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REVISÃO DO MARCO REGULATÓRIO

DO SETOR PORTUÁRIO
(aprovado na reunião de 25 de agosto de 2016 da Comissão Portos)

Este documento reflete a posição das entidades empresariais signatárias sobre a


necessidade de revisão do marco regulatório do setor (leis, decretos, regulamentação e
portarias), a fim de corrigir suas distorções frente às melhores práticas mundiais. Servirá de
guia ao trabalho técnico e jurídico de fundamentação e redação dos textos legais
decorrentes, os quais serão oferecidos à Casa Civil da Presidência da República como
proposta do setor empresarial.

1. OS PRINCÍPIOS ORIENTADORES

As manifestações do novo governo levam ao entendimento de que o mesmo optou,


de forma acertada, pela prevalência da livre iniciativa no domínio econômico. Com essa
escolha, o governo demonstra que quer frear a atual e forte intervenção estatal nas
atividades portuárias e nas demais, restabelecendo os princípios que devem orientar a
revisão do marco regulatório do setor: a legalidade, a livre iniciativa, a livre
concorrência, o respeito à propriedade privada, o respeito aos contratos, a segurança
jurídica e a economia de mercado.
Essa política governamental de dar cumprimento aos princípios constitucionais que
fundamentam as atividades econômicas precisa ser incorporada ao marco regulatório do
setor. Com essa medida, o governo estará viabilizando a retomada do desenvolvimento
econômico e social.

2. OBJETIVOS

Os seguintes e principais objetivos devem ser buscados:


a) a operação portuária deve ser entendida como atividade econômica essencial
regulada e não serviço público;
b) a revisão do modelo de governança portuária em busca de eficiência;
c) a liberdade de contratação de trabalhadores para as operações portuárias também
dentro dos portos organizados.

3. OS APERFEIÇOAMENTOS (LEGAIS E INFRALEGAIS)

a) devem ser escoimados da Lei as cláusulas dos contratos de adesão e de


arrendamento que os precarizam e afetam a segurança jurídica, tais como: exigências de
garantias, de anúncios públicos, cláusulas de alteração e rescisão unilateral dos contratos,
idem aquelas que submetem o terminal ao cumprimento de condições futuras,
desconhecidas, bem como as condicionantes e as exigências de investimentos como
condição para a renovação e adaptações dos contratos de autorização e prorrogação dos
contratos de arrendamento;
b) devem ser revogadas as restrições à expansão dos terminais de uso privado,
dentro e fora do porto organizado, contidas no Decreto nº 8.033/2013 e na Portaria SEP nº
110/2013;

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c) deve ser eliminada a cobrança pela cessão de espaço físico em águas públicas
(espelho d’água);
d) quanto aos arrendamentos, devem ser enfrentadas as condições abusivas,
algumas inclusive ilegais, impostas quando da avaliação do equilíbrio econômico e
financeiro, especialmente para investimentos, pelas quais a administração pública,
dependendo do prazo para amortizá-los, pode reduzir o prazo de vigência do contrato.
Devem ser assegurados os direitos dos atuais arrendatários, inclusive no tocante à garantia
do equilíbrio econômico-financeiro. Incluir dispositivo na nova Lei que corrija os excessos em
atos normativos da Antaq e da SEP sobre o assunto. Adotar sistema (de metas, por
exemplo) que dispense a aprovação específica e prévia de novos investimentos,
possibilitando alterações e expansões de terminais arrendados com a máxima agilidade para
assegurar a sua competitividade;
e) que a outorga de contratos de arrendamento seja a prazo indeterminado ou mais
longo que o atual, com negociação/decisão prévia ou antecipada, ou ainda,
alternativamente, contratos com prazo de até 50 anos e possíveis renovações ilimitadas.
Definir com antecedência opções para a prorrogação ou o encerramento contratual;
f) que seja retirada a expressão “prorrogável uma única vez”, contida no artigo 19, do
Decreto nº 8.033/2013, bem como a exclusão da condicionante admitida no inciso II do
parágrafo 2.° do artigo 8.° da Lei em referência;
g) que seja reconhecido o direito à adaptação dos contratos pré-93;
h) devem ser corrigidos, dentre outros, os seguintes pontos da Lei nº 12.815/2013:

1) a previsão de indicadores de qualidade e fixação de metas e prazos,


constantes da Lei, cabe para o serviço público e não para atividade econômica essencial
regulada, não sendo, portanto, aplicável à atividade portuária;
2) não há que se exigir condições ou garantias em negócios próprios e com
regras estritas do direito privado;
3) acesso por terceiros, somente em casos de emergência, grave conturbação da
ordem pública ou mesmo de calamidade pública;

i) que seja recuperada a natureza autônoma e deliberativa dos CAPs, bem como
incluída a representação dos terminais de uso privado nas áreas de influência dos portos
organizados;

j) que deve ser assegurada a liberdade de preços, tanto para terminais arrendados
quanto para terminais de uso privado, de modo a privilegiar a concorrência justa.

São Paulo, 25 de agosto de 2016

ABTP – Associação Brasileira dos Terminais Portuários


ABRATEC – Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público
ABTL – Associação Brasileira de Terminais de Líquidos
ABTRA – Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados
ATP – Associação de Terminais Portuários Privados
FENOP – Federação Nacional dos Operadores Portuários
CP – Comissão Portos.

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