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PEDIATRIA

P R O F. J É S S I C A DA N TAS

PUERICULTURA E HEBIATRIA
Puericultura e Hebiatria

APRESENTAÇÃO:

PROF. JÉSSICA
DANTAS

Querido Revalidando, você está pronto para mais


um livro de pediatria?
Estou muito feliz em poder estar ao seu lado rumo
à sua aprovação no Revalida.
Escrevi este livro com muito carinho, pensando
em você e no seu precioso tempo. As informações que
estão contidas nele certamente o ajudarão a resolver as
questões sobre este assunto, uma vez que o conteúdo foi
elaborado com foco no que é cobrado pelos concursos
do Revalida.
Neste livro digital, vamos aprender sobre
alguns temas relacionados à puericultura e hebiatria.
Estudaremos os temas com maior ou menor
profundidade, respeitando a proporção de cobrança
de cada um deles na prova.

Ao analisarmos as questões sobre puericultura,


observamos que os seguintes tópicos são mais
cobrados no Revalida:
Puericultura e Hebiatria

ALIMENTAÇÃO INFANTIL

PREVENÇÃO DE ACIDENTES

ANEMIA FERROPRIVA

DENTIÇÃO

SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO

HEBIATRIA

AVALIAÇÃO DO PERÍMETRO CEFÁLICO

Além dos conceitos iniciais da puericultura, falaremos sobre profilaxias vitamínicas, anemia ferropriva
na infância, nutrição infantil, saúde bucal, enurese e hebiatria. Reunimos todos esses conceitos em um livro,
pois, apesar de serem cobrados, a frequência é baixa quando comparada a temas como aleitamento materno,
desenvolvimento neuropsicomotor e imunização, que estão no Top 10 e mereceram um livro especial para si.
Mas não se engane: não os ignore. São temas fáceis de assimilar e sua cobrança em questões do Revalida,
frequentemente, vem acompanhada de outros subtemas da puericultura, como imunizações.
Sem mais delongas, vamos começar! Bons estudos.

Estratégia MED

@estrategiamed @estrategiamed

t.me/estrategiamed /estrategiamed
Puericultura e Hebiatria

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 2
1.0 INTRODUÇÃO À PUERICULTURA 5
1 .1 COMO É FEITO ESSE ACOMPANHAMENTO? 5
1 .2 QUAL É A FREQUÊNCIA IDEAL DO ACOMPANHAMENTO? 5

2.0 NUTRIÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 6


2 .1 NUTRIÇÃO INFANTIL EM MENORES DE DOIS ANOS 6
2 .2 NUTRIÇÃO INFANTIL NOS MAIORES DE DOIS ANOS 10

3.0 PECULIARIDADES DO PREMATURO 12


4.0 ANEMIA FERROPRIVA 14
4 .1 QUADRO CLÍNICO DA ANEMIA FERROPRIVA 14
4 .2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 15
4 .3 TRATAMENTO 17

5.0 SAÚDE BUCAL 20


5 .1 CRONOLOGIA DE ERUPÇÃO DOS DENTES 20
5 .2 HIGIENE DOS DENTES 21
5 .3 PREVENÇÃO DE CÁRIE 23

6.0 HEBIATRIA 24
6 .1 ADOLESCÊNCIA É SÓ UMA FAIXA ETÁRIA? 24
6 .2 CONSULTA DO ADOLESCENTE 24

7.0 ENURESE NOTURNA 28


7 .1 O QUE É ENURESE NOTURNA? 28
7 .2 CLASSIFICAÇÃO DE ENURESE 28
7 .3 QUEM SÃO AS CRIANÇAS QUE DESENVOLVEM ENURESE? 29
7 .4 DIAGNÓSTICO 29
7 .5 TRATAMENTO 30

8.0 PREVENÇÃO DE ACIDENTES 32


9.0 LISTA DE QUESTÕES 36
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

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Puericultura e Hebiatria

CAPÍTULO

1.0 INTRODUÇÃO À PUERICULTURA


O que é puericultura?

Puericultura é o nome que damos para o acompanhamento regular da criança desde a gestação até
a puberdade, por meio da supervisão à saúde, englobando a compreensão e o reconhecimento do contexto
individual, familiar e ambiental. Tem como uma das principais características a longitudinalidade da atenção,
o que pode garantir um impacto duradouro das ações.

1.1 COMO É FEITO ESSE ACOMPANHAMENTO?

Coruja, como você deve ter notado acima, o conceito de puericultura engloba uma visão integral e longitudinal
da criança. Para atingirmos o nosso objetivo, precisamos englobar vários aspectos nas consultas. Vamos ressaltar os
principais abaixo:

• Monitoramento do crescimento e do desenvolvimento físico e psicossocial.


• Aconselhamento nutricional (aleitamento materno, introdução alimentar e aspectos nutricionais em
todas as fases da infância).
• Saúde mental.
• Saúde bucal.
• Imunização.
• Prevenção de acidentes.

O pediatra ou o médico de família e comunidade é o responsável por esse acompanhamento, por isso esse
tópico é tão importante para você, futuro Médico Revalidado.

1.2 QUAL É A FREQUÊNCIA IDEAL DO ACOMPANHAMENTO?

De acordo com o Ministério da Saúde, as consultas devem ser sete no primeiro ano de vida:

1 2 6 12 24
semana meses meses meses meses

1 4 9 18
mês meses meses meses

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Perceba que as consultas são mais frequentes quanto menor for a criança. Isso acontece porque o crescimento
e desenvolvimento são mais acelerados, e um acompanhamento frequente permite ao pediatra observar de perto o
desenvolvimento neuropsicomotor, o calendário de imunização, entre outros aspectos.

CAPÍTULO

2.0 NUTRIÇÃO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE
A nutrição adequada da criança começa antes mesmo do nascimento e tem grande importância, principalmente
dentro dos primeiros mil dias da criança.
Uma das informações mais cobradas sobre o tema é que a Organização Mundial da Saúde, a Sociedade Brasileira
de Pediatria e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e
complementado até os dois anos ou mais. Isso significa que, mesmo com a introdução alimentar sólida (recomendada
aos seis meses de vida), a criança deve continuar sendo alimentada com o leite materno ou, na impossibilidade deste,
algum substituto nutricionalmente adequado. Não é à toa que nossos “pequenos seres humaninhos” com menos do
que dois anos são chamados de lactentes. Isso reforça a importância nutricional do leite humano nessa faixa etária.

O aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses.


Durante o período de amamentação exclusiva, não devemos oferecer outros alimentos como
líquidos (água, chás, sucos), frutas, verduras, mingau, entre outros. Isso é válido mesmo para regiões
quentes de nosso país, já que o leite materno tem toda a água necessária para a hidratação do lactente.

2.1 NUTRIÇÃO INFANTIL EM MENORES DE DOIS ANOS

Para crianças menores de dois anos, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu doze passos para uma alimentação
saudável. Não há necessidade de decorar em ordem, mas você precisa conhecer as recomendações. Não é difícil,
venha comigo!
Doze passos saudáveis para alimentação infantil segundo o Ministério da Saúde (2021):

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1º Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses.

Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a



partir dos 6 meses.

Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos, refrigerantes e outras

bebidas açucaradas.

Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do

leite materno.

Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2

anos de idade.

6º Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança.

7º Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.

Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências



positivas, aprendizado e afeto junto da família.

Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a

refeição.

10º Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família.

11º Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa.

12º Proteger a criança da publicidade de alimentos.

Como já sabemos, a partir do 6º mês de vida, devemos iniciar a introdução alimentar do lactente.
Retardar esse momento pode aumentar o risco de alergia alimentar e interferir no comportamento alimentar
e no desenvolvimento da criança.
Na prática, não há regras para iniciar com doce (frutas) ou salgado. Porém o lactente tende a ter uma
preferência pelo doce, e é por isso que, geralmente, iniciamos por ele. Vamos aumentando a consistência e
a quantidade gradativamente, até que, com 1 ano de idade, a criança atinja a mesma alimentação da família.

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É muito importante que você saiba o que fazer, mas tão importante quanto isso é saber o que NÃO fazer na
introdução alimentar (IA).

E o que NÃO podemos fazer na IA?

Oferecer suco antes de 1 ano → prefira as frutas in natura.


Restringir determinadas frutas ou alimentos com potencial alergênico (ovo, peixe)
→ não existe comprovação de que essa conduta tenha algum benefício em reduzir o risco de alergia alimentar.
Usar sal, açúcar e temperos artificiais → vamos trabalhar o paladar saudável dessa criança e diminuir o
risco metabólico e cardiovascular futuro.
Triturar, liquidificar ou peneirar os alimentos → isso altera a consistência de forma a não ajudar o
desenvolvimento da mastigação e reduz a oferta de alguns nutrientes.

O mel e o açúcar não devem ser introduzidos antes dos 2 anos de idade.
Portanto, ao completar seu primeiro ano, além do leite materno, a criança já deve receber cinco refeições por dia.
Conforme o bebê cresce e desenvolve suas habilidades para segurar a colher e levá-la à boca, devemos estimulá-lo a comer
sozinho, em seu próprio prato. Veja, abaixo, a sugestão de alimentação retirada da Caderneta de Saúde da Criança do MS:

Aos 6 meses Entre 7 e 8 meses Entre 9 e 12 meses Entre 1 e 2 anos

Aleitamento materno sempre que a criança quiser.

Café da manhã fruta


ou cereal (pães caseiros
ou processados, aveia,
Café da manhã - leite materno. cuscuz de milho)
ou raízes e tubérculos
(aipim/macaxeira,
batata-doce, inhame).

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Lanche da manhã - fruta e leite materno.

Almoço
− 1 alimento do grupo dos cereais ou raízes e tubérculos;
− 1 alimento do grupo dos feijões;
− 1 ou mais alimentos do grupo dos legumes e verduras;
− 1 alimento do grupo das carnes e ovos;
Junto à refeição, pode ser dado um pedaço pequeno de fruta.

Quantidade aproximada Quantidade aproximada Quantidade aproximada Quantidade aproximada


- 2 a 3 colheres de sopa - 3 a 4 colheres de sopa - 4 a 5 colheres de sopa - 5 a 6 colheres de sopa
no total. no total. no total. no total.

Lanche da tarde - fruta e leite materno.


*Outras opções para 1 a 2 anos: Leite materno e cereal (pães caseiros, pães processados, aveia, cuscuz de milho) ou
raízes e tubérculos (aipim/ macaxeira, batata-doce, inhame)

Jantar - leite materno. Jantar - igual ao almoço.

Antes de dormir - leite materno.

Fonte: Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos (2021). * É melhor oferecer a fruta ao natural, e não em forma de sucos.
** Carnes e ovos são a principal fonte de ferro e a criança deve comê-los diariamente. Para que o organismo da criança aproveite o ferro das
carnes e ovos, deve-se oferecer também um alimento rico em vitamina C: folhas verde-escuras (couve, espinafre, agrião etc.) e frutas cítricas
(laranja, limão, acerola, caju etc.). Os alimentos devem ser amassados/desfiados e não triturados em liquidificador ou passados em peneira.

Perceba que, nas papas multimisturas, ou seja, almoço e jantar, a intenção é que exista um alimento de cada
grupo alimentar (cereais ou raízes e tubérculos; leguminosas; legumes e verduras; e carnes).
Vamos treinar!

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CAI NA PROVA
(REVALIDA INEP 2022.2) Lactente de 6 meses está sendo atendido na unidade básica de saúde para consulta de
puericultura. A criança, nascida com 39 semanas, encontra-se em aleitamento materno exclusivo e com desenvolvimento
neuropsicomotor adequado. Sua genitora solicita orientações para iniciar a alimentação complementar.
Acerca da introdução alimentar nesse caso, assinale a opção correta.
A) A carne deve ser triturada e peneirada, para garantir oferta adequada de ferro, zinco e vitamina B12.
B) As frutas, in natura, raspadas, amassadas ou picadas devem ser introduzidas como fontes de fibras.
C) Os sucos devem ser introduzidos na rotina alimentar, uma vez ao dia, sendo importante fonte de vitaminas e
fibras.
D) A gema do ovo, por ser uma importante fonte proteica, deve ser oferecida de imediato, ao passo que a clara,
devido ao seu poder alergênico, deve ser oferecida somente após 12 meses de idade.

COMENTÁRIO:
Olá, querido Revalidando, uma questão bastante clássica sobre introdução alimentar.
No primeiro ano de vida, a alimentação do bebê deve ser de leite materno exclusivo até os 6 meses, seguido de
introdução alimentar mais leite materno a partir dessa idade. O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os
2 anos.
Dito isso, vamos analisar as alternativas.
Incorreta a alternativa A. A carne deverá ser picada ou desfiada.
Correta a alternativa B. As frutas são importante fonte de fibras e devem ser oferecidas in natura.
Incorreta a alternativa C. Os sucos de fruta são contraindicados.
Incorreta a alternativa D. O ovo pode ser oferecido, por inteiro, já no início da introdução alimentar.

Gabarito: alternativa B.

2.2 NUTRIÇÃO INFANTIL NOS MAIORES DE DOIS ANOS

Coruja, o que você precisa saber de mais importante é que existem algumas diferenças em
cada grupo etário infantil com relação aos hábitos alimentares. No grupo dos pré-escolares, por
exemplo, há uma desaceleração do crescimento e, com isso, a diminuição do apetite. Assim, podemos
observar uma seletividade alimentar transitória. É muito comum, nessa idade, o comportamento
alimentar ser imprevisível e variável, com variação na aceitação de alimentos e recusa alimentar.
Durante o período escolar (7 a 10 anos), as crianças retornam a ter aumento do apetite e
crescimento mais acelerado. E, quanto ao adolescente, essa é uma fase de maior necessidade nutricional, em razão
da puberdade. As necessidades calóricas giram em torno de 2.200 a 2.500 kcal nas meninas e 2.800 a 3.200 kcal
nos meninos. A ingestão de proteínas deve manter um balanço nitrogenado positivo, ou seja, deve ser maior que

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a utilização, para permitir o crescimento de órgãos e tecidos. Aumenta também a necessidade de cálcio e ferro. A
anemia é muito prevalente em adolescentes, principalmente em mulheres, em razão das perdas menstruais.

CAI NA PROVA!
(REVALIDA UFMT - Adaptada)  Mãe traz menina de oito meses de idade para fazer acompanhamento pediátrico,
referindo que, no momento, a criança não apresenta problema algum de saúde. Antecedentes fisiológicos: gestação
esperada e desejada. Nasceu a termo, de parto cesáreo, com peso de 3.420 g e comprimento de 48 cm, perímetro
cefálico de 34 cm. Chorou ao nascer e teve alta com 48 h de vida. Alimentação: leite materno exclusivo até o 2º mês,
após leite de cabra – 150 mL 6x/dia. Não aceita qualquer outro alimento, além do leite. Não recebe suplementação
de ferro. Desenvolvimento: senta-se com apoio, pega objetos com a mão e emite sons guturais. Vacinas: uma dose de
BCG; duas doses de Hepatite B; uma dose de Rotavírus; duas doses de tetravalente e duas doses de Sabin. Ao exame
físico: bom estado geral, hipocorada ++/4+, eupneica, afebril, anictérica, acianótica. Peso 6.800 g; comprimento 64
cm. Exame geral e segmentar sem alterações.

C) Comente a alimentação dessa criança.

COMENTÁRIO:
Essa foi uma questão aberta e teve a exploração de outros tópicos da puericultura, mas vamos nos concentrar
na letra C, que cobrava conhecimento sobre alimentação.
Veja bem: além do fato de o nosso pequeno de oito meses não estar mais sendo amamentado (a recomendação
seria manter exclusivo até os seis meses e complementado até os dois anos), houve a substituição para leite
não adequado nutricionalmente (baixa disponibilidade de ferro e ácido fólico, alta chance de alergia) e não
houve introdução alimentar sólida nem início de profilaxia de ferro (recomendada a partir dos seis meses).
Não é à toa que nosso pequeno está hipocorado, pois deve estar evoluindo com anemia.

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CAPÍTULO

3.0 PECULIARIDADES DO PREMATURO


Querido Revalidando, vamos falar brevemente de ser organizadas de forma que a criança faça uma avaliação
algumas peculiaridades da puericultura no prematuro, global e conjunta com a equipe multiprofissional que
visto que esse assunto já foi cobrado em estação de a estiver atendendo (fonoaudióloga, fisioterapeuta
prova prática no Revalida. A primeira informação etc.) e com as diversas especialidades médicas, se for
importante que você deve saber é que as consultas de necessário, evitando retornos repetidos ao centro de
puericultura devem ser organizadas no momento da alta referência no acompanhamento.
e serão mais frequentes do que para a criança a termo.
Abaixo, segue o calendário sugerido pela SBP no
Afinal, um “ser humaninho” mais vulnerável (maior documento intitulado “Seguimento Ambulatorial do
risco de distúrbios de crescimento e desenvolvimento) Prematuro” (2012).
demanda mais atenção, faz sentido? As consultas devem

Primeira consulta 7 a 10 dias após a alta.

Revisões mensais até 6 meses de idade corrigida.

Revisões bimestrais ou trimestrais 6 meses aos 12 meses de idade corrigida.

Revisões trimestrais 13-24 meses.

Revisões semestrais 2 a 4 anos de idade cronológica.

Revisões anuais dos 4 anos até a puberdade.

Fonte: “Seguimento Ambulatorial do Prematuro” (2012).

Quanto ao aspecto nutricional do prematuro, deve ser priorizado o aleitamento materno, se necessário,
ordenhado. Após a alta hospitalar, o aleitamento materno exclusivo deve ser incentivado pelo máximo de tempo
possível e a introdução de alimentos posteriormente iniciada, com a orientação do pediatra no seguimento de
acordo com a idade corrigida da criança e a presença do desenvolvimento neurológico apropriado.
Independentemente da dieta láctea do prematuro, a ingestão de vitaminas é insuficiente, tanto
lipossolúveis como hidrossolúveis, sendo necessária a suplementação de vitaminas por via oral, a partir da
primeira semana de introdução de dieta enteral e durante todo o primeiro ano de vida. Por causa da grande

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variabilidade da composição dos multivitamínicos, recomenda-se calcular a dose tendo como base os teores
de vitamina A e D. A recomendação sugerida é a seguinte:

Contendo vitaminas A, C e D: 12 gotas VO 1x/dia;


OU vitaminas A + D: 4 gotas VO 1x/dia, mais vitamina C: 3 gotas VO 1x/dia
(a oferta de vitamina D deve ser de 400 UI/dia).
Polivitamínico (solução oral)
*A dose mínima de vitamina D é 200 UI/dia (= 1 gota das apresentações
comercialmente disponíveis).
** Iniciar aos 10 dias de vida.

< 2.500g - 2 mg/kg/dia durante 1 ano e 1 mg/kg/dia por mais 1 ano.


Ferro elementar (solução < 1.500g - 3 mg/kg/dia durante 1 ano e 1 mg/kg/dia por mais 1 ano.
oral) < 1.000g - 4 mg/kg/dia durante 1 ano e 1 mg/kg/dia por mais 1 ano.
*Iniciar aos 30 dias de vida (15 dias a 2 meses).

0,5-1 mg/kg/dia VO desde 36 semanas até 6 meses de idade corrigida.


Sulfato de zinco (10 mg/ml)
*deve ser adicionado na oferta alimentar.

200-250 mg/kg/dia de cálcio e


110-125 mg/kg/dia de fósforo (considerar o conteúdo do leite adicionado ao da
Cálcio e fósforo
solução de cálcio e fósforo).
*RNPT com doença metabólica óssea.

Nos tópicos anteriores, já estudamos a maior parte das vitaminas mencionadas na tabela acima. A novidade, aqui,
será o uso do zinco e, em alguns casos, cálcio e fósforo. O zinco é oligoelemento fundamental nos processos fisiológicos
que envolvem função imune e defesa antioxidante, além disso, influencia no crescimento e no desenvolvimento. A
suplementação diária com zinco por seis meses melhora significativamente o crescimento, desenvolvimento cognitivo
e motor em pacientes prematuros de muito baixo peso.
E, por último, quando o resultado da triagem para doença metabólica óssea do prematuro for alterado, será
preciso continuar a suplementação de cálcio e fósforo com solução manipulada. Deve-se garantir o aporte de 200-250
mg/kg/dia de cálcio e de 110-125 mg/kg/dia de fósforo, considerando o conteúdo do leite adicionado ao da solução
de cálcio e fósforo.

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CAPÍTULO

4.0 ANEMIA FERROPRIVA


Revalidando, vamos aprender sobre os conceitos mais importantes relacionados à anemia mais comum da
infância: a anemia ferropriva.
Agora, vamos explorar mais sobre os achados clínicos e laboratoriais, assim como o tratamento e as
consequências da anemia ferropriva.

4.1 QUADRO CLÍNICO DA ANEMIA FERROPRIVA

Querido Estrategista, sobre esse tópico, é importante que você saiba que não se espera que a deficiência de
ferro tenha sintomas alarmantes. Pelo contrário, o mais comum é o desenvolvimento de um quadro clínico insidioso,
instalando-se em um período de meses, mas com o surgimento desses sintomas na medida em que a anemia se
acentua.
Os sintomas mais comuns são: cansaço generalizado, falta de apetite, palidez de pele e mucosas, menor
disposição para atividades físicas, dificuldade de aprendizagem, apatia (crianças muito “paradas”), palpitações.

O “voo da coruja” está nas seguintes características, que podem não ser as mais comuns, mas são
específicas de anemias carenciais (anemia ferropriva e megaloblástica): glossite atrófica (perda da rugosidade
da língua) e queilite angular (inflamação das comissuras labiais). E, as ocorrências mais comuns na anemia
ferropriva: a pica (compulsão alimentar por substâncias que não são alimentos, como gelo e terra) e a
coiloníquia (depressão ungueal central).

Veja as imagens abaixo:

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Estomatite angular e glossite atrófica: alterações típicas das anemias por carências nutricionais, como deficiência de ferro, vitamina B12 e folato.

Pagofagia: compulsão por comer gelo, uma parte do espectro clínico da pica.
Coiloníquia: depressão ungueal central muito específica de anemia ferropriva.

4.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Futuro Médico Revalidado, esse tópico é um dos mais importantes quando estudamos anemia ferropriva. Já
sabemos que o quadro clínico pode demorar para ser expressivo, portanto precisamos dos dados laboratoriais para
fazer o diagnóstico da anemia ferropriva. Não é à toa que o diagnóstico laboratorial é muito abordado nas provas.
Eu sei que você pode achar confuso lidar com tantos marcadores (ferritina, saturação de transferrina,
hemoglobina etc.), mas tenha calma, porque a minha missão hoje é descomplicar isso para você.

Portanto, vamos começar a entender como se desenvolve a anemia ferropriva. Qualquer que seja a causa da
anemia ferropriva, ela se desenvolverá sempre da mesma forma, e, se você pensar na nossa medula óssea como uma
fábrica de um produto, as coisas podem ficar mais fáceis. Vejamos abaixo:

1. Mobilização do estoque de ferro: se, na hora de comprar um produto, como um celular, a vendedora
dissesse que não tem disponível na loja à pronta entrega, o que ela faria? Iria atrás da fonte: o estoque.

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O nosso corpo também! Por esse motivo, o primeiro sinal de deficiência de ferro será o consumo de
ferritina (estoque), sendo o marcador sérico mais sensível e o mais específico para diagnosticar anemia
ferropriva.
2. Estoque esgotado: uma vez que o estoque se esgota (ferritina), a produção do produto deve aumentar
na fábrica (medula óssea) para atender à demanda do consumidor final (hemoglobina). Isso vai exigir um
maior consumo de matéria-prima (ferro sérico e saturação da transferrina caem). Outra maneira de fazer
o produto chegar ao consumidor final é melhorando o seu transporte até ele (aumento da transferrina).
3. Sistema de produção sobrecarregado: esgotamos a matéria-prima, o transporte aumentou, mas
não conseguimos vencer a demanda! Não tem jeito, chegamos ao fim da linha de produção; logo, os
trabalhadores sobrecarregados pela exigência do sistema começam a fazer um trabalho “malfeito”
(eritropoiese deficiente), entregando produtos com menor qualidade, com algumas hemácias pequenas
(microcitose) e com pouca hemoglobina (hipocromia). Como, nesse momento, ainda circulam hemácias
mais velhas, tudo parece normal, e ainda não há anemia. Pode haver aumento de reticulócitos e da
capacidade de ligação da transferrina.
4. Fim de linha: com hemácias novatas micro/hipo circulando juntamente com hemácias antigas normais,
o padrão torna-se heterogêneo – RDW aumentado (anisocitose). Somente quando as hemácias antigas
morrerem é que os níveis de hemoglobina começam a cair, e instala-se, efetivamente, a anemia.
Inicialmente, normo/normo, mas, progressivamente, hipo/micro.

Agora, querido Revalidando, você já sabe o que esperar nos exames laboratoriais. Vamos resumir, abaixo, as
principais alterações do hemograma e do perfil de cinética do ferro nos casos de anemia ferropriva.

Alterações do hemograma na anemia ferropriva

Anemia normocítica e normocrômica em estágios iniciais: VCM e HCM normais.

Anemia microcítica e hipocrômica em estágios avançados: VCM e HCM reduzidos.

Anisocitose: RDW aumentado.

Plaquetose reacional: plaquetometria aumentada.

Anemia hipoproliferativa: contagem de reticulócitos ≤ 2%.

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Perfil de ferro típico na anemia ferropriva

Estoques de ferro consumidos: ferritina diminuída.

Baixos níveis de ferro circulantes: ferro sérico e saturação de transferrina diminuídos.

Aumento da produção de transportadores de ferro: CTLF (transferrina) e receptores solúveis da


transferrina aumentados.

Acúmulo da protoporfirina não utilizada na conjugação com o ferro para formar o grupo heme:
protoporfirina eritrocitária livre aumentada.

O.k., professora, e, quando começamos a repor o ferro, o que acontece?

Quando a reposição de ferro começa, a medula óssea capta-o rapidamente para retomar a eritropoiese. Com
isso, a primeira coisa que acontece é a liberação de reticulócitos na circulação, o que se inicia em 4 a 7 dias após o
início da reposição, com pico no 10º dia. A correção da anemia, ou seja, do valor da hemoglobina, só ocorre com 6 a 8
semanas de tratamento e o último parâmetro a normalizar-se é o estoque de ferro – a ferritina. Portanto, o parâmetro
laboratorial de resposta mais precoce ao tratamento é O AUMENTO DOS RETICULÓCITOS. Falando em tratamento,
vamos aprender como realizá-lo de maneira adequada no próximo tópico.

4 .3 TRATAMENTO

A recomendação de suplementação de ferro para o tratamento da anemia ferropriva descrita no Manual


do Programa Nacional de Suplementação de Ferro do MS em crianças menores de dois anos é de 3 mg de ferro
elementar/kg/dia, não superior a 60 mg por dia. A SBP, no seu último documento de atualização em 2021, orienta
a dose de 3 a 6 mg/kg/dia, fracionada ou em dose única, por seis meses ou até reposição dos estoques corporais
confirmados pela normalização de Hb, VCM, HCM, ferro sérico, saturação da transferrina e ferritina sérica.
A reposição de ferro deve ser feita, preferencialmente, por via oral, por ser menos custosa e ter menos efeitos
adversos que a via parenteral, mantendo efetividade equiparável. Assim, a reposição endovenosa de ferro é reservada
apenas àqueles pacientes intolerantes ou refratários à reposição oral de ferro.
Lembre-se ainda de que diversas substâncias atrapalham a absorção do ferro: fosfatos, fitatos, chá, leite, café. É
por isso que se recomenda que a reposição oral de ferro seja realizada de estômago vazio, longe das refeições.
Por outro lado, frequentemente orientamos o uso do ferro com suco de fruta que contenha vitamina C. Veja,
abaixo, um resumo das substâncias que podem ajudar ou prejudicar a absorção do ferro.

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Ajudam a absorção de ferro Atrapalham a absorção de ferro

Ácido ascórbico (vitamina C) Cálcio

Ácidos orgânicos Fibra alimentar

Aminoácidos e proteína da carne Oxalatos, fitatos, fosfatos (café, chá)

A SBP (2021) recomenda, ainda, que a efetividade do tratamento deve ser checada com hemograma e
reticulócitos após 30 a 45 dias do início do tratamento, quando se espera que exista melhora dos níveis de reticulócitos
e aumento da Hb em pelo menos 1,0 g/dL. O tratamento deve ser mantido por 6 a 12 meses após a normalização
dos níveis de hemoglobina, com o objetivo de repor os estoques corporais de ferro. É só após a completa correção da
hemoglobina que o organismo volta a armazenar o mineral e, assim, os níveis de ferritina são restabelecidos.

CAI NA PROVA!
(REVALIDA - INEP)Uma criança com 3 anos de idade, sexo feminino, foi atendida no ambulatório de pediatria, por
apresentar astenia, cansaço para brincar, sono excessivo, perda de peso e desejo de comer gelo há 8 meses. Trata-se de
criança nascida pré-termo, com idade gestacional de 34 semanas, com boa vitalidade, sem intercorrências no período
pós-natal. Teve aleitamento materno até os 3 meses. A família é numerosa e tem dificuldade de comprar e diversificar
alimentos. O exame físico revelou os seguintes resultados: peso de 11.800 g (escore Z entre −2 e −3); estatura de 85 cm
(escore Z entre −2 e −3); frequência respiratória de 50 incursões respiratórias por minuto; frequência cardíaca de 160
batimentos por minuto; temperatura axilar de 36,1 °C. A criança está em regular estado geral, acianótica, anictérica,
com mucosas hipocoradas (3+/4+), pele com turgor e elasticidade preservados. Sua ausculta cardíaca e respiratória
estão normais; abdome globoso, discretamente distendido, indolor à palpação; fígado e baço não palpados; ausência
de adenomegalias em qualquer cadeia.

COMENTÁRIOS:
Temos uma criança com fatores de risco para anemia (prematuridade, desmame precoce e dieta inadequada) que
já apresenta sintomas de anemia ferropriva há 8 meses e está com baixo peso e estatura (menor que o escore Z -2).
Com base no caso apresentado, faça o que se pede nos itens a seguir.
A) Indique a principal hipótese diagnóstica: anemia ferropriva.
B) Cite as alterações esperadas na série vermelha do hemograma: hemácias hipocrômicas e microcíticas (VCM e
HCM baixos) e RDW aumentado.
C) Descreva a evolução da depleção de ferro no organismo e seus marcadores sanguíneos.
Primeiro estágio: depleção dos estoques com ferritina sérica diminuída,

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Segundo estágio: queda na concentração plasmática do ferro e saturação da transferrina caem,


Terceiro estágio: aumento da capacidade de ligação da transferrina,
Quarto estágio: queda na concentração da hemoglobina.
D) Cite 3 causas que podem estar relacionadas ao quadro clínico.
• Prematuridade.
• Desmame precoce.
• Dieta pobre em ferro.

(REVALIDA – INEP)  Um adolescente do sexo masculino, de 13 anos de idade, em atendimento de rotina, relata
desânimo e cansaço para ajudar nas atividades domésticas e inapetência. Recordatório alimentar: 3 sanduíches de pão
de forma com manteiga e batata frita no almoço e no jantar, nos intervalos ingere balas e biscoitos, além de 1.000 mL
de leite por dia. Exame físico sem alterações, peso, estatura e IMC no percentil 50 das curvas de referência e G3P3 de
acordo com estadiamento de Tanner. Hemograma: hemoglobina = 12,1 g/dL; hematócrito = 35%; VCM ≤ 75 fL; CHCM
≤ 26,5 g/dL. Considerando que a Organização Mundial de Saúde refere, de maneira geral para adolescentes, valores
normais de hemoglobina ≥ 12 g/dL, é correto afirmar que:
A) O paciente apresenta anemia megaloblástica, sendo necessária a correção dietética com alimentos fontes de
vitamina B12 e folatos.
B) O paciente não apresenta alterações clínicas ou laboratoriais, sendo necessário investigar outras causas que
justifiquem as queixas dele.
C) O paciente apresenta anemia carencial por deficiência de ferro, sendo necessária a correção dietética e a
administração de sulfato ferroso.
D) O paciente não apresenta anemia, contudo o resultado laboratorial sugere deficiência de ferro, devendo-se realizar
a orientação dietética pertinente.

COMENTÁRIOS:
Incorreta a alternativa A.O paciente tem nível de Hb normal para a faixa etária, portanto não tem anemia. Aproveito
para lembrá-lo de que a anemia megaloblástica tem a característica laboratorial de VCM aumentado, perceba que,
aqui, temos o oposto.
Incorreta a alternativa B. Apesar de não ter anemia, temos uma alimentação pobre em ferro em um momento de
crescimento acelerado [adolescência] + características laboratoriais sugestivas de deficiência de ferro [VCM e HCM
baixos – hipocromia e microcitose].
Incorreta a alternativa C.O paciente tem nível de Hb normal para a faixa etária, portanto não tem anemia
Correta a alternativa D.A intervenção dietética será nossa aliada nesse caso para que não haja evolução para anemia
ferropriva.

Gabarito: alternativa D.

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Puericultura e Hebiatria

CAPÍTULO

5.0 SAÚDE BUCAL


Revalidando, esse é um tópico da puericultura que vem sendo mais explorado pelas provas, principalmente
porque, nos últimos anos, tivemos atualizações a respeito da higienização mais precoce dos dentinhos dos nossos
pequenos. Portanto, venha se atualizar!

5.1 CRONOLOGIA DE ERUPÇÃO DOS DENTES

A primeira dentição é chamada de primária, decídua, “de leite” ou temporária. Ela inicia por volta dos seis a
nove meses de vida, com o nascimento dos dentes incisivos inferiores, seguido dos incisivos superiores e laterais. A
dentição primária deve estar completa aos 36 meses de idade, permanecendo até os 6 anos, composta de 20 dentes
(10 em cima e 10 embaixo).

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A partir dos 6 anos, os dentes permanentes começam a substituir os primários, iniciando pelo pré-molar. A
dentição permanente está completa, aproximadamente, aos 18 anos e é composta de 32 dentes.

Fases da dentição

Época de erupção Início da troca dos dentes


Primeira dentição
(idade em meses) (idade em anos)

Incisivos centrais superiores 7-12 6-8

Incisivos laterais superiores 9-13 7-8

Caninos superiores 16-22 10-12

Primeiro molar superior 13-19 9-11

Segundo molar superior 25-33 10-12

Incisivos centrais inferiores 6-10 6-8

Incisivos laterais inferiores 7-16 7-8

Caninos inferiores 16-23 9-12

Primeiro molar inferior 12-18 9-11

Segundo molar inferior 20-31 10-12

Fonte: Chueiri PS, Carvalho FP, 2016.

5 .2 HIGIENE DOS DENTES

Estrategista, a informação mais importante que você deve guardar aqui é:

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Puericultura e Hebiatria

A partir do nascimento do primeiro dente, é indispensável a sua higienização com escova e pequena
quantidade (menos de um grão de arroz) de creme dental COM FLÚOR.

Enquanto a criança tiver apenas dentes de leite, é suficiente escovar os dentes com creme dental duas vezes ao
dia. Além disso, deve-se cuidar para que ela não engula a espuma que se forma durante a escovação.
O uso de fio dental é indicado quando os dentes estão juntos, sem espaços entre eles, uma vez ao dia. Os
pais ou cuidadores devem escovar os dentes das crianças até que elas aprendam a fazer isso sozinhas, mas devem
acompanhar o procedimento das crianças até perceberem que elas estão fazendo a higienização bucal de maneira
correta.
O creme dental deve ser mantido fora do alcance das crianças. Até a criança completar 8 anos de idade, a
escovação deve ser feita sob supervisão dos pais.
Veja como isso já apareceu em prova!

CAI NA PROVA!
(REVALIDA– UFMT) Menina, 10 meses, é levada à consulta de rotina de Puericultura. Mãe está preocupada porque
até agora não tem nenhum dente. Mama no peito até hoje. Relata que, no outro filho, com 6 meses de idade, nasceu
dente. O médico disse que os dentes de leite são temporários, mas muito importantes e são substituídos pelos dentes
permanentes. Analise as seguintes informações/orientações sobre a dentição:

I. Cada criança tem seu próprio tempo para o surgimento dos dentes, apesar de ser um processo natural e hereditário.
II. Os dentes incisivos centrais superiores geralmente são os primeiros a aparecer e, ainda, estão em tempo de erupção,
esperar até os 12 meses
III. Os dentes incisivos centrais inferiores geralmente são os segundos dentes a aparecer, esperar até os 15 meses.
IV. Depois da erupção dos primeiros dentes de leite, a higiene oral da criança deve ser realizada como a primeira tarefa
da manhã e a última tarefa da noite, e se possível, depois das refeições.

Quais são as informações/orientações que estão corretas?


A) II e IV, apenas.
B) I, II, III e IV.
C) I e IV, apenas.
D) II e III, apenas.

COMENTÁRIOS:
I. Cada criança tem seu próprio tempo para o surgimento dos dentes, apesar de ser um processo natural e
hereditário. (Correta. Afinal, como quase tudo na medicina, temos de considerar as peculiaridades individuais nos

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Puericultura e Hebiatria

processos fisiológicos).
II. Os dentes incisivos centrais superiores geralmente são os primeiros a aparecer e, ainda, estão em tempo de
erupção, esperar até os 12 meses. (Incorreta. Veja, na imagem e tabela acima, a cronologia da erupção dos dentes.
Quais são os primeiros dentes a aparecer? Os incisivos inferiores seguidos pelos incisivos superiores).
III. Os dentes incisivos centrais inferiores geralmente são os segundos dentes a aparecer, esperar até os 15 meses.
(Incorreta. Veja na imagem e tabela acima a cronologia da erupção dos dentes. Os incisivos inferiores costumam ser
os primeiros dentes a aparecer).
IV. Depois da erupção dos primeiros dentes de leite, a higiene oral da criança deve ser realizada como a primeira
tarefa da manhã e a última tarefa da noite, e se possível, depois das refeições. (Correta. A partir da erupção do
primeiro dente, a orientação de higiene dental é igual à de qualquer outra pessoa [após as refeições, ao acordar e
dormir], o que muda é a quantidade de creme dental recomendada de acordo com a idade).

Gabarito: alternativa C.

(REVALIDA – UFMT) Na infância, vários são os parâmetros que podem ser utilizados para avaliar se uma criança está
se desenvolvendo de forma adequada ou não. A dentição é um desses parâmetros, assim, aos 30 meses de idade, uma
criança com desenvolvimento ósseo normal deverá ter:
A) 20 dentes.
B) 16 dentes.
C) 14 dentes.
D) 18 dentes.

COMENTÁRIOS:
Correta a alternativa A.Bem direta ao ponto! Até os 36 meses de vida, a criança deve ter 20 dentes.

Gabarito: alternativa A.

5 .3 PREVENÇÃO DE CÁRIE

Coruja, sabemos que cárie é uma doença causada por bactérias que vivem na boca e utilizam o açúcar da nossa
alimentação para produzir ácidos que destroem os dentes. Para a sua prevenção, temos as seguintes orientações:

• Indicar a escovação com creme dental com flúor desde o nascimento dos primeiros dentes.
• Evitar ingestão de açúcares.
• Incentivar o aleitamento materno.

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CAPÍTULO

6.0 HEBIATRIA
Futuro Médico Revalidado, a hebiatria é a medicina do adolescente. Mas quem são os adolescentes? O que
fazem? E o mais importante: como sobrevivem a essa conturbada fase da vida humana? Brincadeiras à parte, vamos
entender mais por que temos um capítulo exclusivo para o estudo dos adolescentes. Então, vamos às definições:

De acordo com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde, a


adolescência corresponde à idade de 10 a 19 anos.

6.1 ADOLESCÊNCIA É SÓ UMA FAIXA ETÁRIA?

A resposta é não. A importância de estarmos, não conhece ou não são concretas e de estabelecer
aqui, estudando esse grupo de pessoas é que existe um hipóteses sobre fatos imaginários, o que permite a ele
conjunto de características comuns nos indivíduos nessa avaliar e escolher alternativas, por isso é tão idealista e
fase da vida. quer mudar o mundo.
Podemos dizer que a adolescência é marcada O comportamento do adolescente é chamado
por três perdas significativas: a do corpo infantil, a de vivência temporal singular, quando ele deseja tudo
da identidade e do papel infantis e a do tratamento de maneira imediata, sem se preocupar com o futuro
dado pelos pais na infância. Ao vivenciar esse “luto”, distante, colocando o presente ou o futuro próximo como
os adolescentes podem apresentar comportamentos prioridade.
como: oscilações de humor, busca de identidade, Em razão de sua sensação de imortalidade e
sensação de invulnerabilidade, onipotência, sensação onipotência, os adolescentes, frequentemente, têm
de imortalidade, atitude social reivindicatória, crises dificuldade em medir alguns riscos e podem colocar-
religiosas, evolução sexual, entre outros. se em situações um tanto perigosas. Não é à toa que
Quando criança, o adolescente identificava-se a morte por causas externas (homicídio e acidentes)
muito com os pais; na adolescência, posiciona-se como é elevada nesse grupo. Por esse motivo, os tópicos
indivíduo e quer ser reconhecido pelos grupos. Além abordados nas consultas devem concentrar-se em alertá-
disso, o adolescente costuma “viver no mundo da lua”; faz los sobre medidas de proteção, além disso, o médico deve
parte desse período o desenvolvimento do pensamento identificar indivíduos sob risco e intervir.
abstrato: a capacidade de pensar sobre coisas que ainda

6.2 CONSULTA DO ADOLESCENTE

Coruja, atenção aqui! Essa é a informação mais cobrada na prova sobre o tema. A única regra existente e
extremamente importante é que, em algum momento, ele seja atendido sozinho.

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Puericultura e Hebiatria

A consulta do adolescente deve ser sigilosa. Ele tem o direito de não querer a presença
dos pais, exceto em algumas situações:
• Risco de vida para o paciente ou terceiros.
• Presença de ideias suicidas.
• Violência física contra outras pessoas.
• Risco de abuso sexual.

O manual do Ministério da Saúde intitulado “Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica”
traz uma perspectiva centrada nas seguintes etapas durante a consulta do adolescente:

1. Reforçar mensagens de promoção de saúde integral (orientações nutricionais, atividade física, saúde
mental, física e psicossocial).
2. Identificar adolescentes que estejam sujeitos a comportamentos de risco (sexo, drogas e saúde mental).
3. Promover imunização adequada.
4. Desenvolver vínculos que favoreçam um diálogo aberto sobre questões de saúde.
5. Sensibilizar adolescentes homens para o autocuidado e na corresponsabilização pela saúde sexual e
saúde reprodutiva sua e de sua parceria.

Além de uma anamnese cuidadosa, no exame físico, alguns dados são


imprescindíveis, como a aferição de medidas antropométricas, a disposição destas
em gráficos (OMS) e o estadiamento puberal (estágios de Tanner).
Todos esses dados devem ser anotados na caderneta do adolescente (imagem
ao lado) fornecida pelo Ministério da Saúde. Para finalizar, o manual fornece o
fluxograma abaixo, resumindo todas as orientações que você precisa saber sobre a
consulta do adolescente.

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Perguntar Observar Especificar

• Motivo da consulta: do adolescente • Condições gerais: higiene pessoal, • Crescimento.


e do responsável (quando presente). aparência, tatuagem e piercings. • Desenvolvimento.
• Antecedentes pessoais e familiares. Atitude durante a consulta, • Estado emocional.
• Educação. rejeição/aceitação. • Estado nutricional.
• Trabalho. • Comunicação. • Estágio puberal.
• Vida social. • Sinais de depressão, de ansiedade. • Acuidade visual.
• Hábitos. • Sinais de desnutrição/obesidade. • Saúde bucal.
• Alimentação. • Satisfação com imagem corporal. • Imunizações.
• Uso de álcool, tabaco e outras • Capacidede de resiliência.
substâncias psicoativas. Obs. O exame físico pode ser • Vulnerabilidades.
• Acidentes. realizado em mais de uma consulta, • Patologias clínicas/psicossociais.
• Sexualidade. de acordo com a necessidade ou • Inserção na família, escola, trabalho
• Situação emocional. aceitação do adolescente. e comunidade.
• Imagem corporal.
• Projeto de vida.
• Aparelhos e sistemas orgânicos.
• Segurança ambiental no território.

Diagnosticar a condição de saúde do adolescente

Adolescente vulnerável/doente
Adolescente saudável.
biológico ou psicossocial.

Individualizar segundo os achados.

Fonte: Brasil, 2017. Ministério da Saúde. Proteger e cuidar do Adolescente.

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CAI NA PROVA!
(REVALIDA – UFMT)  Adolescente, 13 anos, estudante de 8º ano, com suspeita de gravidez, procura atendimento
médico, sem acompanhamento dos pais ou responsáveis. Relata que fez o teste da farmácia e acha que deu positivo,
os pais não sabem da possível gestação. Fez alguns programas pagos com homens maiores de idade, ingeriu bebidas
alcoólicas nesses momentos e não fez uso de preservativos. Relata que a gravidez é indesejada e que não quer
continuar com ela, caso seja confirmada. São solicitados exames para confirmar a gestação e para diagnósticos de
infecções sexualmente transmissíveis. Qual é a conduta correta a ser adotada considerando as questões éticas e
bioéticas envolvidas?
A) Dizer para a adolescente que as informações obtidas durante a consulta estão protegidas pelo sigilo médico e,
assim sendo, não há obrigatoriedade do médico informar aos pais sobre a situação.
B) Dizer para a adolescente que as informações obtidas durante a consulta estão protegidas pelo sigilo médico, que
compete a ela decidir se conta ou não aos pais, entretanto, somente a atenderá nas novas consultas de pré-natal
com os pais acompanhando.
C) Dizer para a adolescente que as informações obtidas durante a consulta estão protegidas pelo sigilo médico,
entretanto, devido à situação de risco à saúde com a possível gravidez e medidas para a interrupção (abortamento),
riscos de infecções por contágio sexual, alcoolismo, justifica-se a necessidade de contar aos pais.
D) Dizer para a adolescente que as informações obtidas durante a consulta estão protegidas pelo sigilo médico,
entretanto, terá que comunicar ao Conselho Tutelar para acompanhamento, durante as novas consultas de pré-
natal agendadas.

COMENTÁRIOS:
Incorreta a alternativa A.Como há uma situação de risco ao adolescente no caso descrito no enunciado, o médico não
deve manter o sigilo e deve convocar os responsáveis pela menor de idade.
Incorreta a alternativa B.O médico, nesse caso, não deve apenas aguardar que a adolescente venha com os pais, mas,
sim, deve convocar os responsáveis, pois há uma situação considerada de risco para a adolescente.
Correta a alternativa C.O médico deve convocar os pais ou responsáveis legais diante dessa situação de risco.
Incorreta a alternativa D.Nesse caso, não há necessidade, no momento, de entrar em contato com o Conselho Tutelar
para acompanhamento, mas, sim, com os pais ou responsáveis.

Gabarito: alternativa C.

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CAPÍTULO

7.0 ENURESE NOTURNA


Estrategista, estamos acabando o livro, e esse é o tópico que vamos considerar um bônus. Na nossa engenharia
reversa, o tema foi pouco cobrado pelo Revalida. Mas, se já caiu, nada impede de ser cobrado outra vez. Veja que o
tema é bem tranquilo. Vou resumir os principais conceitos para você a seguir.

7.1 O QUE É ENURESE NOTURNA?

Preste atenção, pois o conceito de enurese noturna é essencial para você resolver qualquer questão sobre o tema.

É a micção involuntária durante o sono, na idade em que o controle esfincteriano já está


presente, ou seja, após os CINCO anos de idade.

Para você ter uma ideia de quão comum pode ser esse problema, aproximadamente 10% das crianças na faixa
etária dos 7 anos apresentam enurese noturna.

7.2 CLASSIFICAÇÃO DE ENURESE

A classificação da enurese é subdividida em primária ou secundária, de acordo com sua evolução, e


monossintomática ou polissintomática, considerando-se os sintomas apresentados.
Veja:

• Na enurese primária, a criança nunca apresentou continência noturna.


Representa a maioria dos casos.
• A enurese secundária acontece quando a criança teve controle miccional por um
período de seis meses e passa a apresentar episódios de enurese. Pode ser atribuída
ao estresse, fator psicológico (nascimento de um irmão, separação dos pais etc.),
abuso sexual, infecção urinária de repetição, diabetes, bexiga neurogênica, hiperatividade e
disfunção vesicointestinal.
• A enurese noturna monossintomática é quando a criança tem apenas a enurese noturna,
sem outros sintomas. Está associada, na maioria dos casos, a uma história familiar de enurese.
• A enurese polissintomática acontece quando existem sintomas noturnos e diurnos
(polaciúria, urgeincontinência urinária diurna).

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Puericultura e Hebiatria

7.3 QUEM SÃO AS CRIANÇAS QUE DESENVOLVEM ENURESE?

Coruja, existe um grupo de crianças que são consideradas mais vulneráveis para ter a enurese, e você precisa ter
uma ideia disso, pois pode ser um conceito explorado em prova. Então, vamos conhecer os fatores de risco:

• Meninos até os 10 anos de idade (a partir dessa idade, a incidência entre meninos e meninas é a mesma).
• Baixa condição socioeconômica.
• Fatores genéticos (pai ou irmão mais velho teve enurese).
• Alterações neuropsiquiátricas, incluindo déficit intelectual; transtorno do déficit de atenção (TDAH) e
hiperatividade; e distúrbio de sono.

7.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de enurese é clínico. Quanto às causas, precisamos explorar alguns pontos da anamnese, do
exame físico e dos exames laboratoriais para identificá-las. Em relação à anamnese, sempre questionar os fatores que
podem levar à enurese:

• Processo de desfralde da criança (lembrando que esse processo deve ser fisiológico e guiado pela criança).
• Presença de constipação (constipação é a comorbidade mais associada à enurese).
• Pais enuréticos na infância.
• Doenças prévias, como apneia obstrutiva do sono, diabetes, disrafismo espinhal, doença psiquiátrica.

No exame físico, sempre procurar por doenças subjacentes, principalmente na enurese polissintomática. Já em
relação ao exame laboratorial, o exame de urina deve ser realizado em todas as crianças com enurese noturna. Com
ele, conseguimos detectar presença de infecção: piúria, bacteriúria e nitrito positivo. Além disso, podemos avaliar
glicosúria e baixa osmolaridade, podendo sugerir diagnóstico de diabetes mellitus e diabetes insipidus, respectivamente.
Exames de imagem, como ultrassonografia do trato urinário e exame urodinâmico, são reservados para
crianças com queixas diurnas significativas (se houver urgeincontinência, frequência ou retenção urinária e constipação
intestinal ou outros sintomas de dificuldade de esvaziamento), histórico de infecção do trato urinário anteriormente e/
ou sinais e sintomas de anormalidades urológicas estruturais.
Outros exames de imagem ou laboratoriais devem ser avaliados individualmente, de acordo com a queixa
e a sintomatologia. Lembre-se de que a enurese mais comum é a monossintomática, em que os exames físico e
laboratoriais são normais.
Veja este resumo antes de prosseguirmos para o tratamento:

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Primária: nunca
teve continência
(75%-95%).

Evolução Benigna familiar

Secundária:
Ligada a fatores
continência por
psicológicos
6 meses (10%-20%).

Classificação U1 + URC

Monossintomático:
apenas sintomas
noturnos (70%-90%).

Sintomas

Polissintomáticos: Quadros Exames


noturnos + diurnos. orgânicos* complementares*

7.5 TRATAMENTO

Por fim, vamos ao tratamento. Neste tópico, os maiores questionamentos são sobre qual é o tratamento de
primeira linha, bem como sobre as vantagens e desvantagens de cada um.
Por isso, saiba que o tratamento da enurese é pautado em três pilares: comportamental, condicionamento
e farmacológico. Desde já, saiba que o tratamento comportamental deve ser sempre sua primeira opção. Vamos
explorar os principais pontos de cada pilar abaixo:

Uroterapia (terapia Alarme


Desmopressina
comportamental) (condicionamento)

Aparelho colocado
na roupa de dormir
do paciente. Quando
Age aumentando a
a criança apresenta
reabsorção de água
a micção, um som
Tratamento inicial para todos os nos túbulos renais,
é disparado. Esse
pacientes. Deve ser oferecida aumentando a
dispositivo tem como
como 1º tratamento. osmolaridade urinária e
objetivo inibir o reflexo
reduzindo o volume de
miccional, fazendo com
urina.
que a criança consiga
acordar para urinar no
banheiro.

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Uroterapia (terapia Alarme


Desmopressina
comportamental) (condicionamento)

Urinar a cada 3 horas;


Posição miccional adequada para
relaxamento de musculatura Indicado para crianças entre
pélvica: redução de assento, pés 6 e 7 anos (maturidade para
Bons resultados em crianças
apoiados, angulação do tronco entender o processo).
que têm poliúria noturna,
para frente. Interromper o tratamento
sem disfunção vesical e
Aumentar a ingestão de líquidos quando a criança
pacientes mais velhos.
durante o dia e diminuir durante a apresentar 14 noites secas
noite (2 horas antes de dormir). consecutivas.
Hábito intestinal regular.
Urinar antes de se deitar.

Tratamento mais eficaz em


Manter o tratamento por,
longo prazo: sucesso de 65%
Taxa de sucesso: 20%. pelo menos, 3 meses após o
e taxa de recorrência de
Se associado à farmacoterapia: controle da enurese.
15%.
maior sucesso. Taxa de sucesso: 65%.
Alta taxa de abandono (até
Recidiva: pode chegar a 80%.
50%).

Para finalizar, vamos treinar com a questão abaixo.

CAI NA PROVA:
(REVALIDA – INEP) Uma criança com 7 anos de idade, do sexo feminino, é atendida na Unidade Básica de Saúde
devido à enurese noturna há cerca de 6 meses, com 2 a 3 episódios de perda involuntária de urina à noite por
semana. A criança havia apresentado controle de esfíncter vesical à noite aos 5 anos de idade. A mãe afirma
que a queixa principal coincidiu com o nascimento de seu filho mais novo, o que levou a mudanças na rotina da
família, entre elas, a menina passou a ficar com os avós durante o dia, só retornando para casa à noite. Nesse
caso, qual deve ser a conduta inicial?
A) Terapia com anticolinérgicos.
B) Terapia com desmopressina.
C) Terapia com amitriptilina.
D) Terapia comportamental.

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Puericultura e Hebiatria

COMENTÁRIOS:
Incorreta a alternativa A.A monoterapia com drogas anticolinérgicas, como a oxibutinina, não é eficaz no tratamento
da enurese noturna monossintomática [nosso caso da questão]. No entanto, agentes anticolinérgicos podem ser úteis
em crianças com enurese noturna e incontinência diurna. Nessas crianças, a terapia anticolinérgica pode ser usada
combinada com desmopressina para aumentar a capacidade da bexiga durante o sono.
Incorreta a alternativa B. A desmopressina é um análogo sintético da vasopressina, reduzindo a produção de urina
durante a noite. É uma alternativa para as crianças que não responderam aos tratamentos não farmacológicos de
enurese noturna.
Incorreta a alternativa C.Terapia amitriptilina não está indicada como terapia medicamentosa de rotina para enurese
noturna, pois existem preocupações com a toxicidade potencial dos antidepressivos tricíclicos nessa faixa etária.
Correta a alternativa D,porque é a melhor alternativa entre as opções se considerarmos causa SECUNDÁRIA e enurese
monossintomática desencadeada por evento estressor [nascimento do irmão]. Reveja as orientações no quadro-
resumo acima. Se a terapia motivacional não levar à melhora após três a seis meses, a adição de intervenções pode
ser necessária.

Gabarito: alternativa D.

CAPÍTULO

8.0 PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Querido Revalidando, o REVALIDA já cobrou uma questão polêmica e passível de recurso, a respeito dos
acidentes na infância.

Quanto à epidemiologia, o que temos de mais detalhado a respeito de estatística são os dados da ONG criança
segura, que compila dados do Ministério da Saúde. Ela diz que os acidentes são a principal causa de hospitalização e
óbitos de crianças e adolescentes até 14 anos no Brasil.
Por ano, cerca de 3,6 mil crianças morrem e outras 111 mil são hospitalizadas anualmente em nosso país por
causas externas. O trânsito e os acidentes domésticos são os grandes responsáveis por esses números.
Os dados apresentados pelo Ministério da Saúde são de 2017 e 2018. Em 2017, o trânsito, o afogamento e
a sufocação foram os principais fatores relacionados a óbitos, já em 2018, as quedas responderam por 46,1% das
internações. Se separarmos por idade, temos os seguintes dados em 2019 e 2018:

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Puericultura e Hebiatria

2.019 2.018
Tipo de acidente Faixa etária
Hospitalizações Óbitos

Menor de 1 ano 10 23
1 a 4 anos 129 383
AFOGAMENTO
5 a 9 anos 27 190
10 a 14 anos 23 270
Menor de 1 ano 1 0
1 a 4 anos 16 4
ARMAS DE FOGO
5 a 9 anos 13 6
10 a 14 anos 55 9
Menor de 1 ano 290 88
1 a 4 anos 1.838 242
DE TRÂNSITO
5 a 9 anos 3.627 247
10 a 14 anos 5.077 433
Menor de 1 ano 179 2
1 a 4 anos 1.390 43
INTOXICAÇÕES
5 a 9 anos 1.093 22
10 a 14 anos 1.214 23
Menor de 1 ano 56 600
1 a 4 anos 264 119
SUFOCAÇÃO
5 a 9 anos 122 47
10 a 14 anos 37 25
Menor de 1 ano 2.768 28
1 a 4 anos 11.403 50
QUEDAS
5 a 9 anos 19.840 35
10 a 14 anos 18.602 40
Menor de 1 ano 1.334 23
2 a 4 anos 6.128 73
QUEIMADURAS
5 a 9 anos 6.766 46
10 a 14 anos 6.795 58

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Puericultura e Hebiatria

De acordo com a Caderneta de Saúde da criança, • De 2 a 4 anos: os mesmos das faixas


a prevenção de acidentes deve ser orientada por faixas anteriores, além do cuidado com animais
etárias, sempre mantendo as orientações da fase domésticos e queimaduras.
anterior. Da seguinte forma: • Dos 4 aos 6 anos: mesmos cuidados da idade
• De 0 a 6 meses, devem ser em relação anterior, usar equipamento de proteção ao
à sufocação, quedas, intoxicações, andar de bicicleta, patins, skate. Cuidado
queimaduras, afogamentos e acidentes de ao caminhar pela rua, utilizando sempre a
transporte (transportar a criança no bebê- calçada. Não brincar em lajes, varandas e
conforto ou no conversível, colocada no terraços sem grades de proteção. Utilizar
banco de trás do carro, voltada para o vidro assentos de elevação (boosters) até os 10
traseiro. anos ao andar de carro e cinto de segurança
• De 6 meses a 2 anos, faixa etária da criança de três pontos, no banco traseiro.
em questão, as orientações devem ser as • Dos 6 aos 9 anos: além das outras
mesmas da faixa anterior acrescidas de recomendações, cuidados com choques
quedas e ferimentos, envenenamento e elétricos, acidentes com pipas. Após os 7
queimaduras. anos e meio, no carro, devem sentar-se no
• No carro, a criança de 1 a 4 anos deve ser banco de trás, usando o cinto de segurança
transportada em uma cadeira especial para de três pontos. A criança só pode sentar-se
crianças, com cintos de segurança de três no banco da frente (com cinto de segurança)
pontos, que deve ser colocada no banco de após os dez anos de idade.
trás, conforme a orientação do fabricante. Vamos treinar!

CAI NA PROVA
(REVALIDA INEP 2022.2) Lactente do sexo masculino, de 1 ano, foi levado à unidade básica de saúde pela mãe,
para consulta de puericultura, sem queixas atuais. Nesse tipo de acompanhamento, é primordial a orientação para
prevenção de acidentes, evitando-se, assim, agravos externos que coloquem em risco a saúde infantil.
As orientações devem incluir os acidentes predominantes nessa faixa etária, que acontecem por
A) atropelamento e queimadura solar.
B) queda do carrinho e atropelamento.
C) asfixias, quedas e aspiração de corpo estranho.
D) aspirações e queimadura por água de banheira.

COMENTÁRIOS
Olá, Revalidando, as questões de acidentes na infância, principalmente relacionadas à epidemiologia, sempre são
polêmicas e abrem margem para recurso, essa não é diferente. Mesmo se adotássemos duas linhas de raciocínio
diferentes, ela ainda assim não teria resposta. Vamos abordar os dois.

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Puericultura e Hebiatria

1) Quanto à epidemiologia. - ÓBITOS


Os dados do Ministério da Saúde são difíceis de analisar, Afogamento > Trânsito > Sufocação > Queimaduras >
genéricos e desatualizados. Além disso, tendem a Quedas > Armas
mudar a cada ano. O que temos de mais detalhado são Além disso, o Ministério da Saúde não especifica o tipo
os dados da ONG criança segura, que compila dados de acidente para dizer queimadura solar, de água de
do Ministério da Saúde. Ela diz que os acidentes são a banheira, queda do carrinho.
principal causa de hospitalização e óbitos de crianças e 2) O segundo modo de resolver seria levar em
adolescentes até 14 anos no Brasil. Por ano, cerca de 3,6 consideração o que está na caderneta de saúde da
mil crianças morrem e outras 111 mil são hospitalizadas criança do Ministério da Saúde. Segundo o item:
anualmente em nosso país por causas externas. O “Cuidando da segurança da criança: prevenindo
trânsito e os acidentes domésticos são os grandes acidentes e violência”, a prevenção de acidentes deve
responsáveis por esses números. Os últimos dados ser orientada por faixas etárias, sempre mantendo as
ofertados pelo Ministério da Saúde são de 2017 e 2018. orientações da fase anterior. De 0 a 6 meses, devem
Em 2017, o trânsito, o afogamento e a sufocação foram ser em relação à sufocação, quedas, intoxicações,
os principais fatores relacionados a óbitos, já em 2018, queimaduras, afogamentos e acidentes de transporte.
as quedas responderam por 46,1% das internações. Se De 6 meses a 2 anos, faixa etária da criança em questão,
separarmos por idade, temos os seguintes dados em as orientações devem ser as mesmas da faixa seguinte
2019 e 2018 (últimos anos disponíveis). acrescidas de quedas e ferimento, envenenamento e
Se formos analisar por eles e levar em conta a idade de queimaduras. Além disso, as orientações também são
1 a 4 anos, a questão não tem resposta, pois ela pede genéricas e não estão colocadas sobre a forma de quais
os acidentes predominantes e teríamos. são predominantes.
- HOSPITALIZAÇÕES GABARITO OFICIAL: C
Quedas > Queimaduras > Trânsito > Sufocação >
Afogamento> Armas PELO EMED: QUESTÃO SEM RESPOSTA CORRETA

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Puericultura e Hebiatria

CAPÍTULO

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. BRASIL. 2012. Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica. SAÚDE DA CRIANÇA: CRESCIMENTO
E DESENVOLVIMENTO. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_
crescimento_desenvolvimento.pdf. Acesso em 01 de dezembro de 2021.
2. ______. 2017. Ministério da Saúde. Manual de quadros de procedimentos: Aidpi Criança: 2 meses a 5 anos.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em 01 de dezembro de 2021.
3. ______. 2013. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa
Nacional de Suplementação de Ferro: manual de condutas gerais. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/manual_suplementacao_ferro_condutas_gerais.pdf.
4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. 2014. Documentos Científicos. Deficiência de vitamina D em crianças
e adolescentes. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/vitamina_d_
dcnutrologia2014-2.pdf. Acesso em: 05 de dezembro de 2021.
5. ______. 2014. Documentos Científicos. Consenso sobre anemia ferropriva. Disponível em: https://www.sbp.
com.br/fileadmin/user_upload/23172c-Diretrizes-Consenso_sobre_Anemia_Ferropriva.pdf. Acesso em: 05 de
dezembro de 2021.
6. BRASIL, 2020. Ministério da Saúde. Caderneta da criança. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
caderneta_crianca_menino_2ed.pdf
7. ______. 2013. Ministério da Saúde. Caderneta do adolescente https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
caderneta_saude_adolescente_masculino.pdf
8. ______. 2018. Ministério da Saúde. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica.
9. CHUEIRI, P.S.; CARVALHO, F.P. A puericultura na prática da medicina de família e comunidade. Programa de
atualização em medicina da família. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2016.
10. KUWERTZ–BRÖKING, E.; VON GONTARD, A. Clinical management of nocturnal enuresis. Pediatr Nephrol. 2017
Aug. [Epub ahead of print]
11. CRUZ, G.N.O.; MONTEIRO, L.M.C. Disfunção do trato urinário inferior. In: Sociedade Brasileira de Pediatria;
Leone C, Cabral SA, organizadores. PROPED Programa de Atualização em Terapêutica Pediátrica: Ciclo 4. Porto
Alegre: Artmed Panamericana; 2018. p. 109–34. (Sistema de Educação Continuada a Distância.
12. ESTRATÉGIA MED. 2021. Curso extensivo de pediatria. Tópicos em Pediatria.
13. ESTRATÉGIA MED. 2021. Curso extensivo de pediatria. Enurese noturna.
14. ESTRATÉGIA MED. 2021. Curso extensivo de hematologia. Anemias.
15. GOULART, A.L.; SANTOS, A.M.N.; BARROS, M.C.M. Puericultura do prematuro. In: Sociedade Brasileira de
Pediatria; Leone C, Cabral SA, organizadores. PROPED Programa de Atualização em Terapêutica Pediátrica: Ciclo

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Puericultura e Hebiatria

4. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. p. 11–69. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3).
16. SBP, 2012. SEGUIMENTO AMBULATORIAL DO PREMATURO DE RISCO. Disponível em: https://www.sbp.com.br/
fileadmin/user_upload/pdfs/Seguimento_prematuro_ok.pdf. Acessado em 20 de dezembro de 2021.
17. Ministério da Saúde: Guia alimentar para crianças menores de 2 anos , 2021.

CAPÍTULO

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Querido futuro Médico Revalidando,
Parabéns! Você concluiu o estudo deste livro. Que orgulho de você!
Sua persistência nos estudos vai ajudá-lo a atingir seus objetivos, estou certa disso.
Quero que saiba que estarei ao seu lado nessa caminhada e que, se surgir qualquer dúvida a respeito deste livro,
estarei a sua disposição no Fórum de Dúvidas. Será um grande prazer ajudá-lo.
Desejo a você todo o sucesso do mundo!!
Grande abraço,

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