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ANAMNESE INFANTIL

● É o relato de sequência de fatos importantes sobre a situação atual e pregressa de


um paciente, que nos procura com uma queixa clínica.
● Geralmente é realizada indiretamente com os familiares ou responsáveis, e não com
o próprio paciente, através de entrevistas.
● Finalidade: Auxiliar na compreensão da dinâmica familiar, individual e da
enfermidade.

IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA
• Idade – é importante porque certos distúrbios são características de determinadas fases
da vida
• Sexo – Há determinados distúrbios ligados a sexo da criança
• Nacionalidade – é importante compreender a questão cultural
• Escolaridade – elemento para hipótese diagnóstica (ex: criança de 10 anos cursando
ainda a segunda série ano do Ensino Fundamental, poderá ter uma hipótese de atraso
cognitivo)

IDENTIFICAÇÃO FAMILIAR
•Permitirá constatar a existência de situações específicas, relacionadas ao trabalho ou à
situação matrimonial.
•Poderá, por ex., tratar-se de caso de mãe solteira, acarretando, como consequência, a
possibilidade de um rechaço do filho; o pai que trabalha à noite, diminuindo o contato com
os filhos, ou mães que passam o dia todo fora de casa, auxiliando o marido nas despesas
domésticas, podem determinar uma dedicação inadequada aos filhos, que se ressentirão da
carência de atenção e de afeto.
•Como poderá haver casos de crianças nascidas muitos anos após o casamento, será útil
tomarmos notada a idade dos pais.
•A grande diferença de idade entre pais e filhos, poderão fazer consideração a respeito de
um possível conflito de gerações, sobretudo em se tratando de adolescentes.

QUEIXA
•É a fase mais importante da anamnese, pois através dela, podemos, realmente, avaliar o
problema da criança.
•Devemos permitir que os adultos se expressem o mais amplamente possível, como se
sente os problemas que o preocupam. A queixa deverá ser ilustrada com fatos e exemplos
reais, sempre que houver possibilidade de fazê-lo.
•A queixa liga-se aos sintomas que a criança vem apresentando mais recentemente e que
impressionam os adultos. Muitas vezes, os sintomas são uma exacerbação do
comportamento normal da idade. Outras vezes são realmente expressão de mudança total
na conduta infantil.
• Nota-se diferenças na maneira de proceder dos adultos, quando fazem seus relatos. Há
mães que expõem o problema de forma clara, relativamente simples e calma, enquanto
outras fazem de maneira confusa e ansiosa.
• Pergunte a quanto tempo a queixa vem se verificando, pois poderá tratar-se de algo
recente ou mais antigo, o que mudará a feição diagnostica, levando à suposição de um
distúrbio mais ou menos sério. (Ex: a criança que após ter falado, cai de repente em
mutismo, poderá levar-nos a pensar que se trata de um sintoma histérico ou esquizofrênico,
dependendo da consideração de outros elementos.
• Completadas as queixas principais, interessam, também, outras queixas. Aqui cabe um
reparo: as queixas chamadas secundárias são mais graves do que aquela que determinou a
ida do paciente à consulta. Isso se verifica porque essa apreciação é feita por parte dos pais
pelo que eles consideram como sintomas mais dramáticos, mais incomodativos, ou quando
se preocupam com o rendimento intelectual. Assim, a criança poderá simular desmaios ou
dores abdominais e estes sintomas passarão despercebidos; no entanto, logo que
apresentar rebaixamento no rendimento escolar poderá ser levadas à consulta.
• Assim fará sentido de obter a descrição da atitude dos adultos frente a todas a queixas.
Por exemplo: em caso de obsessão, se ficam bravos quando a criança lava
compulsivamente as mãos, se a amedrontam para conseguirem dela aquilo que desejam.
•Evidentemente, as atitudes citadas só poderão contribuir para agravar o estado da criança
e muitas vezes foram a base da origem do sintoma manifesto.

ANTECEDENTES PESSOAIS
• Esta parte é, também, chamada história pessoal, visa confirmar os dados da queixa ou
obter mais esclarecimentos para o diagnóstico.
• Os fatores que influem no desenvolvimento da criança não serão considerados apenas a
partir do nascimento. Muito antes, será possível situar-se o desenvolvimento anormal de um
indivíduo, pois a fusão de gametas portadores de genes deficientes pode produzir ente com
malformação. Retrocedendo mais um pouco, verificaremos a existência de fatores
pré-concepcionais, que respondem de certa forma pelo distúrbio atual.
• Muitas vezes, o nascimento das crianças não é desejado...
• É importante que pergunte: “Como se sentiu quando ia ter um filho?”. Há mães que
demonstram carência absoluta de sentimentos maternais, mas a herança de enorme fortuna
dependia de ter um herdeiro; e assim quando chega, ele se torna, evidentemente uma
carga para liberdade pessoal materna.

GENETOGRAMA
•Pesquisaremos a ordem da gestação, e na ordem dos nascimentos, o número de irmãos
vivos e mortos, e a idade de cada um. Esses elementos, indicam a posição do paciente,
poderá nos interessar num diagnóstico de ciúmes, por exemplo.
•O traçado de um genetograma facilitará a compreensão e visão rápida desses aspectos.
GESTAÇÃO
•Durante a gestação pode haver ocorrências na vida fetal que prejudiquem o bom
desempenho da criança. Quanto mais novo o embrião, mais vulnerável será.
-Radiografia: pode lesar as células embrionárias
-Infecções
-Intoxicações
-Infecções maternas (toxoplasmose)
-Transfusões de sangue (Fator Rh)
-Tombos
Todos esses incidentes eventualmente responderão por lesões cerebrais.

DESENVOLVIMENTO DO SONO
• A primeira pergunta será dirigida à atualidade: “A criança dorme bem?”
• Modificações (interrupções ou inversões) no processo natural do sono indicam transtornos
maiores de caráter orgânico
• Na etiologia de certos distúrbios do sono, aparecem alterações eletroencefalográficas. No
sonambulismo, constatou-se que o traçado do EEG é igual ao da epilepsia.
• À sonolência, pode seguir-se convulsões epilépticas. Às vezes pode ser ligar a um
distúrbio emocional, sendo fuga à realidade.
• Terror noturno – poderá em alguns casos, ser causado por ansiedade quando as crianças
se separam dos pais
• O sono intranquilo, com suas manifestações (saltos ou pulos, virar de um lado para outro,
agitações, etc.), pode ser causado por uma perturbação do EEG.
• A insônia decorreria do ambiente e da própria criança. (Ambiente – falta de horário para
levantar- se e deitar-se; ameaças, excitações à hora de dormir, etc. Criança – medo do
escuro, curiosidade, desejo de práticas secretas – masturbação, ansiedade e preocupação
(medo), ansiedade de separação – por estar longe da mãe.
• Relutância em dormir, em certos casos, é a forma de obter a atenção e cuidados, como a
rejeição do alimento. Neste particular, a hora de dormir poderá tornar-se tão dramática
quanto a das refeições, quer para as crianças, quer para a família.
• Dormir no quarto dos pais e presenciar as relações sexuais entre eles poderá ser a causa
de transtorno evolutivo.

ALIMENTAÇÃO
• Mães ansiosas dão o alimento sob tensão e a criança poderá responder aborrecido, com
desagrado, apresentando além de distúrbios do sono, choro excessivo, anorexia, ou
vômitos.
•A rejeição do alimento tem como causas psicológicas, entre outras, as seguintes:
negativismo, pode ter causa patológica grave (pode ser sintoma de esquizofrenia) ou pode
ser simplesmente o desejo de ser visto pelo cuidador.
•A rejeição do alimento pode, ainda, ser causada por ciúmes, por ansiedade, por dificuldade
para engolir. A alimentação forçada, as repreensões como meio para estimular o apetite, a
supersolicitação, o fato de contar histórias como recompensa por ter-se alimentado, a
disciplina excessiva, especialmente no que se refere às boas maneiras, podem levar,
também, à rejeição dos alimentos.
•A obesidade, resultante da superalimentação, está frequentemente ligada a perturbações
na relação mãe-filho; Brunch, referindo-se a esse fato diz: “em alguns casos o alimento
parece ser a única fonte de satisfação e a ânsia por ele se torna um desejo incontrolado.
•Uma criança insegura e não amada pode estar demasiadamente contrariada para
apresentar fontes criadoras de satisfação e pode procurar na comida alívio para à sua
ansiedade e desamparo.”
•A superalimentação é, também, um meio pelo qual a mãe compensa seus sentimentos de
rechaço. Ela o faz, neste caso, dando alimentação excessiva, e o filho come para ser aceito
e agradar.
•Há mães que para não prejudicarem a beleza, ou por exigências de vida, ou solicitação
social, se negam a amamentar os filhos: esta atitude é uma forma de rechaço. •Por outro
lado, há mães superprotetoras que amamentaram e dão mamadeira por um tempo
prolongado, retardando dessa forma a independência do filho.
•Quando a criança passa à comida de sal, receberá alimentação diversa daquela à qual
estava acostumada na fase da mamadeira. É a época do mingau e da sopa. Se a criança
tem um atraso no desenvolvimento, é possível que apresente dificuldade de deglutição e
posteriormente na mastigação.
•A coprofagia (hábito de comer as próprias fezes), embora rara, poderá ser um sintoma da
criança com déficit cognitivo, ou psicótica (esquizofrenia). Entretanto, somente será
considerado distúrbio depois de um ano de idade.
•Relacionados, ainda, com o aparelho digestivo, aparecem os vômitos resultantes da
superalimentação ou da rejeição dos alimentos, ou de qualquer situação frustrada ou
acompanhada de ansiedade. São bastante frequentes os vômitos nas crianças em idade
escolar. Geralmente, à hora de ir ao colégio ficam indispostas. Isso se dá com alunos com
dificuldade em acompanhar a aula, e também, com aquelas que apresentam ansiedade de
separação. Casos de vômitos cíclicos podem estar ligados a alterações do EEG.

LINGUAGEM
• Há crianças que apresentam dificuldades em relação a linguagem. Existem muitas que
nunca chegam a falar.
• Causas dos distúrbios de linguagem: pode ser oriundo da surdez
• O mutismo poderá ocorrer na esquizofrenia ou na histeria, mas terá uma caráter evolutivo
diverso do anterior.
• É importante ter a compreensão sobre a fala e a verbalização da criança no contexto
evolutivo e atual.
• Aspecto da superproteção, em que a criança não fala porque não lhe permitem; os adultos
fazem-no por ela, adivinham-lhe os desejos, satisfazendo-os e impedindo-lhe, desta forma,
que fale ou expresse livremente seus pensamento e desejos.
• É frequente a criança falar errado, mas isso deve ser vencido dentro de determinado
tempo, após o qual já será encarado como distúrbio.
• Excluir as causas físicas (deficiência do ouvido e do aparelho fonador), as falhas de
articulações podem ser consequência de um rebaixamento cognitivo. Às vezes,
correspondem a uma infantilização que se segue após o nascimento de um irmão.
• Nos distúrbios de linguagem enquadra-se a gagueira, que é distúrbio de ritmo. A gagueira
está muitas vezes ligado às questões emocionais

CONTROLE DO ESFÍNCTER
• No desenvolvimento psicomotor situa-se, também, o controle dos esfíncteres.
• Nas crianças com deficiência cognitiva notam-se a enurese e a encoprese, muitas vezes
devidas ao atraso geral se refletem em todas as funções.
• Relativamente ao aparelho urinário, a retenção da urina pode ter como causa obter o olhar
do cuidador.
• Dos distúrbios psicossomáticos do aparelho urinário, a retenção da urina pode ter como
causa obter o olhar do cuidador.
• Dos distúrbios psicossomáticos do aparelho urinário, a enurese é o mais grave e o mais
frequente. A idade é importante para o diagnóstico.
• Só deve ser considerada distúrbio a partir dos 42 meses, para a enurese noturna, e dos 30
meses para a diurna.
• Como causas psicógenas da enurese: agressividade contra os adultos, desejo de obter
atenção do cuidador, ansiedade, regressão e ciúmes. Ao caso de ser um sintoma de
regressão, a enurese é forma de infantilização demonstrada, também, pelo modo de falar
infantil, pela volta aos caprichos para comer e por outras tentativas para monopolizar a
atenção da mãe. Referentes aos ciúmes, foi observado que crianças com controle vesical já
adquirido passaram a apresentar enurese após o nascimento de um irmão.
• Além das causas citadas, existem outras consideradas etiologia da enurese. São as
seguintes: equivalentes epilépticos, defeitos da educação e déficit cognitivo.
• A enurese pode também estar associada à histeria.
• Outra causa da enurese pode ser devido a educação precoce do esfíncter vesical. A mãe,
preocupada em demasia com a eliminação, obriga o filho a um controle, desde muito cedo.
• A educação precoce forçada dos esfíncteres, além de enurese, poderia estar ligada a
outros sintomas, tais como: tiques, gagueira, etc.
• A atitude da família poderá contribuir para aumentar o sofrimento da criança; as caçoadas,
os castigos e mesmo a indiferença são prejudiciais. Às vezes, as crianças ficam acordadas,
durante a noite, para não terem enurese, temem dormir, o que poderá determinar um
quadro de ansiedade..
• Na enurese diurna, a criança quando criticada poderá não querer brincar, nem sair de
casa, temendo algum “acidente”. Poderá, por causa isso, torna-se retraída.
• A enurese não é monossintomática. Aparece associada a tiques, manipulações (roer
unhas, sucção do polegar), gagueira, medo, birra, roubo, encoprese, etc.
• Encoprese é a falta de controle esfíncter anal que deveria ser adquirido, normalmente, até
a idade de 1 anos – controle diurno, e entre 2 anos e 2 anos e meio – controle noturno.
• Encoprese quer dizer detecção involuntária, não diretamente atribuída a doenças físicas,
como: anomalias retais e anais, fraturas de coluna, infecções agudas. Crianças com déficit
cognitivo podem apresentar. A encoprese pode ser o equivalente de uma convulsão
epilépticas ou a própria convulsão não percebida.
• As crianças, que não forem convenientemente ensinadas, poderão apresentar encoprese,
além da idade prevista para o controle do esfíncter anal. Outras crianças poderão
apresentá-la, juntamente, porque foram coercitivamente educadas em idade muito precoce.

MANIPULAÇÕES
• Entre as manipulações, podemos citar: sucção do polegar, esfregar os olhos, colocar o
dedo no nariz, morder os lábios, pôr a mão na boca, roer unhas, arrancar os cabelos, etc.
São distúrbios evolutivos de conduta. Aparecem o mais precocemente possível. São atos
voluntários e têm finalidade agradável.
• As manipulações podem ser uma forma de exprimir estado de tensão e ansiedade, por
diversas situações de vida, difíceis de serem enfrentadas pela criança: exemplo – previsão
de uma prova difícil na escola.
• De maneira geral, tensões, em casa ou na escola, podem impelir a criança a roer as
unhas, além da possibilidade de que isso se dê por imitação de outros membros da família,
que também possuam tal hábito.
• Arrancar cabelos, sobrancelhas, pelos, expressam uma violenta tensão psíquica.

TIQUES
• Os tiques são movimentos de grupos musculares, repentinos, rápidos, involuntários,
seguidamente repetidos sem finalidade aparente. São também sinais de tensão interna.
• Acompanham perturbações de sono, medo, distúrbios alimentares, roer unhas, atraso
mental, masturbação, birra, mentira, etc. Podem ser confundidos com a doença coréia
(Doença de Huntington)
•A doença de Huntington (coreia de Huntington) é uma doença hereditária, que se inicia
com abalos ou espasmos ocasionais e, depois, evolui para movimentos involuntários mais
pronunciados (coreia e atetose), deterioração mental e morte.
• Os tiques podem ter mais de uma etiologia, podem estar ligados à dominância cerebral
alternada; podem ainda ter considerados manifestação de encefalite, ou decorrentes de
alterações do EEG.
• Diagnosticamos os tiques, como distúrbio psicogenético, só depois dos 6 anos de idade.
Antes disso, trata-se sempre de inquietude, apenas.
ESCOLARIDADE
•Muitos dos distúrbios decorrem de problemas de ordem físicos – como comprometimento
da visão, audição, déficit motor
-Visão: dores de cabeça, dificuldade de atenção, dificuldade na leitura.
-Audição: dificuldade de atenção, compreensão e favorece os erros na escrita.
-Déficit motor: grafia com comprometimento, lentidão na escrita, falta de agilidade nos
brinquedos.
• A baixa escolaridade – incapacidade específicas para a leitura, escrita e aritmética, falta
de assiduidade às aulas e problemas emocionais.
• Leitura – pode estar ligado a questão da dominância lateral, naquelas crianças que não
são nem dominantemente destras, nem dominantemente sinistras, antes de aprender aler.
• Escrita – pode estar associado a transtornos neurológicos de lateralidade.
• A criança pode, ainda, apresentar desinteresse pela escola em razão de dificuldades
intelectuais, ou por ter nível intelectual acima do normal. Neste último caso, a escola não
terá para ela nenhum atrativo.
•Outros fatores que contribuem: professor exigente em demasia e ameaçador, bullying,
sentimentos de inadequação e baixa autoestima, ansiedade, etc.
• A queixa de que a criança não aprende se liga à sua excessiva irrequietude (“não para um
segundo”), ou então à sua distração ( “é distraída demais”, “vive no mundo da lua”).
• Pais que fazem as atividades dos filhos – sentimento de incapacidade nos filhos
• Mudanças escolares – pode levar ao baixo rendimento escolar
• Repentinas mudanças no rendimento escolar, em crianças que até então estudavam,
precisam ser cuidadosamente esclarecidas, pois representam, às vezes, simples alterações
de conduta, mas podem chegar a ser sintomas de um início de uma doença grave antes
que sintomas específicos surjam – como a esquizofrenia.

SEXUALIDADE
• Este item merece atenção especial, uma vez que é, geralmente, incompreendido pelos
adultos, que se tornam desta forma responsáveis por muitos desajustes apresentados pelas
crianças na área da sexualidade.
• Os pais sentem-se ainda profundamente confusos diante das perguntas formuladas pelos
filhos, dando respostas insuficientes, erradas ou castigando-os.
• Tal atitude confirma a incapacidade de abordar, naturalmente, as questões ligadas à
sexualidade e isso traz, como consequência, falta de confiança nos pais, busca de
satisfação da curiosidade em meios nem sempre apropriados, além de possíveis
traumatismos.
• As questões para as quais as crianças de idade escolar devem receber uma resposta
(indaguem ou não sobre isso), são as que se referem à origem dos bebês, ao processo do
nascimento, ao papel do pai no fenômeno da reprodução, aos órgãos genitais e suas
funções, e ao casamento.
• É preferencial responder a cada pergunta com simplicidade, mas adequadamente e
esperar que a própria curiosidade a criança se manifeste com novas indagações.

SOCIABILIDADE
• Desde muito cedo verifica-se a formação de grupos de crianças que se reúnem para
brincar, mesmo que tais grupos se componham de poucos elementos e tenham duração
efêmera.
• Considera-se atitude incomum a das crianças que se dedicam a atividades lúdicas ou que
não o fazem em grupo, ou que têm como único interesse o brinquedo. Por esse motivo
estudou-se a relação entre brinquedo e saúde e voltaram-se as visitas para as queixas
sobre a criança que não brinca normalmente com outras, que não brinca de maneira
alguma ou é totalmente absorvida pelo brinquedo, sem dedicar-se a mais nada.
• Alguns autores, entre os quais Despert, incluem como um dos sintomas do início insidioso
da esquizofrenia, justamente a diminuição progressiva do interesse pelo brinquedo.
• Além do grupo familiar e do grupo de brinquedos, a criança, depois de certa idade, passa
a pertencer também ao grupo escolar. Na escola, ela irá misturar- se ao grupo social de
seus companheiros, e fará um esforço de adaptação, que poderá ser conseguido ou não.
• Em se tratando de adolescente que pode apresentar esquizofrenia precoce, verifica-se
que a não adaptação ao grupo precedeu a inadaptação escolar.
ex: “Desde a infância ele já era um indivíduo, cuja instabilidade de humor e tendência ao
isolamento eram empecilhos para a vida social”.
• Evidentemente, a inadaptação ao meio escolar tem uma etiologia. Poderá decorrer da
atitude de pais neuróticos, que não se conformam com a separação do filho.
Conscientemente desejam que ele vá à escola, mas, não conscientemente, arranjam todos
os pretextos possíveis para manterem o filho em casa (resfriados, dores de cabeça, de
garganta, tosse, etc.)
• As crianças, portadoras de quociente intelectual baixo, têm dificuldade em manter contato
social duradouro. Os paciente com déficit intelectual, tem muita dificuldade em seguir ritmo
normal da classe, assim fica com dificuldade de se integrar ao meio escolar. Na
adolescência a situação agrava-se mais, havendo maior dificuldade para adaptação ao
grupo. Se esse aluno com prejuízo cognitivo não for cuidado a tempo, através de uma
equipe multiprofissional, onde o aproveitamento escolar lhe permitirá integração ao seu
grupo , poderá ser atraído por um bando e seguir um caminho delinquencial, uma vez que
seu desejo de aceitação permanece imperioso e dominante.
• Têm ainda dificuldade de adaptação ao meio social as personalidades psicopáticas que
também podem desviar-se para a delinquência.

DOENÇAS
• Todas as doenças devem ser descritas com minúcias, levando- se em consideração
quando ocorreram, sua duração, suas consequências e quais as atitudes dos familiares.
•Em relação às doenças, será sempre oportuno indagar qual a atitude da família, porque,
notando as atenções do que foi alvo durante a enfermidade, a criança pode, a partir desse
momento, apresentar conduta anormal com a finalidade de obter a atenção dos cuidadores.
• Nesta fase de anamnese, podemos, ainda, pedir ao entrevistado que nos descreva um dia
comum da vida da criança e um dia de lazer ou feriado em que a figura do pai está mais
frequentemente presente para melhor observar as atitudes ambientais e a dinâmica familiar.

ANTECEDENTES FAMILIARES
•É importante conhecer as condições de saúde da família do paciente, em relação ao
problema de hereditariedade das enfermidades.
•Em relação à epilepsia, Lennox e outros expressaram opinião, afirmando que “a presença
de ondas cerebrais anormais, nos pais de epilépticos, é uma suposição evidente de que as
disritmias cerebrais associadas à epilepsia são transmitidas por herança”
•No tocante à esquizofrenia, uns tendem a incluí-la no quadro das moléstias hereditárias,
sem contudo desprezar os dinamismos psicopatológicos das relações familiares, enquanto
outros dizem ser desconhecida sua etiologia.
• Quanto à deficiência intelectual há, também, os que opinam pela hereditariedade, ao
passo que outros pensam de maneira oposta.
•Seja como for, parece-nos que será sempre oportuno conhecer os antecedentes
patológicos familiares, devendo a pesquisa ser feita tanto em relação à família paterna,
quanto em relação à materna e abranger, pelo menos, uma geração ascendente e uma
descendente.

AMBIENTE FAMILIAR E SOCIAL


Ambiente – como é a sua casa? Há conforto? Lugar para as atividades próprias da criança?
Possuí um lugar para brincar? Para estudar? Quantas pessoas moram na casa? Quantos
dormem no mesmo quarto?
** Há uma série de elementos patogênicos decorrentes do próprio ambiente
socioeconômico da família.**
•É necessário o conhecimento das interrelações e do tipo de relacionamento existente entre
os vários membros da família, uma vez que grande parte dos distúrbios do desenvolvimento
infantil depende das atitudes daqueles que rodeiam estas crianças.
•Sob o ponto de vista clínico, o rechaço é uma das atitudes encontradas, mais precoces;
segundo Kann, pode-se distinguir três formas principais de conduta de rechaço:
1. Hostilidade e negligência francas
2. Espírito de perfeição
3. Superproteção compensadora
•Em relação à hostilidade e negligência, notam-se na mãe: irritabilidade, displicência,
ameaças de internar o filho, castigos severos e uso de adjetivos ofensivos.
•Relativamente ao espírito de perfeição, como o próprio nome o indica, é exigida da criança
uma perfeição em tudo o que faz ou deve fazer, sem o que não merecera aprovação.
•A superproteção compensadora pressupõe sentimento de culpa não consciente da mãe,
sentimento que compensar adotando atitudes de preocupação constante, buscando evitar
todos os perigos que ela crê existirem em cada situação.
Ex: não deixa o filho sair de casa, para brincar com os companheiros, a fim de não se
machucar.
•A mãe adotiva costuma ser superprotetora mas, às vezes, carinho excessivo é
acompanhado de exigências tirânicas, para conseguir gratidão pelo bem que está
praticando. Outra situação delicada é a da madrasta, geralmente, ela não é bem recebida
pelos enteados provocando uma dinâmica familiar peculiar, onde ajustamentos difíceis se
dão, surgindo decorrentes de fantasias mobilizadas de dentro deste convívio.
•Cumpre, também, verificar as relações pai- filho. O pai, embora sinta afeto pelo filho,
representa em nossa cultura a figura de autoridade, e frequentemente, atua junto aos filhos
exclusivamente como tal. Deve estar preparado para colaborar com a mãe no plano
educativo. Não deve ser absorvente desejando cuidar de tudo, nem terrível, desapiedado ou
indiferente. Há pais que batem muito nos filhos, esquecendo depressa as surras que
distribuíram, e com a criança nem sempre sucede o mesmo. Daí originam- se ansiedade,
que marca profundamente o desenvolvimento psíquico da criança.
•O excesso de autoridade pode levar à delinquência, como fuga à situação desagradável.
•Às vezes, o pai tem pouco contato com os filhos, ou porque viaja, ou então porque, sendo
egoísta, quando está em casa dedica-se, apenas, as atividades que lhe interessa: fazer
coleções, ler, ouvir músicas, televisão, etc... Pai que se isola do convívio no lar, ou que está
tenso, continuamente, causa uma série de perturbações no desenvolvimento do filho.
•Elemento de importância, a ser considerado, são as relações entre os pais, pois elas
repercutem fortemente sobre os filhos, A esposa amada e feliz, sem preocupação
exagerada com o lar, tem todas as probabilidades de proporcionar a seus filhos carinho
sadio, calmo e equilibrado, sem excessos. O mesmo não poderá suceder se ela for vítima
da brutalidade ou da indiferença do marido.
•Os pais devem compreender-se, para que a educação dos filhos decorra
harmoniosamente. Ainda que um deles cometa um engano, no que se refere à educação,
quando diante dos filhos, o outro cônjuge não deve chamar-lhe a atenção. A observação
deverá ser deixada para quando estiveram a sós. Discussões entre os pais criam ansiedade
nos filhos podendo ser o determinante de perturbações infantis.
•No ambiente familiar convém, ainda, notar as relações entre os irmãos pois, são frequentes
os ciúmes e reações agressivas entre eles. É importante perguntar “como é a relação entre
os irmãos?”
•Se outras pessoas residem na casa, será conveniente saber de sua maneira de ser e de
agir. Interessa-nos saber a conduta dos avós, quando são rivais da autoridade materna.
•Ter informações sobre quem cuida da criança, quando a mãe terceiriza esse cuidado.
Abordar questões:
•Religião (se é comum do casal ou se há desavenças, críticas de um dos cônjuges)
• Ambiente social (visitas que recebe ou faz visitas...)
• Ocupação – questão do nível salarial (sobre estrutura, padrões e dificuldades de vida,
mulher com salário maior que o esposo, mãe constantemente ausente e fatigada pelo tipo e
número de horas trabalhadas,...)
• Nível cultural dos membros da família – grau de escolaridade dos pais, possível
discrepância entre eles, tipo de interação no lar – mais sensorializadas ou intelectualizada
ou emotiva)
• Etnia – origens raciais que podem repercutir sobre os filhos, muitas vezes prejudicando no
desenvolvimento emocional ou mesmo intelectual, ou quadros psiquiátricos específicos de
uma determinada raça.
• Mudanças frequentes – trabalho do pai, instabilidade sócio econômico, instabilidade e
características de personalidade do pai, que está sempre em busca de novos negócios, em
novos lugares, em poder se fixar a algo – o que pode levar a insegurança da esposa/mãe
consequentemente a insegurança e instabilidade emocional e/ou intelectual dos filhos.
• Casamento – como se deu o namoro – expectativas...
• Separações – se houve – novos casamentos – conflitos na forma de educar...
• Adoções – como foi esse processo

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