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o 33 — 15 de Fevereiro de 2006
porte e dos operadores das redes de distribuição aplicável, das suas interligações com outras
que compra gás natural para efeitos de revenda; redes, bem como por assegurar a garantia de
i) «Cliente retalhista» a pessoa singular ou colec- capacidade da rede a longo prazo, para atender
tiva que compra gás natural não destinado a pedidos razoáveis de distribuição de gás natural;
utilização própria, que comercializa gás natural aa) «Operador da rede de transporte» a pessoa sin-
em infra-estruturas de venda a retalho, desig- gular ou colectiva que exerce a actividade de
nadamente de venda automática, com ou sem transporte e é responsável, numa área especí-
entrega ao domicílio dos clientes; fica, pelo desenvolvimento, exploração e manu-
j) «Comercialização» a compra e a venda de gás tenção da rede de transporte e, quando apli-
natural a clientes, incluindo a revenda; cável, das suas interligações com outras redes,
l) «Comercializador» a entidade titular de licença bem como por assegurar a garantia de capa-
de comercialização de gás natural cuja activi- cidade da rede a longo prazo, para atender pedi-
dade consiste na compra a grosso e na venda dos razoáveis de transporte de gás natural;
a grosso e a retalho de gás natural; bb) «Recepção» a actividade de recepção, armaze-
m) «Comercializador de último recurso» a entidade namento e regaseificação de GNL;
titular de licença de comercialização de energia cc) «Rede interligada» um conjunto de redes liga-
eléctrica sujeita a obrigações de serviço uni- das entre si;
versal; dd) «Rede Nacional de Distribuição de Gás Natural
n) «Conduta directa» um gasoduto de gás natural (RNDGN)» o conjunto das infra-estruturas de
não integrado na rede interligada; serviço público destinadas à distribuição de gás
o) «Consumidor» o cliente final de gás natural; natural;
p) «Distribuição» a veiculação de gás natural em ee) «Rede Nacional de Transporte de Gás Natural
redes de distribuição de alta, média e baixa pres- (RNTGN)» o conjunto das infra-estruturas de
são, para entrega ao cliente, excluindo a comer- serviço público destinadas ao transporte de gás
cialização; natural;
q) «Empresa coligada» uma empresa filial, na ff) «Rede Nacional de Transporte, Infra-Estruturas
acepção do artigo 41.o da Sétima Directiva de Armazenamento e Terminais de GNL
n.o 83/349/CEE, do Conselho, de 13 de Junho, (RNTIAT)» o conjunto das infra-estruturas de
baseada na alínea g) do n.o 2 do artigo 44.o serviço público destinadas à recepção e ao trans-
do Tratado da Comunidade Europeia e relativa porte em gasoduto, ao armazenamento subter-
às contas consolidadas, ou uma empresa asso- râneo e à recepção, ao armazenamento e à rega-
ciada, na acepção do n.o 1 do artigo 33.o da seificação de GNL;
mesma directiva, ou ainda empresas que per- gg) «Rede pública de gás natural (RPGN)» o con-
tençam aos mesmos accionistas; junto que abrange as infra-estruturas que cons-
r) «Empresa horizontalmente integrada» uma tituem a RNTIAT e as que constituem a
empresa que exerce pelo menos uma das seguin- RNDGN;
tes actividades: recepção, transporte, distribui- hh) «Serviços (auxiliares) de sistema» todos os ser-
ção, comercialização e armazenamento de gás viços necessários para o acesso e a exploração
natural e ainda uma actividade não ligada ao de uma rede de transporte e de distribuição de
sector do gás natural; uma instalação de GNL e de uma instalação
s) «Empresa verticalmente integrada» uma empresa de armazenamento, mas excluindo os meios
ou um grupo de empresas cujas relações mútuas exclusivamente reservados aos operadores da
estão definidas no n.o 3 do artigo 3.o do Regu- rede de transporte, no exercício das suas fun-
lamento (CEE) n.o 4064/89, do Conselho, de ções;
21 de Dezembro, relativo ao controlo das ope- ii) «Sistema» o conjunto de redes e de infra-es-
rações de concentração de empresas, e que truturas de recepção e de entrega de gás natural,
exerce, pelo menos, duas das seguintes activi- ligadas entre si e localizadas em Portugal, e das
dades: recepção, transporte, distribuição, arma- interligações a sistemas de gás natural vizinhos;
zenamento e comercialização de gás natural; jj) «Sistema nacional de gás natural (SNGN)» o
t) «GNL» o gás natural na forma liquefeita; conjunto de princípios, organizações, agentes e
u) «Interligação» uma conduta de transporte que infra-estruturas relacionados com as actividades
atravessa ou transpõe uma fronteira entre Esta- abrangidas pelo presente decreto-lei no terri-
dos membros vizinhos com a única finalidade tório nacional;
de interligar as respectivas redes de transporte; ll) «Transporte» a veiculação de gás natural numa
v) «Média pressão (MP)» a pressão entre 4 bar rede interligada de alta pressão para efeitos de
e 20 bar; recepção e entrega a distribuidores, a comer-
x) «Mercados organizados» os sistemas com dife- cializadores ou a grandes clientes finais;
rentes modalidades de contratação que possi- mm) «Utilizador da rede» a pessoa singular ou colec-
bilitam o encontro entre a oferta e a procura tiva que entrega gás natural na rede ou que
de gás natural e de instrumentos cujo activo é abastecida através dela.
subjacente seja gás natural ou activo equiva-
lente; Artigo 4.o
z) «Operador da rede de distribuição» a pessoa Objectivo e princípios gerais
singular ou colectiva que exerce a actividade
de distribuição e é responsável, numa área espe- 1 — O exercício das actividades abrangidas pelo pre-
cífica, pelo desenvolvimento, exploração e sente decreto-lei tem como objectivo fundamental con-
manutenção da rede de distribuição e, quando tribuir para o desenvolvimento e para a coesão eco-
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2 — Compete, ainda, ao Governo garantir a segu- b) Solicitar a expropriação, por utilidade pública
rança do abastecimento do SNGN, designadamente urgente, nos termos do Código das Expropria-
através da: ções, dos imóveis necessários ao estabeleci-
mento das partes integrantes da RPGN;
a) Definição das obrigações de constituição e
c) Solicitar a constituição de servidões sobre os
manutenção de reservas e da sua mobilização
imóveis necessários ao estabelecimento das par-
em situações de crise energética;
tes integrantes da RPGN, nos termos da legis-
b) Promoção da adequada diversificação das fontes
lação aplicável.
de aprovisionamento;
c) Promoção da eficiência energética e da utili-
zação racional de gás natural; Artigo 13.o
d) Promoção da adequada cobertura do território Actividades do SNGN
nacional com infra-estruturas de gás natural;
e) Declaração de crise energética nos termos da O SNGN integra o exercício das seguintes actividades:
legislação aplicável e adopção das medidas res- a) Recepção, armazenamento e regaseificação de
tritivas nela previstas, de forma a minorar os GNL;
seus efeitos e garantir o abastecimento de gás b) Armazenamento subterrâneo de gás natural;
natural às entidades consideradas prioritárias. c) Transporte de gás natural;
d) Distribuição de gás natural;
CAPÍTULO II e) Comercialização de gás natural;
f) Operação de mercados de gás natural;
Organização, regime de actividades e funcionamento g) Operação logística de mudança de comercia-
lizador de gás natural.
SECÇÃO I
Composição do Sistema Nacional de Gás Natural Artigo 14.o
Artigo 10.o Intervenientes no SNGN
a) Os gestores dos operadores referidos nos núme- 1 — As concessionárias da RNTIAT devem propor-
ros anteriores não podem integrar os órgãos cionar aos interessados, de forma não discriminatória
sociais nem participar nas estruturas de empre- e transparente, o acesso às suas infra-estruturas, baseado
sas que tenham o exercício de uma outra acti- em tarifas aplicáveis a todos os clientes, nos termos do
vidade de gás natural; Regulamento do Acesso às Redes, às Infra-Estruturas
b) Os interesses profissionais dos gestores referi- e às Interligações e do Regulamento Tarifário.
dos na alínea anterior devem ficar devidamente 2 — O disposto no número anterior não impede a
salvaguardados, de forma a assegurar a sua celebração de contratos a longo prazo, desde que res-
independência; peitem as regras da concorrência.
c) O operador da RNTGN deve dispor de um
poder decisório efectivo, independente de SUBSECÇÃO III
outros intervenientes no SNGN, designada-
Relacionamento comercial
mente no que respeita aos activos necessários
para manter ou desenvolver a rede;
d) Cada operador da RNTIAT deve dispor de um Artigo 25.o
código ético de conduta relativo à independên- Relacionamento das concessionárias da RNTIAT
cia funcional da respectiva operação e proceder
à sua publicitação; As concessionárias da RNTIAT relacionam-se comer-
e) Nenhuma pessoa singular ou colectiva pode cialmente com os utilizadores das respectivas infra-
deter, directamente ou sob qualquer forma indi- -estruturas, tendo direito a receber, pela utilização des-
recta, mais de 10 % do capital social de cada tas e pela prestação dos serviços inerentes, uma retri-
empresa concessionária da RNTIAT, na actual buição por aplicação de tarifas reguladas, definidas no
configuração; Regulamento Tarifário.
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das redes e outros serviços, bem como pela prestação Regulamento Tarifário, no Regulamento de Relações
das garantias contratuais legalmente estabelecidas. Comerciais e no Regulamento da Qualidade de Serviço.
3 — O relacionamento comercial com os clientes 3 — O fornecimento, salvo casos fortuitos ou de força
decorre da celebração de um contrato de compra e venda maior, só pode ser interrompido por razões de interesse
de gás natural, que deve observar as disposições esta- público, de serviço ou de segurança, ou por facto impu-
belecidas no Regulamento de Relações Comerciais. tável ao cliente ou a terceiros, nos termos previstos no
4 — Os comercializadores de gás natural podem exigir Regulamento de Relações Comerciais.
aos seus clientes, nos termos da lei, a prestação de cau-
ção a seu favor, para garantir o cumprimento das obri- Artigo 43.o
gações decorrentes do contrato de compra e venda de
Relacionamento comercial do comercializador de último recurso
gás natural.
5 — Compete aos comercializadores de gás natural 1 — O comercializador de último recurso é obrigado
exercer as funções associadas ao relacionamento comer- a adquirir o gás natural de que necessite nos termos
cial, nomeadamente a facturação da energia fornecida definidos em legislação complementar.
e a respectiva cobrança, bem como o cumprimento dos 2 — O comercializador de último recurso é obrigado
deveres de informação relativos às condições de pres- a fornecer gás natural a quem lho requisitar, de acordo
tação de serviço, na observância do Regulamento de com as características da instalação de consumo, nos
Relações Comerciais e do Regulamento da Qualidade termos estabelecidos no Regulamento de Relações
de Serviço. Comerciais e com observância das demais exigências
6 — Constitui obrigação dos comercializadores de gás regulamentares.
natural a manutenção de um registo actualizado dos 3 — O comercializador de último recurso deve aplicar
seus clientes e das reclamações por eles apresentadas. tarifas reguladas a clientes finais, de acordo com o esta-
belecido em legislação complementar e no Regulamento
Tarifário.
SUBSECÇÃO III
SECÇÃO V
Comercializador de último recurso
Gestão de mercados organizados
o
Artigo 40.
Artigo 44.o
Exercício da actividade de comercialização de último recurso
Regime de exercício
1 — Considera-se comercializador de último recurso
1 — O exercício da actividade de gestão de mercados
aquele que está sujeito a obrigações de serviço público
organizados de gás natural é livre, ficando sujeito a
nas áreas abrangidas pela RPGN.
autorização.
2 — O exercício da actividade de comercializador de 2 — O exercício da actividade de gestão de mercados
último recurso está sujeito à atribuição de licença. organizados é da responsabilidade dos operadores de
3 — O comercializador de último recurso fica sujeito mercados, de acordo com o estabelecido em legislação
à obrigação de fornecimento, garantindo, nas áreas complementar, sem prejuízo das disposições da legis-
abrangidas pela RPGN, a todos os clientes que o soli- lação financeira que sejam aplicáveis aos mercados em
citem, a satisfação das suas necessidades, na observância que se realizem operações a prazo.
da legislação aplicável, nomeadamente a relativa à pro-
tecção do consumidor.
4 — As actividades do comercializador de último Artigo 45.o
recurso estão sujeitas à regulação prevista no presente Deveres dos operadores de mercados
decreto-lei.
São deveres dos operadores de mercados, nomea-
Artigo 41.o damente:
Separação jurídica da actividade de comercializador de último recurso a) Gerir mercados organizados de contratação de
1 — A actividade de comercialização de gás natural gás natural;
de último recurso é separada juridicamente das restantes b) Assegurar que os mercados referidos na alínea
anterior sejam dotados de adequados serviços
actividades, incluindo outras formas de comercialização,
de liquidação;
sendo exercida segundo critérios de independência defi- c) Divulgar informação relativa ao funcionamento
nidos em legislação complementar. dos mercados de forma transparente e não dis-
2 — A separação referida no número anterior não criminatória, devendo, nomeadamente, publicar
se aplica enquanto a qualidade de comercializador de informação, agregada por agente, relativa a pre-
último recurso for atribuída ao distribuidor que se ços e quantidades transaccionadas;
encontre nas condições do n.o 3 do artigo 31.o d) Comunicar ao operador da RNTGN toda a
informação relevante para a gestão técnica glo-
Artigo 42.o bal do SNGN e para a gestão comercial da capa-
cidade de interligação, nos termos do Regula-
Obrigação de fornecimento de gás natural mento de Operação das Infra-Estruturas.
1 — O comercializador de último recurso está obri-
gado a fornecer gás natural aos clientes que o requisitem, Artigo 46.o
estejam situados nas áreas abrangidas pela RPGN e Integração da gestão de mercados organizados
preencham os requisitos legais definidos para o efeito.
2 — A comercialização de gás natural deve obedecer A gestão de mercados organizados integra-se no
às condições estabelecidas no presente decreto-lei, no âmbito do funcionamento dos mercados constituídos ao
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c) Velar pelo cumprimento, por parte dos agentes, f) Protecção dos clientes face à evolução das tari-
das obrigações de serviço público e demais obri- fas, assegurando, simultaneamente, o equilíbrio
gações estabelecidas na lei e nos regulamentos, económico e financeiro às actividades reguladas
bem como nas bases das concessões e respec- em condições de gestão eficiente;
tivos contratos e nas licenças; g) Criação de incentivos ao desempenho eficiente
d) Contribuir para a progressiva melhoria das con- das actividades reguladas das empresas;
dições técnicas e ambientais das actividades h) Contribuição para a promoção da eficiência
reguladas, estimulando, nomeadamente, a energética e da qualidade ambiental.
adopção de práticas que promovam a eficiência
energética e a existência de padrões adequados
de qualidade de serviço comercial e de defesa Artigo 56.o
do meio ambiente;
e) Cooperar com as outras entidades reguladoras Regulamento Tarifário
nacionais e com as entidades reguladoras de
outros países e exercer as funções que lhe são 1 — As regras e as metodologias para o cálculo e
atribuídas no âmbito do mercado interno de fixação das tarifas, bem como a estrutura tarifária, são
energia, designadamente no mercado ibérico. estabelecidas no Regulamento Tarifário.
2 — As disposições do Regulamento Tarifário devem
adequar-se à organização e ao funcionamento do mer-
Artigo 53.o cado interno de gás natural.
Direito de acesso à informação