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Aula 7º

Demonstrações contábeis

Cotidianamente, é comum apresentarmos trabalhos acadêmicos que o(a) estudante demonstra


resultados obtidos pela realização de uma tarefa, tudo que aprendeu e vivenciou.
assim também as empresas desenvolvem suas Com as empresa não poderia ser diferente, já
tarefas mediante a atuação de profissionais. que as mesmas estão a cada dia com novos projetos e
Rotineiramente, durante a permanência expansão, crescimento financeiro e de mercado. Por
na universidade, é comum medir o grau de isso, estão obrigadas a apresentarem os resultados
desenvolvimento acadêmico em relação aos estudos de tudo que ocorreu durante dado período (mês,
e pesquisas realizadas.
trimestre, semestre ou ano calendário), para facilitar
Quando é solicitada a realização de uma
as tomadas de decisão, seja em investimentos, em
pesquisa, de campo ou bibliográfica, ao final é
ativos não circulantes, em distribuição de dividendos,
necessário apresentar os resultados, não é mesmo?!
Durante o semestre desenvolvemos diversas em recursos financeiros de curto ou longo prazo e
atividades na universidade e ao final do mesmo é demais meios que influenciam e comprometem o
comum realizarmos uma prova para medir o grau patrimônio das empresas.
de conhecimento e absorção de tudo que foi tratado Assim, nesta aula, iremos conhecer e estudar
e discutido nas aulas, pois é na avaliação e demais detalhadamente cada demonstração contábil.
Boa aula!

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Introdução a Contabilidade

As demonstrações contábeis são uma


Objetivos de aprendizagem representação monetária estruturada
da posição patrimonial e financeira
em determinada data e das transações
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: realizadas por uma entidade no período
findo nessa data. O objetivo das
demonstrações contábeis de uso geral
• entender de forma clara e prática as é fornecer informações sobre a posição
demonstrações contábeis; patrimonial e financeira, o resultado
• compreender aspectos conceituais e legais das e o fluxo financeiro de uma entidade,
que são úteis para uma ampla variedade
demonstrações, empregados na Contabilidade; de usuários na tomada de decisões.
• apurar saldos contábeis. As demonstrações contábeis também
mostram os resultados do gerenciamento,
pela administração, dos recursos que lhe
são confiados (IBRACON, NPC 27).

Seções de estudo
Saber Mais
1 - Entender os conceitos: demonstrações contábeis NPC - Normas e Procedimentos de Contabilidade
e
2 - Balancete de Verificação: apuração dos
NPA - Normas e Procedimentos de Auditoria
saldos contábeis
3 - Modelos de Demonstrações Contábeis
De acordo com Ribeiro (2009, p. 39), as
demonstrações contábeis podem ser:
1 - Entender os conceitos: As demonstrações contábeis
demonstrações contábeis denominadas pela Lei nº 6404/76,
são relatórios elaborados com base
Toda entidade, conforme o Artigo 176, da Lei na escrituração mercantil, mantida
pelas empresas, com a finalidade de
n° 6.404/76, deve elaborar, ao final de cada exercício, apresentar informações aos diversos
suas Demonstrações Contábeis ou Demonstrações usuários, principalmente de natureza
Financeiras. A elaboração destas demonstrações econômica e financeira, relativas à gestão
do patrimônio ocorrida durante um
deve ser baseada na escrituração dos fatos que, de
exercício social.
alguma forma, alteraram o Patrimônio da empresa.
As principais demonstrações são:
Muito bem, já vimos alguns conceitos sobre
• Balanço Patrimonial; o que são demonstrações contábeis. Vamos agora
• Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados; entender a finalidade de cada demonstração.
• Demonstração do Resultado do Exercício;
• Demonstração dos Fluxos de Caixa; 1.1 - Balanço Patrimonial
• Demonstração do Valor Adicionado.
A palavra balança tem, usualmente, o
É imprescindível que o Balanço Patrimonial, significado de equilíbrio. Na Contabilidade o
a Demonstração do Resultado do Exercício e a Balanço demonstra justamente esse equilíbrio entre
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados o Ativo e o Passivo.
sejam transcritos para o livro Diário. Além das
demonstrações financeiras o profissional contábil
deve, ainda, elaborar as Notas Explicativas, que são Conceito
detalhamentos das demonstrações financeiras. O Balanço Patrimonial é a maneira de demonstrar o estado
Antes de tratar das demonstrações contábeis, em que se encontra a empresa, sendo um ponto de partida
vamos conhecer seu significado conforme o para aqueles que necessitam desta informação. No Balanço
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil:

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Patrimonial fica claro evidenciar quantos compromissos Conta Caixa
para com terceiros a empresa possui, seja de curto ou longo Débito Crédito
prazo, bem como saber sobre seus ativos. Enfim, é uma 1 30.000,00 20.000,00 2
demonstração obrigatória para as empresas, a fim de auxiliar 1.500,00 5.000,00 3
4
no processo de decisão.
31.500,00 25.000,00

Saldo 6.500,00
Segundo Ribeiro (2009, p. 299), o Balanço
Patrimonial é a Demonstração Financeira que
evidencia resumidamente, o Patrimônio da
empresa, quantitativa e qualitativamente. Conforme
estabelece o Artigo 178, da Lei nº 6404/1976, “no Conta Banco X
balanço patrimonial, as contas serão classificadas Débito Crédito
segundo os elementos do patrimônio que registrem, 5.000,00 1.500,00
3 4
e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia”. Saldo 3.500,00
Assim, o Balanço Patrimonial é a demonstração
estática do patrimônio em determinado momento
e tem a finalidade de comprovar de forma sucinta
todos os componentes patrimoniais. É obrigação Conta Capital
das empresas elaborarem esta demonstração pelo Débito Crédito
menos uma vez a cada doze meses, quando termina
30.000,00
o exercício social. 1
A Demonstração Contábil é obrigatória e realizada Saldo 30.000,00
pelo contador contratado pela empresa ou por meio de
escritório contábil que presta serviços terceirizados.
Primeiramente, na data de encerramento do
exercício, é feito um pré-balanço, por meio dos
saldos do Livro Razão e antes de efetuar os ajustes
Conta Terrenos
do encerramento do exercício. Depois de ter feito
Débito Crédito
isso, é necessário fazer um levantamento minucioso
20.000,00
em cada conta patrimonial para verificar a veracidade 2
de seu saldo contábil. Caso seja necessário, deverão
ser efetuados os ajustes necessários para que as contas Saldo 20.000,00
tenham o saldo exato dos elementos que representam.

Após todos os saldos apurados no Razonete, devemos


transferir os saldos para o Balancete de Verificação.
2 - Balancete de Verificação:
Apuração dos saldos contábeis Balancete de Verificação
Saldo
Inicialmente, vamos recordar a aula anterior Nº Contas
Devedor Credor
onde tínhamos que escriturar todo Livro Diário,
Livro Razão e Balancete de Verificação, usaremos 1 Caixa 6.500,00
os mesmos exemplos para evidenciar como 2 Capital 30.000,00
ficarão aquelas informações lançadas no Balanço 3 Terrenos 20.000,00
Patrimonial. Assim, como estes lançamentos já 4 Banco X 3.500,00
estão com seus saldos apurados, vamos apenas TOTAIS 30.000,00 30.000,00
transferi-los para o Balanço Patrimonial.
Agora, vamos verificar os saldos já apurados no Agora, vamos transferir todos os saldos do
Livro Razão e demonstrados em Razonetes. Balancete de Verificação para o Balanço Patrimonial.

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Introdução a Contabilidade

Balanço Patrimonial
1- Ativo 2- Passivo
1.1 - Ativo Circulante 2.1 - Passivo Circulante
1.1.01- Caixa R$ 6.500,00 2.1.01- Fornecedores
1.1.02 - Bancos R$ 3.500,00 2.1.02 - Duplicatas a pagar
1.1.03 - Duplicatas a Receber 2.1.03 - Salários a Pagar
1.1.04 – Estoques 2.1.04 - Impostos a Recolher
1.2 -Ativo Não Circulante 2.2 - Passivo Não Circulante
1.2.01 Ativo Realizável a longo Prazo 2.2.01- Duplicatas a Pagar
1.2.02.01- Promissórias a Receber 2.3 - Patrimônio Líquido
1.2.02 Investimentos 2.3.01- Capital Social R$ 30.000,00
1.2.02.01- Participação na Empresa A 2.3.02 - Reservas de Lucros
1.3.03 Imobilizado 2.3.02.01 Reserva Legal
1.3.03.01 Veículos 2.3.02.02 Reservas de Estatutárias
1.3.03.02.(-) Depreciação Acumulada do
2.3.03 - Reservas de Capital
Veículo
1.3.03.03 Terrenos R$ 20.000,00 2.3.03.01- (-) Ações em Tesouraria
1.3.04. Intangível
1.3.04.01- Fundo de Comércio 2.3.03.02 - (-) Prejuízos Acumulados
1.3.04.02 (-) Amortização Acumulada
Total Ativo R$ 30.000,00 Total Passivo R$ 30.000,00
Fonte: elaboração própria.

Existem algumas contas que embora com saldo


devedor, por enfoque da Lei n° 6.404/1976, devem Conceito
Depreciação é a despesa que registra a perda de valor dos
figurar do lado do Passivo e contas com credor que
bens do Ativo Imobilizado em função de seu uso.
aparecem do lado do Ativo. Essas contas recebem
o nome de contas Retificadoras. Um caso comum
são as contas do Ativo Permanente, que têm a Desse modo, mediante o Decreto nº 3.000,
Conta Retificadora - “Depreciação”. de 26 de março de 1999, que trata da Tributação
Notem que a Conta Retificadora ajusta o saldo de Pessoas Jurídicas estabelece que “a depreciação
de uma outra conta. Existem Contas Retificadoras
de bens do ativo Imobilizado corresponde na
tanto no Ativo como no Passivo. Elas são sempre
representadas com um sinal negativo (-) e seus diminuição do valor dos elementos ali classificáveis,
valores aparecem sempre entre parênteses. resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza ou
As Contas Retificadoras mais comuns do Ativo são: obsolescência normal” (RIR/1999, art. 305).
Imagine que sua empresa compre um carro para
Ativo Circulante
utilizar no serviço de entrega de mercadorias. Com o
Duplicatas descontadas
Provisão para Devedores Duvidosos
passar do tempo, esse veículo vai perdendo o valor.
Ativo Não Circulante O valor dessa perda nós iremos registrar na conta
Depreciação Acumulada de Depreciação, para que seja ajustado no Balanço
Exaustão Acumulada Patrimonial o valor do nosso Ativo Imobilizado.
Amortização Acumulada

Em particular iremos de uma Conta Retificadora Há contas retificadoras somente para o ativo? A resposta é
SIM, pois no Passivo existem Contas Retificadoras de acordo
ou Redutora do ativo não circulante, que chamamos
com o quadro abaixo:
de Depreciação.

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As contas retificadoras mais comuns do Passivo são: a um único valor, através do demonstrativo
de resultados, passando a integrar o Balanço
Passivo Circulante Patrimonial na forma de lucro ou prejuízo.
Passivo Não Circulante O Balanço Patrimonial é uma demonstração
Encargos vinculados às receitas financeira, onde o mesmo deve compreender todos
Patrimônio Líquido os Ativos (Bens e Direitos), Passivos (Obrigações)
Capital a Realizar e o Patrimônio Líquido, sendo o Ativo dividido em
Prejuízos Acumulados dois grandes grupos:
Ações em Tesouraria
• Ativo Circulante;
No Balanço Patrimonial as contas são • Ativo Não Circulante.
apresentadas em grupos e subgrupos em que se
dividem o Ativo e o Passivo, bem como as Contas Já o Passivo é divido em três grandes grupos:
Retificadores mais comuns do Ativo e/ou do Passivo.
Como podemos visualizar no exemplo abaixo: • Passivo Circulante;
• Passivo Não Circulante;
Balanço Patrimonial • Patrimônio Líquido.
1- Ativo 2- Passivo
1.1 - Ativo Circulante 2.1 - Passivo Circulante
1.1.01 – Caixa 2.1.01 – Fornecedores 3 - Modelos de Demonstrações
1.1.02 – Bancos
2.1.02 – Duplicatas a Contábeis
pagar
1.1.03 – Duplicatas a Receber 2.1.03 – Salários a Pagar
2.1.04 – Impostos a
1.1.04 – Estoques
Recolher
3.1 - Demonstração do
2.2 - Passivo Não
Resultado do Exercício
1.2 - Ativo Não Circulante.
Circulante
Como já vimos, o resultado do exercício é
1.2.01 Ativo Realizável a longo 2.2.01 – Duplicatas a
Prazo Pagar
obtido pela diferença entre as contas de Receita
1.2.02.01 – Promissórias a Receber 2.3 - Patrimônio Líquido
subtraindo as Despesas. Antes de apurar esse
resultado é necessário que se façam determinados
1.2.02 Investimentos 2.3.01 – Capital Social
ajustes nestas contas para que elas representem seu
1.2.02.01 – Participação na 2.3.02 – Reservas de
saldo real.
Empresa A Lucros
A Demonstração do Resultado do Exercício
1.3.03 Imobilizado 2.3.02.01 Reserva Legal
(DRE) é uma síntese ordenada das Receitas e
2.3.03 – Reservas de
1.3.03.01 Veículos Despesas da empresa num determinado período,
Capital
cujo objetivo é proporcionar o Resultado Líquido
1.3.03.02 ( – ) Depreciação 2.3.03.01 - (–) Ações em
do exercício demonstrando todos os elementos que
Acumulada do Veículo Tesouraria
compuseram este resultado.
1.3.04. Intangível
1.3.04.01 – Fundo de Comércio 2.3.03.02 - (–) Prejuízos
1.3.04.02 (–) Amortização Acumulados
A Demonstração do Resultado do Exercício -
Acumulada
DRE, evidencia o resultado econômico, isto é,
Fonte: elaboração própria.
Lucros ou Prejuízos.

Na prática, para levantamento do Balanço,


ocorre uma divisão das Contas Patrimoniais e de Como já foi dito, a DRE é elaborada através
Resultado, constantes do Balancete. Apenas as da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados já
contas que representam Bens, Direitos, Obrigações que esta possui apenas um saldo. Por isso, essa
e Patrimônio Líquido constam do Balanço demonstração é imprescindível para elaboração do
Patrimonial. As Contas de Resultado são reduzidas Balanço Patrimonial.

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Introdução a Contabilidade

Antes de seguir para o próximo passo a respeito evidenciar as alterações ocorridas na conta Lucros
de como deve se estruturar a Demonstração ou Prejuízos Acumulados durante o exercício social.
do Resultado do Exercício é importante que Essa demonstração é de extrema importância
todos possam ter uma noção e visão simples, para a alta administração da empresa que precisa
mas consistente, de como é estruturada uma acompanhar as alterações, causas e efeitos na conta
demonstração de resultado do exercício. Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Para elaborar essa demonstração é indispensável
DRE (SIMPLES) DRE (COMPLETA) ter em mãos a ficha razão da conta Lucros ou
Receitas (+) Receitas (+) Prejuízos Acumulados.
( - ) Deduções ( - ) Deduções O artigo 186, da Lei n° 6.404/1976, define que
( - ) Despesas ( - ) Custos a DLPA deve discriminar os seguintes itens:
( - ) Despesas
I. O saldo do início do período, os ajustes
( - ) Impostos e taxas dos exercícios anteriores e a correção
= Lucro ou Prejuízo = Lucro ou Prejuízo monetária do saldo inicial;
Fonte: Criação própria.
II. As reversões de reservas e o lucro
líquido do exercício;
III. As transferências para reservas,
O propósito da DRE é evidenciar o ganho da
os dividendos, a parcela dos lucros
empresa oferecendo as informações necessárias ao incorporados ao capital e o saldo no final
usuário externo. do período.
É importante lembrar que para fazer a DRE
devemos usar os agrupamentos das contas de Vejamos um exemplo:
Resultado. Para facilitar seu trabalho, tenha sempre
em mãos o Plano de Contas da empresa. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
1. Saldo no início do período 500,00
Exemplo de Demonstração do Resultado do Exercício:
2. Ajustes dos Exercícios Anteriores 100,00
1- Receita Bruta 19.000,00
3. Incorporação ao Capital (200,00)
2 - Deduções e Abatimentos (3.000.00)
4. Lucro ou Prejuízo do Exercício 1.600,00
3 - Receita Operacional Líquida (1-2) 16.000,00
5. Transferência para Reserva Legal (200,00)
4 - Custos Operacionais (3.000,00)
6. Transferência para Reservas Estatutárias (100,00)
5 - Lucro Bruto (3-4) 13.000,00
7. Dividendos Propostos (500,00)
6 - Despesas Operacionais (2.000,00)
8. Saldo Final 1.200,00
7 - Receitas Operacionais 1.000,00
8 - Resultado Operacional (5-6+7) 12.000,00 É importante ressaltar que como ajustes de
9 - Resultado não Operacional (1.000,00) exercícios anteriores serão considerados apenas
10 - Resultado antes do IR e CSLL(8-9) 11.000,00 os decorrentes de efeitos da mudança de critério
11 - IR + CSLL (2.000,00) contábil ou da retificação de erro imputável a
12 - Lucro Líquido 9.000,00 determinado exercício anterior e que não possam
ser atribuídos a fatos subsequentes.
Muito bem pessoal, depois de aprendermos Como já sabemos, a DLPA pode ser substituída
sobre várias demonstrações contábeis iremos pela Demonstração das Mutações do Patrimônio
avançar nossos estudos e verificar as Demonstrações Líquido (DMPL) nas empresas comerciais. A
dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). DMPL apresenta vantagens sobre a DLPA, pois,
como já diz seu próprio nome, por meio dela é
3.2 - Demonstrações dos Lucros possível verificar todas as alterações ocorridas
ou Prejuízos Acumulados no Patrimônio Líquido, enquanto na DLPA só
conseguimos demonstrar as mutações da conta
A elaboração da Demonstração dos Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados.
ou Prejuízos Acumulados (DLPA) é obrigatória Na DMPL existe uma coluna exclusiva para
em decorrência da Lei n° 6.404/76, cujo objetivo é demonstrar os Lucros ou Prejuízos Acumulados.

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Por este motivo, o parágrafo 2° do Artigo 186, da
Mas, o que é caixa?
Lei n° 6.404/76 determina que a DLPA poderá
ser substituída pela DMPL, caso seja publicada
pela empresa. Para que possamos entender sobre esta
Por sua vez, a Comissão de Valores Mobiliários demonstração contábil é importante saber o significa a
(CVM) designou a obrigatoriedade de divulgação palavra “caixa”. Assim, Caixa compreende numerários
em espécie e depósitos bancários disponíveis.
da Demonstração de Mutações do Patrimônio
A Lei nº 6404/1976, também não fixou um
Líquido, por parte de todas as Companhias
modelo de DFC a ser observado por todas as
Abertas, em função da relevância das informações empresas. Ela limitou-se a estabelecer no Inciso I,
que ela apresenta. do Artigo 188, que a DFC deverá indicar no mínimo
Pela lei nº 11638/2007, a conta Lucros as alterações ocorridas, durante o exercício, no
Acumulados deverão ter saldo zero no final do saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando
período, ou seja, não poderá existir excedente de essas alterações em, no mínimo três fluxos de caixa:
lucro sem destinação. Fluxos das Operações, Fluxos dos Financiamentos
e Fluxos dos Investimentos. As atividades do Caixa
podem ser operacionais, de financiamentos e de
Saber Mais investimentos, conforme abaixo:
A Lei Nº 11.638, de 28.12.2007, altera e revoga dispositivos da
Lei Nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e da Lei no 6.385, de a) Atividades operacionais – compreendem
7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande as transações que envolvem a consecução do objeto
porte disposições relativas à elaboração e divulgação de social da entidade. Elas podem ser exemplificadas
demonstrações financeiras. Aprofunde seus conhecimentos pelo recebimento de uma venda, pagamento de
sobre a questão. Acessem: <http://www.planalto.gov.br/ fornecedores por compra de materiais, pagamento
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm> dos funcionários etc.;
b) Atividades de financiamentos – incluem
É importante destacar de acordo com Iudícibus a captação de recursos dos acionistas ou cotistas e
e Marion (2009, p. 232), que: seu retorno em forma de Lucros ou Dividendos, a
captação de empréstimos ou outros recursos, sua
A parte do lucro não distribuída aos
amortização e remuneração.
proprietários e não utilizada para c) Atividades de investimentos –
aumento de Capital, reservas e outros compreendem as transações com os ativos
fins será acumulada na conta denominada financeiros, as aquisições ou vendas de participações
Lucros acumulados. Essa prática não é em outras entidades e de ativos utilizados na
possível para as Sociedades Anônimas produção de bens ou na prestação de serviços
conforme a lei n 11638/07 que exige
ligados ao objeto social da entidade.
que o saldo desta conta seja zerado. Para
maior transparência, todo lucro devera
ser destinado para reservas. Complementando, podemos ainda observar
no Parágrafo 6º, da Lei nº 11638/2007, que “A
companhia fechada com patrimônio líquido, na
Muito bem, vamos para mais demonstrações
data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois
contábeis às quais as empresas estão obrigadas.
milhões de reais) não será obrigada à elaboração e
publicação da demonstração dos fluxos de caixa”.
3.3 - Demonstração dos Fluxos
de Caixa
Saber Mais
Pesquise sobre o conteúdo estudado:
A demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é Demonstração dos Fluxos de Caixa - CPC 03 (R2). Comitê
um relatório contábil que tem por fim evidenciar as de Pronunciamentos Contábeis. Disponível em: <http://www.
transações ocorridas em um determinado período e cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=17>
que provocaram modificação no saldo da Conta Caixa.

77
Introdução a Contabilidade

mesmo como utilizou os recursos e


Comissão de Valores Mobiliários - CVM nº 457/07 - Dispõe valores equivalentes a caixa. Quando
sobre a elaboração e divulgação das demonstrações utiliza essa demonstração em conjunto
financeiras consolidadas, com base no padrão contábil
com as demais, a empresa supre de forma
internacional emitido pelo International Accounting
completa os usuários, além de habilita
Standards Board - IASB. Disponível em:
-los a avaliação nas mudanças de ativos
<www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/Atos/inst/inst457.doc>
líquidos e de sua estrutura financeira.

É importante o usuário compreender a DFC com É bom lembrar que existem dois métodos de
a facilidade e qual foi a origem de todos os recursos elaboração da DFC:
financeiros que passaram pelo Caixa da empresa em um
determinado período, bem como o destino dos recursos
financeiros que ingressaram e não permaneceram para 1. Método direto - os recursos indicados a
compor o saldo do Caixa no final do mesmo período, partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes
como demonstramos abaixo: das operações normais, efetuadas durante o período.
2. Método indireto - os recursos derivados
DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa - ANO 20X3
das operações são indicados a partir do lucro
Caixa das Atividades Operacionais R$ R$ líquido do exercício.
Recebimentos de Vendas 260.000,00
( - ) Pagamentos das Compras (100.000,00) Iremos aprofundar este assunto nas disciplinas de
( - ) Pagamento das Despesas (42.000,00)
Contabilidade III e em Análises das Demonstrações
Caixa Líquido das Atividades 118.000,00
Contábeis. Já estamos na penúltima demonstração,
Operacionais
Caixa das Atividades de Investimento então, vamos aprender um pouco mais.
Compra de Imóveis (32.000,00)
Caixa Líquido das Atividades (32.000,00) 3.4 - Demonstração do valor
Investimentos adicionado
Caixa das Atividades de
Financiamento
Pagamento de Dividendos (12.000,00)
A demonstração do Valor Adicionado (DVA)
Pagamento de Empréstimos (6.000,00) é um relatório contábil que evidencia o quanto de
Caixa Líquido das Atividades de (18.000,00) riqueza uma empresa produziu, isto é, o quanto
Financiamentos ela adicionou de valor aos fatores de produção
Redução das disponibilidades
e o quanto e de que forma essa riqueza foi
Saldo de Caixa e Bancos em (16.000,00)
31/12/20X2
distribuída entre (empregados, governo, acionistas,
Saldo de Caixa e Bancos em 52.000,00 financiadores de capital), bem como a parcela da
31/12/20X3 riqueza não distribuída.
Fonte: Criação própria. Tendo, então, a DVA demonstrar a origem
da riqueza gerada pela empresa e como essa
riqueza foi distribuída entre os diversos setores
Quais são os benefícios que a DFC pode gerar? que contribuíram, direta ou indiretamente, para
sua geração. No Inciso II, do Artigo 188, a lei nº
Para Marion e Reis (2003, p. 58): 6.404/1976 apresenta as informações mínimas que
devem ser indicadas na DVA, como: o valor da
A demonstração do fluxo de caixa
propicia aos analistas financeiros uma riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição
fonte segura para melhor elaborar seus entre os elementos que contribuíram para a geração
planejamentos financeiros, além de
mostrar aos outros usuários a forma dessa riqueza.
como a empresa gerou caixa ou até Vejamos, por exemplo:

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DVA - Demonstração do Valor Adicionado - ANO 20X3
1. Receita Operacional 1.000,00
1.1 Vendas de mercadorias, Produtos e Serviços 1.000,00
2. Insumos Adquiridos de Terceiros 400,00
2.1. Matérias Primas Consumidas 100,00
2.2 Custos das Mercadorias e Serviços Vendidos 200,00
2.3 Materiais, Energia, Serviços 100,00

3. Valor Adicionado Bruto. (1 – 2) 600,00


4. Retenções
4.1 Depreciação, Amortização e Exaustão 50,00
5. Valor Adicionado Líquido. (3 – 4) 550,00
6. Valor Adicionado Recebido em Transferência.
6.1 Resultado de Equivalência Patrimonial 40,00
6.2 Receitas Financeiras 80,00
7. Valor Adicionado Total a distribuir ( 5 + 6) 670,00
8. Distribuição do Valor Adicionado 370,00
8.1 Pessoal e Encargos 70,00
8.2 Impostos, Taxas e Contribuição 85,00
8.3 Juros e Alugueis 30,00
8.4 Juros sobre Capital Próprio e Dividendos 55,00
8.5 Lucro Reinvestido 60,00
Fonte: Criação própria.

Como podemos ver, a DVA é uma demonstração O que é CCL? O Capital Circulante Líquido
de fácil entendimento. é a diferença da conta do Ativo Circulante menos a
Mas, para ficar ainda mais fácil segue um conta do Passivo Circulante da empresa. O intuito
segundo exemplo logo abaixo: da DOAR é tornar evidentes as transformações
Consideremos que determinada mercadoria sofridas pelo CCL durante o exercício. Assim, é
adquirida do fornecedor X, por R$ 200,00 a unidade, possível avaliar a liquidez a curto prazo da empresa,
tenha sido vendida pela empresa comercial por R$ reconhecendo os fatores que contribuem para
350,00. Neste caso, o valor adicionado pela empresa alteração da posição financeira a curto prazo.
comercial corresponde a R$ 150,00 (350,00 – 200,00). A variação do CCL pode ser obtida subtraindo-
Isso significa que os R$150,00 correspondem se o CCL do início do exercício do CCL do final do
à remuneração dos esforços que a empresa exercício. Como, por exemplo:
despendeu no desenvolvimento de suas atividades.
Assim, o valor adicionado em cada empresa em CCL ao final do exercício 1.000,00
um determinado período representa o quanto essa (-) CCL no início do exercício 600,00
empresa contribuiu para a formação do Produto Variação do CCL 400,00
Interno Bruto, (PIB) do país no referido período.
Existem casos em que o Ativo Circulante (AC)
3.5 - Demonstração das Origens excede ao Passivo Circulante (PC), demonstrando
e Aplicação de Recursos que a empresa está trabalhando, no curto prazo, com
capital de giro próprio, ou seja, ela consegue pagar
A Demonstração das Origens e Aplicação de suas obrigações. Em princípio, será satisfatória a
Recursos (DOAR) permite verificar como foram posição financeira a curto prazo, se a empresa tiver
obtidos e aplicados os recursos que afetam o capital de giro próprio.
capital de giro da empresa, denominado pela Lei n° Em outros, o Passivo Circulante é maior que o
6.404/76, de Capital Circulante Líquido (CCL). Ativo Circulante, significando que a empresa opera, no

79
Introdução a Contabilidade

curto prazo, com capital de giro de terceiros. Quando


a empresa está em situação financeira enfraquecida, o Retomando a aula
capital de giro será negativo ou de terceiros.
A DOAR é uma demonstração contábil com
enfoque exclusivamente financeiro, por isso, todas as Antes de encerrar a Aula 07, é importante
despesas e receitas que não forem, exclusivamente, que retomemos os conteúdos estudados:
financeiras não devem ser consideradas no DOAR.

1 - Entender os conceitos:
Saber Mais
demonstrações contábeis
É importante destacar que a DOAR foi substituída no inciso
As demonstrações contábeis denominadas pela
IV, artigo 176, da lei nº 11638/2007, pela Demonstração do
Lei nº 6404/76, são relatórios elaborados com base
Fluxo de Caixa e Demonstração do valor Adicionado. Porém,
na escrituração mercantil, mantida pelas empresas,
esta aqui em destaque somente para conhecimento de
com a finalidade de apresentar informações aos
como era realizado esta demonstração.
diversos usuários, principalmente de natureza
econômica e financeira, relativas à gestão do
Exemplos: despesas de depreciação e amortização, patrimônio ocorrida durante um exercício social
pois não representam saída efetiva de dinheiro. (RIBEIRO, 2009, p. 39).
A Demonstração Contábil é obrigatória e realizada
Exemplo de Demonstração nas Variações dos pelo contador contratado pela empresa ou por meio de
Componentes do CCL escritório contábil que presta serviços terceirizados.
Componentes Início do Final do Variações As principais demonstrações são: Balanço
Exercício Exercício Patrimonial; Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Ativo Circulante 500,00 3.000,00 2.500,00
Acumulados; Demonstração do Resultado do
Exercício; Demonstração dos Fluxos de Caixa;
Passivo Circulante 200,00 1.700,00 1.500,00
Demonstração do Valor Adicionado.
CCL 300,00 1.300,00 1000,00
2 - Balancete de verificação: apuração dos
Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos saldos contábeis
Origens A apuração dos saldos contábeis do Balancete
Lucros 5.000,00 de Verificação, foram transferidas para o Balanço
Empréstimos 1.000,00
Patrimonial, que é uma demonstração financeira, a
qual compreende todos os Ativos (Bens e Direitos),
6.000,00
Passivos (Obrigações) e o Patrimônio Líquido.
Na prática, para levantamento do Balanço,
Aplicações ocorre uma divisão das Contas Patrimoniais e de
Imobilizações 3.000,00 Resultado, constantes do Balancete. Apenas as
Distribuição de Lucros 2.000,00 contas que representam Bens, Direitos, Obrigações
(5.000,00) e Patrimônio Líquido constam do Balanço
Patrimonial. As Contas de Resultado são reduzidas
Aumento do CCL 1.000,00
a um único valor, através do demonstrativo
de resultados, passando a integrar o Balanço
Patrimonial na forma de lucro ou prejuízo.
Todas as demonstrações financeiras Assim, no Balanço Patrimonial as contas são
vistas nesta aula são de extrema apresentadas em grupos e subgrupos em que se
importância para o (a) administrador dividem o Ativo e o Passivo, bem como as Contas
(a), pois é baseado nelas que tomará as Retificadores mais comuns do Ativo e/ou do Passivo.
decisões importantes pra a empresa.
É fundamental que não fiquem 3 - Modelos de Demonstrações Contábeis
com dúvidas sobre os conteúdos Os Modelos de Demonstrações Contábeis
estudados. Caso ainda tenha questionamentos, acessem no podem ser:
ambiente virtual as ferramentas habituais e interaja com seu
professor e colegas de curso.
a) Demonstração do Resultado do Exercício;

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b) Demonstrações dos Lucros ou
História da Contabilidade. Disponível em: <www.
Prejuízos Acumulados;
c) Demonstração dos Fluxos de Caixa; portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.
d) Demonstração do Valor Adicionado; htm>. Acesso em: 03 abr. 2012.
e) Demonstração das Origens e Aplicação Demonstrações Contábeis. IBRACON NPC
de Recursos. nº 27. Instituto dos Auditores Independentes
do Brasil. Disponível em: <http://www.
portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc27.
Vale a pena htm>. Acesso em: 30 mar. 2012.

Vale a pena ler

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -


Manuais de Legislação. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
FILHO, José Francisco Ribeiro; LOPES, Jorge;
PEDERNEIRAS, Marcleide. Estudando Teoria da
Contabilidade. São Paulo: 1. ed. Atlas, 2009.
HIRASHIMA & ASSOCIADOS. Guia Para
Pesquisas de Práticas Contábeis: Incluindo Aspectos
Tributários Relevantes. 1. ed. São Paulo, Atlas, 2006.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; José Carlos Marion.
Contabilidade Comercial: Atualizado conforme Lei
11638/07 e MP nº 449/08. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
OLIVEIRA. Edson. Contabilidade informatizada:
Teoria e Prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
SOUZA, Clovis de; FAVERO, Hamilton Luiz;
LONARDONI, Mário; TAKAKURA, Massazaku.
Contabilidade: Teoria e Prática. 5. ed. Vol. 1. São
Paulo: Atlas, 2009.

Vale a pena acessar

Academia Brasileira de Ciências Contábeis.


Disponível em: <http://www.abcienciascontabeis.
com.br/>. Acesso em: 15 mar. 2012.
Classe Contábil. Disponível em: <www.
classecontabil.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2012.
Comissão de Valores Mobiliários. Disponível em:
<www.cvm.gov.br>. Acesso em: 20 mar. 2012.
Comitê De Pronunciamentos Contábeis. Disponível
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Conselho Regional de Contabilidade. Disponível em:
<www.cfc.org.br>. Acesso em: 30 mar. 2012.

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