração penal, porém, nós temos algumas exceções no
ordenamento jurídico:

• Há crimes, porém, cuja punibilidade fica condicionada a um evento futuro. É o caso, por exemplo,
dos crimes falimentares, cuja punibilidade somente se dá com a prolação da sentença que decreta a
falência, concede a recuperação judicial ou homologa a recuperação extrajudicial (art. 180 da
11.101/05). Ela é uma condição objetiva de punibilidade.
• Existem, ainda, delitos que, mesmo quando praticados, não são puníveis, por força de regras
excepcionais. É o que se dá com determinados crimes patrimoniais, quando presente a escusa
absolutória (art. 181, do CP4).

“Professor, qual a diferença entre escusa absolutória, condição objetiva de punibilidade e causa extintiva da
punibilidade?”

Ótima pergunta, caríssimo(a)!

A escusa absolutória impede a punibilidade.

A condição objetiva de punibilidade funciona como um termo inicial, ou seja, o momento que o fato passa
a ser punível para o ordenamento jurídico.

A causa extintiva atua como um termo final, deixando o fato de ser punível, encontrando-se estas, em
especial (mas não somente) no artigo 1075 do CP.

4
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741,
de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

5
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

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Agora que verificamos o caminho desenvolvido pelo crime, é necessário desmembrarmos o artigo 15 do CP
em duas partes, vejamos:

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir “O agente que impede que o resultado se produza”.
na execução”.

“Só responde pelos atos já praticados”.

Para a ocorrência da desistência voluntária, é necessário que o agente tenha adentrado, ao menos, na
execução do crime.

Preste atenção nesse exemplo, meu jovem: imagine que Austin resolve matar o seu desafeto Caracas. Para
isso, munido de uma arma de fogo, dispara duas vezes contra o ofendido, acertando regiões não vitais do corpo.
Logo após disparar duas vezes contra Caracas, o criminoso Austin, ainda podendo efetuar mais 6 disparos com sua
arma de fogo, voluntariamente desiste de prosseguir com os disparos. Dessa forma, ao poder prosseguir com a
execução e voluntariamente desistir de dar continuidade, Austin não responderá pelo crime de homicídio, mas tão
somente pelos até então praticado (lesão corporal por conta dos disparos), devendo ser averiguada a extensão
das lesões, para tipificá-las como grave, gravíssima.
Portanto, esse é o instituto da desistência voluntária.

Já quanto ao arrependimento eficaz, a situação apresentada deve ser visualizada por uma ótica diferente.
Peguemos o mesmo exemplo em que Austin quer matar seu desafeto Caracas. Imagine que Austin tenha efetuado
os outros 6 disparos que ainda eram possíveis de serem realizados. Dessa forma, Austin, ao descarregar sua arma
de fogo em Caracas, encerra todos os atos de execução do crime. Entretanto, após efetuar todos os disparos,
Austin, arrependido pelo ato, resolve socorrer Caracas levando-o até o hospital mais próximo. Por conta do
arrependimento eficaz de Austin, Caracas é salvo. Nesse caso, Austin encerrou todos os atos de execução,
entretanto, ao socorrer Caracas e levá-lo até o hospital, impediu que o resultado morte se produzisse, razão pela
qual, assim como na desistência voluntária, responderá somente pelos atos até então praticados, e não pelo crime
de homicídio. Será necessário, então, assim como no exemplo anterior, verificarmos a extensão das lesões
corporais para podermos tipificar corretamente a conduta de Austin.

Vamos colocar em prática nosso conhecimento?

Venha comigo!

Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que
havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu
oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento
PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria
mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se retira do local. Com relação aos fatos descritos
indique a alternativa CORRETA.
A) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio.

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B) Caio não deve responder por qualquer crime.

C) Há apenas o crime de ameaça a ser apurado.

D) Caio responde por tentativa de homicídio e ameaça.

E) Caio deve responder por lesão corporal.

Resolução: agora que analisamos o enunciado da questão e cada uma das suas assertivas, perceba, meu amigo(a),
o enunciado da questão tem um ponto chave para resolução, quando faz menção a seguinte frase: “...desiste de
continuar disparando...” .Então, através dessa informação, podemos deduzir que Caio poderia prosseguir na
execução do crime, entretanto, desiste voluntariamente de dar seguimento a execução, razão pela qual, deverá
responder apenas pela lesão causado pelo único disparo na perna de Pedro.

Gabarito: Letra E.

Tudo compreendido até aqui, meu(a) querido(a) estudante?


Então, vamos avançando em nosso conteúdo.
A partir de agora, passaremos a ver as figuras do arrependimento posterior e crime impossível.

Arrependimento posterior e crime impossível.


Vamos adiante, caríssimo! Não temos tempo a perder.
Preste atenção no que o texto legal nos diz:

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
um a dois terços.
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Ambos os institutos são de suma importância para sua preparação para os concursos públicos.

Primeiro, vejamos o arrependimento posterior.

O instituto do arrependimento posterior é considerado uma causa geral de diminuição de pena, com o
intuito de incentivar o agente criminoso a reparar o dano e ter sua reprimenda minorada.

A expressão “posterior” nos demonstra que o agente criminoso se arrependeu após a consumação do crime.
“Mas professor, qual será o critério utilizado para o redutor?”

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Assim como estudamos juntos no instituto da tentativa, a ideia exposta anteriormente poderá ser
transportada para o estudo do arrependimento posterior. Dessa forma, quanto mais rápido o agente reparar o
dano, maior será seu redutor. Quanto mais tempo ele demorar, menor será seu redutor.

Vejamos, então quais são os seus requisitos:

A reparação/restituição deverá ocorrer até


o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa.
Se ocorrer após o recebimento, é possível,
Reparação integral dos danos ou em tese, a aplicação da atenuante do art.
restituição da coisa com o "status quo 65, III, "B",CP (procurado, por sua
ante" preservado. espontânea vontade e com eficiência,
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as conseqüências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano)

Ato voluntário do agente (que a pessoa


realiza por sua escolha). Se a reparação for Crime sem violência ou grave ameaça
feita por terceiro, não se aplica o artigo 16

O outro instituto que está previsto, logo na sequência do Código Penal, é o crime impossível.
O crime impossível é uma causa de exclusão da tipicidade e, para isso, o Código Penal adotou a teoria
objetiva – temperada/mitigada.

“Certo, Arpini! Mas e como são as hipóteses de ocorrência do crime impossível?”

É excelente ver que você está atento a nossa aula. Veja só, pela lei, o crime impossível se dá quando houver
absoluta ineficácia do meio (executório), ou quando ocorrer absoluta impropriedade do objeto (material). Agora,
caso haja relativa ineficácia ou relativa impropriedade, haverá crime tentado.

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Crime impossível

Absoluta ineficácia Absoluta


do meio impropriedade do
(executório) Objeto (materia)

Quanto ao crime impossível pelo meio executório, imagine a situação em que um indivíduo, munido de uma
arma de fogo, aponta para seu desafeto e aciona o gatilho, momento em que, do cano da arma sai uma
bandeirinha escrito “Bang”. Nesse caso, estamos diante de um crime impossível por absoluta ineficácia do meio
executório (arma de fogo). Agora, imagine o indivíduo que deseja matar uma pessoa que já se encontra morta,
nesse caso, o crime é impossível por absoluta impropriedade do objeto (pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta),
no caso, o cadáver.

Chegou o momento de testarmos nossos conhecimentos!


Vamos ver como os concursos estão cobrando o tema em questão.

Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

O Código Penal brasileiro, em seu art. 16, estabelece: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”

Esta causa de redução de pena é denominada:

A) arrependimento voluntário.

B) arrependimento eficaz.

C) redução facultativa.
D) arrependimento posterior.

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Resolução: através da redação do art. 16 do Código Penal e, embasado em todo o estudo até o momento
construído, podemos afirmar sem nenhum medo de errar que o art. 16 do CP, retrata o instituto do
arrependimento posterior.

Gabarito: Letra D.

Dessa forma, meu amigo(a), encerramos mais um tópico do nosso conteúdo e, já nos preparando para irmos
para o final do nosso capítulo, vamos tratar sobre o erro de tipo.

Erro de tipo e erro de proibição.


Caminhando para o final do estudo do nosso primeiro capítulo na nossa aula 03 de direito penal, vamos
analisar a figura do erro de tipo e do erro de proibição.

Para tanto, façamos juntos, a leitura do artigo 20 e 21 do Código Penal.

Erro sobre elementos do tipo


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
fato é punível como crime culposo.
Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram,
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar
o crime.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência

Superada nossa leitura através do texto da lei, é necessário verificarmos o conceito de erro para o Direito
Penal.

O erro de tipo, para o direito penal, é uma falsa percepção da realidade.

Inicialmente, o erro é jurídico e se divide em duas modalidades:

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Erro Jurídico

Erro de
Erro de tipo
proibição.

• Erro de tipo: aqui, a falsa percepção da realidade interfere no elemento subjetivo do tipo penal (no
dolo e na culpa)
• Erro de proibição: aqui, a interferência se dá no campo da culpabilidade, mais precisamente no
elemento da potencial consciência da ilicitude.
Desse modo, meu amigo(a), no erro de tipo o agente criminoso vê uma coisa e pensa que é outra (falsa
representação da realidade).

Imagine que Austin deixa seu automóvel estacionado no supermercado e, depois de fazer suas compras,
dirige-se até o automóvel para retornar à sua residência. No instante em que Austin vai até o automóvel ele acaba
adentrando em um carro que é idêntico ao seu, mas pertence a outra pessoa. Imediatamente, Austin dá partida no
automóvel e, ao chegar em casa, percebe que o automóvel não é o seu, mas um modelo idêntico que pertence a
outra pessoa.
Dessa forma, perceba que a falsa percepção da realidade que recaiu sobre Austin interferiu no seu elemento
subjetivo, pois é nítido que Austin não teve intenção de furtar aquele automóvel, mas, por engano, acabou
entrado em um veículo igual ao seu. Dessa forma, excluído o dolo por conta da falsa percepção que Austin teve da
realidade que se apresentava. O fato não será considerado criminoso, tendo em vista que, se cogitássemos a
prática de furto, para esse crime não existe previsão culposa, razão pela qual o fato será atípico.

Já no erro de proibição o indivíduo sabe exatamente o que está acontecendo, mas supõe lícita uma conduta
proibida.
Imagine a seguinte situação: Austin está caminhando pela via pública quando encontra um relógio valioso na
rua, imediatamente pega-o e sai à procura do dono. Apesar de tentar restituir o relógio ao legítimo proprietário,
não o encontra e, então, decide ficar com o objeto, acreditando no ditado popular: “achado não é roubado”. Nesse
caso, Austin tem plena noção de que está se apoderando de um objeto pertencente a um terceiro, mas acredita
(de boa-fé) que não está fazendo nada de errado, pois tentou incessantemente encontrar o dono sem, contudo,
lograr êxito. Muito embora Austin tenha a absoluta compreensão da realidade, desconhece a existência de uma

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proibição condita no art. 169, parágrafo único, inciso II, do CP, que define com crime o ato de se apropriar de coisa
achada.

Assim, no erro de proibição, a ignorância atinge a noção acerca do caráter ilícito do ato praticado.

As consequências de cada um dos erros, vou deixar em forma de tabela para que você memorize mais
facilmente:

Erro de tipo Erro de proibição

Erro evitável Crime culposo (se previsto em lei). Reduz a pena (1/6 a 1/3)
Nesse caso, estamos diante da
culpa imprópria. Ocorre quando o
agente supõe estar diante de uma
causa de ilicitude que lhe permita
praticar, licitamente, um fato
típico. Entretanto, como esse erro
poderia ter sido evitado pelo
emprego de diligência mediante,
subsiste o comportamento
culposo.

Erro inevitável Exclui o dolo e culpa. Desse modo, Isenta de Pena (exclui a
sem dolo e culpa não existe culpabilidade)
conduta e, se a conduta é
inexistente o fato é atípico,
levando a exclusão do crime.

O erro essencial, é o que impede o agente de perceber que pratica determinado crime, por isso, SEMPRE
EXCLUI O DOLO.

Vejamos agora, a classificação do erro essencial quanto a sua intensidade:

ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO


INEVITÁVEL/INVENCÍVEL/ESCUSÁVEL EVITÁVEL/VENCÍVEL/INESCUSÁVEL
(DESCULPÁVEL) (INDESCULPÁVEL)

É aquele que uma pessoa de “mediana prudência e É aquele que uma pessoa na situação concreta não
discernimento” – homem médio – também teria teria cometido. Exclui o dolo mas mantém a punição
cometido. Exclui dolo e culpa. por culpa se prevista em lei.

Veja esse exemplo do professor Capez: O professor Fernando Capez, ainda prossegue:

“Um caçador abate um artista que estava vestido de “Suponhamos naquele exemplo do caçador (supra)
animal campestre em uma floresta, confundindo-o que o artista estivesse sem fantasia, sendo o equívoco
com um cervo. Não houve intenção de matá-lo, produto da miopia do atirador. Nesse caso, estaria
porque, dada a confusão, o autor não sabia que estava configura o homicídio culposo” (CAPEZ, 2013, p. 248.)

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matando alguém, logo, não poderia querer matá-lo.


Exclui-se o dolo. Por outro lado, sendo perfeita a
fantasia não havia como evitar o erro, excluindo-se
também a culpa, ante a inexistência de quebra do
dever de cuidado (a tragédia resultou de um erro que
não podia ser evitado, mesmo com o emprego de uma
prudência mediana). Como não existe homicídio sem
dolo e sem culpa (a legislação somente prevê
homicídio doloso, o culposo e o preterdoloso) o fato
torna-se atípico (CAPEZ, 2013, p.248)

Há, também, a previsão do erro acidental, que é aquele em que não há impedimento do agente de perceber
que pratica determinado crime e, por isso, não exclui o dolo.
O erro acidental pode se dar das seguintes formas:
1. Erro sobre o objeto material: Lembre-se que o objeto material é toda coisa ou pessoa sob a qual
recai a conduta do agente. Dessa forma, o erro sobre o objeto material se subdivide em duas
espécies.

1.1) Erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, CP – ocorre quando o agente atinge pessoa diversa da
pretendida, por confundi-la com a vítima visada (“sósia”). Nesse caso, aplicam-se as
qualidades e condições da vítima pretendida (visada) e não da vítima (real). Imagine a
situação em que Austin, querendo matar o estuprador de sua filha, sai a caça do desafeto e,
em via pública, encontra o “sósia” do criminoso, iniciando assim, diversos disparos de arma
de fogo e levando a vítima a óbito. Ao chegar perto do ofendido, Austin percebe que não era
o estuprador de sua filha, mas sim, o seu sósia. Nesse caso, Austin responderá por homicídio
levando em conta as qualidades da vítima virtual (o estuprador da filha) e não as qualidades
da vítima real (o sósia mort0).
Veja essa questão acerca do tema:

Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de Polícia
Civil
Jovelino Josualdo planejou a execução de sua esposa, grávida, pois tinha fortes suspeitas de que estava sendo
traído por ela. No dia planejado para o homicídio, aguardou a vítima escondido e quando viu um vulto, executou o
seu plano, desferindo cinco tiros na vítima, que faleceu no local. Contudo, ao certificar-se do falecimento da vítima,
assustou-se ao ver que na verdade havia atirado em sua mãe. Diante do exposto, é correto afirmar que se trata de:
A) Error In Objecto.

B) Error In Persona.
C) Aberratio Ictus.
D) Aberratio Causae.

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E) Aberratio Criminis.

Resolução: no momento em que Jovelino executou seu plano de querer matar sua esposa e acaba por matar sua
mãe, comete erro quanto a pessoa. Entretanto, responderá pelo homicídio como se tivesse matado sua esposa
(vítima virtual) e não como se estivesse matado sua mãe (vítima real).

Gabarito: Letra B.

1.2) Erro sobre a coisa: essa espécie não exclui o dolo – não afasta o caráter criminoso do ato. O
agente erra sobre situação fática juridicamente IRRELEVANTE. Imagine que Austin
subtraia um relógio dourado supondo que se tratava de um relógio valiosíssimo de ouro.
Nesse caso, o erro se deu sobre uma situação irrelevante (a condição do relógio). Nesse caso,
Austin responderá pela prática do furto.

2. Erro na execução: aqui, também há uma divisão em duas etapas.

2.1) “aberratio criminis” ou “delicti”: art. 74, do CP – quando o agente criminoso atinge bem
jurídico diverso do pretendido. 1ª parte: com resultado único ou unidade simples – quando o
agente só atinge o bem jurídico diverso do pretendido (sujeito arremessa uma pedra contra
uma vidraça – crime de dano – mas, por erro na execução, atinge a cabeça de uma pessoa,
provocando-lhe lesão corporal. Nesse caso, o agente criminoso só responde pelo resultado,
desde que prevista a figura culposa (p.ex. lesão corporal culposa). 2ª parte: com resultado
duplo ou unidade complexa – o sujeito criminoso atinge o bem jurídico visado (p.ex. crime
de dano) e, também, outro bem jurídico diverso do pretendido por erro na execução (ex. ao
arremessar a pedra, além de atingir a vidraça como almejava, o sujeito feriu uma pessoa na
cabeça, por erro na execução). A solução para esse caso é o agente responder pelos dois
resultados em concurso formal.

3. Aberratio causae – trata-se do erro sobre o nexo causal. Nesse caso, o agente atinge o resultado pretendido,
mas por meio de uma relação de causalidade diferente da imaginada. Suponha que Austin queira matar seu
desafeto Caracas. Para tanto, leva-o até uma montanha para empurrá-lo de lá, fazendo com que caia em um
rio e morra afogado. Entretanto, no momento em que Austin empurra Caracas, a vítima cai da montanha e
durante a queda bate a cabeça em uma pedra e morre de traumatismo craniano. Nesse caso, Austin
responderá pelo homicídio normalmente, entretanto, com erro sobre o nexo causal, pois causou a morte de
Caracas por traumatismo craniano e não por afogamento.

Então, agora que já analisamos os principais pontos sobre o erro, fique com o seguinte resumo:

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Vejamos como o conteúdo vem caindo em concurso:

Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa do
Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa

Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua
definição.

I. Delito putativo por erro de tipo.

II. Aberratio ictus.


III. Erro de proibição.
IV. Aberratio criminis.

a. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta.


b. Acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.
c. O comportamento do agente, subjetivamente, é criminoso, mas objetivamente o ato não se enquadra no tipo
penal.
d. Desvio no golpe ou erro na execução culminando por atingir pessoa diversa da pretendida.

A) I-a; II-b; III-c; IV-d.

B) I-c; II-d; III-b; IV-a.


C) I-b; II-a; III-c; IV-d.

D) I-c; II-b; III-a; IV-d.

E) I-c; II-d; III-a; IV-b.

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Resolução: vejamos que, a partir das assertivas que nos são propostas, devemos associá-las às determinadas
formas de erro. O item I guarda semelhança com os ensinamentos da letra “c” – lembre-se do exemplo do furto de
Austin. O item II guarda relação com os ensinamentos da letra “d”, considerando a aberratio ictus como desvio no
golpe ou erro na execução. O item III guarda relação com a letra “a”, considerando que no erro de proibição, o
agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta. E, por fim, o item IV guarda relação com o
item “b” pois, o instituto da aberratio criminis é justamente o acidente ou erro no emprego executório culminando
por atingir bem jurídico diferente do pretendido.

Gabarito: Letra E.

Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

O erro acidental não afasta o dolo do agente, podendo ocorrer em algumas situações. Qual das hipóteses está
CORRETA?

A) Erro sobre o objeto quando o autor, ao tentar matar o inimigo, por erro na pontaria mata outra pessoa.

B) Erro sobre o curso causal, quando o autor, ao tentar matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de
uma ponte, esta bate na estrutura falecendo de traumatismo.

C) Erro sobre a pessoa no caso do autor que, ao tentar causar dano, atira uma pedra contra uma loja, e por erro
atinge uma pessoa.
D) Erro na execução (aberratio ictus) quando, por exemplo, o autor, ao subtrair uma saca de café, pensa ser uma
saca de açúcar.

E) Resultado diverso do pretendido, quando o autor, ao desejar matar seu filho, causa a morte de seu funcionário.

Resolução: a partir do nosso estudo construído até o momento, é possível verificarmos que o erro sobre o curso
causal é aquele em que o agente tenta matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de uma ponte,
esta bate na estrutura falecendo de traumatismo. Lembre-se do exemplo de Austin e Caracas na montanha.

Gabarito: Letra B.

Então, meu amigo(a), encerramos assim, o estudo do nosso primeiro capítulo que trata sobre o fato típico.
A partir desse momento, vamos iniciar o conteúdo acerca da ilicitude/antijuridicidade.

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Ilicitude/Antijuridicidade.
Salve, meu amigo(a)!

Seja muito bem-vindo ao nosso segundo capítulo no estudo da estrutura do conceito analítico de crime.

A partir de agora, vamos partir para o estudo da ilicitude.

Venha comigo!
Ilicitude ou antijuridicidade (que são expressões sinônimas) expressam a contrariedade do fato criminoso ao
direito.

Dentro do tópico da ilicitude/antijuridicidade, iremos nos debruçar sobre o estudo das excludentes de
ilicitude, ou seja, aquilo capaz de excluir o caráter criminoso do fato.

Para tanto, o Código Penal está assim redigido:

Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
ou culposo.

Iniciaremos o estudo das excludentes de ilicitude de uma forma um pouco diferente.


Inicialmente vamos tratar da figura do excesso.
O “excesso punível” (art. 23, p.ú., CP), é a desnecessária intensificação de uma conduta inicialmente
legítima. O excesso pode se dar de duas maneiras:

a) Voluntário (consciente): ocorre quando o indivíduo se dá conta do exagero. Nesse caso, o agente
responderá por crime doloso, pois, nesse caso, o excesso é doloso.
b) Involuntário (inconsciente): a pessoa não se dá conta de que foi além do necessário. O excesso
involuntário deriva de um erro (pode ser evitável – responder por crime culposo quando previsto em
lei; ou inevitável – não há dolo ou culpa).

Agora que já tratamos da figura do excesso punível, vamos tratar de cada uma das excludentes de ilicitude
de forma individualizada.

Estado de necessidade.
O estado de necessidade vem tratado no artigo 24 do Código Penal, vejamos:

Estado de necessidade

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Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.

O estado de necessidade é uma excludente de ilicitude que surge em casos em que há uma situação de perigo
que gera conflito entre dois ou mais bem jurídicos e, necessariamente um deles deverá ser sacrificado.

Para tanto, alguns requisitos precisam ser preenchidos.

1. Situação de necessidade: deverá haver a ocorrência de um perigo, ou seja, uma probabilidade de dano
a um bem jurídico. O perigo deve ser atual (presente) e inevitável. Perante o CP, o perigo deve ser apenas
atual. Entretanto, os estudiosos do direito penal reconhecem que o perigo seja iminente. O CP ainda
exige que esse perigo ponha em risco direito próprio ou alheio (qualquer bem jurídico).

2. Não provocação do perigo: o agente que se beneficia do instituto do estado de necessidade não pode
ser o provocador do perigo. Se o agente for o provocador voluntário (provoca dolosamente) não há
estado de necessidade. Por outro lado, aquele que provoca de forma involuntária (de forma totalmente
acidental), há, em tese estado de necessidade. No caso de provocação de situação de perigo de forma
culposa, ela é considerada involuntária, então há estado de necessidade.

3. Inexigibilidade de sacrifício do bem salvo: nesse caso, é necessário que façamos uma ponderação entre
o bem salvo e o bem sacrificado. A lei considera lícito o estado de necessidade se o agente salva um
bem de maior relevância ou igual. Se o bem for de relevância menor do que o sacrificado, não há estado
de necessidade. Dessa forma, o art. 24, §2º, manda aplicar em favor do agente.

4. Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: policiais, militares, bombeiros, possuem o dever de
encarar o perigo. Em situações de perigo extremo, essas pessoas podem agir em estado de necessidade.
É pacífico entre os estudiosos do direito penal a inexigência de atos de heroísmo.
Dessa forma, meu amigo(a), para o CP, o estado de necessidade sempre atuará como excludente de ilicitude,
seja o bem salvo mais importante ou equivalente ao bem sacrificado, tendo em vista o fato de o direito penal
brasileiro ter adotado a teoria unitária.

“Arpini, poderia me dar um exemplo acerca do estado de necessidade?”


Mas é claro, doutor(a)!

O exemplo mais clássico que temos entre os doutrinadores de direito penal é o da tábua da salvação. Imagine
que, após um naufrágio, Austin e Caracas, se veem obrigados a dividir a mesma tábua, que suporta o peso de
apenas um deles. Nesse cenário, meu amigo(a), o direito penal autoriza um deles a matar o outro, se isso for
preciso para salvar a própria vida.

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Hora de testarmos nosso aprendizado!

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é

A) causa de agravamento da pena.

B) causa de exclusão de ilicitude.


C) quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade pessoal.

D) causa de perdão judicial.

E) quando o agente atua em legítima defesa.

Resolução: perceba, meu amigo(a) que, uma simples e atenta leitura do artigo 23 do Código Penal já é o suficiente
para garantirmos mais um ponto valioso em busca da sua aprovação. O art. 23 do CP é claro ao dizer que o estado
de necessidade é uma excludente de ilicitude.

Gabarito: Letra B.

Encerrada a análise da nossa primeira excludente de ilicitude, passemos, então, para o estudo da legítima
defesa.

Legitima defesa.
Iniciando o estudo de mais uma excludente de ilicitude, vamos direto ao texto do Código Penal:

Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida
refém durante a prática de crimes.

Feita nossa leitura atenta, é necessário que saibamos que o instituto da legitima defesa é um dos mais bem
desenvolvidos da história do direito penal. Está diretamente vinculado ao instinto de sobrevivência.
Para tanto, alguns requisitos são necessários para que possamos cogitar da existência da legitima defesa,
quais seja:

1. Agressão: é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo qualquer bem jurídico. Não há que se
confundir agressão com provocação. Deve ser atual ou iminente e injusta. A agressão deve se voltar a
direto próprio ou alheio. O elemento subjetivo é o “animus deffendendi”, implícito no art. 25 do CP.

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2. Injustiça da agressão: deve ser avaliada objetivamente. Logo há, em tese, legítima defesa contra
agressão de inimputáveis (será o próximo tópico do nosso estudo pós excludentes de ilicitude). Quero
que você tenha em mente que é inviável cogitarmos uma legitima defesa recíproca, pois, se um dos
indivíduos estiver em legítima defesa, sua reação será lícita para o direito.

3. Reação (forma de repelir a agressão):


3.1) Com o emprego dos meios necessários: aquele menos lesivo dentre os meios eficazes à
disposição do agente.
3.2) Moderação: aquela exercida até fazer cessar a agressão sofrida.

Se ausente algum desses requisitos, meu(a) caro(a), haverá excesso na legítima defesa e o agente
responderá pelo excesso.

O excesso pode se dar de duas formas: a) excesso intencional/voluntário: nessa modalidade, o agente está
ciente de que a agressão já cessou, e mesmo assim, prossegue em sua conduta dirigindo-se a lesar o bem do
agressor. Nessa situação, o agente responderá pelo resultado excessivo a título de dolo. Essa modalidade é o
excesso doloso. b) não intencional/involuntário: o sujeito, através de erro na apreciação da situação fática, está
supondo que a agressão ainda está ocorrendo e, dessa forma, segue com sua reação sem se dar conta do excesso
que comete. Se o erro no qual incorreu for evitável, o indivíduo responderá pelo resultado a título de culpa, se a lei
previr a forma culposa (“excesso culposo”). Entretanto, se o erro for inevitável, o indivíduo não responderá pelo
resultado excessivo, afastando-se o dolo e a culpa.
Outro ponto para o qual devemos redobrar nossa atenção, é a inserção do parágrafo único no art. 25, do CP,
inserido pela Lei Anticrime, que veio disciplinar a legítima defesa especial.

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes.

Dessa forma, para que haja a ocorrência da legítima defesa especial é necessário que estejam presentes
todos os requisitos previstos no caput do art. 25, ocasião em que os agentes de segurança pública repelem uma
agressão ou perigo de agressão a uma vítima em perigo na pratica de crime.
Agora, meu amigo(a), você já ouviu falar em ofendículos? Aposto que você sabe o que é, mas pode não ter
assemelhado pelo nome jurídico.

Os ofendículos, doutor(a), são os aparatos pré-dispostos na defesa de um bem jurídico, p.ex. um cerca
elétrica, cacos de vidro em muros e etc. Entretanto, para que os ofendículos sejam considerados como um aparato
de excludente de ilicitude, é necessário que sejam lícitos, visíveis, inacessível a terceiros inocentes e deverá ter a
observância de eventuais normas técnicas.

Porém, os ofendículos podem se externar de duas formas.

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OFENDÍCULOS

Durante a instalação/manutenção Quando houver a utilização/acionamento

É considerado exercício regular de um direito É considerado legitima defesa preordenada.

Veja como esse conteúdo vem sendo cobrado em concurso:

Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto

Com relação às causas de exclusão da ilicitude, é CORRETO afirmar:

A) Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo
dia, uma criança neles se lesionou ao pular o muro da casa de Astrogildo para pegar uma bola que ali havia caído.
Nessa situação, ainda que se tratando da defesa de um perigo incerto e ou remoto, a conduta de Astrogildo restaria
acobertada por excludente da ilicitude.

B) No caso de legítima defesa ou estado de necessidade de terceiros, é imprescindível a prévia autorização destes
para que a conduta do agente não seja ilícita.

C) Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que seguia as regras desportivas, atinge região vital de Tício,
causando-lhe a morte. Ante a gravidade da situação fática, a violência não encontra amparo em nenhuma causa
de exclusão da ilicitude, devendo Caio responder pela morte causada.

D) Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade de conduta diversa ser considerada causa supralegal de
exclusão de ilicitude.

Resolução: conforme acabamos de estudar acerca dos ofendículos, para que sejam considerados como um
aparato de excludente de ilicitude, é necessário que sejam lícitos e, também, visíveis. No momento em que
Astrogildo colocou cacos de vidro visíveis, em cima do muro de sua casa para evitar ladrões, o fato de uma criança
ter se lesionado ao pular o muro para pegar uma bola, trata-se de uma fatalidade, razão pela qual, a conduta de
Astrogildo continuaria acobertada pela excludente de ilicitude.

Gabarito: Letra A.

Vejamos essa outra:

Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

A legítima defesa é causa de exclusão da:

A) conduta.

B) imputabilidade.
C) tipicidade.

D) antijuridicidade.
E) culpabilidade.

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Resolução: perceba, meu amigo(a), como a leitura do texto seco da lei é importante. Uma leitura rápida pelo artigo
23 do CP, garantiria mais esse ponto na sua prova, tendo em vista que a legítima defesa é uma excludente de
ilicitude/antijuridicidade.

Gabarito: Letra D.

Então, para encerrarmos mais um tópico do nosso estudo, abaixo deixarei uma tabela com as principais
diferenças entre o estado de necessidade e a legítima defesa.

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA

Pressupõe perigo Pressupõe agressão

Todos os envolvidos têm razão, pois seus bens ou Somente um indivíduo (agredido) está com a razão,
interesses são legítimos ao repelir a injusta agressão

Só há estado de necessidade se o perigo for inevitável Há legítima defesa ainda quando a agressão for
evitável.

Existe estado de necessidade contra atos de animais Não existe legítima defesa contra ataque de animal
(salvo quando ele foi o instrumento de uma agressão
humana.

Pois bem, meu amigo(a), antes de encerrarmos mais este tópico, quero tratar com você acerca da legítima
defesa putativa.

Inicialmente, tudo que visualizamos até agora diz respeito a legítima defesa REAL.

“Certo, professor! Mas e agora, o que seria a legítima defesa putativa?”


A legítima defesa putativa, meu amigo(a), ocorre quando o agente pensa que está se defendendo, porém,
na verdade, acaba praticando um ato injusto. Se é certo que o agente não sabe estar cometendo uma agressão
(pela falsa percepção da realidade) injusta contra um inocente, é certo, também, que o agredido nada tenha a ver
com isso, podendo repelir o ataque objetivamente injustificável.

Veja esse exemplo do professor Capez:

“É o caso de alguém que vê o outro enfiar a mão no bolso e pensa que ele vai sacar uma arma. Pensando
que vai ser atacado, atira em legítima defesa imaginária. Quem recebe a agressão gratuita pode revidar
em legítima defesa real. A legítima defesa putativa é imaginária, só existe na cabeça do agente; logo,
objetivamente configura um ataque como outro qualquer (pouco importa o que “A” pensou; para “B”, o que
existe é uma agressão injusta). (CAPEZ, 2013, p. 308)

Em resumo, meu amigo(a), não será cabível legitima defesa nas seguintes hipóteses:

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1. Legítima defesa real X legítima defesa real;

2. Legítima defesa real X estado de necessidade real;

3. Legítima defesa real X exercício regular de direito;

4. Legítima defesa real X estrito cumprimento do dever legal.

Tendo em vista que em nenhuma dessas hipóteses acima há injusta agressão.

Imagem retirada do Curso de Direito Penal (volume 1 – arts. 1º a 120), do professor Fernando Capez (2013;
pg. 252).

A partir de agora, veremos os outros dois institutos elencados pelo Direito Penal como causas excludentes
de ilicitude.

Venha comigo!

Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.


Primeiramente, guerreiro(a), precisamos ter em mente que o estrito cumprimento do dever legal e o
exercício regular de direito são excludente de ilicitude “em branco”.
“Como assim, “em branco”, professor?”

Trata-se de um fenômeno semelhante ao que ocorre com a “lei penal em branco” em que o conteúdo
definitivo da norma se deduz de outra norma jurídica. Sendo assim, o conteúdo de ambas as excludentes de
ilicitude decorrem de normas extrapenais.

Veja só esse exemplo do professor Estefam:

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“O policial que cumpre um mandado de prisão e, para isso, emprega força física, na medida do
necessário para conter o agente, encontra-se no estrito cumprimento de um dever legal; sua ação não
é criminosa, com fundamento na combinação do art. 23, inciso III, do CP com o art. 292 do
CPP”.(ESTEFAM, André, p. 295).

Um exemplo clássico de exercício regular de um direito diz respeito à violência desportiva, desde que o
esporte seja regulamentado oficialmente e a lesão ocorra de acordo com as respectivas regras, como, por
exemplo, os eventos do UFC e do extinto Pride.
Dessa forma, para fecharmos o estudo completo das excludentes de ilicitude, vejamos uma questão e
partiremos para mais uma etapa da nossa aula.

Preste atenção na seguinte questão:

Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal

São causas excludentes da ilicitude, segundo o Código Penal,


A) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a inexigibilidade de conduta diversa.

B) o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e a desistência voluntária.

C) o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.
D) o estado de necessidade, a legítima defesa e a inexigibilidade de conduta diversa.
E) a inexigibilidade de conduta diversa, a desistência voluntária e a legítima defesa de terceiro.

Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão, podemos perceber que o art. 23 do Código Penal é o
suficiente para respondermos este questionamento. Dessa forma, são causas excludentes de ilicitude, segundo o
CP o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.

Gabarito: Letra C.

Certo, caríssimo(a)!
Qualquer dúvida fico ao seu dispor. Não hesite em me procurar.

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Culpabilidade
Salve salve, meu amigo(a)!

A partir desse momento, inauguramos o terceiro capítulo da nossa aula e passaremos a estudar o último
elemento da estrutura do conceito analítico de crime.

Para que possamos introduzir nosso estudo, é necessário que saibamos que a culpabilidade é entendida, pela
grande maioria dos estudiosos do direito penal, como o juízo de reprovação que recai sobre o autor culpado de
um fato típico e antijurídico. Desse modo, para muitos, a culpabilidade é tratada como requisito do crime e, para
outros, como pressuposto de aplicação da pena.

Hoje, a posição dominante no ordenamento jurídico é de que se trata de requisito do crime.

Assim, como o fato típico, a culpabilidade também é composta por alguns requisitos, vejamos:

Potencial
consciência
da ilicitude

Culpabilidade

Exigibilidade
Imputabilidade de conduta
diversa

Para que fique mais fácil a memorização dos elementos da culpabilidade, guarde o mnemônico IMPOEX.

Então, vamos ao estudo individualizado de cada uma das figuras:

Imputabilidade:
Trata-se da capacidade mental do indivíduo de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
acordo com esse entendimento (ou seja, de conter-se).

Simplificando, meu amigo(a), a imputabilidade nada mais é do que as condições de sanidade e maturidade
humana, a ponto de permitir a qualquer pessoa a capacidade de compreensão e autodeterminação. A
imputabilidade deve estar presente no momento da conduta.

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Assim, partindo do nosso conceito de imputabilidade, é necessário que nos debrucemos sobre as causas de
exclusão da imputabilidade.

No ordenamento jurídico brasileiro há as seguintes previsões de exclusão da imputabilidade:

Para que nossa memorização se torne ainda mais fácil, vou elaborar uma tabela com cada uma das causas,
seus efeitos e suas consequências jurídicas:

CAUSAS EFEITOS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS

Art.26 – Doença mental, Supressão total da capacidade mental Inimputável – absolvição


desenvolvimento mental Imprópria – aplicação de medida
incompleto ou retardado. * de segurança

Semi-imputável – condenação
com pena reduzida de 1 a 2/3, ou
Redução da capacidade mental
medida de segurança.

Art.27 – Menoridade Penal ECA – Sujeito a medidas


socioeducativas e protetivas.

Art.28 – Embriaguez Completa Supressão das capacidades mentais Inimputável – absolvição própria –
involuntária * não há que se falar em medida de
segurança

Semi-imputável – condenação
com pena reduzida de 1 a 2/3.
Redução das capacidades mentais

* Se houver qualquer dúvida acerca da sanidade mental do réu, o Código de Processo Penal nos seus arts.
149 a 154 do CPP, dispõe sobre a instauração do incidente de insanidade mental do acusado, para dirimir a dúvida.
* Embriaguez: consiste na intoxicação aguda e transitória provocada pelo álcool ou substâncias de efeitos
análogos (aqui, meu amigo(a) não pode se enquadrar as drogas ilícitas).

Embriaguez completa: quando se enquadra o sujeito no segundo nível (depressão) e terceiro nível (letargia
– coma – conduta omissiva, p.ex.).
Embriaguez involuntária: proveniente de caso fortuito ou força maior. Se a embriaguez for voluntária o
agente responde pelos atos por força da teoria da “actio libera in causa” (ação livre na causa). Para que seja aplicado
o instituto da embriaguez involuntária, sem gerar responsabilidade penal objetiva, deve-se avaliar se, no
momento em que a substância foi ingerida, era previsível o resultado produzido.

Espécies de embriaguez voluntária:


a) Dolosa: o sujeito quer se embriagar.
b) Culposa: aquela que decorre no excesso imprudente no consumo; e
c) Pré-ordenada: o indivíduo ingere bebida alcoólica para se “encorajar” para cometer o crime. Nesse caso,
estamos diante da agravante do art. 61, II, “l”, CP.

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d) Embriaguez patológica: o indivíduo é alcoólatra e isso é considerado como doença mental, aplicando-
se o art. 26 do Código Penal, que dispõe sobre a inimputabilidade.

Com isso, você tem um conteúdo fartíssimo de informações acercas das causas que excluem a
imputabilidade. Leia com carinho cada uma das informações que constam dessa tabela, pois ela será de muita
relevância para sua caminhada!
Chegou a hora de testarmos nosso conhecimento.

Vejamos:

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal instituto


A) figura como um dos elementos da culpabilidade.

B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.

C) figura como um dos requisitos da punibilidade.

D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior.
E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.

Resolução: a banca nos questiona acerca da imputabilidade, razão pela, qual estamos diante do primeiro
elemento que compõe a culpabilidade, uma das vertentes do conceito analítico de crime.

Gabarito: Letra A.

Avançando, chegou o momento de tratarmos do segundo elemento da culpabilidade.

Potencial consciência da ilicitude.


O elemento da potencial consciência está previsto no artigo 21 do Código Penal.

Preste atenção, meu amigo(a)!

Erro sobre a ilicitude do fato


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência

A partir da leitura concentrada que acabamos de fazer, quero que você grife a expressão “o desconhecimento
da lei é inescusável” e, no máximo, quando o desconhecimento for relevante, poderá gerar uma atenuante,
conforme o artigo 65, inciso II, do CP.

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Nesse ponto da culpabilidade, é necessário sabermos que já há a imputabilidade. Dessa forma, a potencial
consciência da ilicitude está ligada ao aspecto cultural de saber o que é certo ou errado e, para isso, é necessário
que se façamos um pequeno jogo de perguntas e respostas.

Vamos lá!

PERGUNTAS RESPOSTAS CONSEQUÊNCIAS

1ª - O réu tinha conhecimento do Sim Então está presente a potencial


caráter ilícito do fato? consciência da ilicitude.

Não Então podemos estar diante de


um caso raro de erro de proibição.

2ª - O réu tinha possibilidade de Sim Erro de proibição era


conhecer o caráter ilícito do fato? evitável/inescusável/indesculpável,
o que gerará condenação com
diminuição de pena de 1/6 a 1/3.

Não Será erro de proibição


inevitável/escusável/desculpável.
O réu será absolvido, pois não há
potencial consciência da ilicitude.

Espero que tudo esteja ficando claro para você, meu amigo(a)! Caso fique alguma dúvida, não hesite em
procurar!

Exigibilidade de conduta diversa.


Iniciado o último elemento da culpabilidade, chegou a hora de tratarmos da exigibilidade de conduta
diversa.

Como já estudamos anteriormente, o Direito Penal só se interessa em punir os comportamentos socialmente


relevantes, dessa forma, o comportamento só é merecedor de censura penal quando o sujeito podia agir de outro
modo.

Assim, o artigo 22 do Código Penal nos traz duas hipóteses de INEXIGIBILIDADE de conduta diversa:
Façamos nossa clássica e importantíssima leitura!

Coação irresistível e obediência hierárquica


Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Agora que realizamos nossa leitura, peço gentilmente que você grife as expressões “coação irresistível” e
“obediência a ordem, NÃO manifestamente ilegal”.

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A coação moral diz representa a vis relativa, ou seja, caríssimo(a), consiste na promessa de inflição de um
mal grave e injusto. Assim, é necessário a cumulação dos seguintes requisitos: seriedade da promessa +
verossimilhança do mal prometido. Irresistibilidade: gravidade do mau pretendido + Imediatidade do mau +
ponderação entre o mau prometido e o ato exigido.

Já na coação física irresistível (“vis absoluta”) o ato é involuntário e, consequentemente, não haverá conduta,
sendo assim, o fato será atípico.

“Arpini, poderia nos dar um exemplo?”

Claro, vamos lá, meu amigo(a).


Trago a vocês alguns exemplos dos clássicos do Direito Penal.

Primeiro, vejamos o exemplo de coação moral irresistível, na lição de Fernando Capez e Edilson Mougenot
Bonfim6:

“...Quando o assaltante, apontando uma arma de fogo, diz para a vítima “a bolsa ou a vida”, não lhe
está excluindo totalmente à vontade, embora a tenha pressionado de modo a inviabilizar qualquer
resistência. Assim, na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o agente não é considerado
culpado, em face de exigibilidade de conduta diversa” (BONFIM; CAPEZ, p. 592)

O outro, diz respeito a coação física irresistível.

“...É o caso do operador de trilhos que, amarrado por assaltantes à cadeira, não tem como fazer a
mudança de nível dos trilos e, assim, não consegue impedir a colisão das locomotivas. Não houve
qualquer conduta de sua parte, pois a vontade foi totalmente eliminada pelo emprego de força física”.
(BONFIM; CAPEZ, p.592)

Em resumo, essas serão as consequências jurídicas para os casos de coação moral irresistível e obediência
hierárquica:

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL COAÇÃO MORAL RESISTÍVEL

COATOR Condenado + agravante (art.62) Condenado + agravante (art.62)

COAGIDO Absolvido Condenado + atenuante (art.65)

6
BONFIM, Edilson Mougenot. Direito Penal : parte geral / Edilson Mougenot Bonfim, Fernando Capez. – São Paulo: Saraiva,
2004.

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A outra hipótese de inexigibilidade de conduta diversa é a obediência hierárquica e, assim como as


anteriores, é necessário que sejam preenchidos alguns requisitos, quais sejam:

1.) Relação de hierarquia: dessa forma, somente poderá ocorrer em ambiente público;
2.) Ordem superior;
3.) Ordem ilegal não manifesta (a ilegalidade não pode ser evidente).
Por fim, as consequências jurídicas você confere abaixo!

ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ORDEM MANIFESTAMENTE ILEGAL


ILEGAL

SUPERIOR Condenado + agravante (art.62) Condenado + Agravante (art.62)

SUBORDINADO Absolvido Condenado + Atenuante (art.65)

Aposto que você está cheio de vontade de resolver uma questão, então, vamos lá!

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na
frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai,
pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de
quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez
disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.

Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.

A culpabilidade de Carlos poderá ser afastada por inexigibilidade de conduta diversa.

( ) Certo
( ) Errado

Resolução: agora que lemos atentamente o enunciado da questão, perceba que é completamente inviável
falarmos em ausência de culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. Nesse caso, há culpabilidade, tendo
em vista que Carlos tinha completa noção da situação ao seu redor, sendo, desse modo, exigível dele conduta
diversa, qual seja, não cometer o homicídio contra Paula.

Gabarito: ERRADO.

Antes de avançarmos para o estudo do nosso outro grande tema macro, vejamos mais uma questão:

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal

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Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade,
concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.

Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por dois
indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o fornecimento
de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente atendido. Nessa
situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a culpabilidade de Arnaldo.

( ) Certo
( ) Errado

Resolução: dessa forma, ao analisarmos o conteúdo da coação moral irresistível, é possível afirmarmos que a
culpabilidade de Arnaldo (gerente do banco) será excluída por ter “contribuído” para a conduta criminosa.

Gabarito: CERTO.

Assim, encerramos mais um capítulo da nossa aula sobre fato típico.

No próximo capítulo vamos tratar de um tema de suma importância para o seu concurso, então, não saia daí!
Estou te esperando no próximo capítulo!
Até lá!

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DAS PENAS.
Salve, moçada!

A partir desse momento vamos inaugurar um novo capítulo dentro da nossa primeira aula.

Pois então, agora, quero tratar com você sobre o tema das “PENAS“ inserido no nosso Código Penal.

Inicialmente você precisa ter conhecimento acerca das penas permitidas e das penas proibidas em nosso
ordenamento jurídico. Tais informações nós encontraremos em nossa Constituição Federal, mais precisamente
no artigo 5º, XLVI e XLVII. Para ficar melhor sua memorização, preparei a tabela abaixo.

PENAS PERMITIDAS (ART. 5º, XLVI) PENAS PROIBIDAS (ART. 5º, XLVII)

a) De morte, salvo em caso de guerra


a) Privação ou restrição da liberdade;
declarada, nos termos do artigo 84, XIX

b) De caráter perpétuo
b) Perda de bens
c) De trabalhos forçados
c) Multa
d) De banimento
d) Prestação social alternativa
e) Cruéis.
e) Suspensão ou interdição de direitos

Sobre as penas proibidas, caríssimo(a), o Brasil aboliu a pena de morte em tempo de paz no Código Penal
Republicando (1890). Conforme o Código Penal Militar, a pena de morte é cumprida por fuzilamento. A nossa CF
proíbe qualquer pena de caráter perpétuo, não só a prisão.

Outra informação que você precisa ter em mente dentro do tema da “PENA” é que ela se divide em pena
privativa de liberdade (que vamos chamar de PPL), as penas restritivas de direito (que chamaremos de PRD) e, por
fim, a pena de multa.

Dentro do gênero “PENA” encontramos as espécies de reclusão, detenção e prisão simples (está cumprida
em regime aberto ou semiaberto).
O que você precisa saber, também, meu amigo(a), diz respeito ao regime inicial de cumprimento da
reprimenda criminal. Essas informações estão previstas no art. 33 do CP, veja só:

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção,
em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Considera-
se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;

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b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início,
cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no art. 59 deste Código.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento
da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com
os acréscimos legais.

Agora que você já leu o artigo 33 do CP, é muito importante que você saiba que a pena de reclusão, por ser
mais grave, terá execução prioritária, conforme o artigo 76 do CP:

Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave

Com base no teor dos dois artigos que acabamos de estudar juntos, quero que você memorize essa tabela
em formato de resumo que vou lhe mostrar:

FECHADO SEMIABERTO ABERTO

Estabelecimento de Colônia penal Casa do albergado


LOCAL DE
segurança máxima agrícola ou industrial ou similar.
CUMPRIMENTO
ou média – (ou estabelecimento
penitenciária. similar)
Está regulamentado LEP – na prática, Pressuposto (regras
TRABALHO
na Lei de Execuções admite-se o trabalho comuns).
Penais. externo em
instituições privadas.
Trabalho e/ou estudo Trabalho e/ou estudo Estudo.
REMIÇÃO
P.S – permissão de P.S ou S.T (saída Idem ao semiaberto
AUTORIZAÇÃO
saída (pronto temporária) (analogia in bonam
DE SAÍDA – ART.
socorro) partem).
120 A 125

• REGRAS DE FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL: os critérios se encontram nos artigos 33 a 59 do


Código Penal. Porém, meu amigo(a), há algumas leis especiais com regras específicas, como, p.ex.
a lei dos crimes hediondos (8.072/90) e a lei de tortura (9.455/97). Ambas estipulam que a pena
será cumprida obrigatoriamente em regime inicial fechado, porém, no que tange a Lei dos
hediondos, o STF, no julgamento do ARE 1.052.700 (agravo em recurso extraordinário) já
reconheceu a inconstitucionalidade desta regra.

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• VETORES QUE INFLUENCIAM NA DETERMINAÇÃO DO REGIME INICIAL:


a) reclusão ou detenção;
b) reincidência;
c) quantidade de pena (o CPP determina que o magistrado leve em conta o tempo de prisão
provisória cumprida durante o processo – art. 387);
d) circunstâncias judiciais (CP, art. 59).

Para que fique mais fácil a sua memorização, veja essa tabela que preparei para você!

Reclusão Detenção

Não Reincidente Não Reincidência


reincidente reincidente
Fechado Fechado Semiaberto Semiaberto
Pena maior que 8 anos
Semiaberto* Fechado Semiaberto Semiaberto
Pena menor que 8 e
maior que 4
Aberto* Semiaberto* Aberto* Aberto
Pena até 4 anos

* É possível, em tese, que o juiz aplique um regime mais severo do que o previsto em lei.
O art. 387, do Código de Processo Penal, determina que eventual tempo de prisão provisória deverá ser
levado em consideração no cálculo do regime inicial. Então imagine a seguinte situação, concurseiro(a): réu
primário condenado a 8 anos e 3 meses de reclusão. Entretanto, durante a tramitação do processo, o acusado
permaneceu preso preventivamente por 6 meses. Dessa modo, conforme o artigo 387 do CPP, o juiz deverá
realizar uma subtração com o valor da pena total e esse 6 meses, ou seja, meu amigo(a), 8a3m – 6m = 7anos 9
meses. Essa deverá ser a pena aplicado para o agente na sentença condenatória. Não se trata de uma detração,
pois está é matéria de competência privativa do juízo da execução penal.
A detração encontra-se previstas no artigo 42, do CP:

Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão


provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos
estabelecimentos referidos no artigo anterior.

Em resumo, moçada, a detração consiste no cômputo na PPL ou na M.S. do tempo de prisão ou internação
provisória. Compreendido?! Vamos adiante!

Para fecharmos nosso tópico sobre o estudo das penas, quero que você dê uma atenção especial para o
limite de cumprimento de pena privativa de liberdade. Digo isso, pois houve alteração dos limites de cumprimento
de pena por conta da Lei Anticrime. Você já sabe né? Inovação legislativa é a cara de qualquer banca examinadora!

Vejamos um antes e depois do artigo 75 do CP:

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REDAÇÃO ANTES DA LEI ANTICRIME REDAÇÃO APÓS A LEI ANTICRIME

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) privativas de liberdade não pode ser superior a 40
anos. (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 § 1º Quando o agente for condenado a penas
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40
limite máximo deste artigo. (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender
ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato Lei nº 13.964, de 2019)
posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de § 2º - Sobrevindo condenação por fato
pena já cumprido. posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de
pena já cumprido.

Desse modo, a limitação de cumprimento da pena privativa de liberdade, se funda na proibição


constitucional das penas de caráter perpétuo. Porém, quero que você fique atento ao fato de eu o novo limite só
se aplica para os atos ocorridos a partir de 23/01/2020 (novatio legis in pejus) – data de entrada em vigor da Lei
Anticrime.

Penas alternativas
As penas alternativas, meu amigo(a) é, também, um gênero, que se divide em penas restritivas de direito
(PRD – arts. 43 a 48) e multa (art. 49 a 52). A principal diferença entre ambas as penas alternativas se dá pelo
fato de que, em caso de descumprimento, a PRD pode ser convertida em PPL, já a pena de multa não.
Elas foram inseridas no CP com a reforma de 1984 e em 1998 foram ampliadas.

As penas alternativas possuem como características:

✓ Autonomia: indica que as PRDs não são penas acessórias;


✓ Substitutividade: na sentença condenatória, o juiz poderá, preenchidos os requisitos, substituir a
PPL por PRD.

✓ Conversibilidade em prisão: em caso de descumprimento injustificado das PRDs impostas, esta


poderá ser convertida em PPL. Nos casos em que houver descumprimento injustificado da PRD
imposta a conversão em PPL será obrigatória, havendo detração com saldo mínimo de 30 dias.

Os requisitos para substituição nós vamos encontrar no artigo 44 do CP:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;

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III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os


motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena
restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da
prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o
tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.

A substituição, nos crimes culposos, ocorrerá desde que o réu apresente circunstâncias judiciais
favoráveis (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e circunstâncias do crime),
independentemente de qual tenha sido a quantidade de pena aplicada.

Já nos crimes dolosos, o crime não poderá envolver violência ou grave ameaça contra a pessoa e o réu
deverá ter suas circunstâncias judiciais favoráveis, e a pena aplicada não poderá ser superior a 4 anos. Porém,
aqui nós encontramos uma exceção, que são as infrações penais de menor potencial ofensivo (estas admitirão a
substituição de PPL por PRD, ainda que cometidas com violência o grave ameaça contra pessoa, p.ex. art. 129,
caput, do CP e art. 147 – fundamento para isso é o princípio da especialidade).
Fique atento, meu amigo(a), ao fato de que, nos crimes envolvendo violência doméstica e familiar contra a
mulher, conforme a súmula 588 do STJ, é vedada a substituição de PPL por PRD.

Havendo concurso de crimes, o parâmetro para substituição é o total da pena aplicada na sentença.
É importante que você saiba que o juiz, considerando a medida socialmente adequada, em casos de crimes
dolosos, poderá substituir a PPL por PRD, desde que o réu não seja reincidente específico (reincidente no mesmo
crime, p.ex. furto + furto). Isso quem nos diz é o art. 44, §3º, do CP.

Tratando-se de PPL inferior a um ano, o juiz poderá substituí-la por 1 PRD ou 1 multa. Porém, caso a PPL
aplicada na sentença seja maior que 1 ano, o juiz poderá substituí-la por 2 PRDs ou 1 PRD e 1 Multa.
O STF recentemente decidiu que as condenações a penas restritivas de direitos geram a suspensão dos
direitos políticos, conforme o art. 15, III, da CF.

Penas restritivas de direito em espécie:

Veja o que o artigo 43 do CP nos diz a respeito do tema:

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Art. 43. As penas restritivas de direitos são:


I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

✓ Prestação pecuniária: art. 45, §1º - consiste no pagamento de quantia em dinheiro, à vítima, ou seu
representante legal ou dependentes ou a entidade (pública ou privada com destinação social).
Valor: de 1 a 360 salários mínimos. (Parâmetro de fixação: prejuízo da vítima). Obs.: o art. 45, §2º,
diz que essa prestação pode ser cumprida através de outra natureza, que não pecuniária, desde que
haja concordância do beneficiário (é a chamada “prestação inominada”);

✓ Perda de bens e valores: art. 45, §3º - decretação do perdimento de bens ou valores pertencentes
ao sentenciado. Origem dos bens ou valores perdidos decorrerá do patrimônio lícito do condenado,
tendo como destinatário o FUNPEN (fundo penitenciário nacional).

✓ Prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas: art. 46 – consiste na atribuição de


tarefas gratuitas ao sentenciado perante entidades (apontadas pelo juízo da execução penal).
Entidade destinatária: privada (com destinação social) ou pública. Duração: mesmo tempo da PPL
substituída (quando a PPL substituída for superior a um ano, o CP permite que ela seja cumprida em
menor tempo, respeitado o prazo mínimo de 6 meses). Carga horária: uma hora de tarefa para cada
dia de condenação.

✓ Interdições temporárias de direitos: I e II – proibição do exercício de atividade privada (que dependa


de licença ou autorização do poder público) ou atividade pública – somente em delitos cometidos
com violação os deveres funcionais. III – suspensão da autorização para conduzir veículos
automotores (só cabem nos crimes culposos de trânsito – CTB, 302 e 303). Autorização é apenas para
ciclomotor. IV – proibição de frequentar determinados lugares (PRD genérica). V – proibição de se
inscrever em certames de interesse público (aplicável em condenações pelo crime do art. 311-A do
CP – fraude em certames de interesse público);

✓ Limitação de final de semana: art. 48. Consiste na obrigação ao sentenciado de permanecer aos
finais de semana, por cinco horas a cada dia, na casa do albergado.

E, para encerramos o nosso tópico sobre penas alternativas, é necessário analisarmos o instituto da pena de
multa.

Vamos adiante!

Multa

A pena de multa possui duas espécies:

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I – A multa prevista no tipo penal, juntamente com a sanção criminal, p.ex. a pena do crime de furto –
reclusão, de 1 a 4 anos e multa.

II – A multa vicariante ou substitutiva – art. 44, §2º, do CP.

Dada essas informações, o sistema de aplicação da multa encontra-se previsto no artigo 49 do CP. Veja só:

Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e
calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.

Desse modo, o número de dias-multa será fixado entre 10 e 360, levando-se em conta para a fixação, as
circunstâncias judiciais do condenado (art. 59, do CP)7. Logo em seguida, o juiz deverá fixar o valor do dia multa
em um patamar entre 1/30 até 5(x3) o salário mínimo ao tempo do fato, mediante análise da situação econômica
do réu.
A execução da pena de multa se dará em 2 etapas, conforme os artigos 50 e 51 do CP:

Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A
requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize
em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado
quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua
família.
Conversão da Multa e revogação

7
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário
e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

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Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução
penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Após o trânsito em julgado, o sentenciado será intimado a pagar a multa em 10 dias.

Se a multa não for paga, será movida execução, baseada nas normas (procedimentais) da dívida ativa da
Fazenda Pública (CTN e LEF), inclusive no tocante às causas suspensivas e interruptivas da prescrição. Desse modo,
concurseiro(a), a multa será cobrada na mesma sistemática dos tributos.

A legitimidade para a execução da penal de multa é exclusiva do MP, no juízo da execução penal (art. 51).

Por fim, havendo morte do executado, ocorrerá a extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, I, do CP
cumulado com o art. 5º, LXV da CF.

Assim, encerramos mais um tópico no nosso estudo sobre direito penal.

Beba uma água, respire fundo e venha comigo!


Aguardo você!

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Da aplicação/dosimetria da pena.
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a)!

A partir desse momento vamos tratar de um dos temas, sem sombra de dúvida, mais importantes do Direito
Penal.

Vamos conversar especificamente sobre o tema da aplicação da pena ou, também, conhecido como
dosimetria da pena.

Peço que você redobre sua atenção, pegue sua água ou seu café e, também suas, anotações e vamos adiante!

A dosimetria constitui uma das formas de concretização de um princípio constitucional, mais precisamente
o da individualização da pena (art. 5º, LXVI, CF). Ela também guarda correlação com o princípio constitucional da
isonomia.

Para prosseguirmos com o estudo quero fazer uma contextualização do conteúdo com você, tendo em vista
que o tema da aplicação/dosimetria é dividido em várias etapas.

➔ Pré-dosimetria: trata-se da etapa em que o juiz define os limites abstratos (mínimo e máximo) ou preceito
secundário aplicável. Ou seja, o juiz vai identificar na lei qual a pena aplicada para o crime cometido (em
abstrato), p.ex. para o crime de furto, pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa. Essa é a fase em que o juiz
levará em conta os dados relevantes do crime, quais sejam: elementares + qualificadoras + privilégios (é
um novo mínimo e máximo para baixo). Quando o crime possuir mais de uma qualificadora (as sobejantes
– aquelas que estão sobrando) serão utilizadas na 2ª fase da dosimetria, como agravante genérica, desde
que se encaixei no rol taxativo dos artigos 61 e 62 do CP. Do contrário, deverão ser utilizadas na 1ª fase
da dosimetria, como circunstância judicial desfavorável (art. 59, do CP)

“Certo, professor! Mas poderia me dar um exemplo?”

Claro, veja só:

O júri condena o indivíduo por homicídio qualificado pelo motivo fútil e meio cruel.
Juiz-Presidente utilizará a primeira qualificadora (motivo fútil) para justificar o preceito
secundário do §2º do art. 121 do CP. A outra qualificadora (meio cruel) servirá como
agravante e, desse modo, será utilizada na 2º fase da dosimetria da pena.

Agora que visualizamos como funciona a pré-dosimetria, passemos ao estudo da aplicação da pena
propriamente dita:

➔ Dosimetria (sistema trifásico)


a) Pena – base: aqui o juiz vai se valer das circunstâncias judicias prevista no art. 59 do CP, veja só:

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Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

“Professor, o que significa cada uma dessas oito circunstâncias judiciais?”

Vou explicar cada uma delas para você. Preste atenção!

CULPABILIDADE Trata-se do grau de reprovabilidade do fato


praticado ou gravidade concreta do fato. Você não
pode confundir a culpabilidade da teoria do crime
com a culpabilidade da dosimetria.

ANTECEDENTES Vida pregressa do agente, sob a ótica criminal. O


que pode ser considerado maus antecedentes?
Conforme a súmula 444 do STJ, IP ou ações penais não
podem ser considerados maus antecedentes. Só
podem ser considerados como tal condenações
transitadas em julgado, incapazes de gerar
reincidência.

CONDUTA SOCIAL Comportamento do agente no âmbito social


(familiar, profissional, lazer. Passagens pela Vara da
Infância e Juventude (condenação por atos
infracionais) podem ser levadas em conta na
dosimetria? SIM! Para o STJ é possível, porém,
utilizadas na circunstância da personalidade do
agente.

PERSONALIDADE Perfil psicológico. Admite-se a análise de


aspectos da personalidade conectados com o fato
objeto da condenação.

MOTIVOS Antecedente psíquico, ou móvel do delito.

CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME Meios e modos de execução

CONSEQUÊNCIAS DO CRIME Trata-se do grau de afetação do bem jurídico, ou,


ainda, das consequências individuais e coletivas do
ato. P.ex. o exaurimento do crime.

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COMPORTAMENTO DA VÍTIMA Aplica-se a casos que a conduta da vítima


exerceu alguma influência no desencadear do delito
(ex.: provocação). Crime culposo: não há
compensação de culpas em Direito Penal, logo,
eventual culpa da vítima não isenta a responsabilidade
penal do autor, porém, a culpa da vítima será levada
em consideração como circunstância judicial favorável
ao réu na dosimetria.

Outro ponto importante, ainda dentro da primeira fase, é a ponderação de circunstâncias judiciais, que fica
da seguinte forma:

1ª – Na falta do critério expresso no Código, o juiz deve iniciar a análise da pena-base pelo mínimo legal.

2ª – O juiz não precisa, na sentença, analisar expressamente cada uma das 8 circunstâncias, basta citar na decisão aquelas
que entender relevantes.

3ª – No caso de corréus, o STJ adite que o juiz faça um cálculo de pena-base aplicável a todos, desde que todos se encontrem
na mesma situação jurídica.

4ª – Ao analisar as circunstâncias, o magistrado pode se deparar com quatro cenários diferentes, a saber:

a) não há circunstância judicial relevante => pena base no mínimo;

b) só há circunstâncias favoráveis => pena base no mínimo;

c) só há circunstâncias desfavoráveis: pena base acima do mínimo – Qual peso deve ser atribuído a cada circunstância judicial
desfavorável? Os critérios mais utilizados são 1/6 (da pena mínima) e 1/8 (IPA – intervalo de pena em abstrato é a diferença
entre a pena máxima e a mínima). A mais usada é a fração de 1/6;

d) Conflito (CJ fav. X CJ desf) = ponderação qualitativa e não meramente quantitativa.

Superada o estudo da pena base (circunstâncias judiciais) é o momento de estudarmos a pena intermediária
ou provisória.

➔ Pena intermediária ou provisória: aqui, meu amigo(a), levamos em conta agravantes e atenuantes,
conforme os artigos 61, 62 e 65, do CP.

Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;

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c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou


impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça
particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude
de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior
ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Conforme o entendimento sumulado pelo STJ (231), as atenuantes não podem gerar aplicação da pena
abaixo do mínimo legal. Outro ponto importante que você precisa saber, após ter feito a leitura dos artigos acima
citados, é de que o rol das agravantes é taxativo, sob pena de analogia “in malam partem”.

A agravante da reincidência (art. 61, I, do CP) é aplicável tanto para crimes dolosos como culposos.

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Já o art. 61, II, alíneas “a” até “l”, que são as agravantes relacionadas com o fato, somente podem ser
aplicadas aos crimes doloso.

➔ Pena definitiva: aqui, meu amigo(a), o juiz aplicará as causas de aumento e diminuição (majorantes e
minorantes) que estão espalhadas pelo Código Penal, tanto na parte Geral como na parte Especial.
➔ Pós-dosimetria:
a) Regime inicial de cumprimento de pena;
b) Cabimento da pena alternativa;
c) Cabimento de “sursi”;
d) Multa cumulativa.

E, para encerrarmos o tema da dosimetria da pena, aplica-se, também, para esse tema, o princípio do ne bis
in idem (estudado por nós no tocante aos princípios do direito penal) no seguinte sentido: o mesmo dado
concreto/empírico (provado nos autos) não pode se subsumir/encaixar a mais de uma categoria jurídica na
dosimetria da pena (p.ex. uma elementar, qualificadora, causa de aumento, agravante e etc). Quando o mesmo
dado empírico puder ser enquadrado em mais de uma categoria, o juiz deverá dar preferência a mais específica.
“Mas, professor, qual é a ordem de preferência?”

Veja só:

1.1. Elementares;
1.2. Qualificadoras;
1.3. Causas de aumento ou diminuição;
1.4. Agravantes ou atenuantes;
1.5. Circunstâncias judiciais desfavoráveis.

Desse modo, meu amigo(a), encerramos o tema da dosimetria.


Aguardo você no próximo tópico!
Abraço!

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CONCURSO DE PESSOAS.
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a), a mais um prazeroso capítulo de estudo em nossa aula sobre teoria
geral do delito.

Antes de iniciarmos quaisquer considerações acerca do tema, lhes trago o texto legal para inaugurar nosso
estudo.

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado

Inicialmente, meu amigo(a), uma infração penal, na esmagadora maioria das vezes, é praticada apenas por
uma pessoa. Entretanto, há casos em que várias pessoas, em comunhão de esforços e acordo de vontades, seja
material ou intelectualmente, cooperam parra o mesmo delito.
Dessa forma, a reforma ocorrida no CP em 84, modificou a disciplina do tema. Deixou-se para trás a
expressão “coautoria” e, no seu lugar, substituiu-se por “concurso de pessoas”.

Porém, o atual artigo 29 do Código Penal estabelece que todo aquele que concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas. Entretanto, faz algumas ressalvas em seus §§1º e 2º. No §1º estamos diante da figura da
participação de menor importância e, no §2º, a concorrência dolosa distinta que, logo em seguida, serão expostas.
Para explicarmos cada uma dessas figuras inerentes ao concurso de pessoas, existem três teorias acerca do
tema que nos propõe uma solução, vejamos:
1. Teoria monista: essa é a adotada, como regra, pelo artigo 29, caput, do CP. Assim, todo aquele que
concorre para o crime responde pelas penas a este cominada, na medida de sua culpabilidade. Então,
dessa forma, atribui um só crime a todos os concorrentes. Imagine a seguinte situação: Austin e Caracas,
cometeram um crime de latrocínio. Para tanto, Austin empunhou a arma de fogo e disparou em direção
a vítima e Caracas limitou-se a dar cobertura para a empreitada criminosa. Desse modo, ambos
respondem pelo artigo 157, §3º, do CP.
2. Teoria dualista: aqui, deve haver dois crimes diferentes a serem imputados. Um deles será imputado
aos autores e outro, aos partícipes. Essa teoria não foi adotada pelo CP.
3. Teoria pluralista: deve se atribuir para cada agente um delito diferente. Há exemplos excepcionais dessa
teoria em nosso CP, que são “as exceções pluralistas à teoria monista”. Como exemplo, podemos citar
o crime de corrupção. No caso da corrupção, o corruptor comete corrupção ativa (art. 333, do CP), e o

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funcionário público corrompido, corrupção passiva (art. 317, CP). Outro exemplo é o aborto. A gestante
incorrerá no crime auto aborto (art. 124, CP) e o terceiro que realiza a manobra abortiva por autorização
da gestante, responderá pelo crime do art. 125 ou 1268.

“Certo, Arpini! Mas e agora, como eu defino quem é autor, coautor ou partícipe?”

Ótima pergunta, meu amigo(a)!


Vamos à solução:

AUTOR COAUTOR PARTÍCIPE

É o sujeito que realiza o verbo É o sujeito que realiza atos de É o sujeito que presta auxílio moral
nuclear. P.ex. “subtração” execução. P.ex. empunhar arma de (que decorre de um induzimento ou
fogo e apontá-la para a vítima. instigação) ou material (forneceu a
arma de fogo), sem praticar atos de
execução ou o verbo nuclear.

Outra informação que é importante que saibamos é a classificação de crimes conforme a quantidade de
sujeitos ativos.
Preste atenção no esquema!

a) Crimes monossubjetivos, unissubjetivos ou de concurso eventual: é um crime que pode ser praticado
por uma ou mais pessoas em concurso.
b) Crimes plurissubjetivo ou de concurso necessário: o tipo penal exige a pluralidade de sujeitos ativos
como elementar do crime.
b.1) de condutas paralelas: aquele crime plurissubjetivo em que os concorrentes possuem divisão de
tarefas em busca de um objetivo comum, p.ex. o crime de associação para o tráfico de drogas, previsto
no art. 35 da Lei 11.343/06 (mínimo 2 pessoas); associação criminosa, conforme o art. 288, CP (mínimo
três pessoas); organização criminosa (mínimo de 4 pessoas).
b.2) de condutas convergentes: as condutas convergem ao encontro uma da outra, p.ex. crime de
bigamia (art. 235, §1º, CP);
b.3) de condutas contrapostas: aquele em que os sujeitos praticam suas condutas uns contra os outros,
p.ex. crime de rixa.

8
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil
mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

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Certo, meu(a) nobre estudante! Agora que já estudamos a classificação dos crimes e, também, as teorias
acerca do concurso de pessoas, para que reste configurado o referido concurso, alguns requisitos são necessários:

Pluralidade de pessoas e Relevância causal das Unidade de Unidade de infração


de condutas condutas desígnio/vínculo
subjetivo/ identidade de
propósitos

Cada uma das pessoas Deverá haver nexo de Corresponde à adesão Teoria unitária/monista
deve praticar causalidade entre a voluntária à conduta (art. 29, caput, CP).
obrigatoriamente conduta e o resultado criminosa. Não se exige Todos respondem pelo
condutas penalmente (art. 13, caput, do CP) e, acordo prévio (“pacta mesmo crime.
relevantes (sejam ações também a presença do sceleris”). Se não houver
ou omissões) verbo “concorrer” do art. unidade de desígnios,
29, do CP. Feito isso, ocorrerá “autoria
deverá ser verificado se o colateral”.
concorrente da infração é
coautor ou participe.

“Certo, Arpini. Mas como ficam as questões dos §§1 e 2º, do CP?”
O §1º trata da participação de menor importância, sendo uma causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3. É
aquela conduta dotada de reduzida influência causal. É, por exemplo, o auxílio (seja moral ou material) dotada de
reduzida influência. Um exemplo para ilustrar é o do indivíduo que, sabendo da intenção homicida de um terceiro,
apenas indica o local para o terceiro adquirir uma arma. Assim, pratica uma conduta que, embora tenha relevância
causal, pode ser considerada como participação de menor importância.

O §2º trata da concorrência dolosamente distinta e, nesse caso, se algum dos concorrentes quis participar de
crime menos grave, ser-lhe-á plicada a pena deste. Porém, se o resultado era previsível, a pena do crime menos
grave será aumentada de metade.

Trago-lhes o exemplo do colega André Estefam, vejamos:

“duas pessoas combinam praticar um furto e uma delas, sem o conhecimento da outra, leva consigo
uma arma de fogo, que vem a ser utilizada, matando o ofendido. O atirador comete latrocínio, e o
comparsa, furto qualificado pelo concurso de duas pessoas (ESTEFAM, André, p.326).

Agora que encerramos por completo o estudo do artigo 29 e seus parágrafos, vejamos o que nos diz o artigo
30 do CP.

Os dados da figura típica assim são compostos:

ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS

São comunicáveis São os dados acessórios da figura típica, que


influenciam na pena, p.ex. agravantes, atenuantes,
causas de aumento e diminuição.

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São incomunicáveis as de caráter pessoal (subjetivas), p.ex. a reincidência, os antecedentes, a personalidade, a


conduta social, os motivos do crime, a menoridade relativa, a maioridade senil e etc. Ao contrário, caríssimo,
todas aquelas que não dizem respeito ao caráter pessoal, são comunicáveis. Essa comunicabilidade
pressupõe, ao menos, que o comparsa tenha ciência ou seja previsível. Assim, as circunstâncias objetivas são
comunicáveis.

Veja esse exemplo: dois sujeitos concorrem para um crime de peculato (art. 312, do CP). Um dos sujeitos é
funcionário público (intraneus) e o outro é um particular (extraneus). Nesse caso, a elementar “funcionário
público” é comunicável ao particular (se ele tiver conhecimento que seu comparsa é funcionário público) e,
dessa forma, ambos os agentes serão acusados pelo crime de peculato (art. 312, do CP).
Veja esse outro exemplo de Fernando Capez:

“A mãe mata o próprio filho, contanto com o auxílio de terceiro: mãe é autora de infanticídio, e as elementares
desse crime comunicam-se ao partícipe, que, assim, responde também por ele. Somente no caso de o terceiro
desconhecer alguma elementar é que responderá por homicídio. A “circunstância” de caráter pessoa (estado
puerperal) comunica-se ao partícipe, justamente porque não é circunstância, mas elementar. (CAPEZ, 2013,
p.383).

Então, a partir de todo o exposto, vamos nos dar ao luxo de resolvermos algumas questões e evoluirmos
ainda mais em nossa preparação.

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia
É requisito para a configuração do concurso de pessoas

A) uma única conduta.

B) a irrelevância causal das condutas.


C) a identidade de crime para todos os envolvidos.

D) a autoria incerta.
E) o prévio ajuste entre os agentes.

Resolução: conforme o artigo 29, caput, do CP, e os requisitos necessários para a configuração do concurso de
pessoas, é necessário que tenhamos a identidade de crimes para todos os envolvidos, como regra.

Gabarito: Letra C.

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Em relação ao concurso de agentes estabelecido no Código Penal, é correto afirmar que

A) todos respondem igualmente para o delito, independente da conduta realizada.

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B) as circunstâncias de caráter pessoal, como a menor idade, serão comunicadas a todos os integrantes da
atividade delitiva.

C) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

D) não há distinção entre partícipe e coautoria.

E) o coautor que primeiro confessar o delito está isento de pena, independente do delito praticado.

Resolução: a partir da redação do artigo 29, §1º do CP, onde estudamos a participação de menor importância,
sabemos que quando houver a incidência da referida figura, a pena do agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.
Gabarito: Letra C.

E, para fecharmos mais um capítulo de estudo na nossa aula, vejamos mais uma questão acerca do tema:

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que

A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o plano, serão punidos,
ainda que o crime não chegue a ser tentado.
B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se a ambos o perdão
legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em detrimento de ascendentes.

C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá pelos demais crimes
eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.

D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na prática de peculato-
furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de funcionário público de Mévio a ele não se
comunica.
E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício, poderá ter a pena
diminuída.

Resolução:
a) conforme o artigo 31 do CP, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

b) a escusa absolutória do art. 181 do CP não se comunica a Mévio, razão pela qual, responderá pelo furto.

c) Mévio somente responderá pelos demais crimes se eles forem previsíveis.

d) Nesse caso, Caio tem ciência da condição de funcionário público de Mévio, razão pela qual, a condição se
comunicará a Caio e ambos responderão por peculato.

e) conforme o artigo 29, §1º, do CP, quando houver a incidência da participação de menor importância, a pena do
agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.

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Gabarito: Letra E.

Dessa forma, meu(a) caro(a) estudante, encerramos mais um capítulo na nossa aula sobre teoria geral do
delito.

A partir de agora, adentramos no último capítulo da nossa aula, em que estudaremos concurso de crimes.

Aguardo você no próximo capítulo!


Abraço!!

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CONCURSO DE CRIMES.
Alô, meu amigo(a)!

Seja bem-vindo a mais um capítulo da nossa aula sobre teoria geral do delito.

Nesse capítulo estudaremos as figuras do concurso de crimes e, para tanto, já vamos nos debruçar sobre o
texto legal.
Veja só:

Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No
caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste
Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no
artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste Código.

Agora que já realizamos nossa clássica e importantíssima leitra do texto seco da lei, iniciaremos o estudo do
concurso de crimes pelo concurso material, do art. 69 do CP.

No concurso material o agente criminoso, mediante mais de uma ação ou omissão (conduta), pratica dois
ou mais crimes, idênticos (homogêneos) ou não (heterogêneos). Então, desse modo, havendo a ocorrência do

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concurso material, o sistema de aplicação da pena será o do cúmulo material, ou seja, o juiz deverá somar a pena
dos crimes praticados em concurso pelo criminoso.

Por crimes idênticos, meu amigo(a), quero que você grave que as infrações penais praticadas devem estar
no memso tipo penal, p.ex. furto simples e um furto qualificado. Ambos estão no art. 155, o simples na figura do
caput, e o qualificado na figura do §4º.
Vamos exeplificar: Imagine a situação em que Austin mata o seu desafeto Caracas e, logo em seguida à morte
do ofendido, no mesmo contexto fático, Austin, para garantir sua impunidade, oculta o cadáver da vítima. Desse
modo, há o concurso material entre homicídio (art. 121 do CP) e a ocultação de cadáver (art. 211 do CP).
Já na redação do artigo 70 do Código Penal, estamos diante do concurso formal, em que o agente, mediante
um ÚNICA conduta, pratica dois ou mais crimes idênticos (concurso formal homogêneo) ou não (concurso formal
heterogêne0). Dentro do conceito de concurso formal, há uma subdivisão:

a) Concurso formal próprio/puro/perfeito: corresponde à 1º parte do caput do art. 70 – nesse caso, aplica-
se o método da exasperação, com aplicação da pena de 1/6 até 1/2. Quando a exasperação resultar numa
pena mais elevada que a soma das penas dos crimes praticados, o juiz não deve adota-lá e, no seu lugar,
preferir a soma das penas (cumulo material benéfico do art. 69 do CP).
b) Concurso formal impróprio/imperfeito: corresponde 2º parte do caput do art. 70. Aqui não há
exasperação, e sim a soma das penas, quando o agente praticar crimes doloso resultantes de desígnios
autônomos, pois a vontade do agente é dirigida a finalidades diversas.
Para que você possa melhor visualizar essa parte do conteúdo que, eu sei, meu amigo(a), não é tão simples,
trago-lhes um exemplo do professor André Estefam:

“Imagine, por exemplo, que um motorista de ônibus, conduzindo-o imprudentemente, perca o


controle do coletivo e colida contra outro automóvel, provocando a morte de dez pessoas.O agente,
mediante uma só ação (a condução imprudente do veículo), cometeu dez crimes idênticos (homicídios
culosos na direção de veículo automotor, qualificados pelo transporte de veículos de passageiros –
art. 302, p.ú., inciso IV, da Lei nº 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileirro). (ESTEFAM, André, p.437)

E, para caminharmos para o final do estudo da figura do crime formal, trago um relato do Professor Rogério
Greco9:

“Situação diversa é aquela contida na parte final do caput do art. 70 do Código Penal, em que a lei
penal fez prever a possibilidade de o agente atuar com desígnios autônomos, querendo, dolosamente,
a produção de ambos os resultados. Tomamos conhecimento, por intermédio da impresa, das
atrocidades praticadas contra os judeus durante o período nazista. Até que encontrassem um meio
rápido, efixaz e barato para exterminar o povo judeu, os nazistas, comandados por Hitler, resolveram,
em determinado momento, enfileirar os judeus a fim de que, com um só disparo de fuzil, vários deles
fossem mortos, economizando-se, com isso, tempo e munição. Quando o disparo era efetuado, a
finalidade era causar morte daquelas duas ou três pessoas pessoas que ali se encontravam. Os

9
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. – 9. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2007.

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designios, portanto, eram autonomos com relação a cada uma delas, uma vez que o agente
pretendia, com um único disparo, ou seja, com uma única conduta, causar a morte de A, B e C.
Desígnio autonomo quer dizer, portanto, que a conduta, embora única, é dirigida finalisticamente,
vale frisar, dolosamente, à produção dos resutlados.(GRECO, Rogério. p, 598).

Tudo entendimento, meu amigo(a)?!


Vamos em frente!

Para fecharmos por completo nosso estudo em mais uma aula aqui na plataforma do DIREÇÃO
CONCURSOS, vejamos o crime continuado.
O crime continuado decorre de mais de uma ação ou omissão (conduta) que resultam em dois ou mais
crimes, da mesma espécie (aqueles previstos no mesmo tipo penal) em condições de tempo (aproximadamente
30 dias), lugar (no mesmo foro ou foros próximos), maneira de execução (verificar o “modus operandi”) e outras
semelhantes. Também, os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro.
O crime continuado se divide em duas espécies:
1. Comum/simples: art. 71, caput, basta o preenchimento dos requisitos que vimos acima e, uma vez
verificados, o aumento de pena é de 1/6 a 2/3. Nesse caso, meu amigo(a), imagine a situação da
empregada doméstica que resolve furtar o faqueiro de prata (composto por 30 peças) do seu patrão. Para
tanto, com o fim de não levantar suspeitas, a empregada furta um talher por dia. Desse modo, você
consegue visualizar que estamos diante de 30 furtos? Porém, esses trinta furtos, levando-se em conta o
modus operandi da empregada, as condições de tempo (30 dias) e lugar, serão punidos como 1 (UM)
GRANDE CRIME DE FURTO.
2. Específico/qualificado: art. 71, p.ú, do CP – São requisitos adicionais ao do caput, com caráter cumulativo,
sendo todos os crimes dolosos, praticados contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça contra a pessoa. A pena, nesse caso, pode ser aumentada até o triplo (sempre com o cuidado do
cúmulo material benéfico). A título de exemplo dessa modalidade de crime continuado, imagine a
situação do indivíduo que, por vingança, resolve exterminar com todos os homens que compõe uma
família rival à sua. Nesse caso, estaremos diante de uma continuidade delitiva em crime de homicídio.
Desse modo, o Código Penal adotou para o crime continuado, a teoria da ficção jurídica.
“Arpini, você poderia me dar um exemplo acerca da continuidade delitiva?”

Com certeza, meu amigo(a)!

Imagine a situação em que Austin possui em sua residência um faqueiro com 30 peças que custou cerca
deR$500,00. Ocorre que, sua empregada inicia uma empreitada criminosa para a subtração do faqueiro.
Entretanto, para que não se perceba de imediato o furto, a empregada subtrai um talher do faqueiro por dia, e ao
final dos 30 dias, acaba por subtrarir o faqueiro por completo. Desse modo, caso não houvesse o crime continuado,
a empregada responderia por 30 furtos, porém, para a teoria da ficção jurídica adotada pelo CP no caso do crime
continuado, esses trinta furtos serão considerados apenas UM GRANDE FURTO em continuidade delitiva, tendo
em vista que houve o preenchimento de todos os requisitos do caput, do art. 71 do CP.
E agora, chegou o momento de testarmos nossos conhecimentos!
Vamos lá!

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Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

O agente, movido pelo desejo de vingança, decidiu amarrar quatro pessoas no interior de um automóvel, para
depois atear fogo no veículo, o que resultou na morte de todas as vítimas.

A hipótese narrada é denominada

A) concurso material homogêneo.


B) concurso formal próprio.

C) concurso material heterogêneo.

D) concurso formal impróprio.

E) crime continuado.

Resolução: para a resolução da questão que nos é proposta, basta lembrarmos do triste exemplo que narrei a
vocês anteriormente, de autoria do professor Rogério Greco, sobre a morte dos judeus enfileirados. Dessa forma,
estamos aqui, diante de um concurso formal impróprio, que resulta de desígnios autônomos.

Gabarito: Letra D.

Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe

A previsão legal do Código Penal acerca do concurso formal de crimes dispõe que: “Quando o agente, ______ ,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é ________ e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos”.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, o enunciado.


A) mediante mais de uma ação ou omissão … culposa

B) mediante mais de uma ação ou omissão … dolosa

C) mediante uma só ação ou omissão … culposa

D) mediante uma ou mais de uma ação ou omissão … culposa

E) mediante uma só ação ou omissão … dolosa

Resolução: o enunciado da questão traz a letra seca do artigo 70 do Código Penal, que trata do concurso formal,
razão pela qual as lacunas se completam com as expressões “mediante uma só ação ou omissão” e “dolosa”.

Gabarito: Letra E.

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Certo, meu(a) nobre estudante! Foi um enorme prazer ter esse momento junto de você, para que
pudéssemos trocar experiências a partir de nosso estudo compartilhado.

Saiba que eu fico amplamente ao seu dispor em minhas redes sociais. Me procure e farei questão de
estreitarmos nosso estudo compartilhado e auxíliado em tudo que estiver ao meu alcance!

Siga firme nos seus estudos!


Um forte abraço!

Fique com Deus!

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SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA.

A suspensão condicional da pena ou “sursi” foi um dos primeiros institutos concebidos pela doutrina como
alternativa a penas de prisão de curta duração. O CP adotou, na disciplina do “sursi”, o sistema belgo-francês.

É de suma importância que você tenha em mente os artigos do Código Penal referente ao instituto. Veja
só:

Requisitos da suspensão da pena


Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por
quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde
justifiquem a suspensão.
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das
condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou
submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias
do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo
anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.
Revogação obrigatória
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
Revogação facultativa

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§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta
ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se
prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova
até o máximo, se este não foi o fixado.
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

Para que o nosso estudo fique mais fácil, meu amigo(a), farei um sistema de numerações e sus subdivisões
para que você entenda melhor o instituto da suspensão condicional da pena.
1. Sistemas de suspensão da pena:

a) Belgo-francês: o réu é formalmente condenado, aplicando-se uma pena de prisão, mas o juiz, na
sentença condenatória, suspende seu cumprimento mediante a observância de condições;

b) Anglo-americano: ao final da instrução, o juiz constata que há provas para condenar o réu, porém, deixa
de condenar, sujeitando o acusado ao cumprimento de condições.

2. Contextualização do “sursis” na aplicação da pena: a tarefa de aplicação da pena possui várias etapas,
assim divididas:

1ª) Pré-dosimetria: é o momento na aplicação da pena em que o juiz fixa o mínimo e o máximo (isto é,
determina qual o preceito secundário aplicável).
2ª) Dosimetria: trata-se da fase da aplicação concreta da pena (sistema trifásico).
3ª) Pós-dosimetria: consiste nas tarefas que devem ser realizadas logo após a obtenção da pena concreta:
a) fixar o regime inicial; b) verificar o cabimento de pena alternativa (art. 44 do CP); c) verificar o cabimento
do “sursis”; d) aplicação da multa.

3. Diferenças entre o “sursis” penal x “sursis” processual.

Sursis penal Sursis processual

Fundamento legal Arts. 77 a 82 do CP Art. 89 JECRIm.

Pressuposto Condenação Denúncia recebida

Requisito PPL = ou maior que 2 anos Pena mínima igual ou inferior


a um ano.

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Revogação Cumprimento da PLL da Retoma-se o andamento do


aplicada processo.

Características Direito subjetivo público do Negócio jurídico processual.


réu

4. Leis especiais:

A) Lei de Contravenções Penais, art. 11: desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender
por tempo não inferior a um nem superior a três a execução de pena de prisão simples, bem como
conceder o livramento condicional. Qual a diferença do “sursis” no CP e na LCP? A distinção está no
período de prova: na LCP, o período de prova dura de 1 a 3 anos, enquanto que no CP, dura 2 a 4 anos.

B) Crime ambiental: art. 16 – a suspensão pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa
de liberdade não superior a três anos.

C) Tráfico de drogas: art. 44. Os crimes previstos na lei de drogas são insuscetíveis de “sursis”.

5. Natureza jurídica do “sursis”:

1ª) Direito subjetivo público do réu X 2ª) Medida despenalizadora. O “sursis” é, sem dúvida um direito
subjetivo público do réu, isto é, estando presentes os requisitos o juiz é obrigado a conceder o benefício.
Ocorre que isso não é a natureza jurídica, mas uma característica do instituto.

6. Espécies de “sursis”

a) Simples (regra)
b) Especial (versão mais branda)
c) Etário e humanitário (versões cabíveis para um número maior de crimes).

6.1. Sursis simples

6.1.1. Requisitos:
a) Objetivos: pena não superior a 2 anos; não cabimento de PRD.
b) Subjetivos: serem as circunstâncias judiciais favoráveis; não reincidência em crime doloso (salvo
se a primeira condenação foi a pena de multa).

6.1.2. Condições:
a) Legais (diretas): PSC ou limitação a final de semana no primeiro ano. Indiretas: causas de
revogação – art. 81, caput, e §1º.
b) Judiciais: estas são as impostas pelo magistrado e devem ser compatíveis com a natureza do crime
e com as aptidões pessoais do réu (além disso, devem respeitar a dignidade humana e os direitos

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fundamentais não atingidos pela condenação). O “sursis” vigora durante um prazo denominado
“período de prova” que durará de 2 a 4 anos. Este se inicia após o trânsito em julgado e a realização
da audiência admonitória. O sentenciado deverá ser pessoalmente intimado a comparecer à
audiência admonitória. Caso não seja localizado, intima-se por edital. O que ocorre quando o
sentenciado, após intimado, não comparece à audiência admonitória? O “sursis” é declarado sem
efeito, ou seja, fica prejudicado e, como consequência, expede-se mandado de prisão.

6.2. Sursis especial (art. 78, §2º, do CP).


Requisitos: (específicos ou requisitos adicionais): ter reparado o dano até a sentença e ter as
condições judiciais totalmente favoráveis.
Condições: em vez de prestar serviços comunitários (ou LFS) no 1º ano, o sentenciado cumprirá 3
condições cumulativas: comparecimento mensal em juízo; proibição de se ausentar da Comarca sem
autorização judicial; Proibição de frequentar determinados lugares.

6.3. Etário e humanitário (art. 77, §2º, do CP): são cabíveis para condenações de até 4 anos de PPL. O
período de prova irá de 4 a 6 anos.
Sursi etário: é aplicado para réus maiores de 70 anos ao tempo da sentença.
Sursi humanitário: é o aplicado para réus com precária condição de saúde.

6.4. Causas de revogação: uma vez decretada pelo juiz da execução penal a revogação do “sursi”, o
sentenciado deverá recolher-se à prisão, para cumprir integralmente a PPL imposta na sentença e,
além disso, perde o período de prova para efeito de contagem no quinquênio depurador. A revogação
do benefício, ainda, assinalará o início da contagem do prazo da PPE (prescrição da pretensão
executória).

6.4.1. Revogação obrigatória (art. 81, caput):


a) Superveniência de condenação transitada em julgado por crime doloso.
b) Não cumprimento injustificado da condição legal do “sursis” simples (prestação de serviços/
LFS no 1º ano).
c) Não reparação dos danos, salvo impossibilidade de fazê-lo.
d) Não pagamento da multa cumulativa (tacitamente revogada pela Lei 9.268/96).

6.4.2. Revogação facultativa (art. 81, §1º, do CP): nesses casos, o juiz não é obrigado a revogar, mas deve
tomar uma atitude. Se não revogar, deverá advertir o sentenciado, exacerbar as condições ou
prorrogar o período de prova até o máximo.
a) Superveniência de condenação transitada em julgado por crime culposo ou contravenção penal a
PPL ou PRD.
b) Descumprimento das demais condições.

7. Prorrogação do sursi (art. 81, §2º): se o sentenciado for processado, durante o período de prova, por novo
crime ou contravenção, o “sursi” será prorrogado até a conclusão do novo processo. Na vigência da
prorrogação, não vigoram as condições.

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8. Extinção da pena: concluído o período de prova, o juiz declarará extinto o sursi como se a pena tivesse
sido cumprida. (art. 82, do CP). Se terminar o período de prova, mas antes de o juiz declarar extinta a pena,
vier aos autos a informação de que o sentenciado responde a um novo processo, prevalece a extinção ou
a prorrogação? No STJ, prevalece a tese de que a prorrogação é automática.

9. Recusa. Pode o sentenciado recusar o “sursis”? Não se admite a recusa ao “sursi”, pois não cabe ao réu ou
sentenciado escolher como cumprirá a sanção penal. Ocorre, porém, que se o sentenciado, após o trânsito
em julgado, não comparecer à audiência admonitória, o benefício será declarado sem efeito e, como
consequência, a pena imposta na condenação será executada. Obs.: nesses casos, o juiz da execução deve
fixar como condição especial do regime aberto, a PSC.

Assim, meu amigo(a), encerramos o estudo de mais um tópico em nossa aula!

Aguardo você no próximo capítulo!

Até lá!

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LIVRAMENTO CONDICIONAL.
Com o instituto do livramento condicional não será diferente, meu amigo(a)!

Vamos direto para a redação dos artigos do Código Penal.

Requisitos do livramento condicional


Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) bom comportamento durante a execução da pena; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa,
a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Soma de penas
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento.
Especificações das condições
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
Revogação do livramento
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
Revogação facultativa
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena
que não seja privativa de liberdade.
Efeitos da revogação
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação
resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que
esteve solto o condenado.
Extinção

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Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

Agora que acabamos de fazer a leitura dos artigos, você deve ter em mente o conceito de livramento
condicional, que nada mais é do que a antecipação da liberdade do preso definitivo Trata-se de medida
despenalizadora, de competência do juízo da execução penal.

Assim como fizemos anteriormente, vou segui nosso método numeral para que você conseguir visualizar
mais fácil a matéria e saiba onde ela se encaixa dentro do estudo.

1.1. Diferenças com o “sursis”: o “sursis” consiste na suspensão condicional do cumprimento da pena
privativa de liberdade. Sua disciplina está no CP (arts. 77 a 82).

“Sursis” Livramento

Juízo de conhecimento Juízo de Execução Penal.


Competência
(sentença)
Suspende o cumprimento da Pressupõe o cumprimento
Cumprimento da PPL
PPL de parte da PPL

2 a 4 anos (4 a 6) Sempre dura o restante da


Período de prova
pena.

2. Mudanças decorrentes da Lei Anticrime.

a) Alteração (“nomenclatural”) de requisito subjetivo: o legislador exigia comportamento carcerário


satisfatório e, com a Lei Anticrime, passou a exigir “bom” comportamento carcerário.
b) Referência expressa à falta grave: o livramento condicional não será concedido se o sentenciado
cometeu falta grave nos últimos 12 meses. A súmula 441 do STJ permanece totalmente em vigor (o
Junqueira diz que não).
c) Ampliação do rol de proibições de concessão do L.A.: antes da L.A., só não se concedia livramento
a reincidentes em crime hediondo, equiparado ou tráfico de pessoas. Agora, ficou assim: crime
hediondo ou equiparado com resultado morte (primário ou reincidente); condenado por integrar
OCRIM ou por crime praticado por meio de OCRIM, caso haja prova de que o vínculo associativo se
mantém.

3. Requisitos (art. 83)

3.1. Objetivos
a) Condenação a PPL = ou maior de 2 anos. O art. 84 do CP autoriza que as penas impostas em
diferentes condenações, por delitos diversos, sejam somadas para efeito de concessão do LC.
b) Reparação dos danos, salvo impossibilidade de fazê-lo.

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c) Cumprimento parcial da PPL (período aquisitivo): (I) + de 1/3 = não reincidente em crime
doloso; (II) + de ½ = reincidente em crime doloso. A fração de pena para o sentenciado
primário de maus antecedentes é a de + de 1/3. Os crimes hediondos é 2/3.

3.2. Subjetivos:
a) Bom comportamento carcerário.
b) Aptidão para prover o próprio sustento mediante trabalho honesto.
c) Bom aproveitamento no trabalho.
d) Não ter cometido falta grave nos últimos 12 meses.
e) Requisito especial: art. 83, p.ú.: aos condenados por crime praticado com violência ou grave
ameaça contra a pessoa. Comprovar-se que o sentenciado pode voltar ao convívio social sem
a perspectiva de novamente delinquir.

4. Condições.
4.1. Condições legais.
a) Diretas: condições legais diretas do LC estão previstas no art. 132 da LEP. O §1º enumera as
condições legais obrigatórios. O §2º lista as condições legais facultativas.

4.2. Judiciais: o juiz pode fixar outras, desde que adequadas ao caso.
4.3. Período de prova: dura o restante de cumprimento de pena. Termo inicial: cerimônia de
concessão (art. 137 da LEP).

5. Causas de revogação.
5.1. Obrigatória – art. 86.
Ocorre quando sobrevier condenação transitada em julgado, por crime, a pena privativa de
liberdade.

5.2. Facultativas – art. 87.


a) Condenação transitada em julgado, por crime ou contravenção, a pena alternativa (PRD ou
multa)
b) Descumprimento das condições.
c) Condenação com trânsito em julgado por contravenção a PPL gera revogação do livramento?
A maioria da doutrina diz que houve lacuna no CP e na LP, não podendo haver analogia in
malan partem, o entendimento é que não pode haver revogação.

5.3. Prorrogação: art. 89 – ocorrerá quando o sentenciado for processado, durante o LC, por fato
praticado no curso do período de prova.
5.4. Conhecimento tardio: se o juiz tomar conhecimento do novo processo, por fato cometido
durante o período de prova, somente após o termino desse prazo, o que fazer? 617, STJ – a
ausência de suspensão ou revogação do livramento condiciona antes do término do período de
prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.

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6. Suspensão cautelar do LC. Art. 145 – praticada pelo liberado outra infração penal, o juiz poderá ordenar
a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o MP, suspendendo o curso do livramento.

7. Extinção da pena: se o período de prova for concluído sem revogação, suspensão ou prorrogação, restará
extinta a punibilidade.
Acabamos, assim, o instituto do livramento condicional!

Já estou te esperando no próximo capítulo para estudarmos os efeitos da condenação

Venha comigo!

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EFEITOS DA CONDENAÇÃO.

Para inaugurarmos o capítulo referente aos efeitos da condenação, é necessário que façamos uma leitura
atenta dos artigos 91 e 92 do CP.

Veja só:

Efeitos genéricos e específicos


Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando
estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger
bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda.
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis)
anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com
o seu rendimento lícito. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os
bens: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data
da infração penal ou recebidos posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da
atividade criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do
patrimônio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião
do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja
perda for decretada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser
declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal,
ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam
sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 92 - São também efeitos da condenação:

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I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:


a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados
com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais
casos.
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos
à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha
ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.

Leitura feita, concurseiro(a)?! Vamos adiante com nossos comentários!

O primeiro ponto que vamos analisar diz respeito a perda, em favor da união ressalvado o direito do
lesado * ou terceiro de boa-fé** (art. 91, II).

Lesado: sujeito que sofreu prejuízo econômico com a infiltração penal. É sinônimo de vítima? Não
necessariamente.
Terceiro de boa-fé: sujeito que detém o bem de boa-fé, ou seja, desconhecendo sua origem ilícita.
a) instrumento ilícitos utilizados no crime (ex: chave falsa no crime de furto).
Pontos de atenção: art. 25, §5º - apreensão de objetos em crimes ambientais (p.ex. motosserra) os objetos
poder ser lícitos ou ilícitos; Art. 25 do Estatuto do Desarmamento – entrega ao comando do exército para
destruição; Arts. 62 e 63, I, Lei drogas – pouco importa se os bens são lícitos ou ilícitos (perda em favor do fundo
de repreensão de drogas).

b) produto (ganho direto) ou proveito (lucro indireto) do crime – essa atinge bens ilícitos.
1. Efeitos extrapenais específicos: (art. 91-A e 92): aqueles aplicáveis somente a determinados crimes e
que dependem de declaração expressa na sentença + pedido expresso do ator na inicial (denúncia ou
queixa). Não esquecer: deve ter o pedido expresso.

1.1. Perda e confisco alargado (art. 91-A, e §§1º a 4º): trata-se de um efeito extrapenal específico da
condenação, que visa à perda de bens ou valores acrescidos ao patrimônio do agente por meio do
exercício da atividade criminosa. É uma forma de impedir o enriquecimento criminoso. A ideia é
que o acréscimo patrimonial experimentado pelo condenado, quando não comprovada sua
origem lícita, presume-se decorrente da atividade delituosa desempenhada. É uma presunção
relativa.

1.2. Âmbito de incidência: só se aplica a condenações a pena de reclusão cujo crime tenha pena
máxima superior a 6 anos. P.ex. crime de peculato – art. 312, caput – reclusão, de 2 a 12 anos.

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1.3. Bens atingidos pelo confisco alargado: todos os bens ou valores que correspondam à diferença
entre o rendimento lícito do agente e o patrimônio efetivo. O que se entende por patrimônio do
condenado? Todos os bens: a) de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e
o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e b)
transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a parir do início da
atividade criminal.

1.4. Aspecto processual:


a) descrição na denúncia: a perda deverá ser requerida expressamente pelo MP, por ocasião do
oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada (§3º);
b) defesa: o condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência
lítica do patrimônio (§2º);
c) sentença (§4º): na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e
especificar os bens sobre os quais a perda recairá.

2. Perda do cargo ou função pública (art. 92, I, do CP):


a) âmbito de incidência: condenações a PPL igual ou superior a 1 ano, em crime cometido com violação
dos deveres funcionais, ou, condenações a PPL superior a 4 anos. Depende do trânsito julgado.
b) efeito: o agente sofre a perda (definitiva) o cargo ou função e, além disso, torna-se inabilidade “in
genere” para o exercício de outro cargo ou função (interpretação sistemática dos artigos 91, I e 93 do CP).
O sentenciado, depois de cumprida a pena, poderá, mediante reabilitação criminal (CP, art. 93 e 95),
torna-se novamente apto a ocupar (outros) cargos ou funções públicas. c) Esse efeito se aplica a
magistrados e Membros do MP? Como tais pessoas gozam da garantia da vitaliciedade, entende-se que a
perda do caro somente pode se dar por meio de ação judicial específica (caso do Petri).

2.1. Incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela:


a) crimes dolosos, punido com reclusão, praticados contra filho, tutelado, curatelado,
descendente, outrem, titular do mesmo poder familiar (p.ex. pai que comente delito contra a mãe
de seus filhos).
b) efeito: o agente se torna incapaz de exercer o poder familiar, a tutela ou a curatela em relação
a qualquer pessoa (não só quanto à vítima do crime). Obs.: o sentenciado, depois de cumprir a
pena, poderá obter reabilitação criminal e, nesse caso, voltará a ter a capacidade para o exercício
do poder familiar, tutela ou curatela, jamais, porém, em relação à vítima do crime (quanto a esta, o
efeito é perene).

2.2. Inabilitação para conduzir veículos automotores (art. 92, III, do CP):
a) âmbito de incidência: crime doloso, no qual o veículo automotor tenha servido como
instrumento;
b) efeito: o sentenciado não poderá conduzir veículos automotores, enquanto não obtiver
reabilitação criminal.

Desse modo, meu amigo(a), encerramos por completo o estudo do nosso conteúdo sobre os efeitos da
condenação!

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Já sabe né?! Estou aguardando você no próximo tópico.

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Adentrando ao nosso último conteúdo de direito penal em nossa primeira aula, quero tratar com você sobre
a extinção da punibilidade e, para isso, vamos direto para o artigo 107 do nosso Código Penal:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:


I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Agora que realizamos uma leitura atenta do dispositivo, quero que você saiba que o artigo 107 do CP é um
rol não exaustivo, ou seja, ele não esgota todas as causas extintivas da punibilidade previstas no ordenamento
jurídico.
A extinção da punibilidade opera efeitos distintos a depender do momento em que fora decretada, veja só:

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Antes do trânsito em julgado Depois do trânsito em julgado.

Afasta todo e qualquer efeito da condenação Só afasta o efeito penal principal (todos os demais
permanecem). Exceção: no caso de “abolítio
criminis” e anistia (após o trânsito em julgado),
afastam-se todos os efeitos penais da condenação
(principal e secundários)

Também, as causas extintivas da punibilidade são classificadas em:

I – gerais ou genéricas: são aquelas aplicáveis a todas as infrações penais (ou a maioria delas) p.ex.
prescrição, abolitio criminis.

II – causas especiais ou específicas: são aplicáveis somente aos casos determinados expressamente em lei
(p.ex. o perdão judicial).

Vejamos, então, a partir de agora, as causas extintivas da punibilidade em espécie:

✓ Morte do agente: essa regra legal é a concretização do princípio constitucional da individualidade


da pena (art. 5º, CF, XLV). Conforme o art. 62, CPP, deverá haver certidão de óbito original e prévia
manifestação do MP. Como proceder quando, após a decretação, descobrir-se que a certidão era

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falsa? Há duas posições: 1ª) Os processos não podem ser retomados, sob pena de revisão criminal
“pro societate”. Resta, somente, processar o agente por crime contra a fé pública (majoritária na
doutrina). 2ª) Para o STF, a decisão se baseou num fato inexistente e, portanto, deve ser considerada
(“fato inexistente não produz efeito jurídico”); além disso, instaura-se um novo processo pelo crime
de falsidade praticado.

✓ Perdão constitucional: é o termo que designa as causas extintivas da punibilidade (anistia, graça e
indulto), previstas na CF, em que o Estado abre mão do direito de punir, por razões de política
criminal, praticando atos de clemência ou indulgência. A CF, no art. 5º, XLIII, impõe uma limitação
ao perdão constitucional. Eles não podem ser concedidos em relação a crimes hediondos e
equiparados. O STF, na ADIN 5.784, por 7 a 4, o Plenário do STF reconheceu, em 09/05/2019, o
direito de o Chefe do Poder Executivo Federal, dentro das hipóteses legais, editar decreto
concedendo o indulto, independentemente o mérito do decreto (desde que não viole o art. 5º, XLIII).
Cabe anistia, graça e indulto para o tráfico “privilegiado”? O STF já reconheceu que este delito
não tem natureza hedionda ou equiparada; logo, admite-se.

Anistia Graça e Indulto

Congresso Nacional Presidente da república.


Competência
Lei Decreto
Instrumento normativo
Antes ou depois do trânsito Só após o trânsito em
Momento
em julgado julgado

Fatos (concretos) Pessoas


Incidência
Graça – caráter individual
Indulto – caráter coletivo

✓ Abolitio criminis: cuida-se da nova lei penal que descriminaliza condutas. Para que ocorra
descriminalização, é necessário que o tipo penal seja revogado e que o comportamento nele
previsto não se enquadre em outro tipo penal. A abolitio criminis gera dois efeitos. Com relação aos
fatos anteriores à nova lei, ocorre a extinção da punibilidade, mas, com relação aos fatos novos,
ocorre sua atipicidade.

✓ Renúncia e decadência: são causas extintivas aplicáveis aos crimes de ação privada e pública
condicionada à representação. Somente incidem antes de iniciada a ação penal. Renúncia: ato
unilateral (não precisa colher a concordância de ninguém); admite forma expressa ou tácita (ato
incompatível com a vontade de processar o agente); ato comunicável (a renúncia em favor de um
agente se estende a todos). Decadência: prazo de 6 meses contados do conhecimento da autoria
delitiva; prazo fatal e peremptório: não se suspende nem se interrompe.

✓ Perempção e perdão aceito: são causas extintivas da punibilidade exclusivas dos crimes de ação
penal privada. Somente incidem durante a ação penal. Perempção: art. 60, CPP (querelante,
intimado, deixa de dar prosseguimento em 30 dias; querelante não pode condenação nas alegações
finais). Perdão aceito: ato bilateral; o perdão oferecido em favor de um dos querelados se estende a
todos, mas só extingue a punibilidade daqueles que aceitarem.

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✓ Retratação, nos casos previstos em lei: trata-se de uma causa extintiva da punibilidade específica,
pois só é cabível quando houver expressa previsão em lei. O legislador reconhece que, em alguns
delitos, a retratação funciona como uma forma de reparar (ou minimizar) a lesão ao bem jurídico. É
o caso de calúnia e difamação, p.ex. art. 143 do CP – esse dispositivo prevê a retratação (cabal) como
causa extintiva da punibilidade.

✓ Perdão judicial, nos casos previstos em lei: também se trata de causa específica de extinção da
punibilidade. Conceito: trata-se da causa extintiva da punibilidade em que o Estado – Juiz abdica do
direito de punir por razões de política crimina. Qual a natureza jurídica da decisão concessiva do
perdão judicial? 18, STJ – trata-se de decisão declaratória da extinção da punibilidade. Logo, não
produz nenhum dos efeitos da condenação.

Certo, meu amigo(a), dessa forma encerramos nosso estudo sobre toda a parte geral do Código Penal
cobrada em seu concurso.

Saiba que eu fico amplamente ao seu dispor nas redes sociais. Venha manter contato para que possamos
estreitar nosso estudo e alçarmos voos cada vez maiores!

Siga firme nos seus estudos!


Um forte abraço!

Fique com Deus!

Até próxima!

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Da graça, anistia e indulto.


Bem-vindo ao nosso último tópico de estudo!
Saiba que a jornada com você está sendo muito gratificante!

Por isso, vamos adiante!

Primeiramente, meu amigo(a), os institutos da graça, anistia e indulto são tratados como “Perdão
constitucional”.

Assim, “perdão constitucional” é o termo que designa as causas extintivas da punibilidade (anistia, graça e
indulto), prevista na Constituição Federal, em que o Estado abre mão do direito de punir, por razões de política
criminal, praticando atos de clemência ou indulgência.

Porém, é necessário que você tenha em mente que a Constituição impõe um certo limite ao perdão
constitucional, veja só:

Art. 5º. [...]


XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem

Desse modo, eles não podem ser concedidos em relação a crimes hediondos e equiparados.

Porém, STF (através do Plenário), na ADIN 5.784, por 7 a 4, reconheceu, em 09/05/2019, o direito de o
Chefe do Poder Executivo Federal, dentro das hipóteses legais, editar decreto concedendo o indulto,
independentemente o mérito do decreto (desde que não viole o art. 5º, XLIII).

Agora, eu pergunto a você, concurseiro(a): “Cabe anistia, graça e indulto para o tráfico “privilegiado”?”

O STF já reconheceu que o tráfico “privilegiado” não tem natureza hedionda ou equiparada, logo, admite-
se.

Então, para que você memorize uma forma mais fácil os referidos institutos, preste atenção nessa tabela:

ANISTIA GRAÇA E INDULTO

É do Congresso Nacional É do Presidente da república.


COMPETÊNCIA
Se dá través de lei do Congresso Concedido via decreto do
INSTRUMENTO NORMATIVO
Nacional Presidente.

Antes ou depois do trânsito em Só após o trânsito em julgado


MOMENTO
julgado.
Se aplica a fatos (concretos) Pessoas
INCIDÊNCIA

Graça – caráter individual


Indulto – caráter coletivo.

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Outra pergunta que lhe faço, doutor(a): “Admite-se recusa?”


Como regra, não, em razão da natureza unilateral. O Estado é detentor do direito de punir e, com tais
institutos, abre mão de exercê-lo. Caberá, contudo, a recusa, quando se tratar de anistia, graça ou indulto
condicionados.

Certo, meu(a) nobre estudante! Foi um enorme prazer ter esse momento junto de você, para que
pudéssemos trocar experiências a partir de nosso estudo compartilhado.

Saiba que eu fico amplamente ao seu dispor em minhas redes sociais. Me procure e farei questão de
estreitarmos nosso estudo e auxíliá-lo em tudo que estiver ao meu alcance!
Siga firme nos seus estudos!

Um forte abraço!

Fique com Deus!

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Questões comentadas pelo professor


1) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

De acordo com o conceito analítico de crime, é um dos elementos do fato típico:

A) imputabilidade.

B) conduta.
C) exigibilidade de conduta diversa.

D) exercício regular de um direito.

E) potencial consciência da ilicitude.

Resolução:

a) a imputabilidade é um elemento da culpabilidade, e não do fato típico.

b) a conduta é um elemento do fato típico.


c) a exigibilidade de conduta diversa é elemento da culpabilidade.
d) o exercício regular de um direito é uma excludente de antijuridicidade.

e) a potencial consciência da ilicitude faz parte da culpabilidade.

Gabarito: Letra B.

2) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que tem em
Welzel seu maior expoente.

A) Ação típica, antijurídica e culpável.

B) Ação típica, antijurídica e voluntária.


C) Ação típica e juridicamente relevante.

D) Ação típica, antijurídica e dolosa.

E) Ação típica e culpável.

Resolução:

a) Para Welzel, o expoente da teoria finalística, o conceito analítico de crime é composto de fato típico,
ilícito/antijurídico e culpável.
b) voluntariedade é elemento constante do dolo, que faz parte do fato típico, razão pela qual, a voluntariedade
não pode ser considerada um elemento da estrutura analítica do crime.

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c) a ação é típica, antijurídica e culpável.

d) o dolo faz parte da conduta, que é um dos elementos do fato típico.

e) é necessária a complementação pela antijuridicidade.

Gabarito: Letra A.

3) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Infração penal significa:

A) Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante.

B) Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo, a
ilicitude e a culpabilidade.
C) Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por se
revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.

D) Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico, considerado
em seu conjunto.
E) Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil.

Resolução: faremos um comentário geral que servirá para a resolução como um todo da referida questão. A
primeira informação que precisamos ter em mente, meu(a) jovem, é que infração penal é gênero, enquanto crime
e contravenção penal são espécies desse gênero. Desse modo, a infração penal, que se transfigura em crime ou
contravenção penal, é todo comportamento que causa lesão ou risco de lesão a um bem jurídico, levando em conta
o elemento subjetivo do tipo (dolo ou culpa), a ilicitude (contrariedade ao direito) e a culpabilidade
(imputabilidade; potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).

Gabarito: Letra B.

4) Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar.
Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a
salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu
inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo.
Em relação ao caso, qual das alternativas abaixo está CORRETA?
A) O salva-vidas responde por homicídio doloso por omissão.
B) O salva-vidas responde por omissão de socorro.

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C) O surfista responde por homicídio doloso por omissão.

D) A conduta do surfista é atípica.

E) O surfista responde por homicídio culposo.

Resolução: assim como em questões anteriores, nesse questionamento, faremos um comentário geral que
abarcará toda a resolução da questão. Então, atente-se aos seguintes fatos: I – o salva vidas assumiu a
responsabilidade de impedir o resultado, ao assumir a profissão. Desse modo, no caso que nos é apresentado o
salva vidas, ao se omitir e causar a morte do seu desafeto, responderá por homicídio doloso. II – quanto ao surfista,
poderíamos imputar a ele o crime do art. 135 do CP, que trata da omissão de socorro, mas em nenhuma hipótese
será responsabilizado por homicídio (tanto doloso como culposo), pois ele não ostenta nenhuma das condições
necessárias que estão dispostas nas alíneas “a” a “c” do art. 13, §2º, CP.

Gabarito: Letra A.

5) Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
Segundo o Código Penal brasileiro, “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”

Assinale a alternativa correta que completa o enunciado a seguir:

A omissão é penalmente relevante (...)

A) quando o omitente, independentemente da preexistência de qualquer dever de sua parte, podia agir para evitar
o resultado.
B) somente nos crimes omissivos próprios.

C) quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.


D) sempre que o omitente tiver o dever jurídico de evitar o resultado.

Resolução: veja que o CP ao tratar da omissão penalmente relevante, imputa o resultado criminoso a quem devia
e podia agir para evitar o resultado e, o §2º do art.13, elenca quem são as pessoas que possuem o dever de agir.

Gabarito: Letra C.

6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma

A) por circunstâncias alheias à vontade do agente.

B) por inabilidade do agente.

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C) por desistência do agente.

D) pela deterioração do objeto.

E) em razão da atipicidade da conduta.

Resolução: veja só, doutor(a), como a leitura do texto lega é de suma importância! Ao nos depararmos apenas
com a redação do artigo 14, inciso II, do CP, resta claro que a figura da tentativa não ocorrerá por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

Gabarito: Letra A.

7) Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
NÃO é um elemento do tipo culposo de crime:
A) Conduta involuntária.

B) Inobservância de dever objetivo de cuidado.


C) Previsibilidade objetiva.
D) Tipicidade.

Resolução: perceba, caríssimo(a) que, a partir do elementos acima expostos, que compõe o crime culposo, o único
que não faz parte do rol é a conduta involuntária. Ademais, você deve lembrar que, conforme estudamos no início
da nossa aula, condutas involuntárias ou atos reflexos não são aptos a caracterizar uma conduta e, por isso, está
ausente um dos elementos do fato típico, fazendo com que o fato não seja considerado crime (atípico).

Gabarito: Letra A.

8) Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:

A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.

B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.

C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal.

D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso
provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.

E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado
criminoso por ele não desejado.

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Resolução:

a) pelo contrário. Um dos requisitos necessários para a existência do crime culposo é a previsibilidade do resultado.

b) o nexo causa é indispensável, tanto no crime doloso como no crime culposo.

c) encontra fundamento legal no artigo 18, inciso II, do CP.


d) o indivíduo que ateia fogo em um navio, sabendo que provocará a morte dos tripulantes, a depender da natureza
de como a conduta fora praticada, será dolo direto ou eventual, mas não crime culposo.

e) o crime culposo pressupõe a quebra de um dever de cuidado objetivo, provocando um resultado previsível,
porém, não desejado pelo agente.

Gabarito: Letra E.

9) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Considera-se crime culposo quando


A) o agente atinge o resultado delitivo requerido.
B) o agente impede que resultado delitivo se conclua.

C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.

D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.

E) o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

Resolução:
a) quando o agente atinge o resultado delitivo requerido a sua conduta estava revestida de dolo direto.

b) quando o agente impede a consumação do crime, estamos diante do instituto do arrependimento eficaz.
c) trata-se do conceito de dolo eventual.

d) o crime culposo pressupõe uma quebra do dever de cuidado objetivo que pode decorrer de imprudência,
negligência ou imperícia.

e) o delito que se agrava pelo resultado é denominado de crime preterdoloso.

Gabarito: Letra D.

10) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia

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“Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se
_________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso,
mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.”
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas.

A) dolo indireto ... dolo alternativo


B) dolo eventual ... culpa consciente

C) culpa inconsciente ... culpa consciente

D) culpa consciente ... dolo eventual


E) culpa inconsciente ... dolo eventual

Resolução: ao lermos atentamente o enunciado da questão, podemos perceber que, quando o agente prevê o
resultado, mas espera, sinceramente que não ocorrerá, é o retrato da culpa consciente. Por outro lado, quando o
agente, prevê que o resultado possa ocorrer, assume a possibilidade de sua produção, é o retrato do dolo eventual.

Gabarito: Letra D.

11) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial

Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o
resultado não se verificará e, portanto, não admite previamente a possibilidade de o resultado advir, comete crime
A) premeditado.

B) doloso.

C) tentado.

D) intencional.
E) culposo.

Resolução: perceba, meu amigo(a), que o enunciado da questão nos traz a seguinte informação: “... ele pode
ocorrer, mas acredita, sinceramente que o resultado não se verificará”. Ao nos depararmos com essa frase,
podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que estamos diante de um crime culposo.

Gabarito: Letra E.

12) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial
Dispõe o parágrafo único do art. 14 do CP que o crime tentado é punido, salvo exceção, com a pena

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A) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um a dois terços.

B) igual à do crime consumado.

C) correspondente à metade da prevista para o crime consumado.

D) livremente estabelecida pelo Juiz, mas em patamar obrigatoriamente inferior à correspondente à prevista para
o crime consumado.
E) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um ano.

Resolução: conforme visualizamos anteriormente, a pena do crime tentado equivale a do crime consumado,
aplicando-se o redutor do parágrafo único do art. 14, do CP, que fará com que ela seja diminuída de 1 a 2/3.

Gabarito: Letra A.

13) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que


A) os crimes unissubsistentes admitem tentativa.
B) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal
incriminadora.

C) só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.

D) há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é lesionado.
E) não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

Resolução:

a) os crimes unissubsistentes não admitem tentativa, tendo em vista que a conduta do agente não admite
fracionamento, como, por exemplo, na injúria.

b) os crimes omissivos impróprios se consumam com a simples omissão quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado (art. 13, §2º, CP).

c) poderá haver consumação em crimes formais ou de mera conduta. Não necessariamente o crime deve ser
material ou ter resultado naturalístico.

d) a tentativa cruenta/vermelha é quando o objeto material é atingido. A tentativa incruenta/branca é quando o


objeto material não é atingido.
e) os crimes de atentado ou empreendimento, a exemplo do art. 352, do CP, não admitem a tentativa.

Gabarito: Letra E.

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14) Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que
havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu
oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento
PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria
mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se retira do local. Com relação aos fatos descritos
indique a alternativa CORRETA.
A) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio.

B) Caio não deve responder por qualquer crime.

C) Há apenas o crime de ameaça a ser apurado.

D) Caio responde por tentativa de homicídio e ameaça.

E) Caio deve responder por lesão corporal.

Resolução: agora que analisamos o enunciado da questão e cada uma das suas assertivas, perceba, meu amigo(a),
o enunciado da questão tem um ponto chave para resolução, quando faz menção a seguinte frase: “...desiste de
continuar disparando...” .Então, através dessa informação, podemos deduzir que Caio poderia prosseguir na
execução do crime, entretanto, desiste voluntariamente de dar seguimento a execução, razão pela qual, deverá
responder apenas pela lesão causado pelo único disparo na perna de Pedro.

Gabarito: Letra E.

15) Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
O Código Penal brasileiro, em seu art. 16, estabelece: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”

Esta causa de redução de pena é denominada:

A) arrependimento voluntário.

B) arrependimento eficaz.
C) redução facultativa.

D) arrependimento posterior.

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Resolução: através da redação do art. 16 do Código Penal e, embasado em todo o estudo até o momento
construído, podemos afirmar sem nenhum medo de errar que o art. 16 do CP, retrata o instituto do
arrependimento posterior.

Gabarito: Letra D.

16) Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de Polícia
Civil

Jovelino Josualdo planejou a execução de sua esposa, grávida, pois tinha fortes suspeitas de que estava sendo
traído por ela. No dia planejado para o homicídio, aguardou a vítima escondido e quando viu um vulto, executou o
seu plano, desferindo cinco tiros na vítima, que faleceu no local. Contudo, ao certificar-se do falecimento da vítima,
assustou-se ao ver que na verdade havia atirado em sua mãe. Diante do exposto, é correto afirmar que se trata de:
A) Error In Objecto.

B) Error In Persona.

C) Aberratio Ictus.
D) Aberratio Causae.

E) Aberratio Criminis.

Resolução: no momento em que Jovelino executou seu plano de querer matar sua esposa e acaba por matar sua
mãe, comete erro quanto a pessoa. Entretanto, responderá pelo homicídio como se tivesse matado sua esposa
(vítima virtual) e não como se estivesse matado sua mãe (vítima real).

Gabarito: Letra B.

17) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa
do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa
Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua
definição.

I. Delito putativo por erro de tipo.

II. Aberratio ictus.


III. Erro de proibição.

IV. Aberratio criminis.

a. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta.


b. Acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.

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c. O comportamento do agente, subjetivamente, é criminoso, mas objetivamente o ato não se enquadra no tipo
penal.
d. Desvio no golpe ou erro na execução culminando por atingir pessoa diversa da pretendida.

A) I-a; II-b; III-c; IV-d.


B) I-c; II-d; III-b; IV-a.

C) I-b; II-a; III-c; IV-d.

D) I-c; II-b; III-a; IV-d.


E) I-c; II-d; III-a; IV-b.

Resolução: vejamos que, a partir das assertivas que nos são propostas, devemos associa-las as determinadas
formas de erro. O item I guarda semelhança com os ensinamentos da letra “c” – lembre-se do exemplo do furto de
Austin. O item II guarda relação com os ensinamentos da letra “d”, considerando a aberratio ictus como desvio no
golpe ou erro na execução. O item III guarda relação com a letra “a”, considerando que no erro de proibição, o
agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta. E, por fim, o item IV guarda relação com o
item “b” pois, o instituto da aberratio criminis é justamente o acidente ou erro no emprego executório culminando
por atingir bem jurídico diferente do pretendido.

Gabarito: Letra E.

18) Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

O erro acidental não afasta o dolo do agente, podendo ocorrer em algumas situações. Qual das hipóteses está
CORRETA?
A) Erro sobre o objeto quando o autor, ao tentar matar o inimigo, por erro na pontaria mata outra pessoa.

B) Erro sobre o curso causal, quando o autor, ao tentar matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de
uma ponte, esta bate na estrutura falecendo de traumatismo.
C) Erro sobre a pessoa no caso do autor que, ao tentar causar dano, atira uma pedra contra uma loja, e por erro
atinge uma pessoa.

D) Erro na execução (aberratio ictus) quando, por exemplo, o autor, ao subtrair uma saca de café, pensa ser uma
saca de açúcar.
E) Resultado diverso do pretendido, quando o autor, ao desejar matar seu filho, causa a morte de seu funcionário.

Resolução:
a) quando o indivíduo erra sobre o objeto material por erro de pontaria, estamos diante de erro na execução.

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b) erro sobre o curso causal é quando o autor ao tentar matar a vítima por afogamento, a arremessa de uma ponte
e esta bate na estrutura falecendo de traumatismo.

c) o instituto ora descrito se trata de erro na execução.

d) trata-se de erro sobre o objeto material.

e) não se trata resultado diverso do pretendido, pois o resultado morte foi alcançado, entretanto, com erro quanto
a pessoa.

Gabarito: Letra B.

19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é
A) causa de agravamento da pena.

B) causa de exclusão de ilicitude.


C) quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade pessoal.
D) causa de perdão judicial.

E) quando o agente atua em legítima defesa.

Resolução: perceba, meu amigo(a) que, uma simples e atenta leitura do artigo 23 do Código Penal já é o suficiente
para garantirmos mais um ponto valioso em busca da sua aprovação. O art. 23 do CP é claro ao dizer que o estado
de necessidade é uma excludente de ilicitude.

Gabarito: Letra B.

20) Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
Com relação às causas de exclusão da ilicitude, é CORRETO afirmar:

A) Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo
dia, uma criança neles se lesionou ao pular o muro da casa de Astrogildo para pegar uma bola que ali havia caído.
Nessa situação, ainda que se tratando da defesa de um perigo incerto e ou remoto, a conduta de Astrogildo restaria
acobertada por excludente da ilicitude.
B) No caso de legítima defesa ou estado de necessidade de terceiros, é imprescindível a prévia autorização destes
para que a conduta do agente não seja ilícita.

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C) Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que seguia as regras desportivas, atinge região vital de Tício,
causando-lhe a morte. Ante a gravidade da situação fática, a violência não encontra amparo em nenhuma causa
de exclusão da ilicitude, devendo Caio responder pela morte causada.

D) Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade de conduta diversa ser considerada causa supralegal de
exclusão de ilicitude.

Resolução: conforme acabamos de estudar acerca dos ofendículos, para que sejam considerados como um
aparato de excludente de ilicitude, é necessário que sejam lícitos e, também, visíveis. No momento em que
Astrogildo colocou cacos de vidro visíveis, em cima do muro de sua casa para evitar ladrões, o fato de uma criança
ter se lesionado ao pular o muro para pegar uma bola, trata-se de uma fatalidade, razão pela qual, a conduta de
Astrogildo continuaria acobertada pela excludente de ilicitude.

Gabarito: Letra A.

21) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
A legítima defesa é causa de exclusão da:

A) conduta.

B) imputabilidade.
C) tipicidade.

D) antijuridicidade.

E) culpabilidade.

Resolução: perceba, meu amigo(a), como a leitura do texto seco da lei é importante. Uma leitura rápida pelo artigo
23 do CP, garantiria mais esse ponto na sua prova, tendo em vista que a legitima defesa é uma excludente de
ilicitude/antijuridicidade.

Gabarito: Letra D.

22) Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal

São causas excludentes da ilicitude, segundo o Código Penal,


A) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a inexigibilidade de conduta diversa.

B) o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e a desistência voluntária.


C) o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.
D) o estado de necessidade, a legítima defesa e a inexigibilidade de conduta diversa.

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E) a inexigibilidade de conduta diversa, a desistência voluntária e a legítima defesa de terceiro.

Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão, podemos perceber que o art. 23 do Código Penal é o
suficiente para respondermos este questionamento. Dessa forma, são causas excludentes de ilicitude, segundo o
CP o estrito cumprimento do dever legal, a legitima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.

Gabarito: Letra C.

23) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal instituto

A) figura como um dos elementos da culpabilidade.


B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.
C) figura como um dos requisitos da punibilidade.

D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior.
E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.

Resolução:

a) a imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade.


b) compreende a capacidade mental do indivíduo de entender o caráter ilícito do fato e de comportar-se de acordo
com esse entendimento.
c) não é requisito de punibilidade, pois o agente pode ser imputável e ser isento de pena, nos casos de
inexigibilidade de conduta diversa, onde há a exclusão da culpabilidade.
d) nesse caso há exclusão da aplicação, tendo em vista que a embriaguez é involuntária, completa e decorrente de
caso fortuito ou força maior.
e) há exclusão, pois somente são imputáveis os maiores de 18 anos.

Gabarito: Letra A.

24) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na
frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai,
pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de

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quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez
disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.

Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.

A culpabilidade de Carlos poderá ser afastada por inexigibilidade de conduta diversa.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: agora que lemos atentamente o enunciado da questão, perceba que é completamente inviável
falarmos em ausência de culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. Nesse caso, há culpabilidade, tendo
em vista que Carlos tinha completa noção da situação ao seu redor, sendo, desse modo, exigível dele conduta
diversa, qual seja, não cometer o homicídio contra Paula.

Gabarito: ERRADO.

25) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado
de Polícia Federal

Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade,
concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.

Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por dois
indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o fornecimento
de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente atendido. Nessa
situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a culpabilidade de Arnaldo.

( ) Certo
( ) Errado

Resolução: conforme estudamos na parte de culpabilidade, uma das causas capaz de excluir a culpabilidade é a
coação moral irresistível. Assim, no caso de Arnaldo, não se podia exigir dele conduta diversa, razão pela qual, a
culpabilidade resta excluída pela inexigibilidade de conduta diversa.

Gabarito: CERTO.

26) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

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É requisito para a configuração do concurso de pessoas

A) uma única conduta.

B) a irrelevância causal das condutas.

C) a identidade de crime para todos os envolvidos.

D) a autoria incerta.
E) o prévio ajuste entre os agentes.

Resolução:
a) é necessária pluralidade de condutas;

b) é necessária a relevância causal das condutas;

c) conforme o art. 29, caput, do CP, é necessário a identidade de crimes para todos os envolvidos, como regra,
respondendo cada um na medida de sua culpabilidade;

d) nesse ponto, meu amigo(a), a lei exige a autoria certa. Entretanto, na prática, pode ser oferecida denúncia por
crime praticado em concurso de pessoas, quando praticado por um indivíduo identificado e outro não
suficientemente identificado nos autos.
e) não há, especificamente, a necessidade de prévio ajuste entre os agentes, pois poderá ocorrer concurso de
agentes em crimes de condutas contrapostas.

Gabarito: Letra C.

27) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Em relação ao concurso de agentes estabelecido no Código Penal, é correto afirmar que

A) todos respondem igualmente para o delito, independente da conduta realizada.


B) as circunstâncias de caráter pessoal, como a menor idade, serão comunicadas a todos os integrantes da
atividade delitiva.
C) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

D) não há distinção entre partícipe e coautoria.

E) o coautor que primeiro confessar o delito está isento de pena, independente do delito praticado.

Resolução:
a) a regra é que todos respondam pelo mesmo crime. Porém, há as exceções da participação de menor importância
(art. 29, §1º, do CP) e concorrência dolosa distinta (art. 29, §2º, CP).
b) as circunstâncias de caráter pessoal, como a menoridade, são incomunicáveis, conforme o art. 30 do CP.

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c) conforme o artigo 29, §1º, CP, que trata da participação de menor importância, a apena poderá ser diminuída
de 1/6 a 1/3.

d) autor é aquele que realiza o verbo nuclear (p.ex. subtração) coautor é aquele tem participação relevante na
empreitada, mas não realizar o verbo (p.ex. violência ou grave ameaça) e o participe é aquele que auxilia moral ou
materialmente na empreitada criminosa.
e) não há previsão no CP acerca de isenção de pena para o coautor que confessar o delito.

Gabarito: Letra C.

28) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que


A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o plano, serão punidos,
ainda que o crime não chegue a ser tentado.

B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se a ambos o perdão
legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em detrimento de ascendentes.
C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá pelos demais crimes
eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.

D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na prática de peculato-
furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de funcionário público de Mévio a ele não se
comunica.

E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício, poderá ter a pena
diminuída.

Resolução:

a) conforme o artigo 31 do CP, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
b) a escusa absolutória do art. 181 do CP não se comunica a Mévio, razão pela qual, responderá pelo furto.

c) Mévio somente responderá pelos demais crimes se eles forem previsíveis.

d) Nesse caso, Caio tem ciência da condição de funcionário público de Mévio, razão pela qual, a condição se
comunicará a Caio e ambos responderão por peculato.
e) conforme o artigo 29, §1º, do CP, quando houver a incidência da participação de menor importância, a pena do
agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.

Gabarito: Letra E.

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29) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

O agente, movido pelo desejo de vingança, decidiu amarrar quatro pessoas no interior de um automóvel, para
depois atear fogo no veículo, o que resultou na morte de todas as vítimas.

A hipótese narrada é denominada


A) concurso material homogêneo.

B) concurso formal próprio.

C) concurso material heterogêneo.


D) concurso formal impróprio.

E) crime continuado.

Resolução:

a) não há como se falar em concurso material homogêneo, tendo em vista que a conduta do agente se resume em
atear fogo no veículo para matar as vítimas.
b) não há que se falar em concurso formal próprio, tendo em vista que conduta do agente resulta de desígnios
autônomos

c) não há como se falar em concurso material heterogêneo, tendo em vista que a conduta do agente se resume
em atear fogo no veículo para matar as vítimas

d) trata-se de concurso formal impróprio, tendo em vista que a conduta de matar quatro presas em um automóvel
resulta de desígnios autônomos.

e) não há continuidade delitiva no exemplo trazido pela banca.

Gabarito: Letra D.

30) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
A previsão legal do Código Penal acerca do concurso formal de crimes dispõe que: “Quando o agente, ______ ,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é ________ e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos”.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, o enunciado.

A) mediante mais de uma ação ou omissão … culposa

B) mediante mais de uma ação ou omissão … dolosa


C) mediante uma só ação ou omissão … culposa

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D) mediante uma ou mais de uma ação ou omissão … culposa

E) mediante uma só ação ou omissão … dolosa

Resolução: o enunciado da questão traz a letra seca do artigo 70 do Código Penal, que trata do concurso formal,
razão pela qual as lacunas se completam com as expressões “mediante uma só ação ou omissão” e “dolosa”.

Gabarito: Letra E.

Agradeço, mais uma vez a sua companhia!


Encerramos nosso terceiro encontro por aqui!
Aguardo a sua presença em nossa próxima aula.
Bons estudo! Fique com Deus!
Até lá,
Prof. Leonardo dos Santos Arpini

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Direito Penal para Soldado da PM BA

Lista de questões.
1) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

De acordo com o conceito analítico de crime, é um dos elementos do fato típico:

A) imputabilidade.

B) conduta.
C) exigibilidade de conduta diversa.

D) exercício regular de um direito.

E) potencial consciência da ilicitude.

2) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que tem em
Welzel seu maior expoente.
A) Ação típica, antijurídica e culpável.
B) Ação típica, antijurídica e voluntária.

C) Ação típica e juridicamente relevante.

D) Ação típica, antijurídica e dolosa.


E) Ação típica e culpável.

3) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Infração penal significa:
A) Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante.

B) Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo, a
ilicitude e a culpabilidade.

C) Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por se
revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.

D) Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico, considerado
em seu conjunto.

E) Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil.

4) Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil
JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar.
Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a
salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu

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inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo.
Em relação ao caso, qual das alternativas abaixo está CORRETA?

A) O salva-vidas responde por homicídio doloso por omissão.

B) O salva-vidas responde por omissão de socorro.

C) O surfista responde por homicídio doloso por omissão.


D) A conduta do surfista é atípica.

E) O surfista responde por homicídio culposo.

5) Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

Segundo o Código Penal brasileiro, “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”

Assinale a alternativa correta que completa o enunciado a seguir:

A omissão é penalmente relevante (...)


A) quando o omitente, independentemente da preexistência de qualquer dever de sua parte, podia agir para evitar
o resultado.

B) somente nos crimes omissivos próprios.


C) quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.

D) sempre que o omitente tiver o dever jurídico de evitar o resultado.

6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma


A) por circunstâncias alheias à vontade do agente.

B) por inabilidade do agente.


C) por desistência do agente.

D) pela deterioração do objeto.

E) em razão da atipicidade da conduta.

7) Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
NÃO é um elemento do tipo culposo de crime:

A) Conduta involuntária.
B) Inobservância de dever objetivo de cuidado.

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C) Previsibilidade objetiva.

D) Tipicidade.

8) Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:


A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.

B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.

C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal.


D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso
provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.

E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado
criminoso por ele não desejado.

9) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Considera-se crime culposo quando
A) o agente atinge o resultado delitivo requerido.

B) o agente impede que resultado delitivo se conclua.

C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.


D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.

E) o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

10) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia

“Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se
_________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso,
mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.”
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas.

A) dolo indireto ... dolo alternativo

B) dolo eventual ... culpa consciente

C) culpa inconsciente ... culpa consciente

D) culpa consciente ... dolo eventual


E) culpa inconsciente ... dolo eventual

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11) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial

Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o
resultado não se verificará e, portanto, não admite previamente a possibilidade de o resultado advir, comete crime

A) premeditado.

B) doloso.
C) tentado.

D) intencional.

E) culposo.

12) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial

Dispõe o parágrafo único do art. 14 do CP que o crime tentado é punido, salvo exceção, com a pena

A) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um a dois terços.

B) igual à do crime consumado.

C) correspondente à metade da prevista para o crime consumado.


D) livremente estabelecida pelo Juiz, mas em patamar obrigatoriamente inferior à correspondente à prevista para
o crime consumado.

E) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um ano.

13) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que

A) os crimes unissubsistentes admitem tentativa.


B) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal
incriminadora.
C) só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.

D) há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é lesionado.

E) não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

14) Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que
havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu
oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento
PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria
mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se retira do local. Com relação aos fatos descritos
indique a alternativa CORRETA.

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A) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio.

B) Caio não deve responder por qualquer crime.

C) Há apenas o crime de ameaça a ser apurado.

D) Caio responde por tentativa de homicídio e ameaça.

E) Caio deve responder por lesão corporal.

15) Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

O Código Penal brasileiro, em seu art. 16, estabelece: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”

Esta causa de redução de pena é denominada:

A) arrependimento voluntário.

B) arrependimento eficaz.
C) redução facultativa.
D) arrependimento posterior.

16) Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de Polícia
Civil

Jovelino Josualdo planejou a execução de sua esposa, grávida, pois tinha fortes suspeitas de que estava sendo
traído por ela. No dia planejado para o homicídio, aguardou a vítima escondido e quando viu um vulto, executou o
seu plano, desferindo cinco tiros na vítima, que faleceu no local. Contudo, ao certificar-se do falecimento da vítima,
assustou-se ao ver que na verdade havia atirado em sua mãe. Diante do exposto, é correto afirmar que se trata de:
A) Error In Objecto.

B) Error In Persona.
C) Aberratio Ictus.

D) Aberratio Causae.

E) Aberratio Criminis.

17) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa
do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa

Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua
definição.
I. Delito putativo por erro de tipo.

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II. Aberratio ictus.

III. Erro de proibição.

IV. Aberratio criminis.

a. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta.


b. Acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.
c. O comportamento do agente, subjetivamente, é criminoso, mas objetivamente o ato não se enquadra no tipo
penal.
d. Desvio no golpe ou erro na execução culminando por atingir pessoa diversa da pretendida.

A) I-a; II-b; III-c; IV-d.

B) I-c; II-d; III-b; IV-a.

C) I-b; II-a; III-c; IV-d.

D) I-c; II-b; III-a; IV-d.


E) I-c; II-d; III-a; IV-b.

18) Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

O erro acidental não afasta o dolo do agente, podendo ocorrer em algumas situações. Qual das hipóteses está
CORRETA?

A) Erro sobre o objeto quando o autor, ao tentar matar o inimigo, por erro na pontaria mata outra pessoa.

B) Erro sobre o curso causal, quando o autor, ao tentar matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de
uma ponte, esta bate na estrutura falecendo de traumatismo.

C) Erro sobre a pessoa no caso do autor que, ao tentar causar dano, atira uma pedra contra uma loja, e por erro
atinge uma pessoa.

D) Erro na execução (aberratio ictus) quando, por exemplo, o autor, ao subtrair uma saca de café, pensa ser uma
saca de açúcar.

E) Resultado diverso do pretendido, quando o autor, ao desejar matar seu filho, causa a morte de seu funcionário.

19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é

A) causa de agravamento da pena.

B) causa de exclusão de ilicitude.


C) quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade pessoal.

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D) causa de perdão judicial.

E) quando o agente atua em legítima defesa.

20) Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto

Com relação às causas de exclusão da ilicitude, é CORRETO afirmar:


A) Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo
dia, uma criança neles se lesionou ao pular o muro da casa de Astrogildo para pegar uma bola que ali havia caído.
Nessa situação, ainda que se tratando da defesa de um perigo incerto e ou remoto, a conduta de Astrogildo restaria
acobertada por excludente da ilicitude.

B) No caso de legítima defesa ou estado de necessidade de terceiros, é imprescindível a prévia autorização destes
para que a conduta do agente não seja ilícita.

C) Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que seguia as regras desportivas, atinge região vital de Tício,
causando-lhe a morte. Ante a gravidade da situação fática, a violência não encontra amparo em nenhuma causa
de exclusão da ilicitude, devendo Caio responder pela morte causada.

D) Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade de conduta diversa ser considerada causa supralegal de
exclusão de ilicitude.

21) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
A legítima defesa é causa de exclusão da:

A) conduta.

B) imputabilidade.
C) tipicidade.

D) antijuridicidade.
E) culpabilidade.

22) Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal

São causas excludentes da ilicitude, segundo o Código Penal,

A) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a inexigibilidade de conduta diversa.

B) o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e a desistência voluntária.

C) o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.
D) o estado de necessidade, a legítima defesa e a inexigibilidade de conduta diversa.

E) a inexigibilidade de conduta diversa, a desistência voluntária e a legítima defesa de terceiro.

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23) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal instituto

A) figura como um dos elementos da culpabilidade.

B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.

C) figura como um dos requisitos da punibilidade.


D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior.

E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.

24) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na
frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai,
pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de
quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez
disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.

A culpabilidade de Carlos poderá ser afastada por inexigibilidade de conduta diversa.

( ) Certo

( ) Errado

25) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado
de Polícia Federal
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade,
concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.

Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por dois
indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o fornecimento
de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente atendido. Nessa
situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a culpabilidade de Arnaldo.
( ) Certo

( ) Errado

26) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

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É requisito para a configuração do concurso de pessoas

A) uma única conduta.

B) a irrelevância causal das condutas.

C) a identidade de crime para todos os envolvidos.

D) a autoria incerta.
E) o prévio ajuste entre os agentes.

27) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Em relação ao concurso de agentes estabelecido no Código Penal, é correto afirmar que

A) todos respondem igualmente para o delito, independente da conduta realizada.

B) as circunstâncias de caráter pessoal, como a menor idade, serão comunicadas a todos os integrantes da
atividade delitiva.

C) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

D) não há distinção entre partícipe e coautoria.


E) o coautor que primeiro confessar o delito está isento de pena, independente do delito praticado.

28) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que


A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o plano, serão punidos,
ainda que o crime não chegue a ser tentado.

B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se a ambos o perdão
legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em detrimento de ascendentes.

C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá pelos demais crimes
eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.

D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na prática de peculato-
furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de funcionário público de Mévio a ele não se
comunica.

E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício, poderá ter a pena
diminuída.

29) Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

O agente, movido pelo desejo de vingança, decidiu amarrar quatro pessoas no interior de um automóvel, para
depois atear fogo no veículo, o que resultou na morte de todas as vítimas.
A hipótese narrada é denominada

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A) concurso material homogêneo.

B) concurso formal próprio.

C) concurso material heterogêneo.

D) concurso formal impróprio.

E) crime continuado.

30) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe

A previsão legal do Código Penal acerca do concurso formal de crimes dispõe que: “Quando o agente, ______ ,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é ________ e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos”.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, o enunciado.

A) mediante mais de uma ação ou omissão … culposa


B) mediante mais de uma ação ou omissão … dolosa
C) mediante uma só ação ou omissão … culposa

D) mediante uma ou mais de uma ação ou omissão … culposa

E) mediante uma só ação ou omissão … dolosa

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Gabarito.
1. B

2. A

3. B

4. A
5. C

6. A

7. A

8. E

9. D

10. D

11. E
12. A
13. E

14.E

15. D

16. B
17. E

18. B
19. B
20. A

21. D

22. C

23. A

24. ERRADO.

25. CERTO
26. C

27. C

28. E
29. D
30. E

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Resumo direcionado.
Teoria Geral do Delito.

Conceito
Analítico

Conceito
de Crime

Conceito Conceito
Material Formal

Conceito Material É baseado na essência de um comportamento


penalmente relevante

Conceito Formal Crime é a conduta vedada por lei, com ameaça de


pena criminal.

Conceito Analítico Crime é toda a ação ou omissão, consciente e


voluntária, estando previamente definida em lei,
cria um risco juridicamente proibido e relevante.

CRIME

FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPAVÁVEL

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Conceito Análitico

Teoria
Teoria Bipartida/Dicotômica
Tripartida/Tricotômica
Crime = Fato Típico + Ilícito
Crime = Fato Típico + Ilícito
(antijurídico)
(antijurídico) + Culpável.

CRIME

FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPAVÁVEL

• Dolosa/Culposa Obs.: Quando o agente não age • Imputabilidade

Conduta
em: • Potencial consciência da
• Estado de necessidade ilicitude
• Comissiva/Omissiva • Exigibilidade de conduta
• Legítima Defesa
Resultado diversa
• Estrito cumprimento do
Nexo de causalidade dever legal “IMPOEX”
• Exercício regular de um
Tipicidade - Direta/Indireta.
direito

Quando não houver o


consentimento do ofendido como
causa supralegal de exclusão da
ilicitude

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Fato Típico.

AÇÃO OMISSÃO

É toda conduta positiva, que nasce a partir de um É a conduta negativa, consubstanciada na indevida
movimento corpóreo. abstenção de um movimento obrigatório.
A grande maioria das figuras típicas do ordenamento
jurídico descreve uma conduta positiva, p.ex. “matar;
subtrair; apropriar-se; ameaçar”.

Omissão penalmente relevante.

TEORIA NATURALÍSTICA/CAUSAL TEORIA NORMATIVA/JURÍDICA

A partir dessa teoria, a omissão (abstenção) produziria A partir da teoria normativa a omissão não produziria
um resultado que estaria intimamente ligado (nexo nenhum resultado, por si só, razão pela qual, para que
causal) ao fato do agente se abster de realizar um ela produzisse algum resultado no mundo exterior.
determinado comportamento. Dessa forma, a possibilidade de se atribuir ao agente
criminoso (omitente) o resultado de sua abstenção, se
dará a partir de uma obrigação jurídica anterior a
omissão, que impõe ao agente, o dever de evitar o
resultado.

Resultado.

TERIA NATURALÍSTICA TEORIA JURÍDICA

Para a teoria naturalística, considera-se resultado Para a teoria jurídica, considera-se resultado toda a
toda a modificação no mundo fenomênico provocado lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado
pela ação ou omissão pelo direito penal.

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CRIMES QUANTO AO RESULTADO CRIMES QUANTO O RESULTADO JURÍDICO


NATURALÍSTICO

CRIME MATERIAL – aqui, meu amigo(a), o tipo penal CRIME DE DANO OU DE LESÃO – aqui, a
descreve a conduta e o resultado material, razão pela consumação exige que o bem jurídico seja lesionado
qual, para a existência do crime é necessária a pela conduta do agente, p.ex. o crime de homicídio
produção do resultado. P.ex. para que ocorra o
homicídio, é necessário a morte da vítima.

CRIME FORMAL – já nessa classificação, o crime CRIME DE PERIGO – a consumação ocorre quando o
descreve conduta e resultado. Entretanto, o crime é de bem jurídico é exposto à risco, p.ex. o crime de
consumação antecipada, perfazendo-se apenas com a contágio venéreo do art. 130 do CP.
conduta, sem o resultado ocorra. P.ex. o crime de
ameaça. O simples fato de ameaçar a vítima já é
suficiente para o crime se consumar, não necessitando
que as ameaças venham a se concretizar.

CRIME DE MERA CONDUTA – aqui, caríssimo(a), o


tipo penal prevê apenas a conduta, sem fazer menção
a nenhum resultado no mundo exterior. P.ex. o crime
de omissão de socorro (art. 135, do CP).

Tipicidade.

DIRETA INDIRETA

Nesse caso, a conduta praticada pelo agente Já na adequação típica indireta, a conduta do agente
criminoso se amolda perfeitamente ao tipo penal criminoso precisa de uma norma de extensão para se
descrito abstratamente pela lei, sem depender de uma amoldar a lei penal. Retornemos ao exemplo do furto.
norma de extensão. Lembre-se do furto de Austin, pois Suponha que Austin, ao tentar arrombar a porta da
se trata de uma adequação típica direta. Ferrari, é surpreendido pelo segurança do
supermercado e empreende fuga do local se conseguir
subtrair o automóvel. Veja, meu caro, nesse caso,
estamos diante de um furto tentado, pois não se
consumou por circunstâncias alheias à vontade de
Austin. Assim para que possamos amoldar a conduta
de Austin a norma penal incriminadora, é necessário
conjugarmos o artigo 155, do Código Penal com o
artigo 14, inciso II, que trata da figura da tentativa.

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Crime doloso e culposo.

Dolo Direto (art. 18, inciso I, primeira parte). Dolo Eventual (art. 18, inciso II, segunda parte).

“Quando o agente quis o resultado”. “Quando o agente assumiu o risco de produzi-lo”.

8. Conduta voluntária
9. Resultado involuntário
10. Nexo causal
11. Tipicidade
12. Quebra do dever de cuidado objetivo por imprudência, negligência
ou imperícia
13. Previsibilidade objetiva do resultado
14. Relação de imputação objetiva.

IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA

Ocorre concomitantemente com a Essa ocorre quando o sujeito se Trata-se da falta de aptidão para o
ação, se manifestando de forma porta sem a devida cautela, se exercício de arte ou profissão.
ativa. Assim, consiste em agir sem manifestando de forma omissa e, Assim, a imperícia deriva da
precaução, precipitadamente. ocorrendo antes da conduta. P.ex. pratica de uma atividade, seja
P.ex. o indivíduo que durante sua o indivíduo que, verificando que os comissiva (ação) ou omissiva, por
pilotagem, ultrapassa veículo em pneus do seu automóvel estão indivíduo incapacitado ao ofício,
local proibido. gastos, inicia uma viagem longa por falta de conhecimento acerca
com os pneus nessa condição. do ato ou por inexperiência. P.ex.
um engenheiro que projeta um
imóvel sem base suficiente e acaba
provocando a morte do futuro
morador.

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CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL

Há previsão do resultado Há previsão do resultado

O agente, prevendo o resultado e, confiando O agente, prevendo o resultado, mostra-se


levianamente em suas habilidades, acha que será indiferente com a sua ocorrência, assumindo o risco
capaz de evitar o resultado. de produzi-lo.

Consumação e tentativa.

CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

Crime culposo – Salvo na culpa imprópria (art. 20, §1º e 23, do CP)

Crimes unisubssistente – são aqueles em que a conduta praticada pelo agente não admite fracionamento. Ou
o agente realiza o verbo nuclear e o crime está automaticamente consumado, ou não realiza o verbo e não há
crime. P.ex. o crime de injúria do art. 140 do CP. Ou o agente emprega a injúria e o crime está consumado, ou
não há injúria e consequentemente, não há crime.

Crimes omissivos puros – aqueles em que a lei penal descreve um não fazer, como, p.ex. a omissão de socorro
do art. 135, do CP. A impossibilidade de tentativa decorre do fato de que tais crimes são considerados
unisubssistente e de mera conduta.

Contravenções penais – o famoso “crime anão”, conforme o art. 4º da LCP não é punível. Entretanto, é
possível, em tese, no mundo fenomênico a tentativa de contravenção penal, p.ex. uma tentativa de vias de
fato (art. 21, da LCP). Porém, a própria LCP resolver não ser objeto de punição as tentativas de contravenção.

Crimes habituais – são as infrações penais em que, para se chegar a consumação, é necessário que o agente
criminoso pratique a conduta de forma reiterada/habitual. Ou o agente comete uma série de condutas e o
crime está consumado, ou ele não pratica e não há crime, como, p.ex. o crime do art. 284, do CP
(curandeirismo).

Crimes preterdolosos – art. 19, CP – é quando o agente atua com dolo na sua conduta e o resultado agravador
advém de culpa.

Crimes de atentado/empreendimento – exemplo dessa modalidade de crime, é o artigo 352, do CP, não
importando se o agente consiga evadir-se ou somente tenha tentado evadir-se, pois a lei penal, para as duas
situações, equipara a tentativa com a consumação.

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Espécies de tentativa.
ITER CRIMINIS – CAMINHO DO CRIME.

COGITAÇÃO – é a elaboração mental do crime. Quando o agente inicia, na sua mentalidade, a formulação da
empreitada criminosa. Nesse momento, o pensamento criminoso do agente não possui relevância para o
Direito Penal.

PREPARAÇÃO – quando o agente começa a desenvolver o plano. Nesse momento, em regra, não há que se
falar em punição. Os atos preparatórios só são puníveis, de forma excepcional, quando o legislador resolve
antecipar a tutela penal, como ocorre através da Lei Antiterrorismo (que pune os atos preparatórios para o
terrorismo) e, também, o crime do artigo 34 da Lei 11.343/06 (petrechos para o tráfico).

EXECUÇÃO – é quando o agente põe em prática o crime que havia planejado. Por exemplo, efetua os disparos
de arma de fogo contra a vítima.

CONSUMAÇÃO – ocorre com a reunião de todos os elementos da definição legal do crime, p.ex. a morte da
vítima.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir “O agente que impede que o resultado se produza”.
na execução”.

“Só responde pelos atos já praticados”.

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Arrependimento posterior e crime impossível.

A reparação/restituição deverá
ocorrer até o RECEBIMENTO da
Reparação integral dos danos ou
denúncia ou queixa. Se ocorrer
restituição da coisa com o "status
após o recebimento, é possível,
quo ante" preservado.
em tese, a aplicação da
atenuante do art. 65, III, "B",CP.

Ato volntário do agente (que a


pessoa realiza por sua escolha). Crime sem violência ou grave
Se a reparação for feita por ameaça
terceiro, não se aplica o artigo 16

Erro de tipo e erro de proibição.

Erro Jurídico

Erro de
Erro de tipo
proibição.

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Erro de tipo Erro de proibição

Erro evitável Crime culposo (se previsto em lei). Reduz a pena (1/6 a 1/3)
Nesse caso, estamos diante da
culpa imprópria. Ocorre quando o
agente supõe estar diante de uma
causa de ilicitude que lhe permita
praticar, licitamente, um fato
típico. Entretanto, como esse erro
poderia ter sido evitado pelo
emprego de diligência mediante,
subsiste o comportamento
culposo.

Erro inevitável Exclui o dolo e culpa. Desse modo, Isenta de Pena (exclui a
sem dolo e culpa não existe culpabilidade)
conduta e, se a conduta é
inexistente o fato é atípico,
levando a exclusão do crime.

O erro essencial, é o que impede o agente de perceber que pratica determinado crime, por isso, SEMPRE
EXCLUI O DOLO.

Vejamos agora, a classificação do erro essencial quanto a sua intensidade:

ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO


INEVITÁVEL/INVENCÍVEL/ESCUSÁVEL EVITÁVEL/VENCÍVEL/INESCUSÁVEL
(DESCULPÁVEL) (INDESCULPÁVEL)

É aquele que uma pessoa de “mediana prudência e É aquele que uma pessoa na situação concreta não
discernimento” – homem médio – também teria teria cometido. Exclui o dolo mas mantém a punição
cometido. Exclui dolo e culpa. por culpa se prevista em lei.

Veja esse exemplo do professor Capez: O professor Fernando Capez, ainda prossegue:

“Um caçador abate um artista que estava vestido de “Suponhamos naquele exemplo do caçador (supra)
animal campestre em uma floresta, confundindo-o que o artista estivesse sem fantasia, sendo o equívoco
com um cervo. Não houve intenção de matá-lo, produto da miopia do atirador. Nesse caso, estaria
porque, dada a confusão, o autor não sabia que estava configura o homicídio culposo” (CAPEZ, 2013, p. 248.)
matando alguém, logo, não poderia querer matá-lo.
Exclui-se o dolo. Por outro lado, sendo perfeita a
fantasia não havia como evitar o erro, excluindo-se
também a culpa, ante a inexistência de quebra do
dever de cuidado (a tragédia resultou de um erro que
não podia ser evitado, mesmo com o emprego de uma

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prudência mediana). Como não existe homicídio sem


dolo e sem culpa (a legislação somente prevê
homicídio doloso, o culposo e o preterdoloso) o fato
torna-se atípico (CAPEZ, 2013, p.248)

Ilicitude/Antijuridicidade.
Excludentes de ilicitude.

OFENDÍCULOS

Durante a instalação/manutenção Quando houver a utilização/acionamento

É considerado exercício regular de um direito É considerado legítima defesa preordenada.

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA

Pressupõe perigo Pressupõe agressão

Todos os envolvidos têm razão, pois seus bens ou Somente um indivíduo (agredido) está com a razão,
interesses são legítimos ao repelir a injusta agressão

Só há estado de necessidade se o perigo for inevitável Há legítima defesa ainda quando a agressão for
evitável.

Existe estado de necessidade contra atos de animais Não existe legítima defesa contra ataque de animal
(salvo quando ele foi o instrumento de uma agressão
humana.

Culpabilidade.
Imputabilidade.

CAUSAS EFEITOS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS

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Art.26 – Doença mental, Supressão total da capacidade mental Inimputável – absolvição


desenvolvimento mental Imprópria – aplicação de medida
incompleto ou retardado. * de segurança

Semi-imputável – condenação
com pena reduzida de 1 a 2/3, ou
Redução da capacidade mental
medida de segurança.

Art.27 – Menoridade Penal ECA – Sujeito a medidas


socioeducativas e protetivas.

Art.28 – Embriaguez Completa Supressão das capacidades mentais Inimputável – absolvição própria –
involuntária * não há que se falar em medida de
segurança

Semi-imputável – condenação
com pena reduzida de 1 a 2/3.
Redução das capacidades mentais

Potencial consciência da ilicitude.

PERGUNTAS RESPOSTAS CONSEQUÊNCIAS

1ª - O réu tinha conhecimento do Sim Então está presente a potencial


caráter ilícito do fato? consciência da ilicitude.

Não Então podemos estar diante de


um caso raro de erro de proibição.

2ª - O réu tinha possibilidade de Sim Erro de proibição era


conhecer o caráter ilícito do fato? evitável/inescusável/indesculpável,
o que gerará condenação com
diminuição de pena de 1/6 a 1/3.

Não Será erro de proibição


inevitável/escusável/desculpável.
O réu será absolvido, pois não há
potencial consciência da ilicitude.

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Exigibilidade de conduta diversa.

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL COAÇÃO MORAL RESISTÍVEL

COATOR Condenado + agravante (art.62) Condenado + agravante (art.62)

COAGIDO Absolvido Condenado + atenuante (art.65)

ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ORDEM MANIFESTAMENTE ILEGAL


ILEGAL

SUPERIOR Condenado + agravante (art.62) Condenado + Agravante (art.62)

SUBORDINADO Absolvido Condenado + Atenuante (art.65)

Da aplicação da pena.

Dosimetria (sistema trifásico).

A) Pena-base: circunstâncias judiciais (art. 59)*


B) Pena intermediária ou provisória: agravantes e atenuantes. *
C) Pena definitiva: causas de aumento e diminuição.
* Nesses casos, a pena não pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo.
D) Pós-dosimetria:
D.1) Regime inicial de cumprimento de pena
D.2) Cabimento de pena alternativa
D.3) Cabimento de “sursi”.
D.4) Multa cumulativa.
CULPABILIDADE Trata-se do grau de reprovabilidade do fato
praticado ou gravidade concreta do fato. Você não
pode confundir a culpabilidade da teoria do crime
com a culpabilidade da dosimetria.
ANTECEDENTES Vida pregressa do agente, sob a ótica criminal. O que
pode ser considerado maus antecedentes? Conforme
a súmula 444 do STJ, IP ou ações penais não podem ser
considerados maus antecedentes. Só podem ser
considerados como tal condenações transitadas em
julgado, incapazes de gerar reincidência.
CONDUTA SOCIAL Comportamento do agente no âmbito social (familiar,
profissional, lazer. Passagens pela Vara da Infância e
Juventude (condenação por atos infracionais) podem
ser levadas em conta na dosimetria? SIM! Para o STJ é

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possível, porém, utilizadas na circunstância da


personalidade do agente.
PERSONALIDADE Perfil psicológico. Admite-se a análise de aspectos da
personalidade conectados com o fato objeto da
condenação.
MOTIVOS Antecedente psíquico, ou móvel do delito.
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME Meios e modos de execução
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME Trata-se do grau de afetação do bem jurídico, ou,
ainda, das consequências individuais e coletivas do
ato. P.ex. o exaurimento do crime.
COMPORTAMENTO DA VÍTIMA Aplica-se a casos que a conduta da vítima exerceu
alguma influência no desencadear do delito (ex.:
provocação). Crime culposo: não há compensação de
culpas em Direito Penal, logo, eventual culpa da vítima
não isenta a responsabilidade penal do autor, porém,
a culpa da vítima será levada em consideração como
circunstância judicial favorável ao réu na dosimetria.

1ª – Na falta do critério expresso no Código, o juiz deve iniciar a análise da pena-base pelo mínimo legal.

2ª – O juiz não precisa, na sentença, analisar expressamente cada uma das 8 circunstâncias, basta citar na decisão aquelas
que entender relevantes.

3ª – No caso de corréus, o STJ adite que o juiz faça um cálculo de pena-base aplicável a todos, desde que todos se encontrem
na mesma situação jurídica.

4ª – Ao analisar as circunstâncias, o magistrado pode se deparar com quatro cenários diferentes, a saber:

a) não há circunstância judicial relevante => pena base no mínimo;

b) só há circunstâncias favoráveis => pena base no mínimo;

c) só há circunstâncias desfavoráveis: pena base acima do mínimo – Qual peso deve ser atribuído a cada circunstância judicial
desfavorável? Os critérios mais utilizados são 1/6 (da pena mínima) e 1/8 (IPA – intervalo de pena em abstrato é a diferença
entre a pena máxima e a mínima). A mais usada é a fração de 1/6;

d) Conflito (CJ fav. X CJ desf) = ponderação qualitativa e não meramente quantitativa.

Ordem de preferência.

1.1. Elementares;
1.2. Qualificadoras;
1.3. Causas de aumento ou diminuição;
1.4. Agravantes ou atenuantes;
1.5. Circunstâncias judiciais desfavoráveis.

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Concurso de pessoas

AUTOR COAUTOR PARTÍCIPE

É o sujeito que realiza o verbo É o sujeito que realiza atos de É o sujeito que presta auxílio mora
nuclear. P.ex. “subtração” execução. P.ex. empunhar arma de (que decorre de um induzimento ou
fogo e apontá-la para a vítima. instigação) ou material (forneceu a
arma de fogo), sem praticar atos de
execução ou o verbo nuclear.

Pluralidade de pessoas e Relevância causal das Unidade de Unidade de infração


de condutas condutas desígnio/vínculo
subjetivo/ identidade de
propósitos

Cada uma das pessoas O art. 13, caput, e ao Corresponde à adesão Teoria unitária/monista
deve praticar verbo “concorrer” do art. voluntária à conduta (art. 29, caput, CP).
obrigatoriamente 29. Ver se o concorrente criminosa. Não se exige Todos respondem pelo
condutas penalmente é coautor ou participe. acordo prévio (“pacta mesmo crime.
relevantes (sejam ações sceleris”). Se não houver
ou omissões) unidade de desígnios,
ocorrerá “autoria
colateral”.

ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS

São comunicáveis São os dados acessórios da figura típica, que


influenciam na pena, p.ex. agravantes, atenuantes,
causas de aumento e diminuição)

São incomunicáveis as de caráter pessoal (subjetivas), p.ex. a reincidência. Ou seja, caríssimo, todas aquelas
que não dizem respeito ao caráter pessoa, são comunicáveis. Essa comunicabilidade pressupõe, ao menos,
que o comparsa tenha ciência ou seja previsível. Assim, as circunstâncias objetivas são comunicáveis.

Veja esse exemplo: dois sujeitos concorrem para um crime de peculato (art. 312, do CP). Um dos sujeitos é
funcionário público (intraneus) e o outro é um particular (extraneus). Nesse caso, a elementar “funcionário
público” é comunicável ao particular (se ele tiver conhecimento que seu comparsa é funcionário público) e,
dessa forma, ambos os agentes serão acusados pelo crime de peculato (art. 312, do CP).

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