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Contabilidade
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SUMÁRIO
Conteúdos Básicos sobre Contabilidade ......5 Ativo Não Circulante ............................ 109
FACULDADE DE CIÊNCIAS
EMPRESARIAIS (FACE)
Diretor-Geral
Prof. Marco Túlio de Freitas
Diretora de Ensino
Profª. Renata de Sousa da Silva Tolentino
FACULDADE DE ENGENHARIA
E ARQUITETURA (FEA)
Diretor-Geral
Prof. Eduardo Georges Mesquita
Diretora de Ensino
Profª. Maria Silvia Santos Fiuza
BELO HORIZONTE
2017
Contabilidade
Geral
Conteúdos Básicos
sobre Contabilidade
CONTEÚDOS
BÁSICOS SOBRE
CONTABILIDADE
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo, você deverá ser capaz de:
• Compreender o conceito e funções da contabilidade, composição do patrimônio, e o que é
conta contábil, identificando-a na estrutura do Plano de Contas.
• Diferenciar atos contábeis de fatos contábeis, entender como ocorre sua captação, que por
sua vez pode alterar ou não o patrimônio da entidade.
• Identificar os critérios de classificação das operações ocorridas na entidade, segundo os
Princípios Fundamentais e Convenções Contábeis.
• Saber como ocorre a sumarização e a evidenciação das informações contábeis.
Podemos concluir, então, que o conceito de contabilidade leva a duas grandes funções
para a contabilidade:
REFLITA
Reflita sobre essas questões...
Uma Conta, ou melhor, uma Conta Contábil é um recurso, um nome, uma nomenclatura
definida na contabilidade para receber o registro de um fato contábil, ou seja, uma ocor-
rência na empresa.
FIQUE LIGADO!
A manutenção da escrituração contábil para as empresas que utilizam Sistemas Integrados
de Gestão - ERP (Enterprise Resource Planning), é processada de forma integrada (online). A
opção pela implantação de softwares capazes de manter toda a empresa integrada em rela-
ção aos seus diversos departamentos evita o retrabalho. Daí a importância de se cadastrar
o Plano de Contas da empresa segundo as normas contábeis, conhecer sua estrutura, sua
composição e a natureza das contas contábeis.
Agora, se você tivesse mais pistas, como: a chave encontra-se dentro da casa, no quarto
de casal, dentro do armário (guarda-roupas), na segunda gaveta da primeira porta à direi-
ta, dentro de uma caixa onde está escrito “porta-trecos”.
Esta é uma analogia que podemos fazer para entendermos a importância do plano de
contas, ou seja, é a partir da localização padronizada das contas contábeis do ativo,
passivo e resultado, que é possível localizar e identificar os saldos das contas, de forma
a conseguir estruturar o banco de dados de qualquer entidade.
REFLITA
Você percebeu que, quando o “investigador” obteve mais informações, ele pôde com facilida-
de e rapidez encontrar o que procurava?
Nas empresas também é assim. Procuramos informações confiáveis, que devem estar
disponíveis para tomada de decisão, e para isso utilizamos as informações contábeis, que
são organizadas por meio do plano de contas - instrumento que padroniza e direciona as
informações dos registros contábeis.
• Um Plano de Contas deve conter somente as contas que serão movimentadas (no
presente ou no futuro).
• Empresas distintas Planos de Contas distintos.
• Diversas pessoas trabalhando.
• Objetivo uma mesma cartilha, um mesmo idioma.
• Padronização dos Registros Contábeis.
• Uniformidade Processamento: Manual, Mecânico ou Eletrônico.
Característica geral: Imagine quatro entidades com objetivo social diferente: uma empre-
sa comercial (supermercado), uma empresa industrial (fábrica de material esportivo), uma
empresa prestadora de serviços (hospital) e um time de futebol. Imagine que estas enti-
dades, além de atividades diferentes, têm estruturas diferenciadas de compra, venda,
pagamentos, recebimentos, etc. Ao se definir o plano de contas, é necessário observar as
características individuais de cada empresa.
• Empresas:
-- tamanhos diferentes;
-- ramos de atividade diferentes;
-- sistemas de pagamento / recebimentos específicos;
-- linguagens e terminologias não necessariamente iguais;
-- numerado codificado de forma racional.
Maiores explicações?
As Contas Contábeis são a essência da Contabilidade, que já foi,
no passado, chamada de "Ciência das Contas". Sem as contas,
preferencialmente organizadas e escrituradas pelo método das partidas
dobradas (débito x crédito), os sistemas de informação que se utilizam
de dados empresariais devem ser denominados de Gerenciais ou
Administrativos - e não Contábeis.
CLASSIFICAÇÃO
PLANO DE CONTAS
Dentro de uma visão abrangente, as contas fazem parte de um sistema contábil, cujos
objetivos do ponto de vista da Estrutura de uma Entidade Contábil tanto podem ser inter-
nos quanto externos, o que torna este sistema de grande complexidade.
O primeiro passo para que as contas tenham como atender a maioria desses objetivos é
o de organizá-las em um Plano de Contas (também conhecido como Quadro de Contas
ou Estrutura de Contas). Antes do advento dos sistemas contábeis informatizados do tipo
ERP, nos quais se mesclam objetivos contábeis com administrativos, os planos de contas
eram elaborados para possibilitar uma eficiente análise de contas, ou seja, utilizava-se o
método cartesiano e racional da seguinte maneira:
PLANO DE CONTAS
Como você viu, o exemplo nos mostra a classificação da conta contábil no Grupo e no
Subgrupo, se a conta é sintética ou analítica, bem como indica a sua natureza (se é deve-
dora ou credora).
Diante do que foi apresentado, você já sabe da importância do plano de contas. Ele é
definido de acordo com as características individuais de cada empresa e tem uma padro-
nização numérica sintética e analítica.
• Captações dos fatos que alteram o patrimônio da entidade por meio das transações
e eventos realizados.
• Reconhecimentos dos fatos que alteram o patrimônio da entidade para definir os
critérios de classificação de acordo com os Princípios de Contabilidade.
• Sumarização dos dados.
• Evidenciação.
ATOS CONTÁBEIS
Exemplos:
FATOS CONTÁBEIS
Fatos Modificativos
Exemplos:
Fatos Permutativos
Fatos Mistos
FATOS CONTÁBEIS
PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE
CONVENÇÕES
Para uma melhor abordagem das premissas estabelecidas pelos Princípios de Contabilidade
no Brasil, a seguir apresentamos a Resolução 750/93, atualizada pela resolução
1.282/2010 do CFC.
Art. 3º Os arts. 5º, 6º, 7º, 9º e o § 1º do art. 10, da Resolução CFC nº 750/93, passam
a vigorar com as seguintes redações:
I - Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos
em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues
para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos
recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias,
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo
futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso
normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente,
descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário
para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade;
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liqui-
dado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favoreci-
mentos; e
II - para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações origi-
nais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que
permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e,
por consequência, o do Patrimônio Líquido; e
III - a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o
ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de
indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da
moeda nacional em um dado período."
Nota 2: o artigo 8º, em seu § único, e os incisos I, II e III, que tratavam do Princípio da
Atualização Monetária, foram revogados pela Resolução CFC nº. 1282/10.
ATENÇÃO
Quando analisamos a importância de uma infor-
mação, precisamos identificar a quem ela
interessa; e no caso de uma entidade, ela
pode interessar a vários agentes para diver-
sos interesses. Vejamos:
Para que você possa se manter atualizado quanto à apresentação das Demonstrações
Contábeis, orientamos que você acesse sites de empresas S/A (Sociedade Anônima) de
capital aberto, que estão obrigadas à publicação dos seus relatórios contábeis.
Muito fácil! Ao acessar o site, procure por Investidores ou Relação com o Investidor e click
em Relatórios Anuais.
Será muito interessante e você poderá conferir na prática o que os relatórios Balanço
Patrimonial e DRE-Demonstração do Resultado do Exercício, objetos de estudo para a
disciplina de Contabilidade Geral, propõem demonstrar.
Nos Relatórios Anuais, você terá ainda informações, tais como segmentos de negócios,
análise e perspectivas operacionais e financeiras, panorama geral da empresa, relatório da
administração sobre controles internos relacionados às demonstrações financeiras consoli-
dadas, parecer da auditoria independente, dentre outras relacionadas à empresa pesquisada.
SAIBA MAIS
Sempre que você precisar de informações sobre Relatórios Anuais de empresas que estão
obrigadas a publicarem suas demonstrações contábeis, recomendo que pesquise no endereço
da internet http://www.cvm.gov.br/ Por meio desse site da CVM-Comissão de Valores
Mobiliários, entidade que regulamenta e fiscaliza as companhias S/A de capital aberto, você
também poderá ter acesso às informações contábeis dessas entidades. Ao acessar, procure
por “Participantes do Mercado” e em seguida “Companhias Abertas”.
Rereferências
CMV-Comissão de Valores Mobiliários, Participantes do Mercado, Companhias Abertas,
Disponível em http://www.cvm.gov.br/, Acesso em 10 de jul. 2014
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Contabilidade
Geral
O lá, aluno(a), seja bem-vindo(a)! Neste módulo, vamos estudar três pontos importantes:
Primeiramente, vamos identificar os grupos de contas contábeis, em seguida aprender
de forma mais resumida o famoso, se não o mais importante assunto que envolve o
conhecimento contábil que é o método das partidas dobradas. Neste método, os termos
débito e crédito são utilizados na escrituração contábil para justificar a causa e o efeito dos
fatos ocorridos nas entidades. Finalmente, vamos entender a natureza das contas contábeis
(se devedora ou credora), e a movimentação de seu saldo nos razonetes.
Para introduzirmos o assunto, gostaria que refletisse sobre a seguinte questão: para cada
montante de débito, existe o mesmo montante de crédito reconhecido pela contabilidade
na escrituração contábil? Será que a Equação Patrimonial A = P + PL, que representa a
composição patrimonial, tem uma relação com essa questão?
Vamos lá então?!
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Identificar as contas contábeis patrimoniais e de resultado e a movimentação de seu saldo
nos razonetes, definindo, portanto, a sua natureza.
• Conhecer o método das partidas dobradas.
• Aprender a classificação nos razonetes, elaborar o balancete de verificação e levantar o
Balanço Patrimonial.
Introdução
A contabilidade brasileira tem vivido, a partir da exigência dos mercados de capital, gran-
des mudanças no cenário mundial, adotando um novo procedimento contábil harmônico
e possibilitando convergência na linguagem dos negócios.
Contas Contábeis
Contas Patrimoniais
São utilizadas para controle e apuração do patrimônio. São elas:
Contas de Resultado
• Contas de Receitas – são ganhos monetários obtidos pela entidade normalmente
oriundos das suas atividades;
• Contas de Custos – são gastos monetários resultantes da aplicação de bens e servi-
ços na produção de outros bens e serviços durante o processo produtivo;
Vamos refletir!
Bens, direitos, obrigações com terceiros, obrigações
com os sócios, receitas, despesas e custos.
Como identificá-los nas Demonstrações Contábeis?
Por meio do Patrimonial, evidenciamos informações relativas aos bens, direitos e obriga-
ções da empresa num determinado momento.
=Receita Líquida
CMV - Custo da Mercadoria Vendida
CSP - Custo dos Serviços Prestados
=Lucro Bruto
(-) Despesas Comerciais
(-) Despesas Administrativas
+ Receitas Financeiras
(-) Despesas Financeiras
Por meio da DRE, evidenciamos o resultado apurado num determinado período seja ele
mensal, trimestral, semestral ou anual. Observe que o relatório sugere uma forma deduti-
va de apuração do resultado por meio do confronto das receitas, depesas e custos.
CONTAS PATRIMONIAIS
Contas do Ativo
Entende-se por Ativo a aplicação de recursos da qual se espera a geração de benefícios
econômicos futuros. Pode-se dizer, também, que o Ativo representa, de forma estática,
os bens e os direitos da entidade, ou seja, tudo o que a empresa possui (caixa, máquinas,
prédios, terrenos, estoque, material de escritório etc.) e tudo o que lhe é devido (contas a
receber). As contas são apresentadas em ordem decrescente de liquidez, ou seja, o que
vai “virar” $ (moeda/disponível) mais rapidamente.
O Ativo aumenta de valor pelo reconhecimento contábil de uma receita, pela obtenção de
recursos com terceiros ou com sócios da entidade, ou pela venda de um outro ativo com lucro.
Essa equação pode ser entendida por meio do conceito de Origens e Aplicações. O
Passivo e o Patrimônio Líquido representam as fontes de recursos — origens — obtidas
pela empresa e o Ativo indica a destinação — aplicações — desses recursos.
Os bens são classificados como tangíveis e intangíveis. Bens tangíveis possuem existên-
cia física (por exemplo, máquinas), e os intangíveis não possuem existência física (por
exemplo: softwares e Marcas e Patentes).
Contas do Passivo
Entende-se por Passivo a origem de recursos financiados por terceiros, além das obriga-
ções assumidas pela entidade que exigirão desembolso de recursos no futuro, ou seja,
contas a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, entre outros. As contas são apresen-
tadas em ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, o que vence (pela data) primeiro.
São as contas de resultado que irão determinar o resultado do exercício (lucro ou preju-
ízo). Ao final de um período (mensal, trimestral, semestral ou anual), a entidade soma
• Lucro: somatório das receitas maior que o resultado do somatório das despesas e
custos.
• Prejuízo: somatório das receitas menor que o resultado do somatório das despesas
e custos.
Vamos pensar sobre o que já vimos até agora e refletir: Será que posso afirmar, por exem-
plo, que, no ativo, quanto mais contas eu tiver, mais ($) bens e direitos eu tenho?
Não necessariamente, pois esses bens e direitos podem estar a cada momento perden-
do valor, perdendo “preço” no mercado. Nesses casos, para os bens e direitos que não
podem ser convertidos em dinheiro ou crédito pelo valor que se apresentam nos saldos
contábeis, utilizamos das contas retificadoras:
Contas Retificadoras
As contas retificadoras de valores do Ativo e do Passivo
devem ser posicionadas no balanço patrimonial, logo abaixo
da conta a que se refere, ativa ou passiva, precedidas do sinal indicativo de subtração.
Uma das contas retificadoras do ativo circulante, mais precisamente redutora de Clientes
(Duplicatas a Receber) é a PCLD - Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa: significa
que parte dos direitos a receber de clientes podem estar improváveis de serem recebidos,
perdendo valor.
Débito Crédito
D – Despesa com PCLD $ 5.000
C – (-) PCLD (Prov.para Créd.de Liq. Duvidosa); $ 5.000
Outro Exemplo:
Uma das contas retificadoras do ativo não circulante, mais precisamente do imobilizado,
é a depreciação acumulada: significa que os bens tangíveis estão perdendo valor econô-
mico pelo uso, obsolescência ou desgaste.
Apresentação no Balanço:
Outros Exemplos:
No Passivo não existem muitas contas retificadoras. Vamos exemplificar: Prêmio pago na
emissão de Debêntures no momento da captação do recurso no qual o valor do custo do
deságio é lançado como redutor no passivo e apropriado quando incorrido.
Exemplo de Contabilização:
Débito Crédito
D – Caixa (pela captação líquida) $ 40.000
D – Custo a Amortizar (redutor do passivo) $ 10.000
C – Debêntures $ 50.000
Débito Crédito
D – Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido) $ 30.400
C – ARE-Apuração do Rsultado do Exercício (Resultado) $ 30.400
Outros Exemplos:
• Capital a Realizar.
• Ações em Tesouraria.
SURGIMENTO
A grande contribuição para a consolidação do Método das Partidas Dobradas teve sua
origem no Séc. XV, com o surgimento da fase lógica ou fase pré-científica, mais precisa-
mente no ano de 1494, na Itália, com o Pai da Contabilidade, Frei Luca Pacioli. O método
propõe expressar a causa e efeito do fenômeno patrimonial das entidades por meio dos
termos débito e Crédito.
A movimentação então dos débitos e créditos em relação à escrituração dos fatos ocorri-
dos nas entidades é processada pela contabilidade por meio dos chamados “Razonetes”.
RAZONETE
Nome da Conta
} Valores ($)
}
}
Portanto, para que você possa fazer um lançamento contábil corretamente, preliminar-
mente é preciso:
Uma Reflexão!
O Passivo e o PL representam obrigações, são origens, têm saldo credor, aumentam por
crédito e diminuem a débito, exceto as contas retificadoras.
Contas =
Passivo diminui aumenta Contábeis
P
Retificadora do Passivo (-) aumenta diminui Patrimoniais
Bilaterais
+
Patrimônio Líquido diminui aumenta
PL
Retificadora do Patrimônio Líquido (-) aumenta diminui
Receitas - aumenta Contas
Contábeis Lucro ou
DRE
de Resultado Prejuízo
Despesas e Custos aumenta - Unilaterais
Exemplo 1
Os sócios Sr. X e Sra. Y resolveram constituir uma Sociedade denominada “Cia Comercial
AVA”, e para tanto integralizaram em dinheiro um capital no valor de $ 100.000. Observe
então que será necessário abrir um razonete para cada conta contábil para escrituração
contábil do fato. Vamos então pensar no devedor e no credor da operação.
Não Circulante
Realizável de Longo Prazo Não Circulante
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível Capital Social 100.0000
Logo, podemos em primeiro lugar concluir que os sócios nesse momento são credores de
$ 100.000,00, e a entidade é devedora de $ 100.000,00, e ainda confirmar a composi-
ção patrimonial pela equação:
RAZONETES
Computadores e
Caixa (AC) Estoques (AC) Periféricos (ANC-Imob)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
(1) 20.000,00 2.500,00 (2) (4) 8.000,00 5.600,00 (6) (2) 2.500,00
(5) 4.500,00 500,00 (3) (3) 500,00
CMV Custo da
Lucro do Exercício (PL) Receita de Vendas (ARE) Merc.Vendida (ARE)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1.900,00 (c) 7.500,00 (5) (6) 5.600,00
A Sra. Margarida criou uma empresa, definindo seu investimento como sócia na conta
“Capital Social” em R$ 20.000,00. Esse recurso representa uma Origem que teve sua
Aplicação, total, em dinheiro na conta “Caixa”, no valor de R$ 20.000,00. Podemos
confirmar que o total de aplicação e origem está correto, no lançamento (1):
Comentário: A segunda conta foi precedida da letra "a". Essa letra é uma espécie de
divisor entre débitos e créditos. Significa que todas as contas antes da letra "a" foram
debitadas, e as que vêm em seguida foram creditadas. Outra forma de apresentação é o
deslocamento dos valores a débito para a direita e dos valores a crédito para a esquerda:
D - caixa 20.000,00;
C - capital Social 20.000,00.
A Sra. Margarida comprou à vista, por R$ 2.500,00, um computador. Neste caso, a saída
do dinheiro da conta “Caixa” representa uma Origem que teve sua Aplicação na conta
“Computador” no valor de R$ 2.500,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e
origem está correto, no lançamento (2):
A Sra. Margarida comprou também à vista por R$ 500,00, uma impressora, e a saída
do dinheiro da conta “Caixa” representa uma Origem que teve sua Aplicação na conta
“Impressora” no valor de R$ 500,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e
origem está correto, no lançamento (3):
A Sra. Margarida comprou à prazo, por R$ 8.000,00, flores para revenda. O reconheci-
mento da dívida com seu “Fornecedor” representa uma Origem que teve sua Aplicação na
conta “Estoque” no valor de R$ 8.000,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e
origem está correto, no lançamento (4):
A Sra. Margarida vendeu 70% de parte do estoque de flores por R$ 7.500,00, sendo que
recebeu à vista 60%, ou seja, R$ 4.500,00, e o restante a prazo: 60 dias. O reconheci-
mento da receita na conta de resultado “Receita de vendas” representa uma Origem que
teve sua Aplicação na conta “Caixa” no valor de R$ 4.500,00, e na conta “Clientes” no
valor de R$ 3.000,00, totalizando R$ 7.500,00. Podemos confirmar que o total de apli-
cação e origem está correto, no lançamento (5):
Observe nesse caso que a operação tem dois débitos para um crédito fechando a causa
e o efeito do fato.
Para que possamos conferir se todos os lançamentos foram feitos corretamente levanta-
remos o Balancete de Verificação.
Balancete de verificação
É a relação de contas com seus respectivos saldos, extraídos do livro razão num deter-
minado momento. O principal objetivo do balancete de verificação de saldo é aferir se os
lançamentos foram efetuados de forma correta, ou seja, se foram lançados corretamente
a débito e a crédito de acordo com a natureza da conta, sendo que ao final os saldos
devedores serão iguais aos saldos credores.
Vejamos:
Balancete Levantado em 31 de outubro de 20XX - Em MR$
Contas Contábeis Saldo Anterior Débito Crédito Saldo Atual
Caixa - 24.500,00 3.000,00 21.500,00 D
Clientes - 3.000,00 3.000,00 D
Estoques - 8.000,00 5.600,00 2.400,00 D
Computadores e Periféricos - 3.000,00 3.000,00 D
Fornecedores - 8.000,00 8.000,00 C
Capital Social - 20.000,00 20.000,00 C
Lucro do Exercício - 1.900,00 1.900,00 C
Note que todos os lançamentos dos fatos contábeis foram feitos corretamente e confir-
mados no balancete de verificação de acordo com a natureza da conta.
Balanço Patrimonial
No exemplo da Empresa Floricultura Margarida é Flor Ltda., o balanço patrimonial seria
apresentado da seguinte forma:
Investimentos
Patrimônio Líquido 21.900,00
Imobilizado 3.000,00 Capital Social 20.000,00
Computadores e Perif. 3.000,00 Lucro do Exercício Out -XX 1.900,00
Intangível
Validando o conhecimento!
O balanço patrimonial é uma das principais demonstrações contábeis que tem como
objetivo demonstrar a posição financeira de determinada entidade, de forma que as infor-
mações são utilizadas para analisar a geração de fluxo de caixa futuro.
É mesmo muito prazeroso trabalhar com a prática contábil, não é mesmo? Espero que
tenham gostado!
Referência
CARVALHO, Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio. Contabilidade Internacional. São Paulo:
ATLAS, 2006.
DIAS, Adriana. Os impactos positivos da nova lei S.A. Gazeta Mercantil, Caderno A. p. 3
Disponível em 24/01/2008
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
39
Contabilidade
Geral
Aplicações, Empréstimos
e Financiamentos
APLICAÇÕES,
EMPRÉSTIMOS E
FINANCIAMENTOS
APRESENTAÇÃO
C aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Neste módulo, você irá aprender que as empresas,
em períodos de sobra de caixa (valores disponíveis), aplicam esses recursos temporários
com a finalidade de ganhar juros e evitar a desvalorização dos recursos pela inflação e
em período de falta de caixa ou caixa disponível, as empresas vão ao mercado solicitar
empréstimos e financiamentos.
Em decorrência dessas estratégias adotadas pelas empresas, conheceremos os procedi-
mentos contábeis para escrituração e evidenciação dos fatos que envolvem aplicações
financeiras e empréstimos e financiamento.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Contabilizar os juros auferidos (receita financeira) e incorridos (despesa financeira) por
tempo incorrido, relativos às aplicações financeiras e empréstimos/financiamentos, respec-
tivamente, no período.
• Apurar o resultado confrontando receitas financeiras e despesas financeiras no período.
• Levantar e evidenciar os efeitos das receitas e despesas financeiras no Balanço Patrimonial.
Aplicações Financeiras
As aplicações financeiras são contas de natureza devedora, classificadas no Ativo
Circulante (até 12 meses) ou no Ativo realizável a Longo Prazo (acima de 12 meses)
denominadas Aplicações.
Os títulos de renda fixa dos bancos mais comuns são os CDBs (Certificados de Depósito
Bancário) e os RDBs (Recibos de Depósito Bancário). O que diferencia esses títulos é que
o banco pode resgatar o CDB antes do vencimento, se o cliente solicitar.
Já o RDB, por sua vez, deve ser resgatado apenas no vencimento. Os dois títulos podem
ser prefixados ou pós-fixados, e o Imposto de Renda Retido em Fonte é calculado sobre
o rendimento e a alíquota do IR varia entre 22,5% e 15,0% - dependendo do prazo de
aplicação.
Os CDBs prefixados não têm prazo mínimo obrigatório, porém não é viável fazer opera-
ções por prazo inferior a 30 dias. O resgate por prazo inferior leva ao pagamento de IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras), ou seja, quanto menor o prazo da aplicação maior
incidência de IOF. Com isso, há um desestímulo às operações de curto prazo. A mesma
regra vale também para os fundos de investimento.
Aplicações Prefixadas
No momento da aplicação, os valores já são conhecidos, ou seja, determinados. O inves-
tidor conhece exatamente o valor que renderá o seu investimento. Exemplo: O banco
oferece uma taxa de juros de 2% ao mês para uma aplicação em CDB.
Modalidades de empréstimos
Você já sabe que as modalidades das aplicações podem ser pré e pós-fixadas.
Vejamos: O conceito de pré e pós pode ser utilizado para ambos. A diferença está em
conhecer ou não previamente os valores para os juros da operação, e consequentemente
saber que aplicação financeira e empréstimo/financiamento são operações opostas.
Enquanto na aplicação o investidor possui recursos disponíveis e espera obter uma receita
financeira (ganho), no empréstimo, os recursos são de terceiros e sobre eles existe uma
despesa financeira.
TOME NOTA
Para conhecer a lei nº 11.033 na íntegra, clique aqui. 1
1 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/leis/2004/lei11033.htm
Vale lembrar que os CDBs prefixados não têm prazo mínimo obrigatório, porém não é
viável fazer operações por prazo inferior a 30 dias. O resgate por prazo inferior leva ao
pagamento de IOF maior, quanto menor o prazo da aplicação; portanto, para aplicação
financeira os resgates após 30 dias, não incide mais IOF.
Contabilmente, utilizamos a sigla “D+1” para designar o fato de não considerar o dia em
que investimos o dinheiro, e sim de considerarmos o dia do resgate para efeito de apura-
ção do rendimento financeiro.
Imaginando ter ocorrido somente essa operação no mês e sabendo-se que a empresa
tinha como saldo inicial em Bancos Conta Movimento e Capital Social o valor de R$
200.000,00, classifique a operação de aplicação no diário, nos razonetes, e levante o
Balanço Patrimonial em 31 de agosto de 20xx.
ATENÇÃO
(D+ 1) “Não se conta o dia da aplicação; conta-se o dia do resgate”.
b. No dia 31de agosto de 20xx, a Empresa ABC Ltda. fez o seguinte resgate:
Livro Diário
Pela Contabilização da Aplicação
01 de Agosto de 20xx Débito Crédito
D – Aplicações Financeiras (AC) 50.000,00
C – Bancos Conta Movimento (AC) 50.000,00
Aplicação financeira em 01 de agosto de 20xx para resgate em 31/08 de 20xx
Bancos Conta Mov. (AC) Apl. Financ. (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 200.000,00 50.000,00 1 1 50.000,00 50.697,50 3 200.000,00 si
3 50.697,50 2 697,50
202,50 900,00
Lançamentos:
si saldo inicial em 01 de agosto R$ 200.000,00
1 Aplicação Financeira em 01 de agosto R$ 50.000,00
2 Reconhecimento do Rend. e o IRRF em 31 de agosto R$ 900,00
(202,50)
Líquido R$ 697,50
3 Resgate da Aplicação em 31 de agosto R$ 50.697,50
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Transferência do Resultado para o PL
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado
E agora que você já relembrou e refletiu sobre o que determina o Princípio da Competência,
vamos realizar a Memória de cálculo dos rendimentos auferidos no mês 08/XX (receita de
juros) e do IRRF, para que possamos reconhecê-los em 31 de agosto de XX. Para controle
do rendimento total da aplicação no período, utilizamos uma conta contábil retificadora
do ativo circulante chamada “(-) Juros a Apropriar”.
Ah! Não se esqueça de que não haverá resgate da aplicação e do rendimento no mês de
agosto/XX; isso ocorrerá somente em setembro/XX.
Vejamos então como ficam as classificações das operações do Exemplo 2, nos razonetes,
e a representação no Balanço Patrimonial de 31 de agosto de 20xx!
Bancos Conta Mov. (AC) Apl. Financ. (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 300.000,00 100.000,00 1 1 100.000,00 328,35 4 300.000,00 si
2 2.000,00
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado
Bancos Conta Mov. (AC) Apl. Financ. (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 200.000,00 si 101.671,65 121,65 2 300.000,00 si
3 101.550,00
Lançamentos:
si Saldos iniciais em 01 de setembro (finais de 31 de agoxx)
1 Apropriação dos Rend. do mês set/xx R$ 540,65
2 IRRF sobre Rend. Mês set/xx R$ 121,65
3 Resgate da aplicação em set/xx R$ 101.550,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Transferência do Resultado para o PL
sf Saldos finais de 30 de setxx
Viu como as ocorrências vão tomando forma e fica fácil de serem evidenciadas no Balanço!
Livro Diário
Contabilização do empréstimo em 01/08/xx
01 de agosto de 20xx Débito Crédito
D – Bancos c/Movimento (AC) 28.963,10
D – Juros Passivos - Desp. Financ. (ARE) 1.000,00
D – Despesa com IOF - Desp, Financ. (ARE) 36,90
C – Empréstimo a pagar (PC) 30.000,00
100.000,00 sf sf 1.036,90
Lançamentos:
si Saldo inicial em 01 de agoxx R$ 100.000,00
1 Empréstimo contraído R$ 30.000,00
Juros Descontados (1.000,00)
IOF (36,90)
Líquido R$ 28.963,10
2 Pagamento do Empréstimo R$ 30.000,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado
ATENÇÃO
O prazo é de 60 dias (01/09 a 31/10).
Bancos Conta Mov. (AC) Empréstimos a Pagar (PC) (-) Juros a Trascorrer (PC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 40.000,00 1 1 3.000,00 1.500,00 2
1 36.901,60
100.000,00 sf sf 1.598,40
Por consequência de uma variação cambial ativa, temos uma Receita financeira decorren-
te da diminuição do valor da moeda. No caso inverso o de haver um aumento na moeda,
temos então uma despesa financeira.
Vejamos:
A empresa ABC Ltda. adquiriu um empréstimo em moeda estrangeira de U$ 60.000,00,
em 01 de setembro de XX, com vencimento em 01 de dezembro do mesmo ano, com
juros de 1% a.m, sendo que o dólar na data da assinatura do contrato era de R$ 1,90.
É importante que você perceba que, num empréstimo em moeda estrangeira, ocorre a
variação cambial, ou seja, normalmente há diferença do valor de uma moeda estrangeira
de um dia para outro. Exemplo: No dia 01/09 U$ 1,00 (Um dólar) está cotado a R$ 1,90
(um real e noventa centavos), no dia 30/09 U$ 1,00 está cotado a R$ 2,10 (dois reais e
dez centavos), então a variação cambial no dia 30/09 é R$ 0,20 (vinte centavos de reais).
VARIAÇÃO CAMBIAL
TOME NOTA
A variação cambial pode ser Ativa (Receita financeira) ou Passiva (Despesa financeira).
Se uma empresa está pagando um empréstimo em dólar, quando este aumentar, a dívida
também aumentará, e com isso a empresa terá uma despesa financeira, chamada de variação
cambial passiva. Porém, se ocorrer o inverso, ou seja, o valor do dólar cair, a empresa terá
uma receita financeira, chamada de variação cambial ativa, pois sua dívida diminuirá.
50.000,00 sf 13.260,00
Lançamentos:
si Saldo inicial em 01 de setxx R$ 50.000,00
1 Empréstimo contraído em 01 de setxx R$ 114.000,00
2 Variação cambial e Passiva em 30 de setembro R$ 12.000,00
3 Reconhecimento dos juros em 30 de setembro 1.260,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado
Referências
BRASIL. Lei 9.430 de 27 de dezembro de 1996: Código Congresso Nacional. Dispõe
sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o proces-
so administrativo. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/leis/
Ant2001/lei943096.htm Acesso em 25 nov. 2014.
IUDÍCIBUS, Sérgio de, et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.
63
Contabilidade
Geral
DESCONTOS DE
DUPLICATAS,
PCLD E
DESCONTOS
FINANCEIROS
Descontos de
Duplicatas, PCLD e
Descontos Financeiros
APRESENTAÇÃO
N este módulo, iremos aprender que a empresa pode buscar recursos nos bancos, por
meio da antecipação de recebimento de duplicatas que estão em aberto a receber
de seus clientes, e para tanto faz uso do procedimento contábil chamado “Duplicatas
Descontadas”. Conheceremos as condições para a constituição de perda para liquidação
duvidosa de títulos a receber de clientes já vencidos, cujos esforços para recebimento estão
praticamente esgotados.
Você acha interessante a empresa ter essa oportunidade? Esse procedimento traz benefícios
para as empresas no momento da apuração do resultado?
Essas e outras questões serão entendidas durante a leitura deste módulo. E então, vamos
iniciá-lo?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conhecer a mecânica contábil de Duplicatas Descontadas e sua conta contábil retificadora
de Juros a Transcorrer do Passivo Circulante.
• Compreender a mecânica contábil das contas retificadoras do Ativo Circulante, utilizando o
Regime de Competência para as contas contábeis: Receita Financeira a Transcorrer e PECLD
(Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa), bem como a reversão da PECLD.
Descontos de Duplicatas
O desconto de duplicatas é uma operação financeira em que a empresa entrega determi-
nadas duplicatas, originadas de suas vendas a prazo, para o banco, e este lhe antecipa o
valor em conta corrente, cobrando juros antecipadamente.
Embora a propriedade dos títulos negociados seja transferida para a instituição bancária,
a empresa é coresponsável pelo pagamento destes títulos em caso de não liquidação pelo
devedor. Neste caso, a instituição financeira leva a débito em conta corrente da empresa
o valor de face do título não liquidado.
TRATAMENTO CONTÁBIL
Os valores de face das duplicatas descontadas são registrados numa conta credora do
Passivo Circulante, que figura, por exemplo, no grupo de Financiamentos bancários a
curto prazo.
• É creditada, pelo valor de face dos títulos, no momento em que é efetuada a operação
de desconto, e a instituição financeira faz o crédito em conta corrente da empresa.
• É debitada no momento da liquidação do título pelo devedor ou quando a instituição
financeira leva a débito em conta corrente da empresa por falta de pagamento do
devedor.
CONTABILIZAÇÃO:
Exemplo: Suponhamos que uma determinada empresa opte por descontar alguns títulos,
ou seja, a empresa possui duplicatas a receber no montante de R$ 10.000,00, desconta-
das em um banco. Por essas duplicatas foram creditados na conta corrente R$ 9.000,00,
ficando retidos para a instituição financeira. R$ 1.000,00, dos quais R$ 300,00 a títulos
de despesas bancárias e R$ 700,00 como juros pela operação financeira. Logo, os fatos
contábeis devem ser registrados como se seguem:
Livro Diário
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(ARE) Contas de Resultado
Se no exemplo acima o cliente não efetuar o pagamento dos títulos que foram descontados
pela empresa, o banco cobrará a dívida que foi efetuada, e assim a empresa deverá registrar
a baixa do passivo, Duplicatas Descontadas, em contrapartida da conta de Bancos.
A Empresa ABC, após as vendas a prazo e de posse das duplicatas 001 e 002 emitidas
contra seus clientes, descontou-as em um banco conforme abaixo. Considerando que a
empresa tinha como saldo inicial de Bancos Conta Movimento e Capital Social o valor de
R$ 100.000, classifique as operações de desconto de duplicatas e a baixa pelo recebimento
das duplicatas pelo devedor. Vamos considerar que as vendas ocorreram no dia 01/08/xx..
Livro Diário
Pela Vendas a Prazo gerando as dupl. 1 e 2
Contabilização em 01/08/xx: Débito Crédito
D – Clientes (AC) 50.000,00
C – Receitas de Vendas (ARE) 50.000,00
Vendas a Prazo conforme duplicata 001 e 002, em 01/08/xx
Legenda: Lançamentos:
(AC) Ativo Circulante 1 Faturamento
(PC) Passivo Circulante 2 Desconto das Duplicatas
(PL) Patrimônio Líquido 3 Reconhecimento dos Juros do mës agoxx
(ARE) Contas de Resultado 4 Baixa pelo recebimento das duplicatas
si Saldo Inicial (a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL
A Empresa ABC, após as vendas a prazo e de posse das duplicatas 003 e 004 emitidas
contra seus clientes, descontou-as em um banco conforme abaixo. Considerando que a
empresa tinha como saldo inicial de Bancos Conta Movimento e Capital Social o valor de
R$ 100.000, classifique as operações de desconto de duplicatas e a baixa pelo recebi-
mento no vencimento da duplicata 003 pelo devedor. Vamos considerar que as vendas
ocorreram no dia 01/08/xx.
Data emissão Duplicata número Valor Bruto Encargos financeiros Valor Líquido Vencimento
01/08/XX 3 50.000,00 1.500,00 48.500,00 30/08/XX
01/08/XX 4 40.000,00 2.400,00 37.600,00 30/09/XX
Total 90.000,00 3.900,00 86.100,00
1 - Observe que, no exemplo 2, o vencimento da duplicata de número 0004 é para 30/09/XX e, conforme o
Regime de Competência, os juros serão proporcionais ao tempo incorrido (veja a memória de cálculo dos juros).
Livro Diário
Em agosto 20XX
Pelo Faturamento
Contabilização em 01/08/xx: Débito Crédito
D – Clientes (AC) 90.000,00
C – Receitas de Vendas (ARE) 90.000,00
Envio dos Títulos a receber, 003 e 004, para descontos bancários em 01/08/xx.
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado
Lançamentos:
1 Faturamento de 01 agosto de 20xx R$ 90.000,00
2 Desconto das Duplicatas em 01 agosto de 20xx R$ 90.000,00
Juros descontados no ato em 01 agosto de 20xx (3.900,00)
Líquido R$ 86.100,00
3 Reconhecimento do Juros do mês ago./xx R$ 2.700,00
4 Baixa pelo recebimento de dupl. 003 R$ 50.000,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL
Neste momento, a empresa faz o lançamento de baixa da duplicata descontada que não
foi quitada pelo cliente, tendo sido devolvida à empresa pelo banco.
Livro Diário
Em setembro 20XX
Na hipótese de o Cliente da duplicata 004 não pagar no vencimento
Pelo não pagamento do cliente da dupl. 004 ao banco
Contabilização em 01/09/xx: Débito Crédito
D – Duplicatas Descontadas (PC) 40.000,00
C – Banco conta movimento (AC) 40.000,00
Baixa em conta corrente referente à Duplicata 004, devolvida pelo banco.
No exemplo, a duplicata de nº 004 que não foi paga pelo cliente, portanto devolvida
pelo banco à empresa, faz parte do saldo de duplicatas a receber, entretanto já vencida,
não sendo possível novo desconto bancário. Para recebimento a empresa deverá tomar
procedimentos de cobrança. “Caso não haja “sucesso” por parte da cobrança, a empresa
deverá constituir uma PECLD – Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa”.
O cálculo deste valor varia de empresa para empresa, avaliando sempre a posição da
carteira de clientes: a data de vencimento dos títulos, o tempo médio de recebimento dos
títulos, os valores que apresentam em aberto, etc. Não há um valor fixo para efetuar a
constituição da PECLD; isto dependerá da avaliação gerencial e/ou fiscal, sendo que, para
ser dedutível na base de cálculo do IR, deverá atender a legislação pertinente.
IMPORTANTE
Conforme estabelece a Lei nº 94. 30/96 1
, Seção III, Art. 9º. , a empresa só poderá reco-
nhecera Despesa com PCLD como dedutível da base de cálculo do IR quando o título atender
ao disposto na legislação em vigor.
1 http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/ant2001/lei943096.htm
O recebimento de uma venda a prazo não é líquido e certo; a empresa está sujeita aos
riscos de recebimento de crédito. Dessa forma torna-se necessário estimar as perdas com
possíveis não recebimentos.
A perda estimada para créditos de liquidação duvidosa (PECLD) deve ser constituída pela
empresa que trabalha com vendas a prazo, com o objetivo de atender a mandamentos
dos princípios da prudência, competência e oportunidade, evidenciados na Lei 6.404/76,
conforme artigo 183, inciso I, alínea b, ou seja, deverá ser constituída a PECLD de valor
adequado, dada a real avaliação de cada título.
Exemplo - PCLD
PASSO 01:
Memória de cálculo
Como será a contabilização da conta Perdas Estimadas para Crédito de liquidação Duvidosa
(PCLD)?
PASSO 2:
E como ficariam os lançamentos das operações do exemplo acima nos razonetes e levan-
tamento do Balanço Patrimonial em 30 de junho de XX, considerando os saldos iniciais
em 31 de mar de XX de: Caixa R$ 20.000,00; Duplicatas a Receber R$ 750.000,00 e
Capital Social R$ 770.000,00. Vejamos a seguir!
Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado
São prêmios oferecidos pelo vendedor ao comprador, pelo pagamento antecipado de dívi-
das assumidas pela transação comercial (geralmente compra de mercadorias/produtos).
Por exemplo, suponha que a empresa ABC Ltda. vendeu a prazo mercadorias para a
empresa XYZ Ltda., no valor de R$ 10.000,00. Suponha que consta, na Nota Fiscal de
venda ou na duplicata, que o vencimento é para daqui a 60 dias, e que, no campo de
observações da NF de venda, consta a informação de desconto de 5% para pagamento
antecipado até 30 dias da data de compra.
Supondo que o comprador aproveitou o desconto e pagou com 30 dias, os lançamentos serão:
Pagamento ao Fornecedor ABC Ltda., tendo obtido desconto pelo pagamento atencipado.
Referências
BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007: Congresso Nacional. Altera e revo-
ga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7
de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas
à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm Acesso em 25 set. 2014.
IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica: Manual de contabilidade das
sociedades por ações. São Paulo: Frase Editora, 2010.
78
Contabilidade
Geral
OPERAÇÕES COM
MERCADORIAS
(ESTOQUES E CMV)
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Distinguir os critérios de apuração dos estoques por meio dos métodos Periódico e
Permanente;
• Empregar valores aos estoques quando estes são idênticos e adquiridos por preços diferentes
em momentos diferentes, e conhecer, pelo método permanente, os critérios para apuração do
CMV1, tais como: PEPS2, UEPS3, e CMP4 para a baixa das mercadorias pelas vendas.
Introdução
A relevância deste módulo vai além dos conceitos e contabilização do que seja estoque.
Nesse mundo globalizado, os estoques das empresas demandam atenção não só contábil,
mas de estocagem, administração, logística, controle, entre outras.
"Estoques são bens tangíveis ou intangíveis, sendo que a venda dos estoques tangíveis
é baixada integralmente da conta estoque em contrapartida do custo; já dos estoques
intangíveis, a baixa não é necessariamente reconhecida integralmente, pela possibilidade
de novas comercializações."
Portanto, para o conceito de estoque, podemos considerar:
ATENÇÃO
Estoques são ativos, bens tangíveis ou intangíveis, adquiridos ou produzidos pela empresa
com objetivo de lucro pela venda ou pela utilização nos processos de produção e manuten-
ção das atividades inerentes ao objetivo social. A baixa dos estoques tangíveis é efetuada
integralmente na conta estoque em contrapartida do custo; já no caso dos estoques intangí-
veis, a baixa não é necessariamente reconhecida integralmente, pela possibilidade de novas
comercializações.
Frete FOB (Free on board), que significa “Livre a bordo”. O comprador assume todos
os riscos e custos com o transporte da mercadoria, assim que ela é colocada a bordo
do navio ou caminhão.
Frete CIF (Cost, Insurance and Freight), que significa “Custo, Seguros e Frete”. O
fornecedor é responsável por todos os custos e riscos com a entrega da mercadoria,
incluindo o seguro marítimo e frete, até o destino designado pelo comprador.
Para a condição CIF, significa que o frete e o seguro são pagos pelo fornecedor, que
é responsável pela entrega até o local de destino.
No caso do FOB, o cliente é quem paga pelo frete e pelo seguro da mercadoria em
questão.
Aqui, começamos a avaliar os critérios para essa baixa. Vamos voltar ao CMV, que, como
você já sabe, representa o valor (para a baixa) atribuído às mercadorias que estavam no
estoque, mas que foram vendidas, negociadas pelo comerciante com os clientes. Este
valor é variável de acordo com a forma de controle do estoque – controle periódico
(controles a cada mês, trimestre, semestre ou ano que são contabilizados no final do
período de apuração) ou controle permanente (controles a cada entrada e/ou saída que
geram um registro contábil).
A escolha da forma de controle está relacionada, por exemplo, com a periodicidade das
informações no sistema contábil da empresa, do porte da empresa, da quantidade de
itens negociados e do volume das negociações. Os avanços tecnológicos e o aparelha-
mento fiscal dos governos (federal e estadual) têm colaborado para que as empresas
passem a controlar seus estoques periodicamente, uma vez que isso permite informação
em tempo real, evitando perdas de mercadorias, excesso de compras (excesso de aplica-
ção de recursos) ou mesmo a falta de mercadorias para reposição.
Primeiramente é importante saber o que é SPED. Segundo o Portal Sped (Receita Federal),
o Sistema Público de Escrituração Digital tem como objetivos:
Percebemos então que o governo pode nos acompanhar e fiscalizar quanto às questões
fiscais. Bom para nós, bom para nosso país!
Inventário Periódico
Nesta forma de controle do estoque, a contagem física para fins contábeis é realizada
periodicamente (mensal, trimestral, semestral ou anual) para a obtenção do valor do esto-
que final. Neste tipo de inventário, não há para cada compra, devolução de compra, venda
ou devolução de venda, o controle item a item do bem.
Com base neste saldo de estoque final, aplica-se a fórmula geral (horizontal) para cálculo
do CMV.
CMV = EI + CL - EF
Onde:
Controle Permanente
A adoção do Controle (inventário) Permanente exige o registro de toda e qualquer movi-
mentação ocorrida nos estoques, seja pela entrada (compra ou devolução de venda)
ou pela saída (venda ou devolução de compra), exatamente no momento em que elas
acontecem.
Custo de aquisição
O critério adotado para avaliação das mercadorias é o custo de aquisição. No Ativo circulante, o valor dos
Portanto, ao registrarmos as saídas, devemos identificar o valor de custo estoques é demonstrado ao custo
apurado pela empresa, quando da obtenção da mercadoria negociada. ou valor de mercado, dos dois
o menor. Estoques também são
apresentados pelo valor líquido de
provisões para perdas e quebras,
as quais são revisadas e avaliadas
quanto a sua suficiência.
Vamos, a partir de um
exemplo, avaliar os
métodos?
Este será o modelo da ficha de estoque que utilizaremos para estudarmos os métodos de
avaliação: PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado.
FICHA 1
Enunciado do Exemplo:
A Empresa EAD Comércio de Móveis Ltda. iniciou o mês de fevereiro/x8 com 15 unida-
des do produto Cadeira ABCD, em estoque, sendo que o custo unitário apurado é de R$
50,00. Durante o mês de março/x8, ocorreram algumas transações, conforme demons-
trado abaixo.
ATENÇÃO
Nosso Estoque Inicial = 15 unidades, cujo custo unitário é $ 50,00. Portanto, nosso Estoque
Inicial = $ 750,00, que deveremos considerar na nossa Ficha de Estoque e que veremos
então no exemplo.
Custo de Preço de
Comprador ou Quantidade
Data Transação Aquisição- Venda ($)
Fornecedor (unidades)
unitário ($) - unitário
Dia 02/03 Compra à vista 1234 Ltda1 10 55
Dia 15/03 Venda à vista 4567 Ltda 2
20 120
Dia 20/03 Compra a prazo 2468 Ltda3 8 58
Dia 31/03 Venda a prazo 3579 Ltda4 3 135
1 O valor da NF 1234 Ltda., de compra, é de $ 756,00 e foi adquirida à vista. Observe bem, pois você irá precisar
se lembrar desta informação, mais a frente para a contabilização, no tópico 3 - Mecânica contábil e elaboração
das demonstrações contábeis.
2 O valor da NF 4567 Ltda., de venda, é de $ 2.400,00 e foi vendida à vista - recebimento pelo caixa. Observe bem,
pois você irá precisar se lembrar desta informação, mais à frente, para a contabilização no tópico 3 - Mecânica
contábil e elaboração das demonstrações contábeis.
3 O valor da NF 2468 Ltda, de compra, é de $637,79 e foi adquirida à prazo. Observe bem, pois você irá precisar
se lembrar desta informação, mais à frente, para a contabilização no tópico 3 - Mecânica contábil e elaboração
das demonstrações contábeis
4 O valor da NF 3579 Ltda., de venda, é de $405,00 e foi vendida à prazo. Observe bem, pois você irá precisar se
lembrar desta informação, mais à frente, para a contabilização no tópico 3 - Mecânica contábil e elaboração das
demonstrações contábeis
Compra Líquida = é valor total das compras brutas de mercadorias adquiridas no período
mais frete e seguro, deduzidos os impostos recuperáveis sobre mercadorias e frete, os
descontos incondicionais obtidos, os abatimentos e devoluções de compras (líquidas). Na
Ficha de Estoque, reconhecemos então a Compra Líquida para determinarmos o valor de
entradas de mercadorias, ok?
Receita Líquida = Corresponde ao valor de receita bruta de venda deduzida dos tributos
indiretos (PIS, COFINS, IPI e ICMS) incidentes nas vendas. A receita líquida menos o
CMV é igual ao lucro bruto. Mas atenção! A Receita Líquida nada tem a ver com a nosso
assunto de Ficha de Estoque. Apenas citamos que dela deduzimos o CMV, que é apurado
e conhecido por meio da Ficha de Estoque.
Veremos alguns destes aspectos mais adiante em nossos exemplos de escrituração contá-
beis de operações com mercadorias.
IMPORTANTE
Observe que o preço de venda indicado no quadro acima só será utilizado para efeito de
reconhecimento da Receita de Vendas. O valor do CMV da venda é determinado pela Ficha
de Estoque.
Legenda:
a. Estoque Inicial
b. Quantidade de unidades adquiridas
c. Valor da compra líquida
d. Quantidades vendidas (baixadas)
e. CMV – custo das mercadorias vendidas
f. Quantidades em estoque final
g. Estoque final em valor ($)
Acompanhe!
Observe que inicialmente a empresa possuía 15 unidades de cadeiras ABCD em estoque,
tendo estas cadeiras, custo unitário de $ 50,00; consequentemente, o valor dos estoques
inicial em fevereiro/x8 correspondia a $ 750,00, ou seja: 15 cadeiras x $50,00.
No dia 02/03, a empresa adquiriu mais 10 unidades do mesmo produto, ao Preço de custo
Preço de custo de $ 55,00 cada uma; portanto o estoque passa a ser avaliado Preço de custo da compra
por $ 1.300,00, correspondendo a dois lotes de cadeiras. significa compra líquida.
No dia 15, a empresa vendeu 20 unidades de cadeiras ABCD. Como adota o método
Peps na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque, o valor a ser conta-
bilizado referente ao Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 1.025,00, ou seja, as 15
unidades de cadeiras ABCD, a $ 50,00 cada uma – totalizando $ 750,00, que estavam
em estoque no início do período, mais 05 unidades a $ 55,00 cada uma, totalizando
$275,00, que fazem parte das unidades adquiridas no segundo lote.
No dia 31, vendeu mais 03 unidades. O Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 165,00,
correspondente ao custo das unidades mais antigas no estoque da empresa. Portanto, após
esta venda (baixa do estoque), o valor do estoque corresponderá a $ 110,00, representado
por 02 unidades adquiridas por $55,00 cada (no dia 2) mais $ 464,00, referente às 08
unidades mais recentes, adquiridas a $ 58,00 cada uma, totalizando $574,00.
E como fica o cálculo e a demonstração do lucro bruto, para o CMV apurado pelo método PEPS?
Caso tenha alguma dúvida sobre a base de dados para o cálculo acima, consulte a
Tabela 1, dia 31/03; apresentada no início do exemplo.
UEPS (ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI), OU LIFO (LAST IN FIRST OUT)
Vejamos agora o mesmo exemplo apresentado anteriormente, sendo que a empresa adota
na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque o método UEPS.
Acompanhe!
No dia 15, a empresa vendeu 20 unidades de cadeiras ABCD. Como adota o método
UEPS na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque, o valor a ser conta-
bilizado referente ao Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 1.050,00, ou seja, todas
as 10 unidades adquiridas ao preço de custo de R$ 55,00, no dia 02, mais 10 unidades
do mesmo produto que estavam em estoque inicial, ao preço custo de $ 50,00 cada uma.
O estoque fica avaliado em $ 250,00, correspondente às 05 unidades remanescentes do
primeiro lote, adquiridas ao custo de $ 50,00 cada uma (lote mais antigo).
No dia 20, a empresa faz sua segunda compra de cadeiras ABCD representada por mais
08 unidades ao valor de $ 58,00 cada uma, e o estoque passa a ser avaliado a $ 714,00.
No dia 31, vende mais 03 unidades. O Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 174,00,
correspondente ao custo das unidades mais novas no estoque da empresa. Portanto, após
esta venda (baixa do estoque) o valor do estoque corresponderá a $ 540,00, referente às
05 unidades mais recentes, adquiridas em 20/03 a $ 58,00 cada uma, mais 05 unidades
adquiridas por $55,00 cada no dia 2.
Caso tenha alguma dúvida, da base de dados para o cálculo acima, consulte a Tabela 1,
dia 31/03; apresentada no inicio do exemplo.
ATENÇÃO
Preste bem atenção no valor de 167,07, pois você verá que ele será contabilizado na seção.
Vejamos!
No dia 15, a empresa vendeu 20 unidades de cadeiras ABCD. Como adota o método Custo
médio ponderado móvel na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque, o valor
a ser contabilizado referente ao Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 1.040,00, ou seja,
todas as 20 unidades foram baixadas ao preço custo de $ 52,00 cada uma.
No dia 20, a empresa faz sua segunda compra de cadeiras ABCD, representada por mais
08 unidades ao valor de $ 58,00 cada uma. O estoque passa a ser avaliado a $ 724,00
que representa 13 unidades, as quais passam a ter custo unitário de $ 55,69.
No dia 31, vende mais 03 unidades. O Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 167,07,
correspondente ao custo médio das unidades no estoque da empresa. Portanto, após esta
venda (baixa do estoque), o valor do estoque corresponderá a $ 556,93, referente às 10
unidades, que têm $ 55,69 como custo unitário.
E como ficam o cálculo e a demonstração do lucro bruto para o CMV apurado pelo méto-
do Média Ponderada Móvel?
2,805,00
Cálculo: 20 cadeiras vezes $120,00
Produção: 833,56 + 3 cadeiras a $135,00.
764,36
Refere-se ao valor do somatório do PIS
Preste bem atenção neste valor, pois oportunamente veremos a mecâ-
(1,65) % + COFINS (7,6%) + ICMS
nica contábil e elaboração das demonstrações contábeis, envolvendo (18%) %, totalizando = 27,25%, que será
as operações com mercadorias deste exemplo. aplicado sobre a receita bruta; portanto:
$2.805,00*27,25% = $764,36"
2,040,64
TOME NOTA É o resultado de receita bruta
menos as deduções da receita.
Reflita sobre essas considerações após observar os cálcu-
los apresentados anteriormente: 1,190,00
Apurado de acordo com a ficha de
• O método Peps, por levar para o Custo das Mercadorias estoque de acordo com o método.
Vendidas os estoques mais antigos, apresenta os
833,56
menores valores de CMV, enquanto o Ueps pelo siste- Considerando um ambiente inflacionário ou
ma de controle permanente, que leva os estoques um ambiente onde os recursos são limitados,
mais recentes, apresenta o Custo das Mercadorias os preços atuais tendem a ser maiores. Logo,
adotando o critério (Ueps), os custos das
Vendidas mais alto.
mercadorias vendidas, quando levados ao
• CMPM, por considerar a média das aquisições, apre- resultado, reduzem o resultado da empresa,
senta valores intermediários entre os dois métodos. se comparado com o Peps; daí porque o
fisco não o aceita. Afinal, ao reduzir o
• No caso das mercadorias que permanecem em esto- resultado, diminui a base de cálculo de IR e
que, o inverso ocorre. O saldo mais alto de estoque é CS, diminuindo a arrecadação. Portanto, dos
três critérios utilizados, a empresa deverá
o do Peps, enquanto o valor mais baixo é o do Ueps. adotar o CMPM, que apresenta o maior
CMV permitido legalmente a ser adotado.
Referências
BRASIL. Sistema Público de Escrituração Digital - Sped, Portal Sped Receita Federal.
Disponível em: http://www1.receita.fazenda.gov.br/sobre-o-projeto/objetivos.htm Acesso
em: 25 set. 2014.
IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NEVES, Silvério das. Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora,2004.
94
Contabilidade
Geral
OPERAÇÕES COM
MERCADORIAS
(CONTABILIZAÇÃO)
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Contabilizar as operações com mercadorias, vendas e seus respectivos impostos.
• Calcular a contabilização dos fatos de compras e vendas, apuração de resultado e levan-
tamento dos demonstrativos contábeis, tais como DRE - Demonstração do Resultado do
Exercício e Balanço Patrimonial.
• Conhecer a contabilização no Livro Diário das operações com mercadorias (Devolução de
compra e devolução de venda).
IMPORTANTE
Os valores de face das duplicatas descontadas são registrados numa conta credora do Passivo
Circulante, que figura, por exemplo, no grupo de Financiamentos bancários a curto prazo.
Aspectos Tributários:
Nos valores das compras, estão inclusos impostos (ICMS, PIS e COFINS) que incidirão
sobre as vendas também conforme alíquotas a seguir definidas:
• ICMS - 18%;
• PIS - 1,65%;
• COFINS - 7,6%.
Tendo em vista a empresa estar enquadrada no Lucro de acordo com a Receita Federal
Real, sobre o Resultado Operacional Antes dos tributos incidirão: 15% de IRPJ (Imposto
de Renda da Pessoa Jurídica) e 9% de CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro).
Para melhor compreensão da movimentação dos saldos iniciais, entradas, saídas e saldo
final dos estoques nas Fichas de Estoques, utilizaremos a seguinte Legenda:
a. Estoque Inicial
b. Quantidade de unidades adquiridas
c. Valor da compra líquida
d. Quantidades vendidas (baixadas)
e. CMV – custo das mercadorias vendidas
f. Quantidades em estoque final
g. Estoque final em valor ($)
ATENÇÃO
O melhor critério de apuração do CMV para empresa, definido para reconhecimento das
baixas no estoque pelas vendas, é o CMPM, pois dos três critérios utilizados é o valor que
proporciona um menor Resultado Antes do IRPJ e CSLL, observadas as condições legais
estabelecidas pelo regulamento do Imposto de Renda (RIR/99).
E por falar em IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social Sobre
o Lucro), para o exemplo em questão utilizaremos 15% e 9% respectivamente para os refe-
ridos impostos.
Então significa que, para todos os fatos, teremos sempre e somente um lançamento de
débito e um a crédito de mesmo valor?
Agora já podemos ver no Livro Diário a teoria sobre a causa e o efeito dos fatos, teoria
proposta pela técnica contábil, acontecendo na prática com o exemplo que estamos estu-
dando de operações com mercadorias. O que acham?
Razonetes - Contas do PL
Capital Social (PL)
Débito Crédito
10.250,00 si
10.250,00 sf
633,50
Após finalizarmos a classificação dos fatos nos razonetes, como forma de conciliarmos os
saldos das contas contábeis do estoque e do CMV apurados nos razonetes, basta você
consultar a ficha de estoque que utilizamos como critério para baixa das mercadorias
vendidas (CMPM). O total das saídas e o saldo final do estoque devem ser iguais aos
apurados nos razonetes. Confiram!
Observe na reprodução dos fatos a seguir nos razonetes, essa compensação acontecendo!
Balancete de Verificação
O Balancete de Verificação é um demonstrativo que relaciona cada conta com o respec-
tivo saldo devedor ou credor, de tal forma que, se os lançamentos foram corretamente
efetuados, de acordo com o Método das Partidas Dobradas, o total da coluna dos saldos
($) devedores tem que ser igual ao total da coluna dos saldos ($) credores.
Este balancete tem por objetivo confirmar se o método das partidas dobradas foi respei-
tado, evidenciando as contas de acordo com seus respectivos saldos e verificando a
igualdade entre a soma dos saldos devedores e credores.
Como podemos perceber, o somatório dos saldos devedores é igual ao somatório dos
saldos credores!
ARE
Apuração do Resultado do Exercício.
Finalizando então, pessoal, nosso exercício exemplo comentado, vamos ver como fica a
posição patrimonial da empresa após considerarmos as operações com mercadorias ocor-
ridas no mês de março de 20XX?
EaD Comércio de Móveis Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de março de 20XX
Ativo Circulante 12.605,92 Passivo Circulante 1.722,41
Caixa e Bancos Conta Mov. 11.644,00 Fornecedores 1.137,80
Clientes 405,00 ICMS a Recolher 254,02
ICMS a Recuperar - PIS a Recolher 23,28
PIS a Recuperar - COFINS a Recolher 107,25
COFINS a Recuperar - IRPJ a Pagar 125,03
Estoques (cadeiras ABCD) 556,92 CSLL a Pagar 75,02
Patrimônio Líquido 10.883,50
Capital Social 10.250,00
Lucro do Exercício 633,50
Total do Ativo 12.605,92 Total do Passivo + Patrimônio Líquido 12.605,91
Adaptado por: Edilamar Esteves
A = P + PL, temos diferença de R$ 0,01. Vocês veem algum problema nisso pessoal?
Claro que não! Irrelevante!
Você já saberia identificar algumas informações nos relatórios DRE e Balanço Patrimonial,
elaborados para a empresa EaD Comercial de Móveis?
Qual o valor da Receita Líquida?
Qual o valor do Lucro Bruto?
Qual o valor do Lucro Antes do IRPJ e da CSLL?
Qual o Lucro Líquido do Exercício?
Qual o valor do Ativo?
Qual o valor do Passivo?
Qual o valor do Patrimônio Líquido?
E se precisarmos identificar os recursos de terceiros, próprios e total a disposição da
empresa nesses relatórios?
Podemos chamar de uma situação inversa, exceto para a devolução de venda, para cuja
reversão devemos utilizar a conta de resultado “Devoluções”. Então, vejamos agora como
ficaria a movimentação das devoluções de compra e de venda no Livro Diário:
Referências
Exame de suficiência: uma abordagem histórica. Conselho Federal de Contabilidade.
Brasília: CFC, 2007.
IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.
108
Contabilidade
Geral
ATIVO NÃO
CIRCULANTE
Ativo não Circulante
APRESENTAÇÃO
Introdução
Para iniciarmos o estudo deste módulo, precisamos analisar como os critérios para a
classificação das contas dentro do ativo, se relacionam com os fatores: dinheiro, tempo
e intenção.
Em toda empresa, existe uma série de bens e direitos denominados Ativos dos quais não
há por parte da empresa a intenção de comercialização (venda) por um período previsível.
Isto significa anulação de seu grau de liquidez, da previsibilidade da realização (venda)
dos ativos, e portanto são classificados em Investimento, Imobilizado e Intangível. Para
melhor contextualização do conteúdo proposto para este módulo, de maneira abrangente,
apresentamos os grupos e subgrupos do ativo:
Investimentos
Classificaremos, de acordo com três critérios, o ativo investimento.
Pense e analise o porquê de uma empresa adquirir ações de outras empresas, ou seja,
trocar ativo disponível ($) por direitos.
Pensou?
Vejamos os motivos:
III - A diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aqui-
sição corrigido monetariamente, somente será registrada como resultado do exercício:
Art. 183.
d. dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decor-
rente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausên-
cia de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro:
1 - o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instru-
mento financeiro de natureza, prazo e risco similares;
2 - o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros
de natureza, prazo e risco similares; ou
3 - o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de
instrumentos financeiros.
§ 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado, intangível e diferido será
registrada periodicamente nas contas de:
a. depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto
bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou
obsolescência;
b. amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição
de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência
ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo
legal ou contratualmente limitado;
Perceba que avaliação de investimento é um assunto muito complexo e que você terá a
oportunidade de aprofundar esse tema em disciplinas de contabilidade societária e/ou
gerencial.
IMPORTANTE
Você sabe o que é valor justo? Conforme descrito na Resolução CFC nº. 1.139/08, "é o valor
pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio
e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da tran-
sação ou que caracterizem uma transação compulsória".
Imobilizado
Os bens e direitos aqui a serem estudados apresentam como características principais:
1º: a destinação para manutenção das atividades operacionais da empresa, que se trata
de bens ativos utilizados pelas empresas durante o seu dia-a-dia. Estes existem fisicamen-
te e podem ser vistos, tocados e sentidos.
2º: não apresentam grau de liquidez imediata – não estão disponíveis para venda imediata.
Simplificando e exemplificando:
As principais contas que agrupam o Imobilizado são:
• terrenos: onde estão localizadas as construções das entidades ou áreas livres (ruas);
• edificações: construções (obras) erguidas sobre os terrenos;
• máquinas e equipamentos: representam todo o conjunto dessa natureza utilizado no
processo de produção da empresa (torno mecânico, prensa, máquinas de solda, brita-
dor, condensador, entre outros);
• veículos: sendo de propriedade da empresa, podem ser de uso da administração,
vendas, transporte de cargas, entre outros;
• móveis e utensílios: representam todo o conjunto dessa natureza, com vida útil maior
que um ano e utilizado para a manutenção das atividades da empresa( cadeiras, mesas,
arquivos, estantes, dentre outros);
• instalações: abrange essa conta o conjunto dessa natureza que apresenta característi-
cas de serviços auxiliares, mesmo fazendo parte das construções/edificações (instala-
ções elétricas, hidráulicas, contra incêndio, comunicação, dentre outras);
• ferramentas: representam todo o conjunto de bens – ferramentas, utilizadas na manu-
tenção dos serviços e que tenham vida útil maior que um ano. É prática usual a
contabilização diretamente a débito em conta de resultado – despesa, quando o valor
unitário da ferramenta for “pequeno” (+/- $350,00);
Esses ativos são contabilizados pelo valor de aquisição e, por serem utilizados para
desempenhar as atividades das empresas, sofrem um desgaste pelo uso, obsolescência
e consequentemente uma desvalorização monetária, criando uma discrepância, ao longo
do tempo entre seu valor de aquisição e o seu valor real de mercado.
DEPRECIAÇÃO
É o reconhecimento contábil da perda do valor econômico dos bens tangíveis contabiliza-
dos no ativo imobilizado, pelo seu uso, tempo ou obsolescência. Observe que terrenos,
joias e obra de arte não sofrem depreciação, mas podem perder valor econômico pela
desvalorização de mercado, se assim existir.
Visando o ajuste entre o custo de aquisição e o custo real de mercado dos bens utilizados
pelas empresas, utilizamos o cálculo da depreciação destes bens.
Com o passar do tempo, o valor contabilizado na conta Veículos, de acordo com a nota
fiscal de aquisição, não se alterará; contudo, o veículo sofrerá uma desvalorização no seu
valor de mercado, pelo uso e/ou desgaste.
Você sabe como será feito o cálculo de depreciação deste bem? Vamos lá!
É visível a dificuldade de estabelecer uma fórmula que seja capaz de reproduzir fielmente
o comportamento dos valores de mercado dos bens, contudo, do ponto de vista técnico
descrito pelos fabricantes, é possível estabelecer o tempo estimado em que a empresa
poderá utilizar os serviços fornecidos por este bem, o que chamamos contabilmente de
vida útil do bem.
Estes cálculos, em que as parcelas mensais de depreciação possuem valores iguais, são
partes de uma fórmula chamada de Depreciação linear.
Vamos agora então partir da hipótese de que o veículo adquirido pela empresa EaD
Comercial ANC Ltda por R$ 60.000,00 (continuando nosso exemplo) tenha como valor
residual (valor pelo qual a empresa espera vendê-lo ao final do seu tempo de vida útil) o
valor de R$ 18.000,00, e seu tempo de vida útil seja de 5 anos.
Veja então como ficariam os lançamentos nos razonetes, relativos à compra e ao reconhe-
cimento da depreciação ao final do primeiro mês da aquisição, bem como a evidenciação
do fato no Balanço Patrimonial em 31 de janeiro de 20xx.
100.000,00 sf sf 700,00 -
No intuito de correção desta falha, criou-se um novo parâmetro no cálculo da vida útil: o
nº de turnos que o bem trabalha.
Aqui foi definido como turno o período de 8 horas de trabalho, o que limitou a 3 o nº de
turnos diários possíveis (8x3). Este parâmetro passou a incluir a fórmula de depreciação
linear como fator multiplicador, respeitando a tabela:
Uma máquina com vida útil estipulada em 10 anos, que é adquirida por R$ 60.000.00,
aplicada uma taxa de depreciação de 10% a.a.
Se a empresa consulta o mercado e estabelece que esse bem poderá ser vendido ao final
do seu tempo de vida útil por R$ 6.000,00 (Valor Residual), temos:
IMPORTANTE
A contabilização para a depreciação acelerada é a mesma da depreciação normal, ou seja:
Débito - Despesa com depreciação (resultado) a Crédito - Depreciação acumulada (ANC-
imobilizado - retificadora).
Vejamos agora então o que aconteceria com a situação patrimonial da empresa após a
venda de um ativo imobilizado depois do seu tempo de vida útil.
Suponhamos que a empresa EaD Comercial Ltda apresente, em seu Balanço Patrimonial
em 30 de novembro de 20xx (para fins de simplificação), os seguintes valores:
LIVRO DIÁRIO
Contabilização da venda do veículo
01 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – Caixa (AC) 7.000,00
C – Receita de Venda de Imobilizado (ARE) 7.000,00
Venda de veículo usado, à vista.
105.000,00 sf 2.000,00 sf
1º. Teríamos o aumento do dinheiro em caixa, contabilizado por meio do débito na Conta
Caixa, e em contrapartida teríamos a venda de um ativo imobilizado, que afetaria
positivamente o resultado por meio do crédito em Receita de Venda do Imobilizado
(Outras Receitas ).
Exemplo
E que, depois, resolva adquirir uma mina para extração do minério "X", sendo pago
R$ 1.000.000,00.
Se observarmos bem, notaremos que o valor pago refere-se a dois bens diferentes: a jazi-
da do minério "X" que será explorado e o terreno, que ao final da exploração poderá ser
vendido ou ter outra destinação (construções).
Neste caso, em nosso exemplo, a possança é 800 toneladas e o terreno foi avaliado em
R$ 200.000,00. O valor da aquisição foi de R$ 800.000,00 pela mina, que possui 800 t
do minério "X", portanto foi pago o valor de R$ 1.000,00/t.
Contabilizando:
Bancos Conta Mov. (AC) Terrenos (ANC Imob.) Mina Minério “X” (ANC Imob.)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 1.200.000,00 1.000.000,00 1 1 200.000,00 1 800.000,00
Exaustão Acumulada
(ANC Imob.) Capital Social (PL) Prejuízo Acumulado (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
45.000,00 2 1.200.000,00 si (b) 45.000,00
Intangível
Existem muitas discussões sobre o intangível. Ele é o mais novo subgrupo do
Artigo 179, VI
ativo não circulante, e foi criado pela Lei 11.638/07, conforme o artigo 179, VI. No intangível: os direitos que
tenham por objeto bens incorpóreos
São classificados no intangível os bens incorpóreos, que, como o próprio destinados à manutenção da
nome já diz não possuem forma física, sendo impossível tocá-los e senti-los, companhia ou exercidos com
porém devem ser mensuráveis, relevantes e precisos. Compreende contas de essa finalidade, inclusive o fundo
de comércio adquirido. (Incluído
difícil mensuração, que, quando apresentam vida finita, sofrem amortização pela Lei nº 11.638,de 2007).
de acordo com critérios pré-estabelecidos, levando em consideração o retor-
no financeiro e tempo.
Apesar dos critérios na escolha do método de mensuração, os ativos nem sempre estão
em consonância com seu real valor. Por esse motivo é que surgem instrumentos como
impairment (redução do valor recuperável do ativo). É o instrumento utilizado para adequar
o ativo a sua real capacidade de retorno econômico. O impairment é aplicado em ativos
fixos (ativo imobilizado), ativos de vida útil indefinida (goodwill), ativos disponíveis para
venda, investimentos e em operações descontinuadas.
Reflita comigo.
Primeiro, quero que imagine as marcas que você elege como melhores, quando falo de:
• sorvete,
• refrigerante,
• pizza,
• carro,
• hotel,
• sabão em pó,
• companhia aérea.
Esta relação com certa marca, no sentido de escolhê-la ou não é muito importante: é ela
que demonstra a distinção que fazemos ao optar por um produto ou outro, identificando
o bem ou serviço como distinto entre as empresas. Com isso reforçamos a imagem da
marca no mercado consumidor elevando seu valor, sua rentabilidade e demonstramos em
muitos casos a fidelidade para com ela. Isso é um intangível – tem valor, mas é difícil
mensurar.
Um dos maiores desafios das empresas neste mundo globalizado em que os clientes têm
acesso aos meios de comunicação, a dizer da internet e da TV, é manter e fazer crescer
o valor da sua marca. Para muitas empresas, a marca vale mais que seus ativos: dispo-
níveis, estoques, títulos a receber, ativos permanentes, entre outros ativos, a exemplo da
Microsoft e da Coca-Cola.
AMORTIZAÇÃO
A exemplo da desvalorização dos bens tangíveis (depreciação) e dos recursos minerais e
florestais (exaustão), os direitos adquiridos para utilização da própria empresa por perío-
dos definidos (limitados) perdem valor econômico pela redução (passar) do tempo, e sua
desvalorização é contabilizada pela amortização.
Exemplificando:
E que, depois, resolva adquirir por R$ 90.000,00 o direito sobre determinada “Marca Y”
de um produto, por um período de 10 anos por meio da assinatura de um contrato.
Então teremos R$ 9.000,00 de amortização anual para este direito – “Marca Y”, ou
seja, R$ 90.000,00/10 anos, que representará, consequentemente, o valor de R$ 750,00
(9.000,00/12 meses) de amortização mensal (ao longo destes 10 anos).
Neste caso, devemos levar em consideração o prazo contratual em que a empresa poderá
usufruir dos benefícios deste direito em análise.
LIVRO DIÁRIO
01 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – Marca -"Y" (ANC-Intangível) 90.000,00
C – Caixa/Bancos Conta Movimento (AC) 90.000,00
Aquisição do direito sobre determinada "Marca Y" de um produto.
1 http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC
Item 133. Foi eliminado pela Medida Provisória no. 449/08 o subgrupo Ativo Diferido;
conquanto possa ainda ser admitida a existência de saldos não amortizados nesse subgru-
po até sua completa amortização pelo prazo máximo que a Lei das S/A admitia (10 anos),
novos valores não mais podem a ele ser adicionados. Além dessa amortização, torna-se
necessário que os saldos existentes sejam também submetidos a revisões periódicas a
fim de verificar a sua recuperabilidade, nos termos do CPC 01.
Item 134. Os valores que eram anteriormente admitidos como despesas pré-operacionais
precisam agora ser reanalisados: se vinculados ao processo de preparação de máquinas e
equipamentos para estarem em condições de funcionamento, por exemplo, esses gastos
são agregados ao custo do próprio imobilizado, que deve incorporar todos os custos
vinculados à sua aquisição ou construção e todos os demais necessários a colocá-los em
condições de funcionamento (transporte, seguro, tributos não recuperáveis, montagem,
testes etc.). Os gastos relativos a atividades de administração e vendas, mesmo que
vinculados a treinamento, aprendizado etc. são considerados diretamente como despesas
do exercício. Os relativos às atividades até que a planta atinja níveis normais de operação
também são considerados como despesa do exercício.
Item 135. Os gastos com aquisição ou produção de softwares são ativados como ativo
intangível quando se trata de programas que têm vida própria, e que podem ser transferi-
dos de equipamentos ou até para outras empresas etc. Os que são ou vieram incorporados
a máquinas, equipamentos, veículos, edifícios e estão umbilicalmente a eles vinculados,
deixando de ter vida própria e não podendo ser transferidos ou vendidos individualmente,
têm seus custos adicionados aos ativos a que se vinculam.
Item 138. A Lei no. 11.638/07 trouxe a adição, à Lei das S/A, da menção de que as
depreciações e amortizações precisam ser efetuadas com base na vida útil econômica
dos bens. Como é sabido, não necessariamente essa era a prática no Brasil. Por isso, a
modificação nesses procedimentos é obrigatória.
Finalmente, você conheceu o significado de CPC e alguns itens daqueles CPC’s que abor-
dam normas e procedimentos relativos ao Ativo Não Circulante bem como do subgrupo
diferido (eliminado pela MP 449/08 do referido grupo).
Referências
BRASIL. Receita Federal. Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado. Disponível em: http://
www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2004/PergResp2004/pr469a482.htm.
Acesso em 02 fev. 09.
CFC - Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº. 1.139/08. Disponível em:
http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001139. Acesso em
25 out.14.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.
128
Contabilidade
Geral
PASSIVO -
CONCEITOS GERAIS E
FOLHA DE PAGAMENTO
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Contabilizar os fatos contábeis que alteram o grupo do Passivo, como compra a prazo de
mercadorias, empréstimos e a provisão da folha de pagamento, férias, 13º salário e seus
respectivos encargos sociais.
• Evidenciar, no Balanço Patrimonial, contas contábeis e seus respectivos saldos do Grupo do
Passivo, em especial os salários a pagar, encargos sociais, dentre outras contas contábeis
relativas à provisão da folha de pagamento.
O passivo significa as fontes financiadoras dos ativos de uma entidade. Desta forma,
podemos entender que as fontes financiadoras podem então aparecer na forma de direi-
tos de proprietários da empresa, quando nos referimos ao patrimônio líquido ou direitos
de terceiros exigíveis no futuro, como também quando nos referimos ao passivo circulan-
te e ao passivo não circulante.
Os passivos que representam as obrigações que a empresa assumiu por captar recursos
de terceiros, serão classificados em ordem decrescente de grau de exigibilidade.
Isso significa que a empresa deverá classificar o passivo por seu respectivo momento de
cumprimento do pagamento da obrigação assumida primeiro com aquele cujo crédito deve
ser liquidado primeiro. Veja por exemplo o caso dos Fornecedores (Duplicatas a Pagar).
Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguin-
tes critérios:
REFLITA
Como segregar o que devemos considerar como passivo circulante ou não circulante?
Quais os fatores determinantes para a classificação do passivo em: circulante ou em não
circulante?
Será que esta classificação é apenas o ciclo operacional da empresa? Primeiramente, você
sabe o que significa ciclo operacional de uma empresa?
Não se preocupe se você não tem todas as respostas agora. Ao final do módulo, teremos
respostas para estes questionamentos. Vamos analisar?
Continuemos a pensar...
Por ciclo operacional, podemos entender que seja o espaço de tempo em que uma enti-
dade adquire uma mercadoria até o momento da sua comercialização, isto é, tempo em
que a indústria adquire matéria-prima para o seu processo de industrialização até a sua
comercialização, ou seja, até que esta seja vendida ao consumidor.
Outro conceito também aceitável para definir ciclo operacional é o lapso temporal de
um ano. Imagine as operações realizadas por uma empresa que comercializa alimentos
(comercial), uma empresa que fabrica cimento (industrial) ou mesmo uma prestadora de
serviços de consultoria. O tempo médio entre as operações de compra e venda nunca
ultrapassa 365 dias, ou seja, um ano. Neste contexto, o ciclo operacional pode ser consi-
derado um ano, portanto tudo que exceder a 365 dias será considerado não circulante.
Agora imagine uma indústria naval. O tempo que esta empresa gasta para realizar seu
ciclo operacional é em torno de 4 anos, ou seja, é o espaço temporal gasto para se cons-
truir um navio, portanto tudo que exceder a 1460 dias será considerado não circulante.
Quando efetuamos uma compra de estoque, a prazo, com 60 dias para pagar, onde classifica-
remos essa obrigação de pagar alguém, como um fornecedor? Dentro do passivo circulante?
Se você respondeu que sim, muito bem! E agora, você consegue elencar algumas obriga-
ções fiscais do passivo circulante?
Vamos analisar?
Quando efetuamos uma venda, temos tributos a recolher. No caso de ser uma empresa
comercial, podemos citar o ICMS a recolher; numa empresa industrial, o IPI a recolher;
na prestação de serviço, podemos citar o ISSQN a recolher; sobre as operações finan-
ceiras, o IOF a pagar, entre outros, como as obrigações sociais mensais: INSS, FGTS,
em que a entidade reconhece mensalmente uma obrigação de pagar ao governo os
encargos sociais incidentes sobre a sua folha de pagamento.
Agora que já fizemos um breve comentário sobre algumas contas que compõem Tributos
IMPOSTO é uma das espécies de
o passivo circulante, vamos analisar algumas contas individualmente: tributos previstas no Código Tributário
Nacional, cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica,
FORNECEDORES NACIONAIS relativa ao contribuinte, ou seja,
para exigir imposto de certa pessoa,
No grupo de fornecedores, estão reconhecidas as obrigações assumidas com física ou jurídica, não é preciso que o
Estado lhe preste algo determinado.
terceiros de pagar em um momento futuro devido à aquisição de materiais,
matéria-prima e outros produtos. Usualmente, os fornecedores são segregados, quan-
do aplicável, em fornecedores estrangeiros e fornecedores nacionais. Dessa forma, as
compras efetuadas de um ativo, representando uma aquisição de mercadoria, de um bem,
possuem como contrapartida um compromisso com pagamento futuro, apresentado no
passivo circulante.
ICMS – 12%;
PIS – 1,65% e
COFINS – 7,6%.
A contabilização será da seguinte forma:
IMPORTANTE
É importante destacar que estamos considerando as recuperações de impostos incidentes
sobre esta compra, já que são tributos não cumulativos (estudados na aula 4 – ESTOQUE.),
que devem ser contabilizados a débito no ativo circulante, pois são um direito para a empresa
que adquiriu a mercadoria para revenda.
FORNECEDORES INTERNACIONAIS
Para os casos em que a compra foi realizada com um fornecedor estrangei- Variação cambial
ro, além da contabilização da compra a prazo, conforme o exemplo anterior, Entende-se variação cambial a
temos que considerar a obrigação a ser liquidada em moeda estrangeira. diferença entre o valor reconhecido
Quando do pagamento, essa obrigação terá que ser recalculada com base no e aquele montante pago na data do
pagamento, sendo que, se o valor
valor da moeda no dia do fechamento, sendo que a variação cambial, ativa ou for maior, teremos uma variação
passiva, deverá ser reconhecida no resultado. cambial passiva e se, ao contrário,
o valor ficar menor, reconheceremos
Veja os lançamentos contábeis para a classificação da compra de mercado- uma variação cambial ativa.
rias importadas e da variação cambial:
Quando falamos que vamos contabilizar uma folha de pagamento, temos que observar
vários procedimentos, pois a maioria deles afeta diretamente o resultado contábil da empre-
sa no período de apuração do lucro, o que implica observações de natureza fiscal.
Vamos agora avaliar as implicações que existem quando se fala do custo com mão-de-
obra no Brasil, lembrando que há outras variáveis para a avaliação do custo no Brasil.
É interessante, aluno(a), que você fique bem atento e já raciocine sobre cada contabiliza-
ção, à medida que avaliamos as seguintes informações:
Um dos mais significativos gastos que compõem o chamado “Custo Brasil” é, sem sombra
de dúvidas, o resultado de uma série de encargos, obrigações trabalhistas e tributos que
oneram a folha de pagamento e que foram criados para a proteção dos trabalhadores.
Esses encargos acabam por desestimular a contratação de empregados em todos os
níveis e setores de atividades produtivas. Por isso as empresas optam pelos altos níveis
de investimentos em automação, robotização e uso intensivo da informática, que acabam
tornando-se uma alternativa para as empresas na obtenção da necessária lucratividade,
ao invés da contratação de mão de obra.
Além de representar alto custo para os empresários, a complexidade das atuais leis traba-
lhistas resulta na existência de grande quantidade de ações movidas pelos trabalhadores
contra seus empregadores, o que exige uma cara estrutura da Justiça do Trabalho para a
solução de tais conflitos.
Vejamos:
Seguro de acidentes do
Analise atentamente as informações constantes nos quadros abaixo: trabalho
Acidente do Trabalho - Enquadramento
do Grau de Risco a partir da
Observações:
competência julho/97. A partir da
competência julho de 1997, tem-se
O percentual de contribuição relativo ao seguro de acidentes do trabalho, uma nova tabela para enquadramento
depende do grau de risco da atividade da empresa, como segue: de taxa de acidentes do trabalho
de acordo com o código CNAE
risco considerado leve 1%; (Classificação Nacional de Atividades
Económicas), o mesmo utilizado para
risco considerado médio 2%;
IR e RAIS (art. 158, do Decreto nº
risco considerado grave 3%. 2.173, de 05/03/97 - ROCSS). De
novembro de 1991 até junho de 1997,
Somam-se aos salários mensais os inúmeros gastos que oneram a folha de utilizava-se a tabela criada pela Lei
pagamento, como por exemplo: nº 8.212/91, regulamentada pelo
Decreto nº 356/91 e posteriormente
atualizada pela Ordem de Serviço nº
• encargos com as contribuições sociais;
57, de 20/11/92, DOU de 25/11/92.
• 13º salário, férias + 1/3 de férias;
Contribuições Sociais
• indenização compensatória de 40% sobre o saldo do FGTS; INSS - Instituto Nacional de
Seguridade Social - parte da empresa.
1 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/Livro2.htm
• Sebrae (0,6%);
• Senai ou Senac (1%);
• Incra (0,2%);
• Salário-Educação (2,5%), e
• Sesi ou Sesc (1,5%),
• totalizando 5,8% sobre o total da folha de pagamento.
Do empregado
Tabela de contribuição para INSS do empregado – Tabela Atualizada (pode ser obtida a
partir do site do Ministério da Previdência Social2.
2 www.mpas.gov.br
Salário-Família
O valor para remuneração da cota do salário família será pago ao empregado que tiver
remuneração limite conforme valores definidos em 2014 (que poderão ser atualizados
pelo site do Ministério da Previdência Social).
Além do INSS, a empresa tem a obrigação legal de apurar, descontar e recolher à Receita
Federal do Brasil o Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF sobre os salários dos funcio-
nários, de acordo com o quadro abaixo:
Sendo assim, conforme descrito na legislação Instrução Normativa RFB no. 1.142, de 31
3 www.receita.fazenda.gov.br
“Art. 4º O recolhimento mensal obrigatório (carnê-leão) das pessoas físicas, relativo aos
rendimentos recebidos nos anos-calendário de 2011 a 2014 de outras pessoas físicas ou
de fontes situadas no exterior, será calculado com base nos valores das tabelas progres-
sivas mensais constantes no art. 2º.
......
III - as contribuições para a Previdência Social da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios; e
§ 2 º As deduções referidas nos incisos I a III do § 1º somente podem ser utilizadas quan-
do não tiverem sido deduzidas de outros rendimentos auferidos no mês, sujeitos à tribu-
tação na fonte.”
ATENÇÃO
Quando a fonte pagadora não for responsável pelo desconto das contribuições a que se refe-
re o inciso IV, os valores pagos a esse título podem ser considerados para fins de dedução
da base de cálculo sujeita ao imposto mensal, desde que haja anuência da empresa e que o
beneficiário lhe forneça o original do comprovante de pagamento.
Por isso, quando a empresa não deposita (recolhe) aos cofres públicos, ela está se apro-
priando indevidamente (Apropriação indébita.) do recurso, pois cabe a ela somente a
responsabilidade de descontar do empregado para recolhimento ao fisco. Portanto, a
empresa é apenas depositária temporariamente desse desconto; ela é a responsável pelo:
No caso de despedida do empregado pela empresa sem justa causa, o empre- Sem justa causa
gador pagará multa de 50% sobre o saldo da conta vinculada do trabalha- A Lei Complementar nº. 110, de
dor na Caixa Econômica Federal, que deverá fornecer o respectivo extrato a 29 de junho de 2001, no seu art.
tempo para a homologação da rescisão do contrato de trabalho. 1º, prevê uma contribuição
social devida pelos empregadores, a
partir de 29 de setembro de 2001,
Vejamos um exemplo simplificado de contabilização no Livro Diário da folha
em caso de despedida de empregado
de pagamento já apurada, lembrando que não vamos fazer as provisões de sem justa causa, à alíquota
férias, 13º salário e encargos sobre as provisões: de 10% sobre o montante de todos
os depósitos devidos, referentes
ao FGTS, durante a vigência do
contrato de trabalho. Portanto, nos
casos de demissões injustificadas,
Exemplo da Contabilização o empregador pagará, além dos
demais direitos trabalhistas, um
da Folha de Pagamento adicional de 50% incidente sobre
o valor dos depósitos de FGTS
devidos durante todo o contrato de
A Companhia ABC apresentou a apuração da Folha de Pagamento, no trabalho rescindido, ou seja, uma
multa de 40% ao empregado e uma
montante de R$ 25.000,00, a ser pago até o 5° dia útil do mês subsequen- contribuição social de 10% destinada
te. A empresa contribui com: ao custeio do pagamento dos
mencionados expurgos inflacionários.
• O valor descontado dos empregados como contribuição ao INSS foi
de $ 2.250,00 (considerados os 9% sobre as remunerações"); como retenção de
IRRF $750,00 (valor aleatório, pois para cálculo correto, dependeríamos de segregar
os salários) e de vale transporte foi de $ 500,00 (valor aleatório, pois para cálculo
correto, dependeríamos de identificar a base de cálculo de cada empregado).
Veja:
1 – O reconhecimento da despesa com salários:
Débito Crédito
D – Despesas com Salários (ARE) 25.000,00
C – Salários a Pagar (PC) 25.000,00
Provisão da despesa com salários do mês, conforme a folha de pagamentos
FGTS
Débito Crédito
D – Despesas com FGTS (ARE) 2.000,00
C – FGTS a Recolher (PC) 2.000,00
Conforme resumo da folha de pagamento do mês XX/YY
A conta salários a pagar irá apresentar, no balanço patrimonial, o saldo final Crédito
de todos os lançamentos a crédito ou a débito desta conta. Exemplos de lançamentos a credito:
aumentando o saldo da conta - salários
Considere que, nesse exemplo em que a despesa com salário foi de + hora-extra + ajuda de custos,
$25.000,00, houve R$ 3.500,00 de descontos dos empregados, sendo eles: salário-família, entre outros proventos.
2 - O INSS
Débito Crédito
D – INSS a Recolher (parte empregado) (PC) 9.200,00
C – Banco Conta Movimento (AC) 9.200,00
Pagamento do INSS provisionados do mês, conforme cheque nº 2345, Banco ABCD.
3 – FGTS
Débito Crédito
D – FGTS a Recolher (PC) 2.000,00
C – Banco Conta Movimento (AC) 2.000,00
Pagamento do FGTS provisionado do mês, conforme cheque nº 2345, Banco ABCD.
Trata-se de uma empresa comercial denominada EaD Comercial Folha Ltda cujo Balanço
Patrimonial levantado em 31 de agosto de 20xx apresentou saldos de Caixa e Capital
Social no valor de $ 100.000,00 e admitiu dois empregados, Sr. Fulano A e Sr. Fulano
B. Ambos foram admitidos em 01 de setembro de 20xx e informações nas contratações
são as seguintes:
Folha de Pagamento
Empresa: Comercial EaD Folha Ltda
Ficha Financeira - 20xx
Funcionário Fulano A
Admissão 01/09/20xx
Salário Base R$ 4.250,00
Função Gerente Administrativo
Dependentes 2 (menores de 14 anos)
Vale-Transporte valor gasto R$ 206,80
VT (dos dois o menor) 6% s/ salário R$ 255,00
set/20xx
Proventos
(a) Salários 4.250,00
(b) Salário-Família -
Total dos Proventos 4.250,00
Descontos
(c) INSS 467,50
(d) IRRF 178,43
(e) Vale-Transporte 206,80
Vale-Refeição -
Adiant. Salário -
Total dos Descontos 852,73
Líquido 3.397,27
FGTS 8,00% 340,00
IR Base de Cálculo 3.423,08
Adaptado por: Edilamar Esteves
Preste bastante atenção no valor de $ 4.093,89, pois ele deverá ser o nosso saldo de
Salário a Pagar no Balanço Patrimonial que levantaremos em 30 de setembro de 20xx.
Considerando que a empresa também tem seus encargos sobre a folha, ou seja, INSS
(parte empresa) e o FGTS a recolher sobre os salários, então vejamos, a seguir, a memória
de cálculo da GPS (Guia da Previdência Social) e o valor do FGTS (Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço).
Já o FGTS sobre a folha, a empresa irá reconhecer como despesa no resultado e a pagar
no Passivo.
Não podemos deixar de reconhecer que, uma vez os funcionários tendo trabalhado duran-
te o mês de setembro/xx, a contabilidade deve reconhecer, segundo o princípio da compe-
tência, 1/12 de férias + encargos bem como 1/12 do 13º salário + encargos no fecha-
mento. Então vejamos a memória de cálculo para o levantamento dos valores:
Podemos perceber que o valor referência, para reconhecermos 1/12 de férias + 1/3 sobre
férias (valor acrescido no valor de férias previsto em Lei), é o salário do funcionário.
O mesmo acontece com o valor apurado do FGTS, pois iremos reconhecer 1/12 de 13º
salário, cujo valor referência é o salário do funcionário.
FGTS a Recolher (PC) Férias e Encargos a Pg. (PC) 13º e Encargos a Pg. (PC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
397,92 (7) 552,67 (8) 414,50 (11)
153,64 (9) 115,23 (12)
44,21 (10) 33,16 (13)
397,92 750,52 562,89
8.068,10 250,24
7.817,86 7.817,86 (g)
Referências
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Inicial – Central de serviços ao segurado:
Formas de Contribuição: Empregado. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/
inicial-central-de-servicos-ao-segurado-formas-de-contribuicao-empregado/. Acesso em
10 out. 2014.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.
150
Contabilidade
Geral
Passivo – Impostos
Indiretos
PASSIVO – IMPOSTOS
INDIRETOS
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Diferenciar impostos indiretos de impostos diretos.
• Entender o que representa cumulatividade e não cumulatividade de impostos e a quais esfe-
ras governamentais estão vinculados.
• Conhecer quais impostos incidem sobre as receitas de vendas de produtos, mercadorias e
de serviços, como por exemplo: ICMS, ISS, PIS e COFINS.
Introdução
Você já pensou como é que as empresas apuram os tributos que elas têm que pagar sobre
a receita de venda de mercadorias e serviços e como é que elas são tributadas perante o
imposto de renda?
Quando nos deparamos com essas questões, estamos diante da apuração dos tributos
indiretos e diretos, sendo que os tributos indiretos são: ISSQN, IPI, ICMS, PIS e COFINS;
já os tributos diretos são: IR e CSLL.
Detalhando o exemplo:
Valor da compra: R$ 1.000,00
ICMS sobre compra (18% s/$1.000) R$ 180,00
Valor da venda: R$ 3.000,00
ICMS sobre venda (18% s/$ 3.000): R$ 540,00
Imposto a Recolher (ICMS.) (R$ 540 – R$ 180): R$ 360,00
Observamos que a empresa recolhe o ICMS sobre o que excedeu, ou seja, 18% sobre R$
2.000,00 (Valor da venda $3.000,00 - valor da compra $ 1.000.); portanto, no PC – ICMS
a recolher, teremos o saldo de R$ 360,00.
Para controle contábil dos valores a recolher do ISSQN, a escrituração fiscal Retenção
dos possíveis créditos oriundos das retenções na conta do ativo circulante A retenção fonte do ISSQN é
– do ISSQN a compensar, será confrontada pelos valores contabilizados no uma forma de lançamento por
homologação, que desconta do valor
passivo circulante – ISSQN a recolher – e o saldo será pago no mês seguinte
a ser pago pela prestação do serviço
à apuração. o valor correspondente ao imposto
incidente naquela prestação de
As alíquotas são variáveis (dependendo do tipo de serviços, elas variam até serviços. Ou seja, o valor a receber
a alíquota máxima de 5%) e, por ser um imposto de competência municipal, pelo serviço prestado será líquido
estará sujeito à legislação de cada município. uma vez que o imposto já foi retido
pelo tomador que tem a obrigação da
retenção e do recolhimento do tributo.
IMPORTANTE
Veja abaixo a apresentação resumo de algumas informações importantes sobre o ISSQN:
• Competência: Municipal;
• Apuração: Mensal;
• Contribuinte: Pessoa Física ou Jurídica - prestador de serviço com ou sem estabelecimento;
• Fato gerador: conforme tabela específica, como exemplo, temos a prestação de servi-
ços de consultoria, de assessoria, de cessão de mão de obra, de projetos, administração
de bens móveis e imóveis, locações, limpeza e conservação, serviços médicos, audito-
ria, entre outros;
• Alíquota: Conforme lista de serviço – Lei Complementar 116/20031
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm
O atual sistema tributário brasileiro prevê, em seu elenco de impostos, o ISSQN, cujas
características gerais estão previstas na Constituição Federal de 1988, como também em
leis complementares, que serão o nosso objeto de estudo.
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm
Assim, os Municípios são dotados de privatividade para criar o ISSQN, o que, por via
oblíqua, implica a exclusividade e consequente proibição de seu exercício por quem não
tenha sido consagrado com esse direito; ou seja, o Município.
a. contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitui
o fato gerador;
b. responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decor-
ra de expressa disposição de lei.
E o que é Contribuinte?
Contribuinte é considerado a pessoa que mantém relação pessoal e direta com a respec-
tiva materialidade, e que realiza o fato gerador voluntariamente.
No que diz respeito ao ISSQN, portanto, o contribuinte, sujeito passivo da relação jurídica-
-tributária, será a pessoa, jurídica ou natural, que prestar serviços de qualquer natureza,
com exceção dos serviços de transporte interestadual e intermunicipal, e de comunica-
ção, que seriam de competência estadual e distrital, nos termos do art. 155, II da CF/88.
Exemplo:
Quando lemos no Decreto Lei nº 406/68 – que dispõe em seus artigos 8º e 10º – o seguinte:
Parágrafo único – Não são contribuintes os que prestam serviços em relação de emprego,
os trabalhadores avulsos, os diretores e membros de conselhos consultivo ou fiscal de
sociedades".
Atualmente, a lista de serviços tributáveis pelo ISSQN está disposta na Lei complementar
nº 116, de 31.07.20033, que contêm tipos de serviços diferentes, todos submetidos à
tributação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.
2 http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/1999/Inf_Gerais/Sujeito_Passivo_da_Obrigacao_Tributaria.htm
3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm
Contribuinte - ISSQN
É importante ressaltar que o contribuinte é um elemento para o qual, dependendo da "espé-
cie" de tributo, há um conceito específico. No caso do ISSQN, é o prestador dos serviços
previstos na lista de serviços determinada pela lei complementar Nº 116, de 31/07/2003.
Vale ressalvar que a pessoa que realiza serviços para si própria não é contribuinte do
ISSQN. Na hipótese, não há circulação econômica do serviço pois este é prestado para a
própria pessoa.
No âmbito do ISSQN, a CF Art. 156, § 3º, inc. I estabelece que cabe à Lei complementar
fixar as alíquotas máximas. A lei complementar nº 100, de 22.12.1999, em seu art. 4º,
estabelece a alíquota máxima de 5% (cinco por cento) a ser observada pelos municípios
para a cobrança do ISSQN.
Imunidade -ISSQN
A imunidade consiste na exclusão de competência das pessoas políticas de direito público
(abrangendo os municípios) para instituir tributos, relativamente, a determinados atos,
fatos, pessoas, estados e situações, expressamente previstas na Constituição Outorga
Federal. Do mesmo modo, outorga competências para instituir tributos sobre O governo concede aos entes
determinadas materialidades. A própria Constituição também estabelece tributantes (união, estado e municípios)
o direito de legislar sobre tributos
outras específicas situações que são afastadas dos gravames tributários.
de acordo com as competências.
No que diz respeito ao ISSQN, para efeitos de imunidade constitucional,
devem ser considerados os instrumentos que transmitem ideias, conhecimento, cultura,
sem índole comercial, podendo, ainda, ser considerados, além dos livros, jornais e perió-
dicos, os cd-rom, disquetes, fitas-cassetes, desde que sejam instrumentos de divulgação
de pensamentos e visem desenvolvimento da cultura.
Por exemplo: a Lei Municipal de Belo Horizonte, Lei 8.725 de 30/12/20035, em seu art.
20, atribui ao tomador de serviços no município de Belo Horizonte, mesmo que estes
serviços gozem de imunidade, a responsabilidade pela retenção e recolhimento do ISSQN.
"Art. 20 - São obrigados a proceder à retenção na fonte e recolher o ISSQN retido, devido
neste Município, relativo aos serviços tomados:
....
4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm
5 http://www.fazenda.pbh.gov.br/internet/legislacao/formkey.asp?key=542
ICMS
O ICMS é um imposto que possui muitas particularidades no que diz respeito ICMS
ao fato gerador, que envolve a circulação de mercadorias. Quando determi- Imposto sobre operações relativas
nada empresa, comercial ou industrial, compra qualquer mercadoria, o ICMS à circulação de mercadorias e
já estará incluso no preço que será pago ao fornecedor. Da mesma forma, sobre prestações de serviços
de transporte interestadual,
quando a mercadoria for revendida, o preço de venda que será pago pelo intermunicipal e de comunicação.
cliente deve também incluir a parcela correspondente ao ICMS.
Para que as empresas possam controlar o ICMS incidente nas diversas compras e nas
diversas vendas, a legislação estabeleceu a obrigatoriedade da escrituração dos livros
fiscais, com a estrita observância das normas específicas, independentemente da obriga-
toriedade da escrituração dos livros e documentos contábeis.
SAIBA MAIS
Tributo de competência dos Estados e do Distrito Federal, conforme a Lei Complementar
102/20001.
1 http://www.normaslegais.com.br/legislacao/tributario/lc102.htm
Para controle contábil dos valores, existem três livros fiscais: os Livros Fiscais de Saída,
Entrada e Apuração do ICMS. Neles, estão as informações necessárias para apuração do
6 http://www.pbh.gov.br/bhissdigital/portal/index.php?content=des/apresentacao.php
IMPORTANTE
Veja abaixo a apresentação resumo de algumas informações importantes sobre o ICMS:
• Competência: Estadual;
• apuração: Mensal;
• Contribuinte: Pessoa física ou jurídica que utilize de operações com circulação de merca-
dorias, importação, prestação de serviço de transporte interestadual, ou intermunicipal
e serviço de comunicação;
• Fato gerador: Momento em que realize operações com circulação de mercadorias (O
ICMS incidirá sobre as vendas, sem o IPI), prestação de serviço de transporte, comuni-
cação e/ou importação;
• Alíquota: Interna de 17% ou 18%, interestadual – variável de 7% a 12%.
Para melhor fixação dos conceitos sobre a inclusão ou não do IPI na base de cálculo do
ICMS, vamos considerar que uma empresa que atua no ramo de atividade de importação,
exportação, industrialização, montagem e comercialização de máquinas e acessórios para
informática em geral, se é contribuinte do IPI e do ICMS, vende seus produtos de infor-
mática a diversos destinatários "contribuintes - identificados com inscrição estadual e
CNPJ/MF" e "consumidores - não identificados", localizados dentro e/ou fora do Estado.
7 http://www.normaslegais.com.br/legislacao/tributario/lc87.htm
Nas demais operações, para destinatários contribuintes, cuja atividade não esteja explícita
em sua razão social ou denominação (coerência com o produto), a base de cálculo do
ICMS deve contemplar o valor do IPI. Entretanto, quando a operação for efetivada com
produto não destinado à industrialização ou à comercialização e/ou ainda entre contribuin-
tes e não contribuintes (aquisição de mercadorias para seu próprio uso ou consumo ou,
ainda, para integrar seu ativo fixo), o IPI deverá ser incluído na base de cálculo do ICMS.
É oportuno lembrar que a base de cálculo a ser adotada pela empresa deve corresponder
à verificada por ocasião da saída da mercadoria. Isso porque, se posteriormente o adqui-
rente der outro destino à mercadoria, não obriga a empresa vendedora a rever o valor
cobrado a título de ICMS.
Alíquotas - ICMS
A alíquota interna é determinada individualmente em cada Estado pela legislação estadual.
As alíquotas interestaduais são definidas pelo Senado Federal; são, inclusive, instrumen-
to de política tributária para proteção dos Estados consumidores. Assim, sempre que o
destinatário da mercadoria ou do serviço for contribuinte, o remetente ou prestador de
serviços utilizará a alíquota interestadual, independentemente da mercadoria ser destina-
da a revenda, industrialização, ativo ou consumo.
Para fins do ICMS, as regiões são compostas pelas seguintes unidades da Federação:
O direito ao crédito extinguir-se-á no prazo de cinco anos a partir da data da emissão pelo
fornecedor do documento fiscal hábil. Assim, conforme já exposto, nas empresas comer-
ciais o ICMS pago nas compras das mercadorias para posterior revenda é recuperável e
deve ser segregado do preço das mercadorias e lançado contabilmente no grupo do Ativo
Circulante, na conta Impostos a Recuperar - ICMS.
Para registrar contabilmente tais fatos, a empresa poderá utilizar contas como ICMS a
Recuperar - Ativo Circulante - e ICMS a Recolher - Passivo Circulante.
Na conta ICMS a Recuperar - Ativo Circulante -, deve ser registrado o ICMS pago nas aqui-
sições, enquanto na conta ICMS a Recolher deve ser registrado o ICMS sobre as vendas.
Nesse caso, ao final de cada mês de apuração, a conta detentora do menor saldo será
encerrada contra a outra, que passará a indicar o efetivo crédito da empresa ou débito a
ser recolhido à Fazenda. Importante destacar que o saldo apurado pela contabilidade deve
ser igual ao que consta do livro Registro de Apuração do ICMS. Outra maneira mais prática
de efetuar esse controle contábil consiste em utilizar uma única conta, por exemplo, Conta
Corrente ICMS.
Para um saldo credor no livro fiscal de apuração de ICMS (sobre notas fiscais de Compra
de mercadorias), o governo reconhece que a empresa é sua credora mas a contabilidade
registra um ativo (de natureza devedora como um direito a favor da empresa).
Quanto ao saldo devedor no livro de apuração de ICMS (sobre notas fiscais de venda de
mercadorias), o governo reconhece que a empresa é sua devedora mas a contabilidade
registra um passivo (de natureza credora como uma dívida para com o governo).
Portanto, em termos contábeis notaremos que uma compra gerará um lançamento deve-
dor de impostos no ativo da empresa a recuperar e uma venda gerará um lançamento
credor de impostos no passivo da empresa a favor do governo.
No mês de setembro, o saldo do ICMS foi desfavorável para a empresa, e houve necessi-
dade de ser recolhido aos cofres públicos o valor de $ 18.000.
Em dezembro, o total do ICMS nas vendas foi superior em $ 104.400 ao ICMS nas compras.
No entanto, como havia um saldo favorável acumulado do mês anterior, de $ 90.000, a
empresa precisou recolher (pagar) apenas a diferença "desfavorável" de $ 14.400.
Contribuinte- IPI
São contribuintes do IPI: o importador; o industrial; o estabelecimento equiparado a
industrial nos termos da lei; e os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou
remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras, o papel desti-
nado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançados pela imunidade
constitucional.
Alerta-se, porém, que o pagamento do imposto, além de ser feito pelo contribuinte, pode
ser feito pelo responsável ou pelo substituto tributário, nos termos e nos casos previstos
na legislação específica.
Para controle contábil dos valores, existem três livros fiscais: o Livro Fiscal de Saída, o de
Entrada e o de Apuração do IPI. Neles, estão as informações necessárias para apuração
do saldo do imposto. Na hipótese de haver saldo a recuperar e não a recolher, o valor
deverá ser reconhecido no ativo circulante – IPI a recuperar; caso contrário, o valor deverá
ser reconhecido no passivo circulante – IPI a recolher.
IMPORTANTE
Veja abaixo o resumo de algumas informações importantes sobre o IPI.
As operações incidentes do IPI são várias e suas alíquotas estão presentes na TIPI - Tabela
de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados.
• Competência: Federal;
• Apuração: Mensal (na maioria dos casos);
• Contribuinte: industrial ou aquele equiparado;
• Fato gerador: transformação, beneficiamento, acondicionamento, montagem, renova-
ção, a restauração, o recondicionamento, a importação e a distribuição;
• Alíquota: Conforme prevista na TIPI – Tabela de Incidência do IPI, depende do produto.
IMPORTANTE
As empresas são contribuintes dos tributos de acordo com a atividade operacional, ou seja:
• Comércio: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS); PIS e COFINS;
• Serviços: imposto sobre prestação de serviços (ISSQN); PIS e COFINS;
• Indústria: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e imposto sobre
produtos industrializados (IPI), PIS e COFINS.
Tratamento Contábil
Agora que já aprendemos o conteúdo sobre impostos indiretos, e vimos a incidência
desses impostos sobre as compras e vendas, é importante então tratarmos aqui algumas
considerações sobre o registro desses fatos no Livro diário.
Referências
BRASIL. Portal da Legislação – Leis Complementares – Lei Complementar 116. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp116.htm. Acesso em 10. out. 2014.
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Contabilidade
Geral
PASSIVO - TRIBUTOS
DIRETOS, EMPRÉSTIMOS
E FINANCIAMENTOS
APRESENTAÇÃO
A proposta deste módulo é trabalharmos com os impostos diretos que incidirão sobre
o lucro apurado no período: Imposto de Renda e Contribuição Social. A partir desse
conteúdo, é oportuno tratarmos das formas de enquadramento fiscal na Receita Federal
(Lucro Real, Presumido e Simples Nacional). E finalmente, você conhecerá outras obrigações
registradas no Passivo Circulante, e alguns fatos classificados no Passivo Não Circulante
tais como empréstimos, financiamentos de longo prazo e debêntures.
Vamos então ao conteúdo proposto?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Compreender que sobre o lucro apurado na empresa, incidirão os impostos diretos: imposto
de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL).
• Entender que o período de apuração do resultado e a alíquota para os impostos diretos estão
relacionados à forma de enquadramento fiscal para a qual a empresa fez a opção (Lucro
Real, Presumido, Arbitrado e Simples Nacional).
• Conhecer empréstimos e financiamentos de longo prazo e emissão de debêntures.
Introdução
A empresa apura resultados (lucro ou prejuízo) em intervalos de tempo (mensal, trimes-
tral ou anual). Quando o resultado for positivo, uma parte desse valor será destinada
para o pagamento de Tributos, ou seja, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ1 e a
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL.
Pela legislação tributária em vigor, a empresa poderá recolher o IR e a CSLL de acordo
com as formas de tributação: Lucro Real, Lucro\Presumido, Simples Nacional e Lucro
Arbitrado, de acordo com a legislação do IR (RIR - 99).
É importante ressaltar que, quando a empresa opta por apurar o resultado levando em
consideração a atividade de exploração econômica e valor de faturamento, é preciso
observar atentamente as metodologias distintas.
LUCRO REAL
A expressão lucro real significa o próprio lucro tributável para fins da legislação do impos-
to de renda, distinto do lucro líquido apurado contabilmente.
De acordo com o art. 247 do RIR/19992, "lucro real é o lucro líquido do período de apura-
ção ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela
legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido
de cada período de apuração com observância das leis comerciais".
Resumidamente, lucro real é um sistema de apuração do IR e da CSLL em que a empresa
apura e paga o imposto sobre o lucro chamado tributado ou real (lucro fiscal). A base
inicial de cálculo é o resultado apurado pela empresa – ARE, ajustado pelas adições,
exclusões e ou compensações permitidas pela legislação do IR, que são escrituradas no
LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real).
Trata-se de livro de escrituração obrigatória para todas as pessoas jurídicas que apuram
o IRPJ com base no lucro real. Este livro é subdividido em partes "A" e "B", e a primeira,
parte "A", é reservada à apuração e demonstração do lucro real e a segunda, parte "B",
para controle de valores que devam influenciar o lucro real de outros períodos, tais como
prejuízos a compensar, entre outros.
Conforme RIR/1999, art 262 e 263, no LALUR, a pessoa jurídica deverá:
IV - manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das
deduções nos períodos de apuração subsequentes dos dispêndios previstos na legislação.
1 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/Livro2.htm
2 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/Livro2.htm
Os ajustes que a empresa deverá fazer para então calcular o lucro real são as adições, exclu-
sões e compensações lançadas no LALUR. Vejamos mais detalhadamente cada uma delas!
Adições
De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda, o lucro real será determinado a
partir do lucro líquido do período de apuração do resultado, obtido na escrituração comer-
cial (antes da provisão para o imposto de renda) e demonstrado no Lalur, observando-se
que:
Segundo o RIR/1999, art, 249, serão adicionados ao lucro líquido os custos, despesas,
encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apura-
ção do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na
determinação do lucro real (exemplo: resultados negativos de equivalência patrimonial,
custos e despesas não dedutíveis);
2. Portanto, adições são valores que a empresa considerou como despesas e que, para efei-
to de pagamento de Imposto de Renda, não podem ser dedutíveis, como por exemplo:
multa de trânsito, alimentação de diretores, brindes, o excesso de retirada pró-labore dos
sócios, etc.
Exclusões
De acordo com o Regulamento do Imp. de Renda (RIR/1999, art. 250) poderão ser exclu-
ídos do lucro líquido:
a. os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido
computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo: deprecia-
ção acelerada incentivada);
Portanto, exclusão são os valores que a empresa não considerou como despesas ou que
tenham sido reconhecidos como receita e que podem ser excluídos da base de cálculo do
imposto a pagar, como por exemplo: a receita proveniente de equivalência patrimonial,
os lucros apurados em atividades incentivadas, a compensação de prejuízos de períodos
anteriores, entre outros.
Compensações
De acordo com a Legislação do Imposto de Renda, poderão ser compensados, total ou
parcialmente, à opção do contribuinte, os prejuízos fiscais de períodos de apuração anterio-
res, desde que observado o limite máximo de 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajusta-
do pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. O prejuízo compensável é o
apurado na demonstração do lucro real de períodos anteriores e registrado no Lalur (parte B).
Lucro presumido
A pessoa jurídica, que tenha auferido receita bruta de até R$ 48.000.000,00, no ano
imediatamente anterior, poderá adotar essa forma de apuração do imposto, devendo este
imposto ser apurado em períodos trimestrais. O lucro presumido será o montante deter-
minado pela soma das seguintes parcelas:
a. O valor resultante da aplicação dos percentuais sobre a receita bruta. Vide o quadro abaixo:
No caso da pessoa jurídica exercer atividades diversificadas, deverá ser aplicado sobre o
valor total da receita trimestral de cada atividade o percentual correspondente à respec-
tiva atividade.
3 http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2000/orientacoes/determinacaolucropresumido.
htm#percentuais
1 http://tinyurl.com/mtqg6wn
A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multi-
plicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período
de apuração, sujeita-se ainda à incidência de um adicional de imposto, a alíquota de 10%
(dez por cento), aplicada sobre este excedente.
No caso de apuração mensal do imposto por estimativa, o adicional do IRPJ será calculado
sobre a parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00
(vinte mil reais). Este adicional do IRPJ deve ser pago juntamente com o imposto apura-
do, sendo parte integrante do valor devido no respectivo período de apuração, não sendo
permitidas quaisquer deduções sobre o valor apurado.
Exemplo:
A Comercial Vamos Que Vamos, optante pelo regime de tributação pelo lucro presu-
mido, apresentou, no primeiro trimestre de 2009, os seguintes dados de suas receitas
operacionais:
Memória de Cálculo
Venda bruta de mercadorias R$ 380.000,00
Descontos incondicionais concedidos R$ 2.000,00
Devolução de vendas R$ 5.000,00
Base Tributável das Vendas R$ 373.000,00
IMPORTANTE
Entendendo o adicional de 10% do Imposto de Renda
A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multipli-
cação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de
apuração, sujeita-se ainda à incidência de um adicional de imposto, a alíquota de 10% (dez
por cento), aplicada sobre este excedente.
No caso de apuração mensal do imposto por estimativa, o adicional do IRPJ será calculado
sobre a parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00
(vinte mil reais). Este adicional do IRPJ deve ser pago juntamente com o imposto apurado,
sendo parte integrante do valor devido no respectivo período de apuração, não sendo permi-
tidas quaisquer deduções sobre o valor apurado.
Já a Contribuição Social sobre Lucro será calculada utilizando a alíquota de 12% sobre R$
373.000,00, resultando em uma base tributável da atividade comercial de R$ 44.760,00.
Essa base será somada ao valor da receita financeira de R$ 55.000,00, resultando em
uma base tributável de R$ 99.760,00 que será tributada em 9%, apurando o valor de R$
8.978,40 como o total de CSLL do trimestre, conforme demonstrado a seguir:
SIMPLES NACIONAL
Segundo a Receita Federal, o Simples Nacional é:
É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios.
• ser facultativo;
• ser irretratável para todo o ano-calendário;
• abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a
Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da
pessoa jurídica (CPP);
• recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação -
DAS;
• disponibilização às ME/EPP de sistema eletrônico para a realização do cálculo do
valor mensal devido, geração do DAS e, a partir de janeiro de 2012, para constitui-
ção do crédito tributário;
• apresentação de declaração única e simplificada de informações socioeconômicas
e fiscais;
• prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele em que
houver sido auferida a receita bruta;
• possibilidade de os Estados adotarem sublimites para EPP em função da respectiva
participação no PIB. Os estabelecimentos localizados nesses Estados cuja receita
bruta total extrapolar o respectivo sublimite deverão recolher o ICMS e o ISS direta-
mente ao Estado ou ao Município.”
LUCRO ARBITRADO
Essa é uma forma de tributação, na sua maioria, classificada como punitiva, tendo em
vista que é a mais onerosa das formas de tributação.
O lucro poderá ser arbitrado pelo contribuinte e pelo fisco quando a empresa não apre-
senta condições de apuração pelo lucro real, nem pelo lucro presumido. Em caso de não
apresentação de documentos hábeis ou mesmo da receita tributável, fica a critério da
autoridade tributária aplicar o percentual do imposto sobre o patrimônio líquido ou sobre
o total do ativo da empresa.
A pessoa jurídica somente poderá arbitrar o lucro, para fins de determinação do imposto
quando conhecida a receita bruta, desde que ocorridas hipóteses previstas em lei. Trata-se
de um sistema de apuração do lucro de maneira simplificada em que a empresa calcula o
imposto a pagar baseando-se no faturamento do período.
EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Empréstimos e financiamentos são as obrigações advindas de recursos finan-
Empréstimos
ceiros tomados em instituições financeiras, quer para financiamento de capi- os empréstimos são as concessões
tal de giro ou aquisição de algum ativo - obrigações resultantes de compra a de crédito em espécie (dinheiro),
prazo de bens para compor o ativo imobilizado da empresa. sem necessariamente uma
vinculação específica.
Contratualmente, os empréstimos e financiamentos definem valor, forma e
Financiamentos
data de liberação das parcelas, finalidade dos recursos, cláusulas de paga- os financiamentos são as concessões
mento em moeda estrangeira, encargos incidentes, garantias, entre outras de crédito vinculado especificamente
questões. à aquisição de determinado
bem, podendo ter a intervenção
Os registros das obrigações passivas devem ser reconhecidos pelo regime da instituição financeira ou serem
feitos diretamente pelo fornecedor.
de competência; quando incorridos, conhecidos e calculáveis, deverão ser
registrados por meio de provisão.
Os passivos financeiros mais comuns são os financiamentos bancários, definidos por emprés-
timos obtidos em instituições financeiras com prazo normalmente menor que 12 meses.
Vamos à contabilização:
Débito Crédito
D – Bancos Conta Movimento (AC) 12.600,00
D – Despesa com Juros (ARE) 2.000,00
D – Despesa com IOF (ARE) 400,00
C – Imposto de Renda a Pagar (PC) 15.000,00
178
SAIBA MAIS
Nas notas explicativas, as contas contábeis, saldos, valores, operações ou fatos são deta-
lhadamente apontados para entendimento da situação patrimonial da empresa no passado,
possibilitando um melhor acompanhamento das situações futuras.
• quando do recebimento dos recursos pela empresa, que, na maioria das vezes, coin-
cide com a data do contrato;
• quando o valor total é liberado em várias parcelas, o registro no passivo deve ser a
medida do recebimento das parcelas, ou seja, não se deve reconhecer um passivo
cuja contrapartida ainda não se tenha recebido;
• podem-se controlar empréstimos em conta de compensação (conta de controle),
que representariam os contratos assinados, mas ainda não liberados, informação
esta útil para inclusão na nota explicativa.
CONTAS A PAGAR
O Contas a pagar é um subgrupo do passivo circulante, no qual registramos as obrigações
para com terceiros. Demonstra os passivos da entidade que foram assumidos e originaram
aplicações no Ativo ou mesmo uma despesa incorrida.
OUTRAS OBRIGAÇÕES
Registramos os passivos que não possuem exatidão na classificação, mas que deverão
ser liquidados no curto prazo.
PROVISÕES
As provisões, sejam do ativo ou do passivo, representam valores que dependem de fatos
ainda não concretizados, mas que, devido aos princípios da oportunidade, competência e,
principalmente, ao princípio da prudência, devem ser contabilizadas.
Diante dessa consideração, as provisões são, via de regra, encargos e riscos já conheci-
dos, com valores calculáveis por meio de estimativas e, portanto, deverão ser reconheci-
das como passivos.
As mais comuns são as contas que representam captações de recursos a longo prazo em
instituições financeiras e mercado de capitais.
EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Geralmente, as empresas registram as obrigações com empréstimos e financiamentos
segregados entre valores de passivo circulante e passivo não circulante. É muito comum
a conta de empréstimos e financiamentos aparecer no passivo não circulante. As regras
de contabilização e reconhecimento dependem do prazo de vencimento das obrigações,
já apresentadas no passivo circulante; isso devido ao fato de maior transparência e apre-
sentação das informações contábeis aos usuários.
DEBÊNTURES
As debêntures são títulos normalmente de longo prazo emitidos pelas empresas com
garantia de certas propriedades, bens ou aval do emitente, quando as empresas necessi-
tam de recursos financeiros para a aquisição de imobilizado, elevação do seu capital de
giro ou mesmo para saldar seus compromissos de curto e longo prazo.
Várias são as formas existentes para as empresas captarem recursos para suprir suas
necessidades. As formas mais utilizadas podem-se generalizar em duas: a primeira via
aumento de capital, o que nem sempre é possível ou vantajoso; a segunda e talvez a mais
viável, seria emitir títulos de crédito, na forma de empréstimos, ao público que detém tais
recursos de poupança. Em troca, a empresa oferece vantagens e garantias para esses
empréstimos – ou seja, debêntures.
Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas como capital social constituí-
do sob a forma de ações. O objetivo é a captação de recursos financeiros em forma de
empréstimos ao público poupador, visando financiar novos projetos e mesmo suas ativi-
dades, oferecendo uma remuneração e dando certas garantias. São títulos nominativos
e normalmente são emitidos para resgate no longo prazo. Sua utilização pelas empresas
emitentes é vista como uma forma de fugir dos altos juros do mercado financeiro, tentan-
do proporcionar à empresa emitente mais incremento no ativo (em forma de aplicações)
e conseguindo, por consequência, melhores retornos.
ATENÇÃO
Quanto à forma de circulação, as debêntures podem ser classificadas em nominativas e
escriturais.
Quanto à espécie das garantias, as debêntures podem ser:
• com garantia real sobre os bens específicos da transação;
• com garantia flutuante sobre os bens totais da companhia;
• quirografárias ou sem garantia: não oferecem nenhuma garantia real do ativo da compa-
nhia, portanto não gozam de preferência entre os credores da sociedade;
• subordinadas: são debêntures sem garantia, porém, quanto à liquidação ou pagamento
de juros, suas reivindicações precisam ser satisfeitas, antes dos acionistas comuns e
preferenciais.
Quando os títulos puderem ser readquiridos pela empresa emissora das debêntures,
devem ser classificados como uma conta redutora das exigibilidades, enquanto não reco-
locadas no mercado.
A resposta correta para este questionamento é que não seria adequada esta situação.
Pelo Princípio da Competência, as despesas incorridas na emissão, nos custos de distri-
buição e comissões sobre as debêntures emitidas e colocadas no mercado devem ser
contabilizadas no Ativo como Despesas Antecipadas, sendo apropriadas ao resultado
proporcionalmente ao prazo de vencimento das debêntures.
Quanto ao deságio na emissão das debêntures, deve tal valor ser registrado Deságio
como conta retificadora da conta Debênture no passivo e despesa financeira Valor contábil maior que
pelo prazo de vigência da debênture. o valor do mercado.
Quanto ao ágio ou prêmio na emissão das debêntures, o tratamento será seme- Ágio ou prêmio
Valor contábil menor que
lhante ao deságio, lançando o valor do ágio em receitas, e na sua origem
o valor do mercado.
como Resultado de Exercícios Futuros, na conta Receita a Apropriar.
Referências
BRASIL. Receita Federal. Lucro Presumido. Disponível em: http://www.receita.fazenda.
gov.br/Legislacao/rir/default.htm. Acesso em: 20. fev. 09
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NEVES, Silvério das; VICECONTI, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo:
Frase Editora, 2004.
OLIVEIRA, Luis Martins, et al. Manual de Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2007.
183
Contabilidade
Geral
Patrimônio
Líquido
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
APRESENTAÇÃO
N este módulo, vamos estudar o patrimônio líquido, onde estão localizadas as origens de
,recursos próprios pertencentes aos sócios ou acionistas. Neste grupo evidenciamos
a riqueza líquida da empresa. Considerado um passivo não exigível, o Patrimônio Líquido é
subdividido em capital social, reservas de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reservas
de lucros, ações em tesouraria e lucros e prejuízos acumulados – representando a riqueza
líquida da empresa.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conceituar patrimônio líquido.
• Classificar as contas que compõem o patrimônio líquido.
• Conhecer os subgrupos que compõem o patrimônio líquido.
• Calcular o patrimônio líquido por meio da fórmula da equação básica.
Introdução
O patrimônio líquido representa o volume dos recursos da empresa que pertencem a seus
proprietários (sócios ou acionistas). Representa a identidade contábil medida pela diferen-
ça entre o total do ativo menos os grupos do passivo.
No balanço patrimonial, o PL é apurado pela diferença entre o valor dos ativos e dos passi-
vos circulantes mais passivos não circulantes, ou seja, nada mais é do que a utilização da
equação básica patrimonial.
Em outras palavras, no balanço patrimonial, a diferença entre o valor dos ativos e dos
passivos representa o patrimônio líquido, ou seja, o valor contábil pertencente aos acio-
nistas ou sócios.
• capital social;
• reservas de capital;
• ajuste de avaliação patrimonial;
• ações em tesouraria;
• lucros ou prejuízos acumulados.
A partir das alterações introduzidas pela lei 11.638/07 e lei 11941/09 na Lei 6.404/762,foram
suprimidas do patrimônio líquido as reservas de reavaliação, reservas de prêmios por
emissão de debêntures, reservas de doações e reservas de subvenções para investimento.
Podemos ainda nos deparar com algumas publicações, demonstrativos contábeis, apresen-
tando saldo destas contas - reservas de reavaliação, de prêmios por emissão de debêntures
e por doações e subvenções para investimento, mas que deverão ter destinações futuras.
Capital Social
Representa os valores investidos pelos sócios ou acionistas na entidade; ou ainda os
valores gerados pela própria entidade, em forma de lucros, que não foram distribuídos, e
foram destinados posteriormente para aumento do capital.
1 http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf
2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2007/lei/l11638.htm
CAPITAL REALIZADO
É o saldo que efetivamente foi integralizado pelos acionistas, sob forma de dinheiro ou
outro valor monetário (bens, terrenos, etc.).
Conforme vimos no item anterior, "a conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada". ou seja, o resultado da subtração
destes valores será o saldo do capital realizado.
Como exemplo, vamos considerar que o sócio integralizou R$ 250.000,00 como capital
social, em dinheiro (espécime):
Débito Crédito
D - Bancos Conta Movimento (AC) 250.000,00
C - (–) Capital a Integralizar (PL) 250.000,00
Patrimônio Líquido
Capital Social Subscrito 300.000,00
(–) Capital a Integralizar (PL) (50.000,00)
Capital Social Realizado 250.000,00
RESERVAS DE CAPITAL
Reservas de Capital constituem um grupo de contas componente do Patrimônio Líquido.
Segundo o § 1º do artigo 182 da lei 6404/76, serão classificadas como reservas de capi-
tal as contas que registrarem:
RESERVAS DE LUCROS
As reservas de lucros são constituídas pela apropriação dos lucros da companhia, confor-
me Art. 182, parágrafo 4°, da Lei 6.404/76.
Reserva Legal
Segundo o Art. 193 da Lei 6404/76, a reserva de lucros é constituída pela retenção, antes
de qualquer outra destinação, de 5% do lucro líquido do período até o limite de 20% do
capital social. Quando o saldo desta reserva acrescido do montante das reservas de capital
excederem 30% do capital social, a empresa poderá deixar de constituir essa reserva.
Ainda conforme disposição legal, tal reserva tem por finalidade assegurar a integridade
do capital social, e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar
o capital.
Reserva Estatutária
Segundo o Art. 194 da Lei 6404/76, as reservas estatutárias são constituídas a partir de
indicação do Estatuto Social da Companhia que descreva, de modo preciso e completo,
a sua finalidade, fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que
serão destinados à sua constituição e estabeleça o limite máximo da reserva.
"Art. 195. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar
parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício
futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser
estimado.
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justi-
ficaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda”.
Como motivadores da destinação de parte dos lucros do período para constituição desta
reserva, podemos exemplificar os imprevistos na atividade rural com perdas que ocorrem
por motivos de chuvas de granizo, pragas, geadas, secas, inundações etc; e nas indústrias,
essa reserva pode ser constituída em função de paralisações programadas em processos
produtivos para manutenções, sendo, portanto, a reserva de contingência constituída antes
da ocorrência do fato gerador cujo valor provável de perda possa ser estimado.
A determinação legal desta reserva se apresenta no artigo 196 da Lei 6.404/76, conforme
a transcrição do artigo:
"Art. 196. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deli-
berar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela
previamente aprovado.
§ 2º O orçamento poderá ser aprovado pela assembleia geral ordinária que deliberar sobre
o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um exercí-
cio social (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)"
IMPORTANTE
É importante ressaltar que essa reserva não pode ser constituída em prejuízo aos pagamentos
dos dividendos mínimos obrigatórios conforme estabelecido no estatuto da Cia. Em caso de
omissão estatutária, a lei 6.404/76 em seu art. 202, Inciso I, estabelece esse dividendo míni-
mo como sendo metade do lucro líquido do exercício, diminuído da reserva legal e da reserva
de contingência deliberada no mesmo exercício.
Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos
do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a
assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à
constituição de reserva de lucros a realizar (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e (Incluído pela Lei
nº 10.303, de 2001).
§ 2º A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento do divi-
dendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, serão considerados como inte-
grantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que forem os primeiros a serem
realizados em dinheiro (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001).
A reserva de Incentivos fiscais passou a ser classificada como reserva de capital pela Lei
11638/07 que inclui o art. 195-A a Lei 6404/76 com a seguinte redação:
Art. 195-A. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, desti-
nar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações
ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de
cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei) (Incluído pela Lei
nº 11.638, de 2007).
IMPORTANTE
A constituição desta reserva é facultativa, cabendo aos órgãos de administração propor
sua criação. Note ainda que, anteriormente à alteração introduzida na Lei 6.404/76 pela Lei
11.638/07, a reserva de Incentivos Fiscais era classificada no rol das Reservas de Capital.
Não é mais possível haver saldo na conta de lucros acumulados, ou seja, todo o resultado
gerado pela entidade deverá ser destinado, e o montante do resultado deverá ser direcio-
nado para as reservas próprias.
São os casos, por exemplo, de ajustes de ativos e passivos ao valor de mercado, que,
enquanto não computados no resultado do exercício, em obediência ao regime de compe-
tência, terão as contrapartidas dos lançamentos de aumento ou redução feitas nesta
conta: ajuste de avaliação patrimonial.
ATENÇÃO
A conta de ajuste de avaliação patrimonial não é uma conta de reserva, pois seus valores
ainda não transitaram pelo resultado.
Ações em tesouraria
Então, aluno, podemos definir ação como a menor parcela em que se divide o capital
social de uma companhia.
O registro contábil das ações que foram adquiridas pela própria empresa, ou seja, ações
em tesouraria, será feito com o lançamento do valor como dedução do patrimônio líquido
pelo preço de custo/aquisição.
Numa operação de compra de ações pela própria empresa, devemos entender que, ao
realizar a compra de ações próprias, a Companhia está restituindo o patrimônio líquido
anteriormente investido.
3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
A companhia Pátria Nossa S/A possui um capital social dividido em 1.000 ações de
R$ 1,00 lançadas no mercado de ações. A companhia Pátria Nossa S/A vai até o merca-
do de ações e compra 50 ações por R$ 50,00 em dinheiro.
Contabilização:
Débito Crédito
D - (–) Ações em Tesouraria (PL) Retificadora 50,00
C - Caixa (AC) 50,00
Pela compra de ações da CIA Pátria Nossa S/A
Ainda conforme dispõe a Lei 6.404/76, no seu art. 182, parágrafo 5°, "As ações em
tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio
líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição".
IMPORTANTE
As ações, enquanto mantidas em tesouraria, não terão direitos patrimoniais ou políticos.
Assim, não podem ser superiores ao valor de mercado.
A Instrução CVM nº 2681 veda para as companhias abertas: manter ações em tesouraria da
própria empresa em quantidade superior a 10% de cada classe de ações em circulação no
mercado, incluindo aquelas mantidas na tesouraria de coligadas e controladas.
1 http://www.cnb.org.br/CNBV/instrucoes/ins10-1980.htm#art.3
Referências
BRASIL. Receita Federal. Lei 6404/76. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em 28 out. 2014.
194
Contabilidade
Geral
Demonstração do Resultado
do Exercício – DRE
DEMONSTRAÇÃO
DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO – DRE
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Classificar as contas representativas do grupo do resultado: receita, custo e despesa, e
encerrá-las em contrapartida à ARE para a apuração do resultado do exercício (lucro ou
prejuízo).
• Estruturar a DRE em sua forma vertical dedutiva para a demonstração do lucro líquido ou
do prejuízo do exercício.
• Identificar e demonstrar o desempenho da entidade a partir da discriminação da Receita
bruta, do cálculo da receita líquida, do lucro bruto, das despesas e receitas operacionais,
do resultado operacional antes e após o imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro, passando pelas participações até o cálculo do lucro líquido.
1 http://www.cvm.gov.br/port/infos/OCPC%2002%20Final%20Final.pdf
Introdução
Antes de darmos sequência ao estudo deste módulo, conheceremos alguns conceitos
importantes para o desenvolvimento do tema.
Regime de Caixa
O regime de caixa consiste em considerar receitas do período, aquelas receitas realmen-
te recebidas no período (entrada de dinheiro – encaixe) e despesas do período, aquelas
despesas realmente pagas no período (saída de dinheiro – desencaixe ou desembolso).
Resultado do exercício
Débitos: Créditos:
Despesas/ Receitas
Custos
As contas de receitas apresentam saldo credor, e portanto são encerradas á débito das
respectivas contas a crédito da ARE. Estes lançamentos nos permitirão somar o total de débi-
tos e créditos da ARE para apurar o resultado de lucro ou prejuízo antes dos impostos – LAIR.
Apurado o resultado LAIR (Lucro antes dos impostos), se este for base para cálculo
dos impostos: IR e CSLL, devemos calculá-los e contabilizá-los debitando em contas de
resultado – Despesa com IR e Despesa com CSLL, e creditando em contas de provisão
no passivo circulante – IR a pagar e CSLL a pagar. As contas de resultado – Despesa
com IR e Despesa com CSLL serão encerradas, creditando nas contas Despesa com IR e
Despesa com CSLL e debitando na ARE, para apuração do valor que representará o Lucro
ou Prejuízo do exercício, após impostos. Esse valor será transferido ao patrimônio líquido
por meio do lançamento de encerramento da ARE, a débito ou crédito da ARE.
Será debitada a ARE quando o resultado for lucro, e será creditada a ARE quando o resul-
tado for prejuízo.
Demonstração do resultado
do exercício – DRE
Destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício a partir do confronto entre
receitas versus custos + despesas incorridas no período apurado.
Segundo o CPC 26 R1- item 81, a entidade deve apresentar todos os itens de receita e
despesa reconhecidos no período em duas demonstrações: demonstração do resultado
a. receitas;
b. custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;
c. lucro bruto;
d. despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas opera-
cionais;
e. parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de
equivalência patrimonial;
f. resultado antes das receitas e despesas financeiras;
g. despesas e receitas financeiras;
h. resultado antes dos tributos sobre o lucro;
i. despesa com tributos sobre o lucro;
j. resultado líquido das operações continuadas;
k. valor líquido dos seguintes itens:
• resultado líquido após tributos das operações descontinuadas;
• resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos
despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição
para venda que constituem a unidade operacional descontinuada.
l. resultado líquido do período.
ATENÇÃO
A DRE, juntamente com o Balanço Patrimonial, assume a finalidade de mostrar a situação
patrimonial e econômico-financeira e o desempenho de uma empresa em determinado período
de análise.
Para darmos sequência ao estudo deste módulo, precisamos analisar os critérios para a clas-
sificação das contas de resultado: receita, custo e despesa (natureza devedora para custos
e despesas e natureza credora para as receitas). Também temos que verificar a adoção dos
princípios contábeis relativos à apuração de resultados (princípio de competência ou regime
de caixa), como forma de atender a legislação em vigor, que são o Regulamento do Imposto
de Renda – RIR/99 e a Lei 11.638/07, modificada pela MP 449/09).
Bem, você responderia: a empresa teria que "vender" mercadorias e/ou prestar serviços.
Numa visão simplista, muito bem: os valores destas receitas (vendas, produtos e serviços)
são pagos ou faturados aos clientes, portanto a estrutura da DRE de uma empresa indus-
trial "começa" com o que denominamos de FATURAMENTO.
Entende-se por faturamento a totalidade das notas fiscais de venda emitidas. Infelizmente,
nem todos os valores faturados aos clientes ficam à disposição da empresa. Dentre estes
valores, está o IPI - imposto incidente sobre as vendas de produtos industrializados, que
será pago ou recolhido ao governo.
IPI
O IPI (Imposto sobre produtos industrializados), é o primeiro imposto que devemos deduzir
do Faturamento, em uma indústria, para calcularmos e demonstrarmos a Receita Bruta.
Lembrando que o IPI é resultante de qualquer operação definida como industrialização,
mesmo incompleta, parcial ou intermediária.
IMPORTANTE
É importante salientar que o IPI pode ser um imposto que agrega ou não valor à receita de
venda, pois este pode ter valor excluso ou incluso do preço de venda, enquanto que todos os
outros impostos têm valor incluso.
Como nesta informação (faturamento) existem valores que não "serão" da empresa, clas-
sificamos a diferença entre o faturamento e o IPI como RECEITA BRUTA.
Receita Bruta
Representa a totalidade das notas fiscais emitidas para a venda de produtos e subpro-
dutos (indústrias), notas fiscais de mercadorias para revenda (comércio) ou notas fiscais
para a prestação de serviços (empresas prestadoras de serviço), incluindo todos os tribu-
tos (ISSQN, ICMS, PIS e COFINS) cobrados do comprador, não excluindo as devoluções
de mercadorias e/ou produtos e os abatimentos concedidos pelas vendas de mercadorias
e/ou produtos e serviços, em desacordo com o pedido ou contrato.
ISSQN: Impostos sobre serviços de qualquer natureza são impostos devidos (pagos) pela
empresa prestadora de serviços, tendo como base de cálculo a prestação de serviços
efetuada. A alíquota dependerá de cada legislador (municipal), dependendo do tipo de
serviço prestado a qual a empresa estiver subordinada a apurar e recolher o tributo, no
caso de serviços.
Não são apenas os impostos que reduzem o resultado (lucro) das empresas. Podem ocor-
rer outros tipos de deduções que refletem neste resultado:
• Aqueles descontos incondicionais oferecidos aos clientes na hora da comercializa-
ção sem obrigá-lo a nenhuma contrapartida; por isso considerados incondicionais e
também por estarem destacados nas notas fiscais emitidas.
• As devoluções de vendas.
• As vendas canceladas também reduzem o valor da receita bruta, e por tanto são
exemplos de deduções da receita - por abranger valores dos quais a empresa não
poderá contar.
SAIBA MAIS
Para que você possa conhecer um pouco mais sobre este assunto, leia as páginas 114, 115,
116 e 117 do livro de Jose Carlos Marion, "A Contabilidade Empresarial".
Imagine que, se eu dissesse para você que a empresa Tudobem Comércio de Videogames
Ltda. vendeu um jogo eletrônico por R$ 100,00, e que os impostos somaram R$ 25,00,
poderíamos concluir que a Receita Líquida nesta venda é de R$ 75,00.
Saber por quanto ela comprou a mercadoria. Contabilmente, o CMV - custo das merca-
dorias vendidas - é o valor que atribuímos às mercadorias em estoque no momento da
sua baixa (venda), representando a redução da conta estoque (AC) em contra partida do
custo mercadoria vendida (resultado). O reconhecimento do custo representa a redução
da receita líquida para apuração do lucro bruto.
Custos
CMV - Custo das mercadorias vendidas numa empresa comercial: é o gasto que a empre-
sa tem para colocar a mercadoria à disposição do cliente. A apuração do CMV significa o
custo da baixa efetuada no ativo, conta estoque.
REFLITA
O estoque é um ativo, que em sua forma tradicional, normalmente, é representado por mate-
riais, produtos e mercadorias que, a partir da sua comercialização (entrega ao cliente – trans-
ferência total de propriedade), gera uma receita que será confrontada com o valor de custo.
Deste estoque, pela baixa no estoque, debita-se a conta de resultado – CMV e credita-se a
conta estoque.
Serão reconhecidos como CPV os gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produ-
ção, como por exemplo: matéria prima, mão de obra, energia elétrica, etc.
Não podemos esquecer que também haverá a baixa de estoque, pelo valor do custo de
estoque, quando houver por parte da empresa consumo ou requisição para a produção
(transformação).
CSP - Custo dos serviços prestados: são os valores gastos especificamente na realização
do serviço, como os gastos com pessoal, mão de obra e material aplicado, peças, produ-
tos, componentes etc.
No caso da venda mencionada no item anterior, considerando que o jogo eletrônico está
no estoque pelo valor de R$ 45,00, a loja teve lucro ou prejuízo com a venda, qual é o
resultado bruto obtido pela venda?
Você, obviamente, responderia: a loja teve lucro, e esse lucro bruto foi de R$ 30,00.
Participações
Algumas empresas já têm definida a destinação de seu lucro/resultado, por força de Lei ou
por interesses próprios. Parte do lucro, antes da destinação de constituição de reservas e/
ou distribuição aos sócios, poderá ser destinada a participações de debêntures, de empre-
gados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, de instituições
ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como
despesa. É o que denominamos de PARTICIPAÇÕES.
Boa sorte!
Referências
CPC. Apresentação das Demonstrações Contábeis CPC 26 (R1). Disponível em: http://
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57.
Acesso em: 28 out. 14
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NEVES, Silvério das; VICECONTI, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo:
Frase Editora, 2004.
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