Você está na página 1de 55

Prof.

Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Aula 00 – Lei nº 9.455/1997 e


suas alterações.
Legislação Penal para PC PE

Prof. Henrique Santillo


1 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Sumário
LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA). 3

NOÇÕES GERAIS 6
CRIME DE TORTURA 7
Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) 8
Tortura-castigo 12
Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança 14
Omissão em Tortura ou Tortura-omissão 17
FORMAS QUALIFICADAS 20
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 21
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 23
OUTRAS DISPOSIÇÕES 24

LISTA DE QUESTÕES 29

GABARITO 34

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 35

RESUMO DIRECIONADO 51

LEI Nº 9.455/1997 (TORTURA) 55

2 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Apresentação
Olá, amigo/a!

Caso você não me conheça, sou o professor HENRIQUE SANTILLO do DIREÇÃO CONCURSOS e te
acompanharei durante a sua caminhada rumo à aprovação.

Vamos falar um pouco sobre mim?

Sou Oficial de Justiça Avaliador Federal do TJDFT. Graduei-me pela Universidade Federal de Goiás e
obtive aprovado para os cargos de Analista Judiciário dos Tribunais Regionais Eleitorais da Bahia e do Paraná,
Oficial de Justiça Avaliador Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, bem como para Escriturário do
Banco do Brasil, cargo para o qual fui nomeado, tendo optado por não tomar posse.

Neste tempo de muita luta e muito estudo, pude perceber que algumas técnicas de aprendizagem fazem toda a
diferença, dentre elas o estudo direcionado, a resolução de muitas questões e a revisão periódica do conteúdo
estudado.

Logo, vamos juntos desbravar as LEIS PENAIS ESPECIAIS. Aplicarei na sua aprendizagem tudo aquilo que
realmente faz a diferença na sua trajetória rumo à tão almejada aprovação.

Conte comigo para você aprender as leis penais de uma maneira leve e descontraída, com muitos exemplos e casos
concretos durante o seu curso. Abaixo, você poderá ver como organizamos a aula do seu curso de LEGISLAÇÃO

ESPECIAL PARA POLÍCIA CIVIL - PE!

Nosso curso foi montado em conformidade com o último edital lançado


pela banca Cebraspe!

Na aula de hoje vamos estudar o seguinte tópico: tortura!

Como é a nossa primeira aula, faço questão de deixar claro a você, aluno/a, alguns conceitos que serão
utilizados em outras aulas e que te deixarão mais familiarizados com a disciplina!

3 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Neste material você encontrará:

Curso completo em VÍDEO


teoria e exercícios resolvidos sobre os pontos do edital

Curso completo escrito (PDF)


teoria e MAIS exercícios resolvidos sobre os pontos do edital

Fórum de dúvidas
para você sanar suas dúvidas DIRETAMENTE conosco sempre que precisar

Fique à vontade também para me procurar no Instagram ou em meu e-mail. Estarei à disposição para te
atender sempre que for necessário:

@profsantillo

hsantillogo@gmail.com

4 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Lei nº 9.455/1997 (crimes de tortura).


Minhas saudações a você, guerreiro/a!

Hoje vamos prosseguir com o estudo da seguinte lei esparsa exigida pelo edital:

✓ Lei nº 9.455/1997 (Crimes de Tortura)


Trata-se de um tópico bastante explorado pela banca Cebraspe!

Sugiro que se direcione para os seguintes tópicos:

CEBRASPE - O que priorizar?


→ Distinção entre as modalidades do crime de tortura e suas
respectivas penas
→ Causas de aumento de pena
→ Omissão em Tortura
→ Efeitos da Condenação

Vamos lá?

5 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Noções Gerais
Você, assim como eu, deve imaginar cenas horripilantes quando lê a palavra “tortura” ...
Os métodos de tortura causam dor e/ou sofrimento ao torturado, sendo aplicados ao longo dos séculos com
diferentes propósitos: como meio de prova, como fator de intimidação, como aplicação de pena ou castigo e até
mesmo para satisfazer o próprio torturador!

Veja só um caso fictício da prática de tortura, extraído do enunciado de uma questão contida na prova para
ingresso na carreira de Delegado Federal, cujo concurso foi promovido e organizado pela banca CESPE:

(CESPE – PF – 2018 – Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois
menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas
conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-
no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura.

Como se trata de um ato totalmente repugnante, a Constituição Federal proibiu expressamente a prática da
tortura, equiparando-lhe a crime hediondo:

Constituição Federal. Art. 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;

(...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

Veja que a Constituição Federal não definiu nem tipificou conduta que representasse tortura – o que ela fez
foi determinar que o legislador punisse a prática da tortura!

Isso mesmo! A Constituição não criminaliza a conduta, mas “manda” o legislador fazê-lo!

Dito e feito: o Congresso editou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que, em um de seus
dispositivos, tipificou como o crime a prática de tortura contra crianças e adolescentes:

Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997

Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

§ 1º Se resultar lesão corporal grave: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

6 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

§ 3º Se resultar morte: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Em 1997, entretanto, entra em vigor a Lei nº 9.455/97 – a Lei da Tortura – que, além de revogar o art. 2331 do
ECA e criminalizar a prática da tortura, tipifica a omissão daqueles que deveriam evitá-la ou apurá-la!

Vamos iniciar com uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.
O crime de tortura contra pessoa menor de 18 (dezoito) anos não mais se encontra previsto no
Estatuto da Criança e do Adolescente.

RESOLUÇÃO:

Item corretíssimo. É isso mesmo! A Lei de Crimes de Tortura também se aplica aos atos de tortura
praticados contra crianças e adolescentes, tendo revogado expressamente o art. 233 do ECA:

Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente.

Crime de Tortura
Como havíamos dito, o crime de tortura foi definido pela Lei nº 9.455/97.

Na realidade, como vamos observar, o crime de tortura comporta várias espécies. Leia comigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento


físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

1
Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

7 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a


dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Agora vou deixar esses dispositivos bem claros para você, rs.
Vamos à primeira espécie do crime de tortura:

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I)


O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam apenas pela
motivação do agente torturador (dolo específico):

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento


físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Vamos agora analisar o núcleo do tipo do crime do art. 1º, inciso I:

Constranger → o agente obriga a vítima a fazer algo contra a sua vontade, provocando-lhe
sofrimento físico e/ou mental e retirando a sua liberdade de autodeterminação.
Para isso, ele deve se valer de dois meios:
→ Violência (socos, chutes, choques elétricos, chicotadas, afogamento temporário etc.).
→ Grave ameaça (ameaça de morte, de estupro, de lesões etc.)

Quando pensamos em tortura, logo nos vêm à cabeça atos violentos, sanguinários...
Contudo, ATENÇÃO: o crime de tortura pode ser cometido também com o emprego de grave ameaça,
sem o uso da violência, o que caracteriza a tortura psicológica.

8 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Além disso, o agente deverá constranger a vítima com a finalidade de alcançar um dos seguintes
objetivos, os quais constituem espécies autônomas do crime do art. 1º, II:

A. Para obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa


(tortura-prova)
Não importa a natureza da informação que o torturador deseja obter: pode ser pessoal, criminosa, comercial
etc.
Vou te adiantar algo: a consumação do crime de tortura-prova vai ocorrer independentemente do
fornecimento da informação, declaração ou confissão pela vítima ou pelo terceiro.
Infelizmente, essa modalidade de tortura está presente na conduta de alguns agentes policiais – ouso dizer
que seja a modalidade mais praticada desse crime!

Exemplos:
1) Credor chicoteia o devedor para que ele assine um termo de confissão de dívida
2) Policial militar dá choques no suspeito para que ele confesse a prática de determinado crime.
3) Esposa coloca uma arma na cabeça do filho na presença do marido para que ele confesse traição – típico
caso de tortura para que terceiro confesse.

B. Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (tortura para a prática de


crime)
Por meio de violência ou grave ameaça, o agente constrange a vítima a praticar algum crime comissivo ou
omissivo.

Exemplos:
1) O chefe de uma organização criminosa tortura um membro para que ele pratique determinado crime.
2) A enfermeira que tortura o colega médico para ele que não preste socorro ao paciente X, inimigo mortal
da profissional da saúde

A vítima NÃO responderá pela prática do crime!


Isso porque o torturador, por meio de coação moral irresistível, retira da vítima a exigibilidade de conduta
diversa, excluindo a sua culpabilidade.
Veja o que diz o Código Penal:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

9 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Não haverá tortura se o agente obrigar a vítima a praticar CONTRAVENÇÃO PENAL!


Isso porque a lei fala expressamente em ação ou omissão de natureza CRIMINOSA.
Poderíamos cogitar, no caso, a prática do crime de constrangimento ilegal (Código
Penal):
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

C. Em razão de discriminação racial ou religiosa (tortura discriminatória)


Nesse caso, o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provoca sofrimento na vítima levado por
sentimento discriminatório, por puro preconceito em razão de sua raça ou de sua religião!

Membros de um grupo racista empregam violência contra uma mulher negra, causando-lhe sofrimento
físico, discriminando-a sob o argumento de que “a raça negra é inferior”.

Ao contrário das outras duas espécies, na tortura discriminatória NÃO se exige a prática de
nenhuma conduta ou omissão por parte da vítima.

A tortura-discriminação não abrange outros motivos, como preferência política, situação


econômica etc.

Disposições comuns aos crimes do art. 1º, inciso I

Os crimes de tortura do art. 1º, inciso I são formais, ou seja, se consumam com a prática do
constrangimento, pouco importando se o agente atingiu o objetivo pretendido!
Como o crime é formal, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo pretendido (obtenção
da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-prova); realização da ação ou omissão
criminosa pelo torturado (tortura-crime); ou do comportamento em razão da discriminação racial ou
religiosa (tortura-discriminatória).

Trata-se de crimes comuns, pois não se exige condição especial do sujeito ativo!
Isso mesmo! Cuidado especialmente com questões que afirmem ser próprio o crime de tortura para
obtenção de informação, declaração ou confissão!
Vimos que ele pode ser cometido tanto pelo particular (inclusive por você!), quanto pelos agentes
públicos – incluindo aí os policiais militares, policiais civis, delegados, juízes, promotores de justiça etc.

10 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Resolva comigo esta questão da banca CESPE:

(CESPE – PF – 2009) Julgue os itens seguintes, relativos a crimes de tortura e ambientais.

A prática do crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação religiosa, pois,
sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidadãos.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois se o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provocar sofrimento na vítima
levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em ração de sua raça ou de sua religião,
restará configurado o crime de tortura-discriminação:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Olha só uma questão:

(IBFC – PM/BA – 2017) Assinale a alternativa correta considerando as previsões da Lei federal n°
9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) sobre a pena aplicável no caso da conduta de
constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.
a) Detenção, de quatro a oito anos

b) Reclusão, de três a oito anos

c) Detenção, de dois a dez anos


d) Reclusão, de dois a oito anos
e) Reclusão, de cinco a dez anos.

RESOLUÇÃO:
A pena prevista para o crime de tortura-prova é de 2 a 8 anos de reclusão:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: D

11 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Veja mais uma questão:

(FCC – MP/PE – 2014 – Adaptado) Quanto aos crimes de tortura, julgue o item abaixo.

Todos são classificados como próprios, segundo expressa disposição legal.

RESOLUÇÃO:

Ainda não vimos as outras modalidades, mas podemos considerar o item incorreto: acabamos de
estudar três modalidades do crime de tortura que não exigem condição especial do sujeito ativo.

São, portanto, comuns os crimes do art. 1º, inciso I, alíneas a, b e c (tortura-prova, tortura para a
prática de crime e tortura discriminatória).

Tortura-castigo
Também chamada de tortura-punição, estamos diante da conduta do agente que, por meio de violência ou
de grave ameaça, tem por objetivo aplicar:

→ Castigo
→ Medida de caráter preventivo (para evitar comportamentos indesejados)

Submetendo pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade a


INTENSO sofrimento FÍSICO ou MENTAL
Veja só:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A tortura do art. 1º, II é crime próprio, exigindo condição especial do:


→ Sujeito ativo: só pode ser autor desse crime aquele que tiver a guarda da vítima ou exercer
sobre ela algum tipo de poder ou autoridade, momentâneo ou permanente.
→ Sujeito passivo: por outro lado, só pode ser vítima aquele que está sob a guarda, poder ou
autoridade do sujeito ativo!

Exemplos: o pai contra o filho; o professor contra o aluno, o cuidador de idosos contra o idoso,
tutor contra o tutelado; professor em relação ao aluno, carcereiro em relação ao preso etc.

12 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

O crime de tortura-castigo é caracterizado pelo INTENSO sofrimento físico ou mental.


Se o sofrimento causado for leve ou moderado, devemos considerar a ocorrência de outras figuras
típicas, como o crime de maus-tratos:

Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios
de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Mais uma vez: o intenso sofrimento mental causado para fins de aplicação de castigo ou medida
preventiva também configura o crime de tortura-castigo.

Ah, é importante que você visualize as duas elementares dos crimes de tortura do art. 1º:

Inciso I Inciso II
Tortura-prova,
Tortura-crime e
Tortura-castigo
Tortura-
discriminação

Exige "apenas" Exige INTENSO


sofrimento físico sofrimento físico
ou mental ou mental

O dolo específico do crime de tortura-castigo é o animus corrigendi – vontade de aplicar castigo


ou medida preventiva!
Dessa forma, não responderá pelo crime de tortura-castigo o pai que, apenas por sadismo, submete o
filho a intenso sofrimento físico mediante o uso de violência.
Sadismo é uma perversão caracterizada pelo prazer com a dor alheia.

13 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Vamos a uma questão do CESPE?

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes
de tortura, julgue o item seguinte.

A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma
refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não
praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos.

RESOLUÇÃO:
Opa! Veja que a conduta da babá se amolda perfeitamente ao crime de tortura-castigo, pois:
Submeteu menor sob sua responsabilidade...

Mediante grave ameaça

A intenso sofrimento mental

Como forma de punição por mau comportamento

Confere comigo:
Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item incorreto.

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança


Trata-se da conduta daquele que sujeita o preso ou pessoa que cumpre medida de segurança a
determinado comportamento não previsto em lei, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE
SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei
ou não resultante de medida legal. (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples para a sua
configuração.
Contudo, a presença de alguma finalidade (como o castigo) não desconfigura o crime.

14 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Ao contrário das outras modalidades de tortura que vimos, NÃO é necessário haver o emprego
de violência ou grave ameaça.
A vítima será submetida a sofrimento físico ou mental pela prática de ato não previsto em lei ou
não resultante de medida legal!

É o caso do carcereiro que submete o preso a cela escura ou solitária ou que deixa o preso sem alimentos
por vários dias.
Além disso, o carcereiro também responderá por esse crime quando colocar o preso em regime disciplinar
diferenciado sem autorização judicial.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora normalmente figurem como autores o
carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do estabelecimento prisional etc.
Contudo, o crime é considerado próprio em relação ao sujeito passivo, que deverá ser sempre pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança!

Exemplo: pode ser sujeito ativo desse crime um grupo de presos que submete outro detento, que pertence
à facção rival, a sofrimento físico e mental.

Vamos de CESPE?!

(CESPE – PC/ES – 2011) Com relação à legislação especial, julgue o item que se segue.
No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de
medida legal, não é exigido, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente,
bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo
objetivo.
RESOLUÇÃO:

É isso aí! O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples de
praticar a conduta descrita no tipo objetivo para a sua configuração:
Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
(...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

15 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Como o meu maior desejo é a sua aprovação, montei um quadro-resumo com as principais características
das modalidades de tortura que estudamos até aqui:

Sujeito Ativo e Meio de Resultado Finalidade


(Dolo Específico)
Passivo execução

Art. 1º, inc I a) Tortura-prova

Crime comum Violência ou grave Sofrimento físico b) Tortura para a prática


ameaça ou mental de crime
Qualquer pessoa
c) Tortura-discriminação

Art. 1º, inc II Crime próprio INTENSO Aplicação de castigo ou


(Tortura-castigo)
sofrimento físico medida de caráter
Sujeito ativo E passivo Violência ou grave
ou mental preventivo
(relação de guarda, poder ameaça
ou autoridade)

Art. 1º, § único Crime próprio quanto ao


(tortura do preso)
sujeito passivo, que deve
Prática de ato não Sofrimento físico
ser preso ou cumprir
previsto em lei ou ou mental
NÃO exige finalidade
medida de segurança. específica
em medida legal

Veja como é importante a compreensão do esqueminha com uma questão da banca CESPE:

(CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º
9.455/1997.
Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé
por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já
que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar.

Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou
grave ameaça contra José.

RESOLUÇÃO:
Fica evidente que o agente cometeu o crime de tortura contra o preso, que não exige o emprego de
violência ou grave ameaça para a sua configuração; na realidade, basta a prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal (permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que
pudesse beber água ou alimentar-se).

16 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
(...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Professor, ele não cometeu o crime de tortura-castigo?

Não, pois não houve o emprego de violência ou de grave ameaça, elementares desta modalidade
de tortura:
Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

Mais uma questão da banca CESPE:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes
de tortura, julgue o item seguinte.

O crime de tortura admite qualquer pessoa como sujeitos ativo ou passivo; assim, pelo fato de não
exigirem qualidade especial do agente, os crimes de tortura são classificados como crimes comuns.
RESOLUÇÃO:

De uma forma geral, o crime de tortura pode ser cometido tanto por particulares como por agentes
públicos, sendo, em regra, comum.
Contudo, quando a banca coloca no “bolo” os crimes de tortura, no plural, subentende-se que ela
esteja incluindo também as modalidades específicas do crime de tortura-castigo e do tortura do
preso, que exigem uma qualidade especial dos sujeitos ativos e/ou passivos, o que torna a questão
incorreta.

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão


Vimos, bem no comecinho da nossa aula, que a Constituição Federal estabeleceu que responderá também
pela prática da tortura aquele que se omitiu, quando poderia tê-la evitado!

A Lei nº 9.455/97 foi além e determinou o seguinte:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-
LAS ou APURÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

17 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

É sujeito ativo do crime de omissão em tortura:

O agente que tinha o dever de EVITÁ-LA (omissão imprópria)


Temos aqui um típico caso de crime comissivo por omissão, em que será responsabilizado
criminalmente o agente que figura na qualidade de garantidor da integridade da vítima e que, sendo
possível, deveria ter agido para evitar a tortura contra ela, mas não o fez.

Exemplo: Eduardo passou a morar com Marilene, que possuía 3 filhas de outro pai.
Eduardo, exercendo autoridade sobre as meninas, passou a lhes aplicar um método de correção cruel,
amarrando-as em uma árvore e queimando partes do corpo com cigarros em brasa.
Mesmo estando a par de toda essa crueldade, a mãe das vítimas deixou de tomar qualquer providência
para evitar o resultado.
Quero que você perceba que Marilene será punida (detenção, de 1 a 4 anos) não por efetivamente ter
praticado ato de tortura, mas por ter se omitido, permitindo que o outro a realizasse!

O agente que tinha o dever de APURÁ-LA (omissão própria)


Nesse caso, o agente ficou da sabendo da tortura, mas “deu de ombros” e, mesmo devendo, não
determinou a sua apuração e investigação.

Exemplo: a mãe de um suspeito relatou ao Delegado de Polícia que um dos agentes lotados na delegacia
praticou tortura contra o seu filho.
Se a autoridade policial tomar conhecimento do fato e não determinar a investigação para a apuração da
prática do crime, ela responderá pelo crime do art. 1º, §2º.

ATENÇÃO! A omissão em tortura NÃO é crime equiparado a hediondo!


Isso porque a Constituição Federal equiparou a crime hediondo a PRÁTICA da tortura, o que não se
observa no crime do art. 1º, §2º!

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;

18 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Resolve pra mim esta questão CESPE:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes
de tortura, julgue o item seguinte.

O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que
este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao
torturador.

RESOLUÇÃO:
É isso aí! Muito embora não seja punido com a pena dos crimes de tortura (reclusão, de dois a oito
anos), o delegado estará sujeito à pena do crime de omissão em tortura, cuja pena é mais branda:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre
na pena de detenção de um a quatro anos.

Veja mais uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.
O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de
apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.

RESOLUÇÃO:
É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de
1 a 4 anos de detenção.
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ-
LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Item correto.

19 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Formas Qualificadas
A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de
tortura, tornando-a mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de


reclusão de quatro a dez anos; se resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Lesão corporal 4 a 10 anos


TORTURA GRAVE ou
GRAVÍSSIMA (reclusão)
QUALIFICADA
PELO
RESULTADO 8 a 16 anos
MORTE
(reclusão)

Professor, quer dizer então que se o agente tem a intenção de tortura e matar, ele vai responder pela tortura
qualificada?

NÃO!

O § 3º é uma forma preterdolosa do crime de tortura!


Isso quer dizer que, nas formas qualificadas pelo resultado, o dolo ou a vontade do agente é de somente
torturar a vítima – as lesões ou a morte decorrem de culpa, ou seja, o agente não as queria!

Se o agente queria praticar tortura como meio de provocar a morte da vítima, ele poderá responder pela
prática do crime de homicídio qualificado pela tortura, cuja pena é bem mais “salgada”: reclusão, de 12 a 30 anos!

CÓDIGO PENAL

Homicídio qualificado

Art. 121 (...) § 2° Se o homicídio é cometido:

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

20 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Questão da banca CESPE:

(CESPE – TJDFT – 2014 – Adaptada) Considerando a lei de trata da tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme
as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou
gravíssima.

RESOLUÇÃO:

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima será punido a título
de tortura preterdolosa, cuja pena em abstrato é de reclusão, de 4 a 10 anos:
Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Item incorreto.

Causas de Aumento de Pena


A Lei de Tortura estabeleceu algumas causas que fazem aumentar a pena de um sexto a um terço:

Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou


maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Dentre essas causas, a do inciso I merece alguns comentários:

Tortura cometida por agente público


Vimos que, de forma geral, não se exige do sujeito ativo do crime de tortura a condição de agente público
– ela será causa de aumento de pena!
É considerado agente público o funcionário público do art. 327 do Código Penal:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

Questão!

(FCC – AGEPEN/BA – 2010) NÃO constitui causa de aumento da pena prevista para o crime de tortura
ser este cometido

a) contra portador de deficiência e adolescente.


b) contra criança, gestante e maior de sessenta anos.
c) mediante sequestro.

21 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

d) por agente público.

e) contra pessoa sob custódia do Estado.

RESOLUÇÃO:

Dentre as hipóteses apresentadas, a única que não aumenta a pena do crime de tortura é a da
alternativa ‘e’ – cometido contra pessoa sob custódia do Estado.
Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60


(sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Resposta: e)

Vamos esquematizar?

Causas de Cometido por Agente Público


Aumento
de Pena CRIANÇA

Cometido GESTANTE

1/6
PORTADOR DE DEFICIÊNCIA

Contra ADOLESCENTE
MAIOR DE 60 ANOS

a Cometido Mediante Sequestro


1/3

22 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Efeitos da Condenação
Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura
“sentirá na pele” os seguintes efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a


INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

É muito importante que você memorize o esquema abaixo, pois o §5º é muito cobrado em provas:

PERDA do cargo/emprego/função pública

Efeitos da
Condenação
pelo DOBRO
INTERDIÇÃO para o
(2x) da pena
seu exercício aplicada

É isso aí: a condenação do agente público pela prática de tortura deixa clara a grave violação de seus
deveres funcionais, de forma que a sociedade e o Estado perderam totalmente a sua confiança!
Por esse motivo, além de ser “extirpado” da Administração Pública, a Lei de Tortura ainda estabelece
contra ele a impossibilidade de ocupação de qualquer cargo público (em sentido amplo) pelo DOBRO do
prazo da pena aplicada – policial militar condenado a 6 anos de reclusão por praticar tortura: ele vai perder
o seu cargo e vai ficar proibido de ingressar nos quadros da Administração Pública pelo prazo de 12 anos!

ATENÇÃO! Para o STJ, a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO


AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura!
Sendo assim, não é necessário que o juiz fundamente de forma concreta para que tal efeito seja aplicado!

RECURSO ESPECIAL. PENAL. TORTURA. POLICIAL MILITAR. PERDA DO CARGO PÚBLICO.


EFEITO AUTOMÁTICO. VIOLAÇÃO DOS DEVERES FUNCIONAIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO. (...) 3. Nos
termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez reconhecida a prática do
crime de tortura, de acordo com a legislação especial aplicável a este delito, a perda do cargo
público é efeito automático e obrigatório da condenação. 4. Embora fosse dispensável na
hipótese, o Juízo de origem fundamentou concreta e pormenorizadamente a necessidade da
imposição da sanção de perda do cargo público em razão da violação dos deveres do funcionário
estatal (policial militar) para com a Administração Pública. (STJ, REsp nº 1.762.112/MT -
2018/0218898-8)

23 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Veja só uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

Para que a condenação por crime de tortura possa importar na perda do cargo público, o juiz deve
fazer constar tal efeito na sentença condenatória.

RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da
condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessário que o juiz o aplique, de forma
fundamentada, na sentença.

Outras disposições
O §6º estabeleceu algumas vedações:

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Bom, esse dispositivo vai ao encontro do que estabelece a Constituição Federal e a Lei de Crimes Hediondos
(não se esqueça de que a prática da tortura é crime equiparado a hediondo):

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;

Lei de Crimes Hediondos. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

Professor, a Lei da Tortura não veda a concessão do indulto...

O STF entende que a palavra “graça”, na Constituição Federal, abrange o indulto!


Confere aí a decisão:

O inciso I do art. 2º da Lei n. 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º,
XLII, da Constituição Federal. III — O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do
qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da
Lei Maior.

STF — HC 90.364, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, public.
30/11/2007, p. 29).

24 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Além disso, o §7º determina que o condenado por tortura (exceto por tortura imprópria ou omissiva) deverá
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado:

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.

O STF e STJ entendem que não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o
cumprimento da pena em regime fechado.
Assim, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias judiciais para estabelecer o regime inicial de
cumprimento da pena, que poderá ser o aberto, o semiaberto ou o fechado.

DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA.

Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime
prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e dá
outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário
do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a
fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do
CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei
8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura,
sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a
mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa
posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a
cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público,
afasta sua incidência, no todo ou em parte”. De fato, o entendimento adotado vai ao encontro
daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao
Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: “Os órgãos
fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de
inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo
Tribunal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte,
deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c
o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os
mencionados verbetes sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do regime
de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmula
719 do STF). HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.

25 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Jurisprudência
Lei nº 9.455/1997
dominante (STF e STJ)
Regime inicial
Regime inicial
fechado
fechado


NÃO é
OBRIGATÓRIO
OBRIGATÓRIO

Por fim, temos duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, já que a Lei de Tortura será aplicada
até mesmo a atos de tortura praticados no exterior, desde que:

→ A vítima seja brasileira


OU
→ O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira
Pelo princípio da territorialidade, a lei brasileira deve ser aplicada aos crimes cometidos no
território nacional.
Contudo, a Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no
Brasil, mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador vem
“passar férias” no Brasil.

Confere:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Resolva esta questão CESPE:

(CESPE – MPCE – 2020) A respeito da Lei de Crimes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo
item.

A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos
fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

26 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

RESOLUÇÃO:

Amigo/a, muito embora a regra seja a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no território
brasileiro, o nosso sistema escolheu algumas situações em que há maior nível de reprovação, as quais
é aplicada a legislação brasileira nos crimes praticados em outro território.

A Lei de Tortura prevê duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, tendo em vista que
será aplicada aos crimes de tortura cometidos no exterior sem a exigência de qualquer outra condição:

→ quando a vítima for brasileira OU

→ quando o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira (existe, neste último caso, polêmica
quanto à natureza da extraterritorialidade: se condicionada ou incondicionada – contudo, a maioria
doutrinária adota a última corrente).
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo
a vítima brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Mesmo se desconsiderássemos a polêmica, a questão permaneceria correta, eis que a lei


efetivamente adotou hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

Assim, nosso item está correto.

Veja comigo esta questão para encerrarmos nossa aula!

(FGV – PC/RJ – 2009) Com relação ao crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, analise as afirmativas
a seguir:

I. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
II. Constitui crime de tortura submeter alguém sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a
intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo.

III. O disposto na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido
em território nacional, sendo a vítima brasileira.

Assinale:

a) se nenhuma afirmativa estiver correta.


b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.


RESOLUÇÃO:

Vamos analisar as afirmativas:

I. Isso mesmo! Os condenados por tortura, se agentes públicos, ficam sujeitos a dois efeitos:

27 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para
seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

II. Também está correta, pois a grave ameaça e o intenso sofrimento mental configuram a tortura-
castigo, se cometida contra pessoa sob guarda do agente:
Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

III. Perfeito! A Lei nº 9.455/97 também se aplica aos casos de tortura cometidos no exterior contra
vítima brasileira:
Todas as afirmativas estão corretas.

28 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Lista de Questões
1.(CESPE – DEPEN – 2021)
Com base na legislação especial, julgue o próximo item.
O crime de tortura é inafiançável, devendo o condenado por esse crime iniciar o cumprimento da pena em regime
fechado.

2.(CESPE – PRF – 2021)


A respeito da identificação criminal, do crime de tortura, do abuso de direito, da prevenção do uso indevido de
drogas, da comercialização de armas de fogo e dos crimes hediondos, julgue o item que se segue.

Praticam o crime de tortura policiais rodoviários federais que, dentro de um posto policial, submetem o autor de
crime a sofrimento físico, independentemente de sua intensidade.

3. (CESPE – PRF/CFO – 2020)


No que se refere ao uso diferenciado da força, julgue o item a seguir.

Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada
cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa
conduta poderá ser caracterizada como tortura.

4. (CESPE – PF – 2018)

Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue.
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

5. (CESPE – PM/DF – 2010)


Julgue os próximos itens, relativos aos crimes hediondos e à definição dos crimes de tortura.

Considera-se tortura constranger alguém com grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter
informação, ainda que de terceira pessoa.

6. (CESPE – PM/DF – 2010)


Em relação às normas penais especiais, julgue o item subsecutivo.

O delito de tortura também pode ser praticado na forma omissiva.

7. (CESPE – PC/PE – 2016)


Rui e Jair são policiais militares e realizam constantemente abordagens de adolescentes e homens jovens nos
espaços públicos, para verificação de ocorrências de situações de uso e tráfico de drogas e de porte de armas. Em
uma das abordagens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efetuar pequenos furtos, e, durante a

29 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair começou a questionar a quem pertencia o celular e,
à medida que José negava que o celular lhe pertencia, alegando não saber como havia ido parar em sua mochila,
começou a receber empurrões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no chão e começou a ser
pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma a quem pertencia o
celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele,
com o intuito de descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente
levando-o para a delegacia no dia seguinte.

Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes
hediondos,

a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal.

b) os policiais cometeram somente crime de abuso de autoridade e lesão corporal.

c) o fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de diminuição de pena.

d) os policiais cometeram o tipo penal denominado tortura-castigo.

e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança.

8. (CESPE – DEPEN – 2015)


Com base na Lei Antitortura e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de
tortura.

9. (CESPE – Polícia Federal – 2004)


Em cada um do item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada

Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automóveis em flagrante delito e, para conseguir informações
sobre a quadrilha de que ele participava, disseram-lhe que ele sofreria graves conseqüências caso não entregasse
imediatamente seus cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os
policiais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando para a sua
caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave.

10.(CESPE – PCDF – 2013)


Julgue o item que se segue, acerca da legislação especial criminal.

O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática
de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura.

11. (CESPE – DEPEN – 2013)


Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada
com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997.

30 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por
crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida
função pelo prazo de seis anos.

12. (CESPE – TJDFT – 2013)


A respeito dos crimes contra a fé pública, contra a administração pública, de tortura e de abuso de autoridade,
julgue os itens subsecutivos.
O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou condição especial do
agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito ativo desse crime.

13. (CESPE – PC/BA – 2013)


Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com
o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano
não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça
para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia,
ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que
a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental.
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item subsequente.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura somente
pode ser praticado de forma comissiva.

14. (CESPE – PC/BA – 2013)


Considerando a situação hipotética da questão anterior e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item
subsequente.

Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é imprescindível a realização de exame de corpo de


delito que confirme as agressões sofridas por Luciano.

15. (CESPE – PF – 2012)


A respeito das leis especiais, julgue os itens a seguir.

O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências do distrito policial, um acusado
de tráfico de drogas a confessar a prática do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.

16. (CESPE – TJAC – 2012)

Acerca das leis penais extravagantes, julgue os itens subsecutivos, de acordo com o magistério doutrinário e
jurisprudencial dominantes.

31 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Suponha que João, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com emprego de violência, a
contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João
deverá responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena em regime inicial fechado.

17. (CESPE – MPU – 2010)


Com relação aos crimes de tortura, julgue os próximos itens.

O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

18. (CESPE – PCES – 2009)

No que tange aos crimes de tortura, julgue o item subseqüente.

O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo próprio de agente
público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena.

19. (CESPE – PCPB – 2009 – Adaptada)


César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de tortura, na condição de mandante,
contra a vítima Ronaldo, policial militar. César visava obter informações a respeito de uma arma que havia sido
furtada pela vítima.
Considerando a situação hipotética acima e a lei que define os crimes de tortura, julgue a assertiva abaixo.

O tipo de tortura a que se refere a situação mencionada é a física, pois a tortura psicológica e os sofrimentos
mentais não estão incluídos na disciplina da lei que define os crimes de tortura.

20.(CESPE – DPE/BA – 2010)


Com base no direito penal, julgue o item que se segue.
Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma hipótese
de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no território e a vítima
ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional.

21. (CESPE – MP/RR – 2008)


No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada, relativa à
tortura.

Daniel, delegado de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes de polícia Irineu e
Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia sido detida, sob a acusação de porte de arma e de
entorpecentes. O delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de lavrar o auto de prisão em
flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam
os agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao detido que ele confessasse quem era
o verdadeiro proprietário da droga. Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que havia guardado a droga para um conhecido
traficante da região. O delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer em relação aos seus
agentes, uma vez que os considerava excelentes policiais.

32 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma que, sendo proferida sentença condenatória,
ocorrerá, automaticamente, a perda do cargo.

22. (CESPE – TJRR – 2006 – Adaptada)


Acerca da Lei n.º 9.455/1997, que define os crimes de tortura, julgue o item seguinte.

O crime de tortura visando a obtenção de informação, declaração ou confissão da vítima é crime próprio, pois
somente pode ser cometido por agentes públicos.

23. (CESPE – TJRR – 2006 – Adaptada)


Acerca da Lei n.º 9.455/1997, que define os crimes de tortura, julgue o item seguinte.

A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o agente usa de violência ou grave ameaça para
obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a
provocação de ação contravencional.

24. (CESPE – PF – 2004)


Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Como forma de punir um ex-membro de sua quadrilha que o havia delatado à polícia, um traficante de drogas
espancou um irmão do delator, em plena rua, quando ele voltava do trabalho para casa. Nessa situação, o referido
traficante praticou crime de tortura.

25. (CESPE – PF – 2004)


Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade, com o
objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida
servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime inafiançável.

26. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)

No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item.
Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina.

27. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)


Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue.

A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

33 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Gabarito
1. C
2. C
3. C
4. E
5. C
6. C
7. A
8. E
9. E
10. E
11. C
12. C
13. E
14. E
15. C
16. E
17. C
18. C
19. E
20. C
21. E
22. C
23. C
24. C
25. C
26. E
27. E

34 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Questões Comentadas Pelo Professor


1.(CESPE – DEPEN – 2021)
Com base na legislação especial, julgue o próximo item.
O crime de tortura é inafiançável, devendo o condenado por esse crime iniciar o cumprimento da pena em regime
fechado.

RESOLUÇÃO:
Questão polêmica! Como a banca exigiu o julgamento do item “com base na legislação especial”, devemos nos
ater ao que diz a letra da lei.

No caso, sobre o regime inicial de cumprimento da pena pelo crime de tortura, a Lei nº 9.455/1997 afirma que o
condenado por esse crime deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.

Além disso, o crime de tortura é inafiançável, de modo que a assertiva está correta.
Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Resposta: C

2.(CESPE – PRF – 2021)


A respeito da identificação criminal, do crime de tortura, do abuso de direito, da prevenção do uso indevido de
drogas, da comercialização de armas de fogo e dos crimes hediondos, julgue o item que se segue.
Praticam o crime de tortura policiais rodoviários federais que, dentro de um posto policial, submetem o autor de
crime a sofrimento físico, independentemente de sua intensidade.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto. Poderíamos considerar, em tese, a prática do crime de tortura-castigo, mas falta à conduta um
elemento para a sua configuração: a submissão do sujeito passivo a INTENSO sofrimento físico, como forma de
aplicar castigo pessoal.
Art. 1º Constitui crime de tortura:

II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena – reclusão, de dois a oito anos.

Também não podemos considerar a prática do crime de tortura do § 1º, pois o enunciado não deixou claro se o
autor do crime estava preso ou não.

35 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Convenhamos… O fato de estar dentro de um posto policial da PRF não significa que o autor do
crime necessariamente estava preso.
Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Resposta: E

3. (CESPE – PRF/CFO – 2020)


No que se refere ao uso diferenciado da força, julgue o item a seguir.

Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada
cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa
conduta poderá ser caracterizada como tortura.

RESOLUÇÃO:

Isso mesmo! O crime de tortura não exige, necessariamente, a utilização de meios físicos, sendo possível a sua
prática mediante grave ameaça da qual resulte sofrimento mental e com o objetivo de obter informação que
diga respeito ao próprio torturado e/ou à terceira pessoa.
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

Resposta: C

4. (CESPE – PF – 2018)
Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue.
A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na
interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a


interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Resposta: E

36 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

5. (CESPE – PM/DF – 2010)


Julgue os próximos itens, relativos aos crimes hediondos e à definição dos crimes de tortura.
Considera-se tortura constranger alguém com grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter
informação, ainda que de terceira pessoa.

RESOLUÇÃO:
Vimos que o crime de tortura não exige, necessariamente, a utilização de meios físicos, sendo possível a sua prática
mediante grave ameaça da qual resulte sofrimento mental e com o objetivo de obter informação que diga
respeito ao próprio torturado e/ou à terceira pessoa.

Perfeito! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever
de evitar ou de apurar a sua prática:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento


físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Dessa forma, a nossa assertiva está correta, pois de acordo com art. 1º, I, a).

Resposta: C

6. (CESPE – PM/DF – 2010)


Em relação às normas penais especiais, julgue o item subsecutivo.

O delito de tortura também pode ser praticado na forma omissiva.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever
de evitar ou de apurar a sua prática:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Dessa forma, a nossa assertiva está corretíssima.


Resposta: C

37 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

7. (CESPE – PC/PE – 2016)


Rui e Jair são policiais militares e realizam constantemente abordagens de adolescentes e homens jovens nos
espaços públicos, para verificação de ocorrências de situações de uso e tráfico de drogas e de porte de armas. Em
uma das abordagens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efetuar pequenos furtos, e, durante a
abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair começou a questionar a quem pertencia o celular e,
à medida que José negava que o celular lhe pertencia, alegando não saber como havia ido parar em sua mochila,
começou a receber empurrões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no chão e começou a ser
pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma a quem pertencia o
celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele,
com o intuito de descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente
levando-o para a delegacia no dia seguinte.

Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes
hediondos,

a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal.

b) os policiais cometeram somente crime de abuso de autoridade e lesão corporal.


c) o fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de diminuição de pena.

d) os policiais cometeram o tipo penal denominado tortura-castigo.

e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança.
RESOLUÇÃO:

a) CORRETO. Os policiais cometeram o crime de tortura-prova, pois observamos a presença do dolo específico de
obter confissão, informação ou declaração:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Como o crime de lesão corporal foi cometido como meio de se praticar a tortura, aquele ficará absorvido pelo
último.

b) INCORRETO. Como vimos, houve a prática do crime de tortura.

c) INCORRETO. O fato de Rui e Jair serem policiais militares confere maior reprovabilidade à conduta de ambos,
representa causa de aumento de pena:
Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

d) INCORRETO. O crime de tortura-castigo apenas se configura se cometido contra pessoa presa ou sujeita à
medida de segurança, o que não se observa no caso narrado.
Art. 1º Constitui crime de tortura:

38 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

(...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

e) INCORRETO. O crime de tortura é INAFIANÇÁVEL:


Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Resposta: A

8. (CESPE – DEPEN – 2015)

Com base na Lei Antitortura e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida
educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de
tortura.

RESOLUÇÃO:
Para a caracterização do crime de tortura-castigo, é necessário observar o intuito do agente em causar intenso
sofrimento físico ou mental à vítima, como forma de impor disciplina:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

(...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Como não foi observado o dolo de causar sofrimento ao preso, o agente responderá pela prática do crime de maus-
tratos. Veja o que diz o Código Penal:
Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Resposta: E

9. (CESPE – Polícia Federal – 2004)


Em cada um do item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada

Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automóveis em flagrante delito e, para conseguir informações
sobre a quadrilha de que ele participava, disseram-lhe que ele sofreria graves conseqüências caso não entregasse
imediatamente seus cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os

39 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

policiais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando para a sua
caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto. A tortura-prova também se configura com o emprego de grave ameaça, que poderá constranger a
vítima a fornecer informações, causando-lhe sofrimento mental (como ocorreu no caso):
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: E

10.(CESPE – PCDF – 2013)


Julgue o item que se segue, acerca da legislação especial criminal.

O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática
de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

Opa! Não cometerá crime de tortura o agente público que praticar ato previsto em lei ou resultante de medida
legal, submetendo pessoa presa a sofrimento físico ou mental.

O crime só se configurará se o ato praticado não estiver previsto em lei ou não for resultante de medida legal:
Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos. (...)

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Resposta: E

11. (CESPE – DEPEN – 2013)


Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada
com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997.

Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por
crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida
função pelo prazo de seis anos.

40 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

RESOLUÇÃO:

Perfeito! A prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para
o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.

Dessa forma, se Joaquim foi condenado a uma pena de três anos de reclusão pela prática de tortura, ele ficará
impedido de exercer a função pelo prazo de seis anos!

Resposta: C

12. (CESPE – TJDFT – 2013)


A respeito dos crimes contra a fé pública, contra a administração pública, de tortura e de abuso de autoridade,
julgue os itens subsecutivos.
O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou condição especial do
agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito ativo desse crime.

RESOLUÇÃO:

Polêmicas à parte, o item está correto. Falando de uma forma mais geral, o crime de tortura pode ser praticado
tanto por particular como por agente público, em regra:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Isso não exclui o fato de haver modalidades próprias do crime de tortura, que exigem uma condição especial do
sujeito ativo, tal como o crime de tortura-castigo:
Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: C

13. (CESPE – PC/BA – 2013)


Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com
o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano

41 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça
para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia,
ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que
a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental.

Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item subsequente.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura somente
pode ser praticado de forma comissiva.

RESOLUÇÃO:

Epa! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever de
evitar ou de apurar a sua prática:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.

Como o delegado de polícia tomou ciência da prática da tortura ocorrida na sala de interrogatório e se manteve
inerte, ele responderá pelo crime de tortura-omissão – o que torna a nossa afirmativa errada.

Resposta: E

14. (CESPE – PC/BA – 2013)

Considerando a situação hipotética da questão anterior e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item
subsequente.

Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é imprescindível a realização de exame de corpo de


delito que confirme as agressões sofridas por Luciano.
RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois o crime de tortura pode ser cometido com o emprego de grave ameaça, de forma a causar na
vítima sofrimento mental – é o que denominamos “tortura psicológica”.
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

Assim, nesse caso, o exame de corpo de delito não é imprescindível, por haver outros meios de comprovação do
crime, como é o caso do relato de testemunhas.

Resposta: E

15. (CESPE – PF – 2012)


A respeito das leis especiais, julgue os itens a seguir.

42 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências do distrito policial, um acusado
de tráfico de drogas a confessar a prática do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.

RESOLUÇÃO:
Item correto. A conduta do policial configura o crime de tortura-prova:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

Por fim, a condenação por crime de tortura acarretará, de forma automática, a perda do cargo policial, não sendo
necessário que o juiz fundamente esse efeito da condenação.
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.

Resposta: C

16. (CESPE – TJAC – 2012)


Acerca das leis penais extravagantes, julgue os itens subsecutivos, de acordo com o magistério doutrinário e
jurisprudencial dominantes.

Suponha que João, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com emprego de violência, a
contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João
deverá responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena em regime inicial fechado.

RESOLUÇÃO:
O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam pela motivação do
agente torturador:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Se não houver alguma dessas finalidades descritas pela lei, o emprego de violência ou grave ameaça em relação à
vítima, de modo a infligir-lhe sofrimento físico ou mental, se praticado por puro sadismo, o que torna INCORRETA
a questão.

Resposta: E

43 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

17. (CESPE – MPU – 2010)


Com relação aos crimes de tortura, julgue os próximos itens.
O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

RESOLUÇÃO:

Isso mesmo! A Lei nº 9.455/1997 considera inafiançável e insuscetível de graça ou anistia o crime de tortura:
Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Resposta: C

18. (CESPE – PCES – 2009)

No que tange aos crimes de tortura, julgue o item subseqüente.

O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo próprio de agente
público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena.

RESOLUÇÃO:

Falando de uma forma mais geral, o crime de tortura pode ser praticado tanto por particular como por agente
público, em regra.

Isso não exclui o fato de haver modalidades próprias do crime de tortura, que exigem uma condição especial do
sujeito ativo, tal como o crime de tortura-castigo:
Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A execução do crime por agente público configura, entretanto, causa de aumento de pena, o que torna a questão
correta.
Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

Resposta: C

19. (CESPE – PCPB – 2009 – Adaptada)

César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de tortura, na condição de mandante,
contra a vítima Ronaldo, policial militar. César visava obter informações a respeito de uma arma que havia sido
furtada pela vítima.
Considerando a situação hipotética acima e a lei que define os crimes de tortura, julgue a assertiva abaixo.

44 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

O tipo de tortura a que se refere a situação mencionada é a física, pois a tortura psicológica e os sofrimentos
mentais não estão incluídos na disciplina da lei que define os crimes de tortura.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois o crime de tortura abrange situações em que há emprego de grave ameaça ou de violência
que resultem em sofrimento mental ou psicológico, o que caracteriza a tortura psicológica:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

Resposta: E

20.(CESPE – DPE/BA – 2010)


Com base no direito penal, julgue o item que se segue.

Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma hipótese
de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no território e a vítima
ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional.

RESOLUÇÃO:

Muito embora a regra seja a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no território brasileiro, o nosso sistema
escolheu algumas situações em que há maior nível de reprovação, as quais é aplicada a legislação brasileira nos
crimes praticados em outro território.

A Lei de Tortura prevê duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, tendo em vista que será aplicada
aos crimes de tortura cometidos no exterior sem a exigência de qualquer outra condição:
→ quando a vítima for brasileira OU

→ quando o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira (existe, neste último caso, polêmica quanto à
natureza da extraterritorialidade: se condicionada ou incondicionada – contudo, a maioria doutrinária e a banca adota a última
corrente).

45 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Mesmo se desconsiderássemos a polêmica, a questão permaneceria correta, eis que a lei que define os crimes de
tortura efetivamente adotou hipótese de extraterritorialidade da lei!

Assim, nosso item está correto.

Resposta: C

21. (CESPE – MP/RR – 2008)


No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada, relativa à
tortura.

Daniel, delegado de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes de polícia Irineu e
Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia sido detida, sob a acusação de porte de arma e de
entorpecentes. O delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de lavrar o auto de prisão em
flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam
os agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao detido que ele confessasse quem era
o verdadeiro proprietário da droga. Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que havia guardado a droga para um conhecido
traficante da região. O delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer em relação aos seus
agentes, uma vez que os considerava excelentes policiais.

Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma que, sendo proferida sentença condenatória,
ocorrerá, automaticamente, a perda do cargo.

RESOLUÇÃO:
A conduta dos agentes de polícia configura o crime de tortura-prova, pois visavam obter confissão da vítima:
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

Já o delegado praticou o crime de tortura na modalidade omissiva, pois tinha o dever tanto de evitar quanto de
apurar o ato de tortura, e não o fez:
Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.

Por fim, a condenação por crime de tortura acarretará, de forma automática, a perda do cargo do delegado, além,
é claro, da interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.

46 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

A questão tem gerado muitas dúvidas sobre a aplicação dos efeitos da condenação do § 5º às modalidades
omissivas do crime de tortura. O entendimento que prevalece, contudo, é o de sua aplicação a todo e qualquer
crime previsto na Lei de Tortura, seja ele comissivo ou omissivo. Assim, ela está corretíssima.

Veja só o que diz o prof. Renato Brasileiro:


“(...) como o §5° não faz qualquer ressalva, parece-nos possível a aplicação desse efeito automático a toda e qualquer crime
previsto na Lei de Tortura, inclusive às figuras omissivas do §2°, até mesmo porque a prática omissiva da conduta tem a mesma
carga de ilicitude das modalidades comissivas” (LEGISLAÇÃO CRIMINAL ESPECIAL COMENTADA • Renato Brasileiro de
Lima).

Resposta: E

22. (CESPE – TJRR – 2006 – Adaptada)


Acerca da Lei n.º 9.455/1997, que define os crimes de tortura, julgue o item seguinte.
O crime de tortura visando a obtenção de informação, declaração ou confissão da vítima é crime próprio, pois
somente pode ser cometido por agentes públicos.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois o crime "tortura-prova" é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Interessante dizer que, se o sujeito ativo for agente público, poderá incidir o aumento de pena previsto na Lei de
Tortura:
Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

Resposta: E

23. (CESPE – TJRR – 2006 – Adaptada)


Acerca da Lei n.º 9.455/1997, que define os crimes de tortura, julgue o item seguinte.

A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o agente usa de violência ou grave ameaça para
obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a
provocação de ação contravencional.

47 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

RESOLUÇÃO:

Não haverá crime de tortura se o agente constranger a vítima a praticar CONTRAVENÇÃO PENAL!

Isso porque a lei fala expressamente em ação ou omissão de natureza CRIMINOSA.


Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Dessa forma, o item está correto!

Resposta: C

24. (CESPE – PF – 2004)

Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Como forma de punir um ex-membro de sua quadrilha que o havia delatado à polícia, um traficante de drogas
espancou um irmão do delator, em plena rua, quando ele voltava do trabalho para casa. Nessa situação, o referido
traficante praticou crime de tortura.

RESOLUÇÃO:
A Lei nº 9.455/1997 não prevê a finalidade específica de vingança para a configuração do crime de tortura, devendo
o agente ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal e/ou de constrangimento ilegal, de modo que nosso
item está incorreto.
Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Resposta: E

25. (CESPE – PF – 2004)


Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade, com o
objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida
servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime inafiançável.

48 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

RESOLUÇÃO:

Primeiramente, é importante ressaltar que, de fato, a conduta do agente penitenciário configura o crime de
tortura-castigo:
Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

A segunda parte da assertiva também está correta, pois o crime de tortura é inafiançável:
Art1º (...) § 6º - O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Resposta: C

26. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)

No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item.

Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois a assertiva faz referência ao crime de maus tratos, constante no Código Penal:
Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Resposta: E

27. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015)


Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores,
julgue o item que se segue.

A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada.

RESOLUÇÃO:
Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na
interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:
Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.

49 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Resposta: E

50 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Resumo direcionado
Crimes de Tortura
Sujeito Ativo e Meio de Resultado Finalidade
(Dolo Específico)
Passivo execução

Art. 1º, inc I a) Tortura-prova

Crime comum Violência ou grave Sofrimento físico b) Tortura para a prática


ameaça ou mental de crime
Qualquer pessoa
c) Tortura-discriminação

Art. 1º, inc II Crime próprio INTENSO Aplicação de castigo ou


(Tortura-castigo)
sofrimento físico medida de caráter
Sujeito ativo E passivo Violência ou grave
ou mental preventivo
(relação de guarda, poder ameaça
ou autoridade)

Art. 1º, § único Crime próprio


(tortura do preso) Sujeito passivo deve ser Prática de ato não Sofrimento físico
preso ou cumprir medida previsto em lei ou ou mental
NÃO exige finalidade
de segurança. em medida legal específica

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão

Sujeito ativo
Quem, podendo, tinha o dever de EVITÁ-LA, mas não evita. (omissão imprópria)

Quem, devendo, tinha o dever de APURÁ-LA, mas não apura. (omissão própria)

ATENÇÃO! A omissão em tortura NÃO é crime equiparado a hediondo!

51 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Formas Qualificadas

Lesão Corporal 4 a 10 anos


GRAVE ou
Tortura GRAVÍSSIMA (reclusão)
qualificada pelo
resultado 8 a 16 anos
MORTE
(reclusão)

Forma preterdolosa do crime de tortura!

Causas de Aumento de Pena

Aumento Cometido por Agente Público


de Pena
1/6
CRIANÇA

Cometido GESTANTE
PORTADOR DE DEFICIÊNCIA

a Contra ADOLESCENTE
MAIOR DE 60 ANOS

1/3 Cometido Mediante Sequestro

52 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Efeitos da Condenação

PERDA do cargo/emprego/função pública

Efeitos da
Condenação
pelo DOBRO
INTERDIÇÃO para o
(2x) da pena
seu exercício aplicada

Outras disposições

PRÁTICA DE TORTURA
VEDAÇÕES

Graça
Fiança Anistia
(*indulto)

53 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Regime
Inicial

FECHADO

STJ/STF - É inconstitucional a fixação legal do cumprimento da pena em regime inicialmente


fechado, de forma obrigatória, sem a análise dos parâmetros do art. 33, do CP

Lei de Tortura será aplicada em crimes praticados no exterior, desde que:

→ A vítima seja brasileira


OU
→ O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira

54 de 55| www.direcaoconcursos.com.br
Prof. Henrique Santillo
Legislação Penal para PC PE Aula 00

Lei nº 9.455/1997 (Tortura)


Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

55 de 55| www.direcaoconcursos.com.br

Você também pode gostar