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Contabilidade

Geral
Contabilidade
Geral

SUMÁRIO
Conteúdos Básicos sobre Contabilidade ......5 Ativo Não Circulante ............................ 109

Método das Partidas Dobradas e Passivo – Conceitos Gerais e Folha de


Natureza das Contas .............................. 21 Pagamento ......................................... 129

Aplicações, Empréstimos e Passivo – Impostos Indiretos ................. 151


Financiamentos ..................................... 41
Passivo – Tributos Diretos, Empréstimos
Descontos de Duplicatas, PCLD e e Financiamentos ................................ 169
Descontos Financeiros ........................... 65
Patrimônio Líquido ............................... 185
Operações com Mercadorias (Estoques
e CMV) ................................................ 79 Demonstração do Resultado do
Exercício – DRE................................... 195
Operações com Mercadorias
(Contabilização) .................................... 95
REITORIA
Reitor
Prof. Fernando de Melo Nogueira
Vice-Reitor e Pró-Reitor de Graduação
Prof. Guilherme Guazzi Rodrigues
Pró-Reitor de Planejamento e Administração
Prof. Márcio Dario da Silva
Pró-Reitora de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Profª. Drª. Maria Lectícia Firpe Penna

FACULDADE DE CIÊNCIAS
EMPRESARIAIS (FACE)
Diretor-Geral
Prof. Marco Túlio de Freitas
Diretora de Ensino
Profª. Renata de Sousa da Silva Tolentino

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS,


SOCIAIS E DA SAÚDE (FCH)
Diretor-Geral
Prof. Antônio Marcos Nohmi
Diretor de Ensino
Prof. João Batista de Mendonça Filho

FACULDADE DE ENGENHARIA
E ARQUITETURA (FEA)
Diretor-Geral
Prof. Eduardo Georges Mesquita
Diretora de Ensino
Profª. Maria Silvia Santos Fiuza

BELO HORIZONTE
2017
Contabilidade
Geral

Conteúdos Básicos
sobre Contabilidade

CONTEÚDOS
BÁSICOS SOBRE
CONTABILIDADE
APRESENTAÇÃO

C caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Estudar a distância é uma experiência inovadora,


que, apesar de já ser rotina de muitos alunos no mundo inteiro, ainda é uma novidade
na vida de alguns. Para que você alcance o seu objetivo de concluir um curso integralmente
a distância ou até uma disciplina isolada, é importante que você pense num planejamento,
estabelecendo os horários para sua dedicação à leitura dos módulos e à realização das
atividades propostas no Ambiente Virtual.
A disciplina Contabilidade Geral é muito importante para a formação do aluno, quer
para aplicação no seu trabalho, na sua empresa, quer para aprimorar seu conhecimento
enquanto cidadão. Quem é que não deseja ou necessita manter controle do seu patrimônio,
não é mesmo?
Conto com a sua disposição, esforço e dedicação! Bons estudos e boa aprendizagem!
Neste módulo, vamos aprender o conceito da contabilidade, suas funções, bem como do
patrimônio e sua composição. Veremos como os fatos contábeis afetam o patrimônio
da entidade. Estudaremos conta contábil, sua função, natureza e sua apresentação no
Plano de Contas. Vamos conhecer os princípios fundamentais de contabilidade e como as
informações contábeis são processadas, sumarizadas e evidenciadas.
Então “mãos à obra”!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo, você deverá ser capaz de:
• Compreender o conceito e funções da contabilidade, composição do patrimônio, e o que é
conta contábil, identificando-a na estrutura do Plano de Contas.
• Diferenciar atos contábeis de fatos contábeis, entender como ocorre sua captação, que por
sua vez pode alterar ou não o patrimônio da entidade.
• Identificar os critérios de classificação das operações ocorridas na entidade, segundo os
Princípios Fundamentais e Convenções Contábeis.
• Saber como ocorre a sumarização e a evidenciação das informações contábeis.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar
P. A. Estevesl

BELO HORIZONTE - 2014


CONTEÚDOS BÁSICOS
SOBRE CONTABILIDADE

Podemos então começar?

Contabilidade: conceito e funções


A Contabilidade é uma ciência social aplicada que permite, por meio de suas técnicas,
manter um controle permanente do patrimônio da empresa.

Podemos concluir, então, que o conceito de contabilidade leva a duas grandes funções
para a contabilidade:

• Função Administrativa: manter o controle permanente das entidades, e


• Econômica: apurar o resultado (Lucro ou Prejuízo) ou (Superávit ou Déficit) das
entidades.

Patrimômio: conceito e composição


Patrimônio: É conceituado como conjunto de bens, direitos e obrigações, susceptíveis de
avaliação em moeda, vinculados a uma empresa ou pessoa física, num determinado momento.

Ativo:“Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados


e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”(CPC
00 R1 2011 item 4.4 (a)).

Ou seja, compreende os bens e direitos controlados pela entidade expressos em moeda


corrente.

Passivo: “Passivo é uma obrigação presente da entidade derivada de eventos já ocorridos,


cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios
econômicos” (CPC 00 R1 2011 ítem 4.4 (b)).

Compreende basicamente as obrigações a pagar, isto é, as quantias que as empresas


devem a terceiros.

Todos os elementos componentes do Passivo estão discriminados no lado direito do


Balanço Patrimonial.

Patrimônio Líquido: “Patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade


depois de deduzidos todos os seus passivos” (CPC 00 R1 2011 ítem 4.4 (c)).

É a diferença entre o valor do Ativo e do Passivo de uma entidade em um determinado


momento. Registra a obrigação para com os sócios.

Diante da composição do Patrimônio definida, temos que:

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade 7


Estrutura do Plano de Contas

REFLITA
Reflita sobre essas questões...

• Que é conta contábil?


• Que é um plano de contas?
• Como podem se classificar e qual é a função das contas?
• Quais são as características básicas para a elaboração de um bom plano de contas?
• Qual a composição que um plano de contas deve possuir?

Estas questões são importantes para entendermos a estrutura de um Plano de Contas.

Quando falamos de “conta”,


o que vem à sua mente? Uma
dívida? Um Crédito concedido a
você por uma loja? Bom, pessoal, não é
nada disso.

Uma Conta, ou melhor, uma Conta Contábil é um recurso, um nome, uma nomenclatura
definida na contabilidade para receber o registro de um fato contábil, ou seja, uma ocor-
rência na empresa.

ESTRUTURAÇÃO DO BANCO DE DADOS


Atualmente as entidades utilizam sistemas informatizados que possibilitam disponibilizar
informações cada vez mais rápidas e consistentes. Para que esta fase do ciclo contábil
possa ser executada é necessária a definição de um plano de contas contábil, de acordo
com as necessidades específicas da entidade e de seus usuários.

FIQUE LIGADO!
A manutenção da escrituração contábil para as empresas que utilizam Sistemas Integrados
de Gestão - ERP (Enterprise Resource Planning), é processada de forma integrada (online). A
opção pela implantação de softwares capazes de manter toda a empresa integrada em rela-
ção aos seus diversos departamentos evita o retrabalho. Daí a importância de se cadastrar
o Plano de Contas da empresa segundo as normas contábeis, conhecer sua estrutura, sua
composição e a natureza das contas contábeis.

Conceito de Plano de Contas


Imagine que você é um investigador e precisa encontrar uma chave. A única pista que
você tem é que ela está dentro da casa.

8 Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


Classifique em muita, pouca ou nenhuma a dificuldade que você encontrará analisando só
esta pista. Provavelmente sua resposta será muita.

Agora, se você tivesse mais pistas, como: a chave encontra-se dentro da casa, no quarto
de casal, dentro do armário (guarda-roupas), na segunda gaveta da primeira porta à direi-
ta, dentro de uma caixa onde está escrito “porta-trecos”.

Me responda: qual o nível de dificuldade encontrada a partir das novas informações?


Muita, pouca ou nenhuma? Provavelmente sua resposta será nenhuma.

Veja a ilustração/animação no Material Didático Online da disciplina.

Esta é uma analogia que podemos fazer para entendermos a importância do plano de
contas, ou seja, é a partir da localização padronizada das contas contábeis do ativo,
passivo e resultado, que é possível localizar e identificar os saldos das contas, de forma
a conseguir estruturar o banco de dados de qualquer entidade.

REFLITA
Você percebeu que, quando o “investigador” obteve mais informações, ele pôde com facilida-
de e rapidez encontrar o que procurava?

Nas empresas também é assim. Procuramos informações confiáveis, que devem estar
disponíveis para tomada de decisão, e para isso utilizamos as informações contábeis, que
são organizadas por meio do plano de contas - instrumento que padroniza e direciona as
informações dos registros contábeis.

Cada empresa deve ter um Plano de Contas apropriado :

• Um Plano de Contas deve conter somente as contas que serão movimentadas (no
presente ou no futuro).
• Empresas distintas Planos de Contas distintos.
• Diversas pessoas trabalhando.
• Objetivo uma mesma cartilha, um mesmo idioma.
• Padronização dos Registros Contábeis.
• Uniformidade Processamento: Manual, Mecânico ou Eletrônico.

Característica geral: Imagine quatro entidades com objetivo social diferente: uma empre-
sa comercial (supermercado), uma empresa industrial (fábrica de material esportivo), uma
empresa prestadora de serviços (hospital) e um time de futebol. Imagine que estas enti-
dades, além de atividades diferentes, têm estruturas diferenciadas de compra, venda,
pagamentos, recebimentos, etc. Ao se definir o plano de contas, é necessário observar as
características individuais de cada empresa.

• Empresas:
-- tamanhos diferentes;
-- ramos de atividade diferentes;
-- sistemas de pagamento / recebimentos específicos;
-- linguagens e terminologias não necessariamente iguais;
-- numerado codificado de forma racional.

• O que deve conter:


-- elenco de contas e grau de detalhes volume e natureza do negócio;
-- deve atender o interesse dos usuários (acionistas, gerentes, governo, etc...).

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


• Exemplo:
- Indústria metalúrgica estoques (acabados, elaboração, matéria-prima),
gastos com pessoal detalhados por depto.
- Pequena loja estoques (mercadorias), gastos com pessoal apresentados
pelo total.

Plano de Contas Simplificado


Se pensarmos então numa estrutura de Plano de Contas simplificado, como exemplo,
podemos ter o seguinte:

ESTRUTURA BÁSICA Grupos de conta Código


Contas Código Ativo Circulante 1.1
Ativo 1 Ativo Não Circulante 1.2
Passivo 2 Passivo Circulante 2.1
Patrimônio Líquido 2 Passivo Não Circulante 2.2
Receita e deduções 3 Patrimônio Líquido 2.3
Despesas e custos 4 Receita de venda 3.1
Custos 4.1
Despesas 4.2
Fonte: Autoria: Profª Rosa Maria Abreu Barros
Adaptado por: Profª Edilamar P. A. Esteves

Maiores explicações?
As Contas Contábeis são a essência da Contabilidade, que já foi,
no passado, chamada de "Ciência das Contas". Sem as contas,
preferencialmente organizadas e escrituradas pelo método das partidas
dobradas (débito x crédito), os sistemas de informação que se utilizam
de dados empresariais devem ser denominados de Gerenciais ou
Administrativos - e não Contábeis.

CLASSIFICAÇÃO

Para a sistematização e o desenvolvimento na contabilidade prática, as contas são orga-


nizadas inicialmente nos seguintes grupos:

Contas patrimoniais e de resultado – registram os elementos patrimoniais na forma exigi-


da nas leis brasileiras das SA e do Código Civil.

• Contas patrimoniais: registram os elementos relativos a bens, direitos e obrigações


da empresa, e estão demonstradas, portanto, no Balanço Patrimonial.
• Contas de resultado: registram os elementos relativos a receitas, despesas e custos
da empresa, e estão demonstradas, portanto, na DRE-Demonstração de Resultado
do Exercício.
• Contas de Análise e Controle: registram os diversos fatos e atos adicionais de interes-
se de um sistema contábil. O exemplo mais comum são as contas de compensação.

10 Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


Mas podem ser incluídas as contas auxiliares (centro de custo, contas de abertura e
encerramento) e as contas transitórias (despesas pré-operacionais).

Outras classificações de interesse:

• para fins de análise contábil: contas analíticas e contas sintéticas;


• para fins de vínculos entre si: conta principal e conta acessória (clientes e provisão
para devedores duvidosos, por exemplo);
• para fins de gestão contábil: contas de funcionamento (representativas de inven-
tários, tais como caixa, títulos, bens do imobilizado) e contas de gestão (receitas,
custos, despesas, lucros a distribuir, reservas, depreciação).

PLANO DE CONTAS

Dentro de uma visão abrangente, as contas fazem parte de um sistema contábil, cujos
objetivos do ponto de vista da Estrutura de uma Entidade Contábil tanto podem ser inter-
nos quanto externos, o que torna este sistema de grande complexidade.

O primeiro passo para que as contas tenham como atender a maioria desses objetivos é
o de organizá-las em um Plano de Contas (também conhecido como Quadro de Contas
ou Estrutura de Contas). Antes do advento dos sistemas contábeis informatizados do tipo
ERP, nos quais se mesclam objetivos contábeis com administrativos, os planos de contas
eram elaborados para possibilitar uma eficiente análise de contas, ou seja, utilizava-se o
método cartesiano e racional da seguinte maneira:

• As contas analíticas dividiam-se em contas analíticas propriamente ditas (subníveis


de modalidade, elemento e item - por exemplo) e contas de correntistas ou corres-
pondentes (chamadas algumas vezes de contas-correntes).
• As contas sintéticas agrupavam-se em diferentes níveis, tais como: Grandes Grupos
de Contas, Grupo de Contas, Subgrupo de contas, etc.

Então, pensando em um Plano de Contas mais detalhado, teríamos como exemplo de


parte de um Plano de Contas algumas contas do ATIVO com a seguinte classificação:

PLANO DE CONTAS

Código Descrição Sintética/Analítica Devedora/Credora


1 ATIVO Sintética Devedora
1.1 CIRCULANTE Sintética Devedora
1.1.1 DISPONIVEL Sintética Devedora
1.1.1.01 CAIXA Sintética Devedora
1.1.1.01.001 Caixa - Matriz Analítica Devedora
1.1.1.01.002 Fundo Fixo Analítica Devedora
1.1.1.02 BANCOS CONTA MOVIMENTO Sintética Devedora
1.1.1.02.001 Banco do Brasil S/A Analítica Devedora
1.1.1.02.002 Caixa Econômica Federal Analítica Devedora
Autora: Edilamar P. A. Esteves

Como você viu, o exemplo nos mostra a classificação da conta contábil no Grupo e no
Subgrupo, se a conta é sintética ou analítica, bem como indica a sua natureza (se é deve-
dora ou credora).

Diante do que foi apresentado, você já sabe da importância do plano de contas. Ele é
definido de acordo com as características individuais de cada empresa e tem uma padro-
nização numérica sintética e analítica.

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade 11


Ciclo Contábil
Ciclo contábil consiste na sequência dos procedimentos contábeis que, resumidamente,
se apresentam:

• Captações dos fatos que alteram o patrimônio da entidade por meio das transações
e eventos realizados.
• Reconhecimentos dos fatos que alteram o patrimônio da entidade para definir os
critérios de classificação de acordo com os Princípios de Contabilidade.
• Sumarização dos dados.
• Evidenciação.

Detalhando os Procedimentos Contábeis:

Captações dos fatos que alteram o patrimônio da


entidade por meio das transações e eventos realizados

O que são Fatos ? Ou Fatos Contábeis?

Para entendermos e definirmos fatos ou fatos contábeis, é importante diferenciar Atos de


Fatos contábeis:

Acontecimentos nas empresas podem ou não provocar modificação de seu patrimônio.


Aqueles que não provocam modificação no patrimônio são chamados de Atos Contábeis
ou Atos Administrativos. E aqueles que podem provocar modificação no patrimônio são
chamados de Fatos Contábeis.

Para você entender melhor, vamos exemplificar cada um deles:

ATOS CONTÁBEIS

Não provocam modificação no patrimônio da empresa.

Exemplos:

• o ato de admitir ou demitir um funcionário;


• o simples ato de enviar uma carta;
• o ato de assinar um contrato de empréstimo;
• o ato de transferir os funcionários para setores diferentes da empresa.

FATOS CONTÁBEIS

Podem provocar modificação no patrimônio da empresa, classificados como:

Fatos Modificativos

Exemplos:

• Compra de uma máquina financiada


Observe que, nesse caso, no momento em que a empresa adquire um bem, não
ocorre nenhum desembolso em dinheiro, e a contabilidade reconhece a dívida do

12 Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


financiamento. E como você já conhece a composição do patrimônio (A= P + PL),
temos para essa operação: (+) Ativo e (+) Passivo.
• Pagamento de duplicata a fornecedor
Observe que, nesse caso, a empresa desembolsa dinheiro e em contrapartida dimi-
nui a dívida junto ao fornecedor. Segundo a composição do patrimônio, temos para
essa operação: ( - ) Ativo e ( - ) Passivo.
Os Fatos Modificativos provocam alterações na situação do Patrimônio Líquido. De
acordo com o fato, teremos um aumento (Fato Modificativo Aumentativo) ou uma
diminuição (Fato Modificativo Diminutivo) na situação líquida da empresa.

Fatos Permutativos

• Compra de um terreno com recursos próprios (dinheiro)


Observe que, nesse caso, no momento em que a empresa adquire um bem com
recursos próprios (em dinheiro), teremos para essa operação: aumento do Ativo e
uma diminuição de Ativo de mesmo valor.
Ou seja, se o imóvel custa $100.000,00 e a empresa paga 100% em dinheiro,
teremos:
Aumento de $100.000 (com a aquisição do bem) e diminuição no Ativo de
$100.000,00 (com o desembolso de dinheiro).
Os Fatos Permutativos não alteram a situação do Patrimônio Líquido.

Fatos Mistos

• Compra de um terreno com recursos próprios (dinheiro) mais recursos de terceiros


(financiamento)
Observe que, nesse caso, no momento em que a empresa adquire um bem, desem-
bolsa uma parte em dinheiro e reconhece a outra parte do recurso (financiamento)
como dívida. Analisando a composição do patrimônio, teremos para essa operação:
aumento do Ativo e aumento do Passivo.

Ou seja, se o imóvel custa $ 100.000,00 e a empresa paga 20% em dinheiro e


financia 80%, teremos:

Aumento de 100.000 no ativo e diminuição de 20.000,00 – aumento líquido de


80.000,00 no Ativo e

Aumento de 80.000,00 como Obrigação com terceiro no Passivo.

Os Fatos Mistos alteram a situação do Patrimônio Líquido.

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade 13


Poderíamos resumir essa classificação da seguinte maneira:

FATOS CONTÁBEIS

PERMUTATIVOS MODIFICATIVOS MISTOS

DIMINUTIVOS AUMENTATIVOS DIMINUTIVOS

Reconhecimento dos fatos que alteram o


patrimônio da entidade para definir os critérios
de classificação de acordo com os Princípios
de Contabilidade e Convenções Contábeis.
Então você já sabe que os Fatos Contábeis são escriturados e que podem modificar o
patrimônio da empresa.

Assim como em qualquer outra profissão, o contador precisa se orientar segundo


Princípios de Contabilidade, Convenções e normas.

PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE

Os Princípios de Contabilidade são premissas básicas sobre fenômenos econômicos


contemplados pela Contabilidade e, para serem aceitos, devem ser praticáveis, objetivos
e úteis. São eles:

1. Princípio da Entidade: necessidade de diferenciação do patrimônio dos sócios, sejam


eles de personalidade física ou jurídica, com o patrimônio da entidade. Enfatiza a
autonomia patrimonial, em que a soma de patrimônios de diferentes entidades não
resulta em uma nova entidade e ainda que os eventos econômicos podem ser iden-
tificados como uma unidade de responsabilidade específica.
2. Princípio da Continuidade: defende a premissa de que uma entidade, ao que tudo
indica, irá operar por um período de tempo relativamente longo no futuro (inde-
terminado). Uma entidade em descontinuidade terá seus ativos quantificados e
qualificados em valores inferiores aos esperados na hipótese de continuidade de
suas atividades.
3. Princípio da Oportunidade: refere-se ao processo de mensuração e apresentação
dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas, ou
seja, deve registrar as informações corretamente e no tempo certo.

14 Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


4. Princípio do Registro pelo valor original: determina que os componentes do patri-
mônio devem ser, inicialmente, registrados pelos valores originais das transações,
expressos em moeda nacional.
5. Princípio da Atualização monetária (revogado): existia até 1995, era aplicado como
forma de manter os valores patrimoniais corrigidos monetariamente de acordo com
a inflação.
6. Princípio da Competência: determina que as receitas e despesas devem ser inclu-
ídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre de forma
simultânea quando se correlacionarem, independentemente de seu recebimento ou
do seu pagamento.
7. Princípio da Prudência: determina a adoção do menor valor para os componentes
do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas
igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o
patrimônio líquido.

CONVENÇÕES

As Convenções qualificam e delimitam princípios. São elas:

1. Consistência: consolida que não se deve mudar de critério, sem aviso.


2. Conservadorismo: deve-se considerar o valor de Custo de aquisição ou de Mercado,
dos dois o menor.
3. Materialidade (Relevância): determina que não se deve preocupar com miudezas.
4. Objetividade: sempre que possível, deve-se apoiar em documentos e evidências.

Para uma melhor abordagem das premissas estabelecidas pelos Princípios de Contabilidade
no Brasil, a seguir apresentamos a Resolução 750/93, atualizada pela resolução
1.282/2010 do CFC.

“RESOLUÇÃO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE -


CFC Nº 1.282 DE 28.05.2010

Atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC nº 750/93, que dispõe sobre


os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribui-


ções legais e regimentais,

CONSIDERANDO que, por conta do processo de convergência às normas inter-


nacionais de contabilidade, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a NBC
T 1 - Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
Contábeis, que discute a aplicabilidade dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade contidos na Resolução CFC nº 750/93;

CONSIDERANDO a necessidade de manutenção da Resolução CFC nº 750/93, que


foi e continua sendo referência para outros organismos normativos e reguladores
brasileiros;

CONSIDERANDO a importância do conteúdo doutrinário apresentado na


Resolução CFC nº 750/93, que continua sendo, nesse novo cenário convergido,
o alicerce para o julgamento profissional na aplicação das Normas Brasileiras de
Contabilidade;

CONSIDERANDO que, para assegurar a adequada aplicação das Normas


Brasileiras de Contabilidade à luz dos Princípios de Contabilidade, há a necessidade

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade 15


de harmonização dos dois documentos vigentes (Resolução CFC nº 750/93 e NBC
T 1);

CONSIDERANDO que, por conta dessa harmonização, a denominação de Princípios


Fundamentais de Contabilidade deva ser alterada para Princípios de Contabilidade,
visto ser suficiente para o perfeito entendimento dos usuários das demonstrações
contábeis e dos profissionais da Contabilidade, resolve:

Art. 1º Os "Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC)", citados na Resolução


CFC nº 750/93, passam a denominar-se "Princípios de Contabilidade (PC)".

Art. 2º O "CONSIDERANDO" da Resolução CFC nº 750/93 passa a vigorar com


a seguinte redação:

"CONSIDERANDO a necessidade de prover fundamentação apropriada para inter-


pretação e aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade,"

Art. 3º Os arts. 5º, 6º, 7º, 9º e o § 1º do art. 10, da Resolução CFC nº 750/93, passam
a vigorar com as seguintes redações:

“Art. 4º O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da


Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação
de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independente-
mente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a
uma instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por
conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus
sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único. O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadei-


ra. A soma ou a agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova
Entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil”.

"Artigo 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em


operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do
patrimônio levam em conta esta circunstância.

Artigo 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e


apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e
tempestivas.

Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divul-


gação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é
necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.

Artigo 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os compo-


nentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das
transações, expressos em moeda nacional.

§ 1º As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e


combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:

I - Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos
em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues
para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos
recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias,

16 Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para
liquidar o passivo no curso normal das operações; e

II - Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patri-


moniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equiva-


lentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes
fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos
são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados,
que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demons-
trações contábeis;

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes


de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os
passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descon-
tados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no
curso normal das operações da Entidade;

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo
futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso
normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente,
descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário
para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade;

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liqui-
dado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favoreci-
mentos; e

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda


nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da
expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

§ 2º São resultantes da adoção da atualização monetária:

I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa


unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II - para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações origi-
nais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que
permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e,
por consequência, o do Patrimônio Líquido; e

III - a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o
ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de
indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da
moeda nacional em um dado período."

"Artigo 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações


e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independente-
mente do recebimento ou pagamento.

Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da


confrontação de receitas e de despesas correlatas."

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade 17


“Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os
componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresen-
tem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais
que alterem o patrimônio líquido.”

"Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de


precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condi-
ções de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e
que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade
ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais."

Art. 4º Ficam revogados o inciso V do art. 3º, o art. 8º e os §§ 2º e 3º do art. 10, da


Resolução CFC nº 750/93, publicada no D.O.U., Seção I, de 31.12.93; a Resolução
CFC nº 774/94, publicada no D.O.U., Seção I, de 18/1/95, e a Resolução CFC nº
900/01, publicada no D.O.U., Seção I, de 3/4/01.

Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JUAREZ DOMINGUES CARNEIRO


Presidente do Conselho “
Nota 1: o artigo 4º, que tratava do Princípio da Entidade, foi mantido pela Resolução
CFC nº. 1282/10.

Nota 2: o artigo 8º, em seu § único, e os incisos I, II e III, que tratavam do Princípio da
Atualização Monetária, foram revogados pela Resolução CFC nº. 1282/10.

SUMARIZAÇÃO DOS DADOS


Então, pessoal, após os fatos contábeis serem escriturados segundo os Princípios de
Contabilidade, os dados processados e organizados pelo processo de acumulação são
transformados em informação útil (Demonstrações Contábeis e demais Relatórios
Contábeis) aos seus usuários (stakeholders). Portanto, é fundamental, nesta etapa do
ciclo contábil, a identificação das necessidades informacionais do usuário.

ATENÇÃO
Quando analisamos a importância de uma infor-
mação, precisamos identificar a quem ela
interessa; e no caso de uma entidade, ela
pode interessar a vários agentes para diver-
sos interesses. Vejamos:

Na entidade, os principais objetivos são: ganhar


dinheiro e/ou maximizar recursos, conquistar
mercados, exercer seu papel social e integrar
funções num ambiente que atenda a clientes,
fornecedores, governo, concorrentes, socie-
dade, respeitando a cultura, principalmente a
cultura local.

18 Conteúdos Básicos sobre Contabilidade


EVIDENCIAÇÃO
Cumpridas as etapas do ciclo contábil, a finalização ocorre pelo ato de tornar públicas
as informações sumarizadas – publicação das DCs – Demonstrações Contábeis em site
da entidade, em jornais de grande circulação, envio pelo correio/em mãos para órgãos
reguladores, financiadores, etc.

Para que você possa se manter atualizado quanto à apresentação das Demonstrações
Contábeis, orientamos que você acesse sites de empresas S/A (Sociedade Anônima) de
capital aberto, que estão obrigadas à publicação dos seus relatórios contábeis.

Muito fácil! Ao acessar o site, procure por Investidores ou Relação com o Investidor e click
em Relatórios Anuais.

Será muito interessante e você poderá conferir na prática o que os relatórios Balanço
Patrimonial e DRE-Demonstração do Resultado do Exercício, objetos de estudo para a
disciplina de Contabilidade Geral, propõem demonstrar.

Nos Relatórios Anuais, você terá ainda informações, tais como segmentos de negócios,
análise e perspectivas operacionais e financeiras, panorama geral da empresa, relatório da
administração sobre controles internos relacionados às demonstrações financeiras consoli-
dadas, parecer da auditoria independente, dentre outras relacionadas à empresa pesquisada.

SAIBA MAIS
Sempre que você precisar de informações sobre Relatórios Anuais de empresas que estão
obrigadas a publicarem suas demonstrações contábeis, recomendo que pesquise no endereço
da internet http://www.cvm.gov.br/ Por meio desse site da CVM-Comissão de Valores
Mobiliários, entidade que regulamenta e fiscaliza as companhias S/A de capital aberto, você
também poderá ter acesso às informações contábeis dessas entidades. Ao acessar, procure
por “Participantes do Mercado” e em seguida “Companhias Abertas”.

Conteúdos Básicos sobre Contabilidade 19


Síntese
Neste módulo, você estudou sobre o conceito e funções da Contabilidade, Patrimônio e
sua composição. Viu também o Ciclo Contábil, identificando a estruturação do banco de
dados e do Plano de Contas. Aprendeu que, para a manutenção da escrituração contábil,
é necessário que as entidades estabeleçam previamente a estrutura do Plano de Contas.
Abordamos também, o ciclo contábil, compreendido pelas etapas de captação dos fatos
que alteram o patrimônio da entidade por meio das transações e eventos realizados e
do reconhecimento destes fatos, segundo os critérios de classificação orientados pelos
Princípios de Contabilidade. Após a escrituração contábil, finalmente chegamos à sumari-
zação dos dados representados pelos Relatórios Contábeis e à forma de sua evidenciação.

Rereferências
CMV-Comissão de Valores Mobiliários, Participantes do Mercado, Companhias Abertas,
Disponível em http://www.cvm.gov.br/, Acesso em 10 de jul. 2014

CFC-Conselho Federal de Contabilidade, Legislação, Resoluções, Disponível em http://


www2.cfc.org.br/sisweb/sre/Default.aspx, Acesso em 10 de jul. 2014

20
Contabilidade
Geral

Método das Partidas


Dobradas e Natureza
das Contas

MÉTODO DAS PARTIDAS


DOBRADAS E NATUREZA
DAS CONTAS
APRESENTAÇÃO

O lá, aluno(a), seja bem-vindo(a)! Neste módulo, vamos estudar três pontos importantes:
Primeiramente, vamos identificar os grupos de contas contábeis, em seguida aprender
de forma mais resumida o famoso, se não o mais importante assunto que envolve o
conhecimento contábil que é o método das partidas dobradas. Neste método, os termos
débito e crédito são utilizados na escrituração contábil para justificar a causa e o efeito dos
fatos ocorridos nas entidades. Finalmente, vamos entender a natureza das contas contábeis
(se devedora ou credora), e a movimentação de seu saldo nos razonetes.
Para introduzirmos o assunto, gostaria que refletisse sobre a seguinte questão: para cada
montante de débito, existe o mesmo montante de crédito reconhecido pela contabilidade
na escrituração contábil? Será que a Equação Patrimonial A = P + PL, que representa a
composição patrimonial, tem uma relação com essa questão?

Vamos lá então?!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Identificar as contas contábeis patrimoniais e de resultado e a movimentação de seu saldo
nos razonetes, definindo, portanto, a sua natureza.
• Conhecer o método das partidas dobradas.
• Aprender a classificação nos razonetes, elaborar o balancete de verificação e levantar o
Balanço Patrimonial.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar
P. A. Estevesl

BELO HORIZONTE - 2014


MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS
E NATUREZA DAS CONTAS

Introdução
A contabilidade brasileira tem vivido, a partir da exigência dos mercados de capital, gran-
des mudanças no cenário mundial, adotando um novo procedimento contábil harmônico
e possibilitando convergência na linguagem dos negócios.

Essa convergência vem sendo viabilizada a partir de modificações introduzidas na Lei


6.404/76 (Lei das S/As) e promovidas pela Lei 11.638 de 27 de novembro de 2007, bem
como alterações na legislação tributária, promovidas pela Lei 11.941 de 27 de maio de
2009, e Lei 12.973, de 13 de maio de 2014. Todas essas alterações resultaram em novas
normas contábeis regulamentadas por resoluções do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN), e outros órgãos regulamentadores que vêm sendo adotados pelas organizações.

Contas Contábeis

Mas o que seria contas contábeis?

Conta é o nome representativo de um elemento patrimonial (Ativo e Passivo) ou de resul-


tado (receita, custo e despesa). É por meio da movimentação das contas que as entidades
podem analisar a sua situação econômico-financeira, conhecendo os saldos ($) de cada
bem, direito e obrigação, bem como as variações sofridas no patrimônio pela apuração
das contas de resultado – receita, despesa e custos.

Contabilmente, as contas são classificadas em dois grandes grupos:

Contas Patrimoniais
São utilizadas para controle e apuração do patrimônio. São elas:

• Contas do Ativo (Ativo circulante e Ativo Não circulante);


• Contas do Passivo (Passivo circulante e Passivo Não circulante);
• Contas do Patrimônio Líquido (PL).

Contas de Resultado
• Contas de Receitas – são ganhos monetários obtidos pela entidade normalmente
oriundos das suas atividades;
• Contas de Custos – são gastos monetários resultantes da aplicação de bens e servi-
ços na produção de outros bens e serviços durante o processo produtivo;

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 23


• Contas de Despesas – são gastos monetários resultantes da aplicação de bens e
serviços com objetivo de gerar receita.

Contas Retificadoras (Patrimoniais)


• São contas que retificam (reduzem) os valores do Ativo, Passivo e PL, isto é, são
contas negativas dos grupos aos quais pertençam.

Vamos refletir!
Bens, direitos, obrigações com terceiros, obrigações
com os sócios, receitas, despesas e custos.
Como identificá-los nas Demonstrações Contábeis?

Estruturas dos Relatórios Balanço


Patrimonial e DRE-Demonstração
do Resultado do Exercício
Os relatórios Balanço Patrimonial e DRE-Demonstração do Resultado do Exercício têm
como função demonstrar num determinado período, respectivamente:

• a situação patrimonial, econômico-financeira;


• o resultado (Lucro ou Prejuízo).

24 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


Exemplo do Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20XX - Em MR$ (Milhares de Reais)


Ativo Passivo
Circulante Circulante

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível

Total do Ativo Total do Passivo+ PL


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Por meio do Patrimonial, evidenciamos informações relativas aos bens, direitos e obriga-
ções da empresa num determinado momento.

Exemplo da DRE-Demonstração do Resultado do Exercício

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício apurado em 31 de dez de 20XX em


MR$ (Milhares de Reais)
Receita Bruta de Vendas de Mercadorias e Serviços
(-) Deduções da Receita
Impostos Incidentes sobre Vendas e Serviços
ICMS
ISS
PIS
CONFIS
Devoluções de Vedas e Abatimentos

=Receita Líquida
CMV - Custo da Mercadoria Vendida
CSP - Custo dos Serviços Prestados

=Lucro Bruto
(-) Despesas Comerciais
(-) Despesas Administrativas
+ Receitas Financeiras
(-) Despesas Financeiras

= Resultado Operacional antes de IR e da CSSL


(-) IR - Imposto de Renda
(-) CSSL - Contribui Social Sobre o Lucro

=Resultado (Lucro ou Prejuízo) do Exercício

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Por meio da DRE, evidenciamos o resultado apurado num determinado período seja ele
mensal, trimestral, semestral ou anual. Observe que o relatório sugere uma forma deduti-
va de apuração do resultado por meio do confronto das receitas, depesas e custos.

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 25


Detalhando as Contas Contábeis

CONTAS PATRIMONIAIS
Contas do Ativo
Entende-se por Ativo a aplicação de recursos da qual se espera a geração de benefícios
econômicos futuros. Pode-se dizer, também, que o Ativo representa, de forma estática,
os bens e os direitos da entidade, ou seja, tudo o que a empresa possui (caixa, máquinas,
prédios, terrenos, estoque, material de escritório etc.) e tudo o que lhe é devido (contas a
receber). As contas são apresentadas em ordem decrescente de liquidez, ou seja, o que
vai “virar” $ (moeda/disponível) mais rapidamente.

O Ativo aumenta de valor pelo reconhecimento contábil de uma receita, pela obtenção de
recursos com terceiros ou com sócios da entidade, ou pela venda de um outro ativo com lucro.

Essa equação pode ser entendida por meio do conceito de Origens e Aplicações. O
Passivo e o Patrimônio Líquido representam as fontes de recursos — origens — obtidas
pela empresa e o Ativo indica a destinação — aplicações — desses recursos.

O Ativo é composto de bens e direitos.

Os bens são classificados como tangíveis e intangíveis. Bens tangíveis possuem existên-
cia física (por exemplo, máquinas), e os intangíveis não possuem existência física (por
exemplo: softwares e Marcas e Patentes).

Contas do Passivo
Entende-se por Passivo a origem de recursos financiados por terceiros, além das obriga-
ções assumidas pela entidade que exigirão desembolso de recursos no futuro, ou seja,
contas a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, entre outros. As contas são apresen-
tadas em ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, o que vence (pela data) primeiro.

O Passivo aumenta de valor pela captação de um empréstimo ou financiamento, pela


compra de um ativo a prazo ou pelo reconhecimento contábil de uma despesa ainda não
paga. Por outro lado, o Passivo diminui de valor pelo efetivo pagamento ou pelo reco-
nhecimento contábil de uma receita que havia sido recebida antecipadamente, como o
adiantamento de clientes.

Contas do Patrimônio Líquido


Assim como o Passivo, o Patrimônio Líquido (PL) também representa origem de recursos,
sendo que o PL corresponde aos recursos financiados pelos sócios da entidade, na forma
de capital, e também pelos prejuízos acumulados, reservas e ações em tesouraria.

Conta de Resultado (Receitas, Despesas e Custos)


As contas do Resultado são consideradas contas extrapatrimoniais e derivam do confron-
to das receitas com as despesas, e consequentemente o resultado pode ser positivo —
lucro —, se as receitas forem maiores que as despesas, ou negativo — prejuízo —, se as
receitas forem menores que as despesas.

São as contas de resultado que irão determinar o resultado do exercício (lucro ou preju-
ízo). Ao final de um período (mensal, trimestral, semestral ou anual), a entidade soma

26 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


todas as suas receitas e confronta com o total da soma das despesas e custos, para que
se possa apurar o resultado do período: lucro ou prejuízo.

• Lucro: somatório das receitas maior que o resultado do somatório das despesas e
custos.
• Prejuízo: somatório das receitas menor que o resultado do somatório das despesas
e custos.

Vamos pensar sobre o que já vimos até agora e refletir: Será que posso afirmar, por exem-
plo, que, no ativo, quanto mais contas eu tiver, mais ($) bens e direitos eu tenho?

Não necessariamente, pois esses bens e direitos podem estar a cada momento perden-
do valor, perdendo “preço” no mercado. Nesses casos, para os bens e direitos que não
podem ser convertidos em dinheiro ou crédito pelo valor que se apresentam nos saldos
contábeis, utilizamos das contas retificadoras:

Contas Retificadoras: São contas que


retificam (reduzem) os valores do Ativo,
Passivo e PL, isto é, são contas negativas
dos grupos aos quais pertençam.

Contas Retificadoras
As contas retificadoras de valores do Ativo e do Passivo
devem ser posicionadas no balanço patrimonial, logo abaixo
da conta a que se refere, ativa ou passiva, precedidas do sinal indicativo de subtração.

CONTAS RETIFICADORAS DO ATIVO CIRCULANTE

Uma das contas retificadoras do ativo circulante, mais precisamente redutora de Clientes
(Duplicatas a Receber) é a PCLD - Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa: significa
que parte dos direitos a receber de clientes podem estar improváveis de serem recebidos,
perdendo valor.

Exemplo de Contabilização de 5% sobre o saldo de Duplicatas a Receber de $100.000:

Débito Crédito
D – Despesa com PCLD $ 5.000
C – (-) PCLD (Prov.para Créd.de Liq. Duvidosa); $ 5.000

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 27


Apresentação no Balanço:
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20XX - Em MR$
Ativo Passivo
Circulante 95.000 Circulante
Clientes (Dupl a Receber) 100.000
(-) PCLD (5.000)
Não Circulante Não Circulante
Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível

Total do Ativo Total do Passivo + PL


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Outro Exemplo:

• Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado.

CONTAS RETIFICADORAS DO ATIVO NÃO CIRCULANTE

Uma das contas retificadoras do ativo não circulante, mais precisamente do imobilizado,
é a depreciação acumulada: significa que os bens tangíveis estão perdendo valor econô-
mico pelo uso, obsolescência ou desgaste.

Exemplo de Contabilização de um mês de depreciação sobre um bem de $ 120.000:


Débito Crédito
D – Despesa ou Custo com depreciação (Resultado) $ 1.000
C – (-) Depreciação Acumulada (ativo imobilizado) $ 1.000

Apresentação no Balanço:

Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20XX - Em MR$


Ativo Passivo
Circulante Circulante
Não Circulante
Realizável de Longo Prazo Não Circulante
Investimentos
Imobilizado 119.000 Patrimônio Líquido
Máquinas e Equipamentos 120.000
(-) Depreciação Acumulada (1.000)
Intangível

Total do Ativo Total do Passivo + PL


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Outros Exemplos:

• Provisão para Perdas Prováveis na Realização de Investimentos.


• Amortização acumulada.
• Exaustão acumulada.

28 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


CONTAS RETIFICADORAS DO PASSIVO CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE

No Passivo não existem muitas contas retificadoras. Vamos exemplificar: Prêmio pago na
emissão de Debêntures no momento da captação do recurso no qual o valor do custo do
deságio é lançado como redutor no passivo e apropriado quando incorrido.

Exemplo de Contabilização:
Débito Crédito
D – Caixa (pela captação líquida) $ 40.000
D – Custo a Amortizar (redutor do passivo) $ 10.000
C – Debêntures $ 50.000

Representação no Balanço Patrimonial:

Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20XX - Em MR$


Ativo Passivo
Circulante 40.000 Circulante 40.000
Caixa 40.000 Debêntures 50.000
(-) Custo a Amortizar (10.000)
Não Circulante
Realizável de Longo Prazo Não Circulante
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível

Total do Ativo Total do Passivo + PL


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

CONTAS RETIFICADORAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Uma das contas retificadoras do patrimônio líquido é a conta contábil Prejuízos


Acumulados: significa que a empresa, durante um determinado período, não gerou lucro
e apresentou prejuízo, resultando, portanto, numa redução do patrimônio líquido.

Exemplo de Contabilização de um resultado apurado na ARE negativo de $30.400:

Débito Crédito
D – Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido) $ 30.400
C – ARE-Apuração do Rsultado do Exercício (Resultado) $ 30.400

Obs: A ARE-Apuração do Resultado do Exercício - é uma conta transitória do Resultado na qual


são encerrados os saldos das contas de resultado (Receitas, Despesas e Custos). Nesse caso,
o resultado será prejuízo se os saldos de Receitas foram inferiores aos saldos das Despesas e
Custos. Veremos seu mecanismo de forma mais detalhada ainda neste módulo.

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 29


Representação no Balanço Patrimonial:
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20XX - Em MR$
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Não Circulante
Realizável de Longo Prazo Não Circulante
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido 169.600
Intangível Capital Social 200.0000
Prejuízos Acumulados (30.400)

Total do Ativo Total do Passivo + PL


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Outros Exemplos:

• Capital a Realizar.
• Ações em Tesouraria.

Método das Partidas Dobradas

SURGIMENTO
A grande contribuição para a consolidação do Método das Partidas Dobradas teve sua
origem no Séc. XV, com o surgimento da fase lógica ou fase pré-científica, mais precisa-
mente no ano de 1494, na Itália, com o Pai da Contabilidade, Frei Luca Pacioli. O método
propõe expressar a causa e efeito do fenômeno patrimonial das entidades por meio dos
termos débito e Crédito.

A movimentação então dos débitos e créditos em relação à escrituração dos fatos ocorri-
dos nas entidades é processada pela contabilidade por meio dos chamados “Razonetes”.

Mas o que é Razonete?

RAZONETE

É a representação gráfica de uma conta, com a utilização de um "T", em que o lado


esquerdo é o lado dos débitos e o lado direito é o lado dos créditos.

Nome da Conta

} Valores ($)
}
}

Coluna de débitos Colunas de créditos


Fonte: Profa. Rosa Maria

30 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


Vale ressaltar que a ferramenta do razonete era a única maneira manuscrita que existia
para se chegar aos saldos das contas num determinado período. Hoje, com os avanços
dos Sistemas Integrados de Gestão (ERP), após o processamento dos fatos, chegamos
aos saldos das contas contábeis ao final de um determinado período sumarizados em
forma de relatórios, como por exemplo, o Livro Razão.

Portanto, para que você possa fazer um lançamento contábil corretamente, preliminar-
mente é preciso:

1. compreender a operação que será contabilizada;


2. identificar as contas que serão movimentadas pela operação;
3. identificar as contas de origem e aplicação;
4. identificar a natureza das contas envolvidas;
5. fazer os lançamentos conforme a natureza das contas, numerando-os, e
6. conferir se o total ($) de lançamentos a débito está igual ao total ($) de lançamentos
a crédito.

FUNCIONAMENTO DAS CONTAS


Antes de detalharmos o funcionamento das contas, vale reforçar:

A composição patrimonial é definida pela equação:

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Uma Reflexão!

Balanço Patrimonial Levantado em 31 de outubro de 20XX - Em MR$


Ativo Passivo + PL
Bens + Direitos Obrigações com terceiros +
Obrigações com sócios
APLICAÇÕES ORIGENS
Sgnifica onde foram APLICADOS os Significa de onde vieram os
recursos recursos
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Apuração do Resultado (Lucro ou Prejuízo)


A Apuração do Resultado (Lucro ou Prejuízo) é obtida pelo confronto das Receitas com
Despesas e Custos, em que:

• as receitas provocam aumento do Patrimônio Líquido;


• as despesas e custos provocam diminuição do Patrimônio Líquido.

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 31


Proponho então uma reflexão:

Como podemos classificar a natureza das contas patrimoniais (Ativo,


Passivo, Patrimônio Líquido) e contas de resultado (Receitas, Despesas
e Custos)?
Quais contas contábeis são devedoras e quais são credoras?

Natureza das Contas do Ativo


As contas do Ativo possuem a natureza do seu saldo, devedor.

O Ativo, onde se encontram os bens e os direitos, representa as aplicações, tem saldo


devedor, aumenta por débito e diminui a crédito, exceto as contas retificadoras.

Natureza das Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido


As contas do Passivo e Patrimônio Líquido possuem a natureza do seu saldo, credor.

O Passivo e o PL representam obrigações, são origens, têm saldo credor, aumentam por
crédito e diminuem a débito, exceto as contas retificadoras.

Natureza das Contas de Resultado


(Receitas, Despesas e Custos)
• As contas de Receitas representam as origens e possuem saldo credor, pois aumen-
tam o Patrimônio Líquido.
• As contas de Custos e Despesas representam as aplicações e possuem saldo deve-
dor, pois diminuem o Patrimônio Líquido.

Débitos da empresa são suas aplicações, enquanto os créditos são as origens.

Resumo da Movimentação dos saldos das contas contábeis Classificação e


Contas Contábeis - Grupos Débito Crédito Representação
Ativo aumenta diminui
A
Retificadora do Ativo (-) diminui aumenta
Balanço Patrimonial

Contas =
Passivo diminui aumenta Contábeis
P
Retificadora do Passivo (-) aumenta diminui Patrimoniais
Bilaterais
+
Patrimônio Líquido diminui aumenta
PL
Retificadora do Patrimônio Líquido (-) aumenta diminui
Receitas - aumenta Contas
Contábeis Lucro ou
DRE

de Resultado Prejuízo
Despesas e Custos aumenta - Unilaterais

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

32 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


Quanto à natureza das contas contábeis, resumindo temos:

São contas de Natureza Devedora São contas de Natureza Credora


Contas do Ativo Contas do Passivo
Reticadora do Passivo (-) Retificadora do Ativo (-)
Retificadora do Patrimônio Líquido (-) Patrimônio Líquido
Despesas e Custos Receitas

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Exemplificando, vamos acompanhar a classificação de algumas operações:

Exemplo 1
Os sócios Sr. X e Sra. Y resolveram constituir uma Sociedade denominada “Cia Comercial
AVA”, e para tanto integralizaram em dinheiro um capital no valor de $ 100.000. Observe
então que será necessário abrir um razonete para cada conta contábil para escrituração
contábil do fato. Vamos então pensar no devedor e no credor da operação.

Teremos então a seguinte classificação contábil:

Caixa (AC) Caixa Social (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
1 100.000 100.000 1

Legenda: AC Ativo Circulante


PL Patrimônio Líquido

Se pensarmos no Levantamento do Balanço Patrimonial após a classificação da operação


acima, teremos:

Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20XX - Em MR$


Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 100.000

Não Circulante
Realizável de Longo Prazo Não Circulante
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível Capital Social 100.0000

Total do Ativo 100.000 Total do Passivo + PL 100.000


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Logo, podemos em primeiro lugar concluir que os sócios nesse momento são credores de
$ 100.000,00, e a entidade é devedora de $ 100.000,00, e ainda confirmar a composi-
ção patrimonial pela equação:

A = P + PL, ou seja, $ 100.000 = 0 + $ 100.000.

Isso não é magnífico?

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 33


Agora mais completo, com mais operações: Exemplo 2
Em 1º de outubro de 20XX, a Sra. Margarida resolveu constituir uma empresa - Floricultura
Margarida é Flor Ltda, e a partir disso ela começou suas operações.

Inicialmente, definiu que o capital social inicial seria de R$ 20.000,00 em dinheiro.


Comprou à vista um computador por R$ 2.500,00 e uma impressora por R$ 500,00
(com pagamento em dinheiro). Comprou a prazo, para pagamento em 60 dias, estoque de
flores – 1.000 dúzias de margaridas por R$ 8.000,00. Vendeu 70% do seu estoque por
R$ 7.500,00, recebendo à vista 60% em dinheiro e o restante em 60 dias.

Vamos contabilizar os fatos acima, permitindo à senhora Margarida apurar o resultado e


o seu novo patrimônio.

Com a utilização de razonetes para as contas contábeis necessárias para a escrituração


dos fatos acima, teremos:

RAZONETES
Computadores e
Caixa (AC) Estoques (AC) Periféricos (ANC-Imob)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
(1) 20.000,00 2.500,00 (2) (4) 8.000,00 5.600,00 (6) (2) 2.500,00
(5) 4.500,00 500,00 (3) (3) 500,00

24.500,00 3.000,00 8.000,00 5.600,00 3.000,00


21.500,00 2.400,00

Clientes (AC) Fornecedores (PC) Capital Social (PL)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
(5) 3.000,00 8.000,00 (4) 20.000,00 (1)

3.000,00 8.000,00 20.000,00

CMV Custo da
Lucro do Exercício (PL) Receita de Vendas (ARE) Merc.Vendida (ARE)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1.900,00 (c) 7.500,00 (5) (6) 5.600,00

1.900,00 (a) 7.500,00 7.500,00 5.600,00 5.600,00 (b)


0,00 0,00

ARE Apuração do Res.Do


Legenda: Exercício
AC Ativo Circulante Débito Crédito
ANC-Imob. Ativo Não Circulante - Imobilizado (b) 5.600,00 7.500,00 (a)
PC Passivo Circulante
PL Patrimônio Líquido
Res Contas de Resultado 5.600,00 7.500,00
Lançamentos: (c) 1.900,00 1.900,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL

34 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


Observe que, ao lado de cada lançamento na conta T, há um correspondente numérico
entre parênteses que permite a conferência dos lançamentos de modo a reduzir erros de
correspondência: Total de débitos = Total de créditos.

Você acompanhou os lançamentos efetuados na conta T – método das partidas dobradas


– razonete (acima). Agora vamos ver o modelo simplificado de escrituração – método das
partidas dobradas Diário.

A Sra. Margarida criou uma empresa, definindo seu investimento como sócia na conta
“Capital Social” em R$ 20.000,00. Esse recurso representa uma Origem que teve sua
Aplicação, total, em dinheiro na conta “Caixa”, no valor de R$ 20.000,00. Podemos
confirmar que o total de aplicação e origem está correto, no lançamento (1):

Débito de Caixa .......... 20.000,00 Crédito de Capital Social .......... 20.000,00

Comentário: A segunda conta foi precedida da letra "a". Essa letra é uma espécie de
divisor entre débitos e créditos. Significa que todas as contas antes da letra "a" foram
debitadas, e as que vêm em seguida foram creditadas. Outra forma de apresentação é o
deslocamento dos valores a débito para a direita e dos valores a crédito para a esquerda:

Exemplo para fins didáticos:

D - caixa 20.000,00;
C - capital Social 20.000,00.

A Sra. Margarida comprou à vista, por R$ 2.500,00, um computador. Neste caso, a saída
do dinheiro da conta “Caixa” representa uma Origem que teve sua Aplicação na conta
“Computador” no valor de R$ 2.500,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e
origem está correto, no lançamento (2):

Débito de Computador .......... 2.500,00 a Crédito de Caixa .......... 2.500,00

A Sra. Margarida comprou também à vista por R$ 500,00, uma impressora, e a saída
do dinheiro da conta “Caixa” representa uma Origem que teve sua Aplicação na conta
“Impressora” no valor de R$ 500,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e
origem está correto, no lançamento (3):

Débito de Impressora .......... 500,00 a Crédito de Caixa .......... 500,00

A Sra. Margarida comprou à prazo, por R$ 8.000,00, flores para revenda. O reconheci-
mento da dívida com seu “Fornecedor” representa uma Origem que teve sua Aplicação na
conta “Estoque” no valor de R$ 8.000,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e
origem está correto, no lançamento (4):

Débito de Estoque .......... 8.000,00 a Crédito de Fornecedor .......... 8.000,00

A Sra. Margarida vendeu 70% de parte do estoque de flores por R$ 7.500,00, sendo que
recebeu à vista 60%, ou seja, R$ 4.500,00, e o restante a prazo: 60 dias. O reconheci-
mento da receita na conta de resultado “Receita de vendas” representa uma Origem que
teve sua Aplicação na conta “Caixa” no valor de R$ 4.500,00, e na conta “Clientes” no
valor de R$ 3.000,00, totalizando R$ 7.500,00. Podemos confirmar que o total de apli-
cação e origem está correto, no lançamento (5):

Débito de Caixa .......... 4.500,00;


Débito de Clientes ...... 3.000,00 a Crédito de Receita de Vendas ......... 7.500,00.

Observe nesse caso que a operação tem dois débitos para um crédito fechando a causa
e o efeito do fato.

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 35


A Sra. Margarida apurou o custo das suas vendas e identificou que representou 70% do
estoque, ou seja: R$ 8.000,00 (valor do estoque) x 70% = R$ 5.600,00. Contabilmente
o lançamento que irá representar esse fato é: a saída das flores da conta “Estoque” repre-
sentando uma Origem que teve sua Aplicação na conta “Custo das mercadorias vendi-
das”, no valor de R$ 5.600,00. Podemos confirmar que o total de aplicação e origem está
correto, no lançamento (6):

Débito de Custo das Mercadorias Vendidas ........... 5.600,00 a


Crédito de Estoque ............................................... 5.600,00.

Para que possamos conferir se todos os lançamentos foram feitos corretamente levanta-
remos o Balancete de Verificação.

Balancete de verificação
É a relação de contas com seus respectivos saldos, extraídos do livro razão num deter-
minado momento. O principal objetivo do balancete de verificação de saldo é aferir se os
lançamentos foram efetuados de forma correta, ou seja, se foram lançados corretamente
a débito e a crédito de acordo com a natureza da conta, sendo que ao final os saldos
devedores serão iguais aos saldos credores.

Vejamos:
Balancete Levantado em 31 de outubro de 20XX - Em MR$
Contas Contábeis Saldo Anterior Débito Crédito Saldo Atual
Caixa - 24.500,00 3.000,00 21.500,00 D
Clientes - 3.000,00 3.000,00 D
Estoques - 8.000,00 5.600,00 2.400,00 D
Computadores e Periféricos - 3.000,00 3.000,00 D
Fornecedores - 8.000,00 8.000,00 C
Capital Social - 20.000,00 20.000,00 C
Lucro do Exercício - 1.900,00 1.900,00 C

Total - 38.500,00 38.500,00


∑Débitos = ∑Créditos

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Note que todos os lançamentos dos fatos contábeis foram feitos corretamente e confir-
mados no balancete de verificação de acordo com a natureza da conta.

Apuramos o resultado, e para fins de simplificação não consideramos os tributos inciden-


tes na compra nem na venda, bem como a depreciação e outros fatos que em situações
mais complexas, teriam que ser contabilizados.

Como apuramos o Resultado do Exercício de Outubro-XX?

ARE – Apuração do Resultado do Exercício


Utilizamos uma conta transitória do grupo de resultados chamada de ARE – Apuração do
Resultado do Exercício, pois toda vez que encerramos um período e que desejamos saber
qual é o valor do resultado que será transferido para o Patrimônio Líquido da entidade Lucro

36 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


ou Prejuízo, devemos encerrar, ou seja, zerar todas as contas de resultado que têm saldo.
Esse encerramento é efetuado a partir do lançamento a débito ou a crédito do valor do
saldo da conta de receita, custo ou despesa na conta ARE, sempre observando que contas
de receita serão encerradas a débito e o mesmo valor será lançado a crédito na conta
ARE. Contas de custos ou despesas serão encerradas a crédito e o mesmo valor lançado
a débito na conta ARE. Assim, ao final, quando todas as contas de resultado já tiverem
sido encerradas, ou seja, zeradas, a conta ARE apresentará o valor do
Lucro do exercício
Lucro antes dos impostos de renda e contribuição social sobre o lucro.
De acordo com as alterações da Lei 6.404/76,
Se nós fôssemos apurar e contabilizar os impostos, teríamos mais a conta lucro do exercício acumulada do
lançamentos contábeis, mas conforme já combinamos nesse exercício ano deve apresentar destinação específica:
estaremos simplificando os lançamentos, portanto cabe a nós fazer- distribuição aos sócios e acionistas (PC),
aumento de capital e/ou constituição de
mos o lançamento a débito de ARE e a crédito de Lucro do exercício.
Reservas de Lucros (no Patrimônio Líquido).

Balanço Patrimonial
No exemplo da Empresa Floricultura Margarida é Flor Ltda., o balanço patrimonial seria
apresentado da seguinte forma:

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA FLORICULTURA MARGARIDA É FLOR LTDA.

Balanço Patrimonial Levantado em 31 de outubro de 20XX - Em MR$


Ativo Passivo
Circulante 26.900,00 Circulante 8.000,00
Caixa 21.500,00 Fornecedores 8.000,00
Clientes 3.000,00
Estoques 2.400,00

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo

Investimentos
Patrimônio Líquido 21.900,00
Imobilizado 3.000,00 Capital Social 20.000,00
Computadores e Perif. 3.000,00 Lucro do Exercício Out -XX 1.900,00

Intangível

Total do Ativo 29.900,00 Total do Passivo + PL 29.900,00


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Validando o conhecimento!

Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas 37


Analisando o balanço da empresa Empresa Floricultura Margarida é Flor Ltda e validando
os conhecimentos adquiridos até aqui neste módulo, podemos identificar que:

1. A empresa possui riqueza própria uma vez que:

ATIVO > PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO > 0

2. O valor total das Origens de Recursos corresponde a $ 29.900,00 e está represen-


tado pelos valores demonstrados no Passivo e no Patrimônio Líquido.
3. O valor das Aplicações soma $ 29.900,00 e está representado no Ativo.
4. O capital de terceiros está correspondido no Passivo totalizando $8.000,00.
5. O capital próprio da empresa está correspondido no Patrimônio Líquido totalizando
$ 21.900,00.

O balanço patrimonial é uma das principais demonstrações contábeis que tem como
objetivo demonstrar a posição financeira de determinada entidade, de forma que as infor-
mações são utilizadas para analisar a geração de fluxo de caixa futuro.

38 Método das Partidas Dobradas e Natureza das Contas


Síntese
Neste módulo, abordamos assuntos relacionados às contas contábeis (incluindo as retifi-
cadoras), sua classificação, natureza e localização nos relatórios contábeis. Identificamos
a diferença entre contas patrimoniais e de resultado e como são movimentados seus
saldos nos razonetes. Entendemos, por meio do importantíssimo método das partidas
dobradas, que na contabilidade não devemos permitir que um fato registrado tenha
débito sem crédito ou crédito sem débito e que é possível nos certificarmos disso pelo
Balancete de Verificação. Vimos exemplos de estruturas básicas do Balanço Patrimonial
e da DRE-Demonstração de Resultado do Exercício. Finalmente, praticamos todos esses
conhecimentos em exercícios/exemplos que abordaram a escrituração das operações,
apuração de resultado, levantamento de Balancete e do Balanço Patrimonial.

É mesmo muito prazeroso trabalhar com a prática contábil, não é mesmo? Espero que
tenham gostado!

Referência
CARVALHO, Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio. Contabilidade Internacional. São Paulo:
ATLAS, 2006.

DIAS, Adriana. Os impactos positivos da nova lei S.A. Gazeta Mercantil, Caderno A. p. 3
Disponível em 24/01/2008

NATAN, Szuster, et al. Contabilidade Geral: introdução à Contabilidade Societária. 2. ed.


São Paulo: Atlas, 2008.

MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

39
Contabilidade
Geral

Aplicações, Empréstimos
e Financiamentos

APLICAÇÕES,
EMPRÉSTIMOS E
FINANCIAMENTOS
APRESENTAÇÃO

C aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Neste módulo, você irá aprender que as empresas,
em períodos de sobra de caixa (valores disponíveis), aplicam esses recursos temporários
com a finalidade de ganhar juros e evitar a desvalorização dos recursos pela inflação e
em período de falta de caixa ou caixa disponível, as empresas vão ao mercado solicitar
empréstimos e financiamentos.
Em decorrência dessas estratégias adotadas pelas empresas, conheceremos os procedi-
mentos contábeis para escrituração e evidenciação dos fatos que envolvem aplicações
financeiras e empréstimos e financiamento.

E então, vamos iniciá-lo?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Contabilizar os juros auferidos (receita financeira) e incorridos (despesa financeira) por
tempo incorrido, relativos às aplicações financeiras e empréstimos/financiamentos, respec-
tivamente, no período.
• Apurar o resultado confrontando receitas financeiras e despesas financeiras no período.
• Levantar e evidenciar os efeitos das receitas e despesas financeiras no Balanço Patrimonial.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar
P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


APLICAÇÕES, EMPRÉSTIMOS
E FINANCIAMENTOS

Aplicações Financeiras
As aplicações financeiras são contas de natureza devedora, classificadas no Ativo
Circulante (até 12 meses) ou no Ativo realizável a Longo Prazo (acima de 12 meses)
denominadas Aplicações.

Você conhece algum tipo de


aplicação de recursos?

As aplicações mais comuns no mercado financeiro são a Poupança, o Certificado


de Depósito Bancário (CDB), o Recibo de Depósito Bancário (RDB) e os Fundos de
Investimento.

Os títulos de renda fixa dos bancos mais comuns são os CDBs (Certificados de Depósito
Bancário) e os RDBs (Recibos de Depósito Bancário). O que diferencia esses títulos é que
o banco pode resgatar o CDB antes do vencimento, se o cliente solicitar.

Já o RDB, por sua vez, deve ser resgatado apenas no vencimento. Os dois títulos podem
ser prefixados ou pós-fixados, e o Imposto de Renda Retido em Fonte é calculado sobre
o rendimento e a alíquota do IR varia entre 22,5% e 15,0% - dependendo do prazo de
aplicação.

O prazo é pré-estabelecido (exemplo: 30 dias), e estes títulos são conhecidos como


depósitos a prazo. O prazo de vencimento dos CDBs e RDBs costuma ser em torno de
um múltiplo de 30 dias, ou 24 meses. Mas se o vencimento em 30 dias não cair em um
dia útil, o resgate se dará no próximo dia útil, que pode ser 31 ou mais, até que atinja
um dia útil.

Os CDBs prefixados não têm prazo mínimo obrigatório, porém não é viável fazer opera-
ções por prazo inferior a 30 dias. O resgate por prazo inferior leva ao pagamento de IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras), ou seja, quanto menor o prazo da aplicação maior
incidência de IOF. Com isso, há um desestímulo às operações de curto prazo. A mesma
regra vale também para os fundos de investimento.

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 43


Aplicações de Renda Fixa
Nesse tipo de aplicação, o investidor não corre o risco de perder o capital aplicado, pois
conforme o nome diz, trata-se de renda fixa, ou seja, há garantia de um rendimento fixo.

Exemplo: Poupança, CDB, Fundos, variando de banco p/banco.

Agora, vamos entender os aspectos


intrínsecos de alguns tipos de aplicação
financeira.

Aplicações de Renda Variável


Nesse tipo de aplicação, não há garantia. O investidor tanto pode ganhar muito, como
perder todo seu investimento. Isso irá depender do mercado financeiro, por isso se chama
renda variável. Existe o risco tanto para mais como para menos.

Exemplo: Ações, Aplicações em Bolsa de Valores, Fundos.

Aplicações Prefixadas
No momento da aplicação, os valores já são conhecidos, ou seja, determinados. O inves-
tidor conhece exatamente o valor que renderá o seu investimento. Exemplo: O banco
oferece uma taxa de juros de 2% ao mês para uma aplicação em CDB.

Modalidades de empréstimos
Você já sabe que as modalidades das aplicações podem ser pré e pós-fixadas.

Aproveitando esse entendimento, vamos analisar as modalidades dos empréstimos, pois


eles também podem ser pré ou pós - fixados.

Mas o que os difere?

Os empréstimos e financiamentos são contas de natureza credora, classificadas no


Passivo Circulante (até 12 meses) ou no Passivo Não Circulante (acima de 12 meses)
denominadas Origens.

Vejamos: O conceito de pré e pós pode ser utilizado para ambos. A diferença está em
conhecer ou não previamente os valores para os juros da operação, e consequentemente
saber que aplicação financeira e empréstimo/financiamento são operações opostas.

Enquanto na aplicação o investidor possui recursos disponíveis e espera obter uma receita
financeira (ganho), no empréstimo, os recursos são de terceiros e sobre eles existe uma
despesa financeira.

44 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


ATENÇÃO
As expressões Pré e Pós-fixados servem tanto para aplicação como para empréstimos. A
diferença é que no empréstimo você paga, e na aplicação você ganha.

IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) e


IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras)
Quando falamos de “ganho”, temos que avaliar a tributação incidente sobre esses ganhos,
o IRRF, e também sobre a tributação sobre os empréstimos, o IOF. Veja:

A Lei n° 11.033, de 21/12/2004, promoveu significativas alterações no tratamento tribu-


tário das aplicações financeiras.

IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte


Suas disposições entraram em vigor desde 1/1/2005. Os principais destaques são as
alterações da alíquota do IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte. Este imposto incide
sobre o rendimento bruto de aplicações, é retido pelo banco no ato do crédito do juro, por
isso tem a palavra fonte em seu nome.

O IRRF é considerado uma antecipação ao fisco. Será compensado com o imposto


que a empresa tiver que pagar, ou será solicitada devolução quando a empresa não
tiver imposto a pagar.

Não esqueça que, por ser considerada uma antecipação, o IRRF,


contabilmente é um direito e por isso é classificado no Ativo
Circulante – Curto Prazo: subgrupo valores a recuperar/
compensar.

Para os fundos de investimento e demais aplicações


de renda fixa, foi adotado um critério de tributação
decrescente, de acordo com o prazo de permanência
dos recursos na aplicação. Observe:

• Aplicações de até 6 meses: 22,5%.


• Aplicações de 6 a 12 meses: 20%.
• Aplicações de 12 a 24 meses: 17,5%.
• Aplicações acima de 24 meses: 15%

TOME NOTA
Para conhecer a lei nº 11.033 na íntegra, clique aqui. 1

1 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/leis/2004/lei11033.htm

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 45


IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras)
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre operações de crédito, de
câmbio e seguro e operações relativas a títulos e valores mobiliários é um imposto federal,
portanto somente a União tem competência para instituí-lo (Art.153, V, da Constituição
Federal de 1988).

O fato gerador do IOF ocorre em um dos seguintes momentos: Câmbio


Câmbio é toda operação em que
• Nas operações relativas a títulos mobiliários, quando da emissão, há troca de moeda nacional por
transmissão, pagamento ou resgate destes títulos. moeda estrangeira ou vice-versa.

• Nas operações de câmbio, na efetivação do pagamento ou quando Seguro


colocado à disposição do interessado. Dá-se o nome de seguro a todo
contrato pelo qual uma das partes,
• Nas operações de seguro, na efetivação da emissão de apólice ou segurador, se obriga a indenizar
recebimento do prêmio. a outra, segurado, em caso
da ocorrência de determinado
• Nas operações de crédito, quando da efetivação de entrega parcial ou sinistro, em troca do recebimento
total do valor que constitui o débito, ou quando colocado à disposição de um prêmio de seguro.
do interessado (neste item inclui-se o IOF cobrado quando do saque
Apólice
de recursos colocados em aplicação financeira, quando resgatados Apólice é um documento emitido
em menos de 30 dias). por uma seguradora, que formaliza a
aceitação do risco objeto do contrato
Os contribuintes do imposto são as partes envolvidas nas operações. As de seguro. Nela estão discriminadas
alíquotas utilizadas podem ser fixas, variáveis, proporcionais, progressivas uma série de condições, como o
ou regressivas. bem ou a pessoa segurado/a, as
coberturas e garantias contratadas,
A base de cálculo depende da operação: o valor do prêmio, assim como o
prazo do contrato, entre outras.
• Nas operações de crédito, é o montante da obrigação.
Alíquotas
• Nas operações de seguro, é o montante do prêmio. Alíquota é o percentual ou valor
fixo que será aplicado sobre a base
• Nas operações de câmbio, é o montante em moeda nacional. de cálculo para o cálculo do valor
• Nas operações relativas a títulos e valores mobiliários, é o preço ou o de um tributo. A alíquota será um
percentual quando a base de cálculo
valor nominal ou o valor de cotação na Bolsa de Valores. for um valor econômico, e será
um valor quando a base de cálculo
A principal função do IOF é ser um instrumento de manipulação da política for uma unidade não monetária.
de crédito, câmbio, seguro e valores imobiliários. Como exemplo de que
isso é real, temos o caso do IOF sobre rendimentos obtidos em aplicações Base de Cálculo
Base de cálculo é a grandeza
financeiras, em que, a partir do primeiro dia da aplicação, a alíquota do IOF econômica sobre a qual se
vai diminuindo progressivamente, até zerar no 30º dia. Com isso, o governo aplica a alíquota para calcular
desestimula a “ciranda financeira” entre aplicações. a quantia a pagar.

Ainda sobre o IOF: Bolsa de Valores


A bolsa de valores é o mercado
• Incide sobre operações financeiras em geral, exceto leasing e opera- organizado onde se negociam
ações de empresas de capital
ções internacionais.
aberto (públicas ou privadas) e
• A Taxa média para pessoas jurídicas é de 0, 0041% ao dia sobre o outros instrumentos financeiros,
como opções e debêntures..
valor das operações de crédito (Artigo 7º, inciso 2, letra a do Decreto
6306/2007).
• Nas aplicações financeiras: incide sobre o rendimento no resgate antes de 30 dias
(regressivo proporcional ao período de dias faltantes).
• Incide sobre os financiamentos: sobre o valor financiado, entretanto deve-se verifi-
car, na legislação federal ( Decreto 6306 de 2007), o tipo de financiamento, pois há
taxas especificas para cada caso.

Vale lembrar que os CDBs prefixados não têm prazo mínimo obrigatório, porém não é
viável fazer operações por prazo inferior a 30 dias. O resgate por prazo inferior leva ao
pagamento de IOF maior, quanto menor o prazo da aplicação; portanto, para aplicação
financeira os resgates após 30 dias, não incide mais IOF.

46 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Contabilização das Operações Financeiras
Conforme já mencionado, as empresas estrategicamente aplicam a sobra de recursos
e dependendo da necessidade, buscam recursos em empréstimos e financiamentos. A
contabilidade, que tem como função patrimonial manter o controle do patrimônio e como
função econômica a apuração do resultado, faz o reconhecimento dos fatos que envol-
vem as aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos, observando para tanto
o princípio da competência, para que receitas financeiras e despesas financeiras sejam
reconhecidas no momento em que elas ocorrem. Veremos a seguir a contabilização das
referidas operações.

Contabilização das Aplicações Financeiras

E então, vamos agora praticar a


contabilização das aplicações financeiras?
Você já ouviu a expressão “ D+1 ” nas
operações de aplicações financeiras?

Contabilmente, utilizamos a sigla “D+1” para designar o fato de não considerar o dia em
que investimos o dinheiro, e sim de considerarmos o dia do resgate para efeito de apura-
ção do rendimento financeiro.

De maneira objetiva, primeiro contabilizaremos uma aplicação financeira prefixada-


-CDB, com resgate no próprio mês de aplicação. Veja o exemplo de Aplicação Financeira
PréFixada.

APLICAÇÃO FINANCEIRA COM RESGATE DENTRO DO PRÓPRIO MÊS (EXEMPLO 1)

Em 01/08/20xx, a Empresa ABC Ltda. investe o montante de R$ 50.000,00 em títulos de


CDB, negociáveis no Banco da Gente Feliz, com uma taxa de juros de 1,8% pelo período
de 30 dias, para resgate em 31/08/20xx.

Imaginando ter ocorrido somente essa operação no mês e sabendo-se que a empresa
tinha como saldo inicial em Bancos Conta Movimento e Capital Social o valor de R$
200.000,00, classifique a operação de aplicação no diário, nos razonetes, e levante o
Balanço Patrimonial em 31 de agosto de 20xx.

ATENÇÃO
(D+ 1) “Não se conta o dia da aplicação; conta-se o dia do resgate”.

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 47


a. No dia 01 de agosto de 20xx, a Empresa ABC Ltda. fez a seguinte aplicação em CDB:

Data aplicação 01/08/xx


Valor R$ R$ 50.000,00
Taxa para o período 1,80%
Rendimento mensal em R$
50.000,00 x 1,8%=900,00 R$ 900,00
IRRF sobre o rendimento em R$
A alíquota do IRRF foi de 22,5% de acordo
com o prazo da aplicação (até 180 dias)
900,00 X 22,5%=202,50 R$ 202,50

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

b. No dia 31de agosto de 20xx, a Empresa ABC Ltda. fez o seguinte resgate:

Data resgate 31/08/xx


Valor bruto R$ R$ 50.900,00
IRRF R$ R$ 202,50
Valor líquido R$ R$ 50.697,50

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Vejamos então como ficariam as classificações das operações do Exemplo 1 no livro


diário, nos razonetes, e a representação no Balanço Patrimonial de 31 de agosto de 20xx!

Livro Diário
Pela Contabilização da Aplicação
01 de Agosto de 20xx Débito Crédito
D – Aplicações Financeiras (AC) 50.000,00
C – Bancos Conta Movimento (AC) 50.000,00
Aplicação financeira em 01 de agosto de 20xx para resgate em 31/08 de 20xx

Pela Contabilização dos Juros e IRRF


31 de Agosto de 20xx Débito Crédito
D – Aplicações Financeiras (AC) 697,50
D – IRRF a Recuperar (AC) 202,50
C – Rendimentos S/Aplicações (ARE) 900,00
Reconhecimento da receita financeira da operação aplicação financeira em CDB

Pela Contabilização do resgate


31 de Agosto de 20xx Débito Crédito
D – Bancos Conta Movimento (AC) 50.697,50
C – Aplicações Financeiras (AC) 50.697,50
Resgate de aplicação financeira CDB realizada em 01/08/20xx

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

48 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Razonetes

Bancos Conta Mov. (AC) Apl. Financ. (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 200.000,00 50.000,00 1 1 50.000,00 50.697,50 3 200.000,00 si
3 50.697,50 2 697,50

250.697,50 50.000,00 50.697,50 50.697,50 200.000,00


200.697,50 -

IRRF a Recuperar (AC) Lucro do Exercício (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
2 202,50 900,00 (b)

202,50 900,00

ARE Apuração do Res.


Receitas Financeiras (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito
900,00 2 900,00 (a)

(a) 900,00 900,00 - 900,00


(b) 900,00 900,00

Lançamentos:
si saldo inicial em 01 de agosto R$ 200.000,00
1 Aplicação Financeira em 01 de agosto R$ 50.000,00
2 Reconhecimento do Rend. e o IRRF em 31 de agosto R$ 900,00
(202,50)
Líquido R$ 697,50
3 Resgate da Aplicação em 31 de agosto R$ 50.697,50
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Transferência do Resultado para o PL

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 49


Empresa ABC Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de agosto de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 200.900,00 Circulante
Bancos Conta Mov. 200.697,50
Apl.Financeiras -
IRRF a Recuperar 202,50

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 200.900,00
Imobilizado Capital Social 200.000,00
Intangível Lucro do Exercício 900,00

Total do Ativo 200.900,00 Total do Passivo + PL 200.900,00


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Analisando os efeitos do Exemplo 1:

No Balanço Patrimonial levantado em 31 de agosto de 20xx, em sua representação,


evidenciamos o reflexo do rendimento, aumentando o Patrimônio Líquido e um direito a
compensar/recuperar do IRRF no Ativo. Evidenciamos ainda, no saldo em conta corrente
o rendimento líquido, após resgate. Todos os efeitos da operação ocorreram dentro do
próprio mês (aplicação, rendimento e resgate).
Não é mesmo interessante?
Vejamos outro exemplo de Aplicação Financeira Prefixada, agora com resgate no mês seguinte.

APLICAÇÃO FINANCEIRA PREFIXADA COM RESGATE NO MÊS SEGUINTE (EXEMPLO 2)

Em 04/08/xx, a Empresa ABC Ltda. investe no Banco da Gente Feliz o montante de R$


100.000,00 em títulos de CDB, a uma taxa de juros simples de 2,0% no período, para resga-
te em 10/09/xx (pelo período de 37 dias). Imaginando ter ocorrido somente essa operação
no mês e sabendo-se que a empresa tinha como saldo inicial em Bancos Conta Movimento e
Capital Social o valor de R$ 300.000,00, classifique a operação de aplicação, nos razonetes,
e levante o Balanço Patrimonial em 31 de agosto de 20XX. Em seguida, proceda a mesma
classificação e levante o Balanço Patrimonial em 30 de setembro de 20XX.

Antes de iniciarmos a classificação do Exemplo 2, precisamos relembrar que o Princípio


da Competência determina que as receitas e despesas devem ser reconhecidas no período
de apuração do resultado em que ocorrerem, independentemente de seu recebimento ou
do seu pagamento, respectivamente.

E agora que você já relembrou e refletiu sobre o que determina o Princípio da Competência,
vamos realizar a Memória de cálculo dos rendimentos auferidos no mês 08/XX (receita de
juros) e do IRRF, para que possamos reconhecê-los em 31 de agosto de XX. Para controle
do rendimento total da aplicação no período, utilizamos uma conta contábil retificadora
do ativo circulante chamada “(-) Juros a Apropriar”.

Ah! Não se esqueça de que não haverá resgate da aplicação e do rendimento no mês de
agosto/XX; isso ocorrerá somente em setembro/XX.

Depois da contabilização da operação em agosto de XX, veremos como ficará a movi-


mentação contábil no mês do resgate (setembro/XX). Não faremos a contabilização das
operações no Livro Diário, já estudado no Exemplo 1.

Mãos à obra então!

50 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


MEMÓRIAS DE CÁLCULOS – EXEMPLO 2

Data aplicação 04/08/xx


Valor R$ R$ 100.000,00
Taxa para o período (juros simples) 2,00%
Período em dias 37
Rendimento do período de 37 dias em R$:
100.000,00 x 2,0%= R$ 2.000,00
Rendimento diário em R$:
2.000,00 : 37 dias = 54,05/dia R$ 54,05

Memória de cálculo para reconhecimento dos juros e do


IRRF em 31 agosto XX
Rendimento de 04 a 31 de agosto em R$:
54,05 x 27 dias= R$ 1.456,35
IRRF sobre o rendimento de agosto em R$:
A alíquota do IRRF foi de 22,5% de acordo
com o prazo da 1.459,35 x 22,5%= R$ 328,35
Rendimento Líquido no mês de agosto em R$: R$ 1.131,00

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Vejamos então como ficam as classificações das operações do Exemplo 2, nos razonetes,
e a representação no Balanço Patrimonial de 31 de agosto de 20xx!

Contabilização (agosto de 20xx) – Exemplo 2

Razonetes - Agosto de 20XX

Bancos Conta Mov. (AC) Apl. Financ. (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 300.000,00 100.000,00 1 1 100.000,00 328,35 4 300.000,00 si
2 2.000,00

300.000,00 100.000,00 102.000,00 328,35 300.000,00 sf


sf 200.000,00 sf 101.671,65

(-) Receita Financeira a


IRRF a Recuperar (AC) Apropriar (AC) Lucro do Exercício (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
4 328,35 3 1.459,35 2.000,00 2 1.459,35 (b)

sf 328,35 - 1.459,35 2.000,00 sf 1.459,35 sf


540,65

Red.S/Aplicações Receitas ARE Apuração do Res.


Financeira (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito
1.459,35 3 1.459,35 (a)

(a) 1.459,35 1.459,35 - 1.459,35


- (b) 1.459,35 1.459,35

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 51


Lançamentos:
si Saldo inicial em 01 de agosto R$ 300.000,00
1 Aplicação Financeira em 04 de agosto R$ 100.000,00
2 Juros do período de 37 dias a apropriar em 04 de agosto R$ 2.000,00
3 Apropriação dos Juros do mês ago/xx em 31 de agosto R$ 1.459,35
4 IRRF em 31 de agosto R$ 328,35
Líquido R$ 1.131,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Trasferência do Resultado para o PL
sf Saldo final em 31 de agosto de 20xx

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

Empresa ABC Ltda


Balanço Patrimonial Levantado em 31 de agosto de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 301.459,35 Circulante
Bancos Conta Movimento 200.000,00
Apl.Financeiras 101.671,65
(-) Juros a Apropriar (540,65)
IRRF a Recuperar 328,35

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 301.459,35
Imobilizado Capital Social 300.000,00
Intangível Lucro do Exercício 1.459,35

Total do Ativo 301.459,35 Total do Passivo + P 301.459,35


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Analisando os efeitos no mês de agosto de 20xx - Exemplo 2

No Balanço Patrimonial levantado em 31 de agosto de 20xx, em sua representação,


evidenciamos o reflexo do rendimento proporcional aos dias incorridos entre o dia 04
e 31 de agosto, aumentando o Patrimônio Líquido e um direito a compensar/recuperar
do IRRF no Ativo também proporcional aos rendimentos auferidos no mês. No saldo em
conta corrente, não aparecem os rendimentos, pois ainda não houve resgate da aplicação.
Podemos notar que os rendimentos restantes a apropriar aparecem como conta retificado-
ra no Ativo com sinal negativo. Serão apropriados em setembro de 20xx.

52 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Contabilização (setembro de 20xx) – Exemplo 2

Memória de cálculo para reconhecimento dos juros e do


IRRF em 31 agosto XX
Rendimento de 01 a 10 de setembro em R$:
54,05 x 10 dias= 540,50 restante arredondado R$ 540,65
IRRF sobre o rendimento de agosto em R$:
A alíquota do IRRF foi de 22,5% de acordo com o
prazo da aplicação (até 180 dias)
540,65 x 22,5%= R$ 121,65
Rendimento líquido em set/xx em R$: R$ 419,00

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Saldos iniciais - SetXX


∑Saldos devedores = 302.000,00 = ∑saldos credores 302.000,00

Razonetes - Setembro de 20XX

Bancos Conta Mov. (AC) Apl. Financ. (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 200.000,00 si 101.671,65 121,65 2 300.000,00 si
3 101.550,00

301,550,00 - 101.671,65 121,65 300.000,00 sf


sf 301,550,00 101.550,00 101.550,00 3

(-) Receita Financeira a


IRRF a Recuperar (AC) Apropriar (AC) Lucro do Exercício (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 328,35 1 540,65 540,65 si 1.459,35 si
2 121,65 540,65 (b)

sf 450,00 - 540,65 540,65 sf 2.000,00 sf


-

Red.S/Aplicações Receitas ARE Apuração do Res.


Financeira (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito
540,65 1 540,65 (a)

(a) 540,65 540,65 (b) 540,65 540,65


- -

Lançamentos:
si Saldos iniciais em 01 de setembro (finais de 31 de agoxx)
1 Apropriação dos Rend. do mês set/xx R$ 540,65
2 IRRF sobre Rend. Mês set/xx R$ 121,65
3 Resgate da aplicação em set/xx R$ 101.550,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Transferência do Resultado para o PL
sf Saldos finais de 30 de setxx

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 53


Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

Empresa ABC Ltda


Balanço Patrimonial Levantado em 30 de setembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 302.000,00 Circulante
Bancos Conta Movimento 301.550,00
Apl.Financeiras -
(-) Juros a Apropriar -
IRRF a Recuperar 450,00

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 302.000,00
Imobilizado Capital Social 300.000,00
Intangível Lucro do Exercício 2.000,00

Total do Ativo 302.000,00 Total do Passivo + P 302.000,00


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Analisando os efeitos no mês de setembro de 20xx - Exemplo 2

No Balanço Patrimonial levantado em 30 de setembro de 20xx, em sua representação,


evidenciamos o reflexo dos rendimentos auferidos, previstos para o período de 04 de
agosto a 10 de setembro sobre a aplicação financeira, aumentando o Patrimônio Líquido e
um direito a compensar/recuperar do IRRF total no Ativo previsto para esses rendimentos.
No saldo em conta corrente, aparecem os valores do montante da aplicação mais rendi-
mentos líquidos, pois o resgate da aplicação ocorreu no dia 10 de setembro. Observamos
ainda que a conta Juros a Apropriar (retificadora do Ativo) ficou com saldo zerado, pois
os rendimentos restantes foram apropriados no mês.

Viu como as ocorrências vão tomando forma e fica fácil de serem evidenciadas no Balanço!

54 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


CONTABILIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS

Você sabe a diferença de


Empréstimos e Financiamentos?

O Empréstimo é uma operação na qual se firma um


contrato em que o credor (por exemplo um banco) em-
presta um valor em dinheiro para o devedor. O contrato
prevê a quantia emprestada, prazo, taxa de juros.
O Financiamento é um empréstimo com finalidade específica,
para compra de um bem específico (veículo, máquina, imóvel,
etc). O dinheiro é liberado pela instituição financeira diretamente
ao vendedor do bem. A operação é formalizada por meio de um
contrato com previsão de valores, taxas, e garantias.
Após ter compreendido a diferença entre empréstimos e
financiamentos, vamos agora aprender a realizar as operações sobre
empréstimos com encargos prefixados.

Empréstimos com encargos prefixados


(com vencimento dentro do mês)
A empresa Cia Quase Tudo em Cima S/A adquiriu um empréstimo no Banco Da Esquina
S/A., conforme os seguintes dados, cujas memórias de cálculo dos juros e do IOF já
estão apresentadas:

Data contratação 01º/08/xx


Valor contratado R$ 30.000,00
Memória de Cálculo Juros
Juros - 3,3334% (descontado no ato)
30.000,00 x 3,3334%= 1.000,00 R$ 1.000,00
Memória de Cálculo do IOF
IOF (0,123% ao mês)
0,0041% dia x 30 dias = 0,123%/mês
30.000,00 x 0,123%=36,90 R$ 36,90
Vencimento 30/08/xx

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Livro Diário
Contabilização do empréstimo em 01/08/xx
01 de agosto de 20xx Débito Crédito
D – Bancos c/Movimento (AC) 28.963,10
D – Juros Passivos - Desp. Financ. (ARE) 1.000,00
D – Despesa com IOF - Desp, Financ. (ARE) 36,90
C – Empréstimo a pagar (PC) 30.000,00

Obtenção de empréstimo bancário, em 01/08/xx, com vencimento em 30/08/xx,


reconhecendo os encargos financeiros e despesa com IOF.

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 55


Contabilização do pagamento do empréstimo
30 de agosto de 20xx Débito Crédito
D – Empréstimo a pagar (PC) 30.000,00
C – Bancos conta Movimento (AC) 30.000,00
Pagamento do empréstimo bancário obtido em 01/08/xx

Razonetes - Agosto de 20XX

Bancos Conta Mov. (AC) Empréstimos a Pagar (PC)


Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 30.000,00 2 30.000,00 30.000,00 1
1 28.963,10

128.963,10 30.000,00 30.000,00 30.000,00


sf 98.963,10 - sf

Capital Social (PL) Prejuízo Acumulado (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
100.000,00 si (c) 1.036,90

100.000,00 sf sf 1.036,90

Juros Passivos ARE Apuração do Res.


Despesa com IOF (ARE) (Desp. Financ.) (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1 36,90 1 1.000,00 (a) 36,90
(b) 1.000,00

36,90 36,90 (a) 1.000,00 1.000,00 (b) 1.036,90 1.036,90 (c)


- - -

Lançamentos:
si Saldo inicial em 01 de agoxx R$ 100.000,00
1 Empréstimo contraído R$ 30.000,00
Juros Descontados (1.000,00)
IOF (36,90)
Líquido R$ 28.963,10
2 Pagamento do Empréstimo R$ 30.000,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

56 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Empresa ABC Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de agosto de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 98.963,10 Circulante -
Bancos Conta Movimento 98,963,10 Empréstimos a Pagar -

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 98.963,10
Imobilizado Capital Social 100.000,00
Intangível Prejuizo Acumulado (1.036,90)

Total do Ativo 98.963,10 Total do Passivo + PL 98.963,10


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Empréstimos com encargos prefixados (com


vencimento no mês subsequente)
A empresa Cia Quase Tudo em Cima S/A adquiriu um empréstimo no Banco Da Esquina
S/A., conforme os seguintes dados, cujas memórias de cálculo dos juros e do IOF já estão
apresentadas:

Data aquisição 01º/09/xx


Valor R$ 40.000,00
Memória de Cálculo dos juros mensais:
Juros 7,5% (descontado no ato)
40.000,00 x 7,5%= 3.000,00 R$ 3.000,00
Memória de Cálculo do IOF
0,0041% dia x 60 dias = 0,246% para 60 dias
IOF (0,246% bimestre) R$ 98,40
Vencimento 31/10/xx
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

ATENÇÃO
O prazo é de 60 dias (01/09 a 31/10).

Livro Diário em Setembro e Outubro de 20xx


Contabilização do empréstimo:
01 de Setembro de 20xx Débito Crédito
D – Bancos c/Movimento (AC) 36.901,60
D – (-)Juros a Transcorrer (PC) 3.000,00
D – Desp. com IOF - Desp. financeira (ARE) 98,40
C – Empréstimo a pagar (PC) 40.000,00
Obtenção de empréstimo bancário, em 01/08/xx, com vencimento em 30/08/xx,
reconhecendo os encargos financeiros e despesa com IOF.

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 57


Apropriação dos juros:
30 de setembro de 20xx Débito Crédito
D – Juros Passivos - Despesa Financ. (ARE) 1.500,00
C – Juros a apropriar (PC) 1.500,00
Reconhecimento os encargos financeiros sobre empréstimo obtido em 01/08/xx.

Apropriação dos juros em Outubro:


31 de outubro de 20xx Débito Crédito
D – Juros Passivos - Despesa Financ (ARE) 1.500,00
C – (-) Juros a Transcorrer (PC) 1.500,00
Reconhecimento os encargos financeiros sobre empréstimo obtido em 01/08/xx.

Razonetes - Setembro de 20XX

Bancos Conta Mov. (AC) Empréstimos a Pagar (PC) (-) Juros a Trascorrer (PC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 40.000,00 1 1 3.000,00 1.500,00 2
1 36.901,60

136.901,60 - - 40.000,00 3.000,00 1.500,00


sf 136.901,60 40.000,00 sf sf 1.500,00

Capital Social (PL) Prejuízo Acumulado (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
100.000,00 si (c) 1.598,40

100.000,00 sf sf 1.598,40

Juros Passivos ARE Apuração do Res.


Despesa com IOF (ARE) (Desp. Financ.) (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1 98,40 2 1.500,00 (a) 98,40
(b) 1.500,00

98,40 98,40 (a) 1.500,00 1.500,00 (b) 1.598,40 1.598,40 (c)


- - -

Empresa ABC Ltda


Balanço Patrimonial Levantado em 30 de setembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 136.901,60 Circulante 38.500,00
Bancos Conta Movimento 136.901,60 Empréstimos a Pagar 40.000,00
(-) Juros a Transcorrer (1.500,00)

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 98.401,60
Imobilizado Capital Social 100.000,00
Intangível Prejuizo Acumulado - 1.598,40

Total do Ativo 136.901,60 Total do Passivo + PL 136.901,60

58 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Empréstimo em moeda estrangeira
Quando uma empresa necessita de recursos de terceiros, realizando por isso, um empréstimo
em moeda estrangeira, sobre esse valor incide a variação cambial, que é a diferença entre o
valor acordado em contrato e o valor do câmbio da moeda no dia do fechamento contábil de
cada mês, que pode ser tanto uma variação cambial ativa quanto uma variação passiva.

Por consequência de uma variação cambial ativa, temos uma Receita financeira decorren-
te da diminuição do valor da moeda. No caso inverso o de haver um aumento na moeda,
temos então uma despesa financeira.
Vejamos:
A empresa ABC Ltda. adquiriu um empréstimo em moeda estrangeira de U$ 60.000,00,
em 01 de setembro de XX, com vencimento em 01 de dezembro do mesmo ano, com
juros de 1% a.m, sendo que o dólar na data da assinatura do contrato era de R$ 1,90.

Vamos contabilizar a aquisição deste empréstimo?

Data do Empréstimo 01º/09/xx


Valor do Empréstimo em US$ 60.000,00
Memória de Cálculo:
Taxa de Câmbio em 01 de setembro/XX 1,90
U$ 60.000,00 x R$ 1,90 = R$114.000,00 114.000,00
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Contabilização do empréstimo em 01/09/xx:


Débito Crédito
D – Bancos conta Movimento (AC) 114.000,00
C – Empréstimo a pagar (PC) 114.000,00
Obtenção de empréstimo bancário, em 01 de setembro de XX, com vencimento
em 01 de dezembro de XX, pela variação cambial do dólar e juros de 1% ao mês.

É importante que você perceba que, num empréstimo em moeda estrangeira, ocorre a
variação cambial, ou seja, normalmente há diferença do valor de uma moeda estrangeira
de um dia para outro. Exemplo: No dia 01/09 U$ 1,00 (Um dólar) está cotado a R$ 1,90
(um real e noventa centavos), no dia 30/09 U$ 1,00 está cotado a R$ 2,10 (dois reais e
dez centavos), então a variação cambial no dia 30/09 é R$ 0,20 (vinte centavos de reais).

VARIAÇÃO CAMBIAL

TOME NOTA
A variação cambial pode ser Ativa (Receita financeira) ou Passiva (Despesa financeira).

Se uma empresa está pagando um empréstimo em dólar, quando este aumentar, a dívida
também aumentará, e com isso a empresa terá uma despesa financeira, chamada de variação
cambial passiva. Porém, se ocorrer o inverso, ou seja, o valor do dólar cair, a empresa terá
uma receita financeira, chamada de variação cambial ativa, pois sua dívida diminuirá.

Exemplo: A empresa ABC Ltda. fez o seguinte empréstimo:

Data do Empréstimo 01º/09/xx


Valor do Empréstimo em US$ 60.000,00
Memória de Cálculo:
Taxa de Câmbio em 01 de setembro/XX 1,90
U$ 60.000,00 x R$ 1,90 = R$114.000,00 114.000,00
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 59


Em 30 de setembro/xx, será reconhecida a Variação Cambial, que, para o exemplo em
questão, foi Passiva, uma vez que a taxa do dólar em 30/setembro/xx é maior do que
a taxa do dólar em 01/setembro/xx (data em que o empréstimo foi contraído). Vejamos
então a memória de cálculo da Variação Cambial Passiva:

Memória de cálculo da Variação Cambial


30/09/xx
Passiva em:
Valor empréstimo em dólar US$: 60.000,00
Taxa Câmbio em 01/09/xx R$ 1,90
Taxa Câmbio em 30/09/xx R$ 2,10
Valor do empréstimo em R$ em 30/09/xx 126.000,00
Valor do empréstimo em R$ em 01/09/xx -114.000,00
Memória de cálculo da variação cambial em 30 de
12.000,00
setembro de 20xx
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Contabilização da variação cambial em 30/09


Débito Crédito
D – Variação cambial passiva (desp.financeira) (ARE) 12.000,00
C – Empréstimo a pagar (PC) 12.000,00
Reconhecimento da despesa financeira de empréstimo pela variação cambial.

Adicionalmente, temos que reconhecer, por competência, os juros incorridos no mês de


setembro, ou seja, 1% da variação cambial sofrida. A cotação do dólar em 30 de setem-
bro era de U$ 1 = R$ 2,10.

Memória de cálculo dos juros mensais: 30/09/xx


Valor em dólar (U$) 60.000,00
Juros 1% ao mês
Juros incorridos até 30/09=60.000,00 x 1% x 2,10= 1.260,00
Vencimento 30/12/xx
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Contabilização dos juros de 1% sobre o empréstimo


Débito Crédito
D – Juros sobre empréstimos (desp.Financ) (ARE) 1.260,00
C – Empréstimos a pagar (PC) 1.260,00
Reconhecimento da despesa com juros sobre empréstimo contraído em 01/09/xx.

Não se esqueça de que esse empréstimo só será quitado em 30 de dezembro/XX, portan-


to o cálculo da variação cambial e juros incorridos sobre o empréstimo terá que ser feito
e contabilizado ao final dos meses outubro, novembro e dezembro/xx.

Considerando então a contabilização de todo o exercício, desde a contratação do emprés-


timo, reconhecimento do empréstimo até a provisão dos juros, vejamos como ficaria a
movimentação dos fatos nos razonetes e a evidenciação no Balanço Patrimonial!

60 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Razonetes - Setembro de 20XX

Bancos Conta Mov. (AC) Empréstimos a Pagar (PC)


Débito Crédito Débito Crédito
si 50.000,00 114.000,00 1
1 114.000,00 12.000,00 2
1.260,00 3
164.000,00 - - 127.260,00
sf 164.000,00 127.260,00 sf

Capital Social (PL) Prejuízo Acumulado (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
50.000,00 si (c) 13.260,00

50.000,00 sf 13.260,00

Variação Cambial Juros Passivos ARE Apuração do Res.


Passiva (ARE) (Desp. Financ.) (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
2 12.000,00 3 1.260,00 (a) 12.000,00
(b) 1.260,00

12.000,00 12.000,000 (a) 1.260,00 1.260,00 (b) 13.260,00 13.260,00


-

Lançamentos:
si Saldo inicial em 01 de setxx R$ 50.000,00
1 Empréstimo contraído em 01 de setxx R$ 114.000,00
2 Variação cambial e Passiva em 30 de setembro R$ 12.000,00
3 Reconhecimento dos juros em 30 de setembro 1.260,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

Aplicações, Empréstimos e Financiamentos 61


Empresa ABC Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 30 de setembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 164.000,00 Circulante 127.260,00
Bancos Conta Movimento 164.000,00 Empréstimos a Pagar 127.260,00

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 36.740,00
Imobilizado Capital Social 50.000,00
Intangível Prejuízo Acumulado (13.260,00)

Total do Ativo 164.000,00 Total do Passivo + PL 164.000,00


Fonte: Edilamar P. A. Esteves

62 Aplicações, Empréstimos e Financiamentos


Síntese
Neste módulo, estudamos as modalidades e a contabilização de aplicação financeira prefi-
xada utilizando contas retificadoras no ativo para registrar o rendimento financeiro bruto
do período e as contas do resultado para registrar, pelo regime de competência, as recei-
tas financeiras.

Estudamos, ainda, as modalidades e a contabilização de financiamento prefixada utilizan-


do tipos de empréstimos em moeda nacional e estrangeira, bem como a legislação federal
aplicável ao IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte sobre rendimentos financeiros - e
ao IOF – Imposto de Operações Financeiras.

Referências
BRASIL. Lei 9.430 de 27 de dezembro de 1996: Código Congresso Nacional. Dispõe
sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o proces-
so administrativo. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/leis/
Ant2001/lei943096.htm Acesso em 25 nov. 2014.

BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007: Congresso Nacional. Altera e revo-


ga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7
de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas
à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm Acesso em 25 nov. 2014.

IUDÍCIBUS, Sérgio de, et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

UDÍCIBUS, Sérgio de. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades.


São Paulo: Atlas, 2010.

63
Contabilidade
Geral
DESCONTOS DE
DUPLICATAS,
PCLD E
DESCONTOS
FINANCEIROS
Descontos de
Duplicatas, PCLD e
Descontos Financeiros
APRESENTAÇÃO

N este módulo, iremos aprender que a empresa pode buscar recursos nos bancos, por
meio da antecipação de recebimento de duplicatas que estão em aberto a receber
de seus clientes, e para tanto faz uso do procedimento contábil chamado “Duplicatas
Descontadas”. Conheceremos as condições para a constituição de perda para liquidação
duvidosa de títulos a receber de clientes já vencidos, cujos esforços para recebimento estão
praticamente esgotados.
Você acha interessante a empresa ter essa oportunidade? Esse procedimento traz benefícios
para as empresas no momento da apuração do resultado?
Essas e outras questões serão entendidas durante a leitura deste módulo. E então, vamos
iniciá-lo?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conhecer a mecânica contábil de Duplicatas Descontadas e sua conta contábil retificadora
de Juros a Transcorrer do Passivo Circulante.
• Compreender a mecânica contábil das contas retificadoras do Ativo Circulante, utilizando o
Regime de Competência para as contas contábeis: Receita Financeira a Transcorrer e PECLD
(Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa), bem como a reversão da PECLD.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


DESCONTOS DE DUPLICATAS, PCLD
E DESCONTOS FINANCEIROS

Descontos de Duplicatas
O desconto de duplicatas é uma operação financeira em que a empresa entrega determi-
nadas duplicatas, originadas de suas vendas a prazo, para o banco, e este lhe antecipa o
valor em conta corrente, cobrando juros antecipadamente.

Embora a propriedade dos títulos negociados seja transferida para a instituição bancária,
a empresa é coresponsável pelo pagamento destes títulos em caso de não liquidação pelo
devedor. Neste caso, a instituição financeira leva a débito em conta corrente da empresa
o valor de face do título não liquidado.

TRATAMENTO CONTÁBIL
Os valores de face das duplicatas descontadas são registrados numa conta credora do
Passivo Circulante, que figura, por exemplo, no grupo de Financiamentos bancários a
curto prazo.

A conta “duplicatas descontadas” apresenta a seguinte função na operação de desconto:

• É creditada, pelo valor de face dos títulos, no momento em que é efetuada a operação
de desconto, e a instituição financeira faz o crédito em conta corrente da empresa.
• É debitada no momento da liquidação do título pelo devedor ou quando a instituição
financeira leva a débito em conta corrente da empresa por falta de pagamento do
devedor.

Os encargos financeiros debitados pela instituição financeira devem ser contabilizados


como “encargos financeiros a apropriar”, quando se tratar de despesas antecipadas,
sendo debitadas por ocasião do desconto e creditadas no momento em que a despesa é
incorrida, observando-se o regime de competência.

Quando o desconto é dentro do mês, os encargos


podem ser contabilizados diretamente na conta
de Resultado - Despesa e encargos financeiros
(juros sobre desconto).

CONTABILIZAÇÃO:

Exemplo: Suponhamos que uma determinada empresa opte por descontar alguns títulos,
ou seja, a empresa possui duplicatas a receber no montante de R$ 10.000,00, desconta-
das em um banco. Por essas duplicatas foram creditados na conta corrente R$ 9.000,00,
ficando retidos para a instituição financeira. R$ 1.000,00, dos quais R$ 300,00 a títulos
de despesas bancárias e R$ 700,00 como juros pela operação financeira. Logo, os fatos
contábeis devem ser registrados como se seguem:

Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros 67


CONTABILIZAÇÃO NO MOMENTO DO DESCONTO DAS DUPLICATAS
E RECEBIMENTO DO VALOR LÍQUIDO EM CONTA CORRENTE:

Livro Diário

Pelo Desconto das Duplicatas Débito Crédito


D – Banco conta movimento (AC) 9.000,00
D – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 1.000,00
C – Duplicatas Descontadas (PC) 10.000,00
Envio dos Títulos a receber, para desconto obtido no banco em 01/08/xx

CONTABILIZAÇÃO NO MOMENTO DA APROPRIAÇÃO DOS


ENCARGOS E LIQUIDAÇÃO DOS TÍTULOS PELO CLIENTE:

Apropriação dos Encargos Financeiros Débito Crédito


D – Despesa com juros (ARE) 1.000,00
C – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 1.000,00
Reconhecimento dos encargos financeiros sobre desconto de duplicatas em 31/08/xx

Quando ocorre o pagamento da duplicata


pelo cliente (baixa do cliente) Débito Crédito
D – Duplicatas Descontadas (PC) 10.000,00
C – Clientes (Duplicatas a Receber) (AC) 10.000,00
Baixa pelo pagamento de duplicata em desconto bancário, conforme extrato do banco

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(ARE) Contas de Resultado

Se no exemplo acima o cliente não efetuar o pagamento dos títulos que foram descontados
pela empresa, o banco cobrará a dívida que foi efetuada, e assim a empresa deverá registrar
a baixa do passivo, Duplicatas Descontadas, em contrapartida da conta de Bancos.

Vamos a exemplos mais completos


considerando a escrituração dos
fatos nos razonetes?

Exemplo 1 – Considerando o vencimento das duplicatas no mês do desconto de duplicatas

A Empresa ABC, após as vendas a prazo e de posse das duplicatas 001 e 002 emitidas
contra seus clientes, descontou-as em um banco conforme abaixo. Considerando que a
empresa tinha como saldo inicial de Bancos Conta Movimento e Capital Social o valor de
R$ 100.000, classifique as operações de desconto de duplicatas e a baixa pelo recebimento
das duplicatas pelo devedor. Vamos considerar que as vendas ocorreram no dia 01/08/xx..

68 Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros


Data emissão Duplicata número Valor Bruto Encargos financeiros Valor Líquido Vencimento
01/08/XX 1 30.000,00 900,00 29.100,00 30/08/XX
01/08/XX 2 20.000,00 600,00 19.400,00 30/08/XX
Total 50.000,00 1.500,00 48.500,00
Adaptado por: Edilamar P. A. Esteves

Livro Diário
Pela Vendas a Prazo gerando as dupl. 1 e 2
Contabilização em 01/08/xx: Débito Crédito
D – Clientes (AC) 50.000,00
C – Receitas de Vendas (ARE) 50.000,00
Vendas a Prazo conforme duplicata 001 e 002, em 01/08/xx

Pelo Desconto das Duplicatas 001 e 002 obtido no


Banco Contabilização em 01/08/xx: Débito Crédito
D – Banco conta movimento (AC) 48.500,00
D – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 1.500,00
C – (-) Duplicatas Descontadas (PC) 50.000,00
Envio dos Títulos a receber, 001 e 002, para descontos bancário em 01/08/xx

Pelo reconhecimento da despesa com juros financei-


ros do desconto. Contabilização em 30/08/xx: Débito Crédito
D – Despesa com juros (ARE) 1.500,00
C – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 1.500,00
Reconhecimento dos juros e encargos financeiros sobre o desconto de duplicatas.

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Após o vencimento, o banco envia um extrato (borderô) à empresa, informando que as


duplicatas foram quitadas pelos clientes, e então a empresa faz o lançamento de baixa
das duplicatas descontadas:

Pelo recebimento das duplicatas pelo banco e baixa


do cliente. Contabilização em 30/08/xx: Débito Crédito
D – Duplicatas Descontadas (PC) 50.000,00
C – Clientes (Duplicatas a Receber) (AC) 50.000,00
Baixa pelo pagamento de duplicata em desconto bancário, conforme extrato.

A contabilização do Exemplo 1 foi realizada no modo diário e agora vejamos a mesma


contabilização por meio dos razonetes (T) e a representação no Balanço Patrimonial.

Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros 69


Desconto de Duplicatas - Exemplo 1 - Razonetes

Bancos Conta Mov. (AC) Clientes. (AC) Capital Social (PL)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 1 50.000,00 50.000,00 4 100.000,00 si
2 48.500,00

sf 148.500,00 - 50.000,00 50.000,00 100.000,00 sf


sf -

(-) Encargos Financ. a


Dupl. Descontadas (PC) transcorrer (PC) Lucro do Exercício (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
4 50.000,00 50.000,00 2 2 1.500,00 1.500,00 3 48.500,00 (c)

50.000,00 50.000,00 1.500,00 1.500,00 48.500,00 sf


sf - sf -

ARE Apuração do Res.


Desp. Com Juros (ARE) Receita de Vendas (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
3 1.500,00 1 50.000,00 1 (b) 1.500,00 50.000,00 (a)

1.500,00 1.500,00 (b) (a) 50.000,00 50.000,00 1.500,00 50.000,00


- - (c) 48.500,00 48.500,00

Legenda: Lançamentos:
(AC) Ativo Circulante 1 Faturamento
(PC) Passivo Circulante 2 Desconto das Duplicatas
(PL) Patrimônio Líquido 3 Reconhecimento dos Juros do mës agoxx
(ARE) Contas de Resultado 4 Baixa pelo recebimento das duplicatas
si Saldo Inicial (a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL

Empresa ABC Ltda


Balanço Patrimonial Levantado em 31 de agosto de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 148.500,00 Circulante -
Bancos Conta Movimento 148.500,00 Dupl. Descontadas -
Clientes - (-) Encargos a Transcorre -

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 148.500,00
Imobilizado Capital Social 100.000,00
Intangível Lucro do Exercício 48.500,00

Total do Ativo 148.500,00 Total do Passivo + PL 148.500,00


Adaptado por: Edilamar P. A. Esteves

70 Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros


Exemplo 2: Considerando o vencimento de uma duplicata no mês subsequente ao do
desconto das duplicatas

A Empresa ABC, após as vendas a prazo e de posse das duplicatas 003 e 004 emitidas
contra seus clientes, descontou-as em um banco conforme abaixo. Considerando que a
empresa tinha como saldo inicial de Bancos Conta Movimento e Capital Social o valor de
R$ 100.000, classifique as operações de desconto de duplicatas e a baixa pelo recebi-
mento no vencimento da duplicata 003 pelo devedor. Vamos considerar que as vendas
ocorreram no dia 01/08/xx.

Data emissão Duplicata número Valor Bruto Encargos financeiros Valor Líquido Vencimento
01/08/XX 3 50.000,00 1.500,00 48.500,00 30/08/XX
01/08/XX 4 40.000,00 2.400,00 37.600,00 30/09/XX
Total 90.000,00 3.900,00 86.100,00
1 - Observe que, no exemplo 2, o vencimento da duplicata de número 0004 é para 30/09/XX e, conforme o
Regime de Competência, os juros serão proporcionais ao tempo incorrido (veja a memória de cálculo dos juros).

Duplicata Juros do mês 08 Juros do mês 09


3 1.500,00 0
4 1.200,00 1.200,00
Total Juros incorridos 2.700,00 1.200,00
2 - Observe que o juros incorridos até 30/08/XX para a dupl. 004 é de 50% dos encargos totais de R$ 2.400,00,
pois ela vence em 30/09/XX e os outros 50% serão reconhecidos em 30/09/XX.
Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Livro Diário
Em agosto 20XX
Pelo Faturamento
Contabilização em 01/08/xx: Débito Crédito
D – Clientes (AC) 90.000,00
C – Receitas de Vendas (ARE) 90.000,00
Envio dos Títulos a receber, 003 e 004, para descontos bancários em 01/08/xx.

Pelo Desconto das Duplicatas


Contabilização em 01/08/xx: Débito Crédito
D – Banco conta movimento (AC) 86.100,00
D – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 3.900,00
C – (-) Duplicatas Descontadas (PC) 90.000,00
Envio dos Títulos a receber, 003 e 004, para descontos bancários em 01/08/xx

Pelo reconhecimento da despesa com juros financei-


ros do desconto. Contabilização em 30/08/xx: Débito Crédito
D – Despesa com juros (ARE) 2.700,00
C – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 2.700,00
Reconhecimento dos juros e encargos financeiros sobre o desconto de duplicatas.

Após o vencimento, o banco envia um extrato (borderô) à empresa informando que as


duplicatas foram quitadas pelos clientes, então a empresa faz o lançamento de baixa das
duplicatas descontadas:
Pelo reconhecimento da dupl. 003 pelo banco e
baixa do cliente Contabilização em 30/08/xx: Débito Crédito
D – Duplicatas Descontadas (PC) 50.00,00
C – Clientes (Duplicatas a Receber) (AC) 50.000,00
Baixa pelo pagamento de duplicata em desconto bancário, conforme extrato.

Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros 71


Duplicatas Descontadas - Exemplo 2 - Razonetes

Bancos Conta Mov. (AC) Clientes (AC) Capital Social (PL)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 1 90.000,00 50.000,00 4 100.000,00 si
2 86.100,00

sf 186.100,00 - 90.000,00 50.000,00 100.000,00 sf


sf 40.000,00

(-) Encargos Financ. a


Dupl. Descontadas (PC) transcorrer (PC) Lucro do Exercício (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
4 50.000,00 90.000,00 2 2 3.900,00 2.700,00 3 87.300,00 (c)

50.000,00 90.000,00 3.900,00 2.700,00 87.300,00 sf


40.000,00 sf sf 1.200,00

ARE Apuração do Res.


Desp. Com Juros (ARE) Receita Vendas (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
3 2.700,00 1 90.000,00 1 (b) 2.700,00 90.000,00 (a)

2.700,00 2.700,00 (b) (a) 90.000,00 90.000,00 2.700,00 90.000,00


- - (c) 87.300,00 87.300,00

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

Lançamentos:
1 Faturamento de 01 agosto de 20xx R$ 90.000,00
2 Desconto das Duplicatas em 01 agosto de 20xx R$ 90.000,00
Juros descontados no ato em 01 agosto de 20xx (3.900,00)
Líquido R$ 86.100,00
3 Reconhecimento do Juros do mês ago./xx R$ 2.700,00
4 Baixa pelo recebimento de dupl. 003 R$ 50.000,00
(a) Encerramento das Contas de Resultado
(b) Encerramento das Contas de Resultado
(c) Transferência do Resultado para o PL

72 Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros


Empresa ABC Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de agosto de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 226.100,00 Circulante 38.800,00
Bancos Conta Movimento 186.100,00 Dupl. Descontadas 40.000,00
Clientes 40.000,00 (-) Encargos a Transcorre (1.200,00)

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 187.300,00
Imobilizado Capital Social 100.000,00
Intangível Lucro do Exercício 87.300,00

Total do Ativo 226.100,00 Total do Passivo + PL 226.100,00


Adaptado por: Edilamar P. A. Esteves

Na hipótese de o Cliente da duplicata 004 não pagar no vencimento

Em 01/10, após o vencimento da duplicata 004, o banco envia um extrato à empresa


informando que a duplicata 004 não foi quitada pelo cliente, procedendo a “retirada” na
conta corrente da empresa para ressarcimento do valor do desconto da duplicata 004,
que não fora quitada pelo cliente.

Neste momento, a empresa faz o lançamento de baixa da duplicata descontada que não
foi quitada pelo cliente, tendo sido devolvida à empresa pelo banco.

Livro Diário
Em setembro 20XX
Na hipótese de o Cliente da duplicata 004 não pagar no vencimento
Pelo não pagamento do cliente da dupl. 004 ao banco
Contabilização em 01/09/xx: Débito Crédito
D – Duplicatas Descontadas (PC) 40.000,00
C – Banco conta movimento (AC) 40.000,00
Baixa em conta corrente referente à Duplicata 004, devolvida pelo banco.

Pelo reconhecimento no resultado dos juros restantes


Contabilização em 01/09/xx: Débito Crédito
D – Despesa com juros (ARE) 1.200,00
C – (-) Encargos financeiros a transcorrer (PC) 1.200,00
Reconhecimento dos juros e encargos financeiros sobre o desconto da duplicata n.004.

No exemplo, a duplicata de nº 004 que não foi paga pelo cliente, portanto devolvida
pelo banco à empresa, faz parte do saldo de duplicatas a receber, entretanto já vencida,
não sendo possível novo desconto bancário. Para recebimento a empresa deverá tomar
procedimentos de cobrança. “Caso não haja “sucesso” por parte da cobrança, a empresa
deverá constituir uma PECLD – Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa”.

Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros 73


PCLD: Provisão para Crédito
de Liquidação Duvidosa
Com as modificações introduzidas na contabilidade brasileira, algumas contas sofre-
ram mudanças na nomenclatura, dentre essas contas a tradicional PDD (Provisão para
Devedores Duvidosos) foi modificada, e passou a ser chamada de Provisão para Créditos
de Liquidação Duvidosa (PCLD). Mais recentemente, está sendo denominada como
Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD). Contudo, a sistemática
de funcionamento dessa conta continua sendo a mesma.

O cálculo deste valor varia de empresa para empresa, avaliando sempre a posição da
carteira de clientes: a data de vencimento dos títulos, o tempo médio de recebimento dos
títulos, os valores que apresentam em aberto, etc. Não há um valor fixo para efetuar a
constituição da PECLD; isto dependerá da avaliação gerencial e/ou fiscal, sendo que, para
ser dedutível na base de cálculo do IR, deverá atender a legislação pertinente.

IMPORTANTE
Conforme estabelece a Lei nº 94. 30/96 1
, Seção III, Art. 9º. , a empresa só poderá reco-
nhecera Despesa com PCLD como dedutível da base de cálculo do IR quando o título atender
ao disposto na legislação em vigor.

1 http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/ant2001/lei943096.htm

A conta de PCLD ou PECLD Perdas Estimadas para Crédito de Liquidação Duvidosa é


retificadora da conta Contas a Receber, portanto de natureza credora apresentada no
ativo circulante.

Você se lembra do que é uma conta de


natureza credora?

O recebimento de uma venda a prazo não é líquido e certo; a empresa está sujeita aos
riscos de recebimento de crédito. Dessa forma torna-se necessário estimar as perdas com
possíveis não recebimentos.

Antigamente o cálculo era simples: aplicava-se 3% sobre o saldo de duplicatas a receber


na data de encerramento do balanço. Mas, a partir de 1996, o imposto de renda passou
a não mais aceitar esse percentual como dedutível.

Gerencialmente, o percentual varia de empresa para empresa, dependendo do ramo de


atividade, da política de crédito, etc. (isto para atender o princípio contábil da prudência).
Pela legislação fiscal, essa forma de cálculo não é dedutível na base de cálculo do imposto
de renda, conforme já comentamos anteriormente.

A perda estimada para créditos de liquidação duvidosa (PECLD) deve ser constituída pela
empresa que trabalha com vendas a prazo, com o objetivo de atender a mandamentos
dos princípios da prudência, competência e oportunidade, evidenciados na Lei 6.404/76,
conforme artigo 183, inciso I, alínea b, ou seja, deverá ser constituída a PECLD de valor
adequado, dada a real avaliação de cada título.

74 Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros


Vamos praticar?

Exemplo - PCLD

PASSO 01:

A Empresa ABC apresenta, em seu balanço patrimonial de 31/03/XX, saldo de contas


a receber no valor de R$ 750.000,00; contudo, pela análise da conta, verifica-se que
2,5% do saldo representam títulos de difícil liquidação e de valor individual menor que
R$ 5.000,00.

Memória de cálculo

Saldo de Duplicatas a Receber de Clientes R$ 750.000,00


Critério para Constituição da PCLD
Percentual de duplicatas de difícil liquidação e 2,50%
de valores menores que R$ 5.000,00
Valor de Constituição da Perda, considerada
R$ 18.750,00
despesa dedutível conforme instrução da SRF.

Fonte: Edilamar P. A. Esteves

Como será a contabilização da conta Perdas Estimadas para Crédito de liquidação Duvidosa
(PCLD)?

Os lançamentos serão a débito de conta de resultado e a crédito de Ativo Circulante –


retificadora de duplicata a receber.
Pela constituição de PCLD conforme relatório de
saldos individuais de contas a receber. Débito Crédito
Contabilização em 31/03/XX:
D – Despesa com PCLD (ARE) 18.750,00
C – PCLD (AC) 18.750,00
(Retificadora de Duplicata a receber).

PASSO 2:

Em junho de XX, após exaustivas cobranças, a empresa recebe do setor de cobrança um


relatório informando que:

a. conseguiu receber R$ 10.000,00 representados por depósito bancário;


b. R$ 3.000,00 representam títulos de empresa já falida; e
c. R$ 5.750,00 continuam em negociação para posterior recebimento.

Vamos contabilizar em junho de xx as informações a; b e c:


a) conseguiu receber R$ 10.000,00 representados por depósito bancário;
Contabilização em 30/06/XX: Débito Crédito
D – Bancos conta Movimento (AC) 10.000,00
C – Clientes (Duplicata a Receber) (AC) 10.000,00
Pela baixa na conta PCLD

Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros 75


Débito Crédito
D – (-) PCLD (AC) 10.000,00
C – Reversão de PCLD (ARE) 10.000,00
Pela baixa na conta PCLD

O cliente pagou e não pode figurar em conta de liquidação duvidosa “(lista


negra de mau pagador)”.

b) R$ 3.000,00 representam títulos de empresa já falida. Pelo reconhecimento da perda


pela informação do setor de cobrança de que o(s) clientes(s) faliu/faliram.
Contabilização em 30/06/XX: Débito Crédito
D – (-) PCLD (AC) 3.000,00
C – Duplicata a Receber (AC) 3.000,00

c) R$ 5.750,00 continuam em negociação para posterior recebimento.


Não há lançamento a ser efetuado, pois o saldo da PECLD após os lançamentos a e b, será
de R$ 5.750,00

E como ficariam os lançamentos das operações do exemplo acima nos razonetes e levan-
tamento do Balanço Patrimonial em 30 de junho de XX, considerando os saldos iniciais
em 31 de mar de XX de: Caixa R$ 20.000,00; Duplicatas a Receber R$ 750.000,00 e
Capital Social R$ 770.000,00. Vejamos a seguir!

(-) PCLD - Razonetes - março a junho 20xx


Bancos Conta Mov. (AC) Clientes (AC) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 20.000,00 si 750.000,00 10.000,00 2 770.000,00 si
2 10.000,00 3.000,00 3

sf 30.000,00 - 750.000,00 13.000,00 770.000,00 sf


sf 737.000,00

(-) PCLD (AC) Prejuízo Acumulado (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
2.1 10.000,00 18.750,00 1 (c) 8.750,00
3 3.000,00

13.000,00 18.750,00 sf 8.750,00 -


5.750,00 sf

ARE Apuração do Res.


Desp. Com PCLD (ARE) Reversão da PCLD (ARE) Do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1 18.750,00 1 10.000,00 2.1 (b) 18.750,00 10.000,00 (a)

18.750,00 18.750,00 (b) (a) 10.000,00 10.000,00 18.750,00 10.000,00


- - 8.750,00 8.750,00 (c)

Legenda:
(AC) Ativo Circulante
(PC) Passivo Circulante
(PL) Patrimônio Líquido
(ARE) Contas de Resultado

76 Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros


Empresa ABC Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 30 de junho 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 761.250,00 Circulante
Bancos conta Movimento 30.000,00
Clientes 737.000,00
(-) PCLD (5.750,00)

Não Circulante Não Circulante


Realizável de Longo Prazo
Investimentos Patrimônio Líquido 761.250,00
Imobilizado Capital Social 770.000,00
Intangível Prejuízo Acumulado (8.750,00)

Total do Ativo 761.250,00 Total do Passivo + PL 761.250,00

Adaptado por: Edilamar P. A. Esteves

Descontos Financeiros (condicionais)


Quando vamos a uma loja e efetuamos uma compra, gostaríamos sempre de obter um
desconto sobre o valor da nossa compra. Estes são os descontos financeiros que o vende-
dor pode conceder ao comprador no ato do pagamento.

São prêmios oferecidos pelo vendedor ao comprador, pelo pagamento antecipado de dívi-
das assumidas pela transação comercial (geralmente compra de mercadorias/produtos).

Por exemplo, suponha que a empresa ABC Ltda. vendeu a prazo mercadorias para a
empresa XYZ Ltda., no valor de R$ 10.000,00. Suponha que consta, na Nota Fiscal de
venda ou na duplicata, que o vencimento é para daqui a 60 dias, e que, no campo de
observações da NF de venda, consta a informação de desconto de 5% para pagamento
antecipado até 30 dias da data de compra.

Supondo que o comprador aproveitou o desconto e pagou com 30 dias, os lançamentos serão:

Na empresa do comprador - XYZ


Débito Crédito
D – Fornecedor (PC) 10.000,00
C – Banco conta movimento (AC) 9.500,00
C – Desc. financ. Obtido - Receita financeira (ARE) 500,00

Pagamento ao Fornecedor ABC Ltda., tendo obtido desconto pelo pagamento atencipado.

Na empresa do vendedor - ABC:


Débito Crédito
D – Banco conta movimento (AC) 9.500,00
D – Desc. financ. Concedido - Despesa Financeira (ARE) 500,00
C – Cliente (AC) 10.000,00
Recebimento cliente XYZ, tendo concedido desconto pela antecipação do pagamento.

Descontos de Duplicatas, PCLD e Descontos Financeiros 77


Síntese
Você estudou, neste módulo, que a empresa pode ter também como fonte de recursos a
antecipação de recebimento de duplicatas por meio do desconto de duplicatas no banco.
Assim, os juros são descontados no ato da transação e a contabilidade, segundo o prin-
cípio da competência, vai apropriando-os por tempo incorrido. Estudou ainda, o reconhe-
cimento da reposição de recursos ao banco pelo não pagamento pelo cliente da duplicata
descontada naquele banco.

Também conheceu os critérios para a determinação do valor para a constituição dedutível


da PECLD – Perdas Estimadas Para Crédito de Liquidação Duvidosa, o lançamento da
sua reversão (quando é o caso), bem como o tratamento contábil segundo o regime de
competência e legislação vigente (Regulamento do Imposto de Renda da Receita Federal).

Referências
BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007: Congresso Nacional. Altera e revo-
ga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7
de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas
à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm Acesso em 25 set. 2014.

BRASIL. Lei 9.430 de 27 de dezembro de 1996: Código Congresso Nacional. Dispõe


sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o proces-
so administrativo. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/leis/
Ant2001/lei943096.htm. Acesso em 25 set. 2014.

IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica: Manual de contabilidade das
sociedades por ações. São Paulo: Frase Editora, 2010.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

78
Contabilidade
Geral

Operações com Mercadorias


(Estoques e CMV)

OPERAÇÕES COM
MERCADORIAS
(ESTOQUES E CMV)
APRESENTAÇÃO

O lá aluno(a)! Neste módulo, estudaremos um conteúdo que envolve o ativo circulante


– as operações com mercadorias, sobretudo o estoque, para identificar os métodos de
avaliação e mensuração utilizando os métodos/critérios de avaliação permanentes e periódicos
para cálculo do custo das mercadorias vendidas – CMV, do lucro bruto e do saldo final contábil.
O estoque é um dos ativos mais importantes dentro das empresas, sobretudo nas comer-
ciais e industriais, devido ao seu alto grau de liquidez. É com a venda do estoque que
grande parte dos lucros são obtidos. Além disso, práticas modernas de administração
exigem eficiente controle sobre o seu volume. Portanto, nada mais justo que nos dedi-
carmos a conhecer suas formas de controle e mensuração por meio das operações com
mercadorias.

E então, podemos começar?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Distinguir os critérios de apuração dos estoques por meio dos métodos Periódico e
Permanente;
• Empregar valores aos estoques quando estes são idênticos e adquiridos por preços diferentes
em momentos diferentes, e conhecer, pelo método permanente, os critérios para apuração do
CMV1, tais como: PEPS2, UEPS3, e CMP4 para a baixa das mercadorias pelas vendas.

1 Custo da Mercadoria Vendida


2 Primeiro que Entra
3 Último que Entra, Primeiro que Sai
4 Custo Médio Ponderado

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
(ESTOQUES E CMV)

Introdução
A relevância deste módulo vai além dos conceitos e contabilização do que seja estoque.
Nesse mundo globalizado, os estoques das empresas demandam atenção não só contábil,
mas de estocagem, administração, logística, controle, entre outras.

Nas empresas comerciais e industriais, os estoques representam um dos mais importantes


itens financeiros do ativo circulante e das informações financeiras. Avaliações de prazo
de compra, de venda e estocagem são objetos de análise para identificação de índices de
rotatividade de estoques, ou seja, tem que haver um consenso para esses prazos; não se
pode comprar mercadorias para que fiquem em estoque indefinidamente.

Do ponto de vista contábil, o controle e a mensuração do estoque são CMV


indispensáveis para o conhecimento do CMV ou CPV. Somente depois de Custo da mercadoria vendida. No
comércio, corresponde à baixa da
calculado o custo de produção e/ou venda é que a empresa pode apurar
mercadoria dos estoques pela venda,
o resultado com venda, ou seja, o Lucro Bruto ou RCM, que é um grande ou pela devolução de compras. Ex.
indicador da performance das empresas no que tange compra e venda das em desacordo com o pedido.
mercadorias em determinado período.
CPV
Quando a empresa apura o lucro bruto, é como se disséssemos: Custo do produto vendido. Na
indústria, corresponde à baixa
da mercadoria dos estoques pela
Vendi por $ 100.000,00 e os impostos sobre a venda foram $ 27.250,00.
requisição do setor de fabricação bem
O que vendi foi comprado por $ 55.000,00, portanto tive um lucro bruto como pela devolução de compras.
de $ 17.750,00. Ex. em desacordo com o pedido.

Existe uma complexidade em relação aos aspectos tributários decorrentes RCM


das operações de compra e venda, que merece um estudo mais aprofun- O Resultado com mercadorias:
Receita de Vendas<br>
dado mas teremos a oportunidade, ao longo deste módulo, de discutir um ( - ) Deduções da Receita<br>
pouco sobre esse assunto. ( = ) Receita Líquida<br>
( - ) CMV<br>
( = ) RCM ou Lucro Bruto.
Conceito e contabilização

Antes de começarmos a conceituar e classificar estoques, responda à seguinte questão.

É verdadeira ou falsa a afirmativa? Se falsa,


reescreva a frase para torná-la verdadeira.
Estoques são bens exclusivamente tangíveis que,
após a venda, são baixados integralmente da
conta estoque, em contrapartida do custo.

A resposta é falsa, vejamos o porquê:

Com a globalização e a crescente participação das empresas de serviços na economia,


surge a necessidade de classificação dos ativos especiais que podem ou não ser tangí-
veis, e portanto podem ser intangíveis. São considerados intangíveis por serem desprovi-
dos de corpo físico, por não serem visivelmente identificados e por serem agregados de
benefícios econômicos futuros sobre os quais a entidade detém o controle e a exclusivi-
dade para gerar receitas a vista ou à prazo.

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 81


Exemplificando: os softwares que são cedidos para uso de vários clientes (não significa a
venda definitiva da propriedade); empresas que comercializam dados geofísicos, biotecno-
lógicos, para várias empresas, várias vezes; conteúdos artísticos, como filmes na cessão
do direito de exibição, e até mesmo esta aula que você adquiriu.

Agora, vamos reescrever a frase do início desta seção?


Para torná-la verdadeira, temos, principalmente, que excluir a palavra "exclusivamente" e
reescrever a frase assim:

"Estoques são bens tangíveis ou intangíveis, sendo que a venda dos estoques tangíveis
é baixada integralmente da conta estoque em contrapartida do custo; já dos estoques
intangíveis, a baixa não é necessariamente reconhecida integralmente, pela possibilidade
de novas comercializações."
Portanto, para o conceito de estoque, podemos considerar:

ATENÇÃO
Estoques são ativos, bens tangíveis ou intangíveis, adquiridos ou produzidos pela empresa
com objetivo de lucro pela venda ou pela utilização nos processos de produção e manuten-
ção das atividades inerentes ao objetivo social. A baixa dos estoques tangíveis é efetuada
integralmente na conta estoque em contrapartida do custo; já no caso dos estoques intangí-
veis, a baixa não é necessariamente reconhecida integralmente, pela possibilidade de novas
comercializações.

Viu como a contabilidade acompanha a mudança do mundo, principalmente do mundo


corporativo?

Agora vamos analisar quando se dá a contabilização dos estoques, em que momentos.


Temos que considerar que os estoques são representados por itens que o integram, prin-
cipalmente pelo direito de propriedade, não necessariamente a sua posse. Vejamos:

1. estoques adquiridos – compra FOB, pela empresa, ainda em trânsito;


2. estoques (matéria – prima, por exemplo) que foram enviados para armazenamento,
beneficiamento em outras empresas;
3. estoques de propriedade de terceiros que estão sob a posse da empresa em consig-
nação, armazenagem, para beneficiamento, entre outras situações.

ENTENDENDO CIF E FOB

Transporte das mercadorias:

Frete FOB (Free on board), que significa “Livre a bordo”. O comprador assume todos
os riscos e custos com o transporte da mercadoria, assim que ela é colocada a bordo
do navio ou caminhão.

Frete CIF (Cost, Insurance and Freight), que significa “Custo, Seguros e Frete”. O
fornecedor é responsável por todos os custos e riscos com a entrega da mercadoria,
incluindo o seguro marítimo e frete, até o destino designado pelo comprador.

Em resumo, nesses casos quem paga o frete então?

Para a condição CIF, significa que o frete e o seguro são pagos pelo fornecedor, que
é responsável pela entrega até o local de destino.

No caso do FOB, o cliente é quem paga pelo frete e pelo seguro da mercadoria em
questão.

82 Operações com Mercadorias (Estoques e CMV)


Critérios para controle de compra
e venda do estoque
Para a contabilização de compra e venda de estoque (dos itens que o compõem), a primei-
ra observação é que, em alguns casos, há a transmissão do direito de propriedade dos
ativos (estoques), não necessariamente a posse física.

Você percebe a diferença do que seja transmissão do direito de propriedade Propriedade


dos ativos, e não necessariamente a posse física? Direito conferido por alguém a
alguém que proporciona poderes
O estoque é um ativo, que em sua forma tradicional, normal é representado de posse, gozo, uso, entre outros
por materiais, produtos e mercadorias que a partir da sua comercialização direitos, sobre algo ou alguma coisa.
(entrega ao cliente – transferência total de propriedade), gera uma receita Posse
que será confrontada com o valor de custo deste estoque por meio da baixa Ter algo ou alguma “coisa”
no estoque (debita-se a conta de resultado – CMV e credita-se a conta em seu poder.
estoque). Não podemos esquecer que também haverá a baixa de estoque,
pelo valor constante do custo de estoque, quando houver por parte da empresa consumo
ou requisição para a produção (transformação).

Aqui, começamos a avaliar os critérios para essa baixa. Vamos voltar ao CMV, que, como
você já sabe, representa o valor (para a baixa) atribuído às mercadorias que estavam no
estoque, mas que foram vendidas, negociadas pelo comerciante com os clientes. Este
valor é variável de acordo com a forma de controle do estoque – controle periódico
(controles a cada mês, trimestre, semestre ou ano que são contabilizados no final do
período de apuração) ou controle permanente (controles a cada entrada e/ou saída que
geram um registro contábil).

A escolha da forma de controle está relacionada, por exemplo, com a periodicidade das
informações no sistema contábil da empresa, do porte da empresa, da quantidade de
itens negociados e do volume das negociações. Os avanços tecnológicos e o aparelha-
mento fiscal dos governos (federal e estadual) têm colaborado para que as empresas
passem a controlar seus estoques periodicamente, uma vez que isso permite informação
em tempo real, evitando perdas de mercadorias, excesso de compras (excesso de aplica-
ção de recursos) ou mesmo a falta de mercadorias para reposição.

Você sabe o que é


SPED?

Primeiramente é importante saber o que é SPED. Segundo o Portal Sped (Receita Federal),
o Sistema Público de Escrituração Digital tem como objetivos:

• Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e o compartilhamento


das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais.
• Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o
estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de dife-
rentes órgãos fiscalizadores.
• Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle
dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das
operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica.”

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 83


Segundo o Portal, a Escrituração Fiscal Digital - EFD:

“é um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escriturações de documen-


tos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas
e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de
impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte.
Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao ambien-
te Sped.”

Percebemos então que o governo pode nos acompanhar e fiscalizar quanto às questões
fiscais. Bom para nós, bom para nosso país!

Inventário Periódico
Nesta forma de controle do estoque, a contagem física para fins contábeis é realizada
periodicamente (mensal, trimestral, semestral ou anual) para a obtenção do valor do esto-
que final. Neste tipo de inventário, não há para cada compra, devolução de compra, venda
ou devolução de venda, o controle item a item do bem.

Com base neste saldo de estoque final, aplica-se a fórmula geral (horizontal) para cálculo
do CMV.

CMV = EI + CL - EF

Custo da Mercadoria Vendida = Estoque inicial + Compra Líquida – Estoque Final

Onde:

• estoque inicial é o saldo final apurado na contagem física do período anterior;


• estoque final é o saldo final da contagem atual.
• a compra líquida é o valor total das compras brutas de mercadorias Recuperáveis
adquiridas no período, mais frete e seguro, deduzidos os impostos Veja os aspectos tributários em anexo.
recuperáveis sobre mercadorias e frete, os descontos incondicionais
obtidos, os abatimentos e devoluções de compras (líquidas). Descontos incondicionais
obtidos
São descontos destacados na
Uma desvantagem da adoção de formas de conttrole tais como o Inventário
nota fiscal e sobre os quais,
Periódico é de não conseguir retratar perdas por quaisquer motivos dife- não incidem ICMS, PIS e
rentes de vendas, roubos, deterioração, devoluções aos fornecedores. Com COFINS, ou seja, os descontos
isto, o valor do CMV calculado pode ficar distorcido, apresentando impac- incondicionais são deduzidos
para o cálculo desses tributos.
tos também sobre o RCM.

Controle Permanente
A adoção do Controle (inventário) Permanente exige o registro de toda e qualquer movi-
mentação ocorrida nos estoques, seja pela entrada (compra ou devolução de venda)
ou pela saída (venda ou devolução de compra), exatamente no momento em que elas
acontecem.
Custo de aquisição
O critério adotado para avaliação das mercadorias é o custo de aquisição. No Ativo circulante, o valor dos
Portanto, ao registrarmos as saídas, devemos identificar o valor de custo estoques é demonstrado ao custo
apurado pela empresa, quando da obtenção da mercadoria negociada. ou valor de mercado, dos dois
o menor. Estoques também são
apresentados pelo valor líquido de
provisões para perdas e quebras,
as quais são revisadas e avaliadas
quanto a sua suficiência.

84 Operações com Mercadorias (Estoques e CMV)


Seguindo este princípio, apresentaremos os seguintes métodos de avaliação dos estoques:

• PEPS, denominado em inglês FIFO – os custos dos itens baixados PEPS


(CMV ou CPV) são avaliados pelo custo de aquisição do primeiro item Primeiro que entra, Primeiro que sai.
que entrou em estoque (e que continua lá); portanto, CMV ou CPV é
avaliado pelo custo mais antigo, e o estoque final avaliado pelo valor FIFO
First in first out.
do estoque mais atual.
• UEPS, denominado em inglês LIFO – diferentemente do PEPS, os UEPS
Último que entra, Primeiro que sai.
custos dos itens baixados (CMV ou CPV) são avaliados pelo custo de
aquisição do item mais recente a entrar no estoque (e que continua LIFO
lá); portanto, o CMV ou CPV é avaliado pelo custo mais recente, e o Last In First Out.
estoque final pelo valor mais antigo.
IRPJ
Imposto de Renda Pessoa
A legislação do IR de acordo com RIR/99 – Regulamento do Imposto de
JurídicaCSLL
Renda de 1999 (ainda em vigor), não permite a utilização do método UEPS
para a apuração do resultado. Isto ocorre porque o CMV apurado pelo UEPS, CSLL
se comparado com o apurado pelo PEPS, reduz o resultado da empresa Contribuição Social sobre
Lucro Líquido
consequente à base de cálculo do IRPJ, e o CSLL será menor (diminui os
tributos). CMPM
Custo Médio Ponderado.
• CMPM os custos dos itens baixados (CMV ou CPV) são avaliados pelo
custo médio das aquisições feitas no período, e portanto o CMV ou CPV é avaliado
pelo custo médio.

Vamos, a partir de um
exemplo, avaliar os
métodos?

Este será o modelo da ficha de estoque que utilizaremos para estudarmos os métodos de
avaliação: PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado.

Primeiro vamos entender as informações que serão utilizadas nas fichas:

FICHA 1

Comprador e Quantidade Custo de Aquisição* - Preço de Venda


Data Transação
Fornecedor (unidades) unitário ($) ($) - unitário

• Data - Cronologia é um critério necessário - a primeira coluna representa a data da


transação.
• Transação - As movimentações possíveis no estoque são: entrada (compra) e saída
(venda), representadas pela próxima coluna.
• Comprador e Fornecedor – Comprador significa o nosso cliente, portanto as vendas
(saídas), e Fornecedor significa quem fornece a mercadoria/produto/matéria-prima,
portanto as compras.
• Custo de aquisição ($) unitário – Significa o valor líquido das compras dividido pela
quantidade adquirida. Vamos rever a fórmula de compra líquida. A compra líquida é
o valor total das compras brutas de mercadorias adquiridas no período
mais frete e seguro deduzidos os impostos recuperáveis sobre merca- Impostos recuperáveis
dorias e frete, os descontos incondicionais obtidos, os abatimentos e Veja os aspectos tributários em anexo.
devoluções de compras (líquidas).

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 85


• Preço de Venda ($) unitário – Significa o valor de baixa do estoque por item (CMV/CPV).

Preste muita atenção nos dados do


exemplo, pois você precisará deles
para cada um dos métodos!

Atenção Pessoal! A fim de facilitarmos a apresentação da apuração de CMV pelos crité-


rios PEPS, UEPS e CMPM, para o exemplo que iniciaremos a seguir, não será oportuno
tratarmos dos impostos (ICMS, PIS, COFINS) inclusos no valor da compra, bem como
frete e seguro, que normalmente ocorrem nas operações com mercadorias. Logo, os valo-
res de custo unitário de compra apresentados no exemplo são valores líquidos.

Enunciado do Exemplo:

A Empresa EAD Comércio de Móveis Ltda. iniciou o mês de fevereiro/x8 com 15 unida-
des do produto Cadeira ABCD, em estoque, sendo que o custo unitário apurado é de R$
50,00. Durante o mês de março/x8, ocorreram algumas transações, conforme demons-
trado abaixo.

ATENÇÃO
Nosso Estoque Inicial = 15 unidades, cujo custo unitário é $ 50,00. Portanto, nosso Estoque
Inicial = $ 750,00, que deveremos considerar na nossa Ficha de Estoque e que veremos
então no exemplo.

E para melhor identificação das transações ocorridas na empresa, no quadro a seguir


estão apresentadas as informações sobre as aquisições e vendas das Cadeiras ABCD:

INFORMAÇÕES SOBRE AS TRANSAÇÕES OCORRIDAS

Custo de Preço de
Comprador ou Quantidade
Data Transação Aquisição- Venda ($)
Fornecedor (unidades)
unitário ($) - unitário
Dia 02/03 Compra à vista 1234 Ltda1 10 55
Dia 15/03 Venda à vista 4567 Ltda 2
20 120
Dia 20/03 Compra a prazo 2468 Ltda3 8 58
Dia 31/03 Venda a prazo 3579 Ltda4 3 135

Tabela 1 - Dados Enunciados dos Eventos Contábeis


Adaptado por: Edilamar Esteves1234

1 O valor da NF 1234 Ltda., de compra, é de $ 756,00 e foi adquirida à vista. Observe bem, pois você irá precisar
se lembrar desta informação, mais a frente para a contabilização, no tópico 3 - Mecânica contábil e elaboração
das demonstrações contábeis.
2 O valor da NF 4567 Ltda., de venda, é de $ 2.400,00 e foi vendida à vista - recebimento pelo caixa. Observe bem,
pois você irá precisar se lembrar desta informação, mais à frente, para a contabilização no tópico 3 - Mecânica
contábil e elaboração das demonstrações contábeis.
3 O valor da NF 2468 Ltda, de compra, é de $637,79 e foi adquirida à prazo. Observe bem, pois você irá precisar
se lembrar desta informação, mais à frente, para a contabilização no tópico 3 - Mecânica contábil e elaboração
das demonstrações contábeis
4 O valor da NF 3579 Ltda., de venda, é de $405,00 e foi vendida à prazo. Observe bem, pois você irá precisar se
lembrar desta informação, mais à frente, para a contabilização no tópico 3 - Mecânica contábil e elaboração das
demonstrações contábeis

86 Operações com Mercadorias (Estoques e CMV)


Vale Lembrar que, neste exemplo, não estamos abordando questões que envolvem frete,
seguros e impostos sobre compra e venda, mas é importante salientar que:

Compra Líquida = é valor total das compras brutas de mercadorias adquiridas no período
mais frete e seguro, deduzidos os impostos recuperáveis sobre mercadorias e frete, os
descontos incondicionais obtidos, os abatimentos e devoluções de compras (líquidas). Na
Ficha de Estoque, reconhecemos então a Compra Líquida para determinarmos o valor de
entradas de mercadorias, ok?

Receita Líquida = Corresponde ao valor de receita bruta de venda deduzida dos tributos
indiretos (PIS, COFINS, IPI e ICMS) incidentes nas vendas. A receita líquida menos o
CMV é igual ao lucro bruto. Mas atenção! A Receita Líquida nada tem a ver com a nosso
assunto de Ficha de Estoque. Apenas citamos que dela deduzimos o CMV, que é apurado
e conhecido por meio da Ficha de Estoque.

Veremos alguns destes aspectos mais adiante em nossos exemplos de escrituração contá-
beis de operações com mercadorias.

Vamos determinar o estoque final em quantidade e valor


monetário para as cadeiras ABCD, adotando cada um dos
critérios de acordo com o método permanente ou periódico?
Que tal estudar a diferença entre os métodos? Não se
esqueça que o método permanente avalia item a item.

IMPORTANTE
Observe que o preço de venda indicado no quadro acima só será utilizado para efeito de
reconhecimento da Receita de Vendas. O valor do CMV da venda é determinado pela Ficha
de Estoque.

ENTENDENDO A ESTRUTURA E OS COMPONENTES DA FICHA DE ESTOQUE! VEJAM!

Entrada Saída Saldo final


Data
(Unid.) ($) (Unid.) ($) (Unid.) ($)

• Data – cronologia é um critério necessário - a primeira coluna representa a data da


transação.
• Entrada – compra ou devolução de venda ao estoque. Podemos também considerar
a devolução de compra negativa nesse campo.
• Saída – venda (baixas) ou devolução de compra. Podemos também considerar a
devolução de venda negativa nesse campo.
• Saldo final - um dos principais motivos da adoção de Inventário Permanente é o
conhecimento simultâneo e automático do saldo (em quantidade e em R$) do esto-
que; então ele representa a última coluna principal.

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 87


TOME NOTA
Quantidade física em estoque, o valor unitário e o valor total das mercadorias são informa-
ções importantes para cada movimentação e para o saldo final.

CONTROLE PERMANENTE - PEPS OU FIFO

PEPS OU FIFO - CONTROLE PERMANENTE


ITEM – CADEIRA ABCD

Entrada Saída Saldo final


Data
(Unid.) ($) Total (Unid.) ($) Total (Unid.) ($) Total
15*50,00 750,00 (a)
10*55,00 550,00 15*50,00+ 1.300,00
02/mar
10*55,00
15*50,00+ 750,00+ 05*55,00 275,00
15/mar
05*55,00 275,00
08*58,00 464,00 05*55,00+ 739,00
20/mar
08*58,00
3* 55,00 165,00 02*55,00+ 574,00
31/mar
08*58,00
18 1.014,00 23 1.190,00 10 574,00
Soma
(b) (c) (d) (e) (f) (g)

Tabela 2 – Ficha de Estoque (Controle Permanente – PEPS)


Adaptado por: Edilamar Esteves

Legenda:
a. Estoque Inicial
b. Quantidade de unidades adquiridas
c. Valor da compra líquida
d. Quantidades vendidas (baixadas)
e. CMV – custo das mercadorias vendidas
f. Quantidades em estoque final
g. Estoque final em valor ($)

Acompanhe!
Observe que inicialmente a empresa possuía 15 unidades de cadeiras ABCD em estoque,
tendo estas cadeiras, custo unitário de $ 50,00; consequentemente, o valor dos estoques
inicial em fevereiro/x8 correspondia a $ 750,00, ou seja: 15 cadeiras x $50,00.

No dia 02/03, a empresa adquiriu mais 10 unidades do mesmo produto, ao Preço de custo
Preço de custo de $ 55,00 cada uma; portanto o estoque passa a ser avaliado Preço de custo da compra
por $ 1.300,00, correspondendo a dois lotes de cadeiras. significa compra líquida.

No dia 15, a empresa vendeu 20 unidades de cadeiras ABCD. Como adota o método
Peps na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque, o valor a ser conta-
bilizado referente ao Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 1.025,00, ou seja, as 15
unidades de cadeiras ABCD, a $ 50,00 cada uma – totalizando $ 750,00, que estavam
em estoque no início do período, mais 05 unidades a $ 55,00 cada uma, totalizando
$275,00, que fazem parte das unidades adquiridas no segundo lote.

O estoque fica avaliado a $ 275,00, correspondente às 05 unidades remanescentes – do


segundo lote, adquiridas ao custo de $ 55,00 cada uma.

88 Operações com Mercadorias (Estoques e CMV)


No dia 20, a empresa fez sua segunda compra de cadeiras ABCD representada por mais
08 unidades ao valor de $ 58,00 cada uma, e o estoque passa a ser avaliado a $ 464,00.

No dia 31, vendeu mais 03 unidades. O Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 165,00,
correspondente ao custo das unidades mais antigas no estoque da empresa. Portanto, após
esta venda (baixa do estoque), o valor do estoque corresponderá a $ 110,00, representado
por 02 unidades adquiridas por $55,00 cada (no dia 2) mais $ 464,00, referente às 08
unidades mais recentes, adquiridas a $ 58,00 cada uma, totalizando $574,00.
E como fica o cálculo e a demonstração do lucro bruto, para o CMV apurado pelo método PEPS?

O Lucro bruto pelo método PEPS será:

Resultado Com Mercadoria (considerando CMV pelo PEPS)


Receita bruta de venda $ 2.805,00
Cálculo: (20* $120,00 + 3*$135,00)
ICMS – 18% $ 504,90
PIS – 1,65% $ 46,28
COFINS – 7,6% $ 213,18
(-) Deduções da Receita $ 764,36
(=) Receita Líquida de vendas $ 2.040,64
(-) CMV $ 1.190,00 1.190,00
Veja o valor da letra “e” da
(-) Lucro Bruto $ 850,64 ficha de estoque PEPS.

Adaptado por: Edilamar Esteves

Caso tenha alguma dúvida sobre a base de dados para o cálculo acima, consulte a
Tabela 1, dia 31/03; apresentada no início do exemplo.

UEPS (ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI), OU LIFO (LAST IN FIRST OUT)
Vejamos agora o mesmo exemplo apresentado anteriormente, sendo que a empresa adota
na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque o método UEPS.

CONTROLE PERMANENTE - UEPS


ITEM – CADEIRA ABCD

Entrada Saída Saldo final


Data
(Unid.) ($) (Unid.) ($) (Unid.) ($)
15*50,00 750,00 (a)
15*50,00 +
02/mar 10*55,00 550,00 1.300,00
10*55,00
10*55,00 + 550,00 +
15/mar 05* 50,00 250,00
10*50 500,00
05*50,00 +
20/mar 08*58,00 464,00 714,00
08*58,00
05*50,00 +
31/mar 3* 58,00 174,00 540,00
05*58,00
18 1.014,00 23 1.224,00 10 540,00
Soma
(b) (c) (d) (e) (f) (g)

Tabela 3 – Ficha de Estoque (Controle Permanente – UEPS)


Adaptado por: Edilamar Esteves

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 89


Legenda:
a. Estoque Inicial
b. Quantidade de unidades adquiridas
c. Valor da compra líquida
d. Quantidades vendidas (baixadas)
e. CMV – custo das mercadorias vendidas
f. Quantidades em estoque final
g. Estoque final em valor

Acompanhe!

Observe que inicialmente a empresa possuía 15 unidades de cadeiras ABCD em estoque,


tendo estas cadeiras o custo unitário de $ 50,00; consequentemente, o valor do estoque
inicial em fevereiro/x8 correspondia a $ 750,00.

No dia 2, a empresa adquiriu mais 10 unidades do mesmo produto, ao preço custo de $


55,00 cada uma; portanto, o estoque passa a ser avaliado por $ 1.300,00, correspon-
dendo a dois lotes de cadeiras.

No dia 15, a empresa vendeu 20 unidades de cadeiras ABCD. Como adota o método
UEPS na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque, o valor a ser conta-
bilizado referente ao Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 1.050,00, ou seja, todas
as 10 unidades adquiridas ao preço de custo de R$ 55,00, no dia 02, mais 10 unidades
do mesmo produto que estavam em estoque inicial, ao preço custo de $ 50,00 cada uma.
O estoque fica avaliado em $ 250,00, correspondente às 05 unidades remanescentes do
primeiro lote, adquiridas ao custo de $ 50,00 cada uma (lote mais antigo).

No dia 20, a empresa faz sua segunda compra de cadeiras ABCD representada por mais
08 unidades ao valor de $ 58,00 cada uma, e o estoque passa a ser avaliado a $ 714,00.

No dia 31, vende mais 03 unidades. O Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 174,00,
correspondente ao custo das unidades mais novas no estoque da empresa. Portanto, após
esta venda (baixa do estoque) o valor do estoque corresponderá a $ 540,00, referente às
05 unidades mais recentes, adquiridas em 20/03 a $ 58,00 cada uma, mais 05 unidades
adquiridas por $55,00 cada no dia 2.

E como fica o cálculo e a


demonstração do lucro bruto, para o
CMV apurado pelo método UEPS?

90 Operações com Mercadorias (Estoques e CMV)


O Lucro bruto, pelo método UEPS, será:

Resultado Com Mercadoria (considerando CMV pelo UEPS)


Receita bruta de venda $ 2.805,00
Cálculo: (20* $120,00 + 3*$135,00)
ICMS – 18% $ 504,90
PIS – 1,65% $ 46,28
COFINS – 7,6% $ 213,18
(-) Deduções da Receita. $ 764,36
(=) Receita Liquida de vendas $ 2.040,64
(-) CMV $1.224,00
(-) Lucro Bruto $ 816,64

Adaptado por: Edilamar Esteves

Caso tenha alguma dúvida, da base de dados para o cálculo acima, consulte a Tabela 1,
dia 31/03; apresentada no inicio do exemplo.

CUSTO MÉDIO PONDERADO

O custo médio ponderado também difere, dependendo do sistema de controle – Permanente


ou Periódico. Quando se controlam os estoques pelo sistema permanente e se avaliam os
estoques pelo custo médio, tem-se o chamado CMPM. Por outro lado,quando se contro-
lam os estoques pelo sistema periódico, o custo médio passa a ser denominado CMPF.

CMPM - CUSTO MÉDIO PONDERADO MÓVEL


ITEM – CADEIRA ABCD

Entrada Saída Saldo final


Data
(Unid.) ($) (Unid.) ($) (Unid.) ($)
15*50,00 750,00 (a)
02/mar 10*55,00 550,00 25* 52,00 1.300,00
15/mar 20*52,00 1.040,00 5* 52,00 260,00
20/mar 08*58,00 464,00 13*55,69 724,00
31/mar 3*55,69 167,07 10*55,69 556,90
18 1.014,00 23 1.207,08 10 556,90
Soma
(b) ( c) (d) (e) (d) (g)

Tabela 4 – Ficha de Estoque - (Custo Médio Ponderado Móvel) CMPM


Adaptado por: Edilamar Esteves

ATENÇÃO
Preste bem atenção no valor de 167,07, pois você verá que ele será contabilizado na seção.

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 91


Legenda:
h. Estoque Inicial
i. Quantidade de unidades adquiridas
j. Valor da compra líquida
k. Quantidades vendidas (baixadas)
l. CMV – custo das mercadorias vendidas
m. Quantidades em estoque final
n. Estoque final em valor

Vejamos!

Observe que, inicialmente, a empresa possuía 15 unidades de cadeiras ABCD em estoque,


tendo estas cadeiras o custo unitário de $ 50,00; consequentemente, o valor do estoque
inicial em fevereiro/x8 correspondia a $ 750,00.

No dia 2, a empresa adquiriu mais 10 unidades do mesmo produto, ao preço de custo de


$ 55,00 cada uma. Portanto o estoque passa a ser avaliado por $ 1.300,00, correspon-
dendo a apenas um lote de cadeiras, tendo como custo unitário o valor de R$ 52,00 (a
média entre o valor total dos estoques e a quantidade total das mercadorias em estoque,
ou seja, 1.300/25).

No dia 15, a empresa vendeu 20 unidades de cadeiras ABCD. Como adota o método Custo
médio ponderado móvel na avaliação do Custo das Mercadorias Vendidas e do Estoque, o valor
a ser contabilizado referente ao Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 1.040,00, ou seja,
todas as 20 unidades foram baixadas ao preço custo de $ 52,00 cada uma.

O estoque fica avaliado em $ 260,00, correspondente às 05 unidades remanescentes.

No dia 20, a empresa faz sua segunda compra de cadeiras ABCD, representada por mais
08 unidades ao valor de $ 58,00 cada uma. O estoque passa a ser avaliado a $ 724,00
que representa 13 unidades, as quais passam a ter custo unitário de $ 55,69.

No dia 31, vende mais 03 unidades. O Custo das Mercadorias Vendidas será de $ 167,07,
correspondente ao custo médio das unidades no estoque da empresa. Portanto, após esta
venda (baixa do estoque), o valor do estoque corresponderá a $ 556,93, referente às 10
unidades, que têm $ 55,69 como custo unitário.

E como ficam o cálculo e a demonstração do lucro bruto para o CMV apurado pelo méto-
do Média Ponderada Móvel?

O Lucro bruto, pelo método CMPM, será:

Resultado Com Mercadoria (considerando CMV pelo CMPM)


Receita bruta de venda $ 2.805,00
Cálculo: (20* $120,00 + 3*$135,00)
ICMS – 18% $ 504,90
PIS – 1,65% $ 46,28
COFINS – 7,6% $ 213,18
(-) Deduções da Receita. $ 764,36
(=) Receita Liquida de vendas $ 2.040,64
1,207,08
(-) CMV $ 1.207,08 Veja o valor da letra “e”
da ficha de estoque da
(-) Lucro Bruto $ 833,56 Média Pondera Móvel.

Adaptado por: Edilamar Esteves

92 Operações com Mercadorias (Estoques e CMV)


Agora, vamos
comparar os métodos?

Resultado Com Mercadoria


PEPS UEPS CMPM
Receita Bruta de Venda R$ 2.805,00 R$ 2.805,00 R$ 2.805,00
Cálculo: 20*$120,00 + 3*$135,00
(-) Deduções da Receita R$ 764,36 R$ 764,36 R$ 764,36
ICMS – 18% R$ 504,90
PIS – 1,65% R$ 46,28
COFINS – 7,6% R$ 213,18
(=) Receita Líquida de vendas R$ 2.040,64 R$ 2.040,64 R$ 2.040,64
(-) CMV R$ 1.190,00 R$ 1.224,00 R$ 1.207,08
(-) Lucro Bruto R$ 850,64 R$ 816,64 R$ 833,56

Tabela 5– Resultado com Mercadoria (Quadro comparativo)


Adaptado por: Edilamar Esteves

2,805,00
Cálculo: 20 cadeiras vezes $120,00
Produção: 833,56 + 3 cadeiras a $135,00.

764,36
Refere-se ao valor do somatório do PIS
Preste bem atenção neste valor, pois oportunamente veremos a mecâ-
(1,65) % + COFINS (7,6%) + ICMS
nica contábil e elaboração das demonstrações contábeis, envolvendo (18%) %, totalizando = 27,25%, que será
as operações com mercadorias deste exemplo. aplicado sobre a receita bruta; portanto:
$2.805,00*27,25% = $764,36"

2,040,64
TOME NOTA É o resultado de receita bruta
menos as deduções da receita.
Reflita sobre essas considerações após observar os cálcu-
los apresentados anteriormente: 1,190,00
Apurado de acordo com a ficha de
• O método Peps, por levar para o Custo das Mercadorias estoque de acordo com o método.
Vendidas os estoques mais antigos, apresenta os
833,56
menores valores de CMV, enquanto o Ueps pelo siste- Considerando um ambiente inflacionário ou
ma de controle permanente, que leva os estoques um ambiente onde os recursos são limitados,
mais recentes, apresenta o Custo das Mercadorias os preços atuais tendem a ser maiores. Logo,
adotando o critério (Ueps), os custos das
Vendidas mais alto.
mercadorias vendidas, quando levados ao
• CMPM, por considerar a média das aquisições, apre- resultado, reduzem o resultado da empresa,
senta valores intermediários entre os dois métodos. se comparado com o Peps; daí porque o
fisco não o aceita. Afinal, ao reduzir o
• No caso das mercadorias que permanecem em esto- resultado, diminui a base de cálculo de IR e
que, o inverso ocorre. O saldo mais alto de estoque é CS, diminuindo a arrecadação. Portanto, dos
três critérios utilizados, a empresa deverá
o do Peps, enquanto o valor mais baixo é o do Ueps. adotar o CMPM, que apresenta o maior
CMV permitido legalmente a ser adotado.

Operações com Mercadorias (Estoques e CMV) 93


Síntese
Neste módulo, você estudou sobre o estoque e seus tipos de mensuração por meio dos
métodos periódico e permanente de inventário. Aprendeu a apurar o CMV (Custo da
Mercadoria vendida) pelos critérios PEPS, UEPS e CMPM e pela movimentação das fichas
de estoque. Evidenciou o reflexo do CMV apurado pelos critérios PEPS, UEPS e CMPM na
demonstração do Lucro Bruto optando pelo mais vantajoso para a empresa, observados
os requisitos legais.

Interessante, não é mesmo? Podemos agora aplicar contabilmente o conhecimento adqui-


rido aqui sobre apuração do CMV pela escrituração dos fatos no livro diário, nos razonetes
e ainda evidenciarmos os efeitos das operações com mercadorias no Balanço Patrimonial
e na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício). O que acham? Vamos lá pessoal!

Referências
BRASIL. Sistema Público de Escrituração Digital - Sped, Portal Sped Receita Federal.
Disponível em: http://www1.receita.fazenda.gov.br/sobre-o-projeto/objetivos.htm Acesso
em: 25 set. 2014.

Exame de suficiência: uma abordagem histórica. Conselho Federal de Contabilidade.


Brasília: CFC,2007.

IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NEVES, Silvério das. Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora,2004.

Princípios fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade: Auditoria e Perícia.


Disponível em: http://www.cfc.org.br/uparq/livro_auditoria%20e%20pericia.pdf.pdf

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

94
Contabilidade
Geral

Operações com Mercadorias


(Contabilização)

OPERAÇÕES COM
MERCADORIAS
(CONTABILIZAÇÃO)
APRESENTAÇÃO

N este módulo, estudaremos a escrituração contábil das operações com mercadorias e,


por consequência, veremos a sua aplicação e efeito no resultado (ARE), bem como
sua evidenciação no Balanço Patrimonial. Uma vez conhecido o valor do CMV
CMV
apurado pelos critérios PEPS, UEPS e CMPM, este será reconhecido no momento Custo da Mercadoria Vendida
da baixa do estoque quando ele for vendido. Veremos ainda que a empresa fará
opção por um dos três valores apurados do CMV pelos referidos critérios, ou seja, aquele
que apresentar o melhor resultado para a empresa, observados os aspectos legais vigentes.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Contabilizar as operações com mercadorias, vendas e seus respectivos impostos.
• Calcular a contabilização dos fatos de compras e vendas, apuração de resultado e levan-
tamento dos demonstrativos contábeis, tais como DRE - Demonstração do Resultado do
Exercício e Balanço Patrimonial.
• Conhecer a contabilização no Livro Diário das operações com mercadorias (Devolução de
compra e devolução de venda).

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
(CONTABILIZAÇÃO)

Apuração do CMV (Custo da Mercadoria


Vendida) pelos critérios PEPS, UEPS e CMPM
A Empresa EAD Comércio de Móveis Ltda. iniciou o mês de março/20XX com 15
unidades do produto Cadeira ABCD, em estoque, sendo que o custo unitário apurado
é de R$ 50,00. Durante o mês de março/XX, ocorreram algumas transações, conforme
demonstrado abaixo.

Fornecedor ou Quantidade Preço Total da Preço Total de


Data Transação
cliente (unidades) Nota Fiscal ($) Venda ($)
Dia 02/03 Compra à vista 1234 Ltda 10 756,00
Dia 15/03 Venda à vista 4567 Ltda 20 2.400,00
Dia 20/03 Compra a prazo 2468 Ltda 8 637,80
Dia 31/03 Venda a prazo 3579 Ltda 3 405,00

Adaptado por: Edilamar Esteves

IMPORTANTE
Os valores de face das duplicatas descontadas são registrados numa conta credora do Passivo
Circulante, que figura, por exemplo, no grupo de Financiamentos bancários a curto prazo.

Aspectos Tributários:

Nos valores das compras, estão inclusos impostos (ICMS, PIS e COFINS) que incidirão
sobre as vendas também conforme alíquotas a seguir definidas:

• ICMS - 18%;
• PIS - 1,65%;
• COFINS - 7,6%.

Tendo em vista a empresa estar enquadrada no Lucro de acordo com a Receita Federal
Real, sobre o Resultado Operacional Antes dos tributos incidirão: 15% de IRPJ (Imposto
de Renda da Pessoa Jurídica) e 9% de CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro).

Com base no enunciado do presente exemplo, podemos então concluir e determinar o


custo unitário de aquisição (já deduzidos dos impostos) bem como os impostos sobre as
operações, que serão contabilizados no item 2, conforme quadro - resumo a seguir:
Operações com mercadorias ocorridas durante o mês de março
Preço Bruto da Impostos (ICMS, PIS Oper.
Fornecedor Valor Líquido
Data Transação Compra/Venda e COFINS) Sobre
ou Cliente da Compra
Total ($) Compra e Venda
18% ICMS 136,08
Dia 02/03 Compra à vista 1234 Ltda 756,00 1,65% PIS 12,47 550,00 1
7,60% COFINS 57,46
18% ICMS 432,00
Dia 15/03 Venda à vista 4567 Ltda 2.400,00 1,65% PIS 39,60 2
7,60% COFINS 182,40
18% ICMS 114,80
Dia 20/03 Compra a prazo 2468 Ltda 637,80 1,65% PIS 10,52 464,00 3
7,60% COFINS 48,47
18% ICMS 72,90
Dia 31/03 Venda a prazo 3579 Ltda 405,00 1,65% PIS 6,68 4
7,60% COFINS 30,78

Adaptado por: Edilamar Esteves

Para melhor compreensão da movimentação dos saldos iniciais, entradas, saídas e saldo
final dos estoques nas Fichas de Estoques, utilizaremos a seguinte Legenda:

a. Estoque Inicial
b. Quantidade de unidades adquiridas
c. Valor da compra líquida
d. Quantidades vendidas (baixadas)
e. CMV – custo das mercadorias vendidas
f. Quantidades em estoque final
g. Estoque final em valor ($)

Apuração do CMV pelo Critério PEPS


Método de Apuração: PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai)
Ficha de Controle de Estoque
Item Cadeira ABCD
Entrada Saída (CMV) Saldo
Data
Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total
15 50,00 750,00 (a)
10 55,00 550,00 15 50,00
Dia 02/03 1.300,00
10 55,00
15 50,00 - -
Dia 15/03 1.025,00 275,00
5 55,00 5 55,00
8 58,00 464,00 5 55,00
Dia 20/03 739,00
8 58,00
3 55,00 2 55,00
Dia 31/03 165,00 574,00
8 58,00
TOTAL 18 1.014,00 23 1.190,00 10 574,00
(b) (c) (d) (e) (f) (g)

Adaptado por: Edilamar Esteves

98 Operações com Mercadorias (Contabilização)


Apuração do CMV pelo Critério UEPS
Método de Apuração: UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai)
Ficha de Controle de Estoque
Item Cadeira ABCD
Entrada Saída (CMV) Saldo
Data
Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total Quant. Vlr. Unit.
Vlr. Total
15 50,00 750,00 (a)
10 55,00 550,00 15 50,00
Dia 02/03 1.300,00
10 55,00
10 55,00 5 50,00
Dia 15/03 1.050,00 250,00
10 50,00 - -
8 58,00 464,00 5 50,00
Dia 20/03 714,00
8 58,00
5 50,00
Dia 31/03 174,00 540,00
3 58,00 5 58,00
TOTAL 18 1.014,00 23 1.224,00 10 540,00
(b) (c) (d) (e) (f) (g)

Adaptado por: Edilamar Esteves

Apuração do CMV pelo Critério CMPM


Método de Apuração: CMPM (Custo Médio Ponderado Móvel)
Ficha de Controle de Estoque
Item Cadeira ABCD
Entrada Saída (CMV) Saldo
Data
Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total Quant. Vlr. Unit. Vlr. Total
15 50,00 750,00 (a)
Dia 02/03 10 55,00 550,00 25 52,00 1.300,00

Dia 15/03 20 52,00 1.040,00 5 52,00 260,00

Dia 20/03 8 58,00 464,00 13 55,69 724,00

Dia 31/03 3 55,69 167,08 10 55,69 556,92


TOTAL 18 1.014,00 23 1.207,08 10 556,92
(b) (c) (d) (e) (f) (g)

Adaptado por: Edilamar Esteves

ATENÇÃO
O melhor critério de apuração do CMV para empresa, definido para reconhecimento das
baixas no estoque pelas vendas, é o CMPM, pois dos três critérios utilizados é o valor que
proporciona um menor Resultado Antes do IRPJ e CSLL, observadas as condições legais
estabelecidas pelo regulamento do Imposto de Renda (RIR/99).
E por falar em IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social Sobre
o Lucro), para o exemplo em questão utilizaremos 15% e 9% respectivamente para os refe-
ridos impostos.

Operações com Mercadorias (Contabilização) 99


Mecânica contábil e elaboração das
demonstrações contábeis para o
exemplo (enunciado - item 1)
A mecânica contábil, ou seja, os lançamentos contábeis para registrar os métodos de
avaliação do CMV, não se alteram entre os métodos.

A partir de agora, vamos contabilizar os lançamentos contábeis, para o exemplo estudado


de movimento de estoque – Cadeiras ABCD, utilizando o critério CMPM, que apresentou
a melhor opção de baixa nos estoques para a empresa no exemplo em questão.

Saldos iniciais das Contas Contábeis Patrimoniais


Para iniciarmos a escrituração dos fatos nos razonetes, primeiramente devemos obser-
var os saldos iniciais das contas em 01 de março de 20XX, que foram saldos finais do
Balanço Patrimonial de fevereiro. Apresentamos a seguir os saldos inicias então.

Saldos Finais do Balanço Patrimonial de Fevereiro (portanto, iniciais de Março)


Ativo Circulante 10.750,00 Passivo Circulante 500,00
Disponibilidades (Caixa e Bancos Conta Mov.) 10.000,00 Fornecedores 500,00
Estoques (cadeiras ABCD) 750,00
Patrimônio Líquido 10.250,00
Capital Social 10.250,00
Total do Ativo 10.750,00 Total do Passivo + PL 10.750,00

Adaptado por: Edilamar Esteves

Escrituração dos fatos no Livro Diário


Aproveitando aqui este item que está abordando a escrituração dos fatos no livro diário,
é importante ressaltar o que diz o método das partidas dobradas, segundo o qual, na
técnica contábil, devemos observar que, para o valor correspondente em débitos, temos
que ter o mesmo valor correspondente em créditos para um fato.

Então significa que, para todos os fatos, teremos sempre e somente um lançamento de
débito e um a crédito de mesmo valor?

A resposta é NÃO! Sabe por que?

Porque podemos ter fatos registrados na contabilidade cujo lançamento é considerado de


2ª ou 3ª fórmula, ou seja, podemos ter um débito no Caixa de $ 100,00, um débito em
Bancos Conta Movimento de $ 80,00, cujos recursos vieram integralizados dos sócios e,
portanto, teremos um crédito na conta Capital Social de $ 180,00.

Compreendeu pessoal? É muito interessante, não é mesmo?

Agora já podemos ver no Livro Diário a teoria sobre a causa e o efeito dos fatos, teoria
proposta pela técnica contábil, acontecendo na prática com o exemplo que estamos estu-
dando de operações com mercadorias. O que acham?

100 Operações com Mercadorias (Contabilização)


LIVRO DIÁRIO - MARÇO DE 20XX

Pela compra a vista, no dia 02 Débito Crédito


D – Estoque da mercadoria Cadeira ABCD (AC) 550,00
D – ICMS a recuperar (AC) – 18% 136,07
D – PIS a recuperar (AC) – 1,65% 12,47
D – COFINS a recuperar (AC) – 7,6% 57,46
C – Caixa - Disponibilidades (AC) 756,00
Aquisição, à vista, de 10 unidades da mercadoria Cadeira ABCD, do fornecedor 1234
Ltda. no dia 02.
Pela venda à vista, no dia 15 - Reconhecimento da Receita: Débito Crédito
D – Caixa - Disponibilidades (AC) 2.400,00
C – Receita Bruta de vendas (ARE) 2.400,00
Venda de 20 unidades da mercadoria Cadeira ABCD, conforme NF 4567, no dia 15.
Pelo reconhecimento dos tributos incidentes sobre a venda Débito Crédito
D – ICMS sobre venda (ARE) – 18% 432,00
C – ICMS a recolher (PC) 432,00
D – PIS sobre vendas – 1,65% (ARE) 39,60
C – PIS a recolher (PC) 39,60
D – COFINS sobre vendas – 7,6% (ARE) 182,40
C – COFINS a recolher (PC) 182,40
Pela venda à vista, no dia 15 - baixa pelo CMPM: Débito Crédito
D - CMV Custo da Mercadoria Vendida (ARE) 1.040,00
C - Estoque da mercadoria Cadeiras ABCD (AC) 1.040,00
Baixa no estoque pelo reconhecimento do custo de venda de 20 unidades da mercadoria
Cadeiras ABCD, conforme NF 4567, no dia 15.
Pela compra a prazo, no dia 20 Débito Crédito
D – Estoque da mercadoria Cadeira ABCD (AC) 464,00
D – ICMS a recuperar (AC) – 18% 114,80
D – PIS a recuperar (AC) – 1,65% 10,52
D – COFINS a recuperar (AC) – 7,6% 48,47
C – Fornecedor 2468 Ltda. (PC) 637,80
Aquisição, a prazo, de 08 unidades da mercadoria Cadeira ABCD, do fornecedor 2468
Ltda. no dia 20.
Pela venda a prazo, no dia 31 - Reconhecimento da Receita: Débito Crédito
D – Clientes/Duplicatas a receber (AC) 405,00
C – Receita Bruta de vendas (ARE) 405,00
Venda, a prazo, de 03 unidades da mercadoria Cadeira ABCD ao cliente 3579, no dia 31.
Pelo reconhecimento dos tributos incidentes sobre a venda Débito Crédito
D – ICMS sobre venda (ARE) – 18% 72,90
C – ICMS a recolher (PC) 72,90
D – PIS sobre vendas – 1,65% (ARE) 6,68
C – PIS a recolher (PC) 6,68
D – COFINS sobre vendas – 7,6% (ARE) 31,54
C – COFINS a recolher (PC) 31,54
Pela venda a prazo, no dia 31 baixa pelo CMPM Débito Crédito
D – CMV Custo da Mercadoria Vendida (ARE) 167,08
C – Estoque da mercadoria Cadeiras ABCD (AC) 167,08
Baixa no estoque pelo reconhecimento do custo de venda de 03 unidades da mercadoria
Cadeiras ABCD, ao cliente 3579, no dia 31.

Operações com Mercadorias (Contabilização) 101


Escrituração dos fatos nos Razonetes
Razonetes - Contas do ATIVO
Disponibilidades (AC) Clientes (AC) Estoques (AC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 10.000,00 756,00 1 4 405,00 si 750,00 1.040,00 2.4
2 2.400,00 1 550,00 167,08 4.4
3 464,00
12.400,00 756,00 405,00 1.764,00 1.207,08
11.644,00 556,92

ICMS a Recuperar (AC) PIS a Recuperar (AC) COFINS a Recuperar (AC)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1 136,08 1 12,47 1 57,46
3.2 114,80 3.4 10,52 3.1 48,47
250,88 250,88 7 23,00 23,00 8 105,93 105,93 9
- - -

Razonetes - Contas do PASSIVO


Fornecedores (PC) ICMS a Recolher (PC) IRPJ a Pagar (PC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
500,00 si 432,00 2.1 125,03 5
637,80 3 72,90 4.1

1.137,80 7 250,88 504,90 - 125,03


254,02

PIS a Recolher (PC) COFINS a Recolher (PC) CSLL a Pagar (PC)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
39,60 2.2 182,40 2.3 75,02 6
6,68 4.2 30,78 4.3
8 23,00 46,28 9 105,93 213,18 75,02
23,28 107,25

Razonetes - Contas do PL
Capital Social (PL)
Débito Crédito
10.250,00 si

10.250,00 sf

Lucro do Exercício (PL)


Débito Crédito
633,50 (h)

633,50

102 Operações com Mercadorias (Contabilização)


Razonetes - Contas de RESULTADO (Receitas, Despesas e Custos)

Receitas de Vendas (ARE) CMV (ARE) Desp. ICMS (ARE)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
2.400,00 2 2.4 1.040,00 2.1 432,00
405,00 4 4.4 167,08 4.1 72,90
(a) 2.805,00 2.805,00 1.207,08 1.207,08 (b) 504,90 504,90 (c)
-

Desp. PIS (ARE) Desp. COFINS (ARE)


Débito Crédito Débito Crédito
2.2 39,60 2.3 182,40
4.2 6,68 4.3 30,78
46,28 46,28 (d) 213,18 213,18 (e)

Razonetes - Contas de RESULTADO

ARE Apuração do Res.


Desp. IRPJ (ARE) do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito
5 125,03 (b) 1.207,08 2.805,00 (a)
(c) 504,90
125,03 125,03 (f ) (d) 46,28
(e) 213,18
1.971,44 2.805,00
Desp. CSLL (ARE)
833,56 LAIR
Débito Crédito
(f ) 125,03
6 75,02
(g) 75,02
(h) 633,50 633,50 LL
75,02 75,02 (g)
-

Legenda dos Lançamentos (na sequência em que foram classificados):


1 Compra à vista de mercadorias para o estoque (a) Encerramento das Contas de Resultado
2 Venda à vista de Mercadorias (b) Encerramento das Contas de Resultado
2.1 Provisão despesa com ICMS sobre a venda (c) Encerramento das Contas de Resultado
2.2 Provisão despesa com PIS sobre a venda (d) Encerramento das Contas de Resultado
2.3 Provisão despesa com COFINS sobre a venda (e) Encerramento das Contas de Resultado
2.4 Baixa no Estoque e reconhecimento do CMV (f) Encerramento das Contas de Resultado
3 Compra a prazo de mercadorias para o estoque (g) Encerramento das Contas de Resultado
4 Venda à vista de Mercadorias 5 Provisão da despesa com IRPJ
4.1 Provisão da despesa com ICMS sobre a venda 6 Provisão da despesa com CSLL
4.2 Provisão da despesa com PIS sobre a venda (h) Transferência do Resultado Líquido para o PL
4.3 Provisão da despesa com COFINS sobre a venda 7 Compensação do ICMS (a Recuperar x a Recolher)
4.4 Baixa no Estoque e reconhecimento do CMV 8 Compensação do PIS (a Recuperar x a Recolher)
9 Compensação do COFINS (a Recuperar x a Recolher)

CONCILIANDO OS SALDOS DAS CONTAS CONTÁBEIS ESTOQUE E CMV

Após finalizarmos a classificação dos fatos nos razonetes, como forma de conciliarmos os
saldos das contas contábeis do estoque e do CMV apurados nos razonetes, basta você
consultar a ficha de estoque que utilizamos como critério para baixa das mercadorias
vendidas (CMPM). O total das saídas e o saldo final do estoque devem ser iguais aos
apurados nos razonetes. Confiram!

Operações com Mercadorias (Contabilização) 103


COMPENSAÇÃO DE IMPOSTOS (ICMS, PIS E COFINS) – ATIVO X PASSIVO

A empresa, ao comprar mercadorias, reconheceu os impostos (ICMS, PIS e COFINS),


inclusos no valor da nota fiscal de compra como Impostos a Recuperar no ativo circulante.
Ao vender mercadorias, sobre as vendas provisionou os impostos (ICMS,PIS e COFINS)
a recolher. Então, antes de levantarmos nosso Balanço Patrimonial, a contabilidade faz
a compensação desses impostos. Observem então que ou teremos saldo a Recuperar
desses impostos ou teremos a Recolher. Fica bem mais fácil para os usuários da informa-
ção contábil entender, não é mesmo, pessoal? Vamos lá!

Observe na reprodução dos fatos a seguir nos razonetes, essa compensação acontecendo!

ICMS a Recuperar (AC) PIS a Recuperar (AC) COFINS a Recuperar (AC)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
1 136,08 1 12,47 1 57,46
3.2 114,80 3.4 10,52 3.1 48,47
250,88 250,88 7 23,00 23,00 8 105,93 105,93 9
- - -

ICMS a Recolher (PC) PIS a Recolher (PC) COFINS a Recolher (PC)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
432,00 2.1 39,60 2.2 182,40 2.3
72,90 4.1 6,68 4.2 30,78 4.3
7 250,88 504,90 8 23,00 46,28 9 105,93 213,18
254,02 23,28 107,25

Balancete de Verificação
O Balancete de Verificação é um demonstrativo que relaciona cada conta com o respec-
tivo saldo devedor ou credor, de tal forma que, se os lançamentos foram corretamente
efetuados, de acordo com o Método das Partidas Dobradas, o total da coluna dos saldos
($) devedores tem que ser igual ao total da coluna dos saldos ($) credores.

Este balancete tem por objetivo confirmar se o método das partidas dobradas foi respei-
tado, evidenciando as contas de acordo com seus respectivos saldos e verificando a
igualdade entre a soma dos saldos devedores e credores.

104 Operações com Mercadorias (Contabilização)


Apurando os saldos de todas as contas:
Balancete de Verificação Levantado em 31 de março de 20XX Antes do Encerramento do
Resultado do Exercício (ARE), antes das compensações dos impostos (ICMS, PIS e COFINS) e
da provisão do IRPJ e da CSLL
Contas Contábeis Devedor Credor
Caixa e Bancos Conta Mov. 11.644,00
Clientes 405,00
ICMS a Recuperar 250,88
PIS a Recuperar 23,00
COFINS a Recuperar 105,93
Estoques (cadeiras ABCD) 556,92
Fornecedores 1.137,80
ICMS a Recolher 504,90
PIS a Recolher 46,28
COFINS a Recolher 213,18
Receitas de Vendas 2.805,00
CMV 1.207,08
Despesas com ICMS 504,90
Despesas com PIS 46,28
Despesas com COFINS 213,18
Capital Social 10.250,00
TotaI do Ativo 14.957,16 14.957,16

Adaptado por: Edilamar Esteves

Saldos Devedores = Saldos Credores

Como podemos perceber, o somatório dos saldos devedores é igual ao somatório dos
saldos credores!

Evidenciação dos fatos (operações com mercadorias) na


DRE-Demonstração de Resultado do Exercício e no
Balanço Patrimonial
DRE
Agora podemos então evidenciar os efeitos dos fatos contabilizados no exem- Forma estruturada de se evidenciar
a composição do resultado do
plo nos Demonstrativos Contábeis: DRE e Balanço Patrimonial. exercício da entidade, ou seja, é
um critério de se organizarem as
receitas auferidas, os custos e
despesas incorridos no período.

DRE – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Balanço Patrimonial


é um dos principais demonstrativos
Para melhor estruturação e conferência na elaboração da DRE, sugiro acom- contábeis, que tem como objetivo
panhar o saldo apurado na ARE, ou seja, verificar se eles conferem com os demonstrar a posição financeira de
determinada entidade em um momento
valores considerados na DRE. específico e informar a capacidade
de gerar fluxos futuros de caixa.

ARE
Apuração do Resultado do Exercício.

Operações com Mercadorias (Contabilização) 105


EAD Comércio de Móveis Ltda.
DRE - Demonstração de Resultado do Exercício apurada em 31/03/20XX
Receita bruta de vendas 2.805,00
(–) Deduções da Receita de Vendas (764,36)
ICMS sobre vendas (18%) (504,90)
PIS sobre vendas (1,65%) (46,28)
COFINS sobre vendas (7,6%) (213,18)
(=) Receita Líquida de vendas 2.040,64
(–) Custo Mercadorias Vendidas (1.207,08)
(=) Lucro Bruto 833,56
(+/–) Despesas/Receitas operacionais -
(=) Resultado operacional 833,56
(+/–) Outras Receitas e Despesas -
(=) Resultado antes dos Impostos (LAIR) 833,56
(–) IR + CSLL (200,05)
(=) Resultado após os Impostos 633,50
(–) Participações -
(=) Lucro Líquido 633,50
Adaptado por: Edilamar Esteves

LEVANTAMENTO DO BALANÇO PATRIMONIAL EM 31 DE MARÇO DE 20XX

Finalizando então, pessoal, nosso exercício exemplo comentado, vamos ver como fica a
posição patrimonial da empresa após considerarmos as operações com mercadorias ocor-
ridas no mês de março de 20XX?
EaD Comércio de Móveis Ltda
Balanço Patrimonial Levantado em 31 de março de 20XX
Ativo Circulante 12.605,92 Passivo Circulante 1.722,41
Caixa e Bancos Conta Mov. 11.644,00 Fornecedores 1.137,80
Clientes 405,00 ICMS a Recolher 254,02
ICMS a Recuperar - PIS a Recolher 23,28
PIS a Recuperar - COFINS a Recolher 107,25
COFINS a Recuperar - IRPJ a Pagar 125,03
Estoques (cadeiras ABCD) 556,92 CSLL a Pagar 75,02
Patrimônio Líquido 10.883,50
Capital Social 10.250,00
Lucro do Exercício 633,50
Total do Ativo 12.605,92 Total do Passivo + Patrimônio Líquido 12.605,91
Adaptado por: Edilamar Esteves

A = P + PL, temos diferença de R$ 0,01. Vocês veem algum problema nisso pessoal?
Claro que não! Irrelevante!

EVIDENCIANDO VALORES NO BALANÇO PATRIMONIAL EM 31 DE MARÇO DE 20XX

Você já saberia identificar algumas informações nos relatórios DRE e Balanço Patrimonial,
elaborados para a empresa EaD Comercial de Móveis?
Qual o valor da Receita Líquida?
Qual o valor do Lucro Bruto?
Qual o valor do Lucro Antes do IRPJ e da CSLL?
Qual o Lucro Líquido do Exercício?
Qual o valor do Ativo?
Qual o valor do Passivo?
Qual o valor do Patrimônio Líquido?
E se precisarmos identificar os recursos de terceiros, próprios e total a disposição da
empresa nesses relatórios?

106 Operações com Mercadorias (Contabilização)


Vamos lá então, pessoal, junto comigo!

As respostas estão aí! Vejam!


Qual o valor da Receita Líquida? R$ 2.041
Qual o valor do Lucro Bruto? R$ 834
Qual o valor do Lucro Antes do IRPJ e da CSLL? R$ 834
Qual o Lucro Líquído do Exercício? R$ 634
Qual o valor do Ativo? R$ 12.606
Qual o valor do Passivo? R$ 1.722
Qual o valor do Patrimônio Líquido? R$ 10.884
E os recursos de terceiros, próprios e totais à disposição da empresa?
Capital de Terceiros (Recursos de terceiros) = Passivo = R$ 1.722
Capital Próprio (Recursos próprios) = PL = R$ 10.884
Capital Total à Disposição da Empresa = P + PL = R$ 12.606

Devolução de compra e devolução de venda


Já sabemos como contabilizar as operações de compra e venda. E as operações de
Devolução de Compra e Devolução de Venda que podem ocorrer na empresa? Como
ficaria a contabilização desses fatos? Muito fácil! Para contabilizar estas operações, basta
refletir sobre uma situação de reversão dos fatos!

Podemos chamar de uma situação inversa, exceto para a devolução de venda, para cuja
reversão devemos utilizar a conta de resultado “Devoluções”. Então, vejamos agora como
ficaria a movimentação das devoluções de compra e de venda no Livro Diário:

Devolução de Compra (trata-se de uma nota fiscal de saída)


Lançamentos:
D – Caixa/Bancos (AC) ou Fornecedores (PC) - (pelo valor bruto da nota fiscal de devolu-
ção de compra ao fornecedor)
C – Estoque (AC) - (pelo valor líquido = valor bruto da nota fiscal (-) impostos)
C – ICMS a Recolher (PC)
C – PIS a Recolher (PC)
C – COFINS a Recolher (PC)

Devolução de Venda (trata-se de uma nota fiscal de entrada). Exemplo:


Lançamentos:
Pelo valor bruto da nota fiscal de devolução de venda recebido do cliente
D – Devoluções (ARE)
C – Caixa/Bancos ou Clientes (AC)

Pela reversão dos impostos no resultado


D – ICMS a Recuperar (AC)
C – Despesa com ICMS (ARE)
D – PIS a Recuperar (AC)
C – Despesa com PIS (ARE)
D – COFINS a Recuperar (AC)
C – Despesa com COFINS (ARE)

Pela reversão do CMV no resultado e retorno da mercadoria para o estoque


D – Estoque (AC)
C – CMV – Custo da Mercadoria Vendida (ARE)

Operações com Mercadorias (Contabilização) 107


Síntese
Neste módulo, estudamos sobre a escrituração das operações com merca- ARE
dorias (de compra e de venda), a contabilização dos impostos sobre compra Apuração de Resultado do Exercício
e venda e apuração por meio da ARE. Aprendemos a elaborar a DRE,
DRE
confrontando seu resultado com o apurado na ARE. Levantamos o Balanço Demonstração do Resultado
Patrimonial após fazermos a compensação dos impostos a recuperar com os do Exercício
impostos a recolher.

Estudamos, ainda, como ficaria a movimentação das operações de devolução de compra e


de venda no Livro Diário. Finalmente, identificamos nos relatórios contábeis informações
relativas à receita líquida, lucro bruto, lucro antes do IRPJ e da CSLL, total do ativo, total
do passivo, total do patrimônio líquido e ainda, muito importante, identificamos os capi-
tais de terceiros, próprios e total à disposição da empresa.

Até a próxima, pessoal!

Referências
Exame de suficiência: uma abordagem histórica. Conselho Federal de Contabilidade.
Brasília: CFC, 2007.

IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.

Princípios fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade – Auditoria e Perícia.


Disponível em: http://www.cfc.org.br/uparq/livro_auditoria%20e%20pericia.pdf.pdf.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

108
Contabilidade
Geral

ATIVO NÃO
CIRCULANTE
Ativo não Circulante
APRESENTAÇÃO

E ste módulo o convida a estudar um grupo do Ativo Não Circulante, que,


em minha opinião, é de suma importância para qualquer entidade, pois
representa, por exemplo, os bens e direitos que a princípio a entidade não
Grupo do ativo
O 1º grupo é o Ativo Circulante, e o
2º grupo é o Ativo não Circulante,
que é representado pelo ativo
deseja vender e sim manter. Vamos estudar o segundo grupo do ativo, o
realizável a longo prazo, pelo ativo
Ativo Não Circulante. Este deverá ser analisado de acordo com os critérios investimento, imobilizado e intangível.
utilizados para a classificação das contas que o compõem e que representam
os subgrupos: imobilizado e intangível. Imobilizado
Corresponde às aplicações de
Será muito importante o estudo das principais contas (itens) que compõem recursos da entidade (Ativo) as quais
os subgrupos do ativo não circulante, como também os critérios de avaliação não se tem por objetivo transformar
diretamente em dinheiro e que são
destes itens, o conceito de contas retificadoras do grupo imobilizado, inves- utilizadas em sua atividade operacional
timento e intangível, e uma atenção especial para a estrutura patrimonial , desde que tenham a capacidade
do ativo não circulante, de acordo com a MP 449/08, que modificou a lei de gerar benefícios econômicos
nº 11.638/2007. durante vários períodos, como:
imóveis, móveis, utensílios, máquinas,
Esses critérios devem ser bem entendidos, pois nos servirão como bússola na equipamentos e veículos. Estes bens
são avaliados pelo valor original de
orientação do nosso raciocínio contábil. aquisição, deduzidos da depreciação
acumulada, da amortização acumulada
E então, vamos começar? ou da exaustão acumulada, e no caso
do investimento, do reconhecimento
da provisão para perdas por
irrecuperabilidade do capital investido.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Intangível


Corresponde às aplicações de
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: recursos da entidade (Ativo) em
itens incorpóreos adquiridos pela
• Classificar as contas representativas dos grupos que compõem o ativo não empresa, em transações realizadas
circulante. com terceiros, e que têm a capacidade
de gerar benefícios econômicos
• Conhecer as contas dos grupos do ativo não circulante, identificando-as em durante vários períodos, como:
seus subgrupos e evidenciando-as no Balanço Patrimonial. marcas, patentes e fundo de
• Conceituar, calcular e contabilizar as contas retificadoras do ativo imobilizado, comércio. Estes itens são avaliados
pelo valor original de aquisição,
investimento e intangível, de acordo com o regime de competência.
deduzidos da amortização acumulada
• Avaliar o impacto patrimonial na venda de ativo não circulante - imobilizado a e da provisão para perdas por
partir da contabilização da venda (baixa). irrecuperabilidade do capital investido.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar
P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


ATIVO NÃO CIRCULANTE

Introdução
Para iniciarmos o estudo deste módulo, precisamos analisar como os critérios para a
classificação das contas dentro do ativo, se relacionam com os fatores: dinheiro, tempo
e intenção.

Em toda empresa, existe uma série de bens e direitos denominados Ativos dos quais não
há por parte da empresa a intenção de comercialização (venda) por um período previsível.
Isto significa anulação de seu grau de liquidez, da previsibilidade da realização (venda)
dos ativos, e portanto são classificados em Investimento, Imobilizado e Intangível. Para
melhor contextualização do conteúdo proposto para este módulo, de maneira abrangente,
apresentamos os grupos e subgrupos do ativo:

Ativo Não Circulante


Quando dizemos “dinheiro” - $, o que realmente queremos dizer é sobre a capacidade dos
bens e direitos das empresas (Ativo) em se transformar em dinheiro (disponível), caracte-
rística também chamada por alguns autores como grau de liquidez. O tempo é o período
de realização, previsível, ou mais provável, para a transformação em dinheiro, dos bens e
direitos. O prazo, tamanho deste período depende da intenção da empresa com relação a
cada um de seus ativos especificadamente.

Com a proposta de convergência do modelo brasileiro de contabilidade para o mode-


lo internacional de contabilidade, promovida pela Lei 11.638/2007, atualizada pela Lei
11.941/09, o Balanço Patrimonial apresenta a seguinte estrutura para o Ativo Circulante,
Ativo Não Circulante e seus respectivos subgrupos:

Ativo Circulante - As disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício


social e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
Ativo Não Circulante composto de: Realizável de Longo Prazo, Investimentos,
Imobilizado e Intangível, a saber:

• Realizável de Longo Prazo - os direitos realizáveis após o término do exercício


seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro
da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da
companhia;
• Investimentos - as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
• Imobilizado - os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manu-
tenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalida-
de, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios,
riscos e controle desses bens;
• Intangível - os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manu-
tenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comér-
cio adquirido.

Ativo Não Circulante 111


ATENÇÃO
Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício
social, a classificação não circulante ou realizável a longo prazo terá por base o prazo desse
ciclo.

Vamos então aos Subgrupos do


Ativo Não Circulante?

ARLP - ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO


De uma forma geral, são classificáveis no ativo realizável a longo prazo as Realização
contas que têm a mesma natureza do ativo circulante. São bens e direitos Transformação em $.
que incluem contas de títulos a receber, créditos e valores, despesas anteci-
padas no longo prazo, ICMS a recuperar sobre a aquisição de imobilizado, IR Coligadas e controladas
Lembre-se que a empresa “não
e CSSL Diferidos, entre outros bens e direitos. O que muda nesta classifica- pode exigir protestar” um sócio,
ção, na maioria das vezes, é o prazo certo ou provável de realização (virar $) acionista, uma coligada ou mesmo
desse ativo, que significa sua realização num prazo maior que 12 meses, a uma controlada - essa falta de
partir do levantamento do próprio balanço. Entretanto, há algumas exceções possibilidade tem que ser observada.
definidas pela Lei das Sociedades por Ações, segundo a qual independente- Depósitos judiciais
mente do prazo de vencimento, os créditos de "coligadas e controladas, dire- O depósito judicial existe como meio
tores, acionistas ou participantes do lucro", oriundos de negócios não usuais de garantir, para a parte que “ganhar
na exploração do objeto da companhia, mesmo com previsão de recebimento a ação, os recursos financeiros ($)
oriundos da ação. Exemplo: um
a curto prazo, devem ser classificados no longo prazo. empregado recorre à justiça para
reclamar os direitos a horas extras que
Outra conta que precisamos observar que sua classificação é de natureza não foram pagas de acordo com a lei.
não circulante longo prazo é a conta dos depósitos judiciais. O depósito judicial realiza a função
social de proporcionar, tanto quanto
Quando a empresa tem que atender essa intimação, ela o faz por meio de um possível, tudo o que a parte espera
depósito bancário em conta específica, e aguarda até o fim do julgamento conseguir pela realização do direito.
Quando as partes comparecem a Juízo
do processo. Neste momento, se a empresa perder a causa, a outra parte e promovem depósitos nos processos
terá o direito ao alvará expedido pelo Juiz; caso contrário, esse direito é para solver uma obrigação, o fazem
da empresa. Como não podemos garantir o prazo desse deferimento, essa &agrave; ordem do Juízo do feito.
conta – depósito judicial – figura no ARLP.

Investimentos
Classificaremos, de acordo com três critérios, o ativo investimento.

• O primeiro critério: é a intenção da empresa em mantê-lo sem comercialização por


um tempo, pelo menos previsível, e com isso receber um caráter de "permanência".
• O segundo critério: é que este ativo não seja destinado à manutenção das atividades
operacionais da empresa.
• O terceiro critério: é que a empresa espera que esse ativo seja "vendido" no futuro
com lucro.

112 Ativo Não Circulante


Veja só:

Qual o motivo para a empresa abrir mão de seus recursos


na aquisição de um bem ou direito, não relacionado com
suas atividades por um período não previsível?

Pense e analise o porquê de uma empresa adquirir ações de outras empresas, ou seja,
trocar ativo disponível ($) por direitos.

Pensou?

Vejamos os motivos:

1. Estrategicamente, a empresa adquire parte do capital social de outras empresas


para controlar e participar da administração dessas empresas, processo também
chamado de Participações em Controladas; ou simplesmente para interligar as
empresas, o que chamamos de Participações em Coligadas. Ambos procedimentos
considerados Investimentos.
2. Essa aquisição terá alguma valorização apenas ao longo do tempo. O que a empresa
fez na verdade foi um investimento intencionado que será ganho na venda no futu-
ro, como por exemplo: Ações, obra de arte, imóveis, entre outros.

Como é avaliado o ativo investimento?

No que tange aos Investimentos em Participações Societárias, a avaliação de coligadas


pelo "Método da Equivalência Patrimonial" – MEP passa a ser aplicada a todas as coliga-
das em que a investidora tenha influência significativa (dependência econômica, tecnoló-
gica, administrativa, o poder para eleger administradores, etc.). A MP 449/08 estabelece
que existe presunção de influência significativa quando a participação for de 20% ou mais
do capital votante. Prevê ainda que o "MEP seja aplicado para sociedades que façam parte
de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum."

Segundo o artigo 248 da MP 449/08, "no balanço patrimonial da companhia, os investi-


mentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um
mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalên-
cia patrimonial, de acordo com as seguintes normas:

I - O valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base


em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado com observância das
normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da
data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados
os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras
sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas.

II - O valor do investimento será determinado mediante a aplicação sobre o valor de patri-


mônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital
da coligada ou controlada.

III - A diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aqui-
sição corrigido monetariamente, somente será registrada como resultado do exercício:

a. se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada;


b. se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos;
c. no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão
de Valores Mobiliários.

Ativo Não Circulante 113


§ 1º - Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste artigo,
serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da companhia
contra as coligadas e controladas.

§ 2º - A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá elaborar e


fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I.

Outra situação poderá ocorrer de um investimento em percentual inferior a 10%, e até


com ações sem direito a voto. Quando o investidor e a investida tiverem um controlador
comum, esse investimento será também avaliado pela equivalência patrimonial, mesmo
que esse controlador seja uma pessoa física ou um conjunto de pessoas físicas agindo
como controladores; portanto, a avaliação deste investimento será: Ativos e Passivos a
Valor Presente (critério de avaliação).

Vejamos o que dizem os art. 183 e 184, da MP 449/08:

"Critérios de Avaliação do Ativo"

Art. 183.

I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos


de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo:

a. pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou


disponíveis para venda; e,
b. pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposi-
ções legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for
inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito;
(...)
VI – Revogado

VII – os direitos classificados no intangível, pelo custo incorrido na aquisição deduzido do


saldo da respectiva conta de amortização;

VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a


valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, considera-se valor justo:

d. dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decor-
rente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausên-
cia de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro:

1 - o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instru-
mento financeiro de natureza, prazo e risco similares;
2 - o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros
de natureza, prazo e risco similares; ou
3 - o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de
instrumentos financeiros.

§ 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado, intangível e diferido será
registrada periodicamente nas contas de:

a. depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto
bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou
obsolescência;
b. amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição
de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência
ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo
legal ou contratualmente limitado;

114 Ativo Não Circulante


c. exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de
direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa
exploração.

§ 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valo-


res registrados no imobilizado, no intangível e no diferido, a fim de que sejam:

I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interrom-


per os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado
que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou
II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica
estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização.

Perceba que avaliação de investimento é um assunto muito complexo e que você terá a
oportunidade de aprofundar esse tema em disciplinas de contabilidade societária e/ou
gerencial.

IMPORTANTE
Você sabe o que é valor justo? Conforme descrito na Resolução CFC nº. 1.139/08, "é o valor
pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio
e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da tran-
sação ou que caracterizem uma transação compulsória".

Imobilizado
Os bens e direitos aqui a serem estudados apresentam como características principais:

1º: a destinação para manutenção das atividades operacionais da empresa, que se trata
de bens ativos utilizados pelas empresas durante o seu dia-a-dia. Estes existem fisicamen-
te e podem ser vistos, tocados e sentidos.

2º: não apresentam grau de liquidez imediata – não estão disponíveis para venda imediata.

Simplificando e exemplificando:
As principais contas que agrupam o Imobilizado são:
• terrenos: onde estão localizadas as construções das entidades ou áreas livres (ruas);
• edificações: construções (obras) erguidas sobre os terrenos;
• máquinas e equipamentos: representam todo o conjunto dessa natureza utilizado no
processo de produção da empresa (torno mecânico, prensa, máquinas de solda, brita-
dor, condensador, entre outros);
• veículos: sendo de propriedade da empresa, podem ser de uso da administração,
vendas, transporte de cargas, entre outros;
• móveis e utensílios: representam todo o conjunto dessa natureza, com vida útil maior
que um ano e utilizado para a manutenção das atividades da empresa( cadeiras, mesas,
arquivos, estantes, dentre outros);
• instalações: abrange essa conta o conjunto dessa natureza que apresenta característi-
cas de serviços auxiliares, mesmo fazendo parte das construções/edificações (instala-
ções elétricas, hidráulicas, contra incêndio, comunicação, dentre outras);
• ferramentas: representam todo o conjunto de bens – ferramentas, utilizadas na manu-
tenção dos serviços e que tenham vida útil maior que um ano. É prática usual a
contabilização diretamente a débito em conta de resultado – despesa, quando o valor
unitário da ferramenta for “pequeno” (+/- $350,00);

Ativo Não Circulante 115


• peças e conjuntos de reposição: representam todo o conjunto dessa natureza que será
utilizado para substituição;
• florestamento e Reflorestamento: abrange os custos com as plantações de floresta-
mento e reflorestamento de propriedade da empresa, a exemplo eucalipto;
• direitos sobre recursos naturais: representam o direito contratual para exploração de
recursos naturais;
• benfeitorias em propriedades arrendadas (alugadas de terceiros): representam gastos
com as construções e reformas de instalações em imóveis alugados de terceiros para
uso da empresa nas atividades de objeto da empresa, e que incorporarão ao patrimônio
de terceiros;
• imobilização em andamento: representa os gastos em construções e instalações do
momento em que eles entram em operação ao momento em que são transferidos para
as contas próprias;
• importações em andamento de bens do imobilizado: representam os gastos incorri-
dos nas importações de equipamentos, máquinas, bens de uso, até seu desembaraço
aduaneiro.

Esses ativos são contabilizados pelo valor de aquisição e, por serem utilizados para
desempenhar as atividades das empresas, sofrem um desgaste pelo uso, obsolescência
e consequentemente uma desvalorização monetária, criando uma discrepância, ao longo
do tempo entre seu valor de aquisição e o seu valor real de mercado.

O frete, o seguro, os juros e demais encargos financeiros relacionados ao financiamento


do imobilizado compõem o seu custo, bem como os gastos e reparos.

Você agora já sabe que o valor a ser depreciado nos bens


tangíveis inclui o frete, seguro, os juros, encargos, gastos
e reparos relacionados ao imobilizado. Para corrigir esta
discrepância e manter o caráter fidedigno da contabilidade,
foram criadas as contas retificadoras: Depreciação, Exaustão
e Amortização. As duas primeiras retificam ou reduzem
os bens tangíveis representativos do ativo imobilizado, e a
última retifica ou reduz o ativo intangível. Vejamos a seguir a
descrição de cada uma delas.

DEPRECIAÇÃO
É o reconhecimento contábil da perda do valor econômico dos bens tangíveis contabiliza-
dos no ativo imobilizado, pelo seu uso, tempo ou obsolescência. Observe que terrenos,
joias e obra de arte não sofrem depreciação, mas podem perder valor econômico pela
desvalorização de mercado, se assim existir.

Visando o ajuste entre o custo de aquisição e o custo real de mercado dos bens utilizados
pelas empresas, utilizamos o cálculo da depreciação destes bens.

Vamos supor que a empresa EaD Comercial ANC Ltda


tenha saldo de caixa e banco no valor de R$ 100.000,00
e o Capital Social no mesmo valor; e que resolva adqui-
rir, em 02 de janeiro de 20xx, à vista, um veículo pelo
valor de R$ 60.000,00.

116 Ativo Não Circulante


Diante da nota fiscal de compra, efetua-se a contabilização do fato:

Contabilização Compra do Veículo


Débito Crédito
D – Veículos (ANC-Imob.) 60.000,00
C – Caixa e Bancos (AC) 60.000,00
Pela aquisição à vista do veícub placa XYZ 001 em 02/01/XX.

Razonetes - Aquisição Imobilizado


Caixa e Bancos (AC) Veículos (ANC Imob.) Capital Social (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 60.000,00 1 1 60.000,00 100.000,00 si

100.000,00 60.000,00 sf 60.000,00 - 100.000,00 sf


sf 40.000,00

Com o passar do tempo, o valor contabilizado na conta Veículos, de acordo com a nota
fiscal de aquisição, não se alterará; contudo, o veículo sofrerá uma desvalorização no seu
valor de mercado, pelo uso e/ou desgaste.

Você sabe como será feito o cálculo de depreciação deste bem? Vamos lá!

É visível a dificuldade de estabelecer uma fórmula que seja capaz de reproduzir fielmente
o comportamento dos valores de mercado dos bens, contudo, do ponto de vista técnico
descrito pelos fabricantes, é possível estabelecer o tempo estimado em que a empresa
poderá utilizar os serviços fornecidos por este bem, o que chamamos contabilmente de
vida útil do bem.

Depreciação acumulada pelo processo linear


A vida útil é um dos fatores mais utilizados para o cálculo da desvalorização dos bens.
Sabendo que a vida útil do veículo é de 5 anos (definida de acordo com o Artigo 310 do
Regulamento do Imposto de Renda - RIR 99, Decreto 3.000/99), podemos definir que
este bem perderá anualmente 1/5 de seu valor.

Mas atenção! Conforme RESOLUÇÃO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC


Nº 1.177 DE 24.07.2009, o valor a ser depreciado será aquele obtido da diferença entre
o valor de aquisição (–) o valor residual (valor pelo qual a empresa tem expectativa de
vendê-lo ao final do seu tempo de vida útil).

Se a periodicidade de apuração contábil da depreciação for mensal, devemos calcular o


valor anual a ser depreciado por 12, que é o número de meses em 1 ano para chegarmos
ao valor da depreciação mensal.

Estes cálculos, em que as parcelas mensais de depreciação possuem valores iguais, são
partes de uma fórmula chamada de Depreciação linear.

Vamos agora então partir da hipótese de que o veículo adquirido pela empresa EaD
Comercial ANC Ltda por R$ 60.000,00 (continuando nosso exemplo) tenha como valor
residual (valor pelo qual a empresa espera vendê-lo ao final do seu tempo de vida útil) o
valor de R$ 18.000,00, e seu tempo de vida útil seja de 5 anos.

Observe a fórmula e o cálculo: Depreciação (Cálculo Linear)

Valor do Veiculo (-) Valor Residual Depreciação Anual


= = Depreciação Mensal
Tempo vida útil 12 meses
R$ 60.000,00 (-) R$ 18.000,00 R$ 8.400,00
= = R$ 700,00 /mês
5 anos 12 meses

Ativo Não Circulante 117


Para que possamos contabilizar a depreciação do veículo, devemos levar em Depreciação acumulada
consideração que a perda de valor do veículo em determinado período de Conta retificadora do Ativo
apuração contribui negativamente para a formação do resultado do período, Imobilizado - natureza é credora
caracterizando o lançamento de débito em Despesa com depreciação, e em - Ativo Imobilizado - Veículo.

contrapartida o crédito do valor na conta Depreciação Acumulada.

Veja então como ficariam os lançamentos nos razonetes, relativos à compra e ao reconhe-
cimento da depreciação ao final do primeiro mês da aquisição, bem como a evidenciação
do fato no Balanço Patrimonial em 31 de janeiro de 20xx.

Saldos Iniciais do Balanço Patrimonial


Bancos Conta Movimento (AC) 100.000,00
Capital Social (PL) 100.000,00

Razonetes - Aquisição Imobilizado


Caixa e Bancos (AC) Veículos (ANC Imob.)
Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 60.000,00 1 1 60.000,00

100.000,00 60.000,00 sf 60.000,00 -


sf 40.000,00

Capital Social (PL) Prejuíjo Acumulado (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
100.000,00 si (b) 700,00

100.000,00 sf sf 700,00 -

(-) Deprec. Acumulada ARE Apuração do Res.


(ANC Imob.) Desp. Com Deprec. (ARE) do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
700,00 2 2 700,00 (a) 700,00

sf - 700,00 700,00 700,00 (a) 700,00 700,00 (b)


-

EaD Comercial ANC Ltda.


Balanço Patrimonial Levantado em 31 de janeiro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 40.000,00 Circulante - .
Bancos Conta Mov. 40.000,00

Não Circulante . Não Circulante .


Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado 59.300,00
Veículos 60.000,00 Patrimônio Líquido 99.300,00
(-) Exaustão Acumulada (700.00) Capital Social 100.000,00
Intangível Prejuízo Acumulado (700,00)
Total do Ativo 99.300,00 Total do Passivo + PL 99.300,00
Adaptado por: Edilamar Esteves

Existe um erro que é muito comum: muitas pessoas, ao efetuarem o lançamento de


depreciação, acabam creditando o valor na conta original do bem (no nosso exemplo na
conta contábil - Veículo), por entenderem que assim estariam reduzindo o valor do bem.

118 Ativo Não Circulante


Contudo, o processo de aquisição do bem é documentado por meio da nota fiscal de
compra, sendo impossível a redução desta nota fiscal ao longo do tempo.

Depreciação Acumulada Acelerada


O processo de depreciação pela vida útil mostrou-se eficiente no cálculo do desgaste
dos bens adquiridos; no entanto, do ponto de vista técnico, deve-se observar o tempo
diário de utilização desses bens. Normalmente, as empresas funcionam 8 horas por dia,
entretanto existem exceções de empresas que desenvolvem suas atividades 18 ou até 24
horas por dia, alterando a perspectiva de vida útil de seus bens.

No intuito de correção desta falha, criou-se um novo parâmetro no cálculo da vida útil: o
nº de turnos que o bem trabalha.

Aqui foi definido como turno o período de 8 horas de trabalho, o que limitou a 3 o nº de
turnos diários possíveis (8x3). Este parâmetro passou a incluir a fórmula de depreciação
linear como fator multiplicador, respeitando a tabela:

Turnos Factor Multiplicador


Trabalhados Coeficiente
1 1
2 1,5
3 2

DEPRECIAÇÃO LINEAR (fórmula Completa)

Portanto, para calcular a depreciação acelerada, baseada no Fator Multiplicador


(Coeficientes 1, 1,5 e 2), devemos calcular a depreciação linear (normal) e multiplicar
pelos referidos coeficientes correspondentes ao número de horas (turno) trabalhadas.

Exemplo: Imobilizado – Depreciação (Acelerada)

Uma máquina com vida útil estipulada em 10 anos, que é adquirida por R$ 60.000.00,
aplicada uma taxa de depreciação de 10% a.a.

Se a empresa consulta o mercado e estabelece que esse bem poderá ser vendido ao final
do seu tempo de vida útil por R$ 6.000,00 (Valor Residual), temos:

R$ 60.000,00 – R$ 6.000,00 = R$ 54.000,00 (valor a ser depreciado),


R$ 54.000,00 (valor a ser depreciado) e
R$ 54.000,00 x 10% ÷ 12 = R$ 450,00/mês.

Para os turnos (coeficientes 1, 1,5 e 2) teremos:

• Depreciação Normal (1 turno de 8 horas) = 54.000,00 x 10% = 5.400,00/ano/12


meses = R$450,00.
• Se a máquina trabalhar 2 turnos, a depreciação mensal será: R$ 450,00 x coeficien-
te 1,5 = R$675,00.
• Se a máquina trabalhar 3 turnos, a depreciação mensal será: R$ 450,00 x coeficien-
te 2,0 = R$900,00.

IMPORTANTE
A contabilização para a depreciação acelerada é a mesma da depreciação normal, ou seja:
Débito - Despesa com depreciação (resultado) a Crédito - Depreciação acumulada (ANC-
imobilizado - retificadora).

Ativo Não Circulante 119


Venda de Imobilizado
Embora já tenhamos dito que os ativos classificados como ANC - Imobilizado são aqueles
dos quais a empresa não teria intenção de venda pelo menos por um tempo previsível,
nada impede a empresa de rever esta posição.

Vejamos agora então o que aconteceria com a situação patrimonial da empresa após a
venda de um ativo imobilizado depois do seu tempo de vida útil.

Suponhamos que a empresa EaD Comercial Ltda apresente, em seu Balanço Patrimonial
em 30 de novembro de 20xx (para fins de simplificação), os seguintes valores:

EaD Comercial ANC Ltda.


Balanço Patrimonial Levantado em 30 de novembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 100.000,00 Circulante - .
Caixa 100.000,00

Não Circulante . Não Circulante .


Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado . 5.000,00
Veículos 30.000,00 Patrimônio Líquido 105.000,00
(–) Depreciação Acumulada (25.000.00) Capital Social 105.000,00
Intangível
Total do Ativo 105.000,00 Total do Passivo + PL 105.000,00

Adaptado por: Edilamar Esteves

Continuando, suponhamos que esta empresa tenha vendido por R$ 7.000,00 em 31 de


dezembro de 20xx à vista com recebimento em dinheiro, o veículo que havia sido adquiri-
do há 5 anos por R$ 30.000,00, cujo tempo de vida útil era de 5 anos e o valor residual
(expectativa de venda era de R$ 5.000,00).

Como contabilizaríamos a venda desse veículo e evidenciaríamos os efeitos dessa venda


no Balanço Patrimonial?

LIVRO DIÁRIO
Contabilização da venda do veículo
01 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – Caixa (AC) 7.000,00
C – Receita de Venda de Imobilizado (ARE) 7.000,00
Venda de veículo usado, à vista.

Contabilização da baixa do veículo


01 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – Custo Venda Imob. (ARE) 30.000,00
C – Veículos (ANC Imob.) 30.000,00
Baixa do saldo da conta veículo pela venda desse ativo imobilizado.

Contabilização da baixa da depreciação acumulada


01 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – (–) Depreciação Acumulada (ANC Imob.) 25.000,00
C – Custo Venda Imob. (ARE) 25.000,00
Baixa do saldo da depreciação acumulada pela venda do veículo.

120 Ativo Não Circulante


Razonetes - dezembro de 20xx
Deprec. Acumulada
Caixa (AC) Veículos (ANC Imob.) (ANC Imob.)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 1 si 30.000,00 1 25.000,00 si
1 7.000,00

107.000,00 - 30.000,00 30.000,00 2 3 25.000,00 25.000,00


sf 107.000,00 sf - - sf

Capital Social (PL) Lucro do Exercício (PL)


Débito Crédito Débito Crédito
105.000,00 si 2.000,00 (c)

105.000,00 sf 2.000,00 sf

ARE Apuração do Res.


Custo Venda Imob. Receita Venda Imob. do Exercício
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
2 30.000,00 25.000,00 3 7.000,00 1 (a) 5.000,00 7.000,00 (b)

30.000,00 25.000,00 (b) 7.000,00 7.000,00 5.000,00 7.000,00


5.000,00 5.000,00 (a) (c) 2.000,00 2.000,00

EaD Comercial Ltda.


Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 107.000,00 Circulante - .
Caixa 107.000,00

Não Circulante . Não Circulante .


Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado - .
Veículos - . Patrimônio Líquido 107.000,00
(-) Depreciação Acumulada - . Capital Social 105.000,00
Intangível Lucro do Exercício 2.000,00

Total do Ativo 107.000,00 Total do Passivo + PL 107.000,00


Adaptado por: Edilamar Esteves

O que ocorreu então no caso da venda do ativo imobilizado (veículo)?

1º. Teríamos o aumento do dinheiro em caixa, contabilizado por meio do débito na Conta
Caixa, e em contrapartida teríamos a venda de um ativo imobilizado, que afetaria
positivamente o resultado por meio do crédito em Receita de Venda do Imobilizado
(Outras Receitas ).

2º. A redução do valor do bem e da depreciação acumulada correspondente será registra-


da, tendo como contrapartida o Custo Venda de Imobilizado (ARE).

3º. Ao encerrarmos a conta de Custo Venda de Imobilizado (ARE) apuraríamos o valor de


R$ 5.000,00 (R$ 30.000,00 valor de aquisição – R$ 25.000,00 valor da depreciação
acumulada).

Ativo Não Circulante 121


EXAUSTÃO
Exaustão é o reconhecimento contábil da perda do valor econômico dos bens (recursos)
naturais e florestais, demonstrando sua redução pela extração/exploração ao longo do
tempo.

A metodologia do cálculo é similar ao da depreciação: pela estimativa de produção


(possança), que consiste em obter o valor da exaustão por unidade e multiplicá-lo pela
quantidade extraída em cada ano, até a exaustão total dos recursos.

Exemplo

Suponhamos, primeiramente, que determinada mineradora (Minerar Mineração S/A) tenha


os seguintes saldos em seu balanço patrimonial:

Saldos Iniciais do Balanço Patrimonial


Bancos Conta Movimento (AC) 1.200.000,00
Capital Social (PL) 1.200.000,00

E que, depois, resolva adquirir uma mina para extração do minério "X", sendo pago
R$ 1.000.000,00.

Se observarmos bem, notaremos que o valor pago refere-se a dois bens diferentes: a jazi-
da do minério "X" que será explorado e o terreno, que ao final da exploração poderá ser
vendido ou ter outra destinação (construções).

Para fazermos a avaliação financeira de cada um dos bens e direitos, é necessária a


contratação de um técnico especialista (geólogo, nesse caso) que, após análise, emitirá
um relatório com a capacidade de extração desta mina. O valor do terreno terá avaliação
de mercado pelo preço de aquisição.

Neste caso, em nosso exemplo, a possança é 800 toneladas e o terreno foi avaliado em
R$ 200.000,00. O valor da aquisição foi de R$ 800.000,00 pela mina, que possui 800 t
do minério "X", portanto foi pago o valor de R$ 1.000,00/t.

Contabilização Compra do Terreno e da Mina Minério "X"


Débito Crédito
D – Mina Minério - "X" (ANC-Imob.) 800.000,00
D – Terreno Minério - "X" (ANC-Imob.) 200.000,00
C – Bancos Conta Movimento (AC) 1.000.000,00
Aquisição do terreno e mina de minério "X", conforme contrato no período através dos
lançamentos contábeis:
Se durante um ano extraímos 45 toneladas do minério "X", temos uma redução da mina,
pela exaustão acumulada de R$ 45.000,00 (45 x R$ 1.000,00), que será contabilizada
como redutor dos resultados alcançados no período por meio dos lançamentos contábeis:

122 Ativo Não Circulante


Observe a fórmula e o cálculo: Exaustão
Valor de aquisição ( - ) Valor do terreno x Extração do Período = Exaustão do Período
Capacidade de extração (Possança)
R$ 1.000.000,00 - R$ 200.000,00 x 45 Toneladas = R$ 45.000,00
800 Toneladas

Contabilizando:

Contabilização do Reconhecimento da Exaustão do ano da Mina Minério "X"


Débito Crédito
D – Custo Com Exaustão (ARE) 45.000,00
C – (–) Exaustão Acumulada (ANC Imob.) 45.000,00
Exaustão levantada no ano da mina de minério "X", conforme medição.
Vimos a escrituração da aquisição da mina e o reconhecimento da exaustão após um ano
de produção no Livro Diário. Vamos ver agora como ficariam nos razonetes?

Razonetes - Jan a Dez de 20xx - Exaustão do ano

Bancos Conta Mov. (AC) Terrenos (ANC Imob.) Mina Minério “X” (ANC Imob.)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 1.200.000,00 1.000.000,00 1 1 200.000,00 1 800.000,00

1.200.000,00 1.000.000,00 sf 200.000,00 sf 800.000,00


sf 200.000,00

Exaustão Acumulada
(ANC Imob.) Capital Social (PL) Prejuízo Acumulado (PL)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
45.000,00 2 1.200.000,00 si (b) 45.000,00

45.000,00 sf 1.200.000,00 sf sf 45.000,00

ARE Apuração do Res. do


Custo com Exaustão (ARE) Exercício
Débito Crédito Débito Crédito
2 45.000,00 (a) 45.000,00

sf 45.000,00 45.000,00 (a) 45.000,00 45.000,00 (b)

E como ficariam então a evidenciação da operação de compra da Mina – Minério “X” e


o reconhecimento da exaustão ao final de um ano de produção de minério no Balanço
Patrimonial?

Ativo Não Circulante 123


Vejamos então!

Empresa Minerar Mineração S/A


Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 200.000,00 Circulante - .
Bancos Conta Mov. 200.000,00

Não Circulante . Não Circulante .


Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado 955.000,00.
Terreno - Mina Minério 200.000,00. Patrimônio Líquido 1.155.000,00
Mina - Minério "X" 800.000,00 Capital Social 1.200.000,00
(-) Exaustão Acumulada (45.000,00) Prejuízo Acumulado (45.000,00)
Intangível
Total do Ativo 1.155.000,00 Total do Passivo + P 1.155.000,00
Adaptado por: Edilamar Esteves

Intangível
Existem muitas discussões sobre o intangível. Ele é o mais novo subgrupo do
Artigo 179, VI
ativo não circulante, e foi criado pela Lei 11.638/07, conforme o artigo 179, VI. No intangível: os direitos que
tenham por objeto bens incorpóreos
São classificados no intangível os bens incorpóreos, que, como o próprio destinados à manutenção da
nome já diz não possuem forma física, sendo impossível tocá-los e senti-los, companhia ou exercidos com
porém devem ser mensuráveis, relevantes e precisos. Compreende contas de essa finalidade, inclusive o fundo
de comércio adquirido. (Incluído
difícil mensuração, que, quando apresentam vida finita, sofrem amortização pela Lei nº 11.638,de 2007).
de acordo com critérios pré-estabelecidos, levando em consideração o retor-
no financeiro e tempo.

Apesar dos critérios na escolha do método de mensuração, os ativos nem sempre estão
em consonância com seu real valor. Por esse motivo é que surgem instrumentos como
impairment (redução do valor recuperável do ativo). É o instrumento utilizado para adequar
o ativo a sua real capacidade de retorno econômico. O impairment é aplicado em ativos
fixos (ativo imobilizado), ativos de vida útil indefinida (goodwill), ativos disponíveis para
venda, investimentos e em operações descontinuadas.

Vejamos alguns exemplos de ativo intangível: nomes de produtos, direitos de autoria,


processos secretos, marcas de comércios e de produtos, conhecimentos adquiridos, entre
outros.

Falando de Marcas: Que tal trocarmos algumas informações sobre marcas?

Reflita comigo.

Primeiro, quero que imagine as marcas que você elege como melhores, quando falo de:
• sorvete,
• refrigerante,
• pizza,
• carro,
• hotel,
• sabão em pó,
• companhia aérea.

124 Ativo Não Circulante


Agora, as marcas que você não elegeria para o seu consumo:
• sorvete,
• refrigerante,
• pizza,
• carro,
• hotel,
• sabão em pó,
• companhia aérea.

Esta relação com certa marca, no sentido de escolhê-la ou não é muito importante: é ela
que demonstra a distinção que fazemos ao optar por um produto ou outro, identificando
o bem ou serviço como distinto entre as empresas. Com isso reforçamos a imagem da
marca no mercado consumidor elevando seu valor, sua rentabilidade e demonstramos em
muitos casos a fidelidade para com ela. Isso é um intangível – tem valor, mas é difícil
mensurar.

Um dos maiores desafios das empresas neste mundo globalizado em que os clientes têm
acesso aos meios de comunicação, a dizer da internet e da TV, é manter e fazer crescer
o valor da sua marca. Para muitas empresas, a marca vale mais que seus ativos: dispo-
níveis, estoques, títulos a receber, ativos permanentes, entre outros ativos, a exemplo da
Microsoft e da Coca-Cola.

AMORTIZAÇÃO
A exemplo da desvalorização dos bens tangíveis (depreciação) e dos recursos minerais e
florestais (exaustão), os direitos adquiridos para utilização da própria empresa por perío-
dos definidos (limitados) perdem valor econômico pela redução (passar) do tempo, e sua
desvalorização é contabilizada pela amortização.

Exemplificando:

Suponhamos, primeiramente, que a empresa EaD Comercial Amortiz Ltda apresente em


seu Balanço Patrimonial Levantado em 30 de novembro de 20xx, os seguintes valores:

Saldos Iniciais do Balanço Patrimonial


Bancos Conta Movimento (AC) 1.200.000,00
Capital Social (PL) 1.200.000,00

E que, depois, resolva adquirir por R$ 90.000,00 o direito sobre determinada “Marca Y”
de um produto, por um período de 10 anos por meio da assinatura de um contrato.

Então teremos R$ 9.000,00 de amortização anual para este direito – “Marca Y”, ou
seja, R$ 90.000,00/10 anos, que representará, consequentemente, o valor de R$ 750,00
(9.000,00/12 meses) de amortização mensal (ao longo destes 10 anos).

Neste caso, devemos levar em consideração o prazo contratual em que a empresa poderá
usufruir dos benefícios deste direito em análise.

Valor do Contrato de Concessão Amortização Anual


= = Amortização Mensal
Tempo de Concessão do Direito 12 meses
R$ 90.000,00 R$ 9.000,00
= = R$ 750,00 Amortização Mensal
10 anos 12 meses

Ativo Não Circulante 125


A escrituração da aquisição da marca e o reconhecimento da amortização ao final do mês
ficarão da seguinte maneira no Livro Diário:

LIVRO DIÁRIO
01 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – Marca -"Y" (ANC-Intangível) 90.000,00
C – Caixa/Bancos Conta Movimento (AC) 90.000,00
Aquisição do direito sobre determinada "Marca Y" de um produto.

Contabilização Amortização Mensal sobre a Marca "Y"


31 de dezembro de 20xx Débito Crédito
D – Despesas com Amortização (ARE) 750,00
C – Amortização Acumulada (ANC Intangível) 750,00
Amortização levantada no mês sobre a marca "Y".

E como podemos evidenciar, no Balanço Patrimonial em 31 de dezembro, a aquisição da


marca e o reconhecimento da amortização ao final do mês? Vejamos, Pessoal!

Empresa EaD Amortiz S/A


Balanço Patrimonial Levantado em 31 de dezembro de 20xx - Em R$
Ativo Passivo
Circulante 60.000,00 Circulante - .
Bancos Conta Mov. 60.000,00

Não Circulante . Não Circulante .


Realizável de Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível 89.250,00 Patrimônio Líquido 149.250,00
Marca "Y" 90.000,00 Capital Social 150.000,00
(–) Amortização Acumulada (750.00) Prejuízo Acumulado (750,00)

Total do Ativo 149.250,00 Total do Passivo + P 149.250,00


Adaptado por: Edilamar Esteves

Portanto, a amortização corresponde à perda do valor econômico (do capital) aplicado


nos direitos de propriedade de duração de tempo limitada por prazo legal ou contratual.

Sobre o exemplo da amortização do ativo intangível marca: Ao final de 10 anos, cessa


o direito da empresa que adquiriu a marca, de explorá-lo, portanto, contabilmente, Ativo
Marca “Y”, ao fim dos 10 anos estará totalmente amortizado.

Entendendo CPC (Comitê de


Pronunciamentos Contábeis)
Até aqui, pessoal, trabalhamos com conceitos que fundamentam a nossa prática na conta-
bilidade relativa ao grupo do Ativo Não Circulante, porém gostaria de ressaltar outro tema
que é importante para o nosso estudo e enriquecerá os conteúdos já estudados e que ainda
estudaremos.

Você sabe o que é CPC?

126 Ativo Não Circulante


CPC - COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS é o órgão de conver- Convergência
gência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais, responsável Convergência internacional das
pela abertura da economia brasileira para o exterior. Esta abertura possibilitou normas contábeis (redução de
que as empresas brasileiras tivessem contato direto com outras economias, custo de elaboração de relatórios
contábeis, redução de riscos e
mais avançadas, permitindo que títulos brasileiros fossem ofertados ao alcan- custo nas análises e decisões,
ce dos investidores sediados em outros países, sendo negociados nas maio- redução de custo de capital.
res bolsas de ações do mundo.

Você pode conhecer um pouco mais sobre


a origem, estrutura e objetivos do CPC -
Comitê de Pronunciamentos Contábeis1.

1 http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC

Depois de conhecer mais sobre o CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis, conhe-


ceremos, então, o que diz o OCPC 02, que traz orientações sobre a classificação de
algumas contas do ativo não circulante, destacando alguns itens sobre as despesas pré-
-operacionais, aquisição de software, o tratamento contábil e a vida útil econômica dos
bens do ativo imobilizado. Veja só:

Despesas pré-operacionais e aquisição de softwares

Item 133. Foi eliminado pela Medida Provisória no. 449/08 o subgrupo Ativo Diferido;
conquanto possa ainda ser admitida a existência de saldos não amortizados nesse subgru-
po até sua completa amortização pelo prazo máximo que a Lei das S/A admitia (10 anos),
novos valores não mais podem a ele ser adicionados. Além dessa amortização, torna-se
necessário que os saldos existentes sejam também submetidos a revisões periódicas a
fim de verificar a sua recuperabilidade, nos termos do CPC 01.

Item 134. Os valores que eram anteriormente admitidos como despesas pré-operacionais
precisam agora ser reanalisados: se vinculados ao processo de preparação de máquinas e
equipamentos para estarem em condições de funcionamento, por exemplo, esses gastos
são agregados ao custo do próprio imobilizado, que deve incorporar todos os custos
vinculados à sua aquisição ou construção e todos os demais necessários a colocá-los em
condições de funcionamento (transporte, seguro, tributos não recuperáveis, montagem,
testes etc.). Os gastos relativos a atividades de administração e vendas, mesmo que
vinculados a treinamento, aprendizado etc. são considerados diretamente como despesas
do exercício. Os relativos às atividades até que a planta atinja níveis normais de operação
também são considerados como despesa do exercício.

Item 135. Os gastos com aquisição ou produção de softwares são ativados como ativo
intangível quando se trata de programas que têm vida própria, e que podem ser transferi-
dos de equipamentos ou até para outras empresas etc. Os que são ou vieram incorporados
a máquinas, equipamentos, veículos, edifícios e estão umbilicalmente a eles vinculados,
deixando de ter vida própria e não podendo ser transferidos ou vendidos individualmente,
têm seus custos adicionados aos ativos a que se vinculam.

Vida Útil Econômica dos Bens do Imobilizado

Item 138. A Lei no. 11.638/07 trouxe a adição, à Lei das S/A, da menção de que as
depreciações e amortizações precisam ser efetuadas com base na vida útil econômica
dos bens. Como é sabido, não necessariamente essa era a prática no Brasil. Por isso, a
modificação nesses procedimentos é obrigatória.

Ativo Não Circulante 127


Síntese
Neste módulo, você estudou o grupo do ativo não circulante, definindo os quatro subgru-
pos: ativo realizável a longo prazo, investimento, imobilizado, e intangível. Compreendeu
as contas contábeis que compõem cada um desses subgrupos.

Você acompanhou as memórias de cálculo, a escrituração dos valores de depreciação,


exaustão e amortização no Livro Diário e razontes e ainda a evidenciação das contas reti-
ficadoras do Ativo Não Circulante no Balanço Patrimonial em um exemplo.

Finalmente, você conheceu o significado de CPC e alguns itens daqueles CPC’s que abor-
dam normas e procedimentos relativos ao Ativo Não Circulante bem como do subgrupo
diferido (eliminado pela MP 449/08 do referido grupo).

Bons estudos e boa sorte!

Referências
BRASIL. Receita Federal. Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado. Disponível em: http://
www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2004/PergResp2004/pr469a482.htm.
Acesso em 02 fev. 09.

CFC - Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº. 1.139/08. Disponível em:
http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001139. Acesso em
25 out.14.

CPC - COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS - ORIENTAÇÃO OCPC 02.


Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008. Disponível em: http://
www.cvm.gov.br/port/infos/ocpc 02 final final.pdf. Acesso em 14 fev.09.

IUDICIUS, Sérgio (coord.) FIPECAFI - Manual de Contabilidade por Ações (aplicável às


demais sociedades). 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.

PORTAL DE CONTABILIDADE. Guia de exaustão de recursos minerais, disponível em:


http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/exaustaorecminerais.htm. Acesso em 05
fev. 09.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

128
Contabilidade
Geral

Passivo - Conceitos Gerais


e Folha de Pagamento

PASSIVO -
CONCEITOS GERAIS E
FOLHA DE PAGAMENTO
APRESENTAÇÃO

N este módulo, iremos estudar as contas patrimoniais, que representam as origens


de recursos de uma entidade, especificamente o grupo do Passivo, financiados por
terceiros, além das obrigações assumidas pela entidade, que exigirão desembolso de
recursos no futuro, como fornecedores, salários a pagar, encargos a recolher, impostos a
recolher, empréstimos, financiamentos, lucros e/ou dividendos a distribuir, entre outros. O
Passivo está subdividido nos subgrupos passivo circulante e passivo não circulante.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Contabilizar os fatos contábeis que alteram o grupo do Passivo, como compra a prazo de
mercadorias, empréstimos e a provisão da folha de pagamento, férias, 13º salário e seus
respectivos encargos sociais.
• Evidenciar, no Balanço Patrimonial, contas contábeis e seus respectivos saldos do Grupo do
Passivo, em especial os salários a pagar, encargos sociais, dentre outras contas contábeis
relativas à provisão da folha de pagamento.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


PASSIVO - CONCEITOS GERAIS
E FOLHA DE PAGAMENTO

O Passivo – Conceitos Gerais


O passivo representa o conjunto de obrigações assumidas por determinada entidade, com
o objetivo de financiar sua atividade operacional ou recursos captados para colocá-la em
funcionamento.

O passivo significa as fontes financiadoras dos ativos de uma entidade. Desta forma,
podemos entender que as fontes financiadoras podem então aparecer na forma de direi-
tos de proprietários da empresa, quando nos referimos ao patrimônio líquido ou direitos
de terceiros exigíveis no futuro, como também quando nos referimos ao passivo circulan-
te e ao passivo não circulante.

Normalmente, a classificação do passivo possui duas denominações distintas:

• Passivo de funcionamento: são os recursos captados pela empresa com pagamento


futuro para a aplicação em despesas ou em ativos do ciclo operacional, ou seja, são
passivos que se repetem e renovam-se periodicamente. As contas representativas
do passivo de funcionamento são: fornecedores, contas a pagar, salários a pagar,
impostos a recolher, entre outros.
• Passivo de financiamento: são os recursos financeiros captados pela empresa para
aplicar no ciclo operacional ou em ativos não circulantes - imobilizados. As contas
representativas do passivos de financiamento são: os empréstimos e financiamen-
tos bancários a curto prazo, dividendos a pagar, entre outros, que demandam custo
financeiro para a empresa. São, por muitos, denominados passivos onerosos.

Para que possamos entender dos detalhes de


cada um dos grupos que compõem o passivo,
precisamos de uma breve explicação sobre as
características, os critérios de classificação e os
critérios de avaliação do passivo.
Vejamos, então, o que mais compõe o Passivo.

As principais características que qualificam um passivo:


Passivo
Passivo Circulante e
• as contas representam um compromisso assumido de pagamento futuro; Passivo não circulante.
• as transações já ocorreram no passado e não significam operações futuras;
• as contas deverão ser passíveis de cálculos;
• as contas de passivo terão contrapartida de registro contábil em contas do ativo ou
em contas de despesas.

Critérios de classificação do passivo

Os passivos que representam as obrigações que a empresa assumiu por captar recursos
de terceiros, serão classificados em ordem decrescente de grau de exigibilidade.

Isso significa que a empresa deverá classificar o passivo por seu respectivo momento de
cumprimento do pagamento da obrigação assumida primeiro com aquele cujo crédito deve
ser liquidado primeiro. Veja por exemplo o caso dos Fornecedores (Duplicatas a Pagar).

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 131


Se a empresa não mantiver suas obrigações em dia com os fornecedores, eles irão inter-
romper o fornecimento de mercadorias e/ou serviços. Os funcionários exigem que seus
salários sejam pagos em dia, caso contrário não continuarão no trabalho. Podemos então
dizer que as contas contábeis são listadas no Passivo por ordem de exigibilidade.

Critérios de avaliação do passivo

Vejamos então os critérios de avaliação das contas do passivo, previstos na Lei n°


6.404/76 (lei alterada pela Lei 11.638/07, modificada pela MP 449/08 e convertida pela
Lei 11.941/2009):

Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguin-
tes critérios:

I. as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive imposto de renda


a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado
até a data do balanço;
II. as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão conver-
tidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
III. as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante serão ajusta-
dos ao seu valor presente determina que os elementos do passivo serão avaliados por
seu valor de negociação, ou seja, seu valor contratual de transação.

Normalmente, no passivo circulante estão representadas as obrigações originárias de:

a. compras de matérias primas a serem usadas no processo produtivo, ou mercado-


rias destinadas à revenda.
b. compra de bens, insumos e outros materiais para uso pela empresa;
c. arrendamento financeiro de bens para uso da empresa;
d. valores recebidos por conta de futura entrega de bens ou serviços;
e. salários, comissões e aluguéis devidos pela empresa;
f. despesas incorridas nas operações da empresa e ainda não pagas;
g. lucros e/ou dividendos declarados aos sócios/acionistas;
h. impostos, taxas e contribuições devidos ao poder público;
i. empréstimos e financiamentos obtidos de instituições financeiras;
j. provisões, a qualquer título, referentes a obrigações já incorridas ou conhecidas e
que possam ter os seus valores estimados, entre outros.

Agora que já estudamos um conceito mais amplo do passivo, vamos aprofundá-lo?

Mas antes, reflita sobre as seguintes questões!

REFLITA
Como segregar o que devemos considerar como passivo circulante ou não circulante?
Quais os fatores determinantes para a classificação do passivo em: circulante ou em não
circulante?
Será que esta classificação é apenas o ciclo operacional da empresa? Primeiramente, você
sabe o que significa ciclo operacional de uma empresa?

Não se preocupe se você não tem todas as respostas agora. Ao final do módulo, teremos
respostas para estes questionamentos. Vamos analisar?

132 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


Da mesma maneira como temos a divisão do ativo em circulante e não circulante, temos
também a segregação do passivo em: passivo circulante e passivo não circulante.

Continuemos a pensar...

Por ciclo operacional, podemos entender que seja o espaço de tempo em que uma enti-
dade adquire uma mercadoria até o momento da sua comercialização, isto é, tempo em
que a indústria adquire matéria-prima para o seu processo de industrialização até a sua
comercialização, ou seja, até que esta seja vendida ao consumidor.

Outro conceito também aceitável para definir ciclo operacional é o lapso temporal de
um ano. Imagine as operações realizadas por uma empresa que comercializa alimentos
(comercial), uma empresa que fabrica cimento (industrial) ou mesmo uma prestadora de
serviços de consultoria. O tempo médio entre as operações de compra e venda nunca
ultrapassa 365 dias, ou seja, um ano. Neste contexto, o ciclo operacional pode ser consi-
derado um ano, portanto tudo que exceder a 365 dias será considerado não circulante.

Agora imagine uma indústria naval. O tempo que esta empresa gasta para realizar seu
ciclo operacional é em torno de 4 anos, ou seja, é o espaço temporal gasto para se cons-
truir um navio, portanto tudo que exceder a 1460 dias será considerado não circulante.

Passivo Circulante – Fornecedores


Nacionais e Internacionais
Você já é capaz de indicar possíveis contas patrimoniais que são normalmente classifica-
das como passivo circulante? Por exemplo:

Quando efetuamos uma compra de estoque, a prazo, com 60 dias para pagar, onde classifica-
remos essa obrigação de pagar alguém, como um fornecedor? Dentro do passivo circulante?

Se você respondeu que sim, muito bem! E agora, você consegue elencar algumas obriga-
ções fiscais do passivo circulante?

Vamos analisar?
Quando efetuamos uma venda, temos tributos a recolher. No caso de ser uma empresa
comercial, podemos citar o ICMS a recolher; numa empresa industrial, o IPI a recolher;
na prestação de serviço, podemos citar o ISSQN a recolher; sobre as operações finan-
ceiras, o IOF a pagar, entre outros, como as obrigações sociais mensais: INSS, FGTS,
em que a entidade reconhece mensalmente uma obrigação de pagar ao governo os
encargos sociais incidentes sobre a sua folha de pagamento.

Agora que já fizemos um breve comentário sobre algumas contas que compõem Tributos
IMPOSTO é uma das espécies de
o passivo circulante, vamos analisar algumas contas individualmente: tributos previstas no Código Tributário
Nacional, cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica,
FORNECEDORES NACIONAIS relativa ao contribuinte, ou seja,
para exigir imposto de certa pessoa,
No grupo de fornecedores, estão reconhecidas as obrigações assumidas com física ou jurídica, não é preciso que o
Estado lhe preste algo determinado.
terceiros de pagar em um momento futuro devido à aquisição de materiais,
matéria-prima e outros produtos. Usualmente, os fornecedores são segregados, quan-
do aplicável, em fornecedores estrangeiros e fornecedores nacionais. Dessa forma, as
compras efetuadas de um ativo, representando uma aquisição de mercadoria, de um bem,
possuem como contrapartida um compromisso com pagamento futuro, apresentado no
passivo circulante.

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 133


Então, vamos treinar? O que você já
aprendeu sobre o passivo circulante
Fornecedores? Vejamos os exemplos!

Mensalmente, a CIA ABC realiza compras de mercadorias de revenda para Prazo


manter o estoque. O gerente efetuou uma compra para revenda no valor de Assumiu uma obrigação
R$ 10.000,00, a prazo, e sobre a compra incidiram os seguintes tributos: futura de pagar.

ICMS – 12%;
PIS – 1,65% e
COFINS – 7,6%.
A contabilização será da seguinte forma:

Pela compra a prazo de mercadorias para revenda


Débito Crédito
D – Estoques da Mercadorias (AC) 7.875,00
D – ICMS a recuperar (AC) —12% 1.200,00
D – PIS a recuperar (AC) —1,65% 165,00
D – COFINS a recuperar (AC) — 7,6% 760,00
C – Fornecedores (PC) 10.000,00
Compra a prazo conforme NF XXXX, de mercadoria para revenda, nesta data

IMPORTANTE
É importante destacar que estamos considerando as recuperações de impostos incidentes
sobre esta compra, já que são tributos não cumulativos (estudados na aula 4 – ESTOQUE.),
que devem ser contabilizados a débito no ativo circulante, pois são um direito para a empresa
que adquiriu a mercadoria para revenda.

Pelo pagamento ao fornecedor da aquisição de mercadorias


Débito Crédito
D - Fornecedores (PC) 10.000,00
C - Bancos Conta Movimento (AC) 10.000,00
Pagamento da NF XXXX, nesta data, conforme cheque nº YYY

FORNECEDORES INTERNACIONAIS
Para os casos em que a compra foi realizada com um fornecedor estrangei- Variação cambial
ro, além da contabilização da compra a prazo, conforme o exemplo anterior, Entende-se variação cambial a
temos que considerar a obrigação a ser liquidada em moeda estrangeira. diferença entre o valor reconhecido
Quando do pagamento, essa obrigação terá que ser recalculada com base no e aquele montante pago na data do
pagamento, sendo que, se o valor
valor da moeda no dia do fechamento, sendo que a variação cambial, ativa ou for maior, teremos uma variação
passiva, deverá ser reconhecida no resultado. cambial passiva e se, ao contrário,
o valor ficar menor, reconheceremos
Veja os lançamentos contábeis para a classificação da compra de mercado- uma variação cambial ativa.
rias importadas e da variação cambial:

Pela compra a prazo de mercadorias importadas para revenda:

D – Estoques das Mercadorias Importadas (AC)


D – ICMS a recuperar (AC)
D – PIS a recuperar (AC)

134 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


D – COFINS a recuperar (AC) Desembaraço aduaneiro
C – Fornecedores Internacionais (PC) É a liberação de uma mercadoria
Compra a prazo conforme Invoice (Fatura) XXXX, de mercadoria para reven- pela alfândega para a entrada no
da, nesta data. país (em caso de importação ou
sua saída (em caso de exportação,
depois de a sua documentação ser
Vale ressaltar que a empresa, ao importar mercadorias para revenda, no
verificada). Define-se como sendo o
desembaraço aduaneiro, paga os impostos incidentes na importação, tais ato final ao despacho aduaneiro, ou
como o II, o IPI, ICMS, PIS e COFINS, e a contabilidade fará o reconhecimen- seja, é o procedimento pelo qual o
to a recuperar dos impostos passíveis de recuperação. órgão federal considera a operação
de importação terminada. Então, a
Pelo reconhecimento da variação cambial ao final de cada período (Livro partir deste momento, as mercadorias
podem ser liberadas ao importador.
Diário):
II
Variação Cambial Passiva (Aumento do valor monetário da moeda estrangeira Imposto sobre Importação.
em relação à data de aquisição). IPI
Impostos sobre Produto
Pelo reconhecimento da variação cambial Passiva Industrializado.
D – Despesa de Variação Cambial Passiva (ARE)
C – Fornecedores Internacionais (PC) ICMS
Imposto Sobre Circulação de
Variação cambial passiva nesta data sobre compra a prazo conforme Invoice Mercadorias e Prestação de Serviços.
(Fatura) XXXX PIS
Programa de Integração Social.
Variação Cambial Ativa (Redução do valor monetário da moeda estrangeira
em relação à data de aquisição). COFINS
Contribuição Para o Financiamento
Pelo reconhecimento da variação cambial Passiva da Seguridade Social.
D – Fornecedores Internacionais (PC)
C – Receita de Variação Cambial Passiva (ARE)
Variação cambial ativa nesta data sobre compra a prazo conforme Invoice (Fatura) XXXX

Passivo Circulante – Salários a Pagar


e Encargos Sociais a Recolher
São as contas que representam o $ que a empresa deve aos empregados e ao governo.

Vamos construir o conceito da contabilização


de salários a pagar?

Mensalmente, as empresas devem contabilizar o resumo da folha de pagamento, provisio-


nando os valores que serão pagos no mês subsequente. Nessa provisão, deve-se conside-
rar os benefícios que serão pagos aos funcionários, como o próprio salário, horas extras,
bonificações, entre outros.

Quando falamos que vamos contabilizar uma folha de pagamento, temos que observar
vários procedimentos, pois a maioria deles afeta diretamente o resultado contábil da empre-
sa no período de apuração do lucro, o que implica observações de natureza fiscal.

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 135


De acordo com a legislação do Imposto de Renda – RIR/991, o fisco aceita como gastos
dedutíveis, para fins de apuração do lucro real ou tributável, todos os custos e despesas
da empresa com os funcionários, incluindo os encargos sociais, desde que:

• esses custos e despesas sejam necessários às atividades da empresa;


• que os empregados estejam devidamente registrados no quadro de empregados
(funcional) da empresa, de forma que todas as obrigações fiscais e tributárias, além
das trabalhistas e previdenciárias previstas na legislação pertinente, sejam cumpridas.

Vamos agora avaliar as implicações que existem quando se fala do custo com mão-de-
obra no Brasil, lembrando que há outras variáveis para a avaliação do custo no Brasil.

CUSTO DO FUNCIONÁRIO PARA A EMPRESA


Se a empresa contratar um funcionário para exercer uma atividade cuja remuneração mensal é
de R$ 1.000,00, qual será o custo total, mensal, a ser considerado no resultado da empresa?

É interessante, aluno(a), que você fique bem atento e já raciocine sobre cada contabiliza-
ção, à medida que avaliamos as seguintes informações:

Um dos mais significativos gastos que compõem o chamado “Custo Brasil” é, sem sombra
de dúvidas, o resultado de uma série de encargos, obrigações trabalhistas e tributos que
oneram a folha de pagamento e que foram criados para a proteção dos trabalhadores.
Esses encargos acabam por desestimular a contratação de empregados em todos os
níveis e setores de atividades produtivas. Por isso as empresas optam pelos altos níveis
de investimentos em automação, robotização e uso intensivo da informática, que acabam
tornando-se uma alternativa para as empresas na obtenção da necessária lucratividade,
ao invés da contratação de mão de obra.

Além de representar alto custo para os empresários, a complexidade das atuais leis traba-
lhistas resulta na existência de grande quantidade de ações movidas pelos trabalhadores
contra seus empregadores, o que exige uma cara estrutura da Justiça do Trabalho para a
solução de tais conflitos.

Talvez, quando analisarmos as informações sobre as contribuições sociais incidentes


sobre a folha de pagamento, sejamos tentados a admitir que o alto número de ações
trabalhistas deva-se ao alto custo tributário incidente sobre a mão de obra contratada.

Vejamos:
Seguro de acidentes do
Analise atentamente as informações constantes nos quadros abaixo: trabalho
Acidente do Trabalho - Enquadramento
do Grau de Risco a partir da
Observações:
competência julho/97. A partir da
competência julho de 1997, tem-se
O percentual de contribuição relativo ao seguro de acidentes do trabalho, uma nova tabela para enquadramento
depende do grau de risco da atividade da empresa, como segue: de taxa de acidentes do trabalho
de acordo com o código CNAE
risco considerado leve 1%; (Classificação Nacional de Atividades
Económicas), o mesmo utilizado para
risco considerado médio 2%;
IR e RAIS (art. 158, do Decreto nº
risco considerado grave 3%. 2.173, de 05/03/97 - ROCSS). De
novembro de 1991 até junho de 1997,
Somam-se aos salários mensais os inúmeros gastos que oneram a folha de utilizava-se a tabela criada pela Lei
pagamento, como por exemplo: nº 8.212/91, regulamentada pelo
Decreto nº 356/91 e posteriormente
atualizada pela Ordem de Serviço nº
• encargos com as contribuições sociais;
57, de 20/11/92, DOU de 25/11/92.
• 13º salário, férias + 1/3 de férias;
Contribuições Sociais
• indenização compensatória de 40% sobre o saldo do FGTS; INSS - Instituto Nacional de
Seguridade Social - parte da empresa.
1 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/Livro2.htm

136 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


• FGTS; FGTS
• aviso prévio indenizado; Contribuição para o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço.
• repouso semanal remunerado;
Outros
• vale-transporte; Depende do que rege o
• vale-refeição; contrato de trabalho entre
a empresa e empregado.
• seguro de vida;
• auxílio-creche;
• acréscimo do salário nas horas extras;
• outros.

Pode-se então chegar à conclusão de que os encargos trabalhistas representam pelo


menos 100% do salário nominal, ou seja, um funcionário com o salário mensal de $
1.000,00 custa, na realidade, no mínimo, $ 2.000,00 para a empresa, dependendo da
política de benefícios desta empresa.

CONTRIBUIÇÕES SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS


Agora, vamos estudar as contribuições, tributos e benefícios obrigatórios mínimos, digo
mínimos, pois, de acordo com a convenção coletiva de cada categoria, esses benefícios
podem aumentar, o que vai nos permitir avaliar o percentual (%) mínimo que representa
o custo mensal incidente sobre a folha de pagamento das empresas. Que fique claro que
cada empresa, de acordo com sua atividade e política interna, apresenta um percentual.

Instituto Nacional do Seguro Social


Do empregador
Na forma da Lei n 8.212/91, os empregadores contribuem sobre a folha de salários da
seguinte forma:

1. para o INSS, 20%;


2. para o Seguro Acidente de Trabalho - SAT, dependendo do grau de risco SAT
da atividade: Existem adicionais de SAT para
as atividades de alto risco.
• 1% para risco considerado leve;
• 2% para risco médio;
• 3% para risco grave.

Contribuições para terceiros


Essas contribuições para terceiros podem ser conveniadas com os órgãos listados abaixo,
desde que a empresa preste, ela própria, o serviço que seria prestado por eles.

São as contribuições para:

• Sebrae (0,6%);
• Senai ou Senac (1%);
• Incra (0,2%);
• Salário-Educação (2,5%), e
• Sesi ou Sesc (1,5%),
• totalizando 5,8% sobre o total da folha de pagamento.

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 137


Exemplo:

Folha de salários R$ 25.000,00


Encargos Sociais
INSS 20% 5.000,00
SAT 2% 500,00
Salário-Educação 2,50% 625,00
Incra 0,20% 50,00
Senai 1,00% 250,00
Sesi 1,50% 375,00
Sebrae 0,60% 150,00
Total (INSS parte empresa) 27,80% R$ 6.950,00
Tabela 1 – Exemplo de Encargos sobre Folha de Pagamento

Do empregado

O empregador é obrigado a descontar do empregado sua contribuição previdenciária


sobre o salário recebido. A contribuição previdenciária descontada do empregado, se não
for recolhida pelo empregador ao INSS, configura crime de apropriação indébita previ-
denciária, conforme Lei n° 9.983/2000. Esse desconto da contribuição do empregado é
ônus deste (contribuinte de fato), sendo a empresa a responsável por seu recolhimento
ao INSS. Portanto, o valor do encargo do empregado não faz parte do custo ou despesa
e é apenas representado no passivo como obrigação da empresa, que é depositária desse
desconto e responsável pelo recolhimento, no prazo, ao INSS.

Tabela de contribuição para INSS do empregado – Tabela Atualizada (pode ser obtida a
partir do site do Ministério da Previdência Social2.

Tabela Vigente para desconto de INSS


Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e traba-
lhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1° de Janeiro de 2014
Alíquota para fins de
Salário-de-contribuição (R$)
recolhimento ao INSS (%)
1.317,07 8% desconto
de 1.317,08 até 2.195,12 9% máximo
de 2.195,13 até 4.390,24 11% 482,93
Tabela 2 – Desconto de INSS (contribuintes empregados)
Fonte: Ministério da previdência social.

Tabela Vigente para desconto de INSS


Tabela de contribuição dos segurados contribuintes individual e facultativo
Alíquota para fins
Salário-de-contribuição (R$) de recolhimento ao
INSS (%)
724,00 5% *
724,00 11% **
de 724,01 até 4.390,04 20%
* Alíquota exclusiva do microempreendedor individual e da(o) segurada(o) facultativo que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência. Lei 12,470 de 31 de Agosto
de 2011 — DOU de 01/09/2011.
** Plano Simplificado — Lei Complementar 123, de 14/12/2006 12,470 de 31 de Agosto de 2011
— DOU de 01/09/2011.

Tabela 3 – Desconto de INSS (contribuintes individual e facultativo)


Fonte: Ministério da previdência social.

2 www.mpas.gov.br

138 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


As empresas são obrigadas a descontar do empregado sua contribuição previdenciária
sobre o salário recebido, de acordo com o quadro acima.

O empregador desconta dos funcionários e posteriormente repassa ou reco-


GPS
lhe, por meio de pagamento de guia – GPS para o INSS. Por isso, quando a Guia de Previdência Social.
empresa não deposita (recolhe) aos cofres públicos, ela está se apropriando
indevidamente (apropriação indébita) o recurso, pois coube a ela somente a responsabili-
dade de descontar do empregado para recolhimento ao fisco.

Salário-Família

As empresas são obrigadas a pagar ao empregado o valor da cota do salário- Salário-família


-família. É paga uma cota de Salário-Família por filho até 14 (quatorze) anos É devido ao trabalhador,
de idade ou inválido de qualquer idade. Será exigida a apresentação de: empregado, exceto ao doméstico,
e ao trabalhador avulso, pago
diretamente pelo empregador.
• certidão de nascimento do filho (original e cópia);
• comprovação de invalidez, a cargo da perícia médica do INSS, para dependentes
maiores de 14 anos;
• caderneta de vacinação ou documento equivalente;
• comprovante de frequência escolar.

O valor para remuneração da cota do salário família será pago ao empregado que tiver
remuneração limite conforme valores definidos em 2014 (que poderão ser atualizados
pelo site do Ministério da Previdência Social).

Salário Família/dependente até 14 anos (R$) a partir de


1° de Janeiro de 2014
até 682,50 35,00
de 682,51 até 1.025,81 24,66
Tabela 4 – Remuneração cota salário Família
Fonte: Ministério da previdência social

Além do INSS, a empresa tem a obrigação legal de apurar, descontar e recolher à Receita
Federal do Brasil o Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF sobre os salários dos funcio-
nários, de acordo com o quadro abaixo:

A tabela atualizada de retenção de IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) de Pessoa


Física pode ser obtida a partir do site da Receita Federal3.

Tabela Vigente para Retenção do IRPF Tabela Progressiva para o


cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física a partir do
exercício de 2015, ano-calendário de 2014.
Parcela a deduzir
Base de cálculo mensal em R$ Alíquota %
do imposto em R$
Até 1.787,77 - -
De 1.787,78 Até 2.679,29 7,5 134,08
De 2.679,30 Até 3.572,43 15 335,03
De 3.572,44 Até 4.463,81 22,5 602,96
Acima 4.463,81 27,5 826,15
Dedução por dependente R$ 179,71
Tabela 5 – IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte (PF)
Fonte: Ministério da Fazenda/14

Sendo assim, conforme descrito na legislação Instrução Normativa RFB no. 1.142, de 31

3 www.receita.fazenda.gov.br

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 139


março de 2011:

“Art. 4º O recolhimento mensal obrigatório (carnê-leão) das pessoas físicas, relativo aos
rendimentos recebidos nos anos-calendário de 2011 a 2014 de outras pessoas físicas ou
de fontes situadas no exterior, será calculado com base nos valores das tabelas progres-
sivas mensais constantes no art. 2º.

§ 1º A base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto sobre a renda é determina-


da mediante a dedução das seguintes parcelas do rendimento tributável:

I - as importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas


do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a presta-
ção de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura
pública a que se refere o art. 1.124-A da Lei n º 5.869, de 1973 - Código de Processo
Civil;

II - a quantia, por dependente, de:

......

d) R$ 179,71 (cento e setenta e nove reais e setenta e um centavos), a partir do ano-


calendário de 2014;

III - as contribuições para a Previdência Social da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios; e

IV - as despesas escrituradas no livro Caixa.

§ 2 º As deduções referidas nos incisos I a III do § 1º somente podem ser utilizadas quan-
do não tiverem sido deduzidas de outros rendimentos auferidos no mês, sujeitos à tribu-
tação na fonte.”

ATENÇÃO
Quando a fonte pagadora não for responsável pelo desconto das contribuições a que se refe-
re o inciso IV, os valores pagos a esse título podem ser considerados para fins de dedução
da base de cálculo sujeita ao imposto mensal, desde que haja anuência da empresa e que o
beneficiário lhe forneça o original do comprovante de pagamento.

Portanto, a empresa desconta mensalmente o IRRF dos funcionários e dos DARF


autônomos e posteriormente repassa ou recolhe por meio de pagamento da Documento de Arrecadação
guia DARF para a Receita Federal do Brasil. de Tributos Federais.

Por isso, quando a empresa não deposita (recolhe) aos cofres públicos, ela está se apro-
priando indevidamente (Apropriação indébita.) do recurso, pois cabe a ela somente a
responsabilidade de descontar do empregado para recolhimento ao fisco. Portanto, a
empresa é apenas depositária temporariamente desse desconto; ela é a responsável pelo:

• correto cálculo do valor a ser descontado;


• recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte à Receita Federal, no prazo
fixado.

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)


O FGTS foi instituído pela Lei n 5.107/66 para garantir o tempo de serviço do empregado.
Atualmente, é regido pela Lei n° 8.036, de 11-5-90.

O empregador deve recolher ao FGTS 8% de remuneração mensal do empregado, em

140 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


conta deste, na Caixa Econômica Federal (CEF).

No caso de despedida do empregado pela empresa sem justa causa, o empre- Sem justa causa
gador pagará multa de 50% sobre o saldo da conta vinculada do trabalha- A Lei Complementar nº. 110, de
dor na Caixa Econômica Federal, que deverá fornecer o respectivo extrato a 29 de junho de 2001, no seu art.
tempo para a homologação da rescisão do contrato de trabalho. 1&ordm;, prevê uma contribuição
social devida pelos empregadores, a
partir de 29 de setembro de 2001,
Vejamos um exemplo simplificado de contabilização no Livro Diário da folha
em caso de despedida de empregado
de pagamento já apurada, lembrando que não vamos fazer as provisões de sem justa causa, &agrave; alíquota
férias, 13º salário e encargos sobre as provisões: de 10% sobre o montante de todos
os depósitos devidos, referentes
ao FGTS, durante a vigência do
contrato de trabalho. Portanto, nos
casos de demissões injustificadas,
Exemplo da Contabilização o empregador pagará, além dos
demais direitos trabalhistas, um
da Folha de Pagamento adicional de 50% incidente sobre
o valor dos depósitos de FGTS
devidos durante todo o contrato de
A Companhia ABC apresentou a apuração da Folha de Pagamento, no trabalho rescindido, ou seja, uma
multa de 40% ao empregado e uma
montante de R$ 25.000,00, a ser pago até o 5° dia útil do mês subsequen- contribuição social de 10% destinada
te. A empresa contribui com: ao custeio do pagamento dos
mencionados expurgos inflacionários.
• O valor descontado dos empregados como contribuição ao INSS foi
de $ 2.250,00 (considerados os 9% sobre as remunerações"); como retenção de
IRRF $750,00 (valor aleatório, pois para cálculo correto, dependeríamos de segregar
os salários) e de vale transporte foi de $ 500,00 (valor aleatório, pois para cálculo
correto, dependeríamos de identificar a base de cálculo de cada empregado).

Para a correta contabilização da despesa com salários


de acordo com o regime de competência, devemos
reconhecer, creditando no PC a obrigação passiva
salários a pagar, e debitando em conta de resultado,
despesa com salários o reconhecimento da despesa.

Veja:
1 – O reconhecimento da despesa com salários:
Débito Crédito
D – Despesas com Salários (ARE) 25.000,00
C – Salários a Pagar (PC) 25.000,00
Provisão da despesa com salários do mês, conforme a folha de pagamentos

2 – A contabilização dos descontos nos salários: INSS, IRRF e Vale Transporte:


Débito Crédito
D – Salários a Pagar (PC) 2.500,00
C – INSS a Recolher (parte empregado) (PC) 2.500,00
Débito Crédito
D – Salários a Pagar (PC) 750,00
C – IRFF a Recolher (retido do empregado) (PC) 750,00
Débito Crédito
D – Salários a Pagar (PC) 500,00
C – Recuperação de Vale Transporte (ARE) 500,00
Descontos sobre salários conforme resumo da folha de pagamento do mês.

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 141


A contabilização dos encargos
sociais sobre os salários
INSS
Débito Crédito
D – Despesas com INSS (parte empresa) (ARE) 6.950,00
C – INSS a Recolher (parte empresa) (PC) 6.950,00
Conforme resumo da folha de pagamento do mês XX/YY

FGTS
Débito Crédito
D – Despesas com FGTS (ARE) 2.000,00
C – FGTS a Recolher (PC) 2.000,00
Conforme resumo da folha de pagamento do mês XX/YY

A conta salários a pagar irá apresentar, no balanço patrimonial, o saldo final Crédito
de todos os lançamentos a crédito ou a débito desta conta. Exemplos de lançamentos a credito:
aumentando o saldo da conta - salários
Considere que, nesse exemplo em que a despesa com salário foi de + hora-extra + ajuda de custos,
$25.000,00, houve R$ 3.500,00 de descontos dos empregados, sendo eles: salário-família, entre outros proventos.

contribuição ao INSS de $ 2.250,00; IRRF $750,00 e vale transporte de Débito


R$ 500,00. Exemplos de lançamentos a débito:
deduzindo o saldo da conta temos os
Portanto, o saldo da conta de salários a pagar será de $ 21.500,00, represen- descontos : INSS empregado, imposto
tando o saldo que figurará no PC – salários a pagar (valor que a empresa irá de renda retido em fonte (IRRF),
adiantamentos de salários, vale-
pagar aos empregados no final do mês ou até o 5º dia útil do mês seguinte).
transporte, entre outros descontos.
Vamos verificar como será o lançamento deste pagamento?

Quando do pagamento da obrigação de quitar:

1 - Os salários, no final do mês ou até o 5º dia útil, teremos o seguinte lançamento:


Débito Crédito
D – Salários a Pagar (PC) 21.500,00
C – Banco Conta Movimento (AC) 21.500,00
Pagamento dos salários provisionados do mês, conforme cheque nº 1234, Banco ABCD.

O que representam os $ 21.500,00? Representam $ 25.000,00 menos os descontos


sobre os salários = INSS empregado + IRRF + vale-transporte.

2 - O INSS
Débito Crédito
D – INSS a Recolher (parte empregado) (PC) 9.200,00
C – Banco Conta Movimento (AC) 9.200,00
Pagamento do INSS provisionados do mês, conforme cheque nº 2345, Banco ABCD.

O que representam os $ 9.200,00? Representam o somatório de $ 2.250,00 (contribui-


ção de empregado) + $ 6.950,00 (contribuição da empresa)

3 – FGTS

Débito Crédito
D – FGTS a Recolher (PC) 2.000,00
C – Banco Conta Movimento (AC) 2.000,00
Pagamento do FGTS provisionado do mês, conforme cheque nº 2345, Banco ABCD.

142 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


Conforme a classificação contábil de cada empresa, o
gasto com salários pode representar uma despesa com
salário (uma despesa administrativa) ou pode representar
um custo de mão de obra; depende de onde o empregado
esteja lotado, ou seja, a qual centro de custo ele pertence.

Agora vamos então estudar um exemplo no qual abordaremos a apuração da folha de


pagamento no mês e a sua contabilização. Efetuaremos a classificação dos fatos nos
razonetes e, considerando, hipoteticamente, ter ocorrido na empresa apenas a provisão
da folha, apuraremos o resultado e evidenciaremos os valores da provisão da folha, das
férias, do 13º salário, e dos encargos sociais no Balanço Patrimonial.

Vamos lá então, pessoal!

1. EXEMPLO DE APURAÇÃO E CONTABILIZAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO.

Trata-se de uma empresa comercial denominada EaD Comercial Folha Ltda cujo Balanço
Patrimonial levantado em 31 de agosto de 20xx apresentou saldos de Caixa e Capital
Social no valor de $ 100.000,00 e admitiu dois empregados, Sr. Fulano A e Sr. Fulano
B. Ambos foram admitidos em 01 de setembro de 20xx e informações nas contratações
são as seguintes:

Fulano A (gerente administrativo):

• salário de contratação R$ 4.250,00/mês,


• tem dois filhos (até 14 anos),
• recebe o valor de R$ 206,80 de vale-transporte/mês.

Fulano B (assistente administrativo):

• salário de contratação R$ 724,00/mês,


• tem três filhos (até 14 anos),
• recebe o valor de R$ 250,80 de vale transporte/mês.

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 143


1.1 - Apuração da Folha de Pagamento

A contabilidade, em 30 de setembro de 20xx, apurou os seguintes salários a pagar de


cada funcionário:

Folha de Pagamento
Empresa: Comercial EaD Folha Ltda
Ficha Financeira - 20xx
Funcionário Fulano A
Admissão 01/09/20xx
Salário Base R$ 4.250,00
Função Gerente Administrativo
Dependentes 2 (menores de 14 anos)
Vale-Transporte valor gasto R$ 206,80
VT (dos dois o menor) 6% s/ salário R$ 255,00
set/20xx
Proventos
(a) Salários 4.250,00
(b) Salário-Família -
Total dos Proventos 4.250,00
Descontos
(c) INSS 467,50
(d) IRRF 178,43
(e) Vale-Transporte 206,80
Vale-Refeição -
Adiant. Salário -
Total dos Descontos 852,73
Líquido 3.397,27
FGTS 8,00% 340,00
IR Base de Cálculo 3.423,08
Adaptado por: Edilamar Esteves

Compreendendo a apuração dos valores considerados na Ficha Financeira do funcionário


Fulano A:

a. Representa a remuneração dos 30 dias trabalhados em setembro/xx.


b. Salário Família - apesar de ter 2 filhos menores de 14 anos, não tem direito ao
salário-família, pois sua remuneração está acima da tabela de cota salário-família,
conforme Tabela 4.
c. Desconto de INSS, conforme Tabela 2 - $ 4.250,00 x 11% = $ 467,50.
d. Desconto de IRRF, conforme Tabela 5 – Base de Cálculo = $ 3.423,08.
e. Desconto de Vale-Transporte – A empresa descontará do empregado o valor gasto
pelo empregado ou 6% do seu salário (dos dois valores, o menor valor). Para o
exemplo do funcionário Fulano A, o desconto então será de $ 206,80.

Base de Cálculo do IRRF (R$)


Funcionário Fulano A
Remuneração 4.250,00
(–) desconto de INSS (467,50)
(–) qte depententes (2 x 179,71) (359,42)
= Base de Cálculo 3.423,08
x 27,5% (conf. Tabela IRRF) 513,46
(–) Vlr. a deduzir (conf. Tabela 5 IRRF) (335,03)
Valor da retenção do IRRF 178,43
Adaptado por: Edilamar Esteves

144 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


Folha de Pagamento
Empresa: Comercial EaD Folha Ltda
Ficha Financeira - 20xx
Funcionário Fulano B
Admissão 01/09/20xx
Salário Base R$ 724,00
Função Assistente Administrativo
Dependentes 3 (menores de 14 anos)
Vale-Transporte valor gasto R$ 250,80
VT (dos dois o menor) 6% s/ salário R$ 43,44
set/20xx
Proventos
(a) Salários 724,00
(b) Salário Família 73,98
Total dos Proventos 797,98
Descontos
(c) INSS 57,92
(d) IRRF -
(e) Vale-Transporte 43,44
Vale-Refeição -
Adiant. Salário -
Total dos Descontos 101,36
Líquido 696,62
FGTS 8,00% 57,92
IR Base de Cálculo 666,08
Adaptado por: Edilamar Esteves

Compreendendo a apuração dos valores considerados na Ficha Financeira do funcionário


Fulano B:

a. Representa a remuneração dos 30 dias trabalhados em setembro/xx.


b. Salário-Família – tem 3 filhos menores de 14 anos, logo tem direito ao salário-
família, pois sua remuneração está compatível com a cota salário-família, confor-
me Tabela 4. Filhos (3 x $ 24,66 = $ 73,98).
c. Desconto de INSS, conforme Tabela 2 – $ 724,00 x 8% = $ 57,92.
d. Desconto de IRRF, conforme Tabela 5 – não houve.
e. Desconto de Vale-Transporte – A empresa descontará do empregado o valor gasto
pelo empregado ou 6% do seu salário (dos dois valores, o menor valor). Para o
exemplo do funcionário Fulano B, o desconto então será de $ 43,44.

Base de Cálculo do IRRF (R$)


Funcionário Fulano B
Remuneração 724,00
(–) desconto de INSS (57,50)
(–) qte dependentes (3 x 179,71) (539,13)
= Base de Cálculo 126,95
não haverá Valor a deduzir de
IRRF (conf. Tabela 5 IRRF) -
Valor da retenção do IRRF -
Adaptado por: Edilamar Esteves

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 145


1.2 – Resumo da Folha de Pagamento e dos Encargos sociais sobre a Folha de Pagamento

Vejamos que interessante!

Se reunirmos os dois salários apurados no mês se setembro/xx, teremos o seguinte


Resumo da Folha de Pagamento de Setembro/xx:

Empresa: Comercial EaD Folha Ltda


Resumo da Folha de Pagamento - Setembro de 20xx
Proventos Descontos
Funcionários Líquido
Salários Salário Família INSS IRRF Vale Transp. Vale Refeição Adiant. Salário
Fulano A 4.250,00 - 467,50 178,43 206,80 - - 3.397,27
Fulano B 724,00 73,98 57,92 - 43,44 - - 696,62
Total Geral 4.974,00 73,98 525,42 178,43 250,24 - - 4.093,89
(1) (2) (3) (4) (5)

Adaptado por: Edilamar Esteves

Preste bastante atenção no valor de $ 4.093,89, pois ele deverá ser o nosso saldo de
Salário a Pagar no Balanço Patrimonial que levantaremos em 30 de setembro de 20xx.

Considerando que a empresa também tem seus encargos sobre a folha, ou seja, INSS
(parte empresa) e o FGTS a recolher sobre os salários, então vejamos, a seguir, a memória
de cálculo da GPS (Guia da Previdência Social) e o valor do FGTS (Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço).

GPS - INSS a Pagar


Empregados 525,42
Empresa - Empregador 27,80% 1.382,77 (6)
Salário Família (deduzido da GPS) (73,98)
Total 1.834,21
Adaptado por: Edilamar Esteves

Vejam que o valor do salário-família aparece deduzindo-se o valor a recolher do INSS, ou


seja, a empresa irá recolher o INSS (descontado do empregado) + o INSS (parte empre-
sa) – o valor do salário-família que a empresa reconheceu como proventos a pagar para o
empregado. Significa que o salário família não é despesa da empresa; ela simplesmente
adianta o valor para o empregado e depois acerta com a Previdência Social, no momento
da apuração da GPS.

Já o FGTS sobre a folha, a empresa irá reconhecer como despesa no resultado e a pagar
no Passivo.

FGTS 8,0% 397,92 (7)

1.3 – Provisão de Férias, 13º salário e encargos incorridos em setembro/xx

Não podemos deixar de reconhecer que, uma vez os funcionários tendo trabalhado duran-
te o mês de setembro/xx, a contabilidade deve reconhecer, segundo o princípio da compe-
tência, 1/12 de férias + encargos bem como 1/12 do 13º salário + encargos no fecha-
mento. Então vejamos a memória de cálculo para o levantamento dos valores:

146 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


Provisão de Férias e Encargos
Empresa: Comercial EaD Folha Ltda
Provisão Férias e Encargos Acumulada até 30/09/20xx
Data Salário Férias INSS
Funcionários Avos FGTS 8%
Admissão Referência Férias 1/3 Total 27,80%
Fulano A 01/09/20xx 4.250,00 1/12 354,17 118,06 472,22 131,28 37,78
Fulano B 01/09/20xx 724,00 1/12 60,33 20,11 80,44 22,36 6,44
Total Férias e Encargos 414,50 138,17 552,67 153,64 44,21
(8) (9) (10)
Adaptado por: Edilamar Esteves

Podemos perceber que o valor referência, para reconhecermos 1/12 de férias + 1/3 sobre
férias (valor acrescido no valor de férias previsto em Lei), é o salário do funcionário.

Dos valores apurados no quadro-resumo, iremos contabilizar resumidamente R$ 552,67,


$ 153,64 e $ 44,21. Veremos a contabilização nos razonetes.

Provisão de 13º e Encargos


Empresa: Comercial EaD Folha Ltda
Provisão 13º e Encargos Acumulado até 30/09/20xx
Data Salário INSS FGTS
Funcionários Avos 13º Salário
Admissão Referência 27,8% 8,0%
Fulano A 01/09/20xx 4.250,00 1/12 354,17 98,46 28,33
Fulano B 01/09/20xx 724,00 1/12 60,33 16,77 4,83
Total 13º Salário e Encargos 414,50 115,23 33,16
(11) (12) (13)

Adaptado por: Edilamar Esteves

O mesmo acontece com o valor apurado do FGTS, pois iremos reconhecer 1/12 de 13º
salário, cujo valor referência é o salário do funcionário.

Dos valores apurados no quadro-resumo, iremos contabilizar resumidamente R$ 414,50,


$ 115,23 e $ 33,16. Veremos também a contabilização nos razonetes.

1.4 – Contabilizando os valores apurados relativos à Folha de Pagamento

Então, pessoal! Vamos colocar em prática o que diz o princípio da competência?

Reconheceremos, então, por tempo incorrido, a provisão da folha de pagamento e seus


respectivos encargos sociais, bem como a provisão de férias e 13º salário e também seus
respectivos encargos sociais, classificando, primeiramente, os fatos nos razonetes.

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 147


Razonetes - Setembro de 20XX
Razonetes - Contas Patrimoniais - Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido
Caixa (AC) Salários a Pagar (PC) INSS a Recolher (PC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
si 100.000,00 (3) 525,42 4.974,00 (1) (2) 73,98 525,42 (3)
(4) 178,43 73,98 (2) 1.382,77 (6)
(5) 250,24
100.000,00 954,09 5.047,98 73,98 1.908,19
sf 4.093,89 1.834,21

FGTS a Recolher (PC) Férias e Encargos a Pg. (PC) 13º e Encargos a Pg. (PC)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
397,92 (7) 552,67 (8) 414,50 (11)
153,64 (9) 115,23 (12)
44,21 (10) 33,16 (13)
397,92 750,52 562,89

IRRF a Recolher (PC) Capital Social (PL) Prejuízo Acumulado (PL)


Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
178,43 (4) 100.000,00 si 7.817,86

178,43 100.000,00 7.817,86

Razonetes - Contas de Resultado - Despesas


Desp. Com Salários (ARE) Desp. Com INSS (ARE) Desp. Com FGTS (ARE)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
(1) 4.974,00 (6) 1.382,77 (7) 397,92

4.974,00 4.974,00 (a) 1.382,77 1.382,77 (b) 397,92 397,92 (c)

Férias 13º Salário e


Desp. Férias e Encargos (ARE) Encargos (ARE) Recuperação de VT (ARE)
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito
(8) 552,67 (11) 414,50 250,24 (5)
(9) 153,64 (12) 115,23
(10) 44,21 (13) 33,16
750,52 750,52 (d) 562,89 562,89 (e) (f ) 250,24 250,24
- - -

ARE Ap. do Resultado


do Exercício
Débito Crédito
(a) 4.974,00 250,24 (f )
(b) 1.382,77
(c) 397,92
(d) 750,52
(e) 562,89

8.068,10 250,24
7.817,86 7.817,86 (g)

148 Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento


Como podemos notar, o saldo de Salários a Pagar no razonete ficou em $ 4.093,99, valor
este também apurado no Resumo da Folha. Quando fazemos essa conferência e verifica-
ção, estamos fazendo o que chamamos de conciliação dos saldos das contas contábeis.
Maravilha, não é mesmo?

Finalmente, terminando a contabilização da folha de pagamento para o exemplo, podemos


agora evidenciar os saldos das contas patrimoniais (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido)
no Balanço Patrimonial Levantado em 30 de setembro de 20xx.

Empresa: Comercial EaD Folha Ltda


Balanço Patrimonial Levantado em 30 de setembro de 20XX - R$
Ativo Passivo
Circulante 100.000,00 Circulante 7.817,86.
Caixa 100.000,00 Salários a Pagar 4.093,89
INSS a Recolher 1.834,21
FGTS a Recolher 397,92
IRRF a Recolher (a Repassar) 178,43
Férias e Encargos a Pagar 750,52
13º e Encargos a Pagar 562,89

Patrimônio Líquido 92.182,14


Capital Social 100.000,00
Lucro do Exercício (7.817,00)
Total do Ativo 100.000,00 Total do Passivo + PL 100.000,00
Adaptado por: Edilamar Esteves

Passivo - Conceitos Gerais e Folha de Pagamento 149


Síntese
Neste módulo, você estudou a contabilização de operações que afetam o passivo circu-
lante, como as de compra a prazo de mercadorias advindas de fornecedores nacionais e
internacionais. Aprendeu que sobre aquisições a prazo de mercadorias importadas deve-
mos atualizar o saldo da dívida com o fornecedor internacional apurando para tanto a
variação cambial ativa ou passiva, conforme for o caso.

Conheceu os procedimentos para a apuração da folha de pagamento, bem como seus


encargos para a provisão desta folha no final do mês. E finalmente, evidenciou no Balanço
Patrimonial os saldos das contas contábeis do passivo circulante relacionadas à folha de
pagamento.

Referências
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Inicial – Central de serviços ao segurado:
Formas de Contribuição: Empregado. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/
inicial-central-de-servicos-ao-segurado-formas-de-contribuicao-empregado/. Acesso em
10 out. 2014.

BRASIL. Ministério da Previdência Social. Tabela Progressiva para Cálculo mensal do


Imposto de Renda da Pessoa Física. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/
aliquotas/ContribFont2012a2015.htm. Acesso em 10 out. 2014.

IUDICIBUS, Sérgio (coord.) FIPECAFI - Manual de Contabilidade por Ações (aplicável às


demais sociedades). 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NEVES, Silvério das; Viceconti, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Frase
Editora, 2004.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

150
Contabilidade
Geral

Passivo – Impostos
Indiretos

PASSIVO – IMPOSTOS
INDIRETOS
APRESENTAÇÃO

N este módulo, conheceremos os impostos indiretos e quais são os impostos diretos a


que as empresas, nas suas diversas áreas de atuação, podem estar sujeitas. Veremos
como é que as empresas apuram os impostos (indiretos) que ela tem que pagar sobre a
receita de venda de mercadorias e serviços e como estes são contabilizados.
Vamos lá então, pessoal!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Diferenciar impostos indiretos de impostos diretos.
• Entender o que representa cumulatividade e não cumulatividade de impostos e a quais esfe-
ras governamentais estão vinculados.
• Conhecer quais impostos incidem sobre as receitas de vendas de produtos, mercadorias e
de serviços, como por exemplo: ICMS, ISS, PIS e COFINS.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


PASSIVO – IMPOSTOS INDIRETOS

Introdução
Você já pensou como é que as empresas apuram os tributos que elas têm que pagar sobre
a receita de venda de mercadorias e serviços e como é que elas são tributadas perante o
imposto de renda?

Quando nos deparamos com essas questões, estamos diante da apuração dos tributos
indiretos e diretos, sendo que os tributos indiretos são: ISSQN, IPI, ICMS, PIS e COFINS;
já os tributos diretos são: IR e CSLL.

Vejamos mais detalhadamente cada situação.

Obrigações fiscais – Tributos indiretos


Impostos Cumulativos
Os tributos indiretos a recolher, provenientes da transação com mercadorias Impostos ou tributos que incidem
e serviços, são classificados como impostos cumulativos e impostos não em todas as etapas intermediárias
cumulativos. Normalmente estes impostos se apresentam de acordo com o dos processos produtivos e/ou de
comercialização de determinado
objeto social da empresa, ou seja, de acordo com cada ramo de atividade. bem, inclusive sobre o próprio
imposto/tributo anteriormente
Os impostos cumulativos, como o ISSQN são impostos devidos (pagos) pela pago, da origem até o consumidor
empresa prestadora de serviços, tendo como base de cálculo a prestação de final, influindo na composição de
serviços efetuada. seu custo e, em consequência, na
fixação de seu preço de venda.
A alíquota dependerá de cada legislador (municipal), ao qual a empresa esti-
Impostos Não Cumulativos
ver subordinada a apurar e recolher o tributo, e do tipo de serviço prestado Impostos/tributos que, na etapa
por esta empresa. subsequente dos processos produtivos
e/ou de comercialização, não
Os impostos cumulativos, como o ISSQN (Imposto sobre serviços de qual- incidem sobre o mesmo imposto/
quer natureza.) são impostos devidos (pagos) pela empresa prestadora de tributo pago/recolhido na etapa
anterior. Exemplos: IPI, ICMS e
serviços, tendo como base de cálculo a prestação de serviços efetuada.
PIS/COFINS Não Cumulativos.
A alíquota dependerá de cada legislador (municipal) dependendo do tipo de ISSQN
serviço prestado, a qual a empresa estiver subordinada a apurar e recolher Imposto sobre operações relativas
o tributo. &agrave; circulação de mercadorias
e sobre prestações de serviços
Os impostos não cumulativos, como o ICMS, o IPI, o PIS e o COFINS, são de transporte interestadual,
intermunicipal e de comunicação.
tributos em que a empresa recolhe ao agente tributário somente o valor refe-
rente ao valor agregado ao produto e/ou serviço, ou seja, o valor será pago ICMS
pela diferença entre o crédito nas entradas (aquisições e/ou devoluções de Imposto sobre serviços de
qualquer natureza.
venda) e débitos nas saídas (vendas e/ou devoluções de compras).
IPI
Veja a seguir um exemplo de não cumulatividade do ICMS: A empre- Imposto sobre produtos
sa Toquecompro Ltda. adquire da empresa Toquevendo Ltda. mercadorias industrializados.
para revenda (calçados) e paga pela aquisição R$ 1.000,00. Na aquisição a PIS
empresa está pagando o valor do produto mais uma parte de impostos, ICMS Programa de integração social.
de 18%, que está embutida no preço.
COFINS
Contribuição para fins de seguridade
Quando a Toquecompro Ltda. vende a mercadoria, supondo que esse valor social (modalidade não cumulativa).
seja de R$ 3.000,00, deverá recolher ao agente arrecadador (governo) um
valor "x" referente a impostos (considerando o ICMS de 18%, com mesma alíquota de
tributação da compra).

Passivo – Impostos Indiretos 153


Assim, o imposto não cumulativo significa que a empresa, quando adquire a mercadoria
para a revenda, tem o direito de compensar o valor pago de tributos quando da venda
efetiva da mercadoria. Assim, a empresa Toquecompro Ltda. recolherá os impostos pela
diferença de saldos a recuperar e a pagar.

Detalhando o exemplo:
Valor da compra: R$ 1.000,00
ICMS sobre compra (18% s/$1.000) R$ 180,00
Valor da venda: R$ 3.000,00
ICMS sobre venda (18% s/$ 3.000): R$ 540,00
Imposto a Recolher (ICMS.) (R$ 540 – R$ 180): R$ 360,00

Observamos que a empresa recolhe o ICMS sobre o que excedeu, ou seja, 18% sobre R$
2.000,00 (Valor da venda $3.000,00 - valor da compra $ 1.000.); portanto, no PC – ICMS
a recolher, teremos o saldo de R$ 360,00.

ISSQN - IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE QUALQUER


NATUREZA
Será reconhecido o ISSQN a recolher no momento em que ocorrer efetivamente a pres-
tação de serviços, desde que esse serviço faça parte da lista de serviços constantes na
Lei Complementar 116/20031.

Para controle contábil dos valores a recolher do ISSQN, a escrituração fiscal Retenção
dos possíveis créditos oriundos das retenções na conta do ativo circulante A retenção fonte do ISSQN é
– do ISSQN a compensar, será confrontada pelos valores contabilizados no uma forma de lançamento por
homologação, que desconta do valor
passivo circulante – ISSQN a recolher – e o saldo será pago no mês seguinte
a ser pago pela prestação do serviço
à apuração. o valor correspondente ao imposto
incidente naquela prestação de
As alíquotas são variáveis (dependendo do tipo de serviços, elas variam até serviços. Ou seja, o valor a receber
a alíquota máxima de 5%) e, por ser um imposto de competência municipal, pelo serviço prestado será líquido
estará sujeito à legislação de cada município. uma vez que o imposto já foi retido
pelo tomador que tem a obrigação da
retenção e do recolhimento do tributo.

IMPORTANTE
Veja abaixo a apresentação resumo de algumas informações importantes sobre o ISSQN:
• Competência: Municipal;
• Apuração: Mensal;
• Contribuinte: Pessoa Física ou Jurídica - prestador de serviço com ou sem estabelecimento;
• Fato gerador: conforme tabela específica, como exemplo, temos a prestação de servi-
ços de consultoria, de assessoria, de cessão de mão de obra, de projetos, administração
de bens móveis e imóveis, locações, limpeza e conservação, serviços médicos, audito-
ria, entre outros;
• Alíquota: Conforme lista de serviço – Lei Complementar 116/20031

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm

O atual sistema tributário brasileiro prevê, em seu elenco de impostos, o ISSQN, cujas
características gerais estão previstas na Constituição Federal de 1988, como também em
leis complementares, que serão o nosso objeto de estudo.

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm

154 Passivo – Impostos Indiretos


A Constituição Federal, em seu art. 156, inc. III, outorga aos Municípios competência
para instituir impostos sobre "serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.
155, II, definidos em lei complementar".

Assim, os Municípios são dotados de privatividade para criar o ISSQN, o que, por via
oblíqua, implica a exclusividade e consequente proibição de seu exercício por quem não
tenha sido consagrado com esse direito; ou seja, o Município.

Você sabe o que é Sujeito Passivo da Obrigação Tributária?

Sujeito Passivo2 é o Sujeito da obrigação tributária principal é a pessoa obrigada ao paga-


mento do imposto ou penalidade pecuniária, na condição de:

a. contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitui
o fato gerador;
b. responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decor-
ra de expressa disposição de lei.

E o que é Contribuinte?

Contribuinte é considerado a pessoa que mantém relação pessoal e direta com a respec-
tiva materialidade, e que realiza o fato gerador voluntariamente.

No que diz respeito ao ISSQN, portanto, o contribuinte, sujeito passivo da relação jurídica-
-tributária, será a pessoa, jurídica ou natural, que prestar serviços de qualquer natureza,
com exceção dos serviços de transporte interestadual e intermunicipal, e de comunica-
ção, que seriam de competência estadual e distrital, nos termos do art. 155, II da CF/88.

Exemplo:

A agência de viagens, ao prestar um serviço de intermediação de um pacote turístico, é


considerada o sujeito passivo da obrigação de pagar o ISSQN ao município em que ela
estiver inscrita como contribuinte.

Quando lemos no Decreto Lei nº 406/68 – que dispõe em seus artigos 8º e 10º – o seguinte:

"Art. 8º - O imposto de competência dos municípios, sobre serviços de qualquer natureza,


tem como fato gerador a prestação, por empresa ou profissional autônomo, com ou sem
estabelecimento fixo, de serviços constantes de lista anexa".

"Art. 10º - Contribuinte é o prestador de serviço".

Parágrafo único – Não são contribuintes os que prestam serviços em relação de emprego,
os trabalhadores avulsos, os diretores e membros de conselhos consultivo ou fiscal de
sociedades".

Percebemos que, em relação ao ISSQN, compete à lei complementar arrolar os "serviços


de qualquer natureza", além de regular as alíquotas máximas e a incidência do imposto
municipal sobre exportações de serviços, nos termos do art. 156, § 3º CF/88.

Atualmente, a lista de serviços tributáveis pelo ISSQN está disposta na Lei complementar
nº 116, de 31.07.20033, que contêm tipos de serviços diferentes, todos submetidos à
tributação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.

2 http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/1999/Inf_Gerais/Sujeito_Passivo_da_Obrigacao_Tributaria.htm
3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm

Passivo – Impostos Indiretos 155


IMPORTANTE
O ISSQN, como qualquer tributo, tem os seguintes elementos essenciais:
• elemento material (fato gerador da obrigação tributária);
• elemento pessoal (contribuinte);
• elemento quantitativo (base de cálculo e alíquota fiscal);
• elemento espacial (local de incidência tributária do imposto).

Fato gerador da obrigação tributária- ISSQN


O fato gerador do imposto municipal é a prestação de serviços definidos em lei comple-
mentar e disciplinados na lei ordinária municipal que criar o ISSQN, desde que por empre-
sa ou profissional autônomo. Há necessidade da existência de efetiva prestação de servi-
ços pelas empresas ou profissionais autônomos, e não apenas a possibilidade da referida
prestação. O ISSQN, portanto, não incide sobre serviços em potencial, mas sobre o
efetivo serviço prestado, real, concretamente existente.

Contribuinte - ISSQN
É importante ressaltar que o contribuinte é um elemento para o qual, dependendo da "espé-
cie" de tributo, há um conceito específico. No caso do ISSQN, é o prestador dos serviços
previstos na lista de serviços determinada pela lei complementar Nº 116, de 31/07/2003.

Vale ressalvar que a pessoa que realiza serviços para si própria não é contribuinte do
ISSQN. Na hipótese, não há circulação econômica do serviço pois este é prestado para a
própria pessoa.

Base de cálculo - ISSQN


A base de cálculo é o preço do serviço. No cálculo do tributo, também não devem ser
incluídos os valores pertinentes a seguros, juros e quaisquer outras importâncias rece-
bidas ou debitadas, como multas e indenizações, pois tais verbas têm natureza jurídica
diversa do respectivo preço contratual.

Nessa mesma situação, devem ser considerados os valores relativos a descontos/abati-


mentos (condicionais ou incondicionais), porque caracterizam diminuição de preço dos
serviços e consequente redução da base de cálculo, tendo o STJ decidido que o preço do
serviço deve, pois, ser considerado o preço bruto, sem levar em consideração o desconto
feito, pela liberalidade do prestador.

Na prestação de serviços com pagamento do respectivo preço mediante a utilização de


"cartão de crédito", os acréscimos financeiros devem ser excluídos da base de cálculo
do ISSQN.

No âmbito do ISSQN, a CF Art. 156, § 3º, inc. I estabelece que cabe à Lei complementar
fixar as alíquotas máximas. A lei complementar nº 100, de 22.12.1999, em seu art. 4º,
estabelece a alíquota máxima de 5% (cinco por cento) a ser observada pelos municípios
para a cobrança do ISSQN.

Em se tratando de ISSQN, impõe-se a irrestrita obediência ao seu aspecto material – pres-


tação de serviços – nada interessando os aspectos meramente negociais ou documentais.
Somente com a efetiva realização (conclusão, ou medição por etapas) dos serviços, é que
ocorre o respectivo fato gerador tributário com a verificação do seu aspecto temporal.

156 Passivo – Impostos Indiretos


Os recebimentos antecipados de valores contratuais
também não constituem obrigação tributária, porque
a capacidade econômica não guarda correspondência
com a efetiva prestação de serviços.

A circunstância de o prestador de serviço não receber o pagamento do preço não significa


que esteja desonerado do ISSQN, se a sua atividade for integralmente cumprida.

LOCAL DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA- ISSQN


No âmbito do ISSQN, a Lei Complementar nº 116, de 31/07/20034 no art. 3, estabelece
os critérios para a base da caracterização da incidência tributária, a partir da análise dos
itens da lista de serviços.

Apesar de existirem decisões contrárias, o STJ, visando estabelecer o local de incidência


do ISSQN, procura fixar a jurisprudência em que há de se considerar o local da prestação
de incidência do ISSQN, o local onde foi concretizado o fato gerador, como critério de
fixação de competência do município arrecadador e exigibilidade do crédito tributado.

Imunidade -ISSQN
A imunidade consiste na exclusão de competência das pessoas políticas de direito público
(abrangendo os municípios) para instituir tributos, relativamente, a determinados atos,
fatos, pessoas, estados e situações, expressamente previstas na Constituição Outorga
Federal. Do mesmo modo, outorga competências para instituir tributos sobre O governo concede aos entes
determinadas materialidades. A própria Constituição também estabelece tributantes (união, estado e municípios)
o direito de legislar sobre tributos
outras específicas situações que são afastadas dos gravames tributários.
de acordo com as competências.
No que diz respeito ao ISSQN, para efeitos de imunidade constitucional,
devem ser considerados os instrumentos que transmitem ideias, conhecimento, cultura,
sem índole comercial, podendo, ainda, ser considerados, além dos livros, jornais e perió-
dicos, os cd-rom, disquetes, fitas-cassetes, desde que sejam instrumentos de divulgação
de pensamentos e visem desenvolvimento da cultura.

Retenção na fonte- ISSQN


A retenção na fonte do ISSQN é uma forma de lançamento por homologação, que descon-
ta do valor a ser pago pela prestação do serviço o valor correspondente ao imposto inci-
dente naquela prestação de serviços, ou seja, o valor a receber pelo serviço prestado será
líquido uma vez que o imposto já foi retido pelo tomador que tem a obrigação da retenção
e do recolhimento do tributo.

Por exemplo: a Lei Municipal de Belo Horizonte, Lei 8.725 de 30/12/20035, em seu art.
20, atribui ao tomador de serviços no município de Belo Horizonte, mesmo que estes
serviços gozem de imunidade, a responsabilidade pela retenção e recolhimento do ISSQN.

"Art. 20 - São obrigados a proceder à retenção na fonte e recolher o ISSQN retido, devido
neste Município, relativo aos serviços tomados:

....

4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm
5 http://www.fazenda.pbh.gov.br/internet/legislacao/formkey.asp?key=542

Passivo – Impostos Indiretos 157


III - o tomador de serviço que tenha despendido a partir do ano de 2002, com o paga-
mento de serviços de terceiros, valor anual, igual ou superior a R$240.000,00 (duzentos
e quarenta mil reais), apurado no exercício financeiro correspondente ao ano civil anterior
ao do serviço tomado. Este procedimento facilita o trabalho para as empresas e para as
Prefeituras. Você sabe o que é a DES?

DES (Declaração Eletrônica de Serviços)

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte6, o software da Declaração Eletrônica de Serviços/


DES, parte integrante do sistema BHISS Digital, tem por objetivo facilitar e agilizar o
cumprimento das obrigações tributárias instituídas na legislação Municipal do Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. Esse software disponibiliza às pesso-
as jurídicas sujeitas a essas obrigações, contribuintes ou não do imposto, inclusive os
órgãos, empresas e entidades da Administração Pública Direta e Indireta de qualquer
dos poderes da União, Estado e Município, as empresas individuais, os condomínios, as
associações, sindicatos e cartórios notariais e de registro, recursos e informações para
declaração de dados, apuração e recolhimento do imposto devido, contribuindo para a
consequente melhoria da administração de seus negócios.

ICMS
O ICMS é um imposto que possui muitas particularidades no que diz respeito ICMS
ao fato gerador, que envolve a circulação de mercadorias. Quando determi- Imposto sobre operações relativas
nada empresa, comercial ou industrial, compra qualquer mercadoria, o ICMS à circulação de mercadorias e
já estará incluso no preço que será pago ao fornecedor. Da mesma forma, sobre prestações de serviços
de transporte interestadual,
quando a mercadoria for revendida, o preço de venda que será pago pelo intermunicipal e de comunicação.
cliente deve também incluir a parcela correspondente ao ICMS.

Assim, todas as empresas que transacionam com mercadorias sujeitas à incidência do


ICMS terão um gasto com esse tributo, que corresponderá à diferença entre o ICMS pago
a seus fornecedores, nas compras de mercadorias, e o ICMS cobrado de seus clientes,
nas vendas de mercadorias.

Para que as empresas possam controlar o ICMS incidente nas diversas compras e nas
diversas vendas, a legislação estabeleceu a obrigatoriedade da escrituração dos livros
fiscais, com a estrita observância das normas específicas, independentemente da obriga-
toriedade da escrituração dos livros e documentos contábeis.

SAIBA MAIS
Tributo de competência dos Estados e do Distrito Federal, conforme a Lei Complementar
102/20001.

1 http://www.normaslegais.com.br/legislacao/tributario/lc102.htm

Fato gerador da obrigação tributária- ICMS


Será fato gerador do ICMS a circulação de mercadoria ou a efetiva prestação de serviço
de transporte intermunicipal e interestadual, bem como o fornecimento de energia elétrica
e de telecomunicação.

Para controle contábil dos valores, existem três livros fiscais: os Livros Fiscais de Saída,
Entrada e Apuração do ICMS. Neles, estão as informações necessárias para apuração do

6 http://www.pbh.gov.br/bhissdigital/portal/index.php?content=des/apresentacao.php

158 Passivo – Impostos Indiretos


saldo do imposto. Na hipótese de haver saldo a recuperar e não a recolher, o valor deverá
ser reconhecido no ativo circulante – ICMS a compensar/recuperar; caso contrário, o
valor deverá ser reconhecido no passivo circulante – ICMS a recolher.

As alíquotas são variáveis, dependendo do produto e de uma análise da origem e destino


das mercadorias, e por ser um imposto de competência estadual, estará sujeito à legisla-
ção de cada estado.

IMPORTANTE
Veja abaixo a apresentação resumo de algumas informações importantes sobre o ICMS:
• Competência: Estadual;
• apuração: Mensal;
• Contribuinte: Pessoa física ou jurídica que utilize de operações com circulação de merca-
dorias, importação, prestação de serviço de transporte interestadual, ou intermunicipal
e serviço de comunicação;
• Fato gerador: Momento em que realize operações com circulação de mercadorias (O
ICMS incidirá sobre as vendas, sem o IPI), prestação de serviço de transporte, comuni-
cação e/ou importação;
• Alíquota: Interna de 17% ou 18%, interestadual – variável de 7% a 12%.

Base legal para a incidência do ICMS


Esse imposto é regulamentado, em suas normas gerais, pela Lei Complementar nº 87/967
e pelos convênios firmados entre os diversos estados. Cada Estado possui uma regula-
mentação específica, devendo seguir os termos das normas gerais.

Resumidamente, o fato gerador corresponde à circulação de mercadorias ou à prestação


de determinados serviços, o que compreende:

• saídas de mercadorias, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, comer-


cial, industrial ou produtor, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;
• prestações de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de comuni-
cações e telecomunicações;
• entradas de mercadorias importadas no estabelecimento de contribuinte, comercial,
industrial ou produtor, ainda que se trate de mercadoria para consumo ou bem do
ativo imobilizado;
• fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias em restaurantes, bares,
cafés e estabelecimentos similares.

Base de cálculo- ICMS


A base de cálculo, de modo geral, é o valor da operação com mercadorias, incluindo
importâncias acessórias, que significam valores acessórios tais como seguros e fretes
pagos pelo comprador, excluídos os descontos incondicionais.

Para melhor fixação dos conceitos sobre a inclusão ou não do IPI na base de cálculo do
ICMS, vamos considerar que uma empresa que atua no ramo de atividade de importação,
exportação, industrialização, montagem e comercialização de máquinas e acessórios para
informática em geral, se é contribuinte do IPI e do ICMS, vende seus produtos de infor-
mática a diversos destinatários "contribuintes - identificados com inscrição estadual e
CNPJ/MF" e "consumidores - não identificados", localizados dentro e/ou fora do Estado.

7 http://www.normaslegais.com.br/legislacao/tributario/lc87.htm

Passivo – Impostos Indiretos 159


Para os destinatários contribuintes, cuja razão social ou denominação indicar que o produ-
to adquirido se destinará à comercialização ou à industrialização, a base de cálculo do
ICMS não integra o valor do IPI.

Nas demais operações, para destinatários contribuintes, cuja atividade não esteja explícita
em sua razão social ou denominação (coerência com o produto), a base de cálculo do
ICMS deve contemplar o valor do IPI. Entretanto, quando a operação for efetivada com
produto não destinado à industrialização ou à comercialização e/ou ainda entre contribuin-
tes e não contribuintes (aquisição de mercadorias para seu próprio uso ou consumo ou,
ainda, para integrar seu ativo fixo), o IPI deverá ser incluído na base de cálculo do ICMS.

É oportuno lembrar que a base de cálculo a ser adotada pela empresa deve corresponder
à verificada por ocasião da saída da mercadoria. Isso porque, se posteriormente o adqui-
rente der outro destino à mercadoria, não obriga a empresa vendedora a rever o valor
cobrado a título de ICMS.

Alíquotas - ICMS
A alíquota interna é determinada individualmente em cada Estado pela legislação estadual.

As alíquotas interestaduais são definidas pelo Senado Federal; são, inclusive, instrumen-
to de política tributária para proteção dos Estados consumidores. Assim, sempre que o
destinatário da mercadoria ou do serviço for contribuinte, o remetente ou prestador de
serviços utilizará a alíquota interestadual, independentemente da mercadoria ser destina-
da a revenda, industrialização, ativo ou consumo.

Todavia, quando se tratar de mercadorias adquiridas em outra unidade da Federação e


destinadas a uso, consumo, ou a integrar seu ativo imobilizado, ou se tratar da utiliza-
ção de serviços com prestações iniciadas em outro Estado que não estejam vinculadas
a operações ou prestações subsequentes, o contribuinte destinatário deverá recolher o
ICMS, a título de diferencial de alíquotas entre a interestadual praticada na origem e a
interna praticada no destino.

Para fins do ICMS, as regiões são compostas pelas seguintes unidades da Federação:

Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,


Região Norte
Roraima e Tocantins.
Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão,
Região Nordeste
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Região Centro-Oeste
Distrito Federal.
Região Sudeste Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo.
Região Sul Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Adaptado por: Edilamar Esteves

Prazo de recolhimento e período de apuração- ICMS


O prazo de recolhimento é estabelecido segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE) e o Código de Prazo de Recolhimento (CPR), ou seja, conforme
seu ramo de atividades, o contribuinte terá um prazo de recolhimento correspondente,
lembrando que o período de apuração do imposto é mensal.

Recuperação do ICMS nas compras de mercadorias para revendas e apuração do preço


unitário nas empresas comerciais.

As empresas que adquirirem mercadorias para revender ou para industrializar, ou ainda


para integrar seu ativo imobilizado, podem escriturar o ICMS pago nessas aquisições, ou

160 Passivo – Impostos Indiretos


seja, o crédito do imposto por ocasião da entrada desses itens em seus estabelecimen-
tos. Quando essas empresas efetuarem as saídas de tais estoques em posteriores vendas
tributadas, o imposto será cobrado do novo adquirente e escriturado em livro próprio, o
chamado débito do imposto. A empresa estará proibida de escriturar o crédito, ou dispen-
sada de registrar o débito somente por meio de previsões expressas em lei.

De acordo com a legislação tributária, para se creditar do ICMS, é necessário preencher


as seguintes condições:
• que o ICMS esteja corretamente destacado em documento fiscal hábil, com o aten-
dimento de todas as exigências da legislação pertinente;
• que o documento fiscal hábil seja emitido por contribuinte em situação regular
perante o fisco, ou seja, esteja inscrito na repartição competente, encontre-se em
atividade no local indicado e possibilite a comprovação dos demais dados cadastrais
impressos no documento fiscal;
• que o documento fiscal hábil seja escriturado no respectivo livro Registro de
Entradas, modelo 1 ou l-A.

O direito ao crédito extinguir-se-á no prazo de cinco anos a partir da data da emissão pelo
fornecedor do documento fiscal hábil. Assim, conforme já exposto, nas empresas comer-
ciais o ICMS pago nas compras das mercadorias para posterior revenda é recuperável e
deve ser segregado do preço das mercadorias e lançado contabilmente no grupo do Ativo
Circulante, na conta Impostos a Recuperar - ICMS.

Sistemática para apuração dos saldos


contábeis e fiscais- ICMS
Como o ICMS nas compras é recuperável, deve ser segregado do preço das mercadorias
e registrado em Conta do Ativo Circulante - Impostos a Recuperar - ICMS. Por outro lado,
nas vendas o ICMS deve ser identificado, porém contabilizado em conta redutora da
Receita Bruta de Vendas, e em contrapartida na Conta do Passivo Circulante - Impostos
a Recolher - ICMS.

Para registrar contabilmente tais fatos, a empresa poderá utilizar contas como ICMS a
Recuperar - Ativo Circulante - e ICMS a Recolher - Passivo Circulante.

Na conta ICMS a Recuperar - Ativo Circulante -, deve ser registrado o ICMS pago nas aqui-
sições, enquanto na conta ICMS a Recolher deve ser registrado o ICMS sobre as vendas.
Nesse caso, ao final de cada mês de apuração, a conta detentora do menor saldo será
encerrada contra a outra, que passará a indicar o efetivo crédito da empresa ou débito a
ser recolhido à Fazenda. Importante destacar que o saldo apurado pela contabilidade deve
ser igual ao que consta do livro Registro de Apuração do ICMS. Outra maneira mais prática
de efetuar esse controle contábil consiste em utilizar uma única conta, por exemplo, Conta
Corrente ICMS.

E então, aluno(a), como está o seu aprendizado até


aqui? Vamos exemplificar a contabilização para
facilitar um pouco mais o seu entendimento. Vamos lá!

Exemplo: Empresa comercial, de mercadorias para posterior revenda. A Empresa Comercial


de Produtos Eletrônicos Liga-liga Ltda. tem como sua atividade a compra e venda de
aparelhos eletrônicos. Durante o último quadrimestre de 20Xl, suas compras e vendas de
mercadorias foram:

Passivo – Impostos Indiretos 161


Mês Valor das compras ICMS 18% Valor das vendas ICMS 18%
Setembro 400.000 72.000 500.000 90.000
Outubro 900.000 162.000 300.000 54.000
Novembro 700.000 126.000 800.000 144.000
Dezembro 320.000 57.600 900.000 162.000

Adaptado por: Edilamar Esteves

Escrituração fiscal - ICMS


Com base nesses números, a escrituração fiscal apontaria os seguintes saldos, supondo
a inexistência de saldos anteriores de ICMS:

Livro Fiscal - Demonstrativo do Saldo do ICMS - $


ICMS nas saídas ICMS nas Entradas
(vendas) Débito (compras) Crédito
Mês fiscal para a fiscal para a
Saldo do ICMS
Empresa Empresa
No mês Acumulado
Setembro 90.000 1
72.000 2
18.000 18.0003 devedor
Outubro 54.000 4
162.000 5
108.000 credor 108.000 6
credor
Novembro 144.0007 126.0008 18.000 devedor 90.0009 credor
Dezembro 162.000 10
57.600 11
104.400 devedor 14.400 12
devedor
1 Saldo no passivo circulante no mês. 7 Saldo no passivo circulante no mês.
2 Saldo no ativo circulante no mês. 8 Saldo no ativo circulante no mês.
3 Após a apuração débito x crédito, o saldo foi de 9 Após a apuração débito x crédito, o saldo foi de $
$18.000 no PC, ou seja, a empresa terá que pagar 90.000 no AC, ou seja, a empresa terá direitos a recu-
ao governo. perar com o governo.
4 Saldo no passivo circulante no mês. 10 Saldo no passivo circulante no mês.
5 Saldo no ativo circulante no mês. 11 Saldo no ativo circulante no mês.
6 Após a apuração débito x crédito, o saldo foi de 12 Após a apuração débito x crédito, o saldo foi de
$108.000 no AC, ou seja, a empresa terá direitos a $14.400 no PC, ou seja, a empresa terá que pagar ao
recuperar com o governo. governo.

É simples de entender! Vamos lá, então!

Primeiramente, é necessário entender os termos devedor e credor no demonstrativo (no


livro fiscal).

Para um saldo credor no livro fiscal de apuração de ICMS (sobre notas fiscais de Compra
de mercadorias), o governo reconhece que a empresa é sua credora mas a contabilidade
registra um ativo (de natureza devedora como um direito a favor da empresa).

Quanto ao saldo devedor no livro de apuração de ICMS (sobre notas fiscais de venda de
mercadorias), o governo reconhece que a empresa é sua devedora mas a contabilidade
registra um passivo (de natureza credora como uma dívida para com o governo).

Portanto, em termos contábeis notaremos que uma compra gerará um lançamento deve-
dor de impostos no ativo da empresa a recuperar e uma venda gerará um lançamento
credor de impostos no passivo da empresa a favor do governo.

O que percebemos nesse Demonstrativo do Saldo de ICMS ? Vejamos!

No mês de setembro, o saldo do ICMS foi desfavorável para a empresa, e houve necessi-
dade de ser recolhido aos cofres públicos o valor de $ 18.000.

Em outubro, o crédito supera o débito, resultando no saldo credor acumulado de $


108.000, que é transferido para o mês seguinte, e pode ser compensado com o ICMS
devido nas saídas dos períodos subsequentes.

162 Passivo – Impostos Indiretos


No mês de novembro, o saldo foi desfavorável em $ 18.000, ou seja, o total do ICMS das
vendas no mês superou o total do ICMS nas compras do mês. No entanto, como havia um
saldo favorável do mês anterior, de $ 108.000, a empresa não precisou recolher nenhum
valor, visto que continuava com saldo favorável em 30-11, agora no total de $ 90.000,
que poderá ser aproveitado em dezembro ou em outros meses subsequentes.

Em dezembro, o total do ICMS nas vendas foi superior em $ 104.400 ao ICMS nas compras.
No entanto, como havia um saldo favorável acumulado do mês anterior, de $ 90.000, a
empresa precisou recolher (pagar) apenas a diferença "desfavorável" de $ 14.400.

IPI - IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS


O IPI é imposto seletivo, em função da essencialidade do produto, não cumulativo, compen-
sando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores.

O imposto incide sobre os produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, ainda que


de alíquota zero, obedecidos as especificações e os termos constantes da Tabela de
Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), excluídos aqueles a que
corresponde a notação "NT" (não tributado).

O produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida como industrializa-


ção, mesmo incompleta, parcial ou intermediária, conforme definido em legislação vigente.

O que caracteriza a industrialização é qualquer operação que modifique a natureza, o


funcionamento, o acabamento ou a finalidade do produto, ou mesmo o aperfeiçoe para
consumo. Sendo irrelevantes para caracterizá-la o processo utilizado para obtenção do
produto, a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados.

As operações que caracterizam a industrialização são:

• as exercidas sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importes na obten-


ção de espécie nova (transformação);
• as que importem em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcio-
namento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento);
• as que consistam na reunião de produtos, peças ou partes, e de que resulte um
novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal
(montagem);
• as que importem em alterar a apresentação do produto, pela colocação da emba-
lagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada
se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou recondicio-
namento);
• as exercidas sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou
inutilizado, e assim renove ou restaure o produto para utilização (renovação).

Contribuinte- IPI
São contribuintes do IPI: o importador; o industrial; o estabelecimento equiparado a
industrial nos termos da lei; e os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou
remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras, o papel desti-
nado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançados pela imunidade
constitucional.

Alerta-se, porém, que o pagamento do imposto, além de ser feito pelo contribuinte, pode
ser feito pelo responsável ou pelo substituto tributário, nos termos e nos casos previstos
na legislação específica.

Passivo – Impostos Indiretos 163


Fato gerador da obrigação tributária - IPI
Tributo de competência Federal, tem como fato gerador a transformação, o beneficiamen-
to, o acondicionamento, a montagem, a renovação ou restauração e o recondicionamen-
to, além dos processos de importação e distribuição.

Para controle contábil dos valores, existem três livros fiscais: o Livro Fiscal de Saída, o de
Entrada e o de Apuração do IPI. Neles, estão as informações necessárias para apuração
do saldo do imposto. Na hipótese de haver saldo a recuperar e não a recolher, o valor
deverá ser reconhecido no ativo circulante – IPI a recuperar; caso contrário, o valor deverá
ser reconhecido no passivo circulante – IPI a recolher.

IMPORTANTE
Veja abaixo o resumo de algumas informações importantes sobre o IPI.
As operações incidentes do IPI são várias e suas alíquotas estão presentes na TIPI - Tabela
de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados.
• Competência: Federal;
• Apuração: Mensal (na maioria dos casos);
• Contribuinte: industrial ou aquele equiparado;
• Fato gerador: transformação, beneficiamento, acondicionamento, montagem, renova-
ção, a restauração, o recondicionamento, a importação e a distribuição;
• Alíquota: Conforme prevista na TIPI – Tabela de Incidência do IPI, depende do produto.

Base de cálculo- IPI


O IPI, via de regra, é calculado mediante aplicação das alíquotas, constantes da TIPI –
Tabela do IPI.

Há, entretanto, outras modalidades de cálculo do imposto, em que a alíquota é definida


por unidade monetária, como é o caso dos cigarros, das bebidas, dos sorvetes e dos
chocolates, que leva em consideração o tipo, o recipiente, o volume e o preço do produto.

Constitui-se valor tributável, para fins de incidência do IPI:

• Produtos de procedência estrangeira:


• o valor que serviu ou serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros,
por ocasião do despacho de importação;
• o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento equipa-
rado a industrial.
• Produtos nacionais:
• O valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial
ou equiparado a industrial.

Não Cumulatividade de IPI e ICMS


A Não cumulatividade, do IPI e do ICMS incide sobre as operações de uma empresa indus-
trial, que adquire matéria-prima, embalagem ou mesmo um subproduto para o processo
de industrialização.

164 Passivo – Impostos Indiretos


TOME NOTA
Nas indústrias, tanto o IPI como o ICMS não representam custo, pois serão recuperados
quando da venda de seus produtos. No entanto, as empresas comerciais, quando compram
das indústrias, pagam o IPI e o ICMS, mas somente o ICMS será recuperado por ocasião da
venda de suas mercadorias. O IPI representa um custo, pois a empresa não cobrará IPI de
seus clientes.

Para facilitar a compreensão desses cálculos, vamos aos exemplos:

A empresa Industrial Quifabrica Ltda adquire matéria-prima da empresa Industrial


Quevende Ltda. e paga por essa compra (aquisição) R$ 1.000,00. No preço de compra, a
empresa está pagando o valor do produto mais uma parte de impostos, IPI – 10% (inclu-
so); ICMS de 18%; PIS – 1,65% e COFINS – 7,6%, que estão embutidos no preço da
matéria-prima.

Quando a empresa Industrial Quifabrica Ltda vende o produto (mercadoria) e supondo


que esse valor seja de R$ 3.000,00, deverá recolher (individualmente em guia própria)
ao agente arrecadador (governo) um valor "x" referente aos impostos, considerando o
IPI – 10%, o ICMS – 18%, o PIS – 1,65% e a COFINS – 7,6%, com mesma alíquota de
tributação da compra – para fins de simplificação.
Impostos
Assim, o imposto não cumulativo significa que a empresa, quando adquire Os livros fiscais em que a empresa
a matéria-prima, tem o direito de compensar os valores pagos de tributos – mantém a escrituração fiscal, de
IPI, ICMS, PIS e COFINS, quando na venda do produto. Assim a empresa acordo com a legislação pertinente,
são utilizados para processar os
Industrial Quifabrica Ltda recolherá os impostos pela diferença de saldos, a
lançamentos contábeis - sistema
recuperar (ativo circulante) e a pagar (passivo circulante). integrado com o sistema contábil.
Mensalmente é feita a apuração dos
Vamos ao exemplo, então: valores de impostos a recuperar (conta
de ativo) e os valores de impostos a
Informações sobre a Compra pagar (conta de passivo), apurando-se
o saldo a apropriar no mês seguinte na
10% sobre a compra (incluso) conta de ativo circulante - imposto a
18% sobre a compra (sem o IPI) recuperar (quando o valor a recuperar
1,65% sobre a compra (sem o IPI) for maior que a recolher) ou na conta
7,60% sobre a compra (sem o IPI) do passivo circulante(quando o valor a
recolher for maior que o a recuperar.
Produzido por: Edilamar Esteves

Memórias de cálculo sobre o valor da compra


Valor da compra (IPI incluso) 1.000,00
IPI sobre a compra (10% incluso) 90,91
ICMS sobre a compra (18% sobre $909,09) 163,64
PIS sobre a compra (1,65% sobre 909,09) 15,00
COFINS sobre a compra (7,60 sobre 909,09) 69,09
Produzido por: Edilamar Esteves

O valor de $ 90,91 de IPI sobre a compra foi calculado da seguinte forma:


$ 1.000 ÷ 1,10 = $ 909,09
$ 909,90 x 10% (IPI)= $ 90,91

Informações sobre a Venda


10% sobre a venda (Incluso)
18% sobre a venda (sem o IPI)
1,65% sobre a venda (sem o IPI)
7,60% sobre a venda (sem o IPI)
Produzido por: Edilamar Esteves

Passivo – Impostos Indiretos 165


Memórias de cálculo sobre o valor da venda
Valor da venda 3.000,00
IPI sobre a venda (10% incluso) 272,73
ICMS sobre a venda (18% sobre $2.727,27) 490,91
PIS sobre a venda (1,65% sobre $ 2.727,27) 45,00
COFINS sobre a venda (7,60% sobre $ 2.727,27) 207,27
Produzido por: Edilamar Esteves

O valor de $ 272,63 de IPI sobre a compra foi calculado da seguinte forma:


$ 3.000 ÷ 1,10 = $ 2.727,27
$ 2.727,27 x 10% (IPI)= $ 272,73
Vamos agora apurar o saldo dos tributos: IPI, ICMS, PIS e COFINS á recolher?

Incidente sobre Incidente sobre Impostos a Impostos a


Impostos a compra de a venda de recolher recuperar
$1.000,00 $3.000,00 Em $ Em $
IPI 10% (incluso) 90,91 272,73 181,82 -
ICMS (18%) 163,64 490,91 327,27 -
PIS (1,65%) 15,00 45,00 30,00 -
COFINS (7,6%) 69,09 207,27 138,18 -

Adaptado por: Edilamar Esteves

IMPORTANTE
As empresas são contribuintes dos tributos de acordo com a atividade operacional, ou seja:
• Comércio: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS); PIS e COFINS;
• Serviços: imposto sobre prestação de serviços (ISSQN); PIS e COFINS;
• Indústria: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e imposto sobre
produtos industrializados (IPI), PIS e COFINS.

Tratamento Contábil
Agora que já aprendemos o conteúdo sobre impostos indiretos, e vimos a incidência
desses impostos sobre as compras e vendas, é importante então tratarmos aqui algumas
considerações sobre o registro desses fatos no Livro diário.

PELA COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS:


Quando a empresa adquire mercadoria para revenda (comércio) e a forma de tributação
do ICMS é o Débito versus Crédito, devem ser excluídos do custo de aquisição os tribu-
tos não cumulativos (ICMS, PIS e COFINS), ficando assim definido seu registro no Livro
Diário:

Pela compra de mercadorias


D – Estoque da mercadoria (AC) (pelo valor líquido)
D – ICMS a recuperar (AC)
D – PIS a recuperar (AC)
D – COFINS a recuperar (AC)
C – Caixa - Disponibilidades (AC) ou
C – Fornecedores (PC)

166 Passivo – Impostos Indiretos


E quando a empresa adquire mercadorias para revenda ou até mesmo matéria-prima,
produtos intermediários e embalagens (indústria) devem ser excluídos do custo de aqui-
sição os tributos não cumulativos (IPI, ICMS, PIS e COFINS). Estas compras quando
vendidas, serão tributadas pelo ICMS, PIS e COFINS (comércio) e IPI, ICMS, IPI e COFINS
(indústria). Para o exemplo de venda de mercadorias, teremos os seguintes registros no
Livro Diário:

Pela venda de mercadorias


D – Caixa - Disponibilidades (AC) ou
D – Clientes (Duplicata a Receber) (AC)
C – Receita Bruta de vendas (ARE)

Pela Provisão dos tributos incidentes sobre a venda


D – ICMS sobre venda (ARE)
C – ICMS a recolher (PC)
D – PIS sobre vendas (ARE)
C – PIS a recolher (PC)
D – COFINS sobre vendas (ARE)
C – COFINS a recolher (PC)

Pela baixa no estoque


D – CMV Custo da Mercadoria Vendida (ARE)
C – Estoque das mercadorias (AC)

PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS:


Quando a empresa prestadora de serviços presta serviços, ela deve reconhecer a presta-
ção de serviços e seus respectivos impostos da seguinte forma no Livro Diário:

Pela venda de serviços


D – Caixa - Disponibilidades (AC) ou
D – Clientes (Duplicata a Receber) (AC)
C – Receitas de Serviços Prestados (ARE)

Pela Provisão dos tributos incidentes sobre Serviços


D – ISSQN sobre Receita Serviços (ARE)
C – ISSQN a recolher (PC)
D – PIS sobre vendas (ARE)
C – PIS a recolher (PC)
D – COFINS sobre vendas (ARE)
C – COFINS a recolher (PC)

Passivo – Impostos Indiretos 167


Síntese
Neste módulo, você conheceu os impostos indiretos que incidem sobre compras e vendas
de mercadorias e serviços, como IPI, ICMS, ISS, PIS, COFINS. Em decorrência dessa
abordagem, conheceu também os motivos pelos quais os impostos IPI, ICMS, PIS e
COFINS são considerados impostos não cumulativos. Conheceu os procedimentos contá-
beis para a compensação dos impostos sobre a compra em relação aos impostos sobre a
venda, ou seja, impostos a recuperar no ativo são compensados com impostos a recolher
no passivo. Aprendeu que, para que não ocorra o que chamamos de “bitributação”, os
impostos ICMS, PIS, COFINS incidem sobre o valor da mercadoria sem o IPI.

Referências
BRASIL. Portal da Legislação – Leis Complementares – Lei Complementar 116. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp116.htm. Acesso em 10. out. 2014.

BRASIL. Portal da Legislação – Leis Complementares – Lei Complementar 87. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm. Acesso em 10. out. 2014.

IUDÍCIBUS, Sérgio (Coord.). FIPECAFI - Manual de Contabilidade por Ações (aplicável às


demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

168
Contabilidade
Geral

Passivo - Tributos Diretos,


Empréstimos e Financiamentos

PASSIVO - TRIBUTOS
DIRETOS, EMPRÉSTIMOS
E FINANCIAMENTOS
APRESENTAÇÃO

A proposta deste módulo é trabalharmos com os impostos diretos que incidirão sobre
o lucro apurado no período: Imposto de Renda e Contribuição Social. A partir desse
conteúdo, é oportuno tratarmos das formas de enquadramento fiscal na Receita Federal
(Lucro Real, Presumido e Simples Nacional). E finalmente, você conhecerá outras obrigações
registradas no Passivo Circulante, e alguns fatos classificados no Passivo Não Circulante
tais como empréstimos, financiamentos de longo prazo e debêntures.
Vamos então ao conteúdo proposto?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Compreender que sobre o lucro apurado na empresa, incidirão os impostos diretos: imposto
de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL).
• Entender que o período de apuração do resultado e a alíquota para os impostos diretos estão
relacionados à forma de enquadramento fiscal para a qual a empresa fez a opção (Lucro
Real, Presumido, Arbitrado e Simples Nacional).
• Conhecer empréstimos e financiamentos de longo prazo e emissão de debêntures.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


PASSIVO - TRIBUTOS DIRETOS,
EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS

Introdução
A empresa apura resultados (lucro ou prejuízo) em intervalos de tempo (mensal, trimes-
tral ou anual). Quando o resultado for positivo, uma parte desse valor será destinada
para o pagamento de Tributos, ou seja, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ1 e a
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL.
Pela legislação tributária em vigor, a empresa poderá recolher o IR e a CSLL de acordo
com as formas de tributação: Lucro Real, Lucro\Presumido, Simples Nacional e Lucro
Arbitrado, de acordo com a legislação do IR (RIR - 99).
É importante ressaltar que, quando a empresa opta por apurar o resultado levando em
consideração a atividade de exploração econômica e valor de faturamento, é preciso
observar atentamente as metodologias distintas.

LUCRO REAL
A expressão lucro real significa o próprio lucro tributável para fins da legislação do impos-
to de renda, distinto do lucro líquido apurado contabilmente.
De acordo com o art. 247 do RIR/19992, "lucro real é o lucro líquido do período de apura-
ção ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela
legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido
de cada período de apuração com observância das leis comerciais".
Resumidamente, lucro real é um sistema de apuração do IR e da CSLL em que a empresa
apura e paga o imposto sobre o lucro chamado tributado ou real (lucro fiscal). A base
inicial de cálculo é o resultado apurado pela empresa – ARE, ajustado pelas adições,
exclusões e ou compensações permitidas pela legislação do IR, que são escrituradas no
LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real).
Trata-se de livro de escrituração obrigatória para todas as pessoas jurídicas que apuram
o IRPJ com base no lucro real. Este livro é subdividido em partes "A" e "B", e a primeira,
parte "A", é reservada à apuração e demonstração do lucro real e a segunda, parte "B",
para controle de valores que devam influenciar o lucro real de outros períodos, tais como
prejuízos a compensar, entre outros.
Conforme RIR/1999, art 262 e 263, no LALUR, a pessoa jurídica deverá:

I - lançar os ajustes do lucro líquido do período de apuração;


II - transcrever a demonstração do lucro real;
III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de
apuração subsequentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada
incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais
valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração
futuros e não constem da escrituração comercial;

IV - manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das
deduções nos períodos de apuração subsequentes dos dispêndios previstos na legislação.

1 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/Livro2.htm
2 http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/Livro2.htm

Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos 171


O LALUR poderá ser escriturado mediante a utilização de sistema eletrônico de proces-
samento de dados..."

Os ajustes que a empresa deverá fazer para então calcular o lucro real são as adições, exclu-
sões e compensações lançadas no LALUR. Vejamos mais detalhadamente cada uma delas!

Adições
De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda, o lucro real será determinado a
partir do lucro líquido do período de apuração do resultado, obtido na escrituração comer-
cial (antes da provisão para o imposto de renda) e demonstrado no Lalur, observando-se
que:

Segundo o RIR/1999, art, 249, serão adicionados ao lucro líquido os custos, despesas,
encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apura-
ção do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na
determinação do lucro real (exemplo: resultados negativos de equivalência patrimonial,
custos e despesas não dedutíveis);

1. Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apura-


ção do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser computados
na determinação do lucro real (exemplo: ajustes decorrentes da aplicação dos métodos
dos preços de transferência, lucros auferidos por controladas e coligadas domiciliadas
no exterior);

2. Portanto, adições são valores que a empresa considerou como despesas e que, para efei-
to de pagamento de Imposto de Renda, não podem ser dedutíveis, como por exemplo:
multa de trânsito, alimentação de diretores, brindes, o excesso de retirada pró-labore dos
sócios, etc.

Exclusões
De acordo com o Regulamento do Imp. de Renda (RIR/1999, art. 250) poderão ser exclu-
ídos do lucro líquido:

a. os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido
computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo: deprecia-
ção acelerada incentivada);

b. os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração


do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados no
lucro real (exemplo: resultados positivos de equivalência patrimonial, dividendos).

Portanto, exclusão são os valores que a empresa não considerou como despesas ou que
tenham sido reconhecidos como receita e que podem ser excluídos da base de cálculo do
imposto a pagar, como por exemplo: a receita proveniente de equivalência patrimonial,
os lucros apurados em atividades incentivadas, a compensação de prejuízos de períodos
anteriores, entre outros.

Compensações
De acordo com a Legislação do Imposto de Renda, poderão ser compensados, total ou
parcialmente, à opção do contribuinte, os prejuízos fiscais de períodos de apuração anterio-
res, desde que observado o limite máximo de 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajusta-
do pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. O prejuízo compensável é o
apurado na demonstração do lucro real de períodos anteriores e registrado no Lalur (parte B).

172 Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos


Notas
O montante positivo do lucro real, base para compensação de prejuízos fiscais de perío-
dos de apuração anteriores, poderá ser determinado, também, a partir de prejuízo líquido
do próprio período de apuração constante da escrituração comercial.

Lucro presumido
A pessoa jurídica, que tenha auferido receita bruta de até R$ 48.000.000,00, no ano
imediatamente anterior, poderá adotar essa forma de apuração do imposto, devendo este
imposto ser apurado em períodos trimestrais. O lucro presumido será o montante deter-
minado pela soma das seguintes parcelas:

a. O valor resultante da aplicação dos percentuais sobre a receita bruta. Vide o quadro abaixo:

LUCRO ESTIMADO: PERCENTUAIS APLICÁVEIS SOBRE A


RECEITA BRUTA (A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 96)3

Atividades e percentual de aplicação do Imposto de Renda - Lucro Presumido


Atividades Percentual
Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carbu-
1,60%
rante e gás natural
Venda de produtos de fabricação 8%
Venda de mercadorias adquiridas para revenda 8%
Industrialização de produtos em que a matéria-prima, o produto intermediário
e o material de embalagem tenham sido fomecidos por quem encomendou a 8%
industrialização
Atividade rural 8%
Serviços hospitalares 8% Serviços de transporte de cargas 8%
Outras atividades não caracterizadas como prestação de serviços 8%
Demais serviços de transporte 16%
Serviços (exceto hospitalares, de transporte e de sociedades civis de profissões
regulamentadas) prestados com exclusividade por empresas com receita bruta anual 16%
não superior a R$ 120.000,00 (*)
Prestação de serviços cuja receita remunere essencialmente o exercício pessoal, por
parte dos sócios, de profissões que dependam de habilidade profissional legalmente
32%
exigida, ainda que sejam utilizados, na prestação dos serviços, auxiliares não habili-
tados legalmente
Serviços de intermediação de negócios (**) 32%
Serviços de administração, locação ou cessão de bens imóveis. móveis e direitos de
32%
qualquer natureza
Construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra 32%
Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológi-
ca, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a rece-
32%
ber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (faturem)
Prestação de qualquer outra espécie de serviço não mencionada anteriormente 32%
Fonte: Autoria: Profª Rosa Maria Abreu Barros
Adaptado por: Profª Edilamar P. A. Esteves

No caso da pessoa jurídica exercer atividades diversificadas, deverá ser aplicado sobre o
valor total da receita trimestral de cada atividade o percentual correspondente à respec-
tiva atividade.
3 http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2000/orientacoes/determinacaolucropresumido.
htm#percentuais

Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos 173


b. Os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações finan-
ceiras, as demais receitas e os demais resultados positivos, conforme estabelecido em
lei específica.

Veja um pouco mais, em perguntas e respostas sobre


lucro presumido, especialmente a pergunta 5301.

1 http://tinyurl.com/mtqg6wn

A partir do cálculo da base estimada, o imposto de renda e a contribuição social sobre o


lucro será calculado, aplicando-se sobre a base o percentual de 15% – IR ; adicional de
IR – se houver e 9% de CSLL.

A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multi-
plicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período
de apuração, sujeita-se ainda à incidência de um adicional de imposto, a alíquota de 10%
(dez por cento), aplicada sobre este excedente.

No caso de apuração mensal do imposto por estimativa, o adicional do IRPJ será calculado
sobre a parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00
(vinte mil reais). Este adicional do IRPJ deve ser pago juntamente com o imposto apura-
do, sendo parte integrante do valor devido no respectivo período de apuração, não sendo
permitidas quaisquer deduções sobre o valor apurado.

Exemplo:

A Comercial Vamos Que Vamos, optante pelo regime de tributação pelo lucro presu-
mido, apresentou, no primeiro trimestre de 2009, os seguintes dados de suas receitas
operacionais:

Dados Levantados para o Exemplo


Venda bruta de mercadorias R$ 380.000
Descontos incondicionais concedidos R$ 2.200
Devolução de vendas R$ 5.000
Receitas Financeiras R$ 55.000

Para encontrarmos a base de cálculo do IR e da CSLL s/ faturamento, devemos subtrair do


valor das vendas brutas de mercadorias os descontos incondicionais concedidos e a devo-
lução de vendas obtendo como base tributável das vendas o valor de R$ 373.000,00,
conforme a seguir:

Memória de Cálculo
Venda bruta de mercadorias R$ 380.000,00
Descontos incondicionais concedidos R$ 2.000,00
Devolução de vendas R$ 5.000,00
Base Tributável das Vendas R$ 373.000,00

Sobre este valor, R$ 373.000,00, é aplicado um percentual referente à atividade do


comércio. Sendo este percentual de 8% (veja a tabela LUCRO ESTIMADO: PERCENTUAIS
APLICÁVEIS SOBRE A RECEITA BRUTA), teremos então como Imposto de Renda (incluin-
do o adicional de 10%) o valor total de R$ 15.210,00, conforme a memória de cálculo a
seguir:

174 Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos


Memória de Cálculo do IRPJ
8% sobre a Base Tributável das Vendas = R$ 29.840,00
+ Receitas Financeiras R$ 55.000,00
Base de Cálculo do Imposto de Renda R$ 84.840,00
15% Imposto Renda Presumido R$ 12 726,00
10% de adicional de Imposto Renda
($ 84.840,00 (-) o Lucro que excedeu a $ 60.000,00 no trimestre)
($ 84.840,00 - $ 60.000,00) x 10% = R$ 2.484,00
Imposto de Renda Total R$ 12.726,00 + R$ 2.484,00 = R$ 15.210,00

Portanto, R$ 29.840,00 representa a base tributável do comércio que será somada ao


valor da receita financeira de R$ 55.000,00, resultando em uma base tributável de R$
84.840,00 que será tributada em 15% (alíquota do IR) mais 10% de adicional de IR.

IMPORTANTE
Entendendo o adicional de 10% do Imposto de Renda
A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multipli-
cação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de
apuração, sujeita-se ainda à incidência de um adicional de imposto, a alíquota de 10% (dez
por cento), aplicada sobre este excedente.
No caso de apuração mensal do imposto por estimativa, o adicional do IRPJ será calculado
sobre a parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00
(vinte mil reais). Este adicional do IRPJ deve ser pago juntamente com o imposto apurado,
sendo parte integrante do valor devido no respectivo período de apuração, não sendo permi-
tidas quaisquer deduções sobre o valor apurado.

Continuando a analisar o exemplo...

Já a Contribuição Social sobre Lucro será calculada utilizando a alíquota de 12% sobre R$
373.000,00, resultando em uma base tributável da atividade comercial de R$ 44.760,00.
Essa base será somada ao valor da receita financeira de R$ 55.000,00, resultando em
uma base tributável de R$ 99.760,00 que será tributada em 9%, apurando o valor de R$
8.978,40 como o total de CSLL do trimestre, conforme demonstrado a seguir:

Memória de Cálculo da Contribuição Sobre o Lucro


12% sobre a Base tributável das Vendas R$ 44760,00
+ Receitas Financeiras R$ 55.000,00
Base de Cálculo da Contribuição Social R$ 99.760,00
9% Contribuição Sobre o Lucro Presumido
Contribuição Social Sobre o Lucro R$8.978,40

No final do mês de março (fim do 1º trimestre), a empresa terá contabilizado:

Imposto de Renda no 12 trimestre de 2009


Débito Crédito
D – Despesa com Imposto de Renda (ARE) 15.210,00
C – Imposto de Renda a Pagar (PC) 15.210,00
Contribuição Social no 12 trimestre de 2009
Débito Crédito
D – Despesa com Contribuição Social (ARE) 8.978,40
C – Contribuição Social a Pagar (PC) 8.978,40

Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos 175


Outras formas de tributação
Estamos tratando neste módulo de conhecimentos voltados para as operações que envol-
vem o grupo do passivo, como é o caso dos impostos indiretos, não é mesmo? Mas exis-
tem outras formas de enquadramento e tributação em que ocorre a incidência do imposto
de renda e da contribuição social, cuja forma de apuração é diferenciada. Vejamos!

Você conhece o Simples Nacional?

SIMPLES NACIONAL
Segundo a Receita Federal, o Simples Nacional é:

“um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável


às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei Complementar nº 123,
de 14 de dezembro de 2006.

Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e


Municípios).

É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios.

Para o ingresso no Simples Nacional, é necessário o cumprimento das seguintes condições:

• enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte;


• cumprir os requisitos previstos na legislação; e
• formalizar a opção pelo Simples Nacional.

Características principais do Regime do Simples Nacional:

• ser facultativo;
• ser irretratável para todo o ano-calendário;
• abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a
Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da
pessoa jurídica (CPP);
• recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação -
DAS;
• disponibilização às ME/EPP de sistema eletrônico para a realização do cálculo do
valor mensal devido, geração do DAS e, a partir de janeiro de 2012, para constitui-
ção do crédito tributário;
• apresentação de declaração única e simplificada de informações socioeconômicas
e fiscais;
• prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele em que
houver sido auferida a receita bruta;
• possibilidade de os Estados adotarem sublimites para EPP em função da respectiva
participação no PIB. Os estabelecimentos localizados nesses Estados cuja receita
bruta total extrapolar o respectivo sublimite deverão recolher o ICMS e o ISS direta-
mente ao Estado ou ao Município.”

176 Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos


Podemos citar, como exemplo, uma empresa comercial que está sujeita ao pagamento do
imposto simples, conforme tabela a seguir:

Aliquotas e Partilha do Simples Nacional - Comércio


Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS
Até 180.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25%
De 180.000,01 a 360.000.00 5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86%
De 360.000,01 a 540.000,00 6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33%
De 540.000,01 a 720.000.00 7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2.56%
De 720.000,01 a 900.000,00 7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58%
De 900.000.01 a 1.080.000.00 8,28% 0,38% 0,38% 1.15% 0,27% 3,28% 2,82%
De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84%
De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87%
De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07%
De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%
De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 9,95% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%
De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 10,04% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41%
De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45%
De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48%
De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51%
De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 11,23% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82%
De 2.880.000,01 a 3.060.000.00 11,32% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85%
De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 11,42% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88%
De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 11,51% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91%
De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 11,61% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95%
Legenda:
IRPJ – Imposto de Renda
CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro
COFINS – Contribuição Para Financiamento da Seguridade Social
PIS – Programa de Integração Social
ICMS – Imposto sobre circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação

Autoria: Profª Edilamar P. A. Esteves


Fonte: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/simples-nacional-anexoI.html

Nesta forma de tributação, simplificada, percebemos que o imposto de renda e a contri-


buição social estão, assim como outros impostos (ICMS, PIS, COFINS e CPP), inclusos
numa mesma alíquota atribuída a uma faixa progressiva de faturamento para as empresas
enquadradas no simples.

LUCRO ARBITRADO
Essa é uma forma de tributação, na sua maioria, classificada como punitiva, tendo em
vista que é a mais onerosa das formas de tributação.

O lucro poderá ser arbitrado pelo contribuinte e pelo fisco quando a empresa não apre-
senta condições de apuração pelo lucro real, nem pelo lucro presumido. Em caso de não
apresentação de documentos hábeis ou mesmo da receita tributável, fica a critério da
autoridade tributária aplicar o percentual do imposto sobre o patrimônio líquido ou sobre
o total do ativo da empresa.

A apuração com base no lucro arbitrado abrangerá todo o ano-calendário, assegurada a


tributação com base no lucro real ou presumido relativo aos trimestres não submetidos
ao arbitramento.

A pessoa jurídica somente poderá arbitrar o lucro, para fins de determinação do imposto
quando conhecida a receita bruta, desde que ocorridas hipóteses previstas em lei. Trata-se
de um sistema de apuração do lucro de maneira simplificada em que a empresa calcula o
imposto a pagar baseando-se no faturamento do período.

Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos 177


ATENÇÃO
Independentemente da forma de apuração do lucro, é necessário verificar qual é a atividade,
tamanho, faturamento da empresa, como também as peculiaridades de cada setor da econo-
mia, para então saber qual a melhor forma de enquadramento fiscal e a base correta para
aplicação da alíquota do imposto a pagar.

EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Empréstimos e financiamentos são as obrigações advindas de recursos finan-
Empréstimos
ceiros tomados em instituições financeiras, quer para financiamento de capi- os empréstimos são as concessões
tal de giro ou aquisição de algum ativo - obrigações resultantes de compra a de crédito em espécie (dinheiro),
prazo de bens para compor o ativo imobilizado da empresa. sem necessariamente uma
vinculação específica.
Contratualmente, os empréstimos e financiamentos definem valor, forma e
Financiamentos
data de liberação das parcelas, finalidade dos recursos, cláusulas de paga- os financiamentos são as concessões
mento em moeda estrangeira, encargos incidentes, garantias, entre outras de crédito vinculado especificamente
questões. &agrave; aquisição de determinado
bem, podendo ter a intervenção
Os registros das obrigações passivas devem ser reconhecidos pelo regime da instituição financeira ou serem
feitos diretamente pelo fornecedor.
de competência; quando incorridos, conhecidos e calculáveis, deverão ser
registrados por meio de provisão.

Os passivos financeiros mais comuns são os financiamentos bancários, definidos por emprés-
timos obtidos em instituições financeiras com prazo normalmente menor que 12 meses.

Por exemplo, a Cia. BEMBOLADA, em 30-06-2008, efetua um empréstimo bancário para


capital de giro e assina uma nota promissória no valor de $ 15.000, 00 com vencimento
para 31-07-2008. O valor líquido da transação foi de $ 12.600,00, sendo que a diferença
de $ 2.400,00 refere-se a juros de $ 2.000,00 e taxas de $ 400,00 (IOF e abertura de
cadastro).

Vamos à contabilização:
Débito Crédito
D – Bancos Conta Movimento (AC) 12.600,00
D – Despesa com Juros (ARE) 2.000,00
D – Despesa com IOF (ARE) 400,00
C – Imposto de Renda a Pagar (PC) 15.000,00

Algumas observações são pertinentes à conta de empréstimos e financiamentos. São


elas:

• necessidade da separação de empréstimos e financiamentos (moeda


estrangeira e nacional) para facilitar controle e atualização pela
variação cambial;
• apresentação nas demonstrações financeiras e divulgação em
notas explicativas devem refletir todas as cláusulas contratuais
e condições que afetam a análise e interpretação do usuário da
informação contábil.

178
SAIBA MAIS
Nas notas explicativas, as contas contábeis, saldos, valores, operações ou fatos são deta-
lhadamente apontados para entendimento da situação patrimonial da empresa no passado,
possibilitando um melhor acompanhamento das situações futuras.

O registro contábil da conta empréstimo ocorre em um dos seguintes momentos:

• quando do recebimento dos recursos pela empresa, que, na maioria das vezes, coin-
cide com a data do contrato;
• quando o valor total é liberado em várias parcelas, o registro no passivo deve ser a
medida do recebimento das parcelas, ou seja, não se deve reconhecer um passivo
cuja contrapartida ainda não se tenha recebido;
• podem-se controlar empréstimos em conta de compensação (conta de controle),
que representariam os contratos assinados, mas ainda não liberados, informação
esta útil para inclusão na nota explicativa.

CONTAS A PAGAR
O Contas a pagar é um subgrupo do passivo circulante, no qual registramos as obrigações
para com terceiros. Demonstra os passivos da entidade que foram assumidos e originaram
aplicações no Ativo ou mesmo uma despesa incorrida.

Exemplos: conta de água e luz.

OUTRAS OBRIGAÇÕES
Registramos os passivos que não possuem exatidão na classificação, mas que deverão
ser liquidados no curto prazo.

Exemplos: Adiantamento de clientes, Diferimento de Imposto de Renda e Contribuição


Social.

PROVISÕES
As provisões, sejam do ativo ou do passivo, representam valores que dependem de fatos
ainda não concretizados, mas que, devido aos princípios da oportunidade, competência e,
principalmente, ao princípio da prudência, devem ser contabilizadas.

Sintetizando, as provisões são determinadas com base em estimativas que envolvam


incertezas de grau variável.

As provisões do passivo não são contas retificadoras e sim contas representativas de


obrigações.

As contas que representam as provisões do passivo mais conhecidas são:

• provisão para Imposto de Renda;


• provisão para Contribuição Social sobre o Lucro;
• provisão para 13° salário e encargos sociais;
• provisão para férias e encargos sociais;
• gratificações e participações a empregados;

Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos 179


• gratificações e participações a administradores e partes beneficiárias;
• provisão para contingências;
• provisão para riscos fiscais e outros passivos.

Percebemos então que, no passivo circulante


e no passivo não circulante, deverão ser
registradas todas as obrigações, encargos
e riscos, conhecidos e calculáveis.

Diante dessa consideração, as provisões são, via de regra, encargos e riscos já conheci-
dos, com valores calculáveis por meio de estimativas e, portanto, deverão ser reconheci-
das como passivos.

Algumas provisões são compostas por obrigações definidas e normalmente suportadas


por documentação que explica seu valor e data de pagamento. Outros passivos precisam
ser registrados, porém não possuem data fixada de pagamento ou não expressam exata-
mente seus valores. Constituem também as provisões.

Passivo Não Circulante


No passivo não circulante, serão registrados os compromissos assumidos pela empresa
que terão vencimentos após o término do exercício social seguinte ao da apuração do
exercício.

As contas representativas (exceto fornecedores e salários a pagar) são praticamente as


mesmas do passivo circulante, sendo classificadas em tal grupo exatamente pelo prazo
futuro do pagamento (longo prazo).

As mais comuns são as contas que representam captações de recursos a longo prazo em
instituições financeiras e mercado de capitais.

EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Geralmente, as empresas registram as obrigações com empréstimos e financiamentos
segregados entre valores de passivo circulante e passivo não circulante. É muito comum
a conta de empréstimos e financiamentos aparecer no passivo não circulante. As regras
de contabilização e reconhecimento dependem do prazo de vencimento das obrigações,
já apresentadas no passivo circulante; isso devido ao fato de maior transparência e apre-
sentação das informações contábeis aos usuários.

Os juros e comissões sobre operações com financiamentos e empréstimos serão registra-


dos pelo regime de competência, e portanto independem da data de pagamento.

DEBÊNTURES
As debêntures são títulos normalmente de longo prazo emitidos pelas empresas com
garantia de certas propriedades, bens ou aval do emitente, quando as empresas necessi-
tam de recursos financeiros para a aquisição de imobilizado, elevação do seu capital de
giro ou mesmo para saldar seus compromissos de curto e longo prazo.

180 Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos


Essas necessidades podem ser vistas como uma forma de decisão agressiva para ganhar
uma maior fatia do mercado ou mesmo para sobreviver, diante das contínuas alterações
na economia mundial.

Várias são as formas existentes para as empresas captarem recursos para suprir suas
necessidades. As formas mais utilizadas podem-se generalizar em duas: a primeira via
aumento de capital, o que nem sempre é possível ou vantajoso; a segunda e talvez a mais
viável, seria emitir títulos de crédito, na forma de empréstimos, ao público que detém tais
recursos de poupança. Em troca, a empresa oferece vantagens e garantias para esses
empréstimos – ou seja, debêntures.

Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas como capital social constituí-
do sob a forma de ações. O objetivo é a captação de recursos financeiros em forma de
empréstimos ao público poupador, visando financiar novos projetos e mesmo suas ativi-
dades, oferecendo uma remuneração e dando certas garantias. São títulos nominativos
e normalmente são emitidos para resgate no longo prazo. Sua utilização pelas empresas
emitentes é vista como uma forma de fugir dos altos juros do mercado financeiro, tentan-
do proporcionar à empresa emitente mais incremento no ativo (em forma de aplicações)
e conseguindo, por consequência, melhores retornos.

As debêntures normalmente concedem juros fixos ou variáveis pagos periodicamen-


te, e ainda podem conceder participação nos lucros da empresa, bem como prêmio de
reembolso.

ATENÇÃO
Quanto à forma de circulação, as debêntures podem ser classificadas em nominativas e
escriturais.
Quanto à espécie das garantias, as debêntures podem ser:
• com garantia real sobre os bens específicos da transação;
• com garantia flutuante sobre os bens totais da companhia;
• quirografárias ou sem garantia: não oferecem nenhuma garantia real do ativo da compa-
nhia, portanto não gozam de preferência entre os credores da sociedade;
• subordinadas: são debêntures sem garantia, porém, quanto à liquidação ou pagamento
de juros, suas reivindicações precisam ser satisfeitas, antes dos acionistas comuns e
preferenciais.

A emissão de debêntures a longo prazo com cláusula de repactuação (renegociação do


título no futuro) será classificada no Passivo Não Circulante, exceto quando a empresa
tiver a intenção de amortizá-la na data da repactuação.

Quando os títulos puderem ser readquiridos pela empresa emissora das debêntures,
devem ser classificados como uma conta redutora das exigibilidades, enquanto não reco-
locadas no mercado.

As despesas incorridas na emissão, nos custos de distribuição e comissões sobre as


debêntures emitidas e colocadas no mercado, serão contabilizadas no Ativo como
Despesas Antecipadas, sendo apropriadas ao resultado proporcionalmente ao prazo de
vencimento das debêntures.

Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos 181


Pense rápido e responda: Seria adequada, a
contabilização integral de despesas incorridas
para emissão de debênture, na conta de resultado
do exercício no qual foram realizadas?

A resposta correta para este questionamento é que não seria adequada esta situação.
Pelo Princípio da Competência, as despesas incorridas na emissão, nos custos de distri-
buição e comissões sobre as debêntures emitidas e colocadas no mercado devem ser
contabilizadas no Ativo como Despesas Antecipadas, sendo apropriadas ao resultado
proporcionalmente ao prazo de vencimento das debêntures.

Quanto ao deságio na emissão das debêntures, deve tal valor ser registrado Deságio
como conta retificadora da conta Debênture no passivo e despesa financeira Valor contábil maior que
pelo prazo de vigência da debênture. o valor do mercado.

Quanto ao ágio ou prêmio na emissão das debêntures, o tratamento será seme- Ágio ou prêmio
Valor contábil menor que
lhante ao deságio, lançando o valor do ágio em receitas, e na sua origem
o valor do mercado.
como Resultado de Exercícios Futuros, na conta Receita a Apropriar.

182 Passivo - Tributos Diretos, Empréstimos e Financiamentos


Síntese
Neste módulo, estudamos algumas formas de enquadramento fiscal na receita federal,
como Lucro Real e Presumido, e compreendemos como são apurados e provisionados os
impostos indiretos, tais como o Imposto de Renda e a Contribuição Social Sobre o Lucro,
segundo essas formas de enquadramento.

Definimos as características do passivo circulante e do passivo não circulante, conhe-


cendo as contas contábeis, para que possam ser classificadas e contabilizadas, de forma
a identificar e mensurar o volume de obrigações que a entidade tem para com tercei-
ros, obrigações estas relacionadas a fornecedores, governos, bancos, financeiras, entre
outras. E deverão ser listadas no Passivo por ordem de exigibilidade.

Referências
BRASIL. Receita Federal. Lucro Presumido. Disponível em: http://www.receita.fazenda.
gov.br/Legislacao/rir/default.htm. Acesso em: 20. fev. 09

BRASIL. Receita Federal. Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: http://www.


receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/default.htm. Acesso em: 20. fev. 09

IUDÍCIBUS, Sérgio (Coord.). FIPECAFI - Manual de Contabilidade por Ações (aplicável às


demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NEVES, Silvério das; VICECONTI, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo:
Frase Editora, 2004.

OLIVEIRA, Luis Martins, et al. Manual de Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2007.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

183
Contabilidade
Geral

Patrimônio
Líquido

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
APRESENTAÇÃO

N este módulo, vamos estudar o patrimônio líquido, onde estão localizadas as origens de
,recursos próprios pertencentes aos sócios ou acionistas. Neste grupo evidenciamos
a riqueza líquida da empresa. Considerado um passivo não exigível, o Patrimônio Líquido é
subdividido em capital social, reservas de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reservas
de lucros, ações em tesouraria e lucros e prejuízos acumulados – representando a riqueza
líquida da empresa.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conceituar patrimônio líquido.
• Classificar as contas que compõem o patrimônio líquido.
• Conhecer os subgrupos que compõem o patrimônio líquido.
• Calcular o patrimônio líquido por meio da fórmula da equação básica.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Introdução
O patrimônio líquido representa o volume dos recursos da empresa que pertencem a seus
proprietários (sócios ou acionistas). Representa a identidade contábil medida pela diferen-
ça entre o total do ativo menos os grupos do passivo.

Conceitualmente, conforme letra (c) do Capítulo 4, item 4.4 do CPC - Pronunciamento


Conceitual Básico (R1)1, Patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade
depois de deduzidos todos os seus passivos.

No balanço patrimonial, o PL é apurado pela diferença entre o valor dos ativos e dos passi-
vos circulantes mais passivos não circulantes, ou seja, nada mais é do que a utilização da
equação básica patrimonial.

Em outras palavras, no balanço patrimonial, a diferença entre o valor dos ativos e dos
passivos representa o patrimônio líquido, ou seja, o valor contábil pertencente aos acio-
nistas ou sócios.

Mas, voltemos à divisão do patrimônio líquido:

• capital social;
• reservas de capital;
• ajuste de avaliação patrimonial;
• ações em tesouraria;
• lucros ou prejuízos acumulados.

A partir das alterações introduzidas pela lei 11.638/07 e lei 11941/09 na Lei 6.404/762,foram
suprimidas do patrimônio líquido as reservas de reavaliação, reservas de prêmios por
emissão de debêntures, reservas de doações e reservas de subvenções para investimento.

Podemos ainda nos deparar com algumas publicações, demonstrativos contábeis, apresen-
tando saldo destas contas - reservas de reavaliação, de prêmios por emissão de debêntures
e por doações e subvenções para investimento, mas que deverão ter destinações futuras.

Agora, para termos mais clareza e entendimento


sobre o Patrimônio Líquido, vamos começar a verificar
os conceitos contábeis de cada subdivisão?

Capital Social
Representa os valores investidos pelos sócios ou acionistas na entidade; ou ainda os
valores gerados pela própria entidade, em forma de lucros, que não foram distribuídos, e
foram destinados posteriormente para aumento do capital.

1 http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf
2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2007/lei/l11638.htm

Patrimônio Líquido 187


Segundo o artigo 182 da Lei 6404/76, a conta capital social será registrada pelo valor
efetivamente integralizado pelos sócios, ou seja, o valor que a empresa obteve efetiva-
mente pela entrada dos recursos em dinheiro ou em bens.

A parcela do valor prometido e ainda não efetivamente integralizado será registrado em


conta específica redutora do Patrimônio Líquido, denominada capital a integralizar.

Quando tratamos de sociedades limitadas, o capital social é dividido em quotas, enquan-


to que, nas sociedades anônimas, o capital está dividido em ações, e será registrado no
capital social somente o valor nominal dessas ações. Quando houver a figura do ágio, ou
seja, a diferença entre o valor pago pelos acionistas e o valor nominal das ações, este
será registrado na conta de reservas de capital, conta específica de Reserva de ágio na
Emissão de Ações.

CAPITAL REALIZADO
É o saldo que efetivamente foi integralizado pelos acionistas, sob forma de dinheiro ou
outro valor monetário (bens, terrenos, etc.).

Conforme vimos no item anterior, "a conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada". ou seja, o resultado da subtração
destes valores será o saldo do capital realizado.

Você consegue apresentar as contabilizações que estão envolvidas nessa transação?

Vejamos este fato, passo a passo.

1° passo: Contabilização da subscrição de capital pelos acionistas/quotistas:


Débito Crédito
D - (–) Capital a Integralizar (PL) 300.000,00
C - Capital Subscrito (PL) 300.000,00

A Subscrição de capital é o compromisso que os sócios ou acionistas assumem de "entre-


gar" determinada quantia para a empresa. A Integralização de capital pode ser realizada
tanto com bens (terrenos, imóveis, bens) quanto em dinheiro.

Como exemplo, vamos considerar que o sócio integralizou R$ 250.000,00 como capital
social, em dinheiro (espécime):
Débito Crédito
D - Bancos Conta Movimento (AC) 250.000,00
C - (–) Capital a Integralizar (PL) 250.000,00

A representação contábil ficará assim:

Patrimônio Líquido
Capital Social Subscrito 300.000,00
(–) Capital a Integralizar (PL) (50.000,00)
Capital Social Realizado 250.000,00
RESERVAS DE CAPITAL
Reservas de Capital constituem um grupo de contas componente do Patrimônio Líquido.

Segundo o § 1º do artigo 182 da lei 6404/76, serão classificadas como reservas de capi-
tal as contas que registrarem:

a. a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte


do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância
destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações
de debêntures ou partes beneficiárias;
b. o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição.

Uma característica da reserva de capital é


a não existência de nenhuma obrigação ou
restrição futura, quando do recebimento dos
recursos dos ativos ou da redução do passivo.

RESERVAS DE LUCROS
As reservas de lucros são constituídas pela apropriação dos lucros da companhia, confor-
me Art. 182, parágrafo 4°, da Lei 6.404/76.

Segundo Art. 192 da Lei 6404/76, juntamente com as demonstrações financeiras do


exercício, os órgãos da administração da companhia apresentarão à assembleia geral ordi-
nária uma proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício.

Fazem parte das possibilidades de destinações descritas acima as reservas de lucros


representativas dos lucros retidos pela empresa, com finalidades específicas, sendo
compostas pelas seguintes contas:

Reserva Legal
Segundo o Art. 193 da Lei 6404/76, a reserva de lucros é constituída pela retenção, antes
de qualquer outra destinação, de 5% do lucro líquido do período até o limite de 20% do
capital social. Quando o saldo desta reserva acrescido do montante das reservas de capital
excederem 30% do capital social, a empresa poderá deixar de constituir essa reserva.

Ainda conforme disposição legal, tal reserva tem por finalidade assegurar a integridade
do capital social, e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar
o capital.

Reserva Estatutária
Segundo o Art. 194 da Lei 6404/76, as reservas estatutárias são constituídas a partir de
indicação do Estatuto Social da Companhia que descreva, de modo preciso e completo,
a sua finalidade, fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que
serão destinados à sua constituição e estabeleça o limite máximo da reserva.

Patrimônio Líquido 189


Reservas para contingências
As reservas para contingências estão previstas legalmente no artigo 195 da Lei 6.404/76,
cuja transcrição segue abaixo:

"Art. 195. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar
parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício
futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser
estimado.

§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista


e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva.

§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justi-
ficaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda”.

Como motivadores da destinação de parte dos lucros do período para constituição desta
reserva, podemos exemplificar os imprevistos na atividade rural com perdas que ocorrem
por motivos de chuvas de granizo, pragas, geadas, secas, inundações etc; e nas indústrias,
essa reserva pode ser constituída em função de paralisações programadas em processos
produtivos para manutenções, sendo, portanto, a reserva de contingência constituída antes
da ocorrência do fato gerador cujo valor provável de perda possa ser estimado.

Reservas de lucros para expansão


De acordo com proposta dos órgãos da administração, a assembleia geral poderá destinar
parte do lucro líquido para uma reserva de lucros para futura expansão. O objetivo dessa
constituição é reter parte do resultado líquido para novos investimentos. Também pode ser
chamada de reserva para planos de investimentos.

A determinação legal desta reserva se apresenta no artigo 196 da Lei 6.404/76, conforme
a transcrição do artigo:

"Art. 196. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deli-
berar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela
previamente aprovado.

§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da reten-


ção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de
capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso
de execução, por prazo maior, de projeto de investimento.

§ 2º O orçamento poderá ser aprovado pela assembleia geral ordinária que deliberar sobre
o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um exercí-
cio social (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)"

IMPORTANTE
É importante ressaltar que essa reserva não pode ser constituída em prejuízo aos pagamentos
dos dividendos mínimos obrigatórios conforme estabelecido no estatuto da Cia. Em caso de
omissão estatutária, a lei 6.404/76 em seu art. 202, Inciso I, estabelece esse dividendo míni-
mo como sendo metade do lucro líquido do exercício, diminuído da reserva legal e da reserva
de contingência deliberada no mesmo exercício.

Reservas de lucros a realizar


Destina-se ao ajuste do valor apurado de dividendos mínimos obrigatórios à capacidade
financeira da entidade para sua liquidação. Para tanto, é permitida a dedução dos lucros

190 Patrimônio Líquido


não realizados financeiramente na base de cálculo dos dividendos, conforme dispõe a Lei
6.404 em seu artigo 197, abaixo transcrito:

Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos
do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a
assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à
constituição de reserva de lucros a realizar (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 1º Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro líquido do


exercício que exceder da soma dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 10.303,
de 2001).

I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e (Incluído pela Lei
nº 10.303, de 2001).

II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabilização de ativo e


passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra após o término
do exercício social seguinte (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007).

§ 2º A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento do divi-
dendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, serão considerados como inte-
grantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que forem os primeiros a serem
realizados em dinheiro (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001).

Reserva de incentivos fiscais


Esta reserva foi criada pelo advento da Lei 11.638/07, conforme seu art. 195-A. "A
assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reser-
va de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções
governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do divi-
dendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202, da lei 11.638/07)".

Antigamente as subvenções e doações para investimento eram contabilizadas diretamen-


te na conta reserva de capital, não transitavam pelo resultado.

A reserva de Incentivos fiscais passou a ser classificada como reserva de capital pela Lei
11638/07 que inclui o art. 195-A a Lei 6404/76 com a seguinte redação:

Art. 195-A. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, desti-
nar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações
ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de
cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei) (Incluído pela Lei
nº 11.638, de 2007).

IMPORTANTE
A constituição desta reserva é facultativa, cabendo aos órgãos de administração propor
sua criação. Note ainda que, anteriormente à alteração introduzida na Lei 6.404/76 pela Lei
11.638/07, a reserva de Incentivos Fiscais era classificada no rol das Reservas de Capital.

Lucro ou prejuízo do exercício


Essa conta apresenta como saldo o valor apurado da diferença entre as Receitas e
Despesas/Custos da entidade. É registrado quando do encerramento da ARE – Apuração
do Resultado do Exercício.

Patrimônio Líquido 191


Segundo a Lei 6.404 em seu Art. 202, parágrafo 6º, os lucros de uma companhia devem
ser destinados para as reservas ou então distribuídos como dividendos.

Não é mais possível haver saldo na conta de lucros acumulados, ou seja, todo o resultado
gerado pela entidade deverá ser destinado, e o montante do resultado deverá ser direcio-
nado para as reservas próprias.

Em se tratando de prejuízos acumulados, o conceito é o mesmo que o anteriormente


mencionado, porém de maneira negativa, ou seja, a empresa estaria retificando o seu
patrimônio líquido, reduzindo assim o valor deste patrimônio.

Ajuste de Avaliação Patrimonial


Com o advento da Lei 11.638/07, modificada pela Lei 11.941/08, conforme art. 182,
parág. 3º, foi criada a conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial, que tem como maior
objetivo registrar os valores que já pertencem ao patrimônio líquido. Entretanto, estes
valores ainda não transitaram pelas contas de resultado, o que só acontecerá no futuro.

São os casos, por exemplo, de ajustes de ativos e passivos ao valor de mercado, que,
enquanto não computados no resultado do exercício, em obediência ao regime de compe-
tência, terão as contrapartidas dos lançamentos de aumento ou redução feitas nesta
conta: ajuste de avaliação patrimonial.

ATENÇÃO
A conta de ajuste de avaliação patrimonial não é uma conta de reserva, pois seus valores
ainda não transitaram pelo resultado.

Ações em tesouraria

O que você entende pelo


conceito de Ação?

Então, aluno, podemos definir ação como a menor parcela em que se divide o capital
social de uma companhia.

Definem-se como ações em tesouraria as aquisições de ações próprias, realizadas pela


companhia. Esse procedimento está previsto na Lei 6.404/76 art. 303, que explicitamente
dispõe sobre este assunto.

O registro contábil das ações que foram adquiridas pela própria empresa, ou seja, ações
em tesouraria, será feito com o lançamento do valor como dedução do patrimônio líquido
pelo preço de custo/aquisição.

Numa operação de compra de ações pela própria empresa, devemos entender que, ao
realizar a compra de ações próprias, a Companhia está restituindo o patrimônio líquido
anteriormente investido.
3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm

192 Patrimônio Líquido


Exemplificando:

A companhia Pátria Nossa S/A possui um capital social dividido em 1.000 ações de
R$ 1,00 lançadas no mercado de ações. A companhia Pátria Nossa S/A vai até o merca-
do de ações e compra 50 ações por R$ 50,00 em dinheiro.

Como fica o lançamento de aquisição?

Contabilização:
Débito Crédito
D - (–) Ações em Tesouraria (PL) Retificadora 50,00
C - Caixa (AC) 50,00
Pela compra de ações da CIA Pátria Nossa S/A

Ainda conforme dispõe a Lei 6.404/76, no seu art. 182, parágrafo 5°, "As ações em
tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio
líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição".

IMPORTANTE
As ações, enquanto mantidas em tesouraria, não terão direitos patrimoniais ou políticos.
Assim, não podem ser superiores ao valor de mercado.

A Instrução CVM nº 2681 veda para as companhias abertas: manter ações em tesouraria da
própria empresa em quantidade superior a 10% de cada classe de ações em circulação no
mercado, incluindo aquelas mantidas na tesouraria de coligadas e controladas.

1 http://www.cnb.org.br/CNBV/instrucoes/ins10-1980.htm#art.3

Patrimônio Líquido 193


Síntese
Neste módulo, estudamos os grupos e as contas que compõem o patrimônio líquido, de
forma a evidenciar que este grupo está subdividido em capital social, reservas de capi-
tal, ajuste de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos
acumulados, representando a riqueza líquida da empresa.

Estudamos, ainda, que o Patrimônio Líquido representa as origens de recursos próprios


pertencentes aos sócios ou acionistas e que este é considerado um passivo não exigível.
Refletimos que o Patrimônio Líquido representa a identidade contábil medida pela diferen-
ça entre o total do ativo menos os grupos do passivo (passivo circulante e passivo não
circulante).

Referências
BRASIL. Receita Federal. Lei 6404/76. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em 28 out. 2014.

Comissão Nacional de Bolsas - CNB. Instrução nº 268. Disponível em: http://www.cnb.


org.br/CNBV/instrucoes/ins10-1980.htm#art. 3. Acesso em: 25 out. 2014

IUDÍCIBUS, Sérgio (Coord.). FIPECAFI - Manual de Contabilidade por Ações (aplicável às


demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

194
Contabilidade
Geral

Demonstração do Resultado
do Exercício – DRE

DEMONSTRAÇÃO
DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO – DRE
APRESENTAÇÃO

N este módulo, vamos estudar o grupo extrapatrimonial - Receita, Custo e Despesa, ou


seja, o grupo de contas que representa o resultado da entidade ao final de cada período
de apuração do resultado de sua atividade, podendo ser levantado em períodos: mensal,
trimestral ou mesmo anual.
Estudaremos os procedimentos para encerramento das contas de resultado por meio
da conta do Resultado do Exercício bem como a DRE – Demonstração de Resultado
do Exercício, que é uma demonstração obrigatória regulamentada pelo art.187 da Lei
6.404/76, alterada de acordo com a Lei 11.638/07 e modificada pela MP 449/08.
Confira itens 136 e 137 da OCPC 021, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. É
um demonstrativo apresentado em forma vertical dedutiva a partir do faturamento ou
mesmo da receita bruta. Nosso objetivo neste módulo é demonstrar a DRE como um
demonstrativo relevante para avaliar o desempenho da entidade e a eficiência dos gestores
em obter resultados positivos.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Classificar as contas representativas do grupo do resultado: receita, custo e despesa, e
encerrá-las em contrapartida à ARE para a apuração do resultado do exercício (lucro ou
prejuízo).
• Estruturar a DRE em sua forma vertical dedutiva para a demonstração do lucro líquido ou
do prejuízo do exercício.
• Identificar e demonstrar o desempenho da entidade a partir da discriminação da Receita
bruta, do cálculo da receita líquida, do lucro bruto, das despesas e receitas operacionais,
do resultado operacional antes e após o imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro, passando pelas participações até o cálculo do lucro líquido.

1 http://www.cvm.gov.br/port/infos/OCPC%2002%20Final%20Final.pdf

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Alan Galego Bernini
Transposição Pedagógica Profa. Rosa Maria Abreu Barros
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Riane Gervásio Adaptação: Profa. Edilamar P. A. Esteves

BELO HORIZONTE - 2014


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO – DRE

Introdução
Antes de darmos sequência ao estudo deste módulo, conheceremos alguns conceitos
importantes para o desenvolvimento do tema.

O Princípio da Competência - Regime Econômico


Neste princípio, as despesas e receitas devem ser contabilizadas no momento de sua
ocorrência, independentemente de seu pagamento ou recebimento. Isto é explicado pelo
Princípio da Realização da Receita, segundo o qual a receita é considerada realizada,
mesmo sendo uma receita não recebida (a prazo), e pelo Princípio da Confrontação da
Despesa, em que a despesa é considerada incorrida, mesmo sendo uma despesa ainda
não paga (quitada).

Regime de Caixa
O regime de caixa consiste em considerar receitas do período, aquelas receitas realmen-
te recebidas no período (entrada de dinheiro – encaixe) e despesas do período, aquelas
despesas realmente pagas no período (saída de dinheiro – desencaixe ou desembolso).

Apuração do Resultado do Exercício


A apuração do resultado do exercício tem por objetivo identificar pelo confronto entre
receitas versus custos + despesas, qual foi o resultado das atividades da empresa, ou
seja, se a empresa teve lucro ou prejuízo.

As receitas, custos e despesas de uma empresa representam, respectivamen- Contas específicas


te, acréscimo e diminuição de seu patrimônio líquido. Essas receitas, custos Contas analíticas, como: receita
e despesas são controlados em contas específicas, que são de grande volu- de serviços prestados, receita de
venda de mercadorias, ISSQN sobre
me, chamadas contas de resultado. Ao final de cada exercício (período), é
serviço, ICMS sobre vendas, CMV,
necessário que essas contas sejam encerradas numa única conta transitória CSP, despesa com aluguel, despesa
para que: com telefone, entre outros.

• possa ser conhecido o resultado do exercício em lucro ou prejuízo;


• que esse resultado possa ser apresentado de modo ordenado e de fácil entendimen-
to através da DRE – Demonstrativo de Resultado do Exercício.

Demonstração do resultado do exercício


Ao final de cada exercício social, quando são apurados os saldos patrimoniais para a apre-
sentação do balanço social, as empresas encerram (zeram) as contas de resultado para
apurar o lucro ou prejuízo do exercício, que será transferido para o patrimônio líquido, no
intuito de que haja a destinação deste resultado.

A formação do lucro ou prejuízo é apresentada em um demonstrativo denominado DRE,


conhecido como o grande indicador global de eficiência e desempenho na formação do
resultado da empresa.

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 197


Apuração do resultado do exercício - ARE
É indiscutível que a função econômica da Contabilidade é apurar o resultado econômico
das entidades, seja ele lucro prejuízo ou mesmo uma situação nula (total de receitas é
igual ao total do somatório de custos e despesas). As contas representativas de receita,
custo e despesas são chamadas de contas de resultado ou contas extrapatrimoniais,
que tem o saldo entre elas, representando a situação econômica após o exercício a que
competem (normalmente mensal, trimestral ou anual).

Dentre as diversas funções da Contabilidade, citamos a sua capacidade de gerar informa-


ção útil, que facilite o gerenciamento e aprimoramento dos negócios. Nos primórdios do
Capitalismo, os gerentes se preocupavam basicamente, com os resultados obtidos pelas
organizações, e utilizavam a ARE (Apuração do resultado do Exercício), que cumpria bem
o seu papel. Hoje, apenas conhecer os resultados da ARE já não é o bastante. A adminis-
tração exige ferramentas que a auxiliem na compreensão das atividades da organização
e da formação deste resultado.

ESTRUTURA PARA ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO NA ARE


Despesas/Custos Receitas
Débitos Créditos Débitos Créditos

Resultado do exercício
Débitos: Créditos:
Despesas/ Receitas
Custos

As contas de resultado, despesas e custos apresentam saldo devedor; portanto, são


encerradas a crédito das respectivas contas e a débito da ARE.

As contas de receitas apresentam saldo credor, e portanto são encerradas á débito das
respectivas contas a crédito da ARE. Estes lançamentos nos permitirão somar o total de débi-
tos e créditos da ARE para apurar o resultado de lucro ou prejuízo antes dos impostos – LAIR.

Apurado o resultado LAIR (Lucro antes dos impostos), se este for base para cálculo
dos impostos: IR e CSLL, devemos calculá-los e contabilizá-los debitando em contas de
resultado – Despesa com IR e Despesa com CSLL, e creditando em contas de provisão
no passivo circulante – IR a pagar e CSLL a pagar. As contas de resultado – Despesa
com IR e Despesa com CSLL serão encerradas, creditando nas contas Despesa com IR e
Despesa com CSLL e debitando na ARE, para apuração do valor que representará o Lucro
ou Prejuízo do exercício, após impostos. Esse valor será transferido ao patrimônio líquido
por meio do lançamento de encerramento da ARE, a débito ou crédito da ARE.

Será debitada a ARE quando o resultado for lucro, e será creditada a ARE quando o resul-
tado for prejuízo.

Demonstração do resultado
do exercício – DRE
Destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício a partir do confronto entre
receitas versus custos + despesas incorridas no período apurado.

Segundo o CPC 26 R1- item 81, a entidade deve apresentar todos os itens de receita e
despesa reconhecidos no período em duas demonstrações: demonstração do resultado

198 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


do período e demonstração do resultado abrangente do período; esta última começa com
o resultado líquido e inclui os outros resultados abrangentes.

E conforme item 82 do mesmo CPC 26, a demonstração do resultado do período deve,


no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais:

a. receitas;
b. custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;
c. lucro bruto;
d. despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas opera-
cionais;
e. parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de
equivalência patrimonial;
f. resultado antes das receitas e despesas financeiras;
g. despesas e receitas financeiras;
h. resultado antes dos tributos sobre o lucro;
i. despesa com tributos sobre o lucro;
j. resultado líquido das operações continuadas;
k. valor líquido dos seguintes itens:
• resultado líquido após tributos das operações descontinuadas;
• resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos
despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição
para venda que constituem a unidade operacional descontinuada.
l. resultado líquido do período.

ATENÇÃO
A DRE, juntamente com o Balanço Patrimonial, assume a finalidade de mostrar a situação
patrimonial e econômico-financeira e o desempenho de uma empresa em determinado período
de análise.

Para darmos sequência ao estudo deste módulo, precisamos analisar os critérios para a clas-
sificação das contas de resultado: receita, custo e despesa (natureza devedora para custos
e despesas e natureza credora para as receitas). Também temos que verificar a adoção dos
princípios contábeis relativos à apuração de resultados (princípio de competência ou regime
de caixa), como forma de atender a legislação em vigor, que são o Regulamento do Imposto
de Renda – RIR/99 e a Lei 11.638/07, modificada pela MP 449/09).

Estrutura DRE - Demonstrativo do resultado do exercício


A DRE é um aprimoramento da ARE - Apuração do Resultado do Exercício; portanto, suas
contas formadoras são comuns, ou seja, RECEITAS, DESPESAS e CUSTO.

A DRE é um relatório apresentado na posição vertical, dedutiva, que classifica seus


componentes de forma ordenada a partir do faturamento até a apresentação do prejuízo
ou lucro líquido do exercício, ou seja, a DRE evidencia a formação dos vários níveis de
resultados com o foco de identificação do resultado: lucro líquido ou prejuízo.

Bem, você responderia: a empresa teria que "vender" mercadorias e/ou prestar serviços.

Numa visão simplista, muito bem: os valores destas receitas (vendas, produtos e serviços)
são pagos ou faturados aos clientes, portanto a estrutura da DRE de uma empresa indus-
trial "começa" com o que denominamos de FATURAMENTO.

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 199


FATURAMENTO

Entende-se por faturamento a totalidade das notas fiscais de venda emitidas. Infelizmente,
nem todos os valores faturados aos clientes ficam à disposição da empresa. Dentre estes
valores, está o IPI - imposto incidente sobre as vendas de produtos industrializados, que
será pago ou recolhido ao governo.

IPI

O IPI (Imposto sobre produtos industrializados), é o primeiro imposto que devemos deduzir
do Faturamento, em uma indústria, para calcularmos e demonstrarmos a Receita Bruta.
Lembrando que o IPI é resultante de qualquer operação definida como industrialização,
mesmo incompleta, parcial ou intermediária.

Caracteriza-se industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funciona-


mento, o acabamento, a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, sendo irre-
levantes para caracterizá-la o processo utilizado para obtenção do produto, a localização
e as condições das instalações ou equipamentos empregados.

IMPORTANTE
É importante salientar que o IPI pode ser um imposto que agrega ou não valor à receita de
venda, pois este pode ter valor excluso ou incluso do preço de venda, enquanto que todos os
outros impostos têm valor incluso.

Como nesta informação (faturamento) existem valores que não "serão" da empresa, clas-
sificamos a diferença entre o faturamento e o IPI como RECEITA BRUTA.

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício


Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto sobre produtos industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
Adaptado por: Edilamar P.A.Esteves

Detalhando a estrutura da DRE-


Demonstração do Resultado do Exercício
Para melhor entendimento, apresentamos detalhadamente a seguir os itens componentes
da estrutura da DRE.

Receita Bruta
Representa a totalidade das notas fiscais emitidas para a venda de produtos e subpro-
dutos (indústrias), notas fiscais de mercadorias para revenda (comércio) ou notas fiscais
para a prestação de serviços (empresas prestadoras de serviço), incluindo todos os tribu-
tos (ISSQN, ICMS, PIS e COFINS) cobrados do comprador, não excluindo as devoluções
de mercadorias e/ou produtos e os abatimentos concedidos pelas vendas de mercadorias
e/ou produtos e serviços, em desacordo com o pedido ou contrato.

200 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


Deduções da Receita
Vejamos as deduções que são computadas para que possamos calcular e demonstrar a
receita líquida.

OS IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE AS VENDAS E/OU SERVIÇOS

ISSQN: Impostos sobre serviços de qualquer natureza são impostos devidos (pagos) pela
empresa prestadora de serviços, tendo como base de cálculo a prestação de serviços
efetuada. A alíquota dependerá de cada legislador (municipal), dependendo do tipo de
serviço prestado a qual a empresa estiver subordinada a apurar e recolher o tributo, no
caso de serviços.

ICMS: Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre presta-


ções de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. Tributo de
competência dos Estados e do Distrito Federal, conforme a Lei Complementar 102/2000.
O fato gerador do ICMS será a circulação de mercadoria ou a efetiva prestação de serviço
de transporte intermunicipal e interestadual, bem como o fornecimento de energia elétrica
e de telecomunicação.

PIS: Programa de Integração Social - Há três modalidades de contribuição; entretanto,


como deduções da receita, são duas as modalidades:
1. Pis/Pasep sobre o faturamento, cuja base de cálculo é o faturamento mensal, que
corresponde à receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferi-
das pela pessoa jurídica. É irrelevante o tipo de atividade exercida pela empresa e a
classificação contábil adotadas para essas receitas, sendo observada as exclusões
admitidas em lei específica – alíquota 0,65%.
2. PIS não cumulativo, cuja base de cálculo é o faturamento mensal, que correspon-
de à receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas pela
pessoa jurídica. É irrelevante o tipo de atividade exercida pela empresa e a classifi-
cação contábil adotada para essas receitas, sendo observadas as exclusões admiti-
das em lei específica – alíquota 1,65%.

COFINS: Há duas modalidades:


1. COFINS sobre o faturamento: incide sobre o faturamento mensal, que correspon-
de à receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas pela
pessoa jurídica. É irrelevante o tipo de atividade exercida pela empresa e a classifi-
cação contábil adotada para essas receitas, sendo observadas as exclusões admiti-
das em lei específica. A alíquota da COFINS – faturamento é de 3%. Entretanto, há
alíquotas específicas para determinados segmentos e produtos, bem como particu-
laridades para a formação da base de cálculo.
2. COFINS não cumulativa: incide sobre o faturamento mensal, que corresponde à
receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa
jurídica. É irrelevante o tipo de atividade exercida pela empresa e a classificação
contábil adotada para essas receitas, sendo observadas as exclusões admitidas em
lei específica. A alíquota da Cofins – não cumulativa é de 7,6%.

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício


Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
(–) Deduções da Receita
(=) Receita Líquida
Adaptado por: Edilamar P.A.Esteves

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 201


OUTRAS DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Não são apenas os impostos que reduzem o resultado (lucro) das empresas. Podem ocor-
rer outros tipos de deduções que refletem neste resultado:
• Aqueles descontos incondicionais oferecidos aos clientes na hora da comercializa-
ção sem obrigá-lo a nenhuma contrapartida; por isso considerados incondicionais e
também por estarem destacados nas notas fiscais emitidas.
• As devoluções de vendas.
• As vendas canceladas também reduzem o valor da receita bruta, e por tanto são
exemplos de deduções da receita - por abranger valores dos quais a empresa não
poderá contar.

Vejamos mais um pouco sobre


as deduções da receita!

Entende-se como deduções da receita as devoluções de vendas, os abatimentos sobre


vendas, os descontos incondicionais concedidos e os tributos incidentes sobre a receita
de venda/produtos/serviços.

As devoluções de vendas correspondem ao "desfazimento" de negócios considerados/


computados como Faturamento/Receita Bruta, que foram entregues ao cliente. Este, iden-
tificando, por exemplo, desacordo com seu pedido, emite um documento fiscal denomina-
do nota fiscal de devolução, ou em alguns casos a nota fiscal de entrada de mercadoria/
produtos por devolução é emitida pela empresa que esta recebendo a devolução.

Não podemos confundir devolução de venda com


cancelamento de venda! Cancelamento de venda refere-
se à anulação dos valores referentes à venda de
mercadoria/produtos que não saíram do estabelecimento
da empresa. Nesse caso, não houve remessa de
mercadoria/produto e todas as notas fiscais devem
estar anexadas ao talonário de notas fiscais.

Os abatimentos e descontos concedidos incondicionalmente sobre vendas e serviços são


aqueles concedidos normalmente em função de avarias (danos ou prejuízos) ocorridas nas
mercadorias/produtos e em políticas de alavancagem de vendas.

Os impostos incidentes sobre as vendas de mercadorias e serviços (ICMS,ISSQN, PIS E


COFINS) são aqueles que guardam proporcionalidade com o preço de venda de mercado-
rias e/ou serviços.

SAIBA MAIS
Para que você possa conhecer um pouco mais sobre este assunto, leia as páginas 114, 115,
116 e 117 do livro de Jose Carlos Marion, "A Contabilidade Empresarial".

202 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


Receita líquida
A diferença entre a receita bruta e as deduções da receita é classificada como RECEITA
LÍQUIDA, por representar os valores de que a empresa poderá dispor antes de calcular o
custo para pagamento de suas operações e a formação de seu lucro.

Imagine que, se eu dissesse para você que a empresa Tudobem Comércio de Videogames
Ltda. vendeu um jogo eletrônico por R$ 100,00, e que os impostos somaram R$ 25,00,
poderíamos concluir que a Receita Líquida nesta venda é de R$ 75,00.

O que faltaria para saber se esta empresa teve lucro ou prejuízo?

Saber por quanto ela comprou a mercadoria. Contabilmente, o CMV - custo das merca-
dorias vendidas - é o valor que atribuímos às mercadorias em estoque no momento da
sua baixa (venda), representando a redução da conta estoque (AC) em contra partida do
custo mercadoria vendida (resultado). O reconhecimento do custo representa a redução
da receita líquida para apuração do lucro bruto.

Custos
CMV - Custo das mercadorias vendidas numa empresa comercial: é o gasto que a empre-
sa tem para colocar a mercadoria à disposição do cliente. A apuração do CMV significa o
custo da baixa efetuada no ativo, conta estoque.

REFLITA
O estoque é um ativo, que em sua forma tradicional, normalmente, é representado por mate-
riais, produtos e mercadorias que, a partir da sua comercialização (entrega ao cliente – trans-
ferência total de propriedade), gera uma receita que será confrontada com o valor de custo.
Deste estoque, pela baixa no estoque, debita-se a conta de resultado – CMV e credita-se a
conta estoque.

CPV - Custo dos produtos vendidos/produzidos:

Serão reconhecidos como CPV os gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produ-
ção, como por exemplo: matéria prima, mão de obra, energia elétrica, etc.

Não podemos esquecer que também haverá a baixa de estoque, pelo valor do custo de
estoque, quando houver por parte da empresa consumo ou requisição para a produção
(transformação).

CSP - Custo dos serviços prestados: são os valores gastos especificamente na realização
do serviço, como os gastos com pessoal, mão de obra e material aplicado, peças, produ-
tos, componentes etc.

No caso da venda mencionada no item anterior, considerando que o jogo eletrônico está
no estoque pelo valor de R$ 45,00, a loja teve lucro ou prejuízo com a venda, qual é o
resultado bruto obtido pela venda?

Você, obviamente, responderia: a loja teve lucro, e esse lucro bruto foi de R$ 30,00.

Mas pensando bem, esse valor pode


ser considerado o lucro da venda?

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 203


Não, pois o lucro bruto ou resultado bruto não leva em consideração gastos como aluguel,
telefone, empregados, propaganda e outros tão importantes para se conseguir vender
determinado item.

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício


Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
(–) Deduções da Receita
(=) Receita Líquida
(–) CMV/CPV/CSP
(=) Resultado Bruto/Lucro Bruto
Adaptado por: Edilamar P.A.Esteves

Despesas/Receitas operacionais e eliminação


das despesas/receitas não operacionais
Toda empresa precisa manter, em seu dia a dia, toda uma estrutura de suporte/atendimen-
to, independente dos resultados alcançados que garantem as operações da empresa. Esta
rotina pode, também, gerar ganhos extras não relacionados às atividades principais desta
empresa. Portanto, podemos chamar este grupo de contas de RECEITAS OU DESPESAS
OPERACIONAIS.
Por ser muito abrangente, as RECEITAS OU DEPESAS OPERACIONAIS foram subdivididas
e classificadas em contas:
• COMERCIAL: por representarem operações que visam aumentar as vendas como:
comissões pagas aos vendedores; aluguéis de lojas; propagandas; entre outras.
• ADMINISTRATIVOS: por representarem benefícios por toda a organização, como
pagamento de aluguéis, água, luz, telefone, salários da secretária, contadores, e
outros salários relacionados com a área burocrática das empresas.
• TRIBUTÁRIOS: por representarem as taxas e impostos não incidentes sobre as vendas.
• FINANCEIRO: por representarem as despesas e/ou receitas provenientes de juros.
• OUTROS: por representarem valores (contas) que não foram classificados nos subi-
tens anteriores por questões especiais.

Como por exemplo:


despesa com depreciação, despesas com exaustão, despesas com amortização.
Eventualmente, as empresas podem efetuar a alienação (venda) de bens classificados nos
subitens anteriores por questões especiais. no ativo imobilizado como veículos, móveis,
imóveis, e etc.
Estas transações, embora não rotineiras irão refletir em ganhos ou perdas nos períodos
em que acontecem.
Eliminação de Receitas e Despesas Não Operacionais
Com a introdução da Lei 11.638/07, as entidades passaram a apresentar as "outras recei-
tas/despesas" no grupo operacional e não após a linha do "resultado operacional".
Avaliando os motivos que ensejaram essa mudança, podemos destacar que as normas
internacionais de contabilidade tratam as contas de despesas e receitas operacionais e
não operacionais como um único saldo.
Na verdade, existia uma divisão antiga de Resultado Operacional e de Resultado Não
Operacional que dificultava a divulgação das informações para o usuário da informação

204 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


contábil, quando este necessitava analisar o futuro da entidade, pois, de acordo com a
nova norma, a divisão dos resultados é uma divisão em atividades continuadas e de resul-
tado das atividades não continuadas.

Agora, vamos continuar percorrendo


essa estrutura vertical dedutiva –
que é a DRE - para encontrarmos o
Resultado Operacional? Veja só!

A diferença entre o lucro bruto e as receitas/despesas operacionais é classificada como


LUCRO OPERACIONAL ou RESULTADO OPERACIONAL.
Veja como demonstrar o resultado operacional:

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício


Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
(–) Deduções da Receita
(=) Receita Líquida
(–) CMV/CPV/CSP
(=) Resultado Bruto/Lucro Bruto
(+/-) Receitas/Despesas Operacionais
Comerciais
Administrativas
Outras
(+/-) Resultado Financeiro
Receitas Financeiras
(–) Despesas Financeiras
(=) Resultado Operacional/Lucro Operacional
Adaptado por: Edilamar P.A.Esteves

Lucro antes dos impostos


É igual ao demonstrado no RESULTADO/ LUCRO OPERACIONAL, resultado antes do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, que deverá ser igual ao encon-
trado na ARE antes dos cálculos dos impostos – LAIR.

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício


Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
(–) Deduções da Receita
(=) Receita Líquida
(–) CMV/CPV/CSP
(=) Resultado Bruto/Lucro Bruto
(+/-) Receitas/Despesas Operacionais
Comerciais
Administrativas
Outras
(+/-) Resultado Financeiro
Receitas Financeiras
(–) Despesas Financeiras
(=) Resultado Operacional/Lucro Antes do IRPJ e da CSLL
Adaptado por: Edilamar P. A. Esteves

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 205


Resultado após os impostos
As aplicações das alíquotas de IR e CSLL devidas dão origem ao reconhecimento das
obrigações do IR – Imposto de Renda – e da CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro,
que reduzem o resultado – lucro do período para determinar o lucro do exercício. Alguns
autores também o denominam de LUCRO APÓS OS IMPOSTOS.

DRE - Demonstração de Resultado do Exercício


Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
(–) Deduções da Receita
(=) Receita Líquida
(–) CMV/CPV/CSP
(=) Resultado Bruto/Lucro Bruto
(+/-) Receitas/Despesas Operacionais
Comerciais
Administrativas
Outras
(+/-) Resultado Financeiro
Receitas Financeiras
(–) Despesas Financeiras
(=) Resultado Operacional/Lucro Antes do IRPJ e da CSLL
(–) IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica)
(–) CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
(=) Lucro ou Prejuízo Após os impostos
Adaptado por: Edilamar P.A.Esteves

Participações
Algumas empresas já têm definida a destinação de seu lucro/resultado, por força de Lei ou
por interesses próprios. Parte do lucro, antes da destinação de constituição de reservas e/
ou distribuição aos sócios, poderá ser destinada a participações de debêntures, de empre-
gados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, de instituições
ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como
despesa. É o que denominamos de PARTICIPAÇÕES.

Após as deduções das participações, demonstramos o resultado da DRE referente ao


Lucro ou Prejuízo Líquido, que é a diferença entre o resultado após os impostos de IR e
CSSL (antes das participações) e as participações.

Lucro ou prejuízo líquido


Determina o montante do lucro ou prejuízo por ação do capital social. O lucro Ações em circulação
ou prejuízo por ação é apurado por meio da divisão do lucro ou prejuízo do São ações em poder dos
acionistas, portanto não incluem
exercício pelo número de ações em circulação, de forma a permitir aos acio- as ações em tesouraria e nem
nistas mensurar o valor das ações que eles possuem naquela data. as ações a integralizar.

206 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


DRE - Demonstração de Resultado do Exercício
Faturamento
Receita de vendas
Receita de serviços
(–) IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados)
(=) Receita Bruta de Vendas e Serviços
(–) Deduções da Receita
(=) Receita Líquida
(–) CMV/CPV/CSP
(=) Resultado Bruto/Lucro Bruto
(+/-) Receitas/Despesas Operacionais
Comerciais
Administrativas
Outras
(+/-) Resultado Financeiro
Receitas Financeiras
(–) Despesas Financeiras
(=) Resultado Operacional/Lucro Antes do IRPJ e da CSLL
(–) IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica)
(–) CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
(=) Lucro ou Prejuízo Após os impostos
(–) Participações
(=) Lucro ou Prejuízo Líquido

Adaptado por: Edilamar P.A.Esteves

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 207


Síntese
Neste módulo, aprendemos que o resultado do exercício (Lucro ou Prejuízo) é apurado por
meio da ARE-Apuração do Resultado do Exercício. Conhecemos os itens componentes
da DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) tais como receita bruta de vendas e
serviços, lucro bruto, lucro operacional antes dos tributos, lucro após os impostos e lucro
líquido. Compreendemos que o resultado apurado na ARE pode ser conferido e compara-
do com o resultado apurado na DRE.

Espero que o estudo da disciplina de Contabilidade Geral contribua para o entendimento


sobre como os registros contábeis afetam as variações patrimoniais e como o resultado,
lucro/prejuízo, é formado nas empresas. Que este conhecimento lhe seja útil para as suas
avaliações críticas, refletindo de modo positivo na tomada de suas decisões profissionais.

Boa sorte!

Referências
CPC. Apresentação das Demonstrações Contábeis CPC 26 (R1). Disponível em: http://
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57.
Acesso em: 28 out. 14

IUDÍCIBUS, Sérgio (Coord.). FIPECAFI - Manual de Contabilidade por Ações (aplicável às


demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NEVES, Silvério das; VICECONTI, V. Paulo. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo:
Frase Editora, 2004.

SZUSTER, Natan et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2011.

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