Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
relações de trabalho entre empregadores e trabalhadores e a FEPCES — Federação Portuguesa dos Sindicatos do
representados pelas associações que as outorgaram que se Comércio, Escritórios e Serviços e outros, publicado no
dediquem ao comércio por grosso e ou à importação de Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 37, de 8 de Outubro
material eléctrico, electrónico, informático, electrodomés- de 2008, são estendidas no território do continente:
tico, fotográfico ou de relojoaria e actividades conexas,
a) Às relações de trabalho entre empregadores não fi-
incluindo serviços.
liados na associação de empregadores outorgante que se
As associações subscritoras requereram a extensão do
dediquem ao comércio por grosso e ou à importação de
contrato colectivo de trabalho referido aos empregadores
material eléctrico, electrónico, informático, electrodomés-
não filiados na associação outorgante e que no território tico, fotográfico ou de relojoaria e actividades conexas,
nacional exerçam a mesma actividade e aos trabalhadores incluindo serviços, e trabalhadores ao seu serviço das pro-
ao seu serviço representados pelas associações sindicais fissões e categorias profissionais nele previstas;
outorgantes. b) Às relações de trabalho entre empregadores filiados
Não foi possível proceder ao estudo de avaliação de na associação de empregadores outorgante que prossigam
impacte da extensão da tabela salarial por a convenção a actividade económica referida na alínea anterior e traba-
reduzir o número de níveis salariais. Contudo, com base lhadores ao seu serviço das mesmas profissões e categorias
no apuramento dos quadros de pessoal de 2005, verificou- profissionais não representados pelas associações sindicais
-se que no sector abrangido pela convenção existem outorgantes.
11 043 trabalhadores, sendo 9200 a tempo completo, com
exclusão de aprendizes e praticantes. 2 — Não são objecto de extensão as cláusulas contrárias
A convenção actualiza, ainda, outras prestações de con- a normas legais imperativas.
teúdo pecuniário como o subsídio de refeição (25 %), o 3 — O disposto no n.º 1 não é aplicável às empresas
abono para falhas (12,9 %), o subsídio de turno (13,3 %) filiadas na Associação Portuguesa das Empresas do Sector
e outras ajudas de custo (14,5 %). Não se dispõe de dados Eléctrico e Electrónico.
estatísticos que permitam avaliar o impacte destas pres-
tações. Considerando a finalidade da extensão e que as Artigo 2.º
mesmas prestações foram objecto de extensões anteriores,
justifica-se incluí-las na extensão. 1 — A presente portaria entra em vigor no 5.º dia após
Atendendo a que a convenção regula diversas condições a sua publicação no Diário da República.
de trabalho, procede-se à ressalva genérica de cláusulas 2 — A tabela salarial e as cláusulas de conteúdo pecuniá-
contrárias a normas legais imperativas. rio, com excepção das prestações previstas no n.º 3 da cláu-
Com vista a aproximar os estatutos laborais dos traba- sula 28.ª, produzem efeitos a partir de 1 de Julho de 2008.
lhadores e as condições de concorrência entre as empresas 3 — Os encargos resultantes da retroactividade poderão
do sector de actividade abrangido pela convenção, a ex- ser satisfeitos em prestações mensais de igual valor, com
tensão assegura para a tabela salarial e para as cláusulas início no mês seguinte ao da entrada em vigor da presente
de conteúdo pecuniário retroactividade idêntica à da con- portaria, correspondendo cada prestação a dois meses de
venção. No entanto as despesas de deslocação previstas retroactividade ou fracção e até ao limite de cinco.
no n.º 3 da cláusula 28.ª são excluídas da retroactividade O Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José
por respeitarem a despesas já efectuadas. António Fonseca Vieira da Silva, em 4 de Junho de 2009.
Tendo em consideração a existência no sector de acti-
vidade da presente convenção de outras convenções co-
lectivas de trabalho outorgadas por diferente associação
de empregadores, com âmbito parcialmente coincidente, MINISTÉRIO DA SAÚDE
assegura-se, na medida do possível, a uniformização do
estatuto laboral em cada empresa. Decreto-Lei n.º 145/2009
Embora a convenção tenha área nacional, a extensão de
convenções colectivas nas Regiões Autónomas compete de 17 de Junho
aos respectivos Governos Regionais, pelo que a extensão
A disciplina jurídica dos dispositivos médicos é re-
apenas é aplicável no território do continente.
gida por um conjunto disperso de normas decorrentes do
A extensão da convenção tem, no plano social, o efeito
contínuo progresso técnico e científico e da necessidade
de uniformizar as condições mínimas de trabalho dos tra-
de adaptar a legislação nacional às normas da União Eu-
balhadores e, no plano económico, o de aproximar as con-
ropeia.
dições de concorrência entre empresas do mesmo sector.
A obrigação de proceder à transposição, para a ordem
Foi publicado o aviso relativo à presente extensão no
jurídica interna, da Directiva n.º 2007/47/CE, do Parla-
Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 8, de 28 de Fevereiro
mento Europeu e do Conselho, de 5 de Setembro, que
de 2009, à qual não foi deduzida oposição por parte dos
altera a Directiva n.º 90/385/CEE, do Conselho, de 20 de
interessados.
Assim: Junho, relativa à aproximação das legislações dos Estados
Manda o Governo, pelo Ministro do Trabalho e da So- membros respeitantes aos dispositivos médicos implan-
lidariedade Social, ao abrigo do artigo 514.º e do n.º 1 do táveis activos, a Directiva n.º 93/42/CEE, do Conselho,
artigo 516.º do Código do Trabalho, o seguinte: de 14 de Junho, relativa aos dispositivos médicos, e a
Directiva n.º 98/8/CE, do Parlamento Europeu e do Con-
selho, de 16 de Fevereiro, relativa à colocação de produtos
Artigo 1.º
biocidas no mercado, constitui a oportunidade de incluir
1 — As condições de trabalho constantes do CCT en- no mesmo diploma o regime jurídico aplicável a todos os
tre a AGEFE — Associação Empresarial dos Sectores dispositivos médicos, incluindo os dispositivos médicos
Eléctrico, Electrodoméstico, Fotográfico e Electrónico implantáveis activos.
3708 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
9 — O disposto no número anterior não se aplica às daquela capacidade, pelo seu representante legal, após ter
entidades que, não sendo fabricantes, montem ou adaptem a sido devidamente informada sobre a natureza, o alcance,
um doente específico dispositivos já colocados no mercado, as consequências e os riscos do ensaio e ter recebido do-
em conformidade com a respectiva finalidade. cumentação adequada; e que inclui o consentimento dado
oralmente, excepcionalmente, na presença de duas teste-
Artigo 3.º munhas, se o declarante não estiver em condições de dar
Definições
o seu consentimento por escrito;
n) «Dados clínicos» a informação relativa à segurança
Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se por: ou ao desempenho, obtida a partir da utilização de um
a) «Acção correctiva de segurança» a acção desenvol- dispositivo, proveniente de:
vida pelo fabricante, para reduzir o risco de morte ou dete- i) Investigação clínica do dispositivo em questão; ou
rioração grave do estado de saúde, decorrente da utilização ii) Investigação clínica, ou outros estudos constantes
de um dispositivo médico, que se encontra colocado no da literatura científica, de um dispositivo similar cuja
mercado, a qual pode consistir na devolução, modificação, equivalência com o dispositivo em questão possa ser de-
troca ou destruição de dispositivos médicos ou em infor- monstrada; ou
mação sobre a utilização de dispositivos médicos e deve iii) Relatórios, publicados ou não, sobre outras experiên-
ser comunicada através de um aviso de segurança; cias clínicas, quer com o dispositivo em questão quer com
b) «Acessório» o artigo que, embora não sendo um um dispositivo similar cuja equivalência com o dispositivo
dispositivo, seja especificamente destinado pelo respectivo em questão possa ser demonstrada;
fabricante a ser utilizado em conjunto com um dispositivo,
de forma a permitir a sua utilização de acordo com a utili- o) «Dano indirecto» o dano que pode ocorrer como
zação do dispositivo prevista pelo fabricante; consequência de uma decisão médica, com base na in-
c) «Acontecimento adverso» qualquer manifestação formação ou resultados obtidos através da utilização de
clínica desfavorável, independentemente da existência de um dispositivo médico, de acordo com as instruções do
relação causal com o dispositivo; fabricante;
d) «Acontecimento adverso grave» o acontecimento p) «Desempenho» o comportamento que o dispositivo
adverso que conduz à morte ou conduza a uma deterioração demonstra durante a sua utilização de acordo com as ins-
grave do estado da saúde; truções de utilização fornecidas pelo fabricante;
e) «Ameaça grave para a saúde pública» qualquer ocor- q) «Deterioração grave do estado de saúde» a situação
rência que resulte num risco iminente de mortes múlti- clínica em que existe:
plas num curto intervalo de tempo, deterioração grave do
estado de saúde ou doença grave, que requer uma acção i) Doença ou lesão que ameace a vida;
imediata, uma vez que existe um potencial risco para a ii) Incapacidade permanente de uma estrutura ou função
saúde pública; corporal;
f) «Autoridade competente» o INFARMED — Autori- iii) Necessidade de hospitalização, ou prolongamento
dade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P., de hospitalização, ou intervenção médica ou cirúrgica
adiante designado por INFARMED, I. P.; para prevenir doença ou lesão que ameace a vida ou para
g) «Aviso de segurança» o documento redigido em lín- prevenir a incapacidade permanente nas funções ou es-
gua portuguesa elaborado pelo fabricante, ou por um seu truturas do corpo;
representante, para fornecer informação aos utilizadores do iv) Sofrimento ou morte fetal, anomalia congénita ou
dispositivo médico, relativamente a uma acção correctiva má-formação à nascença;
de segurança;
h) «Boas práticas para investigação clínica» o conjunto r) «Dispositivo de uso único», o dispositivo destinado
de requisitos normativos reconhecidos a nível internacional a ser utilizado uma única vez num único doente;
que devem ser respeitados na concepção e na realiza- s) «Dispositivo feito por medida» qualquer dispositivo
ção das investigações clínicas, nomeadamente a norma médico fabricado especificamente de acordo com a pres-
EN ISO 14155, e subsequentes revisões; crição médica, sob a responsabilidade do prescritor, com
i) «Brochura do investigador» a compilação da informa- indicação de características de concepção específicas e que
ção clínica e não clínica relativa ao dispositivo sob inves- se destine a ser como tal exclusivamente utilizado num
tigação relevante para a investigação em seres humanos; doente determinado, não sendo considerados os dispositi-
j) «Centro de investigação, local da investigação» a vos fabricados de acordo com métodos de fabrico contínuo
instituição ou local de realização da investigação clínica; ou em série, que careçam de adaptação para satisfazerem
k) «Colocação no mercado» a primeira colocação à dis- os requisitos específicas do médico ou de qualquer outro
posição, gratuita ou não, de um dispositivo não destinado utilizador profissional;
a investigações clínicas com vista à sua distribuição e, ou, t) «Dispositivo médico» qualquer instrumento, apare-
utilização no mercado comunitário, independentemente de lho, equipamento, software, material ou artigo utilizado
se tratar de um dispositivo novo ou renovado; isoladamente ou em combinação, incluindo o software
l) «Comissões de ética para a saúde» as entidades cria- destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especifica-
das pelo Decreto-Lei n.º 97/95, de 10 de Maio, às quais mente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja
compete emitir o parecer previsto na presente lei; necessário para o bom funcionamento do dispositivo mé-
m) «Consentimento livre e esclarecido» a decisão, ex- dico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não
pressa mediante declaração obrigatoriamente reduzida a seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos
escrito, datada e assinada, de participar numa investiga- ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada
ção clínica, tomada livremente por uma pessoa dotada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado
de capacidade para dar o seu consentimento ou, na falta em seres humanos para fins de:
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3711
i) Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou ate- cc) «Fabricante» a pessoa singular ou colectiva respon-
nuação de uma doença; sável pela concepção, fabrico, acondicionamento e rotula-
ii) Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou com- gem de um dispositivo médico, com vista à sua colocação
pensação de uma lesão ou de uma deficiência; no mercado sob o seu próprio nome, independentemente de
iii) Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de as referidas operações serem efectuadas por essa pessoa,
um processo fisiológico; ou por terceiros por sua conta;
iv) Controlo da concepção; dd) «Finalidade» a utilização a que o dispositivo se
destina, de acordo com as indicações fornecidas pelo fa-
u) «Dispositivo médico activo» qualquer dispositivo bricante no rótulo, instruções e, ou, material promocional;
médico cujo funcionamento depende de uma fonte de ee) «Grupo genérico de dispositivos» o conjunto de
energia eléctrica, ou outra não gerada directamente pelo dispositivos apresentando finalidades de utilização iguais
corpo humano ou pela gravidade, e que actua por conver- ou semelhantes, ou com tecnologia comum, que permitam
são dessa energia, não sendo considerados como tal os classificá-los de uma forma genérica, não reflectindo ca-
dispositivos destinados a transmitir energia, substâncias racterísticas específicas;
ou outros elementos entre um dispositivo médico activo e ff) «Incidente» qualquer ocorrência adversa ou indese-
o doente, sem qualquer modificação significativa e sendo jável que seja susceptível de causar a morte, a deterioração
que o software, por si só, é considerado um dispositivo do estado de saúde, ou ainda risco para a saúde do doente,
médico activo; do utilizador ou para a saúde pública, ou ainda outra que a
v) «Dispositivo médico implantável activo» qualquer experiência demonstre dever ser notificada e em que exista
dispositivo médico activo que seja concebido para ser total uma suspeita de nexo de causalidade entre a ocorrência e
ou parcialmente introduzido através de uma intervenção a utilização do dispositivo médico;
cirúrgica ou médica no corpo humano ou por intervenção gg) «Investigação clínica» qualquer estudo sistemático
médica num orifício natural, e destinado a ficar implantado; em seres humanos planeado e concebido com o objectivo
x) «Dispositivo para diagnóstico in vitro»: de verificar a segurança e, ou, o desempenho de um dis-
i) Qualquer dispositivo médico que consista num rea- positivo especifico;
gente, produto reagente, calibrador, material de controlo, hh) «Investigador» um médico ou outra pessoa que
conjunto, instrumento, aparelho, equipamento ou sistema exerça profissão reconhecida em Portugal para o exercício
utilizado isolada ou conjuntamente destinado pelo fabri- da actividade da investigação devido às habilitações cien-
cante a ser utilizado in vitro para a análise de amostras tíficas e à experiência na prestação de cuidados a doentes
provenientes do corpo humano, incluindo sangue e tecidos que a mesma exija, que se responsabiliza pela realização
doados, exclusiva ou principalmente com o objectivo de da investigação clínica no centro de investigação;
obter dados relativos ao estado fisiológico ou patológico, ii) «Mandatário» a pessoa singular ou colectiva, estabe-
a anomalias congénitas, à determinação da segurança e lecida na União Europeia, que, tendo sido expressamente
compatibilidade com potenciais receptores, ou ao controlo designada pelo fabricante, aja e possa ser interpelada pelas
de medidas terapêuticas; autoridades e instâncias da União Europeia em nome do
ii) Os recipientes para amostras, entendendo-se como fabricante no que respeita às obrigações deste, nos termos
tal os dispositivos, em vácuo ou não, especialmente desti- do presente decreto-lei;
nados pelo fabricante a conter e a preservar directamente jj) «Organismo notificado» o organismo designado para
amostras provenientes do corpo humano para efeitos de avaliar e verificar a conformidade dos dispositivos com
realização de um estudo de diagnóstico in vitro; os requisitos exigidos no presente decreto-lei, bem como
iii) Os produtos destinados a utilizações genéricas em aprovar, emitir e manter os certificados de conformidade;
laboratório, desde que, pelas suas características, sejam ll) «Participante» a pessoa que participa numa inves-
especificamente destinados pelo fabricante a exames de tigação clínica, quer como receptor do dispositivo sob
diagnóstico in vitro; investigação, quer para efeitos de controlo;
mm) «Plano de investigação clínica» o documento
z) «Dispositivo para investigações clínicas» qualquer que descreve a justificação, os objectivos, a concepção,
dispositivo destinado a ser utilizado por um investigador, a metodologia, a monitorização, os aspectos estatísticos,
num centro de investigação, com vista a ser submetido às a organização e a condução de uma investigação, assim
investigações referidas no n.º 13 do anexo XVI do presente como o arquivo dos respectivos registos;
decreto-lei, do qual faz parte integrante, num ambiente clínico nn) «Relatório de tendência» o tipo de relatório a usar
e humano adequado, sendo equiparado a médico da especia- pelo fabricante, quando existe um aumento significativo
lidade, para efeito da realização das investigações clínicas, nos acontecimentos adversos, que não são considerados
qualquer pessoa que, dadas as suas qualificações profissio- normalmente incidentes, e para os quais foram predefi-
nais, esteja autorizada a efectuar as referidas investigações; nidos níveis de acção que determinam a necessidade de
aa) «Distribuição por grosso» a actividade de abasteci- notificação;
mento, posse, armazenagem ou fornecimento de dispositi- oo) «Relatório final de investigação clínica» a descrição,
vos médicos destinados à revenda ou utilização em serviços os resultados e a avaliação da investigação clínica, após
médicos, unidades de saúde, farmácias e outros locais de a sua conclusão;
venda ao público, excluindo o fornecimento ao público; pp) «Relatório sumário periódico» o tipo de relatório,
bb) «Entrada em serviço» a fase em que um dispositivo previamente acordado entre o fabricante e a autoridade
se encontra à disposição do utilizador final ou, no caso dos competente, utilizado para notificar incidentes com o
dispositivos médicos implantáveis activos, à disposição mesmo dispositivo, de uma forma consolidada, quando
do corpo médico para implantação, como estando pronto a causa do incidente já é perfeitamente conhecida ou já
para a primeira utilização no mercado comunitário, em foi implementada a acção correctiva de segurança ade-
conformidade com a respectiva finalidade; quada;
3712 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
qq) «Subcategoria de dispositivos» o conjunto de dis- 4 — Os dispositivos feitos por medida podem ser co-
positivos que tenham áreas comuns de utilização prevista locados no mercado e entrar em serviço desde que preen-
ou tecnologia comum. cham as condições previstas no artigo 8.º em conjugação
com o anexo VIII do presente decreto-lei, do qual faz parte
Artigo 4.º integrante, ou, tratando-se de dispositivos médicos implan-
Classificação
táveis activos, em conjugação com o anexo XV do presente
decreto-lei, do qual faz parte integrante, devendo os dispo-
1 — Os dispositivos são integrados nas classes I, IIa, IIb sitivos das classes IIa, IIb e III e os dispositivos médicos im-
e III, tendo em conta a vulnerabilidade do corpo humano e plantáveis activos ser acompanhados da declaração referida
atendendo aos potenciais riscos decorrentes da concepção nesses anexos, a qual é facultada ao doente em questão,
técnica e do fabrico, sendo a sua classificação realizada identificado por nome ou, quando manifeste vontade nesse
nos termos previstos no anexo IX do presente decreto-lei, sentido, por acrónimo ou código numérico.
do qual faz parte integrante. 5 — No âmbito de feiras industriais, exposições e outras
2 — Em caso de litígio entre um fabricante e um orga- demonstrações, é permitida a apresentação de dispositi-
nismo notificado nacional quanto à aplicação das regras vos, ainda que não obedeçam aos requisitos constantes do
de classificação, a questão é submetida à decisão da au- presente decreto-lei, desde que devidamente assinalada
toridade competente. a sua não conformidade, bem como a impossibilidade
3 — As regras de classificação constantes do anexo IX da sua colocação no mercado e em serviço, antes de se
do presente decreto-lei, que dele faz parte integrante, de- encontrarem em conformidade.
vem ser adaptadas em função do progresso técnico ou das 6 — A rotulagem e as instruções de utilização de quais-
informações entretanto disponíveis, por intermédio do quer dispositivos devem apresentar-se redigidas na língua
sistema de vigilância dos dispositivos médicos previsto portuguesa e respeitar o disposto no n.º 13 do anexo I do
nos artigos 27.º e 28.º presente decreto-lei, do qual faz parte integrante, ou, no
4 — O presente artigo não se aplica aos dispositivos caso dos dispositivos médicos implantáveis activos, nos
médicos implantáveis activos. n.os 17, 18 e 19 do anexo X do presente decreto-lei, do qual
faz parte integrante, independentemente de se destinarem
CAPÍTULO II ou não a uma utilização profissional.
7 — Sem prejuízo do disposto no n.º 6, a rotulagem e
Requisitos para a colocação no mercado e presunção instruções de utilização podem igualmente ser redigidas
da conformidade noutras línguas.
2 — A marcação CE deve ser aposta pelo fabricante i) Procedimento relativo à declaração CE de conformi-
de modo visível, legível e indelével no dispositivo ou dade referido no anexo II do presente decreto-lei, do qual
embalagem que assegura a esterilização, se praticável e faz parte integrante;
adequado, bem como nas instruções de utilização e na ii) Procedimento relativo ao exame CE de tipo refe-
embalagem comercial. rido no anexo III do presente decreto-lei, do qual faz parte
3 — Tratando-se de dispositivos médicos implantáveis integrante, em conjunto com o procedimento de verifica-
activos, a marcação CE deve ser aposta pelo fabricante ção CE previsto no anexo IV do presente decreto-lei, do
de modo visível, legível e indelével na embalagem que qual faz parte integrante, ou em conjunto com o procedi-
assegura a esterilização e, se praticável e adequado, na mento de garantia de qualidade da produção previsto no
embalagem comercial, caso esta exista, bem como nas anexo V do presente decreto-lei, do qual faz parte integrante;
instruções de utilização.
4 — A marcação CE deve ser acompanhada do número b) No que respeita aos dispositivos de classe IIb, optar
de identificação atribuído ao organismo notificado respon- por um dos seguintes procedimentos:
sável pela realização dos procedimentos de avaliação da
i) Procedimento relativo à declaração CE de conformi-
conformidade.
dade previsto no anexo II do presente decreto-lei, do qual
5 — Sempre que os dispositivos sejam objecto de outras
faz parte integrante, com excepção do seu n.º 5;
regulamentações relativas a outros aspectos que também
ii) Procedimento relativo ao exame CE do tipo referido
prevejam a aposição da marcação CE, esta indica que
no anexo III do presente decreto-lei, em conjunto com o
os dispositivos correspondem igualmente às disposições
procedimento previsto no anexo IV do presente decreto-lei,
dessas outras regulamentações.
do qual faz parte integrante, em conjunto com o proce-
6 — Se uma ou mais das regulamentações previstas no
dimento previsto no anexo V do presente decreto-lei, do
número anterior permitir que o fabricante, durante um pe-
qual faz parte integrante, ou em conjunto com o procedi-
ríodo transitório, escolha as medidas que tenciona aplicar,
mento de garantia da qualidade dos produtos previsto no
a marcação CE deve indicar que os dispositivos corres- anexo VI do presente decreto-lei, do qual faz parte integrante;
pondem unicamente às disposições das regulamentações
aplicadas pelo fabricante, caso em que as referências das
c) Quanto aos dispositivos da classe IIa:
regulamentações aplicadas, tal como publicadas no Jor-
nal Oficial da União Europeia, devem ser indicadas nos i) Procedimento relativo à declaração CE de confor-
documentos, manuais ou instruções exigidos pelas regu- midade referido no anexo VII do presente decreto-lei, do
lamentações que acompanham esses dispositivos. qual faz parte integrante, em conjunto com o procedimento
7 — Os manuais ou instruções referidos nos n.os 2 e 3 previsto no anexo IV do presente decreto-lei, do qual faz
devem estar acessíveis sem que seja necessário violar a parte integrante, em conjunto com o procedimento pre-
embalagem que assegura a esterilidade do dispositivo. visto no anexo V do presente decreto-lei, do qual faz parte
8 — É proibida a aposição de marcas ou inscrições sus- integrante, ou em conjunto com o procedimento previsto
ceptíveis de confusão com a marcação CE, sem prejuízo de no anexo VI do presente decreto-lei, do qual faz parte in-
poder ser aposta qualquer outra marca no dispositivo, na tegrante; ou
embalagem ou no folheto de instruções que acompanha o ii) Procedimento relativo à declaração CE de conformi-
dispositivo, desde que essa aposição não tenha por efeito dade previsto no anexo II do presente decreto-lei, do qual
reduzir a visibilidade ou a legibilidade da marcação CE. faz parte integrante, com excepção do seu n.º 5;
9 — Sem prejuízo do disposto no artigo 29.º, quando se
verificar que, em violação do presente decreto-lei, a mar- d) No caso dos dispositivos da classe I, o fabricante deve
cação CE foi indevidamente aposta ou não existe, o fabri- adoptar o procedimento referido no anexo VII do presente
cante, ou o seu mandatário, deve fazer cessar de imediato a decreto-lei, do qual faz parte integrante, e elaborar, antes da
infracção nas condições fixadas pela autoridade competente. respectiva colocação no mercado, a necessária declaração
10 — Se a não conformidade persistir, a autoridade CE de conformidade.
competente toma as medidas adequadas para restringir
ou proibir a colocação do dispositivo no mercado ou as- 2 — Salvo nos casos previstos nos n.os 3 e 4 do artigo 5.º,
segurar a sua retirada do mercado, em termos idênticos o fabricante de dispositivos médicos implantáveis activos
aos previstos no artigo 29.º deve, tendo em vista a marcação CE, optar por um dos
11 — A autoridade competente notifica o fabricante ou seguintes procedimentos:
o seu representante legal das irregularidades detectadas.
12 — O disposto nos n.os 9 e 10 aplica-se igualmente a) Procedimento relativo à declaração CE de conformi-
nos casos em que a aposição da marcação CE tiver sido dade referido no anexo XI do presente decreto-lei, do qual
efectuada indevidamente, embora de acordo com os pro- faz parte integrante;
b) Procedimento relativo ao exame CE de tipo referido
cedimentos estabelecidos no presente decreto-lei, mas em
no anexo XII do presente decreto-lei, do qual faz parte in-
produtos por ele não abrangidos.
tegrante, em conjunto quer com o procedimento previsto
no anexo XIII do presente decreto-lei, do qual faz parte
Artigo 8.º integrante, quer com o procedimento previsto no anexo XIV
Procedimentos de avaliação da conformidade do presente decreto-lei, do qual faz parte integrante.
1 — Salvo nos casos previstos nos n.os 3 e 4 do artigo 5.º,
o fabricante de dispositivos deve, tendo em vista a mar- 3 — No caso de dispositivos feitos por medida, o fa-
cação CE: bricante deve aplicar o disposto no anexo VIII do presente
decreto-lei, do qual faz parte integrante, ou, tratando-se de
a) No que respeita aos dispositivos de classe III, optar dispositivos médicos implantáveis activos, no anexo XV
por um dos seguintes procedimentos: do presente decreto-lei, do qual faz parte integrante, e
3714 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
elaborar a declaração referida nesses mesmos anexos, de- tribua para a protecção da saúde, autorizar a colocação no
vendo remeter à autoridade competente a lista dos dispo- mercado e a entrada em serviço de dispositivos específicos
sitivos deste tipo que por ele foram colocados no mercado. que ainda não tenham sido objecto dos procedimentos de
4 — No procedimento de avaliação da conformidade de avaliação da conformidade legalmente exigíveis.
um dispositivo, o fabricante e, se for caso disso, o orga-
nismo notificado devem atender aos resultados das opera- Artigo 9.º
ções de avaliação e verificação que tenham sido realizadas
Procedimento para esterilização
numa fase intermédia do fabrico, em conformidade com o
disposto no presente decreto-lei. 1 — Qualquer pessoa singular ou colectiva que esteri-
5 — O fabricante pode encarregar o seu mandatário de lize, com vista à sua colocação no mercado, dispositivos
aplicar os procedimentos previstos nos anexos III, IV, VII e médicos com a marcação CE, concebidos pelo seu fabri-
VIII do presente decreto-lei, do qual fazem parte integrante, cante para serem esterilizados antes da sua utilização, deve
ou, tratando-se de dispositivos médicos implantáveis ac- optar por um dos procedimentos previstos nos anexos II ou
tivos, nos anexos XII, XIII e XV do presente decreto-lei, do V do presente decreto-lei, do qual fazem parte integrante, e
qual fazem parte integrante. elaborar declaração que afirme que a esterilização foi feita
6 — O fabricante deve conservar a declaração de con- de acordo com as instruções do fabricante.
formidade, a documentação técnica referida nos anexos II a 2 — A aplicação dos procedimentos e a intervenção
VIII, do presente decreto-lei, do qual fazem parte integrante, do organismo notificado referidos no número anterior
as decisões, os relatórios e os certificados elaborados pelo devem limitar-se às partes do processo relativas à obtenção
organismo notificado e colocá-los à disposição da auto- da esterilização e sua manutenção até que a embalagem
ridade competente para efeitos de inspecção durante um esterilizada seja aberta ou violada.
período de cinco anos após o fabrico do último produto. 3 — Os dispositivos referidos no n.º 1 não ostentam
7 — Tratando-se de dispositivos médicos implantáveis, uma marcação CE adicional, devendo ser acompanhados
o fabricante deve conservar a declaração de conformidade, da informação prevista no n.º 13 do anexo I do presente
a documentação técnica referida nos anexos II a VI, VIII e decreto-lei, do qual faz parte integrante, incluindo ainda
XI a XV do presente decreto-lei, do qual fazem parte inte- a fornecida pelo fabricante do dispositivo.
grante, as decisões, os relatórios e os certificados elabora- 4 — A declaração referida no n.º 1 deve ser mantida à
dos pelo organismo notificado e mantê-los à disposição da disposição da autoridade competente durante um período
autoridade competente, para efeitos de inspecção, durante de cinco anos a contar da data da sua emissão.
um período de 15 anos após o fabrico do último produto. 5 — O disposto no presente artigo não é aplicável aos
8 — Se o fabricante não estiver estabelecido num Estado dispositivos médicos implantáveis activos.
membro da União Europeia, a obrigação de disponibilizar
a documentação referida no número anterior aplica-se ao Artigo 10.º
respectivo mandatário.
9 — Se o procedimento de avaliação da conformidade Procedimento especial para sistemas
envolver a intervenção de um organismo notificado, o e conjuntos para intervenções
fabricante, ou o seu mandatário, pode dirigir-se a um orga- 1 — Qualquer pessoa singular ou colectiva que monte
nismo da sua escolha sediado em qualquer Estado membro sistemas e conjuntos de dispositivos com marcação CE,
que tenha sido reconhecido para o efeito. em conformidade com a respectiva finalidade e com as
10 — Os processos e a correspondência respeitantes aos restrições de utilização previstas pelos seus fabricantes
procedimentos referidos nos números anteriores, quando com vista à sua colocação no mercado sob a forma de
decorram em Portugal, devem ser obrigatoriamente redigi- sistemas ou conjuntos para intervenções, deve elaborar
dos na língua portuguesa, salvo se o organismo notificado uma declaração da qual conste:
aceitar outra língua comunitária.
11 — O organismo notificado pode, sempre que tal se a) A verificação da compatibilidade recíproca dos dispo-
justifique, exigir quaisquer informações ou dados neces- sitivos em conformidade com as instruções dos fabricantes,
sários para emitir e manter o certificado de conformidade, assim como da respectiva montagem;
tendo em conta o procedimento adoptado. b) Que a embalagem do sistema ou conjunto foi efectu-
12 — As decisões do organismo notificado em confor- ada de acordo com os requisitos essenciais, nomeadamente
midade com os anexos II, III, V e VI do presente decreto-lei, com referência às informações aos utilizadores, de acordo
do qual fazem parte integrante, ou, tratando-se de disposi- com o n.º 13 do anexo I do presente decreto-lei, do qual
tivos médicos implantáveis activos, com os anexos XI, XII, e faz parte integrante, incluindo as instruções pertinentes
XV do presente decreto-lei, do qual fazem parte integrante, dos fabricantes dos dispositivos incluídos no sistema ou
têm uma validade máxima de cinco anos e são prorrogáveis conjunto;
por períodos não superiores a cinco anos, mediante pedido c) A realização do controlo adequado, bem como das
apresentado no prazo fixado no contrato celebrado entre o inspecções necessárias em todas as operações praticadas.
organismo notificado e o fabricante.
13 — O fabricante deve manter à disposição do orga- 2 — Sempre que não sejam cumpridas as condições
nismo notificado a documentação referente aos procedi- referidas no número anterior, nomeadamente no caso de
mentos para a avaliação da conformidade dos dispositivos. o sistema ou conjunto incorporar dispositivos que não
14 — A recusa ou omissão de dados respeitantes à ava- ostentem a marcação CE ou de a combinação não ser
liação referida no número anterior é considerada como não compatível, tendo em conta a finalidade inicial destes
cumprimento dos requisitos essenciais. dispositivos, o sistema ou conjunto para intervenções é
15 — A autoridade competente pode, mediante pedido ele mesmo considerado um dispositivo e, como tal, fica
devidamente justificado, e sempre que tal utilização con- sujeito ao disposto no artigo 8.º
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3715
3 — Os dispositivos referidos no n.º 1 não ostentam obrigações referidas nos números anteriores e, se tratar
uma marcação CE adicional, devendo ser acompanhados de dispositivos pertencentes à classe I ou de dispositivos
da informação prevista no n.º 13 do anexo I do presente feitos por medida, o mandatário deve notificar à autoridade
decreto-lei, do qual faz parte integrante, incluindo ainda competente do Estado membro em que tenha a sua sede
a fornecida pelo fabricante. social os dados referidos no n.º 1.
4 — A declaração referida no n.º 1 deve ser mantida à 5 — Devem ser notificadas à autoridade competentes
disposição da autoridade competente durante um período as alterações dos elementos de notificação obrigatória nos
de cinco anos a contar da data da sua emissão. termos dos números anteriores.
5 — Aos sistemas ou conjuntos para intervenções que 6 — Os dados referidos no n.º 1, notificados pelo fabri-
devam ser esterilizados antes da utilização aplica-se o cante ou pelo mandatário, e as suas alterações, devem ser
disposto no artigo anterior. comunicados pela autoridade competente à Comissão Eu-
6 — O disposto no presente artigo não é aplicável aos ropeia e aos outros Estados membros, mediante pedido.
dispositivos médicos implantáveis activos.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO IV
Investigação clínica
Colocação no mercado
Artigo 12.º
Artigo 11.º
Procedimento
Deveres inerentes à colocação no mercado
1 — O fabricante de dispositivos para investigação clí-
1 — Qualquer fabricante com domicílio ou sede em nica, ou o mandatário, deve aplicar o procedimento referido
Portugal que coloque dispositivos pertencentes à classe no anexo VIII do presente decreto-lei, do qual faz parte
I ou dispositivos feitos por medida no mercado em seu integrante, ou, no caso de dispositivos médicos implantá-
próprio nome deve notificar a autoridade competente dos veis activos, no anexo XV do presente decreto-lei, do qual
seguintes elementos: faz parte integrante, e notificar a autoridade competente
por meio da declaraçã.o referida no n.º 2.2 do anexo VIII
a) Nome ou denominação social e domicílio ou endereço
do presente decreto-lei, do qual faz parte integrante, ou,
da sede social;
no caso de dispositivos médicos implantáveis activos, no
b) Todos os dados necessários à completa identificação
n.º 2.2 do anexo XV do presente decreto-lei, do qual faz
do dispositivo em causa.
parte integrante, caso a investigação decorra em território
nacional.
2 — O disposto no n.º 1 aplica-se igualmente a qualquer
2 — O fabricante pode dar início à investigação clí-
pessoa singular ou colectiva domiciliada ou com sede em
nica 60 dias após a notificação à autoridade competente,
Portugal que exerça em seu próprio nome alguma das
relativamente aos dispositivos da classe III, bem como aos
actividades referidas nos artigos 9.º e 10.º
dispositivos implantáveis e aos dispositivos invasivos das
3 — A entrada em serviço no território nacional de cada
classes IIa ou IIb para utilização por longos prazos.
dispositivo médico pertencentes às classes IIa, IIb e III ou de
3 — O disposto no número anterior não se aplica se a
dispositivos médicos implantáveis activos é comunicada
autoridade competente emitir decisão em contrário, fun-
pelo seu fabricante ou mandatário à autoridade compe-
damentada em motivos de saúde ou ordem pública e no-
tente através de uma declaração contendo os seguintes
tificada ao fabricante no mesmo prazo.
elementos:
4 — A realização da investigação depende de decisão
a) Nome ou firma e domicílio ou endereço completo da autoridade competente na qual, após avaliação de ris-
da sede do fabricante e do mandatário e dos distribuidores cos e benefícios, se conclua que os potenciais benefícios
por grosso em território nacional; individuais para o participante no ensaio e para outros
b) Nomes comerciais do dispositivo em Portugal e em participantes, actuais ou futuros, superam os eventuais
todos os países da União Europeia; riscos e inconvenientes previsíveis.
c) Tipo de dispositivo e modelo; 5 — Durante a realização da investigação, o respeito
d) Descrição e fim a que se destina; pelas condições estabelecidas no número anterior deve
e) Número de identificação do organismo notificado ser objecto de monitorização permanente.
interveniente no procedimento de avaliação de confor- 6 — O prazo previsto no n.º 2 pode ser reduzido no
midade; caso de parecer favorável da respectiva comissão de ética
f) Rotulagem e instruções de utilização, incluindo as para a saúde relativamente ao programa de investigação
instruções de calibração e o manual de manutenção; em questão, que inclui a sua apreciação crítica do plano
g) Data da colocação no mercado ou entrada em serviço de investigação clínica, e após autorização da autoridade
no território nacional; competente.
h) Quaisquer certificados ou alterações significativas 7 — O disposto nos n.os 1 e 2 não se aplica aos dispo-
introduzidas, incluindo a suspensão da colocação no mer- sitivos que ostentam a marcação CE, salvo nos casos em
cado. que a finalidade seja diferente da prevista no procedimento
de avaliação da conformidade.
4 — Caso coloque os dispositivos no mercado em seu 8 — A excepção prevista no número anterior não é apli-
próprio nome e não disponha de domicílio ou sede social cável aos dispositivos médicos implantáveis activos.
num Estado membro da União Europeia, o fabricante deve 9 — O disposto no n.º 7 não prejudica a aplicação das
designar um mandatário único na União Europeia para disposições pertinentes do anexo XVI do presente decreto-
cada dispositivo, que fica sujeito ao cumprimento das -lei, do qual faz parte integrante.
3716 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
10 — Para os dispositivos das classes não referidas no h) A fundamentação da realização do ensaio em pessoas
n.º 2, o início da investigação clínica depende apenas de incapazes de prestar o consentimento livre e esclarecido,
parecer favorável da comissão de ética para a saúde compe- nos termos do n.os 16 e 17 do anexo XVI do presente decreto-
tente sobre o programa de investigação em causa, incluindo -lei, do qual faz parte integrante;
a apreciação crítica do plano de investigação clínica e i) As disposições sobre indemnização e compensação
também de notificação à autoridade competente. por danos patrimoniais e não patrimoniais, incluindo o
11 — A investigação clínica deve ser realizada em con- dano morte, imputáveis à investigação;
formidade com o anexo XVI do presente decreto-lei, do qual j) Todos os seguros destinados a cobrir a responsabili-
faz parte integrante. dade do investigador e do fabricante enquanto promotor;
12 — O fabricante ou o seu mandatário devem manter l) Os montantes e as modalidades de retribuição ou com-
o relatório referido no n.º 25 do anexo XVI do presente pensação eventuais dos investigadores e dos participantes
decreto-lei, do qual faz parte integrante, à disposição da nas investigações clínicas e os elementos pertinentes de
autoridade competente. qualquer contrato financeiro previsto entre o fabricante
13 — À realização da investigação clínica de dispositi- enquanto promotor e o centro de investigação;
vos aplicam-se os princípios éticos constantes do regime m) As modalidades de recrutamento dos participantes.
jurídico dos ensaios clínicos de medicamentos de uso hu-
mano com as adaptações do presente capítulo. Artigo 15.º
Recusa ou interrupção de investigação clínica
Artigo 13.º
1 — Se a autoridade competente recusar ou interromper
Comissão de ética para saúde
uma investigação clínica, deve comunicar a sua decisão
1 — É competente para a emissão do parecer previsto e a respectiva fundamentação às autoridades de todos os
no presente decreto-lei a comissão de ética para a saúde Estados membros e à Comissão Europeia.
que funciona no centro de investigação. 2 — Se a autoridade competente solicitar uma alteração
2 — A comissão de ética para a saúde competente, no significativa ou a interrupção temporária de uma investi-
âmbito da emissão do parecer e da execução da investi- gação clínica, deve informar as autoridades dos Estados
gação, está sujeita aos seguintes deveres: membros envolvidos na investigação sobre as medidas que
a) Avaliar de forma independente os aspectos meto- aprovou e a respectiva fundamentação.
dológicos, éticos e legais das investigações que lhe são
submetidas; Artigo 16.º
b) Monitorizar a execução das investigações, em espe- Término da investigação clínica
cial no que diz respeito aos aspectos éticos e à segurança
1 — O fabricante ou o seu mandatário deve notificar a
e integridade dos participantes;
autoridade competente acerca do término da investigação
c) Prestar todas as informações e esclarecimentos sobre
clínica, devendo a notificação incluir a devida justificação
os pedidos que lhe sejam apresentados;
em caso de antecipação do término.
d) Assegurar a participação de peritos independentes na
2 — No caso de antecipação do término da investigação
avaliação dos pedidos que lhe são apresentados, sempre
clínica por motivos de segurança, a notificação é transmi-
que tal se revele necessário;
tida pela autoridade competente às autoridades de todos
e) Assegurar o acompanhamento da investigação desde
os Estados membros e à Comissão Europeia.
o seu início até à apresentação do relatório final.
Artigo 17.º
Artigo 14.º
Medidas urgentes de segurança
Parecer
1 — O fabricante e o investigador adoptam todas as
1 — O parecer da comissão de ética para saúde é emi-
medidas urgentes que se mostrem adequadas à protecção
tido mediante pedido que lhe é apresentado pelo fabri-
dos participantes contra qualquer risco imediato para a sua
cante enquanto promotor da investigação clínica em causa.
segurança, nomeadamente resultante da superveniência de
2 — Os elementos que devem constar e acompanhar
qualquer facto relacionado com o desenrolar da investi-
o pedido referido no número anterior são definidos por
gação clínica ou com o desenvolvimento do dispositivo
regulamento da autoridade competente, a emitir no prazo
sob investigação.
de 90 dias.
2 — O fabricante transmite sem demora à autoridade
3 — No seu parecer a comissão de ética competente
competente, às demais autoridades competentes dos Esta-
deve pronunciar-se obrigatoriamente sobre:
dos membros envolvidos e à comissão de ética para saúde
a) A pertinência da investigação e da sua concepção; os elementos de risco e as medidas adoptadas.
b) Se o resultado da avaliação dos benefícios e riscos
previsíveis é favorável; Artigo 18.º
c) O plano;
Remuneração
d) A aptidão da equipa de investigação;
e) A brochura do investigador; 1 — É permitida a remuneração do investigador e, con-
f) A qualidade das instalações; forme o caso, dos membros da sua equipa.
g) A adequação e o carácter exaustivo das informações 2 — Para efeitos do número anterior, são considerados
escritas a prestar, assim como o procedimento de obtenção membros da equipa todos aqueles que integram a equipa
do consentimento livre e esclarecido; de investigação e ainda os profissionais que por força
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3717
d) Todas as demais condições estabelecidas entre as 3 — Após a realização da inspecção referida nos núme-
partes. ros anteriores a autoridade competente elabora um relatório
da inspecção.
Artigo 20.º 4 — O relatório referido no número anterior é colocado
à disposição da entidade inspeccionada, salvo na parte que
Dispositivos e medicamentos utilizados na investigação
contenha informações confidenciais.
1 — Os dispositivos sob investigação e outros utilizados 5 — Mediante a apresentação de pedido fundamentado,
conjuntamente na investigação, bem como os medicamen- a autoridade competente pode ainda disponibilizar o rela-
tos que sejam necessários à realização da investigação, são tório da inspecção às autoridades competentes de outros
fornecidos gratuitamente pelo fabricante. Estados membros e à Comissão Europeia ou à comissão
2 — Após a conclusão da investigação, o dispositivo sob de ética competente.
investigação deve, até à sua colocação no mercado, ser dis-
ponibilizado gratuitamente pelo fabricante ao participante, CAPÍTULO VI
caso o investigador considere indispensável a continuação
da sua utilização pelo participante e não existam outras Organismo notificado
alternativas terapêuticas.
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, deve Artigo 22.º
o investigador: Designação, fiscalização e deveres
a) Obter o consentimento livre e esclarecido do parti- 1 — O INFARMED, I. P., designa os organismos na-
cipante ou do seu representante legal; cionais que realizam os procedimentos estabelecidos no
b) Apresentar relatório clínico justificativo da necessi- artigo 8.º e atribui as tarefas específicas de cada organismo,
dade de continuação do tratamento; comunicando tais actos à Comissão Europeia e aos restan-
c) Comunicar à autoridade competente, no prazo mais tes Estados membros da União Europeia.
curto possível, a continuação da utilização do dispositivo 2 — A designação dos organismos notificados obedece
em causa; aos critérios enunciados no anexo XVII do presente decreto-
d) Informar o responsável pela unidade de saúde da -lei, do qual faz parte integrante.
continuação da utilização do dispositivo; 3 — Presumem-se em conformidade com os critérios
e) Notificar à autoridade competente os acontecimen- enunciados no anexo XVII do presente decreto-lei, do qual
tos adversos que ocorram no decurso da utilização do faz parte integrante, os organismos notificados acreditados
dispositivo. pelo Instituto Português de Acreditação, I. P. (IPAC, I. P.),
3718 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
a) Minimizar os riscos decorrentes da utilização de dis- fundamentada à Comissão Europeia, bem como ao fabri-
positivos médicos, através de um sistema organizado para cante ou ao mandatário.
a detecção de incidentes ligados aos próprios dispositivos, 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, entende-
às condições em que são colocados à disposição do utili- -se que comprometem a saúde e a segurança do doente ou
zador, ao seu manuseamento e utilização ou à conjugação de terceiros os dispositivos que não estão conformes com
destas causas; o presente decreto-lei, nomeadamente:
b) Assegurar a implementação das medidas preventi-
vas ou correctivas necessárias e adequadas à resolução a) Não observem os requisitos essenciais referidos no
e prevenção de incidentes sempre que esteja em causa a artigo 5.º;
segurança dos doentes, dos utilizadores ou de terceiros, b) Não estejam em conformidade com as normas e as
ou quando o acontecimento adverso se possa repetir pelas monografias referidas nos n.os 1 e 2 do artigo 6.º, quando
mesmas causas; indicadas ou aplicadas pelo fabricante;
c) Sensibilizar os profissionais de saúde de modo a c) Tenham por base normas que contenham lacunas.
incentivá-los a notificar os incidentes decorrentes da uti-
lização dos dispositivos médicos; 3 — A decisão de retirada do dispositivo do mercado é
d) Supervisionar a actuação dos fabricantes, dos seus judicialmente impugnável, nos termos da lei.
mandatários e distribuidores de dispositivos médicos;
e) Reunir e analisar criticamente a informação referente CAPÍTULO X
à experiência acumulada com dispositivos médicos da
mesma categoria; Fabrico
f) Permitir a partilha de informação, no âmbito da se-
gurança, entre a autoridade competente e as autoridades Artigo 30.º
competentes dos outros Estados membros, organismos
Notificação
notificados, fabricantes, mandatários, distribuidores de
dispositivos médicos, profissionais de saúde e demais 1 — O exercício em território nacional das activida-
utilizadores. des de fabrico, montagem, acondicionamento, execução,
renovação, remodelação, alteração do tipo, rotulagem ou
4 — A autoridade competente é a entidade responsável esterilização de dispositivos médicos quer destinados à
pelo acompanhamento, coordenação e aplicação do Sis- colocação no mercado quer à exportação está sujeito a
tema, nos termos previstos no presente decreto-lei e no notificação da autoridade competente e à fiscalização por
seu regulamento interno. parte desta nos termos do presente decreto-lei.
5 — As competências da autoridade competente, as 2 — A notificação é efectuada com a antecedência mí-
obrigações dos fabricantes, dos mandatários, dos distribui- nima de 60 dias relativamente ao início do exercício de
dores, dos profissionais de saúde, de outros utilizadores qualquer uma das actividades referidas no número ante-
profissionais de dispositivos médicos e de outros interes- rior.
sados na segurança dos dispositivos médicos e a estrutura 3 — Os elementos que devem constar e acompanhar a
do sistema constam do no anexo XX do presente decreto-lei, notificação são definidos pela autoridade competente, a
do qual parte integrante. emitir no prazo de 90 dias.
6 — A autoridade competente elabora e divulga as nor-
mas, orientações técnicas e instrumentos necessários à acti- Artigo 31.º
vidade da vigilância de dispositivos médicos, assegurando
a integração das directrizes sobre esta matéria emitidas Requisitos
pelas várias instituições internacionais relevantes, sem 1 — O exercício das actividades referidas no n.º 1 do
prejuízo da adaptação às especificidades nacionais. artigo anterior só é permitido no caso de o interessado
7 — De acordo com a evolução do sistema, podem dispor de:
integrá-lo as unidades de farmacovigilância, previstas no
n.º 4 do anexo II do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de a) Responsável técnico que assegure a qualidade das
Agosto, bem como os delegados de farmacovigilância actividades desenvolvidas;
previstos no n.º 5 do mesmo anexo. b) Instalações e equipamentos adequados e com capa-
cidade para assegurar o fabrico, armazenagem e conser-
vação dos dispositivos médicos, de modo a manter os seus
CAPÍTULO IX requisitos de desempenho e segurança.
Salvaguarda
2 — O responsável técnico deve possuir uma qualifica-
Artigo 29.º ção técnica adequada à gestão e garantia da qualidade da
actividade em causa, bem como conhecimento adequado
Cláusula de salvaguarda da legislação e demais regulamentação aplicável aos dis-
1 — Sempre que se verifique que os dispositivos referi- positivos médicos em causa.
dos nos n.os 1, 2 e 4 do artigo 5.º, ainda que correctamente 3 — Os requisitos mínimos relativos ao fabrico de dis-
colocados no mercado, assistidos e utilizados de acordo positivos médicos são estabelecidos em portaria do mem-
com a finalidade a que se destinam, podem comprometer bro do Governo responsável pela área da saúde, a emitir
a saúde e a segurança do doente ou de terceiros, a auto- no prazo de um ano.
ridade competente determina a sua retirada do mercado 4 — Até à adopção da portaria referida no número an-
e de serviço, comunicando imediatamente a sua decisão terior é aplicável a Norma Europeia EN ISO 13485:2003.
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3721
g) Trate o dispositivo médico como um produto alimen- funções, exercendo a sua profissão no respeito pleno das
tar, produto cosmético ou de higiene corporal ou qualquer respectivas obrigações;
outro produto de consumo; e) Criar os mecanismos necessários para assegurar a
h) Sugira que a segurança ou eficácia do dispositivo recepção e o tratamento das informações referidas no n.º 3
médico é devida ao facto de ser considerado um produto do artigo seguinte;
natural; f) Colaborar com as autoridades públicas com com-
i) Possa induzir, por uma descrição ou representação petência no âmbito do presente capítulo, nomeadamente
detalhada da anamnese, a um falso autodiagnóstico; fornecendo as informações e a assistência necessárias ao
j) Se refira de forma abusiva, assustadora ou enganosa exercício das suas competências;
a demonstrações ou garantias de cura; g) Respeitar as decisões adoptadas no âmbito do pre-
l) Utilize de forma abusiva, assustadora ou enganosas sente capítulo, sem prejuízo do direito de impugnação
representações visuais das alterações do corpo humano resultante da lei.
causadas por doenças ou lesões, ou da acção de um dis-
positivo médico no corpo humano ou em partes do corpo Artigo 50.º
humano.
Representantes comerciais de dispositivos médicos
4 — É proibida qualquer forma de publicidade com- 1 — Os representantes comerciais de dispositivos mé-
parativa. dicos devem ser adequadamente formados e dispor de
conhecimentos científicos e de formação deontológica
Artigo 47.º que lhes permita fornecer informações precisas e tão com-
Publicidade junto de profissionais de saúde pletas quanto possível sobre os dispositivos médicos que
apresentam.
Os dispositivos médicos referidos no n.º 2 do artigo 45.º 2 — Os representantes comerciais de dispositivos mé-
só podem ser anunciados ou publicitados em publicações dicos devem, em cada visita, apresentar ou colocar à dis-
técnicas ou suportes de informação destinados e acessí- posição do profissional de saúde visitado, quanto a cada
veis exclusivamente por médicos e outros profissionais um dos dispositivos médicos que apresentem, cópia da
de saúde. rotulagem e as instruções de utilização.
3 — Os representantes comerciais de dispositivos mé-
Artigo 48.º dicos devem comunicar imediatamente ao fabricante ou à
Documentação publicitária empresa a que se encontram contratualmente ligados quais-
quer informações relativas à utilização dos dispositivos
1 — A documentação transmitida a profissionais de médicos que promovem, em especial no que se refere aos
saúde deve indicar a data em que foi estabelecida ou revista incidentes que lhes sejam transmitidas pelos profissionais
pela última vez. de saúde visitados.
2 — A informação contida na documentação tem de 4 — Os requisitos necessários para o exercício da pro-
ser exacta, actual, verificável e suficientemente completa fissão de representante comercial de dispositivos médicos
para permitir ao destinatário fazer uma ideia correcta do e a respectiva designação profissional são definidos por
desempenho e segurança do dispositivo médico. portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis
3 — As citações e o material ilustrativo retirados de pu- pelas áreas do trabalho, da saúde e da educação a emitir
blicações médicas ou trabalhos científicos que se destinem no prazo de 180 dias.
a ser usados na documentação devem ser correctamente 5 — O regime de acesso dos representantes comerciais
reproduzidos e indicada a respectiva fonte. de dispositivos médicos aos estabelecimentos e serviços
que integram o SNS é definido por despacho do membro
Artigo 49.º do Governo responsável pela área da saúde a emitir no
Obrigações do fabricante prazo de 60 dias após a emissão da portaria referida no
número anterior, o qual determina ainda os mecanismos e
1 — O fabricante fica obrigado a criar e manter um as regras que permitam assegurar o normal funcionamento
serviço científico responsável pela informação relativa aos dos serviços e a transparência da actividade profissional
dispositivos médicos de que é responsável. dos representantes.
2 — O fabricante é ainda obrigado a:
a) Manter registos completos e pormenorizados de Artigo 51.º
toda a publicidade realizada pela empresa, em fichas que Prémios, ofertas e outros benefícios
mencionem os destinatários, modo e data da primeira di-
fusão; 1 — É proibido ao fabricante, à empresa responsável
b) Manter os registos previstos na alínea anterior à dis- pela informação ou pela promoção de um dispositivo mé-
posição das autoridades com competência fiscalizadora dico ou ao distribuidor por grosso dar ou prometer, directa
durante um período de cinco anos, contados da data pre- ou indirectamente, aos profissionais de saúde, prémios,
vista na alínea anterior; ofertas, bónus ou benefícios pecuniários ou em espécie,
c) Garantir que a publicidade efectuada pela sua em- excepto quando se trate de objectos de valor insignifi-
presa ou por conta ou em nome dela respeita as obrigações cante e relevantes para a prática do profissional de saúde.
impostas por lei; 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, é
d) Assegurar que os representantes comerciais que pro- proibido aos profissionais de saúde, por si ou por inter-
movem dispositivos médicos por sua conta ou em seu posta pessoa, pedir ou aceitar, directa ou indirectamente,
nome dispõem das habilitações adequadas e da formação prémios, ofertas, bónus ou outros benefícios pecuniários
profissional necessária ao cabal desempenho das suas ou em espécie, por parte do fabricante, da empresa res-
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3725
ponsável pela informação ou promoção de um dispositivo 4 — O Ministro da Saúde define as regras de partici-
médico ou do distribuidor por grosso, ainda que os mesmos pação dos profissionais de saúde do SNS nas acções ou
sejam percebidos no estrangeiro ou ao abrigo de legislação eventos abrangidos pelo presente artigo.
estrangeira e independentemente da existência ou não de
qualquer contrapartida relativa ao fornecimento, utilização, Artigo 54.º
dispensa ou venda de dispositivos médicos por parte das Custos de acolhimento
mesmas pessoas.
3 — O sentido e âmbito da excepção prevista na parte 1 — Apenas se consideram custos de acolhimento os
final do n.º 1 podem ser definidos por despacho do membro encargos com a inscrição, deslocação e estadia dos pro-
do Governo responsável pela área da saúde. fissionais de saúde participantes nas acções previstas no
4 — Não constitui violação do disposto nos n.os 1 e 2 artigo anterior.
do presente artigo o pagamento de honorários a profissio- 2 — Os custos de acolhimento com a estadia não po-
nais de saúde pela sua participação activa, nomeadamente dem exceder o período compreendido entre o dia anterior
através da apresentação de comunicações científicas em ao do início da acção ou do evento e o dia seguinte ao do
eventos desta natureza ou em acções de formação e de termo do evento ou das acções nem comportar qualquer
promoção de dispositivos médicos, desde que, em qualquer programa ou actividade de carácter social susceptível de
caso, o aludido pagamento não fique dependente ou seja prejudicar ou impedir a plena participação nas sessões de
contrapartida da utilização ou dispensa de dispositivos cariz científico e profissional.
3 — A escolha dos locais de realização das acções e dos
médicos.
eventos científicos previstos no artigo anterior, obedece a
critérios ajustados do ponto de vista profissional e logístico
Artigo 52.º e envolve, designadamente quanto aos níveis de hospitali-
Transparência e publicidade dade, custos financeiros adequados ao fim em vista.
1 — O patrocínio, por qualquer entidade abrangida pelo Artigo 55.º
presente decreto-lei, de congressos, simpósios ou quaisquer
acções ou eventos de cariz científico ou de divulgação, Amostras gratuitas
directa ou indirecta, dos dispositivos médicos referidos no 1 — As amostras gratuitas de dispositivos médicos
n.º 2 do artigo 45.º, deve constar da documentação promo- referidos no n.º 2 do artigo 45.º só podem ser cedidas a
cional relativa aos mesmos, bem como da documentação profissionais de saúde habilitados decidir sobre a utiliza-
dos participantes e dos trabalhos ou relatórios publicados ção dos referidos dispositivos, a título excepcional, desde
após a realização dessas mesmas acções e eventos. que verificadas, cumulativamente, as seguintes condições:
2 — O fabricante ou a empresa responsável pela infor-
mação ou promoção do dispositivo médico devem manter a) Serem objecto de pedido escrito do destinatário, de-
a documentação referente a cada um dos eventos ou acções vidamente datado e assinado;
patrocinados ou organizados, ainda que indirectamente. b) Conterem as menções «Amostra gratuita» e «Venda
3 — A documentação acima referida inclui, de forma proibida», ou outras semelhantes;
completa e fiel, o seguinte: c) Possuírem rotulagem e serem acompanhadas de um
exemplar das instruções de utilização.
a) Programa das acções e eventos;
b) Identificação da entidade ou das entidades que reali- 2 — As amostras gratuitas de dispositivos médicos
zam, patrocinam e organizam as acções ou eventos; disponibilizadas ao público em geral devem cumprir o
c) Cópia das comunicações científicas ou profissionais disposto nas alíneas b) e c) do número anterior.
efectuadas; 3 — As entidades que fornecem as amostras ficam obri-
d) Mapa das despesas e eventuais receitas e respectivos gadas a criar um sistema adequado de controlo e de res-
documentos justificativos. ponsabilização, que é mantido à disposição das autoridades
com competência fiscalizadora, durante cinco anos.
4 — A documentação referida nos números anteriores é
conservada durante um prazo de cinco anos, contados da Artigo 56.º
data da conclusão da acção ou evento, e colocada à dispo- Fiscalização
sição das entidades com competência fiscalizadora.
1 — No âmbito dos seus poderes de supervisão, in-
Artigo 53.º cumbe à autoridade competente apreciar a publicidade de
dispositivos médicos.
Acções científicas ou de promoção 2 — O órgão máximo da autoridade competente define
1 — As acções de formação, informação ou de promoção os critérios a que obedece a fiscalização do cumprimento
de vendas dos dispositivos referidos no n.º 2 do artigo 45.º do disposto no presente capítulo.
só podem ser dirigidas a profissionais de saúde. 3 — O órgão máximo da autoridade competente pode,
2 — As entidades promotoras ou organizadoras de ac- por sua iniciativa, a pedido de outra entidade pública ou
ções abrangidas pelo número anterior apenas podem su- privada ou mediante queixa:
portar custos de acolhimento dos respectivos participantes a) Ordenar as medidas, provisórias ou definitivas, ne-
e estritamente limitado ao objectivo principal da acção. cessárias para impedir qualquer forma de publicidade que
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se igual- viole o disposto no presente decreto-lei, ainda que não
mente a acções ou eventos de cariz exclusivamente pro- iniciada, ou para corrigir ou rectificar os efeitos de publi-
fissional e científico. cidade já iniciada junto dos consumidores e das empresas;
3726 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
b) Apreciar, a título preventivo, a conformidade com a 3 — Não são consideradas confidenciais as seguintes
lei de determinada forma ou projecto publicitário. informações:
a) Sobre o registo dos responsáveis pela colocação
4 — A publicação ou divulgação de publicidade proibida
constitui crime de desobediência, nos termos previstos no dos dispositivos no mercado, em conformidade com o
artigo 348.º do Código Penal, sem prejuízo da responsabili- artigo 11.º;
dade contra-ordenacional a que houver lugar e da aplicação b) Destinadas aos utilizadores transmitidas pelo fabri-
das sanções pecuniárias e administrativas adequadas, nos cante, pelo mandatário ou pelo distribuidor relacionadas
termos previstos no presente decreto-lei ou, na sua falta, com medidas ao abrigo do n.º 3 do artigo 27.º;
na legislação sobre publicidade. c) Contidas em certificados emitidos, alterados, com-
plementados, suspensos ou retirados.
Artigo 57.º
Legislação subsidiária CAPÍTULO XV
Em tudo o que não se encontre previsto no presente Fiscalização, infracções, sanções
capítulo, aplica-se o disposto no Código da Publicidade.
Artigo 60.º
CAPÍTULO XIV Autoridade competente e fiscalização
oo) A quebra de confidencialidade em relação às in- sitivos médicos, incluindo aqueles relacionados com as
formações de natureza técnica dos processos de certifi- notificações, a investigação clínica e as vistorias, constitui
cação; um encargo dos requerentes, sendo a sua tabela fixada por
pp) O incumprimento do dever de execução e aplicação portaria do membro do Governo responsável pela área da
das medidas adoptadas pela autoridade competente, desig- saúde, ouvido o INFARMED, I. P, a emitir no prazo de
nadamente ao abrigo dos artigos 29.º e 42.º; 60 dias.
qq) O incumprimento do disposto no presente decreto- 2 — O custo dos actos e serviços que devam ser pres-
-lei relativamente ao exercício dos poderes de inspecção tados pelo INFARMED, I. P., enquanto organismo notifi-
da autoridade competente; cado, constitui um encargo dos requerentes, sendo a sua
rr) O incumprimento do disposto nos artigos 67.º e 68.º tabela fixada por portaria do Ministro da Saúde, ouvido o
INFARMED, I. P., a emitir no prazo de 60 dias.
2 — A negligência e a tentativa são puníveis, sendo 3 — As receitas previstas nos números anteriores
os montantes mínimos e máximos da coima reduzidos a destinam-se a pagar as despesas decorrentes do serviço
metade dos valores fixados nos números anteriores. respectivo.
b) Decreto-Lei n.º 273/95, de 23 de Outubro, alterado 2 — As soluções adoptadas pelo fabricante na concepção
pelos Decretos-Leis n.os 30/2003, de 14 de Fevereiro, e construção dos dispositivos devem observar os princípios
76/2006, de 27 de Março, e 36/2007, de 16 de Fevereiro; da segurança, atendendo ao avanço da técnica geralmente
c) Os artigos 15.º e 17.º do Decreto-Lei n.º 189/2000, de reconhecido, e a sua selecção deve respeitar os seguintes
12 de Agosto, alterado pelo Decreto-Lei n.º 311/2002, de princípios, por ordem crescente de importância:
20 de Dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 76/2006, de 27 de 2.1 — Eliminar ou reduzir os riscos ao mínimo possível
Março, com excepção do n.º 4 do artigo 17.º; (concepção e construção intrinsecamente seguras);
d) Decreto-Lei n.º 129/2004, de 1 de Junho; 2.2 — Quando apropriado, adoptar as medidas de pro-
e) Portaria n.º 342/97, de 21 de Maio; tecção adequadas, incluindo, se necessário, sistemas de
f) Portaria n.º 196/2004, de 1 de Março. alarme para os riscos que não podem ser eliminados;
2.3 — Informar os utilizadores dos riscos residuais
2 — As referências feitas em diplomas legais ou regula- devidos a insuficiências nas medidas de protecção adop-
mentares em vigor a normas revogadas consideram-se fei- tadas.
tas às normas correspondentes do presente decreto-lei. 3 — Os dispositivos devem atingir os níveis de ade-
quação que lhes tiverem sido atribuídos pelo fabricante e
Artigo 73.º ser concebidos, fabricados e acondicionados por forma a
poderem desempenhar uma ou mais das funções previstas
Entrada em vigor
na alínea u) do artigo 3.º do decreto-lei de que o presente
O presente decreto-lei entra em vigor em 21 de Março anexo é parte integrante, de acordo com as especificações
de 2010. do fabricante.
4 — As características e os níveis de funcionamento
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 2 de
referidos nos n.os 1 a 3 do presente anexo não devem ser
Abril de 2009. — José Sócrates Carvalho Pinto de Sou-
alterados sempre que as alterações possam comprometer o
sa — Luís Filipe Marques Amado — Ana Maria Teodoro
estado clínico e a segurança dos doentes e, eventualmente,
Jorge.
de terceiros, durante a vida útil dos dispositivos prevista
Promulgado em 4 de Junho de 2009. pelo fabricante, quando submetidos ao desgaste decorrente
das condições normais de utilização.
Publique-se. 5 — Os dispositivos devem ser concebidos, fabricados
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. e acondicionados de modo que as suas características e
níveis de funcionamento, em termos da utilização prevista,
Referendado em 8 de Junho de 2009. não sofram alterações no decurso do armazenamento e do
O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto transporte, tendo em conta as instruções e informações
de Sousa. fornecidas pelo fabricante.
6 — Os eventuais efeitos secundários indesejáveis de-
ANEXO I vem constituir riscos aceitáveis atendendo aos níveis de
adequação previstos:
(a que se refere o n.º 4 do artigo 2.º) 6.1 — A demonstração da conformidade com os re-
quisitos essenciais deve incluir uma avaliação clínica nos
Requisitos essenciais termos do anexo XVI.
Grupo I Grupo II
a contaminantes e resíduos no que respeita ao pessoal envol- de confirmar que a qualidade e a segurança da substância
vido no transporte, armazenamento e utilização, bem como acessória se mantêm, devendo essa autoridade compe-
no que se refere aos doentes, tendo em conta a finalidade do tente tomar em devida conta os dados relacionados com
produto, devendo ser prestada especial atenção aos tecidos a utilidade da incorporação da substância no dispositivo
expostos, bem como à duração e frequência da exposição. conforme determinado pelo organismo notificado, a fim de
7.3 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabri- garantir que as alterações não têm um impacte desfavorável
cados por forma a poderem ser utilizados em segurança sobre o perfil benefício-risco estabelecido para a adição
com os materiais, substâncias ou gases com que entrem da substância ao dispositivo.
em contacto no decurso da sua utilização normal ou de 7.6.1 — Sempre que a autoridade competente em maté-
processos de rotina e, caso se destinem à administração ria de medicamentos (ou seja, a que tenha participado na
de medicamentos, devem ser concebidos e fabricados de consulta inicial) tenha obtido informações sobre a subs-
modo a serem compatíveis com os medicamentos em ques- tância auxiliar susceptíveis de terem repercussões no perfil
tão, de acordo com as disposições e restrições que regem benefício-risco conhecido relativo à incorporação da subs-
esses produtos, de modo que o seu nível de adequação se tância no dispositivo médico, emite o parecer ao organismo
mantenha conforme à finalidade prevista. notificado sobre a questão de saber se estas informações
7.4 — Quando um dispositivo inclua, como parte in- têm ou não um impacte no perfil benefício-risco estabele-
tegrante, uma substância que, quando utilizada separada- cido relativo à incorporação da substância no dispositivo
mente, possa ser considerada um medicamento nos ter- médico, devendo o organismo notificado ter em devida
mos do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, que conta o parecer científico actualizado aquando da sua ava-
procedeu à transposição da Directiva n.º 2001/83/CE, do liação do processo de avaliação da conformidade.
Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Novembro, e 7.7 — Os dispositivos devem ser concebidos e fa-
possa ter efeitos sobre o corpo humano através de uma acção bricados por forma a reduzirem a um mínimo os riscos
acessória à do dispositivo, deve-se verificar a qualidade, colocados pela libertação de substâncias do dispositivo,
segurança e utilidade da substância, de forma análoga aos devendo ser concedida especial atenção a substâncias can-
métodos previstos no anexo I da Directiva n.º 2001/83/CE, cerígenas, mutagénicas ou tóxicas para a reprodução, em
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Novembro conformidade com o anexo I da Directiva 67/548/CEE,
(anexo I do Decreto-Lei n.º 176/206, de 30 de Agosto). do Conselho, de 27 de Junho, relativa à aproximação das
7.4.1 — Relativamente às substâncias referidas no disposições legislativas, regulamentares e administrativas
n.º 7.4., o organismo notificado, após verificação da utilidade respeitantes à classificação, embalagem e rotulagem das
da substância como parte do dispositivo e tendo em conta substâncias perigosas. (Decreto-Lei n.º 280-A/87, de 17 de
a finalidade do dispositivo, solicita a uma das autoridades Julho, que estabelece medidas relativas à notificação de
competentes no âmbito da Directiva n.º 2001/83/CE, do substâncias químicas e à classificação, embalagem e ro-
Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Novembro, tulagem de substâncias perigosas; Decreto-Lei n.º 82/95,
designadas pelos Estados membros ou à Agência Europeia de 22 de Abril, que transpõe para a ordem jurídica interna
de Medicamentos (EMEA), que actua, nomeadamente, atra- várias directivas que alteram a Directiva n.º 67/548/CEE,
vés do seu comité em conformidade com o Regulamento do Conselho, de 27 de Junho, relativa à aproximação das
(CE) n.º 726/2004, um parecer científico quanto à quali- disposições legislativas, regulamentares e administrativas
dade e à segurança da substância, incluindo o perfil clínico respeitantes à classificação, embalagem e rotulagem de
benefício-risco da incorporação da substância no dispositivo. substâncias perigosas; Portaria n.º 732-A/96, de 11 de No-
7.4.2 — Ao emitir o seu parecer referido no número an- vembro, que aprova o Regulamento para a Notificação de
terior, a autoridade competente ou a EMEA toma em devida Substâncias Químicas e para a Classificação, Embalagem
conta o processo de fabrico e os dados relacionados com e Rotulagem de Substâncias Perigosas.)
a utilidade da incorporação da substância no dispositivo 7.7.1 — No caso de partes do dispositivo (ou o próprio
conforme determinado pelo organismo notificado. dispositivo) destinadas a administrar medicamentos, líqui-
7.5 — Quando um dispositivo incorpore, como parte dos corporais ou outras substâncias no corpo humano e,
integrante, uma substância derivada de sangue humano, ou, a removê-las do corpo humano, ou dispositivos des-
o organismo notificado, após verificação da utilidade da tinados ao transporte e ao armazenamento desses fluidos
substância como parte do dispositivo e tendo em conta a ou substâncias corporais, contenham ftalatos que sejam
finalidade do dispositivo, solicita à EMEA, que actua, no- classificados como cancerígenos, mutagénicos ou tóxicos
meadamente, através do seu comité em conformidade com para a reprodução, da categoria 1 ou 2, em conformidade
o Regulamento (CE) n.º 726/2004, um parecer científico com o anexo I da Directiva n.º 67/548/CEE, do Conselho,
quanto à qualidade e à segurança da substância, incluindo o de 27 de Junho, deve ser aposta na rotulagem do próprio
perfil clínico risco-benefício da incorporação da substância dispositivo e ou na embalagem de cada unidade ou, se for
derivada de sangue humano no dispositivo. caso disso, na embalagem de venda, uma indicação de que
7.5.1 — Ao emitir o parecer referido no número anterior se trata de um dispositivo que contém ftalatos.
a EMEA toma em devida conta o processo de fabrico e 7.7.2 — Se a utilização pretendida desses dispositivos
os dados relacionados com a utilidade da incorporação incluir o tratamento de crianças ou o tratamento de mu-
da substância no dispositivo conforme determinado pelo lheres grávidas ou em aleitamento, o fabricante deve for-
organismo notificado. necer uma justificação específica para a utilização dessas
7.6 — Sempre que se fizerem alterações a uma subs- substâncias no que se refere ao cumprimento dos requisi-
tância acessória incorporada num dispositivo, em especial tos essenciais, nomeadamente dos constantes no presente
no que toca ao seu processo de fabrico, o organismo noti- número e nos n.os 7.7 e 7.7.1, na documentação técnica e
ficado deve ser informado das alterações e deve consultar nas instruções de utilização sobre os riscos residuais para
a autoridade competente relevante em matéria de medica- estes grupos de doentes e, se for caso disso, as medidas
mentos (ou seja, a que interveio na consulta inicial) a fim de precaução adequadas.
3732 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
7.8 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabrica- e não prejudicar os níveis de funcionamento previstos,
dos por forma a reduzir ao mínimo os riscos derivados da devendo qualquer restrição à utilização ser especificada
introdução não intencional de substâncias no dispositivo, na rotulagem ou nas instruções.
tendo em conta o próprio dispositivo e a natureza do meio 9.2 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabri-
em que se destina a ser utilizado. cados por forma a suprimir ou minimizar tanto quanto
possível:
Parte II 9.2.1 — Os riscos de lesão devidos às suas caracte-
rísticas físicas, incluindo a relação pressão-volume, e às
Infecção e contaminação microbiana suas características dimensionais e, eventualmente, ergo-
nómicas;
8 — No que respeita à infecção e contaminação micro- 9.2.2 — Os riscos decorrentes de condições ambientais
biana, a concepção e o fabrico devem observar os seguintes razoavelmente previsíveis, nomeadamente campos mag-
requisitos: néticos, influências eléctricas externas, descargas elec-
8.1 — Os dispositivos e os respectivos processos de trostáticas, pressão, temperatura ou variações de pressão
fabrico devem ser concebidos por forma a eliminar ou
e de aceleração;
reduzir, tanto quanto possível, o risco de infecção para o
doente, utilizador ou para terceiros, permitir a sua fácil 9.2.3 — Os riscos de interferência recíproca com outros
manipulação e, se for caso disso, minimizar a contamina- dispositivos normalmente utilizados nas investigações ou
ção do dispositivo pelo doente, e vice-versa, no decurso para um determinado tratamento;
da utilização. 9.2.4 — Os riscos resultantes do envelhecimento dos
8.2 — Os tecidos de origem animal devem ser prove- materiais utilizados ou da perda de precisão de qualquer
nientes de animais que tenham sido submetidos a contro- mecanismo de medição ou de controlo, quando não seja
los veterinários e a medidas de fiscalização adequadas à possível a manutenção ou calibração (como no caso dos
utilização prevista para os tecidos, devendo os organismos dispositivos implantáveis).
notificados recolher e manter a informação sobre a origem 9.3 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabrica-
geográfica dos animais. dos por forma a minimizar os riscos de incêndio ou explo-
8.2.1 — A transformação, a conservação, a manipulação são em condições normais de utilização ou em situação
de tecidos, células e substâncias de origem animal bem de primeira avaria, devendo prestar-se especial atenção
como os ensaios a que são submetidos devem ser feitos em aos dispositivos cuja utilização implique a exposição a
condições óptimas de segurança, devendo ser garantida, substâncias inflamáveis ou a substâncias susceptíveis de
em particular, a segurança em relação a vírus e outros favorecer a combustão.
agentes transmissíveis através da aplicação de métodos
validados de eliminação ou inactivação viral, durante o Parte IV
processo de fabrico.
8.3 — Os dispositivos que são fornecidos estéreis de- Dispositivos com funções de medição
vem ser concebidos, fabricados e acondicionados numa
embalagem descartável e, ou, em conformidade com proce- 10 — A concepção e o fabrico dos dispositivos com fun-
dimentos adequados, por forma a estarem estéreis aquando ções de medição devem respeitar os seguintes requisitos:
da sua colocação no mercado e a manterem este estado 10.1 — Os dispositivos com funções de medição devem
nas condições previstas de armazenamento e transporte ser concebidos e fabricados por forma a assegurarem uma
até que seja violada ou aberta a protecção que assegura a suficiente constância e exactidão das medições dentro de
esterilidade. limites adequados, atendendo à finalidade dos dispositivos,
8.4 — Os dispositivos fornecidos estéreis devem ter sido e indicados pelo fabricante.
fabricados e esterilizados segundo o método apropriado 10.2 — A escala de medição, de controlo e de leitura
e validado. deve ser concebida de acordo com princípios ergonómicos
8.5 — Os dispositivos destinados a serem esterilizados e atendendo à finalidade dos dispositivos.
devem ser fabricados em condições, nomeadamente de 10.3 — As medições feitas por dispositivos com fun-
carácter ambiental, adequadas e controladas. ções de medição devem ser expressas em unidades legais,
8.6 — Os sistemas de embalagem para dispositivos em conformidade com o disposto na legislação aplicável.
não estéreis devem conservar o produto sem deterioração
do grau de limpeza previsto e, caso se destinem a ser es- Parte V
terilizados antes da utilização, devem minimizar o risco
de contaminação microbiana, bem como adequar-se ao Protecção contra radiações
método de esterilização indicado pelo fabricante.
8.7 — A embalagem e rotulagem do dispositivo deve 11 — No que diz respeito à protecção contra radiações,
permitir distinguir produtos idênticos e análogos vendidos deve observar-se o seguinte:
sob a forma esterilizada e não esterilizada. 11.1 — Os dispositivos são concebidos e fabricados por
forma a reduzir ao nível mínimo compatível com o objec-
tivo pretendido a exposição dos doentes, dos utilizadores
Parte III
e de terceiros à emissão de radiações, sem no entanto res-
tringir a aplicação das doses prescritas como apropriadas
Propriedades relativas ao fabrico e condições ambientais
para efeitos terapêuticos ou de diagnóstico.
9 — As propriedades relativas ao fabrico e condições 11.2 — No caso dos dispositivos concebidos para emitir
ambientais devem respeitar as seguintes exigências: níveis de radiações com um objectivo médico específico,
9.1 — Caso um dispositivo se destine a ser utilizado em cujo benefício se considere ser superior aos riscos ine-
conjunto com outros dispositivos ou equipamentos, esse rentes à emissão, deve ser possível ao utilizador controlar
conjunto, incluindo o sistema de ligação, deve ser seguro as radiações, devendo tais dispositivos ser concebidos e
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3733
fabricados por forma a garantir a reprodutibilidade dos utilizador para situações susceptíveis de provocar a morte
parâmetros variáveis e as respectivas tolerâncias. ou uma deterioração grave do estado da saúde do doente.
11.3 — Os dispositivos que se destinam a emitir radia- 12.5 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabrica-
ções visíveis ou invisíveis potencialmente perigosas de- dos por forma a minimizar os riscos decorrentes da criação
vem ser equipados, sempre que possível, com indicadores de campos electromagnéticos susceptíveis de afectar o
visuais ou sonoros de tais emissões. funcionamento de outros dispositivos ou equipamentos
11.4 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabri- instalados no meio ambiente.
cados por forma a reduzir o mais possível a exposição de
doentes, utilizadores e terceiros à emissão de radiações A — Protecção contra riscos eléctricos
não intencionais, parasitas ou difusas. 12.6 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabrica-
11.5 — As instruções de utilização dos dispositivos que dos por forma a evitar, tanto quanto possível, os riscos de
emitem radiações devem conter informações pormenoriza- choques eléctricos não intencionais em condições normais
das sobre a natureza das radiações emitidas, os meios de de utilização e em situações de primeira avaria, desde que
protecção do paciente e do utilizador, a maneira de evitar os dispositivos estejam correctamente instalados.
manipulações erróneas e eliminar os riscos inerentes à
instalação. B — Protecção contra riscos mecânicos e térmicos
11.6 — Os dispositivos destinados a emitir radiações
ionizantes devem ser concebidos e fabricados por forma a 12.7 — Na protecção contra os riscos mecânicos e tér-
micos, a concepção e o fabrico dos dispositivos devem
garantir que, sempre que possível, a quantidade, a geome-
preencher os seguintes requisitos:
tria e a qualidade da radiação emitida possam ser reguladas
12.7.1 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabri-
e controladas em função da finalidade.
cados por forma a proteger o doente e o utilizador contra
11.6.1 — Os dispositivos que emitem radiações ioni-
riscos mecânicos relacionados, por exemplo, com a resis-
zantes destinados ao diagnóstico radiológico devem ser
tência, a estabilidade e as peças móveis.
concebidos e fabricados por forma a proporcionar uma
12.7.2 — Os dispositivos devem ser concebidos e fa-
imagem adequada e, ou, de qualidade para os fins médicos
bricados por forma a minimizar, na medida do possível,
pretendidos, embora com uma exposição às radiações tão
os riscos decorrentes das vibrações por eles produzidas,
baixa quanto possível, tanto do doente como do utiliza-
atendendo ao progresso técnico e à disponibilidade de
dor.
redução das vibrações, especialmente na fonte, excepto
11.6.2 — Os dispositivos que emitem radiações ioni- no caso de as vibrações fazerem parte do funcionamento
zantes destinados à radioterapia devem ser concebidos e previsto.
fabricados por forma a permitir a supervisão e um controlo 12.7.3 — Os dispositivos devem ser concebidos e fa-
fiáveis da dose administrada, do tipo e energia do feixe e, bricados por forma a minimizar, na medida do possível,
se for caso disso, da qualidade da radiação. os riscos decorrentes do ruído produzido, atendendo ao
progresso técnico e à disponibilidade de meios de redução
Parte VI
do ruído produzido, designadamente na fonte, excepto no
Dispositivos médicos ligados a uma fonte de energia ou que dela
caso de as emissões sonoras fazerem parte do funciona-
disponham como equipamento mento previsto.
12.7.4 — Os terminais e dispositivos de ligação às fon-
12 — Os requisitos relativos aos dispositivos médicos tes de energia eléctrica, hidráulica, pneumática ou gasosa
ligados a uma fonte de energia ou que dela disponham que devam ser manipulados pelo utilizador devem ser
como equipamento são os seguintes: concebidos e construídos por forma a minimizar os riscos
12.1 — Os dispositivos que integrem sistemas elec- eventuais.
trónicos programáveis devem ser concebidos de modo a 12.7.5 — Em condições normais de utilização, as partes
garantir a receptibilidade, a fiabilidade e o nível de fun- acessíveis dos dispositivos, excluindo as partes ou zonas
cionamento desses sistemas, de acordo com a respectiva destinadas a fornecer calor ou atingir determinadas tem-
finalidade, devendo, em caso de avaria, ser adoptadas peraturas e o meio circundante, não devem atingir tem-
medidas adequadas para eliminar, ou reduzir tanto quanto peraturas susceptíveis de constituir perigo nas condições
possível, os riscos que dela possam advir, sendo que no normais de utilização.
respeitante a dispositivos que incorporem um software
ou que sejam eles próprios um software com finalidade C — Protecção contra os riscos inerentes ao fornecimento de energia
ou administração de substâncias aos doentes
médica, este deve ser validado de acordo com o estado
da técnica, tendo em consideração os princípios do ciclo 12.8 — Na protecção contra os riscos inerentes ao for-
de vida, do desenvolvimento, da gestão dos riscos, da necimento de energia ou administração de substâncias aos
validação e da verificação. doentes deve observar-se o seguinte:
12.2 — Os dispositivos que integram uma fonte de ener- 12.8.1 — A concepção e a construção dos dispositivos
gia interna de que dependa a segurança do doente devem destinados a fornecer energia ou administrar substâncias
dispor de meios que permitam determinar o estado dessa aos doentes devem permitir que o débito seja regulado e
fonte. mantido com precisão suficiente para garantir a segurança
12.3 — Os dispositivos ligados a uma fonte de energia do doente e do utilizador.
externa de que dependa a segurança do doente devem 12.8.2 — Os dispositivos devem ser dotados de meios
dispor de um sistema de alarme que indique qualquer que permitam impedir e, ou, assinalar qualquer deficiência
eventual falta de energia. no débito que seja susceptível de constituir um perigo,
12.4 — Os dispositivos destinados à fiscalização de um devendo os dispositivos incorporar sistemas adequados
ou mais parâmetros clínicos de um doente devem dispor que permitam, tanto quanto possível, evitar que os débitos
de sistemas de alarme adequados que permitam alertar o de energia e, ou, substâncias fornecidos pela respectiva
3734 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
fonte de alimentação atinjam, acidentalmente, níveis pe- do fabricante sobre a utilização única deve ser uniforme
rigosos. em toda a União Europeia;
12.8.3 — A função dos comandos e indicadores deve 13.5.7 — Para os dispositivos feitos por medida, a men-
encontrar-se claramente indicada nos dispositivos e, sem- ção «Dispositivo feito por medida»;
pre que um dispositivo contenha instruções de funciona- 13.5.8 — Para os dispositivos destinados à investiga-
mento ou indique parâmetros de funcionamento ou de ção clínica, a menção «Exclusivamente para investigação
regulação através de um sistema visual, essas informações clínica»;
devem ser claras para o utilizador e, se for caso disso, para 13.5.9 — Condições especiais de armazenamento e,
o doente. ou, manuseamento;
13.5.10 — Instruções particulares de utilização;
Parte VII 13.5.11 — Advertências ou precauções a tomar;
13.5.12 — O ano de fabrico para os dispositivos activos
Informações fornecidas pelo fabricante não abrangidos no n.º 13.5.5 supra, indicação que pode ser
13 — No que respeita às informações fornecidas pelo incluída no número do lote ou de série;
fabricante, deve observar-se o seguinte: 13.5.13 — Se aplicável, o método de esterilização;
13.1 — Cada dispositivo deve ser acompanhado das 13.5.14 — No caso de um dispositivo na acepção do
informações necessárias para a sua correcta utilização e disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 2.º do decreto-lei
com segurança e para a identificação do fabricante, tendo de que o presente anexo é parte integrante, a menção de
em conta a formação e os conhecimentos dos potenciais que o dispositivo incorpora como parte integrante uma
utilizadores, devendo essas informações ser constituídas substância derivada do sangue humano.
pelas indicações constantes da rotulagem e do folheto de 13.6 — Caso a finalidade prevista de um dispositivo
instruções. não seja evidente para o utilizador, o fabricante deve
13.2 — As informações necessárias para a utilização especificá-la claramente na rotulagem e nas instruções
do dispositivo com toda a segurança devem figurar, se de utilização.
exequível e adequado, no próprio dispositivo e, ou, na 13.7 — Os dispositivos e os componentes destacáveis
embalagem individual, ou, eventualmente, na embalagem devem, se tal se justificar e for exequível, ser identificados
comercial, mas, se os dispositivos não puderem ser em- em termos de lotes, por forma a possibilitar a realização
balados individualmente, as informações devem constar de acções destinadas a detectar riscos ocasionados pelos
de um folheto de instruções que acompanhe um ou mais dispositivos e pelos componentes destacáveis.
dispositivos.
B — Instruções de utilização
13.3 — Todos os dispositivos devem ser acompanha-
dos de um folheto de instruções, incluído nas respectivas 13.8 — Sempre que aplicável, as instruções de utiliza-
embalagens, sem prejuízo da possibilidade de, a título ex- ção devem conter as seguintes informações:
cepcional, o referido folheto de instruções não ser incluído 13.8.1 — As indicações referidas no n.º 13.5, excepto
para dispositivos das classes I e IIa, desde que a respec- as constantes dos n.os 13.5.4 e 13.5.5;
tiva segurança de utilização possa ser garantida sem ele. 13.8.2 — Os níveis de adequação referidos no n.º 3, bem
13.4 — Sempre que adequado, as informações devem como quaisquer efeitos secundários indesejáveis;
ser apresentadas sob a forma de símbolos, os quais, bem 13.8.3 — Caso um dispositivo deva ser instalado em ou
como as respectivas cores de identificação, devem estar ligado a outros dispositivos ou equipamentos médicos, para
em conformidade com as normas harmonizadas, ou devem funcionar de acordo com a finalidade prevista, devem ser
ser descritos na documentação que acompanha o disposi- fornecidos pormenores suficientes das suas características
tivo, nos domínios em que não existam quaisquer normas. de modo a permitir identificar os dispositivos ou os equi-
pamentos que devem ser utilizados para que se obtenha
A — Rotulagem
uma combinação segura;
13.5 — A rotulagem deve conter de modo legível e 13.8.4 — Todas as indicações que permitam verificar se
indelével as seguintes informações: um dispositivo se encontra bem instalado e pode funcionar
13.5.1 — O nome, ou a firma e o endereço do fabricante, correctamente e em completa segurança, bem como as in-
sendo que, relativamente aos dispositivos importados para formações relativas à natureza e frequência das operações
serem distribuídos na União Europeia, o rótulo, a embala- de manutenção e aferição a efectuar por forma a assegurar
gem exterior ou as instruções de utilização devem ainda permanentemente o bom funcionamento e segurança dos
incluir o nome e o endereço do mandatário do fabricante, dispositivos:
sempre que o fabricante não dispuser de sede social na 13.8.4.1 — As instruções de calibração e o manual
União Europeia; de manutenção, sempre que aplicável aos produtos em
13.5.2 — As informações estritamente necessárias para causa;
que o utilizador possa identificar o dispositivo e o conteúdo 13.8.5 — Se aplicável, informações úteis para evitar
da embalagem, em especial para os utilizadores; determinados riscos decorrentes da implantação do dis-
13.5.3 — Se aplicável, a menção «Estéril»; positivo;
13.5.4 — Se aplicável, o código do lote, precedido da 13.8.6 — Informações relativas aos riscos de interfe-
menção «Lote», ou o número de série; rência recíproca decorrentes da presença do dispositivo
13.5.5 — Se aplicável, a data limite de utilização do aquando de investigação ou tratamentos específicos;
dispositivo em condições de segurança, expressa pelo ano 13.8.7 — As instruções necessárias em caso de dani-
e mês; ficação da embalagem que assegura a esterilidade e, se
13.5.6 — Sempre que aplicável, uma indicação de que o necessário, a indicação dos métodos adequados para se
dispositivo é para utilização única, sendo que a indicação proceder a uma nova esterilização;
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3735
4.4.2 — A organização da empresa e, nomeadamente: 4.4.5 — Das verificações e dos ensaios apropriados que
4.4.2.1 — As estruturas organizativas, as responsa- são efectuados antes, durante e após o fabrico, da frequên-
bilidades dos quadros e a sua competência organizativa cia com que os mesmos são realizados e dos equipamentos
em matéria da qualidade da concepção e do fabrico dos de ensaio utilizados, devendo ser assegurada de forma
produtos; apropriada a calibração dos equipamentos de ensaio.
4.4.2.2 — Os métodos que permitem controlar o funcio-
namento eficaz do sistema da qualidade e, designadamente, C — Organismo notificado
a sua capacidade para atingir a qualidade requerida no que 4.5 — O organismo notificado procede a uma verifica-
se refere à concepção e aos produtos, incluindo o controlo ção do sistema da qualidade para determinar se o mesmo
dos produtos não conformes; satisfaz os requisitos referidos nos n.os 4.1 a 4.4 e presume o
4.4.2.3 — Caso a concepção, o fabrico ou a inspec- cumprimento desses requisitos, caso o sistema da qualidade
ção e ensaios finais dos produtos ou dos seus elementos aplique as normas harmonizadas correspondentes.
sejam efectuados por terceiros, os métodos de controlo 4.6 — A equipa auditora encarregada da avaliação deve
do funcionamento eficaz do sistema da qualidade e, em integrar, pelo menos, um elemento que tenha experiência
especial, do tipo e extensão do controlo aplicado a esses e conhecimentos na avaliação da tecnologia em causa,
terceiros; devendo o procedimento de avaliação incluir:
4.4.3 — Dos procedimentos destinados a controlar e
verificar a concepção dos produtos, incluindo a documen- i) Uma avaliação, numa base representativa, da do-
tação correspondente, e, nomeadamente: cumentação da concepção do produto ou produtos em
4.4.3.1 — Uma descrição geral do produto, incluindo causa;
as variantes previstas, bem como a sua finalidade; ii) Uma inspecção às instalações do fabricante e, em
4.4.3.2 — As especificações de concepção, incluindo casos devidamente justificados, às dos fornecedores e, ou,
as normas que são aplicadas e os resultados da análise subfornecedores do fabricante, a fim de inspeccionar os
de riscos, bem como a descrição das soluções adoptadas processos de fabrico.
para satisfazer os requisitos essenciais que se aplicam aos
produtos, sempre que as normas referidas no artigo 5.o não 4.7 — A decisão deve ser notificada ao fabricante e
sejam aplicadas integralmente; contém as conclusões da inspecção e uma avaliação fun-
4.4.3.3 — As técnicas de controlo e de verificação da damentada.
concepção e dos processos e as medidas que são sistema- 4.8 — O fabricante deve informar o organismo notifi-
ticamente utilizadas na concepção dos produtos; cado que tiver aprovado o sistema da qualidade de qualquer
4.4.3.4 — A comprovação de que, quando um dispo- projecto de alterações significativas do mesmo ou da gama
sitivo deva ser ligado a outro ou outros para poder fun- de produtos abrangidos, devendo o organismo notificado
cionar de acordo com a respectiva finalidade, o referido avaliar as alterações propostas e verificar se o sistema
dispositivo satisfaz os requisitos essenciais quando ligado da qualidade assim alterado satisfaz, ainda, os requisitos
a dispositivo ou dispositivos do tipo em questão com as referidos nos n.os 4.1 a 4.4, comunicando a sua decisão ao
características indicadas pelo fabricante; fabricante, a qual deve conter as conclusões da inspecção
4.4.3.5 — Uma declaração que indique se o dispositivo e uma avaliação fundamentada.
inclui ou não, como parte integrante, uma substância que,
quando utilizada separadamente, possa ser considerada Parte II
um medicamento ou uma substância derivada do sangue
humano, referidas nos n.os 7.4 e 7.5 do anexo I, bem como Exame da concepção do produto
dados relativos aos ensaios efectuados para o efeito e que 5 — Para além das obrigações que lhe incumbem por
são necessários à avaliação da segurança, da qualidade e força do n.º 4, o fabricante deve apresentar ao organismo
da utilidade dessa substância ou dessa substância derivada notificado um pedido de exame do dossier de concepção
do sangue humano, atendendo à finalidade do dispositivo; relativo a qualquer produto a fabricar, nos termos do pre-
4.4.3.6 — Uma declaração que indique se, no fabrico sente número.
do dispositivo, se utilizam ou não tecidos de origem ani- 5.1 — O pedido deve descrever a concepção, o fabrico
mal, tal como referidos na Directiva n.º 2003/32/CE, da e as características do produto em questão, incluindo os
Comissão, de 23 de Abril, e no capítulo VII do decreto-lei elementos necessários à avaliação da sua conformidade
de que o presente anexo é parte integrante; com as exigências do presente decreto-lei, tal como refe-
4.4.3.7 — As soluções adoptadas, tal como referidas no rido no n.º 4.4.3.
n.º 2 do capítulo I do anexo I; 5.2 — O organismo notificado deve examinar o pedido
4.4.3.8 — A avaliação pré-clínica; e, caso o produto esteja conforme com as disposições
4.4.3.9 — A avaliação clínica referida no anexo XVI; aplicáveis do presente decreto-lei, emitir ao requerente
4.4.3.10 — O projecto de rotulagem e, se adequado, das um certificado de exame CE de concepção.
instruções de utilização; 5.3 — O organismo notificado pode exigir que o pedido
4.4.4 — Das técnicas de controlo e de garantia da qua- seja completado por ensaios ou provas suplementares que
lidade a nível do fabrico e, nomeadamente: permitam avaliar a conformidade com os requisitos do
4.4.4.1 — Os processos e procedimentos que são uti- presente decreto-lei.
lizados, designadamente em matéria de esterilização, de 5.4 — O certificado deve conter as conclusões do
compras e de documentos relevantes; exame, as condições da sua validade, os dados necessários
4.4.4.2 — Os procedimentos de identificação do produto à identificação da concepção aprovada e, se necessário,
estabelecidos e actualizados a partir de desenhos, especi- uma descrição da finalidade do produto.
ficações ou outros documentos relevantes para todas as 5.5 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 7.4 do
fases do fabrico; anexo I, antes de tomar uma decisão, o organismo notifi-
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3737
cado deve consultar, no que se refere aos aspectos referidos como referidas no n.º 2 do anexo I, a avaliação clínica
nesse número, uma das autoridades competentes desig- e pré-clínica, o plano de acompanhamento clínico pós-
nadas pelos Estados membros nos termos da Directiva -comercialização, assim como, se for caso disso, os resul-
n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, tados desse acompanhamento.
de 6 de Novembro, ou a EMEA. 6.1.3 — Os dados referentes ao sistema da qualidade
5.5.1 — O parecer da autoridade nacional competente relativa ao fabrico, tais como relatórios de inspecção e
consultada ou da EMEA, referido no número anterior, é dados de ensaio, dados de calibração, relatórios de quali-
formulado no prazo de 210 dias após a recepção de docu- ficação do pessoal envolvido, etc.
mentação válida. 6.2 — O organismo notificado deve proceder periodi-
5.5.2 — O parecer científico da autoridade nacional camente às inspecções e avaliações adequadas, a fim de
competente consultada ou da EMEA emitido nos termos certificar que o fabricante aplica o sistema da qualidade
dos n.os 5.5 e 5.5.1 deve ser integrado na documentação aprovado, devendo entregar um relatório de avaliação ao
relativa ao dispositivo. fabricante.
5.5.3 — O organismo notificado tem devidamente em 6.3 — O organismo notificado pode efectuar visitas
conta na sua decisão as opiniões expressas no decurso da inesperadas ao fabricante, durante as quais, se necessário,
consulta referida no n.º 5.5. pode efectuar, ou mandar efectuar, ensaios de verificação
5.5.4 — O organismo notificado informa a autoridade do bom funcionamento do sistema da qualidade, devendo
nacional competente consultada da sua decisão final. entregar ao fabricante um relatório da inspecção e um
5.6 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 7.5 do relatório dos ensaios efectuados.
anexo I, o parecer científico da EMEA deve ser integrado
na documentação relativa ao dispositivo. Parte IV
5.6.1 — O parecer da EMEA referido no número ante-
rior é formulado no prazo de 210 dias após a recepção de Disposições administrativas
documentação válida.
5.6.2 — O organismo notificado tem devidamente em 7 — Durante pelo menos cinco anos e, no caso dos
conta na sua decisão o parecer da EMEA. dispositivos implantáveis, durante pelo menos 15 anos, a
5.6.3 — O organismo notificado não pode emitir o contar da última data de fabrico do produto, o fabricante,
certificado se o parecer científico da EMEA for desfa- ou o seu mandatário, devem manter à disposição da auto-
vorável. ridade competente:
5.6.4 — O organismo notificado informa a EMEA da 7.1 — A declaração de conformidade;
sua decisão final. 7.2 — A documentação referida na alínea d) do n.º 4.1
5.7 — No caso dos dispositivos médicos fabricados e, em especial, a documentação, os dados e os registos
mediante a utilização de tecidos de origem animal referidos referidos no n.º 4.4;
na Directiva n.º 2003/32/CE, da Comissão, de 23 de Abril, 7.3 — As alterações referidas no n.º 4.8;
e no capítulo VII do decreto-lei de que o presente anexo 7.4 — A documentação referida no n.º 5.1;
é parte integrante, o organismo notificado deve seguir os 7.5 — As decisões e relatórios do organismo notificado
procedimentos mencionados nessa directiva. referidas nos n.os 4.5, 5.2, 5.8, 6.2 e 6.3.
5.8 — As alterações introduzidas na concepção aprovada
devem receber uma aprovação complementar por parte do Parte V
organismo notificado que tiver emitido o certificado de
exame CE de concepção, sempre que essas alterações pos- Aplicação aos dispositivos das classes IIa e IIb
sam afectar a conformidade com os requisitos essenciais 8 — O presente anexo aplica-se aos produtos das classes
do presente decreto-lei ou com as condições definidas para IIa e IIb, nos termos do disposto nas alíneasb) e c) do n.º 1
a utilização do produto, devendo o requerente informar o do artigo 8.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte
organismo notificado que tiver emitido o certificado de integrante não lhes sendo aplicável a parte II supra.
exame CE de concepção de qualquer alteração introduzida 8.1 — No caso dos dispositivos da classe IIa, o orga-
na concepção aprovada. nismo notificado avalia, no âmbito da avaliação prevista
5.9 — A aprovação complementar deve ser dada sob a no n.º 4.5, a documentação técnica referida no n.º 4.4.3
forma de um aditamento ao certificado de exame CE de relativa, no mínimo, a uma amostra representativa de cada
concepção. subcategoria de dispositivo, a respectiva conformidade
com as disposições do presente decreto-lei.
Parte III 8.2 — No caso dos dispositivos da classe IIb, o orga-
nismo notificado avalia, no âmbito da avaliação prevista
Fiscalização
no n.º 4.5, a documentação técnica referida no n.º 4.4.3
6 — O objectivo da fiscalização consiste em assegurar relativa, no mínimo, a uma amostra representativa de cada
que o fabricante cumpre correctamente as obrigações de- grupo genérico de dispositivo, a respectiva conformidade
correntes do sistema da qualidade aprovado. com o disposto no presente decreto-lei.
6.1 — O fabricante deve autorizar o organismo notifi- 8.3 — Na escolha da amostra ou amostras represen-
cado a efectuar todas as inspecções necessárias e fornecer- tativas, o organismo notificado tem em consideração a
-lhe todas as informações adequadas, em especial: novidade da tecnologia, as semelhanças de concepção, de
6.1.1 — A documentação relativa ao sistema da qua- tecnologia e de métodos de fabrico e de esterilização, a fi-
lidade; nalidade e os resultados de quaisquer avaliações anteriores
6.1.2 — Os dados previstos na parte do sistema da qua- relevantes (nomeadamente sobre as propriedades físicas,
lidade relativa à concepção, designadamente os resultados químicas ou biológicas) que tenham sido realizadas em
de análises, cálculos, ensaios, as soluções adoptadas tal conformidade com o presente decreto-lei.
3738 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
8.3.1 — O organismo notificado documenta e mantém à aplicadas total ou parcialmente, e descrições das soluções
disposição da autoridade competente a análise das amostras adoptadas para dar cumprimento aos requisitos essenciais
escolhidas. nos casos em que aquelas normas não tenham sido inte-
8.4 — O organismo notificado procede à avaliação de gralmente aplicadas;
outras amostras no âmbito da fiscalização referida na parte 3.5 — Os resultados dos cálculos de concepção, da
III supra. análise de riscos, dos exames e dos ensaios técnicos efec-
tuados, etc.;
Parte VI 3.6 — Uma declaração que indique se o dispositivo
inclui ou não, como parte integrante, uma substância que,
Aplicação aos dispositivos que incorporem uma substância derivada quando utilizada separadamente, possa ser considerada
do sangue humano na acepção da alínea b) do n.º 2 do artigo 2.º um medicamento ou uma substância derivada do sangue
9 — Concluído o fabrico de cada lote do dispositivo humano, referidas nos n.os 7.4 a 7.5 do anexo I, bem como
referido na alínea b) do n.º 2 do artigo 2.º do decreto-lei dados relativos aos ensaios efectuados para o efeito e que
de que o presente anexo é parte integrante, o fabricante são necessários à avaliação da segurança, da qualidade e
informa o organismo notificado da validação desse lote, da utilidade dessa substância ou dessa substância derivada
transmitindo-lhe o certificado oficial de validação do do sangue humano, atendendo à finalidade do dispositivo;
lote da substância derivada do sangue humano utilizada 3.7 — Uma declaração que indique se, no fabrico do
nesse dispositivo, elaborado e redigido pelo laboratório dispositivo, se utilizam ou não tecidos de origem animal, tal
designado, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 114.º como referidos na Directiva n.º 2003/32/CE, da Comissão,
da Directiva n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e de 23 de Abril, e no capítulo VII do decreto-lei de que o
do Conselho, de 6 de Novembro (artigo 135.º, n.º 4, do presente anexo é parte integrante;
Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto). 3.8 — As soluções adoptadas, tal como referidas no
n.º 2 do anexo I;
ANEXO III 3.9 — A avaliação pré-clínica;
3.10 — A avaliação clínica referida no anexo XVI;
[a que se refere a subalínea ii) da alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º] 3.11 — O projecto de rotulagem das instruções de uti-
lização.
Exame CE de tipo
C — Organismo notificado
1 — O exame CE de tipo é o procedimento através do
qual o organismo notificado verifica e certifica que um 4 — O organismo notificado deve:
exemplar representativo da produção prevista satisfaz as 4.1 — Examinar e avaliar a documentação e verificar se
disposições do presente decreto-lei que lhe são aplicá- o tipo foi fabricado em conformidade com a mesma, bem
veis. como registar os elementos que tenham sido concebidos
de acordo com as disposições aplicáveis nas normas refe-
A — Pedido de exame ridas no artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é
parte integrante e ainda os elementos cuja concepção não
2 — O pedido de exame CE de tipo deve incluir: se baseie nas disposições relevantes das referidas normas;
2.1 — O nome e endereço do fabricante e se o pedido 4.2 — Efectuar ou mandar efectuar os controlos adequa-
for apresentado pelo seu mandatário, o nome e endereço dos e os ensaios necessários para verificar se as soluções
deste último; adoptadas pelo fabricante satisfazem os requisitos essen-
2.2 — A documentação referida no n.º 3, necessária para ciais do presente decreto-lei, nos casos em que o disposto
avaliação da conformidade do exemplar representativo da no artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte
produção prevista, a seguir denominado «tipo», com as integrante não tenha sido aplicado;
exigências do presente decreto-lei, devendo o requerente 4.3 — Caso um dispositivo tenha de ser ligado a outros
colocar um tipo à disposição do organismo notificado, para poder funcionar de acordo com a respectiva finali-
entidade que pode solicitar o número de exemplares que dade, deve ser apresentada a evidência da conformidade do
considerar necessário; primeiro destes dispositivos com os requisitos essenciais
2.3 — Uma declaração escrita afirmando que não foi aplicáveis quando ligado a um dispositivo do tipo em ques-
apresentado a nenhum outro organismo notificado qualquer tão, com as características especificadas pelo fabricante;
pedido relativo ao mesmo tipo. 4.4 — Efectuar ou mandar efectuar os controlos ade-
quados e os ensaios necessários para verificar se as normas
B — Documentação
relevantes foram efectivamente aplicadas nos casos em
3 — A documentação deve permitir compreender a con- que o fabricante opte pela sua aplicação;
cepção, o fabrico e o desempenho do produto e conter, 4.5 — Acordar com o requerente qual o local em que
designadamente, os seguintes elementos: são realizadas as inspecções e os ensaios necessários.
3.1 — Uma descrição geral do tipo, incluindo quaisquer 5 — Se o tipo satisfizer as disposições do presente
variantes previstas, bem como as suas finalidades; decreto-lei, o organismo notificado passa ao requerente o
3.2 — Os desenhos de concepção, os métodos de fabrico certificado de exame CE de tipo, o qual contém o nome e
previstos, nomeadamente em matéria de esterilização, o endereço do fabricante, as conclusões da inspecção, as
diagramas de componentes, subconjuntos, circuitos, etc.; condições de validade do certificado e os dados necessários
3.3 — As descrições e explicações necessárias para a para a identificação do tipo aprovado, devendo as partes
compreensão dos referidos desenhos e diagramas e do significativas da documentação ficar anexadas ao certifi-
funcionamento do produto; cado e o organismo notificado conservar uma cópia.
3.4 — Uma lista das normas referidas no artigo 6.º do 5.1 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 7.4 do
decreto-lei de que o presente anexo é parte integrante, anexo I, antes de tomar uma decisão, o organismo notifi-
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3739
cado deve consultar, no que se refere aos aspectos referidos 7.3 — No caso dos dispositivos implantáveis, o período
nesse número, uma das autoridades competentes desig- referido no número anterior é de, no mínimo, 15 anos a
nadas pelos Estados membros nos termos da Directiva contar da última data de fabrico do produto.
n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 6 de Novembro, ou a EMEA. ANEXO IV
5.1.1 — O parecer da autoridade nacional competente
consultada ou da EMEA é formulado no prazo de 210 dias [a que se refere a subalínea ii) da alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º]
após a recepção de documentação válida.
5.1.2 — O parecer científico da autoridade nacional Verificação CE
competente consultada ou da EMEA deve ser integrado 1 — A verificação CE é o procedimento através do
na documentação relativa ao dispositivo. qual o fabricante ou o seu mandatário garante e declara
5.1.3 — O organismo notificado tem devidamente em que os dispositivos que foram submetidos ao disposto no
conta na sua decisão as opiniões expressas no decurso n.º 4 são conformes com o tipo descrito no certificado de
desta consulta. exame CE de tipo e que satisfazem os requisitos que lhes
5.1.4 — O organismo notificado informa a autoridade são aplicáveis previstos no decreto-lei de que o presente
nacional competente consultada da sua decisão final. anexo é parte integrante.
5.2 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 7.5 do 2 — O fabricante deve adoptar todas as medidas neces-
anexo I, o parecer científico da EMEA deve ser integrado sárias para que o processo de fabrico garanta a conformi-
na documentação relativa ao dispositivo. dade dos produtos com o tipo descrito no certificado de
5.2.1 — O parecer da EMEA é formulado no prazo de exame CE de tipo e com os requisitos que lhes são apli-
210 dias após a recepção de documentação válida. cáveis previstos no do decreto-lei de que o presente anexo
5.2.2 — O organismo notificado tem devidamente em é parte integrante, e apor a marcação CE de acordo com
conta na sua decisão o parecer da EMEA. o disposto no artigo 7.º do decreto-lei de que o presente
5.2.3 — O organismo notificado não pode emitir o anexo é parte integrante em cada dispositivo e redigir uma
certificado se o parecer científico da EMEA for desfa- declaração de conformidade
vorável. 2.1 — Antes do fabrico, o fabricante deve elaborar a
5.2.4 — O organismo notificado informa a EMEA da documentação que descreva os processos de fabrico, no-
sua decisão final. meadamente em matéria de esterilização, bem como a tota-
5.3 — No caso dos dispositivos médicos fabricados lidade das disposições preestabelecidas e sistemáticas que
mediante a utilização de tecidos de origem animal referidos são aplicadas para garantir a homogeneidade da produção
na Directiva n.º 2003/32/CE, da Comissão, de 23 de Abril, e a conformidade dos dispositivos com o tipo descrito no
e no capítulo VII do decreto-lei de que o presente anexo certificado de exame CE de tipo e com os requisitos que
é parte integrante, o organismo notificado deve seguir os lhes são aplicáveis, estabelecidos no decreto-lei de que o
procedimentos mencionados nessa directiva. presente anexo é parte integrante.
6 — O requerente deve informar o organismo notifi- 2.2 — Para além do disposto nos n.os 2 e 2.1, sempre
cado que tiver emitido o certificado de exame CE de tipo que se trate de produtos colocados no mercado já este-
de quaisquer modificações significativas introduzidas no rilizados, e unicamente no que respeita aos aspectos do
produto aprovado. fabrico destinados à obtenção da esterilização e à respectiva
6.1 — As modificações do produto aprovado devem manutenção, o fabricante deve aplicar as disposições das
receber uma aprovação complementar por parte do orga- partes I e II do anexo V.
nismo notificado que tiver emitido o certificado de exame 3 — O fabricante comprometer-se-á a criar e manter
CE de tipo sempre que possam pôr em causa a conformi- actualizado o processo de análise sistemática da experi-
dade com os requisitos essenciais ou com as condições ência adquirida com os dispositivos na fase pós-produção,
de utilização previstas para o produto, aprovação com- incluindo as disposições referidas no anexo XVI, e a de-
plementar essa que é concedida, quando aplicável, sob a senvolver meios adequados de aplicação de quaisquer
forma de um aditamento ao certificado inicial de exame acções de correcção necessárias, compromisso esse que
CE de tipo. inclui a obrigação de o fabricante informar as autoridades
competentes sobre os incidentes referidos no artigo 27.º do
D — Disposições administrativas presente decreto-lei, assim que deles tiver conhecimento.
4 — O organismo notificado efectua os exames e en-
7 — O organismo notificado deve colocar à disposição saios adequados à comprovação da conformidade do pro-
dos outros organismos notificados, bem como das enti- duto com as exigências do presente decreto-lei através quer
dades com competência de fiscalização, caso lhe sejam do controlo e ensaio de cada produto, como especificado
solicitadas, todas as informações relevantes relativas aos no n.º 5, quer do controlo e ensaio dos produtos numa
certificados de exame CE de tipo e respectivos aditamen- base estatística, como especificado no n.º 6, à escolha do
tos, emitidos, recusados ou retirados. fabricante, não se aplicando estas verificações aos aspectos
7.1 — Os outros organismos notificados podem obter do fabrico relacionados com a esterilização.
uma cópia dos certificados de exame CE de tipo ou dos seus
aditamentos, sendo os anexos dos certificados colocados
Verificação por controlo e ensaio de todos os produtos
à disposição dos outros organismos notificados mediante
pedido fundamentado e após informação do fabricante. 5 — Todos os produtos são examinados individualmente
7.2 — O fabricante ou o seu mandatário deve conservar, e efectuar-se-ão os ensaios adequados definidos na norma
conjuntamente com a documentação técnica, um exemplar ou normas aplicáveis previstas no artigo 6.º do decreto-lei
dos certificados de exame CE de tipo e dos respectivos de que o presente anexo é parte integrante, ou ensaios
aditamentos durante, pelo menos, cinco anos a contar da equivalentes, para a verificação, se aplicável, da respec-
última data de fabrico do dispositivo. tiva conformidade com o tipo descrito no certificado de
3740 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
exame CE de tipo e com as demais exigências do presente que os produtos da classe IIa são fabricados de acordo com
decreto-lei que lhes são aplicáveis. a documentação técnica referida no n.º 3 do anexo VII e
5.1 — O organismo notificado apõe, ou manda apor, o obedecem às exigências do presente decreto-lei que lhes
seu número de identificação em cada produto aprovado e são aplicáveis;
elabora um certificado de conformidade escrito relativa- 8.2 — Em derrogação dos n.os 1, 2, 5 e 6, as verificações
mente aos ensaios efectuados. efectuadas pelo organismo notificado têm por objecto a
conformidade dos produtos da classe IIa com a documen-
Verificação estatística tação técnica referida no n.º 3 do anexo VII.
6 — O fabricante deve apresentar os produtos fabricados Aplicação aos dispositivos que incorporem uma substância
sob a forma de lotes homogéneos. derivada do sangue humano na acepção da alínea b) do n.º 2
6.1 — É colhida aleatoriamente uma amostra de cada do artigo 2.º
lote, sendo os produtos que constituem amostra analisados
individualmente e efectuando-se os ensaios adequados 9 — No caso previsto no n.º 5, uma vez concluído o
definidos na norma ou normas aplicáveis mencionadas no fabrico de cada lote do dispositivo do tipo referido na
artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte alínea b) do n.º 2 do artigo 2.º do decreto-lei de que o
integrante, ou ensaios equivalentes, para verificar a sua presente anexo é parte integrante e no caso da verificação
conformidade com o tipo descrito no certificado de exame prevista no n.º 6 do presente anexo, o fabricante informa o
CE de tipo e com as exigências do presente decreto-lei que organismo notificado da validação desse lote, transmitindo-
lhes são aplicáveis, a fim de se determinar se o lote deve -lhe o certificado oficial de validação do lote da substância
ser aceite ou rejeitado. derivada do sangue humano utilizada nesse dispositivo,
6.2 — O controlo estatístico dos produtos é feito por elaborado e redigido pelo laboratório designado, nos
atributos e, ou, variáveis, o que implica planos de amos- termos do disposto no n.º 2 do artigo 114.º da Directiva
tragem com características operacionais que assegurem um n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
alto nível de segurança de desempenho funcional de acordo de 6 de Novembro (artigo 135.º, n.º 4, do Decreto-Lei
com o estado da técnica, sendo os planos de amostragem n.º 176/2006, de 30 de Agosto).
determinados pelas normas harmonizadas referidas no
artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte ANEXO V
integrante atendendo à especificidade das categorias de
produtos em questão. [a que se refere a subalínea ii) da alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º]
6.3 — No caso de um lote ser aceite, o organismo notifi-
cado apõe ou manda apor o seu número de identificação em Declaração CE de conformidade
todos os produtos e emite um certificado de conformidade,
por escrito, relativamente aos ensaios efectuados, podendo Garantia da qualidade da produção
todos os produtos do lote ser colocados no mercado, com 1 — O fabricante deve aplicar o sistema da quali-
excepção dos produtos da amostra que se tenha verificado dade que foi aprovado para o fabrico e deve efectuar
não estarem conformes. o controlo final dos dispositivos em causa, conforme
6.4 — No caso de um lote ser rejeitado, o organismo
o estabelecido no n.º 3, ficando sujeito à fiscalização
notificado competente toma as medidas necessárias para
prevista no n.º 4.
impedir a sua colocação no mercado, mas, caso se verifique
a rejeição frequente de lotes, o organismo notificado pode 2 — A declaração CE de conformidade é o procedimento
suspender a verificação estatística. através do qual o fabricante que cumpre as obrigações
6.5 — O fabricante pode, sob a responsabilidade do enunciadas no n.º 1 garante e declara que os dispositivos
organismo notificado, apor o número de identificação deste em causa são conformes com o tipo descrito no certificado
último durante o fabrico. de exame CE de tipo e obedecem às disposições aplicáveis
do presente decreto-lei.
2.1 — O fabricante apõe a marcação CE nos termos do
Disposições administrativas
artigo 7.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte
7 — O fabricante ou o seu mandatário deve manter à integrante e elabora uma declaração de conformidade es-
disposição da autoridade competente, durante, pelo me- crita, a qual abrange um ou mais dispositivos médicos
nos, cinco anos e, no caso dos dispositivos implantáveis, fabricados, claramente identificados pelo nome do produto,
durante, pelo menos, 15 anos, a partir da última data de o código do produto ou outra referência inequívoca, e é
fabrico do produto: arquivada pelo fabricante.
7.1 — A declaração de conformidade;
7.2 — A documentação referida no n.º 2; Parte I
7.3 — Os certificados referidos nos n.os 5.1 e 6.3 e, se
for caso disso, o certificado de exame CE de tipo referido Sistema de qualidade
no anexo III.
A — Pedido de avaliação
Aplicação aos dispositivos da classe IIa
3 — O fabricante deve efectuar um pedido de avaliação
8 — O presente anexo pode aplicar-se, em conformi- do seu sistema de qualidade a um organismo notificado.
dade com a alínea c) do n.º 1 do artigo 8.º do decreto-lei 3.1 — O pedido a que se refere o n.º 3 supra deve in-
de que o presente anexo é parte integrante, aos produtos cluir:
da classe IIa, com as seguintes condições: 3.1.1 — O nome e o endereço do fabricante e de quais-
8.1 — Em derrogação dos n.os 1 e 2, o fabricante deve quer outros locais de fabrico abrangidos pelo sistema da
garantir e declarar, através da declaração de conformidade, qualidade;
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3741
3.1.2 — Todas as informações relativas aos produtos ou cia com que são realizados e dos equipamentos de ensaio
à categoria de produtos a que o processo se aplica; utilizados, devendo ser assegurada de forma apropriada a
3.1.3 — Uma declaração escrita indicando não ter sido calibração dos equipamentos de ensaio.
apresentado a nenhum outro organismo notificado o re-
querimento relativo aos mesmos produtos; C — Organismo notificado
3.1.4 — A documentação referente ao sistema da qua-
3.4 — O organismo notificado procede a uma verifica-
lidade;
ção do sistema da qualidade para determinar se o mesmo
3.1.5 — O compromisso do fabricante de cumprir as
satisfaz as exigências referidas nos n.os 3.2 e 3.3 e presume
obrigações decorrentes do sistema da qualidade apro-
o cumprimento dessas exigências no caso dos sistemas
vado;
da qualidade que aplicam as normas harmonizadas cor-
3.1.6 — O compromisso do fabricante de manter o sis-
respondentes.
tema da qualidade aprovado, adequado e eficaz;
3.4.1 — A equipa auditora encarregada da avaliação
3.1.7 — Eventualmente, a documentação técnica rela-
deve integrar, pelo menos, um elemento com experiên-
tiva aos tipos aprovados e uma cópia dos certificados de
cia e conhecimento de avaliação na tecnologia em causa,
exame CE de tipo;
devendo o procedimento de avaliação incluir uma visita
3.1.8 — O compromisso do fabricante de criar e manter
às instalações do fabricante e, em casos devidamente jus-
actualizado um processo de análise sistemática da experiên-
tificados, às instalações dos fornecedores do fabricante,
cia adquirida com os dispositivos na fase de pós-produção,
incluindo as disposições referidas no anexo XVI, e de desen- por forma a controlar os processos de fabrico, sendo que,
volver meios adequados de aplicação de quaisquer acções após a visita final, a decisão da equipa auditora deve ser
de correcção necessárias, compromisso este que inclui a notificada ao fabricante e conter as conclusões da inspecção
obrigação do fabricante informar as autoridades competen- e uma avaliação fundamentada.
tes sobre os incidentes referidos no artigo 27.º do presente 3.5 — O fabricante deve informar o organismo notifi-
decreto-lei, assim que deles tiver conhecimento. cado que tiver aprovado o sistema da qualidade de qualquer
3.2 — A aplicação do sistema da qualidade deve asse- projecto de alterações significativas do mesmo ou da gama
gurar a conformidade dos dispositivos com o tipo descrito de produtos abrangidos, devendo o organismo notificado
no certificado de exame CE de tipo e com as disposições avaliar as alterações propostas e verificar se o sistema da
do presente decreto-lei que se lhes aplicam. qualidade assim alterado satisfaz, ainda, as exigências
referidas nos n.os 3.2 e 3.3, comunicando a sua decisão ao
B — Documentação
fabricante, a qual deve conter as conclusões da inspecção
e uma avaliação fundamentada.
3.3 — Todos os elementos, requisitos e disposições
adoptados pelo fabricante relativamente ao seu sistema da Parte II
qualidade devem constar de documentação organizada de
modo sistemático e ordenado, sob a forma de orientações Fiscalização
e procedimentos escritos, como, por exemplo, programas,
4 — O objectivo da fiscalização consiste em assegurar
planos, manuais e registos da qualidade, documentação
que o fabricante cumpre correctamente as obrigações de-
essa que deve incluir, em especial, uma descrição ade-
correntes do sistema da qualidade aprovado.
quada:
4.1 — O fabricante deve facultar ao organismo notifi-
3.3.1 — Dos objectivos da qualidade do fabricante;
cado a realização de todas as inspecções necessárias e deve
3.3.2 — Da organização da empresa e, em particular:
fornecer-lhe todas as informações apropriadas e, em especial:
3.3.2.1 — Das estruturas organizativas, das responsa-
4.1.1 — A documentação relativa ao sistema da qua-
bilidades dos quadros e da sua competência organizativa
lidade;
em matéria da qualidade da concepção e do fabrico dos
produtos; 4.1.2 — A documentação técnica;
3.3.2.2 — Dos métodos que permitam controlar o fun- 4.1.3 — Os dados previstos na parte do sistema da qua-
cionamento eficaz do sistema da qualidade e, designada- lidade relativa ao fabrico, designadamente relatórios res-
mente, a sua capacidade para atingir a qualidade reque- peitantes a inspecções, ensaios, calibrações e qualificações
rida dos produtos, incluindo o controlo dos produtos não do pessoal envolvido.
conformes; 4.2 — O organismo notificado deve proceder periodi-
3.3.2.3 — Caso o fabrico ou a inspecção e ensaios finais camente às inspecções e avaliações adequadas, a fim de se
dos produtos ou dos seus elementos sejam efectuados por certificar de que o fabricante aplica o sistema da qualidade
terceiros, dos métodos de controlo da eficácia do funcio- aprovado, e deve entregar um relatório de avaliação ao
namento do sistema da qualidade e, em especial, do tipo e fabricante.
da extensão do controlo aplicado a esses terceiros; 4.3 — O organismo notificado pode ainda efectuar vi-
3.3.3 — Dos procedimentos de controlo e de garantia sitas inesperadas ao fabricante, durante as quais, se neces-
da qualidade a nível do fabrico e, nomeadamente: sário, pode efectuar, ou mandar efectuar, ensaios de veri-
3.3.3.1 — Os processos e procedimentos que são uti- ficação do bom funcionamento do sistema da qualidade,
lizados, designadamente em matéria de esterilização, de devendo entregar ao fabricante um relatório da inspecção
compras e dos documentos relevantes; e um relatório dos ensaios efectuados.
3.3.3.2 — Os processos de identificação do produto,
Parte III
estabelecidos e actualizados a partir dos desenhos, espe-
cificações ou outros documentos relevantes para todas as
Disposições administrativas
fases do fabrico;
3.3.3.3 — Das verificações e ensaios apropriados que 5 — O fabricante ou o seu mandatário devem manter à
são efectuados antes, durante e após o fabrico, da frequên- disposição da autoridade competente, durante pelo menos
3742 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
incluindo as disposições referidas no anexo XVI, e de de- 3.9 — O fabricante deve informar o organismo notifi-
senvolver meios adequados de aplicação de quaisquer cado que tiver aprovado o sistema da qualidade de qualquer
acções de correcção necessárias, compromisso este que projecto de alterações significativas do mesmo ou da gama
inclui a obrigação de o fabricante informar as autoridades de produtos abrangidos, devendo o organismo notificado
competentes sobre os seguintes incidentes referidos no avaliar as alterações propostas e verificar se o sistema da
artigo 27.º do presente decreto-lei, assim que deles tiver qualidade assim alterado satisfaz, ainda, as exigências
conhecimento. referidas nos n.os 3.2 e 3.3, comunicando a sua decisão ao
3.2 — No âmbito do sistema da qualidade, examinar- fabricante, a qual deve conter as conclusões da inspecção
-se-á cada um dos produtos ou uma amostra representativa e uma avaliação fundamentada.
de cada lote e efectuar-se-ão os ensaios adequados referidos
nas normas aplicáveis referidas no artigo 6.º, ou ensaios Parte II
equivalentes, para verificar a conformidade dos produtos
com o tipo descrito no certificado de exame CE de tipo e Fiscalização
com as disposições do presente decreto-lei que lhes são 4 — O objectivo da fiscalização consiste em assegurar
aplicáveis. que o fabricante cumpre correctamente as obrigações de-
correntes do sistema da qualidade aprovado.
B — Documentação 4.1 — O fabricante deve autorizar o organismo notifi-
3.3 — Todos os elementos, exigências e disposições cado a efectuar todas as inspecções necessárias e fornecer-
adoptados pelo fabricante devem constar de documenta- -lhe todas as informações adequadas, em especial:
ção organizada de maneira sistemática e ordenada, sob a 4.1.1 — A documentação relativa ao sistema da qua-
forma de medidas, procedimentos e instruções definidos lidade;
por escrito, documentação esta que deve permitir uma 4.1.2 — Os dados referentes ao sistema da qualidade
interpretação uniforme dos programas, planos, manuais e relativa ao fabrico, tais como relatórios da inspecção e
registos relativos à qualidade. dados de ensaio, dados de calibração, relatórios de quali-
3.4 — Essa documentação deve incluir, em especial, ficação do pessoal envolvido, etc.;
uma descrição adequada: 4.1.3 — A documentação técnica.
3.4.1 — Dos objectivos da qualidade e do organigrama, 4.2 — O organismo notificado deve proceder periodi-
das responsabilidades dos quadros e das suas competências camente às inspecções e avaliações adequadas, a fim de se
no domínio da qualidade dos produtos; certificar de que o fabricante aplica o sistema da qualidade
3.4.2 — Dos controlos e dos ensaios que são efectuados aprovado, devendo entregar um relatório de avaliação ao
fabricante.
após o fabrico, devendo a calibração dos equipamentos
4.3 — Além do referido no n.º 4.2, o organismo no-
de ensaio efectuar-se por forma a permitir um controlo
tificado pode efectuar visitas inesperadas ao fabricante,
adequado;
durante as quais, se necessário, pode efectuar ou mandar
3.4.3 — Dos meios para controlar o funcionamento efectuar ensaios de verificação do bom funcionamento do
eficaz do sistema da qualidade; sistema da qualidade e da conformidade da produção com
3.4.4 — Dos registos da qualidade, designadamente as exigências aplicáveis do presente decreto-lei, sendo
relatórios de inspecção, ensaios, calibração e registo de verificada uma amostra adequada de produtos acabados,
qualificações do pessoal envolvido; colhida no local pelo organismo notificado, efectuando-se
3.4.5 — Caso a inspecção e ensaios finais dos produtos os ensaios adequados de acordo com as normas referidas
ou dos seus elementos sejam efectuados por terceiros, dos no artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte
métodos de controlo do funcionamento eficaz do sistema integrante, ou ensaios equivalentes, devendo o organismo
de qualidade e, em especial, do tipo e extensão do controlo notificado adoptar as medidas adequadas caso um ou mais
aplicado a esses terceiros. exemplares dos produtos controlados não estejam con-
3.5.As verificações referidas no n.º 3.2 não se aplicam formes.
aos aspectos de fabrico relacionados com a esterilização. 4.4 — O organismo notificado deve entregar ao fabri-
cante um relatório da visita e, se aplicável, um relatório
C — Organismo notificado de ensaio.
3.6 — O organismo notificado procede a uma verifica-
ção do sistema da qualidade para determinar se o mesmo Parte III
satisfaz as exigências referidas nos n.os 3.2, 3.3 e 3.4 e
presume o cumprimento dessas exigências caso os sis- Disposições administrativas
temas da qualidade apliquem as normas harmonizadas 5 — O fabricante ou o seu mandatário deve manter à
correspondentes. disposição da autoridade competente durante pelo menos
3.7 — A equipa auditora encarregada da avaliação deve cinco anos e, no caso dos dispositivos implantáveis, durante
integrar, pelo menos, um elemento que tenha experiência pelo menos 15 anos, a contar da última data de fabrico do
e conhecimentos de avaliação da tecnologia em causa, produto, os seguintes elementos:
devendo o procedimento de avaliação incluir uma visita às 5.1 — A declaração de conformidade.
instalações do fabricante e, em casos devidamente justifi- 5.2 — A documentação referida no n.º 3.1.7.
cados, às instalações dos fornecedores ou subfornecedores 5.3 — As alterações referidas no n.º 3.9.
do fabricante, a fim de controlar os processos de fabrico. 5.4 — As decisões e relatórios do organismo notificado
3.8 — A decisão deve ser notificada ao fabricante con- referidos nos n.os 3.9, 4.2 e 4.4.
tendo as conclusões da inspecção e uma avaliação fun- 5.5 — Se aplicável, o certificado de exame CE de tipo
damentada. previsto no anexo III.
3744 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
3.2 — Todos os dispositivos não invasivos destinados 4.2 — Todos os dispositivos invasivos de carácter ci-
à condução ou ao armazenamento de sangue, líquidos ou rúrgico destinados a utilização temporária pertencem à
tecidos corporais, líquidos ou gases com vista à perfu- classe IIa, excepto se:
são, administração ou introdução no corpo pertencem à 4.2.1 — Se destinarem especificamente a controlar,
classe IIa: diagnosticar, monitorizar ou corrigir disfunções cardíacas
3.2.1 — Caso possam ser ligados a um dispositivo mé- ou do sistema circulatório central através do contacto di-
dico activo da classe IIa ou de uma classe superior; recto com estas partes do corpo, casos em que pertencem
3.2.2 — Caso se destinem a ser utilizados para o arma- à classe III;
zenamento ou o transporte de sangue ou de outros líquidos 4.2.2 — Constituírem instrumentos cirúrgicos reutili-
ou para o armazenamento de órgãos, partes de órgãos ou záveis, caso em que pertencem à classe I;
tecidos corporais; 4.2.3 — Se destinarem especificamente a ser utilizados
3.2.3 — Em todos os outros casos, os dispositivos per- em contacto directo com o sistema nervoso central, caso
tencem à classe I. em que pertencem à classe III;
4.2.4 — Se destinarem a fornecer energia sob a forma
Regra n.º 3
de radiações ionizantes, caso em que pertencem à classe
3.3 — Todos os dispositivos não invasivos destinados IIb;
a alterar a composição biológica ou química do sangue, 4.2.5 — Se destinarem a produzir um efeito biológico
outros líquidos corporais ou outros líquidos para perfusão ou a ser absorvidos, totalmente ou em grande parte, casos
no corpo pertencem à classe IIb, excepto se o tratamento em que pertencem à classe IIb;
envolver filtração, centrifugação ou trocas de gases ou 4.2.6 — Se destinarem à administração de medica-
calor, casos em que pertencem à classe IIa. mentos por meio de um sistema próprio para o efeito, se
essa administração for efectuada de forma potencialmente
Regra n.º 4 perigosa atendendo ao modo de aplicação, caso em que
3.4 — Todos os dispositivos não invasivos que entrem pertencem à classe IIb.
em contacto com pele lesada:
Regra n.º 7
3.4.1 — Pertencem à classe I, caso se destinem a ser
utilizados como barreira mecânica, para compressão ou 4.3 — Todos os dispositivos invasivos de tipo cirúrgico
para absorção de exsudados; para utilização a curto prazo pertencem à classe IIa, excepto
3.4.2 — Pertencem à classe IIb, caso se destinem a ser no caso de se destinarem:
utilizados sobretudo em feridas que tenham fissurado a 4.3.1 — Especificamente a controlar, diagnosticar, mo-
derme e que só possam cicatrizar per secundam inten- nitorizar ou corrigir disfunções cardíacas ou do sistema
tionem; circulatório central e a entrar em contacto directo com
3.4.3 — Pertencem à classe IIa em todos os outros casos, estas partes do corpo, casos em que pertencem à classe III;
incluindo os dispositivos que se destinem essencialmente 4.3.2 — Especificamente a ser utilizados em contacto
a controlar o microambiente de uma ferida. directo com o sistema nervoso central, caso em que per-
tencem à classe III;
Parte II 4.3.3 — A fornecer energia sob a forma de radiações
ionizantes, caso em que pertencem à classe IIb;
Dispositivos invasivos 4.3.4 — A produzir um efeito biológico ou a ser ab-
4 — São as seguintes as regras de classificação dos sorvidos, totalmente ou em grande parte, casos em que
dispositivos invasivos: pertencem à classe III;
4.3.5 — A sofrer uma transformação química no corpo,
Regra n.º 5 excepto se se destinarem a ser colocados nos dentes ou
a administrar medicamentos, casos em que pertencem à
4.1 — Todos os dispositivos invasivos dos orifícios do
classe IIb.
corpo, excepto os do tipo cirúrgico, que não se destinem
a ser ligados a um dispositivo médico activo ou que se Regra n.º 8
destinem a ser ligados a um dispositivo médico activo
da classe I: 4.4 — Todos os dispositivos implantáveis e os dispo-
4.1.1 — Pertencem à classe I, se forem para utilização sitivos invasivos de carácter cirúrgico utilizados a longo
temporária; prazo pertencem à classe IIb, excepto no caso de se des-
4.1.2 — Pertencem à classe IIa, se forem para utilização tinarem:
a curto prazo, excepto se utilizados na cavidade oral até 4.4.1 — A ser colocados nos dentes, caso em que per-
à faringe, num canal auditivo até ao tímpano ou numa tencem à classe IIa;
cavidade nasal, casos em que pertencem à classe I; 4.4.2 — A ser utilizados em contacto directo com o co-
4.1.3 — Pertencem à classe IIb, se forem para utilização ração, o sistema circulatório central ou o sistema nervoso
a longo prazo, excepto se utilizados na cavidade oral até à central, casos em que pertencem à classe III;
faringe, num canal auditivo até ao tímpano ou a uma ca- 4.4.3 — A produzir um efeito biológico ou a ser ab-
vidade nasal e se não forem susceptíveis de absorção pela sorvidos, totalmente ou em grande parte, casos em que
membrana mucosa, casos em que pertencem à classe IIa; pertencem à classe III;
4.1.4 — Todos os dispositivos invasivos dos orifícios 4.4.4 — A sofrer uma transformação química do corpo,
do corpo, excepto os do tipo cirúrgico, que se destinem a excepto se se destinarem a ser colocados nos dentes ou
ser ligados a um dispositivo médico activo da classe IIa, administrar medicamentos, casos em que pertencem à
ou de uma classe superior, pertencem à classe IIa. classe III.
3748 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
funcionamento do sistema nervoso central (SNC), caso 6.5 — Todos os dispositivos em cujo fabrico se utilizem
em que pertencem à classe IIb; tecidos de origem animal ou seus derivados tornados não
5.2.4 — Os dispositivos activos destinados à emissão viáveis pertencem à classe III, excepto se esses disposi-
de radiações ionizantes, para efeitos de diagnóstico ou
tivos se destinarem a entrar em contacto apenas com a
radiologia terapêutica, incluindo os dispositivos destinados
ao respectivo controlo e monitorização ou que influenciam pele intacta.
directamente o seu funcionamento, pertencem à classe IIb. Regra n.º 18
de que o presente anexo é parte integrante de acordo com 10 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabri-
as especificações do fabricante. cados de modo a assegurar as características e os níveis
3 — As características e os níveis de funcionamento de funcionamento referidos nos n.os 1 a 6, devendo dar-se
referidos nos n.os 1 e 2 do presente anexo não devem ser especial atenção aos seguintes aspectos:
alterados sempre que as alterações possam comprometer o
estado clínico e a segurança dos doentes e, eventualmente, a) Escolha dos materiais utilizados, nomeadamente no
de terceiros, durante a vida útil prevista pelo fabricante, que diz respeito aos aspectos da toxicidade;
quando submetidos ao desgaste decorrente das condições b) Compatibilidade recíproca entre os materiais utili-
normais de utilização. zados e os tecidos e as células biológicas, bem como os
4 — Os dispositivos devem ser concebidos, fabricados e fluidos orgânicos corporais, tendo em conta a utilização
acondicionados de modo que as suas características e níveis prevista do dispositivo;
de funcionamento não sofram alterações nas condições de c) Compatibilidade com as substâncias que se destinam
armazenamento e de transporte, designadamente tempe- a administrar;
ratura e humidade, previstas pelo fabricante. d) Qualidade das ligações, em especial a nível da se-
5 — Os eventuais efeitos secundários indesejáveis de- gurança;
vem constituir riscos aceitáveis atendendo aos níveis de e) Fiabilidade da fonte de energia;
funcionamento previstos. f) Possibilidade de se manterem estanques, de acordo
6 — A demonstração da conformidade com os requisitos com as necessidades;
essenciais deve incluir uma avaliação clínica nos termos g) Bom funcionamento dos sistemas de comando, de
do anexo XVI. programação e de controlo, incluindo o suporte lógico,
sendo que no que diz respeito a dispositivos que incorpo-
II — Requisitos relativos à concepção e ao fabrico rem um software ou que sejam eles próprios um software
com finalidade médica, este deve ser validado de acordo
7 — As soluções adoptadas pelo fabricante para a con- com o estado da técnica, tendo em consideração os princí-
cepção e o fabrico dos dispositivos devem ser conformes pios do ciclo de vida, do desenvolvimento, da gestão dos
aos princípios de integração da segurança, tendo em conta riscos, da validação e da verificação.
o progresso técnico geralmente reconhecido.
8 — Os dispositivos devem ser concebidos, fabricados e 11 — Quando um dispositivo inclua, como parte inte-
acondicionados em embalagens não reutilizáveis, segundo grante, uma substância que, quando utilizada separada-
métodos apropriados, de modo a estarem esterilizados no mente, seja susceptível de ser considerada um medica-
momento da colocação no mercado e a manterem essa mento, nos termos do regime jurídico dos medicamentos
qualidade até à abertura da embalagem para serem im- de uso humano, e possa ter efeitos sobre o corpo humano
plantados, nas condições de armazenamento e transporte através de uma acção acessória à do dispositivo, deve-se
previstas pelo fabricante. verificar a qualidade, segurança e utilidade da substância,
9 — Os dispositivos devem ser concebidos e fabricados de de forma análoga aos métodos previstos no anexo I da
forma a eliminar ou minimizar os riscos relacionados com: Directiva n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do
a) As suas características físicas, incluindo as dimen- Conselho, de 6 de Novembro (Decreto-Lei n.º 176/2006,
sionais; de 30 de Agosto).
b) A utilização das fontes de energia, devendo prestar- 11.1 — Relativamente às substâncias referidas no n.º 11,
-se, no caso de utilização de electricidade, uma atenção o organismo notificado, após verificação da utilidade da
especial, designadamente, ao isolamento, às correntes de substância como parte do dispositivo e tendo em conta a
fuga e ao aquecimento dos dispositivos; finalidade do dispositivo, solicita a uma das autoridades
c) As condições ambientais razoavelmente previsíveis, competentes no âmbito da Directiva n.º 2001/83/CE, do
nomeadamente os campos magnéticos, as influências eléc- Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Novembro,
tricas externas, as descargas electrostáticas, a pressão ou designadas pelos Estados membros ou à Agência Euro-
as variações de pressão e a aceleração; peia de Medicamentos (EMEA), que actua nomeadamente
d) As intervenções médicas, nomeadamente a utilização através do seu comité em conformidade com o Regula-
de desfibrilhadores ou de equipamentos cirúrgicos de alta mento (CE) n.º 726/2004, um parecer científico quanto à
frequência; qualidade e à segurança da substância, incluindo o perfil
e) As radiações ionizantes provenientes das substâncias clínico benefício-risco da incorporação da substância no
radioactivas que façam parte do dispositivo, no respeito dispositivo.
das exigências de protecção enunciadas nos Decretos-Leis 11.2 — Ao emitir o seu parecer referido no número an-
n.os 165/2002, de 17 de Julho, e 167/2002, de 18 de Ju- terior a autoridade competente ou a EMEA toma em devida
lho, relativos à protecção contra radiações ionizantes e conta o processo de fabrico e os dados relacionados com
no Decreto-Lei n.º 180/2002, de 8 de Agosto, relativo à a utilidade da incorporação da substância no dispositivo
protecção da saúde das pessoas contra os perigos resul- conforme determinado pelo organismo notificado.
tantes de radiações ionizantes em exposições radiológicas 12 — Quando um dispositivo inclua, como parte in-
médicas; tegrante, uma substância derivada do sangue humano, o
f) Os riscos que podem ocorrer, na medida em que sua organismo notificado, após verificação da utilidade da
manutenção e calibração não sejam possíveis, nomeada- substância como parte do dispositivo e tendo em conta a
mente os riscos relacionados com o aumento excessivo finalidade do dispositivo, solicita à EMEA, que actua no-
das correntes de fuga, com o envelhecimento dos materiais meadamente através do seu comité, um parecer científico
utilizados, com o aumento excessivo do calor produzido quanto à qualidade e à segurança da substância, incluindo o
pelo dispositivo ou com uma deterioração da precisão perfil clínico risco-benefício da incorporação da substância
de um qualquer mecanismo de medição ou de controlo. derivada do sangue humano no dispositivo.
3750 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
b) Precauções a tomar em caso de alteração do funcio- 3.1 — Do pedido devem constar os seguintes elemen-
namento do dispositivo; tos:
c) Precauções a tomar no que respeita, designadamente,
a) As informações adequadas para a categoria de dis-
à exposição, em condições ambientais razoavelmente pre-
positivos cujo fabrico se prevê;
visíveis, a campos magnéticos, a influências eléctricas ex-
b) A documentação referente ao sistema da qualidade;
ternas, a descargas electrostáticas, à pressão ou a variações
c) O compromisso de cumprir as obrigações decorrentes
de pressão e à aceleração;
do sistema da qualidade aprovado;
d) Quaisquer informações adequadas sobre os medi-
camentos que o dispositivo em questão se destina a ad- d) O compromisso de manter adequado e eficaz o sis-
ministrar; tema da qualidade aprovado;
e) A data de fabrico ou a última revisão das instruções e) O compromisso de criar e manter actualizado um
de utilização. sistema de vigilância pós-comercialização, incluindo as
disposições referidas no anexo XVI, do qual conste a obri-
gação de o fabricante informar a autoridade competente
20 — A verificação do cumprimento dos requisitos re-
sobre os incidentes referidos no artigo 27.º do presente
lativos às características e aos níveis de funcionamento do
dispositivo, referidos nos n.os 1 a 6, em condições normais decreto-lei, assim que deles tiver conhecimento.
de utilização, bem como a avaliação dos efeitos secun-
dários ou indesejáveis, deve ser efectuada com base nos 4 — A aplicação do sistema da qualidade deve garantir a
dados clínicos referidos no anexo XVI. conformidade dos produtos com as disposições do presente
21 — As indicações que devem ser fornecidas ao utili- decreto-lei que se lhes aplicam em todas as fases, desde a
zador e ao doente, nos termos dos n.os 17, 18 e 19 devem concepção até aos controlos finais.
ser redigidas em língua portuguesa, de forma legível e
B — Documentação
indelével, aquando do seu fornecimento ao utilizador final,
independentemente de se destinarem ou não a uma utiliza- 5 — Todos os elementos, requisitos e disposições adop-
ção profissional, sem prejuízo de poderem ser igualmente tados pelo fabricante relativamente ao seu sistema da quali-
redigidas noutras línguas. dade devem constar de documentação organizada de modo
sistemático e ordenado, sob a forma de orientações e proce-
ANEXO XI dimentos escritos, como, por exemplo, programas, planos,
manuais e registos da qualidade, a qual deve permitir uma
[a que se refere a alínea a) do n.º 2 do artigo 8.º] interpretação uniforme das políticas e dos procedimentos
em matéria de qualidade e incluir, em especial, a docu-
Declaração CE de conformidade mentação, dados e registos decorrentes dos procedimentos
referidos na alínea c) do número seguinte.
Sistema completo de garantia da qualidade 6 — A documentação referida no número anterior deve,
1 — O fabricante deve aplicar o sistema da qualidade designadamente, descrever adequadamente:
aprovado para a concepção, o fabrico e o controlo final a) Os objectivos da qualidade do fabricante;
dos dispositivos em questão, tal como é especificado nas b) A organização da empresa e, nomeadamente:
partes I e II e fica sujeito à fiscalização CE, nos termos do
disposto na parte III. i) As estruturas organizativas, das responsabilidades dos
2 — A declaração de conformidade é o procedimento quadros e da sua competência organizativa em matéria da
através do qual o fabricante, que respeita os requisitos qualidade da concepção e do fabrico dos produtos;
previstos no número anterior, declara e garante que os ii) Os métodos que permitem controlar o funcionamento
dispositivos em questão obedecem às disposições apli- eficaz do sistema da qualidade e, designadamente, a sua
cáveis do decreto-lei de que o presente anexo é parte capacidade para atingir a qualidade requerida no que se
integrante. refere à concepção e aos produtos, incluindo o controlo
2.1 — O fabricante deve apor a marcação CE de acordo dos produtos não conformes;
com o artigo 7.º do decreto-lei de que o presente anexo é iii) Caso a concepção, o fabrico e, ou, a inspecção e
parte integrante e elaborar uma declaração de conformi- ensaios finais dos produtos ou dos seus elementos sejam
dade por escrito, devendo essa declaração abranger um ou efectuados por terceiros, os métodos de controlo do fun-
mais dispositivos claramente identificados pelo nome do cionamento eficaz do sistema da qualidade e, em especial,
produto, o código do produto ou outra referência inequí- do tipo e extensão do controlo aplicado a esses terceiros;
voca, e ser conservada pelo fabricante.
2.2 — A marcação CE deve ser acompanhada pelo nú- c) Os procedimentos destinados a controlar e verificar
mero de identificação do organismo notificado responsável a concepção dos produtos, nomeadamente:
pela sua atribuição. i) As especificações de concepção, incluindo as normas
que são aplicadas e os resultados da análise de riscos, bem
Parte I
como a descrição das soluções adoptadas para satisfazer os
requisitos essenciais que se aplicam aos produtos, sempre
Sistema da qualidade
que as normas referidas no artigo 6.º do decreto-lei de que
o presente anexo é parte integrante não sejam aplicadas
A — Pedido de avaliação
integralmente;
3 — O fabricante deve apresentar um pedido de ava- ii) As técnicas de controlo e de verificação da concep-
liação do seu sistema da qualidade a um organismo no- ção e os processos e as medidas que são sistematicamente
tificado. utilizadas na concepção dos produtos;
3752 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
iii) Uma declaração que indique se o dispositivo inclui questão, incluindo os elementos necessários à avaliação da
ou não, como parte integrante, uma substância ou uma sua conformidade com as exigências do presente decreto-
substância derivada do sangue humano, referidas nos n.os 11 -lei, nomeadamente com as alíneas c) e d) do n.º 6.
e 12 do anexo X, bem como dados relativos aos ensaios 10.1 — O pedido deve incluir:
efectuados para o efeito e que são necessários à avaliação
da segurança, da qualidade e da utilidade dessa substância a) As especificações de concepção, incluindo as normas
ou dessa substância derivada do sangue humano, atendendo que tenham sido aplicadas;
à finalidade do dispositivo; b) A prova da sua adequação, especialmente sempre
iv) A avaliação pré-clínica; que as normas referidas no artigo 6.º do decreto-lei de
v) A avaliação clínica referida no anexo XVI; que o presente anexo é parte integrante não tenham sido
inteiramente aplicadas, a qual deve incluir os resultados
d) As técnicas de controlo e de garantia da qualidade a dos ensaios adequados efectuados pelo fabricante ou sob
nível do fabrico e, nomeadamente: a sua responsabilidade;
c) A indicação de que o dispositivo incorpora ou não,
i) Os processos e procedimentos que são utilizados, como parte integrante, uma substância referida nos n.os 11
designadamente em matéria de esterilização, de compras e 12 do anexo X, cuja acção, em combinação com o dis-
e de documentos relevantes; positivo, pode culminar na sua biodisponibilidade, bem
ii) Os procedimentos de identificação do produto estabe- como os dados relativos aos ensaios efectuados a esse
lecidos e actualizados a partir de desenhos, especificações respeito;
ou outros documentos relevantes para todas as fases do d) A avaliação prevista no anexo XVI;
fabrico; e) O projecto da rotulagem e das instruções de utili-
zação.
e) As verificações e os ensaios apropriados que são efec-
tuados antes, durante e após o fabrico, a frequência com 11 — O organismo notificado deve examinar o pedido
que os mesmos são realizados e os equipamentos de ensaio e, caso o produto esteja conforme com as disposições
utilizados, devendo ser assegurada de forma apropriada a aplicáveis do presente decreto-lei, emitir ao requerente
calibração dos equipamentos de ensaio. um certificado de exame CE de concepção.
11.1 — O organismo notificado pode exigir que o pe-
C — Organismo notificado
dido seja completado por ensaios ou provas suplementares
7 — O organismo notificado procede a uma verificação que permitam avaliar a conformidade com os requisitos
do sistema da qualidade para determinar se o mesmo sa- do presente decreto-lei.
tisfaz os requisitos referidos nos n.os 4, 5 e 6 e presume o 11.2 — O certificado deve conter as conclusões do
cumprimento desses requisitos, caso o sistema da qualidade exame, as condições da sua validade, os dados necessários
aplique as normas harmonizadas correspondentes. à identificação da concepção aprovada e, se necessário,
7.1 — A equipa auditora encarregada da avaliação deve uma descrição da finalidade do produto.
integrar, pelo menos, um elemento que tenha experiência 12 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 11 do
e conhecimentos de avaliação da tecnologia em causa, anexo X, antes de tomar uma decisão, o organismo notifi-
devendo o procedimento de avaliação incluir uma inspec- cado deve consultar, no que se refere aos aspectos referidos
ção às instalações do fabricante e, em casos devidamente nesse número, uma das autoridades competentes desig-
justificados, às dos fornecedores e, ou, subfornecedores nadas pelos Estados-membros nos termos da Directiva
do fabricante, a fim de inspeccionar os processos de fa- n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
brico. de 6 de Novembro, ou a EMEA.
7.2 — A decisão deve ser notificada ao fabricante e 12.1 — O parecer da autoridade nacional competente
contém as conclusões da inspecção e uma avaliação fun- ou da EMEA, referido no número anterior, é formulado
damentada. no prazo de 210 dias após a recepção de documentação
8 — O fabricante deve informar o organismo notificado válida.
que tiver aprovado o sistema da qualidade de quaisquer 12.2 — O parecer científico da autoridade nacional
alterações significativas do mesmo ou da gama de produ- competente ou da EMEA deve ser integrado na docu-
tos abrangidos devendo o organismo notificado avaliar as mentação relativa ao dispositivo.
alterações propostas e verificar se o sistema da qualidade 12.3 — O organismo notificado tem devidamente em
assim alterado satisfaz, ainda, os requisitos referidos nos conta na sua decisão as opiniões expressas no decurso
n.os 4, 5 e 6, comunicando a sua decisão ao fabricante, a desta consulta.
qual deve conter as conclusões da inspecção e uma ava- 12.4 — O organismo notificado informa o organismo
liação fundamentada. competente em causa da sua decisão final.
13 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 12 do
Parte II anexo X, o parecer científico da EMEA deve ser integrado
na documentação relativa ao dispositivo.
Exame da concepção do produto
13.1 — O parecer da EMEA referido no número ante-
9 — Para além das obrigações que lhe incumbem por rior é formulado no prazo de 210 dias após a recepção de
força dos n.os 3 a 8, o fabricante deve apresentar ao or- documentação válida.
ganismo notificado um pedido de exame do dossier de 13.2 — O organismo notificado tem devidamente em
concepção relativo a qualquer dispositivo a fabricar per- conta na sua decisão o parecer da EMEA.
tencente à categoria referida no n.º 3.1. 13.3 — O organismo notificado não pode emitir o cer-
10 — O pedido deve descrever a concepção, o fabrico tificado se o parecer científico da EMEA for desfavorá-
e os níveis de desempenho funcional do dispositivo em vel.
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3753
c) As descrições e explicações necessárias para a com- 5.1.3 — O parecer científico da autoridade nacional
preensão dos referidos desenhos, esquemas e diagramas competente ou da EMEA deve ser integrado na documen-
e do funcionamento do produto; tação relativa ao dispositivo.
d) Uma lista das normas referidas no artigo 6.º do 5.1.4 — O organismo notificado tem devidamente em
decreto-lei de que o presente anexo é parte integrante, conta na sua decisão as opiniões expressas no decurso
aplicadas total ou parcialmente, e descrições das soluções desta consulta.
adoptadas para dar cumprimento aos requisitos essenciais 5.1.5 — O organismo notificado informa o organismo
nos casos em que aquelas normas não tenham sido inte- competente em causa da sua decisão final.
gralmente aplicadas; 5.2 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 12 do
e) Os resultados dos cálculos de concepção, da anexo X, o parecer científico da EMEA deve ser integrado
análise de riscos, dos exames e dos ensaios técnicos na documentação relativa ao dispositivo.
efectuados, etc.; 5.2.1 — O parecer da EMEA é formulado no prazo de
f) Uma declaração que indique se o dispositivo inclui ou 210 dias após a recepção de documentação válida.
não, como parte integrante, uma substância que, quando 5.2.2 — O organismo notificado tem devidamente em
utilizada separadamente, possa ser considerada um medi- conta na sua decisão o parecer da EMEA.
camento ou uma substância derivada do sangue humano, 5.2.3 — O organismo notificado não pode emitir o
referidas nos n.os 11 e 12 do anexo X, bem como dados certificado se o parecer científico da EMEA for desfa-
relativos aos ensaios efectuados para o efeito e que são vorável.
necessários à avaliação da segurança, da qualidade e da 5.2.4 — O organismo notificado informa a EMEA da
utilidade dessa substância ou dessa substância derivada sua decisão final.
do sangue humano, atendendo à finalidade do dispositivo; 6 — O requerente deve informar o organismo noti-
g) A avaliação pré-clínica; ficado que tiver emitido o certificado de exame CE de
h) A avaliação clínica referida no anexo XVI; tipo de quaisquer modificações introduzidas no produto
i) O projecto de rotulagem e das instruções de utiliza- aprovado.
ção. 6.1 — As modificações do produto aprovado devem re-
ceber uma aprovação complementar por parte do organismo
C — Organismo notificado notificado que tiver emitido o certificado de exame CE de
4 — O organismo notificado deve: tipo sempre que possam pôr em causa a conformidade com
4.1 — Examinar e avaliar a documentação e verificar se os requisitos essenciais ou com as condições de utilização
o tipo foi fabricado em conformidade com a mesma, bem previstas para o produto, aprovação complementar essa
como registar os elementos que tenham sido concebidos que é concedida, quando aplicável, sob a forma de um
de acordo com as disposições aplicáveis nas normas refe- aditamento ao certificado inicial de exame CE de tipo.
ridas no artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é 7 — O organismo notificado deve colocar à dispo-
parte integrante e ainda os elementos cuja concepção não sição dos outros organismos notificados, bem como da
se baseie nas disposições relevantes das referidas normas; autoridade competente, caso lhe sejam solicitadas, todas
4.2 — Efectuar ou mandar efectuar os controlos adequa- as informações relevantes relativas aos certificados de
dos e os ensaios necessários para verificar se as soluções exame CE de tipo e respectivos aditamentos, emitidos,
adoptadas pelo fabricante satisfazem os requisitos essen- recusados ou retirados.
ciais do presente decreto-lei, nos casos em que o disposto 7.1 — Os outros organismos notificados podem obter
no artigo 6.º do decreto-lei de que o presente anexo é parte uma cópia dos certificados de exame CE de tipo ou dos seus
integrante não tenha sido aplicado; aditamentos, sendo os anexos dos certificados colocados
4.3 — Efectuar ou mandar efectuar os controlos ade- à disposição dos outros organismos notificados mediante
quados e os ensaios necessários para verificar se as normas pedido fundamentado e após informação do fabricante.
relevantes foram efectivamente aplicadas nos casos em 7.2 — O fabricante ou o seu mandatário deve conservar,
que o fabricante opte pela sua aplicação; conjuntamente com a documentação técnica, um exemplar
4.4 — Acordar com o requerente qual o local em que dos certificados de exame CE de tipo e dos respectivos
são realizadas as inspecções e os ensaios necessários. aditamentos durante, pelo menos, quinze anos a contar da
5 — Se o tipo satisfizer as disposições do presente última data de fabrico do dispositivo.
decreto-lei, o organismo notificado passa ao requerente o
ANEXO XIII
certificado de exame CE de tipo, o qual contém o nome e
o endereço do fabricante, as conclusões da inspecção, as
[a que se refere a alínea b) do n.º 2 do artigo 8.º]
condições de validade do certificado e os dados necessários
para a identificação do tipo aprovado, devendo as partes Verificação CE
significativas da documentação ficar anexadas ao certifi-
cado e o organismo notificado conservar uma cópia. 1 — A verificação CE é o procedimento através do
5.1 — No caso dos dispositivos referidos no n.º 11 qual o fabricante ou o seu mandatário garante e declara
do anexo X, antes de tomar uma decisão, o organismo que os dispositivos que foram submetidos ao disposto no
notificado deve consultar, no que se refere aos aspectos n.º 3 são conformes com o tipo descrito no certificado de
referidos nesse número, uma das autoridades competentes exame CE de tipo e que satisfazem os requisitos que lhes
designadas pelos Estados membros nos termos da Directiva são aplicáveis previstos no presente decreto-lei.
n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, 2 — O fabricante deve adoptar todas as medidas ne-
de 6 de Novembro, ou a EMEA. cessárias para que o processo de fabrico garanta a confor-
5.1.2 — O parecer da autoridade nacional competente midade dos produtos com o tipo descrito no certificado
ou da EMEA é formulado no prazo de 210 dias após a de exame CE de tipo e com os requisitos que lhes são
recepção de documentação válida. aplicáveis previstos no presente decreto-lei, e apor a mar-
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3755
cação CE em cada dispositivo e redigir uma declaração 6.3.2 — O fabricante pode, sob a responsabilidade do
de conformidade organismo notificado, apor o número de identificação deste
3 — Antes do fabrico, o fabricante deve elaborar a docu- último durante o fabrico.
mentação que descreva os processos de fabrico, nomeada- 6.4 — O fabricante ou o seu mandatário deve manter
mente em matéria de esterilização, bem como a totalidade à disposição da autoridade competente os certificados
das disposições preestabelecidas e sistemáticas que são de conformidade do organismo notificado durante, pelo
aplicadas para garantir a homogeneidade da produção e menos 15 anos a partir da data de fabrico do disposi-
a conformidade dos dispositivos com o tipo descrito no tivo.
certificado de exame CE de tipo e com os requisitos que 7 — Uma vez concluído o fabrico de cada lote do dis-
lhes são aplicáveis, estabelecidos no presente decreto-lei. positivo do tipo referido na alínea c) do n.º 2 do artigo 2.º
4 — O fabricante comprometer-se-á a criar e manter do decreto-lei de que o presente anexo é parte integrante
actualizado o processo de análise sistemática da experi- o fabricante informa o organismo notificado da validação
ência adquirida com os dispositivos na fase pós-produção, desse lote, transmitindo-lhe certificado oficial de validação
incluindo as disposições referidas no anexo XVI, e a de- do lote da substância derivada do sangue humano utilizada
senvolver meios adequados de execução de quaisquer nesse dispositivo, emitido por um laboratório estatal ou
acções de correcção necessárias, compromisso esse que por um laboratório designado para o efeito por um Estado
inclui a obrigação de o fabricante informar as autoridades membro, nos termos do n.º 2 do artigo 114.º da Directiva
competentes sobre os incidentes referidos no artigo 27.º do n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
presente decreto-lei, assim que deles tiver conhecimento. de 6 de Novembro (artigo 135.º, n.º 4, do Decreto-Lei
5 — A fim de verificar a conformidade do produto com n.º 176/2006, de 30 de Agosto).
os requisitos estabelecidos no presente decreto-lei o or-
ganismo notificado deve efectuar os exames e ensaios
adequados através do controlo e ensaio dos dispositivos ANEXO XIV
numa base estatística, como especificado no n.º 6.
5.1 — O fabricante deve autorizar o organismo notifi- [a que se refere a alínea b) do n.º 2 do artigo 8.º]
cado a avaliar a eficácia das medidas tomadas em execução
do n.º 3, se necessário por auditoria. Declaração CE de conformidade com o tipo
do lote da substância derivada do sangue humano utilizada j) O local em que se efectuam as investigações, bem
nesse dispositivo, emitido por um laboratório estatal ou como as respectivas datas de início e duração previsí-
por um laboratório designado para o efeito por um Estado veis;
membro, nos termos do n.º 2 do artigo 114.º da Directiva l) A declaração de que o dispositivo em questão está
n.º 2001/83/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, conforme com os requisitos essenciais, com excepção dos
de 6 de Novembro (artigo 135.º, n.º 4, do Decreto-Lei aspectos objecto das investigações, e a garantia de que,
n.º 176/2006, de 30 de Agosto). quanto a estes últimos, foram tomadas todas as precauções
para proteger a saúde e a segurança do doente.
ANEXO XV
3 — O fabricante comprometer-se-á a manter à dispo-
(a que se refere o n.º 4 do artigo 5.º) sição da autoridade competente:
3.1 — No que se refere aos dispositivos feitos por
Declaração relativa aos dispositivos para fins específicos medida, documentação que indique o local ou locais de
fabrico e permita compreender a concepção, o fabrico e
1 — O fabricante, ou o seu mandatário, deve elabo- o desempenho funcional do produto, incluindo o nível
rar, em relação aos dispositivos feitos por medida ou aos de funcionamento previsto, de modo a permitir a avalia-
dispositivos destinados a investigações clínicas, uma de- ção da sua conformidade com os requisitos do presente
claração. decreto-lei.
2 — Da declaração consta: 3.1.1 — O fabricante toma todas as medidas necessárias
2.1 — Para os dispositivos feitos por medida, os se- para que o processo de fabrico assegure a conformidade
guintes elementos: dos dispositivos fabricados com a documentação referida
no n.º 3.1;
a) O nome e endereço do fabricante; 3.2 — No caso dos dispositivos destinados a investiga-
b) Os dados que permitam identificar o dispositivo em ções clínicas, da documentação devem constar os seguintes
questão; elementos:
c) A declaração de que o dispositivo se destina a ser
utilizado exclusivamente por um doente determinado e o a) Uma descrição geral do dispositivo e a sua finali-
nome deste último; dade;
d) O nome do médico que efectuou a prescrição e, se b) Desenhos de concepção e descrições dos métodos
for o caso, o nome da instituição no âmbito da qual aquela de fabrico, nomeadamente em matéria de esterilização,
foi emitida; bem como esquemas e diagramas dos componentes, dos
e) As características específicas do dispositivo, tais subconjuntos e dos circuitos;
como indicadas na prescrição médica; c) As descrições e as explicações necessárias à compre-
f) A declaração de que o dispositivo está conforme com ensão dos desenhos e dos esquemas e diagramas referi-
os requisitos essenciais enunciados no anexo X e, se for o dos na alínea anterior e do funcionamento do dispositivo;
d) Resultados da análise de riscos, bem como uma lista
caso, a indicação dos requisitos essenciais que não tenham
das normas referidas no artigo 6.º do decreto-lei de que o
sido respeitados integralmente, acompanhada da respectiva presente anexo é parte integrante aplicadas total ou par-
justificação. cialmente, e uma descrição das soluções adoptadas para
satisfazer os requisitos essenciais constantes do presente
2.2 — Para os dispositivos destinados às investigações decreto-lei quando não tiverem sido aplicadas aquelas
clínicas referidas no anexo XVI, os seguintes elementos: normas;
a) Os dados que permitam identificar o dispositivo em e) Se o dispositivo incluir, como parte integrante, uma
questão; substância ou uma substância derivada do sangue humano,
b) O plano de investigação clínica; referidas nos n.os 11 e 12 do anexo X, os dados relativos aos
c) A brochura do investigador; ensaios efectuados para o efeito e que sejam necessários à
d) A confirmação de que os sujeitos envolvidos estão avaliação da segurança, da qualidade e da utilidade dessa
cobertos por seguro; substância ou dessa substância derivada do sangue humano,
e) Os documentos usados para obter o consentimento atendendo à finalidade do dispositivo;
f) Os resultados dos cálculos de concepção, dos contro-
livre e esclarecido;
los e dos ensaios técnicos efectuados;
f) Uma declaração que indique se o dispositivo inclui
ou não, como parte integrante, uma substância ou uma
3.3 — O fabricante deve tomar todas as medidas neces-
substância derivada do sangue humano referidas nos n.os 11 sárias para que o processo de fabrico assegure a confor-
e 12 do anexo X; midade dos dispositivos fabricados com a documentação
g) Uma declaração que indique se no fabrico do dis- referida nos n.os 3.1 e 3.2.
positivo se utilizam ou não tecidos de origem animal, tal 3.4 — O fabricante autoriza a avaliação, se necessário,
como referidos na Directiva n.º 2003/32/CE, da Comissão, por auditoria, da eficácia das referidas medidas.
de 23 de Abril, e no capítulo VII do decreto-lei de que o 4 — As informações contidas nas declarações referidas
presente anexo é parte integrante; no presente anexo devem ser conservadas pelo fabricante
h) O parecer da comissão de ética para a saúde com- ou pelo responsável pela colocação do dispositivo no mer-
petente e informações sobre os aspectos incluídos nesse cado durante um período mínimo de quinze anos a partir
parecer; do fabrico do último dispositivo.
i) A identificação do médico ou da equipa de investiga- 5 — Em relação aos dispositivos feitos por medida, o
ção autorizada e da instituição ou centro de investigação fabricante compromete-se a criar e manter actualizado um
encarregue das investigações; processo de análise sistemática da experiência adquirida
3758 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
com os dispositivos na fase de pós-produção, incluindo as 6.3 — A identificação dos dados colhidos e o reconhe-
disposições referidas no anexo XVI, e de desenvolver meios cimento das publicações científicas;
adequados para a aplicação de quaisquer acções de correc- 6.4 — A relevância dos dados obtidos, a sua avaliação
ção necessárias, compromisso esse que inclui a obrigação e as conclusões obtidas.
de o fabricante informar as autoridades competentes sobre 7 — A demonstração da conformidade do dispositivo
os incidentes referidos no artigo 27.º do presente decreto- com a disposições do presente decreto-lei, nomeadamente
-lei, assim que deles tiver conhecimento. através dos procedimentos referidos no n.º 5, não deve
basear-se em relatórios de casos isolados, em relatórios sem
ANEXO XVI detalhe suficiente que permita uma avaliação científica ou
em opiniões não substanciadas da conformidade.
[a que se refere a alínea z) do artigo 3.º] 8 — No caso dos dispositivos implantáveis e dos dis-
positivos da classe III, devem realizar-se investigações
Avaliação clínica clínicas, salvo se justificar adequadamente a confiança
em dados clínicos existentes.
Parte I 9 — A avaliação clínica e os respectivos resultados
devem ser documentados, devendo esta documentação ser
Disposições gerais incluída ou devidamente referenciada na documentação
1 — A comprovação da conformidade dos requisitos re- técnica do dispositivo.
lativos às características e ao desempenho funcional referi- 10 — A avaliação clínica e a respectiva documentação
dos nos n.os 1 e 3 do anexo I, ou, tratando-se de dispositivos devem ser actualizadas de forma activa com os dados ob-
tidos a partir do plano de vigilância pós-comercialização,
médicos implantáveis activos, nos n.os 1 e 2 do anexo X, nas
sendo que, sempre que o acompanhamento clínico pós-
condições normais de utilização do dispositivo, bem como
-comercialização, realizado no âmbito do plano de vigilân-
a avaliação dos efeitos secundários e da aceitabilidade da
cia pós-comercialização, não for considerado necessário,
relação benefício-risco referidos no n.º 6 do anexo I, ou,
tal facto deve ser devidamente justificado e documentado.
tratando-se de dispositivos médicos implantáveis activos,
11 — Sempre que a demonstração da conformidade com
no n.º 5 do anexo X, baseiam-se, regra geral, em dados os requisitos essenciais com base em dados clínicos não for
clínicos, seguindo a avaliação destes dados, a seguir refe- considerada necessária, deve justificar-se adequadamente
rida como avaliação clínica, um procedimento definido e essa exclusão, com base em resultados da gestão dos riscos
metodologicamente sólido, tendo em consideração, sempre e tendo em consideração as especificidades da interacção
que possível, normas harmonizadas existentes. dispositivo-corpo humana, o desempenho clínico preten-
2 — O procedimento deve ser baseado: dido e as alegações do fabricante.
2.1 — Numa avaliação crítica da literatura científica 11.1 — A adequação da demonstração da conformidade
relevante disponível no momento em matéria de segu- com os requisitos essenciais apenas através da avaliação
rança, desempenho funcional, características de concepção do desempenho funcional, ensaios e avaliação pré-clínica
e finalidade do dispositivo, em que esteja demonstrada a deve ser devidamente justificada.
equivalência do dispositivo com o dispositivo a que se 12 — Todos os dados devem permanecer confidenciais
referem os dados, e os dados demonstrem adequadamente nos termos do artigo 59.º do decreto-lei de que o presente
o cumprimento dos requisitos essenciais aplicáveis; ou anexo é parte integrante.
2.2 — Numa avaliação crítica dos resultados de todas
as investigações clínicas efectuadas; ou Parte II
2.3 — Numa avaliação crítica da combinação dos dados
clínicos previstos nos n.os 2.1 e 2.2. Investigação clínica
3 — Quando for necessário demonstrar a equivalência
devem ser considerados os aspectos clínicos, técnicos e 13 — Os objectivos das investigações clínicas são:
biológicos com especial atenção para o desempenho, prin- a) Verificar se, em condições normais de utilização,
cípios de operação e funcionamento e para os materiais. o nível de desempenho do dispositivo corresponde ao
4 — O fabricante deve demonstrar que os dados dispo- indicado no n.º 3 do anexo I, ou, tratando-se de dispositi-
níveis são suficientes para assegurar a conformidade com vos médicos implantáveis activos, no n.º 2 do anexo X; e
o presente decreto-lei, tendo em consideração: b) Determinar eventuais efeitos secundários indese-
4.1 — A demonstração da equivalência do dispositivo jáveis em condições normais de utilização e avaliar se
em avaliação com o dispositivo equivalente colocado no constituem riscos em função do funcionamento previsível
mercado, se aplicável; do dispositivo.
4.2 — A demonstração de que os dados resultantes das
avaliações referidas no n.º 2 são aplicáveis ao dispositivo 14 — As investigações clínicas devem efectuar-se de
em avaliação; acordo com a Declaração de Helsínquia aprovada pela
5 — No caso do procedimento de avaliação se basear 18.ª Assembleia Médica Mundial, em Helsínquia, na Fin-
nos n.os 2.1 e 2.3 a revisão da literatura e o relatório final lândia, em 1964, alterada pela 29.ª Assembleia Médica
devem ser realizados por uma pessoa ou entidade qualifi- Mundial, realizada em Tóquio, no Japão, em 1975, e pela
cada e conhecedora dos avanços da ciência e da técnica. 35.ª Assembleia Médica Mundial, realizada em Veneza,
6 — O relatório final deve incluir, nomeadamente: em Itália, em 1983.
6.1 — O plano seguido para selecção, recolha e apre- 14.1 — Quaisquer disposições sobre a protecção dos
ciação dos estudos e dados relevantes; seres humanos devem obedecer ao espírito da Declaração
6.2 — A definição clara do objectivo da avaliação da de Helsínquia e todas as etapas das investigações clínicas
literatura; devem ser efectuadas dentro desse espírito, desde a pri-
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3759
meira reflexão sobre a necessidade e justificação do estudo informações de se recusar a participar ou de se retirar do
até à publicação dos resultados. ensaio a qualquer momento;
15 — Sem prejuízo do disposto nos n.os 4 e 5 do ar- d) Não sejam concedidos quaisquer incentivos ou be-
tigo 12.º do decreto-lei de que presente anexo é parte inte- nefícios financeiros, sem prejuízo do reembolso das des-
grante, uma investigação só pode realizar-se se, em relação pesas e do ressarcimento ou compensação pelos prejuízos
ao participante na investigação ou, nos casos previstos nos sofridos com a participação na investigação;
n.os 16 e 17, em relação ao seu representante legal, se forem e) A investigação tiver uma relação directa com o quadro
cumpridos os seguintes requisitos: clínico do menor ou quando, pela sua natureza, apenas
puder ser realizado em menores e comportar benefícios
a) Em entrevista prévia com o investigador ou um directos para o grupo de participantes, desde que seja essen-
membro da equipa de investigação, lhe sejam explica- cial para validar dados obtidos em investigações realizadas
dos, de modo completo e em linguagem adequada à sua em pessoas capazes de dar o seu consentimento livre ou
capacidade de compreensão, os objectivos, os riscos e os através de outros métodos de investigação;
inconvenientes do ensaio, bem como as condições em que f) Sejam respeitadas as orientações científicas pertinen-
este é realizado; tes aprovadas pela autoridade competente em consonância
b) Na entrevista referida na alínea anterior, for infor- com as orientações europeias;
mado do direito que lhe assiste de, a qualquer momento, g) A investigação tiver sido concebida para minimizar
se retirar da investigação; a dor, o mal-estar, o medo ou qualquer outro previsível
c) Estiver assegurado o direito à integridade moral e risco relacionado com a doença e com o grau de sofrimento
física, bem como o direito à privacidade e à protecção dos desta, devendo o limiar do risco e o grau de sofrimento
dados pessoais que lhe dizem respeito, de harmonia com ser especificamente fixados e objecto de permanente ve-
o respectivo regime jurídico; rificação;
d) For obtido o consentimento livre e esclarecido, nos h) O plano tiver sido aprovado pela comissão de ética
termos previstos na presente lei, devendo a correspondente competente, nos termos da presente decreto-lei, a qual,
declaração escrita conter a informação sobre a natureza, para o efeito, deve estar dotada de competência em matéria
o alcance, as consequências e os riscos da investigação; de pediatria ou obter aconselhamento sobre as questões
e) For obtido o consentimento em que os dados pessoais clínicas, éticas e psicossociais da pediatria.
do participante sejam objecto de tratamento;
f) Existir um seguro que cubra a responsabilidade do fa- 17 — Sem prejuízo do disposto no n.º 15, quando um
bricante, do investigador, da respectiva equipa e do proprie- participante maior não estiver em condições de prestar o
tário ou órgão de gestão do centro de investigação, sendo consentimento livre e esclarecido, a realização da investi-
aplicável o disposto no artigo 14.º da Lei n.º 46/2004, de gação depende do preenchimento cumulativo dos requisitos
19 de Agosto; referidos nos números seguintes.
g) Os cuidados médicos dispensados e as decisões mé- 17.1 — A participação em investigações de maiores
dicas tomadas em relação ao participante forem da respon- que, antes do início da sua incapacidade, não tenham dado
sabilidade de um médico devidamente qualificado ou, se nem recusado o consentimento livre e esclarecido só é
for o caso, de um dentista habilitado; possível se:
h) For designado um contacto, junto do qual seja pos-
sível obter informações mais detalhadas. a) Tiver sido obtido o consentimento livre e esclarecido
do respectivo representante legal, nos termos do número
15.1 — O participante, ou o seu representante legal, seguinte;
pode revogar, a todo o tempo, o consentimento livre e b) A pessoa incapaz de dar o consentimento livre e
esclarecido, sem que incorra em qualquer forma de res- esclarecido tiver recebido informações adequadas à sua
ponsabilidade ou possa ser objecto de quaisquer medidas capacidade de compreensão sobre a investigação e os res-
que ponham em causa o direito à saúde e à integridade pectivos riscos e benefícios;
moral e física. c) O investigador considerar o desejo explícito do par-
15.2 — A revogação não carece de forma especial, po- ticipante que seja capaz de formar uma opinião e avaliar
dendo ser expressa ou tácita. as informações de se recusar a participar ou de se retirar
15.3 — A revogação efectuada através de representante da investigação a qualquer momento;
legal deve reflectir a vontade presumível do participante d) Não sejam concedidos quaisquer incentivos nem
e ser feita sem prejuízo para este último. benefícios financeiros, sem prejuízo do reembolso das des-
16 — Para além de outras condições impostas por lei, pesas e do ressarcimento ou compensação pelos prejuízos
uma investigação apenas pode ser realizado em partici- sofridos com a participação na investigação;
pantes menores se: e) A investigação for essencial para validar dados ob-
tidos em ensaios realizados em pessoas capazes de dar
a) Tiver sido obtido o consentimento livre e esclarecido o consentimento livre e esclarecido ou através de outros
do representante legal, o qual deve reflectir a vontade pre- métodos de investigação e estiver directamente relacionado
sumível do menor, podendo ser revogado a todo o tempo, com o quadro de perigo de vida ou de debilidade de que
sem prejuízo para este último; sofra o participante em causa;
b) O menor tiver recebido, por parte de pessoal quali- f) A investigação tiver sido concebida para minimizar a
ficado do ponto de vista pedagógico, informações sobre dor, o mal-estar, o medo ou qualquer outro previsível risco
o ensaio e os respectivos riscos e benefícios, adequadas à relacionado com a doença e com o grau de sofrimento
sua capacidade de compreensão; desta, devendo o limiar de risco e o grau de sofrimento
c) O investigador considerar o desejo expresso do me- ser especificamente fixados e objecto de permanente ve-
nor que seja capaz de formar uma opinião e avaliar as rificação;
3760 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
g) O plano tiver sido aprovado pela comissão de ética 1.1 — Não é, no entanto, excluída a possibilidade de
competente, nos termos da presente lei, a qual, para o uma troca de informações técnicas entre o fabricante e o
efeito, deve estar dotada de competência específica no organismo notificado.
domínio da patologia e da população em causa ou obter 2 — O organismo notificado e o respectivo pessoal
o respectivo aconselhamento em questões clínicas, éticas devem executar as operações de avaliação e verificação
e psicossociais ligadas à doença e à população em causa; com a maior integridade profissional e dispor da necessária
h) Existir a legítima expectativa de que a utilização do competência técnica em matéria de dispositivos médicos.
dispositivo em investigação comporte para o participante 2.1 — O organismo notificado e o respectivo pessoal
benefícios que superem quaisquer riscos. não devem estar sujeitos a quaisquer pressões ou incen-
tivos, especialmente de ordem financeira, que possam
17.2 — O consentimento livre e esclarecido prestado influenciar o seu julgamento ou os resultados da inspecção,
designadamente os provenientes de pessoas ou grupos de
pelo representante legal deve reflectir a vontade presumível
pessoas com interesses nos resultados das inspecções.
do participante, aplicando-se o disposto nos n.os 15.1 e 15.2 2.2 — Caso um organismo notificado confie a terceiros
do presente anexo. trabalhos específicos relativos ao apuramento e à verifi-
18 — A investigação clínica deve ser realizada de acordo cação dos factos, deve certificar-se previamente de que
com a norma europeia NP EN ISO 14 155 de 2004 ou suas aqueles satisfazem os requisitos estabelecidos no presente
subsequentes revisões, a qual estabelece os procedimentos decreto-lei.
para a investigação clínica de dispositivos médicos em 2.3 — O organismo notificado deve manter à disposi-
seres humanos. ção da autoridade competente os documentos pertinentes
19 — As investigações clínicas devem ser efectuadas de relativos à avaliação da competência do subcontratante e
acordo com um plano de investigação adequado, elaborado dos trabalhos por este efectuados no âmbito do presente
de acordo com a parte 2 da norma referida no número decreto-lei.
anterior correspondente ao estado da ciência e da técnica 3 — O organismo notificado deve poder assegurar a
e definido de modo a confirmar ou refutar as afirmações execução da totalidade das tarefas que lhe são atribuídas
do fabricante sobre o dispositivo, e devem incluir um nú- num dos anexos II a VI do presente decreto-lei, ou, tratando-
mero de observações suficiente para garantir a validade -se de dispositivos médicos implantáveis activos, num dos
científica das conclusões. anexos XI a XIV do presente decreto-lei, para as quais tenha
20 — Os processos utilizados para levar a cabo as in- sido notificado, quer essas tarefas sejam efectuadas pelo
vestigações devem ser adequados ao dispositivo testado. próprio organismo quer sob a sua responsabilidade.
21 — As investigações clínicas devem ser efectuadas 3.1 — Deve, nomeadamente, dispor do pessoal e possuir
em circunstâncias equivalentes às que se registariam em os meios necessários para executar de modo adequado as
condições normais de utilização do dispositivo. tarefas técnicas e administrativas ligadas às avaliações e
22 — Devem ser analisadas todas as características inspecções, o que implica que a organização disponha de
pessoal com formação científica em quantidade suficiente
relevantes, incluindo as relativas à segurança, ao funcio-
e que disponha da experiência adequada e dos conhecimen-
namento do dispositivo e aos seus efeitos sobre o doente. tos necessários para avaliar no plano biológico e clínico o
23 — Quaisquer acontecimentos adversos graves são carácter e o comportamento funcional dos dispositivos de
integralmente registados e comunicados imediatamente à que foi notificado, em função dos requisitos estabelecidos
autoridade competente e a todas as autoridades competen- no presente decreto-lei e, em especial, dos estabelecidos
tes dos Estados membros em que se realiza a investigação no anexo I, ou, tratando-se de dispositivos médicos im-
clínica. plantáveis activos, no anexo X.
24 — As investigações devem ser levadas a cabo num 3.2 — Deve, também, ter acesso ao equipamento ne-
ambiente adequado sob a responsabilidade de um médico cessário para as verificações exigidas.
ou de um técnico qualificado e autorizado para o efeito, o 4 — O pessoal encarregado das inspecções deve pos-
qual deve ter acesso aos dados técnicos e clínicos relativos suir:
ao dispositivo.
a) Uma boa formação profissional, incidindo sobre a
25 — O relatório escrito, assinado pelo médico ou pelo
totalidade das operações de avaliação e de verificação para
técnico qualificado, deve incluir uma avaliação crítica de as quais o organismo foi designado;
todos os dados recolhidos durante as investigações. b) Um conhecimento satisfatório das normas relativas
às inspecções que efectuar e uma experiência adequada
ANEXO XVII em relação às mesmas;
c) A aptidão necessária para redigir os certificados,
(a que se refere o n.º 2 do artigo 22.º) registos e relatórios que constituem a expressão material
das inspecções efectuadas.
Critérios de designação dos organismos notificados
1 — O organismo notificado, o seu director e o pessoal 5 — Deve ser garantida a imparcialidade do pessoal
encarregado da avaliação e inspecção não podem: encarregado das inspecções; a sua remuneração não deve
ser feita em função nem do número das inspecções que
a) Ser autores da concepção, fabricantes, fornecedores, efectuar nem dos resultados das mesmas.
responsáveis pela instalação, utilizadores dos dispositivos 6 — O organismo notificado deve subscrever um seguro
que inspeccionam, nem mandatários dessas pessoas; de responsabilidade civil, em termos a regulamentar por
b) Intervir, nem directamente nem como mandatários, portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis
na concepção, fabrico, comercialização ou manutenção pela área das finanças e da saúde, a menos que essa res-
dos dispositivos. ponsabilidade seja assumida pelo Estado com base no seu
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3761
direito interno ou que as inspecções sejam directamente sitivo que utiliza esses tecidos ou derivados, tendo em
efectuadas pelo Estado membro. conta as utilizações previstas e os benefícios decorrentes
7 — O pessoal do organismo notificado é obrigado a desse dispositivo.
segredo profissional, excepto perante as autoridades ad- A segurança de um dispositivo, em termos do seu po-
ministrativas competentes do Estado em que exerce a sua tencial para transmitir um agente transmissível, depende
actividade, no que se refere a todas as informações obti- de todos os factores descritos nos n.os 1.2.1 a 1.2.7, que
das no exercício das suas funções, no âmbito do presente são analisados, avaliados e geridos. A combinação destas
decreto-lei. medidas determina a segurança do dispositivo.
Há que considerar dois passos essenciais. São eles:
ANEXO XVIII A selecção dos produtos de base (tecidos ou derivados)
considerados adequados quanto à sua potencial contami-
(a que se refere o n.º 1 do artigo 7.º) nação por agentes transmissíveis (v. os n.os 1.2.1, 1.2.2 e
1.2.3), tendo em conta o processamento posterior;
Marcação CE de conformidade A aplicação de um processo de produção para remover
1 — A marcação CE de conformidade é constituída ou inactivar os agentes transmissíveis presentes nos tecidos
pelas iniciais «CE» com o seguinte grafismo: ou derivados de origem controlada (v. n.º 1.2.4).
O Comité Científico Director efectuou uma avaliação nação, quando os processos específicos referidos na lite-
do risco geográfico de EEB de vários países terceiros e ratura sejam comparáveis com os que são utilizados para
Estados membros, e continua a efectuar essa avaliação o dispositivo. Estas investigação e análise devem também
para todos os países que solicitaram a sua classificação abranger os pareceres científicos disponíveis que possam
em função do estatuto da EEB, tendo em conta os prin- ter sido adoptados por um comité científico da União Eu-
cipais factores definidos pelo Gabinete Internacional de ropeia. Os referidos pareceres servem de referências nos
Epizootias. casos em que existam pareceres discordantes.
1.2.3 — Natureza do tecido de base. — O fabricante Se não for possível comprovar essas alegações com base
deve ter em consideração a classificação dos riscos em na investigação bibliográfica, o fabricante deve lançar um
relação aos diferentes tipos de tecidos de base. O abaste- estudo específico sobre inactivação e, ou, eliminação com
cimento de tecidos de origem animal é objecto de controlo base científica, tendo em conta os seguintes factores:
e inspecção individual por um veterinário e a carcaça deve
ser certificada como própria para consumo humano. Os riscos identificados associados com o tecido;
O fabricante deve garantir que não existe qualquer risco Identificação dos agentes modelo pertinentes;
de contaminação cruzada aquando do abate. Justificação da selecção das combinações particulares
O fabricante não utiliza tecidos ou derivados de origem de agentes modelo;
animal com um elevado potencial de infecciosidade de Identificação da fase seleccionada para eliminar e, ou,
EET, a menos que o abastecimento dessas matérias seja inactivar os agentes transmissíveis;
necessário em circunstâncias excepcionais, tendo em conta Cálculo dos factores de redução.
os benefícios importantes para os pacientes e a ausência
de tecidos de base alternativos. O relatório final deve identificar os parâmetros e os
Além disso, são aplicadas as disposições do Regula- limites de fabrico considerados críticos para a eficácia do
mento (CE) n.º1774/2002, do Parlamento Europeu e do processo de inactivação ou eliminação.
Conselho, de 3 de Outubro, que estabelece regras sanitárias Durante o fabrico, a aplicação dos parâmetros de pro-
relativas aos subprodutos de origem animal não destinados cessamento validados é garantida graças à utilização de
ao consumo humano. procedimentos bem documentados.
1.2.3.1 — Ovinos e caprinos. — Foi estabelecida uma 1.2.5 — Quantidades de tecidos ou derivados de origem
classificação de infecciosidade dos tecidos de ovinos e animal de base necessárias para produzir uma unidade do
caprinos, à luz dos conhecimentos actuais, com base nos dispositivo médico. — O fabricante avalia a quantidade de
títulos de agentes transmissíveis encontrados nos tecidos tecidos ou derivados brutos de origem animal necessária
e fluidos orgânicos de ovinos infectados naturalmente e para produzir uma única unidade do dispositivo médico.
de caprinos com tremor epizoótico clínico. Em anexo ao Em caso de processo de purificação, o fabricante deve
parecer do Comité Científico Director de 22 e 23 de Julho avaliar se esse processo tem potencial para concentrar os
de 1999 sobre «The policy of breeding and genotyping níveis de agentes transmissíveis presentes nos tecidos ou
of sheep» figura uma tabela (v. nota 1), posteriormente derivados de origem animal de base.
actualizada no parecer do mesmo Comité intitulado «TSE 1.2.6 — Tecidos ou derivados de origem animal que en-
infectivity distributed in ruminant tissues state of knowled- tram em contacto com os pacientes ou os utilizadores. — O
ge — December 2001», adoptado em 10 e 11 de Janeiro fabricante considera:
de 2002 (v. nota 1). i) A quantidade de tecidos ou derivados de origem ani-
Esta classificação pode ser revista à luz de novas provas mal;
científicas (por exemplo, utilizando pareceres pertinentes ii) A área de contacto: a sua superfície, tipo (por exem-
dos comités científicos, do Comité das Especialidades plo, pele, mucosas, cérebro, etc.) e estado (por exemplo,
Farmacêuticas e das medidas da Comissão Europeia que saudável ou danificado);
regulam a utilização de matérias que apresentam riscos iii) O tipo de tecidos ou derivados que entram em con-
de EET). Um inventário das referências aos documen- tacto com os pacientes e, ou, os utilizadores;
tos/pareceres relevantes é publicado no Jornal Oficial da iv) O tempo durante o qual se prevê que o dispositivo
União Europeia; após a decisão da Comissão Europeia é permaneça em contacto com o corpo (incluindo o efeito
criada uma lista. de biorreabsorção).
1.2.3.2 — Bovinos. — As matérias de risco especifi-
cadas enumeradas no Regulamento (CE) n.º 999/2001 É tido em consideração o número de dispositivos mé-
são consideradas como tendo um potencial de elevada dicos que podem ser utilizados num dado procedimento.
infecciosidade de EET. 1.2.7 — Via de administração. — O fabricante tem em
1.2.4 — Inactivação ou remoção de agentes transmis- conta a via de administração recomendada na informação
síveis: sobre o produto, do mais alto risco.
1.2.4.1 — Para os dispositivos que não podem supor- 1.3 — Revisão da avaliação. — O fabricante estabe-
tar um processo de inactivação/eliminação sem sofrerem lece e mantém um procedimento sistemático de revisão
uma degradação inaceitável, o fabricante tem de confiar da informação obtida sobre os seus dispositivos médicos
essencialmente no controlo do abastecimento. ou outros semelhantes na fase posterior à produção. A
1.2.4.2 — Para outros dispositivos, se o fabricante ale- informação é avaliada com base na sua pertinência para a
gar que nos processos de fabrico é possível remover ou segurança, especialmente:
inactivar os agentes transmissíveis, tem de o comprovar
com a documentação adequada. a) Se forem detectados riscos previamente desconhe-
As informações pertinentes provenientes de uma inves- cidos;
tigação e análise adequadas da literatura científica podem b) Se o risco calculado de um determinado perigo tiver
ser usadas para justificar os factores de inactivação/elimi- deixado de ser aceitável;
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3763
c) Se a avaliação original tiver de alguma forma sido b) Receber, registar e avaliar, de um modo centralizado,
invalidada. as notificações previstas nos n.os 4 e 5 do presente anexo;
c) Sempre que necessário, informar o fabricante das
Se qualquer destes factores se verificar, os resultados notificações de incidentes apresentadas pelos profissionais
da avaliação são comunicados e incluídos no processo de de saúde e outros utilizadores;
gestão do risco. d) Garantir a investigação dos incidentes e a implemen-
À luz desta nova informação, tem de considerar-se tação das medidas preventivas ou correctivas apropriadas
uma revisão das medidas adequadas de gestão do risco para a redução do risco;
aplicáveis ao dispositivo (incluindo a justificação da e) Realizar estudos relativos ao desempenho e segu-
selecção de um determinado tecido ou derivado animal). rança na utilização de dispositivos médicos e à sua relação
Se o risco residual ou a sua aceitabilidade puderem ter benefício-risco;
sofrido alterações, o impacte destas nas medidas de con- f) Propor, sempre que necessário, recomendações de
trolo do risco anteriormente implementadas é reavaliado segurança para a utilização de dispositivos médicos;
e justificado. g) Difundir informação e assegurar formação na área
Os resultados desta avaliação têm de ser documenta- da vigilância dos dispositivos médicos.
dos. h) Colaborar e partilhar informação, no âmbito da segu-
2 — Avaliação dos dispositivos médicos da classe III rança, com outras autoridades competentes e, em caso de
pelos organismos notificados. — No que respeita aos retirada do mercado de um dispositivo médico, notificar
a Comissão Europeia e as autoridades competentes dos
dispositivos abrangidos pela classe III segundo a regra
restantes Estados membros;
17 do anexo IX do presente decreto-lei, os fabricantes i) Colaborar com outras entidades públicas ou privadas,
devem facultar aos organismos notificados todas as in- designadamente universidades, em actividades relevantes
formações pertinentes para permitir a avaliação completa para esta área.
da sua estratégia actual de análise do risco e de gestão
do risco. Quaisquer novas informações sobre o risco de 2.1 — A autoridade competente assegurara, em especial,
EET obtidas pelo fabricante e pertinentes para os seus a interacção adequada com os profissionais de saúde e
dispositivos são enviadas ao organismo notificado para demais utilizadores, e com os fabricantes, mandatários e
informação. distribuidores, no que respeita à segurança dos dispositivos
Quaisquer alterações dos processos de abastecimento, médicos, bem como às acções correctivas de segurança a
recolha, processamento e inactivação/eliminação que desenvolver.
possam modificar os resultados do dossier de gestão
do risco do fabricante são comunicadas ao organismo Elementos a disponibilizar à autoridade competente
notificado para aprovação adicional prévia à sua imple-
mentação. 3 — Sempre que a autoridade competente o considere
necessário, qualquer dos elementos a seguir indicados é
ANEXO XX
disponibilizado pelo fabricante ou pelo seu mandatário:
a) Declaração de conformidade e documentação téc-
(a que se refere o n.º 5 do artigo 28.º) nica que suporta a concepção e o fabrico dos dispositivos
médicos em causa, assim como as decisões e os relatórios
Organização do organismo notificado envolvido na presunção da con-
1 — O Sistema Nacional de Vigilância de Dispositivos formidade;
Médicos («Sistema») é constituído por uma estrutura que b) Documentação, contendo os dados das fases de
integra: investigação pré-clínica, em particular as informações
enunciadas no anexo VIII do decreto-lei de que o presente
a) A autoridade competente através do seu serviço res- anexo é parte integrante e no anexo VIII do Decreto-Lei
ponsável pela vigilância de dispositivos médicos; n.º 189/2000, de 12 de Agosto;
b) Os fabricantes e mandatários; c) Relatórios relativos às investigações clínicas referidos
c) Os distribuidores; no n.º 25 do anexo XVI do decreto-lei de que o presente
d) As unidades e estabelecimentos, públicos ou privados, anexo é parte integrante;
de prestação de cuidados de saúde; d) Restante documentação necessária para a autorização
e) Os profissionais de saúde; de colocação no mercado nacional que esteja arquivada na
f) Outros utilizadores; sede social do fabricante ou do mandatário;
g) Os organismos notificados, quando aplicável. e) Informações relativas à concepção, fabrico, armaze-
namento, distribuição, colocação no mercado e rastreabi-
Autoridade competente lidade do dispositivo ou dispositivos médicos em causa;
f) Informações relativas à venda, utilização e, nos ca-
2 — No âmbito do Sistema, a autoridade competente sos aplicáveis, à prescrição do dispositivo ou dispositivos
adopta as medidas necessárias à recepção e tratamento de médicos em causa.
informação relativa a incidentes e acções correctivas de
segurança referentes a dispositivos médicos, por motivos Comunicação de incidentes
de ordem técnica ou médica, tendo em vista, designada-
mente: 4 — Para além das obrigações impostas pelas normas
referidas no número anterior, os fabricantes, os manda-
a) Estabelecer, desenvolver e divulgar os procedimentos tários e os distribuidores devem comunicar à autoridade
mais adequados à obtenção de informação sobre incidentes competente todas as informações relativas a incidentes,
decorrentes da utilização de dispositivos médicos; ocorridos, em Portugal, após a respectiva colocação no
3764 Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009
mercado, conforme previsto no artigo 27.º do decreto-lei h) Colaborar com a autoridade competente, sempre que
de que o presente anexo é parte integrante. tal seja solicitado, em iniciativas que visem a melhoria do
funcionamento do Sistema.
Profissionais de saúde e outros utilizadores
7.2 — O fabricante, ou o seu mandatário deve observar
5 — Os profissionais de saúde, pertencentes ou não ao
os seguintes prazos de notificação à autoridade compe-
Serviço Nacional de Saúde, os outros utilizadores pro- tente:
fissionais de dispositivos médicos e outros interessados
na segurança dos dispositivos médicos devem notificar a) O relatório inicial deve ser submetido imediatamente,
à autoridade competente logo que possível, os incidentes a menos que o atraso possa ser devidamente justificado,
previstos no artigo 27.º do decreto-lei de que o presente estabelecendo-se como limite o prazo de dois dias, nas
anexo é parte integrante de que tenham conhecimento, situações que envolvam uma ameaça grave para a saúde
sem prejuízo da possibilidade de também os comunica- pública.
rem aos fabricantes, aos seus mandatários e aos distri- b) O relatório inicial deve ser submetido tão breve
buidores. quanto possível, estabelecendo-se como limite o prazo de
10 dias, nas situações que envolvam morte ou risco elevado
Dispositivos médicos suspeitos para a saúde, ou de 30 dias, nos restantes casos;
c) O relatório final deve ser apresentado assim que a
6 — Para a investigação dos incidentes os profissionais investigação seja considerada concluída, estabelecendo-se
de saúde, os outros utilizadores e interessados devem con- como limite o prazo de 10 dias após a conclusão;
servar os dispositivos médicos suspeitos. d) Caso a investigação prevista na alínea anterior não
seja conclusiva, pode haver lugar à apresentação de relató-
Fabricantes e mandatários rios de acompanhamento, mediante proposta do responsá-
7 — Os fabricantes ou os seus mandatários devem dis- vel pela colocação no mercado ou exigência da autoridade
por de um seu representante que possua as habilitações competente, cuja data para apresentação deve ser acordada
legais e técnicas adequadas para as questões da vigilância entre ambas as partes ou, na falta de acordo, determinada
de dispositivos médicos, com o propósito de assegurar pela autoridade competente;
as suas responsabilidades em matéria de vigilância de e) O relatório de acção correctiva de segurança e o res-
dispositivos médicos. pectivo aviso de segurança devem ser submetidos até dois
dias antes da data proposta pelo responsável pela colocação
7.1 — Nesta conformidade, deve o fabricante, ou o seu
no mercado para o início da referida acção, excepto nos
mandatário
casos de ameaça grave para a saúde pública;
a) Comunicar à autoridade competente todas as infor- f) Nos casos de ameaça grave para a saúde pública deve
mações relativas às formas de contacto e a designação a acção correctiva de segurança ser iniciada imediatamente
do representante referido no número anterior, bem como e comunicada à autoridade competente, a menos que o
qualquer alteração dos mesmos elementos; atraso possa ser devidamente justificado, não estando, o
b) Enviar à autoridade competente as notificações de início desta acção condicionado pela resposta da autoridade
incidentes e acções correctivas de segurança que ocorram competente;
no território nacional; g) A conclusão da acção correctiva de segurança obriga
c) Enviar à autoridade competente as notificações de à informação à autoridade competente de que a referida
incidentes e acções correctivas de segurança que ocorram acção foi implementada em Portugal, e, quando aplicável,
no território de um Estado que não seja Parte no Acordo igualmente à entrega de um relatório de reconciliação que
sobre o Espaço Económico Europeu, no caso de se tratar de contém os número de unidades por local de recolha, o
um fabricante ou mandatário com sede social em Portugal, destino a dar às referidas unidades e, nos casos aplicáveis,
ou cuja sede social do organismo notificado responsável os motivos que levaram a que fosse recolhido um número
pela avaliação do seu produto esteja, igualmente, localizada de unidades inferior ao inicialmente previsto, bem como
em Portugal; outras informações que o responsável pela colocação no
d) Assegurar e manter actualizado um processo de mercado considere pertinente referir;
h) Em determinadas situações, a autoridade competente
análise sistemática da experiência adquirida com os
pode aceitar que o fabricante, ou seu mandatário, notifique
dispositivos médicos na fase de pós-comercialização,
os incidentes através de um relatório sumário periódico
desenvolvendo os meios mais adequados para a exe- ou relatório de tendência, quando um ou mais relatórios
cução de quaisquer acções correctivas de segurança iniciais já foram avaliados pelo fabricante e pela autoridade
necessárias; competente.
e) Investigar os incidentes ocorridos com dispositivos
médicos por si fabricados ou colocados no mercado de que Organismos notificados
tenham conhecimento, notificando e mantendo informada
a autoridade competente sobre a sua evolução; 8 — A autoridade competente pode, em caso de neces-
f) Propor e executar, em consonância com a autoridade sidade, consultar o organismo notificado responsável pela
competente, as medidas preventivas e, ou, correctivas ade- aposição da marcação CE de um dispositivo médico, na
quadas aos resultados da investigação efectuada; sequência de um incidente ou acção correctiva de segu-
g) Assegurar, pronta e integralmente, resposta aos pe- rança que envolva esse mesmo dispositivo.
didos da autoridade competente para a disponibilização
Peritos
de informação complementar necessária à avaliação dos
benefícios e dos riscos decorrentes da utilização de um 9 — A elaboração de pareceres sobre questões relacio-
dispositivo médico; nadas com a vigilância de dispositivos médicos é, quando
Diário da República, 1.ª série — N.º 115 — 17 de Junho de 2009 3765
necessário, solicitada a peritos de reconhecida idoneidade A razão pela qual o Tribunal, em sede de fiscalização
e competência técnico-científica, nomeadamente através concreta nas decisões invocadas pelo requerente, julgou
das comissões técnicas especializadas da autoridade com- organicamente inconstitucional a norma do artigo 138.º,
petente. n.º 2, do Código da Estrada, foi o facto de ela ter alargado
o âmbito de aplicação da norma que pretendeu substituir,
sem que houvesse na Lei n.º 53/2004, de 4 de Novembro,
que concedeu ao Governo a autorização para proceder à
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL revisão do Código da Estrada ao abrigo da qual foi pu-
blicado o Decreto-Lei n.º 44/2005, qualquer referência à
Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 187/2009 possibilidade de o fazer.
De facto, o artigo 139.º, n.º 4, da redacção anteriormente
Processo n.º 760/08 vigente do mesmo Código da Estrada, tinha o seguinte
teor:
Acordam no plenário do Tribunal Constitucional:
«Quem conduzir veículo a motor estando inibido de
I — Relatório o fazer por sentença transitada em julgado ou decisão
administrativa definitiva é punido por desobediência
1 — O representante do Ministério Público junto do qualificada.»
Tribunal Constitucional requereu, nos termos do artigo 82.º
da Lei de Organização, Funcionamento e Processo do Tri- Ora, limitando-nos neste passo à comparação das ver-
bunal Constitucional, aprovada pela Lei n.º 28/82, de 15 de sões do Código da Estrada em sucessão, o teor destes dois
Novembro, e alterada, por último, pela Lei n.º 13-A/98, de preceitos não coincide. Como se explicou no Acórdão
26 de Fevereiro (LTC), a apreciação e a declaração, com n.º 114/08, houve uma alteração do âmbito de aplicação:
força obrigatória geral, da inconstitucionalidade da norma
«Cotejando os preceitos transcritos, verifica-se que,
constante do artigo 138.º, n.º 2, do Código da Estrada, na
além da diferente numeração, e da alteração da epígrafe
redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de
do preceito, existem as seguintes diferenças entre os
Fevereiro, na parte em que determina que seja punido textos legais em comparação:
por crime de desobediência qualificada quem conduzir
veículos automóveis estando proibido de o fazer por força i) Onde anteriormente se dizia ‘Quem conduzir veí-
da aplicação da pena acessória prevista no artigo 69.º do culo a motor […]’, agora diz-se ‘Quem praticar qualquer
Código Penal, constante de sentença criminal transitada acto’;
em julgado. ii) Onde se dizia ‘[...] estando inibido de o fazer’,
O pedido funda-se no facto de o Tribunal Constitucio- passou a dizer-se ‘[...] estando inibido ou proibido de
nal já ter julgado, no âmbito da fiscalização concreta, tal o fazer’.»
norma organicamente inconstitucional, por preterição do
artigo 165.º, n.º 1, alínea c), da Constituição, no Acór- Na parte em que a norma não é inovadora, explica o
dão n.º 574/2006 e nas decisões sumárias n.os 58/2008 e mesmo Acórdão, não há qualquer inconstitucionalidade:
137/2008. «Com efeito, o Tribunal já por diversas vezes afirmou,
Notificado nos termos e para os efeitos dos artigos 54.º e em jurisprudência que remonta à Comissão Constitucional,
55.º, n.º 3, da LTC, o Primeiro-Ministro, em resposta, ofe- que o facto de o Governo aprovar actos normativos respei-
receu o merecimento dos autos. tantes a matérias inscritas no âmbito da reserva relativa de
2 — Discutido o memorando apresentado pelo Presi- competência da Assembleia da República não determina,
dente do Tribunal, cumpre formular a decisão em confor- por si só e automaticamente, a invalidação das normas que
midade com a orientação fixada. assim decretem, por vício de inconstitucionalidade orgâ-
nica. Força é que se demonstre que as normas postas sob
II — Fundamentação observação não criaram um regime jurídico materialmente
diverso daquele que até essa nova normação vigorava,
3 — A norma que agora é objecto do pedido de de- limitando-se a retomar e a reproduzir substancialmente o
claração de inconstitucionalidade com força obrigatória que já constava de textos legais anteriores emanados do ór-
geral consta do artigo 138.º, n.º 2, do Código da Estada, gão de soberania competente [Cf. os Acórdãos n.os 502/97,
na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de 589/99, 377/02, 414/02, 450/02, 416/03 e 340/05 estes
Fevereiro, que estatui o seguinte: tirados em Secção e publicados no Diário da República,
«Quem praticar qualquer acto estando inibido ou 2.ª série, de 4 de Novembro de 1998, de 20 de Março de
proibido de o fazer por sentença transitada em julgado 2000, de 14 de Fevereiro de 2002, de 17 de Dezembro de
ou decisão administrativa definitiva que aplique uma 2002, de 12 de Dezembro de 2002, de 6 de Abril de 2004
sanção acessória é punido por crime de desobediência e de 29 de Julho de 2005, bem como o Acórdão n.º 123/04
qualificada.» (plenário) publicado no Diário da República, 1.ª série-A,
de 30 de Março de 2004. Cf. ainda, aliás com posição
Este preceito remete, pois, para o artigo 348.º, n.º 2, do discordante, a indicação de Jorge Miranda, Manual de
Código Penal, que estabelece a pena aplicável ao crime de Direito Constitucional, t. V, pp. 234/235].»
desobediência qualificada nos termos seguintes:
Contudo, a norma do artigo 138.º, n.º 2, agora impug-
«A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 nada, não se limitou a substituir o antigo artigo 139.º, n.º 4,
dias nos casos em que uma disposição legal cominar a do Código da Estrada; alargou o seu âmbito de aplicação.
punição da desobediência qualificada.» Foi, por isso, julgada organicamente inconstitucional no