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ENFERMAGEM DE SAÚDE INFANTIL E PEDIATRIA

O IMPACTO DA DOENÇA E A HOSPITALIZAÇÃO NA


CRIANÇA/ADOLESCENTE E FAMÍLIA

Professores: Jorge Apóstolo, Ana Perdigão, Lurdes Lomba, Marília


Flora e Sandra Lopes
Sumário

1. Retrospetiva histórica. Estudos de Bowlby e Spitz

2. Cenário e consequências da hospitalização da


criança até meados do séc.. XX

3. Mudanças na hospitalização da
criança/adolescente

4. Fatores gerais e de estresse que influenciam as


reações da criança/adolescente à hospitalização
Sumário

5. Reações dos familiares face à hospitalização


da criança/adolescente
6. Cuidados de Enfermagem à
criança/adolescente hospitalizados
7. Cuidados de Enfermagem à família
8. Carta dos Direitos da Criança /Adolescente
Hospitalizados
1. RETROSPETIVA HISTÓRICA. ESTUDOS DE BOWLBY E SPITZ

“ Para a saúde mental do lactente e da criança


pequena é essencial que estes possam
estabelecer uma relação calorosa, íntima e
contínua com a mãe” Bowlby, 1951
Spitz e Bowlby demonstraram as consequências
desastrosas da separação por longo tempo de
mãe e bebés dando origem a fenómenos de
hospitalismo com consequências negativas no
─ Desenvolvimento
─ Saúde mental no futuro
2. CENÁRIO DA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA NOS MEADOS DO
SEC. XX

─ Internamento da criança / separação da mãe e

família

─ Curtos períodos de visita

─ Internamentos prolongados e em serviços de

adultos

─ Crianças acamadas, inativas / isolamento

─ Tratamentos dolorosos sem anestesia ou analgesia


2. CENÁRIO DA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA NOS MEADOS DO
SEC. XX
2. CENÁRIO DA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA NOS MEADOS DO
SEC. XX

CONSEQUÊNCIAS DA
HOSPITALIZAÇÃO NA CRIANÇA

Atitudes depressivas, negativismo, pânico,


apatia

Regressão, ansiedade, agressividade, problemas


de sono, de alimentação…

Problemas de comportamento, dificuldades de


leitura, delinquência, psicopatologia..
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE

Serviços
Acompanhamento
especializados da criança
de pediatria pela mãe

Cuidados
atraumáticos
Cuidados
centrados
Atividades Assistência na família
lúdicas, à criança na
recreativas e atualidade
pedagógicas

Redução
do tempo
Adequação de internamento
Modificação dos cuidados
do ambiente à individualidade
físico da criança
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
3. MUDANÇAS NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA AO
EestresseE DA HOSPITALIZAÇÃO

─ A criança é particularmente
vulnerável à doença e hospitalização

─ Os pais são também muito


vulneráveis à doença e hospitalização
das crianças

─ Os efeitos da hospitalização fazem-


se sentir antes, durante após a
hospitalização
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA AO
EestresseE DA HOSPITALIZAÇÃO

Comportamentos de crianças após a hospitalização


Crianças mais pequenas
─ Indiferença inicial em relação aos pais (de alguns
minutos alguns dias)
─ Tendência para se agarrar aos pais e exigindo
muita atenção
─ Não toleram períodos de separação
─ Medos
─ Resistência a ir para a cama e alterações de sono
─ Afastamento e timidez/hiperatividade/birras
─ Enjoo de comida
─ Apego a objetos de ligação
─ Regressões em aptidões já adquiridas
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA AO
EestresseE DA HOSPITALIZAÇÃO

Comportamentos de crianças após a hospitalização


Crianças maiores

─ Indiferença emocional seguida de dependência

excessiva dos pais

─ Raiva em relação aos pais

─ Ciúmes em relação a outros (irmãos )


4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA AO
EestresseE DA HOSPITALIZAÇÃO

FACTORES DE RISCO INDIVIDUAL QUE AUMENTAM AVULNERABILIDADE


DA CRIANÇA/ADOLESCENTE AO EestresseE DA HOSPITALIZAÇÃO

─ Temperamento “difícil”
─ Idade (6 meses a 5 anos)
─ Sexo masculino
─ Dificuldade de ligação pais/criança
─ Alterações de desenvolvimento
─ Eestressee múltiplo e contínuo
(Ex. hospitalizações frequentes)
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA AO
EestresseE DA HOSPITALIZAÇÃO

1 - Idade e desenvolvimento
6 meses 4/5 anos

Muito perturbadora
Separação
Menor capacidade de
compreender a situação

Tratamentos assustadores

Idade escolar
Menos perturbadora
(cognitivo e afetivo)
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA À
HOSPITALIZAÇÃO

2 - Experiências prévias de separação melhor


adaptação
3 - Hospitalizações anteriores

 1 internamento < a uma semana riscos reduzidos


 2 ou mais internamentos : risco de perturbações
(criança em idade pré-escolar)

4 - Características da doença
 Gravidade/Dor e sofrimento
 Amputação / isolamento
 Imobilização / cuidados intensivos…
 Mais de duas semanas de internamento
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA À
HOSPITALIZAÇÃO

5 - Condições ambientais
Espaços diferenciados

6 - Atitudes da equipa
Comunicação empática e assertiva
Acolhimento
Autonomia dos pais
Apoio e informação

7 - Controlo da dor
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA À
HOSPITALIZAÇÃO

8 - Atitude dos pais - Presença dos e continuidade


de cuidados

Ansiedade materna está correlacionada com a dos


filhos

Pais ansiosos Filhos queixosos


“ Contágio emocional” por meios verbais e não verbais
“ Crise parental” reduz as atitudes educativas
“ Os mecanismos de transmissão da perturbação
Fomentam a perturbação na criança
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA À
HOSPITALIZAÇÃO

9 - Programas de informação e preparação para a


hospitalização
UM DIREITO DA CRIANÇA


↓ Gastos
Compreensão
hospitalares
↓ Níveis de sobre as
ansiedade experiências

↓ Discrepância
Preparação Entre o esperado
Hospitalização e o vivido

↓ Problemas
comportamento ↑ Maior grau de
durante e após Previsibilidade
hospitalização
Facilita o
↑ Sentido de confronto com
controlo situações
eestresseantes
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA À
HOSPITALIZAÇÃO

10 - OUTROS FATORES:

Mecanismos de adaptação/enfrentamento
inatos e adquiridos

Reação dos elementos da


Família (Ex.: Irmãos)

Limitações impostas

Tipo de tratamento e
efeitos colaterais
4. FATORES IN SITU QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA CRIANÇA À
HOSPITALIZAÇÃO

1. Separação

2. Perda de controlo

3. Lesão/medo de lesão corporal e dor


4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

1. SEPARAÇÃO

A separação da criança dos pais, irmãos ou pessoa


significativa, seja qual for a idade, pode traduzir-se
em sentimentos de abandono!
Consequências:
─ Regressão
─ Ansiedade
─ Perturbações do sono
─ Perturbações alimentares
─ Perturbações do comportamento (entre outras)
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

2. PERDA DE CONTROLO

A perceção de controlo da situação é um dos fatores


que mais influencia o estresse da hospitalização

A falta de controlo aumenta a sensação de ameaça!

3. LESÃO CORPORAL E DOR

Importante fator de estresse que influencia a


resposta da criança ao internamento

A reação às lesão corporal e dor diferem nos vários


períodos do desenvolvimento
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

1. SEPARAÇÃO
(Principal fator de eestressee das crianças entre os 6 e os 30 meses)

Respostas comportamentais:
─Fase de protesto (a criança reage de modo agressivo,
não colaborante, e com choro à separação dos pais)
─Fase de desespero (para o choro, instala-se a depressão)
─Fase do desligamento (a criança aparenta ter-se
ajustado à perda, a criança já interage, mas este
comportamento é de resignação e não de contentamento)
PS- face á presença dos pais nas unidades estas duas
últimas fases dificilmente ocorrerão
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

2. PERDA DE CONTROLO - Lactente


─ O sentimento de confiança desenvolve-se na
relação consistente com o cuidador e que a criança
controla com expressões como o choro ou do
sorriso
─ Cuidados em função das necessidades da equipa
Desvios à rotina diária do lactente
Potenciando a perda de
controlo
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

3. LESÃO CORPORAL E DOR - Lactente

─ Expressão facial de desconforto: consistente


indicador de dor
─ Resposta à dor: semelhante às reações mais
precoces condicionada por
─ experiências anteriores
─ resposta emocional dos pais

Podemos observar também

Respostas corporais generalizadas, choro alto,


gestos faciais
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

2. PERDA DE CONTROLO – Toddler (1-3 anos)

─ Os toddler desenvolvem autonomia nas sua


atividades e qualquer alteração às rotinas de
cuidado (alimentação, sono, brincadeira..) leva ao
sentimento de perda de controlo

Importância de manter as rotinas!

─ A principal reação é a regressão (perda transitória


de controlo de esfíncteres por exemplo)
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REAÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

3. LESÃO/MEDO DE LESÃO CORPORAL E DOR - Toddler

Imagem corporal e Limites Experiências invasivas


corporais mal definidos (mesmo indolores)
produzem muita ansiedade

Reações à dor semelhantes Memória, contenção física,


ao lactente, mas com separação dos pais,
variáveis de resposta mais preparação para
alargadas procedimento

Resposta à experiência Inclui resistência física


dolorosa (real ou imaginária)
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO
2. PERDA DE CONTROLO PRÉ-ESCOLAR

─ Predomínio do pensamento egocêntrico e mágico


que limita a sua capacidade de compreender os
factos
─ As explicações fantasiadas são, em geral, mais
exageradas e ameaçadoras do que a realidade

Fantasia típica: internamento = punição por erros


reais/imaginários

Importante explicar todos os procedimentos


(linguagem simples e concreta, evitar termos com
significados vários )
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

3. LESÃO CORPORAL E DOR – PRÉ-ESCOLAR

A doença deve-se a uma ação Verificam-se graus de


que a criança fez não fez responsabilidade /punição na
doença
Inicio da perceção do conceito de A criança define doença pelo que
doença (estadio pré-operatório) lhe é dito ou evidências externas
(Ex. está doente porque tem febre)

Conceito de integridade corporal Grande preocupação com


mal desenvolvido pelo que mutilação ou perda de parte do
procedimentos corpo.(Ex.: medo da dor da injeção
invasivos são ameaçadores e do extravase corporal)

Localiza a dor Pode utilizar a escala da


dor de modo apropriado.
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

1. SEPARAÇÃO

CRIANÇAS DE IDADE ESCOLAR

Respostas comportamentais:
- Implorar presença dos pais
- Demonstrar desagrado no retorno dos pais
- Recusar rotinas habituais (alimentação, sono, …)
- Regressão no desenvolvimento (Ex: voltar a usar chupeta)
- Crises de raiva e de agressividade
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

2. PERDA DE CONTROLO - ESCOLAR

─ Funções familiares alteradas


─ Imobilidade física
─ Medos da morte, de abandono, de lesão, da perda da
aceitação pelos colegas
─ Incapacidade de lidar com o eestressee
─ Procedimentos hospitalares vistos como ameaça direta à
segurança não possibilitam liberdade de escolha
Permitir que a criança exerça
algum controlo melhora a reação
─ As limitações físicas/forçadas levam a depressão,
hostilidade ou frustração
Promover o ajuste com
atividades adaptadas
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO
3. LESÃO CORPORAL E DOR - ESCOLAR

Preocupa-se mais com a incapacidade, com a recuperação


incerta ou com a morte do que com a dor

Conhece o significado das doenças, a importância dos


órgãos, as consequências das lesões permanentes,
da perda de funções ou o significado da morte

Preocupa-se com os efeitos, finalidade e dor dos


Procedimentos (importância de ser informado de tudo)

Tolera bem o exame físico

Surgem preocupações com a privacidade/intimidade


4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

1. SEPARAÇÃO

FINAL DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Respostas comportamentais:
- Reagem mais negativamente à não realização de
algumas de atividades de vida
- Reagem mais negativamente à separação de colegas
do que aos pais
- Sentem necessidade de apoio dos pais mas não
expressam por receio de parecerem dependentes
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

2. PERDA DE CONTROLO - ADOLESCENTE

Qualquer interferência na A doença que limita as


identidade pessoal resulta capacidades físicas
numa perda de controlo

A hospitalização que o separa


de sistemas de suporte

─ O papel de doente fomenta a dependência e a


despersonalização
─ O adolescente reage com rejeição, isolamento, raiva ou
frustração
4. FACTORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO

3. LESÃO CORPORAL E DOR - ADOLESCENTE

Importância da imagem corporal


─ Qualquer doença ou alteração que o diferencie dos
colegas é uma tragédia mais importante do que a
gravidade real da doença
─ Reação à dor com muito autocontrolo
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO –
Conceitos de doença e dor em função do desenvolvimento

PENSAMENTO PRÉ-
PRÉ-OPERATÓRIO (2 a 7 anos)
CONCEITO DE DOENÇA CONCEITO DE DOR

 Percebe um fenómeno concreto  Relaciona a dor principalmente


externo, não relacionado, como com uma experiência física
a causa da doença, p. ex: “estou concreta.
doente porque não me portei  Pensa em termos do
bem” desaparecimento mágico da dor.
 Percebe a causa da doença  Pode visualizar a dor como
como a proximidade entre dois punição de ato errado.
eventos que ocorrem por  Tende a culpar alguém pela
“magia”, p.ex: “estou doente própria dor e pode bater na
porque estive ao pé de alguém pessoa
que está doente”
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO –
Conceitos de doença e dor em função do desenvolvimento

PENSAMENTO OPERATÓRIO CONCRETO 7-


7-10 anos e +
CONCEITO DE DOENÇA CONCEITO DE DOR

 Percebe a causa como uma  Relaciona a dor fisicamente,


pessoa, objeto ou ação externa p.ex: cefaleia, dor de estômago.
à criança que é má ou nociva  É capaz de perceber a dor
para o corpo, p. ex: “estou psicológica, p.ex: alguém que
constipado porque não usei chapéu” morre
 Percebe a doença como tendo  Tem receio da lesão corporal e o
uma causa externa, mas aniquilamento, p.ex: destruição do
estando localizada no corpo, p. corpo e a morte

ex: “estou engripado porque respirei  Pode visualizar a dor como uma
ar e vírus” punição por um ato errado
4. FATORES QUE INFLUENCIAM AS REACÇÕES DA CRIANÇA/ADOLESCENTE À HOSPITALIZAÇÃO –
Conceitos de doença e dor em função do desenvolvimento

PENSAMENTO FORMAL – LÓGICODEDUTIVO -13 anos e +


CONCEITO DE DOENÇA CONCEITO DE DOR

 Percebe a causa como um mau  É capaz de fornecer o motivo da


funcionamento ou não- dor
funcionamento de um órgão ou  Percebe vários tipos de dor
processo psicológica/ sofrimento
 Pode explicar a doença em  Apresenta experiências
sequência de eventos limitadas de vida para lidar com
 Imagina que as ações a dor como um adulto apesar da
psicológicas e atitudes afetem a compreensão amadurecida da
saúde e a doença dor
 Receia perder o controlo
durante a experiência dolorosa
…5. REAÇÃO DOS FAMILIARES FACE À HOSPITALIZAÇÃO DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE

DEPENDEM

─ Gravidade da situação
─ Experiência prévia de doença e hospitalização
─ Procedimentos médicos no diagnóstico e tratamento
─ Sistemas de suporte disponíveis
─ Capacidade de enfrentamento
─ Problemas adicionais no sistema familiar
─ Crenças culturais e religiosas
─ Padrão de comunicação com os elementos da família
-…
…5. REACÇÃO DOS FAMILIARES FACE À HOSPITALIZAÇÃO DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE

Pais Ocorre geralmente no fim da crise aguda,


na alta ou recuperação das criança (por
exaustão física e/ou psicológica)

Raiva ou/e Depressão


culpa
Após a idealização da doença

Medo,
Ansiedade
Descrença
Relacionados com a gravidade e o
tipo de procedimentos envolvidos
Quando a doença é
súbita/grave Frustração

Associa-se à falta de
informação (funcionamento hospitalar,
procedimentos, tratamentos,…)
…5. REACÇÃO DOS FAMILIARES FACE À HOSPITALIZAÇÃO DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE

Irmãos
Culpa Ressentimento

Solidão Medo

Ciúme

Preocupação

Raiva
6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA/ADOLESCENTE
HOSPITALIZADOS

1 - Avaliação na Admissão
Internamento eletivo vs não programado
Cuidados centrados na família CONCEÇÃO DE CUIDADOS
Cuidados atraumáticos
Parceria de cuidados

- Colheita de dados e apreciação


- Identificação dos diagnósticos
- Planeamento dos cuidados
- Execução
- Avaliação
…Cuidados de Enfermagem….

2 - Preparação para a hospitalização


A preparação para esta experiência baseia-se
no princípio de que o medo do desconhecido
Fantasiado excede o medo do conhecido
Pré-admissão:
─ O quarto deve atender à: idade da criança e colegas de
quarto, gravidade do diagnóstico, duração do
internamento
Admissão
─ Apresentação da enfermeira, instalações, companheiro de
quarto e pais à criança e família
─ Explicar regulamentos do hospital (horários, visitas, …)
─ Realizar a colheita de dados/história de enfermagem.
6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA/ADOLESCENTE
HOSPITALIZADOS

3 - Prevenção/Minimização da Separação

─ Promover a presença dos pais (e a parceria de cuidados)

proporcionando facilidade de alojamento e alimentação

─ Evitar a separação (sobretudo em crianças com menos de 5 anos)

─ Utilizar método individual de trabalho (enfº de referência)

─ Avaliação dos comportamentos da criança em situação


de separação
─ Ajudar os pais a compreender os comportamentos de
separação da criança (comunicar aos pais
a reacção da criança na sua ausência)
6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA/ADOLESCENTE
HOSPITALIZADOS

3 - Prevenção/Minimização da Separação

─ Permitir a presença de outra pessoa significativa

─ Incentivar a presença de objetos pessoais da


criança (associação ao ambiente familiar)

─ Promover a manutenção de atividades escolares


…Cuidados de Enfermagem….

4 - Minimização da Perda de Controlo

A perceção da perda de controlo resulta da


separação, restrição física, alteração das rotinas,
dependência forçada e pensamento mágico
Planear cuidados no sentido de:
─ Promover a liberdade de movimentos
─ Manter as rotinas diárias que sejam possíveis
─ Encorajar a autonomia
─ Promover a compreensão
…Cuidados de Enfermagem….

5 - Prevenção/Minimização/Medo da Lesão Corporal


As crianças têm medo da lesão corporal por mutilação, mudança
da imagem, incapacidade ou morte e a preparação para os
procedimentos dolorosos diminui medos. Esta pode incluir:
Utilizar técnicas de projeção para avaliar medos (desenho, brincadeira
com bonecas)

:
Explicar o objetivo dos procedimentos

Utilizar linguagem adaptada ao desenvolvimento da criança

Nas crianças pequenas realizar o procedimento rapidamente,


mantendo o contacto pais/filho

Manipulação dos materiais usados nos procedimentos

Utilizar pensos nos procedimentos invasivos (impede extravase corporal)


6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA/ADOLESCENTE
HOSPITALIZADOS

6 – Implementar ações para o controlo da dor

História de Dor

Alívio da dor: necessidade básica e um direito de


todas as crianças

Métodos de redução da dor:

- farmacológicos

- não farmacológicos
…Cuidados de Enfermagem….

7 – Proporcionar Atividades de acordo com


o nível de Desenvolvimento da Criança

Internamentos prolongados
Risco de atrasos do
desenvolvimento ou regressões

Atividade Lúdica: essencial para o bem


estar mental, emocional e social da criança
Funções no hospital:
─ Divertir e relaxar
─ Diminuir o estresse da separação
─ Libertar o estresse e a expressão de sentimentos
─ Estimular a interação
─ Proporcionar oportunidades de escolher e
de sentir controlo
…Cuidados de Enfermagem….

7 – Proporcionar Atividades de acordo com


o nível de Desenvolvimento da Criança

Oferecer oportunidades à criança para participar em


actividades adequadas ao seu desenvolvimento (jogos,
brincadeiras, escola), selecionadas atendendo à idade,
interesses e limitações da criança.
Sala de atividades: É onde a criança se distancia dos
medos da separação, perda de controlo ou medo de lesão
corporal
A criança sabe que está numa zona segura e protegida dos
procedimentos invasivos
…Cuidados de Enfermagem….

8 – Maximizar os efeitos benéficos da hospitalização


Fomentar as relações Pais-Filhos:
─ Oportunidade para os pais conhecerem melhor o filho
─ Ajudar os pais a compreender as reações das crianças
Oferecer oportunidades educativas
─ Saúde, desenvolvimento, satisfação das necessidades da
criança,..
Promover o auto controlo
─ Enfrentar com sucesso uma crise potencia o desenvolvimento e
o autocontrolo)
Oferecer oportunidades de socialização
─ No sentido da aceitação social para crianças que são
“diferentes” e encontram colegas que as aceitam socialmente
─ Crianças solitárias, antissociais ao relacionarem-se com a
equipe multidisciplinar é estimulado o seu ajustamento
7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE HOSPITALIZADOS

1 - História de Enfermagem

Avaliar os fatores que influenciam a resposta da


família à hospitalização da criança:

- Gravidade da doença

- Experiências prévias

- Procedimentos médicos envolvidos no


diagnóstico e tratamento
7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE HOSPITALIZADOS

2 – Preparação da alta

Inicia-se precocemente no momento da admissão, de


modo a dar tempo para:
─ avaliar a capacidade da família de prestar
cuidados à criança no domicílio
─ iniciar ensinos considerados oportunos
Nas crianças que necessitam de cuidados
diferenciados e complexos deverá ser avaliado:
- o ambiente domiciliar
- os recursos emocionais e físicos da família
- os serviços de apoio comunitários disponíveis
7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE HOSPITALIZADOS

3 – Estimular a participação dos pais


─ Previne/minimiza a separação
A inclusão nos cuidados tende a que os pais permaneçam
mais tempo com os filhos.
─ Atender à variabilidade individual dos pais
─ pais sob estresse emocional

─ pais inseguros ao prestar cuidados especializados,

─ pais com necessidade de sentir controlo sob os


cuidados ao filho

Necessária uma avaliação individual do


envolvimento preferido de cada um
7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE HOSPITALIZADOS

4 – Apoiar os familiares

─ Escutar as mensagens verbais e não verbais dos pais


─ Proporcionar apoio religioso
─ Aceitar os valores culturais, socioeconómicos e
étnicos
─ Ajudar os pais a aceitarem os seus sentimentos
(raiva, culpa,..) como normais,
─ Ajudar na preparação/adaptação dos irmãos ao
internamento da criança
7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE HOSPITALIZADOS

5 – Informar

Sobre:

─ A doença, tratamento e cuidados domiciliários

─ Reações físicas e emocionais da criança à doença e


hospitalização (comportamentos de separação,
regressão, hostilidade,..)

─ As prováveis reações emocionais da família à


situação de crise
7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE HOSPITALIZADOS

6 – Preparar a alta e os cuidados domiciliários

Ensinos para a continuidade dos cuidados no


domicílio:
Desenvolver competências por etapas:
─ Observação
─ Participação com auxílio
─ Execução com ajuda
Carta dos
Direitos da
Criança
Hospitalizada -
Flyer - CHUC
Quick Test
Relativamente ao Impacto da Doença e da Hospitalização
na Criança e Família:
1 - Para as crianças dos 0 aos 6 meses, a hospitalização é uma
experiência muito perturbadora pela sua menor capacidade de
compreender a situação.

2 - A perceção de controlo da situação é um dos fatores que mais


influência positivamente o estresse da criança na hospitalização

3 - São fatores que influenciam negativamente a hospitalização as


experiências prévias de separação e hospitalizações anteriores
prolongadas.

4 - Fatores individuais, como: temperamento difícil, idade (6 meses


aos 5 anos), sexo masculino, inteligência abaixo da média, estresse
múltiplo e contínuo (hospitalizações frequentes), não aumentam a
vulnerabilidade da criança à hospitalização.

5 - Fomentar as relações Pais/Filhos, oferecer oportunidades


educativas e de socialização e promover o autocontrolo, maximizam
os efeitos benéficos da hospitalização

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