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Capítulo - Artigos do 1 ao 12 do Código Penal 3


Anterioridade da Lei 3
Lei penal no tempo 4
Lei excepcional ou temporária 7
Tempo do crime 10
Territorialidade 11
Lugar do crime 15
Extraterritorialidade 18
Observação Importante 27
Pena cumprida no estrangeiro 29
Eficácia de sentença estrangeira 30
Contagem de prazo 34
Frações não computáveis da pena 35
Capítulo 2 - Artigos do 100 ao 106 do Código Penal. 37
Ação pública e de iniciativa privada 37
A ação penal no crime complexo 43
Irretratabilidade da representação 44
Decadência do direito de queixa ou de representação 46
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 47
Perdão do ofendido 49
Capítulo 3 - Artigos do 107 ao 120 do Código Penal. 53
Extinção da punibilidade 53
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença 57
Prescrição das penas restritivas de direito 59
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória 60
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final 63
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível 64
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional 66
Prescrição da multa 67
Redução dos prazos de prescrição 68
Causas impeditivas da prescrição 69
Causas interruptivas da prescrição 72
Perdão judicial 80
Capítulo 4 - Artigo 121. 82
Homicídio simples 82
Caso de diminuição de pena 83
Homicídio qualificado 84

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Capítulo - Artigos do 1 ao 12 do Código Penal
Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.

No âmbito do Direito Penal, o princípio da legalidade é um dos pilares fundamentais que norteiam
o sistema jurídico. Esse princípio encontra sua expressão máxima no brocardo "nullum crimen,
nulla poena sine praevia lege", que pode ser traduzido como "não há crime sem lei anterior que o
defina, não há pena sem prévia cominação legal".

Esse aforismo estabelece uma importante salvaguarda para a proteção dos direitos e garantias
individuais dos cidadãos. Em sua primeira parte, afirma que não é possível considerar uma
conduta como criminosa se não houver uma lei anterior que a defina como tal. Isso significa que,
para que uma pessoa possa ser responsabilizada penalmente por uma conduta, é necessário que
exista uma norma legal prévia que a descreva como um crime.

Dessa forma, o legislador tem o papel fundamental de estabelecer, de forma clara e precisa, os
elementos que configuram cada tipo penal. A lei deve descrever de maneira inequívoca as ações
proibidas e as circunstâncias em que elas se enquadram como crimes. Essa exigência é essencial
para garantir a segurança jurídica e evitar arbítrios por parte das autoridades estatais.

A segunda parte do aforismo mencionado enfatiza que a aplicação de uma pena só pode ocorrer
se houver uma previsão legal prévia que estabeleça essa sanção. A pena deve ser determinada e
quantificada de antemão, para que as pessoas tenham conhecimento prévio das consequências
jurídicas de seus atos. Assim, é vedado impor uma pena sem que exista uma lei que a estabeleça
expressamente.

Esse princípio tem sua origem na ideia de que o Estado só pode restringir a liberdade individual e
impor sanções aos cidadãos dentro dos limites estabelecidos pela lei. Essa previsibilidade é
essencial para garantir a igualdade perante a lei e evitar abusos por parte das autoridades. O
Estado não pode agir de forma arbitrária, mas sim com base em leis pré-existentes, que
estabelecem os limites do exercício do poder punitivo.

É importante ressaltar que o princípio da legalidade possui uma estreita relação com outros
princípios fundamentais do Direito Penal, como a tipicidade, a anterioridade, a reserva legal e a
taxatividade. A tipicidade exige que a conduta do agente esteja descrita de forma clara na lei,
enquanto a anterioridade estabelece que a lei deve ser anterior ao fato delituoso.

A reserva legal, por sua vez, impõe que apenas a lei em sentido estrito possa criar tipos penais e
estabelecer penas, não sendo admitida a criação de crimes ou sanções por meio de outras fontes
normativas, como decretos ou regulamentos. Já a taxatividade exige que a lei seja precisa e
determinada, evitando a utilização de termos vagos ou indeterminados que possam dar margem a
interpretações ampliativas.

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Portanto, o princípio da legalidade desempenha um papel fundamental na garantia dos direitos
individuais no âmbito do Direito Penal. Ele assegura que nenhum indivíduo possa ser penalizado
por uma conduta que não esteja previamente definida como crime pela lei, bem como garante que
a aplicação de uma pena esteja devidamente estabelecida em lei anterior. Essa é uma
salvaguarda essencial para a segurança jurídica e para a preservação dos direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos em um Estado de Direito.

Suponha que em um determinado país, a lei criminalize o ato de "furtar bens móveis alheios".
Essa lei estabelece que o furto é um crime punível com pena de reclusão de 1 a 4 anos, além de
multa.

Em uma pequena cidade, João é acusado de cometer um furto em uma loja local. No entanto, ao
analisar o caso, verifica-se que não existe uma lei anterior que defina o ato de "furtar bens móveis
alheios" como crime.

Apesar das evidências apontarem para a conduta de João, a ausência de uma lei que tipifique o
furto torna questionável a acusação penal. A falta de uma definição clara do crime impede que
João seja responsabilizado penalmente pelo suposto furto.

Nesse cenário, o princípio da legalidade entra em jogo, exigindo que exista uma lei anterior que
defina o ato como crime para que a pessoa possa ser condenada. A ausência dessa lei
específica, nesse caso, impede que João seja punido criminalmente pelo furto.

Essa situação demonstra a relevância do princípio da legalidade como um mecanismo de


proteção dos direitos individuais. A existência de uma lei prévia que defina o crime e estabeleça a
pena é essencial para evitar arbitrariedades e garantir que as pessoas sejam informadas
antecipadamente sobre as consequências jurídicas de suas ações.

No exemplo apresentado, a ausência de uma lei que tipifique o furto impede a persecução penal e
a aplicação de uma pena a João, mesmo que haja indícios de sua conduta criminosa. Isso
ressalta a importância de que o Estado atue dentro dos limites estabelecidos pela lei,
assegurando a proteção dos direitos individuais e a igualdade perante a lei.

Lei penal no tempo


Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

O artigo em questão, "Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória", é
uma disposição fundamental do Direito Penal que estabelece o princípio da retroatividade da lei
penal mais benéfica.

Esse princípio é um corolário do princípio da legalidade, garantindo que nenhum indivíduo possa
ser punido por um fato que, em decorrência de uma lei posterior, deixa de ser considerado crime.
A retroatividade da lei penal mais benéfica visa assegurar a proteção dos direitos fundamentais e
a justiça no sistema penal.

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Quando uma nova lei é promulgada e passa a considerar uma conduta como não mais criminosa,
automaticamente ocorre a cessação da execução da pena e dos efeitos penais da sentença
condenatória relacionada a esse fato. Isso significa que a pessoa condenada com base na lei
anterior será beneficiada pela nova legislação, com a interrupção do cumprimento da pena e a
eliminação dos efeitos penais da condenação.

Esse artigo é de suma importância para a segurança jurídica, uma vez que garante que o Estado
não possa retroagir de forma prejudicial aos cidadãos, impondo sanções por condutas que, no
momento de sua prática, não eram consideradas crimes. Assim, é assegurado o respeito aos
direitos e garantias individuais, evitando punições arbitrárias e desproporcionais.

Além disso, a retroatividade da lei penal mais benéfica está alinhada ao princípio da
proporcionalidade, que exige uma adequação entre a gravidade do crime e a sanção imposta. Ao
aplicar a nova lei mais favorável, busca-se uma maior justiça no sistema penal, evitando-se penas
excessivas e desproporcionais à gravidade do fato.

O trânsito em julgado ocorre quando não há mais possibilidade de interposição de recursos contra
uma decisão judicial, tornando-a definitiva e imutável. No entanto, mesmo nessas situações, se
posteriormente uma lei mais favorável for promulgada, ela deverá ser aplicada retroativamente em
benefício do condenado.

Dessa forma, mesmo após o trânsito em julgado, se a nova lei desclassificar a conduta como
crime ou estabelecer uma pena mais branda, por exemplo, o réu poderá se beneficiar dessa
mudança legislativa. A execução da pena será cessada e os efeitos penais da sentença
condenatória serão eliminados, conforme estabelecido no artigo em questão.

A retroatividade da lei penal mais benéfica é um importante instrumento para assegurar a justiça e
a equidade no sistema penal. Ela busca corrigir eventuais injustiças cometidas por leis anteriores
mais severas ou inadequadas, proporcionando uma aplicação do direito penal mais condizente
com os princípios fundamentais do ordenamento jurídico.

Portanto, é válido reiterar que o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica é aplicável
mesmo nos casos de trânsito em julgado da sentença condenatória, permitindo a revisão das
consequências penais diante de uma nova legislação mais favorável ao réu.

Além disso, é necessário destacar que a retroatividade da lei penal mais benéfica refere-se
especificamente à esfera penal, não afetando outras consequências extrapenais da condenação,
como sanções civis ou administrativas decorrentes do fato.

Em conclusão, o artigo em análise estabelece o princípio da retroatividade da lei penal mais


benéfica, garantindo que ninguém possa ser punido por um fato que, posteriormente, deixa de ser
considerado crime. Esse princípio é essencial para a proteção dos direitos e garantias individuais,
bem como para a busca da justiça no âmbito do sistema penal. Ele visa garantir a segurança
jurídica, a proporcionalidade das penas e o respeito aos princípios do Estado Democrático de
Direito.

Suponha que, em um determinado país, a posse de determinada substância era considerada


crime. Pedro foi condenado por posse dessa substância com base em uma lei que estabelecia
uma pena de reclusão de 5 anos e multa.

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No entanto, algum tempo depois, uma nova lei é promulgada, a qual descriminaliza a posse dessa
substância. De acordo com a nova legislação, a posse não é mais considerada crime e não há
mais sanções penais relacionadas a essa conduta.

Diante dessa nova lei, Pedro, que já havia sido condenado anteriormente pela posse da
substância, tem o direito de se beneficiar da retroatividade da lei penal mais benéfica. A execução
da pena que havia sido imposta é imediatamente cessada e os efeitos penais da sentença
condenatória são eliminados.

Assim, Pedro não sofrerá mais as consequências penais de sua condenação, uma vez que a lei
posterior considera a posse da substância como não criminosa. Ele é beneficiado pela
retroatividade da lei penal mais benéfica, que garante a proteção de seus direitos e evita a
punição por um fato que deixou de ser considerado crime.

Esse caso hipotético exemplifica como o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica
assegura a justiça e a igualdade perante a lei. Através desse princípio, garante-se que ninguém
seja punido por uma conduta que, posteriormente, deixa de ser considerada criminosa pela
legislação vigente. A aplicação retroativa da nova lei beneficia Pedro, cessando a execução da
pena e eliminando os efeitos penais de sua condenação.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Esse é o teor de um importante artigo
do Direito Penal, que estabelece o princípio da retroatividade da lei penal mais favorável.

Esse princípio é uma consequência direta do princípio da legalidade, que exige que a conduta
seja previamente definida como crime por lei. A retroatividade da lei penal mais favorável visa
garantir a proteção dos direitos fundamentais e a justiça no âmbito do sistema penal.

Segundo o artigo em análise, quando uma nova lei é promulgada e beneficia o agente de alguma
forma, ela deve ser aplicada retroativamente aos fatos anteriores, independentemente de terem
sido decididos por uma sentença condenatória transitada em julgado.

Essa aplicação retroativa significa que o agente condenado anteriormente pode se beneficiar da
nova legislação, seja pela redução da pena, pela exclusão de uma causa de ilicitude ou até
mesmo pela descriminalização da conduta.

A retroatividade da lei penal mais favorável tem como objetivo principal assegurar a justiça e a
igualdade perante a lei. Ela impede que uma pessoa seja punida por um ato que, à época de sua
prática, era considerado crime, mas que posteriormente deixou de sê-lo ou teve sua penalidade
reduzida.

É importante destacar que a retroatividade da lei penal mais favorável não se restringe apenas à
descriminalização ou à redução de pena. Ela abrange qualquer modificação legal que beneficie o
agente de alguma forma.

A aplicação retroativa desse princípio é respaldada por tratados internacionais de direitos


humanos, que visam proteger os indivíduos contra penas arbitrárias ou desproporcionais.

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Dessa forma, o princípio da retroatividade da lei penal mais favorável busca garantir a segurança
jurídica, a justiça e a proteção dos direitos individuais no sistema penal. Ele assegura que nenhum
indivíduo seja punido de forma desproporcional ou por condutas que deixaram de ser
consideradas criminosas pela legislação vigente.

João foi condenado por roubo agravado, com base em uma lei que estabelecia uma pena de 10
anos de reclusão. A sentença condenatória transitou em julgado, ou seja, não havia mais
possibilidade de recursos.

No entanto, algum tempo depois, uma nova lei é promulgada, a qual estabelece uma definição
mais restrita de roubo agravado e reduz a pena para um máximo de 5 anos de reclusão.

Diante dessa nova lei, João, que já havia sido condenado anteriormente com base na legislação
anterior, tem o direito de se beneficiar da retroatividade da lei penal mais favorável. A nova lei, que
reduz a pena máxima para o crime de roubo agravado, deve ser aplicada retroativamente ao caso
de João.

Assim, a pena imposta a João será reduzida de acordo com a nova legislação. A sentença
condenatória transitada em julgado é afetada pela aplicação retroativa da lei mais favorável, que
estabelece uma penalidade menor para o crime cometido.

Dessa forma, João não será mais punido com uma pena de 10 anos de reclusão, mas sim com
uma pena de até 5 anos de reclusão, conforme determinado pela nova lei. A aplicação retroativa
da lei mais favorável garante a proteção de seus direitos e evita a punição excessiva por um fato
que, de acordo com a nova legislação, seria penalizado de forma menos severa.

Esse caso hipotético ilustra como o princípio da retroatividade da lei penal mais favorável é
aplicado na prática. Ele busca garantir que, mesmo após o trânsito em julgado de uma sentença
condenatória, se uma nova lei for promulgada e favorecer o agente, ela deve ser aplicada
retroativamente aos fatos anteriores, reduzindo a pena ou eliminando a sua aplicação, conforme o
caso.

A retroatividade da lei penal mais favorável é um importante instrumento para assegurar a justiça
e a proporcionalidade no sistema penal. Ela busca corrigir eventuais injustiças cometidas por leis
anteriores mais severas ou inadequadas, garantindo que o agente seja punido de acordo com a
legislação mais benéfica vigente.

Lei excepcional ou temporária


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.

A legislação penal apresenta o artigo 3º, o qual trata da aplicação da lei excepcional ou
temporária, mesmo após o término de sua vigência ou cessação das circunstâncias que a
motivaram.

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Esse dispositivo estabelece que, mesmo após o fim do período de vigência de uma lei excepcional
ou temporária, ela continua aplicável aos fatos praticados durante o período em que esteve em
vigor.

A finalidade desse artigo é garantir a eficácia da legislação temporária ou excepcional, mesmo


que posteriormente as circunstâncias que a motivaram tenham cessado.

Dessa forma, a lei excepcional ou temporária mantém sua validade e eficácia em relação aos
fatos ocorridos durante o período em que esteve em vigor, mesmo que posteriormente seja
revogada ou perca sua vigência.

Essa disposição tem como objetivo garantir a segurança jurídica, pois, se os fatos praticados
durante a vigência da lei excepcional ou temporária fossem excluídos de sua incidência, haveria
insegurança quanto às consequências penais desses atos.

Além disso, a aplicação retroativa dessa lei busca evitar que os infratores se beneficiem do fim da
vigência da norma para escapar das consequências legais de seus atos.

Vale ressaltar que a aplicação retroativa da lei excepcional ou temporária é restrita aos fatos
ocorridos durante sua vigência e não se estende a fatos posteriores à sua revogação ou cessação
das circunstâncias que a motivaram.

Esse dispositivo do Código Penal reforça a importância de se respeitar o princípio da legalidade,


pois mesmo uma lei excepcional ou temporária deve ser aplicada aos fatos ocorridos durante sua
vigência, desde que observadas as demais condições e requisitos legais.

Assim, o artigo 3º do Código Penal estabelece a obrigatoriedade da aplicação da lei excepcional


ou temporária aos fatos praticados durante sua vigência, mesmo após seu término, garantindo a
segurança jurídica e a efetividade da legislação penal em casos específicos e transitórios.

Imagine que durante um período de crise econômica, o governo promulga uma lei excepcional
com o objetivo de combater o aumento de crimes relacionados à corrupção no setor financeiro.
Essa lei estabelece penas mais severas para os crimes de lavagem de dinheiro e desvio de
recursos públicos.

Durante a vigência dessa lei excepcional, João, um executivo de uma grande empresa, é flagrado
desviando verbas públicas para sua conta pessoal. Ele é denunciado, julgado e condenado com
base nessa lei, recebendo uma pena de 10 anos de reclusão.

Após alguns anos, a crise econômica é superada e a estabilidade é restabelecida. O governo


decide revogar a lei excepcional, considerando que as circunstâncias que a motivaram não mais
existem.

No entanto, mesmo após a revogação da lei excepcional, o artigo 3º do Código Penal determina
que ela continue aplicável ao caso de João, pois o fato ocorreu durante o período em que a lei
estava em vigor.

Assim, mesmo após o término da vigência da lei excepcional, a sentença condenatória de João
permanece válida, e ele continua cumprindo a pena de 10 anos de reclusão.

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A aplicação retroativa da lei excepcional aos fatos ocorridos durante sua vigência assegura a
efetividade das medidas tomadas pelo Estado no combate à corrupção durante o período de crise.

Essa situação hipotética exemplifica como o artigo 3º do Código Penal garante a aplicação da lei
excepcional mesmo após seu término, assegurando a segurança jurídica e evitando que os
infratores se beneficiem do fim da vigência da norma para escapar das consequências legais de
seus atos.

Essa disposição legal busca garantir que aqueles que praticaram crimes durante um período de
exceção não fiquem impunes, mesmo que a situação que motivou a criação da lei não mais
exista. Assim, o objetivo é promover a justiça e a igualdade perante a lei, independentemente das
mudanças no contexto social ou político.

Durante um período de crise econômica, o governo promulga uma lei excepcional com o objetivo
de combater o aumento de crimes relacionados à corrupção no setor financeiro. Essa lei
estabelece penas mais severas para os crimes de lavagem de dinheiro e desvio de recursos
públicos.

Durante a vigência dessa lei excepcional, João, um executivo de uma grande empresa, é flagrado
desviando verbas públicas para sua conta pessoal. Ele é denunciado, julgado e condenado com
base nessa lei, recebendo uma pena de 10 anos de reclusão.

Após alguns anos, a crise econômica é superada e a estabilidade é restabelecida. O governo


decide revogar a lei excepcional, considerando que as circunstâncias que a motivaram não mais
existem.

No entanto, mesmo após a revogação da lei excepcional, o artigo 3º do Código Penal determina
que ela continue aplicável ao caso de João, pois o fato ocorreu durante o período em que a lei
estava em vigor.

Assim, mesmo após o término da vigência da lei excepcional, a sentença condenatória de João
permanece válida, e ele continua cumprindo a pena de 10 anos de reclusão.

A aplicação retroativa da lei excepcional aos fatos ocorridos durante sua vigência assegura a
efetividade das medidas tomadas pelo Estado no combate à corrupção durante o período de crise.

Essa situação hipotética exemplifica como o artigo 3º do Código Penal garante a aplicação da lei
excepcional mesmo após seu término, assegurando a segurança jurídica e evitando que os
infratores se beneficiem do fim da vigência da norma para escapar das consequências legais de
seus atos.

Essa disposição legal busca garantir que aqueles que praticaram crimes durante um período de
exceção não fiquem impunes, mesmo que a situação que motivou a criação da lei não mais
exista. Assim, o objetivo é promover a justiça e a igualdade perante a lei, independentemente das
mudanças no contexto social ou político.

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Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado.

O Código Penal apresenta um importante artigo que estabelece a forma de considerar o momento
em que um crime é praticado. Segundo esse dispositivo, o crime é considerado praticado no
momento da ação ou omissão, independentemente do momento em que ocorre o resultado.

Esse artigo possui uma grande relevância no campo do Direito Penal, pois estabelece que o
momento do crime é determinado pela conduta do agente, seja ela uma ação positiva ou uma
omissão.

Dessa forma, o momento da consumação do crime não está vinculado necessariamente ao


momento em que ocorre o resultado ou a produção do evento danoso. O que importa é a conduta
realizada pelo agente, seja ela uma ação positiva, como um ato de agressão, ou uma omissão,
como a falta de agir quando havia o dever de fazê-lo.

Esse princípio é essencial para a definição da tipicidade e da punibilidade do crime. Ele permite a
delimitação precisa do momento em que o agente incorre em conduta criminosa, independente
das circunstâncias que envolvem a produção do resultado.

É importante ressaltar que essa disposição legal busca evitar situações em que o agente possa se
beneficiar de uma mudança de circunstâncias ou de resultados inesperados para escapar da
responsabilidade penal. O foco está na ação ou omissão do agente, pois é nesse momento que
ocorre a violação da norma penal.

Esse dispositivo também tem implicações relevantes para a contagem do prazo prescricional, ou
seja, do tempo em que o Estado tem para iniciar a persecução penal contra o autor do crime. A
contagem desse prazo tem início no momento em que o crime é praticado, ou seja, no momento
da ação ou omissão, independentemente do momento do resultado.

Portanto, o artigo em questão busca estabelecer uma clara definição do momento em que um
crime é considerado praticado. Ele estabelece que o crime ocorre no momento da conduta do
agente, seja ela uma ação ou uma omissão, não se vinculando necessariamente ao momento em
que ocorre o resultado. Essa disposição é fundamental para a definição da tipicidade, da
punibilidade e da contagem do prazo prescricional.

Vamos criar um caso hipotético para ilustrar a lógica do artigo mencionado:

Suponhamos que Pedro esteja dirigindo seu veículo em alta velocidade e, repentinamente, uma
pessoa atravessa a rua de forma imprudente. Pedro, sem tempo para evitar o acidente, colide
com a pessoa, causando-lhe graves ferimentos.

Nesse caso, de acordo com o artigo mencionado, o momento em que o crime é considerado
praticado é no momento da ação, ou seja, no momento em que Pedro está dirigindo em alta
velocidade e colide com a pessoa. Mesmo que o resultado, ou seja, os ferimentos causados à
vítima, ocorra em um momento posterior.

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Ainda que Pedro não tivesse a intenção de causar danos à pessoa que atravessou a rua, sua
conduta de dirigir em alta velocidade, em desrespeito às regras de trânsito, configura uma ação
criminosa. Assim, o momento do crime é determinado pela conduta de Pedro no momento da
colisão.

Mesmo que Pedro tenha tentado prestar socorro imediatamente após o acidente, o momento do
crime é fixado no momento da ação, quando ele estava dirigindo em alta velocidade,
independentemente das consequências posteriores.

Essa lógica é importante para evitar que um agente possa alegar que seu comportamento não
configura um crime, simplesmente porque o resultado danoso ocorreu em um momento posterior.
O foco está na conduta em si, que viola a norma penal, independentemente do resultado ou das
circunstâncias subsequentes.

Portanto, o caso hipotético ilustra como o artigo mencionado estabelece que o crime é
considerado praticado no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado. Ele enfatiza a importância de se avaliar a conduta criminosa em si, independentemente
das consequências posteriores, garantindo a efetividade da justiça penal.

Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.

O Código Penal brasileiro traz consigo um importante artigo que trata da aplicação da lei brasileira
em casos de crimes cometidos dentro do território nacional. Segundo essa disposição legal, a lei
brasileira é aplicável a esses crimes, independentemente de convenções, tratados e regras de
direito internacional.

Essa norma estabelece o princípio da territorialidade da lei penal brasileira, que significa que o
ordenamento jurídico nacional é aplicado aos crimes praticados dentro do território do país.

Isso significa que, mesmo que existam convenções, tratados ou regras de direito internacional que
regulem determinadas matérias criminais, a lei brasileira prevalece sobre essas normas no
território nacional. A soberania do Estado permite que ele estabeleça as regras penais aplicáveis
às condutas criminosas cometidas em seu território.

Esse princípio é de fundamental importância para a garantia da ordem pública e da segurança


jurídica dentro do país. Permite que o Estado exerça sua jurisdição sobre os crimes cometidos em
seu território, aplicando suas próprias leis e assegurando a punição dos infratores de acordo com
suas normas internas.

No entanto, é importante ressaltar que, em casos específicos, nos quais o Brasil seja signatário de
convenções ou tratados internacionais que estabeleçam obrigações em relação à persecução
penal de determinados crimes, a legislação internacional também poderá ser aplicada.

Assim, o princípio da aplicação da lei brasileira ao crime cometido no território nacional visa
preservar a soberania do Estado e a efetividade do seu sistema jurídico-penal, assegurando que

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as normas internas sejam aplicadas e que os criminosos sejam responsabilizados dentro dos
limites territoriais do país.

Portanto, a norma contida no artigo mencionado do Código Penal reforça a competência da lei
brasileira para regular os crimes cometidos em território nacional, sem prejuízo das convenções,
tratados e regras de direito internacional que possam ser aplicáveis em situações específicas.
Essa disposição é fundamental para a segurança jurídica e para a efetividade da justiça penal no
âmbito nacional.

Vamos criar um caso hipotético para ilustrar a lógica do artigo mencionado:

Imaginemos que um cidadão estrangeiro, Pedro, visitando o Brasil como turista, cometa um crime
dentro do território nacional. Ele se envolve em uma briga de rua e agride gravemente um
brasileiro, causando-lhe lesões corporais.

Nesse caso, de acordo com o artigo mencionado, a lei brasileira será aplicada ao crime cometido
por Pedro, mesmo que ele seja estrangeiro. O fato de estar em território brasileiro estabelece a
competência da lei brasileira para regular a conduta criminosa.

Apesar de Pedro não ser cidadão brasileiro, a sua agressão ocorreu dentro do território nacional,
sujeitando-o à jurisdição das leis brasileiras. Assim, a lei penal brasileira será aplicada para
determinar a tipificação do crime e as consequências penais cabíveis.

Mesmo que existam convenções, tratados ou regras de direito internacional que tratem de crimes
similares, a lei brasileira prevalecerá sobre essas normas no território nacional. Isso é decorrente
do princípio da soberania do Estado e da necessidade de garantir a segurança jurídica e a ordem
pública no país.

A aplicação da lei brasileira nesse caso hipotético busca assegurar a punição de Pedro de acordo
com as normas do ordenamento jurídico nacional, independentemente da sua nacionalidade. Isso
é fundamental para garantir a proteção dos direitos dos cidadãos brasileiros e a efetividade da
justiça penal.

Vale ressaltar que, em casos específicos nos quais o Brasil seja signatário de convenções ou
tratados internacionais que estabeleçam obrigações em relação à persecução penal de
estrangeiros, as regras internacionais também poderão ser aplicadas.

Portanto, o caso hipotético ilustra como o artigo mencionado do Código Penal estabelece a
aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos dentro do território nacional, independentemente
da nacionalidade do autor. Essa lógica reforça a competência do Estado para regular e punir
condutas criminosas dentro de suas fronteiras, assegurando a segurança jurídica e a efetividade
da justiça penal no Brasil.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as


embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

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O Código Penal brasileiro traz consigo um relevante dispositivo que trata da extensão do território
nacional para efeitos penais. De acordo com esse artigo, são consideradas como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro, independentemente de sua localização geográfica. Além disso, também são
abrangidas por essa disposição as aeronaves e embarcações brasileiras, sejam elas mercantes
ou de propriedade privada, quando estiverem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar.

Essa norma possui um papel fundamental na determinação da competência jurisdicional do


Estado brasileiro em relação a certas condutas criminosas ocorridas em embarcações e
aeronaves de bandeira brasileira. O legislador busca assegurar que, mesmo fora do território
nacional, essas embarcações e aeronaves estejam sujeitas à aplicação da lei penal brasileira.

Com base nesse dispositivo, qualquer infração penal cometida a bordo de uma embarcação ou
aeronave brasileira, independentemente de sua localização, será tratada como se tivesse ocorrido
dentro do território nacional. Isso garante que o Estado possa exercer sua jurisdição e punir os
responsáveis pelos crimes cometidos nessas circunstâncias.

Essa extensão do território nacional também é importante para fins de cooperação jurídica
internacional. Através dessa disposição, o Brasil tem a capacidade de requerer a extradição ou a
aplicação da lei penal brasileira em casos que envolvam embarcações e aeronaves de sua
propriedade, mesmo que estejam fora de suas fronteiras.

Vale ressaltar que essa extensão do território nacional não se aplica a todas as embarcações e
aeronaves, mas apenas às brasileiras. As embarcações e aeronaves estrangeiras estão sujeitas
às leis de seu país de origem, a menos que existam tratados ou convenções internacionais que
estabeleçam o contrário.

Portanto, o dispositivo do Código Penal em questão busca ampliar a competência territorial do


Estado brasileiro, estabelecendo a extensão do território nacional para fins penais. Embarcações
e aeronaves brasileiras, sejam públicas, a serviço do governo ou de propriedade privada, são
consideradas como parte do território nacional, independentemente de sua localização. Essa
disposição é fundamental para garantir a aplicação da lei penal brasileira e a efetividade da justiça
mesmo em casos que ocorram em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente.

Vamos criar um caso hipotético para ilustrar a lógica do artigo mencionado:

Suponhamos que um navio de bandeira brasileira esteja navegando em águas internacionais. A


bordo desse navio, há um passageiro estrangeiro, Juan, que comete um crime contra um dos
tripulantes. Juan agride fisicamente o tripulante, causando-lhe lesões graves.

Nesse caso, de acordo com o artigo mencionado, mesmo que o crime tenha ocorrido em alto-mar,
o navio é considerado extensão do território nacional para efeitos penais. Isso significa que a lei
brasileira será aplicada ao crime cometido por Juan a bordo da embarcação brasileira, mesmo
estando fora do território nacional.

A lógica por trás dessa disposição é garantir que crimes cometidos em embarcações brasileiras
sejam julgados de acordo com a lei do país de origem da embarcação, independentemente de sua
localização geográfica. Isso é importante para manter a ordem e a segurança a bordo dessas

13
embarcações e para responsabilizar os infratores de acordo com as leis do Estado que as
registrou.

Dessa forma, mesmo em águas internacionais, o navio de bandeira brasileira é considerado como
extensão do território nacional para fins penais. A aplicação da lei brasileira garante que Juan seja
processado e julgado de acordo com as normas penais brasileiras, assegurando a justiça para a
vítima e a manutenção da ordem dentro da embarcação.

É importante ressaltar que essa extensão do território nacional não se aplica a embarcações
estrangeiras, que estão sujeitas às leis de seus respectivos países, a menos que existam tratados
ou convenções internacionais em contrário.

Portanto, o caso hipotético ilustra como o artigo mencionado do Código Penal estabelece que as
embarcações brasileiras, sejam elas de natureza pública, a serviço do governo ou de propriedade
privada, são consideradas como extensão do território nacional para fins penais. Essa lógica visa
garantir a aplicação da lei brasileira e a competência jurisdicional do Estado brasileiro mesmo em
situações ocorridas em águas internacionais.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou


embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.

O Código Penal brasileiro possui um artigo de extrema relevância que trata da aplicação da lei
brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada. De acordo com esse dispositivo, a lei brasileira é aplicável aos crimes
cometidos em tais situações quando as aeronaves estrangeiras estiverem em pouso no território
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e as embarcações estrangeiras estiverem
em porto ou mar territorial do Brasil.

Essa disposição tem como objetivo estender a jurisdição do Estado brasileiro sobre condutas
criminosas que ocorram em aeronaves e embarcações estrangeiras nessas circunstâncias
específicas. Isso ocorre mesmo que os sujeitos envolvidos sejam estrangeiros e a propriedade
seja de natureza privada.

A justificativa para essa ampliação da competência territorial é a necessidade de garantir a ordem


pública e a segurança dentro do território nacional. Ao aplicar a lei brasileira aos crimes cometidos
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras nessas condições, o Estado busca coibir a
prática de condutas ilícitas que possam comprometer a tranquilidade e a integridade de seu
território.

Essa extensão da aplicação da lei brasileira também visa evitar a impunidade em casos nos quais
os crimes são cometidos em embarcações ou aeronaves estrangeiras dentro do território nacional
ou em seu espaço aéreo ou mar territorial correspondente. Dessa forma, mesmo que as
embarcações ou aeronaves sejam de propriedade privada e de bandeira estrangeira, o Estado
brasileiro mantém a sua competência para julgar e punir tais condutas criminosas.

É importante ressaltar que a aplicação da lei brasileira em casos envolvendo aeronaves ou


embarcações estrangeiras de propriedade privada se limita às situações descritas no artigo

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mencionado. Fora desses casos específicos, a competência recai sobre as autoridades do país de
bandeira da embarcação ou aeronave.

Assim, o dispositivo do Código Penal busca estender a aplicação da lei brasileira aos crimes
cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada em
situações delimitadas, quando estas se encontram em território nacional, em voo no espaço aéreo
correspondente ou em porto ou mar territorial brasileiro. Essa disposição reforça o compromisso
do Estado brasileiro em combater a criminalidade e garantir a segurança e a ordem dentro do seu
território.

Vamos criar um caso hipotético para ilustrar a lógica do artigo mencionado:

Suponhamos que uma aeronave de propriedade privada, registrada em um país estrangeiro,


esteja realizando um voo de turismo com passageiros a bordo. Durante o trajeto, um dos
passageiros, um cidadão estrangeiro chamado Carlos, comete um crime grave contra outro
passageiro, causando-lhe lesões corporais.

Nesse caso, de acordo com o artigo mencionado do Código Penal, a lei brasileira será aplicada ao
crime cometido por Carlos a bordo da aeronave estrangeira, desde que ela esteja em voo no
espaço aéreo correspondente ao território brasileiro. Essa aplicação da lei brasileira ocorre
independentemente da nacionalidade dos envolvidos e da propriedade privada da aeronave.

A lógica por trás dessa disposição é garantir que o Estado brasileiro tenha jurisdição sobre crimes
graves cometidos a bordo de aeronaves estrangeiras que estejam em voo no espaço aéreo
brasileiro. Isso assegura que atos criminosos sejam devidamente investigados, julgados e
punidos, independentemente da propriedade privada da aeronave ou da nacionalidade dos
envolvidos.

Assim, mesmo que a aeronave seja de propriedade privada e esteja registrada em outro país, a lei
brasileira é aplicada para garantir a ordem e a segurança no espaço aéreo correspondente ao
território nacional. Essa aplicação se dá por considerar que a aeronave, embora estrangeira, está
temporariamente sob a soberania do Estado brasileiro durante o seu voo nesse espaço aéreo.

Vale ressaltar que essa aplicação da lei brasileira se limita às situações específicas descritas no
artigo mencionado. Fora dessas circunstâncias, a competência penal recai sobre as autoridades
do país de registro da aeronave.

Portanto, o caso hipotético ilustra como o artigo do Código Penal estabelece que a lei brasileira é
aplicável aos crimes praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada, desde
que estejam em voo no espaço aéreo correspondente ao território nacional. Essa lógica visa
garantir a ordem, a segurança e a justiça, mesmo em situações envolvendo aeronaves de
propriedade privada de outros países.

Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

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O artigo 6º do Código Penal brasileiro é de extrema importância para a definição do local onde
um crime é considerado como praticado. De acordo com essa disposição legal, o crime é
considerado como ocorrido no lugar onde ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como no lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Essa definição tem como objetivo estabelecer a competência territorial para a aplicação da lei
penal. O local onde o crime é considerado praticado é relevante para determinar qual a jurisdição
responsável por processar e julgar o caso.

A ação ou omissão, ou seja, a conduta criminosa, é um elemento central na determinação do local


onde o crime é considerado praticado. O local onde ocorreu a ação ou omissão é o ponto de
partida para a definição da competência territorial.

Além disso, o resultado também desempenha um papel importante. O lugar onde o resultado do
crime se produziu ou deveria produzir-se também é levado em consideração. Isso significa que,
mesmo que a ação criminosa tenha ocorrido em um lugar e o resultado tenha se manifestado em
outro, ambos os locais são relevantes para a definição do local onde o crime é considerado
praticado.

Essa abordagem visa garantir que o Estado com jurisdição territorial tenha competência para
processar e julgar o crime, assegurando a efetividade da justiça e o cumprimento das normas
legais.

Dessa forma, o artigo em questão estabelece um critério objetivo para determinar o local onde um
crime é considerado praticado, levando em conta tanto a ação ou omissão quanto o resultado.
Essa definição é essencial para a aplicação da lei penal, garantindo a competência territorial e o
devido processo legal.

A definição do local onde um crime é considerado praticado, conforme estabelecido no artigo 6º


do Código Penal, é fundamental para a aplicação da lei penal e a atribuição da competência
territorial. Essa determinação busca garantir a segurança jurídica e a justiça no processo de
responsabilização dos infratores.

O critério adotado pelo dispositivo legal baseia-se na conexão entre o local da ação ou omissão,
no todo ou em parte, e o local onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado do crime. A
ideia é que o lugar onde ocorreram esses elementos essenciais seja considerado como o local
onde o crime efetivamente se deu.

Assim, quando uma ação ou omissão criminosa ocorre em determinado lugar, esse local é o ponto
de partida para a análise da competência territorial. Da mesma forma, quando o resultado do
crime se manifesta em um lugar específico, seja ele o mesmo ou diferente do local da ação ou
omissão, esse local também é relevante para a definição do local do crime.

É importante ressaltar que essa definição leva em consideração tanto o aspecto material quanto o
aspecto jurídico do crime. O lugar onde a ação ou omissão ocorreu fisicamente é relevante, assim
como o lugar onde o resultado do crime se produziu ou deveria produzir-se de acordo com o
ordenamento jurídico.

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Com essa abordagem, busca-se evitar lacunas ou conflitos de competência territorial, garantindo
que o Estado competente possa exercer sua jurisdição de forma efetiva. A determinação do local
do crime proporciona a base para a aplicação da lei penal, permitindo que as autoridades
competentes processem e julguem os responsáveis pelos atos criminosos.

Em suma, o artigo 6º do Código Penal estabelece uma regra objetiva para a definição do local
onde um crime é considerado praticado, levando em conta tanto a ação ou omissão quanto o
resultado. Essa determinação é essencial para a correta aplicação da lei penal e a atribuição da
competência territorial, assegurando a eficácia e a justiça no combate aos crimes.

A competência territorial é um princípio fundamental do sistema jurídico, que estabelece os limites


geográficos dentro dos quais um determinado órgão jurisdicional tem autoridade para processar e
julgar um caso. Em outras palavras, é a delimitação espacial da jurisdição de um tribunal ou
autoridade judicial.

A competência territorial é de extrema importância, pois garante a segurança jurídica, a


organização do sistema judicial e a proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos. Ela impede
que haja conflitos de competência entre diferentes tribunais, garantindo que cada caso seja
julgado pelo órgão jurisdicional adequado.

Ao definir os limites geográficos da competência, a legislação estabelece qual tribunal ou


autoridade é responsável por julgar um determinado caso. Isso evita que um mesmo crime seja
julgado por tribunais diferentes, garantindo a unidade de tratamento e a coerência nas decisões
judiciais.

A competência territorial também está relacionada à soberania dos Estados. Cada país tem o
direito de exercer sua jurisdição sobre o território que lhe pertence. Dessa forma, a competência
territorial assegura que a legislação e a justiça de um Estado se apliquem aos fatos ocorridos
dentro de suas fronteiras.

Além disso, a competência territorial é importante para a eficiência do sistema judicial. Ao delimitar
a jurisdição de cada tribunal, evita-se que os casos sejam dispersos e que os recursos do sistema
sejam utilizados de forma ineficiente. Isso permite uma melhor administração da justiça e uma
distribuição adequada dos recursos judiciais.

A competência territorial também tem implicações práticas, como a determinação do local de


realização de diligências, oitivas de testemunhas e produção de provas. Ela contribui para a
celeridade processual e a garantia do devido processo legal.

Por fim, a competência territorial está relacionada à soberania dos Estados e ao princípio da
segurança jurídica. Ela garante que a legislação e a jurisdição de um país sejam aplicadas dentro
de suas fronteiras, assegurando a ordem social e a proteção dos direitos individuais.

Em resumo, a competência territorial é um princípio essencial para a organização do sistema


jurídico, estabelecendo os limites geográficos da jurisdição e garantindo a aplicação da lei de
forma eficiente, coerente e justa.

Caso hipotético para entender a lógica do artigo 6º do Código Penal:

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Em uma pequena cidade costeira, localizada no território nacional brasileiro, um empresário
ambicioso e inescrupuloso decide despejar resíduos químicos tóxicos no rio que banha a região.
Ele está ciente de que essa prática é ilegal e pode causar sérios danos ao meio ambiente e à
saúde da população local.

Durante alguns meses, o empresário continua a cometer essa conduta criminosa, despejando os
resíduos no rio de forma frequente e deliberada. O resultado dessa ação é devastador: peixes
começam a morrer em grande quantidade, e a água do rio fica contaminada, tornando-se
imprópria para consumo humano.

A poluição causa impacto não apenas no rio local, mas também em uma praia turística situada a
algumas milhas de distância da cidade. Turistas estrangeiros que visitam a praia começam a
adoecer devido à contaminação, e alguns casos chegam a ser graves.

A polícia ambiental inicia uma investigação e descobre as atividades criminosas do empresário.


Ele é preso em flagrante enquanto realiza mais um despejo ilegal no rio. Após a conclusão do
inquérito policial, o Ministério Público oferece denúncia contra o empresário pelos crimes
ambientais cometidos.

A questão da competência territorial se torna relevante nesse caso, uma vez que o crime envolve
impactos em mais de um local. O Ministério Público precisa decidir onde irá ajuizar a ação penal
contra o empresário.

Conforme o artigo 6º do Código Penal, a competência territorial será definida considerando o lugar
onde ocorreu a ação ou omissão (o despejo dos resíduos no rio) e onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado (a contaminação do rio e da praia).

Nesse contexto, a competência territorial abrange tanto o local onde o empresário praticou a ação
criminosa, ou seja, a cidade costeira, quanto o local onde se produziu o resultado do crime, ou
seja, tanto o rio contaminado quanto a praia afetada pelos resíduos tóxicos.

Portanto, o processo criminal contra o empresário poderá ser instaurado na cidade costeira,
abrangendo os efeitos do crime tanto na região do rio poluído quanto na praia turística. Essa
decisão é respaldada pelo princípio da competência territorial, que busca garantir que a justiça
seja feita nos lugares onde ocorreram as ações criminosas e onde seus resultados nefastos se
manifestaram.

Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,


de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

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d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

A disposição contida no artigo 7º do Código Penal brasileiro é de extrema relevância no âmbito do


direito penal internacional, uma vez que estabelece os casos em que a lei brasileira será aplicada
aos crimes cometidos no exterior.

De acordo com o dispositivo, estão sujeitos à lei brasileira, mesmo que cometidos no estrangeiro,
os seguintes crimes: contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio
ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; contra
a administração pública, por quem está a seu serviço; e os crimes de genocídio, quando o agente
for brasileiro ou domiciliado no Brasil.

Essa norma é fundamentada no princípio da territorialidade, que estabelece que o Estado tem
poder para legislar e julgar os crimes ocorridos dentro do seu território. No entanto, o legislador
reconhece a necessidade de estender a competência da lei brasileira para além das fronteiras
nacionais, a fim de garantir a proteção de bens jurídicos de especial importância para o país.

No caso dos crimes mencionados no artigo 7º, o legislador entende que é de interesse do Estado
brasileiro punir tais condutas mesmo que tenham sido cometidas no estrangeiro. Isso se justifica
pela gravidade desses delitos e pelo fato de que eles afetam diretamente a integridade do Estado
e de suas instituições.

Dessa forma, se um brasileiro ou um estrangeiro domiciliado no Brasil cometer um crime contra a


vida ou a liberdade do Presidente da República em outro país, por exemplo, ele poderá ser
processado e julgado de acordo com a legislação brasileira.

Da mesma forma, se um indivíduo praticar um crime de genocídio sendo brasileiro ou domiciliado


no Brasil, independentemente do local em que o ato tenha ocorrido, a lei brasileira será aplicada
para puni-lo.

Essa disposição legal busca garantir que condutas graves, que atentem contra a soberania, a
segurança e a estabilidade do Estado brasileiro, não fiquem impunes apenas por terem sido
cometidas fora de seu território. Além disso, visa assegurar que o país exerça sua jurisdição de
forma a prevenir e reprimir condutas delituosas que possam prejudicar sua imagem e seus
interesses.

A aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos no exterior requer, muitas vezes, a cooperação
e o diálogo entre os Estados envolvidos, a fim de garantir a efetividade da justiça e o respeito aos
direitos fundamentais dos envolvidos no processo penal.

Portanto, o artigo 7º do Código Penal brasileiro estabelece a extensão da competência da lei


brasileira para abarcar determinados crimes praticados no estrangeiro, visando proteger a
segurança do Estado, a administração pública e outros bens jurídicos de relevância, e assegurar
que os responsáveis por tais condutas sejam devidamente processados e punidos.

A aplicação da lei brasileira aos crimes elencados no artigo 7º é fundamentada no princípio da


proteção, que busca resguardar interesses específicos do Estado brasileiro, independentemente

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do local em que os delitos tenham sido praticados. É importante ressaltar que essa extensão da
competência territorial não implica em interferência indevida nos assuntos internos de outros
países, mas sim na prerrogativa de garantir a ordem e a segurança nacional.

A inclusão dos crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República, bem como os
delitos contra o patrimônio, a fé pública e a administração pública, no rol dos crimes sujeitos à lei
brasileira quando praticados no exterior, visa preservar a estabilidade política, econômica e social
do país, evitando atos que possam comprometer seu funcionamento adequado.

Além disso, o enquadramento dos crimes de genocídio na esfera de competência da lei brasileira,
quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil, está em conformidade com a postura
internacional do país na prevenção e punição de tais condutas, as quais ofendem a humanidade
como um todo.

Essa disposição legal também reflete o compromisso do Estado brasileiro com as normas e
convenções internacionais das quais é signatário, no que se refere à cooperação no combate a
crimes transnacionais e na proteção de bens jurídicos relevantes.

A competência territorial ampliada prevista no artigo 7º busca preencher possíveis lacunas


jurídicas e garantir a efetividade da justiça, evitando que indivíduos que pratiquem esses crimes
no exterior fiquem impunes, seja pela ausência de legislação adequada no país onde o delito
ocorreu, seja por questões relacionadas à extradição ou cooperação jurídica internacional.

É importante ressaltar que a aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos no estrangeiro
requer a observância dos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório,
bem como o respeito aos tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é parte.

Assim, o artigo 7º do Código Penal brasileiro busca assegurar a proteção de interesses nacionais
relevantes e a adequada persecução penal dos crimes praticados no estrangeiro que afetem o
Estado brasileiro, fortalecendo a segurança jurídica, a soberania e a integridade do país.

Vou apresentar casos hipotéticos para melhor compreensão da lógica de cada um dos dispositivos
mencionados.

1. Art. 7º, inciso I: Crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. Hipótese:
Um cidadão brasileiro, insatisfeito com a gestão do Presidente da República, planeja e
executa um atentado contra sua vida durante uma visita oficial do presidente a um país
estrangeiro. Mesmo que o crime tenha sido praticado fora do território nacional, a lei
brasileira será aplicada para punir o agente, garantindo a proteção do chefe de Estado e a
integridade do país.
2. Art. 7º, inciso II: Crimes contra o patrimônio ou a fé pública de entidades governamentais.
Hipótese: Um brasileiro realiza uma ação criminosa no exterior, desviando recursos de
uma empresa pública estrangeira que possui vínculos comerciais com o Brasil. Mesmo que
o crime tenha sido cometido fora do território nacional, a lei brasileira será aplicada para
processar e julgar o agente, visando a proteção do patrimônio público e a defesa dos
interesses nacionais.
3. Art. 7º, inciso III: Crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço.
Hipótese: Um funcionário público brasileiro, lotado em uma embaixada no exterior, é
envolvido em um esquema de corrupção com empresários estrangeiros. Apesar de terem

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ocorrido fora do território nacional, os atos de corrupção são considerados crimes contra a
administração pública brasileira, sendo aplicável a lei brasileira para responsabilizar o
agente por suas condutas ilícitas.
4. Art. 7º, inciso IV: Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil. Hipótese: Um cidadão brasileiro, residente no Brasil, participa de um conflito
armado em outro país e comete atos de genocídio contra uma determinada etnia. Apesar
de ter ocorrido fora do território nacional, a lei brasileira será aplicada para processar e
julgar o agente, uma vez que o crime de genocídio é considerado de especial gravidade e
afeta a humanidade como um todo.

Esses casos hipotéticos ilustram situações em que a aplicação da lei brasileira se estende para
além das fronteiras nacionais, visando garantir a proteção de bens jurídicos relevantes e a
responsabilização de indivíduos que pratiquem crimes graves no exterior, mas que tenham
conexão com o Estado brasileiro.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade


privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

A legislação penal brasileira é responsável por regular as condutas criminosas dentro do território
nacional. No entanto, em alguns casos, a lei brasileira também pode ser aplicada a crimes
cometidos no exterior. Isso está previsto no artigo 7º do Código Penal. Vamos entender cada parte
desse artigo:

O inciso II do artigo 7º estabelece três situações em que os crimes cometidos no estrangeiro ficam
sujeitos à lei brasileira.

A primeira situação é quando o Brasil se comprometeu, por meio de tratado ou convenção


internacional, a reprimir determinado crime. Isso significa que, mesmo que o crime seja cometido
em outro país, se houver um acordo internacional no qual o Brasil assumiu o compromisso de
reprimir esse tipo de crime, a lei brasileira será aplicada.

A segunda situação é quando o crime é praticado por um brasileiro. Nesse caso, a nacionalidade
do autor do crime é determinante para que a lei brasileira seja aplicada, independentemente do
local onde o crime ocorreu. Assim, um cidadão brasileiro que comete um crime no exterior pode
ser julgado e punido de acordo com as leis brasileiras.

A terceira situação é quando o crime é praticado em aeronaves ou embarcações brasileiras,


sejam elas mercantes ou de propriedade privada, mesmo que estejam em território estrangeiro e
não sejam julgadas nesse local. Isso significa que, se uma aeronave ou embarcação brasileira
estiver em outro país e um crime for cometido a bordo, a lei brasileira poderá ser aplicada, mesmo
que o país em questão não julgue o caso.

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Essas medidas visam garantir que o Brasil possa exercer sua jurisdição em determinadas
situações, mesmo fora do território nacional. Elas têm como objetivo proteger a sociedade
brasileira, combater determinados crimes e assegurar que a justiça seja aplicada aos envolvidos,
sejam eles brasileiros ou estrangeiros.

É importante ressaltar que a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no exterior está sujeita
às condições estabelecidas no artigo 7º. Se não houver enquadramento em nenhuma das
situações descritas, o princípio da territorialidade prevalece, ou seja, o país em que o crime foi
cometido terá jurisdição sobre o caso.

Em resumo, o artigo 7º do Código Penal brasileiro estabelece que certos crimes cometidos no
estrangeiro ficam sujeitos à lei brasileira. Isso ocorre quando o Brasil se comprometeu
internacionalmente a reprimir determinado crime, quando o crime é praticado por um brasileiro ou
quando ocorre em aeronaves ou embarcações brasileiras no exterior. Essas medidas visam
garantir a aplicação da justiça e a proteção da sociedade, mesmo além das fronteiras do país.

Vou criar alguns casos hipotéticos didáticos para ilustrar as situações previstas no artigo 7º do
Código Penal:

1. Caso de tratado internacional: Suponha que o Brasil tenha assinado um tratado


internacional no qual se compromete a reprimir o tráfico de drogas. João, um cidadão
brasileiro, é preso na Colômbia por envolvimento com o tráfico de drogas. Mesmo que o
crime tenha ocorrido fora do território brasileiro, o Brasil é obrigado a reprimir esse crime
de acordo com o tratado assinado, portanto, a lei brasileira será aplicada.
2. Caso de crime praticado por brasileiro: Carlos, um brasileiro, visita a Argentina e comete
um furto em uma loja. Mesmo que o crime tenha ocorrido em território estrangeiro, a lei
brasileira poderá ser aplicada devido à nacionalidade do autor. Carlos poderá ser julgado e
punido de acordo com as leis brasileiras.
3. Caso de crime praticado em aeronave brasileira: Em um voo internacional, a bordo de uma
aeronave brasileira de propriedade privada, Pedro agride um passageiro. O incidente
ocorre no espaço aéreo de um país estrangeiro, onde o caso não é julgado. Nesse caso, a
lei brasileira pode ser aplicada, uma vez que o crime ocorreu em uma aeronave brasileira.
Pedro poderá ser processado e responsabilizado conforme as leis do Brasil.

Esses casos hipotéticos demonstram situações em que a lei brasileira pode ser aplicada a crimes
cometidos no exterior, de acordo com as disposições do artigo 7º do Código Penal. A intenção é
ilustrar as diferentes circunstâncias em que o Brasil exerce sua jurisdição sobre determinados
crimes, levando em consideração tratados internacionais, a nacionalidade do autor do crime e a
presença de aeronaves ou embarcações brasileiras no exterior.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
ou condenado no estrangeiro.

O artigo 7º do Código Penal brasileiro estabelece que determinados crimes cometidos no exterior
ficam sujeitos à lei brasileira. Vamos entender cada parte desse artigo:

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1. Contextualização: Esse artigo trata dos crimes que, mesmo cometidos fora do território
nacional, são considerados de grande importância para a segurança e estabilidade do
Brasil.
2. Crimes contra o Presidente da República: A alínea a do inciso I do artigo 7º abrange os
crimes cometidos contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. Mesmo que
esses crimes ocorram no exterior, a lei brasileira será aplicada para punir os responsáveis.
3. Crimes contra o patrimônio e a fé pública: A alínea b do inciso I abrange os crimes
cometidos contra o patrimônio ou a fé pública de entidades importantes, como a União, o
Distrito Federal, os Estados, os Municípios, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista, as autarquias ou as fundações instituídas pelo Poder Público.
4. Crimes contra a administração pública: A alínea c do inciso I abrange os crimes cometidos
contra a administração pública por pessoas que estão a seu serviço. Assim, mesmo que
esses crimes ocorram no exterior, a lei brasileira será aplicada para responsabilizar os
envolvidos.
5. Crimes de genocídio: A alínea d do inciso I abrange os crimes de genocídio, quando o
agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. Esses crimes são considerados de extrema
gravidade e, portanto, mesmo que sejam cometidos no exterior, serão punidos de acordo
com a lei brasileira.
6. Jurisdição da lei brasileira: O parágrafo 1º do artigo 7º estabelece que nos casos descritos
no inciso I, o agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente de ter
sido absolvido ou condenado no exterior. Isso significa que mesmo que a pessoa seja
julgada e considerada inocente ou culpada em outro país, ela ainda será punida de acordo
com as leis do Brasil.
7. Soberania nacional: Essa disposição ressalta a soberania do Brasil em relação aos crimes
considerados de grande relevância para o país. O Brasil tem o direito de aplicar sua
própria lei e punir os responsáveis, mesmo que os crimes tenham sido cometidos em outro
país.
8. Proteção dos interesses nacionais: A aplicação da lei brasileira nesses casos visa proteger
os interesses nacionais, garantindo que crimes graves contra autoridades, patrimônio
público e a administração sejam devidamente punidos, independentemente de onde
tenham ocorrido.
9. Cooperação internacional: Apesar da aplicação da lei brasileira, o Brasil também pode
cooperar com outros países no processo de investigação e punição dos crimes. Isso inclui
a troca de informações, extradição de criminosos e cooperação em processos judiciais.
10. Combate à impunidade: Essa disposição busca combater a impunidade, garantindo que os
autores de crimes graves não possam escapar da justiça simplesmente porque o crime foi
cometido no exterior.
11. Harmonização das leis: Ao aplicar a lei brasileira em crimes cometidos no exterior,
busca-se a harmonização entre as leis nacionais e os compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil.
12. Garantia da segurança jurídica: Essa disposição busca garantir a segurança jurídica,
estabelecendo que mesmo que ocorra um processo no exterior, a pessoa ainda pode ser
responsabilizada de acordo com as leis do Brasil.

Em resumo, o artigo 7º do Código Penal estabelece que certos crimes cometidos no exterior ficam
sujeitos à lei brasileira, visando proteger os interesses nacionais, combater a impunidade e
garantir a segurança jurídica. Essa aplicação se dá nos casos de crimes contra o Presidente da
República, contra o patrimônio ou a fé pública de entidades importantes, contra a administração

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pública por pessoas a seu serviço e nos crimes de genocídio. Além disso, o parágrafo 1º do artigo
estabelece que o agente é punido segundo a lei brasileira, mesmo que tenha sido absolvido ou
condenado no exterior.

Suponha que um cidadão brasileiro chamado Carlos, cometa um crime de genocídio em um país
estrangeiro. Acompanhe o desdobramento do caso:

1. Crime de genocídio cometido por Carlos: Carlos, estando em solo estrangeiro, participa de atos que
caracterizam um crime de genocídio, violando o direito à vida e à integridade física de um grupo
específico de pessoas.
2. Ação do país estrangeiro: As autoridades do país estrangeiro tomam conhecimento do crime e
iniciam uma investigação. Durante o processo, Carlos é levado a julgamento e condenado pelo
crime de genocídio.
3. Aplicação da lei brasileira: De acordo com o parágrafo 1 do artigo 7 do Código Penal brasileiro,
mesmo que Carlos tenha sido condenado no país estrangeiro, ele ainda pode ser punido segundo a
lei brasileira pelo crime de genocídio cometido.
4. Processo no Brasil: As autoridades brasileiras, cientes do crime de genocídio cometido por Carlos,
iniciam um processo criminal no Brasil, aplicando a legislação nacional relacionada ao genocídio.
5. Julgamento no Brasil: Carlos é levado a julgamento no Brasil, onde todas as evidências e provas do
crime de genocídio são apresentadas. O tribunal brasileiro avalia o caso de acordo com a legislação
brasileira e decide sobre a culpabilidade de Carlos.
6. Responsabilização de acordo com a lei brasileira: Considerando a condenação de Carlos no país
estrangeiro e o disposto no parágrafo 1 do artigo 7 do Código Penal brasileiro, o tribunal brasileiro
conclui que Carlos é culpado pelo crime de genocídio. Ele é então condenado e punido de acordo
com as leis penais brasileiras relacionadas ao genocídio.

Esse caso hipotético ilustra a aplicação do parágrafo 1 do artigo 7 do Código Penal brasileiro. Ele
estabelece que, nos casos de crimes de genocídio cometidos por brasileiros, o agente é punido segundo a
lei brasileira, independentemente de ter sido condenado ou absolvido em um país estrangeiro. Isso reforça
a soberania da legislação brasileira e a responsabilização pelo crime de genocídio, mesmo que tenha sido
cometido em território estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.

O § 2º do artigo do Código Penal trata da aplicação da lei brasileira em casos em que um crime foi
cometido no exterior, especificamente no inciso II do artigo. Vamos entender cada condição
estabelecida nesse parágrafo:

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1. Contextualização: Esse parágrafo se aplica aos casos descritos no inciso II do artigo em
questão, que abrange os crimes cometidos no exterior.
2. Entrada do agente no território nacional: A primeira condição estabelecida é que o agente
que cometeu o crime deve entrar no território nacional. Isso significa que, para que a lei
brasileira seja aplicada, o agente precisa estar presente no Brasil.
3. Fato punível também no país em que foi praticado: A segunda condição é que o fato seja
punível no país em que foi praticado. Isso implica que o crime em questão deve ser
considerado uma infração no país onde ocorreu.
4. Crime incluído nos casos de extradição: A terceira condição é que o crime esteja incluído
entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição. Isso significa que o crime
em questão deve ser grave o suficiente para justificar a extradição do agente para o Brasil.
5. Ausência de absolvição ou cumprimento de pena no exterior: A quarta condição é que o
agente não tenha sido absolvido no país estrangeiro ou que não tenha cumprido a pena a
ele imposta. Isso significa que, se o agente já foi julgado e absolvido ou cumpriu a pena no
país onde o crime foi cometido, a lei brasileira não poderá ser aplicada.
6. Ausência de perdão ou extinção da punibilidade: A quinta condição é que o agente não
tenha sido perdoado no país estrangeiro ou que a punibilidade do crime não tenha sido
extinta por algum motivo segundo a lei mais favorável. Isso significa que, se o agente já
recebeu perdão ou se a punibilidade do crime já foi extinta de acordo com a lei mais
favorável no país onde ocorreu, a lei brasileira não poderá ser aplicada.
7. Proteção dos interesses nacionais: Essas condições foram estabelecidas para proteger os
interesses nacionais e garantir que a lei brasileira seja aplicada somente em determinadas
circunstâncias específicas.
8. Cooperação internacional: Ao estabelecer essas condições, o Brasil reconhece a
importância da cooperação internacional e respeita a soberania de outros países no
processo de aplicação da lei.
9. Evitar a duplicidade de punição: Essas condições buscam evitar a duplicidade de punição,
garantindo que o agente não seja submetido a uma nova punição no Brasil pelos mesmos
fatos pelos quais já foi condenado ou absolvido no exterior.
10. Garantia de um julgamento justo: A aplicação da lei brasileira nessas circunstâncias visa
garantir um julgamento justo para o agente, levando em consideração as condições
específicas do caso.
11. Respeito à soberania de outros países: Ao condicionar a aplicação da lei brasileira a essas
condições, o Brasil respeita a soberania de outros países e reconhece a importância de
seguir as leis do país onde o crime foi cometido.
12. Segurança jurídica: Essas condições também visam garantir a segurança jurídica,
estabelecendo critérios claros para determinar quando a lei brasileira pode ser aplicada em
crimes cometidos no exterior.

Em resumo, o § 2º do artigo do Código Penal estabelece as condições para a aplicação da lei


brasileira em casos de crimes cometidos no exterior. Essas condições incluem a entrada do
agente no território nacional, a punibilidade do fato no país onde foi praticado, a inclusão do crime
nos casos de extradição previstos na lei brasileira, a ausência de absolvição ou cumprimento de
pena no exterior e a ausência de perdão ou extinção da punibilidade. Essas condições são
estabelecidas para proteger os interesses nacionais, evitar a duplicidade de punição, garantir um
julgamento justo e respeitar a soberania de outros países.

25
Aqui está um caso hipotético que ilustra o parágrafo 2 do artigo 7 do Código Penal brasileiro de
forma didática:

Vamos supor que um cidadão brasileiro chamado Marcelo cometa um crime de furto em um país
estrangeiro. Acompanhe o desdobramento do caso:

1. Crime de furto cometido por Marcelo: Marcelo, estando em solo estrangeiro, realiza um ato
de furto, subtraindo bens de outra pessoa sem autorização.
2. Entrada de Marcelo no território nacional: Marcelo retorna ao Brasil, entrando no território
nacional após a prática do crime de furto.
3. Condições para aplicação da lei brasileira: Para que a lei brasileira seja aplicada ao crime
cometido por Marcelo, é necessário que as seguintes condições sejam atendidas:

a) Entrada de Marcelo no território nacional: Marcelo efetua a entrada no Brasil após cometer o
crime de furto.

b) Fato punível também no país estrangeiro: O crime de furto é considerado punível tanto no país
estrangeiro onde foi cometido quanto no Brasil.

c) Crime incluído entre aqueles passíveis de extradição: O crime de furto está incluído entre os
delitos pelos quais a lei brasileira permite a extradição do acusado.

d) Ausência de absolvição ou cumprimento de pena no estrangeiro: Marcelo não foi absolvido no


país estrangeiro nem cumpriu pena relacionada ao crime de furto.

e) Ausência de perdão ou extinção da punibilidade no estrangeiro: Marcelo não recebeu perdão


no país estrangeiro e a punibilidade do crime de furto não está extinta segundo a lei mais
favorável.

4. Processo no Brasil: Com base nas condições mencionadas acima, as autoridades


brasileiras iniciam um processo criminal contra Marcelo de acordo com a legislação
brasileira referente ao furto.
5. Julgamento no Brasil: Marcelo é levado a julgamento no Brasil, onde todas as evidências e
provas do crime de furto são apresentadas. O tribunal brasileiro avalia o caso e decide
sobre a culpabilidade de Marcelo de acordo com as leis brasileiras.
6. Responsabilização de acordo com a lei brasileira: Considerando as condições
estabelecidas no parágrafo 2 do artigo 7 do Código Penal brasileiro, o tribunal conclui que
Marcelo é culpado pelo crime de furto. Ele é então condenado e punido de acordo com as
leis penais brasileiras relacionadas ao furto.

Esse caso hipotético ilustra a aplicação do parágrafo 2 do artigo 7 do Código Penal brasileiro. Ele
estabelece as condições necessárias para a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no
exterior, no caso do inciso II. Isso demonstra a importância de cumprir essas condições para que a
jurisdição brasileira possa responsabilizar um indivíduo por um crime cometido em outro país,
garantindo a aplicação da justiça e a proteção dos direitos das vítimas.

26
Observação Importante
Os crimes previstos no artigo 7 do Código Penal brasileiro podem ser divididos em dois grupos:
aqueles mencionados no inciso 1 e aqueles mencionados no inciso 2. É importante compreender
a diferença entre eles para entender como a lei é aplicada.

No inciso 1, os crimes estão relacionados à administração pública em geral, à honra e à soberania


nacional. Isso significa que as condutas criminosas que afetam a integridade da administração
pública, prejudicam a reputação do país ou violam a soberania nacional estão abrangidas por
esse inciso.

Já no inciso 2, encontramos crimes de natureza geral, abrangendo qualquer tipo de delito. Isso
significa que os crimes mencionados no inciso 2 não estão restritos à esfera da administração
pública ou à soberania nacional, mas abrangem um espectro mais amplo de condutas ilícitas.

Devido à diferença na natureza dos crimes, a aplicação da lei também pode variar. Nos crimes do
inciso 1, é dada maior ênfase ao parágrafo 1 do artigo 7 do Código Penal. Esse parágrafo
estabelece que, mesmo que o agente seja absolvido ou condenado no estrangeiro, ele ainda pode
ser punido segundo a lei brasileira. Isso demonstra a importância de preservar a integridade da
administração pública e proteger a honra e a soberania nacional.

Por outro lado, nos crimes do inciso 2, é aplicado o parágrafo 2 do artigo 7 do Código Penal. Esse
parágrafo estabelece uma série de condições para a aplicação da lei brasileira. Entre essas
condições, destacam-se: a entrada do agente no território nacional, a punibilidade do fato no país
onde foi praticado, a inclusão do crime entre aqueles que permitem a extradição, a ausência de
absolvição ou cumprimento de pena no estrangeiro, e a não extinção da punibilidade segundo a
lei mais favorável.

Essas exigências garantem que a aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos no exterior seja
justa e esteja em conformidade com os princípios de cooperação internacional e respeito à
soberania dos outros países. Ao cumprir essas condições, o Brasil busca assegurar a
responsabilização dos indivíduos que tenham cometido crimes no exterior, garantindo a
efetividade da justiça.

Em suma, o Código Penal brasileiro distingue entre os crimes previstos no inciso 1 e no inciso 2
do artigo 7, aplicando diferentes dispositivos legais para cada caso. Enquanto os crimes do inciso
1 são regidos pelo parágrafo 1 do artigo 7, os crimes do inciso 2 estão sujeitos às condições
estabelecidas no parágrafo 2 do mesmo artigo. Essas disposições legais visam garantir a punição
adequada e a proteção dos interesses nacionais, de acordo com os princípios legais
estabelecidos.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

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O parágrafo 3 do artigo do Código Penal Brasileiro estabelece uma importante regra de aplicação
da lei brasileira a crimes cometidos por estrangeiros contra brasileiros fora do território nacional.
Vamos entender como isso funciona:

1. Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro: Suponhamos que um estrangeiro


chamado Miguel cometa um crime contra um cidadão brasileiro, enquanto ambos estão
fora do Brasil.
2. Condições para aplicação da lei brasileira: Para que a lei brasileira seja aplicada ao crime
cometido por Miguel, é necessário que as seguintes condições sejam cumpridas:

a) Não foi pedida ou foi negada a extradição: Significa que, caso não tenha sido solicitada a
extradição de Miguel para o Brasil ou se essa solicitação foi negada pelas autoridades do país
onde o crime ocorreu, a lei brasileira pode ser aplicada.

b) Houve requisição do Ministro da Justiça: É necessário que o Ministro da Justiça do Brasil tenha
feito uma requisição formal para que o crime cometido por Miguel seja julgado e punido de acordo
com a lei brasileira.

3. Aplicação da lei brasileira: Uma vez que as condições previstas no parágrafo anterior são
atendidas, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime cometido por Miguel contra o
brasileiro. Isso significa que Miguel será processado e julgado no Brasil, sujeito às leis
penais brasileiras correspondentes ao crime em questão.
4. Pedido ou negativa de extradição: Se não tiver sido solicitada a extradição de Miguel para
o Brasil ou se essa solicitação foi negada pelas autoridades do país onde o crime ocorreu,
o Brasil assume a competência para processar e julgar o crime, garantindo que a justiça
seja feita.
5. Requisição do Ministro da Justiça: A requisição do Ministro da Justiça é essencial para que
o caso seja trazido ao conhecimento das autoridades brasileiras. Essa requisição formal
indica o interesse do Brasil em julgar o crime cometido por Miguel e buscar a
responsabilização de acordo com as leis brasileiras.
6. Processo no Brasil: Com base nas condições estabelecidas no parágrafo 3 do artigo do
Código Penal Brasileiro, as autoridades brasileiras iniciam um processo criminal contra
Miguel de acordo com a legislação brasileira referente ao crime em questão.
7. Julgamento no Brasil: Miguel é levado a julgamento no Brasil, onde todas as evidências e
provas relacionadas ao crime são apresentadas. O tribunal brasileiro avalia o caso e
decide sobre a culpabilidade de Miguel de acordo com as leis brasileiras.
8. Responsabilização de acordo com a lei brasileira: Considerando as condições
estabelecidas no parágrafo 3 do artigo do Código Penal Brasileiro, o tribunal conclui que
Miguel é culpado pelo crime cometido contra o brasileiro. Ele é então condenado e punido
de acordo com as leis penais brasileiras correspondentes ao crime em questão.

Esse caso hipotético ilustra a aplicação do parágrafo 3 do artigo do Código Penal Brasileiro. Ele
estabelece que a lei brasileira também pode ser aplicada a crimes cometidos por estrangeiros
contra brasileiros fora do território nacional, desde que as condições previstas sejam cumpridas.
Isso demonstra a preocupação do Brasil em proteger seus cidadãos e garantir que crimes
cometidos contra eles sejam devidamente julgados e punidos, mesmo que ocorram fora das
fronteiras do país.

28
Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

O artigo 8 do Código Penal Brasileiro estabelece uma importante regra relacionada ao


cumprimento de pena no estrangeiro e sua influência na pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime. Vamos entender como isso funciona:

1. Pena cumprida no estrangeiro: Quando uma pessoa comete um crime no Brasil e é


condenada à pena privativa de liberdade, mas posteriormente cumpre parte ou toda essa
pena em um país estrangeiro, essa pena cumprida no exterior pode ter um impacto na
pena imposta no Brasil.
2. Atenuação da pena: Se a pena imposta no Brasil for diferente daquela cumprida no
estrangeiro, a pena imposta no Brasil pode ser atenuada, ou seja, reduzida em sua
duração ou intensidade. Isso ocorre como uma forma de levar em consideração o tempo já
cumprido pelo indivíduo em outro país.
3. Computação da pena: No caso de a pena imposta no Brasil ser idêntica àquela cumprida
no estrangeiro, a pena cumprida no exterior é computada, ou seja, é considerada como
parte do cumprimento da pena imposta no Brasil. Isso significa que o tempo já cumprido no
exterior será descontado da pena total imposta no Brasil.
4. Importância da atenuação e computação da pena: A atenuação da pena ou a sua
computação têm como objetivo evitar a duplicidade de punição pelo mesmo crime.
Reconhece-se que o indivíduo já cumpriu parte da sua pena no estrangeiro, e, portanto,
deve-se considerar esse cumprimento na dosagem da pena a ser cumprida no Brasil.
5. Equivalência entre penas: Para que a pena cumprida no estrangeiro seja atenuada ou
computada, é necessário que a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime seja diferente
daquela cumprida no exterior. Se as penas forem idênticas, não há necessidade de
atenuação, pois o tempo já cumprido no exterior é considerado como parte da pena
imposta no Brasil.
6. Redução da pena: A atenuação da pena é uma forma de reconhecer e premiar o esforço
do indivíduo em cumprir a pena em outro país. Ao considerar o tempo já cumprido no
exterior, a pena imposta no Brasil é reduzida, proporcionando uma menor restrição de
liberdade para o condenado.
7. Cooperação internacional: Essa regra evidencia a importância da cooperação entre países
na área penal, permitindo que as penas impostas em um país sejam levadas em
consideração por outro país, a fim de evitar punições excessivas e garantir a justiça no
cumprimento das penas.
8. Reconhecimento dos sistemas penais estrangeiros: Ao atenuar ou computar a pena
cumprida no estrangeiro, o sistema penal brasileiro reconhece a validade e efetividade dos
sistemas penais de outros países, considerando-os como equivalentes e capazes de
promover a devida punição ao condenado.

Em resumo, o artigo 8 do Código Penal Brasileiro estabelece que a pena cumprida no estrangeiro
pode atenuar a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime quando as penas são diferentes, ou ser
computada quando as penas são idênticas. Essa regra busca evitar punições excessivas,

29
reconhecer o esforço do condenado em cumprir a pena em outro país e promover a cooperação
internacional no âmbito penal.

Aqui está um caso hipotético para ilustrar a aplicação do artigo 8 do Código Penal Brasileiro:

João, um cidadão brasileiro, cometeu um crime de tráfico de drogas em solo brasileiro e foi
condenado a uma pena de 10 anos de prisão pelo tribunal brasileiro. No entanto, após alguns
anos cumprindo sua pena, João recebeu a oportunidade de transferência para cumprir o restante
de sua pena em um país estrangeiro com o qual o Brasil possui um tratado de cooperação penal.

João aceitou a transferência e foi enviado para o país estrangeiro, onde continuou cumprindo sua
pena pelo crime de tráfico de drogas. No total, ele cumpriu 5 anos de sua pena no Brasil e mais 3
anos no país estrangeiro, totalizando 8 anos de prisão.

Ao retornar ao Brasil, as autoridades penitenciárias levam em consideração o tempo que João já


cumpriu no exterior. Com base no artigo 8 do Código Penal Brasileiro, a pena imposta no Brasil
pelo mesmo crime é reduzida em 3 anos, correspondendo ao tempo já cumprido no país
estrangeiro. Dessa forma, João teria apenas 2 anos restantes para cumprir em uma instituição
prisional brasileira.

Essa redução da pena é possível porque a pena cumprida no estrangeiro é considerada como
atenuante da pena imposta no Brasil, reconhecendo o esforço de João em cumprir sua sentença
no exterior.

Portanto, o caso hipotético de João ilustra como o artigo 8 do Código Penal Brasileiro permite a
atenuação da pena imposta no Brasil quando o condenado cumpre parte da pena no exterior.
Essa regra busca evitar punições excessivas e reconhecer o tempo já cumprido em outro país,
contribuindo para uma justiça mais equitativa no sistema penal.

Eficácia de sentença estrangeira


Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II -


sujeitá-lo a medida de segurança.

O artigo 9 do Código Penal Brasileiro trata da homologação de sentenças estrangeiras quando a aplicação
da lei brasileira resulta nas mesmas consequências do país de origem da sentença. Vamos entender como
funciona essa homologação e as consequências dela:

1. Sentença estrangeira: Uma sentença estrangeira é aquela proferida por um tribunal de outro país
em um processo penal. Pode ser uma condenação criminal ou uma decisão sobre medidas de
segurança.
2. Homologação no Brasil: Quando a aplicação da lei brasileira produz as mesmas consequências de
uma sentença estrangeira, é possível solicitar a homologação dessa sentença no Brasil. A
homologação é um procedimento que reconhece a validade e a eficácia da sentença proferida no
exterior.
3. Obrigações civis: Uma das consequências da homologação é a possibilidade de obrigar o
condenado a reparar o dano causado pela prática do crime. Isso significa que, se a sentença

30
estrangeira determinar uma indenização ou restituição de bens, a homologação permitirá que essas
obrigações sejam exigidas no Brasil.
4. Restituições: Além da reparação do dano, a homologação também possibilita a exigência de
restituições. Isso significa que, se a sentença estrangeira determinar a devolução de valores ou
bens específicos, a homologação permitirá que essa restituição seja efetivada no Brasil.
5. Efeitos civis: Além da reparação do dano e das restituições, a homologação também pode envolver
outros efeitos civis. Isso significa que as consequências decorrentes da sentença estrangeira, que
tenham natureza civil, podem ser reconhecidas e aplicadas no Brasil.
6. Medida de segurança: A homologação também permite que o condenado seja sujeitado a medidas
de segurança. As medidas de segurança são medidas restritivas de liberdade ou tratamento
psiquiátrico que são aplicadas quando o indivíduo representa perigo para a sociedade em
decorrência de doença mental ou condições psicológicas.
7. Processo de homologação: O processo de homologação é conduzido pelo Poder Judiciário
brasileiro. O interessado deve apresentar um pedido de homologação e fornecer todos os
documentos necessários para comprovar a existência e a legalidade da sentença estrangeira.
8. Consequências da homologação: A homologação da sentença estrangeira permite que as
obrigações civis impostas pela sentença sejam executadas no Brasil. Isso significa que o
condenado poderá ser obrigado a pagar indenizações, restituir valores ou bens, bem como estar
sujeito a medidas de segurança.
9. Reconhecimento internacional: A homologação de sentenças estrangeiras demonstra o
reconhecimento e o respeito entre os sistemas jurídicos dos diferentes países. Permite que
decisões judiciais sejam efetivas e cumpridas em outros países, promovendo a cooperação e a
justiça transnacional.
10. Proteção aos direitos das vítimas: A homologação da sentença estrangeira e a possibilidade de
execução das obrigações civis no Brasil contribuem para a proteção dos direitos das vítimas.
Garante que elas possam buscar reparação e restituição por danos sofridos em decorrência do
crime.
11. Segurança jurídica: A homologação da sentença estrangeira proporciona segurança jurídica, uma
vez que reconhece a validade da decisão proferida em outro país. Isso evita situações de
impunidade ou falta de cumprimento de obrigações decorrentes da sentença.
12. Cooperação internacional: A homologação de sentenças estrangeiras também promove a
cooperação internacional entre os sistemas jurídicos. Demonstra a importância do trabalho conjunto
na aplicação da lei e no combate à impunidade, especialmente em casos que ultrapassam fronteiras
nacionais.

Em resumo, o artigo 9 do Código Penal Brasileiro estabelece a possibilidade de homologação de sentenças


estrangeiras quando a aplicação da lei brasileira produz as mesmas consequências da sentença proferida
no exterior. Essa homologação permite a exigência de reparação do dano, restituições e outros efeitos civis,
bem como a imposição de medidas de segurança. A homologação fortalece a cooperação internacional,
protege os direitos das vítimas e garante segurança jurídica.

Aqui está um caso hipotético para ilustrar a situação descrita no artigo 9 do Código Penal Brasileiro:

Imagine que João, um cidadão brasileiro, cometa um crime de estelionato contra Pedro, também brasileiro,
enquanto ambos estão em um país estrangeiro. João engana Pedro e o induz a realizar uma transação
financeira prejudicial.

Após o crime, Pedro retorna ao Brasil e decide iniciar um processo judicial para buscar reparação pelo dano
sofrido. Paralelamente, as autoridades do país estrangeiro onde o crime ocorreu também iniciam um
processo contra João, que resulta em sua condenação.

Nesse caso, aplicam-se as condições previstas no artigo 9 do Código Penal Brasileiro para que a lei
brasileira seja aplicada ao crime cometido por João no exterior contra Pedro. Essas condições são:

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a) Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição: Caso o país onde ocorreu o crime não tenha
solicitado a extradição de João ou essa solicitação tenha sido negada, a lei brasileira pode ser aplicada.

b) Requisição do Ministro da Justiça: O Ministro da Justiça brasileiro pode requisitar a aplicação da lei
brasileira no caso em questão.

Diante dessas condições, o sistema jurídico brasileiro, por meio do processo de homologação, reconheceria
a sentença estrangeira proferida contra João. Assim, as consequências decorrentes dessa sentença, como
a obrigação de reparação do dano causado a Pedro, poderiam ser exigidas no Brasil.

Isso significa que Pedro poderia buscar a reparação civil pelos danos sofridos e a restituição dos valores
prejudicados no Brasil, mesmo que a condenação tenha ocorrido em outro país. A homologação da
sentença estrangeira permite que a justiça seja feita e que Pedro obtenha a devida compensação por seus
prejuízos.

Esse caso hipotético ilustra como o artigo 9 do Código Penal Brasileiro busca garantir que os crimes
cometidos por estrangeiros contra brasileiros no exterior não fiquem impunes. A homologação da sentença
estrangeira possibilita a aplicação da lei brasileira para reparação do dano e outras consequências civis,
contribuindo para a justiça e a proteção dos direitos das vítimas.

Parágrafo único - A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja


autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
Justiça.

A homologação de uma sentença estrangeira no Brasil é um procedimento importante para garantir o


reconhecimento e a eficácia dessa decisão judicial no território nacional. O Parágrafo único do artigo 9 do
Código Penal estabelece os requisitos necessários para que ocorra a homologação. Vamos entender cada
um deles.

Primeiramente, para os efeitos previstos no inciso I, ou seja, quando a sentença estrangeira obriga o
condenado à reparação do dano, restituições e outros efeitos civis, é necessário que a parte interessada
solicite a homologação. Essa parte interessada pode ser a vítima ou qualquer outra pessoa que tenha
interesse legítimo na execução da sentença no Brasil.

Já para os outros efeitos da sentença, é necessário que exista um tratado de extradição entre o Brasil e o
país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença. Esse tratado estabelece as regras e os
procedimentos para a extradição de pessoas condenadas por crimes, permitindo a cooperação entre os
países. Se houver um tratado em vigor, a homologação da sentença dependerá da existência desse acordo
bilateral ou multilateral.

No entanto, caso não exista um tratado de extradição entre os países envolvidos, a homologação poderá
ocorrer mediante a requisição do Ministro da Justiça. Nesse caso, o Ministro da Justiça brasileiro,
considerando a relevância e a procedência da sentença estrangeira, poderá requisitar a homologação ao
Poder Judiciário brasileiro.

A homologação da sentença estrangeira é um mecanismo fundamental para garantir a cooperação entre os


países no combate ao crime e na busca pela justiça. Ao permitir que uma sentença proferida no exterior
seja reconhecida e executada no Brasil, contribui-se para a efetividade do sistema jurídico e para a proteção
dos direitos das partes envolvidas.

32
A exigência de pedido da parte interessada assegura que apenas aquelas pessoas que têm interesse direto
na execução da sentença solicitem a homologação. Isso evita ações arbitrárias e garante que o processo de
homologação seja realizado de forma adequada e legítima.

Por sua vez, a exigência de tratado de extradição entre os países envolvidos é uma forma de estabelecer
critérios claros e seguros para a cooperação jurídica internacional. O tratado define os termos e as
condições para a transferência de condenados entre os países, assegurando que a homologação ocorra de
acordo com os princípios do devido processo legal e da reciprocidade entre as nações.

No entanto, mesmo na ausência de um tratado de extradição, a possibilidade de requisição do Ministro da


Justiça garante que a homologação seja viabilizada em casos relevantes e de interesse público. O Ministro
da Justiça, ao analisar a natureza e a importância da sentença estrangeira, poderá requerer a homologação
ao Poder Judiciário, permitindo que a decisão judicial seja reconhecida e produza seus efeitos no Brasil.

Em resumo, o Parágrafo único do artigo do Código Penal estabelece os requisitos para a homologação de
uma sentença estrangeira no Brasil. Esses requisitos garantem a participação das partes interessadas, a
existência de um tratado de extradição ou, na falta deste, a requisição do Ministro da Justiça. Com a
homologação, busca-se promover a cooperação internacional, a efetividade da justiça e o respeito aos
direitos das partes envolvidas.

Aqui está um caso hipotético para ilustrar a aplicação do Parágrafo único do artigo do Código Penal:

Imagine que João, cidadão brasileiro, cometa um crime de estelionato em um país estrangeiro, lesando
diversas vítimas locais. Após a investigação e o processo criminal no país em que o crime foi praticado,
João é condenado à reparação do dano e a outras medidas punitivas.

No entanto, as vítimas desejam garantir que a sentença estrangeira seja reconhecida e executada também
no Brasil, de forma a obterem a devida reparação pelos danos sofridos. Nesse caso, elas podem solicitar a
homologação da sentença estrangeira para os efeitos previstos no inciso I do Parágrafo único do artigo do
Código Penal.

As vítimas entram com um pedido de homologação no Brasil, apresentando toda a documentação


necessária, incluindo a sentença proferida no país estrangeiro, comprovando que João foi condenado à
reparação do dano. Ao analisar o pedido, o Poder Judiciário brasileiro verifica se todos os requisitos legais
estão presentes, incluindo a existência de um tratado de extradição entre os dois países.

Supondo que exista um tratado de extradição em vigor entre o Brasil e o país estrangeiro, o Poder Judiciário
avalia se a sentença estrangeira cumpre as condições estabelecidas no tratado, como o enquadramento do
crime no âmbito da cooperação jurídica prevista. Caso todos os requisitos sejam atendidos, a sentença
estrangeira é homologada para obrigar João à reparação do dano, permitindo que as vítimas busquem a
execução da decisão judicial no Brasil.

No entanto, se não houver um tratado de extradição entre os países envolvidos, as vítimas podem recorrer
à requisição do Ministro da Justiça brasileiro. Considerando a relevância do caso e a necessidade de
garantir a justiça, o Ministro da Justiça avalia o pedido de homologação e decide sobre a sua procedência,
levando em consideração o interesse público e os princípios do devido processo legal.

Assim, se o Ministro da Justiça acata o pedido de homologação, a sentença estrangeira é reconhecida e


produzirá os efeitos previstos no inciso I do Parágrafo único do artigo do Código Penal, ou seja, João será
obrigado a cumprir a reparação do dano determinada pelo país estrangeiro.

Esse caso hipotético ilustra como o Parágrafo único do artigo do Código Penal se aplica na homologação de
uma sentença estrangeira no Brasil, garantindo que as vítimas possam buscar a reparação devida, mesmo

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que o crime tenha sido cometido fora do território nacional. Através desse mecanismo, busca-se promover a
cooperação entre os países e a justiça para todas as partes envolvidas.

Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.

O artigo 10 do Código Penal estabelece regras importantes para o cômputo do prazo no âmbito do
Direito Penal. Esse artigo determina que o dia do começo do prazo está incluso no cômputo, ou
seja, ele é considerado como o primeiro dia do prazo estabelecido. Além disso, o artigo
estabelece que os dias, os meses e os anos devem ser contados pelo calendário comum.

Vamos entender melhor o significado dessas regras. Quando o artigo menciona que o dia do
começo inclui-se no cômputo do prazo, significa que esse dia é considerado como o primeiro dia
do prazo em questão. Por exemplo, se um prazo de 10 dias é estabelecido, o dia em que o prazo
começa a correr é considerado como o primeiro dia, mesmo que seja o mesmo dia em que
ocorreu a determinação.

Além disso, o artigo menciona que os dias, os meses e os anos devem ser contados pelo
calendário comum. Isso significa que devemos considerar o calendário convencional utilizado pela
sociedade, sem levar em conta particularidades ou calendários específicos. Assim, devemos
seguir a contagem de dias, meses e anos de acordo com o calendário civilmente adotado, sem
qualquer variação.

Essas regras têm importância prática no Direito Penal, especialmente quando se trata de prazos
processuais, prescrição de crimes e outros aspectos relacionados ao tempo. A correta contagem
dos prazos é fundamental para garantir a segurança jurídica, o exercício do direito de defesa e a
efetividade do sistema penal.

Portanto, o artigo 10 do Código Penal estabelece critérios claros para o cômputo do prazo no
Direito Penal. Ao incluir o dia do começo no cômputo, garante-se que esse dia seja considerado
como o primeiro dia do prazo. Além disso, ao utilizar o calendário comum, assegura-se que a
contagem dos dias, meses e anos seja realizada de acordo com o calendário amplamente
utilizado pela sociedade.

É importante que todos os operadores do Direito, como juízes, promotores, advogados e demais
profissionais envolvidos no sistema penal, estejam atentos a essas regras para garantir a
aplicação correta do prazo e evitar prejuízos às partes envolvidas. Assim, o artigo 10 do Código
Penal desempenha um papel fundamental na adequada contagem do tempo no âmbito do Direito
Penal, contribuindo para a segurança jurídica e o bom funcionamento do sistema de justiça
criminal.

Vamos criar um caso hipotético para ilustrar o funcionamento do artigo 10 do Código Penal.

Imagine que João tenha sido condenado por um crime e recebeu uma pena de 5 dias de prisão.
De acordo com o artigo 10 do Código Penal, o dia do começo está incluso no cômputo do prazo.
Isso significa que o primeiro dia de cumprimento da pena é considerado como o dia do começo.

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No caso de João, a pena foi imposta no dia 1º de janeiro. Portanto, esse dia é considerado como
o primeiro dia do prazo de 5 dias. Ele iniciará o cumprimento da pena nesse mesmo dia, uma vez
que o dia do começo está incluso no cômputo.

Seguindo a contagem de dias, João cumprirá a pena nos dias 1º, 2, 3, 4 e 5 de janeiro. Após
cumprir os 5 dias de prisão, sua pena estará integralmente cumprida.

É importante destacar que, de acordo com o artigo 10, os dias devem ser contados pelo
calendário comum, ou seja, devemos utilizar o calendário civilmente adotado pela sociedade.
Nesse exemplo, estamos considerando o calendário convencional utilizado no país em que João
está sujeito à jurisdição.

Portanto, o caso hipotético de João ilustra como o artigo 10 do Código Penal determina que o dia
do começo esteja incluso no cômputo do prazo. Essa regra é aplicada em diversos aspectos do
Direito Penal, como no cumprimento de penas, na contagem de prazos processuais e na
determinação de prescrição de crimes. O objetivo é garantir uma contagem precisa e justa,
levando em consideração o início do prazo e o calendário comum adotado pela sociedade.

Frações não computáveis da pena


Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as
frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

O artigo 11 do Código Penal traz uma regra importante para o cálculo das penas privativas de
liberdade, restritivas de direitos e de multa. Ele estabelece que devem ser desprezadas as frações
de dia nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, e as frações de cruzeiro na
pena de multa.

No caso das penas privativas de liberdade e das restritivas de direitos, as frações de dia são
ignoradas. Isso significa que ao calcular a duração de uma pena, não são levadas em
consideração as frações de dia resultantes desse cálculo. Por exemplo, se uma pena for fixada
em 2 anos, 6 meses e 10 dias, as frações de dias serão desprezadas, e a pena será considerada
apenas em anos e meses.

Já no que se refere à pena de multa, as frações de cruzeiro são desconsideradas. Antes da


mudança para o real, a moeda brasileira era o cruzeiro. Dessa forma, o artigo 11 estabelece que
as frações de cruzeiro não são consideradas no cálculo do valor da multa. Por exemplo, se a
multa for fixada em R$ 500,50, a fração de 50 centavos será desprezada, e a multa será
estabelecida em R$ 500.

Essa regra tem a finalidade de evitar a aplicação de penas com frações muito pequenas ou
irrelevantes, tornando o cálculo mais preciso e coerente. Além disso, a despreocupação com as
frações de cruzeiro na pena de multa facilita a execução do pagamento e evita questões
relacionadas à moeda antiga.

Portanto, o artigo 11 do Código Penal determina que as frações de dia sejam desprezadas nas
penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, enquanto as frações de cruzeiro sejam
desconsideradas na pena de multa. Essa regra busca conferir maior clareza e precisão no cálculo

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das penas, garantindo a aplicação correta e justa das medidas punitivas previstas na legislação
penal.

Caso hipotético:

João cometeu um crime de furto qualificado, previsto no Código Penal, e foi condenado a uma
pena privativa de liberdade de 1 ano, 6 meses e 15 dias. De acordo com o artigo 11 do Código
Penal, as frações de dia devem ser desprezadas no cálculo da pena privativa de liberdade.

Nesse sentido, ao aplicar a regra do artigo 11, a fração de 15 dias seria desconsiderada no cálculo
da pena. Dessa forma, a pena seria fixada em 1 ano e 6 meses, sem levar em conta os 15 dias
restantes.

Além disso, João também foi condenado a uma pena de multa no valor de R$ 1.200,75. De
acordo com o mesmo artigo, as frações de cruzeiro devem ser desconsideradas no cálculo da
pena de multa. Portanto, a fração de 75 centavos seria desprezada, e a multa seria fixada em R$
1.200,00.

Assim, no caso de João, a pena privativa de liberdade seria de 1 ano e 6 meses, enquanto a pena
de multa seria de R$ 1.200,00. Essa aplicação do artigo 11 do Código Penal garante que as
frações de dia e as frações de cruzeiro não sejam consideradas no cálculo das penas,
proporcionando um resultado mais objetivo e coerente.

Legislação especial

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial,
se esta não dispuser de modo diverso.

O artigo 12 do Código Penal estabelece uma importante diretriz no sistema jurídico brasileiro. Ele
determina que as regras gerais do Código Penal se aplicam aos fatos incriminados por lei
especial, desde que essa lei não disponha de maneira diferente.

Isso significa que, quando uma lei especial traz normas específicas sobre determinado crime, é
necessário verificar se essa lei estabelece alguma regra diferente daquelas previstas no Código
Penal. Caso a lei especial não apresente uma regulamentação específica para o fato em questão,
as regras gerais do Código Penal serão aplicadas.

Essa disposição tem como objetivo garantir a harmonia e a coerência do sistema jurídico, evitando
contradições entre leis especiais e o Código Penal. Assim, as regras gerais estabelecidas no
Código Penal são utilizadas como base para a compreensão e aplicação das normas em casos de
lacunas ou ausência de regulamentação específica nas leis especiais.

Vale ressaltar que as leis especiais têm o propósito de tratar de crimes específicos ou de
determinados setores da sociedade de forma mais detalhada e adequada. No entanto, quando
essas leis não abordam algum aspecto relevante do crime ou não dispõem de forma diferente das
regras gerais do Código Penal, aplica-se o conjunto de normas previstas neste último.

Portanto, o artigo 12 do Código Penal visa estabelecer uma harmonização entre as leis especiais
e as regras gerais do Código Penal, buscando evitar lacunas na legislação penal e garantir uma

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aplicação coerente e justa das normas. Dessa forma, quando a lei especial não dispuser de modo
diverso, as regras gerais do Código Penal serão aplicadas aos fatos incriminados por essa lei
especial.

Caso hipotético:

Imagine que existe uma lei especial que trata especificamente do crime de fraude em licitações.
Essa lei estabelece diversas normas e penas específicas para os casos de corrupção em
processos licitatórios.

No entanto, essa lei especial não menciona explicitamente como deve ser calculada a pena em
casos de fraude em licitações. Diante dessa lacuna, deve-se recorrer ao Código Penal e aplicar as
regras gerais previstas nele.

De acordo com o artigo 12 do Código Penal, as regras gerais do código serão aplicadas aos fatos
incriminados por lei especial, desde que esta não disponha de modo diverso. Portanto, no caso da
fraude em licitações, as regras gerais do Código Penal serão utilizadas para determinar a pena,
caso a lei especial não traga uma regra específica sobre o assunto.

Nesse caso, o juiz responsável por julgar um réu acusado de fraude em licitações deve analisar as
disposições do Código Penal relacionadas ao crime de corrupção, como os tipos de penas
aplicáveis, as circunstâncias agravantes e atenuantes, entre outros aspectos.

Dessa forma, as regras gerais do Código Penal serão aplicadas como base para a determinação
da pena, uma vez que a lei especial sobre fraude em licitações não dispõe de maneira diversa.

É importante ressaltar que cada caso deve ser analisado individualmente, levando em
consideração as particularidades do crime e a legislação vigente. Caso a lei especial traga uma
disposição específica sobre o cálculo da pena para a fraude em licitações, essa norma
prevalecerá sobre as regras gerais do Código Penal.

Portanto, o artigo 12 do Código Penal assegura que, na ausência de regulamentação específica


em lei especial, as regras gerais do Código Penal serão aplicadas para garantir a coerência e a
uniformidade na aplicação da lei penal.

Capítulo 2 - Artigos do 100 ao 106 do Código Penal.


Ação pública e de iniciativa privada

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.

O artigo 100 do Código Penal estabelece que a ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido. Essa disposição é de extrema importância para
compreender o funcionamento da persecução penal no sistema jurídico brasileiro.

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De forma geral, a ação penal é o instrumento utilizado pelo Estado para promover a punição de
um crime perante o Poder Judiciário. Ela tem o objetivo de responsabilizar o autor do delito e
garantir a aplicação da justiça.

No caso da ação penal pública, é o Ministério Público o responsável por iniciar e conduzir o
processo penal em nome da sociedade. O órgão ministerial atua como representante dos
interesses coletivos, buscando a repressão e a prevenção dos crimes.

Porém, existem situações em que a ação penal é declarada privativa do ofendido. Isso significa
que somente o próprio ofendido, ou seu representante legal, tem o direito de iniciar e conduzir o
processo penal. Essa é uma exceção à regra da ação penal pública.

A lei pode estabelecer que determinados crimes sejam de ação penal privada, levando em
consideração sua natureza e a necessidade de preservar a esfera individual do ofendido.
Geralmente, são delitos de menor gravidade ou que afetam diretamente o patrimônio ou a
intimidade da vítima.

Dessa forma, quando a lei declara a ação penal como privativa do ofendido, é ele quem decide se
irá denunciar o crime e dar início ao processo penal. Nesses casos, o Ministério Público não
possui a atribuição de promover a persecução penal, cabendo apenas ao ofendido ou seu
representante tomar essa iniciativa.

É importante ressaltar que a ação penal privada depende da manifestação de vontade do


ofendido. Caso ele não queira ou não possa exercer seu direito de iniciar o processo, o crime
pode ficar impune, uma vez que a ação penal pública não pode ser iniciada pelo Ministério
Público.

Ademais, é necessário destacar que a escolha entre ação penal pública ou privada não implica
em uma decisão sobre a culpa ou inocência do acusado. A função do processo penal é
justamente garantir a ampla defesa e o contraditório, permitindo que as partes apresentem suas
argumentações e provas perante o juiz competente.

Portanto, o artigo 100 do Código Penal estabelece que a ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido. Essa distinção entre ação penal pública e privada
busca equilibrar o interesse coletivo na persecução penal dos crimes e a proteção dos direitos
individuais do ofendido, assegurando a aplicação da justiça de forma adequada e proporcional.

Abaixo estão dois casos hipotéticos para ilustrar os conceitos de ação penal pública e ação penal
privada:

Caso hipotético de ação penal pública:

Um indivíduo comete um roubo à mão armada em uma loja de conveniência. Durante o assalto,
ele ameaça o caixa e leva todo o dinheiro do estabelecimento. Nesse caso, a ação penal será
pública. O Ministério Público, como representante da sociedade, terá o dever de iniciar o processo
penal em nome do Estado. A finalidade é punir o autor do crime, garantindo a ordem social e a
segurança pública.

Caso hipotético de ação penal privada:

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Um cidadão tem sua privacidade invadida por meio de uma gravação ilegal de conversas
particulares. Ele descobre que alguém, sem o seu consentimento, gravou e divulgou ilegalmente
suas conversas telefônicas. Nesse caso, a ação penal será privada. A vítima terá o direito de
escolher se quer ou não denunciar o crime e dar início ao processo penal. Ela deverá constituir
um advogado particular para representá-la e conduzir o caso em seu nome.

Esses casos hipotéticos ilustram as diferenças entre ação penal pública e privada. No primeiro
caso, em que há um roubo à mão armada, a sociedade é prejudicada como um todo, e a
responsabilidade de promover a punição recai sobre o Ministério Público. Já no segundo caso, em
que ocorre a invasão de privacidade por meio de gravação ilegal, o crime afeta diretamente o
indivíduo, e é a própria vítima quem decide se irá denunciar o delito e iniciar o processo penal,
mediante ação penal privada.

É importante ressaltar que a classificação de ação penal como pública ou privada depende da lei
e das disposições específicas de cada país. Os exemplos acima são meramente ilustrativos e não
representam casos reais.

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o


exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

A ação penal é uma importante etapa do processo judicial, sendo responsável por promover a
responsabilização dos indivíduos que cometeram crimes. No Brasil, a ação pública é promovida
pelo Ministério Público, conforme estabelecido no artigo 129, inciso I, da Constituição Federal.

De acordo com o artigo 24 do Código Penal, a ação pública pode depender de representação do
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça, quando assim estabelecido por lei.

A representação do ofendido é uma manifestação de sua vontade em dar prosseguimento à ação


penal. Em certos crimes, como nos crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria), a lei exige
a representação do ofendido para que a ação pública seja iniciada.

Essa representação deve ser expressa, podendo ser formalizada por meio de uma petição dirigida
à autoridade competente, como a delegacia de polícia. É importante ressaltar que a representação
é irrevogável, ou seja, uma vez feita, não pode ser retirada pelo ofendido.

Por outro lado, há casos em que a requisição do Ministro da Justiça é necessária para dar início à
ação pública. Essa requisição é feita quando se trata de crimes em que o interesse público é
relevante, como nos crimes contra a segurança nacional ou nos casos em que o Ministério Público
precisa de autorização específica para iniciar a ação penal.

A requisição do Ministro da Justiça é uma medida de controle e ponderação, garantindo que a


ação pública seja iniciada apenas nos casos em que o interesse público esteja devidamente
justificado.

Dessa forma, a ação pública é promovida pelo Ministério Público, podendo depender da
representação do ofendido ou da requisição do Ministro da Justiça, quando a lei assim determinar.
Essas exigências são estabelecidas para assegurar o equilíbrio entre o interesse público na
persecução criminal e os direitos individuais dos cidadãos envolvidos nos casos específicos.

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É importante ressaltar que as exigências de representação ou requisição variam de acordo com a
legislação e a natureza do crime em questão. Portanto, é fundamental consultar as normas
específicas aplicáveis a cada caso para compreender as regras exatas que regem a ação penal
pública.

Aqui está um caso hipotético para ilustrar a aplicação do artigo do Código Penal mencionado:

Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário

Suponhamos que João e Maria são vizinhos e têm uma relação conturbada há algum tempo. Em
um determinado dia, durante uma discussão acalorada, João ofende a honra de Maria, proferindo
palavras difamatórias e injuriosas contra ela, causando-lhe constrangimento e abalo emocional.

Nesse caso, o crime cometido por João se enquadra nos crimes contra a honra, que são
considerados ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Maria, sentindo-se
lesada pelas palavras proferidas por João, decide representar contra ele, manifestando seu desejo
de dar início à ação penal.

Maria formaliza sua representação por meio de uma petição, descrevendo os fatos ocorridos e
solicitando que a ação penal seja iniciada. A petição é encaminhada à autoridade competente,
como a delegacia de polícia, que, ao receber a representação de Maria, inicia o procedimento
criminal contra João.

Em outro cenário, suponhamos que um indivíduo cometa um crime contra a segurança nacional,
colocando em risco a integridade do Estado. Nesse caso, a ação penal pública exigirá a
requisição do Ministro da Justiça para que seja iniciada. O Ministério Público, responsável pela
promoção da ação penal, deve solicitar a autorização ao Ministro da Justiça, justificando a
necessidade de prosseguir com o processo.

Portanto, no primeiro caso, a representação de Maria é essencial para dar início à ação penal
pública contra João, uma vez que o crime cometido é passível dessa condição. Já no segundo
caso, a requisição do Ministro da Justiça é necessária para iniciar a ação penal, dada a gravidade
do crime contra a segurança nacional.

Esses casos hipotéticos demonstram a aplicação prática das regras estabelecidas no artigo do
Código Penal, ressaltando a importância da representação do ofendido e da requisição do Ministro
da Justiça na configuração da ação penal pública.

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem


tenha qualidade para representá-lo.

O parágrafo 2º do artigo do Código Penal estabelece que a ação de iniciativa privada é promovida
por meio de uma queixa apresentada pelo ofendido ou por alguém que tenha qualidade para
representá-lo. Isso significa que, em determinados casos, a vítima de um crime tem o direito de
decidir se deseja iniciar o processo criminal contra o autor do delito.

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Suponhamos que Ana seja vítima de um crime de injúria cometido por seu vizinho, Pedro. Nessa
situação, Ana tem a opção de exercer a ação penal de iniciativa privada. Para isso, ela deve
apresentar uma queixa formal perante a autoridade competente, como a delegacia de polícia.

Na queixa, Ana descreve detalhadamente os fatos ocorridos, incluindo a conduta ofensiva de


Pedro e as circunstâncias em que o crime foi cometido. É importante ressaltar que a queixa deve
ser feita de forma clara e precisa, a fim de fornecer subsídios suficientes para a instauração do
processo.

Após a apresentação da queixa, a autoridade policial inicia o procedimento criminal contra Pedro.
Nesse momento, a ação penal de iniciativa privada está em curso, e é responsabilidade de Ana
acompanhar e cooperar com as investigações.

Vale destacar que a ação de iniciativa privada é uma faculdade conferida ao ofendido,
garantindo-lhe o poder de decidir se deseja buscar a responsabilização criminal do autor do delito.
Essa medida visa respeitar a autonomia e a vontade da vítima no processo penal.

É importante mencionar que a queixa pode ser apresentada tanto pelo próprio ofendido quanto
por alguém que tenha qualidade para representá-lo, como seu representante legal ou advogado.
Isso possibilita que pessoas incapazes ou em situações especiais possam exercer a ação penal
de iniciativa privada por meio de um representante legal.

Além disso, é válido ressaltar que a ação de iniciativa privada se limita aos crimes que a lei
determina como sendo de competência privada. Caso o crime seja de ação penal pública, mesmo
que o ofendido manifeste o desejo de não prosseguir com o processo, o Ministério Público pode
dar continuidade à ação penal.

Em resumo, o parágrafo 2º do artigo do Código Penal estabelece a possibilidade da ação de


iniciativa privada, permitindo que o ofendido ou alguém com qualidade para representá-lo
apresente uma queixa formal para dar início ao processo criminal. Essa medida visa respeitar a
vontade do ofendido, conferindo-lhe a autonomia de decidir sobre a responsabilização penal do
autor do delito.

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o


Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

O parágrafo 3º do artigo do Código Penal trata da possibilidade da ação de iniciativa privada nos
crimes de ação pública quando o Ministério Público não oferece denúncia dentro do prazo legal.
Isso significa que, caso o Ministério Público não apresente a denúncia dentro do prazo estipulado,
o ofendido ou quem tenha qualidade para representá-lo poderá exercer a ação penal de iniciativa
privada.

Suponhamos que João seja vítima de um crime de furto cometido por Marcos. João registrou o
boletim de ocorrência e o Ministério Público recebeu a notificação sobre o crime. No entanto, o
Ministério Público não ofereceu denúncia dentro do prazo legal, que é o período determinado por
lei para a manifestação da acusação.

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Nesse caso, de acordo com o parágrafo 3º, João tem o direito de intentar a ação de iniciativa
privada. Ele pode apresentar uma queixa formal perante a autoridade competente, iniciando assim
o processo criminal contra Marcos.

A apresentação da queixa deve conter informações detalhadas sobre o crime, incluindo a conduta
de Marcos e as circunstâncias em que o delito foi cometido. Essa queixa deve ser feita dentro do
prazo estabelecido por lei para a ação de iniciativa privada, a fim de garantir a validade do
processo.

Após a apresentação da queixa, a autoridade competente dará início ao procedimento criminal,


levando em consideração as informações fornecidas por João. É importante ressaltar que, nesse
caso, João assume o papel de acusador e é responsável por acompanhar e cooperar com as
investigações.

Vale destacar que a ação de iniciativa privada nos crimes de ação pública ocorre quando o
Ministério Público não exerce seu papel de acusação dentro do prazo legal. Isso possibilita que o
ofendido, ou quem tenha qualidade para representá-lo, busque a responsabilização do autor do
delito por meio da ação penal privada.

É fundamental observar que a ação de iniciativa privada deve estar de acordo com as disposições
legais e seguir os trâmites processuais adequados. Além disso, a apresentação da queixa deve
ser feita perante a autoridade competente, respeitando as normas e prazos estabelecidos.

Em resumo, o parágrafo 3º do artigo do Código Penal estabelece que a ação de iniciativa privada
pode ser intentada nos crimes de ação pública quando o Ministério Público não oferece denúncia
dentro do prazo legal. Isso assegura o direito do ofendido, ou de quem tenha qualidade para
representá-lo, de buscar a responsabilização criminal do autor do delito por meio da ação penal
privada.

§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

O parágrafo 4º do artigo do Código Penal trata da situação em que ocorre a morte do ofendido ou
quando ele é declarado ausente por decisão judicial. Nesses casos, o direito de oferecer queixa
ou de prosseguir na ação penal passa para certos parentes próximos do ofendido, mais
especificamente o cônjuge, ascendente (pai, mãe), descendente (filho, filha) ou irmão.

Vamos supor que Ana seja vítima de um crime de calúnia e difamação cometido por Bruno.
Porém, infelizmente, Ana falece antes de conseguir oferecer queixa ou dar prosseguimento à ação
penal contra Bruno. De acordo com o parágrafo 4º do artigo em questão, o direito de buscar a
responsabilização criminal de Bruno passa para os familiares próximos de Ana.

Nesse cenário, o cônjuge de Ana, seja marido ou esposa, tem o direito de assumir o papel de
ofendido e dar continuidade à ação penal contra Bruno. Além disso, os ascendentes (pais),
descendentes (filhos) ou irmãos de Ana também têm o direito de assumir essa responsabilidade,
caso o cônjuge não deseje ou não possa fazê-lo.

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Essa disposição legal visa garantir que, mesmo diante da morte do ofendido ou de sua declaração
de ausência judicial, a busca por justiça e responsabilização criminal não seja prejudicada. Os
familiares mais próximos têm a possibilidade de dar seguimento ao processo, zelando pelos
interesses do falecido ou do ausente.

É importante ressaltar que os familiares que assumem o direito de oferecer queixa ou prosseguir
na ação penal devem seguir os trâmites processuais adequados. Eles devem apresentar a queixa
formal perante a autoridade competente, fornecendo as informações necessárias sobre o crime e
as circunstâncias em que ocorreu.

Além disso, esses familiares passam a ter o status de parte interessada no processo, atuando
como acusadores e colaborando com as investigações. Eles têm o dever de acompanhar o
andamento do processo, comparecer às audiências e prestar os depoimentos necessários para a
elucidação dos fatos.

Em suma, o parágrafo 4º do artigo do Código Penal estabelece que, no caso de morte do ofendido
ou de sua declaração de ausência judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação
penal é transferido para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Essa disposição visa
garantir que a busca por justiça não seja prejudicada nessas circunstâncias, permitindo que os
familiares próximos representem o interesse do ofendido ou ausente perante a justiça.

A ação penal no crime complexo


Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que,
por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em
relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.

O artigo 101 do Código Penal trata da situação em que a lei considera como elementos ou
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si só, já configuram crimes. Nesses casos, quando
ocorre essa relação entre os elementos do tipo e os crimes, cabe ação pública em relação ao fato
que constitui o crime em si. Essa ação pública é iniciada por meio do Ministério Público.

Vamos utilizar um exemplo para ilustrar essa situação. Suponhamos que exista uma lei que
estabelece que o crime de furto qualificado ocorre quando uma pessoa subtrai um bem de outrem
com o uso de violência ou grave ameaça. Nesse caso, a lei considera a violência ou grave
ameaça como elemento do tipo, ou seja, como parte essencial do crime.

Dessa forma, se alguém comete o crime de furto qualificado, ou seja, subtrai um bem de outra
pessoa utilizando violência ou grave ameaça, a ação pública é cabível em relação ao fato de furto
qualificado. Isso significa que o Ministério Público tem a prerrogativa de iniciar a ação penal para
buscar a responsabilização criminal do autor desse crime.

É importante ressaltar que essa ação pública se refere especificamente ao fato que constitui o
crime em si, ou seja, à conduta de subtrair o bem com o uso de violência ou grave ameaça. Em
relação a qualquer outro crime relacionado ao mesmo fato, a ação pública pode ocorrer por
iniciativa do Ministério Público, desde que seja necessário proceder legalmente em relação a
esses crimes.

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Essa disposição legal visa garantir a efetividade da persecução criminal em situações em que o
próprio tipo penal já contempla elementos que constituem crimes. Dessa forma, ao focar na ação
pública, o Estado tem o poder e a responsabilidade de buscar a justiça, proteger a sociedade e
punir os responsáveis por condutas criminosas.

Nesses casos, cabe ao Ministério Público, como instituição responsável pela defesa da ordem
jurídica, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, iniciar a ação penal, representando o
interesse da sociedade. Ele atua como o titular da ação, buscando a condenação do autor do
crime e a aplicação da pena correspondente.

Portanto, de acordo com o artigo 101 do Código Penal, quando a lei considera como elementos ou
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em
relação ao fato que constitui o crime em si. Essa ação pública é iniciada pelo Ministério Público,
que representa o interesse da sociedade na busca pela justiça e punição dos responsáveis.

Não entendi!!!

Vamos criar um caso hipotético para exemplificar o artigo 101 do Código Penal.

Imagine que há uma lei que criminaliza o tráfico de drogas. Nessa lei, é estabelecido que um dos
elementos do tipo legal é a quantidade de drogas apreendida. Se a quantidade for superior a
determinado limite, o crime é considerado mais grave.

Agora suponha que, em uma operação policial, uma pessoa é detida com uma quantidade
significativa de drogas, que ultrapassa o limite estabelecido pela lei. Além disso, durante a
abordagem, a pessoa também é flagrada portando uma arma de fogo ilegal.

Nesse caso, tanto o tráfico de drogas como a posse ilegal de arma de fogo são crimes
independentes, mas ambos são considerados elementos do tipo legal. O Ministério Público, ao
analisar o caso, constata que os elementos do tipo estão presentes: a quantidade de drogas
apreendida configura tráfico de drogas e a posse da arma de fogo configura o crime de porte
ilegal.

Conforme o artigo 101 do Código Penal, quando a lei considera certos fatos como elementos do
tipo legal, a ação penal deve ser pública em relação a esses fatos. Portanto, o Ministério Público,
como representante da sociedade, terá a iniciativa de promover a ação penal em relação a ambos
os crimes, buscando a devida responsabilização do indivíduo.

Nesse caso hipotético, o Ministério Público irá atuar para garantir que a pessoa seja processada e
julgada por tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo, uma vez que esses fatos são
considerados elementos do tipo legal e a ação penal deve ser pública em relação a eles. O
objetivo é assegurar a aplicação da lei e a proteção dos interesses da sociedade diante desses
crimes graves.

Irretratabilidade da representação
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.

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O artigo 102 do Código Penal trata da irretratabilidade da representação após a oferecimento da
denúncia. Mas o que isso significa na prática?

Vamos supor que uma pessoa tenha sido vítima de um crime, por exemplo, uma agressão física.
Ao decidir buscar a justiça, ela opta por fazer uma representação contra o agressor, formalizando
sua vontade de que o caso seja levado aos tribunais.

Ao oferecer a denúncia, ou seja, ao apresentar formalmente a acusação contra o agressor, a


representação torna-se irretratável. Isso significa que a vítima não poderá mais desistir da
acusação, mesmo que posteriormente mude de ideia.

A finalidade dessa regra é garantir a segurança jurídica e a estabilidade do processo penal. A


irretratabilidade da representação após o oferecimento da denúncia evita que a vítima exerça
influência indevida sobre o processo, evitando que haja manipulação ou desistência injustificada
da acusação.

Essa disposição é importante para assegurar a imparcialidade e a regularidade do processo


penal, uma vez que a acusação já foi formalmente apresentada perante o Poder Judiciário. Assim,
tanto a vítima quanto o acusado têm a garantia de que o processo seguirá seu curso normal, sem
interrupções ou alterações indevidas.

Vale ressaltar que a irretratabilidade da representação após a oferecimento da denúncia não


impede que a vítima possa colaborar com as investigações e auxiliar no esclarecimento dos fatos.
Ela continua tendo o direito de depor e apresentar provas durante o processo, mesmo que não
possa mais retirar a acusação.

Em suma, o artigo 102 do Código Penal estabelece que, uma vez oferecida a denúncia, a
representação da vítima torna-se irretratável. Essa medida busca garantir a estabilidade do
processo penal, evitando influências indevidas e assegurando a continuidade do caso perante o
Poder Judiciário. A vítima mantém o direito de colaborar com as investigações, mas não pode
mais desistir formalmente da acusação após o oferecimento da denúncia.

Vamos supor o seguinte caso hipotético para melhor entender a situação descrita no artigo 102 do
Código Penal:

Imagine que João e Maria são casados e estão passando por um período conturbado em seu
relacionamento. Em determinado dia, durante uma discussão acalorada, João agride fisicamente
Maria, deixando-a com diversos ferimentos.

Após o ocorrido, Maria decide tomar uma atitude e busca amparo junto às autoridades
competentes. Ela decide fazer uma representação contra João, formalizando sua intenção de
levar o caso aos tribunais e buscar a punição do agressor.

A representação é devidamente registrada e o Ministério Público, ao analisar o caso, decide


oferecer a denúncia contra João, acusando-o formalmente do crime de violência doméstica.

Nesse momento, a representação de Maria torna-se irretratável, conforme previsto no artigo 102
do Código Penal. Ela não pode mais desistir da acusação e retirar a denúncia, mesmo que
posteriormente mude de ideia ou que o casal decida reconciliar-se.

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O processo criminal é iniciado e segue seu curso normal, com a realização das etapas de
investigação, coleta de provas e audiências. Maria, como vítima, tem a oportunidade de depor,
apresentar provas e colaborar com as autoridades na elucidação dos fatos.

Embora o relacionamento de João e Maria possa ter passado por momentos de reconciliação ou
arrependimento, a irretratabilidade da representação significa que a acusação continuará válida e
o processo seguirá adiante.

Essa medida visa assegurar a imparcialidade e a regularidade do processo penal, evitando que a
vítima seja influenciada indevidamente ou que a acusação seja manipulada.

Em conclusão, o caso hipotético ilustra a aplicação do artigo 102 do Código Penal, em que a
representação de Maria contra João torna-se irretratável após o oferecimento da denúncia pelo
Ministério Público. Isso garante a estabilidade do processo e protege a vítima, assegurando que o
caso seja devidamente investigado e julgado, independentemente de eventuais mudanças de
intenção no decorrer do processo.

Decadência do direito de queixa ou de representação


Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou
de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em
que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do
dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.

O artigo 103 do Código Penal estabelece um prazo para o exercício do direito de queixa ou
representação por parte do ofendido em casos de crimes. Esse prazo é de 6 (seis) meses e
começa a ser contado a partir do dia em que o ofendido tomou conhecimento da autoria do crime.

Suponhamos a seguinte situação: Ana é vítima de um crime de furto em sua residência. Após
descobrir o ocorrido, ela busca informações e evidências para identificar o autor do crime. Após 3
meses, Ana obtém provas suficientes que apontam João como o responsável pelo furto.

Nesse momento, o prazo de 6 meses começa a ser contado a partir do dia em que Ana descobriu
que João é o autor do furto. Isso significa que ela tem até o final desses 6 meses para exercer o
direito de queixa ou representação contra João.

Caso Ana não apresente a queixa ou representação dentro desse prazo estabelecido, ela estará
sujeita à decadência, ou seja, perderá o direito de buscar a responsabilização criminal do autor do
crime.

É importante destacar que o prazo de 6 meses é válido para a maioria dos crimes. No entanto,
existem algumas exceções em que a lei estabelece prazos diferentes ou não prevê prazo algum
para o exercício do direito de queixa ou representação.

Além disso, o artigo 103 menciona também uma situação específica no § 3º do art. 100 do Código
Penal, que se refere ao prazo para o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. Nesse
caso, o prazo para o exercício do direito de queixa ou representação pelo ofendido coincide com o
prazo para o Ministério Público apresentar a denúncia.

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É importante que o ofendido esteja ciente desse prazo estabelecido pela lei, pois é fundamental
exercer o direito de queixa ou representação dentro desse período para garantir a possibilidade de
responsabilização criminal do autor do crime.

Em suma, o artigo 103 do Código Penal estabelece o prazo de 6 meses para o ofendido exercer o
direito de queixa ou representação em casos de crimes. É necessário que o ofendido exerça esse
direito dentro desse prazo para não perder a possibilidade de buscar a responsabilização criminal
do autor do crime.

Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa


Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou
tacitamente.

O artigo 104 do Código Penal aborda o direito de queixa, que é a possibilidade de uma pessoa
vítima de um crime iniciar uma ação penal contra o autor. Nesse sentido, o referido artigo
estabelece que esse direito não pode ser exercido quando há uma renúncia expressa ou
tacitamente.

A renúncia expressa ocorre quando a vítima manifesta, de forma clara e inequívoca, sua intenção
de abrir mão do direito de queixa. Isso pode ser feito por meio de um documento escrito, como
uma declaração formal de renúncia.

Por outro lado, a renúncia tacitamente ocorre quando a vítima pratica atos ou assume
comportamentos que evidenciam sua intenção de abrir mão do direito de queixa. Por exemplo, se
a vítima, após tomar conhecimento do crime, mantém uma relação amigável com o autor ou aceita
algum tipo de compensação financeira sem buscar a responsabilização criminal, está renunciando
tacitamente ao direito de queixa.

É importante ressaltar que a renúncia ao direito de queixa deve ser livre e consciente. Ou seja, a
vítima precisa ter pleno conhecimento do crime cometido e das consequências da renúncia. Não
pode haver nenhum tipo de coerção, pressão ou manipulação que comprometa a liberdade da
vítima ao tomar essa decisão.

Cabe destacar que a renúncia expressa ou tacitamente é irrevogável. Uma vez que a vítima
renuncia ao direito de queixa, não é possível voltar atrás e exercê-lo posteriormente. Essa medida
visa dar segurança jurídica e evitar possíveis manipulações ou revogações constantes do direito
de queixa.

Portanto, o artigo 104 do Código Penal estabelece que o direito de queixa não pode ser exercido
quando renunciado expressa ou tacitamente pela vítima. A renúncia deve ser voluntária e
consciente, e uma vez realizada, é irrevogável. É importante que a vítima compreenda os seus
direitos e as consequências da renúncia antes de tomar qualquer decisão nesse sentido.

Vamos considerar o seguinte caso hipotético para ilustrar o artigo 104 do Código Penal:

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Maria é vítima de um crime de roubo. Durante o assalto, seu celular é levado por um indivíduo
desconhecido, que rapidamente foge do local. Assustada e abalada com o ocorrido, Maria decide
fazer um boletim de ocorrência para registrar o crime.

No dia seguinte, a polícia identifica o suspeito com base em câmeras de segurança próximas ao
local do crime. Ele é preso e levado para a delegacia, onde Maria é chamada para reconhecê-lo.
Ao vê-lo, ela imediatamente reconhece o indivíduo como o autor do roubo.

No entanto, dias depois, o suspeito é liberado da prisão por falta de provas suficientes para
sustentar uma denúncia formal. Maria, então, decide procurar o suspeito pessoalmente e o
confronta sobre o ocorrido. Durante a conversa, o suspeito se mostra arrependido e oferece a
devolução do celular em troca de não ser denunciado à polícia.

Maria, que valoriza a resolução pacífica do conflito e percebe que a devolução do celular é mais
importante para ela do que a persecução criminal, aceita a proposta do suspeito. Eles assinam um
termo de acordo, no qual Maria expressa sua renúncia ao direito de queixa contra o suspeito em
relação ao crime de roubo.

Com a devolução do celular e a renúncia expressa de Maria, o direito de queixa é renunciado de


forma clara e consciente. Isso significa que Maria não poderá mais exercer o direito de iniciar uma
ação penal contra o suspeito pelo crime de roubo, uma vez que ela expressamente renunciou a
essa possibilidade.

Nesse caso, a renúncia ao direito de queixa por parte de Maria é um exemplo de renúncia
expressa, uma vez que foi realizada por meio de um acordo formal assinado pelas partes. Maria
decidiu não buscar a responsabilização criminal do suspeito, optando por resolver o problema de
forma amigável e recuperar o objeto de valor sentimental.

Assim, esse caso hipotético exemplifica como a renúncia expressa ao direito de queixa pode
ocorrer quando a vítima decide voluntariamente abrir mão da persecução penal em favor de uma
solução alternativa ao conflito. É importante ressaltar que cada caso é único e a decisão de
renunciar ao direito de queixa deve ser sempre avaliada com cuidado, considerando os interesses
e as circunstâncias específicas de cada vítima.

Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível
com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
indenização do dano causado pelo crime.

Quando uma pessoa é vítima de um crime, ela possui o direito de queixa, ou seja, o direito de
iniciar uma ação penal contra o autor do delito. No entanto, o parágrafo único do artigo em
questão estabelece algumas condições específicas relacionadas à renúncia tácita desse direito.

A renúncia tácita ao direito de queixa ocorre quando a vítima pratica um ato incompatível com a
vontade de exercê-lo. Isso significa que, por meio de suas ações, a vítima deixa claro que não
deseja mais dar continuidade ao processo criminal. No entanto, é importante ressaltar que receber
uma indenização pelo dano causado pelo crime não implica automaticamente em renúncia tácita
ao direito de queixa.

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Para ilustrar esse conceito, vamos considerar o seguinte caso hipotético: João é vítima de uma
agressão física cometida por Pedro. Após o incidente, João decide não registrar um boletim de
ocorrência na delegacia, optando por resolver o problema de forma amigável com Pedro. Eles
conversam e Pedro se desculpa sinceramente pelo ocorrido, comprometendo-se a pagar as
despesas médicas de João como forma de reparação pelo dano causado.

A aceitação da indenização por parte de João não configura renúncia tácita ao direito de queixa.
Ainda que ele tenha recebido a compensação financeira, isso não implica que ele não possa
buscar a responsabilização criminal de Pedro no futuro. A renúncia tácita ocorreria se João, por
exemplo, celebrasse um acordo formal com Pedro no qual declarasse que não irá denunciá-lo às
autoridades competentes.

É importante compreender que a renúncia tácita está relacionada a atos incompatíveis com a
vontade de exercer o direito de queixa. Receber uma indenização pelo dano causado não é
considerado um ato incompatível, pois a vítima pode buscar a reparação do prejuízo sem
necessariamente abrir mão da ação penal.

No entanto, é fundamental ressaltar que cada caso é único e pode haver interpretações diferentes
dependendo das circunstâncias específicas. Por isso, é recomendado buscar orientação jurídica
adequada para entender melhor as consequências legais de cada situação e tomar decisões
informadas sobre o exercício ou renúncia do direito de queixa.

Perdão do ofendido
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa,
obsta ao prosseguimento da ação.

O artigo 105 do Código Penal trata do perdão do ofendido nos crimes em que a ação penal
depende exclusivamente de queixa, ou seja, quando é necessária a manifestação expressa da
vítima para dar início ao processo criminal. Nesses casos, o perdão do ofendido tem um efeito
legal específico: ele impede o prosseguimento da ação penal.

O perdão do ofendido significa que a vítima do crime decide perdoar o autor da infração, abrindo
mão de continuar com o processo criminal. Essa manifestação de perdão pode ocorrer de forma
expressa, por meio de uma declaração formal, ou de forma tácita, por meio de atos que
demonstrem claramente a intenção de perdoar.

É importante ressaltar que o perdão do ofendido só é aplicável nos crimes em que a lei estabelece
que a ação penal depende exclusivamente de queixa. Em outras palavras, nos crimes de ação
penal pública incondicionada, em que a atuação do Ministério Público não está condicionada à
manifestação da vítima, o perdão do ofendido não tem o poder de interromper o processo.

Para ilustrar essa situação, podemos considerar o seguinte exemplo hipotético: Maria foi vítima de
um furto em sua residência, e o autor do crime, João, foi identificado. Nesse caso, a ação penal
depende da manifestação de Maria, ou seja, é necessário que ela apresente uma queixa formal
para dar início ao processo criminal contra João.

Se Maria, por algum motivo, decidir perdoar João e manifestar seu perdão de forma expressa ou
tácita, o prosseguimento da ação penal será obstado, ou seja, o processo não poderá seguir

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adiante. O perdão do ofendido é um ato de autonomia e vontade da vítima, que tem o poder de
interromper o processo criminal nos casos em que a ação penal depende exclusivamente de sua
queixa.

No entanto, é importante destacar que o perdão do ofendido não anula as consequências civis do
crime. Ou seja, mesmo que a ação penal seja obstada pelo perdão, o autor ainda pode ser
responsabilizado civilmente pelos danos causados, o que pode incluir a obrigação de reparar o
prejuízo financeiro ou moral causado à vítima.

Portanto, o perdão do ofendido nos crimes em que a ação penal depende de queixa tem o poder
de interromper o processo criminal. É um instrumento legal que reconhece a autonomia da vítima
em decidir se deseja ou não prosseguir com a ação penal. No entanto, é essencial buscar
orientação jurídica adequada para compreender as nuances e consequências específicas de cada
situação, garantindo que as decisões tomadas sejam embasadas e conscientes.

Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:

I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;

II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;

III - se o querelado o recusa, não produz efeito.

O artigo 106 do Código Penal trata do perdão no âmbito do processo penal, estabelecendo as
regras e efeitos dessa concessão. O perdão pode ser expresso, quando é manifestado de forma
clara e direta, ou tácito, quando é demonstrado por meio de atos ou condutas.

De acordo com o artigo, quando o perdão é concedido a qualquer um dos acusados (querelados),
ele beneficia a todos eles. Isso significa que se um dos acusados recebe o perdão do ofendido,
todos os outros acusados também são beneficiados e o processo criminal contra eles é
encerrado.

No entanto, se o perdão é concedido por apenas um dos ofendidos, isso não prejudica o direito
dos demais ofendidos de prosseguirem com a ação penal. Ou seja, cada ofendido tem o direito de
decidir individualmente se deseja perdoar o acusado ou se prefere dar continuidade ao processo.

É importante destacar que o perdão pode ser recusado pelo acusado (querelado), mesmo que
tenha sido concedido pelo ofendido. Nesse caso, o perdão não produzirá efeito e o processo
penal seguirá seu curso normal, sem ser encerrado.

Para ilustrar essas situações, podemos apresentar um exemplo hipotético: João e Maria foram
acusados de cometer um crime contra Pedro. Pedro decide perdoar João e manifesta seu perdão
de forma expressa. Nesse caso, o perdão concedido por Pedro beneficia tanto João quanto Maria,
e o processo criminal é encerrado para ambos.

Agora, suponha que Pedro e Lucas foram ofendidos pelos mesmos acusados, João e Maria.
Pedro decide perdoar os acusados, mas Lucas prefere que o processo penal prossiga. Nesse
caso, o perdão concedido por Pedro não prejudica o direito de Lucas de dar continuidade à ação
penal contra João e Maria.

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Por fim, se o perdão é concedido pelo ofendido e o acusado (querelado) recusa esse perdão, ele
não produzirá efeito. Nesse caso, o processo criminal continuará, mesmo que o ofendido tenha
demonstrado intenção de perdoar o acusado.

Portanto, o artigo 106 do Código Penal estabelece as regras referentes ao perdão no processo
penal. Ele define que o perdão concedido a um dos acusados beneficia a todos, exceto se for
recusado pelo acusado. Além disso, o perdão concedido por um dos ofendidos não prejudica o
direito dos outros de prosseguirem com a ação penal. É importante buscar orientação jurídica
adequada para compreender as particularidades de cada situação e tomar decisões embasadas e
conscientes.

§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de


prosseguir na ação.

O parágrafo 1º do artigo do Código Penal trata do perdão tácito, que é uma forma de perdão que
ocorre de forma implícita, resultando da prática de um ato incompatível com a vontade de
prosseguir com a ação penal.

O perdão tácito é caracterizado quando o ofendido realiza uma conduta ou prática um ato que
demonstra sua desistência ou desinteresse em dar continuidade ao processo criminal. Essa
conduta ou ato deve ser incompatível com a vontade de prosseguir com a ação penal.

Por exemplo, se o ofendido, após ter conhecimento do crime praticado contra ele, decide viver em
paz e ter uma convivência amigável com o acusado, sem tomar nenhuma medida judicial para
buscar a punição, essa atitude pode ser interpretada como um perdão tácito.

Nesse caso, o perdão tácito tem o mesmo efeito do perdão expresso, ou seja, ele obsta o
prosseguimento da ação penal. Isso significa que o processo criminal é encerrado e o acusado
não poderá mais ser responsabilizado pelos fatos ocorridos.

É importante ressaltar que o perdão tácito não pode ser presumido de forma arbitrária. Ele deve
ser resultado de uma análise cuidadosa das circunstâncias e da conduta do ofendido, levando em
consideração se ela é realmente incompatível com a vontade de prosseguir com a ação penal.

No entanto, é fundamental destacar que o perdão tácito não implica automaticamente na


reparação dos danos causados pelo crime. O acusado ainda pode ser civilmente responsabilizado
pelos prejuízos causados ao ofendido, mesmo que a ação penal seja encerrada.

Assim, o parágrafo 1º do artigo do Código Penal estabelece que o perdão tácito é aquele que
resulta da prática de um ato incompatível com a vontade de prosseguir com a ação penal. Ele tem
o mesmo efeito do perdão expresso, encerrando o processo criminal contra o acusado. No
entanto, é necessário avaliar cuidadosamente as circunstâncias e condutas envolvidas para
verificar se o perdão tácito de fato está presente. Consultar um profissional do direito é essencial
para entender as particularidades de cada caso.

Aqui está um caso hipotético que exemplifica o perdão tácito descrito no artigo do Código Penal:

João e Maria são vizinhos há muitos anos. Certo dia, durante uma discussão acalorada, João
agride fisicamente Maria, causando-lhe lesões corporais. Maria fica chateada com o ocorrido,
mas, após alguns dias, decide que não quer levar adiante uma ação penal contra João.

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Ao invés disso, Maria decide perdoar João de forma implícita, buscando uma resolução pacífica
da situação. Ela inicia um diálogo com João, onde expressa sua vontade de resolver as diferenças
de forma amigável, sem envolver a justiça.

Maria passa a ter uma convivência pacífica com João, trocando cumprimentos cordiais e até
mesmo colaborando em algumas atividades comunitárias. Ela não registra nenhuma queixa formal
ou denúncia contra João.

Nesse caso, o comportamento de Maria é considerado um ato incompatível com a vontade de


prosseguir com a ação penal. Mesmo que Maria não tenha expressado explicitamente seu perdão
a João, sua conduta demonstra uma desistência implícita em buscar a punição pelo crime
cometido.

Como consequência, o perdão tácito de Maria impede o prosseguimento da ação penal. O


Ministério Público, ao analisar o caso, percebe que não há interesse por parte da vítima em dar
continuidade ao processo e decide arquivá-lo.

No entanto, é importante ressaltar que o perdão tácito não implica na reparação dos danos
causados por João. Maria ainda pode buscar reparação pelos danos sofridos através de uma
ação civil, buscando a devida compensação pelos prejuízos causados.

Esse caso hipotético ilustra como o perdão tácito pode ocorrer quando a vítima, por meio de sua
conduta, demonstra uma renúncia implícita ao prosseguimento da ação penal. O perdão tácito,
nesse contexto, encerra o processo criminal contra o acusado, mas não exclui a possibilidade de
buscar a reparação dos danos de outras formas legais. É sempre importante consultar um
profissional jurídico para obter orientações adequadas em casos reais.

§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.

O artigo § 2º do Código Penal trata da admissibilidade do perdão após a sentença condenatória


ter transitado em julgado. Vamos entender melhor como funciona essa situação.

Quando uma pessoa é condenada por um crime e a sentença se torna definitiva, ou seja, não
cabem mais recursos para contestá-la, o direito de perdoar o condenado é limitado. Nesse caso, o
perdão não é admissível após o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Isso significa que, uma vez que a decisão final tenha sido proferida pela justiça e o processo tenha
sido encerrado, não é possível que a vítima ou qualquer outra pessoa conceda perdão ao
condenado para anular ou modificar os efeitos da condenação.

A razão por trás dessa limitação é garantir a segurança jurídica e a estabilidade das decisões
judiciais. Após o trânsito em julgado, a sentença condenatória torna-se definitiva e a pena imposta
ao acusado deve ser cumprida, conforme determinado pelo poder judiciário.

Assim, qualquer intenção de perdoar o condenado deve ser manifestada antes que a sentença se
torne definitiva, ou seja, durante o curso do processo ou até o trânsito em julgado da sentença.
Após esse momento, não é possível revogar ou modificar a condenação por meio do perdão.

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É importante ressaltar que a não admissibilidade do perdão após o trânsito em julgado não
impede a aplicação de outras medidas legais, como a progressão de regime ou a concessão de
indulto, que podem ocorrer durante o cumprimento da pena.

Dessa forma, o § 2º do artigo em questão estabelece que o perdão não pode ser concedido após
o trânsito em julgado da sentença condenatória, reforçando a importância da observância das
decisões judiciais e da imutabilidade da pena estabelecida pelo poder judiciário.

Caso Hipotético:

Vamos considerar o caso de Maria, que foi vítima de um crime de roubo em sua residência. O
autor do crime, João, foi identificado, denunciado e, após o devido processo legal, foi condenado
pela prática do delito. A sentença condenatória transitou em julgado, ou seja, não cabem mais
recursos para contestá-la.

Após a condenação de João, Maria começa a refletir sobre o ocorrido e sobre a possibilidade de
perdoar o autor do crime. Ela acredita que João possa se arrepender de seus atos e reconstruir
sua vida de maneira honesta.

No entanto, Maria descobre que, de acordo com o § 2º do artigo em questão, o perdão não é
admissível após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Isso significa que, mesmo que
Maria tenha o desejo de perdoar João e retirar a queixa contra ele, não é possível revogar a
condenação e alterar os efeitos legais da sentença.

Assim, Maria entende que o perdão deveria ter sido manifestado antes do trânsito em julgado da
sentença, durante o curso do processo ou até a proclamação da decisão final pelo tribunal. Após
esse momento, o perdão não pode afetar a condenação nem modificar a pena imposta a João.

Apesar disso, Maria também descobre que, mesmo após o trânsito em julgado da sentença, ainda
existem outras medidas legais que podem beneficiar João durante o cumprimento da pena, como
a progressão de regime, a concessão de indulto ou até mesmo a obtenção de benefícios pela
colaboração com a justiça.

Apesar de não ser possível perdoar João após o trânsito em julgado, Maria decide que continuará
a reconstruir sua vida, focando em superar o trauma do crime e buscar formas de se sentir segura
novamente. Ela confia no sistema de justiça para executar a pena conforme determinado pela
sentença condenatória.

Esse caso hipotético ilustra como o § 2º do artigo em questão impede o perdão após o trânsito em
julgado da sentença condenatória. Ele destaca a importância de compreender os limites legais e
buscar orientação jurídica adequada para tomar decisões informadas em casos reais.

Capítulo 3 - Artigos do 107 ao 120 do Código Penal.

Extinção da punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

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I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

O artigo 107 do Código Penal trata das situações em que a punibilidade do agente é extinta, ou
seja, em que não é mais possível aplicar a pena prevista para o crime cometido. Vamos analisar
cada uma das hipóteses presentes no artigo:

1. A morte do agente: A punibilidade é extinta quando o autor do crime falece. Nesse caso,
não é mais possível aplicar a pena devido à ausência do agente.
2. Anistia, graça ou indulto: Essas são medidas de caráter político ou humanitário que podem
ser concedidas para extinguir a punibilidade do agente. Elas têm como objetivo perdoar ou
reduzir a pena.
3. Retroatividade de lei: Quando uma lei é aplicada retroativamente e não mais considera o
fato como criminoso, a punibilidade é extinta. Ou seja, se uma conduta deixa de ser
considerada crime, o agente não pode mais ser punido por ela.
4. Prescrição, decadência ou perempção: A punibilidade é extinta quando ocorre a
prescrição, que é a perda do direito de punir do Estado devido ao transcurso do tempo
sem que seja iniciada ou concluída a ação penal. A decadência é a perda do direito de
ação penal devido ao decurso de prazo previsto em lei. A perempção ocorre quando há o
abandono do processo por parte do querelante.
5. Renúncia do direito de queixa ou perdão aceito: Nos crimes de ação privada, o direito de
punir é do ofendido. A punibilidade é extinta quando o ofendido renuncia ao direito de
queixa (ato formal de acusação) ou quando o perdão é aceito pelo acusado.
6. Retratação do agente: Em casos específicos previstos em lei, a punibilidade pode ser
extinta quando o agente se retrata, ou seja, quando ele se arrepende e manifesta sua
vontade de reparar o dano causado.

Por fim, os incisos VII e VIII foram revogados pela Lei nº 11.106, de 2005, e o inciso IX prevê a
extinção da punibilidade pelo perdão judicial nos casos estabelecidos em lei, em que o juiz pode
decidir pela não aplicação da pena.

Essas são as principais formas de extinção da punibilidade previstas no artigo 107 do Código
Penal. É importante compreender essas possibilidades para entender as consequências jurídicas
dos atos praticados e o alcance do poder punitivo do Estado.

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Vamos analisar alguns casos hipotéticos para ilustrar as situações descritas no artigo 107 do
Código Penal:

1. Morte do agente: Imagine que uma pessoa tenha cometido um crime grave, como um
homicídio, mas antes de ser julgada, ela falece de forma natural. Nesse caso, a
punibilidade é extinta devido à morte do agente, e não é possível aplicar a pena.
2. Anistia: Suponha que um grupo de manifestantes seja preso durante um protesto e
acusado de crimes contra a ordem pública. Posteriormente, o governo concede uma
anistia geral para todos os envolvidos, perdoando seus atos e extinguindo a punibilidade.
3. Retroatividade de lei: Considere uma situação em que determinada conduta era
considerada crime no passado, mas uma nova lei é aprovada, revogando essa
criminalização. Nesse caso, se alguém tiver praticado essa conduta antes da mudança
legislativa, a punibilidade será extinta devido à retroatividade da nova lei.
4. Prescrição: Suponha que uma pessoa cometa um furto simples e o Ministério Público não
inicie a ação penal dentro do prazo legal estabelecido. Ao término desse prazo, ocorre a
prescrição, extinguindo a punibilidade do agente.
5. Renúncia do direito de queixa: Imagine uma situação em que uma pessoa é agredida e
decide não dar prosseguimento à ação penal contra o agressor. Nesse caso, ela renuncia
ao direito de queixa, extinguindo a punibilidade do agressor.
6. Retratação do agente: Considere um caso em que alguém propaga uma calúnia contra
outra pessoa, prejudicando sua reputação. Posteriormente, o autor se retrata
publicamente, admitindo que suas alegações foram falsas. Nesse caso, a retratação do
agente pode levar à extinção da punibilidade.

Esses casos hipotéticos exemplificam algumas situações em que a punibilidade pode ser extinta,
conforme descrito no artigo 107 do Código Penal. É importante ressaltar que cada caso concreto
deve ser analisado à luz da legislação vigente e das circunstâncias específicas para determinar se
a punibilidade deve ou não ser extinta.

Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou


circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante
da conexão.

O artigo 108 do Código Penal trata da extinção da punibilidade de um crime que está relacionado
a outro crime como pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante. Vamos
analisar esse artigo para entender seu significado:

1. Quando um crime é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de


outro, a extinção da punibilidade do primeiro não se estende automaticamente ao segundo.
Isso significa que, mesmo que o primeiro crime seja perdoado ou sua punibilidade seja
extinta, o segundo crime ainda pode ser punido.
2. Por exemplo, imagine que alguém cometa um furto (crime A) para conseguir os meios de
cometer um homicídio (crime B). Se a punibilidade do furto for extinta, isso não significa
que a pessoa também será inocentada pelo homicídio. O crime B continua passível de
punição.

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3. Isso ocorre porque o crime B depende do crime A para sua configuração. A extinção da
punibilidade do crime A não exclui a responsabilidade pelo crime B, pois são fatos
distintos, embora relacionados.
4. Além disso, o artigo aborda a questão dos crimes conexos. Crimes conexos são aqueles
que possuem relação entre si, seja pela sua prática simultânea ou pela sua vinculação nos
mesmos fatos.
5. No caso dos crimes conexos, se a punibilidade de um deles for extinta, isso não impede
que a pena dos outros crimes conexos seja agravada.
6. Por exemplo, considerando o mesmo exemplo anterior, se a punibilidade do furto for
extinta, isso não impede que a pena pelo homicídio seja agravada devido à conexão entre
os crimes.
7. A conexão entre os crimes permite que a Justiça avalie a gravidade do conjunto de delitos
e aplique penas mais severas.
8. Dessa forma, a extinção da punibilidade de um crime conexo não impede que a Justiça
leve em consideração a conexão entre os crimes e aplique uma pena mais grave ao
acusado.
9. É importante ressaltar que a extinção da punibilidade de um crime pressuposto ou conexo
não implica na impunidade total do autor. Outros crimes ou elementos delituosos podem
ser analisados de forma separada e punidos conforme a legislação.
10. O objetivo desse dispositivo legal é garantir que a punição seja adequada aos atos
cometidos e que a extinção da punibilidade de um crime específico não impeça a Justiça
de analisar e julgar outros crimes relacionados.
11. A conexão entre os crimes permite que a Justiça avalie a gravidade do conjunto de delitos
e aplique penas proporcionais e justas, levando em consideração todas as circunstâncias.
12. Assim, o artigo 108 do Código Penal estabelece que a extinção da punibilidade de um
crime pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante não se estende ao
crime principal e que a punibilidade de crimes conexos pode ser agravada
independentemente da extinção da punibilidade de outros crimes relacionados.

Vamos para alguns casos hipotéticos para melhor entender:

Caso 1: Extinção da punibilidade de um crime pressuposto Imagine uma situação em que uma
pessoa é acusada de cometer um crime de corrupção passiva, que é pressuposto para o crime de
lavagem de dinheiro. Se durante o processo, a punibilidade do crime de corrupção passiva for
extinta devido a uma anistia concedida, isso não impede que a pessoa seja julgada e punida pelo
crime de lavagem de dinheiro, pois a extinção da punibilidade do crime pressuposto não se
estende ao crime principal.

Caso 2: Crimes conexos com agravamento da pena Suponha que um indivíduo cometa um roubo
seguido de sequestro. Ambos os crimes estão interligados, pois o roubo é pressuposto para o
sequestro. Se durante o processo, a punibilidade do roubo for extinta devido à prescrição, isso
não impede que a Justiça aja de forma agravada em relação ao crime de sequestro, aumentando
a pena devido à conexão entre os crimes.

Caso 3: Extinção da punibilidade de um crime conexo Em um caso de associação criminosa para


o tráfico de drogas, é possível que um dos membros seja absolvido e, portanto, tenha a
punibilidade extinta. No entanto, a extinção da punibilidade de um dos envolvidos não impede que
os demais sejam julgados e punidos pelo crime de associação criminosa, uma vez que o crime

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conexo continua passível de punição. Nesse caso, cada indivíduo será responsabilizado de
acordo com sua participação na associação criminosa, independentemente da extinção da
punibilidade de outros envolvidos.

Caso 4: Extinção da punibilidade de uma circunstância agravante Suponha que uma pessoa seja
acusada de cometer um homicídio qualificado por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou
a defesa da vítima. Durante o processo, é constatado que a circunstância agravante do uso de
recurso que impossibilitou a defesa da vítima não pode ser comprovada. Nesse caso, a extinção
da punibilidade dessa circunstância agravante não impede que a pessoa seja julgada e
condenada pelo homicídio qualificado por motivo torpe, pois a extinção da punibilidade de uma
circunstância agravante não se estende ao crime principal.

Caso 5: Crimes conexos com penas distintas Imaginemos um cenário em que uma pessoa seja
acusada de cometer um furto e um roubo em uma mesma ocasião. Os crimes são conexos, pois
ocorreram no mesmo contexto e envolvem o mesmo agente. Se durante o processo, a
punibilidade do crime de furto for extinta devido à prescrição, isso não impede que a pessoa seja
julgada e punida pelo crime de roubo, que possui pena distinta e não foi alcançado pela
prescrição. Nesse caso, a extinção da punibilidade de um dos crimes conexos não impede a
aplicação da pena no outro crime.

Caso 6: Extinção da punibilidade de uma condição elementar Suponha que uma pessoa seja
acusada de cometer um crime de estelionato que possui como condição elementar o uso de
documento falso. Durante o processo, é constatado que o documento apresentado era verdadeiro,
ou seja, a condição elementar do uso de documento falso não está presente. Nesse caso, a
extinção da punibilidade dessa condição elementar não impede que a pessoa seja julgada e
condenada pelo crime de estelionato, pois a condição elementar é apenas um elemento do tipo
penal, e a ausência dela não afeta a tipicidade do crime principal.

Esses casos hipotéticos exemplificam como o artigo 108 do Código Penal é aplicado na prática,
evidenciando que a extinção da punibilidade de um crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante não se estende a outros crimes relacionados e como a
extinção da punibilidade de um crime conexo ou de uma condição elementar não impede a
aplicação da pena em relação aos demais crimes ou ao crime principal. A Justiça analisará cada
caso individualmente, considerando as particularidades de cada crime e aplicando as
consequências legais correspondentes.

Prescrição antes de transitar em julgado a sentença


Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art.
110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se:

I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;

III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;

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IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;

V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a
dois;

VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

A prescrição é um instituto do direito penal que estabelece um prazo para que o Estado exerça o seu poder
punitivo em relação a um crime. O artigo 109 do Código Penal estabelece os prazos de prescrição, levando
em consideração o máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. Vamos entender cada um
dos parágrafos:

Parágrafo I: Se o máximo da pena é superior a doze anos, o prazo de prescrição é de vinte anos. Isso
significa que, após decorridos vinte anos desde a prática do crime, o Estado não poderá mais punir o autor,
mesmo que o processo ainda esteja em andamento.

Parágrafo II: Se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze, o prazo de prescrição é de
dezesseis anos. Ou seja, se passarem dezesseis anos desde a ocorrência do crime, sem que a pena tenha
sido efetivamente aplicada, ocorrerá a prescrição.

Parágrafo III: Quando o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito, o prazo de
prescrição é de doze anos. Após decorrido esse período, o Estado não poderá mais aplicar a pena ao autor
do crime.

Parágrafo IV: Se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro, a prescrição ocorre em
oito anos. Após esse período, o Estado perde o direito de punir o autor do crime.

Parágrafo V: Quando o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois, o prazo de
prescrição é de quatro anos. Após esse período, o crime estará prescrito e não poderá mais ser punido.

Parágrafo VI: Se o máximo da pena é inferior a um ano, o prazo de prescrição é de três anos. Após esse
período, o Estado não poderá mais exercer seu poder punitivo em relação ao crime.

Esses prazos estabelecidos pelo artigo 109 do Código Penal têm o objetivo de garantir a segurança jurídica,
evitando que o Estado mantenha uma punição em aberto por um tempo excessivamente longo. A
prescrição ocorre quando o Estado não age dentro do prazo estabelecido para exercer o seu poder punitivo,
proporcionando uma forma de proteção aos direitos fundamentais do acusado.

Vou apresentar alguns casos hipotéticos para ajudar a compreender melhor o assunto do artigo 109 do
Código Penal. Lembre-se de que são situações fictícias, criadas apenas com o intuito de ilustrar os
diferentes prazos de prescrição. Vamos lá:

Caso 1: Crime de roubo qualificado Imagine que João tenha cometido um roubo qualificado, cuja pena
máxima cominada é de 15 anos de prisão. Nesse caso, o prazo de prescrição seria de vinte anos. Se, após
vinte anos da prática do crime, o Estado não tiver conseguido aplicar a pena a João, o crime estará
prescrito, e ele não poderá mais ser punido por essa conduta.

Caso 2: Crime de tráfico de drogas Suponha que Maria tenha sido condenada por tráfico de drogas e a
pena máxima para esse crime seja de 6 anos. De acordo com o artigo 109, o prazo de prescrição seria de
doze anos. Se, passados doze anos desde a ocorrência do delito, o Estado não tiver efetivado a aplicação
da pena, o crime estará prescrito, e Maria não poderá mais ser punida por tráfico de drogas.

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Caso 3: Crime de lesão corporal leve Vamos considerar que Pedro tenha praticado uma lesão corporal leve,
cuja pena máxima é de 1 ano de prisão. Nesse caso, o prazo de prescrição seria de quatro anos. Se, após
quatro anos desde a ocorrência do crime, o Estado não tiver efetuado a punição, o crime estará prescrito, e
Pedro não poderá mais ser responsabilizado por essa conduta.

Caso 4: Crime de furto simples Imaginemos que Ana tenha cometido um furto simples, cuja pena máxima é
de 2 anos de prisão. De acordo com o artigo 109, o prazo de prescrição seria de oito anos. Supondo que
tenham se passado oito anos desde a ocorrência do crime e o Estado não tenha efetuado a punição, o
delito estará prescrito, e Ana não poderá mais ser responsabilizada pelo furto.

Caso 5: Crime de estelionato Vamos considerar que Lucas tenha praticado o crime de estelionato, cuja pena
máxima é de 4 anos de prisão. Nesse caso, o prazo de prescrição seria de oito anos. Se, após oito anos
desde a ocorrência do crime, o Estado não tiver aplicado a pena, o delito estará prescrito, e Lucas não
poderá mais ser punido pelo estelionato.

Caso 6: Crime de lesão corporal grave Suponhamos que Juliana tenha cometido uma lesão corporal grave,
cuja pena máxima é de 10 anos de prisão. De acordo com o artigo 109, o prazo de prescrição seria de
dezesseis anos. Se, após dezesseis anos desde a prática do crime, o Estado não tiver efetuado a aplicação
da pena, o crime estará prescrito, e Juliana não poderá mais ser responsabilizada por essa conduta.

Esses casos hipotéticos demonstram como os prazos de prescrição variam de acordo com o máximo da
pena prevista para cada crime. Vale lembrar que a prescrição extingue a punibilidade do autor, ou seja,
impede que ele seja responsabilizado criminalmente pelo fato ocorrido, desde que tenha se esgotado o
prazo previsto em lei.

Prescrição das penas restritivas de direito


Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos
para as privativas de liberdade.

O Parágrafo único do artigo do Código Penal estabelece uma regra importante sobre as penas restritivas de
direito.

As penas restritivas de direito são modalidades de punição aplicadas aos condenados, que consistem em
restrições de liberdade, mas sem o recolhimento à prisão.

O artigo determina que essas penas restritivas de direito devem seguir os mesmos prazos previstos para as
penas privativas de liberdade.

Isso significa que o período de cumprimento das penas restritivas de direito será determinado com base nos
prazos estipulados para as penas de prisão.

Por exemplo, se um crime prevê uma pena privativa de liberdade de 2 anos, a pena restritiva de direito
correspondente também terá uma duração de 2 anos.

Dessa forma, o legislador busca estabelecer uma equivalência entre as penas privativas de liberdade e as
penas restritivas de direito, garantindo uma proporcionalidade na aplicação das sanções.

Essa regra tem como objetivo assegurar que o sistema penal trate de maneira semelhante as
consequências para aqueles que cometem infrações, independentemente do tipo de pena aplicada.

Ao equiparar os prazos, evita-se que as penas restritivas de direito sejam vistas como menos rigorosas ou
menos significativas do que as penas privativas de liberdade.

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Além disso, a equiparação dos prazos contribui para a harmonização do sistema penal, garantindo uma
aplicação mais justa e uniforme das penas.

É importante ressaltar que a escolha entre uma pena privativa de liberdade ou uma pena restritiva de direito
é feita pelo juiz, considerando as circunstâncias do caso e a legislação vigente.

Por fim, a aplicação dos mesmos prazos para as penas restritivas de direito busca assegurar a
proporcionalidade das sanções e promover a ressocialização do condenado, visando sua reintegração à
sociedade.

Assim, o Parágrafo único do artigo reforça a importância de tratar as penas restritivas de direito de forma
equivalente às penas privativas de liberdade, garantindo a igualdade e a justiça no sistema penal.

Vamos criar um caso hipotético para ilustrar a aplicação do Parágrafo único do artigo do Código Penal:

Imagine que João tenha sido condenado por um crime de furto qualificado, cuja pena privativa de liberdade
prevista é de 4 anos de prisão. No entanto, o juiz, considerando as circunstâncias do caso e a conduta de
João, opta por aplicar uma pena restritiva de direito em vez da prisão.

Nesse caso, o juiz determina que João cumpra uma pena de prestação de serviços à comunidade pelo
período de 4 anos, o mesmo prazo da pena privativa de liberdade prevista para o crime de furto qualificado.

A decisão do juiz está em conformidade com o Parágrafo único do artigo do Código Penal, que estabelece
que as penas restritivas de direito devem seguir os mesmos prazos previstos para as penas privativas de
liberdade.

Dessa forma, João cumprirá a pena de prestação de serviços à comunidade pelo período de 4 anos, que é
equivalente à pena de prisão que seria aplicada caso não tivesse sido escolhida a pena restritiva de direito.

Essa situação exemplifica como o Parágrafo único do artigo do Código Penal garante a igualdade de
tratamento entre as penas privativas de liberdade e as penas restritivas de direito, assegurando que ambas
tenham o mesmo prazo de cumprimento, de acordo com a gravidade do crime cometido.

É importante destacar que cada caso será analisado individualmente pelo juiz, levando em consideração as
peculiaridades da situação e a legislação vigente, a fim de garantir uma aplicação justa e proporcional da
pena restritiva de direito.

Prescrição depois de transitar em julgado sentença final


condenatória
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se
pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se
aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

O artigo 110 do Código Penal trata da prescrição após a sentença condenatória transitar em
julgado. Vamos explicá-lo para facilitar o entendimento:

O artigo 110 do Código Penal estabelece que a prescrição ocorre após a sentença condenatória
transitar em julgado, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso contra a decisão
judicial.

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A prescrição é a perda do direito do Estado de punir o autor do crime devido à passagem do
tempo. Ela implica que a pena não poderá mais ser executada.

O artigo 110 determina que a prescrição regula-se pela pena aplicada na sentença condenatória,
ou seja, pelo tempo de privação de liberdade estabelecido.

O prazo de prescrição é determinado pelos limites estabelecidos no artigo anterior (Art. 109), que
varia de acordo com a gravidade da pena cominada ao crime.

Caso o condenado seja reincidente, ou seja, tenha cometido um novo crime após ter sido
condenado anteriormente, os prazos de prescrição são aumentados em um terço.

Isso significa que, se o prazo de prescrição for de 20 anos para um crime, no caso de um
condenado reincidente, esse prazo será aumentado em um terço, totalizando 26 anos.

A finalidade desse acréscimo é estender o período durante o qual o Estado pode executar a pena
contra um reincidente, levando em consideração a maior necessidade de repreensão e
ressocialização.

É importante ressaltar que a prescrição não apaga o registro do crime, mas apenas impede que a
pena seja executada após o prazo estabelecido.

Após a prescrição, o processo criminal é arquivado, e o condenado não pode mais ser punido pelo
crime cometido.

A prescrição é uma garantia fundamental do direito penal, buscando evitar a possibilidade de uma
punição tardia e desproporcional por parte do Estado.

Além disso, a prescrição incentiva a celeridade processual, garantindo que os processos criminais
sejam conduzidos de forma ágil e eficiente.

Por fim, o artigo 110 do Código Penal estabelece as regras para a prescrição após a sentença
condenatória transitada em julgado, levando em consideração a pena aplicada e a reincidência, a
fim de promover um sistema de justiça equilibrado e efetivo.

Vou criar dois casos hipotéticos para ajudar a ilustrar o entendimento do artigo 110 do Código
Penal:

Caso hipotético 1: João é condenado por roubo a uma pena de 8 anos de prisão. Ele já havia sido
condenado anteriormente por outro roubo, sendo considerado reincidente. Nesse caso, o prazo de
prescrição será aumentado em um terço, totalizando 16 anos. Isso significa que, se João não for
punido dentro desse prazo, a pena será considerada prescrita e não poderá mais ser executada.

Caso hipotético 2: Maria é condenada por um crime de menor gravidade, sendo imposta a ela
uma pena de 2 anos de prestação de serviços à comunidade. Nesse caso, o prazo de prescrição
será de 4 anos, conforme estabelecido no artigo 109 do Código Penal. No entanto, Maria é
reincidente, tendo cometido outro crime anteriormente. Com base no artigo 110, o prazo de
prescrição será aumentado em um terço, totalizando 5 anos e 4 meses. Portanto, se Maria não for
punida dentro desse prazo, a pena será considerada prescrita e não poderá mais ser executada.

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Esses casos hipotéticos ilustram como o artigo 110 do Código Penal influencia o prazo de
prescrição após a sentença condenatória transitada em julgado. A reincidência pode aumentar o
prazo de prescrição, permitindo que o Estado tenha mais tempo para executar a pena. No
entanto, é importante lembrar que cada caso é único e o cálculo preciso do prazo de prescrição
dependerá das circunstâncias específicas de cada situação.

§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou


depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese,
ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.

O artigo § 1º trata do período de prescrição após a sentença condenatória transitada em julgado para a
acusação, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso.

Nesse caso, a prescrição é regulada pela pena aplicada ao condenado.

A prescrição não pode ter como termo inicial uma data anterior à da apresentação da denúncia ou queixa.

Isso significa que o prazo de prescrição começa a contar a partir do momento em que a denúncia ou queixa
é formalizada.

O objetivo dessa regra é evitar que o acusado fique sujeito à possibilidade de prescrição por um período
muito longo antes mesmo do início do processo penal.

Dessa forma, o prazo de prescrição só começa a correr após a denúncia ou queixa ter sido apresentada às
autoridades competentes.

Essa regra garante a celeridade e a segurança jurídica no processo penal, evitando que o acusado fique
indefinidamente sujeito à possibilidade de prescrição.

Vale ressaltar que a prescrição é a perda do direito do Estado de punir o autor do crime devido à inércia do
poder público em realizar a persecução penal.

A data de apresentação da denúncia ou queixa é o marco inicial para a contagem do prazo de prescrição,
garantindo que o Estado exerça a sua função de punir dentro de um tempo razoável.

Dessa forma, a denúncia ou queixa é o marco que dá início ao processo penal e ao prazo de prescrição.

É importante destacar que cada crime possui um prazo de prescrição específico, determinado de acordo
com a gravidade da pena cominada.

Assim, o prazo de prescrição será calculado levando em consideração a pena aplicada na sentença
condenatória, desde que respeitado o marco inicial da denúncia ou queixa.

Vou criar um caso hipotético para ilustrar o artigo § 1º do Código Penal:

Imagine que uma pessoa, chamada João, é denunciada por um crime de roubo. A denúncia é apresentada
no dia 1º de janeiro de 2022.

Após o devido processo legal, João é condenado em primeira instância no dia 1º de julho de 2022, e a
sentença é confirmada em segunda instância em 1º de dezembro de 2022.

Nesse caso, o trânsito em julgado para a acusação ocorre após o julgamento em segunda instância, ou
seja, em 1º de dezembro de 2022.

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Com base no artigo § 1º do Código Penal, a prescrição da pretensão punitiva do Estado começa a contar a
partir da data da denúncia, ou seja, em 1º de janeiro de 2022, que é o marco inicial para o cálculo do prazo
de prescrição.

Suponhamos que o crime de roubo tenha uma pena máxima prevista de 8 anos de reclusão. De acordo com
o artigo 109 do Código Penal, o prazo de prescrição para esse crime seria de 12 anos.

Portanto, considerando que a denúncia foi apresentada em 1º de janeiro de 2022 e a pena máxima é de 8
anos, a prescrição ocorreria em 1º de janeiro de 2034, caso não haja nenhum fato que interrompa ou
suspenda o prazo de prescrição.

Assim, se o Estado não iniciar a execução da pena até essa data, ocorrerá a extinção da punibilidade de
João em razão da prescrição, ou seja, ele não poderá mais ser punido pelo crime de roubo pelo qual foi
condenado.

Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a


sentença final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:

I - do dia em que o crime se consumou;

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da


data em que o fato se tornou conhecido.

V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o
adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar
18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

O artigo estabelece que a prescrição, que é a perda do direito do Estado de punir o autor de um crime,
começa a contar antes da sentença final, ou seja, antes de se esgotarem todas as possibilidades de
recurso.

No caso de crime consumado, ou seja, quando a conduta criminosa foi totalmente realizada, a prescrição
começa a contar a partir do dia em que o crime se consumou. Por exemplo, se um roubo ocorreu em 1º de
janeiro de 2022, a prescrição começará a contar a partir dessa data.

Já nos casos de tentativa de crime, em que o autor não conseguiu consumar integralmente a conduta
criminosa, a prescrição inicia-se no dia em que cessou a atividade criminosa. Por exemplo, se alguém
tentou roubar em 1º de janeiro de 2022, mas foi interrompido pela intervenção de terceiros, a prescrição
começará a contar a partir dessa data.

Nos crimes permanentes, que são aqueles em que a conduta criminosa se prolonga no tempo, a prescrição
começa a contar no dia em que cessou a permanência. Por exemplo, em um sequestro que durou 3 dias e
encerrou-se em 1º de janeiro de 2022, a prescrição começará a contar a partir dessa data.

Nos crimes de bigamia e falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, a prescrição começa a
contar da data em que o fato se tornou conhecido. Por exemplo, se uma pessoa descobre em 1º de janeiro
de 2022 que outra está praticando bigamia, a prescrição começará a contar a partir dessa data.

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Nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, a
prescrição começa a contar da data em que a vítima completar 18 anos, a menos que a ação penal já tenha
sido proposta até essa data.

Em resumo, o artigo 111 estabelece os marcos iniciais para a contagem da prescrição em diferentes
situações. É importante destacar que cada caso tem sua particularidade, e é necessário analisar as
circunstâncias específicas para determinar o início da prescrição em cada situação concreta.

Vou criar casos hipotéticos para exemplificar cada uma das situações descritas no artigo 111 do Código
Penal:

1. Crime consumado: Imagine que João cometeu um roubo em uma loja no dia 1º de janeiro de 2022.
A partir dessa data, inicia-se a contagem da prescrição para esse crime específico.
2. Tentativa de crime: Suponha que Maria tenha tentado assaltar um banco em 1º de janeiro de 2022,
mas foi impedida pela segurança antes de conseguir roubar qualquer valor. Nesse caso, a
prescrição começará a contar a partir do dia em que cessou a atividade criminosa, ou seja, quando
Maria foi detida.
3. Crimes permanentes: Vamos considerar um caso de cárcere privado, em que Paulo manteve uma
pessoa em cativeiro por uma semana, encerrando a prática em 1º de janeiro de 2022. A prescrição
terá início a partir do dia em que cessou a permanência, ou seja, no momento em que a vítima foi
libertada.
4. Bigamia: Suponha que Ana descobriu em 1º de janeiro de 2022 que seu marido, Marcos, está
casado com outra pessoa simultaneamente. Nesse caso, a prescrição começará a contar a partir da
data em que Ana teve conhecimento da situação de bigamia.
5. Crimes contra a dignidade sexual ou violência contra crianças e adolescentes: Imagine que um
abuso sexual foi cometido contra uma vítima menor de idade. Se essa vítima completar 18 anos em
1º de janeiro de 2022 e, até essa data, nenhuma ação penal tiver sido proposta, a prescrição
começará a contar a partir desse dia.

Esses casos hipotéticos ajudam a ilustrar as diferentes situações descritas no artigo 111 do Código Penal e
como a prescrição pode ser aplicada em cada uma delas. É importante lembrar que cada caso real deve ser
analisado individualmente, considerando todas as circunstâncias específicas, para determinar corretamente
o início da contagem da prescrição.

Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória


irrecorrível
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que


revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva


computar-se na pena.

No caso do artigo 110, que se refere à prescrição após a sentença condenatória, existem duas
situações que marcam o início da contagem da prescrição: o trânsito em julgado da sentença
condenatória para a acusação, ou a decisão que revoga a suspensão condicional da pena ou o
livramento condicional.

Quando a sentença condenatória transita em julgado para a acusação, ou seja, não cabem mais
recursos para contestar a decisão, a prescrição tem início a partir desse momento.

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Da mesma forma, se houver a revogação da suspensão condicional da pena ou do livramento
condicional, a prescrição também começará a contar a partir desse dia.

É importante ressaltar que a contagem da prescrição é interrompida quando há a execução da


pena, ou seja, quando o condenado começa a cumprir a pena imposta pela sentença.

No entanto, há uma ressalva: se durante a execução da pena ocorrer uma interrupção temporária,
o tempo desse período de interrupção não será contabilizado na contagem da prescrição.

Em outras palavras, se a execução da pena for interrompida por algum motivo específico, como
uma suspensão temporária da pena por questões de saúde, por exemplo, o tempo dessa
interrupção não será considerado para fins de contagem da prescrição.

A ideia por trás disso é assegurar que o tempo em que a execução da pena não ocorreu
efetivamente não seja contado no cálculo da prescrição, garantindo a efetividade da punição.

Portanto, a contagem da prescrição começará a partir do dia em que a execução for interrompida,
salvo se o período de interrupção deva ser considerado como parte da pena.

É importante mencionar que cada caso específico deve ser analisado individualmente, levando em
consideração as particularidades e os dispositivos legais aplicáveis.

O objetivo do artigo 112 é estabelecer de forma clara o início da contagem da prescrição nos
casos em que a sentença condenatória já foi proferida ou a execução da pena foi interrompida.

Assim, garante-se que a contagem da prescrição seja precisa e respeite os direitos tanto do
acusado quanto da vítima.

O Código Penal busca, com essas regras, estabelecer um sistema justo e equilibrado em relação
à prescrição, permitindo que a punibilidade seja devidamente observada dentro dos prazos
estabelecidos por lei.

Vou apresentar casos hipotéticos para ilustrar cada uma das situações descritas no artigo 112 do
Código Penal:

1. Caso 1 - Início da prescrição após trânsito em julgado: João é condenado por um crime e a
sentença condenatória transita em julgado para a acusação. A partir desse momento,
inicia-se a contagem da prescrição.
2. Caso 2 - Início da prescrição após revogação da suspensão condicional da pena: Maria
havia sido condenada a uma pena com suspensão condicional, mas durante o período de
suspensão, cometeu outro crime. Nesse caso, a suspensão é revogada e a prescrição
começa a contar a partir dessa decisão.
3. Caso 3 - Início da prescrição após revogação do livramento condicional: Pedro cumpria
pena em regime de livramento condicional quando cometeu uma nova infração. O
livramento é revogado e a contagem da prescrição terá início a partir dessa revogação.
4. Caso 4 - Interrupção da execução e início da prescrição após a interrupção: Ana é
condenada a uma pena de prisão e inicia o cumprimento da pena. No entanto, ela precisa
ser internada em uma clínica para tratamento médico e a execução da pena é
temporariamente interrompida. Nesse caso, a prescrição começará a contar a partir do dia
em que a execução foi interrompida.

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Esses casos hipotéticos ajudam a compreender como a contagem da prescrição se aplica em
diferentes situações, considerando o momento em que o crime ocorre, a natureza do crime e o
conhecimento dos fatos pelas partes envolvidas.

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do


livramento condicional
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a
prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Quando um condenado foge, ou seja, evadi-se da prisão, ou tem seu livramento condicional revogado, a
prescrição da pena é regulada pelo tempo que resta a ser cumprido.

Isso significa que o período em que o condenado estava foragido ou após a revogação do livramento
condicional não será contabilizado para fins de prescrição.

A prescrição continuará a correr normalmente durante o período em que o condenado está cumprindo a
pena ou durante o livramento condicional.

No entanto, se o condenado foge ou tem o livramento condicional revogado, o tempo em que ele
permanecer fora do cumprimento da pena não será considerado para fins de prescrição.

Suponha que um condenado tenha uma pena total de 10 anos de prisão, mas foge após cumprir 5 anos.
Quando capturado, o tempo que faltava para cumprir a pena (5 anos) será levado em consideração para
calcular a prescrição.

Dessa forma, a prescrição começará a contar a partir do momento em que o condenado for capturado
novamente ou quando o livramento condicional for revogado.

Por exemplo, se o condenado for recapturado após 2 anos de fuga, a prescrição será calculada
considerando os 3 anos restantes da pena.

A prescrição, nesses casos, será regida pelo tempo que falta para cumprir a pena originalmente imposta,
sem considerar o período de evasão ou revogação do livramento condicional.

É importante destacar que a prescrição continuará a correr durante o período em que o condenado estiver
evadido ou após a revogação do livramento condicional, mas esse tempo não será computado para fins de
cálculo.

A ideia por trás desse dispositivo é garantir que o condenado não seja beneficiado pela fuga ou revogação
do livramento condicional, evitando a prescrição da pena por meio da simples evasão.

Assim, o tempo em que o condenado permanecer evadido será desconsiderado para fins de prescrição,
garantindo que a punição pela prática do crime não seja prejudicada.

Portanto, o artigo 113 do Código Penal estabelece que, no caso de evasão do condenado ou revogação do
livramento condicional, a prescrição será regulada pelo tempo que resta a ser cumprido da pena original,
não considerando o período de fuga ou revogação para fins de cálculo da prescrição.

Vamos apresentar dois casos hipotéticos para ilustrar o funcionamento do artigo 113 do Código Penal:

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Caso 1: João foi condenado a uma pena de 8 anos de prisão por um crime cometido. Após cumprir 4 anos
da pena, ele consegue fugir da prisão e fica foragido por mais 2 anos. No momento em que é recapturado,
ele volta a cumprir a pena restante. Nesse caso, a prescrição será regulada pelo tempo que falta para
cumprir a pena original, ou seja, 4 anos. O período de evasão, de 2 anos, não será contabilizado para fins
de prescrição.

Caso 2: Maria obteve livramento condicional após cumprir metade de uma pena de 6 anos. Porém, ela
descumpre as condições impostas e tem o livramento condicional revogado. Nesse caso, a prescrição será
regulada pelo tempo que resta da pena original, ou seja, 3 anos. O período em que ela estava em liberdade
condicional não será considerado para fins de prescrição.

Esses casos hipotéticos ilustram como a prescrição é regulada pelo tempo que resta para cumprir a pena
original, desconsiderando o período de evasão ou revogação do livramento condicional. O objetivo é
garantir que o cumprimento da pena não seja prejudicado e que a responsabilidade pelo crime não seja
esquecida devido a eventos posteriores.

Prescrição da multa
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a


multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

O artigo 114 do Código Penal trata da prescrição da pena de multa e estabelece dois prazos distintos,
dependendo da forma como a multa é cominada ou aplicada.

No primeiro caso, quando a multa é a única penalidade prevista para o crime, a prescrição ocorrerá em um
prazo de 2 anos. Isso significa que, se decorrerem dois anos a partir da data em que o crime foi cometido
sem que seja iniciada a execução da multa, a punibilidade pelo não pagamento será extinta.

No segundo caso, quando a multa é aplicada alternativamente ou cumulativamente com uma pena privativa
de liberdade, a prescrição da multa seguirá o mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa
de liberdade correspondente ao crime. Por exemplo, se a pena privativa de liberdade para determinado
crime prescreve em 4 anos, a prescrição da multa também ocorrerá nesse prazo.

A prescrição da pena de multa tem como objetivo garantir que a responsabilidade pelo pagamento seja
efetivada dentro de um prazo razoável. Após o transcurso desse prazo, o Estado não poderá mais exigir o
pagamento da multa, mesmo que a condenação tenha sido mantida.

É importante destacar que a prescrição da pena de multa ocorre independentemente de outras penalidades
aplicadas, como a pena privativa de liberdade. Cada uma dessas penas segue seus próprios prazos de
prescrição, levando em consideração a natureza e as circunstâncias do crime.

Em resumo, o artigo 114 do Código Penal estabelece os prazos para a prescrição da pena de multa,
dependendo se ela é a única penalidade ou se é aplicada em conjunto com uma pena privativa de
liberdade. O objetivo é garantir que o cumprimento da sanção pecuniária ocorra dentro de um prazo
determinado, assegurando a efetividade da pena.

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Caso hipotético 1: João foi condenado por um crime que prevê apenas a pena de multa. A sentença
condenatória foi proferida em 1º de janeiro de 2022. No entanto, João não efetuou o pagamento da multa
dentro do prazo estabelecido. Nesse caso, se passarem dois anos, ou seja, até 1º de janeiro de 2024, a
prescrição da pena de multa ocorrerá, e João não será mais obrigado a efetuar o pagamento.

Caso hipotético 2: Maria foi condenada por um crime que prevê tanto pena privativa de liberdade quanto
multa. A pena privativa de liberdade prescreve em 5 anos, conforme estabelecido pelo Código Penal. Além
disso, foi aplicada uma multa em conjunto com a pena de prisão. Se Maria não efetuar o pagamento da
multa dentro do prazo de prescrição da pena privativa de liberdade, ou seja, até 5 anos após a condenação,
a prescrição da multa também ocorrerá. Isso significa que, se passarem 5 anos sem que Maria efetue o
pagamento da multa, ela não será mais obrigada a fazê-lo.

Caso hipotético 3: Carlos foi condenado por um crime que prevê tanto pena privativa de liberdade quanto
multa. A pena privativa de liberdade prescreve em 8 anos, conforme estabelecido pelo Código Penal. No
entanto, Carlos não cumpriu a pena de prisão e fugiu. Nesse caso, se passarem 8 anos desde a
condenação, a prescrição tanto da pena privativa de liberdade quanto da multa ocorrerá. Mesmo que Carlos
seja encontrado após esse prazo, ele não poderá mais ser penalizado nem pela prisão nem pelo
pagamento da multa.

Esses casos hipotéticos ilustram situações em que a prescrição da pena de multa ocorre de acordo com os
prazos estabelecidos no artigo 114 do Código Penal. A prescrição da multa é determinada pelo tipo de pena
aplicada, seja ela exclusiva de multa, seja em conjunto com uma pena privativa de liberdade, e garante que
o Estado não possa exigir o pagamento da multa após o transcurso do prazo legalmente estabelecido.

Redução dos prazos de prescrição


Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos.

Quando uma pessoa comete um crime, existe um prazo para que a ação penal seja iniciada,
conhecido como prescrição. No caso desse artigo, a idade do criminoso no momento do crime ou
no momento da sentença é levada em consideração para reduzir os prazos de prescrição.

De acordo com o artigo 115, quando o criminoso era menor de 21 anos no momento do crime, ou
maior de 70 anos na data da sentença, os prazos de prescrição são reduzidos pela metade.
Vamos entender como isso funciona em situações hipotéticas:

Caso hipotético 1: Lucas, com 19 anos de idade, cometeu um crime em 2010. O crime prevê um
prazo de prescrição de 10 anos. No entanto, como Lucas era menor de 21 anos na época do
crime, o prazo de prescrição é reduzido pela metade. Portanto, o prazo de prescrição para esse
crime em relação a Lucas será de apenas 5 anos.

Caso hipotético 2: Maria, com 75 anos de idade, foi condenada por um crime em 2022. O crime
prevê um prazo de prescrição de 20 anos. No entanto, como Maria era maior de 70 anos na data
da sentença, o prazo de prescrição é reduzido pela metade. Assim, o prazo de prescrição para
esse crime em relação a Maria será de apenas 10 anos.

Esses casos hipotéticos ilustram como a idade do criminoso no momento do crime ou no


momento da sentença pode influenciar na redução dos prazos de prescrição. Essa redução visa

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levar em consideração fatores como a imaturidade dos jovens e a idade avançada dos idosos,
proporcionando uma resposta penal mais adequada a cada situação.

É importante destacar que a redução dos prazos de prescrição não significa impunidade, mas sim
uma forma de levar em consideração aspectos específicos relacionados à idade do criminoso.
Dessa forma, o sistema penal busca equilibrar a responsabilização dos infratores com a proteção
dos direitos individuais e as particularidades de cada caso.

Causas impeditivas da prescrição


Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da


existência do crime;

II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;

III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores,


quando inadmissíveis; e

IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.

De acordo com o artigo 116, existem quatro situações em que a prescrição fica suspensa, ou seja,
não ocorre antes do trânsito em julgado da sentença final. Vamos entender cada uma delas:

Quando há uma questão em outro processo que depende do reconhecimento da existência do


crime. Isso significa que, se houver uma controvérsia ou debate em outro processo judicial sobre a
existência do crime, a prescrição não corre até que essa questão seja resolvida. Isso evita a
possibilidade de uma decisão em um processo afetar indevidamente a prescrição em outro.

Enquanto o agente está cumprindo pena no exterior. Se o criminoso estiver cumprindo pena em
outro país, a prescrição fica suspensa durante esse período. Isso ocorre porque, enquanto o
agente estiver fora do alcance da justiça brasileira, não é possível dar andamento ao processo.

Na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando


inadmissíveis. Se o réu apresentar embargos de declaração ou recursos em instâncias superiores,
mesmo que esses recursos sejam considerados inadmissíveis, a prescrição fica suspensa até que
esses trâmites sejam concluídos.

Enquanto não for cumprido ou rescindido o acordo de não persecução penal. O acordo de não
persecução penal é um instrumento que permite a suspensão do processo penal mediante o
cumprimento de determinadas condições estabelecidas entre o Ministério Público e o acusado.
Enquanto esse acordo estiver em vigor e não for cumprido integralmente ou rescindido, a
prescrição não corre.

Além das quatro situações mencionadas, é importante ressaltar que a prescrição também não
corre enquanto estiver em curso algum incidente de insanidade mental do acusado. Isso significa
que, se houver dúvidas sobre a sanidade mental do réu e for instaurado um incidente para avaliar
sua capacidade mental, a prescrição ficará suspensa até a resolução dessa questão.

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O objetivo dessas suspensões é garantir que o processo penal transcorra de forma adequada,
assegurando o devido processo legal e a efetivação da justiça. É importante evitar que a
prescrição ocorra antes que todas as questões relevantes sejam devidamente analisadas e
resolvidas.

A suspensão da prescrição nessas situações busca assegurar que a punibilidade do agente não
seja prejudicada devido a circunstâncias que estejam além de seu controle ou que possam
impactar a correta aplicação da lei.

Dessa forma, enquanto estiverem presentes quaisquer das circunstâncias previstas no artigo 116
do Código Penal, a prescrição não será contada. Isso significa que o prazo para que a
punibilidade do agente se extinga ficará paralisado até que as situações sejam resolvidas.

É importante destacar que a suspensão da prescrição não é eterna. Assim que as situações
previstas no artigo 116 forem superadas, o prazo de prescrição voltará a correr. Portanto, é
fundamental que o sistema de justiça se mantenha atento a essas circunstâncias e adote as
medidas necessárias para que o processo penal seja concluído dentro dos prazos estabelecidos
em lei.

A suspensão da prescrição é uma forma de assegurar que a persecução penal seja realizada de
forma justa e eficiente, garantindo a possibilidade de punição adequada aos responsáveis por
crimes.

É responsabilidade das partes envolvidas no processo, como o Ministério Público, a defesa do


acusado e o próprio Poder Judiciário, monitorar e observar se há alguma das situações previstas
no artigo 116 que possa suspender a contagem da prescrição.

Compreender as condições em que a prescrição fica suspensa conforme o artigo 116 do Código
Penal é essencial para garantir a correta aplicação da lei e a justiça no sistema penal, evitando
que prazos legais sejam prejudicados por circunstâncias específicas que demandam maior
atenção e análise.

Essas situações descritas no artigo 116 do Código Penal têm como objetivo evitar que a
prescrição corra enquanto questões importantes ainda estiverem pendentes ou enquanto houver
medidas que possam impactar o resultado final do processo. Dessa forma, busca-se garantir a
segurança jurídica e a justa aplicação da lei penal.

Vou apresentar dois casos hipotéticos para ilustrar melhor as situações em que a prescrição fica
suspensa conforme o artigo 116 do Código Penal:

Caso 1: Incidente de insanidade mental Imagine que um indivíduo seja acusado de cometer um
crime grave. Durante o processo, surgem indícios de que ele possa ter problemas de saúde
mental. Diante disso, é instaurado um incidente de insanidade mental para avaliar sua capacidade
mental na época do crime. Enquanto esse incidente estiver em andamento, a contagem da
prescrição fica suspensa, pois é preciso resolver a questão da sanidade mental antes de
prosseguir com o processo.

Caso 2: Recurso aos Tribunais Superiores Suponha que um réu seja condenado em primeira
instância e recorra da decisão aos Tribunais Superiores. Nesse caso, enquanto os embargos de

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declaração ou recursos estiverem pendentes de análise e forem considerados inadmissíveis, a
prescrição ficará suspensa. Isso ocorre para garantir que o processo seja devidamente analisado
pelas instâncias superiores antes de se considerar o prazo de prescrição.

Vou apresentar quatro casos hipotéticos para ilustrar melhor as situações em que a prescrição fica
suspensa conforme o artigo 116 do Código Penal:

Caso 1: Incidente de insanidade mental Imagine que um indivíduo seja acusado de cometer um
crime grave. Durante o processo, surgem indícios de que ele possa ter problemas de saúde
mental. Diante disso, é instaurado um incidente de insanidade mental para avaliar sua capacidade
mental na época do crime. Enquanto esse incidente estiver em andamento, a contagem da
prescrição fica suspensa, pois é preciso resolver a questão da sanidade mental antes de
prosseguir com o processo.

Caso 2: Recurso aos Tribunais Superiores Suponha que um réu seja condenado em primeira
instância e recorra da decisão aos Tribunais Superiores. Nesse caso, enquanto os embargos de
declaração ou recursos estiverem pendentes de análise e forem considerados inadmissíveis, a
prescrição ficará suspensa. Isso ocorre para garantir que o processo seja devidamente analisado
pelas instâncias superiores antes de se considerar o prazo de prescrição.

Caso 3: Cumprimento de pena no exterior Imagine que um indivíduo tenha sido condenado por
um crime e esteja cumprindo sua pena em um país estrangeiro, em virtude de um tratado de
transferência de pessoas condenadas. Nessa situação, enquanto o agente estiver cumprindo a
pena no exterior, a prescrição não corre. Isso ocorre porque a pessoa está sujeita às
determinações do sistema penal do país onde se encontra e é necessário aguardar o
cumprimento da pena antes de se considerar a prescrição.

Caso 4: Acordo de não persecução penal Suponha que um indivíduo seja investigado por um
crime de menor gravidade e o Ministério Público proponha um acordo de não persecução penal.
Esse acordo consiste em uma negociação em que o acusado se compromete a cumprir certas
condições, como reparar o dano causado ou prestar serviços à comunidade, em troca da
suspensão do processo criminal. Enquanto o acordo de não persecução penal estiver vigente, a
prescrição fica suspensa, pois o processo penal é interrompido temporariamente, aguardando o
cumprimento das condições estabelecidas no acordo.

Esses casos adicionais exemplificam situações em que a prescrição fica suspensa devido ao
cumprimento de pena em outro país e à existência de um acordo de não persecução penal. Cabe
ressaltar que cada caso concreto pode apresentar particularidades específicas, e a interpretação
da legislação deve ser feita pelo sistema de justiça competente.

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não


corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

O Parágrafo único do artigo trata do caso em que o condenado já está cumprindo uma pena de
prisão por outro motivo. Nessa situação, a prescrição da pena relacionada ao novo crime não
corre enquanto o condenado estiver preso por esse outro motivo.

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Isso significa que, caso o indivíduo seja condenado por um crime e já esteja cumprindo uma pena
de prisão por outro delito, a contagem do prazo de prescrição fica suspensa. Isso ocorre porque a
pessoa já está privada de sua liberdade, cumprindo uma pena imposta anteriormente.

Portanto, enquanto o condenado estiver detido por outra razão, seja por um crime anterior ou por
qualquer outra circunstância legal, a prescrição da pena relacionada ao novo crime fica
paralisada. Somente quando o condenado não estiver mais preso por nenhum motivo é que a
prescrição volta a correr.

Essa medida busca garantir que o condenado cumpra integralmente as penas impostas, evitando
que a prescrição ocorra enquanto o indivíduo já está sob restrição de liberdade. Assim, o tempo
em que o condenado permanece preso por outros motivos não é computado na contagem da
prescrição, assegurando a efetividade da pena aplicada.

Vamos considerar o seguinte caso hipotético para ilustrar o Parágrafo único do artigo mencionado:

Suponha que João tenha sido condenado por roubo e esteja cumprindo uma pena de cinco anos
de prisão. Durante o cumprimento dessa pena, ele é novamente acusado e condenado por outro
crime, desta vez por tráfico de drogas.

Nesse cenário, a prescrição da pena relacionada ao crime de tráfico de drogas ficará suspensa
enquanto João estiver cumprindo a pena pelo roubo. Isso significa que o prazo de prescrição não
será contado durante o período em que João estiver preso pela primeira condenação.

Suponhamos que, ao completar três anos de prisão pelo roubo, João recebe a liberdade
condicional. A partir desse momento, a prescrição da pena pelo crime de tráfico de drogas
começará a correr novamente, levando em consideração o tempo restante para atingir o prazo de
prescrição estabelecido em lei.

Assim, o período em que João estava cumprindo pena pelo roubo não foi contado na contagem da
prescrição para o crime de tráfico de drogas. Afinal, o objetivo é garantir que João cumpra as
penas impostas e que a prescrição não ocorra enquanto ele estiver privado de sua liberdade por
qualquer motivo legal.

Dessa forma, o Parágrafo único do artigo mencionado assegura que a prescrição seja suspensa
enquanto o condenado estiver cumprindo pena por outro motivo, evitando que a impunidade
ocorra devido ao tempo em que o indivíduo já está sob restrição de liberdade por um crime
anterior.

Causas interruptivas da prescrição


Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

II - pela pronúncia;

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

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V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

O Artigo 117 trata das situações em que o curso da prescrição é interrompido, ou seja, em que o prazo de
prescrição é reiniciado. São elas:

Recebimento da denúncia ou da queixa: A prescrição é interrompida quando o juiz recebe a denúncia ou a


queixa apresentada pelo Ministério Público ou pelo ofendido, respectivamente.

Pronúncia: A prescrição é interrompida quando o juiz decide que há indícios suficientes de autoria e
materialidade do crime, determinando que o réu seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri.

Decisão confirmatória da pronúncia: Se o Tribunal de Justiça ou o Superior Tribunal de Justiça confirmar a


decisão de pronúncia, a prescrição será interrompida.

Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis: Quando uma sentença condenatória é


publicada, a prescrição é interrompida. O mesmo ocorre com um acórdão (decisão colegiada) condenatório,
desde que haja possibilidade de recurso.

Início ou continuação do cumprimento da pena: A prescrição é interrompida quando o condenado inicia o


cumprimento da pena ou quando a pena é executada, seja em prisão, cumprimento de medidas restritivas
de direitos ou pagamento de multa.

Reincidência: Se o condenado comete um novo crime após o trânsito em julgado de uma condenação
anterior, ocorre a reincidência, que interrompe a prescrição do novo crime e pode resultar em uma pena
mais grave.

Pedido de revisão criminal: Caso seja feito um pedido de revisão criminal, que é uma medida jurídica
destinada a reavaliar uma condenação já transitada em julgado, a prescrição será interrompida. Isso ocorre
para permitir a análise do pedido e eventual revisão da sentença condenatória.

Intimação do réu para ciência da sentença condenatória: Quando o réu é intimado oficialmente para tomar
ciência da sentença condenatória, a prescrição é interrompida. Isso ocorre para garantir que o réu tenha
conhecimento do início do prazo para eventuais recursos ou medidas judiciais.

Reabertura do processo: Se o processo for reaberto em razão de algum motivo legal, como a descoberta de
novas provas relevantes para o caso, a prescrição será interrompida. Isso acontece para permitir a
retomada do processo e a análise das novas informações apresentadas.

Prática de novo crime: Caso o condenado cometa um novo crime após a condenação transitada em julgado,
a prescrição será interrompida. Isso ocorre porque a prática de um novo delito demonstra a continuidade da
conduta criminosa, justificando a interrupção da prescrição.

Ordem judicial: Quando há uma ordem judicial específica para a interrupção da prescrição em determinado
processo, esse evento irá interromper o prazo prescricional. Essa ordem pode ser emitida pelo juiz
responsável pelo caso ou por instâncias superiores, em casos especiais.

Pedido de cooperação jurídica internacional: Se houver um pedido de cooperação jurídica internacional


envolvendo o caso, como o cumprimento de uma pena em outro país ou a obtenção de provas no exterior, a
prescrição será interrompida. Isso ocorre para garantir a efetividade da cooperação entre os sistemas
jurídicos e evitar a impunidade.

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Essas são as situações em que o curso da prescrição é interrompido, reiniciando-se o prazo a partir do
evento que provocou a interrupção. O objetivo é evitar que a punibilidade seja extinta sem que o Estado
possa aplicar a devida pena ao infrator, garantindo assim a efetividade da justiça penal.

Aqui estão alguns casos hipotéticos para exemplificar a interrupção da prescrição de acordo com os
eventos mencionados:

Recebimento da denúncia ou da queixa: Suponhamos que João seja denunciado por um crime de roubo.
Quando o juiz recebe a denúncia e dá início ao processo, a prescrição é interrompida, permitindo que o
caso seja julgado e a punição aplicada.

Pronúncia: Imagine que Maria seja acusada de um crime de homicídio. Após a fase de instrução do
processo, o juiz decide pronunciar Maria, encaminhando o caso para o Tribunal do Júri. Nesse momento, a
prescrição é interrompida, assegurando que o julgamento ocorra e a pena seja determinada.

Decisão confirmatória da pronúncia: Caso a decisão de pronúncia de Maria seja confirmada pelo Tribunal de
Justiça, a prescrição do crime em questão é interrompida novamente. Isso ocorre para garantir que o
julgamento pelo Tribunal do Júri seja realizado e a pena aplicada, se for o caso.

Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis: Suponhamos que Pedro tenha sido
condenado em primeira instância por um crime de tráfico de drogas e decida recorrer da decisão. A
publicação da sentença condenatória, bem como do acórdão do recurso, interrompe a prescrição,
assegurando que o processo seja analisado pela instância superior.

Início ou continuação do cumprimento da pena: Imagine que Ana tenha sido condenada a cumprir pena
privativa de liberdade e inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Nesse momento, a prescrição é
interrompida, garantindo que a pena seja cumprida integralmente.

Reincidência: Suponhamos que Roberto já tenha sido condenado anteriormente por um crime de furto e,
posteriormente, seja novamente processado pelo mesmo delito. A reincidência de Roberto interrompe a
prescrição, levando em consideração sua conduta criminal anterior.

Declaração de insanidade mental: Suponhamos que Lucas seja acusado de um crime de agressão física.
Durante o processo, é constatado que Lucas possui problemas mentais e é considerado inimputável. A
declaração de sua insanidade mental interrompe a prescrição, permitindo que o caso seja encaminhado
para medidas de segurança adequadas.

Revelação de novo elemento probatório: Imagine que Sofia seja acusada de um crime de estelionato.
Durante o curso do processo, surge um novo elemento probatório que comprova sua inocência. A revelação
desse novo elemento interrompe a prescrição, possibilitando a revisão do caso e a absolvição de Sofia.

Pedido de colaboração premiada: Suponhamos que Marcelo esteja envolvido em um esquema de


corrupção. Ele decide colaborar com as autoridades e oferece informações valiosas que levam à descoberta
de outros envolvidos. Seu pedido de colaboração premiada interrompe a prescrição, permitindo a
investigação e o processo penal contra os demais envolvidos.

Decisão de suspensão condicional do processo: Imagine que Isabela seja processada por um crime de
menor potencial ofensivo e preencha os requisitos para a suspensão condicional do processo. A decisão
favorável à suspensão interrompe a prescrição, possibilitando que Isabela cumpra as condições
estabelecidas e tenha o processo extinto.

Manifestação de interesse da vítima: Suponhamos que Rafael seja acusado de um crime de violência
doméstica. Durante o processo, a vítima manifesta interesse em prosseguir com a ação penal. Essa
manifestação interrompe a prescrição, garantindo que o caso seja julgado e a justiça seja feita.

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Manifestação de interesse do Ministério Público: Imagine que Ana seja vítima de um crime de roubo e
decide não apresentar queixa formalmente. No entanto, o Ministério Público toma conhecimento do caso e
decide oferecer denúncia por conta própria. A manifestação de interesse do Ministério Público interrompe a
prescrição, possibilitando o prosseguimento do processo.

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição


produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam
objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

O § 1º do artigo em questão estabelece as regras de interrupção da prescrição penal e seus efeitos sobre
os autores do crime. Neste sentido, vou explicar cada parágrafo em detalhes:

1. Excetuando-se os casos dos incisos V e VI: O parágrafo inicia informando que os incisos V e VI
possuem regras específicas de interrupção da prescrição, que serão tratadas posteriormente.
2. Interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime: Quando ocorre
a interrupção da prescrição em relação a um autor do crime, os efeitos dessa interrupção são
estendidos aos demais coautores envolvidos no mesmo crime.
3. Crimes conexos: A interrupção da prescrição também se estende aos crimes conexos, ou seja,
aqueles que estão relacionados entre si por uma relação de causa e efeito, ou que possuem
conexão lógica e temporal.
4. Mesmo processo: A extensão da interrupção da prescrição aos demais coautores e aos crimes
conexos ocorre somente quando esses crimes são objeto do mesmo processo judicial. Isso significa
que eles devem ser tratados conjuntamente pelo sistema de justiça.
5. Impacto da interrupção: A interrupção da prescrição impede que o prazo de prescrição continue a
correr. Assim, todos os autores do crime e os crimes conexos permanecem sujeitos à persecução
penal, mesmo que o tempo já decorrido anteriormente possa ser contabilizado para efeitos de
prescrição.
6. Objetivo de evitar impunidade: Essa regra busca evitar a impunidade nos casos em que há mais de
um autor envolvido no crime, garantindo que a ação penal possa prosseguir contra todos eles,
mesmo que a prescrição já estivesse em curso.
7. Igualdade de tratamento: A extensão da interrupção da prescrição a todos os autores do crime visa
garantir que haja igualdade de tratamento entre eles perante a Justiça, assegurando que nenhum
autor escape da responsabilização criminal em razão da prescrição.
8. Cooperação entre os envolvidos: A regra também incentiva a cooperação entre os coautores, uma
vez que a interrupção da prescrição beneficia todos eles. Isso pode levar à identificação e
responsabilização de outros envolvidos no crime.
9. Conexão dos crimes: A extensão da interrupção da prescrição aos crimes conexos busca tratar de
forma conjunta os delitos que possuem relação entre si, evitando que apenas um autor seja
responsabilizado enquanto os demais escapam pela prescrição.
10. Evitar fragmentação do processo: A regra também busca evitar a fragmentação do processo,
garantindo que todos os crimes conexos sejam tratados de forma unificada. Isso contribui para uma
melhor administração da justiça e evita decisões contraditórias.
11. Efetividade da persecução penal: A extensão da interrupção da prescrição assegura a efetividade
da persecução penal, permitindo que todos os envolvidos no crime sejam processados e julgados,
evitando a impunidade.
12. Coerência do sistema penal: A aplicação da interrupção da prescrição de forma ampla e abrangente
promove a coerência do sistema penal, evitando situações em que apenas alguns envolvidos sejam
alcançados pela justiça penal enquanto outros escapam em virtude da prescrição.

Casos hipotéticos:

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Caso 1: Um grupo de assaltantes planeja e executa um roubo a uma joalheria. Durante a ação, um dos
assaltantes é capturado pelas autoridades e posteriormente condenado. A prescrição em relação a esse
assaltante é interrompida, e essa interrupção também se estende aos demais coautores envolvidos no
crime. Mesmo que o prazo de prescrição já estivesse em curso para alguns dos envolvidos, a interrupção
garante que todos eles sejam processados e julgados, evitando a impunidade.

Caso 2: Em um esquema de corrupção, vários funcionários públicos estão envolvidos em atos ilícitos, como
desvio de recursos e pagamento de propina. Durante as investigações, um dos envolvidos colabora com as
autoridades e fornece informações que levam à condenação de alguns coautores. A interrupção da
prescrição em relação a esses coautores se estende aos demais envolvidos no esquema, mesmo que
alguns deles já estivessem sujeitos à prescrição. Essa extensão garante que todos sejam responsabilizados
pelos seus atos, contribuindo para a efetividade da persecução penal.

Caso 3: Dois indivíduos cometem uma série de crimes, incluindo roubos a residências e estabelecimentos
comerciais. Durante as investigações, um deles é preso e condenado, enquanto o outro continua foragido. A
interrupção da prescrição em relação ao criminoso preso também beneficia o criminoso foragido, uma vez
que ambos são coautores dos mesmos crimes. Mesmo que o foragido permaneça em liberdade, a
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso, assegurando que a persecução
penal possa ser retomada no futuro caso o foragido seja capturado.

Caso 4: Em um caso de corrupção envolvendo políticos e empresários, uma investigação revela a


participação de várias pessoas em esquemas de desvio de verbas públicas. Durante o processo judicial,
uma decisão confirmatória da pronúncia é proferida, apontando a existência de indícios suficientes para
levar os acusados a julgamento. A partir desse momento, a prescrição é interrompida em relação a todos os
acusados, estendendo-se aos crimes conexos que são objeto do mesmo processo. Isso garante que a
persecução penal possa prosseguir contra todos os envolvidos, evitando a impunidade e possibilitando a
aplicação de penas.

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo


começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

O parágrafo 2º trata da interrupção da prescrição e estabelece que, uma vez interrompida, o prazo para a
prescrição recomeça a correr do dia da interrupção.

Quando a prescrição é interrompida, o prazo que estava em curso é suspenso, e um novo prazo é iniciado a
partir da data da interrupção.

Essa interrupção pode ocorrer por diversas razões, como o recebimento da denúncia, a pronúncia, a
decisão confirmatória da pronúncia ou a publicação da sentença condenatória recorrível.

Exceto nos casos previstos no inciso V deste artigo, a interrupção da prescrição tem o efeito de reiniciar
todo o prazo, ou seja, a contagem volta ao seu início.

Isso significa que o tempo já decorrido até a interrupção não é levado em consideração na contagem do
novo prazo, que começa novamente do zero.

O parágrafo 2º visa assegurar que a prescrição não seja prejudicada por eventuais interrupções no curso do
processo penal.

Essa disposição garante que, uma vez interrompida a prescrição, todos os prazos voltem a correr
normalmente, sem considerar o tempo já decorrido antes da interrupção.

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Essa medida busca evitar que a demora no processo penal acabe beneficiando o réu, permitindo que o
Estado possa exercer o seu poder punitivo dentro de um prazo razoável.

A interrupção da prescrição e a contagem de um novo prazo são importantes mecanismos para garantir a
efetividade da justiça e a responsabilização dos infratores.

É fundamental que as partes envolvidas no processo penal estejam cientes de que, após a interrupção da
prescrição, um novo prazo será iniciado e a contagem terá reinício.

Dessa forma, as autoridades judiciárias podem dar continuidade ao processo e assegurar que a punição
seja aplicada dentro dos limites estabelecidos pela lei.

O objetivo final do parágrafo 2º é garantir a segurança jurídica e a eficiência do sistema penal, evitando que
a prescrição seja utilizada como forma de impunidade.

Vamos apresentar alguns casos hipotéticos para ilustrar a aplicação do parágrafo 2º do artigo do Código
Penal:

1. Caso 1 - Interrupção por recebimento da denúncia: João é acusado de um crime e, após o


recebimento da denúncia pelo juiz, o prazo de prescrição é interrompido. Nesse momento, começa
a contar um novo prazo, que terá a duração estabelecida pela lei, a partir da data do recebimento
da denúncia.
2. Caso 2 - Interrupção por pronúncia: Ana é processada por um crime grave e, durante o julgamento,
o juiz decide que existem indícios suficientes para levá-la a júri popular. A pronúncia interrompe a
prescrição, e um novo prazo tem início, a partir da data da pronúncia, para que a ação penal
prossiga.
3. Caso 3 - Interrupção por decisão confirmatória da pronúncia: Roberto é réu em um processo
criminal e, após a confirmação da pronúncia pelo Tribunal, a prescrição é interrompida. Um novo
prazo começa a contar a partir dessa decisão, permitindo que o processo prossiga e a sentença
seja proferida.
4. Caso 4 - Interrupção por publicação de sentença condenatória recorrível: Maria é condenada em
primeira instância por um crime e recorre da sentença. A prescrição é interrompida com a
publicação da sentença condenatória recorrível. A partir desse momento, um novo prazo é
estabelecido para a análise dos recursos e o cumprimento da pena, caso seja mantida a
condenação.
5. Caso 5 - Interrupção por cumprimento da pena: Pedro é condenado por um crime e inicia o
cumprimento da pena. Durante o período em que está preso, a prescrição fica interrompida. Após o
cumprimento da pena, o prazo para a prescrição recomeça a contar, garantindo que a possibilidade
de punição não seja afetada pela prisão anterior.

Esses casos hipotéticos exemplificam situações em que a interrupção da prescrição ocorre e um novo prazo
é iniciado, garantindo que o Estado possa exercer seu poder punitivo dentro dos limites estabelecidos pela
lei. Cada situação apresenta um evento específico que interrompe a prescrição e dá início a um novo prazo
para a continuidade do processo penal.

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.

O artigo 118 do Código Penal estabelece uma regra importante sobre a prescrição das penas.
Vamos explicá-lo:

O artigo 118 trata da prescrição das penas e estabelece que as penas mais leves prescrevem
juntamente com as mais graves. Isso significa que o prazo de prescrição para todas as penas
começa a contar a partir do mesmo momento.

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A prescrição é o instituto que determina o prazo máximo em que o Estado pode punir uma pessoa
por um crime. Após esse prazo, o direito de punir fica extinto.

De acordo com o artigo 118, as penas mais leves, como uma multa, por exemplo, prescrevem no
mesmo prazo que as penas mais graves, como a prisão.

Isso significa que, se uma pessoa comete um crime e é condenada a uma pena leve, como uma
multa, o prazo de prescrição para essa pena será o mesmo que para uma pena mais grave, como
a prisão.

A ideia por trás dessa regra é evitar uma distinção excessiva entre os prazos de prescrição das
diferentes penas, garantindo uma igualdade de tratamento no sistema penal.

Dessa forma, não importa a gravidade da pena aplicada, todas as penas têm o mesmo prazo para
prescrever.

Por exemplo, se a pena máxima para um determinado crime é de 10 anos de prisão e a pena
mínima é uma multa, ambas as penas prescreverão em um determinado prazo, que varia de
acordo com o tempo estabelecido pela lei para a prescrição.

É importante ressaltar que a prescrição pode ocorrer de forma individual para cada autor do crime,
de acordo com a sua participação e responsabilidade.

Assim, se várias pessoas são condenadas pelo mesmo crime, cada uma delas terá seu próprio
prazo de prescrição, levando em consideração a sua pena individualmente.

Além disso, é importante lembrar que a prescrição não afeta a existência da condenação ou a
responsabilidade criminal do autor do crime. Ela apenas extingue o direito do Estado de executar
a pena.

A prescrição é um mecanismo que busca equilibrar a justiça penal, garantindo que o Estado
exerça seu poder punitivo dentro de um prazo razoável.

Por fim, o artigo 118 do Código Penal estabelece a igualdade de tratamento no que diz respeito à
prescrição das penas, garantindo que todas as penas, sejam elas mais leves ou mais graves,
prescrevam no mesmo prazo.

Vamos apresentar dois casos hipotéticos para ilustrar o funcionamento do artigo 118 do Código
Penal:

Caso 1: Suponha que uma pessoa tenha cometido um crime de furto simples, cuja pena máxima é
de 4 anos de prisão, e tenha sido condenada a 1 ano de reclusão. Nesse caso, a pena mais grave
é de 4 anos de prisão e a pena imposta é de apenas 1 ano. De acordo com o artigo 118, ambas
as penas prescrevem no mesmo prazo. Assim, se o prazo de prescrição para esse crime for de 5
anos, tanto a pena de 4 anos quanto a pena de 1 ano prescreverão após 5 anos, contados a partir
do trânsito em julgado da sentença.

Caso 2: Imagine um crime de homicídio qualificado, cuja pena máxima é de 30 anos de reclusão,
e o réu é condenado a 15 anos de prisão. Nesse caso, a pena mais grave é de 30 anos de
reclusão e a pena imposta é de 15 anos. Mais uma vez, de acordo com o artigo 118, ambas as

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penas prescrevem no mesmo prazo. Se o prazo de prescrição para esse crime for de 20 anos,
tanto a pena de 30 anos quanto a pena de 15 anos prescreverão após 20 anos, contados a partir
do trânsito em julgado da sentença.

Esses casos hipotéticos exemplificam como as penas mais leves prescrevem juntamente com as
mais graves, independentemente da diferença de gravidade entre elas. O objetivo é garantir a
igualdade de tratamento no sistema penal, estabelecendo um prazo único para a prescrição de
todas as penas.

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
de cada um, isoladamente.

O artigo 119 do Código Penal trata do concurso de crimes e estabelece a forma como a extinção da
punibilidade afeta cada uma das penas individualmente. Vamos explicar para uma melhor compreensão:

O artigo 119 estabelece que, no caso de concurso de crimes, ou seja, quando uma pessoa comete mais de
um crime ao mesmo tempo, a extinção da punibilidade irá incidir sobre cada uma das penas, de forma
isolada.

Isso significa que, caso a punibilidade de um dos crimes seja extinta, apenas a pena referente a esse crime
será afetada, enquanto as penas dos demais crimes continuarão válidas e passíveis de cumprimento.

A extinção da punibilidade ocorre quando ocorre alguma circunstância que impede a aplicação da pena,
como a prescrição, o cumprimento da pena, o perdão do ofendido, entre outros.

Dessa forma, se um indivíduo cometeu dois crimes e a punibilidade de um deles é extinta, a pessoa
continuará sujeita à pena referente ao outro crime, que não teve a sua punibilidade extinta.

É importante destacar que a extinção da punibilidade de um dos crimes não afeta automaticamente a
punibilidade dos demais. Cada crime é tratado separadamente no que diz respeito à sua punibilidade.

Essa separação das penas é fundamental para garantir que cada crime seja tratado individualmente,
considerando suas peculiaridades e as circunstâncias específicas de sua prática.

Assim, mesmo que a punibilidade de um crime seja extinta, o autor ainda poderá ser responsabilizado e
cumprir pena pelo outro crime cometido.

Isso assegura que a justiça seja feita de forma proporcional, levando em consideração a gravidade de cada
crime e evitando que um crime seja considerado extinto apenas porque outro crime praticado junto a ele
teve sua punibilidade extinta.

A extinção da punibilidade de um crime não interfere na análise e no julgamento dos demais crimes
cometidos, cada um será avaliado individualmente.

Essa separação das penas é fundamental para evitar a impunidade e garantir que cada crime seja punido
de acordo com a sua gravidade, mesmo que outros crimes tenham sido cometidos simultaneamente.

Portanto, o artigo 119 estabelece que, no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade é aplicada
de forma isolada para cada um dos crimes cometidos, garantindo a individualidade da responsabilização
penal.

Esse dispositivo legal busca assegurar que a aplicação da pena seja justa e proporcional, considerando as
circunstâncias de cada crime, promovendo assim a efetividade da justiça penal.

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Vou criar dois casos hipotéticos para ilustrar o funcionamento do artigo 119 do Código Penal:

Caso 1: João cometeu dois crimes: furto qualificado e lesão corporal grave. Ele foi condenado por ambos os
crimes e recebeu uma pena de 5 anos de prisão para o furto e 8 anos de prisão para a lesão corporal grave.

No entanto, após alguns anos, a punibilidade do crime de furto qualificado prescreveu devido ao tempo
decorrido. Nesse caso, a pena de 5 anos do furto é extinta, mas a pena de 8 anos da lesão corporal grave
ainda deve ser cumprida por João.

Caso 2: Maria cometeu três crimes: roubo, extorsão e sequestro. Ela foi condenada por todos esses crimes
e recebeu uma pena de 6 anos de prisão para o roubo, 4 anos de prisão para a extorsão e 10 anos de
prisão para o sequestro.

Anos mais tarde, a punibilidade do crime de extorsão prescreveu devido ao tempo decorrido. Assim, a pena
de 4 anos referente à extorsão é extinta, mas Maria ainda deve cumprir as penas de 6 anos para o roubo e
10 anos para o sequestro.

Nesses casos, podemos observar que a extinção da punibilidade ocorreu separadamente para cada crime
cometido. A pena de cada crime é tratada de forma independente, e a extinção da punibilidade de um crime
não afetou as penas dos demais crimes, permitindo que a justiça seja aplicada de forma individualizada e
proporcional a cada delito.

Perdão judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de
reincidência.

O artigo 120 do Código Penal trata do perdão judicial e seus efeitos em relação à reincidência.
Vamos explicar:

O perdão judicial é uma medida aplicada pelo juiz, em determinados casos, em que o réu é
isentado de cumprir a pena imposta após a condenação.

O perdão judicial pode ser concedido quando o réu demonstra arrependimento sincero pelo crime
cometido e quando há circunstâncias favoráveis que justifiquem a sua aplicação.

Quando o perdão judicial é concedido, significa que o réu não será considerado culpado pelo
crime e, portanto, não terá a pena aplicada.

O artigo 120 do Código Penal estabelece que a sentença que concede o perdão judicial não será
considerada para efeitos de reincidência.

A reincidência é uma circunstância agravante que ocorre quando o réu comete um novo crime
após ter sido condenado anteriormente por outro crime.

Em outras palavras, a reincidência implica em uma penalidade maior para o réu, uma vez que
demonstra uma tendência criminosa.

No entanto, quando o perdão judicial é concedido, a sentença que o acompanha não será
considerada para a caracterização da reincidência.

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Isso significa que o réu não será tratado como reincidente no caso de cometer um novo crime
após receber o perdão judicial.

A não consideração do perdão judicial para efeitos de reincidência busca incentivar a


ressocialização do réu, permitindo-lhe ter uma nova chance e não carregar o estigma de
reincidente.

Vale ressaltar que, apesar do perdão judicial não ser considerado para a reincidência, isso não
significa que o réu ficará impune caso cometa novos crimes no futuro.

Caso o réu cometa um novo delito após receber o perdão judicial, ele será julgado e condenado
com base nos elementos e circunstâncias do novo crime, sem levar em conta a sentença anterior.

Dessa forma, o artigo 120 do Código Penal busca equilibrar a justiça penal, permitindo que o
perdão judicial ofereça uma nova oportunidade ao réu, ao mesmo tempo em que se mantém a
possibilidade de responsabilização por novos delitos cometidos.

Vou criar dois casos hipotéticos para ilustrar o entendimento do artigo 120 do Código Penal:

Caso 1: Pedro é condenado por furto simples e recebe uma pena de três anos de prisão. Porém,
após uma análise detalhada de sua situação pessoal, o juiz decide conceder o perdão judicial a
Pedro devido às circunstâncias excepcionais do caso. Com o perdão judicial, Pedro é liberado e
não precisa cumprir a pena.

Algum tempo depois, Pedro comete um novo crime, desta vez um roubo. Ele é preso e
processado novamente. Apesar de ter sido beneficiado com o perdão judicial anteriormente, a
sentença que concedeu o perdão não será considerada para efeitos de reincidência. Portanto,
Pedro será julgado como réu primário, sem sofrer agravamento da pena devido à reincidência.

Caso 2: Maria é condenada por estelionato e recebe uma pena de quatro anos de prisão. Durante
o cumprimento da pena, Maria demonstra um comportamento exemplar e participa de programas
de ressocialização na prisão. O juiz, reconhecendo sua reabilitação, concede o perdão judicial a
Maria.

Após ser libertada, Maria leva uma vida honesta e não comete mais nenhum crime. Porém, alguns
anos depois, ela se envolve em um acidente de trânsito grave por imprudência. Nesse caso, a
sentença que concedeu o perdão judicial anterior não será considerada para efeitos de
reincidência. Maria será julgada de acordo com as circunstâncias do novo crime, sem
agravamento da pena em razão da reincidência.

Esses casos hipotéticos ilustram como o perdão judicial, concedido de acordo com as
particularidades de cada situação, não é considerado para efeitos de reincidência. Assim, mesmo
que um indivíduo tenha recebido o perdão judicial no passado, ele será tratado como réu primário
em casos futuros, sem sofrer agravamento da pena em razão da reincidência.

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Capítulo 4 - Artigo 121.
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

O artigo 121 do Código Penal trata do crime de homicídio, que consiste em tirar a vida de outra pessoa de
forma voluntária.

O homicídio é um crime grave e é punido com pena de reclusão, que é uma forma de prisão, pelo período
de seis a vinte anos.

A pena de reclusão é uma pena privativa de liberdade, ou seja, o condenado é privado de sua liberdade e
deve cumprir a pena em regime fechado, semiaberto ou aberto, de acordo com as circunstâncias do caso.

A pena de reclusão varia entre seis e vinte anos, levando em consideração a gravidade do crime, as
circunstâncias em que foi cometido e a conduta do autor.

O homicídio pode ser qualificado, ou seja, ter a pena agravada, quando ocorrem circunstâncias especiais,
como motivo torpe, meio cruel, emprego de veneno, etc.

Além da pena de reclusão, o autor do homicídio também pode ser condenado ao pagamento de
indenização à família da vítima, como forma de reparar o dano causado.

O homicídio é um crime doloso, ou seja, exige a intenção de matar por parte do autor. No entanto, existem
casos em que o crime pode ser considerado culposo, quando ocorre de forma não intencional, por
negligência, imprudência ou imperícia.

A intenção de matar é um elemento fundamental para a configuração do crime de homicídio. Caso não haja
a intenção, o fato pode ser enquadrado como lesão corporal seguida de morte ou outro crime, dependendo
das circunstâncias.

O homicídio é um crime contra a vida e é considerado um dos mais graves no ordenamento jurídico, pois
viola o direito fundamental à vida de uma pessoa.

A pena de reclusão imposta ao autor do homicídio tem como objetivo principal a punição pelo ato cometido,
além de servir como forma de proteção à sociedade, buscando prevenir a prática de novos crimes.

A pena de reclusão prevista para o homicídio é estabelecida de forma proporcional à gravidade do crime,
levando em consideração a vida humana como um bem jurídico fundamental a ser protegido.

O homicídio é um crime que demanda uma investigação detalhada para apurar as circunstâncias em que
ocorreu, a fim de responsabilizar o autor e garantir a justiça às vítimas e seus familiares.

Vou apresentar dois casos hipotéticos para melhor ilustrar o artigo 121 do Código Penal:

Caso 1: Maria e João são casados, mas estão passando por problemas conjugais. Durante uma discussão
acalorada, Maria, tomada pela raiva, pega uma faca e desfere diversos golpes em João, causando-lhe
ferimentos graves que resultam em sua morte. Após investigação policial e processo judicial, Maria é
condenada por homicídio e recebe uma pena de 15 anos de reclusão.

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Caso 2: Pedro é um assaltante que, durante a tentativa de roubo a uma loja, efetua disparos de arma de
fogo contra o proprietário, resultando em sua morte. A polícia inicia uma investigação e Pedro é
posteriormente capturado. Ele é levado a julgamento e considerado culpado por homicídio qualificado,
devido ao uso de arma de fogo. Como pena, Pedro é condenado a 18 anos de reclusão.

Esses casos hipotéticos exemplificam situações em que ocorrem homicídios e como a aplicação do artigo
121 do Código Penal é realizada. Eles demonstram que, quando uma pessoa tira a vida de outra de forma
voluntária, é caracterizado o crime de homicídio e a pena de reclusão é aplicada de acordo com a gravidade
do caso e as circunstâncias específicas. No primeiro caso, a pena é de 15 anos, enquanto no segundo
caso, a pena é de 18 anos, devido à qualificadora do uso de arma de fogo.

Caso de diminuição de pena


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

O § 1º do artigo do Código Penal estabelece uma possibilidade de redução de pena nos casos em
que o agente comete o crime motivado por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo após ser injustamente provocado pela vítima. Essa é uma
circunstância que permite ao juiz reduzir a pena aplicada ao réu, dentro de uma faixa de um sexto
a um terço.

Essa redução de pena busca considerar certos aspectos que podem influenciar a conduta do
agente no momento do crime. O motivo de relevante valor social ou moral refere-se a situações
em que o agente age movido por um propósito nobre, como a defesa da vida, da honra ou de
terceiros. Já a violenta emoção se refere a uma reação intensa e imediata do agente diante de
uma provocação injusta por parte da vítima.

Para aplicar a redução de pena, o juiz deve avaliar cuidadosamente as circunstâncias do caso e
considerar se o motivo invocado pelo agente realmente possui relevância social ou moral, ou se a
violenta emoção foi uma resposta imediata e desproporcional à provocação injusta da vítima. Se
considerar que esses elementos estão presentes, o juiz pode decidir reduzir a pena dentro do
limite estabelecido por lei.

É importante ressaltar que essa redução de pena não é automática, ou seja, não ocorre
automaticamente em todos os casos que se enquadrem nessas circunstâncias. A decisão cabe ao
juiz, que deve analisar as provas e as peculiaridades do caso para determinar se é cabível a
aplicação dessa redução. Dessa forma, é um instrumento utilizado para tratar de forma mais justa
situações em que a conduta do agente pode ter sido influenciada por fatores relevantes.

Essa possibilidade de redução de pena busca considerar aspectos humanos e emocionais que
podem influenciar o comportamento do agente em determinadas situações. No entanto, cabe ao
juiz avaliar de forma criteriosa e imparcial se os requisitos estão presentes e se a redução é
justificada. Isso garante uma análise individualizada de cada caso, considerando suas
peculiaridades e buscando uma resposta penal adequada e proporcional.

Vou apresentar dois casos hipotéticos para melhor ilustrar o artigo § 1º do Código Penal:

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Caso 1: Legítima defesa em defesa de terceiros Um indivíduo presencia uma situação em que
uma pessoa está sendo agredida violentamente por um grupo de agressores. Movido por um forte
senso de solidariedade e em defesa da integridade física da vítima, ele intervém para proteger o
agredido, utilizando-se de meios proporcionais para afastar os agressores. Nesse caso, o agente
age por motivo de relevante valor social, buscando proteger uma vida. O juiz, ao analisar o caso,
pode decidir reduzir a pena do agente em virtude desse motivo de relevante valor social.

Caso 2: Provocação injusta e reação emocional intensa Um indivíduo é constantemente


provocado e insultado por uma pessoa em seu ambiente de trabalho. Em um determinado
momento, após uma provocação particularmente ofensiva, o agente perde o controle emocional e,
em um acesso de raiva, acaba agredindo fisicamente a pessoa. Nesse caso, o agente age sob o
domínio de violenta emoção logo após a injusta provocação da vítima. O juiz pode considerar que
a reação do agente, embora tenha sido desproporcional, foi influenciada pela intensidade da
provocação injusta, e dessa forma, pode reduzir a pena aplicada.

Esses casos hipotéticos demonstram situações em que a aplicação do § 1º do artigo 121 do


Código Penal pode ser considerada. É importante ressaltar que cada caso concreto será avaliado
individualmente pelo juiz, levando em consideração as provas e as circunstâncias específicas. A
decisão sobre a redução da pena dependerá da análise criteriosa do magistrado, que buscará
uma resposta penal justa e proporcional às circunstâncias do caso.

Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou


torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

O artigo § 2° do Código Penal descreve as circunstâncias em que o homicídio é cometido com maior
gravidade. São cinco situações específicas que agravam a conduta do agente e, consequentemente,
aumentam a pena aplicada.

No inciso I, o homicídio é cometido mediante paga, promessa de recompensa ou por outro motivo torpe.
Isso significa que o agente mata alguém por interesse financeiro ou com motivação indigna, o que
demonstra uma maior crueldade e intenção de tirar proveito da situação.

No inciso II, o homicídio é praticado por motivo fútil, ou seja, sem uma justificativa plausível. É quando o
agente tira a vida de alguém por uma razão banal, desproporcional à gravidade do ato.

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No inciso III, o homicídio é cometido com o emprego de meios cruéis, insidiosos ou perigosos. Isso abrange
situações em que o agente utiliza veneno, fogo, explosivos, asfixia, tortura ou outros métodos que causem
sofrimento intenso à vítima ou coloquem em risco a vida de outras pessoas.

No inciso IV, o homicídio ocorre à traição, de emboscada ou por meio de dissimulação, dificultando ou
impossibilitando a defesa do ofendido. Nesses casos, o agente age de forma sorrateira, sem dar chance de
reação à vítima, tornando o crime ainda mais covarde.

No inciso V, o homicídio é praticado com o objetivo de assegurar a execução, ocultação, impunidade ou


vantagem de outro crime. O agente comete o homicídio para garantir que outro delito seja realizado sem
obstáculos ou para se beneficiar de alguma forma.

Para essas circunstâncias agravantes, o Código Penal estabelece uma pena mais severa, de reclusão de
doze a trinta anos. Essa faixa de pena reflete a gravidade dessas situações, buscando punir de forma
adequada os autores de homicídios cometidos nessas condições especiais.

É importante ressaltar que a aplicação dessas circunstâncias agravantes dependerá da análise do caso
concreto, levando em consideração as provas, as circunstâncias específicas e a responsabilidade do agente
no cometimento do crime. O juiz realizará a dosimetria da pena de acordo com a gravidade dos fatos e a
individualização da pena, buscando uma resposta justa e proporcional.

No sistema jurídico penal, essas circunstâncias agravantes descritas no artigo § 2° têm o objetivo
de destacar a maior gravidade do homicídio quando praticado de forma cruel, covarde, fútil, à
traição ou para assegurar a impunidade de outro crime.

No inciso I, quando o homicídio é cometido mediante paga ou promessa de recompensa,


evidencia-se uma motivação mercenária ou gananciosa, o que demonstra um agravamento da
conduta.

No inciso II, o motivo fútil refere-se a situações em que a motivação para o homicídio é banal, sem
qualquer relevância ou justificativa plausível. São casos em que a reação desproporcional do
agente leva à morte de outra pessoa.

No inciso III, são descritos meios utilizados para a prática do homicídio que denotam uma maior
crueldade e periculosidade. O emprego de veneno, fogo, explosivos, asfixia, tortura ou outros
meios insidiosos ou cruéis revela uma intenção deliberada de causar sofrimento ou perigo à
vítima.

No inciso IV, trata-se de situações em que o agente age de forma traiçoeira, utilizando
emboscadas, dissimulação ou outros recursos que dificultem ou impeçam a defesa da vítima.
Essas táticas demonstram uma maior premeditação e astúcia por parte do autor.

No inciso V, o homicídio é praticado com o intuito de garantir a execução, ocultação, impunidade


ou vantagem de outro crime. Ou seja, o agente tira a vida de alguém para facilitar a prática de um
delito subsequente, garantir sua impunidade ou obter vantagens ilícitas.

Portanto, essas circunstâncias agravantes têm o propósito de enfatizar a maior censurabilidade do


homicídio quando ocorre sob essas condições especiais. O legislador estabeleceu uma pena mais
severa para punir adequadamente aqueles que cometem o crime nessas circunstâncias, levando
em consideração a violência e a periculosidade da conduta.

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Vou apresentar alguns casos hipotéticos para ilustrar cada uma das circunstâncias agravantes
descritas no artigo § 2° do Código Penal:

1. Motivo torpe: João, motivado por uma dívida de jogo, contrata um assassino para matar seu
credor e se livrar de sua obrigação financeira.

2. Motivo fútil: Ana e Carla discutem por um motivo banal em uma festa. Em meio à discussão,
Ana perde o controle e ataca Carla com uma arma branca, causando sua morte.

3. Emprego de meio cruel: Rafael, movido por vingança, sequestra seu inimigo e o mantém em
cativeiro, submetendo-o a torturas físicas e psicológicas antes de tirar sua vida.

4. Traição ou emboscada: Mateus convida seu amigo Lucas para um encontro, com o pretexto de
resolverem um conflito antigo. Porém, ao chegar ao local combinado, Mateus surpreende Lucas
com um disparo fatal.

5. Assegurar a execução de outro crime: Camila, membro de uma organização criminosa, mata
um informante que ameaçava revelar informações sobre os crimes cometidos pelo grupo, a fim de
proteger seus comparsas e garantir a continuidade de suas atividades ilícitas.

Esses casos hipotéticos exemplificam situações em que as circunstâncias agravantes descritas no


artigo § 2° do Código Penal podem estar presentes, evidenciando a maior gravidade do homicídio
cometido nessas circunstâncias específicas. Cada caso ilustra um aspecto diferente, como
motivação torpe, motivo fútil, emprego de meio cruel, traição ou emboscada, e assegurar a
execução de outro crime.

Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

VI - Homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: Quando o homicídio é
cometido contra uma mulher devido ao simples fato de ser mulher, em razão de discriminação de

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gênero, machismo, misoginia, violência doméstica ou qualquer motivo relacionado à sua condição
de sexo feminino.

VII - Homicídio contra autoridades ou agentes específicos e seus familiares: Quando o homicídio é
praticado contra autoridades, como integrantes das Forças Armadas, Forças de Segurança
Pública, integrantes do sistema prisional, ou contra seus cônjuges, companheiros ou parentes
consanguíneos até o terceiro grau, em decorrência de sua função ou em razão dessa condição
familiar.

VIII - Homicídio com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: Quando o homicídio é
cometido utilizando uma arma de fogo cujo uso é restrito ou proibido por lei, como armas de uso
exclusivo das forças de segurança e do Exército.

IX - Homicídio contra menor de 14 anos: Quando o homicídio é praticado contra uma criança com
menos de 14 anos de idade, uma vez que a legislação considera essa faixa etária como
vulnerável e sujeita a proteção especial.

Essas circunstâncias agravantes visam destacar a maior gravidade desses tipos de homicídios e a
necessidade de uma resposta mais severa do sistema de justiça. É importante destacar que essas
situações são consideradas especialmente reprováveis e podem resultar em penas de reclusão de
12 a 30 anos, conforme estabelecido pelo Código Penal.

Vou criar casos hipotéticos para cada uma das circunstâncias agravantes mencionadas no artigo
do Código Penal:

VI - Homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:


Marina, uma mulher dedicada aos direitos das mulheres, é assassinada brutalmente por seu
ex-marido, que não aceitava o fim do relacionamento. Ele comete o homicídio como forma de
punir Marina por ter se separado dele e por seu engajamento em causas feministas.

VII - Homicídio contra autoridades ou agentes específicos e seus familiares:


João é um policial que investiga uma poderosa organização criminosa. Em represália, os
membros da organização planejam e executam um homicídio contra ele e sua esposa, que
também é policial, por saberem de sua atuação na luta contra o crime organizado.

VIII - Homicídio com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:


Um grupo de criminosos invade um quartel militar e, durante o confronto com os soldados, um
deles usa uma arma de fogo de uso restrito, como um fuzil de guerra, para cometer um homicídio
contra um soldado.

IX - Homicídio contra menor de 14 anos:


Ana, uma criança de apenas 10 anos, é sequestrada por um estranho enquanto brincava no
parque. O sequestrador, de forma cruel e premeditada, comete o homicídio contra ela, causando
uma grande comoção na comunidade.

Esses casos hipotéticos são apenas exemplos fictícios para ilustrar as circunstâncias agravantes
presentes no artigo. Vale ressaltar que cada caso real é único e deve ser avaliado considerando
todas as suas particularidades. O objetivo é compreender a gravidade e a reprovação social

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dessas situações, que levam a penas mais severas de reclusão, de 12 a 30 anos, conforme
determinado pelo Código Penal.

§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:

I - violência doméstica e familiar;

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Com base no artigo do Código Penal mencionado, vou explicar de forma didática o seu conteúdo:

O § 2o-A foi acrescentado ao Código Penal pela Lei nº 13.104/2015 e trata da definição de razões de
condição de sexo feminino, que se aplicam a determinadas situações de crime:

I - Violência doméstica e familiar:

As razões de condição de sexo feminino estão presentes quando o crime ocorre em um contexto de
violência doméstica e familiar, ou seja, quando a vítima é mulher e o agressor é alguém com quem ela
possui ou já teve uma relação de afeto, como cônjuge, companheiro, namorado ou ex-parceiro.

II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher:

As razões de condição de sexo feminino também se configuram quando o crime é motivado pelo
menosprezo ou pela discriminação em relação à condição de mulher. Isso significa que o crime é cometido
devido a preconceitos, estereótipos ou desigualdades de gênero, visando a subjugar, inferiorizar ou ferir a
dignidade da mulher.

Essa inclusão na lei tem o objetivo de reconhecer e combater a violência de gênero, reforçando a proteção
legal às mulheres vítimas de crimes motivados por sua condição feminina. Essa medida busca promover a
igualdade de gênero, prevenir a violência contra as mulheres e garantir a punição adequada aos
agressores.

É importante destacar que cada caso deve ser analisado individualmente, considerando as provas e
circunstâncias específicas. A legislação visa oferecer maior proteção às mulheres, reconhecendo as
peculiaridades das violências que são cometidas contra elas, seja no âmbito doméstico e familiar, seja em
situações em que são menosprezadas ou discriminadas em função de sua condição de mulher.

A aplicação dessas razões de condição de sexo feminino busca reforçar a responsabilização dos
agressores e a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Vou criar dois casos hipotéticos para ilustrar as situações descritas no § 2o-A do artigo do Código Penal:

Caso 1: Violência Doméstica e Familiar

Maria e João são casados e têm uma filha de 10 anos. João, constantemente, agride Maria física e
verbalmente dentro de casa. Em uma discussão acalorada, João agride Maria com socos e chutes,
causando ferimentos graves. Nesse caso, as razões de condição de sexo feminino são aplicadas, pois o
crime ocorreu no âmbito doméstico e familiar, em que Maria, por ser mulher, é vítima da violência praticada
por seu esposo.

Caso 2: Menosprezo ou discriminação à condição de mulher

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Ana é uma empresária de sucesso em uma área predominantemente masculina. Durante uma negociação
de parceria comercial, seu concorrente Pedro menospreza sua capacidade profissional e a discrimina com
comentários machistas, subestimando suas habilidades apenas por ser mulher. Ana, nesse caso, é vítima
de menosprezo e discriminação à sua condição de mulher, pois o crime foi motivado por preconceitos e
estereótipos de gênero.

Esses casos hipotéticos demonstram como as razões de condição de sexo feminino podem se aplicar em
situações reais. A violência doméstica e familiar é uma forma de violência de gênero que atinge muitas
mulheres, enquanto o menosprezo e a discriminação à condição de mulher refletem desigualdades e
preconceitos presentes na sociedade. A inclusão dessas razões no Código Penal visa reconhecer e
combater essas violências, garantindo a proteção e a punição adequada aos agressores.

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:

I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o
aumento de sua vulnerabilidade;

II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver
autoridade sobre ela.

O § 2º-B estabelece o aumento da pena nos casos de homicídio contra menor de 14 anos, levando em
consideração duas circunstâncias especiais.

Caso 1: Vítima com deficiência ou doença que implique aumento de vulnerabilidade

Se a vítima do homicídio for uma pessoa com deficiência ou uma pessoa com doença que a torne mais
vulnerável, a pena é aumentada de 1/3 até a metade. Isso ocorre porque a condição de vulnerabilidade
torna a vítima mais suscetível a agressões e exige uma proteção especial.

Caso 2: Autor com relação de autoridade sobre a vítima

Se o autor do homicídio é um ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou possui qualquer outro título que confira autoridade sobre
ela, a pena é aumentada em 2/3. Essa relação de autoridade aumenta a gravidade do crime, uma vez que o
agressor utiliza sua posição de poder para cometer o homicídio.

Essas disposições têm como objetivo garantir uma maior proteção às crianças e adolescentes,
especialmente àqueles que são mais vulneráveis devido a deficiências ou doenças, bem como aos que
estão sob a guarda ou autoridade de determinadas pessoas. O aumento da pena busca coibir e punir de
forma mais rigorosa os homicídios cometidos nessas circunstâncias, enfatizando a proteção dos grupos
mais vulneráveis na sociedade.

É importante ressaltar que esse dispositivo legal visa garantir uma maior proteção às vítimas de homicídio
que se enquadram nessas duas circunstâncias específicas.

Caso 1: Vítima com deficiência ou doença que implique aumento de vulnerabilidade

Nesse caso, o aumento da pena busca reconhecer a vulnerabilidade acentuada dessas vítimas, uma vez
que a deficiência ou a doença que possuem as torna mais suscetíveis a agressões e dificulta sua
capacidade de defesa. Dessa forma, a lei busca sancionar de maneira mais severa aqueles que cometem
homicídio contra pessoas nessas condições, visando proteger os grupos mais fragilizados da sociedade.

Caso 2: Autor com relação de autoridade sobre a vítima

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Aumentar a pena quando o autor do homicídio possui uma relação de autoridade sobre a vítima visa
combater os abusos de poder e a violência perpetrada por pessoas próximas e de confiança. Essas
relações de parentesco, tutela, curatela, preceptorado ou emprego, por exemplo, conferem ao autor um
grau de influência e controle sobre a vítima, aumentando a sua responsabilidade e a gravidade do crime
cometido.

Assim, o objetivo desse dispositivo é garantir uma resposta penal mais rígida para os casos em que o autor
se aproveita de sua posição de autoridade ou da vulnerabilidade da vítima para cometer o homicídio.
Aumentar a pena nessas situações busca desestimular a prática desses crimes e proteger aqueles que são
mais suscetíveis à violência.

Em suma, o § 2º-B do artigo do Código Penal busca resguardar os interesses das vítimas mais vulneráveis
e punir de forma mais severa aqueles que, por suas ações, tiram a vida de crianças e adolescentes com
deficiência, doenças agravadas ou em situação de submissão a pessoas que detêm autoridade sobre elas.

Vamos utilizar casos hipotéticos para exemplificar o § 2º-B do artigo do Código Penal:

Caso 1: Vítima com deficiência ou doença que implique aumento de vulnerabilidade

Imagine uma situação em que um indivíduo com deficiência intelectual severa é vítima de homicídio. Essa
pessoa possui dificuldades em se comunicar e se defender, o que a torna ainda mais vulnerável. Nesse
caso, o autor do crime será punido com um aumento de pena, entre 1/3 e a metade, reconhecendo a maior
vulnerabilidade da vítima.

Caso 2: Autor com relação de autoridade sobre a vítima

Considere um exemplo em que um padrasto comete homicídio contra sua enteada, uma criança de 10 anos
de idade. O padrasto, por deter uma posição de autoridade e confiança na vida da vítima, abusa desse
poder para cometer o crime. Nessa situação, a lei prevê um aumento de pena em 2/3, reconhecendo a
agravante da relação de autoridade que o padrasto possui sobre a criança.

É importante ressaltar que esses são apenas casos hipotéticos para ilustrar as situações descritas no § 2º-B
do artigo do Código Penal. Cada caso real deve ser analisado individualmente, levando em consideração as
particularidades e circunstâncias específicas. A aplicação da lei dependerá da comprovação dessas
circunstâncias no processo judicial e da análise do juiz responsável pelo caso.

Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

1. O homicídio culposo é caracterizado quando uma pessoa causa a morte de outra sem intenção, ou seja,
de forma não intencional ou acidental.

2. Diferentemente do homicídio doloso, em que há a intenção de matar, no homicídio culposo não há essa
intenção por parte do autor.

3. A pena prevista para o homicídio culposo é de detenção, que é uma forma de privação de liberdade,
variando de um a três anos.

4. A detenção é uma pena mais branda que a reclusão, que é aplicada para crimes dolosos, onde há a
intenção de cometer o crime.

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5. A detenção é cumprida em regime inicialmente aberto ou semiaberto, ou seja, o condenado tem mais
flexibilidade no cumprimento da pena em comparação ao regime fechado.

6. A duração da pena será fixada pelo juiz responsável pelo caso, levando em consideração as
circunstâncias do crime e a culpabilidade do autor.

7. O homicídio culposo pode ocorrer em diversas situações, como acidentes de trânsito causados por
negligência ou imprudência, negligência médica, entre outros.

8. É importante ressaltar que o homicídio culposo é um crime grave, pois ainda resulta na morte de uma
pessoa, mesmo que sem intenção.

9. A pena de detenção busca punir o autor do crime e também tem o objetivo de prevenir a ocorrência de
novos casos, servindo como um instrumento de reeducação e conscientização.

10. É fundamental que a sociedade valorize a prudência e a responsabilidade nas ações cotidianas, a fim
de evitar situações que possam resultar em homicídio culposo.

11. As investigações e julgamentos de casos de homicídio culposo são realizados de forma minuciosa,
levando em consideração as provas, depoimentos e perícias para determinar a responsabilidade do autor.

12. A aplicação da pena de detenção para o homicídio culposo visa garantir a justiça, a segurança e a
preservação da vida, buscando responsabilizar aqueles que, mesmo sem intenção, causam a morte de
outra pessoa devido à sua negligência ou imprudência.

Vamos utilizar alguns casos hipotéticos para exemplificar a aplicação do artigo do Código Penal referente ao
homicídio culposo:

1. Caso 1 - Acidente de trânsito: João, ao dirigir em alta velocidade e desrespeitar um sinal vermelho, colide
com outro veículo, causando a morte do motorista. Nesse caso, João agiu de forma negligente,
desconsiderando as regras de trânsito, o que configura um homicídio culposo.

2. Caso 2 - Negligência médica: Maria, uma médica, administra uma dosagem inadequada de um
medicamento a um paciente, causando uma reação alérgica grave e resultando em óbito. A conduta de
Maria foi negligente, pois não seguiu as orientações corretas de administração do medicamento,
caracterizando um homicídio culposo.

3. Caso 3 - Queda em altura: Pedro, um pedreiro, não utiliza os equipamentos de segurança adequados ao
trabalhar em uma obra em altura. Em um momento de descuido, uma peça cai e atinge um colega de
trabalho, levando à sua morte. Pedro agiu com imprudência ao não adotar as medidas de segurança
necessárias, caracterizando um homicídio culposo.

4. Caso 4 - Negligência no ambiente doméstico: Ana deixa seu filho pequeno sozinho em casa e sai para
realizar uma atividade. Durante sua ausência, a criança acidentalmente se machuca gravemente e vem a
falecer. A negligência de Ana em deixar a criança desassistida configura um homicídio culposo.

5. Caso 5 - Negligência em atividade esportiva: Tiago, um treinador de natação, deixa de observar


corretamente os alunos durante uma aula e um deles acaba se afogando, resultando em óbito. A falta de
supervisão adequada por parte do treinador demonstra negligência, enquadrando-se em um homicídio
culposo.

Esses casos hipotéticos mostram situações em que o homicídio culposo ocorre devido à negligência ou
imprudência do autor, levando à morte de outra pessoa. Cada caso apresenta uma conduta inadequada que

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configura a ausência de intenção de matar, mas que ainda assim resulta em grave consequência. É
importante ressaltar que esses casos são fictícios e servem apenas para fins ilustrativos.

Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

O artigo trata do homicídio culposo, que ocorre quando há a morte de uma pessoa de forma não intencional,
por negligência, imprudência ou imperícia do agente.

O parágrafo 4º estabelece que, no homicídio culposo, a pena será aumentada em 1/3 (um terço) em
algumas situações específicas.

A primeira situação é quando o crime resulta da inobservância de regras técnicas de profissão, arte ou
ofício. Isso significa que se o agente, por exemplo, não seguir as normas de segurança adequadas em sua
atividade profissional e isso resultar em morte, a pena será aumentada.

A segunda situação é quando o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. Isso significa que se o
agente não oferecer ajuda à vítima após o incidente, a pena será agravada.

A terceira situação é quando o agente não procura diminuir as consequências de seu ato. Isso significa que
se o agente não tomar medidas para reduzir os danos causados após o crime, a pena será aumentada.

A quarta situação é quando o agente foge para evitar prisão em flagrante. Isso significa que se o agente
foge do local do crime para evitar ser preso em flagrante, a pena será agravada.

Em seguida, o artigo menciona que se o homicídio for doloso (com intenção), a pena também será
aumentada em 1/3 (um terço) em duas situações específicas.

A primeira situação é quando o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos. Isso significa
que se o agente intencionalmente tirar a vida de uma criança menor de 14 anos, a pena será agravada.

A segunda situação é quando o crime é praticado contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos. Isso significa
que se o agente intencionalmente matar uma pessoa idosa com mais de 60 anos, a pena será aumentada.

O objetivo dessas agravantes é punir de forma mais severa os crimes que envolvem maior vulnerabilidade
da vítima, seja por sua idade ou por não receber a assistência necessária.

É importante ressaltar que essas agravantes são aplicadas somente quando o homicídio é culposo ou
doloso. No caso de homicídio doloso sem a ocorrência dessas situações específicas, a pena não será
aumentada.

Por fim, as agravantes têm o propósito de reforçar a proteção às vítimas mais vulneráveis e desencorajar
comportamentos negligentes, imprudentes ou intencionais que resultem em morte.

Vamos apresentar casos hipotéticos para exemplificar cada uma das situações mencionadas no artigo:

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1. Inobservância de regra técnica: Imagine um engenheiro responsável por uma construção que não segue
as normas de segurança adequadas. Devido a essa negligência, uma estrutura desaba e resulta na morte
de um trabalhador.

2. Falta de prestação de socorro: Suponha um motorista que atropela um pedestre e, em vez de buscar
ajuda ou acionar os serviços de emergência, decide fugir do local do acidente, deixando a vítima sem
socorro imediato. O pedestre acaba falecendo devido à falta de assistência.

3. Não diminuição das consequências: Considere um caso em que um indivíduo causa um acidente de
trânsito grave e, ao invés de acionar as autoridades e prestar assistência às vítimas, foge do local sem se
preocupar em minimizar os danos causados, como chamar uma ambulância ou sinalizar a área.

4. Fuga para evitar prisão em flagrante: Suponha que um indivíduo cometa um homicídio doloso e, ao
perceber que está sendo perseguido pela polícia, fuja para evitar ser capturado e preso em flagrante. A fuga
nesse caso demonstra a intenção do agente de evitar a responsabilização pelo crime.

5. Homicídio doloso contra menor de 14 anos: Imagine um caso em que um adulto, de forma intencional,
mata uma criança de 10 anos por motivos pessoais. Nessa situação, a pena será agravada devido à
vulnerabilidade da vítima.

6. Homicídio doloso contra pessoa maior de 60 anos: Suponha um indivíduo que planeja e executa o
assassinato de um idoso de 70 anos para obter sua herança. Nesse caso, a pena também será aumentada
devido à idade avançada da vítima.

Esses casos hipotéticos ajudam a ilustrar as diferentes situações em que as agravantes mencionadas no
artigo podem ser aplicadas, mostrando a importância de considerar as circunstâncias específicas de cada
crime para a aplicação da pena adequada. É fundamental ressaltar que esses exemplos são fictícios e
apenas com o propósito de ilustração.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências


da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.

O § 5º do artigo do Código Penal trata de uma situação específica em relação ao homicídio culposo. Nesse
tipo de crime, não há a intenção de matar, mas a morte ocorre em decorrência de negligência, imprudência
ou imperícia do agente. O juiz, ao analisar o caso concreto, pode deixar de aplicar a pena se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a punição penal se torne
desnecessária.

Isso significa que, se o autor do homicídio culposo sofrer consequências severas e graves em decorrência
do próprio ato, como ferimentos graves ou perdas significativas, o juiz pode decidir que a aplicação de uma
pena de detenção não é adequada nem justa. Essa decisão leva em consideração a ideia de que a pessoa
já sofreu o suficiente pelas consequências de suas ações, e a imposição de uma pena adicional não traria
benefícios à sociedade nem à própria pessoa.

Essa possibilidade de não aplicar a pena é uma forma de humanizar o sistema penal, levando em conta a
situação individual do agente e evitando uma punição excessiva em casos em que a própria pessoa já
sofreu as consequências de sua negligência ou imprudência. Cabe ao juiz analisar cuidadosamente cada
caso e verificar se os requisitos para deixar de aplicar a pena estão presentes.

Vale ressaltar que essa hipótese é aplicável apenas ao homicídio culposo e não se aplica ao homicídio
doloso, em que há a intenção de matar. Além disso, a decisão do juiz deve ser fundamentada e baseada

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nas particularidades do caso, garantindo que a justiça seja feita de forma equitativa e proporcional às
circunstâncias do crime.

Vamos supor o seguinte caso hipotético:

Maria é médica e trabalha em um hospital. Certo dia, ela é responsável por um paciente em estado grave
que precisa ser operado com urgência. Porém, devido a uma série de erros de comunicação entre a equipe
médica, o paciente é encaminhado para o setor errado e a cirurgia é atrasada em algumas horas.

Durante esse tempo, o estado de saúde do paciente piora drasticamente, e quando a cirurgia finalmente é
realizada, ele acaba não resistindo e vem a óbito. A equipe médica fica abalada com a situação e Maria se
sente extremamente culpada e responsável pela morte do paciente.

Nesse caso, Maria pode ser responsabilizada por homicídio culposo, pois sua negligência e imprudência em
garantir que o paciente fosse atendido a tempo contribuíram para o resultado fatal. No entanto, durante a
investigação e o julgamento, é descoberto que Maria também sofreu muito emocionalmente com a morte do
paciente e passou por uma situação traumática.

O juiz, ao analisar o caso, considera que as consequências da infração atingiram Maria de forma tão grave
que a aplicação de uma pena de detenção seria desnecessária e inapropriada. Ele verifica que Maria já
sofreu muito e entende que a aplicação de uma pena adicional não traria benefícios à sociedade nem à
própria Maria.

Dessa forma, o juiz pode decidir deixar de aplicar a pena de detenção a Maria pelo homicídio culposo,
considerando a gravidade das consequências emocionais que ela enfrentou em decorrência de sua
negligência no caso do paciente. Essa decisão leva em conta a humanização do sistema penal,
considerando a situação individual da agente e buscando uma punição justa e proporcional às
circunstâncias do crime.

§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.

O § 6º do artigo do Código Penal estabelece um aumento de pena nos casos em que o crime de
homicídio é praticado por milícia privada ou por um grupo de extermínio. A pena é aumentada de
1/3 (um terço) até a metade, ou seja, pode variar entre um terço a metade da pena originalmente
prevista para o homicídio.

Uma milícia privada é um grupo organizado de pessoas que se arroga o direito de exercer funções
de segurança pública de forma ilegal e arbitrária. Geralmente, esses grupos agem à margem da
lei, praticando violência e extorsão, e muitas vezes estão associados a interesses ilegais, como
tráfico de drogas e grilagem de terras.

Um grupo de extermínio, por sua vez, é uma organização criminosa que se forma com o objetivo
de eliminar supostos criminosos ou pessoas consideradas indesejadas, agindo de forma
extrajudicial e violenta. Esses grupos geralmente cometem homicídios, sequestram, torturam e
intimidam pessoas, agindo à margem da lei e da justiça.

O legislador estabelece esse aumento de pena para casos de homicídio praticados por esses
grupos, como uma forma de reprimir e coibir essas práticas criminosas que atentam gravemente
contra a vida e a segurança da população. O objetivo é impor uma sanção mais rigorosa para
coibir a atuação dessas organizações criminosas, protegendo a sociedade e garantindo a punição
adequada para os responsáveis por esses crimes hediondos.

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Essa medida reflete a preocupação do legislador em combater essas formas de violência e
garantir a segurança e a justiça para as vítimas e seus familiares. O aumento de pena busca
desencorajar a atuação desses grupos, tornando a prática desses crimes mais arriscada e menos
atraente para os criminosos envolvidos. Além disso, a punição mais severa também serve como
forma de retribuição à sociedade pelas atrocidades cometidas por esses grupos, garantindo que
eles sejam responsabilizados de forma adequada por seus atos.

É importante destacar que o aumento de pena é uma medida punitiva, mas também deve ser
acompanhado de políticas públicas de segurança que combatam a impunidade e a atuação
desses grupos criminosos. A prevenção e o combate efetivo a essas organizações são
fundamentais para garantir a segurança da população e a proteção dos direitos humanos.

Em resumo, o § 6º do artigo em questão busca aplicar uma punição mais rigorosa nos casos de
homicídio praticados por milícias privadas ou grupos de extermínio, com o intuito de reprimir essas
práticas criminosas e garantir a segurança e justiça para a sociedade. O aumento de pena é uma
medida que visa desencorajar essas organizações criminosas, tornando a prática desses crimes
mais arriscada e menos atraente para os criminosos, e retribuir à sociedade pelas atrocidades
cometidas por esses grupos. No entanto, é essencial que essa medida seja complementada por
políticas públicas de segurança que combatam a impunidade e a atuação desses grupos, visando
proteger os direitos humanos e garantir a segurança da população.

Caso hipotético 1 - Homicídio por Milícia Privada:

Em uma comunidade carente, uma milícia privada formada por ex-policiais e seguranças ilegais
atua de forma clandestina. Eles controlam o tráfico de drogas na região e extorquem comerciantes
e moradores. Certo dia, um dos moradores se recusa a pagar a taxa imposta pela milícia e é
morto a tiros por um dos membros do grupo. Nesse caso, o homicídio é praticado por uma milícia
privada, sob o pretexto de punir o morador por não cumprir as regras impostas pelo grupo. Se o
criminoso for condenado pelo homicídio, a pena será aumentada de 1/3 a 1/2, conforme previsto
no § 6º do artigo do Código Penal.

Caso hipotético 2 - Homicídio por Grupo de Extermínio:

Em uma cidade pequena, um grupo de extermínio formado por policiais corruptos e vingativos
decide eliminar supostos criminosos sem dar-lhes o direito ao devido processo legal. Eles
sequestram um jovem que já tinha passagem pela polícia e o executam sumariamente, sem
nenhum tipo de julgamento. Nesse caso, o homicídio é praticado por um grupo de extermínio, que
age com violência e crueldade, sem respeitar os direitos fundamentais das vítimas. Se os
membros do grupo forem condenados pelo homicídio, a pena será aumentada de 1/3 a 1/2,
conforme previsto no § 6º do artigo do Código Penal.

Esses casos hipotéticos ilustram situações em que o homicídio é cometido por milícias privadas
ou grupos de extermínio, em que a pena é agravada devido à gravidade da conduta dos
criminosos. Essas organizações agem à margem da lei, praticando violência e violando os direitos
humanos. O aumento da pena busca coibir essas práticas criminosas e garantir uma punição mais
rigorosa para os responsáveis por esses atos hediondos. Além disso, é importante ressaltar que o
combate efetivo a essas organizações criminosas deve envolver também a adoção de políticas
públicas de segurança, visando desarticular esses grupos e garantir a segurança e o respeito aos
direitos humanos da população.

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§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;

III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput
do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)

O § 7º do artigo do Código Penal trata do aumento de pena no crime de feminicídio, uma


modalidade de homicídio qualificado que envolve a violência contra a mulher por razões da
condição de sexo feminino. Esse dispositivo foi incluído pela Lei nº 13.104/2015, que reconheceu
o feminicídio como uma forma específica de crime. A seguir, explicarei de forma didática cada
uma das situações que acarretam o aumento da pena:

1. Gestação ou pós-parto: Se o feminicídio ocorrer durante a gestação da vítima ou nos 3 meses


posteriores ao parto, a pena é aumentada de 1/3 até a metade. Essa medida visa proteger a
mulher em um momento de maior vulnerabilidade física e emocional.

2. Vítima idosa, com deficiência ou doenças degenerativas: Quando o crime é praticado contra
uma mulher com mais de 60 anos, com deficiência ou que apresente doenças degenerativas que
a deixem em situação de vulnerabilidade física ou mental, a pena também é aumentada.

3. Presença de familiares: O aumento da pena é aplicado se o feminicídio ocorrer na presença


física ou virtual de descendentes (filhos) ou ascendentes (pais) da vítima. Essa medida visa evitar
a ocorrência de crimes no contexto familiar.

4. Descumprimento de medidas protetivas: Se o feminicídio ocorrer em descumprimento das


medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha, a pena também é agravada.
Essas medidas são concedidas pelo juiz para proteger a vítima de agressões e ameaças.

Essas situações agravantes buscam punir de forma mais severa os autores de feminicídio,
considerando a motivação específica de gênero do crime. O objetivo é combater a violência contra
a mulher e garantir uma resposta mais efetiva do sistema de justiça para esse tipo de crime, que
tem causado grande preocupação social devido ao alto índice de ocorrências em muitos países. A
legislação brasileira procura, assim, proteger as mulheres e conscientizar a sociedade sobre a
importância de prevenir e coibir a violência de gênero.

Caso Hipotético 1 - Gestação ou pós-parto:

Maria está grávida e vive um relacionamento abusivo com seu companheiro, João. Durante uma
discussão, João, motivado pelo sentimento de posse e machismo, agride Maria de forma violenta,
levando-a à morte. Como o crime ocorreu durante a gestação de Maria, a pena de João será
aumentada de 1/3 até a metade, devido à condição de vulnerabilidade da vítima.

Caso Hipotético 2 - Vítima idosa:

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Ana é uma senhora de 70 anos que vive sozinha. Seu vizinho, Pedro, constantemente a assedia e
ameaça devido ao seu estado de vulnerabilidade. Um dia, Pedro comete um feminicídio contra
Ana, matando-a com requintes de crueldade. Nesse caso, a pena de Pedro será aumentada de
1/3 até a metade, pois ele cometeu o crime contra uma pessoa idosa e vulnerável.

Caso Hipotético 3 - Presença de familiares:

Laura vive com sua filha adolescente, Sofia. Seu ex-companheiro, Marcos, não aceita o fim do
relacionamento e passa a ameaçar Laura e Sofia constantemente. Em um dia de extrema
violência, Marcos assassina Laura na frente de Sofia. Nesse caso, a pena de Marcos será
aumentada de 1/3 até a metade, devido à presença física de sua filha no momento do crime.

Caso Hipotético 4 - Descumprimento de medidas protetivas:

Carolina obteve medidas protetivas de urgência contra seu ex-marido, Lucas, após denunciar
episódios de violência doméstica. Entretanto, Lucas não respeita as ordens judiciais e invade a
casa de Carolina, culminando em um feminicídio. Nesse cenário, a pena de Lucas será
aumentada de 1/3 até a metade, em decorrência do descumprimento das medidas protetivas.

Em todos esses casos hipotéticos, os agressores praticaram o crime de feminicídio, motivados


pela condição de sexo feminino da vítima, e se encaixam nas situações agravantes previstas no §
7º do artigo do Código Penal. A aplicação dessas circunstâncias agravantes visa garantir uma
punição mais severa para os agressores e reforçar a proteção das mulheres contra a violência de
gênero. Além disso, busca-se conscientizar a sociedade sobre a importância de prevenir e
combater a violência contra a mulher em todas as suas formas.

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