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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
LES0228 – Ética e Política

ANÁLISE DO TEXTO SELECIONADO PELO PROF. ANDRÉS FELIPE


THIAGO SELINGARDI GUARDIA

Andrey Santos Borborema NºUSP: 14558572

Piracicaba
Dezembro/2023

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1 INTRODUÇÃO
A análise do texto, para a disciplina de Ética e Política, selecionado foi o da autora
Hannah Arendt, com o tema “Responsabilidade pessoal sob a ditadura”. Sendo um texto que
aborda sobre o mal, na qual, não deve culpar apenas um indivíduo, mas o coletivo. Também,
como as pessoas entendem pouco sobre moral e o mal em si. Assim, ela analisa o caso do
julgamento de Adolf Eichmann, apresentado teorias para explicar o caso dele.

2 DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, Hannah Arendt argumenta que ocorreu uma controvérsia a respeito de
um relato, sendo sobre o julgamento que ela estava presente, no qual escreveu em seu livro
“Um relato sobre a banalidade do mal”. Esse julgamento foi sobre Adolf Eichmann, sendo
um participante do período nazista, no qual estava sendo réu pelas suas atitudes durante a
guerra. A controvérsia foi a respeito da perspectiva das teorias a respeito do mal, pela autora
não considerar plausível. Para a autora, não se pode julgar aquilo que não estava presente,
pois no caso de Eichmann, tomou atitudes, mesmo não sendo uma justiça moral, para poder
sobreviver naquele período.
Também, no momento em que pessoas tomam atitudes, disfarçando que não
entendem do assunto, “fingem tolice”, mesmo com pessoas inteligentes, significa que tem
algo de errado. Segundo a autora:

"Por trás da não-vontade de julgar, oculta-se a suspeita de que ninguém é um agente


livre, e com isso a dúvida de que alguém seja responsável pelo que fez ou de que se
poderia esperar que respondesse pelos seus atos” (ARENDT, 1964)

Assim, aborda que pessoas tomam iniciativas ou atitudes para evitar consequências,
seja por ordens de outras pessoas, por conta do medo de serem “descartadas”, ou por
quererem sobreviver, mesmo que envolva atos nada morais. Também, culpar uma pessoa sem
entender pelo momento em que se estava passando, como culpar Hitler, ignorando o período
histórico e como a Alemanha estava, seria ignorar todo momento e justificativa. A autora
também diz: “ A culpa não é de ninguém individualmente, mas do conceito coletivo”. Porém,
a atual sociedade julga apenas o indivíduo, responsabilizando por todos os atos e todas as
justificativas.

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Em segundo plano, a autora aborda sobre as questões morais, sendo como é
desconfortável ser confrontada e contrariada. Hannah Arendt, em sua juventude, aprendeu
que a moral seria o caráter das pessoas, no qual era um assunto pouco abordado. No entanto,
essas atitudes deixavam pouco claro ao avaliar uma pessoa. Mais tarde, perceberam como é
um assunto relevante e sério. Começaram a notar e perceber importância, por conta das
atitudes ocorridas durante a Alemanha, nos períodos das caças aos judeus, holocausto e
campos de concentração. Essas atitudes, levaram o mundo civilizado a observar com extrema
crítica, por violar todas as questões morais e jurídicas possíveis.
Para demonstrar a falta do conhecimento moral na época, foi discutido um exemplo,
sendo a respeito das questões de punição legal. Sendo para ela:

“Punição que é geralmente justificada por uma das seguintes razões: a necessidade
de a sociedade ser protegida contra o crime, a reabilitação do criminoso, a força
dissuasiva do exemplo de advertência para os criminosos potenciais e, finalmente, a
justiça retributiva” (ARENDT, 1964)

Essa frase, tem o intuito de refletir sobre como não é válido prender criminosos de
guerra, por não serem criminosos comuns, mas sim, pessoas que dificilmente repetirão os
mesmos crimes. Assim, as prisões, com o objetivo de reabilitar o indivíduo, não iria auxiliar
em nada, pois a sociedade não precisa ser protegida contra atos que provavelmente, não se
repetirão. Mesmo assim, a justiça moldada na sociedade, não tolera essas atitudes, logo, não
deixariam passar em branco.
Em relação para compreender a moral, prender-se apenas em normas e regras, não irá
auxiliar a compreender o outro, mas sim pelas experiências experimentadas. Assim, uma
faculdade humana, deve capacitar o indivíduo para julgar racionalmente. Com isso, ela
aborda sobre a responsabilidade, sendo:

“[...] Responsabilidade pessoal. Esse termo deve ser compreendido em contraste


com a responsabilidade política que todo governo assume pelas proezas e
malfeitorias de seu predecessor, e toda nação pelas proezas e malfeitorias do
passado.” (ARENDT, 1964)

Essa responsabilidade, retratando o exemplo de Napoleão Bonaparte, ao dizer que iria


assumir toda a responsabilidade pelos acontecimentos passados futuros da França. Sendo que,
seria um ato errado, por se culpar de não ter feito nada de errado ou ignorar todas as atitudes
realizadas.

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Mais tarde, Hannah Arendt relata sobre a teoria do dente de engrenagem, no qual,
seria uma teoria que envolve um sistema, cada pessoa é uma peça da engrenagem. Porém,
podem ser descartadas, por possuir outras pessoas que podem substituí-las. Também, mesmo
a pessoa recusando, não afetará o sistema ou a realização do ato. Com isso, em qualquer
período ditatorial, as pessoas tomam atitudes, mesmo sendo nada morais, para poderem
sobreviver na sociedade totalitária.
Sendo que, existem pessoas que representam peças maiores nas engrenagens, por
conseguirem manipular as atitudes dos outros. Assim, essas pessoas com “menores dentes”,
tomam as atitudes mais criminosas, por receberem ordens para realizarem. Com isso, essas
pessoas utilizam a desculpa de que, tomaram essas atitudes porque, se não fizessem alguém
teria feito.
Ao retornar sobre a história de Adolf Eichmann, retrata como os tribunais requerem
que o réu não tenha participado de crimes legalizados pelo governo, por se tornarem públicos.
Assim, essa pessoa adquire maior responsabilidade por seus crimes. Sendo segundo a autora:

“Pois a verdade simples da questão é que apenas aqueles que se retiraram


completamente da vida pública, que recusaram a responsabilidade pública de
qualquer tipo, puderam evitar tornar-se implicados em crimes, isto é, puderam evitar
a responsabilidade legal e moral” (ARENDT, 1964)

Assim, no julgamento de Adolf Eichmann, foi utilizado o argumento que ele tomou
atitudes com base nas ordens e orientações de seus superiores. Com isso, sendo atos
solicitados pelo Estados, isto é, envolvendo em uma vida pública, sendo que, pessoas com
vida não-pública, transmitiam a mensagem de recusar apoio aos superiores. Além disso, seus
atos de criminoso de guerra aconteceram, de acordo com a teoria do dente da engrenagem,
pela questão de que alguém tomaria e ele não queria ser descartado. Logo, foi uma pessoa
obediente e seguiu suas obrigações selecionadas, pelo seus superiores, para não causar
sentimento de relutância. Com isso, as pessoas seguem a engrenagem, para não serem
descartadas e seguirem as regras de seus superiores, como diz a seguinte fala:

“Se obedeço às leis do país, eu realmente apóio a sua constituição, como se torna
notoriamente óbvio no caso dos revolucionários e rebeldes que desobedecem porque
retiraram o seu consentimento tático” (ARENDT, 1964)

Portanto, Hannah Arendt finalizando retratando que refletir sobre a Ética, por conta das
atitudes de Adolf Eichmann, teriam que entender sobre a dignidade e honra dele, como
é
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importante as ordens com obediência por conta disso. O status humano é de grande
importância para a sociedade e sua visão para os demais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ARENDT, Hannah. Responsabilidade e julgamento. Trad. Rosaura Eichenbert. São Paulo: Companhia das
Letras, 2004, pp. 79-111.

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