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CURSO DE PSICOLOGIA

INTRODUÇÃO AOS PROCESSSOS PSICOSSOCIAIS

Prof.ª Tatiane Pecoraro

ALISSON VICENTE – RA: 00200393

JÉSSICA MENEGHETTI – RA: 00214271

JULIANE MAIESKI – RA: 00216067

COMO O MAL HABITA EM NÓS

FRANCISCO BELTRÃO

Abril/2023
Hanna Arendt desenvolveu o conceito da banalidade do mal o qual
utiliza como exemplo Adolf Eichmann (um oficial nazista responsável pela
deportação de judeus europeus para campos de concentração) e seus atos
condenáveis. A autora em seu livro “Eichmann em Jerusalém” aponta que a
condição humana relacionada a banalidade do mal, parte de uma reflexão
sobre o que estamos fazendo no mundo, como por exemplo:

Como é possível que, no século XX, os homens convivam com um


mal como o nazismo, (...). Pensando nos campos de extermínio
nazistas, que mataram milhões de pessoas por motivos banais, como
entender que foram tão poucos os que a eles se opuseram
(SOARES, 2016).

Deste modo, Hanna interpreta Eichmann como um ser banal que


buscava a sobrevivência, executando ordens e buscando o lucro, alheio ao que
a organização nazista e ele próprio causaram, diferentemente da visão
monstruosa que a acusação no julgamento buscava denunciar. Apesar disso,
as ações de Eichmann não se caracterizaram como “[...] dimensões da vida
ativa, como o trabalho e a ação; trabalho, como construção de um mundo, e
ação, como o que permite que esse mundo seja melhor” (SOARES, 2016), e
sim de uma série de atos desumanos que causaram morte e sofrimento a
milhares de pessoas.

Com isso, “banalidade do mal” significa recusar o caráter humano ao


negar o processo de reflexão e as consequências dos atos infringidos, optando
por não pensar criticamente. É possível visualizar que indivíduos pertencentes
a este processo renunciam a existência de problemas sociais e, em alguns
casos, se agarram a cultura individualista. Arendt não compreende a
banalidade do mal como um acontecimento isolado, mas sim como um
conjunto de fragilidades do mundo contemporâneo, o qual se faz presente, por
exemplo, quando ignoramos a ética em relação aos direitos humanos e/ou leis,
contribuindo com as formas de desumanização.

Na psicologia este assunto apresenta-se de maneira clara no que diz


respeito às experiências de vida dos indivíduos. Estas alteram seus
entendimentos e moldam seus comportamentos que posteriormente são
reproduzidos nas mais diversas situações vivenciadas. Desta forma, através do
fragmento “Psicologia da violência ou a violência da Psicologia” podemos
afirmar que a banalidade do mal no indivíduo pode ser percebida, por exemplo,
em atos bárbaros que são reproduzidos por pessoas que de algum modo foram
multiladas por experiências de vida brutais e neste cenário foram
desamparadas em seu sofrimento em que certamente foram vítimas, assim
suas ações são reflexos dessas vivencias que foram tomadas como verdades
para si.

E é neste contexto que a função do psicólogo assume papel importante,


avaliando com uma visão geral todo o cenário do indivíduo sem colocar
nenhuma forma de juízo sob suas ações, mas de apenas compreender as
motivações que resultaram em determinada atitude. Tal conduta deve ser
seguida para que o psicólogo não se corrompa diante de sua própria
banalidade do mal, deixando que experiências individuais sirvam como
parâmetros para avaliar e definir ações relacionados a outro indivíduo.
Referências:
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade
do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
MELLO, S.L; PATTO, M.H.S. Psicologia da Violência ou Violência da
Psicologia?. Em Debate Psicologia USP. São Paulo: v. 19, n. 4, 2008.
SOARES, M. A Condição Humana e a Banalidade do Mal. Professor
Manuelito Soares, 20 de outubro de 2016.

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