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Diário da República, 1.ª série — N.

º 117 — 20 de Junho de 2011 3323

técnicas que visem especificamente a redução do consumo temple as medidas adoptadas para excluir comportamentos
de energia; discriminatórios.
b) Diversificação de fontes energéticas, privilegiando Por outro lado, estabelece-se o regime aplicável às redes
as renováveis e as de menor impacte ambiental. fechadas que contempla a possibilidade de intervenção da
ERSE na análise e fixação das tarifas de acesso em casos
8 — Sustentabilidade ambiental: de manifesta falta de transparência ou razoabilidade.
a) Compatibilidade com os valores naturais presentes, Em segundo lugar, conferem-se novos poderes às en-
designadamente com as áreas protegidas e com a Rede tidades reguladoras, reforçando a sua independência no
Natura 2000 e plano sectorial respectivo, ou susceptibili- exercício das suas funções regulatória, de fiscalização e
dade de minimização/compensação de modo a atingir tal de certificação de entidades. É reforçado o papel da ERSE,
compatibilização; nomeadamente, na certificação do operador da rede de
b) Compatibilidade com os valores que fundamentaram transporte, bem como na promoção dos mercados regio-
a classificação de Reserva Ecológica Nacional, Reserva nais e na coordenação das redes à escala europeia, através
Agrícola Nacional e domínio público hídrico ou suscepti- da cooperação com as demais entidades reguladoras, em
bilidade de minimização/compensação de modo a atingir conformidade com as exigências da directiva e dos regu-
tal compatibilização; lamentos comunitários.
c) Utilização de tecnologias e práticas ecoeficientes que Em terceiro lugar, aprofundam-se as regras para garantir
permitam atingir elevados níveis de desempenho ambien- a protecção dos consumidores e o acesso não discrimina-
tal, nomeadamente nos domínios da água, energia, solos, tório de terceiros às redes.
resíduos e ar; Os direitos do consumidor são reforçados através da
d) Minimização das emissões de gases com efeito de introdução de mecanismos que asseguram a mudança de
estufa. comercializador num período não superior a três semanas
e sem custos devidos pelo acto de mudança para o consu-
Decreto-Lei n.º 77/2011 midor, bem como o tratamento das reclamações dos consu-
midores pelas entidades administrativas com competências
de 20 de Junho
no sector, designadamente a ERSE e a Direcção-Geral da
O presente decreto-lei introduz novas regras no qua- Energia e Geologia (DGEG).
dro organizativo do sistema de gás natural, transpondo a Nesta matéria, prevê-se ainda a criação de uma plata-
Directiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e do forma centralizada de informação, que passa a disponibili-
Conselho, de 13 de Julho, procedendo à segunda alteração zar informação relevante, como, por exemplo, a legislação
ao Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de Fevereiro, de acordo em vigor em matéria de protecção dos consumidores de
com o Programa do XVIII Governo Constitucional e em electricidade e meios de resolução de litígios disponíveis
articulação com os principais objectivos estratégicos apro- para o exercício dos seus direitos.
vados na Resolução do Conselho de Ministros n.º 29/2010, Em quarto lugar, aprofundam-se também os princípios
de 15 de Abril (ENE 2020). de protecção dos consumidores já estabelecidos, designa-
A Directiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e damente no âmbito do serviço público do fornecimento de
do Conselho, de 13 de Julho, integra o designado «Terceiro gás natural e de protecção do cliente vulnerável.
Pacote Energético» da União Europeia, cujos principais ob- No que respeita ao acesso à actividade de comerciali-
jectivos são o aumento da concorrência, a existência de uma zação de gás natural, deixa de ser necessária licença para
regulamentação eficaz e o incentivo ao investimento em be- o exercício da actividade, ficando os comercializadores
nefício dos consumidores de electricidade e de gás natural. apenas sujeitos ao seu registo na DGEG, dando-se, desta
O Terceiro Pacote Energético estabelece medidas que forma, cumprimento ao objectivo do Governo de simpli-
visam a consolidação de um mercado que funcione em ficação dos procedimentos de licenciamento.
Por fim, quanto ao acesso de terceiros às redes, mantém-
benefício de todos os consumidores, independentemente
-se a matriz do acesso regulado às infra-estruturas do
da sua dimensão, garantindo ao mesmo tempo um forne-
SNGN, abrindo-se, no entanto, a possibilidade de novas
cimento de energia mais seguro, competitivo e sustentável concessões para o armazenamento subterrâneo, não desti-
na União Europeia. nado à constituição e manutenção de reservas de segurança,
Assim, em primeiro lugar, adoptam-se medidas no sen- beneficiarem de um regime de acesso negociado. Este
tido do reforço da disciplina de separação de actividades acesso é baseado em tarifas livremente negociadas com os
de produção e comercialização e a operação das redes de respectivos utilizadores e deve desenvolver-se exclusiva-
transporte, como meio para atingir o estabelecimento de mente por conta e risco do respectivo operador.
um mercado energético interno na União Europeia inte- Foram ouvidos a ERSE e a Comissão Nacional de Pro-
grado, que permita a implementação de uma concorrência tecção de Dados.
de mercado mais eficaz. Foram promovidas audições ao Conselho Nacional do
Neste âmbito, introduz-se o procedimento de certifica- Consumo e aos agentes do sector.
ção do operador da rede de transporte, pela Entidade Re- Assim:
guladora dos Serviços Energéticos (ERSE), para avaliação Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Cons-
das condições de separação das actividades. tituição, o Governo decreta o seguinte:
Quanto à actividade de distribuição, por um lado,
fortalece-se a transparência na separação jurídica das ac- Artigo 1.º
tividades, uma vez que o operador da rede de distribuição
Objecto
que pertença a empresa verticalmente integrada e sirva
um número de clientes igual ou superior a 100 000 passa O presente decreto-lei altera o Decreto-Lei n.º 30/2006,
a ter de elaborar um programa de conformidade que con- de 15 de Fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 66/2010,
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de 11 de Junho, transpondo a Directiva n.º 2009/73/CE, do gg) [Anterior alínea ff).]


Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho, que hh) [Anterior alínea gg).]
estabelece as regras comuns para o mercado interno do ii) [Anterior alínea hh).]
gás natural e que revoga a Directiva n.º 2003/55/CE, do jj) [Anterior alínea ii).]
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Junho. ll) [Anterior alínea jj).]
mm) [Anterior alínea ll).]
Artigo 2.º nn) [Anterior alínea mm).]
Alteração ao Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de Fevereiro
Artigo 4.º
Os artigos 3.º, 4.º, 5.º, 6.º, 9.º, 15.º, 16.º, 19.º, 20.º,
[...]
21.º, 24.º, 25.º, 26.º, 27.º, 30.º, 31.º, 36.º, 37.º, 38.º, 39.º,
40.º, 41.º, 43.º, 47.º, 48.º, 51.º, 52.º, 55.º, 56.º, 57.º e 59.º 1— .....................................
do Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de Fevereiro, alterado 2 — O exercício das actividades abrangidas pelo pre-
pelo Decreto-Lei n.º 66/2010, de 11 de Junho, passam a sente decreto-lei deve obedecer a princípios de racionali-
ter a seguinte redacção: dade e eficiência dos meios a utilizar, contribuindo para
a progressiva melhoria da competitividade e eficiência
«Artigo 3.º do SNGN, no quadro da realização do mercado interno
da energia, tendo em conta a utilização racional dos
[...]
recursos, a sua preservação, a manutenção do equilíbrio
......................................... ambiental e a protecção dos consumidores.
3— .....................................
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4— .....................................
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 — O exercício das actividades de recepção e armaze-
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . namento de GNL, de armazenamento subterrâneo, de trans-
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . porte e de distribuição de gás natural e de comercialização
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . processa-se nos regimes de concessão, de licença ou de
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . registo, nos termos definidos no presente decreto-lei e na lei.
g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 — (Revogado.)
h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7— .....................................
i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
l) ‘Comercializador’ a entidade registada para a comer- b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
cialização de gás natural cuja actividade consiste na com- c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
pra a grosso e na venda a grosso e a retalho de gás natural; d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
m) ‘Comercializador de último recurso’ a entidade ti- e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
tular de licença de comercialização de gás natural sujeita f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a obrigações de serviço público, nos termos da lei; g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
n) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . h) Direito de reclamação e ao seu tratamento eficiente.
o) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
p) ‘Derivado de gás’ um dos instrumentos financei- Artigo 5.º
ros especificados nos pontos 5, 6 ou 7 da secção C do [...]
anexo I da Directiva n.º 2004/39/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de Abril de 2004, relativa 1— .....................................
aos mercados de instrumentos financeiros, sempre que 2— .....................................
esteja relacionado com o gás natural; 3— .....................................
q) [Anterior alínea p).]
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
r) [Anterior alínea q).]
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
s) [Anterior alínea r).]
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
t) ‘Empresa verticalmente integrada’ uma empresa de
d) A promoção da eficiência energética e da utilização
gás natural ou um grupo de empresas de gás natural em
racional dos recursos e a protecção do ambiente.
que a mesma pessoa ou as mesmas pessoas têm direito,
directa ou indirectamente, a exercer controlo e em que a
Artigo 6.º
empresa ou grupo de empresas exerce, pelo menos, uma
das actividades de transporte ou distribuição, GNL ou [...]
armazenamento e, pelo menos, uma das actividades de
1— .....................................
produção ou comercialização de gás natural;
2— .....................................
u) [Anterior alínea t).]
3 — Para os efeitos do disposto no número anterior,
v) [Anterior alínea u).]
são adoptados os seguintes mecanismos:
x) [Anterior alínea v).]
z) [Anterior alínea x).] a) Disponibilização de uma plataforma centralizada
aa) [Anterior alínea z).] que preste aos consumidores de energia toda a informa-
bb) [Anterior alínea aa).] ção necessária ao exercício dos seus direitos, a indica-
cc) [Anterior alínea bb).] ção da legislação em vigor e os meios de resolução de
dd) [Anterior alínea cc).] litígios disponíveis;
ee) [Anterior alínea dd).] b) O tratamento eficiente das reclamações através
ff) [Anterior alínea ee).] das entidades administrativas previstas no presente
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decreto-lei, designadamente a ERSE e a DGEG, e a nos respectivos sítios da Internet, a oferta disponível de
resolução extrajudicial de litígios nos termos previstos instalações de armazenamento subterrâneo que explora.
na lei, nomeadamente na lei de protecção dos utentes 4 — (Anterior n.º 3.)
dos serviços públicos essenciais.
Artigo 20.º
4 — É assegurada protecção ao cliente vulnerável [...]
através da adopção de medidas de salvaguarda destina-
das a satisfazer as suas necessidades de consumo. 1— .....................................
5 — (Anterior n.º 3.) 2— .....................................
6 — Entende-se por cliente vulnerável as pessoas
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
singulares que se encontrem em situação de carência
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
sócio-económica e que devem ser protegidas, nomea-
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
damente no que respeita a preços.
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) Assegurar o planeamento da RNTIAT e a constru-
Artigo 9.º ção e a gestão técnica da RNTGN, de forma a permitir
[...] o acesso de terceiros e gerir de forma eficiente as infra-
-estruturas e os meios técnicos disponíveis, tendo em
1— .....................................
conta o estabelecido na alínea seguinte;
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . f) Assegurar o relacionamento e o cumprimento das
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . suas obrigações junto da Agência de Cooperação dos
c) Estabelecer as linhas de orientação da promoção Reguladores da Energia e da Rede Europeia dos Ope-
de cooperação dos mercados regionais; radores das Redes de Transportes (REORT) para o gás;
d) Promover a adopção de medidas e políticas sociais g) [Anterior alínea f).]
necessárias à protecção dos clientes vulneráveis; h) [Anterior alínea g).]
e) Promover o desenvolvimento de infra-estruturas i) [Anterior alínea h).]
fundamentais para a construção do mercado interno j) Preservar a confidencialidade das informações co-
da energia. mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas
actividades e impedir a divulgação discriminatória de
2— ..................................... informações sobre as suas próprias actividades que
possam ser comercialmente vantajosas, nos termos do
Artigo 15.º Regulamento de Relações Comerciais;
l) [Anterior alínea j).]
[...]
m) [Anterior alínea l).]
1— ..................................... n) [Anterior alínea m).]
2 — As concessões da RNTIAT são atribuídas na o) Publicar as informações necessárias para assegurar
sequência de realização de concursos públicos, salvo uma concorrência efectiva e o funcionamento eficaz do
se forem atribuídas a entidades sob o controlo efectivo mercado, sem prejuízo da garantia de confidencialidade
do Estado, mediante contratos outorgados pelo mem- de informações comercialmente sensíveis, nos termos
bro do Governo responsável pela área da energia, em dos regulamentos da ERSE.
representação do Estado.
3— ..................................... 3— .....................................
4— ..................................... 4— .....................................
5 — O operador da RNTGN não pode utilizar abusi-
Artigo 16.º vamente informações comercialmente sensíveis obtidas
[...]
de terceiros no âmbito do fornecimento ou da negociação
do acesso à rede.
1 — A RNTIAT compreende: Artigo 21.º
a) A rede de alta pressão e as interligações; Separação jurídica e patrimonial do operador da RNTGN
b) Os terminais de GNL;
1 — O operador da RNTGN é independente, nos
c) As infra-estruturas de armazenamento subterrâneo
planos jurídico e patrimonial, das entidades que exer-
de gás natural;
çam, directamente ou através de empresas coligadas,
d) As infra-estruturas auxiliares associadas à sua
as actividades de produção ou comercialização de gás
operação.
natural ou de electricidade.
2 — O operador da RNTGN deve dispor de um poder
2— ..................................... decisório efectivo, independente de outros intervenientes
no SNGN ou SEN, designadamente no que respeita aos
Artigo 19.º activos necessários para manter ou desenvolver a rede.
[...] 3 — Para assegurar o disposto no n.º 1, são estabe-
lecidos os seguintes impedimentos:
1— .....................................
2— ..................................... a) O operador da RNTGN não pode, directa ou in-
3 — Para efeitos do disposto nas alíneas d) e e) do nú- directamente, exercer controlo sobre uma empresa que
mero anterior, o operador de armazenamento divulga e co- exerça qualquer das actividades de produção ou de co-
munica ao operador da rede de transporte para divulgação, mercialização de gás natural ou de electricidade;
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b) As pessoas que exerçam qualquer das actividades Artigo 25.º


de produção ou de comercialização de gás natural ou [...]
de electricidade não podem, directa ou indirectamente,
exercer controlo ou direitos sobre o operador da RNTGN; 1 — As concessionárias da RNTIAT relacionam-se
c) O operador da RNTGN ou qualquer dos seus ac- comercialmente com os utilizadores das respectivas
cionistas não podem, directa ou indirectamente, designar infra-estruturas, tendo direito a receber, pela utilização
membros do órgão de administração, ou de fiscalização, destas e pela prestação dos serviços inerentes, uma re-
tribuição por aplicação de tarifas reguladas.
ou de órgãos que legalmente representam a empresa,
2 — As tarifas referidas no número anterior são
de empresas que exerçam actividades de produção ou definidas no Regulamento Tarifário, excepto no caso
comercialização de gás ou de electricidade; do armazenamento subterrâneo no regime de acesso
d) As pessoas que exerçam qualquer das actividades negociado de terceiros, em que as tarifas de acesso são
de produção ou comercialização de gás ou electricidade negociadas livremente.
não podem, directa ou indirectamente, designar mem-
bros dos órgãos do operador da RNTGN; Artigo 26.º
e) Os gestores dos operadores da RNTGN estão im-
[...]
pedidos de integrarem órgãos sociais ou participarem
nas estruturas de empresas que exerçam uma activi- 1 — O planeamento da RNTIAT deve prever medidas
dade de produção ou comercialização de gás natural destinadas a garantir a adequação da rede e a segurança
ou electricidade; do abastecimento, assegurando, nomeadamente, a exis-
f) [Anterior alínea b) do n.º 4.] tência de capacidade das partes que a integram, com ní-
g) [Anterior alínea d) do n.º 4.] veis adequados de segurança e de qualidade de serviço,
h) Nenhuma pessoa singular ou colectiva pode deter, no âmbito do mercado interno do gás natural.
directamente ou sob qualquer forma indirecta, mais de 2 — O operador da RNTGN deve elaborar, após
consulta pública, de dois em dois anos, um plano de-
10 % do capital social do operador da RNTGN; cenal indicativo do desenvolvimento e investimento da
i) [Anterior alínea f) do n.º 4.] RNTIAT (PDIRGN) tendo em conta as propostas de
plano de desenvolvimento e investimento elaboradas
4 — Os condicionalismos referidos nas alíneas a) a d) pelos operadores das RNTIAT e RNDGN.
do número anterior integram, em particular: 3 — O PDIRGN é elaborado considerando:
a) O poder de exercer direitos de voto; a) As orientações de política energética e nomeada-
b) O poder de designar membros dos órgãos de ad- mente as indicações do relatório de monitorização da
ministração ou de fiscalização ou dos órgãos que legal- segurança do abastecimento;
mente representam a empresa; b) A caracterização técnica da rede;
c) A detenção da maioria do capital social. c) A oferta e a procura actuais e previstas, nomea-
damente as identificadas nas consultas de mercado
5 — O disposto nas alíneas h) e i) do n.º 3 e no nú- previstas no presente decreto-lei;
mero anterior não se aplica ao Estado ou a empresa por d) O planeamento das redes com que se interliga,
ele controlada. nomeadamente as redes de distribuição e as redes de
6 — O disposto nas alíneas h) e i) do n.º 3 e no sistemas vizinhos;
n.º 4 não se aplica igualmente à empresa operadora da e) As obrigações decorrentes do MIBGAS e os objec-
tivos e as medidas de articulação necessárias ao cumpri-
RNTGN ou à empresa que a controle.
mento junto da Agência de Cooperação dos Reguladores
7 — Para efeitos do presente decreto-lei entende-se da Energia e da REORT para o Gás, nomeadamente no
que uma empresa exerce controlo sobre outra quando âmbito do plano decenal não vinculativo de desenvol-
uma delas é detentora de uma posição jurídica que lhe vimento da rede à escala comunitária.
confira a possibilidade de exercer influência determi-
nante sobre outra, em especial através de direitos de 4 — O membro do Governo responsável pela área da
propriedade, de uso ou de fruição sobre a totalidade energia aprova o PDIRGN, após parecer da ERSE.
ou parte dos activos de uma empresa ou de direitos 5 — O PDIRGN deve ser técnica e economicamente
ou contratos que conferem influência determinante na justificado, nomeadamente por necessidades de procura
composição, na votação ou nas decisões dos órgãos de e demonstradas após a consulta ao mercado que assegure
uma empresa. a utilização eficiente das infra-estruturas, bem como a
Artigo 24.º sua sustentabilidade económico-financeira a prazo, nos
termos estabelecidos na lei.
Acesso regulado às infra-estruturas da RNTIAT
Artigo 27.º
1 — As concessionárias da RNTIAT devem propor-
cionar aos interessados, de forma não discriminatória e [...]
transparente, o acesso às suas infra-estruturas, baseado 1— .....................................
em tarifas aplicáveis a todos os clientes, nos termos do 2 — As concessões da RNDGN são atribuídas me-
Regulamento do Acesso às Redes, às Infra-Estruturas diante contratos outorgados pelo membro do Governo
e às Interligações e do Regulamento Tarifário, sem pre- responsável pela área da energia, em representação do
juízo do disposto no artigo seguinte. Estado.
2— ..................................... 3— .....................................
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3327

4— ..................................... 3 — Os PDIRD devem estar coordenados com o


5— ..................................... PDIRGN, nos termos definidos na lei.
4 — Os PDIRD devem ter em conta na sua elabo-
Artigo 30.º ração o objectivo de facilitar o desenvolvimento de
[...] medidas de gestão da procura.
5 — O membro do Governo responsável pela área da
1— ..................................... energia aprova os PDIRD das concessionárias de distri-
2— ..................................... buição após parecer da ERSE e do operador da RNTGN.
a) Assegurar a capacidade da rede, a longo prazo, 6 — Os PDIRD dos demais operadores da rede de
para atender a pedidos razoáveis de distribuição de distribuição são aprovados pela DGEG após parecer da
gás natural; ERSE e do operador da RNTGN.
b) Explorar, manter e desenvolver, em condições 7 — Os PDIRD, bem como os respectivos procedi-
economicamente sustentáveis, uma rede de distribuição mentos, obedecem aos termos estabelecidos na lei e no
de gás natural segura, fiável e eficiente na área em que Regulamento de Operação das Infra-Estruturas.
opera, respeitando devidamente o ambiente, bem como
a eficiência energética e qualidade de serviço; Artigo 37.º
c) [Anterior alínea b).] [...]
d) Assegurar a capacidade e a fiabilidade da respec-
tiva rede de distribuição de gás natural, contribuindo 1 — O exercício da actividade de comercialização
para a segurança do abastecimento; de gás natural é livre, ficando sujeito a registo prévio,
e) Assegurar o planeamento, construção e gestão da nos termos estabelecidos na lei.
rede, de forma a permitir o acesso de terceiros e gerir 2 — O exercício da actividade de comercialização
de forma eficiente as instalações, nos termos a prever de último recurso está sujeito a licença.
na lei; 3 — O exercício da actividade de comercialização de
f) [Anterior alínea e).] gás natural consiste na compra e venda de gás natural,
g) Facultar aos utilizadores as informações de que para comercialização a clientes finais ou outros agen-
necessitem para aceder à rede e sua utilização eficientes; tes, através da celebração de contratos bilaterais ou da
h) [Anterior alínea g).] participação em mercados organizados.
i) [Anterior alínea h).]
Artigo 38.º
3— .....................................
[...]

Artigo 31.º A actividade de comercialização de gás natural é


[...]
separada juridicamente das restantes actividades.

1— ..................................... Artigo 39.º


2— .....................................
[...]
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 — Os comercializadores de gás natural podem con-
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . tratar o gás natural necessário ao abastecimento dos seus
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . clientes, através da celebração de contratos bilaterais ou
e) O operador da rede de distribuição deve diferenciar através da participação em mercados organizados.
a sua imagem e comunicação das restantes entidades que 2— .....................................
actuam no âmbito do SNGN, nos termos estabelecidos 3— .....................................
no Regulamento de Relações Comerciais. 4— .....................................
5— .....................................
3 — Sem prejuízo da separação contabilística das 6— .....................................
actividades, a separação jurídica prevista no presente
artigo e a forma de comunicação prevista na alínea e) do Artigo 40.º
número anterior não são exigidas aos distribuidores que [...]
sirvam um número de clientes inferior a 100 000.
1 — Considera-se ‘comercializador de último re-
Artigo 36.º curso’ aquele que estiver sujeito a obrigações de serviço
público universal, nos termos previstos na presente sub-
[...] secção e da respectiva licença.
1— ..................................... 2 — (Revogado.)
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, os 3 — A prestação de serviço universal implica o for-
operadores das redes de distribuição devem elaborar, necimento de gás natural pelo comercializador de úl-
de dois em dois anos, um plano quinquenal de desen- timo recurso nas áreas abrangidas pela RPGN a todos
volvimento e investimento das redes (PDIRD), com os clientes com consumos anuais iguais ou inferiores
base na caracterização técnica das respectivas redes e a 10 000 m3 que o solicitem, desde que preencham os
na oferta e procura, actuais e previstas, após consulta requisitos definidos para o efeito.
aos interessados. 4 — (Revogado.)
3328 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

Artigo 41.º b) Disporem de uma ampla escolha quanto aos méto-


dos de pagamento, que não devem promover uma discri-
[...]
minação entre os clientes, nem entraves extracontratuais
1— ..................................... ao exercício dos seus direitos, nomeadamente através
2— ..................................... de documentação excessiva e complexa, nos termos do
3 — O comercializador de último recurso deve di- Regulamento de Relações Comerciais.
ferenciar a sua imagem e comunicação das restantes
entidades que actuam no SNGN. 5 — Os consumidores têm os direitos de aceder e ter
à sua disposição os seus próprios dados de consumo e
Artigo 43.º de poder, gratuitamente e mediante acordo, conceder
acesso aos seus dados a qualquer comercializador, nos
[...] termos do Regulamento de Relações Comerciais.
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 39.º, o co- 6 — Os consumidores devem ser informados sobre
mercializador de último recurso procede à aquisição de o seu consumo e custos efectivos, com frequência que
gás natural para abastecer os seus clientes em mercados lhes permita regular o seu próprio consumo.
organizados, ou através de contratos bilaterais, mediante 7 — O acerto de contas final por mudança de co-
a realização de concursos ou através de outros procedi- mercializador não deve ultrapassar seis semanas após
mentos definidos na lei. esta ter ocorrido.
2 — Os contratos estabelecidos de acordo com o 8 — A especificação dos mecanismos e procedi-
disposto no número anterior são aprovados nos termos mentos de apoio dos direitos dos consumidores e dos
do Regulamento de Relações Comerciais. previstos no presente decreto-lei é estabelecida na lei e
3 — O comercializador de último recurso procede em regulamentação complementar.
à venda de gás natural, sendo obrigado a fornecer gás
natural aos clientes, nos termos do Regulamento de Artigo 48.º
Relações Comerciais, com a observância das demais [...]
exigências regulamentares.
1 — Sem prejuízo do disposto nas Leis n.os 24/96, de
4 — O comercializador de último recurso aplica a 31 de Julho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 67/2003, de
clientes finais as tarifas reguladas de venda, publicadas 8 de Abril, e 23/96, de 26 de Julho, alterada pelas Leis
pela ERSE, de acordo com o estabelecido no Regula- n.os 12/2008, de 26 de Fevereiro, e 6/2011, de 10 de Março,
mento Tarifário. os consumidores, ou os seus representantes, têm direito a:
Artigo 47.º
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[...] b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1— ..................................... c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2— ..................................... d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) Mudança de comercializador sempre que o enten- g) Acesso aos seus dados de consumo.
dam, devendo a mudança processar-se no prazo máximo
de três semanas e sem custos pelo acto de mudança; 2 — Os comercializadores e operadores das redes de
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . distribuição de gás natural devem fornecer aos seus clien-
d) Disponibilização de procedimentos transparentes e tes, nos termos e na forma estabelecidos no Regulamento
simples para o tratamento de reclamações relacionadas de Relações Comerciais, o catálogo ou a lista dos direitos
com o fornecimento de gás natural, permitindo que dos consumidores de energia nos termos aprovados pela
os litígios sejam resolvidos de modo justo e rápido, Comissão Europeia.
prevendo um sistema de compensação e o recurso aos Artigo 51.º
mecanismos de resolução extrajudicial de conflitos, nos
Actividades sujeitas a regulação
termos previstos na lei, nomeadamente na lei de protec-
ção dos utentes dos serviços públicos essenciais; 1 — As actividades de recepção, armazenamento e rega-
e) Resolução das suas reclamações através de uma seificação de GNL e de armazenamento subterrâneo, trans-
entidade independente relacionada com a defesa do porte, distribuição e comercialização de gás natural, bem
consumidor ou com a protecção dos seus direitos de como as de operação logística de mudança de comerciali-
consumo no âmbito do sector energético. zador e de gestão de mercados organizados, estão sujeitas a
regulação, sem prejuízo do disposto nos números seguintes.
3 — Os contratos de fornecimento de gás natural 2— .....................................
devem integrar informações sobre os direitos dos con- 3 — A regulação exerce-se nos termos e com os li-
sumidores, incluindo sobre o tratamento de reclamações, mites previstos no presente decreto-lei e na legislação
as quais devem ser comunicadas de forma clara e de que define as competências das entidades referidas no
fácil compreensão, nomeadamente através das páginas número anterior.
na Internet das empresas, bem como especificar se a Artigo 52.º
sua resolução importa ou não o pagamento de encargos. Atribuições e competências da regulação
4 — Os consumidores têm direito a: no âmbito do SNGN
a) Compensações pela inobservância dos níveis re- Sem prejuízo das atribuições e competências das
gulamentados de qualidade de serviço; entidades referidas no artigo 51.º, do previsto nos seus
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3329

Estatutos, no presente decreto-lei, nos regulamentos co- Artigo 55.º


munitários e na lei, a ERSE tem as seguintes atribuições [...]
e competências na regulação do SNGN:
1 — O cálculo e a fixação das tarifas reguladas apli-
a) Proteger, em colaboração com outras autoridades cáveis às diversas actividades, considerando como tal as
competentes, os direitos e os interesses dos clientes tarifas de uso das redes, armazenamento e terminal de
em relação a preços, serviços e qualidade de serviço, GNL, de uso global do sistema e de comercialização de
promovendo a sua informação e esclarecimento e último recurso, obedecem aos seguintes princípios:
assegurando-lhes o acesso aos seus dados de consumo,
adoptando, para o efeito, os instrumentos de regulação a) Igualdade de tratamento e de oportunidades;
mais adequados, nomeadamente, através do recurso a b) Uniformidade tarifária, de modo que o sistema
recomendações anuais; tarifário se aplique universalmente a todos os clientes;
b) Assegurar a existência de condições que permitam, c) Transparência na formulação e fixação das tarifas;
às actividades exercidas em regime de serviço público, d) Inexistência de subsidiações cruzadas entre activi-
bem como à comercialização de último recurso, a ob- dades e entre clientes, através da adequação das tarifas
aos custos e da adopção do princípio da aditividade
tenção do equilíbrio económico e financeiro, nos termos
tarifária;
de uma gestão adequada e eficiente;
e) Transmissão dos sinais económicos adequados
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a uma utilização eficiente das redes e demais infra-
d) Contribuir para a progressiva melhoria das condi- -estruturas do SNGN;
ções técnicas e ambientais das actividades, estimulando, f) Protecção dos clientes face à evolução das tarifas,
nomeadamente, a adopção de práticas que promovam a assegurando, simultaneamente, o equilíbrio económico
eficiência energética, a utilização racional dos recursos e financeiro às actividades reguladas em condições de
e a existência de padrões adequados de qualidade de gestão eficiente;
serviço e de defesa do meio ambiente; g) Criação de incentivos ao desempenho eficiente
e) Cooperar com as outras entidades reguladoras, das actividades reguladas das empresas;
em particular, com a Comissão Europeia e a Agência h) Contribuição para a promoção da eficiência ener-
de Cooperação dos Reguladores de Energia, facultando- gética e da qualidade ambiental.
-lhes toda a informação necessária, designadamente, no
âmbito da promoção de uma gestão óptima das redes 2 — O cálculo e a fixação das tarifas e preços re-
e das interligações, nos termos previstos nos regula- gulados são da competência da ERSE, entrando em
mentos comunitários, visando em especial a segurança vigor após a sua publicação nos termos previstos no
do abastecimento e a gestão dos congestionamentos Regulamento Tarifário.
das redes; 3 — A fixação das tarifas e preços no âmbito do
f) Exercer as funções que lhe são atribuídas pela acesso negociado de terceiros ao armazenamento sub-
legislação comunitária no âmbito do mercado interno terrâneo e serviços auxiliares e da comercialização de
da energia, designadamente no mercado ibérico e nos gás natural em regime de mercado a clientes finais são
mercados regionais de que Portugal faça parte; da responsabilidade dos operadores de armazenamento
g) Cumprir e aplicar as decisões vinculativas da e dos comercializadores de mercado.
Comissão Europeia e da Agência de Cooperação dos 4 — Na fixação referida no número anterior deve ter-se
Reguladores de Energia; em conta os princípios estabelecidos no n.º 1 naquilo que
h) Supervisionar o nível de transparência do mercado, não for incompatível com o regime de acesso negociado
incluindo os preços, a existência de subvenções cruzadas ou da comercialização de mercado, conforme o caso.
entre actividades, a qualidade de serviço, a ocorrência
de práticas contratuais restritivas, o tempo em que os Artigo 56.º
operadores das redes demoram a executar as ligações e [...]
reparações, assim como a aplicação de regras relativas
às atribuições dos operadores das redes; 1 — As regras e as metodologias para o cálculo e
fixação das tarifas reguladas previstas no n.º 1 do artigo
i) Relatar anualmente a sua actividade e o cumpri-
anterior, bem como a estrutura tarifária, são estabeleci-
mento das suas obrigações à Assembleia da República,
das no Regulamento Tarifário.
ao Governo, à Comissão Europeia e à Agência de Co- 2— .....................................
operação dos Reguladores de Energia, devendo o re-
latório abranger as medidas adoptadas e os resultados Artigo 57.º
obtidos;
j) Emitir decisões vinculativas sobre todas as empre- [...]
sas que actuam no âmbito do SNGN; 1— .....................................
l) Impor sanções efectivas nos termos do regime 2— .....................................
sancionatório previsto no artigo 70.º; 3 — A DGEG apresenta ao membro do Governo
m) Conduzir inquéritos, realizar auditorias, efectuar responsável pela área da energia, em data estabelecida
inspecções nas instalações das empresas e exigir-lhes em legislação complementar, uma proposta de relatório
toda a documentação de que necessite para o cumpri- de monitorização, indicando, também, as medidas adop-
mento da sua actividade; tadas e a adoptar tendo em vista reforçar a segurança
n) Actuar como autoridade para o tratamento das de abastecimento do SNGN.
reclamações no âmbito do incumprimento dos seus 4 — O Governo publica o relatório sobre a moni-
regulamentos. torização da segurança de abastecimento previsto no
3330 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

número anterior, dando conhecimento do mesmo à Co- devidamente salvaguardados de forma a assegurar a
missão Europeia e à ERSE. sua independência.
7 — Os operadores referidos nos n.os 1 e 2 devem
Artigo 59.º dispor de um código ético de conduta relativo à inde-
pendência funcional da respectiva operação e proceder
[...]
à sua publicitação.
1— ..................................... 8 — As restrições previstas nas alíneas b) e c) do n.º 3
2 — Sem prejuízo do estabelecido no número ante- não são aplicáveis às novas infra-estruturas de armaze-
rior, a DGEG e a ERSE, no âmbito das suas atribuições, namento subterrâneo e de terminal de GNL a conces-
em articulação com o Instituto Nacional de Estatística sionar após a entrada em vigor do presente decreto-lei.
e nos termos previstos na Lei n.º 6/89, de 15 de Abril,
podem solicitar aos intervenientes do SNGN as informa- Artigo 20.º-B
ções necessárias ao exacto conhecimento do mercado. Programa de conformidade dos operadores
3 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .» de armazenamento e terminal de GNL

Artigo 3.º 1 — Os operadores de armazenamento e de termi-


nal de GNL que pertençam a empresas verticalmente
Aditamento ao Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de Fevereiro integradas devem elaborar um programa de conformi-
São aditados ao Decreto-Lei n.º 30/2006, de 15 de Fe- dade que contemple as medidas adoptadas para excluir
vereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 66/2010, de 11 de comportamentos discriminatórios.
Junho, os artigos 20.º-A, 20.º-B, 21.º-A, 21.º-B, 24.º-A, 2 — O programa de conformidade referido no nú-
31.º-A, 36.º-A, 37.º-A, 38.º-A, 39.º-A, 39.º-B, 51.º-A, mero anterior deve incluir medidas de verificação do
59.º-A, 72.º-A e 72.º-B, com a seguinte redacção: seu cumprimento e o código ético de conduta previsto
no n.º 7 do artigo 20.º-A.
«Artigo 20.º-A 3 — A elaboração do programa de conformidade,
bem como o acompanhamento da sua execução, é da
Separação jurídica do operador de terminal de GNL responsabilidade das entidades referidas no n.º 1.
e do operador de armazenamento subterrâneo 4 — O programa de conformidade é previamente
1 — O operador de terminal de GNL é independente, submetido à aprovação da ERSE.
no plano jurídico, das entidades que exerçam, directa- 5 — A entidade responsável pela sua elaboração
mente ou através de empresas coligadas, qualquer das e acompanhamento da sua execução do programa de
restantes actividades previstas no presente decreto-lei. conformidade apresenta à ERSE um relatório anual que
2 — O operador de armazenamento subterrâneo é deve ser publicitado nos sítios da Internet da ERSE e do
independente, no plano jurídico, das entidades que exer- respectivo operador da rede de distribuição.
çam, directamente ou através de empresas coligadas, 6 — Os termos e a forma a que devem obedecer o
qualquer das restantes actividades previstas no presente programa de conformidade e os relatórios de acompa-
decreto-lei. nhamento da sua execução, bem como a sua publicitação,
3 — Para assegurar independência dos operadores constam do Regulamento de Relações Comerciais.
prevista nos números anteriores são estabelecidos os
seguintes impedimentos: Artigo 21.º-A
a) Os gestores de cada um dos operadores ali referi- Certificação do operador da RNTGN
dos não podem integrar os órgãos sociais ou participar 1 — A certificação do operador da RNTGN tem como
nas estruturas de empresas que exerçam uma actividade objectivo avaliar o cumprimento das condições relati-
de produção ou comercialização de gás natural; vas à separação jurídica e patrimonial estabelecidas no
b) Nenhuma pessoa singular ou colectiva pode deter, artigo anterior.
directamente ou sob qualquer forma indirecta, mais de 2 — O operador da RNTGN é certificado pela ERSE,
10 % do capital social de cada empresa concessionária a quem também cabe o permanente acompanhamento
da RNTIAT; e fiscalização do cumprimento das condições da certi-
c) A limitação imposta na alínea anterior é de 5 % ficação concedida.
para as entidades que exerçam actividades no sector do 3 — A certificação do operador da RNTGN só pro-
gás natural, nacional ou estrangeiro; duz efeitos depois de obtido o parecer da Comissão
d) O operador do terminal de GNL deve dispor de Europeia, nos termos previstos no artigo 3.º do Regu-
poder decisório independente de outros intervenientes lamento (CE) n.º 715/2009, do Parlamento Europeu e
do SNGL, designadamente no que respeita à apresen- do Conselho, de 13 de Julho.
tação de propostas para manter ou desenvolver as ins- 4 — Para efeitos do disposto no número anterior,
talações. a decisão de certificação do operador da RNTGN é
imediatamente notificada pela ERSE à Comissão Eu-
4 — O disposto nas alíneas b) e c) do número anterior ropeia, devendo ser acompanhada de toda a informação
não se aplica ao Estado directamente ou a empresa por relevante associada à decisão.
ele controlada. 5 — A ERSE profere decisão sobre a certificação do
5 — O disposto nas alíneas b) e c) do n.º 3 não se operador da RNTGN no prazo de quatro meses a contar
aplica igualmente à empresa operadora da RNTGN ou da data da notificação pelo operador da RNTGN, ou da
à empresa que a controle. data do pedido da Comissão Europeia, consoante o caso,
6 — Os interesses profissionais dos gestores dos findos os quais a certificação se considera tacitamente
operadores referidos na alínea a) do n.º 3 devem ficar concedida.
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3331

6 — A ERSE e a Comissão Europeia podem pedir aquisição de serviços de armazenamento subterrâneo,


ao operador da RNTGN e às empresas que exercem em regime negociado;
actividades de produção ou de comercialização qualquer ii) Sustentabilidade económico-financeira a prazo;
informação com relevância para o cumprimento das suas
funções ao abrigo do presente artigo. e) A actividade de armazenamento subterrâneo em re-
7 — A ERSE deve preservar a confidencialidade gime de acesso negociado esteja juridicamente separada
das informações comercialmente sensíveis que obtenha de outras actividades do gás natural ou da electricidade,
durante o processo de certificação. incluindo o armazenamento em regime regulado.
8 — Os procedimentos a observar para a certificação
do cumprimento das condições previstas no n.º 1 são 5 — O regime de acesso negociado deve funcionar
estabelecidos na regulamentação da ERSE. segundo critérios objectivos, transparentes e não discri-
minatórios, nos termos estabelecidos na regulamentação
Artigo 21.º-B da ERSE, sem prejuízo da fixação livremente negociada
Reapreciação das condições de certificação das respectivas tarifas de acesso.
do operador da RNTGN 6 — O operador de armazenamento subterrâneo em
regime de acesso negociado procede à consulta dos
1 — O operador da RNTGN deve notificar a ERSE utilizadores da rede e publicita, até 1 de Janeiro de
de quaisquer alterações ou transacções previstas que cada ano, as principais condições comerciais aplicáveis
possam exigir a reapreciação das condições que foram aos contratos de acesso negociado de terceiros a essas
objecto de certificação, para avaliar do cumprimento instalações ou serviços auxiliares.
do disposto no n.º 1 do artigo anterior.
2 — Quando notificada nos termos do número ante- Artigo 31.º-A
rior, ou nos casos em que houver um pedido fundamen-
tado da Comissão Europeia, a ERSE inicia um processo Programa de conformidade dos operadores
de reapreciação da certificação. das redes de distribuição
3 — A ERSE deve desencadear um processo de re- 1 — Os operadores das redes de distribuição que per-
apreciação da certificação sempre que tenha conheci- tençam a empresas verticalmente integradas e que sir-
mento da realização ou da previsão de alterações ou vam um número de clientes igual ou superior a 100 000
transacções que levem ao incumprimento das condições devem elaborar um programa de conformidade que
da certificação do operador da RNT. contemple as medidas adoptadas para excluir compor-
tamentos discriminatórios.
Artigo 24.º-A 2 — O programa de conformidade referido no nú-
Infra-estruturas de armazenamento subterrâneo mero anterior deve incluir medidas para verificação do
em regime de acesso negociado seu cumprimento e o código ético de conduta previsto
na alínea d) do n.º 2 do artigo anterior.
1 — A actividade de armazenamento subterrâneo 3 — A elaboração do programa de conformidade,
ou serviços auxiliares em regime de acesso negociado bem como o acompanhamento da sua execução, é da
está sujeita a concessão e depende de pedido prévio do responsabilidade do operador da rede de distribuição.
interessado. 4 — O programa de conformidade é previamente
2 — O acesso ao armazenamento subterrâneo pre- submetido à aprovação da ERSE.
visto no número anterior está sujeito a preços negocia- 5 — A entidade responsável pela elaboração e acom-
dos livremente, segundo as regras da boa fé, com os panhamento da execução do programa de conformidade
utilizadores da respectiva infra-estrutura, de dentro ou apresenta à ERSE um relatório anual que deve ser pu-
fora do território abrangido pela rede interligada. blicitado nos sítios da Internet da ERSE e do respectivo
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se operador da rede de distribuição.
apenas a novas concessões a atribuir após a entrada em 6 — Os termos e a forma a que deve obedecer o pro-
vigor do presente decreto-lei. grama de conformidade e os relatórios de acompanha-
4 — O armazenamento em regime de acesso nego- mento da sua execução, bem como a sua publicitação,
ciado de terceiros referido no número anterior só pode constam do Regulamento de Relações Comerciais.
ser adoptado quando se preencham os seguintes requi-
sitos cumulativos:
Artigo 36.º-A
a) Não incida sobre serviços auxiliares e unidades de Redes de distribuição fechadas
armazenamento temporário relacionados com instala-
ções de GNL, necessários para o processo de regaseifi- 1 — Considera-se ‘rede de distribuição fechada’ uma
cação e subsequente entrega à rede de transporte; rede que se integre em domínios ou infra-estruturas
b) Não incida sobre instalações afectas à constituição excluídas do âmbito das concessões de distribuição de
e manutenção de reservas de segurança; gás natural, nomeadamente uma rede que distribua gás
c) Não prejudique o funcionamento eficiente do sis- natural no interior de um sítio industrial, comercial ou
tema regulado; de serviços partilhados, geograficamente circunscritos,
d) O armazenamento em regime de acesso negociado caminhos de ferro, portos, aeroportos e parques de cam-
de terceiros esteja técnica e economicamente justifi- pismo, e preencha um dos seguintes requisitos:
cado por:
a) Por razões técnicas ou de segurança específicas, as
i) Necessidades ao nível da procura demonstradas operações ou o processo de produção dos utilizadores
na sequência de consulta ao mercado que assegure a desta rede estejam integrados;
3332 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

b) A rede distribuir gás natural essencialmente ao e) Emitir facturação discriminada de acordo com as
proprietário ou ao operador da rede ou a empresas li- normas aplicáveis;
gadas a estes. f) Proporcionar aos seus clientes meios de pagamento
diversificados, não discriminando entre clientes;
2 — Os termos da classificação e estabelecimento de g) Não discriminar entre clientes e praticar nas suas
uma rede de distribuição fechada e a disciplina da sua operações transparência comercial;
exploração são estabelecidos em portaria dos membros h) Manter o registo de todas as operações comerciais,
dos Governo responsáveis pela área da energia e pela cumprindo os requisitos legais de manutenção de bases
área sectorial respectiva, ouvida a ERSE. de dados, durante um prazo mínimo de cinco anos,
3 — Sem prejuízo do estabelecido no número se- com sujeição a auditoria, nos termos estabelecidos no
guinte, as tarifas de acesso de terceiros às redes fechadas Regulamento de Relações Comerciais;
são estabelecidas pelos seus proprietários ou operadores, i) Prestar informações à DGGE e à ERSE sobre con-
não estando sujeitas aos requisitos estabelecidos para a sumos e tarifas das diversas categorias de clientes, com
aprovação das tarifas reguladas pela ERSE. salvaguarda do respectivo sigilo;
4 — Caso um utilizador de uma rede fechada não j) Manter a capacidade técnica, legal e financeira
concorde, por falta de transparência e razoabilidade, necessárias para o exercício da função.
com as tarifas de acesso ou as suas metodologias, pode
solicitar a intervenção da ERSE para analisar e, caso Artigo 39.º-A
necessário, fixar as tarifas segundo as metodologias a Relações com os clientes
estabelecer por esta entidade nos seus regulamentos.
1 — O contrato de fornecimento de gás natural está
Artigo 37.º-A sujeito à forma escrita.
2 — Sem prejuízo de outros requisitos previstos na
Reconhecimento de comercializadores
lei, o contrato de fornecimento de gás natural deve es-
1 — No âmbito do funcionamento de mercados cons- pecificar os seguintes elementos e conter as seguintes
tituídos ao abrigo de acordos internacionais de que o garantias:
Estado Português seja parte, o reconhecimento da qua- a) A identificação completa e o endereço do comer-
lidade de comercializador por uma das partes significa cializador, bem como o código de identificação da ins-
o reconhecimento pela outra, nos termos previstos nos talação de consumo;
respectivos acordos. b) Os serviços fornecidos e os níveis de qualidade
2 — Compete à DGEG efectuar o registo dos co- desses serviços, suas características e data do início de
mercializadores reconhecidos nos termos do número fornecimento de gás natural, bem como a especificação
anterior. dos meios de pagamento ao dispor dos clientes, bem
Artigo 38.º-A como as condições normais de acesso e utilização dos
Direitos e deveres do comercializador serviços do comercializador;
c) O tipo de serviços de manutenção, caso sejam
1 — Constituem direitos do comercializador regis- oferecidos;
tado, nomeadamente os seguintes: d) Integrar as informações sobre os direitos dos con-
a) Transaccionar gás natural através de contratos bi- sumidores, incluindo o tratamento de reclamações, as
laterais com outros agentes do mercado de electricidade quais devem ser comunicadas de forma clara, nomeada-
ou através dos mercados organizados desde que cumpra mente através das respectivas páginas na Internet;
os requisitos para acesso a estes mercados; e) A duração do contrato, as condições de renovação e
b) Ter acesso às redes e às interligações, nos termos termo, bem como as condições de rescisão, devendo especi-
legalmente estabelecidos, para entrega de electricidade ficar se a rescisão importa ou não o pagamento de encargos;
aos respectivos clientes; f) A compensação e as disposições de reembolso
c) Contratar livremente a venda de electricidade com aplicáveis se os níveis de qualidade dos serviços con-
os seus clientes. tratados não forem atingidos, designadamente sobre
facturação;
2 — Constituem deveres do comercializador, nomea- g) A especificação dos meios de pagamento ao dispor
damente, os seguintes: dos clientes;
h) O método a utilizar para a resolução de litígios,
a) Apresentar propostas de fornecimento de energia que deve ser acessível, simples e eficaz;
eléctrica a todos os clientes que o solicitem nos termos i) Facultar, a todo o momento, o acesso do cliente aos
previstos no Regulamento de Relações Comerciais, com seus dados de consumo, de forma gratuita;
respeito pelos princípios estabelecidos na legislação da j) Conceder acesso aos dados do cliente a outro co-
concorrência; mercializador mediante acordo do cliente, nos termos
b) Entregar electricidade às redes para o fornecimento a estabelecer na lei;
aos seus clientes de acordo com a planificação prevista l) Informar os clientes sobre o seu consumo, os pre-
e cumprindo a regulamentação aplicável; ços e as tarifas aplicáveis, com frequência suficiente
c) Colaborar na promoção das políticas de eficiência que lhes permita regular o seu próprio consumo, sem
energética e de gestão da procura nos termos legalmente custos adicionais.
estabelecidos;
d) Prestar a informação devida aos clientes, nomea- 3 — As informações sobre as condições contratuais
damente sobre as ofertas mais apropriadas ao seu perfil referidas no número anterior devem ser sempre presta-
de consumo; das antes da celebração do contrato.
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4 — As condições gerais devem ser equitativas e trans- c) Supressão das restrições ao comércio de gás na-
parentes e ser redigidas em linguagem clara e compreensí- tural, incluindo o desenvolvimento das capacidades
vel, assegurando aos clientes escolha quanto aos métodos adequadas de transporte transfronteiriço para satisfazer
de pagamento, em conformidade com a legislação vigente a procura e reforçar a integração dos mercados nacio-
que regula o regime aplicável às práticas comerciais des- nais que possa facilitar o fluxo de gás natural através
leais das empresas nas relações com os consumidores. da União Europeia;
5 — Qualquer diferença nos termos e condições de d) Garantia, de forma adequada e racional, do desen-
pagamento dos contratos com os clientes deve reflectir volvimento de redes seguras, fiáveis, eficientes e não
os custos dos diferentes sistemas de pagamento para o discriminatórias, orientadas para o consumidor, tendo
comercializador. presente os objectivos gerais da política energética;
6 — Os clientes não podem ser obrigados a efectuar e) Garantia que os operadores das redes do SNGN re-
qualquer pagamento por mudarem de comercializador. cebem incentivos adequados para aumentar a eficiência
7 — Os clientes devem ser notificados, nos termos pre- das redes e promover a integração do mercado;
visto no Regulamento de Relações Comerciais, de qual- f) Garantia de que os clientes beneficiam do funcio-
quer intenção de alterar as condições contratuais e infor- namento eficiente do mercado, através da promoção de
mados do seu direito de rescisão quando da notificação. uma concorrência efectiva e da garantia de protecção
8 — Os comercializadores devem notificar directa- dos consumidores;
mente os seus clientes de qualquer aumento dos encar- g) Contribuição para alcançar padrões elevados de
gos resultante de alteração de condições contratuais, serviço universal do abastecimento de gás natural, para
previamente à entrada em vigor do aumento, podendo os a protecção dos clientes vulneráveis ou em zonas afas-
clientes rescindir os contratos se não aceitarem as novas tadas e para a mudança de comercializador;
condições que lhes sejam notificadas pelos respectivos h) Contribuição para a emergência de mercados
comercializadores. retalhistas transparentes e eficientes, designadamente
Artigo 39.º-B através da adopção de regulamentação respeitante a
disposições contratuais, compromissos com clientes,
Informação sobre preços
intercâmbio de dados, posse de dados, responsabilidade
1 — Os comercializadores ficam obrigados a enviar à de medição de energia e liquidação das transacções;
ERSE, anualmente e sempre que ocorram alterações, a ta- i) Garantia do acesso dos clientes e comercializado-
bela de preços de referência que se propõem praticar no âm- res às redes, bem como o direito dos grandes clientes
bito da comercialização de gás natural, bem como as suas de celebrar contratos simultaneamente com diversos
alterações, nos termos a regulamentar por esta entidade. comercializadores.
2 — Os comercializadores ficam ainda obrigados a: Artigo 59.º-A
a) Publicitar os preços de referência que praticam, Manutenção de dados e informações relevantes
designadamente, nos seus sítios da Internet e em con-
teúdos promocionais; 1 — As empresas de gás natural estão obrigadas a
b) Enviar à ERSE trimestralmente os preços pratica- manter à disposição da DGEG, da ERSE, da Autoridade
dos nos meses anteriores. da Concorrência e da Comissão Europeia, para cumpri-
mento das respectivas obrigações e competências, todos
3 — A publicitação referida no número anterior deve os suportes contratuais e dados e informações relativos a
permitir aos clientes conhecer as diversas opções de todas as transacções relevantes de gás natural, nos termos
preço existentes, permitindo-lhes optar, em cada mo- estabelecidos no Regulamento de Relações Comerciais.
mento, pelas melhores condições oferecidas no mercado. 2 — Para efeitos do número anterior, as empresas
4 — A informação prevista no presente artigo fica de gás natural estão obrigadas a manter os elementos
sujeita a supervisão da ERSE, ficando os comerciali- aí previstos durante um período de, pelo menos, cinco
zadores obrigados a facultar-lhe toda a documentação anos, a fim de poderem ser facultados ou ser facilitado
necessária e o acesso directo aos registos que suportam o acesso directo, para consulta ou auditoria.
esta informação. 3 — A informação referida no n.º 1 deve especificar
as características das transacções relevantes, tais como
Artigo 51.º-A as relativas à duração, à entrega e à regularização, à
Objectivos gerais da regulação da ERSE quantidade e hora de execução, os preços de transacção
e os meios para identificar o cliente grossista em causa,
A regulação do sector do gás natural pela ERSE visa assim como elementos específicos de todos os contratos
a prossecução dos seguintes objectivos: abertos de comercialização de gás natural.
a) Promoção, em colaboração com a Agência de 4 — A ERSE aprova regulamentos para definir os
Cooperação dos Reguladores da Energia, com as enti- métodos e as disposições para a manutenção dos regis-
dades reguladoras de outros Estados membros e com tos, assim como o formato e teor dos dados a manter,
a Comissão Europeia, de um mercado interno do gás de acordo com as orientações adoptadas pela Comissão
natural concorrencial, seguro e ecologicamente susten- Europeia ao abrigo da Directiva n.º 2009/73/CE, do
tável, incluindo a abertura efectiva do mercado a todos Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Julho.
os consumidores, e zelar pela existência de condições 5 — O disposto nos números anteriores é aplicável
que permitam que as redes de gás natural do SNGN aos elementos específicos de todos os contratos de de-
funcionem de forma eficaz e fiável; rivados de gás natural celebrados por comercializadores
b) Desenvolvimento de mercados regionais concor- com clientes grossistas e com o operador da RNTGN,
renciais e com elevado nível de funcionamento na União após aprovação pela Comissão Europeia das orientações
Europeia; referidas no número anterior.
3334 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

6 — A ERSE pode tornar pública a informação pre- 3 — A tarifa referida no número anterior é determi-
vista no presente artigo, salvaguardando a informação nada pela soma dos valores das tarifas de acesso às redes
considerada comercialmente sensível sobre intervenien- e de comercialização em vigor e de um preço de energia
tes ou transacções em concreto, nos termos do Regula- que reflicta o custo médio, previsto para o trimestre em
mento de Relações Comerciais. causa, das quantidades de gás natural no âmbito dos
contratos de take or pay celebrados antes da entrada
Artigo 72.º-A em vigor da Directiva n.º 2003/55/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 26 de Junho.
Biogás e outros tipos de gás
4 — A tarifa de venda transitória referida nos núme-
1 — As disposições do presente decreto-lei relativas ros anteriores é agravada trimestralmente em percenta-
ao acesso às redes de transporte e distribuição e demais gem a determinar pela ERSE.
infra-estruturas do SNGN, assim como à comercializa- 5 — A evolução trimestral estabelecida nos números
ção, são genericamente aplicáveis ao biogás e ao gás pro- anteriores deve ser determinada no âmbito do processo
veniente da biomassa, ou outros tipos de gás, na medida de fixação de tarifas reguladas pela ERSE.»
em que esses gases possam ser, do ponto de vista técnico
e de segurança, injectados nas redes de gás natural. Artigo 5.º
2 — As instalações onde se processe o tratamento dos Alterações sistemáticas
gases referidos no n.º 1 no estado bruto são licenciadas
ao abrigo do Regime de Exercício da Actividade Indus- É aditada à secção III do capítulo II do Decreto-Lei
trial, pela direcção regional de economia territorialmente n.º 30/2006, de 15 de Fevereiro, alterado pelo Decreto-
competente, de forma a garantir que têm as caracterís- -Lei n.º 66/2010, de 11 de Junho, a subsecção V com a
ticas adequadas à sua injecção nas redes. designação «Redes de distribuição fechadas» que inclui
o artigo 36.º-A.
Artigo 72.º-B Artigo 6.º
Sistemas inteligentes Disposições finais

1 — Designam-se por sistemas inteligentes os siste- 1 — As licenças de comercialização concedidas nos


mas destinados à medição e gestão da informação relativa termos do Decreto-Lei n.º 140/2006, de 26 de Julho, são
ao gás natural que favoreçam a participação activa do automaticamente convertidas em registos nos termos do
consumidor no mercado de fornecimento de gás natural. presente decreto-lei.
2 — A implementação de sistemas inteligentes men- 2 — As entidades titulares de licença de comerciali-
cionados no número anterior depende de: zação de último recurso em vigor mantêm as respectivas
licenças.
a) Avaliação económica de longo prazo de todos os Artigo 7.º
custos e benefícios para o mercado, designadamente
para operadores de rede, para comercializadores e para Norma revogatória
o consumidor individual; e São revogados o n.º 6 do artigo 4.º, os n.os 2 e 4 do ar-
b) Estudo que determine qual o modelo de sistema tigo 40.º e o n.º 1 do artigo 42.º do Decreto-Lei n.º 30/2006,
inteligente economicamente mais racional e o prazo de 15 de Fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 66/2010,
para a sua instalação. de 11 de Junho.
Artigo 8.º
3 — A avaliação económica e o estudo referidos no
Republicação
número anterior são efectuados pela ERSE até 30 de
Junho de 2012. É republicado, em anexo ao presente decreto-lei, do
4 — Após a avaliação favorável prevista no número qual faz parte integrante, o Decreto-Lei n.º 30/2006, de
anterior, o Governo aprova, por lei, um sistema inteli- 15 de Fevereiro, com a redacção actual.
gente, tendo em conta o cumprimento das obrigações
comunitárias e respectivos prazos de cumprimento.» Artigo 9.º
Entrada em vigor
Artigo 4.º
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte
Alteração ao Decreto-Lei n.º 66/2010, de 11 de Junho
ao da sua publicação.
O artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 66/2010, de 11 de Junho,
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 31 de
passa a ter a seguinte redacção:
Março de 2011. — José Sócrates Carvalho Pinto de Sou-
sa — Luís Filipe Marques Amado — Fernando Teixeira
«Artigo 5.º dos Santos — José António Fonseca Vieira da Silva.
Disposição transitória
Promulgado em 11 de Maio de 2011.
1 — Os comercializadores de último recurso devem,
Publique-se.
até 30 de Junho de 2012, continuar a fornecer gás natural
aos clientes finais de gás natural com consumos anuais O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
superiores a 10 000 m3 que não tenham contratado no
Referendado em 12 de Maio de 2011.
mercado livre o seu fornecimento.
2 — Na situação referida no número anterior é apli- O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto
cada uma tarifa de venda transitória, fixada pela ERSE. de Sousa.
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3335

ANEXO j) «Comercialização» a compra e a venda de gás natural


a clientes, incluindo a revenda;
Republicação do Decreto-Lei n.º 30/2006, l) «Comercializador» a entidade registada para a comer-
de 15 de Fevereiro
cialização de gás natural cuja actividade consiste na compra
a grosso e na venda a grosso e a retalho de gás natural;
CAPÍTULO I m) «Comercializador de último recurso» a entidade
titular de licença de comercialização de gás natural sujeita
Disposições gerais a obrigações de serviço público, nos termos da lei;
n) «Conduta directa» um gasoduto de gás natural não
Artigo 1.º integrado na rede interligada;
Objecto o) «Consumidor» o cliente final de gás natural;
p) «Derivado de gás» um dos instrumentos financeiros
1 — O presente decreto-lei estabelece as bases gerais especificados nos pontos 5, 6 ou 7 da secção C do anexo I
da organização e do funcionamento do Sistema Nacional da Directiva n.º 2004/39/CE, do Parlamento Europeu e
de Gás Natural (SNGN) em Portugal, bem como as bases do Conselho, de 21 de Abril, relativa aos mercados de
gerais aplicáveis ao exercício das actividades de recepção, instrumentos financeiros, sempre que esteja relacionado
armazenamento, transporte, distribuição e comercializa- com o gás natural;
ção de gás natural e à organização dos mercados de gás q) «Distribuição» a veiculação de gás natural em redes
natural. de distribuição de alta, média e baixa pressão, para entrega
2 — O presente decreto-lei transpõe para a ordem jurí- ao cliente, excluindo a comercialização;
dica nacional os princípios da Directiva n.º 2003/55/CE, do r) «Empresa coligada» uma empresa filial, na acepção
Parlamento e do Conselho, de 26 de Junho, que estabelece do artigo 41.º da Sétima Directiva n.º 83/349/CEE, do
regras comuns para o mercado interno de gás natural e que Conselho, de 13 de Junho, baseada na alínea g) do n.º 2
revoga a Directiva n.º 98/30/CE. do artigo 44.º do Tratado da Comunidade Europeia e re-
lativa às contas consolidadas, ou uma empresa associada,
Artigo 2.º na acepção do n.º 1 do artigo 33.º da mesma directiva, ou
Âmbito ainda empresas que pertençam aos mesmos accionistas;
s) «Empresa horizontalmente integrada» uma empresa
1 — O presente decreto-lei aplica-se a todo o território que exerce pelo menos uma das seguintes actividades:
nacional, sem prejuízo do disposto no capítulo VII. recepção, transporte, distribuição, comercialização e ar-
2 — Salvo menção expressa no presente decreto-lei, as mazenamento de gás natural e ainda uma actividade não
referências à organização, ao funcionamento e ao regime ligada ao sector do gás natural;
das actividades que integram o SNGN reportam-se ao t) «Empresa verticalmente integrada» uma empresa de
continente. gás natural ou um grupo de empresas de gás natural em
3 — O disposto no número anterior não prejudica, ao que a mesma pessoa ou as mesmas pessoas têm direito,
nível nacional, a unidade e a integração do SNGN. directa ou indirectamente, a exercer controlo e em que a
empresa ou grupo de empresas exerce, pelo menos, uma
Artigo 3.º das actividades de transporte ou distribuição, GNL ou
Definições armazenamento e, pelo menos, uma das actividades de
produção ou comercialização de gás natural;
Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se por: u) «GNL» o gás natural na forma liquefeita;
a) «Alta pressão (AP)» a pressão superior a 20 bar; v) «Interligação» uma conduta de transporte que atra-
b) «Armazenamento» a actividade de constituição de vessa ou transpõe uma fronteira entre Estados membros
reservas de gás natural em cavidades subterrâneas ou re- vizinhos com a única finalidade de interligar as respectivas
servatórios especialmente construídos para o efeito; redes de transporte;
c) «Baixa pressão (BP)» a pressão inferior a 4 bar; x) «Média pressão (MP)» a pressão entre 4 bar e 20 bar;
d) «Cliente» o comprador grossista ou retalhista e o z) «Mercados organizados» os sistemas com diferentes
comprador final de gás natural; modalidades de contratação que possibilitam o encontro en-
e) «Cliente doméstico» o consumidor final que compra tre a oferta e a procura de gás natural e de instrumentos cujo
gás natural para uso doméstico, excluindo actividades activo subjacente seja gás natural ou activo equivalente;
comerciais ou profissionais; aa) «Operador da rede de distribuição» a pessoa singular
f) «Cliente elegível» o consumidor livre de comprar gás ou colectiva que exerce a actividade de distribuição e é
natural ao produtor ou comercializador de sua escolha; responsável, numa área específica, pelo desenvolvimento,
g) «Cliente final» o cliente que compra gás natural para exploração e manutenção da rede de distribuição e, quando
consumo próprio; aplicável, das suas interligações com outras redes, bem
h) «Cliente grossista» a pessoa singular ou colectiva como por assegurar a garantia de capacidade da rede a
distinta dos operadores das redes de transporte e dos ope- longo prazo, para atender pedidos razoáveis de distribuição
radores das redes de distribuição que compra gás natural de gás natural;
para efeitos de revenda; bb) «Operador da rede de transporte» a pessoa singu-
i) «Cliente retalhista» a pessoa singular ou colectiva lar ou colectiva que exerce a actividade de transporte e é
que compra gás natural não destinado a utilização própria, responsável, numa área específica, pelo desenvolvimento,
que comercializa gás natural em infra-estruturas de venda exploração e manutenção da rede de transporte e, quando
a retalho, designadamente de venda automática, com ou aplicável, das suas interligações com outras redes, bem
sem entrega ao domicílio dos clientes; como por assegurar a garantia de capacidade da rede a
3336 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

longo prazo, para atender pedidos razoáveis de transporte 4 — O exercício da actividade de comercialização de
de gás natural; gás natural processa-se em regime de livre concorrência.
cc) «Recepção» a actividade de recepção, armazena- 5 — O exercício das actividades de recepção e arma-
mento e regaseificação de GNL; zenamento de GNL, de armazenamento subterrâneo, de
dd) «Rede interligada» um conjunto de redes ligadas transporte e de distribuição de gás natural e de comercia-
entre si; lização processa-se nos regimes de concessão, de licença
ee) «Rede Nacional de Distribuição de Gás Natural ou de registo, nos termos definidos no presente decreto-lei
(RNDGN)» o conjunto das infra-estruturas de serviço e na lei.
público destinadas à distribuição de gás natural; 6 — (Revogado.)
ff) «Rede Nacional de Transporte de Gás Natural (RN- 7 — Nos termos do presente decreto-lei, são assegura-
TGN)» o conjunto das infra-estruturas de serviço público dos a todos os interessados os seguintes direitos:
destinadas ao transporte de gás natural; a) Liberdade de acesso ou de candidatura ao exercício
gg) «Rede Nacional de Transporte, Infra-Estruturas de das actividades;
Armazenamento e Terminais de GNL (RNTIAT)» o con- b) Não discriminação;
junto das infra-estruturas de serviço público destinadas à c) Igualdade de tratamento e de oportunidades;
recepção e ao transporte em gasoduto, ao armazenamento d) Imparcialidade nas decisões;
subterrâneo e à recepção, ao armazenamento e à regasei- e) Transparência e objectividade das regras e decisões;
ficação de GNL; f) Direito à informação e salvaguarda da confidenciali-
hh) «Rede pública de gás natural (RPGN)» o conjunto dade da informação comercial considerada sensível;
que abrange as infra-estruturas que constituem a RNTIAT g) Liberdade de escolha do comercializador de gás na-
e as que constituem a RNDGN; tural;
ii) «Serviços auxiliares de sistema» todos os serviços h) Direito de reclamação e ao seu tratamento eficiente.
necessários para o acesso e a exploração de uma rede de
transporte e de distribuição de uma instalação de GNL e Artigo 5.º
de uma instalação de armazenamento, mas excluindo os
meios exclusivamente reservados aos operadores da rede Obrigações de serviço público
de transporte, no exercício das suas funções; 1 — Sem prejuízo do exercício das actividades em
jj) «Sistema» o conjunto de redes e de infra-estruturas regime livre e concorrencial, são estabelecidas obriga-
de recepção e de entrega de gás natural, ligadas entre si e ções de serviço público, nos termos previstos no presente
localizadas em Portugal, e das interligações a sistemas de decreto-lei.
gás natural vizinhos; 2 — As obrigações de serviço público são da responsa-
ll) «Sistema nacional de gás natural (SNGN)» o con- bilidade dos intervenientes no SNGN, nos termos previstos
junto de princípios, organizações, agentes e infra-estruturas no presente decreto-lei e em legislação complementar.
relacionados com as actividades abrangidas pelo presente 3 — São obrigações de serviço público, nomeadamente:
decreto-lei no território nacional;
mm) «Transporte» a veiculação de gás natural numa a) A segurança, a regularidade e a qualidade do abas-
rede interligada de alta pressão para efeitos de recepção e tecimento;
entrega a distribuidores, a comercializadores ou a grandes b) A garantia de ligação dos clientes às redes nos ter-
clientes finais; mos previstos nos contratos de concessão ou nos títulos
nn) «Utilizador da rede» a pessoa singular ou colec- das licenças;
tiva que entrega gás natural na rede ou que é abastecida c) A protecção dos consumidores, designadamente
através dela. quanto a tarifas e preços;
d) A promoção da eficiência energética e da utilização
Artigo 4.º racional dos recursos e a protecção do ambiente.
Objectivo e princípios gerais Artigo 6.º
1 — O exercício das actividades abrangidas pelo pre- Protecção dos consumidores
sente decreto-lei tem como objectivo fundamental contri-
buir para o desenvolvimento e para a coesão económica e 1 — Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se por
social, assegurando, nomeadamente, a oferta de gás natural consumidor o cliente final de gás natural.
em termos adequados às necessidades dos consumidores, 2 — No exercício das actividades objecto do presente
quer qualitativa quer quantitativamente. decreto-lei, é assegurada a protecção dos consumidores,
2 — O exercício das actividades abrangidas pelo pre- nomeadamente quanto à prestação do serviço, ao exer-
sente decreto-lei deve obedecer a princípios de racionali- cício do direito de informação, à qualidade da prestação
dade e eficiência dos meios a utilizar, contribuindo para a do serviço, às tarifas e preços, à repressão de cláusulas
progressiva melhoria da competitividade e eficiência do abusivas e à resolução de litígios, em particular aos con-
SNGN, no quadro da realização do mercado interno da sumidores abrangidos pela prestação de serviços públicos
energia, tendo em conta a utilização racional dos recursos, considerados essenciais, nos termos da Lei n.º 23/96, de
a sua preservação, a manutenção do equilíbrio ambiental 26 de Julho.
3 — Para os efeitos do disposto no número anterior, são
e a protecção dos consumidores.
adoptados os seguintes mecanismos:
3 — O exercício das actividades previstas no presente
decreto-lei processa-se com observância dos princípios da a) Disponibilização de uma plataforma centralizada
concorrência, sem prejuízo do cumprimento das obrigações que preste aos consumidores de energia toda a informação
de serviço público. necessária ao exercício dos seus direitos, a indicação da
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3337

legislação em vigor e os meios de resolução de litígios d) Promover a adopção de medidas e políticas sociais
disponíveis; necessárias à protecção dos clientes vulneráveis;
b) O tratamento eficiente das reclamações através das e) Promover o desenvolvimento de infra-estruturas fun-
entidades administrativas previstas no presente decreto- damentais para a construção do mercado interno da energia.
-lei, designadamente a ERSE e a DGEG, e a resolução
extrajudicial de litígios nos termos previstos na lei, no- 2 — Compete, ainda, ao Governo garantir a segurança
meadamente na lei de protecção dos utentes dos serviços do abastecimento do SNGN, designadamente através da:
públicos essenciais.
a) Definição das obrigações de constituição e manu-
4 — É assegurada protecção ao cliente vulnerável atra- tenção de reservas e da sua mobilização em situações de
vés da adopção de medidas de salvaguarda destinadas a crise energética;
satisfazer as suas necessidades de consumo. b) Promoção da adequada diversificação das fontes de
5 — As associações de consumidores têm o direito de aprovisionamento;
ser consultadas quanto aos actos de definição do enqua- c) Promoção da eficiência energética e da utilização
dramento jurídico das actividades previstas no presente racional de gás natural;
decreto-lei. d) Promoção da adequada cobertura do território nacio-
6 — Entende-se por cliente vulnerável as pessoas sin- nal com infra-estruturas de gás natural;
gulares que se encontrem em situação de carência sócio- e) Declaração de crise energética nos termos da legis-
-económica e que devem ser protegidas, nomeadamente lação aplicável e adopção das medidas restritivas nela
no que respeita a preços. previstas, de forma a minorar os seus efeitos e garantir o
abastecimento de gás natural às entidades consideradas
Artigo 7.º prioritárias.
Protecção do ambiente
CAPÍTULO II
1 — No exercício das actividades abrangidas pelo pre-
sente decreto-lei, os intervenientes devem adoptar as provi- Organização, regime de actividades
dências adequadas à minimização dos impactes ambientais, e funcionamento
observando as disposições legais aplicáveis.
2 — O Governo deve promover políticas de utilização
SECÇÃO I
racional de energia tendo em vista a eficiência energética
e a promoção da qualidade do ambiente. Composição do Sistema Nacional de Gás Natural

Artigo 8.º Artigo 10.º


Medidas de salvaguarda Sistema Nacional de Gás Natural
1 — Em caso de crise energética, como tal definida Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se por
em legislação específica, nomeadamente de crise súbita SNGN o conjunto de princípios, organizações, agentes e
no mercado, ou de ameaça à segurança de pessoas e bens, infra-estruturas relacionados com as actividades abrangidas
enquadrada na definição do regime jurídico aplicável às pelo presente decreto-lei no território nacional.
crises energéticas, o Governo pode adoptar medidas ex-
cepcionais de salvaguarda, comunicando essas medidas de Artigo 11.º
imediato à Comissão Europeia, sempre que sejam suscep-
tíveis de provocar distorções de concorrência e afectem Rede pública de gás natural
negativamente o funcionamento do mercado. 1 — No continente, a RPGN abrange o conjunto das
2 — As medidas de salvaguarda, tomadas nos termos do infra-estruturas de serviço público destinadas à recepção,
número anterior, devem ser limitadas no tempo, restringi- ao armazenamento, ao transporte e à distribuição de gás
das ao necessário para solucionar a crise ou ameaça que as natural que integram as concessões da RNTIAT e as con-
justificou, minorando as perturbações no funcionamento cessões e licenças das redes de distribuição de gás natural
do mercado de gás natural. de serviço público (RNDGN).
2 — Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira,
Artigo 9.º a estrutura das respectivas RPGN é estabelecida pelos
Competências do Governo órgãos competentes regionais, nos termos definidos no
artigo 2.º
1 — O Governo define a política do SNGN e a sua 3 — Os bens que integram a RPGN só podem ser one-
organização e funcionamento, com vista à realização de rados ou transmitidos nos termos previstos em legislação
um mercado competitivo, eficiente, seguro e ambiental- complementar.
mente sustentável, de acordo com o presente decreto-lei,
competindo-lhe, neste âmbito: Artigo 12.º
a) Promover a legislação complementar relativa ao exer- Utilidade pública das infra-estruturas da RPGN
cício das actividades abrangidas pelo presente decreto-lei;
b) Promover a legislação complementar relativa ao pro- 1 — As infra-estruturas da RPGN são consideradas,
jecto, ao licenciamento, à construção e à exploração das para todos os efeitos, de utilidade pública.
infra-estruturas de gás natural; 2 — O estabelecimento e a exploração das infra-
c) Estabelecer as linhas de orientação da promoção de -estruturas da RPGN ficam sujeitos à aprovação dos res-
cooperação dos mercados regionais; pectivos projectos nos termos da legislação aplicável.
3338 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

3 — A aprovação dos projectos confere ao seu titular Governo responsável pela área da energia, em represen-
os seguintes direitos: tação do Estado.
a) Utilizar, nas condições definidas pela legislação apli- 3 — As concessões referidas no número anterior podem
cável, os bens do domínio público ou privado do Estado e ser adjudicadas por ajuste directo no caso de os concursos
dos municípios para o estabelecimento ou passagem das ficarem desertos.
partes integrantes da RPGN; 4 — As bases das concessões da RNTIAT, bem como
b) Solicitar a expropriação, por utilidade pública ur- os procedimentos para a sua atribuição, são estabelecidas
gente, nos termos do Código das Expropriações, dos imó- em legislação complementar.
veis necessários ao estabelecimento das partes integrantes
da RPGN; Artigo 16.º
c) Solicitar a constituição de servidões sobre os imóveis Composição da rede de transporte, infra-estruturas
necessários ao estabelecimento das partes integrantes da de armazenamento subterrâneo e terminais de GNL
RPGN, nos termos da legislação aplicável.
1 — A RNTIAT compreende:
Artigo 13.º a) A rede de alta pressão e as interligações;
Actividades do SNGN
b) Os terminais de GNL;
c) As infra-estruturas de armazenamento subterrâneo
O SNGN integra o exercício das seguintes actividades: de gás natural;
a) Recepção, armazenamento e regaseificação de GNL; d) As infra-estruturas auxiliares associadas à sua operação.
b) Armazenamento subterrâneo de gás natural;
c) Transporte de gás natural; 2 — Os bens que integram a RNTIAT são identificados
d) Distribuição de gás natural; nas bases das respectivas concessões.
e) Comercialização de gás natural;
f) Operação de mercados de gás natural; Artigo 17.º
g) Operação logística de mudança de comercializador Gestão técnica global do SNGN
de gás natural.
1 — A gestão técnica global do SNGN consiste na co-
Artigo 14.º ordenação sistémica das infra-estruturas que o constituem,
tendo em vista a segurança e a continuidade do abasteci-
Intervenientes no SNGN mento de gás natural.
São intervenientes no SNGN: 2 — A gestão técnica global do SNGN é da responsa-
bilidade da entidade concessionária da RNTGN.
a) Os operadores das redes de transporte de gás natural;
b) Os operadores de terminal de recepção, armazena- Artigo 18.º
mento e regaseificação de GNL;
c) Os operadores de armazenamento subterrâneo de Operador de terminal de GNL
gás natural; 1 — O operador de terminal de GNL é a entidade con-
d) Os operadores das redes de distribuição de gás natural; cessionária do respectivo terminal.
e) Os comercializadores de gás natural; 2 — São deveres do operador de terminal de GNL,
f) Os operadores de mercados organizados de gás natural; nomeadamente:
g) O operador logístico da mudança de comercializador
de gás natural; a) Assegurar a exploração e a manutenção do terminal
h) Os consumidores de gás natural. e da capacidade de armazenamento em condições de se-
gurança, fiabilidade e qualidade de serviço;
SECÇÃO II b) Gerir os fluxos de gás natural no terminal e no arma-
zenamento, assegurando a sua interoperacionalidade com
Exploração de redes de transporte, de infra-estruturas a rede de transporte a que está ligado, no quadro da gestão
de armazenamento subterrâneo e de terminais de GNL técnica global do sistema;
c) Assegurar a não discriminação entre os utilizadores
SUBSECÇÃO I ou as categorias de utilizadores do terminal;
Regime de exercício, composição e operação d) Facultar aos utilizadores do terminal as informações
de que necessitem para o acesso ao terminal;
Artigo 15.º e) Fornecer ao operador da rede com a qual esteja ligado
e aos agentes de mercado as informações necessárias ao
Regime de exercício funcionamento seguro e eficiente do SNGN;
1 — As actividades de recepção, armazenamento e re- f) Preservar a confidencialidade das informações co-
gaseificação de GNL, de armazenamento subterrâneo e de mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas ac-
transporte, que integram a gestão técnica global do sistema, tividades;
são exercidas em regime de concessão de serviço público, g) Receber dos operadores de mercados e de todos os
integrando, no seu conjunto, a exploração da RNTIAT. agentes directamente interessados toda a informação ne-
2 — As concessões da RNTIAT são atribuídas na se- cessária à gestão das infra-estruturas.
quência de realização de concursos públicos, salvo se
forem atribuídas a entidades sob o controlo efectivo do 3 — Não é permitido ao operador de terminal a aquisi-
Estado, mediante contratos outorgados pelo membro do ção de gás natural para comercialização.
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3339

Artigo 19.º g) Assegurar a não discriminação entre os utilizadores


Operador de armazenamento subterrâneo
ou as categorias de utilizadores da rede;
h) Facultar aos utilizadores da RPGN as informações
1 — O operador de armazenamento subterrâneo é uma de que necessitem para o acesso à rede;
entidade concessionária do respectivo armazenamento. i) Fornecer ao operador de qualquer outra rede com a
2 — São deveres do operador de armazenamento sub- qual esteja ligado e aos intervenientes do SNGN as infor-
terrâneo, nomeadamente: mações necessárias para permitir um desenvolvimento
a) Assegurar a exploração e manutenção das capaci- coordenado das diversas redes e um funcionamento seguro
dades de armazenamento, bem como das infra-estruturas e eficiente do SNGN;
de superfície em condições de segurança, fiabilidade e j) Preservar a confidencialidade das informações co-
qualidade de serviço; mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas ac-
b) Gerir os fluxos de gás natural, assegurando a sua tividades e impedir a divulgação discriminatória de infor-
interoperacionalidade com a rede de transporte, no quadro mações sobre as suas próprias actividades que possam ser
da gestão técnica global do sistema; comercialmente vantajosas, nos termos do Regulamento
c) Assegurar a não discriminação entre os utilizadores de Relações Comerciais;
ou as categorias de utilizadores do armazenamento; l) Prever o nível de reservas necessárias à garantia de
d) Facultar aos utilizadores as informações de que ne- segurança do abastecimento a curto e médio prazos;
cessitem para o acesso ao armazenamento; m) Prever a utilização das infra-estruturas da RNTIAT;
e) Fornecer ao operador da rede com a qual esteja ligado n) Receber dos operadores de mercados e de todos os
e aos agentes de mercado as informações necessárias ao agentes directamente interessados toda a informação ne-
funcionamento seguro e eficiente; cessária à gestão do sistema;
f) Preservar a confidencialidade das informações co- o) Publicar as informações necessárias para assegurar
mercialmente sensíveis obtidas no exercício das suas ac- uma concorrência efectiva e o funcionamento eficaz do
tividades; mercado, sem prejuízo da garantia de confidencialidade
g) Receber dos operadores de mercados e de todos os de informações comercialmente sensíveis, nos termos dos
agentes directamente interessados toda a informação ne- regulamentos da ERSE.
cessária à gestão das infra-estruturas.
3 — Para efeitos do disposto nas alíneas b) e c) do
3 — Para efeitos do disposto nas alíneas d) e e) do número anterior, devem ser aplicados mecanismos trans-
número anterior, o operador de armazenamento divulga e parentes e competitivos, definidos no Regulamento de
comunica ao operador da rede de transporte para divulga- Operação das Infra-Estruturas.
ção, nos respectivos sítios da Internet, a oferta disponível 4 — Não é permitido ao operador de rede de transporte
de instalações de armazenamento subterrâneo que explora. adquirir gás natural para comercialização.
4 — Não é permitido ao operador do armazenamento 5 — O operador da RNTGN não pode utilizar abusi-
subterrâneo adquirir gás natural para comercialização. vamente informações comercialmente sensíveis obtidas
de terceiros no âmbito do fornecimento ou da negociação
Artigo 20.º do acesso à rede.
Operador da rede de transporte
Artigo 20.º-A
1 — O operador da RNTGN é a entidade concessionária Separação jurídica do operador de terminal de GNL
da rede de transporte. e do operador de armazenamento subterrâneo
2 — São deveres do operador da RNTGN, nomeada-
mente: 1 — O operador de terminal de GNL é independente, no
plano jurídico, das entidades que exerçam, directamente
a) Assegurar a exploração e a manutenção da RNTGN ou através de empresas coligadas, qualquer das restantes
em condições de segurança, fiabilidade e qualidade de actividades previstas no presente decreto-lei.
serviço; 2 — O operador de armazenamento subterrâneo é inde-
b) Gerir os fluxos de gás natural na RNTGN, asse- pendente, no plano jurídico, das entidades que exerçam,
gurando a sua interoperacionalidade com as redes a que directamente ou através de empresas coligadas, qualquer
esteja ligada; das restantes actividades previstas no presente decreto-lei.
c) Disponibilizar serviços de sistema aos utilizadores da 3 — Para assegurar independência dos operadores pre-
RNTGN, nomeadamente através de mecanismos eficientes vista nos números anteriores são estabelecidos os seguintes
de compensação de desvios de energia, assegurando a impedimentos:
respectiva liquidação;
d) Assegurar a oferta de capacidade a longo prazo da a) Os gestores de cada um dos operadores ali referidos
RNTGN, contribuindo para a segurança do fornecimento; não podem integrar os órgãos sociais ou participarem nas
e) Assegurar o planeamento da RNTIAT e a construção estruturas de empresas que exerçam uma actividade de
e a gestão técnica da RNTGN, de forma a permitir o acesso produção ou comercialização de gás natural;
de terceiros e gerir de forma eficiente as infra-estruturas b) Nenhuma pessoa singular ou colectiva pode deter,
e os meios técnicos disponíveis, tendo em conta o estabe- directamente ou sob qualquer forma indirecta, mais de
lecido na alínea seguinte; 10 % do capital social de cada empresa concessionária
f) Assegurar o relacionamento e o cumprimento das da RNTIAT;
suas obrigações junto da Agência de Cooperação dos Re- c) A limitação imposta na alínea anterior é de 5 % para
guladores da Energia e da Rede Europeia dos Operadores as entidades que exerçam actividades no sector do gás
das Redes de Transportes para o Gás (REORT) para o gás; natural, nacional ou estrangeiro;
3340 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

d) O operador do terminal de GNL deve dispor de poder qualquer das actividades de produção ou de comerciali-
decisório independente de outros intervenientes do SNGL, zação de gás natural ou de electricidade;
designadamente no que respeita à apresentação de propos- b) As pessoas que exerçam qualquer das actividades
tas para manter ou desenvolver as instalações. de produção ou de comercialização de gás natural ou de
electricidade não podem, directa ou indirectamente, exercer
4 — O disposto nas alíneas b) e c) do número anterior controlo ou direitos sobre o operador da RNTGN;
não se aplica ao Estado directamente ou a empresa por c) O operador da RNTGN ou qualquer dos seus ac-
ele controlada. cionistas não podem, directa ou indirectamente, designar
5 — O disposto nas alíneas b) e c) do n.º 3 não se aplica membros do órgão de administração, ou de fiscalização,
igualmente à empresa operadora da RNTGN ou à empresa ou de órgãos que legalmente representam a empresa, de
que a controle. empresas que exerçam actividades de produção ou comer-
6 — Os interesses profissionais dos gestores dos ope- cialização de gás ou de electricidade;
radores referidos na alínea a) do n.º 3 devem ficar de- d) As pessoas que exerçam qualquer das actividades de
vidamente salvaguardados de forma a assegurar a sua produção ou comercialização de gás ou electricidade não
independência. podem, directa ou indirectamente, designar membros dos
7 — Os operadores referidos nos n.os 1 e 2 devem dispor órgãos do operador da RNTGN;
de um código ético de conduta relativo à independência fun- e) Os gestores dos operadores da RNTGN estão impedi-
cional da respectiva operação e proceder à sua publicitação. dos de integrarem órgãos sociais ou participarem nas estru-
8 — As restrições previstas nas alíneas b) e c) do n.º 3 turas de empresas que exerçam uma actividade de produção
não são aplicáveis às novas infra-estruturas de armazena- ou comercialização de gás natural ou electricidade;
mento subterrâneo e de terminal de GNL a concessionar f) Os interesses profissionais dos gestores referidos na
após a entrada em vigor do presente decreto-lei. alínea anterior devem ficar devidamente salvaguardados
de forma a assegurar a sua independência;
Artigo 20.º-B g) Cada operador da RNTIAT deve dispor de um código
Programa de conformidade dos operadores ético de conduta relativo à independência funcional da
de armazenamento e terminal de GNL respectiva operação e proceder à sua publicitação;
h) Nenhuma pessoa singular ou colectiva pode deter,
1 — Os operadores de armazenamento e de terminal de
directamente ou sob qualquer forma indirecta, mais de
GNL que pertençam a empresas verticalmente integradas
devem elaborar um programa de conformidade que con- 10 % do capital social do operador da RNTGN;
temple as medidas adoptadas para excluir comportamentos i) A limitação imposta na alínea anterior é de 5 % para
discriminatórios. as entidades que exerçam actividades no sector do gás
2 — O programa de conformidade referido no número an- natural, nacional ou estrangeiro.
terior deve incluir medidas de verificação do seu cumprimento
e o código ético de conduta previsto no n.º 7 do artigo 20.º-A. 4 — Os condicionalismos referidos nas alíneas a) a d)
3 — A elaboração do programa de conformidade, bem do número anterior integram, em particular:
como o acompanhamento da sua execução, é da respon- a) O poder de exercer direitos de voto;
sabilidade das entidades referidas no n.º 1. b) O poder de designar membros dos órgãos de admi-
4 — O programa de conformidade é previamente sub- nistração ou de fiscalização ou dos órgãos que legalmente
metido à aprovação da ERSE. representam a empresa;
5 — A entidade responsável pela sua elaboração e acom- c) A detenção da maioria do capital social.
panhamento da sua execução do programa de conformi-
dade apresenta à ERSE um relatório anual que deve ser 5 — O disposto nas alíneas h) e i) do n.º 3 e no número
publicitado, nos sítios da Internet da ERSE e do respectivo anterior não se aplica ao Estado ou a empresa por ele
operador da rede de distribuição. controlada.
6 — Os termos e a forma a que devem obedecer o pro- 6 — O disposto nas alíneas h) e i) do n.º 3 e no n.º 4 não
grama de conformidade e os relatórios de acompanhamento se aplicam igualmente à empresa operadora da RNTGN
da sua execução, bem como a sua publicitação, constam ou à empresa que a controle.
do Regulamento de Relações Comerciais. 7 — Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se
que uma empresa exerce controlo sobre outra quando uma
Artigo 21.º delas é detentora de uma posição jurídica que lhe confira
Separação jurídica e patrimonial do operador da RNTGN a possibilidade de exercer influência determinante sobre
outra, em especial através de direitos de propriedade, de
1 — O operador da RNTGN é independente, nos planos uso ou de fruição sobre a totalidade ou parte dos activos
jurídico e patrimonial, das entidades que exerçam, directa- de uma empresa ou de direitos ou contratos que conferem
mente ou através de empresas coligadas, as actividades de pro- influência determinante na composição, na votação ou nas
dução ou comercialização de gás natural ou de electricidade. decisões dos órgãos de uma empresa.
2 — O operador da RNTGN deve dispor de um poder
decisório efectivo, independente de outros intervenientes
Artigo 21.º-A
no SNGN ou SEN, designadamente no que respeita aos
activos necessários para manter ou desenvolver a rede. Certificação do operador da RNTGN
3 — Para assegurar o disposto no n.º 1, são estabeleci- 1 — A certificação do operador da RNTGN tem como
dos os seguintes impedimentos:
objectivo avaliar o cumprimento das condições relativas
a) O operador da RNTGN não pode, directa ou indirec- à separação jurídica e patrimonial estabelecidas no artigo
tamente, exercer controlo sobre uma empresa que exerça anterior.
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3341

2 — O operador da RNTGN é certificado pela ERSE, sumo à RNTGN deve ser efectuada em condições técnica e
a quem também cabe o permanente acompanhamento e economicamente adequadas, nos termos estabelecidos no
fiscalização do cumprimento das condições da certificação Regulamento de Relações Comerciais, no Regulamento da
concedida. Rede de Transporte, no Regulamento de Operação das Infra-
3 — A certificação do operador da RNTGN só produz -Estruturas e no Regulamento de Qualidade de Serviço.
efeitos depois de obtido o parecer da Comissão Europeia, 2 — A responsabilidade pelos encargos com a ligação
nos termos previstos no artigo 3.º do Regulamento (CE) à RNTGN é estabelecida nos termos previstos no Regu-
n.º 715/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de lamento de Relações Comerciais.
13 de Julho.
4 — Para efeitos do disposto no número anterior, a Artigo 24.º
decisão de certificação do operador da RNTGN é ime-
diatamente notificada pela ERSE à Comissão Europeia, Acesso regulado às infra-estruturas da RNTIAT
devendo ser acompanhada de toda a informação relevante 1 — As concessionárias da RNTIAT devem propor-
associada à decisão. cionar aos interessados, de forma não discriminatória e
5 — A ERSE profere decisão sobre a certificação do transparente, o acesso às suas infra-estruturas, baseado
operador da RNTGN no prazo de quatro meses a contar da
em tarifas aplicáveis a todos os clientes, nos termos do
data da notificação pelo operador da RNTGN, ou da data
do pedido da Comissão Europeia, consoante o caso, findos Regulamento do Acesso às Redes, às Infra-Estruturas e às
os quais a certificação se considera tacitamente concedida. Interligações e do Regulamento Tarifário, sem prejuízo do
6 — A ERSE e a Comissão Europeia podem pedir ao disposto no artigo seguinte.
operador da RNTGN e às empresas que exercem activida- 2 — O disposto no número anterior não impede a ce-
des de produção ou de comercialização qualquer informa- lebração de contratos a longo prazo, desde que respeitem
ção com relevância para o cumprimento das suas funções as regras da concorrência.
ao abrigo do presente artigo.
7 — A ERSE deve preservar a confidencialidade das Artigo 24.º-A
informações comercialmente sensíveis que obtenha durante Infra-estruturas de armazenamento subterrâneo
o processo de certificação. em regime de acesso negociado
8 — Os procedimentos a observar para a certificação
do cumprimento das condições previstas no n.º 1 são es- 1 — A actividade de armazenamento subterrâneo ou ser-
tabelecidos na regulamentação da ERSE. viços auxiliares em regime de acesso negociado está sujeita
a concessão e depende de pedido prévio do interessado.
Artigo 21.º-B 2 — O acesso ao armazenamento subterrâneo previsto
no número anterior está sujeito a preços negociados livre-
Reapreciação das condições de certificação
do operador da RNTGN
mente, segundo as regras da boa fé, com os utilizadores da
respectiva infra-estrutura, de dentro ou fora do território
1 — O operador da RNTGN deve notificar a ERSE de abrangido pela rede interligada.
quaisquer alterações ou transacções previstas que possam 3 — O disposto nos números anteriores aplica-se apenas
exigir a reapreciação das condições que foram objecto de a novas concessões a atribuir após a entrada em vigor do
certificação, para avaliar do cumprimento do disposto no presente decreto-lei.
n.º 1 do artigo anterior. 4 — O armazenamento em regime de acesso nego-
2 — Quando notificada nos termos do número anterior, ciado de terceiros referido no número anterior só pode
ou nos casos em que houver um pedido fundamentado ser adoptado quando se preencham os seguintes requisitos
da Comissão Europeia, a ERSE inicia um processo de cumulativos:
reapreciação da certificação.
3 — A ERSE deve desencadear um processo de reapre- a) Não incida sobre serviços auxiliares e unidades de
ciação da certificação sempre que tenha conhecimento da armazenamento temporário relacionados com instalações
realização ou da previsão de alterações ou transacções que de GNL, necessários para o processo de regaseificação e
levem ao incumprimento das condições da certificação do subsequente entrega à rede de transporte;
operador da RNT. b) Não incida sobre instalações afectas à constituição e
Artigo 22.º manutenção de reservas de segurança;
c) Não prejudique o funcionamento eficiente do sistema
Qualidade de serviço
regulado;
A prestação de serviços pelos operadores previstos na d) O armazenamento em regime de acesso negociado de
presente secção deve obedecer aos padrões de qualidade terceiros esteja técnica e economicamente justificado por:
de serviço estabelecidos no Regulamento da Qualidade
de Serviço. i) Necessidades ao nível da procura demonstradas na
sequência de consulta ao mercado que assegure a aquisição
SUBSECÇÃO II de serviços de armazenamento subterrâneo, em regime
Ligação e acesso às infra-estruturas da RNTIAT negociado;
ii) Sustentabilidade económico-financeira a prazo;
Artigo 23.º
e) A actividade de armazenamento subterrâneo em re-
Ligação à RNTGN
gime de acesso negociado esteja juridicamente separada
1 — A ligação das infra-estruturas de armazenamento de outras actividades do gás natural ou da electricidade,
subterrâneo, de terminais de GNL, de distribuição e de con- incluindo o armazenamento em regime regulado.
3342 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

5 — O regime de acesso negociado deve funcionar se- 4 — O membro do Governo responsável pela área da
gundo critérios objectivos, transparentes e não discrimi- energia aprova o PDIRGN, após parecer da ERSE.
natórios, nos termos estabelecidos na regulamentação da 5 — O PDIRGN deve ser técnica e economicamente
ERSE, sem prejuízo da fixação livremente negociada das justificado, nomeadamente por necessidades de procura
respectivas tarifas de acesso. e demonstradas após a consulta ao mercado que assegure
6 — O operador de armazenamento subterrâneo em a utilização eficiente das infra-estruturas, bem como a sua
regime de acesso negociado procede à consulta dos utili- sustentabilidade económico-financeira a prazo, nos termos
zadores da rede e publicita, até 1 de Janeiro de cada ano, estabelecidos na lei.
as principais condições comerciais aplicáveis aos contratos
SECÇÃO III
de acesso negociado de terceiros a essas instalações ou
serviços auxiliares. Exploração das redes de distribuição de gás natural
SUBSECÇÃO III
SUBSECÇÃO I
Relacionamento comercial
Regime de exercício, composição e operação
Artigo 25.º Artigo 27.º
Relacionamento das concessionárias da RNTIAT
Regime de exercício
1 — As concessionárias da RNTIAT relacionam-se 1 — A actividade de distribuição de gás natural é exer-
comercialmente com os utilizadores das respectivas infra- cida em regime de concessão ou de licença de serviço
-estruturas, tendo direito a receber, pela utilização destas público, mediante a exploração das respectivas infra-
e pela prestação dos serviços inerentes, uma retribuição -estruturas que, no seu conjunto, integram a exploração
por aplicação de tarifas reguladas. da RNDGN.
2 — As tarifas referidas no número anterior são defi- 2 — As concessões da RNDGN são atribuídas mediante
nidas no Regulamento Tarifário, excepto no caso do ar- contratos outorgados pelo membro do Governo responsável
mazenamento subterrâneo no regime de acesso negociado pela área da energia, em representação do Estado.
de terceiros, em que as tarifas de acesso são negociadas 3 — As bases das concessões da RNDGN, bem como
livremente. os procedimentos para a sua atribuição, são estabelecidas
SUBSECÇÃO IV em legislação complementar.
4 — As licenças de distribuição de serviço público,
Planeamento bem como os procedimentos para a sua atribuição, são
estabelecidas em legislação complementar.
Artigo 26.º 5 — O disposto nos números anteriores não prejudica o
Planeamento da RNTIAT exercício da actividade de distribuição de gás natural para
utilização privativa, nos termos a definir em legislação
1 — O planeamento da RNTIAT deve prever medidas complementar.
destinadas a garantir a adequação da rede e a segurança do Artigo 28.º
abastecimento, assegurando, nomeadamente, a existência
de capacidade das partes que a integram, com níveis ade- Composição das redes de distribuição
quados de segurança e de qualidade de serviço, no âmbito 1 — As redes de distribuição compreendem, nomea-
do mercado interno do gás natural. damente, as condutas, as válvulas de seccionamento, os
2 — O operador da RNTGN deve elaborar, após con- postos de redução de pressão, os aparelhos e os acessórios.
sulta pública, de dois em dois anos, um plano decenal 2 — Os bens referidos no número anterior são identifi-
indicativo do desenvolvimento e investimento da RNTIAT cados nas bases da respectiva concessão ou nos termos da
(PDIRGN), tendo em conta as propostas de plano de de- atribuição da licença.
senvolvimento e investimento elaboradas pelos operadores Artigo 29.º
das RNTIAT e RNDGN.
3 — O PDIRGN é elaborado considerando: Operação da rede de distribuição

a) As orientações de política energética e nomeadamente 1 — A concessão de distribuição integra a operação da


as indicações do relatório de monitorização da segurança respectiva rede de distribuição.
do abastecimento; 2 — A operação da rede de distribuição é realizada pelo
b) A caracterização técnica da rede; operador da rede de distribuição e está sujeita às disposi-
c) A oferta e a procura actuais e previstas, nomeada- ções do Regulamento de Operação das Infra-Estruturas.
mente as identificadas nas consultas de mercado previstas
no presente decreto-lei; Artigo 30.º
d) O planeamento das redes com que se interliga, nome- Operador de rede de distribuição
adamente as redes de distribuição e as redes de sistemas
vizinhos; 1 — O operador de rede de distribuição é uma entidade
e) As obrigações decorrentes do MIBGAS e os objec- concessionária da RNDGN ou titular de uma licença de
tivos e as medidas de articulação necessárias ao cumpri- distribuição.
mento junto da Agência de Cooperação dos Reguladores da 2 — São deveres do operador de rede de distribuição,
Energia e da REORT para o Gás, nomeadamente no âmbito nomeadamente:
do plano decenal não vinculativo de desenvolvimento da a) Assegurar a capacidade da rede, a longo prazo, para
rede à escala comunitária. atender a pedidos razoáveis de distribuição de gás natural;
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3343

b) Explorar, manter e desenvolver, em condições eco- Artigo 31.º-A


nomicamente sustentáveis, uma rede de distribuição de
Programa de conformidade dos operadores
gás natural segura, fiável e eficiente na área em que opera, das redes de distribuição
respeitando devidamente o ambiente, bem como a efici-
ência energética e qualidade de serviço; 1 — Os operadores das redes de distribuição que per-
c) Gerir os fluxos de gás natural na rede, assegurando a tençam a empresas verticalmente integradas e que sirvam
sua interoperacionalidade com as redes a que esteja ligada um número de clientes igual ou superior a 100 000 devem
e com as infra-estruturas dos clientes, no quadro da gestão elaborar um programa de conformidade que contemple
técnica global do sistema; as medidas adoptadas para excluir comportamentos dis-
d) Assegurar a capacidade e a fiabilidade da respectiva criminatórios.
rede de distribuição de gás natural, contribuindo para a 2 — O programa de conformidade referido no número
segurança do abastecimento; anterior deve incluir medidas para verificação do seu cum-
e) Assegurar o planeamento, construção e gestão da rede primento e o código ético de conduta previsto na alínea d)
de forma a permitir o acesso de terceiros e gerir de forma do n.º 2 do artigo anterior.
eficiente as instalações, nos termos a prever na lei; 3 — A elaboração do programa de conformidade, bem
f) Assegurar a não discriminação entre os utilizadores como o acompanhamento da sua execução, é da respon-
ou as categorias de utilizadores da rede; sabilidade do operador da rede de distribuição.
g) Facultar aos utilizadores as informações de que ne- 4 — O programa de conformidade é previamente sub-
cessitem para aceder à rede e sua utilização eficientes; metido à aprovação da ERSE.
h) Fornecer ao operador de qualquer outra rede com 5 — A entidade responsável pela elaboração e acompa-
a qual esteja ligada, aos comercializadores e aos clientes nhamento da execução do programa de conformidade apre-
as informações necessárias ao funcionamento seguro e senta à ERSE um relatório anual que deve ser publicitado
eficiente, bem como ao desenvolvimento coordenado das nos sítios da Internet da ERSE e do respectivo operador
diversas redes; da rede de distribuição.
i) Preservar a confidencialidade das informações comer- 6 — Os termos e a forma a que deve obedecer o pro-
cialmente sensíveis obtidas no exercício da sua actividade. grama de conformidade e os relatórios de acompanhamento
da sua execução, bem como a sua publicitação, constam
3 — Salvo nos casos previstos no presente decreto-lei, do Regulamento de Relações Comerciais.
o operador de rede de distribuição não pode adquirir gás
natural para comercialização. Artigo 32.º
Artigo 31.º Qualidade de serviço

Separação jurídica da actividade de distribuição A prestação do serviço de distribuição aos clientes li-
gados às redes de distribuição deve obedecer a padrões
1 — O operador de rede de distribuição é independente, de qualidade de serviço estabelecidos no Regulamento da
no plano jurídico, da organização e da tomada de decisões
Qualidade de Serviço.
de outras actividades não relacionadas com a distribuição.
2 — De forma a assegurar a independência prevista
SUBSECÇÃO II
no número anterior, devem ser garantidos os seguintes
critérios mínimos: Ligação e acesso às redes de distribuição
a) Os gestores do operador de rede de distribuição não
podem integrar os órgãos sociais nem participar nas estru- Artigo 33.º
turas de empresas integradas que tenham o exercício de Ligação às redes de distribuição
uma outra actividade de gás natural;
b) Os interesses profissionais dos gestores referidos na 1 — A ligação da rede de transporte e das infra-
alínea anterior devem ficar devidamente salvaguardados -estruturas de consumo às redes de distribuição, bem
de forma a assegurar a sua independência; como entre estas, deve ser efectuada em condições téc-
c) O operador de rede de distribuição deve dispor de um nica e economicamente adequadas, nos termos estabe-
poder decisório efectivo e independente de outros inter- lecidos no Regulamento da Qualidade de Serviço, no
venientes no SNGN, designadamente no que respeita aos Regulamento de Relações Comerciais, no Regulamento
activos necessários para manter ou desenvolver as redes; da Rede de Distribuição e no Regulamento de Operação
d) O operador de rede de distribuição deve dispor de das Infra-Estruturas.
um código ético de conduta relativo à independência fun- 2 — A responsabilidade pelos encargos com a ligação
cional da respectiva operação da rede e proceder à sua às redes de distribuição é estabelecida nos termos previstos
publicitação; no Regulamento de Relações Comerciais.
e) O operador da rede de distribuição deve diferenciar
a sua imagem e comunicação das restantes entidades que Artigo 34.º
actuam no âmbito do SNGN, nos termos estabelecidos no Acesso às redes de distribuição
Regulamento de Relações Comerciais.
Os operadores das redes de distribuição devem pro-
3 — Sem prejuízo da separação contabilística das acti- porcionar aos interessados, de forma não discrimina-
vidades, a separação jurídica prevista no presente artigo e tória e transparente, o acesso às suas redes, baseado
a forma de comunicação prevista na alínea e) do número em tarifas aplicáveis a todos os clientes, nos termos do
anterior não são exigidas aos distribuidores que sirvam um Regulamento de Acesso às Redes, às Infra-Estruturas
número de clientes inferior a 100 000. e às Interligações.
3344 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

SUBSECÇÃO III b) A rede distribuir gás natural essencialmente ao proprie-


Relacionamento comercial tário ou ao operador da rede ou a empresas ligadas a estes.

Artigo 35.º 2 — Os termos da classificação e estabelecimento de


uma rede de distribuição fechada e a disciplina da sua
Relacionamento das concessionárias e licenciadas exploração são estabelecidos em portaria dos membros
das redes de distribuição
dos Governo responsáveis pela área da energia e pela área
As concessionárias e licenciadas das redes de distribui- sectorial respectiva, ouvida a ERSE.
ção relacionam-se comercialmente com os utilizadores das 3 — Sem prejuízo do estabelecido no número seguinte,
respectivas infra-estruturas, tendo direito a receber, pela as tarifas de acesso de terceiros às redes fechadas são
utilização destas e pela prestação dos serviços inerentes, estabelecidas pelos seus proprietários ou operadores, não
uma retribuição por aplicação de tarifas reguladas, defi- estando sujeitas aos requisitos estabelecidos para a apro-
nidas no Regulamento Tarifário. vação das tarifas reguladas pela ERSE.
4 — Caso um utilizador de uma rede fechada não con-
SUBSECÇÃO IV corde, por falta de transparência e razoabilidade, com as
tarifas de acesso ou as suas metodologias, pode solicitar
Planeamento das redes de distribuição a intervenção da ERSE para analisar e, caso necessário,
fixar as tarifas segundo as metodologias a estabelecer por
Artigo 36.º esta entidade nos seus regulamentos.
Planeamento das redes de distribuição
1 — O planeamento da expansão das redes de distribui- SECÇÃO IV
ção tem por objectivo assegurar a existência de capacidade Comercialização de gás natural
nas redes para a recepção e entrega de gás natural, com
níveis adequados de qualidade de serviço e de segurança, SUBSECÇÃO I
no âmbito do mercado interno de gás natural.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, os ope- Regime do exercício
radores das redes de distribuição devem elaborar, de dois
em dois anos, um plano quinquenal de desenvolvimento Artigo 37.º
e investimento das redes (PDIRD), com base na caracteri- Regime do exercício
zação técnica das respectivas redes e na oferta e procura,
actuais e previstas, após consulta aos interessados. 1 — O exercício da actividade de comercialização de
3 — Os PDIRD devem estar coordenados com o gás natural é livre, ficando sujeito a registo prévio, nos
PDIRGN, nos termos definidos na lei. termos estabelecidos na lei.
4 — Os PDIRD devem ter em conta na sua elaboração 2 — O exercício da actividade de comercialização de
o objectivo de facilitar o desenvolvimento de medidas de último recurso está sujeito a licença.
gestão da procura. 3 — O exercício da actividade de comercialização de gás
5 — O membro do Governo responsável pela área da natural consiste na compra e venda de gás natural, para co-
energia aprova os PDIRD das concessionárias de distribui- mercialização a clientes finais ou outros agentes, através da
ção após parecer da ERSE e do operador da RNTGN. celebração de contratos bilaterais ou da participação em mer-
cados organizados.
6 — Os PDIRD dos demais operadores da rede de dis-
tribuição são aprovados pela DGEG após parecer da ERSE Artigo 37.º-A
e do operador da RNTGN. Reconhecimento de comercializadores
7 — Os PDIRD, bem como os respectivos procedi-
mentos, obedecem aos termos estabelecidos na lei e no 1 — No âmbito do funcionamento de mercados consti-
Regulamento de Operação das Infra-Estruturas. tuídos ao abrigo de acordos internacionais de que o Estado
Português seja parte, o reconhecimento da qualidade de co-
SUBSECÇÃO V
mercializador por uma das partes significa o reconhecimento
pela outra, nos termos previstos nos respectivos acordos.
Redes de distribuição fechadas 2 — Compete à DGEG efectuar o registo dos comer-
cializadores reconhecidos nos termos do número anterior.
Artigo 36.º-A
Redes de distribuição fechadas Artigo 38.º
Separação jurídica da actividade
1 — Considera-se «rede de distribuição fechada» uma
rede que se integre em domínios ou infra-estruturas ex- A actividade de comercialização de gás natural é sepa-
cluídas do âmbito das concessões de distribuição de gás rada juridicamente das restantes actividades.
natural, nomeadamente uma rede que distribua gás natural
no interior de um sítio industrial, comercial ou de serviços Artigo 38.º-A
partilhados, geograficamente circunscritos, caminhos de
Direitos e deveres do comercializador
ferro, portos, aeroportos e parques de campismo, e preen-
cha um dos seguintes requisitos: 1 — Constituem direitos do comercializador registado,
nomeadamente, os seguintes:
a) Por razões técnicas ou de segurança específicas, as
operações ou o processo de produção dos utilizadores desta a) Transaccionar gás natural através de contratos bila-
rede estejam integrados; terais com outros agentes do mercado de electricidade ou
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através dos mercados organizados desde que cumpra os 5 — Compete aos comercializadores de gás natural
requisitos para acesso a estes mercados; exercer as funções associadas ao relacionamento comer-
b) Ter acesso às redes e às interligações, nos termos cial, nomeadamente a facturação da energia fornecida
legalmente estabelecidos, para entrega de electricidade e a respectiva cobrança, bem como o cumprimento dos
aos respectivos clientes; deveres de informação relativos às condições de prestação
c) Contratar livremente a venda de electricidade com de serviço, na observância do Regulamento de Relações
os seus clientes. Comerciais e do Regulamento da Qualidade de Serviço.
6 — Constitui obrigação dos comercializadores de gás
2 — Constituem deveres do comercializador, nomea- natural a manutenção de um registo actualizado dos seus
damente, os seguintes: clientes e das reclamações por eles apresentadas.
a) Apresentar propostas de fornecimento de energia eléc-
trica a todos os clientes que o solicitem nos termos previstos Artigo 39.º-A
no Regulamento de Relações Comerciais, com respeito pe- Relações com os clientes
los princípios estabelecidos na legislação da concorrência;
1 — O contrato de fornecimento de gás natural está
b) Entregar electricidade às redes para o fornecimento
sujeito à forma escrita.
aos seus clientes de acordo com a planificação prevista e
cumprindo a regulamentação aplicável; 2 — Sem prejuízo de outros requisitos previstos na lei,
c) Colaborar na promoção das políticas de eficiência o contrato de fornecimento de gás natural deve especificar
energética e de gestão da procura nos termos legalmente os seguintes elementos e conter as seguintes garantias:
estabelecidos; a) A identificação completa e o endereço do comercia-
d) Prestar a informação devida aos clientes, nomeada- lizador, bem como o código de identificação da instalação
mente sobre as ofertas mais apropriadas ao seu perfil de de consumo;
consumo; b) Os serviços fornecidos e os níveis de qualidade desses
e) Emitir facturação discriminada de acordo com as serviços, suas características e data do início de fornecimento
normas aplicáveis; de gás natural, bem como a especificação dos meios de pa-
f) Proporcionar aos seus clientes meios de pagamento gamento ao dispor dos clientes, bem como as condições nor-
diversificados, não discriminando entre clientes; mais de acesso e utilização dos serviços do comercializador;
g) Não discriminar entre clientes e praticar nas suas c) O tipo de serviços de manutenção, caso sejam ofe-
operações transparência comercial; recidos;
h) Manter o registo de todas as operações comerciais, d) Integrar as informações sobre os direitos dos consu-
cumprindo os requisitos legais de manutenção de bases midores, incluindo o tratamento de reclamações, as quais
de dados, durante um prazo mínimo de cinco anos, com devem ser comunicadas de forma clara, nomeadamente
sujeição a auditoria, nos termos estabelecidos no Regula- através das respectivas páginas na Internet;
mento de Relações Comerciais; e) A duração do contrato, as condições de renovação e
i) Prestar informações à DGGE e à ERSE sobre con- termo, bem como as condições de rescisão, devendo especi-
sumos e tarifas das diversas categorias de clientes, com ficar se a rescisão importa ou não o pagamento de encargos;
salvaguarda do respectivo sigilo; f) A compensação e as disposições de reembolso aplicá-
j) Manter a capacidade técnica, legal e financeira ne- veis se os níveis de qualidade dos serviços contratados não
cessárias para o exercício da função. forem atingidos, designadamente sobre facturação;
g) A especificação dos meios de pagamento ao dispor
SUBSECÇÃO II dos clientes;
Relacionamento comercial h) O método a utilizar para a resolução de litígios, que
deve ser acessível, simples e eficaz;
Artigo 39.º i) Facultar, a todo o momento, o acesso do cliente aos
seus dados de consumo, de forma gratuita;
Relacionamento dos comercializadores de gás natural
j) Conceder acesso aos dados do cliente a outro co-
1 — Os comercializadores de gás natural podem con- mercializador mediante acordo do cliente, nos termos a
tratar o gás natural necessário ao abastecimento dos seus estabelecer na lei;
clientes, através da celebração de contratos bilaterais ou l) Informar os clientes sobre o seu consumo, os preços e
através da participação em mercados organizados. as tarifas aplicáveis, com frequência suficiente que lhes per-
2 — Os comercializadores de gás natural relacionam-se mita regular o seu próprio consumo, sem custos adicionais.
comercialmente com os operadores das redes e demais
infra-estruturas da RNTIAT, às quais estão ligadas as infra- 3 — As informações sobre as condições contratuais
-estruturas dos seus clientes, assumindo a responsabilidade referidas no número anterior devem ser sempre prestadas
pelo pagamento das tarifas de uso das redes e outros ser- antes da celebração do contrato.
viços, bem como pela prestação das garantias contratuais 4 — As condições gerais devem ser equitativas e trans-
legalmente estabelecidas. parentes e ser redigidas em linguagem clara e compreensí-
3 — O relacionamento comercial com os clientes de- vel, assegurando aos clientes escolha quanto aos métodos
corre da celebração de um contrato de compra e venda de de pagamento, em conformidade com a legislação vigente
gás natural, que deve observar as disposições estabelecidas que regula o regime aplicável às práticas comerciais des-
no Regulamento de Relações Comerciais. leais das empresas nas relações com os consumidores.
4 — Os comercializadores de gás natural podem exigir 5 — Qualquer diferença nos termos e condições de
aos seus clientes, nos termos da lei, a prestação de caução pagamento dos contratos com os clientes deve reflectir
a seu favor, para garantir o cumprimento das obrigações os custos dos diferentes sistemas de pagamento para o
decorrentes do contrato de compra e venda de gás natural. comercializador.
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6 — Os clientes não podem ser obrigados a efectuar 2 — A separação referida no número anterior não se
qualquer pagamento por mudarem de comercializador. aplica enquanto a qualidade de comercializador de último
7 — Os clientes devem ser notificados, nos termos pre- recurso for atribuída ao distribuidor que se encontre nas
visto no Regulamento de Relações Comerciais, de qualquer condições do n.º 3 do artigo 31.º
intenção de alterar as condições contratuais e informados 3 — O comercializador de último recurso deve diferenciar
do seu direito de rescisão quando da notificação. a sua imagem e comunicação das restantes entidades que
8 — Os comercializadores devem notificar directamente actuam no SNGN.
os seus clientes de qualquer aumento dos encargos resul- Artigo 42.º
tante de alteração de condições contratuais, previamente à Obrigação de fornecimento de gás natural
entrada em vigor do aumento, podendo os clientes rescindir
os contratos se não aceitarem as novas condições que lhes 1 — (Revogado.)
sejam notificadas pelos respectivos comercializadores. 2 — A comercialização de gás natural deve obedecer às
condições estabelecidas no presente decreto-lei, no Regula-
Artigo 39.º-B mento Tarifário, no Regulamento de Relações Comerciais
e no Regulamento da Qualidade de Serviço.
Informação sobre preços 3 — O fornecimento, salvo casos fortuitos ou de força
1 — Os comercializadores ficam obrigados a enviar à maior, só pode ser interrompido por razões de interesse
ERSE, anualmente e sempre que ocorram alterações, a ta- público, de serviço ou de segurança, ou por facto impu-
bela de preços de referência que se propõem praticar no âm- tável ao cliente ou a terceiros, nos termos previstos no
bito da comercialização de gás natural, bem como as suas Regulamento de Relações Comerciais.
alterações, nos termos a regulamentar por esta entidade.
2 — Os comercializadores ficam ainda obrigados a: Artigo 43.º
Relacionamento comercial do comercializador
a) Publicitar os preços de referência que praticam de- de último recurso
signadamente nos seus sítios da Internet e em conteúdos
promocionais; 1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 39.º, o comer-
b) Enviar à ERSE trimestralmente os preços praticados cializador de último recurso procede à aquisição de gás
nos meses anteriores. natural para abastecer os seus clientes em mercados or-
ganizados, ou através de contratos bilaterais, mediante a
3 — A publicitação referida no número anterior deve realização de concursos ou através de outros procedimentos
permitir aos clientes conhecer as diversas opções de preço definidos na lei.
existentes, permitindo-lhes optar, em cada momento, pelas 2 — Os contratos estabelecidos de acordo com o dis-
melhores condições oferecidas no mercado. posto no número anterior são aprovados nos termos do
4 — A informação prevista no presente artigo fica su- Regulamento de Relações Comerciais.
jeita a supervisão da ERSE, ficando os comercializadores 3 — O comercializador de último recurso procede à venda
obrigados a facultar-lhe toda a documentação necessária e de gás natural, sendo obrigado a fornecer gás natural aos
o acesso directo aos registos que suportam esta informação. clientes, nos termos do Regulamento de Relações Comerciais,
com a observância das demais exigências regulamentares.
4 — O comercializador de último recurso aplica a clien-
SUBSECÇÃO III
tes finais as tarifas reguladas de venda, publicadas pela
Comercializador de último recurso ERSE, de acordo com o estabelecido no Regulamento
Tarifário.
Artigo 40.º
SECÇÃO V
Exercício da actividade de comercialização de último recurso
Gestão de mercados organizados
1 — Considera-se «comercializador de último recurso»
aquele que estiver sujeito a obrigações de serviço público Artigo 44.º
universal, nos termos previstos na presente subsecção e Regime de exercício
da respectiva licença.
2 — (Revogado.) 1 — O exercício da actividade de gestão de mercados
3 — A prestação de serviço universal implica o forneci- organizados de gás natural é livre, ficando sujeito a au-
mento de gás natural pelo comercializador de último recurso torização.
nas áreas abrangidas pela RPGN a todos os clientes com con- 2 — O exercício da actividade de gestão de merca-
sumos anuais iguais ou inferiores a 10 000 m3 que o solicitem, dos organizados é da responsabilidade dos operadores de
desde que preencham os requisitos definidos para o efeito. mercados, de acordo com o estabelecido em legislação
4 — (Revogado.) complementar, sem prejuízo das disposições da legislação
financeira que sejam aplicáveis aos mercados em que se
Artigo 41.º realizem operações a prazo.
Separação jurídica da actividade de comercializador
de último recurso Artigo 45.º
1 — A actividade de comercialização de gás natural Deveres dos operadores de mercados
de último recurso é separada juridicamente das restantes
actividades, incluindo outras formas de comercialização, São deveres dos operadores de mercados, nomeadamente:
sendo exercida segundo critérios de independência defi- a) Gerir mercados organizados de contratação de gás
nidos em legislação complementar. natural;
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b) Assegurar que os mercados referidos na alínea ante- minação entre os clientes, nem entraves extracontratuais
rior sejam dotados de adequados serviços de liquidação; ao exercício dos seus direitos, nomeadamente através de
c) Divulgar informação relativa ao funcionamento dos documentação excessiva e complexa, nos termos do Re-
mercados de forma transparente e não discriminatória, gulamento de Relações Comerciais.
devendo, nomeadamente, publicar informação, agregada
por agente, relativa a preços e quantidades transaccionadas; 5 — Os consumidores têm os direitos de aceder e ter
d) Comunicar ao operador da RNTGN toda a informação à sua disposição os seus próprios dados de consumo e de
relevante para a gestão técnica global do SNGN e para a poder, gratuitamente e mediante acordo, conceder acesso
gestão comercial da capacidade de interligação, nos termos aos seus dados a qualquer comercializador, nos termos do
do Regulamento de Operação das Infra-Estruturas. Regulamento de Relações Comerciais.
6 — Os consumidores devem ser informados sobre o
Artigo 46.º seu consumo e custos efectivos, com frequência que lhes
Integração da gestão de mercados organizados permita regular o seu próprio consumo.
7 — O acerto de contas final por mudança de comer-
A gestão de mercados organizados integra-se no âmbito cializador não deve ultrapassar seis semanas após esta ter
do funcionamento dos mercados constituídos ao abrigo de ocorrido.
acordos internacionais celebrados entre o Estado Português 8 — A especificação dos mecanismos e procedimentos
e outros Estados membros da União Europeia. de apoio dos direitos dos consumidores e dos previstos no
presente decreto-lei é estabelecida na lei e em regulamen-
CAPÍTULO III tação complementar.
Consumidores Artigo 48.º
Artigo 47.º Direitos de informação

Direitos 1 — Sem prejuízo do disposto nas Leis n.os 24/96, de


31 de Julho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 67/2003, de
1 — Todos os consumidores têm o direito de escolher 8 de Abril, e 23/96, de 26 de Julho, alterada pelas Leis
o seu comercializador de gás natural, sem prejuízo do re- n.os 12/2008, de 26 de Fevereiro, e 6/2011, de 10 de Março,
gime transitório previsto no presente decreto-lei, podendo os consumidores, ou os seus representantes, têm direito a:
adquirir gás natural directamente a comercializadores ou
através dos mercados organizados. a) Informação não discriminatória e adequada às suas
2 — Os consumidores têm o direito ao fornecimento de condições específicas, em particular os consumidores com
gás natural em observância dos seguintes princípios: necessidades especiais;
b) Informação completa e adequada de forma a permitir
a) Acesso às redes a que se pretendam ligar; a sua participação nos mercados de gás natural;
b) Mudança de comercializador sempre que o entendam, c) Informação, de forma transparente e não discrimina-
devendo a mudança processar-se no prazo máximo de três tória, sobre preços e tarifas aplicáveis e condições normais
semanas e sem custos pelo acto de mudança;
de acesso e utilização dos serviços energéticos;
c) Acesso à informação sobre os seus direitos quanto a
d) Informação completa e adequada de forma a promo-
obrigações de serviço público;
d) Disponibilização de procedimentos transparentes e ver a eficiência energética;
simples para o tratamento de reclamações relacionadas com e) Acesso atempado a toda a informação de carácter
o fornecimento de gás natural, permitindo que os litígios público, de uma forma clara e objectiva, capaz de per-
sejam resolvidos de modo justo e rápido, prevendo um mitir a liberdade de escolha sobre as melhores opções de
sistema de compensação e o recurso aos mecanismos de fornecimento;
resolução extrajudicial de conflitos, nos termos previstos f) Consulta prévia sobre todos os actos que possam vir
na lei, nomeadamente na lei de protecção dos utentes dos a pôr em causa os seus direitos;
serviços públicos essenciais; g) Acesso aos seus dados de consumo.
e) Resolução das suas reclamações através de uma en-
tidade independente relacionada com a defesa do consu- 2 — Os comercializadores e operadores das redes de
midor ou com a protecção dos seus direitos de consumo distribuição de gás natural devem fornecer aos seus clien-
no âmbito do sector energético. tes, nos termos e na forma estabelecidos no Regulamento
de Relações Comerciais, o catálogo ou a lista dos direitos
3 — Os contratos de fornecimento de gás natural devem dos consumidores de energia nos termos aprovados pela
integrar informações sobre os direitos dos consumidores, Comissão Europeia.
incluindo sobre o tratamento de reclamações, as quais
devem ser comunicadas de forma clara e de fácil compre- Artigo 49.º
ensão, nomeadamente através das páginas na Internet das Deveres
empresas, bem como especificar se a sua resolução importa
ou não o pagamento de encargos. Constituem deveres dos consumidores:
4 — Os consumidores têm direito a: a) Prestar as garantias a que estejam obrigados por lei;
a) Compensações pela inobservância dos níveis regu- b) Proceder aos pagamentos a que estiverem obrigados;
lamentados de qualidade de serviço; c) Contribuir para a melhoria da protecção do ambiente;
b) Disporem de uma ampla escolha quanto aos méto- d) Contribuir para a melhoria da eficiência energética
dos de pagamento, que não devem promover uma discri- e da utilização racional de energia;
3348 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

e) Manter em condições de segurança as suas infra- çar a integração dos mercados nacionais que possa facilitar
-estruturas e equipamentos, nos termos das disposições o fluxo de gás natural através da União Europeia;
legais aplicáveis, e evitar que as mesmas introduzam per- d) Garantia, de forma adequada e racional, do desenvol-
turbações fora dos limites estabelecidos regulamentar- vimento de redes seguras, fiáveis, eficientes e não discri-
mente nas redes a que se encontram ligados; minatórias, orientadas para o consumidor, tendo presente
f) Facultar todas as informações estritamente necessárias os objectivos gerais da política energética;
ao fornecimento de gás natural. e) Garantia que os operadores das redes do SNGN rece-
bem incentivos adequados para aumentar a eficiência das
redes e promover a integração do mercado;
CAPÍTULO IV f) Garantia de que os clientes beneficiam do funcio-
Regulação namento eficiente do mercado, através da promoção de
uma concorrência efectiva e da garantia de protecção dos
consumidores;
SECÇÃO I g) Contribuição para alcançar padrões elevados de ser-
Disposições e atribuições gerais viço universal do abastecimento de gás natural, para a
protecção dos clientes vulneráveis ou em zonas afastadas
Artigo 50.º e para a mudança de comercializador;
h) Contribuição para a emergência de mercados reta-
Finalidade da regulação do SNGN lhistas transparentes e eficientes, designadamente através
A regulação do SNGN tem por finalidade contribuir para da adopção de regulamentação respeitante a disposições
assegurar a eficiência e a racionalidade das actividades contratuais, compromissos com clientes, intercâmbio de
em termos objectivos, transparentes, não discriminatórios dados, posse de dados, responsabilidade de medição de
e concorrenciais, através da sua contínua supervisão e energia e liquidação das transacções;
acompanhamento, integrada nos objectivos da realização i) Garantia do acesso dos clientes e comercializado-
do mercado interno do gás natural. res às redes, bem como o direito dos grandes clientes de
celebrar contratos simultaneamente com diversos comer-
Artigo 51.º cializadores.
Artigo 52.º
Actividades sujeitas a regulação
Atribuições e competências da regulação no âmbito do SNGN
1 — As actividades de recepção, armazenamento e rega-
seificação de GNL e de armazenamento subterrâneo, trans- Sem prejuízo das atribuições e competências das entida-
porte, distribuição e comercialização de gás natural, bem des referidas no artigo 51.º, do previsto nos seus Estatutos,
como as de operação logística de mudança de comerciali- no presente decreto-lei, nos regulamentos comunitários e
zador e de gestão de mercados organizados estão sujeitas a na lei, a ERSE tem as seguintes atribuições e competências
regulação, sem prejuízo do disposto nos números seguintes. na regulação do SNGN:
2 — A regulação a que se refere o número anterior é a) Proteger, em colaboração com outras autoridades
atribuída à Entidade Reguladora dos Serviços Energéti- competentes, os direitos e os interesses dos clientes em
cos (ERSE), sem prejuízo das competências atribuídas relação a preços, serviços e qualidade de serviço, promo-
à Direcção-Geral de Geologia e Energia (DGGE), à Au- vendo a sua informação e esclarecimento e assegurando-
toridade da Concorrência, à Comissão do Mercado de -lhes o acesso aos seus dados de consumo, adoptando, para
Valores Mobiliários e a outras entidades administrativas, o efeito, os instrumentos de regulação mais adequados,
no domínio específico das suas atribuições. nomeadamente através do recurso a recomendações anuais;
3 — A regulação exerce-se nos termos e com os limi- b) Assegurar a existência de condições que permitam, às
tes previstos no presente decreto-lei e na legislação que actividades exercidas em regime de serviço público, bem
define as competências das entidades referidas no número como à comercialização de último recurso, a obtenção
anterior. do equilíbrio económico e financeiro, nos termos de uma
Artigo 51.º-A gestão adequada e eficiente;
Objectivos gerais da regulação da ERSE c) Velar pelo cumprimento, por parte dos agentes, das
obrigações de serviço público e demais obrigações estabe-
A regulação do sector do gás natural pela ERSE visa a lecidas na lei e nos regulamentos, bem como nas bases das
prossecução dos seguintes objectivos: concessões e respectivos contratos e nas licenças;
a) Promoção, em colaboração com a Agência de Co- d) Contribuir para a progressiva melhoria das condi-
operação dos Reguladores da Energia, com as entidades ções técnicas e ambientais das actividades, estimulando,
reguladoras de outros Estados membros e com a Comissão nomeadamente, a adopção de práticas que promovam a
Europeia, de um mercado interno do gás natural concorren- eficiência energética, a utilização racional dos recursos e
cial, seguro e ecologicamente sustentável, incluindo a aber- a existência de padrões adequados de qualidade de serviço
tura efectiva do mercado a todos os consumidores, e zelar e de defesa do meio ambiente;
pela existência de condições que permitam que as redes de e) Cooperar com as outras entidades reguladoras, em
gás natural do SNGN funcionem de forma eficaz e fiável; particular, com a Comissão Europeia e a Agência de Coo-
b) Desenvolvimento de mercados regionais concor- peração dos Reguladores de Energia, facultando-lhes toda
renciais e com elevado nível de funcionamento na União a informação necessária, designadamente no âmbito da
Europeia; promoção de uma gestão óptima das redes e das interliga-
c) Supressão das restrições ao comércio de gás natural, ções, nos termos previstos nos regulamentos comunitários,
incluindo o desenvolvimento das capacidades adequadas de visando em especial a segurança do abastecimento e a
transporte transfronteiriço para satisfazer a procura e refor- gestão dos congestionamentos das redes;
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3349

f) Exercer as funções que lhe são atribuídas pela legis- tarifas de uso das redes, armazenamento e terminal de
lação comunitária no âmbito do mercado interno da ener- GNL, de uso global do sistema e de comercialização de
gia, designadamente no mercado ibérico e nos mercados último recurso, obedecem aos seguintes princípios:
regionais de que Portugal faça parte;
g) Cumprir e aplicar as decisões vinculativas da Comis- a) Igualdade de tratamento e de oportunidades;
são Europeia e da Agência de Cooperação dos Reguladores b) Uniformidade tarifária, de modo que o sistema tari-
de Energia; fário se aplique universalmente a todos os clientes;
h) Supervisionar o nível de transparência do mercado, c) Transparência na formulação e fixação das tarifas;
incluindo os preços, a existência de subvenções cruzadas d) Inexistência de subsidiações cruzadas entre activida-
entre actividades, a qualidade de serviço, a ocorrência de des e entre clientes, através da adequação das tarifas aos
práticas contratuais restritivas, o tempo em que os operado- custos e da adopção do princípio da aditividade tarifária;
res das redes demoram a executar as ligações e reparações, e) Transmissão dos sinais económicos adequados a uma
assim como a aplicação de regras relativas às atribuições utilização eficiente das redes e demais infra-estruturas
dos operadores das redes; do SNGN;
i) Relatar anualmente a sua actividade e o cumprimento f) Protecção dos clientes face à evolução das tarifas,
das suas obrigações à Assembleia da República, ao Go- assegurando, simultaneamente, o equilíbrio económico
verno, à Comissão Europeia e à Agência de Cooperação e financeiro às actividades reguladas em condições de
dos Reguladores de Energia, devendo o relatório abranger gestão eficiente;
as medidas adoptadas e os resultados obtidos; g) Criação de incentivos ao desempenho eficiente das
j) Emitir decisões vinculativas sobre todas as empresas actividades reguladas das empresas;
que actuam no âmbito do SNGN; h) Contribuição para a promoção da eficiência energé-
l) Impor sanções efectivas nos termos do regime san- tica e da qualidade ambiental.
cionatório previsto no artigo 70.º;
m) Impor sanções efectivas nos termos do regime san- 2 — O cálculo e a fixação das tarifas e preços regulados
cionatório previsto no artigo 70.º; são da competência da ERSE, entrando em vigor após a sua
n) Conduzir inquéritos, realizar auditorias, efectuar ins- publicação nos termos previstos no Regulamento Tarifário.
pecções nas instalações das empresas e exigir-lhes toda a 3 — A fixação das tarifas e preços no âmbito do acesso
documentação de que necessite para o cumprimento da negociado de terceiros ao armazenamento subterrâneo e
sua actividade; serviços auxiliares e da comercialização de gás natural em
o) Actuar como autoridade para o tratamento das re- regime de mercado a clientes finais são da responsabilidade
clamações no âmbito do incumprimento dos seus regu- dos operadores de armazenamento e dos comercializadores
lamentos. de mercado.
Artigo 53.º 4 — Na fixação referida no número anterior devem ter-
Direito de acesso à informação
-se em conta os princípios estabelecidos no n.º 1 naquilo
que não for incompatível com o regime de acesso nego-
1 — As entidades referidas no artigo 51.º têm o direito ciado ou da comercialização de mercado, conforme o caso.
de obter dos intervenientes no SNGN a informação neces-
sária ao exercício das suas competências específicas e ao Artigo 56.º
conhecimento do mercado.
Regulamento Tarifário
2 — As entidades referidas no artigo 51.º preservam a
confidencialidade das informações comercialmente sen- 1 — As regras e as metodologias para o cálculo e fi-
síveis, podendo, no entanto, trocar entre si ou divulgar as xação das tarifas reguladas previstas no n.º 1 do artigo
informações que sejam necessárias ao exercício das suas anterior, bem como a estrutura tarifária, são estabelecidas
funções. no Regulamento Tarifário.
Artigo 54.º 2 — As disposições do Regulamento Tarifário devem
Dever de informação adequar-se à organização e ao funcionamento do mercado
interno de gás natural.
1 — A ERSE apresenta ao Ministro de Economia e da
Inovação, em data estabelecida em legislação complemen-
tar, um relatório sobre o funcionamento do mercado de gás CAPÍTULO V
natural e sobre o grau de concorrência efectiva, indicando
também as medidas adoptadas e a adoptar, tendo em vista Segurança do abastecimento
reforçar a eficácia e eficiência do mercado.
2 — A ERSE faz publicar o relatório referido no número Artigo 57.º
anterior e dele dá conhecimento à Assembleia da República Monitorização da segurança do abastecimento
e à Comissão Europeia.
1 — Compete ao Governo, através da DGEG, com a
colaboração da entidade concessionária da RNTGN, a mo-
SECÇÃO II nitorização da segurança do abastecimento do SNGN, nos
Sistema tarifário termos do número seguinte e da legislação complementar.
2 — A monitorização deve abranger, nomeadamente, o
Artigo 55.º equilíbrio entre a oferta e a procura no mercado nacional,
o nível de procura prevista e dos fornecimentos e das
Princípios aplicáveis ao cálculo e à fixação das tarifas
reservas disponíveis e a capacidade suplementar prevista
1 — O cálculo e a fixação das tarifas reguladas apli- ou em construção, bem como a qualidade e o nível de
cáveis às diversas actividades, considerando como tal as manutenção das infra-estruturas e as medidas destinadas a
3350 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

fazer face aos picos de procura e às falhas de um ou mais poderem ser facultados ou ser facilitado o acesso directo,
comercializadores. para consulta ou auditoria.
3 — A DGEG apresenta ao membro do Governo res- 3 — A informação referida no n.º 1 deve especificar
ponsável pela área da energia, em data estabelecida em as características das transacções relevantes, tais como as
legislação complementar, uma proposta de relatório de relativas à duração, à entrega e à regularização, à quan-
monitorização, indicando, também, as medidas adoptadas tidade e hora de execução, os preços de transacção e os
e a adoptar tendo em vista reforçar a segurança de abas- meios para identificar o cliente grossista em causa, assim
tecimento do SNGN. como elementos específicos de todos os contratos abertos
4 — O Governo publica o relatório sobre a monitori- de comercialização de gás natural.
zação da segurança de abastecimento previsto no número 4 — A ERSE aprova regulamentos para definir os méto-
anterior, dando conhecimento do mesmo à Comissão Eu- dos e as disposições para a manutenção dos registos, assim
ropeia e à ERSE. como o formato e teor dos dados a manter, de acordo com
Artigo 58.º as orientações adoptadas pela Comissão Europeia ao abrigo
da Directiva n.º 2009/73/CE, do Parlamento Europeu e do
Reservas de segurança de gás natural
Conselho, de 13 de Julho.
1 — Os operadores que introduzam gás natural no mer- 5 — O disposto nos números anteriores é aplicável aos
cado interno nacional estão sujeitos à obrigação de consti- elementos específicos de todos os contratos de derivados de
tuição e de manutenção de reservas de segurança. gás natural celebrados por comercializadores com clientes
2 — O regime da constituição de reservas de segurança grossistas e com o operador da RNTGN, após aprovação
e das condições da sua utilização é objecto de legislação pela Comissão Europeia das orientações referidas no nú-
complementar. mero anterior.
3 — A utilização das reservas de segurança deve ter em 6 — A ERSE pode tornar pública a informação prevista
consideração a legislação aplicável às crises energéticas. no presente artigo, salvaguardando a informação consi-
derada comercialmente sensível sobre intervenientes ou
transacções em concreto, nos termos do Regulamento de
CAPÍTULO VI Relações Comerciais.
Prestação de informação
CAPÍTULO VII
Artigo 59.º
Regiões Autónomas
Deveres
1 — Os intervenientes no SNGN devem prestar às en- Artigo 60.º
tidades administrativas competentes e aos consumidores a
Âmbito de aplicação do decreto-lei às Regiões Autónomas
informação prevista nos termos da regulamentação aplicá-
vel, designadamente no Regulamento do Acesso às Redes, 1 — O presente decreto-lei aplica-se às Regiões Au-
às Infra-Estruturas e às Interligações, no Regulamento de tónomas dos Açores e da Madeira, sem prejuízo das suas
Operação das Infra-Estruturas, no Regulamento da Quali- competências estatutárias em matéria de funcionamento,
dade de Serviço, no Regulamento da Rede de Transporte, no organização e regime das actividades nele previstas e de mo-
Regulamento da Rede de Distribuição, no Regulamento de nitorização da segurança do abastecimento de gás natural.
Relações Comerciais e no Regulamento Tarifário, bem como 2 — Exceptuam-se do âmbito de aplicação estabelecido
nos respectivos contratos de concessão e títulos de licença. no número anterior as disposições relativas ao mercado
2 — Sem prejuízo do estabelecido no número anterior, organizado, bem como as disposições relativas à separa-
a DGEG e a ERSE, no âmbito das suas atribuições, em ção jurídica das actividades de transporte, distribuição e
articulação com o Instituto Nacional de Estatística e nos comercialização de gás natural, nos termos do capítulo VII
termos previstos na Lei n.º 6/89, de 15 de Abril, podem da Directiva n.º 2003/55/CE, do Parlamento Europeu e do
solicitar aos intervenientes do SNGN as informações ne- Conselho, de 26 de Junho.
cessárias ao exacto conhecimento do mercado. 3 — Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira,
3 — Os operadores e os comercializadores do SNGN as competências cometidas ao Governo da República, à
devem comunicar às entidades administrativas competen- DGGE e a outros organismos da administração central são
tes o início, a alteração ou a cessação da sua actividade, no exercidas pelos correspondentes membros do Governo
prazo e nos termos dos respectivos contratos de concessão Regional e pelos serviços e organismos das administra-
ou licenças. ções regionais com idênticas atribuições e competências,
Artigo 59.º-A sem prejuízo das competências da ERSE, da Autoridade
da Concorrência e de outras entidades de actuação com
Manutenção de dados e informações relevantes
âmbito nacional.
1 — As empresas de gás natural estão obrigadas a man- Artigo 61.º
ter à disposição da DGEG, da ERSE, da Autoridade da Extensão da regulação às Regiões Autónomas
Concorrência e da Comissão Europeia, para cumprimento
das respectivas obrigações e competências, todos os supor- 1 — A regulação da ERSE exercida no âmbito do SNGN
tes contratuais e dados e informações relativos a todas as é extensiva às Regiões Autónomas.
transacções relevantes de gás natural, nos termos estabe- 2 — A extensão das competências de regulação da ERSE
lecidos no Regulamento de Relações Comerciais. às Regiões Autónomas assenta no princípio da partilha dos
2 — Para efeitos do número anterior, as empresas de gás benefícios decorrentes da convergência do funcionamento
natural estão obrigadas a manter os elementos aí previstos do SNGN, nomeadamente em matéria de convergência
durante um período de, pelo menos, cinco anos, a fim de tarifária e de relacionamento comercial.
Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011 3351

3 — A convergência do funcionamento do SNGN por Artigo 67.º


via da regulação tem por finalidade, ao abrigo dos prin-
Atribuição transitória da qualidade de comercializador
cípios da cooperação e da solidariedade do Estado, con- de último recurso
tribuir para a correcção das desigualdades das Regiões
Autónomas resultantes da insularidade e do seu carácter Sem prejuízo do disposto no artigo 41.º, é atribuída às
ultraperiférico. entidades concessionárias ou detentoras de licenças de dis-
tribuição a qualidade de comercializador de último recurso
Artigo 62.º dentro das respectivas áreas de concessão ou licença, nos
termos da legislação complementar.
Aplicação da regulamentação
O Regulamento Tarifário, o Regulamento de Relações
Comerciais, o Regulamento do Acesso às Redes, às Infra- CAPÍTULO IX
-Estruturas e às Interligações e o Regulamento da Quali- Disposições finais
dade de Serviço são aplicáveis às Regiões Autónomas dos
Açores e da Madeira. Artigo 68.º
Artigo 63.º Arbitragem

Adaptação específica às Regiões Autónomas 1 — Os conflitos entre o Estado e as respectivas entida-


des concessionárias emergentes dos respectivos contratos
Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, as
podem ser resolvidos por recurso a arbitragem.
bases das concessões e as condições de atribuição das
2 — Os conflitos entre as entidades concessionárias e os
licenças são aprovadas mediante acto legislativo regional
dos seus órgãos competentes, tendo em conta os princípios demais intervenientes no SNGN, no âmbito das respectivas
estabelecidos no presente decreto-lei e legislação comple- actividades, podem ser igualmente resolvidos por recurso
mentar sobre concessões e licenças. a arbitragem.
3 — Das decisões dos tribunais arbitrais cabe recurso
para os tribunais judiciais, nos termos da lei geral.
CAPÍTULO VIII 4 — Compete ao Estado, através da ERSE, promover a
arbitragem, tendo em vista a resolução de conflitos entre
Regime transitório os agentes e os clientes.
Artigo 64.º
Artigo 69.º
Abertura do mercado
Garantias
A liberdade de escolha do comercializador de gás natural
por parte dos clientes, referida na alínea g) do artigo 4.º Para garantir o cumprimento das suas obrigações os ope-
do presente decreto-lei, é introduzida gradualmente, nos radores e os comercializadores devem constituir e manter
termos estabelecidos em legislação complementar e consi- em vigor um seguro de responsabilidade civil, proporcional
derando a derrogação de que beneficia o mercado nacional ao potencial risco inerente às actividades, de montante a
de gás natural. definir nos termos da legislação complementar.

Artigo 65.º Artigo 70.º


Modificação do actual contrato de concessão Regime sancionatório
da rede de alta pressão
O regime sancionatório aplicável às disposições do
O actual contrato do serviço público de importação presente decreto-lei e da legislação complementar é esta-
de gás natural e do seu transporte e fornecimento atra- belecido em decreto-lei específico.
vés da rede de alta pressão, celebrado entre o Estado e a
TRANSGÁS, S. A., deve ser modificado por força das Artigo 71.º
alterações decorrentes do presente decreto-lei e da legis-
Regulamentação
lação complementar, salvaguardando-se o princípio do
equilíbrio contratual nos termos nele previstos. 1 — Os regimes jurídicos das actividades previstas no
presente decreto-lei, incluindo as respectivas bases de
Artigo 66.º concessão e procedimentos para atribuição das concessões
Concessões e licenças de distribuição de gás natural e licenças, são estabelecidos por decreto-lei.
2 — Para efeitos da aplicação do presente decreto-lei,
1 — As actuais concessões e licenças de distribuição são previstos os seguintes Regulamentos:
de gás natural mantêm-se na titularidade das respectivas
concessionárias e licenciadas, sem prejuízo do estabelecido a) O Regulamento do Acesso às Redes, às Infra-Estru-
nos números seguintes. turas e às Interligações;
2 — A exploração das concessões e das licenças de b) O Regulamento Tarifário;
gás natural passa a processar-se nos termos do presente c) O Regulamento de Relações Comerciais;
decreto-lei e da legislação complementar. d) O Regulamento da Qualidade de Serviço;
3 — A modificação dos contratos decorrentes do pre- e) O Regulamento da Rede de Transporte;
sente decreto-lei deve ocorrer em prazo a definir em le- f) O Regulamento da Rede de Distribuição;
gislação complementar. g) O Regulamento de Operação das Infra-Estruturas.
3352 Diário da República, 1.ª série — N.º 117 — 20 de Junho de 2011

Artigo 72.º Decreto-Lei n.º 78/2011


Operação logística de mudança de comercializador de 20 de Junho
de gás natural
O presente decreto-lei introduz novas regras no quadro
O regime de exercício da actividade de operação lo- organizativo do sistema eléctrico nacional, transpondo a
gística de mudança de comercializador de gás natural é Directiva n.º 2009/72/CE, do Parlamento Europeu e do
estabelecido em legislação complementar. Conselho, de 13 de Julho, e procedendo à segunda alteração
ao Decreto-Lei n.º 29/2006, de 15 de Fevereiro, alterado
Artigo 72.º-A pelo Decreto-Lei n.º 104/2010, de 29 de Setembro, de
Biogás e outros tipos de gás acordo com o Programa do XVIII Governo Constitucional
e em articulação com os principais objectivos estratégi-
1 — As disposições do presente decreto-lei relativas ao cos aprovados na Resolução do Conselho de Ministros
acesso às redes de transporte e distribuição e demais infra- n.º 29/2010, de 15 de Abril (ENE 2020).
-estruturas do SNGN, assim como à comercialização, são A Directiva n.º 2009/72/CE, do Parlamento Europeu e
genericamente aplicáveis ao biogás e ao gás proveniente da do Conselho, de 13 de Julho, integra o designado «Terceiro
biomassa, ou outros tipos de gás, na medida em que esses Pacote Energético» da União Europeia, cujos principais ob-
gases possam ser, do ponto de vista técnico e de segurança, jectivos são o aumento da concorrência, a existência de uma
injectados nas redes de gás natural. regulamentação eficaz e o incentivo ao investimento em be-
2 — As instalações onde se processe o tratamento dos nefício dos consumidores de electricidade e de gás natural.
gases referidos no n.º 1 no estado bruto são licenciadas O Terceiro Pacote Energético estabelece medidas que
ao abrigo do Regime de Exercício da Actividade Indus- visam a consolidação de um mercado que funcione em
trial, pela direcção regional de economia territorialmente benefício de todos os consumidores, independentemente
competente, de forma a garantir que têm as características da sua dimensão, garantindo ao mesmo tempo um forne-
adequadas à sua injecção nas redes. cimento de energia mais seguro, competitivo e sustentável
na União Europeia.
Artigo 72.º-B Assim, em primeiro lugar, adoptam-se medidas no sen-
Sistemas inteligentes tido do reforço da disciplina da separação de actividades
de produção e comercialização e a operação das redes de
1 — Designam-se por sistemas inteligentes os sistemas transporte como meio para atingir o estabelecimento de um
destinados à medição e gestão da informação relativa ao mercado energético interno na União Europeia integrado
gás natural que favoreçam a participação activa do consu- que permita a implementação de uma concorrência de
midor no mercado de fornecimento de gás natural. mercado mais eficaz.
2 — A implementação de sistemas inteligentes mencio- Neste âmbito, introduz-se o procedimento de certifica-
nados no número anterior depende de: ção do operador da rede de transporte pela Entidade Re-
a) Avaliação económica de longo prazo de todos os guladora dos Serviços Energéticos (ERSE), para avaliação
custos e benefícios para o mercado, designadamente para das condições de separação das actividades.
operadores de rede, para comercializadores e para o con- Quanto à actividade de distribuição, por um lado,
sumidor individual; e fortalece-se a transparência na separação jurídica das ac-
b) Estudo que determine qual o modelo de sistema in- tividades, uma vez que o operador da rede de distribuição
teligente economicamente mais racional e o prazo para a que pertença a empresa verticalmente integrada e sirva
sua instalação. um número de clientes igual ou superior a 100 000 passa
a ter de elaborar um programa de conformidade que con-
3 — A avaliação económica e o estudo referidos no temple as medidas adoptadas para excluir comportamentos
número anterior são efectuados pela ERSE até 30 de Ju- discriminatórios. Por outro, estabelece-se o regime apli-
nho de 2012. cável às redes fechadas que contempla a possibilidade de
4 — Após a avaliação favorável prevista no número intervenção da ERSE na análise e fixação das tarifas de
anterior, o Governo aprova, por lei, um sistema inteligente, acesso em casos de manifesta falta de transparência ou
tendo em conta o cumprimento das obrigações comunitá- razoabilidade.
rias e respectivos prazos de cumprimento. Em segundo lugar, conferem-se novos poderes às en-
tidades reguladoras, reforçando a sua independência no
Artigo 73.º exercício das suas funções regulatória, de fiscalização e
de certificação de entidades. É reforçado o papel da ERSE,
Norma revogatória
nomeadamente na certificação do operador da rede de
São revogados os Decretos-Leis n.os 14/2001, de 27 de transporte, bem como na promoção dos mercados regio-
Janeiro, e 374/89, na redacção que lhe foi dada pelo nais e na coordenação das redes à escala europeia, através
Decreto-Lei n.º 8/2000, de 8 de Fevereiro, que manterão da cooperação com as demais entidades reguladoras, em
a sua vigência nas matérias que não forem incompatíveis conformidade com as exigências da directiva e dos regu-
com o presente decreto-lei até à entrada em vigor da le- lamentos comunitários.
gislação complementar. Em terceiro lugar, aprofundam-se as regras para garantir
a protecção dos consumidores.
Artigo 74.º Os direitos do consumidor são reforçados através da
introdução de mecanismos que asseguram a mudança de
Entrada em vigor
comercializador num período não superior a três semanas
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte e sem custos devidos pelo acto de mudança para o consu-
ao da sua publicação. midor, bem como o tratamento das reclamações dos consu-

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