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Professor Afonso Pedro, Aulas de Direito Económico, Universidade Independente de Angola

Nova lei de delimitação da actividade económica

No passado dia 18 de Outubro foi aprovada a Lei n.º 25/21 de 18 de Outubro. Esta
lei, que revoga expressamente a Lei n.º 5/02 de 16 de Abril e toda a legislação que
contrarie o seu conteúdo, tem por objectivo estabelecer os regimes de acesso ao
exercício da actividade económica em Angola, sendo eles o (i) regime de reserva
absoluta, o (ii) regime de reserva relativa e o (iii) regime de livre iniciativa privada.

Dentre os três, o regime aplicável à generalidade das situações será o de livre


iniciativa privada económica e empresarial, no âmbito do qual é permitido o
acesso à actividade económica aos cidadãos nacionais e estrangeiros em igualdade
de circunstâncias, sem quaisquer restrições quanto a actividade económica
específica a desenvolver.

Por sua vez, o regime de reserva relativa carece da atribuição de concessão para
o acesso ao exercício de determinadas actividades económicas.

O regime de reserva absoluta circunscreve-se ao conjunto de actividades


económicas para as quais só é concedido o direito de acesso às entidades em que o
Estado seja detentor da totalidade da propriedade ou dos direitos de decisão.

A recém-aprovada Lei refere ainda como exclusivamente atribuído ao Estado


(reserva absoluta) o exercício da actividade de Banco Central e emissor.

O que muda com a nova Lei?

A nova Lei não faz qualquer referência ao sector comunitário, ao contrário da


anterior e deixa também de ser exigida a detenção da totalidade do capital social de
determinada entidade por parte do Estado para efeitos de reserva absoluta – em
concordância com a actual definição deste tipo de regime. É também extinto o
regime de reserva de controlo, previsto anteriormente.
Quanto ao regime de reserva relativa são feitas alterações a nível da lista de
actividades abrangidas pelo mesmo, sendo desconsideradas as actividades de
“exploração das infraestruturas que integram a rede básica de telecomunicações” e
a “exploração dos serviços complementares postais”.

A lista de actividades sujeitas a concessão são as seguintes:


1. Produção, distribuição e comercialização de material de guerra;
2. Exploração dos serviços de saneamento básico;
3. Captação, tratamento e distribuição de água para o consumo público através de
redes fixas;
4. Produção, transporte e distribuição de energia eléctrica para o consumo público;
5. Serviços básicos postais;
6. Exploração de áreas de conservação ambiental;
7. Gestão das infra-estruturas classificadas como património histórico e cultural;
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8. Exploração de polos de desenvolvimento turístico;


9. Gestão e valorização de resíduos sólidos de depósitos públicos;
10. Gestão das infra-estruturas relativas às actividades portuárias e aeroportuárias;
11. Exploração de serviços portuários e aeroportuários;
12. Transportes ferroviários;
13. Transporte aéreo regular doméstico de passageiros;
14. Exploração das infra-estruturas que integram a rede básica de telecomunicações;
15. Exploração de serviços de telecomunicações.

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