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Catia Slongo
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
ESTRUTURA DE CAPITAL DAS EMPRESAS 4 PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-
CAPITAL PRÓPRIO E DE TERCEIROS. 5 ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os
OPERAÇÕES COM AÇÕES 7 direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É
OPERAÇÕES COM DEBÊNTURES E OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITOS 8 proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita.
REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA 17
CISÃO18
FUSÃO19 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
INCORPORAÇÃO22 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS
EXTINÇÃO24
PROVISÕES E OUTRAS TRANSAÇÕES SOCIETÁRIAS 30
REITOR
PROVISÕES ATIVAS E PASSIVAS 31
ARRENDAMENTO MERCANTIL 33 Claudino José Meneguzzi Júnior
COMO É FEITO O TESTE DE IMPAIRMENT? 70 Igor Zattera, Júlia Oliveira, Thais Munhoz
GANHO E PERDA DE CAPITAL E RESERVAS DE CAPITAL 76 Revisora
REGISTROS DAS PARTICIPAÇÕES NO RESULTADO 79 Luana dos Reis
DIVIDENDOS OBRIGATÓRIOS E JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO 85
RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO 86
APRESENTAÇÃO
Querido, aluno! Seja bem-vindo a mais um início de aulas. Nossa disciplina é uma ver- A convergência iniciou com as tão faladas Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, que trouxeram
dadeira viagem pela contabilidade e te dará a capacidade de analisar e interpretar a organiza- alterações à Lei 6.404/76, a fim de padronizar a contabilidade brasileira com a contabilidade
ção, estrutura e as demonstrações das empresas. utilizada no restante do mundo, logo, nos adaptamos à linguagem universal da Contabilidade.
Em 2014, nasceu a Lei 12.973, que normatizou fiscalmente as normas contábeis, adequando
Minha intenção é apresentar o que acontece no dia a dia das empresas, contribuindo as normas societárias com a Receita Federal, eliminando divergências entre a área societária
para que, ao final dessa disciplina, você tenha aptidão para aplicar o conhecimento adquirido. e fiscal.
Preparado para desmistificar mais uma área da Contabilidade? A partir disso, surgiu o Comitê de pronunciamentos contábeis, que é a união de várias
entidades que regulam as normas contábeis no Brasil, dentre elas, o CFC, Ibracon e CVM. O
Vamos para um breve enunciado conceitual!? A contabilidade societária é um conjunto objetivo desse Comitê é o estudo, preparo e emissão dos pronunciamentos técnicos, chama-
de leis e normas que definem critérios e métodos, orientando as empresas na forma de operar dos de CPCs, que norteiam quanto aos procedimentos contábeis e a sua divulgação. Os CPCs
quanto a correta apuração e divulgação de seus números, bem como na condução de sua for- sempre levam em consideração a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões inter-
Contabilidade societária é a área responsável por orientar as movimentações e variações O estudo da Contabilidade Societária encontra-se baseado na Lei 6.404/76 e nos comi-
contábeis. É o conjunto mais amplo da contabilidade, que mensura e reporta informações tês de pronunciamentos contábeis.
sobre as entidades, a fim de prover aos interessados bases confiáveis e que sejam úteis para
tomada de decisões. Contextualizado o princípio da nossa disciplina, daremos início as nossas aulas, onde
normas internacionais de contabilidade, ocorreram alterações bem significativas na forma de Bons estudos!
NOME DA DISCIPLINA 3
ESTRUTURA DE
CAPITAL DAS
EMPRESAS
Fontes de recursos para financiar investimentos
4
SUMÁRIO
Nesse capítulo você aprenderá os aspectos relacionados a estrutura de capital das em- CAPITAL PRÓPRIO E DE TERCEIROS.
presas. É a forma de como a empresa escolhe as suas fontes de financiamento para atender as
suas necessidades. Elas podem financiar os seus investimentos através de recursos próprios O financiamento do capital, para que uma empresa possa operar, pode se dar com recur-
e de terceiros. Basicamente, recursos próprios são valores que oriundos da própria empresa, sos próprios ou com recursos de terceiros. Essa estrutura de capital é visualizada no Balanço
como o capital social que é o dinheiro aplicado no negócio pelos sócios ou acionistas e os re- Patrimonial, na parte do passivo, demonstrando o capital de terceiros e, no capital social, as
cursos de terceiros, que são valores captados fora da empresa, como por exemplo, os emprés- informações do capital próprio da empresa.
timos bancários.
O que leva as empresas a tomarem decisões sobre qual a melhor forma de estrutura de
capital? De que forma é definida a escolha da fonte de recursos quando se está desenvolvendo
um projeto?
NOME DA DISCIPLINA 5
SUMÁRIO
O capital de terceiros são recursos externos utilizados para financiar os seus ativos, sen- A decisão entre qual será a melhor origem de capital terá como consequência os custos
do representado pelos empréstimos bancários, financiamentos, debêntures, fornecedores e incorridos, o chamado custo de capital. Os investimentos que a empresa faz, com a aquisição
outras contas a pagar. No balanço patrimonial da empresa, ele fica alocado no passivo, distri- de capital, deverão render o suficiente para pagar esse custo, possibilitando um lucro de acor-
buído entre o circulante e não circulante, dependendo do seu prazo de liquidação. É um recur- do com as expectativas dos acionistas (NASCIMENTO, 2006). O custo de capital serve como
so que decorre de entidades terceiras e gera dívidas, uma obrigação a ser paga. uma medida, no momento da decisão, sobre qual recurso será mais vantajoso.
No decorrer da vida da empresa, para cada investimento necessário ao seu crescimento, Como destacado por Assaf Neto (2007), no capital próprio, os acionistas ou sócios inves-
ela necessitará de recursos para que esses projetos sejam realizados. Todo o investimento está tem um determinado valor na constituição da empresa e, em contrapartida, recebem o lucro
relacionado a um aumento de riqueza da empresa, por isso, não existe empresa sem a busca do negócio. Eles exigem um retorno pelo investimento realizado como forma de remunerar o
constante por recursos. Em contrapartida ao investidor, que dispõe o seu dinheiro para que a capital aplicado.
A utilização, somente do capital próprio, como fonte de recurso para financiar sua ati-
vidade, significa que todo o montante que a empresa tem é suficiente para o andamento do
negócio.
Nem sempre o capital de terceiros é uma opção ruim para aquisição de dinheiro, pois a
possibilidade de captação a partir de taxas bem atrativas e com prazo de pagamento adequado
é ampla, permitindo uma boa negociação. Na opção de recursos de terceiros, o investidor não
tem o controle sobre a utilização de crédito pela empresa, quem empresta ou financia não tem
mento.
NOME DA DISCIPLINA 6
SUMÁRIO
OPERAÇÕES COM AÇÕES nança. É uma forma de classificar as companhias listadas de acordo com as suas práticas de
Financiamentos e empréstimos bancários não são a única opção que uma empresa tem
para captar recursos necessários para o seu crescimento. Ela é a mais fácil, prática e usual, Para entender melhor como são as operações com ações, vamos demonstrar como surge
mas dentro do mercado financeiro existem outras formas de aquisição de capital de terceiros. uma ação?
Ações são títulos negociáveis e representam o capital das sociedades anônimas. É a me-
Uma companhia de qualquer tamanho pode ingressar no mercado de ações. Ela deverá nor fração em que o capital de uma companhia é dividido. A Lei 6.404/76 em seus artigos 11 a
obrigatoriamente ser constituída como sociedade anônima, logo, a limitação da responsabi- 45, disciplina as questões relativas às ações.
lidade do acionista será o preço da emissão das ações. A única exigência da Bolsa de Valores
para que uma companhia faça parte do mercado de capitais é a adoção de um estilo de gover- Na constituição de uma empresa, com a forma jurídica de sociedade anônima, duas ou
ações em que esse capital será dividido e o valor nominal de cada ação, ou terão valor nominal
Após essas definições, a companhia deverá formalizar a sua constituição a partir dos
cumprimentos legais necessários para o seu funcionamento. Poderá emitir as ações e entre-
gar aos acionistas fundadores, conforme as quantidades atribuídas a cada parte no momento
da constituição (RIBEIRO, 2014). Existem duas formas de emitir as ações: fisicamente, a partir
abertura do seu capital na Bolsa de Valores, através da chamada distribuição de valores mo-
NOME DA DISCIPLINA 7
SUMÁRIO
As ações escriturais não possuem um documento individual que comprove a sua exis-
tência. Ela é representada por um registro, em conta de depósito, em uma instituição finan-
ceira autorizada pela CVM, para realizar essa atividade. Não existe um documento físico, como
Essa parece ser uma forma bem prática e fácil de aquisição de recursos, mas a parte bu-
rocrática para ingressar na Bolsa de Valores e as exigências da CVM são os pontos que mais
biliário para quem quiser e sem a autorização dos demais acionistas e nem de formalidades.
Vimos até agora que há várias formas de captação de recursos financeiros disponíveis
O adquirente, seja pessoa física ou pessoa jurídica, passa a ser o acionista, fazendo parte do
no mercado para todo e qualquer tipo de empresa. Agora, falaremos de um específico para
quadro societário como sócio minoritário (BLB Brasil).
sociedade por ações, prevista pela Lei 6.404/76 e suportada por títulos denominados de de-
bêntures.
Em contrapartida, a companhia remunera seus investidores através da distribuição de
nimas, de capital aberto ou fechado e que não pertençam a área de finanças, com o objeti-
NOME DA DISCIPLINA 8
SUMÁRIO
emissões públicas de debêntures, por terem cadastro na CVM. Companhias de capital fechado
somente poderão emitir debêntures para seus acionistas, ou para alguns tipos específicos de
investidores. Se assemelham aos títulos da dívida que são emitidos pelo governo, porém, com
Conforme Gelbcke et al. (2018), “as debêntures, geralmente, concedem juros, fixos ou
o valor do título, por ocasião do seu vencimento.” Elas também poderão atribuir a seus de-
recebido na emissão acima do valor nominal definido na liquidação. Essa situação pode ocor-
rer quando as condições de emissão de debênture forem muito vantajosas, como por exemplo,
a aplicação de juros acima da média do mercado, eventual participação nos lucros ou atuali-
zação monetária. Situações em que os investidores acabem pagando por um valor maior que
rios, orienta sobre o tratamento contábil dos prêmios recebidos a partir de emissão de títulos de
dívida e os define como “o valor recebido que supera o de resgate desses títulos na data do pró-
prio recebimento, ou o valor formalmente atribuído aos valores mobiliários”. Para realizar esse
não apenas dos diretores, e precisam realizar alguns procedimentos, como os listados abaixo:
NOME DA DISCIPLINA 9
SUMÁRIO
• autorizar a emissão através de assembleia Vejamos o que estabelece o art. 59 da Lei 6.404/76:
• arquivar e publicar a ata de assembleia geral sembleia geral, que deverá fixar, observado o que a respeito dispuser o estatuto:
ou do conselho de administração, que deli- I - o valor da emissão ou os critérios de determinação do seu limite, e a sua divisão em
• efetuar a inscrição no registro do comércio III - as garantias reais ou a garantia flutuante, se houver;
• se necessário, constituir garantias reais; VII - a época e as condições do pagamento dos juros, da participação nos lucros e do
• realizar os processos de negociação das de- VIII - o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das debêntures.
bêntures no mercado financeiro. §1º - Na companhia aberta, o conselho de administração pode deliberar sobre a emis-
das debêntures precisa ser aprovada pela assem- § 2º - O estatuto da companhia aberta poderá autorizar o conselho de administração a,
bleia geral ou pelo conselho de administração, en- dentro dos limites do capital autorizado, deliberar sobre a emissão de debêntures con-
tretanto, quem tem poderes para deliberar acerca versíveis em ações, especificando o limite do aumento de capital decorrente da con-
destes títulos é somente a Assembleia Geral.” versão das debêntures, em valor do capital social ou em número de ações, e as espécies
NOME DA DISCIPLINA 10
SUMÁRIO
§ 3º - A assembleia geral pode deliberar que a emissão terá valor e número de série A escritura de emissão, seja ela por instrumento público ou particular, distribuídas ou
indeterminados, dentro dos limites por ela fixados. admitidas à negociação no mercado, estará obrigada à intervenção de agente fiduciário do
§ 4º - Nos casos não previstos nos §§ 1o e 2o, a assembleia geral pode delegar ao con- debenturista. Agente fiduciário é uma entidade autorizada pelo Bacen, que assume a respon-
selho de administração a deliberação sobre as condições de que tratam os incisos VI a sabilidade de proteger os direitos dos investidores de debêntures. As determinações sobre os
VIII do caput e sobre a oportunidade da emissão. agentes fiduciários estão dispostas no art. 66 da Lei 6.404/76.
Disciplinada pelo art. 58 da Lei 6.404/76, a debênture poderá ter garantia real ou flu- O art. 72, da Lei 6.404/76, estabelece que as instituições financeiras autorizadas pelo
tuante, não gozar de preferência ou ser subordinada aos demais credores da companhia. Isso Banco Central do Brasil a efetuar esse tipo de operação, poderão emitir cédulas lastreadas em
tudo estará disposto na escritura de emissão. debêntures, com garantia própria, que conferirão a seus titulares direito de crédito contra o
• Garantia real: as debêntures terão como garantia os bens do ativo da companhia emis-
sora ou de terceiros, na forma de hipoteca ou penhor. A cédula será nominativa quando o registro e controle serão realizados pela emisso-
• Garantia flutuante: assegura privilégio geral sobre o ativo da companhia emissora em escrituração são feitas por instituição financeira com autorização da CVM para realizar esse
caso de falência, mas não impede a negociação desses bens. serviço. O certificado da cédula conterá as seguintes declarações:
• Sem preferência ou quirografária: não oferecem privilégio sobre o ativo da emissora. a. o nome da instituição financeira emitente e as assinaturas dos seus representantes;
NOME DA DISCIPLINA 11
SUMÁRIO
j. o nome do titular.
lho de Administração, onde é feita uma escritura particular, sem a necessidade de registro na
Também existem outros títulos de créditos disponíveis para que uma empresa possa captar
recursos financeiros, são eles: bônus de subscrição, notas promissórias e partes beneficiárias.
NOME DA DISCIPLINA 12
SUMÁRIO
Bônus de subscrição também são títulos emitidos por sociedades por ações, e conferem atrair novos investidores e a companhia arrecadará um montante pela sua alienação, mesmo
ao seu titular o direito de subscrever (comprar) ações do capital social da companhia, con- no caso em que o adquirente não efetivar a sua compra.
aquisição de novas ações emitidas pela companhia, respeitando os limites estabelecidos no Partes beneficiárias são títulos negociáveis que a companhia emite e proporciona a seus
estatuto. adquirentes pela participação nos resultados anuais, como forma de remuneração. Podemos
dizer que esses títulos conferem um crédito eventual, pois a sua remuneração dependerá da
Para Coelho (1977) apud Valor Consulting, “bônus de subscrição é o valor mobiliário existência de lucros da companhia.
que atribui ao seu titular o direito de preferência para subscrever novas ações da companhia
emissora, quando de futuro aumento do capital social”. O art. 46, da Lei 6.404/76 determina que a companhia pode criar, a qualquer momen-
to, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao seu capital, sendo denominados de
Apenas sociedades anônimas, com regime de capital autorizado, poderão emitir títulos partes beneficiárias. A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para a forma-
de bônus de subscrição. Regime de capital autorizado é o limite que o estatuto da companhia ção de reserva para resgate, não poderá ultrapassar um décimo dos lucros.
A companhia recebe o valor pela alienação das partes beneficiárias, devendo constituir
A rentabilidade dos bônus de subscrição se dará da mesma forma que as ações. Não ga- reserva de capital (LSA, art. 182, § 1º, b), tendo como contrapartida o pagamento do valor da
rantem ao titular uma rentabilidade pré-fixada, pois decorrem da participação do acionista parte dos lucros correspondente.
Esses títulos poderão ser criados a qualquer momento somente por sociedades anônimas
A Lei 6.404/76, em seu art. 76, dispõe que compete à assembleia geral a deliberação so- de capital fechado. Podem ser negociados pela companhia ou oferecidos de forma gratuita a
bre a emissão dos bônus, caso o estatuto não atribuir ao Conselho de Administração. seus fundadores, acionistas ou terceiros, como forma de remuneração por serviços prestados
Além de ser uma alternativa de captação de recursos por parte da companhia, também somente o de fiscalizar os atos dos administradores (VALOR CONSULTING, 2013).
NOME DA DISCIPLINA 13
SUMÁRIO
condições de resgate.
NOME DA DISCIPLINA 14
SÍNTESE SUMÁRIO
Nesse capítulo, vimos que a estrutura de capital das empresas é formada pelo capital próprio e de terceiros. Capital próprio é o dinheiro dos
sócios, e capital de terceiros é dinheiro de credores. Não é possível afirmar qual é a melhor fonte de captação de recursos, porém, podemos iden-
tificar que a estrutura de capital ideal às sociedades utilizarem é uma combinação entre capital de terceiros e capital próprio.
O que define qual será o melhor recurso a ser adquirido é o custo associado a ele. Capital de terceiros tem seu custo atrelado ao pagamento
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 15
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. O que é capital próprio e de terceiros? Relate em qual parte do balan- a. A participação atribuída às partes beneficiárias não poderá ul-
ço patrimonial cada um é alocado. trapassar 20% dos lucros.
cular.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 16
REORGANIZAÇÃO
SOCIETÁRIA
O que são e por que ocorrem?
17
SUMÁRIO
Abordaremos questões relacionadas à reorganização societária. Ele está dividido em Para que se tenha sucesso nas operações de reorganização societária, alguns cuidados
quatro tópicos: cisão, fusão, incorporação e extinção. deverão ser tomados. Orienta-se que um procedimento de diligência seja seguido, com inves-
No decorrer da vida de uma empresa, é normal que ela precise passar por algum proces- cedimento envolve a análise das questões financeiras, fiscal, contábil, trabalhista, jurídicos,
so de reestruturação societária, seja para se tornar mais competitiva no mercado em que atua, entre outros, e visa apurar a realidade das empresas e os eventuais riscos inerentes em ambas
para se modernizar acompanhando o avanço da tecnologia e garantir o seu crescimento, ou as partes, dando suporte aos sócios à tomada de decisões.
CISÃO
Também, ela é utilizada como uma opção para simplificação de processos e redução de
custos, tornando a gestão mais eficiente. A operação denominada cisão de empresas ocorre quando uma empresa constituída
transfere parte ou todo seu patrimônio para uma ou mais empresas já existentes, ou criadas
Conceitualmente, reorganização societária é qualquer ato que provoque a alteração na para essa finalidade. A cisão tem seus quesitos relacionados no artigo 229, da Lei 6.404/76, a
natureza jurídica, enquadramento, estrutura ou composição da sociedade que tenha por fina- Lei das S/A.
Quando a transferência do patrimônio se der pela sua totalidade, chamamos de cisão to-
A regulamentação das formas de reorganização societária é dada pela Lei 6.404/76, nos tal, implicando na extinção da empresa cindida. Quando a transferência do patrimônio é feita
seus artigos 223 a 229. Os aspectos normativos de reconhecimento contábil, referentes à ob-
tendida para o negócio. Elencaremos essas formas para que você entenda melhor cada uma
delas!
NOME DA DISCIPLINA 18
SUMÁRIO
de apenas uma parte do patrimônio, essa operação é definida como cisão parcial e a empresa Quando da opção por efetuar uma cisão, são necessários alguns documentos obriga-
cindida continua existindo com a mesma denominação social, porém, o valor transferido, en- tórios, como protocolo de intenções, a justificação e a nomeação dos peritos ou da empresa
volvido na cisão, é reduzido do seu patrimônio. especializada e o laudo de avaliação. Esses documentos servirão para justificar o valor do pa-
A empresa que recebeu o patrimônio oriundo da cisão, independente se for total ou par-
cial, assume todas as obrigações na proporção do patrimônio transferido. Em operações com Os procedimentos necessários ao processo de cisão encontram-se dispostos no Capítulo
criação de nova sociedade, serão respeitadas as normas reguladoras do seu tipo de sociedade. IV da IN 35/2017 do Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI).
Quando a cisão com extinção da empresa cindida for finalizada, cabe aos administrado- FUSÃO
res das empresas, que absorveram as parcelas do seu patrimônio, realizar o arquivamento e
publicação dos atos dessa ação. Conforme o artigo 228, da Lei 6.404/76 – a Lei das S/A, fusão “é a operação pela qual
se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os
Na cisão com transferência parcial de patrimônio, a responsabilidade pelo arquivamen- direitos e obrigações.” Os tipos jurídicos podem ser iguais ou diferentes.
to e publicação dos atos será das duas partes, dos administradores da empresa cindida e da
NOME DA DISCIPLINA 19
SUMÁRIO
Vivo, em 2013. A partir da união dessas empresas, gerou-se uma diminuição nas tarifas de
assinatura básica entre 16% e 25% na região de São Paulo (EXAME, 2013).
Outro fator, é quando um setor tem um excesso de capacidade, onde determinadas em-
presas têm um serviço, produto, ou até mesmo processos de alta qualidade, mas que não con-
seguem atingir a sua receita na mesma proporção. Nesse caso, a fusão é uma forma de sobre-
vivência.
Temos como exemplo o setor bancário, com a união entre o Banco Itaú e Unibanco, em
2008. Segundo o professor do Insper, Ricardo Rocha, em entrevista à Folha de São Paulo, “O
Itaú tinha essa característica de buscar a máxima eficiência da organização. Já, o Unibanco,
tinha a inovação como fator principal. Hoje, temos um banco com ambas as competências”.
Um terceiro fator que vem de encontro a esse momento de inúmeras fusões é a corrida
para se tornar maior. Muitos empresários enxergam a fusão como forma de adquirir tamanho
num curto espaço de tempo, bem como recursos para continuarem sendo competitivos, inves-
NOME DA DISCIPLINA 20
SUMÁRIO
As fusões podem ser realizadas por empresas de qualquer tamanho. Tratando-se de Assim que constituída a nova sociedade e extintas as sociedades fusionadas, os primei-
grandes companhias, podemos observar algumas fusões das companhias aéreas TAM e LAN ros administradores realizarão o arquivamento dos atos da fusão e sua publicação, quando
que deu origem à LATAM. necessitar. Para o arquivamento dos atos de fusão, além dos documentos formalmente exigi-
constituição e registro da nova sociedade deverá obedecer às normas reguladoras aplicáveis I. certidão ou cópia autêntica da ata da assembleia geral extraordinária, ou a alteração
ao tipo jurídico adotado. As sociedades fusionadas deverão deliberar para que as alterações de contratual de cada sociedade envolvida, com a aprovação do protocolo de intenções, da
estatuto ou contratos sociais possam ser efetivados. A deliberação deverá seguir os devidos justificação e da nomeação dos peritos, ou de empresa especializada;
procedimentos:
• no caso das demais sociedades, deliberada a fusão e aprovado o projeto do ato constitu-
tivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social, nomear os
das sociedades para reunião ou assembleia, conforme o caso, para deles tomar conhecimento
e decidir sobre a constituição definitiva da nova sociedade. Os sócios ou acionistas não pode-
rão votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte.
NOME DA DISCIPLINA 21
SUMÁRIO
II. certidão ou cópia autêntica da ata da assembleia geral de constituição, ou o contrato so- INCORPORAÇÃO
cial.
O protocolo de intenções, a justificação e o laudo de avaliação, quando não constarem no empresa para uma ou várias outras empresas, bem como a fusão, que é a união de empresas
documento de fusão, serão apresentados como anexo. Para as sociedades compreendidas na com mesmo ramo de negócio; temos outra operação que visa reestruturar empresas, que é a
fusão, que tenham sede em outro estado, será necessário o arquivamento dos seguintes atos: incorporação. Como o próprio nome já induz, é quando uma ou mais sociedades são incorpo-
radas a outra.
De acordo com o artigo 227, da Lei 6.404/76, “a incorporação é a operação pela qual uma
a. o instrumento que aprovou a operação, a justificação, o protocolo de intenções e o ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obriga-
b. após legalização da nova sociedade, deverá ser arquivada certidão ou instrumento Na incorporação, há uma integração do patrimônio da empresa incorporada ao patri-
de sua constituição; mônio da empresa incorporadora, como também a sucessão de todos os direitos e obriga-
ções. Após a aprovação dos atos da incorporação, em assembleia geral extraordinária (para
II. na sede da nova sociedade, a ata de constituição e o estatuto social, se nela não transcri- sociedades anônimas), ou por alteração contratual da sociedade incorporadora (para demais
to, ou contrato social. sociedades), a sociedade incorporada é extinguida. A responsabilidade pelo arquivamento e
termina que “as Juntas Comerciais informarão ao DREI sobre os registros de fusão efetuados,
a fim de que o mesmo possa comunicar, no prazo de cinco dias úteis, o fato ao CADE para, se
Fonte: https://codigoscontabeis.com.br/cisao-fusao-e-incorporacao-de-sociedades/
NOME DA DISCIPLINA 22
SUMÁRIO
Ainda disciplinada pelo art. 227, da Lei 6.404/76, determina que: Na deliberação da sociedade incorporada:
• a assembleia geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo de operação, • no caso de sociedade anônima, se aprovar o protocolo da operação, autorizar seus ad-
deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada me- ministradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição
diante versão do seu patrimônio líquido, nomeando os peritos que o avaliarão; do aumento de capital da incorporadora;
• a sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo de operação, autori- • nas demais sociedades, após aprovados o protocolo da operação, e o projeto de reforma
zará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a do ato constitutivo, deverá autorizar os administradores a praticar os atos necessários
subscrição do aumento de capital da incorporadora. à incorporação, inclusive a subscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar
deverá ser deliberada na forma prevista para alteração do respectivo estatuto, ou contrato Para o arquivamento dos atos de incorporação, além dos documentos formalmente exi-
Na deliberação da sociedade incorporadora: • certidão ou cópia autêntica da ata da assembleia geral extraordinária, ou a alteração
• se for sociedade anônima, deverá aprovar o protocolo de intenções, a justificação e o justificação, a nomeação de peritos ou de empresa especializada, do laudo de avaliação,
laudo de avaliação do patrimônio liquidado da sociedade incorporada, elaborado por a versão do patrimônio líquido, o aumento do capital social, se for o caso, extinguindo-
peritos, ou empresa especializada e autorizar, quando for o caso, o aumento de capital -se a incorporada;
• nas demais sociedades, compreender a nomeação dos peritos para a avaliação do patri- contratual da incorporada com a aprovação do protocolo de intenções, da justificação,
mônio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada. e autorização aos administradores para praticarem os atos necessários à incorporação.
NOME DA DISCIPLINA 23
SUMÁRIO
O protocolo de intenções, a justificação e o laudo de avaliação, quando não transcritos Esses processos têm forte ligação com a área jurídica e são regulados pela Lei 6.404/76
na ata ou na alteração contratual, serão apresentados como anexo. para sociedades anônimas e pelo Código Civil, Lei 10.406/2002, para os demais tipos de so-
ciedade.
dade da federação, deverão arquivar a requerimento dos administradores da incorporadora Na primeira fase, que é a dissolução, ocorre a manifestação da vontade do encerramento
na Junta Comercial da respectiva jurisdição os seus atos específicos: das atividades da sociedade. É o ato formal da decisão sobre a extinção. De acordo com o art.
1. de pleno direito:
II. na sede da incorporada: o instrumento que deliberou a sua incorporação, instruído com
certidão de arquivamento do ato da incorporadora, na Junta Comercial de sua sede. a. pelo término do prazo de duração;
A extinção é a última etapa de um processo de dissolução de empresas. Quando uma c. por deliberação da assembleia-geral;
sociedade precisa, por qualquer motivo, encerrar as suas atividades, deverá passar por essas
três etapas abaixo: d. pela existência de um único acionista, verificada em assembleia-geral ordinária,
se o mínimo de dois não for reconstituído até a do ano seguinte, ressalvado o dis-
Fonte: https://codigoscontabeis.com.br/cisao-fusao-e-incorporacao-de-sociedades/
2. por decisão judicial:
NOME DA DISCIPLINA 24
SUMÁRIO
a. quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; questões patrimoniais. É o momento em que são levantados os ativos, liquidados os passivos
b. quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionis-
tas que representem 5% ou mais do capital social; A liquidação poderá ocorrer de duas formas:
“liquidante”. Essa função é atribuída a um sócio, ou terceiro, designado por meio de votação
Quando se trata de dissolução por vontade dos sócios ou acionistas, em sociedade anô-
em assembleia.
nima, é discutida em assembleia geral extraordinária, com número de participantes necessá-
rios para a sua realização, conforme estipulado na legislação; na sociedade limitada, a disso-
É de competência do liquidante representar a companhia e praticar todos os atos ne-
lução é realizada em reunião e depende de ¾ da aprovação do capital social.
cessários à liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar qui-
tação. Sem expressa autorização da assembleia-geral, o liquidante não poderá gravar bens e
Por regra, a dissolução contempla a seguinte dinâmica: primeiro é realizada a liquida-
contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis,
ção dos bens, em seguida, a partilha e, por fim, a extinção da sociedade.
nem prosseguir, ainda que para facilitar a liquidação, na atividade social (art. 211, da LSA).
Vamos conhecer a segunda fase da extinção, a liquidação? Tem por objetivo o acerto das
O liquidante terá as mesmas responsabilidades do administrador, e os deveres e respon-
NOME DA DISCIPLINA 25
SUMÁRIO
(art. 217, da LSA). O liquidante deverá tomar providências para manter a escrituração contábil
de exigir dos acionistas, individualmente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma,
por eles recebida, e de propor contra o liquidante, se for o caso, ação de perdas e danos. O
acionista executado terá direito de haver dos demais a parcela que lhes couber no crédito pago
Encerrada a liquidação, inicia a terceira fase, que é a extinção, com o fim da personali-
dade jurídica, baixa nos registros dos órgãos competentes, arquivamento e extinção da socie-
dade.
É necessário efetuar a prestação de contas pelo liquidante em assembleia geral por ele
Vale acrescentar que além da extinção por encerramento da liquidação, uma sociedade
pode ser extinta pela incorporação, fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em
outras sociedades.
NOME DA DISCIPLINA 26
SÍNTESE SUMÁRIO
Aprendemos as formas de reorganização societárias - cisão, fusão e incorporação, bem como é feita a extinção de uma empresa. A reestru-
turação pode ser efetuada por qualquer tipo de empresa e ela acontece com objetivo de enfrentamento da concorrência, em razão dos processos
de privatização.
Podemos observar que a cisão, fusão e incorporação têm, em comum, os procedimentos necessários para a sua realização, que são: proto-
Finalizando o capítulo, vimos que a extinção de sociedades contempla aspectos jurídicos e passa por três processos: dissolução, liquidação
e extinção.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 27
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
a. Avançada
b. Após aprovação do protocolo de operação, a assembleia-ge-
b. Voluntária
ral da companhia incorporadora deverá autorizar o aumen-
c. Parcial
to de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada,
d. Fictícia
nomeando peritos para a sua avaliação.
c. Transferência
d. Incorporação
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 28
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
5. O ______ terá as mesmas responsabilidades do administrador, e os deveres e responsabilidades dos administradores, fiscais e acionistas
subsistirão até a extinção da companhia. O liquidante deverá tomar _____ para manter a escrituração contábil das operações, pois, na liqui-
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 29
PROVISÕES E OUTRAS
TRANSAÇÕES
SOCIETÁRIAS
Evidenciação e transparência às demonstrações contábeis. Tipos de
operações financeiras: opções e transações pré e pós-fixadas.
30
SUMÁRIO
Aprenderemos sobre algumas transações societárias, um pouco distintas entre si, mas Vamos iniciar nossa aula? Bons estudos!
rência às demonstrações contábeis. Abordaremos sobre as provisões ativas e passivas, seus PROVISÕES ATIVAS E PASSIVAS
conceitos, reconhecimento e mensuração.
O termo provisão refere-se apenas para passivos com prazo ou valor incertos. A partir
O segundo item é o arrendamento mercantil. Ele teve um novo conceito trazido pelo da adoção das Normas Internacionais, a provisão de contas do ativo deixou de ser utilizada.
CPC 06 (R2), eliminando a distinção entre financeiro e operacional. Também trouxe novos Em adequação a esse novo formato, a conta redutora provisão para devedores duvidosos dei-
elementos para a definição de arrendamento, que é o direito de controle sobre um ativo iden- xou de existir e foi substituída por Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa
tificado, exigindo que as empresas revessem todos os seus contratos de locação, bem como (PCLD).
patrimonial. As provisões têm seu embasamento no CPC 25 – Provisões, ativos e passivos contingen-
tes, definindo que uma provisão é reconhecida somente quando um evento passado tenha ge-
Operações com opções é outro assunto abrangido. Embora pareça um tema desconheci- rado uma obrigação legal, ou implícita, e for provável que haverá um desembolso de recursos,
do e uma operação complicada, ela é bem simples e muito utilizada no mercado. Conceituan- no futuro, para liquidar essa obrigação.
do, operação com opções é um direito, mas não uma obrigação. É um contrato firmado entre
duas partes com direito de comprar ou vender ativos por um determinado preço. Usualmente, Para Almeida (2010), provisão se trata de “um passivo de prazo e montante incertos”. É
é praticado no mercado de ações e no mercado cambial. uma obrigação que existe, ligado a um evento passado, mas que a empresa não tem a certeza
as taxas de juros aplicadas às operações financeiras. Quando uma empresa aplica seu dinhei-
ro, ou adquire um empréstimo junto às instituições financeiras, ela recebe e paga juros. Em
contratos onde os juros são pré-fixados, existe o conhecimento das taxas e, em contratos
NOME DA DISCIPLINA 31
SUMÁRIO
ou serviços fornecidos ou recebidos, mas que não tenham sido pagos, faturados, ou for-
exemplo, valores relacionados com pagamento de férias). Embora seja necessário esti-
mar o valor ou prazo desses passivos, a incerteza é muito menor do que nas provisões.
como parte das contas a pagar, enquanto as provisões são divulgadas separadamente.
De modo geral, todas as provisões são ‘contingentes’, pois indicam a incerteza em rela-
Como o valor de uma provisão é desconhecido, a sua mensuração deverá ser a sua me-
ção ao tempo e valor. Não podemos confundir provisões com passivo contingente. A partir do
lhor estimativa. Requer julgamento por parte da empresa, utilizando de informações com-
momento em que um passivo contingente atender aos critérios de reconhecimento, se torna-
plementares como a vivência em situações semelhantes e relatório de especialistas externos.
rá uma provisão. Veremos mais sobre contingência em capítulo específico.
Cada caso requer uma análise individual, e as estimativas devem levar em consideração os
As provisões passivas podem ser distintas de outros passivos, tais como: contas a pagar
• a entidade tem uma obrigação presente (legal, ou não formalizada) como resultado de
e passivos derivados de apropriações por competência, porque há incerteza sobre o prazo ou
evento passado;
o valor do desembolso futuro necessário para a sua liquidação, logo:
• seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios eco-
a. as contas a pagar são passivos a pagar por conta de bens ou serviços fornecidos, ou re-
nômicos, ou potencial de serviços para liquidar a obrigação;
cebidos, e que tenham sido faturados ou, formalmente, acordados com o fornecedor;
NOME DA DISCIPLINA 32
SUMÁRIO
Como vimos, quando existir uma provável saída de recursos, em exercício futuro, e essa As provisões são utilizadas para que as despesas sejam contabilizadas no seu mês de
saída for estimada com base confiável, um registro contábil de provisão deverá ocorrer. Al- competência, atendendo aos princípios da competência e da prudência. Esses princípios orien-
guns exemplos comuns de provisão são: tam que a contabilização das variações do patrimônio, no momento em que elas acontecem,
• provisão para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis; Conforme a norma contábil que trata de arrendamento mercantil, e que entrou em vigor
no ano de 2019, o CPC 06 (R2) – Conceitua arrendamento como “o contrato, ou parte de con-
• provisão para benefícios a empregados; trato, que transfere o direito de usar um ativo (ativo subjacente) por um período em troca de
contraprestação. Quando falamos em direito de usar um ativo, não nos referimos à aquisição
• provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social. de ativos por meio de leasing, mas aos contratos de locação, prestação de serviços, forneci-
estimativas que poderão sofrer alterações. Essa previsão consta no item 59 do CPC 25 – Pro- Gelbcke et al. (2018), enfatiza que “é por demais importante notar que esse novo pro-
visões, passivos contingentes e ativos contingentes: nunciamento não se restringe aos arrendamentos mercantis apenas; ele inclui todos os tipos
“59. As provisões devem ser reavaliadas em cada data de balanço e ajustadas para refle- que inclui os aluguéis, direitos de franquia e alguns outros contratos. Seu nome acabou por
tir a melhor estimativa corrente. Se já não for mais provável que será necessária uma saída de não dar a ideia completa de toda sua extensão”.
recursos que incorporam benefícios econômicos futuros para liquidar a obrigação, a provisão
deve ser revertida”. A partir do momento em que esta norma entrou em vigor, a empresa foi obrigada a re-
ver todos os seus contratos e verificar quais deles possuem componentes que caracterizam o
NOME DA DISCIPLINA 33
SUMÁRIO
arrendamento para que sejam reconhecidos. Entende-se que, se a empresa tiver o direito de uso sobre determinado bem, mesmo que não seja legal-
Por mais que um contrato não seja tratado, formalmente, como arrendamento, e a operação se enquadre como uma transferência de direito de
uso, deverá ser reconhecido como tal. Da mesma forma em que o locatário contabilizará a operação como arrendamento, o locador também deverá
fazer.
O impacto da adoção dessa norma, em algumas empresas, foi bem relevante. Imaginem uma rede de lojas no qual os seus estabelecimentos são
locados. Todos esses imóveis deverão ser incorporados ao seu balanço patrimonial como um imobilizado de direito de uso.
O item 67 do CPC 06 (R2) – Arrendamentos, orienta que “na data de início, o arrendador reconheça os ativos mantidos, em arrendamento fi-
nanceiro, em seu valor patrimonial, apresentando-os como recebível, ao valor equivalente, o investimento líquido no arrendamento”.
São permitidas duas exceções para o não registro contábil de um arrendamento. Não precisam ser registrados ativos e passivos cujo contrato
de arrendamento tenha prazo inferior a doze meses e com valor considerado baixo.
Conforme o item 09 do CPC 06 (R2) – Arrendamentos, na celebração de contrato, a entidade deve avaliar se o contrato é, ou contém, um ar-
rendamento, no caso, é considerado quando transmite o direito de controlar o uso de ativo identificado por um período em troca de contraprestação.
Para avaliar se o contrato transfere o direito de controlar o uso de ativo identificado por um período, a entidade deve avaliar se, durante todo o
a. o direito de obter, substancialmente, todos os benefícios econômicos do uso dos ativos identificados;
NOME DA DISCIPLINA 34
SUMÁRIO
b. o direito de direcionar o uso dos ativos identificados. Após identificação da existência de arrendamento no contrato, é necessário mensurar o
esses custos forem incorridos para produzir estoques. O arrendatário incorre na obriga-
ção por esses custos, seja na data de início, ou como consequência de ter usado o ativo
que não são efetuados nessa data. Os pagamentos do arrendamento devem ser descontados,
utilizando a taxa de juros implícita no arrendamento, se essa taxa puder ser determinada ime-
diatamente, caso contrário, o arrendatário deve utilizar a taxa incremental sobre empréstimo
NOME DA DISCIPLINA 35
SUMÁRIO
C – Bancos R$ 10.000,00.
Apresentaremos um exemplo para que você entenda com mais facilidade a contabili- C – Arrendamento mercantil a pagar (PC) R$ 25.000,00.
zação do arrendamento mercantil. Suponhamos que a empresa tenha adquirido, através de C – Arrendamento mercantil a pagar (PNC) ) R$ 75.000,00.
leasing, as condições:
• valor presente dos pagamentos: R$ 85.000,00; Se o arrendatário exercer o direito de compra ao final do contrato, a depreciação será
pela via útil do bem. Se o arrendatário não exercer o direito de compra, a depreciação será pelo
• encargos financeiros (100.000,00 – 85.000,00): R$ 15.000,00; prazo do contrato. Vamos supor que, num contrato de arrendamento mercantil de veículo, e
com prazo de pagamento de 36 meses, o arrendatário tenha o direto de compra do bem ao fi-
• pagamento efetuado a título de entrada: R$ 10.000,00. nal do contrato. O lançamento da depreciação será o seguinte:
Lançamento da entrada:
NOME DA DISCIPLINA 36
SUMÁRIO
Vida útil de veículos: 60 meses. I. incluir ativos de direito de uso na mesma rubrica que aquela em que os ativos sub-
95.000,00 / 60 = 1.583,33.
II. divulgar quais rubricas, no balanço patrimonial, incluem esses ativos de direito de
Caso o arrendatário não exercer o direito de compra ao final do contrato, a depreciação apresentar passivos de arrendamento, separadamente, no balanço patrimonial, o ar-
ocorrerá da seguinte forma: rendatário deve divulgar quais rubricas, no balanço patrimonial, incluem esses passi-
vos.
O arrendatário deve apresentar no balanço patrimonial, ou divulgar nas notas explica- demonstrações contábeis avaliarem o efeito que
a. ativos de direito de uso separadamente de outros ativos. Se o arrendatário não apre- do arrendatário.
deve;
NOME DA DISCIPLINA 37
SUMÁRIO
As operações com opções são praticadas no mercado de capitais e financeiro, oferecendo uma proteção em meio às oscilações de
cada mercado. É o mercado onde são negociados direitos de compra e venda, com preços e prazos pré-estabelecidos. Opções determinam
limites de preço para compra e venda de ativos, com objetivo de proteger os investimentos.
Segundo o site ADVFN, “uma opção de compra garante ao seu titular o direito de adquirir determinado ativo a um valor limite, mes-
mo que o mercado esteja precificando esse ativo-objeto em um valor muito mais alto. Uma opção de venda garante ao seu titular o direi-
to de vender determinado ativo a um valor limite, mesmo que o mercado esteja precificando este ativo-objeto em um valor muito mais
baixo”.
Operações com opções também são conhecidas como derivativos, pois derivam de outros ativos e são alteradas de acordo com as
variações desse mesmo ativo. Derivativos são instrumentos financeiros no qual valores dependem de valores de outros ativos. Podemos
citar o mercado de opções de câmbio, em que o valor das opções de dólar varia de acordo com o valor do dólar, no mercado, à vista (In-
foMoney, 2006).
Os derivativos são usados por diversas razões. Podem ser utilizados quando se faz necessário como uma blindagem do dinheiro
frente aos riscos que algumas operações proporcionam. Como exemplo, mencionaremos uma empresa exportadora de laranjas, que pode
vender contratos futuros. Ela pode fechar contratos de vendas futuras, quando o dólar estiver valorizado e, se na data do vencimento do
contrato, o dólar estiver abaixo daquele fechado no contrato, acarretará um ganho financeiro à empresa.
De acordo com o portal Rena Trader, são dois tipos de direitos de opções:
NOME DA DISCIPLINA 38
SUMÁRIO
• direito de compra: também chamada de call, a opção de compra dá o direito, mas não que o preço de mercado aumentasse. Para se proteger contra a possibilidade de queda dos pre-
a obrigação, de comprar um ativo. O investidor que vende uma call tem a obrigação de ços das ações, ela decidiu comprar opções com um valor de R$480. Se a ação cair para R$350,
vender o ativo do qual vendeu a opção; Carlos poderá exercer seu contrato para reduzir as perdas, vendendo cada ação por R$480 ao
invés de R$350. Se o mercado operar em alta, ela não precisará exercer o contrato e só perderá
• direito de venda: também chamada de put, a opção de venda dá o direito, mas não a obri- a diferença entre o valor da compra da ação e o valor da opção (500,00 – 480,00 = 20,00).
gação, de vender um ativo. O investidor que vende uma put tem a obrigação de comprar
o ativo do qual vendeu a opção. O mercado de opções envolve riscos, por isso, algumas estratégias são praticadas para
tentar minimizá-los. Uma delas são as chamadas travas de opções, que significa a compra de
uma opção e, ao mesmo tempo, a venda da mesma quantidade de outra opção com o mesmo
exercer o seu direito. Finalizando esse capítulo, aprenderemos o que são transações pré e pós-fixadas. Em
operações financeiras, os juros cobrados podem ser calculados através de taxas fixadas no
As opções mais populares, no Brasil, são as de compra, e o ambiente onde são mais uti- momento do contrato (pré-fixadas), ou com taxas pós-fixadas, onde o contratante saberá
lizadas é no mercado de ações. Quando as opções são negociadas na Bolsa de Valores, elas têm sobre a taxa, somente no pagamento.
a vantagem de não obrigar o titular a exercer o direito, caso os preços do mercado estejam
desfavoráveis. Ao contrário de contratos futuros, obrigatoriamente, serão executados na data Iniciaremos essa aula falando sobre as transações pré-fixadas. Em transações com taxas
juros que serão pagos, em caso de empréstimos, ou recebidos em caso de aplicação financeira.
Por exemplo, imagine que Carlos comprou um lote de 1000 ações por R$500, esperando Diferente de transações com taxas pós-fixadas, onde o adquirente não sabe qual o montante
NOME DA DISCIPLINA 39
SUMÁRIO
dos juros sobre a operação. Quando a empresa opta por fechar uma operação financeira com taxa de juros pré-fixadas, a taxa referencial de juros
(Selic) pode aumentar ou diminuir, a inflação pode cair ou subir, o dólar pode disparar ou despencar, mas a taxa de juros da operação não se alte-
rará.
Vamos aos exemplos? A contabilização de uma aplicação com taxas pré-fixadas é feita do montante da aplicação somados aos rendimentos,
no momento da sua efetivação. Ao mesmo tempo, uma conta redutora, fazendo a apropriação dos juros, no resultado, na medida em que trans-
corre o tempo.
Pela apropriação mensal dos rendimentos da aplicação, os lançamentos são da seguinte forma:
NOME DA DISCIPLINA 40
SUMÁRIO
Em caso de aquisição de empréstimos com taxas pré-fixadas, utiliza-se a mesma meto- fixa e outra variável. A parte de juros fixa é chamada de taxa de juros real, e a parte da taxa de
dologia para efetuar os lançamentos contábeis. O montante do empréstimo principal e juros juros variável evolui conforme o indexador, que será definido no contrato.
serão lançados no passivo, bem como uma conta redutora de juros com apropriação para o
resultado mensal até o final do contrato. Por exemplo, a empresa contrata um empréstimo no Os indexadores mais utilizados, nas operações de capital de giro, são o CDI e o dólar.
valor de R$ 30.000,00, com prazo para pagamento de 12 meses e taxa de juros de 1% ao mês. Os Certificados de Depósito Interbancário (CDI) são títulos da própria instituição financeira
préstimo de capital de giro junto à instituição financeira, que prevê o pagamento de juros pós-
-fixados, sendo impossível saber qual será o valor desembolsado ao final do contrato. Nessas
operações, os bancos solicitam o aval do diretor da empresa, garantias reais e notas promis-
sórias. As garantias solicitadas devem ser suficientes para alcançar o valor principal, juros e
NOME DA DISCIPLINA 41
SUMÁRIO
O que é CDI e CDB? CDI são empréstimos, entre bancos, de prazo muito curto. Não é um Pelo lançamento das despesas do contrato:
investimento disponível para pessoa física, mas é usado pelos bancos para remunerar o CDB
pós-fixado. Trata-se de um índice que serve de referência à maioria dos investimentos de D – Tarifas e Comissões Bancárias (Resultado) R$ 1.000,00.
renda fixa. Não é possível investir em CDI, apesar desses certificados serem fundamentais D – IOF (Resultado) R$ 300,00.
para o mercado financeiro. Diariamente, a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de C – Bancos Conta Movimento (AC) R$ 1.300,00.
Títulos Privados (CETIP) calcula a média de juros em operações de CDI, definindo a taxa DI.
CDB é um título emitido pelos bancos, com o objetivo de captar dinheiro. É uma aplica-
ção de renda fixa simples e segura, com proteção a eventuais problemas que possam ocorrer D – Juros Passivos (Resultado) R$ 1.000,00.
com o banco. O CDB pode ser pré e pós-fixado. C – Empréstimos a Pagar (PC) R$ 1.000,00.
Observaremos o lançamento de um empréstimo com juros pós-fixados. Suponhamos Pelo pagamento das parcelas mensais do empréstimo:
prazo de pagamento de 10 meses. Na data de recebimento, será contabilizado o montante re- D – Empréstimos a Pagar (PC) R$ 11.000,00.
cebido e as despesas decorrentes do contrato. Nos pagamentos das parcelas, será diminuído C – Bancos Conta Movimento (AC) R$ 11.000,00.
Essa forma de lançamentos também ocorre em caso de aplicações com taxas pós-fixa-
Pelo recebimento do empréstimo: das. Os rendimentos são contabilizados mensalmente, na medida em que os rendimentos são
conhecidos.
C – Empréstimos a Pagar (PC) R$ 100.000,00. Suponhamos que a empresa efetuou uma aplicação em 01/12/2019 com resgate em
NOME DA DISCIPLINA 42
SUMÁRIO
NOME DA DISCIPLINA 43
SÍNTESE SUMÁRIO
Nesse capítulo, tivemos a oportunidade de conhecer que as provisões ativas e passivas são registros importantes para que a contabilidade
seja transparente e fidedigna. As provisões registram as despesas mensais de sua competência, mesmo sem documentação que a suporte, e desde
Abordamos sobre o arrendamento mercantil e a mudança significativa de conceito que ocorreu em 2019. Deixou de existir a figura de arren-
damento financeiro e operacional, sendo, arrendamento, um direito de controlar um ativo identificado, por um determinado período, em troca
de remuneração. O aluguel de um pavilhão, para alocar uma fábrica, é considerado um arrendamento, e esse ativo deverá estar registrado na con-
tabilidade.
Operações com opções foi outro tópico visto nesse capítulo. É um tema um pouco difícil de entender, mas muito utilizado no mercado finan-
ceiro. Opções é um contrato em que se tem o direito de comprar ou vender um ativo financeiro, mas não a sua obrigação, em determinada data e
valor. São utilizados para instrumentos financeiros como ações, moedas, índices e contratos futuros.
Finalizando o capítulo, aprendemos como são as transações pré-fixadas e pós-fixadas. Em operações financeiras, incidem essas duas mo-
dalidades de juros: pré-fixadas, com as taxas já definidas em contrato, e pós-fixadas, sem a informação do percentual da taxa no momento do
contrato.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 44
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Provisão é um passivo de prazos e valores incertos. Assinale a al- 6. Quais itens compreendem a mensuração do custo inicial do ativo
a. a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não for- 7. Conceitue opções e exemplifique uma operação com opções.
b. a estimativa deve levar em consideração o tipo de despesa a cações financeiras com juros pré-fixados, podemos afirmar que
c. seja provável que será necessária uma saída de recursos que ( ) ter rendimento maior que aplicações com juros pós-fixados;
( ) Verdadeira
( ) Falsa
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 45
ATIVOS E PASSIVOS
CONTINGENTES
Contingências são possibilidades. Para a filosofia, refere-se a proposições
que não são necessariamente verdadeiras, nem falsas. São possíveis!
46
SUMÁRIO
Mais uma vez, enfatizamos que o objetivo da contabilidade é transmitir a realidade das O CPC 25 – Provisões, passivos e ativos contingentes fornecem orientações às entidades
empresas, tendo transparência e confiabilidade na divulgação das informações. Diante desse contabilizarem seus ativos e passivos contingentes. Nesse pronunciamento, fica bem eviden-
contexto, as empresas devem divulgar os riscos e incertezas existentes, quando se tratar de te a diferenciação entre provisão e passivo contingente. Provisão é quando existir incertezas
eventos e circunstâncias futuras. referentes a prazos e valores a serem desembolsados, ou exigidos à sua liquidação. Utilizamos
o termo contingente para ativos e passivos não reconhecidos, ainda na contabilidade, devido
Segundo a CVM, Ibracon, Normas Brasileiras de Contabilidade e o Princípio da Prudên- a sua existência depender de um ou mais eventos futuros que não estão sob o controle da em-
cia, somente serão passíveis de contabilização, as contingências que representarem desem- presa.
O termo “contingente” é usado para passivos e ativos que não sejam reconhecidos por- dram nas disposições:
que a sua existência somente será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais eventos
futuros incertos, não totalmente sob o controle da entidade. Adicionalmente, o termo passivo • são obrigações possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não
contingente é usado para passivos que não satisfaçam os critérios de reconhecimento. uma obrigação presente que possa conduzir a uma saída de recursos que incorporam
benefícios econômicos;
CONCEITOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE CONTINGÊNCIAS
• são obrigações presentes que não satisfazem os critérios de reconhecimento do CPC 25,
O que significa contingência? Contingências são probabilidades, possibilidade de que
porque não é provável que seja necessária uma saída de recursos que incorporem bene-
determinado fato acontecerá. São eventos possíveis de ocorrer, que devem ser avaliados, mas
fícios econômicos para liquidar a obrigação, ou não pode ser feita uma estimativa sufi-
que não estão sob o controle da empresa. Eles dependem de fatores futuros, externos e incer-
cientemente confiável do valor da obrigação.
tos.
Para que uma empresa possa reconhecer uma provisão de contingência, necessita cal-
Alguns eventos, por mais que possuam alto grau de certeza de que ocorrerão, podem
cular a sua melhor estimativa do valor que será necessário para liquidar a obrigação presente
demorar muito tempo para se realizar, ou não se realizar completamente. Mesmo assim, a
ao final. As definições, quanto às estimativas e efeitos financeiros das contingências, são de-
contingência deverá ser registrada.
NOME DA DISCIPLINA 47
SUMÁRIO
terminadas pelo julgamento da empresa com apoio de estudos e pareceres técnicos, revisados
Em relação a aspectos fiscais, as provisões para contingência não possuem reflexo para
são tratadas como despesas indedutíveis. Apenas as atualizações dos valores por qualquer in-
prudência, que determinará a adoção de menor valor para o ativo, e maior valor para o passi-
vo.
para fins de divulgação. Salientamos que essa avaliação será realizada pela empresa, através
• praticamente certo: termo utilizado para avaliar contingências ativas. Demonstra uma
situação em que o evento futuro é certo, mas que ainda não ocorreu. A empresa tem o
controle sobre esse evento e a sua efetivação depende apenas dela ou de situações com
garantias reais, ou decisões judiciais favoráveis, em que não cabem mais recursos;
NOME DA DISCIPLINA 48
SUMÁRIO
• provável: a probabilidade de ganhos futuros é grande; As contas que são classificadas no ativo não circulante têm como requisitos a sua baixa
liquidez e lenta transformação em dinheiro. São ativos de uso, que têm como objetivo dispo-
• possível: a probabilidade de ganhos futuros é média; nibilizar à empresa a estrutura que ela necessita para desempenhar as suas atividades. Nele,
As contingências devem ser avaliadas periodicamente, pois sempre existirá, à probabi- Iudícibus (2009) comenta que os ativos possuem características essenciais como possi-
lidade, uma mudança do status de cada caso. Um passivo contingente possível pode se tornar bilidade de troca, direito de propriedade e poder de gerar recursos econômicos.
CONTINGÊNCIAS ATIVAS gente deve ser apurado quando o fluxo esperado de benefícios econômicos seja provável.
Vale relembrar a estrutura do balanço patrimonial. Conceituar o ativo é necessário para O CPC 25 – Provisões, passivos e ativos contingentes definem ativo contingente como
o entendimento mais claro das contingências ativas. O ativo é considerado o elemento mais “um ativo possível que resulta de eventos passados, cuja existência será confirmada apenas
importante dentro de um negócio, sendo dividido em dois grandes grupos – circulante e não pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos, não totalmente sob o controle
circulante. Para Marion (2009), no ativo circulante, estão elencados todos os bens e direitos da entidade.” Esse pronunciamento prevê que a evidenciação, a demonstração do ativo con-
de curto prazo. Também podemos dizer que são ativos de realização, que se realizam de for- tingente deverá ser feita apenas através de nota explicativa. Essa orientação vem ao encontro
ma integral e direta, em dinheiro, dentro de um prazo de doze meses. Podemos exemplificar do princípio da prudência, que determina cautela no reconhecimento e mensuração de qual-
fícios econômicos futuros (GELBCKE et al., 2018). Esses ativos não poderão ser reconhecidos
nas demonstrações contábeis até o momento em que os ganhos a eles relacionados tenham
NOME DA DISCIPLINA 49
SUMÁRIO
realização praticamente certa. No quadro, esses autores demonstram, baseados no Apêndice • se esse ganho será realizado de forma praticamente certa, é recomendado ser reconhe-
A do CPC 25, em quais momentos os ativos devem ser reconhecidos como efetivos ou contin- cido na contabilidade, portanto, ele não será um ativo contingente;
gentes.
Probabilidade de ocorrência do ganho Tratamento contábil • se a entrada de benefício econômico for provável, esse ativo deverá ser divulgado em
nota explicativa. Conforme o item 89 do CPC 25, “quando for provável a entrada de be-
O ativo não é contingente, um ativo é nefícios econômicos, a entidade deve divulgar breve descrição da natureza dos ativos
Praticamente certa.
reconhecido.
contingentes na data do balanço e, quando praticável, uma estimativa de seus efeitos
financeiros”.
Nenhum ativo é reconhecido, mas existe a
Provável, mas não praticamente certa.
divulgação em nota explicativa.
A figura resumirá, de forma clara, o entendimento sobre o reconhecimento contábil, ou
não, dos ativos contingentes. Nela, será demonstrado que os ativos não serão contabilizados
Nenhum ativo é reconhecido, não é
Não é provável. e, quando aplicável, apenas divulgados em notas explicativas.
divulgado em nota explicativa.
a empresa é a autora, e o desfecho seja incerto. Nesse caso, podemos fazer as seguintes con-
siderações:
• esse ativo contingente não será informado em demonstração contábil, pois, talvez, o
NOME DA DISCIPLINA 50
SUMÁRIO
CONTINGÊNCIAS PASSIVAS
Da mesma forma que conceituamos o ativo, aprenderemos os conceitos do passivo, para que possamos prosseguir com as definições de contingências
passivas. De acordo com a lei societária 6.404/76, os elementos do passivo serão avaliados conforme os seguintes critérios:
I. As obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive imposto de renda a pagar, com base no resultado do exercício, serão computa-
II. as obrigações, em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor, na data do
balanço;
III. as obrigações, os encargos e os riscos classificados, no passivo não circulante, serão ajustados a seu valor presente, os demais quando houver efeito
relevante.
O CPC 00 (R1) – Estrutura conceitual para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, define passivo como uma obrigação presente, ori-
ginada de eventos do passado, onde é esperado um pagamento futuro. A característica, para que um passivo exista, é que a empresa possua uma obrigação
De que maneira as obrigações surgem? Elas são exigidas de forma legal, como exemplo, temos os impostos e contribuições e, através de contratos,
Passivos podem ser extintos através de pagamentos em dinheiro, transferência de outros ativos, substituição por outra obrigação, prestação de ser-
viços, renúncia do credor, perda dos direitos de crédito, ou por conversão da obrigação em capital, caso o credor passe a ser sócio ou acionista da empresa.
NOME DA DISCIPLINA 51
SUMÁRIO
Aprendemos que passivos são obrigações certas, definidas, e com documentos que com-
Probabilidade de ocorrência do desembolso Tratamento contábil
provam a sua existência, seu valor e seu prazo de pagamento. Existem passivos que não pos-
suem data definida para serem pagos e nem valores exatos para desembolso, pois dependem A provisão é reconhecida
Mensurável por meio de
e divulgada em notas
de algum evento futuro, incerto e que não pode ser controlado totalmente pela empresa. Cha- estimativa confiável.
explicativas.
Obrigação presente
mamos de passivo contingente.
provável
Mensurável por
Divulgação em notas
inexistência de estimativa
explicativas.
Almeida (2010) define passivo contingente como “uma obrigação possível decorrente confiável.
Exemplos bem comuns de passivos contingentes, entre as empresas, são os gastos com
Quando a perspectiva de saída de recursos for provável, deve ser constituída a provisão.
processos judiciais, sejam eles trabalhistas, cíveis, tributária e ambiental.
Quando existir a perspectiva de uma possível saída de recursos, haverá apenas a divulgação
mada. Caso o montante envolvido não possa ser estimado, as informações relevantes deverão
ser divulgadas em nota explicativa; os usuários terão conhecimento sobre os riscos contin-
gentes da empresa.
NOME DA DISCIPLINA 52
SÍNTESE SUMÁRIO
Esse capítulo destacou sobre os ativos e passivos contingentes. Ativos contingentes não devem ser reconhecidos contabilmente, devem ser
divulgados em nota explicativa, informando a descrição da sua natureza, o seu valor e a expectativa da companhia sobre a sua realização.
Os passivos contingentes deverão ser reconhecidos, na contabilidade, quando a sua probabilidade de desembolso seja considerada prová-
vel. A divulgação, em notas explicativas, será realizada em casos de passivos contingentes, com probabilidade provável e possível. Quando a sua
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 53
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Relacione a probabilidade de ganho de um ativo contingente ao d. os ativos contingentes não devem ser reconhecidos pela
seu respectivo tratamento contábil: contabilidade, quando sua realização for provável, mas de-
realização financeira;
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 54
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 55
AJUSTE A VALOR
PRESENTE E VALOR
JUSTO (FAIR VALUE)
Valor presente e valor justo não são sinônimos.
56
SUMÁRIO
Iniciaremos esse capítulo com as palavras de Hoss (2017), “valor presente representa o Vale salientar que, na Contabilidade, quando falamos em reconhecimento, estamos nos
quanto vale, hoje, um bem que possui vencimento futuro; (...) valor justo representa o valor referindo a definição de quando registrar, e quando falamos em mensuração, nos referimos a
que o bem deverá ser negociado”. definição de pôr qual valor registrar.
O papel principal da Contabilidade é refletir o valor real dos ativos e passivos de uma Além do CPC 12, o artigo 183, da Lei 6.404/76, item VIII (incluído pela Lei 11.638/07), es-
empresa. É exatamente isso que os ajustes a valor presente e ajuste a valor justo proporcio- tabelece que os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados
nam, trazer os valores à realidade, àquele momento em que se encontram. a valor presente, sendo, os demais, ajustados quando houver efeito relevante. O artigo 184,
item III, estabelece que as obrigações, encargos e riscos classificados, no passivo não circu-
As mensurações do AVP – Ajuste a Valor Presente, e AVJ – Ajuste a Valor Justo, levam em lante, serão ajustados a seu valor presente, sendo, os demais, ajustados quando houver efeito
De acordo com o CPC 00 (R2) – Estrutura conceitual para relatório financeiro, o valor Como no Brasil as taxas de juros são sempre superiores à taxa da inflação, elas são con-
justo reflete a perspectiva dos participantes do mercado, ao qual a entidade tem acesso. Valor sideradas relevantes em operações de curto prazo.
justo é uma expressão utilizada para venda de ativos, ou transferência de passivos e, como o
próprio nome diz, o preço deverá ser justo para ambas as partes. O ajuste a valor presente será aplicado a todos os ativos e passivos monetários, com ju-
ros implícitos ou explícitos embutidos. O que isso significa? Todo o valor futuro inclui juros
RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS A VALOR PRESENTE em seu montante, seja a receber ou a pagar. Quando a taxa de juros é determinada e consta em
documento de negociação, chamamos de juros explícitos, pois sabemos quais serão os juros.
Os requisitos para esse reconhecimento e mensuração estão fundamentados no CPC 12 Quando não há documento que demonstre o valor dos juros da operação, chamamos de juros
NOME DA DISCIPLINA 57
SUMÁRIO
• valor futuro;
• taxa de juros;
• período de vencimento.
Exemplo:
120 dias. Considerando que a taxa de juros utilizada, nas operações de crédito, é de 3% ao mês,
NOME DA DISCIPLINA 58
SUMÁRIO
Quando não sabemos qual será a taxa de juros, quando os juros são implícitos, é neces- D – Estoque (ativo) R$ 117.635,53.
sário estimar os juros, tendo como base transações similares em termos de: D – AVP (passivo – redutora de fornecedores) R$ 2.364,47.
• natureza;
• prazo;
Para trazer a valor presente, o montante da conta de fornecedores, não temos a infor- A utilização de conta redutora, para o lançamento do ajuste, é para que não se percam os
mação do valor de juros cobrados. A base para estimar o valor dos juros será a média dos juros valores originais.
taxas de juros praticadas no mercado. O ajuste a valor presente não se limita apenas a vendas e compras de mercadorias, pro-
dutos ou serviços, mas também a venda de ativos imobilizados, créditos de qualquer natureza
Para ficar mais claro, vamos ao exemplo de cálculo do AVP - Ajuste a Valor Presente de e financiamentos.
fornecedores (com juros implícitos). Supomos que a empresa tenha efetuado uma compra no
valor de R$120.000,00, com prazo de pagamento de 60 dias. Como não temos a informação O reconhecimento do ajuste a valor presente é em função do prazo do financiamento da
dos juros praticados nessa operação, utilizaremos juros praticados no mercado de 1% a.m.: operação, seja de um valor a receber, ou a pagar. Mensalmente, é necessário reconhecer, no
NOME DA DISCIPLINA 59
SUMÁRIO
Quando uma empresa adquire um ativo, ou o passivo assumido em troca para esse ativo,
o preço da transação para reconhecimento inicial é o preço efetivamente pago naquele mo-
mento. O ajuste a valor justo de ativo, ou de passivo, é o preço que seria recebido para vender
Não necessariamente as empresas vendem ativos pelo preço que adquiriram, nem trans-
ferem seus passivos pelo preço recebido para assumi-los. Conforme o CPC 46 – Mensuração
do valor justo, a mensuração do valor justo de um ativo deve garantir que a negociação do ati-
vo seja realizada em uma transação não forçada entre os participantes do mercado de venda
do ativo.
O CPC 00 (R2) orienta que o ativo ou passivo sejam mensurados, utilizando as premissas
Para mensurar o valor justo, o CPC 46 – Mensuração do valor justo, propõe uma hierar-
quia que classifica, em três níveis, as informações aplicadas nas técnicas de avaliação. A hie-
rarquia de valor justo dá a mais alta prioridade a preços cotados (não ajustados), em mercados
ativos para ativos, ou passivos idênticos (informações de Nível 1), e a mais baixa prioridade a
NOME DA DISCIPLINA 60
SUMÁRIO
• Informações de Nível 1 são preços cotados, em mercados ativos para ativos, ou passivos vas de mercado atuais, em relação a esses valores futuros.
idênticos que a entidade possa ter acesso na data de mensuração. É aplicado quando to-
das as informações necessárias, para a mensuração, estiverem disponíveis. A mensuração do ajuste a valor justo é aplicada a um ativo ou passivo, em particular. Os
principais grupos que as empresas selecionam para aplicar essa avaliação são:
• Informações de Nível 2 são observáveis para o ativo ou passivo, seja direta ou indireta-
mente. Utilizado quando os dados para aplicação do Nível 1 não estarão disponíveis. • reavaliação de ativos;
• Informações de Nível 3 são dados não observáveis para o ativo ou passivo. • teste de impairment;
• abordagem de mercado: essa forma de calcular o valor justo utiliza preços e outras in- • propriedades para investimentos;
ou grupo de ativos e passivos idênticos, ou comparáveis, similares, como por exemplo, • títulos e valores mobiliários;
um negócio;
• combinação de negócios;
• abordagem de custo: reflete o valor que seria exigido, atualmente, para substituir a ca-
• reconhecimento de receitas.
• abordagem de receita: é uma técnica de avaliação que converte valores futuros, por
exemplo, fluxos de caixa, ou receitas e despesas, em um valor único atual, descontado. Conforme determina o CPC 46, a entidade não necessita empreender uma busca exaus-
A mensuração do valor justo é determinada com base no valor indicado pelas expectati- tiva de todos os possíveis mercados para identificar o mercado principal ou, na ausência de
NOME DA DISCIPLINA 61
SUMÁRIO
mercado principal, o mercado mais vantajoso, mas ela deve levar em consideração todas as
informações que estejam disponíveis. O mercado principal é o mercado com maior volume e
nível de atividade, enquanto o mercado vantajoso é aquele em que maximiza o valor que seria
recebido para vender o ativo, ou que minimiza o valor a ser pago ao transferir o passivo.
A busca por apresentar, nas demonstrações contábeis, o valor justo de ativos e passivos,
Valor Justo e seu respectivo reconhecimento. Conforme o CPC 28 – Propriedade para investi-
mento, em seu item 35, o ganho ou a perda proveniente de alteração no valor justo de proprie-
dade, para investimento, deve ser reconhecido no resultado do período em que ocorra.
niente da mudança no valor justo menos a despesa de venda de ativo biológico reconhecido,
no momento inicial, até o final de cada período, deve ser incluído no resultado do exercício em
ção e títulos mantidos até o vencimento, devem ter os seus ajustes a valor justo reconheci-
dos no resultado, a não ser que ocorram perdas permanentes. No caso de ajuste a valor justo
de instrumentos financeiros disponíveis para venda, a diferença entre o valor justo e o valor
NOME DA DISCIPLINA 62
SUMÁRIO
ajustes de avaliação patrimonial. Quando um investimento ingressa no patrimônio de uma A Lei 12.973/14 leva em consideração a neutralidade fiscal, estabelecendo algumas re-
empresa, ele é contabilizado pelo custo de aquisição. Ao final de cada exercício, esse investi- gras em relação ao ajuste a valor justo da nova contabilidade. Assim que o ganho for se reali-
mento deverá ser avaliado a seu valor justo. Vamos supor que uma empresa assumiu um lote zando, esse valor sairá da conta de ajuste de avaliação patrimonial e transferido para a conta
de ações da companhia Hoje S/A, em 30/06/2019, e seu valor de aquisição foi de R$ 100.000,00. de lucros acumulados. Nesse momento ele, será tributado pelo lucro real.
Em 31/12/2019, conforme a cotação de mercado, esse lote de ações vale R$ 150.000,00. Nesse
caso, o ganho oriundo do ajuste a valor justo deverá ser contabilizado da seguinte forma: Art. 13. O ganho decorrente de avaliação de ativo, ou passivo, com base no valor justo,
não será computado na determinação do lucro real desde que o respectivo aumento no valor
D – Ações da Sociedade Hoje S/A (AC) R$ 50.000,00. do ativo, ou a redução no valor do passivo, seja evidenciado, contabilmente, em subconta vin-
Com o ajuste feito na conta do ativo ações da sociedade Hoje S/A, o valor do investi- § 1º O ganho evidenciado por meio da subconta de que trata o caput, será computado na
mento ficou devidamente avaliado pelo seu valor justo. O crédito feito, na conta de ajuste de determinação do lucro real à medida que o ativo for realizado, mediante depreciação, amor-
avaliação patrimonial, permanecerá no patrimônio líquido até o momento da venda do in- tização, exaustão, alienação ou baixa, ou quando o passivo for liquidado ou baixado.
Além de determinado em pronunciamento técnico, o art. 182, da Lei nº 6.404/76, faz caso o valor realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou
tratativas quanto à classificação do ajuste a valor justo no Patrimônio Líquido: baixa, seja indedutível.
§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas § 3º Na hipótese de não ser evidenciado por meio de subconta, na forma prevista no
no resultado do exercício, em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de au- caput, o ganho será tributado.
sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nessa Lei ou, em normas expedidas pela Comis-
são de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3º do art. 177 desta Lei.
NOME DA DISCIPLINA 63
SÍNTESE SUMÁRIO
Nesse capítulo, foram apresentados o Ajuste a Valor Presente (AVP) e Ajuste a Valor Justo (AVJ). Esses ajustes foram introduzidos no Brasil,
A utilização do ajuste a valor presente e ajuste a valor justo torna a contabilidade mais transparente e fidedigna. O AVP tem por objetivo de-
monstrar o valor presente de um fluxo de caixa futuro, sendo aplicado para contas a pagar e a receber. O objetivo do AVJ é demonstrar o valor de
mercado de determinado ativo ou passivo, geralmente, aplicado em ativos mantidos para venda, títulos e valores mobiliários, teste de impair-
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 64
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
vo;
b. a mensuração do valor presente deve ser aplicada no reco-
negociado.
d. a entidade tenha verificado as restrições de uso ou de venda
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 65
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
4. A mensuração de um ativo deve garantir que a negociação seja realizada em uma transação não forçada entre os participantes do mercado de
a. preço de mercado;
b. valor justo;
c. valor presente ;
d. valor atual.
5. Cite um caso de reconhecimento do ajuste a valor justo no resultado e um caso de reconhecimento no patrimônio líquido.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 66
REDUÇÃO AO VELOR
RECUPERÁVEL DE
ATIVOS (IMPAIRMENT)
Impairment: em inglês, significa deterioração.
67
SUMÁRIO
A convergência às normas internacionais trouxe alterações significativas na contabi- frido desvalorização. Se houver alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperá-
lidade societária, principalmente na forma de avaliação do patrimônio das empresas, como vel do ativo. Independentemente de existir, ou não, qualquer indicação de redução ao valor
teste de recuperabilidade de ativos. O teste de recuperabilidade dos ativos (impairment) é recuperável, a entidade deve testar, no mínimo, anualmente, a redução ao valor recuperável
aplicado caso haja indícios de valores contabilizados superiores ao real e o seu reconheci- de um ativo intangível com vida útil indefinida, ou de um ativo intangível ainda não disponí-
mento é feito de forma imediata no resultado. vel para uso, comparando o seu valor contábil com seu valor recuperável.
Os procedimentos, formas de mensuração e todos os assuntos relacionados, estão dis- Esse teste de redução ao valor recuperável pode ser executado a qualquer momento, no
postos no CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Os ativos sujeitos ao im- período de um ano, desde que seja executado todo ano, no mesmo período. Ativos intangíveis
pairment são: imobilizado, intangíveis, imóveis quando não contabilizados pelo valor justo e diferentes podem ter o valor recuperável testado em períodos diferentes. Entretanto, se tais
ativos financeiros. ativos intangíveis foram inicialmente reconhecidos durante o ano corrente, devem ter a re-
incluem a obsolescência ou dano físico do ativo; mudanças significativas de como o ativo é RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS
usado, ou de como se espera usá-lo, incluindo a ociosidade e planos para descontinuar ou re-
estruturar o setor no qual ele é usado e o desempenho inferior ao esperado. O valor recuperável de um ativo é o maior valor entre o valor líquido de venda e o valor
mudanças significativas na tecnologia do mercado ou do meio em que a entidade opera, como Valor líquido de venda (valor justo) e valor de uso de ativo são metodologias utilizadas
a mudança do gosto dos clientes, exemplo clássico ocorrido com a Kodak; e aumento na taxa para mensurar o valor dos ativos naquele momento.
de juros do mercado.
Considere o valor líquido de venda como o valor a ser recebido, levando em considera-
Conforme o CPC 01 (R1) - Redução ao Valor Recuperável de Ativos, a entidade deve ava- ção uma negociação normal entre as partes, deduzindo as despesas indispensáveis para que a
liar, ao fim de cada período de reporte, se há alguma indicação de que um ativo possa ter so- venda aconteça, como comissões, transportes, etc. O valor líquido de venda nada mais é que o
NOME DA DISCIPLINA 68
SUMÁRIO
O valor de uso é o valor presente de caixa futuro estimado, que deve decorrer do ativo. Ele Em outras palavras, sempre que existir projeção de geração de caixa inferior ao valor em
é indicado na avaliação de máquinas fabricadas pela própria empresa e para bens intangíveis. que o ativo estiver registrado, a empresa deverá fazer a baixa dessa diferença.
Explicando um pouco mais sobre o valor em uso: ele é uma medida de fluxos de caixa fu- A perda por impairment é reconhecida imediatamente no resultado. Se essa perda es-
turos esperados, que devem ser auferidos de um ativo individual ou de uma unidade geradora tiver relacionada a um bem reavaliado, deve ser contabilizada como uma diminuição na re-
de caixa. Recomenda-se que um fluxo de caixa não seja superior a 5 anos. serva de reavaliação no Patrimônio Líquido.
O CPC 01 (R1) define unidade geradora de caixa como o menor grupo identificável de Se um ativo foi reavaliado para cima e ainda tenha saldo na reserva de reavaliação,
ativos, gerando entradas de caixa, que são, em grande parte, independentes das en- qualquer perda por impairment será reconhecida em outros resultados abrangentes, reduzin-
tradas de caixa de outros grupos de ativos. Logo, uma unidade geradora de caixa pode do o saldo remanescente de reavaliação. Caso o prejuízo for superior a uma sobra de avaliação
ser uma divisão, um estabelecimento comercial, uma unidade de negócio, uma linha anterior, o excesso será reconhecido no resultado.
O valor em uso nada mais é que um Valor Presente Líquido (VPL) de fluxos de caixa futu- futuros, em relação ao ativo, será calculada com base no valor contábil revisado, deduzindo
ros. É o retorno que a empresa espera auferir através de um ativo ou de um conjunto de ativos. qualquer valor residual esperado sobre a vida útil remanescente do ativo.
Esse cálculo deve levar em consideração a estimativa dos resultados de exercícios futu- Máquinas e equipamentos 200.000,00
ros, perspectivas de possíveis variações nos montantes e o valor do dinheiro no tempo. (-) Depreciação (20.000,00)
Se o valor recuperável de um ativo for inferior ao valor em que estiver contabilizado, (-) Perda Impairment (20.000,00)
deverá ser reduzido ao seu valor recuperável. Essa diferença é denominada como uma perda
Nova base para depreciação 160.000,00
NOME DA DISCIPLINA 69
SUMÁRIO
COMO É FEITO O TESTE DE IMPAIRMENT? • quando a empresa perceber uma redução no valor recuperável dos seus ativos, a fim de
terminado ativo tenha a capacidade de gerar receita através de sua venda ou de seu uso. Em • se a empresa for liquidada;
outras palavras, o teste avalia se os ativos da empresa estão com seus valores desvalorizados.
A lei 11.638/07, obriga empresas de grande porte, que tiveram ativo superior a 240 mi-
lhões, ou receita bruta superior a 300 milhões, em seu exercício anterior, a realizar o teste de • se a empresa apresentar desempenho em seu negócio diferente ao que foi projetado.
impairment anualmente.
Para fazer o teste, é preciso determinar o valor recuperável. Vamos imaginar que deter-
Por mais que a lei obrigue a sua realização, qualquer empresa poderá fazê-lo quando minada empresa tenha uma máquina com os seguintes valores registrados no seu patrimônio:
Após o levantamento dos dados, para definir o valor recuperável, utilizaremos as duas
metodologias que descrevemos no início: valor líquido de venda (valor de mercado) e valor
NOME DA DISCIPLINA 70
SUMÁRIO
Aplicando a metodologia de valor líquido de venda, obtivemos os seguintes valores: Como o valor recuperável é inferior ao valor contábil, nesse caso, é necessário contabi-
(-) Custos da venda (20.000,00) D – Despesa com perda por desvalorização (resultado)
Valor líquido de venda 280.000,00 C – Perda por desvalorização (redutora ativo imobilizado)
Valor: 70.000,00
Lembram que falamos anteriormente que o impairment é o maior valor entre o valor lí-
quido de venda e o valor líquido de uso? Chegou a hora de colocarmos isso na prática. Nesse
exemplo, o maior valor é o valor líquido de venda R$ 280.000,00, e é com ele que trabalhare-
mos.
Com os valores apurados, o próximo passo é fazer a aplicação do teste, que se resume
NOME DA DISCIPLINA 71
SUMÁRIO
O artigo 15, da Lei 11.941/19, determina que essa despesa por desvalorização de ativo
imobilizado, não tem reflexo fiscal para fins de apuração do lucro real, não é uma despesa de-
Pode acontecer do valor recuperável ser maior que o valor contábil? A resposta é sim!
Nesse caso, não se faz nada. Não é permitido fazer um ajuste de ativo imobilizado para cima.
posteriores e o impairment ser revertido. Uma reversão de perda por impairment reflete um
aumento na receita estimada de um ativo, ou de um grupo de ativos. Não poderá haver recu-
ao teste de impairment para cada classe de ativo. Na divulgação, deverá conter o montante das
NOME DA DISCIPLINA 72
SÍNTESE SUMÁRIO
Revisando esse conteúdo, podemos analisar que o ajuste atribuído à redução do valor recuperável de ativos altera significativamente o re-
sultado apresentado nas demonstrações contábeis das empresas. Em contrapartida, traz transparência nas informações apresentadas em relação
à realidade da empresa, possibilitando que os usuários da informação tenham acesso à situação real da empresa.
Sociedades de grande porte, com ativo total superior a 240 milhões, ou receita bruta superior a 300 milhões no exercício anterior, estão
obrigadas a aplicar o teste de recuperabilidade. Às demais empresas não obrigadas, é importante que os testes de impairment sejam efetuados
periodicamente, pois evitam um impacto maior se, em algum momento, a empresa precisar fazê-lo. O impairment pode ser utilizado como uma
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 73
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Em que momento deverá ser reconhecido o teste de impairment 4. A empresa Perfeita S/A possuía, em 31/12/2019, em seu ativo imo-
b. Quando os valores contabilizados de ativos imobilizados fo- Custo de aquisição: .................. R$ 100.000,00
informações:
2. Cite casos em que é necessário o teste de impairment, mesmo sem Valor justo líquido de venda: .....R$ 50.000,00.
obrigação legal?
3. Defina as metodologias utilizadas para aplicação do teste de im- de 2019, a Empresa Perfeita S/A:
pairment:
ment);
8.000,00;
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 74
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
5. O CPC 01 (R1) determina que, independentemente da existência, ou não, de qualquer indicação de redução ao valor recuperável, a entidade
deve testar, no mínimo, anualmente, a redução ao valor recuperável de um ativo intangível com vida útil indefinida, ou de um ativo intangível
ainda não disponível para uso, comparando o seu valor contábil com seu valor recuperável. Essa citação é:
( ) Verdadeira
( ) Falsa
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 75
GANHO E PERDA DE
CAPITAL E RESERVAS
DE CAPITAL
Resultado não operacional e contribuições feitas pelos acionistas.
76
SUMÁRIO
Societária, que são os ganhos e perdas de capital, bem como as reservas de capital.
Como o próprio nome sugere, ganho e perda de capital é quando se ganha ou se perde
valores no momento da alienação de um ativo, que pode ocorrer por venda, desapropriação,
ta a diferença entre essa alienação e o seu valor contábil na data da baixa. Quando a diferença
Essa diferença é contabilizada como resultado não operacional, dentro de um grupo es-
Perdas também podem ser definidas como o excesso de toda ou de uma parte do custo
pecífico no DRE.
dos ativos sobre as receitas respectivas, se existir, quando os itens forem vendidos, abando-
como feedback, e quando pode ser verificado com precisão. O reconhecimento do ganho de
Reservas de capital são valores recebidos pela empresa, mas que não transitam pelo
capital é semelhante ao da receita, exceto pelo fato de que os custos associados são compen-
resultado. São recebidos dos proprietários, sócios, acionistas ou de terceiros. Esses valores
sados imediatamente, produzindo um resultado líquido.
não têm relação com vendas ou prestação de serviços, por isso não devem ser lançados como
resultado. Não representam receitas, pois não existe, em contrapartida, a entrega de algum
No caso das perdas, os autores Hendriksen e Breda (1999) relatam que o reconhecimen-
bem ou prestação de serviço. As reservas de capital devem refletir, na sua essência, às contri-
to é feito quando fica evidente que os benefícios econômicos futuros, previamente reconhe-
buições realizadas por seus acionistas e que estejam diretamente relacionadas à formação, ou
cidos de um ativo, se reduzem ou desaparecem, ou uma obrigação é assumida ou aumentada,
ao aumento de capital.
sem benefícios econômicos correspondentes.
NOME DA DISCIPLINA 77
SUMÁRIO
Por não transitarem pelo resultado, não há tributação. Alguns exemplos são doações de • alienação de partes beneficiárias e de bônus de subscrição: são valores mobiliários que
terrenos recebidos, incentivos fiscais recebidos do governo, subvenções para investimentos e podem ser alienados;
outros recebimentos gratuitos que são destinados a aumentar a capacidade produtiva da em-
presa. • prêmio na emissão de debêntures: é a diferença entre o valor nominal das debêntures e
Os valores oriundos de ágio também fazem parte das reservas de capital na incorpora-
ção e na emissão de ações, como na alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. • doações e subvenções para investimentos: recebimento de doações de bens imóveis, mó-
veis ou direitos. Será registrado pelo valor de mercado e sua contrapartida será a conta
As reservas de capital são um conceito pouco utilizado no mundo. No Brasil, as reser- do respectivo bem em ativo imobilizado. Subvenções são aquelas concedidas pelo poder
vas de capital são formalmente determinadas pela Lei 6.404/76, que trata dos procedimentos público federal, estadual ou municipal, como incentivo ao desenvolvimento econômico
contábeis obrigatórios às sociedades anônimas. São acréscimos do patrimônio líquido utili- de determinada região.
De acordo com o art. 200, da Lei 6.404/76, são várias as formas de aplicação das reser-
Conforme o parágrafo 1º, do artigo 182, da Lei 6.404/76, complementado pelas instru- vas de capital, podendo ser utilizadas nos seguintes casos:
ções 247/96 e 319/99, da Comissão de Valores Mobiliários, são contabilizados como reservas
de capital, os seguintes eventos: • para absorver os prejuízos. Vale lembrar que os prejuízos serão absorvidos pelas reser-
vas de lucro;
• ágio na emissão de ações: quando a parte do preço da emissão das ações, sem valor no-
minal, ultrapassar a importância destinada à formação do capital; • compra, resgate ou reembolso de ações;
• reserva especial de ágio na incorporação: é o ganho que resulta da aquisição do controle • resgate de partes beneficiárias.
• incorporação ao capital;
NOME DA DISCIPLINA 78
SUMÁRIO
• pagamento de dividendo cumulativo às ações preferenciais que tenham prioridade de Pelo lançamento de baixa da depreciação acumulada:
Os valores que compõem a reserva de capital não podem ser utilizados para pagamento C - Ganho ou perda de capital (Conta de Resultado) R$ 30.000,00.
Aprenderemos como o ganho e a perda de capital são registrados no resultado. Utiliza- C - Ganho ou perda de capital (Conta de Resultado) R$ 35.000,00.
remos, como exemplo, uma venda de veículos. Na demonstração, a empresa teve um ganho de
capital, por essa venda, de R$ 15.000,00. Da mesma forma, demonstraremos como é feita a contabilização das perdas de capi-
tal. Utilizando os dados do exemplo anterior, vamos supor que a empresa efetue a venda desse
Veículos 50.000,00
mesmo veículo pelo valor de R$ 15.000,00.
(-) Depreciações de Veículos 30.000,00
Veículos 50.000,00
CUSTO CONTÁBIL 20.000,00
(-) Depreciações de Veículos 30.000,00
Valor da Venda 35.000,00
CUSTO CONTÁBIL 20.000,00
GANHO DE CAPITAL 15.000,00
Valor da Venda 15.000,00
Os lançamentos contábeis oriundos dessa transação, serão:
PERDA DE CAPITAL 5.000,00
NOME DA DISCIPLINA 79
SUMÁRIO
(ganho) ou negativa (perda/prejuízo), entre o valor pelo qual o bem ou direito tiver sido alie-
nado ou baixado (baixa por alienação ou perecimento), e o seu valor contábil. Os resultados
do ativo imobilizado.
NOME DA DISCIPLINA 80
SUMÁRIO
CPV (800)
DESPESAS (300)
LUCRO LÍQUIDO 85
O art. 31, da Lei 12.973/2014, disciplina o ganho e a perda de capital, no que diz respeito
à sua tributação:
“Art. 31. Serão classificados como ganhos ou perdas de capital, e computados na de-
terá por base o valor contábil do bem, entendido o que estiver registrado na escrituração do
nação do lucro real do período em que ocorrer a venda, independente do prazo de recebimento.
NOME DA DISCIPLINA 81
SÍNTESE SUMÁRIO
Nesse capítulo que acabamos de finalizar, podemos destacar o tratamento contábil dos lucros e perdas de capital de uma empresa. São re-
sultados líquidos oriundos da eliminação de um ativo, seja por alienação, deterioração, desgaste, dentre outros, e contabilizados no grupo de re-
Aprendemos sobre as reservas de capital, que é o dinheiro recebido pela empresa e que não transita pelo resultado. Esses valores se ori-
ginam dos acionistas e são utilizados apenas para investimentos, sem distribuição.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 82
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
( ) Certa
I. absorção de prejuízos que ultrapassem os lucros acumulados e
as reservas de lucros;
( ) Errada
a. Apenas a I.
b. ( ) Reserva de contingência.
b. Apenas a I e II.
c. ( ) Reserva de ágio na emissão de ações.
c. Apenas a II e III.
d. ( ) Reserva estatutária.
d. I, II e III.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 83
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
5. Após dois anos de uso, uma máquina adquirida por R$ 110.000,00 teve uma depreciação de 20% e foi vendida por 90.000,00. Nessa situação, a
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 84
DIVIDENDOS
OBRIGATÓRIOS
E JUROS SOBRE
CAPITAL PRÓPRIO
São formas de remunerar os acionistas.
85
SUMÁRIO
Os dividendos obrigatórios são uma parte do lucro da sociedade que o acionista tem di- Conforme Ribeiro (2014), os juros sobre capital próprio “correspondem a uma impor-
reito de receber a cada exercício. São devidos a todos os acionistas, independente da sua clas- tância que a empresa paga a seu titular, sócio ou acionista como remuneração dos valores por
se, ordinária (ON – com direito a voto), ou preferencial (PN – sem direito a voto). É um bene- eles investidos na composição do capital da própria empresa”.
fício que a companhia concede a seus acionistas, pois adquiriram parte da companhia através
da compra de suas ações. É uma opção da própria empresa o pagamento de juros sobre capital próprio a seus acio-
nistas, como também pode ser realizado a qualquer momento, desde que atenda aos requi-
Conforme Hoss (2020) “a companhia somente pode pagar dividendos à conta de lucro sitos necessários.
Os Juros sobre Capital Próprio (JCP) surgiram como uma forma das empresas reduzirem Vamos conhecer o que é necessário para que ocorra a apuração dos montantes dos divi-
os valores pagos de imposto de renda e contribuição social. A lei 9.249/95 eliminou toda e dendos obrigatórios e dos juros sobre capital próprio? Iniciaremos com o dividendo obriga-
qualquer forma de correção monetária das demonstrações contábeis. Com essa medida, para tório.
evitar um possível aumento na carga tributária das empresas, o governo criou o juro sobre o
capital próprio. Contabilmente, ele é tratado como despesa financeira; fiscalmente, como de- O dividendo obrigatório é uma obrigação das companhias determinada em lei. O per-
dutível da apuração de IRPJ e CSLL e, na parte societária, como distribuição de lucros. centual a ser distribuído a título de dividendos deverá estar estabelecido em estatuto e, caso
As sociedades praticam essa operação como distribuição aos seus acionistas e imputam
ao dividendo obrigatório nos termos da legislação vigente. Por analogia, o tratamento con- • 50% do lucro líquido acrescido ou diminuído dos seguintes valores:
tábil dado ao JCP deverá ser o mesmo aplicado ao dividendo obrigatório. Isso significa que, o
valor retido a título de IRRF por obrigação tributária, não pode ser considerado no momento - valores destinados à constituição da reserva legal – art. 193, Lei 6.404/76;
de imputar o JCP ao dividendo obrigatório. É o que determina o art. 202, da Lei 6.404/76.
NOME DA DISCIPLINA 86
SUMÁRIO
bleia geral deliberar a fim de introduzir norma sobre a matéria, o dividendo não poderá ser
inferior a 25% do lucro líquido ajustado. Essa previsão encontra-se no § 2º do art. 202, da Lei
6.404/76.
É comum a adoção do percentual de 25% de distribuição de lucros, pois quando a Lei das
S/A entrou em vigor, em 1976, o estatuto das companhias não tinha a previsão de percentual
através de assembleia geral. Caso a empresa quisesse pagar um percentual menor que 25%,
daria o direito de retirada dos acionistas. Por isso, a opção por pagamento de dividendos, no
As companhias constituídas após a Lei das S/A, em 1976, mesmo com a opção de pagar
um percentual menor que 25% se informado em estatuto, optaram em manter os 25% como
de capital (para ações preferenciais). São pagos no prazo de 60 dias da data em que for decla-
Ao final do exercício, o lucro líquido apurado pela sociedade por ações será transferido à
NOME DA DISCIPLINA 87
SUMÁRIO
conta de lucros acumulados, e será realizada a distribuição dos lucros para as seguintes con- Destinações propostas 18.100.000,00
tas:
Dividendo obrigatório 4.525.000,00
seus lucros aos acionistas. A companhia obteve um lucro líquido ajustado no valor de R$ Quando o dividendo obrigatório não for totalmente distribuído por falta de condições
17.900.000,00. Obrigatoriamente, constituiu a reserva legal de 5% sobre o lucro líquido. Em financeiras da companhia, naquele momento, deverá ser constituída uma Reserva de Lucros.
seu estatuto, não está determinado o percentual de distribuição aos acionistas, logo, o mon- A companhia deixa de pagar o dividendo, porém, efetua a apuração, apropriando, nessa re-
tante destinado aos acionistas é de 25% sobre o lucro líquido ajustado. Para esse exercício, a serva, em contrapartida da conta de lucros acumulados. Esses dividendos serão pagos no fu-
companhia decidiu aumentar seu capital em R$ 6.000.000,00, e o restante do lucro foi desti- turo, desde que não sejam absorvidos por prejuízos de exercícios seguintes.
nado a reserva de lucros. No estatuto, não constam outras reservas designadas às destinações
Agora que já entendemos sobre o reconhecimento e mensuração dos dividendos, co-
de lucros. A distribuição dos lucros de 2019 ficará da seguinte forma:
nheceremos essa matéria em relação aos juros sobre capital próprio.
Lucro Líquido 18.000.000,00
Realização da reserva de
100.000,00 O pagamento dos JCP fica sujeito à existência de lucros acumulados, ou de lucros, regis-
reavaliação
trados antes da dedução dos juros. Esse montante de lucros deverá ser duas vezes maior que o
Lucro Líquido Ajustado 18.100.000,00
valor dos juros a serem pagos ou creditados.
NOME DA DISCIPLINA 88
SUMÁRIO
Para a realização do cálculo dos juros sobre capital próprio a ser pago aos acionistas ou
sócios, é preciso determinar a base de cálculo a ser utilizada. Segundo a legislação tributária,
liação patrimonial, caso houver. Essa regra vale para empresas tributadas no Lucro Real Anu-
al. Para empresas tributadas pelo Lucro Real Trimestral, a base será o Patrimônio Líquido do
Exemplificaremos o cálculo do juro sobre capital próprio, tendo como base um Patrimô-
Com base no Patrimônio Líquido, aplica-se à taxa da TJLP referente ao período em que o
rendimento está sendo pago. Se o JCP estiver sendo pago no mês de outubro, deve-se utilizar
a TJLP de janeiro a outubro. Consideraremos, para fins de cálculo, que a TJLP do período seja
5%.
NOME DA DISCIPLINA 89
SUMÁRIO
Base para de Juros sobre Capital Próprio: 5.000.000,00. Se o beneficiário do recebimento for pessoa física, o rendimento será considerado ex-
Taxa de juros utilizada: 5%. clusivo na fonte, não tendo nova tributação.
Sobre o valor a ser pago dos juros, incide Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) de
15%. Para efeito de apuração do Lucro Real e da base de contribuição social, a dedução da des- Pela apropriação do JCP:
pesa é feita pelo seu valor integral. Como vimos no início desse capítulo, os JCP são uma forma
das sociedades reduzirem o valor dos tributos IRPJ e CSLL. D – Despesa financeira R$ 250.000,00.
Essa previsão legal consta no Decreto nº 9.580/2018, que consolida as normas de tribu- C – IRRF a pagar R$ 37.500,00.
tação, fiscalização e arrecadação do Imposto sobre a Renda. Em seu art. 355, estabelece que a
pessoa jurídica poderá deduzir, para fins de apuração do lucro real, os juros pagos aos credi- Pelo pagamento:
A pessoa jurídica ,que recebe os JCP, deve contabilizar da seguinte forma: C – Bancos R$ 212.500,00.
• em conta de investimentos: quando avaliados pelo método de equivalência patrimonial Ao final do exercício, quando for levantado o valor total dos dividendos àquele período,
e se os juros ainda estiverem integrados ao patrimônio líquido da investida, ou se os ju- deverá ser descontado do montante a ser pago o valor dos juros sobre capital próprio, líquido
ros estiverem contemplados no montante pago pela aquisição do investimento; de IRRF. Utilizando o exemplo da distribuição do dividendo obrigatório, considerando o cál-
culo do JCP, demonstraremos um exemplo, imputando os juros sobre capital próprio ao divi-
• como receita financeira, nos demais casos, sujeita à incidência de impostos conforme a dendo.
NOME DA DISCIPLINA 90
SUMÁRIO
Na prática, os juros sobre capital próprio trazem benefícios para ambos os lados, acio-
antes mesmo de finalizar o exercício, e a empresa utiliza desse artifício para redução de im-
postos.
NOME DA DISCIPLINA 91
SÍNTESE SUMÁRIO
Ao término desse capítulo, aprendemos os juros sobre capital próprio, além de ser uma forma de distribuição de dividendos, é utilizado pe-
las empresas como uma despesa dedutível na apuração do IRPJ e CSLL. É um método contábil para a redução do pagamento de impostos.
Aprendemos também os dividendos, que é uma parte do lucro das empresas distribuído aos seus acionistas. Em regra geral, para fins de
distribuição, as empresas adotam o percentual mínimo de 25% do lucro líquido, que é o valor determinado pela Lei das S/A. A companhia poderá
adotar o seu próprio percentual, desde que estabelecido em estatuto ou designado em assembleia geral.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 92
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Sobre o valor dos juros sobre capital próprio incide IRRF de 15%.
( ) Verdadeira
4. O dividendo obrigatório é uma obrigação, das companhias, de-
de lucros deverá ser ____ vezes maior que o valor dos juros a
( ) Incorreta
serem pagos ou creditados.
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA 93
GABARITO SUMÁRIO
CAP .1 CAP .3
CAP .2 CAP .4
1. C) 1. b, c, a
2. C) 2. D)
3. B) 3. D)
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GABARITO SUMÁRIO
CAP .5 CAP .7
1. C) 1. Errado
3. D)
3. A)
4. B)
5. C)
CAP .8
CAP .6
6. Verdadeira
1. B)
8. C)
3. Retornar ao subtítulo ‘Reconhecimento e mensuração do valor recuperável de ativos.’
4. B) 9. Incorreta
5. Verdadeiro
10. Retornar ao subtítulo ‘Reconhecimento e mensuração’
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