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APOSTILA

Direito Empresarial | 5ª ed.

SUMÁRIO
1. ATIVIDADE EMPRESARIAL 4

2. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 4

3. TIPOS DE SOCIEDADES 5

4. NOME EMPRESARIAL 7

5. ESTABELECIMENTO 8

7. SOCIEDADES EM ESPÉCIE 10
SOCIEDADE SIMPLES 10
SOCIEDADE LIMITADA 14
SOCIEDADE ANÔNIMA 19
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 26

8. FALÊNCIA 27
LEGITIMIDADE PROCESSUAL 28
JUÍZO COMPETENTE 29
ÓRGÃOS 30
CREDORES 30
DEFESA DO REQUERIDO NA FALÊNCIA 33
SENTENÇA 34
SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA 35
AÇÃO REVOCATÓRIA 38
PROCEDIMENTO DA FALÊNCIA 39

9. RECUPERAÇÃO JUDICIAL 39

10. TÍTULOS DE CRÉDITO 46


PRINCÍPIOS CAMBIÁRIOS 46
TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS 47
LETRA DE CÂMBIO (DECRETO 57.663/66) 47
NOTA PROMISSÓRIA 49
DUPLICATA 49
CHEQUE 50

11. CONTRATOS MERCANTIS 52


ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) 52

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12. PROPRIEDADE INDUSTRIAL 56


PATENTE 57
MARCA 58

13. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 58

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1. ATIVIDADE EMPRESARIAL
É uma atividade econômica (com objetivo de ganhar dinheiro).

É exercida com profissionalismo (habitualidade), é a continuação da atividade.

É uma atividade organizada (a gestão dos fatores de produção). Tem que se preocupar com a
gestão como um todo (caput do artigo 966 CC).

Atividade Não-Empresarial

É uma atividade econômica. Exemplo: Médico.


Profissionalismo ( habitualidade)
Pessoalidade ( é a sua relação pessoal)

A atividade empresarial pode ser exercida pelo empresário individual, pela Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada ou pelas Sociedades.

2. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Pessoa natural/física que organiza uma atividade empresarial.

Requisitos (art. 972 do CC/02):


Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

Incapaz

Iniciar a atividade: não pode;


Emancipação: poderá exercer a atividade empresarial;
Continuar a atividade: sim.

O incapaz poderá continuar uma empresa antes exercida por seus pais, por autor de herança ou
por ele mesmo enquanto capaz (art. 974 do CC).

Para que o incapaz possa continuar a empresa, é necessário que ele esteja:
● Assistido ou representado;

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● Autorização judicial (art. 974, §1º, CC/02). Esta autorização é revogável, a qualquer tempo.

Não ter impedimento legal


● Juiz;
● Promotor;
● Delegado;
● Procurador;
● Servidor Público civil ou federal;
● Militares na ativa.

Não podem ser empresários individuais, mas podem ser sócios de sociedade empresária, desde
que não exerçam a administração (poderão ser cotista ou acionista de sociedade empresária).

3. TIPOS DE SOCIEDADES
Sociedade não-personificada ou despersonificada: É aquela sociedade que não possui
personalidade jurídica.

Existem dois tipos de sociedades não-personificadas:


● A sociedade em comum.
● A sociedade em conta de participação.

Sociedade em comum Sociedade em conta de participação

Os atos constitutivos não foram levados a Não possuem personalidade jurídica


registro.

Não possuem personalidade jurídica Conta com 2 classes de sócios: sócio


ostensivo e sócio participante

Serão representadas em juízo, ativa e Sócio ostensivo: sócio que gere atividade e
passivamente, pela pessoa a quem couber os aporta capital. É o sócio administrador.
seus bens. Cumpre a ele, em seu nome individual,
praticar os negócios jurídicos pela sociedade.
Ficam ocultos, pois tem natureza secreta.

Possui duas espécies: sociedade em comum Sócio participante: mero aportador de capital.
de fato e sociedade em comum irregular. É o sócio investidor.

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Conta com o benefício de ordem Responsabilidade dos sócios: responderá,


frente a terceiros, exclusivamente, os sócios
ostensivos. Os sócios participantes respondem
exclusivamente frente aos sócios ostensivos,
nos termos do contrato social.

Responsabilidade dos sócios é ilimitada e


solidária

Sociedade personificada: É aquela que possui personalidade jurídica. Terá nome empresarial.

Quando uma sociedade adquire personalidade jurídica?


Art. 985, CC – O início da personalidade jurídica se dá com o registro. Entretanto nem todo o
registro gera personalidade jurídica.

Quanto ao objeto da sociedade, ela se classifica em (art. 982, CC):

● Sociedade empresária – é a sociedade que tem organização empresarial (fatores de


produção – mão-de-obra, tecnologia, etc) e que tem como atividade produção ou
circulação de bens ou serviços (art. 966, CC)
● Sociedade simples – é aquela que não tem organização empresarial ou exerce atividade
intelectual (art. 966, p.u, CC). Se a sociedade não é empresária, por exclusão ela será
sociedade simples.

SOCIEDADE SIMPLES SOCIEDADE EMPRESÁRIA

No mínimo duas pessoas No mínimo duas pessoas

Sócio pode contribuir com prestação de Veda a contribuir apenas com a prestação de
serviço serviço.
Todos os sócios devem contribuir com bens,
dinheiro ou crédito para a formação do capital.

Registro no Cartório de Registro Civil de Registro na Junta comercial


Pessoas Jurídicas ou na OAB (no caso de
sociedade de advogados)

Não há falência e nem recuperação judicial. Tem direito à falência e nem recuperação
Apenas insolvência civil. judicial.

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O encerramento da sociedade se dá com o processo dissolutório, que pode ser judicial ou


extrajudicial. O procedimento dissolutório possui três fases: fase da dissolução, fase da
liquidação, fase da partilha.

No momento que acontece a dissolução a personalidade não deixa de existir, a partir desse
instante parou de funcionar, mas a personalidade continua, até a liquidação ( liquida os credores
e se sobra algo divide entre os sócios), só após a liquidação que se dá baixa ao registro e
extingue a personalidade jurídica ( art. 51 CC)

4. NOME EMPRESARIAL
Conceito: é o elemento de identificação do empresário ou da sociedade empresária. É a
expressão utilizada pelo empresário para se identificar no mercado enquanto sujeito de direitos
com o objetivo de adquirir ou exercer direitos e contrair obrigações..

Espécies de nome empresarial

Firma
● Firma individual: Aplicação: se dá apenas para o empresário individual;
Composição: nome civil do empresário, completo ou abreviado (art. 1.156, CC).
● Firma social (razão social): Aplicação: sociedade que possui sócio com responsabilidade
ilimitada. Exemplo: sociedade em nome coletivo. Composição: nome(s) do(s) sócio(s),
completo ou abreviado.

Denominação

Aplicação: sociedade que possui sócio com responsabilidade limitada. Exemplo: S/A.
Composição: termos, palavras, expressões e frases. Exemplo: Divina Gula Restaurante; Ki Fome
Lanchonete; Alvorada Transportadora;
O ramo de atividade é obrigatório!
Nome de sócio: é admitido, mas de forma excepcional! Cabível apenas em caso de homenagem
de sócio fundador que contribui com o sucesso da sociedade.

Exceções (cabível firma ou denominação):


● Sociedade em comandita por ações;
● Sociedade limitada.

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ATENÇÃO: é obrigatório colocar a expressão “ltda” ao final do nome empresarial. A


ausência ou omissão da palavra “ltda” gera responsabilidade solidária e ilimitada dos
administradores (art. 1158, §3º do CC).

Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra
final "limitada" ou a sua abreviatura.
(...)
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos
administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.

ATENÇÃO: Com o advento da Lei de Melhoria do Ambiente de Negócios, é importante considerar


que o CNPJ passou a poder ser utilizado como nome empresarial.

5. ESTABELECIMENTO
Conceito: é o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária.

Conjunto de bens:

Bens materiais (corpóreos) - Móveis, maquinários, equipamentos, mercadoria, imóvel, veículos.


Bens imateriais (incorpóreos) - Ponto comercial, marca, patente.

OBSERVAÇÃO:
● o imóvel não é estabelecimento, mas sim um elemento integrante do
estabelecimento.
● o estabelecimento é imprescindível para a realização da atividade empresarial.

É importante notar que o estabelecimento, do ponto de vista de sua natureza jurídica, não se
confunde com o ponto empresarial e nem pode ser considerado uma pessoa jurídica. O
estabelecimento não é somente o local, o endereço utilizado pelo empresário, mas sim o local
com tudo ali dentro funcionando e produzindo para o mercado. De outro lado, as pessoas
jurídicas de direito privado estão previstas no art. 44, do Código Civil e, nele, não consta a

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menção ao estabelecimento empresarial. A sua natureza jurídica, em conformidade com a lei


brasileira, é a de universalidade de fato.

Uma das operações mais comuns no Direito Empresarial, envolvendo o estabelecimento, é o


contrato de trespasse. Trata-se do contrato que tem por objeto a alienação em qualquer de suas
modalidades (compra e venda, arrendamento e usufruto) de estabelecimentos empresariais.
Existem requisitos de validade e de eficácia para que o trespasse produza seus efeitos jurídicos.

São requisitos relacionados à formalidade (art. 1144, CC):


● Registro do contrato perante a Junta Comercial
E
● Publicação do contrato perante a imprensa oficial

A publicação perante a imprensa oficial estará dispensada se o empresário alienante estiver


enquadrado como ME/EPP.

São requisitos relacionados à tutela do credor (art. 1145, CC):


● Bens suficientes para o alienante solver o seu passivo
OU
● Concordância, tácita ou expressa, dos credores do alienante, a partir de notificação com
prazo de 30 dias.

O desrespeito aos requisitos de eficácia, previsto no art. 1145, do Código Civil, tanto será
fundamento para o requerimento e decretação de falência (art. 94, III, g, da Lei nº 11.101/05),
quanto para o ajuizamento de ação revocatória (art. 129, VI, da Lei nº 11.101/05).

São efeitos jurídicos do contrato de trespasse:


● Sucessão empresarial (art. 1146, CC)
● Proibição de concorrência (art. 1147, CC)
● Subrogação contratual (art. 1148, CC)
● Cessão de crédito (art. 1149, CC)

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7. SOCIEDADES EM ESPÉCIE
SOCIEDADE SIMPLES

Constituição

A sociedade simples é constituída por contrato social, o qual pode ser tanto por instrumento
público, quanto por instrumento particular

Uma vez que o ato constitutivo (contrato social) teve a assinatura dos sócios da sociedade, as
partes possuirão o prazo de 30 dias para procederem ao registro da sociedade simples no
registro civil de pessoa jurídica. Esse registro produz efeito ex tunc, ou seja, desde do ato da
assinatura do contrato social aplicam-se as regras de sociedade simples.

E se o registro foi feito após o prazo de 30?

O efeito aqui será ex nunc. Ou seja, só vai aplicar as regras da sociedade simples a partir do
registro – do registro pra frente. No período antes do registro até o ato de assinatura do contrato
social as regras que serão aplicadas a essa sociedade são as regras da sociedade comum (a
sociedade sem registro é considerada sociedade em comum, por isso que nesse intervalo de
tempo aplica-se às regras da sociedade comum) art. 998, CC.

Podem ser sociedade simples (art. 983, CC):


● Sociedade em nome coletivo
● Sociedade em comandita simples
● Sociedade LTDA
● Cooperativa.

Quando se fala em sociedade simples, pode estar falando do objeto, mas também pode estar se
referindo a um tipo societário. Existe um tipo societário chamado sociedade simples (arts.997 e
ss, CC).

Cotas sociais

Cotas sociais são frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio. Pode ser
sócio de uma sociedade simples tanto a pessoa natural como também a pessoa jurídica.

● Pode sociedade entre marido e mulher, desde que o regime do casamento não seja o de
comunhão universal e de separação obrigatória (art. 977, CC – esta regra se aplica para
todo tipo de sociedade). Pessoas que vivem em união estável admite-se a possibilidade de
sociedade entre eles. Essa regra aplica-se somente para as sociedade constituídas após a
vigência do CC/2002.
● Incapaz pode ser sócio de uma sociedade simples (art. 974, §3º).

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● Não pode constituir sociedade na comunhão universal porque ocorre a confusão


patrimonial.

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Sócio remisso

O sócio remisso é aquele que não integralizou total ou parcialmente sua cota.

Ex: Os sócios decidiram que o capital social será no valor de 100 mil reais. Imagine que a
sociedade possui 4 sócios. O sócio A possui 40%, o sócio B possui 30%, o sócio C possui 20% e
o sócio D possui 10%. O sócio A integraliza com dinheiro. O sócio B integraliza com crédito
(cheque pré-datado, nota promissória). O sócio C integraliza com bens. O sócio D integraliza o
capital social mediante prestação de serviço.

No exemplo acima o sócio C integralizou apenas 15% de sua cota. O sócio C será o sócio
remisso.

● Subscrição: Ato em que o sócio se compromete a colocar um percentual na sociedade.


● Integralização: acontece quando o sócio paga a parte dela da sociedade. A integralização
pode ser feita através de dinheiro, crédito, bens (móveis e imóveis).

O art. 1004, parágrafo único, CC diz que se deve notificar o sócio remisso e dar o prazo de 30
dias para integralizar totalmente o capital social. Decorrido o prazo e não tendo o sócio remisso
integralizado o capital, os sócios podem:

● Excluir o sócio remisso


● Entrar com ação de indenização cobrando o valor que o sócio está devendo
● Redução de cota – reduz o capital social do sócio remisso.

Cessão de cotas

Só pode fazer a transferência se tiver unanimidade de sócio. A unanimidade de sócios devem


autorizar a transferência de cotas para outra pessoa.
O CC estabeleceu que o sócio, após a sua saída da sociedade, continua respondendo pela
sociedade pelo prazo de 2 anos (art. 1003, CC). Este prazo de 2 anos começa a contar a partir da
averbação da modificação do contrato.

Art. 1025, CC: O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas sociais
anteriores à admissão.

Responsabilidade dos sócios na sociedade simples

Na sociedade simples quem define o tipo de responsabilidade é o contrato social. Ele que vai
definir se a responsabilidade é limitada ou ilimitada.

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Se a sociedade for ilimitada define ainda se ela será subsidiária (primeiro verifica os bens da
sociedade aí então o sócio responde pelo saldo remanescente) ou solidária (o sócio responde
junto com a sociedade pelas dívidas desta).

No caso de omissão (quando o contrato não trata do assunto)?


Aplica-se a regra do art. 1023, CC: A responsabilidade é subsidiária porém limitada.

Direitos dos sócios

Direito de participação nos lucros sociais (art. 1008, CC)

A cláusula que exclui o sócio de participar dos lucros é nula de pleno direito (nulidade da cláusula
contratual), pois o sócio investiu na sociedade (seja em dinheiro, bens, serviços, crédito). Assim,
quem investe tem direito à participação dos lucros.

Direito de retirada ou recesso

Direito de retirada ou recesso é a possibilidade que o sócio tem de retirar-se, de sair da


sociedade. Não tem nada a ver com lucro.

O prazo da retirada é determinado ou indeterminado.

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da
sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa
causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela
dissolução da sociedade.

Exclusão do sócio

O sócio tem direito de excluir outro sócio que pratique ato que prejudique a sociedade. O art.
1030, CC permite a exclusão de sócio, face incapacidade superveniente ou pratica falta grave
(concorrência desleal, não comparece na sociedade, não ajuda, etc). Existe ainda a possibilidade
de exclusão do sócio remisso.

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Administração

Quem pode ser administrador?

O art. 997, VI, CC elenca que somente a pessoa natural pode cuidar de administração de
sociedade.

Pode ser administrador o sócio e o não sócio.

Proibição para administrar sociedade (art. 1011, §1º, CC):


● condenado por crime falimentar, crime de relação de consumo e condenado que tenha
como pena não ter cargo público.

§ 1º Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial (juiz,
promotor, procuradores – são impedidos por suas leis orgânicas), os condenados a pena que
vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o
sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

Caiu na OAB: XX Exame de Ordem - Prova Tipo 01 - Reaplicação Salvador/BA - Questão 50

SOCIEDADE LIMITADA

Arts. 1052 e ss do CC.

Na omissão do capítulo da sociedade limitada no CC devemos recorrer, se o contrato social da


sociedade limitada prevê regência supletiva da SA devemos aplicar as regras da SA. Agora, se o
CC e o contrato social (não tratar da regência supletiva) são omissos, devemos aplicar
subsidiariamente as regras de sociedade simples.

Características da sociedade limitada:


● A sociedade limitada é uma sociedade contratual. Ou seja, o ato constitutivo da sociedade
limitada é um contrato social.
● Pode ser ou uma sociedade empresária ou uma sociedade simples.
● Pode ser tanto a firma social quanto denominação.

Com o advento da Lei de Liberdade Econômica - a Lei nº 13.874/19, a sociedade limitada passou
a poder funcionar de maneira indefinida e desde o início com somente um único sócio. Por sua
vez, a Lei de Melhoria do Ambiente de Negócios - a Lei nº 14.195/21 revogou o art. 1033, IV, do
Código Civil, deixando claro que a falta de pluralidade de partes não é mais considerado um
motivo para a dissolução de pleno direito da sociedade.

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Responsabilidade do sócio (art. 1052, CC):

Regra geral: Na sociedade limitada a responsabilidade do sócio é restrita ao valor de suas cotas,
mas todos os sócios respondem de forma solidária pelo que falta para a integralização do capital
social.

Exceções: nessas hipóteses a responsabilidade do sócio passa a ser uma responsabilidade


ilimitada. A regra é que a responsabilidade está limitada à cota dos sócios, mas nesses casos de
exceções a responsabilidade é ilimitada:
● Dívida trabalhista
● Ausência de registro
● Casos de desconsideração da personalidade jurídica
● Dissolução irregular
● Dívida tributária

Formas de integralização

Pode-se integralizar com:


● Dinheiro.
● Bens.
● Créditos.

OBS: Segundo o art. 1055, §2º, CC não pode integralizar com prestação de serviços.

Quando um sócio contribui com um determinado bem, além da responsabilidade do próprio sócio
pela evicção, todos os sócios respondem solidariamente pela exata estimativa dos bens e esta
responsabilidade dura 5 anos (do momento que entrou o bem na empresa) (art. 1055, §1º):

§1º Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos
os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.

Responsabilidade

Cada sócio responde pela integralização da cota que subscreveu e, todos os sócios respondem
solidariamente até o limite do que falta ser integralizado.
Art. 1052, CC.

EMPRESA X Comprometeu Colocou Deve


CS 100

Sócio A 99 49 50

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Sócio B 1 1 0

EMPRESA X, pode cobrar 50 do Sócio A, e não pode cobrar nada do Sócio B.

Regra: Quando um credor irá cobrar uma dívida qualquer tem que acionar a sociedade limitada
(não pode atingir os sócios), a sociedade pode pagar com tudo que tem e ainda assim sobrar
uma parte da dívida, nesse caso, é possível no exemplo acima que os sócios A e B sejam
atingidos, não é no valor da dívida e sim o que faltou ser integralizado.

Exceção: Possibilidade na Sociedade LTDA dos sócios responderem de forma Ilimitada.


● A primeira hipótese seria pedir desconsideração da personalidade jurídica (bens
insuficientes + houve um abuso da personalidade jurídica para lesar terceiros – Artigo 50
CC – atinge todos os sócios e não só o que lesionou);
● A outra hipótese é quando os sócios agem contra o contrato social ou contra a lei (art.
1080, CC – só o sócio que fez que será responsabilizado).

Cotas sociais

Art. 1055
De acordo com o art. 1055, caput, CC, as cotas sociais podem ser iguais ou desiguais. Além
disso, caberá para cada sócio uma ou mais cotas, no valor referente ao montante de sua
subscrição.

Penhora de cotas sociais

Art. 835, IX CPC: se as cotas integram o patrimônio do devedor, a cota é um bem móvel que esse
devedor possui. Portanto, se a cota é bem que integra patrimônio devedor, não há justificativa
para exclusão das cotas sociais.

É importante perceber que a penhora de cotas sociais por dívidas particulares dos sócios será
possível apenas quando a sociedade limitada tiver perfil capitalista, vale dizer, constituir-se numa
sociedade de capital. Tendo a natureza de sociedade de pessoas, de perfil personalista,
constituída intuitu personae, não será cabível a penhora. Neste caso, o credor poderá escolher
entre a liquidação da quota e a penhora dos dividendos (da parte dos lucros da sociedade que
cabe ao sócio), na forma do art. 1026, do Código Civil.

Cessão de cotas sociais

Se o contrato social for omisso, devemos observar a regra do art. 1057, CC. Segundo esse artigo,
se a pessoa é sócia de uma sociedade e quer transferir suas cotas para quem já é sócio não é
necessária a anuência de ninguém.

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Agora se a pessoa é sócia e está transferindo suas cotas para terceiro estranho ao contrato
social, terceiro que ainda não é sócio, a lei diz que só pode fazer isso se não houver a oposição
de mais de ¼ do capital social. Ou seja, não pode haver a rejeição de mais de ¼.

Não se pode deixar de notar que a cessão de cotas precisa da alteração do constitutivo, vale
dizer, de um aditivo, para se configurar. Dessa forma, entre cedente e cessionário, na cessão de
cotas, haverá responsabilidade solidária por dois anos (art. 1003, p. ú., CC). Isto é dessa forma
porque o sócio que ingressa numa sociedade em funcionamento responde pelas obrigações
sociais anteriores (art. 1025, CC). Por sua vez, o sócio que se retira de uma sociedade em
funcionamento continua a responder pelas obrigações sociais anteriores por até dois anos,
contados da sua saída (art. 1032, CC).

Administrador

Art. 1060, CC, o administrador pode ser tanto um sócio, como também um não sócio, podendo
ser nomeado tanto no contrato social quanto em ato separado (ex: ata de assembleia).

No entanto, essa aprovação dos administradores, se não sócios, deve seguir uma regra de
quórum: tudo vai depender do capital social. Com o advento da Lei nº 14.451/22, se o capital não
estiver integralizado, a designação de terceiro para a administração da sociedade depende da
aprovação de dois terços dos sócios. Porém, se o capital social já estiver integralizado, o quórum
vai para a maioria do capital.

Cessação do cargo
A cessação pode ocorrer de 3 formas:
a) Término do prazo.
b) Destituição.
c) Renúncia. Para que a renúncia produza efeitos perante a pessoa jurídica (sociedade)
deve-se ter uma comunicação por escrito.

Para que a renúncia e destituição produzam efeitos perante terceiros é necessário publicidade, ou
seja, tem que ter averbação no órgão de registro.

Conselho fiscal

Na sociedade limitada o conselho fiscal é órgão facultativo (art. 1066, CC)

Trata-se de órgão com a função de fiscalizar os negócios sociais, velando pela legalidade e pela
probidade dos atos da administração societária. Eleitos anualmente em assembleia geral ou
reunião de sócios, é formado por no mínimo 03 conselheiros, titulares e suplentes respectivos.

Tomadas de decisões na sociedade limitada

Reunião ou assembleia

As decisões serão tomadas em reunião ou assembléia, conforme o contrato social.

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OBSERVAÇÃO: Se a sociedade limitada for mais estruturada, se ela possuir mais de


10 sócios, será obrigatória a realização de assembleia para tomada de decisões, sob
pena de nulidade (art. 1072, §1º, CC).

Deliberações

O art. 1072, CC, remete para a regra do art. 1010, CC. O referido artigo diz que prevalece a
maioria do capital social.

Além do quórum geral existe também o quórum específico:


● Quórum para modificar o contrato social de sociedade limitada é de ¾ do capital social (art.
1071, V, CC c/c art. 1076, I, CC).
● Para nomeação de administrador não sócio [vai depender do capital social: se está (2/3) ou
não (unanimidade) totalmente integralizado]

Dispensa da realização da assembleia/reunião

Art. 1072, §3º, CC: A reunião ou a assembleia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios
decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.

Exclusão de sócio na sociedade limitada

Pode-se excluir sócio por:


● Ausência de integralização (art. 1004, CC);
● Incapacidade superveniente (art. 1030, CC);
● Falta grave (art. 1030, CC).

Exclusão extrajudicial:

Art. 1085, CC. Aqui o excluído só pode ser sócio minoritário


Todos os requisitos devem estar presentes.
Tem que dar a possibilidade de defesa.
Este sócio excluído tem direito ao valor patrimonial das cotas.
Há a necessidade de previsão expressa no contrato social de que o sócio pode ser excluído por
justa causa, através de um aditivo, ou seja, de uma alteração ao ato constitutivo da sociedade. De
outro lado, como regra, há a necessidade de assembleia específica para discutir a exclusão de
sócio, dispensada quando a sociedade só tiver, apenas, dois sócios.

Redução e aumento do capital social

Pode-se aumentar o capital social, todavia algumas regras devem ser observadas (art. 1081, CC):

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● Se o capital social existente estiver totalmente integralizado;


● O aumento deve ser realizado por meio de modificação do contrato social.

Pode reduzir o capital social em duas hipóteses (art. 1082, CC):


● Se depois de integralizado o capital social houver perdas irreparáveis;
● Se o capital social for excessivo em relação ao seu objeto.

SOCIEDADE ANÔNIMA

Previsão legal: Lei 6404/76.

Características S/A

● Sempre será empresária, por força de lei, independentemente do objeto social.


● Registrada na Junta Comercial que, na lei e na sua prova, costuma receber o apelido de
“Registro Público de Empresas Mercantis”.
● A SA é institucional ou estatutária, ou seja, ela não possui natureza contratual, mas sim
natureza estatutária, na medida em que é baseada no estatuto social e não no contrato
social.
● Sempre terá denominação Essa denominação conterá, como regra geral, um elemento
fantasia, mas como medida excepcional se admite também nome de acionista fundador.
● A utilização do nome deve conter a expressão “Companhia” no início ou no meio do nome
empresarial. Ou então usa-se a expressão S/A que é usada no fim do nome empresarial.

Espécies de S/A

Art. 4º, lei 6404

Companhia (CIA) aberta: é aquela em que seus valores mobiliários (ações) são admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários (bolsa de valores).
Companhia (CIA) fechada: é aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários.

Constituição de uma S/A

Requisitos preliminares art. 80, lei 6404:

● Subscrição de todo capital social por, pelo menos, duas pessoas;


● Realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das
ações subscritas em dinheiro - no caso de bancos e seguradoras, a entrada mínima é de
50% (cinquenta por cento);

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● Depósito, no Banco do Brasil S/A, ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela


Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro;

Os requisitos preliminares se aplicam tanto para a CIA aberta quanto para a fechada. Todavia, no
que tange à constituição propriamente dita existe algumas diferenciações:

CIA aberta

A constituição de companhia aberta é denominada de subscrição pública ou sucessiva.


É necessário um registro de emissão na CVM.

Se a CVM autorizar o registro, o próximo passo é a contratação de instituição financeira para


intermediação dos valores mobiliários.

Underwriting são as instituições financeiras que providenciam a intermediação. São elas que
procuram os investidores.

A contratação underwriting é obrigatória.

Posteriormente será realizada uma assembleia de fundação.

CIA fechada

A constituição de companhia fechada é denominada de subscrição particular ou simultânea.


Para constituir CIA fechada é preciso: ou ir ao cartório e fazer escritura pública ou então eles
fazem uma assembleia de fundação.
Aqui não tem registro na CVM.

Valores mobiliários

Valores mobiliários são títulos de investimento emitidos por uma S/A com a finalidade de
captação de recursos:
a) Ações
b) Debêntures
c) Commercial paper
d) Bônus de subscrição
e) Partes beneficiárias

➢ Ações

Conceito
Ações são frações do capital social de uma S/A que confere ao seu titular direito de sócio da CIA.

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Forma de integralização
Pode integralizar com dinheiro, bens e créditos. Não pode integralizar com prestação de serviços.

Valor das ações


Quanto ao valor, as ações podem ter:

a) Valor nominal: o valor nominal é o resultado da operação da seguinte divisão: pega o


capital social e divide pelo número de ações = valor nominal. Ex:
● Capital social = R$ 500 mil
● Ações = 500 mil
● Valor nominal = RS 1,00 real.
OBS: As ações podem ter ou não valor nominal (art. 11, lei 6404).

b) Valor patrimonial: é o resultado da seguinte operação: pega o patrimônio líquido e divide


pelo número de ações = valor patrimonial. Ex:
● Patrimônio líquido = R$ 1 milhão
● Ações: R$ 500 mil
● Valor patrimonial = R$ 2,00

c) Valor de mercado: é o valor de negociação;

d) Preço de emissão: o preço de emissão é estipulado unilateralmente pela companhia


emissora.

Responsabilidade do acionista
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a
responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas.

A única responsabilidade que o sócio tem é perante o preço de suas ações, que é o preço do
mercado primário. Não existe solidariedade. O acionista responde de forma limitada pelo preço de
emissão de suas ações. Na mesma linha, dispõe o art. 1088, do Código Civil.

Quanto à espécie
Quanto à espécie, as ações podem ser:

● Ordinárias: as ações ordinárias são aquelas que conferem direitos comuns ao acionista.
Ex: direito de voto, direito de participação dos lucros, fiscalização, direito de preferência,
direito de retirada (art. 109 da lei).

● Preferenciais: traduzem preferências. É aquilo que chamamos de vantagens econômicas


ou políticas.
● Gozo/fruição: está prevista no art 44, §5º, lei 6404.

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Ações ordinárias Ações preferenciais Ações de gozo ou fruição

Direitos comuns aos acionista Direitos comuns aos acionista Direitos comuns aos acionista
(art. 109, da Lei) (art. 109, da Lei) (art. 109, da Lei)

Tem direito de voto Quem compra está em busca É a ação usada quando a S/A
de uma vantagem patrimonial. antecipa o que o acionista
teria direito na liquidação da
sociedade. S/A pega um
dinheiro que está sobrando e
adianta/amortiza pra você um
valor que só seria
disponibilizado mais pra
frente.

Só pode ter espécies Pode ter com voto ou sem Pode ter com voto ou sem
diferentes na S/A fechada

Nas companhias, abertas ou Podem ter espécies diferentes


fechadas, é possível atribuir a na S/A aberta ou fechada (art.
uma classe de ações 17 e 18 da Lei)
ordinárias o voto plural

Direitos essenciais do acionista


Art. 109, lei 6404

● Participação nos lucros;


● Participação no acervo da companhia em caso de liquidação;
● Direito de retirada;
● Direito de preferência;;
● Direito de fiscalização.

Cuidado: O direito de voto não é direito essencial.

Antes da Lei nº 14.195/21, era vedado o direito de voto plural. Cada ação teria apenas um único
voto. Porém, com o advento da mencionada legislação, passou a ser admitida a atribuição de
voto plural a uma classe específica de ações ordinárias. O regramento jurídico se encontra
previsto no art. 110-A, da Lei nº 6.404/76, cuja leitura é imprescindível. Vale destacar que o voto
plural deve estar previsto no estatuto, que pode conferir, para cada ação, até 10 votos, com prazo
de vigência inicial de 7 anos, admitida prorrogação.

➢ Debêntures

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Conceito: Debêntures são valores mobiliários emitidos pela S/A que confere aos seus titulares
direito de crédito contra a companhia emissora.

A finalidade da debênture é possibilitar o financiamento.

A debênture pode ser:

● Debênture com garantia real.


● Debênture com garantia flutuante. É crédito de privilégio geral. A debênture flutuante
tinha um privilégio de recebimento na falência, ela não tem imóvel como garantia.
Porém, com a reforma promovida pela Lei nº 14.112/20, passou a ter natureza de
crédito quirografário na falência, equiparando-se, na prática, à categoria seguinte.
● Debênture quirografária. Não tem garantia alguma.
● Debênture subordinada. É o penúltimo crédito a ser pago na falência, sendo pago
apenas antes dos juros posteriores, com a reforma promovida pela Lei nº 14.112/20.

Isso faz diferença na hora de classificar o crédito na falência. Quem tem debênture de garantia
real fica junto com os credores de garantia real.

A debênture é título executivo extrajudicial (art.784, I, CPC).

Emissão:
A assembleia geral que vai determinar a emissão de uma debênture, em regra geral (art. 59, lei
6404). Todavia, o conselho de administração também pode autorizar a emissão de debêntures,
desde que essas debêntures não sejam conversíveis em ações e quando se tratar de companhia
aberta (art. 59, §1º).

Ex: a companhia emite um título. 10,00 R$ é o valor de cada debênture. Se a companhia emitir 1
milhão de debêntures ela vai conseguir 10 milhões de reais. Só que a empresa estabelece juros
na debênture, de 1,5% ao mês. Ou seja, o investidor ganha 1,5% ao mês de juros (tem que ser
mais atrativo do que a poupança). Imagine que o reembolso desse valor será no prazo de 7 anos.
Então acontece que daqui 7 anos a companhia paga ao investidor os 10,00 R$ com correção
monetária e paga os juros de 1,5% ao mês.

➢ Commercial paper

Inicialmente regulamentado através de instruções normativas oriundas da CVM, recebeu


regramento legal com o advento da Lei nº 14.195/21, a partir do seu art. 45. Com efeito, trata-se
de valor mobiliário com uma função assemelhadas a das debêntures, só que diferente destas, os
commercial papers ou notas comerciais tendem a ser títulos de curto prazo.

Tratam-se de títulos de crédito não conversível em ações, de livre negociação, representativo de


promessa de pagamento em dinheiro, emitido exclusivamente sob a forma escritural. Podem ser
emitidas por sociedades anônimas, limitadas e cooperativas. A deliberação para emissão é de

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competência dos órgãos de administração, quando houver, ou do administrador da sociedade


emissora.

Trata-se de título executivo extrajudicial, que pode ser obtido independente de protesto, com base
em certidão emitida pelo escriturador ou depositário central. A oferta privada de nota comercial
pode conter cláusula de conversibilidade em participação societária, exceto em relação às
sociedades anônimas.

➢ Bônus de subscrição

Art.75 e ss.

O bônus de subscrição somente é permitido em sociedade de capital autorizado (art. 158)

É o direito de preferência na subscrição de novas ações.

Quem está interessado em adquirir as ações, a empresa começa a vender o bônus de


subscrição, ou seja, direito de preferência na compra das novas ações que a sociedade anônima
eventualmente possa lançar.

➢ Partes beneficiárias

Art. 46 e ss

É um título de investimento emitido por uma companhia fechada que confere ao seu titular direito
de crédito eventual, consistente na participação dos lucros anuais.

Somente pode ser emitido por companhia fechada.

Esse direito de crédito é eventual, ou seja, na eventualidade de ter lucro a pessoa recebe, se não
tiver lucro a pessoa não recebe nada.

Órgãos sociais

São órgão sociais de uma sociedade anônima, definidos em lei:

● Assembleia geral
● Conselho de Administração
● Diretoria
● Conselho Fiscal

➢ Assembleia geral

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A assembleia geral é órgão deliberativo máximo da sociedade anônima. As principais decisões de


S/A serão tomadas em assembleia geral.

Participar da assembleia geral é direito que todo acionista tem, seja ele portador de ações
ordinárias, ações preferenciais sem voto, etc.

A assembleia geral é órgão obrigatório.

Existem dois tipos de assembleia geral:

1. Assembleia geral ordinária: ela deve ser realizada anualmente e nos primeiros 4 meses
subsequentes ao término do exercício social.

Competência privativa da assembleia geral ordinária:

● Eleição e reeleição dos administradores (quando for o caso);


● Definição da remuneração dos administradores (“Pro-labore”);
● Destinação dos lucros;
● Tomar as contas dos administradores (prestação de contas);
● Eleição de administradores e membros do conselho fiscal;
● Correção da expressão monetária do capital social.

2. Assembleia geral extraordinária: A competência da assembleia geral extraordinária é


residual, complementar, subsidiária, portanto, todo e qualquer assunto que não seja de
competência privativa da assembleia geral ordinária pode ser tratado na assembleia geral
extraordinária (art. 131).

Existe o quórum de:

● Instalação: Em primeira chamada o quorum será o de ¼ do capital votante. Em segunda


chamada (ocorre quando não se atinge o quórum de primeira chamada) será qualquer
número de presentes.
● Aprovação: quorum de aprovação é do art. 129 da lei: o quórum deve ser mais da metade
do total de ações com direito de voto presentes na assembleia.

➢ Conselho de administração

O conselho de administração é a cabeça pensante da sociedade anônima.

O conselho de administração, em regra, é órgão facultativo. No entanto, ele será obrigatório em 4


situações :

1. Quando se tratar de companhia aberta. Art. 138


2. Quando se tratar de sociedade de economia mista. Art. 238
3. Quando se tratar de sociedade de capital autorizado. Art. 138

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4. Quando se tratar de sociedade anônima do futebol. Lei nº 14.193/21

Composição do conselho de administração: Mínimo de 3 membros.

➢ Diretoria

A diretoria é órgão obrigatório. O diretor é o representante legal da sociedade anônima.\


Composição da diretoria: com o advento da Lei Complementar nº 182/21, pode ser composta de
cargo único - 1 só diretor - ou ser órgão colegiado - mínimo de 2 membros, o máximo é a S/A que
decide. Vale dizer, atualmente, a diretoria poderá ser composta por um ou mais diretores.

Atualmente, com a Lei nº 14.195/21, atribuindo nova redação ao art. 146, da Lei nº 6.404/76,
qualquer pessoa, sócia ou não, ainda que residente no exterior, poderá compor os órgãos de
administração de sociedades anônimas no Brasil. Tanto na função de Diretor, quanto na de
Conselheiro de Administração. É preciso que deixe procurador no país, com poderes especiais
para receber citações de ações judiciais relacionadas à companhia, e em se tratando de
companhia aberta, também, para receber citações e intimações de procedimentos administrativos
instaurados pela CVM, se estiver no cargo de conselheiro de administração.

➢ Conselho fiscal

O conselho fiscal é órgão obrigatório.


Composição do conselho fiscal: mínimo de 3 membros e máximo de 5 membros, acionista ou
não, residente no país.

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO

Artigo 991 a 996 CC

Há duas categorias de Sócios: ostensivo e participante.

● O sócio ostensivo. Este sócio vai exercer o objeto social. O sócio ostensivo pode ser
pessoa jurídica ou física, e pode existir quantos forem necessários.
● O sócio participante. Este sócio só participa dos resultados. O sócio participante também é
chamado pela doutrina de sócio oculto.

Na sociedade em conta de participação a atividade constitutiva do objeto social é exercida


unicamente pelo sócio ostensivo.

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é


exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.

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Responsabilidade perante terceiro

Somente o sócio ostensivo é que responde perante terceiros.

Nome empresarial

Art.1162, CC. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação

Registro

Não tem registro (nos três lugares: JC, CRC e OAB)


Sempre será uma sociedade despersonificada (art. 993, CC).

Características essenciais da SCP

● Busca de lucro
● Affectio societatis – existe um vínculo jurídico de natureza subjetiva, pessoal, de fidúcia ou
de confiança entre aqueles que se pretendem sócios.

8. FALÊNCIA
Lei 11.101/2005

Ela incide sobre a figura do empresário individual e sobre a sociedade empresária. Com o
advento da Lei nº 14.193/21, as associações que se dedicam à prática profissional e habitual do
futebol podem se registrar perante a Junta Comercial, assumindo natureza empresarial e,
portanto, podendo se submeter ao regime jurídico previsto na Lei nº 11.101/05.

No entanto, nesse rol de sociedade empresária existem alguns entes que o legislador diz que
apesar de ter natureza empresarial eles estão excluídos da incidência da lei 11.101/05. Esses
excluídos estão todos no art. 2º da lei 11.101/05:

Art. 2º, I, lei 11.101/05: Totalmente excluídos da incidência da lei 11.101/05:


● Empresa pública
● Sociedade de economia mista.

Art. 2º, II, lei 11.101/05 - Parcialmente excluídos ou relativamente excluídos:


● Instituição financeira;
● Consórcio;
● Seguradoras;
● Cooperativas de crédito;
● Entidades de previdência complementar;
● Operadoras de plano de saúde;
● Sociedade de capitalização

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● E outras entidades legalmente equiparadas a essas.

É imprescindível notar que do ponto de vista da recuperação judicial, a exclusão será sempre
total. Desta forma, ou o sujeito pode sempre, ou pode nunca, pleitear a sua recuperação judicial.
Assim, os empresários que aparecem no art. 2º, I, da Lei nº 11.101/05 estão excluídos
totalmente da falência e totalmente da recuperação judicial. Já, aqueles que aparecem no art.
2º II, estão excluídos totalmente da falência e parcialmente da recuperação judicial.

A princípio não cabe falência para esses entes, no entanto, todos os entes do art. 2º, II podem
passar por processo de liquidação extrajudicial.

Nesta será um liquidante que, por sua vez, poderá pleitear a falência destes entes. Então significa
que a princípio não podem sofrer falência, mas a falência poderá ser consequência da liquidação
extrajudicial.

Por final, existem ainda situações de sujeitos que não se enquadram como empresários mas que
podem ter a sua falência decretada. São eles:

a) os sócios com responsabilidade subsidiária, solidária e ilimitada, na forma do art. 81;


b) o espólio, até 1 ano após a morte do devedor, na forma do art. 96, §1º;
c) a concessionária de serviços públicos, na forma do art. 195.

LEGITIMIDADE PROCESSUAL

Legitimidade ativa
Pode ser autor de ação de falência:

● o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 da Lei;


● o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante (Pela regra do art.
96, §1º eles possuem apenas 1 ano contado da morte);
● o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;
● qualquer credor.

Autofalência (art. 105): ocorre quando o próprio empresário, quando a própria sociedade
empresária solicita a própria falência.

Para pedir a autofalência é necessário preencher alguns requisitos:


● Estar em estado de crise econômico-financeiro
● Julgar não atender aos requisitos da recuperação judicial

Art. 105: O devedor deverá requerer ao juiz a sua falência. Não existe consequência para quem
não pede, mas é uma obrigação.

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OBSERVAÇÃO:

● Se o credor for empresário ou equiparado, ele só vai poder ajuizar a ação


contra terceiro se estiver devidamente registrado na Junta Comercial.
● Se o credor não tem domicílio no país deve prestar caução (art. 97, §2º, lei
11101).

Legitimidade passiva
Só pode ocorrer sobre a figura do empresário individual, sociedade empresária e de entidades
equiparadas como os clubes de futebol registrados perante a Junta Comercial.

No entanto, alguns que, apesar de serem de serem sociedades empresárias, estão excluídos da
incidência da lei (art. 2º, Lei nº 11.101/05):

Totalmente excluídos (art. 2ª, I):


● Empresa pública
● Sociedade de economia mista

Parcialmente excluídos (art. 2º, II):


● Instituição financeira
● Consórcio
● Seguradora
● Cooperativas de crédito
● Operadoras de plano de saúde
● Entidade de previdência complementar
● Sociedade de capitalização
● Outras entidades legalmente equiparadas a estas.

Num primeiro momento, nenhuma pessoa poderá ajuizar ação de falência contra essas
sociedades.

No entanto, todos os entes do art. 2ª, II podem passar por uma liquidação extrajudicial. Nesta,
será nomeado um liquidante que, por sua vez, poderá pedir a falência do ente que está em
liquidação.

JUÍZO COMPETENTE

De acordo com o art. 3º da Lei nº 11.101/05, o juízo competente é o do local do principal


estabelecimento e se a sede for fora do Brasil, é no local da filial.

Entende-se como principal estabelecimento a sede administrativa, ou seja, onde está localizada a
administração da empresa, o centro das atividades. Esta é a corrente adotada pelo STJ.

A ação de falência sempre será processada e julgada pela justiça comum estadual.

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ÓRGÃOS

Administrador Judicial (artigo 21 à 25 da Lei): pode ser uma pessoa física ou uma pessoa jurídica.
Se for pessoa física preferencialmente seria um advogado, um administrador de empresas, um
economista ou um contador (é preferencial e não obrigatório).
Esse sujeito é nomeado e pode ser destituído pelo juiz.
O Administrador Judicial irá receber no máximo 5% do valor da venda dos bens (só é pago ao
final). Se a empresa falida for ME ou EPP a porcentagem máxima que ele recebe é de 2%.

Funções do Administrador Judicial:

Responsável por elaborar o quadro de credores.


Presta todas as informações (se comunica com o juiz por meio de relatórios).
Responsável pela venda dos bens.
Ele que representa a massa falida

Com a reforma da Lei de Falências e RJ, patrocinada pela Lei nº 14.112/20, surgiram outras
atribuições que passaram a ser da alçada do administrador judicial. Destacam-se:
a) estimular sempre que possível, na falência e na RJ, a conciliação, a mediação e outros
meios alternativos de solução de conflitos;
b) manter endereço eletrônico com informações atualizadas sobre os processos de rj e de
falência;
c) na recuperação judicial: (i) fiscalizar tratativas e negociações entre devedor e credores; (ii)
assegurar que credores e devedor não adotam expedientes dilatórios inúteis; (iii) assegurar
que as negociações aconteçam pelos termos convencionados; e
d) na falência: (i) relacionar processos e assumir a representação judicial e extrajudicial,
incluindo os processos arbitrais; (ii) proceder à venda de todos os bens da massa falida, no
prazo de 180 dias.

Comitê de Credores: esse órgão é facultativo, quem decide pela existência dele são os credores.
A atividade principal deles é de fiscalização (fiscalizar o administrador, as vendas etc, artigos 26 à
30 da Lei.

Assembleia de Credores: artigo 35 ao 46 da Lei. Composta pelos credores, esse órgão precisa
tomar decisões. O voto é proporcional ao crédito. ( é da maioria dos créditos)

Convocação é feita pelo juiz e será convocada todas as vezes que houver um assunto que
interesse credores.

CREDORES

a) Crédito de natureza salarial no valor de até 5 salários mínimos (por trabalhador) no período
de até 3 meses antes da falência ( artigo 151 da Lei) isso não é sinônimo de crédito trabalhista.

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São pessoas que ficaram sem receber seus salários. Eles irão receber assim que exista dinheiro
em caixa, assim se logo na decretação da falência o administrador verifica um valor ele manda
pagar essas pessoas. Eles não precisam esperar o término da falência (o que faltar deverá
ingressar com Reclamação Trabalhista). Com a reforma da Lei de Falências, tornaram-se créditos
extraconcursais, mencionados no art. 84, da Lei nº 11.101/05.

b) Credor que ingressa com uma peça inicial chamado de Pedido de Restituição: só recebe se as
pessoas acima receberem. Pedido de restituição cabe quando o bem arrecadado pela massa for
de propriedade de terceiro (restitui o bem e não o valor).

Exemplo: funcionários deixam algum bem na empresa que está sofrendo falência, logo deverá
ingressar com o Pedido de Restituição para recuperar o bem.

Se por acaso esse bem não exista mais ou pereceu irá pedir somente nesse caso a quantia
correspondente (artigo 85 e 86 da Lei), no caso de quantia só será entregue no final da falência.

Com a reforma da lei de falências, também, passaram ser considerados créditos extraconcursais,
inseridos no art. 84, da Lei nº 11.101/05.

c) Credores Extraconcursais (só recebe no final): artigo 84 da Lei, a origem do crédito ocorreu
após a decretação da falência.

Com a reforma da Lei de Falências promovida pela Lei nº 14.112/20, o rol do art. 84, da Lei nº
11.101/05, sofreu várias alterações e novas inclusões, dentre as quais se destacam, além dos
créditos anteriores, os créditos decorrentes do financiamento do devedor ou do grupo devedor em
recuperação judicial, denominados DIP Finance. Vale à pena a memorização da sequência inciso
por inciso, tanto do art. 84 quanto do art. 83, haja vista que é muito comum questões perguntando
quem deve ser pago primeiro.

Exemplo: Crédito Tributário e o fato gerador ocorreu depois da falência, ou acidente de trabalho
que ocorreu após a decretação da falência.

d) Créditos Concursais (só recebe no final): artigo 83 da Lei, irá citar créditos que surgiram antes
da decretação da falência, ou seja aqueles créditos que deram causa à falência (fizeram a
empresa quebrar).

● O primeiro da fila do Concursal é o Crédito Trabalhista e Acidente do Trabalho. Se o valor


do crédito trabalhista for até 150 salários mínimos (fixados em sentença), se for superior à
esse valor o excedente vira credor quirografário. Acidente de trabalho não tem limite. O
STJ se posicionou que os honorários advocatícios devem ser pagos juntos com o crédito
trabalhista, entretanto o limite do crédito trabalhista continua o mesmo acima.
● Segundo da Fila: Crédito com Garantia Real (Hipoteca, Penhor, Anticrese) no limite do
bem dado em garantia.
● Terceiro da Fila: Crédito Tributário (não importa se a execução fiscal foi proposta ou não) o
fisco só recebe depois dos credores.

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● Quarto da Fila: Crédito com Privilégio Especial aquele que o credor tinha direito de
retenção até receber .Foi colocado como crédito com privilégio Especial os créditos de
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Tal categoria foi excluída, com a reforma,
passando tais créditos a serem considerados como quirografários na falência.
● Quinto da Fila: Crédito com Privilégio Geral aquele que o credor não tem nem um bem
dado em garantia, nem um privilégio ou preferência, de modo que teria tudo para ser
quirografário, mas a lei resolveu pagar antes dos quirografários. Tal categoria foi excluída,
com a reforma, passando tais créditos a serem considerados como quirografários na
falência.
● Sexto da Fila: Crédito Quirografário aquele que o credor não tem classificação específica
por não ser privilegiado e nem ter nenhuma garantia para a sua satisfação. Com a reforma,
entraram para o rol de créditos quirografários, os créditos com privilégio, especial e geral,
tornaram-se créditos quirografários.
● Sétimo da Fila: As multas por descumprimento de contrato ou de infração legal, incluídas
as multas tributárias. São denominados de subquirografário .
● Oitavo da Fila: os créditos subordinados, assim definido pela lei ou por contrato, servindo
de exemplo os créditos cujo credor seja o sócio ou o administrador.
● Nono da Fila: os juros. Passaram a ser inseridos no quadro de credores, com a reforma da
lei de falências.

Insolvência

Quando o credor ajuíza ação de falência o seu objetivo é que o juiz declare o estado de
insolvência do devedor.

Essa insolvência pode ser:


● Insolvência confessada: quando o próprio empresário declara o seu estado de insolvência,
por meio da autofalência.
● Insolvência presumida: acontece quando ocorre uma das hipóteses do art. 94, I, II e III, lei
11101.

a) Art. 94, I: Impontualidade injustificada.

Deixar de pagar no vencimento uma obrigação líquida sem relevante razão de direito

Atenção: Esse título executivo, judicial ou extrajudicial, deve ser protestado

Súmula 361, STJ: o protesto para fim de falência tem que fazer a intimação entregando no
endereço, todavia, além de entregar no endereço é preciso saber quem recebeu a intimação

Súmula 248, STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas
protestada, é título hábil para instruir pedido de falência

Atenção: A ação de falência, com fundamento no art. 94, I, da Lei nº 11.101/05, somente pode
ser ajuizada se o valor da obrigação ou o somatório das obrigações for acima de 40 salários

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mínimos. Dois credores podem fazer litisconsórcio para que se atinja esse valor acima de 40
salários mínimos?

Cabe sim (art. 94, §1º: admite-se o litisconsórcio entre os credores para que se possa perfazer o
limite mínimo estabelecido na lei). Dessa forma, é possível, portanto, requerer a falência, com
base no art. 94, I, em razão de um ou de vários títulos - precisando somar mais que 40 salários
mínimos - de titularidade de um ou de vários credores.

b) Art. 94, II: Execução frustrada:

A execução será considerada frustrada toda vez que não conseguir gerar um resultado útil ao
processo. Desta forma, sempre que o devedor for citado e, no prazo legal, não pagar, não nomear
bens à penhora e não depositar a importância em juízo, visando suspender a execução para
discutir o débito em sede de embargos, a execução restará frustrada.

Cabe pontuar: nesta hipótese, (i) o valor da inadimplência pode ser inferior a 40 salários mínimos;
e (ii) não há necessidade de protesto para o requerimento da falência. Aqui, a comprovação da
inadimplência se dará mediante certidão da vara onde tramita o feito executivo.

c) Art. 94, III: Atos de falência:

São comportamentos, condutas que estão expressamente previstos em lei (art. 94, III, ‘a’ até ‘g’).

Se o devedor praticar qualquer um desses atos haverá presunção de falência.

Como a insolvência é presumida, importa constatar que em tais hipóteses, o devedor poderá ter
sua falência decretada “por zero”, vale dizer, ele poderá ser declarado falido, independentemente
da comprovação de alguma inadimplência.

DEFESA DO REQUERIDO NA FALÊNCIA

O que o devedor pode fazer?

Apresentar contestação.

Cuidado: o prazo de contestação aqui é de apenas 10 dias (art. 98, lei 11101). A reforma da Lei
de Falências, patrocinada pela Lei nº 14.112/20, respondeu a pergunta sobre a forma de
contagem dos prazos da Lei nº 11.101/05. Na forma do atual art. 189, §1º, I, da Lei nº 11.101, os
prazos são em dias corridos.

Depósito elisivo (Elidir = impedir) é o depósito feito pelo devedor, no ato e no prazo da
contestação, com o objetivo de evitar que sua falência fosse decretada. É cabível quando o
pedido tiver como fundamento o art. 94, I ou II, da Lei nº 11.101/05. Não cabe depósito elisivo em
requerimento de falência, baseado em algum dos atos de falência, previsto no art. 94, III.

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O depósito elisivo pode funcionar como pagamento ou como garantia de juízo. Para a primeira
hipótese, o devedor, no prazo de resposta do réu, apenas, realiza o depósito elisivo. Para a
segunda hipótese, o devedor apresenta a contestação e realiza o depósito elisivo ao mesmo
tempo.

Para as duas situações, cabe ao devedor, querendo, realizar o depósito elisivo, para, ao final, por
ocasião da sentença ser feito o levantamento do depósito elisivo. No caso de procedência do
pedido de falência, o depósito elisivo será levantado pelo credor, que deixará de sê-lo e, em razão
disso, perde-se o sentido na declaração da falência. No caso de improcedência do pedido de
falência, será o próprio devedor quem levantará o depósito elisivo realizado por ele.

Prazo do depósito elisivo: deve ser feito dentro do prazo de contestação (10 dias).

Valor do depósito elisivo = valor principal + correção + juros + honorários advocatícios (art. 98,
p.u, lei 11101).

Depósito + contestação.

Recuperação judicial (regra do art. 95, lei 11101). O devedor pode dizer que quer pagar, mas que
não consegue pagar em dinheiro. Assim, o devedor, dentro do prazo de contestação, pode pedir a
recuperação judicial. Essa recuperação suspende o processo de falência.

SENTENÇA

● Sentença procedente: é sentença declaratória - declara o estado de insolvência.


● Sentença improcedente: é sentença denegatória, não reconhece o estado de insolvência.

Quais são os recursos cabíveis para cada uma dessas decisões?


A sentença declaratória/procedência comporta agravo de instrumento (tem interesse para
apresentar recurso: devedor, MP e credor).

A sentença de improcedência comporta recurso de apelação (tem interesse para apresentar


recurso: credor, MP e devedor). (Art. 100)

Em caso de autofalência, se o juiz denegar a falência, o devedor tem interesse no recurso de


apelação.

A sentença dá início à fase falimentar: é aqui que vai ter a arrecadação dos bens, venda dos
bens, pagamento dos bens e é depois disso que o juiz dá uma sentença de encerramento, dando
fim ao processo de falência.

Apesar de ser uma sentença, a sentença declaratória tem características de decisão


interlocutória.

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SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA

Tem natureza jurídica “sui generis” ou, no mínimo, constitutiva.

Atos praticados:

● É na sentença declaratória que o juiz vai fazer a nomeação do administrador judicial (art.
99, IX).
● O juiz deve fixar o termo legal da falência (art. 99, II).
● Termo legal da falência: é o período suspeito (período cinzento). Esse período antecede a
falência. É um período de investigação dos atos praticados pelo devedor. Se o devedor
praticar atos que estão previstos na regra do art. 129, da lei 11101, esses atos serão
declarados ineficazes. Esse termo legal não pode retrotrair por mais de 90 dias.
● Pronunciar-se a respeito da continuação provisória das atividades ou da lacração de
estabelecimentos (art. 99, XI).
● Ordenar ao falido que apresente relação completa de credores no prazo de 5 dias, sob
pena de crime de desobediência (art. 99, III).

Com o advento da reforma da Lei de Falências, patrocinada pela Lei nº 14.112/20, surgiram
novas determinações para a sentença declaratória de falência:
● Ordenar à Junta Comercial e à Receita Federal que procedam à anotação de falido nos
registros do devedor (art. 99, VIII).
● Ordenar a intimação eletrônica do MP e das Fazendas Públicas em geral (art. 99, XIII).

Na forma do art. 99, §2º, da Lei nº 11.101/05, inserido pela reforma da Lei de Falências
patrocinado pela Lei nº 14.112/20, a intimação eletrônica das pessoas jurídicas de direito público
integrantes da administração indireta dos entes federativos será direcionada:
a) Em âmbito federal, à Procuradoria-Geral Federal e à Procuradoria-Geral do Banco Central
do Brasil;
b) Em âmbito estadual e distrital, à respectiva Procuradoria-Geral;
c) Em âmbito municipal, à respectiva Procuradoria-Geral ou, se inexistir, ao gabinete do
Prefeito.

Efeitos da sentença declaratória em relação ao falido:

a) O falido está inabilitado para exercer atividade empresarial (art. 102). O prazo pelo qual o
falido não pode mais desempenhar atividade empresarial: tem início na sentença
declaratória e encerra com a sentença de extinção das obrigações do falido. No entanto, o
juiz ao decretar a falência pode determinar a continuidade provisória;
b) O falido perde a disponibilidade dos bens (art. 103).
c) A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinção da
concessão, na forma da lei.(art. 195).
d) A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis
também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos

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produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar
contestação, se assim o desejarem (art. 81).
e) A Lei estabelece uma série de deveres ao falido (art. 104). Faltando o cumprimento de
quaisquer dos deveres, o juiz deverá intimar o devedor para fazê-lo sob pena de responder
pelo crime de desobediência. No caso das sociedades empresárias, serão os
administradores que responderá o falido por crime de desobediência (art. 104, parágrafo
único.

Com a reforma da Lei de Falências, patrocinada pela Lei n 11.101/05, alguns deveres do falido
foram modificados. Primeiramente, a lei estabeleceu um prazo - antes fixado pelo juiz - para o
devedor assinar nos autos o denominado termo de comparecimento e para entregar a lista de
credores, em arquivo eletrônico, de 15 dias (art. 104, I e XI).

De outro lado, é, também, considerado dever do falido o de entregar ao administrador judicial os


livros obrigatórios e os instrumentos de escrituração pertinentes, que os encerrará por termo (art.
104, II). Frise, por oportuno: inicialmente era obrigação do juiz fazer o encerramento dos livros e
escrituração do empresário declarado falido; agora, tal obrigação passa a ser do administrador
judicial.

Efeitos da sentença declaratória em relação aos credores:

a) Somente pode falar em constituição da massa falida depois de uma sentença declaratória.
Massa falida pode ser entendida em dupla perspectiva. Pode-se falar em: (i) massa falida
subjetiva; (ii) massa falida objetiva.

Em sentido subjetivo, a massa falida é a entidade que congrega a comunhão de interesses dos
credores (se tiver um interesse particular, cabe ao credor contratar o seu advogado e ir litigar no
processo, enquanto que os interesses em comum dos credores são da competência da massa
falida, representada pelo administrador judicial).

Em sentido objetivo, a massa falida é representada pelo conjunto de bens do devedor falido que
foram arrecadados para o processo de falência.

Seja como for, é importante notar: não se confundem o falido e a massa falida. O falido só atua
antes da decretação da falência. Mesmo porque, com o decreto de quebra, o empresário falido
fica inabilitado para a prática de atos empresariais até a sentença que extingue suas obrigações
(art. 102). Por sua vez, a massa falida “nasce” ou “surge” justamente com a decretação da
falência.

Por fim, cabe uma analogia, em especial para quem tem familiaridade com o Direito Civil:

“A massa falida está para o espólio, assim como o falido está para o defunto”.

Ou seja, tudo aquilo que o espólio e defunto representam para o processo de inventário,
respectivamente, equivale ao que a massa falida e o falido representam em face do processo de
falência.

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b) Vencimento antecipado de toda a dívida do falido. Existe um princípio na falência que se


chama princípio do par conditio creditorum: nós temos que ter na falência uma paridade de
condições entre os credores.
c) Suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido.
d) Suspensão da fluência de juros (art. 124).
e) Suspensão de todas as ações/execuções envolvendo o devedor falido.

Exceções (ações não suspensas):

1. Ação trabalhista (quem julga é juiz do trabalho). (art. 76)

Cuidado: na fase de conhecimento. Quando partir para o momento da execução,haverá a


suspensão.

2. Ações fiscais (quem julga são as varas da fazenda pública). (art. 76)
3. Ações em que o falido for autor ou litisconsorte ativo (continua tramitando na vara de
origem). (art. 76)
4. Ações que demandarem quantia ilíquida – continua tramitando na de origem (art. 6º, §1º).
5. Ações de competência da Justiça Federal - continua tramitando na Justiça Federal (art.
109, I, CF).

Classificação

É possível distinguir duas espécies de créditos na falência: os créditos extraconcursais - art. 84


(credores da massa) e os créditos concursais - art. 83 (credores do falido) enquanto esses
decorrem das obrigações que foram assumidas antes da declaração da falência empresarial;
aqueles decorrem das obrigações que foram contraídas na recuperação judicial pelo
recuperando, e esses créditos surgem após a decretação da falência, os credores detentores
dessa espécie de créditos têm prioridade na ordem de pagamento, e por isso serão pagos antes
dos créditos concursais, for força normativa descrita no artigo 84 da lei.

Existe uma hierarquia, uma ordem de preferência que está no art. 83 da lei 11.101. Este
artigo coloca na preferência os titulares de créditos trabalhistas, depois os de créditos com
garantia real, de créditos tributários, com privilégio especial, com privilégio geral, créditos
quirografários, de créditos decorrentes de multas e penas pecuniárias e de créditos
subordinados.

Estas são as oito classes de credores no concurso da falência do art. 83 - créditos concursais:

1) Classe dos créditos trabalhistas - Ocupa a primeira classe, mas está limitado ao teto de
150 salários mínimos por trabalhador, de modo que se ele tem essa quantia a receber
ele só irá receber na primeira classe, só será habilitado na primeira classe o valor
correspondente a 150 salários mínimos. O valor do seu crédito que ultrapassar o seu limite será
habilitado lá embaixo, na classe dos créditos quirografários.

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OBSERVAÇÃO: Existem outras regras relacionados ao crédito trabalhista – art.


151 da lei 11.101: “Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial
vencidos nos três meses anteriores à decretação da falência, até o limite de
05 salários mínimos por trabalhador,serão pagos tão logo haja disponibilidade em
caixa”.

2) Classe dos créditos com garantia real; nesta classe, só entram credores baseados em
penhor, hipoteca e anticrese. Não se aplica à alienação fiduciária em garantia.
3)Classe dos créditos tributários; para entrarem na presente classe, os tributos precisam ter fato
gerador anterior à sentença declaratória de falência.
4)Créditos com privilégio especial – art. 964 do CC; viraram quirografários com a reforma.
5)Créditos com privilégio geral - art. 965 do CC; viraram quirografários com a reforma.
6)Créditos quirografários - é aquele crédito identificado a partir de uma ideia de exclusão.
É aquele crédito sem qualquer privilégio/garantia; com a reforma, os créditos de privilégio,
geral ou especial, passaram à categoria de crédito quirografário, na medida em que deixaram de
ser, cada qual, classe própria. É também considerado quirografário o excedente dos créditos
trabalhistas e de garantia real.
7)Crédito decorrentes de multas e penas pecuniárias; é aqui que devem entrar, no quadro geral
de credores, as multas tributárias.
8)Créditos subordinados - podem assim ser definidos por lei ou contrato. A Lei nº 11.101/05
define como crédito subordinado os créditos de titularidade dos sócios ou administradores da
sociedade falida. Exemplo: Sócio de sociedade que vive crise e retira um valor do seu
patrimônio pessoal para emprestar a esta sociedade. Essa crise não se reverte e a falência é
decretada. Este crédito que tenho com esta sociedade é crédito subordinado.
9) Multas. Eram pagas ao final do processo, de acordo com o art. 124, no limite das forças da
massa falida. Com a reforma, viraram a última categoria de créditos concursais.

Créditos extraconcursais - Art. 84 da lei 11.101 - aqueles que estão fora do concurso de
credores, são aqueles que nascem depois de já decretada a falência. Destaque-se
entretanto que, entre eles, haverá um certo concurso de credores. Desta forma, por exemplo, só
será possível pagar o inciso V depois do pagamento do inciso IV.

Entre os arts. 83 e 84, a preferência é do art. 84. Paga-se primeiro o art. 84 e, na sequência, será
pago o art. 83. Dentro de tais artigos, deve-se respeitar a sequência dos incisos. Assim, por
exemplo, o crédito com garantia real tem preferência, ou seja, é pago antes do crédito tributário.

AÇÃO REVOCATÓRIA

Arts. 129 e 130 da lei 11.101.


A revocatória, que visa a revogação de atos praticados em prejuízo da massa falida, pode
mostrar-se a partir destas duas feições: por ineficácia ou por fraude. (Art. 129: Ação
Revocatória Por Ineficácia/ Art. 130: Ação Revocatória Por Fraude).

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PROCEDIMENTO DA FALÊNCIA

Petição inicial
Juiz determina a citação do réu (prazo de 10 dias), o credor pode fazer três atos (pode faz 1 dos
atos, ou mais de 1):

a) Contestar
b) Pedir a Recuperação Judicial (mostrar requisitos)
c) Depósito Elisivo (quer pagar a falência, é pagar o valor da dívida, mais honorários, custas).
Artigo 95 à 98. Só será cabível quando o pedido de falência for baseado no art. 94, I ou II.

➔ O juiz irá proferir a sentença (artigo 99 da Lei).

Quando a sentença determinar a improcedência da Falência caberá Apelação.

Entretanto se a sentença decretar a procedência da falência o recurso cabível é o Agravo de


Instrumento ( artigo 100 da Lei).

➔ Após a sentença o juiz manda publicar o Edital que contém o texto da sentença e tem uma
relação de credores ( informada pelo devedor, pode estar correta ou não).
➔ Irá fazer a Habilitação ( artigo 7 à 9 da Lei).
➔ O administrador vai apresentar o quadro de credores ( pode ainda estar errado o
quadro).Assim se estiver errado deve-se entrar com Impugnação ( artigo 8 da Lei), o prazo
para a impugnação é de 10 dias.Só depois que o juiz decidir é que haverá a homologação
do quadro de credores .
➔ Após é o momento da liquidação ( em que vendo os bens e vou pagar conforme for
possível).
➔ Sentença de Encerramento.

9. RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Finalidade (art. 47)
Busca a recuperação judicial com o objetivo da preservação da empresa. Permite ao devedor
superar o momento de dificuldade econômico-financeira que vem sofrendo, através da
preservação da empresa. Com a preservação da empresa tem-se a manutenção de empregos,
manutenção da fonte produtora e manutenção do desenvolvimento da atividade na região.

Requisitos
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,
cumulativamente:

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I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no
plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

Importante aqui é a situação jurídica do produtor rural. Com efeito, o rural não é obrigado a se
registrar ou a se enquadrar como empresário. A sua obrigação, na verdade, é a de formalizar o
seu sítio, a sua fazenda. Porém, se quiser ser tratado como empresário, a registro será
imperativo, mandatário, obrigatório. E aí, discute-se como deve ficar a contagem do prazo de dois
anos para o rural.

- Estando registrado originalmente na Junta Comercial, o prazo de dois anos deve ser contado do
ato de inscrição, como regra.
- Registrando-se inicialmente perante o cartório, o prazo de dois anos passará a ser contado da
data da entrega da primeira declaração tributária entregue.

Créditos sujeitos aos efeitos da recuperação judicial


Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido,
ainda que não vencidos.
Em que pese a redação do art. 49, existem alguns créditos excluídos (créditos que não
podem fazer parte do plano de recuperação judicial):
● Créditos posteriores ao pedido.
● Crédito tributário. Isto não tem previsão expressa, é uma consequência do art. 6º, §7º c/c
art. 57, da LF.
● Crédito do art. 49, §3º, LF.

Petição inicial
A petição inicial tem que necessariamente observar os ditames do art. 51: relação de credores,
empregados, balança patrimonial.

Se essa petição inicial atender aos requisitos do art. 51, o juiz vai proferir um despacho de
processamento. A RECUPERAÇÃO AINDA NÃO FOI DEFERIDA!

Art. 52, III - Neste despacho, há uma série de determinações do juiz : determina a
nomeação do administrador judicial, que pode ser pessoa física (preferencialmente contador,
advogado, administrador ou economista) ou PJ; determina a intimação do MP;
determinava inicialmente o despacho de processamento à suspensão de todas as ações e
execuções contra o devedor pelo prazo improrrogável de 180 dias.

Apesar da “letra fria” da lei, a jurisprudência do STJ orientou-se no sentido de ser possível a
prorrogação sempre que não se conseguisse, no prazo mencionado, aprovar o plano e a demora
nesta aprovação, não se desse por culpa do devedor. Esse entendimento foi adotado na reforma

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da lei de falências, ao se estabelecer, na nova redação do art. 6º, §4º, que o período de stay - a
suspensão de execução, prescrição e proibição de importunação patrimonial, pelo prazo de 180
dias, contados do deferimento do processamento da RJ, poderá ser prorrogado de maneira
excepcional por uma única vez, renovando-se outro prazo de 180 dias.

É importante notar, com a Reforma da Lei de Falência, promovida pela Lei nº 14.112/20, dando
nova redação ao art. 6º, da Lei nº 11.101/05, o deferimento do processamento da recuperação
judicial implica:
I. suspensão do curso das obrigações do devedor sujeitas à recuperação judicial e à
falência;
II. suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive, daquelas dos credores
particulares dos sócios solidários, relativas a créditos ou obrigações sujeitas à recuperação
judicial e à falência;
III. proibição de qualquer forma de retenção, arresto, sequestro, busca e apreensão e
constrição judicial e extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais
e extrajudiciais cujos créditos ou obrigações se sujeitem à recuperação judicial e à falência.

Ou seja, a partir da entrada em vigor da Lei nº 14.112/20, como regra geral, as ações de
conhecimento não mais se suspendem. Cabe destacar ainda que, findando o prazo referente ao
período de stay, sem deliberação a respeito do plano de recuperação judicial proposto pelo
devedor faculta aos credores a propositura de plano alternativo.

Exceções desta suspensão: As ações que demandarem quantia ilíquida; as ações de


natureza trabalhista; as execuções fiscais; as ações e execuções propostas pelos credores
apontados nos §3º e §4º do art. 49 NÃO SERÃO SUSPENSAS.

É importante destacar que, para os credores mencionados nos §§ 3º e 4º, do art. 49, há
competência do juízo da recuperação judicial para determinar a suspensão dos atos de constrição
que recaiam sobre os bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial durante
o período de stay.

Por sua vez, para as execuções fiscais, haverá competência do juízo da recuperação judicial para
determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam sobre os bens de capital essenciais
à manutenção da atividade empresarial durante o período de stay.

Obs.: o processamento da recuperação judicial, assim como a decretação da falência, não


autoriza o administrador judicial a recusar a eficácia da convenção de arbitragem, não impedindo
ou suspendendo a instauração de procedimento arbitral.

O plano de recuperação judicial


O prazo de apresentação do plano é improrrogável e será de 60 dias, contados da publicação da
decisão que deferiu o processamento, sob pena de convolação em falência (se perder o prazo o
juiz pode converter a recuperação em falência).
Ainda, apresenta-se no plano meios de superação da crise.

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O art. 50 da lei traz meios. O rol é exemplificativo, ou seja, em outras situações pode-se criar um
outro meio que não seja aqueles previstos no art. 50.

Com o advento da Reforma da Lei de Falência, patrocinada pela Lei nº 14.112/20, foram incluídos
novos meios de recuperação judicial:

1. A conversão de dívida em capital social;


2. Venda integral da devedora, desde que garantidas aos credores não submetidos ou não
aderentes condições, no mínimo, equivalentes àquelas que teriam na falência, hipótese em
que será, para todos os fins, considerada unidade produtiva isolada.

Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer natureza a terceiro credor,
investidor ou novo administrador em decorrência, respectivamente, da mera conversão de dívida
em capital, de aporte de novos recursos na devedora ou de substituição dos administradores
desta.

O plano de recuperação judicial, na forma do art. 53, deve conter:


I. a descrição pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, e seu resumo;
II. a demonstração de viabilidade econômica; e
III. o laudo econômico-financeiro e de avaliação patrimonial.

Atendidos tais requisitos, pode-se fazer quase que tudo e qualquer coisa para evitar a ocorrência
de uma decretação de falência. Como se costuma dizer: “bem vindos ao capitalismo, bem vindos
à recuperação de empresas”.

E, nessa linha, como já mencionado, é possível fazer “quase que” tudo. As aspas se referem ao
fato de existir limites de conteúdo ao plano de recuperação judicial (art. 54). Tais limites são
inerentes ao crédito trabalhista. Com efeito, os credores serão atendidos de acordo com o PRJ -
diante de sua natureza contratual - respeitando-se os seguintes critérios:

a) o pagamento de até 5 salários mínimos, em créditos de natureza estritamente salariais


vencidos nos três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial; e
b) o pagamento de todo o restante dos créditos trabalhistas até o 1º ano, contado da
concessão da recuperação judicial, desde que vencidos até a data do pedido de
recuperação judicial.

Com a reforma patrocinada pela Lei nº 14.112/20, o limite de pagamento dos créditos trabalhistas
pode ser estendido para até 2 anos, contados da concessão da recuperação judicial. Veja bem:
não se trata de uma ampliação de mais 2 anos, mas sim de ampliação para 2 anos.

Desta forma, por exemplo, se uma concessão de RJ ocorrer em março de 2021, os créditos
trabalhistas precisarão ser integralmente satisfeitos, nos termos do plano de recuperação até
março de 2022, podendo se ampliar o período de satisfação dos créditos trabalhistas para até
março de 2023.

Para tanto, a lei exige três requisitos cumulativos (art. 54, §2º):

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I. apresentação de garantias julgadas suficientes pelo juiz;


II. aprovação de credores titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou
decorrentes de acidentes de trabalho, na forma do §2º, do art. 45; e
III. garantia de integralidade do pagamento de créditos trabalhistas.

Habilitação do crédito
O credor tem que habilitar no prazo de 15 dias contados da publicação do edital (art. 7º,
§1º).Encerrado o prazo de 15 dias para habilitação, começa a contagem de novo prazo (45 dias)
para que o administrador faça uma nova relação de credores.

Não se pode deixar de notar que, apesar do prazo legal de 15 dias, é possível habilitar o crédito,
mesmo após os tais “15 dias”. Alguns consequências decorrerão em razão da habilitação
retardatária, como a necessidade do pagamento de custas processuais, inexigíveis se realizada a
habilitação dentro do prazo.

A principal consequência é a perda do direito de voto pelo credor. Na recuperação judicial, a


perda do direito de voto se dará, de maneira permanente. Desta forma, é válido afirmar que, regra
geral, o credor de habilitação retardatária não tem direito de voto. A exceção fica por conta do
titular de crédito trabalhista. Com efeito, o credor trabalhista mantém o seu direito de voto, mesmo
que se habilite de maneira extemporânea.

Objeção
Objeção é o instrumento processual utilizado pelo credor para rejeitar o plano de recuperação
judicial. O art. 55 diz que o prazo é de 30 dias contados da publicação da nova relação de
credores, relação esta que encontraremos no art. 7º, §2º.

Agora se no prazo de 30 dias teve objeção, o art. 56 diz que nesse caso o juiz vai ter que
convocar uma assembleia geral de credores. A assembleia geral de credores pode aprovar ou
reprovar o plano de recuperação judicial.

Aprovação do plano
Situações em que pode haver a aprovação do plano:
● Não ter objeção
● Ter objeção, mas aprovação na assembleia-geral de credores.

Se o plano não for aprovado, o administrador judicial submeterá, no ato, à votação da


assembleia-geral de credores a concessão de prazo de 30 dias para que seja apresentado plano
alternativo de recuperação judicial pelos credores. Não havendo aprovação do plano de
recuperação judicial, e nem de apresentação do plano alternativo, ele deve ser convertido em
falência (convolação em falência).

Quando haverá convolação em falência?

Inicialmente eram 4 hipóteses:

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1ª. Inobservância do prazo de apresentação do plano.


2ª. Plano com objeção e posterior reprovação na assembleia.
3ª. Descumprimento de obrigação assumida no plano.
4ª. A assembleia geral de credores dentro do processo de recuperação judicial verificar que o
devedor não reunirá condições de honrar com os seus compromissos ou que a recuperação está
trazendo prejuízo muito grande para os credores, essa assembleia geral pode se reunir e
deliberar pela convolação em falência.

Com a Reforma da Lei de Falências, patrocinada pela Lei nº 14.112/20, inseriu-se duas novas
hipóteses de convolação da recuperação judicial em falência:
a) Por descumprimento de parcelamento ou transação tributária;
b) Quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique liquidação
substancial da empresa, em prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial,
inclusive as Fazendas Públicas.

Considera-se substancial a liquidação quando não forem reservados bens, direitos ou projeção de
fluxo de caixa futuro suficientes à manutenção da atividade econômica para fins de cumprimento
de suas obrigações, facultada a realização de perícia específica para essa finalidade. Tal ato não
implicará a invalidade e a ineficácia dos atos, e o juiz determinará o bloqueio do produto de
eventuais alienações e a devolução dos valores já distribuídos, os quais ficarão à disposição do
juízo.

Com isso o juiz dará a sentença declaratória de falência.

Procedimento da Recuperação Judicial


➔ Começa com a petição inicial, quem pede é o próprio devedor que irá demonstrar os
requisitos (artigo 48 da Lei), ele não faz nenhuma proposta.

➔ O juiz defere o processamento da recuperação judicial, podendo ter os seguintes efeitos:

Vai ficar suspenso por 180 dias as execuções ( cível, trabalhista etc), salvo as tributárias

Quando o juiz defere o processamento dá o prazo de 60 dias para que o devedor apresente a sua
proposta, se não cumprir esse prazo o juiz vai convolar a recuperação em falência. ( artigo 73 e
52)

Se algum credor não concordar terá 30 dias após a proposta para que o credor faça a sua
objeção.

➔ Quando passa o prazo da objeção pode haver:


a) Não houve objeção = pressupõe que aceitaram e o juiz homologa. Artigo 45 da Lei.
b) Se houve objeção = o juiz não pode decidir, quem terá a decisão será a Assembleia de
Credores,eles irão votar nessa proposta, se eles aprovam o juiz homologa, se eles não aprovam
o normal é que o juiz decrete a falência, salvo se o juiz usar o artigo 58 da Lei ele concede a
Recuperação apesar da Assembleia de Credores, chamado de “Cram Down”.

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➔ Quando o juiz homologa o recurso cabível é o Agravo, se ele declara a falência também
cabe Agravo.

Recuperação Judicial pode ser baseada no plano especial


A Recuperação Judicial pode ser baseada no plano especial (art. 70 à 72 da Lei).

É quase igual à recuperação judicial comum, restando apenas algumas diferenças:


● Só pode usar o plano especial ME e EPP. Os credores atingidos são todos os existentes
até a data do pedido, salvo o proprietário, crédito tributário, ACC e Recursos Oficiais.
● A proposta não é livre como na recuperação judicial e sim está na lei: Parcelamento em 36
vezes Juros taxa SELIC 1ª Parcela sendo paga em 180 dias

O procedimento é o mesmo da recuperação judicial comum, a diferença está no plano que já está
pré-definido na lei.

Com a reforma da Lei de Falências, o produtor rural passou a ter possibilidade de ter acesso à
recuperação judicial baseada no plano especial, independentemente de estar enquadrado como
ME/EPP. Para tanto, basta que o valor da causa - montante dos créditos sujeitos à recuperação
judicial - não exceda a R$ 4.800.000,00.

Recuperação extrajudicial
Recuperação extrajudicial nada mais é do que um acordo privado feito entre o devedor e seus
credores de forma extrajudicial.

Os requisitos da recuperação extrajudicial, a princípio, são os mesmos da recuperação judicial


comum que estão previstos no art. 48. Existem mais alguns, que são os requisitos do art. 161,
§3º.

Não estarão sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial: os créditos tributários; os


créditos dos credores apontados nos §§3º e 4º do art. 49 c/c art. 86. Com a reforma da Lei de
Falências, patrocinada pela Lei nº 14.112/20, será possível sujeitar os créditos trabalhistas. Para
tanto, exige-se negociação coletiva com o sindicato da respectiva categoria profissional.

Suspensão: Não serão suspensos os créditos não abrangidos pelo plano.

Homologação do juiz
O devedor pode fazer o plano diretamente com os credores, no entanto ele tem a possibilidade
também, se assim ele quiser, a pedir a homologação do juiz.
Vantagens da homologação:

1. Oficialidade maior para a negociação, tornando-o título executivo judicial.


2. Art. 161, §5º: evitar que credores desistam do plano.
3. Obrigar o cumprimento do plano por alguns credores.

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A homologação não torna a recuperação extrajudicial em judicial, ela continua sendo


procedimento extrajudicial, mas o juiz simplesmente verificou os requisitos e concedeu a
homologação do plano.

O art. 163, em sua nova redação, de acordo com a Reforma da Lei patrocinada pela Lei nº
14.112/20, determina “O devedor poderá, também, requerer a homologação do plano de
recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que
assinado por credores que representem mais da metade de todos os créditos de cada espécie
abrangidos pelo plano de recuperação”.

Ou seja, em tese, é preciso mais da metade dos créditos aderindo ao plano de recuperação para
legitimar o pedido de homologação da recuperação extrajudicial. Porém, será possível ser
apresentado o pedido de homologação com a anuência de credores que representem pelo menos
1/3 dos créditos, com o compromisso de, no prazo improrrogável de até 90 dias, atingir o quórum
previsto, mediante adesão expressa, facultada a conversão do procedimento em recuperação
judicial a pedido do devedor.

Uma sociedade vive crise econômico-financeira e a leva a requerer a recuperação


extrajudicial. O plano de recuperação extrajudicial contempla apenas a classe dos credores
quirografários.

Possível a desistência do pedido de homologação ATÉ a distribuição do pedido de


homologação. Após esta data (uma vez distribuída a inicial), será possível APENAS com a
anuência de todos os credores, além do devedor envolvido no plano extrajudicial.

OBS.: A recuperação extrajudicial uma vez homologada adquire o status de TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL (compondo o rol do art. 515 do CPC).

10. TÍTULOS DE CRÉDITO


Legislação aplicável:
● Nota promissória e Letra de câmbio Decreto 57663/66.
● Cheque Lei 7357/85.
● Duplicata Lei 5474/68.

A aplicação do Código Civil (arts. 887 e ss) aos títulos de crédito existentes é uma aplicação
subsidiária (art. 903, CC). Só aplica a lei civil quando a lei especial não tratar do assunto.

PRINCÍPIOS CAMBIÁRIOS

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

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a) Princípio da literalidade. Só tem validade para o direito cambiário aquilo que está
literalmente consignado no título. Só vale aquilo que está escrito no título de crédito.
b) Princípio da autonomia. O vício em uma das relações não compromete as demais. Assim,
o endosso, o aval e demais atos cambiários não atinge as demais obrigações assumidas
no título. O possuidor de boa-fé exercita um direito próprio que não pode ser restringido ou
excluído pelas relações ocorridas entre os possuidores precedentes e o devedor.

A autonomia possui subprincípios.


● Inoponibilidade de exceções pessoais a terceiro de boa-fé - Art. 17. LUG - As
pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções
fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores
anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido
conscientemente em detrimento do devedor.
● Abstração - quando posto em circulação, o título de crédito desvincula-se do
negócio que lhe deu origem abstraindo-se do mesmo.

Art. 889, §3º, CC – admite a emissão do título de crédito eletrônico.

TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

● Letra de câmbio
● Cheque
● Nota promissória
● Duplicata

LETRA DE CÂMBIO (DECRETO 57.663/66)

A letra de câmbio é ordem de pagamento. Letra de câmbio é um título de crédito decorrente de


relações de crédito entre duas ou mais pessoas, pelo qual a designada sacador dá a ordem de
pagamento pura e simples a outrem, denominado sacado, a seu favor ou de terceira pessoa
(tomador ou beneficiário), no valor e nas condições dela constantes.

Na sua estrutura teremos:


● Alguém que dá a ordem (sacador).
● Alguém que recebe a ordem (sacado).
● Tomador/Beneficiário.

Aceite é o ato de concordância com a ordem de pagamento dada. Este ato é privativo do sacado.

O aceitante, a partir do momento que dá o aceite, torna-se devedor principal do título.

ATENÇÃO: Na letra de câmbio o aceite é facultativo.

Efeitos da recusa do aceite pelo sacado:


● Vencimento antecipado do título de crédito.

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● Tornar o sacador o devedor principal

O vencimento da letra de câmbio pode ser:


● À vista – é aquele que é exigível de imediato. Pode-se exigir a qualquer tempo.
● Data certa (ou marcada, ou fixada). Aqui a data é fixada. Ex: dia 17/07/13.
● A certo termo de data – é o número x de dias contados a partir da data da emissão do
título.
● A certo termo de vista – é o número x de dias contados a partir da data do aceite.

Endosso

A finalidade do endosso é transferir crédito, mas, como consequência, o endosso torna o


endossante codevedor. O título fica mais forte cada vez que é endossado (v ai
adicionando mais devedores).

Efeitos:
● Transferência da titularidade do crédito do endossante (quem transfere) para o
endossatário (quem recebe).
● Tornar o endossante codevedor do título.

O endosso de acordo com a sua forma pode ser:


a) Endosso em branco – é aquele que não identifica o endossatário. Ex: Endosso a ...
b) Endosso em preto – quando tem a identificação do endossatário. Ex: Endosso a João.

➔ O endosso parcial é nulo (art. 12, decreto 57666).

Aval

O avalista é o garantidor – ele garante o pagamento de um título de crédito nas mesmas


condições que o avalizado. Assim, o aval tem a finalidade de reforço de pagamento.

O aval pode ser:


a) Aval em branco – quando não identificado o avalizado. Ex: “por aval a ...”.
b) Aval em preto – quando identificado o avalizado. Ex: “por aval a Mariana”.

OBS: Art. 30, decreto 57666 – este dispositivo autoriza tanto o aval total como também o aval
parcial.

Aval x Fiança
O aval é ato tipicamente cambial, ele só pode ser dado em título de crédito. A fiança só pode ser
dada em contrato.
O aval é autônomo. A fiança é acessória.

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O aval não tem benefício de ordem. A fiança possui benefício de ordem.

OBS: Art. 1647, III, CC Hoje tanto para prestar aval quanto fiança precisa da autorização do
cônjuge, exceto se o regime for o de separação absoluta de bens.

NOTA PROMISSÓRIA

É uma promessa de pagamento efetuada pelo emitente em face do beneficiário,


comprometendo-se a pagar determinada quantia em determinada data.

A nota promissória não admite o aceite.

Endosso - as mesmas regras da letra de câmbio.


Aval - as mesmas regras da letra de câmbio.

Vencimento
● À vista.
● Data certa.
● A certo termo de data.
● A certo termo de vista.

DUPLICATA

A duplicata mercantil é uma ordem de pagamento efetuada pelo sacador/vendedor em face


do sacado/comprador devido a uma compra/venda mercantil ou prestação de serviços.

A emissão de duplicata mercantil é facultativa, mas o seu registro em livro é obrigatório


(Livro de Registros de Duplicata Mercantil).

É uma exceção ao princípio da cartularidade (não é necessário ter o título em mãos para
promover a cobrança).

Aceite

O aceite é obrigatório.

a) Aceite ordinário – é aquele aceite que decorre da assinatura do sacado no título. Todavia,
b) Aceite presumido - face a duplicata virtual
c) Aceite por comunicação.

Hipóteses em que o sacado pode recusar o aceite (art. 8º c/c art. 21, lei 5474):

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● Em caso de avaria/ não recebimento da mercadoria/ não prestação do serviço.


● Vício/defeito de quantidade ou qualidade no produto ou serviço.
● Divergência quanto a prazo, preço e condições de pagamento.

Este rol é taxativo

Pagamento

● À vista.
● Data certa

A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em


separado ou nela escrita (art. 11).

Endosso - as mesmas regras da letra de câmbio.


Aval - aplicar-se-ão as mesmas regras da letra de câmbio.

Espécies de protesto

a) Protesto por falta de devolução. Decorrido o prazo de 10 dias, a duplicata não foi
devolvida, o sacador pode fazer o protesto por falta de devolução.
b) Protesto por falta de aceite. O sacado, dentro do prazo de 10 dias, devolve o título, mas
não dá o aceite e não diz os motivos.
c) Protesto por falta de pagamento. O sacado devolve o título dentro do prazo e com aceite,
todavia, no dia do pagamento, ele não paga.

Para protestar é necessário a duplicata. Em caso de extravio de duplicata emite-se uma segunda
via da duplicata que se chama triplicata (art. 23, da lei 5474).

O protesto interrompe o prazo prescricional (art. 202, III, CC)

Execução

● Duplicata com aceite, executa normal.


● Duplicata sem aceite (art. 15, II, lei de duplicata) pode executar este título, desde que
apresente a duplicata, proteste a duplicata (o protesto comprova que não houve o
pagamento) e apresente o comprovante de entrega da mercadoria ou comprovante do
serviço prestado.

CHEQUE

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Cheque é uma ordem de pagamento à vista efetuada pelo emitente em face do banco
(sacado) em virtude de previsão que o emitente possui junto a instituição financeira,
tendo como beneficiário determinada pessoa.

Art. 32, Lei 7357/85: qualquer menção feita no cheque com a intenção de transformá-lo numa
promessa de pagamento é considerada inválida.

A lei proíbe que o banco possa endossar ou avalizar o cheque (art. 18, § 1 º e art. 29).

No entanto, o banco pode ser emitente de cheque administrativo (art. 9º). Cheque administrativo
dá maior confiança para quem recebe.

A data da emissão é requisito essencial (pois é preciso dela para poder calcular o prazo
prescricional).

Súmula 387, STF – se a pessoa deixar a data de emissão em branco, o credor de boa-fé pode
preencher.

Segundo o art. 32, lei 7357, o cheque é ordem de pagamento à vista e considera-se não escrita
qualquer menção em contrário.

Cheque pré datado


Se o credor deposita o cheque antes do dia que foi acordado, o credor quebra a boa-fé objetiva,
pois ele feriu o acordo com o devedor, caracterizando, portanto, dano moral a apresentação
antecipada de cheque pós-datado (súmula 370, STJ).

Aceite - Não admite a figura do aceite.


Endosso - as mesmas regras da letra de câmbio.
Aval - as mesmas regras da letra de câmbio.

Prazos
O cheque é um título que possui vários prazos.

O 1º prazo pertinente ao cheque é denominado prazo de apresentação ao banco sacado.

O art. 33 da Lei 7357/85 impõe que o portador deverá apresentar o título ao banco em 30
dias quando sua emissão ocorrer no mesmo município em que deva ser pago; será de 60
dias, o prazo de apresentação, quando o cheque for emitido em município diverso do qual
deva ser pago. O desrespeito a estes prazos acarreta na perda do direito de promover
ação judicial contra os endossantes e respectivos avalistas (art. 47, II).

30 dias + 6 meses = prescrição;


60 dias + 6 meses = prescrição.

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Após o prazo de apresentação, o credor terá 6 meses para promover ação judicial contra
o emitente.

Súmula n. 299, STJ - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

Súmula n. 503, STJ - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula.

Pagamento parcial do cheque


Art. 38, parágrafo único, da lei 7357/85:

Parágrafo único. O portador não pode recusar pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode
exigir que esse pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.

Sustação de cheque
Existem duas modalidades de sustação:
a) Contra-ordem ou revogação (art. 35 da lei de cheques):
● Somente o emitente do cheque pode fazer a contra-ordem ou revogação.
● Somente produzirá efeito após o prazo de apresentação.

b) Oposição ou sustação (art. 36 da lei de cheques)


● Pode ser o emitente ou portador legitimado podem fazer a sustação
● Produzirá efeito mesmo durante o prazo de apresentação.
A sustação é mais comum: cheque roubado, desacordo comercial, etc.

Súmula n. 388, STJ - A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

ATENÇÃO: prazo de prescrição dos títulos, fora o cheque, 3 anos contados a partir do
vencimento. se protestar, interrompe e começa a contar de novo, da data do protesto.

11. CONTRATOS MERCANTIS


ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING)

Conceito
É um negócio jurídico em que uma pessoa jurídica (arrendadora) loca bens ou serviços que
adquiriu a outra pessoa (física ou jurídica) (arrendatário), por tempo determinado, a qual irá
efetuar as especificações do negócio e ao seu término poderá exercer a opção de compra,
mediante valor residual garantido (VRG).

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Não exercendo a opção de compra, o arrendatário poderá renovar o contrato ou extingui-lo


devolvendo o bem arrendado. Neste contexto, o contrato em questão é uma mistura de
financiamento, com a opção de locação (Lei n. 6.099/74 e Resolução do Bacen n. 2.309/96).

Modalidades

a) Financeiro – art. 8º da Resolução n. 2.309/96 (inexistência de resíduo expressivo e prazo


mínimo de 2 anos de financiamento para bens com vida útil igual ou inferior a 5 anos e de
3 anos para os demais bens).

b) Operacional – Resolução n. 2.465/98 do Bacen (a soma das prestações não pode


ultrapassar 90% do custo do bem; o prazo contratual deve ser inferior a 75% do prazo de
vida útil econômica do bem; o preço para o exercício da opção de compra deve ser o valor
de mercado do bem arrendado e que não haja previsão de pagamento de valor residual
garantido.

Se a Arrendatária pagar o VRG o resultado é que a partir desse momento a propriedade do bem
vai passar para a Arrendatária.

Se a Arrendatária não pagar o VRG o resultado é que ela terá que devolver o bem à Arrendadora.

Posicionamento STJ

Súmula 293 STJ pode ter VRG antecipado, logo, o VRG antecipado não descaracteriza o
contrato de Arrendamento Mercantil.

Súmula 369 STJ: Arrendatário deixa de pagar as parcelas: o arrendatário só estará in mora se
for
notificado.

Súmula 564 STJ no caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro,


quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor
da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito
de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto
de outras despesas ou encargos pactuados.

Alienação Fiduciária

É contrato acessório, atrelado a um contrato de mútuo, no qual o mutuário-fiduciante aliena a


propriedade de um bem ao mutuante-fiduciário, ficando o fiduciário com a propriedade resolúvel e
a posse indireta do bem, enquanto o fiduciante fica com a posse direta do bem.

Não pagamento pelo fiduciante

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Se houver inadimplemento das parcelas correspondentes ao mútuo, será admitido o ingresso de


ação de busca e apreensão, admitindo-se a concessão de liminar.
Recupera o bem e, após vender, usa o valor que obteve na venda para abater a dívida.Há neste
caso o saldo devedor da dívida que será cobrado por meio de Ação Monitória ( Súmula 384 STJ)

Quando o fiduciante (devedor) não paga e foi decretada falência dele: Nesta hipóteses o
Fiduciário (credor) não pode utilizar as ferramentas acima, assim entrar com o Pedido de
Restituição para se o bem estiver lá seja devolvido, se houver diferença irá fazer a habilitação na
Falência como credor quirografário ( artigo 85 da Lei 11101/05).

Representação comercial

Pessoa jurídica ou física (representante), sem relação de emprego (autônomo), obtém pedidos de
compra e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas por outra pessoa jurídica
(representado), dentro de uma área de zoneamento delimitada.

Obrigações do representante: observar as instruções e as cotas de produtividade fixadas pelo


representado; prestar contas ao representado; respeitar a cláusula de exclusividade.

Obrigações do representado: pagar a comissão pactuada; respeitar exclusividade quanto à área


delimitada no contrato. Admite-se a rescisão contratual quando a parte contrária der causa,
porém, se o representante der causa, o representado terá direito à indenização de 1/12 da
somatória das comissões recebidas (contrato por prazo indeterminado).

Se por prazo determinado, o representante terá direito à indenização no valor do resultado da


multiplicação da metade do número de meses contratados pela média mensal das comissões
recebidas. Nesse contrato é proibida a cláusula delcredere.

Comissão
O representante terá direito à comissão se fizer pedido e:
● o pedido for aceito pelo representado
● o pedido ser pago pelo comprador

A comissão só é devida depois que o representado aceitou.Na Representação é vedada a


cláusula “del credere” (que o risco quanto à solvência pode ser dividido entre as partes), o risco
quanto à solvência é do representado, o representante não pode ser descontado de vendas
futuras para partilhar do prejuízo. ( artigo 32 e 43 da Lei 4886/65)

Faturização (factoring) ou fomento mercantil

Faturizador adquire direito decorrente do faturamento (compra e venda de mercadorias ou


prestação de serviços) do faturizado por meio da cessão de créditos, ou seja, o faturizador

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adquire faturamento do faturizado, sendo que o faturizado responde pela existência da dívida e
não pela garantia da obrigação.

Modalidades
● Conventional factoring – faturizador paga à vista pela cessão dos créditos do faturizado,
descontando valor pelo deságio (assume o risco do negócio);

● Maturity Factoring – faturizador pagará o preço da cessão de créditos ao faturizado após


ter recebido o pagamento dos créditos pelos devedores. Neste caso a remuneração do
faturizador é a comissão, pois não há deságio nem risco do negócio.

Contratos bancários

Aqueles em que uma das partes é o banco ou instituição financeira.

Mútuo bancário: instituição financeira empresta determinada quantia em dinheiro ao mutuário,


que se obriga a restituir o valor emprestado com juros e demais encargos.

Desconto bancário: instituição financeira antecipa o valor de um crédito contra terceiro ao cliente
e, por conta disso, desconta determinada taxa de juros.

Abertura de crédito: instituição financeira disponibiliza ao correntista determinada quantidade de


dinheiro, para que possa, se quiser, utilizar.

Franquia (franchising)

Franqueador cede ao franqueado o direito de uso da marca ou patente, da tecnologia empregada,


da distribuição, com ou sem exclusividade, de produtos ou serviços e da organização
empresarial. Prevalece a regra da transparência das negociações, portanto, é necessário o
oferecimento de circular de oferta de franquia, entregue em no máximo 10 dias antes da
assinatura do contrato principal. A ausência desta circular pode acarretar a nulidade do negócio,
bem como reparação de danos por parte do franqueado.

É importante notar que a relação de franquia não se caracteriza como relação de consumo ou
vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante o
período de treinamento. A franquia poderá ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou
entidades sem fins lucrativos, independentemente do segmento das atividades.

Com o advento da Lei nº 13.966/19, nos casos em que o franqueador subloque ao franqueado o
ponto comercial onde se acha instalada a franquia, qualquer uma das partes terá legitimidade
para propor a renovação do contrato de locação do imóvel, vedada a exclusão de qualquer uma
delas do contrato de locação e de sublocação por ocasião da sua renovação ou prorrogação,
salvo nos casos de inadimplência dos respectivos contratos ou do contrato de franquia. Nestes
casos, o valor do aluguel a ser pago pelo franqueado ao franqueador, em razão da sublocação
poderá ser superior ao valor que o locador paga ao titular do imóvel, desde que:

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a) essa possibilidade esteja expressa e clara na Circular de Oferta de Franquia e no contrato;


e
b) o valor pago a maior não implique onerosidade excessiva ao franqueado, garantida a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da sublocação na vigência do contrato de
franquia.

Locação Empresarial

Alguém que aluga um espaço para exercer atividade empresarial.

Ação Renovatória: artigo 51 e 52 da Lei 8245/91

Requisitos para que o locatário (inquilino) ingresse com ação (requisitos cumulativos):
● Contrato seja escrito e por prazo determinado;
● Se o contrato for por Prazo indeterminado ele continua automaticamente e não pode entrar
com ação renovatória;
● Estar pelo menos à 5 anos no mesmo imóvel;
● Explorar nos 3 últimos anos o mesmo ramo de atividade;

Prazo para ingressar com Ação Renovatória: Primeiros 6 meses do último ano do contrato

Direito de Retomada (Locador pedir o imóvel de volta) artigo 52 da Lei é taxativo:

● Melhor Proposta de terceiro ( dar preferência ao locatário para tentar alcançar);


● Reformas: que podem ter sido determinadas pelo Poder Público, ou se o locador quiser a
reforma entretanto deverá explicar e justificar as obras do imóvel (valorização do imóvel);
● Para uso próprio: de acordo com a lei, só pode ser para uso próprio desde que não realize
a mesma atividade empresarial do inquilino;
● A retomada para uso de ascendente, descendente ou cônjuge desde que eles tenham
fundo de comércio (estabelecimento comercial a mais de 1 ano desde que não explore o
mesmo ramo).

12. PROPRIEDADE INDUSTRIAL


Lei 9279/96

Quem cuida de propriedade e patente é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é


uma autarquia federal.

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PATENTE

Se tiver a patente adquire o direito de exclusividade de exploração.

Requisitos para adquirir Patente ( Artigo 8º,10º e 18º da Lei):


● Novidade: INPI irá verificar se já tem patente, se é algo novo;
● Atividade Inventiva: quem inventou deverá explicar detalhadamente como chegou a tal
resultado, fórmula etc;
● Aplicação Industrial: não basta ter inventado, deve ser possível ser explorado pela
indústria. Tudo o que for abstrato não tem aplicação industrial.

Espécie que está pedindo proteção e por quanto tempo tem essa proteção ( artigo 9º e 40º da
Lei):
● Patente de Invenção: é algo absolutamente novo, inovador, que não existe no
mercado.PRAZO DE EXCLUSIVIDADE: é de 20 anos do depósito no momento que dei
entrada;
● Patente de Modelo de Utilidade: é uma melhoria em algo que já existe.Exemplo: TV
LED.PRAZO DE EXCLUSIVIDADE: é de 15 anos do depósito no momento em que dei
entrada.

Quando termina esse prazo de exclusividade da patente não cabe prorrogação e cai em domínio
público.

Quem é o Titular da Patente ( artigo 6º,7º,88º à 91º da Lei)

Autor/Inventor é aquele que primeiro depositou, não será quem primeiro inventou e sim quem
deu a entrada primeiro terá a preferência.

ATENÇÃO: Sempre será pessoa física, nunca será pessoa jurídica ou sociedade
empresarial.

Se essa pessoa (autor/inventor) falecer pode dar entrada na patente:


● Pessoa física;
● Herdeiro;
● Cessionário( aquele que comprou a ideia)

Relação: Empregado X Empregador

Se o empregado for contratado para desenvolver pesquisa ( invenção / patente) se ele descobrir
algo a patente será do empregador, pois o empregador sustenta o empregado e suas pesquisas
inclusive seus fracassos.

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Se o empregado não foi contratado para desenvolver pesquisa, entretanto inventou algo usando
recursos do empregador (exemplo: computador, laboratório), nesta situação a patente será dos
dois.

Se o empregado que não foi contratado para pesquisa e usa recursos próprios, nesta hipótese a
patente é do empregado.

Essas regras valem até enquanto durar o contrato de trabalho/terceirização/prestação de serviço


e durá até 1 ano depois da dissolução deste contrato.

MARCA

Quando eu quero proteger um sinal, no Brasil só vale sinal visual.

Requisitos para a concessão de exclusividade: ( artigo 122 à 126 da Lei 9279/96):

● Novidade Relativa: o nome que inventei tem que ser novo em determinado ramo de
atividade (Exemplo: ramo cosméticos, esportivo). A marca tem proteção respeitando o
princípio da especialidade pois aquele nome e cada um é titular e tem exclusividade em
seu ramo, onde registrou;
● Não Colidência com marca de Auto-Renome: “é uma marca que o INPI entendeu que tem
prestígio”.Nasce com Registro no INPI, após o inventor prova que esta marca tem prestígio
e passa a ser protegida em todos os ramos de atividade;
● Não Colidência com Marca Notoriamente Conhecida: é uma marca que foi registrada em
outro país, ainda não foi registrada no Brasil e por termos assinado convenção ela é
protegida apenas no próprio ramo de atividade.

Prazo: Uma marca é protegida no prazo de 10 anos contados da concessão prorrogáveis


sucessivamente. ( Artigo 133 da Lei)

13. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


O Código Civil prevê, expressamente, no art. 50, o instituto da desconsideração da personalidade
jurídica que ocorrerá quando houver abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio
de finalidade e confusão patrimonial, que poderá ser obtida a requerimento da parte ou do MP e
permitirá que em determinadas obrigações se atinjam os bens dos sócios.

O Novo Código de Processo Civil, criou um procedimento específico para que seja declarada a
desconsideração. A dívida continua sendo da pessoa jurídica. Mas a responsabilidade, diante do

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reconhecimento da desconsideração, passa a recair sobre o patrimônio dos sócios (na verdade, o
patrimônio da pessoa jurídica ocultado nos bens dos sócios), conforme art. 790, VII, do
CPC/2015.

Tanto para a desconsideração direta (a sociedade devedora oculta seu patrimônio no dos seus
sócios) quanto para a indireta (o sócio devedor oculta seu patrimônio no da pessoa jurídica), os
sócios e/ou a sociedade potencialmente atingidos pela decisão devem ser previamente ouvidos a
respeito, admitindo-se a produção de provas a bem da comprovação de que não houve abuso de
personalidade ou ocultação patrimonial.

Criou-se, portanto, um incidente processual para a desconsideração (vide art. 133 e ss. do CPC),
a prestigiar, por evidente, o princípio do contraditório, norma fundamental do processo não
apenas pelo que já consta do art. 5º, LIV e LV da CF/1988, mas também pelo regramento dos
arts. 9º e 10 do CPC/2015.

● Empresário individual - Não há desconsideração

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