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PEDRO DA FONSECA
I N S T I TU I Ç Õ E S D I A L É C T I C A S
INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBRI OCTO
POR
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
1964
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
J. M. da Cruz Pontes — Estudo para uma Edição Crítica do Livro da Corte Enpe-
rial. 1957.
SÉRIE DE FILOSOFIA
dológico. 1963.
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
PUBLICAÇÕES DO INSTITUTO DE ESTUDOS FILOSÓFICOS
PEDRO DA FONSECA
INSTITUIÇÕES DIALÉTICAS
POR
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
1964
PREFACIO
até ao segundo quartel do século XVII p or mais de meio
cento de edições, o texto latino das Instituições Dialécticas
de Pedro da Fonseca volta de novo a p ublicarse, precisa
mente quatro séculos dep ois, acomp anhado de tradução
em língua portuguesa.
Ao p romover esta acurada edição bilingue, o Instituto
de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Univer
sidade de Coimbra quis, não só p restar a homenagem devida
ao mais p rofundo p ensador p ortuguês, no quarto centenário
desta obra de p rojecção universal, mas também servir a
nossa cultura, em sua comp reensão histórica, sua vivência
actual e sua dimensão prospectiva.
O p ensamento, no p lano da p ura racionalidade e, por
tanto, no domínio da Filosofia, é objectivo, intemp oral e
atóp ico, mas a genuína cultura de um p ovo está sempre
enraizada num substrato de tradições que, em sua trans-
finitude diacrónica, constituem a matriz da sua própria
individuação. Por isso, uma nação como a portuguesa,
em gestação continuada durante oito séculos, herdeira,
aglutinadora e sup eradora dos mais diversos estratos cul
turais, tem necessidade de vivificar as suas raízes colectivas
e de rep ensar as constantes da sua existência p ara forta
lecer as razões da sua permanência e da sua unidade.
Ora, se últimamente se tem manifestado interesse pela
comp reensão e valorização da cultura p ortuguesa, o certo
é que, para além de tentativas animadas pelos mais louváveis
e resp eitáveis afectos, urge ap rofundar o conhecimento his
tórico sobre o nosso p assado cultural e discernir o que
nele é verdadeiramente rep resentativo do p ensamento filo
sófico.
Nessa emp resa de revivescência e comp reensão exacta
de urna Filosofía p ortuguesa, ocup a lugar singularíssimo
a obra de Pedro da Fonseca. A ép oca em que surgiu e se
difundiu em toda a Europ a culta foi de larga renovação
da vida e da mentalidade em Portugal: ap ogeu e declínio
da nossa exp ansão no mundo, abrangendo a crise em que
desabrochou p lenamente uma autêntica consciência nacio
nal, manifestada no esp irito que animou a feliz Restauração,
foi também um p eríodo de p rofunda, transformação huma
nista, no dominio do saber e da esp iritualidade. O movi
mento cultural dos séculos XVI e XVII, enquadrado na
renascença escolástica p eninsular, rep resenta o que há de
mais significativo como criação do génio p ortuguês, tanto
no camp o da Filosofia e da Teologia, como no do sentimento
religioso e das formas literárias de exp ressão. Antes e
dep ois surgiram obras de p ensadores desgarrados. Porém,
se a Filosofia, como a Ciência, além de criação pessoalista,
XII
é fruto de uma escola e de uma circunstância cultural,
só em referência ao movimento da Escolástica Renovada
se pode falar, propriamente, de uma Filosofia portuguesa.
Sem os largos horizontes da reforma pedagógica empreen
dida pelo génio político de D. João III, não seria possível
a escola conimbricense nem o clima doutrinal onde ger
minou a obra de Fonseca.
Só apreciada na totalidade, esta obra nos desvela a
sua densidade filosófica: à luz dessa perspectiva de con
junto, avulta uma das mais vigorosas expressões do renas
cimento escolástico-humanista do aristotelismo e a mani
festação de um pensamento original, profundo e coerente,
quer dizer, de um autêntico sistema de Filosofia. Esse
pensamento exerceu penetrante influência no surto da renas
cença escolástica peninsular, designadamente em básicas
posições doutrinais do Doutor Exímio, mas ainda hoje,
para além do seu interesse historial, mantém a mesma
força inspiradora da reflexão, de modo que será impossível
restaurar a Ontologia, como pretendem tantos pensadores
dos nossos dias, sem repensar as doutrinas lógicas e meta
físicas dos dois grandes mestres conimbricenses — Pedro da
Fonseca e Francisco Suárez.
Assim, a análise e compreensão dos Institutionum
Dialecticarum Libri Octo — que, não sendo a mais pro-
XIII
funda, é a mais acabada das obras de Fonseca — não podem
desp renderse dos quatro tomos Commentariorum in Libros
Metaphy sic orum Aristotelis Stagiritae — obra p rima de
erudição e vigor de pensamento — nem da Isagoge Philo
sophica. Não é, p orém, este o lugar e o momento de
exp or as ideias filosóficas de Pedro da Fonseca ou de ana
lisar o conjunto da sua obra.
As Instituições Dialécticas rep resentam um momento
culminante dentro de uma tradição continuada. Há, com
efeito, duas constantes na história da Filosofia em Portugal:
a reflexão ético-p olítica e a investigação lógica. A pri
meira, decorrente de circunstâncias sócio-culturais; a segunda,
dos quadros p edagógicos do p aís. Só o facto de a Lógica
ter sido urna discip lina ensinada nas escolas portuguesas,
desde a Idade Média aos nossos dias, exp lica a continuidade
multissecular dessa investigação. Que essa inclinação para
um domínio restrito da investigação filosófica nada tem a
ver com um p endor natural da gente p ortuguesa, prova-o
a circunstância de logo ter surgido a esp eculação meta
física semp re que foi estimulada p or reformas pedagógicas.
Caso exemp lar é p recisamente o dos Comentários de Fon
seca à Metafísica de Aristóteles.
Actualmente, as Instituições Dialécticas podem ser apre
ciadas segundo um ângulo diverso daquele que logo deter-
XIV
minou a fortuna da sua difusão nas escolas europeias.
Foram então acolhidas com entusiasmo porque apresentavam,
a um tempo, uma sistematização lúcida e acabada dos temas
contidos no Organon aristotélico e uma compreensão actua
lizada das posições lógicas do perípato, à luz da tradição
escolástica. Mas hoje interessa-nos menos a clareza didác
tica com que sistematiza e comenta as diversas formas
da argumentação, isto é, a perfeição com que expõe a teoria
dos silogismos — objecto dos livros VI, VII e VIII que
ocupam mais de metade da obra — do que as posições de
Fonseca sobre alguns aporemas lógicos que tanto Aristó
teles como a escolástica desvalorizaram e que, no seu desvio
formalista ou apof¿íntico, a Lógica moderna desprezou.
Assim, o que está hoje vivo na Lógica de Fonseca são
as suas argutas discriminações metodológicas; é a reflexão
sobre os termos, de tanto interesse para o lógico como para
o gramático; é a analítica dos conceitos, que renovou,
erguendo-a à sua dignidade filosófica; é a determinação
das relações entre conceito, juízo e raciocínio, reveladora
da unidade noética do universo lógico; é o reconhecimento
de que a verdade e o erro não estão no juízo, como alguns
pensavam, e depois dele pensaram Suárez ou Descartes,
mas primàriamente no elemento conceituai, o que permite
fixar os limites entre a Lógica e a Gnoseologia; é a des-
XV
vinculação ontológica do elemento copulativo do juízo e a
feição intelectualista das suas posições, que permitem inte
grar a analítica dos pensamentos como disciplina inicial
de um sistema filosófico. Mas a actualidade de Fonseca
está ainda nisto: admitindo a prioridade do conceito, em
relação ao juízo e às formas dianoéticas do pensamento,
e admitindo, dentro do universo dos conceitos, a priori
dade do singular ou individual, em relação ao universal e
abstracto, fornece a mais sugestiva inspiração para reno
var a investigação lógica e, com ela, toda a Filosofia.
Constituindo uma integração superadora de correntes
escolásticas anteriores, entre as quais avultam o tomismo,
o escotismo e o nominalismo, a obra de Fonseca, como a
de Suárez, permite um diálogo entre o pensamento escolás
tico e o pensamento· moderno e abre largas perspectivas
à construção de um sistema filosófico onde se resolvam
as oposições das correntes essencialistas e existencialistas
do pensamento contemporâneo. Com efeito, uma. Lógica,
como a das Instituições Dialécticas, entendida à luz dos
Comentários à Metafísica, que defende o primado do
individual ou singular, é uma Lógica aplicável ao domí
nio da realidade concreta, na sua dimensão existencial,
na sua variação diacrónica e até na sua perspectiva his
tórica.
XVI
A presente edição dos Institutionum Dialecticarum
Libri Octo, se não é rigorosamente uma edição crítica,
é uma editio accurata, para a qual se utilizaram quatro
edições feitas em Portugal, em vida do Autor, e por ele
revistas: a edição princeps, de 1564, as de Coimbra de 1574
e 1575, em que Fonseca refundiu largamente o texto, e a
de Coimbra de 1590, em que ligeiramente o alterou.
Escolheu-se para texto da presente edição o da edição
de 1575 (precisamente idêntica à de 1574), não só por
ser o mais perfeito, sob o ponto de vista gráfico, mas ainda
por se considerar que nela lhe deu o Autor a forma defini
tiva. Em rodapé indicaram-se as variantes das edições
de 1564 e 1590.
Só dep ois de edições semelhantes da Isag og e Filo
sófica e dos Comentários à Metafísica, em preparação,
e de numerosos trabalhos monográficos, será p ossível tentar
uma edição crítica definitiva de toda a obra de Pedro da
Fonseca. Mas, como p ara a obra de Suárez, esses tra
balhos p reliminares terão de desenvolverse p or algumas
dezenas de anos, p ois ainda nos são desconhecidos alguns
elementos que p ermitam o p erfeito enquadramento daquela
obra no comp lexo histórico-doutrinário em que se situa
e, p or conseguinte, que p ossibilitem uma análise crítica
rigorosa.
XVII
Além do esforço e da p ersistência no trabalho que esta
edição rep resenta, cump re reconhecer que ela não teria p odido
realizar-se sem a ajuda material do Instituto de Alta Cultura e
da Fundação Calouste Gulbenkian. Esse dedicado esforço e
essa p roteção generosa contribuiram decididamente p ara o
avanço da nossa cultura e para a renovação do pensamento
português.
Miranda Barbosa
XVIII
INTRODUÇÃO
1. NOTA BIOGRÁFICA
XXII
INTRODUÇÃO
servindo, estudiando artes e theologia, lendo artes seis ou sete annos, sendo consultor
cinquo annos, e collateral do P. Miguel de Sousa hum anno, e servindo por elle duas
ou tres somanas, e fui praefecto das escholas a maior parte dum anno, etc. En Lixboa
estive convalescido e pregando ho que fiz outras vezes em Coimbra...» — Examen
pro scholasticis: «1. Ante que entrasse na Companhia ouviria tres ou 4 annos de
latim dissipados, e seis ou 7 meses do curso de artes. Depois ouvi hum de latim,
dous e alguns meses dartes, e tres de theologia. 2. Procidendo nos estudos senti
nam pequena debilitaçam corporal, e no leer mui notabel, adoecendo con isto muitas
vezes, e caindo em muitas fraquezas: especialmente me tenho achado mal da vehe
mentia das disputas, e de leer duas vezes cada dia, e do escrever. 3. A todas as
letras, tirando principios de lingoas, tenho natural inclinaçam; mas especialmente
me sinto affeiçoado ao studo da escriptura e dalgüas cousas morais, con ter tegoura
pouca experientia deste genero de studos. 4. Algüas partes pareçe que tenho para
letras, maxime para scholasticas, e assi mediocre memoria e entendimento, posto
que na memoria sinto algüa falta. 5. Mediocremente pareçe que me tenho appro-
veitado nos estudos. Inda que menos nos de humanidade, por me dar a elles pouco
tempo e mui dissipadamente. 6. No modo densinar me contentam hos mestres
da Companhia; inda que no modo de tratar hos discipulos, algüs me nam tem con
tentado, e outros na erudiçam. 7. Sou mestre en artes. 8. 9. No de mai que se
pergunta estou indifferente. 10. Para tudo que mandarem et en todo ho tempo,
e te quando ordenarem, inda que sinto en mim repugnantia para leer cada dia duas
lições de artes, e para disputas delias, pollo muito que me sinto debilitado deste
exercício, e por enfermar nelle tantas vezes. — Pedro da Fonseca». Ex Cod. 16,
IV, 405-417.
(1) A vinda dos bordaleses marca o início da renovação filosófica em Portugal.
Com eles, veio o amor à literatura clássica e à filosofia peripatética. Nicolau Grouchy,
por exemplo, explicava e comentava Aristóteles em grego, língua que os alunos deviam
usar também, nas respostas. (Cfr. Mário Brandão, ob. cit., vol. I, p. 70).
(2) Cfr. Mário Brandão, ob. cit., vol. I, p. 90.
(3) António Franco, Imagem..., p. 393, 2.a col..
XXIII
INTRODUÇÃO
sempre estudió, oió el curso y hun año de theologia, y aora lé hun curso é casa»
(Arq. Romano S. J., Lusitania, 43 I, f. 227). A lápis, no lugar do título está 1552.
Também a lápis, à margem, lê-se: «Sept. Oct. 1552, cf. f. 231, 1552/3».
(4) «Haec sunt quae annotavi quando coepi legere Domino Antonio anno
Domini 1552, 7US Decembris, ultra ea quae annotaveram in aliis lecturis». In IVSen-
tent.. — Archivum Generale O. P., XIV, 104, fol. 383.
(5) «Los hermanos perseveran en sus estudios de letras y virtudes. Con un
maestro que ahora nuevamente nos ha venido, hombre muy docto de la Orden de
San Domingos, se aumento mucho el exercício de los estudios». — Monumenta
Historica Societatis Jesu, Epistolae Mixtae, vol. III, p. 20, carta n.° 504. Note-se,
todavia, que o advérbio nuevamente pode infirmar a nossa hipótese.
(6) «Depois ouvi hum de latim, dous e alguns meses dartes, e tres de theologia».
— Mon. Hist. S. J., Ep. P. Nadal, I vol., p. 603 (nota). «Pedro de afonseca r.d0
[recebido] en el anno de 48 estudio el curso de artes y tres annos de theologia y no
oyo mas porq. le occuparon luego en leer un curso de artes en casa q. leio quasi
dos annos...» (Arquivo Romano S. J., Lusitania, 43 I, fol. 124).
XXIV
INTRODUÇÃO
(1) António Franco, loc. cit., p. 394, 1.a e 2.a cois.. Os Professores jesuítas
que começaram a dar aulas, no princípio de Outubro de 1555, são enumerados pelo
P.e Diogo Mirão em carta de 15 desse mês, datada do Colégio das Artes. (Mon.
Hisí. S. J., Ep. Mixtae, V, p. 29).
(2) «...y despues que se tomo el collegio real acabo un curso q. alli se leia
entonces y empeço otro q. aun aora continua» (Arquivo Romano S. J., Lusitania,
43 I, fl. 124). «P.° dafonseca cerca de 33 annos recebido en Março de 48. Oyo
latín y griego, y en la comp.a el curso de Artes y 3 annos de Theologia. Le aora
el 2.° Curso, y aura 5. annos q. estaa ocupado en leer artes: es de muy rara habilidad
y en esto muy docto, tiene muy debilitadas las fuerças corporales y estaa muy flaco,
y aun que aora lee el 2.° curso tiene ha mucho tiempo o terceiro q. lee por el alatarde»
(Arquivo Romano, S. J., Lusitania, 43 I, fl. 73). Ver também Litterae Quad., VII,
p. 293, citadas por F. Rodrigues, ob. cit., t. II, vol. II, p. 102, nota 2. Cfr. ainda
Joaquim de Carvalho, Catálogo dos Professores de Filosofia do Collegio da Companhia
de Jesu de Coimbra, desde o ano de 1555 e no de Évora, em «Boletim da Biblioteca da
Universidade de Coimbra», vol. VIII (1926-1927), p. 440; Francisco Leitão Fer
reira, Alphabeto dos Lentes da insigne Universidade de Coimbra desde 1537 em deante,
Coimbra, 1937, p. 206; e João Pereira Gomes, Os Professores de Filosofia do Colégio
das Artes, em «Revista Portuguesa de Filosofia», Braga, t. XI (1955), p. 524; e
ainda o Livro de Autos e Graus e Provas de Cursos, 5 (1556-57), f. 31, Ms. do Arquivo
da Universidade de Coimbra.
XXV
INTRODUÇÃO
sino quando el maestro quisiere notar alguna cosa en algún lugar dificul
toso ó alguna cosa notable, y breuevemente; y assi podrá leer entonces
el maestro desta manera. Él leerá vn hora y el otro tiempo occupará
en hazer tener hun hora de conferencias à los estudiantes entre si,
y los demás en perguntar de la leçión y hazer disputar, y siguirán los
maestros estos escriptos comúnmente como fueren impressos...» (1).
Assim nasceu a ideia do célebre Curso Conimbricense, de cuja
realização foi encarregado «el P. Afonseca principalmente». Pelo seu
extraordinário interesse para a Historia da Cultura Portuguesa, vamos
transcrever, integralmente, a carta que Pedro da Fonseca escreveu a
Jerónimo Nadal, propondo-lhe a maneira que lhe parecia mais apta
para escrever o Curso de Filosofia (2):
Jhs.
(1) Ex Cod. 5, Nadal, instr. Lusit., fol. 150. Cfr. Monum. Hist. S. J., Ep.
P. Nadal, vol. I, p. 600 (nota).
(2) Monumenta Historica Societatis Jesii, Epistolae P. Hieronymi Nadal,
t. I, p. 599-603.
XXVI
INTRODUÇÃO
XXVII
INTRODUÇÃO
XXVIII
INTRODUÇÃO
reitores deste Collegio de Coimbra, f. lv., Ms. do século xvn que se encontra dentro
do Ms. da Bibl. Nac. de Lisboa, F. G. 4384.
(1) António Franco, ob. cit., p. 394, 2.a col.. «El padre Fonseca y el p. Ignacio
Martínez se hizieron doctores cõ el acto solo que arriba escrivi el uno presidiendo y
el otro substêtãdo a el mismo acto. Y despues sin consulta ni votos si era sufficientes
o no tomaron grado de doctor» (Arq. Rom. S. J., Lusit. 64, fl. 43, Carta de Fernán
Perez a S. Francisco de Borja, Évora, 19 de Abril de 1570). Cfr. ainda Catalogo
dos Doutores em Theologia [e dos] Examinadores da Companhia. Ms. da Bibl. Nac.
de Lisboa, F. G. 366.
(2) «El padre Molina que solia leer dexo de leer y començo a leer el p. fonseca
al principio desta quaresma y agora esta para dexar la lection y a de entrar otro a
ler q agora comença a hazer actos estas mudanças de lectores dan mucho desgusto
a los estudiantes principalmente porque no tienen tanto nombre y quando van
cobrando algún nombre dexan de leer». (Arquivo Romano S. J., Lusitania, 64, f. 43,
Carta de Pérez a Borja, de Évora, a 19 de Abril de 1570).
(3) «El P. P.° da fonseca y el P. Manuel Alvarez ya se disponen p.a las obras
q V. P. quiere se impriman» {Arq. Rom., Lusit., 64, fl. 79v., Carta de Lião Henriques
a F. de Borja, Lisboa, 30 de Julho de 1570). «En Jullio recebi una del P. Dionysio por
comissiõ de V. P. ê la qual dizia no aver V. P. recebido letra mia dede la que escrevi
a l.° de Noviébre. Creo no avera llegado la que despues escrevi en la fin de Deziem-
bre por se embiar muy tarde de Evora. Y porque ya creo sera recebida no repetire
otra cosa sino las gracias que en ella dava a V. P. de quitarme la carga del Collegio
de Coimbra la qual dexe pocos dias ates de Navidad. Nuestro Señor pague a V. P.
la mucha charidad que en ello me hizo. Espero en el Señor que siempre se acordara
de me la cõservar, para cõ mi pequeña medida poder mejor cüplir cõ mis obligationes.
En la misma del P. Dionysio me embiava V. P. a dezir que entediesse lueguo
en reveer lo del curso de las artes para luego se imprimir. Yo ala [...?] estava ê
Evora harto Idispuesto y cõ mucho peligro de enfermar grávemete por lo que me
XXX
INTRODUÇÃO
embio el padre provícial a llamar a esta ciudad adonde me dio el mismo recado de
V. P. Como la Idisposiciõ me dio lugar me comece a disponer pera ello y avra 20 dias
que tengo a poner la mano ê la obra. Pareció bien al padre provícial, y a los padres
Luis Gonçalves doctor Torres y a otros lo que les propuse, que seria mas aproposito
começar por la Metaphysica para mas expedido de la cosas, y mayor brevedad de lo
demas. Ya voy reveiendo y cõcertãdo el primer libro, y añadiendo breves scholios
en lo demas del septimo que no se lee por no se Iprimir la obra Iperfecta y parece que
me succede biê el negocio cõ la bêdiciõ de V. P. y cõ la efficacia de la obediécia que lo
aa ordenado, aü que hasta salir del 7.° libro terne harto trabajo por hasta alli aver
de assetar muchas cosas que dan mayor difficuldade ê todo el curso. Pienso que
avra de porseguir esto aqui ê Lisboa e en [palavra ilegível] por hallarme aqui mui
mejor que ê otra parte, aü que el padre no lo tiene aü determinado.
Resta pedir una cosa a V. P. y es que aü que yo no tego esta mi occupaciõ por
digna de] deseo de Y. P. ni de la expectatiõ de la Compañía. Si cõtodo V. P. la
juzga por Iportãte parece seria bueno escrivir aca que en la próxima cõgregaciõ que
seraa mui presto se tenga cõta cõ ella lo que digo porque en la passada el P.e Jorge
Serró y yo anduvimos quasi iguales ê los votos, y si agora me corta el hilo maxime
en esta parte que es la prlcipal y de dõde depêde lo demas tarde se podra effectuar
lo que V. P. pretiende, y a mi sermea desgusto haver digressio de la obra en esta
cõjüciõ, porque ê el tiempo queuno pueda ir y venir se acabara cõ ayuda del Señor
[palavra ilegível] perfecionare toda la metaphysica» (Arq. Rom., Lusit., 64, fl. 334,
Carta de P. da Fonseca a Francisco de Borja, Lisboa, 19 de Setembro de 1570).
(1) António Franco, ob. cit., p. 394, 2.a col.-395, 1.a col.. Cfr. ainda
Acta congregationum Provincialium Societatis Jesu Provinciae Lusitanae ab anno 1590,
XXXI
INTRODUÇÃO
XXXII
INTRODUÇÃO
70, fl. 66, Carta de Fonseca a Aquaviva, Lisboa, 18 de Julho de 1587). No sobres
crito desta carta, no lugar do remetente, lê-se:
«P.c Pedro da Fonseca. Que manda a V. P. en el pliego del cardenal parte de
sus escritos, y que el P. Francisco de Govea trae otra parte. Pide que V. P. diesse
orden con que se visen luego, y se esta pasase de manera que quãdo bolveesse el
P.e para Portugal pudiesse llevar algunos volumes».
(1) A. Franco, ob. cit., p. 395, 1.a col..
(2) «El P. Pedro Luis aiuda al P. Pero de Fonseca para acabar su Metaphysica
y hacer compendio della...» (Arq. Rom. S. J., Lusit., 72, fl. 213v., Carta de Francisco
Gouveia a Aquaviva, Braga, 18 de Setembro de 1594). «El P. Pedro da Fonseca dize
que tien acabo el (vi) 12 libro de la Metaphysica...» {Arq. Rom. S. J., Lusit., 72,
(1. 217, Carta de Francisco de Gouveia a Aquaviva, Coimbra, 3 de Novembro de 1594).
«EI P. Pero de Fonseca desea licencia de V. P. y me encomendo que la uviese para se
veren aca sus escritos y se poderen imprimir por estar satisfecho de la impression del
Curso de Artes que se vai haziendo y con esto también se escusaran gastos en llevar
los escritos a Roma y assistiren alia a la emnenda de la impression. V. P. iurgara se
conviene» [à margem: «el P. Fonseca imprima alia»]. (Arq. Rom. S. J., Lusit., 73,
fl. 196, Carta de Francisco Gouveia a Aquaviva, Lisboa, 22 de Dezembro de 1596).
(3) António Franco, ob. cit., p. 395, 1.a col.. Acerca da sua escolha para
Bispo do Japão, leia-se o que escreveu ao Superior Geral Aquaviva: «De dos renglones
q. V. P. añdio de su mano en la ultima suya, entiendo quanto se engañan los principes.
El P. Provincial no me a dicho nada de la elección que Y. p. dize aver hecho S. M.
de mi persona para el Japón. Aunque yo fuera de otra edad y otras fuerças trabajara
por hurtar el cuerpo pues es cosa que aun con su cruz no deseo ver en los nuestros;
quanto mas que compliendo este Junio q viene sessenta años, si el climatérico me dejase
enchia quatro o cinco años de poder trabajar algo por aca essos que irían en esperar
y navegar y llegar para en llegando no poder hacer nada y ser necessario otra tan
larga intermisión para otra provisión...» (Arquivo Romano S. J., Lusitania, 70, fl. 85,
Carta de Pedro da Fonseca a Aquaviva, Lisboa, 28 de Fevereiro de 1588).
(4) António Franco, ob. cit., p. 397, 1.a col..
(5) António Franco, ob. cit., p. 395, 2.a col
ui XXXIII
INTRODUÇÃO
2. NOTA BIBLIOGRÁFICA
XXXIV
INTRODUÇÃO
(1) Por certo que muito contribuiu para isso a seguinte norma do Ratio
Studiorum: «No primeiro ano explique [o Professor de Filosofia] a Lógica, ensinando-
-lhe o mesmo no primeiro trimestre, menos ditando do que explicando os pontos mais
necessários por Toledo ou Fonseca». (Cfr. Leonel Franca, O método pedagógico
dos jesuítas, Rio de Janeiro, 1952, p. 160).
(2) C. Sommervogel, na ob. cit., cois. 837-839, enumera 34 edições, acrescen
tando mais uma no Supplément à mesma obra, col. 351. Apesar de — e com critério
muito mais objectivo — termos aumentado este número, não temos a pretensão de
haver feito uma enumeração exaustiva. Apenas abrimos caminho a futuras
investigações.
XXXV
INTRODUÇÃO
INSTITUTO
DIALÉTICA
A V T O R E.
PETRO AFONSECA EX &OCIETATÍ I ESV·
XXXVI
INTRODUÇÃO
INSTIT VTI
ONVM DIALECTI-»
C A R V M L I B R I OCTO.
AVTORE.
PETRO FONSECA DOCTORE
THEOLOGO SOCIETATIS IES V.
XXXVII
INTRODUÇÃO
XXXIX
INTRODUÇÃO
XL
INTRODUÇÃO
XLII
INTRODUÇÃO
sit / ejusdem Auctoris Isa- / goge Philosophica. / Cum librorum argu
mentis, Indice copiosissimo capitum et rerum. / [embl.: J H S] / Inglos-
tadii, / Ex Typographia Adami Sartorii. / Anno M.DCIV.— Biblioteca
da Universidade de Miinster: S2 939w.
XLIII
INTRODUÇÃO
Quibus accessit eiusdem authoris, / Isagoge Philosophica, nunc demum
in Ger- / mania typis excusa. / Cum librorum argumentis. Indice
copiosissimo / capitum et rerum. / [vinheta com as palavras: Has uvas
dat labor] / Flexiae / Apud Jacobum Rezé Typographum Regium, /
M.DC.IX.—Biblioteca Nacional de Paris: R. 36178 e 36179.
XL1V
INTRODUÇÃO
XLV
INTRODUÇÃO
(1) Cfr., por exemplo, Liv. I, cap. 1, 2, e 3; Liv. IV, cap. 1; Liv. VI, cap. 6,
7 e 8; Liv. VII, cap. 1, 6, 7, 8, 9; etc..
(2) O De principiis Dialectica: que Fonseca atribui a Santo Agostinho é apó
crifo. Cfr. M. de Wulf, Histoire de la Philosophia Médiévale, 5.a ed., Louvain, 1924,
p. 72-73.
(3) Acerca de S. Tomás, o Ratio dava a seguinte norma ao professor de Filo
sofia: «De Santo Tomás, pelo contrário, fale sempre com respeito; seguindo-o de
boa vontade todas as vezes que possível, dele divergindo, com pesar e reverência,
quando não for plausível a sua opinião» (ob. cit., p. 159).
Pedro da Fonseca atribui a S. Tomás o Opus Quadragesimum Octavum, totius
Logicae Aristotelis Summa que, aliás, se encontra entre os Opuscula Omnia Divi
Thomae Aquinatis Doctoris Angelici, Lugduni, M.D.LXII, p. 329-367. Porém,
M. D. Chenu diz que este opúsculo é «não só apócrifo, mas também eivado de con
ceptualismo nominalista» (Jntroduction à Vétude de Saint Thomas d’Aquin, 2.a ed.,
Paris, 1954, p. 280). Cfr. também Mandonnet, Des écrits authentiques de S. Thomas,
2.a ed., Friburgo, 1910, p. 146-156 e M. Grabmann, Die Werke des hl. Thomas von
Aquin, 2.a ed., Münster, 1931, cap. IV.
Do Opus Trigesimum nonum de fallaciis ad quosdam nobiles artistas (que tam
bém se encontra na citada edição de Lugduni, p. 295-301), diz Chenu que é «très
probable» que ele seja de S. Tomás (ob cit., p. 279). Quanto ao De natura generis,
Mandonnet considera-o apócrifo e Grabmann aceita-o como auténtico. (Chenu,
ob. cit., p. 278 e 280).
(4) Acerca destes autores, notem-se as normas do Ratio: «...não reuna em
tratado separado as digressões de Averróis (e o mesmo se diga de outros autores
semelhantes) e, se alguma cousa boa dele houver de citar, cite-a sem encómios e,
quanto possível, mostre que hauriu em outra fonte»; «Não se filie nem a si nem a seus
alunos em seita alguma filosófica como a dos Averroístas, dos Alexandristas e seme
lhantes; nem dissimule os erros de Averróis, de Alexandre e outros, antes tome daí
ensejo para com mais vigor diminuir-lhes a autoridade» (ob. cit., p. 159).
(5) O De Doctrina Platonis, embora sob o nome de Alcinoo, é, na realidade,
de Albinus, um platónico do século n (cf. É. Bréhier Histoire de la Philosophie,
t. I, vol. 2, Paris, 1955, p. 443).
XLVIII
INTRODUÇÃO
XLIX
INTRODUÇÃO
effecto avia luego como superior escrito al P.e provicial y recebido del respuesta
en la misma cõformidad y que no supo despues dello que alguno tratasse de lo
cõtrario.
El P.e Novaes me respondió lo mismo que el P.e Jerónimo Díaz, declarando que
aquel padre poco satisfecho era el que avia hecho aquel mal oficio en la materia,
que V. P. sabe y sentio que aviendo el metido tanto caudal en el negoçio no saliesse
cõ su liento, ni dava otra razo de su ísatisfaction, sino parecerle que la distinction
virtual era cosa ísolita, siendo tan ordinaria y añadió que tambie avia asentido no
quedar contento el P.e Nicolás Pimieta, no dando otra razón sino que parecía menos
credito de aquella universidad no estar ê la censura que al pricipio se avia dado, la
qual aun que fuera publica y no secreta como aquellos padres la avia dado, no se
desautorizava ãtes se acreditava mas cõ buena declaraciõ, maxime ê credito de un
maestro publico de la misma universidad. Y cõcluya que fuera destos dos ê los quales
avia sétido poca satisfacio, no sabia de niguno otro que no quedasse cõtento y satis-
hecho.
Qãto a lo 2.°, la censura que agora viene suppone que en ambos modos de
declarar la causalidad efficiete de Dios referidos ê la dicha mi carta de 20 de Enero
(cuyo original aü tengo) se cõcedia simpliciter et absolute, aliquê modii positivü
advenire Deo ex tempore cum icipit agere ad extra, y que ê la 2.a declaraciõ de la
dicha causalidad no se ponía distinctiõ virtual sino étre el modo positivo de cõcurrir
y el acto de la divina volütad; lo qual no es assi porque expressamete se dezia que no
solo aquel modo positivo se distinguia virtualiter del acto de la volütad divina, pero
tambie que el mismo modo solü virtualiter erat novus sive ex tempore, y no simpliciter
et absolute, como se puede alia ver ê la misma carta. Por donde la censura se fundo
sobre relación no verdadera. En lo qual me escrivio el P.c Nunes ê portugués, lo
que se sigue — Acá étre todos está tan claro como la luz del dia que assi V. R. ê
su carta, que aü tengo, como yo en mas de cico o seis lugares de mis escritos, avernos
dicho discritis verbis quod activus if luxus Dei nõ est actu novus seu temporalis seclusa
operatione intellectus, atque adeo nõ est simpliciter et absolute novus sed sola virtute,
et (quod hinc fit) tãtü secundum quid novus. Por donde no se podia cõ nigü color
o aparecia escrevir a Roma que solum cõstituebamus virtualem distinctione iter
activü Ifluxü Dei et actü divinae volütatis, ipsum autê activü ifluxum ponebamus
actü novü et temporalem, sive actu adveniètê Deo ex tempore.
Por donde aviendo aca passado lo que tengo dicho acerca de la declaraciõ
que hizo el P.e Novaes y siendo ella aprobada por V. P. en la dicha carta de 15 de
Enero y despues de algunos meses ê un duplicado della por pensarse que no avia
llegado y no se referiendo alia lo que ê la verdad passava assi acerca de la isatisfaciõ
como de lo que se dixo ê la declaraciõ, y sabiendo quan sospechoso es el primero
de los dos en la materia y el segundo ê todas mis cosas desde cierto tiempo como V. P.
sabe, no veyo que se deva, ni cõ razo pueda hacer lo cõtrario de lo que esta hecho,
ni que V. P. quiera otra cosa sabiédo lo que passa. Al examinar del tercer tomo que
L
INTRODUÇÃO
dêtro de cico o seis meses espero aprestar para la estampa, o dei cõpendio desta otra
parte que se va haziendo, vera V. P. como todo está, y hara dello lo que mejor le
pareciere. Y no se fundará las resolutiones de tales materias en secretas Istancias,
lo qual digo cõfiadamête por no aver querido replicar a la 1.a censura, mas hazer
luego quãto V. P. podia desear, pues desea todo lo mejor assi quãto al servicio de
Dios como al bien de sus hijos, y lo mismo hiziera a esta sino me pareciera desorden
y cõtra la volütad de V. P. bié iformada. Y aun que me vino co esta occasion deseo
de desistir luego desta obra cõ buena licêcia de V. P. tuvelo por tentaciõ estando ya
este tercer tomo ê el termino que ya dixe, y esperando dexar presto lo que queda para
quien cõ mas gusto y favor prosiga este trabajo. En la bendición de V. P. y ê sus
sanctas oraciões mucho ê el Señor me ecomiendo.» (Arq. Rom., Lusit., 73, fl. 215-
-215v., Carta de Fonseca a Aquaviva, Lisboa, 31 de Agosto de 1596). No sobres
crito desta Carta, lê-se:
«P.e Pedro de Fonseca de Lixboa...
Que recebio la ultima censura sobre su opinión y d eclaración que en ella hiziera
el P.e Ped ro Novaes y que per no ser V. P. informad o en la verd ad y los senhores
censores no le averen entend id o bien su explicación y los d os insatisfechos d e Por
tugal seren sospechosos no le pareció mud ar nad a d e lo que V. P. tiena enbiad o en
la 1 . a vez. Y que en la estampa d el 2.° tomo se explicara esto bien aun que es mao
pera lo dejar sino la primeira tentación».
(1) Duvidamos se se trata ou não de uma edição realmente distinta da ante
rior. Com efeito, o estudo da portada mostra-nos que apenas o emblema I H S
é diferente. Enquanto na base do emblema da edição anterior se distribui por três
linhas, na da presente distribui-se por duas linhas o seguinte dístico: «in quo sunt
omnes thesauri sapientiae et scientiae absconditi. Ad Colos. II». Além disso, enquanto
no emblema anterior as letras I H S são marginadas pelo dístico «Ego sum Alfa et
Omega Principium Et Finis», na presente edição aparece: «Nomen Domini Turris
Fortissima».
LI
INTRODUÇÃO
LIII
INTRODUÇÃO
século XVII, este segundo tomo dos Comentários foi editado várias
vezes:
LIV
INTRODUÇÃO
LVII
INTRODUÇÃO
LVIII
INTRODUÇÃO
hoje é ad mirad o pela crítica mod erna. Ernst Lewalter escreveu que
«d ie Stellung d es Fonseca in d er Geschichte d er Textkritik d er Metaphysik
verd iente eine eigene Untersuchung» (1). Armand o Carlini, por sua
vez, afirma que «il commento d ei Fonseca alia Metafísica d i Aristotele,
non ostante i d ifetti su accennati, é d a riguard are come il primo che
sia apparso nell’etá mod erna cond otto con i criteri e second o i gusti
nostri» (2). Ramón Ceñal acrescenta: «Su versión latina es ya por si
misma, un monumento d e los que más pued en honrar el escolasticismo
humanista d e aquella época. Mod elo magnífico d e precisión e claridad.
La d ifícil prosa d el estagirita se torna fluid a y transparente al brotar
de los puntos de su pluma, ya vestida de romano verbo» (3).
LIX
INTRODUÇÃO
LX
INTRODUÇÃO
LXI
INTRODUÇÃO
LXII
INTRODUÇÃO
*
**
LXIII
LXIV INTRODUÇÃO
4. A PRESENTE EDIÇÃO
Não foi sem penosas fadigas que levámos ao fim a edição do texto
latino e a ti adução de uma obra de relevo tão singular na cultura por
tuguesa. Além da dificuldade inerente ao tema, acresce o facto de nem
sempre encontrarmos na língua portuguesa vocabulário técnico suficien
temente consagrado que nos facilitasse a tarefa.
Procurámos enriquecer a presente edição com uma Introdução,
um índice Onomástico e um Apêndice. A Introdução limita-se a uma
nota bio-bibliográfica, cuja finalidade é situar as Instituições no conjunto
da obra de Fonseca e no ambiente cultural da época. Em nosso enten
der, o seu maior contributo estará, sem dúvida, no inventário rigorosa
mente objecti vo das edições de cada uma das obras do grande filósofo
português. O índice Onomástico, além de facilitar ao leitor consultas
mais pormenorizadas, oferece uma primeira e sumária visão de con
junto das principais influências experimentadas pelo Autor. O Apêndice
tem sobretudo por objectivo documentar a extraordinária e rápida
projecção do «Aristóteles português» além fronteiras.
Ao publicarmos esta obra, não pretendemos tanto apresentar um
estudo sobre a Lógica de Pedro da Fonseca, como principalmente
coligir materiais que facilitem esse intento. Oxalá tão relevante empresa
possa um dia concretizar-se.
INTRODUÇÃO LXVII
Coimbra, 1958-1964.
CONIMBRICiE
Apud Io annem Barrerium
Anno 1575
INSTITUIÇÕES
DIALÉCTICAS
E M O I T O L I V R O S
POR
PEDRO DA FONSECA
D O U T O R E M T E O L O G I A
DA COMPANHIA DE JESUS
COIMBRA
Oficina Tipográfica de João Barreira
Ano de 1575
TESTIMO NIV Μ
F. Antonivs a S. Dominico
A P P R O B A T I O [editionis 1590)
AYTOR IN SECVNDAM
EDITIONEM
PRAEFA TIO
[primae editionis — 1564]
PETRVS AFONSECA LECTORI S.
Adeo inops fuit politioris Liter at urae superior aetas, ut cum omnes, qui Philoso
phice studia consectabantur, Aristotelici haberi vellent, paucissimi essent, qui Aristotelem
evolverent. Arbitrabantur enim Aristotelicam doctrinam planius, et expeditius in
summulis quibusdam, ac quaestionibus, quas diligentiarum industria pepererat, quam in
suo autore contineri. Sed quanquam magna ex parte id verum sit, non est tamen obs
curum quantam iacturam fecerit Philosophia, ex quo haec docendi, discendique consuetudo
probari caepit. Quotus enim quisque est, qui gravem illam antiquorum eruditionem
hisce rivulis contentus, non dico consequi, sed aliqua ex parte imitari possit ? Hoc cum
animadverteret nostra hcec Conimbricensis Academia, aliarum quarundam recenti
exemplo et instituto ducta, eam docendi rationem ab ipsis veluti in cunabulis sequuta
est, ut in explicandis libris Aristotelis omne studium et operam collocandam existima
ret. Quo autem ex ea re uberior fructus perciperetur, prudenter statuit, ut ea quotidie
prreceptor es dictarent discipulis, quce de re, quam explicassent, vel gravissimi autores
JESUS
[prefácio] do autor
À SEGUNDA EDIÇÃO
PREFÁCIO
[da primeira edição — 1564]
PEDRO DA FONSECA SAÚDA O LEITOR
De tal modo foi pobre de literatura brilhante a idade anterior que, ainda que
todos os que frequentavam os estudos de Filosofia quisessem ser tidos como aristo
télicos, pouquíssimos eram os que estudavam Aristóteles. Efectivamente, julgavam
que a doutrina aristotélica se continha mais perfeita e proficientemente explanada
em certas súmulas e investigações elaboradas pelo zelo dos mais diligentes do que no
próprio autor.
Mas, embora isso, em grande parte, seja verdade, não é, todavia, desconhe
cido quão grande detrimento experimentou a Filosofia, desde que começou a con
sagrar-se este modo de ensinar e aprender. Quão poucos haverá, com efeito, que,
contentando-se com esses riachos, possam, não digo alcançar, mas imitar algum
tanto aquela profunda erudição dos antigos? Advertindo isto, a nossa Academia
Conimbricense, levada pelo recente exemplo e prática de algumas outras, seguiu
este método de ensinar por assim dizer desde o berço, julgando que todo o empenho
devia ser colocado na explanação dos livros de Aristóteles.
Mas, para que disto fosse recolhido proveito mais abundante, determinou
prudentemente que os professores ditassem todos os dias aos alunos aquelas coisas
que, acerca do assunto que expunham, ou gravíssimos autores houvessem exposto
10 INSTITVTIΟΝVM DIALECTICARVM PRAEFATIO
optime dixissent, vel ipsi marte suo addenda esse iudicassent. Verum hcec docendi
ratio, etsi longe melior et utilior, quam illa superior habebatur, tamen ob assiduum
scribendi laborem, incredibilem discipulis (ut de prceceptoribus taceam) molestiam,
difficultatemque asserebat. Tempus etiam, quod in docendo, ac disputando utilius
poni potuisset, non sine magno incommodo in dictando consumebatur. Unde illud
evenire necesse erat, ut nec libri omnes, qui in curriculo Philosophice numerantur omnino
absolverentur, nec tam frequens esset, tamque diuturna, quam optabamus disputandi
exercitatio. Ut ergo et labori discipulorum consuleretur, et jactura, qualiscumque erat,
studiorum Philosophiae resarciretur, statuerunt Praepositi societatis nostrae, cui Regium
hoc liberalium artium Gymnasium nono ab hinc anno a christianissimo Rege Joanne
tertio traditum est, ut ego, quod in profitenda Philosophia aliquot annos possuíssem,
qua possem brevitate, et perspicuitate eos libros Aristotelis exponerem, qui auditoribus
Philosophiae explicari consueverunt. Fore enim existimabant, ut hac ratione, et mea
diligentia, et typographorum opera, non modo discendi labor minueretur, sed aliquid
etiam ad haec studia lucis, et utilitatis accederet. Ego vero cum mei tenuitatem ingenii
non prorsus ignorarem, quantum obedienti fas fuit, hoc onus, quod meis humeris impar
esse sentiebam, recusare conatus sum. Verum illi, in quorum ego voce Christum
agnosco, studio iuvandi alios commoti, meae potius facultatis, seu {ut verius loquar)
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — PREFÁCIO 11
de melhor ou eles julgassem dever ser acrescentadas de seu próprio engenho. Mas
este método de ensinar, embora fosse considerado muito melhor e mais útil que o
anterior, todavia, por causa do assíduo trabalho de escrever, implicava incrível
incômodo e dificuldade para os alunos (para não falar nos mestres). Gastava-se,
com o ditado, não sem grande inconveniente, um tempo que se poderia empregar
mais utilmente no ensino e na disputa. Poi isso, acontecia necessariamente que
nem se davam por completo todos os livros enumerados no curso de Filosofia nem
o exercício da disputa era tão frequente e tão duradoiro como seria para desejar.
Portanto, para que se obviasse ao trabalho dos alunos e se recompensasse
o detrimento, por menor que fosse, dos estudos de Filosofia, determinaram os supe
riores da nossa Companhia, a quem, há nove anos, foi confiado este Real Colégio
das Artes Liberais pelo cristianíssimo rei D. João Terceiro, que eu, pelo facto de
ter dedicado alguns anos ao ensino da Filosofia, expusesse, com a brevidade e a
clareza possíveis, aqueles livros de Aristóteles que costumam ser explicados aos
alunos de Filosofia. Com efeito, julgavam que, deste modo, com a minha diligência
e com o trabalho dos tipógrafos, não só se atenuava o trabalho de aprender, mas
também alguma luz e proveito adviria a estes estudos.
Eu, porém, não ignorando por completo a exiguidade do meu engenho, tentei,
quanto a obediência mo permitiu, recusar este encargo que sentia ser desproporcio
nado às minhas forças. Mas aqueles em cuja voz reconheço a Cristo, levados pelo
desejo de ajudar os outros, preferiram pôr à prova a minha capacidade ou (para falar
com mais verdade) a minha fraqueza a pôr de parte alguma oportunidade de serviço.
12 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM PRAEFATIO
Visto, pois, não poder rejeitar o encargo que me foi imposto, esforçar-me-ei o mais
diligentemente possível para que, quanto de mim depende, se não satisfizer à expecta
tiva dos outros, pelo menos não falte à ordem daqueles a quem confiei a disposição
da minha vida. Entretanto, porém, enquanto não escrevo os comentários a Aris
tóteles e à Isagoge de Porfirio, ofereço estas Instituições Dialécticas não só como
penhor da nossa fé, mas também como necessárias àqueles que desejam ser introduzidos
nos umbrais da Filosofia.
Com efeito, não pode negar-se que Aristóteles, a despeito da sua extrema cla
reza, de tal modo ocultou de propósito a sua opinião (decerto para exercitar enge
nhos lentos), em numerosas passagens, que necessário se torna aos professores de
Dialéctica não empreender a exposição dos seus livros antes de apresentarem aos
alunos uma imagem esboçada de toda a Dialéctica. Assim, com efeito, acontece que,
expostas todas as partes da Dialéctica como que em esquema, muito mais cabal
e facilmente se entende o que por ele é dito. Nem, todavia, estes oito livrinhos
foram escritos por mim com o propósito de serem todos explicados antes do tratado
de Porfirio (sei, na verdade, que isto não pode fazer-se cómodamente), mas com o
intento de, expostas de início algumas coisas necessárias e principais, serem as res
tantes diferidas para outro lugar. Com efeito, é preferível que sobrem algumas
matérias dos três primeiros meses que a nossa Academia costuma dedicar ao estudo
destas Instituições, a que alguma parte nesta descrição de toda a Dialéctica fique
por expor ou então se exponha de modo tão apressado que se prejudique a clareza
e a utilidade.
14 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM PRAEFATIO
totius Dialecticae descriptione desideretur, aut certe brevior sit tractatio, quam ut pers
p icuitas et utilitas p atiantur. Possunt itaque sex p rimi libri a Calendis Octobris ad
diem natalem Domini exp licari; reliqui in eam anni p artem differri, in qua studia ob
immodicos calores remissiora esse solent. Ita enim fiet, ut sex illi aditum ap eriant ad
librum Categoriarum Aristotelis, ad libros de Interp retatione, deque p riori resolutione
{qui, ut equidem spero, excussis commentariis, dictandique lentitudine preeeisa ad calendas
usque Julias ennarrari poterunt) extremi autem duo ad libros de posteriori resolutione,
Topicorum, et Elenchorum, qui a studiorum instauratione inchoabuntur, viam muniant.
Eo autem libentius hoc quasi integrum Dialecticae corpus confeci, quod videam multos
prceclari ingenii iuvenes ab humanioribus literis ad juris peritiam statim commigrare, qui,
si vel hac institutione prius imbuantur, multo maiores facturi sint in illis literis progressus.
Faxit Deus optimus Maximus ut noster hic labor, qui in ejus gloriam, et multorum utili
tatem confertur, et ipsi gratus sit, et prosit omnibus, qui in bonis literis institui volent.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — PREFÁCIO 15
Podem, portanto, os seis primeiros livros ser expostos desde o dia um de Outubro
até ao dia de Natal; os restantes podem deixai-se para aquela parte do ano em que
os estudos, por causa do calor excessivo, costumam ser mais afrouxados. Assim,
com efeito, sucederá que aqueles seis preparem o caminho para o livro das Categorias
de Aristóteles, para os livros da Interpretação e para os Primeiros Analíticos (os quais,
como espero, depois de explicados os comentários e com a lentidão própr ia do ditar,
poderão ser comentados até ao dia um de Julho), os dois últimos, porém, preparem
o caminho para os Segundos Analíticos, os Tópicos e os Elencos, que se iniciarão
ao recomeçar os estudos.
Com mais agrado, porém, compus este como que corpo inteiro de Dialéctica,
por ver que muitos jovens de notável engenho passam imediatamente das humanida
des para o estudo do Direito, os quais, se acaso fossem primeiro instruídos com estes
tratados, muito maiores progressos haveriam de fazer naquelas disciplinas.
Permita Deus, sumo Bem e suma Grandeza, que este nosso trabalho, elabo
rado para Sua glória e utilidade de muitos, não só a Ele seja agradável, mas tam
bém aproveite a todos os que queiram instruir-se nas boas letras.
ARGVMENTA*
IN O M N E S L I B R O S
Argumentum.
SUMÁRIO
DE T O D O S O S L I V R O S
T Y P O G R A P H V S A D L E C T O R E M [editionis 1590]
Jam tibi tertio in hoc regno Portugaliae excussam damus institutionem Dialecti
carum qucestionum, emmendatius quantum potuimus, et ut tuae necessitati consuleremus
p ariter et brevitati, in duos tomos divisimus totum op us; dabimus op eram ut quam
citissime secundum absolvamus. Vale et fruere.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — SUMÁRIO 19
LIBER PRIMVS
Capvta1
c Lib. de Fato. ducitur, idem est Latinis disserere. Eadem nominis interpretatio,
vel Cicerone authorec in Logica verbum convenit. Obscura, inquit,
quaestio est, quam περί δυνατών appellant: totaque est Logica, quam
Finis Proprius huius
artis. rationem disserendi voco. Quin etiam eadem oratio facile, et expedite
naturam huius artis ex proprio fine declarat. Nam etsi ipsum disserendi
opus omnibus disciplinis commune est (omnes siquidem ignorationem ali
quam ex notis, et confessis depellunt) docere tamen quonam modo disse
rendum sit, ad eamque rem communes leges ac praacepta tradere, hoc
d Alber. Mag. sibi Dialectica ut proprium finem, quo a cateris distinguitur, vendicavit d .
in Porphy. tract. 1.
Definitio Dialecticae. Aptissime igitur definitur Dialectica Disserendi doctrina, quasi Ars, quce q
LIVRO I
Capítulo l
C A P V T 2
De subiecto Dialecticae
Capvt 3
resulta que não foi sem motivo que autores de grande peso disseram
e Platão, Re
ser esta a única faculdade necessária à formação de todas as outras pública, 7.
artes, à qual, por isso, não duvidaram alguns6 chamar cume das dis / St°
Agostinho, Contra os
ciplinas, outros / disciplina [das disciplinas], outros^ ainda a maior Académicos, 3; e
das artes e luz de todas. Da Ordem, 2.
g Cícero,
Dos Oradores Ilustres.
Capítulo 2
A Mas talvez alguém, que entre pouco atento, tropece logo de entrada,
dizendo que a definição que demos de Dialéctica não está de acordo
com a dos aristotélicos, pois outra é a que se costuma divulgar, tirada,
do modo seguinte, do início dos Tópicos de Aristóteles": Dialéctica é a Cap. 1.
o método ou arte de raciocinar, a partir de coisas prováveis, acerca de
qualquer questão proposta.
B Atalhar-se-á, todavia, não ser intenção de Aristóteles que, do Solução.
lugar citado, se deduzisse uma definição da Dialéctica toda (uma vez
que, em outro lugarb, diz ser próprio da Dialéctica tratar de todos os b Retórica a
silogismos, isto é, ser uma certa arte geral do raciocínio, quer a partir Teodoreto, I, 1.
de argumentos prováveis, quer de necessários), mas que se extraísse
uma definição de determinada parte, que, por ser de uso muito frequente,
como que por direito reivindicou para si, como próprio, o nome de
toda a arte. E, assim, a definição que demos deve tomar-se como defi
nição de toda a arte.
Capítulo 3
Do objecto da Dialéctica
Capvt 4
Tres autem sunt generales disserendi modi, qui deinde in alios, atque A
alios minutius conciduntur: Divisio, inquam, Definitio, et Argumentatio.
Divisione, definitio
ne, et argu. omnis His enim tribus quasi instrumentis omnis cognitio rei incognita: ex notis,
cognitio comparatur. ac perspicuis, conquiritur. Nam divisio tanquam diligens quadam explo-
ratrix, omnia rerum genera, et partes singulorum excurrens, totam
entis confusionem explicat. Tum deinde exploratis ita omnibus, et quasi
ante oculos positis, accedit definitio veluti lumen ad singula illustranda,
Duos tantum disse quee cum doceat, quid quaque res commune habeat cum cceteris, quid sibi
rendi modos posuit
Arist.
proprium, et peculiare, naturam, cuiusque suis finibus circunscribit.
Ad extremum argumentatio multo efficacior superioribus, quid preeterea
a Cap. 7. text.
48. Idem Alber. in
cuique conveniat, apta ratione concludit. Ex his tribus instrumentis, B
Porphy. tract. 1. quibus tres prima partes dialectica respondent, duo tantum posteriora
posuit Aristoteles primoa Methaphysicorum libro, cum dixit, omnem
disciplinam, aut demonstratione {id est argumentatione) aut definitione
Capítulo 4
Capvt 5
a Magnus Al-
Illud tamen animadvertendum est, Aristotelem ex his tribus Dialec- A
bert. in Porphy. ticae partibus solam a tertiam ex instituto tradidisse. Nec enim de divisione,
tract. I.
b 2. post. et aut definitione, nisi quatenus ad inventionem argumentorum sunt utiles,
6. top.
Cur Arist. de sola disputavit [Aristoteles] b. Hoc autem vel ea de causa fecit, quod in defini
argumentatione ex tione, ac divisione, quod ad Dialecticum attinet, minus negocii esse cre
instituto disputet.
didit, quam ut per setractandce viderentur, vel quia in sola argumentionis
Embora, em outro lugar não tenha negado que a divisão é um certo b Segundos
Analíticos, II, 5.
modo de conhecer, contudo, não acreditou ser ela de tão grande impor
tância a ponto de fazer dela instrumento autónomo de adquirir ciência.
Por isso, parece tê-la reduzido à definição, à qual fornece a matéria.
c Como no
C Desta questão falou, com mais clareza, Platão c, que distinguiu Fedro, no Sofista, e
dos restantes a divisão, como um modo diferente de discorrer. Depois, no Político.
Cícero d, acusando Epicuro de ignorância, pelo facto de não ter alcan d Dos Fins, 1.
Capítulo 5
tractatione, quam ipse sibi quasi primo autori arrogat, ex instituto labo
c 1. meta. 6. et
13. meta. 4. randum sibi esse existimavit. Scepiusc enim definiendi doctrinam a
cl ut. 1. prio. 32. Socrate primum traditam affirmat. Dividendi rationem vehit Platonis
et 2. post. 5.
Socrates primus defi
inventum saeped deprimit. At scientiam ratiocinationum, syllogismo-
niendi author. rumve {ad quos caetera argumentationum genera revocantur) adeo asseve
Plato dividendi
Aristoteles ratioci
ranter sibi ascribit, ut se de syllogismis nihil omnino ab aliis accepisse
nandi. affirmet e, proinde sibi primum, quod eorum artem ingenti labore invenerit,
e 2. elench. ex
tremis verbis.
magnam gratiam deberi. Itaque ex tribus generalibus disserendi modis, B
/ In lib. Post. solam argumentationem, atque adeo solam fere eius praecipuam formam,
g In lib. Top. qua sillogismus, ratiocinatiove dicitur, tractandam suscepit Aristoteles.
Quatenus subiectum
Dialecticae recte Quam tamen ita tractavit, ut. non modo eas ratiocinationes, quae ex neces
dicatur Argumentatio sariis argumentis rem confirmant, f sed etiam eas, qua ex probabilibus
aut Syllogismus.
h Ut Alb. Ma. verisimilibusve aliquid probant, § diligentissime sit persequutus. Hinc fit, C
in Porphy. tract. 1. ut qui Dialecticam ea tantum ex parte, qua ab Aristotele tradita est,
i Ut scot. ibi
dem. considerant, merito asserant, Dialectices subiectum esse Argumenta
Inventionem, et iudi- tionem, h aut certe Syllogismum, 1 ad quem reliquae argumentationum
cium ad doctrinam
Argumentationis formae rediguntur. Hac etiam ratione inieUigendum est dividi Dialecti
pertinere. cam in partem inveniendi, ac iudiccmdi. Inventio enim {ut authores
huius divisionis definiunt) est ratio exquirendi argumenta: Indicium
vero est doctrina accommodandi haec ipsa ad propositum concludendum:
quorum utrumque ad tractationem argumentationis pertinere luc eclarius
I In Top. Ci. est. Quod si nomina inventionis, et iudicii latius accipiantur, quam ab D
authoribus huiusce divisionis exponuntur, non dubium est, quin ad totam
Dialectica artem hac divisio aptari possit. Nam sine inventione, et
indicio generali significatione acceptis, non solum argumentatio confici
non potest, sed ne ulla quidem definitio, aut divisio: id quod Boetius 1
diligenter annotavit. Verum de iis, ut de cateris, qua deinceps breviter
attingenda sunt, alio loco fusius disputabimus.
Capvt 6
Capítulo 6
C Repartiremos, portanto, esta exposição acerca dos nomes e dos ver h Livro II.
bos em duas partes: em primeiro lugar ", falaremos sobre as várias desi i Nos Predica
mentos e, frequente
gnações dos nomes e dos verbos; em seguida6, agruparemos todas as mente, em outros lu
coisas como que em dez classes (que são por Aristóteles * chamadas cate gares.
CA P V T 7
Capítulo 7
d Cap. 10. et 11. ac significationum genera: deinde & aperiendum est, quo pacto conceptus,
e cap. 12. etc. voces, et scripta significent: tandem e ad explicanda ea nomina, et verba,
de quibus agere instituimus, aggrediendum.
CapVT 8
Capítulo 8
Discrimen inter signa cognoscant, necesse est ut illa percipiant. Hinc colliges apertissimum D
forma, et instr.
discrimen inter hac signa, et superiora: illa siquidem non sunt a nobis
necessario percipienda, ut ipsorum perceptione in rei significatce cogni
tionem veniamus: heee autem nisi percipiantur, nemini cognitionem illius
Alterum discrimen.
adducent. Differunt etiam hac ratione, quod priora illa nec admodum
a Lib. de prin
usitate nominantur signa, nec satis proprie dicuntur repreesentare, hac
cipiis Dialectic. vero posteriora, maxime. Unde divus Augustinusa quasi complexus
omnia, quee populari sermone signa dicerentur, hoc modo signum defi
nivit. Signum est, quod et seipsum sensui, et preeter se aliquid animo
ostendit.
Capvt 9
Signa naturalia. Signa naturalia sunt, qua? apud omnes idem significant: seu potius, A
quee suapte natura aliquid significandi vim habent. Quomodo gemitus
Signa ex instituto. est signum doloris, et risus, latitia. Signa vero ex instituto sunt., qua
ex hominum voluntate, et quadam quasi compositione significant. Quo- B
Ex impositione. rum rursus duo sunt genera. Nam qucedam significant ex impositione,
utpote voces, quibus homines colloquuntur, et scripta, quibus absentes
Ex consuetudine. inter se communicant: alia ex consuetudine, et communi usurpatione:
quo pacto ea, qua pro foribus appenduntur, significant res venales.
Significatio propria. Eorum porro, qua ex impositione significant, duplex est significatio:
propria, et impropria. Propria est, quam sibi signa ex prima imposi
Impropria. tione vendicant: qualis ea est, qua vox Homo significat veros homines,
et Leo veros leones. Impropria est ea, ad quam ob aliquam rerum
Fere omnes tropi affinitatem signa traducuntur: cuiusmodi est illa, qua Homo significat
impropriam significa
tionem continent.
homines depictos, et Leo viros fortes. Fere autem verba ad aliquem C
Vide Quintilianum modum (τρόπον Grceci vocant) traducta, et immutata, impropriam
lib. 8. cap. 6. et lib. 9. habent significationem, ut quee per Metaphoram, Catachresim, Metale-
cap. 1.
psim, et Metonymiam immutantur. Dixi autem fere, quia saltem quee
per Onomatopaiam significant non videntur improprie usurpari. Quis
enim dicat hanc dictionem Clangor imitatione rei fictam, improprie signi
ficare sonum tuba, et [nomen] Latratus vocem canis domestici? De
Sinedoche, et Antonomasia alii indicent. Sed heee quee de propria, et
deste género de sinais, necessitam de os perceber. Daqui se dedu- Distinção entre sinais
D zirá a claríssima distinção entre estes sinais e os anteriores: com efeito, formais e instrumen
tais.
aqueles não têm de ser necessàriamente percebidos por nós para, por
meio da sua percepção, chegarmos ao conhecimento da coisa signifi
cada; estes, porém, se não são percebidos, a ninguém trazem o conhe
cimento dela. Diferem também pela razão de que os primeiros nem Outra distinção.
são habitualmente chamados sinais, nem com grande exactidão se diz
que significam; mas estes últimos significam ao máximo. Daí que
Santo Agostinho a, como que abrangendo todos os que na conversação a Livro Dos
popular seriam chamados sinais, definiu o sinal deste modo: sinal é Princípios Dialecti
aquilo que a si mesmo se mostra aos sentidos e, além de si, mostra cos.
algo ao espírito.
Capítulo 9
Primum discrimen Primum conceptus sunt signa formalia: voces autem, et scripta nurne- A
significationis con rantur in instrumentalibus, ut recentiores notant. Sunt enim conceptus
ceptum a significa
tione vocum et scri
quadam rerum significatarum similitudines in intellectu consignata,
pta. qua non necessario cognoscenda sunt, ut ipsarum interventu res signi
ficata cognoscantur: voces autem, et scripta, sunt signa externa, qua,
Secundum discrimen.
nisi potentiis cognocentibus oblidantur, in cognitionem rerum significatarum
neminem inducent. Deinde conceptus sunt signa naturalia earum rerum, B
quas significant: voces autem, quibus colloquimur, et scripta, quibus cum
a I. peri. 1. absentibus communicamus, sunt signa ex instituto. Conceptus enim, ut
ait Aristoteles a, sunt Udem apud omnes hoc est, idem suapte natura apud
Tertium discrimen.
omnes significant: voces vero, et scripta, non item, ut satis apertum est.
b I. peri. 1.
Denique conceptus significant res immediate, id est, nullo alio interiecto C
signo: voces autem intervenientibus rerum conceptibus, quorum sunt
proxima signa, et notce, ut ait Aristotelesscripta vero non solum
másia, outros que ajuízem. Mas o que tocámos com brevidade sobre
a significação própria e imprópria deve ser requerido aos gramáticos.
D Ainda dos que significam propriamente, uns dizem-se categoremas, Categoremas.
a Questões Tus
outros sincategoremas. Categoremas, segundo Cíceroa, são aqueles culanas, IV.
que se dizem de certo ou de certos, como Creso, rico, e outros seme
lhantes. De facto, esta dicção Creso diz-se só de um certo homem;
rico, diz-se de muitos. Mas não importa que Cícero, pelo nome de
categorema, entenda as coisas significadas, e nós, os próprios sinais Tanto as coisas como
impostos às coisas a significar. Com efeito, ambos se chamam cate- os sinais se dizem
E goremas, como que dizíveis, porque se dizem de um ou de vários. categoremas.
Sincategoremas.
São chamados sincategoremas (como se se dissesse: condutores de
categoremas) aqueles que se não dizem de algum ou alguns, mas trazem,
contudo, um auxílio aos categoremas, dando um sentido determinado
à oração, como: de Creso, de rico, doutamente, sàbiamente, todo, nenhum,
se, com, ou, por e outros semelhantes.
Parece suficiente o que dissemos sobre os vários géneros de sinais
e significações. Vamos falar agora de como significam os conceitos, as
vozes e a escrita.
Capítulo 10
C A P V T 11
Duo scmp. gignuntur Illud tamen est omnino necessarium, ut cum audimus voces, aut A
conceptus cum pro
ponitur vox, aut scri legimus scripta significativa ex instituto, duo semper in nobis conceptus
ptura significans ex gignantur, alter ipsius vocis, aut scripturae, qui in homine etiam ignaro
instituto.
idiomatis gigni potest, alter rei significatae, qui non gignitur, nisi in eo,
a capite. 10. qui tenet significationem vocabuli. Voces namque, et scripta sunt signa
instrumentalia, ut dictum esta, quae necessario sunt percipienda, si ipsorum
Non ultimadas. Ulti-
matus. interventu res significatce percipiendae sunt. Ac prior ille conceptus dici
Discrimen inter con solet. Non ultimatus, posterior Ultimatus. Aptius tamen ille diceretur B
ceptum, medium et Medius, hic Ultimus. Inter quos conceptus hoc discrimen perspice, quod
ultimum.
Medius significat naturaliter ipsam vocem, aut scripturam, quae proponitur
cum sit naturalis imago vocis, aut scripturae. Ultimus vero ab ipsa
b 1. Peri. 1.
eadem voce, aut scriptura ex impositione significatur. Nam cum homines
Conceptus medius si imponunt voces, aut scripta rebus significandis, simul etiam imponunt
gnificat ex impo. et
conceptum ultimum,
eadem significandis conceptibus rerum, id quod Aristoteles b, quod ad voces
et rem significatam. attinet, plane significat cum ait, voces esse notas, seu signa conceptuum,
non ita tamen, ut idem apud omnes significent. Addunt recentiores, C
conceptum medium significare ex impositione, et conceptum ultimum,
dos conceitos das coisas, mas ainda das vozes. Com efeito, o que
a escrita próximamente oferece à mente são as vozes. De facto,
muitos, lendo, exprimem as vozes que a escrita significa, não formando,
no entanto, nenhum conceito das coisas significadas, como é claro
naqueles que lêem latim sem o entenderem.
D Mas não é necessário que, ao ouvir eu uma voz significativa de Observação.
alguma coisa, se gerem em mim dois conceitos, um do próprio conceito
da coisa e outro da coisa significada. Nem, quando leio alguma pala
vra em Aristóteles, é forçoso que conceba três coisas: a voz que significa
a coisa e que corresponde ao vocábulo, o conceito da coisa e a coisa
significada. Com efeito, a mente, com a sua rapidez, voa imediatamente A mente muitas ve
zes ultrapassa os si
para a coisa, sem fazer caso, muitas vezes, dos sinais médios inter nais médios.
postos entre o primeiro sinal e a coisa significada.
C apítulo 11
De nomine
Ca p V T 12
Capítulo 12
Do nome
A Nome é a voz que significa por convenção, definidamente e sem
tempo, da qual nenhuma parte em separado significa, e a qual, juntando-
-se-lhe é ou não é, faz uma oração que significa o verdadeiro ou o falso a, a Da Interpreta
ção, I, 2.
como homem, Sócrates e outras vozes assim. Nesta definição, voz exclui
os conceitos e a escrita. Que significa exclui as vozes que nada significam
B como blítri e outras deste teor. Por convenção exclui as que signifi
cam naturalmente, como gemido e muitas outras interjeições. Definida-
mente exclui os nomes e os verbos infinitos, como não homem, não vale, Nomes e verbos in
finitos.
que Aristóteles pensa deverem chamar-se não simplesmente nomes
ou verbos, mas nomes infinitos e verbos infinitos, pelo facto de
não levarem ao intelecto nenhum conceito certo de ente verdadeiro ou
imaginário, visto que se dizem das coisas que são e das que não são.
Sem tempo exclui os verbos finitos e os participios, pois todos estes
C significam com referência ao tempo. Com efeito, embora vários nomes
signifiquem tempo, como dia, hora, ano, nenhum, contudo, acrescenta O que é significar com
uma diferença determinada de tempo, isto é, de presente, de pretérito ou tempo.
de futuro, à sua significação; isto é que é significar com tempo.
E da qual nenhuma parle em separado significa exclui as orações. De
facto, em separado e por si, na estrutura da oração, qualquer parte
de uma oração significab, como se pode ver nestas duas orações: b No livro III,
homem branco, o homem senta-se; em nenhum nome, porém, ainda que cap. 1.
seja de figura composta, como são república e decreto-do-senado, parte
alguma em separado declara qualquer coisa. Finalmente, a expres
são junto é, etc., exclui os casos dos nomes como de Platão, a Platão
e todos os restantes sincategoremas, como conjunções, preposições e
até, como querem alguns, adjectivos adjetivamente tomados, como Adjectivos adjecti va-
cândido, pois que, aposto o verbo é, quer afirmativamente, quer negati- mente tomados.
44 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I
nunquam efficitur oratio, quce verum, aut falsum significet, quod perspicuum
Qua ratione pronomi
na reiciantur a de erit, si dicas, Platonis est, Platoni non est, et ita in cateris. Quod si D
finitione nominis quis obiiciat, multa esse pronomina, quce adiuncto verbo Est efficiant
orationem, quce verum, aut falsum significet, quales hce sunt, Ego sum,
Tu es, Ille est, quare pronomina esse nomina, quod videtur absurdum:
occurres, pronomina non ratione sui id efficere, sed ratione nominum,
pro quibus in oratione ponuntur: hanc autem extremam nominum conditio
nem sic esse intelligendam, ut nomen ratione sui id efficere dicatur.
Verum quia non facile est internoscere, quce partes significent separa- A
tim, ac per se in ipsa totius vocis compositione, quce vero minime, duo
traduntur a recentioribus documenta, quibus id deprehendere possimus.
Primum documen
tum.
Alterum est, Ea pars vocis, quce, ut est in tota voce, peculiarem ingenerat
in mente notionem, significat per se in eiusmodi voce. Hinc colligimus
nec Do, nec Minus significare per se in hac dictione Dominus. Nam
cum tota dictio auditur, in nullius mente duo gignuntur conceptus, quorum
alter respondeat parti Do, alter parti Minus. At vero quia audita hac
Secundum documen oratione, Vir sapiens, duce in nobis producuntur notiones [quce] duabus his
tum.
partibus, Vir, et Sapiens, respondeant, intelligimus easdem partes per
se in ipsa totius vocis structura significare. Alterum documentum est, B
Ea pars totius vocis, cuius significationem qui tolleret efficeret ne tota vox
significaret id, quod antea significabat, significat per se in ipsa totius
vocis compositione. Hinc colligimus partes harum dictionum Dominus,
Respublica, et aliarum huiusmodi, sive simplicis, sive composita figura,
qua significant extra ipsam totius compositionem, non significare quicquam
Causa utrimque do
cumenti. in iis dictionibus, quarum sunt partes. Quoniam etsi quis huiusmodi
partium significationem tolleret, non idcirco tamen efficeret ut tota ipsa,
ac integra dictiones suas amitterent significationes, quod contra omnino
dicendum est de partibus huius orationis Homo sapiens, et in caterarum
vocum huius generis. Causa est, quia voces prioris generis tota, ac integra C
A 10 — Sapiens respondentes...
B 7 — Nam etiam si quis...
B 10 — dicendum esset in hac oratione...
C1 — cceteris vocibus. Causa est,...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO I 45
Capítulo 13
De verbo
C a p V T 14
Capítulo 14
Do verbo
Capítulo 15
interiectiones. Hcc siquidem omnes voces, et alia altee huiusmodi simpliciter et absolute
sunt orationes ut infra dicemus. Atque haec...
C 2 — quee hactenus numeravimus...
C 7 — Lib. 3 cap. 4. (cota marginal).
52 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I
Ca p V T 16
C APÍTULO 16
B 10 — in posteriori subticetur.
C1—Aliter quoque possumus occurrere, huiusmodi quidem voces...
C3 — sumit: verum id quod nos dixeramus...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO I 55
EnumeranturEvariceEnuncupationesEnominumEetEverborum
Capvta17
Ca p í τ u L o 17
Capítulo 18
qua ratione [ab Aristotele invecta est], non convenit nominibus, et verbis
ut sunt primee partes, elementave cuiusque modi disserendi, Divisionis,
inquam, Definitionis, et Argumentationis, ut a nobis in preesentia tractantur,
sed solum ut in ea terminari potest resolutio syllogismi simplicis, ac
Unde dictus termi proinde cuiusque argumentationis. Hinc enim dictus est terminus.
nus. Neque vero Aristoteles, etsi omnia ab initio dialecticae ad syllogismi
e 1. Prio 1. No simplicis doctrinam contulit, ullam Termini mentionem, nisi post aliquot
men generaliter acce libros, fecit, utpote cum tandem ad syllogismi structuram devenite. Potius C
ptum.
/ 3. Peri. 3.
ergo comprehendenda sunt nomina, et verba vocabulo Nominis late accepto,
Nomen generaliter qua nominis significatione sic ait Aristoteles f. Verba ipsa per se dicta,
idem quod catego-
rema.
nomina sunt, et aliquid significant. Quo in loco, ut uno verbo rem expo
g Ca. 12 et. 14. nam, Nomen idem est quod categorema, sicque non modo nomina, et verba
ut supra £ definita sunt, sed etiam ea omnia complectitur, quee directo
ad nomem, et verbum, revocantur. Et heee quidem usurpatione nominis
h Vt pned. 1 et tam scepe utitur Aristotelesb ut ei, qui vel mediocriter in eius lectione
5. 1. peri. 7. 2. post. versajus fuerit, plurima occurrant exempla. Itaque Nominis vocabulo
2 1 elench 1 4 me ^ac s^§nÍfica^one accepto, iam institutum persequamur.
ta. 4.
teles, não convém aos nomes e aos verbos enquanto são as primeiras
partes ou elementos de qualquer modo de discorrer, isto é, da divisão, da
definição e da argumentação, como nós os tratamos aqui, mas só
enquanto nela se pode terminar a resolução do silogismo simples, e, por
tanto, de qualquer argumentação. É por isto que se diz termo. Nem
Porque se diz termo.
sequer Aristóteles, embora tenha, desde o início da Dialéctica, fornecido
todos os elementos para a doutrina do silogismo simples, fez menção e Primeiros Ana
alguma do termo, senão depois de alguns livros, como quando chegou e líticos, 1, 1.
à própria estrutura do silogismo. O nome é tomado em
sentido geral.
C Portanto, os nomes e os verbos devem antes compreender-se no
vocábulo nome, tomado em sentido lato. Desta significação de nome, / Da Interpreta
ção, I, 3.
Aristóteles/ diz assim: os próprios verbos, em sentido próprio, são O nome em geral é o
nomes e têm um significado. No caso presente, para exprimir a reali mesmo que catego
rema.
dade numa palavra, nome é o mesmo que categorema, e assim não só g Cap. 12 e 14.
abrange os nomes e os verbos, como acima s foram definidos, mas
também tudo aquilo que directamente se reduz ao nome e ao verbo.
E desta acepção do nome tanta vez usa Aristóteles h que se oferecem h Por ex.: Predi
camentos 1 e 5; Da
muitíssimos exemplos mesmo àquele que mediocremente for versado Interpretação, I, 7;
na sua leitura. Tomado, portanto, o vocábulo nome nesta significa Segundos Analíticos,
II, 10; Tópicos,II, 13,
ção, sigamos o que já foi determinado. e II, 2; Elencos, I, 1;
Metafísica, IV, 4.
Capítulo 19
Ca pV T 20
Capítulo 20
Aequivoca relatione. modis: vel ad unum finem, quo pacto hoc nomen Sanum cequivocum est
habenti sanitatem, efficienti, et conservanti: vel ab uno efficiente, quo
pacto hcec vox Medicum (equivoca est habenti artem medicince, et omnibus
instrumentis, quibus medicus utitur: vel ab una forma, quo pacto hcec
vox Animal est (equivoca habenti formam animalis, et animali depicto,
et fictili: vel ab uno subiecto, quo pacto hoc vocabulum Ens cequivocum
Aequivoca a propor
tione. est substantice, quce per se existit, et accidentibus, quce per substantiam,
Cice. de universitate.
cui inhcerent existunt. Comparatione vero relationum, quce Grcece
Analoga quae dican αναλογία, Latine proportio nominatur, cequivocum est exempli causa D
tur.
nomen Pes pedi animalis, et montis, et nomen Aspectus aspectui oculorum,
c Vt. 2. post. 16,
et 1. eth. 6. et. 5. et mentis: quia nimirum ut se habet pes animalis ad animal, sic pes montis
meta. 6.
Vide Caie. de Ana
ad montem: itemque ut aspectus oculorum ad corpus, sic aspectus mentis
logia I. nominum. ad animum. Atque hcec extrema (equivoca apud Aristotelem c, et veteres
euius interpretes Analoga dicuntur, quasi dicas proportionalia. Sed
recentiores longo usu obtinuerunt, ut iam nunc omnia consilio oequivoca
analogorum nomine comprehendantur.
De nominibus univocis
C a p V T 2 1
a Ex pned. 1. Nomen univocum est, quod eadem omnino ratione sua significata A
Occurritur tacitas significata, ut vox Homo comparatione omnium verorum hominum:
obiectioni.
omnes siquidem dicuntur homines, quia sunt animalia rationalia. Sed B
animadvertendum est, non ita aequivoca ab univocis distingui, ut nullum
cequivocum sit aliqua ratione univocum. Nam hoc nomen Gallus, quod
casu cequivocum esse diximus, univocum etiam est, si ad gallos tantum
gallinaceos, quos eadem omnino ratione significat, referatur. Hoc item
nomen Homo, quod paulo superius ad homines tum veros, tum depictos
analogum diximus, nunc comparatione verorum duntaxat in exemplum
univocorum attullimus. Itaque non hcec distinximus quasi diversa vocabula,
sed quasi diversas nuncupationes nominum, quemadmodum instituimus.
Nullum autem est incommodum, si propter diversas considerationes,
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO 1 63
Capítulo 21
Omnia pene nomina diversce eidem voci nuncupationes tribuantur. Si tamen nomina respectu C
sunt aequivoca. . .„ ., „
omnium suorum significatorum considerentur, nulla pene univoca repe-
rientur. Nam ut omittam casu cequivoca, quce non pauca sunt, omnia
h 1. degener. 7. iam ferme vocabula tritus sermo analoga fecit^.
C apVT2 2
Analoga sunt media Porro casu cequivoca, et univoca sunt omnino adversa, et quasi con A
inter casu equivoca,
et univoca. traria inter sese: analoga vero sunt media inter utraque. Nam casu
Cap. 20. 21. 22. cequivoca diversis omnino rationibus sua significata significant, univoca
eadem omnino, analoga nec omnino diversis, nec omnino eadem. Unde
cum omne medium inter contraria modo aliquo utrique extremo repugnet,
et cum utroque modo aliquo conveniat, merito Aristoteles ita de analogis
a 4. Meta. 2.
loquitur, ut nunc a ea reiiciat ab cequivocis, nunc b ab univocis: et rursus,
b Praedi. 1.
c Praedi. 1. modoc appellet cequivoca, modo d univoca. Sed cum analoga diversis B
cl 2. Meta. 1.
simpliciter rationibus suis conveniant significatis, non item simpliciter
Plus conveniunt ana eadem, sed quodammodo eadem, ut diximus, non dubium est, quin maiorem
loga cum aequivocis a cum cequivocis a casu, quam cum. univocis habeant societatem: id quod
casu quam cum uni
vocis. in causa fuit, ut ab Aristotele initio categoriarum eadem definitione cum
cequivocis a casu, sub communi nomine cequivocorum definirentur, non
item cum univocis sub univocorum nomine. Illud tamen adverte aliter
e Locis nunc cita nos hoc loco, aliter Aristotelem de cequivocis, et univocis disserere: ille
tis.
Res aequi vocae, et siquidemQ de rebus, nos de vocibus loquimur. Res cequivocce sunt,
univocae. quce vocibus cequivocis significantur: univocce, quce univocis. Recen- C
tiores appellant voces cequivocas, et univocas /Equivoca cequivocantia,
et Univoca univocantia: res autem, /Equivoca cequivocata, et univoca
univocata. Verum his vocabulis, cum res perspicua sit, non est necesse
Capítulo 22
A Os equívocos por acaso e os unívocos são adversos e quase contrá Os análogos são
rios entre si; os análogos estão entre uns e outros. Com efeito, os intermédios entre os
equívocos por acaso
equívocos por acaso significam os seus significados segundo razões total
e os unívocos.
mente diversas; os unívocos, segundo razões totalmente idénticas; Caps. 20, 21, 22.
os análogos, segundo razões nem totalmente diversas nem totalmente
idênticas. Em consequência, como todo o meio entre contrários
repugna, de algum modo, a um e a outro extremo, e, de algum modo,
convém a um e a outro, com razão fala Aristóteles dos análogos de
tal modo que umas vezes a os exclui dos equívocos, outras vezesb a Metafísica,
IV, 2.
dos unívocos, e, logo em seguida, lhes chama ora equívocos c, ora b Predicamen
unívocos d. tos, 1.
B Mas como os análogos convêm aos seus significados segundo razões c Predicamen
simplesmente diversas e de certo modo as mesmas (não simplesmente tos, 1.
as mesmas), como dissemos, não há dúvida de que têm mais íntima d Metafísica,
II, 1.
relação com os equívocos por acaso do que com os unívocos — o que Os análogos relacio
fez que Aristóteles no início das Categorias lhes tenha dado uma defi nam-se mais com os
nição comum aos equívocos por acaso sob o nome de equívocos, e não equívocos por acaso
aos unívocos sob o nome de unívocos. Note-se, todavia, que nós aqui que com os unívocos.
estamos a discorrer acerca dos equívocos e dos unívocos diferente
mente de Aristóteles: ele falava, na verdade, das coisas e; nós, das e Nos lugares
vozes. agora citados.
C São coisas equívocas as que são significadas por vozes equívocas; Coisas equívocas e
unívocas, as que são significadas por vozes unívocas. Os modernos unívocas.
chamam às vozes equívocas equívocos equivocantes, às vozes unívocas
unívocos univocantes; e às coisas equívocas equívocos equivocados, às
unívocas, unívocos univocados. Porém, sendo isto evidente, não é neces
sário usar destes vocábulos. Entenda-se apenas, de passagem, que,
segundo os vocábulos gregos, com maior propriedade se chamam equí-
5
66 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I
Magis proprie res, uti. Illud obiter ex Grcecis vocabulis intellige, magis proprie res, quam
quam voces dicun
tur aequivocae, et uni
voces, dici ¿equivocas, et univocas. Nam et ομώνυμα quce nos ¿equivoca
vocae. dicimus, et συνώνυμα, quce appellamus univoca, ex ipsa vocabulorum vi
dicuntur quasi Habentia idem commune nomen: quod haud dubie de rebus
intelligitur, a quibus ad voces appellatio traducitur. Itaque voces dicuntur
tequivocce, quia res ¿equivocas significant, univocce autem, quia significant
res univocas.
C ap Vt2 3
vocas e univocas as coisas do que as vozes. Com efeito, quer os As coisas, de prefe
rência às vozes, di
homónimos [ομώνυμα] que nós dizemos equívocos, quer os sinónimos
zem-se com maior
[συνώνυμα] que chamamos unívocos, se dizem, pela própria força dos propriedade equívo
vocábulos, como que possuidores do mesmo nome comum, nome esse cas e unívocas.
que, sem dúvida, se entende acerca das coisas que transmitem a denomi
nação para as vozes. E, assim, as vozes dizem-se equívocas, porque
significam coisas equívocas, e unívocas, porque significam coisas
unívocas.
Capítulo 23
C ap VT2 4
Capítulo 24
C1-C 2 — non quasi adiacens alicui, sed quasi per se subsistens, seu {ut Dialectici
loquuntur) per modum per se stantis, qualia sunt...
C 3-D 1 — Ex eo autem dictum videtur nomen connotativum, quia preeter id,
quod significat, aliud etiam, de quo dicitur, notat. Absolutum vero, quia preeter id,
quod significat, nil aliud notat de quo dicatur. Illud tamen...
D8 — et alia pene infinita primarum,...
D 14-D 16 — Quo fit ut perperam lue nuncupationes a quibusdam confundantur
et pro eadem promiscue usurpetur.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO I 71
Ca pV T 25
A 9-A 13 — Hinc fit ut hoc nomen studiosus pro virtute prcedito acceptum non sit
denominatium quia non deducitur voce, ac significatione ex nomine aliquo priori.
Sola enim voci trahitur ex nomine studium, sola autem significatione ex nomine virtus.
Hine etiam fit ut heee nomina Cursor...
A 17 — a nullo derivantur, quia viribus...
B 7 — Candidum enim si cum candoris vocabulo comparatur, denominativum
est, si cum nomine...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO I 73
Capítulo 25
Duplex respectus te- minativum est, cum nomine Candidatum, denominans. Verum, ut quae C
quiriturin quovis de
dixi melius intelligas, adverte, in quovis denominativo duplicem respectum
nominativo.
requiri; alterum ad vocabulum denominans, a quo voce, ac significatione
deducitur; alterum ad rem denominatam, cui aliquid adiacere significat,
seu, cuius est connotativum. Propter priorem respectum omne denomi-
nativum dicitur ab aliquo denominante denominativum, propter poste
riore, alicuius rei denominatee denominativum. Unde efficitur, ut quem
admodum omne denominativum est denominativum a certo quodam, et
Denominativa non de
designato vocabulo, sic etiam sit denominativum certae alicuius rei, aut
omibus dicuntur de-
nominative. aliquarum. Id quod ideo collegerim, ut mirari desinas, si videris nomina D
Nullum [enim] genus denominativa non de omnibus, de quibus dicuntur, denominative praedicari.
praedicatur denomi- Re enim vera Coloratum praedicatur denominative de corpore, cuius est
native de sua specie
connotativum: de albo autem, cuius non est connotativum, denominative
[ut Arist. ait.] 2. Top.
cap. 2. praedicari non potest. Haec item nomina Bonus, Sapiens, Justus, praedi
D. Tho. 1. p. q. 1. 3. cantur denominative de hominibus, quibus bonitas, Sapientia, et Iustitia
et alii Theologi. 1. accidentaria est: de Deo autem, in cuius simplicissima essentia huiusmodi
d. 22.
perfectiones continentur, non denominative, sed essentialiter, dicuntur
[ut theologi docent]. Alneum quoque, Ligneum, et huiusmodi, dicuntur
denominative de figuris, ut de circulo, et triangulo: essentialiter autem,
non denominative de rebus ex figura et materia compositis, ut de triangulo
aeneo, et ligneo circulo. Rationale denique dicitur denominative de animali,
essentialiter de homine, ac Socrate.
Ca pV T 26
Capítulo 26
CA P V T 27
Sebastião. Mas estas orações, uma vez que realmente são comuns e não
convêm a uma só coisa, a não ser por hipótese, dizem-se indivíduos não
simplesmente, mas por hipótese. Prescindo aqui das orações construí
das de nomes comuns e sinais particulares, como: certo homem, certo
cavalo, orações estas que se chamam indivíduos vagos, porque se não Indivíduos vagos.
dizem de um só, mas de vários.
Capítulo 27
A Mas contra a definição de nome comum é lícito argumentar assim: Primeira objecção.
todos os nomes equívocos são comuns, segundo Aristótelesa, que, a Predicamen
definindo coisas equívocas, diz assim: equívocas são as coisas cujo tos. 1.
nome é comum; ora, os nomes equívocos não se predicam de vários pela
mesma razão (supõe Aristóteles que a razão da substância é diversa, o
que é também bastante claro, pelo que ficou dito); por isso, a definição
de nome comum não compreende todos os nomes comuns. E será lícito Segunda objecção.
ainda argumentar assim: os nomes Mundo, Sol, Lua, Mercúrio e outros
semelhantes são comuns (os físicos, com efeito, e os astrólogos que dis
correm acerca do Mundo, do Sol, etc., não tratam senão de coisas comuns,
uma vez que os singulares são rejeitados das ciências pelo consenso Os singulares são ex
de todos os filósofos); ora, a estes nomes não se ajusta a definição do cluídos das ciências.
nome comum, porque se não predicam de vários (e nem dizemos, com
verdade, que há vários Mundos, vários Sóis, Luas, ou Mercúrios); por Aristóteles, em Ética,
isso, a definição de nome comum não convém a todos os nomes II, 2 e Retórica a
Teodoreto, I, 2 e
comuns — de onde se infere que a mesma não foi bem dada.
Metafísica, III, tre
A primeira objecção responder-se-á que os nomes se podem dizer cho final. E outros
comuns, por um de dois modos: ou só quanto à voz, ou quanto à voz em outros lugares.
e à significação simultáneamente; ora os equívocos são todos comuns Solução da primeira
só quanto à voz; nós, porém, só definimos os que são comuns quanto à objecção.
Comuns só quanto à
voz e à significação; por isso, não é para admirar se a definição de
voz. Comuns quanto
nome comum não compreendera os comuns do primeiro género. à voz e à significação.
B À segunda responder-se-á: aqueles nomes não só são verdadeira Solução da segunda
mente comuns, como por nós foram definidos, mas também se predicam objecção.
de vários. Com efeito, não significando o nome Mundo, primàriamente,
este mundo designado, mas o mundo absoluta e simplesmente, atento
o modo como os filósofos discorrem acerca do mundo, não há dúvida
de que pelo modo da sua significação se pode predicar de vários mundos
80 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I
Ca pV T 28
Capítulo 28
Ca pV T 29
dadeiras, e só delas. Por isso se diz que os transcendentes são seisG: a S. Tomás, Da
Verdade, q. I, art. 1;
ente, uno, verdadeiro, bom, algo e coisa, de cuja significação se tratará
e Da Natureza do
em outro lugar. Género, cap. 2.
Os restantes, segundo esta opinião, são não transcendentes,
e entre estes contam-se os que pelos modernos são chamados
supertranscendentes, como opinável, pensável, apreensível, e outros, Supertranscendentes.
se existem, que se afirmam não só de todas as coisas verdadeiras,
mas também de quaisquer outras.
C a p í t u l o 29
A Nome negativo é o que significa negação de algo. É duplo; com Duplo nome nega
efeito, ou significa negação de algo num sujeito certo e determinado, tivo.
como cego, tenebroso, imprudente, ou em qualquer sujeito, como não-
-vidente, não-iluminado, não-prudente. Com efeito, cego significa negação
da vista nos olhos; não-vidente, porém, significa negação da vista cm
qualquer sujeito, quer seja ente, quer não ente. Daí deriva que alguém
poderia dizer, falsamente, que pedra ou hircocervo são cegos; com ver
dade, porém, [dir-se-ia] que não veem. Distinção idêntica facilmente
se verifica nos restantes.
B Os primeiros nomes dizem-se privativos ou privantes, tomada lata Privativos.
mente a acepção de privantes (pois são abrangidos muitos que,
menos propriamente, se dizem privativos, como diremos em outro
lugar); os segundos, mantido o nome comum, chamam-se negativos Negativos.
somente ou negantes. Ora quase todos os deste género são por Aris
tóteles a chamados infinitos, pelo facto de se afirmarem com verdade Infinitos.
tanto de coisas que são, como de coisas que não são, isto é, tanto de a Da Interpreta
ção, I, 2 e 3.
coisas verdadeiras, como de coisas não verdadeiras, por exemplo:
não-homem, não-quimera. Aquele [não-homem], com efeito, diz-se de
todas as coisas, não verdadeiras ou verdadeiras, excepto de homem.
Este, [não-quimera], diz-se, igualmente, de todas as coisas, excepto de
quimera. Aqueles [nomes], porém, deste género, que são recíprocos
só das coisas verdadeiras ou das não verdadeiras, como não-nada e Negativos não in
não-ente, porque se dizem não tanto das coisas que são, como das que finitos.
não são, não são chamados infinitos por Aristóteles.
84 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I
non sunt non dicuntur ab Aristotele infinita. Nomina positiva sunt, quce
non significant negationem alicuius, ut Homo, Chimara, Videns, prudens,
Indutus, et similia.
CapVT30
Obiecl. 1.
Sed contra hcec obiiciat fortasse aliquis, Hoc nomen Negatio A
significat negationem alicuius {significat enim negationem, omnis autem
negatio aliquid negat) et tamen non est nomen negativum, cum nec sit
privativum, nec numeretur in iis negativis, quce ex adverso a privativis
distinguuntur {nam nec est infinitum, nec cum solis entibus, aut non entibus
Obiect. 2. reciprocatur) ergo definitio nominis negativi accommodatur alicui nomini
non negativo, quod absurdum est. Praeterea hcec vox Nonhomo signi
ficat negationem alicuius, ut satis apertum est, et tamen non est nomen
Obiect. 3.
negativum, sed oratio, quippe cum ea audita duo in nobis gignantur con
ceptus ultimi, alter particulce. Non, alter particulae Homo, igitur definitio
a Cap. superiori. nominis negativi congruit alicui orationi, quod etiam est incommodum.
b Cap. 15.
Solut. 1. Idem apertius ostenditur in voce Nonnihil, quam inter negativa nomina
Sola negatio specialis
recensuimus a. Componitur enim ex voce Nihil, quam supra b orationem
aliquid negat. esse affirmavimus. Prima tamen obiectio facile diluetur, si dicas, hoc B
nomen Negatio nec esse negativum, ut probatum est, nec significare
Solut. 2.
negationem alicuius. Quanquam enim omnis negatio specialis, ut nega
c 1. Peri. 2.
tio aspectus, negatio hominis, negatio entis, et negatio hippocentauri
neget aliquid, hoc est significatum alicuius nominis, tamen negatio in
Idem supra Cap. 13. commune nihil omnino negat. Secunda: obiectioni respondebis, vocem C
Nonhomo non esse orationem, ut Aristoteles c plane fatetur. Quanquam
Occurritur ineptas ob-
enim particula Non, et particula Homo proprias habeant, peculiaresque
iectioni. significationes extra totam vocem., tamen in unius dictionis compositio
nem coniunctce eiusmodi significationes amittunt, totaque ipsa dictio ex
utraque voce conflata significat negationem eius rei, quam vox Homo
extra totam vocem significat. Neque vero ulla est hcec consecutio, quam
quis fortasse extruxerit, Nonhomo significat negationem hominis, ergo
B 12-B 13 (cap. 29) — quia non tam late patent non dicuntur ab Aristotele.
A 1 — Sed contra ista. Hoc nomen...
C 5 — Vide supra, cap. 13 (cota marginal).
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO I 85
Capítulo 30
A Mas a isto talvez alguém objecte: o nome negação significa negação Primeira objecção.
de alguma coisa (significa, de facto, negação, e toda a negação nega
alguma coisa); e, contudo, não é um nome negativo, pois que nem é
privativo, nem se inclui naqueles negativos que se distinguem por opo
sição dos privativos (com efeito, nem é infinito, nem é recíproco somente
dos seres ou dos não seres); logo, a definição de nome negativo acomo-
da-se a algum nome não negativo, o que é absurdo. Além disso, a Segunda objecção.
voz não-homem significa a negação de alguma coisa, como está bem de
ver; e, contudo, não é um nome negativo, mas uma oração, pois que,
ao ouvi-la, se geram em nós dois conceitos últimos, um da partícula
não, outro da partícula homem; por isso, a definição de nome negativo
convém a alguma oração — o que não é conveniente. O mesmo se Terceira objecção.
mostra claramente na voz não-nada, que enumerámos entre os nomes
negativos a. Com efeito, compõe-se da voz nada, que acima b afirmámos a Cap. anterior.
ser uma oração. b Cap. 15.
B A primeira objecção facilmente se destruirá, dizendo-se que o nome Solução da primeira.
negação nem é negativo, como se provou, nem significa negação de
alguma coisa. Pois, embora toda a negação especial (como: a negação
da vista, a negação de homem, a negação de ser e a negação de hipo- Só a negação espe
centauro) negue alguma coisa, isto é, o significado de algum nome, cial nega alguma
coisa.
contudo negação, em geral, não nega absolutamente nada.
C À segunda objecção responder-se-á que a voz não-homem não é Solução da segunda.
uma oração, como Aristóteles c claramente confessa. Pois, embora a c Da Interpreta
partícula não e a partícula homem, fora da voz toda, tenham significa ção, I, 2.
Cap V T 3 1
Repugnantia. Nomina repugnantia sunt, qua de eadem re vere affirmari non possunt: A
ut Album, et Nigrum: Ambulat, ac Non ambulat: Doctus, et indoctus:
Lapis, et Lignum. Cum audis, Qua affirmari non possunt, intellige
simul, seu in eodem tempore, et eodem modo. Cum additur, De eadem
re, intellige de eadem re singulari secundum eandem partem, et res
pectu eiusdem. Alioqui nulla sunt propemodum nomina qua de eadem
Non repugnantia. re vere affirmari nequeant, ut animadvertenti facile patebit. Nomina B
non repugnantia sunt, qua eadem de re vere affirmari possunt ut Doctus,
et Modestus: Simplex, et Prudens: Dives, et Miser. In qua definitione
intellige omnes particulas, quas in definitione repugnantium intelligendas
D 5-D 8 (cap. 30) — concipimus ei patrem et filium: verum non quia pars altera
nominis gignat altera alterum, conceptum, altera, sed quia pater sine filio percipi milio
modo potest.
E1-E 6 — aliquando idem valere quod Nulla res, aliquando idem quod Nonens,
priorique modo esse orationem, posteriori, nomen negativum, non quidem significans
negationem, et ens ut modo ostendimus, sed negationem entis, quee alia negatione haud
dubie negari poteste. Negatio autem negationis entis significatur voce Nonnihil.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO 1 87
Capítulo 31
Nomes repugnantes são os que se não podem, com verdade, afirmar Repugnantes.
da mesma coisa, como: branco e negro, caminha e não caminha, douto
e indouto, pedra e madeira. Ao ouvir: que se não podem afirmar,
entenda-se simultáneamente ou ao mesmo tempo e do mesmo modo.
Juntando-se da mesma coisa, entenda-se da mesma coisa singular,
segundo a mesma parte e a respeito do mesmo. De facto, quase não
há nomes que não possam afirmar-se da mesma coisa, como fácil
mente será claro para quem estiver atento.
Nomes não repugnantes são os que se podem afirmar, com verdade, Não repugnantes.
acerca da mesma coisa, como: douto e modesto, simples e prudente,
rico e miserável. Nesta definição, entendem-se todas as partículas que,
na definição de repugnantes, dissemos deverem ser entendidas.
A 6 — Nam alioqui.
B 4 — quas in superiori intelligendas.
INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I
CapVT32
Prior usurpatio ex
Boet, in categorias Duplici significatione usurpatur heee nuncupatio nominum primee, A
Arist. ac secundce intentionis. Quidam ita loquuntur, ut nomina rerum dicant
primee intentionis, quasi primi propositi, et instituti eorum, qui nomina
imposuerunt, nomina vero nominum appellent secundce intentionis, pro-
positive. Prius enim imponenda erant rebus nomina, ut alia vocaretur
Homo, alia Equus alia Platanus, et alice aliis vocabulis, deinde ipsis rerum
vocabulis, ut nimirum aliud appellaretur Nomen, aliud Verbum, aliud
participium, et alia aliis nominibus. Iuxta hunc loquendi morem sola
nomina imposita vocibus significantibus ex impositione, qua ratione ex
impositione significant, sunt secundce intentionis, ccetera omnia sunt primee,
etiam si veras res non significent. Atque hoc significatu satis apertum
Posterior usurpatio est cur nomina primee intentionis primee etiam impositionis dicantur,
ex D. Thoma de na
tura generis, 12. et. 2 secundce autem intentionis, secundce impositionis. Alii vocant nomina B
de universalibus, et primee intentionis ea, quee significant primas intentiones: secundce autem
de potent, q. 7. art. 9.
intentionis, quee significant secundas. Nomine autem primarum inten
tionum intelligunt ea omnia, quee conveniunt rebus veris, etiam si eiusmodi
res a. nemine concipiantur: quod vocant convenire a parte rei: quo pacto
convenit Socrati quod sit homo, quod disciplinae capax, quod Socrates,
quod Philosophus, quod fortasse ccecus, et non iustus. Nomine vero
secundarum intentionum intelligunt ea, quee conveniunt rebus veris ob
aliquam, earum apprehensionem, quod dicitur per operationem intellectus:
quo pacto accidit huic voci Homo naturaliter spectatce quod sit nomen,
et huic Disputo quod sit verbum. Nisi enim hce voces apprehendantur
C Com efeito, há dois géneros de nomes repugnantes. Uns são opostos, Dois géneros de re
outros não-opostos ou díspares. Os opostos são contradizentes ou pugnantes.
Opostos.
contraditórios, como justo e não justo; privativamente opostos, como
vidente e cego; contràriamente opostos, como branco e negro; e relativa
mente opostos, como mestre e discípulo — os quais, de facto, correspon
dem aos quatro géneros de coisas opostas apresentados por Aristóteles,
dos quais trataremos depois a, sucintamente. Os restantes nomes repug a No fim do li
nantes são não-opostos ou díspares, como pedra e madeira, carne e espírito. vro II.
Díspares.
Capítulo 32
A Com dupla significação se emprega esta denominação de nomes de Primeiro uso por Boé-
cio, nas Categorias
primeira e segunda intenção. Alguns falam de tal maneira que dizem de Aristóteles.
os nomes das coisas de primeira intenção como que de primeiro propósito
ou convenção daqueles que impuseram os nomes; os nomes dos nomes
chamam-nos de segunda intenção ou propósito. Primeiro, pois, deviam
ser impostos nomes às coisas para que uma se chamasse homem, outra
cavalo, outra plátano e outras com outros vocábulos; em seguida,
aos próprios vocábulos das palavras, para que seguramente um se cha
masse nome, outro verbo, outro participio, e outros com outros nomes.
Segundo este costume de falar, só os nomes impostos às vozes que signi
ficam por imposição, pela qual razão significam por imposição, são de
segunda intenção; todos os demais são de primeira intenção, mesmo que
não signifiquem coisas verdadeiras. Ora, posto isto, é bem clara a
razão por que os nomes de primeira intenção se dizem também de pri
meira imposição e os de segunda intenção de segunda imposição.
B Outros chamam nomes de primeira intenção àqueles que significam
primeiras intenções e de segunda, aos que significam segundas. Pelo
nome de primeiras intenções entendem tudo o que convém às coisas
verdadeiras, ainda que as coisas deste género por ninguém sejam con Segundo emprego.
S. Tomás, em Da
cebidas, o que chamam convir da parte da coisa. Deste modo, convém Natureza do Género,
a Sócrates ser homem, ser capaz de educação, ser Sócrates, ser filósofo, 12; Dos Universais, 2
ser talvez cego e não justo. Pelo nome de segundas intenções, entendem e Da Potência, q. 7,
art. 9.
o que convém às coisas verdadeiras, em virtude de alguma apreensão
delas, ou seja, através duma operação do intelecto. Deste modo, con
vém à voz homem, naturalmente tomada, ser nome, e a disputo,
ser verbo. A não ser que estas vozes se apreendam como sinais impos-
90 INSTITVTIONVM D1ALECTICARVM LIBER I
ut signa rebus imposita, nec prior erit nomen, nec posterior verbum.
Eodem modo accidit homini quod sit species, quod definiatur, et similia:
quoniam nisi apprehendatur imagine quadam communi omnibus hominibus,
a Apud Porphy- nec species erit, nec definietur, ut alibi ostendemusa. Atque illa quidem
rium. merito dicuntur intentiones primee, heee secundce, quia cum illa sint horum
fundamenta, intellectus noster prius in illa, quam in heee intendit. Jta
satis perspicuum relinquitur, cur nomina illorum dicantur primee intentionis,
horum autem, secundce. Et quia ea, in quee prius intendimus, prius etiam
Num figmentorum nominare possumus, non est alienum ab hac usurpatione nominum, ut
nomina sint primae
intentionis. priora dicantur primee impositionis, et posteriora secundce. Quanquam
vero figmentorum nomina ut Sphinx, Chimcera, et similia non sint primee,
nec secundce intentionis posteriori acceptione, ut ex dictis patet, possunt
tamen reductione quadam elici primee intentionis, quia res fictee, etsi res
Conclusio libri.
verce non sunt, tamen finguntur esse verce. Id quod addiderim ne aliquod
nomen, sit, quocl utroque modo primee, aut secundce intentionis non dicatur.
Heee de varia nuncupatione nominum, ac verborum dixisse sit satis. Quee
pars instituti nostri respondet initio categoriarum Aristotelis, ubi ille
de cequivocis, univocis, et denominativis, de complexis, et incomplexis,
de universalibus, et singularibus, antequam ingrediatur ad categorias,
pauca praefatur.
tos às coisas, nem o primeiro será nome, nem o segundo será verbo.
Igualmente, convém a homem ser espécie, ser definido, e coisas seme
lhantes; porque, se não for apreendido por meio duma certa imagem
comum a todos os homens, nem será espécie, nem se definirá, como
mostrámos acima a. Ora, sem dúvida, aquelas dizem-se, com razão, a Segundo Por
primeiras intenções, e estas, segundas intenções, porque, sendo aquelas firio.
os fundamentos destas, o nosso intelecto dirige-se primeiro àquelas que
a estas. Assim, deixa-se bem evidente a razão por que os nomes daque
las se dizem nomes de primeira intenção e os destas de segunda intenção.
E porque as coisas, para que primeiro dirigimos a intenção, também
as podemos nomear em primeiro lugar, não é alheio a este emprego dos
nomes o dizerem-se as primeiras de primeira imposição e as segundas
de segunda.
C Embora, na verdade, os nomes de coisas fictícias, como esfinge, Se os nomes de coisas
quimera, e outras assim, não sejam de primeira nem de segunda intenção, fictícias são de pri
meira intenção.
na segunda acepção, como se mostra pelo que ficou dito, podem, todavia,
por certa redução, dizer-se de primeira intenção, porque as coisas fictícias,
apesar de não serem verdadeiras, são, contudo, fingidas serem verdadei
ras ;o que ajuntarei para que não haja nome algum, que, de um ou
outro modo, se não diga de primeira ou segunda intenção.
Baste o que disse acerca das várias denominações dos nomes e dos Conclusão do livro.
verbos. Esta parte do nosso tratado corresponde ao início das Catego
rias de Aristóteles, onde ele, antes de entrar nas categorias, diz alguma
coisa dos equívocos, unívocos e denominativos, dos complexos e incom
plexos, dos universais e singulares.
IN STITVTIONVM DIA L E C TIC A R V Μ
LIBER SECVNDVS
CA P V T 1
DAS
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS
Capítulo 1
dici solet) quce sunt veluti forma eorum de quibus pradicantin: quo pacto supetiota
prcedicantur de inferioribus et connotativa de absolutis ut animal de homine, et álbum de
cygno. Huic contraria est quadam pradicatio, qa contra naturam et in directa dicitur, in
qua videlicet contra fit, ut si homo pradicetur de animali, aut cygnus de albo. Inter has...
94 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER II
Praedicatio naturalis. paucis accipe. Ea praedicatio dicitur secundum naturam, sive naturalis,
quee rerum natura congruit. Jd autem potissimum natura rerum congruit
ut qualibet res de seipsa dicatur, ut si dicas Socrates est Socrates, quando
quidem nil magis naturaliter cuique rei convenit, quam ipsa. Deinde
illud est natura accomodatum, ut id, quod est quasi forma dicatur de eo,
quod est quasi materia, ut si dicas, Homo est animal, aut Cygnus est albus:
cuius rei rationem apud Porph. facilius inte!liges. Ita fit ut duplex sit
Praedicatio idéntica. naturalis pradicatio sive secundum naturam, una idéntica, in qua prcedi-
Praedicatio directa. catum, et subiectum sunt omnino idem altera, qua directa dicitur, (qua
quidem formalis non incommode vocari posset) in qua id quod est quasi
forma pradicatur de eo, quod se habet, ut materia. Porro idéntica etsi
maxime naturalis est, tamen ea ratione a nobis pratermissa est in prima
editione, quia nihil habet artis. Nunc autem consultius eam comprehen
dimus, quia Porphyriana Isagoges, quam priori parte huius libri adumbrare
Paedicatio contra na conamur, non excludit identicam, ut eo loco patebit. Naturali prcedica-
turam, seu indirecta. tioni contraria est ea quee tum contra naturam, tum. etiam indirecta dicitur,
in qua videlicet in quod est quasi materia praedicatur de eo quod est quasi
forma, ut si dicas, Animal est homo, aut Album est Cygnus. Inter
Praedicatio praeter na has [vero] media est alia [quadam], quee et prater naturam, et per accidens
turam, seu per acci appellatur, in qua [nimirum] nec id, quod pradicatur, est veluti forma eius,
dens.
quod subiicitur, nec id, quod subiicitur, est veluti forma eius, quod pradi
catur, sed ambo unius cuiusdam alterius: ut si dicas, Album est dulce,
vel, Dulce est album. Neutrum siquidem est quasi forma alterius, sed
ambo sunt veluti forma [cuiusdam tertii] ut lactis, aut sachari. Univer
sale igitur, quod generi, speciei, differentia, proprio, et accidenti commune
est, et in hac quinque membra adaquata divisione dividitur, ita. pradicatur
[eadem omnino ratione, sive univoce] de rebus, quarum respectu dicitur
universale, ut de illis non pradicetur contra naturam, aut prater naturam,
sed secundum naturam. Quod tamen nunquam accidit, nisi directe,
[cum nihil omnino possit idéntica pradicatione de pluribus dici, ut perspi
e Cap. 26. cuum est. Illud tamen hoc loco adverte superiori libroe explicatum
esse nomen Universale, sive Commune, hic autem describi rem universalem;
pressius tamen hic accipi rem, quam illic nomen. Ut enim nomina dicantur
est) univoce, non tamen contra naturam, aut preeter naturam (quas pnecticationes Aristo I post. 15 et 18.
teles nomine prcedicationis per accidens complectitur) sed secundum naturam, sive directe.
96 1NSTITVTI0NVM DIALECTICARVM LIBER II
C A P V T 2
a Prophy. de ge Porro universaliaa aut prcedicantur in qucestione Quid est, aut in A
nere.
qucestione Quale est: et iterum, aut essentialiter, aut accidentaliter:
et rursus, aut necessario, aut non necessario, seu contingenter. Ea prce
Praedicatio in Quid dicantur in qucestione Quid est, quce apte redduntur cum, quidnam aliquid
est.
sit, quceritur b. Hoc modo prcedicatur virtus de iustitia, et homo de Socrate:
b Porphy. ibidem
ex. 1. top. 4. quia si quis qucerat quid sit iustitia, quid Socrates, apte respondebit qui
Praedicatio in Quale dixerit, iustitiam esse virtutem, et Socratem esse hominem. Ea prcedi
est.
cantur in qucestione Quale est, quce apte redduntur, cum qualenam aliquid
c Porphy. ibidem. sit, quaeriturc. Hoc modo prcedicantur rationis particeps, rectum, et
alia huiusmodi de Socrate. Nam si quis roget qualenam animal sit Socrates,
apte respondebit, qui dixerit esse rationis particeps, rectum, et huiusmodi.
Praedicatio essentialis. Ea prcedicantur essentialiter, quce pertinent ad essentiam subiecti. Hoc B
Praedicatio acciden
modo prcedicantur de homine tum animal, tum rationis particeps. Ea prce
talis.
dicantur accidentaliter, quce non pertinent ad essentiam subiecti. Quo
Praedicatio necessaria. pacto rectum prcedicatur de homine, et candidum de cygno. Ea prcedicantur
d Aliquando enim necessario (ut hoc loco necessaria prcedicatio accipitur d) quce ita affirman
latius accipitur, ut
tur de subiecto, ut de eodem negari non possint absque subiecti eversione.
li. 3. cap. 5.
Quo pacto disciplince capax prcedicatur de homine. Si quis enim negaverit
C
hominem esse disciplince capacem, consequens est ut neget eundem esse
hominem Hcec iccirco tam firma, prcedicatione de subiecto dicuntur, quia,
vel pertinent ad essentiam subiecti, vel intimis essentice principiis nascuntur.
Praedicatio contin Ea denique prcedicantur non necessario, seu contingenter, quce ita de
gens.
subiecto affirmantur, ut de eodem negari possint absque subiecti eversione e.
e Porphy. de acci
dente. Quo pacto candidum prcedicatur non modo de homine, sed etiam de cygno.
Ut enim non negat hominem esse hominem, qui eum, qui candidus est,
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO II 97
Capítulo 2
candidum esse inficiatur, sic non negat cygnum esse cygnum, qui negat
esse candidum. Quanquam enim hoc falso dicitur, hinc tamen non sequi
tur ut cygnus dicatur non cygnus, quippe cum candor cygni nec ad eius
essentiam pertineat, nec ex intimis eius principiis profluat. Sed hcec dili
gentius persequi non ad hunc locum attinet.
De genere
CA P V T 3
a Porphy. de ge
Genus itaque est universale quiddam, sub quo species collocatur a: A
nere.
ut animal. Sub hoc enim collocatur homo, qui in speciebus animalis
b Porphy. de ge numeratur. Definitur etiam hoc modo. Genus est id, quod de pluribus
nere ex. 1. Top. 4. specie differentibus in quaestione Quid est praedicatur b. Dicimus
Quíe differ, specie. namque animal esse genus hominis, et equi, quoniam est universale, quod
apte redditur, cum quid sit homo, quid equus, quaeritur. Ea vero dicun- B
c Porphy de spe
tur differre specie, quae aut sunt diversae species, ut homo, et equus: aut
cie. sub diversis speciebus continentur, ut Alexander, et Bucephalus Alexan
Genus summum.
dri equus. Iam vero genus duplex est c: aliud summum, aliud subalter- C
Genus subalternum. num, ut vocant. Ea res dicitur genus summum, quae supra se nullum genus
habet: et, Quae, cum sit genus, non est etiam species, ut substantia, qualitas,
Nomen generis quam et alia, de quibus, inferius dicemus. Ea vero dicitur genus subalternum,
late usurpetur apud ' supra quam aliud genus assignatur, et quae, cum sit genus, est etiam species,
Latinos.
ut corpus. Hoc enim comparatione substantiae est species, comparatione
corporis animati est genus. Latini tamen scepenumero nomen generis
pro quacunque re universali (late etiam accepto nomine universalis)
usurpant: ut cum dicunt, multa esse animalium genera, Hominem, Equum,
Leonem, et cartera: item Medicinae duo esse genera sublecta, Sanum, et
yEgrum. Quo loquendi charactere, quoniam usurpatissimus est saepissime
utimur.
De specie
Ca pV t 4
a Porphy. de spe
cie. Species est id, quod proxime sub aliquo genere collocatur a: ut homo: A
Species subalterna. proxime siquidem sub animali, quod genus est, continetur. Est autem
duplex species, altera infima, altera subalterna. Ea res dicitur species
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO II 99
assim não nega que um cisne é cisne quem negar que ele é branco.
Embora isto se diga falsamente, todavia, daqui não se segue que o cisne
se diga não cisne, uma vez que a brancura do cisne nem pertence à sua
essência, nem é exigida pelos seus princípios intrínsecos. Mas não
pertence a este lugar estudar estas coisas mais diligentemente.
Capítulo 3
Do género
A O género é um universal, sob que se coloca a espécie a: assim animal.
Abaixo deste, com efeito, coloca-se homem, que se enumera entre as a Porfirio, em Do
espécies de animal. Define-se também deste modo: género é aquilo Género.
que se predica de várias coisas diferentes na espécie, na pergunta o
que éb. Dizemos, com efeito, que animal é o género de homem e de
cavalo, porque é o universal que se dá como resposta adequada, quando b Porfirio, em
Do Género, dos
se pergunta o que é o homem, o que é o cavalo. Tópicos I, 4.
B Diz-se que diferem na espécie as coisas que ou são espécies diversas,
As coisas que diferem
como homem e cavalo, ou se contêm debaixo de espécies diversas, como na espécie.
Alexandre e Bucéfalo, cavalo de Alexandre.
C O género é duplo c: supremo e subalterno, como dizem. Diz-se c Porfirio, Da
género supremo o que, acima de si, não tem outro género, e que, Espécie.
Género supremo.
visto ser género, não é também espécie, como substância, qualidade, e
outras coisas de que adiante falaremos. Diz-se género subalterno o Género subalterno.
que tem acima de si outro género e que, apesar de ser género, é tam
bém espécie, como corpo. Este, com efeito, em relação à substância, O nome d e género
é espécie; em relação ao corpo animado, é género. Os latinos, toda é empregado pelos
via, empregam, muitas vezes, o nome de género por qualquer coisa Latinos numa
acepção muito mais
universal (tomado latamente o nome universal), como quando dizem: lata.
há muitos géneros de animais: homem, cavalo, leão, etc.; ou: são só
dois os géneros sujeitos da Medicina — são e doente. Usamos muitís
simas vezes este modo de falar, visto ser muito corrente.
Capítulo 4
Da espécie
a Porfirio, em Da
Espécie.
A Espécie é o que se coloca imediatamente sob algum género, como
a
subalterna, sub qua est alia species: seu, quee cum species sit, est etiam
genus: ut animal, corpus animatum, corpus. Nam horum quodque habet
sub se species, quarum comparatione sit genus, et supra se genus aliquod,
cuius respectu sit species. Ea vero res dicitur species infima, sub qua
non collocatur alia species seu, Quce cum sit species, non est etiam genus:
ut homo. Siquidem homo nullam sub se habet speciem, sed sola individua,
quorum nequaquam genus est. Quo fit, ut aliam respectu eorum sor
Species infima.
tiatur speciei appellationem, qua sic species definitur. Species est, quce
tantum de iis pluribus, qua: solo differunt numero, in queestione Quid est
Species ut universale prcedicatur: ut homo de individuis tantum hominibus, qui solo differunt
quiddam est.
Individuum. numero. Individuum est id, quod de uno solo prcedicatur: seu, cuius omnes B
simul proprietates multis rebus convenire non possunt. His de causis
dicimus Socratem esse individuum, tum quia de se solo prcedicatur, tum
etiam quia omnes eius proprietates [sive accidentia] simul accepta in alia
modo, porque são homens indivíduos e, sob o seu género, que é animal,
não diferem por qualquer distinção universal, mas somente pelo facto
de Sócrates ser este e Platão aquele, embora sob outro género universal
possam diferir por alguma distinção universal, como se Sócrates fosse
branco e Platão negro. Não é segundo este modo que diferem
Alexandre e Bucéfalo, porque, sob animal, diferem também por uma
outra distinção, universal e comum a muitos indivíduos, e que é o facto
de Alexandre ser racional e Bucéfalo irracional. Cícero diz acerca do Àquilo a que nós
nome de espécie: formas são aquilo a que os Gregos chamam ίδέαι chamamos espécies,
julga Cícero, nos Tó
[ideias]; os nossos, se por acaso alguns tratam destas coisas, chamam- picos, que se lhes
lhes espécies; não é modo de falar péssimo, mas é nocivo, pelo que deve chamar mais
pròpriamente formas.
respeita à mudança dos casos na linguagem. Embora em latim se possa
dizer das espécies e às espécies, e muitas vezes se tem de usar destes
casos, eu não o aprovaria. Diria antes: às formas, das formas. Como,
102 INSTITVTIONVM DIALECriCARVM LIBER II
De differentia
CA P VT 5
Differentia dici potest ea forma, qua res aut a se in alio, et alio tempore, A
aut ab alia re, differta. Ea vero triplex est, communis, propria, et maxime
a Porphy. de dif propria. Communis differentia est ea, qua nec pertinet ad essentiam
ferentia.
Communis. rei, nec inseparabilis ab ea est, ut sedere, stare, et huiusmodi alia. Propria
Propria. est, qua inseparabilis quidem est, sed tamen ad essentiam non pertinet,
ut habere cicatricem, qua iam callum obduxerti: habere oculos casios:
esse disciplina capax, et similia. Maxime vero propria, qua et specifica
Maxime propria.
dicitur, est ea, qua et inseparabilis est, et ad essentiam rei pertinet, ut
corporeum esse, animatum, sensitivum, rationale, et catera huiusmodi.
Primum discrimen. Inter hac differentiarum genera est late patens discrimen. Communibus B
enim, ac propriis differentiis, accidentaliter tantum res discrepant: maxime
Secundum. autem propriis, essentialiter. Item communibus, et propriis, nec divi
duntur genera in species, nec definitiones specierum assignantur: iis
Tertium. vero, qua maxime propria dicuntur, maxime. Ac ille quidem priores,
vel proprietates sunt, vel accidentia, de quibus adhuc dicendum est: ha
Duo differentiarum
vero a cateris omnibus universalibus distinguuntur. Harum igitur, qua
officia.
huius loci sunt, cluo numerantur officia, alterum quod dividant genera,
alterum quod constituant species. Nam quemadmodum as, cum sit
unum quid, diversis tamen figuris, ac formis distrahitur, ut ex ipso, et acces
sione diversarum formarum fiant diversa res artificiosa, ut statua, et spheera,
sic animal, quod est genus hominis, et bellua, cum unius natura sit, tamen
Prima definitio diffe rationali, et irrationali, utpote diversis differentiis, dividitur, ut ipsarum
rentias. accessione homo, et 'bellua, qua sunt diversa species, efficiantur. Hinc
fit ut differentia apte definiatur hoc modo. Differentia est id, quo species
Secunda. suum genus excedit. Constat enim species genere, ac differentia generi
adiuncta, qua tamen non constat genus. Item hoc modo. Differentia C
est id, quod ita separat species sub eodem genere, ut ad earum essentiam
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO 11 103
porém, com uma e outra palavra se significa o mesmo, julgo que não
deve desprezar-se a comodidade na linguagem. Isto diz Cícero. Os
dialécticos, porém, não estão obrigados a tão grande respeito pelas
palavras.
Capítulo 5
Da diferença
pertineat. Item hoc modo Differentia est id, quod praedicatur de pluribus
Tertia.
specie differentibus in quaestione Quale est, necessario et essentialiter.
Verum haec definitio non complectitur eas differentias, quae proxime species
infimas constituunt, ut rationale. Omnes tamen complectetur, si expun
xeris illud Differentibus specie. Si enim quis te rogaverit, qualia nam ani
malia sint Socrates, et Plato secundum differentiam necessario utrique
convenientem, et ad utriusque essentiam pertinentem, apte respondebis,
Generalis differentia.
esse rationalia: atque ita in cceteris. Est autem duplex differentia: D
altera generalis: altera specialis. Generalis constituit rem, quce non
Specialis. tantum est species, sed etiam genus: qualis est corporeum, quce constituit
corpus, et animatum, quce constituit corpus animatum, et sensitivum,
Differentia indivi
duam
quce constituit animal. Specialis proxime constituit rem, quce solum est
Scot. 2. d. 3. q. 6. et species, ut rationale, quce hominem efficit. Prceter has est alia qucedam,
Caiet. in librum de
ente, et essent, q. 5. quce proxime constituit individuum, quce individuans differentia nuncupatur.
art. 4. ad finem.
Exempli causa differentia, quce homini communi adiuncta efficit Socratem,
dicitur differentia individuans Socratis: quce vero efficit Platonem, dicitur
differentia individuans Platonis: et ita reliquce.
De proprio
CA P V T 6
que separa de tal modo as espécies sob um mesmo género que pertence
à essência delas. E ainda: diferença é aquilo que, na pergunta qual é, Terceira.
se predica necessária e essencialmente de várias coisas diferentes na espé
cie. Mas esta definição não abrange as diferenças que constituem próxi
mamente as espécies ínfimas, como racional. Abrangê-las-á todas, se
se suprimir a expressão: diferentes na espécie. Se, pois, se perguntar
que qualidade de animais são Sócrates e Platão, segundo a diferença
necessàriamente a ambos conveniente e pertencente à essência de ambos,
com propriedade se responderá que são racionais. E assim nos res
tantes casos.
D Há duas espécies de diferença·, uma geral, outra especial. A geral
constitui uma coisa que é não só espécie, mas também género. Exem Diferença geral.
plos: corpóreo, que constitui o corpo; animado, que constitui o corpo
animado; e sensitivo, que constitui o animal. A diferença especial cons Diferença especial.
titui proximamente uma coisa que é só espécie, como racional, que
realiza o homem. Além destas, há outra que constitui proximamente
o indivíduo e que se chama diferença individuante. Por exemplo, a Diferença duante.
indivi
diferença que, juntada ao homem comum, faz Sócrates, diz-se dife Escoto, 2, d. 3, ques
tão 6 e Caietano, no
rença individuante de Sócrates; a que, porém, faz Platão, diz-se dife livro Do Ser e da
rença individuante de Platão; e assim nos casos restantes. Essência, questão 5,
artigo 4, no fim.
Capítulo 6
Do próprio
Ora tudo o que se diz próprio no quarto modo tem reciprocidade com
a coisa de que é próprio, como neste exemplo: tudo o que é homem é
capaz de rir, e, por sua vez, tudo o que é capaz de rir é homem; e assim
em outros deste género — o que, todavia, nos três modos anteriores,
nunca se diria com verdade, como é bem claro.
B Estes modos vão ser remetidos para o acidente, que em breve
explicaremos, pois não se predicam necessária, mas contingentemente,
da espécie — exceptuados alguns do segundo género, como é ser sen
sitivo, tomado no sentido de faculdade ou potencia de sentir, e outros O primeiro, o se
gundo e o terceiro
semelhantes. Estes, com efeito, predicam-se necessàriamente, e nascem modo pertencem,
da própria essência da coisa, condições estas que não convêm ao aci com certas excep-
ções, ao acidente.
dente, como diremos. Todavia, nenhum destes é próprio do quarto
género, segundo Porfiriod, porque nenhum tem reciprocidade com a
espécie ínfima, a única que ele, ao falar do próprio, entende com o d Como está pa
nome de espécie. tente no cap. sobre
o género e do co
Os dialécticos, portanto, para abrangerem todos os próprios que mum.
dizem respeito ao quarto universal, de que agora tratamos, definem assim
C o próprio: Próprio é o que, na pergunta qual é, se predica de vários aci
dental e necessàriamente, como: ser apto para sentir, para compreender
as ciências, e outras coisas deste género. Se, pois, alguém nos per
guntar pela qualidade do homem, segundo o que lhe convém acidental e
necessàriamente, responderemos bem que é apto para sentir, para com
preender as ciências, e outras coisas deste género. Há duas espécies de Próprio geral.
próprio: uma geral, que tem reciprocidade com uma coisa que é género; Especial.
outra especial, que tem reciprocidade com uma coisa que é espécie
ínfima. Demos agora mesmo um exemplo de cada. Com efeito, ser
apto para sentir tem reciprocidade com animal e apto para compreender e Questões Aca
démicas, primeira
as ciências tem reciprocidade com homem. edição, livro Π.
O Lúculo ciceroniano diz claramente que os físicos mais instruí De que modo parece
e
ser verdadeiro que
dos ensinam que cada coisa, isto é, cada indivíduo, tem as suas pro cada coisa tenha as
priedades. Isto não me parece certo, a não ser que, pelo nome de pro suas propriedades.
priedade, se entenda a diferença individuante, ou todo o conjunto de
acidentes comuns, que se encontram somente numa coisa única.
108 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER II
De accidente
CA P V T 7
Capítulo 7
Do acidente
CA P V T 8
Pr cedi came ntum est alicuius generis summi realis, et eorum, quce A
sub ipso sunt naturalis dispositioa; ut tota series substantiarum, quce
constat ex ipsa substantia in commune, et ex omnibus minus communibus
substantiis ordine quodam naturali dispositis usque ad singulares, quce
a Ex Porphy. de nullas ulterius sub se continent. Nam sub substantia in commune
specie, et Arist. prsed.
2. et 1. post. 28. proxime collocare debent substantia corporea, et incorporea: sub cor
porea, corruptibilis, et incorruptibilis: sub corruptibili, animata et
inanimata: sub animata, animal, et planta: sub animali, homo, et bru
tum animal: sub homine, Socrates, Plato, et cceteri homines individui:
sub quibus non sunt alice inferiores substantice, quemadmodum nec sub aliis
individuis, ad quce divisione aliarum specierum, quas reliquimus, naturali
descensu devenire necesse est. Genus summum quid sit iam supra expli
catum e s t R e a l e vero id vocari solet, cuius esse ab operatione intellectus
b Cap. 3.
Reale ens.
minime pendet, ut lapis, lignum, et cceterce omnes res, quce in mundo
existunt. Dixi ergo Generis realis, quia res, quce per se ponuntur in prcedi-
c Ut 5. meta, ad camentis debent esse reales, ut Philosophis placet c. Unde fit ut entia
cap. 7.
rationis, quia, nisi ab operatione intellectus, nullum esse habent, non
Ens rationis non po
nitur per se in prae
ponantur per sese in prcedicamentis, sed per ea entia realia, quibus bene
dicamentis. ficio intellectus tribuuntur. Verbi causa, hoc ipsum quod est esse genus
summum praedicamenti substantice, esse praedicatum, aut subiectum eiusdem
prcedicamenti, et alia huiusmodi, non ponuntur per se ipsa in praedicamento
substantice, quia sunt entia rationis, sed propterea modo aliquo dicuntur
Quae ponantur sub
genere summo. pertinere, quod res, quibus tribuuntur, ut substantia in commune, et ccetera,
quce diximus, in eo collocantur. Ea vero intelligo sub genere summo B
[d Pred. 2. et 5.] naturaliter esse disposita, de quorum quolibet ordine quodam genus sum
mum, ut de parte sublecta, essentialiter praedicatur, seu (ut Aristotelis
Differentiae non po verbis d utar) ut de subiecto. Et quoniam haec non sunt alia, quam species,
nuntur per se in et individua rei illius maxime communis, quce genus summum dicitur, fit,
Praedicam.
ut solum genus summum, speciesque, ac individua illius ponantur per se
in praedicamento. Quapropter nec differentiae generales, nec speciales,
Capítulo 8
O que é o predicamento
CA P V T 9
a Arist. praed. 4.
et caeteri. Numerantur vero a philosophisa decem predicamento: unum, subs- A
tantie: alterum, quantitatis: tertium, qualitatis: quartum, relationis:
quintum, actionis: sextum, passionis: septimum, existentie in loco: octavum,
situs: nonum, existentie in tempore: decimum, indumenti, sive integumenti,
Quo pacto ad praedi
camenta pertineant quod habendi predicamentum appellatur: ad que pertinent res omnes,
omnia praeter Deum. que quomodocunque aut esse, aut fingi possunt. Itaque quedam perti
nent per se, ut animal, et homo: quedam per sua tota, ut differentie, materia,
et forma: quedam per suas partes, ut homo albus, per hominem, et albe-
dinem, et quodammodo chimera per partes earum rerum, ex quibus
b Ut privatio per composita fingitur: quedam per ea, quibus tribuuntur, ut esse genus, esse
habitum et contradi speciem, predicatum, sublectum, et cetera entia rationis, per ea, que
ctorium negativum
per positivum, de dicuntur genera, species, aut ab alio ente rationis cognominantur: alia aliis
quibus ca. 17.
modisb. Omnia igitur ad has rerum classes modo aliquo revocantur, B
preter Deum optimum Maximum, ad quem potius, ut ad infinitum pelagus
Capítulo 9
De substantia
CA P V T 10
Capítulo 10
Da substância
De quantitate
Capvt 1 1
Capítulo 11
Da quantidade
De qualitate
C a p VT12
a Pned. 8. Qualitas est, qua dicuntur res quales a: nempe in peculiari, ac propria A
quaestione qualitatis accidentalis, ut Iustitia, Scientia, Candor, et [caetera\
huiusmodi. Nam si quis te roget qualis nam sit Socrates secundum accidens,
Habitus. quod proprie qualitas dicatur, aptissime respondebis, esse iustum, Scien
tem, Candidum, aut aliquid huiusmodi. Qualitatis quatuor sunt proximae
species: ad quarum primam pertinent habitus, et dispositio. Habitus est
Dispositio.
firma quaedam, et constans qualitas, qua rei natura bene, aut male afficitur,
Naturalis potentia.
ut virtus, et vitium. Dispositio est qualitas bene, aut male afficiens B
subiectum, quae facile abiici potest, ut sanitas, et aegritudo. Ad secundam
Naturalis impotentia
speciem pertinent naturalis potentia, et impotentia. Naturalis potentia,
seu naturalis vis, est qualitas quaedam, qua facile quaeque res agit, aut
Patibilis qualitas. resistit, ut vis naturalis ad currendum, et ad perferendos labores. Naturalis
impotentia, seu imbecillitas est qualitas, qua aegre quaeque res agit, aut
Passio.
restistit, ut infirma valetudo Socratis, et mollitudo butyri. Ad tertiam
speciem pentinent, patibilis qualitas, et passio. Patibilis qualitas, est
diu permanens qualitas, quae aut sensum movet, aut ex motu aliquo nascitur,
ut color diuturnus in corpore, et amentia in animo. Passio est fluxa
quaedam, et brevi transiens qualitas, quae aut movet sensum, aut ex motu
C a p í t u l o 12
Da qualidade
A Qualidade é aquilo pelo qual as coisas se dizem tais a; sem dúvida, a Predicamen
na questão peculiar e própria da qualidade acidental, como: justiça, tos, 8.
lidade pela qual uma coisa dificilmente age ou resiste, como a débil
saúde de Sócrates e a moleza da manteiga. Paixão.
A terceira espécie pertencem a qualidade passível e a paixão. Qua
lidade passível é a qualidade permanente que ou move um sentido ou
nasce de algum movimento, como a cor duradoura no corpo e a demência
na alma. Paixão é certa qualidade passageira e breve que ou move um
120 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER II
De relatione
Ca p V T 13
a Ex praed. 7.
Relatio est, qua aliquid, hoc ipso quod est, ad aliud se habeta: ut A
cequalitas, dominatus, servitus. Nam cequale, quatenus cequale est, cequa-
litate refertur ad [aliud] sibi cequale, et dominus, qua dominus est, domi
b Ibidem.
natu refertur ad servum, qui vicissim, qua servus est, ad dominum refertur
Relata aequalis com servitute. Relata vero sunt quacumque, hoc ipso quod sunt, ad aliud se
parationis.
habentb: ut cequale, dominus, servus. Relatorum autem qucedam sunt aqua
lis comparationis [sive eiusdem appellationis] (recentiores vocant aquipa-
Relata inaequalis rantia) ut aquale, simile, inaquale, dissimile. Nam aquale ad aquale
comparationis. refertur, simile, ad simile, inaquale, ad inaquale, et dissimile, ad dissimile.
Maioris comparatio
nis. Itaque ea, ad qua huiusmodi relata referuntur, sunt eiusdem appellationis,
Minoris.
ac natura cum illis. Quadam vero sunt inaqualis comparationis, seu
diversa appellationis, (illi appellant disquiparantia) quorum duo sunt
genera. Alia enim dicuntur maioris comparationis, qua vocant super
positionis, ut pater, dominus praceptor, et catera omnia, qua sunt digniora
iis, ad qua referuntur: alia ex altera parte hisce respondent, qua minoris
Capítulo 13
Da relação
a Dos Predica
A Relação é aquilo pelo qual alguma coisa, pelo facto de existir, se mentos, 7.
mais dignas que aquelas a que se referem; por outro lado, outras cor
De comparação do
respondem reciprocamente a estas e podem dizer-se de comparação do menor.
122 INST1TVTIONVM DIALECTICARVM LIBER I I
De actione et passione
a 3. Phy. 3.
Ca p V T 1 4
Actio est agentis, quatenus agens est, actus, seu perfectio. Passio vero ^
est actus, perfectiove patientis, ut patientisa. Suntque actio, et passio,
una, eademque res, qua tamen, ut est perfectio agentis, dicitur actio,
ut vero patientis, dicitur passio. Verbi gratia: caloris motus, quo ab
igne afficitur aqua, quatenus est id, quo ignis est agens, actio est, et actio
dicitur: quatenus vero id, quo aqua est patiens, passio est, et passio
Capítulo 14
Da acção e da paixão
Ca p V T 15
a 4. Phy. 2. Ubi, seu esse alicubi, est loco contineria, ut templo [aut vase]. A
Duobus enim modis res dicuntur esse in loco uno ut communi, quo pacto
Socrates dicitur esse in templo: altero ut proprio, quo pacto aqua dicitur
Situm esse. esse in vase. Huius generis species dicuntur supra, infra, ante, retro,
ad dextram, et ad sinistram. Situm esse est, habere partes corporis certo B
Duplex positio. quodam modo affectas ad partes loci, ut stare, sedere, cubare: quce quidem
appellantur positiones: partimque sunt naturales, ut quce dictae sunt:
partim non naturales, ut si quis conversis ad caelum vestigiis manibus
nitatur.
Capítulo 15
Capítulo 16
De oppositis
Caput 17
B 10 (cap. 16)-A 1 (cap. 17) — meminimus, queenam sint contraria paucis dica
mus: atque adeo omnia oppositorum genera (quoniam id perutile erit) persequamur.
Oppositorum igitur quatuor sunt genera, relative opposita, contrarie, privative, et con
tradictorie.
A 4 — hoc vero simile illi, dicitur...
C 2 — Immediata dicantur, quorum...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO II ni
C a p í t u l o 17
Dos opostos
quorum neutrum necesse est inesse proprio subiecto, nisi alterum natura
insit. Ut albus color, ac niger comparatione corporis mixti: et virtus,
ac vitium comparatione hominis. Dantur enim media inter huiusmodi
contraria, quibus affecta esse possunt propria contrariorum subiecta remoto
utroque contrario. Quce quidem media partim nominata sunt, ut flavus
color, et fuscus inter candorem, et nigrorem: partim nomine carent,
ut quod inter virtutem, et vitiositatem interiectum est, quo affectos dicimus
Media nominata.
Media nomine ca
homines natura amentes. Sed quce media nomine carent, negatione extre
rentia. morum nominari possunt: ut si dicas [id] quod nec probitas, nec vitiositas
est, medium, esse inter virtutem, et vitium. Privative opposita sunt habitus, D
Privative opposita. seu forma, et privatio formce. Nomine habitus sive formce intellige quicquid
Habitus. modo aliquo rei adhceret, ut aspectus oculis, auditus auribus, locutio
linguce, lumen aeri, pili capiti, vestis corpori. Privatio vero [presse, ac E
Privatio.
proprie sumpta] est negatio eiusmodi formce in subiecto natura apto, et
in tempore a natura constituto ut forma insit: cuiusmodi sunt ccecitas,
surditas, mutum esse, tenebrosum, calvum, nudum. Dixi in subiecto
naturam apto, quia negatio formce in subiecto suapte natura minime
apto, non est [proprie] privatio. Unde non dicimus lapides ccecos, surdos,
aut mutos, quia natura non sunt apti ut videant, audiant, aut loquantur.
Addidi, Et in tempore a natura constituto ut forma insit, quia subiectum
ante id tempus, quo a natura constitutum est, ut habeat formam, non
e Plin. de natu, proprie dicitur illa privatum. Unde fit ut catulus ante sptimum diem,
hist. Ii. 3. cap. 40.
quo minimum a natura constitutum est ut oculos aperiat c, non sit appellan
dus ccecus: nec puer ante septimum annum si mente non utatur, demens dicen
Duplex privatio.
dus est, quia tum primum fere pr ascriptum est a natura ut mente, ac ratione
utatur. Privatio vero duplex est, altera, a qua non potest fieri naturaliter,
Contradictorie oppo ad habitum regressus, ut ccecitas, calvitium: altera, a qua naturaliter fit
sita. regressus, ut tenebrce, nuditas, et [alia] huiusmodi. Quce omnia paululum
animadvertenti perspicua sunt. Contradictorie opposita dicuntur, inter
quce comparatione cuiusque nullum datur medium, id est, quorum alterum
de quovis sive ente, sive non ente dicatur necesse est. Exempla sunt
homo, nonhomo: lapis, nonlapis: album, nonalbum. Nam equus, chimcera,
et quicquid aliud modo aliquo esse, aut fingi potest, est homo, aut nonhomo,
tas, aquelas das quais nem uma nem outra necessàriamente têm de exis
tir no sujeito próprio, a não ser que uma lá exista por natureza. Por
exemplo: a cor branca e a cor negra em relação ao corpo misto, e a
virtude e o vício em relação a homem. Há, com efeito, coisas intermé Coisas intermédias
dias entre coisas contrárias deste género, pelas quais podem ser afecta com nome.
Coisas intermédias
dos os sujeitos próprios das coisas contrárias, removidas ambas as coi sem nome.
sas contrárias. Destas coisas intermédias, algumas têm nome, como o
amarelo e o cinzento, entre o branco e c preto; outras não o têm, como
o que está interposto entre a virtude e o vício, de que dizemos estarem
afectados os homens dementes por natureza. Mas as coisas médias
que carecem de nome, podem denominar-se pela negação dos extremos,
como quando se diz que está em situação média entre a virtude e o
vício o que nem é probidade nem vício.
D Privativamente opostos são o hábito ou forma e a privação da forma. Opostas privativa
Pelo nome de hábito ou forma deve entender-se o que de algum modo mente.
Hábito.
adere à coisa, como a vista aos olhos, o sentido do ouvido aos ouvidos,
F a fala à língua, a luz ao ar, os cabelos à cabeça, a veste ao corpo. Priva Privação.
ção, estrita e propriamente tomada, é a negação duma forma deste
género num sujeito apto por natureza, e no tempo determinado pela
natureza, para que nele exista essa forma. Por exemplo: a cegueira, a
surdez, ser mudo, escuro, calvo, nu. Disse num sujeito apto por natu
reza, porque a negação num sujeito, que, por sua natureza, não é apto,
não é propriamente privação. Por isso, não dizemos pedras cegas,
surdas ou mudas, porque, por natureza, não são aptas para ver, ouvir
ou falar. Acrescentei e no tempo determinado pela natureza para que
nele exista a forma, porque o sujeito, antes do tempo determinado pela
natureza para que tenha uma forma, de modo algum se poderá dizer
dela privado. Donde deriva que o cachorro antes de sete dias, que
é o mínimo tempo fixado pela natureza para abrir os olhos c, não se c Plínio, nos 8 li
deve chamar cego; nem a criança, antes dos sete anos, se não tem o vros acerca da histó
uso da mente, se deve chamar demente, porque é mais ou menos essa a ria natural, cap. 40.
lapis, aut nonlapis, album, aut nonalbum: et ita in cceteris: id quod in supe
rioribus oppositorum generibus nequaquam accidit. Equus enim, ut
uno exemplo rem intelligas, nec est dominus, nec servus, nec item virtute
praeditus, aut vitiositate, nec rursus loqui potens, aut mutus.
Haec de coactione, ac dispositione nominum, et verborum in decem
categorias. Esset autem proxime agendum de usu nominum, quem Juniores
suppositionem terminorum appellant, nisi commodius videretur hanc, et
quasdam alias nominum affectiones ad eam partem differe, in qua de
d Ad lib. 8. eludendis sophistarum captionibus disserendum est d. Qua propter institu
tum ab initio ordinem tenentes iam de oratione dicamus.
LIB E R I II
Caput 1
DAS
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS
Capítulo 1
O que é a oração
A Oração é a voz que significa por convenção, da qual alguma parte
significa separadamente a, como: Sócrates é filósofo, o sábio Sócrates, a Da Interpreta
todo o homem, livro de Aristóteles, e outras vozes deste género, ção, I, 4. ·
copuladas por qualquer nexo gramatical. Com efeito, muitas dicções,
não ligadas por qualquer construção gramatical, como: céu, terra,
pedra, madeira, assim como de modo nenhum são voz, assim de modo
nenhum são oração. Com a segunda parte da definição excluem-se o
nome e o verbo, e outras vozes simples que significam convencionalmente,
porque nenhuma parte deste género de vozes significa separadamente,
na própria estrutura da voz inteira; porém, na composição da oração,
alguma parte significa sempre. Mas não deve entender-se isto como se
só uma ou pelo menos uma parte da oração deva separadamente signi
ficar. Com efeito, todas as dicções que se empregam na construção da
oração devem ser significantes, se é verdade o que dizem os dialécticos:
a significação da oração toda consta das significações das suas partes, A significação total
isto é, das dicções por que é constituída a oração. Entenda-se, porém, da oração é com
posta pelas significa
que Aristóteles disse isto para distinguir a oração do nome e do verbo. ções das partes.
Para constituir esta distinção, sem dúvida, basta que se conceda que
apenas uma parte da oração signifique por si, ao passo que nenhuma
parte do nome ou do verbo significa separadamente. E, assim, será
lícito dizer que a oração é um conjunto de muitas dicções que signifi
cam convencionalmente.
B Note-se, todavia, que de dois modos a oração pode ser com Dupla composição da
oração.
posta de dicções que por si significam nela: um, explícitamente ou
expressamente, como quando se diz: nenhum homem, nenhuma coisa,
em todo o lugar, em todo o tempo; outro, implicitamente ou virtualmente,
como quando se diz: ninguém, nada, em qualquer parte, sempre. Na
134 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM UBER III
non constant eisdem partibus quibus superiores, tamen, quia idem omnino.
atque ilice significant totidemque, quot ilice conceptus in animo imprimunt,
virtute eisdem partibus constare dicuntur. Quanquam igitur voce non sint
orationes, significatione tamen orationes censendce sunt, ac proinde sim
pliciter orationes [nisi cum earum aliqua imprimit in animo simplicem
conceptum, quod supra diximusb non nunquam accidere in verbo Nihil].
[h Lib. 1. cap. 30] Causa huius rei est, quia apud Dialecticos significationis potius, quam
Apud Dialecticos si
vocis, ratio habenda est. Hinc enim fit, ut oratio quee multos habet sensus,
gnificationis potius,
quam vocis ratio ha qualis est illa, Aio te Aeacida Romanos vincere posse, simpliciter non sit
betur. oratio, sed orationes, quemadmodum nomen quod multa significat, ut
Oratio multos habens
Gallus, non est simpliciter nomen, sed nomina, ut supra diximus. Itaque
sensus non est sim
pliciter oratio, sed omnia hac propterea asserimus, quia iudicamus in oratione, et partibus
orationes. eius, significationem magis, quam vocem, esse spectandam.
CAPVT2
Capítulo 2
Das orações, umas são perfeitas, outras imperfeitas. Oração per Oração perfeita.
feita é a que exprime um pensamento íntegro, como: Deus é o sumo
bem. Imperfeita é a que não exprime um pensamento íntegro. Vê-se Imperfeita.
que há duas espécies de oração imperfeita. Uma significa um pensa Duas espécies da im
mento imperfeito e de certo modo mutilado, como: assim vós não a perfeita.
vós, temer a Deus, se temermos a Deus, e outras deste género, ouvidas
as quais, ficamos à espera de mais alguma coisa. Outras, porém, não
significam pensamento algum, mesmo imperfeito e truncado, como:
animal racional, quantidade contínua, livro de Aristóteles, tratado
sobre a oração, e outras deste género; quem as profere não parece
mostrar, com este modo de se exprimir, que quer continuar. Tais ora
ções significam a modo de nomes ou de verbos, as quais, como diz
a Da Interpreta
Aristóteles a, imprimem na alma uma tal compreensão que quem ouve ção, I, 3.
fica satisfeito.
As primeiras constam de verbos, conjunções ou outras partículas,
cuja força não é limitada só à oração proferida; as segundas [constam]
ordinariamente de nome substantivo e adjectivo ou de caso recto e
136 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
CAPVT3
a 1, peri. 4.
Enunciatio igitur est oratio perfecta, quae verum, aut falsum significata, A
ut Deus est summum bonum, Si Deum videris omnium bonorum copia frue-
Vera et falsa enun ris: quae propositiones sunt verae. Item, Id, quod honestum est, icon est per
ciado ex 4. meta. 7. se expetibile, Si omnes mundi thesauros possederis, vere felix eris: quae
tex. 27.
Divisio enunciationis sunt falsae. Ea dicitur enunciatio vera, quae significat id, quod est, esse,
ex 1. peri. 4. aut, quod non est non esse. Falsa vero, quae significat id, quod est,
Simplicis divisio ex.
1. prio. 2. non esse, aut id, quod non est esse. Porro enunciationum quaedam sunt
simplices, quaedam coniunctce. Simplicium, alice sunt absolutae, quce vocantur
Enunciado coniuncta de inesse, alice modales. Enunciatio simplex est, quce unum de uno enun- B
seu hypothetica quas
sit ex. 1. peri. 4. ciat, sive illud unum sit simplex, sive ex multis compositum, ut si dicas,
Homo est animal, Homo est animal rationale, Homo iustus est prudens,
Homo probus est simplex, et prudens. Enunciatio coniuncta, quam Aristo
teles coniunctione unam, alii hypotheticam vocant, est quce simplicibus
coniunctione aliqua nectitur: ut, Si dies est, lux est. In quarum numero
CAPVT4
Capítulo 4
C APVT5
Capítulo 5
CA P VT 6
cado, ou ambos eles, por si, são uma resultante do conjunto de vários
categoremas, como: Sócrates é um homem justo; o homem justo é
sábio; o homem justo é simples e prudente. Mas se se disser: Sócra
tes é simples, prudente, não será uma enunciação de extremo conjunto,
porque os categoremas que se predicam não se ligam por nexo algum,
de modo a serem um só predicado. Resulta daí que não constituem
uma só enunciação simples, mas várias.
A enunciação de extremo simples é aquela cujo sujeito e predicado se De extremo
não compõem de muitos categoremas, como: Sócrates é sábio, Sócrates simples.
filosofa.
Isto dissemos dos vários géneros das enunciações absolutas. Tra
temos agora da sua oposição, equipolencia e conversão.
Capítulo 6
Oppositio pitur pro eadem re communi praecise, ut si dicas, Homo est species, Homo
enunciatio- num cx
non est species. Si quis autem quaerat, num in quavis contradictione
subiecto communi
precise sumpto. altera ex contradicentibus sit vera, altera falsa, occurrendum est, ita
Num cuiusvis
rem habere, praeterquam in contradictionibus futuri contingentis, ut si dicas
contradictionis
altera pars sit vera Hic homo morietur cras, Hic homo non morietur cras. Neutra enim
altera falsa. ex his duabus enunciationibus determinate, vera est, aut falsa: id quod
de caeteris huiusmodi dicendum est. Sed haec quaestio alium locum deside
rat ampliorem. Addunt multi quartum oppositionis genus, quod vocant
Subalternae subalternarum: duarum inquam enunciationum affirmantium, aut negan
tium idem de eoalem, ita tamen ut quod altera affirmat in totum, altera
affirmet in partem: quae propterea dicuntur subalternae quod altera sub
altera collocetur: cuiusmodi sunt hae duae enunciationes, Omnis homo est
iustus, Quidam homo est iustus, item hae, Nullus homo est iustus,
Quidam homo non est iustus. Verum huiusmodi enunciationes non recte C
Subalternae non dicuntur oppositae, quia non repugnant inter se secundum affirmationem,
sunt oppositae. et negationem. Accedit eo quod nec etiam secundum veritatem, aut
falsitatem. Nam ex veritate universalis, quae vocatur subalternans con
cluditur veritas particularis: et ex falsitate particularis, quae dicitur
Cond itio
subalternarum. subalternata, concluditur falsitas universalis, quod in eisdem exemplis
facile est cernere. Cum igitur absurde videatur dici, eas enunciationes
esse oppositas, quae nec secundum veritatem, nec secundum falsitatem
repugnant, immo vero [ita sunt affectae ut] altera alteram secum trahat,
efficitur ut hac quoque ratione subalternae non sint in oppositis numerandae.
Quinetiam sub contrariae, si proprie de oppositione, eiusque conditionibus,
[Subcontrarias loquendum est, non sunt in oppositarum numero ponendae, tum quia altera
non esse proprie nom vere negat, quod altera affirmat tum etiam quia non est propria
oppositas.]
oppositionis conditio repugnantia secundum falsitatem, sed secundum
a Cap. 15. veritatem. Quo fit ut Aristoteles secundo libro de priori resolutionea
dirá daquelas cujo sujeito se toma precisamente por uma mesma coisa Oposição d as
enunciações d e
comum, como: homem é espécie; homem não é espécie. sujeito comum
Se alguém, contudo, perguntar se, em qualquer contradição, uma das precisamente
tomado.
contraditórias é verdadeira e outra falsa, deve responder-se que assim é, Se uma parte
excepto nas contradições de futuro contingente, como: este homem mor de qualquer
contradição é
rerá amanhã; este homem não morrerá amanhã. Com efeito, nenhuma verd ad eira e outra
destas duas enunciações, determinadamente, é verdadeira ou falsa, o que falsa.
se deve dizer das restantes deste género. Mas esta questão exige uma
exposição um tanto mais desenvolvida.
Muitos acrescentam um quarto género de oposição, a que chamam
das subalternas, isto é, de duas enunciações que afirmam ou negam
Subalternas.
o mesmo da mesma coisa, mas de tal modo que o que uma afirma no
todo, a outra o afirme em parte, as quais se dizem subalternas pelo facto
de uma se colocar sob a outra. Tais são estas duas enunciações: todo
o homem é justo; certo homem é justo; e igualmente estas: nenhum
C homem é justo; certo homem não é justo. Porém, enunciações destas
não se dizem rectamente opostas, porque não repugnam entre si, segundo
As subalternas
a afirmação e a negação. Acresce ainda que não [repugnam] segundo não são opostas.
a verdade ou a falsidade. Com efeito, da verdade da universal, que se
chama subalternante, conclui-se a verdade da particular; e da falsidade
da particular, que se chama subalternada, conclui-se a falsidade da uni
versal, o que é fácil de ver nos mesmos exemplos. Parecendo, por isso,
Cond ição d as
absurdo dizer que são opostas as enunciações que não repugnam segundo subalternas.
a verdade, nem segundo a falsidade, pelo contrário de tal modo estão
ligadas, que uma delas arrasta consigo a outra, acontece que também
por esta razão se não podem enumerar as subalternas entre as opostas.
Do mesmo modo, as sub contrárias, se é que propriamente se
deve falar acerca da oposição e da sua condição, não se devem pôr
As subcontrárias
no número das opostas, quer porque uma delas não nega verdadei não são
ramente o que a outra afirma, quer ainda porque a repugnância propriamente
opostas.
segundo a falsidade não é uma condição própria da oposição, mas
[só a repugnância] segundo a verdade. Por isso, Aristóteles diz
muito bem no segundo livro sobre a primeira resoluçãoa que as a Cap.
15.
150 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
Subalternans Subaltemans
Omnis homo est iustus Contrariae Nullus homo est iustus.
Si % Si
e o. c
U
<L> V C<D
+->
13 13
rO % -D
3 00
co c/ 'o-
Quidam homo est iustus. Subcontrariae Quidam homo non est iustus.
Subalternata Subalternata
Socrates est iustus. Contradicentes Socrates non est iustus.
C APVT7
Subalternante Subalternante
Todo o homem é justo. Contrárias Nenhum homem é justo.
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Certo homem é justo. Subcontrárias Certo homem não é
justo.
Subalternada Subalternada
Sócrates é justo. Contraditórias Sócrates não é justo.
Capítulo 7
CAPVT8
Conversio quid Conversio, seu reciprocatio, ut hoc loco sumitur, est commutatio A
[sit ex]
extremorum enunciationis servata qualitate, et veritate, ut si dicas, Nulla
Alexandro
Aphrod. [ad] 1. scientia est virtus, igitur nulla virtus est scientia. Enunciatio cuius
prio. 2. extrema commutantur dicitur conversa: quee autem fit ex commutatis
Conversa.
B16-B 17 (cap. 7)—in hac posteriori complicatione non videas subiectum secundes
enunciationis...
B19 — quia enunciatio subalterna superioris ita habebat, Aliquis homo...
A 2-A 3 — ut si dicas, scientia non est virtus, igitur virtus non est scientia.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 153
Capítulo 8
In quo quidem quatuor ilice voces Feci, Eva, Ast, et O, continent quatuor voca
les, quarum A, significat universalem affirmativam, E, universalem negati
vam, I, particularem affirmativam, O, particular em negativam. Reliqua sunt
CAPVT9
Capítulo 9
sive possit. Exempla iam posita sunt. Impossibile denique est, quod
esse non potest, ut hominem esse lapidem. Singula porro genera moda
lium duabus tantum formulis efferri possunt: altera si modus {id est
dictio, qua significamus modum, quo aliquid alicui inest aut non inest)
Impossibile.
Duas formulae moda-
sit adverbium, ut si dicas, Homo necessario est animal, Socrates contin-
lium genter est grammaticus, et ita in cceteris: altera si modus sit nomen, quod
enuncietur de oratione ex verbo infinitivo composita, quce dictum appellatur,
ut si dicas, Hominem esse animal est necessarium, Socratem esse gramma
Modus.
ticum est contingens, et sic in reliquis. His enim, duobus loquendi generibus C
Dictum. duntaxat pronunciare possumus in actu exercito, ut vocant, quo modo
aliquid alicui insit, aut non insit: quo pacto pronunciandi verbum in
descriptione modalium intelligendum est. Nam si in actu signato, ut
Explicatur descriptio Dialectici loquuntur, pronunciaveris quo modo aliquid alicui insit, aut
modalium.
Nota. non insit, ut pote enunciando modum de aliqua voce, quce dictum, aut
enunciationem in dicto comprehensam demonstret, non efficies sane moda-
lem enunciationem, sed vere absolutam. Hce namque sunt absolutce,
c 2. peri. 3.
Hoc dictum, Hominem esse animal, est necessarium: Hcec enuntiatio,
Socrates est grammaticus, est contingens: ut alibi patebitc. Itaque
Primum discrimen. modales enuntiationes duabus tantum formulis, ut dictum est, efferuntur.
Secundum.
Differunt autem duce ilice formulce tribus potissimum de causis. Primum, D
Tertium. quia in priori, modus est adverbium, in posteriori, nomen. Deinde, quia
in priori modus non prcedicatur, sed afficit copulam enunciationis: at in
Copula dicti verius
dicitur subiectum posteriori prcedicatur. Demum, quia in priori formula unum tantum est
modalis, quam di
ctum.
subiectum, et unum praedicatum, ut patet: at in posteriori duo subtecta,
Modus est principale et duo prcedicata reperiuntur. Nam dictum, seu {ut verius loquar) copula E
praedicatum.
dicti {hcec enim est, quce proprie dicitur necessaria, aut contingens et ccet.)
d 2. peri. 3. est principale subiectum, modus [autem] principale praedicatum: in ipso
autem dicto alterum subiectum, et alterum prcedicatum continetur, quce
minus principalia censenda sunt. Sed nos priori formula omissa, quia
minus usurpata est {saltem in modalibus ex possibili, et impossibili)
solam posteriorem imitatione Aristotelis^ tractabimus: ac primum de
quantitate, qualitate, et materia modalium dicemus: postea tres earum
affectiones, oppositionem, cequipollentiam, et conversionem quanta pote
rimus brevitate, ac perspicuitate exponemus.
C A P V T 10
Cum igitur in modalibus huius formules duo sint subiecta, et duo prcedi- A
Duplex qualitas es cata, necessario efficitur, ut duplex sit qualitas essentialis, quantitas, et
sentialis modalium. materia. Altera qualitas cernitur in affirmatione, et negatione modi:
altera in affirmatione, et negatione prcedicati, quod in dicto continetur.
Prior tamen preeeipua est, [ut ex dictis pateta]. Hinc nata est divisio illa
a Cap. superiori. modalium in eas, quee utrunque prcedicatum affirmant, ut Hominem esse
Divisio modalium ra
tione qualitatis.
animal est necessarium: in eas, quee utrunque negant, ut Hominem non
esse animal non est contingens: in eas, qua modum affirmant, et prcedicatum
dicti negant, ut Hominem non esse grammaticum, est possibile: et in eas,
quee modum negant, et prcedicatum dicti affirmant, ut Hominem esse gram
Quasnam modales maticum non est impossibile. Quia tamen preeeipuee qualitatis maior B
simpliciter dicendas est habenda ratio, enunciationes, quee modum affirmaverint, affirmativa,
sint affirmativae ac
qua eundem negaverint, negativa simpliciter appellanda sunt, sive dictum
negativas.
Qualitas accidentalis affirmativum sit, sive negativum. De qualitate autem accidentali, hoc est,
modalium. de veritate, et falsitate modalium, hoc dicendum est, modales esse quidem
veras, aut falsas (quandoquidem omnes naturam enunciationis participant,
qua veri, aut falsi significatione definitur) caterum eas, qua vera sunt,
nunquam posse esse falsas, et qua sunt falsa, veras esse nunquam posse:
ac proinde omnes esse aut necessarias, aut impossibiles. Exempli causa,
Omnes modales, aut ha omnes sunt necessaria, Hominem esse animal est necesse, Hominem
sunt necessariae, aut esse grammaticum est contingens, Hominem mori est possibile, Hominem
impossibiles.
esse lapidem est impossibile, quia ita sunt vera, ut falsa nunquam esse
possint: Ha vero, Hominem esse animal non est necesse, Hominem esse
grammaticum non est contingens, Hominem mori non est possibile, Homi
nem esse lapidem non est impossibile, ha inquam, sunt impossibiles, quia
Duplex quantitas mo
dalium.
ita sunt falsa, ut vera nunquam esse valeant: atque ita res habet in cateris.
Quod vero attinet ad quantitatem, altera cernitur in subiectoprincipali, C
altera in minus principali. Et quidem in minus principali subiecto, hoc est
dicti, reperitur omnis quantitas absolutarum enunciationum, universalis,
particularis, indefinita, et singularis. Itaque hac ex parte modales dici
solent aut universales, ut Omnem hominem esse animal est necesse, aut
B16-C1 — esse valeant. Cum igitur omnes modales, quee afferri possunt, aut
illo modo sint verce, aut hoc modo falsee, dubium non est, quin omnes sint necessarice, aut
impossibiles. Quod vero attinet...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 161
Capítulo 10
De oppositione modalium
CAP VT 11
Capítulo 11
quarum oppositio perfacile cognoscitur, aut communi, quarum difficilior est tractatio,
prioris ego generis duntaxat tyronibus explicabo oppositionem. Contrarice igitur...
168 INSTITYTIΟΝVM DIALECTICARVM LIBER III
Necesse est Socratem non sedere, Non possibile est Socratem sedere,
Non possibile est Socratem non sedere, [Non contingens est Socratem
sedere, Non contingens est Socratem non sedere], Impossibile est Socra
Subcontrarias.
tem sedere, Impossibile est Socratem non sedere. Subcontrarice sunt
quee constant modo eodem particulari, et dictis contradicentibus, ut Possi
bile est Socratem sedere, Possibile est Socratem non sedere: [Contingens
est Socratem sedere, Contingens est Socratem non sedere]: Non necesse
est Socratem sedere, Non necesse est Socratem non sedere: Non impossi
Contradicentes.
bile, et certera. Contradicentes sunt, quee constant eodem dicto, et modis
contradicentibus: ut Necesse est Socratem sedere, Non necesse est Socra
Subalternae. tem sedere: Possibile est Socratem non sedere, Non possibile est Socratem
non sedere: et sic in cceteris. Subalternae sunt, quee constant et modis,
et dictis contradicentibus: ut Necesse est Socratem esse hominem, Non
necesse est Socratem non esse hominem: Non possibile est Socratem
sedere, Possibile est Socratem non sedere: [Non contingens est Socratem
sedere, Contingens est Socratem non sedere]: Impossibile est Socratem
esse hominem, Non impossibile est Socratem non esse hominem.
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Non necesse est Socratem, Subcontrariae Non necesse est Socrattes
non sedere. sedere.
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Não é necessário que Não é necessário que
Sócrates não esteja sen- Subcontrárias Sócrates esteja sentado.
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Non possibile est Socratem Contrariae Non possibile est Socratem
sedere. non sedere.
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Non contingens est Socratem Contrariae Non contingens est Socratem
sedere. non sedere.
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Contingens est Socratem Subcontrariae Contingens est Socratem
non sedere. sedere.
Subalternata Subalternata
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Impossibile est Socratem Contrariae Impossibile est Socratem
sedere. non sedere.
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DE POSSÍVEL
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crates esteja sentado. crates não esteja sen
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DE CONTINGENTE
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Sócrates esteja sentado. Sócrates não esteja sen
tado.
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É contingente que Só Subcontrárias É contingente que Só
crates não esteja sen crates esteja sentado.
tado.
Subalternada Subalternada
DE IMPOSSÍVEL
Subalternante Subalternante
É impossível que Sócra Contrárias É impossível que Sócra
tes esteja sentado. tes não esteja sentado.
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Não é impossível que Subcontrárias Não é impossível que
Sócrates não esteja sen Sócrates esteja sentado.
tado.
Subalternada Subalternada
172 INSTITVTIONYM DIALECTICARVM LIBER III
Item
Necesse est omnem hominem esse Necesse est nullum hominem esse
animal. animal.
3 4
Non necesse est nullum hominem esse Non necesse est omnem hominem esse
animal. animal.
Entretanto, a oposição das que constam de dito comum pode expli- Oposição das modais
car-se por duas brevíssimas regras, as quais, todavia, requerem uma de dito comum.
exercitação bastante longa. A primeira, que diz respeito aos modos, Primeira regra.
é deste teo'*: as contrárias modais de dito comum devem constar do
mesmo modo universal; as subconírárias, do mesmo [modo] parti
cular; as contraditórias e as subalternas, de modos contraditórios.
A segunda, que diz respeito aos ditos, enuncia-se assim: as contrárias, Segunda regra.
as subconírárias e as subalternas, se forem de necessário, devem constar
de ditos contraditórios, ou contrários; se [forem] de possível ou de con
tingente ou de impossível, é necessário que constem de ditos contradi
tórios ou subcontrários; as contraditórias, finalmente, devem ter abso
lutamente o mesmo dito.
% ■Np
%
<£_ -O
d? %■ 3
C/3
0° %
3 4
Não é necessário que Subconírárias Não é necessário que
algum homem não seja todo o homem seja
animal. animal.
DO MESMO MODO
1 2
É necessário que todo o É necessário que nenhum
homem seja animal. homem seja animal.
3 4
Não é necessário que nenhum Não é necessário que todo
homem seja animal. o homem seja animal.
Ex possibili *
1 2
Non possibile est omnem hominem Non possibile est aliquem hominem
esse animal. non esse animal.
3 4
Possibile est aliquem hominem non Possibile est omnem hominem esse
esse animal. animal.
Item
1 2
Non possibile est aliquem hominem Non possibile est aliquem hominem
esse animal. non esse animal.
3 4
Possibile est aliquem hominem non Possibile est aliquem hominem esse
esse animal. animal.
[ϋχ contingenti
1 2
Non contingens est omnem homi Non contingens est aliquem homi
nem esse animal. nem non esse animal.
3 4
Contingens est aliquem hominem Contingens est omnem hominem
non esse animal. esse animal.
Item
1 2
Non contingens est aliquem homi Non contingens est aliquem homi
nem esse animal. nem non esse animal.
3 4
Contingens est aliquem hominem non Contingens est aliquem hominem esse
esse animal. animal.
DE POSSÍVEL
1 2
Não é possível que todo o Não é possível que algum ho
homem seja animal. mem não seja animal.
3 4
É possível que algum homem É possível que todo o homem
não seja animal. seja animal.
DO MESMO MODO
1 2
Não é possível q\ie algum Não é possível que algum ho
homem seja animal. mem não seja animal.
3 4
É possível que algum homem É possível que algum homem
não seja animal. seja animal.
DE CONTINGENTE
1 2
Não é contingente que todo Não é contingente que algum
o homem seja animal. homem não seja animal.
3 4
É contingente que algum É contingente que todo o homem
homem não seja animal. seja animal.
DO MESMO MODO
1 2
Não é contingente que algum Não é contingente que algum
homem seja animal. homem não seja animal.
3 4
É contingente que algum homem É contingente que algum homem
não seja animal. seja animal.
176 INSTITVTIONVM D1ALECTICARVM LIBER III
Ex impossibili
2
Impossibile est omnem hominem esse impossibile est aliquem hominem non
animal. esse animal.
3 4
Non impossibile est aliquem hominem Non impossibile est omnem hominem
non esse animal. esse animal.
Item
3
Impossibile est aliquem hominem esse Impossibile est aliquem hominem non
animal. esse animal.
3 4
Non impossibile est aliquem hominem Non impossibile est aliquem hominem
non esse animal. esse animal.
DE IMPOSSÍVEL
1 2
É impossível que todo o homem É impossível que algum homem
seja animal. não seja animal.
3 4
Não é impossível que algum Não é impossível que todo o
homem não seja animal. homem seja animal.
DO MESMO MODO
1 2
É impossível que algum homem É impossível que algum homem
seja animal. não seja animal.
3 4
Não é impossível que algum Não é impossível que algum ho
homem não seja animal. mem seja animal.
seu quae constant modo eiusdem appellationis satis, super que dictum sit,
sequitur ut ad cequipollentiam omnium inter se veniamus.
* Prima Tabella
Ma Necesse est Socratem esse hominem,
tu Non possibile est Socratem non esse hominem,
TÉ Impossibile est Socratem non esse hominem.
Secunda
De Necesse est Socratem non esse hominem,
cli Non possibile est Socratem esse hominem,
na Impossibile est Socratem esse hominem.
Esta nota continua na pág. 180
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 179
Capítulo 12
Para tornar equipolentes as modais, duas regras bastam. Primeira, Primeira regra,
que os modos de todas sejam da mesma quantidade, isto é, que todas
sejam universais ou todas particulares. Segunda, que os ditos das Segunda,
enunciações de possível e impossível sejam idênticos entre si, mas que
sejam contraditórios dos ditos das enunciações de necessário. Se se
observar isto, sem dificuldade alguma se encontrarão as equipolentes
de qualquer modal. Vejam-se exemplos nas descrições feitas abaixo.
Primeira tabela
Segunda
Tertia.
Sunt Non necesse est Socratem non esse hominem.
a Possibile est Socratem esse hominem.
ta [Contingens est Socratem esse hominem.]
vi Non impossibile est Socratem esse hominem.
Quarta.
Qui Non necesse est Socratem esse hominem.
re Possibile est Socratem non esse hominem.
fe [Contingens est Socratem non esse hominem.]
runt Non impossibile est Socratem non esse hominem.
Tertia
JuL Non necesse est Socraten non esse hominem.
ga.ll Possibile est Socratem esse hominem.
tlS Non impossibile est Socratem esse hominem.
Quarta
Im Non necesse est Socratem esse hominem,
pe Possibile est Socratem non esse hominem,
tiltil Non impossibile est Socratem non esse hominem.
Terceira
Quarta
sic ea, ut a nobis digesta sunt, corrigenda esse admonuit. Nec immerito,
quippe cum hic ordo, quem servavimus, et naturis rerum congruat, et
descriptioni absolutarum enunciationum optime respondeat, [ut vel paululum
attendenti, et hanc descriptionem cum descriptione absolutarum conferenti
perspicuum erit].
Et quidem ut [modalium\ descriptio ab Aristotele [tradita], memoriae
mandaretur, excogitaverunt recentiores has quatuor voces Amabimus,
Edentuli, Iliace, Purpurea, quce tabellis nondum ab illo emendatis [dictio
num numero, ac ipso descriptionis ordine responderent, ita nimirum ut
prima dictio significaret primam tabellam, secunda secundam, reliquae
reliquas eodem ordine, itemque ut prima vocalis cuiusque dictionis signi
ficaret /nodalem ex possibili, secunda /nodalem ex contingenti, tertia, ex
impossibili, quarta, ex necessario: denique ut vocalis A, significaret enun-
ciationem affirmativam modi, et dicti: E, affirmativam modi, et negativam
dicti: I, negativam modi, et affirmativam dicti: U, negativam utriusque:
quam vocalium significationem hoc versu comprehenderunt;
Tabella
1 2
A Possibile est aliquem horni- E Possibile est aliquem hominem
nem esse animal. non esse animal.
ma Contingens est aliquem horni- den Contingens est aliquem homi
nem esse animal. nem non esse animal.
bi Non impossibile est aliquem tU Non impossibile est aliquem
hominem esse animal. hominem non esse animal.
mus Non necesse est nullum ho- li Non necesse est aliquem ho
minem esse animal. minem esse animal.
no fim do tratado, que eles deviam ser corrigidos para os que foram
por nós ordenados. E, de facto, não sem razão, porquanto esta ordem,
que observámos, não só convém às naturezas das coisas, mas também
corresponde óptimamente à descrição das enunciações absolutas, como
será manifesto para quem preste um pouco de atenção e confira esta
descrição com a descrição das absolutas.
Depois, para se fixar de memória a descrição aristotélica das
modais, os dialécticos modernos excogitaram estas quatro palavras:
Amabimus, Edentuli, Iliace, Purpurea, que correspondessem às tabelas
ainda não emendadas por ele quanto ao número das dicções e quanto à
própria ordem da descrição, de tal maneira que a primeira dicção sig
nificasse a primeira tabela, a segunda a segunda, as restantes as restantes
pela mesma ordem; do mesmo modo, a primeira vogal de cada dicção
significasse a modal de possível, a segunda a modal de contingente, a
terceira de impossível, a quarta de necessário; e, finalmente, a vogal A
significasse a enunciação afirmativa de modo e de dito, E a afirmativa
de modo e negativa de dito, I a negativa de modo e a afirmativa de dito,
U a negativa de um e de outro. Esta significação das vogais abran
geram-na neste verso:
TABELA
12
A É possível que algum homem E É possível que algum homem
seja animal. não seja animal.
ma É contingente que algum ho den É contingente que algum ho
mem seja animal. mem não seja animal.
bi Não é impossível que algum tu Não é impossível que algum
homem seja animal. homem não seja animal.
mus Não é necessário que nenhum li Não é necessário que algum
homem seja animal. homem seja animal.
3 4
I Non possibile est aliquem homi Pur Non possibile est aliquem ho
nem esse animal. minem non esse animal.
li Non contingens est aliquem ho pu Non contingens est aliquem
minem esse animal. hominem non esse animal.
a Impossibile est aliquem hominem re Impossibile est aliquem homi
esse animal. nem non esse animal.
ce Neccsse est nullum hominem esse a Necesse est omnem hominem
animal. esse animal.
C a p VT1 3
3 4
I Não é possível que algum ho Pur Não é possível que algum ho
mem seja animal. mem não seja animal.
li Não é contingente que algum ho pu Não é contingente que algum
mem seja animal. homem não seja animal.
a É impossível que algum homem re É impossível que algum ho
seja animal. mem não seja animal.
ce É nccessát io que nenhum homem a É necessário que todo o ho
seja animal. mem seja animal.
Capítulo 13
A Quanto à conversão das modais, que Aristóteles a tratou (na ver a Primeiros Ana
dade resta apenas esta propriedade das que propusemos), não é a troca dos líticos, I, 3.
Que é a conversão
extremos principais da enunciação, de tal maneira que o modo que se pre das modais.
dica do dito se faça sujeito, e o dito predicado, mas é a troca dos extremos
que estão contidos no dito, conservando-se a qualidade do dito e a ver-
190 INST1TVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
Cur aliarum moda- modi Necesse, posueris Possibile. Nec vero opus est tradere conver
lium conversiones
siones modalium, ex necessario et possibili negatis, et ex impossibili
non tradantur.
sive affirmato, sive negato, quia cum in omnibus tabellis cequipollentium,
Conversio quarum descriptiones paulo ante tradidimus, reperiatur aliqua enunciatio
modalium ex
ex necessario, aut possibili affirmato, qui harum reciprocationem tenuerit,
contingenti pro
prie sumpto. nullo negotio intelliget in quas reliquer convertantur.
[Atque id, quod dictum est de modalibus ex possibili intelligendum est
de modalibus ex contingenti improprie sumpto, quod idem est atque possibile.
Alterum documentum est,] enunciationes ex contingenti [proprie sumpto]
d In fin. ca. 11. quas superius reliquimus^, cum affirmativa quidem sunt, eodem modo
e Primo prior. 3. [converti] quo absolutce, convertuntur e, ut si dicas, Contingens est omnem
hominem, vel aliquem hominem vigilare, ergo contingens aliquod vigilans
/ Aristo, ibi. esse hominem: cum vero sunt negativee, non itemf. Nam particularis
convertitur simpliciter, universalis autem minime, Hcec enim conversio
bona est, Contingens est aliquem hominem non esse album, ergo contingens
est aliquod album non esse hominem {nunquam enim in hac formula
g 1. prio. 16. datur conversa vera, et convertens falsa) hcec autem vitiosa §, Contingens
est nullum hominem esse album, ergo contingens est nullum album esse
hominem: conversa siquidem vera est, quia quilibet homo potest esse albus,
et non esse albus, convertens autem est falsa, quia non quodlibet album
potest esse, et non esse homo, quippe cum necesse sit aliquod album, ut
nivem, aut cygnum, non esse hominem.
[Est et alia conversionis huic generi contingentium enunciationum pro
pria {hoc est, omnibus ac solis conveniens) quam vocant In oppositam quali
tatem. Ea vero est cum ex affirmativis fiunt negativee, et ex negativis affir
mativee, nec commutatis extremis, nec ullo pacto variata quantitate, ut si
dicas Contingens est omnem hominem vigilare, ergo contingens est nullum
hominem vigilare, et vicissim Contingens est nullum hominem vigilare ergo
contingens est omnem hominem vigilare: item Contingens est aliquem
hominem vigilare, ergo contingens est aliquem hominem non vigilare, et
e contrario, Contingens est aliquem hominem non vigilare, ergo contingens
est aliquem hominem vigilare]. Sed multee sunt difficultates hac in re,
quee postulant tum maiorem auditorum intelligentiam, tum etiam longiorem
tractatum, quam, introductioni conveniat. Restat ergo ut, quoniam
Ca p V T 14
C Ap í Tu lo 14
dixisti, Socrates fuit philosophus, et vir etiam bonus vere quoque dixeris, Si Socrates
philosophus fuit, vir bonus fuit, aut, si non fuit philosophus, non fuit vir bonus,aut si
fuit philosophus, non fuit vir bonus, aut si non fuit philosophus fuit vir bonus. Non est
igitur cur hypothetica dicatur, nisi forte...
196 INSTITVTIONVM DIALECTÍCARVM LIBER III
De conditionali enuncialione
C a p V T 15
C A qualidade essencial das enunciações, que dizemos afirmação e Qualidade das enun
negação, convém também a todas estas comummente, mas de modo ciações conjuntas.
diferente das simples. As simples, efectivamente, dizem-se afirmativas
e negativas, porque os seus predicados se atribuem aos sujeitos ou se
removem dos mesmos; mas as conjuntas dizem-se afirmativas porque Afirmativas.
as conjunções são afirmativas, isto é, não se negam, e negativas porque Negativas.
se negam, quer se afirmem os predicados das simples, que em si se encer
ram e se contêm, quer se neguem. Donde se infere que ambas estas
são afirmativas: se o sol brilha, é dia, se o sol não brilha não é dia;
mas ambas estas são negativas: não se o sol não brilha, não é noite,
não se o sol brilha, é noite. Fácilmente se perceberá isto nos restantes
géneros. Fazem-se, porém, tais enunciações negativas, prefixando-lhes
a partícula negativa no início de toda a enunciação, como se vê nos dois
exemplos anteriores.
Já a qualidade acidental, que consiste na significação da verdade
ou da falsidade, não há dúvida de que também convém às conjuntas,
pois elas participam da natureza da enunciação, que tem como qua
lidade comum significar o verdadeiro ou o falso. São, portanto, também São verdadeiras ou
elas, verdadeiras ou falsas e, além disso, necessárias ou contingentes ou falsas, necessárias ou
contingentes ou im
impossíveis.
possíveis.
D Mas, se se pretende atender à quantidade, não têm absolutamente As enunciações con
nenhuma, de modo a dizerem-se universais, ou particulares, ou inde juntas carecem de
finidas, ou singulares, pois não enunciam algo de alguma ou de algumas quantidade.
coisas, mas só juntam as enunciações que fazem isso. Têm, contudo,
virtualmente, uma certa quantidade universal ou particular, que mais
abaixo e explicaremos, quando tratarmos da sua oposição. e Cap. 18.
Capítulo 15
Da enunciação condicional
mus) aut constat utraque affirmativa, aut utraque negativa, aut antecedente
affirmativa, et consequente negativa, aut contra, ut Si sol lucet dies est:
Si sol non lucet, non esi dies: si dies est, non est nox: Si dies non est, nox
est. Qucc varietas complicationum ex simplicibus affirmativis, et nega B
tivis, ad copulativas etiam, et disiunctivas accommodari potest. Quomodo-
Nota, pro copulativis
et disiunctivis. cunque autem conditionales ex simplicibus conficiantur, dicunt Dialectici
Conditionalis est ali eas posse esse veras, etsi omnes simplices, ex quibus constant, sint falsee,
quando vera ex sim ut si dicas, Si homo habet alas, volare homo potest. Id quod proprium,
plicibus falsis.
Veritas conditionalis ac peculiare in hoc enunciationum genere ex eo est, quod eius veritas
in sola consequutio- in sola consequutione consistit: quo fit ut si consequutio sit bona, et apta,
ne consistit.
Conditionalis nihil enuntiatio ipsa sit vera, quocunque modo, quod ad veritatem, et falsi-
ponit. tatem attinet, partes se habeant. Hac de causa dicere solent Dia
Num omnis conditio
nalis vera sit necessa lectici conditionale nihil ponere, quia ut sit vera, nec antecedentis, nec
ria, [et falsa impossi consequentis veritatem requirit. Qua ex re illud etiam Dialectici colligunt C
bilis].
omnes conditionales veras, esse necessarias, et omnes falsas, impossi
biles. Nam omnis bona consequutio est necessaria, ut aiunt, omnisque
vitiosa, impossibilis. Quod mihi non videtur usquequaque verum. Etenim
non modo multa conditionales ex futuris contingentibus probabiles censentur,
ut si diligenter operam navaveris, doctus evades, sed etiam ex prasentí tem
Etiam contingentes
conditionales repe-
pore, ut si dicas Si qua mater est, diligit filium: qua enunciado, cum inter
riuntur. veros numeretur, non in eo veritatis gradu ponitur, ut dicatur falsa esse non
a Lib. 6. cap. 4. posse. Non tantum ergo necessaria, et impossibiles enunciationes condi
tionales reperiuntur, sed contingentes etiam. Nec vero omnis bona con
sequutio est necessaria, sed quadam etiam probabilis, ut posta dicemus. [Ita
patet quid requiratur ad veritatem conditionalium enunciationum. Quod
tamen intellege dictum de affirmativis, ex quibus nullo negotio veritas
negativarum colligitur. Nam cum in hoc genere semper affirmativa, et
[Quo pacto diiudi-
canda sit veritas in negativa, qua sola affirmatione, et negatione coniunctionis discrepant, sint
negativis conditio-
contradicentes, si conditionalis affirmativa fuerit vera, erit negativa falsa,
nalibus, et eseteris
coniunctis negativis]. si vero illa falsa fuerit, hac vera erit. Id quod etiam in copulativis, et D
Rationales et causa
les revocantur ad con
disiunctivis observandum est\. Revocantur autem ad conditionales primum
ditionales. rationales, ut Sol lucet, ergo dies est: Omnis homo est rationis particeps, et
Temporales, locales,
etc. mente captus est homo, igitur mente captus est rationis particeps. Deinde
causales, ut Quia sol lucet, dies est: Quia homo est ex elementis compositus,
mori potest. Item ilice, quas vocant temporales, locales, et id genus alice,
ut Cum sol lucet dies est: Obi sol lucet dies est: Quo semel est imbuta recens
servabit odorem testa diu: Quibuscum vixeris, eorum mores imitaberis:
et cceterce huiusmodi. Sed quod ad rationales, et causales attinet (alice E
enim fere negliguntur) illud advertendum est, ad veritatem rationalis,
prceter bonam consequentiam, requiri veritatem antecedentis, [et (quce
Quid requiratur ad
veritatem rationalis, ex ea sequitur) consequentis]: ad veritatem autem causalis, ultra hcec duo,
et causalis.
opus esse, ut in antecedente sit vera causa consequentis: modo enunciatio
proprie causalis sit. Scepe enim in sensu rationalis usurpatur, ut si dicas,
Quia Socrates est homo, est animal, velisque significare, ex eo quod
Socrates est homo, consequi ut sit animal. Ita fit ut hce rationales non
sint verce, Socrates est homo, ergo est philosophus: Socrates est lapis,
ergo est sensus expers: prior quidem quia consequutio est vitiosa, posterior
vero quia et consequutio est apta, et bona, tamen antecedens non est
verum. Fit etiam, ut hce sint falsee, Quia sol lucet, Socrates dormit:
Quia sol est ignis, calefacere potest: Quia sol deficit, luna interponitur
inter nos, et ipsum: prima quia consequutio non est bona: secunda, quia
antecedens non est verum: tertia, quia in antecedente non est causa conse
quentis, sed potius effectus. Quia enim luna interpositu suo nobis tegit
solem, iccirco sol apud nos deficit, non autem quia [sol] deficit ideo
Luna interponitur.
De copulativa enunciatione
Copulativa non ha
bet certum numerum C a p V T 16
partium principa
lium.
Copulativa enunciatio non habet certum numerum partium principa- A
Ilum, ut conditionalis, sed potest quotquot volueris principalibus constare,
ut si dicas, Socrates philosophus est, et bonus vir est, et Platonis magister,
et certera. Huius generis enunciatio vera esse non potest, nisi omnes B
Capítulo 16
Cum enim affirmativa?, et negativce semper in hoc genere sint contradicentes, si affir
mativa fuerit vera, erit negativa falsa, si vero illa falsa fuerit, hcec vera erit. Id quod
etiam in copulativis et disiunctivis observabis.
202 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
dadeiras todas as simples de que consta. De onde se segue que, dada Q u e sc requer para
qualquer simples falsa, toda a copulativa é considerada falsa. A copula- a verdade da C°PU-
tiva é também não só igualmente necessária e contingente, mas também
C impossível. E necessária, quando todas as suas partes são necessárias,
D como: Deus é o sumo bem e o pecado o sumo mal. É contingente, Qual é necessária,
quando todas as partes ou alguma delas são contingentes, e nenhuma Contingente.
impossível, de modo que não pugnem as próprias partes entre si,
como: Sócrates é filósofo e é bom homem; Deus é o sumo bem, e Sócra
tes é justo. Na verdade, se alguma é impossível, ou as próprias partes
repugnam entre si, deverá ser considerada não contingente, mas impossí
vel, como se se disser: Sócrates é pedra e Platão filosofa; Sócrates
E está sentado e caminha também. É impossível, se ou alguma parte é Impossível,
impossível ou as próprias partes são repugnantes entre si, como se mostra
nos exemplos antecedentes.
Deve atender-se, porém, neste lugar, a que, embora para copular
duas enunciações simples baste uma só conjunção copulativa, contudo,
elegantemente, e muitas vezes não pouco utilmente, empregam-se
duas, como se se disser: e Sócrates fala e Platão ouve. Digo, defacto,
não pouco utilmente, por causa das negativas. Com efeito, não fala
com igual clareza e sem ambiguidade aquele que nega a copulativa
proposta deste modo: não Sócrates fala e Platão ouve, e aquele que a
nega deste modo: não e Sócrates fala e Platão ouve. O mesmo se deve
observar nas disjuntivas.
Reduzem-se às copulativas as enunciações adversativas, como: As que se reduzem
Sócrates foi filósofo, mas talvez não tenha adquirido a verdadeira às copulatlvas·
sabedoria, e outras semelhantes. Além disso, também as racionais se
reduzem às copulativas, dada a circunstância de porem simultánea
mente o antecedente e o consequente. Mas as causais não só por
esta razão, mas também enquanto indicam que no antecedente está
contida a causa do consequente. Racionais e causais parecem ainda
certas copulativas constituídas de uma condicional pelo menos cada
uma, e algumas outras enunciações, como abaixo a se verá. Entretanto, a CaP· 20·
costumam reduzir-se às condicionais, porque manifestam mais a forma
das condicionais, que incluem, como partes principais. O mesmo deverá
talvez dizer-se das temporais, locais e outras semelhantes, as quais acima
foram reduzidas às condicionais.
De disiunctiva enunciatione
C a p VT 17
Capítulo 17
Da enunciação disjuntiva
A A enunciação disjuntiva também não tem número certo de partes
principais, pois pode também constar de tantas partes principais quantas Também a disjuntiva
se quiser, como se se disser: este animal ou é branco ou é negro ou não tem número cer
é de cor azul ou [da cor] do barro, etc. to de partes princi
pais.
B Para que a disjuntiva seja verdadeira, segundo a opinião dos antigos,
deve ser verdadeira só uma das suas partes; donde resulta que se diga Que se requer para
a verdade da disjun
ser falsa quer quando todas são falsas, quer quando todas são verdadei
tiva.
ras a. Por exemplo, é verdadeira esta: Sócrates ou fala ou não fala,
a Cícero, nos
porque uma sua parte, e só ela, é verdadeira; são, porém, falsas estas Tópicos; Gélio,
duas: Sócrates ou é pedra ou planta; Sócrates ou é animal ou homem. livro XVI:
A primeira porque ambas as partes são falsas, a segunda porque ambas S. Tomás, no lugar
acima citado.
são verdadeiras. A razão disto está em que, como a disjuntiva distingue
as sentenças, parece haver necessidade de que sejam repugnantes as enun
ciações simples de que consta a disjunção, de tal modo que as verdadei
ras não possam ser mais do que uma. Por isso, ou todas serão falsas,
ou, se mais do que uma for verdadeira, a realidade não corresponderá à
disjunção, e, por conseguinte, de ambos os modos, a disjunção será
falsa. Portanto, se se disser: Sócrates é homem ou é dotado de razão,
faz-se uma enunciação falsa, porque a própria disjunção significa de
sua própria natureza que um só destes dois atributos convém a Sócrates,
Opinião dos moder
C e afirmar isto é falso. Os modernos, porém, dizem que a disjuntiva é nos.
verdadeira, se uma, ou mais do que uma, ou mesmo todas as partes
são verdadeiras; mas nunca é falsa, a não ser que todas as partes sejam
falsas. Assim, portanto, dizem que são verdadeiras as enunciações
seguintes: Sócrates ou é homem, ou é dotado de razão; ou caminha,
ou se move no lugar; ou Platão é capaz de riso, ou Bucéfalo de relincho.
D Os antigos dizem que estas são falsas. Quanto a mim parece-me que
se deve dirimir a controvérsia deste modo: os antigos falaram, na
verdade, mais em conformidade com a natureza da disjunção (a disjun
ção, com efeito, parece significar, pela sua forma, que não é verdadeira Conciliação dos mo
dernos com os anti
mais do que uma parte); os modernos, porém, atenderam mais ao modo gos.
geral de falar. Com efeito, costumam ser permitidas disjunções deste
teor: ou Demóstenes foi um orador perfeito, ou Cícero, ou certamente
nenhum; ou Clódio preparou insídias a Milão, ou Milão a Clódio —
costumam, digo, ser permitidas como verdadeiras por aqueles que con
fessam que Demóstenes foi um orador perfeito e Cícero também, e do
206 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
fecit, aut Clodio Milo solent inquam concedi ab iis, qui fatentur, et Demos
thenem perfectum oratorem fuisse, et Ciceronem, itemque Miloni Clodium,
et Clodio Milonem mutuas parasse insidias. Quoniam igitur communis
loquendi usus in oratione non est aspernandus, non videtur recentiorum
sententia omnino repudianda. [Quin etiam in iis, quce de oppositione
disiunctivarum dicemus, magno nobis erunt usui disiunctivce ab illis appro
Obiectio. batae, ac traditce]. Quod si quis obiiciat, eum, qui ita loquitur, Aut Socra
tes est homo, aut rationalis, hoc modo corrigi solere, Imo vero et est homo,
et rationalis, nec alia de causa, nisi quia falsam profert disiunctionem:
Solutio. occurrendum est, eum, qui sic loquitur, corrigi, non quod falsam pronunciei
disiunctionem, sed quod ineptam, et ridiculam. Ineptum est enim, ac ridicu
lum prcesertim in communi sermone [(quo scepe non tam attenditur quid vere
dicatur, quam quid usitate)] extruere disiunctionem ex enunciationibus
necessariis, aut necessario connexis. Id quod in hoc disiunctionum genere,
Occurritur alteri quod recentiores amplectuntur, diligenter cavendum est. Nec tamen E
obiectioni. idcirco fuerit necessarium, ut ex simplicibus repugnantibus inter se omnis
Explicatur sensus dis-
iunctionis. disiunctio struatur, quia cum dicimus, Aut est hoc, aut est illud, non semper
volumus significare, aut hoc tantum, aut illud tantum esse verum, sed
scepe ita loquimur, ut saltem hoc verum esse, aut saltem illud declaremus.
Quo pacto dubium non est, quin, tota disiunctio ex partibus [non solum]
non repugnantibus, sed etiam simul veris, vera esse possit. In hoc enun-
dationum genere, quemadmodum in superioribus, non solum necessarice,
et impossibiles enunciationes reperiuntur, sed etiam contingentes. Nam F
Necessarias disiun- ilice necessarice dicendce sunt, quce constant ex duabus contradicentibus,
ctiones. aut ex iis, quce ad contradicentes reduci possunt: ut, [Aut] Socrates loquitur,
aut non loquitur: [Aut] Socrates est grammaticus, aut non habet artem
emendate loquendi, et scribendi: [Aut] Animal est homo, aut est bestia.
Itemque ilice, quarum omnes partes, aut una, sunt necessarice: ut Socrates
est homo, aut non est lapis: Socrates est homo, aut non est grammaticus:
Socrates est homo, aut est lapis. Quanquam ilice, quarum omnes partes
Contingentes. sunt necessarice, quia ridiculce sunt, extrui non debent, uti diximus. Con
tingens est cuius omnes partes, aut aliqua sunt contingentes, non ita tamen
ut sint contradicentes, aut ad contradicentes revocari possint, aut aliqua
earum sit necessaria, ne tota disiunctio sit necessaria, ut nunc diximus.
Exempla contingentium hcec sunt, Aut hcec mulier huius pueri mater non
est, aut illum diligit: Aut hic adolescens lapis est, aut [longa exercitatione]
Impossibiles. doctus evadet. Impossibiles sunt, quarum omnes partes sunt impossibiles,
ut Socrates aut est lapis, aut est lignum. [Hcec de natura, disiunctione, ac
veritate coniunctarum enunciationum: nunc de earum oppositione, et
cequipollentia dicamus].
Solam contradictio Quod ergo ad earum oppositionem attinet, illud principio animad- A
nem formaliter repe-
riri in coniimctis.
vertendum est solam contradictionem formaliter reperiri in hoc enuncia-
tionum genere. Enunciationes enim formaliter contrarice debent esse
universales, subcontrarice vero particulares: coniunctce autem nec sunt for
maliter universales, nec particulares, imo etiam nec indefinitce, aut sin
gulares, nec simpliciter tales appellari solent, ut perspicuum est. Cuius
rei causa ea esse videtur,quia non enunciant aliquid de aliquo, aut aliquibus,
sed solum enunciationes, quce id efficiunt coniungunt. At vero ut enun
ciationes sint formaliter contradicentes, et simpliciter tales appellentur,
non est opus ut sint universales, aut particulares, aut indefinitce, aut sin
gulares: sed hoc tantum ex ipsa contradictionis forma requiritur, ut sola
negatione prceposita differant, hoc est, ut una habeat negationem prcepo-
sitam altera minime, quoad reliqua vero sint omnino ecedem. Nam ut
est commune Dialecticorum proloquium, non verius contradicitur {adde
etiam, nec formalius) quam cum affirmationi negatio prceponitur. Hoc
autem luce clarius est non minus accidere in coniunctis enunciationibus,
quam in simplicibus, ut si dicas, Si homo est animal, est sensus particeps,
Non Si homo est animal est sensus particeps: Et Socrates est philosophus,
et Plato est philosophus, Non et Socrates est philosophus, et Plato est
philosophus: Aut Plato fallitur, aut Aristoteles fallitur: Non aut Plato
fallitur, aut Aristoteles fallitur. Ita patet solam oppositionem contradicto
riam formaliter convenire coniunctis enunciationibus et quo pacto illis
conveniat, neque solum dari posse in hoc enunciationum genere contradi
centium condutiones sive leges, sed etiam propriam, et formalem contra-
Capítulo 18
C a p í t u l o 19
Si Socrates est homo, Socrates est ani Si Socrates est homo, Socrates non est
mal. \/ animal.
/\ Non si Socrates est homo, Socrates est
Si Socrates est homo, Socrates non est
animal. animal.
CapVT20
Documentum pro Pro copulativis autem speciale documentum sit, Non solum contrarias A
copulativis.
copulativas, sed etiam subcontrarias, et subalternas constare debere simpli
cibus contrariis, aut contradicentibus. Quod non ita intelligendum est,
quasi necesse sit ut omnes simplices unius copulativce, sint contrarice, aut
contradicentes respectu simplicium alterius, Sed ut una saltem respectu
unius.
Eadem ratio erit si una tantum simplex sil uni contraria, aut contra
dicens. Probatio huius documenti satis aperta est. Nam quod affirmativoe, B
quas ponimus contrarias, possint esse simul falsee, his exemplis patet:
Capítulo 20
A Seja esta a regra especial para as copulativas: não só as contrárias Regra para as copu-
copulativas, mas também as subcontrárias e as subalternas devem ktlvas'
Socrates est ¡apis, et Plato est homo: Socrates non est lapis, et Plato
non est homo. Omnis homo est albus, et omnis equus est albus. Nullus
homo est albus, et nullus equus est albus. Item omnis homo est lapis,
et aliquis homo est albus. Aliquis homo non est lapis, et nullus homo
est albus. Quod autem non possint esse simul verce, non solum inductione
patet qualibet materia, sed hac etiam ratione. Quia si duce copulativae
constantes ex simplicibus contrariis, aut contradicentibus possent esse
simul verce, duce simplices contrarice, aut contradicentes possent esse simul
a Cap. 6 et 11. verce, quod fieri non posse supra dictum esta. Hinc patet negativas,
quas dicimus subcontrarias posse esse simul veras, non autem simul falsas,
ut deductum est in conditionalibus, itemque fieri non posse, ut superior
affirmativa sit vera quin negativa inferior vera sit, aut inferior falsa sit,
quin superior sit falsa. Non admisimus autem copulativas, quarum C
omnes simplices sunt sub contrarice, ne daremus contrarias simul veras,
subcontrarias simul falsas, et subalternantes veras fcdsis existentibus
sub alternatis, ut in his patet, Aliquis homo est albus, et aliquis equus est
albus: Aliquis homo non est albus, et aliquis equus non est albus: Non
et aliquis homo non est albus, et aliquis equus non est albus: Non et aliquis
homo est albus, et aliquis equus est albus].
Capvt 21
Documentum pro
disiunctivis.
Denique pro disiunctivis sit hoc speciale documentum, Non solum ^
contrarias disiunctivas, sed etiam sub contrarias, et subalternas constare
debere simplicibus contradicentibus, aut sub contrariis.
Non aut Socrates non est homo, aut χΝοη aut Socrates est homo, aut Plato
Plato non est homo. est homo.
Aut Socrates est homo, aut Plato est. Aut Socrates non est homo, aut Plato
homo. non est homo.
C A P í T u lo 2 1
A Finalmente, para as disjuntivas, seja esta a regra especial: não Regra para as dis'
só as contrárias disjuntivas mas também as subcontrárias e as subalternas Juntlvas·
devem constar de contraditórias ou subcontrárias simples.
C 5-C6 [1590] — Aut omnis homo est albus, aut omnis equus: Aut nullus...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 221
inquam, quce nunquam censentur falsee, nisi cum omnes partes sunt falsee.
Nam si ad immediatas documentum accommodaveris dabis subcontrarias
simul falsas, et (quod hinc sequitur) contrarias simul veras, et subalter
nantes veras falsis existentibus subalternatis, ut patet in descriptionibus
traditis. Nam iuxta veterum sententiam omnes disiunctivce affirmativee,
quas in exemplum attulimus sunt falsee. In prima quidem, et secunda
descriptione, quia priores constant utraque parte vera, posteriores quia
utraque falsa: in tertia vero quia disiunctivce utraque pars vera est. Unde
patet in hoc disiunctivarum genere non dari sub contrarias. Nam quod
in eo non possint subcontrariee constitui ex simplicibus contrariis, ex illo
exemplo paulo superius posito, Aut omnis homo est albus, aut omnis equus
est albus: Aut nullus homo est albus, aut nullus equus est albus, satis
apertum est. Utraque enim disiunctiva non modo iuxta recentiorum sen
tentiam, sed etiam veterum falsa est, cum constet utraque parte falsa.
Cum autem in hoc disiunctivarum genere non dentur subcontrariee plane
efficitur, non posse etiam dari contrarias, aut subalternas, sed solas con
tradicentes.
Quibus documentis Animadvertendum quoque est etsi coniuncta rationales, et causales E
comprehendantur ra
tionales, et causales. ratione conditionalium, quas includunt comprehendantur in speciali
documento conditionalium, ratione autem copulativa ex enunciationibus
antecedentis, et consequentis ex qua etiam constant, comprehendantur in
speciali documento copulativarum: simpliciter tamen ex copulativarum
documento constituendam esse earum oppositionem. Habent enim sim
pliciter sensum copulativum. Hac enim rationalis Socrates est homo,
ergo Socrates est animal, hoc pacto resolvenda est: Et si Socrates est
homo, Socrates est animal, et Socrates est homo, et Socrates est animal.
Hac vero causalis, Quia Sol lucet, dies est, hunc in modum: Et si Sol lucet,
dies est: et sol lucet, et dies est, et lux solis est causa diei. Quo autem
pacto facilius huiusmodi enunciationibus opposita assignentur, ex iis,
qua mox dicentur, intelliges. Atque hac de coniunctarum oppositione
dicta sint.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 223
De coniunctarum cequipollentia
CapVT22
Capítulo 22
tivce omnino affirmativa, qualis est, Aut Socrates est albus, aut Plato
est albus. Denique copulativa negativa solius coniunctionis, ut, Non et
Socrates est albus, et Plato est albus, equipollet disiunctivce affirmativa
solius coniunctionis, qualis est, Aut Socrates non est albus, aut Plato non
est albus. Qua omnia in subiectis descriptionibus planius perspiciuntur.
Et Socrates est albus, et Plato est albus. Et Socrates non est albus, et Plato non
est albus.
Non aut Socrates non est albus, aut ¡Non aut Socrates est albus, aut Plato
Plato non est albus. est albus.
Non et Socrates non est albus, et Plato /\ Non et Socrates est albus, et Plato est
non est albus. albus.
Aut Socrates est albus, aut Plato est Aut Socrates non est albus, aut Plato
albus. non est albus.
Et omnis homo est albus, et omnis Et nullus homo est albus, et nullus
equus est albus. equus est albus.
Non aut aliquis homo non est albus, aut Non aut aliquis homo est albus, aut
aliquis equus non est albus. aliquis equus est albus.
Non et nullus homo est albus, et nullus Non et omnis homo est albus, et omnis
equus est albus. equus est albus.
Aut aliquis homo est albus, aut aliquis Aut aliquis homo non est albus, aut
equus est albus. aliquis equus non est albus.
Et aliquis homo est albus, et aliquis Est nullus homo est albus, et nullus
equus est albus. equus est albus.
Non aut nullus homo est albus, aut Non aut aliquis homo est albus, aut
nullus equus est albus. aliquis equus est albus.
Non et nullus homo est albus, et nullus /\ Non et aliquis homo est albus, et ali
equus est albus. quis equus est albus.
Aut aliquis homo est albus, aut aliquis Aut nullus homo est albus, aut nullus
equus est albus. equus est albus.
Utilitas asquipollen-
tiee coniunctarum.
Utilitas autem, quce ex harum enunciationum cequipollentia capitur E
haud parva est. Hinc enim discimus exponere negativas coniunctionis
(quae quidem obscuriores sunt) per affirmativas. Discimus quoque cons
tituere omnia oppositarum, et subalternarum genera ex affirmativis sumpta
loco oppositce negativce aliqua affirmativa, quce illi cequipolleat. Unde fit,
ut non parum usurpata sit apud dialecticos constitutio contradicentium
ex utraque affirmativa coniunctionis. Si quis enim petat contradicentem
huius, Socrates est albus, et Plato est albus, mox reddunt hanc, Aut
Socrates non est albus, aut Plato non est albus. Si quis autem petat quce-
nam contradicat huic, Et Socrates non est niger, et Plato non est niger,
continuo hanc sublidunt, Aut Socrates est niger, aut Plato est niger,
quod idem faciunt in reliquis, hoc semper observato, ut simplices, ex quibus
constat disjunctiva, contradicant simplicibus, ex quibus constat copulativa,
quod idem faciendum esse ex iis, quce diximus colliges.
Hinc iam intelliges quo pacto planius, et facilius rationalium, et F
causalium oppositas assignare possis. Nam cum huiusmodi enunciationes
a Cap. 16 et 21. simpliciter, et absolute habeant sensum copulativum, ut supra a dictum
est, aut si mavis, quibusdam copulativis cequipolleat, ex mistione copula
tivarum cum disiunctivis, multo expeditius earum oppositce tradentur.
Si quis enim abs te petierit contrariam huius, Socrates est homo, ergo
Socrates est animal, cum hcec cequipolleat huic copulativce, Et si Socrates
est homo, Socrates est animal, et Socrates est homo, et Socrates est animal,
trades illi hanc contrariam copulativam, et Si Socrates est homo, Socrates
non est animal, et Socrates non est homo, et Socrates non est animal.
Si vero petierit contradicentem trades illi hanc disiunctivam: Aut non
si Socrates est homo, Socrates est animal, aut Socrates non est homo,
Capvt 23*
* Caput. 18.
A 3-A 4 — Hce sunt expositiones nonnulla quarundam enunciationum, qua, quia
ob quasdam...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 231
C a p í t u l o 23
De Exclusivis enuntiationibus
C a p v t 2 4*
* Caput. 19.
A 1 —signo aliquo exclusivo...
A7-A8 — homo duntaxat loqui potest. Hinc fit...
B 1-B 2 — exemplis. Exclusivce autem utriusque generis quatuor modi efferir pos
sunt secundum...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 233
C a p í t u l o 24
não é só animal, isto é, o homem é algo mais que animal. Com efeito,
muitas vezes será descoberta como falsa esta exposição, como se se disser
assim: estes predicamentos (significando-se mentalmente dez predica
mentos) não são só vinte, isto é, são mais que vinte; a pedra não é só
animal, isto é, a pedra é algo mais que animal. Na verdade, as enun
ciações que se expõem são verdadeiras (visto que as suas contradi
tórias são falsas); as exponentes, porém, são falsas. Mas, deste género
de exclusivas, nada mais é necessário dizer. Exposição das ex-
E Quanto às exclusivas do segundo género, a que chamámos de sujeito clusivas de sujeito
excluído.
excluído, se afirmarem o sinal e o verbo, deverão ser expostas copulati
vamente, com a primeira exponente indefinida ou particular afirma 1
tiva, e a segunda universal negativa, deste modo: só o animal pode
sentir, isto é, o animal pode sentir e nada que não seja animal pode 2
sentir. Mas se afirmarem só o sinal, exponham-se copulativamente, com
a primeira [exponente] indefinida ou particular negativa, e a segunda
universal afirmativa, deste modo: só a substância não está no sujeito,
3
isto é, a substância não está no sujeito e tudo o que não é substância
está no sujeito. Se, porém, negarem um e outro, exponham-se disjunti-
236 1NSTITVTI0NVM DIALECTICARVM LIBER III
C a p v t 25*
Contraria?.
Subcontrarias.
Contradicentes. Non inutile quoque fuerit si harum emendationum [(exclusi nimirum
Subalternas.
subiecti)] oppositionem intelligas. Adverte igitur primam, et secundam
vocari contrarias: tertiam, et quartam subcontrarias: primam vero
[dici] contradictoriam quartee, et secundam ter tice: denique primam
Verba quas memo censeri sub alternantem tertia, et secundam quartee, quod illis conve
riam iuvare possint.
niant conditiones earum oppositarum, et subalternarum, [quarum appella
tionem sortiuntur. Id quod] adhibita expositione cuiusque haud magico
labore intelliges. Verum ut heee melius teneas, accipe has quatuor
dictiones.
Igne Tonans Malos Perdit
* Caput. 20.
A 2-A 3 — secundam esse contrarias:...
A 4 — ter tue contradicere: denique...
A 4-A 5—primam esse suhalt'emantem...
A 5-A 6 — quartee, quod facile quivis ex conditionibus oppositarum...
A 7-A 8 — cuiusque poterit colligere. Verum...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS— LIVRO III 237
Capítulo 25
Subalternans Subalternans
1
Tantum animal est aegrum. Tantum animal non est aegrum.
Contrariae
Id est Id est
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Non tantum animal non est aegrum. Non tantum animal est aegrum.
Subcontrariae
Id est Id est
Ma Omne animal est aegrum, vel Per Nullum animal est aegrum, vel
Aliquid, quod non est animal, Aliquid quod non est animal,
los non est aegrum. dit est aegrum.
Subaltérnala Subaltérnala
Dictio exclusiva non Duo tamen adhuc admonebo, qua trito sermone in hac materia dicun
excludit concomitan
tur. Alterum est, Dictionem excMsivam non excludere concomitantia,
tia.
hoc est, ea qua subiectum exclusiva necessario consequuntur. Exempli
causa, cum dico, Tantum homo loqui potest, non excludo animal, nec alia,
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 239
Subalternante Subalternante
1 2
Só o animal está doente. Só o animal não está doente.
Conti árias
Isto é: Isto é:
Ig O animal está doente e To O animal não está doente e
Nada que não seja animal está Tudo aquilo que não c ani
ne doente. nans mal está doente.
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3 4
Não só o animal não está doente. Não só o animal está doente.
Subcontrárias
Isto é: Isto é:
Ma Todo o animal está doente; ou Per Nenhum animal está doente; ou
Aquilo que não é animal não Aquilo que não é anmal está
los está doente. dit doente.
Subalternada Subalternada
B Chamarei ainda a atenção, contudo, para duas coisas que se dizem A dicção exclusiva
nesta matéria em linguagem comum. A primeira é que a dicção não exc!u‘ concomi·
exclusiva não exclui as coisas concomitantes, isto é, aquelas que seguem
necessàriamente o sujeito da exclusiva. Por exemplo, quando digo:
só o homem pode falar, não excluo animal e as outras coisas que se
240 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
qua necessario de homine prredicantur, [quasi negem, illa loqui posse, sed
solum excludo a participatione sermonis quicquid non est homo]. Alte
rum est, Exclusivam et signi, et verbi affirmati converti in universalem
affirmativam. Hce siquidem sunt bona conversiones, Tantum animal C
est agrum, igitur omne agrum est animal: Solus homo sermone utitur,
Conversio exclusiva
omnino affirmativa;. igitur omne, quod sermone utitur, est homo: et ita reliqua huius forma.
De exceptivis enuntiationibus
Capvt 26*
Exceptiva qua.
Quid efficiat signum Exceptiva enunciationes dicuntur, qua constant signo exceptivo, A
exceptivum.
quale est Prater, et si quod est aliud, eiusdem significationis. Hoc vero
signum fere semper excipit aliquod sublectum a participatione, consortiove
Id a quo fit exceptio,
vere dici debet de pradicati, ut si dicas, Omne animal prater hominem, est rationis expers.
eo, quod excipitur.
Verum ne hoc loco ineptas exceptiones admittamus, releganda hinc sunt B
illa, in quibus, id, a quo fit exceptio, non vere dicitur de eo, quod excipitur.
Id a quo fit exceptio
notari debet signo Quis enim, audiat ita loquentem, Omnis homo prater belluam est rationis
universali.
particeps? Itaque solas eas exceptivas admittamus hoc loco, in quibus id,
a quo exceptio fit, vere affirmatur de re excepta. Quanquam vero id, a C
quo fit exceptio nonnunquam signo particulari notatur, ut si dicas, Aliquis
rex prater Crasum fuit dives, Aliqua regio prater Italiam est ferax bono
rum ingeniorum, ratio tamen exceptionis poscere videtur, ut id, a quo fit
exceptio notetur signo universali. Excipere enim est a toto genere partem
detrahere. Itaque minus propria censenda est exceptio, cum id, a quo fit
exceptio, notatur signo particulari: quo fit, ut de ea in prasentia nobis
Excepti varum qua- loquendum non sit. In exceptivis igitur enunciationibus, quemadmodum in D
tuor itidem formula.
exclusivis, vel signum, et verbum afirmantur, ut si dicas, Omne mobile, pra
ter calum, interire potest: aut solum signum affirmatur, ut omne animal,
prater hominem, non est rationis particeps: aut utrunque negatur, ut si
tdicas, Non omne mobile prater calum, non potest interire: aut signum
duntaxat negatur, ut si dicas, Non omne animat prater hominem, est bipes.
C 2-C 3 {cap. 25) — animal: Tantum homo loqui potest, igitur omne, quod loqui
potets, est homo:
* Caput. 21.
AI — signo aliquo exceptivo...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III 241
Capítulo 26
A Chamam-se enunciações exceptivas aquelas que constam de sinal Quais são exceptivas.
exceptivo, como excepto, e qualquer outro, se o há, da mesma significação.
Este sinal quase sempre exceptúa da participação ou do consórcio do Que faz o sinal ex
predicado algum sujeito, como se se disser: todo o animal, excepto o ceptivo.
B homem, é desprovido de razão. Mas, para que neste lugar não admita Aquilo de que se
mos exccpções ineptas, devem ser afastadas daqui aquelas em que aquilo faz a excepção deve
dizer-se verdadeira-
de que se faz a excepção não se diz verdadeiramente daquilo que se excep mente daquilo que se
túa. Efectivamente, quem ouve alguém falar assim: todo o homem, exceptúa.
excepto a fera, é dotado de razão? Admitamos, portanto, neste lugar,
só aquelas exceptivas, em que aquilo de que se faz a excepção se afirme
C verdadeiramente da coisa exceptuada. Mas, embora aquilo de que Aquilo de que se faz
se faz a excepção se note algumas vezes por um sinal particular, como a excepção deve no
tar-se com o sinal
se se disser: algum rei, excepto Creso, foi rico; alguma região, excepto
universal.
a Itália, é fértil em bons génios; contudo, a natureza da excepção parece
exigir que aquilo de que se faz a excepção seja notado por um sinal
universal. Exceptuar, efectivamente, é tirar do género todo uma parte.
Portanto, como menos própria deve ser tida a excepção, quando aquilo
de que se faz excepção se nota por um sinal particular. Daí vem que
não devemos falar desta por agora.
D Nas enunciações exceptivas, tal como nas exclusivas, ou se afirmam Das exceptivas [há]
o sinal e o verbo, como se se disser: todo o ente que se move, excepto igualmente quatro
formas.
o céu, pode morrer; ou só se afirma o sinal, como: todo o animal,
excepto o homem, não é dotado de razão; ou se negam ambos, como se
se disser: não todo o ente que se move, excepto o céu, não pode morrer;
ou se nega somente o sinal, como se se disser: não todo o animal,
excepto o homem, é bípede.
16
242 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER III
His etiam omnibus hoc commune est, ut exponantur una quadam coniuncta
Subaltemans Subalternans
1 2
Omne mobile praeter coelum interire Omne mobile praeter coelum non po-
potest. test interire.
Contrariae
Id est Id est
Cau Omne mobile, quod non est Ce Nullum mobile, quod non est
coelum, interire potest, et coelum, interire potest, et
te Nullum coelum interire potest. das Omne coelum interire potest.
%
C %
V
δ
-M
£> c*
3
co c/ \
Non omne mobile praeter coelum non Non omne mobile praeter coelum inte-
potest interire.* rire potest.**
Subcontrariae
Id est Id est
Pris Aliquod mobile, quod non est Mo Aliquod mobile, quod non est
coelum, interire potest vel coelum, non potest interire,
CO ri vel
Aliquod coelum, interire non Aliquod coelum interire potest.
potest.
Subalternata Subalternata
De reduplicativis enuntiationibus
Capvt 2 7*
Subalternante Subalternante
1 2
Todo o móvel, excepto o céu, pode Todo o móvel, excepto o céu, não
morrer. pode morrer.
Contrarias
Isto é: Isto é:
Cau Todo o móvel que não é céu Ce Nenhum móvel que não é
pode morrer, e pode morrer, e
te Nenhum céu pode morrer. das Todo o céu pode morrer.
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G° %
3 4
Não todo o móvel, excepto o céu, Não todo o móvel, excepto o céu,
não pode morrer. pode morrer.
Subcontrários.
Isto é: Isto é:
Pris Algum móvel que não é céu Mo Algum móvcl que não é céu
pode morrer, ou não pode morrer, ou
co Algum céu não pode morrer. Γ1 Algum céu pode morrer.
Subalternada Subalternada
C a p í t u l o 27
Dá-se o nome de enunciações reduplicativas àquelas que cons Quais as que se dizem
reduplicativas.
tam de dicção geminante ou reduplicante, como lhe chamam, tal como
se se disser: o homem, enquanto é homem, é capaz de educação. Aquela Dicção reduplicante
ou geminante.
dicção enquanto, porque é apta para geminar e reduplicar alguma coisa,
costuma dizer-se reduplicante e reduplicativa, tal como conquanto, por
esta razão e todas as restantes da mesma significação. Tomam-se,
246 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER TU
porém, de dois modos estas dicções: de um, especificativamente, como Dupla acepção da
dizem; do outro, reduplicativamente. Tais vozes tomam-se especificati dicção geminante.
Especificativamente.
vamente quando notam nos sujeitos alguma razão segundo a qual ou com
a qual lhes convêm os predicados, como se se disser: Sócrates, enquanto
tem cabelos, é crespo; Platão, conquanto seja branco, é gramático.
Com efeito, o verdadeiro sentido da primeira enunciação é que a crespi-
dão (por assim dizer) convém a Sócrates segundo os cabelos; mas o da
segunda é que a Gramática de Platão não impede que o mesmo seja
branco.
A este género de enunciações pertencem aquelas nas quais se
usam as dicções reduplicativas no sentido segundo o qual significam
a condição sine qua non (como lhe chamam), isto é, sem a qual os pre
dicados não convêm aos sujeitos, como se se disser: o fogo, enquanto
está próximo, ou pela razão de estar próximo, aquece. Tais dicções Reduplicativamente.
tomam-se reduplicativamente quando significam que aquilo que convém
ao sujeito é a causa por que lhe convém o predicado, como se se disser:
Sócrates, enquanto é homem, é capaz de educação. Com efeito, o
sentido próprio e principal desta enunciação é: a natureza humana, que
convém a Sócrates, é a causa por que lhe convém a educabilidade.
Omitida, portanto, a primeira acepção, que é menos própria, no que diz
respeito à segunda, deve atender-se a que há quatro géneros de enuncia
ções em que se toma deste modo a dicção reduplicativa: com efeito, ou Modo de expor as
se afirmam a rcduplicação e o verbo, como se se disser: o homem, enunciações redupli
cativas.
enquanto homem, é capaz de educação; ou só o verbo, como se se
disser: o homem, enquanto homem, não é capaz de educação; ou se
negam ambos, como se se disser: o homem, não enquanto homem,
reduplicationis dmtaxal exponitur per causalem negativam solius consequentis hoc modo,
Homo, qua homo est, rationis expers, non est, hoc est, homo quia homo est, non est 2
rationis expers. Negativa vero , et reduplicationis, et verbi exponitur per causalem 3
negativam coniunctionis, et consequentis hoc modo, Homo non qua homo est, non est
grammaticus, id est, homo non quia homo est, grammaticus non est, negativa denique 4
solius reduplicationis exponitur per negativam solius comiunctionis hoc modo, homo Reduplicatio non
non qua homo est, grammaticus est, id est, homo non quia homo est, grammatica est. nunquam declarat
Nonnunquam tam illud Qua non in eo sensu usurpatur, quo significat aliquid esse vere conditionem sine qua
causam prcedicati, sed conditionem quandam sine qua prcedicatum non convenit subjecto non.
ut si dicas, Ignis qua prope est, calefacit. Atque hoc pacto illud Quia non proprie
accipiendum est in expositione sed tantum, ut declarat conditionem sine qua non, vocari
solet. Veruntam hic sensus non proprie reduplicativam efficit enunciationem sed Nota.
reductione quadam. Posset autem huiusmodi enunciationes eodem ordine, quo supe
riores, disponi sed quia res nihil habet difficultati, simul etiam quia in hisce multus iam
f ortasse videor, huic tractatione de ratione finem impono.
248 INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO III
LIBER IIII
C A P V T 1
DAS
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS
C a p í t u l o 1
Explicadas todas aquelas coisas que são comuns aos três modos
de discorrer, isto é, à divisão, à definição, e à argumentação, vamos agora Plano dos livros se
guintes.
tratar daquelas que são próprias de cada um deles. Ora, acerca da
divisão e da definição, enquanto consideradas em si mesmas e são
Dc que modo deve
modos especiais de discorrer (pois assim as consideraremos agora), tratar-se nestes dois
não possuímos nenhuma obra que Aristóteles lhes tenha dedicado espe livros da divisão e
cialmente. Se, porém, procurarmos as coisas, que pertencem a este da definição.
CAPVT2
Capítulo 2
De partitione
CAPVT3
C apítulo 3
Da partição
CAPVT4
A 2-B 1 — compositam sive re, sive consideratione: cuiusmodi sunt omnes species,
quce per se ponuntur in prcedicamentis: ut homo, angelus, color: hce siquidem res respectu
partium, ex quibus ipsarum essentia constituitur, dicuntur tota essentialia. Totum...
B 2-B 3 —partium sibi subjectarum, de quibus dicitur essentialiter, seu ut de
subiectis...
B 5 — essentialis, ut iam significavimus, duplex est...
C 2 — dividitur in partes vere, ac re ipsa essentiam componentes. Partes vere
componentes essentiam sunt materia et forma. Materia...
C 3-C 4 — subiectum quod formam in se recipit. Forma vero est perfectio
quaedam, quce recepta in materia essentiam rei absolvit. Hoc modo...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO IV 257
C a p í t u l o 4
C APVT5
Capítulo 5
C APVT6
C apítulo 6
C APVT7
Capítulo 7
orationem, qua totum divideretur in suas partes, hoc est, in eas qua
ratione sui, seu per se (quod idem est) sunt partes totius. Huiusmodi
enim simpliciter, et absolute dicuntur rei partes. Atque ha quidem aut
totius cequivocationem, ambiguitatemve vere efficiunt, aut ipsum vere
integrant, aut eius essentiam re, aut ratione constituunt, aut illi subli
duntur, ut dictum est.
Caterum cum scepe totum in alia quadam quasi in suas partes dividatur, B
Divisiones per acci
ut nunc patebit, [efficitur] ut quot sunt divisiones per se, tot fieri possint
dens. divisiones per accidens. Distinctio quidem vocis multiplicis, veluti si
Distinctio per acci dicas, Huius vocis Acutum, alia significatio est, qua significat id, quod
dens. stimulat tactum, alia qua id, quod pungit auditum, alia qua id, quod ferit
gustatum, et catera. Partitio autem, ut si dicas, Huius anuli (ex auro
Partitio per accidens. scilicet et smaragdo confecti) altera pars est fulva, altera viridis. Divisio
Divisio physica per
accidens. totius essentialis physica hoc pacto, Hominis altera pars est quce movet,
Metaphysica. altera quce movetur. Metaphysica vero, sive rationis, hoc modo, Homi
nis altera pars est brutis animantibus communis, altera illi propria et
peculiaris. In his quatuor [divisionum] generibus [plane] cernis membra
Divisio totius univer dividentia non esse per se partes divisi, sed earum accidentia. lam divi
salis tribus modis fit
per accidens.
sio totius universalis tribus modis per accidens fieri cernitur. Aut enim
sublectum dividitur in accidentia, aut accidens in subiecta, aut accidens
a In lib. de divi
sione. in accidentia. In qua distributione Iuniores omnes Boetium a velut ducem
Divisio subiecti in sequuntur, quem ex antiquis fere unum habemus, qui de divisione ex
accidentia. instituto disserat. Tunc divisio est subiecti in accidentia, cum mem C
bra dividentia accidunt partibus sublectis divisi: ut si dicas, Animalium
aliud loqui potest, aliud loqui non potest: item aliud est rectum, aliud
pronum: item aliud est aptum ad risum, aliud ad hinnitum, aliud ad
latratum, aliud ad mugitum, et catera. Hcec nanque omnia membra
Divisio accidentis in
subiecta. dividentia accidunt partibus subiectis animalis utpote animalibus diversis.
[Tunc autemJ divisio est accidentis in subiecta cum membris dividen
tibus accidunt partes subiecta divisi: ut si dicas, Eorum, qua moventur,
quadam sunt cali, quadam elementa, quadam mista: item, Bonorum
quadam sunt in animo, quadam in corpore, quadam in rebus externis:
são é a oração pela qual se divide o todo nas suas partes, isto é, naquelas
que, em razão de si ou por si (o que é o mesmo), são partes do todo. Pois,
assim se dizem simples e absolutamente as partes da coisa. Ora estas
ou perfazem a equivocação ou ambiguidade do todo, ou integram-no
a ele próprio verdadeiramente, ou constituem a sua essência na realidade
ou na razão, ou a ele se subordinam, como foi dito.
B Mas, dividindo-se o todo, muitas vezes, em outras coisas como se
fossem partes suas, como se vai agora mostrar, resulta que são tantas
as divisões por acidente quantas as que se podem fazer por si. E assim
Divisões por aci
teremos: a distinção da voz múltipla, como se se disser: a palavra agudo dente.
tem várias significações—o que estimula o tacto, o que penetra no ouvido, Distinção por aci
dente.
o que fere o gosto, etc.. K partição, porém, como se se disser: uma parte
deste anel (como feito de oiro e duma esmeralda incrustada), é a cor
Partição por aci
fulva, outra a verde. A divisão física do todo essencial, deste modo: dente.
uma parte do homem é a que move, outra, a que é movida; a metafísica, Divisão física por
acidente.
ou de razão, deste modo: do homem, uma parte é comum aos brutos Metafísica.
animados, outra, é própria e peculiar dele.
Fácilmente se verifica que, nestes quatro géneros, os membros divi
dentes não são por si partes do dividido, mas acidentes das partes.
A divisão do todo
Vê-se imediatamente que a divisão por acidente do todo universal universal faz-se de
se faz de três modos. Efectivamente, ou o sujeito se divide em acidentes, três modos por aci
dente.
ou o acidente em sujeitos, ou o acidente em acidentes. Nesta distri a No livro Da
buição, todos os modernos seguem, como mestre, Boécio a, o qual, Divisão
item Colorum alius est in cygno, aliius in corvo; alii in aliis rebus.
Hic e contrario cernas licet membra dividentia esse res, quibus accidunt
partes subiecta: divisi. Nam quoddam moveri accidit cadis, aliud ele
mentis, aliud mistis. Reliqua exempla sunt perspicua. Tunc [denique]
divisio est accidentis in accidentia cum membra dividentia accidunt
Divisio accidentis in
accidentia. partibus subiectis eius rei, cui accidit divisum: ut si dicas, Albo
rum quadam dura sunt, quadam mollia, alia liquentia. Membra enim
dividentia huius divisionis accidunt diversis corporibus, ut marmori,
adipi, et lacti, qua sunt partes subiecta corporis misti, cui accidit ut sit
Objectio. album. Sed obiiciat aliquis, Ergo hac divisio, Coloratorum aliud est
album, aliud nigrum, aliud medio colore infectum, est divisio per accidens
(iquando quidem membra dividentia accidunt partibus subiectis corporis
Solutio. misti, cui accidit coloratum, quod dividitur) cum tamen sit divisio per se,
generis videlicet in species. Occurres tamen, in his tribus divisionibus,
quemadmodum in superioribus quatuor generibus divisionum per accidens,
In quo posita sit
ratio divisionis per semper ponendum esse, quod membra dividentia non sint per se partes
accidens.
divisi. In hoc enim (ut ex dictis perspicuum est) posita est ratio divisionis
per accidens, qua in his omnibus divisionum formis includitur. At album,
nigrum, et medio colore infectum, non sunt partes per accidens colorati,
sed per se illi subiecta, nimirum ut species generi. Quare non sequitur
ex dictis, hanc, et alias huiuscemodi divisiones, esse divisiones per
accidens.
Capítulo 8
nem. Putat enim nunquam genus dividi in differentias, nisi cum speciebus
nomina non sunt imposita, tunc siquidem cogimur, ut ait, nominibus diffe
rentiarum species significare. Favet Boetio Porphyrius b, qui cum disserit
de officio, et natura differentiarum, semper ita loquitur, ut dicat, genera
dividi per differentias in species, nunquam vero ita, ut fateatur dividi in
b Porphy. de diffe
rentia. differentias. Favet et similitudo tum naturce, tum artis: res siquidem
naturalis non dicitur dividi in formas, sed per formas in varia composita
naturalia: cera item non dividitur in figuram sphauce, et tesserce, sed per
has figuras dividitur in spheeram, et tesseram. Sed et ratio id videtur
comprobare. Nam differentice nullo modo videntur partes generis nisi B
ratione specierum, quee sunt partes generi subiectce: quo fit ut in eas non
videatur dividi per se genus, sed per accidens, ut in ea scilicet, quee accidunt,
hoc est, conveniunt partibus per se subiectis. Sic enim accidendi verbum
accipi potest in explicatione divisionis per accidens, ut scepe accipitur
c Ut 7. top. 3. apud Aristotelem c. Ouanquam hoc non est negandum dividi per se genus
et 1. elencho. 4.
Genus dividitur per
per differentias: siquidem differentice, contrahunt per se genus, quod
se per differentias. proprietates, et accidentia contrahunt per accidens. Quod si luee sententia C
Nulla differentia in non placet, dicito hanc divisionem revocari ad divisionem per se totius
cludit in sua essentia universalis in partes sublectas: quia differentice, etsi non subliduntur per
aliquid univocum.
se alicui universali (neque enim ullam naturam univocam in suis essentiis
Divisio communioris
differentiae in minus
includunt) tamen constituunt per se species, quee per se subjiciuntur
communes. generi: quod utique proprietates et accidentia facere non possunt. Modo D
eodem vendicare poteris divisionem communioris differentice in minus
communes a divisione per accidens accidentis in accidentia. Nam et
Diluitur obiectio.
si minus communes differentice non sunt per se subiectce magis commu
d Cap. 12 tex. 43.
nibus, tamen per se constituunt species quee communioribus per se subli
duntur. Si quis tamen magis probaverit divisionem hanc esse per accidens, E
alius vero afferat Aristotelem septimo livro Metaphysicorumd aperte
dicentem, differentias communiores dividi per se in differentias minus
communes occurret ille, id intelligendum esse de accidentibus, quibus
utimur penuria verarum differentiarum. Nec enim dubium est, quin
accidentia communiora dividantur per se in minus communia nempe ut
Capítulo 9
qua gallum avem: Temporis, altera pars est transacta, altera futura. Rei-
publicce una pars ordine sacrorum ministrorum continetur, altera nobilium,
tertia plebis: Hominis, hcec pars est animus, illa corpus. Speciei, altera
pars essentialis, est genus, altera differentia. Divisiones autem, quinti A
Quinta divisio. generis, quce sunt totius universalis in partes subiectas, possunt quidem
eodem modo confici adhibita propria appellatione partium, ut si dicas,
Hoc modo fit divisio
in actu signato ut Animalis altera pars subiecta, est homo, altera bestia. Verum servata
aiunt. [communi] consuetudine dividendi Philosophorum, hoc modo conficiendce
Sic fit divisio in actu sunt. Initio divisionis ponendum est divisum in gignendi casu numeri
exercito, ut dici solet.
pluralis, deinde addenda sunt membra dividentia nulla adhibita partium
appellatione: ut cum dicimus Substantiarum, alia est corporata, alia B
corporis expers: Corporum, aliud simplex est, aliud mistum: Animalium,
Causa discriminis. qucedam in terra degunt, alia in aquis, alia quasi vitos ancipitis utroque
in loco vivunt. Causa huius discriminis in dividendo hcec est, quia totum in
superioribus quatuor dividendi formis, cum sit compositum ex suis partibus
potest esse unum tantum individuum, ut hcec vox, hoc tempus, hcec res
publica, hic homo: totum autem in extremo divisionis genere, cum non
componatur ex suis partibus, sed eas sibi subiectas habeat, necessario
est universale, ut substantia communis, corpus commune, animal commune:
alloqui non haberet partes subiectas. Hcec est igitur causa cur quatuor
priora genera postulent divisum singularis numeri extremum autem, pluralis.
Quanquam vero hcec interdum non serventur, sunt tamen naturis divisionum
accomodatissima. Reliquum est ut prcecepta bene dividendi tradamus.
Capítulo 10
Solo. Sic enim bona erit divisio. Namque animalia aut solo sensu
prcedita sunt, aut rationem, et mentem participant. Hinc etiam fit ut
hce non sint bona: divisiones, Animalium aliud est bipes, aliud quadrupes,
aliud plures habens pedes: item Aliud est bestia, aliud homo, aliud angelus:
prior, quia divisum latius patet, quam membra dividentia simul accepta:
posterior, quia membra dividentia, simul sumpta latius patent, quam
divisum. Sed est quod obiiciat aliquis contra hoc preeeeptum. Huius
Obiectio.
enim bonce divisionis, Hominis altera pars ratione, considerationeque
componens, est animal, altera rationale, animal, quod est membrum divi
dens, non modo non minus continet, quam homo, sed etiam latius patet,
cum de pluribus, quam homo, prcedicetur. Item huius bonce divisionis,
Altera obiectio. Alborum qucedam dura sunt, qucedam mollia, alia liquentia, membra omnia
simul accepta latius patent, quam album: dicuntur siquidem de rebus
Solutio prioris obiec- etiam atris, ut de ebeno, de pice, et atramento. Priorem tamen facile
tionis. dilues si dicas, animal, quod ad praedicationem attinet, latius patere,
quam hominem, verum quod attinet ad essentiam, hominem plus aliquid
continere: complectitur enim in essentia sua rationale, quod non complec
Solutio posterioris. titur animal. Posteriori autem obiectioni sic occurres, In omnibus divi
sionibus sive per se, sive per accidens totius universalis in partes subiectas,
semper divisum in singulis membris dividentibus, [aut contineri, aut certe\
subaudiendum esse: durum autem, molle, et liquens, etsi latius patent,
quam album, si nihil aliud sub his nominibus intelligas, tamen si in unoquo
que subaudias album, iam omnia simul albo adaquabuntur. Nam ceque
Omnia membra di late patet album per sese, atque totum hoc, Album durum, Album molle,
videntia coniunctim, et album liquens. Ad posteriorem partem huius praecepti pertinet illud,
aut disiunctim ac quod aiunt Dialectici, Cuiusque bona divisionis membra omnia vel copu
cepta reciprocantur
cum diviso. lat im, vel disiunctim simul accepta, reciprocari cum diviso, ut scilicet
de quo dicitur divisum, dicatur copulatum, aut disiunctum ex membris
dividentibus, et vice versa. In prioribus ergo quatuor generibus divisionum,
copulatum ex membris dividentibus: cum diviso reciprocatur, in quinto
autem, disiunctum. Exempli causa si hominis altera pars est animus
altera corpus, homo autem de Socrate dicitur: totum etiam hoc copulatum,
Animus et corpus, dicetur de Socrate: et contra, si copulatum ex corpore
et animo, etiam homo. Quanquam Socrates non proprie dicitur animus,
et corpus: sed concretum quid ex animo ei corpore. Si vero animalium
aliud est homo: aliud bestia, animal autem dicitur de Socrates: totum
Secundum praeceptum * *
C A P V T 11
Tertium praeceptum **
C a p V t 12
a Ex. 6. top. 3.
et 1. de partibus
animalium 3. Boet,
Tertium prceceptum est, a ut in dividendo non una tantum pars totius A
loco citato. nominetur et altera, vel reliqua, si piares fuerint quam duce negatione
illius significentur, nec tam multa nominentur, ut longior quam par sit
fiat oratio. Nam si unam duntaxat partem nominaveris, et alteram,
vel reliquas negatione illius significaveris, ut si dicas, Magnitudinum alia
Loco citato.
est linea, alia non linea, non videberis proprie explicare in partes id, quod
dividitur, quia negatio alterius partis non solum non est differentia, ut ait
Aristoteles sed nullo etiam alio modo proprie pars, sive componens totum,
sive subiecta toti. Si autem multa admodum membra volueris enumerare,
ut si dicas, Animalium aliud est homo, aliud elephas, aliud simia, aliud
canis latrans, aliud hoc, aliud illud, singulas nimirum species infimas
percurrendo, orationem feceris, quam nec tu absolvere, nec alius com-
Capítulo 11
Segunda regra
A A segunda regra diz que a divisão se faça, tanto quanto possível,
nos membros dividentes próximos a. O que não fazem os que dividem
o corpo animado em homem, besta, árvore, arbusto e erva, saltando os a Segundos Ana
dois géneros imediatos, animal e planta. Na verdade, também essas líticos, ΙΓ, 5 e 14; e
Boécio, Da Divisão.
remotas e distantes partes são abrangidas por corpo animado. Primei
ramente, portanto, deve dividir-se o corpo animado em animal e planta,
que estão imediatamente abaixo de animal; depois, distribuir animal
em homem e besta, e planta em árvore, arbusto e erva. Muitas vezes, Porque se divide mui
porém, dividimos o todo nas partes remotas, porque nos são desconhe tas vezes o todo nas
cidas as próximas e imediatas. partes remotas.
C a p í t u l o 12
Terceira regra
a Dos Tópicos,
VI, 3 e Das Partes
A A terceira regra é a que, ao dividir, se não nomeie apenas uma parte dos Animais, Γ, 3.
do todo, significando a outra ou as outras, se forem mais de duas, pela Boécio, lugar citado.
negação daquela, nem se nomeiem tantas que façam a oração mais
longa do que convém. Na verdade, se apenas se nomear uma parte
e a outra ou as outras forem significadas pela negação daquela, como se se
disser: das grandezas, uma é a linha, outra a não-linha—não se explicaria
propriamente em que partes aquilo se divide, visto que a negação da
segunda parte não só não é uma diferença, como diz Aristóteles, mas
nem sequer é, de modo algum, uma parte propriamente dita ou compo
nente do todo, ou a ele sujeita. Se, porém, se quisesse enumerar dema Lugar citado.
siados membros, como se se disser: dos animais, um é homem, outro é
elefante, outro é macaco, outro é cão que ladra, outro é isto, outro
é aquilo — percorrendo as espécies ínfimas uma a uma, far-se-ia uma
oração que nem se terminaria, nem alguém poderia abranger com a
mente.
278 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER lili
plecti animo possit. Cavenda igitur sunt heee duo vitia in dividendo, quia
divisio inventa est causa explicandi rem in partes, ac dilucidandi, non
tenebras offundendi. Tribus tamen de causis cogimur interdum dividere B
rem in partem unam, et in negationem eiusmodi partis. Prima est, ut
Divisio inventa est
faciamus divisionem necessariam, et quam nemo negare possit. De qua
causa dilucidandi,
non tenebras offun cunque enim, re vera est affirmatio, aut negatio b. Altera est, quia scepe
dendi.
Prima causa cur in
numero reliqua pars, aut partes ex opposito illi respondentes, carent
terdum negatione di nominibus positivis, quo fit ut ad negativa sit confugiendum c, ut cum
vidamus.
b 1. Post. 8. dividimus substantiam in corpoream, et incorpoream, Et animal in ratio
c Boet. nale et irrationale, quia ignoramus veras differentias, quee angelum, et
brutum animal constituunt, si forte brutum animal est, una qucedam species
animalis. Tertia est, si partes in quas divisio immediate facienda est,
fuerint plures, quam perspicuitas divisionis ferre possit. Tunc enim omnes
preeter unam significanda; sunt nomine negativo: ut si dicas, Bestiarum,
qucedam sunt pennatae, alice implumes: nisi velis quasdam partes nominare,
reliquas vero omnes paucis verbis complecti, ut si dicas, Figurarum recti-
linearum, qucedam est trium laterum, qucedam qua tuor, alice vero plurium:
Colorum quidam est candor, quidam nigror, cceteri vero sunt medii inter
hos: Animalium aliud est homo, aliud elephas, aliud simia, aliud canis
latrans, alia sunt ab homine remotiora.
Quartum praeceptum *
Quo pacto hoc prae
ceptum omnibus di
C a p V T 13
visionibus accommo
detur.
Quartum preeeeptum est, ut membra dividentia si non re, certe ratione A
sint opposita: id est, inter se sic affecta, ut nullum in alio, aut sub alio
Obiectio. contineatur. Sic enim hoc loco pro omnibus generibus divisionum nomen
Solutio.
B 6 — 2 Boet, (cota marginal).
B 18 — remotiora. Quod si quis contra htec obiiciat, has divisiones esse bonas,
et nulla ratione reprehendendas, Infinitorum aliud est infinitum divisione, aliud infinitum
additione, aliud infinitum essentia; Ccecorum quidam sunt cceci mente, alii sunt cceci
oculis: et tamen membra omnia dividentia esse negativa: occurres, cum divisum
est negativum, membra etiam dividentia, in quee, ut in partes per se subiectas, dividitur,
negativa esse oportere non ita tamen, ut alterum sit negativum alterius (nisi necessitas
compulerit) hoc siquidem est, quod cavendum esse diximus. Harum autem divisionum
membra negativa quidem sunt, verum non ita, ut alterum neget alterum, sed ut quodvis
neget in parte, quod suum divisum negat in totum.
* — Quartum praeceptum bene dividendi.
AI — Ut hoc... (cota marginal).
A 2-A 3 — in alio includatur. Sic enim...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO IV 279
C a p í t u l o 13
Quarta regra
A A quarta regra é que os membros dividentes sejam opostos, se Como esta regra s
acomoda a todas a
não na realidade, pelos menos na razão, isto é, de tal maneira relacionados divisões.
entre si, que nenhum se contenha no outro ou sob o outro. Assim,
com efeito, interpreto neste lugar o nome de opostos para todos os géne-
280 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER lili
A 7 — et homo in animali.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO IV 281
ros de divisões. Por preterição desta regra, são viciosas estas divisões:
do corpo humano, uma parte é a cabeça, outra o tórax, outra as mãos,
outra os pés, outra os olhos; dos seres vivos, um é a planta, outro o
animal, outro o homem. Com efeito, os olhos estão contidos na cabeça,
e homem sob animal.
Acerca do modo como esta regra se acomoda, por uma razão
peculiar, ao quinto género de divisão, encontrar-se-á em autores muito
experimentados a que, pelo nome de opostos, se devem entender coisas
que entre si repugnam, isto é, aquelas coisas que não se podem afirmar
B simultaneamente da mesma coisa. Efectivamente, por causa disto, diz
Aristóteles que os animais se não dividem rectamente em nadadores e
brancos, nem também em domésticos e selvagens, pois podem ser simul a Por exemplo,
Aristóteles, Das Par
táneamente nadadores e brancos, e domésticos e selvagens. E Boécio, tes dos Animais I, 3;
e Boécio, Da Divisão.
pela mesma razão, reprova a divisão em racionais e bípedes, e dos corpos
em brancos e doces, visto que se encontram corpos que são ao mesmo
tempo brancos e doces, e animais que têm dois pés e que são racionais.
Não é sem razão que se rejeitam divisões deste género, porque, assim,
não se exprimiria rectamente, ao enumerar os membros dividentes: um
é isto, outro é aquilo — forma de dividir que, contudo, é própria do
quinto género de divisão.
Mas dirá talvez alguém que, por conseguinte, não são isentas de
Objecção.
erro estas divisões aprovadas pelos filósofos: dos bens, uns são úteis,
outros honestos, outros agradáveis; das coisas extensas, umas são com
pridas, outras largas, outras altas. Com efeito, a mesma acção pode
ser útil, honesta e agradável, e qualquer corpo é comprido, largo e alto,
isto é, tem um certo comprimento, uma certa largura e uma certa altura. Solução.
C Responder-se-á assim a esta objecção: os membros dividentes das divi
sões deste género são repugnantes, se se conservar a primeira forma de
dividir, como se se disser: do bem, uma parte sujeita é o útil, outra o
honesto, outra o agradável; do contínuo permanente ou do que tem
grandeza, uma parte sujeita é o comprimento, outra a largura, outra
a altura—pois uma parte sujeita não é a outra, embora todas se possam
dizer da mesma coisa. Todavia, Aristóteles e Boécio, quando reprovam
as divisões propostas dos animais e dos corpos, não usam desta forma
Muitas vezes os con
de dividir; e, se a usassem, aquelas divisões não deveriam ser reprovadas cretos tomam o lu
gar dos abstractos
por se oporem a esta regra, mas antes por não serem adequadas ou incor na divisão.
rerem em alguma coisa explicada mais acima.
D Se se conservar, porém, a segunda forma de dividir (da qual os
filósofos usam geralmente), dir-se-á, em primeiro lugar, que se fazem
muitas divisões com nomes concretos, e que, contudo, se devem entender
como se feitas fossem com termos abstractos; como, por exemplo,
282 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER lili
D 11-E 1 — inter se. Nulla enim res dicitur simul utilitas et honestas, aut hones
tas et iucunditas, aut iucunditas, et utilitas. Nec vero unquam vere dixeris, rem eandem
esse longitudinem et latitudinem, aut latitudinem et profunditatem, aut profunditatem
et longitudinem.
Eli — bonitatis, appetibilitatisve, ut ita dicam, ratio...
E 15 — tantum, sive crassa, ut globus...
E16 — vulgo magis, quam apud...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO IV 283
coisas não são quantos, mas quantidades, o quanto nesta divisão deve
necessàriamente tomar-se por quantidade. E, assim, já não existe
dificuldade alguma nas divisões apresentadas, uma vez que os membros
dividentes tomados como nomes abstractos repugnam verdadeiramente
entre si. Pois, nunca a utilidade é honestidade, nem a honestidade é
prazer, nem o prazer é utilidade. Nem se diria que o comprimento é
largura, nem a largura altura, nem a altura comprimento. Muitas vezes nota-se
E Dir-se-á, além disso, que a repugnância dos membros dividentes repugnância no sen
muitas vezes se encontra, não nas palavras, mas no sentido em que se tido dos membros,
não nas palavras.
toma a divisão, como nesta divisão de Pitágoras c: dos que afluíam c Questões Tus
aos jogos da Grécia, uns eram conduzidos pela esperança da vitória, culanas, 4.
outros pela avidez de ganhar dinheiro, outros pela curiosidade de
assistir. Aqui, quanto às palavras, nenhuma repugnância existe nos
membros dividentes. Era possível, com efeito, que houvesse muitos
levados simultáneamente pela avidez do lucro e pela curiosidade de
assistir. Pode, porém, notar-se repugnância, quanto ao sentido, se
se interpretar a divisão assim: dos que afluíam aos jogos da Grécia
movidos por uma causa principal, uns iam com a esperança da vitória,
etc.. Por esta razão, portanto, dir-se-á que aquelas divisões podem ser
aceites, quando tomadas com nomes concretos, de tal maneira que
o sentido da primeira seja assim: das coisas em que prevalece uma razão
de bondade, umas dizem-se apenas úteis, outras somente honestas,
outras só agradáveis. E o sentido da segunda, deste modo: das coisas
que se evidenciam em qualquer dimensão, umas chamarn-se apenas
longas, como a lança, outras apenas largas, como o disco, outras apenas
altas, como o globo. Ainda que este sentido seja atribuído à segunda
divisão mais pelo vulgo que pelos filósofos.
Devem notar-se cuidadosamente estas soluções, para se poderem
defender da calúnia muitas divisões usadas.
Acerca da divisão isto parece ser o suficiente.
FIM DO L I V R O Q U A R T O
INSTITVTIO NVM DIA LEC TIC A RV M
LIBER V
DAS
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS
C a p í t u l o 1
Q u e é a definição
A Definição é a oração que declara uma essência ou natureza, como Que é definição, con
animal racional, que declara a natureza do homem. Do mesmo modo forme os Segundos
Analíticos, II, 10.
que o dividendo corresponde à divisão, assim o definido à definição;
pois o definido não é outra coisa senão aquilo cuja quididade ou essência
se explica. Nós, porém, só falaremos do definido depois de explicarmos Que é o definido.
a definição, todos os géneros em que se divide e o método de definir. Origem do nome
A definição, que entre os latinos a se chamava também delimitação, definição ou delimi
tação.
toma o nome dos limites dos campos. Na verdade, assim como as a Quintiliano, li
estremas delimitam e rodeiam os campos e os separam uns dos outros, vro Vil, cap. 4.
assim as definições, com que se declaram as naturezas das coisas, circuns
crevem as suas essências e as distinguem umas das outras.
B A definição diz-se oração b, porque um só nome não pode ser defi Porque é que a defi
nição é oração.
nição. Na verdade, a definição submete distintamente ao intelecto o que b Tópicos, Γ, 4 e
o nome do definido propõe confusamente. E, como de toda a essência, Tópicos, VI, 5; e Me
que se explica pela definição, se podem formar dois conceitos — um, tafísica, VII, 15,
pelo qual a essência que se declara convém com as outras; o outro, tex. 54.
pelo qual delas se distingue—, torna-se necessário que toda a definição
conste, pelo menos, de duas vozes: uma que forme na mente o conceito
da conveniência, e outra, o da distinção ou da diferença. E assim
acontece que toda a definição tem de ser oração.
Aristóteles c atribui à definição a explicação dum nome por outro c Tópicos, I, 4.
mais claro, como se se disser: honesto é o que é decente. Mas o que
se acrescenta que declara uma essência ou natureza, torna a definição
diversa das outras orações; pois a nenhuma outra, além da definição,
é confiado este múnus.
C Neste lugar, porém, não deve esquecer-se que definição é tomada Muitas vezes o nome
por Aristóteles de dois modos. Muitas vezes, com efeito, é tomada de definição toma-se
só pelo predicado.
286 1NSTITVTI0NVM DIALECTICARVM LIBER V
Scepius enim accipitur pro ea sola oratione, quce de definito conversim prre
dicatur (qualis est illa, Animal rationale, comparatione hominis) ut cum
ait d, ipsam hominis rationem, definitionemve, nisi vel Est, vel Erat,
vel Erit, aut aliquid tale addatur, non esse enunciationem, quia unum
d 1. peri. 4.
est, et non multa animal gressibile bipes. Et iterume, in definitione
e 2. post. 3. nihil de aliquo prcedicari. Et rursum f, definitionem talem esse debere,
/ 6. top. 2. ut ipsa proposita statim, nulloque negotio cognosci possit cuius rei sit defini
tio: ac proinde eas esse vitiosas, quibus, ut intelUgi possit, quarum rerum
sint definitiones, opus est adiungere nomina rerum, quce definiuntur: quem
admodum in obsoletis veterum picturis, nisi titulus aliquis ascriptus esset,
nenio poterat intelligere cuiusnam rei quaeque pictura esset. His enim
g Ut 7. meta. 12. locis, aliisque quam plurimis s plane accipit [Aristoteles], nomen definitio
tex. 42. et ctet.
nis pro ea sola oratione, quce de definito conversim praedicatur. Aliquando
vero sumitur [definitionis vocabulum] pro tota enunciatione in qua insuper
h 1. post. 7. et. continetur definitum, (quale est totum hoc, Homo est animal rationale)
2. post. 10.
ut cum aith, Definitionem aut esse principium demonstrationis, aut
i 2. post. 3.
conclusionem, aut totam ratiocinationem sola verborum collocatione
a demonstratione differentem: et rursum \ Omnem definitionem esse
k Lib. 7. ca. 4. universalem, et affirmativam. His namque verbis aperte comprehenditur
definitum nomine definitionis. Posteriorem acceptionem amplectitur
Quintilianusk cum ait, Finitionem esse rei propositae propriam, et dilu
cidam, et breviter comprehensam verbis enunciationem. Nos priorem,
ut magis usurpatam, libentius sequimur.
C a p v t 2
Omnis definitio dici Quanquam vero non solum definitio cuiuslibet rei significatae, sed A
potest modo aliquo etiam cuius vis nominis significantis modo aliquo vocari posset definitio
definitio rei.
rei {neque enim minus possunt nomina vocari res, quam multa quce nomini
a 2. Post. 7. et 10 bus significantur) consueverunt tamen philosophia dividere definitionem
et 7. meta. 4.
in definitione rei, et nominis, eo quod vulgatissima, et celeberrima sit dis
tinctio inter res, et nomina. Definitio itaque nominis, quam Aristo-
C a p í t u l o 2
Da definição do nome
Embora se possa, de algum modo, chamar definição da coisa não Toda a definição se
só à definição de qualquer coisa significada, mas ainda à de qualquer pode dizer de algum
modo definição da
nome significativo (pois os nomes não têm menos direito a serem cha coisa.
mados coisas do que muitas coisas que são significadas por nomes),
a Segundos Ana
contudo, os filósofosa acostumaram-se a dividir a definição em defini
líticos, II, 7 e 10;
ção da coisa e definição do nome, visto que é extremamente comum e usual Metafísica, VII, 4.
a distinção entre coisas e nomes. Assim, a definição do nome, a que
288 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER V
I9
290 1NST1TVTIONVM DlALECTICARVM LIBER V
De descriptione
CAPVT3
Definitio rei, quce vocari solet definitio quid rei, est oratio, qua essentia A
rei naturave explicatur. Quce rursus in duo genera tribuitur, [utpote]
Duplex definitio rei. in descriptionem, quam Aristoteles et proprium, et orationem coniunctione
unam vocat, atque in definitionem essentialem, quam ille tum simpliciter
ac absolute definitionem, tum etiam terminum, tum orationem, quce unum
significat, appellata. Descriptio eodem authore, est oratio, quce non
a Vide Arist. 1.
significat quod quid erat esse rei, soli autem, inest, et conversim de re prce-
peri. 4. et 2. post. dicatur: ut animal disciplince capax, comparatione hominis. Quanquam
10. et 1. top. 3. et. 4
et toto lib. 5. ac 6. enim hcec oratio conversim de homine dicatur, ici est, necessario cum
top. et 7. meta. 4 et 5. homine reciprocetur, tamen non significat conversim hominis essentiam.
et 8. met. 6.
Descriptio quid. Nam disciplince capax esse, non pertinet ad hominis essentiam: animal
autem, etsi pertinet, tamen non reciprocatur cum homine. Docet autem B
In descriptione pri Aristoteles in omni descriptione primum ponendum esse genus, deinde
mo ponendum est ge addendam esse unam proprietatem, ut in adducto exemplo. Nec enim, ut
nus deinde una sola
proprietas. ait t1, addenda sunt plures, nisi is, qui definit significet se multas descriptio
b 5. top. 2. nes conglobatas tradere: ut si dicat, Homo est animal disciplince capax
Descriptiones ex col
ad ridendum, et ad flendum natum, asserens se non unam tantum descrip
lectione communium tionem afferre. Revocantur ad descriptionem, seu proprium complexum, C
accidentium.
definitiones ilice, quce loco proprietatis constant collectione aliqua com
munium accidentium, quce orationem recurrentem facit cum definito:
qualis hcec est, Homo est animal bipes, implume. Quanquam enim
horum neutrum sit homini proprium, tamen ambo iuncta cum homine
Descriptiones gene recurrunt. Revocantur etiam ad descriptionem definitiones ilice quibus
rum ex differentiis, genera definiuntur per differentias, quibus dividuntur: ut si dicas, Animal
quibus dividuntur.
Descriptiones non est corpus animatum rationale, aut irrationale. Nam differentice dividentes
constantes vero ge genus non pertinent ad eius essentiam. Revocantur etiam, ilice, quce non
nere.
constant vero genere sed aliquid habent loco eius: cuius modi sunt defini
tiones summorum generum, ut si dicas, Substantia est ens per se existens,
et ccetera. Itemque definitiones quorumdam analogorum: ut si dicas, Ens
Capítulo 3
Da descrição
est id quod existere potest: Unum est ens indivisum c: Principia sunt,
quee nec ex sese, nec ex aliis, sed ex ipsis omnia fiunt d. Revocantur
c 5. meta. 6. etiam, quanquam minus proprie, orationes ilice, quibus Oratores, aut
d I. phy. 5. poetee longo sermone rem aliquam communem depingunt. Ciceroe
Descriptiones orato
ri®, ac poetica; rerum
gloriam quasi describens ait, gloriam esse, quee brevitatem vitee posteri
communium. tatis memoria consolatur, quee efficit ut absentes adsint, mortui vivant,
e Cicero pro Milo.
cujus denique gradibus etiam homines in coelum videantur ascendere.
Huius generis est descriptio, qua Virgilius f famam depingit. Fama
/ 4. Aeneid. (inquit) malum quo non aliud, velocius ullum: mobilitate viget, viresque
acquirit eundo: et quee sequuntur. Dixi has orationes minus proprie
revocari ad descriptiones, quia seepe non reciprocantur cum re, quee
describitur, seepe etiam constant verbis translatitiis, a quibus Aristo
g 2. post. 15. et 6. teles S, quia obscuriora sunt, cavendum esse in definiendo admonet. Expli
top. 2.
Descriptiones rerum cationes etiam rerum singularium, sive breves, ut apud Philosophos,
singularium. et in communi sermone, sive longiores, ut apud oratores aut poetas,
Explicationes meta- quibus in describendis, personis, regionibus, urbibus, fluminibus, montibus,
phoric®. et lucis utuntur, ad hoc genus revocari solent. Extremum locum obti
h Ovid. nent adumbrat ce quosdam, et mcetaphoricce explicationes, si quando rem
i Hora.
facile ante oculos proponunt: qualis est illa apud Ovidium Stulte, quid
Cur descriptio dicta
sit. est somnus gelidee nisi mortis imago? et illa apud Horatiuml, Ira furor
Cur descriptio dica brevis est. Nam et lue orationes descriptiones appellantur. Dicitur D
tur proprium.
autem hoc genus definitionis, descriptio, quia rei naturam non omnino
Cur oratio coniunc-
tione una.
exprimit, sed primis quasi lineamentis adumbrat. Dicitur proprium,
quia hoc tantum commune habet cum vera definitione, quod convertatur
cum re. Dicitur etiam oratio coniunctione una, quid non significat unam
duntaxat naturam, ut ea quee simpliciter definitio appellatur, sed multas
coniunctis in eadem re, ut ex dictis patet.
De definitione causali
CAPVT4
D Este género de definição chama-se descrição, porque não exprime Porque é que a des
crição se diz próprio.
plenamente a natureza da coisa, mas como que a esboça pelos primeiros Porque é oração una
delineamentos. E diz-se próprio porque só tem de comum com a ver por conjunção.
Capítulo 4
Da definição causal
Finis: adde si placet. Exemplar. Efficiens quid sit, satis apertum est.
Finis est id, gratia cuius, aliquid fit: quo pacto beatitudo coelestis est
finis rationalis creaturce. Exemplar est forma externa, cuius imitatione
res fit: qualis est imago, quam pictor in tabula referre atque exprimere
enititur. Ex causa efficiente sic fere definitur vox apud Aristotelem a, B
Finis, [ex. 2. phy. 3.]
Exemplar.
Vox est sonus quidam editus ab anima ictu aeris respiratione attracti cum
ipsum ad fauces allidit. Ex fine hoc modo definitur anima b, Anima est
a 2. de anim. 8. forma, qua primo vivimus, sentimus, et intelligimus. Ex causa exemplari
sic potest homo definiri, Homo est animal factum ad imaginem et simi
b 2. de ani. 2.
litudinem Dei. Interdum autem plura, aut etiam omnia genera causarum
externarum in eadem definitione iunguntur: ut si dicas, Homo est animal
a Deo ad similitudinem diviner mentis factum, ut ceterna felicitate per-
fruatur. Faciliusque est ex omnibus simul causis, quam ex una tantum C
Facilius est ex omni
rem definire, quia raro una duntaxat, si nihil aliud addatur, contrahit
bus simul causis ex genus ad speciem definiti. Quamquam vero definitiones, quee ex causis
ternis quam ex una
tantum rem definire. e
internis rem declarant, utpote ex materia et forma, causales etiam dici
[Cur definitiones, qua possint tamen quia materia et forma ad essentiam rei pertinent fere iam
traduntur per mate
riam, et formam non
obtinuit usus, ut non causales sed essentiales dicantur.
numerentur in causa
libus.]
De definitione essentiali
CapyT5
a 1. top. 4.
Solutio.
Quasdam essentiales C 3-C 6 — speciem definiti. Quod si quis obiiciat, has definitiones non videri
definitiones posse
descriptiones, quandoquidem non dicuntur patefacere rei naturan ex proprietatibus,
causales appellari.
aut accidentibus, sed ex causis: accurrendum est, hoc ipsum, quod est, effici ab aliqua
causa, aut ob aliquam causam, aut invitatione alicuius, esse proprium aut accidens rei,
cum ad essentiam eius non pertineat. Nonnullce sunt definitiones essentiales, quee
causales etiam dici possunt, quee nimirum ex causis internis rem declarant, utpote ex
materia et forma rei, aut ex utraque forma adiuncta, de quibus statim dicemus: sed
quee ex causis externis extruuntur fere sunt, quee causales dicantur. Nam illas magis
placuit essentiales appellare.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO V 295
C a p í t u l o 5
Da definição essencial
musb) efficitur, ut ea oratio dicatur significare quod quid erat esse rei,
quce constat nominibus propriae materiae, ac formae rei, quae definitur, aut
b Lib. 4. ca. 4.
et 5. generis et differentiae. Exempli causa hae orationes Animal constans
Qiue oratio dicatur ex corpore tali, et animo rationis participe, et Animal rationis particeps,
significare quod quid
erat esse rei. sunt definitiones essentiales hominis: prior, quia constat nominibus signi
ficantibus propriam materiam et formam hominis: posterior, quia constat
nominibus proximi generis proximae que differentiae eiusdem. Ita fit
Duplex definitio es
ut duplex sit definitio essentialis, altera ex propria materia et forma
sentialis. generi adiunctis, altera ex proximo genere et proxima differentia. Potest
Loco proximi generis tamen loco proximi generis poni genus remotum cum omnibus differentiis
poni potest genus re
motum cum diffe interiectis, ut si dicas, Homo est substantia corporata, quce interire potest,
rentiis omnibus inter- vivens, sentiens, et rationis particeps. [At dicat aliquis definitionem tra
icctis.
[I. obiectio.]
ditam per materiam et formam rei generi adiunctas in vitium nugationis
incurrere. Siquidem in definitione, qua homo dicitur animal constans
tali corpore, et animo rationis participe bis includuntur corpus et animus,
semel implicite sive ratione animalis (constat enim animal animo, et
[2. obiectio.] corpore) et iterum explicite, ac per se, quod idem vitium in caeleris similibus
c 6. top. 3. definitionibus notari potest. Non recte igitur approbatum est hoc definiendi
d Ut 6. top. 2. et
6. et 7. top. 2.
genus]. Praeterea Aristotelesc saepe docet unius rei unam tantum esse
Solutio prioris.
definitionem essentialem:d Non recte igitur asseruimus, duas eiusdem
rei tradi posse essentiales definitiones, alteram ex materia et forma,
alteram ex genere, et differentia. Verum haec nihil obstant. Ad id
enim, quod priori loco obiicitur dicendum est primum quidem materiam,
et formam rei, quae definitur, non includi in ratione omnium generum
eiusmodi rei. Neque enim includuntur in ratione Substantiae generis
summi ut patet: quamquam hinc alia exoritur maior difficultas, quam ut
commemoranda sit hoc loco. Deinde, non eodem modo includi materiam,
et formam in ratione generum subalternorum, quo illis adduntur in defini
tionibus specierum. Nam etsi corpus quod est materia viventis quatenus
corpus est, includatur in ratione animalis, non includitur tamen in illa
quatenus est humanum, hoc est quatenus informatur forma humana: ut
luce clarius est. Hoc autem pacto adiungitur corpus animali in tradita
como acima dissemos b), diz-se que uma oração significa a essência da
coisa quando consta dos nomes da matéria e da forma da coisa que se
define, ou do gênero e da diferença. Por exemplo, as orações animal b Livro IV, cap. 4
que consta de determinado corpo e de alma racional, animal racional, e 5.
Qual a oração que
são definições essenciais de homem; a primeira, porque consta de se diz significar a
essência da coisa.
nomes que significam a matéria própria e a forma do homem; a
segunda, porque consta dos nomes do seu género próximo e da sua
diferença próxima.
E assim a definição essencial é dupla: uma, que se faz pela matéria
Dupla definição es
própria e a forma adjuntas ao género; outra, pelo género e diferença sencial.
próximos. No lugar do género próximo pode, porém, pôr-se o género Em lugar do género
remoto com todas as diferenças intermédias, como quando se diz que próximo pode pôr-se
o género remoto com
o homem é uma substância corpórea, mortal, viva, sensível e racional. todas as diferenças
Dirá alguém que a definição dada pela matéria e pela forma da intermédias.
Primeira objecção.
coisa adjuntas ao género incorre no vício da redundância. Com efeito,
na definição, em que se diz que o homem é um animal que consta de tal
corpo e de alma dotada de razão, incluem-se duas vezes corpo e alma,
uma vez implicitamente, ou em razão de animal (efectivamente, animal
Segunda objecção.
consta de alma e de corpo), e outra vez explícitamente e por si. Vício
idêntico se pode notar em outras definições semelhantes. Portanto, c Tópicos, VI, 3.
este género de definir não foi rectamente aprovado. d Por exemplo,
nos Tópicos, VI, 2 e
Além disso, Aristóteles^ diz muitas vezes que há apenas uma defini 6 e Tópicos, VII, 2.
ção essencial para cada coisa^. Portanto, não foi rectamente que
Solução da primeira.
afirmámos poderem dar-se duas definições essenciais da mesma coisa,
uma pela matéria e pela forma, outra pelo género e pela diferença.
Todavia, isto nada obsta. Com efeito, quanto à primeira objec-
ção, deve dizer-se, em primeiro lugar, que a matéria e a forma da
coisa, que se define, não se incluem na razão de todos os géneros
da mesma coisa. Nem sequer se incluem na razão da substância
do género supremo, como está patente, embora daqui surja outra
dificuldade, grande demais para ser mencionada neste lugar. Além
disso, a matéria e a forma não se incluem na razão dos géneros
subalternos, do mesmo modo por que se juntam àqueles nas defini
ções das espécies. Com efeito, ainda que o corpo, que é a matéria
do ser vivo, enquanto corpo, se inclui na razão de animal, con
tudo, não se inclui nela enquanto é humano, isto é, enquanto é
informado por uma forma humana—o que é mais claro que a luz.
E, assim, junta-se corpo a animal na definição dada de homem; do
298 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER V
definitione hominis: eodemque modo, etsi animus {qui est forma viventis')
quatenus est animus includatur in ratione animalis, non includitur tamen
quatenus est humanus, seu rationis particeps, quo pacto additur ani
mali in eadem definitione. Ita fit ut nullum hoc pacto nugationis vitium
Solutio posterioris. committatur. Quod autem posteriori loco obiectum est, facile diluetur
si dicas, nihil obstare quominus eiusdem rei dentur plures definitiones
essentiales, modo ilice sint solo explicandi modo diversce cuiusmodi sunt,
non tantum ilice, de quibus obiectio excitata est, sed etiam ilice, quarum
alteram, autore etiam Aristotele, diximus tradi per genus proximum,
et differentiam proximam, alteram per genus remotum, et omnes diffe
rentias interiectas. Neque enim plures, sed unam, et eamdem essentiam
explicite significant. Quod autem Aristoteles negat, huiusmodi est: fieri
non posse, ut eiusdem rei {hoc est speciei) plures tradantur definitiones
essentiales, quce plures essentias exprimant. Nam ut unius speciei una
tantum est essentia, ita omnes definitiones, quce illius essentiam per essen
tialia declarant, eandem omnino essentiam exprimant necesse est. Allo
qui non erunt essentiales eiusdem speciei definitiones. Urgebit adhuc C
fortasse aliquis, premet que hoc modo: Aristoteles docet multis in locis
omnem definitionem essentialem constare ex genere, et differentia: si ergo
ita res habet, nulla essentialis definitio constat materia, et forma rei,
Solutio. praetermissa differentia. Sed resistendum est hoc modo, propriam
materiam, et formam rei, seu potius constare ex propria materia, ac
forma rei, quatenus huiusmodi sunt {id enim in hac definitionis formula
generi adiicitur) vice differentice haberi. Eundem enim gradum humanes
naturce addit animali, id quod dicimus Constans tali corpore {recto scilicet,
aut quo alio modo id [a posteriori] explicaveris) et animo rationali, [quem
addit rationale]: atque eodem modo res habet in certeris speciebus rerum,
Definitiones quae pra equce
materia, et forma constant. Revocantur ad definitionem essentialem D
termittunt mediam
definitiones ilice, quce constant genere remoto, et differentia proxima preeter-
aliquam differentiam.
missis aut omnibus aut quibusdam differentiis interiectis: ut si dicas,
Homo est substantia corporata, rationis compos: vel, Homo est corpus
Quae genere, ac sola animatum rationale. Revocantur etiam ilice, quce loco differentice pro-
materia, aut forma ximee constant nomine materice proprice, aut formee duntaxat: ut si dicas,
constant.
Homo est animal constans recto corpore, vel, Homo est animal constans
mesmo modo, ainda que a alma (que é a forma do ser vivo), enquanto
é alma, se inclua na razão de animal, contudo não se inclui enquanto é
humana ou dotada de razão, e por isso se junta a animal na mesma
definição. E assim já se não incorre em nenhuma redundância.
A segunda objecção facilmente se destrói, dizendo que nada obsta
a que se dêem várias definições essenciais da mesma coisa, desde que
sejam diferentes apenas no modo de explicar, como o são não só Solução da segunda.
aquelas em que se originou a objecção, mas ainda outras, uma das quais
(ainda segundo Aristóteles) dissemos que se dava pelo género próximo
e pela diferença próxima, e outra pelo género remoto e por todas as
diferenças intermédias. Pois significam, explícitamente, não várias,
mas uma e a mesma essência. O que, na verdade, Aristóteles nega é
que seja possível que da mesma coisa (isto é, da espécie) se dêm várias
definições essenciais, que exprimam várias essências. Com efeito,
sendo uma só a essência de qualquer espécie, é necessário que todas as
definições, que declaram essa essência através de coisas essenciais, a
exprimam inteiramente. De outro modo, não seriam definições essen
ciais da mesma espécie.
C Talvez alguém continue a insistir e a objectar assim: Aristóteles
ensina, em muitos lugares, que toda a definição essencial consta de
género e de diferença; logo, se assim for, nenhuma definição essencial
consta da matéria e da forma da coisa, com omissão da diferença.
Solução.
Deve responder-se deste modo: a matéria própria e a forma da
coisa ou, antes, o facto de constar da matéria própria e da forma da
coisa, enquanto são deste modo (pois nesta forma de definição, junta-se
isto ao género), faz as vezes da diferença. Com efeito, o que disse
mos — que consta de determinado corpo (isto é, erecto; ou de qualquer
outro modo por que isto se explique «a posteriori») e de alma racional —
junta a animal o mesmo grau de natureza humana que junta racional.
Do mesmo modo acontece nas restantes espécies de coisas que constam Definições que omi
de matéria e de forma. tem alguma diferença
média.
D Pertencem à definição essencial as definições que constam dum
género remoto e duma diferença próxima, omitidas ou todas ou algumas
As que constam de
das diferenças intermédias, como quando se diz: o homem é uma subs género e só de maté
tância corpórea, composta de razão, ou o homem é um corpo ani ria, ou só de forma.
mado racional. Pertencem-lhe ainda as que, em lugar da diferença
próxima, constam do nome da matéria próxima ou somente da forma,
como quando se diz: o homem é um animal que consta de corpo erecto;
ou: o homem é um animal que consta de alma racional. Com efeito,
300 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER V
D 8-D 10 — quidditatem rei, etsi aliquam eius partem, aut partes praetermittunt.
Revocantur et...
EI—plebis: et alia huiusmodi. Sed qucestio...
E 5-E 6 — Aristotele. Cui queestioni dicendum videtur, has definitiones...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO V 301
CAPVT6
Porro non omnes res eodem modo definiuntur. Id quod [facile est] A
cernere, si praedicamenta ante oculos ponantur. Nam extrema eorum,
id est, genera suprema, et individua non definiuntur essentialiter, sed
Genera suprema et describuntur: illa, quia nulla constant differentia: haec, quia non sunt
individua non defi
niuntur essentialiter. universalia, ac proinde non definiuntur nisi remote, ut dicemus. Des
cribi tamen modo aliquo consueverunt individua ex multorum accidentium
Individua describi so collectione. Ut si Platonem definias, hominem quemdam Aristonis ex
lent.
Perictiona filium veteris Academice principem, aut alia huiuscemodi
oratione quisnam fuerit explices. Media vero interiecta inter hcec, hoc B
Omnes species definiri est, species omnes essentialiter possunt definiri, cum omnes constent
possunt essentialiter.
generibus, et differentiis. Cceterum in his definiendis varietatem multam
Substantias tantum invenies. Sola enim substantia corporea, et species, quce sub ipsa collo
corporatas definiun
tur ex materia, et cantur, definiri possunt ex materia, et forma, quoniam hce tantum species
forma.
Sola substantia, sim
ex materia, et forma conpositce sunt. Iam vero si prcedicamentum substan- C
pliciter definitur tice cum caeteris conferas, solas substantias intelliges simpliciter definiri
essentiali definitione.
a 7. metaphy. 1. 4. essentiali definitione, ut placet Aristoteli. Accidentia enim, ut ait0·, non
et 5.
Omnia accidentia
habent simpliciter quod quid erat esse, quidditatemve, sed quodammodo, quia
modo aliquo per su
bstantiam definiun
non per sese, sed in sola substantia, quce per se existit, cohcerere possunt.
tur. Unde fit ut omnia modo aliquo per substantiam, in qua cohcerent, definienda D
Aliter tamen abs
tracta aliter concreta. sint. Aliter tamen cum significantur nominibus abstractis (quce sunt
b 7. metaphy. 5.
Vide D. Tho. de en [ipsorum pene] propria) aliter cum significantur concretis b. Nam cum
te et essentia. 7.
abstractis significantur, ponenda est substantia subiectumve in casu
obliquo: ut si dicas, Simitatem esse curvitatem nasi. Cum autem con
cretis nominibus significantur more substantiarum, tum sublectum
ponendum est in recto: ut si dicas, Simum est nasus curvus. Non modo E
autem accidentia omnia sive proxime, sive remote, per substantiam defi
nienda sunt, sed etiam inter accidentia reperias plurima, quce aliis prceterea
additamentis egeant, cuiusmodi sunt omnes habitus qui operativi appellantur,
A 1-A 2 — Id quod cernere, positis ante oculos prcedicamentis, facile est. Nam...
D 2-D 3 — {quce sunt propria ipsorum) aliter...
E 4 — omnes habitus operantes, potentice...
INS TI TUIÇÕES DIA LÉC TICA S — LIVRO V 303
Capítulo 6
CAPVT7
[a In Sophista et
Phaedro et aliis locis
idem Alcinous de Duas methodos ponebat Platoa, quibus omnis rerum cognitio, et A
Doct. Piat. cap. 5.]
b 2. post. 14. et. scientia contineretur, Divisivam scilicet, et Collectivam. Aristoteles vero b
1. topi. 14.
Quo pacto divisione
etsi non omnino hoc probat, elocet tamen hisce duobus modis investigari posse
investiganda sit defi definitionem, divisione inquam, et collectione. Divisione quidem hoc
nitio.
c 2. post. 14. modo c, Sumatur, ait, primum, id quod communius est, latiusque patet
quam res definienda: deinde illud ipsum dividatur: mox differentia quce rei
convenit, addatur primo attributo: rursus, si nondum oratio reciprocabitur
cum re proposita, dividatur id totum, quod assumptum est, tandemque eo
usque fiat progressio dividendo, donec oratio propria efficiatur, quce nullam
in rem aliam transferri possit. Exempli causa si hominem definire velis,
accipies primo loco aliquod genus hominis, verbi gratia substantiam,
quce omnium latissime patet, dicesque Homo est substantia. Deinde,
quia substantiarum qucedam sunt corporis expertes, ut inte 1ligent ice, qucedam
corporatae, qualis est homo, addes: Corporata. Sed quia corporatae
substantiae partim interire non possunt, ut coeli, partim possunt, e quibus
est homo, addes, Quce interire potest. Rursus, quia earum substantiarum,
quce intereunt, qucedam non vivunt, ut lapides, alice sunt viventes, in quibus
est homo, addes, Vivens. Verum ne id quidem satis est. Viventium
enim qucedam nil sentiunt, ut plantee, qucedam sentiunt, in quibus homo
E 6 — p e r suos actus, aut per obiecta, quce suos actus terminant, definiuntur...
E 9 - E 10 — definitur vis qucedam naturalis, quce in coloribus...
A 7 — Ex 1. post. 14. (cota marginal)
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO V 305
C a p í t u l o 7
renças essenciais. Porque, nesse caso, somos muitas vezes obrigados d Tópicos, IV, 2;
a dividir as coisas, que tomamos, em acidentes, cada um dos quais será Metafísica, VII, 12.
erit esquivo cum utrique speciei. Exempli causa, si ratio eius magnanimi
tatis, quee fuit in Alcibiade, Achille, et Aiace, cum ratione magnanimitatis
Lysandri, et Socratis, in hoc conveniat, quod omnes existimaverint se
dignos esse rebus magnis, atque heee ratio sit una simpliciter, heee sane
erit definitio generis utriusque magnanimitatis, quod magnanimitatis
generali vocabulo appelletur. Quod si non fuerit communis utrique, aut
certe non fuerit una simpliciter, sed analogice duntaxat {quod magis
crediderim) non erit utique definitio alicuius generis utriusque magnanimi
tatis, sed cuiusdam analogi, quod similibus quidem rationibus, sed tamen
diversis, dicatur de utraque. Ac prior quidem methodus definiendi accura
tior est, et natura; ordini, perfectceque disciplina; conveniens: posterior
Prior methodus per
fectior est posterior autem, qua plurimum utitur Socrates apud Platonem, etsi minus perfecta
autem inventionis or est, tamen inventionis ordini est accommodata. De qua quidem intelli-
dini accommodata.
gendum est illud Aristotelis 8, facilius esse minus universalia, quam magis
g 2. post. 15.
universalia definire, atque iccirco a minus universalibus ad magis univer
salia esse progrediendum.
De definito
CAPVT8
C a p í t u l o 8
Do definido
E 9-E11 — universale. Sic enim fiet, ut nulla in ipsum, ratione sui cadat
mutatio. Alice sunt rationes, quibus id quod asserimus, sola (inquam) universalia
definiri, ostendatur, sed hcec una sufficiat hoc loco. Quod quidem plane intelligitur
de definito propinquo. Nam remote dubium...
F12-F13 — quce illi astruunt.
G 2-G 3 — subiectam, aut infimam, aut subalternam...
G 6 — species: etsi differentice respectu suorum individuorum fortasse sint species,
ut Rationale respectu huius rationalis, quod alio loco discutiemus. Describuntur...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO V 313
Η 4-H 5 — confictum, sensus hic est, nomen Hircocervi significat animal con
fictum........
Η 13-H 21 — exequitur. Si cui tamen placuerit, poterit sine crimine has figmen
torum definitiones nomine definitionis rei quodammodo, etsi remotissime, comprehendere.
Nam etsi figmenta non sunt res, tamen quasi in extremo gradu rationem rerum parti
cipant, quam ob causam res fictae appellantur. Hoc vero mihi cum Aristotelis doctrina
pugnare non videtur. Docet...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO V 315
embora as ficções não sejam coisas, contudo, como que participam, As ficções definem-se,
de certo modo, pela
no último grau, da razão das coisas, e por esta razão se chamam coisas definição da coisa.
fingidas. Donde acontece que na definição quid da coisa se costuma
compreender no vocábulo da coisa tudo o que é designado por esse
nome, seja um ente real, de razão, fantasiado ou qualquer outro.
Que não vai contra a doutrina de Aristóteles, compreender-se-á por
I Por exemplo,
isto: ele ensina, com efeito (e mais de uma vez^), que também as
nos Segundos Ana
definições dos acidentes são interpretações dos nomes, pois os acidentes líticos, II, 7; Meta
não são simplesmente coisas nem entes. Concede, porém, muitas vezesm, física, VII, 4.
m Por ex.: Me
que estes se explicam pela definição real, principalmente porque, embora tafísica, VII, 4 e 5.
não sejam simplesmente seres, contudo, são seres de certo modo e,
assim, não se excluem inteiramente do número dos seres. O que pode
acomodar-se, embora com menos ousio, às ficções. n Principalmente
Acerca da definição, são suficientes estas coisas. Agora, de entre as nos Tópicos, VI.
numerosas regras apresentadas por Aristóteles ”, para se observarem na
definição, vamos expor apenas as que parecem oferecer mais utilidade.
Caput 9
Capítulo 9
A A primeira regra é que aquilo, que se define, seja definido pelas coisas
mais conhecidasñ. Coloquei-a em primeiro lugar porque, na verdade,
nada é menos de admitir do que ser obscuro aquilo que se pretende com
qualquer disputa. E isto é, na verdade, a definição.
Não observam esta regra osè que, ao definir, usam de metáforas, Deve definir-se sem
pre pelas coisas mais
principalmente quando remotas e difíceis, como se alguém definir conhecidas.
homem: árvore invertida. Do mesmo modo, os que usam palavras a Tópicos, VI, 2
e 5.
pouco usadasc, como se algum médico mandasse tomar ao doente Não deve definir-se
com metáforas.
uma coisa nascida da terra, que anda sobre a erva, que traz a casa b Segundos Ana
consigo, e privada de sanguepara o doente entender um caracol líticos, II, 15; e Tó
picos, VI, 2.
Igualmente, os que usam de palavras ambíguase, como se alguém, Nem por palavras de
com a expressão: primeiro dos elementos, quisesse significar letra, susadas.
c Tópicos, VI, 2.
como que descrevendo-a. Na verdade, estas palavras são ambíguas d Cícero, Da Adi
vinhação, 2.
e podem também entender-se de outras coisas, pois, assim como as Nem por palavras
letras são os primeiros elementos da linguagem, assim as unidades ambíguas.
e Tópicos, VI, 2.
são os primeiros elementos do número, e a matéria e a forma, os
de uma coisa natural. Admitem-se, porém, nas definições, os vocá De que modo po
dem admitir-se as pa
bulos ambíguos, quando ou se junta alguma partícula que reduz a lavras ambíguas nas
ambiguidade da palavra a uma só significação (como se se juntar definições.
scientia, et cognitio. Verum hic modus definiendi non est usque adeo
repudiandus. Sed obiiciat aliquis contra hoc primum prceceptum, omne
relatum per illud ipsum relatum, ad quod refertur, esse definiendum, ut
docent Philosophi, relata vero inter sese, cum sint simul natura, esse
ceque nota, aut ceque incognita, ergo non quicquid definitur esse ex notio
Obiectio. ribus magnis que perspicuis definiendum. Occurres tamen, Nullum relatum C
(si proprie loquendum est) definiri per illud relatum, ad quod refertur,
sed per respectum suum, qui in illud terminatur, ac desinit K Verbi causa,
Solutio. pater non definitur per filium, sed per suum respectum, qui in ipso inchoatur,
Num relativum per
id ad quod refertur
et in filium desinit. C ceterum, quia nullus respectus intelligi potest sine
definiatur. suo termino, fit ut respectus patris intelligi non valeat sine filio, sicque in
i Alb. in praedica
mentum ad aliquid, definitione patris necessario ponendus sit filius, parique ratione pater in
cap. 9.
in definitione filii: atque ita res habet in cceteris. Quod igitur philosophi
dicunt relata, quce sese mutuo respiciunt, per se invicem esse definienda,
non proprie accipiendum est, sed quasi dicant, necessario alterum in
definitione alterius esse ponendum, ut quorsum tendant respectus, per quos
relata vere, ac proprie definiuntur, intelligatur. Nunc autem etsi relata
ipsa sese vicissim respicientia sint ceque cognita, aut incognita, tamen
respectus ipsi [quatenus distincte concipiuntur conceptibus generum et
differentiarum, ex quibus constant] sunt naturce ordine notiores, quam
relata. Itaque in relatis etiam definiendis hoc observatur, ut quod defini
tur, ex notioribus explicetur.
Capítulo 10
A definição deve con
Segunda regra verter-se com o de
finido.
a Tópicos, VI, 1.
A A segunda regra é que a definição seja própria do definido, como
diz Aristóteles a, isto é, que seja nem mais nem menos extensa que o
definido, mas que se reciproque com ele.
Não observam esta regra os que compõem definições que convêm
também a outras coisas, como se alguém definir a terra como o corpo
que, por sua própria natureza, tende para baixo. Com efeito, isto diz-se,
320 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER V
tur. Item qui assignant definitiones, quee non conveniunt omnibus com
prehensis sub definito: ut si quis definiat aquam corpus simplex frigore
concretum. Nec enim omnis aqua frigore concreta est. Quod si terra
definiatur, corpus simplex, quod in infimum locum suapte natura fertur:
aqua vero corpus simplex quod inter terram et aerem suapte natura quiescit:
non dubium erit quin definitiones cum rebus, quee definiuntur, recurrant,
reciprocentur que. Hinc colliges, multas circumferri nominum interpre- B
tationes, quee non sunt bonce definitiones, vel quia latius patent, ut si dicas,
Theologus est, qui de Deo loquitur: Consul est, qui patrice consulit: vel
Multae circunferuntur quia minus late, ut si dicas, Geometria est ratio metiendi terram. Scepe
nominum i nte^reta
liones quae non sunt igitur aliquid addendum est huiusmodi interpretationibus, ut bonce defini
borne definitiones.
tiones habeantur. Quod plurimce etiam descriptiones Oratorum, et
poetarum desiderant.
Tertium preeeeptum *
C A P V T 11
Nihil in definitione Tertium preeeeptum est, ut nihil in definitione desit, aut supersit. A
desiderari, aut su-
peresse debet. Deest autem aliquid, cum posito genere remoto non adhibentur omnes
a 6. top. 3. interiectce differentiae, ut si quis definiat hominem esse substantiam rationis
participem. Hac de causa docet Aristoteles a, aut definiendum esse genere
proximo, ut si dicas, Homo est animal rationis particeps, aut si remoto,
adiungendas esse generi omnes differentias, quee a genere ad definitum usque
inveniuntur, ut si dicas, Homo est substantia corporea interitus capax,
vivens, sentiens, et rationis particeps. Deest etiam aliquid cum res, quee B
Quid supersit sive
redundet in defini definitur, constat materia et forma, nec tamen loco differentiae utraque
tione. ponitur, sed altera tantum, ut si hominem definias animal constans animo
b 6. top. 2.
rationis participe. Id autem dicitur superesse, sive redundare in defini
tione, quo sublato, ea, quee remanet oratio, satis aperte rem declarat b.
Exempli causa si quis definiat hominem animal rationis particeps bipes,
illud Bipes, dicendum erit superesse, quoniam eo detracto satis planum
facit reliqua oratio definitum. Scepe tamen non datur vitio, quod plura
verba ponantur in definitione, quam quee satis esse videantur, quoniam
raro id censetur supervacaneum, quod aliquanto apertius rem declarat.
A 10-A 11 {cap. 10) — quiescit: hac ex parte recte habebunt definitiones, quod
cum rebus...
* — Tertium preeeeptum definiendi.
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO V 321
C apítulo 11
Terceira regra
A A terceira regra diz que, na definição, nada esteja a menos nem Na definição nada
deve faltar ou estar
a mais. Há a menos quando, posto o género remoto, não se juntam a mais.
todas as diferenças intermédias; como se alguém define homem: substân a Tópicos, VI, 3.
cia dotada de razão. Por isso, Aristóteles*3 ensina que deve definir-se
ou pelo género próximo, como quando se diz que o homem é um animal
dotado de razão, ou, se pelo género remoto, que se devem juntar ao
género todas as diferenças que se encontram desde o género até ao
definido, como quando se diz que o homem é uma substância corpórea,
B sujeita à morte, viva, sensível e dotada de razão. Falta também alguma
coisa quando o que se define consta de matéria e de forma, e não se
O que está a mais
colocam ambas no lugar da diferença, mas apenas uma, como se se ou é supérfluo na
definir homem como o animal que tem uma alma dotada de razão. definição.
b Tópicos, VI, 2.
Diz-se que alguma coisa está a mais, ou é supérflua na definição,
quando, suprimida ela, a oração que fica declara, bastante claramente,
a coisa A Por exemplo: se se define homem como o animal bípede
dotado de razão, aquele bípede deve dizer-se que está a mais, pois, sub
traído ele, a oração que fica torna o definido suficientemente claro.
Muitas vezes, contudo, não se considera vício colocar na definição
mais palavras que as que parecem ser necessárias, porque é raro julgar-se
supérfluo o que declara a coisa um pouco mais claramente. Pelo que,
21
322 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER V
Ca pV T 12
Ca p V t 13
a 2. post. 14.
1
In investigatione de Porro cum divisionis methodo investigatur definitio tria observanda A
finitionis per divi esse docet Aristotelesa. Primum, ut omnia pradicata, qua sumuntur,
sionem, quae servan
da. prcedicentur in ipso quid est, hoc est, essentialiter. Fere tamen cogimur
alia sumere attributa, quia ignota nobis sunt maxima ex parte rerum essen-
C a p í t u l o 12
Quarta regra
A quarta regra manda que a definição seja breve, mas não tanto
A definição deve ser
que dê origem à obscuridade. Com efeito, como a definição de alguma breve.
coisa é o centro de toda a discussão, que em redor dela se faça, sem dúvida
que não será isenta de vício, se for tão longa que se não possa reter
fácilmente na memória, nem ser prontamente usada como meio, se for
necessário. A definição, portanto, deve ser tão breve quanto a natureza
e a clareza da coisa o permitirem, embora, às vezes, tenha necessidade
de uma exposição mais longa. Não se devem con-
Passam por cima desta regra os que acumulam na definição tantas geminar na defini
parcelas quantas as dificuldades no tratar da coisa que se define. Na ção tantas pequenas
partes quantos os
verdade, embora a definição, segundo Aristóteles0, deva ser tal que, argumentos a des
por intermédio dela, se dissolvam todas as dúvidas que se tenham truir pela definição.
a Física, IV, 4.
acerca da coisa, contudo, não é necessário que se ponha na definição
uma palavra para cada argumento a destruir, o que muitos fazem, Muitas vezes, por
mas que seja constituída de tal modo que, com poucas palavras, se causa dos sofistas,
fazem-se definições
possa fácilmente colher uma solução para todas as dificuldades. Muitas mais iongas.
vezes, contudo, a importunidade dos sofistas obriga a definir uma coisa b Da í nterpreta-
com mais palavras do que se devia definir com simplicidade. Por esta ção, I, 4.
c Elencos, I, 4.
razão, Aristóteles confessa^ ter definido elenco com uma oração mais
longa c.
C a p í t u l o 1 3
Além disso, quando a definição se investiga com o método da divisão, O que deve obser-
ensina Aristóteles0 que devem observar-se três coisas. Primeira: que var-se na investiga
ção da definição pela
todos os predicados, que se tomam, se prediquem no mesmo quid est, divisão.
isto é, essencialmente. Todavia, as mais das vezes, somos obrigados a Segundos Ana
líticos, II, 14.
1
324 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER V
3
si omnia, quae ante sumuntur, adaequate in proxima membra usque
eo [dividantur], dum tota oratio cum definito recurrat. Quoniam vero
in genere proximo rei, quae definitur, continentur omnia priora, tum
genera, tum differentiae, docet Aristotelesb, loco eorum omnium, posse
b 6. top. 3.
poni genus proximum. Id quod saepe necessario faciendum erit, ne longior,
c In lib. de divi quam par sit, fiat definitio. Unale Boetiusc, Si omnes, inquit, species
sione.
suis nominibus appellarentur, ex duobus solum verbis omnis fieret definitio.
Ut cum dico quid est homo, quid mihi necesse esset dicere, animal rationale,
In investiganda de
finitione per collec mortale, si animal rationale esset proprio nomine nuncupatum? Cum B
tionem quid obser
vandum. autem collectionis methodo definitio investigatur, hoc unum praecipit
cl 2. post. 15.
Aristotelesd diligenter caveri, ne alum a minus communibus ad communiora
Vide quie dicta sunt
cap. 7. progredimur, aliquam incurramus aequivocationem. Latet nanque magis
in communioribus ¿equivocado. Etenim quod animi magnitudo ea, quam
in Alcibiade, Achille, et Aiace legimus, univoce illis convenerit, nemo
dubitat, nullus etiam ambigit in Lysandro, et Socrate aliam quandam
eiusalem omnino rationis magnanimitatem fuisse. Sed num magnanimitas,
quce de utraque specie dicitur, sit univoca, necne, id sane (quia de [re]
communiori est qucestio) non ita facile perspicitur. Si ergo ex rationibus
univocis inferiorum unam rationem, quce univoce inferioribus conveniat,
collegeris, ea erit, definitio superioris. Sin autem ad unam omnino ratio
nem non accesseris, intellige vocabulum commune cequivocum esse. Hcec
São suficientes estas regras para bem definir. Mas, antes de passar Muitíssimas vezes,
C à argumentação, quero que se tenham ainda em conta duas coisas. palavras que signifi
cam um acto to
Primeira: que as palavras que significam um acto, como sensível, risível mam-se na definição
e outras coisas do mesmo género, se tomam muito frequentemente na pelas próprias facul
definição pelas próprias faculdades, como sensível por aquilo que dades.
Observação impor
D pode sentir, e risível por aquilo que pode rir. A razão é que, entre
tante.
os latinos, quase não existem nomes para designar as faculdades.
Segunda: que, entre estas regras, há algumas, cuja omissão faz que a
oração não seja definição, como são a primeira e a segunda das quatro
regras da definição. E há outras cuja rejeição não faz internamente
que a oração se não torne definição, mas somente que se não torne
uma definição boa e apta, como são a terceira e a quarta. Estas duas
advertências devem ser tidas em conta também nas regras da divisão.
Quanto a esta, porém, só a omissão da primeira e da última regra
abala profundamente a divisão, como será evidente para quem o con
siderar.
IN S T I T V T I O N V M D I A L E C T 1 C A R V M
LIBER VI
De consequentia
C A P V T 1
Quartum.
lapis est horno: necesse est omnem hominem esse animal, igitur necesse
est aliquod animal esse hominem. Atque ex consequentiis hactenus
enumeratis nulla dicitur argumentatio, sed consequentia duntaxat. Quar
tum genus est cum antecedens et consequens non eisdem preeeise verbis
constant, quia in antecedente continetur argumentum aliquod, uno, aut
L IV R O V I
DAS
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS
C a p í t u l o 1
Da consequência
CAPVT2
Bona consequentia.
C a p í t u l o 2
C 1-C 3 — Ut Bona consequentia non modo non est satis, veritas, antecedentis,
et consequentis sed ne requiritur quidem.
C 4 — Secundum documentum, (cota marginal).
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 333
tempo, verdadeiras. Por este indício, percebemos que é boa esta conse
quência: Sócrates é homem, logo Sócrates é animal; porque esta enun
ciação: Sócrates não é animal, que contradiz o consequente, repugna
ao antecedente. Porém, reconhecemos como viciosa esta: Sócrates
é homem, logo Sócrates é filósofo; porque esta proposição: Sócrates
não éfilósofo, que contradiz o consequente, não repugna ao antecedente.
Na verdade, Sócrates, por não ser filósofo, não deixará de ser homem.
Pela mesma regra, julgamos inepta esta consequência, que nada deduz:
Sócrates é homem, logo o cavalo é animal; pois, embora admitamos
ser verdade que nenhum cavalo seja animal, não negaremos, todavia,
imediatamente, ser verdadeiro que Sócrates é homem.
334 INSTITVTIONVM DIALECTI CAR VM LIBER VI
C A P V T 3
lam vero bona consequentia, aut est formalis, aut materialis: itemque A
aut necessaria, aut probabilis. Consequentia formalis dicitur ea, quce
vi formce concludit. Ea vero dicitur concludere vi forma, cuius formam
Consequentia forma- modumve colligendi si retinueris, in quacunque materia, etiam impossibili,
lis. apte concludes. Exempli causa, dicimus hanc esse formalem consequen
tiam, Omnis virtus est laudabilis, temperantia est virtus, igitur temperantia
est laudabilis, quoniam ut formes concludit. Intelligimus autem eam
concludere vi formce, quia servata eadem forma, in quavis alia materia,
etiam impossibili, bene concluditur, ut si dicas, Omnis leo est lapis, equus
est leo, igitur equus est lapis. Est enim bona heee consequutio ut ex dictis a
a Cap. superiori.
apertum est. Eadem ratione dicimus hanc esse formalem consequentiam.
Necesse est omnem hominem esse animal, igitur necesse est aliquod animal
esse hominem, quoniam hac forma retenta semper apte concluditur, ut si
dicas, Necesse est omnem leonem esse lapidem, igitur necesse est aliquem
Retinendus idem or
do verborum. lapidem esse leonem. Vt autem retineatur eadem forma, seu modus B
colligendi, primum necesse est ut servetur eadem dispositio, seu ordo
verborum, in quibus cernitur vis consequutionis. Nam si ordo huiusmodi
verborum mutetur, mutata haud dubie existimanda, est consequutionis
forma, ut patet in his duabus consequentiis, Omnis virtus est qualitas,
omnis iustitia est virtus, igitur omnis iustitia est qualitas: Omnis laurus
esi substantia, omnis equus est substantia, igitur omnis equus est laurus.
Servanda eadem ac
ceptio verborum. Nam quia in priori consequentia sublectum primee enunciationis est
praedicatum secundes, quod non fit in posteriori consequutione, alia certe
forma est in priori, alia in posteriori. Deinde opus est ut servetur eadem
acceptio, idemque acceptionis modus eiusmodi vocabulorum. Ex quo fit
ut in his duabus consequentiis, Homo deambulat, igitur aliquis homo
deambulat: Homo est species, igitur aliquis homo est species: non sit
eadem forma, quia vox Homo in antecedente prioris accipitur pro singulis
hominibus disiunctive, in antecedente autem posterioris accipitur pro
hombre communi preeeise. Hce vero, Homo surgit, ergo non sedet: Homo
Capítulo 3
surgebat ergo non sedet, [ideo non habent eandem formam] quia acceptio
vocabuli Homo amplior est in posteriori antecedente, quam in priori.
Nam vox Homo in priori accipitur pro solis hominibus, qui nunc existunt
[Haec patent lib. 8
cap. et 30.] iuxta differentiam temporis verbi Surgit: in posteriori autem, non modo
accipitur pro iis, qui extiterunt, iuxta differentiam temporis verbi Surgebat,
sed etiam extenditur ad eos, qui nunc existunt, ut placet Aristotelib.
[Lege lib. 8 cap. 4.
et 34.] Rursus necesse est ut servetur eadem essentialis qualitas enunciationum
b 1. eiench. 3. principalium. Quo fit, ut hce consequentice non sint eiusdem formce,
Servanda eadem
essentialis qualitas. Homo est animal, ergo est sensus particeps: Homo non est animal, ergo
est sensus particeps: quia antecedens prioris est affirmativum, posterioris
negativum. Dixi principalium, quia si mutetur qualitas essentialis
enunciationum quarundam minus principalium, quce includantur in subjecto
aliquo, aut praedicato, non necesse est ut mutetur forma, veluti si dicas,
Omnis homo, qui est iustus, est prudens, ergo hic homo est prudens: Omnis
homo, qui non est probus, est imprudens, ergo hic homo est imprudens.
Sunt enim eiusdem, formce. Prceterea necesse est ut servetur eadem quan
titas enunciationum. Quam ob causam hce consequentice non sunt eiusdem
formce, Omne animal est sensus particeps, igitur homo est sensus particeps:
Servandas eaedem
coniunct iones, ac Quoddam animal est rationis expers, igitur homo est rationis expers.
nexus.
Denique necesse est ut serventur ecedem coniunctiones ac nexus principa
lium partium consequutionis. Qua de causa hce consequentice non sunt
Consequentia mate eiusdem formce, Si dies est, sol lucet: Quia dies est, sol lucet. Hcec neces
rialis. sario videntur servanda (etsi quce sunt alia, quce ad modum colligendi
spectent) si forma consequentice retinenda est.
Consequentia materialis est ea, quce vi solius materice concludit. C
Ea vero dicitur concludere vi solius materice, quce vi quidem formce
nil colligit, sed tamen talis est ut assumpta simili materia semper
in eadem forma apte concludatur. Exempli causa, dicimus hanc
esse materialem consequentiam, Homo est animal, ergo est sensus
particeps, quia propter solam materiam, hoc est, propter solam rerum
significatarum inter se affectionem recte concludit. Nam quia esse sen
sus particeps ita connexum est cum animali, ut omne animal necessario
sit sensus particeps, hac sola de causa apte concludit, qui ex eo quod
homo est animal, colligit eundem esse sensus participem. [Dico autem
hac sola de causa, quia] si retenta eadem forma dissimilem materiam
essencial das enunciações principais. Pelo que não são da mesma b Elencos, I, 3.
forma estas consequências: o homem é animal, logo é dotado de sen Deve conservar-se a
mesma qualidade es
tidos; o homem não é animal, logo é dotado de sentidos — pois o sencial.
antecedente da primeira é afirmativo, e o da segunda negativo. Disse
das principais porque, se se muda a qualidade essencial de algumas
enunciações secundárias que se incluem nalgum sujeito ou predicado,
não é forçoso que se mude a forma, como se se disser: o homem que
é justo é prudente, logo este homem é prudente; todo o homem que
não é probo é imprudente, logo este homem é imprudente. São, na
verdade, da mesma forma.
É ainda necessário que se conserve a mesma quantidade das enun
ciações. Por este motivo, não são da mesma forma estas consequên
cias: todo o animal é dotado de sentidos, logo o homem é dotado de
sentidos; um certo animal é desprovido de razão, logo o homem é Devem conservar-se
as mesmas conjun
desprovido de razão. ções e nexos.
Finalmente, é necessário que se conservem as mesmas conjunções
e nexos das partes principais da consecução. Por este motivo, não são
da mesma forma estas consequências: se é dia, o sol brilha; porque é
Consequência mate
dia, o sol brilha. Parece que estas coisas se devem observar necessària- rial.
mente (e outras, se existem, que digam respeito ao modo de deduzir), se
se tiver de manter a forma da consequência.
C Consequência material é a que conclui só por força da matéria.
Conclui só por força da matéria aquela que, por força da forma, nada
conclui, mas é, todavia, tal que, tomando matéria semelhante, se con
clui rectamente sempre na mesma forma. Por exemplo, dizemos que
é material esta consequência: o homem é animal, logo é dotado de
sentidos — porque só pela matéria, isto é, só por causa da relação das
coisas significadas entre si, conclui rectamente. É que ser dotado
de sentidos está de tal maneira conexo com animal que todo o animal
é necessàriamente dotado de sentidos. Só por esta causa conclui
rectamente aquele que, do facto de o homem ser animal, deduz que
o mesmo é dotado de sentidos. Digo só por esta causa, porque, mantida
a mesma forma, se se tomar uma matéria diferente, pode acontecer
22
338 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
accipias, fieri potest ut inepte concludas, veluti si dicas, Homo est animal,
igitur est hinnitus particeps. [Ea vero ratione] intelligimus superiorem
consequentiam concludere vi materice, quia simili materia assumpta, sem-
per apte in eadem forma concluditur. Ut si dicas: Laurus est planta,
ergo est sensus expers. Nam ut esse sensus particeps necessario, ac
universe connexum est cum animali, sic sensus expers cum planta. Eadem
ratione apte concludit ex vi materice, qui sic colligit Homo est animal,
ergo non est sensus expers: Laurus est planta, ergo non est sensus parti
ceps. Et ita in aliis. Verum materialis consequentia minus proprie dicitur
bona, et apta.
Si quis autem hoc loco qucerat, qucenam consequentice ex quatuor D
generibus initio c traditis sint formales, quce materiales, illud respon
c Cap. 1.
dendum videtur ex primo quidem genere omnes esse formales, ut si
Quae sunt formales
consequentiae, quae dicas. Homo est animal igitur homo est animal: Omnis homo est ani
materiales. mal, igitur nullus homo non est animal (quancjuam enim prior illa ridicula
est, tamen est consequentia formalis atque adeo omnium maxime neces
saria quemadmodum hcec enunciatio, Homo est homo, etsi puerilis est,
tamen est enunciatio, atque inter enunciationes in primis necessaria) ex
reliquis autem tribus generibus, quasdam esse formales, quasdam materiales.
Verbi causa, in secundo genere, cum ex subalternante colligitur subalter-
nata, aut particularis ex indefinita, est formalis consequentia: cum autem
e contrario ex subalternata colligitur subalternans, aliquando est materialis,
velut cum genus, aut differentia, aut proprietas prcedicatur de specie, ut
si dicas Homo est animal, igitur omnis homo est animal [et ccet.]. In tertio
[vero] genere, conversiones quidem sunt formales consequentice reciproca
tiones [autem], quce fiunt ex subieclo, et proprietate, aut ex definito, et
proprietate, aut ex definito, et definitione sunt materiales, veluti si dicas,
Omnis homo est disciplince capax, igitur omne, quod est disciplince capax,
est homo: Omnis homo est animal rationale, igitur omne animal rationale
est homo. In quarto denique genere omnes syllogismi sunt consequentice
d Cap. 34. formales: cceterce autem tres argumentationum formae sunt materiales,
exceptis fortasse quibusdam inductionibus, ut postead patebit.
C apítulo 4
Ca p V τ 5
Prima regula. Ex vero non nisi verum, verum autem tum ex vero, A
et 1· tum ex falso colligitur a. Prior pars ex eo probatur, quia si ulla conse
Prima regula.
quentia ex vero falsum colligeret, tam non esset bona et apta consequentia,
a 2 pri. 2.
post. 6. ut patet ex priori documento bonce consequentice. Posteriorem partem
confirmant hcec exempla. Omnis virtus est laudanda, et temperantia
est virtus, igitur temperantia est laudanda: Omnis vitiositas est laudanda,
et temperantia est vitiositas, igitur temperantia est laudanda: Ambce
enim lue formales consequentice, id quod verum est, colligunt, sed prior
ex vero antecedente, posterior ex falso.
Secunda. Secunda regula. Ex falso et falsum et verum, falsum autem non B
b 8. top. 4. et 5. nisi ex falso concluditur b. Prior pars hisce exemplis comprobatur.
et locis citatis.
Omne animal est candidum, et corvus est animal, igitur corvus est candidus:
Omne animal est nigrum, et corvus est animal, igitur corvus est niger.
Nam utraque argumentatio ex falso antecedente concludit, sed prior
falsum consequens, et posterior verum. Posterior autem pars huius
regulce ex eo vera esse cernitur, quia si falsum ex vero colligeretur, daretur
Tertia. haud dubie in bona consequentia antecedens verum et consequens falsum,
quod supra negavimus.
c 1. Post. 6. Tertia regula. Ex necessario non nisi necessarium, necessarium C
autem ex quolibet (ut aiunt) id est, et ex necessario, et ex contingenti,
et ex impossibili, colligiturc. Prior pars hoc modo probatur. Neces
sarium semper est verum, contingens autem potest esse falsum, et impossi
bile semper est falsum, igitur si ex necessario recte colligeretur contingens,
aut impossibile, dari posset in bona consequentia antecedens verum, et
consequens falsum, quod diximus fieri non posse. Posterior pars hisce
exemplis confirmatur. Omne animal per se subsistit, et homo est animal,
igitur homo per se subsistit. Omnis philosophus movetur loco, et deam-
bulans est philosophus, igitur deambulans movetur loco: Omnis lapis per
se subsistit, et homo est lapis, igitur homo per se subsistit. Omnes hce
consequentice colligunt necessariam conclusionem, sed prima ex necessario
antecedente, secunda ex contingenti, et tertia ex impossibili.
C apítulo 5
Ratio vero prioris partis huius regulce hcec est, quia si aliquando id quod,
stat cum antecedente, non staret cum consequente, tunc sane everteret
consequens non everso antecedente, quo fieret ut in bona consequentia
daretur antecedens verum, et consequens falsum. Posterior autem pars
confirmata relinquitur exemplo adducto. Ex eo enim patet, aliquando
id, quod stat cum consequente, non stare cum antecedente: quod satis
est ad confirmandum institutum, modo ponas consequentiam illam esse
bonam, ut revera est, materialis tamen, non formalis, ut ex dictis facile
intelliges.
Septima regula. Quicquid repugnat consequenti repugnat antece G
Septima. denti: non tamen quicquid repugnat antecedenti repugnat consequenti Γ
/ 1. prio. 28. Prior pars ex eo patet, quia si aliquid repugnaret consequenti, quod non
repugnaret antecedenti, aliquid everteret consequens, quod non everteret
antecedens, sicque in bona consequentia daretur antecedens verum et
consequens falsum, quod fieri, non potest. Ex hac priori parte colligi
Dialecticorum pro- potest illud protritum Dialecticorum pronunciatum [{quod etiam ab Aristo
nunciatum. tele scepe § usurpatur)\. In bona consequentia, ex opposito contradictorio
^ Ut ]. pri. 42.
et 2. pri. 2. et 4. consequentis infertur contradictorium antecedentis: ut si hcec est bona conse
quentia, Socrates est lapis ergo non est sensus particeps, licebit ita con
cludere Socrates est sensus particeps, ergo Socrates non est lapis. Item
si hcec est bona consequentia, Omne animal est album, igitur omnis homo
Si non concludere
est albus, licebit ita concludere, aliquis homo non est albus, igitur aliquod
tur contradictorium animal non est album. Nam si ex contradictorio consequentis non con
antecedentis ergo nec
contrarium: quia ex cluderetur contradictorium antecedentis {et ita nec contrarium) posset
quo infertur contra utique contradictorium consequentis stare cum antecedente: aliquid ergo
rium, infertur contra
dictorium. repugnaret consequenti, quod non repugnaret antecedenti: id quod prior
pars huius regulce non admittit. Posterior pars vel hoc uno exemplo
stabilitur. Hoc non esse hominem, repugnat antecendti huius consequentice,
Hoc est homo, ergo est animal, [et tamen] non repugnat consequenti
{Bucephalus siquidem, qui non est homo, est animal) igitur non quicquid
repugnat antecedenti repugnat consequenti.
G 3-G 5 — quia si alioqui aliquid verum esset cum antecedente, quod verum non
esset cum consequente, sicque daretur in bona consequentia antecedens verum...
G 6 — Ex hac priori parte huius regulce colligi...
G 9-G 10 — Ex 1. pri. 42. et ex 2 pri. 2. et 4. (cota marginal).
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 347
est contra hypothesim: ponimus siquidem priores duas consequentias esse bonas. Pos
sunt autem in hoc concludendi genere multo plures, quam tres, iungi consequentice.
Semper enim extremum consequens colligetur ex primo antecedente: ut si dicas...
H 24-H 25 — omne quod modo aliquo bonum esset...
350 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
De Argumentatione
CA P V T 6
O que fica dito parece ser o suficiente a respeito das regras gerais
das consequências. Passemos agora à argumentação, que é o ter
ceiro modo de discorrer.
Capítulo 6
Da argumentação
é um hábito que torna bom o que o tem, e torna boas as suas obrasd,
ter-se-á já um argumento. Este é, na verdade, um meio muito apto
para concluir o que se pretende. Mas, se se desdobrar numa oração o
argumento encontrado, de modo a que se diga: todo o hábito que
torna bom o que o tem e torna boas as suas obras deve antepor-se às
riquezas, toda a virtude é um hábito desta natureza, logo toda a vir
As consequências que
tude deve antepor-se às riquezas—ter-se-á finalmente a argumentação. carecem de termo
Dissemos, com efeito, que a argumentação é a oração na qual, médio não são argu
mentações.
de um argumento explicado, se conclui uma das partes da questão.
E Excluem-se, por conseguinte, da definição todas as consequências que
352 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
De inventione et indicio
CA P V T 7
Da invenção e do juízo
B Porque a forma de uma coisa, forma essa que lhe é dada pela
arte, não pode existir sem a matéria, vários ° há que dizem que deve
falar-se primeiramente da invenção e, só depois, do juízo. Seguindo
23
354 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
C 8-C10 — Sic fecit Arist. in lib. prio., post, et top.. (cota marginal).
C 13 — Ari. 8. top. 1.. Ordinem: Cice. hi part. collocationem: Quint. lib. 6.
cap. 1. dispositionem, (cota marginal).
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 355
C A P V T 8
B 4-C 1 — simplices. Frustra nanque plura adhibenda sunt, ubi pauciora suf
Alexand. ficiunt. Satis autem...
C16-C 41 — quam ex vi formce. Sic enim brevissime complector horum ver
borum vim. Hcec autem particula iccirco addita est, quia syllogismus simplex non
Quae reiiciantur a de concludit tantum ex necessitate materice, ut alice plerceque argumentationes, sed etiam
finitione syllogismi. ex necessitate forma:, seu modi colligendi. Si ergo verbis huius definitionis vis ordine
separare a syllogismo simplici cañera omnia, hunc ordinem tene. Cum dicitur Oratio,
reiice voces simplices. Cum dicitur In qua aliud sequitur reiice omnes orationes, quce
non sunt consequentia, imo et omnes consequentias, quce non sunt argumentationes.
Cum dicitur Positis, reiice omnes argumentationes ex aperte falsis, quarum antecedentia
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 357
Capítulo 8
Ita patet quid sit syllogismus simplex, et quo pacto illius definitio
intelligenda sit. Quod si vis per particulas definitionis ordine reiicere
omnia, quce reiicienda sunt, hunc in modum dispone definitionem. Syllogis
mus est oratio, in qua aliud quiddam ex necessitate, ac vi formce sequitur,
positis quam paucissimis simplicibus enunciationibus. Cum ergo Syllo
gismus dicitur, Oratio, reiiciuntur voces simplices. Cum additur, In
qua aliud sequitur, reiiciuntur omnes orationes, quce non sunt consequen tice,
imo et omnes consequentia, qua non sunt argumentationes. Itaque his dua
bus particulis solee argumentationes comprehenduntur, late tamen accepto
argumentationis nomine, utpote ut eas etiam complectitur, quce constant
aperte falsis, nec continent argumentum ullo modo aptum ad faciendam
fidem. Cum vero additur, Necessario, reiiciuntur omnes argumentationes
probabiles. Omnes enim syllogismi sunt consequentiae necessaria, non
quod omnes necessariam conclusionem colligant {multi enim colligunt
non necessariam, ut Dialecticus, Pseudographus, et Sophisticus) sed quia
omnes necessario concludunt, sive necessariam conclusionem sive proba
bilem, sive, quce necessaria, aut probabilis esse videatur. Cum deinde
addicitur, Ac vi formce, reiiciuntur omnes argumentationes necessaria
ex vi solius materia. Cum porro additur, Positis, reiiciuntur ex argu
mentationibus necessariis ratione forma omnes ilice, qua constant ex
aperte falsis, siquidem aperte falsa non sunt apta, ut ponantur, sive con
cedantur. Cum denique additur, Quam paucissimis, seu {quod idem
est) duabus simplicibus enunciationibus, reiiciuntur syllogismi tum hypo
thetici {quorum singuli tres minimam simplices enunciationes ante conclu
[g Cap. 32.] sionem pramittunt, ut inferius § patebit) tum etiam simplices conglobati
Syllogismi conglo {qualis hic est, Omne corpus est substantia, et omne vivens est corpus,
bati.
et omne animal est vivens, igitur omne animal est substantia) eo quod
pluribus, quam duabus sumptionibus constent. Hi vero [complicati
syllogismi] necessario reiiciendi erant, quia nullus eorum est simpliciter
unus syllogismus, sed plures complicati.
dationibus, reiice syllogismos hypotheticos, qui quidem tres minimum simplices enun
ciationes ante conclusionem pramittunt, ut inferius docebimus. Reiice quoque Syllo
gismos simplices conglobatos, qualis hic est.
C 42-C 43 — substantia: quia pluribus, quam duabus sumptionibus constant. Hi...
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 359
De materia syllogismi
CA P V T 9
Capítulo 9
Da matéria do silogismo
A O silogismo simples é absoluto ou modal.
A matéria do silogismo absoluto é dupla: próxima e remota.
Matéria próxima são as proposições de que próximamente se compõe Matéria próxima.
o silogismo; matéria remota são os termos de que se compõem as pro Remota.
Proposição.
posições.
Proposição é a oração que afirma ou nega alguma coisa de outra a, a Primeiros Ana
como: toda a virtude deve ser abraçada; nenhuma virtude deve ser líticos, I, 1.
repudiada. Chama-se proposição porque na argumentação se propõe
para concluir alguma coisa.
B Termo é aquilo em que se desdobra a proposição. São-no somente Termo.
o predicado e o sujeito da proposição, como «deve ser abraçada» e
C «virtude», na primeira proposição. Na verdade, é, sendo a forma da A palavra é, como
proposição, não é parte em que se desdobre a proposição b, pois nenhuma liga o predicado ao
sujeito, não é termo.
coisa artificial se desdobra em matéria e forma, mas só cm partes de b Em que partes
matéria, que permanecem depois do desdobramento, da mesma maneira se dizem desdobra
que casa se não desdobra em matéria e figura, mas só em partes de rem-se as coisas arti
matéria, isto é, em pedra, cal, madeiras e telhas, que permanecem, ficiais.
desfeita a casa. Assim, pois, visto que a palavra é, que liga o predicado Alexandre e Aver-
ao sujeito, ou significa a sua junção e união, não permanece ou não pode róis, no mesmo lu
gar; eBoécio, Livro 1
enten der-se, desfeita a proposição, como diz Aristóteles c, segue-se
do Silogismo Categó
que não é urna parte em que se desdobre a proposição, e, portanto, rico.
que não é termo. c Da Interpreta
D Embora a proposição, enquanto é oração, possa dividir-se em mais ção, I, 3.
que duas partes (efectivamente, esta: o homem sábio é rico divide-se
em três; o céu supremo é o maior corpo divide-se em quatro e outras em
muitas mais), todavia, enquanto proposição, isto é, enquanto afirma A proposição, en
ou nega alguma coisa de outra, divide-se apenas em duas partes: aquela quanto proposição,
divide-se apenas em
que se afirma ou nega de outra, e aquela de que a outra se afirma ou duas partes.
nega, as quais são, aliás, o sujeito e o predicado.
E A este lugar pertencem já aquelas divisões dos termos que os Divisões dos termos.
modernos inculcam no início das suas súmulas. Uns são simples ou
incomplexos, como os nomes e os verbos, outros, compostos ou com
plexos, como as divisões e várias outras orações. Chamam-se simples,
quer os equívocos (entenda-se análogos), quer os unívocos, quer os
concretos, quer os abstractos, quer os comuns, quer os singulares e
outros semelhantes com outras designações, aos quais, no princípio,
dissemos dar-se a designação de nomes de significação geral recebida.
362 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
C Λ P V T 10
Capítulo 10
De forma syllogismi
Forma syllogistica. C A P V T 11
Cl—enunciationibus, ex quibus...
C 1-C 8 — Maior propositio, seu propositio. Minor prop. seu assumptio. Con
clusio seu complexio. Ex Alexand. 1. prio. 4 et ex Cice. 1. de inventione, (cota mar
ginal).
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 365
Capítulo 11
Da forma do silogismo
C a p V T 12
a 1. prio. 22.
Figurae syllogismorum tres sunt a. Prima est, in qua medius terminus A
Prima figura.
Secunda. alteri extremo subiicitur, et de altero praedicatur. Secunda, in qua
Tertia. praedicatur de utroque. Tertia, in qua utrique subiicitur. Nec alia collo
b Ex. 1. prio. 7. catio extremorum cum medio termino reperitur, quee apta sit ad aliquid
Directe concludere. concludendum. Generales modi concludendi duo sunt: directe, ac indirecte b B
Indirecte concludere. Modus directe, seu secundum naturam concludendi, est, cum maius extre
mum de minore concluditur. Indirecte autem, seu contra naturam con
Maius extremum in cludendi modus, est, cum minus extremum de maiore colligitur. Ac in
1. figura.
Minus.
prima quidem figura illud est maius extremum, quod praedicatur de medio
Quomodo internos termino: minus vero, quod medio subiicitur: praestantius siquidem est
cantur maius et mi praedicari, quam subiici. In secunda vero, et tertia, cum utrumque extre- C
nus extremum in 2.
et 3. figura.
mum quoad praedicationem, et sublectionem, parem habeat in sumptionibus
c Ex recent ior i bus. dignitatem: sunt c qui velint, id esse maius, quod situ partium orationis
d Ut Alexan. et alterum antecedit, id minus, quod sequitur: alii d dicunt id esse maius,
Averr. 1. prio. 5.
quod in quaestione proposita prcedicatur, id minus, quod in eadem subiicitur:
C a p í t u l o 12
Ca p V T 13
In prima figura timi In prima ergo figura dubium non est, quin uterque concludendi modus A
directe, tum indirecte locum habere possit, directe nimirum, et indirecte. Si enim ita dicas.
concluditur.
finalmente, outros e alegam que é maior aquele que é predicado na e Estes são refe
conclusão, e menor aquele que é sujeito na mesma. Mas as primeiras ridos e combatidos
por Alexandre.
opiniões, seja qual for a sua probabilidade, devemos omiti-las neste
lugar, pois é muito mais clara e fácil a terceira. Se é mais verdadeira
que as outras, vê-lo-emos.
Capítulo 13
A Na primeira figura, não há dúvida de que podem ter lugar ambos Na primeira figura,
os modos de concluir: directa e indirectamente. Com efeito, se se disser conclui-se quer di
recta quer indirecta
assim: mente.
Toda a virtude é qualidade,
Toda a justiça é virtude,
Logo toda a justiça é qualidade,
C a p V T 14
Capítulo 14
In his, enim solis directe concludendo nunquam omnino dari potest ante
cedens verum, quin consequens vi antecedentis verum esse deprehendatur.
Quce ratio probandi, cceteris etiam quindecim modis apte concludentibus
accommodanda est. Quanquam necessitas concludendi (quce omnibus con
b cap. 21. et 25. venit) alia quoque ratione perspici potest, ut paulo inferius b docebimus.
et caet.
Dictiones modorum
Harum autem quatuor vocum significationem, atque adeo quindecim reli
qualitatem et quan quarum facile intelliges, si adverteris, primam vocalem cuiusque dictionis
titatem enunciatio- significare maiorem propositionem: secundam vero minorem: tertiam
num significant.
[denique] conclusionem. Et rursus vocalem A designare enunciationem
universalem affirmativam, E universalem negativam, I particularem
affirmativam, et O particularem negativam. Primus ergo primee figurce
modus est, cum ex utraque sumptione universali, et affirmativa, conclusio
universalis, et affirmativa colligitur. Quod totum significat vox barbara.
Exemplum.
B ar Omne bonum est expetendum,
ba Omnis virtus est bona,
ia Igitur omnis virtus est expetenda.
1
Ba Omne animal est substantia.
ra Omnis homo est animal.
lip Igitur quaedam substantia est homo.
2
Ce Nullum animal est lapis,
lan Omnis homo est animal,
teS Igitur nullus lapis est homo.
3
Da Omne bonum expetendum est,
bl Quidam labor est bonus,
tlS Igitur quoddam expetendum est labor.
Capítulo 15
2
Ce Nenhum animal é pedra,
lan Todo o homem é animal,
tes Logo, nenhuma pedra é homem.
3
D a Todo o bem deve ser procurado,
bi Certo trabalho é bom,
tis Logo, alguma coisa que se deve procurar é trabalho.
376 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
Capítulo 16
Capítulo 17
C a p V T 18
Que os restantes dez modos nada concluam por força da forma, Nesta figura são con
entende-se pelo facto de em cada um se encontrar um antecedente firmadas apenas to
das as questões par
verdadeiro e um consequente falso, o que aliás é muitíssimo fácil de ticulares.
verificar. É próprio desta figura apenas poderem confirmar-se líela
questões particulares. Só infere, pois, conclusões particulares, tanto
afirma.trvas como negativas b. b Primeiros Ana
líticos, I, 6.
C apítulo 18
Ca p V T 19
C a p í t u l o 19
Ex iis tandem, quce in tertia figura dicta sunt, hcec una regula ipsi
propria colligitur c, Ex minore negativa nihil effici. Qua regula compre
henduntur reliqui modi nihil concludentes in hac figura, qui regulis genera
Regula terti» figur».
libus comprehensi non sunt. Hi vero tres sunt tantum: unus, cum maior
c 1. prio. 6.
universe affirmat, minor universe negat: alter, cum maior universe affirmat,
minor ex parte negat: tertius, cum maior ex parte affirmat, et minor
universe negat.
CapVT20
Capítulo 20
non ideo vitiosus est, quod medium non distribuatur, sed quod non distri
buatur complete, seu perfecte. Subiectum siquidem maioris accipi solet
pro omnibus speciebus animalium {exceptis iis, quce in aquis degunt,
et aliis quibusdam) non etiam pro omnibus earum individuis. Eodem C
vitio notatur hoc sophisma.
Cur saepe ex utraque Etenim nomen Substantia, quod non distribuitur {id est, non accipitur F
sumptione universali
universe) in assumptione, distribuitur in conclusione. Ex hoc documento
non efficiatur univer
salis conclusio.
é vicioso, não por o médio se não distribuir, mas por se não distribuir
completa e perfeitamente. É que o sujeito da maior costuma tomar-se
por todas as espécies de animais (à excepção daqueles que vivem nas
águas e alguns outros), e não por todos os indivíduos de cada espécie.
C Do mesmo vício sofre este sofisma:
efficitur, ut merito, nec Darapti, nec Felapton, nec cluo illi modi indirecte
concludentes Baralipton, et Fapesmo, colligant universalem conclusionem,
etiam si constent universalibus sumptionibus, quoniam si universalem
concludas, argumentaberis a termino non distributo ad distributum, ut
loquuntur recentiores: id quod animadvertenti facile patebit. Itaque non
segniter notanda sunt hcec documenta.
CA P V T 21
regra resulta, com razão, que nem Darapti nem Felapton nem os dois
modos que concluem indirectamente, Baralipton e Fapesmo, inferem
uma conclusão universal, embora constem de proposições universais,
pois, se se concluir uma universal, argumentar-se-á de um termo não
distribuído para um distribuído, como dizem os modernos, o que
fácilmente se tornará claro a quem nisso advertir. Não devem, portanto,
passar despercebidas estas regras.
Capítulo 21
ma-se de qualquer coisa sob ele contida c; por exemplo, se substância c Primeiros Ana
líticos, I, 1.
se diz universalmente de animal, uma vez que todo o homem está con
tido em animal, de todo o homem se dirá substância.
Outro é: tudo o que universalmente se nega do sujeito, nega-se
d No mesmo lu
de qualquer coisa contida sob ele^; por exemplo, se ter vida se gar.
negar universalmente de pedra, uma vez que toda a safira está con
tida em pedra, sem dúvida que a função de vida será negada a toda
a safira. Em que silogismos se
exerce a força quer
A força do primeiro princípio exerce-se no primeiro e no terceiro do primeiro princípio
modo da primeira figura, isto é, em Barbara e Darii; a do segundo, quer do segundo.
porém, no segundo e no quarto, que se chamam Celarent e Ferio.
Daqui resulta chamarem-se estes os princípios reguladores de todos os
silogismos, como que normas e regras de todos; por isso ainda, todos os
outros silogismos se reduzem àqueles quatro, nos quais primeiro se nota
a sua força, como diremos em breve.
392 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
C a p VT 22
NuIlie formse mutuo sese ab eodem subiecto expellentes, simul reperiri possunt
Syllogismus ostensi in eadem re,
vus. Omnia contraria sunt formas huiuscemodi,
Syllog. ex hypothesi. Igitur nulla contraria reperiri simul possunt in eadem re.
Capítulo 22
Quando ele vir que, da enunciação dada por ele e de outra manifes
tamente verdadeira, se deduziu uma coisa que não pode dar-se, negará
absolutamente o que absurdamente afirmou, e admitirá assim o que
tinha negado, pois não pode ser verdadeiro aquilo de que se conclui
alguma coisa impossível. Assim, o silogismo apresentado não conclui
directamente o enunciado, como: nem tudo aquilo de que se tira prazer
é bom (o que se desejava concluir contra o adversário), mas algo
impossível, cuja conclusão o obriga por um certo pacto e condição,
que, aliás, todos os que disputam entre si estabelecem, a retractar o
que tinha dito.
C Essa condição ou convenção tácita dos que disputam, pela qual Qual a condição ou
ele é obrigado, consiste nisto: se se verificar que duma asserção de alguém hipótese por que o si
logismo ao impossí
se conclui uma coisa que não pode dar-se, tal asserção é tida como vel se diz por hipó
retractada. O impossível, efectivamente, não se segue senão do impos tese.
sível, como atrás b se disse. Assim, pois, se faz a dedução ao impossível, b Neste livro,
a qual será evidente quando o silogismo que deduz o impossível for cap. 5.
Qual a dedução evi
perfeito, isto é, dos primeiros quatro da primeira figura, como é o que
dente ao impossível.
apresentámos como exemplo. Mais adiante, ensinaremos como se
torna evidente a necessidade de concluir com este género de silogismos
imperfeitos c. c Cap. 27
396 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
De syllogismo expositorio
Ca pV T 23
Capítulo 23
Do silogismo expositório
A A exposição, de que Aristóteles a usa muitas vezes, faz-se por um a Por exemplo,
determinado género de silogismos, que se chama expositório. Silo Primeiros Analíticos,
I, 2 e 6.
gismo expositório é aquele que consta de um termo médio singular. Que é o silogismo
Dentro em pouco, daremos exemplos. Uma vez que é natural aos termos expositório.
singulares serem sujeitos, chama-se expositório sobretudo e principal O silogismo exposi
mente o silogismo que se conclui na terceira figura. Nesta figura, tório constrói-se so
o termo médio é na realidade sempre sujeito, como é evidente pelo bretudo na tercena
figura.
B que se disse. Do que acima dissemos, resulta que, de um modo geral, Por que razão dife
os silogismos expositórios diferem dos que até agora tratamos nisto: rem os silogismos ex
C ester têm um termo médio comum; aqueles, singular. Se, portanto, positórios dos res
os silogismos expositórios constarem não só de um termo médio singular, tantes.
mas tiverem ainda ambas as proposições singulares, na primeira figura
concluirão apenas de dois modos, de outros tantos na terceira, e na
segunda de três. O primeiro modo da primeira figura, de duas afir
mativas, deduz uma singular afirmativa, deste modo:
Sócrates é sábio,
Este homem é Sócrates,
Logo, este homem é sábio.
Expositorii ex solo
Si tamen in hac figura minus extremum fuerit singulare, licebit D
medio singulari. priori modo concludere singularem affirmantem, posteriori autem singularem
Prima figu. negantem, quod facile est exemplis cernere. Si autem, expositorii syllo
gismi solum medium terminum habuerint singularem, in prima quidem
figura totidem erunt modi, quot in syllogismis ex medio communi, nec
ab illis different, nisi quod necessario habebunt maiores singulares ratione
Secunda.
medii, quod in maiore subiicitur. Exempla facile occurrent. In secunda
vero praeter quatuor vulgatos modos negative concludentes, quorum exempla
statim sese offerunt, alii quatuor ex utraque affirmativa affirmative colli
gentes reperientur, quorum primus ex utraque universali colligit univer
salem, ut si dicas,
Sócrates é sábio,
Sócrates é pobre,
Logo, certo pobre é sábio.
D Se, porém, nesta figura, o extremo menor for singular, será lícito Expositório apenas de
concluir no primeiro modo uma singular afirmativa, no segundo uma termo m®dio singu-
singular negativa, o que é fácil de verificar nos exemplos. Se, contudo, . . _
^ Na pruneira figura,
os silogismos expositónos tiverem apenas o termo médio singular, na
primeira figura existirão tantos modos quantos existirem nos silogismos
de termo médio comum, e não diferem deles, a não ser porque terão
necessariamente as maiores singulares em razão do termo médio, que é
sujeito na menor. Exemplos disso facilmente ocorrerão.
Na segunda, além dos quatro modos divulgados que concluem Na segunda,
negativamente, cujos exemplos imediatamente se oferecem, encontram-se
outros quatro que concluem afirmativamente de duas afirmativas;
o primeiro deles deduz de duas universais uma universal, como se se
disser:
Tertia. plures sunt quam duo modi, quos iam tradidimus. Illud tamen obiter E
admonuerim, hoc syllogismorum genere ex utraque sumptione particulari
aliquid in secunda figura ex vi formae, concludi: itemque ex particulari
colligi universalem: id quod supra animadvertendum diximus.
[Possunt autem hi quatuor modi affirmative concludentes in secunda
figura (si quis illos inficietur) revocari ad modos primae solius maioris
conversione: primus quidem, et tertius ad primum: secundus vero, et
quartus ad tertium. Possunt etiam probari per deductionem ad incommo
dum: primus, et tertius, in Bocardo: secundus, et quartus, in Feri son.
Nam ex contradictorio conclusionis cuiusque modi assumpta minore colligi
tur immediate contrarium, aut contradictorium maioris: modo ponas
b Lib. 3. c. 9. singularem negativam converti in universalem negativam, ut suprab
dictum est. Quanquam haec revocatio forsitan, non est naturalis, sed
ad hominem pertinacem, aut qui minus perspicaciter eorum vim consideret.
Nam cum huiusmodi syllogismi sint expositorii, fortasse non indigent
probatione, quia diligenter advertenti videntur per se noti, ut mox dicetur.
Tantum abest ut per Bocardo, et Ferison, qui per expositorios confir
mantur, probari debeant].
Capvt 24
Principia per se nota, Videntur autem omnes syllogismi expositorii habere necessitatem A
quorum vis exerce colligendi per se notam, et perspicuam, ac proinde esse perfecti, quia
tur in expositoriis
syllogismis.
constant medio termino, sive argumento, singulari, qui est maxime unus,
et absque ullo medio exercent vim illorum principiorum per se evidentium,
Quacunque sunt eadem uni tertio, sunt eadem inter se: Quacumque ita
sunt ad aliquid tertium affecta, ut alterum sit idem illi, alterum non idem,
E Mas na terceira figura nunca há mais que os dois modos, que já Na terceira.
apresentámos. Ainda assim, tocarei nisto de passagem: neste género
de silogismos, de duas proposições particulares, na segunda figura algo
se conclui por força da forma; do mesmo modo, de uma particular
se conclui uma universal. Atrás dissemos que isto deveria ser tido em
conta.
Os quatro modos que concluem afirmativamente na segunda figura
podem (se alguém os negar) reduzir-se aos modos da primeira, por con
versão apenas da maior: o primeiro e o terceiro ao primeiro, o segundo
e o quarto ao terceiro. Podem ainda provar-se por redução ao incon
veniente : o primeiro e o terceiro, em Bocardo; e o segundo e o quarto,
em Ferison. Efectivamente, do contraditório da conclusão de qualquer
modo, dada a menor, deduz-se imediatamente o contrário ou o con
traditório da maior, desde que se ponha uma singular negativa a con-
verter-se numa universal negativa, como atrás b foi dito. b Livro III, cap. 9.
Esta redução não é talvez natural, mas apenas aos olhos de uma
pessoa obstinada ou que com menor perspicácia considere a força desses
modos. Com efeito, sendo deste género os silogismos expositórios, tal
vez não careçam de prova, porque se apresentam conhecidos por si a
quem diligentemente neles advertir, como a seguir se dirá. Tão longe
estão [disso] que devem provar-se por Bocardo e Ferison, que, por sua
vez, se confirmam pelos expositórios.
Capítulo 24
A Parece, pois, que todos os silogismos expositórios têm uma neces Principios por si
sidade por si conhecida e percebida de concluir e, portanto, são per conhecidos, cuja for
ça se exerce no silo
feitos, pois constam de um termo médio ou argumento singular que gismo expositório.
é sobremaneira uno, e exercem sem qualquer meio a força dos princípios
por si evidentes: todas as coisas que são idênticas a uma terceira são
idênticas entre si; todas as coisas que estão relacionadas com uma ter-
dicta sint provectis, ne quis forte minus attente rem considerans hosce modos inficie
tur. Nam alioqui fortasse non indigent probatione, quia diligenter advertenti videntur
per se noti, ut mox dicetur. Tantum abest ut, cum expositorii sint, per Bocardo et
Ferison, qui per expositorios confirmantur, probari debeant.
[Esta nota corresponde ao conteúdo do final deste capítulo da edição seguida].
A 3-A 4 — maxime unus et proxime exercent...
26
402 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
non sunt eadem inter se: in quibus nomine terti potissimum intelligitur
aliquid singulare. Merito ergo huiusmodi syllogismi dicti sunt expositorii, B
Cur expositorii Syllo quia sunt adeo perspicui, et evidentes, ut rem ipsam sensibus exponere
gismi hoc nomine ap
pellentur.
videantur. Unde etiam fit, ut non ab re demonstrationes sensibiles appel
Obicctio. lari soleanta. Sed contra heee sic liceat argumentari: Hce sunt vitiosce, C
a Ab alex. 1. prio.
2. et 6. et ab aliis.
ac fallaces argumentationes, Essentia divina est pater, essentia divina
est filius, ergo filius est pater: Pater non est filius, pater est essentia divina,
ergo essentia divina non est filius: et tamen hi modi, traditi sunt in tertia
Solutio. figura (cum hi termini, Essentia divina, et Pater in divinis sint singulares)
igitur perperam traditi videntur. Respondebis tamen, nomine medii D
termini singularis, quo syllogismus expositorius propositum confirmat,
intelligendum esse eum, qui accipitur pro aliqua re individua, qua nec est
Lege Scotum 1. d. 2.
q. 7. et Dur. 1. d. 33. piltres res, nec est idem re cum ea, qua est plures res (sic enim intellecto
q. 1. et Ochamum. 3. nomine tertii perspicua sunt duo illa principia, qua attulimus: alioqui non
part. logicie. c. 16.
parum habent ambiguitatis) at hunc terminum Essentia divina accipi
pro quadam re individua, hoc est, pro ipsa Deitate, qua tamen est plures
res, id est plura, supposita divina: et hunc terminum Pater (in divinis)
accipi pro quadam re individua, hoc est, pro prima persona Trinitatis,
Aristotelis sententia.
qua tamen est idem re cum essentia divina, equa est plures res. Non
cernuntur ergo modi supradicti in propositis argumentationibus. Quan- E
quam Aristoteles nullum terminum singularem negaret posse esse medium
terminum, syllogismi expositorii, qui lumine fidei minime illustratus, nul
lam cogitabat rem singularem, qua simul esset plures res. Unde apud
ipsum duo illa principia habentur per se nota, accepto nomine tertii pro
quacumque re singulari.
Ca pV T 25
His ergo positis, facile erit intelligere, quo pacto necessitas colligendi A
imperfectorum syllogismorum per perfectos confirmetur. Quanquam
enim satis ea probari possit ex eo, quod eadem forma retenta in nulla
ceira de tal modo que uma lhe seja idêntica e a outra não, não são idên
ticas entre si. Aqui, pela expressão «terceira», entende-se sobretudo
algo singular.
B Com razão, pois, os silogismos deste género se chamam expositori os, Porque é que os silo
porque são de tal modo claros e evidentes que parecem expor a própria gismos expositórios
são designados por
coisa aos sentidos. Donde resulta ainda que, não sem razão, costumam a este nome.
chamar-se demonstrações sensíveis. Objccção.
C Mas, contra isto será lícito arguir assim: são viciosas e falaciosas a Por Alexandre,
estas argumentações: a essência divina é o Pai, a essência divina é o Primeiros Analíti
Filho, logo o Filho é o Pai; o Pai não é o Filho, o Pai é a essência divina, cos, I, 2, 6; e por
outros.
logo a essência divina não é o Filho — e, no entanto, estes modos foram
D dados na terceira figura (uma vez que estes termos «essência divina» Solução.
e «Pai», nas realidades divinas, são singulares); portanto, foram mal
dados. Responder-se-á, todavia: pelo nome de termo médio singular,
com que o silogismo expositório confirma o enunciado, deve eníender-
-se aquele termo que se toma por uma realidade individual, realidade
que não é várias realidades nem o mesmo que uma realidade que é
várias realidades (assim entendido, com efeito, o nome terceiro, são Leia-se Escoto, I,
claros aqueles dois princípios que demos; de contrário, têm muito de disputa 2, questão 7;
e Durando, I, dispu
ambiguidade); mas a expressão «essência divina» toma-se por uma reali ta 33, questão 1; e
dade individual, isto é, pela própria deidade, que, não obstante, é várias Occam, III parte da
coisas, isto é, vários supostos divinos; e a expressão «Pai» (nas reali Lógica, cap. 16.
dades divinas) toma-se por uma realidade individual, isto é, pela primeira
Pessoa da Trindade, a qual, todavia, é a mesma realidade que a essência
divina, que é várias realidades. Não se vêem, portanto, nas argumenta
ções propostas, os supraditos modos.
E Embora Aristóteles não tenha negado que algum termo singular Opinião de Aristóte
pudesse ser termo médio do silogismo expositório, contudo, carecendo les.
da ilustração que dá a luz da fé, não concebia nenhuma realidade sin
gular que pudesse ser simultáneamente várias realidades. Daí que, para
ele, aqueles dois princípios sejam tidos como conhecidos por si, tomando
o termo «terceiro» por qualquer realidade singular.
Capítulo 25
A Posto isto, fácil será entender como, através dos perfeitos, se con
firma a necessidade de concluir dos silogismos imperfeitos. Embora
ela possa provar-se suficientemente pelo facto de, conservada a mesma
404 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
lam sic.
Nullum animal est lapis,
et quaedam substantia est animal *,
Igitur quaedam substantia non est lapis.
Agora assim:
,
Detegitur artificium quo vocabula imperfectorum modorum
indicant eorumdem probationem
CapVT26
C a p í t u l o 26
nec minor potest esse negativa, ut in tribus prioribus, nec maior parti
cularis, ut in quarto. Cceterum huiusmodi commutatio non est intelli- B
genda secundum situm, partium orationis (hcec enim non est necessaria,
cum scepe in prima figura maior propositio posteriorem locum, minor
priorem obtineat) sed secundum naturam. Poterat sane significatio
huius Utera praetermitti, quia sola conversio docet, quae sumptio imper
Poterat significatio fecti syllogismi fiat maior in perfecto, quae minor. Denique, C post
M. praetermitti.
primam syllabam in dictione positum, significat modum talem non ostensive,
seu directo confirmari posse, sed deductione ad impossibile, sumpta videlicet
contradicente conclusionis in syllogismo perfecto loco illius sumptionis,
quae designatur per vocalem praecedentem, ut statim patebit. Atque
iccirco in duobus tantum modis invenitur, in Baroco nimirum, et Bocardo.
pode ser negativa, como nos três primeiros, nem a maior particular,
B como no quarto. De resto, a mutação deste género não deve ser
entendida segundo a situação das partes da oração (esta não é necessária,
uma vez que, muitas vezes, na primeira figura, a proposição maior
ocupa o lugar da segunda e a menor o da primeira), mas segundo a
natureza. A significação desta letra, podia, sem dúvida, omitir-se; Podia omitir-se a si-
porque so, a conversão~ ensina qual a ,proposição· do
~ j -t · ■ e ■. gnificação de M.
silogismo ímperíeito
que, no perfeito, se torna maior, e qual a menor.
Finalmente, C, posto na palavra depois da primeira sílaba, significa
que tal modo pode confirmar-se, não ostensiva ou directamente, mas por
redução ao absurdo, tomando, evidentemente, no silogismo perfeito,
a contraditória da conclusão, em lugar daquela proposição que é desi
gnada pela vogal precedente, como logo ficará claro. E, por isso, encon
tra-se apenas em dois modos, a saber em Baroco e em Bocardo.
Capítulo 27
Iam sic.
At
Agora assim:
Mas:
Todo o homem é animal (como tinhas dito),
Logo nenhum homem é animal e todo o homem é animal,
C a p í t u l o 2 8
A Finalmente, a prova por exposição dos silogismos imperfeitos (pela A prova pelo silo
qual Aristóteles confirma a necessidade de concluir dos silogismos da gismo expositório
terceira figura) pode fazer-se de dois modos. Primeiro: concluindo clara faz-se de dois modos.
mente, das proposições de um silogismo imperfeito, proposições de
um silogismo expositório, das quais se deduz a conclusão do imperfeito.
Princípio em que se
B Na verdade, uma vez que tudo o que se segue do consequente se segue apoia esta prova.
do antecedente, verificar-se-á que a conclusão, que for deduzida das
proposições do silogismo expositório, se deduz também das proposições
416 1NSTITVTI0NVM DIALECTICARVM LIBER VI
Tum sic.
Agora:
De modalibus syllogismis
C a p v t 29
Capítulo 29
De syllogismis ex obliquis
Ca pV τ30
Capítulo 30
Capítulo 31
a Primeiros Ana
De algumas propriedades dos silogismos líticos, livro II, do
cap. 1 até ao 17.
A Aristóteles a apresenta seis propriedades ou poderes dos silogismos
simples.
A primeira é a de concluir várias coisas. Quem, na verdade, infere
uma subalternante pode também inferir uma subalternada, e quem
conclui uma convertida pode concluir uma convertente. Esta proprie
dade é mais desenvolvida por Aristóteles, mas, neste lugar, bastará tê-la
b Cap. 5.
enunciado.
B A segunda propriedade é a de deduzir coisas verdadeiras das falsas.
Efectivamente, pela mesma forma de raciocínio com que concluímos o
verdadeiro de coisas verdadeiras, podemos concluir o mesmo verdadeiro
de coisas falsas; o que facilmente se entenderá pelo que se disse atrás b.
428 INSTITVTIONVM DIALECTICARYM LIBER VI
Et rursus.
Conversio late ac- Hic conversio late accipitur, ut scilicet complectitur reciprocationem C
cepta' simplicem ex vi mater ice, quce quidem fit inter terminos convertibiles, hoc
est, qui de se invicem universali affirmatione dicuntur, quales sunt ii ex
quibus nunc propositi syllogismi confecti sunt. Unde fit, ut perfecta cir
culatio, hoc est, qua utraque sumptio concluditur in Barbara duntaxat
fieri possit.
Quarta est, Conversive ratiocinandi. Quod tunc potissimum fieri D
[b Ibid. cap. 8. et docet Aristoteles b, cum ex contradictorio conclusionis, cum altera sumptio-
Cast^ num, colligitur contradictorium alterius sumptionis. Hoc modo diximus
[c cap. 27.] supra c, probari posse omnes imperfectos syllogismos.
Quinta est, Ratiocinandi per impossibile. Quod quo pacto fiat E
[d cap. 22. et 27.] superius cl diximus, cum de syllogismo ducente ad impossibile disseruimus.
Differt autem hcec potestas a superiori, quod ilia requirit confectum prius
syllogismum, ut sumat contradictorium conclusionis cum altera sumptio
num, hcec solum ponit negatam esse aliquam veram propositionem, cuius
contradicentem cum aliqua perspicue vera propositione accipit.
Sexta est, Ratiocinandi ex oppositis. Quod tunc fit, cum ex duabus F
INSTITUIÇÕES DIALÉCTICAS — LIVRO VI 429
E ainda:
C Toma-se aqui a conversão em sentido lato, isto é, de maneira que Conversão tomada
encerre simples reciprocidade por força da matéria; aquela que, aliás, em sentido lato.
se faz entre termos convertíveis, isto é, os que se dizem uns dos outros
por uma afirmação universal, tais como aqueles de que agora fizemos
o silogismo apresentado. Acontece, portanto, que a perfeita circulação,
isto é, aquela pela qual se concluem ambas as proposições, pode fazer-se
apenas em Barbara.
D A quarta é a de raciocinar conversivamente. Isto mesmo ensina
Aristótelesb a fazer sobretudo quando, do contraditório da conclusão b No mesmo lu
gar, cap. 8 e seguin
com uma das proposições, se deduz o contraditório da outra proposição. tes.
Dissemos acima c que todos os silogismos imperfeitos podiam provar-se c Cap. 27.
deste modo.
E A quinta é a de raciocinar pelo impossível. O modo como se faz
d Caps. 22 e 27.
dissemo-lo acimad, quando discorremos acerca do silogismo que
conclui no impossível. Esta propriedade difere da anterior nisto:
aquela requer o silogismo feito de antemão para tomar o contraditório
da conclusão com uma das proposições; esta supõe somente que foi
negada alguma proposição verdadeira, cuja contraditória se toma com
alguma proposição manifestamente verdadeira.
F A sexta é a de raciocinar a partir de opostos, o que acontece quando,
430 INSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
Capítulo 32
Nam qui alteram tollit, ut alteram ponat non recte concludit, ut si dicas,
Potest enim cubare. Huius generis tres sunt modi. Aut enim utraque
pars propositionis affirmat, ut in proposito exemplo cernis, aut utraque
negat, ut si dicas,
Efectivamente, quem tira urna para pôr outra não conclui recta
mente, como se se disser:
Vel,
Non vigilat autem,
Ergo dormit.
ou:
Ora não está acordado,
Logo, dorme,
Ou é dia ou é noite,
Ora é dia,
Logo, não é noite,
ou:
Ora é noite,
Logo, não é dia,
Vel,
Non est autem nox,
Ergo dies.
ou:
Ora não é noite,
Logo, é dia,
De Enthymemate
Ca p V T 33
Capítulo 3 3
Do entimema
A Do entimema diz Aristótelesa que é um silogismo imperfeito,
não com a significação que se atribui a todos os que não são conhecidos
por si e evidentes (neste sentido, falámos atrás de silogismos imperfeitos),
a Primeiros Ana
mas em virtude da omissão de uma proposição. Exemplos: líticos, II, 27.
B Na primeira, falta a maior; na segunda, a menor. Daí que Boécio b, b Das Diferenças
dos Tópicos, II.
explicando a razão por que o entimema se chama silogismo imperfeito,
diz; o entimema é a oração na qual, não postas antes todas as proposições,
se tira uma conclusão apressada. c No lugar citado.
sententia (in qua ratio inseritur) enthymema dicatur, quia videtur ea, quce
ex repugnantibus conficitur acutissima, sola hcec proprie nomen commune
possidet i; ut, Quem quis non accusat, damnati Verum si ratio voca
buli habeatur, non modo omnis sententia, sed etiam quacumque mentis
conceptio enthymema, appellari potest. Dicitur enim enthymema, Quin- D
tiliano interprete §, commentum, et commentatio: Boetio vero h, animi
/ Cicero [ibi.] conceptio. Quo nomine videtur hoc argumentationis genus appellatum,
ut ab exemplo, quod est alterum genus popularis argumentationis, distin
g Lib. 5. c. 10. gueretur. Exemplum enim ex re singulari sensui subiecta contendit
h Lib. 5. in topic.
aliquid efficere: enthymema vero ex ratione communi, quam animus apud
Cic.
Cur hoc argumenta se excogitat. Id quod Aristoteles docet l. Per exempla, inquit, et fabulas E
tionis genus dictum
sit enthimema.
facilius discitur. Sunt etenim quaj explorata habeantur, et particularia
i In proble. secti. sint. Enthymemata vero demonstrationes sunt ex universalibus, quce
18. q. 3.
minus quam particularia novimus, et ccetera. Quo minus mihi fit verisi
Alia ratio minus verimile, propterea hanc argumentationis formulam enthymema fuisse nomi
similis. natam, quod h Ονμω, hoc est, in animo maneat illa sumptio, quce prce-
termittitur, ut quidam volunt.
De inductione
C a p VT 3 4
a 1. Top. 10.
Capítulo 34
Da indução
a Tópicos, I, 10.
A Indução é o processo que vai de coisas singulares para universais
como a: todo o animal se alimenta, e toda a planta se alimenta; logo,
todo o ser vivo sc alimenta; do mesmo modo: nem o ouro a Creso,
nem a força a Aquiles, nem a eloquência a Demóstenes, nem a glória
a Alexandre, lhes puderam trazer felicidade, e assim se passa com as
restantes realidades caducas; não há, pois, ninguém que possa alguma Qual a indução mais
vez ser feliz com as coisas que passam com o tempo. A indução faz-se, importante,
portanto, quer afirmando, quer negando. Faz-se ainda não só quando,
b Metafísica, I, 6;
B de coisas singulares, avançamos até às universais, mas também quando, e Metafísica, XIII, 4.
de qualquer gênero de partes, concluímos para o todo. A que avança
de coisas singulares para coisas universais é a indução principal, desde
que pelo nome de singulares se não entenda apenas aquilo que realmente
é singular, mas ainda o que é menos universal. Aristótelesb atribui
este género de indução a Sócrates, como seu primeiro autor, pois foi
444 1NSTITVTIONVM DIALECTICARVM LIBER VI
colligebat. Quam autem vim habeat inductio alio loco dicemus, certe
populari sensui est valde accommodata c. In ea tamen diligenter curan- C
dum est, ne qua pars preetermittatur. Aut igitur omnes numerandae
sunt, aut si tam multa existant, ut vel numerari omnino, vel facile, ac sine
c 1. top. 10. fastidio non possint, paucis quibusdam recensitis addenda sunt heee verba,
Praeceptum dividendi.
Et ita in reliquis, aut similia.
Si vero huiusmodi verba addideris, antecedensque et consequens eisdem D
praecise terminis constiterint, tum demum inductio erit consequentia for
malis: ut si dicas, Hic ignis urit, et ille ignis urit, et ita reliqui ignes, igitur
De exemplo
Exemplum quid.
CapVT35
a 2. Rhe. ad The.
20.
Exemplum rei gestae.
Parabole, seu col Exemplum est oratio, in qua singulare aliquid ex uno, aut perpaucis A
latio.
similibus confirmari contenditur. Hoc vero duplex est a. Alterum rei
gestee autoritate, alterum fictce, et ut gestee commemoratione nititur.
Posterioris rursus duo sunt genera. Alterum dicitur Parabole, id est,
collatio: alterum, Apologus. Exempla primi generis. Darius capta B
/Egypto statim in Greeciam traiecit, ergo rex Persarum nisi arceatur
AEgypto in Greeciam traiiciet: Florentini civili dissidio reipublicee adminis-
trationem amiserunt, itemque Senenses, ac Pisani, ergo et Venetorum
Respublica collabetur, si cives cum civibus depugnaverint. Exemplum
Capítulo 35
CapVT36
Capítulo 36
Capítulo 37
Particularis affirma
tiva, quo. Secundum. Ut quaestio particularis affirmativa confirmetur, quceren- F
dum est medium, quod idem sit antecedens prcedicati, et subiecti, aut
consequens prcedicati, et antecedens subiecti. Hac arte probabis, quan-
dam substantiam esse viventem, vel sumpto animali pro argumento, ut
propositum concludas in tertia figura, veluti hoc modo,
Quarta: Para se confirmar uma particular negativa, deve procurar-se Com que argumento
se deve confirmar a
um termo médio que, ao mesmo tempo, seja antecedente do sujeito particular negativa.
e repugne ao predicado. Por isto provar-se-á que alguma substância
não é viva, tomando pedra por argumento, e concluindo na primeira
figura deste modo:
Nenhuma pedra é viva,
Uma certa substância é pedra,
Logo, uma certa substância não é viva.
Vel sumpto sensus experte pro medio, ut concludas in Celantes, aut Cames-
tres hoc modo,
Nullum sensus expers est homo,
Omnis lapis est sensus expers,
Igitur nullus homo est lapis.
Quarta: Para se confirmar uma particular negativa, deve procurar-se Com que argumento
um termo médio que, ao mesmo tempo, seja antecedente do sujeito se deve confirmar a
particular negativa.
e repugne ao predicado. Por isto provar-se-á que alguma substância
não é viva, tomando pedra por argumento, e concluindo na primeira
figura deste modo:
Nenhuma pedra é viva,
Uma certa substância é pedra,
Logo, uma certa substância não é viva.