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gestão

Financeira
Poueri do
Carmo Mário

GESTÃO
FINANCEIRA
2 3
FICHA TÉCNICA
© 2017. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
de Minas Gerais - SEBRAE

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SEBRAE MINAS
Presidente do Conselho Deliberativo | OLAVO MACHADO JUNIOR
A contabilidade é essencial para que possamos conhecer a
Diretor-Superintendente | AFONSO MARIA ROCHA
Diretor de Operações | MARDEN MÁRCIO MAGALHÃES saúde de uma empresa e para mantê-la saudável.
Diretor Técnico | ANDERSON COSTA CABIDO
Quando vamos ao médico e ele nos faz uma série de
SISTEMA DE FORMAÇÃO GERENCIAL perguntas e exames antes de tomar qualquer providência,
Gerente | RICARDO LUIZ ALVES PEREIRA
ele está tentando obter o máximo de informação possível
Equipe Técnica | RAFAEL TUNES FONSECA |
VERISLÂNIA REGINA DE ALBUQUERQUE sobre a nossa saúde para saber quais providências tomar.

UNIDADE DE COMUNICAÇÃO INTEGRADA Assim como o médico, o gestor de uma empresa buscará
Gerente | TERESA GOULART
o máximo de informações que puder sobre a situação
Equipe Técnica | MÁRCIA FONSECA | CARLOS CONTI |
GUSTAVO ALMEIDA
econômica e financeira da empresa para tomar sua decisão
de forma mais assertiva.
Autoria | AURELIANO ANGEL BRESSAN |
POUERI DO CARMO MÁRIO - IPEAD/UFMG Nessa unidade, iremos rever alguns aspectos da
Revisão Textual I ROBSNEY GONÇALVES
contabilidade societária, importantes e fundamentais
Editoração Eletrônica I New360
Ilustrações | Criatura Estúdio para que possamos aprofundar o conhecimento
na contabilidade gerencial, em como analisar as
B847g Bressan, Aureliano Angel demonstrações financeiras e como manter o controle das
Gestão financeira. / Aureliano Angel Bressan, Poueri do Carmo informações da empresa.
Mário. Belo Horizonte: SEBRAE Minas, 2017.
142 p.: il. (Empreendedorismo, Gestão e Negócios, 6)
Também, vamos aprender a elaborar o orçamento
Nota de conteúdo: resultado de contrato celebrado entre o SEBRAE
Minas e IPEAD/UFMG empresarial e ver como ele pode nos auxiliar, em conjunto
1. Gestão financeira. I. Mário, Poueri do Carmo. II Serviço de Apoio
com os indicadores, a planejar as ações da empresa.
às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais. III. Sistema de Forma-
ção Gerencial. IV. Título. V. Série.

CDU: 658.15

5
\ PARTE 1 \
\ Unidade de Estudo \ GESTÃO FINANCEIRA 10
Pra começo de conversa... 11
\ Capítulo 1 \ A Contabilidade dentro das organizações 15
\ Capítulo 2 \ Indicadores de desempenho das demonstrações financeiras 17
2.1 Contexto e elementos da análise financeira
2.2 Índices de análise financeira

\ PARTE 2 \
\ Capítulo 3 \ Orçamento e controle empresarial 67
sumário 3.1 O orçamento dentro do processo de planejamento estratégico
3.2 Elaboração do orçamento
3.3 Elaboração de orçamento empresarial
3.4 Análise orçamentária
3.5 Projeção de demonstrações contábeis
3.6 Elaboração de mapa de indicadores
3.7 Avaliação do impacto das decisões

\ PARTE 3 \
\ Capítulo 4 \ Introdução à avaliação financeira de investimentos 113
4.1 Introdução à análise de investimentos
4.2 Estimativa de fluxos de caixa de um projeto
4.3 O custo de capital
4.4 Medidas para avaliação de projetos de investimento

6 7
parte 1

GESTÃO
FINANCEIRA

8
0 PRA COMEÇO
Unidade de Estudo 1

GESTÃO DE CONVERSA...

FINANCEIRA
Nesta unidade, você vai rever os principais conceitos e A contabilidade está presente no cotidiano de toda empresa e
registros contábeis e aprimorar seus conhecimentos sobre deve ser utilizada como fonte de informação para a tomada de
a Contabilidade Gerencial. Irá aprender como analisar as decisões. Segundo André Charone:
demonstrações financeiras das empresas e conhecer
“É comum que, ao ouvir a palavra “contabilidade”, muitos asso-
os métodos utilizados pelas empresas para planejar e
ciem este termo ao departamento contábil de uma empresa ou
controlar suas atividades. às práticas de escrituração e elaboração das demonstrações exer-
cidas pelos contabilistas.

Para os acadêmicos e profissionais especializados, entretanto,


esse vocábulo assume um sentido ainda mais amplo, tornando-se
também um sinônimo ou, até mesmo, um “apelido carinhoso”
para a Ciência Contábil, a ciência que tem por objeto de estudo
o patrimônio das entidades e por objetivo transformar dados em
informações úteis para a tomada de decisão de seus usuários,
sejam internos ou externos.

Ocorre que, de maneira lastimável, esse objetivo tão bem defi-


nido pelos grandes mestres da teoria da contabilidade acaba, na
prática, entrando em conflito com uma
realidade onde a contabilidade torna-se
um mero instrumento para atender a exi-
gências fiscais, especialmente nas micro
e pequenas empresas.”
Keywords
Contabilidade Gerencial;
Demonstrações Financeiras;
A contabilidade deve ser fonte
Análise de Balanço;
de informação para vários
Orçamento; Indicadores; usuários, NÃO SÓ PARA O FISCO!
Viabilidade Financeira;
10 11
Segundo o Prof. Eliseu Martins da USP, esforços Agora, veja a figura seguinte:
têm sido empreendidos para melhorar a qualidade
das informações dos relatórios contábeis, sobretudo
por meio das novas normas de contabilidade. Como
consequência, há mais transparência nos balanços e
mais independência em relação ao fisco.
GESTÃO
E no fundo você pensa.... FINANCEIRA
“Alguém me explica qual
a necessidade disso?”
Novas normas, esforços e mudanças realmente pre-
cisa de tudo isso? SIM! Afinal de contas, “como pode
um empresário tomar decisões sem ter conhecimen-
to sobre sua real situação patrimonial, financeira e
econômica? A resposta, caro leitor, é muito simples: Contabilidade finanças
Ele não pode, pelo menos não de maneira eficiente.

Talvez a sorte ou até mesmo o perfil empreendedor e um bom


feeling façam com que a empresa consiga sobreviver por algum
período sem essas informações, mas em longo prazo essa escas-
sez de conhecimentos básicos para a tomada de decisão poderá
levar aquela entidade a se tornar mais um caso nas estatísticas de As duas disciplinas que serão tratadas neste material geram os
mortalidade de micro e pequenas empresas. meios para que ocorra a Gestão Financeira, uma interseção en-
tre as duas sob a ótica da empresa. Com os dados contábeis e
Existe uma metáfora sobre a importância da contabilidade como os modelos de análise, a Gestão Financeira tem condições de
ferramenta gerencial que compara uma empresa sem contabilida- subsidiar decisões relevantes da empresa, que precisam ser to-
de a um barco perdido no meio do oceano e sem bússola. O autor madas com base em dados sobre situações internas e também
desta translação foi bastante feliz ao fazer essa comparação, afi- em elementos referentes ao mercado da empresa e à economia
nal, o mercado é de fato um oceano (e bem tempestuoso, diga-se em geral.
de passagem) e a empresa nunca saberá que direção seguir sem
a “bússola” das informações contábeis.” Percebe-se que ambas conseguem um efeito sinérgico quando
– André Charone utilizadas em conjunto e agregam suporte para o gestor da em-
presa, que é aquele que tomará decisões sobre em que investir,
de onde captar recursos e se haverá algum tipo de distribuição de
lucros para os donos. Essas são decisões recorrentes e não ape-
nas realizadas uma ou outra vez, esporadicamente. Sendo assim,
Fonte: Fontes:
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.
precisamos de um sistema de informações gerenciais que possa
br/administracao/o-papel-contabilida- anteder a esse processo de tomada de decisão.
de-nas-micro-pequenas-empresas.htm

http://www.valor.com.br/empre-
sas/4241032/novas-regras-aprimoram-
Portanto, a Contabilidade e as Finanças
-conteudo-dos-relatorios são imprescindíveis para esse sistema!

12 13
1
A CONTABILIDADE
DENTRO DAS
ORGANIZAÇÕES

Olá! Meu nome é professor Poueri. Nesta obra nós iremos abor-
dar assuntos relativos à Contabilidade e à Finanças, ambas as
áreas que subsidiam teórica e tecnicamente a Gestão Financeira.
Inicialmente, vamos ver neste capítulo aspectos importantes das
demonstrações contábeis, peças fundamentais no processo de
análise e controle empresarial. Para isso, alguns conceitos e mo-
delos contábeis serão sintetizados no capítulo que se inicia.

selfie da empresa
circulante
balanço patrimonial ativo não circulante
circulante
passivo
não-circulante
patrimônio líquido
regime de caixa

regime de competência
demonstrações contábeis
demonstração do fluxo de caixa
demonstração do resultado do exercício
atividades operacionais
resultado das operações
atividades de investimento

atividades de financiamento

14 15
2
INDICADORES DE
DESEMPENHO DAS
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS

Neste capítulo, com base no que revimos sobre demonstrações


contábeis (ou financeiras), vamos aprender a calcular e a interpretar
uma série de indicadores que podemos desenvolver a partir das
demonstrações. Por muitos anos, esses indicadores têm servido
como auxiliares no processo de análise para diversos usuários da
informação contábil, tanto interna como externamente à empresa.

No caso dos usuários externos, como os credores e os investido-


res, os indicadores acabam sendo muito importantes haja vista
que apenas as demonstrações contábeis disponibilizadas servem
de base para suas análises. Assim, bancos, por exemplo, desen-
volvem modelos e procedimentos de análise de crédito que en-
volve a utilização de indicadores das demonstrações.

capital circulante líquido


vertical

demonstrações financeiras liquidez


horizontal análise financeira

contabilidade endividamento

finança
indicadores rentabilidade

finança
capital de giro
prazos médios

16 17
\ 2.1 \ Portanto, não há como se falar em importância ou superioridade,
Contexto e elementos da análise financeira mas em sinergia entre Contabilidade e Finanças: bons modelos
precisam de bons dados para atingir seu melhor desempenho!
No dia-a-dia das empresas, seus gestores necessitam obter res-
postas para perguntas importantes, como por exemplo: A Análise de Balanços, como é mais conhecida, avalia os efei-
tos de eventos econômicos sobre a situação financeira de uma
Quais investimentos de longo prazo devem ser empresa. Em outras palavras, por meio das demonstrações con-
feitos? Essa é uma decisão típica de orçamento tábeis é possível identificar as alterações ocorridas nas partes fi-
nanceira e econômica da empresa e analisar se as decisões de
de capital. investimento e de financiamento estão conduzindo a empresa a
aumentar sua lucratividade e, consequentemente à agregação de
Quais recursos devem ser obtidos para valor, utilizando-se para isso, de modelos de análise desenvolvi-
dos pela Administração Financeira.
financiar os investimentos? Essa é uma decisão
de financiamento.

Como investir no curto prazo e com quais Decisões de


recursos? Essa é uma decisão de curto prazo financiamento
(gestão do capital de giro). captação de
Todas essas decisões visam a obtenção de lucros, ou seja, a oti-
recursos
mização dos resultados da empresa e agregação ou criação de
Decisões de
valor para seus proprietários (acionistas ou sócios), bem como a investimento
remuneração para os demais stakeholders (agentes), campo esse aplicação de
estudado por Finanças e também pela Contabilidade.
\ stakeholders \ recursos
Grupos, públicos
Na verdade, deve se ter em mente um processo de interação en-
Decisões de
interessados ou “tipos
tre essas duas: enquanto os estudos de Finanças, muitas vezes, dividendos
de clientes” que
interagem com uma
partem de dados disponíveis no mercado, a Contabilidade busca financiamento
organização a todo
gerar dados dentro da empresa. Assim, a conciliação dessas duas
e de seus modelos de análise torna-se um ferramental muito po-
das atividades
momento.
deroso no auxílio do objetivo de indicar os melhores rumos para a
entidade (racionalmente falando).

O objetivo é extrair informações úteis dos dados apresentados


nas Demonstrações Contábeis para a tomada de decisões.
Ainda não entendeu
bem o que significa
A análise das demonstrações insere-se então, como ferramental
stakeholder? Busque
tanto para uma análise interna quanto externa à empresa, sendo
essa e outras Contabilidade finanças procurados os reflexos gerados pelo ambiente em que está inse-
expressões em: http://
rida a empresa. Numa abordagem sistêmica, significa entender
www.infomoney.com.br/
como a estrutura da empresa (em seus aspectos operacionais,
educacao/glossario
políticos e sociais) e o ambiente de mercado em que está inserida
estão afetando sua posição econômico-financeira.
Podemos, então, visualizar essa área de interseção entre as duas
quando fazemos a análise de demonstrações contábeis, utilizan-
do os dados sistematizados pela Contabilidade através dos mode-
los de análise desenvolvidos em Finanças.
18 19
CONTEXTO/AMBIENTE Como sabemos, os usuários têm interesse por informações dife-
rentes, pois as relações e transações que mantêm com a empre-
sa se diferem. Contudo, as demonstrações contábeis são prepa-
radas de uma maneira geral, seguindo um modelo sem privilegiar
algum tipo de usuário. Por isso, cada um precisa saber ler e en-

Reflexos nas FORNECEDORES tender as informações contidas nas demonstrações.

INTERNO EXTERNO Demonstrações Os Fornecedores, por exemplo, estão preocupados com a capaci-
Contábeis dade de pagamento da empresa, haja vista que a falta de liquidez
de seu cliente poderá comprometer seu fluxo de caixa. Do outro
clientes lado, Clientes se preocupam com situações de porte e risco de
seu fornecedor, visto que podem ser necessários investimentos
para que o mesmo tenha condições de honrar o contrato estabe-
Procura-se fazer um diagnóstico da situação da empresa e de sua
lecido. Em grandes cadeias, como a automobilística, as montado-
tendência, avaliando-se pontos críticos (positivos e negativos), o
concorrentes ras analisam as capacidades de produção, expansão e de realiza-
que gerará informações para, por exemplo, propostas de solu-
ção (P&D) de seus fornecedores para minimizarem riscos futuros
ções ou incremento das políticas/ações em determinado negócio.
de não atendimento de pedidos.
Tem, portanto, uma visão estratégica, quando observa a con-
A concorrência obviamente não dorme e se puder, tentará apren-
tinuidade da entidade, verificando suas limitações e/ou poten-
cialidades, como também uma visão prospectiva, buscando a
bancos der ao máximo sobre o que os outros fazem e como fazem. E para
isso, a análise das demonstrações pode ser utilizada para compa-
partir de dados e informações do passado identificar tendên-
rar possíveis estratégias adotada e seus impactos. Existem mo-
cias para o futuro.
delos de análise de concorrência que levam a adotar a pratica da
imitação, ou seja, colocar-se no lugar da outra empresa e verificar
dirigentes o que acontece com seus indicadores econômicos e financeiros.

Bancos talvez sejam os maiores usuários de análise financeira,


VISÃO VISÃO devido à atividade de concessão de crédito. Fazem uso de sofis-
ESTRATÉGICA previsional empregados ticados sistemas de análise de crédito, denominados Credit Sco-
ring, de maneira a minimizar erros de concessão de recursos a
possíveis maus pagadores. Além disso, essa análise serve para
estabelecer limites máximos de valores a serem alocados por
continuidade (futuro) PASSADO governo
clientes, possibilitando aos bancos diversificarem seu risco. Po-
demos até mesmo segregar um pouco mais o interesse por tipo
de área de atuação dessas instituições:

limitações / FUTURO • Bancos comerciais - foco no crédito a curto prazo – preocupados


potencialidades com nível de endividamento do cliente;
• Bancos de investimento - financiamento a longo prazo – viabili-
dade dos projetos em que serão alocados os recursos;
• Crédito Imobiliário - financiando as operações das construtoras
Assim, serve de suporte para todos os usuários das demonstra-
– carteira de mutuários e sua capacidade de honrar os contratos
ções contábeis, cada um buscando um tipo de informação dife-
de longo prazo;
rente. Mas quem são esses usuários?
• Sociedades financeiras – financiamento do crédito direto ao
consumidor através de lojas de varejo – hedge com a figura de
securitização ou corresponsabilidade em caso de inadimplência
USUÁRIOS do consumidor.

No Brasil, especificamente, como temos um governo sempre


precisando de “dinheiro”, os bancos têm um grande incentivo

20 21
para emprestar para esse em detrimento da sociedade em geral, A primeira limitação é derivada de falhas em processos e contro-
até mesmo porque o risco é minimizado assim. Portanto, cada les internos da empresa, desde o âmbito operacional, permeando
vez mais vemos uma análise maior da capacidade de pagamento os processos financeiros até chegar à contabilidade. Ter um “su-
do que da análise financeira em si. Para uma economia como a per” sistema de gestão de última geração não resolve a má qua-
nossa, com mercado de capital pouco desenvolvido, o custo do lidade dos controles e registro das transações. Isso tem sido um
dinheiro é elevado! dos maiores problemas para a contabilidade e afeta diretamente
Qualidade as demonstrações contábeis. Mesmo empresas submetidas a
Os dirigentes ou gestores da empresa, bem como os donos (só- dos dados processos de auditoria externa enfrentam esse tipo de problema,
cios ou acionistas) também podem fazer uso de tais análises, o que pode, em alguns casos, levar à descoberta de verdadeiras
que lhes garante modelos de acompanhamento de desempenho fraudes!
da atividades da empresa. No capítulo 3, veremos como podemos
usar os indicadores de análise financeira em um mapa de análise Disponibilidade A última limitação é, talvez, a mais importante e, muitas vezes,
de toda a empresa e como as decisões tomadas se refletem nos a mais difícil de quantificar em uma análise financeira, exigindo
de tempo na
mesmos, com base nas simulações orçamentárias. muitas vezes o desenvolvimento de cenários probabilísticos e en-
preparação tendimento das relações de variáveis macroeconômicas com a
Empregados, sindicatos e/ou associações de classe também se empresa.
interessam pelas demonstrações contábeis, especialmente pela
informação de resultado do período. Em negociações salariais, Neste contexto e rol de variáveis macroeconômicas, bem conhe-
Ajustamentos das
saber se a empresa está ofertando o que pode e o que deve, cida é a inflação, que até 1995 possuía seus efeitos reconhecidos
faz diferença. Também, saber sobre as perspectivas de trabalho é
demonstrações nas demonstrações.
(câmbio, adaptação a normas
importante, uma vez que a situação financeira da empresa pode internacionais)
estar em um momento que os postos de trabalho correm algum A partir da Lei 9.249/1995, não foi possível mais esse reconheci-
tipo de risco; sendo assim, é importante saber o que se pode mento, o que pode induzir, em certos casos, a situações de uma
negociar em termos de manutenção dos postos com alternativas informação menos correta ou até errada. Coisas do Brasil! E nos
de trabalho, como redução de jornada de trabalho ou mesmo de tempos atuais, parece que esse “fantasma” está ressurgindo!
Conjuntura
férias coletivas! DICA \ depois do plano real
econômica
Visite o link a seguir e veja o que aconteceu com o poder
E ainda temos o governo em todas as suas esferas, que mes-
mo tendo informações prestadas sob medida, via as declarações
a que as empresas estão obrigadas, ainda assim recorre às de-
monstrações públicas quando algo precisa ser analisado. Por O CRESCIMENTO DA INFLAÇÃO NOS ÚLTIMOS ANOS
exemplo, em caso de concorrências e licitações, a apresentação
e o atendimento a determinados parâmetros em termos de in-
dicadores de liquidez está previsto na Lei Geral das Licitações
(Lei 8.666/95). Outros aspectos que envolvam o desenvolvimento
econômico e de novas políticas podem ser trabalhados a partir
da análise de um conjunto de demonstrações de empresas de
determinado setor ou região, também.

Como são utilizados modelos, que visam representar de forma


simplificada os complexos econômicos em que se insere a em-
presa, existem algumas limitações que afetam a análise de de-
monstrações contábeis, como as relacionadas a seguir:

LIMITAÇÕES

22 23
de compra do Real após 21 anos do último grande plano
econômico brasileiro!
x1 x2
Caixa 2.400 3.400
http://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/re- Ativo 540.300 659.000
dacao/2015/07/01/em-21-anos-real-
-perde-poder-de-compra-e-nota-de-
-r-100-vale-agora-r-1990.htm Horizontal 3.400 x 100 = 42% ou 142
2.400

Vertical 2.400 x 100 = 0,44% 3.400 x 100 = 0,51%


\ 2.2 \ 540.300 659.000
Índices de análise financeira
As primeiras técnicas de análise financeira
se constituíam em um processo de anali- Vamos conhecer agora os principais índices e indicadores utiliza-
sar a evolução dos valores das demonstra- dos na análise de balanços, verificando os aspectos relevantes da
ções, em níveis de cada conta, grupo ou informação gerada por eles.
mesmo totais. Também se fazia uma aná-
lise da representatividade de cada conta
ou grupo das demonstrações em relação
Capital Circulante Líquido
ao valor total do patrimônio (ativo) da em-
O Capital Circulante Líquido (CCL) também é conhecido como ca-
presa.
pital de giro e tem o papel de servir como fonte de recursos para
as operações das empresas. Sua composição pode ser entendida
Essas duas análises são a análise hori-
como recursos de curto e de longo prazos a serem utilizados para
zontal (medir a variação entre os perío-
subsidiar o dia a dia da empresa e sua necessidade de capital de
dos) e a análise vertical (medir a repre-
giro (estudaremos essa mais à frente!).
sentatividade de valores em relação ao
todo). Observe, a seguir, a diferença en-
Enquanto indicador, tem como objetivo verificar se existe folga
tre a análise horizontal e vertical.
nos ativos de curto prazo, circulante, em relação aos passivos de
curto prazo. Portanto, o CCL são os recursos não–circulantes in-
Considere que a empresa tenha essas
vestidos no Ativo Circulante (Capital de Giro), ou a folga financeira
informações disponíveis em seu Balan-
da empresa.
ço Patrimonial, sobre o saldo da conta
Caixa e o total do Ativo. Com a análise
Não se pode dizer, a rigor, que o Patrimônio Líquido está investido
horizontal podemos medir a evolução (ou não) da conta Caixa,
no Ativo Não Circulante ou que o Passivo Circulante está aplicado
que no exemplo, teve crescimento de 42%. Isso parece muito
no Ativo Circulante; isso é apenas uma simplificação teórica para
representativo! Já, pela análise vertical, conseguimos avaliar a
fins de se calcular o CCL.
representatividade da mesma conta dentro de toda a estrutura
patrimonial da empresa, comparando-a com o valor total do Ativo.
Vemos que essa conta tem pouco “peso” ou relevância estática A fórmula para obter o valor do CCL é:
no todo, visto que representa aproximadamente 0,5% do total CCL= Ativo Circulante - Passivo Circulante
de Ativo. Assim, mesmo tendo um desempenho de 42% o seu
impacto é pequeno em termos de relevância na estrutura como Contudo, quando nos lembramos da equação geral da estrutura
um todo. patrimonial (Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido), podemos
analisar de outra maneira e mais adequada o CCL.
Ela é muito utilizada em termos de acompanhamento de orça-
mento, para verificar como está o desempenho do mesmo.
Veja a seguir o desenvolvimento realizado:
24 25
CCL = (PL + PNC) - (ANC) odo para o outro, indicando que a empresa conseguiu por diversas
razões, aumentar sua folga financeira. A variação do CCL é explicada
por meio da DOAR, demonstração não mais obrigatória para fins de
Recursos Aplicações não divulgação, que foi substituída pela DFC. Conseguíamos observar
não circulantes circulantes
melhor os fluxos de fundos bem como os efeitos de decisões nas
CCL = (PL - (AI + AI + AI + RLP) ) + PNC contas de longo prazo, em termos de impacto financeiro no CCL.

Capital Próprio Capital de


(Prazo indeterminado) Terceiros DICA \ DOAR vs DFC
Faça uma pesquisa sobre como era a DOAR e qual a
Na verdade, a fórmula inicial anterior de CCL = AC – PC é mera-
diferença entre ela e a DFC. A partir das novas normas de
mente uma facilidade matemática de cálculo. O conceito de CCL
contabilidade no Brasil, sustentadas pela Lei 111.638/2007, a
fica adequado como capital de giro quando observamos que ele
DOAR deixou de ser obrigatória e passamos a adotar a DFC.
vem da SOBRA dos recursos de longo prazo obtidos pela em-
O que você pensa: deveríamos não fazer a DOAR e utilizar
presa, utilizados, normalmente, para fazer frente às aplicações
apenas a DFC?
de longo prazo (AI+AI+AI+ RLP). Se os recursos superarem as
aplicações, resta a folga financeira que será utilizada no giro da
empresa.

Veja na figura a seguir a ilustração do que foi dito: Índices de Liquidez


Os índices de liquidez mostram a base financeira da empresa,
identificando a sua solidez. Esses índices buscam evidenciar a
conversibilidade dos capitais de uma empresa em disponibilida-
des, suficientes à liquidação dos compromissos assumidos.
BALANÇO PATRIMONIAL BALANÇO PATRIMONIAL
31.12.X1 31.12.X2 Vale destacar que mais importante que a liquidez do empre-
endimento em caso de liquidação (liquidez real) é a análise da
capacidade da empresa em conservar-se como um empreendi-
Ativo mento bem sucedido, e que salda seus compromissos em dia
PASSIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE (liquidez técnica).
Ativo circ.
circ. Os índices de liquidez, portanto, evidenciam a situação financeira
CCL X1
da empresa enquanto um aspecto estático. Vale ressalvar que a
CCL X2 capacidade de pagar ou saldar dívidas, neste contexto, queira di-
CCL zer pagar ou saldar em dia ou no prazo os seus compromissos.
Lembre: estamos analisando demonstrações contábeis de um
período maior; o fluxo de caixa do setor financeiro é que indica se
a empresa paga ou não em dia!

De acordo com Silva (1999, p.319): “o principal objetivo da análise


da liquidez de uma empresa reside em identificar sua capacidade
Podemos observar que o CCL não é o excesso de AC em relação
de honrar seus compromissos de curto prazo.”
ao PC, mas o recurso que excede as aplicações de longo prazo da
empresa. O CCL é uma fonte de capital de giro para a empresa
e como tal deve estar do lado direito da estrutura patrimonial. O
excesso de AC operacionais em relação aos PC operacionais é
denominado de Necessidade de Capital de Giro ou NCG (veremos
mais adiante!). O CCL serve como fonte para o auto-financiamen-
to da NCG.

Na situação ilustrada o que se vê é o aumento do CCL de um perí-


26 27
INDICADORES DE LIQUIDEZ \ O resultado será um número índice, tendo 1 como base.
Índice Objetivo Fórmula Ativo e Passivo Se a Liquidez Se a Liquidez
Circulantes, se Corrente > 1 Corrente < 1
Liquidez imediata (LI) Identifica a capacidade da empresa saldar suas Disponível /
dívidas de curto prazo, imediatamente. Passivo Circulante Adicionar um
Diminui LC Aumenta LC
valor igual
Liquidez corrente (LC) Proporciona uma medida da margem de segurança Ativo Circulante /
da empresa para satisfazer às obrigações que Passivo Circulante Subtrair um
vencerão no exercício corrente. Verificamos a Aumenta LC Diminui LC
valor igual
conversibilidade de todo o ativo circulante da
entidade objetivando a liquidação da dívida no
mesmo prazo. Esse tipo de prática é denominado “Gerenciamento de Re-
sultados” ou Earnings Management!
Liquidez seca (LS) Similar ao de liquidez corrente. Desconsideram- Ativos de rápido giro /
se os itens do ativo circulante que não possuem Passivo Circulante
prazo certo de recebimento. Toma-se por base, ou, o mais utilizado,
somente os itens monetários, medindo-se o grau (Ativo Circulante –
de excelência da situação financeira da empresa. Estoques) / Passivo
Circulante
DESAFIO 1 \ Cálculo e análise – Índices de Liquidez
Liquidez geral (LG) Mede quanto a empresa possui de recursos (Ativo Circulante +
Sua vez de colocar em prática o que acabou de aprender!
não-imobilizados em ativos fixos, em relação a Realizável a Longo Prazo)
cada unidade monetária de sua dívida. Aponta-se /( Passivo Circulante + Calcule e faça a análise dos índices de liquidez a partir das informações da Natura disponíveis
desta forma, a proporção dos bens e direitos a Passivo Não Circulante) em: http://br.investing.com/equities/natura-on-nm-balance-sheet
serem realizados no curto e longo prazos, contra
o volume de dívidas totais da empresa. Verifica-
se aí, a segurança da empresa visando o seu 2016 2016 2016 2016
Encerramento do Exercício:
crescimento. 30/09 30/06 31/03 31/12
Total do Ativo Circulante 2016 5.000,88 5.427,96 6.018,71
\ observação \ DICA \ Atenção com a leitura dos índices! Caixa e Investimentos de Curto Prazo 2.298,93 1.819,98 2.272,18 2.424,12
Esses indicadores não medem a Caixa - 180,59 230,92 248,51
efetiva capacidade da empresa 1 \ Fique atento na hora de analisar os índices de liquidez: Caixa e Equivalentes de Caixa 1.091,47 604,42 965,89 1.103,51
de liquidar seus compromissos • Liquidez Corrente maior do que 1 significa folga financeira Investimentos de Curto Prazo 1.207,46 1.034,97 1.075,36 1.072,1
nos respectivos vencimentos,
para manobras financeiras em caso de situações adversas Contas a Receber, Líquido 1.381,31 1.262,25 1.269,43 1.099,59
mas apenas evidenciam o grau de
solvência em caso de encerramento
do mercado! Contas a receber - Comércio, Líquido 1.051,9 947,16 957,87 791,1
total das atividades. • Liquidez Seca precisa ser conjugada com a análise da Li- Inventário 835,92 1.024,29 1.039,29 1.082,98
quidez Corrente, para medir o impacto dos Estoques, por Despesas Antecipadas - - - -
exemplo! Outros Ativos Circulantes, Total 286,74 330,36 419,98 821,27
• Liquidez Geral maior do que 1 significa que o Patrimônio Total do Ativo 8.421,58 7.947,71 8.477,13 8.840,54
Líquido gera recursos na forma de capital de giro (deno- Imobilizado - Líquido 1.734,69 1.707,29 1.717,73 1.739,66
minado de capital circulante permanente ou CCP – é uma Imobilizado - Bruto - 2.691,62 2.663,02 2.654,47
folga financeira gerada por recursos próprios!) Depreciação Acumulada, Total - -984,33 -945,29 -914,81
• Liquidez Geral menor do que 1 indica insuficiência de re- Ágio, Líquido - 88,13 84,45 96,72
cursos para cobrir as dívidas totais, servindo de alerta. As Intangíveis, Líquido 784,25 681,6 669,15 690,49
dívidas de longo prazo não vencem imediatamente, as- Investimentos de Longo Prazo - - - -
sim, a empresa poderá gerar recursos futuros para seus Realizável a Longo Prazo 280,63 281,42 283,99 286,9
pagamentos. É necessário analisar a capacidade de gera- Outros Ativos de Longo Prazo, Total 819,1 752,41 720,94 598,8
ção de caixa da empresa e sua tendência. Outros Ativos, Total - - - -
Total do Passivo Circulante 4.177,9 4.280,73 4.478,89 4.526,13
2 \ Armadilhas matemáticas: inclusão e/ou exclusão de nú- A Pagar/Acumulado 814,94 697,03 742,04 797,42
meros idênticos – afeta os índices, devido ao impacto A Recolher/Auferidos - - - -
causado nas contas contábeis! Impacto no índice de li- Investimentos de Curto Prazo 208,11 237,74 223,34 196,09
quidez corrente: Notas a Receber/Empréstimos de Curto Prazo - - - -
Parcela Circulante das Obrigações de Arrendamento
1.764,49 1.950,68 2.133,36 2.201,77
Mercantil
Outros Passivos Circulantes, Total 1.390,36 1.395,28 1.380,16 1.330,86

28 29
Total do Passivo 7.425,19 7.036,72 7.684,62 7.958,29
Total de Endividamento de Longo Prazo 2.625,68 2.124,22 2.601,72 2.983,4
Endividamento de Longo Prazo 2.625,68 2.124,22 2.601,72 2.983,4
Obrigações de Arrendamento Mercantil - - - -
Total de Endividamento 4.390,17 4.074,9 4.735,08 5.185,16
Imposto de Renda Diferido 23,77 25,43 24,66 28,59
Participação de Acionistas Não Controladores - 46,72 45,23 48,22
Outros Passivos, Total 597,84 559,62 534,1 371,96
Total do Patrimônio Líquido 996,38 910,99 792,51 882,25
Ações Preferenciais Resgatáveis - - - -
Ágio, Líquido - - - -
Ações Ordinárias, Total 427,07 427,07 427,07 427,07
Capital Social Integralizado Adicional 47,48 46,26 42,3 -
Lucros Retidos (Prejuízos Acumulados) 684,19 521,76 448,69 474,22 Índices de Endividamento
Ações em Tesouraria - Ordinárias -37,15 -37,15 -37,85 -37,85
Garantia de Dívida de Opções de Compra de Ações - - - - Os índices de endividamento nos auxiliam a estudar as fontes
Ganho/(Perda) não Realizado(a) - - - - de capital da empresa, mostrando a relação entre o patrimônio
Outros Patrimônios Líquidos, Total -125,22 -46,96 -87,7 18,81 líquido (capital próprio) e os passivos da empresa oriundos de em-
Total do Passivo e Patrimônio Líquido 8.421,58 7.947,71 8.477,13 8.840,54 préstimos ou financiamentos (capital de terceiros).
Total do Passivo e Patrimônio Líquido 7.947,71 8.477,13 8.840,54 9.394,98
Ações Ordinárias em Circulação 430,28 430,28 430,28 430,28 Além disso, nos auxiliam a avaliar a “qualidade” das dívidas da
empresa e se sua concentração é de curto ou longo prazo.
Calcule:
Existe qualidade em se endividar? “Tás” brincando, né?
Índice de liquidez 2012 (base) 2013 2014 2015
Na verdade, o termo qualidade se refere ao tipo de dívida que a
Liquidez Imediata empresa (seus gestores) contraem. Se houver por parte deles
uma análise de aplicação dos recursos para saber se de fato os ju-
Liquidez Corrente ros cobrados pelo recurso serão investidos em projetos ou outros
eventos que lhe trarão um retorno superior, pode-se dizer que
existe uma dívida ou um passivo com qualidade.
Liquidez Seca

Muitas empresas agonizantes (em severa crise financeira), aca-


Liquidez Geral
bam sendo tentadas e “pecam” ao se endividar de maneira a
apenas tentar manter seu fluxo de caixa em dia, contraindo, por
exemplo, dívidas com juros exorbitantes, como conta garantida
ANÁLISE: ou até mesmo a agiotas – é, mesmo sendo ilegal, até empresas
às vezes recorrem a eles; desespero é algo muito mais forte do
imaginamos! Isso infelizmente é um remédio amargo e ineficaz,
levando na grande maioria, as empresas doentes a sua total der-
rocada e, às vezes, seus sócios também.

Por isso, muitas vezes tem-se aversão a se endividar, mas muito


porque as taxas de juros praticadas no Brasil para empresas são
muito altas e não atendem às necessidades de recursos para in-
vestimentos e posterior geração de caixa pelas atividades. O que
conta, com frequência, é a capacidade de pagar as parcelas e ter
um ótimo ativo a ser dado em garantia para quem financia. Isso
torna a atividade empresarial bem desafiadora, não acha?

30 31
Mas, têm aqueles que, de fato e corretamente, conseguem rom-
per essas dificuldades e fazem o bom uso de sua capacidade de
endividamento, por meio de decisões de financiamento adequa-
das e bem analisadas.

Existem até mesmo empreendimentos que não conseguiriam


operar se não estivessem totalmente endividados! Imagina
quem? Não, não é seu tio e o negócio dele de vender tranqueiras!
São os bancos (ou instituições financeiras)! Se não fossem suas DESAFIO 2 \ Índices de liquidez e endividamento da Localiza
dívidas, eles quebrariam rapidamente!
Vamos analisar a Localiza? Calcule e faça a análise dos índices de liquidez e endividamento
para os anos de 2012, 2013 e 2014, a partir das informações disponibilizadas em seu site:

INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO \ O resultado será um % de representatividade. http://localiza.riweb.com.br/listresultados.aspx?idCanal=itioSHxsne/DVY1QY8axbA==

Índice Objetivo Fórmula Analise os índices por ano e compare o comportamento de cada um deles no decorrer dos 3 anos.
Participação de Capital Mostra o volume de recursos tomados pela (Capitais de Terceiros
de Terceiros empresa, junto a terceiros, para cada 100 unidades – PC+PÑC/Patrimônio
monetárias de capital próprio. Verifica a quantidade Líquido) x 100 Ativos 2010 2011 2012 2013 2014
de recursos de terceiros que a empresa terá
que suplementar, com seus recursos próprios, Ativos circulantes
objetivando a manutenção de suas atividades. Caixa e equivalentes de caixa 415,7 711,0 823,9 1.010,7 1.390,2
Composição do Obtém-se o percentual de obrigações a curto (Passivo Circulante/
Contas a receber 274,8 353,4 361,1 408,3 459,6
endividamento prazo, da empresa, em relação à sua dívida Capitais de Terceiros –
total. Desmembra-se o volume total das dívidas, PC+PÑC) x 100 Outros ativos circulantes 40,7 54,1 50,0 57,9 94,6
identificando as parcelas de curto e longo prazos
Carros em desativação para renovação da
(qualidade do endividamento). 20,1 29,0 13,3 16,5 18,3
frota
Endividamento oneroso Identifica o percentual das dívidas onerosas, em (Recursos Onerosos/
Total dos ativos circulantes 751,3 1.147,5 1.248,3 1.493,4 1.962,7
relação aos capitais próprios da empresa. Patrimônio Líquido) x 100
*somente dívidas que Ativos não circulantes
geram pagamento de
juros Realizável a longo prazo:

Imobilização do Apresenta quantas unidades monetárias a (Ativos Investimentos + Aplicação em títulos e valores mobiliários 92,6
Patrimônio Líquido empresa aplicou nos ativos permanentes, para Imobilizado + Intangível)/
Contas a receber 4,0 7,1 3,2
cada 100 unidades monetárias de capital próprio. (Patrimônio Líquido) x
100 Depósitos judiciais 24,8 25,0 23,0 38,1 41,9
Imobilização dos Indica o percentual dos recursos não correntes, [(Ativos Investimentos + Imposto de renda e contribuição social
recursos não correntes destinados ao ativo permanente da empresa. Imobilizado)/(Patrimônio 24,0 19,8 24,5 32,4 32,8
diferidos
Refere-se à parcela de recursos não correntes que Líquido + Passivo Não
financia o ativo permanente. Circulante)] x 100 Outros ativos não circulantes 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Total do realizável a longo prazo 48,9 44,9 51,6 77,7 170,6
Imobilizado:
Carros 2.427,4 2.652,7 2.534,3 2.781,4 3.278,0
Outros 114,9 141,7 171,0 166,1 203,9
Intangível:
Ágio na aquisição de investimentos 4,5 4,5 4,5 12,3 22,0

Software 7,7 18,3 36,2 47,3 60,3


Total dos ativos não circulantes 237,74 223,34 196,09 201,2 201,2
Total dos ativos 1.950,68 2.133,36 2.201,77 2.161,38 2.161,38

32 33
Índices de Rentabilidade
Passivos 2010 2011 2012 2013 2014
Estes indicadores mostram qual a rentabilidade dos capitais in-
Passivos Circulantes
vestidos, ou seja, quanto renderam os investimentos realizados
Fornecedores 443,0 488,7 356,2 460,5 828,4 pela empresa, identificando o grau de êxito econômico, ou pelos
Salários e encargos 58,0 58,7 53,2 73,9 86,3 sócios, avaliando o retorno para eles da decisão de investir (e con-
tinuar investindo) na empresa.
Empréstimos, financiamentos e debêntures 233,7 130,9 210,1 275,4 300,9
Imposto de renda e contribuição social a pagar 22,7 32,5 26,0 35,2 41,3 Por meio desses indicadores, pode-se fazer uma melhor avaliação
Dividendos e juros sobre o capital próprio a pagar 40,2 38,3 18,7 53,1 59,2 da eficiência dos administradores, em termos da sua capacidade
de gestão. São medidas que relacionam os retornos da empresa
Outros passivos circulantes 36,1 44,7 70,0 78,6 82,3
às suas vendas, aos seus ativos, ou ao seu Patrimônio Líquido,
Total dos passivos circulantes 833,7 793,8 734,2 976,7 1.398,4 esse último visto como o capital próprio dela e que representa a
Passivos Não Circulantes quantidade investida e mantida pelos sócios no negócio.

Empréstimos, financiamentos e debêntures 1.463,1 1.943,5 1.845,0 2.068,1 2.411,6


A essência desse tipo de indicador é avaliar, como em qualquer
Provisões 42,5 30,1 35,2 50,9 69,9 investimento, o que se obteve de lucro (ou retorno) ao final de
Imposto de renda e contribuição social diferidos 81,6 92,4 76,8 111,8 138,9 um período. Como temos os ativos tratados por investimento re-
alizado pela empresa (decisões de investimentos), conforme os
Outros passivos não circulantes 35,1 29,2 30,0 29,5 23,2
recursos que ela captou, próprios ou de terceiros (decisões de
Total dos Passivos Não Circulantes 1.622,3 2.095,2 1.987,0 2.260,3 2.643,6 financiamentos), a avaliação que se pode fazer é em relação ao
Total dos Passivos 2.456,0 2.889,0 2.721,2 3.237,0 2.643,6 retorno dos ativos versus o custo do capital investido ou versus
o volume investido de recursos. Ambas são importantes, sendo
Património Líquido
que a última é mais simples e objetiva, enquanto que a outra re-
Capital social 601,7 601,7 601,7 976,7 976,7 laciona melhor retorno com custos de oportunidades e de capital
Reservas de lucro 273,9 499,8 675,0 334,3 638,4 da empresa, em que se pode avaliar em conjunto com o endivi-
damento (que acabamos de estudar), se a estrutura de capitais
Reservas de capital 12,0 19,0 48,0 30,2 40,4
é favorável ou não ao negócio e aos seus sócios. Essa análise é
Ajustes de avaliação patrimonial 11,1 0,1 conhecida por Alavancagem Financeira – é o que os bancos sa-
Total dos Ativos Não Circulantes 898,7 1.120,6 1.324,7 1.341,2 1.655,5 bem muito bem fazer: pegam dinheiro a taxas menores do que as
taxas que emprestam o mesmo recurso! Esperteza, certo? Não,
Total dos Passivos e do Património Líquido 3.354,7 4.009,6 4.045,9 4.578,2 5.697,5
análise financeira pura e excelente conhecimento de contabilida-
de, afinal, passivos não são ruins, são apenas fontes de recursos!

Índice 2012 2013 2014 Um ponto interessante é entender o significado dos termos ren-
tabilidade e lucratividade. Não são sinônimos! Lucratividade é
Liquidez Imediata uma relação entre o Resultado e a Receita de Vendas da empresa,
representando quanto ela consegue manter para si dos recursos
recebidos (ou a receber) de seus clientes, o que normalmente é
Liquidez Corrente
denominado por margem. Já rentabilidade é a ideia de retorno
de investimento mesmo, como uma aplicação financeira pessoal
Liquidez Seca
que se quer saber ao final de um período o que ela rendeu ou
produziu de retorno financeiro ou econômico. São conceitos ad-
Liquidez Geral
jacentes e que precisam ser considerados juntos, visto que uma
Participação de empresa lucrativa pode ser também rentável, mas não necessa-
Capital de Terceiros riamente o será!
Composição do
Endividamento

34 35
INDICADORES DE RENTABILIDADE \ O resultado será um % de representatividade ou um número-índice, caso a caso.
Localiza Fleet S.A.: sociedade anônima de capital fechado que conduz o negócio de gestão
Índice Objetivo Fórmula de frotas.
Giro do Ativo Mostra quanto a empresa vendeu para cada Receita Líquida /
unidade monetária de investimento total. Ativo Total Localiza Franchising Brasil S.A.: sociedade anônima de capital fechado que conduz os negó-
Apresenta, portanto, o volume de vendas da cios de franquia da marca “Localiza” no Brasil.
empresa em relação ao capital total investido.
Mede-se desta forma, a eficiência na utilização do
ativo com a finalidade de gerar receitas. Algumas Localiza Serviços Prime S.A. (“Prime”): sociedade anônima de capital fechado que conduz
considerações adicionais devam ser feitas, tais principalmente a intermediação na venda dos carros desativados previamente utilizados pela
como: observar, por exemplo, se ocorreu retração Localiza e Localiza Fleet e prestação de serviços e negociação com oficinas mecânicas de
do mercado de atuação da empresa em análise
outros fornecedores, verificação de sinistros, aprovação dos orçamentos e aprovação dos
ou se ocorreu perda na participação de mercado e
quais são as estratégias da empresa. serviços realizados, gestão de informações e de documentos comprobatórios dos sinistros.”

Margem Líquida Indica quanto a empresa obtém de lucro, (Lucro Líquido / Receita
para cada 100 unidades monetárias vendidas, Líquida) x 100 Localiza
Localiza Serviços
apontando a eficiência global da empresa. 30/09/15 Localiza Fleet Franchising
Prime
Brasil
Rentabilidade do Ativo Verifica-se quanto a empresa obtém de lucro para (Lucro Líquido / Ativos
cada 100 unidades monetárias de investimento AtivoTotal) x 100
total. Tem-se a relação lucro líquido x ativo que * esse é o modelo mais Circulantes 239.990 17.551 142.579
mede o potencial de geração de lucros por parte utilizado para cálculo
da empresa. Através desse indicador, avalia-se a desse indicador, mas Não Circulantes:
capacidade da entidade de gerar lucros, podendo possui inconsistências Realizável a longo prazo 19.064 2.968 3.393
assim, capitalizar-se. Determina, portanto, a técnicas. É uma variação
capacidade dos recursos aplicados no ativo, em do modelo original, o ROI Investimento 4
gerar lucros, o que resulta na principal fonte de – Return on Investment,
recursos da empresa (capacidade que os ativos conhecido como modelo Imobilizado 1.052.035 46
apresentam de gerar lucros). DuPont. Intangível 3.466 1.155

Rentabilidade do Aponta o volume de lucros (representatividade), (Lucro Líquido/ Total 1.314.559 21.720 145.972
Patrimônio Líquido que comporá o total dos capitais próprios da Patrimônio Líquido) x 100
Passivos
entidade, ou seja, quanto a empresa obteve de
lucro para cada 100 unidades monetárias de capital Circulantes 365.382 4.599 19.210
próprio investido. Obtém-se, portanto, qual a taxa
de rendimento do capital próprio (retorno dos Não Circulantes: 274.071 8.871 10.542
recursos próprios investidos na empresa), no final
Patrimônio Líquido 675.106 8.250 116.220
do exercício (taxa real, expurgada a inflação).
Total 1.314.559 21.720 145.972

Localiza
Localiza Serviços
9M15 Localiza Fleet Franchising
DESAFIO 3 \ Índices de Rentabilidade da Localiza Brasil
Prime

Demonstração dos resultados


A Localiza publica suas Demonstrações Contábeis trimestralmente. Confira algumas infor-
Receita Líquida 716.769 11.197 52.257
mações disponíveis no relatório do 3º trimestre de 2015.
Resultado Bruto 275.654 8.230 47.634
“Os negócios de aluguel de carros, gestão de frotas, franquias no Brasil e exterior são con- Resultado antes do Imposto de
224.956 9.334 12.729
duzidas pela Localiza ou por suas subsidiárias. Renda e Contribuição Social
Lucro (Prejuízo) Líquido 149.124 7.646 9.554
As operações das principais subsidiárias são definidas a seguir:

36 37
Ciclo operacional e financeiro
Calcule e faça a análise dos índices de rentabilidade de cada uma das subsidiárias da Localiza.
A situação dos ciclos operacional e financeiro é estudada por meio
Qual é a mais lucrativa e a mais rentável?
dos índices ou indicadores de prazos médios, abordados a seguir,
e proporcionam um conhecimento maior sobre certas políticas
Localiza adotadas pela administração da empresa. Assim, é possível en-
Localiza
Índice Localiza Fleet Franchising 2014 tão, avaliar se essas políticas estão adequadas ou não para aquela
Serviços Prime
Brasil
determinada empresa.

Giro do Ativo
Antes de prosseguirmos, é importante deixar claro que os índi-
ces que serão aprendidos aqui devem ser analisados de maneira
conjunta!
Margem Líquida

Vamos lá!
Rentabilidade do
Ativo
Com a finalidade de obter mais informação sobre o caixa da em-
presa (fluxos) e sobre o que se tem para receber ou pagar no fu-
Rentabilidade do turo (contas a receber e a pagar), estudaremos os prazos médios
Patrimônio Líquido
na perspectiva do impacto que provocam no ciclo financeiro da
empresa ou na sua Necessidade de Capital de Giro!

Feito isso, procure no site da Localiza e nas demonstrações contábeis do mesmo período as O primeiro deles é o Prazo Médio de Renovação de Estoque
informações necessárias para realizar os cálculos dos mesmos índices e veja se as subsidiárias (PMRE), que nos informa o tempo médio que as mercadorias fi-
dela têm lucratividade e rentabilidade iguais, maiores ou menores do que a própria Localiza! cam no estoque de uma empresa comercial.

(Utilize o Balanço Patrimonial do item anterior como auxílio ou link: http://localiza.riweb.com.br/ De forma similar, o Prazo Médio de Recebimento de Vendas
listresultados.aspx?idCanal=itioSHxsne/DVY1QY8axbA==:) (PMRV), informa qual é o volume de contas a receber em relação
à Receita Líquida da empresa. Tempo médio entre a venda e o
recebimento do dinheiro efetivamente.

Índice Localiza (dados das demonstrações consolidadas) O Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) é o tempo
médio entre a data da compra e o pagamento efetivo ao fornece-
dor.
Giro do Ativo
Todos eles geram uma informação de tempo médio em dias, com
base no ano calendário normal de 365 dias – existem aqueles que
Margem Líquida utilizam o ano comercial de 360 dias.

Rentabilidade
do Ativo

Rentabilidade do
Patrimônio Líquido

38 39
Fórmulas para seus respectivos cálculos: Ciclo Financeiro =
Ciclo Operacional - Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC)
Índices Fórmula
Podemos analisar os dois ciclos e avaliar a situação em que a
Prazo Médio de Renovação dos Estoques empresa se encontra. Vejamos exemplos:
Prazo Médio de Renovação dos
(PMRE) (Estoques/Custo das Mercadorias Vendidas) x 365 dias
Estoques (PMRE)
*ou Custo de Produtos Vendidos, no caso da indústria
A) F
 ornecedores financiando totalmente os Estoques e parte
Prazo Médio de Recebimento de dos Clientes da empresa. O Ciclo Financeiro restante preci-
(Duplicatas a Receber/Receita Líquida) x 365 dias
Vendas (PMRV) sará ser suprido com recursos do CCL e/ou de curto prazo.

Prazo Médio de Pagamento de


(Fornecedores/Compras) x 365 dias
Compras (PMRC) cOMPRA VENDA PAGAMENTO RECEBIMENTO

PMRE PMRV
Lembre-se de que a análise dos prazos médios somente é válida
quando feita em conjunto, ok? Ciclo Operacional

PMPC Ciclo Financeiro


Além dos prazos médios, é necessário analisar os ciclos operacio-
nal e financeiro da empresa.
B) F
 ornecedores financiando parte dos estoques apenas. O Ci-
O Ciclo Operacional corresponde ao tempo, em dias, decorrido
clo Financeiro maior do que a situação anterior precisará ser
entre a compra das mercadorias ou matérias-primas até o rece-
suprido com mais recursos, sejam de longo e/ou de curto
bimento das vendas. Portanto, é a soma dos prazos médios de
prazos.
renovação dos estoques e de recebimento de vendas.

Assim:
cOMPRA PAGAMENTO VENDA RECEBIMENTO
Ciclo Operacional = PMRE PMRV
Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) +
Ciclo Operacional
Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV)
PMPC Ciclo Financeiro

compra venda recebimento


A priori, não podemos dizer que uma situação é melhor do que
PMRE PMRV a outra. Podemos analisar sob a perspectiva de risco, em que
a situação A), indica um menor risco financeiro uma vez que a
empresa não necessita de recursos onerosos de dívidas, além
de conseguir um financiamento automático na sua operação,
Já o Ciclo Financeiro (ou Ciclo de Caixa), consiste no tempo, proveniente de seus Fornecedores e seu PMPC.
em dias, decorrido entre o momento em que a empresa desem-
bolsa o dinheiro (pagamento dos fornecedores) e o momento
em que recebe de seus clientes. Corresponde, assim, ao perí-
odo em que ela precisa de financiamento de sua necessidade
de Capital de Giro, que deveria ser suprido pelo seu CCL (folga
financeira) e/ou buscar recursos de curto prazo em instituições
financeiras, por exemplo.

40 41
Sendo o risco superior na situação B), cabe avaliar o tipo de
fontes de recursos que a empresa está utilizando (a qualidade
A Composição dos Estoques e de Compras na
das dívidas, lembra?). Um endividamento cujo custo financeiro análise de Prazos Médios
consiga ser tratado dentro de sua política de preço e margens
minimiza esse problema. Contudo, como muitas vezes vimos, O Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) analisa o
o endividamento bancário de curto prazo, por meio de conta impacto nos Estoques das políticas da gestão da empresa em
garantida ou mesmo desconto de recebíveis acaba se tornando relação aos seus controles e montantes investidos.
um problema quando a empresa não tem margens operacio-
nais positivas e suficientes. A alavancagem financeira torna-se Todas as decisões tomadas sobre esse item, desde a com-
negativa e consome o lucro e os fluxos de caixa da empresa e pra com novos fornecedores ou a implantação de sistemas de
dos donos dela! Produção Enxuta ou entrega programada (Just-in-time), afetam
esse indicador e, portanto, auxiliam na análise da empresa e de
suas operações relacionadas aos estoques.

No comércio, ele representa o prazo médio de estocagem de


DESAFIO 4 \ mercadorias, como já vimos anteriormente, e valemo-nos da
regra geral de inventário e cálculo do CMV pela diferença entre
Uma empresa poderia ter um Ciclo Financeiro negativo? Isso seria bom ou ruim? Por quê?
estoques inicial e final de períodos (Custo da Mercadoria Ven-
Explique sua resposta.
dida = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final).

Diferentemente da atividade comercial, na indústria o PMRE


representa o prazo médio de produção e estocagem de pro-
dutos. Considera desde a entrada dos insumos, passando por
processos de transformação ou equiparáveis até o ponto final
do armazenamento para entrega após a venda.

Custo do Produto Vendido =


(+) Estoque Inicial de Matéria-Prima
(+) Estoque Inicial de Produto em Produção
(+) Estoque Inicial de Produto Acabado
(+) “COMPRAS”
(–) Estoque Final de Matéria-Prima
(–) Estoque Final de Produto em Produção
(–) Estoque Final de Produto Acabado

Mas e as Compras na indústria?


Nos Estoques industriais, temos todos os fatores de produção:
Matéria-Prima + Mão de Obra + Gastos Gerais de Produção,
que representariam o que foi adquirido ao longo de todo o pro-
cesso, sendo assim, é um pouco diferente a análise de Com-
pras no caso das indústrias.

42 43
O Prazo Médio de Pagamentos de Compras (PMPC) analisa a re-
lação Fornecedores/Compras. No caso de comércio, a avaliação
Contas Resultado 2014 2015
das Compras é obtida pelo ajustamento da fórmula de apuração
de custos (COMPRAS = Custo da Mercadoria Vendida - Estoque Receitas Líquidas 1.943.723 2.132.582
Inicial + Estoque Final), pois a conta Fornecedores refere-se ape-
(-) Custos serviços
nas às mercadorias para revenda, salvo alguma excepcionalidade. -1.272.665 -1.470.871
prestados

Para a indústria, como dito, Fornecedores incluem tanto “merca- Lucro Bruto 671.058 661.711
dorias” (peças, componentes, etc), quanto serviços adquiridos,
(-) Despesas Vendas -492.335 -537.890
como salários e obrigações trabalhistas da mão-de-obra direta,
serviços prestados por terceiros, gastos de manutenção, etc. (-) Desp. Adm. Gerais -98.964 -105.371
todos necessários para a produção.
(-) Desp. Financeiras -189.103 -187.340
Assim, no caso de análise de indústrias é necessária a avaliação
(+) Rec. Financeiras 60.158 20.291
de contas de Fornecedores e de Contas a Pagar, muitas vezes,
pois podem ter relação com a atividade produtiva. É necessário, Outras (desp.) Rec.
63.845 109.226
portanto, a informação por parte da empresa da composição de Operacional
seus diversos estoques e os respectivos saldos iniciais e finais. Result. Operacional /
14.660 -39.373
antes ir
Lembrando que, por ser informação entendida como estratégi-
(-) Provisão i.R. / Contrib.
ca, as empresas industriais apenas apresentam a informação do 1.101 26.386
Social
custo do produto vendido, sendo, às vezes, necessária alguma
estimação do que seriam os custos de produtos em elaboração. Participações Empregados -1.490 -

Participações Minoritários -352 309

Resultado Líquido 13.919 -12.678


DESAFIO 5 \
Agora, é a sua vez de demonstrar o que aprendeu! Faça o cálculo dos índices de Prazos Contas Ativo 2014 2015
Médios com os dados abaixo e faça a análise dos resultados (em conjunto), para os ciclos
operacional e financeiro. PMRE =

Contas Ativo 2014 2015 Contas Passivo 2014 2015 PMRV =

Circulante 583.934 591.887 Circulante 773.023 844.286


PMPC =
Financeiro 73.141 33.797 Financeiro 375.650 468.691
Ciclo Operacional =
Dívidas Instituições
Disponível 73.141 33.797 375.650 468.691
Financeiras Ciclo Financeiro (de caixa) =
Aplicações Financeiras - -

Operacional 510.793 558.090 Operacional 397.373 375.595 \ observação \ Analise os índices calculados considerando o tipo de em-
Em caso de dúvida sobre presa: você precisar “descobrir” qual o tipo dela!
Duplicatas a Receber 239.801 268.003 Fornecedores 50.083 50.209
algumas das contas,
Estoques 52.529 76.884 Tributos e Obrigações Sociais 79.440 81.615 pesquise o significado
dela em seu material
Créditos Tributários 122.031 116.980 Serviços a executar 134.384 118.780 de contabilidade e/ou
em um livro. A análise
Despesas Antecipadas 62.845 54.520 Provisões 68.728 84.406 correta depende de ter
compreendido o que as
Outros a.C. 33.588 41.704 Outros p.C. 64.739 40.586
contas representam.

44 45
Análise do Capital de Giro • Contas a Receber das atividades operacionais;
• Estoques (de mercadorias ou de matérias-primas, produtos em
elaboração e acabados, adiantamentos a fornecedores, merca-
O chamado “investimento operacional em giro” ou Necessida-
dorias em trânsito, importações em curso de matéria-prima);
de de Capital de Giro – NCG, como é mais conhecida, é uma
• Tributos a Recuperar do ciclo normal da empresa (IPI e ICMS);
metodologia de análise de relativa simplicidade e de utilidade no
• Despesas Antecipadas normais (seguros e aluguéis);
auxílio da determinação da saúde financeira de uma empresa,
• Eventualmente, hedge para passivo operacional.
fornecendo uma visão sistêmica do impacto das diversas áreas
de decisão (adquirir ativos imobilizados e decidir sobre a forma
Essas atividades também envolvem financiamentos automáticos
do financiamento desta aplicação, por exemplo) na empresa e de
(espontâneos ou semi-espontâneos), ou seja, Passivo Circulante
suas interações.
Operacional – PCO, na forma de:

É uma ferramenta muito eficaz na análise de • Fornecedores de mercadorias ou de matérias-primas;


liquidez e do perfil financeiro de curto prazo de • Adiantamentos de Clientes;

uma empresa. • Salários e Comissões a Pagar, Contribuições Sociais a Recolher


(Fornecedores de mão-de-obra);
• Tributos a Recolher (normais de funcionamento: ICMS, IPI);
Vejamos um exemplo: se você fez o exercício anterior como foi soli-
• Contas a Pagar (referentes a despesas operacionais: água, luz,
citado, ficou com uma dúvida em como analisar o PMRE da mesma,
energia, aluguel, telefone);
uma prestadora de serviços. Bem, o modelo que vamos aprender
• Eventualmente, hedge para ativo operacional.
ajuda a resolver essas limitações do modelo de prazos médios!

A NCG é obtida pela diferença entre os Investimentos (Ativos


Circulantes Operacionais – ACO) e Financiamentos Operacionais DICA \
(Passivos Circulantes Operacionais – PCO), ou seja, a parcela do
Para não ter dúvida, veja a estrutura patrimonial a seguir, em que classificamos as contas con-
ciclo operacional não coberta por financiamentos operacionais
tábeis conforme o modelo de avaliação de capital de giro.
(Ciclo de Caixa), evidenciando exatamente quanto a empresa ne-
cessita de capital para financiar o giro (seu dia a dia operacional).
Ativo Passivo
Representa, portanto, um sacrifício da empresa aplicando (inves-
Ativo Circulante Financeiro Passivo Circulante Financeiro
tindo) recursos em seu ciclo operacional, recursos esses advin-
• Caixa e bancos • Instituições de crédito
dos de seu Capital Circulante Líquido – CCL. • Aplicações de liquidez imediata • Duplicatas/títulos descontados/Factoring/
• Aplicações de liquidez não-imediata (podem Securitização
ser resgatadas, gerando alguma perda) • Dividendos a pagar
Necessidade de Capital de Giro = • Imposto de Renda a recolher

Circulante

Circulante
Ativos Circulantes Operacionais – Passivos Circulantes Operacionais
Ativo Circulante Operacional (ou cíclico) - Passivo Circulante Operacional (ou cíclico)
ACO - PCO
Vamos compreender o que significam e o que contém cada um • Contas a receber de clientes • Fornecedores
desses elementos que compõem a NCG! • Estoques • Salários e encargos sociais
• Adiantamento a fornecedores • Impostos e taxas
• Outros valores a receber
• Despesas do exercício seguinte
Ativo e Passivo Circulante Operacional Ativo Circulante Operacional (ou cíclico) - Não - Circulante
Alguns autores definem
como Ativos Circulantes
– ACO e PCO ACO
• Contas a receber de clientes
• Financiamentos
• Debêntures
Não Circulante

Não Circulante
Cíclicos – ACC – e • Estoques • Impostos parcelados
O Ativo Circulante Operacional é aquele que decorre automatica- • Adiantamento a fornecedores
Passivos Circulantes Patrimônio Líquido
• Outros valores a receber
Cíclicos – PCC –, mente das atividades de compra, produção, estocagem e venda. • Capital Social
• Despesas do exercício seguinte
respectivamente. É composto, normalmente, por: • Reservas
• Prejuízos acumulados
• Caixa mínimo (nível mínimo de disponibilidades, geralmente
igual ao total de fornecedores e despesas do período, corres- Ativo Total Passivo Total
pondentes aos próximos 7 a 10 dias);

46 47
Quando o Passivo Circulante Operacional – PCO – é maior que
o Ativo Circulante Operacional – ACO – ocorre, na verdade, um
financiamento operacional no giro, de maneira automática. Por
isso, entender o ciclo operacional da empresa é tão importan-
te, visto que as decisões inerentes ao mesmo, como volume de
compras, prazos de venda aos clientes, etc. afetam diretamente NCG = ACO - PCO
o volume tanto de ACO quanto de PCO. CCL = PÑC - AÑC CCL - NCG = T
Na hipótese dos Passivos Circulantes Operacionais serem maio- T = ACF - PCF
res que os Ativos Circulantes Operacionais, (PCO > ACO), a em-
presa tem financiamentos operacionais que excedem seus in-
vestimentos operacionais, sobrando recursos que poderão ser
aplicados no mercado financeiro (podendo até serem superiores
aos resultados operacionais) ou na expansão da planta. As em- Capital Circulante Líquido > Necessidade de Capital de Giro , então T > 0
presas que têm possibilidades de apresentar um ciclo financeiro
Capital Circulante Líquido < Necessidade de Capital de Giro , então T < 0
favorável (super e hipermercados) concentram-se na ampliação
deste, negociando com seus fornecedores, ou formulando estra-
Deve ser observado que o Ativo Circulante Operacional é deter-
tégias para girar rapidamente os estoques, ainda que, em muitos
minado por duas variáveis (teoricamente) sob o controle da em-
casos, verifiquem prejuízo comercial (margens zero que são re-
presa, o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) e o
vertidas com lucros financeiros).
Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE). Teoricamente
porque, por um lado, é a empresa que define suas políticas de
A par desses conceitos, é importante mencionar também que
financiamento de clientes (PMRV), e, por conseguinte, o volume
o Saldo de Tesouraria – T – é a diferença entre o Ativo Circu-
de contas a receber; por outro, porque é a empresa, dentro da
lante Financeiro e o Passivo Circulante Financeiro, ACF e PCF,
sua operacionalidade, que determina o volume de estoques (de
respectivamente. O conceito de saldo de tesouraria decorre,
Mercadorias, de Matéria-Prima, Produtos em Produção e Produ-
de certo modo, do fato de as contas de natureza financeira
tos Acabados) e a velocidade do processo produtivo.
comporem o que se denomina de dinheiro disponível. Na es-
trutura patrimonial apresentada anteriormente, vemos que
Na prática, todavia, o mercado tem “disputado” cada vez mais o
essas contas financeiras não foram enquadradas como ope-
controle destas variáveis, seja o PMRV (para realizar vendas, a em-
racionais. A ideia realmente é separar decisões operacionais
presa tem que aceitar cada vez mais as condições do cliente em
“puras” – gestão do dia a dia – das decisões financeiras, mas
relação a preço e a prazo), seja o PMRE (as incertezas do mercado
sem desconsiderar a integração entre ambas.
determinam níveis mínimos ou “econômicos” de estocagem).

Saldo em tesouraria (T) = Já o Passivo Circulante Operacional (PCO) é determinado por uma
Ativo circulante financeiro – Passivo circulante financeiro variável teoricamente fora do controle da empresa, o PMPC, que,
na prática, é determinada pelo poder de barganha dos agentes
Percebe-se que tanto o ativo circulante quanto o passivo circu- (em última instância, a empresa também é cliente, e, como dito,
lante são formados por dois elementos, os operacionais e os deve tentar influenciar o PMRV de seus fornecedores).
financeiros neste modelo – veja na estrutura patrimonial de-
monstrada anteriormente! Assim, a Necessidade de Capital de Giro (NCG), sendo a diferen-
ça entre o Ativo Circulante Operacional (ACO) e Passivo Circu-
Em síntese, podemos apresentar as fórmulas para obtenção lante Operacional (PCO), envolve, no limite, uma diferença entre
de todos os indicadores, inclusive o CCL, que agora esperamos Prazos Médios dados e recebidos que, em geral, sendo maior que
tenha ficado mais claros sua importância e conceito: zero (0), explicita o Ciclo de Caixa que tem de ser sustentado por
Capital Circulante Próprio (CCP) e por Capital Circulante de Tercei-
ros CCT (Empréstimos Bancários de curto e longo prazos). Veja o
esquema a seguir para visualizar o que foi escrito:

48 49
Financiamento da necessidade de capital de giro

EBCP
NCG + ELP
CCL + PL
CCP -
RLP + ALP Dessa maneira, o modelo é útil na análise do crescimento dos
negócios realizados pela empresa, em termos de crescimento de
suas vendas. Em alguns casos já vivenciados, crescer pode não
O excesso de PL em relação aos investimentos de longo prazo ser a melhor opção – legado deixado!
(Ativos Não Circulantes) gera o Capital Circulante Próprio. Se esse
não for suficiente para financiar a NCG, a empresa pode buscar re- Muitas empresas acreditam que o crescimento das vendas impul-
cursos de terceiros de longo prazo (chamados de Exigíveis a longo sionará seu fluxo de caixa, mas desconsideram os efeitos combi-
prazo – ELP), para auxiliar a formar o capital de giro ou CCL. E, nados dos prazos sobre o ciclo operacional, alterando na maioria
na hipótese de o CCL não ser suficiente para fazer frente à NCG, dos casos a estrutura (tamanho da empresa) necessária para o
ainda resta a possibilidade de Endividamento Bancário de curto novo patamar de operações. Isso impacta diretamente no ciclo
prazo – EBCP – , que possibilita o financiamento das atividades e financeiro que é, na verdade, a necessidade de capital de giro da
manutenção do fluxo de pagamento. empresa. Muitas vezes, o crescimento das vendas não é acom-
panhado do crescimento do CCL, porém a NCG tende sempre a
Deste modo, a Necessidade de Capital de Giro (NCG) relaciona-se acompanhar esse crescimento. Esse excesso de negócios acima
com o conceito de Alavancagem Financeira, pois, mesmo toman- da capacidade da empresa, denominado Overtrade, acaba levan-
do empréstimos (e pagando despesas financeiras), a empresa do a empresa a um processo de risco elevado para sua continui-
tem possibilidade de aumentar seus lucros em relação aos re- dade, que pode ser percebido por meio da análise das variações
cursos próprios investidos no negócio. Por isso, a importância da da NCG e do CCL em relação às vendas. Graficamente, podemos
gestão financeira em termos de decisões de financiamento para ver a seguinte exemplificação desta situação:
manter sua operação.

A análise financeira pela metodologia da Necessidade de Capital


2.000.000,00 vendas anuais
de Giro – NCG – é a que trabalha com um enfoque mais dinâmico
entre os diversos métodos, porque decorre do volume de vendas NCG
1.500.000,00
da empresa e dos prazos de rotação. CCL / CDG
1.000.000,00
Quanto maiores forem as vendas, maior tenderá a ser a necessi-
500.000,00
dade de estoques e maior será o volume de contas a receber. Se
para aumentar as vendas, a empresa concede maiores prazos a 0,00
seus clientes para o pagamento, haverá dupla pressão para elevar
o volume de contas a receber, ou seja, aumento das vendas mais (500.000,00)
aumento do prazo. Da mesma forma, o crescimento das vendas
(1.000.000,00)
eleva o volume de fornecedores, de salários (se aumentar o qua-
dro de pessoal ou em decorrência de horas extras), de encargos
e de tributos.
Veja que a relação de variação entre NCG e CCL é inversa e a sua
Portanto, a Necessidade de Capital de Giro – NCG é tendência também pode ser assim prevista. Isso gera um Saldo
de Tesouraria negativo, demandando financiamentos de curto pra-
função, basicamente, das vendas e dos prazos! zo, muitas vezes com taxas de juros elevadas. Isso acaba minan-
do as finanças da empresa levando-a a dificuldades financeiras e
até mesmo à quebra.
50 51
O conceito de Alavancagem Financeira – AF – pode ser entendido
como o efeito da estrutura de financiamento no lucro dos donos.
DESAFIO 6 \ Seu estudo relaciona as fontes de financiamentos (Capital Próprio
vs Capital de Terceiros) entre si, procurando medir se a estrutura
Agora, aproveitando o balanço simplificado do exercício anterior, faça o cálculo dos indica- de capital da empresa está beneficiando (ou não) seus acionistas/
dores NCG, CCL e T, conforme vistos neste item. Compare seus resultados com a análise quotistas.
que realizou anteriormente e se há algo a ser revisto sobre a mesma!

Contas Ativo 2014 2015 Contas Passivo 2014 2015 Regra geral
Circulante 583.934 591.887 Circulante 773.023 844.286
Se:
Financeiro 73.141 33.797 Financeiro 375.650 468.691 Custo da Dívida for maior que o Retorno do Investimento,
os donos “bancam” a diferença com sua parte do lucro
Dívidas Instituições
Disponível 73.141 33.797 375.650 468.691 ou do próprio capital.
Financeiras

Aplicações Financeiras - -
Custo da Dívida for menor que o Retorno do Investimen-
Operacional 510.793 558.090 Operacional 397.373 375.595 to, os acionistas “ganham” a diferença, ou seja, Retorno
do Patrimônio Líquido será maior do que o Retorno do
Duplicatas a Receber 239.801 268.003 Fornecedores 50.083 50.209 Investimento.

Estoques 52.529 76.884 Tributos e Obrigações Sociais 79.440 81.615


Assim, há situações em que AF desfavoráveis reduzem o retorno
Créditos Tributários 122.031 116.980 Serviços a Executar 134.384 118.780
final dos donos. Isso ocorre porque o custo da dívida (CD) é maior
Despesas Antecipadas 62.845 54.520 Provisões 68.728 84.406 que o Retorno do Investimento (RsA), esse representado pelas
aplicações nos ativos da empresa. Nesse caso, deve-se evitar o
Outros a.C. 33.588 41.704 Outros p.C. 64.739 40.586 endividamento.

Existindo equivalência entre RsA e CD, pode-se dizer que a alavan-


Cálculos 2014 2015 cagem é neutra, necessitando de outras variáveis para decidir so-
bre o endividamento ou não, já que, pela alavancagem, tanto o faz.
NCG =
Vale ressalvar que o estudo da AF fornece informações para a
CCL = tomada de decisões relacionadas à composição da estrutura de
financiamento de uma empresa, mas ainda necessitamos de aná-
T= lises complementares.

Essas compreendem analisar a capacidade da empresa de gerar


recursos suficientes para o pagamento da dívida, a conciliação
entre o prazo de amortização dos empréstimos com a geração de
Alavancagem Financeira recursos, para não deixar a empresa em má situação financeira,
e a própria questão tributária que envolve o endividamento, espe-
Não existe, segundo as proposições de Modigliani & Miller
cialmente o Imposto de Renda.
(1958, 1963), uma estrutura ótima de capitais, ou seja, tanto faz
uma empresa ter ou não capitais de terceiro em sua estrutura,
Vamos, juntos, desenvolver o raciocínio básico sobre Alavanca-
pois, para os acionistas a empresa continuará valendo a mesma
gem Financeira e a estrutura de capitais. Para tal, podemos fazer
coisa. Essa proposição modificou a visão sobre a concepção das
uso das Teorias do Patrimônio Líquido da contabilidade. Duas te-
dívidas e foi um dos trabalhos mais importantes na base da Teo-
orias predominaram em relação à discussão sobre o efeito dos
ria Moderna de Finanças.
passivos da empresa na ótica dos donos. São elas a Teoria do
Proprietário, em que a empresa (entidade) é uma extensão do pa-
trimônio de seu dono, e a Teoria da Entidade, que separa a figura

52 53
patrimonial da empresa e do empresário! Alguns diziam que eram Agora, calcule a taxa de retorno sobre o investimento feito pelos
inconciliáveis, mas na verdade, na perspectiva do retorno do dono proprietários nesta entidade, conforme o modelo a seguir:
(Retorno do Patrimônio Líquido), acabam ajudando a demonstrar
o porquê da importância da informação e do retorno do investi-
mento dos proprietários, advindo do esforço global da entidade. RsPL (Retorno sobre o PL) = LL (Lucro Líquido)
Consideremos, inicialmente, uma empresa financiada 100% com
PL inicial
capitais próprios (dos donos). Sendo assim, teremos as seguintes
situações patrimoniais e de resultado: RsPL = ($13.000) = 32,5 %
($40.000)
Demonstração 1 – Balanço Patrimonial inicial
Por serem o Ativo e o Patrimônio Líquido iguais, isso implica que o
Ativo R$ 40.000 PL R$ 40.000 RsA e o RsPL sejam também iguais. Resumindo: como todo Ati-
vo é financiado pelo Pat. Líquido, o retorno para os proprietários é
o próprio RsA! Interessante, né?
Demonstração 2 – Demonstração
de resultado, no final do período Mas, se os donos resolvessem utilizar uma parte de capital de
terceiros para estruturar a empresa e não todo o seu recurso pró-
Receitas Operacionais R$ 40.000 prio. O que aconteceria?
Despesas Operacionais (R$ 27.000)
Lucro Líquido do proprietário R$ 13.000 Diversos têm sido os conceitos aplicados ao termo “alavancagem
financeira” (financial leverage), desde os extremamente simples
(como a relação entre o passivo exigível e o PL, visto nos indica-
Demonstração 3 – Balanço Patrimonial final dores de endividamento), até outros mais complexos.

Ativo R$ 53.000 PL R$ 53.000 Utilizaremos, aqui, a proposta do prof. Eliseu Martins, da USP, em
que fornece a ideia de “alavanca”, ou melhor, “força de alavanca”.
Assim, chamamos a relação entre o retorno sobre o PL (RsPL) e
retorno sobre o ativo (RsA) de Grau de Alavancagem Financeira
Com os dados, calcule a taxa de retorno sobre o investimento – GAF –, onde o primeiro retorno é o lucro líquido, e o segundo o
total feito nesta entidade, conforme o modelo a seguir: lucro líquido mais despesas financeiras.

Voltemos ao nosso exemplo anterior, só que agora, utilizando uma


estrutura de capitais composta por capital próprio e de terceiros.
Assim, tem-se:
RsA (Retorno sobre o Ativo) = LL (Lucro Líquido) + DF (Despesas Financeiras)
Ativo inicial
Demonstração 4 – Balanço Patrimonial inicial
RsA = ($13.000) + ($ 0) = 32,5 % Ativo R$ 40.000 Empréstimos R$ 20.000 PL R$ 20.000
($40.000)

54 55
Caso o empréstimo tenha um encargo financeiro de 30% no pe- Como a taxa de juros é de 30%, há uma alavancagem financeira
ríodo, a ser desembolsado no início do período seguinte, o resul- positiva pois, aplica-se esse recurso em ativo que rende 32,5%
tado e o balanço patrimonial final são: , e essa diferença ganha pela parte financiada de 2,5% (32,5%
- 30%) é agregada ao PL e aos donos da empresa. É como se
os recursos, próprios e de terceiros, fossem aplicados no ativo à
Demonstração 5 – Demonstração de resultado, 32,5% , gerando a seguinte situação:
no final do período

Receitas Operacionais R$ 40.000 PL: R$ 20.000 x 32,5 % = R$ 6.500 (32,5% sobre o PL inicial);
Despesas Operacionais (R$ 27.000) Empréstimos: R$ 20.000 x 2,5 % = R$ 500 (2,5% sobre o PL inicial);
Lucro da entidade antes das despesas financeiras R$ 13.000 Lucro Líquido R$ 20.000 x 35 % = R$ 7.000 (35% sobre o PL inicial).
Despesas Financeiras (R$ 6.000)
Lucro Líquido do proprietário R$ 7.000
Por serem os empréstimos e o PL iniciais iguais, isso implica num
acréscimo de exatamente 7,069% sobre a taxa de retorno sobre
Demonstração 6 – Balanço final o PL obtida quando a empresa era totalmente financiada pelo ca-
pital próprio (situação 1).
Ativo R$ 53.000 Empréstimos R$ 26.000 PL R$ 27.000
Esse acréscimo, em número índice, ou seja, 1,0769 equivale ao
GAF, que indica a capacidade da empresa de gerar valor a mais
Agora, recalcule o RsA. O lucro líquido somado às despesas
para o seus donos, utilizando de capitais de terceiros onerosos,
financeiras representa o valor gerado pelo ativo total investido
graças ao efeito da alavancagem financeira: utiliza capitais de ter-
na entidade:
ceiros que têm um ônus menor do que o retorno do investimen-
to que financiaram. A essa diferença de taxas, dá-se o nome de
spread. Essa é a “mágica” que os bancos sempre fizeram para
RsA (Retorno sobre o Ativo) = LL (Lucro Líquido) + DF (Despesas Financeiras) obter resultados financeiros vantajosos para si.
Ativo inicial
RsA = ($ 7.000) + ($ 6.000) = 32,5 %
DICA \
($40.000)
Que interessante! Para o ativo, não interessa como ele é financia- Índices de liquidez
do: seu retorno independe se a fonte de financiamento é própria
Indicadores Cálculo Significado Análise Objetiva
ou de terceiros.
Indica a capacidade de
Ativo Circulante / Passivo pagamento de curto Quanto maior,
Agora, em seguida, recalcule a taxa de retorno sobre o investi- Liquidez Corrente
Circulante prazo, em caso de melhor, em geral
mento feito pelo proprietário nesta entidade (RsPL): liquidação.
O mesmo que o anterior,
só que desconsiderando
Ativo Circulante (-)
ativos circulantes que Quanto maior,
Liquidez Seca Estoques / Passivo
RsPL (Retorno sobre o PL) = LL (Lucro Líquido) Circulante
tenham risco maior de
serem convertidos em
melhor, em geral

PL inicial caixa.
Ativo Circulante +
Amplia a visão para a
Realizável a Longo Prazo Quanto maior,
RsPL = ($ 7.000) = 35 % Liquidez Geral
/ Passivo Circulante +
capacidade de pagamento
de longo prazo.
melhor, em geral
($20.000) Passivo Não Circulante

56 57
Índices de endividamento
Indicadores Cálculo Significado Análise Objetiva
Indica qual a relação entre
Participação de (Capitais de Terceiros/ Quanto menor,
capital de 3º e capital
Capitais de Terceiros Patrimônio Líquido) x 100 melhor, em geral.
próprio
(Passivo Circulante/
Composição do Qual a parcela de Quanto menor
Capitais de Terceiros) x
Endividamento obrigações de curto prazo melhor, em geral.
100 DESAFIO 7 \
Índices de Rentabilidade Ativo

Indicadores Cálculo Significado Análise Objetiva Consolidado

(Lucro Líquido/Receita Quanto a empresa obtém Quanto maior, (R$ milhões) 30.09.2016 30.06.2016 30.09.2015
Margem Líquida
Líquida) x 100 para cada $100 vendido melhor, em geral.
Ativo Circulante 19.918 19.448 19.622
Quanto a empresa está
Rentabilidade do (Lucro Líquido/Ativo Total) Quanto maior, Caixas e Equivalentes de Caixa e Aplicações Financeiras 3.385 3.716 5.414
obtendo de retorno para o
Ativo x 100 melhor, em geral.
investimento total Contas a Receber 3.907 4.310 3.755
Quanto a empresa está Cartões de Crédito 1.802 1.982 1.223
Rentabilidade do (Lucro Líquido/Patrimônio Quanto maior,
obtendo de retorno para o
Patrimônio Líquido Líquido) x 100 melhor, em geral.
capital próprio (acionista) Carnês – Financiamento ao Consumidor 1.813 1.806 1.834
Expressa quantas vezes Tickets e Outros 523 792 874
Receita Líquida / Ativo Quanto maior
Giro do Ativo o ativo “girou” ou se
Total melhor, em geral. Provisão para Devedores Duvidosos -310 -357 -384
renovou pelas vendas.
Provenientes de Acordos Comerciais 79 87 208
Índices de Rotatividade Estoques 7.864 8.943 8.617
Indicadores Cálculo Significado Análise Objetiva Tributos a Recuperar 1.563 1.547 1.100

Prazo Médio de (Estoques/Custo das Quantas vezes o estoque Ativos Disponíveis para Venda 2.562 9 15
Quanto maior,
Renovação dos Mercadorias Vendidas) x se renovou devido às
melhor, em geral. Despesas Antecipadas e Outras Contas a Receber 638 922 720
Estoques (PMRE) 360. vendas ocorridas
Prazo Médio de Indica o tempo de espera Ativo Não Circulante 22.038 22.586 22.645
(Duplicatas a Receber/ Quanto menor,
Recebimento de para recebimento das Realizável a Longo Prazo 4.907 5.113 5.368
Receita Líquida) x 360. melhor, em geral.
Vendas (PMRV) vendas
Contas a Receber 147 119 89
Indica o tempo que
Prazo Médio de
(Fornecedores/Compras) a empresa tem para Quanto maior, Cartões de Crédito 22 15 -
Pagamento de
x 360. pagamento de suas melhor, em geral.
Compras (PMRC) Carnês – Financiamento ao Consumidor 143 119 99
compras
Provisão para Devedores Duvidosos -18 -15 -10
Análise do Capital de Giro Impostos a Recuperar 2.247 2.473 2.664
Indicadores Cálculo Significado Análise Objetiva Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 296 330 568

A quantidade de recurso Depende do tipo Partes Relacionadas 345 342 358


Necessidade de
($) necessária para de negócio da
Capital de Giro – ACO – PCO Depósitos para Recursos Judiciais 1.197 1.151 1.023
financiar o ciclo financeiro empresa e do seu
NCG
(ou de caixa) da empresa financiamento. Despesas Antecipadas e Outros 675 699 667
Indica o excesso (ou a Quanto maior e Investimentos 488 469 504
Saldo em Tesouraria
ACF – PCF falta) de recursos não positivo, melhor, em
–T
aplicados na NCG geral. Imobilizado 10.603 10.532 10.192
Quanto maior e Intangível 6.039 6.472 6.581
Capital Circulante Folga financeira da
NCG – T ou AC - PC positivo, melhor, em
Líquido – CCL empresa Total do Ativo 41.956 42.034 42.267
geral.

58 59
Passivo Passivo

Consolidado Consolidado

Passivo Circulante 22.328 21.666 20.200 R$ - Milhões 3T16 3T15 Δ

Fornecedores 8.520 10.268 10.792 Receita Bruta 16.816 15.933 5,50%

Fornecedores Convênio 341 430 - Receita Líquida 15.094 14.458 4,40%

Empréstimos e Financiamentos 4.014 3.184 817 Custo das Mercadorias Vendidas -11.279 -10.821 4,20%

CDCI 2.461 2.355 2.153 Depreciação (Logística) -27 -32 -16,80%

Debêntures 518 575 1.276 Lucro Bruto 3.789 3.605 5,10%

Salário e Encargos Sociais 1.111 1.052 914 Despesas com Vendas -2.833 -2.594 9,20%

Impostos e Contribuições a Recolher 696 729 768 Despesas Gerais e Administrativas -383 -379 1,10%

Dividendos Propostos 3 2 1 Desp. com Vendas, Gerais e Adm. -3.216 -2.973 8,20%

Financiamento Compra de Imóveis 136 113 64 Resultado da Equiv. Patrimonial 20 22 -8,20%

Aluguéis a Pagar 126 119 103 Outras Despesas e Receitas Operacionais -116 -203 -42,80%

Aquisição de Participação de Acionistas Não Depreciação e Amortização -222 -225 -1,50%


7 82 71
Controladores EBIT - Lucro operac. antes do result. financeiro e impostos 254 226 12,80%
Partes Relacionadas 171 1.247 1.647
Receitas Financeiras 101 168 -39,60%
Propaganda 66 67 62
Despesas Financeiras -579 -513 12,80%
Provisão para Reestruturação 5 8 8
Resultado Financeiro Líquido -477 -345 38,40%
Receitas Antecipadas 327 350 306
Lucro (Prejuízo) Operacional Antes I.R. -223 -119 86,60%
Passivos sobre Ativos Não Correntes à Venda 3.124 - -
Imposto de Renda 13 63 -80,20%
Outros 702 1.086 1.217 Lucro (Prejuízo) Líquido Companhia
-210 -56 274,20%
Passivo Não Circulante 6.992 7.484 8.274 - operações em continuidade

Empréstimos e Financiamentos 1.250 1.803 3.370 Resultado líquido das operações descontinuadas -98 -74 32,50%

CDCI 228 193 122 Lucro (Prejuízo) Líquido Companhia -308 -130 136,80%
Participação de Acionistas Não
Debêntures 898 898 897 -125 -68 83,30%
Controladores - op. em continuidade
Financiamento Compras de Ativos 4 4 4 Lucro (Prejuízo) Líquido dos Acionistas
-85 12 n.a.
Aquisição de Participação de Acionistas Não Controladores - op. em continuidade(1)
- 23 -
Controladores Participação de Acionistas Não
-64 -52 24,10%
Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 1.039 1.058 1.195 Controladores - op. Descontinuadas
Lucro (Prejuízo) dos Acionistas Controladores
Impostos Parcelados 545 555 580 -34 -22 52,00%
- op. Descontinuadas(1)
Provisão para Demandas Judiciais 1.831 1.784 1.395 EBITDA - Lucro oper. antes da depr.,result.
503 483 4,20%
Receitas Antecipadas 1.137 1.117 653 financeiro e impostos
EBITDA Ajustado (2) 619 686 -9,70%
Outros 59 49 59
Patrimônio Líquido 12.637 12.883 13.793
Fontes:
Capital Social 6.808 6.807 6.806 http://meuartigo.brasilescola.uol. Em sua opinião, será que os dados e informações apresentados
com.br/administracao/o-papel- nas demonstrações contábeis das empresas, todos monetaria-
Reservas de Capital 321 313 300
-contabilidade-nas-micro-peque-
nas-empresas.htm mente representados, sofrem impacto da inflação? Discuta.
Reservas de Lucro 2.891 3.005 3.355
Ajuste de Avaliação Patrimonial - -15 -94 http://www.valor.com.br/empre-
sas/4241032/novas-regras-apri-
Participação de Acionistas não Controladores 2.617 2.773 3.425 moram-conteudo-dos-relatorios
Total do Passivo e Patrimônio Líquido 41.956 42.034 42.267

60 61
Saiba mais!
BODIE, Zvi e KANE, Alex e MARCUS, Alan J. Fundamentos de Investimentos, 3ª ed., Porto Alegre, Bookman, 2000.
BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira, SP, Atlas, 1989.
NATU3 Demonstração de Resultados
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7ª ed., SP, Harbras, 1997. 38
Margem Bruta TTM 68,86%
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. Essencial, 2ª ed, Porto Alegre, Bookman, 2001.
28 Margem Operacional TTM 13,49%
GROPPELLI, A. A. e NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira, 3ª ed. SP: Saraiva, 1988.
Margem Líquida TTM 3,2%
HELFERT, Erich A. Técnicas de Análise Financeira. 9ª ed., Porto Alegre, Bookman, 2000. 18 Retorno Sobre Investimento TTM 5,6%
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 4ª ed., São Paulo, Atlas, 1997.
08
ROSS, Stephen A et.al.. Administração Financeira. SP, Atlas, 1995.
SILVA, José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. 4ª ed., São Paulo, Atlas, 1999. -18 Receita Total Lucro Líquido
WESTON, J. Fred, e BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira, SP, Makron Books, 2000. Dec 15 Mar 16 Jun 16 Sep 16

Outras fontes sobre o tema: Encerramento do Exercício: 30.09.2016 30.06.2016 31.03.2016 31.12.2015
http://www.valor.com.br/empresas/4402884/petrobras-prepara-revolucao-gerencial Receita Total 1.902,59 2.025,66 1.689,7 2.332,43
http://www.valor.com.br/empresas/4241032/novas-regras-aprimoram-conteudo-dos-relatorios Lucro Bruto 1.327,01 1.378,29 1.159,84 1.609,46
http://brasilescola.uol.com.br/economia/ Receitas Operacionais 251.4 280,37 153,92 386,53
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/o-papel-contabilidade-nas-micro-pequenas-empresas.htm Lucro Líquido 73,07 90,96 -69,12 145,4
http://www.treasy.com.br/blog/indicadores-de-liquidez-corrente-seca-imediata-e-geral
http://www.contabeis.com.br
http://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/redacao/2015/07/01/em-21-anos-real-perde-poder-de-compra-e-no-
ta-de-r-100-vale-agora-r-1990.htm
NATU3 BALANÇO PATRIMONIAL
108
Liquidez Seca MRQ 0,8
\ Aplicação Prática 7,58 Liquidez Corrente MRQ 1,04
Dívida de longo prazo em Capital MRQ 233,18%
“Enraizada na tradição contábil, a análise fundamentalista 58 Dívida total em Capital MRQ 447,3%
no Brasil tem como um de seus pontos de partida a aná-
lise das demonstrações financeiras das empresas, tam- 2,58
bém conhecida como análise de balanços. As principais Total do Ativo Total do Passivo
08
demonstrações financeiras são o Balanço Patrimonial (BP) Dec 15 Mar 16 Jun 16 Sep 16
e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).”

http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/como-funciona-a- Encerramento do Exercício: 30.09.2016 30.06.2016 31.03.2016 31.12.2015


nalise-fundamentalista-acoes-576374 Total do Ativo 7.947,71 8.477,13 8.840,54 9.394,98
Total do Passivo 7.036,72 7.684,62 7.958,29 8.366,8
Total do Patrimônio Líquido 910,99 792,51 882,25 1.028,19
Confira como os índices estudados ajudam os
analistas no mercado financeiro:
http://www.infomoney.com.br/educacao/guias/noticia/568514/analise-
-financeira-conheca-indicadores-mais-usados-pelos-analistas

Visite o site “Investing.com” e veja o cálculo dos


índices estudados para algumas empresas.
Ex. Natura: http://br.investing.com/equities/natura-on-nm-financial-summary

62 63
Dê uma olhada... parte 2

liquidez
rentabilidade DE
estratégica
imobilização análise at ivo
margem
financeiras operacional
visão financeiro
horizontal
participação finançAS contábeis \ Capítulo 3 \ Orçamento e controle empresarial 67
venda giro vertical geral 3.1 O orçamento dentro do processo de planejamento estratégico

PMRV patrimÔNIO pmre pmrC 3.2 Elaboração do orçamento


seca
tomada circulante 3.3 Elaboração de orçamento empresarial

ncG íimediata
indicadores
contabilidade ndices líquida desempenho
3.4 Análise orçamentária
3.5 Projeção de demonstrações contábeis
3.6 Elaboração de mapa de indicadores

capital pagament demonstrações


o 3.7 Avaliação do impacto das decisões

líquido composição
endividamento

No próximo capítulo abordaremos o processo de planejamento


orçamentário. Essa é, em minha opinião, a ferramenta gerencial
mais importante em termos de materialização das estratégias e
planos da empresa com a dimensão financeira, permitindo que a
gestão consiga ver para onde está indo e se está indo de acordo
com o planejado.

64
3
ORÇAMENTO
E CONTROLE
EMPRESARIAL

Olá!

Neste capítulo, estudaremos o processo de preparação e controle


do orçamento empresarial. O orçamento é talvez a peça mais im-
portante no contexto de controle e gestão empresarial. Até mesmo
no cotidiano das pessoas ele é importante, pois quantas vezes te-
mos que fazer um orçamento nosso para fins de planejar se pode-
remos fazer aquela viagem ou mesmo adquirir aquele novo “bem”.

planejamento orçamentário
objetivos estratégias

longo prazo curto prazo

olhar para o futuro


planejar estimativas de desempenho

executar
orçamento centro de responsabilidade

controlar
reflexo da estratégia
uso de padrões do planejamento
contabilidade > informações

relatórios de execução projeção das demonstrações contábeis


planejado X realizado
informações para o controle ações

66 67
\ 3.1 \ A materialização de onde a empresa deseja estar no futuro, cons-
titui os objetivos orçamentários. Portanto, constituem enunciados
O orçamento dentro do processo de das posições em que a empresa deseja estar futuramente, em
planejamento estratégico termos de aspectos essenciais. O objetivo principal deve ser a
maximização do valor do investimento dos proprietários da empre-
O planejamento e controle orçamentários não são exercidos so- sa, prezando pela continuidade das atividades da entidade, sem
mente pelas grandes empresas. Também estão, ou deveriam deixar de lado sua função social.
estar, presentes nas empresas de pequeno e médio portes. No
entanto, muitas vezes, os gerentes planejam orçamentos sem Os objetivos serão o norte, o direcionamento dos gestores para
perceberem o que estão fazendo, ou seja sem “dar nome aos planejarem. Ao planejar, o gestor busca formular de maneira cla-
bois!”. Isso acontece frequentemente conosco quando adminis- ra as tarefas a serem cumpridas, considerando a obtenção dos
tramos nossa renda familiar. Primeiro, planejamos nossas ações, recursos necessários para isso, dentro de uma limitação especí-
depois executamos e, feito isso, vamos controlando os impactos fica de tempo (prazo).
e analisando cada ação, e por fim, quando julgamos necessário,
mudamos de atitude para economizar, por exemplo. Para que o que foi planejado possa se materializar no orçamento,
os objetivos devem assumir não só valores numéricos específi-
cos, mas também devem estar associados a um prazo específico.

No “fritar dos ovos” o planejamento orçamentário é a materia-


Executar lização das estratégias da empresa que são traçadas em fun-
ção dos seus objetivos.

PLANEJAMENTO
OBJETIVOS ESTRATÉGIAS ORÇAMENTÁRIO
PLANEJAR CONTROLAR

Portanto, todo o processo orçamentário envolve etapas que serão


estudadas com mais profundidade a seguir. DICA \
Entenda um pouquinho sobre planejamento, assista aos
1. Objetivos; vídeos disponíveis nos links abaixo:

https://www.youtube.com/watch?-
2. Estratégias: v=UAS024pwHRg
• Políticas (de crédito, de financiamento, de venda, etc.);
• Identificação dos objetivos de curto e longo prazos;
• Mensuração do desempenho esperado.

3. Planejamento (através dos planos, evidenciam


os desempenhos esperados);
https://www.youtube.com/watch?-
v=EKi4LF8fiVM
4. Controle (real x planejado, passo a passo,
apontando as medidas corretivas quando
necessário).

68 69
O planejamento deve ser analisado sob dois aspectos temporais: Para controlar, é preciso registrar de forma
contínua os resultados que ocorrem durante a
• Planejamento a longo prazo: abrange previsões sobre o com- execução dos planos e orçamentos. Os regis-
portamento do ambiente onde a empresa atua, envolve a fixa- tros então, devem seguir os mesmos critérios
ção de objetivos amplos e a elaboração de documentos que adotados na elaboração dos planos orçamen-
formalizam o planejamento. tários, e precisam ser evidenciados de forma
• Planejamento a curto prazo: é decorrente dos estudos da situ- completa; por exemplo, a receita bruta total
ação em que o ambiente no qual a empresa atua se encontra com a informação da quantidade vendida e do
no presente, envolve a identificação dos objetivos imediatos e preço praticado. Assim, será possível comparar
a elaboração do plano para o período de tempo imediatamente os resultados planejados (esperados) com os
sucessor ao que se encontra. efetivos, e, assim, realizar a análise das varia-
ções (orçado x real).
Para operacionalizar o planejamento, a empresa utiliza os pla-
nos de desempenho que podem ser mensurados em termos de O controle orçamentário no geral, é inicialmen-
Gastos, Receitas, Resultados ou até mesmo Retorno do Capital. te formalizado pelos relatórios de execução,
emitidos pelo responsável pela supervisão de
Portanto, é preciso estimar os níveis dos diversos itens que cada Centro de Responsabilidade. Neles, estará
compõem: registrado o que acontece no decorrer do tem-
po, permitindo a comparação entre o planejado e o executado. Por
exemplo, uma “coisa” é planejada pela empresa, com o passar
A receita total No mínimo: quantidade x preço de venda,
para cada tipo de produto.
do tempo ela pode se concretizar totalmente, parcialmente ou até
mesmo não acontecer como o esperado. O registro dessas infor-
mações possibilita que seja verificada a diferença entre o se plane-
As despesas totais No mínimo: Custo do Produto Vendido = quantidade de Matéria
x preço por unidade de Matéria + quantidade de Mão de Obra
jou e o que realmente aconteceu (de R$X, ou Y%, por exemplo).
Essa diferença pode ser favorável ou desfavorável para a empresa
Direta x preço da hora de Mão de Obra Direta + quantidade de e ocorrer por diferentes motivos, e estará registrada no relatório de
materiais consumidos x preço por unidade dos materiais con- execução. Caso a diferença seja relevante, deverá constar também
sumidos + outros custos, também, para cada tipo de produto. no relatório, opiniões e sugestões sobre o que deve ser feito para
solucionar o problema.

Dessa forma, para que o objetivo geral seja alcançado, é preciso O orçamento representa quantitativamente os planos elabora-
elaborar estimativas de desempenho (planos) para todas as uni- dos para um certo período, portanto, é um dos recursos que os
dades da empresa, levando-se em consideração valores mone- gestores dos Centros de Responsabilidade (tanto no nível opera-
tários, unidades físicas e unidades de tempo, por exemplo. Em cional, quanto no nível da administração superior) podem utilizar
outras palavras, leva-se em consideração os padrões desejados para planejar e controlar a execução dos planos estratégicos da
de eficiência necessários para que a empresa tenha condições organização. Para isso, é fundamental que o orçamento consiga
de alcançar seus objetivos. refletir a estratégia da empresa e que os critérios utilizados para
a avaliação de desempenho sejam coerentes com tal estratégia.
Sendo assim, dependendo do caso, pode ser relevante fazer as
estimativas de desempenho por função ou departamento (Ex.: Para que o orçamento possa refletir a estratégia da entidade, é
marketing, produção, compras, recursos humanos, finanças), preciso que essa estratégia esteja clara para todos na empresa
por região (rua, bairro, município, estado, região, país), por pro- ou, no mínimo, para os responsáveis pela elaboração e avaliação
duto, serviço, cliente, ou o que for mais apropriado. É o que do orçamento.
chamamos de estimativa por Centro de Responsabilidade.
Você conhece a Latam? Sim, estou falando da empresa aérea
No entanto, para alcançar os objetivos, não basta somente pla- mesmo! Leia um pouquinho da história da empresa nos anos 80!
nejar, é necessário dar continuidade a isso e controlar o que
acontece depois!

70 71
Continuando o exemplo da TAM nos anos 80, cuja estratégia ima-
ginamos que seria o reconhecimento pela excelência de seus
Anos 80 serviços. É necessário que não haja a restrição da avaliação dos
Centros de Responsabilidade somente a variáveis econômico-
A década de 80 marca um período de crescimento. A mu- -financeiras, mas que também leve em consideração aspectos
dança começa com a chegada do Fokker-27, substituindo qualitativos, como: conforto das salas vip e das poltronas das
os aviões bimotores. Em 1981, a TAM comemora a marca aeronaves, pontualidade dos voos, tempo de espera em filas,
de um milhão de passageiros transportados. manutenção das aeronaves, cordialidade dos atendentes, higie-
ne e qualidade dos lanches oferecidos a bordo, enfim, todos os
O primeiro grande salto da malha da empresa vem em aspectos ligados à satisfação do cliente. Portanto, ao elaborar o
1986, com a aquisição da companhia aérea Votec. Com a seu orçamento, seria necessário identificar os indicadores de de-
medida, a TAM estende as suas atividades para as regiões sempenho, também para essas variáveis qualitativas. No que diz
Centro-Oeste e Norte do país. respeito à analise das variáveis econômico-financeiras, é neces-
sário estabelecer custos-padrão que sejam compatíveis com o
A partir de 1989, a presença do comandante na porta das nível do serviço que se pretende oferecer; por exemplo, não seria
aeronaves para recepcionar os passageiros e o inconfundí- adequado adotar como ponto de partida ou parâmetro de compa-
Fonte: http://www.tam. vel tapete vermelho no acesso para a escada de embarque ração (benchmark) os custos de uma outra companhia aérea cuja
com.br/b2c/vgn/v/index. passam a fazer parte do tratamento diferenciado oferecido estratégia seja low cost airline.
jsp?vgnextoid=b4ad-
pela TAM.
09f1157f2210VgnVCM-
1000000b61990aRCRD

Identificação dos Estabelecimento Avaliação dos


Analisando a TAM nesse momento específico, podemos imaginar
que a companhia aérea pretendia ser reconhecida pela excelên-
Estratégia indicadores de de custos-padrão centros de
cia de seus serviços e que provavelmente seu nicho de mercado
desempenho compatíveis responsabilidade
era formado por executivos de empresas e consumidores “clas-
se A”. No seu orçamento, ela teria que considerar por exemplo:
a manutenção de salas vip em aeroportos, serviços de traslado
entre aeroportos da mesma cidade (como Confins e Pampulha, DESAFIO 7 \
em Belo Horizonte), serviços de bordo com lanches quentes e a
manutenção até mesmo do tapete vermelho! Por algum motivo, As duas companhias aéreas a seguir possuem estratégias
caso a TAM passe por dificuldades financeiras e o mercado esteja diferentes daquelas adotadas pela TAM nos anos 80, mas
retraído, se mantiver sua estratégia de ser reconhecida pela exce- similares entre elas (low cost). Reflita sobre como essa es-
lência de seus serviços, não deverá cortar, no seu orçamento, os colha de estratégia impacta a forma com que o orçamento
gastos com aqueles serviços que são o seu diferencial perante as da empresa será elaborado.
demais companhias aéreas. Assim, precisará estudar alternativas
para superar esses obstá- Leitura: http://www.voegol.com.br/
culos, ou reformular sua pt-br/imprensa/press-releases/Pagi-
estratégia. nas/GOL-faz-balanco-de-2014-e-co-
memora-conquistas.aspx
Lembra que falamos que
o processo de avaliação
do desempenho também
precisa estar alinhado com
a estratégia? Dessa for- Leitura: http://mundodasmarcas.
ma, o orçamento também blogspot.com.br/2009/07/azul-li-
precisa contemplar as vari- nhas-aereas.html
áveis necessárias para que
haja uma avaliação coeren-
te.

72 73
Portanto, o orçamento é uma ferramenta de gestão que tem
a capacidade de sinalizar os objetivos da empresa, direcionar DICA \
os agentes dentro dessa empresa e oferecer mecanismos Visite o site de alguma empresa que conheça e busque
para a avaliação do desempenho desses agentes. Representa sua missão, visão e valores. Faça inferências sobre os
um dos principais elementos elaborados pela Contabilidade outros aspectos que um gestor dessa empresa deveria
Gerencial, pois traduz a estratégia da organização em métri- saber para elaborar e planejar o orçamento.
cas qualitativas, quantitativas não-monetárias e monetárias,
e é importante tanto para o planejamento das ações futuras, Sugestão:
quanto para o controle das ações do presente e passado. https://www.mcdonalds.pt/mcdo-
nalds/missao-valores/

\ 3.2 \
Elaboração do Orçamento
Quando elaboramos e analisamos uma projeção orçamentária
precisamos conhecer também:
Considerando a diversidade e complexidade das informações
•A  s características físico-operacionais da empresa e sua filo- necessárias para a elaboração e análise do orçamento, o ges-
sofia (missão, crenças e valores); tor precisa de um sistema de informação que consiga proces-
•O  s seus modelos de gestão e de decisão, ou seja, os proce- sar os dados e fornecer informações estruturadas a qualquer
dimentos básicos que precisam ser adotados e os aspectos momento.
que o gestor precisa priorizar;
• A estrutura organizacional da entidade (nível de centraliza- A Contabilidade, nesse ponto, proporciona aos gestores um
ção, segmentação hierárquica, níveis de autoridade e res- sistema mais eficiente para a elaboração e análise orçamentá-
ponsabilidade de cada Centro); ria, através das demonstrações contábeis “tradicionais” (DFC
• As características comportamentais de seus colaboradores – Demonstração do Fluxo de Caixa, DRE – Demonstração do
(incentivos pessoais vs interesses da instituição); Resultado do Exercício e BP – Balanço Patrimonial).
• As informações acerca das variáveis do ambiente em que se
encontra (taxa de inflação, taxa de juros, desenvolvimento Mas, atenção! Enquanto a contabilidade societária gera infor-
tecnológico, comportamento da demanda, características mação para os usuários externos baseando-se em eventos
dos mercados fornecedor e consumidor, além do desempe- passados, o gestor está interessado na elaboração e análise
nho de seus concorrentes nesses dois mercados). orçamentária, que tem seu olhar no futuro. Assim, a contabi-
lidade gerencial trabalha com as possibilidades e respectivas
probabilidades de ocorrência de eventos futuros.

Contabilidade • Usuários externos


• Baseada em eventos passados
Societária
Contabilidade • Usuários internos
• Olhar para os diversos eventos futuros possíveis
Gerencial

É usual que o orçamento comece a ser elaborado pelas ven-


das. São feitas projeções do volume a ser vendido e o preço
a ser praticado; como consequência, o gestor terá uma pers-
pectiva de receita bruta para a empresa, bem como de des-
pesas variáveis decorrentes dessa receita e os tributos inci-
dentes (comissão de vendedores e tributos incidentes sobre

74 75
a receita – SIMPLES que pode conter IPI, ICMS, PIS, COFINS Embora, no geral, o orçamento comece a ser elaborado pelo Pla-
e ISS), e das despesas fixas de vendas (propaganda e marke- no de Vendas, como foi dito, isso não é regra. O orçamento pode
ting), ou seja, ao começar pelas vendas, a lógica levará o ges- começar de outras formas e, na verdade, o ideal é que comece
tor a elaborar também o orçamento de despesas comerciais. pelo principal fator restritivo da entidade – se for uma indústria
especializada, pode ser que precise definir a capacidade de seus
O volume de vendas será utilizado para determinar o volume a ser fornecedores e a sua, de compras, para indicar o que conseguirá
produzido, assim, o gestor também fará estimativas acerca do custo produzir.
de produção (plano e orçamento de produção), das demais despesas
necessárias a serem incorridas para manter a empresa funcionando DICA \
(orçamento de despesas) e, ainda, da infraestrutura adequada para
que a empresa tenha o desempenho e capacidade de produção ade-
quados (orçamento do ativo fixo, que será a representação maior das Assista ao vídeo: https://www.you-
Decisões de Investimentos; essas levarão ao orçamento de passivo, tube.com/watch?v=nmMYaFk0jjk
como processo inerente de Decisões de Financiamento).
Veja como o processo de planeja-
Após a identificação das receitas e da política de recebimento (en- mento e de orçamentação torna-se
tradas de caixa), dos custos, das despesas e dos investimentos importante, mesmo em negócios
e respectivas políticas de pagamento (saídas de caixa), o gestor “tradicionais”!
será capaz de projetar as demonstrações de Fluxo de Caixa.

Já estimadas todas as prováveis receitas e despesas, inclu-


sive as financeiras, o gestor poderá fazer projeções sobre os
resultados futuros da empresa, ou seja, elaborar a Demons-
tração de Resultado projetada para o período de análise e cal-
cular a carga tributária incidente sobre o lucro (conforme o
modelo tributário: SIMPLES OU PRESUMIDO OU REAL).

Por fim, já com a informação sobre o lucro líquido projetado, o


gestor poderá traçar a perspectiva de distribuição do mesmo, e
então elaborar o Balanço Patrimonial projetado.

Observe a figura seguinte, que ilustra o fluxo descrito:


Agora, imagine que na Estância Capim Canastra, o Gui-
lherme Ferreira e seu pai, José, tenham capacidade de
processar 100.000 litros de leite por mês para produzir
Orçamentos de Vendas e Despesas Comerciais Orçamentos do Ativo queijo. Suponhamos, também, que a demanda de seu
Fixo Investimentos mercado seja por 60.000 kg por mês.

Entretanto, após o queijo Canastra deles ser eleito o se-


Orçamentos de Despesas Orçamentos do gundo melhor queijo do mundo em 2015, na França, a
Orçamentos de Produção demanda aumentou muito e as fazendas da região não
Administrativas Passivo Financiamento
conseguem produzir mais leite por mês.

Ora, o Guilherme e o José sabem que mesmo se compra-


rem toda a produção leiteira da região, ainda trabalharão
Projeção da DFC Projeção da DRE Projeção de Balanço com capacidade ociosa e não atenderão toda a demanda;
Patrimonial consequentemente, eles adotarão a quantidade de maté-
ria-prima, em litros de leite (fator restritivo) como ponto de
partida da elaboração de sua projeção orçamentária e agora
eles até formularão uma lista de espera dos clientes!

76 77
Agora vamos lembrar sempre do Guilherme e do José e saber
que o ideal é que o orçamento comece a ser elaborado pelo fa-
\ 3.3 \
tor restritivo que a entidade considera mais significativo para o Elaboração de Orçamento Empresarial
período futuro, cujas projeções serão elaboradas.
Com o intuito de facilitar a compreensão de como realmente
um gestor elabora um orçamento, faremos isso passo a passo,
juntos, agora!

DESAFIO 8 \ Precisamos de algumas infor-


mações para elaborar o orça-
Responda: mento, como já vimos. Inde-
1 \ Qual a relação entre a administração financeira e o uso de orçamentos como instrumento pendentemente do porte da
de planejamento e controle das operações de uma empresa? empresa, é sempre importan-
te fazer o orçamento com base
2\D
 e que forma a Contabilidade ajuda na elaboração e análise orçamentárias? em dados que sejam próximos
da sua realidade, lembre-se!
3 \ Ao ser elaborado o orçamento, qual é o primeiro ponto que deve ser levado em consideração?
A acurácia e o aprimoramento
em sua elaboração vêm com
o tempo e com um sistema
de informação cada vez mais
desenvolvido – não pense que
estou falando em “super” softwares; falo de um sistema de co-
leta e armazenamento de dados diversos que possam ser utili-
zados como a fonte das informações para uso nos modelos de
decisão – pode ser uma simples e velha conhecida nossa: uma
caderneta de anotações!

Acredito que você já conhece a De-Lá!


Se não conhece confira o vídeo disponí-
vel no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=-
DenxTp6LW0o&index=2&list=PLNqvS-
DwXnyNzjL5FqSQL3ULbrINMKInal

Supondo que a empresa fictícia De


Cá exerça as mesmas atividades
da “De Lá”, e que o dono seja o
José, vamos considerar o contexto
a seguir para construirmos o orça-
mento da De Cá. Vamos elaborar,
como exercício, o orçamento do 1o
trimestre de 2001.

Para a De Cá, vamos utilizar as se-


guintes informações, organizadas
no quadro a seguir.

78 79
Informações para podermos elaborar o orçamento
Informações utilizadas
A De Cá foi constituída em janeiro de 2011 e tem sua sede em Minas Gerais. O seu
Capital Social capital social é de R$40.000, sendo R$30.000 integralizados em janeiro e R$10.000
serão em março.
Mercadoria
Em janeiro, o José resolveu adquirir alguns móveis e utensílios para a De Cá que cus-
taram R$12.000 e que estima poder utilizar durante os próximos 10 anos (vida útil). O
Aquisição de Imobilizado
José negociou com a loja e fará o pagamento de 20% à vista, 40% em 30 dias e 40%
em 60 dias. Expectativa de vendas
O José começará vendendo somente o queijo tipo. Ele pretende comprar o queijo de
Mercadoria
seu fornecedor por R$12 e revender cada unidade por R$20.
Pagamento de O amigo do José traz os queijos da fazenda todo dia 15 de cada mês. Eles negociaram
Fornecedores e o José pagará os queijos que comprar 30 dias depois da data em que adquiri-los.
Passo 2
Por outro lado, o José também tem que ser flexível para negociar com seus clientes.
Recebimento de Clientes Eles podem pagar metade da mercadoria que comprarem em 30 dias e a outra meta-
de em 60 dias. Já conhecendo o plano de vendas, podemos saber de que forma
José terá que cobrar de seus clientes.
O José espera vender 120 queijos em janeiro, 200 em fevereiro, 300 em março e
Expectativa de Vendas
400 em abril.
Considerando a possibilidade de ter uma demanda maior do que o planejado, o José
Estoque resolve adotar um estoque de segurança de 10% das vendas estimadas para cada
Planilha de cobrança de clientes
mês.
José estima que terá um gasto de R$1.200 por mês e que pagará comissão de 1% Meses Janeiro Fevereiro Março Soma
Gastos Administrativos da receita de vendas aos vendedores. Ele terá que fazer o acerto dessas despesas no
próprio mês em que ocorrem.
Janeiro R$ - R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 2.400,00
A venda do queijo será tributada conforme a alíquota do SIMPLES em que seu fatura-
mento se enquadrar. Por simplificação, utilizaremos apenas o faturamento do próprio Fevereiro R$ - R$ - R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Tributos
mês para definir a alíquota do SIMPLES, conforme a tabela respectiva para a atividade
empresarial. O recolhimento se dará no mês subsequente ao da apuração.
Março R$ - R$ - R$ - R$ -

Soma R$ - R$ 1.200,00 R$ 3.200,00 R$ 4.400,00

Passo 1
Como o pagamento é metade em 30 dias e metade em 60 dias,
Começando pelo plano de vendas dos queijos:
no mês de janeiro, por exemplo, vemos no plano de vendas que
José terá uma receita de R$2.400. Metade desse valor, ou seja,
Plano de vendas de queijos R$1.200, ele receberá em 30 dias (fevereiro) e a outra metade
Custo da Mercadoria em 60 dias (março).
Unidades Preço (R$/unidade) Receita (R$) Custo (R$/unidade)
Vendida (R$)

120 R$ 20,00 R$ 2.400,00 R$ 12,00 R$ 1.440,00


Informações utilizadas
200 R$ 20,00 R$ 4.000,00 R$ 12,00 R$ 2.400,00

300 R$ 20,00 R$ 6.000,00 R$ 12,00 R$ 3.600,00 Recebimento de clientes

A receita é calculada pela multiplicação do número de unidades Plano de vendas


que serão vendidas pelo preço de venda.
Ex: 120 x $20 = $2.400.

O custo da mercadoria vendida é calculado pela multiplicação do


número de unidades que serão vendidas pelo preço de compra.
Ex: 120 x $12= $ 1.440

80 81
Passo 3 Passo 4
Além disso, José precisa saber de que forma o dinheiro será Já conhecendo o que José pretende vender, agora iremos esti-
recebido por ele. Para isso, elaboraremos a planilha de recebi- mar o comportamento do seu estoque de queijos.
mento de clientes.

Planilha de estoque - queijos

Planilha de recebimento de clientes Itens Janeiro Fevereiro Março Soma

Itens Janeiro Fevereiro Março Soma Saldo Inicial R$ - R$ 144,00 R$ 384,00 x

Saldo Inicial R$ - R$ 2.400,00 R$ 5.200,00 R$ 7.600,00 Compras R$ 1.584,00 R$ 2.640,00 R$ 3.960,00 R$ 8.184,00

Receita R$ 2.400,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 12.400,00 Custo da


Mercadoria (R$ 1.440,00) (R$ 2.400,00) (R$ 3.600,00) (R$ 7.440,00)
Cobrança R$ - (R$ 1.200,00) (R$ 3.200,00) (R$ 4.400,00) Vendida (R$)

Saldo Final R$ 144,00 R$ 384,00 R$ 744,00 x


Saldo Final R$ 2.400,00 R$ 5.200,00 R$ 8.000,00 R$ 15.600,00

Lembrando: o saldo inicial é igual ao saldo final do período anterior!


O saldo inicial é igual ao saldo final do período anterior.
O saldo inicial do mês de janeiro é zero, pois a empresa foi cons-
A receita é equivalente ao valor da Receita na planilha do plano de tituída nesse momento.
vendas. É reconhecida conforme a ocorrência do evento (Regime
de Competência). As compras são calculadas utilizando o controle de vendas e a
informação sobre a composição do estoque. Assim:
A cobrança é equivalente ao valor do Saldo do somatório da pla-
nilha de cobrança. É reconhecida conforme a expectativa de seu Total de compras para
120 x 10% = 12 unid.
recebimento efetivo (Regime de Caixa). o estoque de segurança
Total de compras
120 + 12= 132 unid.
(estoque de seg. e de venda)

Informações utilizadas Total de compras em R$ 132 x R$ 12= R$ 1.584

Recebimento de clientes O valor do Custo da Mercadoria Vendida é equivalente ao valor


calculado no Plano de Vendas. Como o custo unitário foi o mes-
mo ao longo do trimestre, a avaliação dos estoques é simples.
Plano de vendas Caso houvesse variações nesse custo, poderíamos adotar o mé-
todo do custo médio para tal fim.

Planilha de cobrança
Informações utilizadas

Estoque

Plano de vendas

Agora que conhecemos a planilha de compras, podemos estudar


como serão feitos os pagamentos aos fornecedores.
82 83
Passo 5 Passo 7
Começaremos elaborando uma planilha similar à de cobrança, Em relação aos tributos, como a empresa está no regime do
elaborada no passo 2. SIMPLES, sabendo seu faturamento mensal e comparando com
a tabela respectiva do negócio (comércio), podemos identificar a
faixa de tributação e a respectiva alíquota.
Planilha de pagamento a fornecedores
Como a tabela é anual, faremos a divisão por 12 para sabermos o
Meses janeiro fevereiro março Soma
faturamento equivalente mensal. No caso, a empresa está na pri-
janeiro R$ - R$ 1.584,00 R$ - R$ 1.584,00 meira faixa da tabela: faturamento anual de R$ 180.000 ou R$
15.000 mensais. Nessa faixa, a alíquota aplicada é de 4% sobre o
fevereiro R$ - R$ - R$ 2.640,00 R$ 2.640,00 faturamento. Veja:

março R$ - R$ - R$ - R$ -
Receita Bruta em
Alíquota IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS
Soma R$ - R$ 1.584,00 R$ 2.640,00 R$ 4.224,00 12 meses (em R$)

Até 180.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25%

As compras de janeiro serão pagas em fevereiro. Para saber o va- Com isso, podemos calcular o SIMPLES mensal da De Cá:
lor das compras totais, verificar no plano de estoque o valor total
das compras de cada mês.
Planilha de apuração de Tributos - SIMPLES

janeiro fevereiro março Soma


Informações utilizadas
Faturamento R$ 2.400,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 12.400,00

Pagamento de fornecedores Simples


R$ 96,00 R$ 160,00 R$ 240,00 R$ 496,00
(4%)

Plano de estoque
O valor calculado deduzirá a Receita Bruta (DRE) do mês e será
pago no mês seguinte (BP).

Passo 6 Por essa mecânica, simplificada sim, mas objetiva e prática,


conseguimos ter dados gerais do negócio compilados e inte-
Consolidando as informações de compras e de pagamento pode-
grados em uma informação orçamentária que nos permite ana-
mos saber o saldo de contas a pagar (fornecedores) de cada mês.
lisar e tomar decisões diversas sobre o rumo do negócio.

Planilha de contas a pagar Além disso, o que podemos fazer com o orçamento?
Itens janeiro fevereiro março Soma Inicialmente, vamos responder a estas questões:

Saldo Inicial R$ - R$ 1.584,00 R$ 2.640,00 x


1 \ Qual seria o lucro passível de distribuição em janeiro, fevereiro
Compras R$ 1.584,00 R$ 2.640,00 R$ 3.960,00 R$ 8.184,00 e março?
2 \ A empresa será capaz de honrar todos os seus compromissos
Pagamento R$ - (R$ 1.584,00) (R$ 2.640,00) (R$ 4.224,00) financeiros, no trimestre janeiro-março?
3 \ Como ficaria a situação patrimonial da entidade, no trimestre
Saldo Final R$ 1.584,00 R$ 2.640,00 R$ 3.960,00 x
janeiro-março?

Para isso, faremos uso da projeção de demonstrações contá-


beis e de um mapa geral de indicadores.
84 85
\ 3.4 \

Resultado

(1.200,00)
(1.440,00)
2.400,00
Análise Orçamentária

(460,00)
DRE

(100,00)

460,00
(24,00)

(96,00)
0,00

0,00

0,00
0,00
A análise orçamentária é vista, na maioria das vezes, como o
processo de acompanhamento do orçamento, periodicamente.

dos Acu-
Integralizar mulados
Resulta-

(460,00)

(10.000,00) (460,00)
Todas as empresas que fazem seus orçamentos também fazem

0,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
esse acompanhamento, obviamente. Isso é um procedimento
de controle e permite que os donos tenham uma visão mais

(10.000,00)

(10.000,00)
(-) Capital
objetiva de como as coisas estão indo. Portanto, o orçamento

Social a
é peça fundamental para o controle (já falei isso antes!) e sem
ele fica difícil saber para onde e como os negócios da empresa
estão indo.

40.000,00

40.000,00

40.000,00
SIMPLES Capital
a Recolher Social
Mas, e no caso da De Cá, que iniciou suas atividades e ainda está
planejando sua operação? Ela não tem como fazer a comparação
tradicional de orçado versus realizado. Então, como ela pode fazer
alguma análise orçamentária?

96,00

96,00

96,00
Outra possibilidade da análise orçamentária está na sua capaci-

PASSIVO
dade de permitir que se faça análise prospectiva com base nas

1.584,00

1.584,00
1.584,00
cedores
(queijo)
Forne-
diretrizes e nos dados do orçamento, de maneira a viabilizar uma
visão de como seriam os resultados e patrimônio da empresa
seguindo o que foi proposto.

9.600,00

9.600,00

9.600,00
(móveis)
cedores
Forne-
É assim que conseguiremos
responder as três questões
anteriores, com o uso de pro-

=
=

=
jeções das demonstrações e

(-) Depre-

12.000,00 (100,00)

12.000,00 (100,00)
(100,00)
análise de indicadores em um

ciação
mapa geral.

12.000,00
Para podermos projetar as de-

Móveis
monstrações e calcular os in-
dicadores econômico-financei-
ros, faremos uso, inicialmente,

(1.440,00)
de queijo

1.584,00
da matriz de lançamentos das

ATIVO

Estoque

144,00

144,00
transações projetadas no pas-
so-a-passo orçamentário. Com
a matriz, identificaremos os im-

2.400,00

2.400,00
2.400,00
Clientes
pactos de todas as transações
em termos de efeito no fluxo de
caixa (DFC), no resultado (DRE)

30.000,00

26.376,00

26.376,00
(2.400,00)

(1.200,00)
e, finalmente, no patrimônio ou
Disponi-
bilidade

(24,00)
(Caixa)
posição financeira da empresa
(BP), em cada um dos meses
do 1º trimestre da De Cá. Constituição da

administrativas

Saldos Parciais

janeiro e inicial
Saldo Final de
de Resultado
Transferência
Comissão de

faturamento)
janeiro/20x1

Depreciação
de móveis e

de fevereiro
mercadoria
Compra de

Despesas

SIMPLES
Aquisição

utensílios

Venda de

Custo de
empresa

vendida
(queijo)

vendas

(sobre
queijo

queijo
86 87
88
ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DRE
Resul-
Disponi- (-) Forne- Forne- SIMPLES (-) Capital
Estoque Capital tados
fevereiro/20x1 bilidade Clientes Móveis Depre- = cedores cedores a Reco- Social a Resultado
de queijo Social Acumu-
(Caixa) ciação (móveis) (queijo) lher Integralizar
lados
Saldo Final de janeiro e
26.376,00 2.400,00 144,00 12.000,00 (100,00) = 9.600,00 1.584,00 96,00 40.000,00 (10.000,00) (460,00) 0,00
inicial de fevereiro
Pagamento de Fornece-
dores (móveis e utensí- (4.800,00) = (4.800,00) 0,00
lios)
Pagamento de Fornece-
(1.584,00) = (1.584,00) 0,00
dores (queijo)
Recebimento de Clientes
1.200,00 (1.200,00) = 0,00
(queijo)

Compra de queijo 2.640,00 = 2.640,00 0,00

Venda de queijo 4.000,00 = 4.000,00

Custo de Mercadoria
(2.400,00) = (2.400,00)
Vendida (queijo)

Depreciação (100,00) = (100,00)

Despesas Administrativas (1.200,00) = (1.200,00)

Comissão de Vendas (40,00) = (40,00)

SIMPLES (sobre fatura-


= 160,00 (160,00)
mento)

Pagamento do Simples (96,00) = (96,00) 0,00

Saldos Parciais 19.856,00 5.200,00 384,00 12.000,00 (200,00) = 4.800,00 2.640,00 160,00 40.000,00 (10.000,00) (460,00) 100,00

Transferência de Resultado = 100,00 (100,00)

Saldo Final de fevereiro e


19.856,00 5.200,00 384,00 12.000,00 (200,00) = 4.800,00 2.640,00 160,00 40.000,00 (10.000,00) (360,00) 0,00
inicial de março

ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DRE


Resul-
Disponi- (-) Forne- Forne- (-) Capital
Estoque SIMPLES Capital tados
março/20x1 bilidade Clientes Móveis Depre- = cedores cedores Social a Resultado
de queijo a Recolher Social Acumula-
(Caixa) ciação (móveis) (queijo) Integralizar
dos
Saldo Final de fevereiro e
19.856,00 5.200,00 384,00 12.000,00 (200,00) = 4.800,00 2.640,00 160,00 40.000,00 (10.000,00) (360,00) 0,00
inicial de março

Integralização 10.000,00 10.000,00 0,00

Pagamento de
Fornecedores (móveis e (4.800,00) = (4.800,00) 0,00
utensílios)
Pagamento de Fornece-
(2.640,00) = (2.640,00) 0,00
dores (queijo)
Recebimento de clientes
3.200,00 (3.200,00) = 0,00
(queijo)

Compra de queijo 3.960,00 = 3.960,00 0,00

Venda de queijo 6.000,00 = 6.000,00

Custo de Mercadoria
(3.600,00) = (3.600,00)
Vendida (queijo)

Depreciação (100,00) = (100,00)

Despesas Administrativas (1.200,00) = (1.200,00)

Comissão de Vendas (60,00) = (60,00)

SIMPLES (sobre fatura-


= 240,00 (240,00)
mento)

Pagamento do Simples (160,00) = (160,00) 0,00

Saldos Parciais 24.196,00 8.000,00 744,00 12.000,00 (300,00) = 3.960,00 240,00 40.000,00 (360,00) 800,00

Transferência de
= 800,00 (800,00)
Resultado
Saldo Final de janeiro e
24.196,00 8.000,00 744,00 12.000,00 (300,00) = 3.960,00 240,00 40.000,00 440,00 0,00
inicial de fevereiro
89
Aí estão as matrizes de cada mês, com todos os lançamentos O resultado bruto deve ser aplicado para manter a empresa em
referentes às transações do trimestre da De Cá. Embasados ne- funcionamento e gerar o lucro desejado. No caso da De Cá, uma
las, podemos montar as demonstrações projetadas. empresa em início de atividades, no mês de janeiro, o resultado fi-
nal é negativo; contudo, ao longo do trimestre, há uma recuperação
e a mesma consegue fechar com um saldo acumulado de $440,00.
\ 3.5 \
Projeção de Demonstrações Contábeis Assim, poderíamos responder a nossa pergunta indicando a
impossibilidade de distribuição de lucros em janeiro e em fe-
vereiro, visto que o resultado acumulado ainda seria negativo
DRE (prejuízo). Mas, em março, a mesma poderia realizar distribui-
ção de até $ 440,00, que foi o resultado acumulado final!
Nossa primeira questão foi: Qual seria o lucro passível de distri-
buição em janeiro, fevereiro e março? Mas ela tem dinheiro para poder pagar essa distribuição de lucro?
Vejamos isso com a Demonstração dos Fluxos de Caixa a seguir.
Por meio da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE),
medimos o resultado da empresa para cada um dos meses e do
trimestre, de maneira acumulada. A DRE nos permite avaliar o
desempenho da empresa em termos de lucratividade e, com a
DFC
informação de resultados, também podemos medir a rentabili-
Vamos estruturar, com os dados das matrizes, a Demonstração
dade (veremos nos mapas de indicadores isso).
de Fluxos de Caixa (DFC). Em nosso estudo da De Cá, a DFC é
representada pela coluna Disponibilidades (Caixa), vista estarem
Com os dados sistematizados na matriz, podemos observar,
nelas todos os lançamentos que afetaram o fluxo de caixa da De
mensalmente, os dados da última coluna para compor a nossa
Cá, em cada mês, por entradas ou saídas.
DRE da De Cá. Vejamos:

Utilizando o método direto para elaboração da DFC, temos:


Demonstração do Resultado Projetado
Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetada
janeiro fevereiro março Acumulado janeiro fevereiro março Acumulado
Receita Bruta R$ 2.400,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 12.400,00 Atividade Operacional
(-) Tributos sobre venda (SIMPLES) (R$ 96,00) (R$ 160,00) (R$ 240,00) (R$ 496,00) Recebimento de Clientes R$ 0,00 R$ 1.200,00 R$ 3.200,00 R$ 4.400,00

= Receita Líquida R$ 2.304,00 R$ 3.840,00 R$ 5.760,00 R$ 11.904,00 (-) Pagamento de Fornecedores R$ 0,00 (R$ 1.584,00) (R$ 2.640,00) (R$ 4.224,00)
(-) Pagamento de Impostos R$ 0,00 (R$ 96,00) (R$ 160,00) (R$ 256,00)
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (R$ 1.440,00) (R$ 2.400,00) (R$ 3.600,00) (R$ 7.440,00)
(-) Pagamento de Despesas de Vendas (R$ 24,00) (R$ 40,00) (R$ 60,00) (R$ 124,00)
(=) Lucro Bruto R$ 864,00 R$ 1.440,00 R$ 2.160,00 R$ 4.464,00
(-) Pagamento de Despesas Administrativas (R$ 1.200,00) (R$ 1.200,00) (R$ 1.200,00) (R$ 3.600,00)
(-) Despesas de Vendas (R$ 24,00) (R$ 40,00) (R$ 60,00) (R$ 124,00) = Fluxo de Caixa da Atividade Operacional (R$ 1.224,00) (R$ 1.720,00) (R$ 860,00) (R$ 3.804,00)
(-) Despesas Administrativas (R$ 1.200,00) (R$ 1.200,00) (R$ 1.200,00) (R$ 3.600,00)
Atividade de Investimento
(-) Depreciação (R$ 100,00) (R$ 100,00) (R$ 100,00) (R$ 300,00)
(-) Pagamento da Aquisição de Móveis (R$ 2.400,00) (R$ 4.800,00) (R$ 4.800,00) (R$ 12.000,00)
= Resultado Operacional (R$ 460,00) R$ 100,00 R$ 800,00 R$ 440,00 = Fluxo de Caixa da Atividade de Investimento (R$ 2.400,00) (R$ 4.800,00) (R$ 4.800,00) (R$ 12.000,00)
= Lucro Líquido (R$ 460,00) R$ 100,00 R$ 800,00 R$ 440,00
Atividade de Financiamento
(+) Integralização do Capital Social R$ 30.000,00 R$ 10.000,00 R$ 40.000,00

Podemos identificar a relação direta entre aumento do volume (-) Pagamento de Dividendos R$ 0,00
de vendas e o faturamento da empresa (Receita Bruta), acom- = Fluxo de Caixa da Atividade de Financiamento R$ 30.000,00 R$ 0,00 R$ 10.000,00 R$ 40.000,00
panhado de perto do aumento do CMV. A De Cá conseguirá
= Variação do Saldo de Caixa R$ 26.376,00 (R$ 6.520,00) R$ 4.340,00 R$ 24.196,00
uma margem bruta acumulada no período equivalente a 36%
($4.464 / $12.400), que pode ser considerada uma boa margem Saldo Inicial R$ 0,00 R$ 26.376,00 R$ 19.856,00
para sua operação. Saldo Final R$ 26.376,00 R$ 19.856,00 R$ 24.196,00
Variação do Saldo de Caixa R$ 26.376,00 (R$ 6.520,00) R$ 4.340,00 R$ 24.196,00
90 91
Nossa 2ª pergunta foi: A empresa será capaz de honrar todos
os seus compromissos financeiros, no trimestre janeiro-março?
BP
Além dessa, a pergunta derivada da primeira foi se haveria “di-
Nossa última pergunta é sobre como ficaria a situação patrimo-
nheiro em caixa” para pagar uma distribuição de lucros.
nial da entidade, no trimestre janeiro-março. Para respondê-la,
precisamos estruturar o Balanço Patrimonial – BP – da de De Cá
Quando olhamos as atividades operacionais, percebemos que
com base nos dados já disponíveis na matriz de lançamentos.
todas elas serão pagas (fornecedores, impostos e despesas).
Teremos, então:
Mesmo recebendo de seus clientes, esse fluxo de entrada não
será suficiente para subsidiar os pagamentos e por isso ela terá
de lançar mão de seu capital de giro. Esse capital de giro será
provido pelo sócio com a integralização de capital social – é o Balanço Patrimonial Projetado
CCP da empresa, sendo aplicado na NCG.
janeiro fevereiro março
Além de cobrir a NCG da empresa, o capital investido pelo sócio
será utilizado para a aplicação nos móveis adquiridos pela De Cá. Ativo
Essa é uma aplicação normal de recursos dessa fonte.
Ativo Circulante R$ 28.920,00 R$ 25.440,00 R$ 32.940,00

Restará ao final do trimestre, um saldo líquido de Caixa para a Caixa R$ 26.376,00 R$ 19.856,00 R$ 24.196,00
De Cá de R$ 24.196,00, formado em quase sua totalidade pelo
aporte de capital do sócio. Neste caso, não seria prudente fazer Clientes R$ 2.400,00 R$ 5.200,00 R$ 8.000,00
distribuição de lucros, mesmo havendo o mesmo na acumula-
Estoques R$ 144,00 R$ 384,00 R$ 744,00
ção do período, considerando-se a figura do início do negócio e
as necessidades de aplicação desse lucro (reinvestimento no Ativo Não Circulante R$ 11.900,00 R$ 11.800,00 R$ 11.700,00
negócio). Paciência, afinal é só o começo!
Imobilizado R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00

(-) Depreciação Acumulada (R$ 100,00) (R$ 200,00) (R$ 300,00)

Ativo Total R$ 40.820,00 R$ 37.240,00 R$ 44.640,00

Passivo + Patrimônio Líquido


Passivo Circulante R$ 11.280,00 R$ 7.600,00 R$ 4.200,00

Fornecedores de Mercadorias R$ 1.584,00 R$ 2.640,00 R$ 3.960,00

Fornecedores de Móveis R$ 9.600,00 R$ 4.800,00 R$ 0,00

Imposto sobre Vendas a Recolher R$ 96,00 R$ 160,00 R$ 240,00

Patrimônio Líquido R$ 29.540,00 R$ 29.640,00 R$ 40.440,00

Capital Social Subscrito R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00

(-) Capital Social a Integralizar (R$ 10.000,00) (R$ 10.000,00) R$ 0,00

Resultados Acumulados (R$ 460,00) (R$ 360,00) R$ 440,00

Total do Passivo + Patrimônio líquido R$ 40.820,00 R$ 37.240,00 R$ 44.640,00

92 93
A evolução patrimonial é nítida desde janeiro até março. A estru- A expressão mapa de voo é pertinente mesmo, não é? Se ainda
turação do negócio consome e exige recursos do projeto ideali- não começou de fato a funcionar, podemos constituir todo um
zado e isso se reverte, espera-se, na consolidação da empresa. conjunto de ferramentas gerenciais que nos dão parâmetros para
podermos realizar o controle e o gerenciamento da empresa no
Podemos ver o crescimento do ativo da empresa e que os recur- dia a dia, periodicamente.
sos para sustentá-lo estão lastreados em passivos operacionais,
específicos para os fins de destinação (móveis), e o próprio apor-
te do sócio com seu capital. Então, temos uma fonte de curto
prazo financiando ativos de longo prazo e fonte própria também.
Interessante e importante quando fizermos a análise do Capital
de Giro.

Para melhor percebermos essa evolução ou desenrolar do negó-


cio neste trimestre, podemos fazer uso dos indicadores vistos
no capítulo anterior e construir um mapa de indicadores para
auxilio à gestão.

Vamos lá!

Portanto, não apenas o orçamento estritamente dito é uma ferra-


menta, mas o conjunto de demonstrações e de elementos que
estão interligados a ele o é! E o mapa de indicadores faz parte
disso e objetiva auxiliar-nos a gerenciar a empresa e a corrigir o
“rumo” da mesma. Caso não esteja indo para o “lugar certo” e
até mesmo para podermos simular outras possibilidades ou con-
dições diferentes daquelas que estimamos no início – se as con-
dições de “pressão e temperatura” variarem, o que acontece?
Veremos à frente isso!

\ 3.6 \ Com as demonstrações projetadas anteriormente, podemos cal-


cular diversos indicadores. Utilizaremos, como exemplo geral, a
Elaboração de Mapa de Indicadores relação de todos os indicadores apresentada ao final do capítulo
2, mas podemos utilizar alguns ou outros ainda para ter em mãos
No capítulo anterior, estudamos indicadores que nos auxiliam a
aqueles que sejam mais adequados para sintetizar e indicar como
fazer análise de demonstrações contábeis e consequentemente
a empresa está.
da saúde financeira da empresa.
Lembre-se: o indicador deve indicar algo, portanto, deve ser re-
Em um contexto de orçamentação ou de constituição de uma
lacionado ao objeto que está sintetizando para conseguir cum-
visão financeira de uma estimativa (o orçamento acaba sendo
prir essa tarefa. Não é um conjunto extenso de indicadores que
isso!), ao se ter as demonstrações projetadas também conse-
melhorará o desempenho da empresa, mas como as transações
guimos ter a possibilidade de utilizarmos de indicadores finan-
são conduzidas e como os processos em geral são realizados
ceiros para nos auxiliar a criar um mapa de voo para o negócio,
dentro da organização. Os indicadores são apenas reflexos de
que ainda está “decolando”.
tudo isso – ou deveriam ser! – e, portanto, auxiliam muito quan-
do direcionam a nossa atenção para possíveis desvios.

Vamos ao nosso mapa de indicadores da De Cá, com base em


suas demonstrações projetadas:

94 95
Perceba que necessitamos ajustar os indica-
Mapa de Indicadores Econômico-Financeiros da De Cá – 1º trimestre de 20x1
dores para o contexto em análise. Estamos fa-
Indicadores Cálculo janeiro fevereiro março lando de períodos mensais e não anuais e, por
Liquidez Corrente Ativo Circulante / Passivo Circulante 2,56 3,35 7,84 isso, os índices de Prazos Médios precisam ser
em relação média com o mês ou 30 dias. Tam-
Liquidez Seca Ativo Circulante (-) Estoques / Passivo Circulante 2,55 3,30 7,67
bém, como temos um Fornecedor de imobiliza-
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo / Passivo do, esse não pode fazer parte do PCO quando
Liquidez Geral 2,56 3,35 7,84
Circulante + Passivo Não Circulante
calculamos a NCG.
Indicadores Cálculo janeiro fevereiro março
Participação O que você consegue ver ao
de Capitais de
Terceiros
(Capitais de Terceiros/Patrimônio Líquido) x 100 38% 26% 10%
observar e analisar todo
Composição do
o Mapa de Indicadores?
(Passivo Circulante/Capitais de Terceiros) x 100 100% 100% 100%
Endividamento
Não se preocupe se essa pergunta constran-
Imobilização do (Ativos Investimentos + Imobilizado) /
40% 40% 29% ge você, porque na verdade não conseguimos
Patrimônio Líquido (Patrimônio Líquido) x 100
montar uma única análise assim tão sintética
Indicadores Cálculo janeiro fevereiro março com todos esses indicadores!
Margem Líquida (Lucro Líquido/Receita Líquida) x 100 -20% 3% 14%
Precisamos lançar mão de nossos conhecimentos adquiridos no
Rentabilidade do
(Lucro Líquido/Ativo Total) x 100 -1,1% 0,3% 1,8% cap. 2 e analisar cada conjunto de indicadores para termos uma
Ativo
visão, inicialmente, isolada, para, ao final, chegar a uma conclu-
Rentabilidade do
(Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) x 100 -1,6% 0,3% 2,0% são da situação da empresa como um todo. Esse é o método
Patrimônio Líquido
mais comum de análise e por muito tempo existiram (ão) esfor-
Giro do Ativo Receita Líquida / Ativo total 0,06 0,10 0,13
ços para se construir um indicador único que expresse totalmen-
Indicadores Cálculo janeiro fevereiro março te a situação da empresa. Vários indicadores existem e auxiliam
bastante na análise, mas nenhum ainda conseguiu chegar ao
Prazo Médio de
Renovação dos (Estoques/Custo das Mercadorias Vendidas) x 30 3 5 6 status de ser o “tal” ou o “bambambã”! Cada um consegue,
Estoques (PMRE) em suas limitações e especializações, indicar algo. E isso não é
Prazo Médio de
bom, nem ruim; é apenas o que eles são: indicadores ou mode-
Recebimento de (Duplicatas a Receber/Receita Líquida) x 30 31 41 42 los simplificados de uma realidade mais complexa.
Vendas (PMRV)
Prazo Médio de (Fornecedores/Compras) x 30*
Quanto à liquidez da empresa, podemos perceber que ela está
Pagamento de * Como temos 3 meses, a base precisa ser mensal e não anual, 30 30 30 bem acima do que seria o padrão para os respectivos indicado-
Compras (PMRC) conforme vimos!
res, mesmo o de Liquidez Corrente. Mas por quê? A resposta é
simples e possível de ser vista na DFC e no próprio BP: o saldo
Indicadores Cálculo janeiro fevereiro março
de disponibilidades, que neste momento inicial foi constituído
Necessidade de pela integralização do capital. Portanto, não é um efeito ainda da
Capital de Giro – ACO – PCO R$ 864,00 R$ 2.784,00 R$ 4.544,00
NCG estrutura de curto prazo e respectivas atividades da empresa.
Assim, podemos ver que cuidado na análise direta dos indicado-
Saldo em
ACF – PCF R$ 26.376,00 R$ 19.856,00 R$ 24.196,00 res é importante.
Tesouraria – T
Capital Circulante
Líquido – CCL
NCG – T ou AC – PC* R$ 27.240,00 R$ 22.640,00 R$ 28.740,00
Mas como podemos refinar isso um pouco mais?
Olhando para o modelo de análise de capital
* AC – PC, sem Fornecedores de Móveis, neste caso!
de giro!

96 97
A NCG da De Cá aumentou bastante após o primeiro mês, de- Esse é um exemplo do cuidado a se tomar com análises padro-
vido às suas políticas de estocagem e de recebimento. Como nizadas ou mesmo com base em cartilhas e modelos pré-esta-
ela adotou uma política de financiar seus clientes em 30 e 60 belecidos!
dias, seu caixa operacional ficará “apertado” e precisará con-
tar com o financiamento de seus fornecedores, que lhe dão 30 Então, temos que perceber que o endividamento de curto prazo
dias apenas, e com o caixa que foi aportado pela integralização é decorrente de atividades operacionais e não financeiras pura-
de capital. Por isso, o seu CCL é a fonte de seu financiamento mente ditas. Assim, não podemos pensar em riscos financeiros
e, consequentemente, da sobra em Tesouraria tão elevada. Ou consideráveis nem mesmo em alavancagem financeira. E, ain-
seja, a liquidez elevada da De Cá nada mais é do que o excesso da, vemos que o ativo imobilizado está financiado por recursos
ainda disponível dos recursos da integralização. de curto prazo, o que disponibiliza o CCL formado por capital
próprio da empresa para financiar a NCG.
Se adicionarmos novamente a análise da DFC,
E, por último, temos a rentabilidade e lucratividade da empresa
vemos claramente que ela não gerou fluxo de por meio dos indicadores respectivos. Como vimos pela DRE, a
caixa positivo em suas operações, certo? De Cá acumulou lucros no final do trimestre, mas com prejuízo
em janeiro. E isso impactou seus indicadores que ficaram nega-
O ciclo operacional da empresa, considerando-se os prazos mé- tivos naquele mês.
dios mensais, ficou em 34, 45 e 48 dias para cada um dos me-
ses. Esse crescimento é devido às políticas de compra e de re- O crescimento dos indicadores é decorrente do processo de
cebimento da empresa. Como ela está formando seus Estoques melhoria de sua lucratividade a cada mês, decorrente do au-
e seu Contas a Receber de Clientes, vemos um processo pareci- mento das vendas e ajustamento de sua estrutura de custos e
do como uma caixa d´água, que vai encher até um determinado despesas. O aumento do giro também demonstra esse cresci-
nível e manter-se nele se não alterarem as condições de entrada mento e, como se trata de uma empresa em início de operação,
e saída da água – aqui, na analogia, o fluxo de entrada e saída de seus patamares podem ser explicados por isso.
mercadorias e de vendas e recebimentos dos clientes!
Em síntese, considerando que a De Cá está iniciando suas ativi-
dades, a tendência dos indicadores não revela nada de ruim no
CICLO OPERACIONAL que foi planejado por José.

PMRE PMRV
Mas, e se....?
PMRV CICLO CAIXA Bem, o “se” é algo fundamental em plane-
jamento e já salvou muitas empresas, pois
gera uma condição e nos faz analisar as de-
O ciclo de caixa é de 4 dias para janeiro e de 15 e 18 para feverei- mais possibilidades e até mesmo aquelas que
ro e março, respectivamente. A necessidade de capital de giro é não desejamos e não queremos que ocorram.
decorrente das políticas operacionais da empresa (refletidas nos Mas, e se acontecer?
prazos médios) que assim precisa recorrer a financiamentos de
capital de giro, supridos pelo CCL da empresa. Temos que saber o quanto as nossas deci-
sões podem impactar na empresa e tentar
Quanto aos indicadores de endividamento, temos que conside- segregar elementos que são controláveis e
rar que a dívida da empresa é, em grande parte, de natureza frutos mais de nossas decisões daqueles que
operacional (PCO) e ainda com financiamento à imobilização. Sa- nos afetam mas não temos controle algum.
bemos que os juros estão embutidos em quase todas as vendas
a prazo realizadas. Mas, no caso desse tipo de passivo, fica di- Podemos com o orçamento,
fícil saber qual o percentual de juros embutido nas vendas e as- simular situações e as decisões
sim a análise de uma relação de endividamento é muito limitada.
decorrentes delas e ver seus
impactos.
98 99
\ 3.7 \ Vejamos essa situação e o impacto nos indicadores de prazos
médios:
Avaliação do impacto das decisões
Vamos considerar, para fins de avaliação do impacto de algumas Indicadores Cálculo janeiro fevereiro março
decisões, a variação provocada na estrutura patrimonial e finan- Prazo Médio de Renovação (Estoques/Custo das Mercadorias
3 5 6
ceira da De Cá, que se materializará em suas demonstrações dos Estoques (PMRE) Vendidas) x 30
contábeis e poderá ser captada também pelos indicadores. Prazo Médio de Recebimento (Duplicatas a Receber/Receita
21 27 28
de Vendas (PMRV) Líquida) x 30
Esse é um método simples, depois que temos toda a estrutura Prazo Médio de Pagamento
(Fornecedores/Compras) x 30 30 30 30
de orçamento e as demonstrações projetadas elaboradas! de Compras (PMRC)

Para tal avaliação, podemos analisar os impactos de decisões


operacionais causadas por situações externas à empresa, decor- A queda no PMRV é a consequência direta e também as altera-
rentes da economia. ções nos ciclos operacionais e de caixa, que passam a ser de:

E SE
Vamos analisar o que aconteceria se, por alguma razão, houves-
se retração de mercado e ela necessitasse ter prazo de venda janeiro fevereiro março
diferente do inicial. Por uma questão de minimização de risco, Ciclo Operacional 24 32 34
ela poderia vender com uma entrada de 1/3 e manter o restan-
Ciclo Caixa 6 -2 -4
te para ser pago em duas vezes de 30 e 60 dias, em parcelas
iguais. Essa decisão impactaria e nos faria recalcular a planilha
de cobrança de clientes (Passo 2) e planilha de recebimento de No mês de janeiro, vemos que o PMPC é suficiente para financiar
clientes (Passo 3), respectivamente. todo o ciclo operacional, gerando um excedente de recursos para
financiar a NCG da empresa e aumentar sua posição em Caixa.
Nos demais meses, o ciclo de caixa foi bem menor do que o ini-
Planilha de cobrança de clientes
cialmente previsto, indicando uma melhora pela decisão tomada.
Meses janeiro fevereiro março Soma
Se olharmos a DFC, com esse efeito da nova política de PMRV,
janeiro R$ 800,00 R$ 800,00 R$ 800,00 R$ 2.400,00 podemos ver o impacto dela no Fluxo de Caixa da Atividade Ope-
racional também.
fevereiro R$ - R$ 1.333,33 R$ 1.333,33 R$ 2.666,67

março R$ - R$ - R$ 2.000,00 R$ 2.000,00


Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetada
Soma R$ 800,00 R$ 2.133,33 R$ 4.133,33 R$ 7.066,67 janeiro fevereiro março Acumulado

Atividade Operacional
Planilha de recebimento de clientes Recebimento de Clientes R$ 800,00 R$ 2.133,33 R$ 4.133,33 R$ 7.066,67
Itens janeiro fevereiro março Soma (-) Pagamento de Fornecedores R$ - (R$ 1.584,00) (R$ 2.640,00) (R$ 4.224,00)
(-) Pagamento de Impostos R$ - (R$ 96,00) (R$ 160,00) (R$ 256,00)
Saldo Inicial R$ - R$ 1.600,00 R$ 3.466,67 R$ 5.066,67
(-) Pagamento de Despesas de Vendas (R$ 24,00) (R$ 40,00) (R$ 60,00) (R$ 124,00)
Receita R$ 2.400,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 12.400,00
(-) Pagamento de Despesas Administrativas (R$ 1.200,00) (R$ 1.200,00) (R$ 1.200,00) (R$ 3.600,00)
Cobrança R$ (800,00) R$ (2.133,33) R$ (4.133,33) R$ (7.066,67) = Fluxo de Caixa da Atividade Operacional (R$ 424,00) (R$ 786,67) R$ 73,33 (R$ 1.137,33)

Saldo final R$ 1.600,00 R$ 3.466,67 R$ 5.333,33 R$ 10.400,00

Apesar de continuar negativo, agora está menor do que o anterior-


mente projetado – compare!

100 101
E SE
Outra possibilidade, caso a anterior não fosse possível (retração
com falta de recursos disponíveis pelos clientes), seria o aumen-
to do prazo de financiamento de seus clientes para 30, 60 e 90
dias. Nesse caso, teríamos o seguinte impacto:

Planilha de cobrança de clientes

Meses janeiro fevereiro março Soma

janeiro R$ - R$ 800,00 R$ 800,00 R$ 1.600,00


Porque esse tipo de decisão afeta apenas a dimensão financeira
fevereiro R$ - R$ - R$ 1.333,33 R$ 1.333,33
da empresa e não a econômica. Assim, a alteração no volume
março R$ - R$ - R$ - R$ - de vendas e/ou no preço de venda é que provocaria algum efeito
em termos de lucratividade (por conta do nível de faturamento
Soma R$ - R$ 800,00 R$ 2.133,33 R$ 2.933,33 alterado), mas apenas a alteração na política de vendas (prazo de
recebimento de vendas) não provoca impacto direto na margem
de lucros da empresa.
Planilha de recebimento de clientes

Itens janeiro fevereiro março Soma Felizmente, as decisões em um processo de planejamento levam
em conta mais do que apenas um cenário e também mais do que
Saldo Inicial R$ - R$ 2.400,00 R$ 5.600,00 R$ 8.000,00 apenas uma variável, sendo impactada nessas simulações.

Receita R$ 2.400,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 12.400,00 Normalmente, são feitas simulações para diferentes curvas
de preços que consideram o nicho de mercado a ser atendido,
Cobrança R$ - R$ (800,00) R$ (2.133,33) R$ (2.933,33)
questões logísticas de armazenamento e entrega, política de
Saldo Final R$ 2.400,00 R$ 5.600,00 R$ 9.466,67 R$ 17.466,67 descontos por regiões e/ou clientes, etc., cada uma impactando
financeira e economicamente a empresa, afetando seu fluxo de
caixa e sua lucratividade.
E, com isso, a nova situação, em termos de ciclos operacional e
de caixa seriam: Mas, além dessas decisões de cunho operacional (compras,
vendas, estocagem), temos as decisões de investimento e de
financiamento, que afetam a estrutura patrimonial da empresa
Indicadores janeiro fevereiro março
e seu resultado e, consequentemente, a análise da rentabilida-
Ciclo Operacional 34 49 56 de como um todo.
Ciclo Caixa -4 -19 -26
Se, em vez de utilizar de aquisições de curto prazo para estrutu-
rar sua empresa, José decidisse buscar recursos em uma insti-
Exceto pelo mês de janeiro, os demais meses pioraram muito tuição financeira, teríamos que analisar de fato o grau de endi-
em relação ao ciclo de caixa, demandando ainda mais da em- vidamento da De Cá e verificar se foi uma boa opção para ela.
presa em termos de capital de giro para se financiar. O fluxo de Nessa situação, estaríamos avaliando o custo da dívida obtida
caixa da atividade operacional terá uma queda ainda maior e isso e quanto de retorno de investimento seria obtido com o ativo
implicará numa posição final de saldo de Caixa disponível menor adquirido. Tanto a análise por meio de indicadores como o ROA,
do que a original prevista – redução de R$ 1.466,67 pelo não como pela Alavancagem Financeira seriam possíveis nessa con-
recebimento dos clientes em apenas duas parcelas. dição.

Contudo, quanto seria o lucro de cada mês da De Cá nessas Portanto, em simulações para avaliação de cenários e de como
situações, decorrente de uma ou de outra opção escolhida? O as decisões impactarão a empresa, torna-se fundamental a capa-
mesmo! Por quê? cidade de orçamentação e ajustamento desta ferramenta pelos
usuários da mesma, a fim de acelerar o processamento destas
situações.

102 103
DESAFIO 9 \ Mapa de Indicadores

jan fev mar abr maio jun


Elabore novamente o orçamento, as projeções das demonstrações contábeis da De Cá,
Liquidez Imediata
agora para 6 meses, considerando as informações abaixo, bem como o mapa de indica-
dores solicitados. Liquidez Corrente

Liquidez Seca
Informações para podermos elaborar o orçamento
Liquidez Geral
A De Cá foi constituída em Janeiro de 20X1 e tem sua sede em
Minas Gerais. O seu capital social é de R$40.000, sendo R$20.000 Participação de Capital de Terceiros
Capital Social
integralizados em janeiro, R$10.000 em março, R$5.000 em abril e
R$5.000 em maio. Imobilização do Patrimônio Líquido
Em janeiro, José resolveu adquirir alguns móveis e utensílios para a
Endividamento Geral
De Cá que custaram R$12.000 e que estima poder utilizar durante
Aquisição de Imobilizado
os próximos 10 anos (vida útil). José negociou com a loja e fará o Composição do Endividamento
pagamento de 20% à vista, 40% em 30 dias e 40% em 60 dias.
José venderá queijo e doce de leite. Ele pretende comprar o queijo de Rentabilidade do Patrimônio Líquido
seu fornecedor por R$10 e o quilograma de doce de leite por R$8. Ele
Mercadoria Rentabilidade do Ativo
revenderá cada unidade de queijo por R$18 e cada Kg de doce de leite
por R$14.
Margem Líquida
O amigo do José traz os queijos da fazenda todo dia 15 de cada mês.
Pagamento de
Eles negociaram e José pagará os queijos que comprar 30 dias depois Giro do Ativo
Fornecedores (queijo)
da data em que adquiri-los.
PMRE (base 30 dias)
Pagamento de O fornecedor de doce de leite não é muito flexível: o pagamento dos
Fornecedores (doce) doces é feito à vista. PMRV (base 30 dias)
Por outro lado, José tem que ser flexível para negociar com seus
Recebimento de Clientes PMRC (base 30 dias)
clientes. Eles podem pagar metade da mercadoria que comprarem
(doce e queijo)
(doce e/ou queijo), em 30 dias e a outra metade em 60 dias.
NCG
Expectativa de Vendas O José espera vender 120 queijos em janeiro, 200 em fevereiro, 300
(queijo) em março, 400 em abril, 420 em maio, 440 em junho e 480 em julho. Saldo de T
Expectativa de Vendas José espera vender 2 Kg de doce para cada queijo. Logo 240 Kg em
CCL
(doce) janeiro, 400 em fevereiro, 600 em março e assim por diante.
Considerando a possibilidade de ter uma demanda maior do que o
Estoque (queijo) planejado, José resolve adotar um estoque de segurança de 5% das
vendas estimadas de queijo para cada mês.
José adota o estoque de segurança de 2% das vendas estimadas de
Estoque (doce)
doce para o mês seguinte. Saiba mais!
José estima que terá um gasto de R$1.600 por mês e que pagará
Gastos Administrativos comissão de 2% da receita de vendas aos vendedores. Ele terá que CARDOSO, R.L.; MÁRIO, P.C.; AQUINO, A.C.B. Contabilidade Gerencial: mensuração, monitoramento e incentivos.
fazer o acerto dessas despesas no próprio mês em que ocorrem. São Paulo: Atlas, 2007.
No mês de fevereiro, José decide contrair um empréstimo de R$12.000 FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Empréstimo com juros simples de 3% ao mês, que será pago nos 12 meses
IUDICIBUS, S. Contabilidade Gerencial. 6ª.ed. São Paulo: Atlas, 1998, Capítulo 7.
subsequentes.
LOCKE, E. A.; LATHAM, G.P.; EREZ, M. The determinants of goal commitment. Academy of management review. pp.
A venda do queijo e do doce será tributada conforme a alíquota do 23-29, 1988.
SIMPLES em que seu faturamento se enquadrar. Por simplificação,
Tributos utilizaremos apenas o faturamento do próprio mês para definir a alíquota LOCKE, E. A.; LATHAM, G. P. A theory of goal setting and task performance. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1990.
do SIMPLES, conforme a tabela respectiva para a atividade empresarial. MERCHANT, Kenneth A.; MANZONI, Jean-Francois (1989) The Achievability of Budget Targets in Profit Centers: A Field
O recolhimento se dará no mês subsequente ao da apuração. Study. The Accounting Review, vol. 64, n. 3, Jul., pp. 539-558
Lucros Não há distribuição de lucros pré-determinada. SOBANSKI, Jaert J. Prática de Orçamento Empresarial: um exercício programado. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SZUSTER, Natan; et al. Contabilidade Geral. São Paulo: Atlas, 2007.
WELSCH, Glenn A. Orçamento Empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
104 105
\ Aplicação Prática Mas, a contabilidade gerencial está
presente também no setor governamental.
Em outra reportagem do “Valor Econômico”, escrita por Nilson Teixeira, economista-chefe
do Credit-Suisse e Ph.D. em Economia pela Universidade da Pensilvânia, são analisadas al-
gumas variáveis e seu impacto no orçamento previsto, que passa a necessitar de ajustes.

“[...] Pior, a falta de consenso entre os membros do governo e entre os partidos da base
aliada quanto à urgência do tema reforça a percepção de que o tema dificilmente prospe-
rará no curto prazo. Anunciar medidas e depois postergá-las é a pior estratégia, pois reduz
ainda mais a credibilidade do governo e torna menos previsíveis suas ações.
Observe os trechos retirados da reportagem do “Valor Econômico” sobre a indústria do
açúcar no Brasil. É possível olhar para o futuro e projetar cenários, pois existem dados Outro exemplo disso é a política fiscal. Na semana passada, houve o anúncio de uma
disponíveis para que essa análise seja feita, ou seja, para que seja colocada em prática a medida para contingenciar alguns gastos do governo federal, na eventualidade de as des-
Contabilidade Gerencial! pesas totais ultrapassarem 19,1% do PIB. Apesar de a proposta do Ministério da Fazenda
ser muito bem-vinda, os detalhes ainda não foram definidos e, também não foram discuti-
dos pela presidente com sua base de apoio no Congresso. Além disso, como nos últimos
Déficit no abastecimento anos, o governo já propôs a redução da meta fiscal de 2016 aprovada no orçamento. Ao
estipular um déficit primário máximo de 0,97% do PIB em 2016, inferior ao consenso entre
Os estoques globais de açúcar ficarão abaixo da demanda em 5 milhões de toneladas na os especialistas, é provável que seja n ecessário reduzir essa meta novamente. Compro-
temporada iniciada em 1 de outubro, de acordo com a Bunge. Outro déficit de 2 milhões missos que recorrentemente não são cumpridos tornam o ajuste fiscal requerido cada vez
de toneladas é esperado para o ano seguinte. O Brasil terá de processar mais cana para maior e, consequentemente, mais difícil de ser obtido.
atender a demanda de açúcar que a Bunge acredita que aumentará em 48 milhões de to-
neladas na róxima década, além do consumo doméstico de etanol - para o qual a empresa O risco de aprofundamento da atual recessão é crescente, não sendo possível afastar a
prevê um crescimento de 40%. possibilidade de a contração do PIB superar 5% em 2016. Nesse caso, o déficit primário
em 2016 tende a ultrapassar o 1,9% do PIB de 2015. Ao postergar medidas relativas a
A indústria de açúcar do Brasil vai precisar de preços mais estáveis ​​para atrair investimen- corte de gastos e defender ajustes por meio da alta de impostos, o governo eleva o temor
tos. A cotação tem de estar entre US$ 0,14 e US$ 0,16 por libra para criar um incentivo à de descontrole fiscal. [...]”
expansão das usinas existentes, e acima dessa faixa para estimular novos projetos. Schro-
der se recusou a comentar se a Bunge ainda planeja vender seus ativos no país. Mesmo assumindo um cenário otimista de crescimento do PIB de 0% em 2017 e de 4%
em 2018 e em 2019, o PIB per capita do Brasil na atual década crescerá menos que os
Embora o real mais baixo tenha dado “uma pequena folga” aos usineiros brasileiros, ainda 7,3% observados na década de 1980, conhecida como a Década Perdida. Portanto, a déca-
existe espaço para melhorar a eficiência no país, de acordo com a Bunge. da de 2010 será, muito provavelmente, ainda mais perdida do que a de 1980.

“A política no Brasil no momento está muito complicada, mas um dia isso vai ser resolvido”,
disse Schroder. “Como é que vamos competir nesse momento? Isso é o que temos que pen-
sar. Temos que pensar em uma maneira de assegurar a viabilidade a longo prazo.”

Leia na íntegra: http://www.valor.com.br/agro/4417260/bunge-ve-


-luz-no-fim-do-tunel-para-industria-de-acucar-do-brasil Leia na íntegra: http://www.valor.com.br//opiniao/4451544/credibili-
dade-e-previsibilidade-fragilizadas

106 107
Dê uma olhada...

E S T R AT É G I A P R OJETADA
O R Ç A M E N T O PROJEÇÃO
FATOR
INTERNO PLANEJAMENTO
VALOR VENDAS USUÁRIO GERENCIAL
ES L E
RESTRITIVO C O N T R O

108 109
parte 3

\ Capítulo 4 \ Introdução à avaliação financeira de investimentos 113


4.1 Introdução à Análise de Investimentos
4.2 Estimativa de fluxos de caixa de um projeto
4.3 O custo de capital
4.4 Medidas para avaliação de projetos de investimento

110 111
4
INTRODUÇÃO
Unidade de Estudo 1
À AVALIAÇÃO
FINANCEIRA DE
GESTÃO INVESTIMENTOS

FINANCEIRA
Como saber se um investimento vale a pena do ponto de Neste capítulo, veremos como a Contabilidade pode ser aplicada
vista financeiro? E como utilizamos as informações contábeis ao processo de tomada de decisão em investimentos produtivos.
para nos dar suporte a uma decisão consistente? Veremos as Para isso, vamos entender como é feita a análise de viabilidade
econômica e financeira de um empreendimento, quais os fluxos
respostas para estas e outras questões neste fascículo.
financeiros mais relevantes e os critérios para decidir se um in-
Você verá, na prática, como elaborar o fluxo de caixa de um
vestimento é viável, utilizando informações tanto do mercado
investimento e avaliar se o mesmo é mais rentável do que quanto da própria capacidade de geração de recursos do projeto.
em uma aplicação alternativa do capital que será utilizado. Ilustrações utilizando o Microsoft Excel vão mostrar como são fei-
Para isso, vamos fazer uso de ferramentas e conceitos tos os cálculos.
básicos de Análise de Investimentos, uma parte muito
interessante do fascinante mundo das Finanças, que
faz uso da Contabilidade para fornecer informações fluxo de caixa custo de capital
importantes para gestores que desejam tirar do papel e por depreciação
em prática uma nova ideia.
Para tal, faremos uso de planilhas em Excel que facilitarão
a compreensão e uso dos conceitos financeiros que serão receitas e custos
apresentados. tma

análise de investimentos
payback vpl
tir
112 113
\ 4.1 \
Introdução à Análise de Investimentos DESAFIO 10 \ O segredo – Parte 1: a ideia
Poupança e Investimento Adriano, Marcela e Alice tiveram uma ideia: abrir um novo
negócio no ramo de alimentos que envolve a produção de
Em uma definição ampla, o investimento representa a aplicação geleia de frutas em compotas, seguindo uma receita de
de capital (dinheiro) em alternativas que promovem o aumento sucesso da avó da Alice. Mas o que eles precisam para
efetivo da capacidade produtiva de um país. Em empresas, o in- começar? Vamos ver através de exemplos e ilustrações
vestimento pode ocorrer em bens de capital (máquinas, equipa- em Excel, neste capítulo, uma ilustração com os princi-
mentos, etc.), em outras empresas (participação societária) e em pais componentes utilizando este projeto, envolvendo:
estoques.
•E  stimativa dos fluxos de caixa relevantes;
Já a poupança é a parcela da renda economizada que não foi con- • Determinação do custo de capital – taxa mínima de
sumida na aquisição de bens e serviços. Na avaliação da poupan- atratividade – do projeto;
ça, costuma-se incluir também os lucros retidos das empresas, • Principais métodos de avaliação de investimentos.
que são entendidos como parcela da renda gerada que não foi
transferida financeiramente para os proprietários. E você, possui algum projeto em mente? Pense – junto
com seus colegas – em uma ideia que mereça ser avaliada
É a poupança de um país que, em última instância, determina a como um projeto de investimento. Retome os conceitos
sua capacidade de realizar investimentos. Aliás, se o nível de pou- discutidos no capítulo 1 e defina, com base na ideia que
pança é baixo, o seu custo tende a ser alto, um fator que tende a vocês elaboraram: quais seriam as fontes de receita e os
limitar o potencial de novos projetos, como veremos adiante. custos associados ao projeto? Faça uma lista e prepare-se
para utilizar esta informação para simularmos a avaliação
Mas, além de poupança, um investimento necessita dos seguin- da viabilidade do mesmo. E use o formato disponível na
tes itens para avaliar sua viabilidade: uma estimativa de custos e planilha avaliação_de_investimentos.xlsx para ver como
receitas, para chegar ao fluxo de caixa do projeto. Em seguida, implementar, com base no projeto “O segredo”.
procede-se com a avaliação da viabilidade econômico financeira,
por meio de instrumentos de avaliação de orçamento de capital,
como veremos neste capítulo.

Na análise de investimentos, é importante fazer mais uma distin-


ção entre dois conceitos diretamente relacionados: empréstimos
e investimentos.

Considera-se empréstimo uma situação na qual se espera que


haja recuperação do valor emprestado (quando o empréstimo é
devidamente liquidado, claro!), mais um pagamento pelo uso do
dinheiro (um espécie de “aluguel”), que são os juros.

Já o investimento consiste na situação na qual ocorre inversão de


capital de alguma forma, buscando com isso criação de valor, ou
seja, recuperação do valor investido (principal), mais uma rentabili-
dade do investimento, em um determinado prazo.

114 115
\ 4.2 \ 1 \ Qual a demanda pelo produto?
2 \ Qual a parcela de mercado que se espera conquistar?
Estimativa de fluxos de caixa de um projeto 3 \ Qual a importância do preço (elasticidade-preço)?
4 \ Qual o tamanho do investimento para montar a fábrica e colo-
Classificação dos Projetos de Investimento car o produto no mercado (campanha de marketing)?
5 \ Quais são os custos de produção e distribuição por unidade?
Qualquer projeto de investimento voltado para a criação de um bem 6 \ Qual é a projeção de crescimento/expansão do produto para
ou serviço pode ser classificado em uma das categorias abaixo: outros mercados?

Projetos de substituição: Ou seja, esta é uma tarefa que envolve muitos


• Equipamento danificado
• Redução de custos: substituir equipamentos obsoletos.
departamentos da empresa!
Projetos de expansão de produtos existentes em áreas já
atendidas: orientados para o aumento de vendas dos produtos
existentes.
marketing
Projetos de lançamento de novos produtos: São projetos orien-
tados para o lançamento de um novo produto ou produtos existen-
tes em mercados ainda não atendidos. Essa decisão deverá ser
suportada por previsões criteriosas provenientes de pesquisas de
mercado. As estimativas de fluxos de caixa são mais difíceis que
nos casos anteriores, pois envolvem uma situação nova.
ENGENHARIA Orçamento CUSTOS
DE PRODUTO de capital

FINANCEIRO

Em síntese, podemos dizer que as funções básicas de cada depar-


tamento são:

Marketing – projeções de vendas unitárias e preços de venda (em


função dos efeitos da publicidade, estado da economia, concor-
rência e das tendências nos gostos dos consumidores);

Engenharia de produto – gastos de capital associados ao


novo produto;

Analistas de custos – estimativas dos custos operacionais.


Em todos esses casos, é necessário elaborar um orçamento de
capital, que nada mais é do que uma maneira de organizar as in-
Financeiro - obter informações dos vários departamentos, uni-
formações contábeis sobre um projeto de investimento, com o
ficando as informações de modo consistente no orçamento de
objetivo de avaliar se ele é viável ou não. Em geral, um orçamento
capital, com o objetivo de avaliar a viabilidade econômica e a viabi-
de capital é construído a partir das seguintes perguntas:
lidade financeira.
116 117
DICA \ Viabilidade Econômica e Viabilidade Financeira Identificação dos fluxos de caixa relevantes
A identificação consistente dos fluxos de caixa que são rele-
Um investimento tem viabilidade econômica quando os
vantes para um projeto segue algumas regras básicas:
métodos de análise de investimentos indicam que o projeto
agrega mais valor à empresa do que outras oportunidades
•A
 s decisões de orçamento de capital devem ser baseadas em
de investimento do capital utilizado. Já a viabilidade finan-
fluxos de caixa e não em lucros contábeis. Veremos como extrair
ceira existe quando os recursos disponíveis para o projeto
os fluxos de caixa a partir do lucro nesta seção.
(próprios ou de terceiros) existem e seus custos são com-
patíveis com a viabilização do investimento. Veremos mais
•S
 omente os fluxos de caixa incrementais são relevantes (ou
à frente as principais métricas utilizadas em Finanças para
seja, o fluxo adicional de caixa que a empresa espera, caso o
avaliar se um investimento possui viabilidade econômica e
projeto seja implementado).
financeira.

Alguns aspectos adicionais merecem atenção na determina-


ção destes fluxos de caixa incrementais. São eles:
De posse das informações destes departamentos, a equipe finan-
ceira da empresa tem então de elaborar os fluxos de caixa relevan- •C
 ustos já incorridos: não constituem custos incrementais e não
tes para a construção do orçamento de capital. Veremos como isto devem se incluídos na análise. Por exemplo, se a empresa já
é feito na próxima seção. possui um imóvel e pensa em utilizá-lo para a instalação de uma
nova unidade de negócios, o custo de aquisição deste imóvel
não precisa ser considerado na determinação do orçamento de
capital.
DESAFIO 11 \ O segredo – Parte 2: os fluxos
de caixa relevantes •C
 ustos de oportunidade: Na avaliação de investimentos, o custo
de oportunidade é definido como os fluxos de caixa que pode-
Adriano, Marcela e Alice estimam, com base em uma riam ser obtidos com base em ativos que a empresa já possui,
pesquisa de mercado feita por eles mesmos que o proje- desde que eles não fossem utilizados no projeto sob análise. Ou
to da fábrica de geleia de fruta em compota terá uma vida seja, se se no exemplo anterior a empresa resolvesse alugar o
útil de 5 anos e os seguintes fluxos de caixa relevantes: imóvel, o custo de oportunidade do projeto seria o valor recebido
com esse aluguel.
Os investimentos totalizam R$ 73.000,00, divididos em:
• R$ 32.000,00 para a aquisição de um veículo comercial
para transporte dos produtos Fluxo de caixa x lucro contábil
• R$ 26.000,00 para equipamentos
• R$ 15.000,00 em Capital de Giro. Na elaboração do orçamento de capital, o importante é focalizar os
fluxos de caixa líquidos, definidos por:
O faturamento esperado para os 5 anos do projeto é de
R$ 330.000,00 por ano.

Os custos fixos são estimados em R$ 115.000,00 por ano.


Fluxo de caixa líquido =
Lucro líquido operacional + Depreciação =
Os custos variáveis são estimados em 32% da receita bruta. Retorno sobre o capital + Retorno do Capital
Veja na planilha “LUCRO REAL” como eles estruturaram
os fluxos de caixa do projeto. É uma boa ilustração para Lembrando que o Lucro Líquido Operacional é a diferença entre o
compreender a discussão que vem a seguir! Dê especial Lucro Bruto, a Depreciação e o Imposto de Renda.
atenção às linhas 6 a 17.

118 119
Weston e Brigham (2001) ressaltam quatro principais formas pelas A Distribuição Temporal dos Fluxos de Caixa segue um padrão
quais o fluxo de caixa de um projeto difere do lucro contábil: anual: isso busca balancear a relação precisão vs. praticidade, pois
em geral é relativamente mais fácil estimar o faturamento anual de
Custos dos ativos fixos: ainda que a aquisição de ativos fixos re- um empreendimento do que o faturamento trimestral ou mensal.
presente uma saída de caixa, os contadores não mostram a com-
pra dos ativos fixos como uma dedução do lucro contábil. Em vez Efeitos Fiscais: Impostos podem viabilizar ou inviabilizar um pro-
disso, eles deduzem uma despesa de depreciação a cada ano, ao jeto. Portanto, é fundamental que os impostos sejam levados em
longo da vida do ativo. conta corretamente.

A totalidade dos custos dos ativos fixos inclui os custos de trans- Depreciação e Valor Residual: A utilização da depreciação e do
porte e instalação. O custo completo do equipamento é utilizado valor residual de ativos reais é um artifício contábil permitido pela
como a base depreciável quando as despesas de depreciação es- legislação do Imposto de Renda, que representa um custo sem
tão sendo calculadas. desembolso, o qual pode ser abatido dos lucros para empresas
tributadas com base no Lucro Real, e gera, então, um menor
Despesas que não representam saída de caixa: a depreciação lucro tributável. Pela legislação, só se considera a depreciação no
reduz o lucro para fins fiscais, e isso tem um impacto sobre o flu- momento do uso e não da aquisição. Assim, o ativo pode constar
xo de caixa, porém a depreciação não se constitui em uma saída nos relatórios contábeis no “Ativo Permanente – Equipamentos”
efetiva de recursos da empresa. Deve, portanto, ser adicionada de e não na Depreciação Acumulada (MOTTA e CALOBA, 2003). A
volta quando se calcula o fluxo de caixa de um projeto. depreciação pode ser considerada também como uma provisão
para reposição ou substituição de equipamentos. O benefício fis-
Mudanças no Capital de Giro operacional líquido: em decorrên- cal pode ser considerado então como fato gerador de uma nova
cia do novo projeto, há um aumento no Ativo Circulante (estoques, reserva que possibilita, ao longo do tempo, adquirir novos equipa-
duplicatas a receber) e do Passivo Circulante (fornecedores e ou- mentos para repor os antigos.
tras contas a pagar), reduzindo o caixa necessário para financiar
estoques e contas a receber. Logo, a diferença entre as variações No Brasil, adota-se o método da depreciação linear, segundo o
no Ativo Circulante e Passivo Circulante é a mudança no CDG qual a carga de depreciação será rateada por igual, ao longo dos
operacional líquido. Se esta mudança é positiva (como em geral anos. Nesse método, a depreciação é dada por:
é para projetos de expansão), então uma necessidade adicional de
recursos será necessária.
D = (I – VR)/n
É importante destacar ainda outra premissa da elaboração de or-
çamentos de capital: ao final da vida do projeto, o investimento
em CDG retorna, representando então uma entrada de caixa (os Em que:
estoques serão exauridos, e as duplicatas serão recebidas). Isso
porque todo orçamento de capital deve considerar o início (aporte
de recursos pelos empreendedores) e o final (venda do empreen-
dimento) do ciclo de vida do projeto. D = é a carga de depreciação do período;
I = investimento;
Despesas financeiras não são incluídas nos fluxos de caixa do VR = valor residual estimado;
projeto: o fluxo de caixa do projeto é o fluxo de caixa disponível
para todos os investidores e detentores de títulos (credores), as- n = prazo de depreciação do ativo.
sim como para os acionistas, de forma que as despesas financei-
ras (juros) não são subtraídas.
O valor contábil (também conhecido como book value) do ativo,
Em geral, em um orçamento de capital, os fluxos de caixa são para efeito de depreciação, decai com o passar dos anos. Esse
construídos a partir das seguintes premissas: valor contábil pode estar totalmente dissociado de seu valor de
revenda de mercado. Já o valor residual é a quantia que se espera
obter pela revenda ou outras disposições, quando o ativo for reti-
rado de serviço.

120 121
DICA \ Depreciação e Amortização Estimando os fluxos de caixa incrementais
A depreciação atinge a perda de valor das coisas materiais
Em geral, os fluxos de caixa incrementais de um projeto podem
e a amortização destina-se apenas a significar perda de
ser classificados como segue (LAPPONI, 2000):
valor de coisas imateriais ou de imobilizações financeiras.
São objetos de amortização: despesas gerais de instalação,
1 \ Desembolso inicial para o investimento: inclui o custo dos
aviamentos, dívidas de longo prazo, etc.
ativos fixos iniciais associados ao projeto, mais quaisquer aumen-
tos no capital de giro líquido. Enfim, são considerados todos os
desembolsos necessários para que os ativos instalados consigam
O quadro a seguir apresenta as principais categorias de ativos re- operar e gerar as receitas previstas. O impacto tributário iniciar-se-
ais e suas taxas anuais de depreciação: -á no final do 1º ano do fluxo de caixa quando começa a deprecia-
ção dos ativos capitalizados.

Bens Imobilizados Taxa Anual Vida Útil Se com a aprovação do investimento forem substituídos ou retira-
dos equipamentos, o resultado da venda dos mesmos poderá ser
Bens Imóveis (exceto terrenos) 4% 25
usado para diminuir o investimento. O valor da estimativa relevan-
Máquinas e Equipamentos 10% 10 te é o valor da venda líquida. Se o ganho de capital for positivo, en-
Instalações 10% 10 tão a venda será tributada, diminuindo o valor recebido da venda.
Abaixo, uma estrutura geral deste procedimento, onde os sinais
Móveis e Utensílios 10% 10
negativos (-) representam saída de caixa, e os sinais positivos (+)
Veículos – transporte de mercad. 25% 04 entrada de caixa:
Veículos leves 20% 05
Fonte: Instrução Normativa Sist. de Processamento de Dados 50% 02
SRF n°162 de 31/12/1998.
(-) Valor dos ativos comprados, incluindo despesas com fretes, seguros, etc.

(-) Instalação de equipamentos, materiais, mão-de-obra, etc.


DESAFIO 12 \ O segredo – Parte 3: o papel da
depreciação (-) D espesas Operacionais iniciais, materiais e mão de obra
• Veja, nas linhas 18-20, 25 e 35 o papel da depreciação
na estimativa dos fluxos de caixa do projeto. Observe (-) D espesas de treinamento
ainda o efeito das contas de “Valor Residual” (linhas 26
e 30), e “Ganho de Capital” (linhas 27, 28, 30 e 31). Elas
ilustram conceitos importantes que veremos a seguir. (-) O utras despesas iniciais necessárias
• Observe ainda a recuperação do valor investido em
Capital de Giro no início do projeto.
(+) Venda de equipamentos substituídos
Tais procedimentos ajudam a ilustrar um princípio funda-
mental da avaliação de investimentos: todo projeto tem (-) D espesas de venda do equipamento substituído
um início e um fim e, ao final do projeto, todos os recur-
sos são recuperados, seja com a venda de ativos (que ge-
ram valor residual passível de tributação) ou com a venda (-/+) Tributação da venda do equipamento substituído
de estoques e desconto de duplicatas (que recuperam o
valor investido em capital de giro). Vamos aprender mais
sobre esses conceitos e outros relacionados aos fluxos (=) Investimento relevante na data zero
de caixa relevantes de um projeto na próxima seção.
Fonte: Lapponi (2000)

122 123
2 \ Fluxos de caixa operacionais ao longo da vida do projeto:
entradas incrementais de caixa durante a vida econômica do pro-
(+)Venda bruta de equipamentos
jeto. O fluxo de caixa operacional anual é igual ao lucro operacional
após impostos mais a depreciação. (-) Valor contábil
3 \ Fluxos de caixa no ano terminal: inclui o valor residual dos
ativos fixos, mais o retorno do capital de giro líquido. (-) Despesa de venda de equipamento
O prazo de análise deve ser definido de modo a incluir todas as
estimativas futuras significativas das receitas e dos desembolsos.
(=) Ganho de Capital
Mas é importante destacar que:
(+/-) Tributação da venda
a) se o prazo de análise do projeto for maior que a vida útil dos
equipamentos, deve-se considerar a reposição dos mesmos.
(=) Valor residual na data terminal
b) Se o prazo de análise for menor que a vida útil dos equipa- Fonte: Lapponi (2000)

mentos, esses terão um valor de mercado, tanto maior quanto


maior for a vida útil residual.
Exemplo: O investimento do projeto em ativos fixos foi estima-
do em R$ 900 mil. A venda de todos os ativos na data terminal
c) No projeto de investimento para lançamento de um novo pro-
gera uma receita bruta estimada de R$ 155.000. Calcular o valor
duto, o ciclo de vida do produto definirá o prazo de análise do
residual do investimento, considerando o valor contábil na data
fluxo de caixa.
terminal de R$ 100.000, a alíquota do IR de 30% e as despesas
de preparação dos ativos em R$ 5.000.
4 \ Valor Residual: é uma estimativa relevante que corresponde
ao valor da venda líquida, obtida do valor de venda bruta dos ativos
depois de considerar, de acordo com (LAPPONI, 2000) que:
(+)Venda bruta de equipamentos +155.000
- existem despesas de preparação para venda (desmontagem e
manutenção), que são despesas relevantes;
(-) Valor contábil -100.000
- o valor contábil é diferente do valor de mercado, gerando um
ganho de capital, sujeito à tributação de Imposto de Renda, à (-) Despesa de venda de equipamento -5.000
alíquota de 15%.

Se o ganho de capital é positivo, então a venda será tributada. (=) Ganho de Capital = 50.000
Caso contrário (perda de capital), a empresa poderá considerar
esse prejuízo como despesa dentro de certos limites (lucros de
mesma natureza).
(+/-) Tributação da venda -15.000
Valor residual depois dos impostos: O valor residual relevante de (=) Valor residual na data terminal 135.000
um ativo na data terminal do projeto é igual ao preço de venda
do ativo menos a soma das despesas decorrentes da venda e Fonte: Adaptado de Lapponi (2000)
do IR da transação. Veja na ilustração a seguir, um exemplo da
estrutura de cálculo:
5 \ Investimento em Capital de Giro (CDG): corresponde ao
montante de recursos utilizados para financiar as vendas a pra-
zo, o estoque de produtos acabados, os custos fixos e variáveis
do processo em operação. Um novo projeto de investimento au-
menta o nível das atividades da empresa e, consequentemente,
o capital de giro.

124 125
O CDG Incremental é a conta relevante para um projeto de in-
vestimento: ele só acontece se o projeto for implementado, e
possui as seguintes características: DESAFIO 12 \ O segredo – Parte 4: Custo
do capital
- O montante necessário para o primeiro ano de operação é um
investimento em CDG realizado na data zero; A ideia de estruturar um empreendimento esbarrou em
um empecilho: a dificuldade de levantar capital para o
- O CDG é recuperado na data terminal do projeto; mesmo. Por isso, os sócios do projeto “O segredo” de-
cidiram recorrer a um financiamento em um banco de
- O CDG é um investimento que não tem depreciação nem desenvolvimento da capital. Conseguiram, após a apre-
tributação. sentação do plano de negócios para uma equipe de ana-
listas do banco, o financiamento de R$ 26.000,00 para a
Para incluir o CDG, temos de considerar as seguintes contas: compra dos equipamentos, via uma linha de crédito BN-
DES-FINAME*, ao custo de 12% ao ano.
- Vendas a receber: das vendas anuais e do prazo das vendas a
prazo, como porcentagem de um ano, obtém-se o valor finan- O restante do capital foi aportado pelos sócios e seus
ciado por ano pela empresa; familiares, que acreditam na ideia.

- Estoques de produtos acabados: estoque mínimo, definido Veja como o custo médio deste capital foi calculado, o
por um número determinado de dias. Considerando vendas *O BNDES-FINAME é um financia- qual corresponde à Taxa Mínima de Atratividade do proje-
mento concedido pelo Banco Nacional
anuais, o CDG dessa estimativa será obtido a partir do núme- to, uma vez que a rentabilidade do mesmo tem que ser
de Desenvolvimento Econômico e
ro de dias de estoque, como porcentagem de um ano. Social, concedido por intermédio de capaz de remunerar o capital que foi investido. As ilustra-
instituições financeiras credencia-
ções com os cálculos estão nas linhas 41 a 43 da planilha
das, para produção e aquisição de
- Estoques de matérias primas: definido por um número de máquinas, equipamentos e bens de e ilustram os conceitos que veremos a seguir.
dias, considerando o risco de não produzir por falta de esto- informática e automação, novos, de
fabricação nacional e credenciados no
que. O valor monetário do estoque de matérias-primas será
BNDES.
determinado em função do coeficiente de custo sobre o pre-
ço (“Normalizando os dados”) \ 4.3 \
- Produtos em processo: como a produção demora determina-
O Custo de Capital
do número de dias, o produto em processo incorpora matéria
O custo do capital é o componente final da análise de investimentos,
prima, mão-de-obra e despesas gerais. Será determinado de
mas nem por isso menos importante. Na verdade, esta é uma esti-
modo similar ao Estoque de MP;
mativa crucial, pois determina a taxa de desconto ou custo de opor-
tunidade do capital da empresa, e em geral equivale à media pon-
- Pagamento de fornecedores: o valor monetário do paga-
derada dos custos de cada fonte de financiamento. Para apresentar
mento de fornecedores será determinado em função do co-
e analisar esse conceito, utiliza-
eficiente de custo sobre o preço do produto.
remos então a noção de Custo
Médio Ponderado de Capital
6 \ Venda de um Ativo Depreciável: Se um ativo depreciável for
(CMPC) e seus componentes.
vendido, o preço de venda ($ recebido) menos o valor de livro
Os conceitos e definições desta
(i.e., valor contábil) do ativo é adicionado ao lucro operacional da
seção foram baseados em Bri-
empresa e sofre taxação do Imposto de Renda à alíquota de 15%.
gham et. al. (2001).

126 127
Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC Custo do capital dos sócios, ko
O custo total de capital da empresa é tradicionalmente obtido A empresa deve obter sobre seus lucros retidos reinvestidos, no
mediante o cálculo da média dos custos de captação, ponderada mínimo, tanto quanto seus acionistas poderiam obter em investi-
pela participação de cada fonte de fundos na estrutura de capital a mentos alternativos (noção de custo de oportunidade). O método
longo prazo. Nessa determinação, investidores de capital próprio ¹Outros métodos muito utilizados por mais simples para estimar esse custo de oportunidade consiste
economistas e analistas financeiros são
devem exigir uma remuneração maior que os credores, baseados o CAPM e o método de Fluxo de Caixa em adicionar ao rendimento de títulos soberanos de dívida de lon-
em dois importantes argumentos: Descontado, mas a derivação deles go prazo um prêmio de risco associado ao projeto. Os três mé-
está além da proposta deste material. todos utilizados para estimar o custo do capital próprio, ko, são:
Para saber mais, consulte Damodaran,
1 \ O primeiro demonstra que retorno do capital dos acionistas Aswath. Finanças Corporativas: teoria e CAPM (vide seção 3.1); Rendimentos de títulos de dívida de LP +
está vinculado ao desempenho esperado da empresa; prática. Porto Alegre: Bookman, 2004. Prêmio pelo risco¹.

2 \ Outro é de natureza fiscal, envolvendo a dedutibilidade dos Se, por exemplo, o rendimento da dívida de longo prazo no Brasil
encargos financeiros no cálculo. é de 12% a.a. e o projeto possui, na avaliação dos empreendedo-
res, um prêmio de risco de 6% a.a., o custo do capital dos sócios
Em termos gerais, os principais componentes são os seguintes: é de 18% a.a.:

Custo componente da ação ordinária = ko =


Custo da Dívida, kd (1 – T) Rendimento de títulos de LP + Prêmio pelo risco =
Para estimar o custo da dívida, é necessário estimar a taxa de re- 12% + 6% = 18%
torno requerida pelos credores, kd. Para novos projetos de inves-
timento, o custo relevante é o custo da nova dívida a ser levanta-
da durante o período de planejamento. Dado que os pagamentos Determinação do Custo Médio Ponderado de Capital
de juros são dedutíveis do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, o
retorno requerido pelos investidores não é igual ao custo da dívida A equação que define o CMPC representa também a taxa mínima
da empresa. de atratividade (TMA) do empreendimento. Isso porque ela indica
a remuneração mínima que deve ser exigida na alocação de capi-
Como resultado, o custo da dívida após impostos, kd (1 – T), é tal, de forma a tornar o projeto viável. Algebricamente, teremos
usado para calcular o CMPC. (No Brasil, T = IR + CSLL, e o benefí- então a seguinte representação:
cio tributário só ocorre nas empresas tributadas com base no Lu-
cro Real. Empresas tributadas com base no Lucro Presumido não
deduzem os juros como despesas). Assim, se o custo da nova n

∑ wk
dívida é de 12% e a alíquota de IR+CSLL é de 34%, o custo da
dívida após impostos é dado por: CMPC = j j

j-1

Custo da dívida após impostos = taxa de juros – imposto abatido = Em que:


kd – kdT = kd (1 – T) = 12%(1-0,34) = 7,92%
wj = participação relativa de cada fonte
de capital no financiamento total
(em percentual).
kj = custo relativo de cada fonte de capital
no financiamento total.

128 129
Assim, no nosso exemplo, se considerarmos que 35,62% dos
recursos são financiados por meio de dívida, outros 64,38% pelos
\ 4.4 \
sócios, teremos a seguinte estimativa do CMPC para o projeto: Medidas para Avaliação de Projetos de
Investimento
CMPC = TMA do projeto = wd x kd (1-T) + wo x ko = Na decisão sobre a melhor alternativa para alocação de investi-
mentos, diversas variáveis devem ser consideradas: o prazo dos
0,3562 x 8,16% + 0,6438 x 18% = 14,41% investimentos, o valor do desembolso inicial, a taxa de retorno
estimada e o valor agregado pelo investimento. Tais variáveis são
os componentes básicos dos principais métodos de análise de
Ou seja, o projeto de Adriano, Marcela e Alice investimentos, a saber:

teria que possuir uma rentabilidade superior a


14,41% a.a. para ser viável. Na próxima seção, Período de Recuperação ou Payback;
veremos as principais medidas para avaliar se Valor Presente Líquido (VPL);
este custo é factível. Taxa Interna de Retorno (TIR);
Estes métodos, quando analisados em conjunto, permitem uma
melhor compreensão das características de alternativas de inves-
timento quanto à rentabilidade esperada permitindo, dessa for-
DESAFIO 13 \ O segredo – Parte 5: Avaliando a ma, a comparação de projetos de diferentes magnitudes e hori-
viabilidade do empreendimento zontes temporais.

Chegou a hora e Adriano, Marcela e Alice estão ansiosos:


será que a ideia deles é viável? Depois de todo o esforço Período de Recuperação ou Payback
levantando as informações necessárias para estruturar o
fluxo de caixa do projeto, agora eles terão que avaliar: Fornece uma medida simplificada do risco de um projeto de in-
vestimento, uma vez que mensura o tempo necessário para a
•O  prazo de recuperação do capital investido, o qual recuperação do investimento inicial desembolsado, dadas as ca-
tem que ser inferior à vida útil do projeto; racterísticas do fluxo de caixa estimado do projeto. Na verdade,
• Se os fluxos do projeto compensam o investimento o critério de Payback (PB) pode ser utilizado de duas formas, de
e o custo do capital, expresso na TMA; acordo com Lapponi (2000):
• Se a rentabilidade do projeto é atrativa, comparada
ao Custo de Capital/TMA. • Payback Simples (PBS): neste procedimento, não se considera
o valor do dinheiro no tempo, ou seja, os fluxos de caixa são utili-
Para tal, eles vão calcular o Período de Recuperação ou zados em seu valor original.
Payback, o Valor Presente Líquido e a Taxa Interna de Re-
torno do projeto. • Payback Descontado (PBD): considera-se o valor do dinhei-
ro no tempo, descontado a uma taxa mínima de atratividade
Em todas essas métricas, o projeto vai ter de passar! (TMA), a qual desconta os fluxos de caixa originais do projeto
Vamos conferir nas linhas 46-49 da planilha os resultados a partir de t=1.
que ilustram os conceitos destas métricas, que veremos
a seguir. No método do PBS, compara-se o tempo necessário para recupe-
rar o investimento no projeto com o tempo máximo tolerado pela
empresa ou investidor. Na verdade, essa análise consiste em uma
interpolação linear simples dos fluxos de caixa acumulados do
projeto, como representado na figura abaixo, que ilustra o cálculo
do Payback para o seguinte fluxo de caixa:

130 131
Período 0 1 2 3
Fluxo de Caixa -100 30 50 80
PBS = PARP + |CNCP| / FCP
Fluxo de Caixa Acumulado -100 -70 -20 60
Onde:
Observe que, nesse caso, o fluxo acumulado consiste no soma-
tório dos fluxos de caixa do projeto, desde o desembolso até o
valor obtido no período t específico. Assim, para o período 1, o PARP = P eríodo Antes da Recuperação
fluxo de caixa acumulado é de –70 = -100 + 30. Esse raciocínio é
aplicado aos demais períodos e o fluxo acumulado pode então ser
Plena do investimento inicial;
representado graficamente por: CNP = C usto Não Coberto no Período
(em valor absoluto);
FCP = Fluxo de Caixa do Período.
FCA

Como critério de decisão relacionado ao PBS, quanto menor o


valor calculado, melhor é o projeto, pois menor é o tempo neces-
$ 60
sário para a recuperação do investimento inicial. Vale ressaltar que
x o valor calculado deve ser comparado com o valor máximo que
2 3 é aceito dentro das alternativas de avaliação da empresa. Note
PERÍODO
1-x ainda que o saldo do projeto (FC Acumulado) até a data do PBS é
$ 20 sempre negativo. Se o FC acumulado for negativo até completar
o horizonte do projeto de investimento, então o mesmo não terá
PBS, o que implica que ele não “se paga” ou não recupera o in-
vestimento inicial.
Figura 1: Ilustração gráfica do cálculo do Payback
Dadas as características de construção e análise do PBS, torna-
Assim, usando o raciocínio matemático de semelhança de triân- -se importante avaliar as vantagens e limitações deste método
gulos, teríamos a seguinte relação: (LAPPONI, 2000). Como principais vantagens, tem-se:

1 \ Facilidade de implementação e interpretação: a construção e


análise do PBS é intuitiva, pois quanto menor o PBS melhor é o
20 = 60 investimento;
x 1-x
2 \ O PBS fornece uma medida preliminar de risco do projeto: isso
20 - 20x = 60x porque, quanto maior o PBS do projeto, maior o tempo esperado
de recuperação do investimento inicial;
80x = 20
3 \ O PBS é uma medida de liquidez do projeto: quanto menor o
prazo de recuperação, maior será a liquidez, entendida como a
x = 0,25 velocidade de geração de receitas líquidas do investimento inicial
a partir dos fluxos do projeto.

Ou seja, o período de Payback simples deste projeto é de 2,25


anos (ou 2 anos e 3 meses). O desenvolvimento acima pode ser
generalizado para na seguinte equação:

132 133
Já as limitações associadas ao PBS são decorrentes basica- Conforme ressalta Lapponi (2000), para a aplicação do método do
mente de: PBD, é necessário verificar que: (a) o primeiro capital do fluxo de
caixa seja um investimento; e (b) os capitais do fluxo de caixa do
a) Não considerar o valor do dinheiro no tempo: no PBS, o re- investimento apresentem uma única mudança de sinal.
torno recebido no primeiro ano tem o mesmo valor do retorno
recebido em qualquer ano posterior; Dada a característica de descontar os fluxos de caixa a uma TMA,
o método do PBD traz consigo alguns resultados interessantes:
b) Não considera todos os fluxos de caixa do projeto: o PBS
pode levar à decisão equivocada de aceitar um projeto de curta a) Como o PBD é o prazo de recuperação do investimento re-
duração e baixa rentabilidade em detrimento de um projeto de munerado à taxa mínima requerida, os fluxos de caixa após o
maior maturação e alta rentabilidade. PBD determinam a rentabilidade do projeto, ou seja, projetos
com PBD maior do que zero agregam valor à empresa;
Todavia, o critério do PBS é um importante ponto de partida na
seleção de projetos, pois fornece uma medida básica relacionada b) O método do PBD continua tendo a desvantagem de não
ao tempo de recuperação do investimento. considerar todos os capitais do fluxo de caixa, mantendo o viés
analítico do PBS que consiste na possibilidade de aceitação de
Já o método do Payback Descontado (PBD) trata de um dos pon- projetos de curta maturação e baixa rentabilidade, em detri-
tos fracos do PBS, qual seja, a consideração do valor do dinheiro mento de projetos com maior maturação e alta rentabilidade.
no tempo. Lapponi (2000) ressalta que a ideia básica deste méto- Além disso, as mesmas restrições observadas para a aplicação
do consiste em incluir, na avaliação do tempo de recuperação do do PBS também se verificam no critério do PBD.
investimento, o custo de oportunidade do capital da empresa, ou
“o valor da melhor alternativa abandonada em favor da alternativa
escolhida” (p.70). A mensuração do valor da melhor alternativa é DICA \ Cálculo do Payback no Excel
dada pela Taxa Mínima de Atratividade (TMA), a qual desconta os
fluxos de caixa do projeto em cada período. Não há um comando específico para o cálculo do Payback
no Excel. Mas você pode construir o seu, utilizando
Aplicando este conceito ao exemplo anterior, teremos os seguin- um procedimento similar ao descrito nas linhas 36 a
tes valores, considerando uma TMA de 10% a.a.: 38 da planilha “LUCRO REAL”, disponível no arquivo
avaliação_de_investimentos.xlsx
Período 0 1 2 3
Fluxo de Caixa -100 30 50 80
VP do Fluxo de Caixa -100 27,27 41,32 60,11
VP Acumulado -100 -72,73 -31,41 28,70
Valor Presente Líquido e Taxa Interna de
Retorno
A única diferença entre o cálculo do PBS e do PBD reside na
determinação do valor presente de cada fluxo de caixa futuro. Na Os conceitos de Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de
verdade, a determinação do PBD segue a mesma ideia do PBS no Retorno (TIR) são fundamentais na compreensão do comporta-
tocante ao período x dentro do ano no qual ocorre a recuperação mento dos fluxos de caixa de um projeto de investimento e na
plena. Dessa forma, no exemplo acima, teremos: determinação da rentabilidade das diversas alternativas.

PBD = PAR + |CNCP| / FCDP = 2 + 0,52 = 2,52 anos


(aprox. 2 anos e meio).

134 135
Valor Presente Líquido Solução: O cálculo do VPL deste projeto envolve a soma abaixo
(que pode ser facilmente implementada no Excel, como veremos
a seguir):
O critério de Valor Presente avalia alternativas de investimento
pela classificação dessas alternativas em função de seus valores
atuais – quanto maior o Valor Presente, melhor é a alternativa. VLP = -2.0 00.000,00 + 1.000.000,00 + 3.000.000,00 = 1.137.966,22
Quando utilizamos esse princípio, devemos incluir todos os fluxos
de caixa associados com o investimento, tanto os fluxos positivos (1+0,15)0 (1+0,15)1 (1+0,15)2
quanto os negativos. De modo a enfatizar esse princípio, a ex-
pressão Valor Presente Líquido (VPL) é frequentemente utilizada.
Desta feita, o Valor Presente Líquido é o valor presente de todos
Mas o que este número significa? Ele é a expressão da seguin-
os benefícios menos o valor presente de todos os custos do in-
te ideia: investindo no projeto, o investidor ganha, a valores de
vestimento, considerando a Taxa Mínima de Atratividade (geral-
hoje, R$ 1.137.966,22 a mais do que ele ganharia se investisse
mente expressa pelo CMPC). Ou seja, o método do VPL mostra
os R$ 2 milhões no mercado financeiro, à taxa de 15% ao ano.
a contribuição do projeto de investimento no valor da empresa ou
Ou seja, este projeto é interessante pois agrega valor, mesmo
da riqueza do investidor, considerando o custo de oportunidade
considerando o custo de oportunidade!
do capital. Essa medida é formalizada pela representação abaixo:

DICA \ Cálculo do VPL no Excel


n
VLP = ∑ xk = x0 + x1 + ... + xn O comando para o cálculo do VPL no Excel é o
=VPL(taxa; valor1; valor2; ...; valorN).
k=0 (1+TMA)k (1+TMA)0 (1+TMA)1 (1+TMA)n
Observe, que o fluxo de caixa do período 0 não deve ser
inserido na fórmula!. Uma ilustração da utilização deste
Onde xi é o fluxo de caixa líquido do projeto em cada ponto no comando está disponível na linha 48 do arquivo “LUCRO
tempo, e TMA é a Taxa Mínima de Atratividade do projeto. REAL”, na planilha avaliação_de_investimentos.xlsx.

DICA \ Critérios de Decisão do VPL


Taxa Interna de Retorno
•A  ceita-se o projeto quando o VPL for positivo
(VPL>0) A TIR também pode ser usada para classificar alternativas de
• R ejeita-se o projeto quando o VPL for negativo investimento. O critério consiste em: quanto maior a Taxa In-
(VLP<0) terna de Retorno, melhor é o investimento. Entretanto, a TIR
• O melhor projeto é o que apresenta o maior VPL do investimento deve ser confrontada com a taxa de juros do
mercado, ou o custo do capital. Se a TIR é maior que a taxa de
juros considerada, então o investimento é mais atrativo do que
a alternativa disponível no mercado financeiro.

Exemplo (Decisão de Investimento): Considere o fluxo de caixa O conceito de Taxa Interna de Retorno está relacionado ao com-
que corresponde à seguinte oportunidade de investimento: apli- portamento dos conjunto dos fluxos de caixa de um investimen-
cação de R$ 2 milhões hoje e recebimento de R$ 1 milhão em um to e não a um fluxo de caixa individual. Os fluxos aos quais o
ano e R$ 3 milhões em 2 anos. Se a TMA – representada aqui pela conceito de TIR estão associados são compostos tanto por ele-
taxa média de juros do mercado financeiro – é de 15% a.a., este mentos positivos quanto negativos: os fluxos negativos corres-
projeto deve ser aceito pelo investidor? pondem a desembolsos de caixa, ao passo que fluxos positivos
correspondem a pagamentos recebidos.

136 137
Formalmente, dado o fluxo de caixa (x0, x1,... xn), associado com
um investimento, temos a seguinte fórmula do valor presente:
DESAFIO 14 \ 
n 1\Q
 ual das duas alternativas de investimento abaixo é
VP = ∑ xk mais interessante e por quê? Quais os critérios que
você utilizou para chegar a essa conclusão?
k- 0 (1+r)k
Fluxos de caixa

Assim, dado um fluxo de caixa, podemos encontrar, utilizando Ano Projeto A Projeto B
uma calculadora financeira ou o Excel, o valor de r que iguala o 2016 -13.000,00 -19.000,00
valor presente a zero. Este valor é denominado Taxa Interna de
2017 2.650,00 6.720,00
Retorno porque equivale à taxa de juros implícita na estrutura
interna do fluxo de caixa (LUENBERGER, 1998). 2018 3.890,00 6.130,00
2019 4.150,00 5.850,00
Retornando ao exemplo anterior, vamos utilizar o critério da TIR
2020 4.920,00 4.800,00
para avaliar se o investimento é viável, lembrando que a TMA é
de 15% a.a.: 2021 5.100,00 5.650,00

Exemplo: Considere novamente o fluxo de caixa representado


2\N
 o desafio anterior, se o Custo de Capital do Projeto A
pela sequência (-2, 1, 3). A taxa interna de retorno é determinada
fosse de 13% a.a. e do projeto B de 19% a.a., sua deci-
pela resolução da equação:
são seria diferente? Por quê?

0 = -2 + c + 3c² 3\N
 o arquivo Excel avaliação_de_investimentos.xlsx,
identifique as diferenças no fluxo de caixa do projeto “O
Segredo”, quando ele é avaliado pelo regime de Lucro
sendo a solução, neste caso, determinada através da raiz real
Real (tal como descrito no texto e disponível na planilha
positiva do polinômio de 2o grau como sendo c = 0,66 = 2/3, e
“LUCRO REAL”) e pelo regime tributário do SIMPLES
portanto TIR = (1/c) – 1 = 0,5 = 50%.
Nacional (disponível na planilha “SIMPLES NACIONAL”.
Qual o mais vantajoso para os sócios? E por quê?
Observe que a taxa interna de retorno é determinada apenas
pelos fluxos de caixa do investimento, sem nenhuma especifica-
ção de alguma taxa de juros. Este é o motivo do termo “interno”
da TIR: seu valor é determinado internamente, sem nenhuma
referência ao ambiente financeiro externo.

DICA \ Cálculo da TIR no Excel

O comando para o cálculo da TIR no Excel é o


=TIR(valor0; valor1;valor2; ...; valorN).

Ele é, tal como o comando para o VPL, de fácil implemen-


tação e é uma ferramenta fundamental para a avaliação
de investimentos. Veja uma aplicação do mesmo na li-
nha 47 da planilha “LUCRO REAL”, disponível no arquivo
avaliação_de_investimentos.xlsx.

138 139
Saiba mais! \ Aplicação Prática
COMPARAÇÃO – LUCRO PRESUMIDO vs. SIMPLES NACIONAL
ASSAF NETO, Alexandre. Os métodos quantitativos de análise de investimentos. Cad. estud., São
Paulo , n. 6, p. 01-16, Oct. 1992. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-92511992000300001&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Mar. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
Agora, vá até o aplicativo do Sebrae que compara o SIMPLES Nacional com o Lucro Pre-
92511992000300001 sumido e avalie qual seria o melhor regime para o projeto entre estas duas formas de
ENDEAVOR BRASIL. Simples nacional: tudo o que você precisa saber. https://endeavor.org.br/simples-nacional/ .
tributação.
Acesso em 16.Mar.2016.
SEBRAE-PR. Passo a Passo para abrir um negócio. Disponível em: http://www.sebraepr.com.br/PortalSebrae/artigos/
O endereço que descreve o aplicativo é: http://www.sebrae.com.
Passo-a-passo-para-abrir-um-neg%C3%B3cio Acesso em 16.Mar.2016. br/sites/PortalSebrae/artigos/Simulador-Simples-ou-Lucro-Presumi-
SEBRAE-RS. Consultoria: Estudo de Viabilidade Econômica e Financeira. Disponível em: http://www.sebrae-rs.com. do:-qual-o-melhor-para-sua-empresa%3F
br/index.php/consultoria-estudo-de-viabilidade-economico-e-financeiro. Acesso em 16.Mar.2016.
SEBRAE. Como avaliar os riscos e a atratividade do seu negócio. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/
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SEBRAE. Investir certo para a empresa crescer. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/
Investir-certo-para-a-empresa-crescer Acesso em 16.Mar.2016.
SEBRAE. O que analisar e avaliar antes de adquirir uma franquia? Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/ E o endereço para acesso direto ao Simulador Simples ou Lucro
PortalSebrae/artigos/O-que-analisar-e-avaliar-antes-de-adquirir-uma-franquia%3F Acesso em 16.Mar.2016. Presumido: qual o melhor para sua empresa? está disponível em
http://www.fgv.br/fgvtec/_app/index.aspx

Outras fontes sobre o tema:


BRIGHAM, Eugene F., EHRHARDT, Michael C. Administração Financeira: teoria e prática. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2006.
BRUNI, Adriano Leal. Avaliação de investimentos com Modelagem Financeira em Excel. São Paulo: Editora Atlas SA, 2013.
Troque ideias com seus colegas sobre as diferenças obtidas entre os dois regimes e qual
DAMODARAN, ASWATH. Finanças Corporativas: teoria e prática. Porto Alegre: Bookman, 2004.
poderia ser mais vantajoso!
GALVÃO, A.M., OLIVEIRA, V.I. Finanças Corporativas: Teoria e Prática Empresarial no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
LAPPONI, Juan Carlos. Projetos de investimento: construção e avaliação do fluxo de caixa. São Paulo: Lapponi, v. 7, 2000.
MOTTA, R.R., CALÔBA, G.M. Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 2001.
LAPPONI, Juan Carlos. Projetos de investimento: construção e avaliação do fluxo de caixa. São Paulo: Lapponi, v. 7, 2000.
Dê uma olhada...
BRIGHAM, E. F.; WESTON, J. Fred. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
10ª edição. 2000.

custos
cmpc

simples
depreciação tma
investimento
investimento

payback
lucro caixa tir

vpl
140 141
142 143
144

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