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080.171.803-14
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SUMÁRIO
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LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – LEI 8.072/90 (Atualizada pela Lei 13.964/19)
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Para iniciarmos nosso estudo em relação aos CRIMES HEDIONDOS mister se faz necessário
analisarmos o significado da acepção da palavra “HEDIONDO”.
De acordo com a análise do dicionário português:
he·di·on·do
adjetivo
1. Que causa repulsa ou é considerado muito feio. = ASQUEROSO, ESQUÁLIDO,
HORRÍVEL, REPUGNANTE, SÓRDIDO
2. Que se rejeita claramente do ponto de vista moral (ex.: crime hediondo). = .ABJE
TO, DEPRAVADO, HORRÍVEL, IGNÓBIL, REPUGNANTE, SÓRDIDO
3. [Pouco usado] Que cheira mal. = FÉTIDO
Assim considerado, a Constituição Federal vigente, traz em seu texto, mais especificamente, em seu
art. 5º, XLIII:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo E
OS DEFINIDOS COMO CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os
mandantes, os executores
Levi e os que,
De Carvalho podendo evitá-los, se omitirem;
Rodrigues
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Porém, para fins jurídicos, crimes hediondos são somente aqueles em que a lei diz que é, em que a
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lei elenca como tal em um rol taxativo. Veremos tudo isso mais adiante.
ESQUEMATIZANDO
A LEI CONSIDERARÁ:
POR ELES
TRÁFICO RESPONDENDO OS
INAFIANÇÁVEIS MANDANTES E OS
TORTURA EXECUTORES
INSUSCETÍVEIS:
TERRORISMO E OS QUE PODENDO
• GRAÇA EVITÁ-LOS, SE
• ANISTIA OMITEM.
E OS DEFINIDOS COMO
CRIMES HEDIONDOS
Perceba o rigor que trata a Constituição Federal de 1988, no que diz respeito aos crimes
HEDIONDOS, considerando-os INAFIAÇÁVEIS E INSUSCETIVEIS DE GRAÇA OU ANISTIA. Ademais,
equipara os crimes de tráfico de droga, tortura e o terrorismo a estes.
Note, ainda, que o art. 5º, XLIII, da CF/88 é expresso ao determinar ao legislador que relacione quais
crimes devam ser considerados HEDIONDOS. Assim, sendo, em 1990, entrou em vigor a Lei 8.072/90 que
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dispõe acerca dos Crimes considerados hediondos, em um rol taxativo, que passaremos a analisar.
Para uma melhor compreensão de como os crimes hediondos foram assim classificados e tipificados
na Lei 8.072/90, se faz necessário analisarmos os SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO das infrações penais
tidas como hediondas. Há diversos sistemas, mas abordaremos aqui os três principais:
a) SISTEMA LEGAL: por esse sistema, é função do legislador elencar quais os crimes considerados
hediondos, em um rol taxativo, não cabendo ao juiz tecer qualquer juízo de valor para averiguar a
hediondez do delito, vez que, ao constar em tal rol, previamente definido em lei, caberá ao julgador
reconhecer essa característica. Importante perceber que, a classificação de determinada infração penal
como hedionda, incumbe, exclusivamente, ao Poder legislativo, podendo este vir a ser pressionado pela
sociedade quando, determinada conduta, repercutir de forma negativa e atentar gravosamente contra a
mesma. A exemplo disso, temos o crime de falsificação de remédios, tipificado no art. 273 do CP, que
passou a fazer parte do rol de crimes hediondos com o advento da Lei nº 9695/98. E o que fez este crime
ser tipificado como hediondo? Isto deveu-se ao fato de que, em meados de 1997, o Brasil viveu um período
de bastante apreensão ao se detectar a falsificação de anticoncepcionais, o que foi chamado, à época, pela
imprensa brasileira, à exemplo, a revista Veja como “Os filhos da farinha”, fazendo menção ao fato de que
os comprimidos anticoncepcionais foram trocados e postos em seu lugar farinha, causando bastante
transtornos às mulheres, principalmente àquelas que não podiam engravidar, por serem portadoras de
alguma doença grave ou mesmo àquelasLevi que não tinhamRodrigues
De Carvalho a gravidez em seus planos.
Perceba que, diante da pressãolevicarvalho001@gmail.com
social, o Poder Legislativo viu-se obrigado a elevar tal categoria de
crime, já tipificado no ordenamento jurídico,080.171.803-14
ao status de HEDIONDO.
c) SISTEMA MISTO: Aqui, neste sistema, tem-se um misto dos dois anteriores, ou seja, a
participação do Poder Legislativo, que teria a incumbência apenas de conceituar o que seria HEDIONDO,
cabendo ao juiz a interpretação da conduta delitiva, em hediondo ou não. Mais uma vez, se vê que é
conferida ao juiz uma interpretação, à luz de um caso concreto, de acordo com seus critérios subjetivos,
do que viria a ser considerada uma conduta hedionda ou não, inexistindo um rol taxativo quanto a esses
crimes considerados gravosos e repugnantes à sociedade.
Diante de tais conceitos, cumpre observar quais destes sistemas foi o adotado pelo ordenamento
jurídico brasileiro. O SISTEMA LEGAL é o sistema adotado pela legislação brasileira, ou seja, apenas o
legislador tem a incumbência de definir e tipificar qual tipo penal deva ser considerado hediondo.
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ESQUEMATIZANDO:
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
DE CRIMES HEDIONDOS
SISTEMA ADOTADO PELO
SISTEMA LEGAL ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO
SISTEMA JUDICIAL
Como já mencionado acima, a Constituição Federal vigente, em seu art. 5º, inciso XLIII, determinou
ao legislador brasileiro a vigência de uma norma que definisse o que e quais seriam os CRIMES
considerados HEDIONDOS, é o chamado Mandado de Criminalização Constitucional.
Senão, vejamos:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo E OS DEFINIDOS
COMO CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
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O STF considera os crimes hediondos como de “máximo potencial ofensivo”
•São as contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a 2 anos,
sendo da competência do Juizado Especial Criminal. Admitem os benefícios da
transação penal e da composição dos danos civis.
•Esses crimes são aqueles previstos no art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da Constituição
Federal.
•XLII- a prática do racismoLevi constitui crime inafiançável
De Carvalho Rodriguese imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
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•XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
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tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá- los,
se omitirem;
•XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Assim, em 25 de junho de 1990, foi promulgada a lei ordinária, mas com caráter de lei complementar,
de número 8.072.
Tal lei traz elencados em seu art. 1º, um ROL TAXATIVO, dos crimes considerados HEDIONDOS,
obedecendo ao sistema legal adotado pela legislação brasileira.
Note, ainda, que o parágrafo único do art.1º é expresso em afirmar que serão considerados crimes
hediondos todos os ali dispostos, quer sejam na sua forma consumada, quer sejam na sua forma tentada.
Importante se faz relembrar quando um crime é considerado CONSUMADO ou TENTADO. A
consumação e a tentativa encontram-se dispostas no art. 14 do Código Penal.
Muita atenção neste ponto, você tem que ter em mente um a um dos crimes aqui elencados, visto
que, a Lei 13.964/2019 (Pacote anticrime) realizou várias alterações importantes, adicionando a este rol,
vários outros crimes, tanto previstos no código penal, como em legislações extravagantes.
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ATENÇÃO: MEMORIZÁ-LOS
ROL TAXATIVO:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII
(vetado)); - VETO DERRUBADO DO PACOTE ANTICRIME!!
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2 o) e lesão corporal seguida de morte (art.
129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de
fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte
(art. 158, § 3º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído
pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o eLevi
2o); (Redação dada pela
De Carvalho Lei nº 12.015, de 2009)
Rodrigues
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1 , 2 , 3 e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
o o
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o
2009) 080.171.803-14
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1 o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de
1998).(Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente
ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art.
155, § 4º-A).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro
de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.”
(NR)
Segue abaixo um quadro comparativo que estabelece as distinções entre o antes e depois da lei
13.964/2019 (PACOTE ANTICRIME). Todos os créditos desse quadro devem ser dados aos profissionais
do LEGISLAÇÃO DESTACADA.
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CRIMES HEDIONDOS
ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19
Homicídio (art. 121), quando praticado em Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
atividade típica de grupo de extermínio, ainda típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
que cometido por um só agente, e homicídio por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121,
qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (VIII - com
e VII); emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido) (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Latrocínio (art. 157, § 3o, in fine) Roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
vítima
(art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de
fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
morte (Latrocínio)(art. 157, § 3º);
Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art.
158, § 3º);
Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
Levi De Carvalho Rodrigues
---------------------------------------------------------- artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, §
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4º- A).
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Consideram-se também hediondos: Consideram-se também hediondos:
- Genocídio - Genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº
- Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso 2.889, de 1º de outubro de 1956;
res- trito - Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
- Comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art.
17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
- Tráfico internacional de arma de fogo, acessório
ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003;
- Organização criminosa, quando direcionado à
prática de crime hediondo ou equiparado.
Vamos analisar, agora, cada um deles, considerados hediondos pela Lei 8.072/90!
O inciso I, do art. 1º da Lei 8.072/90 traz uma pegadinha para nós, concurseiros. Perceba que na
redação, o legislador dispõe sobre o HOMICIDIO (MATAR ALGUEM) em duas circunstâncias diversas.
A primeira modalidade trata-se do homicídio simples, no entanto, com uma característica peculiar:
o praticado em atividade típica de grupo de extermínio, “ainda que cometido por um só agente.”
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Primeiramente, necessário se faz analisarmos o que vem a ser grupo de extermínio. Este, nada mais
é que a reunião de pessoas com o objetivo de exterminar pessoa(s) por esta possuir uma dada característica
especial.
Não confundir grupo de extermínio com concurso de pessoas. Neste último, essas pessoas se
reúnem para matar determinada pessoa, previamente estabelecida. No grupo de extermínio prevalece a
impessoalidade, ou seja, objetivam matar uma pessoa por ser ele um mendigo, por exemplo, ou um
torcedor de determinado time. A motivação para o crime seria a condição especial da pessoa, ou seja, ser
ela um mendigo ou um torcedor de determinado time, não importando suas características pessoais e
individuais, mas a característica especial que detém, ou seja, pelo grupo ou classe que ela integra, seja de
ordem étnica, social, religiosa, pela orientação sexual, gênero ou assemelhados.
Vale lembrar que a lei não estabeleceu um número determinado de pessoas para que seja
caracterizado o grupo, mas boa parte dos doutrinadores entendem que para a sua formação se faz
necessário a presença de, no mínimo, três ou mais pessoas, assim como no delito de associação criminosa,
tipificado no art. 288, do Código Penal.
Algo que se deve prestar bastante atenção é a última parte do dispositivo, quando o legislador
afirma: “AINDA QUE PRATICADO POR UM SÓ AGENTE”: perceba que este foi categórico ao afirmar
que trata-se de um homicídio praticado por um GRUPO de extermínio. Logo, se ele afirma tratar-se de
um grupo, então, necessariamente, haverá mais de uma pessoa. Porém, em seguida, declara: “ainda que
praticado por um só agente”. Aqui ele não está afirmando que o grupo de extermínio seja composto por
um só agente, mas que o próprio homicídio tenha sido praticado, ainda que por um só agente QUE
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COMPÔE O GRUPO.
Portanto, se em sua prova vier a questão afirmando que é possível a existência de um grupo de
extermínio formado por uma só pessoa, essa assertiva será FALSA!!!
Agora, passamos à segunda modalidade de Homicídio considerada hedionda: o HOMICÍDIO
QUALIFICADO (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII).
Perceba o seguinte: todas as qualificadoras estampadas no art. 121, §2º do Código Penal,
caracterizam o homicídio como HEDIONDO!!
No caso do homicídio qualificado privilegiado não é somente por falta de previsão legal, há toda
uma explicação lógica e jurisprudencial acerca do assunto. Vejamos:
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As privilegiadoras serão sempre de caráter subjetivo, quais sejam:
✓ III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;
✓ IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
✓ VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. (segundo entendimento do STJ)
✓ VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Trata-se de lesões funcionais, ou seja, praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
e 144 da constituição federal, integrantes do sistema prisional e da força nacional de segurança pública,
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
As autoridades constantes no art. 142 da Constituição Federal são as FORÇAS ARMADAS,
constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente
da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
Já no art. 144 da Carta Magna, encontram-se:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de
2019)
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Além destes, incluem-se os guardas civis (municipais ou metropolitanos), no exercício de suas
funções, por força da Lei 13.142/2015, que incluiu o inciso I-A, na Lei 8.072/90. Ademais, o próprio art. 144,
§8º, da CF/88, dispõe que os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Portanto, fazendo parte do rol estampado no
mencionado artigo, da Constituição vigente.
A lei 8.072/90 ainda inclui, como funções protegidas, os integrantes do sistema prisional e da força
nacional de segurança pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
Lembre-se que para serem consideradas hediondas tais lesões devem ter um liame funcional, ou
seja, que o crime tenha sido praticado no exercício ou em razão do exercício dessas funções.
4.3 – ROUBO
• art. 157, § 2º, V
• art. 157, § 3º
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ART. 157, § 2º, V - SE O AGENTE MANTÉM A VÍTIMA EM SEU PODER, RESTRINGINDO SUA
LIBERDADE.
O presente dispositivo é considerado hediondo, não obstante, o ofendido é atacado em seu direito
de locomoção e fica à mercê do assaltante, circunstância que o impossibilita de oferecer qualquer tipo de
reação. A restrição da liberdade deve perdurar por tempo juridicamente relevante.
Trata-se de inovação legislativa, recentemente ocorrida pela Lei nº 13.654, de 2018. O parágrafo ora
em comento, revela a gravidade do delito, quando presentes a violência e a grave ameaça com emprego
de arma de fogo.
Atenção, a lei foi taxativa em dizer “arma de fogo”, logo, o emprego de violência ou grave ameaça
para subtração de coisa alheia com arma branca, não será considerado hediondo. Vale salientar que a Lei
13.964/2019 reestabeleceu a majorante da pena, se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
de “arma branca”
ART. 157, § 2º-B. SE A VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA É EXERCIDA COM EMPREGO DE ARMA
DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO, APLICA-SE EM DOBRO A PENA PREVISTA
NO CAPUT DESTE ARTIGO.
Levi De Carvalho Rodrigues
A lei 13.964/2019 inseriu o presente parágrafo no artigo 157 do Código Penal, além disso, o inseriu
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também no rol taxativo do art. 1º da presente lei, tornando-o crime hediondo.
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ART. 157, § 3º - SE DA VIOLÊNCIA RESULTA: (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.654, DE 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
Essa também é uma atualização trazida recentemente no de 2018, que por trazer novos patamares
mínimo e máximo de pena, cremos se tratar de qualificadoras. O presente inciso trata da lesão corporal
grave resultante da violência, com pena de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos.
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654,
de 2018)
Por conseguinte, o presente inciso trata do chamado crime de latrocínio, configurado quando há o
delito de roubo, com o emprego de violência, resultando na morte da vítima, sendo o agente delituoso
punido com a pena de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos e multa.
Atente-se ao fato de que, no latrocínio, o objetivo do agente é a subtração do patrimônio da vítima,
consumando-se o referido crime com a morte desta, ainda que o agente não subtraia o bem da vítima,
segundo o entendimento da Súmula do 610 do Supremo Tribunal Federal.
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Assim é o entendimento mais recente da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça:
ATENÇÃO!!!
Súmula 603/STF
A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri.
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condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
Trata-se da conduta conhecida como “sequestro relâmpago”. A lei 11.923/09 incorreu em uma
omissão relevante, pois deixou de considerar hedionda a conduta consistente no sequestro relâmpago
qualificada pela lesão corporal ou morte da vítima. A lei 13.964/2019 veio e corrigiu essa omissão,
rotulando tal conduta como delito hediondo.
Tal crime encontra amparo legal no art. 159, caput, e §§1º, 2º e 3º, assim dispostos:
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato
Leviresulta lesão corporal
De Carvalho de natureza grave:
Rodrigues
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
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§ 3º - Se resulta a morte:
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Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Note aqui, claramente, a distinção dessa modalidade de extorsão (mediante sequestro), para a
anteriormente estudada.
A extorsão mediante sequestro e qualificada independe do resultado morte para ser considerada
HEDIONDA.
Aqui, caracteriza-se a hediondez, tanto na forma simples, tipificada no caput, como as demais formas
dispostas nos §§ 1º, 2º e 3º, consideradas qualificadas quando:
ou grave inc. II
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
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IV - deformidade permanente; V – aborto;
4.6 – ESTUPRO (ART. 213, CAPUT E §§ 1O E 2O); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Antes do advento da Lei 12.015/2009, os crimes de Estupro e Atentado Violento ao Pudor (antigo
art. 214, do CP), só seriam considerados hediondos se houvesse as qualificadoras lesão corporal de
natureza grave e morte.
Com a vigência da nova norma ( Lei 12.015/15), o art. 214, que dispunha acerca do atentado violento
ao pudor, foi revogado e o art. 213 passou a ter nova redação:
a) Conjunção Carnal
b) Praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso
Importante lembrar que a hediondez do crime de estupro encontra-se caracterizada tanto na sua
modalidade simples (art. 213, caput), quanto nas suas modalidades qualificadas, quais sejam:
ou grave II:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
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IV - deformidade permanente;
V – aborto;
Além da revogação do art. 214 e das alterações feitas no art. 213, no Código Penal, a Lei 12.015/2015
trouxe ao texto penal vigente um novo artigo, o art. 217 – A (Estupro de Vulnerável).
Assim dispõe o novo artigo:
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
Levi De Carvalho Rodrigues
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
levicarvalho001@gmail.com (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009) 080.171.803-14
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Trata-se da antiga figura da violência presumida nos crimes sexuais contra menores de 14 anos,
estampada na alínea “a” do, então, revogado art. 224 do CP que, com o advento da Lei 12.015/15, passou
a ser considerado crime autônomo.
Por este novo dispositivo, passa a existir um critério objetivo a ser identificado para a tipificação do
delito: a idade da vítima.
Portanto, o agente tendo conhecimento de que a vítima, à época do fato, era menor de 14 (quatorze)
anos e, mesmo assim, manteve conjunção carnal ou praticou outro ato libidinoso, já incidiu na conduta
delitiva, pouco importando se a mesma tem ou não experiência sexual.
É o teor da súmula 593 do STJ:
Vale ressaltar que a Lei nº 12.015/15 atentou para a violência presumida, assim sendo, o simples fato
de o agente manter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos já configura
17
o crime tipificado no art. 217 – A.
No entanto, caso seja comprovado que o agente desconhecia a idade da vítima, à época do fato, ou
que seja confirmada a precocidade desta, impõe-se, nesse caso, o erro de tipo, com a consequente exclusão
do dolo e da culpa do agente, tendo como consequência jurídica a sua absolvição.
Neste sentido, decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia:
A lei 12.015/15 alterou, além do Código Penal, a Lei dos Crimes Hediondos, incluindo o estupro de
vulnerável, em todas as suas modalidades: simples e qualificadas.
Assim como os crimes de Roubo e a extorsão, aqui já analisados, que para serem considerados
hediondos necessitam, impreterivelmente, do resultado morte, o mesmo ocorre com o crime de epidemia,
que na sua modalidade simples (caput) não detém a hediondez.
Assim dispõe o art. 267, § 1º, do Código Penal:
18
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
Ademais, há que se ressaltar que o crime em comento é classificado como crime preterdoloso, ou
seja, o resultado morte só poderá ser atribuído ao agente à título de culpa.
Nas palavras do professor Luiz Flavio Gomes (P.422), entende-se por crime preterdoloso:
[...] é uma espécie de crime agravado pelo resultado, no qual o agente pratica uma
conduta anterior dolosa, e desta decorre um resultado posterior culposo. Há dolo
no fato antecedente e culpa no consequente.
Ressalta-se, ainda, que a epidemia, na modalidade simples, constante no caput do art. 267 não será
considerada hedionda.
Esse tipo penal foi incluído no rol de crimes hediondos no ano de 1998, pela lei 9.695/98, devido ao
escândalo que eclodiu ante à falsificação de vários medicamentos, dentre eles anticoncepcionais,
antibióticos e remédio para o câncerLevi
de próstata.
De Carvalho Rodrigues
A sociedade se viu ameaçada elevicarvalho001@gmail.com
temerosa diante de tais condutas e clamou ao legislador providências
urgentes para cessar tamanha insegurança à080.171.803-14
saúde pública.
Diante desse cenário caótico, entrou em vigor a Lei 9695/98 que incluiu no rol taxativo de crimes
hediondos o art. 273, caput e §§ 1º, 1º -A e 1º B, do Código Penal, assim dispostos:
19
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; ((Incluído pela Lei
nº 9.677, de 2.7.1998)
V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária
competente. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)
Perceba que a Lei de Crimes Hediondos não tipificou como tal a modalidade culposa, estampada no
§2º, do art. 273, do Código Penal. Conclui-se, portanto, que só terá a natureza hedionda a modalidade
dolosa.
A inclusão deste tipo penal ao rol de crimes hediondos recebeu várias críticas, isso porque a natureza
hedionda não ficou adstrita apenas à produtos destinados à fins terapeutas ou medicinais, mas também,
à cosméticos e saneantes, conforme dispõe o §1º, do mencionado artigo.
A crítica está justamente no fato de que cosméticos e saneantes não colocam em risco, de forma tão
lesiva, a saúde pública quanto os produtos destinados à fins terapêuticos e medicinais, e mais, foi atribuída
a esta conduta uma pena inicial exacerbada (pena de 10 a 15 anos e multa), se a compararmos com a pena
do próprio homicídio (que tem a vida como bem jurídico - pena de 6 a 20 anos).
Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), entendeu inconstitucional tal reprimenda, mais
precisamente ao tipo previsto no Art. 273,De
Levi § 1º-B, V, por Rodrigues
Carvalho se encontrar desproporcional à relevância penal
da conduta. levicarvalho001@gmail.com
Assim a Superior Corte, entendeu: 080.171.803-14
20
também é a saúde pública. [...]Constata-se, também, que a pena mínima cominada
ao crime ora em debate excede em mais de três vezes a pena máxima do
homicídio culposo, corresponde a quase o dobro da pena mínima do homicídio
doloso simples, é cinco vezes maior que a pena mínima da lesão corporal de
natureza grave, enfim, é mais grave do que a do estupro, do estupro de
vulnerável, da extorsão mediante sequestro, situação que gera gritante
desproporcionalidade no sistema penal. 5. A ausência de relevância penal da
conduta, a desproporção da pena em ponderação com o dano ou perigo de dano
à saúde pública decorrente da ação e a inexistência de consequência calamitosa
do agir convergem para que se conclua pela falta de razoabilidade da pena
prevista na lei. A restrição da liberdade individual não pode ser excessiva, mas
compatível e proporcional à ofensa causada pelo comportamento humano
criminoso. 6. Arguição acolhida para declarar inconstitucional o preceito
secundário da norma. (STJ - AI no HC: 239363 PR 2012/0076490-1, Relator: Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 26/02/2015, CE - CORTE
ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 10/04/2015)
21
incidência da minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006 nas
hipóteses de aplicação do preceito secundário do crime previsto nesse artigo.
Precedentes. [...] 8. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício,
para redimensionar a pena do paciente e fixar o regime inicial semiaberto. (STJ -
HC: 438746 RJ 2018/0045336-4, Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, Data de Julgamento: 24/05/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 01/06/2018)
Este crime foi incluído ao rol taxativo de crimes hediondos estampados no art. 1º da Lei 8.072/90 a
partir do ano de 2014, ano em que o Brasil vivia um cenário de incertezas e insegurança devido a entrada
de muitos estrangeiros no país, fato atribuído por estar, o país, sediando a Copa do Mundo.
O congresso Nacional, portanto, através da Lei 12. 978/2014 inclui o inciso VIII ao art.1º da Lei
8.072/90: favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente
ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Este tipo já existia no Código Penal, mais precisamente no art. 218-B, incluído pela Lei 12.015/2015.
Ocorre que a nova norma veio para alterar a nomenclatura do mesmo, já que anteriormente à Lei
12.978/2014, o crime era denominado favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
sexual de vulnerável.
Assim dispõe o art.
Levi De 218 – B, caput,
Carvalho §§1º e 2º:
Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de
080.171.803-14
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também multa.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Incorre nas mesmas penas:(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as
práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Este tipo muito se assemelha ao tipo disposto no art. 228 do Código Penal. Perceba que ambas
dispõem acerca do favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual divergindo, apenas,
quanto às suas vítimas.
São vítimas da conduta típica do art. 228 do Código Penal as pessoas, não especificando gênero, com
idade igual ou superior a 18 (dezoito) anos e saudáveis mentalmente. Já as possíveis vítimas do art. 218-
B, tipo penal que tem natureza hedionda, são os menores de 18 (dezoito) anos e as pessoas (não
especificando o gênero) que, por enfermidade ou deficiência mental, não têm o necessário discernimento
para a prática do ato sexual. Caracteriza-se o crime de favorecimento a prostituição ou qualquer outra
exploração sexual pela submissão, induzimento ou atração de menores de 18 (dezoito) anos e as pessoas
22
que, por enfermidade ou deficiência mental, não têm o necessário discernimento para a prática do ato
sexual, bem como se houver facilitação para essa prática ou se alguém impedir ou dificultar seu abandono.
Atente-se ao fato, ainda, de que o §1º acrescenta à pena de reclusão a pena de multa se a conduta
típica for cometida com o fim de obter vantagem econômica. Perceba que, mesmo não havendo esse fim
econômico, o crime já restará caracterizado, nos moldes do caput do referido artigo. O § 1º veio apenas
acrescer a pena de multa se houver vantagem econômica na conduta penal.
Já o §2º traz a tipificação para aqueles que se servem da prostituição, “clientes”, e praticam conjunção
carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos. No
entanto, há que se prestar bastante atenção na tipificação desta conduta, vez que se faz necessário que o
agente tenha consciência da idade da vítima para que se evite uma responsabilidade penal objetiva.
Perceba, ainda, que o §1º do art. 218-B, só faz menção aos menores de 18 (dezoito) e maiores de 14
(quatorze) anos, portanto, se a conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso for cometido em desfavor
de pessoa portadora de enfermidade ou deficiência mental, sem discernimento para a prática do ato,
estaremos diante do crime de “estupro de vulnerável”, com previsão legal no art. 217-A, §1º do Código
Penal, não importando se a vítima esteja ou não em situação de prostituição ou outra forma de exploração
sexual.
Além destes, são punidos pelo §2º, inciso II, os proprietários, gerentes ou responsáveis do local em
que sejam praticadas tais condutas delituosas, incorrendo todos eles nas mesmas penas do caput.
Ressalte-se, mais uma vez que, o art. 218-A somente adquiriu a natureza hedionda após a Lei
12.978/2014. Tais condutas praticadas anteriormente à essa lei eram julgadas sem levar em consideração
essa característica.
Assim já decidiu o Egrégio Tribunal de Carvalho
Levi De Justiça do Estado de São Paulo:
Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
HABEAS CORPUS –080.171.803-14
Execução Penal - Pleiteia reforma decisão que homologou o
cálculo de liquidação de penas, considerando o crime de favorecimento da
prostituição, previsto no art. 218-B, do CP, praticado antes da vigência da Lei n.
12.978/14 (execução 01) e o crime de associação para o tráfico – art. 35 da Lei n.
11.343/06 (execução 02) – como hediondos – ADMISSIBILIDADE – Ao
favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança
ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º) – praticado
anteriormente à edição da lei n.º 12.978/14 - Principio constitucional da
irretroatividade da lei penal in pejus, previsto no artigo 5º, inciso XL, da
Constituição Federal – Não se aplica a lei dos crimes hediondos, e tampouco
qualquer de suas consequências. [...] Ordem concedida.
(TJ-SP - HC: 21622854720168260000 SP 2162285-47.2016.8.26.0000, Relator: Paulo
Rossi, Data de Julgamento: 28/09/2016, 12ª Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 04/10/2016)
O ingresso do parágrafo 4º do art. 5º do Código Penal no art. 1º da lei 8.072 é uma novidade oriunda
do “pacote anticrime” lei 13.964/2019.
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
[...]
23
Furto qualificado
[...]
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)
Com a recente alteração no rol taxativo dos crimes hediondo, o legislador entendeu ser necessário
reprimir de maneira mais veemente, indivíduos que subtraiam bens alheios com a utilização de explosivos
ou qualquer outro artefato análogo que cause perigo comum. Isto posto, reveste-se do caráter hediondo,
passando a ser punido com maior rigidez.
Adentraremos agora, na maior alteração ocorrida na lei, introduzida pelo “pacote anticrime” lei
13.964/2019, qual seja, o parágrafo único do art. 1º. Particularmente, creio que as alterações feitas no
parágrafo único, organizaram e facilitaram o entendimento sobre o tema, sendo bastante preciso e taxativo
naquilo que pretendeu o legislador.
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal Levi
de armas de fogo, previsto
De Carvalho no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
Rodrigues
dezembro de 2003; levicarvalho001@gmail.com
IV - o crime de tráfico internacional de080.171.803-14
arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art.
18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.” (NR)
O inciso I do parágrafo único da Lei 8.072/90 estabelece o crime de Genocídio, nas suas modalidades
constantes nos art. 1º, 2º e 3º, da Lei 2.889/56, como crime hediondo, sendo consumados ou tentados.
No entanto, para uma melhor compreensão do tipo, se faz necessário analisarmos as três formas
pelas quais se apresentam o crime de genocídio pela Lei 2.889/56.
24
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados
no artigo anterior.
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que
trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se
consumar.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida
pela imprensa.
Perceba que as condutas que caracterizam o crime de genocídio como crime hediondo vão além do
crime propriamente dito, pois será considerada também como hedionda a conduta de quem associa-se
para praticá-lo, assim como quem promove a sua incitação.
Ressalte-se que o art. 8º da Lei 8.072/90 prevê uma pena de 3 (três) a 6 (seis) anos para o crime de
associação criminosa quando se tratar de crimes hediondos. É o caso do art. 2º da Lei de Genocídio:
“associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior”. Portanto,
a pena a ser aplicada será a cominada no art. 8º da Lei 8072/90.
Fato que merece nossa atenção é a distinção do crime de Genocídio para o crime de homicídio
praticado por grupo de extermínio. Há características próprias entre os mesmos que os diferem de forma
clara. Levi De Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
GENOCÍDIO GRUPO DE EXTERMÍNIO
Ressalte-se que será considerado hediondo o crime de Genocídio, nas suas modalidades tipificadas
nos art. 1º, 2º e 3º da Lei 2.889/56, tanto consumados como tentados, como bem assim expressa o parágrafo
único do art. 1º da lei 8.072/90.
25
4.13 - POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO, PREVISTO NO ART.
16 DA LEI NO 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
O inc. II, do parágrafo único do art. 1º da Lei 8.072/90, dispõe acerca de um outro crime com natureza
hedionda, constante em lei específica. Trata-se da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido,
previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que foi incluído no rol taxativo dos crimes
hediondos pela recente lei 13.497/2017.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de
arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogoLevi
de uso
Deproibido
Carvalho ou Rodrigues
restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
levicarvalho001@gmail.com
III – possuir, detiver,080.171.803-14
fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de
qualquer forma, munição ou explosivo.
Aqui, neste tipo penal, não há a necessidade de diferenciar a conduta de posse e/ou porte de arma
de uso restrito ou proibido, vez que ambas as condutas estão tipificadas no mesmo artigo, qual seja, o
caput do art. 16, §§ 1º e 2º.
Todavia, é importante saber que, toda arma de fogo cuja numeração estiver suprimida, raspada ou
alterada equipara-se, automaticamente, a arma de fogo de restrito. Portanto, se você portar uma arma de
fogo calibre 22, que é considerada uma arma simples de uso permitido, contudo, se esta estiver com sua
numeração suprimida, raspada ou adulterada, ela será considerada arma de restrito, assim já se
posicionando o Superior Tribunal de Justiça:
26
ESPECIAL. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
RESTRITO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O TIPO DE POSSE IRREGULAR DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ILEGALIDADE. RESTABELECIMENTO
DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. ADEQUAÇÃO DA CONDUTA NARRADA
À DESCRIÇÃO TÍPICA. ARMA APREENDIDA CLASSIFICADA COMO DE USO
RESTRITO. A QUESTÃO RELATIVA À CAUSA DE SUPRESSÃO DA
MUNERAÇÃO É SECUNDÁRIA. I. Para configuração do delito do artigo 16,
inciso IV, da Lei n. 10.826/2003, basta que o agente seja flagrado ao portar,
possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. É o
tipo penal do caput, com a mesma pena, prevê que o delito se consuma se o agente
possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, tiver em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, mantiver sob sua
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito,
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. [...]
Agravo Regimental desprovido (Agint no REsp 1729270/SC-Rel. Ministro Félix
Ficher- QUINTA TURMA, julgado em 2/8/2018, DJe 15/8/2018)
Além disso, havia uma grande celeuma doutrinária acerca da definição de qual conduta seria
realmente hedionda, se somente a prevista no caput do art. 16, ou se também as previstas no antigo
parágrafo único e incisos do mesmo artigo.
Esse era um tema bastante controverso, lei que alterou
Levi De Carvalho a Lei de Crimes Hediondos simplesmente
Rodrigues
disse que passariam a ser considerado como crime hediondo a posse e/ou porte de arma, munição ou
levicarvalho001@gmail.com
acessório de uso proibido ou restrito, nos termos do art. 16 do Estatuto do Desarmamento. Percebemos,
080.171.803-14
que a lei dos Crimes Hediondos não fizera qualquer ressalva somente quanto ao caput, mas afirmou
literalmente art. 16 sem qualquer menção específica aos incisos.
Ora, topologicamente, se a norma dispõe art. 16, presume-se que ela está se referindo ao art. 16 como
um todo, portanto, incluindo ao tempo da alteração legislativa tanto o parágrafo único como seus incisos,
referindo-se às modalidades equiparadas.
Parte da doutrina não concordava com esse posicionamento, como Rogério Sanches Cunha e
Damásio de Jesus. No entanto, grande parte dos doutrinadores, como Rogerio Greco, Guilherme de Souza
Nucci, Renato Brasileiro de Lima e Gabriel Habib são defensores desse posicionamento. Naquele
momento vigorou o posicionamento de que consideravam-se hediondos tanto o caput como os incisos do
parágrafo único.
Com as mudanças oriundas da Lei 13.964/19 (pacote anticrime) o artigo 16 passou a contar com dois
parágrafos, §1º e §2º.
Questiona-se agora, qual o alcance da Lei do Crimes Hediondos? Vejamos o que diz o doutrinador
Cleber Masson:
1º posição: devido a alteração feita no II do parágrafo único do art. 1º que substituiu a expressão
“arma de fogo de uso restrito” por “arma de fogo de uso proibido”. É importante ressaltar que, lá na Lei
10.826/03 (estatuto do desarmamento) a mudança ocorre no caput do 16, no qual retirou-se a expressão
“arma de fogo de uso restrito ou proibido” e deixou somente a expressão “arma de fogo de uso restrito”
no caput do artigo. Criou-se o §2º no mesmo art.16, no qual trouxe a expressão retirada do caput “arma
de fogo de uso proibido”.
Diante disso, o primeiro posicionamento, levando-se em conta o critério legal de definição dos
crimes hediondos e fazendo-se uma interpretação meramente literal, é de que a lei dos crimes hediondos
aplica-se somente as armas de fogo de uso PROIBIDO (art. 1º, §1º, II, Lei dos Crimes Hediondos).
27
2º posição: esse posicionamento, corroborado por Cleber Masson, acredita que a lei dos crimes
hediondos será aplicada tanto no caso das armas de fogo de uso PROIBIDO como de uso RESTRITO. O
argumento para isso seria uma interpretação constitucional e sistemática da lei. A lei dos crimes hediondos
no faz menção do seu texto todo o art. 16 do Estatuto do Desarmamento, sem fazer nenhuma menção
específica ao art. 16, §2º, dispositivo que trata das armas de fogo de uso PROIBIDO. Essa corrente entende
que se o legislador quisesse estringir, apesar de mencionar somente arma de fogo de uso proibido, teria
mencionado especificamente o art. 16, §2º da Lei 10.826/03.
Importante ressaltar que a lei dos crimes hediondos fala somente em arma de fogo, nada fala
acessórios e munições. Porém, também segundo o entendimento do notório doutrinador Cleber Masson,
o tipo penal abrangeria também acessórios e munições.
Para fins de prova objetiva, recomendamos seguir o que diz a letra da lei, ou seja, considera-se
hediondo somente a arma de fogo de uso PROIBIDO.
Ressalte-se que, por ser considerado hediondo, o art. 16 não admite fiança, por força do art. 323 do
Código de Processo Penal, assim disposto:
Depois da Lei nº 13.497/2017, é possível afirmar que o parágrafo único do art. 16 do Estatuto do
Desarmamento também passou a ser equiparado a crime hediondo?
5ª Turma do STJ: SIM. Tanto o caput como o parágrafo único do art. 16 da Lei nº
10.826/2003 são crimes equiparados a hediondo.
O art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.072/90 (com a redação dada pela Lei nº
13.497/2017) não restringe a sua aplicação apenas ao caput do art. 16 da Lei nº
10.826/2003. Portanto, é possível concluir que a alteração legislativa trazida pela Lei
nº 13.497/2017 alcança todas as condutas descritas no art. 16 do Estatuto do
Desarmamento, inclusive as figuras equiparadas, previstas no parágrafo único do
mesmo dispositivo legal.
STJ. 5ª Turma. HC 624.903/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
09/12/2020
28
6ª Turma do STJ: NÃO
A 6ª Turma alterou seu entendimento anterior e instaurou divergência, passando a
decidir que apenas o caput do art. 16 seria equiparado a hediondo. A Lei nº
13.497/2017 equiparou a hediondo apenas o crime do caput do art. 16 da Lei nº
10.826/2003, não abrangendo as condutas equiparadas previstas no seu parágrafo
único.
Assim, o crime de posse ou porte de arma de fogo de uso permitido com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado não integra
o rol dos crimes hediondos.
STJ. 6ª Turma. HC 525.249-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/12/2020 (Info 684)
CONCLUSÃO:
• Antes da Lei 13.497/2017: o art. 16 do Estatuto do Desarmamento não era equiparado a hediondo.
• Depois da Lei 13.497/2017: divergência. 5ª Turma do STJ: tanto o caput como o parágrafo único do art.
16 são equiparados a hediondo. 6ª Turma do STJ: somente o caput do art. 16 é equiparado a hediondo.
• Depois da Lei 13.964/2019: somente é equiparado a hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso PROIBIDO, previsto no § 2º do art. 16. Não abrange mais os crimes posse ou porte de arma
de fogo de uso restrito
Trata-se de atualização introduzida pela lei 13.964/2019 “pacote anticrime”, incluindo no rol taxativo
dos crimes hediondos, o comércio ilegal de arma de fogo previsto no art. 17 do Estatuto do Desarmamento.
Tal delito passa a ser tratado como hediondo.
29
Mais uma inovação trazida pelo “pacote anticrime” lei 13.964/2019, rotulando o crime de tráfico
internacional de armas de fogo, acessórios e munições como hediondo. Doravante, o delito ora em
comento, será reprimido com maior rigor.
O art. 1º, §1º da lei 12.850/13 conceitua organização criminosa de maneira muito clara. A lei 13.964/19
o “pacote anticrime” acrescentou o inc. V ao parágrafo único do art. 1º da lei ora em comento, etiquetando
como hediondo, o crime de organização criminosa, quando essa organização tiver por finalidade a prática
de crime hediondo ou equiparado. Veja bem, a lei 13.964/19 não tornou o crime de organização criminosa
em si, um delito hediondo, mas tão somente disse, que quando a organização criminosa tiver por
finalidade a prática de crime hediondo ouDe
Levi equiparado,
Carvalho aí Rodrigues
sim, essa organização será considerada um delito
hediondo. levicarvalho001@gmail.com
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5. DOS CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS
1. TORTURA (Art. 1º, I, II, §1º e §3º) [atenção: o crime de tortura do art. 1º §2º não é considerado crime
equiparado a hediondo]
3. TERRORISMO
Tal equiparação é amparada na Constituição Federal vigente, por força do art. 5º, inciso XLIII, assim
disposto:
30
como equiparados a hediondos, é que estes não poderão ser restringidos, por força até mesmo do art. 60,
da própria Carta Magna, a não ser por uma nova Constituição. Já o rol taxativo disposto no art. 1º da Lei
de Crimes Hediondos pode ser alterado simplesmente por uma lei ordinária, cujo trâmite é bem simples
e mais célere do que um processo de emenda à Constituição. Assim sendo, os crimes de Tortura, Tráfico
Ilícito de Entorpecentes e Terrorismo não poderão ter retirada o status de crimes equiparados a hediondos,
a não ser pela promulgação de uma nova Constituição, enquanto que os vários crimes elencados no art. 1º
da Lei 8.072/90, podem ser retirados com o processo legislativo mais simples e mais célere e, além disso,
os crimes não previstos nesta lei podem passar a constar nesse rol taxativo, através de uma lei ordinária
que a modifique.
Outra ressalva para se atentar é que cada crime equiparado a hediondo tem sua norma específica,
quais sejam:
No entanto, para tais serão aplicados o que disciplina a Lei de Crimes Hediondos, exceto quando a
lei própria dispuser de outra forma, subsistindo o critério da especificidade.
Ademais, o art. 2º da Lei 8.072/90 dispõe que os crimes hediondos e os equiparados a eles serão
insuscetíveis de anistia, graça, indulto e fiança. Vejamos:
A Lei de Tortura também faz menção a vedação da fiança, graça ou anistia. Vejamos:
31
extrapolado o mandamento constitucional (art. 5º, XLIII) que vedou apenas a graça e a anistia.
2º corrente: considera constitucional, posto que, nesse contexto, o legislador utilizou graça em
sentido amplo, abrangendo o indulto, uma vez que graça é perdão individualizado, enquanto indulto
seria o perdão coletivo, ambos discricionário ao Presidente da república. (Posição encampada pelo STF)
Cumpre destacar que a vedação a fiança continua sendo ponto pacífico nos tribunais superiores e
na doutrina, nada havendo a questionar.
Vejamos mais detalhadamente a distinção entres tais institutos:
A Anistia é o perdão concedido a crimes políticos, militares ou eleitorais, bem como a crimes de
natureza comum, pelo Congresso Nacional, por meio de lei federal, conforme dispõe o art. 48, VIII, da
CF/1988, vejamos:
Justamente por serem considerados hediondos, tanto a Constituição vigente quanto à própria lei
específica (Lei 8.072/90) vedaram expressamente a concessão para estes tipos penais.
Já a Graça é um perdão concedido pelo Presidente da República, por meio de decreto, a crimes de
natureza comum, praticado por um indivíduo determinado, condenado irrecorrivelmente e, que tem
como consequência jurídica, a extinção daDe
Levi punibilidade,
Carvalhoconforme
Rodrigues preceitua o art. 107, II, do Código Penal.
Alguns doutrinadores chamam a graça de indulto individual, visto que, a diferença repousa justamente
levicarvalho001@gmail.com
em quem a recebe, neste caso, apenas um indivíduo.
080.171.803-14
O Induto, por sua vez, diz respeito ao perdão coletivo, o qual se dirige a um grupo indefinidos de
condenados, delimitado pela natureza do crime e a quantidade de pena aplicada, também concedido pelo
Presidente da República, por meio de decreto.
Assim, devido à alta reprovabilidades, bem como a gravidade de tais crimes, tanto a Constituição
vigente, quanto a norma especifica, vedam a indulgencia soberana aos mesmos.
ANOTAÇÕES:
ESQUEMATIZANDO
32
GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É concedida por meio de uma lei federal Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
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Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
secundários) do crime.
Os efeitos de natureza civil permanecem Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza
íntegros. civil permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se O réu condenado que foi beneficiado por graça ou
cometer novo crime, não será reincidente. indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual É um benefício coletivo
somente a fatos, atinge apenas os que o (com destinatário certo). (sem destinatário certo).
cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).
A liberdade provisória é a possibilidade que o réu tem de responder em liberdade o processo penal
em seu desfavor.
Tal instituto encontra amparo legal no art. 5º, LXVI da Constituição Federal vigente, assim disposto:
Levi De Carvalho Rodrigues
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
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liberdade provisória,080.171.803-14
com ou sem fiança;
No entanto, se faz necessário analisar sua concessão aos crimes hediondos e aos equiparados.
Dispõe o inciso II, do art. 2º da Lei 8.072 que é vedada a fiança aos crimes hediondos e aos
equiparados, porém não veda a liberdade provisória, sem fiança. Portanto, caberá ao juiz analisar o caso
concreto e conceder ou não a liberdade provisória sem fiança.
Assim já decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas:
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6.3 – REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA:
O art. 2º, em seu §1º, traz o regime inicial de cumprimento de pena para os condenados pelos crimes
hediondos.
Assim se encontra disposto:
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
No entanto, este dispositivo legal foi declarado inconstitucional pelo STF, por ocasião do julgamento
do HC 111.840/ES, entendendo o Supremo que viola o Princípio constitucional da individualização da
pena, uma vez que, o condenado pelo crime hediondo poderá iniciar o cumprimento da pena em regime
diverso do fechado, quais sejam, semiaberto ou aberto.
Segue esse entendimento o Superior Tribunal de Justiça, conforme decisão recente, abaixo citada:
Em sua redação original, a Lei dos Crimes Hediondos o regime era integralmente fechado (começa
e termina no regime fechado – não tem direito a progressão de regime).
O STF decidiu pela inconstitucionalidade desse regime, pela violação dos princípios da
individualização da pena, da proporcionalidade e também da dignidade da pessoa humana.
Dessa forma, temos que antes do advento da Lei nº 11.464/2007, a Lei de Crimes Hediondos previa
o cumprimento da pena em regime integralmente fechado, ou seja, não admitia a progressão do regime
de cumprimento de pena.
O referido dispositivo fora posteriormente declarado inconstitucional. Nessa esteira, passou-se a
admitir a progressão de regime, contudo, ainda ficou estipulado que o regime inicial seria
obrigatoriamente o fechado.
Na fixação do regime inicial, o juiz deve observar as Súmulas 718 e 719 do STF.
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Súmula 718 STF
“A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.”
Não pode fixar regime c/ base a gravidade em abstrato apenas.
O art. 1º, § 7º, da Lei de Tortura previa o regime inicial fechado: “O condenado por crime previsto
nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”.
Súmula 698:
“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no regime de
execução da pena aplicada ao crime de tortura”.
Levi De Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
Aplica-se o princípio da especialidade.080.171.803-14
Assim, aplicar-se-á a regra do art. 1º, §7º da Lei de Tortura
em detrimento do previsto na lei de crimes hediondos que foi considerado inconstitucional.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal se manifestou sobre o assunto e decidiu de maneira diversa,
senão, vejamos:
36
ESQUEMATIZANDO
A progressão de Regime para os crimes hediondos era tipificada no §2º do art.2º da Lei 8.072/90,
assim previa:
Vejamos:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de
crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado
morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização
criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
37
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática
de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
ESQUEMATIZANDO
PRIMÁRIO
CONDENADO PELA PRÁTICA DE CRIME
HEDIONDO OU EQUIPARADO, COM
VEDADO O
RESULTADO MORTE, SE FOR PRIMÁRIO,
LIVRAMENTO
VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL
CONDICIOANAL
PROGRESSÃO
DE REGIME CONDENADO POR EXERCER O COMANDO,
NOS CRIMES INDIVIDUAL OU COLETIVO, DE
50% Levi DeORGANIZAÇÃO
Carvalho Rodrigues
CRIMINOSA
HEDIONDOS
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ESTRUTURADA PARA A PRÁTICA DE
080.171.803-14
CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO
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PROGRESSÃO DE REGIME
ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19
A PPL será executada em forma progressiva com a A PPL será executada em forma progressiva com
trans- ferência para regime menos rigoroso, a ser a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o preso tiver determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos 1/6 da pena no regime anterior cumprido ao menos:
e ostentar bom comporta- mento carcerário, I - 16% da pena, se o apenado for primário e o
comprovado pelo diretor do estabele- cimento, crime tiver sido cometido sem violência à pessoa
respeitadas as normas que vedam a progres- são. ou grave ameaça;
II – 20% da pena, se o apenado for reincidente em
crime cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça;
III - 25% da pena, se o apenado for primário e o
crime tiver sido cometido com violência à pessoa
ou grave ameaça;
IV – 30% da pena, se o apenado for reincidente em
crime cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;
V - 40% da pena, se o apenado for condenado pela
prática de crime hediondo ou equiparado, se for
primário;
Levi De Carvalho Rodrigues
VI - 50% da pena, se o apenado for:
levicarvalho001@gmail.com
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
080.171.803-14
equiparado, com resultado morte, se for
primário, VEDADO O LIVRAMENTO
CONDICIONAL;
b) condenado por exercer o comando, individual
ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou
equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de
constituição de milícia privada;
VII - 60% da pena, se o apenado for reincidente na
prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% da pena, se o apenado for reincidente
em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte, VEDADO O LIVRAMENTO
CONDICIONAL.
A decisão será sempre motivada e precedida de A decisão do juiz que determinar a progressão de
mani- festação do Ministério Público e do defensor. re- gime será sempre motivada e precedida de
Idêntico procedimento será adotado na concessão manifes- tação do Ministério Público e do
de li- vramento condicional, indulto e comutação defensor, procedi- mento que também será
de penas, respeitados os prazos previstos nas adotado na concessão de li- vramento
normas vigentes. condicional, indulto e comutação de penas,
respeitados os prazos previstos nas normas
vigentes.
39
Ostentar bom comportamento carcerário, Em todos os casos, o apenado só terá direito à pro-
comprovado pelo diretor do estabelecimento, gressão de regime se ostentar boa conduta
respeitadas as normas que vedam a progressão. carcerá- ria, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, res- peitadas as normas que
vedam a progressão.
---------------------------------------------------------- Não se considera hediondo ou equiparado, para
os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas
previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23
de agosto de 2006 (tráfico privilegiado).
PROGRESSÃO DE REGIME
16% Primário + sem V/GA
20% Reincidente + sem V/GA
25% Primário + com V/GA
30% Reincidente + com V/GA
40% Primário + Crime Hediondo/Equiparado
Primário + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O
LIVRAMENTO CONDICIONAL
50% Exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada
Levi
para aDe Carvalho
prática Rodrigues
de crime hediondo ou equiparado
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Crime de constituição de milícia privada
080.171.803-14
60% Reincidente + Crime Hediondo/Equiparado
70% Reincidente + Crime Hediondo/Equiparado, com resultado morte, VEDADO O
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Outro fato importante para você ficar atento diz respeito aos prazos em relação à Prisão Temporária.
A Lei 8.072/90 dispõe em seu art. 2º §4º:
Perceba que tal reprimenda é bem mais gravosa que a regara geral, estampada na Lei 7.960/89.
40
Por essa lei, a prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Já a Lei dos Crimes Hediondos aumenta, consideravelmente, o prazo da prisão temporária para 30
(trinta) dias, podendo ser prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
PRISÃO TEMPORÁRIA
CRIME COMUM CRIME HEDIONDO
5+5 30+30
O art. 6º da Lei 8.072/90 trouxe alterações nas penas de certos tipos penais, a saber:
a) Roubo qualificado pela lesão grave ou pela morte: art. 157, §3º
b) Extorsão mediante sequestro, em todas as suas modalidades: art. 159
c) Estupro simples e qualificados pelo resultado lesão grave ou morte: Art. 213
d) Atentado violento ao pudor (revogado): Art. 214 (revogado)
e) Epidemia: Art. 267
f) Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal. Art. 270
Levi De Carvalho Rodrigues
6.7 – COLABORAÇÃO PREMIADA
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O art. 7º da Lei 8.072/90 incluiu o §4º ao art. 159 do Código Penal, possibilitando a diminuição da
pena de um a dois terços, àquele que colaborasse, denunciando o co-autor à autoridade, em crime
cometido por quadrilha ou bando.
Ressalte-se que não há necessidade da associação criminosa, bastando haver concurso de pessoas e
observando os critérios para a delação premiada.
No entanto, a delação premiada estampada no §4º do art. 159 do Código Penal encontra-se
tacitamente revogada pela Lei 9.807/99 que dispõe acerca do tema, porém com vantagens mais benéficas,
vez que, além da diminuição de pena, essa lei prevê: perdão judicial, quando primário, com consequente
extinção da punibilidade, desde que desde que dessa colaboração tenha resultado a identificação dos
demais co-autores ou partícipes da ação criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física
preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Atente-se ao fato de que a concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do
beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
O art. 8º da Lei 8.072/90, aumentou a pena, dada ao art. 288 do Código Penal que, à época da entrada
em vigor da mencionada lei, tratava-se do crime de quadrilha ou bando.
Atualmente, o art. 288 do Código Penal dispõe acerca do crime de associação criminosa, redação
dada pela Lei 12.850/2013, que tipifica a conduta em que há a associação de 3 (três) ou mais pessoas, para
o fim específico de cometer crimes com pena de 1 (um) a 3 (três) anos de reclusão
41
Ante essa conduta, a pena para quem associa-se com o fim de cometer crimes hediondos e
equiparados, foi aumentada pela Lei 8.072/90 para 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão.
E mais, essa pena (3 a 6 anos) poderá ser aumentada até a metade, em caso de a associação ser
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente, nos mesmos moldes do parágrafo único
do art.288 do Código Penal.
Já o parágrafo único do art. 8º da Lei 8.072/90, traz a possibilidade de o participante e o associado
que denunciar à autoridade a associação criminosa e possibilitar seu desmantelamento, de ter a pena
reduzida de um a dois terços, trata-se de caso de delação premiada.
Outro fato importante a ser esclarecido é que o crime de associação criminosa não é um crime
hediondo, não se encontrando, portanto, no rol taxativo do art. 1º da Lei 8.072/90. O que o art. 8º da
mencionada lei fez foi alterar a reprimenda para aqueles que se associam com o fim específico para
cometimento de crimes hediondos.
Portanto, responderão pela prática do crime previsto no art, 288 do CP, com a pena de reclusão de 3
(três) a 6 (seis) anos de reclusão.
Já em relação a associação para o tráfico de drogas, tipificada no art. 35 da Lei de Drogas (Lei
11.343/2006) deverá ser aplicada a reprimenda ali disciplinada, qual seja, reclusão de 3(três) a 10 (dez) anos
e pagamento de multa de 700 (setecentos) a 1.200,00 (mil e duzentos) dias-multa, por se tratar de lei
específica de crime equiparado a hediondo, o que estudamos lá atrás.
Ressalte-se, ainda, que a aplicação desse preceito se dará às condutas praticadas após a vigência da
Lei 11.343/2006, sob pena da violação do princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
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LEI DOS CRIMES DE TORTURA – LEI 9.455/97
CONCEITO DE TOTURA
A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS
TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES, na qual definiu tortura
nos seguintes termos:
ARTIGO 1º
1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo
qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa,
informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa
tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa
ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer
natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário
público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação,
ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as
dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou
que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
Levi De Carvalho Rodrigues
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer
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instrumento internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter
080.171.803-14
dispositivos de alcance mais amplo.
O Congresso Nacional aprovou a referida Convenção por meio do Decreto Legislativo nº 40, dando
efetividade à implementação da Convenção.
Artigo 7o
Crimes contra a Humanidade
43
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Salienta-se, ainda, que o art. 5º, XLIII é verdadeiro mandado de criminalização, o qual impõem ao
legislador, para o seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio da proporcionalidade
como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente.
“Temos como conceito de tortura, a imposição de sofrimento físico ou mental, oriundo de violência ou grave
ameaça, objetivando as finalidades estabelecidas na lei”. (João Azevedo)
Atenção!!
Nem todos os crimes de tortura previstos na Lei 9.455/97 são considerados hediondos, como por
exemplo o Art.1º, §2º (tortura por omissão)
A primeira lei a tratar sobre tortura no Brasil foi o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
vejamos:
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
tortura.
Pena – reclusão de um a cinco anos
Sofreu duras críticas, pois foi considerado um tipo penal extremamente aberto, uma vez que não
44
define o que é considerado tortura e quais são os atos de torturas (bater, xingar, castigo).
Em razão disso, muitos consideravam inconstitucional, por violação ao princípio da taxatividade.
De origem norte-americana, está relacionado com o direito penal do inimigo e com a tortura. No
cenário da bomba relógio, o terrorista já implantou a bomba e a polícia possui sua identificação, porém
não se sabe a localização da bomba. Diante do silêncio do terrorista, o direito norte-americano autoriza a
utilização de tortura, com o objetivo de evitar a explosão e, consequentemente, o dano a inúmeras pessoas.
Diante disso, indaga-se: a proibição da tortura é absoluta ou relativa? Um primeiro entendimento,
com base na CF, afirma que a proibição da tortura é absoluta. Contudo, há quem defenda, seguindo o
modelo de outros países, que como a proibição da tortura é um direito fundamental, sua proibição é
relativa, assim como os demais direitos fundamentais, a exemplo do direito à vida (admite-se a legítima
defesa no Brasil). Preserva-se bens jurídicos de maior valor.
Imagine que João, por vingança, sequestre o filho de seus ex-empregadores. A polícia, após a ligação
de João solicitando o resgate, consegue localizá-lo em uma lanchonete. João nega-se a informar o local do
cativeiro, sendo irônico com o Delegado, afirma que não irá falar a localização da criança. Diante disso, o
delegado passa a torturar João, filmando tudo, obtendo a localização do cativeiro.
O delegado será indiciado por tortura? A resposta dependerá do entendimento adotado. (para o
concurso de delegado, a proibição relativa seria posição mais adequada)
Por fim, ressalta-se que o art. 2º, item 2, da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
Levi Depromulgada pelo Decreto 40/1991, dispõe que: “em nenhum
Carvalho Rodrigues
caso poderão invocar-se circunstâncias levicarvalho001@gmail.com
excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política
interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para a tortura”.
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COMPETÊNCIA
Compete à Justiça Comum Federal ou Estadual e também a Justiça Militar a depender do caso
concreto.
Ademais, aplica-se o art. 70, caput, do CPP, competência fixada pelo local da consumação.
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Por fim, até o advento da Lei 13.491/2017 a tortura, mesmo quando praticada por militar, não era
julgada pela Justiça Militar, tendo em vista que não estava arrolada como crime militar.
Atualmente, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º,
45
pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Vejamos:
PRESCRIÇÃO
O Estatuto de Roma proclama que o crime de tortura é imprescritível e o Brasil aderiu ao referido.
Nessa esteira, cumpre recordarmos que os tratados internacionais de direitos humanos que forem
ratificados pelo Brasil com quórum de 3/5 será equiparado a emenda constitucional, se não observar o
referido quórum, terá ainda status supralegal, leia-se, está abaixo da Constituição, porém acima da lei,
nesse sentido é o art. 5º, §3º da Constituição Federal.
O Estatuto de Roma foi ratificado com quórum comum, logo, possui status supralegal, estando
abaixo da Constituição, mas acima da lei infraconstitucional, ou seja, possui caráter supralegal.
Desse modo, indaga-se, no conflito entre Constituição Federal e o tratado, qual deverá prevalecer?
Existem três teorias propondo a solução do referido conflito, de antemão adiantamos que o STF
filiou-se a corrente que defende a supremacia da Constituição Federal, de modo que, deve a referida
prevalecer em detrimento do Tratado.
Nessa linha, vejamos detalhadamente
Levi DeasCarvalho
concepções/correntes:
Rodrigues
1ª Corrente: defende que deve prevalecer a Constituição
levicarvalho001@gmail.com Federal/88, pois o TIDH ratificado com
quórum comum é infraconstitucional. Logo,080.171.803-14
a tortura prescreve.
Conforme destacado acima, o STF ADOTOU ESSA CORRENTE QUANDO JULGOU O PEDIDO DE
REVISÃO NA LEI DE ANISTIA.
2ª Corrente: entende que deve prevalecer a norma que se apresentar mais favorável aos direitos
humanos, é incidência do princípio do “pro homine”.
Dessa forma, sendo mais favorável a tortura prescrever, deve prevalecer a norma que prevê a
prescrição do delito em detrimento da que nega a sua qualidade de prescritível.
3ª Corrente: argumenta que a imprescritibilidade prevista nos Tratados é incompatível com o direito
penal moderno e o Estado democrático.
A Constituição prevê apenas que a tortura crime é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia
(Art. 5º, XLIII). Portanto, aplicam-se os prazos prescricionais do Código Penal. Vejamos uma tabelinha
autoexplicativa:
DOS CRIMES
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
AÇÃO PENAL
ELEMENTO SUBJETIVO
46
PREVISÃO LEGAL – FINALIDADES DA TORTURA
OBJETO JURÍDICO
OBJETO MATERIAL
Objeto material é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Sendo assim, nos três
crimes do inciso I, do art. 1º, o objeto material é a pessoa física que suporta a tortura.
Levi De Carvalho Rodrigues
NÚCLEO DO TIPO levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
O núcleo do tipo nada mais do que o verbo(s) do crime. No caso do inciso I, art. 1º, é
CONSTRANGER. Por constranger entende-se a conduta de obrigar alguém a fazer algo contra a sua
vontade, retirando a sua liberdade de autodeterminação.
Para constranger a vítima o agente se vale de alguns meios de execução, quais sejam:
✓ Violência à pessoa - emprego de força física contra a vítima, mediante lesão corporal ou vias de
fato.
✓ Grave ameaça – promessa da realização de um mal grave (relevante, de grandes proporções),
iminente (em vias de ocorrer) e verossímil (possível de ser concretizado).
SUJEITOS ATIVO
47
Cuidado, se o crime foi praticado por FUNCIONÁRIO PÚBLICO, incidirá a causa
de aumento de pena prevista no Art. 4º, I.
SUJEITO PASSIVO
ELEMENTO SUBJETIVO
É o DOLO mais o especial fim de agir de cada uma das alinhas (finalidade específica).
O dispositivo legal é claro ao apontar “constranger alguém”. Assim, temos que o delito em comento
tem por sujeito ativo qualquer pessoa. Logo, trata-se de crime comum, pois pode ser praticado contra
qualquer pessoa, não exigindo qualidade ou condição especial do agente, tanto do sujeito ativo quanto do
sujeito passivo.
É justamente nesse ponto que encontramos a distinção com o crime do Art, 233 do ECA, que somente
entendia como sujeito passivo criança ou adolescente.
Meus amigos, faremos agora um grande esquema para facilitar o nosso entendimento e
memorização do conteúdo. Abordaremos as alíneas a, b e c do Art. 1º, I todas de uma só vez, apontando
suas peculiaridades e exemplificando cada uma delas. Vamos lá?
48
CRIME BICOMUM Exemplo 01: policial que tortura alguém
SUJEITO ATIVO: (provável autor do delito) para que este
QUALQUER PESSOA confesse a autoria do delito
SUJEITOS
DO CRIME
SUJEITO PASSIVO:
Exemplo 02: credor que tortura o devedor
QUALQUER PESSOA
no intuito de que este confesse a dívida
INFORMAÇÃO
TORTURA (Art. 1º, I, a)
COM A FINALIDADE DECLARAÇÃO
• PROBATÓRIA
DE OBTER
• PERSECUTÓRIA
• CONFISSÃO CONFISSÃO
• INSTITUCIONAL
• CRIME
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Na tortura-crime a finalidade é provocar ação ou omissão de natureza criminosa (alinha b). Ou seja,
através da tortura obriga-se alguém a pratica um crime. Ressalta-se que não haverá tortura quando a prática
for de contravenção penal.
Não será necessário para a consumação do delito na modalidade tortura crime, a prática da ação ou
omissão criminosa por parte do torturado, como vimos, todas as modalidades de tortura do Inc. I do Art.
1º são delitos formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado.
Mas, cabe uma pergunta, qual a consequência jurídica se vier a ocorrer a conduta criminosa pelo
torturado, ou seja, se do constrangimento sobrevier a prática delituosa pelo torturado.
Imaginemos a seguinte situação: Antônio é torturado por João, o qual lhe constrange obrigando-o a
prática do delito de homicídio (art. 121, do Código Penal). Na presente situação, qual a
responsabilização penal de Antônio e de João?
➢ Antônio é vítima da tortura praticada por João, e é executor do homicídio. Todavia, como
Antônio agiu diante da coação moral irresistível (Art. 22, CP), esse não será culpável.
Por outro lado, João, é autor IMÉDIATO da TORTURA e é autor MEDIATO do HOMICÍDIO.
➢ Assim, João será responsabilizado pelo crime de tortura em concurso material com o crime de
homicídio
1ª Corrente: entende que ao contemplar a Lei de Tortura a expressão “natureza criminosa”, compreenderia
também a convenção penal. Desse modo, caso um sujeito venha a constranger outro a prática de
contravenção penal incidiria a Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97). Tese minoritária.
2ª Corrente: aduz que a expressa natureza criminosa deve ser interpretada de maneira restritiva, não
abrangendo a contravenção penal.
Nessa esteira, a maior parte da doutrina entende que a expressão compreende tão somente CRIME.
Logo, não configura tortura o constrangimento para a prática de contravenção.
COMO FOI COBRADO EM PROVA - A denominada tortura para a prática de crime ocorre quando o
agente usa de violência ou grave ameaça para obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza
criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a provocação de ação contravencional. (CORRETO)
ANOTAÇÕES:
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TORTURA (Art. 1º. I) Podemos apontar como exemplo de tortura
discriminatória a situação em que o sujeito tortura o
• DISCRIMINATÓRIA outro com emprego de violência ou grave ameaça em
• RACISMO virtude deste ser judeu.
• PRECONCEITO
Segundo o STF, a expressão raça deve ser analisada sob
(EM RAZÃO RAÇA OU RELIGIÃO) o seu aspecto jurídico. Assim, judeu refere-se a raça.
Em síntese:
Depois de muitas sessões de discussão, o que decidiu o STF? O STF concordou com as ações propostas?
SIM.
Quanto ao MI:
O STF, por maioria, julgou procedente o mandado de injunção para:
a) reconhecer a mora inconstitucional do Congresso Nacional e;
b) aplicar, com efeitos prospectivos, até que o Congresso Nacional venha a legislar a respeito, a Lei nº
7.716/89 a fim de estender a tipificação prevista para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional à discriminação por orientação sexual ou identidade
de gênero.
Quanto à ADO:
O STF, também por maioria, julgou a ADO procedente, com eficácia geral e efeito vinculante, para:
a) reconhecer o estado de mora inconstitucional do Congresso Nacional na implementação da prestação
legislativa destinada a cumprir o mandado de incriminação a que se referem os incisos XLI e XLII do art.
5º da Constituição, para efeito de proteção penal aos integrantes do grupo LGBT;
b) declarar, em consequência, a existência de omissão normativa inconstitucional do Poder Legislativo da
União;
c) cientificar o Congresso Nacional, para os fins e efeitos a que se refere o art. 103, § 2º, da Constituição c/c
o art. 12-H, caput, da Lei nº 9.868/99.
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Embora não seja objeto de estudo nesse momento, julguei interessante apresentar a vocês o atual
cenário em relação condutas envolvendo homofobia.
Desse modo, na hipótese em que o indivíduo pratique tortura por discriminação étnica, sexual, ou
por quaisquer outros motivos que não estejam insculpidos na alínea “c”, incorrerá em outras figuras
típicas, e não a prevista no artigo em comento (tortura discriminatória).
Art. 1º, II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a INTENSO sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
OBJETO JURÍDICO
NÚCLEO DO TIPO
SUJEITO ATIVO
Trata-se de CRIME PRÓPRIO ou especial, tendo em vista que somente pode ser autor desse crime
quem tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela alguma espécie de poder ou autoridade, ainda que
de forma momentânea.
SUJEITO PASSIVO
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O tipo penal reclama um sujeito passivo qualificado. Por isso, a tortura castigo é considerada um
crime BI PRÓPRIO (sujeito ativo e sujeito passivo).
A pessoa que está sob guarda, poder ou autoridade exercida pelo sujeito ativo, mesmo que de fato
e em caráter momentâneo, a exemplo do filho, do interdito, do preso e do aluno.
Crime próprio, ou seja, apenas poderá cometer o crime quem tem a guarda,
SUJEITO ATIVO poder ou autoridade sobre a vítima.
Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº
9.455/97) aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade
(crime próprio). STJ. 6ª Turma. REsp 1738264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 23/08/2018 (Info 633 - STJ).
CONSUMAÇÃO
TENTATIVA
É crime plurissubsistente, como a conduta é composta de vários atos e, pode ser fracionada, é possível
a tentativa.
O delito de tortura castigo contempla elementos caracterizantes que poderiam levar o candidato a
induzir que se referem a conduta semelhante do delito de maus tratos previsto ao teor do art. 136 do
Código Penal, porém não devemos confundi-los.
Nesse contexto, a análise do elemento subjetivo do tipo “intenso sofrimento” é de suma importância
para distinguir o crime de tortura com maus tratos (art. 136 do CP).
O ponto peculiar que distintivo da tortura castigo para os maus tratos é o elemento subjetivo
“intenso sofrimento físico”.
Art. 1º, § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de
medida legal. (TORTURA PROPRIAMENTE DITA)
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✓ Não exige o emprego de violência ou grave ameaça
✓ Elemento subjetivo: Dolo
✓ Intermédio a prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal
✓ Delito autônomo
OBJETO JURÍDICO
Protege-se a incolumidade física e mental dos presos ou das pessoas submetidas a medida de
segurança.
OBJETO MATERIAL
Novamente utiliza-se o verbo “submeter”, é uma figura equiparada, mas possui autonimia em
relação ao caput.
O tipo penal possui elemento normativo, já que a conduta criminosa recai sobre a pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança (internação em hospital de custodia de tratamento psiquiátrico ou
tratamento ambulatorial).
Pode ser qualquer tipo de prisão,
Levibastando que sejaRodrigues
De Carvalho lícita. (A prisão ilícita EXCLUI esse crime)
levicarvalho001@gmail.com
• Civil – pelo inadimplemento do080.171.803-14
pagamento de alimentos
• Criminal – pelo cometimento de um crime
• Definitiva – condenação com trânsito em julgado
• Provisória – condenação sem trânsito em julgado.
Imagine, por exemplo, que policiais façam a detenção ilegal de uma pessoa, simplesmente em razão
de seu “estereótipo criminoso” e, dentro da viatura, resolvem castigá-la com choques. Por qual crime eles
respondem?
Como a prisão é ILEGAL, responderão pelo art. 1º, II da Lei de Tortura, e não pelo art. 1º, § 1º. Os
policiais valeram-se da autoridade de seus cargos para deter a pessoa e castigá-la.
Não houve prisão propriamente dita, e sim uma restrição ilegal da liberdade.
Já a pessoa sujeita a medida de segurança é aquela que se encontra inserida em alguma das
modalidades de que trata o art. 96 do Código Penal. Pode estar cumprindo medida de segurança em
hospital psiquiátrico ou tratamento ambulatorial.
Não há emprego de violência ou grave ameaça. A submissão da vítima ao sofrimento físico ou
mental ocorre “por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal”.
• Ato não previsto em lei pode ser qualquer ação ou omissão constrangedora e contrária à
legislação em geral.
Exemplo: deixar o preso em cela escura e extremamente fria.
• Ato não resultante de medida legal é toda ação ou omissão abusiva, porque desvinculada de
fundamento legal.
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Exemplo: sanção disciplinar de isolamento do preso na própria cela, sem ato motivado do diretor
do estabelecimento prisional (LEP, art. 53, inc. IV).
SUJEITO ATIVO
SUJEITO PASSIVO
Já no polo passivo, as divergências são menores, embora haja quem entenda ser um crime comum,
a maioria da doutrina entender ser um crime PRÓPRIO, exigindo uma qualidade especial do sujeito
passivo, qual seja, pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.
ELEMENTO SUBJETIVO
Como dito acima, o elemento subjetivo é o DOLO, dessa vez, sem nenhuma finalidade específica.
Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. (TORTURA OMISSÃO, TORTURA IMPRÓPRIA
OU TORTURA ANÔMALA) Levi De Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
Aqui, não há um ato de tortura propriamente dito, o agente se omite quanto à apuração de um crime
080.171.803-14
de tortura já praticado.
O tipo penal, em uma leitura apressada, traz a ideia de que aquele que se omite na apuração da tortura
irá responder por ela também. (Imagine por exemplo, que Fernando torturou Flávio. Como João, policial,
deixou de apurá-la também irá responder)
Está ideia é falsa, entender assim violaria o princípio da proporcionalidade e seria contrário a
redação do art. 13, § 2º, do CP e do art. 5º, XLIII, da CF, pois falta o poder de agir no caso concreto.
Para existir a omissão penalmente relevante, não basta o dever de agir também se exige o poder de
agir no caso concreto.
Pela redação da lei de tortura, aquele que tem o dever de agir e que não pode agir por qualquer
circunstância, também é penalizado, violando a proporcionalidade.
A solução é aplicar este tipo penal somente a quem tem o dever de apurar a tortura e não de evita-
la.
Por isso, por exemplo, o policial militar que tem o DEVER de evitar, presencia a tortura e que
podendo (PODER) agir para evitá-la se omite, responde pela tortura, em face da regra contida no art. 13,
§ 2º, do CP
ATENÇÃO: Sob pena de “Bis in idem” não se aplica:
✓ art. 61, inc. II, “g”, do CP, e (agravante genérica)
✓ art. 1º, § 4.º, inc. I, da Lei n.º 9.455/1997 (causa de aumento)
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Por fim, não se deve confundir dever de apuração com dever de evitação, observe:
• DEVER DE APURAÇÃO - Quem tinha o dever de apurar, podia apurar e não apurou responde pelo
crime do art. 1º, §2º da lei de tortura. (Pena de detenção de 1 a 4 anos)
• DEVER DE EVITAÇÃO - Quem tinha o dever de evitar, podia evitar e se omitiu responde pelo
crime de tortura em si, com previsão no art. 1º, I, II ou do art. 1º, §1º, NÃO pela regra do Art. 1º, §2º,
mas pela regra do art. 13, § 2º, do CP. (Pena - reclusão, de 2 a 8 anos)
OBJETO JURÍDICO
NÚCLEO DO TIPO
O verbo é “OMITIR”, configurado quando da abstenção do funcionário público frente a sua atuação,
ao seu ofício, do seu dever funcional.
Trata-se de um crime omissivo próprio ou puro, eis que a omissão está descrita no próprio tipo
penal. Além disso, é crime acessório (de fusão ou parasitário), pois não existe de forma isolada no mundo
jurídico, depende da prática de um crime anterior. Existiu um crime de tortura e o funcionário público que
tinha o dever de apurá-lo se omitiu.
SUJEITO PASSIVO
É o Estado, a quem incumbe o dever de investigar e punir a tortura (Convenção contra a Tortura e
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984).
É crime contra a administração da Justiça.
ELEMENTO SUBJETIVO
Crime DOLOSO
CONSUMAÇÃO
É crime omissivo próprio (puro), por isso não admite tentativa. É crime unissubsistente, não há como
fracionar a conduta.
Portanto, não cabe TENTATIVA.
LEI 9.099/95
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É um crime de médio potencial ofensivo, portanto, cabe suspensão condicional do processo, se
presentes todos os requisitos do art. 89 da lei 9.099/1995.
TORTURA QUALIFICADA
Art. 1º, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
GRAVE RECLUSÃO DE
RESULTA LESÃO
4 A 10 ANOS
CORPORAL
TORTURA GRAVÍSSIMA
QUALIFICADA
RECLUSÃO DE
RESULTA MORTE
8 A 16 ANOS
Se ocorrer lesão corporal de natureza leve, ficará absolvido pelo crime de tortura, pois não há
previsão legal para lesão leve. Os resultados que qualificam o crime de tortura (lesão grave, gravíssima e
morte) são produzidos a título de CULPA!
ATENÇÃO, se o resultado qualificador ocorrer por DOLO, ou seja, por vontade do agente, o agente
responderá por tortura e lesão grave/gravíssima e/ou homicídio
Levi De Carvalho em concurso de crimes.
Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA
080.171.803-14
X
TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO MORETE
Se o crime for praticado por funcionário público (conceito estabelecido no Art. 327, CP), será
aumentada a pena de 1/6 até 1/3. Deve estar presente o nexo de causalidade entre a posição funcional e o
crime de tortura, devendo o crime ser praticado no exercício da função ou em razão dela.
A causa de aumento prevista no Art. 1º, §4º, I incide no crime do art. 1º, II (tortura castigo) quando
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o autor for servidor público?
1ª Corrente: de acordo com Alberto Silva Franco, não incide a causa de aumento nesta hipótese, evitando-
se bis in idem.
2ª Corrente: defendida por NUCCI, aduz que sabendo que a condição de agente público NÃO é elementar
do tipo, parece possível a incidência da majorante, sem caracterizar bis in idem. Essa corrente é a que
prevalece.
Para incidir essa majorante o agente deve conhecer essa peculiar característica da vítima.
• Criança
• Gestante
• Portador de deficiência
• Adolescente
• Maior de 60 anos
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para
seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
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Ressalta-se que não basta a perda do cargo, o agente deverá ficar impedido de realizar a função pelo
dobro do tempo da pena.
Somente após reabilitação poderá prestar novo concurso para a função. Ademais, os efeitos da
condenação só serão aplicados após o trânsito em julgado da condenação.
A finalidade da perda do cargo é extirpar da Administração Pública aquele que revelou
inidoneidade moral e grave desvio ético para o exercício da função pública.
De acordo com a maioria da doutrina, a interdição é impossibilidade de ocupação de qualquer cargo
público (em sentido amplo), com efeitos futuros, pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Os efeitos extrapenais automáticos não precisam ser declarados na sentença condenatória e
independem da quantidade de pena cominada ou aplicada.
O entendimento do STF acerca do assunto, é de que a fiança não se confunde com liberdade
provisória (que pode ser concedida Levi
com ou
Desem fiança). Rodrigues
Carvalho Dessa forma, apesar de não admitir fiança, nada
impede a concessão da liberdade provisória para os crimes hediondos e equiparado (tortura) sem fiança,
levicarvalho001@gmail.com
conforme análise do caso concreto, bem 080.171.803-14
como, se ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva.
Vale salientar que o §6º veda a fiança, graça ou anistia, mas não mencionou o INDULTO.
Calma, calma, calma!!! Antes de você se aprofundar em uma pesquisa sem fim na jurisprudência dos
tribunais superiores e na doutrina, deixa eu te adiantar o posicionamento adotado pelo STF,
exatamente aquilo que pode ser cobrado na prova.
Ao proibir a graça, o legislador também proibiu o indulto, que nada mais é que uma espécie de graça.
Indulto é a graça coletiva. Logo, NÃO cabe indulto.
ESQUEMATIZANDO:
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GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É concedida por meio de uma lei federal Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
60
íntegros. civil permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se O réu condenado que foi beneficiado por graça ou
cometer novo crime, não será reincidente. indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual É um benefício coletivo
somente a fatos, atinge apenas os que o (com destinatário certo). (sem destinatário certo).
cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).
Art. 1º, § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento
da pena em regime fechado.
O art. 1º, § 7º, da Lei de Tortura previa o regime inicial fechado: “O condenado por crime previsto
nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”.
Levi De Carvalho Rodrigues
O STF editou a levicarvalho001@gmail.com
Súmula 698: “Não se estende aos demais crimes hediondos a
080.171.803-14
admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de
tortura”.
Aplica-se o princípio da especialidade. Assim, aplicar-se-á a regra do art. 1º, §7º da Lei de Tortura
em detrimento do previsto na lei de crimes hediondos que foi considerado inconstitucional.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal se manifestou sobre o assunto e decidiu de maneira diversa,
senão, vejamos:
61
os demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus
considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiram
expressamente à tese do Relator. STF. 1ª Turma. HC 123316/SE, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 9/6/2015 (Info 789).
Com essa decisão, o STF entende ser inconstitucional qualquer lei que impõe regime inicial fechado
de cumprimento de pena para crimes hediondos e equiparado, no caso em comento, os crimes de tortura.
ESQUEMATIZANDO
Regime inicial de cumprimento de pena:
Crimes hediondos, Tráfico de ✓ Fechado
drogas e Terrorismo ✓ Semiaberto (Inf. 672, STF)
✓ Aberto
Mas olha só essa questão que foi abordada no ano de 2019, vejamos:
1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime é cometido mediante
sequestro.
2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a doze anos.
3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Significa a aplicação da lei brasileira à crimes de torturas praticados fora do território nacional, ou
seja, a lei de tortura poderá ser aplicada à crimes de tortura praticados no exterior.
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Perceba que incide o princípio da personalidade passiva e o princípio do domicilio, duas
hipóteses de extraterritorialidade incondicionada (não se exige nenhuma condição peculiar).
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Bons estudos!
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LEI DE DROGAS - LEI 11.343/06
INTRODUÇÃO
A Lei n.º 11.343/2006 atualmente, regulamenta o tráfico de drogas, bem como, o tratamento para o
usuário. A Lei é do final de 2006, e revogou expressamente a antiga lei de drogas (Lei n. 6.368/1976 e
10.409/2002). Para tratar do tema de Drogas, antes da edição da Lei nº 11.343 de 2006, tínhamos duas
legislações distintas, uma que tratava do regramento quanto aos crimes (tipificação das condutas) e outra
sobre o procedimento (lei penal e lei procedimental), hoje toda a matéria envolvendo drogas, seja a parte
penal ou a parte investigatória e procedimental estão na Lei nº 11.343/2006.
• A nova lei dá um tratamento um tratamento mais brando ao usuário, isto porque a antiga Lei de
drogas permitia a prisão do usuário com pena de até até 03 anos.
• Opostamente, na novel legislação, o usuário não pode mais ser preso, houve
descarcerização/despenalização do usuário. A possibilidade de se aplica pena privativa de
liberdade já não existe mais Levi
em seDe
tratando de usuário,
Carvalho é um grande benefício trazido pela nova
Rodrigues
Lei (Art. 28, Lei nº 11.343/2006).
levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
Veremos em momento oportuno quais as sanções cabíveis ao usuário de drogas.
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Como vimos acima, a Lei 11.343/06 cria o Sisnad, estabelecendo medidas de prevenção e repreensão,
tudo isso relacionado as drogas ilícitas.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias
ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da
União.
Esse parágrafo único pode até parecer não dizer muita coisa, mas é dele que se extrai uma das
questões mais recorrentes em prova. Veja o que a lei diz: “consideram-se como drogas as substâncias ou
os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas...” ora,
é facilmente notável que a lei drogas que regulamenta os crimes e também os procedimentos processuais
a serem tomados, não conceitua DROGA, não estabelece o conceito, não define o que é DROGA.
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Portanto, a Lei 11.343/06 trata-se de NORMA PENAL EM BRANCO PRÓPRIA, HETEROGÊNIA
OU EM SENTIDO ESTRITO.
Norma penal em branco própria, heterogênia ou em sentido estrito significa dizer que a Lei de
Drogas precisa de complemento para definição do que será droga. Dito isto, importante salientar que a
norma penal em branco é própria e em sentido estrito porque seu complemento vem de espécie normativa
diversa da espécie em comento, uma vez que, o complemento dessa lei vem de uma portaria, no caso, a
portaria n° 334 do ministério da saúde, que tem natureza diversa de lei.
ESQUEMATIZANDO
65
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto
no art. 5º.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de
trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
Público e o defensor.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestaçãoLevi
de serviços à comunidade;
De Carvalho Rodrigues
III - medida levicarvalho001@gmail.com
educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,
080.171.803-14
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
O artigo 243/CF traz a chamada pena confisco, onde o proprietário que cultivar ilegalmente plantas
psicotrópicas perderá a gleba por completo, ou seja, terá suas terras expropriadas sem qualquer
indenização.
66
congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e
dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput,
nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz
submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para
tratamento especializado.
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do
art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-
multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem),
atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor
de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o §
6º do art. 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes
do Código Penal.
Levi De Carvalho Rodrigues
ESQUEMATIZANDO levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
ADQUIRIR ADVERTÊNCIA SOBRE OS EFEITOS DAS DROGAS
TROUXER CONSIGO
MULTA
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DIFERENCIAÇÃO COM O CRIEME DE TRÁFICO (ART.28, §2°)
A quantidade de drogas, por si só, não é fator determinante para concluir se era
para consumo pessoal
Nos termos do art. 28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006, não é apenas a quantidade de
drogas que constitui fator determinante para a conclusão de que a substância se
destinava a consumo pessoal, mas também o local e as condições em que se
desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os
antecedentes do agente. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1740201/AM, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/11/2020.
Levi De Carvalho Rodrigues
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
O STF sedimentou que por ter o legislador excluído do preceito secundário da
norma as penas privativas de liberdade, estabelecendo penas educativas restritivas
de direitos, gerou um grande conflito, posto que embora tenha ocorrido a exclusão
das penas privativas de liberdade (detenção ou reclusão), não houve a abolitio
criminis, mas somente a despenalização.
DE OLHO NO INFORMATIVO
INFORMATIVO 887 (STF) - Não cabe habeas corpus para discutir processo
criminal envolvendo o art. 28 da LD
O art. 28 da LD não prevê a possibilidade de o condenado receber pena privativa
de liberdade. Assim, não existe possibilidade de que o indivíduo que responda
processo por este delito sofra restrição em sua liberdade de locomoção. Diante
disso, não é possível que a pessoa que responda processo criminal envolvendo o
art. 28 da LD impetre habeas corpus para discutir a imputação. Não havendo
ameaça à liberdade de locomoção, não cabe habeas corpus. Em suma, o habeas
corpus não é o meio adequado para discutir crime que não enseja pena privativa
de liberdade. STF. 1ª Turma. HC 127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/12/2017 (Info 887).
68
substância apreendida que possua "canabinoides" (característica da espécie
vegetal Cannabis sativa), ainda que naquela não haja tetrahidrocanabinol (THC).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.444.537-RS,Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
12/4/2016 (Info 582).
TÍTULO IV
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO
ILÍCITO DE
DROGAS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
69
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-se-á,
além das cautelas necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto
nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do
órgão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o
disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.
A destruição das drogas apreendidas é um tópico importe, uma vez que, temos algumas situações
distintas que podem nos levar a erro no momento da prova.
Vamos lá:
Perceba que ao ler o art.32, chegamos à conclusão que as plantações devem ser imediatamente
destruídas pelo delegado de polícia na forma do art.50-A. Vejamos:
Levi De Carvalho Rodrigues
Art. 50-A. A levicarvalho001@gmail.com
destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados
080.171.803-14
da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
Ora, o artigo 50-A traz uma situação distinta do art.32, qual seja, a apreensão de droga não ocorrendo
prisão em flagrante e o prazo máximo de 30 trinta dias contados da apreensão da droga, para incineração.
Para entendermos uma outra situação (presença de flagrante), necessário se faz também a leitura do
Art. 50, não mencionado pelo Art. 32.
Vejamos:
70
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas
referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
71
• NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (1O DIAS PARA DETERMIRNAR)
• PRAZO: 15 DIAS CONTADOS DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL (FEITA PELO DELEGADO)
• GUARDAR AMOSTRA PARA LAUDO DEFINITIVO
• PRESENÇA DO MP E DA AUTORIDADE SANITÁRIA
A lei 13.840/19 realizou uma recente alteração no art. 50-A da lei 11.343/06. Vejamos:
Art.50-A A destruição de drogas apreendidas sem a Art. 50-A A destruição das drogas apreendidas sem a
ocorrência de prisão em flagrante será feita por ocorrência de prisão em flagrante será feita por
incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
contado da data da apreensão, guardando-se amostra contados da data da apreensão, guardando-se amostra
necessária à realização do laudo definitivo, aplicando- necessária à realização do laudo definitivo.
se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art.
50. Levi De Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o
080.171.803-14
disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em
vigor.
SE LIGA NA JURISPRUDÊNICA
Ora, com a novel legislação, é incerto afirmar que continuará sendo aplicado o procedimento dos §§
3° a 5° do art.50, ou seja, prazo para autorização judicial, destruição das drogas apreendidas pelo delegado
de polícia e presença do MP e da autoridade sanitária.
Dada a recente alteração, ainda não podemos afirmar qual será o procedimento adotado, esperemos
72
a cenas dos próximos capítulos.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
INFORMAÇÃO IMPORTE: O ART.33, CAPUT E §1º, I, II, III E IV SÃO CONSIDERADOS EQUIPADOS A
HEDIONDO
CONDUTAS INSTÂNTANEAS, como, por exemplo, os CONDUTAS PERMANENTES, como, por exemplo,
núcleos ADQUIRIR e VENDER, PERMITEM A GUARDAR, TRANSPORTAR, TRAZER CONSIGO E TER EM
FORMA TENTADA. DEPÓSITO, NÃO ADMITEM A FORMA TENTADA
Levi De Carvalho Rodrigues
NAS CONDUTAS PERMANENNTES, CABERÁ A QUALQUER MOMENTO PRISÃO EM FLAGRANTE SEM
levicarvalho001@gmail.com
NECESSISADE DE MANDADO DE PRISÃO
080.171.803-14
SE LIGA NA JURISPRUDÊNICA!!
73
Sanitária – ANVISA, ad referendum da Diretoria Colegiada, do cloreto de etila da Lista
F2 – Lista de Substâncias Psicotrópicas de Uso Proscrito no Brasil e o incluiu na Lista D2
– Lista de Insumos Químicos Utilizados como Precursores para a Fabricação e
Síntese de Entorpecentes e/ou Psicotrópicos. Resolução que foi republicada, desta feita
com a decisão da Diretoria Colegiada da ANVISA incluindo o cloreto de etila na Lista B1
– Lista de Substâncias Psicotrópicas. Prática de ato regulamentar manifestamente
inválido pelo Diretor-Presidente da ANVISA, tendo em vista clara e juridicamente
indiscutível a não caracterização da urgência a autorizar o Diretor-Presidente a baixar,
isoladamente, uma resolução em nome da Diretoria Colegiada”.
Destarte, há divergência, porquanto o Supremo Tribunal Federal se orienta a favor
da tese da abolitio criminis; o Superior Tribunal de Justiça se posiciona contra essa
tese.
Falta de laudo toxicológico definitivo pode ser suprida pelo laudo provisório?
Nos casos em que ocorre a apreensão da droga, o laudo toxicológico definitivo é,
em regra, imprescindível para a condenação pelo crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, sob pena de ter por incerta a materialidade do delito e, por
conseguinte, ensejar a absolvição do acusado.
Em situações excepcionais, admite-se que a comprovação da materialidade do
crime possa ser efetuada por meio do laudo de constatação provisório, quando ele
permita grau de certeza idêntico ao laudo definitivo, pois elaborado por perito
oficial, em procedimento e com conclusões
Levi De Carvalho Rodrigues equivalentes.
STJ. 3° Sessão. EREsp 1544057/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
levicarvalho001@gmail.com
em 26/10/2016 080.171.803-14
DE OLHO NO INFORMATIVO
74
o ajuste. Assim, não é indispensável que a droga tenha sido entregue ao
comprador e o dinheiro pago ao vendedor, bastando que tenha havido a
combinação da venda. STJ. 6ª Turma. HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 1º/9/2015 (Info 569).
INFORMATIVO 711 – STF O réu não tem o dever de demonstrar que a droga
encontrada consigo seria utilizada apenas para consumo próprio.
Cabe à acusação comprovar os elementos do tipo penal, ou seja, que a droga
apreendida era destinada ao tráfico. Ao Estado-acusador incumbe demonstrar a
configuração do tráfico, que não ocorre pelo simples fato dos réus terem comprado
e estarem na posse de entorpecente.
Em suma, se a pessoa é encontrada com drogas, cabe ao Ministério Público
comprovar que o entorpecente era destinado ao tráfico. Não fazendo esta prova,
prevalece a versão do réu de que a droga era para consumo próprio.
Poderá haver condenação por tráfico de drogas mesmo por prova documental e testemunhal?
Vejamos o que diz a jurisprudência do STJ:
“Nos casos de não apreensão da droga, é possível que a condenação pela prática do delito tipificado no art.
33 da Lei n° 11.243/2006 seja embasada em extensa prova documental e testemunhal produzida durante a
instrução criminal que demonstrem o envolvimento com organização criminosa acusada de delito”.
§ 1º Nas mesmas
Levi penas incorre quem:
De Carvalho Rodrigues
I - importa, levicarvalho001@gmail.com
exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda,
oferece, fornece, tem080.171.803-14
em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, MATÉRIA-PRIMA, INSUMO ou PRODUTO QUÍMICO
destinado à preparação de drogas;
75
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. (DELITO
AUTONOMO)
Levi De Carvalho Rodrigues
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para
levicarvalho001@gmail.com
juntos a consumirem: (DELITO AUTONOMO) 080.171.803-14
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
DELITO AUTÔNOMO USO COMPARTILHADO
EVENTUALIDADE TEM QUE SER ESPORÁDICO
SEM O OBJETIVO DE LUCRO SE HOUVER LUCRO: TRÁFICO
PESSOA DE SEU RELACIONAMENTO AMIGO/PARENTE/ETC...
PARA JUNTOS CONSUMIREM RODA DE FUMO
Após a leitura do artigo, de acordo com o preceito secundário do tipo, podemos constatar o seguinte:
76
CABE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (PENA MÍNIMA IGUAL OU INFERIOR A 1
ANO)
TRÁFICO PRIVILEGIADO
“A súmula 512 do STJ foi superada, e hoje, sendo o reconhecido o privilégio no tráfico, restará afastada a
HEDIONDEZ do delito.”
Atenção, em recente decisão, o STF divergiu do STJ (informativo 596), em relação a utilização de
inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para embasar a convicção do magistrado de modo a afastar
o benefício do “tráfico privilegiado”.
Vejamos:
“Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado,
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu
responder a inquéritos policiais ou processos criminais em andamento, mesmo que
estejam em fase recursal, sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da
presunção de não culpabilidade).
STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020
(Info 967).
STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
19/11/2018.
Diante dessa divergência, fique muito atento ao enunciado da questão, como certeza esse assunto
será abordado pelas bancas examinadoras.
O §4° do art. 33 trata-se de causa de diminuição de pena, ou seja, incide na 3° fase da dosimetria da
77
pena, podendo conduzir a pena a abaixo do mínimo legal. Destina-se ao traficante eventual e não ao
profissional.
Nesse caso, preenchidos os requisitos legais, a diminuição da pena torna-se obrigatória, torna-se um
direito subjetivo do réu.
STF STJ
STF: NÃO STJ: SIM
Não se pode negar a aplicação da causa de É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou
diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no art. ações penais em curso para formação da convicção de
33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a
fato de o réu responder a inquéritos policiais ou afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei
processos criminais em andamento, mesmo que n.º 11.343/2006.
estejam em fase recursal, sob pena de violação ao art.
5º, LIV (princípio da presunção de não STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix
culpabilidade). Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596).
STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min.
Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967). Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.
Vale chamar atenção para uma situação já tratada pela doutrina e pela jurisprudência, que é o caso
da não possibilidade de combinaçãoLevi De Carvalho Rodrigues
de leis.
Vejamos: levicarvalho001@gmail.com
Súmula 501 – STJ: É080.171.803-14
cabível a aplicação retroativa da lei 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da lei 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”
O tribunal supremo não admitiu a chama lex tertia, ou seja, uma terceira lei.
DE OLHO NO INFORMATIVO!!
78
art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser considerado crime
equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 23/6/2016 (Info 831).
Cuidado para não confundir com outa situação que pode parecer semelhante, vejamos:
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curso para agravar a pena-base.
FABRICAR
AINDA QUE GRATUITAMENTE
ADQUIRIR
UTILIZAR
TRANSPORTAR
MAQUINÁRIO
OFERECER APARELHO
VENDER Levi De Carvalho Rodrigues INSTRUMENTO
DISTRIBUIR levicarvalho001@gmail.com OBEJTO
ENTREGAR A QUALQUER TÍTULO080.171.803-14
POSSUIR
GUARDAR DESTINADOS:
FORNECER
FABRICAÇÃO
PREPARAÇÃO
PRODUÇÃO
TRANSFORMAÇÃO
DE DROGAS
O artigo 34 trata do chamado crime e petrechos para fabricação, preparação e produção de drogas.
Questão muito recorrente em concursos públicos de um modo geral, é a aplicação do princípio da
consunção entre o delito do art. 33, caput (tráfico) e o delito do art. 34 (petrechos).
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA!!
80
pelo juízo singular, com o decotamento da confissão espontânea fixado em 2º grau.
Na espécie, ele fora condenado pela prática de tráfico de drogas e associação para
o tráfico (Lei 11.343/2006, artigos 33 e 35). O tribunal local, ao apreciar as apelações
da acusação e da defesa, reduzira a pena referente ao tráfico, mas condenara o réu
com relação aos delitos dos artigos 33, § 1º, I; e 34 da Lei 11.343/2006. No “habeas”,
sustentava-se a existência de irregularidades quanto às transcrições de escutas
telefônicas colhidas em investigação; a ilegalidade quanto à pena-base; a
ocorrência do princípio da consunção, considerados os delitos de tráfico e dos
artigos 33, § 1º, I; e 34 da Lei 11.343/2006; a inexistência do crime de associação para
o tráfico; a ilegalidade quanto à incidência da agravante do art. 62, I, do CP; e a
ocorrência de tráfico privilegiado. A Turma assinalou não haver nulidade quanto
às transcrições de interceptações telefônicas, que teriam sido devidamente
disponibilizadas, sem que a defesa, entretanto, houvesse solicitado a transcrição
total ou parcial ao longo da instrução. Ademais, entendeu que, dadas as
circunstâncias do caso concreto, seria possível a aplicação do princípio da
consunção, que se consubstanciaria pela absorção dos delitos tipificados nos
artigos 33, § 1º, I, e 34 da Lei 11.343/2006, pelo delito previsto no art. 33, “caput”,
do mesmo diploma legal. Ambos os preceitos buscariam proteger a saúde pública
e tipificariam condutas que — no mesmo contexto fático, evidenciassem o intento
de traficância do agente e a utilização dos aparelhos e insumos para essa mesma
finalidade — poderiam ser consideradas meros atos preparatórios do delito de
tráfico previsto
LevinoDe art.Carvalho
33, “caput”,Rodrigues
da Lei 11.343/2006. Quanto às demais alegações,
não haveria levicarvalho001@gmail.com
vícios aptos a redimensionar a pena-base fixada, bem assim estaria
demonstrada a existência de associação para o tráfico. Além disso, a suposta
080.171.803-14
ocorrência de tráfico privilegiado não poderia ser analisada, por demandar análise
fático-probatória. Por fim, a questão relativa à incidência do art. 62, I, do CP, não
teria sido aventada perante o STJ, e sua análise implicaria supressão de instância.
HC 109708/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 23.6.2015. (HC-109708)
A suprema corte entendeu que seria possível a aplicação do tal princípio, e utilizou o seguinte
argumento: “Ambos os preceitos buscariam proteger a saúde pública e tipificariam condutas que — no mesmo
contexto fático, evidenciassem o intento de traficância do agente e a utilização dos aparelhos e insumos
para essa mesma finalidade — poderiam ser consideradas meros atos preparatórios do delito de tráfico
previsto no art. 33, “caput”, da Lei 11.343/2006”
Perceba que nessa decisão da suprema corte cita “no mesmo contexto fático” isso porque, se restar
caracterizado a existência de “contextos autônomos” e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico
tutelado de forma distinta.
Vejamos essa interessante decisão:
81
De fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, ameaçada com a
possibilidade de a droga ser produzida, ou seja, tipifica-se conduta que pode ser
considerada como mero ato preparatório. Portanto, a prática do crime previsto no
art. 33, caput, da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34 da mesma
lei, desde que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e
coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Na
situação em análise, não há autonomia necessária a embasar a condenação em
ambos os tipos penais simultaneamente, sob pena de "bis in idem". Com efeito, é
salutar aferir quais objetos se mostram aptos a preencher a tipicidade penal do tipo
do art. 34, o qual visa coibir a produção de drogas. Deve ficar demonstrada a real
lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas, sob pena de a posse de uma
tampa de caneta - utilizada como medidor -, atrair a incidência do tipo penal em
exame. Relevante, assim, analisar se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o
tipo penal em tela. Na situação em análise, além de a conduta não se mostrar
autônoma, verifica-se que a posse de uma balança de precisão e de um alicate de
unha não pode ser considerada como posse de maquinário nos termos do que
descreve o art. 34, pois os referidos instrumentos integram a prática do delito de
tráfico, não se prestando à configuração do crime de posse de maquinário. REsp
1.196.334-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/9/2013.
82
ofendam bens jurídicos distintos. Dessa forma, a depender do contexto em que os
crimes foram praticados, será possível o reconhecimento da absorção do delito
previsto no art. 34 - que tipifica conduta que pode ser considerada como mero ato
preparatório - pelo crime previsto no art. 33. Contudo, para tanto, é necessário que
não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a
vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Levando-se em consideração
que o crime do art. 34 visa coibir a produção de drogas, enquanto o art. 33 tem por
objetivo evitar a sua disseminação, deve-se analisar, para fins de incidência ou não
do princípio da consunção, a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos
destinados à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas.
Relevante aferir, portanto, se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo
penal em tela quanto à coibição da própria produção de drogas. Logo, se os
maquinários e utensílios apreendidos não forem suficientes para a produção ou
transformação da droga, será possível a absorção do crime do art. 34 pelo do art.
33, haja vista ser aquele apenas meio para a realização do tráfico de drogas (como
a posse de uma balança e de um alicate - objetos que, por si sós, são insuficientes
para o fabrico ou transformação de entorpecentes, constituindo apenas um meio
para a realização do delito do art. 33). Contudo, a posse ou depósito de maquinário
e utensílios que demonstrem a existência de um verdadeiro laboratório voltado à
fabricação ou transformação de drogas implica autonomia das condutas, por não
serem esses objetos meios necessários ou fase normal de execução do tráfico de
drogas. AgRg no AREsp
Levi 303.213-SP,
De Carvalho Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
Rodrigues
8/10/2013. levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
Resta claro, nessa decisão, que para aplicação do princípio da consunção, é necessário averiguar se
há ou não autonomia nas condutas praticadas pelo agente.
NA RESIDÊNCIA DO AGENTE
NÃO HÁ AUTOMIA ENTRE CONDUTAS
+ ALICATE DE UNHA APLICA-SE O PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
+ BALANÇA DE PRECISÃO
83
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200
(mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
O caput do presente artigo trata do crime de associação para o tráfico, doutrinariamente classificado
como crime plurissujetivo ou de concurso necessário, ou seja, o legislador exigiu o mínimo de duas
pessoas para a prática deste delito.
Detalhe importe, para configuração desse delito, computam-se os inimputáveis!!
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA!!
Como podemos ver, a presença de menor de idade é computável para fins de configuração do
crime de associação para o tráfico.
Ademais, vale ressaltar que para o reconhecimento da associação para o tráfico, é necessário
ESTABILIDADE e PERMANÊNCIA. (NÃO PODE SER EVENTUAL)
DE OLHO NO INFORMATIVO!!
ATENÇÃO!!
O crime de associação para o tráfico possui um especial fim agir, isto é, se não houver esse especial
fim de agir, a conduta será atípica.
A finalidade específica da associação é a prática, reiterada ou não, dos crimes previstos no art. 33,
caput, art. 33, §1° e art. 34.
84
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO REQUISÍTOS
ANIMUS ASSOCIATIVO
AJUSTE PRÉVIO
FINALIDADE ESPECÍFICA (tráfico ou petrecho)
PERMANÊNCIA
ESTABILIDADE
É possível o concurso de crime entre os crimes do art. 33, caput e o art. 34, tendo em vista que a
associação não é meio necessário para tráfico, não incidindo, portanto, o princípio da consunção.
A consumação do delito ocorre quando há permanência e estabilidade, não sendo necessário que
os agentes pratiquem efetivamente as infrações descritas no tipo penal.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
O parágrafo único traz conduta equiparada consistente na associação para o delito de financiamento
do tráfico. Trata-se de conduta que Levi
em tudo se assemelha
De Carvalho à associação do caput, aplicando-se a ela tudo
Rodrigues
o que se disse em relação ao caput,levicarvalho001@gmail.com
tendo com marcos distintivos dois fatores: ocorrência de conduta
reiterada e especial fim de agir, qual seja, financiamento do tráfico.
080.171.803-14
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts.
33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
O crime de financiamento e custeio é um crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa.
Não se trata propriamente do agente que realiza o tráfico, mas, sim, de quem introduz recursos
pecuniários/financeiros na atividade ilícita de tráfico de drogas.
• Financiar: consiste em o agente injetar o recurso financeiro na atividade ilícita de tráfico para
obter retorno financeiro que não decorra direta e especificamente do tráfico de drogas, e sim
de sua atividade lucrativa, atividade que se assemelha a de um banco que empresta dinheiro
para uma finalidade específica, e por isso recebe juros.
• Custear: O agente injeta dinheiro no tráfico de drogas para obter o retorno financeiro
diretamente do tráfico de drogas, sendo a lucratividade decorrente especificamente da
traficância custeada, da própria atividade na qual empregou o dinheiro.
Atenção!!
85
A configuração deste delito exige que a conduta seja praticada de forma ESTÁVEL e REITERADA,
não podendo constituir em uma conduta eventual, isolada.
A conduta de financiar ou de custear o tráfico de drogas seria, em princípio, uma maneira de participação
no tráfico realizado por outra pessoa. Entretanto, em relação a este tipo penal, o legislador optou por
criminalizar a conduta como tipo penal autônomo. A opção legislativa implica uma exceção à teoria
monista, uma vez que o agente financiador da traficância de outrem, ambos respondem por crimes
distintos. Cada um responderá por um tipo penal autônomo.
Um responderá por tráfico de drogas (art.33, caput) e o outro por financiamento ou custeio do
tráfico de drogas (art. 36) O agente que financia ou custeia não pratica o tráfico de drogas, não sendo
coautor, nem participe do tráfico.
Pergunta de prova!!!
Caso o agente delituoso além de traficar a droga, seja também o seu próprio financiador?
Estamos diante da figura do AUTOFINANCIAMENTO, que é aquele que ocorre quando o próprio agente
financia ou custeia a sua própria atividade ilícita, ele mesmo garante o negócio financeiramente.
Neste caso, o indivíduo que se autofinancia não reponde pelo art. 36, mas tão somente pelo delito do art.
33, caput, uma vez que, para configuração do crime de financiamento ou custeio é necessário que tais
condutas sejam realizadas para queLevium terceiro/outrem, através do financiamento e/ou custeio realize a
De Carvalho Rodrigues
traficância. levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
Atenção, aplica-se nesse caso a causa de aumento de pena prevista no art. 40, VII, da lei.
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA!!
86
lei, cabendo ressaltar, entretanto, que a aplicação da aludida causa de aumento de
pena cumulada com a condenação pelo financiamento ou custeio do tráfico
configuraria inegável bis in idem. De outro modo, atestar a impossibilidade de
aplicação daquela causa de aumento em casos de autofinanciamento para o tráfico
levaria à conclusão de que a previsão do art. 40, VII, seria inócua quanto às penas
do art. 33, caput. REsp 1.290.296-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 17/12/2013.
GRUPO DESTINADOS A
COLABORAR COMO INFORMANTE ORGANIZAÇÃO PRÁTICA DE QUALQUER
DOS CRIMES PREVISTOS
ASSOCIAÇÃO
NOS ARTIGOS:
A COLABORAÇÃO COM
INFORMAENTE,
ISOLADAMENTE, CONFIGURA
CRIME SOMENTE SE FEITA POR
MEIO DE INFORMAÇÕES!!
QUALQUER OUTRA FORMA DE
COLABORAÇÃO NÃO
CONFIGURA ESSE DELITO.
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA!!
87
A configuração do crime de associação para o tráfico exige a prática, reiterada ou
não, de condutas que visem facilitar a consumação dos crimes descritos nos arts.
33, caput e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006, sendo necessário que fique demonstrado
o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação de vínculo
permanente e estável. Por sua vez, o crime de colaboração como informante
constitui delito autônomo, destinado a punir específica forma de participação na
empreitada criminosa, caracterizando-se como colaborador aquele que transmite
informação relevante para o êxito das atividades do grupo, associação ou
organização criminosa destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006. O tipo penal do art. 37 da referida lei
(colaboração como informante) reveste-se de verdadeiro caráter de
subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade quando não se comprovar a
prática de crime mais grave. De fato, cuidando-se de agente que participe do
próprio delito de tráfico ou de associação, a conduta consistente em colaborar com
informações já será inerente aos mencionados tipos. A referida norma
incriminadora tem como destinatário o agente que colabora como informante
com grupo, organização criminosa ou associação, desde que não tenha ele
qualquer envolvimento ou relação com atividades daquele grupo, organização
criminosa ou associação em relação ao qual atue como informante. Se a prova
indica que o agente mantém vínculo ou envolvimento com esses grupos,
conhecendo e participando de sua rotina, bem como cumprindo sua tarefa na
empreitada Levi
comum, a conduta Rodrigues
De Carvalho não se subsume ao tipo do art. 37, podendo
configurar outros crimes, como o tráfico ou a associação, nas modalidades
levicarvalho001@gmail.com
autoria e participação. Com efeito, o exercício da função de informante dentro da
080.171.803-14
associação é próprio do tipo do art. 35 da Lei 11.343/2006 (associação), no qual a
divisão de tarefas é uma realidade para consecução do objetivo principal. Portanto,
se a prova dos autos não revela situação em que a conduta do paciente seja
específica e restrita a prestar informações ao grupo criminoso, sem qualquer outro
envolvimento ou relação com as atividades de associação, a conduta estará
inserida no crime de associação, o qual é mais abrangente e engloba a mencionada
atividade. Dessa forma, conclui-se que só pode ser considerado informante, para
fins de incidência do art. 37 da Lei 11.343/2006, aquele que não integre a
associação, nem seja coautor ou partícipe do delito de tráfico. Nesse contexto,
considerar que o informante possa ser punido duplamente - pela associação e pela
colaboração com a própria associação da qual faça parte -, além de contrariar o
princípio da subsidiariedade, revela indevido bis in idem, punindo-se, de forma
extremamente severa, aquele que exerce função que não pode ser entendida como
a mais relevante na divisão de tarefas do mundo do tráfico. HC 224.849-RJ, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/6/2013.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a
200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da
categoria profissional a que pertença o agente.
88
O tipo penal em comento pune a conduta apenas a título de culpa, o tipo pena é exclusivamente
culposo. Se o agente prescreve ou ministra com DOLO configura o delito de tráfico de drogas.
Trata-se de crime próprio nas duas condutas. Na conduta prescrever (receitar) somente pode ser
sujeito ativo o médico ou dentista, já na conduta ministrar (aplicar/introduzir) poder ser o médico,
dentista, farmacêutico ou profissional da saúde.
Consumação:
• Prescrever: com a entrega da receita do paciente, não bastando o preenchimento da receita.
• Ministrar: com a aplicação da droga, independentemente de qualquer consequência ulterior.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto
a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no
89
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de
qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma
de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito
Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha,
por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
O presente artigo trata de causas de aumento de pena, que deverão incidir na 3º fase da dosimetria
da pena (art. 68 do Código Penal). O caput do artigo 40 deixa claro que a causa de aumento da pena incide
somente nos delitos dos arts. 33 ao 37 desta lei. Vamos tralhar uma por uma:
Para a incidência dessa majorante não se faz necessária a efetiva transposição da fronteira entre os
países, bastando a prova inequívoca da destinação internacional.
90
O aumento da pena justifica-se em razão da maior gravidade da conduta praticada por pessoas que
se insiram dentro da previsão desse inciso. (Prof. Gabriel Habbib)
Incidirá a causa de aumento da pena prevista nesse quando o delito for praticado nas dependências
ou imediações dos locais descritos no presente inciso. São locais de grande concentração e circulação de
pessoas.
É necessário que o agente tenha por finalidade a prática do delito nos locais determinados no inciso
III.
ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS;
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO;
ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES;
SEDES DE ENTIDADES ESTUDANTIS, SOCIAIS, CULTURAIS, RECREATIVAS, ESPORTIVAS
OU BENEFICENTES;
LOCAIS DE TRABALHO COLETIVO;
RECINTOS ONDE SE REALIZEM ESPETÁCULOS OU DIVERSÕES DE QUALQUER NATUREZA;
SERVIÇOS DE TRATAMENTO DE DEPENDENTES DE DROGAS OU DE REINSERÇÃO
SOCIAL;
UNIDADES MILITARES OU POLICIAIS;
TRANSPORTES PÚBLICOS. Levi De Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA!! 080.171.803-14
91
Weber, julgado em 19/08/2014. STF. 2ª Turma. HC 120624/MS, Red. p/ o acórdão,
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 3/6/2014 (Info 749). STJ. 5ª Turma. AgRg
no REsp 1295786-MS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 18/6/2014 (Info
543). STJ. 6ª Turma. REsp 1443214-MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
22/09/2014.
Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, da LD se o crime foi
praticado em dia e horário no qual a escola estava fechada e não havia pessoas
lá
A prática do delito de tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimentos de
ensino (art. 40, III, da Lei 11.343/06) enseja a aplicação da majorante, sendo
desnecessária a prova de que o ilícito visava atingir os frequentadores desse local.
Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006
é desnecessária a efetiva comprovação de que a mercancia tinha por objetivo
atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em locais
próximos, ou seja, nas imediações de tais estabelecimentos, diante da exposição de
pessoas ao risco inerente à atividade criminosa da narcotraficância. STJ. 6ª Turma.
AgRg no REsp 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017. STJ.
6ª Turma. HC 359088/SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº
11.343/2006, se a prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não
facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em área de maior
aglomeraçãoLevide pessoas. Ex: se Rodrigues
De Carvalho o tráfico de drogas é praticado no domingo de
madrugada, levicarvalho001@gmail.com
dia e horário em que o estabelecimento de ensino não estava
funcionando, não deve incidir a majorante. STJ. 6ª Turma. REsp 1719792-MG, Rel.
080.171.803-14
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
ATENÇÃO!!!!
Não incide a causa de aumento de pena prevista no inciso III do art. 40 da Lei nº
11.343/2006 em caso de tráfico de drogas cometido nas dependências ou nas
imediações de igreja.
O tráfico de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado
pelo legislador no rol das majorantes previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº
11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com esse fim tendo em vista
que no Direito Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto
92
a dois terços, se: III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de
locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões
de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
STJ. 6ª Turma. HC 528851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
05/05/2020 (Info 671).
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma
de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
Nas palavras do nobre professor Gabriel Habib “Os delitos dos arts. 33 ao 37 da lei não possuem
violência, grave ameaça, emprego de arma ou qualquer forma de intimidação coletiva como elemento do
tipo. Assim, além da gravidade desses delitos, caso haja o emprego desses meios descritos neste inciso,
justifica-se a maior pena”.
Segundo ponto, esse tipo de tráfico sera da competência da justiça estadual. Vejamos:
Terceiro ponto, de acordo com o STJ, o juízo competente será o do local da apreensão da droga.
Vejamos:
93
Porém, recentemente o STJ mudou o seu entendimento, entendendo ser o juízo federal do endereço
do destinatário e não mais o juízo federal do local da apreensão o competente para processar e julgar o
crime de tráfico internacional de drogas. Vejamos:
A competência para julgar esse delito será do local onde a droga foi apreendida ou
do local de destino da droga?
• Entendimento atual
Levi De Carvalho doRodrigues
STJ: local de destino da droga.
Na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do
levicarvalho001@gmail.com
destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ
080.171.803-14
deve ser flexibilizada para se fixar a competência no Juízo do local de destino da
droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da busca da verdade e da
duração razoável do processo.
STJ. 3ª Seção. CC 177882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 26/05/2021
(Info 698)
94
11.343/2006 (Lei de Drogas) em concomitância com a causa especial de aumento
relativa à transnacionalidade do delito (art. 40, I, da Lei de Drogas), sob pena de
bis in idem. Precedente citado: AgRg no REsp 1.273.754-MS, Quinta Turma, DJe
17/11/2014. HC 214.942-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
16/6/2016, DJe 28/6/2016.
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem
tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de
entendimento e determinação;
Trata-se da prática dos delitos previstos nos arts. 33 ao 37, envolvendo, ou seja, inserindo a pessoa
dentro do cenário do tráfico de drogas, trazendo-a para dentro, ou visando, que seria o mesmo que ter
como meta, fazer a droga chegar a elas. A majorante justifica-se em razão da ausência de discernimento
das vítimas descritas no dispositivo.
Caso o agente envolva menor na prática de qualquer dos delitos previstos nos arts. 33 ao 37 da lei,
deverá somente incidir a causa de aumento ora comentada. O legislador trouxe especificamente para
dentro desses tipos penais essa hipótese como majorante, não havendo concurso de crimes como o delito
de corrupção de menores previsto no art. 244-B do ECA, sob pena de bis in idem.
SE LIGA NA JURISPRUDÊNICA!!
95
adolescente ou quem tenha capacidade de entendimento e determinação
diminuída. Não se compartilha do entendimento no sentido de que, se a criança
ou adolescente já estiverem corrompidos, não há falar em corrupção de menores e
de que responde o agente apenas pelo crime de tráfico majorado, pois, de acordo
com o entendimento do STJ, é irrelevante a prova da efetiva corrupção do menor
para que o acusado seja condenado pelo crime do ECA. A solução deve ser
encontrada no princípio da especialidade. Assim, se a hipótese versar sobre
concurso de agentes envolvendo menor de dezoito anos com a prática de qualquer
dos crimes tipificados nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, afigura-se juridicamente
correta a imputação do delito em questão, com a causa de aumento do art. 40, VI.
Para os demais casos, aplica-se o art. 244-B, do Estatuto da Criança e do
Adolescente, conforme entendimento doutrinário.
DIREITO PENAL. APLICAÇÃO DE CAUSA DE AUMENTO DE PENA DA LEI
DE DROGAS AO CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS
COM CRIANÇA OU ADOLESCENTE. A participação do menor pode ser
considerada para configurar o crime de associação para o tráfico (art. 35) e, ao
mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da Lei
n. 11.343/2006. De acordo com a Lei n. 11.343/2006: "Art. 40. As penas previstas nos
arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) VI - sua
prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
determinação".
LeviAssim, é cabível aRodrigues
De Carvalho aplicação da majorante se o crime envolver ou
visar a atingir criança ou adolescente em delito de associação para o tráfico de
levicarvalho001@gmail.com
drogas configurado 080.171.803-14
pela associação do agente com menor de idade. Precedentes
citados: HC 237.782-SP, Quinta Turma, DJe 21/8/2014; e REsp 1.027.109-SC, Quinta
Turma, DJe 16/2/2009. HC 250.455- RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
17/12/2015, DJe 5/2/2016.
Sob pena de bis in idem, essa causa de aumento da pena não se aplica aos delitos previstos nos arts.
35, parágrafo único e 36, uma vez que, nesses delitos o financiamento ou custeio já é elementos do tipo.
Como o própria caput do art. 40 diz, a causa de aumento de pena prevista nesse inciso aplica-se tão
somente aos crimes previstos nos arts 33 ao 37 se o financiamento ou custei for esporádico/ocasional, não
reiterada.
96
Ademais, caso a conduta seja praticada de forma reiterada e com estabilidade, restará configurado
o delito do art. 36.
INVESTIGAÇÃO POLICIAL
E O PROCESSO CRIMINAL
INDICIADO
IDENTIFICAÇÃO DOS
COLABORAR
DEMAIS CO-AUTORES OU
VOLUNTATARIAMENTE
PARTÍCIPES DO CRIME
LeviREDUÇÃO DE 1/3
De Carvalho A 2/3
Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o
previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou
do produto, a personalidade e a conduta social do agente.
Os elementos trazidos pelo presente artigo serão considerados na fixação da pena-base, incidindo,
portanto, na primeira fase da dosimetria da pena.
Atenção, de acordo com o STF, o grau de pureza da droga não gera nenhuma influência na
dosimetria da pena. Vejamos:
97
Resta claro após a leitura do presente julgado que a pureza da droga é irrelevante para fins de
dosimetria da pena.
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz,
atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa,
atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não
inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas
sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da
situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que
aplicadas no máximo.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico.
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
INAFIANÇÁVEIS
INSUSCETÍVEIS
Levi De Carvalho Rodrigues DE GRAÇA
INSUSCETÍVEIS DE ANISTÍA
levicarvalho001@gmail.com
ART. 33, CAPUT
INSUSCETÍVEIS
080.171.803-14 DE INDULTO
ART. 33, §1º
VEDADO LIVRAMENTO CONDICIONAL AO
ART. 34
REINCIDENTE ESPECÍFICO
ART. 35
ART. 36
ART. 37 VEDAÇÕES INCONSTITUCIONAIS
INSUSCETÍVEIS DE SURSIS
INSUSCETÍVEL DE LIBERDADE
VEDADA CONVERSÃO EM PENA RESTRITIVA DE
DIREITOS
O presente dispositivo expressamente faz vedações a vários institutos aos condenados pelos delitos
acima citados. Ocorre que, a luz da jurisprudência do STF e do STJ, as vedações legalmente previstas,
devem ser interpretadas com o princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF/88).
98
reprimenda mais severa que a do caput quando concedido o benefício do
parágrafo 4º do mesmo artigo” (REsp 1287561, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA). Habeas corpus não conhecido, mas concedida a ordem de
ofício, para determinar que o juízo da execução processa à fixação do regime inicial
de cumprimento da pena com expressa observância das regras do art. 33 do CP,
bem como a verificação do cabimento das penas alternativas e do sursis, excluída
a vedação genérica do art. 44 da Lei de Drogas. (HC 187.874/MG, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 17/03/2015).
99
tráfico ilícito de entorpecentes e de associação criminosa para o tráfico, entre
outros. Precedente: HC 104.339/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, Pleno.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito,
proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da
omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no
caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento
para tratamento médico adequado.
Ao citar “isento de pena”, o dispositivo legal traz uma causa de exclusão da culpabilidade, apesar do
agente ter praticado um fato típico e ilícito.
Temos duas situações:
1° situação: “em razão da dependência” assemelha-se ao art. 26, caput, do CP, que trata da
inimputabilidade pelo critério biopsicológico, no qual o agente, no memento da conduta delituosa, não
tem a capacidade de compreender o caráter ilícito do fato delituoso ou não se comportar de acordo com
esse entendimento. Aplica-se a Absolvição Imprópria, ou seja, o agente é absolvido e a ele aplica-se uma
medida de segurança.
100
2° situação: “sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior” nesse caso, o agente está sob o efeito
de drogas por caso fortuito ou força maior. (dispensa-se comentários sobre caso fortuito e força maior)
A constatação da inimputabilidade prevista neste artigo dever ser constatada por meio de
PERÍCIA!!!
ATENÇÃO: Para que haja isenção de pena, não basta a condição de dependente químico (viciado)
da droga, sendo essa condição, por si só, insuficiente para a aplicação da causa de exclusão da
culpabilidade.
STJ (...) TRÁFICO DE DROGAS. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTIGOS 45
E 45 DA LEI N° 11.343/06. (...) A redução ou isenção das penas previstas nos arts.
45 e 46 da lei n° 11.343/2006 somente é aplicável quando comprovado que o agente,
ao tempo da ação, não tinha plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, visto que a dependência
química, por si só, não afasta a responsabilidade penal. (...) (AgRg no REsp
1065536/AC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 05/09/2013).
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das
circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Levi De Carvalho Rodrigues
O artigo ora em comento, tratalevicarvalho001@gmail.com
da semi-imputabilidade, tendo em vista que o agente não possuía,
ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
080.171.803-14
se de acordo com esse entendimento. Percebe que, alguma capacidade ele possuía, subsistindo a sua
responsabilidade penal.
Nesse caso, aplica-se ao agente uma diminuição de um terço a dois terços, em relação a pena na
condenação. Não há isenção de pena, não se exclui a culpabilidade do agente.
Trata-se de causa de diminuição de pena, que incidirá na terceira fase da dosimetria da pena.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a
necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por
profissional de saúde com competência específica na forma da lei, determinará que
a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PENAL
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título
rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as
disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se
houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será
processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.
O presente parágrafo trata de uma regra de competência. O delito previsto no art. 28, porte de droga
101
para consumo pessoal, é infração de menor potencial ofensivo e será julgado pelo Juizado Especial
Criminal, salvo se houver concurso de crimes com outras infrações penais previstas na lei de drogas, caso
em que o delito de porte de drogas será julgado por outro juízo.
O exame citado neste parágrafo é exigido para constatar se houve ou não alguma lesão no agente
delituoso. Não se trata de exame necessário para determinar se o agente é dependente químico ou para
constatar se a substância era verdadeiramente droga.
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe sobre os
Juizados Especiais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta
Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o recomendem, empregará os
instrumentos protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei nº 9.807,
de 13 de julho de 1999.
Por fim, o artigo ora em comento aborda a Lei de Proteção às Vítimas e às Testemunhas ameaçadas.
A depender da necessidade do caso concreto, o juiz poderá determinar a aplicação dos institutos de
proteção previstos na lei, para garantir a integridade física e moral da testemunha.
Seção I
Da Investigação
102
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez)
dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a
destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização
do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas
referida no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
Levi De Carvalho Rodrigues
Art. 50-A. A levicarvalho001@gmail.com
destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados
080.171.803-14
da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
Os comentários acerca dos artigos 50 e 50-A desta lei, foram devidamente realizados no em tópico
específico, mais precisamente nas páginas 14 a 18 deste material. Vale a pena realizar uma nova leitura.
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia
judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância
103
ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação
criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias.
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências
complementares:
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado deverá ser
encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução
e julgamento;
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que seja titular
o agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao
juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos
nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial
e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
Como o legislador utilizou as expressões “em qualquer fase da persecução criminal” conclui-se que
tais procedimentos podem ocorrer tanto na fase do inquérito policial, quanto na fase da ação penal.
(HABIB, 2017, p. 567.)
I - a infiltração
Levipor
Deagentes de Rodrigues
Carvalho polícia, em tarefas de investigação, constituída
pelos órgãoslevicarvalho001@gmail.com
especializados pertinentes;
080.171.803-14
Foi introduzida a figura do Agente Infiltrado, buscando-se verificar o funcionamento da atividade
do tráfico de drogas, objetivando a obtenção do maior número possível de elementos e informações que
possam embasar a investigação. A autoridade policial é a responsável por requerer a infiltração de agentes.
O legislador trouxe a figura da Ação Controlada, também conhecida como Flagrante retardado,
diferido ou postergado. A lei permite que a autoridade policial deixe de efetuar o flagrante no exato
momento em que o autor se encontra na prática do delito, para somente intervir em momento mais eficaz,
mais oportuno do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações, objetivando
identificar e responsabilizar maior número de integrantes envolvidos em operações de tráfico de drogas.
São os requisitos para a autorização judicial da ação controlada, sem os quais ela não poderá ser
autorizada pelo juiz.
104
SEÇÃO II
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do
Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcionário público,
comunicando ao órgão respectivo.
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos 30
(trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada a
realização de avaliação para atestar dependência de drogas, quando se realizará
em 90 (noventa) dias.
105
10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o réu
não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons
antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória.
CAPÍTULO IV
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE BENS DO
ACUSADO
106
qualquer natureza utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei será
imediatamente comunicada pela autoridade de polícia judiciária responsável pela
investigação ao juízo competente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da comunicação de que trata
o caput , determinará a alienação dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que
serão recolhidas na forma da legislação específica. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
§ 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos quais constará a exposição
sucinta do nexo de instrumentalidade entre o delito e os bens apreendidos, a
descrição e especificação dos objetos, as informações sobre quem os tiver sob
custódia e o local em que se encontrem. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendidos, que será realizada por
oficial de justiça, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuação, ou, caso sejam
necessários conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em
prazo não superior a 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do Funad, o Ministério Público
e o interessado para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas
eventuais divergências, homologará o valor atribuído aos bens. (Incluído pela Lei
nº 13.840, de 2019)
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de quaisquer dos bens de
que trata o art. 61, os
Levi Deórgãos de polícia
Carvalho judiciária, militar e rodoviária poderão deles
Rodrigues
fazer uso, soblevicarvalho001@gmail.com
sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante
autorização judicial, 080.171.803-14
ouvido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação
dos respectivos bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter a descrição do bem e a
respectiva avaliação e indicar o órgão responsável por sua utilização. (Redação
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º O órgão responsável pela utilização do bem deverá enviar ao juiz
periodicamente, ou a qualquer momento quando por este solicitado, informações
sobre seu estado de conservação. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos, embarcações ou
aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou ao órgão de registro e controle a
expedição de certificado provisório de registro e licenciamento em favor do órgão
ao qual tenha deferido o uso ou custódia, ficando este livre do pagamento de
multas, encargos e tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o trânsito
em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da União. (Redação
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação de que os bens utilizados
na forma deste artigo sofreram depreciação superior àquela esperada em razão do
transcurso do tempo e do uso, poderá o interessado requerer nova avaliação
judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o ente federado ou a entidade
que utilizou o bem indenizará o detentor ou proprietário dos bens. (Redação dada
pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
107
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 12. Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade de trânsito
ou o órgão de registro equivalente procederá à regularização dos bens no prazo de
trinta dias, de modo que o arrematante ficará livre do pagamento de multas,
encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo
proprietário. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 13. Na hipótese de que trata o § 12, a autoridade de trânsito ou o órgão de
registro equivalente poderá emitir novos identificadores dos bens. (Incluído pela
Medida Provisória nº 885, de 2019)
Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores referentes ao produto da alienação
ou relacionados a numerários apreendidos ou que tenham sido convertidos, serão
efetuados na Caixa Econômica Federal, por meio de documento de arrecadação
destinado a essa finalidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 1º Os depósitos a que se refere o caput serão repassados pela Caixa Econômica
Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer
formalidade, no prazo de vinte e quatro horas, contado do momento da realização
do depósito. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão judicial, o valor do depósito
será devolvido ao acusado pela Caixa Econômica Federal no prazo de até três dias
úteis, acrescido deDe
Levi juros, na formaRodrigues
Carvalho estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250,
de 26 de dezembro de 1995 . (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
levicarvalho001@gmail.com
§ 3º Na hipótese de 080.171.803-14
decretação do seu perdimento em favor da União, o valor do
depósito será transformado em pagamento definitivo, respeitados os direitos de
eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (Incluído pela Medida Provisória nº 885,
de 2019)
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal, por decisão judicial,
serão efetuados como anulação de receita do Fundo Nacional Antidrogas no
exercício em que ocorrer a devolução. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de
2019)
§ 5º A Caixa Econômica Federal manterá o controle dos valores depositados ou
devolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: (Redação dada pela Lei nº
13.840, de 2019)
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido ou objeto de
medidas assecuratórias; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - o levantamento dos valores depositados em conta remunerada e a liberação
dos bens utilizados nos termos do art. 62. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorrência dos crimes
tipificados nesta Lei ou objeto de medidas assecuratórias, após decretado seu
perdimento em favor da União, serão revertidos diretamente ao Funad. (Redação
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação dos bens, direitos e valores
declarados perdidos, indicando o local em que se encontram e a entidade ou o
órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
legislação vigente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
108
§ 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do processo, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, remeterá à Senad relação dos bens,
direitos e valores declarados perdidos em favor da União, indicando, quanto aos
bens, o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam,
para os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente.
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 6º Na hipótese do inciso II do caput , decorridos 360 (trezentos e sessenta) dias
do trânsito em julgado e do conhecimento da sentença pelo interessado, os bens
apreendidos, os que tenham sido objeto de medidas assecuratórias ou os valores
depositados que não forem reclamados serão revertidos ao Funad. (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento
pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à
conservação de bens, direitos ou valores. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e objeto
de medidas assecuratórias quando comprovada a licitude de sua origem,
mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à
reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas
decorrentes da infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 63-C. Compete à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério
da Justiça e Segurança Pública proceder à destinação dos bens apreendidos e não
leiloados emLevicaráter
Decautelar,
Carvalhocujo perdimento seja decretado em favor da União,
Rodrigues
por meio daslevicarvalho001@gmail.com
seguintes modalidades: (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de
2019) 080.171.803-14
I - alienação, mediante: (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
a) licitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
b) doação com encargo a entidades ou órgãos públicos que contribuam para o
alcance das finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; ou (Incluído pela Medida
Provisória nº 885, de 2019)
c) venda direta, observado o disposto no inciso II do caput do art. 24 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993 ; (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
II - incorporação ao patrimônio de órgão da administração pública, observadas as
finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; (Incluído pela Medida Provisória nº
885, de 2019)
III - destruição; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
IV - inutilização. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 1º A alienação por meio de licitação será na modalidade leilão, para bens móveis
e imóveis, independentemente do valor de avaliação, isolado ou global, de bem ou
de lotes, assegurada a venda pelo maior lance, por preço que não seja inferior a
cinquenta por cento do valor da avaliação. (Incluído pela Medida Provisória nº
885, de 2019)
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º será amplamente divulgado em jornais
de grande circulação e em sítios eletrônicos oficiais, principalmente no Município
em que será realizado, dispensada a publicação em diário oficial. (Incluído pela
Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema eletrônico da administração
pública, a publicidade dada pelo sistema substituirá a publicação em diário oficial
109
e em jornais de grande circulação. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de
2019)
§ 4º Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade de trânsito
ou o órgão de registro equivalente procederá à regularização dos bens no prazo de
trinta dias, de modo que o arrematante ficará livre do pagamento de multas,
encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo
proprietário. (Incluído pela Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 5º Na hipótese do § 4º, a autoridade de trânsito ou o órgão de registro
equivalente poderá emitir novos identificadores dos bens. (Incluído pela Medida
Provisória nº 885, de 2019)
§ 6º A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e
Segurança Pública poderá celebrar convênios ou instrumentos congêneres com
órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios,
a fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo. (Incluído pela
Medida Provisória nº 885, de 2019)
§ 7º Observados os procedimentos licitatórios previstos em lei, fica autorizada a
contratação da iniciativa privada para a execução das ações de avaliação,
administração e alienação dos bens a que se refere esta Lei. (Incluído pela Medida
Provisória nº 885, de 2019)
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segurança Pública regulamentar os
procedimentos relativos à administração, à preservação e à destinação dos
recursos provenientes de delitos Rodrigues
Levi De Carvalho e atos ilícitos e estabelecer os valores abaixo dos
quais se deve proceder à sua destruição ou inutilização. (Incluído pela Medida
levicarvalho001@gmail.com
Provisória nº 885, de080.171.803-14
2019)
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar convênio com os
Estados, com o Distrito Federal e com organismos orientados para a prevenção do
uso indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou dependentes
e a atuação na repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
com vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, para
a implantação e execução de programas relacionados à questão das drogas.
TÍTULO V
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
110
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre produtores e traficantes
de drogas e seus precursores químicos.
TÍTULO V-A
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei, até que seja
atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle
especial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.
Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de
1986, em favor de Estados e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e
respeito às diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do fornecimento
de dados necessários à atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas
respectivas polícias judiciárias.
Art. 67-A. OsLevi
gestores e entidades
De Carvalho que recebam recursos públicos para execução
Rodrigues
das políticaslevicarvalho001@gmail.com
sobre drogas deverão garantir o acesso às suas instalações, à
documentação e a todos os elementos necessários à efetiva fiscalização pelos
080.171.803-14
órgãos competentes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar
estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem
na prevenção do uso indevido de drogas, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes e na repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
drogas.
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de empresas ou
estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como
nos serviços de saúde que produzirem, venderem, adquirirem, consumirem,
prescreverem ou fornecerem drogas ou de qualquer outro em que existam essas
substâncias ou produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou liquidação, sejam lacradas
suas instalações;
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente adoção das medidas
necessárias ao recebimento e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para acompanhar o feito.
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou produtos não proscritos referidos
no inciso II do caput deste artigo, só podem participar pessoas jurídicas
regularmente habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que
comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser arrematado.
§ 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º deste artigo, o produto não
arrematado será, ato contínuo à hasta pública, destruído pela autoridade sanitária,
na presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público.
111
§ 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas especialidades farmacêuticas
em condições de emprego terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do
Ministério da Saúde, que as destinará à rede pública de saúde.
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei,
se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara
federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.
Art. 71. (VETADO)
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o inquérito policial, o juiz, de
ofício, mediante representação da autoridade de polícia judiciária, ou a
requerimento do Ministério Público, determinará a destruição das amostras
guardadas para contraprova, certificando nos autos. (Redação dada pela Lei nº
13.840, de 2019)
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os Estados e o com o Distrito
Federal, visando à prevenção e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de
drogas, e com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e de
possibilitar a atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
drogas. (Redação dada pela Lei nº 12.219, de 2010)
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após a sua publicação.
Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, e a Lei nº 10.409, de
11 de janeiro de 2002.
Levi De Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
112
ESTATUTO DO DESARMAMENTO - LEI 10.826/03
BREVE INTRODUÇÃO :
“Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença
da autoridade”.
A redação do artigo supracitado ainda permanece expresso em lei. Houve a derrogação (revogação
parcial) tácita no que se refere a arma de fogo, mas, no que tange a arma branca própria ou imprópria (ex.
faca, facão, espada, lança, etc.), permanece sendo tipificado como Contravenção Penal.
No entanto, muitas falácias se aglomeraram acerca do tema, sendo que muitos equívocos foram
cometidos por parte do legislador e também pelo poder judiciário. Assim foi promulgada a Lei 9.437/97
que criminalizava a conduta de possuir e portar arma de fogo.
Essa lei vigorou por quase seis anos, onde surge em 2003 a Lei 10.826, conhecida como Estatuto do
Desarmamento. A nova lei trouxe várias outras novidades, como por exemplo o objeto material do crime,
deixando de ser apenas a arma, para ser também objeto material do crime do Estatuto do Desarmamento
os acessórios e munições. Os crimes estão previstos nos artigos 12 ao 18 do capítulo IV da lei.
ATENÇÃO!
O examinador pode te induzir a cair emDe
Levi uma pegadinha:
Carvalho Rodrigues
Candidato, com o advento da Lei 10.826/03 (Estatuto do desarmamento), fica revogado o art. 19 da lei
levicarvalho001@gmail.com
de contravenções penais? 080.171.803-14
Cuidado, tente resolver a questão com bastante atenção!
O estatuto do desarmamento derrogou tacitamente o art. 19 da lei de contravenções penais, ou seja, revogou
parcialmente tal dispositivo no que tange a arma de fogo, mas continuou prevendo como contravenção penal o
porte de armas brancas próprias ou impróprias.
ANÁLISE DA LEI
113
Art. 2° Ao SINARM compete:
Nesse artigo são mencionadas a competência do SINARM, é indispensável a sua leitura para fins de
prova.
De acordo com o texto da lei, todas as armas de fogo, sejam elas de uso permitido ou restrito devem
ser registradas no orgão competente. Armas de fogo de uso permitido será registrada no SINARM
(sistema nacional de armas) enquanto as armas de fogo de uso restrito serão registradas no SIGMA
(sistema de gerenciamento militar de armas).
Uma das competências mais famosos de SIGMA é justamente o registro e concessão de porte para
os chamados CAC´s:
114
e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores,
atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição
internacional oficial de tiro realizada no território nacional.
DE OLHO NO INFORMATIVO
No informativo número 708, o STF decidiu: A posse legal de armas de fogo deve dar-se em
conformidade com o Estatuto do Desarmamento e seu decreto regulamentador. Uma das exigências
do Estatuto do Desarmamento é que os proprietários de armas de fogo façam seu registro no órgão
competente. No caso de armas de fogo de uso restrito, este registro deve ser feito no Comando do
Exército, art. 3º, parágrafo único, da Lei)”. Mesmo que o indivíduo possua autorização para portar armas de
fogo por conta do cargo que ocupa (ex: policial civil), ele deverá obedecer à legislação que rege o tema e fazer o
registro da arma no órgão competente.
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de
declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I - Comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de
antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral
e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que
poderão ser Levi
fornecidas por meiosRodrigues
De Carvalho eletrônicos;
II – Apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência
levicarvalho001@gmail.com
certa; 080.171.803-14
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio
de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os
requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
indicada, sendo intransferível esta autorização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à
arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a
comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter banco de
dados com todas as características da arma e cópia dos documentos previstos neste
artigo.
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde
legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade
enquanto não forem vendidas.
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas
físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm.
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1 o será concedida, ou recusada
com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data
do requerimento do interessado.
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cumprimento dos
requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo,
na forma do regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso
115
permitido que comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas
características daquela a ser adquirida.
No artigo 4º temos os requisitos estabelecidos pelo SINARM para obtenção da “AUTORIZAÇÃO DA
COMPRA”. Requisitos estes que são indispensáveis para que posteriormente a Polícia Federal possa emitir
o tão conhecido “CRAF” (certificado de registro de arma de fogo). São condições prévias.
ESQUEMATIZANDO
COMPROVAR IDONEIDADE
OCUPAÇÃO LÍCITA
REQUISÍTOS:
RESIDÊNCIA CERTA
CAPACIDADE TÉCNICA
APTIDÃO PSICOLÓGICA
Levi De Carvalho Rodrigues
SER MAIOR DE 25 ANOS
levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
116
legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 1 º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e
será precedido de autorização do SINARM.
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4 o deverão ser
comprovados periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na
conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do
Certificado de Registro de Arma de Fogo.
§ 3 º O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade
expedido por órgão estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta
Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá
renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008,
ante a apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de
residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das
demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
O artigo 5º trata do Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF), que será expedido pela Polícia
Federal com prévia autorização do SINARM.
ESQUEMATIZANDO
VALIDADE EM TODO O
Levi De Carvalho Rodrigues
TERRITÓRIO NACIONAL
CERTIFICADO DE REGISTRO DElevicarvalho001@gmail.com
ARMA DE FOGO 080.171.803-14
CUIDADO!!
O prazo a que se refere o § 3º foi prorrogado até 31 de dezembro de 2009, pela lei 11.922, de 13 de
abril de 2009.
117
registro provisório, expedido na rede mundial de computadores - internet, na
forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir:
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial
de 90 (noventa) dias; e
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Federal do certificado de
registro provisório pelo prazo que estimar como necessário para a emissão
definitiva do certificado de registro de propriedade.
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo,
considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel
rural.
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-
se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº
13.870, de 2019)
ATUALIZAÇÃO!!!
A lei 13.870 de 17 de setembro de 2019, realizou importante alteração na lei ora estudada,
acrescentando o §5° ao art. 5º, inovando em relação aos possuidores de arma de fogo de uso permitido
nas áreas rurais.
Adiante, quando estudarmos o art. 12 do presente Estatuto, aprenderemos a respeito do crime de
POSSE de arma de fogo de uso permitido, ou seja, situações em que o agente responderá pela conduta
de possuir arma de fogo de uso Levi permitido dentro dos
De Carvalho limites da propriedade onde mora ou nas
Rodrigues
dependências desta. levicarvalho001@gmail.com
Ocorre que, com a inovação trazida pela lei 13.870, fica autorizado aos residentes em áreas rurais, a
080.171.803-14
partir do registro, possuir arma de fogo de uso permitido, em toda extensão da sua propriedade rural,
ou seja, poderá o residente em área rural, percorrer toda a sua propriedade, na posse da sua arma de
fogo devidamente registrada, sem incorrer no crime previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento.
118
VII -os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os
integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas,
nos termos desta Lei;
IX - para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas
atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do
regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental;
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007);
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e
os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores
de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de
segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
Justiça -CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. (Incluído
pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 1 º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão
direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do
regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes
dos incisos 1, II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2º A autorização
Levi De para o porte de
Carvalho arma de fogo aos integrantes das instituições
Rodrigues
descritas noslevicarvalho001@gmail.com
incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à
comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4° desta Lei
080.171.803-14
nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11. 706, de 2008)
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está
condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de
ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de
controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada
a supervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das policias federais e estaduais e do
Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao
exercerem o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados do cumprimento do
disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que
comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência
alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na
categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro
simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em
requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação
dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 11. 706, de 2008)
II -comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei nº 11. 706, de
2008)
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei 11. 706, de 2008)
119
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso a sua arma de fogo,
independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso,
por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo: de uso permitido.
§ 7° Aos integrantes das guardas municipais dos municípios que integram regiões
metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
(Incluído pela Lei nº 11. 706, de 2008)
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas
no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e guarda das
respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando em serviço,
devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte
expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela Lei nº 12.694,
de 2012)
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe
do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os
servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções de segurança que
poderão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por
cento) do número de servidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela
Lei nº 12.694, de 2012)
§ 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este artigo fica
condicionado à apresentação de documentação comprobatória do preenchimento
dos requisitos constantes do art. 4° desta Lei, bem como à formação funcional em
estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
120
§ 4° A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser
atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência
policial e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras
formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua
guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído
pela Lei nº 12.694, de 2012).
• Forças Armadas;
• Art. 144 da Constituição Federal;
• Guardas municipais
ATENÇÃO!
GUARDAS MUNICIPAIS:
Levi De Carvalho Rodrigues
habitantes – SEMPRE!
❖ Capitais e Municípios + 500 mil levicarvalho001@gmail.com
❖ Municípios +50 mil -500 mil habitantes – 080.171.803-14
SOMENTE EM SERVIÇO
❖ Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas será
autorizado porte de arma de fogo, QUANDO EM SERVIÇO.
De olho no informativo:
Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo, em serviço
ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de habitantes do Município (Informativo 1007
- STF)
Resumo do julgado:
O art. 6º, III e IV, da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) somente previa
porte de arma de fogo para os guardas municipais das capitais e dos Municípios
com maior número de habitantes. Assim, os integrantes das guardas municipais
dos pequenos Municípios (em termos populacionais) não tinham direito ao porte
de arma de fogo.
O STF considerou que esse critério escolhido pela lei é inconstitucional porque os
índices de criminalidade não estão necessariamente relacionados com o número
de habitantes.
Assim, é inconstitucional a restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de
guardas municipais das capitais dos estados e dos municípios com mais de 500.000
(quinhentos mil) habitantes e de guardas municipais dos municípios com mais de
50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
serviço.
121
Com a decisão do STF todos os integrantes das guardas municipais possuem
direito a porte de arma de fogo, em serviço ou mesmo fora de serviço. Não
interessa o número de habitantes do Município.
STF. Plenário. ADC 38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgados em 27/2/2021 (Info 1007).
Em suma:
Com a decisão do STF todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma
de fogo, em serviço ou mesmo fora de serviço. Não interessa o número de habitantes do Município.
Os guardas municipais têm direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida
pela instituição.
✓ MAIORES DE 25 ANOS
✓ Que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover
sua subsistência alimentar familiar,
✓ Será CONCEDIDO PELA PF o porte de arma de fogo na categoria
"caçador para subsistência".
De uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre
igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em
requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos (dentre eles atestado de bons
antecedentes).
122
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os
responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro
e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores
e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial
de tiro realizada no território nacional.
ATENÇÃO!!!
É MINISTÉRIO da justiça e não MINISTRO da justiça. NÃO confundam!!
Tal afirmativa já foi questão de prova.
Art. 11 Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta
Lei, pela prestação de serviços relativos:
I – ao registro de arma de fogo;
II – à renovação de registro de arma de fogo;
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
V – à renovação de porte de arma de fogo;
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das atividades
do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas
respectivas responsabilidades.
§ 2º As taxas previstas neste artigo serão isentas para os proprietários de que trata
o § 5o do art. 6o e para os integrantes dos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 6o
, nos limites do regulamento desta Lei.
123
DOS CRIMES
A segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses vinculados a um corpo social,
tendo a coletividade como titular, e, não, a uma pessoa isolada ou grupo isolado de pessoas. Portanto,
trata-se de CRIME VAGO.
• Em regra: a competência para o processo e para o julgamento é da JUSTIÇA ESTADUAL, uma vez
que o bem jurídico tutelado não diz respeito a nenhum interesse da União exclusivamente nos
moldes do art. 109 da CRFB/88.
• Exceção: JUSTIÇA FEDERAL, quando a infração penal for praticada em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União e suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Como no caso
do delito previsto no art. 18, que trata do delito de tráfico internacional de arma de fogo por haver
lesão a interesse da União Federal, no que toca ao seu exercício de fiscalização sobre a zona
alfandegária. Outro exemplo é a prática de um delito previsto no Estatuto, praticado a bordo de
navio ou aeronave (art. 109, IX da CRFB/88).
A lei 10.826/03 não traz o conceito de arma, acessório e munição de uso permitido ou restrito,
devendo ser complementada pelo Decreto 9.847/2019.
Prevalece no STF e no STJ que os crimes do Estatuto do Desarmamento são crimes de perigo
abstrato. Ou seja, a lesão ao bem jurídico já está presumida na lei. Não é necessário comprovar que a
conduta gerou algum perigo real, concreto, porque o perigo já está presumido na lei.
Do mesmo modo, é pacífico no STF e no STJ que crimes como os previstos nos arts. 12, 14 e 16 do
Estatuto, são crimes permanentes, ou seja, o momento da consumação do delito se protrai, se prolonga no
tempo, podendo ser realizado até mesmo a prisão em flagrante em qualquer momento.
124
POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de
uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde
que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.
ARMA DE FOGO
POSSUIR OU
USO PERMITIDO MANTER SOB SUA ACESSÓRIO
GUARDA
MUNIÇÃO
Levi
LOCAL DEDe CarvalhoDESDE
TRABALHO, Rodrigues
QUE SEJA O
levicarvalho001@gmail.com
TITULAR OU O RESPONSÁVEL LEGAL DO
080.171.803-14
ESTABELECIMENTO OU EMPRESA
• Não é possível transação penal (art.76, lei nº 9.099/95), pois a pena máxima supera os 02 (dois) anos.
Não se trata, portanto, de infração penal de menor potencial ofensivo
125
• É possível a suspensão condicional do processo (art.89, lei 9.099/95), também chamado de sursis
processual, pois a pena mínima prevista para o crime não ultrapassa 01 (um) ano.
• Possibilidade de conversão da pena por restritiva de direitos, pois estamos diante de um crime doloso,
sem violência ou grave ameaça e que não ultrapassa o total de 04 (quatro) anos.
• O próprio delegado poderá arbitrar fiança, pois a pena máxima não ultrapassa quatro anos. (Art. 322,
caput, CPP)
• A pena prevista para esse crime é de DETENÇÃO.
DE OLHO NO INFORMATIVO!!
INFORMATIVO 572, STJ - Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo
(art. 12 da Lei nº 10.826/2003) a conduta do agente que mantém sob guarda, no
interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido.
atenção, o raciocínio aplicado no caso concreto cita no informativo acima (inf.572, STJ), não se aplica
nos casos de crime porte ilegal de arma de fogo de uso permito, nem de uso restrito (arts. 14 e 16)
Vejamos:
INFORMATIVO 671, STJ - Caracteriza ilícito penal o porte ilegal de arma de fogo
(art. 14 da Lei 10.826/2003) ou de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei
10.826/2003) com registro de cautela vencido
A Corte Especial do STJ
Levi De decidiuRodrigues
Carvalho que, uma vez realizado o registro da arma, o
vencimento da autorização não caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade
levicarvalho001@gmail.com
administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa (APn n.
080.171.803-14
686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015). Tal
entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso
permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal
de arma de fogo (art. 14), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo
de uso restrito (art. 16), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais
intensa. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 28/04/2020
INFORMATIVO 597, STJ - Delegado de Polícia que mantém arma em sua casa
sem registro no órgão competente pratica crime de posse irregular de arma de
fogo.
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar
ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto
do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente.
126
14) de arma de fogo configura crime mesmo que ela esteja desmuniciada. Da
mesma forma, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada
da arma) configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo
abstrato, para cuja caracterização não importa o resultado concreto da ação. STF.
1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016.
OMISSÃO DE CAUTELA
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18
(dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de
fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
MENOR DE 18 ANOS
Esse crime só é punido na forma culposa. Pergunta-se: qual crime há se a pessoa dolosamente deixa
o menor ou deficiente mental se apoderar da arma, ou se entrega a ele?
Se a vítima for menor de 18 anos, haverá o crime do art. 16, p.ú, V, do ED.
Se a vítima for doente mental, haverá o crime do art. 14, se for uma arma de uso permitido, ou do
art. 16, se for arma de uso proibido.
• É possível a transação penal (art.76, lei nº 9.099/95), pois a pena máxima não supera os 02 (dois) anos.
127
Trata-se, portanto, de infração penal de menor potencial ofensivo
• É possível a suspensão condicional do processo (art.89, lei 9.099/95), também chamado de sursis
processual, pois a pena mínima prevista para o crime não ultrapassa 01 (um) ano.
• Possibilidade de conversão da pena por restritiva de direitos, pois estamos diante de um crime doloso,
sem violência ou grave ameaça e que não ultrapassa o total de 04 (quatro) anos.
• O próprio delegado poderá arbitrar fiança, pois a pena máxima não ultrapassa quatro anos. (Art. 322,
caput, CPP)
• A pena prevista para esse crime é de DETENÇÃO.
OBERVAÇÕES:
➢ Há o crime, mesmo que o menor de 18 anos já tenha obtido a capacidade civil pela emancipação.
O que importa é a idade biológica e não a situação civil.
➢ O tipo penal não exige nenhum vínculo entre o sujeito ativo e o sujeito passivo.
➢ Não há crime se a vítima for deficiente físico. A lei só fala em deficiência mental.
➢ Ausência de menor ou doente mental: Se a arma de fogo é esquecida em cima da mesa, mas, no
local, não há nenhum menor ou deficiente mental que possa ter acesso a ela, não há crime, e a
conduta é atípica.
➢ É menor de 18 anos e não de 14, como costumam colocar em algumas questões.
➢ CAIEMPROVA – é crime do ED e não do ECA!
Art. 13, parágrafo único - Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam
sob sua guarda, nas primeiras 24 (VINTE QUATRO) HORAS depois de ocorrido
o fato.
128
➢ SUJEITO PASSIVO: A coletividade (Crime vago)
➢ OBJETO MATERIAL: Arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido ou de uso restrito (já que
o tipo penal não especifica)
➢ OBJETO JURÍDICO: Bem jurídico tutelado é a segurança pública, incolumidade pública, segurança
nacional e paz social.
➢ ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo. Nós vimos que no art. 13, caput, o elemento subjetivo é a culpa. Já
no art. 13, p.único, o elemento subjetivo é o dolo.
➢ CONSUMAÇÃO: Se consuma após 24h da ocorrência do fato. (CRIME A PRAZO)
➢ TENTATIVA: Crime Omissivo Puro, não cabe tentativa.
➢ AÇÃO PENAL: Pública incondicionada
ATENÇÃO!!
O tipo diz que o crime se consuma após 24h do fato. A doutrina diz que o crime se consuma após
24 da CIÊNCIA do fato e não da ocorrência do fato. Porque, antes de a pessoa tomar ciência do
fato, ela não tem como fazer a comunicação.
ADQUIRIR
FORNECER
RECEBER
TER EM DEPÓSITO
• ARMA DE
FOGO
TRANSPORTAR USO PERMITIDO
• ACESSÓRIO
CEDER
• MUNIÇÃO
EMPRESTAR
REMETER
EMPREGAR
MANTER
OCULTAR
129
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma
de fogo estiver registrada em nome do agente.
(ESTE PARÁGRAFO ÚNICO TEVE SUA INCONSTITUCIONALIDADE
DECLARADA PELO STF NA ADI 3112/DF, REI. MIN. RICARDO
LEWANDOWSKI, 2.5.2007).
OBSERVAÇÕES:
• Transporte na bolsa - Há crime, pois a pessoa pode alcançar a arma dentro da bolsa.
• Porte ilegal de ARMA DESMUNICIADA - O STF e o STJ pacificaram as suas jurisprudências no
sentido de ser TÍPICA a conduta de PORTAR ARMA DE FOGO DESMUNICIADA, ao argumento,
fundamentalmente, de o delito de porte de arma ser classificado como CRIME DE PERIGO ABSTRATO
OU PRESUMIDO, bastando o simples porte da arma de fogo para a sua consumação.
130
DE OLHO NO INFORMATIVO
INFORMATIVO. 699, STF - O porte de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03)
configura crime, mesmo que esteja desmuniciada. Trata-se de posição, atualmente,
pacífica tanto no STF como no STJ. O porte ilegal de arma de fogo desmuniciada,
por ser delito de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança
pública e a paz social subsume-se ao tipo descrito no art. 14 da Lei nº 10.826/03,
não havendo se falar em atipicidade da conduta.
• Porte ilegal de munição - Pelos mesmos fundamentos analisados no item anterior, o STF entende que,
por se tratar de crime de perigo abstrato ou presumido, basta o simples porte da munição para
configurar o crime do art. 14.
• Arma desmontada - Se estiver ao alcance do agente, permitindo-lhe a montagem rápida, há crime.
• Princípio da consunção entre porte de arma de fogo e homicídio - O delito de porte de arma fica
absorvido pelo homicídio, desde que tenha sido meio necessário para a sua prática, sendo considerado
ante factum impunível, com fundamento no princípio da consunção. Entretanto, caso o porte NÃO
tenha sido meio necessário para o homicídio, haverá CONCURSO DE CRIMES.
• Arma de brinquedo, simulacros ou réplicas, espingarda de chumbinho - Fato atípico.
• Porte de mais de uma arma – Responde por um único crime. O tipo penal dispõe portar arma, não
importando a quantidade.
• Porte e receptação - Se o indivíduo adquire uma arma que sabe ser produto de crime e passa a porta-
la ilegalmente, responde pelos dois crimes
Levi em CONCURSO
De Carvalho MATERIAL. Ou seja, o porte não absorve
Rodrigues
a receptação, porque são crimes com bens jurídicos diferentes. O porte protege a segurança coletiva e a
levicarvalho001@gmail.com
receptação protege o patrimônio. 080.171.803-14
• Praticante de tiro desportivo:
DE OLHO NO INFORMATIVO
Obs2: o julgado acima está superado. Isso porque, depois dele foram editados
novos decretos que revogaram a antiga regulamentação do Estatuto do
Desarmamento (Decreto 5.123/2004), que não permitia o transporte de arma
municiada.
131
caçadores poderão portar uma arma de fogo curta municiada, alimentada e
carregada, pertencente a seu acervo cadastrado no Sinarm ou no Sigma, conforme
o caso, sempre que estiverem em deslocamento para treinamento ou participação
em competições, por meio da apresentação do Certificado de Registro de
Colecionador, Atirador e Caçador, do Certificado de Registro de Arma de Fogo e
da Guia de Tráfego válidos.
ATENÇÃO!!
O STJ decidiu que o agente que enterra arma no quintal de casa, não pratica o crime de posse, mas
PORTE de arma. O STJ entende que enterrar, seria o que OCULTAR, configurando um dos verbos do
crime de porte previsto no art. 14.
INFORMATIVO 544, STJ - Para que haja condenação pelo crime de posse ou
porte NÃO é necessário que a arma de fogo tenha sido apreendida e periciada.
Assim, é irrelevante a realização de exame pericial para a comprovação da
potencialidade lesiva do artefato. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e
16 da Lei 10.826/2003 são de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a
segurança coletiva. No entanto, se a perícia for realizada na arma e o laudo
constatar que a arma não tem nenhuma condição de efetuar disparos não haverá
crime. Para o STJ, no julgado noticiado neste Informativo, não está caracterizado o
crime de porte
Leviilegal
De de arma deRodrigues
Carvalho fogo quando o instrumento apreendido sequer
pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e,
levicarvalho001@gmail.com
de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. STJ. 5ª
080.171.803-14
Turma. AgRg no AREsp 397.473-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
19/8/2014.
INFORMATVO. 699, STF - O porte de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03)
configura crime, mesmo que esteja desmuniciada. Trata-se de posição, atualmente,
pacífica tanto no STF como no STJ. O porte ilegal de arma de fogo desmuniciada,
por ser delito de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança
coletiva, subsume-se aos tipos descritos nos arts.14 e 15 da Lei nº 10.826/03, não
havendo se falar em atipicidade da conduta.
INFORMATIVO 581, STJ - O fato de o empregador obrigar seu empregado a
portar arma de fogo durante o exercício das atribuições de vigia não caracteriza
coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabilidade do crime
de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei nº 10.826/2003)
atribuído ao empregado que tenha sido flagrado portando, em via pública, arma
de fogo, após o término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua
residência. STJ. 5ª Turma. REsp 1.456.633-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 5/4/2016.
132
• Situação 1: NÃO. O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos
que o agente portava ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes
ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da arma tão somente para praticar
o assassinato. Ex: a instrução demonstrou que João adquiriu a arma de fogo três
meses antes de matar Pedro e não a comprou com a exclusiva finalidade de ceifar
a vida da vítima.
• Situação 2: SIM. Se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do
homicídio ou se ficar provado que ele a utilizou somente para matar a vítima. Ex:
o agente compra a arma de fogo e, em seguida, dirige-se até a casa da vítima, e
contra ela desfere dois tiros, matando-a.
No caso concreto julgado pelo STF, ficou provado que o réu havia comprado a
arma 3 meses antes da morte da vítima. Além disso, também se demonstrou pelas
testemunhas que o acusado, várias vezes antes do crime, passou na frente da casa
da vítima, mostrando ostensivamente o revólver utilizado no crime. Desse modo,
restou provado que os tipos penais consumaram-se em momentos distintos e que
tinham desígnios autônomos, razão pela qual não se pode reconhecer o princípio
da consunção entre o homicídio e o porte ilegal de arma de fogo. STF. 1ª Turma.
HC 120678/PR, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,
julgado em 24/2/2015.
INFORMATIVO 554,Carvalho
Levi De STJ - O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais
Rodrigues
civis não se estende aos policiais aposentados. Isso porque, de acordo com o art.
levicarvalho001@gmail.com
33 do Decreto 5.123/2004, que regulamentou o art. 6º da Lei 10.826/2003, o porte de
080.171.803-14
arma de fogo está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais por
parte dos policiais, motivo pelo qual não se estende aos aposentados. STJ. 5ª
Turma. HC 267.058-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2014.
INFORMATIVO 570, STJ - Para que haja condenação pelo crime de posse ou
porte NÃO é necessário que a arma de fogo tenha sido apreendida e periciada.
Assim, é irrelevante a realização de exame pericial para a comprovação da
potencialidade lesiva do artefato. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e
16 da Lei 10.826/2003 são de mera conduta ou de perigo abstrato, cujo objeto
jurídico imediato é a segurança coletiva. No entanto, se a perícia for realizada na
arma e o laudo constatar que a arma não tem nenhuma condição de efetuar
disparos não haverá crime. Para o STJ, não está caracterizado o crime de porte
ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido sequer pode ser
enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo
com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. Assim, demonstrada
por laudo pericial a total ineficácia da arma de fogo e das munições apreendidas,
deve ser reconhecida a atipicidade da conduta do agente que detinha a posse do
referido artefato e das aludidas munições de uso proibido, sem autorização e em
desacordo com a determinação legal/regulamentar. STJ. 6ª Turma. REsp 1.451.397-
MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/9/2015.
INFORMATIVO 493, STJ - O porte de arma de fogo com numeração raspada (art.
16, parágrafo único, IV, da Lei n° 10.826/2003) configura crime mesmo estando
133
desmuniciada.
INFORMATIVO 826, STF - É atípica a conduta daquele que porta, na forma de
pingente, munição desacompanhada de arma. STF. 2ª Turma. HC 133984/MG, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/5/2016. Obs: vale ressaltar que, em regra, a
jurisprudência não aplica o princípio da insignificância aos crimes de posse ou
porte de arma ou munição.
2. Na hipótese dos autos, embora com o embargado tenha sido apreendida apenas
uma munição de uso restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele foi também
condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33, caput, e 35, da Lei n.
11.343/06 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o
reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a
mínima ofensividade da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para
tal finalidade.
(...)
(EREsp 1856980/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/09/2021, DJe 30/09/2021)
ANOTAÇÕES:
134
DISPARO DE ARMA DE FOGO
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:
LUGAR HABITADO
OU EM SUAS DESDE QUE ESSA
DISPARAR ADJACÊNICAS CONDUTA NÃO TENHA
COMO FINALIDADE A
ACIONAR MUNIÇÃO PRÁTICA DE OUTRO
VIA PÚBLICA OU EM CRIME
SUA DIREÇÃO
• Não é possível a transação penal (art.76, lei nº 9.099/95), pois a pena máxima supera os 02 (dois) anos.
• Não é possível a suspensão condicional do processo (art.89, lei 9.099/95), também chamado de sursis
processual, pois a pena mínima prevista para o crime ultrapassa 01 (um) ano.
• Possibilidade de conversão da pena por restritiva de direitos, pois estamos diante de um crime doloso,
sem violência ou grave ameaça e que não ultrapassa o total de 04 (quatro) anos.
• O próprio delegado poderá arbitrar fiança, pois a pena máxima não ultrapassa quatro anos. (Art. 322,
caput, CPP)
OBSERVAÇÕES:
135
Disparo de arma de fogo em LEGÍTIMA DEFESA ou ESTADO DE NECESSIDADE - Não configura
crime, exclui-se a ilicitude. Ex.: Disparo de arma, em legítima defesa da propriedade, para evitar um
furto; ou disparo de arma, para afugentar ataque de animal perigoso.
Disparo para o alto - Configura crime, se em via pública ou em sua direção.
Princípio da consunção entre PORTE ILEGAL e DISPARO DE ARMA DE FOGO - O porte será
considerado ante factum impunível, ficando absorvido pelo delito de disparo de arma de fogo, desde
que o porte e o disparo ocorram no mesmo contexto fático. Caso o disparo e o porte não ocorram no
mesmo contexto fático, haverá concurso de crimes.
Princípio da consunção entre DISPARO DE ARMA DE FOGO e HOMICÍDIO – O disparo fica
absorvido pelo homicídio, se utilizado como meio.
Com o advento da lei 13.964/2019 (pacote anticrime) o crime do art. 16 do estatuto do desarmamento
somente será considerado crimeLevi
hediondo quando envolver
De Carvalho Rodriguesarma de fogo de uso proibido. além
disso, a mesma lei ampliou o rol dos crimes hediondo.
levicarvalho001@gmail.com
080.171.803-14
Aplica-se a esse crime tudo que foi dito quanto à posse e ao porte, com a única diferença: O objeto
material nos arts. 12 e 14 é arma, acessório ou permissão de USO PERMITIDO, enquanto que no art. 16,
caput é arma, acessório ou munição de uso RESTRITO OU PROIBIDO.
136
➢ ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo.
➢ CONSUMAÇÃO: Crime de mera conduta. A consumação ocorre no momento da prática de qualquer
das condutas, não exigindo qualquer resultado naturalístico.
➢ TENTATIVA: Possível, embora de difícil ocorrência.
➢ AÇÃO PENAL: Pública incondicionada
• Não é possível a transação penal (art.76, lei nº 9.099/95), pois a pena máxima supera os 02 (dois) anos.
• Não é possível a suspensão condicional do processo (art.89, lei 9.099/95), também chamado de sursis
processual, pois a pena mínima prevista para o crime ultrapassa 01 (um) ano.
• Não há possibilidade de conversão da pena por restritiva de direitos, pois estamos diante de um crime
doloso, sem violência ou grave ameaça em que a pena ultrapassa o total de 04 (quatro) anos.
• O delegado NÃO poderá arbitrar fiança, pois a pena máxima ultrapassa quatro anos. (Art. 322, caput,
CPP)
§1° Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de
arma de fogoLevi
ou artefato;
De Carvalho Rodrigues
II – modificarlevicarvalho001@gmail.com
as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso 080.171.803-14
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de
qualquer forma, munição ou explosivo.
ATENÇÃO!
O objeto material do caput do art.16 é arma, acessório ou munição de uso restrito. Agora, o objeto material
do parágrafo 1º e 2º do mesmo artigo (art. 16), será arma, acessório e munição tanto deu uso permitido,
quanto de uso restrito.
A título de exemplo, a posse de arma de fogo de uso permitido com numeração raspada, embora a arma seja
de uso permitido, o delito praticado será o do art. 16, IV, e não o delito do art.12 (posse), posto que, equipara-
se ao crime de posse ou porte de arma de fogo de uso restrito, dada a supressão ou alteração do sinal
identificador
137
ATENÇÃO!
O objeto material do caput do art.16 é arma, acessório ou munição de uso restrito. Agora, o objeto
material do parágrafo 1º e 2º do mesmo artigo (art. 16), será arma, acessório e munição tanto deu uso
permitido, quanto de uso restrito.
A título de exemplo, a posse de arma de fogo de uso permitido com numeração raspada, embora a
arma seja de uso permitido, o delito praticado será o do art. 16, IV, e não o delito do art.12 (posse), posto
que, equipara-se ao crime de posse ou porte de arma de fogo de uso restrito, dada a supressão ou alteração
do sinal identificador.
A conduta aqui tipificada, busca punir o agente que suprimir ou alterar marca, numeração ou
qualquer sinal que possibilite a identificação da arma ou artefato. Conforme depreende-se da literalidade
do próprio texto, não é qualquer supressão ou alteração na arma ou artefato que constitui crime, mas sim
aquelas condutas relacionadas a sinais de identificação.
ATENÇÃO – acessório e munição não são objetos materiais do inc. I
Acompanhada desta conduta, o tipo penal exige dois elementos subjetivos específicos:
Princípio da especialidade - Esse crime é especial em relação ao crime de fraude processual do art.
347 do CP. Ou seja, esse inciso II é norma especial em relação ao inciso 347 do CP.
O objeto material aqui é artefato incendiário ou explosivo. (Exemplo: bomba de fabricação caseira,
coquetel molotov, granada, etc.)
Conforme o Decreto nº 3.665, em seu art. 3°, inc. LI, EXPLOSIVO é um tipo de matéria que, quando
iniciada, sofre decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e
138
desenvolvimento súbito de pressão. ARTEFATO INCENDIÁRIO, como o próprio nome está a indicar, é
aquele idôneo a produção de incêndios.
DE OLHO NO INFORMATIVO!!
INFORMATIVO 827, STF - O agente que é preso com duas granadas de uso
exclusivo do Exército que seriam utilizadas para roubar um banco NÃO
PRATICA CRIME DO ART. 12 DA LEI Nº 7.170/83. Isso porque não há, no
presente caso, a motivação política, que consiste no "dolo específico" (elemento
subjetivo especial do tipo) exigido para a configuração dos crimes de que trata a
Lei de Segurança Nacional. Se o sujeito praticar uma conduta semelhante a esta,
em tese, ele deverá responder pelo crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento
(Lei nº 10.826/2003). STF. Plenário. RC 1472/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
25/5/2016.
(Transporte de granada sem motivação política não configura crime contra a
segurança nacional)
Diferente do que ocorre no inc. I, a presente conduta consiste no porte, posse, aquisição, transporte
ou fornecimento de arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação já
raspado, suprimido ou adulterado. No inc. I, pune-se quem raspa, suprime ou adultera. Já no presente
inciso, pune-se quem porta, possui, adquiri, transporta ou fornece.
INCISO I INCISO IV
Suprimir, ou alterar marca, numeração ou Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
qualquer sinal de identificação de arma de arma de fogo com marca, numeração ou
fogo ou artefato qualquer outro sinal de identificação raspado,
Objeto material – arma de fogo e também suprimido ou alterado
artefato. Objeto material – somente arma de fogo.
Esse dispositivo
– revogou totalmente o art. 242 do ECA (lei 8069/90), que previa:
–
139
Art. 242 do ECA – Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou entregar de qualquer
forma a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo.
As condutas são exatamente as mesmas, sendo que o tipo penal do inc. V é mais abrangente porque inclui
ACESSÓRIO.
O tipo penal em apreço tem por objeto material munição ou explosivo, excluindo, portanto, de seu
âmbito de abrangência, a arma de fogo e o acessório.
Nas três primeiras condutas (produzir, recarregar ou reciclar), o crime somente estará consumado se não
houver autorização legal.
No que concerne a quarta conduta (adulterar), naturalmente, não poderia haver autorização legal, razão
pela qual o legislador não faz menção a ela.
RESUMO!!!
➢ Adulterar sinal identificador de arma – Configura o inciso I
➢ Adulterar a arma – Configura o inciso II (desde que a alteração tenha a finalidade de transformar
a arma em arma de uso proibido ou restrito ou desde que tenha a finalidade de induzir em erro o
perito, juiz ou autoridade policial).
Levi De Carvalho Rodrigues
➢ Adulterar sinal identificador de munição ou acessório – Fato atípico
levicarvalho001@gmail.com
➢ Adulterar munição (não o sinal identificador, mas a munição em si) – Inciso VI
080.171.803-14
➢ Adulterar acessório – Fato atípico
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
➢ –
➢Tipo misto alternativo - A prática de duas ou mais condutas descritas –no tipo não gera concurso de
crimes, respondendo o agente por apenas um delito.
➢ –
140
➢ –
Derrogação do art. 18 da LCP - Com o advento do Estatuto do Desarmamento (arts. 17 e 18), o art. 18
da Lei de Contravenções foi derrogado, tendo sua aplicabilidade restrita às armas brancas.
Princípio da especialidade - O art. 17 da lei de armas é especial em relação à Receptação qualificada,
afastando sua aplicação.
Esse crime é crime instantâneo - não é necessária reiteração de condutas. Uma só conduta ilegal já
configura o art. 17 do ED. Ou seja, não é crime habitual.
➢ SUJEITO ATIVO: pessoa que exerce atividade comercial ou industrial. (CRIME PRÓPRIO)
➢ SUJEITO PASSIVO: A coletividade. (CRIME VAGO)
➢ OBJETO MATERIAL: Arma de fogo, acessório ou munição uso permitido. Mas se for de uso proibido
ou restrito, haverá aumento de metade da pena. (Artigo 19, lei 10.826)
➢ OBJETO JURÍDICO: Bem jurídico tutelado é a segurança pública, incolumidade pública, segurança
nacional e paz social.
➢ ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo.
➢ CONSUMAÇÃO: no momento da prática de umas das catorze condutas descritas no tipo penal.
ATENÇÃO!!
Como falado anteriormente, sobrevindo lei penal mais gravosa, antes de cessada a permanência,
aplica-se ao caso concreto sem qualquer ofensa ao princípio da anterioridade.
Levi De Carvalho Rodrigues
Súmula 711 do STF
levicarvalho001@gmail.com
A lei penal mais 080.171.803-14
grave aplica-se ao crime continuado ou ao CRIME
PERMANENTE, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
❖ Competência da justiça federal:
141
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;
Por haver lesão a interesse da União no que tange ao seu exercício de fiscalização sobre a zona
alfandegária.
❖ Tipo misto alternativo - A prática de duas ou mais condutas descritas no tipo não gera concurso de
crimes, respondendo o agente por apenas um delito.
❖ Princípio da especialidade:
O art. 18 da lei de armas constitui tipo penal especial em relação aos art. 334 (nas condutas importar
e exportar) e art.318 (na conduta favorecer) do Código Penal, afastando, dessa forma, a sua incidência
quando se tratar de armas de fogo, acessório ou munição.
❖ Importação ou exportação de explosivo - Tendo em vista que o artigo 18 da lei de armas não contempla
explosivo, a conduta será tipificada no art. 334 do Código Penal.
❖ Arma de brinquedo, simulacros ou réplicas de armas de fogo:
Logo, tais objetos passaram a ter a importação proibida, tornando-se mercadoria proibida no país.
Assim, a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de arma de fogo configura o delito de
contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal.
142
DE OLHO NO INFORMATIVO
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a
arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Os comentários atinentes a esse artigo, foram feitos de maneira oportuna nos artigos 17 e 18 acima
citados, no que tange ao objeto material
LevidoDecrime.
Carvalho Rodrigues
levicarvalho001@gmail.com
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da
080.171.803-14
metade (1/2) se:(LEI 13964/19)
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º,
7º e 8º desta Lei; ou (LEI 13964/19)
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. (LEI 13964/19)
Art. 14
143
CAUSA DE AUMENTO DE PENA
ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19
Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
a pena é au- mentada da metade (1/2) se forem pena é aumentada da metade (1/2) se:
praticados por integran- te dos órgãos e I - forem praticados por integrante dos órgãos e
empresas refe- ridas nos arts. 6o, 7o e 8o desta empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou
Lei. II - o agente for reincidente específico em crimes
dessa natureza.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade
provisória. (declarado inconstitucional)
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de
fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou
obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do Poder
Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas em
embalagens com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando
possibilitar aLevi De Carvalho
identificação Rodrigues
do fabricante e do adquirente, entre outras informações
definidas pelolevicarvalho001@gmail.com
regulamento desta Lei.
080.171.803-14
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6 o, somente serão expedidas autorizações de
compra de munição com identificação do lote e do adquirente no culote dos
projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data de publicação desta
Lei conterão dispositivo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no
corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos
previstos no art. 6o.
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas municipais referidas nos incisos
III e IV do caput do art. 6o desta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e
máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo de suprimento de suas
atividades, mediante autorização concedida nos termos definidos em
regulamento.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao
Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação,
desembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais produtos
controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua
juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo
144
de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança
pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
145
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo,
ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII
e X do caput do art. 6o desta Lei.
146
Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que tratam o § 3o do art. 5o e o art.
30, ambos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
(13 de abril de 2009)
É preciso atentar para dois marcos definidores em relação a Abolitio Criminis temporária:
➢ Dia 23/10/2005 – data limite de aplicação da Abolitio Criminis temporária para a posse de arma de
fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado. (Arma de uso restrito)
➢ Dia 31/12/2009 – data limite de aplicação da Abolitio Criminis temporária em relação as armas de
fogo de uso permitido (não restrito), uma vez que, em relação as armas de uso restrito, já não
poderia mais ser aplicado, como acima citado.
Informações importantes:
1. A Abolitio Criminis temporária sempre foi aplicada para os crimes de POSSE de arma de fogo, seja
de uso PERMITO ou RESTRITO, mas nunca para os crimes de PORTE de arma de fogo.
2. A Abolitio Criminis temporária também estende a sua aplicação em relação a POSSE DE
MUNIÇÃO seja de uso permitido ou não.
DE OLHO NO INFORMATIVO:
Bom meus amigos, estamos chegando ao fim do nosso estudo acerca do Estatuto do Desarmamento.
Mas, não poderia deixar de abordar uma questão muito interessante que de maneira indireta corresponde
ao tema em questão.
Imagine o examinador, na tua prova dissertativa ou até mesmo oral, te fazendo a seguinte
indagação: Doutor (a), é possível a edição de Medidas Provisórias versando sobre direito penal e também sobre as
legislações esparsas vigentes no ordenamento jurídico pátrio? Com certeza, muitos dirão que NÃO!!
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§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
b) direito penal, processual penal e processual civil
De fato, a Constituição Federal/88, em seu (Art. 62, §1°, I, b) veda expressamente a edição de medidas
provisórias relativas a matéria de Direito Penal e processual penal e civil.
Muitos candidatos, e com razão, por esse motivo, dirá que será impossível a edição de medidas provisórias
tratando sobre o tema.
O Supremo Tribunal Federal entende que, se a medida provisória for editada para beneficiar o réu,
poderá SIM a medida provisória trata de matérias relativas a Direito Penal.
É justamente nesse ponto que encontramos pertinência com a matéria, ou seja, o Estatuto do
Desarmamento, ora estudado.
O prazo inicial estabelecido pelo artigo 30, da Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) na sua
redação original, previa um prazo de 180 dias para que os possuidores e proprietários de arma de fogo
solicitassem o registro. Ocorre, que esse prazo foi prorrogado inúmeras vezes justamente por medidas
provisórias, que posteriormente seriam convertidas em leis, findando exatamente no dia 31/12/2009, prazo
final de aplicação final da chamada Abolitio Criminis temporária.
O artigo 32 da Lei nº 10.826/2003, com a redação dada pela Lei nº 11.706/2008, instituiu, segundo
entendimento firmado pelo STJ, uma CAUSA PERMANENTE DE EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE consubstanciada na entrega espontânea de arma de fogo que se possui de modo
irregular. Neste sentido, leia-se o trecho do seguinte acórdão proferido pela Corte Superior:
“(...) 4. Aplica-se o entendimento firmado em recurso representativo de controvérsia: "(...) 2. A
nova redação do art. 32 da Lei n.10.826/2003, trazida pela Lei n. 11.706/2008, não mais suspendeu,
temporariamente, a vigência da norma incriminadora ou instaurou uma
abolitio criminis temporária - conforme operado pelo art. 30 da mesma lei -
, mas instituiu uma causa permanente de exclusão da punibilidade, consistente na entrega
espontânea da arma. 3. A causa extintiva da punibilidade, na hipótese legal, consiste em ato
jurídico (entrega espontânea da arma), e tão somente se tiver havido a sua efetiva prática é que a
excludente produzirá seus efeitos. Se isso não ocorreu, não é caso de aplicação da excludente"
(REsp 1.311.408/RN, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
13/3/2013, DJe 20/5/2013)." (HC 347487 / RS; Ministro RIBEIRO DANTAS; QUINTA TURMA;
Publicado no DJe de 25/05/2016)
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“(...) 4.
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00
(trezentos mil reais), conforme especificar o regulamento desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou
lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou
permita o transporte de arma ou munição sem a devida autorização ou com
inobservância das normas de segurança;
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize publicidade
para venda, estimulando o uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas
publicações especializadas.
DISPOSIÇÕES FINAIS
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§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará
em vigor na data de publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Em virtude de todo conteúdo apresentado, encerramos aqui nossos estudos relativo ao Estatuto do
Desarmamento.
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