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Vistos os autos

I - A parte autora postulou "a realização de perícia grafotécnica sobre o contrato de


empréstimo aqui questionado (cédula de crédito bancário nº 816957569). Tal pedido é
com o firme propósito de analisar a ocorrência de eventual fraude que vitimou a parte
autora e conforme já pleiteado na peça portal". Ademais, a parte autora referiu que as
assinaturas apostas nos contratos não são suas e postulou a produção de prova
pericial (ev. 21).
Conforme o Tema 1061, STJ: "Na hipótese em que o consumidor/autor impugnar a
autenticidade da assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo pela
instituição financeira, caberá a esta o ônus de provar a autenticidade (CPC, arts. 6º, 369 e
429, II)".
No corpo do voto do RECURSO ESPECIAL Nº 1.846.649, consta: "havendo impugnação
da autenticidade da assinatura constante de contrato bancário por parte do consumidor,
caberá à instituição financeira o ônus de provar sua autenticidade, mediante perícia
grafotécnica ou outro meio de prova".
Assim, com base nos arts. 357, inciso III e 373, do CPC e no entendimento do Tema
1061, STJ, o ônus de provar a autenticidade da assinatura é da parte ré.
Isso posto, como é seu o ônus de provar a autenticidade da assinatura, intime-se a parte
ré a fim de que, em 15 dias, diga se tem interesse na produção de algum meio de
prova para comprovar a autenticidade da assinatura.
Realço também que, ainda que haja inversão do ônus da prova (ev. 24), os efeitos de tal
inversão não têm o condão de obrigar a parte contrária a pagar as custas da prova
requerida pelo consumidor. Nesse norte:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. CABIMENTO. RECURSO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO QUE
INVERTEU O ÔNUS DA PROVA EM DESFAVOR DO BANCO E O CONDENOU AO
PAGAMENTO DA PERÍCIA. CDC. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. OBRIGAÇÃO DE
ADIANTAMENTO DAS DESPESAS.
1. "É cabível o agravo de instrumento nas hipóteses de distribuição judicial do ônus da
prova, seja nas situações em que há inversão autorizada pelo legislador (p. ex., art. 6º,
VIII, do CDC, combinado com art. 373, §1º, primeira parte, do CPC/15), seja com base na
cláusula aberta de distribuição dinâmica do art. 373, §1º, segunda parte, do CPC/15,
tratando-se de regras de instrução com as quais o julgador deve se preocupar na fase
instrutória. Precedente" (REsp 1802025/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, DJe 20/09/2019).
2. Ausente o prequestionamento, entendido como a necessidade de o tema objeto do
recurso ter sido examinado na decisão atacada, incidem, por analogia, os enunciados n.
282 e 356 da Súmula do Supremo Tribunal Federal.
3. "A inversão do ônus probatório não gera a responsabilidade da parte contrária
de custear as despesas decorrentes da realização de prova requerida pelo
consumidor. Precedentes" (AgInt no REsp 1537179/RS, Rel. Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, DJe 05/06/2020).
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp n. 1.910.768/PR, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 25/10/2021, DJe de 28/10/2021.)
Diante de todo o exposto, intime-se a parte autora para dizer se mantém interesse
na produção de prova pericial no prazo de 15 dias, advertindo-se que, no silêncio,
será presumida a desistência do pedido ev. 42.
II - Sobre a documentação acostada pela parte ré (ev. 43), intime-se a parte autora, nos
termos do §1°, art. 437, do CPC, para se manifestar no prazo de 15 dias.
III - No mais, sob pena de transcorrer o feito a sua revelia, intime-se a parte ré para que
acoste, no prazo de 15 dias, procuração atualizada, considerando que a atual se encontra
vencida desde 2022 evento 17, PROC5 .

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