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Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00
Sumário
LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA). 3
NOÇÕES GERAIS 6
CRIME DE TORTURA 7
Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) 8
Tortura-castigo 12
Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança 14
Omissão em Tortura ou Tortura-omissão 17
FORMAS QUALIFICADAS 20
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 21
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 23
OUTRAS DISPOSIÇÕES 24
LISTA DE QUESTÕES 29
GABARITO 34
RESUMO DIRECIONADO 51
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Apresentação
Olá, amigo/a!
Caso você não me conheça, sou o professor HENRIQUE SANTILLO do DIREÇÃO CONCURSOS e te
acompanharei durante a sua caminhada rumo à aprovação.
Sou Oficial de Justiça Avaliador Federal do TJDFT. Graduei-me pela Universidade Federal de Goiás e
obtive aprovado para os cargos de Analista Judiciário dos Tribunais Regionais Eleitorais da Bahia e do Paraná,
Oficial de Justiça Avaliador Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, bem como para Escriturário do
Banco do Brasil, cargo para o qual fui nomeado, tendo optado por não tomar posse.
Neste tempo de muita luta e muito estudo, pude perceber que algumas técnicas de aprendizagem fazem toda a
diferença, dentre elas o estudo direcionado, a resolução de muitas questões e a revisão periódica do conteúdo
estudado.
Logo, vamos juntos desbravar as LEIS PENAIS ESPECIAIS. Aplicarei na sua aprendizagem tudo aquilo que
realmente faz a diferença na sua trajetória rumo à tão almejada aprovação.
Conte comigo para você aprender as leis penais de uma maneira leve e descontraída, com muitos exemplos e casos
concretos durante o seu curso. Abaixo, você poderá ver como organizamos a aula do seu curso de LEGISLAÇÃO
Como é a nossa primeira aula, faço questão de deixar claro a você, aluno/a, alguns conceitos que serão
utilizados em outras aulas e que te deixarão mais familiarizados com a disciplina!
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Fórum de dúvidas
para você sanar suas dúvidas DIRETAMENTE conosco sempre que precisar
Fique à vontade também para me procurar no Instagram ou em meu e-mail. Estarei à disposição para te
atender sempre que for necessário:
@profsantillo
hsantillogo@gmail.com
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Hoje vamos prosseguir com o estudo da seguinte lei esparsa exigida pelo edital:
Vamos lá?
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Noções Gerais
Você, assim como eu, deve imaginar cenas horripilantes quando lê a palavra “tortura” ...
Os métodos de tortura causam dor e/ou sofrimento ao torturado, sendo aplicados ao longo dos séculos com
diferentes propósitos: como meio de prova, como fator de intimidação, como aplicação de pena ou castigo e até
mesmo para satisfazer o próprio torturador!
Veja só um caso fictício da prática de tortura, extraído do enunciado de uma questão contida na prova para
ingresso na carreira de Delegado Federal, cujo concurso foi promovido e organizado pela banca CESPE:
(CESPE – PF – 2018 – Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois
menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas
conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-
no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura.
Como se trata de um ato totalmente repugnante, a Constituição Federal proibiu expressamente a prática da
tortura, equiparando-lhe a crime hediondo:
Constituição Federal. Art. 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
(...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;
Veja que a Constituição Federal não definiu nem tipificou conduta que representasse tortura – o que ela fez
foi determinar que o legislador punisse a prática da tortura!
Isso mesmo! A Constituição não criminaliza a conduta, mas “manda” o legislador fazê-lo!
Dito e feito: o Congresso editou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que, em um de seus
dispositivos, tipificou como o crime a prática de tortura contra crianças e adolescentes:
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997
Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :
Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :
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Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :
Em 1997, entretanto, entra em vigor a Lei nº 9.455/97 – a Lei da Tortura – que, além de revogar o art. 2331 do
ECA e criminalizar a prática da tortura, tipifica a omissão daqueles que deveriam evitá-la ou apurá-la!
(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.
O crime de tortura contra pessoa menor de 18 (dezoito) anos não mais se encontra previsto no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
RESOLUÇÃO:
Item corretíssimo. É isso mesmo! A Lei de Crimes de Tortura também se aplica aos atos de tortura
praticados contra crianças e adolescentes, tendo revogado expressamente o art. 233 do ECA:
Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Crime de Tortura
Como havíamos dito, o crime de tortura foi definido pela Lei nº 9.455/97.
Na realidade, como vamos observar, o crime de tortura comporta várias espécies. Leia comigo:
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
1
Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
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§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Agora vou deixar esses dispositivos bem claros para você, rs.
Vamos à primeira espécie do crime de tortura:
Constranger → o agente obriga a vítima a fazer algo contra a sua vontade, provocando-lhe
sofrimento físico e/ou mental e retirando a sua liberdade de autodeterminação.
Para isso, ele deve se valer de dois meios:
→ Violência (socos, chutes, choques elétricos, chicotadas, afogamento temporário etc.).
→ Grave ameaça (ameaça de morte, de estupro, de lesões etc.)
Quando pensamos em tortura, logo nos vêm à cabeça atos violentos, sanguinários...
Contudo, ATENÇÃO: o crime de tortura pode ser cometido também com o emprego de grave ameaça,
sem o uso da violência, o que caracteriza a tortura psicológica.
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Além disso, o agente deverá constranger a vítima com a finalidade de alcançar um dos seguintes
objetivos, os quais constituem espécies autônomas do crime do art. 1º, II:
Exemplos:
1) Credor chicoteia o devedor para que ele assine um termo de confissão de dívida
2) Policial militar dá choques no suspeito para que ele confesse a prática de determinado crime.
3) Esposa coloca uma arma na cabeça do filho na presença do marido para que ele confesse traição – típico
caso de tortura para que terceiro confesse.
Exemplos:
1) O chefe de uma organização criminosa tortura um membro para que ele pratique determinado crime.
2) A enfermeira que tortura o colega médico para ele que não preste socorro ao paciente X, inimigo mortal
da profissional da saúde
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
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Membros de um grupo racista empregam violência contra uma mulher negra, causando-lhe sofrimento
físico, discriminando-a sob o argumento de que “a raça negra é inferior”.
Ao contrário das outras duas espécies, na tortura discriminatória NÃO se exige a prática de
nenhuma conduta ou omissão por parte da vítima.
Os crimes de tortura do art. 1º, inciso I são formais, ou seja, se consumam com a prática do
constrangimento, pouco importando se o agente atingiu o objetivo pretendido!
Como o crime é formal, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo pretendido (obtenção
da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-prova); realização da ação ou omissão
criminosa pelo torturado (tortura-crime); ou do comportamento em razão da discriminação racial ou
religiosa (tortura-discriminatória).
Trata-se de crimes comuns, pois não se exige condição especial do sujeito ativo!
Isso mesmo! Cuidado especialmente com questões que afirmem ser próprio o crime de tortura para
obtenção de informação, declaração ou confissão!
Vimos que ele pode ser cometido tanto pelo particular (inclusive por você!), quanto pelos agentes
públicos – incluindo aí os policiais militares, policiais civis, delegados, juízes, promotores de justiça etc.
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A prática do crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação religiosa, pois,
sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidadãos.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois se o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provocar sofrimento na vítima
levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em ração de sua raça ou de sua religião,
restará configurado o crime de tortura-discriminação:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
(IBFC – PM/BA – 2017) Assinale a alternativa correta considerando as previsões da Lei federal n°
9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) sobre a pena aplicável no caso da conduta de
constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.
a) Detenção, de quatro a oito anos
RESOLUÇÃO:
A pena prevista para o crime de tortura-prova é de 2 a 8 anos de reclusão:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Resposta: D
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(FCC – MP/PE – 2014 – Adaptado) Quanto aos crimes de tortura, julgue o item abaixo.
RESOLUÇÃO:
Ainda não vimos as outras modalidades, mas podemos considerar o item incorreto: acabamos de
estudar três modalidades do crime de tortura que não exigem condição especial do sujeito ativo.
São, portanto, comuns os crimes do art. 1º, inciso I, alíneas a, b e c (tortura-prova, tortura para a
prática de crime e tortura discriminatória).
Tortura-castigo
Também chamada de tortura-punição, estamos diante da conduta do agente que, por meio de violência ou
de grave ameaça, tem por objetivo aplicar:
→ Castigo
→ Medida de caráter preventivo (para evitar comportamentos indesejados)
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
Exemplos: o pai contra o filho; o professor contra o aluno, o cuidador de idosos contra o idoso,
tutor contra o tutelado; professor em relação ao aluno, carcereiro em relação ao preso etc.
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Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios
de correção ou disciplina:
Mais uma vez: o intenso sofrimento mental causado para fins de aplicação de castigo ou medida
preventiva também configura o crime de tortura-castigo.
Ah, é importante que você visualize as duas elementares dos crimes de tortura do art. 1º:
Inciso I Inciso II
Tortura-prova,
Tortura-crime e
Tortura-castigo
Tortura-
discriminação
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(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes
de tortura, julgue o item seguinte.
A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma
refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não
praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos.
RESOLUÇÃO:
Opa! Veja que a conduta da babá se amolda perfeitamente ao crime de tortura-castigo, pois:
Submeteu menor sob sua responsabilidade...
Confere comigo:
Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Item incorreto.
Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE
SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei
ou não resultante de medida legal. (...)
O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples para a sua
configuração.
Contudo, a presença de alguma finalidade (como o castigo) não desconfigura o crime.
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Ao contrário das outras modalidades de tortura que vimos, NÃO é necessário haver o emprego
de violência ou grave ameaça.
A vítima será submetida a sofrimento físico ou mental pela prática de ato não previsto em lei ou
não resultante de medida legal!
É o caso do carcereiro que submete o preso a cela escura ou solitária ou que deixa o preso sem alimentos
por vários dias.
Além disso, o carcereiro também responderá por esse crime quando colocar o preso em regime disciplinar
diferenciado sem autorização judicial.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora normalmente figurem como autores o
carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do estabelecimento prisional etc.
Contudo, o crime é considerado próprio em relação ao sujeito passivo, que deverá ser sempre pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança!
Exemplo: pode ser sujeito ativo desse crime um grupo de presos que submete outro detento, que pertence
à facção rival, a sofrimento físico e mental.
Vamos de CESPE?!
(CESPE – PC/ES – 2011) Com relação à legislação especial, julgue o item que se segue.
No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de
medida legal, não é exigido, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente,
bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo
objetivo.
RESOLUÇÃO:
É isso aí! O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples de
praticar a conduta descrita no tipo objetivo para a sua configuração:
Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
(...)
Item correto.
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Como o meu maior desejo é a sua aprovação, montei um quadro-resumo com as principais características
das modalidades de tortura que estudamos até aqui:
Veja como é importante a compreensão do esqueminha com uma questão da banca CESPE:
(CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º
9.455/1997.
Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé
por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já
que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar.
Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou
grave ameaça contra José.
RESOLUÇÃO:
Fica evidente que o agente cometeu o crime de tortura contra o preso, que não exige o emprego de
violência ou grave ameaça para a sua configuração; na realidade, basta a prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal (permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que
pudesse beber água ou alimentar-se).
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Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
(...)
Não, pois não houve o emprego de violência ou de grave ameaça, elementares desta modalidade
de tortura:
Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
Item correto.
(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes
de tortura, julgue o item seguinte.
O crime de tortura admite qualquer pessoa como sujeitos ativo ou passivo; assim, pelo fato de não
exigirem qualidade especial do agente, os crimes de tortura são classificados como crimes comuns.
RESOLUÇÃO:
De uma forma geral, o crime de tortura pode ser cometido tanto por particulares como por agentes
públicos, sendo, em regra, comum.
Contudo, quando a banca coloca no “bolo” os crimes de tortura, no plural, subentende-se que ela
esteja incluindo também as modalidades específicas do crime de tortura-castigo e do tortura do
preso, que exigem uma qualidade especial dos sujeitos ativos e/ou passivos, o que torna a questão
incorreta.
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-
LAS ou APURÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
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Exemplo: Eduardo passou a morar com Marilene, que possuía 3 filhas de outro pai.
Eduardo, exercendo autoridade sobre as meninas, passou a lhes aplicar um método de correção cruel,
amarrando-as em uma árvore e queimando partes do corpo com cigarros em brasa.
Mesmo estando a par de toda essa crueldade, a mãe das vítimas deixou de tomar qualquer providência
para evitar o resultado.
Quero que você perceba que Marilene será punida (detenção, de 1 a 4 anos) não por efetivamente ter
praticado ato de tortura, mas por ter se omitido, permitindo que o outro a realizasse!
Exemplo: a mãe de um suspeito relatou ao Delegado de Polícia que um dos agentes lotados na delegacia
praticou tortura contra o seu filho.
Se a autoridade policial tomar conhecimento do fato e não determinar a investigação para a apuração da
prática do crime, ela responderá pelo crime do art. 1º, §2º.
Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
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(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes
de tortura, julgue o item seguinte.
O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que
este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao
torturador.
RESOLUÇÃO:
É isso aí! Muito embora não seja punido com a pena dos crimes de tortura (reclusão, de dois a oito
anos), o delegado estará sujeito à pena do crime de omissão em tortura, cuja pena é mais branda:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre
na pena de detenção de um a quatro anos.
(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.
O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de
apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.
RESOLUÇÃO:
É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de
1 a 4 anos de detenção.
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ-
LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Item correto.
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Formas Qualificadas
A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de
tortura, tornando-a mais grave que a modalidade simples:
Professor, quer dizer então que se o agente tem a intenção de tortura e matar, ele vai responder pela tortura
qualificada?
NÃO!
Se o agente queria praticar tortura como meio de provocar a morte da vítima, ele poderá responder pela
prática do crime de homicídio qualificado pela tortura, cuja pena é bem mais “salgada”: reclusão, de 12 a 30 anos!
CÓDIGO PENAL
Homicídio qualificado
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;
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(CESPE – TJDFT – 2014 – Adaptada) Considerando a lei de trata da tortura, julgue o item abaixo.
O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme
as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou
gravíssima.
RESOLUÇÃO:
O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima será punido a título
de tortura preterdolosa, cuja pena em abstrato é de reclusão, de 4 a 10 anos:
Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Item incorreto.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Questão!
(FCC – AGEPEN/BA – 2010) NÃO constitui causa de aumento da pena prevista para o crime de tortura
ser este cometido
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RESOLUÇÃO:
Dentre as hipóteses apresentadas, a única que não aumenta a pena do crime de tortura é a da
alternativa ‘e’ – cometido contra pessoa sob custódia do Estado.
Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:
Resposta: e)
Vamos esquematizar?
Cometido GESTANTE
1/6
PORTADOR DE DEFICIÊNCIA
Contra ADOLESCENTE
MAIOR DE 60 ANOS
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Efeitos da Condenação
Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura
“sentirá na pele” os seguintes efeitos:
É muito importante que você memorize o esquema abaixo, pois o §5º é muito cobrado em provas:
Efeitos da
Condenação
pelo DOBRO
INTERDIÇÃO para o
(2x) da pena
seu exercício aplicada
É isso aí: a condenação do agente público pela prática de tortura deixa clara a grave violação de seus
deveres funcionais, de forma que a sociedade e o Estado perderam totalmente a sua confiança!
Por esse motivo, além de ser “extirpado” da Administração Pública, a Lei de Tortura ainda estabelece
contra ele a impossibilidade de ocupação de qualquer cargo público (em sentido amplo) pelo DOBRO do
prazo da pena aplicada – policial militar condenado a 6 anos de reclusão por praticar tortura: ele vai perder
o seu cargo e vai ficar proibido de ingressar nos quadros da Administração Pública pelo prazo de 12 anos!
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(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.
Para que a condenação por crime de tortura possa importar na perda do cargo público, o juiz deve
fazer constar tal efeito na sentença condenatória.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da
condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessário que o juiz o aplique, de forma
fundamentada, na sentença.
Outras disposições
O §6º estabeleceu algumas vedações:
Bom, esse dispositivo vai ao encontro do que estabelece a Constituição Federal e a Lei de Crimes Hediondos
(não se esqueça de que a prática da tortura é crime equiparado a hediondo):
Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
Lei de Crimes Hediondos. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
O inciso I do art. 2º da Lei n. 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º,
XLII, da Constituição Federal. III — O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do
qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da
Lei Maior.
STF — HC 90.364, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, public.
30/11/2007, p. 29).
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Além disso, o §7º determina que o condenado por tortura (exceto por tortura imprópria ou omissiva) deverá
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado:
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
O STF e STJ entendem que não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o
cumprimento da pena em regime fechado.
Assim, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias judiciais para estabelecer o regime inicial de
cumprimento da pena, que poderá ser o aberto, o semiaberto ou o fechado.
Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime
prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e dá
outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário
do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a
fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do
CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei
8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura,
sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a
mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa
posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a
cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público,
afasta sua incidência, no todo ou em parte”. De fato, o entendimento adotado vai ao encontro
daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao
Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: “Os órgãos
fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de
inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo
Tribunal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte,
deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c
o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os
mencionados verbetes sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do regime
de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmula
719 do STF). HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.
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Jurisprudência
Lei nº 9.455/1997
dominante (STF e STJ)
Regime inicial
Regime inicial
fechado
fechado
↓
↓
NÃO é
OBRIGATÓRIO
OBRIGATÓRIO
Por fim, temos duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, já que a Lei de Tortura será aplicada
até mesmo a atos de tortura praticados no exterior, desde que:
Confere:
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
(CESPE – MPCE – 2020) A respeito da Lei de Crimes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo
item.
A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos
fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada.
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RESOLUÇÃO:
Amigo/a, muito embora a regra seja a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no território
brasileiro, o nosso sistema escolheu algumas situações em que há maior nível de reprovação, as quais
é aplicada a legislação brasileira nos crimes praticados em outro território.
A Lei de Tortura prevê duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, tendo em vista que
será aplicada aos crimes de tortura cometidos no exterior sem a exigência de qualquer outra condição:
→ quando o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira (existe, neste último caso, polêmica
quanto à natureza da extraterritorialidade: se condicionada ou incondicionada – contudo, a maioria
doutrinária adota a última corrente).
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo
a vítima brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
(FGV – PC/RJ – 2009) Com relação ao crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, analise as afirmativas
a seguir:
I. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
II. Constitui crime de tortura submeter alguém sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a
intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo.
III. O disposto na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido
em território nacional, sendo a vítima brasileira.
Assinale:
I. Isso mesmo! Os condenados por tortura, se agentes públicos, ficam sujeitos a dois efeitos:
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Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para
seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.
II. Também está correta, pois a grave ameaça e o intenso sofrimento mental configuram a tortura-
castigo, se cometida contra pessoa sob guarda do agente:
Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
III. Perfeito! A Lei nº 9.455/97 também se aplica aos casos de tortura cometidos no exterior contra
vítima brasileira:
Todas as afirmativas estão corretas.
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Lista de Questões
1.(CESPE – DEPEN – 2021)
Com base na legislação especial, julgue o próximo item.
O crime de tortura é inafiançável, devendo o condenado por esse crime iniciar o cumprimento da pena em regime
fechado.
Praticam o crime de tortura policiais rodoviários federais que, dentro de um posto policial, submetem o autor de
crime a sofrimento físico, independentemente de sua intensidade.
Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada
cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa
conduta poderá ser caracterizada como tortura.
4. (CESPE – PF – 2018)
Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue.
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.
Considera-se tortura constranger alguém com grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter
informação, ainda que de terceira pessoa.
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abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair começou a questionar a quem pertencia o celular e,
à medida que José negava que o celular lhe pertencia, alegando não saber como havia ido parar em sua mochila,
começou a receber empurrões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no chão e começou a ser
pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma a quem pertencia o
celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele,
com o intuito de descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente
levando-o para a delegacia no dia seguinte.
Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes
hediondos,
a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal.
c) o fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de diminuição de pena.
e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de
tortura.
Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automóveis em flagrante delito e, para conseguir informações
sobre a quadrilha de que ele participava, disseram-lhe que ele sofreria graves conseqüências caso não entregasse
imediatamente seus cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os
policiais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando para a sua
caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave.
O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática
de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura.
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Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por
crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida
função pelo prazo de seis anos.
O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências do distrito policial, um acusado
de tráfico de drogas a confessar a prática do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.
Acerca das leis penais extravagantes, julgue os itens subsecutivos, de acordo com o magistério doutrinário e
jurisprudencial dominantes.
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Suponha que João, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com emprego de violência, a
contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João
deverá responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena em regime inicial fechado.
O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo próprio de agente
público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena.
O tipo de tortura a que se refere a situação mencionada é a física, pois a tortura psicológica e os sofrimentos
mentais não estão incluídos na disciplina da lei que define os crimes de tortura.
Daniel, delegado de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes de polícia Irineu e
Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia sido detida, sob a acusação de porte de arma e de
entorpecentes. O delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de lavrar o auto de prisão em
flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam
os agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao detido que ele confessasse quem era
o verdadeiro proprietário da droga. Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que havia guardado a droga para um conhecido
traficante da região. O delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer em relação aos seus
agentes, uma vez que os considerava excelentes policiais.
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Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma que, sendo proferida sentença condenatória,
ocorrerá, automaticamente, a perda do cargo.
O crime de tortura visando a obtenção de informação, declaração ou confissão da vítima é crime próprio, pois
somente pode ser cometido por agentes públicos.
A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o agente usa de violência ou grave ameaça para
obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a
provocação de ação contravencional.
Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade, com o
objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida
servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime inafiançável.
No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item.
Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina.
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.
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Gabarito
1. C
2. C
3. C
4. E
5. C
6. C
7. A
8. E
9. E
10. E
11. C
12. C
13. E
14. E
15. C
16. E
17. C
18. C
19. E
20. C
21. E
22. C
23. C
24. C
25. C
26. E
27. E
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RESOLUÇÃO:
Questão polêmica! Como a banca exigiu o julgamento do item “com base na legislação especial”, devemos nos
ater ao que diz a letra da lei.
No caso, sobre o regime inicial de cumprimento da pena pelo crime de tortura, a Lei nº 9.455/1997 afirma que o
condenado por esse crime deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.
Além disso, o crime de tortura é inafiançável, de modo que a assertiva está correta.
Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Item incorreto. Poderíamos considerar, em tese, a prática do crime de tortura-castigo, mas falta à conduta um
elemento para a sua configuração: a submissão do sujeito passivo a INTENSO sofrimento físico, como forma de
aplicar castigo pessoal.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Também não podemos considerar a prática do crime de tortura do § 1º, pois o enunciado não deixou claro se o
autor do crime estava preso ou não.
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Convenhamos… O fato de estar dentro de um posto policial da PRF não significa que o autor do
crime necessariamente estava preso.
Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Resposta: E
Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada
cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa
conduta poderá ser caracterizada como tortura.
RESOLUÇÃO:
Isso mesmo! O crime de tortura não exige, necessariamente, a utilização de meios físicos, sendo possível a sua
prática mediante grave ameaça da qual resulte sofrimento mental e com o objetivo de obter informação que
diga respeito ao próprio torturado e/ou à terceira pessoa.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Resposta: C
4. (CESPE – PF – 2018)
Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue.
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na
interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:
Resposta: E
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RESOLUÇÃO:
Vimos que o crime de tortura não exige, necessariamente, a utilização de meios físicos, sendo possível a sua prática
mediante grave ameaça da qual resulte sofrimento mental e com o objetivo de obter informação que diga
respeito ao próprio torturado e/ou à terceira pessoa.
Perfeito! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever
de evitar ou de apurar a sua prática:
Dessa forma, a nossa assertiva está correta, pois de acordo com art. 1º, I, a).
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Perfeito! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever
de evitar ou de apurar a sua prática:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
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Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes
hediondos,
a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal.
e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança.
RESOLUÇÃO:
a) CORRETO. Os policiais cometeram o crime de tortura-prova, pois observamos a presença do dolo específico de
obter confissão, informação ou declaração:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Como o crime de lesão corporal foi cometido como meio de se praticar a tortura, aquele ficará absorvido pelo
último.
c) INCORRETO. O fato de Rui e Jair serem policiais militares confere maior reprovabilidade à conduta de ambos,
representa causa de aumento de pena:
Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
d) INCORRETO. O crime de tortura-castigo apenas se configura se cometido contra pessoa presa ou sujeita à
medida de segurança, o que não se observa no caso narrado.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
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(...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Resposta: A
Com base na Lei Antitortura e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de
tortura.
RESOLUÇÃO:
Para a caracterização do crime de tortura-castigo, é necessário observar o intuito do agente em causar intenso
sofrimento físico ou mental à vítima, como forma de impor disciplina:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
(...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Como não foi observado o dolo de causar sofrimento ao preso, o agente responderá pela prática do crime de maus-
tratos. Veja o que diz o Código Penal:
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Resposta: E
Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automóveis em flagrante delito e, para conseguir informações
sobre a quadrilha de que ele participava, disseram-lhe que ele sofreria graves conseqüências caso não entregasse
imediatamente seus cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os
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policiais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando para a sua
caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto. A tortura-prova também se configura com o emprego de grave ameaça, que poderá constranger a
vítima a fornecer informações, causando-lhe sofrimento mental (como ocorreu no caso):
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Resposta: E
O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática
de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura.
RESOLUÇÃO:
Opa! Não cometerá crime de tortura o agente público que praticar ato previsto em lei ou resultante de medida
legal, submetendo pessoa presa a sofrimento físico ou mental.
O crime só se configurará se o ato praticado não estiver previsto em lei ou não for resultante de medida legal:
Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Resposta: E
Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por
crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida
função pelo prazo de seis anos.
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RESOLUÇÃO:
Perfeito! A prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para
o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.
Dessa forma, se Joaquim foi condenado a uma pena de três anos de reclusão pela prática de tortura, ele ficará
impedido de exercer a função pelo prazo de seis anos!
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Polêmicas à parte, o item está correto. Falando de uma forma mais geral, o crime de tortura pode ser praticado
tanto por particular como por agente público, em regra:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Isso não exclui o fato de haver modalidades próprias do crime de tortura, que exigem uma condição especial do
sujeito ativo, tal como o crime de tortura-castigo:
Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Resposta: C
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não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça
para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia,
ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que
a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental.
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item subsequente.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura somente
pode ser praticado de forma comissiva.
RESOLUÇÃO:
Epa! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever de
evitar ou de apurar a sua prática:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
Como o delegado de polícia tomou ciência da prática da tortura ocorrida na sala de interrogatório e se manteve
inerte, ele responderá pelo crime de tortura-omissão – o que torna a nossa afirmativa errada.
Resposta: E
Considerando a situação hipotética da questão anterior e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item
subsequente.
Item incorreto, pois o crime de tortura pode ser cometido com o emprego de grave ameaça, de forma a causar na
vítima sofrimento mental – é o que denominamos “tortura psicológica”.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Assim, nesse caso, o exame de corpo de delito não é imprescindível, por haver outros meios de comprovação do
crime, como é o caso do relato de testemunhas.
Resposta: E
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O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências do distrito policial, um acusado
de tráfico de drogas a confessar a prática do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.
RESOLUÇÃO:
Item correto. A conduta do policial configura o crime de tortura-prova:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Por fim, a condenação por crime de tortura acarretará, de forma automática, a perda do cargo policial, não sendo
necessário que o juiz fundamente esse efeito da condenação.
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.
Resposta: C
Suponha que João, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com emprego de violência, a
contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João
deverá responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena em regime inicial fechado.
RESOLUÇÃO:
O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam pela motivação do
agente torturador:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Se não houver alguma dessas finalidades descritas pela lei, o emprego de violência ou grave ameaça em relação à
vítima, de modo a infligir-lhe sofrimento físico ou mental, se praticado por puro sadismo, o que torna INCORRETA
a questão.
Resposta: E
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RESOLUÇÃO:
Isso mesmo! A Lei nº 9.455/1997 considera inafiançável e insuscetível de graça ou anistia o crime de tortura:
Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Resposta: C
O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo próprio de agente
público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena.
RESOLUÇÃO:
Falando de uma forma mais geral, o crime de tortura pode ser praticado tanto por particular como por agente
público, em regra.
Isso não exclui o fato de haver modalidades próprias do crime de tortura, que exigem uma condição especial do
sujeito ativo, tal como o crime de tortura-castigo:
Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
A execução do crime por agente público configura, entretanto, causa de aumento de pena, o que torna a questão
correta.
Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Resposta: C
César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de tortura, na condição de mandante,
contra a vítima Ronaldo, policial militar. César visava obter informações a respeito de uma arma que havia sido
furtada pela vítima.
Considerando a situação hipotética acima e a lei que define os crimes de tortura, julgue a assertiva abaixo.
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O tipo de tortura a que se refere a situação mencionada é a física, pois a tortura psicológica e os sofrimentos
mentais não estão incluídos na disciplina da lei que define os crimes de tortura.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois o crime de tortura abrange situações em que há emprego de grave ameaça ou de violência
que resultem em sofrimento mental ou psicológico, o que caracteriza a tortura psicológica:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Resposta: E
Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma hipótese
de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no território e a vítima
ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional.
RESOLUÇÃO:
Muito embora a regra seja a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no território brasileiro, o nosso sistema
escolheu algumas situações em que há maior nível de reprovação, as quais é aplicada a legislação brasileira nos
crimes praticados em outro território.
A Lei de Tortura prevê duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, tendo em vista que será aplicada
aos crimes de tortura cometidos no exterior sem a exigência de qualquer outra condição:
→ quando a vítima for brasileira OU
→ quando o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira (existe, neste último caso, polêmica quanto à
natureza da extraterritorialidade: se condicionada ou incondicionada – contudo, a maioria doutrinária e a banca adota a última
corrente).
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Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Mesmo se desconsiderássemos a polêmica, a questão permaneceria correta, eis que a lei que define os crimes de
tortura efetivamente adotou hipótese de extraterritorialidade da lei!
Resposta: C
Daniel, delegado de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes de polícia Irineu e
Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia sido detida, sob a acusação de porte de arma e de
entorpecentes. O delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de lavrar o auto de prisão em
flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam
os agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao detido que ele confessasse quem era
o verdadeiro proprietário da droga. Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que havia guardado a droga para um conhecido
traficante da região. O delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer em relação aos seus
agentes, uma vez que os considerava excelentes policiais.
Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma que, sendo proferida sentença condenatória,
ocorrerá, automaticamente, a perda do cargo.
RESOLUÇÃO:
A conduta dos agentes de polícia configura o crime de tortura-prova, pois visavam obter confissão da vítima:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Já o delegado praticou o crime de tortura na modalidade omissiva, pois tinha o dever tanto de evitar quanto de
apurar o ato de tortura, e não o fez:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
Por fim, a condenação por crime de tortura acarretará, de forma automática, a perda do cargo do delegado, além,
é claro, da interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.
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A questão tem gerado muitas dúvidas sobre a aplicação dos efeitos da condenação do § 5º às modalidades
omissivas do crime de tortura. O entendimento que prevalece, contudo, é o de sua aplicação a todo e qualquer
crime previsto na Lei de Tortura, seja ele comissivo ou omissivo. Assim, ela está corretíssima.
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois o crime "tortura-prova" é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Interessante dizer que, se o sujeito ativo for agente público, poderá incidir o aumento de pena previsto na Lei de
Tortura:
Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Resposta: E
A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o agente usa de violência ou grave ameaça para
obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a
provocação de ação contravencional.
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RESOLUÇÃO:
Não haverá crime de tortura se o agente constranger a vítima a praticar CONTRAVENÇÃO PENAL!
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Resposta: C
Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Como forma de punir um ex-membro de sua quadrilha que o havia delatado à polícia, um traficante de drogas
espancou um irmão do delator, em plena rua, quando ele voltava do trabalho para casa. Nessa situação, o referido
traficante praticou crime de tortura.
RESOLUÇÃO:
A Lei nº 9.455/1997 não prevê a finalidade específica de vingança para a configuração do crime de tortura, devendo
o agente ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal e/ou de constrangimento ilegal, de modo que nosso
item está incorreto.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Resposta: E
Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade, com o
objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida
servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime inafiançável.
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RESOLUÇÃO:
Primeiramente, é importante ressaltar que, de fato, a conduta do agente penitenciário configura o crime de
tortura-castigo:
Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
A segunda parte da assertiva também está correta, pois o crime de tortura é inafiançável:
Art1º (...) § 6º - O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Resposta: C
No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item.
Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois a assertiva faz referência ao crime de maus tratos, constante no Código Penal:
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Resposta: E
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.
RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na
interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.
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Resposta: E
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Resumo direcionado
Crimes de Tortura
Sujeito Ativo e Meio de Resultado Finalidade
(Dolo Específico)
Passivo execução
Sujeito ativo
Quem, podendo, tinha o dever de EVITÁ-LA, mas não evita. (omissão imprópria)
Quem, devendo, tinha o dever de APURÁ-LA, mas não apura. (omissão própria)
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Formas Qualificadas
Cometido GESTANTE
PORTADOR DE DEFICIÊNCIA
a Contra ADOLESCENTE
MAIOR DE 60 ANOS
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Efeitos da Condenação
Efeitos da
Condenação
pelo DOBRO
INTERDIÇÃO para o
(2x) da pena
seu exercício aplicada
Outras disposições
PRÁTICA DE TORTURA
VEDAÇÕES
Graça
Fiança Anistia
(*indulto)
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Regime
Inicial
FECHADO
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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
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