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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFMG

CURSO DE GRADUAÇÃO E BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO


INTRODUÇÃO AO DIREITO

O JULGAMENTO DO MAL: UMA ANÁLISE SOBRE OS MONSTROS CEGOS


DE HANNAH ARENDT.

Ana Carolina Santos Alves1


Maria Clara Braga Carvalho
Willian do Prado Freire

ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal.


Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

O livro “Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal” escrito por Hannah
Arendt, é uma obra que busca analisar e compreender o julgamento e a personalidade de Adolf
Eichmann, um dos principais responsáveis pelo extermínio dos judeus durante o regime nazista na
Alemanha. A autora, uma das mais importantes filósofas políticas do século XX, busca entender
como um indivíduo aparentemente comum pode cometer atos tão cruéis e desumanos.
A obra começa com uma contextualização histórica sobre o regime nazista na Alemanha e
a implementação da Solução Final, o plano de extermínio dos judeus europeus. Arendt descreve a
figura de Adolf Eichmann como um burocrata eficiente e obediente, responsável pela organização
e logística desse plano. Contrário à imagem de um monstro sedento por sangue, Eichmann é
retratado como um homem medíocre, sem grandes habilidades intelectuais, que busca se destacar
e receber reconhecimento através da submissão à ordem e à hierarquia.
O ponto central do livro é a noção de “banalidade do mal”, cunhada por Arendt. Ela defende
que os crimes cometidos por Eichmann e outros nazistas não foram resultado de uma maldade
extrema ou perversão, mas sim de uma obediência cega à autoridade e à lógica burocrática.
Eichmann, segundo a autora, era um homem comum, sem uma personalidade excepcionalmente

1 Acadêmicos de Bacharelado em Administração


má, que simplesmente seguia ordens e cumpria o seu papel como um funcionário obediente do
Estado. Esse fenômeno é denominado por Arendt como a “banalidade do mal”.
Arendt critica a maneira como o julgamento de Eichmann foi conduzido em Jerusalém,
sobretudo pela forma como a acusação buscou retratá-lo como um monstro sem qualquer traço de
humanidade. A autora argumenta que essa tentativa de tornar Eichmann um exemplo da maldade
absoluta era equivocada e não permitia compreender adequadamente os mecanismos de
funcionamento do regime nazista e dos seus colaboradores.
Outro aspecto importante discutido no livro é o papel da sociedade alemã na ascensão do
nazismo. Arendt ressalta que os atos cometidos pelos nazistas não foram resultado apenas de um
pequeno grupo de fanáticos políticos, mas também de uma população que, em sua maioria, aderiu
ou consentiu com as atrocidades do regime. A filósofa ressalta a importância de se analisar o papel
da sociedade como um todo, compreendendo os fatores sociais, econômicos e políticos que
possibilitaram a ascensão do nazismo e influenciaram o comportamento de seus seguidores.
No decorrer do livro, Arendt também faz uma análise sobre a natureza do mal e a
responsabilidade individual. Ela argumenta que é necessário reconhecer que os atos cometidos por
Eichmann e outros nazistas foram conscientes e intencionais, mesmo que tenham sido justificados
por ideologias distorcidas. A autora enfatiza a importância de se promover uma reflexão ética e
moral a fim de evitar a repetição de tragédias semelhantes no futuro.
Além disso, Arendt critica o papel da burocracia como instrumento do mal. Ela argumenta
que a burocracia, ao se tornar um fim em si mesma, desconsidera a ética e a moral, permitindo que
atos cruéis sejam justificados por se enquadrarem nos parâmetros da lei e da ordem estabelecida.
A filósofa destaca que a obediência cega às ordens superiores e a falta de senso crítico são
características fundamentais da burocracia que podem levar a consequências devastadoras.
Em uma primeira análise, vale ressaltar, que no julgamento de Eichmann em Jerusalém, a
acusação buscou retratá-lo como um monstro sedento por sangue, sem qualquer traço de
humanidade. A autora argumenta que essa tentativa de demonização de Eichmann é equivocada e
impede uma compreensão mais profunda dos motivos por trás de seus atos. Arendt defende que
Eichmann era um homem comum, medíocre e sem grandes habilidades intelectuais, que buscava
reconhecimento e ascensão social através de sua submissão à ordem e hierarquia do Estado.
O conceito central apresentado por Arendt no livro é o da “banalidade do mal”. Ela
argumenta que os atos cometidos por Eichmann e outros nazistas não foram fruto de uma maldade
extrema ou de uma perversidade inata, mas sim de uma obediência cega às regras e normas
estabelecidas pelo regime. Eichmann não questionava a moralidade de suas ações, apenas seguia
ordens e cumpria seu papel como um funcionário do Estado. A autora chama atenção para o perigo
desse tipo de obediência acrítica e da falta de individualidade e responsabilidade moral que isso
implica.
Arendt discute também o papel da burocracia na perpetração dos crimes nazistas. Ela
argumenta que a eficiência burocrática do regime permitiu a implementação da Solução Final de
forma organizada e sistemática. Através de uma divisão de tarefas e uma lógica burocrática
impessoal, os nazistas foram capazes de eliminar milhões de judeus sem uma necessidade direta
de violência física. Arendt chama atenção para a responsabilidade coletiva dos burocratas que
participaram dessa máquina de morte, e critica a tendência humana de se esconder por trás da
desculpa de apenas estar cumprindo ordens.
Outro ponto abordado no livro é o papel da sociedade alemã na legitimação e
implementação dos crimes nazistas. Arendt discute como a propaganda e a manipulação da opinião
pública contribuíram para a aceitação e o apoio popular às políticas do regime. Ela enfatiza a
importância da responsabilidade individual e coletiva na resistência à opressão e aos atos
desumanos.
Além disso, Arendt critica a atuação dos líderes judeus durante o Holocausto, destacando
sua colaboração com os nazistas na administração dos guetos e na organização do transporte dos
judeus para os campos de concentração. Ela argumenta que a falta de organização e resistência
efetiva desses líderes contribuiu para a escalada dos crimes cometidos contra o próprio povo judeu.
O livro também aborda a relação entre o Estado e o indivíduo, a natureza da justiça e a
importância da reflexão crítica como forma de resistência ao totalitarismo. Arendt critica a
tendência da sociedade de se preocupar apenas com a obediência às leis e normas estabelecidas,
em detrimento de uma avaliação ética e moral das mesmas. A autora argumenta que a verdadeira
liberdade individual e a responsabilidade moral exigem uma constante reflexão sobre nossas ações
e uma disposição para desafiar autoridades e convenções quando estas violam a dignidade humana.
Em resumo, “Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal” é uma obra
que busca entender os motivos por trás dos atos cruéis e desumanos cometidos por Adolf Eichmann
durante o regime nazista na Alemanha. Hannah Arendt argumenta que esses atos não foram
resultado de uma maldade excepcional, mas sim da obediência cega a uma lógica burocrática e à
autoridade do Estado. Através do conceito da “banalidade do mal”, a autora chama a atenção para
os perigos da conformidade e da falta de questionamento crítico. O livro também discute o papel
da sociedade, dos líderes judeus e da burocracia no Holocausto, bem como a importância da
responsabilidade individual e da reflexão ética como formas de resistência ao totalitarismo.
Em suma, “Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal” é uma obra que
busca compreender os mecanismos de funcionamento do nazismo e o papel desempenhado por um
indivíduo como Adolf Eichmann. Hannah Arendt argumenta que a crueldade e os atos desumanos
cometidos durante o regime nazista não são fruto de uma excepcionalidade moral de alguns
indivíduos, mas sim de uma obediência cega a uma lógica burocrática e uma falta de senso crítico
por parte da sociedade como um todo. A autora enfatiza a importância de uma reflexão ética e
moral para evitar a repetição de tragédias semelhantes e questiona o sistema judicial na busca pela
justiça em casos de crimes contra a humanidade.

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