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Questionário de DIP, 2021.

Maria Mimoso & Sandra Sousa – Nótulas de Direito Internacional Privado, 2.ª
Reimpressão, Quid Juris, 2014.

João Baptista Machado – Lições de Direito Internacional Privado, 3.ª Edição


actualizada (8.ª Reimpressão) Almedina.

A. Ferrer Correia – Lições de Direito Internacional Privado I, 4.ª Reimpressão da


Edição de Outubro/2000.

Mateus Jaime Chindonga – Direito Internacional Privado, 2.ª Edição, Escolar Editora.

Luís de Lima Pinheiro – Ius Gentium.

10 Aulas – Aulas transcritas pelo Luquinda.

Fascículos Teoria do Reenvio e Teoria da Qualificação.

Revista de la Secretaría del tribual Permanente de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015.

1. O que é o DIP e qual é o seu objecto e finalidade?

Ramo da ciência jurídica onde se definem princípios, critérios e normas,


destinados a solucionar questões emergentes de relações privadas de carácter
internacional. (Maria Mimoso, pág. 10)

Objecto: situações da vida privada internacional. (Maria Mimoso, pág. 12)

Finalidade: uniformidade na valoração das situações plurilocalizadas e a


consequente garantia da continuidade das situações jurídicas constituídas no estrangeiro.
(Maria Mimoso, pág. 149)

2. A quê que o DIP se propõe?

“Perante situações plurilocalizadas, impõe-se averiguar qual das ordens jurídicas


em contacto possuirá uma ligação mais forte com a situação de modo a obtermos a lei
tida por mais competente. Esta é a questão que o DIP se propõe solucionar.” (Maria
Mimoso, pág. 10)
3. Qual a dupla natureza do DIP? (Em boa verdade, a natureza do dip é direito
privado e duplo é o seu fundamento)

O Dip é Direito Estadual, interno, pela fonte e Internacional pelo Objecto. (10
aulas)

4. Fundamento do DIP. (para si, do que conseguiu perceber ao longo de 10


meses de aulas)

O dip assenta sobre dois critérios básicos: por um lado, a regra da não
transactividade das leis, e por outro sobre o princípio do reconhecimento das situações
jurídicas constituídas no âmbito de eficácia de uma lei estrangeira. (Maria Mimoso, pág.
13)

5. Em que consiste a justiça do dip?

A justiça do dip consiste numa justiça formal ou conflitual, pois, consistirá em


aplicarmos, das várias leis interessadas, o ordenamento jurídico apontado pela norma de
conflitos (Mateus Chitonga, pág. 57).

Nestes termos, tal justiça é alcançada pela determinação do ordenamento com a


conexão mais forte / adequada com a situação plurilocalizada.

6. Qual é o âmbito do DIP? (Maria Mimoso, pág. 18 e 19)

Doutrina Alemã e Italiana confinam o âmbito do DIP ao problema do conflito


de leis, todavia existem nestes países compêndios dedicados ao reconhecimento e
execução de sentenças estrangeiras.

Países do Common Law: conflitos de leis; conflitos de jurisdições;


reconhecimento de sentenças estrangeiras.

Portugal (Baptista Machado e Machado Vilela): conflito de leis, conflito de


jurisdições e o reconhecimento das sentenças estrangeiras.

[Quando falamos de conflitos de jurisdições queremos sobretudo referir-nos a


duas realidades: normas que determinam a competência dos tribunais para questões
plurilocalizadas (Direito da Competência) e às normas que disciplinam, na lei local, a
eficácia e os efeitos das sentenças estrangeiras enquanto verdadeiros actos jurisdicionais
(Direito do Reconhecimento)]

7. Aborde os tipos de situações do DIP.

Situação puramente interna: aquelas que têm contacto com um único


ordenamento jurídico.

Relativamente internacionais: são situações puramente internas para um estado


diferente do Estado em que nos encontramos. / São situações que têm contacto com um
único ordenamento apenas, sendo a questão analisada a partir de outro Estado (lex fori).

Absolutamente internacionais: são situações que têm contacto com mais de um


ordenamento jurídico.

8. Método do DIP? (10 Aulas)

 Através de normas especiais: determinadas normas materiais internas (tal


como foi o ius gentium).
 Através de normas de carácter espacial e instrumentais.

9. Aborde o princípio da não transactividade das leis.

Enuncia que a uma situação jurídica plurilocalizada são potencialmente


aplicáveis todas as leis que com a mesma se achem em contacto, o que significa que a
uma situação plurilocalizada não são potencialmente aplicáveis leis com as quais essa
situação não apresente conexão. (Maria Mimoso, pág. 13)

10. O que são normas de conflito e qual a sua função?

As regras de conflitos são dispositivos legais que se limitam a indicar a lei ou


leis aplicáveis a determinadas questões de direito que a relação suscita. (Maria Mimoso,
pág. 13)

As regras de conflitos têm uma dupla função: por um lado, delimitam as


questões de direito, e por outro designam a solução aplicável. (Maria Mimoso, pág. 14)
11. Aborde as características fundamentais das normas de DIP.

As normas de dip são de regulação indirecta por oposição às normas de


regulação directa. Aquelas, mandam aplicar às relações jurídicas outras normas, não
regulando materialmente as situações em causa. (Maria Mimoso, pág. 15, 2ª
reimpressão, 2014)

São normas tendencialmente formais porque não atendem ao resultado material


a que conduzem as normas materiais indicadas pela regra de conflitos. (Maria Mimoso,
pág. 15) / A formalidade não é absoluta, e nestes termos, algumas normas não
materialmente orientadas.

São normas de conexão porque fazem a ponte entre determinada situação da


vida e o direito tido por aplicável, utilizando um elemento de conexão. (Maria Mimoso,
pág. 15)

12. Qual é a diferença entre normas de DIP e normas de conflito?

A diferença é estrutural, pelo que, as normas de conflito têm uma estrutura


tripartida diferente das normas de dip. As NC têm um conceito quadro, elemento de
conexão e uma consequência jurídica, já as normas de dip, são normas com uma
estrutura comum e fazem parte daquilo que se poderia considerar a parte geral do dip,
normas de conflito de leis no espaço. Prova disso é que Baptista Machado ao comentar
as normas de conflito, fá-lo num título a que designou “Parte Especial do DIP”.

Todas as normas de conflito são normas de dip mas nem todas normas de dip são
normas de conflitos, pois as normas de dip são um todo em que se encontram as normas
de conflito.

13. Dê exemplo de uma norma de conflito que não seja fundamentalmente /


tendencialmente formal.

“Há também normas de conflitos materialmente orientadas, que têm em conta o


resultado material – art. 36.º e 65.º CC.” / Norma de dip materialmente orientada – art.
22.º CC. (Maria Mimoso pág. 15)
14. Aborde a estrutura da norma de conflitos.

Conceito quadro: é um conceito técnico-jurídico que delimita a matéria sobre a


qual versa a norma de conflito / é o quid sobre o qual incide o objecto da norma. / …
que liga determinada realidade a uma determinada norma.

Elemento de conexão: é o elemento da factualidade típica que o legislador


recorta para designar a lei aplicável (Maria Mimoso, pág. 16) / é a ligação entre
determinada situação e uma determinada lei ou ordenamento jurídico.

Consequência Jurídica: traduz-se na aplicação em concreto dos preceitos


materiais do ordenamento indicado para regular a questão jurídica em causa. (Maria
Mimoso, pág 98)

15. Que problemas levanta a regra de conflitos?

 Escolha da conexão = política legislativa


 Conflito de conexão = conflito de sistemas de dipr (positivo – dá lugar ao
conflito positivo de competências e coloca-nos o problema do
reconhecimento de sentenças, aplicação e eficácia das decisões; ou
negativo – dá lugar ao problema do reenvio)

16. Fale das classificações das conexões.

Conexões Rígidas: não aceitam alteração.

Conexões Flexíveis: aceitam alteração.

Conexões Localizadoras: têm que ver com o globo, com o local.

Conexões Materiais: têm que ver com os actos.

Conexões unas ou simples: utilizam apenas uma conexão para designar um


determinado ordenamento apenas. (Maria Mimoso, pág. 101.) art. 30.º, 46.º

Conexões múltiplas: aquelas cuja norma de conflitos utiliza mais de uma


conexão. art. 36.º, 52.º, 53.º

Conexão múltipla subsidiária: a norma de conflitos dispõe de uma série de


elementos de conexão que operam em ordem sucessiva, por forma a que a actuação do
elemento de conexão seguinte depende da falta de conteúdo concreto do elemento de
conexão anterior. (Lima Pinheiro, pág. 63) art. 52.º e 53.º CC

Conexão múltipla alternativa: a norma de conflitos contém dois ou mais


elementos de conexão, susceptíveis de designarem dois ou mais direitos, sendo
efectivamente aplicado aquele que, no caso concreto, se mostrar mais favorável à
produção de determinado efeito jurídico. (Lima Pinheiro, pág. 64) art. 36.º CC

Conexão múltipla cumulativa: são aquelas para as quais a norma de conflitos


exige a concorrência de dois ou mais direitos para a produção de um efeito jurídico.
(Maria Mimoso, pág. 103) art. 33.º n.3 CC

Conexão múltipla combinada: a solução do problema estará combinada de duas


leis. A norma de conflitos através destas conexões pretende distribuir por cada uma das
leis uma parcela da questão jurídica. (Maria Mimoso, pág. 104) art. 49.º CC

Conexão múltipla optativa: a norma de conflitos também dispõe de dois ou


mais elementos de conexão, susceptíveis de designarem dois ou mais direitos, mas é
agora a vontade de uma determinada categoria de interessados que vai determinar o
Direito efectivamente aplicável. (Lima Pinheiro, pág. 64)

Conexões variáveis ou móveis: são conexões cujo conteúdo do elemento de


conexão pode ser alterado através da vontade das partes. (Maria Mimoso, pág. 105) art.
25.º e 33.º

17. Porquê que o DIP necessitaria de fazer recurso a conexões cumulativas?

“O escopo visado é a harmonia jurídica internacional. As conexões cumulativas


têm em vista evitar a criação de situações que não possam aspirar ao reconhecimento
num dos Estados com elas mais estreitamente conexos (situações coxas ou
claudicantes).” (Ferrer Correia, pág. 185)

18. O que é bilateralismo?

Bilaterismo faz referência ao sistema da bilateralidade das normas de conflitos e


de acordo a este sistema, a norma de conflitos tanto pode conduzir à aplicação de
normas da ordem jurídica do foro como de normas pertencentes a ordenamentos
estrangeiros. (Mária Mimoso, pág. 107)

19. O que são normas de conflito unilaterais e bilaterais?

A norma de conflito é unilateral quando se refere expressamente ao direito do


ordenamento a que ela própria pertence. Art. 28.º

Normas de conflito bilaterais são aquelas que tanto designam a lei nacional
como uma lei estrangeira. (Maria Mimoso, pág. 100)

20. O que são normas bilaterais imperfeitas?

São aquelas que podendo determinar a aplicação tanto de Direito do Foro como
de Direito Estrangeiro, limitam o seu objecto a certos casos que têm ligação especial
com o Estado do Foro. (Sebenta AEDUNL)

21. Qual é a dupla função técnico-jurídica das normas de conflito bilaterais?

Por um lado, a norma de conflitos determina o Direito aplicável; por outro, a


norma de conflitos, quando remete para Direito estrangeiro ou extra – estadual, confere-
lhe um título de aplicação na ordem interna. (10 Aulas)

"As regras de conflito têm uma dupla função. Por um lado, delimitam as
questões de direito, e por outro designam a solução aplicável”. (Maria Mimoso, pág. 14)

22. O que é o reenvio?

É um problema que surge do facto de a lei estrangeira designada pelo dip do foro
não se considerar competente / aplicável a dada situação jurídica e faz a devolução para
a lei do foro ou remete para uma terceira legislação. (Fascículo Teoria do Reenvio, pág.
1)
23. Quais as modalidades do reenvio? (10 aulas)

Devolução simples: L1 envia para a L2 e esta devolve para a L1 que resolve por
sua vez a questão.

Transmissão de competência: L1 envia para L2 e esta reenvia para L3 que por


sua vez resolve o conflito.

Devolução Dupla ou Total: L1 envia para L2 e esta devolve para L1 que por
sua vez reenvia para a L2, originando assim um círculo vicioso sem que nenhuma se
decida competente. Tbm se dá no caso de a L1 não aceitar a devolução da L2.

24. O que é a referência material e porque se diz que é uma atitude


condenatória?

“Dizemos material a referência que se dirige directa e imediatamente ao direito


interno material da lei designada.” (Lima Pinheiro, pág. 93)

Dizemos que é uma atitude condenatória pq esta referência ao ser dirigida ao


direito interno material pretende que tal direito resolva a questão, não reenviando para
um terceiro Estado ou devolvendo ao anterior. A referência exclui desde logo as normas
de dip do Estado designado.

25. O que são referências globais?

“É global a referência que tem em conta o Direito Internacional Privado da lei


designada.” (Lima Pinheiro, pág. 94) / A referência feita pelo dip do foro à lei
estrangeira abrange quer o direito material, quer as normas de dip dessa ordem jurídica,
isto é, está-se a enviar para a globalidade da ordem jurídica - atitude favorável ao
reenvio. (Fascículo Teoria do Reenvio, pág. 2)

26. Como funciona a referência global? (Fascículo Teoria do Reenvio, pág. 3)

Há duas soluções: Devolução simples: segundo esta, a remissão feita pela


norma de conflitos do foro é feita para todo o sistema de direito estrangeiro (dip e
direito material), porém, a remissão operada por este, para um outro ordenamento
jurídico entende-se como referência material.
Dupla devolução ou Foreign Court Theory: a lex fori remete o caso para outro
país e deve decidir a questão tal como ela seria decidida pela ordem jurídica designada.
Deve o tribunal da lex fori olhar para a solução preconizada por aquele tribunal.

27. Fale da atitude favorável com alcance limitado.

A referência do dip do foro é feita para o direito material estrangeiro, porém, é


de aceitar o reenvio se tal permitir a harmonia dos julgados. (Fascículo Teoria do
Reenvio, pág. 2)

28. O que é a transmissão de competência?

“É o tipo de devolução em que o Direito de Conflitos estrangeiro remete a


solução da questão para outro ordenamento estrangeiro.” (Lima Pinheiro, pág. 94)

29. Como funciona a questão do reenvio no DIP angolano?

O CC angolano dedica 4 artigos a hipóteses de reenvio, donde se determinam


um conjunto de regras e excepções. Em síntese, temos um sistema favorável com
alcance limitado, em que o art. 16.º determina que a referência à lei estrangeira se
restringe à aplicação do seu direito interno, recusando assim o reenvio. Mas, nos artigos
seguintes admite o reenvio sob determinados critérios. Temos assim um sistema que não
é nem absolutamente favorável ou condenatório.

30. O que é a qualificação em dip e qual é o seu objecto e função?

Qualificação: é um processo técnico jurídico pelo qual se integram ou


enquadram ordenadamente os factos da vida às instituições criadas pela lei ou costume.
Fascículo Teoria da Qualificação, pág. 1)

Qualificação em DIP: consiste na subsunção de um quid concreto num conceito


quadro de uma norma de conflitos (Maria Mimoso, pág. 118)

O objecto é formado por normas materiais aplicáveis à situação dentro do


ordenamento apontado pelo elemento de conexão. (Maria Mimoso, pág. 116)
A sua função é de definir ou delimitar o âmbito de competência da lei apontada
pela correspondente conexão. (Fascículo Teoria da Qualificação, pág. 3)

31. Quais são os dois momentos da qualificação? (Fascículo Teoria da


Qualificação, pág. 3 e Maria Mimoso, pág. 116)

1.º interpretação do conceito-quadro da norma de conflitos.

2.º qualificação propriamente dita, relacionada com a interpretação do art. 15.º


CC.

32. Aborde as teorias relativas a interpretação dos conceitos-quadro.

Qualificação pela lex fori: a determinação do conteúdo dos aludidos conceitos


obtém-se recorrendo ao direito material da ordem jurídica local. (Ferrer Correia, pág.
202)

Qualificação pela lex causae: esta teoria entende que se deve solicitar ao direito
estrangeiro eventualmente aplicável a qualificação da relação jurídica que constitui
objecto do litígio, isto é, cabe a lei designada pela norma de conflitos a delimitação do
conceito quadro. (Fascículo Teoria da Qualificação, pág. 4)

Teoria comparatista: segundo esta, os conceitos usados pela norma de conflitos


devem ser interpretados em função dos direitos dos ordenamentos cuja aplicação pode
desencadear. (Maria Mimoso, pág. 114) / Deve construir-se e interpretar a norma de
conflitos em função de todos os sistemas jurídicos cuja aplicação ela é susceptível de
desencadear. (Fascículo Teoria da Qualificação, pág. 5)

Qualificação por referência a conceitos autónomos e universais: esta teoria


entende que o juiz não deve prender-se à qualificação de determinadas leis, seja a do
foro ou da causa, mas pelo método comparativo, ir em busca de conceitos autónomos,
diferentes dos conceitos internos e dotados de carácter universal. (Fascículo Teoria da
Qualificação, pág. 4)

Teoria teleológica: O conceito-quadro da norma de conflitos deve ser


interpretado tendo em conta os interesses e fins que pretende acautelar, isto é,
interpretado de acordo ao conteúdo e função que o mesmo tem no dip do foro (lex
formalis fori).

33. Fale dos conflitos de qualificação?

Estamos diante de um conflito positivo de qualificação quando há concurso de


normas jurídicas designadas a regular a questão. Face a um determinado sistema de
normas de conflitos, duas ou mais normas de conflitos aparecem a reclamar
simultaneamente a sua aplicação a uma certa situação da vida. (Fascículo Teoria da
Qualificação, pág. 7). / Sucede então que mais de um ordenamento qualifica a situação
em conformidade com a categoria normativa (conceito-quadro) da norma de conflitos
utilizada para o designar. (Maria Mimoso, pág. 120)

Verificar-se-á um conflito negativo de qualificação quando as normas materiais


dos ordenamentos designados não qualificarem a situação de acordo com o
enquadramento que lhe é dado pelo respectivo conceito-quadro da norma de conflitos
que as designou. (Maria Mimoso, pág. 120) / As normas materiais dos ordenamentos
designados não qualificam a situação de acordo com o enquadramento que é dado pelo
respectivo conceito-quadro da norma de conflitos que a designou. (Fascículo Teoria da
Qualificação, pág. 8)

34. Quais são os critérios para superar os conflitos de qualificação?

Conflitos Positivos:

1. Qualificação pessoal prevalece sobre patrimonial;


2. Qualificação Substância prevalece sobre Forma;
3. Qualificação Real prevalece sobre Sucessória (Pessoal);
4. Qualificação Matrimonial precede a Sucessória (conflito aparente);
5. Instituo da adaptação;
6. Solução ad hoc.

Conflitos Negativos:

1. Via da adaptação;
2. Via de norma ad hoc.
Via da Adaptação: consiste num ajustamento do elemento de conexão. Por via
deste instituto admite-se a possibilidade de a norma de conflitos que aponta ou remete
para certo caminho dele se afastar para a resolver um caso. (Fascículo Teoria da
Qualificação, pág. 8)

Via da Norma Ad Hoc: consiste na criação, pelo próprio aplicador do direito,


de uma norma que irá regular a questão. (Fascículo Teoria da Qualificação, pág. 8)

35. Aborde os valores formais e materiais do dip. (10 Aulas)

Valores formais:

Certeza e Previsibilidade: são valores assegurados e fornecidos pela norma


jurídica às relações humanas.

Harmonia Internacional das Soluções: há uma tendência natural de que


qualquer problema que surja numa determinada ordem jurídica possa sempre acabar por
ter uma solução idêntica noutro país.

Tutela da Confiança: as ordens jurídicas, ao assegurarem a harmonia jurídica


internacional também tutelam a confiança. Esta é um valor fundamental nas relações
humanas e também em DIP.

Valores Materiais:

Confiança: esta é aqui chamada enquanto valor material. A confiança enquanto


valor formal é aquela que acontece quando a confiança material é quebrada. Aí é
necessário que se acionem mecanismos para que a confiança quebrada seja tutelada.

Dignidade da pessoa humana: nada faz sentido se não estiver ao serviço da


dignidade da pessoa humana. “O homem é o fim em si mesmo” – Immanuel Kant / “O
fim último da vida é a felicidade suprema” – Santo Agostinho.

A mobilidade das pessoas; a segurança; o tratamento igualitário das pessoas,


fazem parte da dignidade da pessoa humana e é um valor que o dip deve promover, que
os sistemas devem promover.

Igualdade: consequência do valor anterior. Somos iguais e é o que o dip tenta


promover a nível internacional.
Liberdade: liberdade de locomoção. Direito de ir, vir e ficar. Estar onde quiser e
viver como quiser.

36. Fale dos princípios do DIP. (10 aulas)

Princípio da Conformação Global do Sistema compreende:

Harmonia Jurídica Internacional: princípio segundo o qual diante de uma


situação plurilocalizada, os Estados concordam em aplicar a mesma lei para resolver tal
situação.

Harmonia Jurídica Interna: este princípio é expressão da ideia de unidade do


sistema jurídico. Sendo que “as antinomias normativas são intoleráveis” – Ferrer
Correia apud Maria Mimoso, pág. 89.

Confiança;

Efectividade:

Maior Proximidade:

Favor Negotii;

Boa Administração da Justiça.

O princípio da Escolha das Conexões compreende:

Conexão mais estreita;

Personalidade / Pessoalidade;

Territorialidade;

Autonomia Privada.

Princípios em sentido restrito / estruturantes do dip:

Harmonia Jurídica Internacional;

Harmonia Material;

Efectividade ou Eficácia das decisões: o Estado com melhor competência será


o que em melhor posição se encontrar para fazer cumprir os seus preceitos. É este o
motivo uqe leva em sede de direitos reais o considerar competente a lex rei sitae. Está
em causa a doutrina da competência mais próxima e que pode levar à escolha de uma lei
que não seria a tida por normalmente aplicável. (Maria Mimoso, pág. 90)

Ordem Pública Internacional;

Respeito pelos Direitos Adquiridos: visa assegurar que os direitos que


determinado indivíduo adquiriu numa certa ordem jurídica não sejam postos em causa
em qualquer outra ordem jurídica a que se desloque desde que a conferência daquele
direito tenha sido legítima.

Princípios Gerais dos Direitos dos Estrangeiros.

37. O que é a ordem pública internacional e o que é a ordem pública interna?

Ordem pública internacional é o escudo que determinada ordem jurídica tem


para proteger os seus princípios, fundamentos éticos, usos e costumes assentes nessa
realidade. (10 aulas)

É o conjunto de princípios fundamentais de variada índole que diferenciam um


ordenamento em face dos demais, sendo o reduto inviolável que qualquer ordenamento
não abdica em face dos restantes. (Maria Mimoso, pág. 166)

Por ordem pública interna entende-se o conjunto de normas e princípios


jurídicos que formam os quadros fundamentais do sistema a que pertencem. Dela fazem
parte normas imperativas que não podem ser afastadas pelos sujeitos (Maria Mimoso,
pág. 166)

38. O que é a excepção da ordem pública internacional e quais as suas


características?

Entendemos por excepção ou reserva de o. p. internacional a reserva que vai


implícita em toda a remissão que o dip opera para os direitos estrangeiros, reserva essa
que se destina a impedir que a aplicação da norma estrangeira conduza, no caso
concreto, a um resultado intolerável. (Baptista Machado, pág. 257)

Excepcionalidade: este expediente não é a regra mas sim a excepção, isto é, em


regra aplicam-se os preceitos indicados pelo ordenamento jurídico estrangeiro
designado pelo dip do foro mas, excepcionalmente não serão tais preceitos materiais
aplicados se tal aplicação for intolerável pelos princípios fundamentais da ordem
pública internacional do foro.

Imprecisão: é um conceito indeterminado e abstracto que só no caso concreto é


susceptível de ser interpretado e aplicado. É de difícil definição e não há um conceito
unitário pelo que se pode entender por ordem pública. A ideia de o. p. internacional não
é palpável e o seu conceito é difícil de determinar.

Actualidade: os valores e conceitos da o. p. internacional não são estanques


nem perpétuos ou imutáveis. O que hoje pode ser considerado valor que justifique a
invocação da ordem pública, amanhã poderá não ser. As sociedades numa constante
dinâmica.

Nacionalidade: os valores e princípios a se ter em conta não são de qualquer


Estado, mas sim os da lex fori.

Concretude: o princípio da o.p. internacional não deve ser entendido em termos


abstractos, pelo contrário deve ser subsumido a uma situação concreta.

39. O que é a fraude a lei, qual a sua finalidade, fundamentos e elementos?

“Em DIP fraude a lei significa fuga de um ordenamento jurídico para outro.
Evitando-se assim, por exemplo, determinado regime jurídico mais penalizador que um
outro.” (Maria Mimoso, pág. 174)

“Fraude à lei representa um procedimento pelo qual um particular realiza, por


forma inusitada, um tipo legal em vez de outro, a fim de provocar a consequência
jurídica daquele, em vez deste.” (Kegel apud Baptista Machado, pág. 275).

A fraude à lei enquanto instituto jurídico, visa impedir o afastamento


fraudulento da aplicação da lei defraudada, considerando irrelevantes tais situações de
facto e de direito criadas com intuito de evitar a aplicabilidade de lei que seria
competente.

Quanto aos fundamentos, há uma tese que afirma ser por causa da ordem
pública internacional e outra segundo a qual o fundamento para se sancionar a fraude
a lei é efectivamente o problema do abuso de direito.
Elementos: norma fraudada: corresponde à lei material afasta; norma
instrumento: será a norma de conflitos que proporcionou através do seu elemento de
conexão a fuga para um outro ordenamento; actividade fraudatória: consiste na
alteração do conteúdo do elemento de conexão e; animus fraudendi: a intenção
fraudatória traduz-se na consciência da prática do acto, na intenção de obter o resultado.
/ Elemento objectivo: alteração do conteúdo do elemento de conexão; elemento
subjectivo: animus legis fraudandi.

40. Contribuições da escola Italiana para o DIP. (Revista de la Secretaría del


tribual Permanente de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 430)

O ponto de partida desta escola é a glosa de Acursio sobre a primeira lei do


código justiniano que expressava o personalismo das leis, isto é, a alguém só pode ser
aplicada a lei de que é nacional e que conhece.

Os grandes expoentes desta escola são Bártolo de Sassoferrato (1313-1359) e


Baldo de Ulbaldis (1324-1400).

A grande marca de Bártolo foi a distinção entre os estatutos que regem os bens
(reais – territoriais – só se aplicam aos bens situados no poder que ditou tais normas;
estatutos que regem as pessoas (pessoais – são extraterritoriais – aplicam-se aos
súbditos onde quer que eles estejam; e ainda um terceiro estatuto considerado misto,
uma zona cinzenta que não rege nem as pessoas nem bens.

Defendeu determinadas regras de escolha das normas para reger factos


transfronteiriços: i) a lei do lugar da celebração rege a forma e os efeitos imediatos dos
negócios, bem como as formalidades do testamento; ii) a lei do lugar da execução rege
as consequências do incumprimento; iii) não se aplicam estatutos estrangeiros
proibidos, tidos como odiosos (embrião da cláusula de ordem pública).

Entre os casos analisados por Bártolo, ficou célebre a “questão inglesa” cuja
solução apontou para a desconsideração da unidade da sucessão.
41. Contributo da escola Francesa. (Revista de la Secretaría del tribual
Permanente de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 431)

Expoentes: Charles Dumoulin (155-1566) e Bertrand D’Argentré (1519-


1590).

Dumoulin é conhecido pela sua defesa da autonomia da vontade como


princípio de escolha do regime jurídico de uma relação plurilocalizada. Este defendia a
prevalência do Estatuto Pessoal sobre o Territorial. (A polémica de 1525 sobre bens
de um casamento celebrado em París).

D’Argentré foi um autor inserido no movimento autonomista bretão e por


isso sustentou o territorialismo, pugnando que as leis estrangeiras não deveriam ser
aplicadas na Bretanha. Este fez também a distinção entre estatutos reais (regem bens) e
os pessoais (regem as pessoas), porém, sustenta que todos os estatutos, a princípio, são
reais e consequentemente territoriais. Entretanto, os estatutos pessoais e o seu alcance
extraterritorial seriam aplicáveis às situações que afectem directamente às pessoas,
como o seu estado e capacidade. Pois, do contrário resultaria manifesta injustiça.

Combateu também a ideia de sucessão universal (regida pela lei do local do


domicílio do de cujus), na medida em que, na existência de bens situados em territórios
diversos, defendeu que cada lei regeria a sucessão dos bens localizados no respectivo
território.

42. Contributo da escola Holandesa. (Revista de la Secretaría del tribual


Permanente de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 432)

As lutas pela independência da Holanda favoreceram a difusão das ideias de


D’Argentré. O seu principal expoente foi Ulrich Uber (1636-1694).

Este, sublinhou pela primeira vez o problema tradicional do dip: o conflito


entre leis de diferentes Estados, superando assim a discussão das diferenças entre os
estatutos.

Apontou três princípios da disciplina: i) as leis de um Estado são aplicadas


somente nos limites do seu território; ii) os súbditos de cada Estado são todos os que se
encontram no território deste e; iii) depois de serem aplicadas, as leis de um país
conservam sua força além das fronteiras (origem da teoria dos direitos adquiridos), mas
que isso ocorre por cortesia internacional (comitas gentium).

Uber é o primeiro a vincular o dipr ao dip, ao justificar a aplicação


extraterritorial de uma lei estrangeira à cortesia internacional.

43. Contributo da escola Alemã. (Revista de la Secretaría del tribual Permanente


de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 432)

Expoentes: Heinrich Freiherr Von Cocceji (1644-1719) e Johann Nikolaus


Her (1651-1710).

Esta escola enuncia que o fundamento de aplicação do direito estrangeiro para


reger factos transfronteiriços oscila entre a cortesia internacional e a invocação do
direito natural.

Para Cocceji as pessoas devem ser regidas pelas suas leis nacionais e as coisas
pela lei do local da situação. Hert enuncia 3 princípios sobre os factos transfronteiriços:
a) as pessoas são regidas pelas leis de sua origem; b) as coisas são regidas pelo local de
sua situação e; c) a forma dos actos jurídicos é regida pela lei do local da celebração.

Para o Prof. Tomás Gabriel, esta escola não trouxe nada de novo, pois voltaram
a discutir a questão dos estatutários invés de desenvolver as reflexões de Ulrich Uber.

44. Contributo da escola americana para o DIP. (Revista de la Secretaría del


tribual Permanente de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 435)

A escola norte-americana do dip surge num contexto de necessidade de


aprofundamento do estudo do conflito de leis e jurisdição, na medida em que no
território Norte-Americano, Estado que adopta o modelo organizacional do federalismo,
cada Estado federado aplicava o seu direito, sendo alguns influenciados pelo common
law britânico, pelo civil law francês e autonomamente sobre as matérias de Família e
Contratos. Tal acarretava dúvida na escolha da lei aplicável a factos interestaduais.

Principal expoente: Joseph Story (1779-1845), considerado o pai do DIP pq foi


o primeiro a introduzir tal designação em sua obra “Conflict of Laws” (1834).
Story diz que os Estatutos são sempre territoriais. Há uma frase célebre sua em q diz: “É
irracional e ilógico dizer q um Estado Soberano está obrigado a aplicar uma lei
estrangeira. Um Estado obrigado a aplicar lei estrangeira é tudo menos soberano”. Tudo
isto é em função do contexto em que se vivia e a questão a afirmação da independência
americana. Joseph Story desenvolve então o seu sistema de DIPR partindo da base
territorial. – Esta a dizer assim: “Todo e qualquer estrangeiro q estiver na América a lei
que lhe será aplicável será a lei americana. Não interessa se é Common Law, Civil Law,
a lei é a lei americana. Qualquer Estado é soberano e faz o que quiser”.

Levanta-se a questão a Joseph Story de saber se isso não leva a injustiças – Ele diz que
sim, mas que isto resolve-se com o respeito pelos Direitos Adquiridos-Vested Rights.

Mas não é qualquer Direito Adquirido. Há que saber se este direito nasceu mesmo ou
não, pq em princípio, se é uma questão jurisdicional o direito adquirido só nasce depois
da sentença transitar em julgado.

Defendeu que a lei do domicílio é a lei básica para fixar as regras de capacidade, sendo,
entretanto, possível a utilização da lei do local da celebração dos contratos como forma
de obter justiça.

Por fim, Story aponta como fundamento de cumprimento da lei estrangeira uma
obrigação de fazer justiça e não de mera cortesia do direito internacional público.

45. Contributo de Savigny. (Revista de la Secretaría del tribual Permanente de


Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 433)

Com Friedrich Carl Von Savigny (1779-1861) rompe-se a base das teorias
estatutárias, que tinham o foco na regra e seus limites de aplicação: territorial ou
extraterritorial, e este traz um outro foco: a sede da relação jurídica. Sendo a lei da
sede o direito mais adequado para reger tal relação.

Savigny defende o domicílio das pessoas para reger o Estado e capacidade das
pessoas; a situação da coisa para reger os bens; sustentou que a sede da sucessão é o
domicílio do de cujos e; a quanto à forma dos actos jurídicos, a lei do lugar de
celebração seria a sede.

Enunciou também que existem duas classes de normas de excepção à aplicação


do direito estrangeiro indicado pela sede da relação jurídica: i) normas locais
obrigatórias, que não podem nunca ser substituídas por direito estrangeiro; ii) normas
estrangeiras não aceitas pelo foro (estatutos odiosos).

46. Contributo de Pasquale Mancini para o DIP. (Revista de la Secretaría del


tribual Permanente de Revisíon. Año 3, Nº5, 2015, pág. 434)

Pasquali Stanislau Mancini (1817-1888) teve o privilégio de eleger o estatuto


pessoal como requisito mais importante do DIPr.

Este defendeu a aplicação do direito estrangeiro como dever do Estado de


propiciar justiça.

Advogou 3 princípios: nacionalidade, liberdade e soberania.

Para este autor as relações jurídicas serão reguladas pela lei da nacionalidade,
pois seria injusto desconsiderar a lei da origem do estrangeiro, que naturalmente a
conhece e tem dificuldade com as outras leis. Também tais relações podem ser
reguladas pela lei escolhida pelos sujeitos (liberdade), dentro dos limites consentidos
pela ordem pública (Soberania).

“Em resumo, os indivíduos podem exigir o reconhecimento e respeito pelo seu


direito privado nacional, fora do país da nacionalidade, em nome do princípio da
nacionalidade. Por sua vez, os Estados podem proibir infracções à sua ordem pública
dentro do seu território, como consequência do princípio da independência política.”
(Maria Mimoso, pág. 56)

Mancini diferencia relações jurídicas de direito privado obrigatórias das


voluntárias. As primeiras seriam aquelas que independem da vontade do indivíduo,
como sua capacidade e estado, que são regidas pela lei da nacionalidade. Já as
segundas, dizem respeito aos bens e formação de obrigações, que são construídas ao
longo da vida do indivíduo sobre sua vontade, consagrando a autonomia da vontade na
escolha da lei aplicável, desde que o Estado não tenha interesse legítimo em impedir seu
uso (limite de ordem pública).
47. O que são direitos adquiridos?

São uma espécie de direitos subjectivo definitivamente incorporado na esfera


jurídica do seu titular, já consumado ou não, porém, exigível judicialmente.

48. Qual a importância do Tratado de Westfalia para o DIP?

Tratado de Westfália, assinado em 24 de Outubro de 1648, faz parte de um


conjunto de tratados que resultou na chamada paz de Westfália. Este tratado pôs fim ao
conflito entre o sacro império Romano-Germânico e duas potências: França e Suécia.

A paz de Westfália originada por um conjunto de tratados inaugurou o moderno


sistema internacional, trazendo noções e princípios como soberania estatal e estado-
nação. Pela primeira vez reconheceu-se a soberania de cada um dos Estados envolvidos.
É apontada como marco inicial do Direito Internacional clássico.

49. O que é o depeçage?

Em direito, dépeçage é um conceito dentro do campo de conflito de leis,


resultante da autonomia privada, em que diferentes questões dentro de um único caso
são regidas pelas leis de diferentes jurisdições.

“O dépeçage pode ocorrer em dois níveis: no primeiro pelo próprio sistema de


direito internacional privado, onde a substância do contrato pode ser regulada por uma
lei, enquanto, v. G., a capacidade das partes ou a forma e execução poderá ser regida
por outra lei; no segundo, decorre da própria autonomia da vontade das partes, que têm
a faculdade de determinar mais de uma lei aplicável ao contrato.” (Luiz Vicente
Braghini, blogspot)

50. Diferencie a autonomia do art. 41.º CC da autonomia do art. 405.º CC.


(10 Aulas)

As duas têm que ver com a autonomia privada, porém, a autonomia do art. 41.º
tem que ver com aquilo que chamamos de soberania da autonomia / liberdade das
pessoas, liberdade da pessoa humana. Esta autonomia vai até ao ponto de a parte
escolher a lei aplicável e escolher o foro competente. Já a autonomia do art. 405.º tem
que ver com o poder de modelar o conteúdo do contrato e fazer combinações desde que
estejam de acordo com a lei.

51. Âmbito de aplicação do art. 15.º CC.

52. Interpretação do art. 28 CC.

O n.1 do art. 28.º configura, como ensina Baptista Machado uma “excepção de
interesse nacional”. Este dispositivo tem um comando semelhante ao da ordem pública
do art. 22.º, porém, opera de modo diverso. A chamada excepção de interesse nacional
procura também proteger a ordem interna, mas invés de afastar a aplicação de um facto
nocivo como no art. 22.º, pelo contrário, torna completamente válido o facto pois
atentatório ao seu sistema seria não permitir tal validade. Isto porque tal disposição visa
“proteger o comércio jurídico local” de forma que a contraparte que celebra negócio
com menor não fique prejudicada por conta da surpresa de tal incapacidade segundo a
lei pessoal desse menor e consequente possibilidade de anulação do negócio. (Baptista
Machado, pág. 342)

53. Art. 31.º CC

54. Qual é o fundamento por detrás do n1 do Art.33 do CC?

É garantir que a pessoa colectiva e toda sua organização e actividade esteja de


algum modo na alçada da lei do país onde a sua direcção se encontra. Controlo da
pessoa colectiva pelo país da sua nacionalidade. / As pessoas colectivas não têm
propriamente uma nacionalidade nem domicílio, por isso, o legislador entendeu que a
sede principal da pessoa colectiva é a ligação mais forte e estável entre ela e um Estado.
(Baptista Machado, pág. 344)

55. Art. 34.º CC.


56. Art. 35 CC.

O art. 35.º procura determinar o âmbito daquilo que Baptista Machado denomina
– estatuto do negócio. Assim sendo, determina que as questões como pressupostos e
efeitos do negócio são submetidas à lei da substância do negócio. Entretanto entendeu o
legislador que algumas questões, de carácter preliminar, designadamente o silêncio e o
comportamento. deviam ser autonomizadas do estatuto negocial e, portanto, não ficam
submetidas à regulação pela lei da substância do negócio. Isto justifica-se com base na
ideia de que, no que respeita a valoração de uma conduta como declaração negocial,
deve-se evitar que alguém fique mais fortemente vinculado do que ficaria em face de
uma lei com cuja aplicação podia ou devia contar no momento da conduta. (Baptista
Machado, pág. 352)

57. Art. 36.º CC

58. Art. 40.º CC

59. Art. 41.º CC

60. Art. 46.º CC

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