Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CLE 5º semestre
2020-2021
A dor em crianças:
Prevenção, avaliação e tratamento
Ananda Fernandes
amfernandes@esenfc.pt
O que precisa de saber?
PORQUÊ
PREOCUPARMO-NOS?
AnandaFernandes 2014
1º
• As crianças TÊM DOR, TÊM MEMÓRIA de
dor e a dor TEM CONSEQUÊNCIAS
imediatas e a longo prazo.
AnandaFernandes 2014
Palavra-chave para compreender a dor
nas crianças
DESENVOLVIMENTO
AnandaFernandes 2014
Discussão
▸ As crianças sentem mais dor ou menos dor do
que os adultos?
Como está
provado que o
RN tem dor?
LEBOYER, 1980
Dor e desenvolvimento
MAS
▸ Controlo descendente endógeno mal estabelecido
Hipersensibilidade dolorosa
(Anand & Hickey, 1987; Anand & Scalzo, 2000)
“O RN é hiperálgico”
4. Percepção
1.Transdução
3. Modulação
2. Condução
AnandaFernandes 2019
EVIDÊNCIAS
• O recém-nascido memoriza e reconhece
estímulos auditivos, olfactivos,
gustativos, visuais
• Separação materna condiciona o
desenvolvimento cerebral
(Anand & Scalzo,2005)
Respostas imediatas
▸ FISIOLÓGICAS
▸ Respiratórias e cardio-vasculares
▸ Endócrino-metabólicas: Aumento do cortisol
▸ Variações bruscas da PIC
▸ Provável risco de Hemorragia Intra-ventricular
(Fitzgerald & Anand, 1993)
Respostas imediatas
▸ COMPORTAMENTAIS
▸ Choro
▸ Expressão facial
▸ Motoras
▸ Sono/vigília
Reconhecer a dor
https://www.menti.com/
Maior sensibilidade à Dor
+
Maior plasticidade cerebral
+
Sensibilidade à separação materna
SNC
Reorganização estrutural e funcional com alterações permanentes
do desenvolvimento subsequente e da sensibilidade
(Grunnar & Barr, 1998; Anand & Scalzo, 2000; Als et al., 2004)
COMPORTAMENTAIS
Respostas de dor exacerbadas e posteriormente diminuídas;
somatização (Taddio et al., 1994; Grunau et al. 1994; 1998; 2005)
Dificuldade em lidar com o stress (Grunnar & Barr, 1998)
• A dor não é inócua e causa
sofrimento
AnandaFernandes 2014
Consequências da dor não tratada
AnandaFernandes 2014
Epidemiologia da dor na criança
DOR AGUDA
• No dia-a-dia: pequenas quedas e ferimentos, …
• Dor em procedimentos (vacinação, colheitas, …)
• Dor cirúrgica
• Dor de origem traumática (acidentes, maus-tratos,
violência, guerra, catástrofes)
DOR CRÓNICA
• Dor recorrente (cefaleia, dor abdominal, dor lombar, …)
• Dor associada a doença crónica: artrite, doenças do sangue,
…)
• Dor associada a doenças de evolução prolongada: cancro e
SIDA
• Dor crónica pós-cirúrgica
Epidemiologia da Dor
no Recém-nascido saudável
▸ Maternidade, Centro de Saúde, Casa
▸ Vitamina K
▸ Traumatismo obstétrico
Bossa Sero-sanguínea e cefalo-hematoma,
equimoses e hematomas, lacerações do couro
cabeludo e face, fractura da clavícula…
▸ Vacinação
▸ Teste do pezinho
Epidemiologia da Dor
no Recém-nascido em Cuidados Intensivos
Neonatais
PRÉ-ESCOLAR
Sílvia, 4 anos
“Sou eu que estou com dores
de barriga”
Exposição “Desenha a Dor, 99”
AF 6/7/2010
Desenvolvimento infantil e Dor
• Compreensão da dor pela criança
ESCOLAR
Soraia, 9 anos
AF 6/7/2010 Exposição “Desenha a Dor, 99”
Desenvolvimento infantil e Dor
• Compreensão da dor pela criança
A Dor
A dor é indescritível.
É difícil explicar o que se
ADOLESCENTE sente quando temos dor.
Mas não a dor física que pode
ser curada e tratada. A dor
que sentimos quando vemos
alguém de quem gostamos a
sofrer.
Elsa, 15 anos
Mas esta também pode ser
Serviço de Ortopedia, H.P. curada. Com muito amor
Exposição “Desenha a Dor, 1999” carinho e compreensão.
AF 6/7/2010
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
O que avaliar?
intensidade, características, localização
contexto
AnandaFernandes 2014
Instrumentos de AUTO-RELATO
da dor
Coloured Analogue Scale
(McGrath et al., 1996)
Front Back
AnandaFernandes 2014
Escala numérica
Escala visual
analógica
Sem dor Pior dor
possível
Adaptado de :
ANANDAFERNANDES 2014
• APPT-PT
(WGRS, 43 locais de dor; 67 descritores de dor)
CÓDIGO
DATA
1. INSTRUÇÕES
Pinta nestes desenhos os locais que mostram onde tens dor. Ao pintar, faz
as marcas grandes ou pequenas conforme o sítio onde dói.
Expressão facial:
▸ Sobrancelhas franzidas
▸ Olhos cerrados
▸ Prega naso-labial
▸ Lábios abertos
▸ Boca em O
▸ Língua tensa e côncava
Choro
(Craig, 1998)
EDIN – Echèlle Douleur Inconfort Nouveau-Né
(Debillon et al., 2001)
0 1 2 3
Acorda espontânea e
Adormece facilmente, sono
SONO prolongado, calmo
Adormece dificilmente frequentemente, sono Não adormece
agitado
NECESSIDADE DE
INTERVENÇÃO
TERAPÊUTICA: ≥5
(ANAES)
NIPS - Neonatal Infant Pain Scale
(LAWRENCE, J ET AL., 1993)
• analgesia em procedimentos:
Sacarose oral
Amamentação
AnandaFernandes 2014
PREVENIR A DOR – 1 AOS 18 ANOS
• Proporcionar analgesia
(depende do tipo de procedimento)
Distracção
Óxido nitroso
(MEOPA)
com ou sem Analgésicos
hipnoanalgesia Com ou sem
sedativos
Creme anestésico
TRATAR A DOR
(cirúrgica, oncológica, etc.)
AnandaFernandes 2014
Boas práticas para controlo da dor
Cumprir as orientações técnicas da DGS
Fora do hospital:
▸ Prevenir a dor da vacinação
▸ Estar atento à dor crónica e encaminhar para tratamento
Durante a hospitalização:
▸Avaliação sistemática da dor, com recurso a escalas adequadas;
▸Redução do número de procedimentos, o seu agrupamento e a seleção dos
menos dolorosos;
▸Adequar a estimulação ambiental (luz, ruído, manipulação)
▸Prevenir a dor em procedimentos “minor” e “major”
▸Tratar a dor aguda e crónica (intervenções farmacológicas e não farmacológicas)
▸Envolver os pais na avaliação e controlo da dor
DGS (2012)
Soluções adocicadas
EFEITOS ADVERSOS
MÍNIMOS
RESOLVIDOS SEM
NECESSIDADE DE O USO COMBINADO DAS
INTERVENÇÃO MÉDICA SOLUÇÕES ADOCICADAS COM
(STEVENS ET AL., 2016). A SUCÇÃO NÃO NUTRITIVA
DEMONSTRA MAIOR EFICÁCIA
NA PREVENÇÃO E ALÍVIO DA
DOR (STEVENS ET AL., 2016).
(Blass & Hoffmeyer, 1991; Haouari et al., 1995; Johnston et al., 1997; Stevens et al., 1999; Gibbins et al., 2002; Stevens, Yamada &
Ohlsson, 2004)
Sucção não nutritiva
DIMINUIÇÃO DE
VARIAÇÃO DA FC,
DIMINUIÇÃO DO
TEMPO DE CHORO
(Shah, P. S., Aliwalas, L. L., & Shah, V. S. (2011). Breastfeeding or breast milk for procedural pain in
neonates. Cochrane Database of Systematic Reviews.
Apoio postural e contenção facilitada
▸ Manter a postura em flexão com as mãos ou
embrulhar o bebé
EFETIVIDADE NA REDUÇÃO DA
VARIAÇÃO DE FC E SATO2 (AXELIN;
SALANTERA; LEHTONEN, 2006),
BONS RESULTADOS NA ESTABILIDADE
DOS PARÂMETROS
COMPORTAMENTAIS DE DOR,
(SUNDARAM ET AL., 2013)
Intervenções não-farmacológicas
▸ Vantagens:
▸ Geralmente são de baixo custo,
▸ Fácil implementação
▸ Podem ser utilizadas por qualquer categoria
profissional, inclusive pelos pais dos RNs.
Fernandes, A., Campbell-Yeo, M., & Johnston, C. C. (2011b). Procedural pain management for
neonates using nonpharmacological strategies: Part 1: sensorial interventions. Advances in
Neonatal Care : Official Journal of the National Association of Neonatal Nurses, 11(4), 235–41.
http://doi.org/10.1097/ANC.0b013e318225a2c2
Campbell-Yeo, M., Fernandes, A., & Johnston, C. (2011). Procedural pain management for
neonates using nonpharmacological strategies: part 2: mother-driven interventions. Advances in
Neonatal Care : Official Journal of the National Association of Neonatal Nurses, 11(5), 312-8-20.
http://doi.org/10.1097/ANC.0b013e318229aa76
RECOMENDAÇÕES
https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/orientacoes-e-circulares-informativas/orientacao-n-
https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/orientacoes-e-circulares-informativas/orientacao-n-
0242012-de-18122012.aspx
0242012-de-18122012.aspx
Punção /cateterismo venoso
▸ Soluções adocicadas
▸ 2 minutos antes do procedimento
▸ Sucção não nutritiva
▸ Contenção
▸ Canguru
▸ Amamentação
Colheita para diagnóstico precoce (teste do
pezinho)
▸ Evitar sempre que possível a picada do calcanhar
SE REALIZAR A PUNÇÃO DO
CALCANHAR, PREFERIR A
LANCETA AUTOMÁTICA EM (Shah & Ohlsson, 2011)
VEZ DE MANUAL (DGS,
2012)
Vacinação
▸ Chupeta
(Schechter et al., 2007)
NÃO ASPIRAÇÃO
VACINA MAIS DOLOROSA POR ÚLTIMO
POSICIONAMENTO ADEQUADO
AMAMENTAÇÃO
VACINA ORAL DO ROTAVÍRUS ANTES DA
INJEÇÃO
(WHO, 2015)
Be sweet to babies…
https://www.youtube.com/watch?v=L43y0H6XEH4
Os pais e a dor do RN
▸ http://nursing.ucsf.edu/news/comforting-
your-baby-intensive-care-professor-linda-
franck-now-available-free-charge
Os pais e a dor do RN
https://www.megfoundationforpain.org/resources-old
▸ American Academy of Pediatrics (AAP). Committee on Fetus and Newborn and Section on Anesthesiology and Pain Medicine.
Prevention and Management of Procedural Pain in the Neonate. Pediatrics. In: Pediatrics. 2016.
▸ Anand, K. J. S., & Scalzo, F. M. (2000). Can adverse neonatal experiences alter brain development and subsequent behavior?.
Neonatology, 77(2), 69-82.
▸ Cruz MD, Fernandes AM, Oliveira CR. Epidemiology of painful procedures performed in neonates: A systematic review of
observational studies. Eur J Pain (United 115 Kingdom). 2016;20(4):489–98.
▸ Direção-Geral da Saúde (DGS), 2012a. Orientação no 024/2012 de 18/12/2012. Orientações técnicas sobre o controlo da dor nos
recém-nascidos (0 a 28 dias).
▸ Direção-Geral da Saúde (DGS), 2012b. Orientação técnica no022/12 de 18/12/2012. Orientações técnicas sobre o controlo da dor em
procedimentos invasivos nas crianças (1 mês a 18 anos).
▸ Direção-Geral da Saúde (DGS), 2012c. Orientação no 023/2012 de 18/12/2012. Orientações técnicas sobre o controlo da dor nas
crianças com doença oncológica.
▸ Direção-Geral da Saúde, 2010. Orientações técnicas sobre a avaliação da dor nas crianças Orientação no 014/2010 de 14/12/2010.
▸ Fernandes, A. (2000). Crianças com Dor: o quotidiano do trabalho de dor no Hospital. Coimbra: Quarteto.
▸ Hall, R. W., & Anand, K. J. S. (2005). Physiology of pain and stress in the newborn. NeoReviews, 6(2), e61-e68.
▸ Harrison D, Reszel J, Bueno M, Sampson M, Shah Vibhuti S, Taddio A, et al. Breastfeeding for procedural pain in infants beyond the
neonatal period. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2016;(8).
▸ Johnston C, Campbell-Yeo M, Disher T, Benoit B, Fernandes A, Streiner D, et al. Skin to Skin care for procedural pain in neonates:
Review. Cochrane Database Syst Rev. 2017;(2):3–82.
▸ Stevens B, Yamada J, Ohlsson A, Haliburton S, Shorkey A, Stevens B, et al. Sucrose for analgesia in newborn infants undergoing
painful procedures. (Review). Cochrane Databaseof Syst Rev. 2016;(7):Art.No.: CD001069.