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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

KEMILLY RAMOS DE MORAES

RA: 21586149

TURMA: 1° SEMESTRE

CAMPUS: MOOCA

HANNAH ARENDT

.. A FILÓSOFA POLÍTICA E SUA RELAÇÃO COM O DIREITO

SÃO PAULO

2021
KEMILLY RAMOS DE MORAES

HANNAH ARENDT

Trabalho em resposta de atividade para conclusão de


nota, apresentado ao docente José Guida Neto e á
Universidade Anhembi Morumbi.

SÃO PAULO

2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3

2 CONHECENDO HANNAH ARENDT: INTRODUÇÃO A VIDA ................... 4

3 FILOSOFIA E IDEOLOGIA DE HANNAH ARENDT.................................... 6

3.1 BANALIDADE DO MAL ..................................................................................... 7

4 O DIREITO E A JUSTIÇA NA VISÃO DE ARENDT .................................... 8

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 10

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 11


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1. INTRODUÇÃO

Hannah Arendt foi uma filósofa política alemã, com origem judaica que vivenciou os tempos
sombrios da perseguição nazista, estes que, momentos mais tarde viriam a se tornar elementos
fundamentais para suas pesquisas e obras.

Conhecida como uma das filósofas mais influentes do século XX, suas reflexões foram de
grande influência na época e também na ONU (Organização das Nações Unidas), em relação
aos Direitos Humanos.
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2. CONHECENDO HANNAH ARENDT: A VIDA DE ARENDT

Hannah nasceu em 14 de outubro de 1906, em Hannover, Alemanha.

Por ser filha única de família judaica não praticante, a jovem passou a ter mais contato com a
cultura judaica em sua juventude, por conta da ascensão do antissemitismo na Europa.

Em razão da doença do pai, este que sofria de sífilis, com apenas três anos Hannah voltou
com a família para Konigsberg, na Prússia, local de onde vinham seus antepassados.

Hannah recebeu ótima educação em razão da boa condição financeira dos pais. Depois da
morte do pai, em 1913, foi educada de forma bastante liberal por sua mãe, que havia estudado
por três anos na França e além de ter tendências sociais-democratas, estava destinada a educar
a filha segundo um ideal alemão estilizante.

Desde cedo Arendt se mostrou inteligente e politicamente ativa, chegando até mesmo a liderar
um boicote na escola quando tinha 17 anos, contra um professor que havia a insultado. Este
evento resultou na sua expulsão da instituição, por isso, Hannah Arendt preparou-se sozinha
para a universidade.

Nos círculos intelectuais de Konigsberg nos quais se criou, a educação de meninas era
comum. Através de seus avós, conheceu o Judaísmo Reformista.

Após abandonar a escola por problemas disciplinares, foi sozinha para Berlim por meio de sua
mãe, onde, mesmo sem haver concluído sua formação, teve aulas de teologia cristã e estudou
pela primeira vez a obra de Soren Kierkagaard.

Foi aprovada no exame de maturidade quando voltou para Konigsberg, em 1924.

Em meados de 1930, a situação politica na Alemanha já indicava o avanço do nazismo e


muitos começavam a ser presos e interrogados. Na mesma época, a filósofa casou-se com o
professor de filosofia Günther Stern e fugiu para Paris, sendo presa e interrogada por oito dias
pela Gestapo, pelo fato de ser judaica.

Com a ocupação nazista na França, a filósofa resolveu fugir.

Chegando á Lisboa, Hannah foi devastada pela noticia da morte de seu amigo Walter
Benjamin, este que se suicidara alguns meses antes ao não conseguir atravessar a fronteira
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entre França e Espanha com destino a Lisboa e havia enviado por segurança á Arendt e ao
marido,  Heinrich Blücher, o manuscrito das “Teses sobre a filosofia da história”, escrito no
início do ano anterior. Antes de ir definitivamente para Nova Iorque, onde viveu o resto de
sua vida, Hannah assumiu a responsabilidade de publicar o manuscrito de Benjamin nos EUA.

A filósofa permaneceu apátrida por 18 anos, conseguindo a cidadania estadunidense em 1951,


o que lhe permitiu lecionar em universidades. Foi enviada em 1961 afim de acompanhar o
julgamento de Adolf Eichmann, oficial alemão nazista que após viver quase vinte anos
escondido, foi capturado pelo Serviço Secreto Israelense e enviado a um julgamento em
Israel.

Em 1970, o marido segundo de Arendt, Heinrich Blücher, morreu. Hannah estava produzindo
sua obra de maior relevância, quando faleceu em dezembro de 1975, em decorrência de um
ataque cardíaco fulminante, semanas após seu aniversário de 69 anos.

3. FILOSOFIA E IDEOLOGIA DE HANNAH ARENDT


As influências intelectuais do pensamento de Arendt remontam a Sócrates e a questão da
filosofia como uma prática e uma atividade moral para permitir que a pessoa conviva consigo
mesma. Marcada pela perseguição nazista, pelo sofrimento com o antissemitismo e pela
situação apátrida, a pensadora sentiu-se obrigada a lutar politicamente em defesa do que
acreditava, e a estudar a fim de entender o totalitarismo, a questão dos direitos políticos e dos
Direitos Humanos, e os motivos que levaram a humanidade a tomar caminhos tão obscuros no
século XX.

Pode-se dizer que há um tema em comum em todas as reflexões de Arendt: a vida política.

Hannah Arendt considerou, em todo caso, que a adesão da população era um dos fatores
principais para a instalação de um governo totalitário. A ideologia seria o instrumento usado
para fornecer um sistema de explicações que tornava qualquer dissenção ou oposição nulas.

É ela que melhor caracteriza a capacidade do ser humano de começar algo novo, já que não há
restrições ou condicionamentos no resultado dessa ação. De acordo com Arendt, o lugar de
manifestação dessa ação é o âmbito publico.

3.1 BANALIDADE DO MAL

Um dos principais conceitos de Hannah Arendt é “Banalidade do mal”, conceito este que ela
chama de “desenraizamento” das experiências humanas em relação á realidade, da
amoralidade, da subserviência á ordens, do acriticismo.

O mal enraizado é aquele que, além de estar preso na pessoa, é fundamentado no ódio.

Por exemplo, a perseguição aos judeus poderia não ser praticada por questão de crença e de
princípios enraizados, mas sim por outros motivos, fora de ação ou contexto. Para Arendt,
Adolf Eichmann, oficia de baixa patente que foi julgado em Jerusalém, era o exemplo de mal
banal. 7

Arendt dizia que não se podia extrair profundidade diabólica ou demoníaca em Eichmann,
que ele era um sujeito comum que apenas cumpria e executava ordens advindas de uma
burocracia com hierarquias rigidamente estabelecidas.
Ao fim da obra, a filósofa coloca o fundamental para o entendimento do conceito, e diz que a
“hipótese de que o mal esteja intimamente relacionado com a ausência de pensamento naquele
que o pratica “ (Oliveira, 2012. P. 94)

4. O DIREITO E A JUSTIÇA NA VISÃO DE ARENDT

Para Arendt, a Justiça era sinônimo de legitimidade, e por este mesmo motivo a filósofa
questionava a lei, os princípios do Direito, as Normas Juridicas, o Estado e a Constituição que
rege as relações interpessoais.
A Justiça como equidade para Arendt contem elementos do julgamento, do pensamento e da
vontade, os quais levam a ação. Por isso, o conceito de Justiça no pensamento politico de
Arendt está vinculado á ética de responsabilidade.

“A igualdade de condições, embora constitua requisito básico da justiça, é uma das


mais incertas especulações da humanidade moderna. Quanto mais tendem as
condições para a igualdade, mais difícil se torna explicar as diferenças que
realmente existem entre as pessoas; assim, fugindo da aceitação racional dessa
tendência, os indivíduos que se julgam de fato iguais entre si formam grupos que se
tornam mais fechados em relação aos outros e, com isto, diferentes. “ (ARENDT,
1989, p. 76).

Para Arendt, a medida que a igualdade se torna um elemento de aceitação, ou não, algumas
pessoas passam a ter direitos iguais, enquanto que outras ficam á margem da sociedade.

A filósofa aponta que direitos, ou significa direito a ter direitos, ou não significa nada,
encaminhando assim sua ideia de direito e de direitos humanos para uma teoria da cidadania.

Para Arendt, direitos apontam para uma igualização jurídico-politica e não apenas jurídico-
formal, racial ou territorial. A ação e o juízo apontam uma compreensão dos direitos ligados á
capacidade de iniciar, de opinar, de fundar e agir em conjuntos.

Arendt aponta que ter direitos é ter poder.


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“Só percebemos a existência de um direito a ter direitos (e isso significa viver numa
estrutura onde é julgado pelas ações e opiniões) e de um direito de pertencer a algum
tipo de comunidade organizada, quando surgiram milhões de pessoas que haviam
perdido esses direitos e não podiam recuperá-los devido á nova situação politica
global [...]” (Arendt, 1990, p.330)

Para a filósofa, direito significa a possibilidade concreta de se organizar politicamente,


pertencer e decidir a respeito das questões relacionadas ao mundo comum.
A perspectiva que Arendt visa esclarecer é sobre o surgimento da ideia de direitos humanos.
Hannah Arendt aponta que os direitos humanos, conforme declarados no século XVIII,
trazem um problema já em fundamentação. Sua dificuldade está destinada em compreender
como a Europa pôde propor os direitos humanos e, ao mesmo tempo, permitir os campos de
concentração.

Segundo Arendt, a Declaração dos Direitos do Homem significou o prenúncio da


emancipação do homem. Dessa forma, esses direitos eram tidos ou mesmo definidos como
incessíveis, pois pertenciam ao ser humano onde quer que este estivesse.

O ponto de vista de Arendt não é europeu oficial, mas sim dos desnacionalizados, dos
refugiados e das minorias, visto que a filósofa foi apátrida por 18 anos de sua vida.

Ao final, sua reflexão ajudou a pensar os direitos humanos no interior da ONU (Organização
das Nações Unidas), bem como força uma reflexão sobre esses direitos.

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5. CONCLUSÃO

Ao final deste trabalho, podemos concluir que Arendt ainda é uma das filósofas mais
influentes da época de XX.
Sua defesa ao potencial de uma liberdade e igualdade politica que seria gerada entre as
pessoas, foi de grande valia para a sociedade em que vivemos hoje. E mesmo após anos de
sua morte, ela continua sendo estudada como filósofa. Grande parte se deve as suas
discussões criticas de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles e outros filósofos
importantes da filosofia atual.

Graças ao seu pensamento independente, Hannah Arendt tem um papel central nos debates
contemporâneos, firmando ainda mais o fato de ser uma das filósofas mais influentes, tanto na
época, quanto nos dias atuais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, Hannah. As Origens do Totalitarismo. Tradução: Roberto Raposo. São Paulo:


Companhia das Letras, 1990.
ARENDT, Hannah. As Origens do Totalitarismo. Tradução: Roberto Raposo. 1 Ed. 10
Reimpressão. São Paulo: Companhia Das Letras, 1989.

AGUIAR, Alves Odilio. Hannah Arendt e o Direito (Parte II): O Outlaw e o Direito a ter
Direitos. Scielo.br, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0100-512X2019000200403#B1

BRITO, Romolo Renata. Os Direitos Humanos na perspectiva de Hannah Arendt.


Dhnet.org.br, 2006. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/filosofia/arendt/brito_dh_hannah_arendt.htm

FREITAS, Jaccottet Gustavo. Existe um conceito de Justiça em Hannah Arendt? Saberes,


2014. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/4920-Texto%20do%20artigo-
15369-1-10-20141103.pdf

OLIVEIRA, Luciano. 10 lições sobre Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Vozes. 2012. P. 94.

OLIVEIRA, Marco. Hannah Arendt. Brasil Escola, 2021. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/biografia/hannah-arendt.htm

PORFÍRIO, Francisco. Hannah Arendt. Mundo Educação, 2021. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/biografias/hannah-arendt.htm#:~:text=Judia%20nascida
%20na%20Alemanha%2C%20Arendt,e%20%E2%80%9CA%20Condi%C3%A7%C3%A3o
%20Humana%E2%80%9D.

WIKIPÉDIA, Enciclopédia livre. Hannah Arendt. Wikipédia, 2021. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Hannah_Arendt

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