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Direito Internacional Privado

Professor: Marisa Araújo

Manual: Professor Lima Pinheiro, VOL.I e VOL.II

Legislação: Código Civil

Aula dia 15.09.20

Cadeira muito difícil e esquemática.

Av. Continua – 2 testes de avaliação.

O objeto do direito internacional privado é a relação jurídica plurilocalizada. O Direito


Internacional Privado, visa, de acordo com determinados critérios, estabelecer qual o
ordenamento jurídico elegível, escolhendo qual o ordenamento material para aplicar ao caso
concreto.

A autonomia da vontade no DIP, tem 2 sentidos. No doméstico, está limitado a um dos


ordenamentos jurídicos que está em contacto com a relação jurídica.

Aula dia 17.09.20

Direito Internacional Privado

Introdução – O direito internacional privado trata de relações jurídicas de natureza privada e


regula as situações de caracter internacional (natureza ‘’Transfronteiriça), isto é, os elementos
de conexão devem estar dispersos por mais de um ordenamento jurídico. O direito internacional
privado visa resolver o conflito de competências no espaço. O Direito internacional privado,
engloba o direito de competência, direito de conflitos e o direito de reconhecimento (só vamos
dar o direito de conflitos). A partir do momento em que existe uma relação jurídica
internacional, o DIP entra para ver qual é o ordenamento jurídico não para resolver o litigio,
nem para ver qual o tribunal competente, visto que o tribunal pode julgar por outro ordenamento
jurídico.

O direito internacional privado é o ramo do direito onde se definem os princípios, regras e


normas destinadas a solucionar questões emergentes das relações privadas, com caracter
internacional, ou seja, as relações jurídicas que tenham os seus elementos dispersos por mais do
que um sistema jurídico:

 Com ou sem conexão com a lex fori (relações puramente internas, relações
relativamente internacionais (relações internacionais que as partes atribuem 1

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elemento internacional – a lex fori – a lei do tribunal que foi chamado para resolver o
caso, relações absolutamente internacionais (não existe conexão com a lex fori)).

A lex fori é o tribunal que foi chamado para resolver o problema

As normas de dip são as denominadas normas de conflito – no CC encontra-se nos art. 25º - o
dip está no art.14º e ss.

As normas de conflito são denominadas de normas sobre normas, visto que apenas conduzem a
outras normas que resolvem o caso concreto.

O dip tem estas normas de conflitos, para atingir a chamada harmonia jurídica internacional,
qualquer um dos estados reconhece a lei praticada por outro estado. A harmonia jurídica
internacional quer alcançar a estabilidade e segurança das relações privadas internacionais.

Caracteristicas das normas de conflito

1. São normas de regulação indireta


a. São normas remissivas (normas sobre normas), apenas visam escolher o direito
material que irá resolver indiretamente a relação controvertida.
2. Normas de conexão
a. São normas que ligam a situação da vida em todo ou em parte, com o direito
aplicável, através de um elemento de conexão. Os elementos de conexão podem
ser:
i. Vínculos jurídicos (nacionalidade)
ii. Situações de facto (residência habitual)
iii. Consequências jurídicas (lugar da prática do facto)
iv. Factos jurídicos (vontades das partes)
b. As normas de conexão podem ser:
i. Bilaterais
ii. Unilaterais
iii. Unilaterais especiais, significa que a lei em determinados casos em que
a lei não prescinde da sua aplicabilidade.
3. Serão meramente formais
a. Em regra, não vigora a better rule approach, já que a norma não é orientada
com base em critérios de justiça material, mas tem alguns limites;
i. Exceção de ordem publica internacional
1. Só se aplica quando,
ii. Normas de conflito materialmente orientadas

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1. Normas a favor do princípio do favor negotti. Este princípio
está próximo do princípio do aproveitamento máximo do
negocio jurídico. As partes podem optar pelo ordenamento
jurídico mais favorável para aproveitar o negócio jurídico.
iii. Função modeladora:
1. Interpretação da norma de conflitos.
a. Neste sentido, temos de analisar o direito estrangeiro,
para tentar descobrir a sua correspondência com o
direito nacional.
2. Ajustamento da solução material atendendo à especificidade do
caracter transnacional.

O direito internacional privado, olha para a relação jurídica e analisa os elementos de conexão
que poderão internacionalizar a relação jurídica (os elementos (i, ii, iii, iv).

Para auferir as conexões de caso para caso, é necessário auferir a natureza, para saber as normas
de conexão que serão relevantes.

Aula dia 22.09.20

O processo conflitual é diferente da:

1. Aplicação direta do direito material comum, é aplicado independentemente de a relação


ser internacional. Mas se os estados se descartarem das normas de conflito e aplicarem
sempre o direito interno pode ter vários problemas
a. Desconsidera o direito internacional
b. Compromete a segurança jurídica internacional
c. Poe em causa a harmonia jurídica internacional.
2. Criação de direito material especial de fonte interna (Soluções Ad hoc) – direito
material especial de fonte interna aplicável a situações plurilocalizadas. Tem as mesmas
problemáticas do regime anterior, mas existe situações típicas desta solução de direito
internacional, exemplo, art. 54º nº2 do CC. As normas de direito material especial
podem ser:
a. Normas de aplicação dependente do sistema de direito dos conflitos (2223º do
CC ex vi 65º nº2)
b. Normas cuja aplicação resulta de normas de conexão especiais.

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3. Unificação internacional do direito material – Criação de DIrieto Material de fonte
convencional (principias autores CNUDCI e UNIDROIT). Os métodos de unificação
tradicionais, podem ser:
a. Uniformização (criação por fonte estadual de direito uniforme internacional,
independentemente da relação jurídica e cessa ou suspende o Direito Comum
domestico)
i. Convenção de genebra da:
1. Lei Uniforme em Matéria de letras e livranças
2. Lei Uniforme em Matéria de cheques
ii. Direito uniforme de fonte europeia
1. Regulamentos europeus em matéria de transporte aéreo
2. Regulamento europeu de transporte marítimo
b. Unificação (criação por uma fonte supraestadual de direito material unificado
que vigora para as relações internacionais ao lado do direito comum de fonte
interna).
c. Harmonização (estabelecimento de regras ou princípios fundamentais comuns)
i. Instrumentos:
1. Leis -Modelo
2. Diretivas
ii. Outros modelos
1. Princípios
2. Guias Jurídicos – modelos de contratos e clausulas gerais;
termos contratuais normalizados. As partes têm um modelo
contratual
d. Direito material especial optativo de fonte supraestadual (as partes podem optar
por usar ou não)
i. Convecção das nações unidas sobre contratos de venda internacional de
mercadorias
ii. Regulamento relativo ao agrupamento europeu de interesse económico

Assim quando ao modus operandi das normas de conflito:

 Privilegia uma conexão – que aponta par auma lei considerando a substância da relação
 A norma – como uma dupla função – delimita, por um lado, o quadro das questões de
direito em apreço e, por outro, designa o direito material aplicável. (art. 43º, 49º CC)

As normas de conflitos, estruturalmente podem ser:

 Elemento de conexão (elemento factual que esta a ser analisado na lei aplicável)

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 O conceito-quadro (delimita a matéria sobre ao qual versa a regra de conflitos).
 Estatuição (declaração de aplicabilidade das normas materiais da lei designada como
competente)

Fonte do direito das normas de conflito:

 Fontes internacionais
o Plano da ordem jurídica internacional
 Normas contidas em convenções internacionais de que Portugal é parte
vigoram na ordem jurídica como normas internacionais e normas de
conflito de Direito Derivado das organizações de que Portugal é parte.
o Plano da ordem jurídica estadual
 Costume internacional
 Tratados internacionais
 Jurisprudência internacional
 Princípios comuns aos sistemas internacionais
 Fontes da União europeia
o Plano da ordem jurídica da EU
 Direitos de conflitos contidos no TFUE – nomeadamente: art. 268º do
TFUE
o Plano da ordem juridcia dos estados membros
 Para alem das diretivas, foram adotados diversos regulamentos no
domínio do DIP, nomeadamente:
 Reg.864/2007 (ROMA 2)
 Reg.593/2008 (ROMA 1)
 Reg. 4/2009 (execução de decisões)
 Reg.1259/2010 (direito da família ect.)
 Reg.650/2012 (matéria de sucessões)
 Fontes Internas
o Lei Constituição da Republica Portuguesa: Art. 8.13 a 15. 87.99.100.
o Código Civil – 15 a 65 – 348.365.711.1651.2223.
o CSCom – art, 3º

Objeto e Função das normas de conflito

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 Normas de conflito bilaterais
o Para relações jurídica internacional de caracter internacional. Tem uma função-
dupla
 Determina o direito aplicável
 Quando remetem para direito material estrangeiro concedem-lhe um
titulo de aplicação na ordem interna (não sendo um processo de
receção), ainda que inseridas no seu sistema de origem incluindo para
efeitos de interpretação e integração (art. 23º)
o Normas de conflito unilaterais
 Em vez de elegerem um direito material ou outro, elas canalizam um
direito de conflito. Podem ser:
 Introversas – só elegem as normas internas
 Extroversas – só elegem as normas externas
 Tem como principal critica
 Não há ligação entre as normas materais e as normas de
conflito
 A determinação do direito aplicável obdece a valorações
autónomas que, ainda que possam ter nexos com as normas
materiais não perdem autonomia
 Só e concebível o argumento da harmonia se não se admitir o
reenvio
 Favorecimento do direito do foro
o Normas unilaterais especiais
 Podem ser de 3 tipos:
 Normas unilaterais que se encontram numa relação de
especialidade (art. 3º CSCom) e (art. 28 CC)
o 1º parte – norma bilateral: A sociedade tem como lei
pessoal a lei do estado onde se encontre situada sua
sede principal e efetiva da sua administração
o 2º parte – norma unilateral : A sociedade com sede
estatutária em Portugal não pode opor a terceiros lei
distinta da Portuguesa~
 Normas unilaterais relativas a questões parciais – tipicamente a
situação em que a validade de uma clausula contratual dica no
âmbito de uma norma cuja questão, em principio, estaria no
domínio da lei reguladora do contrato. (art. 35)

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 Normas ad hoc

Assim o nosso ordenamento conflitual é bilateralista, mas não puro, encontrando-se unilaterais

Aula dia 24.09.20 (troca de aula com DPI)

Caso Pratico 1-

António e Berta1, ambos com 14 anos, nacionais de Lesoto, casaram civilmente no Congo, há
cerca de 1 ano, onde residiam.

Depois do Casamento decidiram imigrar para Portugal, onde agora residem e querem ver
reconhecido o seu casamento. Admita que, tanto no lesoto como no congo o casamento é valido
e eficaz.

Quid Iuris

Passos para resolver:

1. Identificar a relação Jurídica


a. Saber se é ou não privada
i. No caso concreto, matrimonio, por isso é privada
2. Identificar se a relação é transfronteiriça
a. Se a relação for internacional ou não. (para poder aplicar direito
transfronteiriço é necessário que a relação seja transfronteiriça)
i. No caso concreto, temos as seguines ordens jurídicas em contacto
1. Quanto aos sujeitos:
a. Nacionalidade:
i. Lesoto
b. Residência Habitual (conexão movel CUIDADO)
i. Congo (onde casaram=
ii. Portugal (para onde imigraram)
c. Facto Jurídico
i. Congo

Agora temos mais do que um ordenamento jurídico chamado a colação, por isso, a relação
jurídica é internacional. Portugal é a lei do foro ( local onde a situação esta a ser analisa). Como
tem contacto com a ordem jurídica do foro, a situação é relativamente internacional. Agora
podemos utilizar o sistema de conflitos. Estamos perante um problema de validade substancial.

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A questão de direito que está a ser perguntada é sobre a validade substancial do casamento, e
agora podemos passar para a determinação da norma de conflitos. E, agora vamos ao CC, e
vamos analisar nas normas de conflitos.

Vamos ao artigo 49º do CC (que trata da validade do casamento, mas o 49 trata em específico
da validade substancial do casamento). Temos de fazer a subsunção no conceito quadro do art.
49º. O artigo 49º tem conexão com a lei pessoal, e para analisar a lei pessoal temos de analisar o
art. 25º, que nos remete para o art.31º nº1, que nos diz que a lei pessoal é a lei da nacionalidade,
e como tal, no caso concreto a lei da nacionalidade é a lei do Lesoto.

Esquema de reenvio em DIP:

1. L1 (lex fori) – lei do foro, lei do local onde a ação está a ser apreciada.
a. Portugal considera competente a lei da nacionalidade, por isso, surge a L2. Se
Portugal se considera-se competente não existia L2.
2. A lex fori considera competente a lei da nacionalidade.
a. Pode acontecer 2 coisas
i. A lei do lesoto é materialmente competente para resolver a questão?
1. Se o lesoto considerar que é a lei da celebração do casamento,
surge a L3
ii. A lei do lesoto considera o casamento valido ou invalido
3. A lei do lesoto remete para a lei do Congo. A lei do congo pode reenviar, ou pode
resolver a questão.

L1 L2 L3
Aula dia 24.09.20

Caso Pratico 2 –

Alberta, portuguesa, casou em Paria com Sancho, espanhol, sob o regime de comunhão de
adquiridos. Anos mais tarde o casal, que vivia em frança, mudou-se para Bruxelas e aí Sancho
cometeu adultério.

Aberta, tendo conhecimento da traição, deixa o marido e regressa a Portugal onde propõe contra
Sancho uma ação de divorcio.

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Admita que o ordenamento jurídico Francês e Espanhol consideram competente para regular
esta matéria a lei da nacionalidade do cônjuge que alega a violação de direitos conjugais e, por
sua vez, o ordenamento jurídico belga considera competente a lei da RH no momento da
celebração do casamento.

Quid Iuris

Resolução:

 Relação jurídica Privada


 Relação Juridica Internacional
o Sujeitos
 Nacionalidade
 Alberta: Portuguesa com residência em França, Belgica e
Portugal
 Sancho: Espanhol com residência em França e Belgica.

Por isso chamamos a colação os ordenamentos jurídicos Português, Espanhol, Frances e o


Belga.

 Facto jurídico
o Local do casamento: França
o Local do adultério: Belgica

A relação jurídica é relativamente internacional, porque tem conexão com a relação em 2 partes
(Residencia e Nacionalidade)

L1 (lex fori, ou seja a lei portuguesa) – o art. 55º remete para o art.52º que pelo nº2 manda
aplicar a residência habitual comum, mas devido as diversas residências habituais, a que
aplicaremos será a mais próxima do facto jurídico que deu origem ao divorcio, ou seja a belga.

L2 (belga) (lexdomicili) – Portugal vai perguntar a L2, o que faria se usasse as suas normas de
conflito. Neste caso concreto, seria a lei da residência habitual no momento da celebração, ou
seja, França.

L3 (França) (lexdomicili) – Portugal vai perguntar a L3, o que faria se usasse as suas normas de
conflito. Neste caso concreto, considera competente a lei da nacionalidade da autora da ação, ou

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seja, Portugal, ou seja, irá reenviar para L1. Este reenvio de L3 para L1, é um reenvio de retorno
à lex fori.

A lex fori considera competente L2, que por sua vez considera competente L3, que por sua vez
considera competente L1.

L1 ---------------------L2 -------------------------------- L3

Aula dia 25.09.20

Caso Pratico –

Carlos, espanhol, com RH em Vieira do Minho, viajou para Berlin nas ferias e ai alugou um
carro. Quando percorria um itinerário principal, em excesso de velocidade, acabou por se
despitar e embater contra o carro de Adelaide, cipriota, com rh em Lion. Do acidente resultaram
danos materiais em ambas as viaturas e, agora, Adelaide quer ser indeminizada pelos prejuízos
causados. Para o efeito propõe contra Carlos, nos tribunais portugueses, uma ação de
responsabilidade aquiliana.

1. O ordenamento jurídico francês considera competente para regular esta matéria a lei da
nacionalidade do lesante
2. O ordenamento jurídico alemão considera compete a lei da nacionalidade do lesado
3. O ordenamento jurídico cipriota considera competente a lei da RH do lesado
4. O ordenamento jurídico espanhol considera competente a lei do lugar onde ocorreram
os danos

Estamos perante uma violação do direito abs de outrem

Sujeitos:

 Carlos
o Espanhol

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o Residência em Portugal
 Adelaide
o Cipriota
o Residência em Lyon

Facto

 Berlin – O.Juridico- Alemão

Dano

 Berlin- O.Juri – Alemão

Estamos perante uma relação jurídica internacional, porque são chamados à colação vários
ordenamentos jurídicos.

Responsabilidade civil pela pratica de factos ilícitos

A lex-fori é Portugal

L1 – L2 – L3 – L4 – L5 – L2

A L1, remete pelo art.45 para a lei onde ocorreu o facto, ou seja, a Alemanha (L2)

A L2 remete para a lei cipriota (L3)

L3 considera competente a lei francesa (L4)

L4 considera competente a lei espanhola (L5)

L5 considera competente a lei alemã (L2)

Quando L1, faz o reenvio para L2, faz a referência material, pelo art. 16º, como tal, Portugal
apenas quer saber a resolução, não quer saber das normas de conflito. “a falta de preceito em
contrario” – é o art. 17 e 18

Aula dia 29.09.20 Teorica

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Os princípios subjacentes aos DIP:

Temos valores formais e valores materiais

Os valores formais:

1. Certeza e Previsibilidade (normas de conflito gerais e abstratas, suscetiveis de ser


conhecidas dos destinatários)
2. Harmonia jurídica internacional das soluções (relevância do direito de conflitos
harmonizado)

Os valores materiais:

1. Dignidade da pessoa humana


2. Igualdade
3. Adequação
4. Equilíbrio
5. Ponderação
6. Liberdade
7. Confiança
8. Bem comum

Considerando a função que o DIP revela, mormente a função dupla, a sua evolução tem sido no
sentido de uma certa materialização, designadamente na sua orientação material das normas e a
admissibilidade de soluções unilaterais que complementam o sistema do direito de conflitos de
base bilateral

A materialização poe em causa a autonomia do DIP e a harmonia jurídica internacional pelo que
só se admite quando a compreensão destes princípios se justifique. Quando se justifica? As
normas de conflito só devem ser materialmente orientadas quando manifeste tendência
internacional para a prossecução de determinada finalidade material.

E mesmo nestas situações até ao limite da compatibilização das exigências de certeza e


previsibilidade jurídica.

Situações como: favorecimento da parte mais fraca, situações de direitos das crianças

Sendo que, em qualquer caso, esta ponderação deve ser feita através da modelação, geral,
abstrata, das normas de conflito e não numa ponderação casuística.

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Esta ponderação implica a otimização e concretização dos valores e princípios do DIP.

Princípios do direito de conflito:

 Quanto à escolha das conexões relevantes


 As características gerais do sistema do Direito de conflito.

1. Princípios de conformação global do sistema


a. Harmonização jurídica internacional – o mesmo direito aplicado a qualquer
situação independentemente do tribunal competente
i. Para o efeito, o sistema de conflitos deve ter uma base bilateral, as
normas devem ser internacionalizadas, os elementos de conexão devem
atender a uma percetiva internacional, aceitar-se a devolução e sistema
de reconhecimento. Daqui decorre o principio da não transitividade – é
aquele em que os estados, não aplicam uma lei que não estejam em
contacto com a relação jurídica.
b. Harmonia material ou interna – unidade do sistema jurídico
c. Limitação do depecage ou splitting – limitar a que uma relação jurídica seja
dividida em partes, em que, cada uma daquelas partes seja regulada por uma lei
diferentes.
d. Principio da confiança – estabilidade ou respeito pela continuidade de situações
jurídicas (art. 28º).
e. Principio da efetividaee – também no sentido de maior proximidade ou conexão
mais estreita – art. 46 e 47
f. Princípio do favor negotti – favorecimento da solução que leva à validade dos
negócios jurídicos – art. 19 nº1, 36 nº2 e 65º nº1
g. Princípio da reserva jurídico material – a justiça da conexão cede perante a
justiça material quando estão em casua normas ou princípios supraestaduais e
aqueles que sejam fundamentais da ordem jurídica portuguesa: limites aos DIP
(reserva da ordem publica internacional.
2. Princípios de conexão – Principio da conexão mais estreita
a. Principio da maior ligação individual – o elemento de conexão deve exprimir
uma maior ligação ao individuo
b. Principio da maior proximidade ou efetividade – é o sitio onde é mais fácil
efetuar a prova.
c. Principio do favorecimento de pessoal merecedoras de especial proteção
d. Principio da autonomia da vontade

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i. Prevalece sobre a própria autonomia jurídica internacional. – art. 19º
nº2

Estrutura das normas de Conflitos

 Os elementos de conexão – que individualiza o direito a ser aplicado. Chamado de


‘’quid facti’’ já que estabelece a ligação da situação concreta a determinado
ordenamento jurídico.
 O conceito- quadro – enquanto objeto da norma de conflitos; constitui uma categoria
normativa para onde o elemento de conexão é operante; define o amvito de aplicação –
Vigora o principio da especialização

Classificação dos elementos de conexão

 Podem ser reais ou pessoais – consoante a situação se relacione com os sujeitos ou com
o seu objeto ou facto.
 Quanto à função – pode ser direta (elege diretamente o estado que quer), ou pode ser
indireta (quando não elege um direito material, mas um espaço)
o Conexões únicas
 Art. 30
 Art. 46
o Conexões múltiplas
 Subsidiarias – art, 52 – 53
 Alternativas – art. 36º nº2
 Cumulativas – art. 60º
 Combinadas – 49º
 Quanto à natureza
o Podem ser discritivas ou técnico-jurídico
 Quanto a modificalidade temporal
o A conexão pode ser movel ou imóvel, cujo conteúdo é invariável.

Os ordenamentos juridcos complexos

São ordenamentos juridocos onde vigora mais do que um direto material.

 Art. 20º CC
 Art. 19º Roma II
 Art.

Soluções:

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- quando o elemento de conexão aponta para um determinado lugar para u m determinado lugar
no espaço.

- a remissão é feita para o ordenamento estado soberano. – posição adotada.

Para o legislador comunitário:

Roma I e Roma II a remissão é feita para o sistema local.

Roma III, tem uma posição que depende das situações

Quando a remissão e feita para o ordenamento jurídico complexo do estado?

a. Se o ordenamento jurídico complexo resolver os conflitos de leis interna – esta e a


solução a adotar.
b. Quid se não houver este sistema?
a. Depende do elemento de conexão
i. Os ordenamentos juridcos se forem complexos por base territorial
1. O sistema de conflito interno do ordenamento jurídico
determina a lei aplicável
2. Não havendo sistema de direito interlocal – art. 20 nº2 – aplica-
se analogicamente o DIP e o recurso ao DIP unificado
3. Não o havendo – art. 20 nº2 – atende-se a lei da residência
habitual.
ii. Os ordenamentos jurídicos se forem complexos por base pessoal
1. O art.20 nº3 consagra a remissão para o ordenamento jurídico
complexo e são aplicadas as normas de direito interpessoal
2. Embora não exista, pode aplicar um sistema que cumpra o
principio da conexão mais estreita

Mas,

Só releva a RH dentro do Estado da nacionalidade:

 Quando se situe fora do estado – há uma lacuna – usa-se o princípio da conexão mais
estreita
o Nesta matéria, analogicamente, usa-se o art. 28º da Lei da Nacionalidade,
relativo ao concurso da nacionalidade. No caso de haver mais que uma
nacionalidade, aplica-se a nacionalidade mais estreita, ou seja, o estado que
tenha uma relação mais próxima.

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 Aplica-se a lei da RH mesmo que se situe fora do estado da nacionalidade.

Quando a conexão não seja a nacionalidade

- aplicamos analogicamente o art.20º, não aplica-se diretamente.

Aula dia 01.10.20 – Pratica

Resolução do Caso Pratico 4:

1. 1º- saber se a relação jurídica é privada:


2. 2- saber se a relação jurídica é internacional:
a. - Sujeitos: Comprador e vendedor
i. - Charles
a. - Nacionalidade: Ingles
b. - RH: Portugal
ii. - Richard
a. - Nacionalidade: Americano
b. - RH: Holanda
b. Objeto:
i. Tem uma conexão real, portanto é o que esta mais próximo do facto. O
objeto é dos Estados Unidos
ii. Ord. Juridi. Americano
c. Facto Jurídico
i. Lugar da pratica do facto
ii. Holanda

Temos uma relação jurídica relativamente internacional (lex fori em PT, que tem contacto com
a relação jurídica). O pricnipio da não transatividade garante que é aplicada a lei de um dos
ordenamentos juridcos em contacto com a relação jurídica.

Lex Fori – PT – vamos usar as nossas normas de conflitos

Conceito quadro – art. 46º - transferência de um dir real – e como se trata de um bem imóvel
aplica-se o nº1 – que remete para a lei do lugar da situação dos bens, que é o ordenamento
jurídico dos EUA. Os EUA, consideram-se competentes, visto que eles consideram competentes
a lei do Estado onde se encontra o imóvel, neste caso EUA

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L1 L2
Portugal EUA
Em principio L1, aplicaria o L2, mas no limite quer saber qual a lei competente mediante a
aplicação do sistema de conflitos norte-americano.

Como o art. 20 aplica-se para a nacionalidade para razoes pessoais, e como se trata de direitos
reais, não de pessoais, temos de aplicar analogicamente o art.20, e fazer uma interpretação
extensiva. O art. 20 nº1 é diretamente competente a lei do estado soberano, e afere-se

O art.46º foi baseado no principio da maior proximidade e, como tal, aplicando a interpretação
extensiva no art.20º, apesar de ser uma questão de estatuto real e não pessoal, o que significa
que o legislador quer a lei que tem contacto com a lei do estado onde a coisa se encontra. No
caso concreto, temos um caso de haver vários estados no mesmo país, o que significa que no
caso concreto, aplicamos a lei americana, e de acordo com o principio da maior proximidade,
será a lei americana do estado da Califórnia, devido a interpretação analógica do art. 20 com o
art. 46º.

Aula dia 06.10.20 – Teórica

A devolução ou reenvio – quando a norma de conflitos portuguesa remete para uma ordem
jurídica estrangeira esta pode considerar igualmente aplicável o seu direito material, mas, pode
não eleger o mesmo elemento de conexão, não se considera competente e remete para outra lei.
Neste caso surge o problema da devolução. O reenvio são todas as situações em que a Lex Fori,
elege determinado ordenamento jurídico, mas esse ordenamento jurídico não se considera
competente (L1- L2 ---- l3 ou L1- L2 ----- L1 (retorno à lei do foro)).

Os estados podem:

 Quando a referência se dirige ao direito material da lei – há uma referência material


 Quando a referência se faz também tenho

Pressupostos

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 A norma de conflitos do foro remete para uma lei estrangeira
 A remissão não se pode entender como referência material a essa lei
 A lei estrangeira não se considera competente.

É necessário sempre um L2, senão não existe um problema de reenvio.

A referência material, ao contrário das referencias globais, só atribuem competência a lei


estrangeira, á lei interna da lei estrangeira. Se fizer uma referência material, o estado é anti
devolucionista, o que significa que não é usado o sistema de conflito, mas sim o direito material,
ou seja o direito interno. Para haver uma referência global, significa que o estado pode usar toda
a sua lei, e por isso L2 pode usar o seu sistema de conflitos.

Verificados os pressupostos para devolução esta pode ser de dois tipos:

 Retorno de competência (reenvio de 1º grau) – reenvio para a lei do foro. (L1--- L2 ---
L1) – os ordenamentos jurídicos estrangeiros consideram competente a lei do foro.
o Retorno pode ser direito ou indireto
 Se for o ordenamento jurídico que a lei do foro elegeu a considerar a lei
do foro competente, é direto
 Se for o ordenamento jurídico que a L2 elege a considerar a lei do foro
competente, é indireto.
 Transmissão de competências (reenvio de 2 grau) - O DIP estrangeiro remete a solução
para outro ordenamento jurídico estrangeiro (L1---- L2---- L3 – que se considera
competente)
o Transmissão em cadeia
 L1---- L2---- L3--- L4---- L5------
o Transmissão com retorno
 L1 ---- L2 ---- L3 ---- L4 ---- L5 ---- L3

Soluções:

1. Tese da referência material – qualquer referência feita pela norma de conflitos deve ser
entendida como uma referencia material (não admitem o reenvio)
2. Teoria da referência global – a remissão da norma de conflitos para a ordem jurídica
estrangeira abrange o seu DIP (esta admite o reenvio). Esta pode ser de 2 tipos
a. Teoria da devolução simples: a norma de conflitos do foro abrange o DIP do
ordenamento jurídico estrangeiro, mas entende que a remissão operada pela
norma de conflitos estrangeira como referência material, automaticamente, ao
haver a devolução simples existe uma referência material.
1. L1(DS)--- L2 (R.M.) ---- L3 ----- L1. OU

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2. L1 (DS) ---- (RG) ---- L2 ----- (R.M.) ---- L1
ii. L1 deixa L2 usar o sistema de conflitos, e por isso, admite que L2 se
considera competente, mas se não se considera competente, a lei
competente será a que l2 considerar competente, e por isso a solução
pode ser a lei que L2 considera competente para o caso concreto.
b. Teoria da devolução integral ou dupla devolução – a lei decide a questão da
mesma forma que ela seria julgada pelo tribunal do país da ordem jurídica
designada. --- entregam a competência para que L2 o considere competente.
i. Um estado que faça uma devolução dupla o que a sua conexão
considerar.
1. L1 ---- L2 ---- L3 ---- L4 (aplica-se L4)

Portugal é por tendência bi-lateralista – pode eleger-se a si próprio,mas também pode aplicar lei
estrangeira. A regra é as referencias materiais. Pelo art.16º, por regra, Portugal não tem reenvio,
porque só faz referencias materiais, por faltar 1 dos pressupostos do reenvio. Salvo as exceções.

Aula dia 08.10.20

Caso Pratico nº5

Morreu na Grecia, sem filhos ou ascendentes sobrevivos, o Sr. Molla Sali, muçulmano de
nacionalidade grega, residente na grecia com a mulher, de nacionalidade turca com quem havia
casado em cumunhao de adquiridos, Istambul. Anos antes havia outorgado um testamento, em
atenas, a favor da mulher deixando-lhe ½ da herança. Molla Sali deslocou-se a Atenas para
outorgar o testamento uma vez que sabia que a lei da Sharia não considerava valido este
testamento e, apesar de muçulmano praticado, considerava a lei religiosa desadequada neste
âmbito e, sendo grego considerava que tinha o direito a optar pela lei nacional.

De acordo com a lei Islamica, são herdeiros obrigatórios , caso o de cujus não tenha
descendentes ou ascendentes , os colaterais em 2º grau que concedem com o cônjuge na 3º
classe de sucessíveis.

A Sr. Molla Sali, depois de ficar viúva, veio viver para Portugal e as duas irmas do marido
propõem nos tribunais portugueses uma acao com vista a declarar a invalidade parcial do
testamento, uma vez que consideram aplicável, in casu, a lei da sharia.

Admita que:

1. O ordenamento jurídico grego, quando no âmbito de relações sucessorias, é eleito pela


conexão da nacionalidade ou a residência habitual, do de cujus, admite a aplicabilidade

19
da lei da Sharia nas seguintes condições: o de cujus seja muçulmano e residente na
tracia ocidental.
2. De acordo com as regras de direito interpessoal, bem como as regras de DIP do direito
grego, não resulta qualquer regra relativa à escolha de lei, grega ou islamica, quando as
mesmas se apresentam em conflito positivo para regular a mesma relação controvertido.
3. O ordenamento jurídico grego elege como conexão o lugar da celebração do casamento
e pratica referencia material
4. O ordenamento jurídico turco considera competente a lei da ultima residência habitual
do de cujus, e pratica referncia material.

Estamos perante uma relação privada, internacional

Sujeito - Molla Sali – Grego, residente na Grecia

Beneficiario – Mulher – Turca, residente na Grecia (movel, a atual é PT)

Testamento – Grecia

Facto Jurídico do casamento – casaram em Istambul (Turquia)

A lex fori tem contacto com a relação jurídica, visto que a Sr. Molla Sali é residente em pt e a
lex fori.

Estamos perante um problema substancial do testamento.

Portugal é a lex fori.

Norma de conflitos: 63º, por interpretação extensiva do art. 63º.

Elemento de conexão: lei pessoal do autor ao tempo da declaração. (lei da nacionalidade)

O art. 63º --- art.25º --- art. 31º nº1 – a lei pessoal é a lei da nacionalidade, que é a lei grega.

L1: PT

L2: GRECIA

O ordenamento jurídico grego considera como conexão o lugar do casamento (turco)

L3: TURQUIA

20
O ordenamento turco considera competente a ultima residência habitual ou seja grecia (l2)

L1 ---------- L2----------------- L3 -------------- L2

A grecia e a turquia adotam referencias materiais, por isso nao admitem outra lei senão a lei da
sua conexão, portanto L2 aplica L3 e L3 aplica L2, e por isso não temos a harmonia jurudica
internacional.

Por isso, PT, aplica L2, porque para aplicar outra lei senão a da sua referencia material é a
harmonia jurídica internacional e, no caso concreto, não está atingida a harmonia jurídica
internacional, por isso PT, aplica a sua referencia material.

O ordenamento jurídico grego é um ordenamento jurídico plurilegislativo, por isso, de acordo


com o art. 20 nº3, que se pode aplicar diretamente, visto que apenas se aplica diretamente
quando se trata da lei da nacionalidade. De acordo com o art. 20 nº3, perguntamos ao direito
grego o que aplica, por isso, aplica-se a Lei da Nacionalidade, nomeadamente, o art. 28, que nos
diz que em caso positivo da lei da nacionalidade, deve-se escolher a lei da vinculação mais
estreita, e por isso, deve-se aplicar a lei grega, porque Molla Sali fez o testamento na lei grega, e
aplica-se a lei da nacionalidade, pela vontade da parte, e afasta-se o elemento religioso.

O que significa que o testamento é valido e eficaz, pela lei grega. Pela lei da sharia seria
invalido.

Caso Pratico 6

Maria e Justino, Portuguesa e Brasileiro, respetivamente, residentes no Senegal, casaram em


Paris durante umas ferias de verao. Neste pais outorgaram um documento em que
convencionram que, em caso de divorcio, elegem como lei aplicável a lei americana do Estado
da Carolina do Norte.

Justino pretente agora divorciar-se e propõe nos tribunais portugueses, país onde passou a
residir depois da separação de maria, a respetiva açao de divorcio subsumindo a matéria no
direito americano do Estado da Carolina do Norte.

Maria alega que, quanto a escolha de lei, o acordo não e valido e considera aplicável o direito
material senegalês

Imagine que,

21
 O estado da carolina do norte elege como conexão em matéria de divorcio a lei do lugar
onde o casamento foi celebrado e praticada referencia material. A mesma solução é
adotada pelo Senegal.
 O ordenamento jurídico francês, por sua vez, elege como conexão a lei da RH do casal
aquando do casamento e pratica refernecia material. A mesma solução e dada pelo
ordenamento jurídico brasileira.

Resolução

Questão civil internacional e privada

Justino

 BR
 Residente em SN e posteriormente PT
 Casamento em Paris FR
 Autonomia da vontade – EUA – CAROLINA DO NORTE (CN)

Maria

 PT
 Residente no Senegal
 Casamento em Paris PT
 Autonomia da vontade – EUA – CAROLINA DO NORTE (CN)

Ordenamentos jurídicos chamados: PT, FR, SN, EUA, CN

Cessação do vínculo conjugal (divorcio)

Desde que estejamos perante uma norma supletiva, prevalece o princpio da autonomia da
vontade como elemento de conexão.

Elemento de conexão: devido ao principio da autonomia da vontade, aplica-se o art. 41º e por
isso, a norma de conflitos e o art. 41, e por isso, o ordenamento jurídico é a dos EUA. Mas de
acordo com o art. 41º nº2, afasta a aplicabilidade do art. 41, porque não estão verificados os
requisitos do nº2. Por isso, regemos-nos pelo art. 55, por refenrecia ao art. 52, aplica-se a lei

22
nacional comum, mas como não existe, aplica-se a lei da residência habitual comum, por isso, a
lei do Senegal.
L1: PT
L2: SN

Por sua vez, consideram a lei do casamento foi celebrado FR


L3: FR

Por sua vez considera a residência habitual comum, remete para L2

Reenvio por transmissão de competências por retorno


Visto que tanto L2 como L3, fazem referências materiais, não atingimos a harmonia jurídica
internacional e por isso L1, ‘’esquece’’ a relação com L3 e faz referencia material em L2, por
regra do art. 16º, e por isso, a lei aplicável é L2.

Aula dia 13.10.20 Teórica

A posição portuguesa face ao reenvio

O ordenamento jurídico português é anti-devolucionista – art. 16º do CC. Mas tem exceções, no
caso de transmissão de competência e retorno.
A referencia das normas de conflitos, implica sempre que essa escolha se cinja ao direito interno
dessa lei (Referencia Material), e por isso é anti-devolucionista. Portugal pode admitir exceções,
o que significa que nos podemos ter uma posição devolucionista. Mas qual o tipo de devolução?
No art. 17º admite transmissão de competência, e no art. 18º reenvio com retorno.

A admissibilidade do reenvio depende da verificação de pressupostos:

 A existência de reenvio ou devolução (por transmissão ou retorno)


 A harmonia ou uniformidade extensiva à totalidade dos estados interessados
 Reenvio ou devolução é o meio necessário a alcançar a harmonia.

Portugal apenas toma a sua posição apos analisar a lei competente, e para que possa existir a
harmonia jurídica internacional. Ou seja, Portugal exceciona a sua posição quando existe um
reenvio, e que seja necessário o reenvio para atingir a harmonia jurídica internacional.

23
O art. 17 aplica-se para os casos de transmissão de competente.
O art. 18 aplica-se para os casos de reenvio por retorno à lei do foro.

O reenvio por transmissão de competência (art. 17)


O DIP da lei (estrangeira) designada pela norma de conflito portuguesa remete para outra lei
(estrangeira) e esta considera-se competente, é o direito interno desta que resolve o caso. O
art.17 nº1 tem uma interpretação extensiva para o princípio da harmonia jurídica internacional e
admite todas as possibilidades de transmissão de competência. Se estiver garantida a harmonia
jurídica internacional, Portugal admite o reenvio.
Mas o art. 17 nº2 é uma exceçao ao art. 17 nº1, e restringe o reenvio, nomeadamente em matéria
de estatuto pessoal (art. 25) em prol do cumprimento do princípio da maior ligação individual
desde que verificados dois requisitos:
1. L2 é a lei da nacionalidade
2. L1 é a lei do domicilio
Ou
2. O interessado reside em pais cujo as normas de conflitos considerem competente o
direito interno da sua nacionalidade

Ou seja, quando se verificam os requisitos do art. 17 nº2, e por isso aplica-se o art. 16º,
aplicando a lei mais próxima do individuo.
OU
Quando a lei da residência considera competente a lei interna do estado da nacionalidade.

Os requisitos do art. 17 nº2 são COMULATIVOS


A 2º parte do art. 17 nº2 refere-se às leis satélites.
A lei satélite é uma lei que não está no esquema de reenvio e que entra para se conseguir aplicar
a 2º parte do art. 17 nº2.

O art. 16 tambem pode ser aplicado por exceçao a excecao

Mantem-se, não obstante, nos termos do nº3 do art. 17º, o reenvio que tenha sido afastado pelo
nº2 em prol do principio da maior proximidade, assegurando o ‘’exequator’’ das decisões
tomadas, desde que verificado os requisitos cumulativos :
1. Matéria de estatuto pessoal relativa a tutela, curatela, relações patrimoniais entre
cônjuges, poder paternal, relações entre adotante e adotado e sucessões
2. A lei da nacionalidade elege a lei do lugar situação das coisas (imoveis)
3. Esta lei considera-se DIRETAMENTE competente
Portugal tem em conta 3 princípios:

24
1. Harmonia Juridica Internacional
2. Principio da maior ligação individual
3. Principio da maior proximidade

O art. 17 nº3 da lugar à manutenção do reenvio por força do principio da maior proximidade
E se L3 se achar competente indiretamente?
Quando L3 se acha competente indiretamente, não estão verificados os requisitos do nº3, e por
isso aplica-se o nº2 e não o nº3.

Aula dia 15.10.20

Posições:

L1 - - - - - L2- - - - - - - L3 - - - - - L4 - - - - - L5 - - - - - - L6 - - L6 manda aplicar L4

(DD) (DD) (RM) (DD) (DS) (RM)

L1 faz uma referencia global para L2, que por sua vez faz outra referencia global para L3. L3
por sua vez faz uma referencia material para L4 (teoricamente acabaria aqui, mas como L3 não
é a lei do foro temos de analisar qual seria a lei aplicável para analisar se existe ou não uma
harmonia jurídica internacional). L4 aplica uma dupla devolução e por isso deixa L5 aplicar
toda o sistema jurídico internacional. L5 faz uma dev. Simples e aplica a lei que a lei da
conexão que o estado elegido por ele escolhe, neste caso L6,e por sua vez L4

L1 – L2 --- L3- --- L4

A DEVOLUÇAO DUPLA ESPERA QUE A SUA CONEXAO RESOLVA O PROBLEMA

A DEVOLUÇÃO SIMPLES FAZ UMA REFERENCIA MATERIAL NA SUA CONEXÃO, E


UMA REFERENCIA MATERIAL NA CONEXAO DA SUA CONEXÃO.

CASO PRATICO DE REENVIO

25
A e B, casados entre si são senegaleses e vivem em milão. Durante umas feiras em aternas A foi
atropelada numa passedeira e teve um serio traumatistmo craniano o que acabou por levar à sua
morte um mês mais tarde. C, o condutor – portugues e com RH em Helsinquia – estava
visivelmente embriagado e fugiu do local do acidente, acabando por ser localizado mais tarde.

B, propõe nos tribunais portugueses, uma açao de responsabilidade civil contra C


peticionando uma indeminização pelo dano morte, no valor de 500 000 euros.

Admita que :

1. O ordenamento jurídico grego considera competente a lei da nacionalidade da lesada e


pratica devolução dupla

2. O ordenamento jurídico senegalês considera compretente a lei da RH da lesada e pratica


devolução simples

3. O ordenamento jurídico finlandês considera competente a lei da RH do lesante e pratica


dev dupla

4. O ordenamento jurídico italiano, por sua vez, é anti-devolucionista competente da lei da


RH do lesante.

Estamos perante uma relação jurídica internacional

Sujeitos:

 A
o Nacionalidade – Sem
o RH – IT
 B
o Nac – Sem
o RH – IT
 C
o Nac. PT
o RH- Fin

Facto:

Morte – Grecia

Dano Morte – Grecia

26
Relaçao Processual:

Lei do Foro- PT

Conceito Quadro – art. 45º

L1 (PT) – pelo art. 45º considera competente a lei do sitio onde foi praticado.

L2 (Grécia) – o ordenamento jurídico grego considera a lei da nacionalidade, por sua vez o SN.
Em relação ao reenvio faz DD. Aplica a lei que L3 aplicar. Por isso aplica L5.

L3 (SN) – considera competente a lei da RH, ou seja IT. Em relação ao reenvio faz DS. Faz
referencia global para L4,e referencia material para lei da conexão de L4, por isso aplica L5.

L4 (IT) – considera compente a lei da RH do lesante ou seja, FIN. Faz Referencia Material.
Aplica L5.

L5 (FN) – considera-se compente a ela própria.

Portugal é anti-devolucionista, mas como estão cumpridos os pressupostos para haver o reenvio.
No caso concreto, como estamos perante um reenvio por transmissão de competência, e por isso
aplica-se o art. 17, mas não se cumpre o nº1, mas através de uma interpretação extensiva do nº1,
visto que caso a interpretação rigorosa seria restritiva demais para o principio da harmonia
jurídica internacional e por isso pode haver a suscetibilidade de aplicação do nº1 para os demais
casos. Por isso L1 aplica L5. Não estão cumpridos os requisitos do art. 17 nº2 nem do nº3. Neste
caso PT vai ser devolucionista, e aplica o direito material de L5.

Aula dia 22.10.20 – O.T.

No âmbito de uma ação de separação judicial de pessoas e bens, discute-se o destino e a


titularidade da casa de morada de família dos cônjuges – Samira e Adbul, ambos de
nacionalidade iraquianos, com RH, desde que casaram em São Petersburgo , sendo que samira
regressou a Portugal depois de separação – situada em São Petersburgo.

A ação foi proposta nos tribunais portugueses onde está pendente.

Considere que,

a. O OJ Russo considera competente, quanto à titularidade da casa morada de família, a lei


da RH comum e pratica Referencia Material

27
b. O OJ Iraniano considera competente a lei do lugar da situação da casa de morada de
família e pratica devolução simples

Estamos perante uma relação jurídica privada e internacional (tem mais do que 1 ord jurídico)

Quanto aos Suj.

Samira

 Nac. – IR

 RH.- Russia – R

 RH (depois) – PT

Abdul

 Nac. IR

 RH. R

Objeto mediato (casa morada de família)

Russia

Temos uma relação jurídica de caracter internacional, e Portugal é a lex fori.

Conceito- Quadro – art. 55º nº1. Que remete para o art. 52º e a conexão é a lei nacional comum,
que neste caso é a IR

L1( PT)

L2 (IR)

O ordenamento jurídico iraquiano considera competente a lei do imóvel por isso a russia (L3)

L3 (R)

O ordenamento russo considera competente a lei da residência habitual comum, por isso
considera-se competente a ele próprio..

28
L2 aplica L3

L3 aplica L3

L1 aplica L3 (mas como se é anti-devolucionista? Art. 17º 3 pressupostos: 1º tem de haver


reenvio. 2º atingir a harmonia jurídica internacional. 3º o reenvio tem de ser o meio necessário
para atingir a harmonia jurídica internacional, por isso, no caso concreto, estão cumpridos os 3
requisitos para PT deixar a sua posição de lado. De acordo com o art. 17º nº1 como L3 se acha
competente, por isso, L1 aplica também L3, e por isso PT será devolucionista e aplicará o ord.
Jurídico Russo) (Mas, de acordo, com o nº2 do art. 17º, que é a excessao ao art. 17º nº1, tem 2
requisitos. O 1 requesito está cumprido, já quanto ao 2º também, por isso não estão verificados
os requisitos do nº2, por isso, aplica-se o art. 17 nº1.) (Já o art. 17 nº3 não se aplica, porque se
trata da aplicabilidade do art. 17 nº3)

Caso Pratico 2-

Relação Juridica de caracter privado, e internacional, visto que chama à colação vários
ordenamentos jurídicos.

Sujeitos:

Vendedor

 Nacionalidade : AL
 RH: Grecia

Comprador:

 Nacion: AL

Objeto:

 Localidade: PT

Aula dia 23.10.20

29
A diferença entre o art. 17 e o art. 18, é o tipo de reenvio, se é por transmissão (17) ou por
retorno à ordem jurídica portuguesa. Estes requerem a verificação de 3 pressupostos:

1. A existência de um reenvio (tem de existir L3 para que exista reenvio)


2. Todos os estados em contacto com o esquema de reenvio esteja de acordo em aplicar 1
única lei, ou seja, tem de se verificar a existência da harmonia jurídica internacional
3. O reenvio tem de ser o meio necessário para atingir a harmonia jurídica internacional.

Os requisitos são cumulativos.

O art. 17º prevê as situações em que existe reenvio por transmissão de competências. No art. 17º
nº1 é necessário fazer uma interpretação extensiva que pode levar ao reenvio por transmissão de
competência em cadeia, ou à transmissão de competências. Para a aplicabilidade da ultima parte
do art. 17 nº2, o legislador admite a existência de uma lei satélite, ou seja, a lei da residência
habitual não foi eleita como conexão no esquema de reenvio. A aplicabilidade do art. 17 nº2,
cessa a aplicação do art. 17 nº1 e remete para o art. 16 novamente. Mas pelo art. 17 nº3, apesar
de ser matéria de estatuto pessoal se, a conexão de L2, for a lei da situação dos bens imoveis e
esta se considerar competente, então Portugal, volta a não aplicar o art. 17 nº2, e
consequentemente, aplica o art. 17 nº1. Quer o 17 nº2 e o 17º nº3, têm interpretações literárias,
não admitem interpretações extensivas. Se a lei da nacionalidade for a mesma da lei do imóvel,
aplica-se essa lei.

O art. 18º prevê as situações em que existe reenvio por retorno. O DIP da lei estrangeira
designada pela norma de conflito portuguesa devolve ao direito interno português. Não
obstante, considerando a ratio legis do art. 18 nº1, e procura concordância alargada

Em matéria de estatuto pessoal em prol do cumprimento do principio da maior ligação


individual, só se admite o retorno se:

1. L1 é a lex domicili; ou
2. A lei da residência considera competente e o direito interno português.

Portugal só se admite aplicar-se em matéria de estatuto pessoal quando Portugal é a lex domicili,
ou a lei da residência considera competente o direito interno português.

Aula dia 27.10.20

Aulas de dia 01 de dezembro e dia 08 de dezembro vão ser dadas nos mesmos dias das 18h até
as 20:00.

30
No art. 17 nº2 o que acontece é a existência de um limite à posição portuguesa, nos casos de
haver em L2 a lei da nacionalidade.

No art. 18 – o reenvio por retorno, tem de existir uma devolução ao direito interno Português.
Numa interpretação literal do nº1 do art. 18 nº1, ficaria assim. L1 --- L2 ---- L1. Portugal só
aplica o art. 18, se TODOS OS ESTADOS EM CONTACTO concordarem em aplicar a lei do
foro. Alem disso tem de haver uma referencia material para a lei portuguesa. Os requisitos são
comulativos. Se for matéria do estatuto pessoal, tem mais requisitos, e aí Portugal só aceita o
reenvio SE, L1 for a lei da nacionalidade, OU, a Lei da RH também considera competente o
direito interno português. Tambem admite a aplicação de leis satélites.

Tambem existe casos em que Portugal volta a ser anti-devolutionista, nos casos do art. 19º, pelo
principio do ‘’favor negotti’’. De acordo com este artigo:

1. Pelo reenvio, nos termos dos art. 17 e 18, da lei designada, pelo sua aplicação, resulta a
invalidade ou ineficácia de um negocio jurídico
2. Asd

Verificados os requisitos do art. 19 nº1, não é admitido o reenvio, e por isso volta ao art. 16º.

No art. 19 nº2, em prol da autonomia da vontade, não a reenvio caso tenham sido as partes a
eleger a lei estrangeira que entenderem aplicar ao seu negocio. Excepto nos casos em que se
possa concluir que as partes fizeram, elas próprias, uma referencia global a lei escolhida. Neste
caso aplica-se novamente as regras em matéria de reenvio. Quando existe a escolha da lei
competente, geralmente, faz referencia material. O art. 19 nº2 aplica-se nos casos do art. 41 nº2.

Fraude à Lei

A princesa Bauffremont queria divorciar-se mas, à época, a lei francesa não admite o divorcio,
apenas a separação. A princesa, então, naturalizou-se no ducado alemão Saxe-Altemburgo e
valendo-se da nova lei nacional divorciou-se e casou-se. O caso Bibesco, como ficou conhecido,
foi julgado nos tribunais franceses que, valorando a conduta da princesa considerando nulo o
divorcio desta e o segundocasametno com o principe romeno Biesco.

A fraude à lei é um instituto consagrado, previso no art. 21º do CC – surge prno incipalmente no
domínio dos negócios jurídicos e apresenta-se como uma violação indireta de uma norma
proibitiva, através de uma fuga de uma ordem jurídica para outra. No art. 21 do CC constitui um
instrumento da justiça da conexão e um limite ética à autonomia da vontade.

31
A fraude a lei pode ser de 2 tipos

 Manipulação do elemento de conexão

Elemento da fraude à lei

 Elemento objetivo: manipulação do elemento de conexão ou internacionalização da


situação interna:
o Manobra defraudatoria
o Norma instrumento: norma de conflitos
o Norma defraudada: norma material afastada
 Elemento subjetivo ou volitivo: vontade de afastar uma norma imperativa que seria
normalmente aplicável. Importa a verificação de dolo cujo conhecimento incide sobre a
modelação do conteúdo do elemento objetivo.

Sanção

É irrelevante a manipulação do elemento de conexão ou internacionalização aplicando-se a lei


normalmente competente

Mas,

1. Só é sancionada a fraude à lei do foro? É aceite que deve ser aceite que a fraude a lei
estrangeira também deve ser sancionada.
2. Deve-se ter em conta, na fraude a lei estrangeira, a posição deste ordenamento jurídico
a. Para Ferrer Correia e Batista Machado não há distinção na sanção quando a
fraude a lei do foro ou a lei estrangeira
b. Para Isabel Magalhães Colaço:
i. A fraude a lei do foro é sancionada: art. 21.
ii. A fraude a lei estrangeira só e sancionada em 2 casos
1. A lei defraudada também sanciona a fraude
2. Embora não o faça, de acordo com o DIP do foro, esta em
causa um principio mínimo ético nas relações internacionais,
relacionando-se, neste caso, com a ordem publica internacional,
à luz da justiça da conexão.

Quanto ao âmbito, o que esta em causa – para efeitos de sanção – é a manipulação ou


internacionalização da situação que se torna irrelevantes, mas não os atos praticados. Ex. Um
portugues que se naturaliza Ingles, para afastar a sucessão legitimaria da lei portuguesa – é
irrelevante a manipulação mas o ato de naturalização não considerado para este efeito.

32
Para o teste sai até a Fraude à Lei (inclusive)

33
Aula dia 29.10.20

Caso pratico Reenvio

Mohamed e Said são cidadãos iraquinianos e vivem atualmente em Portugal.

Celebraram matrimonio no Irão – pais onde viviam os pais de ambos – em 1991, por procuração
outorgada a cada um dos seus progenitores masculinos nos termos da lei iraniana, prevê que ‘’
cada nubente se pode representar pro terceiro na celebração do casamento ‘’, sendo que, não
obstante, este ordenamento jurídico qualifica esta matéria como uma questão de validade
substancial do casamento.

A mesma solução jurídica é apresentada pelo ordenamento jurídico iraniano. Em Portugal


pretendem, agora, proceder ao registo civil deste matrimonio tendo se colocado

Admita que a lei iraniana considera competente para aferir a validade deste casamento, em
qualquer caso, a lei da nacionalidade comum e faz referencia material, enquanto que, o
ordenamento jurídico iraquiano, para aferir da validade deste casamento, em qualquer caso,
considerar competente a lei do lugar da celebração do matrimonio e faz referencia material.
Diga qual a solução material a aplicar caso concreto.

Resposta:

Questão jurídica privada e internacional

Sujeitos:

 Mohamed
o Nac. – Iraque (IR)
o RH - PT
 Said
o Nac. – Iraque
o RH- PT
 Pais
o RH – Irão

Questão – validade substancial

Conceito-Quadro – art.49º - elemento de conexão- Lei pessoal – lei da nacionalidade (art. 25)

34
L1(PT)

L2 (IR)

L2 – considera competente a lei do lugar da celebração do matrimonio, ou seja, o Irão.

L3(Irão)

L3 considera competente a lei da nacionalidade comum, ou seja, devolve para o Iraque.

L3 remete para L2

L2 faz referencia material para L2, e por isso, aplica L2, por sua vez, l2 aplica L3.

Como não existe harmonia, Portugal pelo art. 16º passa a ser anti-devolucionista, e aplicaria a
L2.

O conceito quadro do art. 49º aplica-se para a validade substancial do casamento, e o ord.
Jurídico iraquiano passa a ser competente para validar o caso concreto. Mas pelo art. 15º
podemos considerar competente o conceito quadro do art. 50º. O art. 50º considera compentete a
lei onde o ato foi celebrado. L2 passa a ser a lei iraniana. Que passa para a lei da nacionalidade,
ou seja, a lei iraquiana(l3). Como não existe harmonia jurídica internacional, não existe reenvio.
Alem disso, pelo processo da qualificação, não iremos aplicar o art. 50 pq a lei iraniana
considera que se trata de uma validade substancial e não validade formal, como tal o art. 50 não
se aplcia ao caso concreto, mas sim o art. 49º, e como tal a solução inicialmente aplicada pelo
art. 49º é a competente .

Caso Pratico 2 –

Discute-se nos tribunais portugueses a sucessão de Richard, inglês, com RH em Portimão e que
deixou, como único bem da herança a sua casa em Paris.

Richard, faleceu intestado em Espanha, e tem duas filhas a concorrer à herança, inglesas, e
com RH em França, e a mulher, Diana, portuguesa e residente com o de cujus, com que era
casado em segundas núpcias.

O OJ inglês considera competente para regular a sucessão a lei do lugar do falecimento e faz
devolução simples.

35
O OJ francês considera competente a lei lugar da situação do bem imóvel quando, em matéria
sucessória, se incluem aqueles bens e faz devolução dupla.

O OJ Espanhol considera competente a lei da RH dos descentes quando estes concorram à


sucessão e faz devolução simples.

Quid juris?

Relacao Juridica Internacional

Sujeitos:

 Richard
o Nac. Ing
o RH. PT
 Filhas
o Nac. Ing
o RH. FR
 Diana
o Nac. PT
o RH. PT

O âmbito da relação jurídica é a sucessão legal, ou seja, a sucessão mortis causa em que o
sucessor não praticou nenhum nefocio jurídico em vida para a sucessão dos seus bens.

Norma de conflitos – art.62

L1 (PT)

L1, considera competente a lei da nacionalidade (25 +31 nº2), portanto L2 ING

L2 (ING) – DS – Faz referencia global para L3 e referencia material para a conexão de L3 –


aplica L4

Por sua vez L2 considera comp a lei do lugar do falecimento (L3 esp)

L3 ESP – aplica L4

L3 considera competente a lei da RH L4 FR

36
L4 FR – considera-se competente

Temos harmonia jurídica internacional, e por isso, pelo art. 17 nº1, estão cumpridos os
requisitos para haver reenvio, portanto L1 aplica L4.

Mas, pelo art. 17 nº2, estão cumpridos os artigos do nº2, e por isso, PT volta a aplicar L2, pelo
art. 17 nº2 em remissão para o art. 16º

Mas pelo art. 17 nº3, visto que estamos perante um caso de estatuto pessoal, de sucessão por
morte, e apesar de L3 remeter para a lei do lugar do imóvel e parecendo estar verificado o 2º
requesito, mas visto que estamos perante uma conexão indireta. Mas visto que, não é possível a
intrepetação extensiva do art. 17 nº3, e por isso, não se aplica o art. 17 nº3, e por esse motivo,
continua-se a aplicar o art. 17 nº2 e consequentemente o art. 16 do Cod. Civil.

Como tal, o ordenamento jurídico aplicável no caso concreto é L2, pela posição anti-
devolucionista do art. 16º.

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