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Anamnese

infantil
Anamnese infantil
É o relato de sequência de fatos
importantes sobre a situação atual e
pregressa de um paciente, que nos
procura com uma queixa clínica.
Geralmente é realizada indiretamente
com os familiares ou responsáveis, e
não com o próprio paciente, através
de entrevistas.
Finalidade: Auxiliar na compreensão
da dinâmica familiar, individual e da
enfermidade.
Dados de identificação
Identificação da criança
• Idade – é importante porque certos distúrbios são características de
determinadas fases da vida
• Sexo – Há determinados distúrbios ligados a sexo da criança
• Nacionalidade – é importante compreender a questão cultural
• Escolaridade – elemento para hipótese diagnóstica (ex: criança de 10
anos cursando ainda a segunda série ano do Ensino Fundamental,
poderá ter uma hipótese de atraso cognitivo)
Identificação familiar
Permitirá constatar a existência de situações
específicas, relacionadas ao trabalho ou à
situação matrimonial.
Poderá, por ex., tratar-se de caso de mãe
solteira, acarretando, como consequência, a
possibilidade de um rechaço do filho; o pai que
trabalha à noite, diminuindo o contato com os
filhos, ou mães que passam o dia todo fora de
casa, auxiliando o marido nas despesas
domésticas, podem determinar uma dedicação
inadequada aos filhos, que se ressentirão da
carência de atenção e de afeto.
Identificação familiar
Como poderá haver casos de crianças
nascidas muitos anos após o casamento,
será útil tomarmos notada a idade dos
pais.
A grande diferença de idade entre pais e
filhos, poderão fazer consideração a
respeito de um possível conflito de
gerações, sobretudo em se tratando de
adolescentes.
Queixa
Queixa
É a fase mais importante da anamnese, pois
através dela, podemos, realmente, avaliar o
problema da criança.
Devemos permitir que os adultos se
expressem o mais amplamente possível,
como se sente os problemas que o
preocupam. A queixa deverá ser ilustrada
com fatos e exemplos reais, sempre que
houver possibilidade de fazê-lo.
Queixa
• A queixa liga-se aos sintomas que a criança vem
apresentando mais recentemente e que impressionam os
adultos. Muitas vezes, os sintomas são uma exacerbação do
comportamento normal da idade. Outras vezes são
realmente expressão de mudança total na conduta infantil.
• Nota-se diferenças na maneira de proceder dos adultos,
quando fazem seus relatos. Há mães que expõem o
problema de forma clara, relativamente simples e calma,
enquanto outras fazem de maneira confusa e ansiosa.
Queixa
• Pergunte a quanto tempo a queixa vem se verificando, pois
poderá tratar-se de algo recente ou mais antigo, o que
mudará a feição diagnostica, levando à suposição de um
distúrbio mais ou menos sério. (Ex: a criança que após ter
falado, cai de repente em mutismo, poderá levar-nos a
pensar que se trata de um sintoma histérico ou
esquizofrênico, dependendo da consideração de outros
elementos.)
Queixa
• Completadas as queixas principais, interessam,
também, outras queixas. Aqui cabe um reparo: as
queixas chamadas secundárias são mais graves do
que aquela que determinou a ida do paciente à
consulta. Isso se verifica porque essa apreciação é
feita por parte dos pais pelo que eles consideram
como sintomas mais dramáticos, mais
incomodativos, ou quando se preocupam com o
rendimento intelectual. Assim, a criança poderá
simular desmaios ou dores abdominais e estes
sintomas passarão despercebidos; no entanto,
logo que apresentar rebaixamento no rendimento
escolar poderá ser levadas à consulta.
Queixa

• Assim fará sentido de obter a descrição da atitude


dos adultos frente a todas a queixas.
Por exemplo: em caso de obsessão, se ficam bravos
quando a criança lava compulsivamente as mãos, se
a amedrontam para conseguirem dela aquilo que
desejam.
• Evidentemente, as atitudes citadas só poderão
contribuir para agravar o estado da criança e muitas
vezes foram a base da origem do sintoma
manifesto.
Antecedentes pessoais
Antecedentes pessoais
• Esta parte é, também, chamada história pessoal,
visa confirmar os dados da queixa ou obter mais
esclarecimentos para o diagnóstico.
• Os fatores que influem no desenvolvimento da
criança não serão considerados apenas a partir do
nascimento. Muito antes, será possível situar-se o
desenvolvimento anormal de um indivíduo, pois a
fusão de gametas portadores de genes deficientes
pode produzir ente com malformação.
Retrocedendo mais um pouco, verificaremos a
existência de fatores pré-concepcionais, que
respondem de certa forma pelo distúrbio atual.
Antecedentes pessoais -
Concepção
• Muitas vezes, o nascimento das crianças não é
desejado...
• É importante que pergunte: “Como se sentiu quando
ia ter um filho?”
Há mães que demonstram carência absoluta de
sentimentos maternais, mas a herança de enorme
fortuna dependia de ter um herdeiro; e assim quando
chega, ele se torna, evidentemente uma carga para
liberdade pessoal materna
Genetograma
Genetograma

Pesquisaremos a ordem da gestação, e na ordem dos nascimentos, o


número de irmãos vivos e mortos, e a idade de cada um. Esses
elementos, indicam a posição do paciente, poderá nos interessar num
diagnóstico de ciúmes, por exemplo.
O traçado de um genetograma facilitará a compreensão e visão rápida
desses aspectos.
Gestação
Durante a gestação pode haver ocorrências na vida
fetal que prejudiquem o bom desempenho da criança.
Quanto mais novo o embrião, mais vulnerável será.
• Radiografia – pode lesar as células embrionárias
• Infecções
• Intoxicações
• Infecções maternas (toxoplasmose)
• Transfusões de sangue (Fator Rh)
• Tombos
Todos esses incidentes eventualmente responderão
por lesões cerebrais.
Nascimento
• Ao nascer, chorou imediatamente?
• Ficou vermelho demais, ou preta, ou
amarelada?
• Foi para ressuscitador? Precisou de
oxigênio?
• Precisou ficar na incubadora?
Desenvolvimento -
sono
• A primeira pergunta será dirigida à atualidade: “A criança
dorme bem?”
• Modificações (interrupções ou inversões) no processo
natural do sono indicam transtornos maiores de caráter
orgânico
• Na etiologia de certos distúrbios do sono, aparecem
alterações eletroencefalográficas. No sonambulismo,
constatou-se que o traçado do EEG é igual ao da
epilepsia.
• À sonolência, pode seguir-se convulsões epilépticas. Às
vezes pode ser ligar a um distúrbio emocional, sendo
fuga à realidade.
Desenvolvimento - sono
• Terror noturno – poderá em alguns casos, ser
causado por ansiedade quando as crianças se
separam dos pais
• O sono intranquilo, com suas manifestações (saltos
ou pulos, virar de um lado para outro, agitações,
etc.), pode ser causado por uma perturbação do
EEG.
• A insônia decorreria do ambiente e da própria
criança. (Ambiente – falta de horário para levantar-
se e deitar-se; ameaças, excitações à hora de
dormir, etc. Criança – medo do escuro, curiosidade,
desejo de práticas secretas – masturbação,
ansiedade e preocupação (medo), ansiedade de
separação – por estar longe da mãe.
Desenvolvimento -
sono
• Relutância em dormir, em certos casos, é a forma de
obter a atenção e cuidados, como a rejeição do
alimento. Neste particular, a hora de dormir poderá
tornar-se tão dramática quanto a das refeições, quer
para as crianças, quer para a família.
• Dormir no quarto dos pais e presenciar as relações
sexuais entre eles poderá ser a causa de transtorno
evolutivo.
Alimentação

• Qual a atitude da mãe ao alimentar o filho??


• Mães ansiosas dão o alimento sob tensão e a
criança poderá responder aborrecido, com
desagrado, apresentando além de distúrbios do
sono, choro excessivo, anorexia, ou vômitos.
• A rejeição do alimento tem como causas
psicológicas, entre outras, as seguintes:
negativismo, pode ter causa patológica grave
(pode ser sintoma de esquizofrenia) ou pode ser
simplesmente o desejo de ser visto pelo cuidador.
Alimentação
A rejeição do alimento pode, ainda, ser
causada por ciúmes, por ansiedade, por
dificuldade para engolir. A alimentação
forçada, as repreensões como meio para
estimular o apetite, a supersolicitação, o
fato de contar histórias como recompensa
por ter-se alimentado, a disciplina
excessiva, especialmente no que se refere
às boas maneiras, podem levar, também, à
rejeição dos alimentos.
Alimentação
A obesidade, resultante da superalimentação,
está frequentemente ligada a perturbações na
relação mãe-filho; Brunch, referindo-se a esse
fato diz: “em alguns casos o alimento parece
ser a única fonte de satisfação e a ânsia por ele
se torna um desejo incontrolado.
Uma criança insegura e não amada pode estar
demasiadamente contrariada para apresentar
fontes criadoras de satisfação e pode procurar
na comida alívio para à sua ansiedade e
desamparo.”
Alimentação
A superalimentação é, também, um meio pelo
qual a mãe compensa seus sentimentos de
rechaço. Ela o faz, neste caso, dando alimentação
excessiva, e o filho come para ser aceito e
agradar.
Há mães que para não prejudicarem a beleza, ou
por exigências de vida, ou solicitação social, se
negam a amamentar os filhos: esta atitude é uma
forma de rechaço. Por outro lado, há mães
superprotetoras que amamentaram e dão
mamadeira por um tempo prolongado,
retardando dessa forma a independência do filho.
Alimentação
Quando a criança passa à comida de sal,
receberá alimentação diversa daquela à qual
estava acostumada na fase da mamadeira. É a
época do mingau e da sopa. Se a criança tem um
atraso no desenvolvimento, é possível que
apresente dificuldade de deglutição e
posteriormente na mastigação.
A coprofagia (habito de comer as próprias
fezes), embora rara, poderá ser um sintoma da
criança com déficit cognitivo, ou psicótica
(esquizofrenia). Entretanto, somente será
considerado distúrbio depois de um ano de
idade.
Alimentação
Relacionados, ainda, com o aparelho
digestivo, aparecem os vômitos resultantes
da superalimentação ou da rejeição dos
alimentos, ou de qualquer situação
frustradora ou acompanhada de ansiedade.
São bastante frequentes os vômitos nas
crianças em idade escolar. Geralmente, à
hora de ir ao colégio ficam indispostas. Isso
se dá com alunos com dificuldade em
acompanhar a aula, e também, com aquelas
que apresentam ansiedade de separação.
Casos de vômitos cíclicos podem estar
ligados a alterações do EEG.
Linguagem
• Há crianças que apresentam dificuldades
em relação a linguagem. Existem muitas
que nunca chegam a falar.
• Causas dos distúrbios de linguagem:
pode ser oriundo da surdez
• O mutismo poderá ocorrer na
esquizofrenia ou na histeria, mas terá
uma caráter evolutivo diverso do
anterior.
• É importante ter a compreensão sobre a
fala e a verbalização da criança no
contexto evolutivo e atual.
Linguagem

• Aspecto da superproteção, em que a criança não fala porque não lhe


permitem; os adultos fazem-no por ela, adivinham-lhe os desejos,
satisfazendo-os e impedindo-lhe, desta forma, que fale ou expresse
livremente seus pensamento e desejos.
• É frequente a criança falar errado, mas isso deve ser vencido dentro de
determinado tempo, após o qual já será encarado como distúrbio.
Linguagem
• Excluir as causas físicas (deficiência do ouvido
e do aparelho fonador), as falhas de
articulações podem ser consequência de um
rebaixamento cognitivo. Às vezes,
correspondem a uma infantilização que se
segue após o nascimento de um irmão.
• Nos distúrbios de linguagem enquadra-se a
gagueira, que é distúrbio de ritmo. A gagueira
está muitas vezes ligado às questões
emocionais
Controle dos esfíncteres

• No desenvolvimento psicomotor situa-se, também, o


controle dos esfíncteres.
• Nas crianças com deficiência cognitiva notam-se a
enurese e a encoprese, muitas vezes devidas ao
atraso geral se refletem em todas as funções.
• Relativamente ao aparelho urinário, a retenção da
urina pode ter como causa obter o olhar do cuidador.
• Dos distúrbios psicossomáticos do aparelho urinário,
a retenção da urina pode ter como causa obter o
olhar do cuidador.
Controle dos esfíncteres

• Dos distúrbios psicossomáticos do aparelho urinário, a enurese é o mais grave e o mais


frequente. A idade é importante para o diagnóstico.
• Só deve ser considerada distúrbio a partir dos 42 meses, para a enurese noturna, e dos 30
meses para a diurna.
• Como causas psicógenas da enurese: agressividade contra os adultos, desejo de obter
atenção do cuidador, ansiedade, regressão e ciúmes. Ao caso de ser um sintoma de
regressão, a enurese é forma de infantilização demonstrada, também, pelo modo de falar
infantil, pela volta aos caprichos para comer e por outras tentativas para monopolizar a
atenção da mãe. Referentes aos ciúmes, foi observado que crianças com controle vesical
já adquirido passaram a apresentar enurese após o nascimento de um irmão.
Controle dos esfíncteres

• Além das causas citadas, existem outras consideradas etiologia da enurese.


São as seguintes: equivalentes epilépticos, defeitos da educação e déficit
cognitivo.
• A enurese pode também estar associada à histeria.
• Outra causa da enurese pode ser devido a educação precoce do esfíncter
vesical. A mãe, preocupada em demasia com a eliminação, obriga o filho a
um controle, desde muito cedo.
Controle dos esfíncteres
• A educação precoce forçada dos
esfíncteres, além de enurese, poderia estar
ligada a outros sintomas, tais como: tiques,
gagueira, etc.
• A atitude da família poderá contribuir para
aumentar o sofrimento da criança; as
caçoadas, os castigos e mesmo a
indiferença são prejudiciais. Às vezes, as
crianças ficam acordadas, durante a noite,
para não terem enurese, temem dormir, o
que poderá determinar um quadro de
ansiedade..
• Na enurese diurna, a criança quando
criticada poderá não querer brincar, nem
sair de casa, temendo algum “acidente”.
Poderá, por causa isso, torna-se retraída.
Controle dos • A enurese não é monossintomática.
Aparece associada a tiques, manipulações
esfíncteres (roer unhas, sucção do polegar), gagueira,
medo, birra, roubo, encoprese, etc.
• Encoprese é a falta de controle esfíncter
anal que deveria ser adquirido,
normalmente, até a idade de 1 anos –
controle diurno, e entre 2 anos e 2 anos e
meio – controle noturno.
• Encoprese quer dizer detecção
involuntária, não diretamente atribuída a
doenças físicas, como: anomalias retais e
anais, fraturas de coluna, infecções agudas.
Crianças com déficit cognitivo podem
apresentar. A encoprese pode ser o
equivalente de uma convulsão epilépticas
ou a própria convulsão não percebida
Controle dos esfíncteres

• As crianças, que não forem


convenientemente ensinadas, poderão
apresentar encoprese, além da idade
prevista para o controle do esfíncter anal.
Outras crianças poderão apresentá-la,
juntamente, porque foram coercitivamente
educadas em idade muito precoce.
Manipulações
• Entre as manipulações, podemos citar: sucção
do polegar, esfregar os olhos, colocar o dedo
no nariz, morder os lábios, pôr a mão na boca,
roer unhas, arrancar os cabelos, etc. São
distúrbios evolutivos de conduta. Aparecem o
mais precocemente possível. São atos
voluntários e têm finalidade agradável.
• As manipulações podem ser uma forma de
exprimir estado de tensão e ansiedade, por
diversas situações de vida, difíceis de serem
enfrentadas pela criança: exemplo – previsão
de uma prova difícil na escola.
Manipulações
• De maneira geral, tensões, em casa ou
na escola, podem impelir a criança a
roer as unhas, além da possibilidade de
que isso se dê por imitação de outros
membros da família, que também
possuam tal hábito.
• Arrancar cabelos, sobrancelhas, pelos,
expressam uma violenta tensão
psíquica.
Tiques
• Os tiques são movimentos de grupos musculares,
repentinos, rápidos, involuntários, seguidamente
repetidos sem finalidade aparente. São também sinais de
tensão interna.
• Acompanham perturbações de sono, medo, distúrbios
alimentares, roer unhas, atraso mental, masturbação,
birra, mentira, etc. Podem ser confundidos com a doença
coréia (Doença de Huntington)
A doença de Huntington (coreia de Huntington) é uma
doença hereditária, que se inicia com abalos ou espasmos
ocasionais e, depois, evolui para movimentos involuntários
mais pronunciados (coreia e atetose), deterioração mental
e morte.
Tiques
• Os tiques podem ter mais de
uma etiologia, podem estar
ligados à dominância cerebral
alternada; podem ainda ter
considerados manifestação de
encefalite, ou decorrentes de
alterações do EEG.
• Diagnosticamos os tiques, como
distúrbio psicogenético, só
depois dos 6 anos de idade.
Antes disso, trata-se sempre de
inquietude, apenas.
Escolaridade
Muitos dos distúrbios decorrem de problemas de ordem físicos – como
comprometimento da visão, audição, déficit motor, ...

Visão – dores de cabeça, dificuldade de atenção, dificuldade na leitura.

Audição – dificuldade de atenção, compreensão e favorece os erros na


escrita.

Déficit motor – grafia com comprometimento, lentidão na escrita, falta


de agilidade nos brinquedos.
Escolaridade
• A baixa escolaridade – incapacidade
específicas para a leitura, escrita e aritmética,
falta de assiduidade às aulas e problemas
emocionais.
• Leitura – pode estar ligado a questão da
dominância lateral, naquelas crianças que não
são nem dominantemente destras, nem
dominantemente sinistras, antes de aprender
a ler.
• Escrita – pode estar associado a transtornos
neurológicos de lateralidade.
Escolaridade
•A criança pode, ainda, apresentar
desinteresse pela escola em razão de
dificuldades intelectuais, ou por ter nível
intelectual acima do normal. Neste último
caso, a escola não terá para ela nenhum
atrativo.
• Outros fatores que contribuem: professor
exigente em demasia e ameaçador, bullying,
sentimentos de inadequação e baixa
autoestima, ansiedade, etc.
Escolaridade
• A queixa de que a criança não aprende se liga à sua excessiva
irrequietude (“não para um segundo”), ou então à sua
distração ( “é distraída demais”, “vive no mundo da lua”).
• Pais que fazem as atividades dos filhos – sentimento de
incapacidade nos filhos
• Mudanças escolares – pode levar ao baixo rendimento escolar
• Repentinas mudanças no rendimento escolar, em crianças que
até então estudavam, precisam ser cuidadosamente
esclarecidas, pois representam, às vezes, simples alterações de
conduta, mas podem chegar a ser sintomas de um início de
uma doença grave antes que sintomas específicos surjam –
como a esquizofrenia.
Sexualidade
• Este item merece atenção especial, uma vez que é,
geralmente, incompreendido pelos adultos, que se tornam
desta forma responsáveis por muitos desajustes apresentados
pelas crianças na área da sexualidade.
• Os pais sentem-se ainda profundamente confusos diante das
perguntas formuladas pelos filhos, dando respostas
insuficientes, erradas ou castigando-os.
• Tal atitude confirma a incapacidade de abordar, naturalmente,
as questões ligadas à sexualidade e isso traz, como
consequência, falta de confiança nos pais, busca de satisfação
da curiosidade em meios nem sempre apropriados, além de
possíveis traumatismos.
Sexualidade
• As questões para as quais as crianças de
idade escolar devem receber uma resposta
(indaguem ou não sobre isso), são as que se
referem à origem dos bebês, ao processo do
nascimento, ao papel do pai no fenômeno da
reprodução, aos órgãos genitais e suas
funções, e ao casamento.
• É preferencial responder a cada pergunta com
simplicidade, mas adequadamente e esperar
que a própria curiosidade a criança se
manifeste com novas indagações.
Sociabilidade
• Desde muito cedo verifica-se a formação de grupos
de crianças que se reúnem para brincar, mesmo que
tais grupos se componham de poucos elementos e
tenham duração efêmera.
• Considera-se atitude incomum a das crianças que se
dedicam a atividades lúdicas ou que não o fazem em
grupo, ou que têm como único interesse o
brinquedo. Por esse motivo estudou-se a relação
entre brinquedo e saúde e voltaram-se as visitas
para as queixas sobre a criança que não brinca
normalmente com outras, que não brinca de
maneira alguma ou é totalmente absorvida pelo
brinquedo, sem dedicar-se a mais nada.
Sociabilidade
• Alguns autores, entre os quais Despert,
incluem como um dos sintomas do início
insidioso da esquizofrenia, justamente a
diminuição progressiva do interesse pelo
brinquedo.
• Além do grupo familiar e do grupo de
brinquedos, a criança, depois de certa
idade, passa a pertencer também ao
grupo escolar. Na escola, ela irá misturar-
se ao grupo social de seus companheiros,
e fará um esforço de adaptação, que
poderá ser conseguida ou não.
Sociabilidade
• Em se tratando de adolescente que pode apresentar
esquizofrenia precoce, verifica-se a não adaptação ao
grupo precedeu a inadaptação escolar.
“Desde a infância ele já era um indivíduo, cuja instabilidade
de humor e tendência ao isolamento eram empecilho para a
vida social”.
• Evidentemente, a inadaptação ao meio escolar tem uma
etiologia. Poderá decorrer da atitude de pais neuróticos,
que não se conformam com a separação do filho.
Conscientemente desejam que ele vá à escola, mas, não
conscientemente, arranjam todos os pretextos possíveis
para manterem o filho em casa (resfriados, dores de
cabeça, de garganta, tosse, etc.)
Sociabilidade
• As crianças, portadoras de quociente intelectual baixo, têm
dificuldade em manter contato social duradouro. Os paciente
com déficit intelectual, tem muita dificuldade em seguir ritmo
normal da classe, assim fica com dificuldade de se integrar ao
meio escolar. Na adolescência a situação agrava-se mais,
havendo maior dificuldade para adaptação ao grupo. Se esse
aluno com prejuízo cognitivo não for cuidado a tempo, através de
uma equipe multiprofissional, onde o aproveitamento escolar lhe
permitirá integração ao seu grupo , poderá ser atraído por um
bando e seguir um caminho delinquencial, uma vez que seu
desejo de aceitação permanece imperioso e dominante.
• Têm ainda dificuldade de adaptação ao meio social as
personalidades psicopáticas que também podem desviar-se para
a delinquência.
Doenças
• Todas as doenças devem ser
descritas com minúcias, levando-
se em consideração quando
ocorreram, sua duração, suas
consequências e quais as atitudes
dos familiares.
Doenças
• Em relação às doenças, será
sempre oportuno indagar qual
a atitude da família, porque,
notando as atenções do que
foi alvo durante a
enfermidade, a criança pode,
a partir desse momento,
apresentar conduta anormal
com a finalidade de obter a
atenção dos cuidadores.
Doenças
• Nesta fase de anamnese,
podemos, ainda, pedir ao
entrevistado que nos descreva
um dia comum da vida da
criança e um dia de lazer ou
feriado em que a figura do pai
está mais frequentemente
presente para melhor observar
as atitudes ambientais e a
dinâmica familiar.
Antecedentes familiares
• É importante conhecer as condições
de saúde da família do paciente, em
relação ao problema de
hereditariedade das enfermidades.
Antecedentes familiares
• Em relação à epilepsia, Lennox e outros
expressaram opinião, afirmando que “a
presença de ondas cerebrais anormais, nos
pais de epilépticos, é uma suposição evidente
de que as disritmias cerebrais associadas à
epilepsia são transmitidas por herança”
• No tocante à esquizofrenia, uns tendem a
incluí-la no quadro das moléstias hereditárias,
sem contudo desprezar os dinamismos
psicopatológicos das relações familiares,
enquanto outros dizem ser desconhecida sua
etiologia.
Antecedentes familiares
• Quanto à deficiência intelectual há, também,
os que opinam pela hereditariedade, ao passo
que outros pensam de maneira oposta.
• Seja como for, parece-nos que será sempre
oportuno conhecer os antecedentes
patológicos familiares, devendo a pesquisa ser
feita tanto em relação à família paterna,
quanto em relação à materna e abranger, pelo
menos, uma geração ascendente e uma
descendente.
Ambiente familiar e social
Ambiente – como é a sua casa? Há
conforto? Lugar para as atividades
próprias da criança? Possuí um lugar
para brincar? Para estudar? Quantas
pessoas moram na casa? Quantos
dormem no mesmo quarto?
** Há uma série de elementos
patógenos decorrentes do próprio
ambiente socioeconômico da
família.
Ambiente familiar e
social
É necessário o conhecimento das
interrelações e do tipo de
relacionamento existente entre os
vários membros da família, uma
vez que grande parte dos
distúrbios do desenvolvimento
infantil depende das atitudes
daqueles que rodeiam estas
crianças.
Ambiente familiar e
social
Sob o ponto de vista clínico, o
rechaço é uma das atitudes
encontradas, mais precoces;
segundo Kann, pode-se distinguir
três formas principais de conduta de
rechaço:
1. Hostilidade e negligência
francas
2. Espírito de perfeição
3. Superproteção compensadora
Ambiente familiar e social
Em relação à hostilidade e negligência,
notam-se na mãe: irritabilidade,
displicência, ameaças de internar o filho,
castigos severos e uso de adjetivos
ofensivos.
Relativamente ao espírito de perfeição,
como o próprio nome o indica, é exigida
da criança uma perfeição em tudo o que
faz ou deve fazer, sem o que não merecera
aprovação.
Ambiente familiar e
social
A superproteção compensadora
pressupõe sentimento de culpa
não consciente da mãe,
sentimento que procura
compensar adotando atitudes de
preocupação constante,
buscando evitar todos os perigos
que ela crê existirem em cada
situação. Ex: não deixa o filho
sair de casa, para brincar com os
companheiros, a fim de não se
machucar.
Ambiente familiar e A mãe adotiva costuma ser
superprotetora mas, às vezes,
social carinho excessivo é acompanhado
de exigências tirânicas, para
conseguir gratidão pelo bem que
está praticando.
Outra situação delicada é a da
madrasta, geralmente, ela não é
bem recebida pelos enteados
provocando uma dinâmica familiar
peculiar, onde ajustamentos difíceis
se dão, surgindo decorrentes de
fantasias mobilizadas de dentro
deste convívio.
Ambiente familiar e social
Cumpre, também, verificar as relações pai-
filho. O pai, embora sinta afeto pelo filho,
representa em nossa cultura a figura de
autoridade, e frequentemente, atua junto aos
filhos exclusivamente como tal. Deve estar
preparado para colaborar com a mãe no
plano educativo. Não deve ser absorvente
desejando cuidar de tudo, nem terrível,
desapiedoso ou indiferente. Há pais que
batem muito nos filhos, esquecendo depressa
as surras que distribuíram, e com a criança
nem sempre sucede o mesmo. Daí originam-
se ansiedade, que marca profundamente o
desenvolvimento psíquico da criança.
Ambiente familiar e social
O excesso de autoridade pode levar à delinquência, como fuga à
situação desagradável.
Às vezes, o pai tem pouco contato com os filhos, ou porque viaja,
ou então porque, sendo egoísta, quando está em casa dedica-se,
apenas, as atividades que lhe interessa: fazer coleções, ler, ouvir
músicas, televisão, etc... Pai que se isola do convívio no lar, ou que
está tenso, continuamente, causa uma série de perturbações no
desenvolvimento do filho.
Elemento de importância, a ser considerado, são as relações entre
os pais, pois elas repercutem fortemente sobre os filhos, A esposa
amada e feliz, sem preocupação exagerada com o lar, tem todas as
probabilidades de proporcionar a seus filhos carinho sadio, calmo
e equilibrado, sem excessos. O mesmo não poderá suceder se ela
for vítima da brutalidade ou da indiferença do marido.
Ambiente familiar e social

Os pais devem compreender-se, para


que a educação dos filhos decorra
harmoniosamente. Ainda que um
deles cometa um engano, no que se
refere à educação, quando diante
dos filhos, o outro cônjuge não deve
chamar-lhe a atenção. A observação
deverá ser deixada para quando
estiveram a sós. Discussões entre os
pais criam ansiedade nos filhos
podendo ser o determinante de
perturbações infantis.
Ambiente familiar e social
No ambiente familiar
convém, ainda, notar as
relações entre os irmãos
pois, são frequentes os
ciúmes e reações
agressivas entre eles.
É importante perguntar
“como é a relação entre
os irmãos?”
Ambiente familiar e
social
Se outras pessoas residem na casa, será
conveniente saber de sua maneira de ser
e de agir. Interessa-nos saber a conduta
dos avós, quando são rivais da autoridade
materna.
Ter informações sobre quem cuida da
criança, quando a mãe terceiriza esse
cuidado.
Ambiente familiar e social
Abordar questões:
• Religião (se é comum do casal ou se há
desavenças, críticas de um dos cônjuges)
• Ambiente social (visitas que recebe ou faz
visitas...)
• Ocupação – questão do nível salarial (sobre
estrutura, padrões e dificuldades de vida,
mulher com salário maior que o esposo, mãe
constantemente ausente e fatigada pelo tipo
e número de horas trabalhadas,...)
Ambiente familiar e social
Abordar questões:
• Nível cultural dos membros da família – grau de
escolaridade dos pais, possível discrepância
entre eles, tipo de interação no lar – mais
sensorializadas ou intelectualizada ou emotiva)
• Etnia – origens raciais que podem repercutir
sobre os filhos, muitas vezes prejudicando no
desenvolvimento emocional ou mesmo
intelectual, ou quadros psiquiátricos específicos
de uma determinada raça.
Ambiente familiar e
social

Abordar questões:
• Mudanças frequentes – trabalho do pai,
instabilidade sócio econômico,
instabilidade e características de
personalidade do pai, que está sempre
em busca de novos negócios, em novos
lugares, em poder se fixar a algo – o que
pode levar a insegurança da esposa/mãe
consequentemente a insegurança e
instabilidade emocional e/ou intelectual
dos filhos.
Ambiente familiar e social

Abordar questões:
• Casamento – como se deu o namoro
– expectativas...
• Separações – se houve – novos
casamentos – conflitos na forma de
educar...
• Adoções – como foi esse processo

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