Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa abordar o processo histórico, social, político e
assistencial da Reforma Psiquiátrica, desde os primórdios, por meio dos elementos
que se fizeram necessários e emergenciais na atuação dos projetos de medidas
para mudanças na área da saúde mental.
Ressalta sobre os movimentos reformistas que participaram ativamente neste
processo, nos períodos pré e pós reforma, com seus impactos e conseqüências
diante do contexto da luta antimanicomial, assim como a questão do reconhecimento
da necessidade de se combater a autonomia e poder de conhecimento absoluto da
psiquiatria nesta realidade.
Visa rastrear desde o princípio da historia da saúde mental, em todos os seus
processos evolutivos, através dos movimentos políticos e sociais até aos dias atuais,
e a sua realidade ainda em construção de mudanças.
O mesmo autor acima citado (op.cit) diz que o manicômio seria como expressão de
um modelo que se calça na tutela, na vigilância, no tratamento moral, na imposição
de ordem, na punição corretiva, no trabalho terapêutico, na custodia e interdição.
Assim, enquanto alienado, ele estaria incapaz até mesmo de decidir pelo próprio
tratamento, motivo este que justificaria que fosse tomada a decisão em seu lugar.
Na virada do século XVIII para o século XIX, começou a haver uma predominância
do pensamento ligado à doutrina organicista. O apego aos tratamentos físicos
resultou das dificuldades práticas do tratamento moral e a urgências determinadas
pela superpopulação nos manicômios. O desenvolvimento da anatomia patológica
influenciou fortemente o pensamento da psiquiatria da época, fazendo com que os
alienistas buscassem causas orgânicas da loucura e desenvolvessem
conseqüentemente, procedimentos terapêuticos físicos e medicamentosos.
Diante disso mudou-se a forma de se pensar acerca das causas da loucura,
as críticas ao modelo fechado e autoritário, que continuava presente nos hospícios
da época, fizeram surgir à proposta de criação de colônias de alienados. Essas
colônias tinham como objetivo por um lado, neutralizar as denúncias de
superlotação, aprisionamento e violência presentes nos hospícios, e por outro,
transformar o modelo assistencial.
CONCLUSÃO
A Reforma Psiquiátrica vem no decorrer dos tempos enfrentando lutas e
persistentemente continua no processo de busca de mudanças favoráveis ao
reconhecimento da cidadania do doente mental. É óbvia a situação de limitações
que torna o doente um ser social carente de atenção e respeito, porém a busca pelo
espaço de cidadania destes torna-se cada vez mais real.
Reconhece-se que a iniciativa por meio da Reforma Italiana foi a principal
influenciadora do processo na luta antimanicomial, onde o doente mental era visto
pela sua subjetividade num contexto biopsicossocial. Sendo assim, este ser social
passa a ser analisado e avaliado por um processo global e não apenas restrito à
doença, buscando resgatar desta forma o seu espaço na sociedade respeitando as
suas limitações.
Todas as conquistas antimanicomiais conseguiram seus êxitos e avanços
através das experiências de desisntitucionalização, entretanto reconhecemos a
necessidade de constantemente redimensionarmos a nossa atenção para as
práticas regentes, com o intuito de mantermo-nos em equilíbrio com as propostas
estruturais da Reforma Psiquiátrica Italiana.
A ênfase das ações de saúde nos territórios constitui-se na própria essência
da desinstitucionalização da psiquiatria. Entretanto, estas devem transpor a
centralização das ações no modelo biomédico, na doença, através de uma
abordagem que articule o tratamento, reabilitação psicossocial, clínica ampliada e
projetos terapêuticos individualizados, sem esquecer a necessidade de investimento
na instrumentalização dos profissionais para avançar na inclusão do cuidado à
saúde mental no Sistema Único de Saúde, com vistas à reversão do modelo
assistencial.
No Brasil a reforma psiquiátrica tem sido favorecida pelas possibilidades de
novas abordagens, novos princípios, valores e olhares às pessoas em situação de
sofrimento psíquico, impulsionando assim formas mais adequadas de cuidado ao
transtorno mental no seu âmbito familiar, social e cultural, isto devido a criação de
novos dispositivos e inserção de ações de saúde mental na saúde pública.
REFERÊNCIAS
ALVES, C. F de O. et.al. Uma breve historia da reforma psiquiátrica.
Neurobiologia, 72 (1), jan/mar, 2009. Disponível
em: http://www.neurobiologia.org/ex_2009/Microsoft%20Word%20-
%2011_Ribas_Fred_et_al_Rev_OK_.pdf Acesso em: 26/10/2010.
AMARANTE, P. Reforma Psiquiátrica e Epistemologia. Cad. Bras. Saúde
Mental, vol.1, n.1, jan-abr. 2009.
ELIAS, P. E. Análises sobre a reforma sanitária e concepções políticas
subjacentes: a visão autoritária do ideário progressista. Saúde soc.. 1993, vol.2, n.1,
pp. 59-73. ISSN 0104-1290.
GALLO, E. ; LUCHESI G.; MACHADO N. F.; RIBEIRO P. T. Reforma
sanitária: uma análise de viabilidade. Disponível em
http:// WWW.scielo.br/scielo.php?pid=S0102> Acesso em: 04/11/10.
HIRDES A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão. Disponível em
<http:// WWW.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413> Acesso em: 04/11/10.
RESENDE, H. Política de saúde mental no Brasil: uma visão histórica. In:
BEZERRA JÚNIOR, B. Cidadania e loucura – Políticas de saúde mental no Brasil.
Petrópolis, Vozes, 1987, Cap.1, p.1-73.
RODRIGUES, R. C; MARINHO, T. P. C. et.al Reforma psiquiátrica e inclusão
social pelo trabalho. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2010, vol.15, suppl.1, pp. 1615-
1625. ISSN 1413-8123.
SILVA, J. F. Filho. A medicina, a psiquiatria e a doença mental. In: Tundis SA,
Costa NR, organizadores. Cidadania e loucura: política da saúde mental no Brasil.
Petrópolis (RJ): Vozes/Abrasco; 1987. p. 75-102.
TEIXEIRA, S. F. Reflexões teóricas sobre democracia e reforma sanitária. In:
TEIXEIRA, S. F. Reforma sanitária em busca de uma teoria. São Paulo:
Cortez/ABRASCO, 1989. p. 17-46.