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Análise Financeira

de Balanços
EDITORA ATLAS S.A.
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221-914 4 (PABX)
www.atlasnet.com.br
Dante Carmine Matarazzo

Análise Financeira
de Balanços
Abordagem Básica e Gerencial
• Como Avaliar Empresas
• Análise da Gestão de Caixa
• Análise da Gestão de Lucro
Lucro
• Desempenho da Diretoria

5ª Edição

SÃO PAULO
EDITORA ATLAS
ATLA S S.A.
S.A. — 1998
 © 1992
1992 by EDITORA ATLAS S.A.

1. ed. 1985; 2. ed. 1987; 3. ed. 1994; 4. ed. 1997; 5. ed. 1998; 8ª tiragem

Capa: Aldo Catelli


Composição: Clab's Assessoria Gráfica Editorial

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Matarazzo, Dante Carmine, 1947-
Análise financeira de balanços : abordagem básica e gerencial / Dante
Carmine Matarazzo. - 5. ed. - São Paulo : Atlas, 1998.

ISBN 85-224-1973-6

1. Balanço financeiro 2. Balanço financeiro - Problemas e exercícios


etc. I. Título. II. Título : Abordagem básica e gerencial.

93-2466 CDD-658.15076
Índices para catálogo sistemático:
1. Análise de balanços
balanços : Empresas : Exercícios : Administração financeira
658.15076
2. Balanços : Empresas
Empresas : Exercícios : Administração
Administraçã o financeira
658.15076
3. Exercícios : Análise de balanços : Empresas : Administração financeira
658.15076

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de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor
(Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº 1.825,


de 20 de dezembro de 1907.

Cód.: 0302 55 209


Impresso no Brasil/ Printed
Printed in Brazil 
Aos meus pais:
Do amor, trabalho  e e  retidão de caráter que vocês me ensinaram 
frutificou esta obra.
Sem vocês e a vontade de DEUS nada eu poderia ter feito.
Sumário

Prefácio, 13
Parte I - ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS
DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS,  15
FINANCEIRAS, 15
1 INTRODUÇÃO,
INTRODUÇÃO, 17
1 Objetivos da análise de balanços, 17
1.1 A análise de balanços começa onde termina a contabilidade,
contabil idade, 19
1.2
1.2 Linguagem
Linguagem descomplicada, 19
1.3
1.3 O que incluir
incluir no relatório, 20
1.4
1.4 Metodologia de análise,
análise , 21
2 Panorama das técnicas de analise de balanços, 22
Técnicas de análise, 25
2.1 Análise através de índices, 25
2.2 Análise
Análise vertical e horizontal, 26
2.3 Análise
Análise do capital
capital de giro, 26
2.4 Modelos
Modelos de análise de rentabilidade,
rentabili dade, 27
2.4.1 Análise dodo ROI
ROI (Retorno Operacional dos Investimentos),
Investimento s), 27
2.4.2 Análise dada "Alavancagem Financeira", 27
2.5 Análise da demonstração das origens e aplicações de recursos recursos e do fluxo
de caixa, 27
2.6 Análise prospectiva, 28
Apêndice -  Usos
 Usos e usuários da análise de balanços, 29
1 Fornecedores, 31
2 Clientes (compradores
(compradores), ), 33
3 Bancos comerciais (ou carteira comercial do banco múltiplo),múltipl o), 34
4 Bancos
Bancos de investimentos
investimentos (ou(ou carteira de Investimentos
Investimentos no banco
banco múltiplo),
múltip lo), 35
5 Sociedades de crédito imobiliário (ou (ou carteira de crédito imobiliário do banco
múltiplo), 35
6 Sociedades financeiras (ou carteira
cartei ra de financiamento ao consumidor do banco
múltiplo), 36
7 Corretoras de valores e público investidor, 36
8 Concorrentes, 36
9 Dirigentes,
Dirigentes, 37
10 Governo, 38
11 Acompanhamento
Acompanhamento de clientes e fornecedores, 39
2 ESTRUTURA
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, FINANCEIRA S, 41
1 Estrutura das demonstrações
demonstrações financeiras,
financeir as, 41
1.1
1.1 O que mostram
mostram as demonstrações financeiras,
finance iras, 43
8 SUMÁRIO

1.2
1.2 Balanço
Balanço patrimonial,
patrimoni al, 43
Balanço
Balanço patrimonial, 45
1.3
1.3 Demonstração
Demonstração do resultado do exercício, 47
1.4
1.4 Demonstração
Demonstração das mutações do patrimônio líquido,
líquid o, 48
1.5
1.5 Demonstração
Demonstração das origens e aplicações de recursos - DOAR, DOAR, 50
Apêndice  -
 - Principais contas do balanço e demonstração de resultados, 53
1 Ativo circulante, 53
2 Disponibilidades, 53
3 Clientes, 54
4 Bancos
Bancos conta vinculada, 55
5 Estoques, 55
6 Aplicações financeiras, 56
7 Outras contas
contas do ativo
ativo circulante, 56
8 Realizável
Realizável a longo prazo, 58
9 Ativo permanente, 59
10 Investimentos,
Investimentos, 60
11 Imobilizado,
Imobilizado , 60
12 Diferido, 62
13 Passivo
Passivo circulante, 63
14 Exigível a longo prazo, 65
15 Resultado de exercícios futuros,
futuro s, 65
16 Patrimônio
Patrimônio líquido, 66
Principais contas da demonstração do resultado, 69
1 Receita operacional bruta, 69
2 Custos de produtos e serviços
serviços vendidos (CPV), 71
3 Despesa
Despesass operacionais, 73
4 Outras receitas e despesas, 74
5 Demais
Demais contas
contas da demonstraçã
demonstraçãoo do resultado,
resultado, 75
3 CORREÇÃO MONETÁRIA
MONETÁRIA NA LEI DAS S.A., 77
1 Inflação e técnicas
técnicas de correção
correção monetária, 78
2 Fundamentos da correção monetária na lei das S.A., 79
2.1 Estoques
Estoques tratados como
como itens monetários,
monetário s, 81
2.2 Fórmulas de correção monetária, 82
3 Procedimentos
Procedimentos de correção monetária na lei das S.A., 84
3.1 Esquema
Esquema da correção monetária, 87
Conclusão, 88
Apêndice  -
 - Exemplos
Exemplos numéricos
numéricos da correção monetária na Lei das S.A., 90
1 Saldo da correção monetária como despesa quando não não há ativo permanente
permanente e
passivo
passivo exigível,
exigí vel, 90
2 Saldo de correção monetária como despesa quando há ativo permanente e
passivo exigível, 93
3 Saldo de correção monetária como receita: ativo permanente maior que patrimônio
líquido, 96
4 Correção
Correção monetária
monetária no caso
caso do patrimôni
patrimônioo líquido negativo: um caso
caso especial, 105
4 CORREÇÃO MONETÁRIA
MONETÁRIA INTEGRAL, 111
1 A correção monetária integral versus correção monetária pela legislação,
legislaçã o, 112
2 Principais procedimentos da correção integral,
inte gral, 114
114
2.1
2.1 No balanço, 115
2.2 Na demonstração do resultado, 116
2.3 Na demonstração
demonstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstração
das origens e aplicações de recursos, 118
3 Quadro comparativo entre os números
números dos principais itens das demonstrações
demonstrações
financeiras pela legislação societária versus correção integral, 119
4 A realidade
realidade sobre as perdas
perdas e ganhos com a inflação, 120 120
5 O problema dos índices de inflação e a dolarização das demonstrações
financeiras, 122
122
5.1
5.1 Inadequação dos índices de inflação,
inflaçã o, 122
5.2 Dolarização das demonstrações financeiras,
financeir as, 124
SUMÁRIO 9

6 Síntese das normas oficiais de correção integral, 125


7 Vantagens da análi análise
se das
das demonstrações financeiras com correção integral,
integra l, 126
Apêndice -  Como
 Como elaborar a dolarização de balanços de fora da empresa, 127
1 Dados, 128
2 Método de elaboração da correção integral externa, extern a, 131
131
5 PADRONIZAÇÃO DAS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E EMPRESA EMPRESA EXEMPLO, 141
1 Padronização das demonstrações financeiras, financeira s, 141
2 Modelo de padronização, 144
3 A empresa exemplo:
exemplo: Cia. Big, 145
Parte II - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO  EMPRESARIAL,, 151
6 ANÁUSE ATRAVÉS
ATRAVÉS DE ÍNDICES, 153
1 O papel dos índices de balanço, 153
1.1 Quantos índices
índices são necessários para uma boa análise?, 154
1.2
1.2 Aspectos da empresa reveladosrevelados pelos índices, 155 155
1.3
1.3 Principais índices,
índices, 156
1.4
1.4 Quadro-resumo dos índices, 157
2 Descrição detalhada dos índices, 157
2.1 Participação
Participação de capitais de terceiros, 159 159
2.2 Composição
Composição do endividamento, 161
2.3 Imobilização
Imobilização do patrimônio líquido,
líquid o, 162
2.4 Imobilização
Imobilização dos recursos não correntes,
correntes , 165
2.5 Liquidez
Liquidez geral: LG, 170
2.6 Liquidez
Liquidez corrente: LC, 173
2.7 Liquidez
Liquidez seca: LS, 179 179
2.8 Giro do ativo, 182
2.9 Margem
Margem líquida, 183
2.10 Rentabilidade
Rentabilidade do ativo, 184
2.11
2.11 Rentabilidade
Rentabilidade do patrimônio líquido, 186 186
3 Como avaliar
avaliar os índices, 189189
3.1 Processo
Processo de avaliação de índicesíndices financeiros, 190
190
3.2 A importância relativa de cada índice (peso), 191 191
3.3 Relatório parcial de análise através de índices, 192
7 ÍNDICES-PADRÃO,
ÍNDICES-PADRÃO, 193
1 A estatística
estatís tica ajudando a analisar balanços, 193 193
1.1 Exemplificação
Exemplificação da construção de padrões, 198
1.2 Ramos
Ramos de atividade, 200
1.3 A utilidade dos índices-padrão, 201
2 Avaliação de índices
índices através de padrões, 204 204
2.1 Exemplo, 204
2.2 Outros exemplos, 207
3 Desmistificação
Desmistificação de padrões, 209
8 MODELO
MODELO DE AVAUAÇÃO DE EMPRESAS, EMPRESAS, 211
1 Passos
Passos do método de avaliação, 212
2 Uso de planilhas de avaliação, 217
3 Conclusões sobre a empresa, 222
3.1 Sumário das avaliações,
avaliaçõe s, 222
3.2 Perfil da empresa, 223
3.3 Pontos fortes e fracos, 224
fracos, 224
3.4 Evolução, 224
3.5
3.5 Tendência geral,gera l, 224
3.6 Comentários,
Comentár ios, 225
Outras planilhas de avaliação, 225
Apêndice - 1 Como atribuir peso aos índices, 230
1 O porquê dos pesos, 231
1.1
1.1 Processos
Processos de atribuição de pesos, 232
1.2 Atribuição de pesos cientificamente,
cientificame nte, 233
10 SUMÁRIO

2 Abordagem estatística das diferenças entre índices de empresas "sucesso" e


empresas "insucesso", 236
Testes estatísticos, 237
2.1 Teste de student, 237
2.2 Teste do x2 ou correlação de atributos qualitativos, 238
Apêndice -  2 Fórmulas de previsão de falências, 244
1 Análise discriminante, 244
2 Fórmulas mais conhecidas de previsão de falências, 245
3 Como usar os modelos de previsão de insolvência, 248
9 ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL, 249
1 Análise vertical, 249
2 Análise horizontal, 251
2.1 Análise horizontal encadeada x anual, 253
3 Relação entre análise vertical e análise horizontal, 254
3.1 Relação entre análise vertical/horizontal e análise através de índices
financeiros, 255
3.2 Objetivos da análise vertical/horizontal, 255
4 Exemplo das conclusões da análise vertical e horizontal da Cia. Big, 259
Apêndice -  Análise vertical/horizontal na previsão de falências, 261
1 Exemplo de análise vertical/horizontal na previsão de insolvência, 263
10 TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS, 267
1 Econômico x financeiro, 267
2 Investimento x financiamento, 269
3 Como surgem o ativo e o passivo, 270
3.1 Exemplos de como surgem o ativo e o passivo, 273
4 Conceito e formação do capital circulante líquido, 276
5 Liquidez x fluxo de caixa, 282
5.1 Analogia com um sistema de reservatórios, 283
5.2 A liquidez e os prazos de movimentação dos itens circulantes, 284
5.3 A origem das entradas de caixa, 285
5.4 Mudanças de prazos, 285
5.5 Financiamento do ativo circulante, 286
5.6 A pá de cal nos velhos conceitos, 288
5.7 Interpretação do índice de liquidez, 289
5.8 Análise pelo avesso, 290
6. Falácias de liquidez, 293
6.1 Liquidez igual a 2,00, 294
6.2 Cálculo do estoque pelo valor de realização, 294
6.3 Liquidez e prazos médios, 294
7. Limite de endividamento, 295
7.1 Subdivisão das dívidas, 295
7.2 Créditos de funcionamento, 295
7.3 Financiamentos, 296
7.4 Empréstimos bancários, 300
8 Os diferentes índices de endividamento, 301
9 O risco dos empréstimos bancários, 303
9.1 Dependência e risco, 303
9.2 Quatro índices de dependência bancária, 304
10 Índices de avaliação de ações, 307
10.1 Visão geral dos índices de bolsa, 307
10.2 Principais índices de bolsa, 310
10.2.1 Valor patrimonial da ação, 311
10.2.2 Lucro por ação, 311
10.2.3 Preço sobre lucro por ação, 312
10.2.4 Rentabilidade de ação, 312
10.2.5 Dividendo por ação, 313
10.2.6 Retorno de caixa, 313
10.2.7 Relação Caixa/Rentabilidade da ação, 314
SUMÁRIO 11

Parte III - ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA, 315


11 INDICES DE PRAZOS MÉDIOS: A DINÂMICA DA EMPRESA, 317
1 Índices de prazos médios, 317
1.1 Prazo médio de recebimento de vendas - PMRV, 318
1.2 Prazo médio de pagamento de compras, 323
1.3 Prazo médio de renovação de estoques, 323
2 A inter-relação dos índices do prazo médio, 324
2.1 Exemplo numérico, 326
3 Como calcular corretamente os prazos médios, 329
3.1 Índices de prazos e saldos médios de balanço, 330
3.2 Prazos médios x rotações, 331
Apêndice  1 - Cálculo dos prazos médios dentro da empresa, 332
1 Cálculo dos prazos médios pelo método de exaustão, 333
2 Controle dos prazos médios através de gráficos, 335
Apêndice  2 - Formulação de estratégias através dos prazos médios, 339
1 Financiamento, 340
12 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO, 343
1 Conceito de necessidade de capital de giro, 343
1.1 Determinação da NCG, 344
1.2 Fontes de financiamento da NCG, 345
2 Causas das modificações da NCG, 348
2.1 Ciclo de caixa x financiamentos, 349
2.1.1 Gráfico tradicional, 349
2.1.2 Novo gráfico, 350
2.2 Ciclo de caixa equivalente, 352
2.3 Ciclo de caixa equivalente e reflexo monetário, 353
3 Análise da necessidade de capital de giro, 354
3.1 Desdobro da NCG, 355
Comentários sobre as causas das variações da NCG, 357
3.2 Financiamento da NCG, 357
Comentários sobre o financiamento da NCG, 359
Apêndice  - Administração do capital de giro, 360
1 Ingredientes básicos, 360
2 Inter-relacionamento das variáveis, 360
3 Quanto a empresa pode crescer?, 365
13 ELABORAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA, 369
1 Elaboração da demonstração do fluxo de caixa, 369
2 Demonstração do fluxo líquido de caixa - DFLC, 371
2.1 Exemplo simplificado da DFLC, 372
2.2. Construção da demonstração do fluxo líquido de caixa, 376
3 Análise da gestão de caixa, 379
3.1 Dificuldades na avaliação da DFLC, 379
3.2 Roteiro para análise da DFLC, 380
3.3 O que revelam os principais itens da DFLC, 381
3.4. As novas demonstrações, 383
3.4.1 Cia. Líquida - Demonstração do Capital de Giro, 383
3.4.2 Cia. Líquida - Demonstração da Movimentação do Capital de Giro DMCG, 384
3.5 Indices, 384
3.6 Comentários sobre a gestão de caixa da Cia. Líquida, 385
4 Comparação entre a DFLC (Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa) e a DOAR
(Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos), 386
4.1 Reformatação da DOAR,386
4.2 Confronto DOAR x DFLC, 386
4.3 Utilidade da DOAR, 387
12 SUMÁRIO

5 A demonstração do fluxo líquido de caixa da Cia. Big e sua análise, 388


5.1 Demonstração do fluxo líquido de caixa, 388
5.2 Demonstração do capital de giro, 389
5.3 Demonstração da movimentação do capital de giro, 390
5.4 Principais índices do fluxo de caixa da Cia. Big, 391
5.5 Comentários sobre a gestão de caixa da Cia. Big nos exercícios de
19x2 e 19x3, 391
Apêndice   - Onde está o lucro, 393

Parte IV -ANÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO, 395


14 ALAVANCAGEM FINANCEIRA E AS DIVERSAS TAXAS DE RETORNO, 397
1 Significado do retorno sobre investimentos, 397
1.1 Diversos lucros e investimentos, 398
1.2 Falha da fórmula lucro líquido dividido por ativo total médio, 399
1.3 Estabelecimento de relações autênticas, 400
2 Alavancagem financeira, 403
2.1 Quando a empresa deve recorrer a capitais de terceiros?, 408
3 Alguns aprimoramentos na análise da alavancagem financeira, 409
3.1 Capitais de terceiros x passivo com encargos, 409
3.2 Obrigações com fornecedores, 410
3.3 Como tratar o imposto sobre renda na alavancagem financeira, 411
3.4 Lucro dos ativos, 411
3.5 Nova forma da demonstração do resultado, 412
4 Aprimoramento dos conceitos de taxa de retorno, 413
4.1 Retorno sobre o ativo x retorno sobre o passivo remunerado, 413
4.2 Como utilizar o RsA, 415
4.3 Taxa de retorno sobre ativo líquido - RsAL, 416
5 Valores do denominador dos índices de taxa de retorno, 417
6 Exemplo com incorporação dos aprimoramentos na análise da alavancagem
financeira, 418
7 A alavancagem financeira da Cia. Big, 421
15 DESDOBRO DAS TAXAS DE RETORNO, 425
1 Análise de giro x margem, 426
2 Desdobro da taxa de retorno, 428
3 O modelo completo de análise da rentabilidade, 432
3.1 O que faltou no modelo "DUPONT", 432
3.2 O desenvolvimento para atingir o modelo completo de análise da rentabilidade, 432
3.3 O modelo final, 435
4 Análise da rentabilidade da Cia. Big, 435
Apêndice -   Os caminhos para o aumento dos lucros, 438
1 Exemplo (I), 441
2 Exemplo (II), 442
Conclusões, 444
Parte V - INTEGRAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE, 447
16 DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EMPRESARIAIS, 449
1 Modelo da avaliação, 449
2 Análise vertical x horizontal, 452
3 Análise da necessidade de capital de giro - NCG, 455
4 Fluxo líquido de caixa, 458
5 Análise da rentabilidade, 459
6 Soluções e perspectivas para a Cia. Big, 462
Apêndice - Orientações para utilização do disquete, 464
Prefácio

O objetivo da Administração Financeira é maximizar o patrimônio dos


acionistas.  A função do administrador financeiro   é orientar as decisões de
investimentos e financiamentos a serem tomadas pelos dirigentes  da empresa.
O papel do contador é fornecer as demonstrações financeiras para os
acionistas, administradores financeiros  e dirigentes.
A análise financeira de balanços, como concebida neste livro, propicia as
avaliações do patrimônio  da empresa e das decisões  tomadas, tanto em relação
ao passado - retratado nas demonstrações financeiras - como em relação ao
futuro - espelhado no orçamento financeiro.
A análise financeira de balanços é uma ferramenta poderosa à disposição
das pessoas físicas e jurídicas relacionadas à empresa, como acionistas, dirigen-
tes, bancos, fornecedores, clientes e outros.
Começa onde termina o trabalho do contador.
Como disciplina educacional, pode se enquadrar tanto na área da Contabi-
lidade como na de Finanças.
Este livro diferencia-se dos tradicionais textos de Análise de Balanços em
vários aspectos.
Embora requeira do leitor conhecimento prévio sobre demonstrações finan-
ceiras, não se prende a discussões contábeis como auditoria de contas, princí-
pios de contabilidade etc., apresentando abordagem semelhante à dos textos de
Finanças e extrapolando a simples análise das demonstrações financeiras, em
diversos tópicos como "Limite de Endividamento" (Capítulo 10), "Formulação de
Estratégias através dos Prazos Médios" (Capítulo 11), "Administração de Capital
de Giro" (Capítulo 12) e "Os Caminhos para Aumento dos Lucros" (Capítulo 15).
26 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A conjugação do uso de índices-padrão e de pesos possibilita chegar-se a


uma avaliação global da empresa analisada, o que é de extrema utilidade nas
decisões de crédito, principalmente se se leva em conta que os responsáveis por
essas decisões em geral não são técnicos em análise de balanços.
A principal preocupação dos índices de balanço é fornecer avaliações
genéricas sobre diferentes aspectos da empresa em análise, sem descer a um
nível maior de profundidade. Essa profundidade, porém, é alcançável através de
outras técnicas expostas adiante.

2.2 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

A Análise Vertical e Horizontal presta-se fundamentalmente ao estudo de


tendências.
A elevada inflação que se tem vivido no Brasil, as alterações de procedi-
mentos contábeis em função de legislação comercial, fiscal ou mercado de
capitais e a própria dinâmica da economia brasileira não têm estimulado os
analistas a usarem mais intensamente as possibilidades da Análise Vertical e
Horizontal.
Poucos estudos têm sido feitos com base nesse tipo de análise, seja em
função de sua utilização relativamente pequena, seja em função do trabalho de
cálculo que essa técnica exige. (Na análise de três demonstrações financeiras
calcula-se, em média, 180 quocientes percentuais ou evolutivos.)
Entretanto, pesquisas efetuadas recentemente com insolvência de peque-
nas e médias empresas têm ressaltado a utilidade da Análise Vertical e Horizontal
como instrumento de análise.

2.3 ANALISE DO CAPITAL DE GIRO

Através do cálculo dos índices de rotação ou prazos médios (recebimento,


pagamento e estocagem), é possível construir um modelo de análise dos inves-
timentos e financiamento do capital de giro, de grande utilidade gerencial, bem
como para a avaliação da capacidade de administração do capital de giro por
parte da empresa.
INTRODUÇÃO 27

2.4 MODELOS DE ANALISE DE RENTABILIDADE


2.4.1 Análise do ROI (Retorno Operacional dos Investimentos)
Esse tipo de análise, desenvolvido há cerca de cinqüenta anos, é ainda
instrumento de grande utilidade na análise interna ou externa à empresa. Permite
ampla decomposição dos elementos que influem na determinação da taxa de
rentabilidade de uma empresa e explica quais os principais fatores que levaram
ao aumento ou à queda de rentabilidade. Possibilita ainda identificar as alterna-
tivas para modificações da rentabilidade quando esta estiver em estudo.
Modernamente, faz-se pesquisa a respeito da utilidade desse modelo de
análise acoplado à análise de Custo/Volume/Lucro e à análise da Curva de
Demanda dos produtos de uma empresa.
Em análises externas à empresa, pouco uso tem sido feito da análise do
ROI, no Brasil, sem um motivo, aparentemente, mais forte.
Talvez a pouca importância que lhe tem sido dada pelas obras de Análise
de Balanços ou o suposto academicismo desse modelo ou, ainda, algumas
pequenas dificuldades de montagem expliquem a falta de entusiasmo dos
analistas por esse modelo.

2.4.2 Análise da "Alavancagem Financeira"


Analisar a "alavancagem financeira" sob condições de inflação era até
pouco tempo tarefa a que os estudiosos não se haviam arriscado, tal a comple-
xidade de conhecimentos de contabilidade, de efeitos inflacionários sobre as
demonstrações financeiras e de finanças que envolve.
Há pouco tempo, esse tema foi objeto de tese de livre-docência na Facul-
dade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Essa tese foi
editada com o título Análise da correção monetária das demonstrações financei- 
ras;  implicações no lucro e na alavancagem financeira, de autoria do Prof. Eliseu
Martins.
Por comparar o custo das diferentes alternativas de capitais de terceiros
com o custo do capital próprio, a análise da "alavancagem financeira" é impres-
cindível para as decisões de subscrição de ações e muito recomendável nas
decisões de financiamentos de longo prazo.

2.5 ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E


APLICAÇÕES DE RECURSOS E DO FLUXO DE CAIXA
A partir das demonstrações financeiras levantadas em 31-12-78, a Demons-
tração das Origens e Aplicações de Recursos começou a ser divulgada, no Brasil,
por determinação da Lei n2 6.404.
28 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Mesmo nos Estados Unidos, a sua obrigatoriedade deu-se a partir de 1972.


Os analistas de balanço pouco conhecem das potencialidades informativas
dessa demonstração e não as vêm utilizando para emissão de seus pareceres.
A análise dessa demonstração foi objeto de dissertação de mestrado
apresentada por este autor à Faculdade de Economia e Administração da
Universidade de São Paulo; nessa dissertação foram apresentados diversos
índices financeiros extraídos da Demonstração de Origens e Aplicação de
Recursos.
Utilizando os dados da Demonstração das Origens e Aplicações de Recur-
sos, pode-se construir a Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa, cuja análise
é a última palavra sobre a situação financeira da empresa e sobre sua gestão de
caixa.

2.6 ANALISE PROSPECTIVA

A Análise de Balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da


empresa, por serem os dados do passado os únicos contidos nas demonstrações
financeiras.
O pensamento dominante é de que, analisando-se o passado, se poderá
inferir como será o futuro, supondo-se que o comportamento da empresa no
futuro seja igual àquele do passado. Esse é, aliás, um raciocínio que a própria
sociedade no mundo ocidental tem usado largamente.
Apenas modernamente é que se desenvolveram técnicas previsionais na
Análise de Balanços.
Em virtude de as técnicas previsionais incorporarem novas variáveis, acre-
dita-se que o uso de tais técnicas supera em muito os resultados que se obtém
pela simples análise do passado. E claro que o grau de erro numa análise
previsional é maior do que na análise do passado, mas isso não lhe tira a
qualidade de mais eficiente, visto que a análise do passado, mesmo que
absolutamente correta, pode, em certas circunstâncias, não ter nenhuma utilida-
de para a tomada de decisões; isso jamais acontecerá com a análise previsional.
Talvez em virtude das dificuldades apresentadas, a análise previsional ainda
é muito pouco usada no Brasil, diferentemente do que ocorre com alguns bancos
americanos que a empregam em larga escala e até como carro-chefe dos seus
modelos de análise.
INTRODUÇÃO 29

Apêndice U s o s e U s u á rio s d a A n á lis e d e B a la n ç o s

Saber analisar balanços está-se tornando


uma necessidade para grande número de
pessoas.

Um dos elementos mais importantes na tomada de decisões relacionadas


a uma empresa é a análise das suas demonstrações financeiras.
A Análise de Balanços é um trabalho fascinante para as áreas de Finanças
e Contabilidade. É através dela que se podem avaliar os efeitos de certos eventos
sobre a situação financeira de uma empresa. Suponha-se a questão: Como o
aumento de vendas afetou a situação financeira da empresa? Estará ela em
posição mais sólida após a obtenção de financiamento para a automação da
produção?
Os eventos econômicos podem manifestar-se das mais variadas formas,
desde a paralisação de uma fábrica até o aparecimento de um novo concorrente.
Através da Análise de Balanços pode-se avaliar o significado desses eventos.
O diagnóstico de uma empresa quase sempre começa com uma rigorosa
Análise de Balanços, cuja finalidade é determinar quais são os pontos críticos e
permitir, de imediato, apresentar um esboço das prioridades para a solução de
seus problemas.
A política financeira de uma empresa tem reflexo nas demonstrações
financeiras e é através da sua análise que se podem conhecer os seus objetivos.
O conhecimento de tal informação é de especial relevância quando se trata de
demonstrações financeiras de concorrentes. Através da sua análise pode-se
descobrir que a política do concorrente é crescer o mais rápido possível para
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 55

duplicatas descontadas devem figurar no  Passivo Circulante,   pois o Passivo


representa financiamentos de terceiros obtidos pela empresa. A empresa passa
a depender dos bancos para poder efetuar o investimento em duplicatas a
receber. Se amanhã os bancos não quiserem mais descontar duplicatas da
empresa, seja qual for o motivo, ela será obrigada a deixar de investir em
duplicatas a receber (vendendo somente a vista se for possível) ou obter outra
fonte de financiamento.

4 BANCOS CONTA VINCULADA

Em operações de empréstimos, normalmente, os bancos exigem que a


empresa entregue duplicatas em garantia para que eles efetuem a cobrança. À
medida que o banco faz a cobrança, credita o valor numa conta vinculada e o
transfere desta para conta movimento. A conta  Bancos Conta Vinculada   pode
ser somada a  Duplicatas a Receber  para efeito do cálculo do Índice de Liquidez
Seca.

5 ESTOQUES

Os estoques compreendem produtos e materiais de propriedade da empre-


sa. Compõem os estoques as seguintes contas:
• Produtos Acabados:  representa os produtos cujo processo de fabricação foi
concluído e já se encontram em condições de venda.
• Mercadorias para Revenda: compreende as mercadorias adquiridas para comer-
cialização.
• Produtos em Elaboração:  representa o valor do inventário de produtos que se
acham em processo de fabricação na data de levantamento do balanço; compreende
todos os custos aplicados nesses produtos.
•  Materiais: compreende todo tipo de material existente na empresa, tanto aquele que
se incorpora ao produto como aquele auxiliar da produção, administração e entregas;
• Mercadorias em Trânsito: compreende os bens comprados pela empresa que na
data do balanço se acham em transporte, a caminho da empresa.
• Provisão para Redução ao Valor de Mercado (conta redutora de estoques): tem
por finalidade eliminar dos estoques a parcela dos custos que provavelmente não é
recuperável. Tal conta prevê prováveis perdas resultantes de estragos, deterioração,
obsoletismo, redução nos preços de venda ou de reposição do estoque. A constitui-
ção da Provisão para Redução ao Valor de Mercado é baseada no princípio de
avaliação de estoque: "custo ou mercado, dos dois o menor"; segundo tal princípio
56 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

as perdas devem ser reconhecidas no resultado do exercício em que ocorreram e


não no exercício em que a mercadoria/produto ó vendida, reposta ou transformada
em sucata. Ao constituir a provisão para redução ao valor de mercado, a empresa
credita essa conta e a contrapartida é lançada na demonstração do resultado, no
grupo despesas operacionais.
Nota: Os balanços das empresas podem apresentar a conta  Estoques  sintética, com as
seguintes denominações:
- Estoques.
- Inventários.
- Existências.

6 APLICAÇÕES FINANCEIRAS

Freqüentemente, por excesso de recursos monetários, por obter boas taxas


remuneratórias, por obrigações contratuais ou por falta de opção de negócios,
as empresas efetuam aplicações financeiras por prazos que variam desde um
dia até alguns anos, embora raramente ultrapasse um ano. As aplicações de
curtíssimo prazo devem ser englobadas às disponibilidades; entretanto, as de
maior prazo devem constituir um item à parte do  Ativo Circulante   (ou Realizável
a Longo Prazo, se for o caso).

7 OUTRAS CONTAS DO ATIVO CIRCULANTE

Existe uma infinidade de direitos, normal e individualmente de pequena


monta, que podem surgir no Ativo Circulante de uma empresa, como decorrência
de inumeráveis operações possíveis, como adiantamentos a fornecedores, ver-
bas de propaganda a recuperar, valores a receber por vendas não operacionais,
venda de imóveis, maquinismo, despesas antecipadas de seguros, assinaturas,
aluguéis etc.
O analista deve observar a relevância de cada uma dessas contas indivi-
dualmente e decidir se vale a pena considerá-las como um item isolado ou, então,
agrupá-las com outras contas.
Na prática, geralmente, as demais contas do Ativo Circulante, além das
Disponibilidades, Duplicatas a Receber e Estoques, costumam ser agrupadas
para efeito de análise. A não ser em casos especiais, nenhum item com menos
de 5% do Ativo Circulante precisa ser destacado. Acima de 10% convém refletir
sobre a necessidade ou não de destacá-lo. Com mais de 20% certamente deverá
ser destacado. Essa não é, contudo, uma regra fixa; é apenas uma sugestão
geral que precisa ser analisada em cada caso.
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 57

As chamadas Outras Contas  do Ativo Circulante podem ser assim apresen-


tadas:

• Diversas Contas a Receber:  representativas de direitos a receber da sociedade


provenientes de empréstimos a outras empresas, incentivos fiscais, vendas não
relacionadas às operações da empresa, tais como venda de imóveis, maquinismos,
investimentos ou outros bens.
•  Adiantamentos: englobam o numerário entregue pela sociedade a funcionários ou
terceiros; neste caso, visa à aquisição de matérias-primas, produtos, serviços.
• Contas Correntes: são direitos a receber da sociedade, provenientes de emprésti-
mo de numerário a acionistas, sócios, diretores, coligadas e controladas ou a
terceiros, cuja recuperação ocorre com a devolução do dinheiro emprestado.
•  Cauções: esta conta representa os diversos tipos de depósitos feitos pela empresa
por contratos firmados com terceiros. A recuperação dos depósitos ocorre quando
do término do contrato.
• Importação em Andamento: compreende os desembolsos por conta de produtos
ou matérias em processo de importação.
• Impostos a Recuperar: referem-se aos valores a recuperar do ICMS e IPI, decor-
rentes de isenções fiscais ou da atividade de compra e venda da empresa. Pela
própria sistemática fiscal desses impostos, mensalmente os débitos pelas vendas
são compensados pelos créditos das compras, remanescendo um saldo a recolher
ou a recuperar, de acordo com o volume de compras e vendas.
•  Reflorestamento: refere-se às florestas pertencentes às empresas que atuam nas
atividades de celulose e papel, siderúrgica, reflorestamento, destinando-se as árvo-
res a corte para fins de comercialização, consumo ou industrialização. Essas contas
podem figurar no Ativo Circulante quando se tratar de reflorestadora, pois as florestas
podem ser negociadas mesmo que se encontrem em fase de formação.
• Serviços em Andamento: referem-se aos serviços não faturados cuja execução se
acha em andamento na data do balanço.
• Cheques em Cobrança:  compreende os cheques devolvidos por insuficiência de
fundos, bem como aqueles não disponíveis imediatamente por se referirem a praças
distantes.
• Despesas Antecipadas:  representam aplicações de recursos da sociedade em
despesas que serão futuramente apropriadas, como aluguéis, seguros, comissões,
assinaturas etc. Caso apareçam Despesas Financeiras a Vencer sobre emprésti-
mos com instituições financeiras, devem-se adotar os seguintes procedimentos:
- A parcela de despesas financeiras a vencer classificada no Ativo Circulante deve
ser dedudiza dos débitos com instituições financeiras classificadas no Passivo
Circulante  e a parcela de despesas financeiras classificadas no Realizável a
Longo Prazo deve ser deduzida dos débitos com instituições financeiras classi-
ficados no Exigível a Longo Prazo.
58 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

- Se as despesas financeiras a vencer estiverem totalmente no Ativo Circulante


deverão ser deduzidas das dívidas com instituições financeiras, proporcional-
mente, a curto e longo prazo.
As despesas financeiras a vencer podem figurar nos balanços das empresas
com as seguintes denominações:
- Juros a Vencer.
- Encargos Financeiros a Vencer.
- Correção Monetária Prefixada a Vencer.
• Outros Créditos: este item destina-se a agrupar as contas do Ativo Circulante,
cujos valores são irrelevantes, comparativamente às contas evidenciadas.

8 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

O Realizável a Longo Prazo compreende teoricamente as mesmas contas


do Ativo Circulante (com exceção das Disponibilidades) cujo prazo de realização
seja superior a um ano ou ao ciclo operacional se este for superior a um ano.
Uma empresa tem, normalmente, em conseqüência de suas operações,
dois tipos de investimentos. Um necessário para atingir a produção, vendas e
administração, representado pelo Imobilizado;  outro decorrente exatamente de
suas atividades comerciais, representado pe\o Ativo Circulante.
Em vista disso, contas do Realizável a Longo Prazo surgem em caráter
excepcional.
Em algumas empresas, o ciclo operacional - prazo decorrido entre a compra
e o recebimento da quantia faturada na venda - pode ser superior a um ano.
Nesses casos, contas cujo prazo de realização ultrapasse a um ano deveriam
ser abrangidas pelo  Ativo Circulante,  pois, conforme prevê a Lei das S.A.
(adequadamente, diga-se de passagem), Ativo Circulante compreende os valo-
res realizáveis no curso do exercício seguinte ou no prazo do ciclo operacional
quando este for superior a um ano.
Pode ocorrer que o ciclo operacional normal da empresa seja inferior a um
ano, mas que existam certos itens de estoque ou de recebimentos que ultrapas-
sem a um ano. Estes irão, pois, para o  Realizável a Longo Prazo, na hora da
padronização, conforme foi explicado na pág. 43.
A não ser nesses casos, o Realizável a Longo Prazo fica realmente apenas
com as exceções. Vejam-se os componentes do Realizável a Longo Prazo:
• Duplicatas a Receber (Títulos a Receber).
• Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa (conta redutora).
• Estoques.
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 59

• Aplicações Financeiras.
• Títulos da Dívida Pública.
• Debêntures.
• Cauções.
• Depósitos Compulsórios.
• Importação em Andamento (para comercialização).
• Impostos a Recuperar.
• Construções em Andamento.
• Obras em Andamento.
• Outros Créditos.

As contas correntes com empresas ligadas a acionistas e diretores, prove-


nientes de créditos não decorrentes de transações comerciais, devem figurar no
Realizável a Longo Prazo, mesmo que se preveja recebimento com prazo inferior
a 360 dias, porque, sendo créditos junto a pessoas ligadas, nada garante que a
empresa credora faça esforço para recebê-los como faria se fosse contra
terceiros.
Por isso a Lei da S.A., numa autêntica posição de quem analisa balanços,
determinou que fossem os referidos créditos lançados no Realizável a Longo
Prazo.
Se alguma crítica pode ser feita a essa determinação pelos auditores, para
os analistas de balanços é perfeita.

9 ATIVO PERMANENTE

Compreende as aplicações de recursos que não se deseja ou não se pode


realizar, isto é, vender e transformar em dinheiro.
Essas aplicações podem ser feitas com o objetivo de dar operacionalidade
à empresa. Neste caso, compõem o grupo Imobilizado.
Se não se destinarem à manutenção da atividade da empresa, comporão
o grupo Investimentos.
Existem ainda aplicações em despesas que contribuem para a formação
do resultado de exercícios subseqüentes e não devem, portanto, ser apropriadas
ao exercício em que foram gastas; constituem o grupo Diferido.
60 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

10 INVESTIMENTOS

A Lei das S.A. estabelece que devem ser classificadas em Investimentos


as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer
natureza que não se destinem à manutenção da atividade da empresa e não se
classifiquem no Ativo Circulante ou Realizável a Longo Prazo.

• Participações Permanentes em outras Sociedades: este item engloba as partici-


pações de capital em outras empresas na forma de ações ou de quotas com
características de investimentos permanentes.
As aplicações de capital em outras empresas, normalmente, são de natureza
voluntária e representam uma extensão ou diversificação da atividade econômica
da própria empresa. Acima de 10% de participação (sem deter o controle do capital),
a outra empresa já será uma coligada da investidora. Se houver o controle - definido
como preponderância nas deliberações sociais e poder de eleger a maioria dos
administradores -, a outra empresa será controlada.
• Outros Investimentos Permanentes: são representados por diversos tipos de
investimentos, sempre desvinculados da atividade principal da empresa. Exemplos:
- Obras de arte.
- Imóveis não destinados ao uso.
- Bens locados a terceiros.
- Quotas de clubes.
Nota: nos casos de empresas de administração de bens próprios, tais contas devem ser
classificadas no Permanente - Imobilizado.
• Provisão para Perdas (conta redutora de investimentos): tem por finalidade
eliminar das contas do grupo de investimentos a parcela que provavelmente não
será recuperada pela empresa, ou as possíveis perdas de caráter permanente. Essa
provisão se refere aos investimentos não avaliados por equivalência patrimonial, já
que estes últimos são anualmente atualizados com base no Patrimônio Líquido da
outra empresa.

11 IMOBILIZADO

O Imobilizado compreende os bens e direitos destinados à manutenção da


atividade da empresa.
As principais contas componentes do Imobilizado são:

• Terrenos.
• Construções.
• Instalações.
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 61

• Máquinas e Equipamentos.
• Móveis e Utensílios.
• Veículos.
• Marcas e Patentes.
• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros.
• Obras em Andamento.
• Adiantamentos para Imobilização.

O custo dos bens levados para o Imobilizado compreende todos os gastos


necessários para ter os bens em funcionamento na empresa. Por exemplo, o
custo de uma prensa será, além daquele constante da nota fiscal, o custo de
transporte e instalação no local, até o seu funcionamento. Não se integram
nesses custos, porém, os custos financeiros.
Veja-se a seguir o que compreende cada um dos mencionados itens do
Imobilizado.

• Terrenos: esta rubrica compreende os investimentos efetuados pela empresa na


aquisição de terrenos, incluindo os gastos legais com escritura, registros e cisa.
Apenas os terrenos utilizados nas operações da empresa devem estar aqui com-
preendidos. Os terrenos relativos a construções em andamento devem estar classi-
ficados em "Obras em Andamento", enquanto eventuais terrenos adquiridos para
especulação, para aluguel ou expansão remota devem ser classificados em inves-
timentos.
• Construções: incluem-se aqui todos os custos incorridos pela empresa na constru-
ção de edifícios utilizados nas operações da empresa, tanto industriais como de
administração e vendas. No caso de imóveis adquiridos, esta rubrica poderá ser
substituída pela intitulada "Imóveis" ou "Edificações".
• Instalações: devem ser registrados como instalações todos os gastos necessários
ao funcionamento da empresa despendidos na instalação de divisórias, estantes,
prateleiras, bem como as instalações especiais elétricas e hidráulicas requeridas
para melhor funcionamento ou por condições especiais das operações da empresa.
Quando os gastos de instalações se confundirem com o próprio equipamento
instalado, deverão fazer parte do custo de equipamento; porém, quando for possível
identificar a própria instalação em si, com vida útil autônoma, os custos integrarão a
rubrica instalações.
• Máquinas e Equipamentos: são aqui incluídos os custos havidos na aquisição e
instalação de máquinas e equipamentos, ou seja, todos os custos além do preço
pagos a fornecedores, como impostos, transportes, preparação para instalação etc.
No caso, por exemplo, da instalação de um equipamento de pintura, poderá ser
necessária uma instalação elétrica especial devido à voltagem requerida pelo
equipamento de pintura. O custo dessa instalação será incorporado ao do equipa-
mento. A empresa poderá ter ainda efetuado instalações antipoluente e contra
incêndio, as quais constituirão um item à parte dentro da rubrica Instalações.
62 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

• Móveis e Utensílios: esta conta registra todos os bens representados por mesas e
cadeiras, máquinas de escrever e calcular, arquivos, armários etc.
• Veículos: registra-se aqui o custo de aquisição de veículos de transporte externos
à empresa, tanto utilizados pela administração, como por vendas e pela produção.
Empilhadeiras, vagões, carrinhos etc. utilizados internamente fazem parte de "Equi-
pamentos".
• Marcas e Patentes: são os custos da empresa na aquisição de marcas e/ou de
patentes de terceiros, bem como aqueles decorrentes de desenvolvimento interno
através de pesquisas e que tenham sido efetivamente registrados nos órgãos
competentes, a fim de que fiquem devidamente incorporados ao ativo da empresa.
• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros: as melhorias, reformas, pinturas, constru-
ções e adaptações efetuadas em imóveis de terceiros constituirão os custos que
farão parte deste item.
• Obras em Andamento: são compreendidos por este item os custos incorridos pela
empresa na construção de unidades fabris, comerciais e administrativas, incluindo
custo de construção, importação em andamento, adiantamentos a fornecedores e
prestadores de serviços, bem como almoxarifado de materiais a serem utilizados.

Dadas as particularidades de cada empresa, há diferenças entre as contas


que podem surgir em seus ativos imobilizados, de maneira que em cada caso o
contador deve eleger o conjunto de contas que melhor reflita a realidade daquela
empresa.
Todos os custos do Imobilizado são amortizáveis ao longo de vários
exercícios, através da Depreciação, Amortização ou Exaustão.
As contas de Depreciação Acumulada registram a perda de valor econômico
dos bens por desgaste ou obsolescência.
As contas de Exaustão Acumulada registram o consumo do potencial de
minas, reservas florestais etc.
As contas de Amortização Acumulada registram as parcelas apropriadas a
Resultados de Custo de ativo intangível, como Marcas, Patentes, Luvas etc.

12 DIFERIDO

Este grupo compreende gastos que não foram apropriados a Resultados e


que irão beneficiar exercícios futuros. São gastos de uma atividade que se espera
venha gerar receitas nos próximos exercícios. Existe um princípio contábil
segundo o qual as receitas devem ser confrontadas com custos ou despesas
necessários para produzi-las. As despesas que não geraram receita ou são
perdas irrecuperáveis - e nesse caso devem ser apropriadas a resultado como
despesa não operacional - ou produzirão receita futuramente, quando então
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 63

deverão ser lançadas no Ativo Diferido. Normalmente, esse tipo de despesa (que
a rigor não é despesa, mas gasto, pois será despesa somente quando apropriada
a Resultado) ocorre na fase pré-operacional ou da empresa como um todo ou de
determinadas filiais ou ainda de projetos. Caracterizam-se ainda como Ativo
Diferido os gastos em pesquisas e desenvolvimento de produtos ou de proces-
sos.
A definição do que e quanto deve ser ativado como Diferido, bem como sua
amortização, é inteiramente arbitrária. Os principais componentes do Ativo
Diferido são:
• Gastos de Implantação e Pré-operacionais: este item agrupa todos os gastos
incorridos pela empresa, antes do início de suas operações, que serão apropriados
a Resultados quando do início de suas operações.
• Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos: referem-se aos gastos
incorridos na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos, que serão amorti-
zados durante o período em que tais produtos desenvolvidos produzirem resultados
para a empresa.
• Amortização Acumulada (conta redutora do Permanente Diferido): tem por
finalidade registrar quanto das Despesas Diferidas já foi apropriado a Resultados.

13 PASSIVO CIRCULANTE

Compreende todas as obrigações da empresa vencíveis no prazo de um


ano ou, se o ciclo operacional for maior que um ano, as obrigações vencíveis no
prazo do ciclo operacional. Essas obrigações devem ser tanto as conhecidas (por
exemplo, duplicatas a pagar, promissórias a pagar, salários a pagar) como as
calculáveis com precisão, tais como variações cambiais e juros, quanto as
calculáveis apenas aproximadamente, como provisões para férias e 13º salário
dos empregados. Conforme já explicado, as Duplicatas Descontadas também
devem figurar no Passivo Circulante.
Dentro do Passivo Circulante encontram-se as contas a seguir descritas:
• Fornecedores: esta conta se origina das operações de compra a prazo, no mercado
nacional ou no exterior, de matérias-primas a serem usadas no processo produtivo,
mercadorias destinadas a revenda ou de insumos, outros materiais e serviços. Tais
compras são adquiridas pela empresa no mercado nacional ou no exterior, sendo
representadas por duplicatas a pagar na data do balanço.
• Duplicatas a Pagar Coligada ou Controlada: tal conta se refere a obrigações da
sociedade oriunda de transações normais, ou seja, das compras de matérias-primas
ou mercadorias a prazo de coligadas e controladas, como se fossem qualquer outro
fornecedor.
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 71

2 CUSTOS
CUSTOS DE PRODU
PRODUTO
TOS
S E SERV
SERVIÇ
IÇOS
OS VENDID
VENDIDOS
OS (CPV)

• Custo dos Produtos Vendidos (empresas industriais): as empresas industriais,


industriais,
caracterizadas pela transformação de bens e sua comercialização apresentam os
seguintes componentes do custo dos produtos vendidos:

CPV=
PV= EI + C P P - E F
CPP= MC + MOD + CIF
onde:
El - Estoques Iniciais
CPP - Custo de Produção
Produção do Período
Período
EF - Estoques Finais
MC = Materiais Consumidos
MO D- Mão-de-obra
Mão-de-obra Direta
CIF = Custos Indiretos de Fabricação

O custo de produção do período-CPP é dado pela soma de materiais consumidos,


mão-de-obra direta e custos indiretos de fabricação.
MATERIAIS CONSUMIDOS:   corresponde ao custo dos materiais utilizados na
produção durante o período compreendido pela demonstração do resultado. Seu valor
é obtido da seguinte forma:

MC=EIM
MC=EIM + CL -E FM
onde:
EIM = Estoque Inicial do Material existente na empresa no início do período.
CL = Compras Líquidas: compras brutas de matérias-primas realizadas no perío-
do deduzidas das devoluções de compras, abatimentos,
abatimen tos, impostos faturados
faturad os
(IPI, ICMS), e adicionadas das despesas com transportes de compras,
seguros de compras etc.
EFM - Estoque Final
Final de Material
Material existente na empresa no final do período, ou seja,
o material adquirido e não consumido.

MÃO-DE-OBRA DIRETA:  compreende
  compreende a remuneração paga aos empregados da
fábrica cujo trabalho é diretamente proporcional
proporcional à produção física.
físi ca. Incluem-se,
Incluem-s e, também,
també m,
os adicionais de salários como horas-extras e prêmios de produção, bem como os
encargos sociais.
CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO:  representam
 representam todos os custos necessários
à produção, mas que não são diretamente vinculados ao produto nem variam proporcio-
nalmente à produção.
72 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES
DEMONSTRAÇ ÕES FINANCEIRAS
FINANCE IRAS

• Prestados: o Custo dos Serviços Prestados, no caso das


Custos dos Serviços Prestados:
empresas prestadoras de serviços, corresponde aos custos incorridos para a pres-
tação dos serviços. Os itens componentes do
d o Custo dos Serviços
Serviços Prestados variam
de empresa para empresa,
empresa , em função do seu próprio
próprio ramo de atividade. Há, porém,
p orém,
casos de empresas prestadoras de serviços q que
ue não
não evidenciam na demonstração
do resultado o custo dos serviços prestados, contabilizando-o com as despesas
operacionais, o que é um erro bastante prejudicial para a Análise de Balanços.
• Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)(CMV) (empresas comerciais
comerciais):): as empresas
comerciais caracterizadas pela atividade de compra de mercadorias para serem
revendidas no mercado apresentam os seguintes componentes do custo das mer-
cadorias
cadorias vendidas:

CMV=EI + CL-EF

onde:
E= Estoqu
stoque das mercadorias destinadas à venda no início do período. pe ríodo.
CL= Compras Líqu Líquidas:
idas: as compras brutas de mercadorias realizadas no período,
deduzidas das devoluções de compras, abatimentos, impostos (IPI, ICMS)
e adicionadas das despesas com transportes de compras, seguros de
compras etc.
EF=
EF= Estoque
stoque das mercadorias destinadas à venda existentes no final do exercí-
cio.
A Lei das S.A. determinou a apresentação somente do montante de "custo das
mercadorias e serviços vendidos",
vendido s", razão
razão por que
que apenas esse
e sse total
tota l é publicado  pelas
 pelas
Sociedades Anônimas (ver p. 55).
Para a Análise de Balanços, porém, isso é insuficiente, pois há um valor essencial
que
que deixa de ser fornecido: trata-se
tra ta-se do montante de compras.
Através desse valor será possível ao analista
anal ista calcular o prazo médio de pagamento
de compras cuja
cuja fórmula
fórmula é:
360 x Fornecedores + Compras.
No caso de empresas comerciais, é possível encontrar o valor das   compras  da
seguinte
seguinte forma:
form a:

CL = EF + CMV - El

Compras Líquidas: Estoque Final: Custos das Estoqu


Estoquee Inicial:
Inici al:
é a incógnita conhecido pelo Mercadorias conhecido pelo
balanço final Vendidas: balanço inicial
fornecido pela
demonstração do
resultado
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 73

No caso das empresas industriais, porém, não há forma de se encontrar o valor das
compras. A solução é solicitar esclareci
esclarecimentos
mentos à empresa ou tentar estimar o valor
das compras partindo do pressuposto de que o   custo de produção do período 
costuma situar-se na maioria dos ramos industriais entre 20% e 30% do Custo de
Produtos
Produtos Vendidos. Assim:
Assim :

CL = EF + C PV - CPP - El

Compras Estoque Final: Custo de Custo de Estoque


Líquidas: conhecido Produtos Produção do Inicial:
incógnita pelo balanço Vendidos: Período = conhecido
final fornecido pela 20% ou 30% pelo balanço
demonstração do CPV inicial
do resultado
do exercício

Logo:
CL = EF + (CPV + 20% ou 30% CPV) - EF
É preciso, porém,
p orém, cuidado nesta estimativa, pois pode acontecer
acontecer que, pela estrutura
de produção, a empresa tenha diferentes percentuais de custo de produção em
relação ao custo de produtos vendidos.

3 DESPESAS OPERACIONAIS

As Despesas Operacionais, segundo a Lei das S.A., compreendem as


despesas necessárias para a empresa funcionar, isto é, vender, administrar e
financiar suas atividades.
atividad es. Não se confundem com as despesas de produção, ou
seja, aquelas necessárias para transformar a matéria-prima em produto acabado.
acab ado.
Do ponto de vista da Análise de Balanços, seria interessante que as despesas
financeiras não estivessem entre as despesas operacionais. Assim, poder-se-ia
apurar o lucro das empresas independentemente de sua estrutura de capital,
porque as despesas financeiras dependem do volume de empréstimos
empr éstimos tomados.
Caso a empresa não tome empréstimos,
empréstimos, não terá despesas
despesas financeiras. Assim,
Ass im,
essas despesas não
não dependem da capacidade
capacidade operacional, mas de sua estrutura
de capital.
Não basta, porém,
porém , retirar as Despesas
Despesas Financeiras das Operacionais para
esse tipo de análise. É preciso também dar interpretação mais adequada à
correção monetária. Por isso, no   Modelo de Padronização   mantivemos as
Despesas Financeiras
Financeiras entre as Operacionais.
Operacio nais.
74 ELEM
ELEMEN
ENTO
TOS
S FUN
FUNDA
DAME
MENT
NTAI
AIS
S PAR
PARA
A ANÁL
ANÁLIS
ISE
E DAS
DAS DEMO
DEMONS
NSTR
TRAÇÕ
AÇÕES
ES FINAN
FINANCE
CEIR
IRAS
AS

• Despesas de Vendas: representam


representam as despesas necessárias para as vendas, bem
como as de promoção e distribuição dos produtos da empresa empresa no mercado,
me rcado, e ainda
os riscos assumidos pela venda, como garantias e provisão
provisão para devedores duvido-
sos.
• Despesas Administrativas:  compreendem as despesas incorridas para a direção
Administrativas: compreendem
e execução das tarefas administrativas,
administrativas, bem como as despesas gerais que benefi-
ciam os negócios da empresa.
• Despesas Financeiras: representa a remuneração paga a terceiros que financiaram
a empresa. As despesas financeiras
financeiras englobam:
englobam :
- Comissões e despesas bancárias:bancárias : são despesas cobradas pelas instituições
financeiras nas operações
operações de desconto, repasses, empréstimos etc.
- Descontos concedidos: 
concedidos:  são descontos dados a clientes por pagamentos
antecipados
antecipados de duplicatas.
-  Juros: são os juros pagos em empréstimos, financiamentos, desconto de títulos títulos
etc.
- Correção monetária prefixada: relativa
prefixada:  relativa à obrigação que tem preestabelecida
a taxa de correção monetária.
- Variação cambial: 
cambial:  registra os acréscimos de dívidas devidos à atualização
periódica dos empréstimos
empréstimos e financiamentos pagáveis em moeda estrangeira.
- Correção monetária: registra
monetária: registra os encargos de correção monetária sobre em-
préstimos
préstimos e financiamentos sujeitos
sujeitos à cláusula de correção monetária,
m onetária, normal-
mente fixada com base na variação
variação do valor nominal da OTN (ou UPC).U PC).
• Financeiras: representam os ganhos de capitais aplicados em investimen-
Receitas Financeiras: representam
tos temporários, bem como outros ganhos
ganhos de natureza financeira como:
- Descontos obtidos: 
obtidos:  decorrem de pagamentos antecipados de duplicatas a
fornecedores.
- Juros ativos: 
ativos:  referem-se aos juros cobrados de clientes por atraso de paga-
mento, postergação de vencimento de títulos etc.
- Receita de investimentos temporários:  aquii são registradas as receitas totais
temporá rios: aqu
provenientes de aplicações temporárias de caixa.
• Operacionais : compreendem as receitas e despesas
Outras Receitas e Despesas Operacionais:
oriundas das atividades acessórias do objeto social da empresa, tais como:

4 OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

• Participação
Participaçã o nos resultados de coligadas e controladas
controlada s pelo método de equi-
equi -
valência patrimonial: compreende os acréscimos ou diminuições de investimentos
investimentos
avaliados pela equivalência patrimonial, em função de lucros ou prejuízos nas
coligadas ou controladas.
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 75

• Dividendos
Divide ndos e rendimen
rend imentos
tos de outr
ou tros
os investim
inve stiment
entos:
os: refer
referem-
em-se
se às recei
receitas
tas
auferidas pela empresa provenientes de outros investimentos quequ e não os avaliados
pelo método patrimonial.
• Amortização
Amort ização de Ágio
Ág io ou Deságio de Investime
Inve stimentos
ntos:: compre
compreend
endee os ganho
ganhoss ou
perdas decorrentes
decorrentes de amortização de ágio ou deságio havido na aquisição de ações
e quotas avaliadas pela equivalência patrimonial.
• Receitas
Rece itas dive
di vers
rsas
as:: compreendem
compreendem receitas
receitas provenientes
provenientes de transações eventuais
ou secundárias.

5 DEMAIS CONTAS DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

Apó s a apuração do Lucro Operacion


Oper acional,
al, surgem
sur gem diversos itens na Demons
Dem ons--
tração do Resultado. Primeiramente, são os resultados não operacionais que
representam receitas e despesas, ganhos e perdas não previsíveis, cuja ocor-
rência constitui um fato esporádico ou de eventual, não ligado às atividades
normais de obtenção de lucro ou de despesas. ApósAp ós o resultado não operaciona
oper acional,l,
temos o saldo da correção monetária, a provisão para imposto de renda, as
participações no lucro (representadas por gratificações aos empregados, parti-
cipações de administradores, debenturistas etc.).
Chega-se
Chega -se então ao lucro líquido
líquido que represen
r epresentata o resultado final alcançado
pela empresa após remunerar todos os fatores de produção, exceto o capital
próprio, cuja remun eração é o próprio lucro líquido.
Veja-se, agora, em detalhe, sob que títulos aparecem as demais contas de
resultados nas demonstrações divulgadas pelas empresas.

• Resultad
Resu ltadoo não Opera
Ope racio
ciona
nal:l: compre
compreende
ende o result
resultado
ado de operações
operações não vinculadas
vinculadas
ao objeto social da empresa como lucros ou prejuízos
prejuízos na venda de Ativo Permanente,
baixa de Ativo Permanente, sinistros e suas indenizações etc.
• Saldo
Sal do da Correç
Cor reção
ão Monet
Mo netárária:
ia: expressa o resultado
resultado do efeito da inflação
inflação sobre o
balanço da empresa. Quando o saldo for devedor e, portanto, subtrativo do lucro,
significa que a empresa perdeu dinheiro com a inflação. O saldo credor significa que
a empresa ganhou dinheiro. Interessa, por enquanto, apenas que ele expressa o
resultado da inflação, que é apresentado após os resultados não operacionais e que
praticamente não surge nas Demonstrações de Resultados sob títulos diferenciados,
aparecendo normalmente com os nomes "Saldo da Correção Corre ção Monetária" ou
o u "Resul-
"Resu l-
tado da Correção Monetária".
• Provisã
Pro visãoo para Impost
Impo stoo de Renda:
Ren da: apurado
apurado o lucro, uma parte será destacada para
pagamento do imposto de renda. A Provisão para Imposto de Renda que figura na
Demonstração do Resultado nem sempre é calculada com rigor, apresentando
diferenças em relação ao imposto de renda a ser efetivamente declarado. Essa
diferença, se não é significativa e não resulta de erro de cálculo, é normalmente
76 ELEM
ELEMEN
ENTO
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FUNDA
DAME
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ANÁLIS
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DAS DEMO
DEMONS
NSTR
TRAÇÕ
AÇÕES
ES FINA
FINANC
NCEI
EIRAS
RAS

 jogada
 joga da como despesa do exercício seguinte.
seguint e. Caso contrário, deve ser lançada como
"Ajustes de Exercícios Anteriores", na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acu-
mulados.
Após o recolhimento das parcelas do imposto de renda, uma parte, já especifi-
cada na declaração de renda da empresa, será destinada a incentivos fiscais,
retornando, portanto, à empresa esse título. A empresa pode então contabilizar os
incentivos fiscais no Ativo Circulante e dar entrada do montante diretamente no
Patrimônio Líquido, como se tivesse recebido uma subvenção governamental.
Posterio
Posteriorment
rmente,e, ao
a o recebe
receberr um docume
documento
nto chamad
chamadoo C l . - Certif
Certificad
icadoo de Investi-
Investi-
mentos -, a empresa transferirá os mencionados incentivos fiscais para o grupo
"Investimentos", no Ativo Permanente. Pela mecânica do sistema de incentivos
fiscais
fiscais em que a empresa só faz jus aos mesmos após o pagamento do imposto, a
provisão para imposto de renda deve ser feita pelo montante global, como se não
existissem incentivos fiscais.
A legislação do Imposto de Renda define "lucro inflacionário" como sendo send o o saldo
credor da conta correção monetária menos as variações monetárias passivas mais
as variações monetárias ativas. Uma parte do lucro inflacionário é considerada
realizada de acordo com o percentual de baixas ou depreciação do Ativo Permanente
no exercício. O restante do lucro inflacionário só terá imposto de renda a pagar à
medida que a empresa for realizando-o. O imposto de renda calculado sobre o lucro
inflacionário é chamado Imposto de Renda Diferido, pois só será pago em exercícios
futuros. Entretanto, a provisão para o imposto de renda deve ser constituída pelo
total,
tot al, ou seja,
seja , pelo imposto de renda a ser pago no exercício seguinte mais ma is o imposto
imposto
de renda diferido. Este último figurará no Exigível a Longo Prazo e estará sujeito à
correção monetária. À medida que a empresa realiza o lucro inflacionário transfere
o Imposto de Renda Diferido do Longo Prazo para o Imposto de Renda a Pagar a
Curto Prazo. Dessa forma, o montante a pagar do imposto imposto de renda não coincidirá
necessariamente com a provisão para imposto de renda constituída no exercício e
apresentada na Demonstração do Resultado.
• Gratif
Gra tifica
icaçõe
çõess e Particip
Par ticipaçõ
açõeses Estatu
Est atutár
tárias
ias:: represent
representam
am para a empresa
empresa despe-
despe-
sas proporcionais
proporcionais ao lucro, em virtude de participações
participações de empregados, diretores,
debenturistas, portadores de partes beneficiárias, bem como contribuições para
instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados. Essas partici-
pações e contribuições, sempre que previstas
previstas estatutariamente, são contabilizadas
na própria data do balanço mediante débito na Demonstração de Resultado e crédito crédit o
de provisões no Passivo Circulante. Os principais componentes deste item são:
- As participações no lucro de empregados
empregad os ou administradore
administ radores:
s: que representam
represen tam
uma espécie de parcela complementar de salários cujo valor, contudo, é apurado
com base no lucr lu cro,
o, mas não
não deixa de ser
ser uma despesa
despesa adicional da prestação
de serviço recebida.
- As participações dos debenturistas:
debentu ristas: que representam uma espécie de despesa desp esa
financeira adicional, pois é a parte variável da remuneração devida aos adqu i-
rentes das debêntures emitidas.
- As contribuições para instituições
instituições ou fundos de assistência ou previdência de
empregados: que representam as contribuições apuradas em função do lucro
do exercício.
C o rrr r e ç ã o M o n e tá
t á rir i a n a
3 L ei
e i d a s S .A .

A correção monetária de elementos do balanço e seu reflexo sobre os 


resultados do exercício, segundo a Lei das S.A. têm-se mostrado de difícil 
entendimento por parte dos usuários das demonstrações financeiras e provocado 
não poucas dúvidas e equívocos.
Tivemos ocasião de registrar, por várias vezes, e em distintas fontes,
interpretação incorreta do significado da correção monetária e até decisões 
errôneas da parte de algumas empresas.
Entre
Entre as dúvidas e críticas, sobressaem as seguintes:

a) Sobre o saldo da correção monetária


monetária como despesas:
• É o saldo da correção
correção monetária
monetária efetivamente
efetivamente uma despesa?
despesa? Onde foi "gasta"
essa despesa?
despesa?
• Seria mais
mais adequad
adequadoo mostrar
mostrar o lucro
lucro sem computar
computar o saldo da correção
correção
monetária, figurando esta somente
somente na destinação do lucro?
b) Sobre o saldo da correção monetária
monetária como receita:
• Por
Por que
que o saldo
saldo positivo
positivo da correçã
correçãoo monetária
monetária é comput
computado
ado como receita se
não
não correspond
correspondee à entrada de recursos
recursos?? Onde
Onde se acha aplicada essa receita?
• O saldo positivo da correção monetáriamonetária distorce os resultados, levando à
apresentação
apresentação de lucros fictícios.
fictícios .
c) Sobre a correção monetária em geral:
• O processo
processo de correção
correção monetária
monetária da Lei das
das S.A.
S.A. é correto?
correto? É adequado?
adequado?
• A correção monetária pode transformar uma empresa altamente rentável numa
organização contabilmente deficitária ou então chegar a indicar lucro numa
empresa
empresa parada apenas
apenas pela correção
correção de seus
seus bens, somente por um jogo de
contas.
78 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O objetivo deste capítulo é esclarecer dúvidas e aspectos nebulosos relati-


vos à correção monetária através de exposição simplificada e com ampla
exemplificação numérica.

1 INFLAÇÃO
INFLAÇÃO E TÉCNICAS
TÉCN ICAS DE CORREÇÃO
CORREÇÃ O MONETÁRIA

As modificações de preços de bens e serviços representam o fato mais


perturbador
perturbador para a contabilidade
contabilidade tradicional, e a solução desse problema, o maior
desafio à contabilidade moderna.
Atualmente
Atual mente,, já são de domínio dos contadores técnicas de correção mone-
tária, bastante desenvolvidas, que, embora
emb ora exijam conhecimentos e procedimen-
tos avançados em relação às práticas contábeis massificadas, são perfeitamente
factíveis e altamente recomendáveis para as empresas.
Para quem vinha estudando as referidas técnicas, as disposições das Lei
das S.A.
S.A. sobre
sobr e correção monetária, bem como os detalhes trazidos pela legisla-
legisl a-
ção fiscal, são relativamente simples e não encerram nenhum mistério.
O processo de correção monetária da Lei das S.A. está correto, embora
incompleto.
A simplicidade do método é, sem dúvida, característica intencional do
legislador, a fim de que possa ser obedecido por qualquer empresa, por mais
elementar que seja o seu sistema contábil.
O processo de correção monetária da Lei das S.A. foi útil como inovação
até quando a inflação não ultrapassou no Brasil os 50% anuais. Após isso
tornou-se insuficiente como mostraremos.
Entretanto, do ponto de vista legal, para efeitos fiscais e societários, as
demonstrações devem ser preparadas e copiadas nos livros segundo a forma de
correção monetária da Lei das S.A. Por isso é importante compreendê-la,
conforme a exposição feita adiante.
Para expurgar os efeitos inflacionários adota-se a chamada CORREÇÃO
INTEGRAL DE DEMONSTRAÇÕES
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS cuja essência aborda-se no
Capítulo 4, fazendo
fazend o as devidas comparações com os resultados obtidos pela Lei
das S.A.
Adicionalmente são apresentadas técnicas de correção monetária integral
em dólares elaboradas de fora da empresa, no Apêndice do Capítulo 4.
Para entender as disposições da Lei das S.A.S.A. é preciso visualizar os efeitos
provocados pela inflação sobre as demonstrações financeiras e como corrigi-los.
Só assim se poderá compreender
compreender a essência da correção monetária. Após isto, is to,
parecerá claro o processo da Lei das S.A.
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 79

2 FUNDAMAMENTOS DA CORREÇÃO MONETÁRIA
IA NA
LEI DAS S.A.

O ativo das empresas compreende simplificadamente


simplificadamente dois tipos de direitos:
• ativo monetário: moeda
moeda e títulos a receber;
receber;
• ativo não monetário: bens.

Quando existe inflação, os primeiros perdem valor, uma vez que, tanto a
moeda quanto os títulos têm um valor estipulado, chamado valor de face (a
inflação
inflação faz com que esses direitos percam poder aquisitivo).
Na Figura 3.1 é representado da seguinte
seguinte forma o que ocorre com o ativo 
monetário: 

VALOR
NOMINAL
PERDA
ATIVO VALOR
MONETÁRIO REAL

Tempo

FIGURA
FIGURA 3.1  Efeito da inflação no ativo monetário.

Já os bens, ativo não monetário,


monetário, não sofrem perda de seu valor em relação
aos demais bens e serviços oferecidos na economia, mantendo, portanto, seu
valor real. Como todos os preços sobem, o valor nominal dos ativos não
monetários também subirá. Esse fato é representado na Figura 3.2.

VALOR
NOMINAL
Correção a ser
ATIVO NÃO efetuada
MONETÁRIO
VALOR
REAL
Tempo

FIGURA 3.2 Efeito da inflação no ativo não monetário.


80 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Em resumo, como decorrência da inflação, há dois tipos distintos de efeitos


sobre o ativo:
• Ativo monetário: sofre perda que deve ser reconhecida pela empresa;
• Ativo não monetário: não sofre perda nem oferece ganho; entretanto, seu valor
nominal deve ser alterado, ou seja, corrigido.

No que tange ao passivo, pode-se, igualmente, dividi-lo em duas categorias:

• Passivo monetário: representado por direitos de terceiros, sofre idêntico efeito da


inflação que o ativo monetário, ou seja, com a inflação perde valor real e mantém o
valor nominal; observe-se, porém, que a perda de valor real dos direitos de terceiros
representa para a empresa tomadora um ganho. Graficamente, na Figura 3.3
apresenta-se o passivo monetário.

VALOR
NOMINAL
GANHO
PASSIVO
MONETÁRIO VALOR
REAL
Tempo

FIGURA 3.3. Efeito da inflação no passivo monetário.

•  Patrimônio líquido: é a diferença entre o ativo total e passivo monetário; sofre, por
isso, as perdas e ganhos decorrentes da inflação sobre os itens monetários e reflete
a correção do valor nominal do ativo monetário.
Pode-se agora chegar a alguma definição de como proceder contabilmente,
no que se refere à correção monetária do balanço:
• as perdas dos ativos monetários representam uma despesa 1 e devem ser retiradas
da receita;

1. Uma boa compreensão de despesa é obtida considerando-a como aquilo que deve ser retirado
da receita para repor (ou ressarcir o ativo de) consumo de valores. Dentro dessa idéia, a
desvalorização dos itens monetários representa o consumo de parte do seu valor real
decorrente da elevação geral de preços de bens e serviços na economia (inflação) que será
retirada da receita para recompor-se o seu valor real. É fácil entender isso no caso de uma
aplicação em Caderneta de Poupança. Suponhamos que uma pessoa tenha aplicado $ 1.000
por um ano, ao cabo do qual recebe $ 460 de juros + correção monetária, considerados como
receita, sendo $ 400 de correção monetária. É óbvio que dos $ 460 tiram-se estes $ 400 de
correção monetária para se chegar ao lucro. Isto é, os $ 400 representam uma despesa
decorrente do consumo de poder de compra do investimento inicial, retirada da receita para
repor o valor do referido investimento.
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 81

• os ganhos com a redução do valor real do passivo monetário representam receita a


ser adicionada às demais receitas;2
• a variação de valor do ativo não monetário não representa ganho (nem perda), mas
exige correção do valor nominal de seus itens. Essa correção não expressa ganhos,
mas simples atualização de valor; 3
• a contrapartida das despesas, receitas e correções acima será lançada no Patrimô-
nio Líquido que, assim, não requer correção específica.

As perdas com ativo monetário e os ganhos com passivo monetário podem


ser confrontados entre si, levando-se à Conta de Resultados apenas o saldo que
representará despesa quando negativo, e receita quando positivo.
No que se refere ao ativo não monetário, é possível ainda distinguir duas
classes:

• aqueles que permanecem na empresa por longo período, geralmente equivalente ao


de sua vida útil: compõem o ativo permanente;
• aqueles alienáveis e terceiros, dentro do ciclo operacional, por ser essa sua finali-
dade: são os estoques.

2.1 ESTOQUES TRATADOS COMO ITENS MONETARIOS

A correção monetária dos estoques - dentro da idéia de correção do valor


dos bens retro-referida - implica custos de produtos vendidos corrigidos, ou seja,
retira-se da receita, além do custo original dos estoques vendidos, também a sua
correção monetária, equiparando-se, nesse ponto, aos ativos monetários, cuja
correção também é retirada da receita.
Em vista disso, dois procedimentos mostram-se possíveis, no que tange ao
tratamento de correção dos efeitos inflacionarios aplicável aos estoques:
• corrigi-los periodicamente (de preferência, mensalmente);
• considerá-los como se fossem ativo monetário.

2. Receita é o aumento do Patrimônio Líquido gerado, ou por aumento do Ativo, ou por redução
do Passivo. Ora, a inflação reduz o Passivo Exigível, em termos reais, aumentando, pois, o
Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo Exigível).
3. Isto esclarece de uma vez por todas a interpretação errônea de que a empresa aufere ganhos
com a valorização do ativo imobilizado em virtude da correção monetária. Ora, esta correção
visa apenas expressar, em moeda da data de fechamento do balanço, o valor equivalente ao
custo de aquisição e não ganhos havidos. A escrituração das contas sujeitas à correção
monetária em ORTN exigidas pela legislação fiscal é mais um fato que reforça esse entendi-
mento.
82 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A diferença de resultados entre esses dois procedimentos dá-se apenas nos


estoques que permanecem na empresa, no encerramento do balanço. No
primeiro, aparecem pelo custo histórico corrigido e, no segundo, aparecem pelo
custo histórico, ajustando-se o resultado contábil no exercício em que forem
vendidos.
Considerando os estoques como se fossem itens monetários, computa-se
como perda a variação de valor devida à inflação, a qual será somada às perdas
dos demais itens de ativo monetário e subtraída dos ganhos com passivo
monetário, sendo o saldo, como já se disse, levado à Conta de Resultados.
Esse procedimento conduz a resultados menos exatos em relação a consi-
derar os estoques como itens não monetários, porém é extraordinariamente mais
simples na prática.
A partir de agora, a referência a ativo monetário significa estoques + ativo
monetário ou seja, ativo circulante.
Quando há referência ao ativo não monetário, está-se referindo ao ativo
permanente.

2.2 FÓRMULAS DE CORREÇÃO MONETARIA 


O confronto dessas perdas e ganhos referidos acima pode também ser feito
de outra forma: subtrai-se o passivo monetário do ativo monetário e à diferença
aplica-se a taxa de inflação, encontrando-se o saldo a ser levado a resultados.
A diferença entre ativo monetário e passivo monetário (em virtude da
equação do balanço) é idêntica à outra que se obtém subtraindo-se o ativo não
monetário do patrimônio líquido, conforme ilustra a Figura 3.4.

Ativo
Monetário
Passivo
(inclusive Monetário
Estoques)

Valor a ser
corrigido Patrimônio
Ativo n ão Líquido
M o n e t á r io ( B e n s )

FIGURA 3.4 Representação gráfica do balanço para efeito de correção monetária.


Assim, o saldo de perdas ou ganhos devidos à inflação que aparece na
Conta de Resultados - chamado "saldo de perdas/ganhos" - pode ser obtido de
duas formas:
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 83

Saldo de perdas/ganhos = (AM - PM) x Tlp


OU
Saldo de perdas/ganhos= (PL - AP) x Tlp
onde:
AM = Ativo Monetário
PM = Passivo Monetário
Tlp = Taxa de Inflação do Período
PL = Patrimônio Líquido
AP = Ativo Permanente
Acontece, entretanto, que a correção da diferença, segundo qualquer das
fórmulas acima, não é conveniente, na prática, visto que ocorrem continuamente
alterações da mesma.
Assim, é mais adequado corrigir, como foi dito inicialmente, cada lado
isoladamente e, depois, confrontar o produto da correção, conforme as fórmulas
a seguir:

(a) Saldo de perdas/ganhos= AM x Tlp - PM X Tlp


ou (b) Saldo de perdas/ganhos - PL x Tlp - AP x Tlp

NOTA SOBRE DA TAXA DE INFLAÇÃO UTILIZADA


Se os valores sobre os quais se está aplicando a taxa de inflação não se
alterassem ao longo do ano, aplicar-se-ia, pura e simplesmente, a taxa anual de
inflação. Como, todavia, os valores do ativo monetário, passivo monetário, ativo
não monetário e patrimônio líquido sofrem alterações ao longo do ano, são
aplicadas diferentes taxas de inflação a diferentes valores básicos, como ilustra
a Figura 3.5.

Ativo
Circulante

140.000

120.000

100.00

 jan. abr.  jul. set.   dez.

8% 10% 22% Taxa de Inflação

40%

FIGURA 3.5. Comportamento da inflação e Ativo Circulante.

Perda no Ativo Circulante = 8% X 100.000 +10% X 120.000 + 22% X 140.000


CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 85

O comportamento desses itens, portanto, é considerado pela Lei das S.A.


como idêntico ao do ativo não monetário, os quais, sob inflação, mantêm o valor
real e crescem de valor nominal, devendo, pois, ser corrigidos. Esta é uma
simplificação sujeita a críticas; entretanto, dentro do espírito da lei, consideramo-
la válida em vista da necessidade de concisão na norma geral aplicável a todas
as S.A.
Os itens de Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo não são corrigidos
(e considera-se estarem ambos sob o mesmo efeito da inflação). Dessa forma,
o Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo são tratados  como ativos mone- 
tários:  com a inflação, perdem valor real e mantêm o valor nominal.
O Passivo Circulante e o Exigível a Longo Prazo são considerados  passivo 
monetário, na Lei das S.A. 5
A Figura 3.6 evidencia o valor cuja correção será levada a resultados,
segundo a terminologia da Lei das S.A.

Ativo Passivo
Circulante Circulante
+ +
Realizável a Exigível a
Longo Prazo Longo Prazo

Valor a ser
corrigido Patrimônio
Ativo Líquido
Permanente

FIGURA 3.6. Representação gráfica do balanço para efeito de correção monetária 


na Lei das  S.A.

As fórmulas de apuração do "saldo de perdas/ganhos" seguindo a termino-


logia da Lei das S.A., ficam assim:

5. A Lei das S.A. não usou a terminologia de Ativo Monetário, Ativo não Monetário e Passivo
Monetário, e tampouco faz referência a isso. O artigo 185, que trata da correção, é conciso e
seco. Nós é que estamos dando essa classificação, usando as idéias expostas no item 2
(Fundamentos da Correção Monetária), a fim de explicar em que se baseia o método de
correção da lei.
86 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

(1) Saldo da Correção Monetária - (AC + RLP) X TIp - (PC + ELP) X TIp
OU
(2) Saldo da Correção Monetária - PL X TIp - AP X TIp

onde:
AC = Ativo Circulante
RLP = Realizável a Longo Prazo
TIp = Taxa de Inflação do Período
PC = Passivo Circulante
ELP = Exigível a Longo Prazo
PL = Patrimônio Líquido
AP = Ativo Permanente

Observe-se que as fórmulas (1) e (2) são, respectivamente, equivalentes às


fórmulas (a) e (b) do item 2.2.
A Lei das S.A. optou pela fórmula (2), e isto nos parece conveniente pelos
seguintes motivos:
• Redução de trabalho: o Ativo Permanente teria de qualquer forma de ser corrigido
para registrar contabilmente o novo valor nominal. Se fosse usada a fórmula (1), a
correção do (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) - (Passivo Circulante +
Exigível a Longo Prazo) se faria apenas para cálculo do Saldo da Correção Mone-
tária, sem alteração dos registros contábeis, uma vez que o valor nominal dos ativos
monetários não se altera, e esse trabalho não pouparia o da correção do Ativo
Permanente.
• A correção do Patrimônio Líquido permite salutar atualização de suas contas ao valor
nominal da data de fechamento do balanço e reflete poder aquisitivo equivalente ao
da época de sua formação (em vez da contrapartida dos débitos da correção do ativo
permanente figurarem como reservas).
O texto do artigo 185 da Lei das S.A. dispõe:
"As contrapartidas dos ajustes de correção monetária serão registradas numa conta
cujo saldo será computado no resultado do exercício."

Mais adiante, no artigo 187, esse saldo aparece com a denominação "saldo
da conta de correção monetária".
Esse "saldo da Conta de Correção Monetária" corresponde ao que vínha-
mos denominando "saldo de perdas/ganhos". A única diferença é que ele é
apurado através de conta, dentro do sistema contábil (em vez de ser através de
uma fórmula), que nada mais é do que um método de adição e subtração.
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 87

3.1 ESQUEMA DA CORREÇÃO MONETARIA 


Escrevendo a fórmula (2) na linguagem contábil, obtém-se o esquema da
Figura 3.7.

ATIVO PASSIVO
C irculan te Circulante
Realizável a Longo Prazo E x ig í v e l a L o n g o P r a z o
Permanente Patrimônio Liquido
Investimentos Capital
Im ob ilizad o Reservas de C apital
Diferido R e s e r v a s d e R e a v a l ia ç ã o
R e s e r v a s d e L u c ro
Lucros Acum ulados

C O N T A C O R R E Ç Ã O M ON E TÁ R IA  

X Y
Computado Computado
como R eceita como Despesa
na D em onstr ação S e sald o cred or ( Y > X ) S e s a ld o d ev e d or ( X > Y ) n a D e m o n s t r aç ã o
do R esultado do Resultado

FIGURA 3.7. Esquema da correção monetária.

Como já percebeu o leitor, a correção monetária prevista na Lei das S.A.


encontra amplo apoio na teoria estabelecida para explicar os efeitos da inflação
sobre as demonstrações financeiras se sua correção (lembre-se da equivalência
entre a fórmula (2) e a fórmula (b)).
Entre algumas formas possíveis para o cálculo das perdas ou ganhos
devidos à inflação, a lei determinou aquela que fosse, simultaneamente, de mais
simples execução e mais precisa. 6
Sob esse processo, porém, é difícil visualizar em que consistem as perdas
ou ganhos devidos à inflação.

6. O cálculo de perdas ou ganhos devidos à inflação calculado sobre a diferença entre os valores
iniciais do Patrimônio Líquido e do Ativo Permanente seria mais simples ainda, m as conduziria
a imprecisões por deixar de levar em conta as variações de Patrimônio Líquido e Ativo
Permanente durante o exercício.
88 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Se o método de correção da Lei das S.A. fosse o de se apurar o saldo de


perdas ou ganhos através da correção do ativo monetário (compreendendo Ativo
Circulante e Realizável a Longo Prazo) menos a correção do passivo monetário
(Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo), tornar-se-ia mais simples, pelo
menos para determinada faixa do público, entender o "fenômeno" correção
monetária de Demonstrações Financeiras.
Entender que há perda devido à inflação no ativo não representado por bens
todos entendem, quer pela simplicidade da idéia, quer porque o público brasileiro
está bem familiarizado com a perda que causa a inflação. Estender isso para o
passivo monetário não é difícil, já que é intuitiva a idéia de que "se, quando tenho
a receber, eu perco com a inflação, quando devo, ganho". O confronto entre
ganhos e perdas também é intuitivo, e assim poderia ser mais bem assimilado o
que é a correção monetária.
No caso de ganhos devidos à inflação (a que corresponde o saldo credor
da Conta Correção Monetária) é ainda mais flagrante a vantagem de entendi-
mento representada pelo método de correção de ativo e passivo monetário sobre
o de correção de Ativo Permanente e Patrimônio Líquido: os ganhos devidos à
desvalorização das dívidas são maiores que as perdas do ativo monetário. É
claro, não cabe à lei assumir o papel didático em matéria técnica, e é incontestável
seu acerto e concisão na disposição sobre a correção monetária.
O resultado da correção monetária pode ser visualizado através dos exem-
plos que seguem.

CONCLUSÃO

A inflação provoca perdas nos ativos monetários e ganhos nos passivos


monetários, os quais podem ser confrontados entre si e lançados a resultados.
Os ativos não monetários não sofrem teoricamente os efeitos da inflação
não produzindo perdas nem ganhos, entretanto devem ter os seus valores
atualizados, isto é, corrigidos monetariamente.
O método de correção da Lei das S.A. conduz ao mesmo resultado que
aquele obtido pelo cálculo de perdas e ganhos com a inflação sobre os itens
monetários e se acha, portanto, correto, desde que aceitas as simplificações
existentes, como, por exemplo, a não correção de estoques finais.
O saldo da correção monetária apurado segundo o método da Lei das S.A.
tem reflexos econômicos e financeiros, podendo tanto quanto qualquer receita
operacional ser computado para todos os fins, inclusive o de distribuição de
dividendos, mesmo no caso de Patrimônio Líquido negativo.
102 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Alguns observadores menos atentos podem argumentar que a empresa


teve de tomar empréstimos para pagar dividendos e que essa não é uma boa
política financeira. Isto
Isto até pode ser verdade numa economia sem inflação, mas
não o é, certamente, na nossa economia e nos exemplos que estão sendo
apresentados.
Se existe inflação,
inflação, os empréstimos
empréstimos precisam necessariamente crescer para
manter o nível de financiamento anterior; do contrário, não se conseguiria
continuar financiando o mesmo volume físico
físico de operações.
Assim,
Ass im, nada mais
mais natural que, se houve inflação, a empresa tome emprés-
timos adicionais.
Na primeira hipótese, as dívidas adicionais são exatamente as necessárias
para manter o volume de dívidas equivalente ao inicial: o Passivo Circulante
inicial, de 150, em moeda do final é equivalente a 195, ou seja, exatamente o
Passivo Circulante final.
O índice de Participação de Capitais de Terceiros é:

Balanço Inicial
Balanço Inicial (em moeda do Balanço Final
final)
Capitais de Terceiros - CT 150 195 195
195
Patr
Patrim
imôn
ônio
io Líq
L íqui
uido
do-- PL 100 130 193
Part. Cap. Terc.
Terc. = CT/PL 150% 150% 101%

Como se vê, apesar dos empréstimos


empréstimos adicionais, o nível de endividamento
caiu.
Após o pagamento de dividendos, o índice de Participação de Capitais de
Terceiros passa para 150%, ou seja,
se ja, exatamente o mesmo do balanço inicial.
Quanto às segunda e terceira hipóteses, a empresa toma mais empréstimos
do que o estritamente necessário. Repare-se, porém, que o dinheiro tomado a
mais está sobrando em Caixa, como mostra o fluxo: o excesso não é absoluta-
mente preciso para pagar dividendos.
Suponha-se que a empresa efetivamente tenha pago dividendos de $ 63.
O Ativo Circulante vai reduzir-se nessa importância. Veja-se o balanço inicial
comparado com as três hipóteses
hipóteses do balanço final,
fin al, bem como o índice de Liquidez
Corrente para cada uma das hipóteses:
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 103

INICIAL FINAL
Em Moeda Em Moeda
1ª Hipótese 2ª  Hipótese
 Hipótese 3ª  Hipótese
 Hipótese
Original do Final
Ativo Circulante 100 130 130 150 267
Ativo Permanente 150 195 195 195
195 195
Total
Passivo Circulante 150 195 195 215 332
Patrimônio Liquido 100 130 130 130 130
Total
Liquidez Corrente 0,66 0,66 0,66 0,69 0,80

Como se vê, em nenhu


n enhuma
ma das hipóteses o índice
índice de Liquidez Corrente
Corrent e caiu,
mesmo quando a empresa
empr esa aumentou o endividament
endivi damento;
o; isso prova que a situação
financeira
financei ra não piora se a empresa pagar dividendos.
divide ndos.
É óbvio que, se a receita de correção monetária não gerasse resultado
financeiro,
financeiro , não haveria como pagar
pagar dividendos.

Nota 1
Foram efetuados os cálculos de ganhos e perdas com a inflação pelo Ativo
Circulante e Passivo Exigível, sendo este último, no caso dos exemplos vistos, repre-
sentado pelo Passivo Circulante. O Passivo Exigível é efetivamente monetário,
mon etário, mas nem
nem
todo o Ativo Circulante é monetário. Conforme foi explicado na parte teórica deste
capítulo, por questão de praticidade considerou-se todo o Ativo Circulante como mone-
tário.

Nota 2
Suponha-se o caso de uma empresa que tivesse Passivo Monetário maior que o
Ativo Monetário
Monetário e que, portanto, apresentasse ganhos
ganhos com a inflação. Pelo método da
Lei das S.A.
S.A. haveria um saldo credor na conta de correção monetária.
Pode-se então levantar-se a seguinte dúvida: se houvesse correção monetária ou
variação cambial nos empréstimos
empréstimos tomados, persistiriam os ganhos devido à inflação?
A resposta
resposta é a seguinte: se a taxa
ta xa de correção monetária ou de variação cambial for igual
à taxa de inflação, não haverá
haverá ganhos.
Apesar disso, porém, apura-se o saldo credor na conta Correção Monetária, pela
Lei das S.A.
S.A.,, o que parece, a princípio, incorreto. Contudo, mais uma vez a resposta é
que o saldo credor da conta Correção
Correção Monetária
Monetária corresponde à receita efetiva.
Ocorre que a correção monetária de dívidas ou variação cambial até o nível da taxa
de inflação não constitui despesas, no conceito contábil rigoroso de despesa. À despesa
corresponde uma redução de ativo ou aumento de passivo exigível, e a correção
monetária de dívidas
dívidas não é aumento de dívidas, mas apenas
apenas manutenção, em termos
reais. Nesse
Nesse caso, o saldo credor da conta Correção
Correção Monetária representa
representa uma com-
pensação de um valor (variação cambial ou correção monetária
mon etária de dívidas) lançado como
104 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

despesa e que não constitui


constitui efetivamente
efetivamente despesa, recompõe-se, assim,
assim , o lucro ao seu
nível real, que
qu e é, igualmente ao exemplo
exemplo visto, passível
passível de distribuição.

Nota 3
O ativo monetário gerado pelas operações ao longo do exercício deve, a rigor, ser
também corrigido, ou em base mensal (taxa efetiva), ou pela metade da taxa anual de
inflação (uma vez que a sua constituição, verificada
ver ificada de maneira mais ou menos
meno s uniforme
ao longo do ano, é equivalente à constituição total no meio do ano). Ocorre que num
processo de correção monetária completa por índices gerais de preço (segundo a
chamada Price Level School), as vendas, compras e despesas desembolsáveis tam-
bém devem ser corrigidas,
corrigidas, segundo a mesma taxa (assim, teríamos a demonstração de
resultados expressa em moeda do fim do exercício social). A correção destes itens de
resultados aumenta o resultado do exercício, enquanto a correção do ativo monetário
gerado o reduz na mesma importância, retornando o resultado ao valor contábil original,
de maneira que, para efeito de resultado contábil líquido corrigido da inflação,
inflaçã o, podem-se
p odem-se
ignorar as citadas correções. Isso, entretanto, não deixa de representar uma perda
considerável
consideráv el do poder informativo da contabilidade,
contabilida de, pois a Demonstração de Resultados
a valores históricos padece de sérias
sérias distorções. Simplesmente
Simplesmente não tem sentido a soma
das vendas e despesas de um mês com as do mês seguinte porque se acham expressas e xpressas
em moeda de diferente poder aquisitivo. O problema é semelhante ao de um indivíduo
que vendeu 100.000 metros
metros de tecidos durante um ano e cujo metro teria sido reduzido,
em média, 3% a cada mês. Quantos metros afinal o Fulano vendeu? vendeu ? Metro de qual mês,
 já que a cada
ca da mês o metro teve
te ve um valor
va lor diferente?
Reconhecem-se as dificuldades práticas de um processo de correção monetária
que abranja todos os itens da demonstração de resultados e considera-se que seria
inviável outra orientação legal que não a estabelecida na Lei nº 6.404. Suas limitações,
porém, não podem ser esquecidas.
Curiosamente,
Curiosamente , podemos concluir que todos os itens da Demonstração do Resultado
do Exercício se acham defasados,
defasad os, mas o lucro Líquido está correto e em moeda do Final
do exercício.
Ignorar as variações ocorridas durante o ano corresponde a considerar que todas
as transações ocorreram no último dia do exercício.
Esse efeito é claramente apresentado por
por Eliseu Martins, que explica
exp lica após demons-
tração numérica:
nu mérica: "Concluí-se daí que a legislação, ao tratar as receitas e despesas pelos
seus valores correntes ocorridos no período, sem corrigi-las, está simplificando a
realidade e evitando cálculos dos acréscimos e reduções nos ativos e passivos mone-
tários alterados por tais receitas e despesas. Mas não provoca, por isso, alteração no
montante
montante do resultado líquido final ."9
líquido final."

9. MARTINS, Eliseu. Análise
Eliseu. Análise da correção monetária das demonstrações financeiras.  2. ed. São
financeira s. 2.
Paulo: Atlas, 1984. p. 35.
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 105

EXEMPLO 4

4 CORREÇÃO MONETÁRIA NO CASO DO PATRIMÔNIO


LÍQUIDO
LÍQUIDO NEGATIVO: UM CASO ESPECIAL

Uma empresa com Patrimônio Líquido ne-


gativo, sem operar, pode dar lucro e ainda
pagar
pagar dividendos. Parece ficção,
ficçã o, mas é real.

A lei não entrou em maiores detalhes sobre os casos de prejuízo - que,


subentende-se, devem ser corrigidos como qualquer outro item de patrimônio
líquido - e tampouco nos casos mais especiais em que o prejuízo suplanta as
demais reservas e o próprio capital, fazendo com que o patrimônio líquido se
torne negativo.
A correção monetária do prejuízo tem o seguinte lançamento contábil:
contáb il:

Débito: Prejuízo
Prejuízo Acumulado
Acumulado
Crédito: Correção Monetária
Monetária

Dessa maneira, o prejuízo tem um comportamento equivalente ao do Ativo


Permanente. O produto de sua correção produz um crédito, na conta de correção
monetária, tal qual a correção dos itens do Ativo Permanente. Assim, se a
correção do prejuízo é distinta,
distinta , por natureza, quantitativame
q uantitativamente,
nte, não se distingue
da correção dos bens.
Na existência de Patrimônio Líquido negativo (em que o prejuízo absorve
todas as reservas e ainda é maior do que o valor do capital realiza
r ealizado),
do), a correção
do prejuízo, independente da correção do ativo permanente, provoca um saldo
credor na conta Correção Monetária, que, transferido a resultado, representa
uma receita.
Tal situação é ininteligível pelo leigo e chega a parecer inaceitável para o
técnico.
Alguns comentários
comentários que se ouvem sobre esses casos são:
"O prejuízo
prejuízo não representa
representa efetivamente
efetivamente nada que existe na empresa; pelo contrário,
mostra
mostra o que deixou
deixou de existir, consumido
consumido por operações
operações deficitárias. Se, por
por um lado,
se justific
justificaa a sua atualizaçã
atualizaçãoo de valor não pode
pode isto fornecer algum
algum tipo de recurso como
se poderia dizer em relação aos itens do Ativo Permanente."
106 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

"Se se aceita a existência de saldo credor da conta Correção Monetária, na hipótese


de Patrimônio Líquido positivo, quando o Ativo Permanente é maior que o Patrimônio
Líquido, no caso de prejuízo não há nenhuma substância nesse saldo credor da correção
monetária."

Veja-se,
Veja-se , através de exemplo
exemplo numérico, o que ocorre, na realidade.
Encontra-se a seguir o balanço inicial de uma empresa que não operou no
exercício; não tem, portanto, nenhuma receita
receita nem despesa. Não houve depre-
ciação ou amortização de Ativo Permanente que é representado por terrenos.
Tampouco houve modificação no seu Ativo Circulante e no Passivo Circulante.
A taxa de inflação no período foi de 20%.
20% .

BALANÇO DE 31-12-X1
31-12-X1
Ativo Circulante 200 Passivo Circulante 700
700
Ativo Permanente
Permanente 300 Capital 150
Prej. Acumulado (350) (200)
500 500
500

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS ANTES DA


CORREÇÃO MONETÁRIA
Receita
Despesas
Res. Operacional
Saldo da Cor. Monetária
Lucro Líquido

Segundo a Lei das S.A. há a seguinte correção monetária:

CONTA CORREÇÃO MONETÁRIA


(b) 30 60 (a)
70 (c)
Saldo transferido a
Resultado 100
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 107

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
Receita
Despesas
Resultado Operacional
Saldo da Conta Cor. Monetária
Lucro Líquido

DEMONSTRAÇÃO
DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZOS ACUMULADOS
Saldo Inicial
Correção Monetária (c)
(c)
Saldo Corrigido
(+) Lucro Líquido
(+)
(+) Absorção de Reserva de Capital*
Capit al* (b)
(b)
Saldo Final
* Resultante da correção do capital

BALANÇO DE 31-12-x2
Ativo Circulante 200 Passivo
Passivo Circulante
Circulan te 700
Ativo Permanente (a) 360 Patrimônio Líquido
Capital 150
Prej. Acumulado
560

O saldo do Patrimônio Líquido de 31-12-x2 é incontestável, pois o Ativo


cresceu de $ 500 para $ 560, enquanto o Passivo
Passivo Exigível
Exigível se manteve em $ 700.
7 00.
A diferença entre ambos, Ativo e Passivo, que é o Patrimônio Líquido, passou
pass ou de
$(200) para
para $(140).
$(140 ).
O que parece difícil de aceitar é o lucro de $ 100. Como uma empresa que
tem Patrimônio Líquido negativo e não opera, pode ter lucro? Pode a correção
do prejuízo fornecer receita? Não seria este resultado apenas fictício?
Aqui chega-se ao ponto em que é mais difícil o entendimento da correção
monetária na Lei das S.A.
Mais uma vez essas questões não podem ser adequadamente respondidas
com base no método
método da lei.
Veja-se que explicações podem ser conseguidas através da comparação
de Ativo e Passivo monetários.
• Ativo Monetár
Monetário
io no início
início do exercício: 200
Perda
Perda com a inflação: 200 x 0,20
0,20 = 40
• Passiv
Passivoo Mone
Monetár
tário
io no início do exercício: 700
Ganho
Ganho com a inflação: 700 x 0,200,20 = 140
140
108 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Resultado Líquido devido à inflação:

Ganho
(-) Perda:
Ganho Líquido

Explicação: a empresa deve, após um ano, os o s mesmos $ 700 que devia há


um ano; a dívida atual, porém, significa, em valor real, 20% menos que há um um
ano; há, portanto, nisso, um ganho de $ 140. Como a empresa perde $ 40 devido
à desvalorização
desvalorização do seu ativo monetário de $ 200, o resultado líquido é favorável
em$ 100.
O ganho não se dá, pois, como pode parecer a princípio, na correção do
prejuízo ou na correção do Ativo Permanente. Como já foi dito, a correção do
Ativo Permanente não gera receita, pois se trata de mera atualização de seus
valores. Dá-se a receita pela redução
redução da dívida em termos reais.
r eais.
Isto
Isto se torna
tor na ainda mais claro quando são colocados os dois balanços, inicial
inicial
e final, expressos em moeda de mesmo poder aquisitivo. Pode-se, para tanto,
corrigir, todos os itens do balanço inicial à taxa de inflação de 20%, e assim
colocá-lo em moeda de 31 -12-x2 (como também poderiam ser deflacionados
deflaciona dos os
valores do balanço final,
final , expressando-o em moeda
m oeda de 31 -12-x1).
O balanço inicial,
inicia l, em moeda de 31 -12-x2 e o balanço final acham-se abaixo
lado a lado:

BALANÇOS
31-12-X1
(em moeda de 31-12-X2 Variação
31-12-X2)
Ativo Circulante 240 200 (40)
Ativo Permanente 360 360 0
600 560 (40)
Passivo Circulante 840 700 (140)
Patrimônio Líquido (240) (140) 100
600 560 (40)

Como se vê, a variação real do Patrimônio Líquido é de $ 100 positivo. Ora,


O ra,
se a empresa iniciou o exercício com Patrimônio Líquido de $ (240) e o encerrou
com $ (140), lucrou $ 100. O resultado líquido do exercício, apresentado na
demonstração de resultados, não poderia ser
ser outro.
CORREÇÃO MONETÁRIA NA LEI DAS S.A. 109
109

Suponha-se, agora, ainda no mesmo exemplo, que durante o exercício a


empresa tivesse incorrido
incorrido em correção monetária sobre a dívida inicial, iguais a
$ 140, não pagas, e que os demais dados não se alterassem (continuando a não
operar).
A Demonstração
Demonstração de Resultados
Resultados e de Prejuízos
Prejuízos Acumulados seria:

DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZOS
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
ACUMULADOS
Receita 0 Saldo Inicial (350)
Despesas (140) Correção Monetária (70)
Prejuízo Operacional (140) Saldo da Correção (420)
Saldo da Conta de Prejuízo Líquido
Correção Monetária 100 no Exercício (40)
Prejuízo Líquido (40) Absorção de Reserva
de Capital 30
Saldo Final (430)

O Balanço
Balanço ficaria assim:

BALANÇO DE 31-12-x1
Ativo Circulante 200 Passivo Circulante 840
Ativo Permanente 360 Patrimônio Líquido
560 Capital 150
Prejuízos
Prejuízos Acumulados
Acumula dos (430) (280)
560

A explicação para a receita de correção monetária é análoga: a empresa


deve, após um ano em que se registrou
registrou uma inflação
inflação de 20%,
20% , mais $ 140, para
uma dívida inicial de $ 700. A dívida de $ 840 em 31 -12-x2
-12-x2 é equivalente à de $
700 em 31-1
31 -12-
2-x1
x1.. Assim, não haveria, na realidade, despesa relativa ao cresci-
mento da dívida, em função dos juros e variação monetária incorridos pela
empresa, uma vez que estes não superaram a taxa de inflação. Não havendo
crescimento
crescimento real do passivo, não se configura contabilmente
contabilmente a despesa. Ocorre,
O corre,
porém, que as empresas não possuem incorporados em seus sistemas contábeis
tais tipos de procedimento, efetuando os ajustes apenas na apuração de resul-
tados. Por isso, a variação monetária acabou
acabou lançada à conta de resultados. A
receita de correção monetária irá compensar a despesa lançada a mais.
110 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA
PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Aqui surge outra pergunta: se não houve despesa, como se explica o


prejuízo?
A resposta é a seguinte: houve
houve despesa e ela se deve à desvalorização
desvalorização do
Ativo Circulante.
O Ativo Circulante era de $ 200 em 31 -12-x1 e permanece
perma nece com o mesmo
valor em 31 -12-x2, após uma inflação de 20%. Esses $ 200 sofreram perda real
de $ 40,
40 , que é exatamente o prejuízo.
Com isso, os efeitos da inflação sobre o balanço, na hipótese de despesa
de juros, ficariam
fic ariam assim demonstrados:

PERDAS DEVIDAS À INFLAÇÃO


Ativo Monetário x taxa de inflação - 0,20 x 20 = 40
Passivo Monetário x taxa de inflação - 700 x 0,20 = 140
Saldo Positivo 100
(-) Variações monetárias 140
Resultado da inflação (40)

Os balanços de 31 -12-x1 e 31 -12-x2, em moeda de 31 -12-x2,


-12- x2, encontram-se
abaixo:

BALANÇOS
31-12-x1
(em moeda de
moeda de 31-12-X2 Variação
31-12-X2)
Ativo Circulante 240 200 (40)
Ativo Permanente 360 360 0
600 560 (40)
Passivo Circulante 840 840 (0)
Patrimônio Líquido (240) (280) (40)
600 560 (40)

A variação negativa de $ 40 no Patrimônio Líquido comprova o prejuízo de


$ 40 mostrado na Demonstração de Resultados e se deve à redução do Ativo
Circulante em virtude da inflação.
4 Correção Monetária Integral

Diante dos elevados índices de inflação historicamente verificados no Brasil,


a correção monetária prevista na Lei das S.A. não atende ao requisito de 
evidenciar as demonstrações financeiras adequadamente corrigidas dos efeitos 
inflacionários.
Daí surgiu a chamada Correção Monetária Integral, que nada mais é do que 
a denominação que se deu ao processo de correção monetária em que todas as 
contas de Balanço e Demonstração do Resultado são convertidas numa moeda 
de capacidade aquisitiva constante.
As demonstrações financeiras após serem levantadas nessa moeda são 
reconvertidas em moeda nacional pela paridade existente na data de encerra- 
mento do exercício.
Com isso, todos os números dessas demonstrações são apresentados em 
moeda da data de levantamento das demonstrações financeiras, expurgando os 
efeitos inflacionários sobre cada conta.
Além disso, a Correção Monetária Integral possibilita conhecer o 
verdadeiro valor de Receitas, Lucro Bruto, Lucro Operacional, Despesas 
Financeiras e Receitas Financeiras, além dos recursos financeiros reais 
efetivamente gerados pelas operações, de maneira que a análise financeira 
melhora consideravelmente.
112 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

1 A CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL VERSUS


CORREÇÃO MONETÁRIA PELA LEGISLAÇÃO

A correção monetária integral foi concebida


para resolver os problemas da correção
monetária pela Lei das S.A.

Embora o processo de correção monetária determinado pela Lei das S.A.


possa levar a um valor de lucro líquido aceitável 1 e em muitos casos igual aquele
mostrado pelo processo de correção monetária integral, 2  as demonstrações
financeiras apresentadas segundo essa lei não são adequadas para análise
econômico-f inanceira pelos seguintes principais motivos:

• As receitas e despesas são apresentadas pelos valores nominais representando


uma "salada" de números. Por exemplo, no caso das receitas, soma-se o faturamen-
to obtido em janeiro, fevereiro, março etc.; é como se somasse laranjas, com abacaxi,
com banana etc., já que em cada mês com a flutuação do poder aquisitivo um mesmo
valor representa diferentes vendas.
• O saldo da correção monetária é um "filtro" que corrige as distorções entre a receita
e despesa trazendo o lucro líquido ao valor real do final do exercício, porém deixando
todas as receitas e despesas em valores inadequados para análise.
• O saldo da conta correção monetária da Lei das S.A., que chamamos de "filtro",
engloba num só valor diferentes efeitos inflacionários como perdas nos ativos
monetários, ganhos nos passivos monetários, atualizações não computadas nas
receitas e despesas do exercício, nos estoques iniciais e nas depreciações e
amortizações. Compreende ainda a compensação de despesas financeiras inade-
quadamente aumentadas por variações monetárias apenas nominais.
• A correção pela Lei das S.A. trata como se fossem monetários os saldos iniciais de
itens como "estoques", "adiantamento a fornecedores", "despesas antecipadas",
"adiantamento de clientes" etc. deixando de computar as respectivas datas de
formação e o saldo final do exercício.

1. Existem tantos fatores subjetivos na determinação do lucro líquido que não se pode falar em
correto e incorreto.
2. Quando não são feitos ajustes nos balanços pela correção integral, o lucro líquido é o mesmo
que o da Lei das S.A. As modificações de ATIVO e PASSIVO na correção integral serão
refletidas no lucro líquido. Os principais ajustes no ATIVO e PASSIVO referem-se às atuali-
zações monetárias dos estoques  para a data de encerramento do balanço e a colocação de
contas a receber  e a pagar   a valores presentes. Nesses casos o lucro líquido pela correção
integral será diferente daquele apresentado pela Lei das S.A. Esses mesmos ajustes efetua-
dos em controladas e coligadas avaliadas pelo método de equivalência patrimonial levarão a
novas diferenças no lucro líquido.
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 113

Dessa forma é impossível numa demonstração do resultado preparada


segundo a Lei das S.A. conhecer o verdadeiro efeito da inflação.
A esse respeito manifestou-se Eliseu Martins: 3

'Trocou-se a simplicidade do seu cálculo pela melhor explanação dos itens compo-
nentes do resultado, isto é, ao invés de uma correção mais detalhada dos ganhos e
perdas dos itens monetários, das receitas e despesas do período, dos estoques etc.;
preferiu-se um ajuste único, num único saldo. A adoção dessa simplicidade está sendo
praticada à custa da não explicação do seu verdadeiro significado, o que tem provocado
polêmicas infindáveis sobre sua utilidade e até sua validade. Com isso, não está o grande
público investidor tendo condições de assimilar seu conteúdo e sua significação; pior que
isso, não estão, pelo menos em grande parte, os próprios executivos sendo capazes de
assimilar sua natureza."

Nos casos de saldo credor da correção monetária, a empresa apresenta


ativo permanente maior que o patrimônio líquido, sendo a diferença financiada
com passivo monetário cuja variação monetária nominal é inadequadamente
incluída como despesa financeira. A compensação dessa variação monetária é
o grande componente do saldo credor da correção monetária. Portanto, não há
ganho com inflação no saldo credor, mas apenas compensação (e, freqüente-
mente, até perdas com a inflação) levando a grandes confusões.
O saldo da correção monetária resulta em sua maior parte do cômputo dos
efeitos inflacionarios sobre os itens operacionais, de maneira que sua classifica-
ção como não operacional é incorreta, levando a confusão onde freqüentemente
usuários menos avisados de demonstrações financeiras tomam por base o lucro
operacional para análises.
A correção monetária integral foi concebida para resolver os problemas da
correção monetária pela Lei das S.A., bem como a trazer outros aperfeiçoamen-
tos imprescindíveis para a análise financeira de balanços. (Vide item 7, adiante.)
Além de apresentar todos os números das demonstrações financeiras em
moeda da data de encerramento, a Correção Monetária Integral promove outros
aperfeiçoamentos que podem ser assim resumidos:
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ANTERIORES:   são inicialmente
elaboradas pelo método da Correção Monetária Integral e num segundo momen-
to transportadas para moeda da data das últimas demonstrações financeiras.

3. MARTI NS, Eliseu. Análise da correção monetária das demonstrações financeiras. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1984. p. 57
114 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

PERDAS E GANHOS COM A INFLAÇÃO: são calculados sobre ativo


e passivo monetários (diferentemente da Lei das S.A. que a apura sobre a
diferença entre Ativo Permanente e Patrimônio Líquido). As perdas e os ganhos
são calculados sobre cada conta de ativo e passivo monetário. Como cada conta
se relaciona com um item de receita e despesa, é possível "explodir" as perdas
e ganhos com a inflação em várias perdas e ganhos distintos, cada um vinculado
a um item da receita e despesa, melhorando substancialmente as informações
das demonstrações financeiras relativas aos efeitos inflacionários.
CONTAS A RECEBER E CONTAS A PAGAR: passam a ser apresen-
tadas em valores presentes.
ESTOQUES E DESPESAS ANTECIPADAS: são registrados pelo valor
presente e corrigidos monetariamente desde a data de aquisição ou formação
até a data de balanço.
INVESTIMENTO EM CONTROLADAS E COLIGADAS avaliados pela
equivalência patrimonial: as investidas passam a seguir obrigatoriamente a
correção monetária integral, sendo as diferenças de balanço e resultados refle-
tidos nos ativos dos investidores.
LUCRO LÍQUIDO:  na medida em que a empresa efetua ajustes em
contas a receber e a pagar, em estoques e despesas antecipadas e em investi-
mentos controladas e coligadas, o ativo e passivo exigíveis pela correção integral
tenderão a ser diferentes daqueles apurados pela legislação monetária. Essas
diferenças são lançadas a resultados e portanto o lucro líquido (ou prejuízo
líquido) será diferente na correção integral. No caso das companhias abertas, a
CVM - Comissão de Valores Mobiliários determina que esses ajustes se façam
também na contabilidade oficial, eliminando, portanto, essas diferenças.

2 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS DA CORREÇÃO


INTEGRAL

Em regimes de inflação elevada as demons-


trações devem estar apresentadas em moe-
da constante.
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 115

Este livro não objetiva ensinar a contabilizar e tampouco como executar


procedimentos contábeis tais como o de correção monetária integral. Para isso
o leitor pode dispor de bons livros específicos.
Entretanto, dentro do nosso objetivo que é o analisar demonstrações
financeiras com vistas a produção de informação, parece conveniente, no caso
da análise sobre os efeitos inflacionários, abordar de passagem alguns procedi-
mentos de correção integral, a fim de permitir explicar mais adequadamente o
seu significado.
Além disso, o Apêndice mostra como fazer a correção integral de fora da
empresa, pois é comum ao analista externo deparar-se com demonstrações
financeiras publicadas em valores nominais cuja análise ficaria muito prejudica-
da.
Na correção integral trabalha-se com uma moeda estável (vide item 5),
entretanto não é necessário fazer a contabilização de todas as operações nessa
moeda; basta apenas converter os saldos finais de cada mês para essa moeda
estável. No encerramento do exercício reconvertem-se os valores para cruzeiros
reais. Assim só haverá uma contabilidade paralela em mapas.
Nesse momento há algumas diferenças entre os valores contabilizados em
cruzeiros reais (contabilidade oficial) e aqueles contabilizados na moeda estável
(correção integral) que podem ser assim resumidas:

2.1 NO BALANÇO

ATIVOS MONETÁRIOS: Os valores contabilizados em moeda de poder


aquisitivo constante, reconvertidos em cruzeiros reais, serão maiores que aque-
les mostrados pela contabilidade legal. O que vale neste caso são estes últimos.
A diferença entre os valores indica quanto a empresa perdeu no ano com a
inflação. Cada item em que se registra perda no ativo está relacionado com um
item da receita na demonstração do resultado. Assim é possível identificar cada
uma dessas perdas na demonstração do resultado e deduzi-las da receita que
deu origem ao ativo. Exemplos: (a) as perdas com a inflação sobre o item
Duplicatas a Receber podem ser deduzidas da Receita de Vendas; (b) as perdas
com "Aplicações Financeiras" deduzidas de "Receitas Financeiras".
PASSIVOS MONETÁRIOS: Os procedimentos são análogos aos do ativo
monetário. As diferenças (vale a contabilidade oficial) entre a correção integral e
contabilidade oficial indica quanto a empresa ganhou. Cada item de ganho é
116 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

identificado com um item de despesa do qual o ganho é deduzido. Por exemplo:


(a) os ganhos sobre "fornecedores" são deduzidos da CVM; (b) os ganhos sobre
"Empréstimos Bancários" são deduzidos de despesas financeiras. Os ativos e
passivos monetários na contabilidade oficial que estiverem expressos em valores
futuros a receber devem ser trazidos a valores presentes pela taxa média nominal
de juros de mercado4 ou pela taxa efetivamente contratada. A diferença entre o
valor futuro e o valor presente constituirá ajuste na demonstração do resultado
oficial, em relação a sua primeira versão.
ITENS NÃO MONETÁRIOS  (contas do ativo permanente e patrimônio
líquido): Se os índices de correção monetária de ativos permanentes e patrimônio
líquido forem iguais aos da variação da moeda estável não haverá ao final do
exercício diferenças entre os números do balanço mostrados pela contabilidade
oficial e os da contabilidade paralela em moeda estável. Caso haja diferenças
deve-se fazer valer o da contabilidade paralela. Assim, se for o caso, acertam-se
os valores da contabilidade oficial levando as diferenças para a conta "Saldo de
Correção Monetária".
ITENS NÃO MONETÁRIOS  (fora do ativo permanente e do patrimônio
líquido, inclusive estoques): Estes itens não são corrigidos na contabilidade
oficial. A diferença entre eles e os da contabilidade paralela (valem os números
da contabilidade paralela) constituem-se ajustes a serem feitos no Balanço e na
Demonstração do Resultado da contabilidade oficial, caso a empresa assim
deseje, para efeitos gerenciais.
INVESTIMENTOS EM CONTROLADAS E COLIGADAS  (avaliados pelo
método de equivalência patrimonial): Havendo diferenças entre os valores da
contabilidade e da paralela relativamente aos itens não monetários das empresas
controladas e coligadas avaliadas pelo método de equivalência patrimonial,
automaticamente tal diferença será refletida no balanço da empresa investidora
afetando igualmente a demonstração do resultado.

2.2 NA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

Aqui valem exclusivamente os números das demonstrações da contabilida-


de paralela, ajustados pelos ganhos e perdas nos itens monetários.

4. A CVM manda utilizar a taxa de juros divulgada pela ANBID - Associação Nacional dos Bancos
de Investimentos.
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 117

RECEITAS E DESPESAS: São convertidas em moeda estável mês a


mês e reconvertidas em cruzeiros reais pela paridade no final do exercício,
revelando quanto a empresa faturou e quando despendeu no exercício, em
moeda final. Diferem dos valores da contabilidade oficial, pois estes últimos só
mostram os valores nominais.
CUSTO DOS PRODUTOS E MERCADORIAS VENDIDAS:  Todos os
componentes deste item são convertidos em moeda estável segundo sua data
de formação: os estoques iniciais pela moeda do início do exercício (consideran-
do evidentemente estarem devidamente ajustados no balanço anterior a sua data
de encerramento); as compras pelos meses de aquisição e os custos de produ-
ção a medida de sua incorrência, chegando ao final do exercício em custos
atualizados. Na contabilidade oficial, os valores nominais carecem de um mês
base de referência, já que as diferentes datas de formação não coincidem com
as datas de vendas, resultando em lucro bruto distorcido.
RECEITAS E DESPESAS APROPRIADAS DE ITENS NÃO MONETÁ-
RIOS (despesas antecipadas, adiantamento a fornecedores, adiantamento de
clientes etc.): representam na contabilidade paralela a apropriação de partes de
ativos não monetários consumidos ou de passivos não monetários extintos, em
moeda estável, ao contrário da contabilidade oficial, que mostra as apropriações
nominais.
DEPRECIAÇÕES, AMORTIZAÇÕES E BENS BAIXADOS DO ATIVO
PERMANENTE: Estes itens se baseiam nos valores registrados no razão auxiliar
para correção de ativo permanente, entretanto, são expressos na demonstração
do resultado em quantidade de moeda estável convertida para cruzeiros reais
pela paridade do final do ano, diferentemente da contabilidade oficial que as
converte pela paridade média do exercício.
GANHOS E PERDAS NOS ITENS MONETÁRIOS:  Conforme expuse-
mos anteriormente, a contabilidade paralela registra ganhos e perdas nos itens
monetários que podem ser identificados com itens específicos de receitas e
despesas. A empresa poderá optar em apresentar um saldo único de perdas e
ganhos nos itens monetários operacionais, destacando apenas os ganhos e
perdas nos ativos e passivos financeiros. Com isso é possível conhecer as
verdadeiras taxas de aplicações financeiras e de custo dos empréstimos.
Como dissemos anteriormente, o saldo da conta correção monetária (vide
capítulo 3) corresponde aos ganhos e perdas nos itens monetários. Entretanto,
este saldo não leva em conta os acréscimos e reduções de ativos e passivos
monetários provenientes do lucro ou prejuízo durante o exercício como se a
empresa fosse estática. Por isso o saldo da correção monetária é diferente das
118 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

perdas e ganhos monetários apurados na contabilidade paralela. Essa diferença


é a mesma que existe entre as receitas menos despesas nominais de um lado e
receitas menos despesas atualizadas monetariamente de outro lado.
Por essa razão é que em certos casos o lucro líquido pela Lei das S.A.
coincide com o lucro líquido pela correção integral: a atualização que falta em
receitas e despesas é compensada pelo não reconhecimento da correção do
lucro ou prejuízo durante o exercício no saldo da correção monetária na Lei das
S.A. Entretanto, o saldo da correção monetária da Lei das S.A. diferentemente
do saldo de ganhos e perdas nos ¡tens monetários da contabilidade paralela não
pode ser "explodido" nos vários componentes de perdas e ganhos identificados
com itens específicos de receitas e despesas.

2.3 NA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO


LÍQUIDO E NA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E
APLICAÇÕES DE RECURSOS

Uma vez levantados o balanço e a demonstração do resultado em moeda


estável, as duas demonstrações acima são facilmente montadas sem nenhuma
complexidade adicional. Pelo contrário, diante da moeda constante é mais fácil
elaborá-las e compreendê-las.
Assim é que a demonstração das mutações do patrimônio líquido em moeda
estável apresenta apenas os acréscimos e reduções reais, dispensando dos
acréscimos nominais representados pelas correções monetárias das diversas
contas.
O mesmo acontece na demonstração das origens e aplicação de recursos.
Observe-se que nesta última comparativamente a demonstração a valores
nominais registra-se sensível melhora no poder informativo. A empresa pode
apresentar acréscimo nominal de Capital Circulante Líquido (vide item -1.5 no
Capítulo 2), o qual será detalhadamente demonstrado na demonstração das
origens e aplicação de recursos. Todavia, na vida real o Capital Circulante Líquido
pode ter se reduzido. Neste caso somente a demonstração em moeda estável é
aceitável.
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 119

3 QUADRO COMPARATIVO ENTRE OS NÚMEROS


DOS PRINCIPAIS ITENS DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS PELA LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA
VERSUS CORREÇÃO INTEGRAL

ITEM LEI DAS S.A. CORREÇÃO INTEGRAL


Disponível • Aplicações Financeiras Valores correntes na data de Valores correntes na data de
encerramento do exercício encerramento do exercício
Duplicatas a Receber Valores nominais Valores presentes
Estoques e Despesas Antecipadas Custo histórico Custo histórico corrigido
Ativo permanente Custo histórico corrigido Custo histórico corrigido
Fornecedores Valores nominais Valores presentes
Contas a Pagar (*) Valores nominais Valores presentes ou nominais (**)
Empréstimos Bancários Valores correntes na data do exercício Valores presentes
Patrimônio Liquido Valores históricos corrigidos Valores residuais reais
Receitas Valores históricos Valores históricos corrigidos para
moeda do final do exercício;
opcionalmente, deduzidos das perdas
c/inflação sobre contas a receber e
dos descontos p/valor presente
Custos de bens e Serviços Vendidos Custo histórico Valores históricos corrigidos da data
de formação até o final do exercício
opcionalmente deduzidos dos ganhos
c/inflação sobre fornecedores e contas
a pagar de custos de produção, bem
como dos descontos dessas contas a
valores presentes
Despesas Operacionais Valores históricos Valores históricos corrigidos p/moeda
do final do exercício, opcionalmente
deduzidos dos ganhos com inflação
sobre contas a pagar de despesas
operacionais e dos descontos a
valores presentes dessas contas
Despesas Financeiras Valores históricos Valores históricos corrigidos p/moeda
do final do exercício, obrigatoriamente,
deduzidos dos ganhos c/inflação
sobre as obrigações financeiras
Receitas Financeiras Valores históricos (classificados como Valores históricos corrigidos p/moeda
operacionais) do final do exercício, obrigatoriamente
deduzidos das perdas c/a inflação
sobre aplicações financeiras
Saldo da Correção Monetária Engloba todos os efeitos inflacionais e Substituídos pelas perdas e ganhos
operacionais, visando a evidenciar o c/a inflação
lucro líquido em moeda do final do
exercido
Perdas e Ganhos c/a Inflação Substituído pelo saldo da correção Compreende as perdas e ganhos c/a
monetária inflação as quais podem ser
apresentadas destacadamente por
conta de receita e despesa ou
englobadamente num saldo, exceto
em relação a perdas e ganhos
financeiros que obrigatoriamente
devem ser relacionadas as
respectivas receitas e despesas
120 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

4 A REALIDADE SOBRE AS PERDAS E GANHOS COM


A INFLAÇÃO

Em geral não existem ganhos ou perdas


com a inflação, mas apenas compensações
na demonstração do resultado.

Nos regimes inflacionários os agentes econômicos procuram proteger-se


da inflação estabelecendo mecanismos de correção.
Por exemplo, num empréstimo bancário de curto prazo, a uma taxa total de
encargo prefixada, estarão compreendidos os juros e a correção monetária
prevista. Suponhamos os seguintes números:

- Empréstimo tomado: 1.000.000


- Encargos assumidos antecipadamente no prazo de um mês: 224.000
- Valor final do resgate do empréstimo: 1.224.000
- Taxa de inflação verificada no período: 20%

A empresa irá registrar na contabilidade oficial a despesa financeira de


$ 224.000,00. A correção integral indicaria um ganho com a inflação de
$ 200.000,00, resultando num custo financeiro líquido de $ 24.000,00 assim
demonstrado.

Despesa financeira: 224.000,00


(-) Ganhos com a inflação: 200.000,00
Custo financeiro líquido (juros reais): 24.000,00

Embora amplamente utilizadas, as expressões "ganhos e perdas com a


inflação sobre os itens monetários" são incorretas na maioria dos casos, levando
inclusive à inadequada interpretação dos efeitos inflacionários e de suas corre-
ções.
No exemplo mostrado no item anterior está claro que não houve ganho com
a inflação, mas apenas uma compensação.
O banco, prevendo determinada inflação, embutiu-a na taxa de custo
financeiro contratada. Ocorrendo efetivamente aquela inflação, a parte da taxa
relativa a esta inflação representa para o banco uma reposição do capital inicial
e para a empresa tomadora uma atualização monetária da dívida e não um custo.
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 121

Para esclarecer mais profundamente supon hamos os seguinte s valores do


dólar:

- Na data da contratação da operação de empréstimos: $ 100.


- Na data de resgate do empréstimo: $ 120.

A empresa teria:

(a) assumido um empréstimo de US$ 10,000 assim calculados:


1.000.000/100=10.000 e
(b) resgatado: US$ 10,200 =   1.224.000 sendo os juros reais de
120
US$ 200 = 10,200 - 10,000 que, em moeda nacional correspondem a $ 24.000 =
200x120

Em resumo, incluiu-se no custo da operação uma taxa de inflação prevista,


com o fim de compensar-se da inflação real esperada. A desvalorização do
capital em virtude da inflação ocorrida já fora previamente compensada.
O eventual ganho ou perda só se dará em relação à diferença entre a
inflação prevista e a inflação real.
Por exemplo, digamos que o banco tivesse previsto uma inflação de 18%
sendo, portanto,
$ 180.000,00 a correção monetária pré-estimada e
$ 44.000,00 os juros reais.

Como a correção acabou sendo de $ 200.000,00 e não de $ 180.000,00


houve um ganho de $ 20.000,00 pela empresa. Porém, esse ganho não é
contábil, pois na contabilidade apuram-se apenas os resultados reais e não os
que aconteceriam.
Assim como os empréstimos bancários, as aplicações financeiras, as ven-
das a prazo e as compras a prazo trazem embutidas taxas previstas de inflação.
Por exemplo, quando a empresa vende a prazo, automaticamente embute a taxa
de inflação prevista no preço. Quando recebe a importância faturada, a redução
em termos reais é uma compensação da inflação incluída no preço e não uma
perda.
Há itens de ativos e passivos que independem da inflação prevista e geram
efetivas perdas ou ganhos com a inflação, é o caso do saldo em caixa e de
salários a pagar, cujos valores se reduzem em termos reais com a inflação
gerando perdas de um lado e ganhos de outro.
A inflação embutida em vendas, compras, operações financeiras e outras
transações deve ser expurgada a fim de que não se tenha valores inchados na
demonstração do resultado.
122 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Assim, em vez de se ter um único saldo de perdas e ganhos com a inflação


nos itens monetários, ter-se-á diversas "perdas" e diversos "ganhos", sendo cada
um deles deduzido da sua respectiva receita ou despesa, ficando claro que
sempre que a inflação tiver sido embutida, essa dedução não será uma perda ou
ganho mas apenas compensação.
Tanto as perdas e ganhos quanto as mencionadas compensações são
sempre apuradas em itens específicos de resultados.

5 O PROBLEMA DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO E A


POLARIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS

5.1 INADEQUAÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO

Além de provocar a inflação com má administração, déficit público e tenta-


tivas de enganar o público com alquimias que pretensamente acabariam com a
inflação, os sucessivos governos federais conseguiram deturpar a série histórica
de quase todos os índices que tentam mensurar a inflação.
A correção monetária de balanços que era feita com base na ORTN na
década de 70 ia mais ou menos bem quando em 1979 um ministro resolveu
pre-fixar a inflação em 55% no ano. A inflação deu o dobro. A partir daí
interveio-se freqüentemente até que em 1986 a ORTN foi substituída pela OTN,
a qual nasceu congelada. Em 1986, para ajudar a combater a inflação, todos os
institutos que apuravam índices de inflação mudaram suas bases quebrando a
seqüência histórica.
Com a volta do reconhecimento da inflação - que nunca deixou de existir
senão no reconhecimento oficial pelo governo - chegou-se em 1988 a índices
diários de inflação revelados pela OTN fiscal (OTNf), que, por ficar muito alta, foi
extinta. Como a inflação não acabou criou-se em 1989 o BTN e logo em seguida
BTNf. Pela mesma razão o BTN foi extinto em janeiro de 1991. Até dezembro
daquele ano a correção se fez mensalmente pelo IN PC - Índice Nacional de
Preços ao Consumidor calculado pelo IBGE. Em 1992 passou a viger a Ufir -
Unidade Fiscal de Referência com valores diários.
Com isso qualquer tentativa de fazer correção monetária baseada em
índices oficiais fica totalmente prejudicada.
Se se tentar recorrer a outros índices de inflação apurados por organismos
como a FGV- Fundação Getúlio Vargas, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística ou a FIPE - USP, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da
USP, sem pôr em dúvida a seriedade desses institutos, veremos que nenhum
132 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

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   8    1  .
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   C
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    P    0    8    7        0    7    6    1    9    4    0
   6    0    5    0    6        7
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  .  .    6
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 .    7
 .    7
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   1    2    1    5    1        3
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   I  .
   2    4  .
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   0    2
   V    0    5    1    3    2       8    8    4    6    1    2
   5    1    3    5    9    1    1    1
   O    5    1    1    2    1    3
   M    1

   6        6    9    3    0    0    0    9    3


   7        3    7    1    3    6    6    3    9
   4
 .        3
  .    8
 .  .    6
   8    6  .    9
 .    6    3
   L    1        9    2    4    4    3    7    0    5
   A
   I    4    8    4    1    1    1
   C    2
   I
   N
   I
   I
   O
   D
   L    1    5    7    5        5    0    0
   A    6    5    1    7        3    6    0    3
   3    1    1    9
   S  .  .    1
 .    3
 .   .    2
       0  .  .    3
 .
   1    4    9    3        8    7    2    5
   5    5    8    1
   2

   s    a
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   c    e    )    d    e   c    I   o    V    A    ã    d    s   s   e    c    i
  c   s    n    t
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  u   r    e    a   s   m   u    õ   c    P   o   a
   i   n   G   D   o    F   e
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   i   e   a    e   a   a   a    E
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   l    c    d   O   c    a    s   ç    l
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   c   v    i    e    i   e    g    a    i   s   u   e   q   e   e   c
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   L    c    l    o    A   s    b    r   r    V   n    a    t    i
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   l   e   o    p   e    I   r   s   r    c    D   o   o   s   v   p
  o   s   p    t   s   p   s   c    s   v   s   r
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  s
   i    p   u    r    s    M   v    f    S   o    P
   e    i    o    b    R   p   c
  a   e   u    e    )   p   t
  s   u   e   s   e    o   r   e   e   e   e    e    o
  r    M
   r   e   o    O
   I    R    D    A   D   P   m   D   D   S   F
  n    I
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   R   (    I    E   C   D   E   D   P   D   D   D   R   R   P   R   C   S
   T    I    E    A    A
   A    C    P    P    P
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 133

NOTAS EXPLICATIVAS À PLANILHA A:

(1) Construção da Planilha A:


I - Nesta coluna são colocados os saldos do balanço do início do exercício.
II - Nesta coluna são colocados os valores da demonstração do resultado, exceto
os decorrentes de correção monetária que serão colocados numa coluna
própria. Observe-se que cada item de resultado corresponde a um item de
balanço.
III - Nesta coluna figuram apenas os dados cujos saldos foram transferidos de uma
conta para a outra.
IV - Os dados relativos à correção monetária são colocados nesta coluna destaca-
damente da coluna anterior. Quando for realizada a conversão para moeda
forte, estes dados desaparecerão, pois não existe correção monetária em
moeda estável.
V - Nesta coluna constam os dados tirados do balanço final.
VI - As diferenças entre o saldo final e a soma dos saldos das colunas I, II, III e IV
se deve ao movimento de recebimentos e pagamentos. Assim, apura-se o
movimento em cada conta e, conseqüentemente, o movimento de Disponível.
Note-se que alguns dados são obtidos das demonstrações de origens e
aplicações de recursos e de mutações do patrimônio líquido.
(2) Esse agrupamento de contas é necessário em virtude de os valores de origem
dessas contas decorrerem de compras e despesas operacionais não discriminadas
na demonstração de resultados.
(3) Contas a pagar de lucros compreende Imposto de Renda e Dividendos, os quais
ocorrem no encerramento do balanço em função do lucro obtido.
(4) As Obrigações Financeiras foram agrupadas em vista da unidade das despesas
financeiras na demonstração do resultado.
(5) Os custos de produção foram encontrados através da fórmula:
CPV - El + CP - EF onde CPV = Custo dos Produtos Vendidos
El - Estoque Inicial
EF - Estoque Final
CP - Custos de Produção
(6) As despesas de depreciação foram tomadas da DOAR e subdivididas em custos de
produção e despesas administrativas proporcionalmente aos valores destes dois.
Eventuais distorções nesta subdivisão quase não afetam os resultados finais.
(7) A Provisão para Devedores Duvidosos foi encontrada pela diferença entre os saldos
iniciais e finais.
2-   Passo: Os dados da planilha A são todos convertidos para dólar na
planilha B. O objetivo desta planilha não é apenas converter os dados para
dólares, mas principalmente através dessa mecânica encontrar as perdas e
ganhos com a inflação que irão (a) substituir o saldo da correção monetária e (b)
identificar as perdas e ganhos em cada item de ativo e passivo monetário com
as respectivas receitas e despesas a que se vinculam.
134 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

   S    7    7    8    6       6        0    1        7        1        4    6        5    7       0
   I    7    8    0    3       6        3    4        2        3        1    6        3    7       0
   A    7
 .    2
 .    3
 .    3
 .        4
  .   .    3
       8
 .        3
  .        6
  .        5
  .    9
 .        9
  .    2
 .        5
  .
   N
   I    6    9    5    1       1        0    1        3        7        7    1        5    0       7
   F    2    4    6    0       0        5    2        3        5        1    2
   3    9    2       9
  .
       3
  .    3        6
  .        1
  .        3
  .
   S        2        1        1        8        1
   O
   I    D
   I    I
   I    U
   X    Q    0    0        9    5        5    7    6   7        5        3    7    5    9    0    0
    Í        4    8
   L    0    0        9        1    7        3    3    6   5        3        9    6    2    0    1    9    4
   S
   0
 .    0
 .        7
  .
       5
  .    0
 .        9
  .
   0
 .  .    5        4
   0   .    4
  .        3  .    6
 .  .    0
   8  .    7
 .    3
 .
   5    2        2        7    8        0    0    9   6        0        0    0    8    5    7    1    9
   O    2    6        4        1    2        5    9    4   5        3        8    6    7    1    0    3
   D        6
  .
       3
  .    2        7
  .
   2   9
 .        0   .    1
  .        3    2    2    9    1
   L        1        1        2    1        1        4
   A
   S

   5    8    7    3    7    2    1    5    6    5
   M    8    4    7    9    7    6    3    9    2    8
   O    3    7
 .    2    2
 .    5
 .    6
 .    2
 .    9    2
 .    8
 .
   C    0    6    2    6    4    4    1    0    7    7
   1    2    7    0    3    1    1    1    3    1
   S    5    1    2    9
   O   O
    Ã
   H
   N   Ç
   a    A   A
  x   G   L
   F    1    7    5   6    7    8    5
   E   N    3    2    8   2    7    4    6
   I    2
 .  .    8
   5  .    2
 .    2    7    3
   S  .  .  .
   A   A    1    6    7   7    2    8    0
   1    6    1   3    7    2    1
   D    3    9    5
   R
   E
   P

   7    7    8    6        6        0    1        7        2


   O    7    6    0    3        6        3    4        2        9
   7
 .    2
 .    3
 .    3
 .        4   .    3
       8
 .        3
  .        5
   Ç    6    9
  .
   5    1        1
  .
       0    1        3        5
   N    2    4    8    0        0        5    2        3        6
   A    3    9    2        9
  .
       3    3        6        8
  .   .   .
   L
   A   L
   I
       2        1        1        5

   B   B
   I    O
    Á
   X    L   T
   0    0        9    5        5    7
   E   N
       4        2
   0    0        9        1    7        3    3
   P   O
       9
   0    0
 .        7        5    0
 .        9    0
 .        5
   C   .
   5    2        2
  .   .
   8        0    0
  .
   O        7        5
   D    2    6        4        1    2        5    9        6
   L
       6
  .        3
  .    2        7
  .        8
  .
       1        1
   A        2        5
   S

   6    7        5    1        2        0    1        6        4    3    7
   A
   I    0    8        3    2        9        3    4        0        1    8    7
   0    2   .    2   .    0  .    2
   6
       6
   R  .  .  .        6
  .        8  .        9
  .        5
  .  .
   E    8    9        1    9        8        0    1        9        7    4    0
   S    3    4        3    1        3        5    5        2        1    3    2
   3        3
  .    2        8
  .        3
  .
   1        7
  .        3
  .
   E        1        3        1        8        1
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   I    5    8        6    5        5    7    6       0        5        0    7    7       5    4    0        6    8
   N   T    8    4        7    7        3    3    8       5        3        7    6    8       6    0
   I    6    1    4
       1
   F   A  .    7
   3  .        0
  .    0
 .        9
  .    0
 .    0
 .        8
  .
       4
  .    4
  .        9  .    2
 .        2    0
 .        0    3
 .
    M    O
   5    0        5    6        0    0    9       4        9        4    0
  .   .
   3       9    6    7        9    9
   3    9        1    2        5    9    4       7        3        1    6    9    2    3
    E    D        2
  .    2        7
  .    2       0
  .
       0
  .        6
  .    1    2    2
       3
       6
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   M    0
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   3    9    6        7        9    9
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       3
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   M        2        1        4        1

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 .    8
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       1
   1
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   I
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  .    4
 .        3
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       1        1        1

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  s    l    t   e   o   p    f    r    n    r   p   c    M   c   v   p    t   s   p    t .    a    s    s   p    a    c    d
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   r   s    M   v   e    i    o    o    b    R   a   u    O   e    e    a   u   e   s    a    e    e   e    a    e    s
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   I   m   D    D    F    C   O   T   C   L    S   m   E   C   D   E   D   D   D   D   D   R   R   e
   R   D   I
  r
   P   P
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   A   C    P    P
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 135

NOTAS EXPLICATIVAS À PLANILHA B


(1) Construção da Planilha B
COLUNA:
VII - Contém os dados da Coluna I da Planilha A - convertidos para dólar pela taxa
de 1:51,35.
VIII - Contém os dados da Coluna II da Planilha A - convertidos para dólar pela taxa
média de 1:63,46 ou final de 1:77,08 ou ainda a inicial de 1:51,35 conforme a
discriminação abaixo.
• (a) Estoque Inicial - Convertido pela taxa inicial
• (b) Depreciação - Convertida pela taxa inicial
• (c) Estoque Final - Convertido pela taxa final
• (d) Resultado da Equivalência - Convertido pela taxa final
• (e) Provisão para IR - Convertida pela taxa final
• demais itens convertidos pela taxa média
IX - Dados tirados das colunas III e VI da planilha A, convertidos pela taxa média
de 1:63,46, exceto a declaração de dividendos, convertida pela taxa final.
X - Dados obtidos pela soma das colunas precedentes nesta planilha.
XI - Dados obtidos da coluna V da planilha A convertidos pela taxa final de 1:77,08.
XII - A diferença entre os valores nas colunas X e XI se deve à inflação. Por exemplo:
a diferença entre os US$ 2.215.076 de Duplicatas a Receber esperados da
coluna X e os US$ 1.642.799 encontrados na coluna XI são perdas inflaciona-
rias que deverão ser deduzidas de vendas.
(2) Resultou da divisão de 576.000 : 63,46, sendo que os CR$ 576.000 decorrem do
valor em CR$ 1.000: + 1.577 + 470.683 + 23.311 + 9.944 - 3.255 - 66.740 - 3.117
- 426.014 - 4.813 da coluna VI da planilha A.
(3) Os estoques foram convertidos pelo dólar do fechamento do balanço e não pelas
suas respectivas datas de formação, por falta de informação sobre estas.
(4) A diferença encontrada no item Lucros Acumulados não deve ser levada em conta,
pois na (a) coluna XI o saldo baseou-se no balanço final em Cruzeiros que incorpora
o lucro do exercício, enquanto na coluna X o lucro se acha embutido nas diversas
contas de resultado (que aparecem nas linhas abaixo da de "Lucros Acumulados").
Obs.: Os cálculos levaram em conta maior número de dígitos nos denominado-
res, daí aparecerem pequenas diferenças.
3 2  Passo: As contas a receber e a pagar do balanço acham-se a valores
nominais das datas futuras, embutindo, portanto, correção monetária e juros
reais, ou juros nominais entre a data do balanço e as respectivas datas do
vencimento.
As diferenças entre valor presente e valor nominal estão indevidamente
lançadas a resultados. Assim é que as vendas estão inchadas por essa diferença
relativa a duplicatas e as compras pela diferença relativa a fornecedores etc.
136 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A apuração do valor presente de fora da empresa é extremamente difícil e


só alcançável mediante algumas suposições, de maneira que o resultado final é
apenas aproximado. Entretanto, consideramo-lo válido.
Serão apurados os valores presentes de:
- Duplicatas a Receber
- Duplicatas Descontadas
- Provisão p/Dev. Duvidosos
- Fornecedores

As demais contas geralmente prescindem de transporte a valor presente,


mesmo internamente a empresa, por não embutirem os mencionados juros
nominais futuros.
As diferenças entre os valores presentes e os valores nominais em dólares
serão deduzidas das respectivas contas de resultado a que estiverem vinculadas
as contas acima.

DUPLICATAS A RECEBER, DUPLICATAS DESCONTADAS E PROVI- 


SÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS.
a) Calcula-se inicialmente o:
PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS = PMRV, cuja fórmula é:

360 x DUPLICATAS A RECEBER


PMRV = =
VENDAS REALIZADAS*
360x126.627
PMRV = = 82 DIAS
(554.000-15.807)

O prazo médio de 82 dias significa que, em média, as vendas demoram 82 dias


para ser recebidas e que as vendas dos últimos 82 dias se acham represadas em
duplicatas a receber no final do exercício, assim há duplicatas que serão recebidas
nos próximos 1, 2, 3 até 82 dias. É como se fossem recebidas de uma só vez dentro
de 41 dias. Este é, pois, o número de dias que iremos adotar para calcular o valor
presente de duplicatas a receber.

Fórmula do Valor Presente: VP -
(1+i )n
onde: VP  = Valor Presente
M =  Valor Nominal a ser transportado p/Valor Presente
i   = Taxa de Juros Nominal diária
n  = Número de Dias

* Vendas menos Devoluções e Abatimentos.


CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 137

b) Valor Presente de Duplicatas a Receber


CR$ 1.000 US$
  126.627
VP dr  =  119.813 1.554.398
(1 + 0,00135)41

Diferença Valor Nominal / Valor Presente:


126.627 - 119.813 = 6.814 88.402

Obs.: As fórmulas de cálculos acima são aproximadas (vide Capítulo 10). A rigor, no
PMVR, por exemplo, as Duplicatas a Receber deveriam entrar pelo Valor
Presente e as Vendas pelo Valor Final já convertido em moeda constante e
deduzido da diferença entre o valor presente e o contábil. Todavia, como o
cálculo desses prazos visa justamente chegar ao valor presente, este não é
conhecido e não pode ser usado na fórmula.

c) Valor Presente de Duplicatas Descontadas:


CR$ 1.000 us$
  55.127
VPdd =  52.160 676.699
(1 + 0,00135)41

Diferença Valor Nominal / Valor Presente:


55.127 - 52.160 = 2.967 38.492

d) Valor Presente de Provisão de Devedores Duvidosos:


2.064 1.953 25.337
VP pdd  =  41
(1 + 0,00135)
Diferença entre Valor Nominal / Valor Presente:
2.064 - 1.955 = 112 1.453

FORNECEDORES
e) Prazo Médio de Pagamento de Compras:
360 x FORNECEDORES
PMPC =
COMPRAS
360 x 56.492
PMPC = = 92 DIAS
220.636
f) Valor Presente de Fornecedores:
CR$ 1.000 US$
56.492
VPf = 
46
53.092 688.791
(1 + 0,00135)
Diferença Valor Nominal / Valor Presente:
56.492 - 53.092 = 3.400 44.110
138 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

4s Passo: Usando os dados da planilha B e as diferenças entre valores


nominais e valores presentes apurados no 3 a  Passo, podemos montar as
demonstrações financeiras em dólares.
a) Balanço Patrimonial em 31 de dezembro de 19X3 em US$.
ATIVO FONTE
CIRCULANTE
Disponível 25.000 Planilha B
Aplic. Financ. 62.000 Planilha B
Duplicatas a Receber 1.554.398 Item (b) do passo 3
(-) Prov. p/Dev. Duv. (25.337) Item (c) do passo 3
(-) Dupl. Descontadas (676.699) Item (d) do passo 3
Estoques 1.317.514 Planilha B
SOMA 2.256.876
PERMANENTE
Investimentos 228.075 Planilha B
Imobilizado 2.750.935 "
(—) Deprec. Acumulada (349.287) "
Diferido 90.037 "
SOMA 2.719.760
TOTAL DO ATIVO 4.976.636
PASSIVO
CIRCULANTE
Fornecedores 688.791 Item (f) do passo 3
Sal. e Encargos a Pg. 92.047 Balanço em cruzeiros convertido
em dólares pela taxa 1:51,35
Impostos a Recolher 124.364
Outras Ctas. a Pg. 15.996 "
Prov. p/lmp. Renda a Pg. 139.349
Dividendos a Pg. 61.987 "
Emprést. Bancários 158.044 "
SOMA 1.280.578
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Emprést. Bancários 1.494.240 "
Financiamento BNDES 533.991 "
SOMA 2.028.231
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital e Reservas 1.350.830 Planilha B
Lucros Acumulados 316.997 Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido (item "c"
adiante)
SOMA 1.667.827
TOTAL DO PASSIVO 4.976.636
CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL 139

b) Demonstrações do Resultado para exercício findo em 31 de dezembro de 19X2, pela


correção integral, traduzido em US$.

Vide Notas a Seguir

Receita Bruta de Vendas 8.067.228 (1)


Deduções de Vendas Devoluções e
Abatimentos (249.086) (2)
Impostos (1.968.557) (3)
Receita Líquida de Vendas 5.851.586
Custo dos Produtos Vendidos (4.218.671) (4)
Lucro Bruto 1.632.915
Despesas com Vendas (275.206) (5)
Despesas Administrativas (222.819) (6)
Despesas Financeiras (863.298) (7)
Receitas Financeiras 5.935 (8)
Resultado da Equiv. Patrimonial 20.277 (9)
Ganhos c/a Inflaç. s/Itens Monet. 7.500 (10)
Lucro Operacional 305.304
Provisão p/ Imposto de Renda (139.348) (11)
Lucro Liquido 165.956

Notas: (1) 8.157.631 da planilha B menos 88.402 do item "b" do passo 3; (2) planilha
B; (3) planilha B; (4) Estoque Inicial de 1.039.435 mais Custo de Produção de
4.380.393, mais custo de depreciação de 160.467 menos Estoque Final de
1.317.514 (todos da planilha B) menos 44.110 do item T do passo 3; (5)
Despesas Vendas Gerais de 278.625 menos 1.966 de Prov. p/ Dev. Duvidosos
(todos da planilha B) menos 1.453 do item "d" do passo 3; (6) Despesas
Administrativas Gerais de 215.809 mais despesa de depreciação de 7.010
(ambos da planilha B); (7) despesa financeira de 901.790 da planilha B menos
38.492 do item "c" do passo 3; (8), (9), (10) e (11) todos tirados da planilha B.

c) Conciliação do Lucro pela Correção Integral com o Lucro pela Legislação Societária.
Lucro Líquido pela Legislação US$
Societária ($13.128.000:77,08) 170.316
Transporte a Valores Presentes
De Dupls. a Receber - 88.402
De Prov. p/ Devedores Duvidosos + 1.453
De Fornecedores + 44.110
De Dupls. Descontadas + 38.492
Arredondamentos - 13
165.956
140 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

d) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido para o exercício findo em


31-12-X3. Em US$.

CAPITAL
SOCIAL RESERVA LUCROS ACUMUL. TOTAL
DA CORREÇ. MONET.
Saldo em 31-12X2 1.194.157 213.028 1.407.185
Lucro Líquido -.- 165.956 165.956
Aumento de Capital 156.673 156.673
Dividendos -.- (61.987) (61.987)
Saldo em 31-12-X3 1.350.830 316.997 1.667.827

e) Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos para o Exercício findo em


31-12-X3. Em US$.

ORIGENS
Das operações
Lucro Líquido 165.956
Depreciação 167.477
Resultado da Eq. Patrim. (20.277)
313.156
Dos acionistas
Aumento de Capital 156.673
De terceiros
Novos Empréstimos e Financ. de Longo Prazo
TOTAL DAS ORIGENS 1.327.272
APLICAÇÕES
Dividendos 61.987
Aquisição de Imobilizado 1.051.617
Aquisição de Investimento 51.323
Acréscimo de At. Diferido 49.141
Total das Aplicações 1.214.068
Acúmulo do Capital Circulante Líquido 113.200

MOVIMENTAÇÃO DE ATIVO E PASSIVO CIRCULANTE


31-12-X2 31-12-X3 VARIAÇÃO
ATIVO CIRCULANTE 1.875.286 2.256.876 381.588
PASSIVO CIRCULANTE 1.012.192 1.280.578 268.388
CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO 863.094 976.298 113.200
P a d ro n iz a ç ã o d a s
D e m o n s tra ç õ e s F in a n c e ira s e
5 E m p re s a E x e m p lo

Neste capítulo apresenta-se por que as demonstrações financeiras publica- 


das, mesmo que estejam expressas em moeda constante ou em dólares,
precisam ser padronizadas, ou seja, reclassificadas e condensadas para fins de 
análise.
Para tanto, foi criado um modelo de balanço e demonstração do resultado.
Em seguida, apresentam-se os dados da Cia. Big, uma empresa cujas 
demonstrações servirão de exemplo até o final do livro, dentro do objetivo de 
mostrar como as diversas técnicas de análise se complementam.

1 PADRONIZAÇ ÃO DAS DEM ONS TRA ÇÕ ES


FINANCEIRAS

As demonstrações financeiras devem ser


preparadas para a análise, da mesma forma
que um paciente que vai submeter-se a
exames médicos.

Antes de iniciar a análise, devem-se examinar detalhadamente as demons-


trações financeiras.
Este trabalho é chamado Padronização  e consiste numa crítica às contas
das demonstrações financeiras, bem como na transcrição delas para um modelo 
previamente definido como se acha reproduzido adiante.
142 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A Padronização  é feita pelos seguintes motivos:

• Simplificação:  um balanço apresentado segundo a Lei das S.A., por exemplo,


compreende cerca de 60 contas. Isso dificulta a visualização do balanço como um
todo. Quando se colocam lado a lado três balanços com 60 valores cada um e se
calculam os percentuais de variação de um ano para outro, bem como a composição
percentual de cada balanço (que é chamada análise vertical e horizontal), chega-se
a 540 números, o que complica enormemente o trabalho de um analista. O modelo
de balanço do quadro adiante reduz para cerca de 20 o número de contas do balanço.
•  Comparabilidade: com exceção das companhias que operam em ramo onde existe
um plano de contas legal obrigatório (como acontece com bancos, seguradoras etc.),
toda empresa tem seu próprio plano de contas, com maior ou menor grau de detalhes
e com títulos de contas em que é difícil descobrir a origem. Como a análise se baseia
em comparação, só faz sentido analisar um balanço após o seu enquadramento num
modelo que permita comparação com outros balanços.
• Adequação aos objetivos da análise: há pelo menos uma conta que deve sempre
ser reclassificada: Duplicatas Descontadas; do ponto de vista contábil, é uma
dedução de Duplicatas a Receber; do ponto de vista de financiamentos, porém, é
um recurso tomado pela empresa junto aos bancos, devido à insuficiência de
recursos próprios. Em nada se distingue de empréstimos bancários, do ponto de
vista financeiro. Por isso, as Duplicatas Descontadas devem figurar no Passivo
Circulante.
Há contas que, por sua natureza, são normalmente classificadas no Ativo Circulante,
como Duplicatas a Receber e Estoques.
• Precisão nas classificações de contas: é freqüente encontrarem-se balanços e
demonstrações de resultados com falhas nas classificações de contas, como, por
exemplo, certos investimentos de caráter permanente que aparecem no Ativo
Circulante, despesas do próprio exercício que figuram como Despesas do Exercício
Seguinte, gastos indevidamente lançados como Ativo Diferido quando deveriam
fazer parte das despesas ou perdas do exercício, empréstimos de curto prazo que
aparecem no Exigível a Longo Prazo; tudo isso visa embelezar os balanços. Uma
padronização rigorosa deve corrigir isso.
Se o analista conhecer os principais itens de manipulação dos balanços, desconfiará
das rubricas citadas e solicitará esclarecimentos à empresa em análise. Na dúvida,
deverá reclassificá-las.
• Descoberta de erros:  há casos de erros, intencionais ou não, verificados nas
demonstrações financeiras. Exemplo:
a) Estoques finais ou iniciais da Demonstração do Resultado do Exercício não
coincidem com os estoques dos balanços.
b) Provisão para Devedores Duvidosos do balanço não coincide com a que foi
constituída na Demonstração do Resultado do Exercício.
PADRONIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E EMPRESA EXEMPLO 143

c) Impossível conciliar o Patrimônio Líquido Final com os resultados do exercício


mais o Patrimônio Líquido Inicial.
Nesses casos, deve-se desconfiar da veracidade das demonstrações financeiras e
suspender a análise até que se esclareçam as dúvidas.
Uma padronização rigorosa deveria sempre ser precedida da elaboração de um
Fluxo de Caixa.
O Fluxo de Caixa - método do Fluxo Líquido - tem a virtude de mostrar a coerência
entre dois balanços e a demonstração do resultado, descobrindo qualquer eventual
falsificação de uma dessas peças.
• Intimidade do analista com as demonstrações financeiras da empresa: a
padronização obriga o analista a pensar em cada conta das demonstrações finan-
ceiras e a decidir sobre sua consistência com outras contas, sobre a classificação
que deve dar a ela, enquanto a transcreve para o modelo predefinido de padroniza-
ção. Ao terminar esse trabalho, o analista adquire grande familiaridade com os
números da empresa e, em conseqüência, poderá enxergar detalhes que, de outra
forma, não conseguiria.

Acha-se a seguir modelo de padronização de balanços e demonstrações


de resultados que serve aos propósitos deste livro.
As principais características desse modelo de padronização são:

O ativo apresenta apenas as contas essenciais.


O Passivo Circulante é dividido em Operacional e Financeiro, sendo que as
"Duplicatas Descontadas" fazem parte deste último.*
No lado do Passivo, acha-se um subtotal representado por Capitais de Terceiros
(Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo).
No Patrimônio Líquido aparecem apenas o "Capital Social" já deduzido de
eventuais "Capital a Realizar" e somado às "Reservas".
A "Demonstração do Resultado" evidencia apenas os valores fundamentais para
análise, já considerando a correção integral em dólares.
A Receita Líquida de Vendas está deduzida das "Devoluções e Abatimentos" e
"Impostos".
As Receitas e Despesas Financeiras estão líquidas dos efeitos inflacionários.

* Isto será bem explicado no Capítulo 12 - Necessidade de Capital de Giro.


ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES 187

à outra cujo lucro líquido foi de $ 200.000.000, pois pode ser que a
primeira tenha patrimônio líquido, por exemplo, de $ 50.000.000 e a
segunda de $ 3.200.000.000. Ou seja:
10.000.000
- 20%
50.000.000
200.000.000
3.200.000.000
= 6.25%

O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a


taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de
outros rendimentos alternativos no mercado, como Caderneta de Poupança,
CDBs, Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos, etc. Com
isso se pode avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a
essas opções.
Como o Lucro Líquido se acha expurgado da inflação, a taxa de Rentabili-
dade do Patrimônio Líquido é real. Assim, ao ser comparada com o rendimento
da Caderneta de Poupança, toma-se apenas a taxa de juros desta e deixa-se de
lado a Correção Monetária. Idem com relação à comparação com o rendimento
de outras aplicações.
Vejam-se os índices da Cia. BIG:

19x1 19x2
Lucro Líquido 223.741 167.116
Patrimônio Líquido Inicial 821.827 1.070.861
Patrimônio Líquido Final 1.070.861 1.407.185
Patrimônio Líquido Médio 946.344 1.239.023
Rentabilidade do 223.741 167.116 -13,48%
Patrimônio Líquido
946.344
= 23,64% 1.234.023
Para cada $ 100 de Capital Próprio investido, a empresa conseguiu $ 23,64
de lucro em 19x1. A taxa de 23,64% é superior ao que oferecem os títulos de
mercado, que oscilam em torno de 6%. Normalmente, espera-se das empresas
rentabilidade superior à dos títulos de renda fixa; possuir o investimento na
empresa representa um capital de risco, ou seja, nada garante sua rentabilidade,
que poderá ser inclusive negativa.
Em 19x2, entretanto, ocorreu queda acentuada na rentabilidade da empre-
sa.
A rentabilidade empresarial, porém, é assim mesmo: num ano acima das
taxas de mercado, noutro abaixo e noutro em torno delas.
188 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Graficamente, pode-se mostrar assim:


CIA. BIG

19x1 19x2

Demonstração
do resultado Demonstração
do resultado
Balanço

Balanço

100 23,9 100


6,5
Patrimônio Líquido Lucro Liquido Patrimônio Liquido Lucro Líquido

Observação: Segundo a Matemática Financeira, uma Renda (representada pelo Lucro


Líquido na empresa) deve ser dividida pelo Capital Inicial (Patrimônio
Líquido Inicial). Portanto, a fórmula correta do índice de Rentabilidade do
Patrimônio Líquido é:

Lucro Líquido
Patrimônio Liquido Inicial

Entretanto, como o Patrimônio Líquido sofre alterações devidas aos paga-


mentos de dividendos e às integralizações de capital, por uma questão de
simplicidade toma-se o Patrimônio Líquido Médio entre o final e o inicial. 7

7. O correto seria ponderar, proporcionalmente, pelo tempo de permanência na empresa, as


integralizações de capital e, analogamente, os pagamentos de dividendos. Por exemplo, na
Cia. BIG em 19x1, o aumento de capital ocorreu em 30-04-x1.
• Patrimônio Líquido Inicial: 821.827
• Aumento de Capital havido durante o exercício: 49.478
• Patrimônio Líquido Médio 19x1: (821.827 x 12 + 49.478x7) ÷12 = 850.689
• Rentabilidade do Patrimônio Líquido em 19x1:223.741 ÷ 850.689 = 26,30%.
A não ser que se necessite de maior rigor, recomenda-se o emprego da fórmula simplificada:
Patrimônio Líquido Médio - PL Inicial + PL Final

Este assunto acha-se discutido com profundidade no Capítulo 14.


ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES 189

3 COMO AVALIAR OS ÍNDICES

Há três tipos básicos de avaliações de um índice:

a) pelo significado intrínseco;


b) pela comparação ao longo de vários exercícios;
c) pela comparação com índices de outras empresas - índices-padrão.

Veja-se a seguir cada uma dessas avaliações individualmente.

AVALIAÇÃO INTRÍNSECA DE UM ÍNDICE.  É possível, de maneira gros-


seira, avaliar índices pelo seu significado intrínseco. Por exemplo, pode-se tentar
qualificar a situação financeira de uma empresa com base no índice de Liquidez
Corrente: se apresentar valor de 1,5, sabe-se que para cada cruzado de dívida
a curto prazo há $ 1,5 de investimento a curto prazo. A folga de 50% pode ser
considerada suficiente como margem de segurança à empresa; essa conclusão
é feita ou por intuição do analista ou por ter trabalhado em empresas que
conseguiram operar bem com esse nível de Liquidez Corrente. Da mesma
maneira, pode-se considerar elevado o índice de Participação de Capitais de
Terceiros, por exemplo, quando for de 200%. Conclui-se nesse caso que para
cada $ 100 de capita! próprio existe $ 200 de terceiros, e que terceiros estão,
portanto, investindo na empresa o dobro do que os próprios acionistas. Com
relação à Participação de Capitais de Terceiros é preciso considerar a opinião
da comunidade financeira. Se os banqueiros, gerentes de bancos e outras
pessoas que decidem créditos considerarem normal a participação de capitais
de terceiros ao nível de 200%, a empresa provavelmente continuará desfrutando
de crédito bancário. Se, porém, esse nível for considerado excessivo, então a
empresa poderá ter sérias dificuldades financeiras. No caso de índices de
rentabilidade, pode-se julgar um índice de rentabilidade, digamos de 20%, em
função de uma expectativa desejada pelos empresários.
De qualquer maneira, a análise do valor intrínseco de um índice é limitada
e só deve ser usada quando não se dispõe de índices-padrão proporcionados
pela análise de um conjunto de empresas.

COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES NO TEMPO. A comparação dos índices de


uma empresa com os valores observados nos anos anteriores revela-se bastante
útil por mostrar tendências seguidas pela empresa. Por exemplo: se por um lado
uma empresa pode endividar-se mais a cada exercício e, simultaneamente,
apresentar aumento de sua rentabilidade, por outro lado pode ocorrer redução
dos índices de liquidez. Essas informações permitem ao analista formar uma
opinião a respeito de diversas políticas seguidas pela empresa, bem como das
190 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

tendências que estão sendo registradas. E fundamental em qualquer avaliação


que os índices que sejam analisados conjuntamente.
COMPARAÇÃO COM PADRÕES.  A avaliação de um índice e a sua
conceituação como ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente só pode ser
feita através da comparação com padrões. Não existe o bom ou o deficiente em
sentido absoluto. O bem só é bom em relação a outros elementos. O melhor
 jogador de futebol do selecionado da Manchúria poderá ser um péssimo jogador
se comparado a jogadores do Brasil. Assim, é preciso definir um conjunto
(universo) e, em seguida, comparar um elemento com os demais do conjunto
para atribuir-lhe determinada qualificação. Esse é um processo natural do
raciocínio humano onde todas avaliações são feitas por comparações, ainda que
quase nunca tabuladas metodologicamente (daí as divergências de opiniões). É
importante, ao fazer a comparação, saber se um índice é: quanto maior, melhor,
ou quanto menor, melhor. Suponha-se que uma empresa possua índice de
Liquidez Corrente de 1,93; se 80% das empresas do ramo possuem índice menor
do que o dessa empresa e se a Liquidez Corrente é do tipo quanto maior, melhor,
a conclusão é de que a empresa possui bom índice de Liquidez Corrente em
relação às demais empresas do ramo. Essa é uma conclusão objetiva. O uso de
índices-padrão é vital na Análise de Balanços. Não se pode conceber uma boa
análise sem a comparação dos índices da empresa analisada com padrões. Por
isso, o próximo capítulo trata somente desse assunto.

3.1 PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE ÍNDICES FINANCEIROS

Uma vez calculados os índices e comparados com padrões, pode-se fazer


primeiro uma avaliação individual de cada índice, depois uma avaliação conjunta
e, assim, avaliar-se a empresa e sua administração.
Essa forma de avaliação não é descoberta da Análise de Balanços. Pelo
contrário, trata-se de uma técnica científica seguida largamente por outras
ciências (muito antes de sua aplicação na Análise de Balanços) e que, basica-
mente, tem a seguinte ordem:

a) Descoberta de indicadores: no nosso caso são os índices financeiros de Partici-


pação de Capitais de Terceiros, Liquidez etc.
b) Definição do comportamento do indicador: existem três possibilidades:
i - quanto maior, melhor;
ii - quanto menor, melhor;
iii - ponto ótimo em tomo de um parâmetro.
ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES 191

c) Tabulação de padrões: é a construção de tabelas baseadas em elementos do


mesmo conjunto - no caso presente, índices de empresas do mesmo ramo - de
maneira que permita a comparação dos índices de uma empresa com os das demais
empresas; a construção de padrões é detalhadamente descrita no Capítulo 5.
d) Escolha dos melhores indicadores e atribuição dos respectivos pesos: já se
fez isso escolhendo onze índices, através de longos anos de pesquisa; adiante
fala-se sobre o peso dos índices.

3.2 A IMPORTANCIA RELATIVA DE CADA ÍNDICE (PESO)

Uma vez avaliado cada um dos índices, através da comparação com os


padrões, suponha-se que a um tenha sido dada a avaliação ótimo, a outro a
avaliação razoável e a outro deficiente. Afinal, qual será a avaliação da empresa?
Depende da importância de cada um, ou seja, do peso que se atribui a cada
índice.
Essa tem sido uma questão fundamental desde os primórdios da Análise
de Balanços. Alexander Wall, primeiro a se preocupar com isso, propôs, em 1914,
uma fórmula matemática para avaliar a empresa, baseando-se nos índices e nos
respectivos pesos. Essa fórmula, do ponto de vista prático, não tinha nenhuma
utilidade, mas teve a virtude de lançar a idéia de pesos.
Modernamente, muitos pesquisadores, através de pesquisas de campo,
têm tentado encontrar os pesos ideais; tomam empresas falidas e testam, através
de técnicas matemáticas e estatísticas e auxiliados por computadores, quais os
pesos que, se tivessem sido usados antes da falência, poderiam ter levado ao
máximo acerto possível as previsões.
Além disso, nunca deve ser esquecida a importância atribuída a cada índice
pelos analistas de grande experiência em análise de empresas. Aliás, as técnicas
matemáticas e estatísticas ainda não superaram, em termos de emprego de
massa, a opinião dos analistas quanto à importância dos índices.
A atribuição de pesos, como se vê, pode adquirir contornos altamente
científicos, porém não deixa de ser algo de absolutamente intuitivo. Quando um
analista chega a uma conclusão, terá atribuído algum peso aos índices encon-
trados, mesmo que igual para todos e ainda que o faça inconscientemente.
Esse assunto será tratado no Capítulo 8.
192 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

3.3 RELATÓRIO PARCIAL DE ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES

Apresenta-se a seguir um relatório de análise da Cia. BIG em que se


comentam conjuntamente os índices até agora expostos.
Esse relatório é limitado tanto pelo fato de só terem sido expostos alguns
índices, quanto pelo fato de a avaliação de índices requerer o uso de duas
técnicas sobre as quais se falará nos próximos capítulos - Índices-Padrão e
Avaliação Conjunta de Índices.
Entretanto, a esta altura é útil ao leitor uma visão geral dos índices apresen-
tados até aqui, como mostra o relatório abaixo:

RELATÓRIO: CIA. BIG

A Cia. BIG aumentou seu endividamento de 154%, em 19x1, para 183%, em 19x2, e passou a
depender muito mais de terceiros. Entretanto, em 19x2, alterou o perfil de sua dívida, pois o percentual 
de dívidas de curto prazo, que era de 81% no ano precede nte, passou para 54%, dando-lhe mais 
prazo para pagamento das mesmas. 0 grau de ¡mobilização do Patrimônio Liquido que era de 71%,
em 19x1, subiu para 121%, absorvendo, em 19x2, todo o Patrimônio Líquido e ainda uma parcela 
de capitais de terceiros equivalente a 21% deste último. Com isso, a empresa ficou sem Capital 
Circulante Próprio em 19x2. Entretanto, a imobilização de recursos não correntes permaneceu dentro 
de níveis equivalentes e permitiu à empresa até mesmo aumentar o Capital Circulante Líquido. Em 
virtude de não ter Capital Circulante Próprio em 19x2, a Liquidez Geral caiu para 0,88, quandohavia 
sido de 1,18 em 19x1. Isto significa que a relativa tranqüilidade existente em 19x1 deixou de existir 
em 19x2, pois a longo prazo a empresa dependerá de geração de recursos para manter boa liquidez.
Contudo, em decorrência do aumento do Capital Circulante Líquido, a empresa conseguiu melhorar 
ligeiramente a Liquidez Corrente (donde se conclui que o nível de Capital Circulante Líquido mantido 
é satisfatório); isso indica que a curto prazo não haverá problemas de liquidez. Quanto à Liquidez 
Seca, houve queda insignificante de 0,90, em 19x1, para 0,87, em 19x2.

Se do ponto de vista financeiro piorou a situação, com algumas compensações, do ponto de 
vista econômico a situação piorou completamen te. Para cada $ 1,00 investido a empresa vendeu $ 
1,76 em 19x1. Já em 19x2 vendeu apenas $ 1,11 o que significa apreciável queda nas vendas em 
relação ao investimento efetuado. Enquanto isso, a margem de lucro líquido cala de 4,66% para 
3,77%, ou seja, em cada $ 100 vendidos a empresa passou a ganhar muito menos, em 19x2. Para 
se ter uma idéia do efeito conjunto dess as duas quedas, a rentabilidade do Ativo caiu pela metade 
ou seja, de 8,20% para 4,19% isso significa que o seu poder de capitalização desceu a níveis muito 
baixos: enquanto pela rentabilidade do Ativo, em 19x1, a empresa demoraria cerca de 9 anos para 
dobrar o seu Ativo, se contasse exclusivamente com os rec ursos dos lucros acumulados, em 19x2 
demoraria 17 anos. Como reflexo disso, a rentabilidade do Patrimônio Líquido desceu de 23,64, para 
13,48%, mostrando que a empresa conseguiu remuneração modesta do seu capital em 19x2.
7 Indices-Padrão

A Análise de Balanços através de índices só adquire consistência e objeti- 


vidade quando os índices são comparados com padrões, pois, do contrário, as 
conclusões se sujeitam à opinião e, não raro, ao humor do analista de balanços.
Existe uma técnica própria para a construção de padrões para Análise de 
Balanços, e tal técnica se encontra neste capítulo.
São apresentados aqui os padrões para a   indústria e  o   comércio, bem 
como os de alguns ramos cujas empresas são analisadas neste livro.
Chama-se a atenção do leitor para o significado dos índices-padrão, último 
tema deste capítulo, que desmistifica a impressão errônea que em geral se tem 
dos padrões.

1 A ESTATÍSTICAAJUDANDOAANALISAR BALANÇOS

Quando se usam algumas técnicas estatís-


ticas, é possível comparar o desempenho
de uma empresa com o de 100, 1.000 ou
mais empresas.

A reação imediata de quem se defronta com demonstrações financeiras e


quer delas tirar alguma informação é fazer comparações. Por exemplo, podem-se
comparar o Lucro com o Patrimônio Líquido, o Imobilizado com o Patrimônio
Líquido, o Ativo Circulante com o Passivo Circulante. Os índices de balanços
expressam relações entre partes das demonstrações financeiras e a Análise de
194 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Balanços está toda calcada neles, sejam tradicionais (como os de Liquidez,


Rentabilidade, Imobilizações, sejam de composição percentual das demonstra-
ções financeiras, sejam, ainda, de evolução de cada uma das contas ou grupo
de contas dessas demonstrações.
O segundo passo de quem se defronta com demonstrações financeiras é:
como avaliar esses índices?
Basicamente, deve-se comparar um índice com índices de outras empresas.
Assim, as coisas se encadeiam logicamente.
A empresa produz demonstrações financeiras fundamentalmente para ou-
tras entidades (externas), as quais calculam índices que serão comparados com
os de outras empresas. A técnica de índices-padrão permite avaliar os índices
de uma empresa em análise, em relação aos de outras empresas.
O primeiro problema para se comparar o índice de uma empresa com o de
outras é exatamente com que empresas comparar. Suponha-se existirem, em
determinado ramo de atividades, 200 empresas; como comparar determinado
índice com os 200 índices de mesmo tipo dessas 200 empresas? Ou seja, quando
se quer saber como está o índice de Liquidez Corrente da empresa que se está
analisando, como compará-lo com os 200 índices de Liquidez Corrente obtidos
das demais empresas desse ramo de atividade?
O problema torna-se muito mais complexo quando, além do índice de
Liquidez Corrente, se quer comparar mais, suponha-se, dez outros índices.
A esta altura, só resta um caminho: pedir socorro à Estatística, que diz ser
possível extrair algumas medidas de determinado universo 1  de elementos.
Pode-se, então, extrair a média dos 200 índices e passar a trabalhar com a média.
Mas será que a média é suficiente?
A Estatística diz que há elementos mais interessantes do que a média.
Existem, basicamente, três tipos de medidas de posição, a saber: média, moda,
mediana e congêneres.

Média: é usada, normalmente, para indicar algo que é característico   do universo. Por


exemplo: média de gols por partida assinalados num campeonato (indica a eficiência
média dos ataques das equipes).

1. Universo é expressão usada em Estatística para designar um grupo ou conjunto, perfeitamente


definido, de objetos, elementos ou indivíduos. Amostra é uma parte do universo.
INDICES-PADRAO 195

Moda: objetiva mostrar aquilo que é   mais comum   em determinado universo; por
exemplo, no seguinte conjunto de dados referentes às notas de estudantes em
determinada prova: 2, 2, 3, 4, 5, 5, 6, 6, 6, 6, 6, 7, 7, 8, 9, 9, 10, a  moda  será "6",
visto ser o valor verificado com mais freqüência.
Mediana: é o valor tal que, colocados os elementos do universo em ordem crescente,
metade fica abaixo de si e metade acima. O papel da mediana é possibilitar a
comparação de um elemento do universo com os demais, a fim de se conhecer a
sua posição relativa, na ordem de grandeza do universo. Por exemplo, se entre os
operários de determinada fábrica a mediana de salários for de $ 3.800,00, aquele
que recebe remuneração acima disso estará entre a metade de operários mais bem
remunerados.

Entretanto, a mediana isoladamente é insuficiente para comparações pre-


cisas. Por isso, faz-se o cálculo também de outras medidas estatísticas, de
mesma natureza da mediana, como quartis, decis ou percentis. Recomenda-se
o uso dos decis.
Quando são utilizados os decis, tem-se não uma única medida de posição,
mas nove, de maneira que se pode dispor de informações que proporcionam
ótima idéia da distribuição estatística dos índices tabulados.
Os índices financeiros apresentam, em geral, distribuição semelhante à da
Figura 7.1.

Quantidade de elementos

Variável

FIGURA 7.1. Distribuição normal.

Se são tomados os decis, distribui-se o universo em fatias, cada uma com


10% dos elementos do universo, conforme mostra a Figura 7.2. Na Figura 7.3 há
um gráfico formado somente de decis. Veja-se como ele sugere e substitui a
distribuição verdadeira.
196 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Assim, através de decis, obtém-se uma idéia extraordinariamente próxima


de como se distribuem os elementos em determinado universo. Os 200 índices
podem ser dispensados, e passa-se a trabalhar com apenas nove decis.
Se, em vez de comparar determinada empresa com outras 200, se dese-
 jasse compará-la com 10.000, 20.000 ou 30.000 empresas, bastariam apenas
os nove decis. Fazendo a comparação dos índices da empresa com os nove
decis, encontra-se a posição relativa da empresa no ramo.
Os gráficos das Figuras 7.4 e 7.5, preparados com base em 299 demons-
trações financeiras de empresas do ramo de plásticos, ilustram o comportamento
dos índices, na prática.

10% d o s 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10%
E lem ento s

FIGURA 7.2. Posição dos decis na distribuição normal.

FIGURA 7.3. Simplificação da distribuição normal.


ÍNDICES-PADRÃO 197

 .
  s
  o
  c
   i
   t
  s
   á
   l
  p
  e
             0
             4
       0
       1
       1
   d
  o
   ,
             3

  m
             0
             2
       0
       0
  a
  r
   ,
       1
             3
  o
 .    d
  s   s
  o        0
  a
  c
             0

   i        9
             0
   ,
             3
   t   s
  s   e
  r
   á
   l   p
             0
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   R    R
   U    U
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   I    G
   I
   F    F
198 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

1.1 EXEMPLIFICAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE PADRÕES

Na construção de tabelas de índices-padrão de determinado ramo de


atividade, toma-se inicialmente o maior número possível de empresas do ramo
de certa localidade. Do balanço de cada empresa extraem-se índices que serão
tabulados. Por exemplo, suponham-se 200 empresas do ramo têxtil de São
Paulo. Haverá 200 índices de cada tipo. Tomem-se inicialmente os 200 índices
de Liquidez Corrente. Esses índices devem ser colocados em ordem crescente,
ou seja, do mais baixo para o mais alto. O valor tal que 10% dos índices (ou seja,
20 índices) ficam abaixo de si é o 1º decil, o qual divide o conjunto de índices de
liquidez corrente em décimas partes, deixando um décimo abaixo e nove décimos
acima dele. O cálculo do 2º decil é semelhante, 20% dos índices ficam abaixo e
80% acima. Idêntico procedimento é utilizado para o cálculo do 3º,4º, 5º, 6º, 7º,
8º e 9º decis. O 5º decil coincide com a mediana, uma vez que, deixando 50%
dos índices abaixo de si e 50% acima, estará dividindo o conjunto de índices em
duas metades iguais.
Para ilustrar esta exposição, apresenta-se a seguir um exemplo numérico
completo:

a) Foram tomadas 30 empresas do ramo de tintas e vernizes que apresentam os


seguintes índices de Liquidez Corrente:
1,76-0,89-1,01-1,40-1,80-1,05-1,14-1,22
1,13 - 1,66 - 1,80 - 1,54 - 1,34 - 1,43 - 1,60 - 1,20
1,26-1,09-1,50-1,82-1,07-0,93-1,11-1,21
1,70-0,82-1,47-1,24-1,18-1,30.
b) O primeiro passo para encontrar os decis e a mediana desse conjunto é pô-lo em
ordem de grandeza crescente:
0,80 - 0,82 - 0,89 - 0,93 -  1,01 - 1,05 - 1,07 - 1,09
1,11-1,13-1,14-1,18-1,20-1,21-1,22-1,24
1,26-1,30-1,34-1,40-1,43-1,47-1,50-1,54
1,60-1,66-1,70-1,76-1,80-1,82.
c) Conforme a definição, o 1º decil é o valor que deixa 10% dos elementos do conjunto
abaixo de si e 90% acima. Como neste exemplo o conjunto tem 30 elementos, o 1º
decil deixa três elementos abaixo de si (3 = 10% x 30) e 27 elementos acima.
Portanto, deve ser um número superior a 0,89 (que é o 3º elemento do conjunto na
ordem de grandeza) e inferior a 0,93 (a fim de deixar 27 elementos acima de si). O
1º decil é obtido através da média aritmética dos valores do 3º e 4º elementos:
0,89 + 0,93
= 0,91.
2
MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS 233

Os processos de atribuição de pesos podem ser  empíricos  ou científicos.


Os empíricos são intuitivos e surgem de experiências, observações pes-
soais e feeling  dos analistas.
Muitas vezes um grupo de analistas decide, em consenso, atribuir determi-
nados pesos aos índices, e chega-se assim a uma espécie de "média de
opiniões". Tal procedimento tem validade e conduz a certo grau de qualidade, às
vezes plenamente aceitável dentro da Análise de Balanços.
É através de processos científicos, porém, que se alcança maior grau de
acerto e seriedade.
Os processos científicos baseiam-se em experimentos sistemáticos, lógicos
e objetivos, com fundamentos estatístico-matemáticos.

1.2 ATRIBUIÇÃO DE PESOS CIENTIFICAMENTE

A Análise de Balanços feita por usuário externo visa apontar se a empresa


analisada tem condições de efetuar determinada transação com sucesso, ou
seja, o pagamento de um empréstimo, o fornecimento de matéria-prima, a
prestação de serviços, a rentabilidade de ações adquiridas etc.
Inicialmente, observa-se determinado número de casos de insucesso, isto
é, de transações em que a empresa analisada falhou.
Estudando esses casos de insucesso, pode-se descobrir qual dos índices
de balanço foi mais eficiente na indicação do insucesso.
A definição de insucesso depende do usuário. Uma empresa cujas ações
despencaram na Bolsa será um insucesso para o investidor. Essa mesma
empresa pode ser um sucesso para os bancos e fornecedores se eles tiverem
recebido seus créditos em dia.
Entretanto, alguns tipos de insucesso o são em sentido amplo e absoluto.
É o caso da empresa que vai à falência.
Os passos para a atribuição de pesos aos índices são:

1º PASSO

Classificar determinada quantidade de empresas em uma de duas catego-


rias: Sucesso ou Insucesso.
Sucesso: representa a categoria em que se enquadram empresas com as quais as
operações foram bem-sucedidas.
234 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Insucesso: é a categoria de empresas com as quais o relacionamento foi insatisfatório.


No caso de bancos comerciais, podem-se tomar os clientes que faliram e/ou aqueles
que deixaram de efetuar seus pagamentos e/ou os que atrasaram nos pagamentos.
(É uma questão de se definir o que se quer considerar como insucesso.) No caso
de investimentos em ações, tomam-se as empresas cujas ações não valorizaram a
contento.

O número de empresas enquadradas na categoria "Sucesso" deve ser igual


ao da categoria "Insucesso". É desejável que a quantidade de cada categoria
não fique abaixo de 50, porém é suportável até um limite mínimo de 20. Abaixo
disso, embora existam técnicas estatísticas de tratamento às pequenas amos-
tras, os resultados costumam ficar prejudicados.
As empresas do grupo "Sucesso" devem ser escolhidas   aleatoriamente.
Quanto ao grupo "Insucesso", normalmente são tomadas todas as empresas que
aí se enquadraram, a não ser que esse número seja muito grande, quando então
se recorre à amostragem estatística.
Observe-se que os balanços das empresas do grupo "insucesso" repre-
sentam o último balanço antes de a empresa sofrer o insucesso. Não deve haver
informações ou sinais outros de que a empresa terá insucesso no próximo ano,
a não ser os possíveis reflexos antecipados nas demonstrações financeiras. Só
assim se pode estudar a capacidade de as demonstrações financeiras preverem
o insucesso. Esse estudo pode partir também de empresas com balanços de
dois, três ou mais anos anteriores ao insucesso. O importante é que todos os
balanços distem igual número de anos da data do insucesso. Por exemplo, em
determinado estudo sobre a capacidade de se prever o insucesso com dois anos
de antecedência, todos os balanços seriam de dois anos antes do insucesso.
São, porém, os balanços imediatamente anteriores ao insucesso os que
mais revelam as possibilidades de insucesso.

2º PASSO

Uma vez separadas as empresas segundo as categorias "Sucesso" e


"Insucesso", de cada empresa se extrai determinado número de índices de
balanço. Esses índices, separados por categoria "Sucesso" e "Insucesso" e por
tipo (Participação de Capitais de Terceiros, Liquidez Corrente etc.), devem ser
tratados estatisticamente.
O mais simples tratamento estatístico é o da construção de índices-padrão;
elaboram-se padrões de sucesso e insucesso, com base nas respectivas amos-
tragens.
MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS 235

Apresentam-se na Tabela A.2 índices-padrão de empresas que foram à


insolvência e na Tabela A.3 de empresas solventes, tabuladas por este autor.

TABELA A.2. Padrões de empresas insolventes.

VARIÁVEL MEDIANA
2º DECIL 8  DECIL
º
(5º DECIL)
CT/PL 155% 316% 569%
AP/PL 32% 75% 127%
LG 0,87 1,03 1,17
LC 1,02 1,16 1,61
LS 0,28 0,69 0,93
LL/PL -10,0% 7,0% 25,0%

TABELA A.3. Padrões de empresas solventes.

MEDIANA
VARIÁVEL 2  DECIL
º 8º DECIL
(5º DECIL)
CT/PL 63% 136% 269%
AP/PL 44% 77% 120%
LG 0,87 1,14 1,59
LC 1,01 1,29 1,83
LS 0,53 0,82 1,21
LL/PL 2,0% 14,0% 35,0%

Quanto maior a diferença entre os índices das empresas do grupo "Insuces-


so" e os das empresas do grupo "Sucesso", maior será a capacidade de previsão
do insucesso através dos índices.
Expliquemos melhor. Suponha-se que se queira saber qual a capacidade
de previsão de insucesso do índice Participação de Capitais de Terceiros.
Toma-se um conjunto de empresas que sofreram insucesso, ou seja, foram à
concordata ou falência; extrai-se esse índice de cada balanço imediatamente
anterior ao insucesso (quando ainda ninguém de fora das empresas suspeitava
do futuro insucesso). Simultaneamente extrai-se o índice de Participação de
Capitais de Terceiros dos balanços de uma amostra de empresas que continua-
vam operando.
236 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Se os índices de Participação de Capitais de Terceiros das empresas


insolventes forem muito próximos aos das empresas solventes, é quase impos-
sível distinguir as empresas em estado pré-falimentar daquelas em situação
financeira salutar. Então, o poder de prever falência do índice de Participação de
Capitais de Terceiros é baixo.
Se, porém, as diferenças entre os índices de Participação de Capitais de
Terceiros dessas duas categorias de empresas forem significativas, é possível
separar as empresas insolventes das solventes. Quanto maior essas diferenças
maior o poder de previsão de falência.
O estudo dessas diferenças encontra embasamento estatístico que permite
aferição do grau de previsão de insolvência de cada índice. Quanto maior o poder
de previsão de um índice, maior será a sua importância e, portanto, maior o seu
peso na ponderação final dos índices.

2 ABORDAGEM ESTATÍSTICA DAS DIFERENÇAS ENTRE


ÍNDICES DE EMPRESAS "SUCESSO" E EMPRESAS
"INSUCESSO"

Grande parte da chamada inferência Estatística (parte da Estatística que,


fundada em probabilidades, apresenta conclusões) consiste em testar se deter-
minada amostra  pertence a certa população (ou universo) ou se duas amostras
são da mesma população.

População para a estatística é um conjunto de objetos, elementos ou indivíduos com


determinada característica em comum.
Amostra é uma parte da população.

Através da Estatística pode-se testar se as empresas "insucesso" e "suces-


so" pertencem a uma única população - a população de empresas, em geral,
onde não há diferenças entre elas - ou, se ao contrário, existem duas populações
distintas,  ou seja, a população das empresas "insucesso" e a população das
empresas "sucesso".
A Estatística não se deixa iludir por aparentes diferenças. Testa se essas
diferenças são suficientemente significativas em termos probabilísticos e se não
se devem meramente ao acaso.
É preciso lembrar que certas empresas insolventes apresentam índices
típicos de solventes, enquanto algumas empresas solventes revelam índices
característicos de insolventes. Isso representa dois tipos de erros a que se está
MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS 237

inevitavelmente sujeito. O importante, porém, é o grau de acerto que se pode


obter afinal.
O gráfico da Figura A.1 mostra a distribuição hipotética que se encontra
comumente nos índices de empresas insolventes e solventes.

Quantidade Área de
de indefinição
Empresas
SOLVENTES INSOLVENTES

Me, Ms, Valor do


Empresas insolventes Empresas solventes Índice
com índices típicos com Indices típicos
de solventes de insolventes
M e s - Mediana das Emp resas Solventes
Me¡ • Mediana das Empresas Insolventes

FIGURA A.1. Distribuição dos Índices de Participação de Capitais de Terceiros de 


empresas solventes e insolventes.

O gráfico da Figura A.1 evidencia a existência de um comportamento típico


dos índices de empresas solventes que pode ser identificado pela curva das
solventes e pela mediana  Me(s)  e um comportamento típico de empresas
insolventes, identificado pela curva das insolventes e pela mediana  Me(i);   evi-
dencia também as exceções representadas pelas empresas cujos índices se
situam na área de intersecção ou no campo contrário. Repare-se que a distância
entre as medianas não deixa dúvidas de que, em termos médios, as diferenças
entre empresas solventes e insolventes são significativas.

TE ST ES ESTATÍSTICOS
2.1 TE STE DE S TUD E N T

Através desse teste verifica-se qual a probabilidade de duas amostras


pertencerem a populações diferentes.
238 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Nesse teste parte-se da média ou mediana dos índices das empresas


"insucesso" e média ou mediana das pertencentes ao grupo de "sucesso" e
encontra-se qual a probabilidade de essas médias ou medianas pertencerem a
uma única população.
A conclusão estará sempre associada a um percentual de probabilidade.
Por exemplo, com 98% de certeza pode-se afirmar que a população dos índices
de Participação de Capitais de Terceiros das empresas insolventes difere da
população de índices de empresas solventes. Essa conclusão é obtida testan-
do-se as médias ou medianas das populações.
Aplica-se o teste para diversos tipos de índices. Aquele que fornece maior
percentual de certeza de que a população das solventes difere das insolventes
será o índice mais importante e, portanto, o de maior peso.
Estudos baseados no Teste de Student foram elaborados por Stephen C.
Kanitz e publicados no livro Como prever falências   da Editora McGraw-Hill do
Brasil.

2.2 TESTE DO x2 OU CORRELAÇÃO DE ATRIBUTOS


QUALITATIVOS

Embora baseado no mesmo princípio de testar populações, esse teste usa


uma técnica estatística que conduz a resultados mais claros e simples para o
usuário. Em vez de hierarquizar os índices financeiros segundo o grau de
probabilidade de pertencerem a populações diferentes, o que é algo bastante
complexo para a maioria dos usuários, calcula um coeficiente, chamado  corre- 
lação de atributos -  CA -, que aponta a capacidade de cada índice para distinguir
empresas que irão falir daquelas que continuarão operando normalmente.
Suponha-se o seguinte exemplo para ilustração desta técnica:

a) Tomem-se 50 empresas insolventes industriais.


b) Tomem-se 50 empresas solventes que formem pares com as insolventes. Isto
significa que, se existe uma empresa insolvente do ramo de joalherias, com dez anos
de existência, e capital de $ 50.000.000, deve-se procurar entre as solventes uma
empresa que mais se assemelhe a essas características. Faz-se o mesmo para as
outras 49 empresas.
c) Para cada empresa, tanto solvente quanto insolvente, calculam-se os índices finan-
ceiros (podem ser os onze que foram apresentados no Capítulo 6).
d) Os índices de Participação de Capitais de Terceiros das 50 empresas solventes e
das 50 insolventes são apresentados na Tabela A.4, enquanto os de Liquidez se
encontram na Tabela A.5. (Apresentam-se apenas esses dois, porque são suficien-
tes para a exemplificação.)
MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS 239

TABELA A.4. Indices de Participação de Capitais de Terceiros.

EMPRESAS SOLVENTES EMPRESAS INSOLVENTES


48% 80% 126% 198% 292% 169% 250% 326% 380% 420%
37% 72% 132% 201% 305% 171% 96% 331% 381% 427%
43% 94% 140% 215% 325% 173% 125% 345% 387% 450%
52% 83% 144% 229% 340% 180% 149% 347% 408% 480%
61% 88% 151% 246% 346% 193% 279% 351 % 415% 515%
57% 79% 160% 259% 369% 199% 288% 354% 443% 630%
60% 68% 172% 270% 380% 207% 290% 356% 461% 636%
55% 75% 181% 391% 210% 301 % 432% 712%
45% 120% 189% 403% 226% 312% 371 % 760%
22% 111 % 405% 231% 390% 860%
36% 116% 462% 239% 912%
54% 245% 1.118%
1.304%
1.601%

TABELA A.5. Índices de Liquidez Corrente.

EMPRESAS SOLVENTES EMPRESAS INSOLVENTES


1,86 1,49 1,25 1,05 0,93 1,21 1,84 1,12 0,87 0,57
1,89 1,53 1,27 1,06 0,89 1,23 1,89 1,15 0,86 0,54
1,93 1,55 1,28 1,08 0,84 1,27 1,03 1,16 0,84 0,49
1,94 1,56 1,30 1,09 0,79 1,29 1,04 1,16 0,83 0,48
1,97 1,58 1,31 1,12 0,73 1,33 1,06 1,05 0,80 0,32
2,85 1,61 1,34 1,14 0,65 1,36 1,08 1,07 0,79
2,02 1,64 1,36 1,17 1,40 1,09 1,00 0,75
2,10 1,70 1,37 1,18 1,51 1,10 0,97 0,69
3,02 1,79 1,39 1,00 1,57 1,10 0,90 0,67
1,43 1,20 1,40 0,99 1,66 1,11 0,90 0,64
1,46 1,21 1,02 0,98 1,72 1,12 0,89 0,59

e) Comparando-se com os padrões da indústria2 (veja-se Tabela A. 10) e atribuindo-se


notas e conceitos conforme foi visto no Capítulo 8, chega-se à Tabela A.6.

2. O ideal seria subdividir as empresas em ramos e comparar com os respectivos padrões;


entretanto, não há em cada ramo amostragem suficiente de empresas insolventes. Por isso,
trabalha-se com as empresas sem subdivisão por ramo.
240 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

TABELA A.6. Nota e conceituação de índices de empresas solventes e insolventes.

Quantidade de índices
Quantidade de indices
CONCEITO NOTA de Empresas
de Empresas Solventes
Insolventes
CT/PL LC CT/PL LC
ÓTIMO 8 - 1 0
12 11 0 2
BOM 6 - 7,99 8 9 0 4
SATISFATÓRIO 4 - 5,99
ACEITÁVEL
9 12 1 7
RAZOÁVEL FRACO 2 - 3,99 9 8 13 16
DEFICIENTE PÉSSIMO 0 - 1,99 12 10 36 21
SOMA 50 50 50 50

f) Pode-se aplicar para cada tipo de índice a técnica estatística denominada teste do
x 2  (lê-se qui quadrado), através da qual se mede a correlação existente entre as
Notas (ou Conceitos) e a Solvência e Insolvência. O índice que obtiver o maior
coeficiente de correlação terá maior poder preditivo e deverá receber maior peso nas
planilhas e fórmulas, que são apresentadas no Capítulo 6. (Sem qualquer teste,
pode-se perceber, olhando apenas as Tabelas 7.8 e 7.9 que há maior correlação
entre nota baixa e insolvência no índice Participação de Capitais de Terceiros do que
no índice de Liquidez Corrente.)

A técnica do x 2 parte das chamadas tabelas de contingências, como as que


são apresentadas nas Tabelas A.7 e A.9. Se não existir nenhuma correlação
entre os atributos Nota e Solvência, ou seja, se uma coisa não tiver nada que ver
com a outra, os 50 índices deveriam teoricamente distribuir-se da forma como
são mostrados na Tabela A.7.

TABELA A.7. Distribuição esperada.

NOTA SOLVENTES INSOLVENTES TOTAL


8 - 1 0 10 10 20
6 - 7,99 10 10 20
4 - 5,99 10 10 20
2 - 3,99 10 10 20
0 - 1,99 10 10 20
SOMA 50 50 100
MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS 241

Qualquer diferença da distribuição real constatada com a distribuição espe-


rada indica a existência de provável correlação. (Pode ocorrer que as diferenças
se devam ao acaso e não à real correlação existente. Para isso existe um teste
específico que diz com que grau de probabilidade as diferenças ocorreram devido
à existência de correlação e não devido ao acaso. Uma vez feito esse teste e
encontrada uma probabilidade aceitável de as diferenças não se deverem ao
acaso, o passo seguinte é calcular o grau de correlação.)
A Tabela A.8 apresenta as contingências reais constatadas para os índices
de Liquidez Corrente; a Tabela A.9, a Participação de Capitais de Terceiros.

TABELA A.8. Distribuição constatada de índices de Liquidez Corrente.

NOTA SOLVENTES INSOLVENTES TOTAL

8 - 1 0 11 2 13

6 - 7,99 9 4 13

4 - 5,99 12 7 19

2 - 3,99 8 16 24

0 - 1,99 10 21 31

SOMA 50 50 100

TABELA A.9. Distribuição constatada de índices de Participação de Capitais de 


Terceiros.

NOTA SOLVENTES INSOLVENTES TOTAL

8 - 1 0 12 0 12
6 - 7,99 8 0 8
4 - 5,99 9 1 10
2 - 3,99 9 13 22
0 - 1,99 12 36 48
SOMA 50 50 100

A grande diferença existente entre a distribuição teórica esperada e a


distribuição constatada, na coluna das insolventes, indica a olho nu que esses
índices são capazes de separar as empresas solventes das insolventes.
O teste de probabilidades indica neste exemplo que com  99,9%  de certeza
as diferenças entre os índices de empresas solventes e insolventes não se devem
ao acaso, tanto no índice de Participação de Capitais de Terceiros como no índice
de Liquidez Corrente.
242 AVAUAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Os coeficientes de Correlação de Atributos - CA - encontrados foram:

CA (Participação de Capitais de Terceiros: 0,70


CT/PL
CA (Liquidez Corrente): 0,46
LC

O c o e f i c ie n t e d e C o r r e l a ç ã o d e A t ri b u t o s - C A - é u m n ú m e r o q u e v a r i a d e
0 a 0 , 7 2 , o u s e j a , a c o r r e l a ç ã o m á x i m a s e r á 0 , 7 2 . O   zero   i n d i c a n ã o h a v e r
c o r r e l a ç ã o . E n t r e t a n t o , p a r a h a v e r a c o r r e l a ç ã o m á x i m a é p r e c is o q u e :

a) to d as as emp resas insolventes tenha m índice deficiente, isto é, com notas de 0 a


1,99;
b) ne nh um a empresa solvente tenha nota na faixa de 0 a 1,99.

Essa última hipótese é totalmente utópica: a Análise de Balanços se


transformaria numa previsão com certeza absoluta. Na prática, as correlações
e n c o n t r a d a s s e m p r e s e s it u a m a b a i x o d a m á x i m a .

C o m o f o i o b s e r v a d o ,  o CACT/PL é b e m s u p e r i o r a o C A L C .  O  C A t e m  o   m é r i to
de possibilitar o escalonamento dos índices mais importantes (maior peso) para
os menos importantes (menor peso). Afinal, se um índice tem CA mais baixo é
porque são menores as diferenças que é capaz de apontar entre as empresas
s o l v e n t e s e in s o l v e n t e s e , a s s i m , m e n o r d e v e r á s e r o s e u p e s o .
P a r a c a l cu l a r o s C A u s a m - s e a s s e g u i n t e s fó r m u l a s :

onde c - número de elementos constatados na casa j.


e = número de elementos esperados na casa j.
N = número total de elementos da amostra.

O t e s t e d e x 2   é s i m p l e s , o b j e t i v o e e f i c i e n t e e p o d e s e r e m p r e g a d o p o r
qualque r dos usuá rios de An álise de Ba lanços, bas tand o tom ar algo entre 20 e
50 em pre sa s do grup o suce sso e igual nú m ero de em pres as do insuces so. E stas
podem ser representadas por qualquer tipo de empresa em que as transações
não foram bem-sucedidas, e não necessariamente insolventes. (A metodologia
estatística pode ser encontrada em qualquer bom livro de Estatística.)
MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS 243

   L
   I    %    %    %
   º    C    %    %    %    %    2    4    8    8
   9    E    4    0    4    4    0
 ,    3
 ,    6
 ,    2
 ,    0
 ,    2
 ,    0
 ,
   9    0    5    1    2    2    1    2    3    6    2
   D    3    1    1    1    1    1    5

   L
   I    %    %
   º   C    %    %    %    %    9    3    1    1    %
   8   E    9    0    0    5    5
 ,    8
 ,    2
 ,    8
 ,    6    8
 ,    0
 ,
   6    0    2    9    1    1    1  ,
   1    8    0    5
   D    2    1    1    1    3

   L
   I
   º   C    %    %
   7    0
   %    %
   1    4
   6    7    9
   3
   8    %    %    %
   0
   7   E    0    0    0    8  ,    0
 ,    5  ,    5
 ,    0
 ,    8  ,
 ,    5
   2    1    1    1    1    1    1    6    7    2
   D

   L
   I
   º    C    %    %
   8    0    %   %    3    1    1
   2
   0    %    %    %
   0
   6    E    6    0    8    5  ,    9
 ,    4  ,    4
 ,    3
 ,    8  ,
 ,    9
   1    1    8    7    1    1    0    1    4    5    1
   D

  -
   I
   D   A    %    %    %    %    4    9    2    6    %     %    %
   6    5  ,    8
 ,    2
   1    2    0
 ,
   E   N    3    9    7    6  ,  ,    1
 ,     1
 ,    4
 .    M   A    1    7    6    1    1    0    1    3
   l     4    1
  a
   i
  r
   t
  s
  u
   d
  n
   i    L
   I    %    %    5    9    3    3    %    %    %
  r    º   C    %    %    0
   4   E    8    0    7    8    0  ,    7
 ,    1  ,    1
 ,    0    7  ,
  o
   t
   0    9
   1    6    5    1    1    0  ,
   1    2  ,
   2    0
   1
   D
  e
  s
  o
   d
  s
  a    L
   I
  s    º   C    %    %    %    %    8    0    4    1    %    %    %
  e    3   E    7    3    6    8  ,    1
   9  ,    6
 ,    0
 ,    1
 ,  ,    0
   4  ,
  r    8    8    5    4    0    1    0    1    1    1    6
  p    D
  m
  e
   7
   5
   6
 .    L
   I
   5    º   C    %    %    %    %    7    1    3    7    %    %    %
   8  ,    5
 ,    0    8
   2   E    3    4    4    8  ,  ,    2
 ,  ,    0
   3  ,
  e    D
   6    7    4    3    0    1    0    0    0    0    2
   d
  o
   ã
  r
   d
  a    L
   I
  p
  -    º   C    %     %    %    %    1    5    7    0    %     %    %
   0
  s    1   E    2     1    9    6    7  ,    3
 ,    8  ,    7
 ,    5
 ,     1
 ,  ,
   4     6    2    2    0    0    0    0    2     3    8
  e    D   -   -   -
  c
   i
   d
  n
    Í
 .    P
   0    L
   1
 .    A    E    S
  +    O
   A    R    L    T    L    L    D
   T
   M
   A    U    P    C    P    P    Z    A    T    L
   T    /    /    /    /    E    T    A    V    A    P
   L    U    T    C    P    P    I    G    C
   D    S    L    /    /
   L
   /    /
   E    R    C    P    A    A    U    L    L    L    U    V    L
   L
   L
   L
   L
   B    T   -   -
   S    1    2
  -   -
   Q
  -   -   -    S   -
   E    8
  -   -   -
   A    E    0    0
   3    4
   0    0
   I    5    6    7
   L    0    0    0    R    0
   9
   0
   0
   1
   1
   1
   T
244 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Apêndice 2 Fórm ulas de Previsão de Falências

Em 1968, Edwards Altman publicou o artigo "Financial ratios, discriminant


analysis and the prediction of corporate bankruptcy", no Journal of Finance, dos
Estados Unidos, inaugurando uma série incontável de estudos sobre a capaci-
dade preditiva dos índices de balanços em diferentes países.
A conclusão geral, indubitavelmente, é a de que é amplamente satisfatória
a capacidade de previsão de insolvências dos índices, conclusão a que este autor
 já chegara no Brasil simultaneamente a Altman, segundo os dados contidos neste
apêndice.
Simplif ¡cadamente, as pesquisas efetuadas basearam-se no uso da análise
discriminante, uma técnica estatística aprimorada, descrita resumidamente
adiante.
Os principais estudos publicados e suas conclusões acham-se também a
seguir.

1 ANALISE DISCRIMINANTE

A análise discriminante constitui-se numa poderosa técnica estatística ca-


paz de dizer se determinado elemento pertence a uma população X ou a uma
população Y.  Aplicado à Análise de Balanços, isto significa indicar se uma
empresa pertence à população de solventes ou à população de insolventes.
O mecanismo de análise discriminante pode ser assim resumido:
254 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

19x1 19x2 19x3 19x4


Estoques 2.890.143 1.156.058 1.926.76 4 2.890.1 43

A Análise Horizontal encadeada apresenta os seguintes cálculos:

19x1 19x2 19x3 19x4

Estoques 100% 4 0% 6 7% 100%

Conclui-se que a empresa teve uma redução de estoques em 19x2; tal


redução passou a representar 40% dos estoques iniciais. Em 19x3 os estoques
subiram para o nível de 67% dos iniciais e em 19x4 voltaram exatamente ao nível
inicial.
A Análise Horizontal anual mostra os seguintes números (observe-se que
neste processo em cada ano só aparece o percentual de variação em relação ao
ano anterior):

19x2 19x3 19x4

Estoques -60% + 66% + 50%

Segundo as conclusões desses cálculos, a empresa sofreu uma redução


de 60% no seu estoque no primeiro ano e apresentou aumentos de 66% e 50%,
respectivamente, nos dois anos seguintes. Isto sugere que a redução inicial teria
sido inteiramente compensada em 19x3 e ainda havido aumento dos estoques
em 19x4, o que não corresponde à realidade. Isto porque a redução de 60% em
19x2 foi calculada em relação a uma base muito maior do que a base usada
para o crescimento havido em 19x3 e 19x4.

3 RELAÇÃO ENTRE ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE


HORIZONTAL

É recomendável que estes dois tipos de análise sejam usados conjuntamen-


te. Não se deve tirar conclusões exclusivamente da Análise Horizontal, pois
determinado item, mesmo apresentando variação de 2.000%, por exemplo, pode
continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que
pertence. Por exemplo, uma conta de Investimentos que representa 0,2% do
Ativo de uma empresa cresce 2.300% em dois anos ao final dos quais passa a
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 255

representar 0,7%, ou seja: nada significava para a análise no primeiro balanço e


continua a não significar nada no terceiro balanço, apesar do enorme crescimento.
É desejável que as conclusões baseadas na Análise Vertical sejam comple-
mentadas pelas da Análise Horizontal. Na Demonstração do Resultado peque-
nos percentuais podem ser significativos, visto que o lucro líquido costuma
representar também percentual muito pequeno em relação as vendas. Assim,
pode ocorrer, por exemplo, que determinada despesa administrativa, que repre-
senta no primeiro ano 12% das vendas, passe para 18% daí a dois anos. A
variação de 12% para 18% não chama a atenção do analista, porém uma Análise
Horizontal poderia revelar ter havido variação de 50% (além do crescimento de
vendas). Se as vendas tiverem crescimento de 140% no período, as despesas
administrativas terão crescido 210%. Ao chamar a atenção do analista para um
item que pode estar fora de controle, a Análise Horizontal estará cumprindo o
seu papel. Em resumo, a Análise Vertical e a Análise Horizontal devem ser
usadas como uma só técnica de análise; por isso a denominamos Análise
Vertical/Horizontal.

3.1 RELAÇÃO ENTRE ANALISE VERTICAL/HORIZONTAL E


ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES FINANCEIROS

A Análise através de Índices Financeiros é genérica; relaciona grandes itens


das demonstrações financeiras e permite dar uma avaliação à empresa. A
Análise Vertical/Horizontal desce a um nível de detalhes que não permite essa
visão ampla da empresa, mas possibilita localizar pontos específicos de falhas,
problemas e características da empresa e explicar os motivos de a empresa estar
em determinada situação.

3.2 OBJETIVOS DA ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL

Em termos genéricos, os objetivos são os seguintes:

• Análise Vertical: mostrar a importância de cada conta em relação à demonstração


financeira a que pertence e, através da comparação com padrões do ramo ou com
percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora
das proporções normais.
256 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

• Análise Horizontal: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações financei-


ras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões sobre a evolução da
empresa.

Em sentido específico, destacam-se os seguintes objetivos da Análise


Vertical/Horizontal conjuntamente:

a) Indicar a estrutura de Ativo e Passivo, bem como suas modificações.


O balanço evidencia os recursos tomados - financiamentos - e as aplicações
desses recursos - investimentos. A Análise Vertical mostra, de um lado, qual a
composição detalhada dos recursos tomados pela empresa, qual a participação dos
capitais próprios e de terceiros, qual o percentual de capitais de terceiros a curto e
longo prazo, qual a participação de cada um dos itens de capitais de terceiros
(fornecedores, bancos etc.). De outro lado, a Análise Vertical mostra quanto por
cento dos recursos totais foi destinado ao Ativo Circulante e quanto ao Ativo
Permanente. Dentro do Ativo Circulante, a Análise Vertical mostra que porcentagem
de investimento foi destinada a cada um dos itens principais, como Estoques e
Duplicatas a Receber. A comparação dos percentuais da Análise Vertical da empre-
sa com os de concorrentes permite saber se a alocação dos recursos no Ativo é
típica ou não para aquele ramo de atividade. É sabido, por exemplo, que no comércio
é muito maior o investimento em Ativo Circulante do que em Ativo Permanente. Se
uma empresa comercial apresentar maior investimento em Ativo Permanente do que
em Ativo Circulante é aconselhável investigar o porquê disso. A análise do percentual
de cada item do Ativo permite detectar a política de investimento da empresa em
relação a estoques, duplicatas, imobilizado, enquanto no Passivo permite visualizar
a política financeira de obtenção de recursos.
A Análise Horizontal do Balanço mostra a quais itens do Ativo a empresa vem
dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de quais recursos
adicionais se vem valendo. Por exemplo, a Análise Horizontal pode mostrar que a
empresa investe prioritariamente em bens do Ativo Permanente, enquanto o principal
incremento de recursos se verifica no Passivo Circulante; daí se conclui que a
empresa tomou financiamentos de curto prazo para investir no Ativo Permanente. É
interessante na Análise Horizontal do balanço observar comparativamente os se-
guintes itens:
• crescimento dos totais do Ativo Permanente e Circulante e de cada um dos seus
principais componentes;
• crescimento do Patrimônio Líquido comparativamente ao do Exigível Total;
• crescimento do Patrimônio Líquido mais Exigível a Longo Prazo comparativa-
mente ao crescimento do Ativo Permanente;
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 257

• crescimento do Ativo Circulante em comparação com o crescimento do Passivo


Circulante;
• verificação de quanto cada balanço da série contribuiu para a variação final
obtida entre o primeiro e o último balanço.

b) Analisar em detalhes o desempenho da empresa


A  Análise Vertical atinge seu ponto máximo de utilidade quando aplicada à
Demonstração do Resultado. Toda a atividade de uma empresa gira em torno das
vendas. São elas que devem determinar o que a empresa pode consumir em cada
item de despesa. Por isso, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado, as
Vendas são igualadas a 100, e todos os demais itens têm seu percentual calculado
em relação as Vendas. Com isso, cada item de despesa da Demonstração do
Resultado pode ser controlado em função do seu percentual em relação a Vendas.
Esse controle é extremamente importante quando se lembra que o percentual de
lucro líquido em relação a Vendas costuma ser muito pequeno. (Segundo levanta-
mentos efetuados, em princípios da década de 80, em empresas de São Paulo, era
de 1,2% o percentual médio de lucro líquido sobre Vendas no comércio e de 3,1 %
na indústria). Por isso, o aumento percentual de qualquer item da Demonstração do
Resultado em relação a Vendas é indesejável. Há empresas que controlam rigoro-
samente esses percentuais não permitindo que ultrapassem metas.
258 AVALIAÇÃO DO DESEMPE NHO EMPRESARIAL

CIA. BIG-BALANÇOS DE
31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3
Valor Valor Valor
AV
AV AH AV AH AH
Absoluto Absoluto Absoluto
ATIVO
CIRCULANTE 
FINANCEIRO
• Disponível 34.665 26.309 25.000
• Aplicações Financeiras 128.969 80.915 62.000
SOMA 163.634 107.224 87.000
OPERACIONAL
• Clientes 1.045.640 1.122.512 1.529.061
• Estoques 751.206 1.039.435 1.317.514
SOMA 1.796.846 2.161.947 2.846.575
Total do Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 2.933.575
PERMANENTE 
• Investimentos 72.250 156.475 228.075
• Imobilizado 693.448 1.517.508 2.401.648
• Diferido -.- 40.896 90.037
Total do Ativo Permanente 765.698 1.714.879 2.719.760
TOTAL DO ATIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
PASSIVO
CIRCULANTE 
OPERACIONAL
• Fornecedores 708.536 639.065 688.791
• Outras Obrigações 275.623 289.698 433.743
SOMA 984.159 928.763 1.122.523
FINANCEIRO
• Empréstimos Bancários 66.165 83.429 158.044
• Dupls. Descontados 290.633 393.885 676.699
SOMA 356.798 477.314 834.743
Total do Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 1.957.277
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 
• Empréstimos 314.360 792.716 1.494.240
• Financiamentos -.- 378.072 533.991
Total do Exigível a Longo Prazo 314.360 1.170.788 2.028.231
CAPITAIS DE TERCEIROS 1.653.317 2.576.865 3.985.508
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
• Capital e Reservas 657.083 1.194.157 1.350.830
• Lucros Acumulados 413.778 213.028 316.997
Total do Patrimônio Liquido 1.070.861 1.407.185 1.667.827
TOTAL DO PASSIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 259

CIA.BIG
D E M O N S T R A Ç ÕE S D E R E S U L T A D OS
Exercício Findo em 31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3
Valor Valor Valor
AV AH AV AH AV AH
Absoluto Absoluto Absoluto
RECEITA LÍQUIDA 4.793.123 100 100 4.425.866 100 92 5.851.586 100 122
Custo dos Produtos Vendidos 3.621.530 76 100 3.273.530 74 90 4.218.671 72 116
Lucro Bruto 1.171.593 24 100 1.152.336 26 98 1.632.915 28 140
Despesas Operacionais 495.993 10 100 427.225 9 86 498.025 8 100
Outras Rec./Desp. Operacionais 8.394 - - 17.581 - - 27.777 - -
LUCRO OPERACIONAL 683.994 14 100 742.692 17 108 1.162.671 20 158
(antes dos Resultados Financeiros)
Receitas Financeiras 10.860 - - 7.562 - - 5.935 - -
Despesas Financeiras 284.308 6 100 442.816 10 156 863.298 15 304
LUCRO OPERACIONAL 410.546 8 100 307.438 7 75 305.304 5 75
Resultado não Operacional 1.058 - - -.- - - -.- - -
LUCRO ANTES DO I.R. 411.604 8 100 307.438 7 75 305.304 5 75
LUCRO LÍQUIDO 223.741 4.66 100 167.116 3,77 75 165.956 2,83 75

4 EXEMPLO DAS CONCLUSÕES DA ANÁLISE


VERTICAL E HORIZONTAL DA CIA. BIG

0   ativo total da empresa cresceu 107% de 31-12-x1 a 31-12-X3 em termos reais. Ess e 
crescimento deveu-se principalme nte ao Ativo Permane nte que teve expansão d e 255 % .Já o Ativo 
Circulante apresentou crescim ento de apen as 50% . Des sa forma, alterou-se a estrutura de ativo da 
em presa. Em 19x1 , 72% dos recursos ach avam -se investidos no Ativo Circulante, percentual esse 
que caiu para 52% em 19x3. Esse crescim ento foi financiado basicam ente por C apitais de Terceiros 
de Long o Prazo que pas saram, em 19x 1, de 12% do P assivo Total para 35%, em 1 9x3, constituin- 
do-se no principal grupo d e financiamen to neste últim o ano . O Patrimô nio Líquido, que fornecia 39% 
dos recursos em 19x1, caiu para 30% em 19x3, enquan to o Passivo Circulante caiu nesse m esm o 
período de 49% para 35% . Tendo o Pass ivo Circulante crescido men os que o Ativo C irculante, a 
em presa financiou parte deste último com Exigível a Long o Prazo (o que, diga-se de passagem , é 
correto). Os C apitais de Terceiros tiveram crescimento sup erior ao do A tivo - ou seja, 141% co ntra 
107% do A tivo - em virtude do terreno cedido pelo Patrimônio Líquido. Outro aspecto que se destaca 
é a alteração havida em "Fornecedo res'. E ssa era a principal fonte de recursos da em presa, em 
19x1, representando 26% do P assivo. Nesse ano , "Fornecedores" financiavam quase totalm ente os 
Estoques. Em 19x3 o pe rcentual de "Fornecedores" sobre o Passivo Total caiu para 12% , cobrindo 
apenas m etade dos estoques man tidos p ela empresa. Essa alteração é desfavorável, pois, norm al- 
me nte, "Fornecedores" representam um a fonte estável de recursos e freqüentemente m ais barata.
A em presa substituiu-a em boa parte por financiamentos bancários que representam um a fonte de 
risco m aior devido a incerteza da renovação.
260 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Em resumo, a empresa investiu maciçamente no Ativo Permanente, fez ainda algum investi- 
mento no Ativo Circulante, financiou a maior parte dessa expansão com Capitais de Terceiros e 
aumentou o risco global. A situação financeira não ficou sacrificada em virtude de a empresa ter-se 
valido de Exigíveis a Longo Prazo, tendo o Passivo Circulante crescido menos que o Ativo Circulante.
Enquanto os investimentos tiveram grande impulso no período analisado, as vendas apresen- 
taram pequena expansão. O crescimento real foi de 22% no periodo. A empresa teve bom 
desempenho no Custo dos Produtos vendidos, os quais passaram de 76% para 72% de absorção 
das vendas. Com isso, o Lucro Bruto que representava 24% das vendas subiu para 28%. Esse 
acréscimo de 4 pontos percentuais é extremamente significativo diante do fato de o Lucro Líquido 
1
representar 4,66%  dasvendas em 19x1. Se tudo o mais se mantivesse constante, a empresa poderia 
alcançar a invejável porcentagem de 8,66% de Lucro Líquido sobre Vendas.
Infelizmente para a empresa, porém, suas despesas financeiras explodiram, crescendo 204% 
e, portanto, muito mais do que as vendas. Essas despesas que consumiram 6% da Receita em 19x1
passaram a consumir 15% em 19x3, fazendo a empresa perder 9 pontos percentuais. Ao final, o 
percentual de Lucro Líquido/Vendas desceu para 2,83%, ou seja, quase metade daquele que havia 
alcançado em 19x1. As Despesas Operacionais mantiveram-se em proporções aceitáveis para a 
empresa.

1. Lembre-se de que a empresa obteve nota 6 no índice de Lucro Líquido/Vendas com a


porcentagem de 4,66%. Se este percentual passasse para 8,66%, a nota seria  8.
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 261

Análise Vertical/Horizontal na Previsão de


Apêndice Falências

A regularidade de comportamento dos di-


versos itens das demonstrações financei-
ras é sinal de estabilidade e segurança. A
excessiva flutuação representa elevação
do risco empresarial. A Análise Vertical/Ho-
rizontal pode detectar esse risco.

A insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de solver suas


obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma
dívida.
Toda empresa está sujeita à falta de dinheiro em  determinados momentos 
dadas as naturais incertezas e irregularidades da atividade empresarial.  Normal- 
mente,  essa carência de moeda é suprida por empréstimos de emergência,
obtidos junto a bancos, e é corrigida a curto prazo pela reformulação de prazos
de Duplicatas a Receber e Fornecedores.
A falta crônica de dinheiro e a perspectiva a longo prazo de agravamento
da insuficiência de entradas em caixa em face das saídas comprometidas
caracteriza a insolvência, cujas soluções só podem ser a concordata ou a
falência.
262 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Via de regra, a falta de dinheiro a curto prazo deve-se a cinco motivos:

• desempenho de vendas aquém do esperado;


• falta de controle das despesas;
• prejuízo;
• má administração do Ativo e Passivo Circulantes;
• excesso de investimento no Ativo Permanente.

A impontualidade a curto prazo - revelada por atrasos junto a fornecedores


e protestos sofridos - deve-se à falta de capacidade de a empresa obter o
numerário necessário para cobrir os compromissos assumidos.
Em outras palavras, toda empresa tem um fluxo de caixa - movimento de
entrada e saída de caixa — em que as entradas naturalmente se equilibram com
as saídas. Essa harmonia é quebrada quase sempre por uma daquelas cinco
hipóteses e só não será corrigida se a empresa for incapaz de obter os emprés-
timos adicionais necessários.
A harmonia referida pressupõe certa regularidade no comportamento dos
diversos itens de balanço e de resultados.
Um brusco aumento de Duplicatas a Receber, por exemplo, tem inevitáveis
conseqüências sobre o Caixa: enquanto aumenta o valor das duplicatas, deixa
de entrar dinheiro no Caixa. Um aumento exagerado do Ativo Permanente, em
relação a outros itens do Balanço, provoca, com certeza, sangria do Caixa,
rompendo o equilíbrio entre ingressos e saídas. Um aumento de despesas fora
de proporções normais tem idêntico reflexo.
Assim, nada mais lógico que estudar os comportamentos dos diversos itens
do balanço e da demonstração de resultados. Existindo regularidade, há grande
chance de a empresa manter o equilíbrio do seu fluxo de caixa. A irregularidade
de comportamento dos itens é um sinal de alerta.
Com efeito, a prática mostra que isso realmente é válido. Grande parte das
empresas que vão à insolvência apresenta irregularidades de comportamento de
diversos de seus itens, como mostra o exemplo adiante.
Apresenta-se a seguir um caso concreto ilustrativo de empresa que se
tornou insolvente; a Análise Vertical/Horizontal evidencia a inconstância de
comportamento de diversos itens de balanço e da demonstração de resultados.
ANÁUSE VERTICAL/HORIZONTAL 263

Nesse exemplo, a Análise Horizontal é feita em relação ao ano anterior a


fim de que se possa verificar, ao longo de sucessivos exercícios, quão diferentes
foram as variações de um ano para outro.

1 EXEMPLO DE ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL NA


PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA

Apresentam-se a seguir as quatro últimas demonstrações de uma empresa


de produtos alimentícios que se tornou concordatária e posteriormente faliu.
O último balanço divulgado pela empresa antes da concordata é de 19x7,
 já que o seguinte foi levantado apenas para ser anexado aos documentos
necessários para o pedido de concordata.
Em 31-12-x7, a situação dessa empresa era muito boa. O índice de
Participação de Capitais de Terceiros era de 81 %; o de Imobilização do Patrimô-
nio Líquido era de 0,8%; o de Liquidez Corrente era de 2,21; o índice de
Rentabilidade do Patrimônio era de 12%.
Entretanto, examinando os números da Análise Vertical/Horizontal, verifica-
se que o Lucro Bruto, que aumentou 593% de 19x5 para 19x6, caiu 8% em 19x7
e 14% em 19x8. As Outras Despesas Operacionais (Vendas e Administração)
cresceram 1.841 % de 19x5 para 19x6, sofreram ligeira queda de 10% em 19x7
e subiram 66% em 19x8. Isso tudo a valores nominais. (Abaixo das
demonstrações de resultados encontra-se a evolução do ÍNDICE GERAL DE
PREÇOS DA FGV).
No balanço igualmente verificam-se diversas flutuações inexplicáveis. En-
quanto os Estoque sobem exageradamente em 19x6, moderadamente em 19x7
e caem em 19x8, as Duplicatas a Receber sobem ininterruptamente.
A participação dos fornecedores no financiamento global cai contínua e
acentuadamente, passando de 19 para 5% do Passivo Total. A excessiva
elevação de Salários, Tributos e Contribuições sugere que a empresa possa estar
atrasando o pagamento de impostos e encargos sociais.
Enfim, a Análise Vertical/Horizontal revela um quadro de certa turbulência
na vida da empresa (o que não é tão evidente na análise através de índices) e
sugere existir algum tipo de problema na empresa.
264 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

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ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 265

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TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 285

O Passivo Circulante é alimentado por Fornecedores - os quais também


alimentam os estoques - e por Despesas a Pagar (salários, tributos, encargos
sociais, energia elétrica, água, aluguéis etc.). Dessa forma,
form a, em cima o conteúdo
do sistema cresce com a Margem de Lucro (em moeda) e, em baixo, com as
Despesas a Pagar.
Pagar. Se a Margem de Lucro for maior
maior do que as Despesas a Pagar,
haverá um excedente de Caixa que poderá ser investido fora do sistema
monetário. Se for menor,
menor, haverá falta de recursos. Entretanto,
Entretant o, a diferença entre
a Margem de Lucro e as Despesas a Pagar só tende a ser significativa a longo
prazo, pois a curto prazo
prazo seus valores, em geral,
gera l, diferem apenas ligeiramente.
ligeir amente.

5.3 A ORIGEM DAS ENTRADAS DE CAIXA

O fluxo de entrada e saída de Duplicatas a Receber decorre das vendas


diárias da empresa que exercem um bombeamento de ativação do sistema.
Qualquer que
que seja o prazo médio de recebimento,
recebi mento, o reservatório de "Duplicatas
a Receber" terá o fluxo diário de $ 10 de entrada e $ 10 de saída.
saíd a. Apenas
Ape nas o nível
do reservatório, ou seja, o montante de Duplicatas a Receber é que será mais
alto ou mais baixo. Se, por exemplo, o prazo subir para 120 dias, o nível do
reservatório
reservatório subirá para $ 1.200;
1.200; se descer para 60 dias, o nível também
tam bém descerá
para $ 600;
600 ; se a empresa passar a vender a vista,
vista , o nível
n ível cairá para zero.

5.4 MUDANÇAS DE PRAZOS

Nas mudanças de prazos, e somente aí, ocorre por alguns dias alteração
do fluxo. Por exemplo, se a empresa passar dos atuais 90 para os 120 dias,
haverá um represamento de duplicatas,
duplicata s, cujo nível de $ 900 passará
passa rá para $ 1.200.
1.200.
Aí, então, durante 30 dias não haverá saída de Duplicatas a Receber (e, portanto,
não haverá entradas de Caixa), ou seja, por 30 dias será fechada a saída de
Duplicatas a Receber. Mas isso só ocorrerá daqui a 90 dias, porque até então
estarão sendo recebidas as duplicatas existentes antes da alteração do prazo.
Do 91º ao 120º
120º dia da data de ampliação do prazo, não haverá nenhuma duplicata
d uplicata
a receber, visto que passaram
passaram a ser emitidas com pra prazo
zo de 120 dias. A partir do
121º será restabelecido o fluxo anterior de entradas e saídas de $ 10.
286
286 AVAUAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

5.5 FINANCIAMENTO DO ATIVO CIRCULANTE

Se a empresa
emp resa elevar o nível de Duplicatas a Receber, aumentando
aumentan do o Ativo
Circulante, deverá obter recursos através de uma entre duas alternativas possí-
veis:

(a)
(a) Aumento
Aumento do Capital Circulante
Circulante Líquid
Líquidoo mediante
mediante aumento
aumento de Capital Próprio ou de
Empréstimos
Empréstimos Bancários a Longo Prazo.
(b) Aumento de Empréstim
Empréstimosos Bancários de Curto Prazo.

Aumentando
Aumentand o o Capital Líquido, haverá crescimento do Ativo
Ativ o Circulante sem
alteração no Passivo Circulante. Aumentando os empréstimos Bancários de
Curto Prazo,
Pr azo, haverá
h averá simultâneo aumento de Ativo Circulante e Passivo Circulan-
Circulan -
te.
Se a empresa tomar empréstimos
empréstimos bancários
bancários de curto prazo para
pa ra financiar
a expansão de Duplicatas a Receber, não poderá computar o pagamento
paga mento desses
empréstimos no fluxo de caixa diário. Na realidade, não poderá pagar esses
empréstimos, mas apenas os juros,
juros , visto que não
não haverá aumento das entradas
diárias de caixa. Assim, toda vez que vencerem os empréstimos bancários,
deverá tomar outros de igual montante. Isto
Isto porque a expansão de Duplicatas
Duplicatas a
Receber representa um investimento estável que requer um financiamento
estável. Somente a longo prazo, com o acúmulo de lucros, é que a empresa
poderá substituir
substituir esses empréstimos
empréstimos por Capital Circulante Líquido. Portanto, a
empresa deverá renovar os empréstimos
empréstimos bancários
bancários a cada
c ada vencimento.
No que tange aos juros,
jur os, devem ser compensados com o acréscimo de lucro
decorrente do aumento do prazo médio
médio de recebimento de vendas. Se a empresa
não conseguir essa compensação, estará cavando um buraco no qual poderá
enterrar-se.
Veja-se a seguir como ficaria o gráfico do fluxo monetário se o nível de
duplicatas for elevado para $ 1.200,
1.200, diante das duas alternativas de financiame
finan ciamen-
n-
to.
Quanto ao nível de estoques, pode-se dizer que não depende do volume de
vendas, mas da rapidez
rapidez de reposição. Se a empresa conseguisse repor no início
de cada dia aquilo que vai vender, poderia trabalhar com estoque zero.
estoque  zero. Por
enquanto, será
se rá mantido no mesmo
mesmo nível original.
Como se pode verificar, o índice de Liquidez Corrente se alterou,
altero u, tanto para
mais (primeira alternativa), quanto para menos (segunda alternativa)
alternativa) em relação
relação
à posição original. Enquanto
Enquanto isso, o Fluxo de Caixa permaneceu inalterado.
TÓPICOS
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 287

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    L    F     E    S     V
288 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

5.66 A PA DE CAL NOS VELHOS CONCEITOS


5.

Partindo
Partindo das condições
condições originais, suponha-se, agora, que a empresa con-
siga uma grande redução no prazo médio de recebimento de vendas,
venda s, através
at ravés de
novas estratégias de mercado, baixando-o para 30 dias. Com isso, o volume de
Duplicatas a Receber se reduz para $ 300. Partindo do nível original de $ 900,
há uma redução de $ 600, que acaba sendo desovada no Caixa. Isto porque a
partir
partir do 30º dia da alteração há o recebimento das vendas já feitas sob as novas
condições. Enquanto
Enquanto isso, as vendas com prazo de recebimento
recebimento de 90 dias serão
s
recebidas até o 90  dia. Assim,
As sim, do 31º ao 90º há uma entrada adicional
adicional de $ 10
por dia em Caixa que resulta num excedente acumulado de $ 600 = 60 dias x 10.
Suponha-se que a empresa aplicou esse excedente no Ativo Permanente.
Permanente.
Considere-se ainda que, através de racionalização nos métodos de estocagem
e compra, a empresa tenha conseguido reduzir o prazo de estocagem para 30
dias. Como a empresa consome $ 6 por dia de estoques, o nível deste será de
$180 =30 x $6.
Admita-se, por fim, que o Passivo Circulante se tenha mantido inalterado.
(Num primeiro momento, haverá redução de Fornecedores
Fornecedores devido à redução dos
estoques,
estoq ues, mas logo em seguida Fornecedores voltará ao saldo original, pois este
depende do prazo de pagamento e do Fluxo de Compras que se manteriam
inalterados. O tempo necessário para esta recomposição corresponde à soma
do prazo de pagamento a Fornecedores com a diferença entre o prazo anterior
e o atual de estocagem.)
Após isso, o gráfico do Fluxo Monetário fica assim:

Lucro

10 por dia

Estoque 180
10 por dia
30 0
Prazo de renovação Duplicatas
do es toque: 30 dias a Receber 10 por dia
Prazo de Recebimento
de Vendas:
30 dias Caixa 120

Prazo de Pagamento do 1.000


Passivo Circulante: 100 dias Passivo Circulante
Circulante
TÓPICOS
TÓPI COS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇ
BALANÇOS
OS 289
289

A Liquidez Corrente
Corren te a esta altura passa de 1,5
1,5 para 0,60.
180 + 300 + 120
Liquidez Corrente: = 0,60
1.000

Enquanto isso o Fluxo de Caixa permanece inalterado:

Fluxo de Caixa
Caixa Diário
Entradas 10
Saídas 10
Variação de Caixa 0

Isto prova que o índice de Liquidez Corrente não é um índice de Caixa e que
uma empresa pode perfeitamente operar
operar com índice
índice de Liquidez
Liquidez Corrente inferior
a 1,00.
Suponha-se,
Suponha-se , para reforçar, que a empresa passe a vender a vista e a manter
estoques para apenas dez dias, sem alterar o Passivo
Passivo Circulante.
Os estoqu
estoques
es passam
passam para
para $60
$6 0 = 1 0 x $ 6 e as Dupli
Duplicat
catas
as a Receb
Receber
er para
7
zero.
O índice de Liquidez Corrente passa para 0,18:

Liquidez C orrente: 60 +  0 +  120 = 0,18


Liquidez
1.000

Entretanto, o Fluxo de Caixa permanece idêntico, ou seja, entram $ 10 e


saem $ 10 por dia.
Teoricamente uma empresa pode operar com Liquidez Corrente igual a 
Zero.

5.7 INTERPRETAÇÃO DO ÍNDICE DE LIQUIDEZ

Se um analista estiver analisando o balanço de uma empresa


em presa e se deparar
com um índice de Liquidez inferior a 1,00, não deve, em princípio, considerá-la
sem condições de pagar suas dívidas em dia.
d ia.
Não se pode concluir daí que o índice de Liquidez Corrente nada tem que
ver com a situação financeira da empresa. Isto não é verdade. O índice de

7. A redução do valor atualmente investido em Duplicatas a Receber geraria um excedente de


caixa que a empresa investiria em Ativo Permanente.
290
290 AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
DESEMP ENHO EMPRESARIAL

Liquidez
Liquidez Corrente tem muito que ver com a situação financeira
financeir a da empresa. Mas
como isso acontece se foi demonstrado
demonstrado que esse índice nada tem que ver com
o Fluxo de Caixa?
Talvez a resposta fique mais clara com a apresentação de índice de Liquidez
Liquidez
Corrente pelo avesso.

5.8 ANALISE
ANALIS E PELO AVESSO

Por exemplo, na situação original o índice de Liquidez Corrente era de 1,5.


O inverso disso é:

= 0,666 ou 66,6%

Isto significa que 66,6% do Ativo Circulante estão comprometidos com o


Passivo Circulante e que, portanto,
portant o, 33,3%
33,3 % independem totalmente desse passi-
vo. Este é o grau de liberdade da empresa: 33,3% do investimento no Ativo
Circulante. Se por quaisquer problemas (conjunturais, de mercado, produto,
legislação)
legislação) os créditos do Passivo Circulante vierem a flutuar, pelo menos 33,3%
independem
independem totalmente desses créditos. Esses
Esses 34% são provenientes
provenientes do Capital
Circulante Líquido.
É importante nesta altura conhecer também a decomposição do financia-
mento do Ativo Circulante. Sabe-se que 66,6% são financiados pelo Passivo
Circulante. Mas qual a composição desse Passivo
Passivo Circulante?
Dentro do Passivo Circulante, encontram-se basicamente três tipos de
créditos:

• Fornecedores.
• Despesas a Pagar.
• Bancos.

Os primeiros, dentro de certos níveis não sujeitos a grandes alterações,


estão dispostos a continuar a financiar a empresa, pois concedem automa-
ticamente financiamento
financiament o cada compra efetuada por esta.
Os segundos, representados por empregados, governo, prestadores de
serviços, locatários,
locatári os, representam financiamento praticamente certo.
cert o.
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 291

Restam por último os bancos onde a empresa não encontra nem certeza
da manutenção do nível de financiamento em moeda estável, nem dos aumentos
nominais para compensar as desvalorizações devidas à inflação. A falta de
certeza na renovação de empréstimos pode levar a empresa a sérias dificuldades
de pagamento. (Veja a propósito "Risco dos Empréstimos Bancários", item 9,
neste capítulo.)
Por isso, é importante subdividir o percentual de financiamento do Ativo
Circulante, conforme Figura 10.6.

CCP
V alore s

Absolutos
CCL
V alore s %
Absolutos
ELP
V alores
%
Absolutos
Ativo C irculan
irculan te
Valores
Absolutos
% Fornecedores
V alores
%
Absolutos

PC D espesa s a pagar
V alores % V alore s %
Absolutos Absolutos

B anco s
V alore s
%
Absolutos

FIGURA 10.6. Árvore das fontes do Ativo Circulante.

Voltando ao exemplo em que a Liquidez


Liquidez Corrente era
e ra de 1,50
1,50 e o seu inverso
de 66,6%, tem-se que os 33,3% do Ativo Circulante financiados pelo Capital
Circulante Líquido equivalem a 50% ou 0,5 do Passivo Circulante,
Circulan te, que
qu e é o quanto
excede de 1,00 o índice de Liquidez Corrente.
292
292 AVALIAÇÃ
AVALIAÇÃO
O DO DESEMPENHO
DESE MPENHO EMPRESARIAL
EMPRESARIAL

Assim,
Ass im, o valor de 1,5 da Liquidez
Liquidez Corrente pode ser interpretado da seguinte
forma: os créditos tomados a curto prazo
prazo (Passivo Circula
Circulante)
nte) acham-se aplica-
dos no Ativo Circulante no qual a empresa possui ainda investidos recursos de
outras fontes (Não Correntes)
Correntes) que equivalem a 50%
5 0% dos
d os créditos de curto prazo
e que representam a liberdade
liberdade da empresa em relação a esses créditos.
Na situação em que a empresa tinha índice de Liquidez
Liquidez Corrente
Corren te de 0,60,
o inverso desta será:

=   1,66 o u   166%

que mostra que a empresa não tem nenhuma liberdade em relação a créditos
créditos de
curto prazo, os quais financiam 1,66%
1,66% do investimentos no Circulante (possivel-
(p ossivel-
mente, o Ativo Permanente também depende desses créditos de curto prazo).
O índice de Liquidez Corrente de 0,60 deve ser assim interpretado: a
empresa tem uma insuficiência de investimentos no Ativo Circulante de $ 0,40
para cada $ 1,00 de crédito de curto prazo; esta insuficiência é motivada por
aplicações desses recursos no Ativo Permanente,
Per manente, razão por que a empresa não
tem nenhuma liberdade
liberdade em relação aos recursos que os credores de curto prazo
suprem.
Assim, a empresa depende excessivamente dos credores de curto prazo.
Pode-se dizer que está na mão desses credores. E se resolverem reduzir o
crédito da empresa, como ficará o seu giro? De duas uma: ou a empresa reduz
o ritmo de seus negócios, o que poderá ser ruinoso, ou, pura e simplesmente,
não paga seus credores, e fatalmente surgirá uma situação
situação de insolvência.
insolvência.
A vida da empresa passa a depender de terceiros e a sua continuidade
torna-se ameaçada. Não raras empresas foram à insolvência exatamente por
isso.
Não é difícil, embora trabalhoso, mostrar que de duas empresas
empresa s do mesmo
ramo, com o mesmo fluxo de caixa,
caix a, a que tem maior índice
índice de liquidez
liquidez encontra-
encon tra-
se em melhores condições de enfrentar as adversidades decorrentes da flutua-
ção de vendas (que altera as entradas no fluxo de caixa) ou de prazos de
fornecedores (que
(que altera as saídas no fluxo de caixa).
Em síntese,
sí ntese, a empresa pode operar com qualquer liquidez que seu fluxo de
caixa será o mesmo enquanto
enquanto as vendas não se alterarem. Entretanto, quanto
maior o índice de Liquidez Corrente maior a independência da empresa em
relação aos credores e maior
maior a sua capacidade de enfrentar crises
crise s e dificuldades
inesperadas.
TÓPICOS
TÓPI COS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS
BALANÇOS 293
293

6. FALÁCIAS
FALÁCIA S DE LIQUIDE
LIQUIDEZZ

Alta Liquidez não é má administração.

É muito comum ouvir falar entre executivos financeiros que uma liquidez
alta é tão indesejável como uma baixa, que é sinal de má administração financeira
e que a empresa está perdendo dinheiro
dinheiro com a inflação.
Em primeiro lugar, uma liquidez alta (refere-se normalmente ao índice de
Liquidez
Liquidez Corrente) pode decorrer tanto de excesso de Recursos
Recursos Não Correntes
no Ativo Circulante (e por excesso entendam-se recursos que estariam melhor
aplicados no Ativo Permanente ou em outra empresa), quanto de pequeno
Passivo Circulante
É obvio que, se houver excesso de Recursos Não Correntes aplicados no
Ativo Circulante, como excesso de Estoques e de Duplicatas a Receber decor-
rentes de uma administração
administração má desses itens, estaremos diante de uma liquidez
indesejável,
indesejá vel, que certamente contribui para a redução da rentabilidade da empre-
sa.
Entretanto, se o índice de Liquidez Corrente decorre de baixo Passivo
Circulante, poderá ser indício
indício de sábia administração
administração que evita despesas finan-
finan -
ceiras de empréstimos bancários - principalmente num país como o Brasil,
Bra sil, onde
historicamente tais empréstimos sempre tiveram custo elevado - ou que obtém
significativos
significativos descontos de fornecedores com pagamento a vista.
vista .
Quanto à perda de dinheiro com a inflação, leve-se em conta que os
estoques em geral não perderam com a inflação e que, se a empresa optasse
por ter mais empréstimos bancários de curto prazo, por exemplo, em vez de
capitais próprio, teria
ter ia de ressarcir o banqueiro do custo da inflação além de pagar
 juros.
 juro s.
Por último, lembre-se que a Liquidez Corrente pode ser alta em função de
Empréstimos de Longo Prazo em vez de créditos de curto prazo. praz o.
Em resumo, alta liquidez, além de indicar
indicar boa situação
situação financeira, pode até
ser do aumento da rentabilidade, embora não esteja afastada a hipótese
h ipótese de haver
recursos
recursos ociosos.
ociosos .
Este último, porém, seria um caso de má administração de Ativos Circulan-
tes (em valores absolutos)
absolutos) que se reflete
reflete na liquidez, e não propriamente um caso
em que a alta liquidez
liquidez é desfavorável.
desfavor ável.
294 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

6.1 LIQUIDEZ IGUAL A 2,00

Na ausência de padrões e de conhecimentos de como construí-los e


empregá-los na Análise de Balanços, surgiu nos Estados Unidos o conceito de
que a Liquidez Corrente indicaria sólida situação financeira se estivesse acima
de 2,00. Rapidamente a idéia difundiu-se por outros países mercê de artigos e
livros que pregavam tal idéia. Pelo que foi exposto, pode o leitor estar plenamente
convicto de que essa idéia, muito mais mística do que científica, está totalmente
ultrapassada.

6.2 CALCULO DO ESTOQUE PELO VALOR DE REALIZAÇÃO

O Ativo Circulante compreende estoques pelo preço de custo. Muitas


pessoas pensam que seria mais adequado se o valor do custo fosse substituído
pelo de realização, isto é, pelo preço de venda. Acontece que até as vendas se
realizarem ocorrerão despesas a pagar que, por sua vez, também não se acham
registradas no Passivo Circulante. Em geral há um diferencial positivo entre a
margem bruta que se acrescerá aos estoques e as despesas a pagar que serão
levadas ao Passivo Circulante. Entretanto, nem há certeza de que o diferencial
será positivo nem costuma ele ser significativo, visto que o percentual de lucro
líquido (antes da depreciação) em geral é pequeno.

6.3 LIQUIDEZ E PRAZOS MEDIOS

Erro freqüentemente cometido na apreciação do índice de Liquidez Corrente


é conjugá-lo com prazos médios de recebimento e pagamento. O Fluxo de Caixa,
exceto no que se refere a empréstimos bancários, tende a ser o mesmo com
qualquer índice de Liquidez Corrente e qualquer prazo de recebimento e paga-
mento. Os referidos prazos apenas determinam o volume de investimentos em
Duplicatas a Receber (função do prazo médio de recebimento de vendas) e de
financiamento de Fornecedores (função do prazo médio de pagamento de
compras).
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 295

7. LIMITE DE ENDIVIDAMENTO

Não existe uma fórmula para medir o endi-


vidamento global, mas certos conceitos po-
dem levar às dimensões suportáveis das
diversas categorias de dívidas.

7.1 SUBDIVISÃO DAS DIVIDAS


Uma questão que tem intrigado analistas, estudiosos, executivos e empre-
sários é: qual o limite de endividamento de uma empresa?
Muitas tentativas de respondê-la têm surgido, seja tomando-se a média de
endividamento das empresas, seja comparando-se as dívidas totais, ora com o
lucro, ora com o Capital Circulante Líquido etc.
Na realidade, quando sé fala em endividamento, não podem as dívidas ser
consideradas como um bloco monolítico. É preciso subdividi-las em pelo menos
três categorias, a saber:
- Créditos de funcionamento: são os créditos de fornecedores, salários, impostos,
encargos sociais e despesas a pagar, como: aluguéis, seguros, água, energia,
propaganda etc.
- Financiamentos: são recursos obtidos em instituições financeiras privadas ou
oficiais para financiamento de aplicações específicas no giro ou no Ativo Permanen-
te.
- Empréstimos bancários: são créditos obtidos junto a instituições financeiras a curto
prazo ou a pouco mais de um ano.

Para cada categoria de dívida existe um limite: O limite global de dívidas é


a soma dos limites individuais.
Veja-se a seguir como chegar ao limite de cada categoria.

7.2 CRÉDITOS DE FUNCIONAMENTO

A empresa pode assumir esses créditos até o limite em que os pagamentos


fiquem ligeiramente aquém das entradas de caixa decorrentes do recebimento
das vendas. Como foi exposto no item 5, "Liquidez x Fluxo de Caixa", as entradas
296 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

de caixa decorrem das vendas diárias. Assim, se a empresa tem uma venda
diária de $ 10, há uma entrada média de caixa de $ 10. O prazo médio de
recebimento de vendas atua apenas como retardador das entradas de caixa.
Assim, as entradas de caixa de hoje são as vendas de 90 dias atrás, se este for
o prazo, e as vendas de hoje entrarão em caixa daqui a 90 dias. O importante é
que há um fluxo contínuo de entradas em caixa decorrentes de vendas. Se a
entrada diária for de $ 10, a empresa poderia contar, por exemplo, com alguma
coisa em torno de $ 9 para pagar os créditos de funcionamento. O restante a
empresa deveria acumular para recompor investimientos que se vão deprecian-
do, para novos investimentos, para repor o Capital Circulante Próprio consumido
pela inflação e para amortizar Financiamentos de Longo Prazo. Os créditos de
funcionamento não tendem a oscilar consideravelmente, a não ser no item
"Fornecedores". É aí, pois, que a empresa deve tomar cuidado de nunca comprar
além do que está absorvido pela produção e vendido, pois do contrário irá
provocar um fluxo de pagamentos superior ao de entradas de Caixa, ainda que
por um breve período.
Suponha-se que o pagamento médio diário se distribua assim:
• 5,00 para cobrir fornecedores;8
• 4,00 para cobrir despesas a pagar.
Suponha-se ainda que os prazos médios obtidos para pagamentos sejam:
• 90 dias para fornecedores;
• 45 dias para as demais obrigações.

O endividamento assumível pela empresa no item "Créditos de Funciona-


mento", será:

90X5,00 = 450,00
45X4,00 = 180,00
630,00

7.3 FINANCIAMENTOS

Os financiamentos são recursos que a empresa utiliza por certo tempo,


durante o qual deve efetuar a devolução dos mesmos em parcelas.

8. Pagamento diário - 5. Nos casos de fornecedores, deve corresponder à compra média diária
de $ 5 e ao custo médio diário de $ 5.
302
302 AVAUAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL
EMPRESARIAL

Há também autores que utilizam simultaneamente vários tipos de índices


de Participação de Capitais de Terceiros sob denominações diferentes, o que,
além de confundir o leitor, representa um trabalho inútil.
No fundo, o que se deseja com o índice de Participação de Capitais de
Terceiros é medir a relação existente entre Capital de Terceiros e Capital Próprio.
Os índices possíveis de participação de capitais de terceiros são:

1.

2.

3.

4.

onde: CT » Capitais de Terceiros


PL • Patrimônio Líquido
A - Ativo
P - Passivo

Veja-se, através de um exemplo, o significado de cada um e a vantagem


daqueles que propomos, ou seja, o índice cuja fórmula é CT/ PL.

BALANÇO
BALANÇO INICIAL
I NICIAL BALANÇO FINAL
A 12.000 CT 8.000 A 2 4. 0 00 CT 18.000
PL 4.000 PL 6.000
12.000 24.000

8.000 18.000
CT/PL = =  200% =  3 0 0 %
4.000 6.000
8.000 18.000
CT/A = = 66% = 75%
12.000 24.000
4.000 6.000
PL/CT = = 50% = 33%
8.000 18.000
12.000 24.000
A/CT = =   150% =  133%
8.000 18.000
TÓPICOS
TÓPI COS ESPECIAIS
ESPE CIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS
BALANÇOS 303
303

• O primeiro tipo, CT/PL, passou de 200% para 300%, chamando a atenção do analista
e do usuário para um aumento de 100 pontos no índice de endividamento. Mostra
grande sensibilidade na evidenciação do aumento de endividamento da empresa.
• O segundo
segundo índice
índice mostra no balanço
balanço inici
inicial
al que 66%
66% dos recurso
recursoss invest
investidos
idos foram
suprido
supridoss por terceiros. Esse índice
índice se elevou para 75%7 5% no balanço final.
final. A alteração
de 66%
6 6% para 75%,
75% , se analisada por
por um especialista
especialista,, é relevante, porém
porém não chama
a atenção para uma alteração significativa do grau de endividamento da empresa.
Isto porque no denominador desse índice temos o Ativo ou o Passivo. Ora, sendo
Passivo
Passivo o resultad
resultado
o da soma de capitais
capitais de terceiros
terceiros e do Patrimôn
Patrimônio
io Líquido,
Líquido, quando
cresce o endividamento
endividamento da empresa, cresce tanto o numerador
numerador quanto o denomina-
dor da fração, embora aquele mais que este. O cômputo dos capitais de terceiros
no denominador acaba deixando este índice quase insensível aos aumentos de
endividamento.
• O terceiro
terceiro e o quarto
quarto índices
índices são igual
igualmente
mente indic
indicador
adores
es pouco
pouco sensíveis ao aumento
de endividamento.

Essa é a razão da nossa preferência pelo primeiro índice. Observe bem o


leitor que qualquer desses quatro índices traz informações de mesma natureza.

9 O RISCO DOS EMPRÉSTIMOS


EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS
BANCÁRIOS

Financiar ativos constantes com emprésti-


mos inconstantes pode complicar a situa-
ção financeira.
finance ira.

9.1 DEPENDÊNCIA E RISCO


RISCO

No item 5, "Liquidez x Fluxo de Caixa", ficou dito que uma empresa pode
perfeitamente operar com Liquidez Corrente abaixo de 1,00. Para isto é neces-
sário que o Passivo Circulante se renove constantemente.
Essa renovação é praticamente automática no que refere-se aos créditos
de funcionamento - fornecedores, salários, encargos sociais, tributos -, pois
essas obrigações decorrem das próprias operações. Ao comprar, produzir,
vender, administrar, a empresa gera automaticamente obrigações a pagar. O
prazo obtido para pagamento destas constitui um financiamento com que a
empresa conta permanentemente.
permanenteme nte.
304
304 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

No que se refere, porém, aos empréstimos bancários, incluso o desconto


de duplicatas, a conversa é diferente. Nada garante a renovação. Para conse-
gui-la a empresa é obrigada a manter reciprocidade, comprar ações, seguros,
gastar horas de conversações, manter
manter cadastro
cadastro impecável para muitas
muitas vezes ver
frustradas a expectativa da simples renovação
renovação de um empréstimos.
emprés timos. Observe-se
que da inflação persistente a pura renovação é insuficiente para manter, em
termos reais,
reais , o nível de financiamentos
financiamentos e, portanto, a capacidade de pagamento.
A não-renovação dos empréstimos bancários é uma autêntica "rasteira" na
administração financeira
financeira da empresa.
empr esa.
Assim quanto maior a dependência aos bancos, maior o risco de uma
empresa.

9.2 QUATRO ÍNDICES DE DEPENDÊNCIA BANCARIA

Em vista disso apresenta-se quatro índices que visam medir o grau de


dependência
dependênc ia aos bancos. São eles:

I - Financiamento de Ativo
Ativo por
por iinstruções
nstruções de crédito:

Empréstimos e Financiamentos de Instituições de Crédito


Fórmula: x100
Ativo Total

Indica: qual o percentual dos investimentos totais financiado pelas Instituições de crédito.
Exe mplo
mp lo:: (baseado nos dados da Cia. BIG
BIG do Capítulo 3).

CIA. BIG

19x1 19x2
Duplicatas Descontadas 10.100 20.226
Empréstimos Bancários (Curto Prazo) 2.294 8.061
Empréstimos e Financiamentos (Longo Prazo) 10.920 60.120
Total de Financiamentos das Instituições de Crédito 23.314 88.407
Ativo 94.698 204.581
Financiamento do Ativo por
Instituições de Crédito 24% 43%
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 305

II - Participação
Participaçã o de instituições de crédito no endividamento
endividament o
da empresa:

Financiamento de Instituições de Crédito


Fórmula: x100
Capitais de Terceiros

Indica: qual o percentual de participação


participação das instituições de crédito no total de recursos tomados
 junto
 junt o a terce
t erceiros
iros..

Exemplo:

19x1 19x2
Total de Financiamentos das Instituições de Crédito 23.214 88.407
Capitais de Terceiros 57.500 132.322
Participação de Instituições de Crédito no Endividamento
da Empresa 40% 66%

III - Financiamento de Ativo Circulante por instituições de créditos a


curto prazo:

Fórmula:
Financiam
Financiam ento de Institui
Instituições
ções de C rédito
rédito a C urto
urto Prazo x100
Ativo Circulante
Circulante

Exemplo:

19x1 19x2
Duplicatas Descontadas 10.100 20.226
Empréstimos Bancários (Curto Prazo) 2.294 8.061
Financiamento de Instituições de Crédito a Curto Prazo 12.394 28.287
Ativo Circulante 68.100 116.522
Financiamento de Ativo Circulante por Instituições de
Crédito a Curto Prazo 18% 24%
306 AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
DESEMPE NHO EMPRESARIAL

I V - Nível de desconto de duplicatas:

Duplicatas Descontadas
Descontadas
Fórmula: X100
Duplicatas a Receber

Indica: qual o percentual das Duplicatas


Duplicatas a Receber
Receber descontadas
descontadas junto aos bancos.

Exemplo:

19x1 19x2
Duplicatas Descontadas 10.100 20.226
Duplicatas a Receber 36.322 57.641
Nível de Desconto
Desconto de Duplicatas 27% 35%

Interpretação dos índices de relacionamento bancário.  A Cia. BIG


aumentou consideravelmente sua dependência às instituições de créditos de
19x1 para 19x2. E nqua nto no primeiro an o men os de 2 5 % do s recurs os era m
supridos pelas instituições de crédito, no ano seguinte esse percentual atingiu a
marca de 43%. Em relação aos Capitais de Terceiros, a empresa viu subir a
participação das instituições de crédito de 40% para 66%. Comparando os
índices de relacio name nto bancário da Cia. BIG com índices médi os do ramo de
atividade obtém-se:

Índices Índices da
Padrão Cia. B
Cia. BIG
IG
19x1 19x2 19x1 19x2
• Financiamento
Financiamento de Ativo por Instituições
Instituições de Crédito: 20% 22% 24% 43%
• Participação
Participação das Instituições
Instituições de
de Crédito
Crédito no Endividamento:
Endividamento: 37% 38% 40% 66%
• Financiamento
Financiamento de Ativo Circulante por
por Instituições
Instituições de
Créditos a Curto Prazo: 18% 25% 18% 24%
• Nível de Descon
Desconto
to de Duplicatas:
Duplicatas: 20% 22% 27% 35%
Em vista disso, pode-se considerar excessiva a dependência global às
instituições de crédito.

Nota: Nos mais recentes estudos sobre previsão de falência, os índices de relacionamento
bancário surgiram, entre os principais
principais indicadores, em substituição a índices tradicionais.
Vejam-se, a propósito, as Fórmulas de previsão de falências apresentadas por Matias e
Pereira (Capítulo 7).
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 307

10 ÍNDICE
ÍND ICES
S DE AVALIAÇ
AVALIAÇÃO
ÃO DE AÇÕES
AÇÕ ES
Diferentemente dos índices de avaliação de situação econômica
econômic a e financei-
ra, os índices de avaliação de ações - que serão chamados daqui em diante
Bolsa - objetivam avaliar exclusivame
"Índices de Bolsa - exclusivamentente a viabilidade de investi-
inv esti-
mentos em ações de determinada empresa.
Infelizmente, o mercado acionário no Brasil é inoperante por diversos
motivos: imaturidade dos empresários, falta
falt a de seriedade de alguns corretores,
casuísmo e superficialidade de atos governamentais e falta de informações ao
público investidor. Por essas razões, o mercado acionário é um barco à deriva,
navegando a sopros de especulações, manipulações e escândalos.
Dentro desse clima, a avaliação técnica de ações parece algo fora da
realidade, quando deveria ser a base para a verdade.
Os índices de Bolsa tomam em conta dados obtidos das negociações de
ações nas Bolsas de Valores - como cotação, negociabilidade de ações - e
dados das demonstrações financeiras.
A análise através de Índices de Bolsa serve para mostrar elementos
quantitativos e objetos a respeito de ações. Entretanto, o mercado acionário é
algo extremamente complexo, no qual interferem inúmeros fatores de ordem
conjuntural, psicológica, monetária etc.
Assim,
Ass im, a análise de ações
ações dos Índices de Bolsa é apenas um dos múltiplos
aspectos a serem levados em conta na avaliação de ações.

10.1 VISÃO GERAL DOS ÍNDICES


ÍNDICES DE BOLSA

Os Índices de Bolsa podem ser agrupados em três categorias:


• Índices
Índices de avaliação
avaliação patrimonial.
• Índices de avaliação econômica das ações.
• Índices de avaliação monetária das ações.
Faz parte da primeira categoria o índice de Valor
de Valor Patrimonial de Ações -
Ações  -
VPA -,
VPA -, o qual mostra quanto vale cada ação em termos de patrimônio líquido,
ou seja, que fatia do patrimônio líquido cabe a cada ação. A idéia desse índice é
muito simples: a empresa possui um patrimônio líquido que pertence a seus
acionistas segundo a quantidade de ações possuídas. Daí calcula-se
calcu la-se quanto do
patrimônio
patrimônio líquido cabe a cada ação. Entretanto, o valor de uma ação no mercado
pouco tem que ver com o valor do patrimônio líquido da ação, mas muito mais
com a capacidade de geração de lucros e dividendos.
308
308 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Os índices de avaliação econômica procuraram mostrar, sob diversos


ângulos, qual o lucro do acionista.
de Lucro por Ação - LPA -  indica
Primeiramente, o índice de Lucro  indica quanto do lucro
da empresa corresponde a cada ação. Este índice isolado, entretanto, pouco
significa,
signi fica, pois é preciso saber quanto o investidor pagou pela
pel a ação, já que
que o seu
preço flutua livremente de acordo com as forças de mercado.
seguintes,   Preço sobre Lucro por Ação -PL-e Rentabili- 
Os dois índices seguintes, 
dade da Ação - RDA -,
RDA  -, mostram exatamente a relação entre o lucro por ação e
o preço desta no mercado. Destes
Destes dois, o PL mostra quantos anos o investidor
investidor
deve esperar para conseguir acumular um lucro por ação igual ao investimento
efetuado.
O segundo, o RDA, mostra qual o percentual anual de rentabilidade do
investidor.
investidor. Esta taxa,
tax a, em princípio, seria comparável
comparável ao de outros rendimentos
rendimentos
do mercado.
Ocorre, porém, que, enquanto em qualquer rendimento de aplicação de
capital o investidor realiza o seu lucro em dinheiro, nos investimentos em ações
o lucro fica retido na empresa em sua maior parte.
A Lei das S.A. permite que os dividendos sejam pagos conforme esteja
fixado no estatuto, como porcentagem do lucro ou do capital, desde que não
sujeite os acionistas minoritários maiori a.9
minoritários ao arbítrio da maioria.
Assim, o investidor só consegue realizar monetariamente uma parte dos
lucros que a empresa auferiu. Por isso, são muito importantes os índices de
avaliação monetária das ações, que constituem a terceira categoria dos Índices
de Bolsa.
Inicialmente, de Dividendo por Ação - DPA -  que
Inicialment e, há o índice de Dividendo  que mostra quanto
cada ação rende em cruzeiros reais embolsados pelo proprietário.
de  Retorno de Caixa - RC  -
Em seguida surge o índice de Retorno  - que mostra quanto
o investidor recebe em dinheiro para cada $ 100 investidos na aquisição de
ações.
O último índice mostra qual a relação entre
entre o lucro do acionista e aquilo que
recebe monetariamente da empresa, ou seja, quanto por cento o seu lucro é
convertido em moeda. É o chamado índice Caixa/Rentabilidade da Ação -
C/R DA.

9. A obrigatoriedade
obrigator iedade de pelo menos 25 % do Lucro
Lucro Líquido serem
sere m pagos como dividendos só
existe quando o estatuto for omisso e a assembléia geral deliberar introduzir cláusula sobre
dividendos.
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 309
309

Este índice é de grande importância para o entendimento do que é o


investimento em ações. Particularmente no caso brasileiro, pode-se, através
desse índice, dar alguma explicação
explicação para o subdesenvolvimento do mercado de
ações.
O investimento em ação, em circunstâncias normais, deve ser o de maior
rentabilidade entre
entre as opções de aplicação em títulos no mercado.
É fácil
fáci l explicar.
O investimento em ação é o único a participar diretamente dos resultados
das empresas (as quais são agentes geradores de riquezas na economia).
Os demais investimentos
investimentos - Letras
Letras de Câmbio, CDB,
C DB, RDB, Debêntures etc.
- captados
captados pelas instituições
instituições financeiras, também vão parar nas empresas,
empresa s, mas
têm remuneração
remuneração fixa.
O normal é que uma empresa tome empréstimos e financiamentos para
investir em seus negócios e pague por eles menos do que o lucro gerado com a
sua aplicação, pois do contrário não tomaria recursos.
A atividade de qualquer empresa envolve a incerteza do lucro e pode ser
que em determinadas épocas até ocorram prejuízos. A longo prazo,
prazo , espera-se
que os lucros empresariais cubram os eventuais prejuízos e suplantem a taxa de
remuneração dos investimentos em países de renda fixa.
fixa . A história tem mostrado
que é assim.
Para minimizar
minimizar os riscos de investir
investir em ações de empresas deficitárias,
defic itárias, o
investidor tem a possibilidade de fazer uma carteira de ações, ou seja, um
conjunto de ações de diferentes empresas, de tal sorte que o prejuízo eventual
de alguma delas seja compensado
compensado com o lucro de outras.
Quando o investidor compra ações novas, a sua poupança vai direto para
as empresas que são as geradoras de bens e serviços na economia, evitando
as instituições financeiras que são apenas intermediários.
O mercado de ações é a base da economia de diversos países, mas no
Brasil ainda não obteve êxito.
Em primeiro lugar, porque é um mercado muito complexo,
complexo , não acessível ao
cidadão médio.
Em segundo lugar,
lugar, porque a falta de segurança do investimento (que pode
ser perdido e muita gente de fato perdeu) e as incertezas quanto à renda
afugentam o investidor.
310
310 AVALIAÇÃ
AVALIAÇÃO
O DO DESEMPENHO
DES EMPENHO EMPRESARIAL
EMPRESARIAL

Por último,
último, o fator desilusão
desilusão monetária
monetár ia das ações
aç ões,, em
e m contraposição
contraposição à ilusão
monetária dos investime
investimentos
ntos de renda fixa, por
por exemplo,
exemp lo, a caderneta
cader neta de poupan-
ça. Enquanto neste
n este último
último o invest
investido
idorr recebe juros e correção monetária, vendo
o investimento crescer, ainda que apenas nominalmente, no caso da aquisição
de ações embora a mesma geralmente se valorize em termos reais mais do que
a caderneta de poupança, o investidor não vê a valorização. A parte visível do
ganho do investido
investidor,
r, que são os dividend
dividendos os em moeda
mo eda,, representam
rep resentam apenas uma
parcela do lucro real (normalmente em torno de 25%), parecendo aos olhos do
investido
investidorr íntima e desestimulante.
desestimul ante.
A não-realização em dinheiro do lucro da empresa causa desilusão no
investid
investidor.
or. O inchaço do depósito na caderneta
cad erneta de poupança
p oupança causa
ca usa ilusão.
ilusão.
Em decorrência, raramente se faz investimento em ações de longo prazo,
ou seja,
se ja, para o investidor
investidor permanecer
permane cer com as ações e gozar
goza r dos seus rendimen-
rendime n-
tos. Assim, o mercado de ações vive de investimentos especulativos, ou seja, o
investidor compra ações apenas com a expectativa de vendê-las a curto prazo
com altos lucros.
A solução seria um bem orientado programa de esclarecimento público em
que se unissem o governo, as corretoras de valores e as empresas.

10.2 PRINCIPAIS ÍNDICES DE BOLSA

A seguir são apresentados os principais Índices de Bolsa, ilustrados nume-


r i c a m e n t e , c o n s i d e r a n d o o s s e g u in
in t e s d a d o s :

19x1 19x2
Capital Social Realizado
Realizado 7.000.000 16.000.000
Ações Ordinárias 350.000 800.000
Ações Preferenciais 350.000 800.000
Total de Ações 700.000 1.600.000
Patrimônio Líquido 11.218.000 23.094.000
Lucro Líquido 1.311.000 2.822.000
Cotação Média das Ações 7,20 5,50
Dividendos Pagos 327.750 705.500

O s í n d ic
ic e s s ã o a p r e s e n t a d o s e m s e g u i d a .
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 311

10.2.1 Valor Patrimonial da Ação - VPA

Indica: a relação entre o Patrimônio Líquido e o número de ações do Capital Realizado, e mostra a
representatividade de uma ação perante o Patrimônio Líquido da empresa.

Patrimônio Líquido
Fórmula:
Número de Ações

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Patrimônio Líquido 11.218.000 23.094.000
Número de Ações 700.000 1.600.000
VPA 16,03 14,43

10.2.2 Lucro por Ação - LPA

Indica: quanto do lucro obtido corresponde a cada ação.

Fórmula:
LL
Nº de Ações

Nota: este deve ser obrigatoriamente apresentado pelas Sociedades por Ações após o Lucro
Líquido na Demonstração do Resultado.

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Patrimônio Líquido 1.311.000 2.822.000
Número de Ações 700.000 1.600.000
VPA 1,87 1,76
312 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

10.2.3 Preço sobre Lucro por Ação - P/L

Indica: em quanto tempo o investidor obteria o retorno do capital aplicado na aquisição de ações se fosse
mantido o lucro por ação verificado no último exercício.

Valor da Cotação da Ação


Fórmula:
Lucro por Ação -LPA

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Valor da Cotação 7,20 5,50
Lucro por Ação 1,87 1,76
P/L 3,85 3,125
(anos) (anos)

10.2.4 Rentabilidade de Ação - RDA

Indica: quantos dólares o investidor terá de ganho anual para cada $ 100 investidores na aquisição de
ações ao preço de mercado.

Lucro por Ação - LPA


Fórmulas:
Valor da Cotação da Ação

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Lucro por Ação 1,87 1,76
Preço da Cotação 7,20 5,50
RDA 26% 32%
TÓPICOS ESPECIAIS DE ANÁLISE DE BALANÇOS 313

10.2.5 Dividendo por Ação - DPA

Indica: quanto do lucro distribuído cabe a cada ação.

Dividendos Pagos
Fórmula:
Número de Ações

Nota: a apresentação deste índice é obrigatória às Sociedades por Ações que deverão incluí-lo
na D emonstração de Lucros ou Prejuízos Acum ulados.

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Dividendo 327.750 705.500
Número de Ações 700.000 1.600.000
DPA 0,468 0,440

10.2.6 Retorno de Caixa - RDC

Indica: quanto efetivamente o acionista embolsa para cada $ 100 investidos na aquisição de ações
segundo sua cotação.

Dividendo por Ação - DPA


Fórmula:
Cotação da Ação

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Dividendo por Ação 0,468 0.440
Preço da Cotação 7,20 5,50
RDC 6,5% 8%
314 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

10.2.7 Relação Caixa/Rentabilidade da Ação - C/RDA

Indica: percentualmente quanto da rentabilidade da ação é convertido em reembolso de caixa.

Índice de R etorno de Caixa


Fórmula:
Índice de Rentabilidade da Ação

Exemplo:

Item 19x1 19x2


Índice Retorno de Caixa 0,065 0,08
Índice de Rentabilidade da Ação 0,26 0,32
C/RDA 25% 25%
PARTE Análise da Gestão de
III Caixa

Para analisar o fluxo de caixa de uma empresa é preciso saber 


distinguir uma  simples gestão de caixa de uma boa gestão de caixa.

Em ambas deve ocorrer o esperado equilíbrio entre as entradas e 


saídas de caixa. Porém, há inúmeros caminhos para se conseguir esse 
equilíbrio, cada um com uma causa e conseqüência.

Mesmo entre administradores experientes há dificuldade em analisar 


e avaliar o fluxo de caixa e freqüentemente cometem erros que acabam 
por comprometer a saúde da empresa.

O fluxo de caixa de uma empresa não depende exclusivamente do 


administrador financeiro, pois decorre de múltiplas decisões (de diferentes 
áreas), como nível de estocagem, prazos concedidos aos clientes, prazos 
obtidos de fornecedores, expansão, estabilização ou redução do volume 
de atividades (produção e vendas), investimentos no ativo permanente,
bem como as possibilidades de aportes de capital.

A tradicional demonstração das entradas e saídas de caixa, tanto a 


referente ao passado, como a projetada, não permite identificar o efeito 
dessas variáveis no fluxo de caixa.
316 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

Por isso, é apresentada uma demonstração em formato inédito,


denominada Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa - DFLC, que 
mostra o efeito de cada investimento e financiamento no fluxo de caixa e 
assim possibilita avaliar diversos aspectos da gestão de caixa.
Ressalte-se que um dos pontos fundamentais e, até mesmo o mais 
importante na gestão de caixa, é a gestão do capital de giro.
Por isso, esta parte do livro apresenta dois capítulos com objetivos 
de explicar e analisar o capital de giro, antes de apresentar a Demonstra- 
ção do Fluxo Líquido de Caixa.
Índices de Prazos M édios:
11 A D inâm ica da Em presa
Uma das descobertas mais interessantes da Análise de Balanços é a de 
que, através dos dados das demonstrações financeiras, podem ser calculados,
por exemplo, quantos dias, em média, a empresa terá de esperar para receber 
suas duplicatas. Este é o chamado índice de Prazo Médio de Recebimento de 
Vendas.
Outros índices que podem ser calculados são os de Prazo Médio de 
Renovação de Estoque e Prazo Médio de Pagamento de Compras.
Os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente,
mas sempre em conjunto. Também não é recomendável misturar a análise dos 
índices de prazos médios com a dos índices econômicos e financeiros, vistos no 
Capítulo 6.
A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos 
operacional e de caixa, elementos fundamentais para a determinação de estra- 
tégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vitais para 
a determinação do fracasso ou sucesso de uma empresa.
A partir dos ciclos operacional e de caixa são construídos modelos de análise 
do capital de giro e do fluxo de caixa.

1 ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS

Basicamente existem três índices de prazos médios que podem ser encon-
trados a partir das Demonstrações Financeiras.
318 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

1.1 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS - PMRV 

O volume de investimentos em Duplicatas


a Receber é determinado pelo prazo médio
de recebimento de vendas.

Antes de apresentar o PMRV   é importante fixar os elementos que entram


na sua fórmula: Vendas - V, Duplicatas a Receber - DR e Prazo Médio de
Recebimento de Vendas - PMRV, conforme Figura 11.1.

VENDAS
V

DUPLICATAS PRAZO MÉDIO DE


A RECEBIMENTO
RECEBER DEVENDAS
DR PMRV

FIGURA 11.1. Elementos da fórmula do PMRV.

Suponham-se os seguintes dados:

Vendas diárias: $ 10
Prazo Médio de Recebimento: 30 dias

Veja-se o que acontece ao longo do tempo:

DIAS
1º 2  º 3 º 30º 31º 32º 33º...
Vendas 10 10 10 10 10 10 10...
Recebimentos 0 0 0 0 10 10 10...
(Entrada em Caixa)
Duplicatas a Receber 10 20 30 300 300 300 300...
ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS: A DINÂMICA DA EMPRESA 319

A empresa vende $ 10 por dia, com prazo de 30 dias. No 1º dia ela apenas
vende; nada recebe, em virtude desse prazo, mas acumula a venda em Duplica-
tas a Receber. No 2º, idem, e assim sucessivamente até o 30º dia. Observe-se
que as Duplicatas a Receber crescem diariamente até atingir o nível de $ 300,
ponto em que deixam de crescer. A partir do 31º dia há uma geração de $ 10 de
duplicatas e uma redução de duplicatas de $ 10 diariamente. Se o PMRV fosse
de 60 dias, as Duplicatas a Receber atingiriam o nível de $ 600.
Daí, pode-se tirar a fórmula:

DR = PMRV X Vd
DR - 30 X 10
DR -
onde:
DR = Duplicatas a Receber
PMRV = Prazo Médio de Recebimento de Vendas
Vd = Vendas diárias

ou
PMRV -

PMRV -
PMRV - 30 dias

Como nas Demonstrações Financeiras aparecem as vendas anuais e não


as diárias, obtém-se:

Vd
onde: V = Vendas anuais

A fórmula final do Prazo Médio de Recebimento de Vendas fica:

PMRV = ou

PMRV = 360
ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS: A DINÂMICA DA EMPRESA 339

Form ulação de Estratégias Através dos


Apêndice 2 Prazos M édios

A verdade financeira é que US$ 1 amanhã


não é igual a US$ 1 hoje.

Os índices de prazos médios lidam essencialmente com prazos, portanto,


com o tempo. E o dinheiro muda com o tempo. Por isso, em princípio, os prazos
alteram os valores a pagar e a receber, produzindo ganhos e perdas.
Quando se lembra que em nosso país existe uma inflação crônica, agravada
nos últimos anos, tornam-se maiores as diferenças entre valores presentes e
valores futuros.
Vamos ver como uma atividade empresarial com ciclo de caixa favorável
pode se valer disso.

GANHOS FINANCEIROS

CICLO CICLO

OPEFIACIONAL FINANCEIRO

Compra Recebimento Pagamento

20 dias 30 dias

50 dias
340 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

No exemplo do gráfico acima, supomos uma empresa comercial que compra


mercadorias com prazo médio de 50 dias para pagar, mas em 20 dias consegue
transformá-las em dinheiro. Ela dispõe então de 30 dias desse dinheiro, auferindo
os ganhos com aplicações financeiras.
Quanto maior o volume de vendas, maior o montante de recursos disponí-
veis para aplicações financeiras.
Se a empresa vender $ 1.000 por dia, terá cerca de $ 30.000 disponíveis
para aplicações. Se vender $ 5.000 terá $ 150.000.
Observa-se que os 30 dias de ciclo de caixa favoráveis não decorrem
apenas da barganha no prazo com fornecedores, mas também do encurtamento
do ciclo operacional.
Em qualquer país em que haja um mercado financeiro organizado, o
rendimento dessas aplicações pode gerar um apreciável lucro. Se houver infla-
ção coberta pelas aplicações financeiras, tanto melhor.
No Brasil, os rendimentos dessas aplicações chegam a superar os resulta-
dos operacionais.
A partir daí, as empresas que têm possibilidades de apresentar ciclo
financeiro favorável, como supermercados, drogarias, magazines etc, concen-
tram fortemente suas baterias no objetivo de ampliar o ciclo financeiro, seja
negociando fortemente com os fornecedores, a ponto de chegar a romper
relações em certos casos, seja formulando estratégias para girar rapidamente
os estoques, ainda que, em muitos casos, com prejuízo comercial (com vistas, é
claro, ao lucro financeiro).

1 FINANCIAMENTO

Os recursos financeiros que sobram em decorrência do ciclo de caixa


favorável podem, alternativamente, ser utilizados na expansão da empresa, ou
seja, em inversões em ativo permanente.
É claro que este tipo de decisão só pode ser tomada com extremo cuidado.
Seu risco reside na possibilidade de haver queda no ciclo de caixa favorável e/ou
no volume de vendas, principalmente durante a fase de inversões. Nesses casos
haveria a redução do volume de recursos sem possibilidade de redução das
aplicações em ativo fixo.
Por isso esse tipo de decisão só é aceitável em períodos de estabilidade ou
crescimento do país, com horizontes relativamente claros.
Lembre-se ainda que, superada a fase de investimentos, espera-se amplia-
ção dos recursos disponíveis pelo aumento de vendas.
ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS: A DINÂMICA DA EMPRESA 341

O grande paradoxo do ciclo de caixa favorável em economias em cresci-


mento é que a empresa se torna uma autêntica fonte de dinheiro. Quanto mais
cresce, mais dinheiro gera, partindo invariavelmente para o financiamento de
atividades paralelas.
Na década de 70 essa estratégia foi a responsável pelo crescimento
acelerado das grandes redes comerciais.
Observe-se que ciclo de caixa favorável é apenas uma das múltiplas
possibilidades de composição do ciclo de caixa. Suas implicações no financia-
mento de uma empresa acham-se amplamente discutidas no capítulo seguinte.
12 An álise d o C ap ital de G iro
Este capítulo introduz o conceito de Necessidade de Capital de Giro - NCG,
o qual, conforme será mostrado, é um elemento-chave para estratégias empre- 
sariais.
Inicialmente, é mostrado como se determina  a NCG e quais suas fontes de 
financiamento.
Em seguida são mostradas as causas das variações da NCG, numa 
exposição altamente técnica e inédita. Aqui parte-se da análise conjunta dos 
prazos médios para se chegar na NCG, considerando que existe uma relação 
direta entre o número de dias do ciclo de caixa e o dinheiro investido.
Os prazos médios são elementos administráveis pelos dirigentes. A análise 
dos prazos médios e seu impacto financeiro é também uma análise da adminis- 
tração do capital de giro.

1 CONCEITO DE NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

A Necessidade de Capital de Giro é a chave


para a administração financeira de uma em-
presa.

Necessidade de Capital de Giro, que designaremos NCG, é não só um


conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou
seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento
e lucratividade.
344 ANÁLISE DA GESTÃO OE CAIXA

Nenhuma análise econômico-financeira de empresa produtiva (excluem-se,


portanto, empresas financeiras e securitárias) pode prescindir de abordar a NCG,
tamanha a sua importância.

1.1 DETERMINAÇÃO DA NCG

Na padronização de balanços mostrada no Capítulo 5, o leitor deparou-se


com a segmentação do Ativo Circulante e do Passivo Circulante em Operacional 
e Financeiro, os quais fogem das classificações habituais. O objetivo é justamen-
te o de preparar os dados para a apuração da NCG.
O  Ativo Circulante Operacional   - ACO 1  é o investimento que decorre
automaticamente das atividades de compra/produção/estocagem/venda, en-
quanto o  Passivo Circulante Operacional -   PCO é o financiamento, também
automático, que decorre dessas atividades.
A diferença entre esses investimentos (ACO) e financiamentos (PCO) é
quanto a empresa necessita de capital para financiar o giro, ou seja, a NCG.
Portanto:

NCG=ACO-PCO

onde: NCG - Necessidade de Capital de Giro


ACO - Ativo Circulante Operacional
PCO - Passivo Circulante Operacional

As situações básicas que ocorrem numa empresa, com relação ao


ACO/PCO podem ser assim resumidas:

1. Ativo Circulante Operacional é exatamente o investimento operacional em giro. Alguns autores


e profissionais de análise de balanços chamam inadequadamente a Necessidade de Capital
de Giro - NCG de Investimento Operacional em Giro - IOG, confundindo ativo (sinônimo de
investimentos) com Passivo (capital). NCG é tipicamente um conjunto de itens de financia-
mento que podem ser capital próprio, empréstimos bancários de longo ou curto prazo nunca
um ativo. NCG é exatamente aquilo que o financiamento operacional não cobre. Poderia ser
chamado de FINANCIAMENTO NÃO OPERACIONAL PARA GIRO, mas nunca INVESTI-
MENTO OPERACIONAL EM GIRO.
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO 345

A C O > P C O
É a situação normal na maioria das empresas. Há uma NCG para a qual a
empresa deve encontrar fontes adequadas de financiamento.

A C O = P C O
Neste caso a NCG é igual a zero e portanto a emp resa não te m nec ess ida de
de financiamento para o giro.

A C O < P C O
A empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos
operacionais. Sobram recursos das atividades operacionais, os quais poderão
ser usados para aplicação no mercado financeiro ou para expansão da planta
fixa.
Encontram-se a seguir as demonstrações da NCG da Cia. BIG.

19x1 19x2 19x3


Ativo Circulante Operacional
Clientes 1.045.640 1.122.512 1.529.061
Estoques 751.206 1.039.435 1.317.514
(1)Soma 1.796.846 2.161.947 2.846.575
Passivo Circulante Operacional
Fornecedores (708.536) (639.065) (688.791)
Outras Obrigações (275.623) (298.698) (433.743)
(2) Soma (984.159) (928.763) (1.122.534)
NCG-(1)-(2) 812.687 1.233.184 1.724.041

1.2 FONTES DE FINANCIAMENTO DA NCG

Para financiar as necessidades de capital de giro, a empresa pode contar


normalmente com três tipos de financiamentos:

• Capital Circulante Próprio;


• Empréstimos e Financiamentos Bancários de Longo Prazo;
• Empréstimos Bancários de Curto Prazo e Duplicatas Descontadas.
346 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

Acham-se a seguir algumas figuras que objetivam permitir ao leitor visualizar


a NCG e suas fontes de financiamento.
Veja-se na Figura 12.1 como localizar a Necessidade de Capital de Giro -
NCG - no balanço.

ESTOQUES
FORNECEDORES Financiam ento automáti-
Valor total do Ativo Circulante. co do giro com que a empresa
Representa o investimento total em pode contar.
DUP UCATAS A
giro. P ara efeito de análise do Capital
de Giro devem ser expurgados even- Este vazio mostra os
RECEBER
tuais Ativos Circulantes não Operacio- financiamentos que a em-
nais (como empréstimos a controla- presa precisa obter para fi-
das e títulos a receber de venda de nanciar a correspondente
Ativo Permanente). área do Ativo Circulante.
OUTROS ATIVOS
É a NCG .
CIRCULANTES

FIGURA 12.1. Localização da Necessidade de Capital de Giro no balanço.

Veja-se na Figura 12.2 o complemento do balanço da Figura 12.1, ressal-


tando-se exatamente as fontes de cobertura da Necessidade de Capital de Giro.

Dupl. Descont.
Empr. Bancários Fontes de
FINANCIAMENTO
Financiamentos DA
Bancários de NECESSIDADE
Longo P razo DE
CAPITAL DE GIR O

PATRIMÔNIO
ATIVO LÍQUIDO
PERMANENTE

FIGURA 12.2. Financiamento da Necessidade de Capital de Giro.


ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO 347

A Necessidade de Capital de Giro na Figura 12.2 é financiada por três fontes:


1ª) Duplicatas Descontadas e Empréstimos Bancários de Curto Prazo.
2ª) Financiamentos Bancários de Longo Prazo.
3ª) Parte do Patrimônio Líquido, ou seja, Capital Circulante Próprio.
A Figura mostra uma dada configuração. Na prática existem inúmeras
possibilidades: o Capital Circulante Próprio pode ser negativo, caso em que os
financiamentos de longo prazo podem cobrir sozinhos o Capital Circulante
Líquido e mesmo o Capital Circulante Líquido pode ser negativo.
O esquema da Figura 12.3 compreende as alternativas possíveis.

PL

CCP menos

RLP
CCL mais +
AP

NCG mais ELP

EBCP

FIGURA 12.3. Esquema do financiamento da Necessidade de Capital de Giro.

Simbologia:

NCG = Necessidade de Capital de Giro


CCL = Capital Circulante Líquido
EBCP = Empréstimos Bancários de Curto Prazo
(inclusive Duplicatas Descontadas)
CCP = Capital Circulante Próprio
ELP = Exigível a Longo Prazo
PL = Patrimônio Líquido
AP = Ativo Permanente
RLP = Realizável a Longo Prazo
356 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

  s   s   s


  e   a   a
  u   r    d
  s   q   p   n
  a   o   m   e
   t
   d   s   o    V
  n    E   C   e
  e   e   e    d
   V    d    d    t
  o
  e
  r   o   o   n   e
 .    b    ã    t
  n   e    t
  o   ç   e    i   n
  s   s   s   a   m   l
  e
  o
   d   s   a   v   m   b   a
  o   a   e    i
  v
  a   a    d
   i   n   n   g   c   u
   d    l   r   e   a   e   q
  o   e   R
 .   n
  o   a
   t    d    V    P    R    E
   0    d   n   a   e   e   e   e   a
   0   o   c   r    d    d    d   x
 .   n
   0   z   r    b   o    i
   1   e    i
  r   e   o   i  o    i
  o    i
   3    4    8    3    2    1    3    3    6    3    3    6   r
  r   a
   X    1    5    $   a   o    M   s    d    d    d   C
   X    5    8    1    1    X    4    8    X    7    8    S   o    H   e   s    é    é    é
  a   M   M   M   d   e
   U   m
  a    d   e    d   r   s
   i   s   o   p   o   o   o   o   t
  r    l
   i   e
  m   r
  o
   t    l
  o    á   s   m  z   z   z   c   s
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ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO 357

COMENTÁRIOS SOBRE AS CAUSAS DAS VARIAÇÕES DA NCG

A Necessidade de Capitai de Giro da empresa teve, de 19x1 para 19x3, aumento de 112%.
Entretanto, esse desenvolvimento não se deveu exclusivamente ao crescimento de vendas da 
empresa, mas principalmente à administração de seus prazos. 0 Ciclo de Caixa Equivalente (que,
a rigor, deveria ter permanecido estável) teve acréscimo de 50%. E é aí que reside o grande problema 
da empresa. A principal causa do crescimento do Ciclo de Caixa Equivalente foi o PMRE que bateu 
a marca de 51% de aumento. Uma ligeira queda no percentual de custo dos produtos vendidos em 
relação a vendas ajudou a diminuir o investimento em estoques e reduziu o crescimento do PMREeq.
para 33%.
Essa ligeira vantagem, entretanto, foi praticamente anulada pela queda do percentual de 
compras/vendas que provocou redução do PMPCeq., perdendo ala empresa parte do financiamento 
com que contava em 19x1.
Quanto ao PMRV, o crescimento de 11% representou sozinho um acréscimo dessa ordem no 
investimento da empresa. Aqui, as demais empresas do ramo experimentaram inexpressivo aumento 
de PMRV. A mediana do ramo elevou-se de 75 para 77dias.
A conjugação do aumento simultâneo de vendas e de ciclo de caixa equivalente provocou o 
explosivo aumento da NCG de 112%.

3.2 FINANCIAMENTO DA NCG

A fim de completar a análise da NCG da Cia. BIG, encontra-se a seguir um


quadro semelhante ao da Figura 12.3, contendo os dados dos últimos três anos,
com análises vertical e horizontal.
358 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

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ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO 359

COMENTÁRIOS SOBRE O FINANCIAMENTO DA NCG

A Necessidade de Capital de Giro teve um crescimento de 112% de 19x1 para 19x3. Entre as 
fontes de financiamento do giro destacou-se o uso do Passivo Circulante financeiro que cresceu 
134% no período e aumentou a sua participação no financiamento da NCG de 44% para 48%. Isso 
ocorreu apesar do excepcional crescimento do Exigível a Longo Prazo de 545%. É que os recursos 
do Exiglvel a Longo Prazo foram carreados para financiar a elevada expansão das imobilizações que 
chegaram   a 255%.  Repare-se que o Capital Circulante Próprio, que em 19x1 cobria a nada 
desprezível parcela de 38% da Necessidade de Capital de Giro, passou para a taxa negativa de 61% 
em 19x3.
Assim, o Exiglvel a Longo Prazo foi duplamente requisitado: para cobrir a elevada expansão 
do Ativo Permanente e manter a participação do Capital Circulante Liquido no financiamento do Giro.
Conseguiu que o Capital Circulante Líquido não tivesse uma queda muito acentuada (de 76% para 
57% no financiamento do giro), porém o grau de endividamento subiu violentamente nesse período.
360 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

Apêndice Adm inistração do C ap ital de G iro

1 INGREDIENTES BÁSICOS
A NCG é função do ciclo de caixa e das vendas de uma empresa. Isto
significa que para cada volume de vendas existirá uma NCG, supondo-se que o
ciclo de caixa permaneça constante.
Esta suposição de ciclo de caixa constante (mas não fixo) é absolutamente
factível, dentro de certa estabilidade econômica.
Assim, a análise básica a que se irá proceder é das variações da NCG em
função de vendas.
Além da NCG e das vendas, entram nesta análise o Capital Circulante
Próprio, o Ativo Permanente, o Patrimônio Líquido e os Empréstimos Bancários.
As relações entre esses elementos foram mostradas estaticamente no texto
deste capítulo. Agora serão mostradas dinamicamente, visando a conclusões
relativas aos riscos e às vantagens para a empresa.

2 INTER-RELACIONAMENTO DAS VARIÁVEIS


Acham-se abaixo os dados de uma empresa no momento inicial:

VA 1.200
NCG 200
CCP 50
EB 150
PL 230
AP 180
LC 3%   s/VA
ANÁUSE DO CAPITAL DE GIRO 361

Índices:

• Endividamento Bancário - EB/PL = = 65%

• Imobilização do Patrimônio Líquido = AP/PL = = 78%

• Financiamento Próprio da NCG - CCP/NCG = = 25%

Legenda:

VA = Vendas Anuais
NCG = Neces sidade de C apital de Giro
CCP = Capital Circulante Próprio
EB = Emp réstim os Ban cários
PL = Patrim ônio Líquido
AP = Ativo Perm anen te
LC = Lucro C apitalizad o no e xercício

Outros Dados:

(1) São reinvestidos no Ativo Permanente recursos equivalentes ao mon-


tante da depreciação anual; (2) o Ativo Permanente é proporcional a 15% das
Vendas Anuais; e (3) o lucro capitalizado é a sobra após tirar-se os dividendos
do lucro líquido.
Serão demonstradas a seguir duas situações exemplificativas do compor-
tamento das variáveis acima.

SITUAÇÃO A: VENDAS ESTÁVEIS

Durante um ano as vendas da empresa se mantêm estáveis. Com isso a


NCG não se modifica. Entretanto, com a capitalização do lucro, o capital circu-
lante próprio cresce, diminuindo os empréstimos bancários.
362 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

Dados
Início do exercício Fim do exercício
VA 1.200 1.200
NCG 200 200
CCP 50 86
EB 150 114
PL 230 266
AP 180 180
LC  — 36

Índices

• Endividamento Bancário 150 114


= 65% = 42%
230 266
180 180
• Imobilização do Patrimônio Líquido = 78% = 68%
230 266
50 86 = 43%
• Financiamento próprio da NCG = 25%
200 200

VA

NCG

EB EB
CCP

Início Fim
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO 363

Gráfico

COMENTÁRIOS

Permanecendo constantes as vendas, a NCG também permanecerá fixa.


Entretanto, a capitalização do lucro faz aumentar o patrimônio líquido, bem como 
o capital circulante próprio.
Todos os índices melhoram: cai o endividamento e a imobilização do 
patrimônio líquido (quanto menores os índices, melhor) ©  sobe  a porcentagem 
de financiamento próprio da NCG.
Observe-se a natureza cumulativa da CCP e do PL mesmo diante de vendas 
fixas.
A situação neste exemplo é a ideal para  a  empresa do ponto de vista 
financeiro, porém, estrategicamente, a empresa pode estar perdendo participa- 
ção de mercado, pois a lei natural é a de crescimento de mercados em seu todo.

SITUAÇÃO B: GRANDE CRESCIMENTO DE VENDAS

As vendas crescem 50% reais num exercício. Para atingir o novo patamar
de produção e vendas, a empresa é obrigada a investir no ativo permanente, de
maneira que os recursos próprios para financiar a NCG caem.

Dados

Início d o e xercício Fim do exercício


VA 1.200 1.800
NCG 200 300
CCP 50 14
EB 150 286
PL 230 284
AP 180 270
LC  — 54
364 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

Índices

• Endividamento Bancário = 65% =  101%

•  Imobilização do Patrimônio Líquido = 78% = 95%

• Financiamento Próprio da NCG = 25% = 5%

Gráfico

VA

NCG

EB EB
CCP

COMENTÁRIOS

A empresa deste exemplo não tem condições de crescer 50% num ano. Um 
crescimento dessa ordem somente seria para uma empresa que não tivesse 
NCG e que quase não necessitasse de investimentos em ativo fixo, o que na 
prática é quase impossível.
Com 50% de crescimento de vendas houve uma total desestruturação 
financeira. A empresa passou a depender enormemente dos empréstimos ban- 
ELABORAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA 381

Em segundo lugar é preciso avaliar a importância relativa de cada item da


DFLC. Por exemplo, suponhamos ter havido determinada geração operacional
de caixa, cujos valores sejam pouco expressivos. Como avaliar a importância e
as implicações dessa geração operacional de caixa?
A única coisa que falta na DFLC é uma visão da relevância da movimentação
dos itens não correntes no exercício em relação a seus saldos do início do
exercício e, conseqüentemente, da relevância da movimentação do CCL e CGP.
Para suprir essa carência montamos duas demonstrações que denomina-
mos respectivamente Demonstração do Capital de Giro - DCG - e Demonstração
da Movimentação do Capital de Giro - DMCG, mostradas a seguir, já com
análises vertical e horizontal, baseadas nos quadros de determinação e financia-
mento da NCG mostrados no Capítulo 12.
Completando, apresentamos no item 3.5 alguns índices que ajudam a
avaliar situação revelada pela DFLC.
Por último, no item 3.6 são apresentados os comentários sobre a gestão de
caixa da CIA. LÍQUIDA.

3.3 O QUE REVELAM OS PRINCIPAIS ITENS DA DFLC

O Quadro 13.1 mostra o significado de cada item da DFLC, enquanto a


Figura 13.1 mostra o inter-relacionamento desses itens.
QUADRO 13.1
Representa recursos com os quais a
Item Revela
empresa poderá:
A- GERAÇÃO BRUTA DE CAIXA o caixa gerado pelas atividades (1) financiar as operações de compra,
comerciais produção e vendas; (2) pagar dividas
bancárias de curto prazo; (3) realizar
investimentos; e (4) amortizar as dividas
de longo prazo
B- GERAÇÃO OPERACIONAL DE CAIXA o caixa gerado pelas operações, (1) pagar dividas bancárias de curto
incluindo variação da NCG prazo; (2) realizar investimentos; e (3)
amortizar dividas de longo prazo
C- GERAÇÃO CORRENTE DE CAIXA o caixa gerado a curto prazo (1) realizar investimentos; e (2) amortizar
dividas de longo prazo
D- SALDO POSITIVO DA GERAÇÃO o caixa gerado após a realização de (1) amortizar dividas de longo prazo
CORRENTE DE CAIXA MENOS investimentos
VARIAÇÃO DOS ITENS
PERMANENTES DE CAIXA MAIS
VARIAÇÃO DOS ITENS NÃO
CORRENTES
E- GERAÇÃO LÍQUIDA DE CAIXA o caixa final gerado no exercício (1) reforçar sua posição de tesouraria
382 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

  s   r
  a   s   a    i
   t
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   i    t
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  a   n   a   v   p   e   e
  s   a   p   n
  a   i   a   s    d
  e
  r    b   c   e   s    i   a
  a   d
  p   s   m   d   e   r    i
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  m   d   p   c   c
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   t
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  n   o
  p   a    i
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   l
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   t    d    d   o   a   e    t
  o
  o    d   n   s    l   m
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     i    l    ã   p    d   n   s
   ã   e   e   e   o   a    S      S   o   a    N   e   e
  n    d    õ    ã   n   ?    ã   n    ?   m   d   e   õ
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  a   d   a   ç
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   i   p   p   n   o
  p   a   i
  e   c    f
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   G
   I
   F
ELABORAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA 383

3.4. AS NOVAS DEMONSTRAÇÕES

Acham-se adiante as demonstrações DCG e DMCG que evidenciam dados


relevantes para avaliação da gestão de caixa.

3.4.1 Cia. Líquida - Demonstração do Capital de Giro -


DCG - EM

31-12-19x5 31-12-19x6

VALORESABSOLUTOS AV AH VALORES ABSOLUTOS AV AH

DETERMINAÇÃO NCG

AC operacional

Clientes 1.800 2.030

Estoques 1.400 1.185

Outras At. Operacionais -o- -o -


SOMA
3.200 3.215
PC operacional

Fornecedores 1.100 1.400

Outros Pas. Oper. -o - -o-

SOMA 2.100 100 100 1.815 100 86


1.100 1.400
FINANCIAMENTO NCG

PL 3.500 100 2.950 84


- AP 2.200 100 1.945 86
- CGP 62 100 56 77
1.300 1.005
+ ELP 500 24 100 660 36 132
- CCL 1.800 86 100 1.665 92 93
+ EBCP 400 19 100 370 20 93
= FINANC. TOTAL NCG 2.200 105 100 2.035 112 93
=  SALDO DE TESOURARIA 100 5 100 220 12 220
APLIC. FINANC. -o-
CX. + BANCOS 100 100 220 220
384 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

3.4.2 Cia. Líquida - Demonstração da Movimentação do


Capital de Giro DMCG - para o exercício findo em
31-12-19x6

DETERMINAÇÃO DA VARIAÇÃO DA NCG


A.C. Operacional
Clientes (230)
Estoques 215
(15)
P.C. Operacional
Fornecedores 300
285
VARIAÇÃO DE FINANCIAMENTO DA NCG
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (550)
- Ativo Permanente 255
- Capital de Giro Próprio (295)
+ Exigível a Longo Prazo 160
- Capital Circulante Líquido (135)
+ Obrigações Bancárias de Curto Prazo (30)
- Financiamento Gerado para a NCG 165
- Saldo de Tesouraria 120
Aplicações Financeiras -o-
CX./bancos 120

3.5 ÍNDICES

Além das análises vertical e horizontal da DCG, alguns indicadores podem


ser extraídos dos números do conjunto das DFLC/DCG/DMCG.1

1. Recomenda-se observar se matematicamente cada índice é válido, visto que as variações


negativas e positivas dos fluxos, eventualmente, podem levar a números sem sentido.
ELABORAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA 385

Exemplos dos principais índices baseados na CIA. LÍQUIDA:

Capacidade de Finan- Qual a capacidade da


ciamento NCG Geração Bruta de Caixa empresa em financiar o
= x 100
Variação NCG crescimento da atividade
comercial

Capacidade de Pagamento Qual a capacidade da


de Dívidas Bancárias de Geração Operacional de Caixa empresa em pagar
= x100
Curto Prazo Saldo Inicial de E.B.B. empréstimos bancários de
curto prazo

Capacidade de Inves- = Qual a capacidade da


timentos Geração Operacional de Caixa empresa de efetuar
Variação dos Itens Permanentes de Caixa investimentos com recursos
próprios

Capacidade de Amortização Qual a capacidade da


de Financiamentos empresa em amortizar
Geração Operacional de Caixa
- Variação Permanente de Caixa financiamentos de longo
Saldo Inicial de ELP prazo, com os recursos
próprios, sem prejuízo dos
investimentos em curso

3.6 COMENTÁRIOS SOBRE A GESTÃO DE CAIXA DA CIA.


LÍQUIDA

A Cia. Líquida sofreu prejuízo no exercício de 19x6, entretanto, computando


as despesas não-caixa, acabou apresentando geração bruta de caixa. Como a
NCG reduziu-se em 13%(o que revela boa administração de Ativo Circulante
Operacional e Passivo Circulante Operacional), a empresa mostrou geração
operacional de caixa. Em função de suas operações produziu caixa de $ 385,
suficiente para amortizar 96% das dívidas bancárias de curto prazo ou, alterna-
tivamente, financiar 97% dos investimentos líquidos realizados, (isto é, os inves-
timentos não cobertos pela entrada de recursos dos sócios aportes de capital
menos dividendos).
A opção da empresa, entretanto, foi utilizar a geração operacional de caixa
para uma ligeira redução das dívidas bancárias de curto prazo e mais acentua-
damente para financiar os investimentos. Com isso não sobraram recursos para
amortizar financiamentos de longo prazo, (o índice de capacidade de amortização
de financiamentos foi de -2%). Pelo contrário, houve incremento desses finan-
ciamentos, os quais, a rigor, foram desnecessários, pois acabaram sobrando no
caixa.
386 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

4 COMPARAÇÃO ENTRE A DFLC (DEMONSTRAÇÃO


DO FLUXO LÍQUIDO DE CAIXA) E A DOAR
(DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES
DE RECURSOS)

4.1 REFORMATAÇÃO DA DOAR

Va mos inicialmente reproduzir a DOAR da Cia. Líquida mostrada na página


374 reescrita na forma dedutiva e em linguagem compatível com a DFLC, a fim
de compará-las entre si.

CIA. LIQUIDA
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos para o exercício findo em 31-12-x6.

Prejuízo do exercício (500)


+ Depreciação 600
Geração Bruta de Caixa 100
+ Variação Permanente de Caixa no Exercício
Aumento de Capital 150
Dividendos (200)
Acréscimo do Imobilizado (345) (395)
Variação do Capital de Giro Próprio (295)
+ Variação dos Itens não Correntes
Aumento de Financiamento de Longo Prazo 160
Variação do Capital Circulante Líquido (135)

4.2 CONFRONTO DOAR X DFLC

Se colocarmos agora lado a lado a DOAR e a DFLC ficam claras as


diferenças entre essas duas demonstrações.
ELABORAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA 387

DOAR DFLC
Prejuízo do Exercício (500) (500)
+ Depreciação 600 600
Geração Bruta de Caixa 100 100
+ Variação da NCG -o- 285
- Geração Operacional de Caixa -o- 385
+ Var. de Emp. Banc. de Curto Prazo -o- (30)
= Geração Corrente de Caixa -o- 355
+ Variação Permanente de Caixa
Aumento de Capital 150
Dividendos (200) .
Acréscimo de Imobilizado (345) (395) (395)
Variação do Capital de Giro Próprio (295) -o-
+ Variação nos Itens Correntes
Aumento de Financiamento de Longo Prazo 160 160
Variação do Capital Circulante Líquido (135) -o-
= Geração Líquida de Caixa -o- 120

Como se observa, a DFLC compreende todos os dados da DOAR mais a


variação da NCG e dos Empréstimos Bancários de Curto Prazo, sendo, pois,
uma demonstração mais completa.

4.3 UTILIDADE DA DOAR


Como a DFLC compreende todos os dados da DOAR, esta se torna
praticamente desnecessária.
Ademais, a forma da DOAR adotada na legislação societária baseada numa
filosofia de débitos e créditos tal como se apresentava antigamente a demons-
tração de Lucros e Perdas (com receitas de um lado e despesas de outro) acha-se
superada.
A DOAR pela legislação societária é muito pobre para análise. Sua única
utilidade é fornecer dados para montagem da DFLC de fora da empresa.
O mais adequado seria uma apresentação dedutiva da DOAR que eviden-
ciasse, no meio do caminho, a variação do Capital de Giro Próprio, de maneira
como mostramos no item 4.1. Se fosse acrescentada à DOAR dedutiva a
variação da NCG e dos Empréstimos Bancários de Curto Prazo, ter-se-ia a
própria DFLC sob outro formato, porém interessante para análise. Por isso não
será apresentado nesse livro tópico sobre a análise da DOAR.
388 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA

5 A DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO LÍQUIDO DE CAIXA


DA CIA. BIG E SUAANÁLISE
Com base nas demonstrações financeiras divulgadas da Cia. Big - Balan-
ços, Demonstrações de Resultados e Demonstrações das Origens e Aplicações
de Recursos -, podemos preparar as DFLCs mostradas a seguir.2

5.1 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO LÍQUIDO DE CAIXA


CIA. BIG
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO LÍQUIDO DE CAIXA
Períodos findos em 31-12 de
19x2 19x3
LUCRO DO EXERCÍCIO 167.116 165.956
Depreciação 101.511 167.477
- Resultado da Equivalência Patrimonial (10.541) (20.277)
GERAÇÃO BRUTA DE CAIXA 258.086 313.156
Aumento da NCG (490.857)
DÉFICIT OPERACIONAL DE CAIXA (177.701)
Obrigações Bancárias de Curto Prazo 120.516 357.429
DÉFICIT (GERAÇÃO EM 19x3)
(41.895) 179.728
CORRENTE DE CAIXA
VARIAÇÃO DOS ITENS PERMANENTES
DE CAIXA
• Aumento de Capital 255.440 156.673
• Dividendos (86.232) (61.987)
• Acréscimos de Ativo Permanente (1.040.151) (1.152.081)
(870.943) (1.057.395)
VARIAÇÃO DOS ITENS NÃO
CORRENTES
• Aument. de Emp. e Financ. de Longo
857.443
Prazo
DÉFICIT LÍQUIDO DE CAIXA (56.410) (20.224)
+ Ativo Circ. Finan. Inicial 163.634 107.224
= Ativo Circ. Financ. Final 107.224 87.000

2. As letras dentro dos círculos são referências usadas nos comentários.


ELABORAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA 389

5.2 DEMONSTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Demonstração do Capital de Giro da Cia. Big. em

31-12-X1 31-12x2 31-12x3

Valor Valor Valor


AV AH AV AH AV AH
Absoluto Absoluto Absoluto

Determinação da NCG

Ativo Circulante Operacional


Clientes 1.045.640 129 100 1.122.512 91 107 1.529.061 89 146

Estoques 751.206 92 100 1.039.435 84 138 1.317.514 76 175

(I)SOMA 1.796.846 100 2.161.947 120 2.846.575 165 158

Passivo Circulante Operacional


Fornecedores 708.536 87 100 639.065 52 90 688.791 40 97

Outros 275.623 34 100 289.698 23 105 433.743 25 157

(II) SOMA 984.159 928.763 1.122.534

(III) NCG (NI) 812.687 100 100 1.233.184 100 152 1.724.041 100 212

Financiamento da NCG
Patrimônio Líquido 1.070.861 132 100 1.407.185 114 131 1.667.827 97 156

(-) Ativo Permanente (765.698) 94 100 (1.714.879) 139 204 (2.719.760) 158 355

= Capital de Giro Próprio 305.163 37 100 (307.694) (25) - (1.051.933) (61) -

+ Exigível a Longo Prazo 314.360 39 100 1.170.788 95 373 2.028.231 118 646

- Capital Circulante Liquido 619.523 76 100 863.094 976.298

+ Obrigações Bancárias de Curto Prazo 44 100 477.314 834.743

(IV) FINANCIAMENTO TOTAL NCG 976.321 120 100 1.340.408 109 137 1.811.041 105 185

SALDO DE CAIXA (IV- II I) 163.634 20 100 107.224 9 65 87.000 5 53


412 ANÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO

A solução mais simples é aplicar-se a alíquota básica do IR sobre as


Despesas Financeiras Brutas (em valores reais), encontrando-se a "Economia
de IR". Adicionando-se essa "Economia de IR" ao IR provisionado, chega-se ao
IR sobre Lucro dos Ativos.

3.5 NOVA FORMA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

A Demonstração do Resultado devidamente reenquadrada para o cálculo


da Alavancagem Financeira fica assim:

VENDAS LIQUIDAS

(-) CMV/CPV

LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

• De vendas

• Administrativas

• Gerais

(+) Resultado da Equivalência


Patrimonial

(+) Receitas Financeiras

(+) Resultado não operacional

LUCRO DOS ATIVOS ANTES DO IR

IR SOBRE LUCRO DOS ATIVOS

LUCRO DOS ATIVOS

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

• Valor Bruto

• Economia com IR

LUCRO LÍQUIDO
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E AS DIVERSAS TAXAS DE RETORNO 413

4 APRIMORAMENTO DOS CONCEITOS DE TAXA DE


RETORNO

4.1 RETORNO SOBRE O ATIVO X RETORNO SOBRE O


PASSIVO REMUNERADO
Dada a existência de Passivo Operacional que não tem encargos ou cujos
encargos se acham embutidos nos custos de produtos vendidos, o Passivo
Remunerado é representado por Patrimônio Líquido + Passivo Financeiro.
O Passivo Remunerado é, pois, inferior ao Ativo Total, como mostra o gráfico
da Figura 14.1.

Passivo
Operacional

Passivo
ATIVO
Financeiro
PASSIVO
REMUNERADO
Patrimônio
Líquido

FIGURA 14.1 Representação esquemática do passivo remunerado.

O Lucro antes das Despesas Financeiras será distribuído entre essas duas
fontes de recursos, destinando-se o montante das Despesas Financeiras Líqui-
das para os titulares de Passivos Financeiros - credores - e o Lucro Líquido para
os titulares do Patrimônio Líquido - acionistas.
Dividindo-se o Lucro antes das Despesas Financeiras pelo Passivo Remu-
nerado, encontra-se a taxa de retorno dos recursos tomados (junto a terceiros e
acionistas). Obtém-se então a taxa de retorno sobre o Passivo Remunerado
simbolizado por RsPR.
A taxa de RsPR mostra quanto houve de lucro para cada $ 1   tomado  para
financiar os investimentos da empresa, ou qual a remuneração dos recursos
utilizados pela empresa.
414 ANÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO

Dividindo-se o mesmo Lucro antes das Despesas Financeiras pelo Ativo,


encontra-se a taxa de retorno do investimento total ou  a taxa de retorno do ativo,
simbolizada por RsA; essa taxa mostra quanto gerou cada $ 1 total investido.
Para efeito de comparação com as alternativas em diferentes empreen-
dimentos, o que vale é o RsPR.
De acordo com o ramo de atividade, haverá maior ou menor Passivo
Operacional. Por exemplo, em supermercados  e lojas de departamentos  costu-
ma haver significativo Passivo Operacional. Em indústrias extrativas o Passivo
Operacional é pequeno. Numa holding  - empresa de investimentos e participa-
ções - o Passivo Operacional é virtualmente zero.
Tomar, pois, o RsA para comparar resultados de diferentes empreendimen-
tos pode levar a enganos. Também, para efeito da Alavancagem Financeira, deve
ser usado o RsPR, pois é a partir dessa taxa que podem ser feitos todos os
cálculos e conclusões já apresentados até agora.
(Os exemplos até agora apresentados neste capítulo, apenas por motivos
didáticos, desconsideraram a existência de Passivo Remunerado. Entretanto, no
próximo exemplo tal fato é considerado.)
O Quadro 14.1 ilustra a exposição acima.

QUADRO 14.1.

Lucro
Des-
antes Passivo Patri-
Em- pesas Lucro Passivo Passivo
das Ativo
Operac.
Remu- mônio RsA RsPR CD RsPL
presa Finan- Liquido Financ.
Desp. ner. Líquido
ceiras
Fin.

A 750 400 350 6.000 3.000 3.000 2.000 1.000 12,5% 25% 20% 35%
B 750 400 350 5.000 2.000 3.000 2.000 1.000 15% 25% 20% 35%
C 750 400 350 4.000 1.000 3.000 2.000 1.000 18,75 25% 20% 35%
D 750 400 350 3.000 0 3.000 2.000 1.000 25% 25% 20% 35%

Como se pode observar, as diferentes taxas de retorno sobre ativo, nas


hipotéticas empresas A, B, C e D do Quadro 14.5, não afetam o retorno sobre o
Passivo Remunerado e sobre o Patrimônio Líquido, pois as diferenças de Ativo
decorrem de diferenças de Passivo Operacional (em função de ramos de
atividade diversos), passivos esses, teoricamente, sem remuneração.
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E AS DIVERSAS TAXAS DE RETORNO 415

Se um investidor estiver avaliando diferentes opções de negócios em


empresas, deverá proceder a uma comparação entre as taxas de retorno sobre
o passivo remunerado, o qual representa o montante de recursos que deve captar
para a empresa. Com certeza, empresas em diferentes ramos poderão ter
diferentes ativos, com o mesmo passivo remunerado. Isto, porém, não importa.
O que interessa é a comparação das taxas de retorno sobre o Passivo Remune-
rado.

4.2 COMO UTILIZAR O RsA

Isso não quer dizer, entretanto, que o RsA seja falho ou inútil. Trata-se de
um índice útil para a comparação da capacidade de geração de lucro de
empresas do mesmo ramo de atividades, para a avaliação do desempenho
evolutivo da empresa e no planejamento de lucros.

No Quadro 14.2 é mostrada a comparação de duas empresas de um mesmo


ramo de atividade, em que uma delas, a empresa I, desfrutando de maior poder
de barganha com seus fornecedores - por fatores que não vêm ao caso como
os de origem política, vinculação a grupo empresarial etc. - consegue maiores
prazos e, automaticamente, créditos maiores sem custo adicional. Em conse-
qüência, a empresa I toma menos empréstimos e paga menos juros. Operando
com menor passivo remunerado, para uma mesma taxa de retorno do ativo -
RsA - ela obtém maior taxa de RsPR e conseqüentemente maior RsPL.

O RsA serve também para a empresa fazer projeções sobre o lucro dos
ativos e, uma vez estimado o passivo operacional, chegar ao RsPR.

QUADRO 14.2.

Lucro
Des-
antes Passivo Passivo Patri-
Em- pesas Lucro Passivo
das Ativo Remu- Finan- mônio RsA RsPR CD RsPL
presa Finan- Líquido Operac.
Desp. nerado ceiro Liquido
Fin. ceiras

I 750 180 570 6.000 4.100 1.900 900 1.000 12,5% 39,47% 20% 57%
J 750 480 270 6.000 2.600 3.400 2.400 1.000 12,5% 22,06% 20% 27%
416 ANÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO

4.3 TAXA DE RETORNO SOBRE ATIVO LIQUIDO - RsAL

Uma alternativa para o cálculo do RsPR é o Retomo sobre Ativo Líquido


(RsAL), entendendo-se como Ativo Líquido o ativo total menos o passivo opera-
cional. O valor do Ativo Líquido é igual ao do Passivo Remunerado.
A lógica em se usar o Ativo Líquido é que o lucro dos ativos não corresponde
exatamente ao resultado do investimento total no ativo, visto que o lucro dos
ativos se acha deduzido do custo implícito do passivo operacional. Em outras
palavras, o lucro dos ativos corresponde ao resultado do investimento total no
ativo menos o passivo operacional, ou seja, ao ativo líquido.
Conclusão inteiramente de acordo com essa exposição é apresentada por
Eliseu Martins:

"Os ganhos monetários derivados desses passivos (sem encargos) não devem estar
incorporados com os advindos dos passivos sujeitos a juros, muito menos devem compor
qualquer tipo de cálculo médio de encargos de recursos de terceiros. Para isso, o critério
mais simples e indicado é tratar tais passivos como redução dos ativos circulantes, o que
equivale a duas coisas: primeiro, tratar os ganhos monetários deles derivantes como
uma espécie de recuperação das perdas monetárias sofridas pelos ativos; segundo,
reduzir o total do ativo usado como base para a taxa de retorno. Para ambas as
finalidades o critério é adequado, já que, de fato, os ganhos monetários desses passivos
sem encargos devem estar computados como parte do resultado operacional antes das
despesas financeiras e, além disso, não representa, normalmente, aplicação de recursos
de terceiros captados."7

Dessa maneira, a fórmula do grau de alavancagem financeira pode ser


escrita nas duas formas seguintes:

RsPR + ( R s P R - C D )
I GAF =
RsPR

ou

R sA L + ( R s A L - C D )
II GAF =
RsAL

7. MARTINS, Eliseu. Análise da correção monetária das demonstrações financeiras.  2.ed. São


Paulo: Atlas, 1984. p. 80.
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E AS DIVERSAS TAXAS DE RETORNO 417

5 VALORES DODENOMINADOR DOS ÍNDICES DE


TAXADERETORNO

Curiosamente, as obras de análise de balanços e de finanças, com raras


exceções, quando se referem aos índices de taxa de retorno indicam na sua
fórmula o valor do ativo ou patrimônio líquido inicial ou médio, pura e simples-
mente, sem quaisquer considerações relativas às alterações ocorridas durante
o ano.
O correto é tomar o valor inicial (seja do Ativo, seja do Patrimônio Líquido),
acrescido das variações multiplicadas pela fração do ano que permaneceram à
disposição da empresa.
Se as demonstrações financeiras, bem como suas variações estiverem
expressas em moeda constante, conforme expusemos no Capítulo 4, é desne-
cessária qualquer providência de correção monetária.
As fórmulas adiante supõem a existência de moeda constante.
A fórmula seguinte mostra o valor correto do Patrimônio Líquido, computan-
do-se as variações durante o exercício:

onde: PLI = Patrimônio Líquido inicial


M = Número de meses em que o acréscimo (decréscimo) do patri-
mônio líquido ficou à disposição da empresa (saiu da empresa)
PL = Acréscimo (+) ou redução (-) do patrimônio líquido

Apresenta-se adiante um exemplo de como usar essa fórmula.


Análogo procedimento deve ser adotado para o cálculo do Passivo com
Encargos.
O Passivo Remunerado médio deve ser obtido pela soma de Patrimônio
Líquido e médio e Passivo Financeiro médio.
Como, normalmente, de fora da empresa, não se conhecem os momentos
de alteração do saldo do passivo financeiro, deve-se encontrar a média entre os
saldos inicial e final para se ter o valor médio do passivo financeiro.
Aí reside uma vantagem do uso do Passivo Remunerado em relação ao
Ativo Líquido. O cálculo dos valores médios é mais simples para o Passivo
Remunerado.
418 ANÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO

6 EXEMPLO COM INCORPORAÇÃO DOS


APRIMORAMENTOS NA ANÁLISE DA
ALAVANCAGEM FINANCEIRA

Tomem-se os dados básicos do último exemplo apresentado na página 414,


modificando-os ligeiramente apenas para permitir exemplificar os aprimoramen-
tos descritos:

Balançosem: 31-12-X1 31-12-X2


Ativo Circulante 700 1.137
Ativo Permanente 300 390
Total 1.000 1.527
Passivo de Funcionamento 100 160
Passivo com Encargos 400 520
Patrimônio Líquido 500 847
Total 1.000 1.527

Demonstração do Resultado para o Período de 1-1-x2 a 31-12-x2


Vendas Líquidas 2.000
CMV (1.500)
Lucro Bruto 500
Despesas Operacionais (200)
Lucro Operacional antes das Despesas Financeiras 300
Despesas Financeiras (80)
Lucro antes do Imposto s/ Renda 220
Imposto s/ Renda (77)
Lucro Líquido 143

Outros dados: 

• Aumento de Capital:
m 03-07-X2 = 204
• Os acréscimos de empréstimos ocorreram de maneira aproximadamente uniforme.
• Alíquota de Imposto de Renda - 35%
ALAVANCAGEM FINANCEIRA E AS DIVERSAS TAXAS DE RETORNO 419

SOLUÇÃO

1º PASSO: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO RECLASSIFICADA

Vendas Líquidas 2.000

CMV (1.500)
Lucro Bruto 500
Despesas Operacionais (200)

Lucro dos Ativos antes do IR 300


IR s/ Lucro dos Ativos 8 (105)

Lucro dos Ativos 195


Despesas Financeiras

• Valor Bruto (80)

• Economia de IR 9 28 52
Lucro Líquido 143

2º PASSO: CÁLCULOS BÁSICOS

a) Patrimônio Líquido Médio (Ponderado) - PLM :

Usando a fórmula apresentada no item 3.5, pode-se calcular o Patrimônio


Líquido Médio:

onde: P L M = Patrimônio Líquido Médio


PLi = Patrimônio Líquido Inicial = 500
m = Número de meses decorridos entre o aumento de capital e o
final do exercício = 6
PL= Variação de Patrimônio Líquido; no caso houve apenas um
aumento de capital no valor de = 204

8. 25% s/30 0=105.

9. Diferença entre 105 que a empresa pagaria e 77 que a empresa efetivamente irá pagar - 28.
420 ANÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO

P L M  = 500 + x 204

PLM=602

b) Passivo com Encargos Médios (Ponderado) -  PEM:

O Passivo com Encargos utilizado pela empresa foi aquele existente no


início do exercício mais os acréscimos. O valor inicial foi utilizado durante o ano
todo, enquanto que o acréscimo, na média, só foi utilizado por meio ano. Por isso,
o acréscimo deverá ser dividido por 2.
Para tanto poder-se-á usar a seguinte fórmula:

PEM = PE¡ +

onde: PE¡ = Passivo com Encargo Inicial = 400


PE = Acréscimo de Passivo com Encargos = 120 (vide item a)

P E M = 40 0 + [120]

P E M  = 460

c) Passivo Remunerado Médio -   PRM:

O Passivo Remunerado Médio representa os recursos utilizados pela em-


presa que deverão ser remunerados através de juros ou de lucro. É, portanto, a
soma do Patrimônio Líquido Médio e do Passivo com Encargos Médio.

PRM - PLM + PEM

onde: P L M = 602
PE M = 460
PRM = 602 + 460
PRM = 1.062
DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EM PRESAR IAIS 461

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   N    1    2    F
462 INTEGRAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE

A conclusão aqui é de que o endividamento não trouxe vantagem para a


empresa em nenhum dos três exercícios, pois mesmos o 1 % favorável em 19x1
não é suficiente para justificar o risco do endividamento.
Voltando à análise numérica, os mencionados 4% desfavoráveis em 19x2
e 19x3 sofrem o efeito multiplicador do endividamento para produzir a taxa de 
retorno sobre o patrimônio líquido, que é o que afinal interessa. Em 19x3, esse
efeito multiplicador foi de 1,5, de maneira que os 4% negativos viraram 6%
negativos, ficando taxa de retorno sobre o patrimônio líquido  6% abaixo da taxa 
de retorno do ativo.
Em resumo, a empresa mostra-se lucrativa e em evolução positiva opera-
cionalmente. Sua rentabilidade apenas ficou prejudicada (1) por pagar juros de
$ 21 ao ano para cada $ 100 tomados, os quais, aplicados na empresa, rendem
$ 17 e (2) por aumentar muito o endividamento.

6 SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS PARA A CIA. BIG

Como foi visto, o problema crucial da Cia. BIG foi o alto e crescente
endividamento.
A solução de seus problemas passa necessariamente pela redução do
endividamento.
Em primeiro lugar, é preciso analisar a viabilidade de redução do ativo
imobilizado. Em 19x1, a relação vendas líquidas/imobilizado era de 6,92; em
19x3, caiu para 2,44. Logo, parece possível algum esforço nesse sentido.
Havendo desmobilização, a empresa poderá imediatamente reduzir parte
das dívidas.
Outra medida a ser imediatamente implantada é a redução do ciclo de caixa
aos níveis de 19x1, o que proporcionaria uma redução de $ 737,800 dólares na
NCG e, automaticamente, na redução do passivo circulante financeiro, que
poderia chegar a 88%.2

2. Cálculos assim efetivados: a) Ciclo de caixa de 19x3 = 99 dias


Ciclo de caixa de 19x1 = 65 dias
diferença 34 dias
737.800
b) 834.743 x100=88%

redução de NCG: 34 x vendas diárias


34x21,700=737.800
DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EMPRESARIAIS 463

Com um ativo mais enxuto, o GIRO (Vendas/Ativo) melhoraria e a empresa


passaria a apresentar maior taxa de retorno do ativo. Reduzindo o endividamen-
to, a empresa poderia (1) ser mais seletiva nas taxas de juros e (2) diminuir a
alavanca PF/P2 que lhe é desfavorável. Conseqüentemente, aumentaria a
rentabilidade do patrimônio líquido.
Atuando simultaneamente no aumento do lucro líquido e na contenção de
crescimento da NCG (após sua redução inicial), a empresa poderia apresentar
geração operacional de caixa com a qual amortizaria o exigível a longo prazo.
Em resumo, se forem tomadas as medidas saneadoras indicadas, a empre-
sa tem muito boa perspectiva.
Orientações para Utilização do
Apêndice Disquete

1 INTRODUÇÃO

1. Acompanha o presente livro um disquete que executa cálculos e avaliações


e contém índices-padrão para consulta.
O disquete de análise contém um programa elaborado em  clipper.  Esse
programa destina-se a estudantes, para exercícios escolares, e a empresá-
rios, para análise de suas próprias empresas. Não foi concebido para análise
de empresas de terceiros nem para uso comercial.
2. Este programa efetua os cálculos e relatórios financeiros, cabendo ao
usuário as interpretações e os comentários. O programa é adequado para
empresas comerciais e industriais e eventuais prestadoras de serviços. Não
se aplica a ramos especializados, como bancos, construtoras, cooperativas,
imobiliárias, loteadoras, companhias de leasing, seguradoras etc.
3. O usuário deverá adaptar as contas das demonstrações que deseja analisar
para os modelos de entrada de dados previstos aqui, valendo-se das
orientações do Capítulo 5 do livro-texto e destas orientações.
4. O usuário deverá entrar com os dados de três anos e indicar a moeda que
está usando. O sistema não funciona adequadamente sem os três anos.
5. O presente programa é fornecido a título de cortesia. Nenhuma responsabi-
lidade poderá ser imputada ao autor, à editora e aos colaboradores em
virtude de qualquer conseqüência dos seus resultados.
DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EMPRESARIAIS 465

2 CONTEÚDO
1. O Sistema é composto de quatro módulos básicos:
• MENU GERAL DO SISTEMA
• CONSULTAS A ÍNDICES-PADRÃO
• TELAS DE ENTRADA DE DADOS
• RELATÓRIOS

Menu Geral do Sistema


Inicialmente, o usuário deverá entrar na tela "Dados da Empresa", preen-
chendo os dados solicitados.
Indique na linha "UNIDADE MONETÁRIA" em qual moeda estarão os
dados numéricos. Estes não deverão ultrapassar seis dígitos.
Quando o usuário estiver no item "Ramo de Atividade", teclando F8, terá
acesso aos ramos de atividades para os quais foram elaborados os índices-pa-
drão.
São os seguintes os ramos de atividades:
RAMO
Administração e participação
Bebidas e fumo
Comércio
Construção e engenharia
Madeira e ¡mobiliário
Materiais de transporte
Mecânica
Metalúrgico/siderúrgico
Produtos alimentícios
Serviços públicos
Eletroeletrônicos
Papel e celulose
Química
Serviços em geral
Transporte

O usuário deverá indicar na tela o ramo de atividade em que a empresa se


encaixa, para que o sistema elabore as avaliações previstas, entre os ramos
citados.
466 INTEGRAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE

Consulta a índices-padrão

O usuário poderá consultar os índices-padrão após preencher as telas


"Dados da Empresa", entrando na opção "Ramo de Atividade" do menu.
Esses padrões estão baseados em Demonstrações Financeiras de empre-
sas abertas, cotadas nas bolsas de valores. Dado o número limitado de empre-
sas, nem todos os ramos estão representados. O usuário deverá escolheraquele
que mais se aproximar do ramo da empresa que será analisada, ou então
setores genéricos, como "Indústria em Geral".
Os índices-padrão não podem ser modificados pelo usuário.
Os índices dos últimos três anos serão comparados ano a ano com os
respectivos três últimos balanços e demonstrações de resultados. Em certos
casos, índices de balanços de, por exemplo, 1995, 1996 e 1997 virão a ser
comparados com padrões respectivos de 1994, 1995 e 1996, o que não
representa problema por dois motivos: primeiramente, porque é natural essa
defasagem, visto que os padrões de um ano somente conseguem ser obtidos
no ano seguinte; e, segundo, porque há certa estabilidade dos padrões de um
ano para o outro, pois os mesmos são calculados com base em várias empresas.

Telas de entrada
As telas de Entrada de Dados estão divididas em:
• Balanço Patrimonial (Telas 1 e 2)
• Dem. Result. (1)e Mutações PL (2)
• Dem. Origens e Aplicações (1 e 2)
• Dados Adicionais (1 e 2)

Ao concluir uma tela, o usuário deve voltar ao menu e escolher outra tela,
ou outra função.
Digitando "M", o sistema inicia o processo de edição de valores. (Sempre
que for iniciar digitação ou correção, digite M.) O cursor aparecerá no primeiro
campo da tela, aguardando digitação de dados. Caso o dado seja "zero", basta
seguir em frente e teclar enter.
Caso deseje corrigir dados de uma tela, tecle antes "M".
Os itens previstos nas telas são fixos. Dessa forma, o usuário deverá
adaptar as demonstrações financeiras que deseja analisar ao modelo das telas.
Ou seja, deve "padronizar" as demonstrações financeiras (conforme previsto no
DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EMPRESARIAIS 467

Capítulo 5 do livro-texto). Observe o formato dessas demonstrações antes de


digitar os dados. Ao terminar uma tela, tecle   enter   ou seta para baixo, para
passar para a tela seguinte.
Seguem algumas orientações para o usuário em relação às Telas de
Entrada.

Balanço Patrimonial (Telas 1 e 2)

Os balanços publicados costumam apresentar inúmeras contas que refle-


tem condições peculiares da empresa ou efeitos momentâneos da economia na
vida da empresa. O usuário deverá agrupar essas contas no item "Outros" que
aparecem no Ativo Circulante, Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo.
Devido a arredondamentos, geralmente ocorrem pequenas diferenças
entre Ativo e Passivo que deverão ser acertadas manualmente pelo usuário,
voltando para o início das telas.

Demonstrações de Resultados (Tela 1)

Aqui, também, o usuário deverá acertar diferenças e contas diversas não


previstas no modelo nos itens "Outras Desp./Rec. Operacionais" ou "Outras
Desp./Rec. Não Operacionais".
Observe que esses itens deverão ter sinal negativo digitado caso seja
subtrativo da "Receita Líquida".
No item "Prov. p/ IR e Contr. Social" o usuário deverá em cada ano colocar
a soma de quanto esses dois itens representam.

Demonstrações das mutações do patrimônio líquido (Tela 2)

Assim como nas demonstrações anteriores, os valores não previstos no


modelo deverão ser agrupados no item "Outros", entrando com o sinal de menos
(-) quando o valor for subtrativo.
Observe que na rubrica "Aumento de Capital" poderá ocorrer redução em
vez de aumento, colocando-se nesse caso o sinal negativo.
468 INTEGRAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE

Demonstrações das origens e aplicações (Telas 1 e 2)


Aqui também o usuário deverá promover os ajustes nas linhas "Outros",
entrando com os respectivos sinais.

Dados adicionais
É importante preencher a linha "Vendas Realizadas" para que os índices
de prazos médios não fiquem prejudicados (relatório F).
A soma das despesas "De vendas", "Administrativas" e "Gerais" deve
coincidir com o total de "Despesas Operacionais" da tela "Demonstrações de
Resultados".
O usuário deverá indicar o valor de Compras, que é essencial para alguns
¡tens dos relatórios. No caso de empresas comerciais, as compras podem ser
estimadas pela conhecida fórmula: CVM = El + C - EF. No caso da indústria, se
não for possível obtê-lo diretamente da empresa, o usuário deverá estimá-lo,
considerando que as compras representam na indústria em média 40% das
vendas e no comércio, cerca de 60%.
No item "Alíquota de Contribuição Social + IR", o usuário deverá em cada
ano colocar a porcentagem (%) que esses dois itens representarem em relação
ao "Lucro antes do IR e Contr. Social". Essa porcentagem (%) não corresponde
exatamente às alíquotas nominais cobradas pelo governo, mas ao cálculo de
quanto custaram para a empresa esses dois itens percentualmente em relação
ao lucro anterior. O usuário deverá digitar o valor inteiro, que o sistema entenderá
como percentual. Por exemplo 32%; basta digitar 32. No caso da empresa não
ter pago esses encargos (por exemplo, quando tem prejuízo) indicar "0" (zero).
Na segunda tela, o usuário deve entrar com os dados sintéticos do Balanço
do final do exercício anterior aos três anos da análise.

Relatórios
O usuário deverá escolher o relatório desejado. Se quiser todos, terá que
selecionar individualmente, um a um.
São os seguintes os relatórios emitidos pelo Sistema:
A. Principais índices econômico-financeiros com avaliações.
B. Avaliação histórica dos grupos de índices e global das empresas.
C. Perfil das avaliações dos grupos de índices e global das empresas a
cada ano.
DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EMPRESARIAIS 469

D. Análise vertical/horizontal dos Balanços.


E. Análise vertical/horizontal das Demonstrações de Resultados.
F. Prazos médios, ciclo operacional e ciclo de caixa.
G. Esquema de financiamento da Necessidade de Capital de Giro - NCG.
H. Demonstrações do fluxo líquido de Caixa.
I. Desdobro das taxas de retorno do Ativo.
J. Demonstrações de resultados reclassificados para estudo da alavan-
cagem financeira.

Com exceção dos três primeiros relatórios, cabe ao usuário a interpretação


dos números.
Observe-se que o alto grau de instabilidade da economia brasileira torna o
desempenho das empresas também instável, de onde decorre que os índices-
padrão contêm certas distrações decorrentes dessas mencionadas instabilida-
des, podendo isso refletir nas avaliações dos relatórios  A, Be C.
Obs.: Caso haja mais de seis dígitos, aparecerá nos relatórios G e I
asterisco no lugar do número. Sugerimos que nesse caso o usuário divida os
dados de entrada por 1.000.

3 Instalação do SOFTWARE
Ambiente DOS 

1. Digite:

A: instala tecle [enter] 

Ambiente Windows 

1. Vá para o prompt do DOS 

2. Digite:

A: instala tecle [enter] 

Caso o seu Drive de 3.5" seja [B], substitua (A) por (B).
470 INTEGRAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE

4 Execução do SOFTWARE

1. No prompt do DOS, digite:

CD\DFINANC [enter] 
DF [enter] 
1.1 Ao executar o programa, será apresentada ao usuário uma tela para
atualização ou confirmação da data atual. Após confirmar a data, será
apresentado ao usuário o Menu Geral, a partir do qual serão selecio-
nadas as telas de Entrada de Dados e os Relatórios de saída.

1.2 As telas de Entrada de Dados estão divididas em:

• Balanço Patrimonial (Telas 1 e 2)


• Dem. de Result. (1) e Mutações do PL (2)
• Dem. Origens e Aplicações (1 e 2)
• Dados Adicionais (1 e 2)

1.3 Relatórios
No menu geral do sistema, selecione com o cursor a opção Relatórios.
Aparecerão na tela todos os relatórios fornecidos pelo sistema. Faça
a opção entre impressão ou visualização no vídeo.
1.4 Todas as opções podem ser selecionadas por meio das setas cursores
do teclado do micro, movendo-se a barra até a opção desejada e
pressionando em seguida a tecla [enter].
1.5 As teclas de função a seguir poderão ser usadas conforme indicado:
F1 - Mostra texto de ajuda.
F2 - Ativa o Pop Calendário do mês atual.
F6 - Ativa o Pop Calculadora.
ALT-F8 - Permite mudara posição na tela, das janelas, menus, caixa
de mensagens etc.
ESC - Em qualquer tela do sistema funciona como tecla de retorno
do menu geral; aciona a saída do sistema.
1.6 Nas telas de entrada de dados:
M - Inicia o processo de edição de valores. Após acionada, o cursor
aparecerá no primeiro campo da tela, aguardando a digitação de
dados.
DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES EMPRESARIAIS 471

PgUp  e PgDn -  Alterna entre as telas 1 e 2 (PgUp  -Avança e PgDn 


-Volta).
Enter-  No processo de edição, avança para o próximo campo.
Seta p/ cima - No processo de edição, volta para o campo anterior.
ESC -  No processo de edição, retorna para o modo de visualização
da tela; no modo de visualização, retorna para o menu.
1.7 Algumas orientações
• Como voltar:
• Dentro da mesma tela - seta p/cima 
• Para tela anterior - PgUp 
• Para menu - ESC 
• Como corrigir um erro ou retificar:
• Enquanto está digitando na tela - seta para cima.
• Numa outra tela - localize a tela, digite "M" e vá até o campo
que deseja corrigir.
• Como limpar dados digitados:
• Numa determinada tela - vide itens anteriores.
• Gerais: no item "Apoio" do menu, o usuário terá a opção "Limpa
Dados Digitados", a qual elimina todos os dados digitados.

Sistema desenvolvido por Gustavo G. Matarazzo.


Software   produzido por Quality System Consultoria Ltda.
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Este livro foi impresso na
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