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11) DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA:

- Jurisdição voluntária é a função exercida pelo Estado, através


do juiz, mediante um procedimento, onde se solucionam
causas que lhe são submetidas sem haver conflito de
interesses entre duas partes (interessados).
- São exemplos de procedimentos de jurisdição voluntária:
notificação, interpelação e protesto; emancipação judicial
(idade mínima de 16 anos, quando um dos pais discorda ou
quando o menor estiver sob tutela); alienação judicial;
homologação de divórcio e separação consensuais;
homologação de extinção consensual da união estável;
homologação de autocomposição extrajudicial; alteração
consensual de regime de bens do matrimônio;
- Teorias que explicam a Jurisdição Voluntária:

• Teoria administrativista (majoritária): ao Poder


Judiciário são atribuídas certas funções em que
predomina o caráter administrativo e que são
desempenhadas sem litígio. O caráter predominante é de
atividade negocial, em que a interferência do juiz é de
natureza constitutiva ou integrativa, com o objetivo de
tornar eficaz o negócio desejado pelos interessados
(autoriza a venda de imóvel, homologa divórcio,
extinção de união estável; etc...). A função do juiz é,
portanto, equivalente ou assemelhada à do tabelião
(cartório), ou seja, a eficácia do negócio jurídico depende
da intervenção pública do magistrado.

Doutrina de Humberto Theodoro Jr., Frederico Marques e


outros: a jurisdição voluntária não é jurisdição, porque não há
lide a ser resolvida; sem lide, não se pode falar de jurisdição.
Não haveria, também, substitutividade, pois o que acontece é
que o magistrado se insere entre os participantes do negócio
jurídico para autorizar ou dar eficácia, não os substituindo.
Porque não há lide, não há partes, só interessados; porque não
há jurisdição, não seria correto falar de ação nem de processo,
institutos correlatos à jurisdição: só haveria requerimento e
procedimento. Porque não há jurisdição, não há coisa julgada,
mas mera preclusão.

• Teoria jurisdicionalista (minoritária): existe jurisdição sem


lide (veja julgamentos do STF no controle concentrado de
constitucionalidade); é atividade exercida por magistrado
(aspecto subjetivo é preponderante), de forma inevitável e
imparcial; Existe coisa julgada rebus sic stantibus;

Conduzida por doutrinadores tais como Calmon de Passos,


Ovídio Baptista e Leonardo Greco.
- Características da Jurisdição “voluntária”:
 Não há lide (pretensão resistida)
 a obrigatoriedade da intervenção judicial em muitos
procedimentos;
 Possibilidade de o juiz iniciar o processo de ofício em
alguns casos
 Possibilidade de julgamento por equidade

Veja o que diz o CPC:


Art. 723, Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar
critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a
solução que considerar mais conveniente ou oportuna.

 Participação do Ministério Público, como fiscal da lei,


quando houver interesse público ou de incapaz;

- Procedimento comum (padrão) da Jurisdição


voluntária:

- Legitimidade: O procedimento terá início por provocação do


interessado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública,
cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os
documentos necessários e com a indicação da providência
judicial.

- Petição inicial (requisitos básicos)

- Serão citados todos os interessados, bem como intimado o


Ministério Público, nos casos de interesse de incapaz ou de
interesse público, para que se manifestem, querendo, no prazo
de 15 (quinze) dias.

- O juiz julgará o pedido no prazo de 10 (dez) dias (celeridade);

ATENÇÃO: O juiz não é obrigado a observar critério de


legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que
considerar mais conveniente ou oportuna. (julgamento por
equidade)

- Da sentença caberá apelação.

 Teste seu conhecimento

Segundo o disposto no Código de Processo Civil, relativamente aos


procedimentos de Jurisdição Voluntária, é correto afirmar:
a) Procedimento de emancipação judicial não é de Jurisdição
Voluntária.
b) Sendo o procedimento de Jurisdição Voluntária, das sentenças
proferidas não cabe apelação.
c) O juiz é obrigado a observar critério de legalidade estrita, sob pena
de violação ao Princípio da Correlação entre pedido e sentença.
d) O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita,
podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais
conveniente ou oportuna.

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