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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE

DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

ANAMNESE EM PEDIATRIA
O enfermeiro e a comunicação com a criança e a família
COMUNICAÇÃO NA ASSISTÊNCIA
À CRIANÇA E À FAMÍLIA

• A comunicação é um elo entre a criança, família e enfermagem,


permitindo diálogo e dando segurança durante o cuidado

• Desperta na criança e família o sentimento de segurança,


confiança e tranquilidade.

• Todas as formas de comunicação com a criança e família


devem ser valorizadas, para um relacionamento terapêutico e
de confiança
ANAMNESE EM PEDIATRIA

• Relato dos feito pelos pais, responsáveis ou pelo próprio


paciente

• Momento + importante e fundamental para um diagnóstico


preciso

• ANAMNESE bem feita= diagnóstico correto

• ANAMNESE mal feita= induzir diagnóstico errado

• Importante saber dirigir as perguntas, numa linguagem acessível


para facilitar as respostas;
ANAMNESE EM PEDIATRIA

 ANAMNESE ORDENADA EXIGE

– real treinamento
– paciência. NUNCA fazer com impaciência
– mostrar interesse e ter respeito no ato de colher a história
– não suprimir informações
– detalhar ao máximo possível
– deve ser o mais COMPLETA possível
– registrar os dados coletados
ANAMNESE EM PEDIATRIA

 AMBIENTE

– Local tranquilo, com privacidade

– As cadeiras devem colocar família, criança e profissional no


mesmo nível de altura

– Brinquedos no consultório

– Estabelecer prioridades quando não se dispõe de tempo


ANAMNESE EM PEDIATRIA

 APRESENTAÇÃO

– Antes de iniciar a ANAMNESE o enfermeiro deverá apresentar-


se

– Deverá ficar claro o papel do profissional

– Perguntar o nome da criança e dos pais

– Evitar dirigir-se aos pais com expressões impessoais, tais


como: “mãe/mãezinha” ou “pai/paizinho”

– Com crianças maiores e adolescentes, perguntar como gostam


de ser chamadas
ANAMNESE EM PEDIATRIA

 ATITUDE E COMPORTAMENTO

– Roupas menos formais (não estar todo de branco) pode ajudar na


aproximação com crianças

– A gentileza no falar, o uso de voz tranquila e palavras suaves são


percebidos pelo paciente

– Tato e consideração ao transmitir as mensagens

– Ouvir a criança e seus familiares

– Assumir posições firmes em certas recomendações, desde que se


evitem expressões pejorativas, humilhantes ou tom de censura
ANAMNESE EM PEDIATRIA

 CONDUZIR A ENTREVISTA

– Perguntas mais objetivas. Necessária habilidade para colocar


pais e paciente à vontade, deixando-os falar
– Não usar perguntas que induzam respostas tipo “sim ou não”.
– “Ele se alimenta bem?”. Preferir: “Como ele está se
alimentando?”.
– Existem alguns métodos que facilitam o relato dos pais

Facilitação Reflexão Esclarecimento

Respostas empáticas Confrontação Interpretação


• Ser atento, fazendo silêncio para ouvi-lo ou usando
Facilitação expressões como “hum-hum”ou “continue

• Estimular associações que o paciente não faria com


perguntas diretas.
• Mãe: “A tosse do meu filho era tão forte que eu
Reflexão pensei que ele fosse morrer.” enfermeiro: “Pensou
que ele fosse morrer...” Mãe: “Sim, minha mãe
também teve tosses fortes antes de morrer.”

• Não é errado o enfermeiro perguntar ao paciente o


que significa determinado termo para ele. Pedir-lhe
Esclarecimento para esclarecer o significado de expressões
específicas
• Dizer frases simples como “Eu compreendo.” ou
“Eu imagino como isto deve ser difícil para você.”
Respostas Empáticas Às vezes, de maneira não verbal, pode-se ser
empático: fazer silêncio e dar um tempo para que
o paciente se recomponha se por acaso chorar.

• Este método requer maior entendimento entre


Confrontação enfermeiro e paciente. Confrontar alguém com
seus sentimentos exige tato e delicadeza.

• Este método faz inferências a respeito dos


sentimentos do paciente e não apenas o
confronta com eles. Por exemplo: "Você já fez
Interpretação inúmeras perguntas sobre o resultado dos
exames. Está preocupado com o diagnóstico?"
• Uma interpretação errada poderá por todo um
trabalho a perder.
ANAMNESE EM PEDIATRIA

• É preciso saber impor limites


• Deixar claro que a criança é o paciente e que o enfermeiro dará
importância às suas queixas
• Não rir delas, exceto quando ficar claro que é para rir
• Não caçoar da criança
• Procurar discutir com a criança sintomas, diagnósticos e
tratamentos numa linguagem ao nível do seu entendimento
• Estar por dentro dos desenhos infantis, brinquedos atuais
• Conhecer o universo infantil
• Conhecer estórias infantis
ANAMNESE EM PEDIATRIA

• Qualidade do informante
– Prolixa
– Ansiosa
– Desconfiada
– Depressiva

• Perguntas simples e diretas

• Adequadas ao grau de escolaridade


ANAMNESE EM PEDIATRIA

• Nunca minta à criança sobre procedimentos,


mesmo os dolorosos

• Não permita que a mãe a amedronte com


a figura do enfermeiro
ANAMNESE EM PEDIATRIA

 CARACTERÍSTICAS DA ENTREVISTA
COM ADOLESCENTES

– Ser natural, gostar de adolescentes, tentar ser compreensivo e


dar apoio a ele sem reproduzir o papel de pai ou censor
– Deixar sempre bem claro para o adolescente que é ele o
paciente e não os pais
– Procurar dar a orientação terapêutica diretamente ao paciente
– O adolescente pode ser inicialmente calado, desconfiado e
hostil
– O tópico sexualidade deve ser abordado mesmo que não venha
como uma queixa
ROTEIRO DA ANAMNESE
IDENTIFICAÇÃO
• Nome completo
• data do nascimento
• idade atual
• sexo
• origem étnica
• naturalidade
• Procedência
• religião
• nome do informante
• relação de parentesco com a criança
• fidedignidade presumida do informante
• data da entrevista
QUEIXA PRINCIPAL

• Motivo pelo qual a família procurou o serviço de


saúde

• Deve ser relatado com as palavras do familiar


HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA)

• Registrar a data de início dos sintomas (p.ex.: registrar “teve uma


crise convulsiva há seis dias” em vez de “teve uma crise
convulsiva na quarta-feira passada”)

• Registrar todas as características relevantes dos sintomas, tais


como:
• duração (em cada episódio)
• intensidade
• frequência (periodicidade)
• fatores de intensificação e alívio (medicação, alimentos, posição,
relação com a respiração, esforço, eliminações)

• Registrar consultas médicas anteriores, diagnóstico(s) dado(s),


exames realizados e medicação usada.

• Usar linguagem técnica para os registros da HDA


ANTECEDENTES MÓRBIDOS PESSOAIS (AMP)
HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA (HPP)

• Investigação e registro de todas as doenças e internações sofridas


anteriormente

• Devem serHISTÓRIA
relatadas todas as infecções
DA DOENÇA da infância
ATUAL (HDA)e seus
tratamentos

• Descrever minuciosamente:
• Cirurgias
• Quadros de alergias a medicamentos ou alimentos
• Comorbidades
• Uso de medicamentos

• Situação vacinal
HISTÓRIA DA GESTAÇÃO, PARTO E NASCIMENTO

• GESTAÇÃO
• Planejamento e aceitação da gravidez
• duração, pré-natal (quantas consultas)
• intercorrências (sangramento, infecção urinária, hipertensão,
diabete, convulsões, obesidade, cirurgia, rubéola, outras doenças,
radiografia nos primeiros 3 meses)
• ferro, vitaminas, medicamentos, drogas ilícitas, fumo, álcool

• PARTO
• Tipo (se cesariana, motivo)
• tempo
• sofrimento fetal
• condições de nascimento
• Apgar (primeiro e quinto minutos)
• manobras de reanimação.
HISTÓRIA DA GESTAÇÃO, PARTO E NASCIMENTO

• DADOS ANTROPOMÉTRICOS AO NASCER


• Peso, comprimento, perímetro cefálico, perímetro torácico

• PERÍODO NEONATAL IMEDIATO


• Problemas respiratórios, cianose, icterícia, problemas
alimentares, infecção, convulsão
• necessidade de tratamento especial (incubadora, oxigênio,
medicação, fototerapia, cateterismo de vasos umbilicais,
ventilação mecânica)
• tempo de hospitalização
• condições de alta, peso na alta
• Testes de triagem neonatal
ANTECEDENTES MÓRBIDOS FAMILIARES (AMF)

• Registrar idade e estado de saúde de pais e irmãos

• Doenças familiares: alergia, asma, diabete, cardiopatia, convulsões


com ou sem febre, hemofilia, hipertensão arterial, pneumopatia
crônica, retardo de desenvolvimento, tuberculose, outras.

• História de abortamentos ou mortes prematuras na família.


CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

• Uso de curvas padronizadas para monitorização do crescimento



• Tendência à obesidade ou emagrecimento.

• Idade de aquisição dos seguintes marcos: firmar a cabeça, sorriso


espontâneo, segurar objetos, sentar sem apoio, engatinhar, andar
sem apoio, controlar esfíncteres, primeiras frases, correr sem
dificuldade, subir escadas, linguagem de adulto, beber em copo,
usar colher, vestir-se.

• Desenvolvimento de caracteres sexuais

• Rendimento escolar.
HISTÓRIA ALIMENTAR

• Tempo de aleitamento materno; causa do desmame

• Uso de fórmula láctea. Qual? Forma? Tempo?

• Suplementação de ferro e vitaminas

• Alimentação atual
CONDIÇÕES SOCIO-AMBIENTAIS

• Tipo e condições da habitação


• condições de saneamento (destino dos dejetos, água tratada,
conservação dos alimentos), instalação de água, luz, esgoto,
localização da residência (cidade, campo), número de cômodos,
eletrodomésticos (geladeira, televisor), número de pessoas no
domicílio, estado de saúde dos ocupantes, local onde dorme o
paciente, condições de segurança da habitação.

• Quem toma conta da criança e onde?


• Pais e irmãos (grau de instrução, tipo de emprego, rendimento
familiar médio, uso de drogas).
• Situação conjugal dos pais (estado civil, separação,
relacionamento).
CONDIÇÕES SOCIO-AMBIENTAIS

• Escola (pública ou privada).


• Tipo de relacionamento com os colegas e professores.
• Atividades para-escolares (esporte, música, artes). Quantas
horas diárias assiste TV?
• Contato com animais, dentro e fora da habitação.
• Contato com substâncias tóxicas.
• Contato com violência
• Atividade sexual
PRINCIPAIS QUEIXAS IDENTIFICADAS
NA ANAMNESE PEDIÁTRICA
FEBRE

• Início
• Tempo de duração: em horas, dias.
• Sintomas associados: calafrios, vômitos, diarréia, tosse.
• Intensidade da febre - métodos de aferição.
• Comportamento da criança no período de apirexia.
• Lactente febril sem sinais de localização (FSSL):
– investigar sinais e sintomas de doença bacteriana grave:
calafrios (bacteremia oculta), letargia, sonolência, recusa
alimentar, hipoatividade, febre persistente acima de 39,5º
VÔMITOS

• Início
• Aspecto
• Pós - alimentares, pós – tosse
• Sintomas associados: diarréia, febre
• No RN: infecção, estenose hipertrófica do piloro, obstrução
intestinal
DIARRÉIA

• Início
• Duração: aguda, persistente, crônica
• Numero de evacuações
• Aspecto das fezes
• Presença de muco, pus, sangue
• Diurese
• Sintomas associados: vômitos, febre
• Antecedentes pessoais de parasitoses prévias
• Tipo de alimento ingerido nas últimas 24 horas (entero infecções)
• Condições de habitação
TOSSE

• Início
• Duração
• “Cansaço”
• “Chiado no peito”
• Tipo de tosse: seca, produtiva, ladrante (“tosse de cachorro”)
• Sintomas associados: coriza, espirros, obstrução nasal, febre,
cianose
• Tosse aguda, seca, cansaço, “chiado no peito “ – crise
asmática
• Tosse, febre, aumento da FR, dispnéia- Pneumonia
• Tosse ladrante (cachorro), à noite, estridor - laringite
espasmódica
TOSSE

• Tosse espasmódica- “Coqueluchóide”


• Lactente com sintomas gripais , piora progressiva do
desconforto respiratório – bronquiolite
• Tosse > 3 semanas, febre, perda de peso, historia
epidemiológica + TB - Tuberculose
• Antecedentes Pessoais : pneumonias de repetição -
Imudeficiências? Corpo estranho?
• Antecedentes familiares: asma, alergias
CEFALÉIA

• Caráter agudo ou recorrente


• Queixas visuais- escotomas - fotossenbilidade- pródomos
(enxaqueca)
• Sintomas associados: febre, sonolência, vômitos, perda de
peso
• Cefaléia aguda, com febre, vômitos em jato, sinais
meníngeos (meningite)
• Antecedentes familiares de enxaqueca
DOR ABDOMINAL

• Início
• Duração : aguda, crônica, recorrente
• Caráter : cólica, em pontada, queimação
• Localização: localizada, difusa, com ou sem irradiação
• Sintomas associados: vômitos, diarréia
• Antecedentes de enteroparasitoses
• Dor abdominal em escolar, adolescente, inicialmente difusa,
depois localizada em fossa ilíaca direita, acompanhado de
febre, vômitos, parada da eliminação de gases ou fezes
• apendicite aguda
DOR EM MEMBROS INFERIORES
E DOR DE OUVIDO

• “Dor de crescimento”: aparecimento noturno, melhora


com massagens, intensa atividade física

• Início: Abrupto, gradual


• Tempo de evolução
• Febre , sintomas catarrais
• Otorréia
• História de Ivas prévia, banhos (mar,piscina)
DOR DE GARGANTA

• Início: Abrupto, gradual


• Febre - sintomas catarrais (coriza, espirros, tosse)- amigdalite
viral
• Febre - adenopatia submandibular dolorosa, intensa dor a
deglutição, exudato amigdaliano - amigdalite estreptocócica
REFERÊNCIAS

• ANAMNESE Pediátrica. Faculdade de medicina


departamento de pediatria e puericultura. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

• RODRIGUES YT; RORIGUES PPB. Semiologia Pediátrica.


3ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

• Martinez EA; Tocantins FR; Souza SR. Comunicação e


assistência de enfermagem a criança. R. pesq.: cuid. fundam.
online 2010. out/dez. 2(Ed. Supl.):12-14 12

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