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O “homem na cabine de vidro”: réu, tudo não passava de um golpe de azar, pois

tinha sido um bom cidadão, porém num Estado


monstro ou palhaço? 1
Marcelo Andrade assassino. Sorte teria, em sua lógica, um bom
(Professor da PUC-RJ) cidadão num Estado justo.
De fato, Eichmann era um cumpridor de
A personalidade de Adolf Eichmann foi seus deveres; não se corrompia nem
um dos pontos mais controvertidos enfrentados desrespeitava as normas vigentes; cumpria com
por Hannah Arendt, que o considerava um novo eficiência o seu dever: encaminhar de maneira
tipo de criminoso, um hosti humani generis eficiente milhares de judeus para a morte.
(inimigo do gênero humano), participante de um Hannah Arendt, ao enfatizar essas características
novo tipo de crime: assassinatos em massa num do réu, procurava demonstrar a construção de
sistema totalitário. Esse novo tipo de criminoso uma personalidade condicionada e tem
só pode ser entendido a partir de uma nova motivação aparente e, por isso mesmo, capaz das
profissão: o burocrata. Para um burocrata, a maiores barbaridades. “Eichmann [...] realizou o
função que lhe é própria não é a de exercício da livre escolha como se fosse um
responsabilidade, mas sim a de execução animal condicionado, não agiu espontaneamente
(Correia, 2004, p. 93). Daí a reiterada afirmação ou tomou iniciativa, ele evitou a
burocrática: eu só cumpro ordens. responsabilidade e não julgou. Ele agiu como se
Esse foi o principal argumento de fosse condicionado” (Kohn, 2001, p. 14). Outro
Eichmann: “Não sou o monstro que fazem de traço marcante do réu era o seu apego às regras
mim. Sou uma vítima da falácia” (Arendt, 1999, de bom comportamento, mostrando-se
p. 269). O advogado de defesa trabalhou com a envergonhado e constrangido diante da
hipótese de que “sua culpa [de Eichmann] lembrança de pequenos deslizes ou
provinha de sua obediência, e a obediência é desobediências. Mesmo que as desobediências
louvada como virtude. Sua virtude tinha sido significassem salvar vidas humanas, Eichmann
abusada pelos líderes nazistas. Mas ele não era ficava visivelmente constrangido em admiti-las
membro do grupo dominante, ele era uma (Souki, 1998, p. 93).
vítima, e só os líderes mereciam punição” (idem, Esses aspectos da personalidade de
ibidem). Obviamente, os juízes, a promotoria, a Eichmann levaram Hannah Arendt a se
imprensa nem Arendt estavam convencidos do convencer de uma das afirmações do acusado:
argumento, mesmo que ele possa parecer ele não era um monstro. Ao contrário, era um
plausível num primeiro momento. homem comum. E o mais assustador:
Eichmann apresentou-se como um homem tão comum quanto muitos outros. “O problema
virtuoso – “minha honra é minha lealdade” de Eichmann era exatamente que muitos eram
(idem, p. 121) – e seu único erro teria sido o de como ele, e muitos não eram nem pervertidos,
obedecer ordens e seguir leis, pois ele sempre nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e
tomou o cuidado de agir conforme assustadoramente normais” (Arendt, 1999, p.
determinações superiores, comprovadas pelas 299).
normas legais (idem, p. 109). Eichmann agia Esta é a tese central da autora com o
dentro dos restritos limites que as leis permitiam conceito de banalidade do mal. Arendt recusou
e supostamente não entendia porque naquele de maneira firme qualquer explicação do
tribunal era acusado de ser um criminoso. Para o nazismo que derivasse do comportamento moral
dos indivíduos ou da sociedade alemã. Entender
1
Parte do Artigo “A banalidade do mal e as possibilidades a personalidade daquele oficial nazista foi
da educação moral: contribuições arendtianas” publicado fundamental para Arendt negar qualquer
na Revista Brasileira de Educação v. 15 n. 43 jan./abr. ontologia ou patologia como teorias explicativas
2010
para o mal cometido.
entanto, ela preferiu trabalhar com essa hipótese
Há alguns anos, em relato sobre o julgamento de ao invés de considerá-la infame ou peça de
Eichmann em Jerusalém, mencionei a “banalidade cinismo. Eichmann poderia muito bem ser
do mal”. Não quis, com a expressão, referir-me a
apresentado como um burocrata dócil e um
teoria ou doutrina de qualquer espécie, mas antes a
algo bastante factual, o fenômeno dos atos maus, assassino eficiente.
cometidos em proporções gigantescas – atos cuja
raiz não iremos encontrar em uma especial O governo nazista seria uma organização
maldade, patologia ou convicção ideológica do burocrática cuidadosamente estruturada para
agente; sua personalidade destacava-se unicamente absorver a solicitude do pai de família na realização
por uma extraordinária superficialidade. (Arendt, de quaisquer tarefas que lhe fossem atribuídas e
1993, p. 145) para dissolver a responsabilidade em procedimentos
de extermínio em que o perpetrador de um
A normalidade de Eichmann assustou assassinato era apenas a extremidade de um grupo
de trabalho. O pai de família, que despertaria em
Arendt e colocou-a em busca de outros modelos nós admiração e ternura em sua concentração no
explicativos para o mal, para além do interesse dos seus, em sua consagração firme à
determinismo histórico e da distorção ideológica mulher e aos filhos, em sua solicitude, preocupado
do nazismo, negando as teorias do mal como basicamente com a segurança, teria se tornado um
patologia, possessão demoníaca, determinismo aventureiro. (Correia, 2004, p. 87)

histórico ou alienação ideológica. “Por trás desta


expressão não procurei sustentar nenhuma tese A tarefa de Eichmann era organizar as
ou doutrina, muito embora estivesse vagamente deportações de judeus, levando-os diretamente
consciente de que ela se opunha à nossa tradição para os campos de concentração. Era conhecido
de pensamento – literário, teológico ou filosófico como um especialista na questão judaica.
– sobre o fenômeno do mal” (Arendt, 1995, p.
O homem Eichmann era o perfeito instrumento para
5).
levar a cabo a “solução final”: organizado, regular e
Assim, Arendt inicia um longo percurso eficiente tal qual a empreitada de que ele estava
para demonstrar que o mal não pode ser encarregado. Na sua função de encarregado de
explicado como uma fatalidade, mas sim transporte, ele era normal e medíocre e, no entanto,
caracterizado como uma possibilidade da perfeitamente adaptado ao trabalho que consistia
em “fazer as rodas deslizarem suavemente”, no
liberdade humana. Nesse sentido, ela demonstra
sentido literal e figurativo. Sua função era tornar a
o descompasso entre a personalidade comum do “solução final” normal. [...] Eichmann representava
réu e as dimensões monstruosas do mal por ele o melhor exemplo de um assassino de massa que
perpetrado. Eichmann não era um monstro, ainda era, ao mesmo tempo, um perfeito homem de
que os resultados de suas ações fossem família. (Souki, 1998, p. 92)

monstruosamente macabros. Segundo psicólogos


e sacerdotes que examinaram Eichmann, o seu Outra característica do réu chama a atenção de
comportamento “não é apenas normal, mas Hannah Arendt: a sua linguagem, mais
inteiramente desejável”, “um homem de ideias especificamente a dificuldade de se expressar
muito positivas” (Arendt, 1999, p. 37). Essa era a espontaneamente e os clichês.
revelação inesperada sobre aquele homem na
Clichês, frases feitas, adesão a códigos de
cabine de vidro. Ele não era só normal, mas um expressão e conduta convencionais e
bom pai de família, um filho exemplar e um padronizados têm função socialmente
irmão dedicado. reconhecida de nos proteger da realidade, ou
A ideia de burocratas assassinos como seja, da exigência do pensamento feita por todos
dedicados pais de família era – e ainda é – uma os fatos e acontecimentos em virtude de sua
mera existência. Se respondêssemos todo tempo
constatação difícil de ser aceita. Hannah Arendt a esta exigência, logo es taríamos exaustos;
confessou diversas vezes que ficou perplexa com Eichmann se distinguia do comum dos homens
essa realidade (Arendt, 1993, 1995, 1999). No unicamente porque ele, como ficava evidente,
nunca havia tomado conhecimento de tal no ponto mediano desses contrastes, isto é, o
exigência. (Arendt, 1995, p. 6) burocrata, comum, normal, banal e superficial. A
percepção de que Eichmann era um homem
Eichmann admitia suas dificuldades de comum, de superficialidade e mediocridade
expressão:“Minha única língua é o oficialês” aparentes, deixou Hannah Arendt atônita, ao
(Arendt, 1999, p. 61). Hannah Arendt, avaliar a proporção do mal por ele cometido. É a
ironicamente, registra “a luta heroica que partir dessa percepção que ela formula a sua
Eichmann trava com a língua alemã, que concepção de banalidade do mal.
invariavelmente o derrota” (idem, ibidem).
Através do caso Eichmann, aprendemos “a lição
da temível banalidade do mal, que desafia as
palavras e o pensamento” (idem, p. 274). No seu
repertório de frases feitas, Eichmann escondia-se
O mal sem motivos, sem raízes,
na incomunicabilidade com o pensamento alheio. sem explicações
Ele era incapaz de pensar e entender o ponto de A controvérsia que Hannah Arendt traz
vista do outro (Kohn, 2001, p. 14). “Sua mente para o campo do pensamento moral passa, sem
parecia repleta de sentenças prontas, baseadas dúvida, pela afirmação de que o mal é algo
em uma lógica autoexplicativa, desencadeada em banal. O tema fica ainda mais complexo porque
raciocínios dedutivos, mas que, todavia, ela abandona a consagrada formulação kantiana
andavam em descompasso com o percurso da de mal radical, defendida anteriormente.
própria realidade” (Assy, 2001a, p. 139). As
dificuldades de Eichmann com a fala Hannah Arendt discutiu o ineditismo do
despertaram a ironia de Hannah Arendt (idem, p. problema do mal no século XX em As origens
do totalitarismo, em termos do mal radical.
67): “Apesar de todos os esforços da promotoria,
Subsequentemente retomou o tema do
todo mundo percebia que esse homem não era ineditismo do mal na vigência do totalitarismo
um ‘monstro’, mas era difícil não desconfiar que na sua análise do caso Eichmann, expondo a sua
fosse um palhaço”. “De minha parte, estava visão sobre a banalidade do mal. (Lafer, 2003,
efetivamente convencida de que Eichmann era p. 187)

um palhaço: li com atenção seu interrogatório na


Hannah Arendt formula um novo
polícia, de 3.600 páginas, e não poderia dizer
conceito e contraria uma tradição consolidada no
quantas vezes ri, ri às gargalhadas!” (Arendt,
pensamento moral da qual ela se considerava
1993, p. 137). No entanto, Arendt (1999, p. 67)
profundamente devedora. Lafer (idem, p. 188) e
estava convencida de que “era essencial que ele
Souki (1998, p. 133) afirmam que há mais
fosse levado a sério”.
complementaridade do que oposição entre a
Afinal, quem era o homem naquela
concepção de mal radical discutida em As
cabine de vidro? Bom cidadão, leal, obediente,
origens do totalitarismo e a novidade da
responsável, eficiente, regular, organizado,
banalidade do mal apresentada em Eichmann em
burocrata, comum, banal, superficial, incapaz
Jerusalém. A meu ver, há evidências de que
para o pensamento, acrítico, condicionado,
Arendt realmente abandona a concepção
desolado, desagregado, deslocado, fracassado,
kantiana, ainda que recuse uma condição de
frio, não emotivo, calculista, vaidoso, ambicioso,
teoria ou doutrina para o seu novo conceito. Isso
medíocre, mentiroso, cínico, pervertido, sádico,
fica claro na carta em resposta às críticas de
inimigo do gênero humano, encarnação do
Sholem:
nazismo, assassino ou monstro? São muitas as
características que se poderia atribuir a
É, sim, a minha opinião agora que o mal nunca
Eichmann. De um polo a outro, Hannah Arendt é radical, que é apenas extremo e que não tem
enfatiza as marcas de caráter que se encontram nem profundidade nem sequer uma dimensão
demoníaca. Apenas o bem tem profundidade e Esse abismo entre a gravidade dos atos e a
pode ser radical [...]. De fato você tem razão, eu superficialidade das motivações a leva a cunhar
mudei de opinião e não falo mais de mal radical.
um novo significado para a banalidade (Assy,
(Arendt apud Souki, 1998, p. 101)
2001b). Lechte (2002, p. 206) afirma que a
O objetivo deste artigo não é analisar os banalidade do mal se tornou uma das mais
movimentos que levaram Arendt a essa mudança famosas conceituações arendtianas, porque
conceitual. O que importa é registrar que Hannah conseguiu perceber que o ineditismo do mal
Arendt estava convencida de que o mal não tem efetivado pelo nazismo era, além de monstruoso,
banal e burocrático e, ao mesmo tempo,
raízes, não tem profundidade. O mal “é como um
fungo, não tem raiz, nem semente” (Kohn, 2001, sistemático e eficiente. Assy (2001a, p. 87) e
p. 14), mas espalha-se sobre uma superfície Souki (idem, p. 12) também concordam que,
específica, a massa de cidadãos inaptos para a diante do mal como fenômeno surgido a partir da
capacidade de pensar e incapazes de dar experiência totalitária, burocraticamente
significado aos acontecimentos e aos próprios eficiente, Hannah Arendt é levada a pensar sobre
atos (Assy, 2001a, p. 152). Em Eichmann em um mal sem precedentes e desconhecido. Para
Jerusalém, o mal não é radical, mas pode ser esse mal, não há modelos nem padrões –
extremo; ele é superficial, ainda que suas políticos, históricos, teológicos, psicológicos ou
consequências sejam incalculavelmente filosóficos – de entendimento. “Todavia nem
desastrosas e monstruosas (Souki, 1998; Assy, sequer temos uma palavra para o que estamos
2001b). nos referindo” (Arendt apud Assy, 2001a, p. 88),
É importante notar também que a registrou em manuscritos de 1966. No entanto,
banalidade do mal está circunscrita a um tipo de ela estava consciente do “desamparo que os
personalidade, tipificada em Eichmann. “Ele não juízes experimentaram quando se viram
era particularmente estúpido, nem moralmente confrontados com a tarefa de que menos podiam
insano, nem criminosamente motivado, nem escapar, a tarefa de entender o criminoso que
ideologicamente antissemita, nem em qualquer tinham vindo julgar” (Arendt, 1999, p. 299).
sentido psicologicamente ‘anormal’” (Kohn, Hannah Arendt estava diante de um
fenômeno inédito e para isso procurou cunhar
2001, p. 15). Eichmann não é um assassino
convicto. O mal encontrado nele é banal porque um novo modelo de entendimento. Assim, ela
não tem explicação convincente, não tem inicia, por força de tantas reações, vários
motivação alguma, nem ideológica, nem esclarecimentos. Vale a pena aqui retomar ao
patológica, nem demoníaca. Por isso, Hannah menos dois: 1) a banalidade de Eichmann não
Arendt diz-se “vagamente consciente” (Arendt, significa a sua inocência; e 2) banalidade não
1995, p. 5) de que seu novo conceito contradiz significa normalidade.
nossa tradição de pensamento sobre o fenômeno Primeiro, a expressão banalidade do mal
do mal. não quer ser uma justificativa para as
monstruosidades de Eichmann nem significa que
A questão do mal não é, assim, uma questão Arendt negligencie a imputabilidade do réu
ontológica, uma vez que não se apreende uma (Assy, 2001b). Hannah Arendt estava
essência do mal, mas uma questão da ética e da convencida de que Eichmann era responsável
política. [...] O problema do mal sai, pelos seus crimes e deveria ser punido. Ao
verdadeiramente, dos âmbitos teológico,
descrever Eichmann como banal, ela não visava
sociológico e psicológico e passa a ser focado
na sua dimensão política. (Souki, 1998, p. 104) torná-lo menos imputável, “não estava buscando
isentá-lo dos atos ilícitos que efetivamente
O novo conceito de Hannah Arendt cometeu, mas compreender o tipo de
apresenta um mal sem inspiração própria, porém mentalidade que poderia contribuir para o
não menos monstruoso em suas consequências. surgimento de indivíduos como ele” (Correia,
2004, p. 95). O conceito de banalidade não quer Grandes massas de pessoas constantemente se
abrir precedentes para uma suposta inocência do tornam supérfluas se continuamos a pensar em
nosso mundo em termos utilitários. [...] Os
réu, mas tão somente entender um fenômeno.
acontecimentos políticos, sociais e econômicos
Segundo, banalidade não quer significar de toda parte conspiram silenciosamente com os
algo sem importância, tampouco algo que possa instrumentos totalitários para tornar os homens
ser assumido como normal. Em sua resposta a supérfluos.
Sholem, Hannah Arendt afirma que banalidade
não significa uma bagatela nem uma coisa que se Para além da defesa do argumento de
produza frequentemente (Souki, 1998, p. 103). Arendt, não há como negar que o conceito de
Arendt distingue banal de lugar-comum (Assy, banalidade do mal revela a sua imprecisão ao
2001a, p. 143). Lugar-comum diz respeito a um lidar com um fenômeno surpreendente.
fenômeno que é comum, trivial, cotidiano, que
acontece com frequência, com constância, com O “conceito” de banalidade do mal, apesar de
todo o seu valor polêmico, parece não ter sido
regularidade. Banal, por sua vez, não pressupõe
devidamente delimitado, não deixando, por isso,
algo que seja comum, mas algo que esteja de ter valor filosófico. Ele parece estar em uma
ocupando o espaço do que é comum. Um ato posição particular na obra da autora e, por sua
mau torna-se banal não por ser comum, mas por fertilidade e valor polêmico, se mostra mais
ser vivenciado como se fosse algo comum. A provocador de reflexão e definidor de questões
fundamentais do que propriamente um conceito
banalidade não é normalidade, mas passa-se por
formalizado. A nosso ver, esta particularidade
ela, ocupa indevidamente o lugar da não diminui o valor do conceito, mas o ressalta
normalidade. “O mal por si nunca é trivial, na sua fecundidade. (Souki, 1998, p. 105)
embora ele possa se manifestar de tal maneira
que passe a ocupar o lugar daquilo que é
comum” (Assy, 2001a, p. 144).
Mas como o mal pode tornar-se banal?
Como a monstruosidade dos assassinatos em
massa puderam tornar-se fatos corriqueiros,
trivializados, como se fossem comuns? Como o
mal pôde ocupar o lugar da normalidade e
esconder o seu próprio horror?
Para responder a essas questões, recorro a
duas características que Arendt aponta para a
sociedade de massas: a superficialidade e a
superfluidade. Podemos esclarecer, ainda que de
maneira breve e preliminar, que o mal se torna
banal porque os seus agentes são superficiais e
suas vítimas são consideradas supérfluas.
“Quanto mais superficial alguém for, mais
provável será que ele ceda ao mal. Uma
indicação de tal superficialidade é o uso de
clichês, e Eichmann era um exemplo perfeito”
(Assy, 2001a, p. 145). Quanto à superfluidade da
vida humana, Arendt (1989, p. 510) afirma que
este tem sido um fenômeno decorrente do
sentido extremamente utilitário das sociedades
de massa:

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