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834-04

38º EXAME

ATUALIZADO COM: INCLUI:


• Quadros de ATENÇÃO
• Lei nº 13.874/2019
(Liberdade Econômica)
• Tabelas Comparativas

• Lei nº 13.725/2018 • Esquemas Didáticos


(Honorários revertidos ao
sindicato) • Referências a temas
cobrados em provas anteriores
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SUMÁRIO
1.  PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO
2.  ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

2.1.  Tribunal Superior do Trabalho


2.2.  Tribunais Regionais do Trabalho
2.3.  Juízes do trabalho

3.  COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


3.1.  Competência Material
3.2.  Competência Territorial
3.3.  Competência Funcional
3.4.  Principais Súmulas e Orientações Jurisprudenciais sobre Competência

4.  ATOS, TERMOS, PRAZOS E NULIDADES PROCESSUAIS


4.1.  Atos processuais
4.2.  Prazos processuais
4.3.  Nulidades processuais

5.  PARTES E PROCURADORES


5.1.  Substituição processual
5.2.  “Jus postulandi”
5.3.  Procuração e mandato tácito
5.4.  Honorários de advogado
5.5.  Justiça Gratuita
5.6.  Responsabilidade por dano processual

6.  DISSÍDIO INDIVIDUAL


6.1.  Procedimento Ordinário
6.1.1  Reclamação trabalhista
6.1.2  Audiência
6.1.3  Respostas do reclamado
6.1.3.1  Contestação
6.1.3.2  Exceções
6.1.3.3  Reconvenção
6.1.4  Provas no processo
6.1.5  Sentença
6.1.6  Sentença homologatória de acordo.
6.2.  Procedimento sumaríssimo
6.3.  Procedimento sumário

7.  RECURSOS TRABALHISTAS


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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
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7.1.  Princípios recursais


7.2.  Efeitos dos recursos
7.3.  Pressupostos recursais
7.4.  Recursos em espécie
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7.4.1  Embargos de declaração


7.4.2  Recurso ordinário
7.4.3  Agravo de petição
7.4.4  Agravo de instrumento
7.4.5  Recurso de revista
7.4.6  Agravo regimental
7.4.7  Embargos ao TST
7.4.8  Recurso adesivo
7.4.9  Recurso extraordinário
7.4.10  Correição parcial

8.  EXECUÇÃO TRABALHISTA


8.1.  Disposições Gerais
8.2.  Títulos executivos judiciais e extrajudiciais
8.3.  Sucessão de empregadores e grupo econômico
8.4.  Desconsideração da personalidade jurídica
8.5.  Liquidação da sentença
8.5.1  Liquidação por cálculo
8.5.2  Liquidação por arbitramento
8.5.3  Liquidação por artigos
8.6.  Procedimento da execução
8.7.  Embargos à execução
8.8.  Embargos de terceiro
8.9.  Exceção de pré-executividade
8.10.  Expropriação dos bens do devedor
8.11.  Execução contra a fazenda pública
8.12.  Execução contra a massa falida

9.  PROCEDIMENTOS ESPECIAIS


9.1.  Inquérito para a apuração de falta grave
9.2.  Ação de consignação em pagamento
9.3.  Ação rescisória
9.4.  Mandado de segurança
9.5.  Habeas Corpus
9.6.  Dissídio coletivo e ação de cumprimento
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1.  PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO


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1.1.  PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL

De acordo com o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, ou seja, ninguém poderá ser impedido de ingressar
com demanda judicial para tutelar direito desrespeitado ou ameaçado.

Trata-se de princípio que comporta exceções previstas no próprio texto constitucional, como
no caso do art. 217, §1º, que prevê que o Poder Judiciário somente admitirá ações relativas à
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva,
regulada em lei, bem como na hipótese do art. 114, §2º, que estabelece a necessidade da partes
buscarem antes do dissídio coletivo a conciliação extrajudicial, sob pena de extinção do processo.

Apesar de o art. 625-D da CLT estabelecer que qualquer demanda de natureza trabalhista será
submetida à Comissão de Conciliação Prévia (CCP), o STF firmou entendimento no sentido de
que a submissão da demanda à CCP não é obrigatória, e sim mera faculdade das partes, tendo
em vista o princípio constitucional da inafastabilidade da Jurisdição.

1.2.  PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

O art. 5º, LV, da Constituição Federal estabelece que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes”.

O Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu importantes diretrizes acerca do contraditório


nos artigos 9 e 10, conforme abaixo transcrito:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;

III - à decisão prevista no art. 701.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento
a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
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que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

O contraditório representa a garantia das partes de se manifestarem sobre todas as questões


relevantes no processo e, de acordo com o novo CPC, aplica-se inclusive à matéria a qual o juiz
deva decidir de ofício, evitando-se decisões surpresas.
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É importante ressaltar que a Instrução Normativa n. 39/2016, que trata das normas do CPC de
2015 aplicáveis e inaplicáveis ao processo do trabalho, estabelece que os artigos supratranscritos
são aplicáveis ao processo trabalhista, especificando ainda o que se entende por decisão surpresa:

Art. 4° Aplicam-se ao Processo do Trabalho as normas do CPC que regulam o princípio


do contraditório, em especial os artigos 9º e 10, no que vedam a decisão surpresa.

§ 1º Entende-se por “decisão surpresa” a que, no julgamento final do mérito da causa,


em qualquer grau de jurisdição, aplicar fundamento jurídico ou embasar-se em fato não
submetido à audiência prévia de uma ou de ambas as partes.

§ 2º Não se considera “decisão surpresa” a que, à luz do ordenamento jurídico nacional e


dos princípios que informam o Direito Processual do Trabalho, as partes tinham obrigação
de prever, concernente às condições da ação, aos pressupostos de admissibilidade de
recurso e aos pressupostos processuais, salvo disposição legal expressa em contrário.

1.3.  PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO

Trata-se de princípio expresso no art. 4° do CPC/2015, que estabelece:

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.

Desse modo, o magistrado na atividade jurisdicional deve priorizar decisões que levem ao julgamento
do mérito. O princípio da primazia da decisão do mérito influenciou a redação de diversos artigos do CPC
de 2015 que podem ser aplicados ao processo do trabalho, destacando-se os seguintes:
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
(...)
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.

Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à
parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319
e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete,
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

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1.4.  PRINCÍPIO DA ORALIDADE

O princípio da oralidade representa a possibilidade de realização de atos processuais de forma


verbal, sendo muito aplicado no processo do trabalho, a exemplo da possibilidade de leitura da
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reclamação trabalhista, da defesa oral em 20 minutos (art. 847 da CLT), das duas tentativas de
conciliação (arts. 846 e 850 da CLT), do interrogatório das partes (art. 848 da CLT) e das razões
finais orais em 10 minutos.

1.5.  PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Pelo princípio da concentração dos atos processuais, os atos do processo devem ser
prioritariamente concentrados em audiência.

No procedimento ordinário, embora o art. 849 da CLT disponha que a audiência de julgamento
deva ser contínua, é comum que os juízes do trabalho a dividam em três audiências distintas
(conciliação, instrução e julgamento), mantendo-se a audiência una apenas para as hipóteses que
envolvam matéria exclusivamente de direito ou quando a comprovação dos fatos depender apenas
de prova documental.

Já para o procedimento sumaríssimo, o art. 852-C da CLT é expresso no sentido de que as


demandas deverão ser instruídas e julgadas em audiência única.

1.6.  PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE

Pelo princípio da imediatidade, o magistrado deve ter contato direito com a prova, colhendo os
elementos importantes para o seu convencimento e para a solução da lide.

É importante frisar que o CPC de 2015, em seu art. 459, passou a permitir que as perguntas
formuladas pelas partes sejam feitas diretamente às testemunhas, modificando o antigo sistema
em que as perguntas eram sempre intermediadas pelo magistrado.

Essa regra, entretanto, não se aplica ao processo do trabalho, já que o art. 820 da CLT é
expresso no sentido de que as partes e as testemunhas serão inquiridas por intermédio do juiz.

1.7.  PRINCÍPIO DO “JUS POSTULANDI”

De acordo com o princípio do jus postulandi, consagrado no art. 791 da CLT, os empregados e
os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as
suas reclamações até o final, sem a presença de advogado.

Ressalta-se, entretanto, que o jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-
se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória,
a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do
Trabalho, conforme Súmula n. 425 do TST TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

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1.8.  PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

Como regra geral no processo do trabalho, não cabe recurso imediato de decisões
interlocutórias, que deverão ser atacadas no recurso cabível da decisão final.
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As exceções ao princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias estão previstas na


Súmula n. 214 do TST:

Súmula nº 214 do TST: DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE. Na Justiça do


Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam
recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho
contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe
exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional
distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799,
§ 2º, da CLT.

1.9.  PRINCÍPIO DA EXTRAPETIÇÃO

Pelo princípio da extrapetição, permite-se que o juiz ultrapasse os limites impostos pela pretensão
da parte em situações excepcionais, condenando o reclamado em pedidos não constantes na inicial.

Vejamos os principais casos de sua aplicabilidade:

• Juros de mora e correção monetária: os juros de mora e a correção monetária


incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação, conforme
Súmula n. 211 do TST.

• Multa cominatória de 5% em caso de fixação de férias: conforme previsto nos art.


137, § 1º e § 2º, da CLT, vencido o prazo de concessão das férias, o empregado poderá
ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas.
Nesse caso, a sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo
da região, devida ao empregado até que seja cumprida.

• Multa do art. 467 da CLT: trata-se de penalidade processual, podendo ser aplicada
de ofício pelo juiz.

• Conversão da reintegração em indenização:

Art. 496 da CLT - Quando a reintegração do empregado estável for DESACONSELHÁVEL,


dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o
empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá CONVERTER aquela obrigação
em INDE-NIZAÇÃO devida nos termos do artigo seguinte.

SÚMULA n. 396, II, do TST - NÃO há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão
que deferir SALÁRIO quando o pedido for de REINTEGRAÇÃO, dados os termos do art.
496 da CLT.

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1.10.  PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA

De acordo com o princípio da impugnação específica (art. 341 do CPC/2015), o réu (reclamado)
deve impugnar especificamente os fatos alegados na petição inicial, sob pena de presunção de
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veracidade dos fatos alegados. Não haverá, entretanto, presunção de veracidade se:

• Não for admissível, a seu respeito, a confissão;


• A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da
substância do ato;
• Estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. A título
de exemplo, se o reclamante pleitear o reconhecimento do vínculo de emprego e
o pagamento de horas extras, mas o réu apenas impugnar a existência do vínculo,
dizendo que o autor era autônomo, não se pode presumir a veracidade das horas
extras, já que o autônomo não tem direito a horas extras.

Além disso, é importante ressaltar que o ônus da impugnação especificada dos fatos não se
aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

1.11.  PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE DA LIDE

Conforme previsto no art. 329 do CPC/2015, o autor poderá, até a citação, aditar ou alterar o
pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu. Após a citação e até o
saneamento do processo, o autor poderá aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir desde que com
consentimento do réu, assegurando-se o contraditório mediante a possibilidade de manifestação
deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.

No processo do trabalho entende-se que a estabilização do processo ocorre com a entrega da


defesa em audiência, ou seja, o reclamante poderá alterar ou pedido ou a causa de pedir sem o
consentimento do reclamado até a data da primeira audiência.

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2.  ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO


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De acordo com o art. 111 da CF/88 são órgãos da Justiça do Trabalho: a) o Tribunal Superior
do Trabalho; b) os Tribunais Regionais do Trabalho; c) os Juízes do Trabalho.

Para a Constituição Federal, as varas do trabalho não são órgãos da justiça do trabalho e sim
os juízes do trabalho.

A Justiça do Trabalho possui sua estrutura federalizada, sendo que os órgãos de primeiro grau
são os juízes do trabalho, que atuam nas Varas do Trabalho; o segundo grau é composto pelos
Tribunais Regionais do Trabalho; e o último grau é formado pelo Tribunal Superior do Trabalho.

2.1.  TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

De acordo com o art. 111-A da CF/88, o Tribunal Superior do Trabalho é composto de 27


(vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de
sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

• 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94.

• Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da


magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior, conforme inciso II
do art. 111-A da CF/88.

Como a Constituição Federal utilizou a expressão “oriundos da magistratura de carreira”, os


membros dos Tribunais Regionais do Trabalho indicados pelo quinto constitucional não poderão
posteriormente compor o Tribunal Superior do Trabalho.

Funcionam junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

• A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho,


cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso
e promoção na carreira;

• O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da


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lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do


Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões
terão efeito vinculante.
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É importante destacar, ainda, que a Emenda Constitucional n. 92/2006 acrescentou o § 3º ao


art. 111-A da CF/88, prevendo que “compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar,
originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade
de suas decisões”.

2.2.  TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO

Conforme previsto no art. 115 da CF/88, os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos de, no
mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente
da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

• 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

• Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e


merecimento, alternadamente.

No Brasil há atualmente 24 Tribunais Regionais do Trabalho, sendo um em cada Estado, com


exceção dos Estados de Tocantins, Amapá, Roraima e Acre, que não possuem TRT, e São Paulo, que
conta com dois Tribunais: um em Campinas (TRT 15) e outro na capital (TRT 2).

De acordo com o § 1º do art. 115 da CF/88, os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a


justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Além disso, o § 2º do mesmo artigo determina que Tribunais Regionais do Trabalho poderão
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo, instrumento de grande valia
principalmente nos Estados que não possuem Tribunais Regionais do Trabalho.

2.3.  JUÍZES DO TRABALHO

Os juízes do Trabalho atuam nas Varas do Trabalho, órgãos de primeiro grau da Jurisdição Trabalhista.

Entretanto, nas comarcas onde não houver Vara do Trabalho, caberá ao Juiz de Direito julgar
as ações trabalhistas.

Proferida a decisão, eventual recurso será encaminhado ao Tribunal Regional do Trabalho


correspondente, conforme previsto no art. 112 da CF/88.

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas
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por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
Regional do Trabalho.

Registra-se que, de acordo com a Súmula n. 10 do STJ, instalada a Vara do Trabalho, cessa a
competência do Juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças
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por ele proferidas.

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3.  COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


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3.1.  COMPETÊNCIA MATERIAL

O principal critério para definir a competência material da Justiça do Trabalho é a matéria


envolvida na lide, principalmente após a Emenda Constitucional n. 45/2004, que ampliou
sensivelmente o disposto no art. 114 da Constituição federal:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público


externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores,
e entre sindicatos e empregadores; TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado


envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o


disposto no art. 102, I, o;

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores


pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; TEMA COBRADO NOS
EXAMES XXIX e XXXV DA OAB/FGV.

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

Sem dúvida alguma, a principal alteração promovida pela Emenda Constitucional n. 45/2004 foi a
ampliação da competência da Justiça do Trabalho pra julgar as controvérsias decorrentes das relações
de trabalho, e não apenas as derivadas das relações de emprego, conforme anteriormente previsto.

A relação de trabalho é entendida como gênero do qual relação de emprego é uma das espécies.
Trata-se de expressão genérica que, além de englobar a relação empregatícia, salvaguarda as
demais relações em que não há necessariamente os requisitos da relação de emprego, como o
trabalho eventual, autônomo, trabalho avulso, voluntário, do estagiário, etc. TEMA COBRADO
NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

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Predomina o entendimento de que as relações de consumo não estão sujeitas à competência


da justiça do Trabalho, mesmo que se trate de ação de cobrança de profissional liberal contra
o cliente (Súmula n. 363 do STJ). Da mesma forma, ação movida por representante comercial,
observados os requisitos da Lei n. 4886/65 , também não será de competência da Justiça do
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Trabalho (Tema 550 do STF, com perecussão geral).

Com relação à competência da Justiça do Trabalho para julgar as ações oriundas da relação
de trabalho envolvendo entes de direito público externo, o Supremo Tribunal Federal firmou
entendimento de que a imunidade de jurisdição se restringe aos atos da fase de execução, isto é,
o ente de direito público externo poderá ser julgado pela Justiça do Trabalho, mas a execução da
decisão dependerá de apelo diplomático mediante expedição de carta rogatória.

Já no que diz respeito aos servidores da Administração Pública, em decisão proferida na


ADI 3395-6, o Supremo Tribunal Federal referendou a tese de que a Justiça do Trabalho possui
competência apenas para julgar as lides envolvendo empregados públicos, já que, em se tratando
de servidores estatutários, a competência será da Justiça Federal (quando envolver servidores
públicos federais) ou Estadual (se envolver servidores públicos estaduais ou municipais).

Assim, a Justiça do Trabalho não possui competência para julgar lides envolvendo servidores
públicos estatutários.

Em relação às ações que envolvam direito de greve, tantos as ações coletivas quanto as
individuais que tenham como causa de pedir os atos grevistas serão apreciadas pela justiça do
trabalho, salvo quando se tratar de greve envolvendo servidores públicos.

Até mesmo as ações possessórias de interditos proibitórios ajuizadas pelas empresas


objetivando impedir supostas agressões iminentes dos empregados grevistas que ameaçam
a posse de seus imóveis serão de competência da Justiça do Trabalho, conforme inclusive
referendado pela Súmula Vinculante n. 23 do STF:

Súmula Vinculante 23 - A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar


ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos
trabalhadores da iniciativa privada.

Embora o inciso III do art. 114 da CF/88 se refira às ações sobre representação sindical, entre
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores, entendemos que a
competência da Justiça do Trabalho é ainda mais ampla, abrangendo as Federações e Confederações
e englobando todas as matérias que envolvem o direito sindical, como as ações que tratam das
contribuições sindicais, assistências e confederativas, que veiculam atos antissindicais, que tratam
de filiação e desfiliação de trabalhadores, que envolvam discussão sobre o processo de eleição dos
dirigentes sindicais, etc.

Quanto ao inciso IV, é importante destacar as principais hipóteses de competência da Justiça


do Trabalho para o julgamento dos remédios constitucionais.

A principal novidade em relação ao mandado de segurança é a possibilidade de sua impetração


perante a Vara do Trabalho, como nas hipóteses de atos ilegais praticados por auditores fiscais do
trabalho (interdição infundada de uma máquina da empresa, por exemplo) ou por Procuradores
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do Trabalho, a exemplo da negativa imotivada de permitir ao advogado acesso ao conteúdo de


inquérito civil promovido em face de empresa que o profissional representa.

Eventuais atos ilegais praticados pelo Juiz do Trabalho serão objeto de mandado de segurança
a ser impetrado perante o Tribunal Regional do Trabalho.
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Com relação ao habeas corpus, a hipótese mais conhecida de seu cabimento na Justiça do
Trabalho é o caso do juiz do trabalho determinar a prisão civil de depositário infiel, já que se trata
de prisão ilícita, conforme Súmula Vinculante n. 25 do STF.

No que concerne ao habeas data, os exemplos mais citados de sua aplicação na Justiça do
Trabalho são para permitir ao empregador o acesso à lista de “maus empregadores” do Ministério
do Trabalho (atualmente incorporado ao Ministério da Economia) ou para possibilitar ao servidor
celetista acesso aos seus dados constantes em prontuário da Administração Pública.

A Justiça do Trabalho tem competência ainda para dirimir os conflitos de competência entre
órgãos com jurisdição trabalhista, salvo o disposto no art. 102, I, o, da CF/88, que determina que
compete ao Supremo Tribunal Federal julgar os conflitos de competência entre o Superior Tribunal
de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro
tribunal.

Conforme estipulado no art. 66 do CPC/2015, há conflito de competência quando: I - 2 (dois)


ou mais juízes se declaram competentes; II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes,
atribuindo um ao outro a competência; III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca
da reunião ou separação de processos.

Na Justiça do Trabalho, podemos resumir a que órgão cabe o julgamento dos conflitos de
competência conforme o quadro abaixo TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.

CONFLITO COMPETÊNCIA

Conflito entre juízes do Trabalho vinculados ao mesmo TRT TRT respectivo (art. 808 da CLT)

Conflito entre Tribunais Regionais do Trabalho TST (art. 808 da CLT)

Conflito entre juízes do Trabalho ou entre juiz do trabalho e juiz


TST (art. 808 da CLT)
de direito investido na jurisdição trabalhista de TRTs diferentes

Conflito entre Juiz do Trabalho e Juiz de Direito investido na


TRT (art. 808 da CLT)
competência trabalhista na mesma região

Conflito entre Juiz do Trabalho e Juiz de Direito STJ (art. 105, I, d, da CF/88)

Conflito entre Tribunal Regional do Trabalho e Juiz de Direito STJ

Conflito entre Tribunal Superior e qualquer órgão jurisdicional STF (art, 102, I, o, da CF/88)

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Em razão da hierarquia, não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do


Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada, conforme previsto na Súmula n. 420 do TST.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

A Emenda Constitucional n. 45/2004 colocou fim à discussão acerca da competência para


julgar as ações decorrentes de acidente de trabalho, deixando claro no inciso VI do art. 114 da
CF/88 que cabe à Justiça do Trabalho julgar as ações indenizatórias por danos morais e materiais
decorrentes da relação de trabalho.

Assim, quaisquer ações propostas pleiteando indenizações por danos morais em razão da
relação de emprego serão julgadas pela Justiça do Trabalho, incluindo as ações ajuizadas pelos
herdeiros de trabalhadores falecidos.

Antes da Emenda Constitucional n. 45/2004, prevalecia o entendimento de que os processos


envolvendo acidente de trabalho eram de competência da Justiça Comum. Entretanto, o Supremo
Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça firmaram entendimento de que, com a edição do
inciso VI do art. 114, todos esses processos deveriam ser encaminhados à Justiça do Trabalho,
salvo aqueles que já tivessem com sentença proferida antes da edição da Emenda Constitucional.

Súmula Vinculante 22 - A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar


as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não
possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional nº 45/04.

Súmula n. 367 -STJ. A competência estabelecida pela EC n. 45 /2004 não alcança os


processos já sentenciados.

É importante frisar que, em relação às lides previdenciárias promovidas pelo trabalhador em


face do INSS em razão de acidente de trabalho ou adoecimento do trabalhador, a competência é
da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho.

Além disso, cabe destacar que, de acordo com o art. 120 da Lei n. 8.213/91, nos casos de
negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção
individual e coletiva, a Previdência Social deverá propor ação regressiva contra o empregador
responsável pelo acidente de trabalho. Nesse caso, a competência pra julgar a ação regressiva
proposta pelo INSS em face da empresa será da Justiça Federal.

ESPÉCIE DE AÇÃO COMPETÊNCIA

Ação ajuizada pelo trabalhador em face do Justiça do Trabalho


empregador em virtude de acidente de trabalho

Ação ajuizada pelo Trabalhador em face do INSS Justiça Comum

Ação regressiva ajuizada pelo INSS em face do Justiça Federal


empregador, com base no art. 120 da Lei n. 8.213/91

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João sofreu grave acidente de trabalho na empresa XYZ, o que ocorreu em virtude da falta
de proteção adequada da máquina que operava. Nesse caso, se João ingressar com ação em
face da empresa XYZ pleiteando indenização por danos morais ou materiais, a competência
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

será da Justiça do Trabalho. Se, por outro lado, ajuizar ação em face do INSS para a discutir a
concessão de benefício previdenciário, a competência será da Justiça Comum. Entretanto, caso
o INSS ingresse com ação regressiva em face da empresa XYZ, com base no art. 120 da Lei n.
8.213/91, a competência será da Justiça Federal.

O inciso VII, por sua vez, atribui à Justiça do Trabalho a competência para julgar as ações
relativas às penalidades administrativas impostas pelos órgãos de fiscalização do trabalho, ou
seja, as multas aplicadas em virtude dos autos de infração lavrados pelo Ministério do Trabalho e
Previdência Social (atual denominação do Ministério do Trabalho e Emprego).

A competência da Justiça do Trabalho abrange eventuais mandados de segurança impetrados


em face de atos ilegais dos auditores fiscais, bem como as ações anulatórias, de revisão do valor, e
de cobrança das multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho, atualmente vinculado ao Ministério
da Economia (neste último caso, a ação de cobrança é ajuizada pela União em face do empregador).

O Inciso VIII do art. 114 atribui à justiça do Trabalho a competência para executar, de ofício, as
contribuições previdenciárias decorrentes de sentenças ou acordos que proferir.

Apenas as verbas expressamente reconhecidas no acordo ou na sentença que possuam natureza


salarial é que terão incidência de contribuição previdenciária passível de execução de ofício pela
Justiça do Trabalho, conforme sedimentado na Súmula n. 368, I, do TST TEMA COBRADO NO XXI
EXAME DA OAB/FGV:

Súmula nº 368 do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA.


COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO.
FATO GERADOR

I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições


fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº
141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998).

II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições


previdenciárias e fiscais, resultantes de crédito do empregado oriundo de condenação
judicial. A culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias,
contudo, não exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de
renda devido e da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte. (ex-OJ
nº 363 da SBDI-1, parte final)

III – Os descontos previdenciários relativos à contribuição do empregado, no caso de


ações trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de conformidade com o art. 276,
§ 4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991, aplicando-se as
alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição (ex-
OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001).
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IV - Considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos


trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo, para os serviços prestados até
4.3.2009, inclusive, o efetivo pagamento das verbas, configurando-se a mora a partir do
dia dois do mês seguinte ao da liquidação (art. 276, “caput”, do Decreto nº 3.048/1999).
Eficácia não retroativa da alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, que deu nova redação ao


art. 43 da Lei nº 8.212/91.

V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se fato gerador das contribuições
previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em
juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições previdenciárias
não recolhidas a partir da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez
apurados os créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo
de citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o limite legal de
20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96).

VI – O imposto de renda decorrente de crédito do empregado recebido acumuladamente


deve ser calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de
tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram
os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente
ao mês do recebimento ou crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988,
com a redação conferida pela Lei nº 13.149/2015, observado o procedimento previsto
nas Instruções Normativas da Receita Federal do Brasil.

• Tratando-se de sentença declaratória, não há que se falar em execução de ofício de


verbas previdenciárias.

• Quando a parcela salarial já houver sido paga e não ocorrer o recolhimento previdenciário
respectivo, a Justiça do Trabalho não será competente para determinar / executar essas
contribuições (Súmula 368, I e RE 569056). Exemplo: o empregado recebeu os salários de
um determinado período, mas não houve o recolhimento previdenciário devido. Nesse caso,
a competência para cobrar essas contribuições não é da Justiça do Trabalho.

Registra-se, ainda, que, de acordo com a Súmula n. 454 do TST, a execução das contribuições
previdenciárias, engloba, também as contribuições para o SAT (Seguro Acidente do Trabalho).

Importante destacar, também, que a Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) acrescentou a


alínea “f” ao art. 652 da CLT, ampliando a competência dos juízos de 1º grau, que passam a ser
responsáveis pela decisão quanto à homologação de acordos extrajudiciais em matéria de
competência da justiça laboral, conforme procedimento delineado nos novos artigos 855-B a 855-E.

Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição
conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.

§ 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum.

§ 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.

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Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no § 6º do art. 477 desta
Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8º art. 477 desta Consolidação.

Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o
acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá sentença.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo


prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.

Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito
em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.

O artigo 855-B, portanto, dispõe que o processo de jurisdição voluntária será iniciado por
petição conjunta, sendo indispensável que as partes estejam representadas por advogado (caput).
O § 1º explicita que o advogado não poderá ser o mesmo para as duas partes TEMA COBRADO
NOS EXAMES XXVI, XXIX, XXXI e XXXIII DA OAB/FGV. Já o § 2º possibilita que o trabalhador seja
assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.

O artigo 855-C, por sua vez, estabelece que o procedimento de homologação extrajudicial não
altera o prazo de pagamento das verbas rescisórias e entrega de documentos ao empregado e,
tampouco, impede a incidência de multa por descumprimento deste prazo.

Ao tratar do procedimento em si, o artigo 855-D dispõe que, distribuída a petição, o juiz analisará
o acordo no prazo de 15 (quinze) dias, podendo designar audiência se entender necessária.

Ao final, o artigo 855-E esclarece que, enquanto estiver em trâmite o processo de homologação
de acordo extrajudicial, o prazo prescricional permanecerá suspenso no que tange aos direitos
versados no acordo, até o trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo, que
poderá ser atacada por recurso ordinário TEMA COBRADO NO XXXEXAME DA OAB/FGV.

3.2.  COMPETÊNCIA TERRITORIAL

Dispõe o artigo 651 da CLT:

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada


pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. (Vide
Constituição Federal de 1988)

§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da


Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja
subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado
tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo,


estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o
empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.
(Vide Constituição Federal de 1988)

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§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do


lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no
foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

A competência territorial da Justiça do Trabalho, portanto, é determinada, como regra


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

geral, pela localidade onde o empregado prestou serviços ao empregador, ainda que tenha
sido contratado noutro local ou no estrangeiro. A finalidade da norma foi facilitar o acesso do
trabalhador ao Judiciário, já que se presume que o empregado terá mais facilidade para produzir
prova no local da prestação do serviço.

Se o empregado prestar serviços em várias localidades, o entendimento majoritário é que


prevalece a competência do último local de prestação dos serviços.

A regra geral, entretanto, comporta exceções:

• Empregado agente ou viajante comercial: será competente a Vara da localidade em


que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado. Se não
existir agência ou filial, será competente a Vara da localização em que o empregado
tenha domicílio ou a Vara da localidade mais próxima de seu domicílio.

• Empregado brasileiro que trabalha no estrangeiro: embora prestado o trabalho


no estrangeiro, a Justiça do Trabalho brasileira terá competência para julgar a lide,
desde que o empregado seja brasileiro, não haja convenção internacional dispondo
em contrário e a empresa tenha filial ou sede no Brasil. Em virtude da omissão legal,
entendemos que o trabalhador poderá ingressar com a ação no local onde tenha
domicílio ou localidade mais próxima, facilitando o seu acesso ao Poder Judiciário.

• Empresa que promove atividade fora do lugar da celebração do contrato (atividades


circenses e feiras agropecuárias, por exemplo): faculta-se ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

O art. 63 do CPC/2015 permite a eleição de foro ao dispor que as partes podem modificar a
competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda
de direitos e obrigações. Esse artigo, entretanto, não é aplicável ao processo do trabalho,
conforme art. 2, I, da IN n. 39/2016 do TST.

3.3.  COMPETÊNCIA FUNCIONAL

A competência funcional, também conhecida como hierárquica ou interna, se refere à


distribuição das ações o que diz respeito aos órgãos da justiça do trabalho.

A competência dos juízes do trabalho (Varas do Trabalho) está delimitada principalmente nos
artigos 652, 653 e 659 da CLT.

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No que diz respeito à competência dos Tribunais Regionais do Trabalho, o art. 678 delimita as
hipóteses de competência dos TRTs divididos em turmas, o art. 679 dos Tribunais não divididos em
Turmas e o art. 682 trata da competência dos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho.

Já a competência do Tribunal Superior do Trabalho é fixada pela Lei n. 7.701/88 e pelo seu
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Regimento Interno.

Importante destacar que a Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) alterou a alínea “f” do inciso
I do artigo 702 da CLT, que trata das competências e atribuições do Pleno do TST, bem como
adicionou os § 3º e § 4º ao referido artigo, dificultando, consideravelmente, a criação e alteração de
súmulas e orientações jurisprudenciais pelo TST.

Art. 702 - Ao Tribunal Pleno compete:

(...)

f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência uniforme, pelo


voto de pelo menos dois terços de seus membros, caso a mesma matéria já tenha sido
decidida de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços das turmas em
pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas, podendo, ainda, por maioria de
dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que
ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial; (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017).

(...)

§ 3º As sessões de julgamento sobre estabelecimento ou alteração de súmulas e outros


enunciados de jurisprudência deverão ser públicas, divulgadas com, no mínimo, trinta
dias de antecedência, e deverão possibilitar a sustentação oral pelo Procurador-Geral
do Trabalho, pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, pelo Advogado-
Geral da União e por confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
(Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 4º O estabelecimento ou a alteração de súmulas e outros enunciados de jurisprudência


pelos Tribunais Regionais do Trabalho deverão observar o disposto na alínea f do inciso
I e no § 3o deste artigo, com rol equivalente de legitimados para sustentação oral,
observada a abrangência de sua circunscrição judiciária. (Incluído dada pela Lei nº
13.467, de 2017)

A nova redação da alínea “f” do inciso I estabelece inúmeras condicionantes para que o TST
possa criar ou alterar súmulas e orientações jurisprudenciais, de modo a exigir, por exemplo, ao
menos 10 (dez) decisões unânimes no mesmo sentido sobre determinada matéria em, no mínimo,
2/3 das turmas. Vale ressaltar que, pela redação anterior, o procedimento de estabelecimento de
súmulas estava disciplinado no Regimento Interno do TST.

O § 3º trata da antecedência de divulgação das sessões de julgamento sobre o estabelecimento


e alteração de súmulas e outros enunciados de jurisprudência, determinando ainda a possibilidade
de sustentações orais pelo Procurador-Geral do Trabalho, pelo Conselho Federal da OAB, pelo
Advogado-Geral da União e por Confederações Sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.

Já o § 4º determina que todas as condições estabelecidas na alínea “f” do inciso I e no §


3º se aplicam ao estabelecimento ou alteração de súmulas e outros enunciados pelos Tribunais
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Regionais do Trabalho, com rol equivalente de legitimados para sustentação oral.

Estas condições, extremamente difíceis de implementar, para a discussão e aprovação de


súmulas pelo TST têm sido entendidas como inconstitucionais por doutrina respeitada, que
indica possíveis afrontas ao art. 2º (princípio constitucional da separação dos Poderes da União)
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

e artigos 92 e 96, I da CF/88 (princípio constitucional da autonomia dos Tribunais).

3.4.  PRINCIPAIS SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS SOBRE


COMPETÊNCIA

Vejamos abaixo as principais súmulas e orientações jurisprudenciais do TST para a prova da OAB/FGV:

Súmula nº 19 do TST - QUADRO DE CARREIRA. A Justiça do Trabalho é competente para apreciar


reclamação de empregado que tenha por objeto direito fundado em quadro de carreira.

Súmula nº 189 do TST - GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE.


A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.

Súmula nº 300 do TST - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CADASTRAMENTO


NO PIS. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de
Integração Social (PIS).

Súmula nº 389 do TST - SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS.
I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado
e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do
seguro-desemprego.
II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do
seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização.

OJ n. 26 da SDI-1 do TST - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPLEMENTAÇÃO


DE PENSÃO REQUERIDA POR VIÚVA DE EX-EMPREGADO. A Justiça do Trabalho é
competente para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva
de ex-empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.

OJ n. 414 da SDI-1 do TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE


OFÍCIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO
(SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Compete à Justiça
do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de
Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114,
VIII, e 195, I, “a”, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à
incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei
nº 8.212/1991).

OJ n. 149 da SDI-2 do TST. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL.


HIPÓTESE DO ART. 651, § 3º, DA CLT. IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE OFÍCIO DE
INCOMPETÊNCIA RELATIVA. Não cabe declaração de ofício de incompetência territorial
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no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, § 3º, da CLT. Nessa
hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local
onde a ação foi proposta.
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4.  ATOS, TERMOS, PRAZOS E NULIDADES PROCESSUAIS


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4.1.  ATOS E TERMOS PROCESSUAIS

Consideram-se atos processuais os atos praticados durante o processo, seja pelas partes, pelo
juiz, ou pelos auxiliares da justiça. Termo processual, por sua vez, é a redução escrita do ato, ou seja, a
reprodução gráfica do ato processual.

Vejamos abaixo as principais regras sobre atos e termos processuais para a prova da OAB:

• Para o código de processo civil de 2015, citação é o ato pelo qual são convocados
o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual (art. 238) e
intimação o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.
No processo do trabalho, entretanto, utiliza-se a expressão notificação para designar
ambos os atos, com exceção apenas do art. 880 da CLT, que prevê a citação do
executado na execução.
• De acordo com o art. 770 da CLT, os atos processuais serão públicos. salvo quando
o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis)
às 20 (vinte) horas. Entretanto, a penhora poderá realizar-se em domingo ou feriado,
mediante autorização do juiz do trabalho.
• A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo. Entretanto, o horário vigente no juízo
perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do
prazo (art. 213 do CPC/2015).
• Nas Varas e Tribunais que não tenham implementado o sistema eletrônico,
permite-se a prática de atos processuais, que dependam de petição escrita, por
meio de fac-símile ou outro meio similar. Entretanto, a utilização do fac-símile não
prejudica o cumprimento dos prazos, devendo os originais ser entregues em juízo,
necessariamente, até cinco dias da data de seu término (art. 2 da Lei n. 9.800/99).
Sobre o tema, importante lembrar o conteúdo da Súmula n. 387 do TST.

Súmula nº 387 do TST. RECURSO. FAC-SÍMILE. LEI Nº 9.800/1999

I - A Lei nº 9.800, de 26.05.1999, é aplicável somente a recursos interpostos após o


início de sua vigência. II - A contagem do quinquídio para apresentação dos originais de
recurso interposto por intermédio de fac-símile começa a fluir do dia subsequente ao
término do prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.800, de 26.05.1999, e não
do dia seguinte à interposição do recurso, se esta se deu antes do termo final do prazo

III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de notificação, pois a
parte, ao interpor o recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se aplica a regra
do art. 224 do CPC de 2015 (art. 184 do CPC de 1973) quanto ao “dies a quo”, podendo
coincidir com sábado, domingo ou feriado.

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IV – A autorização para utilização do fac-símile, constante do art. 1º da Lei n.º 9.800, de


26.05.1999, somente alcança as hipóteses em que o documento é dirigido diretamente
ao órgão jurisdicional, não se aplicando à transmissão ocorrida entre particulares.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

• De acordo com o art. 771 da CLT, os atos e termos processuais poderão ser
escritos a tinta, datilografados ou a carimbo. Não poderão, portanto, ser feitos a
lápis. Além disso, os atos e termos processuais que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados
a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador
legalmente constituído (art. 772 da CLT).

O art. 190 do CPC/2015 permite que as partes realizem atos processuais negociais, ou
seja, verdadeiros acordos para a mudança do procedimento, poderes, faculdades e deveres
processuais, antes e durante o processo. O parágrafo único, por sua vez, estabelece que de ofício
ou a requerimento, o juiz controlará a validade dos atos negociais, recusando-lhes aplicação
somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma
parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. Prevalece o entendimento de que o
art. 190 não é aplicado ao processo do trabalho, conforme art. 2, II, da IN n. 39/2016 do TST.

4.2.  PRAZOS PROCESSUAIS

O prazo processual corresponde ao lapso de tempo para prática do ato processual. Salvo
disposição em contrário, os prazos contam-se: a) a partir da data em que a notificação for recebida
ou for feita pessoalmente; b) da data em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que
publicar o expediente da Justiça do Trabalho; e c) da data em que for afixado o edital na sede da
Vara, Juízo o Tribunal (art. 774, CLT).

O início do prazo ocorre no momento em que o interessado toma ciência do ato processual a
ser praticado. O início da contagem do prazo, por sua vez, ocorre no dia seguinte ao do início do
prazo. Assim, a contagem do prazo processual se dá com exclusão do dia do começo e inclusão
do dia do vencimento.

A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) alterou a redação do caput do art. 775 da CLT, que passou
a ter a seguinte redação:

Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com
exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.

§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas


seguintes hipóteses:

I – quando o juízo entender necessário;

II – em virtude de força maior, devidamente comprovada.

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§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos


meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade à tutela do direito.

A principal alteração se deu no caput, que passou a determinar a contagem de prazos em dias
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

úteis, nos mesmos moldes do CPC/2015 (art. 219).

O novo § 1º confere, no inciso I, maior liberdade ao juíz trabalhista para, quando entender
necessário, prorrogar prazos. O inciso II do mesmo parágrafo mantém a possibilidade de
prorrogação de prazos em caso de força maior devidamente comprovada.

O § 2º, por sua vez, confere ao magistrado a possibilidade de dilatar prazos e alterar a ordem
de produção de provas, de modo a adequar às necessidades do conflito e conferir maior efetividade
à tutela do direito.

ANTES DA REFORMA APÓS A REFORMA


TRABALHISTA TRABALHISTA

Os prazos eram contínuos e irreleváveis, ou seja, a A contagem dos prazos passou a ser em dias
contagem dos prazos não era feita em dias úteis. úteis.

Além disso, intimada ou notificada a parte no sábado ou feriado, o início do prazo se dará no
primeiro dia útil imediato e, a contagem, no subsequente, conforme Súmula n. 262, I, do TST. Assim,
se a parte for intimada no sábado, o início do prazo será na segunda-feira e a contagem do prazo
deverá ser iniciada na terça-feira, se forem dias úteis. TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/
FGV.

Tratando-se de notificação postal, no caso do destinatário não ser encontrado ou no de recusa


de recebimento, o Correio ficará obrigado a devolvê-la no prazo de 48 horas. Por esse motivo,
presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito horas) depois de sua postagem, sendo que
o seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constituem ônus de prova do
destinatário, conforme Súmula n. 16 do TST TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

São importantes, ainda, as seguintes Súmulas do TST:

Súmula nº 1 TST - “PRAZO JUDICIAL -INTIMAÇÃO EM SEXTA-FEIRA. Quando a intimação


tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia,
o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver
expediente, caso em que fluirá do dia útil que se seguir.”

Súmula nº 262 do TST. PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO.


RECESSO FORENSE.
I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subsequente.
II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho
suspendem os prazos recursais.

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Súmula nº 385 - Feriado Local. Ausência de expediente forense. Prazo recursal.


Prorrogação. Comprovação. Necessidade. Cabe à parte comprovar, quando da
interposição do recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em que não haja
expediente forense, que justifique a prorrogação do prazo recursal.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho


suspendem os prazos recursais. Assim, o prazo processual que se inicia antes do recesso é
suspenso e retoma sua contagem de onde parou, no primeiro dia útil após o fim do recesso ou
férias TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB.

A Lei n. 13.545/2017 acrescentou o art. 775-A à CLT, reproduzindo o teor do art. 220 do CPC, que
estabelece que o recesso forense será do dia 20 de dezembro e 20 de janeiro, período em que,
conforme acima mencionado, haverá suspensão dos prazos processuais.

Decorrido o prazo, haverá preclusão do direito de praticar o ato. No entanto, se a parte comprovar
que não o realizou por justa causa, poderá o juiz permitir a prática do ato no prazo que assinar.

De acordo com o art. 1º do Decreto Lei n. 779/69, as pessoas jurídicas de direito público possuem
prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. O CPC de 2015, por sua vez,
estabelece que as pessoas jurídicas de direito público possuem prazo em dobro para a todas
as manifestações (art. 183). Entendemos que no processo do trabalho permanece a regra do
Decreto Lei n. 779/69 e não do CPC de 2015, uma vez que o Decreto representa norma específica
de processo do trabalho. Por outro lado, o CPC de 2015 passou a prever que o Ministério Público
possui prazo em dobro para se manifestar nos autos (art. 180), regra que deve ser aplicada
também ao processo do trabalho, já que não há outra norma específica sobre o tema.

Destaca-se ainda que, de acordo com a OJ n. 310 da SDI-1do TST, ao processo do trabalho
não se aplica a regra do art. 229 do CPC de 2015, que estabelece que os litisconsortes que
tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em
dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento.

4.3.  NULIDADES PROCESSUAIS

Entende-se como nulidade a ausência de requisito essencial para a validade do ato. A nulidade
poderá ser absoluta ou relativa.

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA

O ato viola norma de interesse público, podendo ser declarada Viola norma de interesse privado, devendo ser
de ofício pelo juiz. Não há necessidade de demonstração de alegada pela parte.
prejuízo (Exemplo: Incompetência Absoluta).

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Vejamos abaixo os principais princípios sobre as nulidades:

• PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: também conhecido como


princípio da finalidade, dispõe que, quando a lei prescrever que o ato deva ter
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determinada forma, sem cominar nulidade, o juiz considerará válido a ato se, realizado
de outro modo, alcançar a sua finalidade.

• PRINCÍPIO DO PREJUÍZO: também conhecido como princípio da transcendência,


estabelece que não haverá nulidade sem prejuízo manifesto às partes interessadas. É
inspirado no sistema francês (pás de nullité sans grief) e possui previsão expressa no
art. 794 da CLT TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV:

Art. 794 da CLT: Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá
nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.

• PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO OU DA PRECLUSÃO OU DA OPORTUNIDADE: está


consagrado no art. 795 da CLT, segundo o qual “as nulidades não serão declaradas
senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em
que tiverem de falar em audiência ou nos autos”. Se a parte não suscitar a nulidade
relativa na primeira oportunidade que tiver para falar em audiência ou nos autos,
haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à condição de
ato válido (trata-se, portanto, de princípio aplicável apenas às nulidades relativas).

O §1º do art. 795 da CLT prescreve que deverá ser declarada ex officio a nulidade fundada em
“incompetência de foro”, e em tal caso, “serão considerados nulos os atos decisórios”. Trata-se
de artigo redigido sem boa técnica legislativa, devendo a expressão “incompetência de foro” ser
entendida como incompetência absoluta.

• PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL: possui respaldo no art. 796, alínea “a”,


da CLT, segundo o qual a nulidade não será pronunciada quando for possível suprir-
se a falta ou repetir-se o ato. O ato, portanto, não será declarado nulo se puder ser
reaproveitado.

• PRINCÍPIO DO INTERESSE OU BOA-FÉ: possui previsão no art. 796, b, da CLT, e


dispõe que a nulidade do ato processual não será pronunciada se arguida por quem
lhe deu causa. Salienta-se que o princípio do interesse só alcança, evidentemente, as
nulidades relativas, pois as nulidades absolutas constituem matéria de ordem pública.

• PRINCÍPIO DA UTILIDADE: está consagrado literalmente no art. 798 da CLT, que


diz: “A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que deles dependam ou
sejam consequência”. Desse modo, deve-se aproveitar ao máximo os atos válidos que
ocorreram posteriormente ao ato nulo. Ressalta-se ainda que os atos válidos anteriores
à nulidade não serão por ela maculados, nem aqueles que dela sejam independentes.

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5.  PARTES E PROCURADORES


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Entende-se como parte do processo aquele que demanda em nome próprio a prestação
jurisdicional do Estado e a pessoa em cujo nome é demandada.

No processo do trabalho, entretanto, em vez das tradicionais denominações autor e réu, são
utilizadas as expressões reclamante e reclamado.

É muito importante distinguir capacidade de ser parte, capacidade processual e capacidade postulatória:
• Capacidade de ser parte: também denominada de capacidade de direito, diz respeito
à possibilidade da pessoa ocupar o polo passivo ou ativo do processo, ou seja, de
ser autor (reclamante) ou réu (reclamado). É reconhecida a todas as pessoas físicas
desde o nascimento com vida, às pessoas jurídicas regularmente constituídas e a uma
série de entes sem personalidade jurídica, como, por exemplo, as universalidades de
bens (ex: espólio, massa falida, condomínio).
• Capacidade processual: para ter capacidade processual é necessário ter capacidade
de fato, ou capacidade de exercício, que se consubstancia na aptidão para a prática dos
atos decorrentes da capacidade de direito, ou seja, é necessário ser absolutamente
capaz (art. 70 do CPC/2015). Os absolutamente ou relativamente incapazes deverão
ser representados ou assistidos em juízo.
• Capacidade postulatória: no processo civil, a capacidade postulatória é exercida por
advogado legalmente habilitado. No processo do Trabalho, as próprias partes podem
exercer a capacidade postulatória nas lides envolvendo relação de emprego, conforme
art. 791 da CLT. Trata-se do jus postulandi.

5.1.  SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

A substituição processual decorre da denominada legitimação extraordinária, por meio da


qual, em determinadas circunstâncias, a parte pode figurar no processo em nome próprio, mas
defendendo direito alheio.

No processo do trabalho, os casos mais comuns de substituição processual ocorrem pela


atuação dos sindicatos.

Inicialmente o Tribunal Superior do Trabalho entendia que a substituição processual pelos


sindicatos era restrita aos casos expressamente previstos em lei (antigo Enunciado n. 310 do TST).

Entretanto, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em que o art. 8º, III, assegura
ao sindicato o direito de defender, judicial ou administrativamente, os direitos e interesses
individuais e coletivos da categoria, o Supremo Tribunal Federal passou a conceder interpretação
ampliativa ao artigo constitucional, manifestando-se pela substituição ampla e irrestrita por parte
dos sindicatos.
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Em razão do posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior do Trabalho


cancelou o antigo Enunciado n. 310.

Ressalta-se, ainda, que o Tribunal Superior do Trabalho sedimentou posicionamento no sentido


de admitir a legitimidade extraordinária passiva dos sindicatos nas ações rescisórias propostas
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

em face de decisões em que o sindicato atuou como autor, na qualidade de substituto processual,
conforme inciso II da Súmula n. 406 do TST.

Súmula n. 406 do TST - AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO


E FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO
I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao pólo passivo da
demanda, porque supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite
solução díspar para os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação
ao pólo ativo, o litisconsórcio é facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz
por conveniência e não pela necessidade decorrente da natureza do litígio, pois não
se pode condicionar o exercício do direito individual de um dos litigantes no processo
originário à anuência dos demais para retomar a lide.

II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em cujos autos


fora proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu na ação
rescisória, sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados substituídos,
porquanto inexistente litisconsórcio passivo necessário.

Substituição processual e sucessão processual (ou substituição de parte) não se confundem.


Na substituição processual, uma pessoa é autorizada a demandar, em nome próprio, direito
alheio. Na sucessão processual, por outro lado, uma pessoa, no curso do processo, assume
o lugar da parte original (nesse caso, ocorre a alteração na posição ativa ou na passiva da
demanda em curso). Os casos mais comuns de sucessão processual são morte e sucessão de
empresas.

5.2.  “JUS POSTULANDI”

O jus postulandi representa a capacidade de se postular diretamente em juízo, sem a


necessidade de advogado, conforme art. 791 da CLT.

Com a promulgação Constituição Federal, que em seu art. 133 determina que o advogado é
indispensável à administração da justiça, corrente minoritária defendia que art. 791 da CLT não
teria sido recepcionado pela nova ordem constitucional. Esse entendimento foi fortalecido com
a edição da Lei n. 8.906/94 (EAOAB), que estipulava em seu art. 1, I, que é atividade privativa de
advocacia “a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais”.

O Supremo Tribunal Federal, entretanto, declarou a inconstitucionalidade da palavra


“qualquer” (ADI n. 1.127), firmando o entendimento de que, em hipóteses específicas, é possível a
postulação em juízo pelas partes, sem a presença de advogado.

No processo do trabalho, segundo posicionamento sedimentado do Tribunal Superior do


Trabalho, o jus postulandi está restrito às instâncias ordinárias, conforme Súmula n. 425, in verbis:
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Súmula nº 425 do TST - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. O jus


postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e
aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o
mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho
TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Ressalta-se ainda que o jus postulandi não alcança eventual recurso encaminhado para o STJ ou STF.

5.3.  PROCURAÇÃO E MANDATO TÁCITO

De acordo com o art. 104 do CPC/2015, o advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração,
salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.

Nessas hipóteses, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração


no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. O ato não
ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo
o advogado pelas despesas e por perdas e danos.

Em razão do novo CPC, o Tribunal Superior do Trabalho alterou a Súmula n. 383, que passou
a ter a seguinte redação:

Súmula nº 383 do TST - RECURSO. MANDATO. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO.


CPC DE 2015, ARTS. 104 E 76, § 2º (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res.
210/2016, DEJT divulgado em 30.06.2016 e 01 e 04.07.2016
I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até
o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104
do CPC de 2015), admite-se que o advogado, independentemente de intimação, exiba a
procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogável por
igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato
praticado e não se conhece do recurso.
II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em procuração
ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para
julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício.
Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência
couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a
providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015).

Em relação aos procuradores que representam a União, os Estados, o Distrito Federal, os


Municípios e as respectivas autarquias, não há necessidade de juntada de procuração, sendo
necessário apenas que o advogado se declare exercente do cargo de procurador. Nesse sentido
dispõe a Súmula n. 436 do TST:

Súmula nº 436 do TST - REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO,


ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES
PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO DE MANDATO
I - A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas,
quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão
dispensadas da juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.
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II - Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-se


exercente do cargo de procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na
Ordem dos Advogados do Brasil.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Embora boa parte da doutrina não diferencie mandato tácito de procuração apud acta,
entendemos que o mandato tácito decorre de um conjunto de atos praticados pelo advogado
em nome da parte ou da sua simples presença em audiência, apesar de não haver nos autos
o instrumento de mandato. Já a procuração apud acta decorre da presença do advogado na
audiência em nome da parte, desde que isso seja solenemente registrado na ata correspondente.

Desse modo, no processo do trabalho admite-se a procuração apud acta, ou seja, ainda que
não haja procuração expressa, o advogado pode ser constituído mediante simples registro na
ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado e com a anuência da parte
representada, conforme art. 791, §3º da CLT: “a constituição de procurador com poderes para o
foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento
verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada”. TEMA COBRADO NOS
EXAMES VI E XXV DA OAB/FGV.

Embora o mandato tácito seja admito na justiça do trabalho, é inválido o substabelecimento de


advogado investido de mandato tácito, conforme OJ n. 200 da SDI-1 do TST.

5.4.  HONORÁRIOS DE ADVOGADO

No processo do trabalho os honorários advocatícios, até a reforma trabalhista, não decorriam


pura e simplesmente da sucumbência.

Ocorre que a Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) acrescentou o art. 791-A à CLT, passando
a admitir o pagamento de honorários de advogado em razão da sucumbência.

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários
de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações
em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria.
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I – o grau de zelo do profissional;
II- o lugar de prestação do serviço;
III- a natureza e a importância da causa;
IV- o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência

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recíproca, vedada a compensação entre os honorários.


§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações
decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de


insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

O texto do caput disciplina que o advogado, ainda que atue em causa própria, terá direito a honorários
de sucumbência, fixados entre 5% e 15%. TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

O § 1º, por sua vez, dispõe que os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda
Pública e quando a parte estiver assistida ou substituída por sindicato.

Em relação aos sindicatos nas ações como substituto processual, é importante destacar que o
art. 16 da Lei 5.584/1970 estabelecia que os honorários de advogado deveriam reverter em favor
do sindicato assistente.

Ocorre que referido artigo foi revogado pela Lei nº 13.725/2018, o que deixou claro que os
honorários advocatícios devem ser revertidos em favor dos advogados habilitados na ação e não
em favor da entidade sindical.

Ressalta-se, ainda, que a Lei nº 13.725/2018 acrescentou o §6º e o §7º ao art. 22 do EAOAB
estabelecendo: I) a possibilidade de cumulação entre honorários assistenciais fixados com
entidade de classe e honorários de sucumbência, o que muitas vezes era vedado pela Justiça do
trabalho em relação às ações dos sindicatos e II) a possibilidade de a entidade de classe firmar
contrato de honorários advocatícios diretamente com os beneficiários da ação coletiva.

No que diz respeito ao § 3º do art. 791-A da CLT, ficou estabelecido que serão devidos honorários
de sucumbência recíprocos no caso de procedência parcial da ação, vedando-se a compensação
dos valores de honorários entre às partes.

Já o § 4º dispõe que o beneficiário da justiça gratuita arcará com as obrigações decorrentes


de sua sucumbência. Caso tenha obtido créditos em juízo, ainda que em outro processo, o fará
imediatamente. Entretanto, caso não tenha obtido tais créditos, as obrigações ficarão suspensas
e poderão ser executadas se, nos dois anos posteriores ao trânsito em julgado, ficar demonstrado
que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos.

Ocorre, entretanto, que o § 4º do art. 791-A da CLT foi declarado inconstitucional pelo STF em
outubro de 2021 (ADI 5766), não sendo mais possível exigir do beneficiário das justiça gratuita
o pagamento de honorários sucumbenciais.

O § 5º, por fim, informa que são devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

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ANTES DA REFORMA DEPOIS DA REFORMA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

A condenação ao pagamento de honorários advocatícios Passou-se a admitir o pagamento de honorários


não decorria pura e simplesmente da sucumbência, salvo de advogado em razão da sucumbência, inclusive
nos seguintes casos: os beneficiários da justiça gratuita, observando-se
os critérios do novo art. 791-A da CLT.

• Quando o trabalhador for beneficiário da justiça


gratuita e estiver assistido pelo sindicato profissional. Ocorre, entretanto, que o § 4º
do art. 791-A da CLT foi declarado
inconstitucional pelo STF em outubro
• Nas lides que não envolvam relação de emprego. de 2021 (ADI5766), não sendo mais
possível exigir do beneficiário das justiça
gratuita o pagamento de honorários
• Nas ações rescisórias
sucumbenciais.

• Nas causas em que o sindicato atuar como


substituto processual.

Com a reforma trabalhista, as Súmulas 219 e 329 do TST ficaram prejudicadas.

5.5.  JUSTIÇA GRATUITA

Conforme previsto no caput do art. 98 do CPC/2015, “a pessoa natural ou jurídica, brasileira


ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”

Importante destacar que o § 2° do mesmo artigo estabelece que a concessão de gratuidade


não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios decorrentes de sua sucumbência.

O § 5° do art. 98 do CPC/2015 estabelece ainda que a gratuidade poderá ser concedida em


relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

No processo do trabalho, de acordo com o § 3° do art. 790 da CLT, o benefício da justiça gratuita
pode ser requerido em qualquer fase do processo e concedido inclusive de ofício pelo juiz TEMA
COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV, mas, segundo o posicionamento sedimentado na OJ n. 269
da SDI-1 do TST, na fase recursal o pedido deve ser formulado no prazo alusivo ao recurso.

Se o relator do recurso indeferir o requerimento de justiça gratuita, deverá fixar prazo para que
o recorrente efetue o depósito recursal, conforme o item II da OJ n. 269 da SDI-1 do TST, adaptada
ao CPC/2015 (art. 99, § 7°).
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Importante destacar que a Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) alterou o §3º e o § 4º do


art. 790 da CLT, passando a dispor que o benefício da justiça gratuita poderá ser concedido aos
que receberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do RGPS (§ 3º)
ou que comprovarem a insuficiência de recursos para o pagamento das custas (antes bastava a
declaração da parte e agora é necessária a comprovação da impossibilidade de pagamento).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Tais alterações prejudicam a Súmula n. 4631 do TST, que provavelmente será cancelada.

ANTES DA REFORMA APÓS A REFORMA

O benefício de justiça gratuita poderia ser O benefício da justiça gratuita poderá ser
concedido aqueles que recebessem menos de concedido aos que receberem salário igual ou
2 (dois) salários mínimos ou que declarassem inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do
não possuir condições de pagar as custas RGPS ou que comprovarem a insuficiência de
processuais sem prejuízo do sustento próprio ou recursos para o pagamento das custas. Agora, não
de sua família. Bastava, portanto, a declaração. basta a declaração de pobreza, já que o requerente
deve comprovar a insuficiência de recursos.

Digno de nota também que, em virtude da nova redação do art. 105 do CPC/2015, que exige a
concessão de poderes especiais para assinar declaração de hipossuficiência econômica, o Tribunal
Superior do Trabalho cancelou a OJ n. 331 da SDI-1, de modo que doravante será considerada
necessária a outorga de poderes especiais ao patrono da causa para firmar declaração de
insuficiência econômica, destinada à concessão dos benefícios da justiça gratuita.

Conforme previsto no art. 100 do CPC/2015, deferido o pedido da gratuidade da justiça, a parte
contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou,
nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser
apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso.

Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar
e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa, que será revertida em
benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.

Outro tema importante para a prova da OAB se refere ao pagamento dos honorários periciais
no caso da parte sucumbente ser beneficiária da justiça gratuita, tendo o TST sedimentado
posicionamento no sentido de que a União seria responsável pelo pagamento, conforme Súmula n.
457. TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV :

Súmula nº 457 do TST - HONORÁRIOS PERICIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.


RESPONSABILIDADE DA UNIÃO PELO PAGAMENTO. RESOLUÇÃO Nº 66/2010 DO CSJT.

1 Súmula n. 463 do TST ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a
declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de
procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);

II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de
impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo.
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OBSERVÂNCIA. A União é responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando


a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência judiciária gratuita,
observado o procedimento disposto nos arts. 1º, 2º e 5º da Resolução n.º 66/2010 do
Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Ocorre que artigo 790-B da CLT, que versava sobre os honorários periciais, foi reformulado
pela Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista), tendo sido alterada a redação do “caput” e
adicionados os § 1º, § 2º, § 3º e § 4º.

A alteração do “caput” teve o condão de inverter a regra do pagamento dos honorários periciais
pelos beneficiários da justiça gratuita. Antes os honorários eram pagos pela parte sucumbente na
pretensão objeto da perícia, exceto se beneficiária da justiça gratuita. Com a reforma, os honorários
passaram a ser pagos pela parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária
da justiça gratuita.

O § 1º enuncia que o Juízo do trabalho, ao fixar os honorários, deve respeitar o teto de valor
estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

Já o § 2º concede ao magistrado a possibilidade de deferir o parcelamento dos honorários periciais.

No § 3º foi positivado o entendimento da OJ 98 da SDI-2 do TST, vedando-se o adiantamento


dos honorários periciais.

O § 4º, por fim, explicita que o beneficiário da justiça gratuita poderá pagar os honorários
periciais caso tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar tal despesa, mesmo que em
outro processo. Somente no caso de não ter obtido qualquer crédito é que a União responderá pelo
encargo, regra diferente da preconizada na Súmula 457 do TST, que provavelmente será revista.

Ocorre, entretanto, que, em outubro de 2021 (ADI 5766), o “caput” e o § 4º do art. 790-B da
CLT foram declarados inconstitucionais pelo STF, de modo que, a partir de agora, não é razoável
nem proporcional a imposição do pagamento de honorários periciais pelo beneficiário da justiça
gratuita sem que se prove que ele deixou de ser hipossuficiente.

Assim, com a decisão do STF o beneficiário da justiça gratuita não poderá ser obrigado a pagar
honorários periciais, mesmo que tenha obtido no processo créditos capazes de suportar tal despesa

Importante registrar, também, que a Lei n. 13.660/2018 alterou o § 2º do art. 819 da CLT, que passou
a dispor que as despesas decorrentes do intérprete nomeado pelo juiz correrão por conta da parte
sucumbente, salvo se beneficiária de justiça gratuita TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

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5.6.  RESPONSABILIDADE POR DANO PROCESSUAL

A Lei n. 13.467/2017 inseriu os artigos 793-A ao art. 793-D à CLT, passando a tratar da
responsabilidade por dano processual.
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Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante,
reclamado ou interveniente.
Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do
valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e
a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um
na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo,
liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à testemunha
que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao
julgamento da causa.
Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mesmos autos.

O artigo 793-A prevê que responderá por perdas e danos aquele que atuar no processo com
má-fé como reclamante, reclamado ou terceiro.

No artigo 793-B foram elencadas condutas consideradas como litigância de má-fé, a exemplo da
alteração da verdade dos fatos, do uso do processo para conseguir objetivo ilícito e da interposição
de recurso manifestamente protelatório.

Já o artigo 793-C estabelece que a multa por litigância de má-fé será superior a 1% e inferior
a 10% do valor da causa, podendo ser aplicada de ofício ou mediante requerimento e cumulada
com a indenização pelos prejuízos da parte contrária e com os honorários e despesas que esta
efetuou. O § 1º enuncia que, quando houver mais de um litigante de má-fé, serão condenados na
proporção de seus interesses ou solidariamente, na circunstância de se coligarem para lesar a
parte contrária. No § 2º foi inserida a regra de equidade para evitar multas irrisórias ou absurdas,
determinando que essa será de até duas vezes o teto do RGPS nos casos de valor da causa ínfimo 36
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ou inestimável. O § 3º, por sua vez, estabeleceu que, de regra, o valor da indenização será fixado
pelo juízo e, quando não for possível determiná-lo, será liquidado nos próprios autos.

Ao final, o artigo 793-D determina a aplicação da multa do artigo 793-C (executada nos mesmos autos)
à testemunha que, dolosamente, alterar a verdade ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.
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6.  DISSÍDIO INDIVIDUAL


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6.1.  PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

6.1.1.  RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

A reclamação trabalhista poderá ser escrita ou verbal.

A Lei n. 13.467/2017 alterou o art. 840 da CLT, que passou a ter a seguinte redação:

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.


§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das
partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser
certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante
ou de seu representante.
§ 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas
pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo.
§ 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste artigo serão julgados
extintos sem resolução do mérito.

O caput do artigo continua permitindo que a reclamação seja apresentada de forma escrita ou verbal.

Já o § 1º teve a redação atualizada e foi alterado para passar a exigir que os pedidos sejam
certos, determinados e com indicação de seu valor. Assim, acaba a prática de apenas inserir um
valor aproximado para a causa, que deverá refletir os valores dos pedidos já calculados.

O § 2º impõe que, mesmo no caso de reclamação apresentada de forma verbal, ao ser reduzida
a termo pelo servidor, deverá respeitar os requisitos do § 1º.

Ao final, o § 3º estabelece que serão julgados extintos sem resolução de mérito os pedidos que
não atenderem os requisitos do § 1º do art. 840.

Se a petição inicial for verbal, deverá ser reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas
pelo Diretor de Secretaria ou escrivão. Nas localidades com mais de uma Vara ou Juízo, a petição
verbal será distribuída antes de sua redução a termo.

Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se
no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena de perda,
pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho (art. 786 c/c art. 731
da CLT), o que é conhecido como perempção parcial. TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

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A perempção parcial no processo do trabalho ocorre em duas situações: 1) não comparecimento


no prazo de 5 dias para o reclamante reduzir a termo a reclamação verbal; 2) reclamante que,
por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento em razão do seu não comparecimento
à audiência (art. 844 da CLT).
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Salienta-se ainda que, se o juiz verificar que a reclamação trabalhista não preenche os requisitos
do art. 840 da CLT e aqueles do CPC aplicáveis ao processo do trabalho, ou que apresenta defeitos
e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o indeferimento da petição inicial
somente é possível após o juiz determinar que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a
complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Entretanto, tratando-se
de vícios graves, previstos no art. 330 do CPC (principalmente inépcia, a parte for manifestamente
ilegítima e o autor carecer de interesse processual) a petição poderá ser indeferida de plano.

Súmula nº 263 do TST - PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA


DEFICIENTE (nova redação em decorrência do CPC de 2015). Salvo nas hipóteses do art.
330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição inicial, por
encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou
não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a
irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido
ou completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015).

É importante mencionar que é possível o ajuizamento de reclamação trabalhista plúrima, em


que se tutela pretensões de mais de um reclamante em face do mesmo empregador, desde que
haja identidade de matéria (art. 842 da CLT). TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV

6.1.2.  AUDIÊNCIA

De acordo com o art. 841 da CLT, recebida e protocolada a reclamação trabalhista, o escrivão
ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do
termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento,
que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. Em outras palavras, o intervalo mínimo
entre o recebimento da notificação pelo reclamado e a realização da audiência será de 5 dias.

Caso esse intervalo de 5 dias não seja cumprido, deverá o juiz adiar a audiência, o
que pode ser feito inclusive a pedido do advogado do reclamado. Desse modo, a ausência
do reclamado na audiência designada cujo agendamento não observou o prazo mínimo de 5
dias não ensejará revelia e a confissão da matéria de fato, devendo o juiz marcar uma nova
audiência. TEMA COBRADO NOS EXAMES XIIe XXXIV DA OAB/FGV.

Em regra, conforme previsto no art. 813 da CLT, as audiências dos órgãos da justiça do Trabalho
são públicas e são realizadas na sede do Juízo ou Tribunal, em dias úteis, previamente fixados, entre
08 e 18 horas, não podendo ultrapassar de 5 horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.
Todavia, em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências,
mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com antecedência mínima de 24 horas.

O art. 849 da CLT, por sua vez, estabelece que a audiência de julgamento será contínua, mas, se
não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará
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a sua continuação para a primeira data desimpedida, independentemente de nova notificação.

Apesar de o artigo ora citado se referir apenas ao caso da força maior, os juízes trabalhistas,
com base na ampla direção do processo referendada pelo art. 765 da CLT, adotam a praxe de
dividir a audiência trabalhistas em três sessões: audiência de conciliação, audiência de instrução
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e audiência de julgamento.

Para a prova da OAB é muito importante lembrar que a regra do art. 7°, XX, do EAOAB, que determina
que é direito do advogado se retirar do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial,
após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva
presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo, não se aplica ao processo do trabalho,
uma vez que a CLT possui regra própria estampada no parágrafo único do art. 815.

Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita
pelo secretário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que
devam comparecer.

Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente
não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar
do livro de registro das audiências.

Seguindo o mesmo raciocínio, não se aplica ao processo do trabalho o contido no art. 362, III, do
CPC/2015, que determina que a audiência poderá ser adiada por atraso injustificado de seu início
em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado (art. 2°, VI, da IN n. 39/2016 do TST).

De acordo com o art. 843 da CLT, na audiência deverão estar presentes o reclamante e o
reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos
de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se
representar pelo Sindicato de sua categoria. TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.

Assim, salvo nas reclamatórias plúrimas (mais de um reclamante) e na ação de cumprimento


(ação proposta pelo sindicato para fazer cumprir Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho)
devem estar presentes na audiência o reclamante e o reclamado.

O reclamado poderá se fazer substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha
conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o reclamado TEMA COBRADO NO IX
EXAME DA OAB/FGV.

Não se exige que o preposto tenha testemunhado os fatos, bastando que tenha conhecimento destes,
conforme preceitua o art. 843, § 1º, da CLT. TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV

Já o empregado, se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado,


não for possível comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado
que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato, conforme §2º do art. 843 da CLT TEMA
COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.

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O Tribunal Superior do Trabalho havia firmado posicionamento no sentido de que o preposto


devia ser empregado da empresa, salvo nos casos de empregador doméstico ou micro ou pequeno
empresário, casos em que o preposto deve apenas ter conhecimento dos fatos.

Súmula nº 377 do TST - PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO. Exceto


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário,


o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843,
§ 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Ocorre que a Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) acrescentou o § 3º ao art. 843 da CLT,
adotando posição contrária à súmula 377 do TST, dispondo expressamente que o preposto não
precisa ser empregado da empresa. A reforma trabalhista, portanto, prejudicou a Súmula n. 377
do TST, que provavelmente será cancelada TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV.

ANTES DA REFORMA APÓS A REFORMA

O preposto deve ser necessariamente empregado do Preposto não precisa ser empregado da empresa.
reclamado, salvo no caso de reclamação de empregado
doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário.

Para a prova da OAB, é muito importante lembrar as consequências do não comparecimento


das partes às audiências, conforme quadro abaixo:

AUDIÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE
CONCILIAÇÃO INSTRUÇÃO
Ausência do Reclamante Arquivamento do processo, com Confissão quanto à matéria de
extinção sem resolução do mérito. fato se expressamente intimado
Lembrando que dois arquivamentos para prestar depoimento pessoal
seguidos gera a perempção parcial (6 (súmula n. 74 do TST). Não há
meses sem poder entrar com a ação) arquivamento (Súmula n. 9 do TST)

A Lei n. 13.467/2017 (reforma


trabalhista) passou a dispor que
o reclamante deverá ainda ser
condenado ao pagamento das custas,
ainda que beneficiário da justiça
gratuita, salvo se comprovar, no
prazo de quinze dias, que a ausência
ocorreu por motivo legalmente
justificável (§ 2º do art. 844 da CLT).

Além disso, o pagamento das custas


será condição para a propositura de
nova demanda (§ 3º do art. 844 da CLT).

Ausência do Reclamado Revelia e confissão quanto à Confissão quanto à matéria


matéria de fato. TEMA COBRADO de fato se expressamente
intimado para prestar depoimento
NO XIV EXAME DA OAB/FGV pessoal (súmula n. 74 do TST).

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MUITO IMPORTANTE: A ausência do reclamado à audiência de conciliação importa revelia e


confissão quanto à matéria de fato, inclusive quando o reclamado for pessoa jurídica de direito
público, conforme OJ n. 152 da SDI-1 do TST TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/
FGV). Entretanto, caso o advogado do reclamado compareça à audiência, o juiz deverá receber
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

a contestação, já que e revelia não atinge a matéria de direito TEMA COBRADO NOS
EXAMES IV e XXXIII DA OAB/FGV. Nesse sentido, a Lei n. 13.467/2017 acrescentou § 5º ao
art. 844 da CLT, dispondo que, mesmo ausente o reclamado, serão aceitos a contestação e os
documentos apresentados por seu advogado que esteja na audiência.

Importante destacar que a Lei n. 13.467/2017 acrescentou o § 4º ao art. 844 da CLT, em clara
alusão ao artigo 345 do CPC/2015, elencando situações em que a revelia não produzirá seu efeito
típico, a confissão.

Art. 844 da CLT

(...)

§ 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se:

I – havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;

II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;

IV – as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem


em contradição com prova constante dos autos.

A perempção parcial no processo do trabalho ocorre em duas situações: 1) não comparecimento


no prazo de 5 dias para o reclamante reduzir a termo a reclamação verbal;, 2) reclamante que,
por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento em razão do seu não comparecimento à
audiência, conforme art. 844 da CLT TEMA COBRADO NOS EXAMES XI E XX DA OAB/FGV

Ordem dos atos em audiência:


• Aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação. Havendo acordo, o termo valerá
como decisão irrecorrível, salvo para a previdência social (art. 831 da CLT).
• Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura
da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (art. 847 da CLT).
• Instrução probatória
• Razões finais - poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10
(dez) minutos para cada uma (art. 850 da CLT)

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• Segunda tentativa de conciliação (art. 850 da CLT).


• Sentença

Caso o juiz determine a divisão da audiência em sessões, o que é bastante comum, os atos
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podem ser divididos conforme quadro abaixo.

AUDIÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO INSTRUÇÃO JULGAMENTO

Ocorre a primeira tentativa de Ocorre a instrução do processo, Publicação da sentença.


conciliação e, se frustrada, há a ou seja, a colheita de provas, bem
apresentação de defesa do reclamado. como as razoes finais e a segunda
tentativa de conciliação.

6.1.3.  RESPOSTAS DO RECLAMADO

6.1.3.1.  CONTESTAÇÃO

A contestação é a principal modalidade de defesa do reclamado.

A contestação poderá ser verbal ou escrita, devendo o reclamado impugnar especificamente


as alegações de fato do autor (princípio da impugnação específica), sob pena de presunção de
veracidade dos fatos não impugnados (art. 341 do CPC/2015).

De acordo com o caput do art. 847 da CLT, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua
defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

A lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) acrescentou o parágrafo único ao art. 847 da CLT,
dispondo que a parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial
eletrônico até a audiência.

Além disso, todas alegações e meios de defesa devem ser apresentados simultaneamente
(princípio da eventualidade), permitindo-se apenas excepcionalmente ao réu deduzir novas
alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer
delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e
grau de jurisdição (art. 342 do CPC/2015).

A não apresentação de defesa importará revelia e presumir-se-ão verdadeiras as alegações


de fato formuladas pelo autor (art. 344 do CPC/2015). Como no processo do trabalho a defesa é
apresentada em audiência, o não comparecimento do reclamado importa revelia, presumindo-se
verdadeiros os fatos alegados na inicial (art. 844 da CLT).

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No processo do trabalho, mesmo que revel o reclamado será notificado da sentença (art. 852 da CLT)

Deve-se ressaltar que não há previsão de tempo mínimo de tolerância para comparecimento
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da parte à audiência, ficando a critério do juiz a tolerância.

OJ n. 245 da SDI-1 do TST. REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA (inserida em 20.06.2001). Inexiste


previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.

A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa, conforme art.
767 da CLT TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV. Além disso, a compensação
é restrita a matéria de natureza trabalhista (Súmula n. 18 do TST) e, na rescisão, qualquer
compensação no pagamento não poderá exceder a um mês de remuneração do empregado
(art. 477, § 5º, da CLT). Exemplo típico de compensação, na esfera trabalhista, é a hipótese
prevista no § 2º do art. 487 da CLT, concernente ao aviso prévio não dado pelo empregado-
reclamante, que pede a sua demissão. Nessa hipótese, tem o empregador direito a efetuar o
desconto do montante alusivo ao saldo de salários do empregado, no que tange ao período do
aviso prévio que deveria ter sido dado, e não o foi (geralmente um mês de trabalho, ou seja, o
valor de uma remuneração mensal).

Não se deve confundir compensação com dedução. A dedução diz respeito ao abatimento
de valores já pagos referentes à mesma parcela e pode ser deferida de ofício pelo magistrado,
evitando-se, com isso, o enriquecimento sem causa de uma parte em detrimento da outra.

6.1.3.2.  EXCEÇÕES

O CPC de 2015 deixou de prever as exceções como espécie de defesa, limitando-se a dizer
que a incompetência relativa deve ser alegada como preliminar de contestação (art. 337, II, do
CPC/2015) e a suspeição e o impedimento por meio de simples petição no prazo de 15 dias (art.
146 do CPC/2015).

As regras do NCPC, entretanto, não são aplicadas ao processo do trabalho, porque a CLT não
é omissa sobre o tema.

• EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA

Ao contrário da incompetência absoluta que pode ser alegada como preliminar de contestação
e reconhecida de ofício pelo juiz, a incompetência relativa em razão do lugar deve ser arguida por
meio de exceção.

A Lei n. 13.467/2017 alterou o art. 800 da CLT, que passou a ter a seguinte redação:

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a


contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta
exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo.

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§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a


que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção.
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se
existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

§ 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência,


garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta
precatória, no juízo que este houver indicado como competente.
§ 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso,
com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual
perante o juízo competente.

Antes da reforma trabalhista, o procedimento da exceção de incompetência era simples,


consistente na abertura de vista ao exceto pelo prazo de 24 (vinte e quatro) horas após a
apresentação da exceção em audiência.

A nova redação, entretanto, passou a dispor que a exceção será apresentada por escrito e
antes da audiência inaugural, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da notificação.

Pelo teor do § 1º, a apresentação da exceção impõe a suspensão do processo e da audiência


inicial, até que reste resolvida a exceção.

O § 2º explicita que o Juízo determinará a intimação do reclamante e de eventuais litisconsortes


para manifestação sobre a exceção no prazo comum de 5 (cinco) dias.

Já o § 3º estabelece que o magistrado pode designar audiência, inclusive para oitiva de


testemunhas, e expedir carta precatória para solução da exceção.

Ao fim, o § 4º determina que, resolvida a exceção de incompetência territorial, o processo


reinicia seu curso, com a designação de audiência, apresentação de defesa e instrução perante o
juízo competente.

ANTES DA REFORMA DEPOIS DA REFORMA

A exceção de incompetência era apresentada em A exceção é apresentada no prazo de 5 dias após a


audiência. Após sua apresentação, abria-se vista notificação da audiência. O processo será suspenso,
dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas sendo o reclamante e eventuais litisconsortes
improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida intimados para manifestação no prazo comum de 5
na primeira audiência ou sessão que se seguir (cinco) dias. O juiz pode designar audiência, inclusive
TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV. para ouvir testemunhas. Resolvida a exceção de
incompetência territorial, o processo reinicia seu curso.

A incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz e, se o reclamado não
apresentar a exceção, haverá a denominada prorrogação de competência, ou seja, o juízo que era
territorialmente incompetente para julgar a lide passará a ter competência para apreciar a demanda.

Da decisão sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas


do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que
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couber da decisão final.

Entretanto, de acordo com a Súmula n. 214, “c”, do TST, permite-se a interposição de recurso
ordinário da decisão que acolhe a exceção de incompetência territorial e encaminha o processo
para outro Tribunal Regional do Trabalho.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

O §1º do art. 795 da CLT prescreve que deverá ser declarada ex officio a nulidade fundada em
“incompetência de foro”, e em tal caso, “serão considerados nulos os atos decisórios”. Trata-se
de artigo redigido sem boa técnica legislativa, devendo a expressão “incompetência de foro” ser
entendida como incompetência absoluta.

• EXCEÇÕES DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO

Conforme previsto no art. 801 da CLT, o juiz, titular ou substituto, é obrigado a dar-se por
suspeito, e pode ser recusado, por alguns dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes:
a) inimizade pessoal; b) amizade íntima; c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o
terceiro grau civil; d) interesse particular na causa.

Todavia, mesmo sendo suspeito o juiz, o parágrafo único do art. 801 da CLT considera suprida
a irregularidade se: a) o recusante houver praticado algum ato pelo qual seja consentido na
pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo; b) do
processo constar que o recusante deixou de alegá-lo anteriormente, quando já a conhecia, ou que,
depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de
que ela originou.

Entendemos que as hipóteses previstas no art. 801 da CLT são apenas exemplificativas,
devendo-se utilizar subsidiariamente os artigos 144 e 145 do CPC/2015, inclusive em relação às
causas de impedimento, que não foram tratadas na CLT.

Existe sensível diferença entre suspeição e impedimento. As causas que geram impedimento
têm natureza objetiva, ou seja, são perceptíveis por sinais exteriores suficientes capazes de
demonstrar o comprometimento da imparcialidade. Já as causas geradoras da suspeição têm
natureza subjetiva, dependem do exame de ânimo ou do sentimento do juiz.

O procedimento da exceção de suspeição ou impedimento não prevê o contraditório, uma vez


que, nos termos do art. 802 da CLT, apresentada a exceção, o juiz ou Tribunal designará audiência,
dentro de 48 horas, para instrução e julgamento da mesma.

De acordo com o art. 148, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, aplicam-se os


motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares
da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo.

6.1.3.3.  RECONVENÇÃO

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A reconvenção é uma das modalidades de resposta do réu, mas possui natureza de ação, uma
vez que representa um contra-ataque do réu em face do autor dentro do mesmo processo.
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Não houve extinção da reconvenção com o CPC/2015, mas ela passou a integrar a própria
contestação, ou seja, não há necessidade de uma peça própria. Na reconvenção, o reclamado é
chamado de reconvinte e o reclamante de reconvindo.

A reconvenção é medida compatível com o processo laboral, desde que sejam observados os
seguintes requisitos:

• O Juiz da causa principal deve ser absolutamente competente para a reconvenção,


ou seja, a reconvenção deve tratar de matéria de competência trabalhista, conforme
art. 114 da CF/88 TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.
• Compatibilidade procedimental entre ação e reconvenção, ou seja, ambas devem
estar sujeitas ao mesmo rito (ordinário, sumário ou sumaríssimo).
• O processo principal deve estar pendente (art. 343 do CPC/2015).
• Conexão entre ação e reconvenção (art. 343 do CPC/2013).

Trabalhador ingressa com reclamação trabalhista pleiteando verbas rescisórias. Na audiência


preliminar, reclamado apresenta contestação, bem como reconvenção, pedindo, nesta última,
condenação do reclamante à indenização por dano material, em virtude de danos dolosos
causados pelo empregado à empresa durante o vínculo de emprego.

O momento adequado para o reclamado apresentar a reconvenção é a audiência “inaugural”


(oralmente ou por escrito). Com a apresentação da reconvenção, entendemos que a audiência deve
ser adiada, para o reconvindo apresentar a contestação e, se o autor-reconvindo não apresentar
defesa, será ele considerado revel e confesso quanto à matéria de fato. Nova audiência será
designada e a instrução processual valerá tanto para a ação principal como para a reconvenção.

Não se admite reconvenção no processo de execução, conforme vedação expressa no § 3º do art.


16 da Lei n. 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho.

Ressalta-se, ainda, que a reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro (art. 343, §
3º, do CPC/2015), como na hipótese de o empregador ajuizar reclamação trabalhista em face do
empregado, e este apresentar reconvenção em face do empregador e de eventual tomador dos
serviços, para requerer a sua responsabilidade subsidiária TEMA COBRADO NO XXII EXAME
DA OAB/FGV.

6.1.4.  PROVAS NO PROCESSO


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Entende-se por prova todo meio idôneo destinado a demonstrar a veracidade de um fato. A
prova, portanto, deve ser obtida por meios lícitos, sendo a prova ilícita considerada inválida (art.
5°, LVI, da CF/88).

Salienta-se que o Supremo Tribunal Federal chancela a aplicação da denominada teoria dos
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

frutos da árvore envenenada, segundo a qual todas as provas decorrentes ou interligadas à prova
obtida ilicitamente também são consideradas contaminadas e, portanto, ilícitas.

Como regra geral, apenas os fatos precisam ser provados. Entretanto, o art. 376 do CPC/2015,
aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, determina que a parte que alegar direito
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o
juiz determinar.

No processo do trabalho, o juiz poderá ainda determinar que a parte demonstre o teor do
direito baseado em convenção coletiva, acordo coletivo e/ou regulamento de empresa.

O art. 374 do CPC/2015, por outro lado, prevê que não dependem de prova os fatos: I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como
incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

É muito importante frisar que as partes têm a oportunidade para provar todos os fatos tratados
no processo. Entretanto, a não observância desse encargo pela parte lhe acarretará desvantagens
processuais, o que se denomina ônus da prova.

Assim, as partes possuem o encargo de comprovar os fatos trazidos no processo, sob pena de
o juiz, ao não ficar convencido dos fatos, aplicar a regra do ônus da prova na ocasião do julgamento
em desfavor da parte que não cumpriu com o encargo processual (trata-se, portanto, de uma regra
de julgamento).

A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista), alterou o art. 818 da CLT, passando a dispor com
detalhe a respeito do ônus da prova no processo do trabalho.

Art. 818. O ônus da prova incumbe:


I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do reclamante.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo
ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em
que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da
instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará
provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.
§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil

O antigo “caput” dispunha que a prova das alegações incumbia a quem as fizesse. Ocorre
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que tal fórmula, insuficiente para solucionar as complexas questões existentes nos processos
trabalhistas, já era suplementada pelas disposições do processo civil acerca do ônus da prova. E
a reformulação deste artigo se deu para adotar, expressamente, os parâmetros de ônus da prova
já usuais no processo civil.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

O novo § 1º insere, a um só tempo, a possibilidade de distribuição dinâmica e de inversão


do ônus da prova, adotando como norte a maior aptidão para produção de determinada prova,
em casos peculiares em que há impossível ou excessiva dificuldade em se cumprir o encargo
probatório disciplinado pelo caput. Esse parágrafo determina ainda que a decisão que altera o
ônus probatório seja fundamentada e que a parte tenha a oportunidade de se desincumbir do ônus
probatório que recebeu.

O § 2º indica que a decisão que altera o ônus da prova será proferida antes do início da
instrução e, se for requerido pela parte, poderá ocasionar o adiamento da audiência e permitir a
prova dos fatos por qualquer meio de prova admissível.

O novo CPC permite ainda a distribuição convencional do ônus da prova. Entretanto, essa regra
não é aplicável ao processo do trabalho em razão da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
Nesse sentido dispor o art. 2, VII, da IN n. 39/2016 do TST.

Exemplo de aplicação da distribuição dinâmica do ônus da prova no processo do trabalho pode


ser extraída da Súmula n. 443 do TST.

Súmula m. 443 do TST. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO


PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO.
Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de
outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado
tem direito à reintegração no emprego.

Isso porque, embora o fato constitutivo de se demonstrar eventual dispensa discriminatória


seja do empregado (fato constitutivo do seu direito), o Tribunal Superior do Trabalho sedimentou
posicionamento que nos casos de dispensa de empregado com doença grave, haverá presunção
de discriminação, cabendo ao empregador a prova de que a dispensa decorreu de outro motivo.

Ainda sobre o ônus da prova, muito importante o conhecimento das seguintes súmulas e
orientações jurisprudenciais para a prova da OAB/FGV:

Súmula nº 6 do TST. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT.

(...)
VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da
equiparação salarial.

Súmula nº 212 do TST. DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA. O ônus de provar o término


do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento,
é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui
presunção favorável ao empregado.

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Súmula nº 338 do TST. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA TEMA


COBRADO NOS EXAMES VII E XVIII DA OAB/FGV
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da
jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de


trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário.
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento
normativo, pode ser elidida por prova em contrário.
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são
inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que
passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.

Importante destacar que, com a Lei nº 13.874/2019, o registro da jornada de trabalho passou
a ser obrigatório apenas nos estabelecimentos com mais de 20 empregados, devendo o inciso I da
Súmula nº 338 ser atualizado nesse sentido.

Súmula nº 460 do TST. VALE-TRANSPORTE. ÔNUS DA PROVA (TEMA COBRADO NO


XXI EXAME DA OAB/FGV). É do empregador o ônus de comprovar que o empregado
não satisfaz os requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não
pretenda fazer uso do benefício.

Súmula nº 461 do TST. FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA PROVA


TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. É do empregador o ônus da prova
em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do
direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015).

Registra-se que as provas servem para o convencimento do juiz, sendo que o atual sistema
processual não as atribui valores diferentes, ou seja, as provas serão analisadas pelo magistrado
no caso concreto, não havendo, em abstrato, uma prova mais importante que a outra.

Vejamos os principais meios de prova:

• DEPOIMENTO PESSOAL

De acordo com o art. 385 do CPC/2015, cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra
parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do
poder do juiz de ordená-lo de ofício.

O depoimento pessoal deve ser requerido pela parte contrária e objetiva a confissão do
depoente no curso do processo.

Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de


confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena de
confissão, conforme previsto no § 1° do art. 385 do CPC/2015.

Nesse mesmo sentido a Súmula n. 74, I, do TST:

Súmula nº 74 do TST. CONFISSÃO.


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I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação,


não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

O depoimento pessoal não se confunde com o interrogatório, conforme demonstramos no


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

quando abaixo.

DEPOIMENTO PESSOAL INTERROGATÓRIO

• Requerido pela parte contrária ou • Sempre de ofício.


determinado de ofício pelo juiz.

• Pode ser realizado em qualquer momento.


• Colhido apenas na audiência de instrução.

• Objetiva esclarecimentos dos fatos.


• Objetiva a confissão.

• CONFISSÃO

Conforme previsto no art. 389 do CPC/2015, há confissão quando a parte admite a verdade de
fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.

Embora o CPC de 2015 estipule que a confissão pode ser judicial ou extrajudicial, entendemos
que a confissão extrajudicial feita por empregado é inválida, seja porque seus direitos são
indisponíveis, seja porquanto é presumível que eventuais declarações feitas fora do juízo podem
ter sido derivadas de pressão feita pelo empregador.

Conforme mencionado anteriormente, a confissão mais comum no processo do trabalho


diz respeito à admissão da verdade dos fatos obtida em depoimento pessoal (confissão real).
Entretanto, caso a parte intimada a depor não comparecer haverá a denomina confissão ficta.

A confissão ficta gera presunção relativa, devendo-se recordar que, segundo a Súmula n. 74
do TST, itens II e III, a prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto
com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando
cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores, além do que a vedação à produção
de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo
magistrado, do poder/dever de conduzir o processo.

• DOCUMENTOS

O reclamante deve apresentar as provas documentais junto com a reclamação trabalhista e o


reclamado no momento da defesa, que ocorre na primeira audiência designada. Entretanto, o art.
435 do CPC/2015 considera lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para
contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

De acordo com a Súmula n. 8 do TST, a juntada de documentos na fase recursal só se justifica


quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato 51
posterior à sentença. TEMA COBRADO NOS EXAMES XV E XVII DA OAB/FGV.
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É importante registrar que a parte poderá arguir a falsidade do documento apresentado pela
parte contrária, o que se denominada de incidente de falsidade documental, conforme artigos
430 a 433 do CPC/2015:

Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

(quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.


Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental,
salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do
inciso II do art. 19.

Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua pretensão
e os meios com que provará o alegado.

Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o
exame pericial.
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o
documento concordar em retirá-lo.

Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como questão
principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a
autoridade da coisa julgada.

• TESTEMUNHAS

Considera-se testemunha o terceiro em relação à lide que vem prestar depoimento em juízo,
por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes. Trata-se do meio de prova mais utilizado no
processo do trabalho, já que na maioria das vezes o reclamante não tem acesso aos documentos
da empresa ou estes não retratam a realidade do trabalho desempenhado, a exemplo do que
muitas vezes acontece com os cartões de ponto.

As testemunhas devem comparecer independentemente de intimação. Caso não compareçam,


serão intimadas pelo juiz, que poderá determinar o comparecimento e, em caso de nova ausência,
sua condução coercitiva com aplicação de multa TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.

Em relação às causas submetidas ao procedimento sumaríssimo, a intimação das testemunhas


somente será feita se a testemunha comprovadamente convidada não comparecer, conforme
previsto no § 3º do art. 852-H da CLT

O comparecimento da testemunha é obrigatório, mas, de acordo com o art. 448 do CPC/2015,


ela não será obrigada a depor sobre fatos que: I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
cônjuge ou companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Além disso, não poderão depor como testemunhas as pessoas impedidas, incapazes e suspeitas.

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INCAPAZES (§1° DO IMPEDIDAS (§2° DO SUSPEITAS (§3° DO


ART. 447 DO CPC) ART. 447 DO CPC) ART. 447 DO CPC)

I - o interdito por enfermidade ou I - o cônjuge, o companheiro, I - o inimigo da parte ou o seu


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

deficiência mental; o ascendente e o descendente amigo íntimo;


em qualquer grau e o colateral,
até o terceiro grau, de alguma
II - o que, acometido por das partes, por consanguinidade II - o que tiver interesse no
enfermidade ou retardamento ou afinidade, salvo se o exigir o litígio.
mental, ao tempo em que ocorreram interesse público ou, tratando-se
os fatos, não podia discerni-los, de causa relativa ao estado da
ou, ao tempo em que deve depor, pessoa, não se puder obter de
não está habilitado a transmitir as outro modo a prova que o juiz
percepções; repute necessária ao julgamento
do mérito;

III - o que tiver menos de 16


(dezesseis) anos; II - o que é parte na causa;

IV - o cego e o surdo, quando III - o que intervém em nome


a ciência do fato depender dos de uma parte, como o tutor, o
sentidos que lhes faltam. representante legal da pessoa
jurídica, o juiz, o advogado e
outros que assistam ou tenham
assistido as partes.

Sendo necessário, o juiz pode admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas ou
suspeitas, que será prestado independentemente de compromisso, na qualidade de informante.

De acordo com a Súmula nº 357 do TST, não torna suspeita a testemunha o simples fato de
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador. Assim, se o trabalhador “A” tiver
reclamação trabalhista ajuizada contra a empresa “B, esse fato, por si só, não impede que “A”
seja testemunha em outro processo envolvendo o empregar “B”.

É muito importante para a prova da OAB/FGV o conhecimento de que o limite legal de


testemunhas pode variar de acordo o procedimento adotado.

INQUÉRITO
PARA A
PROCEDIMENTO PROCEDIMENTO APURAÇÃO
ORDINÁRIO SUMARÍSSIMO DE FALTA
GRAVE

Máximo 6
Máximo 2 testemunhas
LIMITE Máximo de 3 testemunhas
LEGAL DE testemunhas (art. 821
TESTEMUNHAS da CLT)
(art. 852-H da CLT)
(art. 821 da CLT)

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O art. 459 do CPC/2015 determina que as perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha. Esse artigo, entretanto, não se aplica ao processo do trabalho,
onde as perguntas são feitas ao juiz que as dirige à testemunha, conforme art. 11 da IN
n. 39/2016 do TST. TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

• PERÍCIA

De acordo com o previsto no art. 156 do CPC, o juiz será assistido por perito quando a prova do
fato depender de conhecimento técnico ou científico.

No processo do trabalho, como regra geral, eventual questionamento judicial acerca do


adicional de periculosidade ou insalubridade exige a realização de perícia, conforme previsto no
§ 2º do art. 195 da CLT.

Entretanto, há algumas exceções:

• Quando ocorrer o pagamento espontâneo do adicional de periculosidade pela


empresa, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições perigosas,
conforme Súmula n. 453 do TST. Entendemos que o mesmo entendimento se aplica ao
adicional de insalubridade.

• Nas hipóteses em que o direito ao adicional de periculosidade está expressamente


previsto em lei em razão do exercício de determina profissão, como no caso dos
profissionais de segurança (art. 193, II, da CLT), dos trabalhadores de motocicleta (art.
193, § 4º, da CLT) e dos bombeiros civis (art. 6° da Lei n. 11.901/2009).

Importante ainda lembrar as seguintes súmulas e orientações jurisprudências do TST sobre perícia:

Súmula nº 341 do TST. HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO. A indicação do perito


assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pelos respectivos honorários,
ainda que vencedora no objeto da perícia TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA
OAB/FGV.

OJ n. 98 da SDI-II do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. CABÍVEL PARA ATACAR EXIGÊNCIA


DE DEPÓSITO PRÉVIO DE HONORÁRIOS PERICIAIS. É ilegal a exigência de depósito
prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo
do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia,
independentemente do depósito.

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• PROVA EMPRESTADA

A prova emprestada consiste na possibilidade de se transferir uma prova realizada em um


processo para outro, mediante certidão.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

No processo do trabalho, a jurisprudência vem admitindo a utilização de prova emprestada


pericial quando, por exemplo, o local de trabalho não mais existe ou sofreu alteração sensível,
tornando impossível uma nova perícia.

De acordo com o art. 372 do CPC/2015, o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida
em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.

6.1.5.  SENTENÇA

De acordo com o estabelecido no art. 489 do CPC/2015, são elementos essenciais da sentença
o relatório, a fundamentação e o dispositivo.

RELATÓRIO FUNDAMENTAÇÃO DISPOSITIVO

Resumo dos principais pontos Representa a exposição Conclusão da decisão (art. 832
do processo (nome das partes e dos fundamentos de fato e de da CLT), podendo determinar a
o resumo do pedido e da defesa, direito que levaram à convicção extinção do processo com ou sem
conforme art. 832 da CLT). do juiz (apreciação das provas resolução do mérito.
e os fundamentos da decisão,
conforme art. 832 da CLT).
É dispensado no processo Sentença sem fundamentação é
sumaríssimo. inexistente.
A sentença sem
fundamentação será nula.
A sentença sem relatório,
salvo no procedimento
sumaríssimo, será nula.

O § 1° do art. 489 do CPC/2015 estabelece algumas hipóteses em que a decisão judicial não
será considerada fundamentada, conforme abaixo transcrito.

Art. 469 do CPC


(...)
§ 1° Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
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V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus


fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

do entendimento.

Como regra geral, de acordo com o princípio da congruência, a sentença deve respeitar os
limites da lide, ou seja, deve ter simetria em relação aos pedidos formulados no processo, sendo
vedado ao juiz julgar mais, menos ou de forma diferente daquilo que fora pleiteado pelo autor.

Nesse sentido dispõem os artigos 141 e 492, caput, do CPC/2015.

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

A não observância do princípio da congruência poderá gerar sentenças citra petita, ultra petita
ou extra petita.

SENTENÇA CITRA SENTENÇA ULTRA SENTENÇA EXTRA


PETITA (INFRA PETITA PETITA
PETITA)

É aquela em que o juiz deixa Juiz concede mais do que O juiz concede algo não requerido
de analisar determinado pedido fora pleiteado pela parte pela parte. (exemplo: reclamante
(exemplo: reclamante formula (exemplo: reclamante pede pede apenas danos materiais e o juiz
pedidos de danos materiais e apenas danos materiais e o concede danos morais).
morais e o juiz concede apenas juiz concede danos morais e
danos morais e não analisa o materiais).
pedido de danos materiais).

As sentenças “citra petita”, “ultra petita” ou “extra petita” podem ter o vício consertado em sede
de recurso ordinário ou ainda por meio de corte rescisório. A sentença citra petita pode ainda ser
alvo de embargos de declaração, haja vista a existência de omissão na decisão.

OJ n. 41 da SDI-II do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA “CITRA PETITA”. Revelando-se


a sentença “citra petita”, o vício processual vulnera os arts. 141 e 492 do CPC de 2015
(arts. 128 e 460 do CPC de 1973), tornando-a passível de desconstituição, ainda que não
interpostos embargos de declaração.

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Com base no princípio da extra petição, permite-se que o juiz ultrapasse os limites impostos
pela pretensão da parte em situações excepcionais, condenando o reclamado em pedidos não
constantes na inicial, sem configurar sentença extra petita.
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Vejamos os principais casos de sua aplicabilidade no processo do trabalho:

• Juros de mora e correção monetária: os juros de mora e a correção monetária incluem-se na


liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação, conforme Súmula n. 211 do TST.

• Multa cominatória de 5% em caso de fixação de férias: conforme previsto nos art. 137
da CLT, § 1º e § 2º, vencido o prazo de concessão das férias, o empregado poderá ajuizar
reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas. Neste caso, a
sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região, devida ao
empregado até que seja cumprida.

• Multa do art. 467 da CLT: trata-se de penalidade processual, podendo ser aplicada de ofício
pelo juiz.

• Conversão da reintegração em indenização:

Art. 496 da CLT - Quando a reintegração do empregado estável for


DESACONSELHÁVEL, dado o grau de incompatibilidade resultante do
dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal
do trabalho poderá CONVERTER aquela obrigação em INDE-NIZAÇÃO
devida nos termos do artigo seguinte.

SÚMULA n. 396, II, do TST - NÃO há nulidade por julgamento “extra petita”
da decisão que deferir SALÁRIO quando o pedido for de REINTEGRAÇÃO,
dados os termos do art. 496 da CLT.

Muito importante registrar ainda que, com base no art. 332 do CPC/2015 c/c art. 7° da IN n.
39/2016, nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz do trabalho, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

• Enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior do


Trabalho (CPC, art. 927, inciso V);

• Acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do


Trabalho em julgamento de recursos repetitivos (CLT, art. 896-B; CPC, art. 1046, § 4º);

• Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

• Enunciado de súmula de Tribunal Regional do Trabalho sobre direito local, convenção


coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho, sentença normativa ou regulamento
empresarial de observância obrigatória em área territorial que não exceda à jurisdição
do respectivo Tribunal (CLT, art. 896, “b”, a contrario sensu).
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• Quando verificar, desde logo, a ocorrência de decadência.

6.1.6.  SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO


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Conforme previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT, no caso de conciliação, o termo que for
lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições
que lhe forem devidas.

Desse modo, a autocomposição judicial homologada por meio de sentença representa extinção
do processo com resolução do mérito (art. 487, III, “b”, do CPC/2015), não podendo mais partes
recorrerem sobre o acordado.

Apenas por ação rescisória é possível impugnar o acordo judicial homologado em juízo, desde
que presente uma das hipóteses tratadas no art. 966 do CPC/2015 (súmula nº 259 do C. TST).

Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas
caberá em partes iguais aos litigantes, podendo o autor ser dispensado da sua parte caso seja
beneficiário da justiça gratuita, conforme art. 798, §3º da CLT e artigos 790 e 790 -A da CLT TEMA
COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV

As decisões homologatórias deverão sempre indicar a natureza jurídica das parcelas


constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de
cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso (§ 3º do art. 831 da CLT).

A Lei nº 13.876/2019 acrescentou o § 3º-A ao art. 832 da CLT estabelecendo que, salvo na
hipótese de o pedido da ação limitar-se expressamente ao reconhecimento de verbas de natureza
exclusivamente indenizatória, a parcela referente às verbas de natureza remuneratória não
poderá ter como base de cálculo valor inferior: I - ao salário-mínimo, para as competências que
integram o vínculo empregatício reconhecido na decisão cognitiva ou homologatória; ou; II - à
diferença entre a remuneração reconhecida como devida na decisão cognitiva ou homologatória
e a efetivamente paga pelo empregador, cujo valor total referente a cada competência não será
inferior ao salário-mínimo.

A União será intimada das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela
indenizatória, na forma do art. 20 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, facultada a
interposição de recurso relativo aos tributos que lhe forem devidos (§ 4º do art. 831 da CLT).

O juiz não é obrigado a homologar acordo. Trata-se de mera faculdade do juiz, sendo incabível a
impetração de mandado de segurança, conforme súmula nº 418 do TST TEMA COBRADO
NOS EXAMES XIV E XIX DA OAB/FGV.

6.2.  PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

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O procedimento sumaríssimo possui previsão nos artigos 852-A a 852-I da CLT (acrescentado
pela Lei n. 9.957/2000), destacando-se as seguintes características:

• Aplicável apenas aos dissídios individuais (não se aplica aos dissídios coletivos).
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• Valor da causa deve ser inferior a 40 salários mínimos, considerando-se o valor vigente
na data de ajuizamento da ação TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.

• Não se aplica quando for parte a Fazenda Pública, ou seja, Administração Pública
direta, autárquica ou fundacional. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXVII E XXX DA
OAB/FGV.

Quando a Fazenda Pública for parte no processo, o rito adotado deverá ser obrigatoriamente o
ordinário TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

• O pedido deverá ser certo ou determinado, indicando o valor correspondente (art.


852- B, I, da CLT). A não indicação dos valores dos pedidos acarretará o arquivamento da
reclamação trabalhista e a condenação do autor ao pagamento de custas sobre o valor da
causa, conforme art. 852-B, §1º, da CLT. TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
• O autor deve indicar corretamente o nome e endereço do reclamado, sob pena de
arquivamento e pagamento de custas pelo reclamante, não se admitindo a citação por edital.

• As demandas serão instruídas e julgadas em audiência una, não se permitindo,


como regra, a repartição das audiências.

• Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da


conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do
litígio, em qualquer fase da audiência (no procedimento ordinário são duas tentativas
obrigatórias de conciliação).

• Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam interferir no


prosseguimento da audiência e do processo. As demais questões serão decididas na sentença.

• Todas as provas serão produzidas em audiência. Sobre os documentos apresentados


por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção
da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz.

• Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida
prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear
perito, conforme art. 852-H, § 4º, da CLT. TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV

• As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte TEMA COBRADO NO


XXXII EXAME DA OAB/FGV comparecerão à audiência de instrução e julgamento
independentemente de intimação. Só será deferida intimação de testemunha
que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a
testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva.
TEMA COBRADO NOS EXAMES XII, XVII E XX DA OAB/FGV
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• Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no


prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa.

• A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com resumo dos fatos


relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
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• A apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu


ajuizamento podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento
judiciário da Vara do Trabalho TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV

• Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário: a)


será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator
liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-
lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; b) terá parecer oral
do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este
entender necessário o parecer, com registro na certidão; c) terá acórdão consistente
unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e
parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for
confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal
circunstância, servirá de acórdão. Além disso, os Tribunais Regionais, divididos
em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários
interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento
sumaríssimo (art. 859, § 1º e § 2º da CLT).

• Conforme Súmula nº 442 do TST, nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo,


a admissibilidade de recurso de revista está limitada à demonstração de violação
direta a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal
Superior do Trabalho ou súmula vinculante do STF, não se admitindo o recurso por
contrariedade a Orientação Jurisprudencial do TST. TEMA COBRADO NO XXXVII
EXAME DA OAB/FGV.

6.3.  PROCEDIMENTO SUMÁRIO

O procedimento sumário, também conhecido como rito de alçada, foi regulamentado pela Lei
n. 5.584/70, sendo utilizado para as ações cujo valor da causa não exceder a 2 salários mínimos.

Embora difícil na prática, uma vez que são pouquíssimas as ações trabalhistas que atingem
apenas dois salários mínimos, o procedimento sumário, até a sentença, seguirá o mesmo
procedimento do rito ordinário.

Entretanto, com a sentença, a principal característica do procedimento sumário é que, como


regra geral, não se admite recurso, salvo se for para tratar matéria constitucional TEMA
COBRADO NOS EXAMES XIII E XXXII DA OAB/FGV.

Ressalta-se ainda que há vozes que defendam que o procedimento sumário foi absorvido pelo
procedimento sumaríssimo, uma vez que se trata de procedimento regulamentado por lei posterior
que engloba ações com valor da causa até 40 salários mínimos.

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7.  RECURSOS TRABALHISTAS


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7.1.  PRINCIPAIS PRINCÍPIOS RECURSAIS

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: representa a possibilidade de reapreciação de


uma decisão por um órgão de instância superior. Não se trata de princípio expresso na Constituição
Federal, uma vez que o art. 5°, LV da CF/88 se limita a dispor que “aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes.” Por esse motivo é possível que a lei crie situações em que não
exista o duplo grau, como no caso do procedimento sumário, em que não é possível a interposição
de recurso, salvo se tratar de matéria constitucional (art. 2º, § 4º, da Lei n. 5.584/70).

PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: não é possível que a situação do


recorrente seja piorada com o julgamento do próprio recurso. Entretanto, é possível que a situação
piore quando houver matéria de ordem pública, a qual é transferida para um órgão ad quem, em
virtude do efeito translativo.

PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE, UNICIDADE RECURSAL OU UNIRRECORRIBILIDADE:


permite que apenas um único recurso seja interposto para buscar a reforma/anulação da decisão.
A possibilidade de Embargos de Declaração não é exceção ao princípio, pois não visa a reforma ou
anulação da decisão, mas a supressão de omissão, obscuridade ou contradição;

PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL: esse princípio admite que o recurso inadequado


seja recebido como adequado (recebido como outro recurso), desde que estejam presentes os
pressupostos do recurso correto, não haja erro grosseiro nem má-fé. Vejamos algumas hipóteses
de aplicação do princípio na fungibilidade:

OJ n. 69 da SDI-II do TST. FUNGIBILIDADE RECURSAL. INDEFERIMENTO LIMINAR DE AÇÃO


RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO PARA O TST. RECEBIMENTO
COMO AGRAVO REGIMENTAL E DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO TRT. Recurso ordinário
interposto contra despacho monocrático indeferitório da petição inicial de ação
rescisória ou de mandado de segurança pode, pelo princípio de fungibilidade recursal,
ser recebido como agravo regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso pelo
TST e devolução dos autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo regimental.

OJ n. 152 SDI2 do TST - AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO


DE REVISTA DE ACÓRDÃO REGIONAL QUE JULGA AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO DE
SEGURANÇA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE. ERRO GROSSEIRO
NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO - A interposição de recurso de revista de decisão
definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação rescisória ou em mandado de
segurança, com fundamento em violação legal e divergência jurisprudencial e remissão
expressa ao art. 896 da CLT, configura ERRO GROSSEIRO, insuscetível de autorizar o
seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, “b”, da CLT.

Súmula nº 421 do TST. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. DECISÃO


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MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA NO ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC
DE 1973.

(...)
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao


relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da
fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado,
após a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões
recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015.

PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: conforme já estudado


anteriormente, no processo do trabalho não cabe recurso imediato de decisões interlocutórias, que
deverão ser atacadas no recurso cabível da decisão final, salvo nas hipóteses tratadas na Súmula
n. 214 do TST.

PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: parte da premissa de que o recurso depende de manifestação


impugnativa expressa da parte, ou seja, trata-se de medida voluntária. A exceção mais conhecida
a esse princípio é a possibilidade do reexame necessário, previsto no art. 496 do CPC/2015 e
aplicável ao processo do trabalho, conforme a nova redação da Súmula n. 303 do TST:

Súmula nº 303 do TST. FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação em


decorrência do CPC de 2015).
I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência
da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando
a condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a) 1.000 (mil) salários
mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; b)
500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.
II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em:
a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do
Trabalho em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo
do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está
sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público,
exceto nas hipóteses dos incisos anteriores.
IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação
processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão
da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro
interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.
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7.2.  EFEITOS DOS RECURSOS

EFEITO DEVOLUTIVO: de acordo com o art. 899 da CLT, no processo do trabalho os recursos
serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, permitida a execução
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

provisória até a penhora.

EFEITO SUSPENSIVO: impede a produção dos efeitos da decisão impugnada do recurso até o
trânsito em julgado. No processo do trabalho os recursos não possuem efeito suspensivo, sendo
que a ação cautelar era o meio processual utilizado para obtê-lo. Entretanto, como o novo CPC
deixou de prever o processo cautelar autônomo, o efeito suspensivo poderá doravante ser pedido
por meio de simples petição, com base no art. 1.012 do CPC/2015 e na nova redação da Súmula n.
414 do TST.

EFEITO TRANSLATIVO: é aquele que devolve ao tribunal toda matéria de ordem pública, ainda
que não seja impugnada.

EFEITO SUBSTITUTIVO: é aquele segundo o qual a decisão do tribunal no recurso substitui


a decisão do juiz. De acordo com o art. 1.008 do CPC/2015, o julgamento proferido pelo tribunal
substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.

EFEITO EXTENSIVO: é aquele segundo o qual o litisconsorte que não recorreu será beneficiado
pelo julgamento do recurso do litisconsorte recorrente, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses, conforme art. 1.005 do CPC/2015.

EFEITO REGRESSIVO: é aquele existente em alguns recursos que permite juízo de retratação
para a autoridade prolatora da decisão atacada, como no caso de interposição de agravo de
instrumento e agravo regimental.

7.3.  PRESSUPOSTOS RECURSAIS

Os pressupostos recursais podem ser classificados em subjetivos (intrínsecos), quando relacionados


à pessoa do recorrente, e objetivos (extrínsecos), quando dizem respeito ao próprio recurso.

• PRESSUPOSTOS OBJETIVOS:

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL REGULAR: como regra geral, empregados e empregadores


podem interpor recurso sem advogado, exceto quando se tratar de recursos de competência do
TST.

Súmula nº 425 do TST - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE -


O ‘JUS POSTULANDI’ das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas
do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, NÃO alcançando a ação rescisória,
a ação cautelar, o mandado de segurança e os RECURSOS DE COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.

SINGULARIDADE RECURSAL: apenas um recurso será cabível para o fim buscado pelo recorrente.
Existem duas exceções: a mais comum é a referente à interposição de recurso extraordinário e
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simultaneamente de recurso de embargos de divergência contra uma decisão de turma do TST.

REGULARIDADE FORMAL: o recurso interposto deve cumprir as formalidades expressamente


previstas em lei para a sua interposição.
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TEMPESTIVIDADE: o recurso deve ser interposto no prazo estabelecido pela lei que, como
regra geral, é de 8 dias (exceções: embargos de declaração – 5 dias, recurso extraordinário – 15
dias, pedido de revisão – 48 horas). As pessoas jurídicas de direito público, o Ministério Público e a
Defensoria Pública terão o prazo em dobro para a interposição do recurso. Conforme previsto no
parágrafo único do art. 775 da CLT, os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia feriado,
terminarão no primeiro dia útil seguinte.

Súmula nº 385 do TST


FERIADO LOCAL OU FORENSE. AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE. PRAZO RECURSAL.
PRORROGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. (alterada em decorrência do CPC de
2015) - Res. 220/2017, DEJT divulgado em 21, 22 e 25.09.2017.
I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência
de feriado local que autorize a prorrogação do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC de
2015). No caso de o recorrente alegar a existência de feriado local e não o comprovar no
momento da interposição do recurso, cumpre ao relator conceder o prazo de 5 (cinco)
dias para que seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena
de não conhecimento se da comprovação depender a tempestividade recursal;
II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão de
admissibilidade certificar o expediente nos autos;
III – Admite-se a reconsideração da análise da tempestividade do recurso, mediante
prova documental superveniente, em agravo de instrumento, agravo interno, agravo
regimental, ou embargos de declaração, desde que, em momento anterior, não tenha
havido a concessão de prazo para a comprovação da ausência de expediente forense.

• É Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º,


do CPC de 2015, que estabelece prazo em dobro para os litisconsortes com procuradores
distintos, em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente, conforme OJ n.
310 da SDI-1 do TST TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV

• O TST cancelou a Súmula n. 434, que considerava extemporâneo o recurso interposto


antes do início do prazo.

PREPARO: o preparo engloba o pagamento das custas e do depósito recursal, sob pena
de deserção. As custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% e serão
calculadas: I - quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; II – quando houver
extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido,
sobre o valor da causa; III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e
em ação constitutiva, sobre o valor da causa; IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que
o juiz fixar.

No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo


recursal. A insuficiência das custas, entretanto, poderá ser suprimida em 5 dias, conforme art.
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1.007 do CPC/2015, aplicável ao processo do trabalho, conforme art. 10 da IN n. 39/2016 do TST.

O reclamante será obrigado a pagar custas apenas se todos os pedidos forem julgados improcedentes
e o trabalhador não for beneficiário da justiça gratuita. Assim, na hipótese de sucumbência parcial,
se o reclamante e reclamado recorrerem, apenas o reclamado pagará custas.
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Não é necessário recolher custas no prazo recursal para atacar decisão no processo de
execução, ou seja, o preparo não é pressuposto extrínseco do agravo de petição, já que o art. 789-
A da CLT dispõe que as custas serão sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final.

São isentos do pagamento de custas:


• Os beneficiários de justiça gratuita;
• União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e
fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade
econômica TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV;
• O Ministério Público do Trabalho;
• Massa falida, nos termos da Súmula n. 86 do TST: “Não ocorre deserção de recurso da
massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação.
Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial”. TEMA
COBRADO NOS EXAMES XIX E XXV DA OAB/FGV.

Os conselhos de fiscalização profissional, embora tenham natureza autárquica, as sociedades


de economia mista e empresas públicas não são isentas do pagamento de custas.

O depósito recursal, por sua vez, objetiva garantir a futura execução, sendo devido apenas
pelo reclamado quando empregador ou tomador dos serviços TEMA COBRADO NO II EXAME
DA OAB/FGV.

No caso de recurso administrativo, como na hipótese de recurso interposto em face de auto de


infração lavrado pelo Ministério do Trabalho, não se exige depósito recursal nem pagamento
de multa para a apreciação do recurso administrativo. Nesse sentido, a súmula vinculante
nº 21 do STF dispõe: “ É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.” TEMA COBRADO NO
IV EXAME DA OAB/FGV

Como a finalidade do depósito recursal é o início da garantia da execução, não poderá ter
valor superior ao montante da condenação. Além disso, o Tribunal Superior do Trabalho estipulou
valores máximos para o depósito recursal, sendo atualmente (junho de 2021) de R$ 10.986,80,
para o recurso ordinário, e R$ 21.973,60, para o recurso de revista, embargos no TST, Recurso
Extraordinário e recurso ordinário em ação rescisória.

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Empregado “A” ajuíza reclamação trabalhista em face da empresa “b”, pleiteando verbas
rescisórias, dano moral e danos materiais. A reclamação é julgada parcialmente procedente,
condenando a empresa “b” ao pagamento de R$ 6.000,00. Caso a reclamada recorra, deverá
recolher custas e depósito recursal no importe de R$ 6.000,00, que corresponde ao valor da
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condenação. Se no mesmo caso citado a empresa “b” tivesse sido condenada no importe, por
exemplo, de RS 12.000,00, o depósito recursal seria de R$10.986,80, valor máximo fixado para
o depósito recursal do recurso ordinário.

Como o depósito recursal visa garantir a execução, o reclamante fica dispensado de depositá-lo
ainda que todos os pedidos sejam julgados improcedentes.

No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a


50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar.
Entretanto, não haverá necessidade de depósito recursal quando o agravo de instrumento tem
a finalidade de destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas
ou em orientação jurisprudencial (§7° e §8° do art. 899 da CLT).

Destaca-se, ainda, que a Lei nº 13.467/2017 (reforma trabalhista), alterou o § 4º, revogou o §
5º, bem como acrescentou os § 9º, § 10 e § 11 ao art. 899 da CLT, fixando-se as seguintes regras:

• O depósito recursal deve ser feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os
mesmos índices da poupança (§ 4º do art. 899 da CLT);
• Haverá redução pela metade dos depósitos recursais devidos por entidades
sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores individuais,
microempresas e empresas de pequeno porte (§ 9º do art. 899 da CLT); TEMA
COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.
• Haverá isenção do depósito recursal aos beneficiários da justiça gratuita, às entidades
filantrópicas e às empresas em recuperação judicial (§ 10 do art. 899 da CLT); TEMA
COBRADO NO XXXIV EXAME DA OAB/FGV.
• Permite-se que o depósito recursal seja substituído por fiança bancária ou seguro-
garantia judicial (§ 10 do art. 899 da CLT).

Importante ressaltar, ainda, que eventual condenação à multa por litigância de má-fé não cria
nenhuma obstáculo adicional para a parte interpor o recurso, ou seja, o recolhimento do valor da
multa imposta como sanção por litigância de má-fé não é pressuposto objetivo para interposição
dos recursos de natureza trabalhista, conforme previsto na OJ n. 409 da SDI-1 do TST TEMA
COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

Vejamos ainda as principais súmulas e orientações jurisprudências do TST sobre o tema:

Súmula nº 25 do TST. CUSTAS PROCESSUAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.


I - A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada,
independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária, das
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quais ficara isenta a parte então vencida;


II - No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou
atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe
um novo pagamento pela parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente,
reembolsar a quantia;
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III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não
houve fixação ou cálculo do valor devido a título de custas e tampouco intimação da
parte para o preparo do recurso, devendo ser as custas pagas ao final; (ex-OJ nº 104
da SBDI-I)
IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo na hipótese
em que a parte vencida for pessoa isenta do seu pagamento, nos termos do art. 790-A,
parágrafo único, da CLT.

Súmula nº 86 do TST. DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO


EXTRAJUDICIAL. Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento
de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica
à empresa em liquidação extrajudicial.

Súmula nº 128 do TST. DEPÓSITO RECURSAL.


I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a
cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação,
nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso.
II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de
qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação
do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo.
III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal
efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito
não pleiteia sua exclusão da lide.

Súmula nº 170 do TST. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CUSTAS. Os privilégios e


isenções no foro da Justiça do Trabalho não abrangem as sociedades de economia
mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei nº 779, de
21.08.1969.

OJ n. 140 da SDI-1 do TST. DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO


INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova redação em decorrência do CPC de 2015). Em caso
de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente
haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art.
1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.
TEMA COBRADO NOS EXAMES XVI E XXVI DA OAB/FGV.

OJ n. 409 da SDI-1 do TST. MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. RECOLHIMENTO.


PRESSUPOSTO RECURSAL. INEXIGIBILIDADE. O recolhimento do valor da multa imposta
como sanção por litigância de má-fé (art. 81 do CPC de 2015 – art. 18 do CPC de 1973) não
é pressuposto objetivo para interposição dos recursos de natureza trabalhista.

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• PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS (INTRÍNSECOS)


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LEGITIMIDADE: o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e
pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica, conforme previsto no art. 996
do CPC/2015.

INTERESSE RECURSAL: toda vez que uma parte for sucumbente em uma determinada
pretensão, haverá interesse recursal. Entretanto, é possível que haja interesse recursal mesmo
sem haver sucumbência.

CABIMENTO: adequação entre o recurso interposto e a decisão proferida.

De acordo com a Súmula n. 8 do TST, a juntada de documentos na fase recursal só se justifica


quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato
posterior à sentença. TEMA COBRADO NOS EXAMES XV E XVII DA OAB/FGV.

7.4.  RECURSOS EM ESPÉCIE

7.4.1.  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Conforme art. 897-A da CLT, caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo
de 5 (cinco dias), devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente
a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de
omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos
do recurso.

Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
inclusive por meio de embargos de declaração.

Em síntese, os embargos de declaração se destinam a:


• Suprir omissão;
• Sanar obscuridade;
• Sanar contradição;
• Retificar erro material;
• Prequestionar a matéria para fins de recurso de natureza extraordinária;

Súmula nº 297 do TST. PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO.


I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido
adotada, explicitamente, tese a respeito.
II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso
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principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema,


sob pena de preclusão.
III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a
qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.
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Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude
da correção de vício na decisão embargada (contradição e omissão) e desde que ouvida a parte
contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. Em outras palavras, somente será ouvida a parte contrária
se for requerido efeito modificativo aos embargos de declaração.

Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por


qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente
a sua assinatura.

7.4.2.  RECURSO ORDINÁRIO

Com base no art. 895 da CLT e na Súmula n. 214 do TST, é cabível recurso ordinário, no prazo
de 8 dias, nas seguintes hipóteses.

• Decisão terminativa (sem exame de mérito) de Vara ou do Tribunal Regional do


Trabalho (esse último, na competência originária, como nos casos de julgamento de
ação rescisória, mandado de segurança, ação anulatória e habeas corpus). TEMA
COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.
• Decisão definitiva (com análise de mérito) de Vara ou do Tribunal Regional do
Trabalho (esse último, em sua competência originária);
• Excepcionalmente, em alguns tipos de decisão interlocutória, como no caso de decisão
que acolhe exceção de incompetência territorial determinando a remessa dos autos para
Tribunal Regional do Trabalho distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado.
Assim, a título de exemplo, se um empregado ajuíza reclamação trabalhista em uma
das Varas da Cidade de São Paulo e o reclamado apresenta exceção de incompetência,
na hipótese de o juiz acolher a exceção e determinar a remessa dos autos para Vara do
Trabalho sob a jurisdição de outro TRT, o reclamante poderá interpor Recurso Ordinário
dessa decisão ao TRT da 2ª Região (São Paulo). TEMA COBRADO NOS EXAMES X, XV
e XXVIII DA OAB/FGV.
• Não homologação do acordo no processo de homologação de acordo extrajudicial
(decisão tem natureza de sentença, conforme art. 855-D da CLT)

Conforme já estudado, o § 1º do art. 895 da CLT estabelece algumas peculiaridades do recurso


ordinário nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a saber:
• Distribuição imediata e dispensa de revisor.
• Parecer oral do membro do Ministério Público do Trabalho, se este entender
necessário, com registro na certidão.
• Simplificação do Acórdão para simples certidão de julgamento.

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• Permissão para que se designe Turma especializada para julgamento de Recursos


Ordinários nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
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O art. 2° da Lei n. 5.584/70 veda a utilização de qualquer recurso nas demandas sujeitas ao
procedimento sumário, salvo quando se tratar de matéria constitucional. Sendo assim, na
hipótese de sentença sob o rito sumário ofender dispositivo constitucional, deverá a parte
interessada interpor recurso ordinário, invocando a matéria constitucional a ser discutida.
Embora haja divergência, entendemos que a sentença não pode ser atacada diretamente por
recurso extraordinário.

É importante lembrar ainda que o juiz poderá indeferir a petição inicial (art. 331 do CPC/2015)
ou julgar liminarmente improcedente o pedido (art. 332 do CPC/2015). Nesses casos, interposto o
recurso ordinário, o juiz poderá se retratar no prazo de 5 dias.

O recurso ordinário possui efeito apenas devolutivo. Por esse motivo, a única forma que se
tinha para obter a suspensão dos efeitos da decisão no processo do trabalho era por meio de ação
cautelar. Entretanto, como o novo CPC deixou de prever o processo cautelar autônomo, houve
alteração da Súmula n. 414 do TST, de modo que o efeito suspensivo poderá ser pedido por meio
de simples petição, demonstrando o recorrente a probabilidade de provimento do recurso ou se,
sendo relevante a fundamentação, o risco de dano grave ou de difícil reparação (§ 4º do art. 1.012
do CPC/2015).

O efeito devolutivo do recurso ordinário é amplo em profundidade, de modo que serão objeto
de apreciação pelo Tribunal todas as questões discutidas no processo, desde que relativa ao
capítulo impugnado, conforme previsto no art. 1.013 do CPC/2015, de aplicação subsidiária ao
processo do trabalho, nos termos da Súmula n. 393 do TST.
Súmula nº 393 do TST. RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE.
ART. 1.013, § 1º, DO CPC DE 2015. ART. 515, § 1º, DO CPC DE 1973.
I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art.
1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação
dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não
renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado.
II - Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá
decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015,
inclusive quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos.

Muito esclarecedores são os exemplos de Homero Batista Mateus da Silva: “Se a parte recorre
da sentença que afastou a justa causa alegada em defesa, o acórdão poderá apreciar as provas
da falta grave do empregado, o enquadramento jurídico e legal, as verbas rescisórias da
dispensa sem justa causa que tenham sido deferidas e todas as demais questões concernentes
à rescisão. Se a sentença defere, digamos, adicional de insalubridade, o recurso ordinário que
ataca essa condenação remete para o Tribunal Regional do Trabalho todas as questões que
desaguaram nesse deferimento, inclusive a perícia realizada, as provas complementares, a
fixação do grau e da base de cálculo, dentre outros pontos convertidos”. 1

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7.4.3.  AGRAVO DE PETIÇÃO

O agravo de petição deve ser interposto no prazo de 8 dias e se destina a atacar as decisões
proferidas na execução, tais como as proferidas em embargos à execução, embargos à penhora,
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embargos à arrematação, embargos à adjudicação e sentença que acolhe exceção de pré-


executividade TEMA COBRADO NOS EXAMES XVII, XXII e XXVIII DA OAB/FGV.

De acordo com o item II da Súmula n. 128 do TST, garantido o juízo, na fase executória, a
exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da
CF/1988. Não se exige, portanto, depósito recursal em agravo de petição.

O Agravo de Petição pode abranger matérias de direito e/ou matérias fáticas, podendo até
mesmo tratar de cálculos, observado sempre o momento processual oportuno. Entretanto, exige-
se, sob pena de não conhecimento do recurso, que haja a indicação das matérias e valores
impugnados, de modo que aquilo que não foi objeto do agravo pode ser executada de imediato,
conforme art. 897, § 1º da CLT.

Art. 897, § 1º, da CLT - O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar,
justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata
da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença.

Destarte, devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto


de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos
e valores não especificados no agravo, conforme consubstanciado na Súmula n. 416 do TST.

7.4.4.  AGRAVO DE INSTRUMENTO

Prevê o art. 897, “b”, da CLT que cabe agravo de instrumento, no prazo de 8 (oito) dias, dos
despachos que denegarem a interposição de recursos. Desse modo, diferentemente do processo
civil em que o agravo de instrumento é destinado a impugnar decisões interlocutórias, no processo
do trabalho o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso, cujo seguimento foi
negado no primeiro juízo de admissibilidade.

A análise dos pressupostos objetivos e subjetivos do recurso passa por dois juízos de admissibilidade,
um feito pelo órgão prolator da decisão e o outro pelo órgão que compete julgar o recurso.

Na hipótese do seguimento do recurso for negado pelo primeiro juízo de admissibilidade, cabe
agravo de instrumento para destrancar o recurso e permitir o seu encaminhamento ao juízo ad quem.

A título de exemplo, se a Vara do Trabalho negar seguimento ao recurso ordinário por entender
que este não foi interposto no prazo legal, a parte deverá interpor agravo de instrumento para
destrancar o recurso ordinário e permitir o seu encaminhamento ao Tribunal Regional do Trabalho,
que fará o segundo juízo de admissibilidade.

Da mesma forma, se o Tribunal Regional do Trabalho negar seguimento ao recurso de revista


por entender que não houve preparo, caberá agravo de instrumento para destrancar o recurso de
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revista e permitir o seu encaminhamento ao Tribunal Superior do Trabalho.

O depósito recursal do agravo de instrumento corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do


valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. Entretanto, não haverá necessidade
de depósito recursal quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso de
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revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior
do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial (§7° e §8° do art.
899 da CLT).

7.4.5.  RECURSO DE REVISTA

O recurso de revista, conforme ensina Homero Batista Mateus da Silva, se insere “na categoria
dos recursos de natureza extraordinária, assim entendidos aqueles que, além dos requisitos
extrínsecos tradicionais como preparo e respeito aos prazos, guardam diversas restrições quanto
aos requisitos intrínsecos, impondo à parte o ônus de demonstrar ter sido vítima de um acordão
que jogou por terra a jurisprudência majoritária ou que ousa desafiar a lei ou a Constituição2”.

Vejamos os requisitos intrínsecos mais importantes do recurso de revista.

Prequestionamento: exige que a decisão recorrida adote posicionamento expresso sobre


determinado tema. Se o acórdão do Tribunal for omisso sobre o tema previamente questionado,
cabe ao interessado opor Embargos de Declaração, sob pena de preclusão. Entretanto, se o Tribunal
continuar omisso, e não se manifestar em relação à matéria impugnada mesmo após opostos
os embargos de declaração, a matéria será considerada prequestionada, conforme Súmula n.
297 do TST. Abaixo listamos as súmulas e orientações jurisprudenciais mais importante sobre
prequestionamento.

Súmula n. 221 do TST- RECURSO DE REVISTA. VIOLAÇÃO DE LEI. INDICAÇÃO DE


PRECEITO - A admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pressuposto
a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

OJ n. 62 SDI- 1 do TST - PREQUESTIONAMENTO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE


EM APELO DE NATUREZA EXTRAORDINÁRIA. NECESSIDADE, AINDA QUE SE TRATE DE
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA - É necessário o prequestionamento como pressuposto
de admissibilidade em recurso de natureza extraordinária, ainda que se trate de
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA.

OJ n. 118 SDI-1 do TST- PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA


SÚMULA Nº 297 - Havendo TESE EXPLÍCITA sobre a matéria, na decisão recorrida,
desnecessário contenha nela referência expressa do DISPOSITIVO LEGAL para ter-se
como prequestionado este.

OJ n. 119 SDI- 1 do TST - PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA


PRÓPRIA DECISÃO RECOR-RIDA. SÚMULA Nº 297 DO TST. INAPLICÁVEL - É inexigível
o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido na própria decisão
recorrida. Inaplicável a Súmula n.º 297 do TST.

OJ n. 151 SDI-1 do TST - PREQUESTIONAMENTO. DECISÃO REGIONAL QUE ADOTA A


2 SILVA, Homero Batista da. Curso de Direito do Trabalho aplicado. Vol. 8 – Justiça do Trabalho. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. P. 265.
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SENTENÇA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - Decisão regional que simplesmente


adota os fundamentos da decisão de primeiro grau NÃO PREENCHE a exigência do
prequestionamento, tal como previsto na Súmula nº 297.
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A Lei nº 13.467/2017 acrescentou o inciso IV ao § 1º-A do art. 896 da CLT, incluindo entre
os requisitos do Recurso de Revista, sob pena de não conhecimento, a obrigatoriedade de
transcrição na peça recursal, no caso de preliminar de nulidade por negativa de prestação
jurisdicional, o trecho dos embargos de declaração em que foi requerido o pronunciamento
do tribunal sobre a matéria tratada no Recurso Ordinário, bem como o trecho da decisão do
Tribunal Regional que rejeitou os embargos declaratórios neste ponto. Tal requisito possibilita o
cotejo imediato entre os embargos de declaração e a sua respectiva decisão no TRT, verificando-
se, de plano, da existência de omissão.

Transcendência: dispõe o art. 896-A da CLT que o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de
revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais
de natureza econômica, política, social ou jurídica. A Lei nº 13.467/2017 (reforma trabalhista)
acrescentou os § 1º, § 2º, § 3º, § 4º, § 5º e § 6º ao art. 896-A da CLT, para tratar da transcendência:

Art. 896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará


previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros:
I – econômica, o elevado valor da causa;
II – política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III – social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV – jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista.
§2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que
não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado.

§ 3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o recorrente


poderá realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco
minutos em sessão.
§ 4º Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão
com fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.
§ 5º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em
recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria.
§ 6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais
Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do
apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas.

Registra-se que a interposição do recurso de revista é admitida apenas nos dissídios individuais e
em face de decisão do Tribunal Regional do Trabalho em recurso ordinário ou em agravo de petição.

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Não cabe recurso de revista em dissidio coletivo nem em decisão proferida pelo TRT em agravo
de instrumento (Súmula n. 218 do TST).
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Tratando-se de recurso de natureza extraordinária, não cabe recurso de revista para reexame
de fatos e prova (Súmula n. 126 do TST).

As hipóteses de cabimento de recurso de revista variam de acordo com o procedimento adotado


e se durante a fase de execução:

PROCEDIMENTO EXECUÇÃO
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (ALÍNEAS
SUMARÍSSIMO (§ 9º (§ 2º DO ART. 896
“A”, “B” E “C” DO ART.
DO ART. 896 DA CLT) DA CLT)
896 DA CLT)

• Violação direta da • Afronta literal e direta à • Como regra geral,


Constituição Federal Constituição Federal apenas no caso de ofensa
direta e literal de norma
da Constituição Federal
• Ofensa à Súmula Vinculante • Violação literal de lei federal
do STF
• Nas execuções fiscais e
• Ofensa à Súmula Vinculante nas controvérsias da fase
• Ofensa à Súmula do TST do STF de execução que envolvam
a Certidão Negativa de
Débitos Trabalhistas,
cabe recurso de revista
Atenção: não cabe recurso • Ofensa à Súmula do TST
também por violação a lei
de revista no procedimento
federal e por divergência
sumaríssimo quando houver
jurisprudencial (§ 10º
ofensa à orientação jurisprudencial • Ofensa à OJ do TST do art. 896 da CLT)
(Súmula n. 442 do TST)

• Quando a decisão recorrida


TEMA COBRADO NOS der ao mesmo dispositivo de lei
EXAMES V, XIV e XXXIII DA federal, lei estadual, Convenção
Coletiva de Trabalho, Acordo
OAB/FGV Coletivo, sentença normativa
ou regulamento empresarial
de observância obrigatória em
área territorial que exceda a
jurisdição do Tribunal Regional
prolator da decisão recorrida,
interpretação diversa da que lhe
houver dado outro TRT, no seu
Pleno ou Turma, ou a Seção de
Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho (alíneas
“a” e “b” do art. 896 da CLT.

No procedimento sumaríssimo, não se admite o recurso de revista por contrariedade a


Orientação Jurisprudencial.

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Em relação à divergência jurisprudencial a que se refere a alínea “a” do art. 896 da CLT, é
importante esclarecer que a divergência de interpretação deve levar em conta acórdãos de
Tribunais Regionais diferentes, uma vez que, dentro do mesmo Tribunal Regional do Trabalho,
cabe a este uniformizar sua própria jurisprudência. Sendo assim, acórdãos do mesmo Tribunal
Regional do Trabalho não servem para demonstrar a divergência jurisprudencial a que se refere a
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alínea “a” do art. 896 da CLT.

Com relação a alínea “b” do art. 896 da CLT, como a divergência deve abarcar acórdãos de
Tribunais distintos, é fundamental que a lei estadual, a norma coletiva ou regulamento empresarial
extrapolam o âmbito do TRT prolator da decisão recorrida, conforme OJ n. 147, da SDI-1 do TST.

7.4.6.  AGRAVO REGIMENTAL (AGRAVO INTERNO)

O agravo regimental, também conhecido como agravo interno, possui previsão nos artigos 894,
II, § 4º e 896, § 12º, da CLT, sendo utilizado em face de decisões do relator, principalmente no que diz
respeito às decisões que negam seguimento aos recursos de embargos ao TST e recurso de revista.

O agravo regimental deve ser interposto no prazo de 8 dias e seu processamento respeita o
contido no regimento interno dos Tribunais. Não há necessidade de pagamento de custas nem de
deposito recursal, sendo o agravo recebido apenas no efeito devolutivo.

O art. 1.021 do CPC/2015 trata do agravo interno e possui plena aplicação ao processo do
trabalho, ressalvando-se apenas o prazo, que no processo civil é de 15 dias e no processo do
trabalho é de 8 dias (art. 3, XXIX, da IN n. 39/2016).

Art. 1.021 do CPC/2015. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno
para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre
o recurso no prazo de 15 (quinze) dias (8 dias, no processo do trabalho), ao final do qual,
não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com
inclusão em pauta.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno.
§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio
do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

7.4.7.  EMBARGOS AO TST

De acordo como art. 894 da CLT, cabem embargos ao TST de decisão não unânime de julgamento que:
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• Conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a


competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as
sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei;

• As decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela
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Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial


do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.

Nos dissídios individuais, portanto, os embargos ao TST objetivam principalmente a


uniformização da jurisprudência dentro do próprio Tribunal Superior do Trabalho.

Assim, das decisões não unânimes proferidas pelas Turmas que divergirem entre si, ou que
ofenderem súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal, o recurso cabível serão os embargos, julgados pela SDI-1
do TST.

A divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se considerando como tal a
ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou
superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

O § 3º do art. 894 da CLT prevê que o Ministro Relator denegará seguimento aos embargos quando:

• A decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Tribunal


Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe indicá-la.

• Nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou


de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade.

Contra a decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8 (oito) dias.

Embora seja mais comum a interposição de embargos em face de decisões proferidas em


sede de recurso de revista, o Tribunal Superior do Trabalho admite, em algumas hipóteses, a sua
interposição em face de decisões proferidas em sede de agravo, conforme Súmula n. 353 do TST.
Súmula nº 353 do TST. EMBARGOS. AGRAVO. CABIMENTO. Não cabem embargos para a
Seção de Dissídios Individuais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo:
a) da decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agravo pela ausência de
pressupostos extrínsecos;
b) da decisão que nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Relator, em
que se proclamou a ausência de pressupostos extrínsecos de agravo de instrumento;
c) para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista,
cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do agravo;
d) para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento;
e) para impugnar a imposição de multas previstas nos arts. 1.021, § 4º, do CPC de 2015 ou 1.026,
§ 2º, do CPC de 2015 (art. 538, parágrafo único, do CPC de 1973, ou art. 557, § 2º, do CPC de 1973).
f) contra decisão de Turma proferida em agravo em recurso de revista, nos termos do
art. 894, II, da CLT.
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7.4.8.  RECURSO ADESIVO

O recurso adesivo representa a possiblidade de uma parte, incialmente satisfeita com a decisão
prolatada, venha a recorrer tardiamente no prazo das contrarrazões do recurso interposto pela
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parte adversa.

A título de exemplo, na hipótese de ajuizamento de uma reclamação trabalhista em que se


postulava verbas rescisórias, danos morais (R$ 20.000) e materiais (R$ 2.000), suponhamos que
a sentença julgou todos os pedidos procedentes, com exceção dos danos materiais, que foram
julgados improcedentes.

Num primeiro momento, o reclamante deixou de interpor recurso ordinário porque entendeu
que não valia a pena continuar na discussão de apenas R$2.000,00. Entretanto, após ser intimado
do recurso interposto pelo reclamado, o reclamante, no prazo das contrarrazões, terá uma nova
oportunidade de levar a discussão dos danos materiais ao Tribunal, por meio da interposição de
recurso adesivo ao recurso ordinário do reclamado.

A Consolidação das Leis do Trabalho não prevê expressamente o recurso adesivo, motivo pelo
qual se aplica subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 997 do CPC, in verbis:

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância
das exigências legais.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no
prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.

O recurso adesivo é dependente em relação ao recurso principal, ou seja, não conhecido o


recurso principal ou se o recorrente dele desistir, o recurso adesivo também ficará prejudicado.

Conforme a Súmula nº 283 do TST, o recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho
e cabe, no prazo de 8 (oito) dias (prazo das contrarrazões do recurso principal), nas hipóteses
de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo
desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela
parte contrária TEMA COBRADO NOS EXAMES X, XXIX e XXXIV DA OAB/FGV.

7.4.9.  RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Prevê o inciso III do art. 102 da CF/88 que cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em última ou única instância, quando a decisão recorrida:

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• Contrariar dispositivo da Constituição Federal

• Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal


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• Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal

• Julgar válida lei local contestada em face de lei federal

No processo do trabalho, caberá recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, no prazo


de 15 dias, apenas quando a decisão prolatada pelo Tribunal Superior do Trabalho, principalmente
em sede de embargos, contrariar diretamente a Constituição Federal.

Nesse sentido, a Súmula n. 505 do STF dispõe que, salvo quando contrariarem a Constituição,
não cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal, de quaisquer decisões da Justiça do Trabalho,
inclusive dos presidentes de seus Tribunais.

O recurso extraordinário possui ainda como pressuposto específico de admissibilidade a


demonstração de repercussão geral da questão constitucional trazida, conforme regulamentado
pelo art. 1.035 do CPC/2015.

7.4.10.  CORREIÇÃO PARCIAL

A correição parcial, também conhecida como reclamação correicional, destina-se ao corregedor


do Tribunal a fim de que sejam sustados atos atentatórios à boa ordem processual cometidos por
juízes ou desembargadores, desde que a matéria não possa ser veiculada em recurso próprio e
traga prejuízo à parte.

Prevalece que a natureza da correição parcial não é propriamente de recurso e sim de


incidente processual.

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8.  EXECUÇÃO TRABALHISTA


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8.1.  DISPOSIÇÕES GERAIS

A Lei n. 13.467/2017 alterou a redação do art. 878 da CLT, passando a dispor que a execução
será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do
Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado.

ANTES DA REFORMA APÓS A REFORMA

A execução podia ser promovida por qualquer A execução será promovida pelas partes, permitida
interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do
Presidente ou Tribunal competente Tribunal apenas nos casos em que as partes não
estiverem representadas por advogado

No processo do trabalho, a execução é regida, na seguinte ordem, pelos seguintes diplomas


normativos: 1) Consolidação das Leis do Trabalho, 2) Lei n. 5.584/1960, 3) Lei n. 6.830/80 (lei de
execução fiscal) e 4) Código de Processo Civil TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

8.2.  TÍTULOS JURÍDICOS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS

São passíveis de execução os títulos jurídicos judiciais e extrajudiciais. Os primeiros decorrem


de um processo judicial prévio de conhecimento, já os segundos são formados sem a participação
do Poder Judiciário. TEMA COBRADO NO XXXII EXAME DA OAB/FGV

TÍTULOS JURÍDICOS JUDICIAIS TÍTULOS JURÍDICOS


(ART. 876 DA CLT) EXTRAJUDICIAIS

• Sentenças transitadas em julgado • TAC firmado perante o MPT

• Sentença das quais não tenha havido recurso • Termos de Conciliação firmado na
com efeito suspensivo Comissão de Conciliação Prévia

• Acordos judiciais não cumpridos • Multas inscritas na dívida ativa da União


decorrentes dos autos de infração lavrados
pelos auditores fiscais do trabalho

• Cheque e nota promissória (art. 13 da IN


n. 39/2016)

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A principal diferença entre a execução de título jurídico judicial e extrajudicial reside no fato
de que nesta não há necessidade de prévio processo de conhecimento, bastando a existência do
título.

Salienta-se ainda que a execução de título judicial poderá ser provisória ou definitiva. A
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execução provisória ocorre quando a decisão executada ainda estiver pendente de recurso sem
efeito suspensivo, enquanto que a execução definitiva decorre de sentença já transitada em julgado.

A execução de título extrajudicial é sempre definitiva.

8.3.  SUCESSÃO DE EMPREGADORES E GRUPO ECONÔMICO

Em caso de sucessão de empregadores, o empregador sucessor assume o polo passivo da


execução, respondendo inclusive por débitos anteriores à aquisição.

O Tribunal Superior do Trabalho, entretanto, firmou entendimento no sentido de que a empresa


sucessora não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida,
integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa
devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou
fraude na sucessão, conforme OJ n. 411 da SDI-1 do TST.

A empresa “X” sucede a empresa “A”, que pertence a um grupo econômico com a participação
das empresas “B” e “C”. Nesse caso, se “A” fosse idônea economicamente à época da sucessão,
a empresa sucessora “X” não responderá solidariamente por eventuais débitos trabalhistas
existentes dos empregados das empresas “B” e “C”.

O Tribunal Superior do Trabalho também mitigou a responsabilidade da sucessora em caso de


concessão de serviço público, OJ n. 225 da SDI-1 do TST:

OJ n. 225 da SDI-1 do TST. CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO.


RESPONSABILIDADE TRABALHISTA. Celebrado contrato de concessão de serviço
público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda
concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma
contratual, a título transitório, bens de sua propriedade:
I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a
segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes
do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira
concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão;
II - no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a
responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora.

Em relação a grupos econômicos, prevalece o entendimento de que a responsabilidade das


empresas é solidária, podendo a execução ser promovida em face de qualquer empresa do grupo.

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8.4.  DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

No direito civil, a desconsideração da personalidade jurídica é mais complexa (teoria maior),


exigindo-se a caracterização da gestão fraudulenta, pelo desvio de finalidade ou confusão
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patrimonial (art. 50 do CC).

No direito do consumidor, por sua vez, a desconsideração da personalidade jurídica é mais


simples, podendo inclusive ocorrer no caso da personalidade ser, de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos aos consumidores (teoria menor). Vejamos o disposto no art. 28 do CDC:
Art. 28 do CDC. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando,
em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da
lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
(...)
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores.

Entende-se majoritariamente aplicável o art. 28 do CDC à seara trabalhista, já que mais


condizente com os princípios do direito do trabalho.

Entretanto, para que a desconsideração da personalidade jurídica seja realizada, a Lei n.


13.467/2017 (reforma trabalhista) acrescentou o art. 855-A à CLT, dispondo que a desconsideração
deverá observar o procedimento previsto nos artigos 133 a 137 do CPC/2015:
Art. 133 do CPC/2015. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos
previstos em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da
personalidade jurídica.

Art. 134 do CPC/2015. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do


processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em
título executivo extrajudicial.
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as
anotações devidas.
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica
for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2o.
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais
específicos para desconsideração da personalidade jurídica.

Art. 135 do CPC/2015. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado
para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. TEMA
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COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.

Art. 136 do CPC/2015. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido


por decisão interlocutória.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.

Art. 137 do CPC/2015. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração


de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Sobre a aplicação do incidente de desconsideração da personalidade jurídica importante


conhecer a íntegra do art. 855-A da CLT, acrescido pela reforma trabalhista TEMA COBRADO
NOS EXAMES XXXII E XXXVII DA OAB/FGV .

Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da


personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 – Código de Processo Civil.
§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:
I – na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta
Consolidação;
II – na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo;
TEMA COBRADO NO XXXV EXAME DA OAB/FGV .
III – cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente
no tribunal.
§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da
tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei nº 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil).

8.5.  LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

A liquidação de sentença é momento processual onde se delimita o valor exato a ser executado,
podendo assumir, no processo do trabalho, três modalidades: cálculos, arbitramento e por artigos
TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV. 


1) Liquidação por cálculos (art. 879, caput, da CLT):

A mais utilizada no processo do trabalho e ocorre quando a apuração do valor a ser executado
depender apenas de cálculos aritméticos, como nas hipóteses de execução de verbas rescisórias,
férias, incidência dos juros de mora, etc.

A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) alterou a redação do § 2º do art. 879 da CLT,


passando a dispor que, elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo
comum de 8 (oito) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores
objeto da discordância, sob pena de preclusão TEMA COBRADO NOS EXAMES XXV E XXX DA
OAB/FGV.

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ANTES DA REFORMA DEPOIS DA REFORMA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

A abertura de prazo após a elaboração da conta, Elaborada a conta e tornada líquida, o


que era sucessivo de 10 (dez) dias, era faculdade juízo deverá abrir às partes prazo comum de
do magistrado que, não o fazendo, relegava a oito dias para impugnação fundamentada
impugnação ao momento dos embargos à execução. com a indicação dos itens e valores objeto
da discordância, sob pena de preclusão

Importante destacar que, de acordo com o § 3º do art. 879 da CLT, elaborada a conta pela parte
ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para
manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

2) Liquidação por arbitramento (art. 879 da CLT e art. 509, I, do CPC/2015):

A liquidação por arbitramento ocorre quando o valor a ser executado depender de prova
pericial. Ocorre quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela
natureza do objeto da liquidação (art. 509, I, do CPC/2015).

3) Liquidação por artigos (art. 879 da CLT e art. 509, II, do CPC/2015)

A liquidação por artigos, denominada de “pelo procedimento comum” pelo novo CPC, ocorre
quando houver necessidade de alegar e provar fato novo, ou seja, quando o valor a ser executado
depender da comprovação de fatos não verificados no processo de conhecimento.

A título de exemplo, podemos citar a hipótese em que a sentença condena o reclamado ao


pagamento de danos materiais em razão de acidente de trabalho e o trabalhador ainda não realizou
cirurgia ou não terminou o tratamento médico.

8.6.  PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO

Após a sentença de liquidação, será expedido mandado de citação, penhora e avaliação (CPA),
devendo a citação do executado ser pessoal. Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no
espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no
jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias, conforme
art. 880, § 3º, da CLT. TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV .

Após citado, o executado terá prazo de 48 horas para: a) pagar a dívida, b) garantir o juízo ou
c) nomear bens à penhora, observando-se o contido no art. 835 do CPC/2015.

Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos
quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de
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mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação
inicial (art. 883 da CLT).

Conforme art. 882 da CLT, com nova redação dada pela Lei n. 13.467/2017 (reforma
trabalhista), o executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução
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mediante depósito da quantia correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais,


apresentação de seguro- garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a
ordem preferencial estabelecida no art. 835 do CPC/2015.

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação
fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a
ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e
o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da
inicial, acrescido de trinta por cento. TEMA COBRADO NO XXXII EXAME DA FGV
§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em
garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.

Salienta-se ainda que o art. 833 do CPC/2015 elenca diversos bens insuscetíveis de penhora, in verbis:
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de
elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos
de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias
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recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua


família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2º;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros
bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
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VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem
penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória
em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)
salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de
incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem,
inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para
pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como
às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos,
os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa
individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento
e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de
natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

O § 2º do art. 883 da CPC permite a penhora dos salários no importe que exceder a 50 salários
mínimos mensais para satisfação de qualquer dívida, bem como de penhora de qualquer
importância para pagamento de verbas de natureza alimentícia, independentemente de sua
origem.

No entanto, ainda permanece em vigor a OJ n. 153 da SDI-1 do TST:

OJ n. 153 da SDI-1 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. ORDEM DE PENHORA


SOBRE VALORES EXISTENTES EM CONTA SALÁRIO. ART. 649, IV, DO CPC DE 1973. ILEGALIDADE.
(atualizada em decorrência do CPC de 2015) - Res. 220/2017, DEJT divulgado em 21, 22 e
25.09.2017. Ofende direito líquido e certo decisão que determina o bloqueio de numerário
existente em conta salário, para satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja limitado a
determinado percentual dos valores recebidos ou a valor revertido para fundo de aplicação ou
poupança, visto que o art. 649, IV, do CPC de 1973 contém norma imperativa que não admite
interpretação ampliativa, sendo a exceção prevista no art. 649, § 2º, do CPC de 1973 espécie e
não gênero de crédito de natureza alimentícia, não englobando o crédito trabalhista.

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Importante registrar que a Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) acrescentou o art. 883-A à
CLT, que passou a dispor que a decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada
a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco
Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de
quarenta e cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do juízo TEMA
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

Além disso, houve acréscimo do § 6º ao art. 884 da CLT, que passou a dispor que a exigência
da garantia ou penhora não se aplica às entidades filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou
compuseram a diretoria dessas instituições TEMA COBRADO NOS EXAMES XXVI E XXXV DA
OAB/FGV.

8.7.  EMBARGOS À EXECUÇÃO

Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar
embargos à execução, ou seja, o ajuizamento dos embargos à execução depende de prévia garantia
do juízo TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

Por força do disposto no art. 884, caput, da CLT, c/c o art. 910 do CPC/2015, a Fazenda Pública
pode opor embargos à execução independentemente de garantido o juízo, uma vez que os bens
públicos são impenhoráveis TEMA COBRADO NOS EXAMES XXI e XXXIV DA OAB/
FGV.

Os embargos à execução objetivam apontar eventuais equívocos e vícios na execução incluindo


a penhora. O § 1º do art. 884 da CLT dispõe que a matéria de defesa será restrita às alegações de
cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida, entretanto, aplica-se
subsidiariamente o art. 525, § 1º, do CPC/2015, que estabelece que o executado poderá alegar ainda:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;


II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

Conforme disposição expressa na Consolidação das Leis do Trabalho, considera-se inexigível


o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição
Federal. TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;


V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
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É importante frisar que na fase de execução não se permite a rediscussão da lide, ou seja, da
matéria tratada na fase de conhecimento. Entretanto, isso não significa dizer que o juiz não poderá
determinar a produção de provas sobre pontos importantes para a determinação dos valores e para
o prosseguimento da execução. Permite-se inclusive a oitiva de testemunhas durante a execução,
cabendo ao juiz decidir pela sua viabilidade ou não, dependendo da matéria discutida nos embargos
à execução, conforme artigos 885 e 886 da CLT TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

Com a desconsideração da personalidade jurídica o sócio passa a ser executado, podendo


apresentar embargos à execução, após garantida a execução, conforme art. 884 da CLT. Entretanto,
antes da desconsideração, o sócio é considerado terceiro, devendo, caso haja interesse, apresentar
embargos de terceiro TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE:

O artigo 11-A, inserido pela Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista), passou a prever a
aplicabilidade da prescrição intercorrente no processo do trabalho, adotando posição contrária
à da súmula 114 do TST. TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV.

O início da fluência do prazo se dá quando o exequente não cumpre uma determinação judicial
no processo de execução e a declaração da prescrição intercorrente pode se dar de ofício e em
qualquer grau de jurisdição.

Por fim, importante destacar que a competência para julgar os embargos à execução e os embargos
de terceiro é do juízo da execução. Entretanto, no caso de execução por carta precatória, os embargos
poderão ser oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los
é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou irregularidades da penhora,
avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste
último, conforme súmula n. 419 do TST. TEMA COBRADO NOS EXAMES III, VIII E XXII DA OAB/FGV.

8.8.  EMBARGOS DE TERCEIRO

Caso haja apreensão (penhora) de bens de pessoa que não integra a lide, o terceiro prejudicado
poderá apresentar embargos de terceiro, ação de conhecimento com procedimento especial
regulada pelos artigos 674/681 do CPC/2015.

Embargos de terceiro, portanto, não se confundem com embargos à execução.

EMBARGOS DE TERCEIRO EMBARGOS À EXECUÇÃO

• Opostos por pessoa que não integra a lide (terceiro) • Opostos pelo executado

• Não dependem de garantia do juízo • Dependem da garantia do juízo

• Podem ser apresentados na fase de conhecimento • Apresentados apenas na execução


ou de execução

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Após a desconsideração da personalidade jurídica, o sócio da empresa não tem legitimidade


para opor embargos de terceiro, podendo se valer apenas dos embargos à execução.
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A competência para julgar os embargos à execução e os embargos de terceiro é do juízo


da execução. Entretanto, no caso de execução por carta precatória, os embargos poderão ser
oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo
deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou irregularidades da penhora, avaliação
ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste último,
conforme súmula n. 419 do TST TEMA COBRADO NOS EXAMES III, VIII E XXII DA OAB/FGV.

Toda a matéria arguida em embargos à execução, embargos de terceiro e impugnação à


sentença de liquidação serão objeto de sentença, que poderá ser objeto de agravo de petição.

8.9.  EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

A exceção de pré-executividade é um meio de defesa de criação doutrinária incialmente


utilizado para tratar de questões de ordem pública, como falta de condições da ação e pressupostos
processuais, sem a necessidade de se garantir a execução. Sua utilização foi posteriormente
alargada, permitindo-se a alegação de matérias, desde que com prova pré-constituída, que possam
trazer significativo e injusto prejuízo ao executado.

Podemos citar como exemplo de matéria objeto de exceção de pré-executividade a nulidade


ou inexigibilidade do título jurídico, prescrição intercorrente e incompetência absoluta do
juízo de execução.

8.10.  EXPROPRIAÇÃO DOS BENS DO DEVEDOR

Para garantir o direito do credor, os bens penhorados e previamente avaliados pelo oficial de
justiça serão expropriados por um dos seguintes meios:

• Alienação em hasta pública: trata-se da venda pública do bem, que poderá ocorrer
por meio de leilão (a venda é realizada no local onde o está o bem) ou praça (a venda
ocorre no átrio do fórum). A hasta pública será anunciada por edital afixado na sede
do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência de vinte
(20) dias. O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20%
(vinte por cento) do seu valor e, se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de
24 (vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução,
o sinal dado, voltando à praça os bens executados.

Embora a CLT não faça referência ao preço mínimo a ser pago em hasta pública, prevalece o
entendimento que não se pode aceitar preço vil, devendo o juiz analisá-lo a cada caso.

• Adjudicação: representa a possibilidade de aquisição do bem levado à hasta pública


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pelo próprio exequente, pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes
com penhora e pelo cônjuge, ascendente ou descendente do executado. Para
impugnar a adjudicação o meio processual cabível são os embargos à adjudicação,
sendo, portanto, incabível mandado de segurança (OJ n. 66 da SDI-2 do TST). Além
disso, por não conter decisão de mérito, a decisão homologatória da adjudicação não
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pode ser objeto de ação rescisória (OJ n. 44 da SDI-2 do TST).

• Remição: representa a possibilidade do próprio executado pagar a dívida. De acordo


com o art 13 da Lei n. 5.884/70, em qualquer hipótese, a remição só será deferível ao
executado se este oferecer preço igual ao valor da condenação.

8.11.  EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

O conceito de Fazenda Pública abrange as pessoas jurídicas de direito público, a saber: União,
Estados, Municípios, Distrito Federal, Autarquias e Fundações Públicas.

Empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado,
por isso não se enquadram no conceito de Fazenda Pública.

Justifica-se um procedimento diferenciado para a execução contra a Fazenda Pública, uma vez
que os bens das pessoas jurídicas de direito público são impenhoráveis.

Desse modo, em razão da impossibilidade de penhora, a Fazenda Pública, em vez de ser citada para
pagar ou nomear bens à penhora, será citada diretamente para opor embargos à execução. Em outras
palavras, a oposição de embargos à execução pela Fazenda Pública não depende de garantia do juízo.

Apesar de o art. 884 da CLT dispor que o prazo para apresentar embargos à execução será de 5
dias, a Medida Provisória 2.180-35/2001 elasteceu o prazo dos embargos da Fazenda Pública para
30 dias, conforme art. 1-B da Lei n. 9.494/96.

Como não se trata de matéria urgente, houve o ajuizamento da ADI n. 11/2005 para questionar
a constitucionalidade da Medida Provisória, ainda pendente de julgamento definitivo pelo STF.

Entretanto, o novo CPC estipulou expressamente em seu art. 910 que o prazo para oposição de
embargos pela Fazenda Pública será de 30 dias, motivo pelo qual provavelmente a ADI perderá o objeto.

Como não é possível a expropriação de bens da Fazenda Pública, o pagamento da dívida será
feito pelo regime de precatórios (art. 100 da CF/88 e IN n. 32/2007 do TST), salvo se tratar de
débito de pequeno valor, hipótese em que o pagamento será feito diretamente.

São considerados débitos de pequeno valor:

• Até 30 salários mínimos para os Municípios (art. 87 do ADCT e art. 3° da IN n. 32/2007


do TST).

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• Até 40 salários mínimos para os Estados (art. 87 do ADCT e art. 3° da IN n. 32/2007


do TST).
• Até 60 salários mínimos para a União (art. 3° da Lei n. 10.259/2001 e art. 3° da IN n.
32/2007 do TST)
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8.12.  EXECUÇÃO CONTRA A MASSA FALIDA

Decretada a falência da empresa a reclamação trabalhista continua sendo processada na


Justiça do Trabalho até a apuração do crédito do reclamante. Após, na fase de execução, o processo
deve ser remetido ao juízo universal, conforme interpretação do art. 6º, §2º da Lei nº 11.101/2005
TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.

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9.  PROCEDIMENTOS ESPECIAIS


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9.1.  INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

O inquérito judicial de falta grave é uma ação promovida pelo empregador (requerente) para
possibilitar a dispensa de alguns empregados estáveis (requeridos) em razão do cometimento de
falta grave.

O inquérito judicial é cabível para os seguintes trabalhadores TEMA COBRADO NO III EXAME
DA OAB/FGV:

• Estáveis Decenais (art. 494 da CLT): São os trabalhadores não optantes do regime
do FGTS que já tinham mais de 10 anos no empregado quando da promulgação da
Constituição Federal de 1988 (muito difícil encontrar na prática);
• Dirigentes Sindicais (art. 543, § 3º, da CLT e Súmula n. 379 do TST);
• Empregados membros do CNPS (art. 3 º, § 7º, da Lei n. 8.213/91);
• Empregados eleitos diretores de sociedades cooperativas (art. 55 da Lei n. 5.764/71)

Verificada a falta grave, o empregador poderá suspender o empregado estável da função.


Caso opte pela suspensão, terá o prazo decadencial de 30 dias para propor o inquérito judicial de
apuração de falta grave TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV.

De forma geral, a ação segue o mesmo rito do procedimento ordinário, com duas exceções: a) a
ação é obrigatoriamente escrita (art. 853 da CLT); e b) cada parte poderá ouvir até 6 testemunhas
(art. 821 da CLT) TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV:

• Se a ação for julgada improcedente, ou seja, não reconhecida a falta grave, o


empregado suspenso deverá ser reintegrado com a percepção de salários e demais
vantagens desde a data da suspensão. Caso o empregado não tenha sido suspenso, o
contrato permanecerá em vigor normalmente, como se nada tivesse acontecido.
• Se a ação for julgada procedente, ou seja, se reconhecida a falta grave, o contrato
de trabalho será considerado rompido desde a data de suspensão do empregado.
Caso não tenha havido suspensão, o contrato será considerado rescindido da data da
propositura da ação.

9.2.  AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Trata-se de ação que permite ao autor consignante o reconhecimento da extinção de sua obrigação
mediante depósito judicial de valor ou coisa. Embora também haja previsão legal para a consignação
extrajudicial, entendemos aplicável ao processo do trabalho apenas a consignação judicial.

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De acordo com o art. 335 do CC, a consignação é cabível: I - se o credor não puder, ou, sem
justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for,
nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de
receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso
ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

No processo do trabalho, o mais comum é que a ação de consignação em pagamento seja


ajuizada pelo empregador, como na hipótese do empregado se recusar ou não comparecer para o
recebimento das verbas rescisórias, mas nada impede que a ação seja ajuizada pelo trabalhador,
como no caso de vendedor externo que deseja rescindir o contrato de trabalho, mas o empregador
se recusa a receber os produtos que estavam na posse do empregado para serem vendidos.

Adaptando o procedimento previsto no art. 542 e seguintes do CPC/2015 ao processo do


trabalho, o autor consignante deverá requerer na petição inicial o depósito da quantia devida no
prazo de 5 dias. Se o depósito não for realizado, o processo será extinto.

Por outro lado, efetuado o depósito, o réu consignado será intimado para comparecer à
audiência a ser designada. Se em audiência o consignado concordar com o valor depositado, os
valores serão liberados e a obrigação será considerada extinta.

Caso não haja concordância, o réu ofertará contestação com base nas matérias elencadas
no art. 547 do CPC/2015, e o processo será instruído normalmente. Se o pedido da consignação
for julgado procedente, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de
custas e honorários advocatícios. Entretanto, considerado improcedente o pedido, o depósito será
considerado insuficiente, permanecendo o autor em mora.

Salienta-se ainda que, de acordo com o art. 545, § 2º, do CPC/2015, a sentença que concluir
pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá
como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após
liquidação, se necessária.

9.3.  AÇÃO RESCISÓRIA

A ação rescisória é meio processual que objetiva desconstituir decisão judicial transitada em
julgado, sendo cabível nas hipóteses expressamente previstas no art. 966 do CPC/ 2015.

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do


juiz TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou,
ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

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Súmula nº 403 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. DOLO DA PARTE VENCEDORA EM DETRIMENTO


DA VENCIDA. ART. 485, III, DO CPC. I - Não caracteriza dolo processual, previsto no art. 485, III,
do CPC, o simples fato de a parte vencedora haver silenciado a respeito de fatos contrários a
ela, porque o procedimento, por si só, não constitui ardil do qual resulte cerceamento de defesa
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

e, em consequência, desvie o juiz de uma sentença não-condizente com a verdade. II - Se a


decisão rescindenda é homologatória de acordo, não há parte vencedora ou vencida, razão pela
qual não é possível a sua desconstituição calcada no inciso III do art. 485 do CPC (dolo da parte
vencedora em detrimento da vencida), pois constitui fundamento de rescindibilidade que supõe
solução jurisdicional para a lide.

IV - ofender a coisa julgada;


V - violar manifestamente norma jurídica;

Súmula nº 408 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. PETIÇÃO INICIAL. CAUSA DE PEDIR. AUSÊNCIA
DE CAPITULAÇÃO OU CAPITULAÇÃO ERRÔNEA NO ART. 966 DO CPC DE 2015. ART. 485 DO
CPC DE 1973. PRINCÍPIO “IURA NOVIT CURIA”. Não padece de inépcia a petição inicial de
ação rescisória apenas porque omite a subsunção do fundamento de rescindibilidade no art.
966 do CPC de 2015 (art. 485 do CPC de 1973) ou o capitula erroneamente em um de seus
incisos. Contanto que não se afaste dos fatos e fundamentos invocados como causa de pedir, ao
Tribunal é lícito emprestar-lhes a adequada qualificação jurídica (“iura novit curia”). No entanto,
fundando-se a ação rescisória no art. 966, inciso V, do CPC de 2015 (art. 485, inciso V, do CPC
de 1973), é indispensável expressa indicação, na petição inicial da ação rescisória, da norma
jurídica manifestamente violada (dispositivo legal violado sob o CPC de 1973), por se tratar de
causa de pedir da rescisória, não se aplicando, no caso, o princípio “iura novit curia”.

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava
ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando
considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos,
que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada
em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.
§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes
do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no
curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra
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decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de


casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão
discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao
autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a


impor outra solução jurídica.

Súmula nº 400 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA DE AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO MANIFESTA DE


NORMA JURÍDICA. INDICAÇÃO DA MESMA NORMA JURÍDICA APONTADA NA RESCISÓRIA
PRIMITIVA. Em se tratando de rescisória de rescisória, o vício apontado deve nascer na decisão
rescindenda, não se admitindo a rediscussão do acerto do julgamento da rescisória anterior.
Assim, não procede rescisória calcada no inciso V do art. 966 do CPC de 2015 (art. 485, V, do
CPC de 1973) para discussão, por má aplicação da mesma norma jurídica, tida por violada na
rescisória anterior, bem como para arguição de questões inerentes à ação rescisória primitiva.

O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao polo passivo da demanda,


porque supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para
os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao polo ativo, o litisconsórcio
é facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência e não pela necessidade
decorrente da natureza do litígio, pois não se pode condicionar o exercício do direito individual de
um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para retomar a lide (Súmula n.
406, I, do TST).

Além disso, o sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em cujos


autos fora proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu na ação
rescisória, sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados substituídos, porquanto
inexistente litisconsórcio passivo necessário.

O Ministério Público também possui legitimidade ativa para propor ação rescisória quando
não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; quando a decisão rescindenda
é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei, bem como em outros casos
em que se imponha sua atuação (art. 967, III, do CPC). Salienta-se que, na hipótese de colusão das
partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público,
que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude (Súmula
n. 100, VI, do TST).

O Tribunal Superior do Trabalho possui posicionamento sedimentado de que o acordo


homologado judicialmente também pode ser objeto de ação rescisória (Súmula n. 100, V, do TST).

Além disso, havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em
momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do
trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que
possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do
trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial (Súmula n. 100, II, do TST).

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A competência para julgar a ação rescisória será do Tribunal Regional do Trabalho, quando a
decisão rescindenda for da Vara do Trabalho ou do próprio Tribunal Regional, ou será do Tribunal
Superior do Trabalho (Seção de Dissídios Individuais), quando a decisão rescindenda for do TST
TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO DO TRABALHO

De acordo com o art. 836 da CLT, a ação rescisória no processo do trabalho está sujeita ao
depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade
jurídica do autor. O depósito prévio ficará a título de multa se ação rescisória for julgada
improcedente ou declarada inadmissível por unanimidade de votos. (Não se aplica o depósito
prévio de 5% previsto no art. 968, II, do CPC/2015).

Ressalta-se ainda que eventual ausência de defesa na ação rescisória não importa a aplicação
dos efeitos da revelia, uma vez que o que se ataca é a decisão, ato oficial do Estado, acobertado
pelo manto da coisa julgada, que envolve questão de ordem pública (Súmula n. 398 do TST).

9.4.  MANDADO DE SEGURANÇA

De acordo com o art. 5°, LXIX, da CF/88, “conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições do Poder Público”.

Na justiça do trabalho, o mandado de segurança será impetrado quando o ato ilegal for emanado
por autoridade com atuação na área trabalhista.

ATO ILEGAL (AUTORIDADE) COMPETÊNCIA

Auditor fiscal do trabalho/Procurador do Trabalho Vara do Trabalho

Juiz do Trabalho e demais funcionários da Vara do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho

Desembargador e servidores do TRT Tribunal Regional do Trabalho

Ministro ou servidor do TST Tribunal Superior do Trabalho

É importante registrar que, de acordo com a Súmula n. 201 do TST, da decisão de Tribunal
Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias,
para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem
razões de contrariedade TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

Se o mandado de segurança for impetrado no TST, cabe agravo regimental contra decisão de
indeferimento ou liminar e, do acórdão, recurso extraordinário ao STF.

São requisitos para a impetração de mandado de segurança a existência de ato ilegal de


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autoridade pública e ofensa a direito líquido e certo, devendo o writ ser impetrado no prazo
decadencial de 120 dias.

A petição inicial deve ser instruída de documento indispensável ou de sua autenticação, sob
pena de indeferimento do mandado de segurança, sendo inaplicável o art. 321 do CPC/2015, que
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determina ao juiz a concessão de prazo para a parte completar a inicial, conforme súmula n. 415
do TST TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

Não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula n. 266 do STF), contra decisão
transitada em julgado (Súmula n. 33 do TST) nem contra decisão judicial passível de reforma
mediante recurso próprio (OJ n. 92 da SDI-2 do TST).

Outra hipótese muito comum de impetração de mandado de segurança na Justiça do Trabalho


é para atacar decisão de tutela provisória concedida ou indeferida antes da sentença, já que não
há recurso específico para a impugnação da decisão, conforme item II da Súmula n. 414 do TST
TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV. Neste caso, a superveniência da sentença, nos
autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da
tutela antecipada ou liminar, conforme Súmula n. 414 do TST TEMA COBRADO NOS EXAMES
IV E XIV DA OAB/FGV.

No caso de antecipação de tutela ser concedida na sentença, não se permite a impugnação pela
via do mandado de segurança, já que é cabível recurso próprio.

Vejamos agora outras súmulas e orientações jurisprudenciais importantes para a prova da OAB/FGV:

Súmula nº 416 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. LEI Nº 8.432/1992. ART.


897, § 1º, DA CLT. CABIMENTO. Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente
a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o
prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo.

Súmula nº 417 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA EM DINHEIRO.


I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora
em dinheiro do executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece
à gradação prevista no art. 835 do CPC de 2015 (art. 655 do CPC de 1973).
II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito
líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio
banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 840, I, do CPC de 2015 (art. 666, I, do CPC
de 1973). (ex-OJ nº 61 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000).

Súmula nº 418 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE


ACORDO (nova redação em decorrência do CPC de 2015). A homologação de acordo
constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança.

OJ n. 54 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE TERCEIRO.


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CUMULAÇÃO. PENHORA. INCABÍVEL. Ajuizados embargos de terceiro (art. 674 do CPC


de 2015 - art. 1.046 do CPC de 1973) para pleitear a desconstituição da penhora, é
incabível mandado de segurança com a mesma finalidade.

OJ n.56 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. PENDÊNCIA DE


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RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Não há direito líquido e certo à execução definitiva na


pendência de recurso extraordinário, ou de agravo de instrumento visando a destrancá-lo.

OJ n. 63 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO. AÇÃO CAUTELAR.


Comporta a impetração de mandado de segurança o deferimento de reintegração no
emprego em ação cautelar.

OJ n. 64 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE


CONCEDIDA. Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para
reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou
norma coletiva.

OJ n. 65 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE


CONCEDIDA. DIRIGENTE SINDICAL. Ressalvada a hipótese do art. 494 da CLT, não fere
direito líquido e certo a determinação liminar de reintegração no emprego de dirigente
sindical, em face da previsão do inciso X do art. 659 da CLT.

OJ n. 66 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA


DE ADJUDICAÇÃO. INCABÍVEL. É incabível o mandado de segurança contra sentença
homologatória de adjudicação, uma vez que existe meio próprio para impugnar o ato
judicial, consistente nos embargos à adjudicação (CPC, art. 746).

OJ n. 67 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. TRANSFERÊNCIA. ART. 659, IX, DA


CLT. Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência
de empregado, em face da previsão do inciso IX do art. 659 da CLT.

OJ 93 da SDI-2 do TST. PENHORA SOBRE PARTE DA RENDA DE ESTABELECIMENTO


COMERCIAL. POSSIBILIDADE (alterada em decorrência do CPC de 2015). Nos termos do
art. 866 do CPC de 2015, é admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento
de empresa, limitada a percentual, que não comprometa o desenvolvimento regular de
suas atividades, desde que não haja outros bens penhoráveis ou, havendo outros bens,
eles sejam de difícil alienação ou insuficientes para satisfazer o crédito executado.

OJ n. 98 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. CABÍVEL PARA ATACAR EXIGÊNCIA


DE DEPÓSITO PRÉVIO DE HONORÁRIOS PERICIAIS. É ilegal a exigência de depósito
prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo
do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia,
independentemente do depósito.

OJ n. 137 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. DIRIGENTE SINDICAL. ART. 494


DA CLT. APLICÁVEL. Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do
empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito
em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, “caput” e parágrafo
único, da CLT.
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OJ n. 142 da SDI-2 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMINARMENTE


CONCEDIDA. Inexiste direito líquido e certo a ser oposto contra ato de Juiz que,
antecipando a tutela jurisdicional, determina a reintegração do empregado até a decisão
final do processo, quando demonstrada a razoabilidade do direito subjetivo material,
como nos casos de anistiado pela Lei nº 8.878/94, aposentado, integrante de comissão
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de fábrica, dirigente sindical, portador de doença profissional, portador de vírus HIV ou


detentor de estabilidade provisória prevista em norma coletiva.

9.5.  HABEAS CORPUS

Em razão da nova redação dada pela Emenda Constitucional n. 45/2014 ao inciso IV do art. 114
da CF/88, restou pacificada a possibilidade dos habeas corpus na justiça do Trabalho.

O caso mais comum de sua impetração ocorre quando o juiz do trabalho determina a prisão
civil de depositário infiel, contrariando o contido na Súmula Vinculante n. 25 do STF.

9.6.  DISSÍDIO COLETIVO E AÇÃO DE CUMPRIMENTO

Frustrada a negociação coletiva (Acordo Coletivo ou Convenção Coletiva), as partes poderão de


comum acordo ajuizar dissidio coletivo na Justiça do Trabalho, que irá dirimir o conflito, podendo
fixar normas para regular as condições de trabalho ou interpretar normas jurídicas já existentes.

Os dissídios coletivos são normalmente classificados em:

• Dissídio Coletivo de natureza econômica: serve para a instituição de normas e


condições de trabalho.

• Dissídio Coletivo de natureza jurídica: objetiva a interpretação de cláusulas de


sentenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e convenções
coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou econômica e
de atos normativos;
• Dissídio Coletivo de Greve: trata a respeito de declaração de abusividade de um
movimento grevista.

Consoante disposto no art. 114, § 3º, da CF/88, somente em caso de greve em atividade
essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho
poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

A competência para julgar o dissídio coletivo nunca será da Vara do Trabalho. Se o conflito
coletivo tiver abrangência regional, a competência para o seu julgamento será do Tribunal Regional
do Trabalho, mas se for de abrangência superior à área de jurisdição de um TRT, a competência
será do Tribunal Superior do Trabalho, salvo no caso do Estado de São Paulo, já que, se o conflito
abranger a área de jurisdição do TRT da 2ª Região e do TRT da 15ª Região, a competência será do
TRT da 2ª Região (art. 12 da Lei n. 7.520/86).

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ABRANGÊNCIA DO CONFLITO COMPETÊNCIA

Área sob a jurisdição de apenas um TRT TRT correspondente


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Área envolvendo mais de um TRT TST

Área envolvendo o TRT2 e o TRT15 TRT2

Sentença Normativa é o nome da decisão do tribunal em dissídio coletivo e, quando não


cumprida voluntariamente, ensejará ação de cumprimento perante a Vara do Trabalho. O prazo
máximo de vigência da sentença normativa é de 4 anos (art. 868, parágrafo único, da CLT).
Assim, em caso de descumprimento de sentença normativa, convenção ou acordo coletivo de
trabalho, deve-se ajuizar ação de cumprimento, conforme art. 872 da CLT e Súmula nº 286 do
TST TEMA COBRADO NOS EXAMES X E XXXVII DA OAB/FGV.

O meio processual correto para se impor o cumprimento da sentença normativa é a ação de


cumprimento, que deverá ser proposta na Vara do Trabalho a partir do 20º dia da publicação da
Sentença Normativa, ou seja, não há necessidade de se esperar o trânsito em julgado. TEMA
COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.

Desse modo, a mesma sentença normativa de um TRT que ensejou o ajuizamento de ação
de cumprimento perante a Vara do Trabalho pode ser objeto de recurso ordinário ao TST. Se a
decisão normativa for alterada em grau de recurso, a parte deverá apresentar exceção de pré-
executividade ou mandado de segurança, não sendo cabível, neste caso, ação rescisória da decisão
em ação de cumprimento, conforme Súmula n. 397 do TST:

Súmula nº 397 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 966, IV, DO CPC DE 2015. ART. 485,
IV, DO CPC DE 1973. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. OFENSA À COISA JULGADA EMANADA
DE SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM GRAU DE RECURSO. INVIABILIDADE.
CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA. Não procede ação rescisória calcada em
ofensa à coisa julgada perpetrada por decisão proferida em ação de cumprimento,
em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau de
recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal.
Assim, os meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a
exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descumprimento
do art. 514 do CPC de 2015 (art. 572 do CPC de 1973).

Os recursos no processo do trabalho, como regra geral, são dotados apenas de efeito devolutivo.
Como exceção à regra geral, o recurso ordinário em face de sentença normativa prolatada pelo
TRT pode ter efeito suspensivo a ser deferido pelo Presidente do Tribunal pelo prazo de 120
dias, conforme art. 9 da Lei n. 7.701/88).

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BIBLIOGRAFIA

• BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de direito processual do trabalho. 3. ed.


São Paulo: LTr, 2005.
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• CASSAR, Vólia Bonfim; BORGES, Leonardo Dias. Comentários à reforma trabalhista.


São Paulo: Método, 2017.

• GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 13. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2018.

• GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Reforma trabalhista. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.

• SARAIVA, Renato, LINHARES, Aryanna. Processo do Trabalho para concursos


públicos. 15. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018.

• SILVA, Homero Batista da. Curso de Direito do Trabalho aplicado. Vol. 8 – Justiça do
Trabalho. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

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do Trabalho. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

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