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URGÊNCIA / EMERGÊNCIA NA CRIANÇA E ADOLESCENTE

!
Professores Ana Perdigão, Lurdes Lomba e Jorge Apóstolo
2020/2021
CUIDEMOS DAS NOSSAS CRIANÇAS E DOS NOSSOS JOVENS!
SUMÁR
IO Intoxicações
Traumatismos craneoencefálicos
Quase – afogamento (submersão)
Lesões e traumatismos na
sequência de acidentes
continuam a ser a 1º causa de
morte nas crianças e jovens
em Portugal

APSI, RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO (2017)


O Instituto Nacional de Emergência Médica, I. P.
(INEM) é o Organismo do Ministério da Saúde
responsável por coordenar o funcionamento,
no território de Portugal Continental, de um
Sistema Integrado de Emergência Médica
(SIEM), de forma a garantir aos sinistrados ou
vítimas de doença súbita a pronta e correta
prestação de cuidados de saúde
SINAIS E
SINTOMAS DE
GRAVIDADE
Vários sinais e A informação

2
1
sintomas adequada
podem estar durante a
presentes mas anamnese e o
pode acontecer exame
o evento ser minucioso é
súbito que permitem
o diagnóstico
precoce
INTOXICAÇÕES
INTOXICAÇÕES

AS INTOXICAÇÕES QUE OCORREM NA CRIANÇA EM


>90% SÃO ACIDENTAIS

HIPÓTESE DE INTOXICAÇÃO NÃO ACIDENTAL SE:

REPETIÇÃO

OCORRER EM SITUAÇÃO ESTRANHA

Cª COM >5 ANOS (SUÍCIDIO?)


INTOXICAÇÕES

ORIENTAÇÕES GERAIS / INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

1 - ASSEGURAR AS FUNÇÕES VITAIS – TRATAMENTO DE SUPORTE: A,B,C…

A – VIA AÉREA (Airway)


- Via aérea desobstruída e estável;
- Ouvir e sentir o ar em movimento;

B – RESPIRAÇÂO (Breathing)
- Frequência respiratória; Trabalho respiratório; Oxigenação;
- Estado de consciência (agitação/sonolência…);

C – CIRCULAÇÂO (Circulation)
- Frequência cardíaca; Pressão arterial; Pulsos periféricos;
Perfusão periférica; Reperfusão capilar….
INTOXICAÇÕES Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do INEM:
808 250 143

2 - IDENTIFICAÇÃO DO TÓXICO

• Composição

• Dose/Kg

• Hora da ingestão; refeição prévia

• Forma de apresentação

CONTACTAR CENTRO DE INTOXICAÇÕES


3 - IDENTIFICAÇÃO DE “SINDROMES” CONHECIDOS

• Consultar tabelas específicas quando tóxicos desconhecidos


INTOXICAÇÕES

4 – REMOVER O TÓXICO

a) Ingerido – provocar esvaziamento gástrico, se não houver contraindicação


(coma ou convulsões, cáusticos ou petróleo):
- indução do vómito (xarope de ipeca) ou
- lavagem gástrica;

b) via percutânea – lavagem com água e sabão

5 – TRATAR ESPECIFICAMENTE

6 - COLHER MATERIAL PARA PESQUISA DO TÓXICO


INTOXICAÇÕES

7 - PREVENÇÃO DA ABSORÇÃO

1 – XAROPE IPECA

2 – LAVAGEM GÁSTRICA

3 – CARVÃO ACTIVADO

ANTÍDOTOS ESPECÍFICOS

A ADMINISTRAR APÓS IDENTIFICAÇÃO do TÓXICO


CONTRA-INDICAÇÕES INDICAÇÕES
-Não utilizar por rotina;
-Estado de consciência -Considerar adm. se:
XAROPE alterado (coma, convulsão); # Adm.<60‘ após ingestão do tóxico
IPECA -Subst. corrosivas; # Presença provável de resíduos alimentares/
-Ingestão de hidrocarbonetos comprimidos no estomago;
(indução do (petróleo); Adm. em dose adequada que pode ser repetida
vómito) -Ingestão de ácido/alcális; 20 a 30‘ depois se não ocorrer vómito;

-Ingestão de hidrocarbonetos; - Efectuada <60‘ após a ingestão do tóxico;


LAVAGEM -Ingestão de ácido / álcalis; - Ausência de resíduos alimentares/comp.;
GÁSTRICA -Necessária protecção da VA, - Tóxico sob a forma líquida;
se alteração do estado de
consciência;

-Ausência de ruídos -Sempre que possível adm. na 1ªh;


intestinais -Eficaz sem LG prévia;
CARVÃO sinais de peritonite ou oclusão -Dose única, excepto em subs. em que está
intestinal; comprovada a eficácia de doses múltiplas
ACTIVADO -Não absorve subst. como: (ex: Carbamazepina, Barbitúricos,Quinino,
álcool, lixivia, ferro, lítio, óleos Teofilina, Salicilatos, Dapsona, Paraquat….)
voláteis;
INTOXICAÇÕES

INGESTÃO DE PETRÓLEO

Pesquisar SDR (pneumonia química de aspiração) e tratamento de suporte;


Não fazer indução do vómito ou lavagem gástrica. Fazer carvão ativado.

INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA

Riscos de:
- Hipoglicémia Glicose EV
- Depressão respiratória Apoio ventilatório
Se sinais típicos é discutível a evacuação gástrica.
Higienização e aquecimento do doente.

INGESTÃO DE BENZODIAZEPINAS

Sinais sugestivos de embriaguez (sonolência, incoordenação, ataxia, fala


entaramelada) antidoto, observação, ingestão abundante de líquidos;
INTOXICAÇÕES

INGESTÃO DE CÁUSTICOS (presente em produtos limpeza domésticos)


Sinais sugestivos - Corrosão oral e faríngea, dor ;
- Salivação;
- Disfagia;
- Vómitos intensos;
- Dores abdominais;
- Dispneia laríngea;

Contraindicado Neutralizar o caustico ou diluir com leite ou água; induzir o vómito


.
URGENTE Prevenir a desidratação
Atenuar dores
Identificar o produto para prognóstico das lesões
Eliminação ou neutralização da substância tóxica
Prevenção das complicações (perfuração do esófago/estômago; choque devido
às hemorragias)
INTOXICAÇÕES

PESTICIDAS INIBIDORES DAS COLINESTERASES (organofosforatos ou


carbamatos)

Associam – Efeitos muscarínicos (Salivação, secreções brônquicas, broncoconstrição, SDR,


bradicardia, vómitos, diarreia e miose);

- Efeitos nicotínicos (fadiga, paralisia respiratória, fasciculações);

- Efeitos sobre o SNC;

Assistência - Aspirar secreções, assegurar ventilação, O2 em SOS;


- Adm. atropina até atropinização (midríase, rubor facial, FC↑);
- Adm. de colinesterases e de obidoxina;
- Considerar a possibilidade de evacuação gástrica, carvão ativado;

Se absorção cutânea – Lavar cuidadosamente as mãos ou cabeça contaminada


TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁLI
CO
TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO

TCE decorre de uma força mecânica que atinge o couro cabeludo, crânio,
meninges ou cérebro
São a causa da maioria das mortes e incapacidades em crianças e
adolescentes
CAUSAS

Crianças 2 a 4 anos quedas e violência doméstica;


Crianças maiores atropelamentos e acidentes de bicicleta
Adolescentes armas de fogo
Todas as faixas etárias acidentes rodoviários

MORTALIDADE: Maior nos lactentes e crianças com mais de 14 anos


TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO
MANIFESTAÇÕES DE TCE

Variam segundo a gravidade do trauma:


- Perda ou não de consciência
- Período transitório de confusão
Trauma leve - Sonolência
- Apatia
- Irritabilidade
- Palidez
- vómitos

- Alteração do estado mental


- Agitação crescente
Sinais de progressão do trauma
- Alterações acentuadas dos SV
- Alterações neurológicas acentuadas
- Convulsões
- Rinoliquorreia ou otoliquorreia
- Sinais de hipertensão craniana (cefa.
Vom.; Bradic.; Bradip. ;Hipert.
Arterial)
TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO
A LESÃO NO TCE PODE SER PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA

LESÃO CEREBRAL PRIMÁRIA resulta do impacto direto e das forças envolvidas que determina a intensidade e
gravidade do trauma
LESÃO CEREBRAL SECUNDÁRIA sistémica e intracraniana, secundária à lesão primária e que pode ampliar a
lesão existente

- Hematomas
- Hipotensão - Edema cerebral
- Hipoxia - Hipertensão intracraneana
- Hipercapnia - Hérnias cerebrais
- Anemia - Hidrocefalia
- Febre - Infecções
- Hipoglicemia - Convulsões
- Sepse - Lesões vasculares cerebrais
TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO
PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DO TCE

 Hemorragia
 Infecção
 Edema
 Herniações encefálicas
 Compressão cerebral
 Isquémia de estruturas cerebrais
 Hemorragia epidural (entre a dura-máter e o crânio)
 Hemorragia subdural (entre a dura-máter e o cérebro)
 Aumento da PIC (convulsões, fontanela tensa e abaulada, cefaleia, náuseas, vómitos, alteração da
reatividade pupilar, respiração de Cheyne-Stokes)

https://youtu.be/euUHyL0oLjI
TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
1. AVALIAÇÃO INICIAL

- História detalhada do acidente

- Colaboração em exames auxiliares de diagnóstico (PL, Rx, TAC, RM, electroencefalografia,


exames laboratoriais…)

- Monitorização de SV

- Avaliação neurológica, Escala de Glasgow (abertura ocular, resposta verbal, resposta motora)
» Abertura e Reatividade pupilar (pup. dil. não reactivas sugestivo de anoxia e isquemia)

» Resposta verbal

»Postura (disfunção cerebral em descorticação ou descerebração)


Escala de Glasgow pediátrica

Tipo: JPG
TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO

2. Monitorização neurológica ESCALA GLASGOW PEDIÁTRICA

3. Monitorização dos sinais de complicações e agravamento do TCE

4. Monitorização respiratória (hipoxia cerebral >4’ = a lesão cerebral irreverssível)

5. Monitorização da PIC (dec. elev. a 15- 30º, evitar dor, aspirações, cabeça alinhada)

6. Monitorizar nutrição e hidratação (evitar sobrecarga hídrica)

7. Monitorizar temperatura
TRAUMATISMO
CRANEOENCEFÁ
LICO

8. Monitorizar eliminação

9. Vigiar alterações da integridade cutânea

10. Promover higiene oral

11. Promover proteção ocular

12. Monitorizar posicionamentos, exercícios e estimulação

13. Oferecer apoio familiar


QUASE –
AFOGAMENTO
(SUBMERSÃO)
QUASE – AFOGAMENTO A MAIORIA DOS AFOGAMENTOS PODE SER PREVENIDA
(SUBMERSÃO)
COM SUPERVISÃO ADEQUADA

• Afogamento – Morte por asfixia enquanto submerso, independente/ da entrada ou


não de líquido nos pulmões.

• Quase – afogamento – Sobrevivência de pelo menos 24h após a submersão em meio


líquido.

- Segunda principal causa de morte acidental em crianças

Lactentes Banheira
1 a 2 anos Piscinas e tanques
5 -12 anos Piscinas, rios, canais, lagos, parques aquáticos.
13 -19 anos Ingestão álcool/drogas, desportos aquáticos
QUASE – AFOGAMENTO
(SUBMERSÃO)

A gravidade das alterações pulmonares estão relacionadas com a


duração da submersão.

A recuperação depende da efetividade da ressuscitação inicial e das


medidas de terapia intensiva.

CONSEQUÊNCIA

HIPOXIA ASPIRAÇÃO HIPOTERMIA


QUASE – AFOGAMENTO
(SUBMERSÃO)

Insuf. Resp. Aguda ↔ Hipoxemia arterial ↔ Acidose


Respiratória (retenção de CO2) ↔ Acidose Metabólica

Líquido aspirado ↔ Edema pulmonar ↔ Atelectasia ↔ Espasmo das vias aéreas


↔ Pneumonia

Ocorre rapidamente em crianças e lactentes ↔ Hipotermia profunda ↔ submersão


prolongada ↔ hiperglicémia, vasoconstrição cerebral, diminuição TA e FC, alterações
do equilíbrio Ac. – Base, redução da motilidade gastrointestinal, risco hemorragia
ENGASGAMENTO
PREVENÇÃO
As intoxicações domésticas têm como principais vítimas as crianças entre um e cinco
anos de idade, pelo que a educação dos pais é fundamental. Eles devem ser informados
acerca da toxicidade dos produtos químicos de uso diário e da necessidade de os guardar
fora do alcance das crianças. Recomenda-se: 

1. Identificar as embalagens com rótulos que possam ser facilmente compreendidos,


recorrendo aos sinais de toxicidade.

2. Fechar bem as embalagens e guardar em armários ou gavetas altas.

3. Os produtos de limpeza e lacas nunca devem ficar na cozinha ou na casa de banho em


prateleiras baixas ou no chão.

4. Não colocar produtos tóxicos em copos ou garrafas, para evitar a ingestão involuntária.
Os produtos químicos usados na agricultura requerem determinados cuidados: 

5. Não devem ser armazenados junto de alimentos.

6. Os recipientes, após a utilização dos produtos, devem ser queimados.

7. O vestuário utilizado no manuseamento desses produtos deve ser adequado e ser limpo e
guardado fora do alcance das crianças.

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